De NADAL Luciana Meditacoes Ativas e Psicologia Corporal
De NADAL Luciana Meditacoes Ativas e Psicologia Corporal
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RESUMO
As meditações ativas são técnicas criadas pelo mestre indiano Osho que se utilizam da
expressão corporal, movimentos, respiração, emissão de sons a fim de levar o
praticante a entrar em contato consigo mesmo, ou seja, aumenta a consciência
corporal. Essas técnicas buscam a expressão de sentimentos até então suprimidos
pelo medo de entrar em contato com eles. No momento em que essa energia é
liberada, o praticante consegue sentir um silêncio interior. A bioenergética de Alexander
Lowen segue princípios muito parecidos. Essa técnica terapêutica trabalha com
exercícios que envolvem certas posturas corporais, movimentos, respiração, expressão
de sentimentos, a fim de liberar essa energia bloqueada. Com isso, o indivíduo se
reconecta e se conscientiza de seu corpo. O objetivo desse artigo é fazer um paralelo
entre as meditações ativas de Osho e a Psicologia Corporal, mais precisamente a
bioenergética de Alexander Lowen.
Osho é um filósofo e mestre indiano que, assim como Wilhelm Reich, precursor
da Psicologia Corporal, questionou o padrão neurótico de nossa sociedade. Ele
percebia o quanto o homem moderno é dividido pela neurose. Esta divisão permite que
apenas uma parte de seu ser possa ser expressa; a outra fica suprimida, lutando para
ser aceita. Em razão disso, criou meditações ativas, ou seja, técnicas de meditação
que trabalham o ser como um todo, criando condições para a expressão do material
inconsciente. Para isso, estas meditações se utilizam de dança, respiração, emissão de
sons, movimentos e expressão. Após a liberação do caos interior, o praticante
consegue estar mais em contato com seu corpo, com o seu coração, em um estado de
silêncio (Osho, 1997).
Osho sugere que as pessoas que desejam meditar iniciem com técnicas que se
utilizem do movimento, como as meditações ativas. Isso porque as pessoas retêm
muito material inconsciente, o que as impedem de conseguirem ficar totalmente
paradas e em silêncio. Conforme Osho, quando se tenta iniciar com a meditação
parada e silenciosa, a mente fica pedindo movimento: cada músculo, cada veia, cada
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COMO REFERENCIAR ESSE ARTIGO
DE NADAL, Luciana Garbini. Meditações ativas e psicologia corporal. In: VOLPI,
José Henrique; VOLPI, Sandra Mara (Org.). Anais. 15º CONGRESSO
BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS. Curitiba/PR. Centro
Reichiano, 2010. CD-ROM. [ISBN – 978-85-87691-18-7]. Acesso em:
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fibra do corpo passa a se mover. E quanto mais a pessoa tenta ficar parada, mais
movimento interior ela sentirá; mais a perturbação interior será sentida. Quanto mais a
pessoa se esforçar para ficar parada e em silêncio, mais se tornará consciente de sua
insanidade; e se ela não estiver preparada para ter conhecimento de todo esse material
inconsciente, poderá se sentir frustrada, triste, deprimida. Osho sugere começar “dando
permissão à insanidade”: dançando “loucamente”, respirando caoticamente,
chorando... Ou seja, permitindo que todo esse material inconsciente chegue à
consciência e possa ser expresso. E então o oposto se manifesta: aos poucos, o
praticante começa a sentir um ponto dentro de si silencioso e imóvel. Forçar o corpo e
a mente a ficarem em silêncio é suprimi-los. No momento em que o conteúdo
emocional é aceito e expresso, ocorre uma liberação desse acúmulo de energia. E
então, a pessoa conseguirá ficar imóvel e em silêncio naturalmente, sem esforço. Esse
autêntico silêncio vem da sensatez interna do corpo; não há mais a mente dividida e
nem supressão. Diz Osho: “Os que reprimem as suas neuroses tornam-se cada vez
mais neuróticos, enquanto os que a manifestam conscientemente, livram-se dela”
(Osho, 1997, p. 39). No momento em que a energia em excesso é liberada, há um
florescimento interno, ou seja, o indivíduo toma consciência de seu potencial interior,
de sua capacidade criativa, de seu prazer (Osho, 1997).
Lowen partiu dos ensinamentos recebidos de Reich e criou sua própria técnica
terapêutica. A bioenergética é uma abordagem que ajuda o indivíduo a recuperar o
contato com seu corpo, incluindo aí, as funções de respiração, movimento, sentimento,
auto-expressão e sexualidade. Seu objetivo é fazer o individuo retomar a sua natureza
primária, que compreende a liberdade, graça e beleza, resultando em um corpo e em
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do corpo é sentimento: sentir-se vivo, vibrante, bem, excitado, furioso, triste, alegre e,
finalmente, contente” (Lowen 1982, p. 61).
Tanto Lowen quanto Osho enfatizam a importância de trazer à consciência
conteúdos inconscientes restaurando, assim, o livre fluxo energético do corpo,
liberando as tensões musculares. Há uma ênfase em ambas as abordagens na auto-
expressão, de maneira que todos os sentimentos sejam aceitos e expressos. Com a
liberação desses sentimentos, há uma sensação de plenitude, de integridade. Assim,
abre-se espaço ao prazer, ao relaxamento, à criatividade, ao sentimento de amor,
qualidades que estavam até então “soterradas” por camadas de sentimentos
reprimidos e não aceitos. “O prazer e a satisfação são, como tenho dito, o resultado
imediato das experiências de auto-expressão” (Lowen 1982, p. 43). Além disso, a
consciência do indivíduo se expande e todo o seu potencial se torna disponível, o que
Osho chamou de florescimento interno.
Podemos perceber, portanto, que as meditações ativas de Osho e a Psicologia
Corporal são abordagens que seguem princípios semelhantes e podem ser utilizadas
conjuntamente na busca de crescimento pessoal. Acredito que as meditações ativas
poderiam ser utilizadas como técnica complementar no processo terapêutico,
proporcionando ao praticante um maior centramento, trazendo sua consciência ao
presente e a seu corpo.
REFERÊNCIAS
LOWEN, Alexander. Bioenergética. 5ª ed. São Paulo: Editora Summus Editorial, 1982.
OSHO. Meditação: A Arte do Êxtase. 12ª Ed. São Paulo: Editora Cultrix LTDA, 1997.
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