Caderno Marino 3
Caderno Marino 3
Caderno Marino 3
13/04 - Aula 1
Noção de Obrigação
- Objeto da obrigação determinada prestação (dar, fazer, não fazer), realizada pelo devedor
no interesse do credor (ou de terceiro)
+ Critérios
. Direito real assume a força do direito a todos e perseguir o bem nas mãos de quem
ele estiver (Direito de Sequela)
. Numerus clausus princípio da tipicidade fechada. Não se criam novos direitos reais
+ Obrigação propter rem (por causa da coisa) ou ambulatória (ambulante cum domínio)
+ Espécie de relação jurídica em virtude da qual uma ou mais pessoas podem exigir de outras a
realização de uma ou mais prestações
20/04 Aula 2
Responsabilidade Patrimonial
+ Art 391 CC Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor
+ Art 789 CPC/15 O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidos em lei
- Patrimônio não é estático, logo, ainda que haja alteração do patrimônio, este continua sendo
objeto da ação
. Responsabilidade Patrimonial Posição Jurídica do titular de um bem ou de um
patrimônio cuja destinação objetiva é a satisfação do credor
. ex contractu
. ex delicto
- Justiniano - Institutas
. ex contractu + ex delicto
. quase ex contractum quase contratos
27/04 - Aula 3
- Não há classificação certa ou definitiva, mas pode ser voluntária ou involuntária a depender
da posição sobre a natureza jurídica das figuras
+ Contratos
- Sempre são fontes de obrigações, mas não possuem eficácia real no sistema jurídico
brasileiro
. Ex: compra e venda geram a obrigação de transmitir a propriedade (Art. 1226 e 1227)
- Formado por uma só parte e que cria, modifica ou extingue obrigações (diferentes de atos
unilaterais)
- Obrigação de Dar
- Obrigações de Fazer
. Não Fazer não realizar concorrência, não fornecer a terceiros, não divulgar
informações confidenciais, não usar determinado bem e tolerar a prática de certos atos
- Obrigação específica
- Regra de acessoriedade Art 233 - A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios
dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do
caso
- Escolha ou Especificação a quem cabe, o que se pode escolher, qual o efeito da escolha
04/05 – Aula 4
+ Tipos de Impossibilidade
*Quem suporta o risco da perda a coisa perece para o dono (res perit
domino)
*Exceção o gênero não perece (art. 246 CC) – quando pode-se substituir por
outra coisa do mesmo gênero
. Prestação de Fazer
. Prestação de Fazer
*Perdas e danos ou execução por terceiro + perdas e danos – art. 248 e 249 CC
11/05 - Aula 5
. Parciárias (conjunta)
*Prestação é fixada globalmente, porém cada devedor é obrigado apenas a
uma parte do débito e/ou cada credor somente pode exigir parte do crédito comum
. Solidárias
*Ex de ativa: conta corrente conjunta; locação de imóvel urbano com mais de
um locador (Lei 8.245/91, 2º)
*Adimplemento conjunto
18/05 – Aula 6
. CC 258 – A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou
um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou
dada a razão determinante de negócio jurídico
. Presunção de parciariedade
. CC 260 – Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida
inteira, mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando
I -a todos conjuntamente
II – a um, dando este caução de ratificação dos outros credores (garantia real
ou pessoal de que os demais credores ratificam aquele recebimento da prestação integral por
parte de um dos credores
. CC 259 – Se havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um
será obrigado pela dívida toda
. Cumulativas/Conjuntivas
. Alternativas/Disjuntivas
- Originária (inicial)
25/05 – Aula 7
+ Obrigação Pecuniária
. Podem ser convertidas de obrigações anteriores que não tinham essa propriedade
+ Princípio do Nominalismo
*Lei n 8880/94 Lise (contrato pelo qual o sujeito tem direito por certo bem
e pode adquirir aquele bem ou devolve-lo), quando tem base em captação de recursos do
exterior, pode-se atrelá-lo ao dólar
01/06 – Aula 8
+ Pagamento
- Tríplice perspectiva
. Extinção da obrigação
- Natureza Jurídica
. Teorias Unificadoras
- A Tentativa de (Re)Unificação:
. A Teoria Alemã (Larenz) consiste numa cisão entre dois pontos distintos: o ato de
pagar e o seu conteúdo. É uma diferença entre realizar a prestação e o seu conteúdo, podendo
seu conteúdo envolver outro Negócio Jurídico ou a cessão de algum direito sobre bem
material. Nesse ponto, o que muda é sempre o conteúdo, portanto o ato de pagar é sempre o
mesmo.
Para Pontes de Miranda, é um ato-fato, sendo incididos pelos Direitos como mero fatos,
análogos aos casos de Morte, Nascimento, onde a norma jurídica não prescinde do aspecto
volitivo.
. É sempre difícil afirma, normalmente o legislador sequer conhece tais teorias, dizer
que adotou a teoria por completo é sempre arriscado. O que se pode afirmar com certeza é
que o Pagamento não é regulado como ato de vontade (Negócio Jurídico) e possui sim, um
aspecto de compatibilidade com o pagamento de um ato devido.
. Em nome do devedor feito por amigo ou parente por liberdade (doação indireta)
. Em nome próprio arquiteto que paga fornecedor ; corretor de imóveis que paga
despesa com cartório ; gestor de negócios que arca com despesas durante a gestão
*Art. 305 – O terceiro não interessado que paga a dívida em seu próprio nome,
tem direito a reembolsar-se do que pagar, mas não se sub-roga nos direitos do credor.
Parágrafo único – se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no
vencimento
08/06 – Aula 9
- Deve haver correspondência integral entre a Prestação Realizada (1) e a Prestação Devida (2)
+ Objeto de Pagamento
. Credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida ainda que
mais valiosa
. Prestação de coisa deve observar qualidades essenciais
- Natureza da prestação
. Art 319 – o devedor que paga pode reter o pagamento enquanto a quitação regular
não lhe for dada
. Art 335 – a consignação tem lugar: I – se o credor não puder ou sem justa causa
recusar receber o pagamento ou dar quitação na devida forma
+ Lugar de Pagamento
+ Tempo de pagamento
- Vencimento da dívida fator temporal
. Exceção à exigibilidade imediata Art 134 – NJ entre vivos sem prazos não podem
ser exigidos imediatamente se tiver sido feito em lugar diverso ou dependendo e tempo
+ Antecipação de pagamento
Aula 10 – 15/06
+ Consignação em pagamento
- Objeto
. Regras Especiais
*CC 342 – Escolha da coisa indeterminada competir ao credor, ele será citado
sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher, feita a
escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente (extensão às obrigações
alternativas)
. Credor desconhecido
. Dúvida sobre quem tem legitimidade para receber (CPC 547 e 548)
*CC 336 – Para que a consignação tenha força de pagamento, devem estar
presentes em relação às pessoas, aos objetos, modo e tempo todos os requisitos necessários
ao pagamento
- Sub-rogar substituir
- Definição pagamento feito por um terceiro, em nome e por conta própria, com o ingresso
do terceiro na relação jurídica, passando a ocupar a posição do credor originário
. Art 349 – a sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios
e garantias do primitivo, em relação à dívida contra o devedor principal e fiadores
- Dificuldade de classificação
- Espécies
. Legal vide lista taxativa do art 346 CC e outros casos expressos art 786 CC
. Convencional
*Por ato do credor com terceiro (parte creditoris) – art 347 I – quando o credor
recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos
*Por ato do devedor com terceiro (parte debitoris) – art 347 II – quando o
terceiro empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida sob a condição expressa
de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito
- Regime
+ Imputação do pagamento
- Situação devedor de dois ou mais débitos efetua pagamento insuficiente para quitá-los
*CC 352 – A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza a um só
credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento se todos forem líquidos e
vencidos
- Regras
*Não terá direito a reclamar pela imputação feita pelo devedor, salvo violência
ou dolo
*Se a quitação é omissa, ela se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro
lugar, se forem todas vencidas ao mesmo tempo, far-se-á na mais onerosa
Aula 11 – 22/06
. CC 356 – O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida
- Principais possibilidades
. Prestações combinadas
- Efeitos
- Requisitos
- Conceito extinção total ou parcial de duas dívidas contrapostas, ligando sujeitos que são
reciprocamente credores e devedores
- 368 – Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas
obrigações extinguem-se até onde se compensarem
- Requisitos
. Reciprocidade dos créditos 376 – obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode
compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever
*370 – Embora sejam do mesmo gênero, as coisas fungíveis, objeto das duas
prestações, não se compensarão verificando-se que diferem na qualidade, quando
especificado no contrato
Aula 12 – 29/06
- Extinção da dívida pelo perdão abdicação, pelo credor, do direito à prestação devida
. CC 385 – A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem
prejuízo de terceiro
- Pode-se devolver o bem empenhado sem se abster da obrigação da dívida (CC 387)
- Estrutura
. Negócio-base
. Acordo de transmissão
. Cessão de crédito não é sempre possível art 286 – O credor pode ceder o seu
crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei ou a convenção com o devedor, a
cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé se não constar do
instrumento da obrigação
- Efeitos
*Devedor não pode se opor à cessão, a notificação existe só para dar ciência, e
não para pedir autorização
Aula - 13/06
A mora é um estado que nasce de algum modo, se desenvolve, produzindo seus efeitos e,
depois, extingue-se, sendo então temporário.
Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.
Há uma discussão se imputabilidade significa culpa. Mas, de todo modo, o ônus da prova de
não se estar diante de um atraso imputável é do devedor.
Constituição da mora
A mora ex re é a mora com uma constituição automática. Então, se eu pago aluguel todo dia 5
e eu pago dia 6 eu to em mora automática:
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno
direito em mora o devedor
Fora os casos de ato ilícito, que são sempre ex re, para que a mora seja ex re necessita ser uma
obrigação líquida e positiva. Isso pois, quando é uma obrigação negativa (não fazer) há um
adimplemento absoluto sem que haja mora. Para o Pontes de Miranda, é possível mora de
obrigação negativa quando é possível desfazer o ato praticado e purgar a mora (aquele ato que
vai sanar a mora). Por exemplo, não é para construir acima de uma certa altura, eu posso
simplesmente demolir o acréscimo.
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou
extrajudicial.
Efeitos da mora
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros,
atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
honorários de advogado.
Responsabilidade do devedor pelos danos causados pela mora, ou seja, danos moratórios.
Assim, deve ele pagar indenização por esses danos:
Ex: aluguel pago em razão da mora da construtora, em que promete entregar a casa na data
prevista. Outro exemplo são os prejuízos sofridos pelo dono da obra em razão da mora do
empreiteiro, havendo um lucro frustrado com a inauguração tardia do shopping center,
configurando lucros cessantes.
Juros de mora
Os juros é o preço ou remuneração devida pelo uso do capital, sendo um acessório ou fruto
deste. É por isso que se restitui o capital mais o juros.
Juros compensatórios: são aqueles que se limitam (não sancionam) a compensar o titular do
capital pela sua privação. É justamente o juros oneroso. Ex: art. 591 do CC. Mas o juros
compensatório não se dá apenas em caso de mútuo, vide art. 677 do CC
Juros moratórios: são efetivamente aqueles que indenizar o credor da prestação pelo capital
que ele se viu privado indevidamente (principal), bem como para evitar o lucro do devedor
(subsidiário)
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que
estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
Eu posso fixar a taxa de juros no contrato (convencionais) e, ao menos que não ultrapasse o
teto, ela é válida, são juros legais. Ainda, se ela for prevista mas não estipulada, aplica-se os
juros legais.
Taxa básica de juros da economia, sendo o instrumento político monetário do BACEN para
controlar a inflação
Por definição, é a taxa média dos empréstimos de um dia realizados entre instituições
financeiras que utilizam títulos públicos federais com garantia
(i) volatilidade e imprevisibilidade do SELIC; (ii) traz embutida a correção monetária, o que
impede a cumulação prevista no CC e dificulta a adição de termos iniciais distintos, criando
certa dificuldade; (iii) Esse acabou se perdendo, pois a CF, art. 192, parágrafo 3, que dizia que
não poderia ultrapassar o limite de 12% ao ano. Nesse sentido, era uma outra critica, pois por
ser instável poderia passar os 12%
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por
cento ao mês
Essa taxa é aplicada à mora no pagamento de impostos (menos os federais), mas não é
ressalvada de dívidas:
(i) não se aplica à mora de pagamento de tributos federais (esta é a SELIC); (ii) a taxa de 1%
pode ficar abaixo da taxa de mercado, sendo "bom" ser inadimplemento, pois o mercado paga
mais
Quando o CC foi promulgado, a primeira taxa literal foi que a taxa seria a SELIC. Depois, os
autores começaram a dizer que não podia a SELIC e começou a ganhar força a taxa de 1%. Só
que, com a revogação do art. 193, 3, do CF, o argumento foi perdido e voltaram com a SELIC.
Contudo, a posição da Corte Especial do STJ em 2008 (EResp 727.842/SP) respondeu a favor da
SELIC. Contudo, é uma matéria ainda em discussão, podendo mudar.
Nas obrigações provenientes de ato ilícito, entende-se que conta desde o momento da
ilicitude (ilícito aquiliano):
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde
que o praticou.
Nos casos de obrigação contratual, existe uma controvérsia em relação aos art. 397 e 405
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno
direito em mora o devedor
Assim, há um art. que diz que conta o juros de mora desde a citação inicial e há outro que diz
que há uma data e, a partir do momento que não pagou, começa a correr o juros de mora.
Então, há uma controvérsia em relação a esses artigos. O STJ aplica sempre o art. 405, mas a
doutrina diverge e é criticada. Isso pois, o juros da mora se constitui a partir dela e deve partir
no momento da sua constituição. Entende-se que, no caso de mora ex re, que é uma obrigação
líquida e positiva, conta-se a partir do vencimento da obrigação. O 405 entende-se que diz
respeito às obrigações ex persona, não tendo uma aplicação tão abrangente. Assim, os juristas
fazem uma interpretação restritiva desse meio
Juros de mora
Para que sejam devidos os juros de mora, eu não preciso alegar ou provar prejuízo:
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se
contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que
lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as
partes.
A maneira de ler este artigo é: eu vou contar o juros em mora em relação às dívidas em
dinheiro e se há uma prestação de outra natureza, uma vez que eu tenho o valor dela fixado, é
a partir desse momento que eu vou poder computar o juros, o que não significa que é a partir
desse momento que ele vai incidir.
Os juros de mora, nas obrigações pecuniárias, são as indenizações "por exelenecia". Havia, até
o código de 02, a visão de que se a obrigação é pecuniária e o credor não pagou na data, o que
tinha a receber era o capital mais o juros. Assim, havia uma tarifação devida, ou seja, uma
fixação absoluta. O CC de 02 inovou e permitiu uma indenização adicional
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros,
custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena
convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
Outro efeito da mora é uma responsabilidade mais intensa por parte do devedor (perpetuatio
obligationis). A regra geral é que o devedor só responde quando a obrigação se tornar
impossível por culpa sua, caso contrário a obrigação será resolvida sem indenização. Agora, se
houver mora, muda-se a figura:
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o
atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação
fosse oportunamente desempenhada.
Exceções:
(i) o devedor pode provar que a impossibilidade ocorreria mesmo sem a mora (ex: tsunami que
atingiu a cidade inteira)
(ii) Provar isenção de culpa. Mas os autores dizem que não faz sentido, pois, se a mora só
existe quando for imputável o ato ao devedor, uma vez que não haja culpa é porque não
houve mora. Basicamente o CC diz que o devedor responde pela impossibilidade ao menos
que ele não esteja em mora.
Purgação da mora
I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos
decorrentes do dia da oferta;
Assim, basta a oferta, não precisando resolvê-la, apenas ofertar o pagamento. O CC não prevê
a forma, então o que se entende é que deve ser uma oferta idônea. Contudo, há certos
institutos que têm uma previsão específica, como o inquilinato.
Se o devedor oferece e o credor se recusa a receber ou ele não tem mais interesse na
prestação (ex: vestido de noiva) ou, se não houver justificativa, o credor entra em mora. A
transformação da mora em inadimplemento absoluto é o outro destino da mora. A passagem
da mora se dá via purgação ou via inadimplemento absoluto.
Mora do credor
É justamente o não recebimento do credor no tempo, forma e luar que lei ou convenção
estabeleceu:
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não
quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
Ao contrário da mora do devedor, o CC não exige que seja um fato imputável ou que haja
culpa. Isso porque o credor tem o direito de receber a prestação e não o direito. Assim, a mora
do credor, mais que a violação, é mais uma falta de cooperação do credor em relação à
execução do dever e da obrigação. Não se tratando da omissão do comportamento devido em
sentido próprio, não importa saber se a conduta foi culposa ou imputável. Assim, não precisa
haver culpa, mas deve haver uma justa causa. Assim, ou a recusa é justificada ou injustificada
e, neste caso, haverá mora do credor. Quando fala-se em justa causa é uma causa ligada à
própria prestação e não ao credor. Por ex: se o credor foi viajar e ficou preso lá, isso não é
justa causa para não receber a prestação.
Não há também uma necessidade, para que haja a mora do credor, de uma interpelação. Basta
que haja, por parte do devedor, uma oferta idônea ou disposição de dispor da coisa.
Efeitos:
Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela
conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e
sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o
dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.
Ausência de responsabilidade pela conservação da coisa, então o devedor não tem que
responder pela sua conservação, exceto se agir com dolo
Obriga o credor a arcar a diferença de valor (se houve uma oscilação, o credor paga pelo
máximo)
II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos
da mora até a mesma data.
Inadimplemento definitivo
O cc n!ao se dedica muito o assunto, quem vai tentar definir os casos é mais a doutrina
(ii) Pela inutilidade da prestação (perda de interesse do credor). A inutilidade não é subjetiva,
mas por um critério objetivo, tendo que ver se há uma justificativa para o credor dizer que não
possui mais interesse na obrigação Em tese, não precisa passar pelo estágio anterior da mora,
mas na maioria das vezes assim o será
Art. 395. Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este
poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
Como aferir a perda de interesse do credor? A doutrina tenta exemplificar, mas é difícil em um
rol taxativo. Porém, há os casos:
Execução fora do lugar ou do modo pactuado (Ex: tinha que chegar no porto até tal momento
para exportar)
Pela recusa do credor a adimplir. Pode vir por meio de declaração expressa ou uma recusa
tácita. Ex: venda do bem objeto do contrato a terceiro ou falta de purgação da mora no prazo
de contestação
Consequências do inadimplemento
Em casos de mora que ocorre quando a prestação é possível e o devedor ainda tem interesse.
Como consequência, aqui há a possibilidade de pleitear ao credor a execução específica da
obrigação Os casos de inadimplemento definitivo é o contrário, ocorrendo quando a prestação
não mais é possível e quando não há mais interesse. A consequência é basicamente:
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não
preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e
danos.
Mas, nesse contexto, o cumprimento é dado pelo equivalente, até porque ou a prestação não
é possível, ou não há interesse ou não há confiança. Significa dizer que será recebido em
pecúnia o valor da prestação não realizada. Assim, o sujeito, que é o credor, realiza ou já
realizou a prestação e ele pede o valor da contraprestação que foi denegada, mais a
indenização. Outra opção é a resolução. Porém, a escolha sempre é do credor. A resolução
demanda um inadimplemento relevante, não podendo ser qualquer dever, visto que é um
meio mais brusco. Exceção dessa regra é o adimplemento substancial, em que foi adimplido
quase tudo, de modo que não caiba mais a resolução, exigindo o cumprimento.
Interesse negativo é aquele que tem por objetivo repor a parte no estado que ela estava se ela
não tivesse celebrado o contrato. É o statu quo ante. Por exemplo: despesa que eu tive com o
contrato; perdi o negócio com o terceiro para firmar contrato com você
Interesse positivo visa colocar a parte na situação que ela estaria na situação que se
encontraria se o contrato tivesse sido perfeitamente adimplido.
Uma parte da doutrina diz que quando se está objetivando o cumprimento, a indenização
devida é positiva. Porém, quando há a resolução, alguns dizem que é negativo. Mas, com o
passar do tempo, foi adoptando-se a ideia de que cabe o interesse positivo. Parece razoável
admitir o interesse positivo em certos casos, sobretudo naqueles em que a resolucao nao tem
efeito retroativo (ou retroativo parcial).
Perdas e danos
Dano emergente é diminuição da esfera patrimonial do lesado, por conta do evento danoso,
podendo se dar pela diminuição do ativo ou acréscimo do passivo
Lucro cessante: lucro patrimonial de que o lesado se viu privado por conta do evento danoso.
Ex: deixei de trabalhar por dois meses porque eu fiquei parado, assim cobra-se o ganho
líquido, excluindo as despesas. Existe o critério da razoabilidade:
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao
credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de
lucrar.
A compensatio lucri cum damno vai deduzir as vantagens obtidas pelo fato e que tem origem
no mesmo fato. A indenização se mede pela extensão do dano, tendo por fundamento o
princípio da reparação integral, deduzindo-se. Por exemplo, se um mesmo fato acarretar uma
vantagem e um perde, não pode ser compensado. Tem base no: