Biossegurança em Necropsia

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 11

BIOSSEEGURANÇA EM NECROPSIA

Protocolos de segurança com o corpo

Amanda Pereira da Silva


Leila Gomes de Souza
Lívia da Silva de Sousa
Pedro Lucas Rocha de Souza

Taguatinga – DF
2020
Introdução

Este trabalho tem como foco inicial apresentar protocolos e cuidados


referentes a biossegurança na necropsia.
Biossegurança em Necropsia

A biossegurança é uma área de conhecimento definida pela Agência


Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como: “condição de segurança alcançada
por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos
inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio
ambiente”. Tendo isso em vista abordaremos alguns protocolos e manejo com o
corpo morto.
A manipulação de cadáveres nos institutos médicos legais brasileiros requer
medidas urgentes de biossegurança, uma vez que a natureza da atividade oferece
risco de contaminação aos profissionais de saúde e técnicos de necropsia.

Protocolos de segurança com o corp

A finalidade desses procedimentos é manter o corpo limpo e identificado,


evitar a saída de odores e secreções, dispor o corpo em posição adequada antes da
rigidez cadavérica.
Antes de iniciar é necessário ter alguns materiais a disposição:

 2 pares de luvas, sobrepostas;


 Etiquetas de identificação do óbito;
 Algodão;
 Pinça Cheron;
 Jarro com água;
 Sabão;
 Toalha;
 Fita crepe;
 Ataduras de Crepe;
 Gases;
 2 máscaras;
 Tesoura;
 2 lençóis;
 Bandeja grande;
 Maca sem colchão, mesa;
 2 aventais;

Para começarmos os preparos do corpo devemos preencher as etiquetas do


óbito e lavar as mãos, agora daremos início aos processos de cuidados com o
corpo:

1. Calçar as luvas de procedimento, avental e máscara;


2. Desligar os equipamentos;
3. Posicionar o corpo em decúbito dorsal e horizontal;
4. Retirar sondas, cateteres e drenos;
5. Proceder a higiene do corpo e realizar curativo nos locais necessários;
6. Proceder o tamponamento das cavidades corporais com algodão e pinça de
Cheron, se necessário utilizar material impermeável;
7. Garrotear o pênis com 01 gaze;
8. Recolocar prótese dentária;
9. Manter decúbito horizontal dorsal com braços fletidos sobre o tórax;
10. Fixar mandíbula, pulsos e tornozelos com atadura de crepe;
11. Proceder a identificação, atando a etiqueta na extremidade do corpo (mãos e
pés);
12. Forrar a maca com lençol e transferir o corpo;
13. Cobrir o corpo, completamente com lençol e colocar outra etiqueta de
identificação;
14. Solicitar abertura do necrotério;
15. Acionar elevador para transportar o corpo;
16. Deixar o ambiente em ordem.
Manejo de cadáveres

Manejo de cadáveres é um tema que está envolto em mitos que rodeiam seu
tratamento, onde está arraigada fortemente a cultura das populações. As mortes
associadas aos desastres naturais são normalmente causadas por traumas,
afogamentos, queimaduras, entre outros. A presença súbita de um aumento no
número de cadáveres, nas áreas afetadas por desastres, pode ocasionar temor na
população de ocorrência de surtos de doenças, porém não há evidências que a
presença de cadáveres represente risco de aumento no surgimento de epidemias
na área do desastre (WHO, 2006).
Para que ocorra a transmissão de uma infecção, é necessária a presença de
um agente infeccioso, exposição a este agente e um hospedeiro susceptível. O
corpo humano é hospedeiro de vários agentes biológicos, alguns dos quais
patogênicos, no entanto, a maioria não sobrevive mais que 48 horas no corpo
humano após a morte e é neste período que há maior risco de ocorrência de
infecções pelo manejo inadequado. Porém, na avaliação do risco, que deve ser
efetuada para o manejo correto dos cadáveres, é necessário considerar os
elementos que determinam a transmissão. É possível que algumas vítimas possam
ser portadoras de infecções e exigirão, portanto, cuidados especiais.
Os desastres com um grande número de mortes requerem uma força-tarefa
para a coleta, transporte, armazenamento, conservação, quando necessário, e
disposição final dos corpos. Este trabalho é normalmente executado por militares,
profissionais de atendimento emergencial e de sobrevivência, voluntários e outros
que não possuem pouca ou nenhuma experiência.
Esses são os principais agentes biológicos responsáveis por doenças
infecciosas ligadas ao manejo de cadáveres:
 Vírus da Hepatite B;
 Vírus da Hepatite C;
 Vírus da Hepatite A
 Vírus do HIV;
 Vírus HTLV;
 Rotavírus;
 Campylobacter Enteritis;
 Salmonela;
 Yersinia;
 Vibrio Cholerae;
 Vibrio Vulnificus;
 Escherichia Coli;
 Shigella;
 Leptospirose;
 Norovirus;
 Adenovirus entérico;
 Giargia;
 Cryptosporidium;
 Tuberculose;

Estudos demonstram que o risco de transmissão de doenças pelo sangue ocorre


como resultado de ferimentos percutâneos ocupacionais ou através de respingos de
sangue nas membranas mucosas e vai depender do potencial de risco infeccioso
que a vítima pode representar.
Medidas para amenizar o risco

A remoção dos corpos, da área afetada, deve ocorrer rapidamente, sempre


que possível, seguindo-se à identificação. Deve-se respeito aos mortos, assim como
às crenças, costumes sociais, culturais e religiosos locais. O enterro é preferível à
cremação. Em casos de sepultamento em massa, as covas devem possuir no
mínimo 1,5m de profundidade e com uma distância de 200m das fontes de captação
de água de consumo. Não se recomenda ultrapassar 3m de profundidade, para não
atingir o lençol freático, mas também se deve evitar as covas rasas. As covas
deverão ser numeradas e marcadas com dados de identificação, além de serem
colocadas em um mapa de localização. Os corpos deverão receber uma etiqueta
contendo informações da pessoa. Após a fase de identificação, esses pertences
serão entregues aos parentes mais próximos.
Em regiões quentes, a decomposição dos cadáveres ocorre entre 12 e 48
horas, tornando difícil a identificação pelo rosto da vítima. O armazenamento dos
cadáveres em frio diminui a velocidade de decomposição e preserva o corpo para a
identificação. Os corpos devem ser mantidos inicialmente em sacos de cadáveres,
principalmente aqueles que possuem muitos danos. Ressalta-se que os sacos
morgues dificultam o resfriamento, assim como aumentam a taxa de decomposição
dos corpos em regiões quentes. Na falta destes sacos, podem ser utilizados outros
recursos, como plásticos. Peças anatômicas devem ser tratadas como cadáveres. A
retirada de cadáveres de espaços confinados sem ventilação deve ser feita com
cuidado, pois após vários dias de decomposição pode haver a presença de gases
tóxicos potencialmente perigosos, como o gás metano (LEWIS, 2008). Para o
transporte, os corpos deverão ser cobertos, e permanecerão assim até serem
enterrados. Deve-se evitar o uso de ambulâncias, deixando este transporte
preferencialmente para os feridos.
As precauções universais para o manuseio de materiais biológicos tais como
sangue e fluidos corporais, devem ser seguidas. A higiene básica é uma grande
aliada para proteção nos trabalhos. Lavar frequentemente as mãos e sempre após o
manuseio dos corpos. Recomenda-se o uso de vestimenta protetora, composta de
calça e blusão de mangas compridas ou macacão confeccionado em polietileno, do
tipo tyvek, descartáveis, por cima do vestuário. É obrigatória a utilização de sapatos
fechados ou botas e luvas. Máscaras descartáveis com filtração (PFF 2 ou bico de
pato ou N95) deverão ser utilizadas para proteção respiratória de agentes biológicos
com risco de aerização. O risco de aerização de patógenos do trato respiratório de
cadáveres é diminuído ao colocar um pano sobre a boca do cadáver e pela
ventilação adequada nos locais de armazenamento (MORGAN, 2004;
DEMIRYÜREK et al., 2002). Óculos de segurança ou protetores faciais completos
deverão ser utilizados para proteção das mucosas e olhos contra impactos de
partículas volantes, respingos de produtos químicos e espirros de sangue e fluidos
corpóreos. Os equipamentos de proteção individual descartáveis deverão ser
descartados como resíduos do grupo A ("resíduos biológicos"). Todos os
equipamentos e instrumentos, incluindo macas e veículos de transporte deverão ser
descontaminados e lavados. Cadáveres não necessitam de desinfecção antes de
manuseio (com exceção nos casos de cólera ou febre hemorrágica).
A área de armazenamento temporária dos corpos deve ser em um local
amplo, bem ventilado e protegido das intempéries climáticas. Deve ser dividido em
três áreas: recepção, exposição e armazenamento dos corpos. Devido ao alto risco
de infecção pelos agentes causais da hepatite B, difteria, tétano, HIV e tuberculose,
recomenda-se que as equipes envolvidas iniciem um esquema completo de
vacinação estabelecido para cada vacina (CDC, 2000). A vacina BCG produz
alguma proteção contra a tuberculose e testes tuberculínicos devem ser aplicados
após a vacinação (MORGAN, 2004; STERLING et al., 1999). É necessária atenção
redobrada com os profissionais não vacinados contra o tétano, pois durante a
execução dos trabalhos há o risco de ferimentos e de infecção pelo Clostridium
tetani.
Cuidados especiais devem ser tomados no manuseio de materiais perfuro
cortantes, como instrumentais cirúrgicos utilizados na preparação dos cadáveres,
tais como pinças, tesouras, lâminas de bisturis, agulhas e equipamentos de injeção
e extração de líquidos. Os acidentes ocasionados por picada de agulhas são
responsáveis por 80 a 90% das transmissões de doenças infecciosas entre
trabalhadores de saúde (CDC, 2000), mas também ocorrem em outros serviços de
assistência à saúde, como instituições de longa permanência para idosos, serviços
de atendimento domiciliar (home care) e serviços de atendimento de emergência.
Nos desastres ocorre também a morte de animais. Algumas medidas essenciais
deverão ser tomadas, das quais se destaca a incineração das carcaças que deverão
ser borrifadas com produto químico inflamável, como gasolina, com objetivo de
evitar a proliferação de vetores e microrganismos. Os animais vivos deverão ser
capturados e serem alojados em instalações específicas. Os serviços veterinários
deverão monitorar as possíveis doenças zoonóticas transmissíveis, realizar
vacinação em massa nos rebanhos locais, sacrificar animais doentes, isolar as
propriedades rurais afetadas por doenças e as condições sanitárias do abate de
animais para consumo humano. Ressalta-se que a profilaxia animal a ser
implementada na região afetada pelo desastre (por ex. vacinação contra raiva, febre
aftosa) será orientada pela avaliação de risco.
Conclusão
Portanto podemos concluir que pequenos cuidados evitam grandes confusões e
epidemias em grande escala, é importante ter o senso de que você não sabe a
história daquele corpo então os precauções nunca são demais.
Bibliografia

Você também pode gostar