Apostila de EDO
Apostila de EDO
Apostila de EDO
CEFET/RJ
Apostila de E.D.O – CEFET/RJ 1
EMENTA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LARSON, Hostetler & Edwards. Cálculo com Geometria Analítica (vol 2).
Equações Diferenciais
1.1 Introdução
Muitas vezes em física, engenharia e outros ramos técnicos, há necessidade de encontrar uma
função incógnita. Em muitos casos esta pesquisa leva a uma equação envolvendo derivadas (ou
diferenciais) da função incógnita. Tais equações envolvendo derivadas (ou diferenciais) são chamadas
equações diferenciais, em que a incógnita não é um número, mas uma função.
Antes de iniciar nosso curso, vamos mostrar algumas aplicações para servir de motivação.
A lei de resfriamento de Newton diz que a taxa de variação de temperatura T(t) de um corpo em
resfriamento é proporcional à diferença entre a temperatura do corpo e a temperatura cte Tm do meio
ambiente, isto é:
dT/ dt = k(T – Tm) ,
Exemplo Um ovo duro, a 98º C, é colocado em uma pia contendo água a 18º C. Depois de 5 minutos,
a temperatura do ovo é de 38º C. Suponha que durante o experimento a temperatura da água não
aumente apreciavelmente, quanto tempo a mais será necessário para que o ovo atinja 20º C?
Solução :
Tm = 18º C
T(0) = 98º C
T(5) = 38º C
t = ? qdo T (t) = 20º C
Circuitos em Série
Exemplo Suponha que um circuito simples a resistência é 550 (ohms), a indutância é de 4 H (henry)
e a pilha fornece uma voltagem constante de 110 V (volts). Determine a corrente I se a corrente inicial
é zero.
Solução:
L(dI/dt) + RI = E(t)
dy d 2 y dny
F(x, y, y’ , y ’’, ... , y (n)) = 0 ou F(x, y, , , ..., ) = 0.
dx dx 2 dx n
Se a função incógnita depende apenas de uma variável, temos uma equação diferencial ordinária.
Se depender de mais de uma variável, temos uma equação diferencial parcial.
4
dy 2 d3y dy d2y
A. x2 y D. x 2y 3 0
dx 3 2 dx
dx dx
dy
B. sen x E. e x dy x 2 y dx 2
dx
d2y dy 2u 2u
C. x y0 F. 0 , onde u = (x, t)
dx 2 dx x 2 t 2
A ordem de uma equação diferencial é o número n que corresponde à ordem máxima das derivadas
da equação.
Exemplo: Na expressão (A) acima, a equação tem ordem 1 e na expressão (C), ordem 2.
Exemplos Determinar o grau e a ordem de cada uma das seguintes equações diferenciais.
3 2
d2y dy dy dy dy
(a) 7 0 (b) 3 y 0
dx 2 dx dx dx dx
A Equação (a) é uma equação diferencial de primeiro grau de ordem 2 porque d 2y/dx2 é a
derivada de maior ordem na equação e está elevada à primeira potência. Notar que a terceira potência
de dy/dx não tem influência no grau da Equação (a) porque dy/dx é de menor ordem que d2y/dx2.
A Equação (b), por outro lado, é uma equação diferencial de segundo grau e primeira ordem; dy/dx
é a derivada de maior ordem (ordem 1) e 2 é a maior potência de dy/dx aparecendo na equação.
Uma solução de uma equação diferencial é uma função y = f (x) a qual, juntamente com as suas
derivadas, satisfaz a equação diferencial dada.
Exemplos: (a) Verificar que y = 4.e-x + 5 é uma solução da equação diferencial de segunda ordem e
d 2 y dy
primeiro grau 0.
dx 2 dx
dy d2y
Observando que 4.e x e 4.e x e substituindo na equação diferencial dada, temos:
dx dx 2
4.e-x + (– 4.e-x) = 0
0=0
1 C.e x
(b) Verificar que y = é uma solução da equação diferencial de primeira ordem e
1 C.e x
dy 1 2
primeiro grau ( y 1) .
dx 2
dy 2.C.e x
A primeira derivada da equação dada é . Substituindo este resultado na
dx 1 C.e x 2
2.C.e x
=
1 1 C.e x
2
1
1 C.e
x 2
2 1 C.e x
2
=
1 1 2C.e x C 2 .e 2 x 1 2C.e x C 2 .e2 x
2 1 C.e x 2
1 4.C.e x 2.C.e x
= .
2 1 C.e x 2 1 C.e x
2
A solução y = 4.e-x + 5 no Exemplo (a) acima é um exemplo de uma solução particular de uma
equação diferencial. Podemos verificar que y = 4.e-x + 3 é também uma solução particular da equação
diferencial no exemplo (a). Deste modo, uma equação diferencial pode ter mais do que uma solução
particular.
Uma solução y = f(x) de uma equação diferencial de ordem n contendo n constantes arbitrárias
1 C.e x
é chamada uma solução geral. Assim, a solução y = no Exemplo (b) ou y = 4.e-x + C no
1 C.e x
Exemplo (a) é um exemplo de uma solução geral.
Geometricamente, a solução geral de uma equação diferencial de primeira ordem representa
uma família de curvas conhecidas como curvas-solução uma para cada valor da constante arbitrária.
Uma solução particular pode ser obtida se forem dadas certas condições iniciais. Uma condição
inicial de uma equação diferencial é uma condição que especifica um valor particular de y, y0,
correspondente a um valor particular de x, x0. Isto é, se y = f(x) pode ser uma solução da equação
diferencial, então a função deve satisfazer a condição: y0 = f(x0). O problema de ser dada uma equação
diferencial com condições iniciais é chamado um problema de valor inicial.
Um estudo completo de equações diferenciais incluiria um estudo de equações diferenciais de
todos os graus e equações diferenciais parciais e ordinárias. Limitamos deste modo as nossas
considerações às equações diferenciais ordinárias do primeiro grau.
Exemplos: (a) Verificar que y = C1.cosx + C2.senx é uma solução geral da equação diferencial
y’’ + y = 0.
Primeiro, determinar as derivadas da função dada:
y' = - C1.senx + C2..cosx
y’’= - C1.cosx - C2..senx
Substituindo na equação diferencial, temos:
y’’ + y = 0
0=0
Portanto, y = C1.cosx + C2..senx é uma solução geral da equação diferencial dada com duas
constantes arbitrárias distintas.
(b) Mostre que y = C.e-2x é uma solução para a equação diferencial y’ + 2y = 0 e encontre
a solução particular determinada pela condição inicial y(0) = 3.
y = C.e-2x 3 = C e-2.0 C = 3
Exercícios
dy
1. x2 y2 5. y’’’- 4y’’ + xy = 0
dx
2
dy dy
2. 3x 2 0 6. y’+ x.cosx = 0
dx dx
d2y dy
3. 5 xy x2 y 7. (y’’)3 - xy’ + y’’ = 0
2 dx
dx
2
dy dy
4. x 2 y 0 8. y’’+ ex y = 2
dx dx
Verificar que cada uma das funções dadas y = f(x) é uma solução da equação diferencial dada.
dy dy
9. 3 ; y = 3x – 7 14. x x 2 y ; y = x2 + Cx
dx dx
dy d2y
10. y 2 x 4 x 2 ; y = x2 - 4x 15. 16 y 0 ; y = C1sen4x + C2cos4x
dx dx 2
dy d2y
11. x 2 y 4 x ; y = x2 - 4x 16. 20x 3 ; y = x5 + 3x - 2
dx 2
dx
d2y dy
12. y 0 ; y = 2 senx + 3 cosx 17. y 2 cos x 0 ; y = senx + cosx - e-x
2 dx
dx
dy d2y
13. y e x ; y = (x + 2).e-x 18. y x 2 2 ; y = e-x + x2
dx 2
dx
Uma equação diferencial de primeira ordem é uma relação envolvendo a primeira derivada. Isto é,
pode ser escrita na forma:
dy
M ( x, y ) N ( x, y ) 0 (1)
dx
onde M(x,y) e N(x,y) são funções envolvendo as variáveis x e y. Para esse tipo de equação, pode-se
juntar todos os termos contendo x com dx e todos os termos contendo y com dy, obtendo-se uma
solução através de integração. Tais equações são ditas separáveis, e o método de solução é o método
de separação de variáveis. O método é descrito a seguir.
M ( x)dx N ( y)dy C .
Exemplo 01 Reescreva a equação diferencial de primeiro grau x2yy’ – 2xy3 = 0 na forma da Equação
(3).
x2yy’ – 2xy3 = 0
dy
x2 y 2 xy 3 0
dx
x2 ydy – 2xy3dx = 0 (multiplicando cada membro por dx)
Neste exemplo, M(x) = - 2/x e N(y) = 1/y2. Por multiplicações e divisões apropriadas
separamos a equação em termos onde cada um envolve apenas uma variável e a sua diferencial. Assim
sendo, a solução geral pode ser obtida por integração de cada termo.
2 1
dx dy 0
x y2
ou
1 2
dy dx
2 x
y
Nota 1: Quando a solução de uma equação diferencial envolver a integração de um termo na forma
du du du
u
, escrevemos agora u
ln u C em vez de u
ln u C . Estamos agora percebendo que a
solução é válida apenas quando u é positivo. Lembrar também de incluir a constante de integração C.
y
Exemplo 3 Resolver a equação diferencial y ' .
x2 1
Tornando a escrever, temos:
dy y
dx x 2 1
y
dy dx (multiplicar cada membro por dx)
2
x 1
dy dx
(multiplicar cada membro por 1/y)
y x2 1
dy dx
y
2
x 1
(integrar cada membro)
lny = arctg x + C
y = earctgx +C
x 1 y2 y 1 x2 dydx 0
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x 1 y 2 dx y 1 x 2 dy 0
x y
dx dy 0
2
1 x 1 y2
ou
x y
dx dy
2
1 x 1 y2
x y
1 x 2 dx 1 y 2 dy
1 1
ln(1 x 2 ) ln(1 y 2 ) C
2 2
ou
1 1 x2
ln( ) C.
2 1 y2
Como C é uma constante arbitrária, podemos tornar a escrever esta constante como C = ½ lnk
onde k > 0. Então temos:
1 1 x2 1
ln( ) ln k
2 1 y2 2
1 x2
ou ( )k
1 y2
ou (1 x 2 ) k (1 y 2 )
ou x 2 1 k ky2 0
Esta última equação é mais fácil de trabalhar porque já não envolve logaritmos naturais. As
1 1 x2
equações ln( ) C e x 2 1 k ky2 0 são equivalentes. Elas diferem apenas na forma da
2 1 y 2
constante de integração. Praticando nos exercícios você ganhará experiência na escolha da forma mais
apropriada para esta constante arbitrária.
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A solução geral é:
y = x2 + C
Substituindo y = 1 e x = 2, temos:
1 = (2)2 + C 1 = 4 + C - 3 = C
y = x2 – 3
Exemplo 6 Resolver a equação diferencial y + xy’ = 0 sujeita à condição inicial de que y = 2 quando
x = 3, ou seja, y(3) = 2.
ydx + xdy = 0
dx dy
0
x y
ou
dx dy
x y
dx dy
x
y
lnx = - lny + C
lnx + lny = C
lnxy = C
xy = k
3.2 = k 6 = k
xy = 6 ou y = 6/x.
Exercícios
1. xdy y 2 dx 0 dy e x
9. 0
dx y 2
2. 3x 3 y 2 dx xydy 0 dy
10. e 3 x ex 0
dx
3. xdy ydx 0
11. x 1 y 2 dx 3dy 0
dy xy dy
6. 14. 1 x2 y2 x2 y2
dx x 2 3 dx
dy dy
7. y 3 cos x 0 15. ex y
dx dx
8. 3e x tgy dx 1 e x sec 2 y dy 0
16. x y 2 x dx y x 2 y dy 0
Determinar a solução particular de cada uma das seguintes equações diferencial sujeitas às condições
dadas.
dy dy 2x
17. x 2 y 4 ; y (1) = 1 19. ; y (0) = 4
dx dx y x 2 y
dy
18. ye x 2 0 ; y (0) = 2 20. x 2 dy ydx ; y (1) = 1
dx
Respostas
1) y.lnx + 1 = Cy 8) y = arc tg[(ex – 1)³.k]
15) y = ln 1 / e x C
2) y = k. e x
3
9) y = 3
3e x k 16) y = k x /1 x
2 2
4) y = arc cos(senx – c)
11) y = sen x 2 / 6 C 18) y = 8 4e x
x 1
6) y = k. x2 3 13) y = - 0,5. ln x 2 1 C
20) y = e x
7) 1 = 2y².(senx + C)
14) arc tg y = x + x 3 / 3 +C
Aplicações
21. O preço de revenda de certa máquina descreve em um período de 10 anos, segundo uma taxa que
depende do tempo de uso da máquina. Quando a máquina tem t anos de uso, a taxa de variação do seu
valor é 220(t-10) reais por ano. Expresse o valor da máquina como função do tempo de uso e do valor
inicial. Se a máquina valia originalmente R$ 12.000,00, quanto valerá quando tiver 10 anos de uso?
(Resp:V(t) = 110.t² - 2.200t + C e V(10) = R$ 1.000,00)
22. Segundo estatísticas, a população de certo lugar está crescendo a uma taxa aproximada de
1.500 t-1/2 pessoas por ano, sendo t o número de anos transcorridos após 1990. Em 1999, a população
deste lugar era de 39.000 pessoas.
(a) Qual era a população, em 1990? (Resp: 30.000)
(b) Se este tipo de crescimento continuar no futuro, quantas pessoas estarão vivendo neste lugar, em
23. Em certa região, às 7 horas da manhã, o nível de ozônio no ar é de 0,25 partes por milhão. Ao
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(a) Expresse o nível de ozônio como função de t. (Resp: Q(t) = 0,03.(36 + 16t –t²)1/2 + 0,07)
(b) Quando ocorre o pico do nível de ozônio? Qual é o nível de ozônio, neste momento?
24. A taxa de variação da temperatura de um objeto é proporcional à diferença entre sua temperatura e
a do meio circundante. Um objeto cuja temperatura era de 40 graus foi colocado num ambiente cuja
temperatura é de 80 graus. Após 20 minutos, a temperatura do objeto chegou a 50 graus. Expresse a
temperatura do objeto como função do tempo. (T(t) = 80 – 40.e-0,014t )
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Algumas equações que não são separáveis podem vir a sê-lo mediante uma mudança de
variáveis. Isso funciona para equações da forma y’ = f(x,y), onde f é uma função homogênia.
para algum número real n, então dizemos que f é uma função homogênea de grau n.
(2) f(x,y) = x3 + y3 + 1.
pois
OBS: Muitas vezes uma função homogênea pode ser reconhecida examinando o grau de cada termo.
(2) f(x,y) = x2 – y
A função não é homogênea, pois os graus dos dois termos são diferentes
grau 2 grau 1
M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0
Para resolver uma equação diferencial homogênea pelo método de separação de variável, basta
fazer a mudança de variáveis dada pelo Teorema a seguir.
Se M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 é homogênea, então ela pode ser transformada em uma equação
diferencial cujas variáveis são separáveis pela mudança de variável y = v.x onde v é uma função
diferenciável de x e dy/dx = v + x dv/dx.
Solução Como M(x,y) e N(x,y) são homogêneas de grau dois, tomamos y = v.x para obter
dy = v dx + x dv. Então, substituindo, temos:
2 dx
1 1 v dv x 0 (utilizamos frações parciais)
y y
2ln 1 ln x ln c . (substituindo v)
x x
ln
x y 2
y
.
cx x
y
x y2 cxe x .
Exercícios
x y x2 y2
1. y ' 4. y '
2x 2 xy
y xy
2. y' (usar a subst. x = yv) 5. y '
2( x y) 2
x y2
x y 3x 2 y
3. y ' 6. y '
x y x
Respostas
1) x = C.(x – y)² x 2 9) y = x. arc sen(lnx)
2 y2
5) y = C e
3) x² - 2xy – y² = k y
x
7) e = lnx² + 1
4) x² - kx = y² y 1
8) y = e x
Embora a equação
y dx + x dy = 0
seja separável e homogênea, podemos ver que ela é também equivalente à diferencial do produto de x
e y; isto é
y dx + x dy = d(xy) = 0.
Você deve se lembrar do Cálculo III que, se z = f(x,y) é uma função com derivadas parciais
contínuas em uma região R do plano xy, então sua diferencial total é
f f
dz dx dy (1)
x y
f f
dx dy 0 (2)
x y
Em outras palavras, dada uma família de curvas f(x,y) = c, podemos gerar uma equação
diferencial de primeira ordem, calculando a diferencial total.
Para nossos propósitos, é mais importante inverter o problema, isto é, dada uma equação como
dy 5y 2x
, (3)
dx 5x 3y 2
é uma diferencial exata em uma região R do plano xy se ela corresponde à diferencial total de alguma
função f(x,y). Uma equação diferencial da forma
M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0
é chamada de uma equação exata se a expressão do lado esquerdo é uma diferencial exata, ou seja, se
existir uma função f(x,y) com derivadas parciais contínuas e tais que fx(x,y) = M(x,y) e fy(x,y) =
N(x,y). Assim, a forma geral da solução da equação é f(x,y) = c.
1
d( x3y3) = x2y3 dx + x3y2 dy.
3
Sejam M(x, y) e N(x, y) funções contínuas com derivadas parciais contínuas em uma região R
definida a < x < b, c < y < d. Então, uma condição necessária e suficiente para que
M(x,y)dx + N(x,y)dy
MÉTODO DE SOLUÇÃO
Dada a equação
M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 (5)
Mostre primeiro que
M N
.
y x
Depois suponha que
f
M x, y
x
Escrevemos,
f(x,y) = M ( x, y) dx g y , (6)
em que a função arbitrária g(y) é a constante de integração. Agora, derivando (6) com relação a y e
supondo f/y = N(x,y):
f
M ( x, y ) dx g ' y = N x, y .
y y
Assim,
y
g’(y) = N(x,y) - M ( x, y ) dx . (7)
Finalmente, integre (7) com relação a y e substitua o resultado em (6). A solução para a
equação é f(x,y) = c.
f
OBS: Poderíamos começar o procedimento acima com a suposição de que N x, y .
y
M N
= 2x.
y x
Logo, a equação é exata e, pelo Teorema anterior, existe uma função f(x,y), tal que
f f
2xy e x2 – 1.
x y
Da primeira dessas equações, obtemos, depois de integrar,
Derivando a última expressão com relação à y e igualando o resultado a N(x, y), temos
f
x2 + g’(y) = x2 – 1.
y
Segue-se que
g’(y) = – 1 e g(y) = - y.
A constante de integração não precisa ser incluída, pois a solução é f(x, y) = c, ou seja,
x2y – y = c.
OBS: Observe que a equação poderia também ser resolvida por separação de variáveis.
y2
f(x,y) = (1 - x2) + h(x).
2
f
- xy2 + h’(x) = cosx senx – xy2.
x
1
cosx.senx dx - 2 cos
2
h(x) = x. (Método da Substituição)
y2 1
Logo, (1 - x2) - cos 2 x = c1
2 2
ou
y2 (1 – x2) – cos2x = c,
em que c = 2c1. A condição inicial y = 2 quando x = 0 demanda que (2)2 [1 – (0)2] – cos20 = c, ou seja,
c = 3. Portanto, a solução para o problema é
y2 (1 – x2) – cos2x = 3.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Exercícios
Verifique se a equação diferencial dada é exata e, se for, encontre sua solução geral.
2. yexdx + exdy = 0 1
7. ( xdy ydx ) 0
x2 y2
5. (4x3 – 6xy2)dx + (4y3 – 6xy)dy = 0 10. e y cos xy ydx x tgxy dy 0
Respostas
1) x² - 3xy + y² = C 7) arc tg(x/y) = C 13) x² + y² = 16
8) .e x y C
2) yex = C 1 2 2 14) e3x.sen3y = 0
2
FATORES INTEGRANTES
Algumas vezes, é possível converter uma equação diferencial não exata em uma equação exata
multiplicando-a por uma função (x,y) chamada fator de integração. Porém, a equação exata
resultante:
M(x,y) dx + N(x,y) dy = 0
pode não ser equivalente à original no sentido de que a solução para uma é também a solução para a
outra. A multiplicação pode ocasionar perdas ou ganhos de soluções.
M N
é exata, ou seja, 2x .
y x
Pode ser difícil encontrar um fator integrante. No entanto, existem duas classes de equações
diferenciais cujos fatores integrantes podem ser encontrados de maneira rotineira - aquelas que
possuem fatores integrantes que são funções que dependem apenas de x ou apenas de y. O Teorema a
seguir, que enunciaremos sem demonstração, fornece um roteiro para encontrar esses dois tipos
especiais de fatores integrantes.
1. Se
1
[My(x,y) – Nx(x,y)] = h(x)
N(x, y)
2. Se
1
[ Nx(x,y) - My(x,y)] = k(y)
M (x, y)
Solução A equação dada não é exata, pois My(x,y) = 2y e Nx(x,y) = 0. Entretanto, como
1 1
[My(x,y) – Nx(x,y)] = [2y – 0] = 1 = x0 = h(x)
N(x, y) 2y
temos que e = e
h( x) dx 1 dx
e x é um fator integrante. Multiplicando a equação dada por ex, obtemos
a equação diferencial exata
x
N(x, y) dy 2ye dy y
2 x
f(x,y) = e g ( x)
1
( x, y ) (*)
x.M(x, y) - y.N(x, y)
xy 2 y
Exemplo 2 Resolva y’ = .
x
dy xy 2 y
dx x
1
=
2 2
x.y - x y - yx
1 1
= =
2 2
-x y (xy ) 2
Multiplicando (1) por (x,y), obtemos:
1
.[y.(1 - xy)dx + x.(1)dy] = 0,
(xy ) 2
ou seja,
xy 1 dx 1
dy 0
2
x y xy 2
que é exata. Aplicando o método de resolução de equação exata, chegamos à solução y = -1/(x.lncx)
Exercícios
Encontre o fator integrante que é função apenas de x ou apenas de y, e use-o para encontrar a solução
geral da equação diferencial dada.
Respostas
1) FI: 1/y² (x/y) – 6y = C 6) FI: x -1 x²y - lnx = C
4) FI: e-x e-x (y² - 5x² - 10x – 10) = C 9) FI: (1/ y ) x. y + cos y =C
5) FI: cosx y.senx + x.senx + cosx = C 10) FI: x -3 x -2y³ + y - (1/ 2x²) = C
Definimos a forma geral para uma equação diferencial linear de ordem n como,
dn y d n -1 y
a n x a n -1 x a1 x a 0 x y g(x) .
dy
dx n dx n -1 dx
Lembre-se de que linearidade significa que todos os coeficientes são funções de x somente e
que y e todas as suas derivadas são elevadas à primeira potência. Agora, quando n = 1, obtemos uma
equação linear de primeira ordem.
a1 x a 0 x y g(x)
dy
dx
é chamada de equação linear.
Dividindo pelo coeficiente a1(x), obtemos uma forma mais útil de uma equação linear:
Procuramos uma solução para (1) em um intervalo I no qual as funções P(x) e Q(x) são
contínuas. Na discussão a seguir, supomos que (1) possui uma solução.
Equações lineares possuem a agradável propriedade através da qual podemos sempre encontrar
uma função (x) em que
é uma equação diferencial exata. Pelo Teorema (Critério para uma Diferencial Exata), o lado
esquerdo da equação (3) é uma diferencial exata se
(x)dy = (x)[P(x).y - Q(x)]dx (4)
x y
ou
dμ
P(x) .
dx
d
P(x)dx
ln P(x)dx (5)
assim
( x) e P(x)dx . (6)
Assim a função (x) definida em (6) é um fator de integração para a equação linear. Note que
não precisamos usar uma constante de integração em (5), pois (3) não se altera se a multiplicarmos por
uma constante. Ainda, (x) 0 para todo x em I, e é contínua e diferenciável.
e Px y e
dy
e P(x)dx
P(x)dx P(x)dx
Q(x)
dx
d
dx
y.e P(x)dx Q( x).e P(x)dx (integrando ambos os lados)
y e P(x)dx Q( x).e P(x)dxdx C . (7)
Um fator integrante para a equação diferencial linear de primeira ordem y’ + P(x).y = Q(x) é
y e P(x)dx Q( x).e P(x)dx dx C .
dy
Exemplo Encontre a solução geral de x 4y x 6 e x .
dx
dy 4
y x 5e x (dividindo por x) (8)
dx x
4
- dx
Como P(x) = -4/x, o fator integrante é ( x) e P(x)dx e x = e-4 lnx = x –4.
Aqui, usamos a identidade básica blogbN = N, N > 0. Agora, multiplicamos (8) por este termo
dy 4
x –4. x. 4 y x. 4 x 5 e x
dx x
dy
x –4. 4x. 5 y xe x (9)
dx
e obtemos
dx
d 4
x. .y xe x . (10)
x –4y = xex – ex + c
ou
y(x) = x5 ex – x4ex + c x 4 .
Exercícios
Resolver cada uma das seguintes equações diferenciais.
dy 8. dy 3x 2 ydx x 2 dx
1. 5 y e3x
dx
dy 3 y dy
3. x3 2 10. x 2 y ( x 2 4) 3
dx x dx
dy dy
5. 2 xy e 3x (3 2 x) 12. y tan x sen x
dx dx
dy dy
6. 3x 2 y e x (3x 2 1) 13. x 2 2 xy x 4 7
dx dx
7. dy 4 ydx x 2 e 4 x dx dy
14. x 2 2 xy x 3 5
dx
Determinar uma solução particular para cada uma das seguintes equações diferencial sujeitas às
condições iniciais dadas.
dy dy
15. 3 y e 2 x ; y (0) = 2 17. cos ecx y cot x ; y (/2) = 3/2
dx dx
Respostas
1) –2y = e3x + Ce5x 7) 3y = x³e4x + C e 4 x 13) 5x²y = x5 – 35x + C
4) y = x³ - 5x + Cx²
10) y =
x 2
4
4
C 16) y = (x³/2) + 3x.lnx + Cx
8x 2 x2
2 2
5) e x y e 3x x + C
11) (1 + x²).y = x³ + C 17) y.senx = x +
EQUAÇÕES DE BERNOULLI
A equação diferencial
Se fizermos w = y1 – n, n 0, n 1, temos
1 n y n
dw dy
.
dx dx
Resolvendo (3) e depois fazendo y1 – n = w, obtemos uma solução para (1), ou seja,
y1n e (1-n).P(x)dx (1 n).Q( x).e (1-n).P(x)dxdx C .
dy 1
Exemplo Resolva y xy 2 .
dx x
Solução
dw 1
w x. (*)
dx x
1
x dx
O fator de integração para essa equação linear é e e ln x x 1 .
Multiplicando ambos os lados de (*) pelo seu fator integrante x –1, obtemos:
dw 1
x 1 x 1 w x 1x
dx x
ou
dw
x 1 x 2 w 1
dx
assim
d 1
dx
x .w 1 .
x -1 w = - x + c ou w = - x2 + cx.
Exercícios
2. y’ + 2xy = xy2 3
5. y’ - y = x3 y
3. y.y’ – 2y2 = ex
Respostas
3
1) (1/y²) = C e 2 x (1 / 3) 1 2 C
4) y x
5 x
2 2 2x 1
2) y = 2
5) y 3 Ce 3 (4x 3 18x 2 54x 81)
1 ke x 4
3) y² = (-2ex / 3) + Ce4x
a y’’ + b y’ + c y = 0, (H)
Exemplo
a.) A equação 2y’’ + 3y’ – 5y = 0 é uma equação diferencial ordinária linear de segunda ordem
homogênea.
b.) A equação x3y’’’ – 2xy’’ + 5y’ + 6y = ex é uma equação diferencial ordinária linear de terceira
ordem não-homogênea.
Definição 01: Dizemos que as funções u(x) e v(x) são linearmente dependente (LD) no intervalo I, se
existirem constantes c1 e c2 (não ambas nulas) tais que
c1 u(x) + c2 v(x) = 0,
xI. Caso contrário, dizemos que as funções u(x) e v(x) são linearmente independente (LI) neste
intervalo I.
Definição 02: Dada duas funções quaisquer, u(x) e v(x), definimos o wronskiano das mesmas pelo
seguinte determinante:
u( x ) v( x )
wu( x ), v( x ) = u(x).v’(x) - v(x).u’(x).
u' ( x ) v' ( x )
Teorema: Se u(x) e v(x) são soluções de (H) em um intervalo I C IR, vale a seguinte
afirmação:
“u(x) e v(x) são linearmente independente em I se e somente se w[u(x), v(x)] 0, xI”.
Exemplo Mostre que u(x) = cos2x e v(x) = sen2x são soluções LI da EDO y’’+ 4y = 0 em I = IR.
Solução
cos 2 x sen2 x
wcos 2 x, sen2 x
2sen2 x 2. cos 2 x
= 2 cos2 2x + 2 sen2 2x
u (x) = cos2x
u’(x) = - 2 sen2x substituindo na EDO, verificamos que u é solução
u’’(x) = - 4 cos2x
v(x) = sen2x
v’(x) = 2 cos2x substituindo na EDO, verificamos que v é solução
v’’(x) = - 4 sen2x
Teorema: Sejam u(x) e v(x) soluções LI de (H). Então, a solução geral de (H) é dada por:
Exercícios
02. Em relação a equação y’’ - 8y’ + 20y = 100x² - 26x.ex, mostre que:
b.) y p x 5x 2 4x
11 12
(2x ).e x é a solução geral de (NH).
10 13
03. Verificar que as funções y1 (x) = tgx e y2 (x) = cotgx são Ld ou Li.
04. Verificar que as funções y1 (x) = e-x, y2 (x) = ex/2.cosx e y3 (x) = ex/2.senx são Ld ou Li.
OBS: De acordo com os resultados anteriores, a busca da solução geral de uma EDO linear de 2º
ordem envolve dois estágios: a determinação da solução geral da equação homogênea (H) e uma
solução particular da não-homogênea (NH).
Antes de atacar a Eq. (H), vamos ganhar um pouco de experiência analisando um exemplo
especialmente simples. Consideremos a equação
y ’’ – y = 0, (*)
que tem a forma de (H) com a = 1, b = 0 e c = -1. Em outras palavras, a Eq. (*) afirma que
procuramos uma função com a propriedade de a derivada segunda da função ser a própria função. Uma
ligeira meditação levará, possivelmente, a pelo menos uma função bastante conhecida no cálculo que
tem esta propriedade, a função exponencial y1(x) = ex. Um pouco mais de análise levará a uma segunda
função y2 (x) = e-x. A experimentação revelará que os múltiplos destas duas funções são também
soluções da equação. Por exemplo, as funções 2ex e 5e-x também satisfazem à Eq. (*) , conforme se
pode verificar pelo cálculo das derivadas segundas. Da mesma forma as funções c1.y1 (x) = c1. ex e
c2. y2 (x) = c2 .e-x satisfazem à equação diferencial (*) para todos os valores das constantes c1 e c2 .
Depois, tem importância muito grande observar que qualquer soma das soluções da Eq. (*) é também
uma solução. Em particular, uma vez que c1.y1 (x) e c2. y2 (x) são soluções da Eq. (*), então também é
solução a função
y = c1.y1 (x) + c2 .y2 (x) = c1. ex + c2 .e-x (**)
para quaisquer valores de c1 e c2 . Pode-se verificar a afirmação pelo cálculo da derivada segunda y ’’
da Equação (**). Na realidade, se tem y ’ = c1. ex - c2 .e-x e y ’’ = c1. ex + c2 .e-x então y ’’ é idêntica a
y e a Eq. (*) está satisfeita.
Vamos resumir o que até agora fizemos neste item. Uma vez observado que as funções
y1(x) = ex e y2 (x) = e-x são soluções da Eq. (*), vem que a combinação linear geral (**) destas funções
é também uma solução. Em virtude de os coeficientes c1 e c2 da Eq. (**) serem arbitrários, esta
expressão constitui uma família duplamente infinita de soluções da equação diferencial (*).
É agora possível analisar como escolher, nesta família infinita de soluções, um membro
particular que também obedeça a um dado conjunto de condições iniciais. Por exemplo, suponhamos
que queremos a solução da Eq. (*) que também obedeça às condições iniciais
Em outras palavras, procuramos a solução que passe pelo ponto (0,2) e que, neste ponto, tenha
o coeficiente angular –1. Primeiro, fazemos t = 0 e y = 2, na Eq. (**); isto dá a equação
c1 + c2 = 2. (I)
y ’ = c1. ex - c2 .e-x.
c1 - c2 = - 1. ( II )
Prof Amilton Ferreira da Silva Júnior
Apostila de E.D.O – CEFET/RJ 39
Pela resolução das (I)e(II), simultaneamente em c1 e em c2, encontramos que c1 = 1/2 e c2 = 3/2.
* Raízes Reais Distintas Se r1 r2 são raízes reais distintas da equação característica, então a solução
geral é:
y = c1. e r1 x + c2 .er2 x.
* Raízes Reais Iguais Se r1 = r2 são raízes reais iguais da equação característica, então a solução geral
é:
y = c1. e r x + c2 .x.er x
= (c1 + c2 .x)er x.
y ’’ + 5y ’ + 6y = 0, y(0) = 2, y’(0) = 3.
Solução
c1 + c2 = 2. (I)
3 = - 2 c1 - 3 c2 ( II )
A resolução das Eq. (I) e (II) dá c1 = 9 e c2 = - 7. Com estes valores na solução geral,
conseguimos a solução
y = 9e-2x - 7 e-3x
do problema de valor inicial.
y ’’ + 4y ’ + 4y = 0, y(0) = 2, y’(0) = 1.
Solução
5 = c2 .
y = 2e-2x + 5 x e-2x
do problema de valor inicial.
OBS: Observe, no exemplo anterior, que, embora a equação característica tenha duas raízes
complexas, a solução da equação diferencial é real.
Exercícios
13. y’’ = 0
Determinar a solução particular de cada uma das seguintes equações diferenciais sujeitas às condições
dadas.
16. y’’ – 8y’ + 15y = 0; y(0) = 4 e y’(0) = 2 17. y’’ – 6y’ + 9y = 0; y(0) = 2 e y’(0) = 4
18. y’’ + 25y = 0; y(0) = 2 e y’(0) = 0 19. y’’ – 12y’ + 36y = 0; y(0) = 1 e y’(0) = 0
Respostas
1. y = C1 e7x + C2 e-2x 2. y = C1 e4x + C2 e-2x
3. y = C1 ex + C2 e-x 4. y = C1 + C2 e3x
Para equações diferenciais lineares homogêneas de ordem mais alta, encontramos a solução
geral de maneira análoga ao caso de segunda ordem, isto é, começamos por encontrar as n raízes da
equação características e depois, baseadas nessas n raízes, formam uma coleção linearmente
independente de n soluções. A maior diferença é que, para equações de ordem três ou maior, as raízes
da equação característica podem aparecer mais de duas vezes. Quando isso acontece, as soluções
linearmente independentes são obtidas multiplicando-se por potências crescentes de x. Vamos ilustrar
isso nos dois próximos exemplos.
cos a
z = a + bi z = = a 2 b2 e
b (parte imaginária)
sen b
z = .(cos + i.sen)
a (parte real)
Forma Trigonométrica
Dado um número complexo não nulo z = .(cos + i.sen) e um número natural n > 1, as
raízes enésimas do complexo z são da forma:
1 2k 2k
Z k n .cos i sen , onde k {0, 1, 2,..., n – 1}.
n n
y ’’’’ + 2y ’’ + y = 0.
Solução
Neste caso, a equação característica é r4 + 2r2 + 1 = (r2 + 1)2 = 0. Como a raiz r = i é
dupla, com = 0 e = 1, a solução geral da EDO é
Exercícios
Resolver cada uma das seguintes equações diferenciais.
Respostas
01. y = C1 ex + C2 x.ex + C3 e- x
03. y = C1 ex + C2 e2x + C3 e- x
05. y = C1 cosx + C2 senx + e3x/2 (C3 cos 0,5x + C4 sen 0,5x) + e-3x/2 (C5 cos 0,5x + C6 sen 0,5x)
Nesta seção, vamos descrever dois métodos para encontrar a solução geral de uma
equação diferencial linear não-homogênea. Em ambos, o primeiro passo é encontrar a solução
geral, denotada por yh, da equação homogênea correspondente. Após isso, tentamos encontrar
uma solução particular, yp, da equação não-homogênea. Combinando esses dois resultados,
podemos concluir que a solução geral da equação não-homogênea é y = yh + yp, como enunciado
no próximo Teorema.
Teorema Solução geral de uma equação linear não homogênea (NH)
Seja ay” + by’ + cy = F(x) uma equação diferencial linear não homogênea de 2ª ordem.
Se yp , é uma solução particular dessa equação e se yh é a solução geral da equação homogênea
correspondente, então:
y = yh + yp.
é a solução geral da equação não-homogênea.
podemos encontrar urna solução particular pelo método dos coeficientes a determinar. A idéia
do método é tentar uma solução yp do mesmo tipo que F(x). Eis alguns exemplos:
1. Se F(x) = 5x + 4, escolha yp = Ax + B;
Solução:
Para encontrar yh , resolvemos a equação característica
m 2 - 2m – 3 = (m+1).(m – 3) = 0 m = -1 e m = 3
Logo, yh = C1e- x + C2 e 3x. A seguir, vamos tomar yp do mesmo tipo que sen2x, isto é,
yp = A.cosx + B.senx
y’p = - A.senx + B.cosx
y’’p = - A.cosx - B.senx
Portanto, yp é uma solução, desde que os coeficientes dos termos correspondentes sejam
iguais. Obtemos, então, o sistema
- 4A - 2B = 0 e 2A - 4B = 2
y”- 2y’- 3y = e- x
não faria sentido tentar uma solução particular da forma y = Ae- x já que essa função é solução
da equação homogênea. Em tais casos, devemos multiplicar pela menor potência de x
que remova a duplicação. Para esse problema em particular, tentaríamos yp = Axe- x. O próximo
exemplo ilustra esse tipo de situação.
y h = C1 + C2 e2x
Corno F(x) = x + 2ex, nossa primeira escolha para yp seria (A + Bx) + Cex. No entanto,
como yh já contém um termo constante C1 , multiplicamos a parte polinomial por x e usamos
yp = Ax + Bx2 + Cex
y’p = A + 2Bx + Cex
y’’p = 2B + Cex
2B - 2A = 0, - 4B = 1, -C=2
y p = - ¼ x - ¼ x2 - 2ex
e a solução geral é
y = C1 + C2 e2x - ¼ x - ¼ x2 - 2ex.
Podemos, também, usar o método dos coeficientes a determinar para uma equação não-
homogênea de ordem mais alta. O próximo exemplo ilustra esse procedimento.
Exemplo O método dos coeficientes a determinar para uma equação de terceira ordem.
Exercícios
Respostas
x 3 x 3 16 6
05. y(x) = C1.e 2 . cos x C 2 .e 2 .sen x .sen 3x . cos 3x.
2 2 73 73
4 23 4
06. y(x) = C1e3x + C2 .e-x x 2 x .e 2 x
3 9 3
O método dos coeficientes a determinar funciona bem se F(x) é uma soma de termos
polinomiais ou de funções cujas derivadas sucessivas formam um padrão cíclico. Para funções
como (1/x) ou tgx que não possuem tais características usamos um método mais geral conhecido
como método de variação dos parâmetros. Nesse método, supomos que yp tem a mesma forma
que yh, exceto que as constantes em yh são substituídas por variáveis.
u1 y1 u 2 y 2 0
' '
' ' .
u1 y1 u 2 y 2 F ( x)
' '
Solução
A equação característica m2 - 2m + 1 = (m - 1)2 = 0 tem apenas uma solução, m = 1.
Então, a solução da equação homogênea é
u1e u 2 xe 0
' x ' x
' x
u1e u 2 ( xe e ) (e / 2 x)
' x x x
1 x 1 1 1
u1 dx e u2 dx ln x ln x
2 2 2 x 2
Exercícios
Determinar a solução particular de cada uma das seguintes equações diferencial sujeitas às
condições dadas.
14. y’’ + y’ = senx; y(0) = 0 e y’(0) = 0. 15. y’’ – 4y = 2 – 8x; y(0) = 0 e y’(0) = 5.
RESPOSTAS
1 1
01. y(x) = C1 + C2 e-x – senx cos x
2 2
x 2
03. y(x)= C1e5 x C2 x.e5 x .
25 125
ex 1
05. y(x)= C1. cos 2 x C2 sen 2 x .
5 2
1
07. y(x)= C1. cos x C2 sen x 5 sen 3x .
8
1 2 2 3
08. y(x)= C1.e3 x C2 x.e3 x x .sen x cos x.
9 27 25 50
x 2 4 x 14 e2 x
09. y(x)= C1.e3 x C2 .e x .
3 9 27 5
1 x
10. y(x) = C1e3x + C2 e-x – e .
4
1 1
11. y(x)= C1. cos 3x C 2 sen 3x x cos 3x sen 3x. lnsen 3x .
12 36
1 x 1 5
13. y(x)= e cos x sen x.
2 2 2
1 1 1
14. y(x)= 1 e x sen x cos x.
2 2 2
1 2 x 1
15. y(x) = - e + 2x + e2x.
2 2