Panorama - Álcool e A Saúde Dos Brasileiros - 2020
Panorama - Álcool e A Saúde Dos Brasileiros - 2020
Panorama - Álcool e A Saúde Dos Brasileiros - 2020
SAÚDE DOS
BRASILEIROS
PANORAMA 2020
1
1
CISA – Centro de Informações
Sobre Saúde e Álcool
PRESIDENTE EXECUTIVO Álcool e direção:
Arthur Guerra Lúcio Garcia de Oliveira
Álcool ilegal:
COORDENADORA Sergio Almeida
Erica Rosanna Siu Impacto econômico do uso nocivo de álcool:
Paula Becker, Denise Razzouk
COLABORADORES Populações vulneráveis:
Ana Cristina Braz Cristiana Ornellas Renner, Matheus Cheibub
Andréa Pinto Ferreira David Marin
Kae Leopoldo
Karina Daniela Mosmann PROCESSAMENTO DE DADOS
Mariana Zanata Thibes FICHA CATALOGRÁFICA
A. K. Nahas - Consultoria Estatística | Andressa
Nathalia Klein Kutschenko Nahas
Philippe Albert Dalle Molle Benhayon
Tânia Oda ARTE
Samir Romano Saker Mapelli | Projeto gráfico
CONVIDADOS Fotossíntese Desenho e Projeto | Infografia
Panorama científico: Zozi Design | Diagramação
Wang Yuan Pang, Ana Paula Ferreira Maia,
Alexandre Canon
CENTRO DE Boronat
INFORMAÇÕES SOBRE SAÚDE E ÁLCOOL REVISÃO
- CISA DE TEXTO
Potira Cunha
ANDRADE, Arthur Guerra de (org.).Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2020. 1. ed. São
Paulo: Centro de Informações sobre Saúde e Álcool- CISA, 2020.
ISBN 978-65-990384-0-2
CDD 362.109:616.861
CDU 362.2928(081)
ANDRADE, Arthur Guerra de (org.).Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2020. 1. ed. São
Copyright© 2020.
Paulo: Centro de Informações sobre Saúde e Álcool
- CISA, 2020.
3
Sobre o CISA
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool CONSELHO DELIBERATIVO
(CISA) é uma das principais referências no Brasil Victório Carlos De Marchi
sobre o tema e, ao longo dos 16 anos de ativida-
Nelcina Conceição de Oliveira Tropardi
des, tem contribuído para a ampliação do debate
Rogerio Fernando Taffarello
sobre a relação álcool-saúde e para a conscien-
Emerson Kapaz
tização e prevenção do uso nocivo de bebidas
alcoólicas. Idealizada pelo psiquiatra e especialis- André Franco Montoro
ta em dependência química Dr. Arthur Guerra, e Aloísio Lacerda Medeiros
qualificada como Organização da Sociedade Civil Roberto Pinto Ferreira Mameri Abdenur
de Interesse Público (OSCIP), a instituição dedica- Marina de Oliveira Ferreira
-se ao avanço do conhecimento na área, atuan- Disraelli Galvão dos Guimarães Alves.
do na divulgação de pesquisas e dados científicos Martino Martinelli Filho
com linguagem acessível, elaboração de materiais
educativos e desenvolvimento de projetos. CONSELHO CIENTÍFICO
Julia Maria D’Andrea Greve
Wilson Roberto Catapani
MISSÃO Clystenes Odyr Soares Silva
Contribuir para a redução do uso nocivo de álcool
Jorge Paulete Vanrell
por meio de informações científicas de qualidade.
Wang Yuan Pang
Lúcio Garcia de Oliveira
Conceição Aparecida de Mattos Segre
VISÃO
Ser reconhecido pela excelência na produção e di- CONSELHO FISCAL
vulgação de conhecimento, atuando na prevenção José Fiorita
e diminuição do uso nocivo de álcool. Silvio José Morais
Daniela Rodrigues Lopes
VALORES
Rigor ético, transparência e comprometimento
com o avanço do conhecimento nessa área.
www.cisa.org.br
/cisaoficial
/cisa_oficial
/videoscisa
Carta do Presidente
É com satisfação que apresentamos a segunda tégia Global para Reduzir o Uso Nocivo de Álcool
publicação da série “Álcool e a Saúde dos Bra- completa 10 anos, apresentamos os progressos
sileiros - Panorama 2020”, visando consolidar o alcançados e os obstáculos que ainda temos em
trabalho de síntese e atualização dos dados na- relação a essa importante questão de saúde públi-
cionais sobre esse tema no Brasil. Pretendemos ca. O Brasil apresentou resultados parciais positivos
lançar materiais como esse periodicamente, com nesta direção, com redução de 11% no consumo de
constante aprimoramento e atenção para os as- álcool per capita no país em seis anos — passou de
suntos pertinentes da área. 8,8 litros (L), em 2010, para 7,8 L, em 2016 (OMS,
2018). Entre 2010 e 2018, houve também redução
Nesta nova publicação, além dos dados mais re- na taxa de internações atribuíveis álcool por 100 mil
centes sobre consumo de álcool no Brasil e no habitantes, de 172,9 para 168,2. A proporção de
mundo, e suas consequências para a saúde, você óbitos atribuíveis ao álcool em relação ao total de
encontrará novidades importantes, como um ma- óbitos foi de 5,8% em 2010 para 5,4% em 2017,
peamento da produção científica brasileira sobre o de acordo com análise de dados do Datasus.
tema de 1990 até 2018. Ele reforça a necessidade
de estudos de qualidade sobre programas de pre- Apesar dos dados indicarem resultados positivos,
venção e tratamento de transtornos relacionados há previsões de que o consumo de álcool aumente
ao álcool, bem como sobre os reflexos das políticas no Brasil e no mundo, um alerta para o desenvol-
públicas adotadas nesse âmbito. Ainda no rol das vimento de medidas de prevenção alinhadas com
novidades, há uma referência temporal da produ- as metas da OMS. Questões que precisam ser en-
ção de políticas públicas relacionadas ao uso de frentadas são: o aumento do consumo abusivo por
álcool, além de análises de temas-chave: consumo jovens mulheres (aumentou de 14,9% para 18%
de bebidas alcoólicas por populações vulneráveis, entre 2010 e 2018), o álcool ilegal (estimado em
álcool ilegal, impactos na economia e a condução 15,5% do total consumido no Brasil, com graves
de veículos sob os efeitos dessa substância. consequências à saúde), e a condução de veículo
motorizado sob os efeitos da substância (aciden-
O conteúdo apresentado baseia-se em referências tes de trânsito são uma das três principais causas
técnicas e dados oficiais, como a PeNSE (Pesquisa de óbitos atribuíveis ao álcool em todo o período
Nacional de Saúde do Escolar, elaborada pelo IBGE) analisado).
e Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção
para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, do Em conjunto, esses dados mostram que impor-
Ministério da Saúde), entre outras. Reúne, também, tantes progressos foram feitos, mas que ainda é
dados de fontes internacionais, como os relatórios necessário muito empenho para reduzir as con-
da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Or- sequências negativas do uso nocivo de álcool. É
ganização Pan-Americana de Saúde (OPAS), além alinhado a esse objetivo que o Panorama busca
de publicações científicas sobre o tema, divulga- oferecer ampla e diversificada gama de informa-
das no Brasil e no exterior. Nesta publicação, hou- ções para embasar e fortalecer a conscientização
ve refinamento da metodologia no processamento e a prevenção, bem como chamar a atenção para
dos dados do Vigitel e do Datasus, realizado com a necessidade do envolvimento ativo e coordena-
o apoio da consultoria estatística AKN, a quem ex- do de legisladores, sociedade civil, setor privado
pressamos nossos agradecimentos. e instituições de saúde e pesquisa.
2. Metodologia.............................................................................................................................. 14
4. Consumo do álcool............................................................................................................ 36
4.1 Níveis de consumo....................................................................................................... 37
4.2 Padrões de consumo.................................................................................................. 38
4.2.1 Tipos de bebidas mais consumidas.......................................................... 38
4.2.2 Beber Pesado Episódio (BPE) ou consumo abusivo.......................... 38
4.3 Álcool ilegal.................................................................................................................... 44
4.4 Tendências em populações vulneráveis............................................................... 47
4.4.1 Jovens.................................................................................................................. 47
4.4.2 Mulheres............................................................................................................. 53
4.4.3 Idosos................................................................................................................... 54
5. Consequências à saúde e à sociedade....................................................................... 58
5.1 Bebida e direção........................................................................................................... 59
5.2 Internações atribuíveis ao álcool............................................................................. 70
5.2.1. Internações: visão geral e atribuível ao álcool....................................... 70
5.2.2. Principais agravos à saúde relacionados às internações.................. 75
5.2.3. Custos de internações totalmente atribuíveis ao álcool.................... 76
5.3. Óbitos atribuíveis ao álcool....................................................................................... 78
5.3.1. Óbitos: visão geral e atribuível ao álcool................................................. 78
5.3.2. Principais agravos à saúde relacionados aos óbitos .......................... 80
5.4 Impacto econômico...................................................................................................... 83
7. Panorama científico......................................................................................................... 92
Capítulo 2
METODOLOGIA
Em uma metodologia aprimorada,
PANORAMA 2020
8
SUMÁRIO EXECUTIVO | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
INDIVIDUAIS AMBIENTAIS
disponibilidade
sexo massa de álcool
corporal
desenvolvimento
econômico
idade altura abrangência
e níveis de
implementação
herança condição e aplicação de
genética de saúde políticas de saúde
cultura
9
4.2 CONSUMO DE
ÁLCOOL NO BRASIL, NAS
Capítulo 4 AMÉRICAS E NO MUNDO
CONSUMO CONSUMO DE ÁLCOOL NA POPULAÇÃO
DE ÁLCOOL COM 15 ANOS OU MAIS EM 2016
AVANÇOS DESAFIOS
Mundo Mundo
Queda de 57,8% para
54,1% na proporção de
Redução em Nível do consumo
bebedores atuais Aumento da
12,5% do consumo global de álcool estável
e redução do consumo disparidade do impacto
per capita na entre 2010 e 2016, mas
abusivo de 24,4% nocivo do álcool entre
região da Europa entre há projeções de aumento
para 21,3% na região países ricos e pobres.
2010 e 2016. até 2030.
das Américas
entre 2010 e 2016.
Brasil Brasil
Diminuição
Aumento do BPE O consumo médio diário
dos transtornos
Diminuição em entre mulheres entre bebedores é de
relacionados
11% do consumo de 18 a 24 anos, 3 doses, 27% maior do
ao uso de álcool
per capita entre de 14,9% em que na região das
de 5,6% em
2010 e 2016. 2010 para 18% Américas e no mundo
2010 para
em 2018. (2,3 doses).
4,2% em 2016.
10
SUMÁRIO EXECUTIVO | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
Capítulo 5
CONSEQUÊNCIAS
4.4 TENDÊNCIAS
EM POPULAÇÕES
À SAÚDE E
VULNERÁVEIS À SOCIEDADE
As populações de jovens, idosos e
mulheres, por suas características
fisiológicas específicas, apresentam maior
vulnerabilidade aos efeitos do álcool. Os
dados mostram que há uma tendência de
aumento de consumo nessas populações,
chamando a atenção para a necessidade
de ações específicas que contemplem
suas necessidades e singularidades.
4.3 ÁLCOOL
ILEGAL
O mercado ilegal de
álcool inclui práticas
como fabricação e
5.1 ÁLCOOL E DIREÇÃO
venda de bebidas
adulteradas, falsificação e pirataria, Dirigir sob influência de álcool é uma das
contrabando e sonegação. O álcool principais causas de acidentes no trânsito.
ilegal oferece riscos adicionais à O uso de álcool prejudica o tempo de reação
saúde dos consumidores, uma vez e afeta as condições de realização de uma
que parte dele envolve a fabricação de série de tarefas motoras essenciais para
bebidas com substâncias impróprias, a condução de veículos. A Vigitel apontou
e representa um desafio para os que, em 2018, 5,3% dos brasileiros adultos
reguladores, já que seu monitoramento referiram conduzir veículo motorizado
é difícil. A OMS estima, em seu último após ingerir bebida alcoólica, proporção
relatório, que cerca de 25% do álcool maior entre homens (9,3%) (Vigitel 2018).
consumido no mundo provenha de
fontes ilegais (OMS, 2018a). No Brasil, No Brasil, medidas legislativas importantes
estima-se que esse tipo de bebida vêm sendo tomadas para combater os
represente 15,5% do consumo total, acidentes e mortes relacionados ao álcool no
o que equivale a 1,2 L per capita. trânsito. Nesse âmbito, destaca-se a Lei Seca,
que contribuiu para a redução em 27,4% das
mortes por acidentes de trânsito nas capitais.
11
5.2 & 5.3
INTERNAÇÕES E
ÓBITOS ATRIBUÍVEIS
AO ÁLCOOL
Houve redução na taxa de internações
atribuíveis ao álcool por 100 mil
habitantes, de 172,9 em 2010 para 168,2
em 2018. No entanto, no mesmo período,
houve aumento de 19% no número desse Capítulo 6
tipo de internação entre as mulheres (de
85.311 para 101.902). A faixa etária de
POLÍTICAS
55 anos ou mais compõe, a cada ano,
maior parcela do total de internações
PÚBLICAS
A primeira lei específica sobre álcool -
atribuíveis ao álcool (passando de 26%
Política Nacional sobre o Álcool - surgiu em
para 33%).
2007. Desde então, tivemos avanços na
A proporção dos óbitos atribuíveis ao
produção de políticas públicas relacionadas
álcool em relação ao total de óbitos
ao tema, como a implementação da lei que
apresentou discreta variação, com
criminaliza a oferta e venda de bebidas
tendência à redução, de 5,83% em 2010
alcoólicas para menores de 18 anos de idade
para 5,35% em 2017. As principais
e a “Lei Seca”. Nesse contexto, políticas
causas das mortes atribuíveis ao álcool
públicas podem ser melhor implementadas
foram: acidente de trânsito, cirrose
quando utilizam pesquisas científicas
hepática, violência interpessoal, e
como base e fonte de informação. No
transtornos mentais e comportamentais
Brasil, a interação entre política e academia
devido ao uso de álcool.
representa um desafio para os sistemas
nacionais de pesquisa e política em saúde.
5.4 IMPACTO
ECONÔMICO
O uso de álcool impacta a economia
de diversas maneiras. Embora gere Capítulo 7
uma renda considerável ao longo de
sua cadeia produtiva, quando o álcool PANORAMA
é utilizado de maneira nociva, cria
repercussões econômicas negativas, CIENTÍFICO
pelas doenças, acidentes e outros Em uma análise inédita sobre o status da
agravos associados a ele. Esses impactos pesquisa científica em relação à temática
podem ser diretos (custos relativos às de consumo de álcool no Brasil e saúde,
lesões totalmente atribuíveis ao álcool), foram analisados os estudos publicados
e indiretos, quando seu consumo está por pesquisadores de 1990 até 2018. A
relacionado à diminuição ou perda de pesquisa brasileira nessa área cresceu
produtividade, a acidentes de trânsito, muito, mas ainda há carência de estudos
de trabalho e situações de violência. sobre políticas públicas e de prevenção
referentes ao uso de álcool em nosso país.
12
SUMÁRIO EXECUTIVO | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
PRINCIPAIS DEFINIÇÕES
DOSE PADRÃO: unidade
que define a quantidade de etanol
puro contida nas bebidas alcoólicas.
4X 14X
DIA SEMANA
No Brasil, 1 dose de bebida
equivale a 14 g de álcool puro,
o que corresponde a 350 mL de
cerveja (5% de álcool), 150 mL de
3X 7X
Consumo moderado: no máximo 4 doses em único
vinho (12% de álcool) ou 45 mL de
dia ou 14 doses por semana para os homens, e
destilado (vodca, uísque, cachaça, 3 doses em um único dia ou 7 doses por semana
gin, tequila, com 40% de álcool). para mulheres e idosos (acima de 65 anos).
13
14
2.
Metodologia
FOTOS: FREEPICK.COM
METODOLOGIA | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
E
sta publicação foi construída a ferências para o planejamento de políticas
partir de dois eixos principais: públicas. A pesquisa aborda aspectos so-
cioeconômicos, contexto familiar, hábitos
• Abordagem teórica, apresen- alimentares, prática de atividades físicas,
tando conceitos e informações experimentação de tabaco, álcool e outras
relacionados ao consumo de be- drogas, saúde sexual e reprodutiva, violên-
bidas alcoólicas (como dose pa- cia, segurança e acidentes, e uso de serviços
drão, padrão de consumo, uso nocivo, bebida de saúde. Os dados compilados referem-se
e direção, entre outros). aos levantamentos de 2009 — primeiro ano
em que a pesquisa foi realizada —, 2012 e
• Processamento de dados, reunindo indi- 2015, referente à população de escolares do
cadores objetivos sobre consumo de álcool, 9º ano do ensino fundamental, entre 13 e
internações e mortalidade. Para os dois últi- 15 anos. No que se refere especificamente
mos, foram aplicadas as Frações Atribuíveis ao indicador de experimentação de álcool,
ao Álcool (FAAs) para os determinados agra- foram adotados os critérios mais recentes,
vos à saúde, conforme disponibilizado pela de acordo com a PeNSE 2015, em que se
OMS (2018a) a fim de estimar o impacto do somam tanto os dados referentes à ingestão
uso nocivo de bebidas alcoólicas na saúde. de uma dose de bebida alcoólica quanto os
de início de consumo. Os bancos de dados
Dados oficiais, pesquisas desenvolvidas por completos da PeNSE foram obtidos em ftp: //
instituições multilaterais — como a OMS e a ftp.ibge.gov.br/pense/ .
OPAS — e artigos científicos publicados em
periódicos de renome, no Brasil e no exterior, VIGITEL
foram as referências teóricas utilizadas pelo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção
CISA na elaboração deste material. Foram para Doenças Crônicas por Inquérito Tele-
consultadas, principalmente, informações fônico: pesquisa feita anualmente pelo MS
das seguintes fontes: para coletar informações sobre doenças
crônicas não transmissíveis, como diabetes,
DATASUS câncer e hiper tensão ar terial, e monitorar
Depar tamento de Informática do Siste- fatores de risco relacionados, como o uso
ma Único de Saúde (SUS): subordinado ao abusivo de álcool, tabagismo, alimentação
Ministério da Saúde (MS), cabe ao Datasus não saudável e falta de atividade física. O
coletar, processar e disseminar informações público-alvo dessa pesquisa são maiores
sobre o tema. Dessa forma, administra, por de 18 anos de ambos os sexos, moradores
exemplo, indicadores de saúde, informações das capitais brasileiras e do Distrito Federal.
epidemiológicas e de morbidade, ou sobre a Neste material foram compilados dados dos
rede de assistência à saúde. anos de 2010 a 2018 (publicados de 2011
a 2019). Foram realizadas análises de re-
PENSE gressão logística para avaliação de fatores
Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar: sociodemográficos (sexo, idade, escolari-
elaborado pelo IBGE, em parceria com o MS dade e estado civil) associados ao consumo
e com apoio do Ministério da Educação, esse abusivo de álcool e ao compor tamento de
levantamento busca avaliar fatores de ris- beber e dirigir. Os bancos de dados comple-
co e de proteção à saúde em escolares. Os tos do Vigitel, atualizados em 25/11/2019,
dados, coletados de estudantes com idades foram obtidos em: http: //svs.aids.gov.br/
entre 13 e 17 anos, são utilizados como re- download/Vigitel/ .
15
Para o processamento dos dados sobre in- do álcool é um exemplo de doença totalmente
ternações e mortalidade, foram utilizadas as atribuível ao álcool, dado que a própria cate-
seguintes fontes: goria diagnóstica é pautada na existência e no
consumo do etanol. Já agravos em que o álcool
ESTIMATIVA DE POPULAÇÃO exerce um papel parcial e que não necessaria-
(2010-2018) mente existem apenas por causa do consumo
Dados oficiais publicados pelo IBGE (proje- de álcool, tal como a epilepsia e o câncer de
ções 2018): apresenta estimativas populacio- mama, são categorizados como parcialmente
nais (a cada ano) para municípios e Unidades atribuíveis ao álcool.
da Federação brasileiros. Para as informações
apresentadas neste material, foi considerada a SIHSUS
divisão mais atualizada de municípios do país, Sistema de Informações Hospitalares do Sis-
que registra 5.570 municípios. tema Único de Saúde, do Datasus: traz da-
dos de Autorizações de Internação Hospitalar
CID (AIH). Classificadas de acordo com a CID-10,
Classificação Estatística In- permitem identificar o número
ternacional de Doenças e Pro- de internações para cada mu-
blemas Relacionados à Saúde: Para estimar nicípio e consolidar o valor por
publicada pela OMS e adota-
da globalmente, fornece có-
o impacto do Estados. Os bancos de dados
foram baixados do Datasus
digos relativos à classificação uso nocivo de no link: http: //www2.datasus.
de doenças e de uma grande
variedade de sinais, sintomas,
álcool na saúde, gov.br/DATASUS/index.php?a-
rea=0901&item=1&acao=25.
aspectos anormais, queixas, foram aplicadas
circunstâncias sociais e causas
externas para ferimentos ou
as Frações Duas informações foram calcu-
ladas a partir das estatísticas
doenças. É periodicamente re- Atribuíveis ao disponíveis para os anos de
vista e sua décima edição é a
CID-10. A CID-11, atualização
Álcool (FAAs) 2010 a 2018:
16
METODOLOGIA | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
17
3.
10 anos da estratégia global
para reduzir o uso nocivo
de álcool: avanços e desafios
FOTOS: FREEPICK.COM
18
10 ANOS DA ESTRATÉGIA GLOBAL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
D
GLOBAL nocivo do álcool devem ter acesso à prevenção
e a serviços de saúde eficazes, com preços
iante do grande impacto cau- acessíveis.
sado pelo consumo nocivo do
álcool, em maio de 2010, na • Todos que optam por não beber devem ser
63ª Assembleia Mundial da apoiados em seu comportamento e protegidos
Saúde da OMS, foi lançada a das pressões para o consumo.
Estratégia Global para Reduzir
o Uso Nocivo de Álcool (OMS, 2010). Nesse Foram indicadas dez áreas-alvo de interven-
documento, foram preconizados alguns prin- ção, desenvolvidas sob a perspectiva de nor-
cípios básicos para auxiliar os países a formu- tear os países no desenvolvimento de políticas
lar, introduzir, monitorar e avaliar políticas de e ações sobre o tema. A OMS compreende que
saúde para reduzir o consumo prejudicial de as áreas-alvo, além de serem complementares
bebidas alcoólicas: entre si, também devem ser pensadas e adap-
tadas de acordo com o contexto de cada país.
• Políticas públicas e interven- Algumas das opções políticas de
ções:
A OMS indicou um determinado país podem ou
não ser incabíveis em outras cul-
• Orientadas e formuladas a 10 áreas-alvo turas, por exemplo: não há como
partir dos interesses da saúde
pública, com metas definidas e
de intervenção implementar políticas de redu-
ção de preço de bebidas alcoó-
baseadas nas melhores evidên- para nortear licas em locais onde sua produ-
cias disponíveis.
políticas e ção e seu consumo são práticas
ilegais, como em alguns países
• Voltadas a prevenir e re- ações sobre o islâmicos. Além disso, é preciso
duzir os malefícios do álcool, reconhecer que há uma relação
abrangendo todos os tipos de tema, a serem entre os padrões de consumo e o
bebidas alcoólicas. adaptadas de desenvolvimento socioeconômi-
co de cada região. Dentro dessa
• Equitativas e sensíveis aos acordo com o perspectiva, a OMS elencou su-
contextos nacionais, religiosos
e culturais.
contexto de gestões de políticas e interven-
ções para cada uma dessas dez
cada país. áreas-alvo (Tabela 1).
• Que protejam populações
de alto risco e expostas aos efeitos nocivos Durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o
do consumo de álcool. Desenvolvimento Sustentável de 2015, a ONU
desenvolveu os Objetivos de Desenvolvimento
• Todas as partes envolvidas têm a respon- Sustentável (ODS) que estabelecem 17 obje-
sabilidade de agir de forma a não prejudicar a tivos e 169 metas relacionadas a ações para
adoção de políticas públicas e intervenções de erradicação da pobreza, segurança alimentar,
prevenção e redução do uso nocivo de álcool. agricultura, saúde, educação, igualdade de
gênero, redução das desigualdades, mudança
• A saúde pública deve ser prioritária em rela- do clima, entre outros temas. Algumas des-
ção aos interesses concorrentes. Abordagens sas metas caminham junto à Estratégia Global,
nesta direção devem ser incentivadas. descrita neste capítulo.
19
Tabela 1 . Áreas-alvo e opções de políticas e intervenções da Estratégia Global para
reduzir o uso nocivo de álcool.
AÇÕES NA
3 COMUNIDADE E
NO AMBIENTE
DE TRABALHO
Aproveitar o conhecimento e a experiência local das comunidades
para mudar comportamentos coletivos.
7 POLÍTICAS
DE PREÇOS
por menores de idade, dificultar o consumo de grandes volumes
de álcool e/ou Beber Pesado Episódico (BPE), e influenciar
as escolhas dos consumidores.
REDUÇÃO DAS
CONSEQUÊNCIAS
8 NEGATIVAS DO
BEBER E DA
INTOXICAÇÃO
Reduzir os danos causados pela intoxicação alcoólica gerenciando
o ambiente de consumo e informando os bebedores.
ALCOÓLICA
REDUÇÃO DO
IMPACTO NA Reduzir as consequências negativas do álcool informal ou ilícito
9 SAÚDE PÚBLICA
DO ÁLCOOL ILÍCITO
E PRODUZIDO
por meio do conhecimento aprofundado do mercado, de um quadro
legislativo apropriado e de execução de medidas.
INFORMALMENTE
FONTE: OPAS, 2018
10 MONITORAMENTO
E VIGILÂNCIA
magnitude e as tendências de consequências relacionadas ao álcool,
para fortalecer o advocacy, formular políticas e avaliar
o impacto das intervenções.
20
10 ANOS DA ESTRATÉGIA GLOBAL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
O consumo de álcool é um fator que está dos ODS, como: redução de mortes prema-
presente em diversos objetivos, sendo es- turas por Doenças Crônicas Não Transmis-
pecificamente abordado na meta 3.5, que síveis (DCNT) em um terço até 2030 (3.4);
visa “fortalecer a prevenção e o tratamen- mortalidade relacionada ao trânsito (3.6); e
to do abuso de substâncias, incluindo abu- tuberculose (3.2). Abordar os danos relacio-
so de drogas e uso prejudicial de álcool”. O nados ao álcool beneficiaria positivamente
cuidado com o consumo dessa substância outras metas, como a redução da violência
também está contemplado em outras metas contra as mulheres.
21
3.2. ÁLCOOL E SAÚDE muitas vezes, tidos como motivo de vergonha.
Isso dificulta o reconhecimento de padrões de
Ao longo dos anos, o ato de beber foi integrado consumo nocivos e problemas associados.
a tradições culturais e até mesmo religiosas em
diferentes sociedades. Uma das principais ra- É preciso esclarecer que a relação entre o con-
zões disso é que alguns dos efeitos das bebidas sumo de álcool e suas consequências à saúde
alcoólicas, como relaxamento e sensação de é complexa. Evidências científicas mostram que
bem-estar, presentes quando o consumo é feito fatores individuais e ambientais, que vão desde
com responsabilidade, podem ser considerados a herança genética até o contexto social, influen-
potencialmente positivos. Por outro lado, o uso ciam os hábitos de consumo e danos associados:
nocivo dessa substância está associado a pre-
juízos individuais e coletivos — desde condi- •Fatores individuais: sexo, idade, herança gené-
ções de saúde a questões sociais e econômicas. tica, massa corporal, altura e condição de saúde;
DO
AS FASES DO ABSORÇÃOABSORÇÃO
DISTRIBUIÇÃO
DISTRIBUIÇÃO
METABOLISMO
ISMO Assim que ingerido, o álcool
O álcool
Assim que ingerido, o álcool inicia seu trajeto dentro do
O álcool é transportado
é transportado
pelo sangue para todos os
OL DO ÁLCOOL
inicia seu trajeto dentro do organismo. Desde a pelo sangue para todos
ingestão os que contêm água.
tecidos
tecidos que contêm água.
organismo. Desde a ingestãoaté sua completa absorção, As maiores concentrações
até sua completa absorção, estima-se em médiaAs 1 hora. de álcool encontram-se no
maiores concentrações
EM ADULTOS
O tempo e absorção do álcool cérebro, no fígado, no coração,
estima-se em média 1 hora. dependerão de uma de álcool encontram-se no e nos músculos.
TOS
série de nos rins
O tempo e absorção do álcool fatores, entre eles, acérebro,
presença no fígado, no coração,
dependerão de uma série dede comida no estômago, nos orins
tipoe nos músculos.
fatores, entre eles, a presença
de alimento ingerido antes
de comida no estômago, o tipo de beber e a velocidade com
que a pessoa o consumiu.
de alimento ingerido antes
de beber e a velocidade com
que a pessoa o consumiu.
22
10 ANOS DA ESTRATÉGIA GLOBAL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
23
DOSE PADRÃO PRATICADA NO BRASIL
14g
14 g de 14g ou
350 mL de
cerveja/chope ou
150 mL de vinho
cerca de ou
45 mL de destilado
(vodca, uísque, cachaça,
álcool puro cerca de 5% de álcool 12% de álcool gin, tequila, rum)
cerca de 40% de álcool
Cada tipo de bebida representada acima equivale a 1 dose padrão de álcool, definida como aproximadamente 14g de álcool puro. A porcentagem de álcool ainda
pode variar dentro do mesmo tipo de bebida (por exemplo, há cervejas com teor alcoólico de 3,5% e outras com 6%, mas a maioria tem cerca45
de 5%).
mL de destilado
14g de ou
350 mL de
cerveja/chope ou
150 mL de vinho
cerca de ou (vodca, uísque, cachaça,
álcool puro cerca de 5% de álcool 12% de álcool
gin, tequila, rum)
cerca de 40% de álcool
Atualmente, não há uma definição oficial para
DOSE PADRÃO dose
Cada tipo de bebida representada abaixo equivale a 1 dose padrão de álcool, definida padrão no Brasil.
como aproximadamente Apesar
14g de álcool de, geralmen-
puro. A porcentagem de álcool
ainda pode variar dentro do mesmo tipo de bebida (por exemplo, há cervejas com teor alcoólico de 3,5% e outras com 6%, mas a maioria tem cerca de 5%).
Dose padrão é a unidade de medida que de- te, seguirmos as recomendações da OMS, a
fine a quantidade de etanol puro contido nas partir de referências científicas disponíveis
bebidas alcoólicas. Uma dose padrão equiva- e consultas a sites especializados em dife-
le, em geral, à mesma quantidade de álcool e rentes tipos de bebidas, o CISA considera os
corresponde a volumes maiores ou menores, volumes e teores alcoólicos mais praticados
dependendo do teor alcoólico das bebidas. no Brasil como sendo: 1 dose de bebida cor-
responde a 14 g de álcool puro.
Não há consenso internacional sobre a dimensão
exata de uma dose de bebida alcoólica. A OMS,
por exemplo, estabelece que uma dose padrão RELAÇÃO DOSE-EFEITO
contém, aproximadamente, 10 g de álcool puro, O álcool é uma substância depressora do sistema
mas reconhece que essa definição difere depen- nervoso central. A relação entre a quantidade de
dendo do país, variando de 8 g (Reino Unido) a álcool ingerida e os efeitos advindos desse con-
20 g (Japão) de álcool puro (OMS, 2010b). sumo é conhecida como dose-efeito.
1 A 2 DOSES
• Desinibição
• Ligeira sensação de bem-estar
• Relaxamento
RELAÇÃO DEPOIS...
DOSE-EFEITO • Fala pastosa
• Perda de coordenação motora
• Perda da consciência
A PARTIR DA 3ª DOSE
• Euforia
• Baixa resposta a estímulos
• Inadequação de comportamento
24
10 ANOS DA ESTRATÉGIA GLOBAL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
Cultura
Produção, Motivação
distribuição do consumo
e regulação eiros
os a terc
Nível de do álcool Dan
desenvolvimento
do contexto
mortalidades
crônicos
e agudos
CONSUMO volum
DE ÁLCOOL pa d r IMPACTOS NA SAÚDE
ão
Cons
equê
ncias
socio
econ
ômic
as
Contexto
familiar
Sexo
25
ÁLCOOL ZERO
Em determinadas atividades ou momentos, mesmo uma pequena quantidade de álcool pode colocar
em risco tanto a saúde de quem o consome, como a de terceiros. Por isso, com base em orientações
da OMS, o CISA considera inaceitável o consumo de bebidas alcoólicas se a pessoa:
O Beber Pesado Episódico (BPE) é definido Collaborators, 2018). Os tipos de doenças e le-
pela OMS como o consumo de 60 g ou mais sões associadas a essa substância podem ser
de álcool puro — cerca de 4 doses ou mais no
ÁLCOOL ÁLCOOL ZERO ZERO
separados em três categorias:
PRI
EM DETERMINADAS ATIVIDADES ATIVIDADES
EM DETERMINADAS OU MOMENTOS,OU MOMENTOS, ASS
Brasil — em pelo menos uma ocasião no mês MESMO UMAMESMO
PEQUENA QUANTIDADE
UMA DE ÁLCOOL DE ÁLCOOL
PEQUENA QUANTIDADE NO
anterior. Esse comportamento está relacionado • Condições
PODE COLOCAR de
PODE
QUEM O CONSOME,
saúde
EMCOLOCAR totalmente
RISCO TANTO
QUEM OCOMO
atribuíveis
A SAÚDE
EM RISCO TANTO
A DE TERCEIROS.
CONSOME,
DE A SAÚDE
COMO A DE POR
aoDE
TERCEIROS. POR
a um maior risco de prejuízos imediatos, como uso
ISSO,de
COMálcool:
BASE há
ISSO,EM relação
ORIENTAÇÕES
COM BASE EM deORIENTAÇÕES
causalidade
DA OMS, O DAdireta,
OMS, O
amnésia alcoólica, quedas, envolvimento em CISA CONSIDERA
como CISA
psicose INACEITÁVEL
CONSIDERA
alcoólica, O CONSUMO
INACEITÁVEL
dependência deOálcool,
CONSUMOSín-
DE BEBIDAS DE
ALCOÓLICAS SE A PESSOA:
BEBIDAS ALCOÓLICAS SE A PESSOA:
brigas, acidentes de trânsito, sexo desprotegi- drome Alcoólica Fetal e cirrose hepática alcoólica;
do e intoxicação alcoólica. Se frequente, o BPE
pode aumentar o impacto negativo do álcool •
for menor defor
18 menor
anos de
deidade;
18 anos de idade;
Condições crônicas em que o álcool é fator
Eperi doluptioEperi
cusantis et et cusantis
doluptio eos nos voluptam
et et eos nos voluptam
em diversos órgãos e sistemas, especialmente: contribuinte: câncer
fugias miliquefugias
vegias miliqde
milique boca,
ptatis audae
vegias de
miliq orofaringe
pedi
ptatis e de
audae pedi
trato gastrointestinal, fígado, pâncreas, sistema mama,
for dirigiraborto
veículo espontâneo;
automotor,
for dirigir veículooperar máquinas
automotor, oumáquinas ou
operar
realizar outras atividades
realizar que
outras envolvam
atividades riscos;
que envolvam riscos;
nervoso e sistema cardiovascular.
•
Eperi doluptioEperi
Condições
fugias
cusantis
agudas
miliquefugias
vegias
et et cusantis
doluptio
miliqem
milique
eos nos voluptam
que
ptatis oetálcool
audae
vegias miliq
et eos nos voluptam
ptatiséaudae
pedi fator pedi
contri-
3.2.3. CONSEQUÊNCIAS buinte:
ou
acidentes
estiver grávida,
amamentando;
automobilísticos,
tentando
estiver engravidar
grávida, quedas, enve-
tentando engravidar
PARA A SAÚDE
ou amamentando;
nenamento, afogamentos e situações de violência.
Eperi doluptioEperi
cusantis et et cusantis
doluptio eos nos voluptam
et et eos nos voluptam
fugias miliquefugias
vegiasmilique
miliq ptatis
vegiasaudae
miliqpedi
ptatis audae pedi
De modo geral, o consumo nocivo de álcool De acordo com a publicação Global Burden of
apresentar problemas
apresentardeproblemas
saúde quede saúde que
pode trazer sérios problemas ao organismo e Disease
podem ser(GBD),
podemoser
agravados uso
pelo de álcool
álcool;
agravados pelose destacou, em
álcool;
prejudicar órgãos, como o cérebro e o coração, 2016, como
Eperi doluptio o sétimo
doluptioprincipal
cusantis
Eperi et et cusantis etfator
eos nos et eosde
voluptam nosrisco para
voluptam
fugias miliquefugias
vegiasmilique
miliq ptatis
vegiasaudae
miliqpedi
ptatis audae pedi
e sistemas, como o digestivo e o imunológico, mortes prematuras e incapacitação no mundo todo.
além de estar associado a alguns tipos de cân- Pessoas
que interagecomcom
que idades entre
o álcool;
interage com o15 e 49 anos foram as
álcool;
cer (como de orofaringe e de mama). Alguns mais expostas.
Eperi doluptioEperi A carga
cusantis total de
et et cusantis
doluptio etdanos
eos nos voluptam à saúde
et eos nos atri-
voluptam
estudos têm explorado potenciais efeitos bené- fugias milique vegias
fugias miliq
miliqueptatis
vegiasaudae
miliqpedi
ptatis
buíveis aumenta com a progressão da quantidade audae pedi
Doses Doses
máximas segundo
máximas o NIAAA
segundo o NIAAA HomensHomens Mul
1 dia = 4 doses
1 dia = 4 doses
26 1 semana = 14
1 doses
semana = 14 doses
10 ANOS DA ESTRATÉGIA GLOBAL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
CONSEQUÊNCIAS
DO ÁLCOOL
PARA A SAÚDE
NCIPAIS PREJUÍZOS
BENEFÍCIOS DO
SOCIADOS AO USO LEVE
CONSUMO
CIVO DE ÁLCOOL
A MODERADO
Relaxamento, sensação
de bem-estar,
diminuição do risco
100% de algumas doenças
PRINCIPAIS dos
PREJUÍZOS
cardiovasculares e
transtornos
ASSOCIADOS AO USO
diabetes tipo 2
por uso
NOCIVO DE ÁLCOOL
do álcool
27%100% dos
das lesões
transtornos
no trânsito
por uso
RESSALVAS
do álcool
18% das
• Potenciais benefícios
violências 27%
não devem encorajar
abstêmios a beber;
interpessoais
das lesões
no
• Efeitos nãotrânsito
podem ser
generalizados para toda
13%18%
MALEFÍCIOS DO
a população, pois efeitos CONSUMO NOCIVO
álcool dependem das
dasdo epilepsias
violências
do histórico médico
Associado a mais
e riscosinterpessoais
individuais;
de 200 tipos de
• Há circunstâncias doenças (incluindo
13%
em que o álcool não deve cirrose hepática,
dasnem
ser utilizado epilepsias
em dependência e alguns
pequenas doses (como tipos de câncer)
no trânsito, por exemplo) e lesões diversas.
heres e idosos
1 dia = 3 doses
Mulheres e idosos
1 dia = 3 doses Recomendação do
NIAAA de limites diário
1 semana = 7 doses e semanal de consumo
do álcool (ARCR, 2018).
Recomendação do
27
NIAAA de limites diário
1 semana = 7 doses e semanal de consumo
do álcool (ARCR, 2018).
FRAÇÕES ATRIBUÍVEIS AO ÁLCOOL
(FAAs) PARA CAUSAS SELECIONADAS
DE MORTE, EM 2016:
SISTEMA GASTROINTESTINAL
28
10 ANOS DA ESTRATÉGIA GLOBAL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
• Dificuldade de controlar o
consumo (não conseguir parar de
beber depois de ter começado);
CID-10
efeitos, ou efeito cada vez menor com
uma mesma dose da substância;
29
feito a partir da avaliação de profissionais de determinarão o apoio mais adequado: carac-
saúde. O manual diagnóstico mais utilizado terísticas pessoais, presença de problemas de
nesse processo é a CID-10. Elaborada pela ordem emocional, física ou interpessoal decor-
OMS, essa classificação aponta sintomas indi- rentes do uso da bebida, além da quantida-
cativos, relacionados tanto ao comportamento de de álcool que costuma ingerir. Dada essa
dos indivíduos, como a questões cognitivas e complexidade, o ideal é que se procure um
fisiológicas que são desenvolvidas com o uso médico clínico geral ou um psiquiatra, profis-
repetido do álcool. sionais que farão uma avaliação diagnóstica
detalhada, que permitirá a identificação do
Em maio de 2019, a OMS lançou, durante a tratamento mais adequado.
Assembleia Mundial de Saúde, uma atualiza-
ção da classificação, a CID-11, que entrará Quando o paciente é diagnosticado com pro-
em vigor em janeiro de 2022. Com relação aos blemas relacionados ao álcool ou à dependên-
Transtornos Relacionados ao Uso de Álcool, cia, o sucesso do tratamento, que varia com a
novas categorias foram incluídas, como: progressão e gravidade da doença, dependerá
de acompanhamento médico.
• Padrões de consumo nocivos: beber pesado
episódico, beber pesado contínuo e beber pe- Diversas abordagens podem ser utilizadas: far-
sado não especificado; macológica, psicológica, apoio de grupos de
ajuda mútua, como “Alcoólicos Anônimos”. Vale
• Dependência de álcool: uso atual contínuo, destacar que alguns pacientes se beneficiam
uso atual episódico, remissão parcial precoce, mais de um determinado modelo do que de
remissão parcial sustentada, remissão total outros.
sustentada e dependência não especificada;
Nem sempre os dependentes entendem — ou
• Abstinência de álcool: sem complicações, percebem — que precisam de ajuda (a negação
com transtornos perceptivos, com convulsões, geralmente faz parte do quadro clínico). Essa
com transtornos perceptivos e convulsões ou situação, contudo, é um problema de saúde e
não especificada; precisa ser abordada.
• Delírio induzido por álcool; É importante ressaltar que, apesar de ser uma
doença crônica que deve ser reconhecida e
• Transtorno psicótico induzido por álcool: com tratada, muitas vezes a dependência é as-
alucinações, com delírios, com sintomas psicó- sociada à falha de caráter ou falta de força
ticos mistos e não especificado; de vontade para cessar o uso da substância.
30
10 ANOS DA ESTRATÉGIA GLOBAL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
QUANDO BUSCAR
AJUDA?
Nas situações em que o álcool influenciar
negativamente a saúde física, a rotina
ou as relações pessoais, é recomendável
procurar ajuda de profissionais da saúde.
Onde encontrar
ajuda gratuita
A DEPENDÊNCIA DO ÁLCOOL
(ALCOOLISMO)
especializada?
É UMA DOENÇA CRÔNICA
E MULTIFATORIAL Centros de Atenção Psicossocial
Álcool e Drogas (CAPS-AD)
Unidades de saúde especializadas em atender
usuários e dependentes de álcool e drogas,
que têm por base o tratamento ambulatorial do
paciente, buscando sua reinserção social (de
acordo com as diretrizes determinadas pelo MS), e
os hospitais públicos e conveniados ao Sistema
Único de Saúde (SUS).
De acordo com o MS, há 2.341* CAPS em
funcionamento no país, distribuídos em municípios
dos 26 estados e no Distrito Federal.
A lista completa pode ser acessada no endereço:
http://sage.saude.gov.br/paineis/planoCrack/
lista_caps.php?output=html&
*Em 20/07/2017.
31
mendadas na Estratégia Global para Reduzir Na população brasileira, houve um aumento
o Uso Nocivo de Álcool (OMS, 2010). no BPE, de 12,7% em 2010 para 19,4% em
2016, em contraste à diminuição observa-
Embora a Estratégia tenha sido bem recebida da na região das Américas (de 26,7% para
entre os países membros da OMS, a imple- 21,3%) e mundialmente (de 20,5% para
mentação das recomendações tem sido lenta 18,2%), no mesmo período. A OMS reforça
e desigual, afetando o cumprimento das me- a necessidade de acelerar tendências posi-
tas estabelecidas em nível global. tivas referentes ao BPE, indicador que deve
ser monitorado, com esforços para reduzi-
Estudos têm identificado que países de mé- -lo, especialmente entre os jovens (OMS,
dia e baixa renda enfrentam mais dificul- 2018b).
dades para implementar políticas públicas
sobre o consumo de álcool do que os de alta No ano de 2017, a OMS organizou um fórum
renda (Siegfried & Parry, 2019). Inclusive, específico com o intuito de mensurar e avaliar
nos últimos anos, pesquisas revelaram que os avanços dos países desde a implementa-
a disparidade dos impactos negativos do ção da Estratégia Global para Reduzir o Uso
álcool entre países ricos e pobres aumen- Nocivo de Álcool. As informações foram cole-
tou (Bennett et al., 2018; Siegfried & Parry, tadas por meio de questionário desenvolvido
2019). com base em levantamentos anteriores sobre
álcool e saúde. Dos 194 países que integram a
O nível global do consumo per capita em iniciativa, 138 (71%) reportaram seus avanços.
2016 foi de 6,4 L de álcool puro por pessoa
com 15 anos ou mais (15+ anos), manten- Os resultados indicam conquistas, entretanto
do-se estável desde 2010. Entretanto, os ní- também apontam deficiência na distribuição da
veis e as tendências de consumo variam nas cobertura de tratamento para transtornos do
regiões da OMS. Por exemplo, entre 2010 álcool e do uso de drogas, e ressaltam a ne-
e 2016, no Sul e Leste Asiático, o consumo cessidade da produção de mais trabalhos para
per capita aumentou 28%, enquanto na re- melhorar a medição dessa oferta (OMS, 2017).
gião europeia diminuiu 12,5%, mas ainda
assim permaneceu o mais alto do mundo Em setembro de 2018, a OMS lançou a iniciati-
(GISAH, 2019). va SAFER (OMS, 2018c), mais novo roteiro para
apoiar os governos na adoção de medidas para
Dados do último Relatório Global sobre Ál- acelerar o progresso na saúde e combater as
cool e Saúde (OMS, 2018a) mostraram que doenças crônicas não transmissíveis (DCNT),
o consumo per capita entre os brasileiros abordando o uso nocivo do álcool.
diminuiu de 8,8 para 7,8 L de álcool puro,
no mesmo período, representando redução Tal recomendação apresenta cinco estratégias
de 11%. de alto impacto que podem ajudar governos a
reduzir o uso nocivo do álcool e suas conse-
Apesar de os índices de consumo serem quências sociais, econômicas e de saúde:
parcialmente positivos em relação à meta da
OMS, ressalta-se que o esforço global para 1. Fortalecer restrições à disponibilidade de
reduzir o uso nocivo de álcool abrange não álcool em comércios e para o público por meio
somente o consumo per capita, mas também da promulgação de leis, políticas e programas,
indicadores de padrões de consumo, como o a fim de prevenir o acesso fácil de jovens e
BPE e a morbimortalidade associada. outros grupos de risco ao etanol;
32
10 ANOS DA ESTRATÉGIA GLOBAL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
12
10
0
Brasil Américas África Leste do Europa Sul e Leste Oeste do Mundo
Mediterrâneo Asiático Pacífico
2010 2016
Figura 1. Consumo de álcool per capita (15+ anos de idade), em litros de álcool puro.
33
Em dezembro de 2019, o relatório do dire- a construção de amplas parcerias e redes de
tor-geral da OMS elencou desafios, oportu- colaboração em todos os níveis.
nidades e perspectivas globais relacionadas
à meta de redução do uso nocivo de álcool — Tendo em vista que os prejuízos associados ao
fundamentado por discussões em fóruns da uso nocivo de álcool abrangem não somente a
OMS, consultas técnicas a países membros saúde, mas também diversas outras áreas, a
e um artigo de discussão sobre a Estratégia necessidade do estabelecimento de parcerias
Global para Reduzir o Uso Nocivo de Álcool e o incentivo a ações conjuntas entre diferentes
(OMS, 2019). setores também são apontadas pela OMS.
34
10 ANOS DA ESTRATÉGIA GLOBAL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
AVANÇOS DESAFIOS
Redução em 12,5% do consumo per capita O consumo per capita aumentou na região Sul
na região da Europa, de 11,2 L para 9,8 L de e Leste Asiático de 3,5 L para 4,5 L de 2010 para
álcool puro, entre 2010 e 2016. 2016, representando um crescimento de 28%.
No mesmo período, na região das Américas, Nível do consumo de álcool manteve estável no
houve diminuição de 57,8% para 54,1% a mundo entre 2010 e 2016 (6,4 L de álcool), mas há
proporção de bebedores atuais e redução do projeções de aumento deste indicador até 2030.
BPE de 24,4% para 21,3%.
Diminuição em 11% do consumo per capita O Beber Pesado Episódico (BPE), aumentou de
entre os brasileiros, de 8,8 L para 7,8 L de 12,7% em 2010 para 19,4% em 2016 na população
álcool puro, entre os anos de 2010 e 2016. brasileira.
A Lei Seca evitou cerca de 41 mil mortes Entre bebedores brasileiros, o consumo médio
entre 200 e 2017, e contribuiu para a redução diário é de 3 doses, 27% maior do que na região
em 27,4% das mortes por acidentes de das Américas e no mundo (2,3 doses por dia).
trânsito nas capitais.
BRASIL
Implementação, em 2015, da lei que Preocupação quanto a relação com o álcool de
criminaliza a oferta de bebidas alcoólicas para estudantes com 13 a 15 anos, especialmente as
menores de 18 anos. meninas. Idade de experimentação é de 12,5 anos.
35
4. Consumo de álcool
FOTOS: FREEPICK.COM
36
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
O
4.1. NÍVEIS DE CONSUMO et al., 2019). Em geral, o que se observa é uma
diminuição, ou estagnação, do consumo nos países
consumo de álcool está presen- ricos, mas uma tendência de aumento nos países
te em quase todos os países do cujo padrão de vida é ascendente, como Índia e
mundo, com grandes variações China. As projeções desse estudo destacam o Bra-
regionais e culturais. Essas di- sil como um dos países que irão contribuir para
ferenças podem ser atribuídas este aumento na região das Américas (Manthey
em boa parte à religião, à imple- et al., 2019), apesar de ter sido observada uma
mentação de políticas e ao crescimento econômico diminuição do consumo per capita de 8,8 L, em
(Manthey et al., 2019). Seu uso é comum em diver- 2010, para 7,8 L em 2016 (OMS, 2018a). Isso
sos contextos sociais e associado frequentemente equivaleria a dizer que cada brasileiro com 15 anos
a situações de socialização. ou mais deixou de beber cerca de 1 dose por se-
mana. Apesar de ser maior que a média mundial,
Segundo o Relatório Global sobre Álcool e Saúde o índice brasileiro está abaixo da média da região
2018, publicado pela OMS, 55,5% da população das Américas (8,0 L).
mundial com 15 anos ou mais (15+ anos) já con-
sumiu bebida alcoólica alguma vez na vida e 43% No que diz respeito ao consumo diário de álcool
se declarou bebedora atual (ou seja, consumiu no Brasil, entre aqueles que bebem (15+ anos), a
no último ano). Já no Brasil, os índices foram de média, em 2016, foi de 41,7 g de álcool puro, o
78,6% e 40,3%, respectivamente. Os dados do equivalente a cerca de 3 doses por dia. Essa esti-
III Levantamento Nacional Sobre o Uso de Dro- mativa é aproximadamente 27% maior do que a
gas pela População Brasileira (III LNUD, 2017) observada entre os bebedores da região das Amé-
são consistentes com os da OMS, mostrando que ricas e da média mundial, ambas de 32,8 g por
43,1% da população brasileira de 12 a 65 anos dia — cerca de 2,3 doses por dia (OMS, 2018a).
consumiu álcool no último ano. Cerca de 30,1%
informaram ter consumido pelo menos 1 dose
no último mês. 100
Desde 2000, a porcentagem de bebedores atuais 80 40,3
no mundo diminuiu de 47,6% para 43%, apro- 54,1 43,0
ximadamente um quarto de bilhão de pessoas 60
(15+ anos). Tal queda foi, principalmente, devido
ao aumento de pessoas que pararam de beber e 12,5
40 38,3
pouco decorrente de um aumento de abstêmios
29,0
na vida, segundo a OMS. Em relação ao consumo 20 44,5
de álcool per capita, apesar de ter crescido entre 21,4
16,9
FONTE: OMS, 2018a.
37
4.2. PADRÕES DE CONSUMO A preferência por determinado tipo de bebida é
influenciada por fatores sociais, culturais e indivi-
4.2.1. TIPOS DE BEBIDAS duais. Segundo a OMS, no mundo, os destilados
MAIS CONSUMIDAS são os mais consumidos (44,8%), seguidos por
cerveja (34,3%) e vinho (11,7%). Já nas Amé-
Bebidas alcóolicas são aquelas que contêm etanol ricas, a preferência é pela cerveja (53,8%), com
ou álcool etílico. Podem ser obtidas por diferentes exceção da Argentina, Chile e Uruguai, onde se
processos químicos: o vinho e a cerveja, por exem- consome mais vinho. No Brasil, a cerveja responde
plo, derivam da fermentação, enquanto o uísque, por 61,8% do consumo, seguida pelos destilados
gin, vodca e a cachaça, da destilação. Elas possuem (34,3%) e pelo vinho (3,4%).
teores alcoólicos bastante diferentes: cervejas po-
dem apresentar variação de 2% a 8% de álcool,
enquanto os destilados usualmente, contêm entre 4.2.2. BEBER PESADO
40% e 50% de álcool. A OMS (2010) cita que a EPISÓDICO (BPE) OU
abordagem de redução de danos associados ao
álcool pode ser apoiada por uma promoção mais
CONSUMO ABUSIVO
forte de produtos com menor concentração de ál-
cool. Porém, é importante ressaltar que, no conceito O padrão de consumo de álcool também é um ele-
de dose padrão, há a equivalência da quantidade mento importante para a avaliação dos riscos e
de álcool, conforme detalhado no item 3.2 desta prejuízos associados ao seu uso. O Beber Pesado
publicação. Episódico (BPE) — consumo de 60 g ou mais de
DISTRIBUIÇÃO DO CONSUMO
DE ÁLCOOL REGISTRADO 9,3%
POR TIPO DE BEBIDA
(EM PORCENTAGEM) 11,7%
34,3%
44,8%
0,9%
13,5%
MUNDO
31,7% AMÉRICA
31,7% 53,9%
Cerveja
Destilados
Vinho 3,4% 0,5%
Outros
BRASIL
34,3%
61,8%
38
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
30
26,0
25 27,0 27,9 27,3 27,1
25,3 25,4
24,2 24,8
20
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
álcool puro em uma única ocasião, pelo menos uma se comportamento foi de 16,5%, considerando a
vez no último mês— está associado à maior ocor- população geral. Já os dados do Vigitel, embora
rência de brigas, violência, acidentes, tentativas de mostrem números semelhantes aos da OMS, indi-
suicídio, sexo desprotegido, gravidez indesejada e cam que o consumo abusivo de álcool (equivalente
intoxicação alcoólica. Por essa razão, é considera- ao BPE) por adultos não tem se alterado significa-
do um problema de saúde pública, passível de pre- tivamente ao longo do tempo, tanto na população
venção. Em termos globais, o BPE foi relatado por de homens quanto de mulheres, variando entre
18,2% da população geral no ano de 2016 (OMS, 16% e 19% na população em geral no período
2018a). Em 2017, a pesquisa de Manthey et al. considerado na análise, de 2010 a 2018.
(2019) detectou que 20% dos adultos no mundo
reportavam este padrão de consumo nocivo. Esse Nas capitais brasileiras, dados do Vigitel 2018
índice já foi mais elevado: em 2000, a frequência apontam que a frequência de consumo abusivo de
era de 22,6% (OMS, 2018a). As maiores reduções bebidas alcoólicas variou de 13,8% em Manaus a
de BPE foram observadas nas regiões da África, 23,5% em Salvador. As maiores frequências, entre
Américas e Europa, alinhadas às diminuições de homens, foram observadas em Palmas, Salvador e
consumo per capita e de prevalência de bebedores. Florianópolis, e, entre mulheres, em Salvador, Belo
Horizonte e Vitória. As menores frequências de
A despeito dessa redução geral observada, o Bra- consumo abusivo de bebidas alcoólicas pelo sexo
sil ainda se destaca, segundo a OMS, como um masculino ocorreram em Porto Alegre, Manaus e
dos países que apresentam altas porcentagens Rio Branco, e, pelo sexo feminino, em João Pessoa,
de BPE: 19,4% da população com 15 anos ou Curitiba e Natal. Esses dados por capital mostram
mais relatou tal comportamento em 2016, índice que o consumo abusivo pode ser verificado em to-
superior ao observado anteriormente, em 2010 das as regiões do Brasil e que ele também sofreu
(12,7%), e também ao mundial (18,2%). De modo poucas variações ao longo do tempo.
semelhante, no III LNUD (2017), a prevalência des-
39
30
25
2010
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Figura 3. Consumo abusivo de álcool (%) nas capitais brasileiras em 2010 e 2018.
No conjunto das 27 cidades, em 2018, a frequên- Outro dado importante é que, a despeito do consu-
cia do consumo abusivo de álcool no último mês mo abusivo ser predominante entre homens, hou-
foi de 17,9%, sendo maior para homens (26%) do ve um aumento significativo entre mulheres entre
que para mulheres (11%). A análise de regressão 2010 e 2018, especialmente nas faixas etárias de
logística aponta que os homens têm cerca de três 18 a 24 anos (de 14,9% para 18%) e de 35 a 44
vezes mais chances de praticar consumo abusivo anos (de 10,9% para 14%).
do que as mulheres.
Além disso, o estado civil aparece como uma va-
Independentemente do sexo, a frequência do con- riável associada ao consumo abusivo. Os dados
sumo abusivo foi maior entre os jovens, alcançan- apontam que, em 2018, os solteiros possuíam
do cerca de 30% dos homens e mais de 14% das 1,6 vezes mais chances de praticar consumo
mulheres entre 18 e 44 anos de idade. A partir abusivo do que os casados/em união estável.
dos 35 anos, o consumo abusivo passa a diminuir Esses dados vão ao encontro de achados da li-
significativamente até chegar a 7,2% entre os ho- teratura que apontam que o casamento e os re-
mens e 2% entre as mulheres na faixa etária de lacionamentos estáveis podem exercer um efeito
65 anos ou mais. protetor em relação ao uso nocivo de álcool.
As chances de uma pessoa com 12 anos ou mais Estudo longitudinal com 900 jovens norte-ame-
de escolaridade praticar consumo abusivo são 1,5 ricanos encontrou uma forte associação entre
vezes maiores do que pessoas com escolaridade o casamento e outros tipos de relacionamentos
inferior; já as chances de uma pessoa que possua afetivos e reduções no consumo excessivo de ál-
entre 18 e 34 anos praticar consumo abusivo são cool (Fleming et al., 2011). A mesma associação
cerca de 3,7 vezes maiores do que uma pessoa foi encontrada em pesquisa feita na Suécia com
com 55 anos ou mais. base populacional nacional, sendo mais forte
40
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
Tabela 1. Consumo abusivo de álcool (%), nas capitais, por sexo, em 2010 e 2018.
2010 2018
CIDADE TOTAL MASCULINO FEMININO TOTAL MASCULINO FEMININO
41
Tabela 2. Consumo abusivo de álcool no último mês (%) no conjunto da popula-
ção adulta das capitais e do DF, por sexo, idade e escolaridade, em 2010 e 2018.
2010 2018
ANOS DE
ESCOLARIDADE
42
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
SEXO ESCOLARIDADE
quando o cônjuge não pratica consumo abusivo. de atuação. Leis que proíbam a venda de bebidas
Quando ele o faz, ao contrário, há o aumento do alcoólicas a pessoas que já estejam alcoolizadas
risco de registro subsequente de transtorno por e outras medidas que regulam a disponibilidade
uso de álcool tanto em homens quanto em mu- do álcool são ações que se mostraram eficazes em
lheres. Esses resultados são consistentes com a outros países para reduzir os prejuízos associados
hipótese de que os fatores psicológicos e sociais ao abuso de álcool (Sanchez, 2017).
relativos ao casamento e, em particular, às inte-
rações entre cônjuges que monitoram a saúde, É importante, também, entender melhor os fa-
protegem contra o desenvolvimento de transtor- tores que influenciam o beber pesado em cada
no por uso de álcool (Kendler et al., 2016). contexto para que sejam definidas mudanças po-
sitivas mais amplas nessa frente. Essas mudan-
Em conjunto, as evidências reforçam que inter- ças dependem tanto de iniciativas políticas bem
venções mais robustas são necessárias para a fundamentadas quanto de uma conscientização
diminuição da prática do BPE, por meio da imple- maior da população em relação às consequências
mentação de políticas públicas em diferentes áreas do uso nocivo do álcool.
43
4.3 ÁLCOOL O QUE É
ÁLCOOL ILEGAL
ILEGAL Álcool ilegal, também chamado
de “não registrado”, abrange
bebidas caseiras ou artesanais
fabricadas informalmente, bebidas
falsificadas ou contrabandeadas
e bebidas “substitutas”, que
são inapropriadas para ingestão
Álcool Álcool humana, como perfumes
legal ilegal
e produtos de limpeza.
Basicamente, as bebidas
ilegais são aquelas que, de
alguma maneira, não seguem
os padrões de qualidade ou de
taxação exigidos por um país.
Álcool
registrado Em relação aos dois termos
Bebida alcoólica – álcool ilegal e álcool não
legal, produzida e registrado, é importante saber
vendida dentro das que todo álcool ilegal é do tipo
normas regulatórias
e presente nas “não registrado”. Porém, nem
estatísticas oficiais. todo álcool não registrado é,
de fato, ilegal. Por exemplo:
comprar uma bebida alcoólica
lícita em um país e consumi-la
Contrabando: ilegalmente em outro país torna a bebida
Álcool não importado; não registrada, mas não ilícita.
registrado
Falsificado: imitações
Ou seja, “álcool ilegal” e “álcool
fraudulentas de produtos não registrado” são categorias
com marca; muito próximas – por isso, serão
Evadido de impostos:
utilizadas como equivalentes.
produzido legalmente, mas
sem pagamento devido de
impostos;
Compra lícita
transfronteiriça Álcool não conforme: A OMS (2018a)
Bebida alcoólica legal
comprada em um país e
produtos que não seguem
as normas de produção, estima que
trazida para outro, com
fins de consumo próprio.
diretrizes gerais ou leis
de registro/etiquetação. 25% do álcool
consumido
Artesanal lícito /
produzido em casa
Artesanal ilícito
produzido em casa no mundo
todo é do tipo
Álcool informal:
Bebida alcoólica produzida fora das normas regulatórias, não registrado;
cuja produção tende a seguir práticas culturais e artesanais.
no Brasil, esse
Álcool substituto:
Produtos contendo álcool que não são feitos
índice é estimado
para consumo humano, mas que são ingerigos
como substitutos da bebida alcoólica. em 15,5%.
44
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
45
4.3. ÁLCOOL ILEGAL to de um mercado paralelo e ilegal de álcool
(Euromonitor, 2015).
Sergio Almeida
O mercado ilegal de álcool inclui uma família de
Há um interesse perene em praticamente todo práticas. Entre as principais, constam a fabrica-
o mundo em combater o uso nocivo do álcool. ção e venda de bebidas adulteradas, a falsifica-
Já não é mais novidade alguma que o consumo ção e a pirataria, o contrabando e a sonegação.
regular e prolongado dessa substância, acima de A OMS estimou, em seu último relatório, que
certos níveis, oferece sérios riscos à saúde do in- cerca de 25% do álcool consumido no mundo
divíduo. O problema não se esgota aí: o consumo advenham de fontes ilegais (OMS, 2018a). No
nocivo do álcool também impõe, frequentemente, Sudoeste da Ásia e no Mediterrâneo, chega a
custos à sociedade como resultado de acidentes 50% do total. No Brasil, estima-se que esse tipo
de trânsito e gastos com serviços públicos de de bebida represente 15,5% do consumo total,
saúde (Nakaguma & Restrepo, 2014). Há, por- o que equivale a 1,2 L per capita.
tanto, uma preocupação das autoridades de saú-
de, do governo e do público em geral, em regular Os custos sociais desse mercado vão muito além
a produção, o comércio e o consumo do álcool. do que parecem ser meramente violações de
normas de conduta empresarial. O álcool ilegal
As experiências regulatórias do mercado de álcool ou não registrado abrange bebidas caseiras ou
mudaram bastante ao longo do último século. Por artesanais fabricadas informalmente, bebidas
volta de 1920, os EUA, por exemplo, proibiram o contrabandeadas e “substitutas” — inapropria-
armazenamento, o transporte e a venda de álcool. das para a ingestão humana, como perfumes
O experimento não foi exatamente bem-sucedido. e produtos de limpeza. O álcool ilegal oferece
Como mostram Miron & Zwiebel (1991), a proibi- riscos adicionais à saúde dos consumidores, uma
ção foi eficiente em reduzir seu consumo apenas vez que parte dele envolve a fabricação de be-
nos primeiros anos da política. A medida não só bidas com substâncias impróprias. A presença
não logrou reduzir sistematicamente o consumo, de substâncias tóxicas, como metanol, é comum
como também produziu consequências indesejá- nesse tipo de bebida e pode causar dores de
veis, entre elas a influência de grupos criminosos cabeça e crises renais a curto prazo e, se inge-
envolvidos com o mercado paralelo de álcool (Blo- ridas em grandes quantidades, podem levar à
cker Jr, 2006; Levine & Reinarman, 1991). cegueira e, em casos extremos, até a morte. A
fabricação de álcool adulterado é preocupante,
Uma das lições que emergiram das políticas e seus menores custos de produção acabam por
proibicionistas é que o arcabouço regulató- incentivar o maior consumo, além de represen-
rio utilizado tem impacto direto no tamanho tar um desafio para os reguladores, já que seu
do mercado ilegal de álcool (Wagenaar et al., monitoramento é mais difícil.
2009). Sabe-se, por exemplo, que, mesmo dis-
tantes da proibição do passado e mais focadas Os fatores que explicam o tamanho do merca-
na regulação econômica do consumo por meio do ilegal de álcool não são completamente co-
do controle de preços, de limitações à entrada nhecidos ainda. Há alguma evidência, contudo,
no mercado e de restrições sobre marketing, de que a produção e o consumo de álcool ilegal
as políticas de controle do consumo do álcool tenham uma motivação econômica, qual seja: a
têm efeito direto sobre o preço do produto e, regulação tributária sobre as bebidas alcoólicas.
portanto, nos incentivos para o desenvolvimen- O mecanismo explicativo por trás dessa relação
46
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
entre imposto e álcool ilegal é relativamente sim- lização dos que incorrem no crime de falsificação
ples: sem a incidência de impostos, as bebidas e adulteração de bebidas alcoólicas (OMS, 2010).
alcoólicas ilegais se tornam consideravelmente
mais baratas e, portanto, mais atrativas para o A própria natureza ilegal desse mercado cria
consumidor, que pouco ciente está dos riscos do desafios para o desenho e a implementação
consumo desse tipo de bebida. de uma estratégia nacional, visando reduzir os
danos econômicos e sociais da produção e do
Uma possível explicação para o baixo impacto da comércio de bebidas alcoólicas ilegais. É nosso
taxação sobre o consumo nocivo é a substituição entendimento que essa estratégia, em alinha-
de álcool legal por ilegal, a que a taxação isolada- mento com o arcabouço da OMS sobre o tema,
mente pode induzir. É por essa razão que as es- deva incluir as seguintes diretrizes:
tratégias mais eficazes para o combate ao álcool • Desenvolvimento de apoio técnico para ações
ilegal são aquelas que, concomitantes às ações locais de monitoramento;
na esfera tributária, focam também no monitora- • Desenvolvimento de um sistema nacional de
mento e no controle das bebidas comercializadas, coleta de dados;
nas campanhas de conscientização dos perigos • Produção e disseminação de conhecimento
para a saúde da ingestão de bebidas ilegais, bem sobre álcool ilegal;
como, na esfera jurídica, no julgamento e na pena- • Promoção de diálogos.
47
ele permaneça no radar de atenção dos formula-
dores de políticas públicas. Tabela 4. No último mês, quantas
vezes você andou em carro ou outro
Em relação à experimentação precoce, é sabido veículo motorizado dirigido por
que quanto mais cedo ocorrer o primeiro contato alguém que tinha consumido alguma
com o álcool, maiores os riscos de problemas. bebida alcoólica?
Estudos apontam que a experimentação antes
dos 15 anos aumenta em 4 vezes o risco de de-
senvolver dependência (NIAAA, 2017). 2009 2012 2015
Apesar desses riscos, em muitos países, a maior Nenhuma vez 81,3 76,9 72,9
parte dos jovens faz uso dessa substância antes
dos 15 anos. No mundo, 26,5% dos jovens de 15 1 vez 7,2 9,3 10,1
a 19 anos beberam no último ano, cerca de 155
milhões de pessoas (OMS, 2018a). No Brasil, o 2 ou 3 vezes 5,0 5,9 7,0
dado é semelhante: 26,8% dos jovens com idades
48
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
blicas (56,2%) que de escolas privadas (51,2%). No Brasil, o número de matrículas na educação su-
Quando comparados com o levantamento anterior, perior cresce anualmente. Em 2018, 8,45 milhões
de 2012, observa-se que essa experimentação de alunos matricularam-se em cursos de gradua-
precoce de bebidas alcoólicas aumentou de 50,3% ção, o que compõe cerca de 18% da população
para 55,5%, e o relato de episódio de embriaguez de jovens entre 18 e 24 anos e representa um
manteve-se estável (21,8%). crescimento de 1,9% em relação a 2017 (Censo
da Educação Superior 2018). Sabe-se que a expe-
A análise das PeNSE 2009, 2012 e 2015 também riência universitária é peculiar, pois constitui para os
evidenciou um dado preocupante, revelando um estudantes a primeira oportunidade de ser parte de
aumento da porcentagem de jovens que pegaram um grande grupo de pares sem supervisão familiar.
carona com motoristas sob efeito de álcool (Tabela Esse momento de experimentação de autonomia,
4). Em 2015, cerca de 26% dos jovens da amostra novos limites e responsabilidades os torna mais
andaram em veículo conduzido por motorista nes- vulneráveis a experiências previamente proibidas,
sas condições, mostrando que mesmo os jovens como o consumo de bebidas alcoólicas. Estudos re-
abstêmios podem se expor indiretamente aos pe- velam que o álcool é a substância mais consumida
rigos do álcool. pelos jovens brasileiros, seguida pelo tabaco, pela
maconha e por estimulantes, o que pode represen-
Além de acarretar diversos problemas de saúde, o tar um fator de risco para sua saúde (Silva et al.,
consumo de álcool pode ter outras consequências 2006; Passos et al., 2006; Paduani et al., 2008).
negativas na vida dos adolescentes, como proble-
mas familiares, abstenções escolares, dificuldades O I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool,
de relacionamento, entre outros. A PeNSE 2015 Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das
mostra que cerca de 10% dos estudantes entrevis- 27 Capitais Brasileiras apontou que o álcool é a
tados declararam ter tido algum tipo de problema al- substância mais utilizada entre os universitários,
guma vez na vida por ter ingerido bebidas alcoólicas. com quase 90% deles tendo relatado o consu-
mo uma vez na vida. Nota-se que grande parte
ADULTOS JOVENS E relatou o consumo no último ano (72%) e 60,5%
UNIVERSITÁRIOS beberam no último mês — o que mostra que é
um comportamento frequente e repetido entre a
Entre adultos jovens (de 20 a 24 anos), observa-se maioria dos universitários (SENAD, 2010).
uma prevalência de consumo semelhante ou, por
vezes, mais frequente do que na população em ge- Pesquisa com 508 estudantes universitários pau-
ral. Isso também se estende ao BPE nessa idade, listas, feita em 2017, apresentou cenário parecido,
mais prevalente e frequente quando comparado à identificando que 43,7% dos participantes respon-
população em geral. Com exceção da região do Me- deram ter consumido álcool de 2 a 4 vezes por mês.
diterrâneo Oriental, todos os índices de prevalência Em relação aos padrões de consumo, 59,2% rela-
de BPE entre os bebedores são altos na adolescên- taram a prática de BPE em algum momento (Ro-
cia e na idade adulta — em torno de 45% a 55%. drigues, 2017).
(OMS, 2018a).
Pesquisa recente feita nos Estados Unidos com 365
Como essa idade coincide, em geral, com o período jovens adultos (18-35 anos) procurou identificar os
em que se frequenta a universidade, um grupo des- fatores associados ao consumo de álcool por meio
sa faixa que merece atenção são os universitários. da comparação entre bebedores e não bebedo-
Pesquisas apontam que o uso de álcool é maior en- res: os bebedores mostraram ter mais qualificação
tre eles do que em grupos de não universitários da educacional e maior disponibilidade de recursos
mesma idade (O´Malley & Johnston, 2012). financeiros, pois têm, com mais frequência, um
49
4.4.1
CONSUMO QUANTO
ENTRE JOVENS BEBEM?
ESCOLARES entre
POR QUE BEBEM? 13 e 15 anos no
Brasil (PeNSE, 2015)
• Comportamento de
assumir riscos e testar 12,5 anos é a idade média
limites (típico dos de experimentação
adolescentes), que pode 55,5% já beberam
incluir o consumo de álcool. alguma vez na vida
23,8% beberam
• Pressão social e no último mês
aceitação pelo grupo de
amigos, que influencia 21,4% já sofreram algum
expectativas sobre os episódio de embriaguez
efeitos do álcool. O exemplo
dos pais e familiares
também influencia. JOVENS entre
15 e 19 anos
• Percepção (OMS, 2018a)
equivocada de que é
NO MUNDO:
normal e aceitável beber
26,5% beberam
com frequência e em
no último ano, e
quantidades exageradas.
13,6% relataram BPE
NAS AMÉRICAS:
38,2% beberam
no último ano e
CONSEQUÊNCIAS 18,5% fizeram BPE
NO BRASIL:
• Afeta as funções cerebrais, uma vez 26,8% beberam
que o SNC está em desenvolvimento. no último ano e
• CURTO PRAZO: queda no rendimento escolar, 15% fizeram BPE
sexo desprotegido, brigas e acidentes.
• LONGO PRAZO: afeta funções cognitivas
(aprendizagem verbal, memória e atenção) e
UNIVERSITÁRIOS
habilidades socioemocionais (autocontrole,
brasileiros
(Senad, 2010)
motivação e julgamento).
• Quanto mais precoce o início do beber, mais Quase 90% dos
cedo a pessoa poderá ter problemas com o álcool: universitários
estudos apontam que a experimentação antes já beberam ao menos
dos 15 anos aumenta em 4 vezes o risco de uma vez na vida
desenvolver dependência (NIAAA, 2017). 54% experimentaram
antes dos 16 anos
25% relataram BPE
50
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
14,4 %
comprando
no mercado,
loja, bar ou
supermercado
5,4 %
ONDE OS
outro
modo
JOVENS
ADQUIREM? 9,4 %
com alguém
da família
43,8 %
festas
17,8 %
3,8
com amigos
%
em casa,
sem permissão
3,8 % 1,6%
dando dinheiro com um
a alguém vendedor
que comprou de rua
51
emprego remunerado. Outros fatores associados na adolescência revelam-se fundamentais, so-
foram o estado civil — com maior prevalência entre bretudo, aquelas focadas no controle do acesso
solteiros — e o consumo abundante de café e cigar- e em aspectos relativos ao contexto em que o
ros. Paradoxalmente, os jovens que bebem álcool abuso de álcool entre jovens ocorre.
realizam mais atividade física (La Fauci et al., 2019).
Nesse sentido, regulamentar a produção e dis-
Um outro estudo (Allen et al., 2019) também pro- tribuição de bebidas alcoólicas provou ser uma
curou identificar os elementos que perfazem o estratégia eficaz para reduzir o uso nocivo do ál-
contexto em que estudantes de graduação con- cool, em especial para proteger os jovens e outros
somem álcool com mais frequência. Os achados grupos vulneráveis. Porém, em alguns países em
apontam que eles bebem, principalmente, para desenvolvimento, os mercados informais consti-
aumentar a confiança ou facilitar a interação tuem um desafio para a efetividade do controle
social e para intensificar as experiências — por formal das vendas. No Brasil, apesar da existên-
exemplo, para comemorar. cia da Lei nº 13.106/2015, que proíbe a oferta
de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos
Em análise sobre o consumo de bebidas alcoó- de idade, os dados apresentados mostraram que
licas por estudantes brasileiros da área da saú- uma parcela significativa dos jovens ainda tem
de, Rabelo et al. (2017) encontraram padrões de acesso fácil ao álcool, sendo uma questão de saú-
consumo semelhantes: uso de álcool focado nas de pública a ser prevenida.
festas da faculdade, frequentemente no padrão
BPE, mais prevalente em homens e também re- Atividades educativas com foco na prevenção
lacionado a pessoas que moram sozinhas. ao uso de álcool nos ambientes familiar, esco-
lar e na comunidade são fundamentais para que
Diversas pesquisas apontam a grande exposi- os jovens façam escolhas saudáveis e reflitam
ção dos universitários ao álcool, instaurando a sobre as implicações de suas decisões ao longo
demanda por informações acessíveis e de qua- da vida. O acesso a ambientes virtuais, como as
lidade sobre as consequências do uso precoce e redes sociais, também deve ser monitorado. Nos
nocivo dessa substância. Também evidenciam a últimos anos, evidências científicas têm demons-
necessidade de programas de prevenção focados trado que a exposição a conteúdos sobre álcool
na conscientização e integrados ao contexto em nessas plataformas pode estimular percepções
que o álcool se insere na vida dos universitários. mais tolerantes em relação a essa substância,
aumentando seu consumo (Erevik et al., 2018).
PREVENÇÃO E REDUÇÃO DO
USO NOCIVO DO ÁLCOOL NA Alguns dos fatores de proteção ao uso de álcool
JUVENTUDE estão diretamente relacionados ao ambiente fa-
miliar, como: residir com os pais, compartilhar
Como ressalta a Estratégia Global para Redu- refeições com os pais ou responsáveis na maio-
zir o Uso Nocivo do Álcool, é fundamental que ria dos dias da semana, e o conhecimento, por
crianças e jovens sejam protegidos contra a parte dos pais, do que os adolescentes fazem em
pressão para que consumam bebidas alcoóli- seu tempo livre (Malta et al., 2018). Conforme já
cas. Felizmente, nota-se uma tendência à queda ressaltado por muitas pesquisas, a postura dos
nos episódios de BPE entre 2000 e 2016 para pais em relação ao álcool é um dos fatores mais
os jovens no mundo como um todo — exceto no decisivos para definir a própria relação dos filhos
Sul e Leste Asiático e Oeste do Pacífico (OMS, com a bebida. Por isso, é fundamental que eles
2018a). Ainda assim, iniciativas globais que pro- estejam atentos a suas próprias atitudes, para
movam a prevenção e a redução do uso de álcool que sejam modelos positivos de comportamento.
52
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
53
é de 6,9%), sendo que 0,5% apresenta diag- de comorbidades e agravos a outros problemas
nóstico de dependência (entre homens é 2,3%). de saúde comuns à idade. Além disso, o con-
sumo de álcool por idosos pode expô-los a um
É alarmante notar que essa mudança de pa- maior risco de quedas e outras lesões, e ainda
drões de consumo tem ocorrido também entre promover efeitos secundários pela interação
as adolescentes. Segundo relatório da OPAS com medicamentos mais comumente utiliza-
(2015), entre estudantes com idade de 13 a dos por essa população.
17 anos, mais de 20% das meninas e 28% dos
meninos relataram já ter sofrido um episódio de As estatísticas do GBD 2010 chamam a aten-
embriaguez na vida. No Brasil, a PeNSE 2015 ção: o álcool está entre os dez maiores fatores
(IBGE, 2016), realizada com 10.926 estudan- de risco para a carga total de doenças por idade
tes nessa mesma faixa etária, também aponta em 2010, sendo o 7º no ranking para indivíduos
índices semelhantes de episódios desse tipo: de 50 a 69 anos e o 10º para indivíduos maio-
26,9% entre as meninas e 27,5% entre os me- res de 70 anos (Murray et al., 2012; Shield &
ninos. Isso significa que pelo menos 1 em cada Rehm, 2015).
4 estudantes já se expôs a riscos significativos
e que as meninas estão se aproximando dos Dados do I Levantamento Nacional sobre os
índices masculinos. Padrões de Consumo de Álcool na População
Brasileira (Castro-Costa et al., 2008) demons-
Apesar de atualmente caminharmos para uma traram que 12,0% dos idosos bebiam pesado
equiparação de papéis entre homens e mu- (mais de 7 doses por semana), 10,4% bebiam
lheres na sociedade, fisiologicamente elas são em excesso (mais de 3 doses em uma ocasião)
mais sensíveis aos efeitos do álcool. É preciso e 2,9% dependiam do álcool. Outro estudo, com
lidar com essa questão com cuidado e atenção, base nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde
com programas de prevenção e tratamento es- (PNS), realizada em 2013, com participantes de
pecíficos e adequados para esse grupo. idade igual ou superior a 60 anos, identificou
que 4,6% dos idosos apresentava consumo
4.4.3. IDOSOS de risco consumo de risco (mais de 7 doses/
semana para mulheres e mais de 14 doses/
O envelhecimento faz parte da vida. É um pro- semana para homens). Em relação ao sexo, a
cesso que possui diversas consequências so- prevalência do consumo de risco foi significa-
ciais e fisiológicas, e muitas delas influenciam tivamente maior entre os homens (8,6%) do
a relação dos idosos com o álcool. Do ponto de que entre as mulheres (1,5%) (Noronha et al.,
vista fisiológico, o envelhecimento pode dimi- 2019). Pesquisa mais recente, com 400 idosos
nuir a tolerância do corpo ao álcool, provocando de Juiz de Fora, estimou que 26,7% dos parti-
efeitos mais acentuados do que nos jovens. Do cipantes ingeriam bebidas alcoólicas. Desses,
ponto de vista social, outras dificuldades so- 78,6% faziam uso de uma a duas doses padrão
mam-se a esse quadro e podem estar relacio- ao beber e 16,7% já praticaram o BPE (Barbosa
nadas ao abuso de álcool, como viuvez, solidão, et al., 2018).
perda de amigos, aposentadoria, isolamento,
entre outras. Esses dados mostram que parte considerável
dos idosos brasileiros consome bebidas alcoó-
Dentre as consequências do uso nocivo de ál- licas em excesso e com frequência, o que pode
cool nessa população, destacam-se déficits no aumentar os riscos de complicações da saúde.
funcionamento cognitivo e intelectual, prejuízos É notável, também, o alto número de mulheres
no comportamento global, aumento do número entre a população idosa que pratica o BPE. O
54
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
III LNUD (2017) mostrou que 11,3% da popula- ser menor do que para indivíduos no início e na
ção com 55-65 anos refere este comportamen- metade da idade adulta, os problemas relacio-
to. Pesquisa feita no município de São Paulo nados ao álcool em idosos são decorrentes de
identificou que quase metade das mulheres fatores diferentes daqueles relacionados aos
entrevistadas que referiram consumo de álcool jovens.
(46%) apresentava um padrão nocivo de con-
sumo de bebidas alcoólicas (Kano et al., 2014). Com o envelhecimento, o corpo é menos apto
a metabolizar o álcool, a desidratação é maior,
No que diz respeito aos dados do Datasus so- além do álcool interferir no efeito de diversas
bre internações e óbitos, a população idosa medicações (OMS, 2014). Além disso, o abuso
também se destaca. Na contramão das popula- crônico de álcool está associado ao aumento do
ções até 54 anos, nas quais houve uma redução risco para diversos tipos de doenças (Caputo
no número de internações e óbitos parcial ou et al., 2012). Por isso, o uso do álcool e ou-
totalmente atribuíveis ao álcool de 2010 para tras drogas entre idosos é um tema que vem
2018, as ocorrências entre a população com preocupando os profissionais da área da saúde
55 ou mais anos de idade tiveram aumento de devido a um aumento observado no número de
25,7% para 33,1% no mesmo período. Apesar admissões em unidades de pronto atendimen-
da proporção de mortes atribuíveis ao álcool to e busca por tratamento associados ao uso
para indivíduos com idades a partir de 60 anos dessas substâncias.
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS
Cristiana Ornellas Renner e Matheus Cheibub David Marin
Populações vulneráveis são, em linhas ge- ao álcool do que os homens por, em geral,
rais, um grupo de pessoas com caracterís- possuírem menor quantidade de água e de
ticas que aumentam os riscos ou os efeitos enzimas que metabolizam a substância, dei-
do consumo de álcool, quando comparadas xando-a por mais tempo — e em maior con-
à média da população. Desse modo, as con- centração — no organismo (NIAAA, 2007).
sequências negativas tendem a ser mais Com isso, elas têm maior probabilidade de
acentuadas. As características que definem ter problemas relacionados ao álcool com
uma população como “vulnerável” ao álcool níveis de consumo mais baixos e/ou em ida-
podem ser muito amplas, abrangendo desde de mais precoce do que os homens (Erol &
fatores biológicos, como idade e sexo bio- Karpyak, 2015). Essa questão fisiológica,
lógico — que serão destacados neste texto contudo, não esgota completamente o risco
— até fatores socioculturais e econômicos, para as mulheres, pois existem ainda fato-
como ocupação, região geográfica e oferta res culturais que afetam significativamente
de políticas de saúde pública (Caetano et al., sua relação com o álcool, notadamente a
1998; Larimer & Arroyo, 2016; Tonigan et vulnerabilidade social e os riscos de vio-
al., 1998). lência sexual (Haikalis et al., 2017; Kingree
& Thompson, 2015). Segundo o III Levan-
Um exemplo de população vulnerável em que tamento Nacional sobre o Uso de Drogas
a questão biológica tem relevância importan- pela População Brasileira (III LNUD), 9,5%
te são as mulheres. Elas são mais sensíveis das mulheres praticaram o binge drinking,
55
definido como beber em uma única ocasião sa população, destacam-se déficits no fun-
cinco ou mais doses, para homens, ou qua- cionamento cognitivo e intelectual, prejuízos
tro ou mais doses, para mulheres (NIAAA, no comportamento global, aumento do nú-
2004). Os dados do Vigitel também mostra- mero de comorbidades e agravos a outros
ram um aumento significativo do consumo problemas de saúde comuns à idade. Além
abusivo de álcool entre mulheres jovens (18 disso, o consumo de álcool por idosos pode
a 24 anos) entre os anos de 2010 e 2018, expô-los a maior risco de quedas e outras
de 14,9% para 18%. lesões e ainda promover efeitos secundários
pela interação com os medicamentos mais
Outra população sensível é a de crianças e comumente utilizados por essa população.
adolescentes; nesse sentido, o cérebro, que
se encontra em desenvolvimento nessa fase Para além de todas essas questões, que
da vida, pode sofrer mudanças duradouras possuem uma razão biológica clara, exis-
em decorrência do uso de álcool. Adolescen- tem fatores relacionados a questões sociais,
tes são mais sensíveis aos danos do padrão culturais e econômicas que tornam determi-
BPE. Quanto mais cedo ocorre o primeiro nados grupos mais vulneráveis ao consumo
consumo de álcool, maiores os riscos de de álcool. Inclusas aí estão as pessoas em
problemas relacionados a essa substância situação de rua, em privação de liberdade,
no futuro (NIAAA, 2017). bem como as populações indígenas, que
carecem, em nosso país, de pesquisas e in-
No Brasil, observou-se no III LNUD (2017) tervenções sólidas.
que 34,3% dos jovens (cerca de 7 milhões
de pessoas com 12 a 17 anos) já fizeram Nota-se, portanto, a relevância da identifi-
uso de álcool na vida (ao menos um epi- cação de populações vulneráveis aos efeitos
sódio), 8,8% fizeram uso no último mês e e aos riscos do consumo de álcool, que não
5% fizeram BPE, causando mais chances afetam todas as pessoas da mesma forma.
de problemas físicos a longo prazo, além As tendências de consumo nesses grupos
dos riscos iminentes, no momento do uso ainda devem ser monitoradas para que pro-
(Nunes, 2019). gramas de prevenção, intervenção precoce,
tratamento e políticas públicas possam ser
Se a tenra idade pode agravar os efeitos do planejados, implementados e avaliados. Por
etanol, também a velhice pode gerar mais fim, deve-se salientar que certas desigual-
complicações para aqueles que consomem dades — de sexo, biológicas, sociais, raciais
álcool. Com o envelhecimento, ocorrem di- — também são refletidas no consumo do
versas alterações fisiológicas que aumen- álcool, tornando-se marcadores importantes
tam os prejuízos causados pelo álcool, como para a identificação das populações vulne-
a capacidade de metabolização hepática, ráveis.
função renal, composição corporal e maior
tendência à desidratação (Shield & Rehm,
2015; Breslow et al., 2003). Assim, a in-
gestão de álcool por idosos pode provocar
efeitos mais acentuados, comparativamente
aos jovens de mesmo sexo e peso. Dentre as
consequências do uso nocivo do álcool nes-
56
CONSUMO DE ÁLCOOL | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
INFOGRÁFICO
POPULAÇÕES
VULNERÁVEIS
Prevalência PROPORÇÃO DE
do consumo EPISÓDIOS DE EMBRIAGUEZ INTERNAÇÕES ATRIBUÍVEIS
de álcool AO ÁLCOOL
2010 2018 Relatos de escolares
18-24 anos 14,9% 18,0% de 13 a 17 anos
TENDÊNCIAS 35-44 anos 10,9% 14,0% 2018
ESTRESSORES
Mudanças Necessidade PSICOSSOCIAIS
Aumento no poder fisiológicas e GERAM de conquistar
aquisitivo psicológicas autonomia Aposentadoria
CAUSAS
Solidão
Viuvez
Sobrecarga
gerada Isolamento social
pela jornada Influência da família, das redes
dupla sociais e pressão dos amigos Doenças crônicas
+4X
CONSEQUÊNCIAS 15 ANOS
Maior risco Interação com
de quedas medicamentos
57
5. Consequências à saúde
e à sociedade
FOTOS: FREEPICK.COM
58
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
O
consumo nocivo de álcool leva a ainda é um ponto sensível no Brasil e sua fre-
maior risco de desenvolvimento quência está associada a maior chance de lesões
de algumas doenças, bem como em acidentes, perda de emprego e envolvimento
de envolvimento em acidentes em discussões e assaltos (De Castro et al., 2014).
de trânsito e outras situações
que impactam não somente a Tabela 1. Agravos relacionados ao
saúde de quem bebe, como toda a sociedade, in- uso nocivo do álcool, Brasil, 2016.
clusive do ponto de vista econômico. Os dados a
seguir oferecem uma visão conjunta dessas con-
sequências, apresentando informações sobre a Homens (%) Mulheres (%)
proporção de motoristas que relatam dirigir sob
os efeitos de álcool em cada região do país, assim Índices de
cirrose hepática 69,5 42,6
como um histórico das leis criadas para dirimir esse
59
Dirigir é uma atividade complexa que depen- A respeito da eficiência dessas leis sobre
de da integridade de habilidades motoras, o comportamento de beber e dirigir, houve
reflexos e da capacidade de tomar decisões uma acentuada queda do número de aci-
rápidas. O uso de álcool prejudica o tempo de dentes de trânsito no Brasil na década de
reação e afeta a capacidade de uma série de 1990, em decorrência da implantação do
tarefas motoras (Stimson et al., 2007). Código de Trânsito Brasileiro (CTB) pela
lei n° 9.503/1997. A taxa de mortalidade
A concentração de álcool no sangue (CAS) voltou a aumentar logo após a implanta-
mensura a quantidade de álcool ingerida. ção dessa lei, o que estudos sugeriram ter
Podemos identificar o grau de prejuízo do acontecido por falta de fiscalização e apli-
funcionamento da pessoa para diferentes cação das punições devidas (Abreu et al.,
níveis de CAS e avaliar o comprometimento 2018). A implantação da Lei Seca (Lei n°
cognitivo e motor como resultado do uso da 11.705/2008), estabelecendo um novo li-
substância (Stimson et al., 2007). mite de alcoolemia para condutores de 0,6
g/L para zero, com uma tolerância de 0,2
O BPE eleva a CAS a 0,8 mg/mL ou acima, e g/L, reduziu de forma significativa as taxas
prejudica o desempenho em tarefas de me- de lesões e fatalidades no trânsito no Es-
mória e funcionamento executivo (Daffner tado e na cidade de São Paulo. Na capital,
& Searl, 2008). Condutores que estiveram houve redução de 16% e, no estado, 7,2%
envolvidos em BPE tiveram menos controle na taxa média mensal de fatalidades no
sobre seus próprios comportamentos, ten- trânsito. Enquanto as taxas de lesões não
dendo a agir impulsivamente, o que, dentro fatais diminuíram 2,3% na capital e 1,8%
do contexto de trânsito, pode colocar suas no Estado de São Paulo (Andreuccetti et
próprias vidas e as de terceiros em risco al., 2011).
(NIAAA). Um estudo realizado com vítimas
fatais de eventos violentos atendidas no IML- Os acidentes de trânsito são um proble-
-SP apontou que, pelo menos, uma a cada ma de saúde, de segurança e econômico
duas vítimas estava sob o efeito de alguma no Brasil e no mundo. O uso de álcool é
substância psicoativa, incluindo o álcool. Em- um fator de risco das mortes violentas e
bora o álcool fosse a substância mais co- não intencionais, uma vez que prejudica
mumente ingerida antes de um evento fatal as habilidades cognitivas e psicomotoras
(30,1% dos casos), o uso de cocaína (21,9%) necessárias para a realização de uma di-
e maconha (14%) também foi identificado reção segura. Não há um consumo seguro
por essa pesquisa (Andreucetti et al., 2018). de álcool. É responsabilidade do condutor
observar os prejuízos causados por seu uso
A OMS sugere que o governo dos países- em seu organismo e não dirigir após beber.
membros tome medidas para lidar com a A combinação de outras substâncias com
segurança no trânsito envolvendo a ação de o álcool agrava ainda mais a situação. O
setores como transporte, saúde, educação e uso nocivo de álcool demanda a ação de
ações que tratam da segurança viária, veículos políticas públicas que possam reduzir seu
e usuários de estradas. No Brasil, medidas de impacto não apenas no contexto específico
caráter legislativo vêm sendo tomadas para do trânsito, mas também de forma geral em
combater as lesões e mortes relacionadas a outros contextos, incluindo a propaganda,
acidentes de trânsito (OMS, 2018a). venda e consumo.
60
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
61
Tabela 3. Legislação
LEI Nº DISPOSITIVOS
Lei nº 9.503,
de 23 de Institui o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
setembro de 1997
Altera a Lei n° 9.503 do CTB, com a finalidade de estabelecer alcoolemia
zero — tolerância zero para quem dirige alcoolizado ou sob o efeito de
outras substâncias psicoativas — e de impor penalidades mais severas
para o condutor que assumir esse comportamento de risco, com os
seguintes efeitos:
• Altera o artigo 276, dispondo que o artigo 165 será aplicado para
qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar
Lei nº 12.760, alveolar.
de 20 de
dezembro de • Altera o artigo 277, dispondo que as infrações previstas no artigo
2012 165 também poderão ser caracterizadas, mediante imagem, vídeo,
constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran
(Conselho Nacional de Trânsito), alteração da capacidade psicomotora
ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas.
62
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
LEI Nº DISPOSITIVOS
63
5.1 BEBIDA
X.X
E DIREÇÃO
MEDIDAS MAIS
EFICAZES NA
REDUÇÃO DO
COMPORTAMENTO
SE BEBER, DE BEBER E DIRIGIR
NÃO DIRIJA
0,05 g/L
Mesmo em pequenas
Limitação da
alcoolemia para
condutores de
veículos automotores
Intensa
fiscalização
concentrações, o álcool já
é capaz de alterar os reflexos
e a percepção visual, assim
como aumentar o tempo Ações de Punições severas,
de reação de um indivíduo. prevenção e como multas
conscientização e suspensão
Essas alterações podem ser da população da carteira de
observadas a partir de 0,05 g habilitação
de álcool/L de sangue.
64
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
1 EM CADA 7 ESCOLARES
entre 13 e 15 anos pegou carona com motorista alcoolizado
no mínimo 2 vezes no mês anterior à pesquisa (PeNSE 2015)
Limite de concentração
de álcool no sangue
(CAS) para motoristas
na população geral,
por país/região, 2016*
Tolerância zero
0,01 - 0,04
0,05
> 0,05
Subnacional
Sem limite de CAS
Dados indisponíveis
Não se aplica
BRASIL:
em linha com qualquer
concentração de >= 0,6 g/L
as melhores álcool no sangue
ou alteração da
ou alteração
da capacidade
práticas capacidade psicomotora psicomotora
tolerância medidas crime passível
O Brasil é um dos poucos zero administrativas de prisão
países do mundo que possui
leis nacionais que tratam da
condução sob o efeito do OMS recomenda limite e fiscalização
álcool com tolerância zero. de CAS para a população em geral
Por essas medidas, o Brasil recebeu especial
g/L = grama de álcool destaque no relatório mundial da OMS sobre
por litro de sangue a segurança das estradas (OMS, 2018b).
65
Tabela 4. Bebida e direção nas capitais e no DF, por sexo: adultos que afirmaram
conduzir veículos motorizados após o consumo de qualquer quantidade de bebida
alcoólica (%) em 2011 e 2018.
2011 2018
CIDADE TOTAL MASCULINO FEMININO TOTAL MASCULINO FEMININO
66
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
A última edição do Vigitel, referente a dados de motorizados após o consumo de bebidas al-
2018, indica que 5,3% dos entrevistados decla- coólicas (qualquer quantidade) variou de 1,9%
raram conduzir veículo motorizado após o con- em Recife a 13,7% em Palmas, índices seme-
sumo de qualquer quantidade de álcool. Essa lhantes aos do ano anterior (2017).
porcentagem foi maior entre o sexo masculino
(9,1%) em comparação ao feminino (1,9%), O retrato mostra que algumas capitais se des-
mais evidente em indivíduos de 25 a 34 anos tacam, tanto positivamente quanto negativa-
e com tendência a aumentar conforme o grau mente, quando o assunto é a condução de
de escolaridade. veículos após o consumo de bebidas alcoóli-
cas. Palmas, Florianópolis e Teresina perma-
Esses dados não sofreram alterações significa- neceram entre as capitais que apresentaram
tivas ao longo do tempo considerado na análise a maior incidência dessa conduta ao longo
(2011-2018). A Figura 1 mostra a porcentagem dos anos verificados, enquanto Recife e Rio
de pessoas que conduziram veículo sob efeito de de Janeiro continuaram entre as com menor
álcool entre os anos de 2011 e 2018. incidência dessa prática.
Os dados por região mostraram que no Cen- Outras capitais, por sua vez, apresentam re-
tro-Oeste e no Sudeste há maior chance de dução significativa do número de motoristas
motoristas dirigirem sob efeito de álcool. Já os alcoolizados ao longo dos anos, como Araca-
dados por capital revelaram que a frequência ju, Distrito Federal, Fortaleza, Goiânia, João
de adultos que afirmaram conduzir veículos Pessoa, Natal, Porto Velho, Salvador e Vitória.
14
11.7
10 10.7
9,4 9,8 9,3
67
1,0 8,6 10,7
2011
Estado Civil
2018
1,0 11,7 13,4
Solteiro/ Separado/ Divorciado Casado / União estável Viúvo
1,0 3,0
2011
Escolaridade
2018
1,0 2,4
Até 11 anos 12 anos ou mais
1,0 7,3
2011
Sexo
2018
1,0 5,1
Masculino Feminino
A análise de regressão logística mostra que ho- Entre indivíduos que reportaram consumo abu-
mens possuíam, em 2018, 5 vezes mais chan- sivo e frequente de álcool — 8 ou mais doses
ces de dirigirem alcoolizados do que mulheres. para mulheres e 15 ou mais doses para ho-
Em 2010, as chances eram 7 vezes maiores mens, por semana —, a prevalência foi de 6,1%,
para os homens. Pessoas com menos de 55 enquanto na população geral foi de 3,1%. A
anos e mais escolarizadas possuem cerca de maioria dos envolvidos nesses acidentes era do
3 vezes mais chance de conduzir veículos após sexo masculino, jovens e solteiros (Damacena
consumo de álcool. No conjunto da população et al., 2016).
das capitais brasileiras e DF, o relato da prática
de dirigir após o consumo de bebida alcoólica Destacam-se ainda estudos que mostram que o
foi maior na faixa etária de 25 a 34 anos e teve índice de embriaguez é alto entre vítimas fatais
tendência a aumentar conforme o grau de es- de acidentes de trânsito. Por exemplo, na cida-
colaridade. de de São Paulo: em 2005, 39% apresentavam
resíduos de álcool no sangue; em 2015, esse
Damascena et al. (2016), com base nos dados número subiu para 43% (Andreuccetti et al.,
da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2013), 2018). Isso mostra que, apesar da implementa-
encontraram uma correlação importante entre ção da Lei Seca e de seu fortalecimento, ainda é
uso de álcool e envolvimento em acidentes de preciso intensificar a fiscalização e desenvolver
trânsito com lesões corporais no último ano. iniciativas para a conscientização da população.
68
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
2011 2018
2011 2018
69
5.2. INTERNAÇÕES do de 88.013 em 2010 para 51.628 em 2018. É
ATRIBUÍVEIS AO ÁLCOOL necessário ponderar esses dados com a própria
existência de leitos de internação hospitalares, em
5.2.1. INTERNAÇÕES: especial os psiquiátricos. De acordo com dados
VISÃO GERAL E do Datasus, apresentados no mesmo infográfico,
houve redução de 6,6% no número total de leitos
ATRIBUÍVEL AO ÁLCOOL de internação e de 35,9% dos leitos psiquiátricos
no Brasil, entre 2010 e 2018, dentro da previsão
Há doenças e condições de saúde que são par- de diminuição progressiva de leitos psiquiátricos
cialmente atribuíveis ao álcool (PAA) — nas segundo a Lei nº 10.216/2001, conhecida como
quais essa substância é um fator de risco impor- “Reforma Psiquiátrica”. Levando em conta esse
tante para seu desenvolvimento ou sua evolução contexto, a redução em internações TAA não in-
— e outras que são totalmente atribuíveis ao dica que os problemas relacionados a seu uso
álcool (TAA) — ou seja, não existiriam sem ele. nocivo diminuíram e, por isso, houve menos inter-
Nesse contexto, para avaliar o impacto do álcool nações, mas que outros fatores devem ser consi-
nas internações ocorridas no Brasil, inicialmente, derados, como a própria disponibilidade de leitos.
analisou-se a visão geral das internações por
todas as causas e das internações parcial ou to- Quando os dados de internação ao longo dos anos
talmente atribuíveis ao álcool — com siglas PAA são expressos por 100 mil habitantes, nota-se li-
e TAA, respectivamente, de maneira conjunta geira redução nas internações PAA+TAA (ou seja,
(PAA+TAA), bem como das totalmente atribuí- a soma das internações parcial ou totalmente atri-
veis ao álcool, de maneira exclusiva (apenas buíveis ao álcool) de 172,9 para 168,2 entre 2010
TAA). As internações atribuíveis ao álcool são e 2018. Nesse sentido, quando a proporção dessas
calculadas multiplicando-se o número total de internações é avaliada em relação ao total de inter-
internações de um agravo específico pela Fração nações por todas as causas, tanto em 2010 quanto
Atribuível ao Álcool (FAA) respectiva, de acordo em 2018, o álcool foi responsável por 2,9% das
com as FAAs providas pela OMS (OMS, 2018a). internações anuais. Essa estabilidade ocorre devido
Para saber mais sobre FAA, veja o item 3.2.3 às direções opostas de variação das internações
desta publicação. PAA e TAA: enquanto houve aumento nas interna-
ções por transtornos não exclusivamente causados
Para melhor contextualização dos dados no cená- pelo uso de álcool, as internações TAA diminuíram.
rio brasileiro, a quantidade de leitos hospitalares
(psiquiátricos e total) também foi considerada, Analisando-se de forma exclusiva as internações
bem como o crescimento populacional entre TAA, observa-se uma queda de 45,2 para 24,8
2010 e 2018, conforme a Tabela 6. internações por 100 mil habitantes entre 2010
e 2018 — o que representa uma redução de
O crescimento da população no Brasil foi de 7% 45%. Esses dados indicam que as internações
no período de 2010 a 2018. No mesmo período, o atribuíveis ao álcool estão reduzindo tanto em
número de internações gerais por todas as causas valores absolutos quanto em sua parcela percen-
no Brasil aumentou em 2,3%. Esse crescimento tual no total de internações no Brasil. Assim, o
foi acompanhado por um aumento de internações que contribui para a relativa estabilidade do nú-
parcial ou totalmente atribuíveis ao álcool (PAA+- mero de internações atribuíveis ao álcool são as
TAA), que cresceram 4,1% no período. internações por agravos parcialmente atribuíveis
ao álcool (PAA). Estas sofreram um aumento de
Ao considerar exclusivamente as internações 128 para 143 internações por 100 mil habitantes
TAA, nota-se uma redução de 41,3%, reduzin- entre 2010 e 2018.
70
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
PAA 88.013 88.554 83.250 74.926 71.072 65.200 57.108 53.561 51.628
TAA 248.914 259.849 264.940 274.959 280.716 288.964 292.209 295.080 298.996
PAA+TAA 336.927 348.403 348.190 349.885 351.788 354.164 349.317 348.641 350.624
Todas as
11.724.834 11.643.468 11.439.889 11.520.837 11.612.715 11.638.853 11.527.712 11.675.269 11.997.528
causas
PAA+TAA
em relação 2,87% 2,99% 3,04% 3,04% 3,03% 3,04% 3,03% 2,99% 2,92%
ao total
Leitos
50.296 48.418 44.812 43.401 42.007 38.832 36.387 34.249 32.252
Psiquiátricos
Leitos totais 463.156 458.160 455.653 452.060 452.488 441.801 437.949 436.812 432.749
População 194.890.682 196.603.732 198.314.934 200.004.188 201.717.541 203.475.683 205.156.587 206.804.741 208.494.900
Taxa de TAA
por 100 mil 45,2 45,0 42,0 37,5 35,2 32,0 27,8 25,9 24,8
hab.
Taxa de PAA
+ TAA por 172,9 177,2 175,6 174,9 174,4 174,1 170,3 168,6 168,2
100 mil hab.
71
Considerando todas as idades, as internações mento de internações de cerca de 13% e, para
PAA+TAA entre mulheres aumentaram 19% no pessoas do sexo masculino, na mesma faixa
período de 2010 a 2018 — indo de 85.311 para etária, há uma redução de apenas 5% entre
101.902 — enquanto entre os homens houve 2010 e 2018.
uma ligeira redução de 251.616 internações
em 2010 para 248.722 em 2018. O aumen- Entre homens de 55 anos ou mais, houve um
to desses tipos de internações de pessoas do aumento de 29% em internações PAA+TAA
sexo feminino é um importante indicador dos — 55.081 internações em 2010 e 71.181 em
efeitos deletérios do consumo nocivo de álcool 2018; entre mulheres, esse aumento foi de
por essa parcela da população. 42% — 31.358 internações em 2010 e 44.713
em 2018. A análise da contribuição de cada
A análise por faixa etária indica que houve re- faixa etária para as internações PAA+TAA da
dução em internações de homens de todas as população brasileira será mostrada a seguir.
faixas etárias, exceto aqueles de 55 anos ou
mais; já no que se refere a internações entre Na Figura 3, observou-se expressivo aumento de
mulheres, houve aumento em todas as faixas internações PAA+TAA por parte das mulheres,
etárias, exceto a de 0 a 17 anos — com di- enquanto homens mantiveram esse valor relativa-
minuição de 11%. Embora essa diminuição mente estável. Nesse sentido, deve-se considerar
apresente-se como promissora, ela pode ser que os valores brutos de internações são signifi-
decorrência de restrições na compra e venda de cativamente maiores em homens.
bebidas alcoólicas por menores de 18 anos, já
que nas faixas etárias seguintes, para pessoas A Figura 4, que mostra a proporção de internações
do sexo feminino de 18-34 anos, há um au- por faixa etária, independente do sexo, indica que
300.000
225.000
150.000
75.000
0 - 17 18 - 34 35 - 54 55+
Figura 3. Internações atribuíveis ao álcool (PAA + TAA) por faixa etária e sexo
(valores absolutos).
72
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
0 - 17 18 - 34 35 - 54 55+
a tendência que se observava nos homens é a que maiores taxas desse indicador por 100 mil
se mantém para a população brasileira como um habitantes, e Amazonas, Sergipe, Amapá, Rio
todo: a faixa etária de 55 anos ou mais compõe, Grande do Norte e Rio de Janeiro tiveram as
a cada ano, maior parcela do total de internações menores taxas.
PAA+TAA. Em 2010, esse valor era 26% e subiu
para 36% em 2018. Dados de internações PAA+TAA detalhados
de cada região administrativa e Estado encon-
Para avaliar o desempenho de cada Estado, os tram-se no final desta publicação, no Capítulo
números das internações PAA+TAA foram nor- 9. Deve-se destacar, contudo, na série tempo-
malizados para 100 mil habitantes, conforme ral de 2010 a 2018, que apenas nove Estados
figura seguir. reduziram o número de internações PAA+TAA,
tendo Paraíba e Tocantins apresentado uma
Em 2018, Paraná, Roraima, Piauí, Santa Ca- redução de mais de 30%.
tarina e Rio Grande do Sul apresentaram as
73
RR 175.4 AP 95.1
CE 155.9
AM MA
60.4 PA RN 133.8
122.8 115.2
PI PB 198.3
164.8 PE 130.3 RR 153.4 AP 91.1
TO AL 115.5
AC 152.6 227.1 BA SE 119.8
MT 108.9%
RO 161.3 157.9
GO
238.3 CE 155.1
MG AM MA
60.6 PA RN 110.4
2010
171.9 143.5 149.6
MS PB 139.5
189.5 SP ES 166.5 PI
205.7 188.6 PE 169.1
RJ 113.1 TO AL 153.2
PR
305.2 AC 187.7 205.9 BA SE 70.4
MT 119.7%
RO 191.1 198.4
SC 212.9 GO
RS
222.4 197.6
MG
187.7
2014 MS
194 SP
191.1
ES 207.7
PR RJ 106
287
RS SC 226.1
231.4
RR 249.7 AP 89.5
CE 140.6
AM MA
56.8 PA RN 117.9
145.7 137.8
PI PB 122.9
247.4 PE 164.2
TO AL 149.3
AC 129.1 142.6 BA SE 84.7
MT 123.3%
RO 176.7 188.5
GO
50-85 163.7
MG
85-120 MS 182.6
186.8 ES 187.4
120-155 2018 SP
177.6
155-190 PR RJ 119.4
291.3
190-225
225-260 RS SC 213.7
205.2
260-305
74
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
90.000
67,500
45.000
22.500
75
50.000
37,500
25.000
12.500
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Dependência de álcool
Intoxicação alcoólica aguda
Uso nocivo do álcool
Outros transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool
Além disso, o próximo gráfico mostra que, ao Ainda, em todo o mundo, nota-se que as faixas
analisar o custo das internações atribuíveis ao etárias mais jovens (20-49 anos) são as princi-
álcool (PAA+TAA) em relação ao custo de todas pais afetadas pelo uso nocivo do álcool, que se
as internações no Brasil, o aumento das parcial- traduz pela perda de pessoas economicamente
mente atribuíveis ao álcool foi o fator central para ativas.
aumentar o custo relativo das internações PAA+-
76
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
80.000.000
71.119.404 70.097.437
66.196.067
60.907.741
60.000.000
55.757.969
51.736.603 46.489.475
45.920.352
41.610.793
40.000.000
20.000.000
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
2,0%
1,0%
0,7% 0,6% 0,6% 0,3% 0,3% 0,3%
0,5% 0,4% 0,4%
0,0%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
77
5.3. ÓBITOS ATRIBUÍVEIS mente atribuíveis ao álcool (PAA) — nos casos
AO ÁLCOOL em que o álcool foi fator contribuinte — ou total-
mente atribuíveis ao álcool (TAA) — nos casos em
que o álcool foi fator determinante. Comparou-se
5.3.1. ÓBITOS: VISÃO inicialmente uma visão geral dos óbitos por todas
GERAL E ATRIBUÍVEL as causas, dos Parcial ou Totalmente Atribuíveis
ao Álcool (PAA+TAA), e óbitos TAA. O cresci-
AO ÁLCOOL mento populacional entre 2010 e 2017 também
Da mesma maneira que, na análise de interna- foi observado, conforme mostra a Tabela 7 para
ções, os óbitos foram classificados em parcial- melhor contextualização dos dados.
Todas as
1.136.947 1.170.498 1.181.166 1.210.474 1.227.039 1.264.175 1.309.774 1.312.664
causas
PAA+TAA
em relação 5,83% 5,79% 5,85% 5,73% 5,71% 5,47% 5,36% 5,35%
ao total
Taxa de TAA
por 100 mil 3,67 3,78 3,58 3,62 3,31 3,25 3,16 3,11
hab.
Taxa de PAA
+ TAA por 34,00 34,45 34,82 34,70 34,74 33,99 34,19 33,98
100 mil hab.
78
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
Entre 2010 e 2017, a população brasileira teve todas as causas, compondo um fardo de cerca
um crescimento de 6,1%, ao passo que o total de 5,3% (OMS, 2018).
de óbitos por todas as causas aumentou 15,4%. Considerando todas as idades, os óbitos PAA+-
Observa-se que os óbitos PAA+TAA aumenta- TAA aumentaram 15% entre as mulheres — de
ram 6,0%, crescimento próximo ao da popula- 13.813 mortes em 2010 para 15.876 em 2017
ção. Em paralelo, os óbitos TAA apresentaram —, e 4% entre os homens — de 52.427 mortes
uma diminuição de 10%, e os PAA aumentaram em 2010 para 54.360 em 2017 —, em concor-
em 8%. Observa-se aqui que, tal como para o dância com os dados referentes a internações.
caso das internações, os agravos parcialmente Nas faixas etárias até 54 anos, para ambos os
atribuíveis ao álcool passam a compor, cada vez sexos, houve redução na proporção de óbitos
mais, uma maior parcela do total de óbitos rela- PAA+TAA. Já entre indivíduos com 55 anos ou
cionados ao consumo de álcool. mais, houve aumento de óbitos PAA+TAA, para
homens (22%) e mulheres (29%), consolidan-
Quando os dados são expressos por 100 mil do-se como um ponto de alerta, tanto para a
habitantes, nota-se estabilidade nos óbitos população com mais idade quanto para a po-
PAA+TAA entre 2010 e 2017, ambos com 34 pulação feminina.
óbitos desse tipo por 100 mil habitantes.
Os homens, todavia, quando somadas todas as
Para os óbitos TAA, há uma redução de 3,67 faixas etárias, compõem sempre mais de 75%
óbitos por 100 mil habitantes em 2010 para 3,1 do total de mortes atribuíveis ao álcool. Em
em 2017. Quando a proporção desses óbitos é 2017, 48,2% dos óbitos PAA+TAA ocorreram
avaliada em relação ao total de óbitos por todas entre pessoas com 55 anos ou mais, correspon-
as causas, a variação é discreta, com tendência dendo ao acréscimo de 7% quando comparado
à redução, de 5,83% em 2010 para 5,35% em a 2010.
2017. Ademais, essa carga do álcool é propor-
cional à carga global, que foi de 3 milhões de Todas as outras faixas etárias apresentam redu-
mortes atribuíveis a essa substância em 2016, ção percentual, sendo a faixa etária de 35 a 54
num total de cerca 60 milhões de mortes por anos a que apresenta maior redução, 3,7%.
60.000
45.000
30.000
15.000
0 - 17 18 - 34 35 - 54 55+
Figura 10. Mortes atribuíveis ao álcool (PAA+TAA), por faixa etária e sexo
(valores absolutos).
79
2010 3,9% 21,9% 32,3% 41,2%
80
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
RR 25.5 AP 19.7
CE 37.3
AM MA
21.5 PA RN 31.8
34.4 23.1
PI PB 38.2
32.4 PE 38.1 RR 24.9 AP 22.4
TO AL 37.7
AC 23.5 36.6 BA SE 40.2
MT 30.8%
RO 31.9 37.1
GO
33.6 CE 42.4
MG AM PA MA
2010
34.3 22.3 26.5 30.2 RN 35.5
MS
39.5 ES 46 PB 37.4
SP PI
32.5 38.6 PE 36
RJ 37.3
PR TO AL 41.1
43 AC 24.1 37.3 SE 42.4
MT BA
RO 30.6 37.8 30.8%
SC 31.9
RS GO
35.8 39.5
MG
2014 MS 35.4
38.9 ES 47.7
SP
31.5
PR RJ 37.1
43.6
SC 31.3
RS
35.9
RR 32 AP 21.8
CE 40.8
AM MA
22.9 PA RN 39.7
28.5 27.8
PI PB 36.2
36.5 PE 41.7
TO AL 39.9
AC 29.3 40.9 BA SE 46.2
MT 34.3%
RO 30.1 35.1
GO
19-23 37
MG
23-27 MS 35.2
36.6 ES 41.5
27-30 2017 SP
29.3
30-31 PR RJ 34.9
37.1
31-35
35-43 RS SC 29.5
37.2
43-47
81
individualmente, nenhum dos agravos repre- Outro aspecto a ser observado é a diferença
senta mais de 3.500 mortes anuais atribuíveis entre os dados de óbitos e os agravos apresen-
ao álcool. As outras categorias não ultrapas- tados no gráfico de internações, que, em co-
sam, em nenhum dos anos, mais de mil óbitos mum, apresenta apenas acidentes de trânsito e
anuais. transtornos devido ao uso de álcool — além das
contribuições mínimas de agravos que estejam
Quando a categoria de transtornos mentais na respectiva categoria “outros”.
e comportamentais devido ao uso de álcool é
analisada pelos agravos que a compõem, ob- Essa diferença aponta para a necessidade de
serva-se que a grande maioria dos óbitos foi análises distintas para o custo social e eco-
devido à dependência de álcool, sempre com- nômico de internações e óbitos, bem como a
pondo entre 87% e 89% dos óbitos atribuíveis busca de relações entre esses aspectos, que,
à categoria. conforme os gráficos apontam, são complexas.
30.000
22,500
15.000
7.500
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
82
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
7.000
5.250
3.500
1.750
83
IMPACTO
ECONÔMICO
Uso nocivo do álcool
pode acarretar
IMPACTOS IMPACTOS
DIRETOS NAS FAMÍLIAS
SETOR DE BPE agrava
SAÚDE: violência,
tratamento de desemprego,
doenças, óbitos, problemas de saúde,
internações estigma social.
IMPACTOS
INDIRETOS
Diminuição da
produtividade,
absenteísmo no trabalho,
aposentadorias precoces,
acidentes de trânsito,
oneração dos sistemas
prisional e judiciário
84
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
Entre esses problemas estão a diminuição ou devido ao uso de álcool (CID 10 – F10), con-
perda de produtividade devido ao absenteísmo, tabilizando cerca de R$ 8 milhões, tendo por
desemprego e aposentadoria precoce, além de base de cálculo o salário mínimo vigente na-
acidentes de trânsito e de trabalho, uso dos quele ano.
sistemas judiciário e prisional, situações de
violência, entre outros problemas correlativos. Além dos afastamentos, há que se destacar
também os prejuízos do consumo nocivo de
De acordo com a Organização Internacional álcool no próprio ambiente de trabalho, que
do Trabalho, agência da ONU responsável pela pode causar desemprego, e esse, por sua vez,
formulação e aplicação das normas internacio- impulsionar o aumento do consumo de álcool
nais do trabalho, 20% a 25% dos acidentes de e o risco de desenvolver dependência alcoó-
trabalho no mundo envolvem pessoas que es- lica, em um ciclo perigoso de consequências
tavam sob o efeito do álcool ou outras drogas. negativas para o indivíduo e para a sociedade.
No Brasil, estimativas calculadas a partir dos Por isso, ressalta-se a importância de estudos
dados de benefícios concedidos do INSS mos- científicos que mapeiem os impactos econô-
tram que, até novembro de 2019, foram con- micos do álcool na sociedade e que sirvam de
cedidos 7.556 auxílios-doença previdenciários insumo para medidas eficazes de mitigação de
por transtornos mentais e comportamentais seus efeitos negativos.
85
• Assistência universal em saúde: barreiras de mos podem ter sua condição socioeconômica com-
acesso ao tratamento podem determinar impac- prometida em virtude desses gastos não previstos.
tos mais nocivos para os bebedores e a socie-
dade. Já os custos indiretos causados pelo uso nocivo do
álcool são relacionados à diminuição ou perda de
• Comorbidades: bebedores mais pobres tendem produtividade devido ao absenteísmo, presenteís-
a sofrer de mais comorbidades — muito em virtu- mo, desemprego e aposentadoria precoce, além de
de das barreiras de acesso aos cuidados em saú- acidentes de trânsito, uso dos sistemas judiciário e
de —, o que piora os efeitos adversos da bebida. prisional, situações de violência geradas pelo con-
sumo de álcool — agressões físicas e sexuais que
• Estigma: o estado de embriaguez é uma condição imputam agravos na saúde física e mental de ter-
estigmatizada em diversas sociedades. Contudo, ceiros, principalmente mulheres, crianças e adoles-
esse processo de estigmatização é ainda mais grave centes (Moraes & Becker 2017) — e aos prejuízos
quando o bebedor tem baixa condição socioeco- no desempenho escolar de crianças e adolescentes
nômica. Também como reflexo do estigma, pode expostos precocemente ao álcool (Squeglia et al.,
existir um processo de retroalimentação: bebedores 2009), ou que convivem com pais bebedores (Va-
pesados têm menos chances de empregabilidade, lente et al., 2019), e que podem vir a ter um baixo
o que pode levá-los ao empobrecimento. desempenho acadêmico ou abandonar a escola.
Dessa forma, o uso nocivo do álcool pode levar o De acordo com a OMS, a cada dólar adicional per
usuário e sua família a problemas sociais e econô- capita investido nas intervenções para redução do
micos, assim como condições socioeconômicas des- uso nocivo de álcool por ano, haverá um retorno de
favoráveis podem intensificar ainda mais os danos US$ 9,1 até 2030 em países de baixa e média renda
relacionados a esse uso (Katikireddi et al., 2017). como o Brasil (OMS, 2018a).
Para que a sociedade possa se organizar no enfren- A diminuição do custo social do álcool tem como
tamento dos danos causados pelo uso problemático eixo transversal o investimento em políticas pú-
do álcool, há de se conhecer a dimensão de seus blicas que protejam crianças e adolescentes da
impactos por meio de análises que considerem os exposição ao álcool, visando evitar ou retardar o
efeitos adversos do uso na saúde física e mental dos uso em idades precoces, constituindo importante
bebedores, assim como os efeitos indiretos em seu fator de risco para desenvolvimento de transtor-
contexto social. Ou seja, é preciso conhecer o custo nos por uso de substâncias, outros transtornos
social do uso nocivo das bebidas alcoólicas. Esse mentais como depressão e ansiedade, danos à
custo social nada mais é do que a somatória dos saúde física e diversos prejuízos sociais na idade
custos diretos e indiretos do uso nocivo do álcool. adulta (Castaldelli-Maia et al., 2017; Palmer et al.,
Neste sentido, os diretos representam os custos do 2009; Poudel & Gautam, 2017).
consumo do álcool para o setor da saúde, que não
se restringem apenas ao tratamento da dependên- Por fim, em uma esfera mais ampla, cabe ressaltar
cia do álcool, mas também a um conjunto de doen- que o álcool está entre os 10 principais fatores de
ças relacionadas ao uso nocivo dessa substância. risco para a carga global de doenças, responden-
do por 5,1% de todas as mortes do mundo e por
Quando o tratamento se dá no sistema público, o 4,2% da carga global de doenças (GBD, 2017), o
pagador é o Estado, que usa recursos da arreca- que reforça a necessidade de implementar ações de
dação de impostos, e quando o mesmo acontece redução de seu impacto na saúde e na economia,
em serviços privados, o pagador é a seguradora de incluindo o monitoramento do custo social asso-
saúde, o usuário ou sua família, sendo que os últi- ciado a ele.
86
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E À SOCIEDADE | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
87
6. Políticas públicas
FOTOS: FREEPICK.COM
88
POLÍTICAS PÚBLICAS | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
A
criação e implementação de ticos como por integrantes da sociedade civil.
políticas específicas sobre o Ainda em 2005, com o apoio da Organização
álcool, segundo a OMS, é o Pan-Americana de Saúde (OPAS), o Brasil foi
primeiro sinal de comprome- sede da 1ª Conferência Pan-Americana de
timento de um país em relação Políticas Públicas sobre o Álcool, importante
ao enfrentamento ao consumo encontro que reuniu países das Américas para
nocivo de bebidas alcoólicas. A implementação debater temas relacionados ao álcool, dentre
de políticas de controle de álcool com eficácia eles o impacto do uso dessa substância nos
comprovada pode promover a redução dos da- países da região, jovens e propaganda, segu-
nos causados pelo uso de álcool em escala in- rança no trânsito e implementação de políticas
dividual e coletiva. Tais políticas devem, ideal- públicas (Caetano & Monteiro, 2006). Em 2011,
mente, basear-se em evidências abrangentes, após a Declaração Política criada como fruto da
de alta qualidade e atualizadas, de revisões Reunião de Alto Nível sobre Doenças Crônicas
de intervenções relevantes (Siegfried & Parry, Não Transmissíveis (DCNT) da ONU, o Brasil
2019). No Brasil, apesar de a política nacional desenvolveu o Plano de Ações Estratégicas
exclusiva sobre o tema ter surgido em 2007 (De- para o Enfrentamento das DCNT. O plano apre-
creto nº 6.117), normas e leis sobre drogas em senta estratégias relacionadas aos principais
geral já existiam há muito tempo fatores de risco para a incidên-
e, até então, as determinações a cia desse tipo de doença, sendo
respeito do álcool estavam en- um deles o consumo nocivo de
globadas nessas políticas. Den- Políticas álcool (Malta & Silva, 2013).
tro dessa perspectiva histórica,
um importante marco foi a cria-
públicas podem A construção de políticas de
ção da Constituição Federal de ser melhor qualidade e igualitárias, inde-
1988, que inaugurou uma nova
compreensão a respeito do con-
implementadas, pendente da temática, exige re-
flexão e conhecimento sobre os
ceito de saúde, definindo-a como quando utilizam grupos mais vulneráveis (de ris-
direito universal dos cidadãos
e condição essencial à vida. Tal pesquisas co) de uma determinada popula-
ção. Essa questão apresenta-se
postura influenciou diretamente o científicas como como desafio, principalmente
base e fonte de
desenvolvimento e a implementa- para países que, como o Brasil,
ção das futuras políticas públicas, possuem grande extensão terri-
inclusive aquelas destinadas à re- informação. torial, diversidade cultural inter-
gulamentação do álcool. na e condições sociais desiguais.
Nessa perspectiva, políticas pú-
A implementação de medidas blicas podem ser mais bem im-
para reduzir o consumo de álcool e, conse- plementadas, quando, ao serem desenvolvidas,
quentemente, os riscos atribuídos ao seu uso é utilizam pesquisas científicas como base e fon-
um desafio para todos os governos. Diferentes te de informação (OMS, 2010).
estratégias foram criadas sob a perspectiva de
iniciar a discussão a respeito do tema, sendo Alguns sistemas de saúde e de pesquisa de-
possível o desenvolvimento de espaços políti- senvolvem, ativamente, estratégias de apro-
cos como o Grupo de Trabalho Interministerial ximação para utilizar de forma adequada os
do Ministério da Saúde, em 2003, e a Câmara resultados obtidos das pesquisas, com a in-
Especial de Políticas Públicas Sobre o Álcool, tenção de legitimar ou não normas legislativas
em 2005, compostos tanto por agentes polí- e políticas de redes de atenção. No entanto, a
89
interação e comunicação efetiva entre políti-
ca e academia, no Brasil, continua sendo um LINHA DO TEMPO
dos principais desafios dos sistemas nacionais
de pesquisa em saúde (Angulo-Tuesta et al., 1988
2018). Por essa razão, as pesquisas científicas Constituição Federal
sobre o tema são importantes para fomentar Destacou a saúde como uma das condições essen-
ciais à vida digna, sendo, portanto, um direito fun-
as autoridades responsáveis durante a criação
damental dos cidadãos (Art. 196), o que repercutiu
e implementação de novas políticas públicas, na elaboração das políticas sobre álcool e outras
bem como para o monitoramento de tais me- drogas que foram lançadas posteriormente.
didas. Evidências científicas sugerem que in-
tervenções comunitárias no controle do acesso
a bebidas alcoólicas podem levar à diminuição 2003
das consequências negativas do uso de álcool Criação do Grupo de Trabalho
(Anderson et al., 2009). Interministerial do Ministério da Saúde
(Decreto de 28.05.2003)
Em junho de 2017, a OMS realizou um fórum Grupo para avaliar, propor e discutir a política de
atenção a usuários de álcool, bem como aperfeiçoar a
para avaliar os progressos mundiais na imple-
legislação que envolve o consumo e a propaganda de
mentação de ações da Estratégia Global para bebidas alcoólicas em território nacional. Revogado
Redução do Uso Nocivo de Álcool, em que em 5 de novembro de 2019 pelo Decreto 10.087.
políticas e intervenções foram debatidas, com
especial foco no aumento de preços e taxas,
limitações de venda no varejo e restrições de 2005
marketing (Jernigan & Trangenstein, 2017). Câmara Especial de Políticas
Nessa ocasião, também foram levantados ou- Públicas sobre o Álcool
tros temas relevantes para o desenvolvimento Criação de uma Câmara Especial para ampliar o es-
de políticas, como beber e dirigir, prevenção e paço de participação social na discussão do tema.
tratamento, álcool ilegal e ação da comunidade.
90
POLÍTICAS PÚBLICAS | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
2012 2015
Lei nº 12.760, reforça a Lei Seca Lei nº 13.106/2015, torna crime
A Lei Seca fica mais rigorosa. O valor da multa a oferta de bebidas alcóolicas para
aumenta de R$ 957,69 para R$ 1.915,38, e são menores de idade
ampliadas as possibilidades de provas da infração Proibido vender, fornecer, servir, ministrar ou entre-
de dirigir sob a influência de álcool — ou de qual- gar a crianças e adolescentes bebida alcoólica ou ou-
quer substância. Não há mais tolerância. O crime tros produtos que possam causar dependência. Para
é configurado nos casos em que o motorista apre- quem descumprir a norma, é prevista pena de dois
senta alcoolemia igual ou superior a 0,6 g de álcool a quatro anos de detenção e multa de R$ 3 mil a R$
por litro de sangue, medição igual ou superior a 10 mil. Já ao estabelecimento em que for realizada a
0,34 mg de álcool por litro de ar alveolar expirado, venda, é aplicada medida administrativa de interdição.
ou sinais de alteração de capacidade psicomotora.
Nesses casos, o condutor fica sujeito à detenção de
6 meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição
de obter carteira de motorista. 2017
Lei nº 13.546, reforça a Lei Seca
2011 O valor da multa administrativa passou de R$
Plano de Ações Estratégicas 1.915,40 para R$ 2.934,70, representando um au-
para o Enfrentamento das Doenças mento de 53,2%. Assim como em 2008 e 2012, o
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) crime é configurado nos casos em que a alcoolemia é
igual ou superior a 0,6 g de álcool por litro de sangue,
Define e prioriza as ações e os investimentos ne- medição igual ou superior a 0,34 mg de álcool por litro
cessários, estabelece metas e compromissos a de ar alveolar expirado. A alteração de 2017 determi-
serem assumidos pelo Brasil, preparando o país na punições mais rigorosas ao motorista que, sob o
para os desafios das DCNT e seus fatores de risco efeito do álcool ou de outras substâncias psicoativas,
(Ministério da Saúde, 2011). praticar crimes de homicídio culposo (sem intenção)
ou de lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
Nesses casos, a pena prevista é de 5 a 8 anos e, nos
2009 casos de lesão corporal culposa, de 2 a 5 anos. Nenhu-
Plano Emergencial de Ampliação ma dessas situações permite o pagamento de fiança.
do Acesso ao Tratamento e Prevenção
de Álcool e outras Drogas
Visa ampliar o acesso ao tratamento e à prevenção
em álcool e outras drogas no Sistema Único de Saúde 2019
(SUS), diversificar as ações orientadas para a preven- Iniciativa SAFER no Brasil
ção, promoção da saúde, tratamento e redução dos Iniciativa mundial, lançada no Brasil em outubro
riscos e danos, além de construir respostas interse- de 2019, focada na redução de mortes, doenças,
toriais efetivas, sensíveis ao ambiente cultural, aos consequências sociais e econômicas, e danos cau-
direitos humanos e às peculiaridades da clínica do sados pelo uso nocivo de álcool. Tal projeto dispo-
álcool e outras drogas. (Ministério da Saúde, 2009). nibiliza um pacote técnico com estratégias de alto
impacto para reduzir o uso nocivo do álcool e suas
consequências sociais, econômicas e de saúde, co-
laborando com o desenvolvimento da Estratégia
2008 Global para Redução do Uso Nocivo de Álcool.
Lei nº 11.705, “Lei Seca”
Alteração do Código de Trânsito Brasileiro, esta-
belecendo penalidades mais severas para o con- 2019
dutor que dirigir sob a influência do álcool. Qual- Política Nacional Sobre Drogas
quer concentração de álcool detectada passa a ser A nova política coloca o Ministério da Cidadania
considerada infração. Configura-se crime quando a como responsável pelo tratamento de dependen-
alcoolemia for de 0,6 g/L no sangue ou 0,34 mg/L tes químicos. Foca na estratégia da abstinência dos
no bafômetro. Multa: R$ 957,69. A Lei Seca sofreu usuários e revoga o Decreto nº 4.345, de 26 de agos-
alterações em 2012, 2017 e 2018. to de 2002.
91
7. Panorama científico
Yuan-Pang Wang, Ana Paula Ferreira-Maia, Alexandre Canon Boronat
FOTOS: FREEPICK.COM
92
PANORAMA CIENTÍFICO | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
N
DESDOBRAMENTOS três décadas. Para compreender o cenário cientí-
fico recente, revisamos considerando-se elegíveis
o Brasil, diversas políticas e leis somente aqueles publicados com o envolvimento
foram gradativamente imple- de pelo menos um autor de instituições brasileiras.
mentadas para prevenir e con-
trolar o consumo nocivo de álcool O objetivo deste estudo é reunir publicações cien-
nas últimas décadas. Exemplos tíficas sobre o tema de consumo de álcool no Bra-
dessas iniciativas são a Política sil, com o intuito de examinar as características
Nacional sobre o Álcool (2007) e a “Lei Seca” e quantitativas e qualitativas de estudos já existen-
seus reforços (2008, 2012, 2017). Outras estra- tes. Espera-se que o presente estudo bibliométrico
tégias e medidas de tratamento e intervenção possa contribuir para identificar as lacunas cien-
também foram implementadas, buscando reduzir tíficas sobre o tema no Brasil, bem como apontar
os efeitos do uso nocivo do álcool. Entretanto, as futuras direções aos pesquisadores e reforçar a
evidências sobre a eficácia e o custo-efetividade necessidade de estudos de qualidade na área.
dessas ações ainda são escassas.
1. Revisão por pares: revisão crítica feita por pesquisadores externos, não envolvidos na produção do estudo, o que garante maior
qualidade do conteúdo científico.
2. A busca sistemática é uma estratégia de pesquisa bibliográfica que utiliza metodologia rigorosa de identificação, seleção e
análises sistemáticas, com o intuito de realizar uma revisão crítica e abrangente da literatura.
3. A análise bibliométrica, ou bibliometria, é um ramo da ciência que mede a contribuição do conhecimento científico derivada
das publicações de uma determinada área.
4. A Web of Science (WoS) é um site eletrônico mantido pela Clarivate Analytics (anteriormente conhecido como Thomson
Reuters) que fornece acesso a vários bancos de dados abrangentes de citações para diversas disciplinas acadêmicas. Dentro
do WoS, há vários bancos de dados; utilizamos a Coleção Principal e o SciELO (Scientific Electronic Library Online). O SciELO
originalmente fazia parte do programa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para publicações
de acesso gratuito em jornais científicos. Essa coleção é o resultado de um trabalho colaborativo entre países da América Latina,
Portugal, Espanha, Caribe e África do Sul.
93
ted disorders”, “alcohol-induced disorders”, “bin- RESULTADOS
ge drinking”, “heavy drinking”, “heavy episodic Na Figura 1, apresentamos o fluxograma da
drinking”, e “Brazil”. Limitamos a busca ao período busca de acordo com as diretrizes do PRISMA5
entre 1990 e 2018. Na época em que foi realizada, para relatar os itens de revisões sistemáticas e
os dados relacionados a citações de artigos publi- metanálises.
cados em 2019 ainda não estavam disponíveis na
WoS. Nesse sentido, o número de citações de um Na busca inicial, com as palavras-chave na WoS,
artigo indica a repercussão e a visibilidade aca- foram encontrados 6013 artigos. Após a leitura
dêmica do trabalho, com base na quantidade de de artigos de revisão, foram encontrados ma-
menções feitas por outros artigos após sua publi- nualmente mais 59, totalizando 6072. O primeiro
cação, e tende a crescer com o passar dos anos. passo a partir do resultado da busca foi averiguar
e eliminar os artigos duplicados (k= 1003). Na
A partir do resultado da busca, ob- sequência, os 5069 artigos foram
tivemos um número total de artigos triados a partir da leitura dos seus
cujo conteúdo potencial dedicou- Esta estratégia títulos e resumos.
se a investigar o consumo de álcool
e seus desdobramentos no Brasil.
combinada Depois, seguiu-se à etapa de de-
Esses artigos foram submetidos permite avaliar tecção e descarte dos artigos não
a uma primeira varredura para
identificar e retirar as publicações
e construir elegíveis (k = 3506), que, no geral,
continham informações sobre ou-
duplicadas a partir da leitura do tí- indicadores tros empregos do álcool, não rela-
tulo e resumo. Na sequência, uma
nova avaliação foi feita, desta vez sobre a cionados a bebidas, ou aqueles cuja
publicação estava fora do período
procurando as publicações sem re- dinâmica e a coberto (1990—2018) e os que
lação com o assunto de interesse. usavam modelos animais. Na leitura
Durante a leitura dos textos com- evolução da dos 1563 artigos restantes, em seu
pletos, os artigos foram agrupados informação texto completo, outros artigos (k =
de acordo com o ano de publicação, 603) foram excluídos, pois não con-
número de citações, palavras-cha- científica e os tinham dados específicos sobre o
ve mais frequentes, e instituições
produtivas, artigos mais citados e
temas mais uso do álcool, mas versavam sobre
outras substâncias como drogas
os temas mais investigados. frequentes. ilícitas, ou continham informações
exclusivas de outros países. Ao fi-
Esta pesquisa combina a metodologia de busca nal dessa busca sistematizada, 960 artigos foram
sistematizada, para identificar os artigos relevan- considerados elegíveis para a síntese qualitativa,
tes relacionados ao uso de bebidas alcoólicas, e cobrindo as publicações entre 1990 e 2018, sobre
a análise bibliométrica. Ou seja, esta estratégia temas relacionados ao consumo e aos transtornos
combinada permite avaliar e construir os indica- decorrentes do álcool, bem como as consequências
dores sobre a dinâmica e a evolução da informa- à saúde do indivíduo, à família e à comunidade.
ção científica, os temas mais frequentes, orga-
nizações ou países. O conhecimento resultante A Figura 2 apresenta a evolução do número de
poderia permitir a visualização da efetividade dos artigos por ano; todos são de autoria de pesquisa-
programas de prevenção, intervenção e políticas dores brasileiros ou participação como coautores.
públicas em nosso meio. O histograma indica que houve um aumento de
5. PRISMA, sigla em inglês para “Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analysis”, tem o objetivo de ajudar os
autores a melhorar o relato de revisões sistemáticas e metanálises, por meio da sistematização dos passos básicos desse processo.
94
PANORAMA CIENTÍFICO | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
Artigos identificados
IDENTIFICAÇÃO
Busca manual
pela busca nas bases
(k = 59)
de dados (k = 6013)
Artigos triados
(k = 5069)
(k = 3506)
95
0 20 40 60 80 100 120
1990 0
1991 1
1992 3
1993 1
1994 2
1995 6
1996 4
1997 2
1998 3
1999 1
2000 5
2001 7
2002 12
2003 10
2004 36
2005 17
2006 36
2007 42
2008 69
2009 44
2010 56
2011 60
2012 60
2013 68
2014 68
2015 88
2016 76
2017 82
2018 101
96
PANORAMA CIENTÍFICO | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
2004 987
Cabe esclarecer que o acúmulo de citações rece-
2005 467
bidas anualmente depende de alguns fatores: o
número de artigos publicados naquele ano, a pro- 2006 863
jeção da revista na qual o estudo foi publicado, e
2007 786
o tempo de publicação. Examinando a quantidade
total de citações nos últimos 10 anos — entre 2009 2008 1375
a 2018 —, observamos um aparente decréscimo
2009 717
de citações, o que poderia ser explicado pelo curto
tempo de publicação dos artigos. Contudo, o ano 2010 817
mais recente (2018) recebeu 138 citações em 101
2011 632
artigos publicados, o que ultrapassa todas as ci-
tações dos anos 1990 e1999 — variando de 17 2012 835
a 124 citações. Esses indicadores sugerem que o
2013 591
aumento não foi somente em quantidade de pu-
blicações, mas também na qualidade dos estudos. 2014 499
2015 430
Indicamos, na Tabela 1, os 20 artigos nacionais que
foram mais citados na área de consumo de álcool 2016 218
e seus desdobramentos. Os temas mais investiga- 2017 155
dos desses artigos com alta visibilidade foram os
estudos sobre o tratamento biológico (estimulação 2018 138
magnética transcraniana e medicamentos), efeitos
e fatores de risco do consumo de bebidas alcoóli- Figura 3. Quantidade de citações.
cas, estudos genéticos e epidemiológicos. Os arti-
97
Tabela 1. Os 20 artigos nacionais mais citados na área de consumo de álcool.
98
PANORAMA CIENTÍFICO | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
99
gos mais citados foram publicados entre o período mações sobre o consumo de álcool no Brasil foram
de 1999 a 2013, com 68 até 192 citações. Os da- encontradas também em artigos publicados pela
dos apresentados também sugerem uma evolução Organização Mundial da Saúde (OMS), Organiza-
positiva na qualidade dos artigos publicados por ção Pan-americana da Saúde (OPAS) e algumas
autores brasileiros nos anos mais recentes. instituições ligadas aos órgãos governamentais bra-
sileiros — Ministério da Saúde, Conselho Nacional
Na Figura 4, mostramos a origem dos estudos, de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Insti-
de acordo com o país da instituição e por regiões tuto Brasileiro de Geografia e Estatística, Fundação
brasileiras. A grande maioria deles (86%) teve o Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre outros .
envolvimento de autores brasileiros com sede em
instituições nacionais, enquanto que em 14% houve O histograma dos principais temas abordados pelos
participação colaborativa em instituições internacio- 960 estudos é apresentado na Tabela 2, construí-
nais. No Brasil, a maioria dos estudos originou-se da a partir da leitura individual do conteúdo dos
de instituições localizadas na região Sudeste (58%), artigos, priorizando informações que constam no
seguida das regiões Sul (19%) e Nordeste (7%). título e resumo. Os quatro principais tópicos inves-
As regiões Centro-Oeste e Norte não publicaram tigados sobre o consumo de álcool foram: sua ca-
número expressivo de artigos sobre o consumo de racterização por meio de estudos populacionais (k
álcool. Em relação a instituições estrangeiras, os paí- = 291), fatores associados (k = 191), complicações
ses que mais colaboraram com estudos nacionais decorrentes do uso de álcool (k = 176) e usuários
foram os Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, adolescentes (k = 91).
Canadá e Austrália. Ressaltamos ainda que infor-
NO BRASIL 0%
NORTE
7%
NORDESTE
NO MUNDO
2%
CENTRO-
OESTE 58%
SUDESTE
14%
MUNDO
19%
SUL
86%
BRASIL
TEMAS DESCRIÇÃO
IDOSO Todos aqueles estudos cuja base amostral foi composta por
26 idosos, conforme conceituação dos autores do estudo.
101
TEMAS DESCRIÇÃO
Definição da OMS para o termo violência: uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si, contra outra pessoa
ou um grupo ou comunidade, que resultem ou tenham grande possibilidade de resultar em ferimento, morte ou dano psicológico, mal
desenvolvimento ou privação.
102
PANORAMA CIENTÍFICO | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
física ou psicológica devido ao uso de etanol”. Um perfil interessante dos estudos retidos nesta
Outras palavras-chave recorrentes foram Brazil, revisão bibliométrica é que, em cerca de 20% de-
adolescents, drinking, alcohol drinking e preva- les, o consumo de álcool está inserido na mesma
lence. investigação que os transtornos por uso de outras
substâncias psicoativas. O programa #Tamojunto
DISCUSSÃO e o I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool,
Este estudo bibliométrico sobre as publicações rela- Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das
cionadas ao consumo e aos transtornos por uso de 27 Capitais Brasileiras são exemplos de estudos
álcool mostra que há um crescente interesse sobre que investigaram juntamente o álcool e outras
o tema. A produção bibliográfica de cientistas bra- substâncias. Por vezes, a análise conjunta dos atri-
sileiros sobre o consumo de álcool apresentou uma butos de consumo de álcool e outras substâncias
considerável tendência de crescimento a partir de pode dificultar a obtenção de estimativas precisas
2009. As citações igualmente crescentes atestam a sobre a frequência, o perfil dos usuários, o custo
visibilidade dos estudos realizados no nosso meio. de tratamento e o uso de serviços.
Entre 1990 e 2018, o número de artigos publicados
com a participação de autores brasileiros passou de Embora muitos artigos tenham caracterizado a
0 a 101, representando uma expressiva variação no população de risco e seus fatores associados, os
período e com média anual de 33,1 publicações. estudos sobre a repercussão desses conhecimen-
A maioria dos estudos aborda as investigações tos ainda são pouco consistentes. Além disso,
epidemiológicas (50%), descrevendo sobre as ca- mesmo com a necessidade de compreender o
racterísticas e os fatores de risco de usuários de impacto socioeconômico e das políticas públicas
álcool. O consumo de álcool em padrões nocivos adotadas sobre a saúde da população, os reflexos
está crescente em nosso meio; portanto, identificar dessas medidas em meio à crescente escalada do
as populações mais vulneráveis impacta os pro- consumo nocivo são pouco investigados. Fato
gramas de prevenção e tratamento. Dos estudos é que menos de 10% dos artigos encontrados
analisados, os adolescentes brasileiros constituem versam sobre esse tema. Quanto à prevenção,
o subgrupo populacional mais investigado. o cenário é ainda pior, pouco mais de 1% são
sobre o tema de todos os estudos produzidos
Embora informações precisas sejam primordiais entre 1990 e 2018.
para formular intervenções e políticas públicas,
poucos estudos se dedicaram a averiguar a eficácia Um dos raros trabalhos sobre o custo do consumo
dos programas já existentes. Citamos aqui o estu- de álcool para a sociedade brasileira é o estudo
do sobre o programa de prevenção #Tamojunto, do Sistema Unificado de Saúde (SUS). Coutinho
que ocorre em 76 escolas públicas brasileiras (San- e colaboradores (2016) estimaram custos impor-
chez e cols., 2017). Implementado para avaliar os tantes em atendimentos ambulatorial e hospitalar
efeitos de um programa europeu de prevenção de em decorrência de doenças relacionadas ao con-
drogas, Unplugged. O estudo recebeu apoio do sumo de risco do álcool, em mais de 8 milhões de
Ministério da Saúde, como parte das políticas pú- reais anualmente. Esses dados alarmantes sobre
blicas voltadas para adolescentes. Esse programa o impacto econômico ao sistema de saúde e à so-
incluiu 3340 participantes escolares alocados para ciedade indicam uma necessidade de programas
receber a intervenção e 3317 sem intervenção. Os efetivos de prevenção e intervenção.
resultados sugeriram que o conteúdo e as lições
sobre o álcool do #Tamojunto acabaram por am- Em relação a programas de prevenção, foram pou-
pliar a curiosidade sobre seu uso entre os adoles- cos estudos que avaliaram a efetividade dos proje-
centes, aumentando 30% a iniciação ou o primeiro tos implementados, mesmo diante da existência de
uso de álcool no grupo que recebeu a intervenção. políticas de atenção à saúde dos usuários. Fazem
103
PALAVRAS-CHAVE
104
PANORAMA CIENTÍFICO | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
parte dessa política o Plano Emergencial de Amplia- publicados, encontramos várias inconsistên-
ção do Acesso ao Tratamento e Prevenção de Álcool cias em sua indexação. Muitos artigos foram
e outras Drogas (2009) e a Lei nº 13.106 (2015), erroneamente catalogados com link, digital
que torna crime a oferta de bebidas alcoólicas para object information (DOI) e títulos/autores dis-
menores de idade. Entre os programas voltados ao cordantes. A correção manual das inconsis-
controle e à prevenção do consumo de álcool, o mais tências exigiu que a precisão da informação
estudado foi o que tratava da questão de consumo obtida fosse certificada. Quando a plataforma
de álcool e direção de veículos automotores. Os do WoS procura a citação dos artigos, apenas o
efeitos do álcool foram discutidos em programa de primeiro autor é identificado. Portanto, alguns
redução de acidentes, ferimentos e batidas auto- estudos importantes podem não ter recebido a
mobilísticas, mostrando o envolvimento do álcool devida visibilidade.
em diversas situações de trânsito.
Há outras bases de dados ele-
Vale a pena discutir também os trônicas que também auditam
efeitos da Lei Seca, promulgada A produção o número de citações. Além da
em 2008 (nº 11.705), alterando
o Código Nacional de Trânsito e
científica brasileira WoS, pode-se citar EMBASE,
SCOPUS, entre outras que
estabelecendo tolerância zero à sobre o consumo fornecem dados sobre cita-
presença de álcool na corrente
sanguínea dos motoristas. Em
de álcool cresceu ções. Em geral, há divergên-
cias entre as diferentes bases
2012, a Nova Lei Seca, Lei n° consideravelmente quanto ao número de citações
12.760, entrou em vigor em um
esforço para corrigir as brechas na última década de cada publicação. Um dos
motivos da inconsistência se
legais da versão anterior. A prin- (...); entretanto, as deve à cobertura dos artigos
cipal mudança é a produção de publicados pelo WoS, que é
formas alternativas de prova de evidências não um pouco menor que algu-
impedimento de álcool contra os foram suficientes mas bases eletrônicas. Logo,
motoristas que se recusaram a é possível que alguns dados
fazer o teste de análise da res- para que as não tenham sido incluídos na
piração5. Em termos gerais, os
resultados mostraram que, em-
conclusões dos presente análise.
105
8. Perfis
O Brasil é um país com dimensões continentais e “consumo atual” refere-se ao uso de bebidas al-
fatores socioeconômicos e culturais bastante he- coólicas no último mês. Dados de 2009, 2012 e
terogêneos. As variações regionais podem afetar 2015 estão disponíveis para as capitais brasi-
o comportamento de beber e, consequentemente, leiras; estimativas para regiões administrativas,
a elaboração de estratégias para redução do con- em 2012 e 2015; e para Unidades da Federação,
sumo nocivo de álcool. O Brasil possui indicadores em 2015.
oficiais sobre consumo de álcool, com destaque
para a PeNSE (IBGE), Vigitel (MS), e Datasus. A Foram extraídos dados da pesquisa Vigitel sobre
partir da primeira publicação desta série, “Álcool o uso abusivo de álcool, caracterizando a parcela
e a Saúde dos Brasileiros - Panorama 2019”, da população adulta que pratica BPE, em relação
passou a existir um documento que reúne essas àquela que bebe mas não pratica o BPE, assim
informações. como aquela que é abstêmia. O indicador “con-
sumo abusivo” é definido, nesse estudo, como a
Diante desta complexidade e visando aprimora- ingestão de 4 ou mais doses para mulheres e 5 ou
mentos, atualizamos a publicação anterior com os mais doses para homens, em uma única ocasião,
dados mais recentes e análises de dados oficiais no último mês, correspondendo ao conceito de
e públicos, entre 2010 e 2019. Esta seção traz BPE. Foram, também, extraídos dados de condu-
informações detalhadas, organizadas em perfis ção de veículos motorizados após a ingestão de
regionais e de cada um dos Estados da Federa- bebidas alcoólicas nas capitais brasileiras. Este
ção. Cada perfil disponibiliza dados extraídos de indicador, que quantificava apenas a prática de
fontes oficiais sobre uso de álcool, estratificados dirigir após o consumo abusivo até 2010, pas-
por sexo e faixa etária, internações e óbitos atri- sou a incluir qualquer consumo de álcool antes
buíveis ao álcool e os principais agravos à saúde de dirigir a partir de 2011. Para evitar potenciais
relacionados. comparações equivocadas, apresentamos esses
dados a partir de 2011.
Dados sobre consumo de álcool na população es-
colar (PeNSE) incluem: prevalência e idade média Para estimar os impactos do uso nocivo de álcool
de experimentação, prevalência de consumo atual na saúde pública, foram obtidos, no Datasus, da-
e de embriaguez. Ressalta-se que o indicador “ex- dos sobre internações, óbitos, e seus principais
perimentação” foi expandido, em 2012, para dis- agravos à saúde e aplicadas as FAAs disponi-
criminar entre tomar “apenas um gole” ou “uma bilizadas pela OMS (2018a; ver Anexo). São in-
dose inteira” de bebida alcoólica . formações inéditas, considerando que nenhum
outro estudo analisou esses dados de acordo com
Além disso, desde 2015, começou-se a incluir os as categorias de CIDs e suas respectivas FAAs,
participantes que relataram não ter experimenta- providas pela OMS. Assim, a publicação busca
do, mas que informaram a idade de experimen- retratar, de modo objetivo e confiável, as prin-
tação. Com o intuito de comparação, esse critério cipais estimativas sobre o uso de álcool e suas
foi estendido para os anos anteriores, tal como consequências à saúde dos brasileiros.
proposto na PeNSE 2015, e é o dado apresenta-
do nos gráficos de experimentação. O indicador
106
106
Fonte: IBGE, Datasus
BRASIL
Número de municípios (2017): 5.570
Fonte: PeNSE
22,8 20,9 21,6 21,1
Total 71,2 61,4 55,5 27,3 26,1 23,8 22,2 21,8 21,3
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Idade 12,1 12,5 12,6
Idade 12,1 12,5 12,7
Padrão de consumo de álcool por adultos (em %) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (em %)*
30
Total 61,3% 20,6% 18,1%
25
2010 Masculino 47,7% 25,4% 27,0%
20
Feminino 73,0% 16,5% 10,5%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 11.724.834 11.612.715 11.675.269 11.997.528 Todas as causas 1.136.947 1.227.039 1.312.664
(TAA+PAA)/Total 2,9% 3,0% 3,0% 2,9% (TAA+PAA)/Total 5,83% 5,71% 5,35%
de internações de óbitos Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA)
27,0 27,5 26,3 29,8 24,0 26,7 24,5 23,5 25,6 26,2 24,1 24,1
Fonte: PeNSE
Total 72,1 65,0 59,1 27,3 28,1 25,4 23,9 25,9 24,1
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 60,2% 21,0% 18,7%
25
2010 Masculino 47,5% 25,3% 27,2%
18,4 18,7
20 16,5
Feminino 71,6% 17,2% 11,2% 16,4 16,3 16,1
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 917.015 885.809 890.017 905.947 Todas as causas 73.195 82.123 86.210
(TAA+PAA)/Total 3,1% 3,3% 3,2% 3,1% (TAA+PAA)/Total 7,1% 7,1% 6,5%
de internações de óbitos Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA)
Fonte: PeNSE
19,9 21,1 23,0 18,8 20,0
15,1
Total 67,7 56,8 50,7 24,7 22,9 20,5 20,7 17,3 17,6
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
14,0
Total 59,5% 19,7% 20,8% 14
14,1
11,5
12 10,8
2010 Masculino 44,1% 24,2% 31,7% 10,3
9,7 9,6
10 8,6
Feminino 72,1% 16,0% 11,9%
7,3 7,2
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 3.286.782 3.109.715 3.114.454 3.221.053 Todas as causas 284.297 319.349 351.867
(TAA+PAA)/Total 2,2% 2,5% 2,5% 2,5% (TAA+PAA)/Total 6,4% 6,3% 5,9%
de internações de óbitos Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA)
Fonte: PeNSE
18,7 17,6 21,4 21,1 19,3 18,7 20,4 15,9 20,8 17,2 19,3 17,6
Total 59,5 56,8 50,6 18,1 21,2 19,0 18,0 18,9 18,5
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 1.013.590 982.485 966.804 992.226 Todas as causas 64.907 73.957 82.401
(TAA+PAA)/Total 2,0% 2,4% 2,4% 2,4% (TAA+PAA)/Total 6,3% 6,2% 6,2%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA)
Fonte: PeNSE
22,3 22,6 22,5 22,1 21,6 23,0
Total 74,3 61,8 56,2 29,6 26,1 24,3 22,7 22,3 22,3
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 4.582.158 4.650.940 4.629.140 4.754.982 Todas as causas 535.088 563.036 594.371
(TAA+PAA)/Total 3,2% 3,2% 3,2% 2,9% (TAA+PAA)/Total 5,3% 5,1% 4,7%
de internações de óbitos Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA)
Fonte: PeNSE
Total 79,4 68,9 65,9 36,0 33,3 32,2 28,1 27,4 27,3
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 1.925.289 1.983.766 2.074.854 2.123.320 Todas as causas 179.460 188.574 197.815
(TAA+PAA)/Total 3,7% 3,7% 3,5% 3,4% (TAA+PAA)/Total 5,9% 5,6% 5,3%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA)
Fonte: PeNSE
12,9 18,6 16,4 19,6 15,8 15,0 23,3 16,7 18,8 22,9 17,8 14,2
Total 57,0 55,3 49,8 16,0 18,1 15,4 17,7 18,8 15,4
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
43 282 104 70 22 20 18
1.125 1.254 1.059 1.052 158 178 233
Todas as causas 49.687 52.898 44.221 44.795 Todas as causas 3.034 3.546 3.915
(TAA+PAA)/Total 2,4% 2,9% 2,6% 2,5% (TAA+PAA)/Total 5,93% 5,58% 6,41%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Fonte: PeNSE
21,1 20,9 19,5 20,1 20,4 20,4 19,6 19,7
Total 67,3 60,9 53,5 22,4 21,0 19,8 20,4 20,4 19,6
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 61,6% 18,5% 19,8%
25
2010 Masculino 45,9% 22,3% 31,9%
20
Feminino 74,6% 15,5% 9,9%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 187.55 165.434 178.309 177.515 Todas as causas 17.553 18.830 20.486
(TAA+PAA)/Total 2,0% 3,0% 2,7% 2,8% (TAA+PAA)/Total 6,8% 7,1% 6,4%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
13,0% 22,8% Acidente de trânsito 15,4% 11,0% Acidente de trânsito
2010 2010 Cirrose hepática
15,2% 12,7% 36,4% Queda 22,3% 29,6% 21,7%
Outras lesões não-intencionais Violência interpessoal
Doenças respiratórias inferiores Transtornos por uso de álcool
2017 14,2% 22,6% Transtornos por uso de álcool 2017 16,5% 12,8% Outros
23,3% 11,5% 28,4% 16,7% 23,7% 30,2%
Outros
30,2% 37,1%
Fonte: PeNSE
20,6 19,6 14,5 15,4
16,0 16,2 13,7 16,3
Total 54,7 56,6 43,5 16,1 23,7 15,0 16,0 20,1 14,9
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 61,4% 19,0% 19,6%
25
2010 Masculino 45,1% 29,2% 25,7%
20
Feminino 76,7% 9,5% 13,9% 15,6
15,6
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
2 3 5 7 5
9 4
132 164 172
652 691 586 739
Todas as causas 36.584 36.849 33.608 38.012 Todas as causas 2.154 2.876 3.166
(TAA+PAA)/Total 1,8% 1,9% 1,8% 2,0% (TAA+PAA)/Total 6,4% 5,9% 5,6%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Fonte: PeNSE
17,1 17,3 18,5 17,0 17,8 18,5 21,6 20,1 19,1 21,8
14,5 14,8
Total 56,5 57,1 54,7 15,7 18,0 17,4 16,6 20,8 20,4
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 68,7% 14,0% 17,4%
25
2010 Masculino 51,8% 18,4% 29,7%
20
Feminino 84,2% 9,9% 5,9%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
32 38 55 52 44
39 37
708 799 877
2.106 2.278 2.511 2.280
Todas as causas 161.371 152.663 175.083 184.790 Todas as causas 13.192 15.706 17.053
(TAA+PAA)/Total 1,3% 1,5% 1,5% 1,3% (TAA+PAA)/Total 5,8% 5,4% 5,4%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
10,8% 18,9% Acidente de trânsito 15,1% 7,2% Acidente de trânsito
2010 2010 Cirrose hepática
26,9% 8,0% 35,4% Cirrose hepática 20,7% 25,0% 32,1%
Violência interpessoal Violência interpessoal
Outras lesões não-intencionais Doença cardíaca hipertensiva
2017 10,7% 14,3% Doenças respiratórias inferiores 2017 16,1% 4,2% Transtornos por uso de álcool
34,3% 6,3% 34,4% 14,6% 31,2% 33,9%
Outros Outros
33,4 35,4
29,6 31,0 27,9 26,4 27,9 26,4 24,7
19,8 21,3
Fonte: PeNSE
21,6
Total 75,5 67,0 57,0 34,5 30,3 25,0 27,2 25,5 20,6
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 52,6% 23,3% 24,2%
25
2010 Masculino 39,9% 27,2% 32,8%
20
Feminino 63,1% 20,0% 16,9%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 902.321 830.630 803.630 828.350 Todas as causas 75.594 82.868 90.209
(TAA+PAA)/Total 1,7% 2,1% 2,1% 2,2% (TAA+PAA)/Total 5,8% 5,8% 5,6%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
31,2%
2017 2017 2017 2017
0 - 17 18 - 34 35 - 54 55+
Fonte: IBGE, Datasus
CEARÁ
Número de municípios (2017): 184
Fonte: PeNSE
18,4 18,0 19,5 17,1 19,3 17,5 18,1 18,9
15,9 18,8 18,2 13,5
Total 61,8 57,4 50,4 18,2 17,4 18,3 15,7 18,4,8 18,5
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 66,5% 17,0% 16,5%
25
2010 Masculino 51,1% 22,3% 26,7%
20
Feminino 79,4% 12,6% 8,0%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 497.583 484.975 474.428 504.729 Todas as causas 43.961 52.064 59.392
(TAA+PAA)/Total 2,7% 2,8% 2,5% 2,5% (TAA+PAA)/Total 7,3% 7,2% 6,2%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
13,7% Acidente de trânsito 13,2% 20,3% Acidente de trânsito
2010 24,8% 35,2% 2010 Cirrose hepática
10,7% 15,5% Queda 23,2% 14,6% 28,8%
Outras lesões não-intencionais Violência interpessoal
Doenças respiratórias inferiores Transtornos por uso de álcool
2017 29,9% 14,6% Transtornos por uso de álcool 2017 15,6% 8,2% Outros
35,3% 18,7% 31,4%
11,5% 8,7% Outros 26,1%
26,7%
2017 2017 2017 2017
0 - 17 18 - 34 35 - 54 55+
Fonte: IBGE, Datasus
DISTRITO Número de municípios (2017): 1
FEDERAL
População (2017): 2.931.057 pessoas
Capital: Brasília
24,2 25,7 23,3 29,0 21,7 23,5 25,0 28,5 24,1 23,6
Fonte: PeNSE
21,6 22,6
Total 70,2 65,7 59,8 25,0 26,3 22,1 22,6 26,9 23,8
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 56,4% 23,8% 19,9%
25
2010 Masculino 43,3% 28,6% 28,1%
18,9
20 17,7
Feminino 67,8% 19,6% 12,6% 16,6
15,0
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 184.993 176.421 196.704 212.227 Todas as causas 13.497 14.900 14.501
(TAA+PAA)/Total 2,5% 2,6% 2,6% 2,5% (TAA+PAA)/Total 7,3% 6,7% 6,4%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
SANTO
População (2017): 3.925.341 pessoas
Capital: Vitória
Fonte: PeNSE
23,3 19,6 21,0 18,5 19,0 19,7 20,6
Total 70,5 63,4 51,5 24,6 28,3 20,3 18,8 25,3 20,2
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 61,1% 18,6% 20,2%
25
2010 Masculino 49,4% 21,7% 28,9%
20
Feminino 71,1% 16,0% 12,9%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 200.259 226.295 241.904 243.040 Todas as causas 21.273 22.201 24.231
(TAA+PAA)/Total 3,0% 3,5% 3,1% 3,1% (TAA+PAA)/Total 7,8% 7,6% 6,7%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
10,3% 25,8% Acidente de trânsito 15,3% 12,7% Acidente de trânsito
2010 2010 Cirrose hepática
Queda 23,4% 17,6% 31,0%
18,0% 8,5% 37,4% Cirrose hepática Violência interpessoal
Outras lesões não-intencionais Transtornos por uso de álcool
2017 15,3% 8,2% Transtornos por uso de álcool 2017 15,5% 10,2% Outros
31,6% 8,0% 36,8% 19,7% 16,1% 38,6%
Outros
27,3 26,4 26,1 29,5 24,8 22,8 26,6 25,3 27,5 24,9 21,4
Fonte: PeNSE
22,3
Total 71,4 64,4 57,9 26,8 27,8 23,8 24,4 26,4 23,2
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 66,1% 17,0% 16,9%
25
2010 Masculino 53,5% 20,9% 25,6% 21,1
19,1 19,5
20 17,5
Feminino 77,1% 13,7% 9,2% 16,2
14,9
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 384.293 359.979 337.406 333.383 Todas as causas 30.536 35.421 38.295
(TAA+PAA)/Total 3,8% 3,6% 3,4% 3,4% (TAA+PAA)/Total 6,7% 7,3% 6,6%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
24,1
Fonte: PeNSE
20,4 20,4 17,1 19,9 16,4 20,1 19,2 19,1 18,2 16,8 16,2
Total 64,8 57,2 50,3 20,4 18,6 18,2 21,4 18,6 16,5
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 58,4% 20,3% 21,3%
25
2010 Masculino 40,2% 25,4% 34,4%
20
Feminino 73,3% 16,2% 10,6% 16,5 16,7
15,6
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 403.036 420.412 439.362 470.655 Todas as causas 25.143 31.351 34.544
(TAA+PAA)/Total 1,9% 2,4% 2,2% 2,1% (TAA+PAA)/Total 6,7% 6,6% 5,6%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
9,2% Acidente de trânsito 8,1% Acidente de trânsito
2010 32,9% 18,9% 26,1% 2010 28,1% 18,1% 16,8% 28,9% Cirrose hepática
12,9% Doenças respiratórias inferiores
Transtornos por uso de álcool Violência interpessoal
Doença cardíaca hipertensiva Transtornos por uso de álcool
2017 8,5% 2017 6,8%
27,0% 19,0% 29,8% Outras lesões não-intencionais 24,3% 16,2% 19,1% 33,7% Outros
15,8%
Outros
Capital: Cuiabá
MATO GROSSO População (2017): 3.398.791 pessoas
30,5 26,5
25,4 27,8 22,4 25,2 24,4
Fonte: PeNSE
19,6 22,3 22,6 21,0 21,3
Total 72,7 65,3 54,8 28,4 26,6 23,9 21,8 22,5 21,1
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 62,2% 17,3% 20,5%
25 22,6 22,5
2010 Masculino 49,4% 19,5% 31,1%
19,8
20 18,6 18,8
Feminino 74,0% 15,3% 10,8% 17,2 17,2 17,0
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 182.333 186.686 190.966 191.481 Todas as causas 14.899 16.882 17.639
(TAA+PAA)/Total 2,7% 3,5% 3,4% 3,4% (TAA+PAA)/Total 7,7% 7,3% 6,8%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
DO SUL
População (2017): 2.716.534 pessoas
Fonte: PeNSE
Total 79,0 71,3 62,6 33,9 32,7 28,8 28,4 30,7 27,1
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 61,5% 21,6% 16,9%
25
2010 Masculino 49,3% 26,8% 23,9%
20,5
19,4
20 17,8
Feminino 72,6% 16,8% 10,6% 16,3
15,2 15,2
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 165.396 162.723 164.941 168.856 Todas as causas 14.263 14.920 15.775
(TAA+PAA)/Total 2,9% 3,1% 3,0% 3,0% (TAA+PAA)/Total 6,9% 6,8% 6,3%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
10,8% Acidente de trânsito 11,3% Acidente de trânsito
2010 18,4% 32,7% 2010 26,6% 17,4% 33,1% Cirrose hepática
12,3% 25,8% Queda 11,6%
Outras lesões não-intencionais Violência interpessoal
Transtornos por uso de álcool Transtornos por uso de álcool
2017 12,2% 8,0% 2017 19,9% 19,3% 9,9%
35,5% 34,1% Doenças respiratórias inferiores 39,9% Outros
10,2% Outros 11,1%
MINAS GERAIS
Capital: Belo Horizonte
População (2017): 20.908.628 pessoas
33,1
28,3 32,5 28,8 26,2 27,9 24,9 28,5 25,7
21,0 24,2
Fonte: PeNSE
20,9
Total 75,3 67,2 57,3 30,5 31,1 23,5 26,3 27,1 22,6
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 58,7% 20,4% 20,9%
25
2010 Masculino 46,1% 23,4% 30,6%
20
Feminino 69,4% 17,8% 12,8%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 1.152.618 1.244.467 1.198.560 1.245.750 Todas as causas 120.146 127.075 137.471
(TAA+PAA)/Total 3,0% 3,1% 3,1% 3,1% (TAA+PAA)/Total 5,7% 5,7% 5,4%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Fonte: PeNSE
21,9 19,5 17,8 16,8 21,6 19,7 16,2
15,5 14,1 15,8 16,2 14,5
Total 61,4 57,6 45,7 20,6 17,3 14,8 18,5 17,9 15,3
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 61,5% 18,9% 19,6%
25
2010 Masculino 43,1% 24,9% 32,0%
20
Feminino 77,2% 13,8% 9,0%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
153 79 64 55 72 69 75
9.382 11.618 12.347 1.820 2.091 2.322
12.086
Todas as causas 528.894 490.892 480.382 493.008 Todas as causas 31.248 35.203 39.577
(TAA+PAA)/Total 1,8% 2,4% 2,5% 2,5% (TAA+PAA)/Total 6,0% 6,1% 6,1%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
40,8% 6,7% Acidente de trânsito 14,5% 3,8% Acidente de trânsito
2010 2010 Cirrose hepática
13,1% 14,5% 24,9% Outras lesões não-intencionais 25,3% 32,2% 24,2%
Doenças respiratórias inferiores Violência interpessoal
Queda Transtornos por uso de álcool
2017 32,2% 7,8% 2017 12,4% 4,0%
Violência interpessoal Doença cardíaca hipertensiva
30,3% 8,5% 21,2% 22,0% 33,2% 28,2%
Outros Outros
26,9 26,2
Fonte: PeNSE
21,8 19,8 20,3 17,9 17,7 17,3 21,4 16,7 19,4 17,0
Total 67,0 58,6 48,8 24,1 20,1 17,8 21,4 18,9 18,1
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 65,3% 16,2% 18,5%
25
2010 Masculino 52,3% 19,8% 28,0%
20
Feminino 76,2% 13,2% 10,6% 16,4
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 242.314 196.222 187.726 187.079 Todas as causas 23.283 25.150 26.830
(TAA+PAA)/Total 3,1% 2,8% 2,7% 2,6% (TAA+PAA)/Total 6,0% 5,8% 5,4%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Principais causas Principais causas
9,3% 7,2% Acidente de trânsito 10,3% Acidente de trânsito
2010 24,3% 28,4% 30,8% 2010 20,2% 22,1% 18,5% 28,9% Cirrose hepática
Outras lesões não-intencionais
Transtornos por uso de álcool Violência interpessoal
8,8% Doenças respiratórias inferiores Transtornos por uso de álcool
2017 12,5% 2017 7,2%
27,1% 33,7% Queda 21,7% 19,4% 36,2% Outros
18,0% Outros 15,4%
Fonte: PeNSE
23,0
Total 80,4 67,4 59,9 36,4 30,6 27,4 30,4 28,6 24,7
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 65,7% 21,4% 12,9%
25
2010 Masculino 51,4% 27,4% 21,2%
20 17,7
Feminino 78,2% 16,2% 5,6%
15,6 15,1
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 800.894 771.575 846.947 886.917 Todas as causas 67.284 69.697 71.904
(TAA+PAA)/Total 4,1% 4,1% 3,8% 3,7% (TAA+PAA)/Total 6,8% 6,4% 5,8%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
10,1% Acidente de trânsito 11,6% Acidente de trânsito
2010 44,5% 26,0% 2010 25,1% 19,9% 29,9% Cirrose hepática
7,6% 11,9% Queda 13,5%
Outras lesões não-intencionais Violência interpessoal
Transtornos por uso de álcool Transtornos por uso de álcool
2017 7,8% 2017 10,4%
31,1% 28,9% Outros 20,4% 19,5% 11,0% 38,7% Outros
12,0% 20,2%
Capital: Recife
PERNAMBUCO População (2017): 9.434.839 pessoas
Fonte: PeNSE
19,6 22,6 17,9 19,9 18,8
Total 69,6 60,0 51,5 28,0 25,4 21,2 21,3 23,0 19,4
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 57,4% 19,4% 23,1%
25
2010 Masculino 40,6% 24,3% 35,1%
20
Feminino 71,0% 15,5% 13,5%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 543.720 551.128 562.812 564.809 Todas as causas 54.746 58.108 64.699
(TAA+PAA)/Total 2,2% 2,8% 2,9% 2,8% (TAA+PAA)/Total 6,3% 5,7% 6,1%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Fonte: PeNSE
17,4 18,6 17,9 20,9 17,6 17,5 15,0
Total 65,0 56,9 47,7 22,5 21,6 18,0 19,9 19,1 16,2
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 58,9% 20,4% 20,7%
25 22,7 22,8
2010 Masculino 42,9% 25,9% 31,2% 21,2 21,7
19,4 20,0
20 18,0 17,5
Feminino 72,2% 15,9% 11,9%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 237.793 210.351 211.363 218.317 Todas as causas 16.515 19.349 20.647
(TAA+PAA)/Total 2,2% 2,9% 3,7% 3,7% (TAA+PAA)/Total 6,3% 6,4% 5,8%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
13,9% 16,3% Acidente de trânsito 13,7% 7,9% Acidente de trânsito
2010 29,0% 30,6% 2010 33,6% 31,3% Cirrose hepática
10,2% Queda 13,5%
Doenças respiratórias inferiores Transtornos por uso de álcool
Transtornos por uso de álcool Doença cardíaca hipertensiva
2017 14,5% 23,4% 2017 15,4% 8,9%
33,2% 23,0% Outras lesões não-intencionais 29,9% 34,5% Violência interpessoal
5,8% 11,3%
Outros Outros
RIO DE JANEIRO
Capital: Rio de Janeiro
População (2017): 17.051.465 pessoas
32,4 30,8
27,2 30,5 24,1
30,6 25,9 24,5 25,9 24,5
19,9 24,5
Fonte: PeNSE
Total 76,6 65,2 57,9 31,5 29,0 27,5 25,2 24,2 22,3
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 61,6% 19,6% 18,8%
25
2010 Masculino 50,2% 23,7% 26,1%
20
Feminino 71,2% 16,2% 12,7%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 735.294 684.037 689.788 727.855 Todas as causas 127.563 130.974 136.662
(TAA+PAA)/Total 2,5% 2,6% 3,0% 2,8% (TAA+PAA)/Total 4,8% 4,7% 4,3%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Principais causas Principais causas
Acidente de trânsito Acidente de trânsito
2010 17,1% 10,5% 9,2%
41,3% 2010 15,8% 15,9%
7,4%
45,6% Cirrose hepática
21,8% Queda 15,4%
Transtornos por uso de álcool Violência interpessoal
Cirrose hepática Doença cardíaca hipertensiva
2017 15,6% 10,8% 34,0% 33,4% Outras lesões não-intencionais 2017 13,9% 17,7%
7,1% Outros
11,9% 49,4%
6,2% Outros
DO NORTE
População (2017): 3.450.669 pessoas
Capital: Natal
Fonte: PeNSE
19,1 20,2 15,1 16,3 17,5 19,8 20,0 17,1 13,6
Total 68,2 58,7 47,3 21,6 19,7 15,7 20,1 19,9 15,3
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 61,1% 18,8% 20,0%
25
2010 Masculino 42,5% 23,2% 34,3%
20
Feminino 76,8% 15,2% 8,0%
16,0
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
119 96 109
651 264 317
1.445
911 1.099 1.259
2.891 3.062 3.670 3.783
Todas as causas 176.748 161.255 164.369 174.822 Todas as causas 16.088 19.118 21.392
(TAA+PAA)/Total 2,5% 2,3% 2,4% 2,3% (TAA+PAA)/Total 6,4% 6,3% 6,4%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
Acidente de trânsito 11,6% Acidente de trânsito
2010 15,4% 33,2% 43,3% 2010 21,5% 21,6% 31,4% Cirrose hepática
8,1% Transtornos por uso de álcool 14,0%
Cirrose hepática Violência interpessoal
Queda Transtornos por uso de álcool
2017 6,7% 16,1% 2017 19,0% 8,0%
24,9% 37,6% Violência interpessoal 30,6% Outros
14,8% 14,3% 28,1%
Outros
DO SUL
População (2017): 11.280.193 pessoas
Fonte: PeNSE
Total 78,2 70,7 74,9 36,4 34,6 40,7 24,9 29,0 38,3
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 55,8% 27,6% 16,6%
25
2010 Masculino 42,8% 32,8% 24,4%
20
Feminino 66,5% 23,3% 10,2%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 730.724 764.856 754.653 745.492 Todas as causas 77.942 82.062 86.139
(TAA+PAA)/Total 3,3% 3,4% 3,2% 3,1% (TAA+PAA)/Total 5,0% 4,9% 4,9%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Fonte: PeNSE
20,4 21,8 18,6 20,7 21,2 19,1 22,8 22,1
Total 66,8 61,8 56,6 21,2 23,1 19,7 20,0 22,5 22,4
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 63,9% 18,1% 18,0%
25
2010 Masculino 52,2% 22,1% 25,7%
20
Feminino 76,0% 13,9% 10,1% 16,4
15,6 15,2 15,4
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
35 39 21 24 29
28 58
488 489 494
2.550 3.162 2.953 3.067
Todas as causas 100.265 116.066 113.432 119.874 Todas as causas 7.062 7.553 8.201
(TAA+PAA)/Total 2,6% 2,8% 2,6% 2,6% (TAA+PAA)/Total 7,2% 6,8% 6,4%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
8,9% 10,0% Acidente de trânsito 12,0% 4,3% Acidente de trânsito
2010 46,8% 2010 40,1% Cirrose hepática
12,6% 21,7% Queda 18,5% 25,1%
Outras lesões não-intencionais Violência interpessoal
Doenças respiratórias inferiores Doença cardíaca hipertensiva
2017 9,5% 8,3% 2017 12,1% 5,5%
31,9% 24,0% 26,3% Outros 31,9% 32,6% Transtornos por uso de álcool
17,8% Outros
23,5 22,0 24,3 24,8 26,7 28,1 26,9 28,2 22,9 24,8
Fonte: PeNSE
21,0 21,2
Total 66,6 65,6 56,8 22,7 24,6 23,8 24,5 27,6 23,9
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 67,2% 15,9% 17,0%
25
2010 Masculino 55,6% 18,9% 25,5%
19,2
20 17,8 17,4
Feminino 78,3% 12,9% 8,8% 17,0
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
30 13 3 1 7
22 15
114 124 168
783 755 1.415 1.427
Todas as causas 31.199 30.329 43.658 43.745 Todas as causas 1.620 1.933 2.442
(TAA+PAA)/Total 2,6% 2,5% 3,3% 3,3% (TAA+PAA)/Total 7,2% 6,5% 7,2%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Principais causas Principais causas
9,0% 7,4% Acidente de trânsito 3,2% Acidente de trânsito
2010 41,0% 29,1% 2010 41,4% 17,2 16,6% Cirrose hepática
13,5% Doenças respiratórias inferiores 21,7%
Exposição a forças mecânicas Violência interpessoal
4,5% Cirrose hepática 4,4% Doença cardíaca hipertensiva
2017 68,6% 5,9% 14,6% Pancreatite 2017 Outros
25,5% 15,0% 23,7% 31,4%
6,4% Outros
31,9 31,9
25,7 27,9 23,5 26,4 25,3 26,5 20,5 24,9
Fonte: PeNSE
21,2 20,7
Total 73,2 66,0 55,0 28,8 29,8 24,9 21,0 25,9 22,6
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 62,9% 22,3% 14,8%
25
2010 Masculino 49,6% 28,2% 22,2%
20
Feminino 74,4% 17,1% 8,5%
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 2.493.987 2.496.141 2.498.888 2.538.337 Todas as causas 266.106 282.786 296.007
(TAA+PAA)/Total 3,5% 3,4% 3,2% 3,2% (TAA+PAA)/Total 5,2% 4,9% 4,5%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
15,2% Acidente de trânsito 6,8% Acidente de trânsito
2010 12,6%
29,4%
6,9% 35,8% Queda 2010 18,2% 24,1%
7,3%
43,6% Cirrose hepática
Transtornos por uso do álcool Violência interpessoal
Cirrose hepática Transtornos por uso de álcool
13,3% 7,0%
2017 16,5% 16,4%
9,2% 44,6% Outras lesões não-intencionais 2017 13,3% 24,8% 54,9% Doença cardíaca isquêmica
Outros Outros
33,0%
SANTA CATARINA
Capital: Florianópolis
População (2017): 6.984.749 pessoas
Fonte: PeNSE
Total 77,0 68,5 63,5 32,3 34,1 30,2 23,9 31,3 27,8
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30 28,1
Total 53,1% 26,5% 20,4%
24,4
25 23,2
2010 Masculino 40,4% 30,5% 29,1% 21,2 21,5
19,7
20 17,6 17,7
Feminino 64,6% 22,8% 12,6%
15,9 15,3
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 393.671 447.335 473.254 490.911 Todas as causas 34.234 36.815 39.772
(TAA+PAA)/Total 3,4% 3,4% 3,3% 3,1% (TAA+PAA)/Total 5,9% 5,7% 5,2%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Fonte: PeNSE
20,1 22,9 22,8 21,2 21,4
Total 74,0 65,3 60,1 31,0 29,2 24,7 22,3 22,8 21,3
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Idade 12,8
Idade
Idade 12,4 12,7 12,8
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 57,3% 20,5% 22,2%
25
2010 Masculino 41,3% 23,9% 34,8% 21,4
20 18,1
Feminino 70,4% 17,7% 11,9%
14,8
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
Todas as causas 95.512 89.308 92.607 94.777 Todas as causas 11.414 12.511 13.668
(TAA+PAA)/Total 2,6% 1,7% 2,1% 2,0% (TAA+PAA)/Total 7,4% 7,5% 7,3%
de internações de óbitos
Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA)
Principais causas Principais causas
5,6% 17,3% Cirrose hepática 14,1% Acidente de trânsito
2010 50,9% Queda 2010 24,7% 16,6% 26,1% Cirrose hepática
21,5% 4,7% 18,5%
Transtornos por uso de álcool Violência interpessoal
Acidente de trânsito Transtornos por uso de álcool
13,4%
2017 5,7% 34,3% 29,5% Doenças respiratórias inferiores 2017 13,6% 22,9% 19,4% 28,1% Outros
17,1% Outros 16,0%
26,8 23,3
Fonte: PeNSE
20,3 21,7 20,4 16,9 18,5 16,7 18,8 22,9 17,8 14,2
Total 66,7 60,1 49,5 21,1 23,8 17,7 19,7 21,0 15,9
(ambos os
sexos)
2009 2012 2015 2009 2012 2015 2009 2012 2015
Padrão de consumo de álcool por adultos (%) Condução de veículo motorizado após
consumo de bebidas alcoólicas (%)*
30
Total 59,7% 18,5% 21,8% 26,3
23,8 24,1 24,6
25 22,4
2010 Masculino 46,7% 21,10% 31,9%
20,3
20 17,9 17,2
Feminino 71,9% 16,0% 12,1%
15,2 16,1
*Na capital
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Abstêmio Bebedor não-abusivo Bebedor abusivo Total Masculino Feminino
206 127 99 66 80 81
746
2.463 2.852 2.335 2.118 451 474 549
Todas as causas 105.590 102.788 76.420 68.002 Todas as causas 6.597 7.140 8.047
(TAA+PAA)/Total 3,0% 3,0% 3,2% 3,3% (TAA+PAA)/Total 7,84% 7,76% 7,83%
de internações de óbitos
Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Totalmente atribuíveis ao álcool (TAA) Parcialmente atribuíveis ao álcool (PAA) Fonte: CISA, com dados Vigitel e Datasus
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importance of age-based health loss inequities
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145
10. Anexo
E
ste estudo utiliza a lista de CIDs Como há referências de FAAs para a população
(Classificação Estatística Interna- brasileira apenas para cirrose hepática e álcool
cional de Doenças e Problemas Re- e direção, foram utilizadas as demais FAAs do
lacionados com a Saúde) associados Relatório Global sobre Álcool e Saúde 2018
ao álcool e suas respectivas FAAs. (OMS, 2018a).
Afogamento 12 W65–W74
146
ANEXOS | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
69,5 para
homens e
Cirrose hepática (FAA específica do Brasil) 42,6 para
K70, K74
mulheres
Epilepsia 13 G40–G41
HIV/AIDS 3 B20−B24
Pancreatite 26 K85–K86
Queda 11 W00–W19
147
11. Biografias
148
BIOGRAFIAS | ÁLCOOL E A SAÚDE DOS BRASILEIROS – PANORAMA 2020
149
UNIFESP, pós-doutorado no Institute of Psy- MATHEUS CHEIBUB DAVID MARIN
chiatry, King’s College (Inglaterra) e MBA em Graduado em Medicina pela Escola Superior
Gestão em Saúde pela Faculdade Getúio Vargas de Ciências da Santa Casa de Misericórdia
(FGV). É Professora Afiliada e Professora orien- de Vitória (ES). Realizou residência médica
tadora da Pós-graduação do Departamento em Psiquiatria pela FMABC e Especialização
de Psiquiatria da UNIFESP e Coordenadora do em Dependência Química no GREA, do IPq-
Centro de Economia da Saúde Mental (CESM- -HC-FMUSP. Atualmente é médico psiquiatra
-UNIFESP). Professora Titular da Disciplina de do Hospital Sírio-Libanês e do Programa Re-
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Uni- denção da Prefeitura Municipal de São Paulo
versidade Metropolitana de Santos (UNIMES). (SP), e assistente e pesquisador do GREA.
PAULA BECKER
Doutorado em Psiquiatria e Psicologia Médica PROCESSAMENTO DE
pelo Centro de Economia em Saúde Mental da
DADOS
UNIFESP. Mestre em Saúde, Interdisciplinari-
dade e Reabilitação pela Universidade Esta- ANDRESSA KUTSCHENKO NAHAS
dual de Campinas (UNICAMP) e especialista Graduada em Estatística pela Universidade Es-
em Reabilitação pela mesma universidade. tadual de Maringá (UEM), mestre em Ciências
Pesquisadora na área do uso abusivo e depen- (Epidemiologia e Bioestatística) pela Faculdade
dência de substâncias, com ênfase em avalia- de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade
ção de serviços, análise de custos, avaliação de São Paulo e doutora em Ciências (Bioes-
econômica e políticas públicas. Professora tatística, Estatísticas de Saúde e Sistemas de
Convidada da UNICAMP/EXTECAMP no cur- Informação) pela Faculdade de Saúde Pública
so de pós-graduação em Economia e Gestão da Universidade de São Paulo. Tem experiência
em Saúde. Atuou como docente do curso de profissional como consultora estatística acadê-
graduação em Terapia Ocupacional pela Uni- mica e empresarial há doze anos, com atuação
versidade Federal do Paraná - UFPR. É arti- em projetos de pesquisa acadêmicos e empre-
culadora de políticas públicas sobre álcool e sas das áreas da saúde, educação, financeira,
drogas e Terapeuta Ocupacional na Prefeitura marketing, pesquisa de mercado e tecnologia
de Piracicaba (SP). da informação. Atualmente é consultora esta-
tística e proprietária da empresa AKN Consul-
toria Estatística.
POPULAÇÕES
VULNERÁVEIS
CRISTIANA ORNELLAS RENNER
Graduada em psicologia pela Pontifícia Univer-
sidade Católica de São Paulo (PUC SP), mes-
tre em Psicologia Clínica pela Universidade de
São Paulo (IP USP), doutora em Ciências pela
UNIFESP. É palestrante e atua como psicóloga
em projetos de prevenção em escolas (Educa-
ção Infantil, Fundamental e Ensino Médio), na
Clínica Arthur Guerra e em sua própria clínica.
150