Anais Riec 2017
Anais Riec 2017
Anais Riec 2017
Coordenação Geral
Maria José de Pinho
Palmas
2017
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www.uft.edu.br
COMISSÃO ORGANIZADORA
Palmas
2017
RESUMOS
Sala (3)
RESUMO: Este trabalho é resultado da aplicação do projeto de ação “A abordagem das frutas regionais no
ensino fundamental: uma proposta sobre educação alimentar saudável” com alunos do 2º ano do Ensino
Fundamental I, de uma escola pública localizada na cidade de Belém/PA. Este artigo pretende relatar as ações
desse projeto, discutir a relevância do consumo das frutas na alimentação, em especial das frutas regionais, bem
como, de se desenvolver uma proposta educativa para o reconhecimento da importância das frutas regionais para
a população, por meio da construção em conjunto de um livro ilustrado sobre as formas de uso das mesmas e
seus benefícios. Com base na experiência obtida com a aplicação de atividades em sala de aula, os resultados
alcançados foram discutidos com apoio teórico. Podemos afirmar que a proposta educativa se mostrou de
fundamental importância a ser trabalhadas nas series iniciais, pois além de incentivar o consumo de frutas para
uma educação alimentar mais saudável, contribui para o reconhecimento das frutas produzidas na região pelos
alunos, pais e a comunidade escolar.
INTRODUÇÃO
Nosso país Brasil possui grandes dimensões, sendo constituído por regiões, e Estados
considerados famosos devido à rica variedade de recursos naturais que possuem. E com
relação à história do Brasil e os hábitos alimentares da sua população, desde o inicio do
período de colonização, traz em sua memória relatos sobre a cultura alimentar brasileira
destacando a cor, aroma e sabor dos alimentos. A produção de muitos desses alimentos
cultivados na região são favorecidas pelo o clima brasileiro possibilita que grande parte destes
alimentos seja bem acessível e proporcione benefícios especiais a toda população, em especial
as que possuem baixo poder aquisitivo. (BRASIL, 2002).
O ministério da saúde ainda dispõe que “o conhecimento, a valorização, a produção e
a utilização dos alimentos regionais na comunidade encoraja o orgulho e a auto-suficiência da
mesma, colaborando para a melhoria da economia local e da qualidade de vida”. (BRASIL,
2002, p.10). Portanto, a ideia apresentada neste projeto se faz relevante, à medida que,
consiste em trabalhar os frutos regionais com as crianças do ensino fundamental menor,
1
Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia. Universidade Do Estado Do Pará - UEPA. Email:
[email protected].
auxiliando no reconhecimento da importância e benefícios desses alimentos na vida das
pessoas, além de poder incentivar boas práticas alimentares no consumo dos mesmos.
Na educação infantil, durante os momentos de observação em sala de aula e outros
espaços dentro do ambiente escolar, percebe-se que muitos alunos chegam à escola sem estar
devidamente alimentados, o que sem duvida acaba comprometendo no desempenho escolar.
Sendo possível notar também, que nos lanches levados por alguns alunos não havia presença
de frutas, apenas biscoitos e sucos industrializados.
Essas situações se dão por diversos motivos, seja porque seus pais não possuem
condições financeiras estáveis, ou até mesmo pela correria diária que vivenciam. E o
Ministério da Saúde (BRASIL, 2002) corrobora com essa ideia ao apontar que em relação às
questões alimentares ainda há muito a se fazer, pelo fato da população de nosso país ainda
conviver com carências nutricionais, causadas principalmente pela deficiência de alimentos
ou mau uso dos mesmos.
E a escola é considerada como um espaço de aprendizagem, e como tal assume uma
função como instituição que é de realizar ações educativas, reflexivas e construtivas. E a
formação desses hábitos alimentares é importante que sejam construídos desde a infância. No
entanto, segundo Valle e Euclydes, (2007 apud MARTINS, 2012) estes sofrem influência de
fatores fisiológicos e ambientais. E dentre os fatores ambientais, cita a influência do cuidador,
ressaltando as mães; a mídia, destacando a televisão, como meio que reforça as tendências
previamente existentes; e influência das condições socioeconômicas.
Nesse sentido, torna-se relevante dentro da escola promover ações que visem uma
articulação entre os conteúdos presentes no planejamento e/ou no currículo escolar e os temas
transversais com dos alunos, ao discutir práticas e hábitos alimentares e os recursos
alimentares locais. Desse modo foi elaborado e aplicado um projeto de ação intitulado “a
abordagem das frutas regionais no ensino fundamental: uma proposta de educação alimentar
saudável”, que pretendeu investigar se os alunos conheciam os diferentes tipos de frutas
encontradas na região, seus usos, benefícios, e se costumavam consumir determinadas frutas,
já que o consumo desses alimentos durante a infância é fundamental para a saúde auxiliando
na prevenção de doenças.
E a proposta deste artigo tem como objetivo relatar as ações desse projeto. Discutir a
relevância do consumo das frutas na alimentação, em especial das frutas regionais, bem como,
de se desenvolver uma proposta educativa para o reconhecimento da importância das frutas
regionais para a população, por meio da construção de um livro ilustrando as formas de uso
das mesmas.
Para tanto, este trabalho encontra-se dividido em quatro partes. Primeiramente,
apresenta reflexões relacionadas à importância do consumo de frutas na alimentação e os seus
benefícios para a saúde, assim como discute a utilização dos frutos regionais.
No segundo momento, descreve a produção dos materiais e a forma como estes foram
usados no decorrer das atividades com uma turma de 2º ano do ensino fundamental I de uma
escola da rede pública de ensino. E em seguida, apresenta-se a discussão dos resultados
obtidos. E por fim, apresenta algumas considerações finais a respeito das impressões
adquiridas durante a aplicação do projeto.
MATERIAIS E MÉTODOS
A atividade foi realizada na sala de leitura da escola, espaço pouco freqüentado pelos
alunos. E por ser um ambiente diferente dentro da escola, optou-se por utilizá-lo para fazer a
aplicação do projeto. Diferente das salas de aulas da escola que são pequenas e pouco
confortáveis, a sala de leitura e um local mais aconchegante e propicio para aplicação de
atividades extraclasse.
O primeiro momento do projeto se deu através de uma conversa com as crianças a
respeito da importância das frutas para nossa saúde, o debate foi aberto com as seguintes
perguntas: Vocês gostam de frutas? Quais as frutas que mais gostam? Vocês costumam comer
frutas em casa? Vocês sabem quais os benéficos das frutas para nossa saúde? Uma grande
parte da turma relatou que gostavam de frutas, alguns até contaram que gostariam de levar
para a escola, mas os pais não deixavam, porém mesmo não sendo regularmente alguns
alunos disseram que consumiam em casa.
Na primeira etapa com intuito de investigar se os alunos costumam consumir frutas em
casa e favorecer o reconhecimento de determinadas frutas da região, enquanto elemento
fundamental numa alimentação saudável foi feita uma breve sondagem a respeito do tema
com os alunos e uma breve apresentação por meio de slide, sobre as frutas regionais e seus
benefícios, destacando suas utilidades na área de cosméticos, na culinária local e na
fabricação de bijuterias.
Após o momento inicial de sondagem com os alunos foi apresentado em slide quatro
frutas da região amazônica que são; açaí, cupuaçu, pupunha e tucumã. Os slides continham
informações a respeito dos benefícios de cada uma assim como suas utilidades na área de
cosméticos, bijuterias e na culinária. Na segunda etapa foi feita a montagem e socialização de
um pequeno livro (figura 01) feito em E. V. A e papel cartão, sobre a temática com alunos, a
fim de perceber se eles conseguiam identificar as formas de utilização e os benefícios das
frutas presentes na região, e o seu valor nutricional.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os docentes, assim como, os pais dos alunos gostaram bastante da ideia do livro que era
bem acessível aos alunos, podendo ser trabalhado até mesmo com alunos com dificuldade de
coordenação motora, revelando a importância de propiciar atividades que possam auxiliar no
desenvolvimento de funções relacionadas à coordenação motora. E Brêtas et al (2005)
corrobora com essa ideia ao ressaltar que é relevante desenvolver a coordenação motora fina e
que esta esteja bem desenvolvida, pois esta é considerada uma função com extrema
importância, requerida nas tarefas diárias, como: segurar a colher e o garfo, escrever, cortar
com tesoura, amarrar o cadarço, vestir-se e se alimentar, dentre outras tarefas, destacando que
sua aquisição contribuirá para a qualidade do autocuidado das crianças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRÊTAS, José Roberto da Silva et al. Avaliação de funções psicomotoras de crianças
entre 6 e 10 anos de idade. Acta Paul Enferm, v. 18, n. 4, p. 403-12, 2005. Disponível em:
<http://drb-assessoria.com.br/8.Avaliacaodefuncoespsicomotorasdecriancas.pdf> Acesso em:
Dezembro de 2016.
Sala 3
Resumo: O uso de mapas conceituais em sala de aula tem sido amplamente discutido como forma de promover
a aprendizagem significativa do discente. Este trabalho tem como objetivo explicitar a importância do uso de
mapas conceituais no ensino da física no ensino médio, contendo uma teoria fundamental e um questionário
demonstrando que os alunos o aprovam como um método facilitador da aprendizagem. Os mapas conceituais foi
o tema utilizado na metodologia aplicada por um bolsista do programa institucional de bolsa de iniciação à
docência (PIBID) do subprojeto de Física em uma escola pública de ensino médio na cidade de Palmas no
Tocantins.
Introdução
Atualmente o ensino de Física no Brasil enfrenta grandes desafios nas escolas, como a
pouca carga horária em sala, péssimas condições de trabalho e falta de interesse dos
estudantes tornam o processo ensino-aprendizagem cada vez mais difícil. Além desses
fatores, a falta de conexão entre a teoria estudada e o cotidiano dos discentes leva os mesmos
a uma aprendizagem mecânica, sem levar em conta os subsunçores.
O uso de métodos complementares para o ensino de Física pode ser uma alternativa
para contornar alguns dos problemas presentes neste processo. Entre outras, pode-se citar o
uso de mapas conceituais como ferramenta auxiliar no processo de ensino aprendizagem.
A teoria a respeito dos mapas conceituais foi desenvolvida na década de 1970 por
Joseph Novak pesquisador norte americano que se apoiou nas ideias da aprendizagem
significativa, propostas por David Ausubel (1963). Para ele, a aprendizagem significativa é
1
Licenciando em Física, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins, campus Palmas,
fí[email protected].
2
Mestre em Física, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins, campus Palmas,
[email protected].
3
Doutor em Sistemas Mecatrônicos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins, campus
Palmas, [email protected].
um mecanismo humano, por excelência, para adquirir e armazenar a vasta quantidade de
ideias e informações representadas em qualquer campo do conhecimento
O mapa conceitual é uma ferramenta administrativa, para organizar e representar o
conhecimento, sendo basicamente o aperfeiçoamento do conhecido organograma. O mapa
conceitual foi originalmente baseado na teoria de aprendizagem significativa de David
Ausubel. Para Ausubel (1963, p.58) a aprendizagem é significativa quando uma nova
informação adquire significado para o aluno, existe uma interação entre o novo conhecimento
e o já existente, na qual ambos se modificam. A maioria da aprendizagem significativa ocorre
por assimilação de conceitos, ou seja, por interação dos novos conceitos com os subsunçores
existentes.
Os subsunçores são uma estrutura específica ao qual uma nova informação pode se
integrar ao cérebro humano, que é altamente organizado e detentor de uma hierarquia
conceitual que armazena experiências prévias do aprendiz.
Ausubel, ao explicitar as condições para a aprendizagem significativa (1968, p. 37 e
38), de certa forma, leva em consideração o lado afetivo da questão: a aprendizagem
significativa requer não só que o material de aprendizagem seja potencialmente significativo,
mas também que o aprendiz manifeste uma disposição para relacionar o novo material de
modo substantivo e não- arbitrário a sua estrutura de conhecimento.
A principal ideia do uso de mapas conceituais nos processos de aprendizagem é a de
avaliar o estudante em relação ao que ele sabe, a partir de construções conceituais que ele
consegue criar. Embora os mapas conceituais possam transmitir informações tão claras quanto
os textos, esse método é mais eficiente que os textos para que os leitores possam construir
ideias mais complexas (VEKIRI, 2002, p287).
É nessa perspectiva que o Programa de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID
subprojeto de Física possibilite fazer uma parceria com o Colégio da Polícia Militar de
Palmas Tocantins, e a fim de realizar uma intervenção pibidiana, visando a aplicação de uma
metodologia com o auxílio dos coordenadores e supervisores do subprojeto. O PIBID é uma
iniciativa para o aperfeiçoamento e valorização da formação de professores para a educação
básica. Os subprojetos devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas
públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-
pedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola.
A turma escolhida foi uma turma da terceira série do ensino médio, pelo fato dos
alunos estarem concluindo o ensino médio poderão carregar este conhecimento para o
cotidiano ou para estudos posteriores na faculdade.
Procedimentos Metodológicos
Pela observação dos resultados analisados chegamos a conclusão que a maioria dos
estudantes que responderam ao questionário, não pretendem ser professores e nem pretender
seguir carreira acadêmica na área da física, uma vez que nenhum deles tem a física como sua
disciplina preferida, tal fato pode estar associado a observação de que os professores utilizem
métodos tradicionais, como relatado pelos alunos, dificultando a compreensão do assunto.
Diante do exposto vê-se que os mapas conceituais acabam sendo bem práticos e se
aliados a uma boa teoria podem trazer bons resultados no ensino aprendizagem, pois é um
método de avaliação e aprendizagem bastante simples de ser praticado e, de fato, atinge um
aprendizado significativo, podendo ser utilizados em todas as áreas de ensino.
Além de eficiente, o mapa conceitual ajuda o professor a sair do tradicional, ao invés
de apenas copiar no quadro traz o conceito de organização do conhecimento, levando o
estudante a assimilar o conceito. A metodologia teve um ótimo resultado que foi comprovado
no questionário de avaliação. São metodologias deste tipo que ajudam a melhorar o ensino
aprendizagem da Física nas instituições, sendo apenas uma das poucas ferramentas que pode
levar o estudante a procurar novos métodos de aprendizagem e a se interessar pelas ciências.
Referências
Ausubel, D.P. (1963). The psychology of meaningful verbal learning. New York, Grune
and Stratton.
AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo:
Moraes, 1982.
MINGUET, P. A. (Org.) A construção do conhecimento na educação. Porto Alegre:
Artmed, 1998.
MORAN, José Manuel. Mudanças na comunicação pessoal: gerenciamento integrado da
comunicação pessoal. São Paulo: Paulinas, 1998.
MOREIRA, M.A. & Masini, E.A.F.S. Aprendizagem significativa: a teoria de David
Ausubel. São Paulo, Centauro, 2006. 2ª ed.
MOREIRA, M.A. (2006) Mapas conceituais e diagramas V. Porto Alegre: Ed. do Autor.
NOVAK, J.D. e Gowin, D. B. Aprendendo a aprender. Lisboa: Plátano Edições Técnicas,
1995.
SOUZA, Wflander Martins e DO CARMO PIRES, Paulo Gervano. A utilização de filmes
como recurso didático no ensino da Física: Uma intervenção Pibidiana. IV Simpósio
nacional do ensino de ciências e tecnologia. 27 de novembro de 2014. Ponta Grossa. PR.
A ARTE COMO ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO EM PSICOLOGIA ESCOLAR
Maraiza Oliveira Costa1
Sala 5.1
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar o uso da arte como instrumento de intervenção com grupos
de jovens no contexto escolar. Na fundamentação teórica se apresenta um posicionamento em favor de uma
concepção crítica de Psicologia Escolar e da defesa do trabalho em grupo como principal atribuição do
profissional psicólogo na escola. Na metodologia de trabalho utilizou-se técnicas de dinâmica de grupo, música,
teatro e fotografia. Foram sete encontros que contou com a participação de nove estudantes de uma escola da
Rede Federal de Ensino no município de Goiânia. O estudo apontou que: a) a arte constitui-se como elemento
mediador para que os estudantes consigam expressar seus sentimentos e pensamentos; b) a arte constitui-se como
uma estratégia eficaz de atuação em Psicologia Escolar.
Introdução
1
Instituição: Instituto Federal de Goiás. Contato: [email protected]
sentido, o grupo torna-se uma oportunidade de transformar questões sociais em questões
particulares e vice e versa.
Para Petroni (2013) a produção artística decorre da produção humana, por conseguinte
é uma representação de alguém sobre algo. Daí a importância de sempre ampliarmos as
reflexões que ela propicia. Nesse sentido a autora ressalta que “a obra de arte está aberta para
que seja completada, mesmo que o artista a considere finalizada, seu apreciador a perceberá
de outra maneira, configurará um novo sentido” (p. 152).
A arte não traz a obrigatoriedade da problematização de um conceito específico, ela
convida a apreciação, à emoção, à sensibilidade (PETRONI, 2013) e é a partir desse princípio
que a tomamos como estratégia de intervenção.
A partir desses princípios e inspirados nos trabalhos realizados por Andrada e Dugnani
(2011) utilizamos a arte como instrumento facilitador de um grupo de intervenção na interface
entre a Psicologia Escolar e a Arte. Nossa intenção foi promover um espaço de discussão e
troca de experiências entre os alunos utilizando a arte (poesia, artes visuais, vídeos, música e
fotografia) como principal mediadora.
Acreditamos que o trabalho envolvendo arte e psicologia tem o objetivo de ampliar a
percepção dos problemas que ocorrem com os jovens, analisá-los em perspectivas diferentes
das cotidianas e permitindo-nos caracterizá-los a partir da complexidade, da totalidade e da
crítica (PETRONI, 2013).
A proposta é possibilitar um “momento de recomposição de si mesmo, de re-
integração de pensamentos, valores e ações, re-arranjo de modos de conhecer e interpretar o
mundo, a si mesmo e aos outros” (PLACCO, 2010 citado por PETRONI, 2013, p. 151).
Nesse sentido, consideramos a arte como instrumento de construção da psicologia
escolar em uma perspectiva inclusiva, pois ela possibilita o reconhecimento da coletividade
na individualidade.
Objetivos
O objetivo principal do presente trabalho é relatar o uso de dimensões artísticas como
instrumento de integração de jovens a partir do trabalho com grupos em Psicologia Escolar.
Buscamos atingir também três objetivos específicos, quais sejam:
a) Trabalhar a integração grupal e o respeito às diferenças;
b) Construir um espaço de fala/escuta das dificuldades enfrentadas pelos alunos;
c) Propor, a partir do grupo, estratégias de integração.
Metodologia
O projeto de intervenção, intitulado Psiarte, contou com a participação de nove
estudantes de uma escola da Rede Federal de Ensino do Município de Goiânia. Os
participantes tinham entre 16 e 19 anos de idade, sendo seis do sexo feminino e três do sexo
masculino. No momento que os grupos ocorreram, final do ano letivo de 2016, os alunos
cursavam o 2º e 3º anos do Técnico Integrado ao Ensino Médio.
Ao todo foram sete encontros semanais, com duração de aproximadamente uma hora e
trinta minutos. A proposta do projeto se deu a partir do pedido de um dos alunos para que a
psicóloga escolar criasse um espaço de fala/escuta em grupo para os alunos.
Utilizamos técnicas de dinâmica de grupo e elementos artísticos, tais como a música, o
teatro e a fotografia como mediadores para o processo de vínculo grupal e, posteriormente,
para o processo de fala/escuta.
Resultados
Os resultados serão apresentados seguindo a ordem dos sete encontros realizados:
Considerações finais
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996) prevê que a educação
é para todos. Desse modo, todos os alunos devem encontrar na escola, um ambiente acolhedor
de suas dificuldades, inclusive as de âmbito interpessoal.
A análise do material produzido nesse trabalho indicou que a arte constitui-se como
uma estratégia eficaz de atuação com grupos em Psicologia Escolar. Consideramos que o
trabalho com pequenos grupos na escola configura-se como uma alternativa para romper com
o modelo clínico e tradicional de Psicologia Escolar. Além disso, o grupo nos permite
analisar, com mais cuidado, a complexidade inerente às relações que os sujeitos estabelecem
nesse espaço.
Referências
ANDRADA, P. C. de; DUGNANI, L. A. C. A Arte como mediação: perspectivas de
intervenção do psicólogo escolar, 2011. Disponível em:
http://www.encontro2011.abrapso.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czoz
NToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiI5MjUiO30iO3M6MToiaCI7czozMjo
iMzQ5ZDZhODZmNDk4M2RlMDQ3MmJmYTc4NGMwNGJiMmIiO30%3D
CFP, Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 13/2007. Brasília: CFP, 2007.
CFP Conselho Federal de Psicologia. Seminário Nacional do Ano da Educação Psicologia:
Profissão na construção da educação para todos. Brasília: CFP, 2009.
DEL PRETTE, Z.A.P. Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões. In
GUZZO, R.S.L. (Org.). Psicologia escolar: LDB e educação hoje. Campinas, SP: Alínea,
2002.
SERRÃO, M.; BALEEIRO, M. C. Aprendendo a ser e a conviver. São Paulo: FTD, 1999.
Sala 03
Resumo: O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a constituição dos sujeitos (alunos do 1º ano do
Ensino Fundamental) no processo de aquisição da linguagem escrita a partir do estudo do suporte teórico da
Psicanálise, em específico das obras de Freud e Lacan. A aflição e angústia dos professores quanto à aquisição da
linguagem escrita por seus alunos demonstra que há algo para além das situações vivenciadas com esses alunos
em relação à aquisição da linguagem escrita, um olhar reflexivo, a busca de possibilidades e o diálogo entre os
pares envolvidos no processo educacional tanto sobre sua prática quanto sobre o suporte teórico, poderão
contribuir para que os professores observem seus alunos e também questionem o seu saber docente e, a saber, se
posicionem de forma diferenciada em sua prática pedagógica.
Introdução
Não há como ignorar a ressonância na fala dos professores quando se trata da
aquisição da escrita pelos alunos nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Afirmações como:
as metodologias e as atividades propostas não produzem o efeito esperado; os alunos não
querem aprender; os alunos não reconhecem as letras do alfabeto e não há como ler e escrever
um texto sem antes conhecer letras e sílabas; a família é ausente; são algumas das inúmeras
justificativas utilizadas para o conforto de todos os envolvidos no processo de aquisição da
linguagem.
O texto que ora se apresenta não pretende dar respostas às indagações que permeiam
as relações de ensino aprendizagem que tratam da aquisição da linguagem escrita, mas
buscará, partindo dos fundamentos da Psicanálise abordar algumas possíveis reflexões sobre
como os sujeitos envolvidos no ensino aprendizagem vão se constituindo e qual o papel da
linguagem nessa constituição.
Documentos oficiais como as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica
(BRASIL 2013) ao se referir à entrada da criança de seis anos no Ensino Fundamental
elencam algumas ações como o desenvolvimento do caráter lúdico da aprendizagem e a
atenção à diversidade social, cultural e individual dos alunos e a relevância dessas para que a
escola cumpra com o seu papel de espaço sistematizador do conhecimento.
No entanto, as próprias diretrizes afirmam que a aquisição da leitura e da escrita não
está garantida somente pelo fato das crianças viverem em espaços em que a leitura e escrita
estão presentes. “Entretanto, mesmo entre as crianças das famílias de classe média, em que a
utilização da leitura e da escrita é mais corrente, verifica-se, também, grande variação no
tempo de aprendizagem dessas habilidades pelos alunos” (BRASIL, 2013, 121).
Se esse ambiente letrado e alfabetizador não garante a aquisição da linguagem escrita
no tempo delimitado por algumas metodologias utilizadas nas escolas, o que se passa então?
Há como prever um tempo certo para que ocorra essa aquisição? Quem é esse sujeito que
ensina? E o sujeito que aprende? Há como separar o sujeito da linguagem? Há como
determinar quem aprenderá ou não?
O Olhar da Psicanálise
O infans (aquele que ainda não fala) até então, objeto de desejo da mãe, alienado ao
desejo do Outro cuidador identifica-se à sua imagem (eu) refletida no espelho, mas essa é
vista ainda de maneira esfacelada, o eu que se apresenta assume uma “identidade alienante”,
não há uma compreensão sobre como esse corpo se relaciona com os demais sujeitos. O
simbólico ainda não é capaz de dar conta dessas relações com o Outro, isso só ocorrerá,
segundo Lacan, com o fim do Estádio do Espelho por relações dialéticas com o outro social,
com a linguagem que agora também se “faz como corpo”. O infans toma o próprio corpo
como objeto sexual, mas o que dizer sobre esse sujeito que toma o próprio corpo como objeto
sexual?
Para tentarmos responder a essa questão voltemos nossas atenções ao que diz Freud
(20015 p. 318):
Neles (primeira infância) verá que os órgãos reprodutivos não são as únicas partes do
corpo a transmitir sensações sexuais prazerosas, e que a natureza dispôs de coisas de
maneira tal que mesmo estímulos dos genitais sejam inevitáveis durante a infância.
Esse período da vida, em certo montante de indubitável prazer sexual é produzido pela
excitação de diferentes áreas da pele (zonas erógenas), pela atividade de certos
instintos biológicos e como excitação que acompanha muitos estados afetivos, é
denominado – uma expressão de Havelock Ellis – período de autoerotismo.
Observamos que Freud, ao discorrer sobre a sexualidade infantil, nos fala de um lugar
muito diferente daquele que muitos de nós adultos pensamos que as crianças se posicionam.
Num primeiro momento de autoidentificação o infans busca o prazer, a satisfação do
desejo do Outro por meio de seu próprio corpo. Para o adulto, no entanto, às vezes é absurdo
as crianças pequenas sentirem a necessidade em tocar os seus órgãos genitais ou ainda
desejarem tocar uma outra criança.
Para além do entendimento moral dos adultos quanto à sexualidade infantil, Freud
(1969) diz que as crianças, no momento de suas indagações e pesquisas acerca da
sexualidade, movimentam-se e demonstram que estão “psiquicamente preparadas e
fisicamente ajustadas” para seu desenvolvimento intelectual, há aí o estabelecimento de
enigmas sobre a vida sexual em que o imaginário funcionará como mola propulsora para a
busca incessante ao saber que para o Outro sempre será “a falta a ser”.
Lacan (1985, p.152), ao referir-se à sexualidade, afirma que ela é a “realidade do
inconsciente” e que como tal está relacionada à questão da libido, ou seja, da satisfação do
desejo do Outro. Nas palavras de Lacan, o desejo “é resíduo último do efeito do significante
no sujeito”, isto é, pela linguagem, o Outro se manifesta, apresenta sua demanda, sem contudo
perceber que as demandas não se esgotam e que isso é constitutivo de todos os sujeitos.
Debruçar sobre os estudos de Freud e Lacan sobre o “sujeito suposto saber” requer
um aprofundamento sobre o Inconsciente. Contudo, a abordagem feita até agora, nos permite
uma reflexão inicial sobre como os sujeitos no ambiente escolar se constituem e vão se
constituindo. Observamos uma angústia presente na fala dos alunos em séries iniciais.
A escola
Hoje, o que se passa conosco, professores, na maioria das vezes é não nos
percebermos como sujeitos desejantes. Repetimos e nos alienamos aos discursos estabelecidos
culturalmente veiculados pela instituição escolar. Queremos controlar o que os alunos irão ou
não aprender, ousamos em dizer que tal metodologia é melhor ou pior, estabelecemos
paradigmas sobre o que são bons ou maus alunos, entre outras tantas determinações para
estabelecer o fracasso ou sucesso dos alunos.
Vorcaro (2008, p. 2) ao escrever sobre as relações entre os sujeitos envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem depois de observar uma criança em uma situação -
problema, diz:
(…) que a posição do mestre é também a posição de aprendiz, e que não há posição
harmônica ou complementar entre elas. É justamente dessa constatação que emerge
um problema: Como melhor dizer sobre o ponto de encontro entre ensinar e o
aprender? Ponto virtual, perspectiva no infinito, relação dissimétrica, discrepante, o
que se quer ensinar não é o que se quer aprender. Por isso mesmo, podemos constatar
que só ensina quem quer aprender.
Considerações Finais
Qual desejo de uma criança de seis anos ao chegar à escola? Como o Outro se
manifesta em relação ao saber? O que ela espera do Outro?
Freud (1969, p. 287), ao se referir às crianças e a marcas que a constituem ao
chegarem à idade de irem para a escola, diz:
A natureza e a qualidade das relações da criança com as pessoas do seu próprio sexo e
do sexo oposto, já foi firmada nos primeiros seis anos de sua vida. Ela pode
posteriormente desenvolvê-las e transformá-las em certas direções, mas não podem
mais livrar-se delas. As pessoas a quem se acha assim ligada são os pais e os irmãos e
irmãs. Todos que vem a conhecer mais tarde tornam-se figuras substitutas (…) as
„imagos‟ do pai, da mãe, dos irmãos e das irmãs.
Nesse sentido, o professor para a criança que entra na escola aos seis anos passa a
substituir simbolicamente o papel do pai e da mãe, o professor passa a ser o Ideal do Eu, um
modelo a quem é transferida o desejo em agradar, se tornar objeto de amor. A criança
demonstrar ao outro os seus desejos, suas necessidades, suas demandas em relação ao saber
escolar, entretanto como o próprio Freud (1976) diz “muitas coisas devem ser impostas à
criança pela educação, não nos surpreendemos se muitas vezes as crianças executam essa
tarefa de modo muito imperfeito.”
A criança que chega à escola aos seis anos de idade pode se encontrar diante de
indagações sobre o que a instituição escola e os que dela fazem parte esperam dela,
formulando questões: como me posicionar para que o Outro me aceite? O que o outro quer de
mim?
Em decorrência da própria estrutura do sujeito, a criança na escola se vê novamente
diante do processo de castração ao ser confrontada com a aquisição da escrita, da leitura, com
o saber escolar, revivendo o sentimento de desamparo que novamente deve ser reprimido.
Quando nos compreendemos como incompletos devido à constituição de nossa própria
estrutura psíquica, vamos pouco a pouco desconstruindo dentro de nós as nossas certezas e
lidando melhor com nossas próprias angústias.
REFERÊNCIAS
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completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1905, v. 5.
________. (1908). Sobre as teorias sexuais das crianças. In: Obras psicológicas completas
de Sigmund Freud. São Paulo: Companhia das Letras: 2015.
________. (1933) Novas conferências introdutórias. In: Obras Completas. Rio de Janeiro:
Imago, 1976.
________. (1909). Análise de uma fobia em um menino de cinco anos. In: Obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p.123-
283
________. (1914). Algumas Reflexões sobre a Psicologia do Escolar. In: Volume XIII, p.
287. Imago. 1969.
VORCARO. Ângela O que se quer quando se quer ensinar? UFMG – ALI, 2008, p. 2.
A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA EDUCAÇÃO
BÁSICA: ANÁLISE DE UMA PROPOSTA CURRICULAR
Sala 3.3
RESUMO: Este artigo realiza uma análise da proposta curricular do Colégio Marista para a disciplina de
Educação em Direitos Humanos, para isso, faz-se uma reconstrução histórica do desenvolvimento das discussões
em torno da educação em direitos humanos, tanto internacionalmente como no Brasil, bem como a apresentação
da proposta Marista.
PALAVRAS CHAVES: Direitos Humanos, Educação, Currículo.
Introdução
A Educação em Direitos Humanos é uma temática que recentemente passou a ser foco
de debate no mundo acadêmico, tendo como principais indagações as questões em torno de
como ensinar e o que ensinar. A complexidade de tal tema aponta para a necessidade de
explorar as várias experiências já realizadas nos mais diversos espaços onde podemos
desenvolver o processo educativo, ou seja, a educação formal e a educação não formal, ambas
riquíssimas em experiências inovadoras.
Neste artigo pretendemos expor uma destas propostas que vem sendo desenvolvida na
cidade de Palmas, Tocantins. Deste modo, apresentaremos a proposta curricular que vem
sendo trabalhada nos colégios que compõem a rede Marista, utilizando-se da análise de
documentos oficiais da instituição e do relato de como tem sido o desenvolvimento da citada
proposta. Para isso, realizaremos uma breve reconstrução da história educação em direitos
humanos, posteriormente apresentaremos tanto a proposta curricular como a experiência
realizada com a disciplina ao longo de sua implantação na unidade de Palmas-TO.
1
3 Mestrando no Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Filosofia (PROF-FILO/UFT).
Especialista em Educação e Direitos Humanos pela PUC-GO.Professor de Filosofia na Educação Básica
em Palmas/TO. [email protected]
de suas preocupações o trabalho de produção e divulgação de materiais educativos,
inaugurando deste modo o trabalho sistematizado de Educação em Direitos Humanos.
O primeiro exemplo que podemos citar é a própria Declaração Universal dos Direitos
Humanos (DUDH), que após sua aprovação pela Assembleia das Nações Unidas foi
amplamente divulgada, sendo inclusive proposto pela Assembleia que os países membros
distribuíssem, expusessem e comentassem a DUDH em todas as escolas e centros educativos.
Datam deste período (1948-1974) alguns documentos produzidos pela ONU que tratam do
tema da Educação em Direitos Humanos, sendo importante destacar os documentos a seguir:
Resolução 314 (XI) Conselho Econômico Social das Nações Unidas: indica a
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) como
responsável pelo trabalho de fomentar e facilitar a Educação em Direitos Humanos nos
sistemas educativos e através dos meios de comunicação. Data: 24 de julho de 1950.
Resolução 2445 (XIII) da Assembleia das Nações Unidas que solicita aos Estados
membros que tomem medidas para introduzir nos sistemas educativos a formação de
professores e o estudo da ONU e de seus organismos, assim como os princípios da Declaração
Universal dos Direitos Humanos e de outras declarações. Data: 19 de julho de 1968.
Em 1974 a ONU publica um documento intitulado Recomendações sobre a educação
para a compreensão, a cooperação e a paz internacional e a educação relativa aos direitos
humanos e às liberdades fundamentais, tal documento apresenta, entre outros elementos, a
Educação em Direitos Humanos como um dos objetivos que os programas educacionais
devem apresentar.
No ano de 1993 a ONU organizou uma conferência mundial para tratar dos direitos
humanos, realizada na capital austríaca, Viena, teve como um de seus resultados um
documento conhecido como Declaração e programa de ação de Viena. Tal documento
apresenta, entre outros temas, a preocupação da ONU com as ações de Educação em Direitos
Humanos que devem ser desenvolvidas pelos Estados membros.
Os Estados deverão erradicar o analfabetismo e deverão direcionar o ensino para o
desenvolvimento pleno da personalidade humana e para o reforço do respeito pelos
Direitos e liberdades fundamentais. A Conferência Mundial sobre Direitos Humanos
apela a todos os Estados e instituições que incluam os Direitos Humanos, o Direito
Humanitário a democracia e o primado do direito como disciplinas curriculares em
todos os estabelecimentos de ensino, formais e não formais. (ONU, 1993, p.20)
Como podemos perceber na citação acima (artigo 79 da declaração), a ONU pede
explicitamente aos Estados membros que promovam em seus sistemas educacionais, formais
e não formais, um mecanismos que divulguem uma cultura de conhecimento e respeito aos
Direitos Humanos. No final de seu artigo 82 a declaração estabelece que “deverá ser
considerada a proclamação de uma década das Nações Unidas para a Educação em Direitos
Humanos” (ONU, 1993, p.20), a qual ocorreu entre os anos de 1995 e 2004.
A década dedicada a Educação em Direitos Humanos teve um conjunto de orientações
elaboradas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que
compõe as Diretrizes para os Planos de Ação Nacionais para a Educação em Matéria de
Direitos Humanos, que além da linha norteadora dos planos nacionais apresenta também o
que a ONU entende como Educação em Direitos Humanos:
De acordo com estas disposições, e para efeito da Década, a educação em matéria de
direitos humanos pode ser definida como os esforços de formação, divulgação e
informação destinados a construir uma cultura universal de direitos humanos através
da difusão de conhecimentos e competências e da definição de atitudes, com vista:
a) Ao reforço do respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais;
b) Ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e da sua inerente
dignidade;
c) À promoção da compreensão, tolerância, igualde de gênero e amizade
entre todas as nações, povos indígenas e grupos raciais, nacionais, étnicos, religiosos
e linguísticos;
d) A permitir a participação efetiva de todas as pessoas numa sociedade
livre;
e) À promoção das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
(ONU, 1998, p.51)
Com base em tais princípios a ONU iniciou um trabalho coordenado junto aos Estados
membros para a efetivação da década dedicada ao tema de Educação em Direitos Humanos.
Vejamos agora os reflexos deste trabalho nosso país.
Esta parte da matriz pode ser dividida em dois momentos, em primeiro lugar a matriz
curricular concentra-se principalmente na constituição da Organização das Nações Unidas
como elemento de articulação internacional dos Direitos Humanos, apresentando o contexto
histórico de seu surgimento e os principais tratados relacionados ao direito humanitário bem
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Em um segundo momento, a proposta Marista nos apresenta três documentos
setorizados sobre direitos humanos, a Carta Encíclica – Pacem in terris de João XXII, a
Declaração Universal Islâmica dos Direitos Humanos e a Carta Africana dos Direitos
Humanos. Somados a isso encontramos também um texto de Mahatma Gandhi, Distribuição
equitativa através da não violência.
Metodologia e avaliação
Observando os conteúdos elencados podemos perceber que o estudante terá acesso aos
elementos fundamentais relacionados a temática dos Direitos Humanos. Porém, educar em
Direitos Humanos não é meramente transmitir conteúdos para posterior avaliação em prova, é
necessário também, atenção especial as estratégias de ensino e avaliação utilizadas. A
proposta Marista não engessa o professor em uma única metodologia, mas sugere algumas
estratégias tanto de desenvolvimento do conteúdo como de processos avaliativos.
Metodologia: Aulas participativas e interativas; utilização de recursos tecnológicos;
seminários, júri simulado, fórum; utilização da cartilha como material didático;
participação no Fórum Provincial Virtual sobre Direitos Humanos.
Avaliação: produção de texto; atividades individuais e coletivas; estudo de caso com
situações de violação de Direitos Humanos; provas escritas. (PMBCN, 2012, p.31)
Além da orientação a respeito de metodologia de ensino e avaliação, a proposta
Marista preocupou-se em orientar suas unidades a procurar um perfil de professor que tenha
afinidade com o tema e apresente algumas características como, por exemplo, ter formação na
área de ciências humanas, ser dinâmico, ter pensamento sistêmico, liderança diferenciada
junto aos estudantes, carisma, criatividade, que seja crítico, porém, sem partidarismo.
De modo geral, está presente na proposta Marista uma preocupação com a
disponibilização aos estudantes de uma disciplina que desperte a atenção dos mesmos às
temáticas dos Direitos Humanos, e que está disciplina seja trabalhada de forma que tenha
sentido na vida de cada um dos que dela participam. Porém a proposta é somente um guia
orientador que depende de um elemento fundamental para que seja efetivada, a prática em
sala de aula. Passemos agora ao relato de como tal componente curricular está sendo
trabalhado ao longo dos últimos três anos.
Considerações finais
REFERÊNCIAS
Taise M. B. Matos1
Sala 3
RESUMO: Este artigo tem como tema central a dramaturgia infantil e sua importância na formação de jovens
leitores. Pretende-se fazer uma reflexão sobre a leitura do texto dramático como elemento importante na
formação de leitores literários a partir da análise de uma peça teatral de Sylvia Orthof. A metodologia de
pesquisa a ser utilizada será a bibliográfica de abordagem qualitativa, elaborada a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos de periódicos, além do material disponibilizado na Internet. Os
principais teóricos que embasaram a pesquisa foram Antonio Candido, Mikhail Bakhtin e Fabiano Grazioli.
Palavras- chave: Leitura literária. Educação básica. Texto teatral. Formação do jovem leitor.
Introdução
Para a grande maioria das crianças brasileiras, a escola é o único lugar onde elas terão
contato com o texto literário em seus diversos gêneros. Alfabetizado, o aluno começa a
observar que a leitura pode levá-lo a outro mundo, novo e interessante. O esperado é que o
jovem leitor desenvolva o gosto pela leitura quando ele experimentar este universo lúdico,
quando ele perceber que na literatura poderá encontrar respostas para as muitas perguntas
interiores. Entretanto, para que isso ocorra, é necessário colocar ao alcance do aluno obras
realmente significativas, que enriqueçam a sua vida e que também o levem a refletir sobre a
realidade em que ele vive. Portanto, a prática da leitura de bons textos literários na escola
pode assumir o papel de viabilizar o questionamento de discursos difundidos na sociedade e
formar alunos aptos a questionar o senso comum.
Segundo Zilberman (1998), para que a escola forme leitores e para que as aulas de
literatura cumpram o seu papel, há necessidade de textos completos, não de fragmentos
didatizados, utilizados exclusivamente para ilustrar períodos literários. O ideal seria que o
professor tivesse a possibilidade de abordar em sala de aula diversos gêneros literários, mas o
docente acaba por utilizar, por diversas razões, apenas os textos narrativos contidos nos livros
1
Graduada em Letras. Aluna do Mestrado profissional em Ensino na Educação Básica da Universidade Federal
de Goiás. Professora da Secretaria Estadual de Educação de Goiás – SEE/GO.
[email protected]
2
Doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (2007). Mestre em Estudos Literários pela
Universidade Federal de Goiás (2000). Professora Adjunta III de Língua Portuguesa do Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicado à Educação – UFG desde 2010. E-mail: [email protected]
1
didáticos e que, em grande parte, são formados por pequenos recortes do livro literário, o que
dificulta bastante o entendimento de uma obra em sua totalidade, além de comprometer o
desenvolvimento do gosto pela literatura. Contudo, é necessário que os professores de língua
portuguesa trabalhem em sala de aula diversos gêneros literários em sua totalidade e que
priorizem a formação de um pensamento crítico e reflexivo do aluno na educação básica.
De fato, o livro didático – praticamente o único material de que dispõem professores
de escolas públicas brasileiras – apresenta apenas fragmentos de textos e esta situação é ainda
pior quanto ao gênero dramático, muito pouco considerado neste tipo de publicação. Isso
pode ocorrer, supostamente, porque em nossa cultura nacional, o brasileiro quase não tem
contato com o teatro. Com efeito, segundo Grazioli (2007), o sistema educacional aplicado
nas escolas não contempla a arte teatral como atividade relevante. Rösing (2005) afirma que
os professores que estão atuando em escolas públicas e particulares no Brasil, ao oferecerem
gêneros textuais aos seus alunos com o objetivo de que possam construir o significado dos
textos, em um processo de recepção singular, têm deixado de lado nesse processo o texto
dramatúrgico, o texto teatral. Grazioli (2007) também enfatiza que a escola, ao ignorar as
possibilidades metodológicas deste gênero, negligencia a formação de uma categoria de
leitores: aqueles capazes de interagir com a arte dramática, seja como público receptor de
espetáculos teatrais, seja como praticantes de atividades que envolvam o texto teatral e a arte
dramática.
O autor ainda aponta que a leitura de textos teatrais deveria ser uma das tônicas das
aulas de literatura e que a estrutura do texto teatral deveria ser conhecida pelo aluno. Ele deve
aprender que a composição dramática é bem diferente de outros gêneros, pois trata-se de um
texto composto por falas de personagens e informações acerca do contexto dos diálogos.
Logo, os leitores em formação devem entrar em contato com o gênero para aprenderem que o
teatro não se resume apenas na apresentação da peça, mas que existe uma parte principal, o
texto, elemento fundamental desta arte. O teatro deve ser contemplado pela escola como uma
prática relevante por se tratar de uma atividade humanística, estética, social e artística do
aluno (GRAZIOLI, 2007). Enfim, a escola deve proporcionar a introdução do aluno neste
universo e, deste modo, estabelecer uma ponte para o espetáculo teatral, possibilitando o
diálogo do aluno com a realidade em que está inserido, passando a compreendê-la e a querer
agir, conscientemente, sobre ela.
2
É nesta perspectiva que este estudo se desenvolve, e tem como objetivo principal a
reflexão acerca da literatura dramática e a sua importância na formação de leitores literários.
Um bom exemplo de texto teatral para ser abordado em sala de aula são as peças teatrais de
Sylvia Orthof, pois seus textos são marcados pelo humor e fantasia, com uma linguagem
simples, mas permeada de questionamentos acerca da sociedade atual. Esses elementos fazem
com que as crianças se prendam à leitura e agucem a imaginação.
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento
3
viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie
de fabulação. (CANDIDO, 1989, p. 5)
Diante deste contexto, podemos afirmar que ler é ampliar todos os horizontes e a
literatura, quanto mais provocativa, mais eficiente será e forçará o leitor a uma nova
consciência crítica da realidade em que vive. Para Iser (1996), a obra literária eficiente é
aquela que força o leitor a uma nova consciência crítica de seus códigos e expectativas
habituais, levando-o, de certa maneira, a um paralelo com a noção de estranhamento. A
função da leitura é a de levar a uma autoconsciência mais profunda e catalisar uma visão mais
crítica de nossa própria identidade. (ISER, 1996)
Já no texto dos PCNs (1998) do segundo segmento do ensino fundamental afirma-se
que o texto literário constitui uma forma peculiar de representação e estilo em que predomina
a força criativa da imaginação e a intenção estética. Não é mera fantasia que nada tem a ver
com o que se entende por realidade, nem é mero exercício lúdico sobre as formas e sentidos
da linguagem e da língua. Dada a importância da literatura para a formação humana, a escola
não pode privar o aluno do contato com a arte literária. Ao ler uma obra de ficção, o leitor
entra em contato com outras realidades e problematizações e isso o possibilita refletir sobre
seus próprios conflitos.
Segundo Tietzmann (2009, p.72), a literatura
Desta maneira, a tarefa do letramento literário a ser assumido pela escola tem por
objetivo maior a formação para a vida e cidadania. É necessário que a escola assegure que a
leitura literária seja um direito de todos os indivíduos, independentemente de sua condição
social. De fato, a literatura é um bem incompressível, isto é, daqueles que não podem ser
4
negados a qualquer pessoa, sob pena de mutilação da personalidade e de degradação da
condição humana de cada um. (CANDIDO, 1995). Deste modo, para que a o texto literário
faça parte da vida do aluno, a escola deve criar situações que envolvam o aluno com a leitura
da literatura como uma atividade de criação e recriação de sentidos.
E para chegar a este alcance, a figura do mediador entre o texto literário e o leitor é
indispensável. Realmente, no texto literário há particularidades que o leitor iniciante
descobrirá apenas se houver a presença de um mediador, ou seja, a aprendizagem da leitura
literária começa a partir de uma mediação feita por outro leitor que seja mais experiente, no
caso, o professor.
5
Barbosa enfatiza que:
São muitas as histórias daqueles que, embora tenham vivido parte da vida longe dos
livros, atestem que tudo começa com a mediação, com o encontro com o livro
mediado por uma voz, uma entonação, uma indicação e, sobretudo, como uma clara
orientação acerca de como ir ao texto, de como olhá-lo como espaço de
interlocução, de diálogos com outros textos. A mediação começa com uma
disponibilidade para a hospitalidade – esta entendida como o ato de acolher aquele
que chega e dar-lhe lugar e condições para que, após essa chegada, possa prosseguir
com força e vigor a sua própria caminhada. (2013, p.11)
No Brasil houve uma grande preocupação em produzir uma literatura infantil que
fugisse à tradição didático-pedagógica tradicional e que despertasse a consciência crítica no
jovem leitor, e o que se produziu a partir dos anos 70 (a concomitância com a ditadura militar
não foi mera coincidência) foi uma literatura infantil em que o prazer e a reflexão se
apresentavam em uma mistura atraente à leitura. Dentre muitos autores que produziram este
tipo de literatura, destaca-se Sylvia Orthof, que compôs um extenso número de obras
literárias, dentre as quais várias peças de teatro para o público infantil. A obra teatral de
Sylvia Orthof é conhecida por sua linguagem surpreendente e bem-humorada. Ela se vale de
recursos desencadeadores do riso e com isso, não só diverte o leitor, como também o leva a
refletir sobre a realidade que o cerca.
Para Bakhtin (1993), o riso é uma das principais formas de revelar a verdade sobre o
mundo e sobre o próprio homem. Ele afirma que até na idade Média o riso não era algo
oficial, pois fazia parte da cultura popular e não era aceito dentro da literatura dita elevada.
Através gêneros considerados menores, como a comédia e a sátira, é que o cômico sobreviveu
e, no Renascimento, o riso no teatro começou a ser considerado importante. Segundo Bakhtin
(1999), o riso, além de ser uma resposta à censura exterior – à cultura oficial e séria – liberta o
indivíduo ―do censor interior, do medo do sagrado, da interdição autoritária, do passado, do
poder, medo ancorado no espírito humano há milhares de anos. Para o autor,
O riso tem um profundo valor de concepção do mundo, é uma das formas capitais
pelas quais se exprime a verdade sobre o mundo na sua totalidade, sobre a história,
sobre o homem; é um ponto de vista particular e universal sobre o mundo, que percebe
de forma diferente, embora não menos importante (talvez mais) do que o sério, por
isso a grande literatura (que coloca por outro lado problemas universais) deve admiti-
6
lo da mesma forma que ao sério: somente o riso, com efeito, pode ter acesso a certos
aspectos extremamente importantes do mundo. (1993, p. 57)
Em Eu chovo, tu choves, ele chove (1976), uma das peças mais premiadas de Sylvia
Orthof, por meio do humor, a autora faz um elogio à liberdade e também uma crítica ao
autoritarismo dos poderosos. É uma história fascinante, na qual os objetos mais banais do dia-
a-dia são os personagens principais. O enredo da peça traz elementos do cotidiano como
guarda-chuva, chuveiros, cortinas de plástico, escova, enceradeira e espelho, mas por trás de
toda encenação da peça há uma crítica com alvo certo, o autoritarismo dos patrões, que existe
não apenas na ficção, mas, sobretudo, na vida real.
A trama inclui dez personagens, um chuveiro elétrico mandão, um atrapalhado pingo
de chuva, um chuvisco, um sol com pose de rei, uma ova de peixe bem prendada, um ovo
chamado Bonifácio, uma galinha d’ angola hipocondríaca, uma nuvem aflita, uma sereia
perua e um príncipe elefântico. Percebe-se que os personagens têm nomes bastante originais,
pois são uma mistura de elementos da vida cotidiana, da tradição clássica e do folclore. O
personagem principal, um singelo pingo de chuva, consegue mudar a ordem das coisas e
transformar os acontecimentos em uma grande aventura. Conforme sugestão da autora, os dez
personagens podem ser interpretados por seis atores em revezamento.
A peça inicia-se com uma cantiga de roda "Ciranda cirandinha" cantada em ritmo
lento pelos atores. A trilha sonora é baseada em melodias folclóricas e em cantigas
tradicionais, conhecidas pela maioria das crianças. No primeiro diálogo do texto, já se percebe
que há uma relação conflituosa entre empregado e patrão. Chuvisco diz que não pode chover
por que o patrão furioso não lhe deu permissão para isso. Essa fúria em nenhum momento do
texto é esclarecida e os empregados ficam à mercê da mudança de humor de seu patrão. Com
o decorrer da peça, surge o personagem Sol que segura uma máscara dourada. O Sol faz parte
dos personagens mandões da história e insiste em um dia lindo só para ele, sem a presença
dos outros. Um aspecto importante que cumpre ressaltar deste personagem é a utilização de
uma máscara brilhante e dourada. Outros personagens da peça também usam máscaras, como
por exemplo, a tia Nuvem, a Galinha, o Príncipe Elefântico e a Sereia.
O primeiro símbolo do teatro é a máscara, em cujo uso reside uma lei que é a lei do
drama. A ficção torna-se presente pelo uso da máscara, que tem sua origem nas culturas
primitivas. Sandra Dani (1990) afirma que o caráter dramático da máscara é inerente à sua
própria natureza, tanto que ela é concebida como um instrumento de comunicação, é
7
funcional, e não meramente decorativa. Segundo a autora, a máscara é criada para ser vista
em ação e é utilizada pelos atores uma vez que querem representar um personagem diferente
deles. Em paralelo, em nossa sociedade, o homem teve sempre que representar vários papéis
sociais, precisando, para isso, de diferentes máscaras. A máscara esconde quem você é para
mostrar quem realmente você gostaria de ser. O Sol, ao usar este objeto, queria mostrar algo
que não era, queria mostrar-se forte e poderoso, um grande rei. Isso ele não conseguiria fazer
sem o uso da máscara.
Em contraste com a exuberância do Sol, há o personagem que vai participar das
maiores aventuras da trama – o Pingo. Ele surge em meio a todo o resplendor causado pelo
Sol e, com muita humildade, consegue fazer com que ele vá embora. Pingo, o mais
destemido, é quem terá coragem de ir até o patrão Chuveiro elétrico pedir licença para chover.
Este personagem é também bastante atrapalhado, mas tem um objetivo definido e autêntico:
ele quer apenas chover. Como patrão mandão, o Chuveiro Elétrico usa de todo o seu poder
com Pingo e, em troca da licença, pede o cumprimento de uma missão, que consiste em levar
uma carta para a Sereia que mora em uma poça de água que vai dar no fundo do mar. Como
na vida real, sendo um empregado, e sem opção, aceita realizar a missão em troca da licença
para chover. Pingo ganhará a autorização, mas precisará pagar o seu preço, pois nada é de
graça nas relações entre o mais forte e o mais fraco.
Observa-se que nos diálogos entre Pingo e seu patrão há palavras que se repetem
muito. Murce (2002) destaca que, no texto teatral, as repetições possibilitam uma sonoridade
nova, um sentido inesperado capaz de provocar o riso. De fato, o teatro de Orthof é um teatro
de comédia e uma das características mais marcantes de seus textos é tratar o sério com o riso,
em um procedimento carnavalizado, no qual a inversão da realidade sintetiza sua própria
visão de mundo. Moraes (1993) faz notar que, ao carnavalizar a linguagem, a autora atinge
níveis muito mais expressivos de humor, sendo muitos os recursos estilísticos presentes na
literatura carnavalizada que a transforma em uma forma insolitamente flexível de visão
artística que permite descobrir o novo e o inédito. Ao longo de toda a obra, há muitos
exemplos de utilização da linguagem carnavalizada, até mesmo na escolha dos personagens.
A garantia deste humor reside no estranhamento que é causado no leitor pelas relações
próximas que serão formadas.
No decorrer de sua missão, Pingo conhece muitos outros personagens interessantes,
como a Galinha d`Angola e seu filho Ovo Bonifácio, uma sereia que não sabe cantar e que só
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sabe mandar sua empregada Ova de Peixe encerar o mar. No universo lúdico de Sylvia Orthof
não existe limites para a fantasia, tudo pode acontecer. No final da peça, há uma revolução
dos empregados contra os patrões e uma mudança no destino dos personagens que antes
parecia tão previsível. Quem lidera essa revolução é Pingo, que não aceita mais a tirania de
seu patrão. E o motivo desta mudança é instauração da democracia, tema que deve ser
trabalhado amplamente com todo tipo de leitor.
Considerações finais
O teatro é capaz de fazer o leitor pensar, rir e chorar, é uma atividade que influencia a
espontaneidade do aluno. E é a partir daí que o leitor reflete e revive os conflitos da vida. Um
texto dramático é literatura e deve ser lido nas escolas e tratado como gênero literário e não
somente como possibilidade de encenação. A função do professor, como mediador da leitura
do texto teatral na escola, é, sem dúvida nenhuma, muito importante. Faz-se necessário que o
professor insira o aluno no mundo da leitura dos diversos gêneros literários, inclusive do
gênero dramático.
Referências
MORAES, Maria Heloisa Melo de. As formas de humor em Sylvia Orthof. 1993.
Dissertação (Mestrado em Literatura) - Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 1993.
MURCE FILHO, Newton. O teatro, o poético e o corpo. In: SILVA, Vera Maria T.
(Org). Tempo de leitura na escola e na família. Goiânia: Secretaria de Estado de Educação,
2002.
ORTHOF, Sylvia. Eu chovo, tu choves, ele chove. Rio de Janeiro, objetiva, 2001.
RÖSING, Tania M. K. Apresentação. In: SITTA; Marli; POTRICH; Cilene. Teatro:
espaço de educação, tempo para a sensibilidade. Passo Fundo; UPF, 2005.
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 10. ed. São Paulo: Global,
1998.
10
A ECOFORMAÇÃO POR MEIO DA PEDAGOGIA ECOVIVENCIAL
Luciane Schulz1
Sala 04
Resumo: Atualmente há uma diversidade de denominações enunciadas de Educação Ambiental (EA), todas com
a intenção de representar a realidade com maior fidelidade e entre elas: a Humanista, a Conservacionista, a
Sistêmica, a Problematizadora, a Naturalista, a Científica, a Moral, a Biorregionalista, a da Sustentabilidade, a
Crítica, a Etnográfica, a Feminista, entre outras possibilidades nos contextos nacionais e internacionais. De fato,
o que temos percebido enquanto práticas de EA é que estas partem de premissas conservacionistas, assumindo
concepções que carregam em si o trabalho voltado à conservação do ambiente natural, isolando-o da esfera
cotidiana que compõe o espaço mundial. Em consonância com este cenário empírico, defendemos que aquelas
concepções de EA podem ser enriquecidas epistemologicamente, se entrelaçarmos as dimensões da
ecovivencialidade, da afetividade e da emancipação, como pressupostos teóricos para uma EA Crítica
Emancipatória. O desafio assumido neste texto, portanto, é comunicar o recorte de um estudo de intervenção
realizado na tese de doutoramento intitulada “Pedagogia Ecovivencial – por uma Educação Ambiental
Emancipatória”, defendida como estratégia pedagógica de EA crítica. São pressupostos que fundamentaram este
estudo: que por meio de ecovivências sentidas pelos participantes, a partir da vida cotidiana, promove-se a
aprendizagem estimulando a tomada de decisão e de responsabilidade, numa perspectiva emancipatória; que o
amor é a emoção que constitui o domínio das ações e as emoções é que definem nossa relação com o mundo e
determinam a forma como vivemos nossa vida.
1
Pós-doutoranda (PNPD-CAPES) do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Regional de
Blumenau (SC). Email: [email protected]
Outros pensadores defendem que nos encontramos numa pseudo-crise-ambiental sob o
ponto de vista da subjetividade, uma vez que na dimensão da consciência, constata-se uma
profunda fragilidade teórico-metodológica de enfrentamento dessa dita crise ambiental
(MAKNAMARA; MAHFOUD, 2009). Se estamos mergulhados numa crise ambiental ou
numa pseudo-crise-ambiental, muito tem-se falado e feito nas últimas décadas pelo ativismo
ambiental, mas os valores defendidos e o comportamento cotidiano estão muitas vezes
separados na vida cotidiana.
Alguns estudiosos contemporâneos indicam que a Educação pode ser um dos alicerces
para a formação da sociedade sustentável. Entre eles temos Maturana e Rezepka (2008),
afirmando que a educação tem papel fundamental nesse resgate de pessoas religadas com o
seu meio, pois sua tarefa é formar seres humanos nos quais qualquer ser humano possa
confiar e respeitar. Em Moraes e La Torre (2004) é destacado o sentipensar, onde não seria
contemplado apenas o desenvolvimento cognitivo, mas acima de tudo a evolução da
consciência e o aperfeiçoamento do espírito. Para Gadotti (2000, p. 84), por meio da
Pedagogia da Terra, é proposta a necessidade de “uma ecopedagogia e de uma ecoformação,
porque sem essa pedagogia para a re-educação do homem, principalmente o homem
ocidental, prisioneiro de uma cultura cristã predatória, não poderemos mais falar da Terra
como um lar”.
De modo geral, todos os autores indicam que a educação pode ser um dos pilares para
recuperar a harmonia fundamental que não destrói, que não explora, que não abusa, que não
pretende dominar o mundo natural, mas uma educação que deseja conhecê-lo na aceitação e
respeito para que o bem-estar humano se dê no bem-estar da natureza em que se vive. Vale
ressaltar que ela está longe do “velho discurso de que a Educação é a solução, típica do início
do século XX, promovido por educadores por meio do otimismo pedagógico e do entusiasmo
pela educação” como nos fala Loureiro, (2011, p. 96). Ela precisa estar inserida num contexto
maior, com as devidas orientações políticas e teóricas para a transformação em uma sociedade
sustentável.
Em se tratando da Educação Ambiental (EA), questionamos se tem sido
suficientemente transformadora, se transpõe a percepção e a sensibilização, se indica para
mudanças no modo de se ver e na adoção de novas posturas e comportamentos qualitativos,
para o exercício da cidadania ecológica. Afinal, um dos principais desafios da EA atualmente
é desenvolver-se numa perspectiva crítica (LAYRARGUES; LIMA, 2014). Atualmente há
uma diversidade de denominações enunciadas, todas com a intenção de representar a
realidade com maior fidelidade e entre elas: a Humanista, a Conservacionista, a Sistêmica, a
Problematizadora, a Naturalista, a Científica, a Moral, a Biorregionalista, a da
Sustentabilidade, a Crítica, a Etnográfica, a Feminista, entre outras possibilidades nos
contextos nacionais e internacionais (SAUVÉ, 2005).
De fato, o que temos percebido, enquanto práticas de EA, mesmo com essa
diversidade, partem de premissas conservacionistas, assumindo concepções que carregam em
si o trabalho voltado à preservação do ambiente natural, isolando-o da esfera cotidiana que
compõe o espaço mundial. Esta prática está demasiadamente presente nos espaços educativos
formais, nos meios de comunicação e nas políticas públicas de educação ambiental, uma vez
que a concepção de natureza intocada e o controle e a dominação do homem sobre a natureza
permanecem alicerçando, ainda hoje, os caminhos do pensar ambiental.
Outro aspecto observado durante nossa vivência na docência refere-se ao
comportamento de educandos advindos do campo, filhos de agricultores locais. Estes, quando
expostos a atividades em contato com o meio ambiente, demonstravam desenvoltura, prazer,
elos de afetividade principalmente na relação com a terra. Esse comportamento inicialmente
não era observado nos educandos advindos do meio urbano. Muito pelo contrário,
demonstravam comportamentos de estranheza em contato com o meio e até repulsa em estar
sobre a terra e nela tocar.
A comparação entre esses dois universos num mesmo grupo de educandos, reforçavam
nossa práxis e nos levavam a pensar sobre a importância em estimular e propiciar
ecovivências em espaços de aprendizagem emocionalmente sadios, naturais e emancipatórios.
Sentindo falta de uma abordagem que abraçasse a complexidade do exposto,
contemplando as vertentes temáticas do nosso estudo, tais como a ecovivencialidade, a
afetividade e a emancipação, empreendemos o esforço e desafio de pesquisar, experienciar e
compreender o entrelaçamento de vivências ambientais e práticas educativas.
Com os pressupostos da Ecopedagogia (GUTIERREZ; PRADO, 2008) embasamos a
dimensão da ecovivencialidade da nossa proposta de Educação Ambiental, uma vez que tem
entre suas características marcantes a cotidianidade e a pedagogia da demanda,
compreendendo o ato de educar como aquele que promove a aprendizagem do ‘sentido das
coisas’ a partir da vida cotidiana, pela vivência sentida pelos participantes, por suas
experiências. A Ecopedagogia considera a EA como uma mudança de mentalidade em relação
à qualidade de vida, associada à busca do estabelecimento de uma relação saudável e
equilibrada com o contexto, com o outro e com o ambiente, dando o tom da nossa pesquisa.
Com os pressupostos da Biologia do Amor (MATURANA, 2008; 2009; 2011) tencionamos
fundamentar a dimensão da afetividade. Propomos uma reflexão sobre nossa conduta
educativa a partir do fluir do viver cotidiano, fluir este que não se distingue segundo o lugar
em que a pessoa se encontra, mas, sim, em função da emoção que orienta suas atitudes no
mundo em que vive. Neste sentido, educar não se resume a transferir conhecimentos e
conteúdos, tampouco em apenas formalizá-los e a aprendizagem não se limita ao campo
cognitivo. Educar é, sim, propor-se a uma relação pessoal cooperativa, de abertura ao novo, a
partir de um emocionar específico de aceitação que leve à aceitação mútua, envolvendo
também os processos afetivos e reflexivos. Maturana (2009) afirma que a interação sensorial
impulsiona os pensamentos, os sentimentos, as emoções e as sensações no decorrer de nossa
existência, fundamentais para querer bem ao outro e ao seu meio.
Já os pressupostos da Educação Crítica (FREIRE, 2011a, 2011b, 2012 e 2014)
fundamentam a dimensão da emancipação. Ao ser uma das referências fundadoras do
pensamento crítico na educação brasileira, o autor insiste, em toda sua obra, na defesa da
educação como formação de sujeitos sociais emancipados, isto é, autores de sua própria
história. Parte do pressuposto que as práticas educativas referem-se às práticas libertadoras,
comprometidas com a emancipação dos oprimidos. Loureiro (2004, 2011) e Figueiredo
(2007), apontam Paulo Freire como marco de referência aos educadores que projetam o
pensar no campo, na EA crítica e emancipatória, numa perspectiva que podemos nomear de
ecodesenvolvimento num universo freireano. A EA crítica, ao promover a percepção de que o
processo educativo não se restringe ao aprendizado individualizado dos conteúdos escolares,
mas na relação do um com o outro, do um com o mundo, afirma que a educação se dá na
relação, vindo de encontro aos saberes freireanos de que “ninguém educa ninguém, ninguém
se educa a si mesmo, os homens educam entre si, mediatizados pelo mundo" (FREIRE,
2011a, p. 95).
A forma de pensar a educação, proposta pelos autores elencados para essa pesquisa
estão em acordo com características marcantes do que estamos propondo como estratégia
pedagógica para uma EA crítica emancipatória com a Pedagogia Ecovivencial qual seja: a
inseparabilidade entre a ecovivencialidade no meio em que estamos inseridos, com postura
amorosa e ao mesmo tempo crítica buscando a transformação e a emancipação dos
indivíduos. Esta perspectiva, integra conceitos como cotidianidade, percepção ambiental,
vivência sentida, experiencialidade, sustentabilidade para a vertente da ecovivencialidade;
opressão, conscientização, identidade, autonomia, autoformação, criticidade para a vertente da
emancipação; emoções, amorosidade, cuidado para a vertente da afetividade.
Em consonância com este cenário empírico, o desafio assumido neste texto, portanto,
é comunicar o recorte de um estudo de intervenção realizado na tese de doutoramento
intitulada “Pedagogia Ecovivencial – por uma Educação Ambiental Emancipatória”
(SCHULZ, 2014), defendida como estratégia pedagógica de EA crítica.
Considerações Finais
A Pedagogia Ecovivencial por meio de seus espaços amorosos, estimulou a fluição
dos sujeitos diante das ecovivências propostas, num processo auto-reflexivo e auto-
ecoformativo, trazendo para a pesquisa o momento histórico em que vivem, a voz emergente
de luta na terra, pela preservação da sua cultura e fonte de sustento e de vida. Todos esses
achados são significativos para convalidar nossa proposta como estratégia pedagógica para
uma EA Crítica Emancipatória. Portanto, o esforço e o desafio postos nesse ensaio foram de
apresentar e refletir sobre a Pedagogia Ecovivencial enquanto estratégia pedagógica para uma
EA Crítica Emancipatória tendo como dimensões a ecovivencialidade, a afetividade e a
emancipação. Essa reflexão veio da nossa necessidade de uma abordagem que possibilitasse
transformações para além dos discursos e percepções de sensibilização para a problemática
ambiental. Ou seja, mudanças no modo de se ver e na adoção de novas posturas e
comportamentos emancipatórios que conduzam à sustentabilidade e para tal, que
contemplasse não somente os aspectos cognitivos, sociais, políticos, mas também os aspectos
ecovivenciais, afetivos e os reflexivos.
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A EDUCAÇÃO INFANTIL E BRINQUEDOTECA
DESENVOLVIMENTO
Quando se fala em criança a primeira coisa que associamos a este ser é a brincadeira
o ato de brincar, por este motivo que nos propomos a estudar sobre como estas brincadeiras
podem auxiliar na aprendizagem da criança, deixando de ser tratado o brincar apenas
como "passa tempo", passando a ser visto como estratégia para envolver as crianças com
o ensino desde os primeiros anos da inserção na escola, trabalhando a aprendizagem através
do lúdico.
A brinquedoteca é um espaço onde o brincar torna se significativo, e por isso vamos
expor neste trabalho qual a sua importância para o desenvolvimento da criança o que este
meio pode proporcionar de novo, de atraente para as crianças, para o seu aprendizado
escolar, que a sala de aula não contempla, compreendendo assim a necessidade de criação
da brinquedoteca.
O brinquedo é caracterizado em duas formas: objetivo de brincar e atividade lúdica.
o Senso comum reduz o brinquedo á inconsequência, á futilidade, a não seriedade, como
nas expressões "deixe de ri que isso não é brincadeira”. O que leva alguns adultos a
caracterizar a brincadeira algo improdutivo com objetivo apenas de passatempo, mas deve
ser considerado como conteúdos formais, fundamentais e essenciais para o
desenvolvimento da aprendizagem, para entendermos qual a real função do brinquedo
utilizamos a seguinte afirmativa: 'É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento
de uma criança é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés
de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos
incentivos fornecidos, pelos objetos externos'. (Vygotsky)
A criança cria uma situação imaginaria no brinquedo. Desta forma, o brinquedo
proporciona a criação por parte da criança, sendo fruto da sua imaginação. Uma das
características principais do brinquedo é a motivação que ele proporciona para a criação do
mundo imaginário vital para o desenvolvimento global do ser humano. é a partir do
brinquedo que a criança aprende a agir sobre o mundo, dando características diferentes da
realidade bem como achar necessário.
A educação infantil é um dos poucos lugares onde o lúdico é valorizado, sendo
aceitável utilizar a brincadeira e o jogo como elemento estratégico para desenvolver ensino
e aprendizagem. É através da brincadeira que a criança interage, comunica-se com os
demais participantes daquele meio, seja em casa/e ou na escola. A brincadeira na educação
infantil é caracterizada da seguinte forma: brinquedo educativo, brincadeira tradicional,
brincadeira de faz-de-conta e a brincadeira de construção.
"A brincadeira cria para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal que
não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado
pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento
potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto
ou com a colaboração de um companheiro mais capaz”. (Vygotsky)
A brinquedoteca deverá ser utilizada pelos educadores e/ou responsáveis para
desenvolverem a aprendizagem dos alunos através das brincadeiras, oficinas, jogos,
estimulador motor e de raciocínio lógicos nas crianças. É objetivo da brinquedoteca
possibilitar o desenvolvimento mental, psicológico, social, físico da criança por meio do
lúdico. Não devendo ser usada para induzir comportamentos colaborativos ou para forçar
procedimentos, pois a criança será mais colaborativa, quanto mais relaxada e alegre estiver,
o brincar livre e espontâneo deve ser priorizado e favorecido. A criação da brinquedoteca
foi um marco legitimador e histórico da importância do brincar para a criança. É uma
conquista para a sociedade e, em especial, para a criança que, assim, aprende de forma mais
harmoniosa e prazerosa. A brinquedoteca é um espaço criado para favorecer a brincadeira.
É um espaço em que as crianças (e os adultos) vão para brincar livremente, com
todo o estímulo à manifestação de suas potencialidades e descobrimento de outras. Este
brincar acontece de forma livre mais com um objetivo proposto pelo (a) brinquedista para
cada brincadeira, no intuito de ensinar ou desenvolver determinadas habilidades. Segundo
Kishimoto.
É importante que a brinquedoteca tenha um espaço físico adequado com brinquedos
e materiais diversificados, que levem em conta as necessidades e as características do
desenvolvimento infantil. É fundamental que os brinquedos e os jogos e outros objetos
estejam disponíveis ao acesso das crianças, a fim de estimulá-las a brincarem. A quantidade
de brinquedos também deve ser suficiente para o número de crianças que são atendidas seja
na escola ou em outro meio que se encontre. Embora os brinquedos sejam a atração
principal de uma brinquedoteca, ela pode existir até mesmo sem brinquedos, desde que
outros estímulos às atividades lúdicas sejam proporcionados, isso dependerá do objetivo e
necessidade apresentada pelo público a qual lhe foi destinada.
Os tipos de Brinquedoteca existentes são: circulante; adoleteca; reabilitacional;
hospitalar e escolar, caracterizadas:
Brinquedoteca circulante é uma espécie de carrinho que circula por todos os espaços
da instituição, seja escola, hospital, etc. Permite que todos tenham acesso a brinquedoteca
personalizada, na qual oferece uma seleção de brinquedos e atividades que estão contidos
nos KITS de atividades, onde cada uma possui um acervo adaptado para cada situação e
ambiente.
Brinquedoteca adoleteca é um acervo que está voltado para interesses de
adolescentes e adultos, pois possui um nível mais avançado, no que tange a jogos de regras,
desafios cognitivos e motores, possuindo acessórios e propostas para pinturas, desenhos,
musicalização e demais recursos expressivos.
Brinquedoteca reabilitacional é um acervo de suporte as várias necessidades,
caracterizando-se pelo apoio a estimulação psicomotora, a estimulação sensorial, ao
desenvolvimento cognitivo e emocional. A brincadeira aqui tem o intuito de fazer com que
a criança perceba seu corpo, deseje se movimentar e se relacionar com os demais. E o ideal,
é que essas atividades sejam realizadas em um ambiente alegre, que faça com que a criança
sinta-se motivado.
Brinquedoteca hospitalar é um espaço preparado para atender os diversos contextos
e situações hospitalares, como: leitos; salas de recreação; UTI’s; pronto atendimento. Este
tipo funciona dentro do hospital, que deverá atender os objetivos da instituição, perfil da
clientela e preservar as orientações gerais para o assunto. Os brinquedos, jogos e
equipamentos lúdicos devem ser resistentes, de fácil assepsia e adaptados de acordo com as
limitações da criança-paciente. Na brinquedoteca hospitalar devem ser organizadas oficinas
e atividades em grupos que possam envolver também as mães, os irmãos e demais
acompanhantes e visitantes. Os recreacionistas ou ludoeducadores responsáveis pelos
atendimentos lúdicos devem ser capacitados para essas atividades.
Brinquedoteca escolar é o tipo que já foi mais mencionada durante o trabalho, esta é
a mais comum e encontrada, sendo um espaço específico para suporte pedagógico,
localizada nas escolas. Possui brinquedos e jogos específicos para a estimulação de
motricidade e grafismo; serve de apoio para o desenvolvimento de raciocínio lógico
matemático, apoio para a alfabetização, leitura e escrita, desenvolvimento de noções e
conceitos do mundo físico e conhecimentos gerais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo pode nos revelar o quanto é importante o lúdico nas práticas de ensino
das crianças, porque nada mais motivador para a criança aprender do que brincando,
podendo explorar sua imaginação, desejo, possibilitando o descobrimento de si mesmo, de
suas capacidades, da maneira diferente de pensar do outro perante as mesmas brincadeiras,
jogos, brinquedos, perfazendo assim com que vejam que há formas de entender, de ver
diferentes das suas. A brinquedoteca vem com o objetivo de retomar esta importância do
brincar para criança, entendendo que a brincadeira, o jogo, é a melhor forma de ensinar
uma criança, inserindo os conteúdos necessários para o desenvolvimento cognitivo dos
alunos, por meio do que lhes é prazeroso, fazendo com que as crianças deixem também de
acharem “chato” os conteúdos, e estes se tornam assim quando ministrados de forma
tradicional, que não traz nenhum significado para eles. Na brinquedoteca as crianças
brincam com um objetivo intrínseco, planejado pelo brinquedista, mesmo que estas
brincadeiras sejam consideradas livres para as crianças, elas vão aprender e construir um
conhecimento sem perceber. Por esse motivo o aprendizado nas crianças por intermédio da
brincadeira acontece mais rápido do que se lhes for ensinado de forma tradicional,
utilizando-se apenas de conteúdos. O ensinar tem que agradar, tem que apreender a atenção
do aluno, e para a criança a melhor forma de ter sua atenção é através do lúdico.
Compreendemos a importância desse espaço no ambiente escolar, hospitalar, comunitário,
entre outros, investir em educação é necessário para se chegar ao aprendizado satisfatório, e
a implantação desse espaço nas escolas proporcionaria um desenvolvimento surpreendente,
comparando o que é feito em sala de aula, de maneira tradicional, com o que pode ser
realizado pelo lúdico. Esta pesquisa nos ensinou que para educar crianças com qualidade
não se deve apenas trabalhar com conteúdos tradicionalmente, mas valer-se do lúdico para
construir o conhecimento necessário para a formação do ser crítico-reflexivo.
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Acessado no dia 12 de maio de 2012.
A EDUCAÇÃO INTERCULTURAL NA ESCOLA WAKÕMEKWA: PERSPECTIVAS
E DESAFIOS1
Sala 5.1
Resumo: O presente trabalho é voltado para a Educação Intercultural Indígena e busca compreender os desafios
e as perspectivas da Escola Wakõmekwa, aldeia Riozinho Kakumhu, povo Akwê. Nossa pretensão é apresentar
um panorama da Educação Intercultural no Brasil e um esboço da educação intercultural e seu vínculo com os
povos indígenas do Tocantins, em especial, a história do povo Akwê-Xerente. É nosso desejo que futuramente o
resultado deste trabalho possa ajudar a Escola Wakõmekwa, município de Tocantínia, em seu fortalecimento
cultural e identitário, incentivar os alunos na continuidade de seus estudos, conscientizar a comunidade que
podemos alcançar nossos objetivos e mostrar que o Povo Xerente valoriza a educação na aldeia.
Abstract: This study is about the Indigenous Intercultural Education and aims to understand the challenges and
perspectives of the Wakõmekwa School, Kakumhu Riozinho village and Akwê people. It presents an overview
of the Intercultural Education in Brazil and Tocantins, as well as an outline of intercultural education and how it
is linked to the indigenous peoples of Tocantins, especially with the Akwê-Xerente people. This research can
contribute to encourage students to keep studying in Wakõmekwa School, in the city of Tocantínia. Also it can
contribute to the cultural and identity strengthening of the indigenous community, specially the Xerente People.
Kbure Rêsuka Wamhã Waskuze: Kãhã hêsuka itkuikre tô kmã inipi tô ipke toisnã wat kmãnã, aimõ krikahã
zawre wa hêsuka zanãrm zeprwa it kwani tô sikudabâ snã aimõ ro it waihku kãtô siwakrãmsnã pibumã,
ktâwankõ tê kãtô Akwê tê, Akwê tê kãtô ktâwankõ tê, tônme mhã kri rowahtuzem wakõmekwa wamhã
romkmãdâ wat samõr waihku pibumã, sitme sikwasdid me kãtô sitme sikwasdi nipte psê pibumã, isimã it smistu
tô, rom kuipti nãhã, rom kumto kãtô dasipsê nãhã. Wanõri kmãwazapa tô watai waihkâkwa kãtõ tâkãhã inipi
nmãnã tônme hêsuka zanãmr zemr wa dasakrui kakumhu wamhã taiwaihkã kba pibumã kmã wazapa hã, hêsuka
zanãmr kwai nõraimã kãtô rowahtu kwai nõri. Kãne da wat aimõ kri si kwani mãra, awe, aptkâ kãtô tô ptâbâ wat
aimõ isikwani itai waihkã kba pibumã, tanenme wanim romkmãdkâ nã waniptê kwaba kãtô wahêprepa kba
mõnõ, are dure wat krsawi kba mõnõ, are ktâwankõ tê mã ro pibui psên.
Minhas memórias
1
Artigo resultado do Trabalho de Conclusão de Curso.
2
O título do artigo está traduzido em duas línguas: inglês e Akwê. E todos os subtítulos, em português e
Akwê.
3
Aluno indígena do curso de Licenciatura em Teatro, da Universidade Federal do Tocantins, câmpus de
Palmas, pertencente ao povo Akwê- Xerente.
4
Dra. em Linguística, professora do curso de Teatro e dos programas de pós-graduação em Letras da
Universidade Federal do Tocantins, câmpus de Araguaína e de Porto Nacional.
Ĩkrãwamhã ĩnim romwasku
Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem; lutar pelas diferenças sempre que a igualdade
nos descaracterize.
Boaventura de Souza Santos.
5O texto do trabalho foi construído na primeira pessoa do singular e na primeira pessoa do plural. O
Edimar Xerente ecoa sua voz como ser político identitário indígena na primeira pessoa do singular. A
primeira pessoa do plural corresponde ao Edimar Xerente que ora se inicia à pesquisa, ao futuro
professor de Teatro e ao indígena, pertencente ao povo Akwê, da aldeia Riozinho Kakumhu.
ajudar a formar alunos competentes e persistentes no conhecimento, preservando a cultura e
valorizando o direito do nosso povo.
Espero poder contribuir no processo de ensino e de aprendizagem dos alunos e dos
professores da escola indígena, fortalecer a escola com bons projetos entre as aldeias e as
universidades. Além disso, penso, cada vez mais, em convidar as universidades para conhecer
a realidade da escola e conhecer o que se passa no dia a dia nas comunidades indígenas.
O presente trabalho é voltado para a Educação Intercultural e Educação Indígena e
busca compreender os desafios e as perspectivas da Escola Wakõmekwa, aldeia Riozinho
Kakumhu, povo Akwê. Além disso, é nosso objetivo entender o funcionamento da escola, o
processo de organização, as finalidades educativas e o desenvolvimento das atividades
pedagógicas da escola indígena.
O trabalho está dividido em 2 (duas) partes: na primeira, apresentamos um panorama
da Educação Intercultural no Brasil, um esboço da educação intercultural e seu vínculo com
os povos indígenas do Tocantins e, também, apresentamos a História do povo Xerente. Na
segunda parte, destacamos os pressupostos metodológicos, resultados e discussão dos dados
da pesquisa de campo, e, por fim, as considerações finais.
É nosso desejo que, futuramente, o resultado deste trabalho possa ajudar a escola no
seu fortalecimento e no seu desenvolvimento, incentivar os alunos na continuidade de seus
estudos, conscientizar a comunidade que podemos alcançar nossos objetivos e mostrar que o
Povo Xerente valoriza a educação na aldeia. Queremos também mostrar o quanto a área da
educação indígena é desvalorizada pelas autoridades, como é o caso da SEDUC, sobretudo,
na reserva do Povo Xerente.
A Educação Escolar Indígena pode ser encaixada em dois paradigmas. Até muito
recentemente - até o fim da década de 70 – O paradigma predominante foi aquele
denominado Paradigma Assimilacionista. Nesse paradigma, o que se pretende é em
última instância, educar índio para que ele deixe de ser índio: o objetivo do trabalho
pedagógico é fazê-lo abdicar de sua língua, de suas crenças e de seus padrões
culturais e incorporar, assimilar os valores e comportamentos, inclusive linguística,
da sociedade nacional. Inicialmente, tentou-se atingir tal objetivo através das
orientações fornecido pelo Modelo Assimilacionista de Submissão (MAHER, 2006,
p.19-20).
O primeiro contato dos Xerente com a sociedade envolvente foi bem antes de 1720,
com a chegada das bandeiras, que os aprisionaram para o trabalho forçado. Entre 1725 a
1775, o povo Akwê Xerente foi levado preso para um aldeamento em São José do Duro, atual
Dianópolis, onde ocorreu a missão dirigida pelos Padres jesuítas, que eram apoiados pelo
Governo da Província de Goiás, polícia e exército. Nesse lugar, foi uma verdadeira escravidão
para os indígenas, eles não tinham liberdade e foram forçados a trabalhar no que não estavam
acostumados, sem o convívio dos indígenas. Naquela época, não era só os Xerente que
estavam na escravidão, tinha outros povos indígenas, como: os Karajá e os Kaiapó.
Os Xavantes e os Xakriabá são povos do grupo do Xerente, família Timbira, que
também faziam parte do aldeamento. Todos eram obrigados a aprender a língua portuguesa e
foram proibidos de falar a língua indígena. Há relatos de que houve até caso de morte porque
os indígenas não aprendiam a língua portuguesa. O povo Akwê Xerente, mesmo diante dos
conflitos, teve o cuidado de esconder a cultura, os cânticos, as danças, as pinturas, os mitos,
os quais preservam até hoje, mas alguns dos povos não conseguiram seguir o mesmo
caminho, como o povo Xakriabá que hoje está buscando revitalizar as suas raízes. Eles se
localizam em Minas Gerais, e alguns deles vieram aprender a língua Akwê Xerente para, mais
no futuro, resgatar a sua língua, cultura e religião novamente.
Conta a história que, por volta de 1820, os Xerente se separaram dos Xavantes,
pertencentes ao mesmo grupo e com semelhanças culturais e linguísticas. Há registro de que
eram mais de 4.000 (quatro mil) povos. Os mais velhos contam que a separação ocorreu
durante uma travessia pelo Rio Tocantins e depois o Rio Araguaia, parte do grupo atravessou
e seguiu a sua viagem para Rios das Mortes (Mato Grosso), que são os Xavante, e os que
ficaram, passaram a ser chamados de Xerente.
Os Xerente andaram sempre em busca de caça, pesca e terra para plantar. Os mais
velhos contam que as aldeias Xerente se localizavam onde hoje estão localizadas as cidades
de Dianópolis, Porto Nacional, a atual capital Palmas e do outro lado do Tocantins, como:
Miranorte, Rio dos Bois, Morro Perdido, e ambos os lados do Rio do Sono, Pedro Afonso,
Rio Negro, além do Rio Piabanha, atual cidade de Tocantínia. Em 1851, foram aldeados à
margem direita do Rio Tocantins pelo Franciscano Frei Antônio Ganges na antiga Piabanha,
hoje, a cidade de Tocantínia.
Na década de 1940, chegou o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), que instalou dois
postos Xerente, um na Aldeia Rio Sono Ktekakã, e o outro na Aldeia Porteira Nrõzawi. O SPI
dava assistência ao Povo Xerente e alguns “brancos”, principalmente os antropólogos e
arqueólogos, entravam na aldeia para fazer pesquisas e localizar aldeias antigas. Eles
denunciavam as péssimas condições de vida nas aldeias Xerente, que por muito tempo
enfrentaram as lutas para se defenderem e também defenderem suas terras contra as invasões
dos fazendeiros e dos posseiros.
Pressionados pelos não indígenas, o Povo Xerente não tinha tranquilidade, eles eram
pressionados por causa de sua terra. Apesar de habitar em um grande território, os Xerente
sempre trabalharam na terra, e a principal fonte de alimento continua sendo a roça, onde
cultivam: milho, arroz, mandioca, batata doce e abóbora. No entanto, eles têm tido problemas
com a colheita porque os gados dos fazendeiros entram e acabam com a maior parte da
plantação. Eles construíam cercas para impedir a entrada dos animais, mas sem resultado, os
gados eram abatidos pelos Xerente que aumentava ainda mais o conflito entre os fazendeiros.
Os Xerente não eram respeitados, eles eram ameaçados pelos não indígenas quando iam
pescar ou caçar e viviam sem paz, mas sempre à procura de um lugar tranquilo.
Os anos foram se passando e o SPI foi extinto, daí foi instituído a Fundação Nacional
do Índio (FUNAI), segundo a norma do governo para controlar as aldeias. A terra do Povo
Xerente, localizada entre Rio Tocantins e Rio do Sono, foi, finalmente, demarcada após muita
luta e muitos conflitos. A demarcação ocorreu no dia 14 de setembro de 1972, medindo em
167.542 hectares, e a homologação se deu em 09 de outubro de 1984. Mas nem tudo foi
conquistado naquela época porque ainda faltava uma demarcação que é a Funil Sakrêpra,
onde está guardada a maior parte da história do Povo Xerente. E essa luta é antiga entre o
Povo Xerente e os não indígenas.
Os líderes do Povo Xerente foram até à FUNAI, mas não eram atendidos, então
resolveram buscar uma nova solução para reivindicar seus direitos por terras indo a Brasília,
já que a FUNAI queria que eles saíssem da terra já demarcada. Mas o povo não desistiu e
continuou lutando, permanecendo na sua terra, resistindo até conquistar a reserva do Funil,
que foi demarcada em 29 de outubro de 1991. A reserva fica ao sul de Tocantínia,
aproximadamente, 16 mil hectares que se limita à altura do Ribeirão Maracujá com a Grande
Área Indígena Xerente. A conquista dessa terra foi dos líderes que hoje não estão mais entre
os povos, mas que vão permanecer na história do Povo Xerente, conhecido como guerreiros e
lutadores pelo seu povo, direitos e pelas suas terras.
Depois que a nossa terra foi demarcada, o nosso povo passou a viver com mais
tranquilidade. Não temos mais tantas preocupaçoes com as invasões, os nossos
filhos e nós mesmos podemos agora andar mais à vontade nas matas para caçar e
pescar. As nossas mais de 50 aldeias estão espalhadas por toda a área. As
comunidades se estabelecem entre o cerrado, rios, córregos, florestas, campos e
serras. Como a nossa população cresceu rapidamente a terra até ficou pequena em
vista do futuro (THÊKLA, 2012,p.14).
Os Xerente são do tronco linguístico Jê, que buscaram, ao longo dos encontros e
desencontros, preservar a sua língua e a sua cultura. Os mais velhos contam e relembram dos
momentos difíceis que viveram no passado, como a lutas pelas demarcações, a conquista de
suas terras, as aldeias construídas, e, por exemplo, onde eles já moraram. Isso tudo foi
conquistado, mas ainda o povo continua lutando sem cansar pelo bem do seu povo no futuro,
ou seja, é uma luta incansável por direitos.
A principal herança do povo Xerente é a celebração da língua que os mantém unidos
na sua existência cultural. Embora tenha passado por modificações, a língua os identifica em
sua sabedoria de séculos, que vem sendo passado para os mais jovens oralmente.
A maior celebração do povo Xerente é a grande festa, chamada de dasipê. Ela
geralmente acontece no verão, tempo de seca. Sua realização dura vários dias com a
participação da maioria das aldeias. Os anciãos se reúnem para escolher a data, o local e o
ritual a ser seguido durante a festa. Na festa, vemos também a arte Xerente, o famoso
artesanato que é rico e diversificado de buritis, como o traçado de buriti que transforma a
palha com desenho simétrico que dá a forma ao utensílio doméstico, e acessórios como:
chapéus, abanadores, redes, cofos, tipoia e esteiras, e o capim dourado, como bolsas,
pulseiras, brincos e colar, e outros, como: borduna, lança, cassetete feitos com pau Brasil,
arco e flecha feito com pau de arco e coca.
É no dasipê que nos identificamos com a pintura, que é nosso registro, nossa
identidade, que é sempre o nosso valor, que significa respeito e admiração entre o povo
Xerente e, também, diante de outros povos. Durante a festa, os anciãos dão várias funções aos
que estão se preparando, como os mensageiros que são escolhidos desde criança, que são de
clãs diferentes. Os escolhidos têm de organizar e preparar atividades importantes da festa.
Eles têm que estar ativos a toda hora para dar suporte para pessoas que precisam de ajuda.
Existe um outro conselheiro da paz que tem como função discursar, ensinar, dar conselhos e
transmitir sabedoria para os jovens, contribuindo para que todos possam viver com mais
harmonia. E, por fim, acontece o ritual.
Vale ressaltar que os Xerente revivem os antepassados rituais que resistiram à
modernidade, entre as celebrações a mais esperada é a dar nomes às crianças, a primeira e a
nomeação das meninas dentro da aldeia. Para os nomes existem cânticos específicos e danças
com imitações de cada significado. E assim, acontece o ritual, todos cantando, batendo bastão
no chão e percorrendo as aldeias para que os outros conheçam o nome das crianças batizadas
na cultura.
A festa continua com a corrida de tora dos homens e das mulheres, com muito
cuidado, para que ninguém saia machucado durante o dia, porque a noite a festa acontece com
cantos e danças ao som do maracá. E, ao longo da festa cultural, o momento esperado por
todos é o tamanduá bandeira, onde são escolhidos pelos anciãos os dois homens de clãs
diferentes para imitar. O momento é de brincadeira e de descontração entre o povo,
principalmente, as crianças que se divertem muito. Já no final da brincadeira, acontece a troca
de comida, cada um leva seu prato para compartilhar com a família. A noite termina com
cantos e dança do maracá. No outro dia, pela manhã, para finalizar o evento, acontece a
corrida de tora grande dos homens. E assim termina a festa que se realizará, novamente, no
ano seguinte.
Pesquisa etnográfica
Romkmãdâ wat kburõire
E, por fim, segundo as entrevistas feitas com os professores, eles tentam com a
comunidade colocar algumas atividades relacionadas à cultura dentro do PPP e no calendário
escolar, porque acreditam ser importante trabalhar com os alunos desde cedo. O calendário é
feito da Secretaria da Educação SEDUC para todas as escolas, mas sem inserir a opinião da
escola indígena, como prevista em alguns PPP.
Nº de
ordem Descrição da dependência Quantidade
01 Área de circulação 02
02 Biblioteca 00
03 Cozinha 01
04 Depósito da merenda 00
06 Laboratório de informática 00
07 Sala administrativa 02
08 Sala de aula 03
10 Sanitários 04
11 Telesala 00
12 Quadra de esportes 00
15 Sala de reunião 00
16 Refeitório 00
17 Auditório 00
19 Sala de cinema 00
Considerações finais
Romwasku re hã isisdu
Os desafios enfrentados pela escola e pelos professores foram descritos e analisados a
partir das entrevistas com os professores. Esse trabalho foi resultado das anotações do diário
de campo e das visitas à escola. O maior desafio, segundo os professores, é a falta de atenção
da SEDUC ou dos órgãos responsáveis pela educação indígena para melhorar o atendimento e
o funcionamento da escola. Como vimos, a estrutura física da escola ainda deixa a desejar,
são apenas três salas, e os professores sentem falta de ter mais salas para trabalharem.
Na fala dos professores, a SEDUC deveria oferecer mais cursos de formação para eles,
para que pudessem se sentir mais bem à vontade com os alunos, dentro e fora da sala de aula.
Percebi que eles são esforçados, mesmo com livros didáticos de escolas urbanas e não
indígena, já que esses livros não são adequados à educação dentro da aldeia. Falta, ainda,
material didático na língua Akwê.
As perspectivas a partir das visitas e da visão dos professores são de melhorias para a
comunidade, para a escola e para os alunos. A cada ano que passa, todos correm atrás de
melhorias para transformar a escola em uma instituição melhor para educação indígena,
dentro da reserva Xerente. Muitas vezes, a escola tem crise de altos e baixos, mas a
comunidade, junto com a escola, sempre tem uma solução para resolver os problemas.
Segundo os professores, na perspectiva de atender aos alunos, eles procuram
reconhecer e inserir em suas aulas as pinturas e os cânticos em Xerente, como uma forma de
valorizar a cultura local, já que a língua materna já está em prática e presente dentro e fora de
sala de aula.
Eu, como aluno, pesquisador e indígena, aprendi muito ao longo dessa pesquisa. Este
estudo me deu outra esperança na conquista e no desenvolvimento da escola Wakõmekwa. Eu
penso em contribuir e ajudar muito a minha comunidade na educação e na transformação da
escola e dos alunos. Fico muito grato à Universidade por me conceder conhecimento e
grandes experiências, como também pelos projetos conquistados.
REFERÊNCIAS
RÊSUKA
SANTOS, G. L. B. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no
Brasil de hoje. Situação escolar indígena no Brasil. SECAD/MEC/UNESCO: Brasília
2006.19-20.
THÊKLA, S. W. – Povo Akwê Xerente. Vida, Cultura e Identidade. Editora Rona: Belo
Horizonte, 2012.
A PROGRESSÃO CONTINUADA NO PERÍODO DE ALFABETIZAÇÃO E A
GARANTIA DOS DIREITOS DE APRENDIZAGEM NA ESCOLA MUNICIPAL
FRANCISCA BRANDÃO RAMALHO
Sala (3)
Resumo: As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica além de orientar sobre a
organização, articulação, desenvolvimento e avaliação das propostas pedagógicas de todas as redes de ensino no
Brasil, traz em sua proposta o direito à educação como o grande desafio das escolas, que precisam promover o
acesso, a permanência e o sucesso dos alunos, com superação da evasão e retenção escolar. Como em todo o
Brasil a rede Municipal de Ensino de Palmas-To, busca as adequações necessárias para atender aos objetivos
proposto pelo MEC, inclusive orienta as escolas, dando um direcionamento quanto à proposta pedagógica a ser
adotada, e o processo de avaliação, utilizando o termo “aprovação assistida” para a proposta de progressão
continuada. Preocupadas com a efetividade dessa proposta, as supervisoras pedagógicas da Escola Municipal
Francisca Brandão Ramalho realizaram um projeto ação com a premissa de analisar os resultados alcançados
com relação ao pleno desenvolvimento da leitura e da escrita dos alunos aprovados mediante essa proposta e
desses quantos conseguem superar os déficits de aprendizagem com relação à alfabetização.
Introdução
Dentro da trajetória da educação brasileira, discutiu-se muito o acesso e permanência
do aluno na escola. A partir de 1988 as discussões voltaram-se para a questão da qualidade do
ensino, época em que começaram o processo das avaliações externas que aconteceu pela
primeira vez em 1990 no Ensino Fundamental com o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (Saeb) , em 2005 com a Prova Brasil e hoje em larga escala por todo o
sistema educacional do país, com o intuito de investigar sobre a qualidade do ensino nos
diversos níveis e ter um diagnóstico da educação nacional.
A realidade do processo educacional no Brasil a partir da L.D.B.N 9394/96 mudou
muito, nos cenários das escolas em todo país, principalmente no âmbito do processo
avaliação e de alfabetização. Dessa forma os estados e municípios começaram a adequar seus
sistemas de ensino e colocar em prática as orientações da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional 9394/96 (L.D.B) com relação as propostas e objetivos de ensino,
organização dos sistemas por séries ou ciclos, avaliação entre outros e em Palmas-To não foi
diferente.
Diante do que foi exposto, justifica-se a importância e relevância do presente projeto
por analisar toda a problemática que envolve o processo de ensino e aprendizagem
desenvolvido no 1º ciclo de alfabetização na cidade de Palmas-To, verificando a efetiva
aprendizagem dos alunos nas turmas de 1º aos 3º anos da Escola Municipal Francisca
Brandão Ramalho, identificando os reais entraves pedagógicos e operacionais, no que diz
respeito à progressão continuada e também numa perspectiva mais ampla, generalizar esses
resultados e conclusões em âmbito nacional, podendo retirar um aprendizado significativo
dessa realidade.
Refletir sobre a progressão continuada é uma ação urgente, principalmente com relação
ao seu conceito, pois ainda é muito presente a confusão entre progressão continuada e
aprovação automática. Partindo do pressuposto que a progressão continuada é um processo
sistemático de avaliação com caráter operacional de acompanhamento que visa subsidiar o
sucesso do aluno através de ações planejadas e construtivas, pode se afirmar que em suma,
esta parte das teorias de Jean Piaget, Vigotsky e Ausubel, fundamentada nas possibilidades
relativistas.
Nesse contexto e no caso da prática pedagógica, necessitamos também de uma
concepção construtiva do ensino e da aprendizagem. Seria contraditório utilizar um
recurso construtivo, como é a avaliação, no seio de uma proposta pedagógica que,
filosoficamente, se apresenta como estática. (LUCKESI, 2011, p.20).
Precisamos ter clareza sobre nossas ações e que estas reflitam decisões cada vez
mais explícitas sobre o nosso fazer pedagógico. Assim, avaliar não pode ser um ato
mecânico nem mecanizante para que possamos contribuir para a construção de
competências técnicas e sócio-política-culturais.(RABELO,1998,p.11).
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito
na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a
formação básica do cidadão, mediante:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o
pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
Desenvolvimento
Conhecendo a realidade pedagógica da Escola Municipal Francisca Brandão
Ramalho desde sua criação, e sabendo da sua trajetória para definir sua identidade no que diz
respeito a sua filosofia, seus valores e como ficaria estabelecida sua visão dentro e fora da
comunidade local é que avaliamos o trabalho realizado e sempre nos indagamos, porque nas
avaliações externas os resultados alcançados pelos alunos eram sempre inferiores aos
resultados das escolas vizinhas que atendem as mesmas séries que a referida escola. Através
dessas indagações constatamos uma problemática em 2013, um índice alto de alunos que
chegavam ao 3º ano do Ensino Fundamental sem os conhecimentos básicos de leitura e
escrita, o que gerava uma angústia e a necessidade de projetos de intervenção para minimizar
a situação, mas com pouca eficácia. Por essa razão em 2014 pensou-se em estabelecer dentro
da proposta de ensino um planejamento com foco na psicogênese da língua escrita, pois
possibilitaria aos grupos envolvidos conhecerem em que nível de escrita seus alunos estavam
e quais as atividades seriam pertinentes para que estes alcançassem o nível subseqüente.
Também nos daria uma visão geral da situação real de cada turma e quais intervenções seriam
propostas para que os alunos que passassem do 1º para o 2º e do 2º para o 3º ano com algumas
lacunas em branco com relação à leitura e escrita poderiam ser acompanhados e assistidos em
suas necessidades e por fim tivessem o seu direito garantido de aprender.
Foi oportunizado aos grupos de professores e equipe pedagógica um momento de
formação em serviço com o estudo voltado para a revisão dos níveis de escrita, testes para
identificar cada nível e quais as atividades seriam apropriadas para cada nível. Começamos o
trabalho, e na prática alguns professores demonstraram insegurança para o reconhecimento de
qual nível cada criança estava, estes foram auxiliados com dicas, textos curtos, ou mesmo
trabalho coletivo, os que dominavam mais o assunto ajudando os que tinham mais
dificuldade. Já no 1º bimestre de 2015 pudemos visualizar os níveis das turmas e construiu-se
uma pasta com sugestão de atividades para cada nível a fim de colaborar com o planejamento
dos professores, definiu-se também quais os conteúdos que seriam pré-requisitos para cada
série, para que todos tivessem foco e trabalhassem com a responsabilidade de alcançar os
objetivos por série, conforme o parâmetro do PACTO.
Percebeu-se que o grupo já tinha domínio sobre o assunto e também estavam
sensibilizados em melhorar a qualidade de ensino dos alunos em questão, por essa razão
investimos o nosso trabalho em acompanhar sistematicamente a leitura dos alunos, analisando
tanto o nível de leitura quanto de escrita. Foram elaboradas fichas de acompanhamento e as
duas supervisoras verificavam a leitura de todos os alunos, e em seguida sentavam com cada
professor para um feedback e novas sugestões, também construímos e divulgamos os gráficos
com os níveis dos alunos por série tanto internamente quanto para a comunidade local, o que
teve uma repercussão positiva tanto pelos técnicos da SEMED quanto para a comunidade em
geral, mas ainda constatou-se muita angústia no conselho de classe final, bem como no
período de diagnóstico do ano seguinte, pois não havia um consenso sobre a aprovação
assistida, muitos professores a favor da retenção e com resistência para diversificar o
planejamento. Diante disso, foi pensada uma formação sobre a temática e estabelecido uma
ficha de acompanhamento por cores para que professores, pais, equipe pedagógica e mesmos
os próprios alunos tivessem a compreensão de como ia o andamento de cada turma e fosse
feito um comparativo do crescimento daqueles que foram aprovados com déficits de
aprendizagem.
Em 2017 temos um raio-x completo da realidade da escola, sabemos como estamos, quais
os alunos que foram aprovados pela aprovação assistida, como esses estão e como anda cada
turma. Temos uma força tarefa junto ao programa Novo Mais Educação que favorece
assistência individual para esses alunos e um projeto de intervenção para a melhora dos níveis
de leitura e escrita dos alunos em geral. Finalizamos o 2º bimestre com o total de 36 alunos
que ainda não lêem nos 1º anos, 33 nos 2º anos e somente 10 nos 3º anos, uma realidade bem
diferente comparado ao inicio desse trabalho, quando tínhamos 75 alunos que não liam nos 3º
anos do Ensino Fundamental.
Considerações Finais
Referências
BRASIL, Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: 1988.
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa cientifica. 28. Ed. Petrópolis:
vozes, 2000.
A ESCUTA SENSÍVEL E SUA FUNCIONALIDADE NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sala 3
Resumo: o tema da presente pesquisa é Escuta Sensível, a delimitação temática articulou Escuta Sensível e
Educação inclusiva. O problema investigativo que norteou todo o trabalho foi conduzido mediante a seguinte
questão: A Escuta Sensível poderia ampliar as possibilidades de mediação do processo de ensino e visualizar a
aprendizagem do aluno? O objetivo foi identificar as possibilidades de incluir alunos com necessidades educacionais
especiais a partir da Escuta Sensível. A metodologia usada foi o levantamento bibliográfico que investigou as
seguintes obras: Almeida et al. (2007); Barbier (2002); Cerqueira (2011); Mazzota (2005); Mittler (2003); Moraes e
Suanno (2014); Morin (2000); Rodrigues (2006; 2008); Reis (2006); Suanno (2009); Suanno e Freitas (2016); dentre
outros autores e legislações federais. Em seguida realizou-se uma pesquisa-intervenção em um colégio da rede
pública estadual do município de Damolândia (GO), na qual apresentou-se o conceito de Escuta Sensível e, ainda,
foram coletados os dados empíricos que representam as percepções de professores acerca deste procedimento
didático-p1edagógico de mediação em sala de aula.
Introdução
1
Aluna/Pesquisadora: Graduada em Pedagogia (2014), pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), Câmpus
Inhumas. Especialista em Gestão Escolar, com ênfase em Coordenação Pedagógica (FABEC, 2015), Professora de
acompanhamento especializado em uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Damolândia – GO. E-mail:
[email protected]
2
Professor da Faculdade de Inhumas – FacMais. Mestre em Educação (2008), pela Faculdade de Educação da
Universidade Federal de Goiás (UFG). Especialização em Docência Universitária (2001) e graduação em Psicologia
(1994), ambas pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). E-mail: [email protected]
conduzido mediante a seguinte questão: A Escuta Sensível poderia ampliar as possibilidades de
mediação do processo de ensino e visualizar a aprendizagem do aluno? E, o objetivo primordial
foi identificar as possibilidades de incluir alunos com Necessidades Educacionais Especiais
(NEE) a partir da Escuta Sensível.
Os procedimentos metodológicos utilizados foram o levantamento bibliográfico que
investigou as seguintes obras: Barbier (2002); Cerqueira (2011); Moraes e Suanno (2014); Morin
(2000); Rocha (2003). Em seguida realizou-se uma pesquisa-intervenção (ROCHA, 2003) em
um colégio da rede pública estadual do município de Damolândia (GO), na qual foi apresentado
o conceito de Escuta Sensível e, ainda, foram coletados os dados empíricos que representam as
percepções de professores acerca deste procedimento didático-pedagógico de mediação em sala
de aula.
Esta proposta de intervenção pedagógica é justificada pelo interesse de se trabalhar com
professores, apresentando-lhes alternativas viáveis de inclusão de alunos com problemas e
dificuldades de aprendizagem ou deficiências intelectuais, mentais, sensórias e/ou físicas. Vale
ressaltar que tal proposição tem como norte a vontade de modificar concepções fragmentadoras,
visões reducionistas e percepções que excluem, no cotidiano educacional, os educandos,
principalmente, os que possuem NEE. Portanto, é preciso que ocorra uma transformação nesta
maneira de pensar, para que se consiga escutar a todas(os) as(os) alunas(os) de forma atenciosa,
cuidadosa e sensível, e, assim, seja possível alcançar uma aprendizagem significativa e o direto à
cidadania.
A ideia de realizar este estudo se iniciou no ano de 2013, quando foi possível ter um
maior contato com uma criança com um Transtorno do Espectro Autista (TEA) que fora incluída
no ambiente escolar. A partir de então, percebeu-se que esse aluno era observado, pelas outras
pessoas, com certa “estranheza” por não apresentar comportamento condizente com aqueles
ditos “normais”. Objetivou-se incluí-lo “de verdade” na escola, porém eram processos
demorados que precisavam ser repensados, respeitados e que muitos criticavam, não acreditando
que era necessário.
Por meio das aprendizagens, dos ensinamentos e das vivencias relacionadas à
interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, complexidade, auto-hetero-ecoformação,
sustentabilidade e ao “sentipensar”, dentre outros, que foram experienciados neste curso de pós-
graduação, foi possível pensar novas maneiras de trabalhar com a criança autista e os demais
colegas de sala e de trabalho, demonstrando-lhes que é possível seguir por outros caminhos que
não excluem, para que a inclusão seja realizada de fato.
Relato dos Procedimentos Metodológicos da Pesquisa-Intervenção
Qualitativo está ligado à análise dos sentidos que vão gradativamente ganhando
consistência nas práticas. O sentido é a virtualidade que pulsa nas ações, é
processualização da vida e atravessa o significado, uma vez que está na ordem das
intensidades. Desse modo, o desafio dos pesquisadores é ir além do reconhecimento das
representações estabelecidas na comunidade investigada, dos consensos que dão forma
e apresentam a vida como uma estrutura definida nos seus valores, produções e
expectativas. O qualitativo refere-se, então, à possibilidade de recuperar as histórias dos
movimentos dessa comunidade, sendo percebido nos conflitos, nas divergências, nas
ações que fazem diferença, que facultam a produção de sentidos outros, frente ao
hegemônico, para um futuro indeterminado. Isso implica escapar ao crivo que serve
para diagnosticar os desvios na funcionalidade cotidiana das organizações sociais,
afirmando a diferença como um modo de ser possível nas relações do coletivo. A
pesquisa-intervenção busca acompanhar o cotidiano das práticas, criando um campo de
problematização para que o sentido possa ser extraído das tradições e das formas
estabelecidas, instaurando tensão entre representação e expressão, o que faculta novos
modos de subjetivação. (ROCHA, 2003, p. 66).
Nessa premissa – que valoriza a qualidade, tanto da intervenção como da análise dos
dados coletados –, teve como local de realização da investigação o espaço destinado ao “trabalho
coletivo”. A sala se encontrava com todos os docentes do colégio, e assim fui apresentada pela
diretora, que ressaltou que todos me conheciam, apesar desse espaço não ser mais meu ambiente
de estudo e trabalho, pois a maioria já haviam sido meus professores ou colegas de trabalho. Na
sequência, expliquei os reais motivos para que eu estivesse fazendo a intervenção e pedi para que
todos participassem desta, e que, caso alguém não se sentisse à vontade, poderia sair quando
quisesse, pois eu iria utilizar um gravador de voz para registrar todas as falas durante a realização
desta pesquisa acadêmico-científica. No entanto, para minha alegria, todos colaboraram para a
realização e o sucesso da atividade.
Para a formalização e a sistematização dos procedimentos metodológicos adotados, as
falas e os depoimentos das (os) professoras (es) serão apresentados como dados empíricos da
pesquisa e serão referenciadas como Docente V, W, X, Y e Z, no intuito de preservar suas
identidades.
Ser ignorado não é, nem de longe, uma coisa boa. (Docente V).
Quando a atenção está voltada para nós é mais fácil de discorrer sobre a situação.
(Docente Y).
Nem sempre é fácil saber ouvir, porque muitas vezes queremos apenas falar, ainda mais
quando o assunto não chama atenção. (Docente Z).
Saber ouvir é uma dádiva que poucos possuem e muitos não aprenderam. (Docente X).
Em relação à última pergunta os educadores, em sua maioria, falaram que por causa do
tempo e a quantidade dos conteúdos a serem abordados, muitas vezes, eles não se permitem
escutar seus alunos e que essa prática deveria, sim, fazer parte dos dias em sala de aula, mas que
parece uma utopia. A partir de então, introduzi à discussão uma abordagem a respeito da
Escuta Sensível, perguntando se algum deles já havia escutado esse termo. Todos responderam
que não o conheciam. Desta maneira, iniciei minha fala acerca do tema, mencionando que esta é
uma prática que, talvez, muitos já a utilizam, mas que, constantemente, ela é deixada de lado
para se priorizar a transmissão de conteúdos e técnicas.
Com isso, disse que nos relacionamos constantemente com os alunos e que para essa
relação ser prazerosa é preciso que busquemos constantemente sua qualidade. E, neste
entendimento, a Escuta Sensível criada por Barbier (1998) entra em cena para que isto seja
possível. Contudo, para que houvesse uma melhor compreensão acerca do conceito, me referi a
uma citação de Cerqueira (2011, p. 17), na qual ele define a Escuta Sensível
[...] como a sensibilidade de estar atento ao que é dito, ao que é expresso através de
gestos e palavras, ações e emoções. O conceito está relacionado ao ouvir com atenção, o
que infelizmente está um pouco distanciado da prática exercida na atualidade.
Incluir os alunos com NEE é uma tarefa que me deixa apreensiva, porque sei que a
turma precisa ser atendida em sua totalidade e este aluno, apesar de ser recebido com
respeito e envolvimento de todos para que ocorra a sua socialização, sem professor de
apoio, muitas vezes, não consegue ser atendido em sua completude. E é nesse ponto que
surge o entrave de não conseguir trabalhar a Escuta Sensível com esse discente, pois a
sala lotada não nos permite uma interação mais próxima ao mesmo que possui suas
singularidades, cabendo ao professor de apoio esse papel. (Docente X).
Com a fala da Docente X pode-se notar que ela atribui a culpa por sua inabilidade da
Escuta Sensível de um aluno com NEE à ausência de um “professor de apoio”, pois sua função é
realizar a prática com seus outros alunos, o que permite considerar que este seja um ato de
exclusão. Sendo assim, Barbier (2002, p. 2) acredita que
[...] a escuta sensível se recusa a ser uma obsessão sociológica fixando cada um em
lugar e lhe negando uma abertura a outros modos de existência além daqueles impostos
pelos papéis e pelo status. Ainda mais, a escuta sensível pressupõe uma inversão da
atenção. Antes de situar uma pessoa em “seu lugar” começa-se por reconhecê-la em
“seu ser”, dentro da qualidade de pessoa complexa dotada de uma liberdade e de uma
imaginação criadora. (grifos do autor).
Apesar de a sala ser, muitas vezes, lotada, consigo, vez ou outra, escutar o que meus
alunos tem a dizer, até mesmo por meio do comportamento é possível saber se alguma
coisa vai bem ou não vai bem, eles dão sinais, a todo o momento, e nós que somos
professores, mesmo sozinhos, conseguimos notar as emergências de todos os nossos
alunos, incluindo os NEE, e eu, particularmente, consigo trazer os conflitos deles para
minhas aulas. (Docente Y).
O depoimento da Docente Y pode ser complementado ampliando essas ideias por meio
da concepção de Barbier (2002, p. 3), a respeito da Escuta Sensível, na qual este autor a indica
como uma forma de buscar
[...] compreender, por “empatia”, o sentido que existente em uma prática ou situação,
segundo o “algo mais” (o “surplus”) rogeriano. Escuta sensível aceita surpreender-se
pelo desconhecido que, incessantemente, anima a vida. Por isso, ela questiona as
ciências humanas e continua lúcida sobre suas fronteiras e zonas de incertezas. (grifos
do autor).
Minha função dentro da sala de aula é facilitar a aprendizagem do aluno que possui
alguma dificuldade de aprendizagem, comportamental ou algum distúrbio por razões
variadas. Somos responsáveis por poucos alunos, então fica mais fácil essa
aproximação, essa escuta sensível que eu nunca ouvi falar, mas acredito estar praticando
com meus alunos, pois eles são imprevisíveis, então é preciso estar constantemente os
escutando e observando seu comportamento diante das situações, e isso faz com que a
ação seja modificada a partir de suas respostas. Não vou dizer que é fácil escutar o
outro, mas é preciso para que a aprendizagem aconteça. (Docente Z).
a escuta é um processo fundamental nas relações interpessoais. Ela propicia uma maior
aproximação destes sujeitos que se relacionam. A escuta proporciona o reconhecimento
do outro, a aceitação, a confiança mútua entre quem fala e quem escuta. A escuta é uma
das pontes que permitem a aproximação dos sujeitos, que estabelece a confiança para as
relações interpessoais entre quem fala para ser escutado e quem se permite escutar.
Considerações Finais
Referências
BARBIER, René. Escuta Sensível na Formação de Profissionais de Saúde. Conferência na
Escola Superior de Ciências da Saúde – FEPECS – SES-GDF. 17f. Brasília, jul. 2002.
Disponível em: <www.barbier-rd.nom.fr/ESCUTASENSIVEL. PDF>. Acesso em: 28 fev. 2017.
LISBOA, Fabio. História: Saber Ouvir. Conto traduzido e recriado por Fabio Lisboa a partir da
versão de Rona Leventhal, The Cricket Story. Publicado em: 1 ago. 2013. Disponível em:
<www.contarhistorias.com.br/2013/08/historia-saber-ouvir.html>. Acesso em: 28 fev. 2017.
MORAIS, Vania. Dinâmica: Saber Ouvir. Publicado em: 29 dez. 2014. Disponível em:
<http://bloguinhovania.blogspot.com.br/2014/12/dinamica-saber-ouvir.html>. Acesso em: 24
fev. 2017.
Sala: 3
Resumo: Neste trabalho refletimos sobre o potencial pedagógico do trabalho com gêneros retóricos públicos
(BAWARSHI E REIFF, 2013) e, especialmente, analisamos o uso do gênero pesquisa de opinião em mediações
formativas escolares (SCHNEWLY, 2010). Trata-se de um recorte e discussão de dados de uma pesquisa-ação
de caráter qualitativo, realizada em uma escola pública do Distrito Federal, na cidade Planaltina, em 2016, com
estudantes de 3º ano do ensino médio. Baseamo-nos principalmente em Bakhtin (1992), Fairclough (2001),
Bazerman (2015b) e Miller (2012). Partindo do diálogo com esses autores, apresentamos posições relativas ao
caráter ideológico desses gêneros e à agenciação que eles permitem ao(s) enunciador(es), evidenciando que esses
gêneros são manipulados por sujeitos que agem e participam de um contexto histórico em favor de fins,
objetivos e interesses os quais emergem das suas relações e do lugar social em que se situam esses sujeitos.
Especialmente discutimos a importância de as mediações formativas escolares fazerem refletir sobre os usos
sociais do gênero pesquisa de opinião e desenvolverem atividades que possibilitem o domínio desse gênero. Os
resultados da pesquisa indicam que o estudo desse gênero em escolas de ensino médio possibilita a ampliação da
competência discursiva dos estudantes (ANTUNES, 2010), naquilo que se refere à escrita de gêneros retóricos e
à consciência crítica de gêneros, bem como contribui para a agenciação dos educandos.
Introdução
O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa de mestrado realizada em 2016,
cujo objetivo era contribuir para a ampliação da competência discursiva dos estudantes, por
meio do trabalho com gêneros retóricos públicos, que possibilitem o domínio da
argumentação sistemática, a agência do educando e o desenvolvimento do pensamento crítico
(GIROUX,1997). O trabalho ancora-se em Bakhtin (1992), Bazerman (2015a) e Bawarshi e
Reiff (2013). Assumiu-se a posição de que o trabalho com esses gêneros é capaz de mobilizar
os educandos para o exercício da escrita como prática social (KLEIMAN, 2013).
Este artigo apresenta e discute dados relativos aos gêneros pesquisa de opinião e
manchete, apontando que o estudo desses gêneros contribui para o desenvolvimento da
1
Estudante do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ensino na Educação Básica, do Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicada à Educação/CEPAE, da Universidade Federal de Goiás/UFG. [email protected]
2
Doutora em Linguística pela UnB e professora do Programa de pós-graduação Mestrado em ensino na
Educação Básica, do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação/CEPAE, da Universidade Federal de
Goiás/UFG. [email protected]
3
Estudante do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ensino na Educação Básica, do Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicada à Educação/CEPAE, da Universidade Federal de Goiás/UFG.
consciência crítica dos educandos, essencial para as práticas de leitura e escrita no ensino
médio e – ainda – amplia a agência dos educandos (MILLER, 2012).
As mediações formativas escolares são responsáveis por construir práticas de
letramento que sejam capazes de – no curso de desenvolvimento das capacidades cognitivas
superiores – oferecer os meios e mediações necessários ao pleno desenvolvimento humano
(afetivo, psíquico e intelectual) dos educandos (SCHNEWLY,2010). No âmbito do
desenvolvimento da linguagem e domínio de seus mais diversos recursos comunicativos e
interacionais, o trabalho de ensino da leitura e de escrita se volta para a ampliação da
competência discursiva dos estudantes (ANTUNES, 2010). Os estudantes adentram os
ambientes escolares como agentes plenos de linguagem, crivados de experiências e vivências
nas quais a língua e seu uso em forma de gêneros realizam finalidades projetadas e conhecidas
pelos educandos por meio da sua inserção nas interações verbais cotidianas (BAKHTIN,
1992; MILLER, 2012). Revelar os condicionantes, os aspectos discursivos e genéricos das
interações verbais é um dos meios que as mediações formativas encontram para essa
ampliação da competência dos educandos.
A competência discursiva
A competência discursiva diz respeito ao domínio das tecnologias e instrumentos
semióticos disponíveis em uma cultura, capazes de dotar o sujeito dos meios necessários para
a sua ampla participação nas práticas sociais, de forma a obter – por meio do discurso e de sua
agência – os fins a que se propõe (ANTUNES, 2010). Dessa forma, a ampliação da
competência discursiva implica o domínio de ferramentas e práticas de leitura, de escrita e de
fala por meio de gêneros – instrumentos semióticos (SCHNEUWLY, 2010) – e da
consciência crítica sobre sua tipificação, sequencialidade e finalidade.
Bazerman (2011, b) afirma que as sociedades gregas clássicas e mesmo sociedades
que as precederam tiveram suas formas de vida política (intervenção, decisão, transformação)
modificadas e estendidas em função do letramento e dos gêneros letrados. Assim a ampliação
da competência discursiva dos educandos e de sua agência deve levá-los a refletir sobre o
papel do discurso na vida política da comunidade. Segundo Bazerman:
É notável que as mudanças causadas pela internet e pela criatividade social advinda
desse novo meio facilitam a resposta da retórica à política em mudança, mas as
forças de mudança que afetam cidadania são mais profundas e desnorteantes do que
sugeriria a mera observação das transformações tecnológicas. Para promover os
interesses da cidadania, precisamos ficar de olho nas formas cambiantes de vida
pelas quais a pólis continuamente fala e se inscreve na vida e pelas quais indivíduos
se tornam cidadãos através da fala e da escrita. (BAZERMAN, 2011, b, p. 140).
Esse agir criticamente exige a capacidade de reconhecer que o discurso indica – pela
forma de relacionar, dispor e sequenciar a informação e de tematizar (GIROUX, 1997;
(BAKHTIN, 1992) – a posição do/s sujeito/s (relações, interesses) e revela o caráter
ideológico dos signos (BAKHTIN, 1992), tanto no sentido positivo (de instrumento semiótico
para ação), quanto no sentido negativo, de justificação de relações injustas de dominação.
Nesse caso, trata-se de reconhecer que os signos não são neutros, no sentido de apenas
refletirem/refratarem a realidade. Seguindo-se Bakhtin (1992): “A classe dominante tende a
conferir ao signo ideológico um caráter intangível e acima das diferenças de classe, a fim de
abafar ou de ocultar a luta dos índices sociais de valor que aí se trava, a fim de tornar o signo
monovalente” (BAKHTIN, 1992, p. 47).
A tematização e os índices sociais de valor que ela mobiliza – em consonância com os
interesses dos grupos, comunidades, instituições ou corporações politicamente poderosos em
cada época – se expressa em diversos elementos genéricos, podendo-se citar os aspectos mais
tipificados como o destinatário e a linguagem; as operações discursivas de seleção,
detalhamento e relação entre tópicos, expressas na tecitura do discurso; as questões relativas à
unidade e ao sentido construído na interação (BAKHTIN, 1997). O reconhecimento desses
processos discursivos e de seus efeitos exige uma consciência crítica de gêneros capaz de vê-
los como instrumentos de ação manipulados por sujeitos (pessoas, instituições, governos) que
agem e participam de um contexto histórico em favor de fins, objetivos e interesses os quais
emergem das suas relações e do lugar social em que se situam esses sujeitos. Nesse caso, os
gêneros também são reconhecidos como enunciados concretos cuja valoração apreciativa e
tematização que realizam em cada época sobre um fato ou dado da realidade humana se
modificam em função das transformações da estrutura da sociedade. A consciência crítica de
gêneros, nesse sentido, chama a atenção para a relatividade histórica dos pontos de vista e
conteúdos dos enunciados concretos (gêneros) em cada época. Esse chamar atenção se faz
pelo procedimento de colocar em evidência os aspectos relativos à agência nos enunciados
concretos, ao intuito de mobilizar o outro, evidenciando os fatores interacionais e discursivos
que levam o agente a produzir um enunciado concreto e que contribuem para a constituição de
seu sentido (BAZERMAN, 2015b).
Bakhtin (1992), tratando do caráter ideológico do signo, esclarece que sua principal
característica é ser instrumento para a ação, cuja eficiência e funcionamento pressupõem o
outro e sua resposta. O signo, como instrumento semiótico, somente se constitui na interação,
fora dela ele perde sua função de agência, seu poder como instrumento semiótico. De acordo
com Miller (2012):
A interação é necessária para a agência porque é ela que cria a energia cinética da
performance e a disponibiliza ao uso retórico. Agência, então, é não apenas a
propriedade de um evento, mas também a propriedade de uma relação entre o retor e
a audiência. Em uma situação retórica, há pelo menos dois sujeitos, e é de sua
interação, da atribuição que eles fazem uns aos outros e do que entendem que cada
um está fazendo que podemos constituir agência. (MILLER, 2012, p. 175).
Além da reflexão sobre a fonte que tal referência implica, percebe-se o uso retórico da
intertextualidade a partir da frase “E as tolera porque muitos desses atos de violência estão
conectados às suas práticas, seus costumes e suas crenças.” Tal frase marca a bivocalidade do
discurso, aproximando o ponto de vista de retor do ponto de vista expresso na citação. Na
verdade, seria difícil definir se tal frase marcaria o ponto de vista de Waiselfisz sobre a
violência ou o ponto de vista do enunciador. Trata-se de um procedimento bem descrito por
Bakhtin (1992) no seu estudo sobre o discurso indireto livre e as formas de citação.
Por último, no caso dessa manchete produzida pelos estudantes, há também
apropriações do gênero pesquisa de opinião, com referência ao seguinte gráfico de uma
pesquisa de opinião realizada pelo IPEA/SIPS, Tolerância social à violência contra a mulher:
De forma geral, a cadeia é lugar para aqueles que não têm acesso a advogados, às
formas de recorrer, protelar e impedir a aplicação das penas. Assim, aumentar a
maioridade penal e fazer os jovens responderem à lei penal não torna o sistema mais
eficiente ou justo.
Essa valoração apreciativa coloca como tópico a contradição nas crenças dos
entrevistados, conforme se lê:
É interessante notar que, na pesquisa realizada com 100 pessoas, 68% das pessoas
são a favor da redução da maioridade, mas - contradição - nesse mesmo grupo, 96%
reconhecem que o sistema penitenciário não é uma alternativa eficaz para
recuperação e integração dos jovens.
Considerações Finais
A competência discursiva dos educandos e sua agenciação podem ser ampliadas por
meio do trabalho com os gêneros pesquisa de opinião e pesquisa estatística articulado com
outros gêneros retóricos.
Trata-se de gêneros retóricos altamente poderosos porque mobilizam opiniões por
meio da previsão de sua repercussão, propagação e repetição. Sua característica central é o
tratamento que dão às opiniões: a forma como as reúne por meio de perguntas com tópicos
previamente definidos; como as interpreta; como as topicaliza por recursos de ênfase, réplica
ou comentário; e como as enuncia. Além disso, esses gêneros apresentam forte
intergenericidade, podendo ser absorvidos como suporte, nas estruturas argumentativas, de
gêneros retóricos tais como o artigo de opinião e a manchete, conforme demonstram os dados
da pesquisa.
O trabalho com esses gêneros permite a reflexão sobre gêneros e seu uso, construindo-
se por meio de interlocuções a consciência crítica de gêneros; estimula o entendimento das
situações de uso e o domínio de gêneros retóricos públicos; e elucida para os educandos o tipo
de agenciação que esse gêneros, na relação com outros gêneros retóricos públicos, possibilita.
No caso das mediações formativas escolares, torna-se importante explorar as práticas
discursivas públicas, visando agir sobre grupos, sobre a instituição e sobre as decisões que
afetam a coletividade; além disso, deve-se monitorar, discutir e repercutir junto aos educandos
os efeitos de sua agenciação. Esse trabalho com gêneros contribui profundamente para a
ampliação da competência discursiva dos educandos e para sua agência.
Referências
ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola
Editorial, 2010.
BAJTÍN, Mijaíl M. Problemas de la Poética de Dostoievski. México: Fondo de Cultura
Econômica, S.A. de C.V. 1988.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. Sexta Edição, Hucitec, 1992.
______.Estética da Criação Verbal. 2ª edição, São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BAWARSHI, Anis S. e REIFF, Mary Jo. Gênero: história, teoria, pesquisa, ensino. 1ª Ed.
– São Paulo: Parábola, 2013.
BAZERMAN, Charles. Escrita, Gênero e Interação Social. In: HOFFNAGEL, Judith
Chambliss; DIONÍSIO, Paiva Ângela(Orgs.). São Paulo: Cortez, 2007.
______ a. Gênero, agência e escrita. In: HOFFNAGEL, Judith Chambliss; DIONÍSIO, Paiva
Ângela (Orgs.). 2 ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011.
______b. Gêneros textuais, tipificação e interação. In: HOFFNAGEL, Judith Chambliss;
DIONÍSIO, Paiva Ângel (Orgs.). 4 ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011.
______ a. Retórica da ação letrada . In: HOFFNAGEL, Judith Chambliss; DIONÍSIO,
Paiva Ângela; ACUNHA, Pietra(Orgs.). 1 ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
______ b. Teoria da ação letrada. 1ª Ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
CIERVA, Maria del Carmen Ruiz de la. Los géneros retóricos desde sus orígenes hasta la
actualidad. Revista Rêtorikê: 2007.
FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasília: editora Universidade de
Brasília, 2001.
GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da
aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
KLEIMAN, Angela B.; CENICEROS Rosana Cunha; TINOCO Glícia Azevedo. Projetos de
letramento no ensino médio. In BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (Orgs.). Múltiplas
linguagens para o ensino médio. São Paulo: Parábola Editoria, 2013
MILLER, Carolyn R. Gênero textual, agência e tecnologia. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva;
HOFFNAGEL, Judith (Org.). São Paulo: Parábola, 2012.
SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros e tipos de discurso: considerações psicológicas e
ontogenéticas. In: ROJO, Roxane, SALES, Gleise (Orgs.). Generos orais e escritos na
escola. Campinas, SP: Mercados das Letras, 2010.
A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO NA MODALIDADE A DISTÂNCIA PELA
UNITINS - ANTES E APÓS AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS: UMA
ANÁLISE DOCUMENTAL
Resumo: A Educação a Distância, modalidade de educação efetivada através do intenso uso de tecnologias de
informação e comunicação, onde professores e alunos estão separados fisicamente no espaço e/ou no tempo,
modalidade essa que vem sendo utilizada cada vez mais em todos os níveis da educação, especialmente no
ensino superior. A pesquisa teve como objetivo analisar os documentos institucionais, LDB nº 9394/96; as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia, que embasaram a construção dos Projetos Políticos
Pedagógicos - PPC do curso de Pedagogia – EaD/Unitins, das turmas 2006; 2007 e 2008. Tratou-se de uma
análise documental no sentido de verificar se os PPCs foram elaborados e desenvolvidos à luz da legislação
específica que embasa a formação de pedagogos preparados para atuar em espaços escolares e não-escolares.
Concluiu-se com esse estudo que os Projetos Pedagógicos foram construídos conforme a legislação vigente da
época, ou seja, a turma de 2006 formou especialista em supervisão escolar, anterior às DCNCP/2006 e, as turmas
subseqüentes formaram pedagogos generalistas atendendo o que foi estabelecido pelos documentos oficiais e
institucionais.
Abstract
The Distance Education, education modality carried through intensive use of information and communication
technologies, where teachers and students are physically separated in space and / or time mode this that has been
increasingly used in all levels of education especially in higher education. The research aimed to analyze the
institutional documents, LDB No 9394/96; the National Curriculum Guidelines for the Pedagogy course, that
supported the construction of the Pedagogic Political Project - Faculty of Education PPC - DE / Unitins, classes
of 2006; 2007 and 2008. It was a document analysis in order to verify whether the PPCs were planned and
developed in the light of specific legislation that supports the training of teachers prepared to work in school and
non-school spaces. It concluded with this study that pedagogical projects were built according to the current
legislation of the time, ie, the class of 2006 graduated specialist school supervision prior to DCNCP / 2006 and
subsequent classes formed generalist teachers meeting which was established the official and institutional
documents.
Introdução
1
Mestre em Educação pela UnB. Pedagoga formada pela UFV. Especialista em Educação a distância e Metodologia do
Ensino Superior. Professora adjunta da Universidade Estadual do Tocantins – Unitins. Pesquisadora na área de Ciências
Humanas e Sociais.
O estudo acerca do Curso de Pedagogia (Turmas 2006, 2007 e 2008), bem como o
conhecimento das metodologias e estratégias de educação empregadas, com duração de três
(03) anos e meio divididos em sete (07) semestres, incluíam a transmissão ao vivo de
teleaulas através de antena e sinal exclusivo, malotes via correio e o serviço de tutoria
permanente. Paralelamente ao desenvolvimento das metodologias adequadas para o ensino a
distância, ocorreu um segundo processo fundamental dessa busca intelectual: a compreensão
da práxis social como princípio educativo. Freire (1970, p. 74) afirma que “a educação
transformadora como práxis humanista de libertação, postula como fundamental que os
homens submetidos à dominação devem lutar pela sua emancipação.” Esta educação
transformadora defendida por Freire, visa desenvolver o pensamento crítico da realidade e a
intervenção crítica nesse contexto pelos educandos. O autor demonstra crer que o diálogo é a
maneira mais produtiva da formação da personalidade crítica.
Se esta é a realidade e necessidade no ensino presencial, muito mais o é no ensino a
distância, quando a mediação ocorre através de diferentes canais comunicativos e a autonomia
do aluno é imperativa para a elaboração de conhecimentos válidos para a atuação consciente
no âmbito educacional, profissional e social.
Várias pesquisas já foram desenvolvidas na Unitins sobre a modalidade da educação
a distância. Esse artigo é resultado de mais uma pesquisa em EaD sobre a análise dos Projetos
Pedagógicos de Curso - PPC de Pedagogia, sob a luz dos documentos oficiais e institucionais.
Trata-se, portanto, de uma análise documental baseada em documentos oficiais e
institucionais que deram sustentação à construção dos Projetos do curso de Pedagogia.
A análise documental consiste em identificar, verificar e apreciar os documentos com
uma finalidade específica e, nesse caso, preconiza-se a utilização de uma fonte paralela e
simultânea de informação para complementar os dados e permitir a contextualização das
informações contidas nos documentos. A análise documental deve extrair um reflexo objetivo
da fonte original, permitir a localização, identificação, organização e avaliação das
informações contidas no documento, além da contextualização dos fatos em determinados
momentos (MOREIRA, 2005, apud SOUZA; KANTORSKI; LUIS, 2012).
Nesse estudo, é possível identificar que no objeto pesquisado utilizou-se a análise
documental numa triangulação com a LDB nº 9394/96; os Projetos Pedagógicos de Curso e as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia, enfim, todas as fontes que
permitiram analisar e verificar a consonância dos documentos utilizados para a formação dos
Pedagogos da Unitins.
O interesse de se fazer uma análise documental dos PPC do curso de Pedagogia se
deu pelo fato de já haver outras pesquisas com este curso a distância na instituição e também
pelo fato de ter sido publicado as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia
em 2006, período este que o curso estava em grande evidência com polos de Ead em
praticamente todos os estados brasileiros.
Com o intuito de dar prosseguimento às pesquisas sobre o curso de Pedagogia foi
que surgiu a necessidade, aliada a curiosidade de se investigar o referido curso do ponto de
vista legal.
Diante do exposto, realizou-se a presente pesquisa com o objetivo de estudar e
analisar os documentos institucionais e legais que fundamentaram os projetos pedagógicos do
curso de Pedagogia das turmas 2006, 2007 e 2008 da Universidade Estadual do Tocantins –
Unitins.
Conforme já mencionado o curso de Pedagogia das turmas 2006 e 2007 tiveram seus
projetos de curso elaborados antes das Diretrizes Curriculares Nacionais - DCN.
Assim sendo, o campo de atuação do licenciado em Pedagogia das turmas 2007 e
2008 foram elaborados compostos pelas seguintes dimensões:
*Docência na Educação, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, na Supervisão
Educacional, assim como na área de serviços e apoio escolar, além de em outras
áreas nas quais conhecimentos pedagógicos sejam previstos;
*Gestão educacional, entendida numa perspectiva democrática que integre as
diversas atuações e funções do trabalho pedagógico e de processos educativos
escolares e não-escolares, especialmente no que se refere ao planejamento, à
administração, à coordenação, ao acompanhamento, à avaliação de planos e de
projetos pedagógicos, bem como análise, formulação, implementação,
acompanhamento e avaliação de políticas públicas e institucionais na área de
educação. Sem se olvidar da produção e difusão do conhecimento científico e
tecnológico do campo educacional. (PPC – 2007-2008; p. 37-39)
Após a publicação das Diretrizes Curriculares Nacional, por força legal e com o
objetivo de formar profissionais melhor preparados para atuar no mercado educacional e
social, o Projeto Pedagógico do curso de Pedagogia (turma 2008) foi reestruturado pela
equipe acadêmico-pedagógica da própria instituição.
Segundo o Art. 9º da Resolução CNE/CP Nº 01/2006 os cursos a serem criados em
instituições de educação superior e que visem à Licenciatura para a docência na Educação
Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na
modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras
áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos, deverão ser estruturados com
base nesta Resolução.
O PPC do curso de Pedagogia (turma 2008) manteve o estabelecido nas propostas
pedagógicas dos anos anteriores que, por sua vez foram embasadas nas referências legais,
além de fazer as adequações necessárias para atender ao último documento publicado na
época – as Diretrizes Curriculares Nacionais - Res. CNE/CP nº 1\02006.
Em se tratando das finalidades preconizadas pelas novas diretrizes, o art. 4º da
Resolução CNE/CP nº 01 estabelece que:
O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para
exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação
Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam
previstos conhecimentos pedagógicos. Parágrafo único. As atividades docentes
também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e
instituições de ensino, englobando: I - planejamento, execução, coordenação,
acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; II -
planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e
experiências educativas não-escolares; III - produção e difusão do conhecimento
científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não-
escolares.
Respeitando esse artigo 4º, O PPC do curso de Pedagogia (turma 2008 – p. 21)
passou a ter a seguinte redação:
O Licenciado em Pedagogia formado na UNITINS poderá exercer suas funções em
vários locais, não apenas nas unidades escolares, a saber: gestor de sistemas
educacionais; formulador de políticas públicas; assessoramento ou responsável
direto pelo planejamento, coordenação, execução de programas e projetos
educacionais; gestor de escolas públicas e particulares; orientador de projetos e
experiências não-escolares; elaborador e executor de projetos de capacitação e
atualização de pessoal; profissional de seleção de recursos humanos; dirigente e
assessor de organizações não-governamentais (ONGs) ligadas à área educacional e
cultural e coordenador de planejamento e execução de projetos de pesquisa.
Em relação ao perfil do egresso o PPC manteve os mesmos itens dos projetos das
turmas 2006 e 2007, porém atendendo às Diretrizes Curriculares enfatizou a atuação do
pedagogo nos espaços e não-escolares, além de ressaltar o caso dos professores que venham a
atuar em escolas indígenas, em virtude da particularidade dessas populações com que
trabalham e das situações em que atuam.
No que se refere à carga horária do curso houve uma significativa alteração. A DCN
estabelece em seu art. 7º, a seguinte redação:
Art. 7º: O curso de Licenciatura em Pedagogia terá a carga horária mínima de 3.200
horas de efetivo trabalho acadêmico, assim distribuídas: I - 2.800 horas dedicadas às
atividades formativas como assistência a aulas, realização de seminários,
participação na realização de pesquisas, consultas a bibliotecas e centros de
documentação, visitas a instituições educacionais e culturais, atividades práticas de
diferente natureza, participação em grupos cooperativos de estudos; II - 300 horas
dedicadas ao Estágio Supervisionado prioritariamente em Educação Infantil e nos
anos iniciais do Ensino Fundamental, contemplando também outras áreas
específicas, se for o caso, conforme o projeto pedagógico da instituição; III - 100
horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de
interesse dos alunos, por meio, da iniciação científica, da extensão e da monitoria.
Considerou-se relevante também a diminuição da carga horária do estágio
supervisionado, o que possibilitou o desenvolvimento das disciplinas de práticas pedagógicas
integradas ao estágio no decorrer do curso, isto é, desde o 1º período do curso, uma vez que
ampliou os espaços de atuação do pedagogo para se estabelecer a relação da teoria com a
prática.
As DCN, em seu art. 8º - IV estabelece que:
O estágio curricular a ser realizado, ao longo do curso, de modo a assegurar aos
graduandos experiência de exercício profissional, em ambientes escolares e não-
escolares que ampliem e fortaleçam atitudes éticas, conhecimentos e competências:
a) na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, prioritariamente;
b) nas disciplinas pedagógicas dos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal;
c) na Educação Profissional na área de serviços e de apoio escolar; d) na Educação
de Jovens e Adultos; e) na participação em atividades da gestão de processos
educativos, no planejamento, implementação, coordenação, acompanhamento e
avaliação de atividades e projetos educativos; f) em reuniões de formação
pedagógica.
Considerações finais
Considerando que os documentos oficiais, de forma especial as DCN-
Pedagogia/2016, a Unitins atendeu as definições legais e reorganizou seus projetos de curso
conforme proposto por tais documentos. Nesse sentido, é possível afirmar que a formação
engloba a possibilidade de atuação na docência da Educação Infantil, nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, em disciplinas pedagógicas do Ensino Médio, na educação profissional
e na gestão em espaços escolares e não escolares.
No inciso II, do artigo 2º, ao descrever o núcleo de aprofundamento e diversificação
de estudos, as DCN indicam a possibilidade de que cada instituição priorize áreas de atuação
profissional em seu projeto pedagógico. A Unitins incluiu, além das áreas propostas pelas
Diretrizes, uma formação específica - Língua Brasileira de Sinais – Libras, tendo como
missão “propiciar uma qualificada formação profissional para licenciandos surdos e não
surdos”.
As três propostas pedagógicas analisadas indicam uma perspectiva de
indissociabilidade na formação do professor-pedagogo-gestor-pesquisador. Destacam a
centralidade da docência, articulada à gestão educacional e à pesquisa, bem como o necessário
atravessamento entre teorias e práticas.
Observou-se assim que nos três PPC, a centralidade do projeto formativo recai sobre a
docência. A presença da gestão é importante, mas não sobrepõe a formação docente. A
pesquisa assume importância no texto das Diretrizes e, como visto anteriormente, está
presente nos projetos pedagógicos dos cursos perpassando os eixos teóricos e práticos da
formação.
A análise realizada nos permitiu perceber que as DCN trouxeram o impacto esperado
da força de uma política educacional na reorganização dos PPCs do curso de Pedagogia que
constituíram o centro dessa pesquisa. É interessante observar, entretanto, como a
particularidade da configuração do curso em tela, traz indícios de que a instituição se
apropriou dessas Diretrizes, cumprindo exigências quanto às áreas de formação e carga
horária, mas mantendo delineamentos da proposta específica de formação considerando
também as demandas externas.
Referências
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Acesso Fev. 2016.
A PRÁTICA DE RECREAÇÃO PARA BEBÊS COMO ESTRATÉGIA DE
MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM ARAGUAÍNA – TO
Sala 2
Resumo: O presente relato apresenta o trabalho de recreação para bebês desenvolvida no projeto Semana do
Bebê em Araguaína, estado do Tocantins. O projeto é uma estratégia de mobilização social que recebe o apoio
da UNICEF e configura-se como uma ação interdisciplinar que envolve profissionais de diferentes áreas como
educação, saúde, assistência social e representantes políticos, ONGS e outros, tendo como objetivo de alertar a
população para os direitos à sobrevivência e ao desenvolvimento da criança. As atividades foram desenvolvidas
com base na metodologia da brinquedoteca e tomou como referência que o lúdico é de fundamental importância
para o aprendizado das crianças. Foram realizadas diferentes atividades recreativas como: parque com
brinquedos de escorregar, balanço, gangorra, atividades de pintura, cantinho de leitura, jogos de construção,
jogar dados, atividades psicomotoras com bambolês, corda, elástico, amarelinha, tapete alfabético e outras
brincadeiras de rua que envolveu diversos recursos pedagógicos para estimular aprendizagem das crianças. Com
o projeto foi possível obter bons resultados e atingir o objetivo, na organização da atividade a equipe realizou um
planejamento adequado para as crianças e aos bebês incluindo todas as idades e necessidades. As atividades
realizadas – brincadeiras e jogos foram divididas pela equipe, onde cada profissional disponível pela
brinquedoteca ficava responsável por um grupo, as crianças envolveram-se totalmente e demonstraram muito
interesse em participar das brincadeiras, a participação dos pais e responsáveis eram voltadas para as palestras,
oficinas, debates e outros. Ao todo participaram pessoas das quais crianças de zero a seis anos, crianças acima de
seis anos e adultos. Conclui-se que as atividades realizadas na recreação da semana do bebê mostram como a os
jogos, brincadeiras são de fundamental importância para o desenvolvimento das crianças de diversas idades. A
recreação contribui na formação corporal, cognitiva e afetiva da criança, possui natureza lúdica e estimula a
participação e a coletividade. A experiência mostrou bons resultados por parte dos envolvidos tanto as crianças,
que realizaram diversas atividades desenvolvendo suas habilidades e contribuiu para o aprendizado e aos
familiares que adquiriram muitos conhecimentos sobre a importância e os cuidados com os bebês.
Introdução
O Projeto Semana do Bebê tem por objetivo alertar a população para os direitos à
sobrevivência e ao desenvolvimento da criança de zero a seis anos de idade. É uma estratégia
de mobilização social de iniciativa da Prefeitura de Araguaína e que conta com apoio de
parceiros importantes como a UNICEF (Fundo das Nações Unidas pela Infância), líderes
1 1
Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário UnirG, especialista em Gestão, Orientação Educacional e
Supervisão Escolar pela FAIARA – Faculdade Integrada de Araguatins. Endereço de E_mail:
[email protected]. Membro do grupo de pesquisa em Rede Internacional Investigando Escolas
Criativas e Inovadoras – TO/ PPGE-UFT – RIEC/ BRASIL
2
Professora do IFTO e do Centro Universitário UnirG. Mestre em Educação. [email protected]. Membro
do grupo de pesquisa em Rede Internacional Investigando Escolas Criativas e Inovadoras – TO/ PPGE-UFT –
RIEC/ BRASIL.
políticos, instituições educacionais como escolas e creches, prefeitura municipal, postos de
saúde, hospitais, CRAS e profissionais de diferentes áreas de atuação e voluntários.
Em 2003 no Rio Grande do Sul a Unicef trabalhou com o PIM - Primeira Infância
Melhor, tendo como foco os cuidados integrais nos primeiros anos de vida, visando a
sobrevivência, ao desenvolvimento mais adequado e competências cognitivas e
socioemocionais, a partir daí na cidade de Canelas, o criador da mobilização foi o
pesquisador, professor, médico psiquiatra Salvador Célia. Junto com a Administração
Municipal, criou a Semana do Bebê, e o Dia do Bebê, trazendo milhares de pessoas para
valorizar, com muitas ações, o início da vida. Esse projeto se espalhou pelos municípios
Brasileiros.
Este artigo tem por objetivo relatar a experiência vivida na execução do projeto e seus
resultados destacando a sua importância para a população e o significado do brincar na vida
da criança.
Procedimentos Metodológicos
As atividades do projeto Recreação para Bebês foram inicialmente planejadas com a
participação dos professores, coordenadores e auxiliares de sala, ou seja, por uma equipe
qualificada da Educação Infantil, os profissionais ao serem comunicados começaram
organizar em listas os materiais que seriam utilizados na recreação, organizando um
planejamento para atender todas as idades das crianças que estariam presentes no local, um
local adequado no parque para que pudessem ser expostos os brinquedos e qual seria a função
de cada profissional no dia da abertura do evento.
Desenvolvimento
Na segunda edição do projeto Recreação para bebês, o início das atividades ocorreu no
parque Cimba com palestras e diversos profissionais, sendo eles da saúde, educação,
assistência social, políticos e outros, apresentações com a banda da polícia militar e de alunos
de várias escolas. Neste mesmo dia o público contou com diversas atividades diversificadas,
como: pintura facial para as crianças, coral, apresentações de escolas, brinquedoteca,
atividades recreativas com bambolês, mesa de pintura, peças de montar, brinquedos diversos e
pedagógicos, dados alfabéticos, cantinho de leitura, mesas para desenhos, apresentações de
judô.
Toda ação em que envolve a recreação nas instituições de educação, exige que as
atividades estejam relacionadas ao aprendizado específico das crianças, carece de um bom
planejamento para que ocorra uma aprendizagem eficaz, proporcionando ações que melhorem
a qualidade de vida, satisfazendo as necessidades de ordem física, mental, psíquica
estimulando a criança sentir prazer por fazer e aprender.
A brinquedoteca como espaço lúdico
De acordo com Araújo (1992, p.18) jogo é um processo de derivação por ficção e tem
por função permitir ao indivíduo realizar o seu eu, ostentar sua personalidade, seguir
momentaneamente a trilha de seu maior interesse nos casos em que, não possa consegui-lo
recorrendo às atividades sérias.
Por recreação se entende uma forma de trabalhar a realidade com a criança de maneira
divertida, realizando uma manipulação a realidade que o cerca, desenvolvendo, criando,
exercitando, ou seja, aprender brincando e compreender as coisas de forma criativa e
dinâmica. Com isso essas atividades não podem ser realizadas pelo improviso, é necessário
que se tenha um objetivo e um planejamento para cada atividade recreativa, nunca fugindo do
desenvolvimento das habilidades e aprendizagem da criança.
No projeto recreação para Bebês, a brinquedoteca foi dividida por espaços diferentes,
os brinquedos de montar, construir, encaixar ganharam destaque, estavam sobre um tapete e
várias peças para as crianças trabalharem jogos de construção, incluindo as cores, formas
geométricas e quantidades, conforme fotos 1, 2, 3 e 4.
Foto 01: Parque com brinquedos livres. Foto 2: Jogos de construção e percurso psicomotor.
Foto 03: Tapete de leitura. Foto 04: Momento de Leitura com a professora.
Morim (2008, p.48) falando sobre as experiências que os livros podem proporcionar
diz que:
Considerações Finais
O projeto da semana do bebê contribuiu para melhores condições de vida tanto das
crianças como dos pais, pois as orientações foram de fundamental importância para a vida
materna. As atividades recreativas realizadas com as crianças contribuíram para o
aprendizado e lazer das mesmas envolvendo todos de forma geral, tanto os bebês de colo
como as crianças que estavam presentes no evento.
Referências
ARAÚJO, Vânia, C. O jogo no contexto da educação psicomotora. São Paulo: Cortez
Editora, 1992.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar, crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo:
Moderna, 1996.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. 3°ed. Rio de Janeiro. Zahar. 1978.
Sala 3
Resumo: As problemáticas encontradas a partir do ensino escolar no Brasil são diversas, no entanto é notório o
grau acentuado de reprovações em disciplinas exatas, principalmente no ensino de matemática. Visto isso, este
trabalho teve o objetivo de realizar uma sequência didática interdisciplinar em uma escola da zona sul de
Manaus, AM, Brasil. Nesse sentido a sequência didática usou a temática da alimentação e saúde como meio de
relacionar os conteúdos de matemática e ciências além de destacar a importância da educação ambiental no
aspecto abordado. Assim, as atividades propostas, foram: mostrar e explicar a pirâmide alimentar, o que é uma
alimentação saudável, como fazer as compras do supermercado conscientemente, ensinar a criar uma horta
caseira com embalagens de plástico e como cultivar alguns alimentos em casa enfatizando quais vantagens esse
costume pode trazer. Ao final da última aula utilizou-se como instrumento avaliativo um relato dos estudantes
sobre o aprendizado obtido a partir das atividades. Mediante a análise dos relatos obteve-se a categoria
Alimentação e Qualidade de Vida . Desse modo, os estudantes puderam perceber a importância da alimentação
saudável para seu bem estar e saúde e relacionar com o ensino de matemática.
Introdução
Contexto do Ensino de Matemática
1
Hellen Cristina Rezende de Lima. Universidade Federal do Amazonas. [email protected]
ainda é uma disciplina que apresenta grande dificuldade para os alunos da rede pública de
ensino.
Interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade é conhecida como uma prática que surgiu na França e na
Itália, por volta dos anos 60 (FAZENDA, 1994 apud CARLOS, 2007) em um momento de
movimentos estudantis que buscavam um ensino contextualizado com a sociedade, política e
economia da época. A prática interdisciplinar foi tida como uma resposta para tais
requerimentos, uma vez que os problemas presentes na sociedade não podem ser abordados
por uma disciplina isolada. No fim dos anos 60, o novo método de ensino chegou ao Brasil
exercendo forte influência nas propostas curriculares e legislação de ensino (CARLOS, 2007),
fato que levou à criação da Lei de Diretrizes e Bases Nº 5.692/71, que vinculava o ensino
médio ao mundo de trabalho profissional (NASCIMENTO & COLLARES, 2005). A partir
disso vê-se na interdisciplinaridade uma oportunidade de desenvolver essas características tão
desejáveis para as aulas de ciências, matemática, etc.
Os conceitos da utilização de várias disciplinas em torno de um tema, muitas vezes
são confusos. A multidisciplinaridade caracteriza-se pela ação simultânea de várias disciplinas
com uma temática em comum, sem qualquer relação entre as mesmas. A pluridisciplinaridade
possui uma pequena interação entre as disciplinas, não demonstrando algum nível
hierárquico. Alguns estudiosos não fazem diferenciação entre as duas situações citadas. A
interdisciplinaridade por sua vez, possui uma interação de várias disciplinas em torno de uma
temática e um nível hierárquico superior de onde procedem as ações disciplinares. Isso torna
o método uma ação coordenada (JAPIASSU, 1976 apud CARLOS, 200-?).
O cenário atual mostra que a interdisciplinaridade não é uma prática muito utilizada
no cotidiano da maioria das escolas. Como principais obstáculos para a implementação do
método estão a falta de tempo para planejar as ações, falta de acesso às fontes de pesquisa,
falta de conhecimento para integrar as outras disciplinas no currículo (consequência da
formação específica na faculdade), dificuldade de recursos e materiais de apoio sobre o tema e
a crença de que nem todos os conteúdos podem ser trabalhados de maneira interdisciplinar
(AUGUSTO & CALDEIRA, 2007).
Um estudo feito com professores de Ciências Naturais mostrou que, apesar da
maioria entender os aspectos da interdisciplinaridade, ainda não havia se estabelecido um
conceito sólido sobre o tema. Alguns participantes alegaram a necessidade de um projeto para
que se pudesse trabalhar de maneira interdisciplinar ou que o tema fosse muito amplo para
poder envolver todas as disciplinas (AUGUSTO et al, 2004). Esse estudo mostrou que os
professores confundem práticas interdisciplinares com a multidisciplinaridade, e que a
interação entre as disciplinas não é de fato necessária. Isso mostra a necessidade de cursos de
formação continuada e reflexões teóricas em torno do tema para que se possa ter uma maior
compreensão sobre conceitos de práticas interdisciplinares, possibilitando assim a construção
de projetos envolvendo docentes das diferentes áreas.
Procedimentos Metodológicos
A realização deste foi feita em uma escola pública de Manaus. O público-alvo foram alunos
de uma turma, aproximadamente 40 pessoas. As atividades se desenvolveram por meio de
uma sequência didática interdisciplinar.
Assim, foram necessárias três etapas: Conhecimento da Problemática; Elaboração de Projeto
Interdisciplinar e Realização das Aulas. A escolha da problemática surgiu a partir da sugestão
da gestora da escola, a mesma apontou que há um alto índice de reprovação dos estudantes no
ensino de matemática, realidade de muitas escolas do Brasil (DIAS, 2010).
A temática interdisciplinar do projeto é baseada em um tema gerador (DELIZOICOV et al,
2009) alimentação, pois é um assunto vivenciado no cotidiano.
A abordagem da pesquisa é qualitativa que nas palavras de Mynaio (1994) é aquela que:
“[...] se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
quantificada, ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um aspecto mais
profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos
à operacionalização de variáveis” (p.22).
Para a avaliação da sequência didática, por parte dos alunos, foi realizado um questionário
estruturado para que respondessem e subsequentemente fosse analisado pela pesquisadora.
O questionário estruturado foi submetido à Análise do Conteúdo, que é o tratamento aplicado
a informações coletadas durante o discurso. Bardin (1977) conceitua a análise do conteúdo
como sendo um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.
Sinteticamente a análise do conteúdo é organizada em três momentos: pré- análise, exploração
do material e o tratamento dos resultados. Pode-se dizer que, a pré- análise é a organização
das respostas obtidas e que tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as idéias
iniciais. Seguidamente da pré – análise tem-se a exploração do material, que para Bardin
(1977) será os recortes das entrevistas que expressem da melhor forma a idéia central da
resposta dos sujeitos. Para a finalização da análise temos o tratamento dos resultados que é
feito de forma a ser significativo para o problema que foi pesquisado. No qual se elencam as
categorias de análise.
Desenvolvimento
Para a realização da primeira atividade teve-se uma aula expositiva dialogada, a partir disso,
levantamos a questão “Por que comemos?” e os alunos contaram o que comiam no dia-a-dia e
as compreensões sobre alimentação saudável através de sua experiência cotidiana. Sobre isso,
Motta & Teixeira (2012) defendem a tese de que:
“[...] as questões alimentares devem ser tratadas a partir de suas múltiplas dimensões
e assumimos a escola como um espaço estratégico não só para fomentar as
discussões necessárias à prevenção e ao controle de doenças geradas na infância
(diabetes, hipertensão, obesidade), como também para contribuir no entendimento
crítico das implicações das culturas de consumo alimentar para a relação homem –
ambiente.”
Assim, foi utilizado como recurso didático um cartaz para demonstrar a importância da
pirâmide alimentar. A partir disso, levantamos uma segunda questão “O que é uma
alimentação saudável?”, de acordo com as respostas apresentadas sobre o que eles entendiam
sobre alimentação saudável foi explicada a diferença e importância dos alimentos reguladores,
construtores e energéticos e suas disposições na pirâmide alimentar a partir do que precisamos
utilizar mais e menos para se ter uma alimentação saudável. Segundo Vilarta (2007) é
importante o uso da pirâmide alimentar no ensino, pois foi desenvolvida para ensinar
alimentação saudável a indivíduos e populações.
Seguidamente foi apresentada para os estudantes, uma forma de como saberem se estavam no
padrão de peso apresentado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para isso, foi
realizado o cálculo do IMC (índice de massa corporal) para apresentar noções sobre a
multiplicação de decimais. Nesse sentido foi explicada a fórmula sobre o cálculo, a partir da
relação peso e altura, como segundo o parâmetro utilizado no IMC. A partir disso cada
estudante realizou seu cálculo de IMC e de mais três colegas de sala. Os estudantes receberam
uma atenção pelos professores monitores para serem auxiliados nos cálculos.
O estudo possui grande relevância, pois a obesidade é um fator crescente no Brasil. Desse
modo, o estudo do IMC pode aproximar o estudante a conhecer parâmetros que indiquem a
saúde de seu corpo. Nesse sentido, Vilarta (2007) aponta que:
“Existem várias medidas e tabelas de peso ideal, mas a mais usada, por ser aceito
como padrão internacional, é o IMC (Índice de Massa Corpórea). Há evidências de
que valores baixos de IMC estão relacionados a doenças pulmonares obstrutivas,
câncer pulmonar e tuberculose e valores altos com doenças cardiovasculares,
hipertensão arterial, diabete tipo 2 e outras.” (p. 73)
A partir destas reflexões espera-se que os estudantes, mediante a prática realizada, possam
compreender melhor as relações da alimentação com o seu corpo e que desse modo, possam
ter uma vida saudável.
Para a segunda aula, começamos explicando como fazer multiplicação com números
decimais, pois o aluno ver os números separados por vírgulas como um obstáculo para seu
entendimento (CUNHA, 2002). Em seguida continuamos com as atividades, agora referentes
à dinâmica de compras na qual dividimos a turma em três equipes e cada grupo recebeu o
valor de um salário mínimo (R$724,00). Com esse valor os alunos tinham que escolher quais
produtos eram importantes para a alimentação mensal de sua família. Para isso criamos um
supermercado fictício com diferentes tipos de alimentos, exceto feijão e arroz, pois queríamos
investigar como eles se comportariam caso fossem fazer compras para sua família, além do
que é considerado na cesta básica já que uma alimentação equilibrada é essencial para uma
boa qualidade de vida.
Importante induzir o aluno a obter esse hábito saudável, pois quando adquirido na infância
persiste na vida adulta, normalmente (CANTO, 2012). Reunimos um representante de cada
equipe para o mesmo selecionar alimentos que julgava necessários para a dieta familiar. Após
esses representantes anotarem, eles voltaram para seus grupos, apresentando os alimentos e
seus preços. Assim tiveram que discutir quais comprariam e incluíram na cesta básica, e sua
quantidade. Por fim, teriam que calcular o total de gastos com esses produtos. Pedimos como
tarefa para casa que os estudantes terminassem a soma dos valores dos alimentos escolhidos.
Iniciamos a terceira aula pedindo a tarefa para casa proposta na aula anterior. Assim, demos
continuidade com as atividades. Nem todos os grupos cumpriram com o combinado,
ocasionando um atraso nos planos, sendo preciso retornar às atividades da aula anterior. O
cálculo foi feito e em seguida um representante de cada grupo expôs suas compras e o total de
gastos, enquanto a turma debatia a viabilidade dos valores e a quantidade de produtos
comprados. Ao notar que os alunos ainda apresentavam dificuldades na construção do
conceito, à compreensão do significado e à ordenação dos números decimais, realizamos uma
explicação dos cálculo.
No último dia, para finalizar as atividades propostas, explicamos quais alimentos podem ser
cultivados em casa e quais as vantagens que isso pode trazer, no âmbito econômico, ambiental
e de qualidade de vida, levando-os a uma reflexão de que todos são parte da solução através
de atitudes sustentáveis no dia-a-dia. Segundo Makishima et al, (2005) a horta caseira
apresenta uma série de vantagens: como a variedade de alimentos frescos para preparar uma
refeição, enriquecendo a mesa e variando nos sabores; uma diminuição dos gastos na compra
da cesta básica mensal de uma família.
Questionamos se eles conheciam os malefícios dos agrotóxicos ao mesmo tempo em que
explicamos sua importância. Segundo a Cartilha sobre Agrotóxicos, publicado pela ANVISA,
são diversas intoxicações causadas por agrotóxicos, como a irritabilidade aguda, que apresenta
os seguintes sintomas: irritação na pele, desidratação, alergia, ardência do nariz e boca, tosse,
corrimento do nariz, náuseas, câimbras, tremores, irritabilidade e até depressão. Os alimentos
da horta caseira são livres de agrotóxicos e de outras substâncias que podem causar danos à
saúde humana, possibilitando alimentos mais saudáveis.
No segundo momento, foram apresentadas três alternativas para o cultivo de horta com a
reutilização de garrafas PET e quais as vantagens desse hábito. Sendo que sua reutilização
reduz a quantidade que é desperdiçada nos lixos, lavando a compreensão da importância da
reciclagem com materiais de casa. Discutir com o aluno sobre a reciclagem e seus benefícios,
demonstrando as formas de alternativas no uso desses produtos, proporcionando uma visão
crítica ambiental (BRANCO, 2004). Por fim, os alunos fizeram um resumo de tudo que foi
ensinado e discutido, em sala de aula, durante o projeto.
Análise e Discussão
A questão geradora da avaliação realizada das atividades foi “O que você aprendeu nas aulas
de ciências e matemática sobre a alimentação e saúde?”. Para as aulas, foi criada uma
categoria de análise para se apresentar o aprendizado dos estudantes a partir do relato obtido
na avaliação. Com isso, obteve-se através da análise do conteúdo a seguinte categoria:
Alimentação E Qualidade De Vida.
Nos trechos abaixo, pode-se observar a fala dos estudantes mediante o instrumento de
avaliação utilizado.
1 – “ [...] legal também saber como manter uma alimentação balanceada, saber provar um pouco de tudo [...] ”
(SIC)
2 – “ Eu aprendi que nos tem que cuida da nossa saúde [...] que a nossa alimentação tem que se bem saudave
[...] por que a minha alimentação tava rui que so mas agora ta bom [...]” SIC
5 – “Aprendi [...] a importância dos alimentos – alimento saudável, alimento pesado, alimento leve. [...] aprendi
sobre o que é bom nós comermos, os tipos de comida que devemos comer, no quadro tinha vários como carne,
verduras, frutas, comidas pesados, água etc.” SIC
6 – “ Aprendir como me alimentar bem, e o que e bom pra mim comer e em ter uma alimentação saudavél. [...]
Aprendir sobre o IMC, para saber se o pezo da pessoa ta normal” SIC
7 – “ [...] aprendi que precisamos mesmo não querendo temos que nos alimentar de maneira certa para não ficar
abaixo ou cima do peso [...] Também preciso me alimentar melhor [...]” SIC
8 – “ [...] aprendi [...] compra os alimentos saudaves. E como é importante comer verduras, fazer exercícios
físicos não comer doces diáriamente e gorduras tranz.” SIC
10 – “ Essa aula foi muito importante para aprender sobre [...] os preços de como devemos economizar para nós
comprar alimentos saudáveis e não comer todo dia coisas que não fazem bem a nossa saúde [...] ” SIC
11 – “ [...] como também se relaciona em falarmos de saúde sempre é bom ficar atento pois, saúde, se envolve
em outros assuntos.” SIC
12 – “ Eu observei nas aulas o valor de ter uma alimentação saudável e rica em nutrientes, a importância que eles
nos trazem como : energia, vitaminas [...]”SIC
13 – “ [...] aprende sobre a alimentação e sobre a saúde [...] sobre o I.M.C Índice de massa corporal, e sobre o
calculo dos peso dos meus colegas [...]”SIC
14 – “Aprendi que temos que comer alimentos saudáveis para termos energia e uma boa saúde, entendir o I.M.C
[...]”SIC
15 – “ [...] agente se alimentando direito podemos ter uma pele bem tratada [...] aprendi que temos que manter o
peso normal sob medida porque pode trazer um mal estar a alimentação faz parte do nosso dia a dia e não foi só
a aula de ciências que me importei mas sim a matemática, por que me importo com minha saúde” SIC
Considerações Finais
Levando-se em conta o que foi apresentado neste, pode-se observar a importância de
desenvolver atividades interdisciplinares na escola. Visto que, é de grande relevância a
contextualização do ensino sob diversas óticas, sejam elas das ciências ou da matemática, mas
atuam como otimizadoras no processo de ensino aprendizagem. Em virtude dos fatos
mencionados, o ensino de matemática se encaixou naturalmente nas aulas e foi possível
observar um grande desempenho dos estudantes em relação à multiplicação com números
decimais, mostrando que a interdisciplinaridade, aliada às condições inovadoras de ensino,
pode contribuir para uma aprendizagem mais significativa.
Vale ressaltar as questões ambientais envolvidas no projeto, no qual o uso de garrafas PET foi
de fundamental importância, uma vez que produtos de plástico demoram muito para se
degradarem no ambiente e são facilmente encontrados em lixões a céu aberto causando assim,
diversos danos à natureza. Desse modo, pode-se compreender a importância das questões
ambientais para sensibilizar os estudantes quanto a conservação do ambiente a partir da
relevância da reciclagem.
Vale ressaltar, que a aprendizagem também foi alcançada por meio do estudo da alimentação
e saúde mediante as sequências didáticas. Assim, os estudantes indicaram a importância da
alimentação saudável para seu bem estar e saúde.
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<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp043343.pdf>. Acesso em: 12 de junho
de 2017.
CUNHA, M. R. K A Quebra da Unidade e o Número Decimal. São Paulo: PUC,
Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) 2002.
Sala 2
Resumo: Este estudo objetivou-se identificar alguns indícios de brincadeiras realizadas ao ar livre atualmente na
cidade de Palmas – TO em locais como praças, ruas e escolas para pensar suas potências no desenvolvimento
dos seres humanos. Foi utilizado como método de coleta de dados observações destas brincadeiras a partir de
uma abordagem qualitativa. Tal coleta foi realizada entre agosto e outubro de 2016 por meio de observações
descritivas e exploratórias dos jogos e brincadeiras realizadas por crianças de diversas idades. A partir de um
levantamento bibliográfico sobre os jogos, brinquedos e brincadeiras foi realizada uma análise destas
observações e, a partir dela, pode-se perceber a relevância da brincadeira para o desenvolvimento cognitivo,
afetivo e social dos seres humanos, bem como a importância de propiciarmos espaços/tempos para a realização
das mesmas. Enfim, por meio do estudo realizado foi possível entender que a brincadeira é geradora de grande
potencial para a aprendizagem.
Introdução
O presente estudo apresenta uma breve discussão sobre a potência das brincadeiras ao
ar livre para além da diversão, como forma de desenvolvimento do ser humano, capaz de
possibilitar a formação de conhecimentos relevantes para a vida.
A primeira parte apresenta um levantamento teórico sobre os jogos, brinquedos e
brincadeiras a partir das considerações de estudiosos como ARIÉS (1981), KISHIMOTO
(2011), FRIEDMANN (2012) e BENJAMIN (1984) para problematizar: Como diferentes
abordagens contribuem para pensarmos as brincadeiras e o desenvolvimento do ser humano?
Realizou-se a observação descritiva de brincadeiras realizadas ao ar livre na cidade de
Palmas – Capital do Tocantins, como praças, ruas e escola tentando perceber certos indícios
para os modos de brincar com/nestes espaços.
Na segunda parte, estão descritas as observações às quais defini como especulações
onde buscou-se compreender como as crianças interagem entre elas, seus modos de
expressão, e como as brincadeiras surgiam, por meio de um exercício de descrição.
BENJAMIN (1984) e FRIEDMANN (2012) afirmam que no processo de observação o adulto
deve compreender todos os aspectos que compõem a infância: social, psicológico, cultural,
biológico e linguístico.
1
Universidade Federal do Tocantins. Licenciada em Teatro. E-mail: [email protected]
2
Universidade Federal do Tocantins. Professora Adjunta do Curso de Licenciatura em Teatro. E-mail:
[email protected]
Na terceira parte, temos as análises das especulações, na qual seus achados são
confrontados com os textos teóricos dos autores já mencionados para pensar a potência da
brincadeira. Com isso, afirma-se que o brincar potencializa o desenvolvimento social,
emocional, cultural, motor e cognitivo da criança, contribuindo para o campo da educação e a
vida social do indivíduo. Para tanto, segundo ARIÉS (1981) torna-se necessário um espaço
para a realização dos jogos e brincadeiras, os brinquedos ou objetos, os mediadores e pessoas
com quem partilhar as brincadeiras.
Ao final deixo a carta de uma futura professora aos seus alunos, que carrega uma
mensagem de admiração do universo infantil, sobre como é possível aprender observando
aqueles que de forma tão natural encantam com a simplicidade de suas fantasias e desejo de
desbravar um mundo. Assim, esse estudo busca identificar alguns indícios de brincadeiras que
são realizadas ao ar livre atualmente na cidade de Palmas – TO para pensar sua potência para
o desenvolvimento dos seres humanos e como os adultos podem estar atentos à sua
importância.
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento
ARIÉS (1981) em seu livro História Social da Criança e da Família, capítulo IV
apresenta um relato que foi escrito no início do século XVII, a partir dos registros do diário do
médico Heroard. Nestes registros, percebe-se que o príncipe Luís XIII, quando criança,
recebia os mesmos tratamentos que as outras crianças, ou seja, não havia diferença entre elas.
Descobrimos neste estudo que o príncipe deixa seus primeiros brinquedos como o
“cavalo de pau, o cata-vento ou o pião” e com apenas um ano e cinco meses toca violino e
canta ao mesmo tempo. Isto mostra a importância do canto e da música na educação das
crianças nessa época, além de evidenciar certa precocidade.
Havia a imitação pelas crianças das atitudes dos adultos com a reprodução dos
brinquedos como: o cavalo de pau, na época, usado como meio de transporte e de tração,
assim também como as pás dos moinhos de vento, representadas nas brincadeiras das crianças
e que giravam na ponta de uma vareta (ARIÈS, 1981). Hoje ainda existe este processo de
imitação representado em ações pelas crianças quando estas imitam um carro, um caminhão, e
também podemos encontrar brinquedos como o cata-vento em feiras ou lojas de brinquedos.
Isso mostra a capacidade que a criança possui de conservar registros e histórias de um povo,
de um país e de garantir por meio da brincadeira a continuidade e a preservação de uma
sociedade.
Mas será que hoje temos esta separação tão rigorosa entre as brincadeiras e os jogos
reservados às crianças e as brincadeiras e os jogos dos adultos? Qual a força da brincadeira na
nossa sociedade? É certo brincar?
O documentário “Tarja Branca – a revolução que faltava³” do cineasta Cacau Rhoden
defende a importância dos adultos resgatarem o lado lúdico da vida. O diretor do
documentário buscou entender como a falta da brincadeira ocasionou o aumento do número
de vítimas de problemas emocionais, como depressão e ansiedade. É preciso compreender que
o brincar é um tempo rico, pois é onde ativamos a nossa criatividade e somos capazes de
resolver os nossos problemas.
Continuando meus estudos faço uma leitura cuidadosa do texto “Jogo, brinquedo,
brincadeira e a educação” de KISHIMOTO. Segundo a organizadora KISHIMOTO (2011)
definir o jogo, o brinquedo e a brincadeira, é desafiante visto que estes conceitos e as palavras
que os significam não são bem definidos na linguagem mundial. Assim KISHIMOTO (2011)
define o conceito de jogo como:
1. O resultado de um sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social:
expresso por meio da linguagem, em que a sociedade lhe atribui valores e modo de vida.
2. Um sistema de regras: normas preestabelecidas que caracterizem o jogo.
3. Um objeto: há a presença de um instrumento como o pião utilizado na brincadeira
de girar o pião.
Quanto ao brinquedo, este se diferencia do jogo devido à falta de um sistema de
normas para sua utilização. Pode representar uma imagem relacionada ao aspecto da
realidade. KISHIMOTO (2011) afirma que uma das possibilidades do brinquedo é ofertar a
criança um substituto dos objetos da vida real, afim de que ela possa manuseá-lo.
A brincadeira é a ação da concretização dos jogos e do lúdico podendo assumir
diferentes formas, de acordo com os elementos culturais aprendidos em sociedade. Para
KISHIMOTO (2011)4 o cuidar, o educar andam juntos na educação. As concepções
psicológicas e pedagógicas atuais, por exemplo, reconhecem a importância do brinquedo e da
brincadeira, como fator fundamental para o desenvolvimento e para a construção do
conhecimento infantil.
No campo da educação, o brinquedo pode ser um objeto de grande valor educativo,
como o quebra-cabeça, tabuleiros, entre outros que ensinam, desenvolvem e educam de
maneira prazerosa. Para Kishimoto (2011, p. 41) o brinquedo ou o jogo educativo pode
assumir duas funções: lúdica ou educativa, a depender do modo como a criança brinca. Deste
modo, a questão principal é como criar uma situação lúdica e educativa ao mesmo tempo:
1. Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando
escolhido voluntariamente; e
2. Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo
em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão de mundo (KISHIMOTO, 2011,
p.41).
especulação 04 – Espadachin
Considerações Finais
Referências
ARIÈS, P. História social da infância e da família. 2. ed. – Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BENJAMIN, W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo:
Summus, 1984.
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller.
Campinas, SP: Papirus, 1993.
FRIEDMANN, Adriana. O brincar na educação infantil: observação, adequação e inclusão.
1. ed. – São Paulo: Moderna, 2012.
GAMA, C.F; MELLO M.A. Brinquedos tecnológicos: sentidos e significados atribuídos
pelas crianças de educação infantil. Cadernos de pedagogia. São Carlos, Ano 7 v. 7 n.14, p.
45-53, jan-jun 2014.
KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 14 ed. - São Paulo:
Cortez, 2011.
Filmografia
O brincar na educação infantil parte 1/2. . Entrevista com Tizuko M. Kishimoto. 28'08''.
USP/SP, 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=09w8a-u-AUU >.
Acesso em: 08/10/2016.
Tarja Branca – a revolução que faltava. Direção de Cacau Rhoden, Roteiro de Marcelo
Negri. Brasil: Maria Farinha Filmes, 2014. (80 min.) son., Português. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Yls6vrqwtCg> Assistido em 10 de Nov. de 2016.
A GEOGRAFIA NO CONTEXTO DE UMA NOVA METODOLOGIA DE
APRENDIZAGEM EM UMA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL 1
Sala 03
Resumo: A Geografia no contexto de uma nova metodologia de aprendizagem em uma Escola de Tempo
Integral Entender a escola atualmente incide em analisar as mudanças por que passa a sociedade. Se ambas
mudam, a Geografia também sofre os impactos. Nesse contexto, políticas públicas têm surgido na tentativa de
colocar metodologias diferentes que possibilitem um melhor resultado no processo de ensino e aprendizagem.
Assim, a Escola Integral de Tempo Integral propagada em Campo Grande-MS (Escola Estadual Waldemir
Barros da Silva), preza pelo Educar pela Pesquisa e se diferencia das demais por sua metodologia que coloca o
estudante como um pesquisador que participa ativamente do processo de construção do conhecimento. Essa nova
abordagem pedagógica visa modificar as relações estudante/professor/escola de modo a romper-se com padrões
tradicionais de ensino e aprendizagem (inclusive na geografia) para atender aos anseios de uma era marcada pela
tecnologia na/da educação. Ao apresentarem-se os resultados dessa pesquisa in loco, considera-se um tempo
decorrido curto (out/2015 a abri/2016), todavia, muito importante para pautar os rumos do projeto e
programar/planejar resultados mais satisfatórios e realizar as devidas intervenções na metodologia e na
avaliação. Para tanto, o presente artigo será dividido em duas partes que se complementam: a primeira mais
teórica visa expor as linhas ideológicas que hoje norteiam essa nova forma de ensinar/avaliar que incidem no
campo da geografia; a segunda ressalta através da análise dos questionários, os resultados advindos dos relatos
de pais e estudantes, concluindo com as considerações finais. Todo esse processo foi desenvolvido ao longo das
aulas de geografia na busca de melhor ensinar e avaliar os estudantes.
Introdução
Entender a escola na atualidade incide em analisar todas as mudanças por que passa a
sociedade. Nesse contexto, novas experiências têm surgido na tentativa de colocar
metodologias diferentes que possibilitem à escola um melhor resultado no processo de ensino
e aprendizagem.
Assim, a Escola de Tempo integral propagada no Estado de Mato Grosso do Sul, mais
especificamente em Campo Grande (Escola Estadual Waldemir Barros da Silva), preza pelo
Educar pela Pesquisa. Essa proposta evidencia uma nova forma de ensino e aprendizagem
pautada na autoria do estudante, que pesquisa, produz, escreve, reescreve e constrói o seu
saber, cabendo ao professor orientar, direcionar, instruir e dialogar com o discente,
aprendendo ao mesmo tempo em que ensina (DEMO, 2015. p. 126). Portanto, nessa
metodologia não existe aula transmissiva e repetitiva pautada na passividade do estudante,
mas sim um espaço de aprendizagem flexível e capaz de atender aos auspícios da atualidade.
1
Artigo produzido com base nas experiências em sala de aula mediante a aplicação da nova metodologia de
aprendizagem “Educar pela pesquisa” nas turmas do Ensino Médio da Escola Estadual Waldemir Barros da Silva
nos primeiros meses em 2016. Para maiores informações ver: (DEMO, 2007; 2007A, 2012).
Essa nova abordagem pedagógica visa modificar as relações entre estudante e
professor, entre aluno e a escola de modo a romper-se com padrões tradicionais de ensino e
aprendizagem que não mais satisfazem os anseios atuais (MOSÉ, 2013. p. 53; CORTELLA,
2014. p. 13), marcados por uma era tecnológica fugaz e efêmera acerca da economia, da
cultura e mais ainda, da educação (SANTOS, 2008, p. 82).
Ao apresentarem-se os resultados dessa pesquisa in loco, considera-se um tempo
decorrido extremamente curto (de outubro de 2015, período de formação dos docentes até o
fim de abril, quando se encerrou o 1º Bimestre de 2016), todavia, muito importante para
pautar os rumos do projeto e programar e planejar resultados mais satisfatórios e realizar as
devidas intervenções na metodologia/avaliação, no método e/ou em ambos.
Para tanto, o presente artigo será dividido em duas partes que se complementam: a
primeira com um contexto mais teórico visa expor as linhas filosóficas e ideológicas que hoje
norteiam essa nova forma de aprendizagem e que, por esse fato, alteram as práticas em
geografia; a segunda ressaltará através da análise dos questionários, os resultados advindos
dos relatos de estudantes e pais de estudantes, concluindo a pesquisa com as considerações
finais.
Essa parte ressalta superficialmente três propostas que entendemos serem as mais
viáveis no contexto dessa nova metodologia em análise, sem pretender adentrar em uma
discussão mais profunda por ser esse trabalho pautado na praticidade, ou seja: visa estudar e
priorizar os resultados do trabalho in loco. Não obstante, para a geografia ambas se mostram
mais pertinentes na medida em que considera a subjetividade, a oralidade, o dia a dia, a
evolução do educando, e que possibilitam uma reformulação na prática docente no ato de
ensinar e avaliar.
Na literatura atual, essas propostas se destacam por tratarem diferentemente a maneira
de se ensinar e educar, pondo fim àquela relação aluno passivo e professor transmissor, sendo
o ensinar transmitido via oralidade pelo professor, único detentor do conhecimento (FREIRE,
1996. p. 47) e muitas vezes, colocando-se como o centro do sistema, alijando o estudante do
processo ou pouco o considerando importante na sistemática educacional.
O Professor Pedro Demo (2015, p. 10) diz que a forma tradicional já se exauriu há
tempos, ressaltando que urge “buscar outros rumos para educação – pretensão absolutamente
imprescindível, porque o atual sistema de ensino caducou por completo”. Não obstante, essa
averiguação fica cada vez mais evidente quando um professor do ensino médio analisa o
conhecimento adquirido de um estudante que recém chegou do ensino fundamental,
completamente precário e distante dos patamares que a ele seria cabível dentro dessa faixa
etária. Também se observa essa defasagem ao ele adentrar no nível superior.
Como propostas inovadoras que surgiram nos dias atuais – no Brasil, pois já são
executadas em outros países – podemos apresentar três que se enquadram nessa nova
sistemática moderna: A Aprendizagem Baseada em Projeto (ABP) (BECKER & MARQUES,
2010; BENDER 2014.), a Teoria da Problematização (BERBEL, 1998, 1999, 2001) e a
“Escola da Ponte” 2 , que são possibilidades que buscam obter resultados satisfatórios – e
exitosos – acerca do processo de ensino e aprendizagem e que interferem diretamente no que
se conceitua por geografia, seus conceitos e problemática mediante uma outra forma de ver e
analisar o espaço geográfico.
Na proposta de Problematização o estudante é encarregado de trazer consigo o
problema e apresentá-lo ao professor que o orientará quanto aos rumos da pesquisa –
métodos, metodologias, rumos da pesquisa e outros e serem delineados. Portanto, a sua
dúvida será o seu ponto de partida para que ele possa pesquisar e “desfrutar” a busca pela
aprendizagem e do conhecimento através da pesquisa3.
Pensando no amplo campo geográfico, esse horizonte também se apresenta como
promissor, e vai além ao considerar a realidade de cada indivíduo, suas particularidades,
curiosidades e, dessa forma, produzirá resultados no mínimo interessantes acerca do
conhecimento construído e da maneira que o professor pode avaliar.
Já na outra metodologia, a Aprendizagem Baseada em Projetos 4 , os estudantes
trabalham projetos direcionados pela equipe pedagógica, tendo na pesquisa o meio
disseminador da busca pelo conhecimento. O que a difere da metodologia anterior é que nessa
são os docentes que direcionam o conteúdo a ser pesquisado, enquanto na anterior são os
alunos que o propõem o tema.
2
Ver (MOSÉ 2013) e http://educador.brasilescola.uol.com.br/gestao-educacional/escola-ponte.htm;
3
Não é nosso intuito teorizar essa proposta mas apenas contextualizá-la enquanto meio inovador de
aprendizagem. Para maior aprofundamento ver BERBEL, 1998, 1999, 2001.
4
Ressaltamos que essa metodologia também é diferente da tradicional e foi aplicada em outros países, todavia,
não entraremos nessa discussão teórica, que pode ser aprofundada consultando-se BENDER 2014.
A “Escola da Ponte 5 (terceira proposta) também despontou nos últimos anos (em
Portugal) com uma metodologia flexível sob vários pontos de vista: currículo alternativo,
pesquisa proposta pelos estudantes, aprendizagem em projetos, alternância de coordenação,
direção e gestão pedagógica etc, visando propiciar aos discentes aprender e colocar o que foi
aprendido no cotidiano, tendo resultados satisfatórios, ainda que insuficientes e contestados
quanto a sua aplicabilidade em maior número de escolas em seu país de origem.
Aqui muito mais do que a geografia paira o trabalho interdisciplinar, as suas relações,
simbioses e processos avaliativos flexíveis que se aplicados no dia a dia, poderá sim ser uma
experiência exitosa.
Essas e outras metodologias e propostas são demonstrações claras de que o que está
posto não mais satisfaz os anseios por variadas causas. A mudança da carga horária das
escolas de ensino regular (meio período de aula) para integral também representa algumas
alternativas de inserção holística do estudante na unidade escolar e, consequentemente, visa
propiciar uma melhora na aprendizagem, coisa que na maioria das vezes não se configura.
Também é importante ressaltar que outras ações estão sendo testadas e vivenciadas no
campo da educação 6 , muitas foram pensadas e aplicadas em outros países, o que acaba
sofrendo algumas críticas quando são aplicadas em território nacional sem as devidas
adequações. Todavia, se as boas ideias e metodologias podem ser aqui utilizadas, não cabe o
preconceito ou a “xenofobia pedagógica”, mas sim retirar dessas aplicações o que se
encaixará perfeitamente em nosso contexto social, cultural e econômico para se obter uma
melhora no conjunto holístico da educação.
Considerando-se essa observação, as três vertentes acima expostas apresentam
excelentes perspectivas para se trabalhar nas escolas brasileiras, cada uma com sua
contribuição, visando mudar esse cenário de estagnação do conhecimento e avanço da
escolaridade. Para a ciência geográfica, as transformações caminham no sentido de uma
reformulada geografia crítica, em que não mais cabe a pura descrição, mas o pensar crítico e o
saber aplicado a realidade de cada ser.
5
Ver MOSÉ 2013 e http://educador.brasilescola.uol.com.br/gestao-educacional/escola-ponte.htm;
6
Exemplo desses avanços democratizadores é a Nova Base Nacional Comum, que em discussão com a
sociedade em geral – professores, educadores, país, conselhos de educação etc. – tem promovido a construção
em conjunto de um currículo novo, que abranja de forma holística as disciplinas e os conteúdos ensejados nesse
século e que atenda às disparidades regionais de cada estado brasileiro. Ver:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio.
Estudo de caso: a opinião de pais, mães e responsáveis dos estudantes sobre a escola de
tempo integral
7
Deixaremos para uma ocasião posterior a análise desse e outros temas avaliativos da aprendizagem do aluno
acerca de planejamentos e trabalhos específicos; por ora, nos ateremos a análise inicial.
8
Existe uma Reforma na Unidade Escolar que vem se arrastando há mais de três anos, com isso, a falta de
Internet em pontos diversificados e com uma capacidade maior de acesso tem dificultado muito a pesquisa.
9
Realmente houve em um primeiro momento uma carga de pesquisas elevada em função de que cada professor
pediu um trabalho individual aos estudantes e que, considerando-se o total de disciplinas – 16 ou 19 -, resultou
em uma sobrecarga que foi sanada no planejamento posterior com trabalhos por áreas e/ou por grupos de
disciplinas.
Os resultados demonstram que há um aspecto de positividade na equipe escolar, que estará
preparada para atuar e obter êxito no processo.
Como exposto linhas atrás, os professores passaram por um processo de qualificação e
capacitação para atuarem nessa nova proposta de ensino.
A oitava questão, incide em saber a aplicabilidade dessa metodologia nova na vida do
estudante, para tanto, teve a seguinte redação: “Quais as perspectivas desse ensino em sua
vida?”. As respostas também foram positivas, tais como: “o método e ensino na faculdade vai
ser igual e eu já quero ir preparado”, “que me ajude na faculdade” e “vai me ajudar na
faculdade e em curso profissionalizante”. Fica claro o objetivo delimitado em longo prazo.
Em outra ótica, temos um contexto mais socializado, mais holístico, pois “espero que
esse ensino me ajude a melhorar meu modo de me expressar, de me analisar e analisar o
mundo a minha volta”. Essa resposta explicita além da maturidade do educando o seu
direcionamento acerca da vida em sociedade, da importância das relações pessoais e
profissionais, de ser feliz. Complementando, temos outra resposta nesse sentido “esse tipo de
ensino vai me ajudar nas entrevistas de emprego, falar direito...”.
A penúltima questão (9ª) fechada busca saber se o estudante sabe pesquisar, se ele
conhece as etapas que denotam sequência lógica e pautada na ciência. Destarte, seu texto é
“Você sabe realizar uma pesquisa científica?”. Houve uma divisão, sendo que 12
estudantes ressaltaram que sim, sabem preparar e conduzir uma pesquisa. Outros nove (9)
discentes disseram que não, que não desconhecem a sistemática. A prática verificada nos
primeiros dias de ensino e aprendizagem nos mostrou que a grande maioria não sabe realizar
uma pesquisa mínima, obedecendo aos critérios lógicos (começo, meio e fim), quiça os
aportes que sustentam as normas da ABNT.
O que se notou foi a velha prática – copiar (crtl + c) e colar (crtl + v), imprimir e
entregar ao professor a massa de folhas. Nesse sentido, tivemos que recorrer a mais tempo de
estudo para disseminar e orientar os procedimentos mínimos de ciência e sistematização.
Finalizando o questionário, a última questão (10ª) visa estabelecer um nível de
classificação acerca da metodologia de ensino, em que indagamos “Como você classificaria
essa nova metodologia de ensino?”. A maioria disse ser boa (14), 7 (sete) afirmaram não
terem opinião formada e nenhum assinalou ruim. Ficou explicito que o conhecimento,
independente de sua metodologia, propicia ao estudante conhecimento e que, o estudante
entende que mudanças nesse processo visam buscar uma aprendizagem melhor.
Essas transformações adentram no campo de entendimento da Geografia,
estabelecendo novas interpretações, novas maneiras de se estudar o objeto de estudo e
principalmente, modificam a relação do que se produz enquanto saber dessa ciência,
acompanhando as atuais mudanças conjunturais.
Concluindo a análise do questionário, notou-se que a receptividade por parte de
estudantes e professores acerca da nova proposta foi positiva. Apesar de não conhecerem a
fundo os pontos principais da sistemática, entendem que ela os ajudará no desenvolvimento
de várias habilidades e competências profissionais e pessoais, preparando-os para saber lidar
com as relações em sociedade e todos os seus conflitos.
Também é fundamental ressaltar que essa dinâmica nova de ensino levará certo tempo
para produzir frutos em virtude dos vícios existentes nos estudantes, adquiridos ao longo do
ensino fundamental e que levará algum tempo para ser corrigido. Por fim, o papel do
professor orientador e sua relação mais próxima e equânime com os discentes, expõem para
ambos uma nova forma de atuação, em que a pesquisa delineará os caminhos da
aprendizagem, sendo um desafio para estudante e para o professor.
Acreditamos que a escola do século XXI, independente da metodologia utilizada,
precisa rever conceitos e práticas aplicadas há mais de cem anos e que, não respondem mais
aos anseios do educando. Pensar nas novas relações entre os atores – estudante, professor,
escola, sociedade -, refletir e considerar o papel das tecnologias no seio escolar são alguns dos
pormenores a serem debatidos por todos os envolvidos nesse processo, e somente a união de
todos poderá propiciar sucesso, produzindo cidadão livres e sabendo viver em sociedade.
Cabe a geografia fazer a sua parte.
Considerações Finais
O trabalho deixou claro que a sociedade atual não pode mais ser tratada com
metodologias, técnicas, dogmas e paradigmas que surgiram há séculos atrás. A evolução
gradativa da tecnologia e consequentemente o progresso nas mais diversas áreas do
conhecimento anseiam por novas conjunturas para atender aos auspícios sociais, econômicos,
culturais e educacionais, pois a mudança trás consigo essa necessidade de romper com o
arcaico, tradicional; há que renovar-se!
Não obstante, aceitar o novo e colocá-lo em prática muitas vezes torna-se tarefa difícil
em virtude das transformações que ele preconiza nas formas técnicas e funcionais – inclusive
ao se fazer geografia.
No campo da educação, alguns não aceitam o novo e aquilo que ele oferece por
motivos de comodismo, estruturação que não quer que seja desmontada e os gastos
financeiros para a implantação dessa nova sistemática, outros pelo simples egocentrismo e a
não aceitação de correntes que não delineiem, pressuponham a sua preferência. Na geografia
por uma formação histórica e sua reprodução ao longo dos anos. Nesse sentido, ela tem
perdido um amplo caminho para avançar, pois ainda se persiste em manter as relações e suas
dinâmicas com os mesmos procedimentos aplicados anos atrás.
Independentemente das ideologias e filosofias mencionadas no presente texto, e outras
ocultadas, o que se percebeu foi a necessidade de superar o tradicionalismo quando o assunto
é educação e ensino. O estudante fica em um ambiente que não se sente bem para aprender,
mas gosta de nele permanecer; adora os companheiros, mas em alguns casos odeia o professor
e a disciplina. Os avanços em termos de aprendizagem então são desastrosos. Tudo isso fruto
de um gama de fatores que urgem serem modificados!
Se por um lado os estudantes também são culpados pela situação, por outro são causa
e consequência de uma sociedade capitalista, individualista, segregadora e excludente. Não há
espaço para todos! Nem todos serão bem empregados e terão ótimos salários. Todavia,
mostrar-lhes os caminhos da ética, da criticidade científica e da escolha do que é certo é
condição libertadora para que ele saiba da sua situação enquanto estudante, trabalhador e
cidadão.
E essa nova proposta contempla em parte – podendo sim ser ampliada e servir de
exemplo – essa necessidade, pois busca propiciar ao estudante não apenas ser parte do sistema
educacional, mas ser ativo, o centro das atenções, com poder de decisão e condições
igualitárias para avançar na construção do seu saber, um saber aplicado no seu dia a dia, nas
suas lutas diárias e que, portanto, tem utilidade prática.
Corroborando essa perspectiva, os questionários nos mostraram esse caminho e
delinearam que ainda há solução para os problemas na/da escola, como também se tem uma
“luz no fim do túnel” que se chama esperança: esperança de aprender e ser uma pessoa
melhor a cada dia. Se houver um professor comprometido com todo o sistema, um estudante
com perspectivas de futuro em ascensão, a sociedade será modificada para melhor, ainda que
de forma insuficiente, pois o conhecimento tem o poder de mudar. Se ele muda, muda a
Geografia.
Referências Bibliográficas
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pesquisador. Porto Alegre: Mediação, 2010. (2.ed.136p).
BENDER, William N. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o
século XXI. Porto Alegre: Penso,2014. 159p.
BERBEL, Neusi Aparecida Navas. Metodologia da problematização: experiências com
questões de ensino superior, ensino médio e clínica. Londrina: EDUEL, 1998. 251p.
______.Metodologia da Problematização: fundamentos e aplicações. Londrina: Editora
UEL, 1999.
______. (Org.). Conhecer e intervir: o desafio da metodologia da problematização.
Londrina: EDUEL, 2001.
______. Educação, escola e docência – novos tempos novas atitudes. São Paulo: Cortez,
2014.
DEMO, Pedro. Escola de tempo integral. UNB. Brasília, 2007.
______. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2007A. 8. Ed. (Coleção
educação contemporânea).
______. Professor eterno aprendiz. Ribeirão Preto: Editora Alphabeto, 2015.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
MOSÉ, Viviane. A escola e os desafios contemporâneos. 2 ed. Rio de Janeiro: civilização
Brasileira, 2013.
SANTOS, Regerson F. dos. Os Nexos da ignorância no campo da educação – uma leitura
liberal. In: I Simpósio sobre Pequenas Cidades e Desenvolvimento Local, 2008, Maringá.
ANAIS I° Simpósio sobre pequenas cidades e desenvolvimento.
A HISTÓRIA DA REGIÃO EMEC. SANTA MARINA:
REFLEXÃO A SOBRE A EDUCAÇÃO NO CAMPO E PROJETO E
“PRESERVANDO A FAUNA E FLORA DO CERRADO”
Sala 08
Resumo: Esse artigo pautou-se em duas temáticas, uma teórica em que buscamos retratar algumas abordagens
da educação do campo, analisada a partir do contexto histórico atual do campo. A Para analisarmos o perfil e
como é a educação na escola de ensino básico do campo se possível mediante analise dos movimentos sociais,
ou seja por meio da luta que acorre pelo direito a terra, enquanto espaço de moradia e reprodução da vida, pelas
classes populares. Aqui abordamos em um forma geral a história do EMEC. Santa Marina, fundada 1999, havia
outra escola próximo a Rio Tocantins, região da Ilha da Ema. Com a chegada e construção da Usina Hidrelétrica
de Lajeado, sobre a responsabilidade do grupo Investico, escola juntamente com seus moradores foram obrigado
a deixar as margens do rio A escola, foi construída no assentamento construído, pelo empresa Investico entre
Miracema e Miranorte, chamado "Mundo Novo". Mediante, ao perfil da escola, buscamos contextualizar as
teorias da educação que discuti essa realidade construída, recorremos as principais abordagens teóricas.
Trataremos aqui de aspectos relevantes da pedagogia dos movimentos MST, MMC e MAB. Recorremos as
linhas pedagogias com os processos históricos da escola, e as lutas nas quais se envolvem os Sem Terra, as
Mulheres Camponesas e os Atingidos por Barragens, . Nessa, perspectiva, nós educadores, foi realizado projeto
na escola de mostrar aos alunos a importância de preservar e conservar os recursos naturais da região. Foi nessa
direção que elaboramos o Projeto "Preservando a fauna e a flora do cerrado" realizado entre 20 de maio até 01
setembro. Divido em períodos em momentos diferentes, em maio foi parte leitura, sobre o que é a educação
ambiental, quando ela surge, quais eventos surgiram em torno da temática no contexto mundial, segundo
momento confeccionar cartazes, terceiro apresentação da temática a comunidade escolar, e quarta, foi plantado
arvores do cerrado em torno da escola, e quinta será ida na nascente dos principais córregos da região e
prevenção das queimadas.
Palavras- chave: Educação do campo . Região da EMEC Santa Marina.Preservando a fauna e flora
Introdução
Esse trabalho foi pensado em duas partes, primeira a discussão ampla sobre o que é
a concepções pedagógica da educação no campo sobre análise dialética, discutindo assim o
contexto social e histórico em que encontra-se a Escola Municipal Santa Marina, município
de Miracema Tocantins. E a segunda, será relatado as experiências adquiridas com a
realização de um projeto desenvolvido no mês de junho de 2017 e que está sendo realizado na
Escola do campo que visa preservar e conscientizar o cerrado. Pensando nessa ação, foi
realizado com os alunos diversas atividades no projeto "Preservando a fauna e a flora do
cerrado". Esse atividade está sendo feita de forma coletiva, no qual envolveu vários
funcionários e alunos do EMEC. Santa Marina.
Tendo em vista, que a a região em que se localiza a escola tem enfrentado vários
desmatamento, substituindo a vegetação do cerrado, pela plantação de soja, milho e capim,
bem anos anteriores tem sofrido várias queimada. Dessa forma, Pesquisas apontam que o
bioma cerrado, um dos mais degradado no Brasil se continuar nesse ritmo quando chegarmos
em 2040, ele praticamente irá desaparecer. Isso será trágico para na fauna e flora, tendo em
vista que o objetivo do estado juntamente com os grandes latifundiários tem os olhos voltados
somente para o agronegócio, ou seja para produção de grãos e e a pecuárias, voltada para o
mercado exterior.
Então, esse projeto sobre a "Preservação da fauna e da flora do cerrado". Tem, como
principal objetivo a conservação do que ainda resta no cerrado na comunidade em que situa a
escola no município de Miracema do Tocantins. Dessa forma, a escola do campo enquanto
uma instituição de formação do individuo, tem também preocupação obrigação levar os seus
estudantes a refletir sobre o espaço em que eles habita, tendo em vista, a região a anos e
décadas atrás havia muitas matas e animais, de acordo segundo primeiros moradores da
região.
De acordo com (Souza et al 2007) A escola do campo necessita vincular-se com
outros espaços educativos, a fim de formar lutadores sociais, militantes de causas coletivas e
cultivadores de utopias que enxerguem para além dos problemas individuais e saibam criar
condições/ possibilidades de mudanças. Nesse processo, a educação do campo dialoga com as
matrizes formadoras do ser humano, de entre as quais destacamos duas matrizes pedagógicas
que são importantes para o processo formativo/ educativo dos sujeitos do campo. Uma diz
respeito à matriz do trabalho e a outra diz respeito à matriz da cultura e do espaço em que os
alunos vivem.
De acordo com Fonseca (2006) afirma que a escola do campo tem que ir ao
principio da discussão da transformação. pois, trata-se de uma emancipação que é antagônica
à submissão e à obediência servil, levando-se em conta que um processo só é um processo
educativo quando oferece elementos para o desenvolvimento de todas as dimensões do ser
humano, considerando nos conteúdos a produção da cultura, a arte a dança, etc., enfim, os
elementos significativos, relacionados com a vida concreta, não vazios, mas plenos de
sentidos. Pressupõe, ainda, levar a sério a gestão democrática, o planejamento constante, as
relações estabelecidas, a auto-organização dos educando, a avaliação emancipadora.
Almeida (2006) escola do campo visa a ter diferentes espaços de estudo para a
apropriação do conhecimento, como sala de aulas que atendam aos propósitos das diferentes
áreas do conhecimento, biblioteca, laboratório de informática, jardim, horta, pomar, sala-
cinema e outros espaços que possibilitem pensar e sentir as diferentes manifestações culturais
do campo e do Brasil, bem como da América Latina. Quanto ao plano pedagógico, a
organização do trabalho se dá através dos temas geradores ou complexos temáticos. Eles
possibilitam ter como base da produção do conhecimento a materialidade da vida.
Nesse sentido, a visão da escola e sua finalidade é proporcionar aos alunos uma
formação critica, participativa do mundo e de suas realidades. dessa forma, semelhante a
cidade, a luta entre as classes sociais eles existem no campo, isso ocorre constantemente esse
conflito se dar pela posse da terra. Portanto, Barreto et al(2006) As transformações que
tivemos ao longo da história da sociedade se deram por um processo de formação e educação,
conduzida pela luta social organizada, que hoje, por exemplo, caracteriza-se na luta dos
Movimentos Sociais, na conquista da terra, a luta da mulher pela igualdade de direitos. Deste
modo, um novo projeto de sociedade, o novo homem e a nova mulher serão construídos por
nós mesmos, a partir da realidade concreta que temos.
Então, essa finalidade da escola tipicamente do campo só é possível mediante as
movimentos sociais, ou seja por meio da luta que acorre pelo direito a terra, enquanto espaço
de moradia e reprodução da vida, pelas classes populares. Há manifestação não de maneira
organizada como Movimento dos Atingidos por Barragens e vários lugares no Brasil, para a
construção da nova escola na região surge por uma iniciativa e uma necessidade das pessoas
que viviam na área não atingida pela águas do rio, área ocupada. Nesse contexto, é
importante, surge em a Pedagogia do MAB, que vai tratar do sentido e do caráter da
importância da terra para sobrevivência e a reprodução da vida.
Segundo Fernandes(2006) ressalta que a pedagogia do MAB ressalta, também, o
processo histórico de constituição dos Atingidos por Barragens. Estes entram no cenário
histórico nos anos de 1960, expulsos de suas terras e de seus lares, forçados a diluir sua
existência e a sua condição humana numa peregrinação que não escolheram fazer. Nosso país
possui recursos hídricos em abundância e é reconhecido, no mundo, principalmente pelas
empresas multinacionais, como potencial a ser explorado. Esse fato, foi presenciado também
no município de Miracema do Tocantins, em 1998, inicio da construção da Usina Luiz
Eduardo Magalhães.
Atualmente, a discussão minuciosa sobre a qualidade da educação quando a questão é
direcionamento a classe sociais, nesse sentido, Fernandes(2006) A formação dos educadores e
educadoras é algo que deveria preocupar e ocupar os responsáveis diretos por ela e a
sociedade como um todo, no sentido de gerar políticas sociais direcionadas à qualificação da
educação pública. Há uma recusa em se debater a educação em profundidade. Universidades
públicas precisam vender cursos para se sustentarem; enquanto isso, universidades privadas,
preocupadas com seus lucros, recebem recursos públicos, decorrentes da pressão de
parlamentares ligados aos seus proprietários.
A temática a cerca do meio ambiente, que tange ao meio natural, embora todo
ecossistema já é tocado o pelas ações humanas, mas aqui abordamos esse meio enquanto
aquele que refere a bioma de uma região em especifico. Nas ultimas década tem ocorrido os
eventos internacionais voltada a essa discussão, mediante a essas pressões governamentais,
foram estabelecidos pelo a Estado de acordo com Salles(2017) A educação ambiental
tornou-se lei em 27 de Abril de 1999, pela Lei Nº 9.795 – Lei da Educação Ambiental, onde
em seu Art. 2º afirma: "A educação ambiental é um componente essencial e permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. É importante lembrar
que o Brasil é o único país da América Latina que possui uma política nacional específica
para a Educação Ambiental.
É nesse sentido, que realizamos um projeto, dentre outros a serem desenvolvido ao
decorrer do ano na escola, está sendo u esse voltado ao meio ambiente, a preservação da fauna
e da flora, em especifico no cerrado brasileiro. O Projeto tem como tema " Preservando a
Fauna e Flora do cerrado",. Realizado entre os dias 25 de maio a 01 setembro na EMEC.
Santa Marina no Município de Miracema Tocantins, tem objetivo conscientizar e preservar o
cerrado, tanto contra o desmatamento como também das queimadas os procedimentos
adotados em etapas, a primeiras as leituras a cerca da temática, realizada pelos professores de
História e Geografia da escola.
No segundo momento, foi confecção de cartazes em sala de aulas pelos alunos das
turmas de 6º ao 9º ano, essa atividade ocorreu entre os dias 01 a 15 de junho. Terceira etapa,
foi culminânia do projeto em 20 de junho. Foi pedido aos alunos de 6º ao 9º ano, pelo
professores a trazerem de suas casas um planta frutífera do cerrado, tais como, Cajuí, Pussar,
Bakuri, bacaba. Para toda a escola, nessa data foi socializado a temática pelos professores a
comunidade escolar, no mesmo dia os alunos que ajudaram fazer os cartazes falaram o que foi
feito nos cartazes e escreveram mensagens sobre importância de preservar e conservar a fauna
e a flora do cerrado.
Considerações Finais
Esse trabalho pautou-se em duas temáticas, uma teórica em que buscamos retratar
algumas abordagens da educação do campo, analisada a partir do contexto histórico atual do
campo. A Para analisarmos o perfil e como é a educação na escola de ensino básico do campo
se possível mediante analise dos movimentos sociais, ou seja por meio da luta que acorre
pelo direito a terra, enquanto espaço de moradia e reprodução da vida, pelas classes
populares. Aqui abordamos em um forma geral a história do EMEC. Santa Marina, fundada
1999, havia outra escola próximo a Rio Tocantins, região da Ilha da Ema. Com a chegada e
construção da Usina Hidrelétrica de Lajeado, sobre a responsabilidade do grupo Investico,
escola juntamente com seus moradores foram obrigado a deixar as margens do rio A escola,
foi construída no assentamento construído, pelo empresa Investico entre Miracema e
Miranorte, chamado "Mundo Novo".
Com exceção de alguns moradores, exemplo do seu Luiz Carneiro, um dos primeiros,
da região, teve somente uma parte da sua área inundada outra não atingida pela água da
barragem e outros irmãos e moradores de uma área próximo ao rio, pertencente a fazendas
"Bela Vista e Campos Belos" se juntaram e improvisaram salas de aulas nas ruínas da
fazenda, passou atender em único turno, matutino de 1ª a 4 ª série(multiseriada). Em, 1999,
esses moradores recorreram ao poder publico da cidade, a prefeitura na época, então
construíam em um galpão localizado na mesma área da sede da fazenda, uma escola, chamada
Santa Marina através da Lei 037/2007 de 04 de dezembro de 2001.
Mediante, ao perfil da escola, buscamos contextualizar as teorias da educação que
discuti essa realidade construída, recorremos as Fernandez (2006) que nos afirma que há
pedagogia dos movimentos populares, é necessário compreender a trajetória que cada
organização tem, em relação ao processo de educação e formação, uma vez que há processos
formais e informais. Trataremos aqui de aspectos relevantes da pedagogia dos movimentos
MST, MMC e MAB. Nesse sentido, o autor, pontua que essa pedagogia de três Movimentos
Sociais, acima referidos, é nítida a relação dessas pedagogias com os processos históricos e as
lutas nas quais se envolvem os Sem Terra, as Mulheres Camponesas e os Atingidos por
Barragens.
Nesse sentido, a escola apresenta enquanto conceitos fundamentais no seu Projeto
Político Pedagógico, proporcionar aos alunos uma formação critica, participativa do mundo e
de suas realidades. Nessa, perspectiva, nós educadores, vemos necessidade, de mostrar aos
alunos a importância de preservar e conservar os recursos naturais da região. Foi nessa
direção que elaboramos o Projeto "Preservando a fauna e a flora do cerrado" realizado entre
20 de maio até 01 setembro. Divido em períodos em momentos diferentes, em maio foi parte
leitura, sobre o que é a educação ambiental, quando ela surge, quais eventos surgiram em
torno da temática no contexto mundial, segundo momento confeccionar cartazes, terceiro
apresentação da temática a comunidade escolar, e quarta, foi plantado arvores do cerrado em
torno da escola, e quinta será ida na nascente dos principais córregos da região e prevenção
das queimadas.
Referências bibliográfica:
ALMEIDA Luiz Paulo de, PINGAS, Maria Rosenilda, PINTO, Paula Elizabete, Gelsa
KNIJNIK, Discutindo a cultura camponesa no processo ensino aprendizagem em três escola
do sul do Brasil, in; Teoria e prática da educação do campo: análises de experiências/ Org,
Carme Lúcia Bezerra Machado; Christiane Senhorinha Soares Campos: Conceição Paulo -
Brasilía, 2008.
BARRETO, Eldo Moreira, ALMEIDA, Antônio Escobar de, BRAGA, Izabela Christiana,
XAVIER, ALVES, Luiz Adílio, PAZET, Marcionei, Educação, escola, movimento sociais e
comunidade, in; Teoria e prática da educação do campo: análises de experiências/ Org,
Carme Lúcia Bezerra Machado; Christiane Senhorinha Soares Campos: Conceição Paulo -
Brasilía, 2008.
SALLES, Carolina, Meio Ambiente e a educação Ambiental nas Escolas Publicas, 2017,
disponivel em https://carollinasalle.jusbrasil.com.br/artigos/112172268/meio-ambiente-e-
educacao-ambiental-nas-escolas-publicas em 16/06/17
SOUZA, Eloir José de. Limites e possibilidades para a construção do Projeto Político
Pedagógico da escola de Educação infantil e Ensino Fundamental Nossa Senhora Aparecida
in; , in; Teoria e prática da educação do campo: análises de experiências/ Org, Carme
Lúcia Bezerra Machado; Christiane Senhorinha Soares Campos: Conceição Paulo - Brasilía,
2008.
Resumo: Este trabalho é fruto de uma experiência vivida, no ano de 2011, na Escola Municipal de Ensino
Fundamental Dorival Magrinelli, na época administrada pela Diretora Srª Ivone Quevedo. A escola localiza-se
no Município de Santo Antônio do Sudoeste, na Região do Sudoeste do Estado do Paraná (área de Fronteira
Brasil / Argentina). Na ocasião estava a passeio e visitando o Professor Filósofo e Historiador Sandro Roberto
Nazareno (meu irmão), que mora nesta cidade do Paraná. Na viagem conheci vários municípios e diversos
órgãos municipais, em especial das cidades de Santo Antônio do Sudoeste e de Francisco Beltrão. Desta forma, a
convite do Professor Sandro Roberto, fui conhecer a Escola M.E.F. Dorival Magrinelli, sendo apresentado para a
Diretora Ivone Quevedo, que me mostrou a Escola e abordou a problemática e a questão social (trafico humano;
drogas; prostituição infanto-juvenil; bulyng; racismo; violência; desestruturação famíliar...) local enfrentada pela
educação na região da fronteira, bem como, vivida pela escola, professores, alunos e suas famílias. Na escola
estudam crianças e jovens brasileiras e argentinas (da cidade de San Antônio). No primeiro dia conheci a
estrutura física da escola em sua totalidade e o Professor Sandro relatou os problemas cotidianos que enfrenta
diante dos seus alunos e solicitou-me (se Eu poderia) para ministrar uma Aula/Palestra para estes, tendo como
objetivo abordar os problemas da realidade local. Como fui pego de surpresa, e não podia perder aquela
oportunidade, aceitei e a Aula/Palestra realizou-se no dia posterior, o que foi muito significativo para mim que
desenvolvi uma práxis dialógico-participativa com os estudantes, mas, em especial para os alunos de Professor
Sandro, que fizeram diversas perguntas, tendo uma grande participação ativa. A curiosidade dos alunos era
imensa e estes percebendo que o meu sotaque era diferente do deles, indagaram de que lugar eu era, e lhes
informei que vinha do Pará, da Amazônia, do Norte do País. Então perguntaram se os rios eram imensos, que
eles gostariam de conhecer o Norte. Neste processo pedagógico e social que tive com os estudantes, destaco a
relação das crianças brasileiras com os nossos irmãos argentinos e fazendo parte da mesma escola.
Introdução.
No Período de 27 a 29 de novembro de 2011 estive na Cidade de Santo Antônio do
Sudoeste, no Estado do Paraná (FRONTEIRA BRASIL- ARGENTINA) visitando Meu Irmão
Filósofo e Professor de História Sandro Roberto Nazareno Flores Sobrinho, que mora com a
sua Família naquela região (que não via há vários anos). Desta forma, a geografia foi a
seguinte: desloquei-me de avião Belém/Pará rumo a Curitiba/Paraná, e de ônibus de
Curitiba/PR para a Santo Antônio do Sudoeste/PR, que fica e, área de fronteira
Brasil/Argentina. A viagem de ônibus durou aproximadamente dez (10) horas atravessando o
estado do Paraná de uma ponta a outra. Na oportunidade conheci diversas Cidades, inclusive
na Argentina (SAN ANTONIO). A região é muito linda com paisagens exuberantes que se
parecem como se estivéssemos em uma “Tela de Cinema”. Ressalto que as cidades são todas
limpas (quase não se ver lixo jogado de forma indevida nas ruas) – Viva o meio Ambiente
limpo e a Educação Ambiental (o que me chamou bastante atenção). Na paisagem destacamos
1
Assistente Social/UFFA; Especialista em Saúde Pública, em Educação Social e Docência Superior. Técnico da
Gestão Publica em Educação/SEDUC/PA. Email: [email protected]
a presença marcante das grandes árvores símbolos da região os Pinhais e as Araucárias.
Chegamos de madrugada na cidade de Santo Antônio do Sudoeste (num domingo) e
fomos direto para a residência do Professor Filósofo e Historiador Sandro (irmão), que neste
dia nos apresentou a cidade e seus pontos turísticos. No dia seguinte (segunda-feira), o
Professor fez questão que conhecêssemos o seu local de trabalho, e, portanto, levou-nos a
Escola Municipal de Ensino Fundamental Dorival Magrinelli, na época administrada pela
Diretora Srª Ivone Quevedo, que nos recepcionou e apresentou-nos para a Escola. Era por
volta das 07h00min da manhã e ela levou-nos para o pátio central da instituição de ensino,
onde estavam todas as turmas de alunos devidamente enfileiradas e junto de seus Professores.
A Diretora convidou-me para fazer parte daquele momento (a hora da oração), que
acontecia todos os dias antes dos alunos entrarem para as salas de aulas, o que achei muito
pertinente e diferente, já que na maioria das escolas públicas que conheço, jamais havia
presenciado tais circunstâncias. O Professor Sandro me explicou que o momento da oração
faz parte do processo pedagógico da Escola (ver foto abaixo).
Laboratório de Informática.
No bojo da escola percebi que num dos corredores tinha uma Professora junto de um
estudante. O professor Sandro me explicou que se tratava de uma Professora específica para
acompanhar aqueles alunos que precisavam de aulas de reforço em determinada matéria
(muito bom – ver foto abaixo).
Neste primeiro dia de visita na Escola, onde presenciamos e vivenciamos a rotina escolar dos
alunos, bem como, conhecemos a estrutura física e o seu corpo técnico, para a minha surpresa recebi o
convite para ministrar uma Aula/palestra diante dos Alunos do Professor Sandro, como não podia
perder aquela oportunidade, aceitei e marquei para o dia posterior.
Procedimentos Metodológicos.
Desenvolvimento.
A importância da Educação em nossas Vidas - Estudar é fundamental, sendo sua principal responsabilidade diante dos seus Pais. Falando
sobre Drogas e Prostituição Infanto-Juvenil - Conhecendo o Estatuto da Criança e do Adolescente -
Lei Federal 8.069/1990.
Explicando sobre o seu Trabalho de Assistente Social. Marcelo falando sobre o seu Trabalho na Amazônia,
Belém e Conceição do Araguaia (Estado do Pará).
Considerações Finais.
Referências
DEMO, Pedro. Pobreza política. 4. Ed. Campinas: SP: Autores Associados, 1994. (coleção
polemicas do nosso tempo, V. 27).
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. 2ª ed., São Paulo: Boitempo
Editorial, 2008.
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL ENQUANTO RECURSO LÚDICO
NO PROCESSO DE ENSINAGEM.
RESUMO: Ao longo dos anos, a educação tem se preocupado em contribuir para a formação de um indivíduo
critico, responsável e atuante na sociedade. Isso porque vivemos em uma sociedade onde as trocas acontecem
rapidamente, seja através da leitura, da escrita, da linguagem oral ou visual. Diante disso, a escola busca
conhecer e desenvolver na criança as competências da leitura e da escrita e a literatura infantil pode influenciar
de maneira positiva nesse processo. Para que tal desenvolvimento seja alcançado é necessário que o profissional
haja de maneira correta para desta forma propiciar ao aluno um desenvolvimento adequado. O ideal é
conscientizar pais e professores sobre a importância de desenvolver o habito da leitura nos primeiros anos de
vida. Assim será indispensável uma ação que estimule o envolvimento de todos, sendo para isso necessário um
trabalho continuo, que prepare inicialmente os professores. O aluno se desenvolverá e será um bom leitor se ver
a leitura com prazer. Desta forma a leitura poderá ser um habito saudável, capaz de formar cidadãos conscientes,
competentes, com sensibilidade e imaginação.
1. INTRODUÇÃO
2. O QUE É LEITURA?
A leitura ainda é um dos desafios presente no contexto escolar, mas é muito necessária
para a construção do indivíduo enquanto ser autônomo, crítico e ativo para lidar com a
complexidade da sociedade em que se insere. Vivemos num país desigual, capitalista, injusto
que vive dividido. Num extremo uma pequena parcela de indivíduos usufrui da riqueza e no
outro ponto, o que sobra desse montante, se comparte com a massa popular. Essa má
distribuição de renda promoveu a acentuada exclusão social. Muitos não tiveram o privilégio
de se escolarizar ou foram mal alfabetizados.
Como se observa, o acesso à escrita se deu estritamente por meio do ensino do código,
negando-se uma relação laboriosa, complexa e de domínio do indivíduo com a escrita e a
leitura, e privilegiando-se, em contrapartida a homogeneidade dos alunos, que eram (são!)
vistos como se estivessem todos em mesmo estágio cognitivo e como se pudessem todos
desenvolver todos partir do treino de suas diversas “habilidades componentes”,
separadamente. (FERREIRA, DIAS, 2002, p. 40).
Segundo entendimentos destes autores a compreensão da alfabetização continua
desprezando a concepção de que a leitura é uma ação social e partilhada, que se constrói
através da atividade de leitura contextualizando com os outros suas diversas experiências e
subjetivismos. Segundo explica Costa (2006) estamos sempre lendo alguma coisa em nossa
vida diária que pode ser textos, imagens, paisagens, etc. que são expressões simbólicas que
evidenciam a diversidade dos modelos de linguagem penetrados histórica e socialmente entre
os homens.
Analisando a ideia de Aquino e Pimenta (2010) o ato de ler se configura também num
processo amplo, considerando-se que interpretar a realidade que cerca o leitor não se restringe
somente com a escrita e a leitura, mas é possível seu desvelamento por meio de uma
variedade de linguagens. Portanto se faz num processo enérgico, ou seja, quando se lê um
determinado texto, é possível que além do leitor apreender o seu significado, ele pode trazer
para sua experiência e visão de mundo como leitor de forma a colocar sua experiência de
frente com as questões que cada autor traz em seu trabalho.
Mas afinal o que seria ler? Qual a significação da leitura para o indivíduo? Buscando
responder estas indagações, analisamos a definição por meio de Soares (2010) que conceitua a
leitura como instrumento que permite dar sentido a determinado conteúdo, é decifrar de forma
consciente a intenção do que se encontra redigido.
No entanto se um aluno foi muito bem em tudo, e for um péssimo leitor, terá sua
formação comprometida, e não terá a mesma chance que o ótimo leitor. Nestas questões
entendemos que a leitura é porta de entrada para o desenvolvimento em sociedade. Quem lê,
conhece, quem conhece pratica sua cidadania efetivamente e tem argumentos necessários para
viver a prática democrática na sociedade da qual se insere. Desta forma Cagliari (2010) define
a leitura da seguinte forma:
A leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender
na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior
do que qualquer diploma. [...] tudo que se ensina na escola está diretamente ligado à leitura e
depende dela para se manter e se desenvolver. A leitura é a realização do objetivo da escrita.
Quem escreve, escreve para ser lido. O objetivo da escrita [...] é a leitura. (CAGLIARI, 2010,
p. 130-131).
A aprendizagem da leitura é fundamental, portanto, para a integração do indivíduo no
seu contexto socioeconômico e cultural, propiciando o desenvolvimento do pensamento
organizado, capaz de levá-lo a tomar uma postura consciente, reflexiva e crítica frente à
realidade social em que atua e convive. Através da leitura é pode-se acontecer o
estabelecimento de relações cada vez mais complexas. Os alunos passam a apreender saberes
que cogitam no seu desenvolvimento próprio.
Segundo ressalta Solé (2010, p.22), ler é fazer o leitor participar ativamente com o
texto considerando-se que “a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto; neste
processo, tenta-se satisfazer obter uma informação pertinente para os objetivos que guiam sua
leitura.” Dentro destes aspectos, observamos a relevância da leitura da criança, tendo em vista
que ela consegue compreender a mensagem de vários textos à partir de sua leitura, sem
necessariamente conhecer com exclusividade o código e as normas da linguagem escrita.
3. TIPOS DE LEITURA
A leitura mais trabalhada na Escola é aquela que se realiza de maneira mecânica, sem
relacionar significante e significado. Esse procedimento contribui para o desenvolvimento de
uma leitura cansativa e enfadonha. No entanto, existem vários tipos de leitura que
possibilitam diferentes enfoques em diferentes tipos de textos proporcionando uma melhor
compreensão dos mesmos e aprofundamento do conhecimento. Poucos educadores conhecem
e aplicam formas diversificadas e enfoques variados de leitura que podem ser trabalhados em
sala de aula.
É possível trabalhar vários tipos de leitura que alargarão a apreensão e despertarão o
interesse e o envolvimento dos alunos de forma prazerosa, onde o aprender significará viver
momentos e ter experiências agradáveis na construção desse saber, enriquecendo o espaço de
sala de aula. Propiciar a interação e contato com diferentes materiais escritos nas diversas
linguagens citadas acima são importantes para aprendizagem da leitura, são quesitos que
podem levar a criança a se despertar pela leitura.
Nesta fase, as crianças embora ainda não saibam ler, mas é importante que elas tenham
acesso aos livros, manipulem, veem, ouçam e reconte histórias, que contribuirão para o
despertar o gosto pelas novas aprendizagens, desenvolvendo a curiosidade pela leitura,
favorecendo o acesso ao rico repertório que a literatura infantil oferece.
Reforçamos que mesmo que a criança não tenha apreendido os sinais escritos, possui
uma rica capacidade de fazer a leitura de tudo que a cerca. Ou seja, ela é capaz de ler o mundo
ao ouvir uma história, ela pode recontá-la fazendo sua leitura individual. A escola deve estar
atenta para estas questões, para favorecer o desenvolvimento da criança desde muito cedo.
6. METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado por meio de pesquisas bibliográficas onde os suportes para a
realização da pesquisa foram: livros, revistas e artigos científicos.
Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi estudado
sobre o assunto.
Tendo em vista que ao iniciar a pesquisa bibliográfica sobre o tema escolhido, foram
obtidas informações sobre a importância da literatura infantil enquanto recurso lúdico para o
processo de ensino-aprendizagem no qual permitirá o estabelecimento de um modelo teórico
inicial de referência.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura é feita não somente por quem lê, mas pode ser dirigida a outras pessoas, que
também “lêem” o texto ouvindo. Os primeiros contatos das crianças com a literatura ocorrem
desse modo. Os adultos lêem histórias para elas. Ouvir histórias é uma forma de ler. A
diferença entre ouvir a leitura está em que a fala é produzida espontaneamente, ao passo que a
leitura baseada num texto escrito tem características próprias diferentes da fala espontânea.
Na sociedade moderna os homens se distinguem em duas categorias frente à posse
sistemática e organizada do conhecimento: os que sabem e os podem dizer e agir, tomar
decisões, interferir, dirigir e opinar sobre a totalidade da vida social, nos campos da cultura,
do trabalho, da vida pública, da ordem jurídica, o saber se converte em instrumento do poder.
Ele não cria o poder, mas liberta os canais para o seu pleno exercício, preparando os
indivíduos para manejá-los com mais eficiência e competência. (RODRIGUES, 1987, p. 70).
Desta forma buscou-se enfatizar que através da Literatura Infantil, do contar e ler
historias podemos despertar na criança o gosto pela leitura, instigando sua fantasia,
imaginação, reflexão, posicionamento, que são pressupostos de suma importância para o
desenvolvimento infantil. A arte de ouvir e contar história são uma atividade que dentre
outras, deve estar presente no cotidiano escolar, considerando-se que pode desenvolver o
emocional da criança, ajudá-la a se organizar e se socializar, além de auxiliá-la no processo de
alfabetização.
Compreender a infância é entender que cada criança é um ser único, e que possui suas
limitações, diferentes dos adultos, mas também tem suas peculiaridades que se exploradas
pelo adulto são desenvolvidas com muita facilidade. É o caso das histórias contadas pelo
professor.
A literatura infantil é um amplo campo de estudos que exige do professor bastante
conhecimento para saber adequar os contos de fadas às crianças, gerando um momento
propício de encanto e estimulação para a sua imaginação. Assim sendo é na percepção das
situações discursivas que o aluno poderá se constituir como cidadão e exercer seus direitos
como usuário da língua.
É importante ressaltar que, enquanto a criança não está familiarizada com os códigos da
escrita, ela pode ser treinada a se tornar um leitor atuante. Desta forma, após o conhecimento
da escrita, direcionará para leitura individualizada de livros, dando continuidade ao processo
da leitura, expandindo o universo de saberes que o cerca. De quem é a responsabilidade para
tornar a criança um leitor apaixonado? De todos, mas principalmente da instituição escolar.
É preciso que todos os envolvidos no processo educativo repensem a prática pedagógica
da formação do leitor na educação infantil. Porém deve-se entender que a solução para o
problema deve ser buscada por todos: educadores, pais, comunidade e governo. As
alternativas para motivação podem ser as mais variadas possíveis, desde que se desperte na
criança a arte e o gosto pela leitura.
8. REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fani. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Linguística / Luiz Carlos Cagliari. – São Paulo:
Scipione, 2009. (Coleção Pensamento e ação na sala de aula)
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 1988. MORAIS, Regis de. Sala de
aula, que espaço é esse? São Paulo: Papirus, 1991.
RODRIGUES, S. Neidson. Lições do príncipe e outras lições. São Paulo: Cortez, 1987.
SOARES, Maria Inês Bizotto. Alfabetização e linguística: da teoria à prática / Maria Inês
Bizotto Soares, Maria Luisa Aroeira, Amélia Porto. – Belo Horizonte: Dimensão, 2010.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura / Isabel Solé; trad. Claudia Schilling – 6. Ed. – Porto
Alegre: Artmed, 1998.
Sala -02
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo mostrar a importância da ludicidade na educação através de jogos e
brincadeiras, tornando a aula dinâmica e divertida, com o propósito de uma boa aprendizagem. O intuito com
essa pesquisa foi compreender e analisar o lúdico, como uma maneira prática, de fazer essas atividades lúdicas
nas escolas, a temática surgiu em razão de trabalhar com essa modalidade o desejo de aprofundarmos mais no
conteúdo, tentando compreender a importância do lúdico nas salas de aulas, Os pressupostos adotados foram
referentes ao processo de formação continuada, utilizando como referencial teórico Nóvoa (1991), Sacristan
(1992), Gatti (2011), Freitas (2002) e Candau (1997); Zeichner profissional reflexivo; sobre concepções do
brincar, Kishimoto (2005), Infância descrita por Ariés (1981) e Zabalza (1994) sobre conhecimento prático. O
método utilizado foi a História Oral Temática. Na coleta dos dados foi utilizado uso de análise documental
através da pesquisa bibliográfica com uma abordagem qualitativa, tendo como recorte o ano de 2016. Os jogos
apresenta uma forma curiosa de observar o mundo ao seu redor como também estimular a criança. Ele está
presente no dia a dia, através da leitura, dança teatro, e muito mais, trazendo inovações para a sala de aula e para
sociedade. Quando se diz Lúdico não quer dizer só brincar, e sim aprender de forma diferente, acreditando no
potencial dos alunos nas inovações e possibilidades de novas conquistas. Buscando aprimoramentos, fazendo
com que a instituições elaborem projetos e planos. Todos unidos pela uma só missão.
Introdução
Através de pesquisas bibliográficas do assunto abordado, percebe-se a potencialidade dos
jogos educativos certificando a contribuição da aprendizagem dos discentes para alcançar uma
meta. A criança é um ser sociável que se relaciona com o mundo que cerca que aprender tem
que ser gostoso, a criança aprende efetivamente quando relaciona o que aprende com seus
próprios interesses.
O brincar esta na alma de cada pessoa, pois encoraja os discentes a enfrentar situações até
mesmo na sua vida real, o brinquedo comunica-se diretamente com a criança, envolvendo o
imaginário e motivando , criando sua própria personalidade, nos seus brinquedos elas
colocam nomes, isso faz com que brincadeira torne se real, conversa com bonecas, faz
papinha, dar, banho, tudo que verem os adultos fazendo, depois eles querem fazer também
com brinquedos. O brincar vem de dentro do ser da criança, de acordo com Vygotsky a
1
Mestranda em educação PPGE-Universidade Federal do [email protected]
2
Mestrando em Educação PPGE-Universidade Federal do Tocantins-UFT.
3
Mestrando em Educação PPGE-Universidade Federal do Tocantins-UFT.
criança pode mexer no seu emocional, e construindo automaticamente seus objetivos,
descobrindo novas conquistas.
Ao desenvolver atividades lúdicas na sala de aula o professor deve interagir juntamente
com seus alunos, assim, brincar e jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e
intelectual. A criança tem interesse nas atividades desenvolvida na sala ou ate mesmo fora,
pois elas são inovadoras, gostam de agir, descobrir, isso faz parte do mundo delas, porque
estimula, e prende a atenção, desenvolvendo uma capacidade imensa de novas conquistas.
A finalidade desta pesquisa foi propiciar aos educadores uma reflexão sobre a importância
que a ludicidade pode proporcionar tanto na sala de aula quanto fora dela, e que todos os
jogos são voltados para o desenvolvimento da inteligência interpessoal e envolvendo as
formas de relacionamento com os outros.
Metodologia
O estudo foi desenvolvido com base no método da história oral temática, por se considerar
o mais adequado para responder aos objetivos propostos nesta pesquisa. Ela se utiliza dados
coletados dos documentos oficiais e de informações sobre o tema em estudo. Para tanto,
inicialmente, foi realizada pesquisa documental sobre a legislação e literatura que abordam a
formação continuada e educação infantil e para a coleta de dados foram usados os
documentos tais como: relatórios, portfólios e os instrumentos de auto avaliação da Secretaria
Municipal de Educação de Colinas do Tocantins. Com o objetivo de conhecer o processo de
formação continuada na organização e desenvolvimento de espaços formativos para o coletivo
de professores no ambiente institucional e sua complexidade de uma cultura política de
formação continuada, com ações sistemáticas na esfera pública municipal.
1. Desenvolvimento
2.1 Brincando e ensinando de forma prazerosa.
Toda criança riem nas brincadeiras às vezes grita fala alto, e isso não quer dizer que a
sala esta totalmente uma bagunça, é a apenas a maneira de como eles se expressam,
comunicando e demostrando seus sentimentos de forma diferente, uma maneira de falar aos
educadores que estão felizes pela atividade desenvolvida, é o mesmo que eles chegarem e
dizer; professor ou (tia) essa brincadeira é boa, legal muito divertida todos os jogos e
brincadeiras na sala de aula deve ter uma explicação, o motivo, o porque eles irão fazer
aquilo, as regras , qualquer a atividade desenvolvida na sala de aula deixando eles a vontade
sem nenhuma explicação eles não irão saber o motivo o porque da brincadeira, é interessante
que os educadores propõem jogos, mais determinando o sentido, ensinado também os
valores éticos e morais contribuindo para o aprendizado do aluno . Brandes e Philips (1977),
afirmam que os jogos criam interesse quando postos em prática com finalidade e com
eficiência, podendo se tornar a moldura na qual se desenvolvem todas as outras atividades.
Vejamos como esses termos são definidos no dicionário Larousse (1982):
Jogo - ação de jogar; folguedo, brinco, divertimento. Seguem-se alguns exemplos:
Jogo de futebol; Jogos Olímpicos; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras;
jogo de empurra;
Brinquedo-objeto destinado a divertir uma criança, suporte da brincadeira;
Brincadeira - ação de brincar, divertimento. Gracejo, zombaria. Festinha entre amigos
ou parentes. Qualquer coisa que se faz por imprudência ou leviandade e que custa
mais do que se esperava: aquela brincadeira custou-me caro. Feijó (1992, p. 02) afirma
que “o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente,
fazendo parte das atividades essenciais da dinâmica humana caracterizada por ser
espontânea funcional e satisfatória”.
O brincar faz partes também de contos de fada, pode-se fazer uma leitura com fantasias,
por exemplo; ler o conto a eles (a) em seguida vestir roupas referindo aos personagens e fazer
um teatro, através do texto lido, crianças gostam de novidades que expressam suas emoções.
Brincando na escrita, distribuindo folhas aos alunos, peçam a eles que façam bilhetes para
seus melhores amigos, ou de quem gosta mais na sala, ou pessoas de sua família, e assim
surgi à criatividade deles, a ludicidade envolvem tudo em que está ao nosso redor.
[...] As ações realizadas pelas crianças no desenvolvimento do brincar
proporcionam o primeiro contato com o meio, e as sensações que produzem
constituem o ponto de partida de noções fundamentais e dos comportamentos
necessários à compreensão da realidade. Dentre as várias formas de apropriação a
luta pela sobrevivência ganha destaque especial (AGUIAR, 2006, p. 23).
Aula de português, matemática e as demais matéria são importante na vida das crianças, o
falar coerente, os números;
Batalha Naval
Com a aplicação deste jogo pretende-se trabalhar o conceito de par ordenado,
efetuar a representação de números inteiros relativos e identificar coordenadas em referenciais
cartesianos. Cada aluno tem uma frota de navios de várias dimensões e duas tabelas: uma
onde vai colocar os mesmos, e outra aonde vai registar as possíveis coordenadas dos navios
adversários. Neste jogo, o professor deve insistir na importância da primeira coordenada ser a
correspondente ao eixo horizontal.
O jogo é, portanto, sob suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de
simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu
alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do
eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem que se forneçam as
crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar a
realidade intelectual, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. Piaget
(1976, p. 160).
Jogos de petecas, crianças amam fazer as mesmas na sala de aula, é essencial que a
professora explica pelo o menos como a peteca surgiu-o fazendo interrogações da brincadeira,
para obter um bom resultado, fazendo as petecas e as deixarem brincarem sem nenhuma regra
sem explicação ficará sem sentido.
A criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação que a afeta de
imediato passando a dirigir seu comportamento também por meio do significado
dessa situação: “a criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação
àquilo que vê”. “Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir
independentemente daquilo que vê” (VYGOTSKY, 1998, p. 127).
No brincar, a criança consegue separar pensamento (significado de uma palavra) de
objetos, e a ação surge das ideias, não das coisas.
Os jogos corporais e as dinâmicas ajudam as crianças a se expressar melhor,
desinibirem, desinibir, a perder a timidez, ajudam na coordenação motora e nas
relações pessoais.
Os jogos de treinamento são importantes para as crianças memorizarem, praticarem
aquilo que já aprenderam. Como exemplo os caças-palavras, palavras-cruzadas,
liguem os pontos, quebra-cabeça.
Os jogos de perguntas e respostas ajudam na rapidez de raciocínio, na lógica, na forma
de pensar, e na memorização de determinado assunto.
Segundo Piaget (1976),
A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Ela
não é apenas uma forma de desafogo ou algum entretenimento para gastar energia
das crianças; constitui um meio que enriquece e contribui para o desenvolvimento
intelectual.
(C) Televisão Imaginaria: colocando os discentes em um cantinho na sala, pedir que eles
imaginem uma televisão, em seguida fazer perguntas, o que você esta assistindo? Vocês
estão vendo alguma coisa? O imaginário é como se fossem reais, a criança gosta de
imaginar, e assim vai interagindo uns com outros.
Vygotsky (1998, p. 137) afirma: “A essência do brinquedo é a criação de uma nova
relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre
situações no pensamento e situações reais”. Essas relações irão permear toda a
atividade lúdica da criança. Será também importante indicador do desenvolvimento
da mesma, influenciando sua forma de encarar o mundo e suas ações futuras.
(D) Tinturas: Dividindo sala em grupos, peçam a eles que pinte a cartolina de verde para
manter uma natureza limpa e saudável, e outra pintura que mostre a natureza desgastada,
queimada e abandonada, em seguida fazer perguntas, de qual natureza eles preferem, e o
porquê, formando assim um dialogo entre os mesmo. De acordo com Winnicott (1975) e
Piaget (1975), conceitos como brinquedo, jogo e brincadeira são formados ao longo de nossa
vida. É a forma peculiar que cada criança define suas brincadeiras como fonte de
divertimento. A criança quando brinca ela aprende, vivencia um mundo de seus pensamentos.
A educadora Adriana Friedman, autora do livro; A Arte de Brincar e Desenvolvimento da
Criança através do Brincar, explica que o; “Brincar” deve ter lugar prioritário na vida da
criança. “Brincar é fundamental na infância por ser uma das linguagens expressivas do ser
humano”. Proporciona a comunicação, a descoberta do mundo, a socialização e o
desenvolvimento integral.
Alguns alunos não irão gostar de certos tipos de brincadeiras, o que fazer? É
simplesmente ter paciência e deixando eles vontade, ter suas próprias escolhas e não
obrigando a brincar, é necessário que o educador seja inteligente, fazendo perguntas, o porquê
que eles não interessaram por aquela atividade, se já conhecia, e brincava diferente, se deseja
alguma mudança na brincadeira, e assim os dois chega numa conclusão no que fazer.
No brincar, a criança constrói e recria um mundo onde seu espaço esteja garantido.
As pressões sofridas no cotidiano de uma criança são compensadas por sua
capacidade de imaginar; assim, fantasias de super-heróis, por exemplo, são
construídas. (MELO &VALLE, 2005).
Esses princípios são definidos por Piaget da seguinte forma: Organização é a integração
do conhecimento a um sistema para compreender o ambiente;
Adaptação; é o ajustamento a novas informações sobre o ambiente através dos
processos complementares de assimilação e acomodação. Assimilação é a incorporação de
novas informações a uma estrutura cognitiva já existente.
Acomodação; são as mudanças em uma estrutura cognitiva existente para incluir
novas informações;
Equilibração; é a tendência de tentar atingir um equilíbrio entre elementos cognitivos
dentro do organismo e entre ele e o mundo exterior.
São estímulos necessários ao desenvolvimento da criança pequena durante o
desenvolvimento do seu aprendizado que precisa ser considerado pelo professor no momento
do seu desenvolvimento cognitivo e social, e através do brincar o educador percebe todo
crescimento da criança pequena mediante as atividades lúdicas.
2. Considerações finais
No transcorrer dos estudos, percebe-se a importância da ludicidade na vida das
crianças, ela proporciona, um desenvolvimento harmonioso, estimula sua sensibilidade e
desenvolve suas próprias habilidades, sonham, cria, entra em um mundo imaginário como se
fosse real, aprimorando seus conhecimentos, e deixando-os mais autônomo com suas próprias
vidas.
Em vista dos argumentos apresentados ficou bem claro que a educação da criança é
um bem maior que existe, nela deve-se aprofundar e buscar sempre novos conhecimentos a
serem abordados na sala de aula. A aprendizagem dos discentes é fundamental, propiciando
um bom desenvolvimento à criança, surgindo grandes transformações, a brincadeira motiva,
alegra, e exige atenção do professor.
Pela as observações dos aspectos analisados, o brincar é tão importante quanto à
respiração do ser humano, pois ele afeta o emocional, interage corpo e mente , fazendo uma
reflexão geral caracterizando- as , e criando oportunidades de relacionamentos uns com os
outros e desenvolvendo sua coordenação motor.
3. Referências
ABERASTURY, Arminda. A criança e seus jogos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no. 9.394, de 20 de dezembro
de 1996. D.O. U. de 23 de dezembro de 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 15 mai de 2017.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz: Atividades lúdicas para educação infantil: conceito,
orientações e praticas. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009
MELO, Luciana; VALLE, Elizabeth. O brinquedo e o brincar no desenvolvimento infantil.
Psicologia Argumento, Curitiba, v. 23, n. 40, p. 43-48,
SCHÖN, Donald. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, Antonio.
Os professores e sua formação. Lisboa: D. Quixote, 1992. UNIVERSITAS: a produção
científica sobre educação superior no Brasil, 1968-2000. Porto Alegre: GT Política de
Educação Superior/ ANPED, 2002.
SEBER, Maria da Glória. Psicologia do pré - escolar, uma visão construtivista. São Paulo:
Moderna, 1995.
VYGOTSKYI, L. S. A formação social da mente. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
ZABALZA, M.A. Diários de aula: contributo para o estudo dos dilemas, práticos dos
professores. Porto: Porto Editora, 1994.
Sala 03
RESUMO: Este artigo realizou um estudo referente ao som e o movimento na Educação Infantil, esta pesquisa
gira em torno de tentar compreender mais sobre os benefícios que a música traz para a educação e para a
aprendizagem no contexto da Educação Infantil. (re) descobrindo possibilidades para a prática docente e as ações
pedagógicas que desenvolvemos no dia a dia das escolas. Dessa forma o referencial teórico utilizado traz ênfase
nos estudos de Brasil (1988), Bréscia (2003), Brito (2003), e na metodologia utilizada traz fragmentos da escrita
do TCC como fonte documental. O presente estudo objetiva apresentar e discutir acerca da importância da
música na Educação Infantil além de explorar novas possibilidades de atividades musicais a serem desenvolvidas
com as crianças pequenas.
INTRODUÇÃO
A presença da música na vida dos seres humanos é incontestável, uma vez que ela tem
acompanhado a história da humanidade, ao longo dos tempos, exercendo as mais diferentes
funções. A música é muito importante para a interação e socialização das crianças
transmitindo práticas expressivas e comunicativas externadas pelo movimento, posturas e
gestos.
Segundo Bréscia (2003, p. 50), cantar pode ser uma excelente atividade pedagógica
que contribui com a socialização na aprendizagem de conceitos e descobertas do mundo. O
canto também pode ser utilizado como instrumento para as crianças pequenas aprenderem a
lidar com a agressividade. Cantar pode ser um veículo de compreensão, memorização ou
expressão das emoções e isto pode acontecer dentro e fora das salas de aula.
1
Graduada em Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal Do Tocantins.
[email protected]
2
Pedagoga. Doutora e Mestre em Educação pelo Programa de Pós- graduação da Universidade Federal de Santa
Catarina - Linha de Pesquisa: Educação e Comunicação (UFSC/PPGE/ECO). Professora Adjunta do curso de
Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
[email protected]
O trabalho com a música na escola pode proporcionar as crianças pequenas, vivencias
importantes como aprender ouvir a música, interagir e expressar sentimentos. Acredita-se que
a música como fator de aprendizagem se torna de extrema importância não só para os
profissionais da educação Infantil, mais para os demais Educadores para que se utilizem dela
na elaboração de suas propostas de ensino e de aprendizagem.
O tema proposto nesta pesquisa surge do desejo de compreender mais sobre as
contribuições da música para a formação de crianças da Educação Infantil tendo em vista que
a música está presente nas ações pedagógicas cotidiana, e por acreditarmos que a música
venha ser um diferencial facilitador do processo de aprendizagem. A música pode tornar a
escola, a aula, as atividades mais atraentes e também ampliar o conhecimento Musical e
cultural da criança pequena.
Procedimentos Metodológicos
No presente trabalho, utiliza- se o levantamento bibliográfico, que “é desenvolvido a
partir de material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos”.
(GIL, 2008, p.50)
Desenvolvimento
A criança está em contato com a música desde o ventre de sua mãe, através de
vibrações internas e externas. O som, as vibrações e os movimentos fazem parte do
desenvolvimento das crianças, por ser uma forma de comunicação a música pode se tornar
uma aliada na construção do saber de crianças da Educação Infantil.
O trabalho com a música na Educação Infantil pode acontecer através de
exercícios musicais, brincadeiras de roda, sonorização de histórias, parlendas, cantigas
populares, cantigas que fazem parte da cultura e do folclore, enfim, com a música o/a
educador/a/a tem liberdade para trabalhar de forma lúdica em sala de aula inúmeros
conteúdos.
As atividades que envolvam música, de preferência, relacionadas aos conteúdos
trabalhados podem influenciar e favorecer a aprendizagem da criança pequena, em qualquer
matéria em que seja utilizada. É assim também que apontam os documentos oficiais como o
Referencial Curricular para a Educação Infantil:
[...] a música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar
sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o
som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e
comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc (BRASIL, 1998, p.45).
A música, assim como outras artes como a dança, representa a cultura de um lugar, de
um povo e quando as crianças têm contato com diversos gêneros musicais desde a Educação
Infantil, aprende a conhecer e respeitar as variadas culturas. Numa sala de aula existem
indivíduos de múltiplas culturas e através da música todas elas podem ser apresentadas, o que
pode ajudar a combater o preconceito sobre culturas diferentes.
Referências
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Leis
Ordinárias de 2008. Lei nº 11.769/2008. Altera a lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996,
Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Disponível em: Acesso em: 26 jul. 2011.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva.
São Paulo: Átomo, 2003.
BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil: propostas para formação integral
da criança. 2ª ed. São Paulo: Petrópolis, 2003. CANTIGA DE RODA.
BRITO, T. A. de. Por uma educação musical do Pensamento: novas estratégias de
comunicação. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e
Semiótica, PUC/SP, 2006.
CAMPOS, Denise Rodrigues Barboza. O som e o Movimento na Educação Infantil.
Monografia Graduação Pedagogia- UFT, 2016.
A INTERAÇÃO NA SALA DE AULA DO ENSINO MÉDIO: O ENSINO DE
PRODUÇÃO TEXTUAL
Sala 3
Resumo: Neste trabalho, apresentamos crenças, valores e saberes em relação às práticas de ensino de produção
textual no contexto escolar. Essa discussão tem como objeto de estudo: “As propostas de produção de texto na
escola pública”. Desse modo, nosso intuito é promover nesse artigo reflexões sobre a sala de aula como espaço
interativo, tendo o texto como unidade de ensino e objeto discursivo do ensino de línguas. É relevante ressaltar
que o estudo que se encontra em andamento tem como lócus e sujeitos de pesquisa uma escola pública situada no
sudoeste-goiano, alunos e uma professora do Ensino Médio. Nosso objetivo é compreender e analisar o processo
de ensino/aprendizagem de produção textual em duas turmas de 1ª série do Ensino Médio, refletindo sobre como
o professor agencia o trabalho com o gênero textual crônica durante as aulas de produção textual. Para tanto,
optamos pela pesquisa qualitativa, com foco no estudo de caso, tendo como procedimentos a observação direta e
o registro no Diário de Campo. O estudo tem como aporte teórico as postulações de Antunes (2003, 2009, 2010),
Geraldi (1999) e Bakhtin (1995-2015). Defendemos aqui uma prática de ensino de produção textual com foco na
interlocução, tendo o professor como mediador das práticas de escrita na sala de aula.
Introdução
1
Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Ensino na Educação Básica, CEPAE/UFG; Docente da
Universidade Estadual de Goiás – UEG. E-mail: [email protected]
2
Doutora em Linguística pela UnB e docente do Programa de Mestrado Profissional em Ensino na Educação
Básica, do CEPAE /UFG. E-mail: [email protected]
os participantes deste contexto e reconhecendo que os textos são marcados pela dialogicidade,
pelo contexto cultural, social e histórico. Muitas vezes, negam a posição do aluno, focando
apenas na correção da superfície textual.
Considerando a persistência desse contexto, mais questões nos motivam à realização
desta pesquisa: Como trabalhar a produção de texto na escola pressupondo interlocutores
ativos nesse processo? Como o professor mostra aos alunos os recursos linguísticos presentes
nos textos trabalhados?
O alcance das respostas a essas questões, ou apenas reflexões que apontam para
respostas, depende também de como têm sido preparadas as propostas de produção de textos e
qual a concepção de linguagem que norteia a prática do professor da 1ª série do Ensino
Médio, turma em que vem sendo coletados os dados da nossa pesquisa.
Empregamos para discussão os apontamentos de Bakhtin (1995) quanto à
dialogicidade inerente à língua, bem como a multiplicidade de vozes presentes na linguagem.
Assim, consideramos aqui a visão de texto como objeto discursivo e a linguagem como uma
forma de interação social. Nessa perspectiva, a posição do outro ocupa lugar fundamental,
pois é por meio da mediação do outro que nos construímos como sujeitos discursivos. A partir
disso, retomamos conceitos relevantes sobre interlocução, focando o texto como objeto
discursivo, tendo como base o gênero textual crônica.
O estudo apresenta os impasses sobre as questões de linguagem e do ensino de
língua, considerando alguns aspectos que são relevantes, como tornar a sala de aula um
espaço de interlocução e produção de práticas discursivas. Partindo desse princípio,
consideramos a interação atravessada por vários elementos da vida social do educando,
discutindo como o professor e a escola podem ajudar os alunos a perceber a língua como
objeto discursivo e interativo.
Delineamos pouco a pouco o foco desse trabalho, verificando a possibilidade de
realização de um estudo baseado nos princípios teórico-metodológicos, cuja abordagem
centra-se na pesquisa qualitativa, com foco no estudo de caso. Tomamos como decisão
registrar em Diário de Campo os episódios observados em sala de aula. E esse instrumento
serviu para descrever minuciosamente os eventos interativos que emergiam da atuação
docente.
Após esse período de observação e registro dos episódios interativos, passamos para
análise dos dados coletados, embasada nos pressupostos teóricos de Antunes (2010) e Bakhtin
(1995, 2011), cujas visões favorecem um repensar das relações dialógicas praticadas em sala
de aula.
3
Antunes (2003, 2009, 2010), Geraldi (1999), Marcuschi (2008), Geraldi; Citelli (2011), dentre outros.
modalidade em diferentes situações de comunicação, tornando a ação de escrever em um
processo significativo e produtivo aos educandos. No entanto, essa prática não tem sido uma
tarefa nada fácil, pois tem causado aflição em muitos estudantes, que se sentem incapazes e
impotentes quanto a sua própria produção escrita. Isso se dá ainda, devido ao fato de o texto
escrito ser ensinado como objeto fechado, fora dos princípios dialógicos4. Dessa forma,
ressaltamos a promoção no ambiente escolar de ações pedagógicas que viabilizem o
reconhecimento da linguagem a partir de práticas funcionais e dialógicas.
Infelizmente, sabemos que muitas das produções textuais escritas na escola deixam
de lado o reconhecimento da língua como fenômeno social e como prática interativa,
restringindo-se à análise dos aspectos metalinguísticos5 da língua. Para Antunes (2009), a
ruptura dessa visão requer dos profissionais a adoção da concepção de linguagem que valorize
o interlocutor, a relação entre língua e sociedade, bem como seu caráter social.
Nesse sentido, defendemos uma ação docente que, ao desconsiderar uma visão de
texto como produto pronto e acabado, desenvolva um trabalho em que o texto seja
reconhecido como objeto de dizer e fazer do sujeito. Assim, espera-se que o aluno perceba um
ponto de encontro entre o texto e seu interlocutor, essa ação amplia a competência
comunicativa dos alunos, tornando-os escritores produtivos.
Desse modo, temos a visão de uma atividade de escrita e leitura com base na
perspectiva dialógica de Bakhtin (1995) e ressaltamos que o caminho que leva uma leitura e
escrita efetiva passa por um compromisso do professor com o trabalho com a linguagem em
sala de aula, com atividades planejadas e com objetivos de ensino definidos. Nesse sentido, a
mediação do professor define, e muito, os caminhos necessários para promover o encontro do
aluno com a linguagem como atividade sociodiscursiva.
4
Para Bakhtin, a linguagem, seja ela pensada como língua ou como discurso, é, portanto, essencialmente
dialógica. Ignorar sua natureza dialógica é o mesmo, para Bakhtin, que apagar a ligação que existe entre a
linguagem e a vida (1995, p.268).
5
De acordo com Bakhtin (1995), a Metalinguística não analisa as relações dialógicas tão somente observando
características sintáticas, lexicais ou semânticas, pois as percebe em sua totalidade.
O texto como objeto discursivo
Dessa forma, defendemos um trabalho em sala de aula que valorize a língua como
objeto discursivo, uma ação docente voltada para diversidade de gêneros na escola, de modo
que seja promovida a percepção da multiplicidade de usos e funções da língua de acordo com
o contexto de produção de circulação dos gêneros. Além disso, é necessário que as atividades
de escrita tenham como eixo norteador o texto. O uso dele em sala de aula é uma forma de os
sujeitos realizarem o exercício do dizer. Isso significa afirmar que, à medida que o professor
trabalhe a identificação dos elementos típicos de cada gênero, desde suas diferenças de
organização e sequenciação, o aluno passa a perceber como a língua se manifesta no meio
social.
De acordo com Antunes (2003), as atividades de leitura com foco nos gêneros
textuais, estimulam a percepção dos elementos típicos que compõem cada tipo textual, de
modo que os educandos entendam que a língua estudada na escola é a mesma que circula no
meio social. Com esse enfoque, as atividades de leitura deixam de ser mera atividade escolar,
cujo objetivo ainda tem sido a decodificação e memorização dos códigos linguísticos.
Vale ressaltar que, ao passo que as práticas de leitura e escrita deixam de serem
atividades puramente mecânicas, instaura-se a integração dos discentes com o mundo e com o
grupo social do qual fazem parte, com isso, o exercício da linguagem torna-se efetivo. Para
isso, basta que as atividades não sejam vistas pelo professor apenas como entretenimento ou
obrigação do planejamento previsto, mas que girem em torno das habilidades discursivas e
interativas no ambiente escolar.
A situação de interlocução: o gênero crônica em sala de aula
A pesquisa de que trata este trabalho tem como lócus uma escola pública da rede
estadual de ensino do Estado de Goiás, que atende a alunos do Ensino Médio em período
integral. As observações das aulas ocorrem na disciplina de Língua Portuguesa. Porém, na
escola em questão, o trabalho com a linguagem é dividido em três segmentos: gramática,
produção de texto e literatura. O professor investigado ministra aulas de gramática e produção
textual, as aulas de literatura são trabalhadas por outra docente. Assinalamos aqui que, mesmo
tendo clareza do sentido contraproducente de tal segmentação, não vamos desenvolver aqui
uma reflexão sobre esta prática, pois este não é nosso foco neste recorte da pesquisa. Caberá
essa reflexão em outro momento da nossa investigação.
Nesse tópico, nossa intenção é descrever o episódio em que o professor trabalha o
gênero textual “Crônica”. Nessa aula, o docente usa como suporte uma crônica presente no
livro didático. Apesar de Geraldi (2013) nos lembrar que o livro didático muitas vezes tem
sido um dos únicos instrumentos usados em sala de aula, cheio de respostas prontas e
orientações, ficou visível, nesta aula, que o docente investigado possibilita uma nova forma de
usar esse material, pois faz uso dele não como um guia, seguindo na integra todas as
atividades de leitura e produção textual. Isso porque a escola lhe concede um tempo para
planejar e refletir sobre as propostas contidas nesse material.
Ao pensarmos nas condições de produção de texto favorecidas pelo professor aos
alunos, reportamo-nos aos estudos de Geraldi (2013), que afirma que o locutor precisa ter
razões para ter o que dizer e para quem dizer, escolhendo estratégias para realizar qualquer
produção escrita. Na aula em questão, a proposta de texto é baseada na exploração da crônica
de Fernando Sabino “Conversinha Mineira”, em que o cronista retrata a conversa entre dois
personagens, o dono da leiteira e o cliente.
Nessa crônica, o autor mostra que nem sempre o nível de linguagem está associado à
classe econômica, pois o esperado era que o cliente apresentasse variações em sua fala e não o
proprietário da leiteira. Ao contrário dessa visão preconceituosa, ocorre a inversão de papeis,
ficando evidente que o nosso país é constituído de uma variedade linguística e que essas
mudanças estão associadas a diversos fatores, pois o dono, ao apresentar o jeito mineiro de
falar, marca o sotaque dessa região e sua identidade linguística.
Após a leitura da crônica6 foi realizada a discussão coletiva do texto, em que o
professor abordou questões que levassem os alunos a discutirem a temática, a perceberem a
modalidade linguística presente no texto. Durante essa atividade de leitura, constatamos que a
mediação do professor facilitou a compreensão, por parte dos estudantes, das questões
voltadas para o reconhecimento do tipo de linguagem presente no gênero, trabalhando o texto
como evento comunicativo, mostrando que os personagens dialogam e interagem entre si.
Nesse momento da aula, o professor faz vários questionamentos com o intuito de
promover um debate sobre o texto, em que pergunta: Como foi a entonação dada pelas alunas
durante a leitura da crônica? A conversa usada entre os personagens dá para perceber que eles
são amigos? Quando o dono usa a palavra “senhor”, isso distancia o freguês dele? O
interlocutor usou um tratamento mais formal ou informal? A conversa dos personagens dá
ideia de que eles são amigos?
Por meio dessas indagações, podemos inferir que o docente tem a intenção de
mostrar aos educandos que a linguagem é marcada pelo contexto de uso, nível de formalidade
e informalidade. Talvez, essa seja uma forma que ele encontra de apontar que a crônica,
“Conversinha Mineira”, possui características peculiares da linguagem do cotidiano. A
maneira como os alunos respondiam a tais questionamentos indicou que a dialogicidade,
defendida por Bakhtin (1995), acontece em sala de aula.
Com essa ação, o professor conseguiu envolver os alunos quanto ao reconhecimento
da linguagem presente no gênero, não promovendo um mero exercício escolar, mas uma
atividade que marque a linguagem em situação real de uso, ou seja, na comunicação entre os
dois personagens do texto.
Vale pontuar que o trabalho do docente tem o intuito, como é possível perceber, de
mostrar aos educandos que todo texto é marcado por uma orientação temática, nesse caso foi
a conversa mineira, cujo foco centrou-se no tipo de linguagem usada pelos personagens da
crônica, sendo que esse núcleo semântico favorece desencadeamento da progressão do tema,
dando continuidade aos fatos e à representação da linguagem na crônica.
Durante a situação de produção observada, o professor solicita aos alunos que
escrevam seus textos com base na crônica explorada em sala de aula. Assim, notamos que o
texto é usado para promover o conhecimento prévio dos educandos sobre o tema. Com esse
texto, os educandos têm a oportunidade de entender os elementos composicionais e
6
A leitura oral da crônica deu-se por meio de um diálogo, os alunos da sala deram sugestão para o professor
pedindo que escolhesse dois personagens “freguês” e “dono”.
linguístico-discursivos do gênero, partindo para uma produção a partir de uma situação do
cotidiano, usando de uma linguagem típica do diálogo entre interlocutores.
Para mostrar aos alunos como ocorre o universo de referência presente na escrita
desse gênero, o professor reforça a ideia de que no discurso humorístico há o predomínio de
questões do cotidiano e uso da linguagem coloquial, além de sinais de pontuação para indicar
a mudança de interlocutor e a entonação da fala, aspectos esses reforçados no material
didático usado em sala de aula. Desse modo, a ação docente, pautada no princípio dialógico
bakhtiniano, promove nos alunos a percepção da relação dos elementos que compõem o texto,
pois o autor ao escrever leva em consideração interlocutores reais, nesse caso, os leitores da
crônica.
Todavia, nesse processo de escrita dos textos em sala de aula, percebemos que a ação
docente preocupou-se com a interação apenas no âmbito da recepção e não da circulação do
texto, ficando visível a distância do texto produzido no âmbito escolar e o de Fernando
Sabino, no âmbito da circulação. Esses flashes foram percebidos quando o professor solicita
que os alunos socializem suas produções textuais, ficando apenas nesse plano escolar.
Quanto à observação do nível de informatividade presente nos textos dos alunos no
momento de socialização, podemos constatar que os alunos possuem um repertório linguístico
bastante vasto, pois usam de vocábulos que deixam claro seu ponto de visto e conseguem
articular bem as ideias no texto.
Vale lembrar que a atividade de revisão textual não ocorreu e apesar de ser um
gênero que não circula na esfera escolar, o professor precisa mostrar razões para que o aluno
queira organizá-lo, orientando-os sobre a necessidade de (re)organizar seu pensamento. No
entanto, essa posição do professor durante esse evento interativo acontece apenas no plano da
conscientização, não no da refacção, havendo a necessidade de rever a produção escrita.
Assim, o professor pesquisado, durante a situação de produção do gênero crônica,
não assume uma posição de mero transmissor de conhecimento. Ao invés disso, dá lugar às
relações de interlocução durante as situações de preparação do tema para produção textual.
Contudo, ficou instável, nessa aula, o trabalho com a reescrita dos textos e os resultados da
intervenção docente, aspectos esses que posteriormente apresentaremos no decorrer da
pesquisa.
Considerações finais
Ao configurarmos a dinâmica do trabalho com a produção de textos na escola
pública, foi-se delineando pouco a pouco o interesse em pesquisar e investigar esse objeto de
estudo, instaurando-se a necessidade de compreender as condições de produção difundidas em
sala de aula. Nesse artigo, apresentamos resultados parciais que estão sendo delineados a
partir dos embasamentos teóricos já estudados, sempre pautados na defesa das práticas
interacionistas no ambiente escolar.
Assim, defendemos a ideia de que o trabalho com a escrita não se restrinja apenas à
tarefa de escrever ao professor, mas rompa os muros da sala de aula, contrariando o fato de
que, muitas vezes, o docente tem se tornado o único leitor das redações escolares. Então,
ressaltamos a participação do outro – professor - em relação à construção da percepção, por
parte do educando, da dialogicidade inerente à linguagem.
Ressaltamos o quanto é importante a figura do professor como agente mediador do
processo de interação. Nesse sentido, faz-se emergencial assumir uma postura que colabore
com a construção de um aluno que se configure um sujeito ativo de sua própria aprendizagem.
E vale pontuar que construir uma ação dialógica na escola requer dar voz ao aluno e propiciar
atividades de construção do texto que ofereçam aos estudantes a oportunidade de vivenciar
situações reais de uso da língua, o que implica desenvolver, no aluno, a competência
discursiva para (inter)agir em diferentes domínios da prática social.
Referências
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial,
2003.
_________, Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial,
2009.
_________, Análise de textos: fundamentos e práticas. – São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do Método
Sociológico na Ciência da Linguagem. 9. Ed. São Paulo: Hucitec, 1995.
_________, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes,
2011.
FARACO, Carlos Alberto. Linguagem & diálogo: as ideias linguísticas do círculo de Bakhtin.
São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
GERALDI, João Wanderley (Org.). O texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 1999.
GERALDI, João Wanderley; CITELLI, Beatriz. Aprender e ensinar com textos. 7. ed. São
Paulo: Cortez, 2011.
SCHNEWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Os escolares: das práticas de linguagem aos objetos
de ensino. In: Revista Brasileira de Educação. n.11. Anped: Associação Nacional de Pós-
graduação e pesquisa em educação. maio-ago, 1999.
ORLANDI, E. P. Análise do discurso: princípios & procedimentos. 3. Ed. São Paulo: Pontes,
2001.
A LEITURA DE TEXTOS NA SALA DE AULA: UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA
SOCIALMENTE SITUADA
Sala 3
Resumo: Apresento como objetivo, neste trabalho, discutir sobre o trabalho com o texto na sala de aula, em
aulas de Língua Portuguesa, e sua contribuição para o desenvolvimento da capacidade crítica dos estudantes e
para sua (inter)ação em diferentes domínios sociais. Para isso, apresento um recorte de eventos de letramento e o
analiso, indicando como a professora materializa, nesse espaço escolar, suas posições em torno do ensino de
Língua Portuguesa e em que concepções de letramento sua prática está fundamentada. Apoio-me, teoricamente,
na abordagem Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2003; CHOULIARAKI e FAIRCLOUGH, 1999) e
nas concepções baseadas nos Novos Estudos do Letramento (STREET, 2014; BARTON e HAMILTON, 1998).
Parto do pressuposto de que a linguagem é um sistema aberto, dialeticamente, interconectado aos vários
domínios da prática social, o que implica que o texto está relacionado, irremediavelmente, a um contexto. O
resultado deste estudo aponta para uma prática pedagógica fundamentada na concepção do letramento como
prática social, o que instaura um evento comunicativo socialmente situado.
1. Introdução
1
Doutora em Linguística pela UnB e professora do Centro de Ensino e Pesquisa aplicada à Educação/UFG.
E-mail: [email protected]
2
Doutora em Linguística pela UFG e professora do Centro de Ensino e Pesquisa aplicada à Educação/UFG.
E-mail: [email protected]
3
Para Barton (1994), os eventos de letramento são as atividades particulares em que o letramento tem um papel,
com participantes e com a característica de ter um princípio e um fim.
instituições sociais e a que propósitos está servindo. Assim, neste trabalho, focalizo um
evento de letramento, que se estrutura em práticas fundamentadas na leitura de variados
textos, de diferentes gêneros discursivos, o que pode resultar em práticas comunicativas
dinâmicas e servir a múltiplos propósitos individuais e sociais.
Considero, para análise, os eventos de letramento, pois neles circulam variados textos
que fundamentam uma pedagogia de gênero, na sala de aula. Além disso, como defende Street
(2000, p. 21), “os eventos de letramento é um útil conceito, eu penso, porque habilita a
pesquisadoras/es, e também a praticantes, focarem sobre uma situação particular, onde as
coisas estão acontecendo e você pode vê-las acontecendo”. Esse autor destaca aqui o caráter
concreto dos eventos de letramento, que facilitam a compreensão de convenções e concepções
que embasam os propósitos pedagógicos. Para Rios (2014, p. 178)), “no evento de letramento,
os papéis dos participantes, suas identidades sociais e os sentidos dos textos são dinâmicos,
isto é, os sentidos dos materiais escritos e asidentidades sociais são negociados e
reestruturados pelos participantes no curso mesmo do evento”.
É com a análise de um recorte de eventos de letramento, portanto, que me proponho a
analisar as atividades da professora na sala de aula, buscando perceber como essa profissional
materializa, nesse espaço escolar, suas posições em torno do ensino de Língua Portuguesa e
em que se fundamenta, para ela, o trabalho com textos.
No excerto a seguir, a professora Graziela4 traz para sala de aula um fragmento do
romance A hora da Estrela, de Clarice Lispector, focalizando a personagem central,
„Macabéa‟, como objeto de estudo.
4
Este, como todos os outros nomes que virão a seguir, é um pseudônimo. Obedeço, com isso, a um dos
princípios éticos da pesquisa.
5
Personagem central do livro literário A hora de estrela, de Clarice Lispector.
deslocam de uma prática para outra, em que adquirem novos significados. O seu movimento,
portanto, segundo Magalhães (2005, p. 235), implica “o deslocamento, a apropriação, a
relocação e o estabelecimento de relações com outros discursos em um contexto institucional
particular”. Dessa maneira, nesse processo de mudança, os acontecimentos sociais, as/os
participantes, a representação simbólica sob a forma de texto ganham novos contornos, em
que se atualizam significados sociais
Com suas perguntas, a professora se mostra interessada em conduzir as/os
estudantes a relacionarem o texto ao contexto social contemporâneo, sobretudo, situando-
as/os em relação às posições identitárias femininas. Com essa postura, a professora propícia a
construção de um pensamento crítico por parte das/os estudantes („A gente pensa que as
mulheres libertaram, mas tem muitas mulheres que são como a Macabéa, são sempre
submissas’), o que se configura em elaboração de conhecimento e abertura à mudança social.
Isso significa que a noção de prática, como aponta Kalman (2005, p. 204), “inclui não
somente a participação em eventos de letramento e usos específicos de leitura e escrita, mas
também inclui o que as pessoas pensam sobre letramento e como ele se conecta a processos
culturais e sociais mais amplos” (STREET, 1993, p. 64).
Cabe evidenciar que, neste excerto, a professora Graziela faz três perguntas às/aos
estudantes (1.„A Macabéa era um ser único, uma única mulher nordestina?’; 2.‘Tem várias,
por exemplo, passando pelos mesmos problemas?’; 3. Então, podemos dizer que a história de
Macabéa pode ser a história de muitas outras mulheres que estão presentes na vida
contemporânea?’). Todas elas são questões fechadas. Contudo, as respostas das/os estudantes
não se limitam ao sim e ao não, elas se ampliam, estendem-se e, além disso, para todas as
perguntas, mais de uma/um estudante tem algo a dizer. Isso me remete à prática de letramento
da professora, ou seja, parece-me que já é comum, nessa sala de aula, o debate, relacionando
texto e contexto social, linguagem e sociedade. É comum também o trabalho voltado para a
construção de uma visão crítica da realidade e identidades sociais bem como a elaboração do
conhecimento e de visões de mundo, o que mostra que a linguagem é percebida como parte
irredutível da vida social, dialeticamente interconectada a outros elementos, como as
identidades (FAIRCLOUGH, 2003). Nessa perspectiva, a professora posiciona-se não como
alguém que detém o saber, mas como alguém que quer vê-lo sendo construído pelas/os
estudantes, de forma crítica. Essa posição contraria modelos de letramento que legitimam
relações de poder entre professor/a e estudante.
É possível constatar que a professora faz perguntas não simplesmente para obter
respostas e verificar conhecimentos, mas para provocar a reflexão das/os estudantes, fazendo
resultar daí uma construção de dimensão crítica da vida social aliada à elaboração de saberes
próprios. Assim, o conceito de práticas de letramento dessa professora, como defende Street
(2000, p. 21), está relacionado à tentativa de “alçar os eventos e os padrões de atividade em
torno do letramento para ligá-los a alguma coisa mais ampla de caráter social e cultural”. Isso
implica um tratamento discursivo ao texto.
A professora promove um letramento em que o texto é visto pelo viés do discurso.
Assim, ele é compreendido como um contínuo comunicativo em que entram em jogo as
crenças, as ideologias, as relações identitárias presentes nas práticas sociais.
4. Considerações finais
Nesse trabalho, foi possível perceber que as práticas de letramento da professora são
mediadas por textos que cumprem o papel de relacionar as/os estudantes à prática social, de
forma a desenvolver nessas/es um sentido de crítica no que se refere aos problemas sociais e
à ação das pessoas no mundo.
Com a atenção voltada para o que se faz com os textos na sala de aula, notei que a
professora focaliza a linguagem como prática social, o que implica uma visão sócio-histórica
e discursiva. Dessa maneira, ela privilegia a natureza funcional e interativa da língua,
contrariando um letramento que põe em foco o aspecto formal e estrutural, que,
tradicionalmente, vem orientando o tratamento dado à linguagem. A língua, pelo viés das
professoras, é compreendida como uma forma de ação sócio-cultural e constitutiva da
realidade.
A professora envolve-se na construção de significados na sala de aula. Pelos
significados construídos, é possível dizer que essa profissional representa-se com consciência
dos gêneros sociais, refletindo de forma crítica sobre as questões identitárias e outros
problemas sociais.
A didatização da professora em torno do estudo de textos, que implica uma teoria de
gêneros, configura-se um letramento como prática social, o que envolve o conhecimento
sobre como, por que e para que as pessoas usam os textos. Além disso, a variedade de gêneros
levados para a sala de aula indica o caráter dinâmico das práticas e dos sujeitos sociais, que
desenvolvem diferentes modos e estilos para relacionarem-se com a língua e a vida social.
O resultado deste estudo indica que a professora rompe com uma prática pedagógica
tradicional como referência do letramento escolar em Língua Portuguesa e adota um
letramento como prática social, dando lugar, no espaço escolar, à leitura de variados textos, de
diferentes gêneros, o que permite – entre outros aspectos – o reconhecimento da diversidade
do contexto cultural que envolve os textos e o que mobiliza um estudo como prática
comunicativa socialmente situada. Dessa maneira, configura-se este trabalho uma
contribuição ao desempenho das/os estudantes no que se refere à leitura e à escrita,
instrumentalizando-as/os a (inter)agir discursivamente no curso das práticas sociais.
5. Referências bibliográficas
Sala 8
Resumo: O presente trabalho tem como finalidade relatar a experiência que bolsistas do PIBID, do Subprojeto
de Pedagogia- Imperatriz, desenvolvida através do desenvolvimento de uma sequência didática para
alfabetização realizada em uma escola pública na cidade de Imperatriz- Maranhão, com alunos de 1º ano do
Ensino Fundamental. O objetivo da sequencia didática foi apresentação do gênero textual de cordel e através
desse gênero textual fazer com que a nossa perspectiva de alfabetização e letramento fosse colocada em prática
usando a literatura de cordel, as rimas, os versos e estrofes. Com o desenvolvimento da sequencia didática foi
possível trabalhar também a ludicidade, fazendo a leitura do cordel e a oficina do pintinho no balão de forma que
os alunos puderam brincar e imaginar, e desse modo fizemos interações entre as ações que os alunos iam
executando durante os momentos da sequencia didática.
Introdução
A sequência didática desenvolvida com os alunos foi sobre gênero textual cordel,
que é composta por versos que formando um poema são impressos em folhetos, ou escritos e
corrigidos pelos próprios poetas. O cordel é um gênero literário popular, e não é oriundo do
nosso país, mas da Europa que chegou ao Brasil no período da colonização portuguesa,
possivelmente em meados do século XVIII, (Melo,2014). A escrita do cordel pode ser em
forma de poesia, histórias extraordinárias e atualidades, deixando os cordelistas à vontade
para criar. E nas ilustrações de cordel é usada a xilogravura4 para expressar os cordéis.
Na literatura de cordel podemos aperfeiçoar nosso vocabulário, nos divertirmos,
aprender ler, conhecer cordéis, versos, rimas. São inúmeras as formas de trabalhar com os
cordéis. O cordel pode ser usado em varias disciplinas, desde a arte com a xilogravura,
história, que pode contar fatos que ocorreram através de cordéis, língua portuguesa na
alfabetização e letramento dentre outras disciplinas as quais a criatividade do professor que irá
1
Discente do Curso de Pedagogia Licenciatura pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail:
[email protected]
2
Discente do Curso de Pedagogia Licenciatura pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail:
[email protected]
3
Professora Adjunta do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail:
[email protected]
4
É a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada
sobre papel ou outro suporte adequado, para se entalhar na madeira, com ajuda de instrumento apropriados.
http://dicionarioportugues.org/pt/xilogravura
escolher como melhor usar o cordel em sua sequencia didática. No entanto nós bolsistas como
estamos trabalhando com alunos de 1º ano do Ensino Fundamental buscamos trabalhar com
os alunos as palavras do cordel, o valor sonoro das últimas silabas das palavras que rimavam
e a formação de novas palavras para que rimassem com as do cordel.
Os alunos também puderam aprender bastante sobre os cordéis que durante muito
tempo foram usados como meio de informação nas comunidades, servindo para relatar
acontecimentos, fatos históricos dentre outros. Alguns poetas usavam para convencer o leitor
à ideia que era proposta, ou criticar a situação que estava sendo discutida, e que hoje os poetas
ainda fazem alguns textos de cordel, independente dos acontecimentos relatados. No entanto,
depois que chegou ao Brasil passou a fazer parte de nossa cultura. Tempos depois também se
passou a usar xilogravura, como a ilustração do cordel.
Para o desenvolvimento da sequência didática, aqui relatada, foi usado o cordel de
José Francisco Borges5 “O vendedor de ovos”, em que neste trabalho está estruturado da
seguinte forma: os Procedimentos Metodológicos em que falamos um pouco de como surgiu
esta experiência e Alfabetizando com Cordel que trazemos todos os momentos das sequências
didáticas e o desenvolvimento dos alunos durante os mesmos.
Procedimentos Metodológicos
5
Um dos mestres do cordel e um dos artistas folclóricos mais celebrados da América Latina e o xilogravurista
brasileiro mais reconhecido no mundo. Nascido no dia 20 de dezembro de 1935 em Bezerros, Pernambuco, filho
de agricultores, que tomou gosto pela poesia.Começou em 1964 a escrever folhetos como “O Encontro de Dois
Vaqueiros no Sertão de Petrolina”, xilogravado por Mestre Dila, que logo depois de escrever vendeu mais de
cinco mil exemplares em dois meses deixando ele bastante animado, fazendo com que escrevesse outros cordéis
e que também devido às condições financeiras o conduziu para fazer suas próprias xilogravuras.ARTE Popular
do Brasil
possui caráter qualitativo em que apresentamos nossa experiência relacionando os resultados
com o desenvolvimento em que a sequencia didática aconteceu.
Nós como acadêmicas de Pedagogia que estamos vivenciando esta realidade deste
processo de alfabetização de perto sabemos que não e fácil, mas estamos aprendendo com
estas experiências e ficamos felizes quando vemos um aluno evoluir durante as sequencias
didáticas aplicadas.
Para proporcionar aos alunos conhecer o gênero textual de cordel e ter um pouco
de contato com a cultura do nosso país, trouxemos um cordel de um dos maiores cordelistas
do Brasil, José Francisco Borges que faz parte da história do cordel no Brasil, tornando a aula
agradável e participativa. Em que os alunos reconheceram nas rimas um momento prazeroso e
divertido para aprender, possibilitando uma aproximação com a realidade do sertão
nordestino. Compreendendo o cordel “O vendedor de ovos”, e os estimulando para querer
ouvir e ler outros cordéis.
Iniciarmos a aula com uma roda de conversa falando sobre a cultura popular, as
diferenças regionais, como: danças, folclore, culinária, artesanato dentre outros. Em seguida,
as discentes apresentaram o gênero textual de cordel.
Figura 1: As discentes expondo para os alunos alguns cordéis.
Após esse momento falamos aos alunos que o texto possuía rimas 6 e perguntamos
se eles sabiam o quem eram as rimas, sendo negativas as respostas dadas pelos mesmos
resolvemos explicar da seguinte forma: rimas são palavras que tem uma semelhança sonora
no final da silabas, e resolvemos continuar os questionamentos – nós vamos falar uma palavra
e vocês vão falar uma palavra que rima com a que nós falamos, então falamos a palavra
“quebrado” e eles disseram que rimava com rasgado.
No início percebemos que os alunos estavam um pouco confusos em relação a
rimas, pois alguns achavam que deveriam ser palavras com o mesmo significado que seriam
sinônimos. Então tivemos a preocupação em esclarecer e explicar sobre o significado de uma
rima, em seguida conversamos com os alunos sobre a poesia, e os alunos apontaram que as
rimas têm repetições de sons sempre no final de dois ou mais versos dando um som de
musicalidade aos cordeis.
Ao levarmos os alunos a refletirem sobre o conceito de rima, pedimos para que
encontrassem as rimas do cordel no texto impresso e as circulassem e explicassem com suas
palavras por que as palavras eram parecidas somente no final, para que percebessem o som da
última sílaba.
6
É dos recursos estilísticos utilizado nos textos de poesias, proporcionando uma sonoridade, ritmo e
musicalidade. Ocorrendo nos versos designando a repetição de sons idênticos ou semelhantes no final dos
vocábulos. Informações do site https://www.todamateria.com.br/o-que-e-rima/
Figura 2: Aluno circulando rimas nas palavras.
Após a realização dessa atividade propomos que encontrassem novas rimas para
substituir as do cordel e que fossem de um a um no quadro para escrever as novas palavras, e
assim fizeram, colocando palavras que rimassem, não exigimos que tivessem o mesmo
sentido das que estavam no texto, apenas que rimasse como consta no quadro abaixo:
O Vendedor de Ovos O Vendedor de Ovos
Vimos, com essa atividade de construção, que os alunos compreenderam o que eram
as rima. Dando continuidade à sequência didática, colocamos, no quadro da sala, algumas
palavras aleatórias de fácil localização de rimas e a partir do momento que íamos falando
algumas palavras eles falavam as que rimavam:
Ex.: Janela- amarela, bela.
Flor- amor, dor.
Cadeira- lareira, esteira.
Balão- sabão, são João.
Considerações Finais
Referências
ARTE Popular do Brasil. Síntese biográfica de José Francisco Borges. Disponível em
<http://artepopularbrasil.blogspot.com.br/2011/01/j-borges.html>. Acesso em: 09 de junho de
2017.
OBEID, César. Literatura de cordel. Revista direcional educador, p.32-35, outubro 2007.
Disponível em <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000015231.pdf>.
Acesso em: 07de junho de 2017.
A MEDIAÇÃO EM LEITURA NA ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA
PIBID NA FORMAÇÃO DE LEITORES
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo relatar e refletir sobre os projetos de mediação de leitura
literária realizados no período de 2011 a 2015 pelo Subprojeto Letras/Formação de Leitores do Programa de
Incentivo de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Os dados
apresentados foram colhidos nos relatórios parciais enviados para a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES) a cada semestre e nos portfólios dos bolsistas e dos professores supervisores.
Espera-se que, com este relato, torne-se público o trabalho realizado pelo PIBID/Letras da UNIVALI em prol da
formação de leitores na Educação Básica e a contribuição na formação acadêmica e estética das bolsistas, bem
como contribuir com todos os que estão envolvidos com o processo de mediação de leitura. Os projetos
desenvolvidos tiveram como suporte teórico para a leitura fruitiva Barthes (2013), Petit (2009) e Eco (2013).
Dentre os resultados alcançados, pode-se destacar: a leitura dos textos literários em prosa, poesia e dramático por
alunos de diferentes idades; o uso, pelos bolsistas, de estratégias de leitura que envolvem diversas linguagens
artísticas entre elas o vídeo, a música e a performance cênica; o uso de meios eletrônicos como incentivo à
leitura; a elaboração de sequências didáticas que requerem a preparação de uma aula de leitura; compreensão,
por parte dos bolsistas, acerca da mediação adequada do objeto literário, o livro; produção de artigos e de
comunicações orais em eventos acadêmicos acerca dos projetos realizados. As ações desenvolvidas pelos
bolsistas qualificaram sua formação docente e ampliaram suas concepções acerca de suas responsabilidades com
o processo de formação de leitores. Comprovaram, também, que, com estratégias de mediação adequadas e com
o domínio da obra a ser lida aos alunos, os envolvidos conseguem fruir e encantar-se com o texto
independentemente da época e do gênero em que foi escrito.
Introdução
1
Universidade do Vale do Itajaí - <[email protected]>.
2
Universidade do Vale do Itajaí - <[email protected]>.
A proposta metodológica norteadora do PIBID prevê a adoção de experiências
voltadas à mediação e à formação de leitores por meio de quatro projetos, discutidos na
sequência. O primeiro deles, intitulado Encontro com a leitura, centra-se em atividades de
mediação em leitura de obras literárias de autores contemporâneos que estão em plena
atividade literária, próximos do contexto dos alunos, para que eles percebam que a produção
literária que constitui o cânone se insere em um movimento aberto de novas obras. O
segundo projeto, Literatura e cultura brasileira, tem como foco a leitura do romance e do
conto contemporâneos. A ideia foi levar para a sala de aula leituras de narrativas que agucem
o paladar dos alunos para a literatura, promovendo a leitura fruitiva em sala de aula e em
outros espaços da escola. O terceiro, Estudos linguísticos e literários, busca enfatizar uma das
funções da literatura que é, segundo Eco (2003), criar identidade e comunidade. Por meio da
literatura, afirmamos a identidade de um povo, suas características, sua língua, seus costumes,
sua ideologia. Leitura em meio eletrônico, o quarto projeto, busca fazer uso de bibliotecas
digitais e das possibilidades oferecidas pela ciberliteratura no espaço escolar com a meta de
propor a leitura do literário por meio do uso dos recursos que o computador oferece.
Tendo em vista que mediar não é facilitar, mas provocar partilhas sobre os textos, e
que a mediação em leitura visa ampliar as possibilidades de entrada do leitor no texto, os
pibidianos de Letras que atuavam na EEB Prof. Henrique da Silva Fontes e na EEB Victor
Meirelles, escolas do Ensino Médio de Itajaí, Santa Catarina, organizaram oficinas de leitura
com o objetivo de mediar a leitura de poemas de autores catarinenses. Tanto os futuros
professores quanto os alunos da Educação Básica tiveram a oportunidade de ampliar suas
experiências com os textos líricos de Bento Nascimento, Alcides Buss, Magru Floriano e
Leandro de Maman. As oficinas de leitura de poemas foram descritas e analisadas por
Neitzel, Pareja e Hochmann (2013). Elas privilegiaram a leitura fruitiva por meio de vivências
diferenciadas em vários movimentos, ora de leitura silenciosa, ora em grupo, ora
compartilhada e em diversos espaços da escola. Ao trabalhar-se com a literatura de forma a
resguardar sua função estética, os estudantes mudaram sua visão sobre o texto literário,
passando a compartilhá-lo com os pares e a reconhecer as literariedades do texto e as sutilezas
das construções literárias. (NEITZE; CARVALHO, 2014a).
As mediações em leitura foram possibilitando que os alunos e os pibidianos
estabelecessem várias relações intertextuais com a obra. Sentindo-se afetados pelos poemas,
eles organizaram sarais literários, buscaram compreender melhor o processo de escrita e
passaram a organizar uma interlocução com os autores das obras. Alcides Buss e Leandro de
Maman foram os autores que participaram desse movimento, por meio de encontros
presenciais na escola que movimentaram a comunidade a participar, a imergir no texto. Para
Barthes (2013, p. 21, grifos do autor): “O brio do texto seria a sua vontade de fruição: lá onde
precisamente ele excede a procura, [...] e através do qual tenta transbordar”. Uma fruição que
se distancia do prazer de ler, pois o transbordamento de sentidos deu-se pela exploração do
texto, pelas “[...] portas da linguagem por onde o ideológico e o imaginário penetram em
grandes ondas. (BARTHES, 2013, p. 21). De exercícios de simples de leitura – como a leitura
em voz alta, silenciosa, em grupo, de rodas de conversa, entre outras –, passou-se à
organização de Noites Literárias com os autores, legitimando o que afirma Petit: “Não
importa o meio onde vivemos e a cultura que nos viu nascer, precisamos de mediações, de
representações, de figurações simbólicas para sair do caos, seja ele exterior ou interior”
(PETIT, 2009, p. 115).
O diálogo com a língua, a arte e suas múltiplas manifestações foram tecidos no projeto
Estudos linguísticos e literários, caminhando pelo texto dramático a partir da obra O Santo e a
Porca, de Ariano Suassuna. A mediação ocorreu com vivências de leitura que privilegiaram a
literatura de cordel e suas variações linguísticas e contextualizações socioculturais e literárias.
Segundo Eco (2003, p. 21), “[...] a literatura mantém em exercício, antes de tudo, a língua
como patrimônio coletivo”.
Na EEB Valério Gomes, em Tijucas (SC), o projeto teve início com a seguinte
questão: “O que é gênero dramático?”. Os alunos foram convidados a ir à Biblioteca, que já
estava decorada com cartazes, para aguçar todos os sentidos. Lá, havia quatro obras de Ariano
Suassuna: Auto da Compadecida, A pena e a lei, Uma mulher vestida de Sol e O casamento
suspeitoso. Os bolsistas mediaram o processo de leitura com uma breve apresentação do
projeto e das obras, com a leitura de trechos. Em outro encontro, a mediação fez-se
novamente com a leitura dramática pelos bolsistas, transformados em contadores, do texto O
enterro da cachorra, de Auto da Compadecida. Houve, então, uma nova travessia, a leitura
individual e completa da obra.
Com a obra O Santo e a Porca, na EEB Victor Meirelles, a ênfase foi voltada à
variedade linguística e à leitura dramática, passando por atividades artísticas, culturais e
cognitivas elaboradas com os seguintes títulos: Das características do texto dramático; Da
literatura de cordel; Das características do autor; Vivenciando a língua, a cultura e suas
variedades. Já, na EEM Prof. Henrique da Silva Fontes, o Projeto de Leitura Dramática
iniciou suas atividades a partir da leitura de diferentes cordéis na Sala de Leitura Lauro
Muller, para que os alunos adentrassem a obra ao assumirem um dos personagens. A
ambientação cultural ampliou-se no momento em que todos assistiram ao documentário
Retratos Nordestinos, de Edvaldo Augusto M. Souza. Saindo do mundo do cinema, os alunos
entraram na leitura compartilhada do texto dramático Auto das Trevas, vencedor do Concurso
Nacional de Dramaturgia Álvaro de Carvalho, Florianópolis – 1997. Nova vivência
contrapondo-se aos vários tempos de um mesmo estilo. A mediação voltou-se, então, a assistir
projeções de diversos textos dramáticos de literatura brasileira. Para finalizar, realizou-se no
Espaço de Vivências e Linguagens na Escola Henrique da Silva Fontes (HSF) o II Colóquio
do PIBID: O Texto Dramático na Escola: abrem-se as cortinas, viva a leitura!. Estesiar-se,
estesiar o outro, aproximar, disponibilizar-se foi o que ocorreu com a presença do Grupo
Teatral Risco, do SESC/Itajaí, e com a Leitura dramática das bolsistas para os alunos.
Após o contato com o poema, com a prosa em formato tradicional, chegou o momento
de partir para a vivência da leitura em meio virtual. O início da mediação deu-se com uma
oficina com o poeta Leandro de Maman que, em sua obra, utiliza diferentes interfaces
tecnológicas. Na sequência, fez-se outra oficina com a Coordenação de Área, para estabelecer
relações entre a poesia concreta e a poesia em meio eletrônico.
Para a leitura e a produção de poemas em meio eletrônico, foram ofertados endereços
e sites com poemas digitais. Paralelamente, fez-se a contraposição com os poemas em outros
suportes. A mediação foi construída passo a passo com vivências estéticas variadas, tais como
A poesia está no ar; Dê imagens e som ao seu texto; Vasculhando os baús da Internet;
Recorte e cole: nasce o poema concreto. Não há receitas de uma boa mediação cultural, pois a
arte é um “bloco de sensações e, isto é um composto de perceptos e afectos. [...] A obra de
arte é um ser de sensação, e nada mais: ela existe em si”, dizem Deleuze e Guattari (1992, p.
213). Contudo, o apoio de estratégias diferenciadas pode ser um bom caminho na educação
dos sentidos para a leitura. A fim de divulgar as vivências realizadas, criou-se um espaço em
rede social de incentivo à reflexão e à leitura em meio virtual, por ser de fácil acesso e de
domínio dos estudantes.
Em se tratando do texto em prosa em meio eletrônico, a mediação da leitura teve como
objetivo explorar o uso de computadores como uma ferramenta que auxiliasse a formação de
leitores, por ser convidativa, segundo os estudantes. Na EEM Prof. Henrique da Silva Fontes,
foi escolhido a obra Grau 26, do autor Antony Zuicker, criador e produtor-executivo da série
de TV CSI. O diferencial nessa obra é intertextualidade promovida pelas idas e vindas em
outros espaços de leituras indicados pelos links. As primeiras intervenções relacionadas à obra
privilegiaram o cadastro dos leitores no site, estudo do gênero policial, pesquisa sobre os
autores clássicos desse estilo e exposição dos dados recolhidos. Na segunda etapa, a mediação
de leitura foi realizada com nove oficinas temáticas, todas voltadas a proporcionar o acesso à
leitura do literário, em diferentes suportes, em meio digital ou não, e sensações estéticas, pois
a experiência [literária] é um encontro ou uma relação com algo que se experimenta, que se
prova, uma travessia (LARROSA, 2016). As vivências foram denominadas: Leitura e cor;
Leitura e música; Leitura e experiência virtual; Leitura ambientes virtuais; Leitura
sequenciada; Leitura e câmara do assassino e Leitura livre, sendo ofertado a cada encontro
uma nova estesia.
A mediação cultural nesse espaço escolar ocorreu, também, com a realização do
Colóquio do PIBID - A literatura e o romance policial: os diferentes olhares - com a
participação de representantes da Educação Básica e Ensino Superior, Conselho Tutelar,
Poder Executivo e Judiciário e Polícia Civil, que discutiram a questão da violência e do crime
na sociedade brasileira e, em especial, na região do Vale do Itajaí. Foi uma experiência
estética que modificou os campos perceptivos e sensíveis e mobilizou outros vetores para
transitar no mundo.
Para os alunos da EEB Astrogildo Odon de Aguiar, de Barra Velha (SC), optou-se
pela leitura da primeira narrativa brasileira publicada na internet, Tristessa3, de Marco
Antonio Pajola. As mediações de leitura foram realizadas na tela do computador, seguindo a
proposta do autor: leitura em voz alta e silenciosa – “Preservar o espaço para a leitura
silenciosa, individual, secreta é fundamental no processo de agenciamento de leitores”
(NEITZEL; CARVALHO, 2014a, p. 21). Tristessa introduz o leitor, por meio de links, a um
texto que remete a outras histórias, todas encadeadas, permitindo a leitura de vários textos
simultaneamente, pois a narrativa vai se multiplicando; uma surge dentro da outra, formando
um conjunto de muitas e diferentes narrativas. Após a leitura foi proposto um desafio ao
grupo: a produção de uma narrativa multiautoral em meio digital. Como estratégia para
inspirá-los a escrever a história digital, foram ofertados contos de Rubem Braga e Milton
Hatoum. A partir da leitura motivadora, os grupos navegaram em diferentes sites para
encontrar os links ideais. Os alunos interagiram uns com os outros, pesquisaram, discordaram
e concordaram entre si. A produção da escrita do hipertexto começou a fluir após um curso
com o técnico da sala de informática sobre Google docs. Após os alunos optaram por não
retirar imagens da web, mas fotografarem-se para se transformar nas personagens da obra.
Ao final, os alunos já estavam ansiosos para ver a obra finalizada. Foram produzidos
dois contos, um intitulado Como se fosse verdade e o outro Os mistérios do reencontro,
disponíveis nos endereços: <http://gruporubembraga.wix.com/comosefosseverdade> e
<http://grupomiltonhatoum.wix.com/misteriosreencontro>. Para viver a experiência da leitura
na nuvem, o movimento cultural envolveu toda a comunidade escolar com leituras de textos
poéticos e trechos dos contos virtuais. Toda a experiência foi discutida e analisada por
Neitzel, Moraes e Pareja (2016).
Considerações finais
3
Tristessa é uma publicação em meio eletrônico a qual pode ser encontrada no seguinte endereço:
<http://www.quattro.com.br/tristessa/>. Acesso em: 24 mar. 2016. A obra possui, segundo os autores, “três atos
lineares” – Corpo, Fragmento e Todo -, e cinco “planos aleatórios” – Vida, Vultos, Ensaio, Matéria e Insight.
Camboriú), centenas de alunos de escolas municipais e estaduais, 60 bolsistas e 12
professores supervisores. Foi um universo relevante e significativo que teve contato com
obras de qualidade, estratégias de leitura, produções de atividades artístico-culturais, eventos,
participações em congressos, seminários, simpósios, formação continuada, produção de
artigos científicos.
No âmbito da leitura, fizeram parte do processo quatorze autores escolhidos e lidos
como obras de referência para o desenvolvimento dos projetos. Outras obras e textos foram
também visitados, como forma de enriquecimento, de avaliação e de comparação entre
autores nos debates promovidos entre os alunos. Desfilaram entre os leitores: poetas,
contistas, dramaturgos, obras impressas, obras virtuais; e vários gêneros textuais: poesias,
impressas e virtuais; contos e romances, impressos e virtuais; textos dramáticos, músicas.
Autores também se fizeram presentes nos eventos realizados, dialogando com os jovens
leitores e promovendo, com as suas falas, o incentivo e a motivação, tanto para a leitura
quanto para a escrita. Assim, foi ampliada a educação dos sentidos de forma que os leitores
alargassem suas percepções sobre o mundo e transformassem vivências em acontecimentos,
em experiências. Como afirma Martins (2014, p. 263): “A prescrição poética não tem
contraindicações. A tarja é branca. Recomenda-se apenas: Agite-se antes de usar!”.
REFERÊNCIAS
CALVINO, Í. Por que ler os clássicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
DUARTE JR., J. F. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. 5. ed. Curitiba, PR:
Criar Edições, 2010.
______. Arte, só na aula de arte? Revista Educação, Porto Alegre, v. 34, n. 3, p. 311-316,
set./dez. 2011.
______; ______. Brazilian literature and the classroom: how do we teach the literary
reading?. Athens Journal of Philology, Atenas, v. X, n. Y, p. 1-15, 2014b.
PETIT, M. A arte de ler - ou como resistir à adversidade. São Paulo: 34, 2009.
______. Leituras do espaço íntimo ao espaço público. São Paulo: 34, 2013.
A MODERNIDADE NA POÉTICA DE RIMBAUD
Sala 04
Resumo: O estudo apresenta um recorte na obra de Jean Nicolas Arthur Rimbaud e objetiva demarcar o
surgimento da poesia moderna, ainda no final do século XIX através da análise do poema Fome. A base dos
estudos, propõe-se uma pesquisa bibliográfica, com ênfase em Lefebve (1986), Paz (1982), Rimbaud (1871),
Bachelard (2013) e Barthes (1982). Observar-se-á uma mescla de aspectos, tanto da realidade, através de fatos
inerentes ao contexto histórico francês do final do século XIX, quanto da singularidade na escritura inovadora do
poeta que, com seu grito adolescente, demarca de forma rebelde e marginal a transitoriedade entre a poesia
clássica e a moderna. Visto que o primeiro modelo de poesia prende-se à visão e a padrões pré-estabelecidos; os
quais impedem de mostrar as ações reais do mundo, neste poema, Rimbaud apresenta uma novidade, tanto na
forma, com suas estrofes livres e rimas poéticas desconexas, quanto com seu conteúdo instigador; uma vez que o
poeta trabalha com os elementos da linguagem e suas sugestividades de um jeito livre, mas extremamente voraz
com o jogo linguístico, histórico e filosófico. Outro foco do estudo, direciona-se a uma análise crítica que
possibilite novas reflexões no contexto do Ensino Superior, com o intuito de que, na contemporaneidade, a
expressão moderna de Rimbaud diante da arte seja elo de correlações literárias.
Introdução
Na sequência uma breve abordagem dos discursos produzidos, por meio de um grito
simbolista, ou quem sabe expressionista, na poesia do francês Jean Nicolas Rimbaud, tais
polifonias são analisadas numa perspectiva moderna. Ressalta-se que as palavras moderno e
modernidade derivam do advérbio latino modo, que significa recente, ou recentemente, há
pouco. O desejo de tratar e apropriar-se de tais termos justifica-se pelo fato de que há na
história literária da humanidade uma mescla, tanto dos contextos e períodos literários, quanto
das correntes de pensamentos, nas quais os gêneros e tipologias literárias estão
intrinsicamente relacionadas. No entanto, há nesses espaços, independentemente do tempo,
artistas que produziram obras extremamente modernas, em relação à temática, estética, visão
filosófica e história. Para esses fazedores de arte moderna, o fundamental ao lidar com a
palavra era refletir sobre o mundo de maneira realista e fiel, até de certa forma justa, ao
contrário de outras correntes (impressionistas, românticas) que procuravam expressar seu
mundo interior, simplesmente.
É importante esclarecer nesse início de reflexão que a palavra arte possui algumas
definições. Em relação à origem grega, o termo techné expressa algo próximo ao que se
entende hoje por arte. No entanto, outra vertente relacionada ao surgimento dessa palavra está
diretamente ligada à palavra latina ars (nominativo singular), artis (genitivo singular). Aretê é
1
Mestre em Letras, Literatura e Crítica Literária – Pontifícia Universidade Católica de Goiás, PUC/GO. Professor
da Educação Básica (SEDUC) e Ensino Superior (PARANAPANEMA-TO). E-mail: [email protected]
outra ramificação da palavra arte, que significa, fazer o melhor que se pode, fazer com arte,
visando à perfeição, a beleza. Provavelmente seja essa linha a seguida pelos grandes
pensadores da literatura mundial, ou seja, além do fazer artístico estabelecesse um diálogo
com os diversos públicos, os interlocutores. Aqui, apresenta-se Rimbaud. Um grito moderno
na poesia francesa no final do século XIX; que almejava transmitir suas emoções e
sentimentos mais profundos de forma que a premissa tivesse a linguagem literária como norte
e expressão, ou seja, uma arte poética capaz de falar do simples ao complexo, do natural ao
científico, e de modo sensível.
Vale ressaltar que o poeta que perfura as muralhas do tempo, produz um conteúdo
poético extremamente provocador, e mesmo necessitando do hibridismo de uma história, de
uma reflexão sociológica, seu conteúdo poético extrapola qualquer vínculo conceitual. Visto
que os grande produtores de arte literária não possuem pátria, são nômades, assim como suas
imagens híbridas, que falam por si. São estrofes, frases e palavras que inspiram e instigam um
olhar na nuvem negra, uma averiguação, por um suposto significado, incessantemente. Será
essa a fome contida nos gritos e polifonias poéticas de Rimbaud?
Provavelmente as supostas respostas surgirão em detrimento do estudo do objeto
literário poema. Em relação à necessidade de que todo estudo lírico tenha como foco e norte o
texto literário, Bachelard (2003, p.14) arremata dizendo que “o que a biografia não diz a obra
canta”. É pelo desejo desse canto, sempre novo, que Eco (1932, p. 23), coopera com o diálogo
literário aqui iniciado; em seu livro Obra Aberta, no qual prescreve, “Entendendo-se por
(obra) um objeto dotado de propriedades estruturais definidas, que permitam, mas coordenem,
o revezamento das interpretações, o deslocar-se das perspectivas”. Pois, vive-se um momento
de evolução acelerado em todas as áreas, a cultura está inserida nessas mutações, então, cabe
a ela propor uma recusa às definições estáveis e catedráticas; em prol de uma plasticidade
intelectual e comportamental que favoreça o conhecimento de novos textos, letras musicais,
novas inferências.
Procedimentos Metodológicos
Assim, esta reflexão inicia sua abordagem para, por meio do texto, analisar alguns
fundamentos e características da literatura moderna presentes na obra de Rimbaud. Para tanto,
o poema Fome foi escolhido, entre tantos, para ser o foco da análise literária, e não só sua
melodia será enunciada, dita, debatida e declamada, mas fundamentalmente seu conteúdo e
suas imagens instigantes a partir de uma pesquisa bibliográfica, com ênfase em Lefebve
(1986), Paz (1982), Rimbaud (1871), Bachelard (2013) e Barthes (1982). Nesse sentido,
propõe-se uma análise crítica que possibilite novas reflexões no contexto do Ensino Superior,
com o intuito de que a visão se amplie deste cenário contemporâneo com a expressão
moderna de Rimbaud diante da arte.
Explicita-se que a ciência humana engaja-se nessa experiência literária devido à
necessidade constante de uma reflexão em relação ao ato de criação, que é também de
coragem. Bachelard, (1961, p.55) intensifica que “antes de estudar é primordial pensar”,
infelizmente tal ato, em virtude da força histórica sempre esteve ligado aos filósofos,
nomeadamente aos gregos, no entanto deveria ser um ato contínuo de todos que estão
inseridos com o cosmo humano e suas especificidades. Pois bem, as linhas que seguem são
análises das polifonias discursivas pensantes rimbaudianas, nas quais são capazes de evocar,
através de sucessão de fatos, um mundo dado como real, ou imaginário; situado num tempo e
num espaço, considerado por meio do gênero poema. Em relação a esses emaranhados de
possibilidades interpretativas, Octávio Paz, no livro O Arco e a lira, bem no início de sua
impressão teórica e poética, expressa que
a poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar
o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é
um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos
eleitos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal.
Inspiração, respiração, exercício muscular. Súplica ao vazio, diálogo com a
ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e pelo desespero. Oração, litania,
epifania, presença. Exorcismo, conjuro, magia. Sublimação, compensação,
condensação do inconsciente. Expressão histórica de raças, nações e classes. (PAZ,
1982, p. 15).
É com base nessa dualidade abordada por Octávio Paz, no tocante ao fazer poético, que
o poema de Rimbaud será objeto de reflexão, confrontos e estudos sobre sua literalidade. Para
minimizar alguns equívocos ao longo da análise, é preciso registrar que ela estabelece e
demarca, ao longo dos estudos, analogias à vida do poeta; no entanto, a obra é base, o norte.
Mesmo Rimbaud tendo vivido no final do século XIX, onde a realidade instável o prendia a
certas ideologias políticas e históricas, felizmente sua escritura poética ecoa nas ruas, cafés,
becos e rodas boêmias parisienses, como uma literatura rebelde, estranha e, até mesmo
marginal. Entretanto, altamente inovadora diante de uma França burguesa e presa a uma
produção literária, ainda rígida. Corroborando com a visão do poeta, Lefebve, em sua análise
da “Estrutura do discurso da poesia e da narrativa”, registra que
é um facto, também, que a natureza se oferece tal como é, imutável nas suas formas
e nos seus aspectos, enquanto que a arte é campo de um movimento contínuo,
repudia constantemente formas que caem então em desuso, para adoptar novas, e
vive, no fundo, de incessantemente se ultrapassar a si mesma. (LEFEBVE, 1986, p.
09).
Dessa forma, Rimbaud inadaptado ao mundo natural, encontra-se no campo artístico,
motivos de não somente repudiar o estabelecido, mas, primordialmente de recriar as formas e
discursos literários. É oportuno mencionar que a França do final do século XIX, ainda sofria
os reflexos e efeitos da Revolução ocorrida algumas décadas antes. Muitos movimentos
aconteciam nesse período, como consequência da erupção dos ideais revolucionários. Ocorria,
mesmo que por cartas marcadas, um reposicionamento dos papéis de poder na França.
Talvez essas questões expliquem sua rebeldia perante os grupos pontuais da sociedade
burguesa em que se encontrava. Os quadros geográficos serão demarcados, pois
constantemente estão mudando; são os entre lugares de um poeta, de um meteoro, que em
apenas cinco anos (1869 a 1874) apresentou ao mundo sua razão maior de viver: a linguagem
literária. Dotado de uma habilidade genial com a elocução, a usa de modo transgressor de com
a forma e conteúdo. A exemplo o grafado no poema Fome, no qual Rimbaud profere:
Se tenho apetite, é só
De terra e pedras.
Diariamente almoço ar,
Rocha, carvões e ferro.
Minhas fomes, votai. Pastai, fomes
***
O lobo uivava sob a folhagem,
Cuspindo as belas penas
De seu almoço de pássaros:
Como ele, assim me consumo.
As hortaliças, os frutos
Aguardam só a colheita;
Mas a aranha do sótão,
Desenvolvimento
A expressão polifônica acima faz parte de um dos discursos de Jean Nicolas Arthur
Rimbaud na obra Uma Estação no Inferno, provavelmente escrita entre 1871 a 1873, o
enunciado se encontra mais precisamente em um dos textos denominados Delírios, o II,
expresso em A alquimia do Verbo. O fragmento poético é inovador e perturbador, desde sua
apresentação, pois o autor vale-se de uma configuração altamente inovadora, na qual difere do
que até então era visto nos moldes canônicos franceses. Logo na apresentação do título, de
forma expressiva e, em caixa alta, Rimbaud já deixa sua primeira marca, a da expressividade
poética, por meio da linguagem. Reitera-se que tal palavra é proveniente do latim, faminem, é
o nome que se dá à sensação fisiológica, pelo qual o corpo percebe que necessita
de alimento para manter suas atividades inerentes à vida. No entanto, a voz do autor denota
uma outra coisa, um outro significado, uma outra fome. Os elementos retratados
aparentemente referenciais traduzem outra função, outra imagem. Octávio Paz adverte que a
palavra
Imagem designa toda forma verbal, frases ou conjunto de frases, que o poeta diz e
que, unidas, compõem um poema. Essas expressões verbais foram classificadas pela
retórica e se chamam comparações, símiles, metáforas, jogos de palavras,
paronomásias, símbolos, alegorias, mitos, fábulas, etc. (PAZ, 1982, p. 119).
Nesse sentido, Rimbaud, de posse do poder, projeta por meio da linguagem simbólica e
imagética uma escrita que expressa ruptura com os padrões estéticos pré-estabelecidos no
contexto francês, final do século XIX. É como se ele assumisse o papel de guardião da
palavra, e, assim demonstrasse as técnicas modernas, não só da poesia, mas da arte.
Rimbaud desrealiza não somente a técnica clássica de produção literária, a qual conhecia
muito bem, mas inova na temática, utilizando-se de elementos científicos do mundo orgânico.
Nesse contexto, é preciso assinalar o aparecimento de outro espaço, o da modernidade.
O fato de o poeta dizer que tinha fome, representa um apetite voraz pela novidade, pelos fatos
do cotidiano. É nesse círculo simbólico que surge a ciência e seus mistérios a serem
garimpados, assim como a linguagem e suas sugestividades. Octávio Paz diz que
[...] não há pensamento sem linguagem, nem tampouco objeto de conhecimento: a
primeira coisa que o homem faz diante de uma realidade desconhecida é nomeá-la,
batizá-la. Aquilo que ignoramos é o inominado. Toda aprendizagem principia com o
ensinamento dos verdadeiros nomes das coisas e termina com a revelação da
palavra-chave que nos abrirá as portas do saber. (PAZ, 1982, p. 37).
O verbo imperativo afirmativo usado no início da estrofe é apenas um, mas sugere
diversas inferências. É a palavra a serviço do objeto literário, o poema. Dessa forma, o poeta é
como se fosse o sumo sacerdote no momento eucarístico, quando verbaliza seu tradicional
discurso imperativo: “Tomai e comei todos vós, isto é o meu corpo” (Mt. 25,26) [...] “Quem
come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele” (Jo. 6,56). Só que,
contrariando o ritual do cristianismo eucarístico religioso, simbolicamente Rimbaud assume a
estética do grotesco, e não mais se define como um “eu”, mas como aquele que detêm o
poder; e como tal, prescreve uma nova forma para a estrutura poética, tanto em sua geometria
quanto em conteúdo. Ordena que a expressão e uso da linguagem, não seja mais presa a temas
essencialmente velhos, assim os dogmas históricos, não só da igreja, mas da própria tradição
clássica são descartados.
Com essa visão transgressora, os modelos até então, escolasticamente difundidos pelas
escolas literárias em relação à forma, rima, estrofe e métrica, são desconstruídos. O convite é
a possibilidade de experimentar um jeito novo de sentir e produzir poesia. Cabe aqui registrar
o que Bachelard (2003, p. 70) expôs sobre a inquietude de alguns fazedores de arte original, o
qual Rimbaud é um dos, para o pensador. “É preciso, portanto, retornar à obra, instalar-se na
obra que, esta sim, é genialmente estranha, nela é que se engaja o processo de originalidade.”
Novamente, a exposição do campo conceitual e natural transcrita pelo artístico,
fortalece a originalidade e diversidades de imagens. Quando o poeta diz
[...]
O lobo uivava sob a folhagem,
Cuspindo as belas penas
De seu almoço de pássaros:
Como ele, assim me consumo. (RIMBAUD, 2001, p. 25).
O grito está na garganta antes de estar no ouvido. Ele não imita nada. Ele é pessoal:
ele é a pessoa gritada. Se ele for sufocado, chegada a hora ele repercutirá como uma
revolta. Tu me torturas – eu me calo. Só gritarei nos dias de minha vingança. Espera,
então, um grito negro na noite. (BACHELARD, 2003 p. 85).
[...]
Que eu adormeça! que eu arda
Nas aras de Salomão.
A fervura escorre pela ferrugem
E se mistura ao Cedrão. (RIMBAUD, 200, p. 25).
Salomão, o homem citado na estrofe, é um personagem bíblico, filho de Davi com Bate-
Seba, que teria se tornado o terceiro rei de Israel, governando durante cerca de quarenta anos.
O poeta, nessa conjuntura, para fortalecer seu discurso faz uso do contexto bíblico, que, no
primeiro verso revelar-se-á uma antítese entre os verbos adormecer e arder, que a princípio,
poderia fortalecer certo antagonismo de Rimbaud. Porém, diante a explosão de modernidade
científica demonstrada ao longo do poema, percebe-se uma dialética que coloca em cena o
material e a energia; uma vez que sugestivamente o transcrito revela que o desejo do poeta:
que ao ser cremado, seus restos materiais se misturem ao cedro, um tipo de madeira
energizada, rica medicinalmente e comercialmente. É como se poesia e ciência, a partir de
então, andassem juntas, fossem unas, e seus elementos naturais compusessem a realidade.
Deste desse modo, o poema, aponta em suas entrelinhas, não uma fome orgânica, mas
uma inquietude do autor pelo inapreensivo, dissipante, desestruturante, pelo sempre novo;
pelo exílio, não apenas territorial, mas espacial e intimista. Para ele, a reclusão poética é
sempre cabível, pois,
A questão expressa por Zygmunt Bauman fortalece os argumentos expostos até aqui,
quanto à qualidade literária da poesia rimbaudiana. Mesmo vivendo as típicas loucuras
geográficas adolescentes, buscou seu exílio, de forma autônoma escreveu sua história, mas
fundamentamente sua linguagem. Para tanto, o poema, simboliza as nuances de um poeta
extremamente inquieto. Porém, sua escritura é voz altiva, relevante, coisa de gênio. White
(2001, p. 15), sintetiza sobre ambos registrando que “O gênio é impossível de ser mostrado no
palco, de modo que, por eliminação, ele vai aparecer como um arruaceiro e um ingrato
intolerável”. Quem sabe, seu exílio pessoal o tenha deixado assim: antitético, metafórico e
híbrido, mas fundamentalmente um fundador de escola literária.
Considerações Finais
O poema Fome é a desrealização de uma ditadura literária clássica, e, ao mesmo tempo,
marco de uma nova poesia. Na qual, por meio da atitude visionária e literária de um jovem,
dito marginal, institui por meio de sua escritura poética, um marco na história da literatura
moderna. Pelo canal suporte, poema, Rimbaud é um grito por modernidade poética, por
hibridação entre matéria e energia, sim, ele estabelece e demarca no contexto literário uma
nova poesia, capaz de surpreender, afrontar e também causar espanto. Para muitos um poeta à
frente de seu tempo, um simbolista, um romântico, um moderno, talvez, expressionista.
O certo é que Rimbaud não se define em uma linha literária, em um período histórico,
pois sua escritura vai além de uma mera conceituação, talvez sem imaginar tenha produzido e
modulado uma obra prima, cronologicamente meteórica. É notório, seja diante os primeiros
poemas, fase primitiva, de incertezas, passando pelas incessantes viagens pela Europa, até
chegar o momento de reclusão, no qual escreveu o poema aqui refletido e, inserido em seu
texto maior “Uma Estação no Inferno”; o pequeno gênio, sempre apresentou singularidade,
senso de desbravador e garimpeiro da palavra. Portanto, realidade e irrealidade foram
elementos híbridos em sua construção literária, na qual não revela respostas, mas expressa e
sugere possibilidades de leituras e releituras, a partir do objeto literário, o texto poético.
Por fim, é admissível explicitar a coragem literária de Rimbaud naquele contexto
francês de (1869 a 1875), principalmente, talvez sem pretensão, fosse o “João Batista” da
poesia moderna. Mesmo sendo um escritor provinciano e prematuro para muitos, contrariou
de todas as formas o que era pré-estabelecido: não seguiu padrões literários, familiares,
trabalhistas, nem regras sociais, absolutamente. Foi realmente um rugido rebelde, mas com
muita destreza com a palavra, com a linguagem e, o melhor, soube usá-la com funcionalidade.
Percebeu ainda muito jovem, que a arte queria continuamente fugir desse mundo,
aparentemente visível, e, estabelecer enfrentamentos. Para tal, a modernidade foi o viés; ponto
perturbador, no qual apropriou-se dos fundamentos da ciência, da espiritualidade e rotulada
marginalidade, e, assim situou seu grito poético, hoje, tão difundido e elemento perturbador
no mundo ocidental.
Referências
BACHELARD, G. Lautréamont. Trad. de Fábio F. de Almeida. Goiânia: Edições Ricochete,
2013.
______. La formation de l’ esprit scientifique. Paris, PUF, 1961.
______. A Poética do Espaço. São Paulo, Abril, 1974.
BAUMAN, Zygmunt, Modernidade líquida. Ttradução Plínio Dentzien. – Rio de Janeiro:
Zhar, 2001.
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LEFEBVE, M. Jean. Estrutura do discurso da poesia e da narrativa. Livraria Almedina.
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WHITE, Edumund. Rimbaud: a vida dupla de um rebelde. Tradução Marcos Bgno. – São
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A ORALIDADE DAS CRIANÇAS DE QUATRO ANOS DE IDADE E AS
ESTRATÉGIAS DE ENSINO
Elieusa de Sousa Silva Filgueiras.1
Jacqueline Silva da Silva2
Sala 2
Resumo: O trabalho se delineou a partir de uma pesquisa com o objetivo de investigar as estratégias de ensino e
o desenvolvimento da oralidade de crianças de quatro anos a partir de um projeto de leitura desenvolvido em
Imperatriz/MA. Buscou-se no estudo de caso, interagir com a professora investigada, respeitando a fala da
criança com escuta acolhedora. As estratégias de ensino desenvolvidas estimularam a fala das crianças através da
ludicidade, da participação e interação. A habilidade oral da criança deve ser favorecida, entendendo a criança
como participativa, autora e constituidora de várias linguagens. Para a construção dos dados, utilizou-se
entrevista semiestruturada, observação participante, diário de campo para o registro do acompanhamento em
campo, como também registros fotográficos. Para a análise dos dados, optei por uma aproximação com a técnica
análise de conteúdo, Várias foram as situações de ensino que buscaram desenvolver a oralidade das crianças,
dentre muitas, a música, pela qual se evidenciou a identificação e a compreensão da professora quanto aos
aspectos relacionados à Educação Infantil, pois ao planejar e desenvolver esta estratégia houve o respeito às
crianças, a oferta e a oportunidade de momentos significativos de aprendizagem.
Introdução
Este trabalho decorre de uma pesquisa de dissertação realizada no ano de 2015,
intitulada: Estratégias de Ensino e o Desenvolvimento da Oralidade de Crianças de Quatro
Anos: Possibilidades a partir de um Projeto de Leitura Desenvolvido em Imperatriz/MA. Teve
como objetivo: investigar as estratégias de ensino e o desenvolvimento da oralidade de
crianças de quatro anos a partir de um projeto de leitura desenvolvido em Imperatriz/MA.
O estudo aconteceu em uma escola de Educação Infantil, através de observação da
atuação de uma professora em relação ao desenvolvimento de estratégias de ensino junto à
turma de crianças de quatro anos de idade, a partir de um projeto de leitura. Trabalhar com
projeto de trabalho na escola implica delinear, desenhar, percorrer um novo caminho que, por
sua vez, pode levar a outros até então não imaginados. Zabala (2002) corrobora quando
destaca o projeto de trabalho como uma postura de comunicação dos resultados em uma
atuação consequente, em uma ação que leva a modificar o meio, contrariando o que ele chama
de uma atividade ingênua. O essencial é que esse movimento de aprendizagem científica parta
da experiência da criança; todavia, para isso, os atores do processo – professores, diretores,
1
Elieusa de Sousa Silva Filgueiras. Mestra em Ensino. Pelo Centro Universitário-Univates-RS.
[email protected]. Chefe da Divisão de Ensino e Avaliação da Universidade Estadual da Região
Tocantina do Sul do Maranhão-UEMASUL.
2
Jacqueline Silva da Silva. Doutora em Educaçã[email protected]. Professora do PPGENSINO do
Centro Universitário Univates.
coordenadores, família, entre outros – precisam mediar uma intervenção com condições de
criar um ambiente para a criança repensar suas potencialidades de aprendizagem de
investigação para que consiga solucionar problemáticas significativas que se coadunem com a
proposta.
Procedimentos Metodológicos
Para a realização da pesquisa, optei pela abordagem qualitativa, uma vez que ela não
busca generalizar os dados, mas entender o fenômeno tal como ele acontece. Em suas bases
teóricas, reconhece o sujeito como um ser de consciência, privilegiando-o e apresentando a
realidade social como um movimento de construção humana. Assim, entendo que os sujeitos
envolvidos em uma pesquisa apresentam-se como principal recurso na busca a que se propõe
a pesquisa e “privilegiam essencialmente, a compreensão dos comportamentos a partir da
perspectiva dos sujeitos da investigação” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 16).
Compreendo que essa abordagem me possibilitou buscar um recorte da realidade,
enxergando-a de forma natural e dentro do seu contexto real. Permitiu-me uma inserção
participativa e me apresentou o ambiente como instrumento importante. Assim, pude ter
melhor configuração e entendimento do problema aqui investigado, bem como das várias
possibilidades e contextos ali existentes, privilegiando um desvendar da realidade nos
aspectos mais significativos e essenciais da prática pedagógica, possibilitando-me, ainda,
investigar a descrição dos fatos de forma subjetiva e indutiva dos dados colhidos, o que torna
o processo tão importante quanto os resultados.
Escolhi realizar a pesquisa com crianças na faixa etária de quatro anos de idade devido
às várias possibilidades, expressões e potencialidades que a criança vivencia nesse momento.
São expressões como fala fluentemente, experimenta inserir novas palavras no seu
vocabulário, gosta de conversar e cantar, responde facilmente às perguntas que lhe são feitas,
tem maior capacidade de concentração. Nesse sentido, ela aprecia contar e ouvir histórias.
Além disso, é uma fase rica em curiosidades, favorecendo as perguntas, o que na verdade é
um exercício da linguagem oral, e tem prazer em ouvir a si própria. Esse exercício da
oralidade oportuniza um movimento expressivo da imaginação. Desse modo, é uma criança
que domina e coordena suas ações, está mais sociável na escola, comunica-se de forma mais
clara, com ideias sobre o mundo de forma mais contextualizada. Facci (2006, p. 15) ressalta
que nessa faixa etária a criança “[...] apossa-se do mundo concreto dos objetos humanos”, ou
seja, ela se encontra mais presente e de forma mais envolvida no contexto em que vive. Nesse
aspecto, há um processo de interação ativa entre a criança e o mundo que a cerca. Considero,
assim, um momento importante e estimulador para o desenvolvimento da oralidade.
A opção por vários instrumentos de pesquisa na obtenção dos dados foi importante por
contribuir para a extração do maior número de informações, das mais variadas formas e dos
vários momentos desta investigação, uma vez que, no momento da análise dos dados,
recorreu-se aos materiais que fizeram relembrar o campo de pesquisa e voltar a ele por meio
desses registros.
Para a análise dos dados, fiz a opção por uma aproximação com a técnica “Análise de
Conteúdo” proposta por Bardin (2011). Iniciei pela pré-análise, que a autora propõe como
momento de organização dos dados, ou seja, a sistematização das ideias. Todo esse momento
foi conduzido pela “leitura flutuante”, apresentado pela autora como a fase em que somos
invadimos pelo texto, possibilitado pelo contato com os escritos.
Essa fala corresponde a um momento em que a música “A Canoa Virou” estava sendo
cantada e, durante a música, eram acrescentados os nomes de quem estava na roda. Ao
incluírem o nome da professora, esta perguntou: “Será que um peixinho tão pequeno
conseguiria me tirar do fundo do mar?” Apesar do silêncio e dos olhares que se cruzaram,
Matheus ousou e respondeu: “Se ele for pequeno, mas forte, ele consegue”. A professora,
potencializando e instigando a fala de Matheus e das demais crianças, acrescentou,
perguntando: “Muito bem! Mas como assim, forte?” Matheus, reafirmando a fase em que se
encontra – pensamento, descoberta e curiosidade –, respondeu: “Se comer muito, nadar
bastante, ele consegue sim”. Dessa forma, com as crianças usando do seu potencial criativo e
imaginário e com a intervenção coerente e participativa da professora, a música – uma das
estratégias de ensino desenvolvida pela professora e favorecedora do desenvolvimento da
oralidade se revela como uma possibilidade em potencial para o exercício da oralidade,
relacionando a fala ao pensamento e à imaginação.
Através da música, a criança vai criando novas possibilidades para o seu pensar,
desenvolve uma sensibilidade além da capacidade auditiva. Embora algumas manifestações
sejam próprias da criança e de suas necessidades, suas expressões, nas várias linguagens que
se entrelaçam com a música, tornam-se bens culturais de comunicação e socialização, em que
a criança vai interagindo com o meio em que vive.
Considerações Finais
Acrescento, ainda, que, através desta estratégia, pude conhecer e perceber a professora
com uma prática comprometida com a participação e a valorização da criança ao planejar a
partir do interesse apresentado pelas crianças. Utilizou linguagens e recursos diferentes, em
momentos que a ludicidade se fez presente, dando significado às habilidades trazidas pelas
crianças e adquiridas no desenvolvimento da estratégia, entre elas a oralidade.
Referências
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Sousa. Projetos Pedagógicos
na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed: 2008.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. trad. Daniel Grassi - 2.ed. -Porto
Alegre : Bookman, 2001.
Sala 3.2
RESUMO: No Campo Educacional, a Orientação Educacional apresenta uma trajetória histórica e significativa
frente ao cotidiano escolar, não apresenta-se isolada e sim, inserida no contexto pedagógico da escola e,
sobretudo, no contexto social contribuindo para o sucesso escolar do aluno. Este relato tem como foco de
pesquisa a Orientação Educacional frente as questões da prática no cotidiano escolar, visando relatar a ação-
reflexão, bem como, encontrar novos caminhos para o redimensionamento do saber e do fazer do Orientador.
Tendo como objetivos específicos: relatar e pensar a prática do orientador educacional no que se refere ao
cotidiano escolar, refletir sobre a indisciplina registrada nos encaminhamentos dos professores e visualizar a
sistematização do trabalho de orientador na articulação do processo educativo juntamente com a equipe escolar e
comunidade local, bem como levantar algumas reflexões acerca do trabalho do Orientador Educacional
articulado com o cotidiano escolar. Refletir a prática do Orientador Educacional quando se está inserido no
cotidiano escolar é um grande desafio enfrentado por este profissional da educação que busca consolidar sua
prática e construir novos caminhos para a efetividade do papel na escola. Para tanto, adoto a pesquisa etnográfica
por dedicar-se a provocar reflexão teórica e reflexão metacognitiva sobre os espaços institucionais da escola,
com destaque para a técnica de pesquisa documental. Segundo André (2015), a abordagem etnográfica na
investigação científica obtém uma descrição densa, a mais completa possível sobre um grupo particular de
pessoas e por apresentar significado das perspectivas imediatas que eles tem do que fazem. Ao registrar os
acontecimentos que ocorrem no cotidiano escolar, sistematizo com precisão as ações desenvolvidas no fazer
pedagógico e encaminho alguns casos para as áreas competentes. O diagnóstico serve para visualizarmos os
objetivos que buscamos alcançar e para melhor avaliarmos os resultados. O relato nos mostra que o cotidiano
escolar não envolve apenas questões curriculares, do projeto político pedagógico, entretanto, envolve também as
questões de relação afetiva e emocionais. É a partir do conhecimento do cotidiano, na ação-reflexão com uma
base teórica fundamentada nas diversas ciências que, os Orientadores podem apontar novos caminhos para o
problema da indisciplina escolar.
1
Mestre em Educação pela UCB/DF; Orientadora Educacional na Escola Estadual Pio XII, Rede Pública de
Ensino do Estado de Tocantins no Município de Tocantinópolis.Email:[email protected]
A pesquisa que aqui venho expor tem como foco de interesse a Orientação
Educacional frente às questões da prática no cotidiano escolar, visando relatar a ação-
reflexão, bem como encontrar novos caminhos para o redimensionamento do saber e do fazer
do Orientador.
1.CONTEXTUALIZANDO A ESCOLA
Para garantir o acesso e permanência dos alunos na escola e alcançar seus objetivos
propostos de assegurar a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e
fornecer-lhes meios para progredir em seus estudos posteriores, a escola elaborou o seu
Projeto Político Pedagógico com ações consistentes para garantir o sucesso do aluno.
Assim, podemos perceber quero relato e o pensar a prática do orientador não pode se
restringir a um mero retrato do que se passa no seu cotidiano, mas deve envolver um processo
de reconstrução dessa prática, desvelando suas múltiplas dimensões, refazendo seu
movimento, apontando suas contradições, recuperando a força viva que nela está presente.
Recorro a Grinspun (2006), que nos reforça que o Orientador está comprometido
com a formação da cidadania dos alunos, num enfoque coletivo, sem perder de vista que, esse
coletivo é composto por pessoas que devem pensar e agir a partir de questões contextuais,
envolvendo tanto contradições e conflitos, como realizações bem-sucedidas para uma melhor
compreensão do processo pedagógico da escola.
A base legal surge num momento de inquietude, pelo fato de não haver uma
fundamentação para a prática dos orientadores, bem como por haver expectativa de
regulamentara função de orientação com uma definição novos rumos para a atuação do
Orientador Educacional. Aos poucos, a Orientação Educacional caminha para atender as
peculiaridades da formação plena do aluno. Conforme consta na Instrução Normativa nº
008/2011, expresso em seu Capítulo I - Da Contextualização: Art. 1º:
Atualmente, no âmbito escolar, realizo um trabalho que vai além da ação direta com
alunos, que passou a preconizar uma ação integrada com a direção, coordenação, professores
e pais. Assim, em conjunto, procuramos cumprir com os aspectos legais das atribuições de
todos os membros da escola, sobretudo, assumirmos o compromisso de contribuir com a
formação integral do aluno.
Em sala de aula, o aluno não faz as atividades propostas pelo professor, não participa
das atividades, não traz o material escolar, demonstra falta de interesse, é inquieto e atrapalha
a aula com conversas paralelas. Por vezes, fala alto tirando a atenção dos colegas, faz uso de
vocabulário obsceno em sala, desenha figuras destacando os órgãos sexuais, faz gestos
obscenos responde ao professor de maneira ríspida, não respeita hierarquia e desacata os
servidores da Unidade Escolar, bem como traz lanches em excesso para as dependências da
escola, tais como: pirulitos, chicletes e bolachas.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O relato que apresentei teve como objetivo pensar a ação-reflexão, bem como,
encontrar novos caminhos para o redimensionamento do saber e do fazer do Orientador
Educacional. Podemos dizer que foi apenas um retrato tirado na visão de um único olhar,
circunstanciado pela vivência histórica e profissional do Orientador Educacional.
A Orientação Educacional sempre esteve presente e às voltas com tudo que ocorre no
cotidiano escolar. Este apresenta a natureza das práticas das ações desenvolvidas e realizadas
em seu interior e, na medida em que eu conheço essa realidade, passo a entender melhor as
decisões que a escola toma através de seus diferentes atores.
O relato nos mostra que o cotidiano escolar não envolve apenas questões curriculares
do projeto político pedagógico, envolve também as questões de relação afetiva e emocionais.
É a partir do conhecimento do cotidiano, na ação-reflexão com uma base teórica
fundamentada nas diversas ciências, que os orientadores podem apontar novos caminhos para
o problema da indisciplina escolar.
Recorro a Grinspun (2006), quando nos afirma que a Orientação Educacional sempre
esteve relacionada às ocorrências do cotidiano, pois a ela se prendiam fatores que estavam
acontecendo na escola ou na família, e que refletiam nos estudos ou no comportamento dos
alunos.
O relato nos mostra ainda, que o papel do orientador como mediador da disciplina
escolar é fundamental, uma vez que o orientador percebe a realidade histórica e social em que
vive o aluno, revela as suas dificuldades e as sistematiza através do sistema de representação
escrita, traduzindo suas diferentes formas no intuito de favorecer o sucesso escolar do
educando.
REFERÊNCIAS
ANDRÉ, M.E.D.A. Etnografia da Prática Escolar. 1. ed. Rio de Janeiro Papirus, 2015.
FIGUEIREDO, A.M. de; SOUZA, S.R.G. de. Como elaborar projetos, monografias,
dissertações e teses. 3. Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. 1. ed. São Paulo: Gente, 1996.
Sala 3
Resumo: O presente artigo buscou investigar o cotidiano da inclusão de alunos com autismo nas classes
regulares nas escolas municipais de um determinado município do Estado do Tocantins, partindo da ótica dos
educadores. A pesquisa de cunho qualitativo analisou a percepção dos professores sobre a inclusão desses
alunos, em 02 escolas públicas municipais da zona urbana do município, onde foram entrevistados 12
professores. Verificou-se que os processos de exclusão social são marcantes e contínuos e a falta de
conhecimento e preparo dos professores para lidar com o aluno autista ficou evidenciado. Concluiu-se que a
inclusão não cabe no paradigma tradicional existente da educação, requer um modelo diferente das propostas e
práticas existentes. Essa proposta diferenciada parte pela reformulação dos conhecimentos, experiências e
práticas pedagógicas desses profissionais e perpassa por uma formação inicial e continuada que ofereça suporte
para lidar e para praticar a inclusão de fato.
1- Introdução
De acordo com Saviani (2003), durante uma retrospectiva acerca do surgimento dos
debates sobre educação inclusiva, o princípio de que a Educação é um direito para todos e um
dever do estado foi o grande marco prático que inspirou a organização dos Sistemas
Nacionais de Ensino, em meados do século XIX. Isto revela que a educação inclusiva não é
de hoje: O governo preocupa-se há mais de um século na busca pela promoção da
escolarização, a igualdade social e a universalização a todas as crianças isonômicamente.
____________________________________________________________________________
1
Professora do Mestrado Profissional em Educação da Universidade Federal do Tocantins – UFT - Campus de
Palmas - TO. [email protected]
2
Psicóloga Efetiva do Instituto Federal do Tocantins- Campus Araguatins – TO. [email protected]
3
Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Educação da Universidade Federal do Tocantins – UFT -
Campus de Palmas - TO. [email protected]
4
Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Educação da Universidade Federal do Tocantins – UFT -
Campus de Palmas - TO. [email protected]
Em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos afirmou que todas as
pessoas têm direito à educação. Com base no Princípio de Integração, a Declaração de
Salamanca e a Linha de Ação Sobre Necessidades Educativas Especiais foi produzida na
cidade espanhola de mesmo nome, em 1994, durante o evento denominado “Conferência
Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade”. A Conferência
aprovou a Declaração de Salamanca, que defende que toda criança tem direito à educação e ao
acesso aos conhecimentos, nos sistemas comuns de ensino (GARCIA, 1988).
No contexto brasileiro ainda temos como marco a Constituição Federal de 1988, que
estabelece atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
principalmente e preferencialmente na rede regular de ensino. Para provocar mudanças na
realidade brasileira e se aproximar de uma premissa ideal, o Ministério de Educação
Brasileiro (MEC) instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação Básica (1996),
enfatizando dois grandes temas: a organização dos Sistemas de Ensino para o atendimento ao
aluno com necessidades educacionais especiais e a formação inicial e continuada do
professor.
Contudo, por mais que haja resguardo legal existente sobre a inclusão, o principal
problema se constituiu e continua sendo, formação e a capacitação de recursos humanos, os
professores das classes regulares para atuar em escolas inclusivas. A inclusão não cabe no
paradigma tradicional da educação, pois esta requer um modelo diferente das propostas já
executadas e uma prática diferenciada, que leve em consideração o aluno em suas
individualidades e necessidades.
A questão fica ainda mais evidente quando o assunto é a inclusão do aluno Autista.
Especialmente no caso dos alunos autistas, a inclusão ainda é mais polêmica, pois, mesmo os
educadores que, por vezes já ouviram sobre o autismo, ignoram as discussões sobre sua
gênese e não estão familiarizados com as principais características destes transtornos
(SUPLINO, 2005). A manifestação dos comportamentos estereotipados por parte das pessoas
autistas é um dos aspectos que assume maior relevo no âmbito social, representando um
entrave significativo para o estabelecimento de relações entre as mesmas e seu ambiente.
Este trabalho buscou desnudar quais as percepções que permeiam a prática e
responder a seguinte questão: Tendo em vista a perspectiva da educação democrática, como
nossos educadores percebem a inclusão de alunos com autismo?
2- Procedimentos Metodológicos
O presente estudo trata-se de um estudo qualitativo que visa a descrever o modo
como os educadores enxergam a s questões ligadas à inclusão educacional como um todo,
mais especificamente, no que se refere à inclusão de alunos com Autismo.
Optou-se pela pesquisa qualitativa por que as mesmas são exploratórias, ou seja,
estimulam os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas
fazem emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo
conscientes, de maneira espontânea. Isso possibilita a busca pelas percepções e entendimento
sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação.
Segundo Severiano (2010), a pesquisa qualitativa trabalha com um universo de
valores e significados que poderá também concorrer para que identifiquemos as
Representações Sociais dos professores acerca da inclusão de alunos com Autismo. Tais
representações emergem das situações de trabalho, ou seja, no lugar onde se efetuam trocas
sociais que é a escola e permeiam a práxis educativa em si (MOSCOVISCI, 1961).
Ainda conforme Minayo (2002 p.21-22), esse tipo de pesquisa se preocupa com:
(...) um nível de realidade que não pode ser quantificado. O seja, ela trabalha com o
universo dos significados, motivos aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos
que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Para Lüdke & André (1986, p.18), o estudo qualitativo “(...) se desenvolve numa
situação natural, é rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a
realidade de forma complexa e contextualizada”.
Os sujeitos intervenientes nesta pesquisa foram doze professores do ensino
fundamental de duas escolas da rede pública regular municipal de Araguatins - Tocantins, que
possuíam alunos com diagnóstico de autismo incluídos nas suas turmas.
O mapeamento foi realizado primeiramente através de contato telefônico com a
Secretaria Municipal de Educação e com os diretores e/ou coordenadores das escolas que
apresentava alunos autistas incluídos na instituição. O momento seguinte constitui-se de
visitas às escolas para o primeiro contato com os professores desses alunos. O mapeamento
revelou um total de 08 alunos com autismo incluídos. Por este motivo, o estudo restringiu-se
somente às escolas onde o quadro foi constatado.
Os dados foram recolhidos junto aos atores sociais através de entrevistas
semiestruturadas que partiram de um roteiro com questões relativas à inclusão de alunos com
este tipo específico de Transtorno Global de Desenvolvimento.
Este roteiro de entrevistas não constou de categoriais previamente estabelecidas. Elas
emergiram da análise de conteúdo das falas dos professores. As entrevistas coletaram
informações, procurando identificar as preocupações, as dificuldades, as carências, as
expectativas e as representações dos professores acerca da inclusão de alunos com autismo.
3- Desenvolvimento
Para o tratamento dos dados a técnica da análise temática ou categorial foi utilizada
e, de acordo com Bardin (2002), baseia-se em operações de desmembramento do texto em
unidades, ou seja, descobrir os diferentes núcleos de sentido que constituem a comunicação, e
posteriormente, realizar o seu reagrupamento em classes ou categorias.
As categorias que compuseram a pesquisa foram elaboradas a partir da leitura das
entrevistas. Fizeram parte da pesquisa as seguintes categorias:
a) Conceito de Autismo;
b) Perspectiva dos professores acerca da Inclusão do autista;
c) O que o educador pode fazer para garantir uma inclusão eficaz;
“Nunca trabalhei com um aluno assim. Eu pensava que o autista era mesma coisa
que louco, quando vi “C” se debatendo. Depois que fui pesquisar. Não vi nada disso
na graduação...” (Professor A)
“Faço 40 horas, não tenho muito tempo pra ler não e não vi isso no meu curso. Mas
acho que autismo é viver em outro mundo. Percebo que eles vivem numa realidade
paralela e tento trazer ele pra nossa, fazer ele interagir com os coleguinhas...”
(Professor B)
“Antes do “D” chegar na minha sala, sinceridade, já tinha ouvido falar, mas não
sabia que autismo era assim. É muito difícil chegar nele, fazer ele aprender. Ele nem
fala comigo, não olha pro quadro...” (Professor C)
“Com relação ao meu aluno autista, especificamente, eu acho que não fiz
praticamente nada para ele em termos de conhecimento. Ele não aprendeu nada em
termos de conteúdo”(...) (Professor D)
“Sinceramente? Eu passo ele e pronto. Ele não tem condições de aprender. Pra mim
escolas especiais são melhores para ele. O coitado aqui só sofre...” (Professor B)
3.3- O que o Educador Pode Fazer Para Garantir Uma Inclusão Eficaz
Outro ponto de destaque é que a chegada de uma criança com autismo na escola
detona uma série de questionamentos sobre o funcionamento geral da instituição e muda toda
dinâmica em sala de aula. Isso causa resistências, pois desloca as pessoas de seus lugares,
fazendo-as se perguntarem sobre os caminhos que a educação está tomando para atender os
alunos que, supostamente, não aprendem.
A terceira categoria de análise, portanto, abordou a opinião dos professores a respeito
de como deveria ser feita por eles mesmos para garantir a inclusão de alunos com autismo. Os
professores deixaram transparecer a ideia de que estar preparado para trabalhar com esses
alunos é uma condição alcançada a partir de uma formação profissional, assumindo que a que
tiveram foi totalmente carenciada, precisando que estes atualmente invistam em formação
continuada, já que a escola e a Secretaria Municipal de Educação, segundo suas percepções,
não tem dado o destaque que o assunto merece.
“Eu, sinceramente não sei o que fazer. Só sei que tenho que aceitar esse aluno na
minha sala e fazer ele aprender. Mas não sei como. Eu passo o aluno de ano e
pronto.”. (Professor D)
“Me diz como se começa a construir uma casa pelo teto? Essa tal de inclusão nos
foi imposta sem sequer haver inclusão no meu currículo, quando cursei matemática.
Saí da universidade e não sabia nem o que era Dificuldade de Aprendizagem, veja
autismo!” (Professor B)
“Professor nesse país não tem valor nenhum. Vem o MEC, a SEMED e nos obriga a
incluir. Mas nunca me foi ensinado como incluir. O que devo fazer, o que, quais são
as dificuldades de aprendizagem...” (Professor C)
“Você é psicopedagoga né? Sei que não é economista. Mas vê se me entende! Você
sabe quanto ganha um professor aqui??? O povo fala que a culpa é nossa de não
conseguir incluir o aluno. Mas eu não tive na minha graduação nenhuma disciplina
sobre isso. Nem a Psicologia me falou nisso. Aí, o governo não ajuda muito. Tem só
palestra. Se quiser curso, especialização, tem que pagar ou tem vaga paga, mas é pra
poucos. Eu ganho pouco pra isso” (Professor A)
Esse é um comportamento justificável diante do fato de não saber lidar com o enigma,
com o diferente, com aquilo que desloca o professor do lugar que pensa ocupar, da sua função
enquanto educador, de sua formação que não abrangeu a teoria e prática da educação
inclusiva. Uma realidade que os é imposta em sala de aula, com o dever de acolher, de atuar,
sem ter lhes dado a chance de aprender a atuar nele.
A questão da formação docente é um ponto delicado, porque não se trata de um
treinamento para competências profissionais, mas requer uma certa transcendência dessas
competências, no sentido de que o professor possa trabalhar as representações sobre o ofício
de ser mestre.
Como diz Voltolini (2004): “Não basta dizer ao professor como deve fazer com o
autista. Não se produz o novo assim. É preciso elaborar o passado, o antigo”. Elaborar o
passado é uma forma de ressignificar as representações acerca da inclusão de alunos com
psicose e autismo. Esta poderá ser uma proposta de trabalho para os professores que se
dispuserem a falar de si e das suas representações, contribuindo desta forma, para o processo
de sua própria formação (GUARESCHI e NAUJORKS, 2008).
A problemática não está somente no fato de incluir o autista na escola de ensino
regular, mas buscar novos procedimentos e repensar a formação dos educadores, para garantir
a qualidade educacional para todos os alunos. O educador é uma referência para o aluno, a sua
formação enfatiza o seu papel, tanto na construção do conhecimento, como na formação de
atitudes e valores do cidadão.
Mas os educadores não aprendem no vazio, mas sim de forma interdisciplinar, pois
assim permitem ampliar os conhecimentos e realizar troca de experiências, e desta forma
contribuindo para uma sociedade mais cidadã e solidária. Isso perpassa não só pela inclusão
de disciplinas sobre a temática na graduação, mas também possibilitar esses professores uma
forma de investir e ter uma formação continuada teórico – prática sobre a temática.
4- Considerações Finais
A Constituição Federal garante o direito à cidadania e dignidade (art.1°, inc. II e III) e
a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação (art. 3°, inc. IV). Além destes garante o direito à igualdade no
seu art. 5° e o direito de todos à educação nos artigos 205 e demais subsequentes. Com apenas
estes artigos toda e qualquer instituição escolar tem o dever de atender a todos, não podendo
realizar nenhum tipo de exclusão por cor, raça, sexo... Nestes parâmetros compreende também
qualquer tipo de deficiência ou ausência dela. No artigo 208 inc. III, também da Constituição
Federal, está garantido o atendimento educacional especializado “preferencialmente” na rede
regular de ensino.
Nestes termos a Educação Especial tem o papel de complementar a aprendizagem dos
alunos com algum tipo de deficiência. Por exemplo, o uso da LIBRAS, do código Braille,
recursos de informática incluindo a Educação Especial que deve atuar em contraturno, não
podendo, de forma alguma, substituir a escolarização ministrada na rede regular de ensino.
Por mais significativas que sejam as diferenças o aluno autista tem o direito de
usufruir os benefícios do ambiente escolar. Contudo, existência de leis não é garantia de que
as mesmas sejam satisfatoriamente implementadas. No caso da inclusão é necessário
viabilizar sua implementação tanto na escola como na sociedade. É preciso parar com a
criação de novas leis e começar a pensar em como torna-las possíveis.
Diante do que está posto, a inclusão ainda tem muitos obstáculos expressivos a serem
superados, especialmente, aos alunos Autistas. Além de uma nova reformulação ideológica,
social e escolar, o que, por si só demandaria trabalho bastante, existem outros problemas a
serem questionados. Como por exemplo, a pressão em incluir, sem haver formação inicial e
continuada aos nossos professores sobre o assunto.
O autismo, por exemplo, enquanto falha na constituição do sujeito, precisa, assim
como as outras categorias de necessidades especiais inclusivas, de uma atenção mais singular
a respeito da inclusão, em alguns casos a falha na estruturação educacional e a carência
formativa é tão significativa que estes sob hipótese alguma admitem a presença do Autista
como ser que pode aprender, mas não sob os parâmetros da “Normalidade”. Nesses casos a
inclusão será, possivelmente, sem sucesso se for feita a qualquer custo, como vem
acontecendo em Araguatins e região e talvez em todo o Brasil.
Como destacam Mazzota e Souza (2000), é preciso que se deixe de impor slogans,
estatísticas, campanhas publicitárias e etc. e se procure consolidar intenções realísticas com
uma política educacional objetiva e voltada para a inclusão social, que perpasse pela
formação, mas também pela conscientização. Nessa perspectiva, o aluno incluído não é de
determinada professora ou da educação especial e, sim, de toda a sociedade. Então, a inclusão
educacional passa a ser de responsabilidade de todos, assim como a luta e a responsabilidade
para garanti-la.
Diante desta perspectiva, o modelo de escola inclusiva demanda uma nova postura do
sistema educacional e político, que invista em formação e não em números. Porém, para que o
modelo escolar inclusivo realmente se efetive é necessária à participação de todas as esferas
sociais, não somente a escola e os professores, contestando o paradigma inclusivo atual o
qual, já está mais do que provado, não tem dado conta de promover a inclusão no sentido de
igualdade de tratamento, oportunidades e de respeito às diferenças.
Referências
DEL PRETE, Z.A.P. Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? In:
GUZZO, R.S.L. Psicologia escolar: LDB e educação hoje. Campinas, SP: Alínea, 1999.
p.11-34.
MANTOAN, M.T.E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo:
Moderna, 2003.
MICHELS, L.R.F.; DÍAZ, G.A. A inclusão da pessoa portadora de necessidades especiais:
perspectiva dos funcionários. Relatório final de pesquisa do Programa Bolsa de Iniciação
Científica – PROBIC, Itajaí, 2001.
OLIVEIRA, E.T.G.; CARMO, L.H.M. Uma proposta de serviço social para estudante com
necessidade educacional especial na universidade estadual de Londrina. In: MARQUEZINE,
M.C. et al (Org.). Inclusão. Londrina: Eduel, 2003.
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Médicas Sul, 1999.
GAUDERER, E. C. Autismo. São Paulo: Livraria Atheneu Editora, 1993. 3ra edição
SIGMAN, M. e CAPPS, L. Niños y Niñas autistas. Série Bruner. Madrid: Ed. Morata, 2000.
Sala 3
Resumo: O presente projeto de pesquisa visa demonstrar a possibilidade de contribuições filosóficas na utilização
da poesia e do mito como agentes de transformação de práticas pedagógicas em escolas públicas no Estado de
Goiás. Têm-se como objetivos, estudar e analisar a origem da poesia e do mito como formas de ver o mundo num
movimento racional em direção à filosofia, como também determinar até que ponto se pode falar de uma natureza
racional proto ou pré-filosófica da poesia e do mito; identificar passagens em que a poesia, a criação poética ou os
mitos recebem alguma menção ou tratamento por parte de Platão e Aristóteles para tentar compreender o que eles
realmente pensavam sobre eles e que motivos filosóficos tinham para tratar deles nas suas obras; selecionar mitos
importantes nas obras dos poetas Homero, Hesíodo, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes para serem lidos e trabalhados
em sala de aula; ampliar as práticas de leitura de estudantes do Ensino Básico por meio de proposições de análises
filosóficas a partir do mito e da poesia; identificar contribuições na utilização de poesias e mitos na constituição
de idéias que podem orientar a prática pedagógica; interpretar as informações coletadas durante a realização da
proposta para subsidiar a discussão e interpretação, no confronto com o referencial teórico que fundamenta o
estudo. O interesse pela poesia e pelo mito nasce do conhecido paradoxo de Platão, que apesar de expulsar os
poetas da sua república, não deixa de recorrer ao mito em algumas das mais importantes argumentações de suas
obras. Em contrapartida, o tratamento que Aristóteles fez do mito mostra uma posição completamente diferente,
uma vez que ele atribui ao mito uma propriedade criativa ilimitada, analisando os poetas pela sua capacidade de
compor ações verossímeis e necessárias. Assim, parte-se da hipótese do caráter propedêutico da poesia e do mito e
supõe-se que eles representam uma preparação do pensamento para a filosofia. Portanto, servindo ao logos, o mito
pode funcionar como um importante elemento pedagógico no aprimoramento de funções cognitivas de estudantes
do Ensino Fundamental e Médio.
Introdução
1
Ana Maria Siqueira Silva (Mestranda) PPGEEB (Programa de Pós Graduação Ensino na Educação Básica
– Mestrado) CEPAE (Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação)/UFG (Universidade Federal de
Goiás). [email protected]
2
Evandson Paiva Ferreira (Orientador) PPGEEB (Programa de Pós Graduação Ensino na Educação Básica
– Mestrado) CEPAE (Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação)/UFG (Universidade Federal de
Goiás). [email protected]
O presente projeto visa ampliar o repertório de ideias e aprimorar hábitos de leitura
e escrita de estudantes do Ensino Fundamental e Médio, tendo como sustentação o universo
dos mitos e da poesia que, naturalmente instigam crianças e adultos à busca pelo conhecimento.
As exigências por resultados quantitativos na educação atual talvez tenham levado a
demasiados métodos de ensino que priorizam a realidade objetiva. Pretende-se considerar a
questão sobre a possibilidade do logos nos mitos em particular, durante debates e leituras,
visando desvelar um quadro referencial de símbolos, de imagens e de temas para a ampliação
dos horizontes da existência humana.
Parte-se da hipótese do caráter propedêutico da poesia, e de narrativas mitológicas,
supondo que, num sentido importante, eles representam uma preparação – talvez necessária –
do pensamento para a filosofia, pois acredita-se que tiveram a função de quem desbrava um
terreno para o pensamento filosófico. A poética mitológica traz, claramente, uma racionalização
do todo, uma tentativa de compreender o mundo e nisso radica seu caráter propedêutico.
A mitologia grega é um conjunto de histórias e lendas que aparecem em diversos
tipos de obras. Nas tragédias, nas epopeias, como também em poemas e em muitas passagens
importantes das obras de Platão. As principais epopeias foram escritas por Homero: Ilíada e
Odisseia, obras que narram grandes acontecimentos envolvendo heróis e deuses. Hesíodo, em
forma de versos, escreveu a Teogonia e Os Trabalhos e os Dias, obras nas quais são tratadas a
origem e a história dos deuses gregos.
A tragédia grega originou-se na segunda metade do século VI (a.C.) em cultos
dramáticos e religiosos a Dioniso. Segundo Kerényi (2002), Dioniso é a entidade mitológica
mais sedutora e onipresente da cultura grega antiga. Seu poder de sedução se deve ao caráter
múltiplo e contraditório do deus. Os tragediógrafos mais importantes foram Ésquilo, Sófocles e
Eurípedes. O primeiro foi Ésquilo, que nasceu no ano de 525 a.C, em Elêusis, na Ática.
Estima-se que tenha escrito entre 79 e 90 peças. As obras conhecidas atualmente são: Os
Persas, Sete Contra Tebas, As Suplicantes, Prometeu Acorrentado, Agamemnon, Coéforas e
Eunêmides. A obra mais conhecida de Ésquilo é a trilogia de Orestes, a Oréstia. Esta obra é
composta por três tragédias: Agamemnon, Coéforas e Eunêmides. Sófocles, no período de
inúmeros concursos de tragédias , na Grécia, venceu vários deles. Escreveu cerca de cento e
vinte peças, mas atualmente conhecemos apenas sete: Ajax, As Traquínias, Édipo Rei,
Antígona, Édipo em Colona, Electra, Filoctetes. Dentre as obras mais importantes de Sófocles,
certamente está a trilogia do mito de Édipo. Eurípedes nasceu em 480 a.C, na região de
Salamina e escreveu cerca de setenta e sete tragédias e sete dramas satíricos. Dos três
tragediógrafos ele é o que teve mais obras preservadas e que chegaram ao conhecimento dos
dias atuais: Alceste, Medéia, Os Heráclidas, Hipólito, Andrômaca, Hècuba, As Suplicantes,
Electra, Héracles, As Troianas, Ifigênia em Táuris, Íon, Helena, As Fenícias, Orestes, As
Bacantes e Ifigênia em Áulis.
Aristóteles, na Poética, diz que quanto à riqueza comparativa entre a tragédia e a
epopeia, verifica-se que a tragédia é superior à epopeia, porque esta não comporta todos os
elementos da tragédia. Partindo, então, desse pressuposto, passa-se a dar uma atenção especial
às tragédias e, em sua obra “Poética”, há uma explicação bastante “didática”, em que o filósofo
enumera e distingue minuciosamente as artes poéticas (tragédia, epopeia, comédia, etc). Define
a tragédia como “imitação de uma ação de caráter elevado, completa e de certa extensão, em
linguagem ornamentada […] não por narrativa, mas mediante atores e que suscitando o terror e
a piedade, tem por efeito a purificação dessas emoções”. (1449b).
Nota-se que ele importa o termo “catarse” de um vocabulário que não é de origem
poética, nem filosófica. Era utilizado no universo semântico da medicina e significava
purgação, purificação, expiação. Portanto, a catarse não tem a ideia de uma purificação moral e
também não é uma espécie de dispositivo meramente fisiológico. Talvez esteja escondida a
ideia de fruição estética, porque, diferente de Platão que pensava a arte no âmbito da moral e a
criticava por sua distância da verdade (cópia da cópia), Aristóteles tinha uma posição que dava
uma maior importância a essa arte. Para ele, uma boa peça de tragédia, ao imitar as ações
sérias trazem à tona o sofrer (sem sofrer) e essa experiência produz algo de purgação, que ele
denomina como catarse.
Dessa forma, Aristóteles analisa os poetas pela sua capacidade de compor ações
verossímeis e necessárias. Afirma, inclusive, que: “Por isso a poesia é algo de mais filosófico e
mais sério que a história, pois refere aquela principalmente ao universal, e esta ao particular”
(Poética 1451b 6-7). Um exemplo disso está numa passagem em que após concluir a
construção de uma cidade perfeita, na qual vislumbrou com nitidez a questão da justiça e da
injustiça, passa a tratar da questão da poesia, já abordada no segundo e no terceiro livros da sua
República:
_Assim, disse eu, muitas outras coisas me fazem pensar que estabelecemos a
cidade de modo reto, dentre as quais não me parece menor o que dissemos sobre a
poesia.
_O quê?, disse ele.
_De modo algum aceitar aquela que for mimética. E agora, que separamos cada
uma das formas (eíde) da alma, parece-me ainda mais claro em tudo o argumento
de sua recusa.
_Que queres dizer?
_Aqui entre nós, para não me difamares com os poetas trágicos e com todos os
outros imitadores, toda ela parece-me ser a mutilação do discernimento (diánoia)
do ouvinte que ainda não dispõe do remédio (phármakon) para saber o que ela é 2
.(PLATÃO, 594a-b).
Para Vernant, (1973, p. 34) “a lógica que orienta a arquitetura do mito, que nela
articula diversos planos, que regula o jogo das oposições e das afinidades, é a tensão entre Dike
(Justiça, equilíbrio) e Hybris (insolência, instinto) [...]” Percebe-se que nem a poesia nem os
mitos eram, para os gregos, uma atividade e um conjunto de fábulas para entreter. Parece que
há neles uma mensagem na qual se pretende mostrar a natureza das coisas. Não só as naturais,
mas também as que dizem respeito ao agir humano. Vernant afirma que:
Dos mitos de gênese os milésios tomam não só uma imagem do universo, mas
ainda todo um material conceptual e esquemas explicativos: atrás dos “elementos”
da physis perfilam-se antigas divindades da mitologia. Tornando-se natureza, os
elementos despojaram-se do aspecto de deuses individualizados; mas permanecem
forças ativas e animadas, ainda sentidas como divinas; a phisys, quando opera, está
toda impregnada desta sabedoria e desta justiça que eram o apanágio de Zeus.
(VERNANT, 2006, p. 111)
Ocorre os poetas trágicos, conseguiram criar peças imortais e talvez o mito tenha um
papel mediador, ou seja, um elemento que facilita a compreensão daquilo que o “logos”
pretende ensinar. Sabe-se que entre a antiguidade clássica e o conhecimento da tragédia pelo
mundo moderno estendem-se inúmeros fatores de distorção na concepção e no tratamento do
que seja o mito e o trágico, mas é inquestionável que ainda hoje essas obras têm um profundo
efeito na dimensão existencial humana.
É importante salientar que para Vernant (1977, p. 7) as tragédias não são mitos e que
“o gênero surgiu no fim do século VI quando a linguagem do mito deixa de apreender a
realidade política da cidade”. Aristóteles diz, na Poética, que o mito é a parte mais importante
na tragédia e que o mito trágico é composto de início, meio e fim. Essas partes devem ser
interligadas a ponto de ser impossível o entendimento total caso seja retirado uma delas.
Percebe-se que não há um consenso sobre uma delimitação definitiva a respeito dos elementos
dos mitos, mas que sua importância e presença, especialmente nas tragédias, é uma constante.
Jaqueline de Romilly afirma que “a tragédia grega, com sua colheita de obras primas,
durou ao todo oitenta anos. Devido a uma relação que não se pode dever ao acaso, estes oitenta
anos correspondem exactamente ao momento do desenvolvimento político de Atenas”
(ROMILLY, 2008, p.8). A autora ainda afirma que quanto mais o elemento religioso foi deixado
de lado, mais a tragédia foi se esvaindo até chegar ao seu esgotamento. Em Ésquilo a função
religiosa era preponderante, de modo que o coro (que evocava um lirismo religioso) era a
imagem do culto sacrificial e desempenhava uma função principal. Acontecem na própria
evolução da tragédia uma série de modificações que vão se afastando do aspecto inicial do rito
religioso. A música era a base do elemento cênico em Ésquilo, mas vai sendo deixado de lado a
ponto de que em Eurípedes se tem diálogos e monólogos e o coro é deixado em segundo plano.
Fato é que não houve em nenhum outro país e em nenhuma outra época evento
similar à representação das tragédias gregas, o que remete ao conceito de Poiésis, com um
significado inicial de criação, ação, confecção, fabricação. Para Aristóteles esse é um
conhecimento complexo, no qual é impossível se dissociar teoria e prática, porque no
momento da concepção da ideia, há uma dimensão intelectual do que se vai fazer. A arte é a
poiésis por excelência, porque é produtora, criadora.
O ser humano tem a capacidade de fazer coisas, assim como faz a natureza. Isso é
poiésis, Contudo, há uma classe de imitação que não se limita a completar aquilo que a
natureza faz, que não tem por finalidade um critério pragmático de atender a uma necessidade.
Mas ao contrário, com a intenção de celebrar a própria capacidade criativa. Para o grego, o
artesão e o artista têm a capacidade de, por meio da ação criativa, modificar o estado das coisas.
O artista, por meio da sua obra é capaz de produzir catarse, purificação. E, posteriormente, criar
formas melhores de existência humana, conservar e propagar a sua obra.
O que realmente significou a tragédia e os mitos para os gregos, provavelmente
nunca será alcançado por nenhum estudioso. Vernant (2006) afirma que até mesmo Aristóteles,
primeiro filósofo a tentar decifrar esse fenômeno quase 100 anos após Eurípedes, não foi capaz
de compreendê-la em sua essência. Mas é certo que eles não são apenas histórias para entreter.
O que os tragediógrafos conseguiram sacrificando seus mais valorosos heróis, denunciando
suas próprias instituições e emocionando os ouvidos da plateia sob o semblante impassível e
enigmático dos deuses, construiu, por meio da ação mimética, as bases para o pensamento
ocidental. E isso não é pouco.
Procura-se, portanto, fundamentos que levem a ver se a poesia, em geral, e o mito,
em particular, realmente não têm, por natureza, alguma sofisticação racional ou se no fundo não
são mais do que superficialmente parecem ser. Nesse sentido, é possível que tanto a poesia
como o mito possam ser entendidos como propedêutica filosófica, como preparação para a
filosofia. O fato é que os poetas gregos, assim como os poetas trágicos, conseguiram criar peças
imortais . Talvez o mito tenha um papel mediador, ou seja, um elemento que facilita a
compreensão daquilo que o “logos” pretende ensinar. Portanto, servindo ao logos, o mito pode
funcionar como um importante elemento pedagógico e, ao mesmo tempo, no aprimoramento de
funções cognitivas de estudantes do Ensino Fundamental e Médio.
Este projeto não tem a pretensão de ensinar Filosofia a jovens, mas de utilizar-se de
estratégias próprias desta área durante as atividades a serem desenvolvidas. O ensino de
Filosofia é tema relativamente polêmico, talvez porque a maioria dos problemas desta área de
estudo não tenham resultados consensuais. Murcho, (2008, p. 82) afirma que “o caráter
aberto da filosofia em nada diminui o seu valor cognitivo ou social, a sua seriedade acadêmica
ou escolar, ou a sua importância existencial”. Nessa direção, é relevante ressaltar que Kant
discorreu sobre a existência de dificuldades referentes ao ensino de Filosofia, uma vez que
ninguém ainda está de posse dela. Contudo, não descarta a necessidade da atividade filosófica
que requer, sobretudo, o exercício da razão. Na Notícia do Prof. Immanuel Kant sobre a
organização de suas preleções no Semestre de Inverno de 1765-1766, Kant diz que:
De um professor espera-se, pois, que ele forme em seu ouvinte, primeiro o homem
sensato, depois o homem racional e, por fim, o douto. Semelhante procedimento
tem a vantagem de que o aprendiz, mesmo que jamais chegue ao último grau,
como em geral acontece, ter sempre ganho alguma coisa com o ensino e se ter
tornado mais exercitado e mais atinado, senão perante a escola, pelo menos
perante a vida (Kant, 1992, p. 173).
Procedimentos Metodológicos
Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, tendo como procedimento técnico, um
estudo de caso, nos termos explicitados por Ludke e André (1986, p. 18) “o que se desenvolve
em uma situação natural, é rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível, e focaliza
a realidade de forma complexa e contextualizada”. Referindo-se à abordagem qualitativa,
Severino (2001 p. 8-9) enfatiza que o que interessa ao pesquisador são “as significações
concretas e particulares que os indivíduos atribuem às suas ações singulares, nos ambientes
particulares em que se desenrola sua existência”. Sendo assim, o pesquisador mergulha por
inteiro no ambiente pesquisado, para poder observá-lo, vivenciando sua dinâmica. Quanto ao
tipo será descritiva, uma vez que serão analisadas as características de um grupo, estabelecendo
relações entre características variáveis, com o objetivo de contribuir para a solução das
problemáticas educacionais. Quanto à coleta de dados será utilizada a observação direta dos
fenômenos, seguida de relato imediato da atividade em um diário de bordo, para posterior
consulta. Os sujeitos desta pesquisa serão alunos e professores do Ensino Básico de uma escola
a ser determinada juntamente com o professor orientador. Pretende-se assegurar os seguintes
procedimentos em sala de aula:
2. Produção de textos com diferentes propostas, a partir de mitos lidos, para explorar a
linguagem narrativa. Utilizar esses momentos de produção para trabalhar aspectos estruturais
de um texto, tais como: legibilidade, ortografia, coerência e coesão textual;
4. Confecção de uma “colcha de mitos” com desenhos, pinturas, releituras dos mitos
estudados e apresentação da mesma para a platéia convidada. Cada mito será desenhado,
representado seguindo diferentes técnicas e materiais (texturas, nanquim, tintas, etc) em um
pedaço de tecido quadrado. Ao final do desenvolvimento do projeto, cada estudante deverá
montar e costurar os quadrados, para ter a sua colcha, juntando todos os mitos num grande
“quadro”;
Desenvolvimento
Este é um projeto em desenvolvimento e a sua aplicação prática, nas escolas, ainda
não ocorreu. Até o presente momento, foram feitas leituras e análises de artigos e livros
relacionados ao tema, o que têm contribuído significativamente para a compreensão do objeto
de estudo desta investigação.
Pretende-se, inicialmente, utilizar atividades como leitura de mitos de criação, como
um primeiro contato com o tema: “origem do mundo” e “origem do homem” com o objetivo
inicial de fazer um diagnóstico com relação à capacidade de argumentação e produção escrita
dos estudantes. A partir do que for produzido e de dificuldades detectadas, o curso do projeto
poderá, inclusive, ser modificado.
A mitologia grega é um conjunto de histórias e lendas que aparecem em diversos
tipos de obras. Nas tragédias, nas epopeias, como também em poemas e em muitas passagens
importantes das obras de Platão. Pretende-se identificar passagens em que a poesia, a criação
poética ou os mitos recebem alguma menção ou tratamento por parte de Platão e Aristóteles
para tentar compreender o que eles realmente pensavam sobre eles e que motivos filosóficos
tinham para tratar deles nas suas obras. Em seguida, será feita uma seleção dos mitos e poesias
a serem utilizados em sala de aula, para o desenvolvimento do projeto, bem como os textos e
conceitos filosóficos que possam contribuir para o estudo. Serão produzidos textos com
diversas propostas, além de uma “colcha de mitos”, uma versão artística que ficará como um
souvenir para os estudantes que se dispuserem a participar da pesquisa.
Ao final, comparar um texto de “antes do projeto”, com outro “depois do projeto” e
identificar se houve avanço no uso da imaginação, da criatividade, da argumentação e da
compreensão leitora dos estudantes, bem como a relação do grupo entre si e com os
professores.
Considerações Finais
De forma alguma haverá a intenção de mergulhar no cotidiano da escola para
observar suas práticas e denunciar suas mazelas. Ao invés disso, a intenção será contribuir para
aprimorar momentos de reflexão sobre o hábito de leitura, compreensão e produção de textos
com argumentação e sentido, tendo como suporte o universo dos mitos e da Filosofia.
Espera-se que a partir dos produtos educacionais obtidos por meio do
desenvolvimento deste projeto, uma contribuição significativa refletida na melhoria
capacidade argumentativa dos estudantes, bem como numa ampliação da forma como
compreendem o mundo. Além disso, será criada e disponibilizada uma sequência didática que
auxiliará na prática pedagógica de professores que se interessarem pelas ideias e práticas
desenvolvidas nessa experiência pedagógica/filosófica.
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Poética. Lisboa. INCM. 2000.
KANT, Immanuel. Notícia do Prof. Immanuel Kant sobre a organização de suas preleções
no Semestre de Inverno de 1765-1766. In: Lógica. Trad. Guido Antônio de Almeida. Rio de
Janeiro: Tempo brasileiro, 1992.
KERÉNYI, Carl. Dioniso - Imagem arquetípica da vida indestrutível. São Paulo: Odysseus.
2002.
PLATÃO. Coleção Os Pensadores. Diálogos. trad. Jorge Paleikat e João Cruz Costa. 1ª ed. São
Paulo: Abril Cultural, 1972.
Sala 03
Resumo: O presente trabalho orienta-se pelo questionamento de como está organizada a orientação referente ao
processo avaliativo da aprendizagem de estudantes das turmas de 6º ao 9º do ensino fundamental, de uma escola
da rede municipal de Lajeado – Tocantins. Tem por objetivo geral compreender qual a perspectiva de avaliação
da aprendizagem é apresentada no Projeto Político Pedagógico (PPP) de uma escola da rede municipal de ensino
de Lajeado Tocantins. Como objetivos específicos apresentam-se: (1) descrever a política de avaliação expressa
no Projeto Político Pedagógico da escola; (2) analisar a metodologia e a dinâmica de trabalho adotada pela
equipe gestora e pedagógica da escola no que se refere às avaliações nas turmas. Trata-se de um projeto de
pesquisa que, metodologicamente, será desenvolvido por uma abordagem qualitativa de pesquisa, valendo-se de
estudos bibliográficos, análise documental, entrevistas e observações diretas. A partir dos dados coletados será
apresentada a articulação entre a política de avaliação e a aceitação por parte dos alunos.
1 Introdução
3
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Goiás (2011). Mestre em Educação pela Universidade de
Brasília (1995). Especialista em Avaliação Educacional (UnB - 1998). Especialista em Administração
Educacional: política, planejamento e gestão (UnB/UNITINS - 1992). Graduada em Pedagogia pela Faculdade
de Ciências Filosofia e Letras de Araguari, MG (1988). Atua na área Educacional, atuando principalmente nos
seguintes temas: formação, profissionalização e prática docente; avaliação educacional e avaliação institucional.
Ministrante da disciplina de Saberes Docentes e o Processo de Ensinagem no Mestrado Profissional em
Educação. E-mail: [email protected]
como elemento didático-pedagógico dinâmico em que há uma diversidade de técnicas e
instrumentos, para que diagnosticar o início, o desenvolvimento e o fim do processo ensino-
aprendizagem.
Ressaltamos que a escola é um espaço que foi institucionalizado pela sociedade, para
desenvolver um trabalho com os conhecimentos produzidos por esta mesma sociedade,
atendendo aos seus anseios, visando promover uma melhor qualidade de vida para os
componentes do grupo social, pelo compartilhamento de significados e conhecimentos
construídos socialmente. Assim, a educação se caracteriza pela valoração de elementos
culturais, e dos conhecimentos acumulados historicamente, herdados de geração a geração,
que a vivência humana se encarrega de construir e reconstruir dinamicamente.
Trabalhar com o conhecimento, implica em evidenciar qual a concepção que se tem do
próprio conhecimento (estático X dinâmico) que, por sua vez, reflete-se na missão que a
escola tem a desempenhar, e no que consiste o seu projeto4. Isto porque a ação do homem
manifesta a valoração interior que cada qual traz consigo, elaborada cotidianamente na sua
vivência, conforme sua nacionalidade, cultura, geração, sexo, religião, etc. Nesta perspectiva,
o indivíduo passa a ser considerado como um sujeito ativo e a linearidade, a ordenação e a
hierarquia rígida do conhecimento, perdem sua sustentação, uma vez que o objeto de
conhecimento é constituído por vários prismas e permite várias leituras, conforme as
subjetividades envolvidas.
Assim, a avaliação, conforme Luckesi (2002), diferentemente da verificação, envolve
um ato que ultrapassa a obtenção de dados ou atributos sobre um objeto, exigindo decisão do
que fazer com ele. A verificação é uma ação que congela o objeto; a avaliação, por sua vez,
direciona o objeto numa trilha dinâmica da ação.
Desse modo, somos levados a crer que a avaliação da aprendizagem consiste
considerar a importância do domínio de conteúdos (conhecimento), de metodologias ou
técnicas de ensino, explicitando o processo de avaliação como um instrumento de reflexão e
construção da prática pedagógica, permitindo fazer um diagnóstico e identificar mecanismos
para sanar as dificuldades do processo de ensino-aprendizagem, não só no sentido teórico
mas, também, no prático.
E, por pensarmos que a avaliação da aprendizagem, nos diferentes espaços de
produção do conhecimento, tem sido tradicionalmente considerada como um fator que ocorre
ao final do processo de ensino-aprendizagem, é que apresentamos como objetivo geral deste
4
Entende-se por projeto o planejamento de ações, contemplando suas fases (preparação, desenvolvimento,
execução e avaliação), em que se delineiam as concepções de Educação, Conhecimento, Homem e Sociedade.
trabalho: compreender qual a perspectiva de avaliação da aprendizagem é apresentada no
Projeto Político Pedagógico (PPP) de uma escola da rede municipal de ensino de Lajeado
Tocantins. E, como objetivos específicos: (1) analisar a política de avaliação expressa no
Projeto Político Pedagógico da escola; (2) analisar a metodologia e a dinâmica de trabalho
adotada pela equipe gestora e pedagógica da escola no que se refere às avaliações nas turmas.
2 Procedimentos Metodológico
3 Desenvolvimento
pluralismo de ideias;
gratuidade do ensino público;
valorização dos profissionais do ensino e gestão democrática do ensino.
traduz a política educacional,
produz os processos interativos,
tece os fios das aprendizagens.
Considerações Finais
Tendo como aporte teórico Oliveira, Morais e Dourado (2013), podemos afirmar que
a educação pode ser entendida como a apropriação da cultura, historicamente produzida pelo
homem, e a escola enquanto locus privilegiado de produção sistematizado do saber. Isso
significa que a escola precisa ser organizada no sentido de que suas ações, que devem ser
eminentemente educativas, atinjam os objetivos da instituição de formar sujeitos concretos:
participativos, críticos e criativos.
Para tanto, faz-se necessário que a escola redobre a atenção ao que se refere a política
de avaliação, atualmente, um dos componentes do processo educativo que tem sido alvo de
muitos debates é o processo avaliativo. A avaliação da aprendizagem apresenta uma
característica dinâmica, expressando o movimento de modificações e reformulações, tanto
políticas quanto pedagógicas, e provocando divergências quanto ao seu significado. Sua
vinculação com o contexto histórico, evidenciando as questões culturais, afeta a construção da
identidade do profissional da educação. Ainda que se possa identificar modelos de avaliação,
numa perspectiva psicometrista, de medida e de nota, a avaliação educacional assume,
também, o caráter formativo, transformador e emancipador.
A literatura competente sobre a avaliação educacional registra vertentes que
encaminham o processo avaliativo para ações diferenciadas. Consequentemente, os objetivos
da avaliação educacional, incluindo a da aprendizagem, também sofreram modificações,
relacionando-os à natureza do problema a investigar, tendo em vista a tomada de decisão de
caráter pedagógico e/ou administrativo.
Referências
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São Paulo: Editora do Instituto Paulo Freire, 2009.
Bogdan, R. e Biklen, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994.
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sistemas de ensino, órgãos deliberativos e executivos, regime de colaboração, programas,
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Acesso em: 10 Jun. 2017.
Sala 2
Resumo: O presente relato apresenta o trabalho de recreação para bebês desenvolvida no projeto Semana do
Bebê em Araguaína, estado do Tocantins. O projeto é uma estratégia de mobilização social que recebe o apoio
da UNICEF e configura-se como uma ação interdisciplinar que envolve profissionais de diferentes áreas como
educação, saúde, assistência social e representantes políticos, ONGS e outros, tendo como objetivo de alertar a
população para os direitos à sobrevivência e ao desenvolvimento da criança. As atividades foram desenvolvidas
com base na metodologia da brinquedoteca e tomou como referência que o lúdico é de fundamental importância
para o aprendizado das crianças. Foram realizadas diferentes atividades recreativas como: parque com
brinquedos de escorregar, balanço, gangorra, atividades de pintura, cantinho de leitura, jogos de construção,
jogar dados, atividades psicomotoras com bambolês, corda, elástico, amarelinha, tapete alfabético e outras
brincadeiras de rua que envolveu diversos recursos pedagógicos para estimular aprendizagem das crianças. Com
o projeto foi possível obter bons resultados e atingir o objetivo, na organização da atividade a equipe realizou um
planejamento adequado para as crianças e aos bebês incluindo todas as idades e necessidades. As atividades
realizadas – brincadeiras e jogos foram divididas pela equipe, onde cada profissional disponível pela
brinquedoteca ficava responsável por um grupo, as crianças envolveram-se totalmente e demonstraram muito
interesse em participar das brincadeiras, a participação dos pais e responsáveis eram voltadas para as palestras,
oficinas, debates e outros. Ao todo participaram pessoas das quais crianças de zero a seis anos, crianças acima de
seis anos e adultos. Conclui-se que as atividades realizadas na recreação da semana do bebê mostram como a os
jogos, brincadeiras são de fundamental importância para o desenvolvimento das crianças de diversas idades. A
recreação contribui na formação corporal, cognitiva e afetiva da criança, possui natureza lúdica e estimula a
participação e a coletividade. A experiência mostrou bons resultados por parte dos envolvidos tanto as crianças,
que realizaram diversas atividades desenvolvendo suas habilidades e contribuiu para o aprendizado e aos
familiares que adquiriram muitos conhecimentos sobre a importância e os cuidados com os bebês.
Introdução
O Projeto Semana do Bebê tem por objetivo alertar a população para os direitos à
sobrevivência e ao desenvolvimento da criança de zero a seis anos de idade. É uma estratégia
de mobilização social de iniciativa da Prefeitura de Araguaína e que conta com apoio de
parceiros importantes como a UNICEF (Fundo das Nações Unidas pela Infância), líderes
1 1
Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário UnirG, especialista em Gestão, Orientação Educacional e
Supervisão Escolar pela FAIARA – Faculdade Integrada de Araguatins. Endereço de E_mail:
[email protected]. Membro do grupo de pesquisa em Rede Internacional Investigando Escolas
Criativas e Inovadoras – TO/ PPGE-UFT – RIEC/ BRASIL
2
Professora do IFTO e do Centro Universitário UnirG. Mestre em Educação. [email protected]. Membro
do grupo de pesquisa em Rede Internacional Investigando Escolas Criativas e Inovadoras – TO/ PPGE-UFT –
RIEC/ BRASIL.
políticos, instituições educacionais como escolas e creches, prefeitura municipal, postos de
saúde, hospitais, CRAS e profissionais de diferentes áreas de atuação e voluntários.
Em 2003 no Rio Grande do Sul a Unicef trabalhou com o PIM - Primeira Infância
Melhor, tendo como foco os cuidados integrais nos primeiros anos de vida, visando a
sobrevivência, ao desenvolvimento mais adequado e competências cognitivas e
socioemocionais, a partir daí na cidade de Canelas, o criador da mobilização foi o
pesquisador, professor, médico psiquiatra Salvador Célia. Junto com a Administração
Municipal, criou a Semana do Bebê, e o Dia do Bebê, trazendo milhares de pessoas para
valorizar, com muitas ações, o início da vida. Esse projeto se espalhou pelos municípios
Brasileiros.
Este artigo tem por objetivo relatar a experiência vivida na execução do projeto e seus
resultados destacando a sua importância para a população e o significado do brincar na vida
da criança.
Procedimentos Metodológicos
As atividades do projeto Recreação para Bebês foram inicialmente planejadas com a
participação dos professores, coordenadores e auxiliares de sala, ou seja, por uma equipe
qualificada da Educação Infantil, os profissionais ao serem comunicados começaram
organizar em listas os materiais que seriam utilizados na recreação, organizando um
planejamento para atender todas as idades das crianças que estariam presentes no local, um
local adequado no parque para que pudessem ser expostos os brinquedos e qual seria a função
de cada profissional no dia da abertura do evento.
Desenvolvimento
Na segunda edição do projeto Recreação para bebês, o início das atividades ocorreu no
parque Cimba com palestras e diversos profissionais, sendo eles da saúde, educação,
assistência social, políticos e outros, apresentações com a banda da polícia militar e de alunos
de várias escolas. Neste mesmo dia o público contou com diversas atividades diversificadas,
como: pintura facial para as crianças, coral, apresentações de escolas, brinquedoteca,
atividades recreativas com bambolês, mesa de pintura, peças de montar, brinquedos diversos e
pedagógicos, dados alfabéticos, cantinho de leitura, mesas para desenhos, apresentações de
judô.
Toda ação em que envolve a recreação nas instituições de educação, exige que as
atividades estejam relacionadas ao aprendizado específico das crianças, carece de um bom
planejamento para que ocorra uma aprendizagem eficaz, proporcionando ações que melhorem
a qualidade de vida, satisfazendo as necessidades de ordem física, mental, psíquica
estimulando a criança sentir prazer por fazer e aprender.
A brinquedoteca como espaço lúdico
De acordo com Araújo (1992, p.18) jogo é um processo de derivação por ficção e tem
por função permitir ao indivíduo realizar o seu eu, ostentar sua personalidade, seguir
momentaneamente a trilha de seu maior interesse nos casos em que, não possa consegui-lo
recorrendo às atividades sérias.
Por recreação se entende uma forma de trabalhar a realidade com a criança de maneira
divertida, realizando uma manipulação a realidade que o cerca, desenvolvendo, criando,
exercitando, ou seja, aprender brincando e compreender as coisas de forma criativa e
dinâmica. Com isso essas atividades não podem ser realizadas pelo improviso, é necessário
que se tenha um objetivo e um planejamento para cada atividade recreativa, nunca fugindo do
desenvolvimento das habilidades e aprendizagem da criança.
No projeto recreação para Bebês, a brinquedoteca foi dividida por espaços diferentes,
os brinquedos de montar, construir, encaixar ganharam destaque, estavam sobre um tapete e
várias peças para as crianças trabalharem jogos de construção, incluindo as cores, formas
geométricas e quantidades, conforme fotos 1, 2, 3 e 4.
Foto 01: Parque com brinquedos livres. Foto 2: Jogos de construção e percurso psicomotor.
Foto 03: Tapete de leitura. Foto 04: Momento de Leitura com a professora.
Morim (2008, p.48) falando sobre as experiências que os livros podem proporcionar
diz que:
Considerações Finais
O projeto da semana do bebê contribuiu para melhores condições de vida tanto das
crianças como dos pais, pois as orientações foram de fundamental importância para a vida
materna. As atividades recreativas realizadas com as crianças contribuíram para o
aprendizado e lazer das mesmas envolvendo todos de forma geral, tanto os bebês de colo
como as crianças que estavam presentes no evento.
Referências
ARAÚJO, Vânia, C. O jogo no contexto da educação psicomotora. São Paulo: Cortez
Editora, 1992.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar, crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo:
Moderna, 1996.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. 3°ed. Rio de Janeiro. Zahar. 1978.
Sala 3.7
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar experiências vivenciadas a partir de atividades
desenvolvidas como bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID)
Pedagogia/UFT/ Palmas no projeto "O ambiente por um fio: de olho nas águas de Taquaruçu Grande"
(2016/2017) que está sendo desenvolvido junto à Escola Municipal Henrique Talone Pinheiro com a turma do 3º
ano do período matutino, composta por 35 alunos envolvidos. O projeto é uma continuidade de ações que
estamos desenvolvendo na escola desde o 2º semestre de 2016. A busca de soluções ambientais já mostram
resultados na conduta e interesse pelos alunos, pois percebemos modificações no decorrer do período do trabalho
na iniciativa de programas e ações na escola. A turma do 3 ano por sua própria iniciativa organizou uma
atividade/projeto para cuidar de um jardim da escola. Para culminância das ações deste primeiro semestre letivo
de 2017, nós da equipe Pibid e a professora da turma planejamos um intercâmbio de escolas em que os alunos
estavam trocando correspondências, levamos a turma do 3º ano do Henrique Talone para conhecer a turma do 3º
da escola municipal Crispim em Taquaruçu para trocar cartas contando sobre o que fizeram na escola para
proteger o meio ambiente. Este projeto está em desenvolvimento e até o final do ano teremos mais resultados das
trocas entre crianças de diferentes contextos sociais, culturais, mas que procuram conhecer e propor medidas
protetivas para o meio ambiente e defesa da vida no Planeta.
Introdução
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) é uma iniciativa para o
aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Os projetos
desenvolvidos no PIBID promovem a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde
o início da sua formação acadêmica, para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob
orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola-campo.
Neste contexto, o PIBID se firma como um programa que visa potencializar a
formação de professores mais qualificados, tendo por finalidade fomentar a iniciação à
1
Bolsista do Pibid Pedagogia/Palmas UFT. [email protected]
2
Bolsista do Pibid Pedagogia/Palmas UFT. [email protected]
3
Professora supervisora do Pibid Escola Municipal Henrique Talone Pinheiro (Palmas).
[email protected]
4
Professora regente Escola Municipal Henrique Talone Pinheiro (Palmas). [email protected]
5
Coordenadora do Projeto Pibid/Pedagogia/UFT. [email protected]
docência, contribuindo para o aperfeiçoamento da formação de professores em nível superior
e para a melhoria da qualidade da educação básica pública brasileira (CAPES, 2013).
Dessa forma, a proposta de formação docente enquanto bolsistas do programa está de
acordo com a Portaria nº 096 ao tratar do Regulamento do PIBID, no qual contempla no
inciso IV, do Art. 4, os objetivos do programa:
Procedimentos Metodológicos
A metodologia de ensino constou de pesquisas sobre o assunto, planejamento, em
seguida apresentamos para a supervisora da escola e conseqüentemente para a professora
regente da turma, só então vamos para a sala de aula, apresentamos o projeto para a turma,
questionamos se já tinham conhecimento prévio do assunto.
Para trabalhar a temática meio ambiente com as crianças, buscamos intervenções mais
dinâmicas, como construções de objetos com materiais descartáveis, cartazes referentes ao
tema, entre outras atividades. Já a proposta pedagógica foi trabalhar com os diversos gêneros
textuais: escrita de cartas, cartões, vídeos, passeios, poemas, livros literários, pesquisas entre
turmas e jogos pedagógicos, proporcionando aos alunos diferentes contatos com a leitura e a
escrita, de maneira que o processo de alfabetização fosse prazeroso e agradável.
Desenvolvimento
.
O início do desenvolvimento do sub-projeto “Meio Ambiente e Reciclagem” começou
no segundo semestre de 2016 e nos empenhamos em atender as demandas da unidade de
ensino, no que se refere às temáticas interdisciplinares nas áreas de matemática e linguagens
de forma lúdica com crianças do 3° ano do Ensino fundamental está sendo desenvolvido
desde o 2º semestre de 2016, iniciamos o trabalho com a turma do 2º ano e este ano de 2017
deu continuidade com os alunos no 3º ano. Na turma estão matriculados trinta e cinco alunos.
Na primeira etapa da regência das Pibidianas na turma do segundo ano, foi feita a
exibição do vídeo: um plano para salvar o planeta, da Turma da Mônica, que trata da política
dos cinco R’s: REDUZIR, REUTILIZAR, RECUSAR, RECICLAR e REPENSAR. Nessa
mesma oportunidade trabalhamos de forma interdisciplinar conteúdos de matemática (noção
do tempo), havendo então um diálogo sobre a rotina da escola e do dia a dia de cada um.
Logo em seguida, propomos à turma construir relógios com materiais reutilizáveis como
cedes, papelão, tampas de caixas de leite etc.
Em um outro momento, trabalhamos a leitura do livro "Cuidado dona Mata". Com este
livro trabalhamos leitura, interpretação de texto, a destruição do meio ambiente e também
substantivos próprios e comuns. Primeiro realizamos a leitura em voz alta, depois levantamos
algumas questões relacionados à história, trabalhando a oralidade dos alunos e então
distribuímos cópias para que trabalhassem em duplas identificando os substantivos
encontrados no texto.
Por todo este contexto na semana seguinte foi o dia do passeio no Parque Cesamar,
onde estava programado fazermos um lanche coletivo, brincadeiras dirigidas e livres e
também um pequeno percurso na trilha para que pudéssemos observar o meio ambiente.
Saímos da escola as 08:00 da manhã e o percurso até o parque durou cerca de 20 minutos.
Chegando lá, foi feita uma roda com todos para reforçar os combinados, então fizemos uma
pequena caminhada. Ao fim da caminhada fizemos um momento de reflexão sobre o que
tinham observado durante o percurso, depois partimos para o lanche, as brincadeiras e no final
trabalhamos ainda a reciclagem, com descarte das embalagens que sobraram do lanche.
Dessa forma, uma das maneiras que poderiam contribuir para a mudança de postura
da população em relação ao lixo é mostrar possibilidades de reutilização, transformando
materiais que antes eram descartados em novos produtos. No entanto, tal consciência
ecológica voltada para a reciclagem e reutilização de materiais só se torna eficaz quando
inserida em um contexto de vivência dos indivíduos.
Na próxima regência por intermédio da leitura do livro: " O carteiro chegou" todos
adoraram a historia, é um livro que mostra diferentes tipos de cartas. Neste dia havia
planejado escrever uma carta para os alunos da escola Crispim Pereira Alencar que fica em
Taquaruçu, a qual está previsto a nossa visita. Então como na aula anterior muitos tiveram
dificuldade na escrita, propomos a escrita de uma carta coletivamente tendo uma pibidiana
como escriba e eles ditando a carta, seria uma carta contando sobre o que estávamos
trabalhando e principalmente sobre o que estavam desenvolvendo no jardim da escola.
Na primeira semana do mês de junho realizamos a visita a escola de Taquaruçu onde havia
sido realizada a troca de cartas entre os alunos, foi um momento muito marcante tanto para
nós bolsista, quanto para os alunos, ao chegar na escola Crispim Pereira Alencar, nós da
escola Henrique Talone nos apresentamos depois foi a vez deles, em seguida fomos à uma
praça que fica próximo à escola, neste momento houve apresentações das duas turmas onde
apresentaram o que estavam trabalhando sobre o meio ambiente, houve também uma nova
troca de cartas, os alunos interagiram conheceram o colega que havia trocado cartas, em
seguida retornamos para a escola, momento em que houve um lanche coletivo, depois fomos
conhecer a sala da turma do 3° ano, a professora Vergiane fez uma fala agradecendo a
recepção , no fim da manhã retornamos para Palmas, foi um momento muito rico, pois houve
a troca de experiências entre os alunos, posso afirmar que a turma do 3º ano adorou este
intercâmbio.
Considerações Finais
Podemos afirmar que o nosso trabalho enquanto pibidianas na Escola Henrique Talone
esta sendo muito importante, percebemos que mesmo de maneira muito tímida as crianças
estão assimilando conceitos que referem ao meio ambiente, a idéia de trabalhar o tema
promove uma reflexão sobre papel de cada um da sociedade, deixando claro que as pessoas
não são seres isolados, mas que dependem uns dos outros para viver. Com esse pensamento,
também estudados os tipos de danos causados ao meio ambiente e as possíveis soluções para
os problemas.
No que se refere às atividades realizadas enquanto pibidianas, nos períodos 2016/2017
foi e está sendo muito proveitoso, visto que o contato direto com a professora regente da
turma com a qual trabalhamos, possibilitou (a) um planejamento mais elaborado de nossas
ações. Também foi possível manter a continuidade do trabalho, pois esse período não foi
permeado por imprevistos.
Ao trabalhar com esse grupo de alunos, o fator mais desafiador foi à falta de
motivação por parte deles, dessa forma, a dificuldade foi encontrar atividades dinâmicas e que
contemplassem as expectativas das crianças. Percebemos também que muitas vezes os alunos
não conseguem se alfabetizar porque faltam novos caminhos e possibilidades de
aprendizagem. Ou seja, muitas vezes o ensino fica limitado ao método tradicional, e não abre
margem para a criatividade do aluno. Por isso, vimos na construção de materiais reutilizáveis
uma alternativa para valorizar o potencial imagético das crianças, e um convite a serem
leitores e escritores, protagonistas de sua própria história.
Percebemos que se constitui um desafio para a escola formar leitores para vida, que
não sejam capazes de responder apenas as demandas da escola, mas estejam prontos para
exercer seu papel cidadão na sociedade. Faz-se necessário repensar o processo de
alfabetização dos alunos para além da prática mecanicista de memorização de letras e sílabas
e o seu treinamento corrente. Para que a aprendizagem seja significativa é necessário partir do
universo da criança, e fazer com que a aquisição da leitura e da escrita ocorra
concomitantemente com o uso dessas nas diversas instâncias sociais.
You Tube. Turma da Mônica em Um Plano para Salvar o Planeta. Vídeo (25m42s)
Disponível em: www.youtube.com/watch?v=L3zaoUaHJhQ. Acesso em: 02 de setembro de
2016.
A PROFISSÃO DOCENTE - DESAFIOS E AS
ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTOS
Sala 3
Resumo: Este trabalho tem como objetivo narrar as vivências de docentes no exercício da profissão em uma
Escola Municipal de Palmas-TO. Destarte, pretendemos relatar dados referentes à sua profissão, como a escolha,
satisfação e atualização profissional, desafios e dificuldades, além de apresentar características resilientes
desenvolvidas no âmbito escolar. A metodologia usada foi História Oral Temática. Como fonte, utiliza-se Nóvoa
(1992, 2003), Pimenta (2013) Soares (2002), Penin (2008), Morin (2001, 2007) entre outros. Diante das
narrativas das docentes que participaram deste trabalho, percebe-se que a escolha da profissão se deu
inicialmente por falta de outras opções, mas no decorrer do curso se identificaram e demonstraram que gostam
da profissão e se dedicam a ela, apesar de destacarem fatores que podem ser melhorados no contexto escolar, tais
como: acreditam que a profissão deveria ser mais valorizada; deve haver envolvimento dos pais na vida escolar
dos filhos; a carga horária é excessiva; há indisciplina e desinteresse por parte dos alunos. Nota-se que os
docentes almejam e merecem ser reconhecidos e valorizados tanto pelos organismos governamentais quanto pela
sociedade, pelo importante trabalho que desempenham para a educação. Nesse caminho, entre os desafios e os
enfrentamentos das dificuldades com planejamento e apoio de toda equipe escolar, a resiliência é primordial para
superação das adversidades e a capacidade de se manterem íntegros, proativos fortalecendo o desempenho das
atividades profissionais com competência, conhecimento, dedicação, entusiasmo e amor.
Introdução
1
Mestranda em Educação do programa PPGE. E-mail: [email protected].
2
Doutora em Educação e Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Pós-Doutora em
Educação pela Universidade do Algarve-Portugal. É professora associada e Bolsista Produtividade do CNPQ
categoria 2. E-mail: [email protected].
3
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE e professora da disciplina História e
Memória da Educação. E-mail: [email protected].
Para alcançar os objetivos propostos nessa pesquisa buscou-se a metodologia da
história oral temática, que possibilitou a escuta da trajetória profissional das docentes
participantes desta pesquisa. De acordo Thompson (1992 p. 17) a história oral pode dar
grande contribuição e relevância para o resgate da memória nacional [...]. “É preciso preservar
a memória física e espacial, como também descobrir e valorizar a memória do homem. A
memória de um pode ser a memória de muitos, possibilitando a evidência dos fatos
coletivos”.
A abordagem realizada foi qualitativa que para Prodanov & Freitas (2013) tem o
ambiente como fonte direta dos dados, enquanto o procedimento utilizado nesta pesquisa foi a
pesquisa campo com o propósito de buscar informações e ou conhecimento a respeito do
problema apresentado.
Os instrumentos utilizados para a realização das entrevistas semiestruturada seguiu o
método da história oral que teve roteiro elaborado pela pesquisadora, no qual objetivou colher
informações dos mesmos a respeito do objeto de estudo. Para Verena Alberti (2005 p. 31), “a
escolha dos entrevistados não dever predominantemente orientada por critérios quantitativos,
por uma preocupação com amostragens, e sim a partir da posição do entrevistado no grupo,
do significado de sua experiência”.
A seguir, apresentam-se os dados coletados relevantes em relação à profissão docente
– escolha profissional, processo de formação continuada dos docentes - os principais desafios
e as estratégias de enfrentamentos das possíveis dificuldades no contexto escolar e a
importância do fortalecimento da resiliência para atuação profissional.
Já se tornou comum afirmar que houve aumento das pesquisas relacionadas aos
professores e da atenção dispensada e eles nas últimas décadas. Nesse contexto, o tema
profissionalização tem-se destacado em vários estudos nacionais (Lüdke, 1988; Pimenta,
2002; Guimarães, 2004, 2006; Veiga, 1998; Cunha, 1999, entre outros), em uma tentativa de
ressignificação do estatuto profissional do professor.
Na visão de Tardif (2014, p. 234) “o trabalho dos professores deve ser considerado
como um espaço prático específico de produção, de transformação e de mobilização de
saberes e portanto, de teorias, de conhecimentos e de saber-fazer específicos ao ofício de
professor”. Corrobora-se da ideia do autor no sentido em que é valorizado o trabalho
desenvolvido pelos professores como primordial para a transformação dos educandos e
consequentemente da sociedade em geral.
Os docentes têm um papel importantíssimo no processo educacional, sendo a sua
atuação determinante para o sucesso ou fracasso na aprendizagem dos educandos. Nesse
sentido, a escolha da profissão destes poderá influenciar no trabalho realizado. As docentes
entrevistadas Silva, Neres e Moreno (2016) relatam que na época de sua formação haviam
poucas possibilidades de cursos ofertados, então, cursavam o que estava disponível em suas
cidades. Destaca-se a transcrição de uma entrevistada a seguir [...] “desde quando estava no
Ensino Médio na minha cidade só tinha magistério e curso de contabilidade, aí eu já optei
pelo magistério, “né”, questão de horário e tudo. E lá já me apaixonei durante o curso”
(NERES 2016).
A vida é permeada por escolhas que podem ser simples ou complexas, planejadas ou
não, que satisfazem ou que fazem repensar as decisões tomadas anteriormente. Atualmente,
observa-se que a escolha da profissão muitas vezes tem sido decidida pela remuneração e
pelas ofertas do mercado de trabalho, não sendo levadas em consideração as aptidões e
habilidades. Para Soares (2002), a profissão é parte intrínseca da vida das pessoas, sendo
imprescindível para obtenção de recursos para à sua subsistência e de sua família.
Com intuito de conhecer melhor as escolhas, as entrevistadas foram indagadas sobre o
que as fizeram querer ser professoras. Neres (2016): “Ah! Sei lá! Me espelhei muito nos
professores da época no magistério. Eram professores bons, a didática que eles utilizavam, as
dinâmicas, toda aquela estrutura de sala de aula, e tudo. Me apaixonei”.
Em relação à satisfação com a remuneração em função das exigências do trabalho
desenvolvidos na docência, as entrevistadas relataram: “Não considero, „né‟ porque a gente
observa que hoje, „né‟. Assim, as pessoas „né‟ elas não ganham o suficiente para aquilo que
ela realmente merece „né‟, no seu trabalho atualmente” (SILVA, 2016); “Eu não acho
satisfatória „pela‟ complexidade que é atendimento das crianças. É um trabalho bem
estressante, cansativo. Tanta carga horária quanto a remuneração” (NERES, 2016). Moreno
(2016) declara:
Diante de tudo que a gente precisa trabalhar em sala de aula, pelas dificuldades que
a gente vive na escola, eu acredito que essa remuneração deveria ser bem melhor e,
também, o nosso acesso a outros cursos como especialização, como um mestrado, as
outras oportunidades [...] ser privilegiado com bolsas de estudos para crescer
profissionalmente, crescer financeiramente, também. Eu creio, que nós temos,
muitas coisas a melhorar em termos de educação, ainda mais quando se trata de
educação em tempo integral.
Evangelista (2013, p. 34) pontua que “à desqualificação do professor segue-se a
sugestão de intervenção, seja em sua formação, seja no seu salário, seja em sua avaliação, seja
em seu trabalho”. Nota-se que a valorização do professor perpassa também pela remuneração,
seu trabalho pode ser mais rentável, tendo em vista o desenvolvimento das suas atividades,
bem como o valor que este representa à sociedade.
Os docentes, em seus depoimentos, demonstraram que gostam da profissão apesar de
enfrentarem algumas dificuldades no exercício docente. Mas, ao serem questionados se já
pensaram em mudar de profissão, as entrevistadas afirmaram que em algum momento
pensaram nessa possibilidade, conforme relatos a seguir: Conforme Silva (2016) “Apesar de
eu gostar muito da docência hoje [...] Mas assim, “teve” vários fatores que “contribui”. Tipo,
remuneração [...]. Os alunos também não tem interesse” e conclui sua fala “então, isso gera
um grande estresse na nossa vida”.
Para Neres (2016) no momento de estresse, de cansaço (risos). De cansaço mesmo,
final de ano, pensar assim “-Oh meu Deus, ano que vem eu poderia estar em outro lugar, que
fosse mais valorizada, que tivesse encerrando o ano com mais tranquilidade”.
E, Moreno (2016) desabafa:
Quando você se depara com “muito” alunos difíceis e, justamente, aqueles que a
família não dá atenção e coloca na escola para que o professor corrija, porque hoje
em dia a família ela quer muito se isentar da sua responsabilidade e quando a família
é convocada para escola, para a gente sentar e conversar sobre o andamento do
aluno, a família pode até ouvir, pode até concordar com o que a gente coloca mas
não toma uma... uma atitude, não toma posição. “-É o meu filho, eu tenho que
ajudar. Eu tenho que colocar limite. Eu tenho que coloca disciplina”. Então, é nesse
momento, assim, que, às vezes, que eu entro nessa questão de procurar uma nova
profissão. (MORENO, 2016).
Os desafios e as dificuldades fazem parte da vida dos seres humanos e estão presente
em todas as áreas, inclusive na educação. O diferencial é conhecer e reconhecer que elas
existem e a partir de então, buscar alternativas traçando estratégias de enfrentamento com o
intuito de superar os entraves apresentados.
Diante deste contexto, nota-se a fala dos entrevistados a seguir. Silva (2016) esclarece:
O maior desafio hoje „né‟, assim, que observo „são‟ dos alunos „né‟. O sistema,
também, de ensino hoje, [...] que parece que a gente tem que aprovar os meninos,
entendeu? Mesmo eles não sabendo de muito conteúdo e, também, os pais, não tem
interesse em „tá‟ ensinando os filhos.
Na indisciplina, eu me sinto, assim sem certas respostas, certas atitudes das crianças.
Eu fico sem reação. Penso assim “Meu Deus, o que levou essa criança a fazer isso?” (risos)
Aí vou pensar no contexto familiar, toda aquela situação mas, geralmente, naquele momento,
eu fico vulnerável. Mas, como estratégia de enfrentamento gosto muito de conversar, de
esclarecer as situações, “né”. Então assim, depois do momento lá da [...] que aconteceu algo e
resolveu, eu me sinto tranquila. Agora se eu não consigo resolver eu fico tendo até pesadelo à
noite, mas prefiro resolver a situação.
Torre (2009; 2011) diz que as crises e os conflitos podem se apresentar como muros
que impedem avançar, mas também podem se tornar uma possibilidade de
bifurcação. Nessa perspectiva, acontecimentos que desorganizam e rompem
assumem um lugar importante na trajetória dos adultos e por que não dizer dos
professores, pois obrigam muitas vezes a renascer.
Sella (2006) menciona, ainda, que os professores têm sido, cada vez mais, solicitados
a preencher lacunas deixadas pelas famílias na transmissão de valores éticos e morais para
seus filhos, bem como de costumes e hábitos socialmente acordados. Isso parecer decorrer das
transformações observadas nos últimos tempos no âmbito social, notadamente no caso de
famílias que dividem a formação moral dos filhos com outras instituições sociais.
Moreno (2016) diz:
[...] uma possibilidade de se tornarem cada vez mais criativas, pois exercitam suas
capacidades criadoras quando em momento difíceis e também fora deles. São
pessoas argutas, com flexibilidade de pensamento, ou seja, capacidade de
reorganizações de suas estruturas cognitivas no planejamento de estratégias de
solução, superação da dificuldade. Não se receia da tentativa, nem lança ao outro a
responsabilidade de resolver e enfrentar a adversidade.
Considerações Finais
Diante das narrativas das docentes que fizeram parte deste trabalho, percebe-se que a
escolha da profissão se deu inicialmente por falta de outras possibilidades, mas que no
decorrer do curso foram se identificando e demonstraram que gostam da profissão e se
dedicam a ela, apesar de destacarem fatores que podem ser melhorados no contexto escolar,
tais como: acreditam que a profissão deveria ser mais valorizada; deve haver envolvimento
dos pais na vida escolar dos filhos; a carga horária é excessiva; há indisciplina e desinteresse
por parte dos alunos, entre outros.
Evidenciou-se também que em algum momento no exercício da função já pensaram
em mudar de profissão quando vivenciaram momentos de tensões e conflitos, que foram
superados posteriormente. Nota-se que os pontos positivos superam as dificuldades, como
relata Moreno (2016) “eu acho que o maior de todos é você ser útil para a sociedade e no meu
caso, como eu dou aula para crianças [...] de crianças que, às vezes, num tem certa assistência
da família, não tem atenção, não tem carinho e aqui talvez na escola seja uma forma deles
encontrarem isso.
Percebe-se que os docentes almejam e merecem ser reconhecidos e valorizados tanto
pelos organismos governamentais quanto pela sociedade, pelo importante trabalho que
desempenham para a educação dos educandos e por meio destes contemplam toda uma
geração, levando conhecimento, condições de vida digna e expectativas de dias melhores aos
cidadãos. E não há outro caminho, se não pela educação.
Nesse caminho, entre os desafios e os enfrentamentos das dificuldades com
planejamento e apoio de toda equipe escolar, a resiliência é primordial para superação das
adversidades e a capacidade de se manterem íntegros, proativos fortalecendo o desempenho
das atividades profissionais com competência, conhecimento, dedicação, entusiasmo e amor.
Referências
DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. Tradução José Carlos Eufrázio. Revisão.
Maria de Lourdes de Almeida e Eliana Martins. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, MEC,
1998.
KALOUSTIAN, S. M. (Org.) Família Brasileira, a Base de Tudo. São Paulo: Cortez, 1988.
PENIN, Sônia Teresinha de Souza. Profissionalidade: o embate entre o concebido e o vivido. In:
XIV ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino. Porto Alegre, 2008.
SOARES, D.H.P. A escolha profissional: do jovem ao adulto. São Paulo: Summus- Editorial, 2002.
TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como
profissão de interações humanas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
______. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
TORRE, S. de la. Adversidad creadora: teoria e prática del rescate de potencialidades latentes.
Encuentros Multidisplinares, n. 31, v. XI, p. 6-20, 2009.
Sala 3
Resumo: As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica além de orientar sobre a
organização, articulação, desenvolvimento e avaliação das propostas pedagógicas de todas as redes de ensino no
Brasil, traz em sua proposta o direito à educação como o grande desafio das escolas, que precisam promover o
acesso, a permanência e o sucesso dos alunos, com superação da evasão e retenção escolar. Como em todo o
Brasil a rede Municipal de Ensino de Palmas-To, busca as adequações necessárias para atender aos objetivos
proposto pelo MEC, inclusive orienta as escolas, dando um direcionamento quanto à proposta pedagógica a ser
adotada, e o processo de avaliação, utilizando o termo “aprovação assistida” para a proposta de progressão
continuada. Preocupadas com a efetividade dessa proposta, as supervisoras pedagógicas da Escola Municipal
Francisca Brandão Ramalho realizaram um projeto ação com a premissa de analisar os resultados alcançados
com relação ao pleno desenvolvimento da leitura e da escrita dos alunos aprovados mediante essa proposta e
desses quantos conseguem superar os déficits de aprendizagem com relação à alfabetização.
Introdução
Dentro da trajetória da educação brasileira, discutiu-se muito o acesso e permanência
do aluno na escola. A partir de 1988 as discussões voltaram-se para a questão da qualidade do
ensino, época em que começaram o processo das avaliações externas que aconteceu pela
primeira vez em 1990 no Ensino Fundamental com o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (Saeb) , em 2005 com a Prova Brasil e hoje em larga escala por todo o
sistema educacional do país, com o intuito de investigar sobre a qualidade do ensino nos
diversos níveis e ter um diagnóstico da educação nacional.
A realidade do processo educacional no Brasil a partir da L.D.B.N 9394/96 mudou
muito, nos cenários das escolas em todo país, principalmente no âmbito do processo
avaliação e de alfabetização. Dessa forma os estados e municípios começaram a adequar seus
sistemas de ensino e colocar em prática as orientações da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional 9394/96 (L.D.B) com relação as propostas e objetivos de ensino,
organização dos sistemas por séries ou ciclos, avaliação entre outros e em Palmas-To não foi
diferente.
Diante do que foi exposto, justifica-se a importância e relevância do presente projeto
por analisar toda a problemática que envolve o processo de ensino e aprendizagem
desenvolvido no 1º ciclo de alfabetização na cidade de Palmas-To, verificando a efetiva
aprendizagem dos alunos nas turmas de 1º aos 3º anos da Escola Municipal Francisca
Brandão Ramalho, identificando os reais entraves pedagógicos e operacionais, no que diz
respeito à progressão continuada e também numa perspectiva mais ampla, generalizar esses
resultados e conclusões em âmbito nacional, podendo retirar um aprendizado significativo
dessa realidade.
Refletir sobre a progressão continuada é uma ação urgente, principalmente com relação
ao seu conceito, pois ainda é muito presente a confusão entre progressão continuada e
aprovação automática. Partindo do pressuposto que a progressão continuada é um processo
sistemático de avaliação com caráter operacional de acompanhamento que visa subsidiar o
sucesso do aluno através de ações planejadas e construtivas, pode se afirmar que em suma,
esta parte das teorias de Jean Piaget, Vigotsky e Ausubel, fundamentada nas possibilidades
relativistas.
Nesse contexto e no caso da prática pedagógica, necessitamos também de uma
concepção construtiva do ensino e da aprendizagem. Seria contraditório utilizar um
recurso construtivo, como é a avaliação, no seio de uma proposta pedagógica que,
filosoficamente, se apresenta como estática. (LUCKESI, 2011, p.20).
Precisamos ter clareza sobre nossas ações e que estas reflitam decisões cada vez
mais explícitas sobre o nosso fazer pedagógico. Assim, avaliar não pode ser um ato
mecânico nem mecanizante para que possamos contribuir para a construção de
competências técnicas e sócio-política-culturais.(RABELO,1998,p.11).
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito
na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a
formação básica do cidadão, mediante:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o
pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
Desenvolvimento
Conhecendo a realidade pedagógica da Escola Municipal Francisca Brandão
Ramalho desde sua criação, e sabendo da sua trajetória para definir sua identidade no que diz
respeito a sua filosofia, seus valores e como ficaria estabelecida sua visão dentro e fora da
comunidade local é que avaliamos o trabalho realizado e sempre nos indagamos, porque nas
avaliações externas os resultados alcançados pelos alunos eram sempre inferiores aos
resultados das escolas vizinhas que atendem as mesmas séries que a referida escola. Através
dessas indagações constatamos uma problemática em 2013, um índice alto de alunos que
chegavam ao 3º ano do Ensino Fundamental sem os conhecimentos básicos de leitura e
escrita, o que gerava uma angústia e a necessidade de projetos de intervenção para minimizar
a situação, mas com pouca eficácia. Por essa razão em 2014 pensou-se em estabelecer dentro
da proposta de ensino um planejamento com foco na psicogênese da língua escrita, pois
possibilitaria aos grupos envolvidos conhecerem em que nível de escrita seus alunos estavam
e quais as atividades seriam pertinentes para que estes alcançassem o nível subseqüente.
Também nos daria uma visão geral da situação real de cada turma e quais intervenções seriam
propostas para que os alunos que passassem do 1º para o 2º e do 2º para o 3º ano com algumas
lacunas em branco com relação à leitura e escrita poderiam ser acompanhados e assistidos em
suas necessidades e por fim tivessem o seu direito garantido de aprender.
Foi oportunizado aos grupos de professores e equipe pedagógica um momento de
formação em serviço com o estudo voltado para a revisão dos níveis de escrita, testes para
identificar cada nível e quais as atividades seriam apropriadas para cada nível. Começamos o
trabalho, e na prática alguns professores demonstraram insegurança para o reconhecimento de
qual nível cada criança estava, estes foram auxiliados com dicas, textos curtos, ou mesmo
trabalho coletivo, os que dominavam mais o assunto ajudando os que tinham mais
dificuldade. Já no 1º bimestre de 2015 pudemos visualizar os níveis das turmas e construiu-se
uma pasta com sugestão de atividades para cada nível a fim de colaborar com o planejamento
dos professores, definiu-se também quais os conteúdos que seriam pré-requisitos para cada
série, para que todos tivessem foco e trabalhassem com a responsabilidade de alcançar os
objetivos por série, conforme o parâmetro do PACTO.
Percebeu-se que o grupo já tinha domínio sobre o assunto e também estavam
sensibilizados em melhorar a qualidade de ensino dos alunos em questão, por essa razão
investimos o nosso trabalho em acompanhar sistematicamente a leitura dos alunos, analisando
tanto o nível de leitura quanto de escrita. Foram elaboradas fichas de acompanhamento e as
duas supervisoras verificavam a leitura de todos os alunos, e em seguida sentavam com cada
professor para um feedback e novas sugestões, também construímos e divulgamos os gráficos
com os níveis dos alunos por série tanto internamente quanto para a comunidade local, o que
teve uma repercussão positiva tanto pelos técnicos da SEMED quanto para a comunidade em
geral, mas ainda constatou-se muita angústia no conselho de classe final, bem como no
período de diagnóstico do ano seguinte, pois não havia um consenso sobre a aprovação
assistida, muitos professores a favor da retenção e com resistência para diversificar o
planejamento. Diante disso, foi pensada uma formação sobre a temática e estabelecido uma
ficha de acompanhamento por cores para que professores, pais, equipe pedagógica e mesmos
os próprios alunos tivessem a compreensão de como ia o andamento de cada turma e fosse
feito um comparativo do crescimento daqueles que foram aprovados com déficits de
aprendizagem.
Em 2017 temos um raio-x completo da realidade da escola, sabemos como estamos, quais
os alunos que foram aprovados pela aprovação assistida, como esses estão e como anda cada
turma. Temos uma força tarefa junto ao programa Novo Mais Educação que favorece
assistência individual para esses alunos e um projeto de intervenção para a melhora dos níveis
de leitura e escrita dos alunos em geral. Finalizamos o 2º bimestre com o total de 36 alunos
que ainda não lêem nos 1º anos, 33 nos 2º anos e somente 10 nos 3º anos, uma realidade bem
diferente comparado ao inicio desse trabalho, quando tínhamos 75 alunos que não liam nos 3º
anos do Ensino Fundamental.
Considerações Finais
Referências
BRASIL, Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: 1988.
RABELO, Edmar Henrique. Avaliação: novos tempos, novas práticas. Rio de Janeiro:
Vozes, 1998.
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa cientifica. 28. Ed. Petrópolis:
vozes, 2000.
A PROPOSTA PEDAGÓGICA DA ESCOLA DA PONTE DE PORTUGAL: UMA
ANÁLISE COMPARATIVA
RESUMO: Esse trabalho tem por objetivo analisar a metodologia de ensino que permeia o processo de ensino
aprendizagem da Escola da Ponte, com vista a se conhecer os resultados para a excelência do aprendizado do
aluno. Para que seja possível um maior entendimento do tema é feito um breve resumo histórico baseado no
modelo de escola vigente Identificando o modelo tradicional de ensino aprendizagem mediado nas escolas atuais
e a gênese que constituiu e inspirou este tipo de abordagem pedagógica, tendo como arcabouço teórico principal
Rubem Alves, Patto e Harper José. A fundamentação histórica desta Escola se dá a partir de um capitulo
descritivo responsável pela definição de sua metodologia. O procedimento metodológico adotado nesta pesquisa
foi a Pesquisa Bibliográfica, que irá verificar os resultados advindos da metodologia de ensino aprendizagem da
Escola da Ponte e seus benefícios para a aprendizagem dos educandos.
Introdução
A escola atual leva o aluno a executar sem pensar, pois é arraigada pelos os vícios da
tradição, mantendo um poder hierárquico e reproduzindo o modelo social, cultural e escolar
do século XIX. Diante disso, deve-se rever esses conceitos buscando caminhos para que,
através deles, seja possível elaborar soluções que acabem com o mal que atinge as escolas,
criando uma nova construção social passível a ser “melhorada”. Em virtude disso, o presente
trabalho expressa a relevância da busca pela a escola ideal baseada em valores humanos capaz
de proporcionar um aprendizado de excelência.
1
Mayana Tainan Teixeira Rosa . Graduanda do curso de pedagogia da Faculdade do Maranhão - FACAM
[email protected]
a visão do desenvolvimento do intelecto, baseada na imposição da disciplina em um currículo,
que tem como parte principal do processo de aprendizagem e, a memorização dos conteúdos
como forma de apropriação dos conhecimentos ditos como relevantes. Essa tendência do
século XIX tem algumas características que até hoje em pleno século XXI ainda são
utilizadas. Essa concepção tem características próprias em cada aspecto da educação escolar,
tendo em vista que o papel da escola é unicamente formar a moral e a intelectualidade do
cidadão.
Já a Escola da Ponte, lugar de origem, como surgiu e que inicialmente era uma escola
concordante ao modelo tradicional. no ambiente educacional da Ponte, são observadas
inovações interessantes, onde se enfatiza a autonomia do educando no seu processo de ensino
aprendizagem, vindo a desmistificar várias teorias, que até então eram vistas como sendo a
base central do processo educacional escolar. Com a colaboração de professores, alunos e
principalmente a comunidade, na Escola da Ponte não há aulas, salas e nem provas, mas sim
crianças responsáveis pelo seu próprio aprendizado, onde os alunos escolhem o que estudar de
acordo com o roteiro feito em conjunto com seu tutor. O estudante é orientado e não ensinado
por professores, que também é escolhido pelo aluno, que os auxiliam a buscarem informações
sobre o tema em questão sistematizado pelo plano de estudo. Visto que todo espaço torna-se
espaço de aprendizado e a liberdade é um fator importante na Ponte. Já a avaliação é feita
continuamente baseada na compreensão do aluno mediante a pesquisa realizada por ele, sua
conduta nos trabalhos organizados em conjunto, além da autoavaliação.
Procedimentos Metodológicos
Para a elaboração do estudo será desenvolvida a pesquisa bibliográfica, na qual
serão levantadas as publicações dos estudiosos da temática proposta no mesmo. E após a
coleta destas se fará uma análise minuciosa de todos os fatores ressaltados por eles,
considerados mais relevantes para o entendimento do assunto ora abordado.
Os estudos desenvolvidos pelos autores pesquisados, serão analisados com a
finalidade de se aferir a visão destes em relação ao que concerne à Escola da Ponte, tanto no
que se refere a posicionamentos favoráveis, quanto aos que se mostram contrários ao método
de ensino desta, para que se conheça os aspectos positivos e negativos dessa esfera inovadora
do processo de ensino aprendizagem escolar.
Os materiais de pesquisa serão obtidos mediante a visita a bibliotecas, centros de
informação, sites de pesquisas institucionais, entre outros disponíveis nos quais estes possam
ser adquiridos.
Desenvolvimento
Desde que a escola foi criada com vista a promover a mediação da educação do
cidadão no contexto social, a fim de prepara-lo para a vivencia em sociedade, esta tem
passado por diversas transformações no que se refere a otimização do processo de ensino
aprendizagem dos alunos que nela estão inseridos. Medidas estas que tinham e têm como
finalidade, o cumprimento da função social escolar, de modo a se mostrar útil a sociedade na
qual ela está inserida.
Nesse âmbito percebe-se que o processo educativo escolar tem por base um
modelo em que o aprendiz precisa ser moldado de modo a se tornar como um sujeito
mecanizado, que não é capaz de agir por vontade própria, e até mesmo, é impedido de ousar,
fazer diferente do que lhe é imposto, ou seja, é movido sem que seja considerado capaz de se
mover sozinho, vindo a dirigir a si próprio. A mesma autora afirma ainda que:
Ao entrar na escola, a criança deixa do lado de fora, grande parte da sua criatividade,
sagacidade, questionamento e vivências do cotidiano; ao adentrar os portões, a
descoberta e o aprendizado tornam-se princípios desconexos, que só tornam a ter
sentido no fim do dia, com o tocar do sinal. (HUDSON, 2009, p.9).
A Escola da Ponte é uma instituição pública de ensino que faz parte da rede
escolar de Portugal. Localiza-se na cidade de Santo Tirso e foi fundada pelo educador José
Pacheco, que por se achar inconformado como o modelo tradicional de ensino ousou criar
uma metodologia pedagógica, na qual o aprendizado dos conteúdos escolares estivessem
interligados a vida dos aprendizes, para que assim se tornasse, de fato, significativo aos
mesmos.
Foi assim que após inúmeras discussões a equipe pedagógica da Escola da Ponte
resolveu abolir as séries, provas, salas de aulas e disciplinas, alicerçando sua
proposta pedagógica para o exercício da autonomia e da liberdade. Antes visto como
solitário, o trabalho do professor assume um caráter compartilhado, desenvolvido
em conjunto com outros professores e com estudantes, que passam a desenvolver
atividades de educação de pares, em um processo de troca e construção coletiva, em
que todos aprendem e ensinam ao mesmo tempo. (MOREIRA, 2008, p.6).
Um dos defensores dessa metodologia é Rubem Alves, que como ele mesmo
afirma, trata-se de uma forma de ensino que faz parte do sonho de muitos que se encontram
inseridos no contexto educacional. O que foi prontamente afirmado por ele, no momento em
que teve conhecimento da escola e se dispôs a ir conferir pessoalmente o funcionamento
desta. Diante do que viu mostrou-se deslumbrado com cada detalhe do trabalho que ali é
desenvolvido. Em uma de suas expressões afirma que: “a aprendizagem e o ensino são um
empreendimento comunitário, uma expressão de solidariedade. Mais que aprender saberes as
crianças estão aprendendo valores” (ALVES, 2001 p.43).
Na Escola da Ponte os alunos tanto são instruídos como também atuam como
instrutores, pois os professores agem como guias, pois apontam caminhos a serem percorridos
pelos aprendizes, mas somente diante da manifestação destes por algo que lhes interessa
aprender, não sendo assim imposto o novo saber ao aluno, mas sim a vontade de conhecer
sobre algum assunto parte dele mesmo. E uma vez de posse desses conhecimentos os
educandos auxiliam no aprendizado uns dos outros, pelo fato de que eles se colocam a
disposição de ensinar aos seus pares os assuntos que dominam, quando estes ainda não
alcançaram o saber suficiente dos mesmos. Esses alunos aprendem para si mesmos, e para
poder ensinarem os outros. (ALVES, 2001).
Em sua estrutura física a Escola da Ponte se difere das tradicionais, porque a
separação de classes, na qual as séries são definidas, é inexistente. Assim como inexiste a
função do professor como transmissor de conhecimentos relativos a uma matéria especifica.
Em substituição a esses fatores, nesta escola há uma única sala, em que os alunos são
agrupados em grupos pequenos, no qual o que determina a formação deste é o interesse por
um assunto semelhante, por parte dos alunos. E o professor atua como orientador no que diz
respeito sobre o que será pesquisado por eles e onde estes podem encontrar as devidas
informações sobre o assunto de interesse mútuo.
E com vista a avaliação dos conhecimentos obtidos, para que possam expressar o
que aprenderam, são tomados os seguintes procedimentos:
Assim, ao final de 15 dias, a professora e os alunos se reúnem novamente e avaliam
o que aprenderam. Se o conteúdo que aprenderam satisfez a necessidade do grupo,
este se dissolve, formando-se outro para estudar outro assunto. Todos se ajudam
(ALVES apud HUDSON, 2009).
Dessa forma os próprios alunos é que são protagonistas de sua avaliação, ocasião
na qual eles são convidados a fazerem uma análise do que foi estudado no tempo proposto e
concernente ao assunto escolhido, para que possam perceber o que foi apreendido diante do
que foi explorado no decorrer das pesquisas. Essa avaliação não se configura de modo
superficial, mas sim com profundidade, para que assim os saberes descobertos sejam
efetivamente inseridos na gama de conhecimentos destes alunos e possam ser aplicados em
seu cotidiano.
Considerações Finais
A princípio esse estudo iniciou junto com a inquietação que surge diante da
ausência de estrutura que se vê nas escolas brasileiras. Com isso, sabendo que a escola deve
garantir o acesso à educação a todas as pessoas, busca-se de alguma forma melhorar sua
qualidade, uma vez que em muitas, esta se encontra defasada. Contudo, o que se chama de
qualidade vai além dos conhecimentos que um aluno deve adquirir, pois deve envolve os
princípios básicos como a formação do ser humano como pessoa, abrangendo assim outros
aspectos. Por isso, o que impressiona na Escola da Ponte não é somente o fato de ser
totalmente diferente do modelo que estamos acostumados, mas sim a forma de como os
educandos aprendem e as estratégias que os mesmos utilizam para isso.
Por isso, o estudo dessa temática será de grande relevância para os profissionais
que atuam na área da educação, uma vez que estes terão a oportunidade de avaliar suas
práticas, visando promover uma comparação entre os resultados obtidos com o uso da
metodologia tradicional e a utilizada no processo educativo na Escola da Ponte, podendo
desse modo fazer suas próprias conclusões, quanto à eficiência da metodologia vigente nesse
ambiente educacional inovador, no qual atesta que é possível fazer uma educação mais
humana, baseada no respeito e na solidariedade e não no argumento autoritário.
Em uma perspectiva pessoal esse estudo fez com que houvesse uma mudança no
modo de ver e de perceber a educação, devido as frequentes análises e comparações. Além
das contribuições na prática, mesmo que ínfimas, devido a impossibilidade de poder manter
uma práxis tão inovadora, tem-se buscado muitas leituras e conversado com muitas pessoas,
para que pelo ao menos essa ideia seja entendida, pois o que se é visto quando se fala dessa
escola é um grande espanto por pura falta de compreensão e pelo simples fato de não poder
visualizá-la, mas para que se entenda a Ponte se faz necessário esquecer tudo que se sabe
sobre a escola.
Referências
TAVEIRA, A.S.N. Sala de aula – o lugar da vida? In: MORAIS, R. (Org); Sala de aula: que
espaço é esse? 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 2006.
HARPER, B.; “Cuidado, Escola!”: desigualdade, domesticação e algumas saídas. 22. ed.
São Paulo: Brasiliense, 2000.
ALVES, R. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. 9. ed.
Campinas, SP: Papirus, 2006. 120 p.
Sala 4
Resumo: A disciplina Etnomatemática ofertada no curso de especialização lato sensu em Educação Matemática
no Campus de Arraias, na Universidade Federal do Tocantins, no período de dezembro de 2015 a janeiro de
2016, representou a possibilidade de aprendizagem da compreensão vivencial, como definida por Vergani (2007,
p.35) “Rejeita uma forma vazia de manipular/construir teorias, desligando-as da intencionalidade do olhar
humano através do qual o sujeito se funde com a coisa aprendida” . A disciplina teve como objetivo a
apresentação da Etnomatemática como linha de investigação, apontando a possibilidade de sua utilização como
prática pedagógica no cotidiano da sala de aula, neste sentido as discussões se pautaram e culminaram com a
apresentação de um texto reflexivo produzido por cada aluno e aluna da turma, sintetizando a sua experiência
vivencial da área. A proposta deste artigo é realizar uma análise destes textos utilizando como ferramenta para
esta interpretação o livro de Teresa Vergani: “Educação Etnomatemática: o que é?”.
1. Introdução
1
Universidade Federal do Tocantins, Câmpus Prof. Dr.Sérgio Jacintho Leonor. Endereço eletrônico:
[email protected]
D‟Ambrosio (2014), Gerdes (1996), Vergani (1995; 2007; 2009), entre outros, como também
através da apresentação de seminários temáticos. Ao final, compondo o processo de avaliação,
os alunos e alunas redigiram um texto reflexivo com o objetivo de retratar a contribuição da
Etnomatemática a sua formação continuada.
O objetivo deste texto é realizar a análise dos textos apresentados pelos 2 alunos e 5
alunas da disciplina Etnomatemática embasada na aprendizagem vivencial que segundo
Vergani (2007, p.35):“Rejeita uma forma vazia de manipular/construir teorias, desligando-as
da intencionalidade do olhar humano através do qual o sujeito se funde com a coisa
aprendida” .Os textos reflexivos apresentados apontam para a possibilidade transformadora
que o contato com a Etnomatemática, mesmo restrito a uma disciplina com carga horária
reduzida, pode significar na prática pedagógica de professores e professoras de diferentes
áreas de atuação.
2. A compreensão vivencial
Para Teresa Vergani (2007) antes de qualquer elaboração conceitual temos como seres
humanos, o mundo “presente e liberto de qualquer esboço de reflexão que sobre ele venha a
incidir” (p. 34), portanto para vivermos uma experiência, de alguma maneira, devemos
encontrar em nós o elo que nos liga a este vivência. Nesta perspectiva a autora, embasada nos
estudos da Fenomenologia apresenta uma postura educacional distinta do tradicional,
afirmando ser possível que o processo cognitivo desenvolva-se em várias direções e sentidos,
rejeitando a forma vazia de construção de teorias. Ou seja: “Tudo o que sei sobre o mundo,
mesmo através da ciência, sei-o a partir de minha visão ou a partir da minha experiência do
mundo, sem as quais os símbolos da ciência careceriam de qualquer significado” (Merleau-
Ponty, 1945, apud Vergani, 2007, p. 35).
Esta metodologia se aproxima do que Moraes e Torre (2004) apud Moraes (2008, p.
164) consideram como sentipensar: “processo, mediante o qual se coloca para trabalhar
conjuntamente o sentimento e o pensamento, a emoção e a razão, evidenciando assim, o
quanto nossas estruturas cognitivas são irrigadas pelos nossos componentes emocionais, pelos
nossos sentimentos e crenças”. O sentipensar como metodologia de aprendizagem permite
ligações entre o formalismo e o rigor, característicos da matemática acadêmica com a emoção
sentida pelo olhar, pelo intuir, pelo ouvir, tecendo uma malha de significados desvendada pela
Etnomatemática: “a etnomatemática partilha esta alternância rítmica de manifestações
humanas, e abre-se tanto às energias subterrâneas do desejo como ao rigor do pensamento
estruturante” (VERGANI, 2009, p.235).
Ao final da disciplina foram apresentados 7 textos e para fins de análise foi elaborada
uma matriz onde foram consideradas os seguintes eixos: a compreensão subjetiva da
Etnomatemática e a influência da Etnomatemática em sua prática pedagógica (Tabela 1).
Tabela 1: Matriz de Análise baseada nos textos elaborados pelos alunos e alunas
Helena Esta é uma definição que leva em O professor crie novas formas de
consideração que cada grupo cultural trabalho que se adaptem aos currículos
possui identidade própria ao pensar e escolares e busque articular esses
agir e, portanto possui um modo próprio saberes aos do cotidiano, assim,
de desenvolver o conhecimento desenvolvendo e construindo um ensino
matemático. significativo .
Ana A etnomatemática vem como uma Uma aplicação em sala de aula pode
metodologia que busca compreender a despertar no aluno curiosidade,
matemática que é praticada por grupos questionamentos, um olhar crítico sobre
culturais, pode buscar ensinar aos nossos o mundo em que vivemos, visto que
alunos uma matemática que faça sentido, existem várias culturas dentro de uma
sem que deixemos de lado a matemática sala de aula, fazendo com que exista um
acadêmica e do cotidiano, mas que respeito entre elas, mostrando de todas
busquemos um equilíbrio entre elas. as formas de conhecimentos são
importantes.
Paula Não existe uma definição fechada, cada Era indiscutível para mim que a
pesquisador possui elementos diferentes matemática é universal, mas agora com
em sua conceituação sobre a esse conceito, a minha prática de ensinar
Etnomatemática. a matemática vai ser mais equilibrada.
João Não deve ser entendida como substituta Poderão emergir dos alunos suas
da matemática usual, simbolizada por maneiras próprias de quantificar, de
Pitágoras e outras formas dessa ciência. inferir, de resolver problemas, de
Mas privilegiar um raciocínio qualitativo entender a sua realidade, a sua
sobre a matemática, relacionando-a, a matemática, isto é, a sua
realidade presente. Etnomatemática.
Rui É uma “criança” que ainda não possui Principalmente valorizar as culturas, as
uma maturidade para ser expoente na crenças, a religião, o modo de viver de
prática pedagógica cada grupo étnico e inerente a isso a
construção do conhecimento, de forma a
desenvolver a capacidade lógica, critica
e criativa de cada aluno.
Joana Hoje percebo que a etnomatemática não Olhar para a Matemática a partir das
é apenas uma forma de ver uma práticas populares abre possibilidades
Matemática de modo diferente, mas que para melhor compreendermos a
por cada comunidade, grupo cultural, Matemática na qual fomos educados e
classe profissional, possuir um jeito aquelas que buscamos resgatar do
próprio de pensar, agir, de ser, logo cada esquecimento coletivo.
uma possui um modo específico de
desenvolver o conhecimento
matemático.
Lúcia Não se restringe apenas no entender o Matemática é uma ferramenta que foi
conhecimento [saber e fazer] matemático construída a partir de diversos ideais,
das culturas, mas procura entender o diferentes culturas, raças, crenças,
ciclo de geração, organização intelectual, doutrinas, religiões, costumes, isto é, ela
organização social e difusão desse é um produto da diversificação cultural.
conhecimento nos diferentes grupos. Dessa forma, deve haver uma harmonia
entre as diferentes culturas, através de
uma ética de respeito mútuo,
solidariedade, cooperação,
reconhecimento e valorização.
A identidade própria a que se refere Helena dialoga com a metodologia “[...] que
busca compreender a matemática que é praticada por grupos culturais” como Ana define a
área, sendo que para Lúcia a Etnomatemática transcende estas concepções: “Não se restringe
apenas no entender o conhecimento [saber e fazer] matemático das culturas, mas procura
entender o ciclo de geração, organização intelectual, organização social e difusão desse
conhecimento nos diferentes grupos”.
Os eixos utilizados para análise dos textos reflexivos permitiram a observação de que
a matemática considerada pelos alunos e alunas da turma como uma ciência exata com núcleo
conceitual rígido, pode ser tratada também como ciência humana, como afirma Vergani
(2007, p 36): “[..] trata-se de olhar a matemática como uma ciência profundamente humana”.
A partir da quebra desse paradigma: “[...] a palavra paradigma é o nível que determina a
escolha da visão de mundo em função de um princípio lógico que une conceitos
fundamentais” (Morin, 2009, p.83) novas conceituações devem ser construídas e a prática
pedagógica transformada.
Finalmente como apontado por Mendes e Farias (2014, p. 38): “Diante desse contexto,
podemos assegurar que a matemática como conhecimento produzido socialmente se
caracteriza por interações sociais e construções imaginárias manifestadas na cultura, como
uma das múltiplas formas explicativas para as experiências socioculturais”.
5. Considerações
Referências:
Morin, E. Educação e Complexidade: os sete saberes e outros ensaios 5 ed. São Paulo:
Cortez, 2009.
Prado, G. D. V. T., Soligo, R.. Memorial de formação: quando as memórias narram a história
da formação.In: Porque escrever é fazer história: revelações, subversões, superações.
Campinas, SP: Graf, 47-62. 2005.
Sala 2.1
Resumo: O seguinte trabalho apresenta um relato de experiência realizado durante o Estágio Supervisionado de
Docência na Educação Infantil e Anos Iniciais numa turma de II Período de uma pré-escola pública da rede
municipal de Imperatriz-MA. Durante o período de observação na instituição surgiu a necessidade de pesquisar
sobre a importância do brincar nesta etapa da Educação Básica, visto que as interações proporcionadas pela
brincadeira configuram um dos pilares do avanço pleno da criança segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil (BRASIL, 2010), no entanto percebeu-se ser esta uma prática incomum no
planejamento da professora da turma acompanhada. Assim, foi programado um período de vivência num espaço
que foge à rotina da sala da aula com vista a propiciar novas interações, objetivando a realização de uma
atividade que oportunizasse a exploração de um espaço novo e inspirador, próprio ao desenvolvimento da
comunicação oral, do espírito de coletividade, da criatividade e imaginação, entre outras competências. A
atividade deu-se na brinquedoteca da UFMA-CCSST, e proporcionou a ratificação da relevância de promover
experiências desta natureza para as crianças, pois se mostraram um momento ímpar de avanço pleno das
mesmas, tal qual oportunizou um espaço para observação, investigação e apontamentos em uma situação real de
aprendizagem.
Introdução
Segundo a Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), a
Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, deve ser oferecida em creches ou
entidades correlatas às crianças de até 3 anos e em pré-escolas para crianças de 4 e 5 anos, e
“tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 5 anos de idade em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da família e da
comunidade” (Art. 29).
Sendo assim, o principal objetivo deste trabalho foi reafirmar a importância do brincar
na Educação Infantil, projetando o alcance deste desenvolvimento pleno, tendo a brincadeira
como um momento de aperfeiçoamento rico e dinâmico por parte da criança, visto ser este um
espaço de investigação e construção de conhecimentos, tanto no aspecto cognitivo, físico,
psicológico e cultural, como no social.
1
Fruto de experiência realizada durante o Componente Curricular de Estágio Supervisionado em Docência na
Educação Infantil e Anos Iniciais – UFMA-CCSST no semestre 2016.1.
2
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão – Campus Imperatriz. E-mail:
[email protected]
3
Mestre em Educação – Universidade Federal do Maranhão– Campus Imperatriz. E-mail:
[email protected]
A experiência foi desenvolvida com uma turma de II Período da Educação Infantil de
uma pré-escola da rede pública municipal de Imperatriz-MA, durante o período de regência
no Estágio Supervisionado de Docência na Educação Infantil e Anos Iniciais, buscando
proporcionar uma vivência diferenciada à turma, ao passo em que também era dada a
oportunidade para que, a partir da observação, se desenvolvessem competências relacionadas
à capacidade de análise e reflexão do comportamento das crianças nesse espaço, enquanto
também se presta serviço à comunidade escolar a partir da oportunização de experiências
diferenciadas.
O trabalho apresenta, inicialmente, uma abordagem relacionada às contribuições dos
documentos oficiais que servem de base para a discussão, como a Constituição Nacional
(1988), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (2010).
Após, tratamos da relevância do brincar e das interações como eixo norteador desta
etapa da educação e, em seguida, apresentamos as reflexões fruto da experiência na
brinquedoteca, mesclando a singularidade dos fatos observados à literatura que trata do
assunto, tal qual as considerações obtidas.
A atividade nos possibilitou a comprovação da singularidade do brincar nesta etapa da
educação básica, como também a reafirmação desta situação como oportunidade para o
desenvolvimento da práxis docentes a partir de situações reais de aprendizagem.
O brincar, além de promover diversão, promove também socialização, uma vez que,
brincando a criança constrói relação com o brinquedo e com quem brinca, seja com
outra criança, seja com um adulto. No brincar, a criança aprende de maneira
prazerosa, pois aprende fazendo e de maneira livre, sem ser pressionada. Isso lhe dá
autonomia, uma vez que, na brincadeira, ela não tem medo de errar, por não ter
cobrança no que se está fazendo.
(...) brincando a criança imagina ser o que não é, faz o que não lhe compete ainda,
por ser pequena, e isso proporciona ações em que a criança avance no seu
desenvolvimento, saindo do nível de desenvolvimento proximal para o real.
(SILVA, CRUZ & CRUZ, 2014, p. 17)
Uma das situações mais interessantes ocorridas neste espaço foi quando o aluno S4 tentou
entrar na casa por uma das janelas, e foi rapidamente repreendido pelo aluno D, que disse:
“Na sua casa você entra pela janela? Acho que não, né?! Pois na minha casa você também
precisa entrar pela porta!”.
4
Optou-se por identificar as crianças a partir da adoção de siglas por questões éticas, objetivando resguardar
suas identidades.
Esta fala ratifica a afirmação de Silva et al. (2014, p. 116), quando afirmam que a criança
tem na brincadeira um espaço de exteriorização de comportamentos em sociedade, que são
levados a sério por ela, apesar de ser este um momento de descontração:
- Tia, a senhora pode cuidar das minhas bebês enquanto eu vou fazer umas compras?
Mas tem que dar comida pra elas. Elas só comem frutas e verduras!
Considerações finais
A proposta possibilitou uma vivência rica para as crianças, facilitando o
desenvolvimento de competências extremamente necessárias a esta faixa etária como, por
exemplo, o estabelecimento das relações pessoais e coletivas e o desenvolvimento da
criatividade e imaginação, por ser este um momento lúdico que foge à sua rotina, mas que
deveria ser mais valorizado pelos professores e abordado em seu planejamento, pois acredita-
se ser impossível pensar a Educação Infantil desligada do brincar, sendo urgente sua
contemplação diária no planejamento dos profissionais desta etapa de educação, que já é
garantida nos documentos oficiais, mas que na prática do lócus de pesquisa em questão, por
exemplo, não se configura como rotina.
A experiência vivida na brinquedoteca também foi de fundamental importância na
formação acadêmica, por se materializar num momento de grande relevância para a reflexão e
desenvolvimento de práticas significativas na Educação Infantil. Um espaço que propiciou o
exercício da observação no objetivo de entender como a criança estabelece suas relações
individuais e coletivas em espaços alheios a sua rotina.
Referências
BARBOZA, Letícia. VOLPINI, Maria Neli. O faz de conta: simbólico, representativo ou
imaginário. Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade, Bebedouro-SP, 2 (1): 1-12, 2015.
SILVA, Kátia Cristina Fernandes e; CRUZ, Rosimeire Costa de Andrade; CRUZ, Silvia
Helena Vieira. Práticas Pedagógicas na Educação Infantil / Kátia Cristina Fernandes e
Silva, Rosimeire Costa de Andrade e Cruz e Silvia Helena Vieira Cruz [organizadoras].
Fortaleza: Edições UFC, 2014
Resumo: O objetivo do artigo é verificar em que medida o uso da reportagem elaborada por estudantes como
tarefa didática pode promover momentos de estímulo ao imaginário, à emoção e à intuição do discente,
contribuindo para um ensino criativo, na perspectiva da transdisciplinaridade e da complexidade. Neste sentido,
analisa-se a reportagem como ferramenta pedagógica, produzida, apresentada e dirigida por discentes, sob
orientação docente, e suas alternativas de uso, na direção de um ensino criativo. Possibilidades educacionais são
verificadas no sentido da compreensão de estímulos a práticas pedagógicas que incentivem estudantes a se
interessarem pelas aulas e a realizarem espontânea e prazerosamente as tarefas propostas. Estabelece-se um
diálogo entre as áreas de Educação e de Comunicação, considerando técnicas e perspectivas de Jornalismo e seus
possíveis benefícios ao espaço escolar. Inicialmente, expõe-se sucintamente desafios da escola pública brasileira
no contexto tecnológico digital contemporâneo, verificando-se possibilidades de uso de dispositivos móveis
digitais para construção de reportagens. Em seguida, verifica-se a reportagem como instrumento didático,
buscando-se descobrir se esse gênero jornalístico configura-se como tarefa didática criativa, na perspectiva
transdisciplinar e complexa, rumo a um fazer pedagógico motivador, dinâmico e agradável.
Introdução
1
Universidade Estadual da Paraíba. http://lattes.cnpq.br/3695932045282949. [email protected]
2
NASCIMENTO, Rosângela Dias Carvalho do. A reportagem como instrumento didático: perspectivas e
possibilidades. João Pessoa: Ideia Editora, 2016.
Aproveitando sua experiência como orientadora de aprendizagem e jornalista, a autora
pontua acerca de reportagem produzida, apresentada e dirigida por discentes, sob orientação
docente. Em seguida, a pesquisa verifica em que medida este instrumento didático pode, em
conjunto com o uso de tecnologias digitais, sobretudo dispositivos móveis, contribuir para a
construção de um ensino criativo. O exame é feito no sentido de propor-se uma alternativa
metodológica capaz de promover aulas motivadoras, dinâmicas e agradáveis para o aluno.
3
NASCIMENTO, 2016, p. 33.
4
NÓVOA, António. La formación de professores de Educación Secundaria. Revista de educación. Nº 350,
Septiembre – Diciembre, 2009. Disponível em:
<http://www.revistaeducacion.educacion.es/re350/re350_09por.pdf>. Acesso em 04.jun.17.
5
NÓVOA, 2009.
reclamações por parte de professores que, decepcionados, queixam-se da desmotivação dos
estudantes durante as ministrações. Isto constitui um desafio e faz lembrar Nóvoa em suas
ponderações: “Hoje, todos os alunos estão na escola, mas nem todos têm acesso ao
conhecimento. Há muitos alunos que não querem aprender, que não têm qualquer projecto
escolar, e a escola encontra-se perdida perante esta realidade.” E amplia: “Não sabemos o que
fazer com estes alunos que não nos respeitam, para os quais a escola não tem sentido.”6
Nativos digitais que são, ressalte-se a preferência dos jovens pelos smartphones.7 No
entanto, embora os estudantes já possuam e tragam consigo essas tecnologias, muitas
instituições proíbem o seu uso em sala de aula, enquanto educadores queixam-se da
insuficiência de equipamentos de informática ou da inadequação de salas multimídia com
internet que atenda as demandas da escola pública. Quanto a isto, Costa e Suanno ponderam
que “o professor encontra-se muitas vezes coagido, apreensivo, inseguro em usar as
tecnologias em sala de aula, por não saber como usá-las adequadamente ou até algumas vezes
por falta de apoio dos colegas ou da escola e ainda pelo medo de ser discriminado.”8
Nesse contexto de desafios epistêmico-metodológicos, Nóvoa entrelaça conhecimento
e inteligência, mostrando a necessidade de uma pedagogia que permita a ligação recíproca de
saberes e que leve ao entendimento desses saberes: “A pedagogia do conhecimento é a
pedagogia da inteligência. Inteligência em que sentido? Não no sentido dos coeficientes de
inteligência mas no sentido etimológico da palavra inteligência.” Nesta direção, “o que quer
dizer inteligência? Quer dizer: inter legere, interligar. A capacidade de interligar, a
capacidade de dar sentido aos conhecimentos, a capacidade de conduzir o aluno a
compreender os conhecimentos.”9
Nóvoa insiste nesta necessidade didática, comentando sobre o conhecimento ruidoso e
aglomerado presente na internet, mostrando que é preciso intervir com mediações inteligentes
no sentido de uma aprendizagem ativa. Isto representa “a capacidade de pôr ordem no caos da
6
NÓVOA, António. Pedagogia: A Terceira Margem do Rio, 2011. p. 5. Disponível em
<http://www.iea.usp.br/pesquisa/conferencistas-internacionais/antonio-
novoa?searchterm=ARTIGO+DE+ANT%C3%93NIO+N%C3%93VOA>. Acesso em 09.06.17. p. 4.
7
NASCIMENTO, 2016, p. 83.
8
COSTA, Ana Carolina Fernandes da e SUANNO, Marílza Vanessa. O pensar complexo na educação: em busca
de uma cidade e uma escola sustentável. In: Fórum Internacional de Inovação e Criatividade (7.: 2015 :
Goiânia, GO) e Seminário da Rede Internacional de Escolas Criativas (2. : 2015 : Goiânia, GO) Anais do VII
Fórum Internacional de Inovação e Criatividade e II Seminário da Rede Internacional de Escolas Criativas, 03,
04 e 05 de setembro de 2015 / Marilza Vanessa Rosa Suanno (Org.). [et al.]. – Goiânia: Editora UFG, 2016. p.
270.
9
NÓVOA, António. Formar professores para o futuro. In: III Encontro PIBID UNESPAR. Produção do PIBID
UNESPAR em Matinhos e Paranaguá: 2014. Disponível em:
<http://www.pibidunespar.com.br/index.php/noticias/74-iii-encontro-pibid-unespar-antonio-novoa-conferencia-
formar-professores-para-o-futuro>. Acesso em 01.06.17.
internet, no mundo dessa teia, onde há de tudo: coisas verdadeiras, coisas falsas, coisas sem
sentido.” O autor prossegue, informando que “É esse o trabalho do professor e pra isso
precisamos de uma pedagogia radicalmente diferente daquela que ainda hoje subsiste nas
nossas escolas e nas nossas universidades.” Em outras palavras, para Nóvoa, “Uma pedagogia
da Inteligência, uma pedagogia da capacidade da apropriação, da capacidade da compreensão,
da capacidade de dar sentido às coisas e não uma pedagogia da mera transmissão passiva do
conhecimento.” Nóvoa, inclusive, adverte que “os conhecimentos estão lá todos no tablet,
estão lá todos no ipad. É preciso se trabalhar o que está dentro daquelas máquinas e não
acreditar que basta transmitir conhecimento de forma passiva.”10
Pensar um espaço escolar criativo está ligado, portanto, à valorização da teia que forma
os enredos didáticos e das interdependências aluno-professor-ambiente, como forma de
ressignificação deste processo. Em outros termos, “o desafio da pedagogia é o desafio da
inteligência, da interligação.” Assim, “O desafio da escola é o desafio das redes e das
relações, de dar sentido às redes e às relações e não apenas um espaço fixo onde acontecem
relações relativamente pobres e muitas vezes pouco interessantes.”11 Nóvoa amplia essa
questão, vinculando-a à dinâmica de uma pedagogia dialógica: “É por isto que o desafio da
escola, a revolução da escola é a capacidade de valorizar as redes. De valorizar uma
pedagogia das redes, que é uma pedagogia da comunicação e do diálogo.” E ainda:
“Comunicação e diálogo são as palavras-chave da pedagogia do movimento da escola
moderna, do Frenet, do Paulo Freire, do movimento dos grandes movimentos pedagógicos do
século 20, em que todos dissemos que era preciso fazer isso mas quase nunca fizemos”.12
Cumpre, ainda, dizer com Nóvoa que “É difícil não sermos contaminados por este
«discurso gasoso» que ocupa todo o espaço e que dificulta a emergência de modos
alternativos de pensar e de agir [...].” Entretanto, “é preciso fazer um esforço para manter a
lucidez e, sobretudo, para construir propostas educativas que nos façam sair deste círculo
vicioso [...].13
Como resultado do uso de metodologias e técnicas ineficazes, em diversos momentos o
ensino não se tem configurado como criativo. Em consequência, as tarefas didáticas propostas
aos aprendizes não despertam suficientemente sua curiosidade epistemológica, sua
necessidade de ir além na construção do conhecimento. Dito de outro modo, o modelo
tradicional não oferece tarefas que deem asas à imaginação do estudante, que lhe despertem a
10
NÓVOA, 2014.
11
NÓVOA, 2014.
12
NÓVOA, 2014.
13
NÓVOA, 2009.
aventura do saber e do criar e lhe permita saltos transdisciplinares. A propósito, “A
abordagem transdisciplinar propõe um ensino para a vida e pela vida, dentro de um enfoque
multicultural e eco-sistêmico, proporcionando à criança o acesso às fronteiras do
conhecimento que se revelam cada vez mais integradas [...].”14
Quanto às atividades didáticas, cabe ressaltar, portanto, a necessidade de propostas que
abram horizontes e propiciem ao aluno um contato maior com o objeto e o meio, que lhe
proporcione uma aprendizagem amplamente sensorial e cinestésica. Esta prática pedagógica
insere-se numa perspectiva da transversalidade e da complexidade, esta última entendida a
partir de um mundo plural e complexo, de partes que se relacionam entre si e com o todo.
Neste sentido, e na mira de questões epistemológicas, Ribeiro e Moraes sintetizam que os
fenômenos são orientados por uma dinâmica vigorosa, explicando que “o observador perturba
o objeto, que, por sua vez, perturba o sujeito observante.” E amplia: “Um abre uma brecha no
outro de tal forma que a existência de ambos nada mais é do que a manifestação de duas
emergências inseparáveis em suas relações, interações, em seus mais diferentes processos.”15
Desta forma, e à luz da perspectiva transdisciplinar e complexa, convida-se neste
artigo a pensar numa aprendizagem em que sujeito/objeto ou sujeito/meio influenciem-se em
interações, estejam em conexão vigorosa, não dicotomizados. Afinal, “no cerne da
transdisciplinaridade está a relação sujeito/objeto ou sujeito/meio, mas uma relação nutrida
por um dinamismo energético, informacional ou material [...].”16 Numa pedagogia que se
encaminha para uma aprendizagem dessa natureza, as informações e as entidades fluem,
sendo, ao que parece, mais facilmente compreendidas pelo sujeito aprendente.
Chega-se, assim, a algumas perguntas norteadoras: Que metodologia adotar no sentido
de despertar a curiosidade epistemológica do discente e seu desejo de aventurar-se no
conhecimento? Que pedagogia praticar para incentivar o estudante em direção à liberdade
epistemológica de ação e criação e a momentos transdisciplinares? Que caminhos didáticos
seguir para estímulos a leituras mais sensoriais do meio e a momentos didáticos mais
quinestésicos, lúdicos e prazerosos, que valorizem a intuição, a emoção e o imaginário do
discente?
14
JOSGRILBERT, Maria de Fátima Viegas et al. A educação infantil sob um olhar transdisciplinar. In:
SUANNO, Marilza Vanessa Rosa. [et al.]. (Org.). Fórum Internacional de Inovação e Criatividade (7. : 2015 :
Goiânia, GO) e Seminário da Rede Internacional de Escolas Criativas (2. : 2015 : Goiânia, GO). Anais do VII
Fórum Internacional de Inovação e Criatividade e II Seminário da Rede Internacional de Escolas Criativas, 03,
04 e 05 de setembro de 2015. Goiânia: Editora UFG, 2016. p. 14.
15
RIBEIRO, Olzeni Costa. MORAES, Maria Cândida. Criatividade em uma perspectiva transdisciplinar:
rompendo crenças, mitos e concepções. Brasília: Liber Livro, 2014. p. 247.
16
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 246.
Considerando a reportagem como alternativa metodológica no contexto da
transdisciplinaridade e da complexidade, formula-se uma pergunta central: O uso da
reportagem, elaborada por estudantes como tarefa didática, promoveria momentos de estímulo
ao imaginário, à emoção e à intuição do discente, contribuindo para um ensino criativo, na
perspectiva da transdisciplinaridade e da complexidade? O objetivo deste artigo é responder a
esta pergunta de pesquisa, verificando aportes teóricos que mostrem possibilidades da
reportagem no ambiente educativo, como ferramenta alinhada com práticas pedagógicas
capazes de mudar o perfil da aula apresentada, rumo à uma pedagogia inovadora.
17
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 247.
18
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 247.
19
WOODS, Peter. Aspectos Sociais da Criatividade do Professor. In: NÓVOA, António. (Org.). Profissão
Professor. Porto: Porto Editora, 1991. p. 133.
Gardner intui de forma parecida, ao abordar a emoção e a motivação como
componentes importantes em questões educacionais.20 De modo semelhante, Oliveira e
Alencar, a partir de Sternberg e de Lubart, comentam sobre a Teoria do Investimento em
Criatividade, mostrando que o processo criativo liga-se à uma conjugação de elementos
interconectados. Oliveira e Alencar afirmam que essa teoria “considera que a criatividade
provém de seis fatores distintos que se inter-relacionam e que não podem ser vistos
isoladamente: inteligência, estilos intelectuais, conhecimento, personalidade, motivação e
contexto ambiental.”21 Em outro momento elucidativo sobre qualidades do educador criativo,
as autoras partem de Torrance para pontuar que “é possível se ensinar a pensar criativamente,
utilizando-se vários meios, sendo que os de maior sucesso envolvem a função cognitiva e
emocional, possibilitam adequada estrutura e motivação e dão oportunidades para
envolvimento, prática e interação entre professores e alunos”.22
Em síntese, a criatividade brota numa dinâmica espontânea: o sujeito percebe,
raciocina, cogita, conjuga ideias, opera “sobre um objeto ou produto criativo.”23
Pensar criatividade sob o prisma da transversalidade e da complexidade é, portanto,
reconhecer que os diversos elementos que compõem um todo estão em relação, e “nenhuma
dessas dimensões funciona de modo isolado, autônomo, mas sempre de maneira
interdependente, relacional, interconectada [...]”.24 Nesse processo de criação, “o sujeito
criativo e o objeto criado estão profundamente implicados, acoplados e contextualizados.”25
Cabe considerar, sob a ótica transdisciplinar e complexa, que esse sujeito observador e
o mundo onde vive são plurais e complexos, que esse sujeito é pluridimensional, mescla razão
e emoção e deixa-se alcançar pelo imaginário que emerge e altera, pelas emoções que brotam,
pelas intuições que vêm à tona e dirigem-se ao objeto, “na tentativa de criá-lo ou de recriá-
lo.”26 Ribeiro e Moraes descrevem esse observador transdisciplinar e complexo, relacionando-
o com aquilo que o cerca, ressaltando-o como
Um sujeito que flui em sua experiência criativa, dependente das
circunstâncias nas quais se encontra inserido, circunstâncias essas potencializadoras
20
GARDNER, Howard. O verdadeiro, o belo e o bom: Os princípios básicos para uma nova educação. Rio de
Janeiro: Objetiva, 1999.
21
OLIVEIRA, Zélia Maria Freire. ALENCAR, Eunice Maria Lima Soriano. A criatividade faz a diferença na
escola: o professor e o ambiente criativos. Contrapontos - volume 8 - n.2 - p. 295-306 - Itajaí, mai/ago 2008.
Disponível em < http://siaiap32.univali.br/seer/index.php/rc/article/viewFile/954/810>. Acesso em 09.06.17.
22
OLIVEIRA e ALENCAR, 2008, p. 297.
23
RIBEIRO e MORAES, 20l4. p. 247.
24
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 247.
25
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 247.
26
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 247.
de um determinado campo energético, informacional ou material, que favorece o
desenvolvimento da atividade e a expressão da criatividade.27
Para reafirmar que a complexidade encontra-se no criar/gerar, Ribeiro e Moraes
partem de Morin para pontuar “que toda ação humana é ontologicamente complexa, ao se
mover nas incertezas das relações interdependentes.”28 Neste sentido, as autoras explicam que
acontece uma dialógica do sujeito consigo mesmo, com outros sujeitos e com o objeto criativo
e que este movimento de interlocução “favorece as relações criativas, as trocas, os
intercâmbios, as inter-retroações ocorrentes entre entidades físicas, químicas e psíquicas,
complexamente unidas nas estruturas organizacionais dos sistemas vivos.”29
Neste mesmo sentido, o pensamento de Restrepo sobre a valorização da dimensão
quinestésico-sensorial do discente parece também alinhar-se com a produção de um contexto
didático que favoreça a criatividade. O autor pondera que a visão e a audição tem prevalecido
nas práticas pedagógicas, negligenciando-se o uso do tato e do olfato, bem como dos
movimentos do aprendiz.30 Convém, portanto, pensar em tarefas que harmonizem uma
utilização mais ampla de corpo e mente, em direção à produção de um contexto que estimule
relações intersubjetivas e as interações presentes na teia existente entre sujeito observador e
objeto observado, já descrita.
Retoma-se Ribeiro e Moraes, para mostrar que, na perspectiva da transdisciplinaridade,
compreende-se o processo criativo “como a expressão de uma vivência de natureza complexa,
de um conhecimento de natureza transdisciplinar, que se materializa a partir das atividades
desenvolvidas e das relações emergentes.”31 Ribeiro e Moraes explicam que ao executar-se
uma tarefa de criação, pode surgir a necessidade de que conhecimentos de campos distintos
sejam trabalhados, levando o sujeito a reconectar pontos disciplinares da dialógica
empreendida com os objetos observados, “colocando-os em interação, buscando descobrir
potencialidades, convergências, divergências, em busca de um conhecer mais global,
integrado e abrangente.”32 O manejo do objeto, na atividade criativa, permitirá que se vá além
dos limites disciplinares e que se forme “um conhecimento diferenciado, um produto criativo,
percebido a partir de outro nível de realidade.”33
27
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 247-248.
28
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 248.
29
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 248.
30
RESTREPO, Luiz Carlos. Ética do amor. Tradução Carlos Diogo. Coimbra: Ariadne, 2004. p. 77-88.
31
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 249.
32
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 249.
33
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 249.
Neste sentido, o saber resultante do processo criativo amplia-se no intercâmbio e na
religação com outros conhecimentos. As autoras evidenciam que isso acontece ao
desenvolver-se uma tarefa “que exige certo esforço mental, concentração, atenção,
encadeamento de pensamentos racionais, intuitivos e imaginários que se dão em um
movimento de fruição, mediante esforço desenvolvido para o alcance dos objetivos ou das
metas almejadas.”34
Nessa dinâmica transdisciplinar verificada na interatuação do sujeito com o objeto,
novos dados, intuições e entendimentos emergem e fazem brotar saberes, “novas nuances ou
facetas do objeto vão sendo desveladas, percebidas, exploradas ou recriadas, ampliando-se,
assim, os níveis de consciência do sujeito transdisciplinar em relação ao que está
ocorrendo.”35 Nesta direção, convém lembrar Oliveira e Alencar que, a partir de
Csikszentmihalyi e suas análises sobre sistemas sociais, abordam a Perspectiva de Sistemas,
entendendo “a criatividade como um fenômeno que se constrói entre o criador e a sua
audiência, valendo-se da interação e gerando um ato, uma idéia ou um produto que modifica
um domínio já existente ou o transforma em um novo.”36 Ribeiro e Moraes esclarecem,
também, que “A qualidade do que ocorre entre os níveis de materialidade do objeto e os
níveis de percepção do sujeito [...] depende do conhecimento que se tenha acumulado ou
desenvolvido, depende das inspirações do sujeito transdisciplinar.”37
34
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 249.
35
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 249.
36
OLIVEIRA e ALENCAR, 2008, p. 296.
37
RIBEIRO e MORAES, 20l4, p. 249.
38
ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. 10 ed. (Coleção primeiros passos). São Paulo: Editora Brasiliense, 1995.
Primeira impressão: 1980. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/49390624/Rossi-Clovis-O-Que-e-
Jornalismo-Col-Primeiros-Passos>. Acesso em 15.05.16.
ao caráter envolvente e pitoresco da tarefa jornalística, com todas as possibilidades de
convencimento oferecidas pela palavra.
Cabe, em seguida, conceituar a reportagem, gênero jornalístico que, segundo
Charaudeau, “trata de um fenômeno social ou político, tentando explicá-lo”.39 O autor
identifica que ela “recorre a diversos tipos de roteirizações, utilizando os recursos
designativos, figurativos e visualizantes da imagem [...].”40 Campos, por sua vez, comenta, a
partir de Bakhtin, sobre a reportagem, ressaltando que ela “tem texto, mas também tem
legenda, fotografia, depoimento”.41
Convém lembrar que a reportagem, pelas suas especificidades, exerce fascínio sobre os
que se envolvem em sua elaboração. De fato, Nascimento reconhece, a partir de Pereira Filho,
o deslumbre contido nesse fazer jornalístico: “Aqui, o jornalista, mais livre de amarras
regulatórias e burocráticas, mantém-se em contato com uma prática que pode trazer [...] a
marca da ousadia, da incerteza e do perigo, possibilitando ao repórter vivenciar momentos
inesperados e surpreendentes”.42
39
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. Tradução de Ângela M. S. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2007.
p. 221.
40
CHARAUDEAU, 2007, p. 221.
41
CAMPOS, Maria Inês B. Os Gêneros do discurso. Programa realizado em 2011, no Bloco 2, pela UNIVESP
TV. Vídeo D-17 - PGM 05. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=mB3TwwXsbZg>. Acesso em
05.06.17.
42
NASCIMENTO, 2016, p. 67.
redor do discente. Ainda que proposta como atividade a ser feita na sala de aula, em outro
ambiente da escola ou fora dela, a construção de uma reportagem propicia um contato maior
com pessoas e objetos constitutivos do espaço ocupado por aquele/s envolvido/s na tarefa
didática. Em outros termos, o discente terá a sua frente pessoas e objetos dele conhecidos, ou
não conhecidos, mas que ele pode reconhecer como pares seus, com quem pode interagir e
trabalhar, no processo de criação da reportagem. É neste contexto que a reportagem insere-se,
pois, pela natureza do próprio fazer jornalístico, ela requer criatividade por parte daquele que
a produz, na medida em que há a necessidade de coleta e observação cuidadosa da realidade,
para elaboração e compartilhamento de informações junto ao público.
Cabe considerar que a importância deste contato mais direto do aprendiz com o
ambiente pode ampliar-se quando a realização da reportagem sai dos limites da escola e
explora outros ambientes, intramuros ou extramuros. Diferenciando-se de outras tarefas, a
reportagem, ao permitir ao discente uma variedade de roteiros, a presença de imagens
estáticas ou em movimento, de textos, de sonoras, de depoimentos e de entrevistas, propicia
ao estudante mergulhar na situação com um amplo leque de possibilidades didáticas a
explorar na realização de seu trabalho. Essa imersão no ambiente dar-lhe-á liberdade de ação,
criação e recriação, tanto pela possibilidade ampliada de escolher o caminho didático a seguir
como pela materialização de uma tarefa que coloca sujeito, objeto e processo de criação frente
a frente em sua inseparabilidade e interdependência deixando fluir as forças presentes na rede
de interações entre eles.
Os fenômenos de ordem sociocultural, biológica, psicológica e/ou espiritual que essa
rede associa encontram-se no processo criativo vivenciado naquele momento didático, pois
este acontece no espaço escolar do discente ou, quando fora dele, ocorre geralmente no bairro,
cidade ou estado do estudante, em contato com sua concretude social, com suas raízes,
convergências e divergências, formalidades e informalidades. Este tipo de tarefa, como se vê,
permite uma melhor percepção da informação e das entidades materiais que cercam o
aprendiz, permitindo-lhe uma vivência sociocultural e emocional maior, por imergir em dados
e fatos concretos e por sentir-se “repórter”, com tudo que isto representa em termos de
fascínio, surpresas, ousadias e prazeres.
Em outros termos, pode-se dizer que a realização da reportagem ajuda o sujeito
observador, no caso, o estudante, em seu processo criativo, como tarefa que o estimula a
pensar, combinar ideias, perceber partes e todo em suas interações e interdependências, numa
situação ricamente contextualizada e contextualizadora. Este cenário didático permite também
o aproveitamento de experiências culturais do discente e o intercâmbio dessas com outros
aprendizes, além de propiciar, com mais força, fluxos de razão, emoção, imaginação, intuição
e sensibilidade. Estas combinações favorecem a capacidade de (re)ligar saberes e de superar
limites disciplinares, conduzindo positivamente o estudante a realidades plurais, complexas e
transdisciplinares, além de estimulá-lo criativamente em direção à uma aprendizagem
prazerosa e dinâmica.
Cabe, finalmente, registrar que a proposta da reportagem como ferramenta pedagógica,
nos moldes em que é aqui apresentada, pode ser aplicada de forma muito simples como tarefa
escolar. Assim entendida, a sugestão não tem pretensão de ser uma ideia encerrada e
apresenta-se como ideia metodológica que os professores podem usar alternativamente, por
duas razões fundamentais. Primeiro, porque grande parte dos estudantes trazem consigo
celulares multifuncionais ou outro dispositivo móvel capaz de filmar, realizar sonoras,
fotografar, etc. Segundo, porque a proposta prevê a elaboração de reportagem produzida,
apresentada e dirigida por estudantes, sob orientação do professor, no espaço da sala de aula
ou fora dele, dependendo das possibilidades oferecidas pelo ambiente escolar e pelos próprios
docente e discente.
A ideia é, portanto, começar pela sala de aula, entendendo que a reportagem produzida,
apresentada e dirigida por discentes, sob orientação docente, não precisa ter o rigor da técnica
requerida na prática jornalística como profissão. Deverá ser produzida com os recursos já
disponíveis em termos de tempo, espaço e materiais, para depois, se for o caso, lançar-se a
projetos de reportagem maiores, conforme as possibilidades dos envolvidos na tarefa didática.
Não é necessário o uso de internet e de sala multimídia, nem de profissionais experientes em
informática: aproveitam-se os estudantes e seus dispositivos móveis, com os quais os jovens
já estão familiarizados. Vale lembrar que “o emprego dos equipamentos, mais que requerer
regra e equilíbrio, pede uma revisão de posturas e de métodos pedagógicos que, embora
tradicionalmente vivenciados, podem estar na contramão do processo educativo.”43
Considerações Finais
A partir da análise do cenário educativo brasileiro, constata-se a existência de desafios
pedagógicos no âmbito da escola pública, entre os quais a presença de métodos de ensino
superados. Percebe-se, diante disso, a necessidade de intervenção no sentido de aprimorar
práticas pedagógicas que possam despertar o interesse do discente. O uso indevido e não
didático de celulares tem agravado esta situação, o que tem levado muitas escolas a proibirem
43
NASCIMENTO, 2016, p. 84.
tais aparelhos na sala de aula. Descobre-se, em sentido contrário, a necessidade de uso
equilibrado da tecnologia digital, aí incluídos os dispositivos móveis, no sentido de uma
metodologia e de uma aprendizagem ativas que encaminhem o discente em direção à
interligação de saberes e à compreensão, através de uma pedagogia dialógica.
A pesquisa, ao verificar o ensino criativo na perspectiva da transdisciplinaridade e da
complexidade, revelou que a criatividade é estimulada quando se valorizam as interações
intersubjetivas e outras existentes na teia que compõe o mundo plural e complexo, formado
por partes que se relacionam entre si e com o todo. No contexto específico da escola,
descobre-se que uma pedagogia criativa sob a ótica transdisciplinar e complexa é aquela que
valoriza a teia de relações entre sujeito observador e objeto observado, e que uma tarefa
didática criativa é aquela em que sujeito/objeto ou sujeito/meio influenciam-se em interações.
Observando-se sujeito, objeto e processo de criação como itens inseparáveis e
interdependentes, influenciados por uma rede energética no sentido da construção do produto
criativo, percebe-se que a reportagem produzida, apresentada e dirigida por discentes como
tarefa didática pode representar um ensino criativo. Esta percepção é feita a partir da análise
da reportagem como atividade didática geradora de um contato amplo do sujeito com o
ambiente a sua volta e como tarefa capaz de mobilizar equilibradamente a dimensão
quinestésico-sensorial do discente, levando-o a maiores níveis de interação e percepção, que
lhe permitem superar os limites da disciplina. Neste sentido, descobre-se, finalmente, que o
uso pedagógico da reportagem, ao instigar momentos didáticos de incentivo ao imaginário, à
emoção e à intuição do discente, colabora na construção de um ensino criativo, sob o prisma
da transdisciplinaridade e da complexidade, sendo capaz de produzir uma aula mais dinâmica
e motivadora para professores e estudantes.
REFERÊNCIAS
GARDNER, Howard. O verdadeiro, o belo e o bom: Os princípios básicos para uma nova
educação. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.
______, António. Formar professores para o futuro. In: III Encontro PIBID UNESPAR.
Produção do PIBID UNESPAR em Matinhos e Paranaguá: 2014. Disponível em:
<http://www.pibidunespar.com.br/index.php/noticias/74-iii-encontro-pibid-unespar-antonio-
novoa-conferencia-formar-professores-para-o-futuro>. Acesso em 01.06.17.
OLIVEIRA, Zélia Maria Freire. ALENCAR, Eunice Maria Lima Soriano. A criatividade faz
a diferença na escola: o professor e o ambiente criativos. Contrapontos - volume 8 - n.2 - p.
295-306 - Itajaí, mai/ago 2008. Disponível em <
http://siaiap32.univali.br/seer/index.php/rc/article/viewFile/954/810>. Acesso em 09.06.17.
RESTREPO, Luiz Carlos. Ética do amor. Tradução Carlos Diogo. Coimbra: Ariadne, 2004.
ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. 10 ed. (Coleção primeiros passos). São Paulo: Editora
Brasiliense, 1995. Primeira impressão: 1980. Disponível em:
<https://pt.scribd.com/doc/49390624/Rossi-Clovis-O-Que-e-Jornalismo-Col-Primeiros-
Passos.> Acesso em 15.05.16.
Sala 4.2
Resumo: Este artigo pretende apresentar uma analogia entre a abordagem satírica de Jonathan Swift em As
Viagens de Gulliver na ilha voadora de Lapúcia com relação às práticas acadêmicas e a teoria da complexidade
postulada por Edgar Morin. Pretende-se destacar como eventos ocorridos na obra se consumam na necessidade
de uma visão holística ou integral do fazer pedagógico. Inicia-se com uma exemplificalçao da teoria dos sistemas
e da complexidade e, traça-se um vislumbre da trajetória histórica dos paradigmas e sua influência nos modos de
pensar de uma época segmentarista e isolacionista dos conhecimentos. A partir daí, recorre-se à discussão de
como o paradigma se estabelece nos modos de pensar o indivíduo, para então, tratar-se das suas consequências.
Depois disso, apresentam-se vínculos entre a cosmovisão Medieval e as práticas inquisitórias. Na sequência,
discutem-se os aspectos dominante, residual e emergente no contexto das ações e comportamentos dos
indivíduos. Dados estes passos, apresenta-se o autor Jonathan Swift e sua obra como uma antecipação dos pontos
de vista apresentados na teoria da complexidade. A peroração se dá com a análise dos paralelos entre os
problemas da universidade esboçados por Swift ( 2004) e por Morin (2008) sobre a inconsistência da
compartimentação dos saberes e a necessidade de uma abordagem segundo o paradigma interdisciplinar
complexo e emergente para a humanização e modernização do saber.
Abstract: This article aims to present an analogy between the Jonathan Swift's satiric approach on The
Gulliver's travels on the flying island of Laputa in relation with the academic practices and the complexity theory
postulated by Edgard Morin (2008). It intends to evidence how the events happened in the story are concerned
with the holistic and integral vision of the pedagogical making. It starts with a system and complexity theory
example and draws a glimpse of the historic trajectory of paradigms and their influence in the ways of thinking
on a period of dividing and isolating knowledge. From there on, it discuss about how a paradigm can establish
ways of thinking in individuals, and then it treats about its consequences. After that, the article shows vision
links between the medieval paradigm and the inquisitor practices. In the sequence, the dominant, residual and
emergent aspects in the context of behavior and action of individuals are discussed. On these steps, it introduces
the author Jonathan Swift and his book as an anticipation of the Morin's points of view on the complexity theory.
To finish it analyses the parallels between the problem of the university portrayed by Swift (2004) and by Morin
(2008) about the inconsistency of the knowledge compartmentalization and the need of an approach according to
an interdisciplinary, complex and emergent paradigm in order to make possible the knowledge humanization and
modernization.
1
Doutorando em Linguística pela UFT - Universidade Federal Tocantins. Professor de Língua Inglesa no
IFMA - Instituto Federal do Maranhão. Aluno da Profa Dra. Maria José de Pinho - UFT, ministrante da matéria
Interdisiplinaridade na UFT.
1. Introdução
"Você pode juntar um punhado de minúsculos cristais de sílica acumulado por milhares de
anos pelas ondas, use suas mãos, e molde um castelo de areia. As forças físicas governam
como cada partícula deve interagir com suas vizinhas, mantendo o castelo unido até, pelo
menos que a força de um pé apareça. (...) Há um tipo espantoso de sinergia entre as partes".
(CHRISTAKIS, 2011).
Em essência, entende-se que as proposições de Morin ( 2008), no que concerne à
teoria da complexidade, fundamentam-se nas bases da teoria dos sistemas.
2. Pressupostos teóricos
O homem que a educação deve realizar em cada um de nós, não é o homem que a
natureza fez, mas o homem que a sociedade quer que ele seja; e ela o quer conforme o
reclame a sua economia interna, o seu equilíbrio. (DURKHEIM, 1978, p. 115).
Nessa mesma linha de pensamento, Morin (2006, p. 10) adverte que paradigmas são
"princípios ocultos que governam nossa visão das coisas e do mundo sem que tenhamos
consciência disso". Também Marcuschi (2007, p. 83) defende que " cultura, sociedade e
cognição estão na base de toda nossa capacidade de pensar e dizer o mundo", (negrito meu) e,
Bourdieu (2005) fala em "internalizações implícitas", usando expressões como: "esquemas de
pensamento insconsciente", "internalizações não explicitadas" e "afinidades subterrâneas"
para caracterizar o que pode ser entendido como paradigma de uma época.
Nessa perspectiva, Bakhtin (2006, p. 47) diz que "a consciência constitui um fato
sócio-ideológico" e que "os processos que determinam o conteúdo do psiquismo não se
desenvolvem no organismo, mas fora dele", dessa forma, " os fatores sociais determinam a
vida concreta de um dado indivíduo, nas condições do meio social." Também assim
acreditaWilliams (1979) quando declara que: "A sociedade não é apenas a casca morta que
limita a realização social e individual. É sempre um processo constitutivo com pressões
muito poderosas que sãointernalizadas e se tornam vontades individuais."
(WILLIAMS,1979, p. 91)
Além de entender a força que o paradigma exerce nos modos de ver o mundo, urge
também perceber que cada paradigma traz consequências inexoráveis.
Souza (2009) expõe alguns acarretamentos oriundos de paradigmas ao contrastar as
sociedades medieval e a antropocentrista:
" Para o homem medieval, tudo na realidade era sagrado, pois havia sido criado por Deus e
cabia ao homem contemplar e compreender a harmonia existente no Universo. Essa foi
também uma época de muita repressão, de respeito cego às autoridades religiosas, e como
consequência, quase não houve inovações em termos científicos. (SOUZA, 2009, p.3) (Itálicos
meus).
1. " Qualquer um que tentar ter uma visão pessoal de Deus que conflite com os dogmas da
igreja deve ser queimado sem piedade." (MUNOZ, 2012).
2. " Nunca pergunte... mas enterre sua espada na barriga do homem tanto quanto ela puder
ir." (LEA, 2012).
3. " Não deve haver demora; mas à menor suspeita, medidas rigorosas devem ser tomadas
rapidamente. Em segundo lugar, nenhuma consideração deve ser mostrada a qualquer
príncipe ou prelado, ainda que alta sua posição. Em terceiro lugar, extrema severidade
deve ser exercida contra aqueles que tentam abrigar-se sob a proteção de qualquer
potestade, e em quarto, nenhum homem deve diminuir-se por mostrar tolerância."
(AMOIA, 2012).
4. " Com relação aos hereges, dois pontos devem ser observados: um, de seu próprio lado; o
outro, do lado da igreja. De seu próprio lado há o pecado, pelo que merecem não somente
ser separados da igreja pela excomunhão, mas também serem ceifados do mundo por meio
da morte. Pois é assunto muito mais grave corromper a fé do que falsificar dinheiro, que
sustenta a vida temporal. Se os falsificadores de dinheiro e outros malfeitores são
condenados à morte pela autoridade secular, muito mais razão há para os hereges, tão logo
estejam convictos da heresia, sejam não só excomungados mas também postos à morte."
(AQUINO, 2006).
5.
No entanto, elas são de (1) o Papa Inocêncio III, (2) o inquiridor Bernardus Guidonis,
que é o autor do livro Practica Inquisitionis, (3) o cardeal Giovanni Caraffa e (4) Tomás de
Aquino.
Uma das consequências e repressão de que fala Souza (2009) foi o tribunal da igreja
Católica responsável pela investigação e punição de supostas heresias chamado de Tribunal
da Inquisição. Ele era caracterizado pela severidade no questionamento e punição, bem como,
pela ausência de direitos ao acusado.2
Durante a Idade Média, a inquisição derramou muito sangue, como o de John Brown,
que teve seus pés assados antes de ser amarrado à estaca, Helen Stark que foi sentenciada a
ser amarrada junto com seu bebê em um saco, sendo depois ambos afogados, ou Billy Fetty,
de oito anos de idade, que foi morto a cacetadas por haver demonstrado simpatia para com
seu pai, enquanto, por duas semanas, havia ficado suspenso por uma perna e um braço.
(FOXE, 1847).
Para a época, havia sofisticados aparelhos de causar dor e tinham a inscrição: "Glória
só a Deus".
Nas câmaras de tortura, podiam ser muito persasivos. Por exemplo, a Cadeira
Inquisicional era coberta por espetos afiados no encosto, nos braços e no assento. Essa cadeira,
exibida no museu de san Gimignano, tem 1300 espetos. Outro instrumento era o Garfo de
Hereges e consistia de dois pequenos garfos forjados um contra o outro, tendo quatro pontas
para espetar a carne sob o queixo e acima do peito. Um pequeno colar prendia o instrumento
de maneira que a vítima era forçada a manter a cabeça ereta e sem movimento. Esse garfo não
penetrava em pontos vitais, dessa forma o sofrimento era prolongado e a morte evitada.
2 .
https//www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/History/Inquisition.html acesso em 02/05/2014.
Outro instrumento era a Pera da Angústia, um instrumento em forma de pera
composto e quatro folhas que se abriam lentamente à medida em que uma espécie de parafuso
interno era desrosqueado. Era usado para torturar mulheres, supostos mentirosos, blasfemos e
homossexuais. A pera era inserida em um dos orifícios da vítima - vagina, ânus ou boca - a
fim de deslocar ossos, distender músculos, e dilacerar a carne daqueles que não seguissem o
paradigma medieval.
Muitos ditadores na história parecem ter seguido o paradigma da argumentação de
Aquino ( 2006 ) como Idris Naim Sahin, ministro do interior da Turquia em 2011:
"Liberdade... de que liberdade vocês estão falando? Então não reclamem quando
forem presos. Se do lado de fora não há liberdade, aí dentro não é diferente. O fato de
vocês reclamarem significa que há liberdade do lado de fora... Ao destruir vocês, bem
como aquilo ou quem faz vocês falarem, estamos tentando libertar vocês, assim como
as suas estruturas, os separatistas e suas ramificações. É por isso que estamos fazendo,
um trabalho muito profundo, muito sofisticado".3
"Ele afirmou que a polícia turca estava prendendo milhares de membros do Partido da
Paz e da Democracia, sem evidência e sem julgamento, ‘para convencê-los de que, na
verdade eles eram livres antes de serem presos'. Sua primeira premissa é simples: se
afirmamos que não existe liberdade em nossa sociedade, então não protestemos
quando formos privados dela, posto que não podemos ser privados daquilo que não
temos. Portanto, quando a polícia nos prende e nos destroi, ela está nos libertando de
nossa escravidão auto-imposta. Assim, prender rebeldes suspeitos e torturá-los torna-
se um trabalho muito profundo, muito sofisticado."(ZIZEK, 2012, Cap. 6).
3
http://birgun.net/politics_index.php?news_code=1328479811&year=2012&month=02&day=06> em turco.
se é natural ao mais forte sobreviver e devorar ao mais fraco, então, Hitler, ao invés de
genocida, não seria apenas mais uma vítima do paradigma? O egoísmo, a falta de
solidariedade, o individualismo e a devastação ambiental não seriam naturais também? Claro
que não.
Aparentemente torna-se bastante cômoda a ideia de que, se os indivíduos são fruto da
formulação social e que seus pontos de vista, modo de pensar, juízos de valor e arbítrios são
cunhados em uma bitola também feita pelo social, então, não restariam responsabilidades para
o indivíduo diante de suas escolhas e ações. Poder-se-ia facilmente afirmar que o espírito da
época é que é o responsável supremo pelos erros ou acertos, crimes ou benfeitorias, guerras
ou acordos de paz. Isso inocentaria a todos, e faria da humanidade toda um bando de bonecos
programados para funcionar dentro da saga determinista ficcional de matrix. Talvez, esse era
o sentimento percebido por Fiódor Dostoiévski em seus companheiros na prisão na Sibéria
onde ficara preso na década de 1840 por subversão ao afirmar: "No periodo de vários anos,
nunca vi sinal algum de arrependimento entre essas pessoas, e nenhum vestígio de
pensamento triste em relação a seus crimes, e a maioria delas no íntimo se considerava
absolutamente certa." (FRANK, 1999 )
Não se pode ignorar que há imanentemente na estrutura do pensamento humano um
tino ou consciência primordial questionadora do espírito da época. Assim como nos estudos
de Freud (1856-1939) e Lacan (1901-1981), asserta-se que há um Id, Ego e Superego a
contrabancear as decisões do indivíduo, é, portanto, de se supor que tal também se dê na
esfera das percepções de costumes e status quo sociais da época discrepantes com o ideal,
caso contrário a sociedade estaria fadada à estagnação produzindo uma história cíclica, que
repetiria seus erros do passado em outros contextos, porém sem progresso algum.
Há no entanto, outros pontos-de-vista no que concerne à estrutura orgânica da história:
a retilínea e a espiral.
Em oposição à cíclica, a concepção retilínea da história advoga um desenvolvimento
constante sem a repetição dos erros do passado ainda que sob circunstâncias semelhantes,
todavia, as rescindivas depõem contra essa visão. A espiral entende que a história das
sociedades é uma espiral. Para esta escola, a sociedade repete seus erros porém aprende com
eles e avança na reconfiguração de seus paradigmas. No que diz respeito a esse avaço,
Luckesi (2003) numera seus elementos básicos que compõem um novo paradigma:
sentimento, movimento e pensamento.
Thompson e William (1979) tratam desse movimento no estudo das artes, e como o
sentimento de uma época se desloca de seu aspecto dominante para o residual e emergente
sendo construído, resignificado, e veiculado no sentido de fugir da cela do pensamento, e
concluem que o artista normalmente vislumbra mais facilmente o emergente e opta por ele.
Um desses artistas que vislumbram o emergente, foi Jonathan Swift que, ao publicar
em 1776 o livro As Viagens de Gulliver, antecipa um vislumbre da teoria da complexidade
criticando, por meio da sátira, o paradigma da academia, que há na ilha voadora de Lapúcia,
onde tudo é teoria e nada prática; onde ocorre um verdadeiro exemplo do que Capra (1997)
chama de "a visão reducionista, fregmentada e simplificada do mundo acadêmico que não
expressa a unidade e diversidade existente no todo". (CAPRA, 1997, p.1). isso era uma
referência à Royal Society fundada em 1660.
Embora a obra As Viagens de Gulliver atualmente seja considerada literatura infanto-
juvenil dada sua característica de fábula ou aventura fantástica, na verdade Swift revela para
seu amigo Alexander Pope que não suportava crianças e que escreveu com a pretenção de
agredir o mundo e não diverti-lo.
Jonathan Swift nasceu na cidade de Dublin, Irlanda, em 1667. Sua mãe custeou os
seus estudos com a ajuda dos cunhados até que se formasse em Artes no Trinity College em
1686. Aos 21 anos, mudou-se para Londres, onde foi o secretário do diplomata Sir William
Temple, um aparentado. Em 1694 doutorou-se em Teologia pela Universidade de Oxford.
Dois anos depois, escreveu O Conto do Tonel criticando a vida religiosa. Sua concepção de
que a estupidez humana é responsável pelas malezas sociais caracterizou suas obras ou
ensaios satíricos. Em 1736, adoece de surdez, e talvez tenha sofrido de Alzheimer ou
Síndrome de Ménière, e faleceu em 1745.
A sátira de Jonathan Swift critica e ridiculariza os vícios e defeitos da sociedade. Isso
não deixou de fora ao paradigma seguido pela ciência na época. Pode-se perceber que Swift
foge da cela do pensamento paradigmático da época quando se atina ao que Orwell (2005)
declara sobre ele: "É um anarquista conservador, que desdenha a autoridade ao mesmo tempo
que não crê na liberdade,que preserva o ponto de vista aristocrático ao mesmo tempo que
percebe claramente que a aristocracia existente é degenerada e desprezível." (ORWELL,
2005, p.210).
O protagonista e narrador de As Viagens de Gulliver é o Dr. Lemuel Gulliver. Ele
sempre destacava a veracidade do enredo de suas viagens de navio a terras exóticas.
Ao estilo das narrativas inglesas na época como As Aventuras de Robinson Cruzoé,
explorava-se a curiosidade pelo além mar porque a Inglaterra passava por seu momento de
expansão marítima e de novas descobertas geográficas.
O relato inicia-se com a chegada como náufrago nas terras de Lilliput, país de homens
pequeninos, com poucas polegadas, subalternos a um regime monárquico. À princípio, fora
tratado como uma arma de guerra enviada pela nação inimiga. Tendo sido amarrado e
alfinetado por flechas inofensivas, fora levado ao palácio para encontrar-se com o rei.
"Dormi durante nove horas seguidas. Ao cabo desse tempo, acordei, tentei
levantar-me, mas em vão o fiz. Vi-me deitado de costas, notando também que as
pernas e os braços estavam presos ao chão, assim como os cabelos. Cheguei a
observar que muitos cordões delgadíssimos me rodeavam o corpo, das axilas às coxas.
Qual não foi o meu espanto quando enxerguei uma figurinha humana que pouco mais
teria de seis polegadas, empunhando um arco e uma flecha, e com uma aljava às
costas! Quase ao mesmo tempo os meus olhos viram mais uns quarenta da mesma
espécie." (SWIFT, 2004, p. 15)
" ...se dirigiram para a minha boca, carregados de cestos cheios de viandas. Notei que
havia carnes de diversos animais, mas não pude distingui-las pelo sabor. Eram quartos
parecidos com os de carneiro, e magnificamente preparados, mas menores do que as
asas de uma cotovia; enguli-os aos dois e aos três com seis pães. Fazendo-lhes um
outro sinal para lhes dar a entender que me faltava de beber, levantaram com muita
agilidade um dos maiores tonéis de vinho que possuíam, vieram-no rolando até a
minha mão e destaparam-no. Bebi-o de um trago e com grande prazer. Pouco depois
ouvi uma aclamação geral com freqüentes repetições das palavras: Peplom Selan, e
senti ao lado esquerdo muita gente alargando-me os cordões, de tal maneira que me
encontrei em estado de me voltar e de satisfazer o desejo de urinar, função que efetuei
com grande admiração do povo que, adivinhando o que ia fazer, fugiu
impetuosamente para a direita e para a esquerda, a fim de evitar o dilúvio." (SWIFT,
2004, 19)
Ao ser apresentado para o rei, chamou-o de Majestade, o que o agradou por evidenciar
seu respeito e consideração apesar da nítida diferença de tamanho.
A segunda viagem de Gulliver foi para a terra de Brobdingnag, onde agora, ao
contrário de Lillipt, todos eram gigantes como instituições, e passou a ser um bobo da corte.
Dali, segue para Lapúcia, a ilha voadora, onde este artigo se deterá com o finco de
evidenciar a analogia entre as críticas de Swift e de Edgard Morin quanto aos paradigmas
compartimentalistas da ciência, e a prévia idealização da Teoria da Complexidade no Capítulo
Terceiro da obra As viagens de Gulliver.
O navio Boa Esperança, onde Gulliver estava, singrava lentamente pelo peso da carga,
e fora tomado por piratas. Um deles parecia holandês e disse que iria arremetê-los ao mar.
Levando-se em conta que Gulliver falava bem o holandês, apelou ao fato de serem ingleses,
cristãos reformados e aliados e pediu-lhe a intercessão junto ao capitão. Isso deixou o pirata
mais agressivo ainda.
O capitão de um dos navios piratas era japonês e, em escasso holandês afirmou que
iria garantir-lhes a vida. Gulliver admirou-se com a maior humanidade do suposto pagão que
do cristão.
"... assegurou-me que nos pouparia a vida. Fiz-lhe um grande cumprimento e,
virando-me, então, para o holandês, disse-lhe que estava bastante admirado de ter
encontrado mais humanidade num idólatra do que num cristão. Em breve, porém, tive
de me arrepender das palavras que proferira, porque esse miserável réprobo, tendo
tentado em vão persuadir os dois capitães a que me lançassem ao mar, obteve que
fosse ainda mais rigorosamente tratado do que se me matassem.". (SWIFT, 2004, 133).
1. "No dia seguinte, fiz-me de rumo para outra ilha e depois para uma terceira e
para uma quarta, servindo-me às vezes dos remos; mas, para não maçar o leitor,
direi apenas que ao cabo de cinco dias atingi a última ilha que vira, e que ficava
ao sudoeste da primeira. Esta ilha estava mais afastada do que eu imaginava e só
pude chegar lá passadas cinco horas." (SWIFT, 2004, p. 134).
2. "O leitor talvez tome esta narrativa por um caso europeu, ou mesmo inglês."
( p.143)
3. "...rochedos altos (porque os há neste país, assim como em Inglaterra, perto das
grandes cidades que foram expressamente construídas junto dessas rochas, para se
preservarem das cóleras régias). (p. 146)
4. "Na manhã do dia seguinte àquele em que cheguei, Munodi fez-me entrar no seu
coche para me mostrar a cidade, que é grande como meia Londres." (p.148)
5. "Não é difícil, porém, provar que esses dois antigos Yahus eram oriundos da
Inglaterra; certos traços dos seus descendentes, certas tendências, certas maneiras
o fazem pressupor." (p.267)
Naquele lugar, Gulliver diz estar em um lugar o dia estava ensolarado e que derrepente,
uma sombra encobre o sol como se passesse uma enorme nuvem. Porém tratava-se de uma
ilha voadora, e que, naturalmente causou-lhe estranhesa. Tratava-se da ilha voadora de
Lapúcia.
"De repente, porém, escureceu de maneira diferente do que costuma acontecer quando
passa uma nuvem. Voltei-me para o sol e vi um grande corpo opaco e móvel entre
mim e o astro. O leitor não pode imaginar a estupefação que me causou a vista
daquela espécie de ilha aérea, habitada por homens que tinham a arte e o poder de a
levantar, de a baixar e de a fazer andar à sua vontade."
(SWIFT , 2004, p.135).
É fato notado por Gulliver que a Arte e o conhecimento são uma espécie de poder
capaz de mover, erguer e ou baixar um país ou a sociedade, porém, pode também obscurecer
ao mais nítido sol do conhecimento. Isso quando o conhecimento se torna contra si mesmo,
ou se interpõe à luz. Alguns métodos e metodolgias pareciam ridículos como "sobre o terraço
mais baixo, vi muitos homens que pescavam aves à linha e outros que olhavam" (SWIFT,
2004, p.136). Torna-se claro, desde o início, que duas classes de pessoas se fazem presentes
nessa ilha, um grupo de práticos que moravam na parte inferior da ilha, "... mais
baixo...pescavam", e outros que eram contemplativos, "e outros que olhavam".
O trecho "Reparei, então, nuns seis homens que subiam apressadamente ao cume da
ilha, e supus que fossem enviados a algumas pessoas de autoridade para receberem ordens
(p.136), faz inferir que quanto mais alto na ilha, maior autoridade. No entanto, era tanto maior
também o estado de alienação e inerte contemplação.
Nessa ilha voadora, havia criados portando uma espécie de mastro com bexigas na
ponta, e batiam em seus senhores de tempos em tempos nos olhos ou na boca para de maneira
inofensiva acorda-los de suas introspecções e alheiamento. Os senhores dessa ilha estavam
sempre abosortos em si mesmos e em seus pensamentos. Sua inteligência era tão distraída que
não era uma inteligência social. Estavam sempre em devaneios, pensando em hipóteses que
seus servos frequentemente tinham que alvejá-los com o intrumento de bexiga para que não
estivessem em perigo de cair ou se ferir pela desatenção. No cume da ilha ficava o rei. O mais
teórico que merecia distinção: "Fizeram-me subir ao cume da ilha e entrar no palácio do rei, onde vi Sua
Majestade num trono, cercado de personagens da primeira distinção." (p.138).
Chama a atenção que as roupas dos ilustres de Lapúcia eram estampadas com figuras
de corpos celestes, (por sua admiração às ciências astronômicas) e instrumentos musicais. O
jantar era composto por alimentos geometricamente cortados e até seus galanteios eram
trigonométricos. Nessa perspectiva, afigura-se um mundo matemático. Já se mencionou que
Comte (1798 - 1857) dividiu o conhecimento em seis ciências distintas entre si: a Astronomia,
Química, Física, Filosofia, Física Social e a Matemática. Para ele, esta última ciência era
superior dado seu patrocínio à abstratação. Caracteristica muito estimada em Lapúcia.
"As suas roupas eram semeadas de figuras do sol, da lua e das estrelas e cheios de
rabecas, de flautas, de harpas, de trombetas, de guitarras, de alaúdes e de muitos
outros instrumentos musicais desconhecidos na Europa."(p.137).
"Na manhã seguinte compareceu um alfaiate, que me tirou medidas. Os alfaiates dessa
região exercem o seu mister de maneira diferente da dos outros países da Europa.
Tirou primeiramente medida da altura do meu corpo com um quadrante e depois com
régua e compasso, tendo medido a circunferência e toda a proporção dos membros
superiores, fez o cálculo em um papel e, ao fim de seis dias, trouxe-me uma roupa
muito mal feita; desculpou-se, dizendo-me que tivera a infelicidade de enganar-se
nos cálculos."(p.139) "As casas eram pessimamente construídas; e a razão é que
nesse país se despreza a geometria prática como uma coisa vulgar e mecânica."
(p.140).
Como visto acima, a teorização dissociada da prática era modelo em Lapúcia e todos
que eram hábeis em ciências práticas ou reais, bem como aqueles cujas habilidades
intelectuais não fossem do macrocampo da matemática, tão valorizada naquele contexto, eram
tidos como ignorantes ou estúpidos, negando-se a eles a dignidade de falar ou de serem
ouvidos.
"Alguns dias depois, desejei ver a academia dos sistemas e Sua Excelência quis ter a
amabilidade de me dar um guia para me acompanhar; tomava-me talvez por um
grande admirador de novidades, por um espírito curioso e crédulo. (p.152).
Dessa forma, o guia de Gulliver passa a descrever a Academia deixando espaço para
se inferir que ela não era um único prédio, um sistema integral ou holístico. Mas que a
Educação era segmentada em centenas de departamentos, áreas e epistmologias isoladas.
"A instalação desta academia não é um único e simples corpo de habitação, mas uma
série de diversas edificações ocupando dois lados de um largo. ...naquelas edificações,
cada quarto encerrava um engenheiro, quando não mais, e que havia perto de
quinhentos quartos na academia. (p. 153).
À primeira vista, nota-se que, por contra exemplo a academia ou a universidade não
pode isolar suas disciplinas ou epistemologias, pois a complexidade exige que haja interação e
participação associativa nesse sistema sinérgico de trocas de conhecimentos, ao que,
doravante passa-se a chamar de interdisciplinaridade, pois Morin, (2005, p,53) acertadamente
diz que "é um erro ver só um dos aspectos" da ciência, e se faz mais enfático ainda quando diz
que "O conhecimento científico não pode tratar sozinho dos problemas epistemológicos, filosóficos e éticos."
(MORIN, 2007, P. 21). Segundo Japiassu (1991), as palavras-chave de interdisciplinaridade são
integração e interação de conhecimentos:
No entanto, Fazenda (2008) acrescenta que "É impossível a construção de uma única,
absoluta e geral teoria da interdisciplinaridade" mas que deve haver uma busca constante no sentido
de desvendar esse método. (FAZENDA, 2008, P.13).
O tempo gasto em pesquisas, ensino e extensão isolados das outras áreas do saber é
muito grande e não atende muitas vezes o alcance da comunidade em geral. Em um dos
compartimentos da academia visitada por Gulliver, ele encontrou um cientista que tentava
realizar um feito mirabolante, uma ação totalmente, isto é armazenar raios de sol. A crítica
atinge o aspecto de a universidade realizar projetos de pesquisa cuja utilidade é nula.
O primeiro mecânico que avistei pareceu-me um homem magríssimo, entregava-se,
havia oito anos, a um curioso projeto, que consistia, segundo ele, em recolher os raios
do sol, a fim de os encerrar em frascos hermeticamente fechados, os quais podiam
servir para aquecer o ar quando os estios fossem pouco quentes; declarou-me que
outros oito anos seriam suficientes para fornecer aos jardins dos ricos proprietários
raios de sol por preço módico. (p. 153).
Passei a um outro quarto, mas depressa voltei as costas, não podendo suportar o mau
cheiro. O meu guia obrigou-me a entrar, dizendo em voz baixa que tomasse cautela
em não ofender um homem que disso se sentiria; assim, nem sequer funguei. O
engenheiro que habitava este quarto era o mais antigo da academia; o rosto e a barba
eram de cor pálida e amarela e as mãos e a roupa estavam cobertas de uma nauseante
gordura. Quando lhe fui apresentado, abraçou-me muito estreitamente, delicadeza que
teria dispensado. A sua ocupação, desde a sua entrada na academia, consistia em fazer
tornar os excrementos humanos à natureza dos alimentos de onde eram tirados pela
separação das partes diversas e pela depuração da tintura que o excremento recebe
do fel e causa mau cheiro. (p. 153).
A citação "o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente de maneira
que os grandes homens são quase sempre homens maus" deu notoriedade a John Emerich
Edward Dalberg Acton, conhecido como Lord Acton. Há muitos tipos de poderes, dentre eles
o poder econômico, politico, social e intelectual.
Em sua trajetória histórica, especialmente nos últimos duzentos anos, a humanidade
tem descortinado tamanha diversidade e profundidade de conhecimentos científicos que se
tornou inviável a cada indivíduo isoladamente lidar com a gama crescente de informações
disponibilizadas.
Dessa forma, convém recorrer-se a especialistas de cada área na busca de orientação
abalizada, haja vista a pressuposição de que um experto tem mais competência para julgar e
recomendar soluções pertinentes à área específica de sua atuação.
Confiar na opinião de um especialista é um legado cultural. Bueno (1974) denota o
termo autoridade como " o direito ou poder de se fazer obedecer e de tomar decisões" quando
declina o vocábulo latino auctoritatem, composto etimologicamente a partir de auctorem que
significa autor ou pessoa que faz, cria ou promove, termo sinonímico de augere, ou seja,
aquele que sustenta ou faz crescer.
Na atualidade, grande parte dos conceitos admitidos como verdade tem sua base
primordial ancorada na autoridade. Pode-se exemplificar esse fato ao se focalizar a confiança
implicitamente depositada na pessoa do engenheiro civil pelo inquilino que resida em um
apartamento no último andar de um edifício. Para assim proceder, urge ser fiduciário de que a
solidez da estrutura arquitetônica foi corretamente calculada para suster o prédio.
Essa garantia brota da expectativa de competência daquele que tenha cumprido a
prossecução de estudos acadêmicos e se especializado nessa área. No entanto, o desempenho
favorável em qualquer área de estudo depende também da capacidade desenvolvida
primariamente em suster suas ideias e conhecimentos.
De acordo com Rodrigues (2005), "argumentos são meios linguísticos de persuasão,"
ou seja, formas de levar o interlocutor à ação.
Bueno (1974) decompõe o vocábulo argumento até explicitar o primitivo lexical Argus
que provém do radical grego Argos. Segundo a mitologia, Argos era o nome do construtor de
um barco da expedição de Jasão. Argos possuía cem olhos e, entre eles, dois dormiam
enquanto os outros noventa e oito vigiavam Ino.
O termo Argos é uma metáfora que se cristalizou na semântica para conotar esperteza,
vigilância e penetração intelectual e ainda permeia todos os derivados desse radical presente
nas palavras argúcia e arguto, as quais originaram o vocábulo argumentum cujo significado é
prova, documentação e raciocínio bem como o verbo argumentare que indica a ação de
discutir, raciocinar, deduzir e apresentar provas.
Assim, na medida em que um pesquisador, face à especialização e experiência, obtém
reconhecida competência em uma determinada área do saber, faz afirmações que, ao se
demonstrarem continuamente verdadeiras, geram uma inferência positiva de probabilidade de
acertos futuros. Este fato credencia-o a uma posição de autoridade fazendo com que seus
conceitos e alegações sejam tomados por si só como argumentos suficientes. A este fenômeno
dá-se o nome de argumento da autoridade.
Rodrigues (2005, p.110) justifica o valor do argumento da autoridade em função da
impossibilidade de por à prova todas as áreas do saber humano: "Porque parece pouco sensato
que um ser humano logre refrear todas as colocações pronunciadas por aqueles que se
estabelecem como dotados de conhecimento aprofundado."
No entanto, o que decorre dessa ditadura da autoridade é a inversão do processo causa
- consequência, pois, o que outrora dava respaldo à autoridade, i.e., a argumentação,
doravante torna-se respaldada pela autoridade. Dessa forma, surgem vários problemas:
expertos isolam-se e sentem-se proprietários do saber. Em consequência desse fato, surge o
que pode ser denominado de falácia de autoridade. Ferreira (2005) define a falácia como
engano, fraude, ilusão.
No que concerne à autoridade, Feamside & Holther (1959) explicam a falácia de
autoridade:
"Apelo à autoridade (argumentum ad verecundiam ): citar uma autoridade que é
incompetente ou não-objetiva, em uma tentativa para ganhar apoio a um argumento,
ou citar uma autoridade quando o assunto não é técnico."
Havia um homem, cego de nascença, que tinha sob as suas ordens muitos aprendizes
cegos como ele. O seu emprego consistia em compor cores para os pintores. Este
professor ensinava a distingui-las pelo tato e pelo cheiro. Fui bastante infeliz em os
achar então muito pouco instruídos, e o próprio professor não era mais hábil. ( p. 154).
" A forma define o objeto ou o ser enquanto ele existe... Desse modo, na locução
‘formação do educador', o termo formação indica que o educador vai constituir a sua
forma, a sua essência, aquilo que faz com que ele seja o que é. Formar o educador é
criar e oferecer condições para que o educando se faça educador. (LUCKESI, 2003,
P.2).
Moraes (2011) explica que esse processo de reprodução de formas e miopia acontece
quando " espaços quadriculados e questões de múltiplas escolhas" continuam " exigindo memorização,
repetição, cópia, ênfase no conteúdo, no resultado ou no produto, recompensando o conformismo." (p. 50).
Ainda na academia, uma visita acontece em outro segmento da Universidade na capital de
Lapúcia. Trata-se do departamento de medicina do campus, onde inovações e práticas
experimentais ocorriam.
Senti, durante alguns momentos, uma ligeira cólica, quando o meu guia me fez entrar
muito a propósito no quarto de um grande médico, que se tornara celebérrimo
pelo segredo de curar a cólica de um modo completamente maravilhoso. Tinha um
grande fole, cujo tubo era de marfim; era insinuando diversas vezes esse tubo no ânus,
que pretendia, por essa espécie de clister de vento, atrair todos os gases interiores e
purgar assim as entranhas atacadas de cólica. Fez a sua operação num cão que, por
fatalidade, morreu imediatamente, o que desconcertou deveras o nosso doutor e me
tirou a vontade de recorrer ao seu remédio. ( p. 156).
5. Considerações finais
Com a teoria da complexidade, descobre-se cada vez mais que não há vãos ou
fronteiras reais entre as epistemologias. Hoje, muitas das linhas imaginárias que
historicamente dividiram fronteiras e desenharam supostos hiatos entre os saberes,
progressivamente têm se tornado tênues e fenescem.
De forma célere, estes vãos estreitam-se e definham porque as novas e constantes
incursões peninsulares cada vez mais robustas do conhecimento interdisciplinar revelam um
contínuo sub-lapsariano que interliga as ciências e sugere que suas fronteiras são versáteis e
efêmeras.
Assim, supõe-se que não há mais espaço para uma educação exclusivista e fechada em
compartimentos hermeticamente fechados, distantes das outras epistemologias.
A teorização sem prática resulta em um mundo de displicentes e alienados pois o
conhecimento passa a ser um fim em si mesmo. Na obra de Jonathan Swift aqui discutida,
encontram-se, de fato, críticas que evidenciam problemas similares aos vivenciados hoje pela
universidade, o que sugere pouca ou quase nenhuma evolução desde então.
Há claras similaridades nos pontos de vista entre Swift(2004) e Morin(2008), é claro
porém que não na forma de abordar o assunto. Ao se considerar o tear de abordagens acima
discutidos, chega-se a compreensão de que é urgente substituir o pensamento isolacionista,
individualista, e compartimentado por um pensamento que distingue e une.
A teoria da complexidade não é o que podem achar muitos leitores desatentos. Isto é,
uma amalgama de tudo que existe sem distinção ou categorização.
Não é assim que Edgard Morin apresenta sua teoria da complexidade. Unir não
significa fundir. Os desatres da fissão nuclear são tão danosos quanto os da fusão. Portanto,
deve-se ter bem claro que a destruição das diferenças no afã de mesclar todos os saberes,
culturas, crenças e individualidades não é interdisciplinaridade nem união. Harmonia não
significa uníssono. As palavras de Morin (2001) advogam visivelmente o pensamento que une
mas que também distingue. Uma limonada não pode ser moderna se não for composta da
interação do limão, açúcar e água, porém, não será igualmente moderna se o desentendimento
das propostas de Morin ( 2001) a fizerem um misto de óleo, pimenta e todos os ingredientes
que se encontram na cozinha, ou em todo o supermercado, como poderiam supor alguns em
nome da união
Referências
Resumo: Nosso objetivo e desafio com esse trabalho consistem em propor a existência de um espaço relacional
de trans-formação dentro do contexto de qualquer programa de formação, que leve em conta a constituição do
aprendiz como ser-docente, ser-pesquisador e ser-profissional, dando-se o destaque para o termo “profissional”
para indicar a abrangência em termos de áreas de inserção. Esse espaço emergiu e foi proposto, a partir da fusão
de dois estudos – narrativa autoformadora e expertise criativa – cujos resultados despertaram-nos para um novo
caminho, no qual identificamos o potencial de conduzir os processos de aprendizagem para uma aprendizagem
profunda. Esse caminho, por sua vez, segue por duas rotas, as quais se constituem como fronteiras que partem do
“eu” para “os outros”, atentando para a constituição hologramática entre ambos e para uma dinâmica retroativa,
recursiva e autoeco-organizadora. Compreendemos que esse tempo e espaço criados permitirão o reencontro
com nossas matrizes, de maneira reflexiva, aberta e dialógica, sendo que esse diálogo deve se estabelecer entre
passado-presente-futuro, entre teorias, práticas e experiências, entre o interno e o externo, tornando-se, esta, a
estratégia essencial nessa descoberta. Desses reencontros e diálogos, geramos, simultaneamente, a produção de
conhecimento de si (autoconhecimento) e de conhecimento científico (heteroconhecimento), além de abrir
diferentes possibilidades de caminho para o desenvolvimento de profissionais mais integrados, felizes, criativos,
e que reconhecem seus limites e potenciais para romper barreiras.
1. O sentido e o contexto
1
Doutorado em Educação (Universidade Católica/2016). Mestrado em Educação (Universidade Católica/2011).
Graduação em História (União Pioneira de Educação Social/1984). Professora aposentada da Secretaria de
Estado de Educação do Distrito Federal. Membro do Grupo de Pesquisa Criatividade e Expertise em Contextos
Educacionais (UCB-DF/CNPq). E-mail: [email protected]
2
Doutorado em Educação (Universidade Católica de Brasília/2015). Mestrado em Psicologia (Universidade de
Brasília/2007). Graduação em Desenho Industrial (Universidade de Brasília/2004) e em Pedagogia (Faculdade
de Administração, Ciências, Educação e Letras/2016). Professora da Universidade Estadual do Ceará. Membro
do Grupo de Pesquisa Ecotransd (UCB-DF/CNPq). E-mail: [email protected]
Ao contrário, ela gera novos significados tornando as interações um fator responsável pela
produção dos novos conhecimentos. Para tanto, enfatizamos a presença do diálogo, da visão
dialógica e do princípio da complementaridade como elementos fundamentais nessa
construção (PIAGET, 1973; MORIN, 2003).
1.1 O sentido
3
Metarreflexão refere-se a um domínio consciente da forma como pensamos os nossos próprios pensamentos,
articulando-nos internamente com os nossos processos de compreensão da realidade.
tempo e espaço para uma profunda revisão, ampliação e transmutação da nossa matriz
pedagógica. Para tanto, ela propõe: (a) a integração entre dimensões pessoais e profissionais;
(b) a apropriação, pelos docentes, de seus próprios processos de formação; (c) a atribuição de
sentido dessa formação em sua história de vida; (d) a mudança de mentalidade a respeito da
aprendizagem docente, ou seja, a aprendizagem passa a adquirir um novo sentido e ocupar um
novo espaço na idade adulta, tanto em termos de formação inicial quanto de formação
continuada.
Em segundo lugar, o sentido desse tempo e espaço passa a ser, antes de tudo, o
reconhecimento da complexidade humana dos envolvidos em processos de aprendizagem. O
resultado das relações que ocorrem entre os componentes desse processo, deu origem ao
espaço relacional trans-formador, constituído e dinamizado pelas atividades de formação,
quando concebidas na perspectiva da trans-formação. A mudança de mentalidade se dá em
termos de novos modos de conceber os sistemas tradicionais de aprendizagem. Essa
perspectiva, por sua vez, traz para esse espaço, a inovação, como decorrente da materialização
dos princípios teórico-metodológicos da expertise criativo-inovadora.
A memória deixa de ser algo inerte para tornar-se dinâmica, na medida em que ela
conecta as três dimensões do tempo: presente, passado e futuro. Desse modo, uma
metodologia baseada na narrativa autoformadora passa a vincular-se de forma inseparável
com esta perspectiva temporal, gerando um cenário sobre o qual se inscreve a nossa história
de vida. Ricoeur (1994), em sua fala sobre o tempo, estabelece uma relação que ele chama de
„humana‟ entre tempo e narrativa, já que, na visão dele, toda narrativa expressa uma
experiência temporal. Nessa concepção de Ricoeur (1994, p.15), “o tempo torna-se tempo
humano na medida em que está articulado de modo narrativo”.
Portanto, sistematizar nossa própria memória, na forma de narrativa de nossa história
de vida e de formação profissional, implica o próprio movimento da consciência no sentido de
levar-nos a um nível diferente de onde nos encontramos, em termos de aprendizagem
profunda. Todos os passos transcorrem orientados por um grau de legitimidade diferenciado
em relação aos processos tradicionais, diretivos e condicionados por técnicas que, muitas
vezes, são desintegradas do ser e de sua natureza. Narrar o percurso das matrizes que nos
condicionaram é rememorar o modo como esse percurso se desenvolveu, quais são seus
elementos constituintes e seus paradigmas subjacentes. Isso traz de volta os desafios que nos
moveram, assim como os traços caraterísticos das pessoas que dele participaram, a dinâmica
de articulação no espaço potencial de aprendizagem (WINNICOTT, 1975) e os fatores que
possibilitaram a mobilização de todos esses recursos para as soluções que encontramos para
os nossos dilemas.
Por espaço potencial, nos inspiramos em Winnicott (1975), cujo conceito o torna
singular nesse contexto. É compreendido como um espaço que possibilita, por meio do
brincar e da criação, a realização das potencialidades. É gerado um processo de interação e de
sinergia, de tal modo, com os que convivem nesse espaço, que nos permite um contato com as
diferentes subjetividades que emergem da presença humana. Esse contato é promovido, entre
outros, pelo texto, a história, a música, o jogo e o diálogo, como complementa Safra (2000).
Nesse sentido, tendo a compreensão da Complexidade como fator constitutivo da
matéria e da vida, a nossa condição de sujeito multidimensional e impregnado de sua história
de vida estará sendo legitimada. Significa compreender, como Moraes (2008, p. 191), que
“não se separa o mental do físico, a razão da emoção, o fato da fantasia, o passado do presente
e do futuro” e assim nos tornamos sujeitos autores de nossa história e coautores de histórias
coletivas que acontecem em nosso entorno, segundo complementa a autora. Esse movimento
estabelece e reforça uma relação inviolável entre ser e conhecer.
Também Paul (2009, p. 300) propõe um lugar nessa relação entre o velho e o novo.
Para ele, a “autobiografia busca, no interior do sujeito, os traços do passado que o constituiu”
e é uma “reconstrução do passado a partir do presente” (PAUL, 2009, p. 306). Assim, emerge
uma relação com o tempo passado e o futuro, de modo que ambos se encontram enraizados no
presente da nossa existência. Pineau (2014, p. 109), por sua vez, complementa que “o passado
não é forçosamente passado, se inscreve corporalmente em nós e nosso corpo se torna uma
memória orgânica que registra tudo”.
Tudo isso se constitui um conjunto de ideias e de princípios que embasam a
metodologia da qual nos referimos para desenvolver essa perspectiva da trans-formação.
Clandinin e Connelly (2000) estão entre os autores para os quais a investigação narrativa (IN)
cria um espaço tridimensional de pesquisa que nos permite caminhar em quatro direções: para
dentro – inward: condições internas, como os sentimentos, as expectativas, reações estéticas e
disposições morais; para fora – outward: condições existenciais, que são o ambiente; para trás
– backward e para frente – forward. Tais dimensões se referem à temporalidade e esta
abrange passado, presente e futuro.
Com base nos autores supracitados, compreendemos que, por meio da narrativa
autoformadora, é possível abrirmos tempo e espaço para que passado, presente e futuro
estejam em diálogo e adquiram o seu lugar de importância. Este é um dos equívocos que
ocorrem nos programas de formação tradicionais. O passado se restringe a um resgate
histórico sempre voltado para os conceitos teóricos da disciplina em questão, jamais para a
história de vida do sujeito que, ali, busca o conhecimento. O presente, de modo superficial, se
restringe a algumas técnicas/práticas que estejam no auge do campo teórico, desconectadas,
inclusive daqueles que serão destinatários da ação e do desempenho do profissional que está
em processo de formação. E o futuro, como algo distante, não participa das reflexões
metacognitivas, no sentido de considerar o que levamos, de fato, conosco, de todos esses
momentos formativos vividos.
Na reconstituição das nossas matrizes, tempo e ação no presente nos permitem uma
reaproximação do passado, com um olhar para o futuro, daquilo que está em nossa
corporeidade, de tudo que constitui nossas memórias, daquilo que está, por fim, inscrito em
nossa história de vida e de formação. A partir dessa tomada de consciência, podemos
reconstruir nossas matrizes tendo, ao mesmo tempo, traços e elementos do passado e traços e
elementos do presente, sejam eles teóricos, sejam existenciais, sejam experienciais. Além
disso, nos reconduz para as possibilidades de contemplarmos nosso projeto de vida, nos
levando a descobrir como desejamos nos constituir como profissionais experts-criativos.
1.2 O contexto
2. Os estudos
Referências
MORIN, E. A cabeça bem feita: repensar a reformar, reformar o pensamento. 8. ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
PIAGET, J. Ensaio sobre a teoria dos valores qualitativos. In: ______. Estudos Sociológicos.
Rio de Janeiro: Forense, 1973, cap. 2.
PINEAU, G. Las reflexiones sobre las prácticas: el corazón de la vuelta reflexiva. In:
ESPINOZA, Ana Cecília Martínez; GALVANI, Pascal (Coords.). Transdisciplinariedad y
formación universitária. Puerto Vallarta: CEUArkos, 2014, p. 91-114.
RICOEUR, P. Teoria da interpretação. Tradução Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1996.
SILVA, J. S. A mudança de época e o contexto global cambiante. In: LIMA, Suzana Valle
(Org.), Mudança Organizacional: teoria e gestão. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas
(FGV), 2003.
Sala 03
Introdução
Andar pela cidade, entre quadras, feiras, praças, parques, igrejas, praias, bares... São
algumas das atividades que nos permite conhecer mais sobre a cidade de Palmas/TO e sua
construção, comércio, pessoas, histórias e espaços ocupados.
No território há uma combinação de fatores econômicos, políticos e culturais que
substantivam, ao mesmo tempo, a identidade coletiva.
A cidade de Palmas é vista com uma diversidade em costumes e tradições, a cultura é
vista e expressada de várias maneiras, já que temos sociedades indígenas, quilombolas,
caiçaras, caipiras, camponeses, pescadores, sertanejos, pantaneiros e outras comunidades
tradicionais que ocupam um território reconhecido dentro da cidade.
No modelo “psicocultural” de Whiting (1975 apud ROGOFF, 2005) o autor apresenta
sobre as relações entre o desenvolvimento dos indivíduos e as características de seus
ambientes imediatos, parceiros sociais, sistemas e valores institucionais e culturais que
estimulam uma compreensão mais profunda dos processos culturais e educativos. Esse
processo é visto como uma cadeia de circunstâncias sociais e culturais que começa com o
1
Universidade Federal do Tocantins – UFT. E-mail: [email protected]
ambiente (incluindo o clima, a flora, a fauna e o terreno) e chegava à história (incluindo
migrações, empréstimos e invenções).
No campo da educação, essas considerações sobre ambiente e território, possibilita o
aluno construir conhecimento através de diferentes áreas combinando sua condição histórica
cultural e olhares múltiplos para a cidade, seus habitantes, espaços e culturas.
Diante deste contexto, preservar os bens culturais de uma sociedade é resgatar a
história e as experiências vividas, uma vez que possibilita identificar a organização social,
econômica, política e cultural da sociedade, desde que se considerem todos os grupos sociais
que compõem determinado território e, consequentemente, refletem a sua identidade e
realidade atual (GRUNBERG, 2000).
O processo educativo quando compreende a cidade como um espaço norteador de
prática pedagógica amplia-se a compreensão do patrimônio imaterial, as identidades culturais
da sua cidade e do seu grupo social.
Procedimentos Metodológicos
Sobre o sentido de realizar ciência a autora Pombo (2003, p. 2), traz a
interdisciplinaridade que ao mesmo tempo é uma mistura de conexões interligadas é uma
definição mal gasta e pouco utilizada em muitos contextos, a autora traz várias definições para
interdisciplinaridade, dentre elas a que utiliza-se para esta pesquisa é “conjunto de normas ou
leis que regulam uma determinada atividade ou o comportamento de um determinado grupo”.
Alargando o conceito de interdisciplinaridade a autora reforça que estamos em uma
mistura de fronteiras. Dentre as quais o futuro está aberto e tudo pode acontecer do ponto de
partida até o ponto de chegada interdisciplinar. E o novo cruzamento das disciplinas e
assuntos abordados constitui o aparecimento de novos tipos de informações disciplinares que
se pretende organizar de acordo com a metodologia indicada.
Para esta pesquisa a opção será por realizar um estudo bibliográfico, coleta, registro e
análise de dados. Observação dos fatos, tal como ocorrem espontaneamente, registro de
variáveis relevantes para análise Ruiz (1991).
Em uma oficina conheci o termo “bricolagem” por uma professora da UFMF, Marina
Marcondes Machado, onde, ela intitulou a pesquisa bibliográfica como “copia e cola” de
diversas fontes, formando um retalho de informações e elementos de um texto. Ao procurar
sobre o termo nas redes encontrei especificamente esta definição:
“Em antropologia bricolagem é a união de vários elementos para formação de um único e
individualizado. Um exemplo são as culturas do novo mundo: a bricolagem de várias culturas
(norte-americana, européia, asiática...) para a formação de uma própria e identitária”. Ou seja,
a pesquisa utilizará a bricolagem.
A coleta de dados será realizada em lugares públicos que são utilizados como lazer e
entretenimento, tais como, praças, feiras, escolas, universidade, festas culturais, religiosas e
redes sociais interativas (facebook, blogs, fóruns de discussão) e Secretaria da Cultura de
Palmas. As ferramentas serão observação, auto-relato, registros fotográficos, entrevistas e
questionários semi-estruturados, dando espaço para que o investigado tenha liberdade de
participar e enriquecer a investigação.
Sobre a perspectiva teórico-poética da autora Silva (2015, p. 22) não se pode ignorar
estes conjuntos de práticas de realizar pesquisa, contudo, apresenta-se a teoria da significação,
na qual:
“a semiótica estende seu interesse pelo próprio mundo natural, que não se encontra
como um já-dado, pronto de antemão a ser previamente apreendido. Desse modo, o
sentido não se encontra previamente inscrito nas coisas, indiferente ao sujeito, mas é
sempre construído, num processo complexo que envolve as dimensões do corpo e da
cultura”.
Como diz Pombo “estamos num mundo de anulação e de mistura de fronteiras”. O que
nos espera é um mundo em que se perde o próprio sentido da identidade (ou seria melhor
dizer, de pertença a um lugar?). (POMBO, 2013, p. 11).
Desenvolvimento
Esta pesquisa tem como objetivo reconhecer o território enquanto espaço cultural, de
manifestações e desenvolvimento humano atrelado ao processo educativo.
Nesse processo, faz-se uma abordagem de diferentes concepções do conceito de
cultura, territorialidade, desenvolvimento e ensino em virtude do caráter multidisciplinar de
ideias e valores na constituição de uma sociedade.
A possibilidade de valorização da cultura territorial resulta de uma formação
universalista e pluridisciplinar. Acredita e aposta no trabalho da universidade e da escola
como um trabalho que deve repor na ordem do dia essa formação. Mesmo que a ciência tenha
seguido um modelo de especialização, a escola e a universidade, nomeadamente através dos
seus regimes curriculares e metodologias de trabalho, devem defender perspectivas
transversais e interdisciplinares.
Nesse aspecto, o desenvolvimento da pesquisa se dá em sair do território próximo e
circular por outros lugares da cidade a fim de permitir que os estudantes tenham contato com
outras culturas e experiências.
Em uma reflexão feita a partir de uma entrevista o autor Félix Guattari, revela que “o
território é existencial, substantivado, também no caso de cidades, por fluxos (redes): de
pessoas, de capitais, de dinheiro, de matérias-primas, culturais e de signos” (GUATTARI,
1985 apud SAQUET, 2013 p. 87).
Para entender melhor o autor SAQUET (2013, p. 10) descreve:
“(...) faço uma reflexão sobre as diferentes abordagens do conceito de território, e
evidenciando as dimensões sociais fundamentadas de sua compreensão, ou seja,
política, cultura, economia e as relações do homem vivendo em sociedade com sua
natureza exterior; sobre os aspectos inerentes à base filosófica de cada abordagem;
sobre o reconhecimento ou não dos tempos históricos; sobre mudanças e
permanências e de relações de poder e da própria identidade (caráter simbólico-
cultural)”.
Considerações Finais
Vivemos em espaços dentro da cidade de Palmas tão diversos, a começar pela base
geográfica que é tão dividida. Cada quadra tem a sua praça, o seu comércio, a sua identidade
cultural específica. É fácil observar as diferenças na ocupação do espaço público, tem lugares
que são “points” de encontro para uma conversa, caminhada, churrasquinho, jogos de futebol,
feirinhas de produções independentes, horta comunitária, parques infantis, igrejas e tantos
outros.
Esses espaços trazem partilhas de relacionamentos com a paisagem, o lazer, o calor. A
pluralidade é marcada pelo outro – com tantas experiências de observação, escuta e sentidos.
O território exerce a função econômica, social e política de desenvolvimento de todos os seus
habitantes. Na busca de entender o território é importante desenvolver curiosidade e interesse
pelo ambiente observando os significados e representações.
Neste sentido, é importante conhecer as culturas produzidas no cotidiano e a
circulação da arte de viver dentro dos espaços que habitamos, essa é uma importante
conscientização da nossa condição de cidadão-professor e também agente de emissão da
educação.
Referências
CHAUI, Marilena. Cultura e Democracia. Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales.
Buenos Aires: Editora CLACSO, 2008.
GRUNBERG, Evelina. Educação Patrimonial: Utilização dos Bens Culturais como Recursos
Educacionais. Cadernos do CEOM. Unoesc: Japecó, 2000.
INTEGRADO, Escola Currículo. Por que aprender e educar no território? Disponível em:
<http://educacaointegral.org.br/metodologias/por-que-aprender-educar-territorio>. Acesso em
20 de maio de 2017.
SILVA, L. H. O.; MELO, Márcio Araújo de . Território da palavra poética: que lugar
constrói a poesia nas lutas pela posse da terra no Brasil?. Revista de História da UEG, v. 4,
p. 20-36, 2015.
AGENCIAMENTOS CURRICULARES E CRIAÇÕES: EXPERIÊNCIAS EM UMA
ESCOLA DEMOCRÁTICA
Beatris Cristina Possato1
Sala (3)
Resumo: Este artigo apresenta parte de uma pesquisa de Pós-doutorado, que busca dialogar com os
agenciamentos curriculares do Instituto Pandavas – Núcleo de Educação, Cultura e Ações Socioambientais, em
Monteiro Lobato – SP, uma das escolas mapeadas como “inovadoras” pelo Ministério de Educação (MEC) no
fim de 2015. Trata-se de uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental que, em 2013, realizou
mudanças em sua forma de organização e em sua visão de currículo, eliminando as séries, a divisão dos alunos
por idades e a forma como as disciplinas eram ministradas. Essa investigação não se ampara na ideia do
currículo como saber-objeto ou como uma mera seleção de saberes para determinados educandos,
compreendendo o currículo como encontros, agenciamentos, que ocorrem quando corpos heterogêneos se
juntam, se reúnem e possibilitam múltiplos movimentos, afectos, composições. Assim, essa pesquisa, que possui
uma abordagem cartográfica, intenciona conhecer e refletir sobre esses agenciamentos curriculares e as criações
nessa escola, bem como delinear os aspectos fundamentais que potencializam suas práticas.
Introdução
Em 2005, Pacheco alertava que havia uma reforma silenciosa e marginal acontecendo
no Brasil. Fora das vistas do que era estabelecido como oficial, educadores anônimos
encontravam sentido para suas vidas, para a vida das crianças e de suas escolas. Esses
educadores operavam por uma rede de fraternidade e atuavam com uma ousadia responsável.
Para o autor, essas escolas não possuíam um padrão e não seguiam “modas pedagógicas”,
pois se adaptavam, se contextualizam, de acordo com as necessidades de seus estudantes.
1
Doutora em Educação - UNICAMP. Pós-doutoranda em Educação - UNICID. [email protected]
2
Atualmente Helena Singer é Assessora Especial do Ministro da Educação e presidente dos Grupos de Trabalho
em nível nacional do “Programa de Estímulo à Criatividade na Educação Básica”.
movimento, visto que permaneciam “invisíveis”. As “escolas democráticas”3, nomeação dada
pelo próprio movimento com o qual essas escolas se articulavam, tinham em comum alguns
aspectos: “gestão participativa, com processos decisórios que incluem estudantes, educadores
e funcionários, e organização pedagógica como centro de estudos, em que estudantes definem
suas trajetórias de aprendizagem, sem currículos compulsórios” (Singer, 2010, p.15).
A partir de uma mirada foucaultiana, a autora discorre sobre experiências de
resistência, considerando que se tratavam de saberes não capturados pelo poder. “Resistência
ao controle da vida por meio da reinvindicação da autonomia das crianças sobre seus próprios
corpos, suas necessidades e sua felicidade, recusando a aplicação de mecanismos dominantes
de sujeição” (Singer, 2010, p.39). Nesse aspecto, essas instituições têm um papel fundamental
por não se apropriarem dos dispositivos disciplinares. Embora apresente esses aspectos
positivos, Singer (2010) relata que essas instituições continuavam isoladas, sem políticas
públicas que as amparassem e dificilmente faziam parte dos estudos sobre a “evolução
pedagógica mundial”.
Durante todo trabalho de Singer (2010) é possível perceber essas práticas de liberdade
que as escolas vivenciam ao romper com o conservadorismo, com os currículos enrijecidos,
com o autoritarismo e buscar na humanização, no desenvolvimento do ato de pensar em
detrimento de conteúdos, na relação respeitosa e democrática com os estudantes, na
preocupação com o indivíduo e nos princípios éticos a chave para sua sobrevivência,
possibilitando um currículo plural. Remetendo-se a Yaacov Hecht, fundador da primeira
escola democrática de Israel, a autora discorre sobre a ideia que as escolas democráticas
possuem um aprendizado pluralista, visto que o currículo convencional apresenta e valoriza
somente uma pequena parte dos conhecimentos que são necessários para a vida. “O processo
de aprendizado que acontece nestas escolas é pluralista porque possibilita a expressão da
singularidade de cada um, o controle sobre seu próprio aprendizado, por meio de programas
individualizados” (Singer, 2010, p.145).
Nessa investigação nos aproximamos desse currículo pluralista, que busca ser
múltiplo, heterogêneo. Tomaz Tadeu (2002) escreve sobre a experiência spinoziana,
deleuziana que é fazer um currículo. A intenção é sempre provocar bons encontros. Para o
autor um currículo não deve ser compreendido como um objeto que irá atender a um sujeito, o
educando. Não se trata de um currículo como saber-objeto. Tampouco se resume na escolha
3
Segundo Singer (2010) devido ao formato e aos questionamentos produzidos, essas escolas se aproximariam
das experiências anarquistas de educação. Atualmente escolas italianas anarquistas participam do movimento
internacional de educação democrática.
dos saberes que envolvem esse currículo e na seleção das subjetividades que se formam a
partir dele. Devemos pensar nesse currículo como composições que devem favorecer a
potência de agir, que fazem a vida vibrar, que a fazem renovar-se, que acionam a criação e a
diferença, que não oprimem o desejo4. Por isso é necessário “passar da formação para a
composição, do desenvolvimento para a combinação, da organização para o agenciamento”
(Tadeu, 2002, p.54-55). A pedagogia, em uma concepção tradicional, concebe o currículo
preocupando-se em transmitir saberes selecionados aos seus educandos, da maneira mais
eficiente possível. Tomaz Tadeu nos provoca a pensar o currículo concebido como um
encontro, uma composição, onde corpos heterogêneos, improváveis, se encontram para
compor um “agenciamento-currículo particular” (Tadeu, 2002, p.55), possibilitando múltiplos
movimentos, afetos, composições. Afinal essa não é nossa escola: múltipla, heterogênea,
plural?
Porém, o currículo não deve ser concebido fixando-se nos corpos heterogêneos, o
importante é o que passa entre eles, quando se reúnem, quando se juntam, pois esse é o centro
do agenciamento. O conceito de rizoma nos auxilia a compreender de que se trata um
agenciamento. Deleuze e Guattari (2000) emprestando o termo “rizoma” da biologia nos
apresentam possibilidades não arborescentes, pois tratam de multiplicidades. Diferentemente
de uma estrutura rígida, com pontos e posições definidas, o rizoma nos apresentam fluxos,
linhas, hastes que seguem para várias direções, imprevisíveis, irregulares. “Um agenciamento
é precisamente este crescimento das dimensões numa multiplicidade que muda
necessariamente de natureza à medida que ela aumenta suas conexões” (Deleuze e Guattari,
2000, p.17).
Importante enfatizar, nesse momento, que o agenciamento é o processo que permeia
uma relação entre elementos heterogêneos, sendo sempre coletivo, formado por fluxos
variados e multiplicidades. Agencement em francês significa composição, uma organização e
para Gomes (2008), trata de uma combinação de elementos heterogêneos ajustados entre si de
maneira cuidadosa. “O difícil é fazer com que todos os elementos de um conjunto não
homogêneo conspirem, fazê-los funcionar juntos” (Deleuze e Parnet, 1998, p.43). Esse é o
desafio. O importante é compreender que
4
O desejo, na perspectiva de Deleuze (1988), não é uma ação na busca de um objeto, não é algo isolado, pois há
a renúncia ao par sujeito-objeto. A compreensão de desejo é construtiva, produtiva, dentro de um conjunto. Por
exemplo, quando um indivíduo deseja uma roupa nova, esse desejo não se encontra sozinho, focado no objeto,
mas é um desejo que envolve pessoas, paisagens, viagens, encontros, relações, e a partir desse desejo se constrói
agenciamentos, conjuntos, territórios. O desejo sempre constrói e se estabelece com agenciamentos.
Um agenciamento é isso. Não apenas a reunião ou o ajuntamento de corpos, mas o
que acontece aos corpos quando eles se reúnem ou se juntam, sempre sob o ponto de
vista de seu movimento e de seus mútuos afectos. Não se trata apenas de uma
questão de soma, mas de encontro ou de composição. Não apenas a simples
justaposição assinalada pela conjunção “e”, mas a complexa combinação implicada
pela partícula “com”. “Isto e aquilo” é bom, mas “isto com aquilo” é ainda melhor
(Tadeu, 2002, p.56).
Assim, um currículo seria pensado como a arte dos encontros, das composições, dos
agenciamentos. Em vista disso, Clermont Gauthier (2002) prefere utilizar a expressão
agenciamentos curriculares em detrimento de currículo. Para o autor, historicamente tentou-se
determinar o “ser-do-currículo”, se elaboraram teorias de currículo e com o passar do tempo,
essas tentativas para ordenar e definir se perderam, devido à multiplicidade de currículo que
surgiram. Frente às tentativas fracassadas, Gauthier diz que o erro encontra-se em querer
determinar o “ser-do-currículo” e não em produzir agenciamentos curriculares. Dessa
maneira, optei por investigar os agenciamentos curriculares de uma escola democrática, que
escapa ao instituído, às políticas públicas, às normas e as padronizações para desenvolver uma
pesquisa de Pós-doutorado.
Instituto Pandavas
A escola do Instituto Pandavas (2016) – Núcleo de Educação, Cultura e Ações
Socioambientais– possui Educação Infantil e Ensino Fundamental e foi fundada pela
Associação Palas Athenas do Brasil5, em 1977, no município de Monteiro Lobato, estado de
São Paulo. Estando na Serra da Mantiqueira, em meio a uma paisagem cênica, o Instituto
inicialmente era um lar adotivo para crianças em situação de vulnerabilidade social. O casal
Primo e Mara Gerbelli moravam em São Paulo e pertencia a Associação, que igualmente era
uma escola de filosofia. A Associação Palas Athenas cedeu um terreno em Monteiro Lobato
para que o casal pudesse construir sua casa e formar o lar adotivo. A família se tornou
relativamente grande, pois 16 crianças foram adotadas legalmente, sendo que o casal já
possuía dois filhos biológicos. Segundo Mara6 seus filhos viviam em meio à natureza e às
artes e num dado momento, um dos filhos se negou a ir para escola e provou com argumentos
coerentes, que aprendia mais em sua própria casa do que na escola. Mara, que era pedagoga,
5
A Associação Palas Athena é uma organização da sociedade civil e sem fins lucrativos, que promove
programas e projetos nas áreas de Educação, Saúde, Direitos Humanos, Meio Ambiente e Promoção Social.
Desenvolve atividades e projetos diversos com recursos provindos da autogestão. Disponível em <
www.palasathena.org.br> Acesso em 10 de março 2016.
6
A maior parte das informações da escola encontra-se na homepage do Instituto Pandavas. Realizo alguns
acréscimos a essa descrição a partir das observações da escola e do diálogo com a diretora e fundadora Mara,
que me recebeu pela primeira vez no instituto em 11/03/2016, ocasião em que solicitei a autorização para iniciar
a pesquisa.
ficou sensibilizada e buscou o auxilio da Associação Palas Athenas para iniciar o Centro
Pedagógico Pandavas com seus filhos e mais quatro crianças da região.
Ainda de acordo com Mara, inicialmente o projeto era baseado na Antroposofia,
possuindo um forte vínculo com a filosofia, não vista como disciplina, mas como linha que
percorre todo o ato de pensar e de se conhecer. Posteriormente, o projeto foi construindo-se a
partir da escuta atenta dos professores para conhecer melhor seus alunos e para que a partir de
suas necessidades, as propostas fossem elaboradas. A escola era um pequeno centro cultural,
onde havia teatro, aulas de música, ateliê de pintura, artesanato, etc. Passou a ser muita
conhecida na região, pois as pessoas viam que as crianças da escola tinham contato com
saberes diversos, mais interessantes e eram felizes. Possuía atividades culturais, sociais e
buscavam promover a cidadania. Sua preocupação, nesse momento, era desenvolver novas
formas de ensinar amparada na convivência e no respeito pelas diferenças, tornando o
educando autônomo e consciente de seu valor. Outra meta era fortalecer as comunidades
rurais fornecendo uma educação de qualidade. A escola era considerada uma das pioneiras em
promover a convivência entre os diferentes grupos da comunidade, além da pesquisa e do
aprendizado que desenvolviam de novas metodologias que melhor atendessem a realidade de
seus alunos.
Assim, Oliveira (2011) conta que, em 2008, o Centro Pedagógico atendia 150 crianças
e adolescentes de diferentes segmentos sociais, principalmente das áreas rurais e de baixa
renda. Contudo, a Associação Palas Athenas não pode mais manter a escola por questões
financeiras e com isso, o Centro Pedagógico correu o risco de encerrar suas atividades. Um
grupo de professores e pais decidiu auxiliar a escola e fundar o Instituto Pandavas, na
tentativa de continuar com o Centro Pedagógico funcionando. Hoje, o Instituto não possui
renda fixa, depende de doações, eventos promovidos e trabalho voluntário de pais,
professores, pessoas da comunidade e ex-alunos. A manutenção física e as atividades
docentes igualmente dependem de mutirões realizados pelos alunos, pais, professores e
comunidade.
Devido ao diferencial pedagógico, além da educação formal o Instituto Pandavas
passou a promover projetos para a formação de educadores, alfabetização de jovens e adultos,
oficinas diversas para os jovens. Teve na Educação Ambiental uma de suas bases, devido à
necessidade de se preservar as nascentes e a vegetação nativa da região. Em 2011, o Instituto
recebeu o selo de reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela UNESCO (Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), pelo trabalho de Conservação
Ambiental que foi desenvolvido desde sua fundação.
Em 2013, embora ainda estivesse em meio a conturbado período com relação às
dificuldades financeiras, o Instituto Pandavas decidiu experimentar novas formas de ensino.
Estabeleceu-se um vínculo entre as escolas “inovadoras” do Brasil, que passaram a ser
acompanhadas por José Pacheco e se apoiaram mutuamente. Inspirando-se em experiências
como as da Escola da Ponte e do Projeto Âncora, o Instituto realizou mudanças em sua visão
de currículo. Na verdade, não há uma metodologia de trabalho pronta para essas escolas. Cada
uma vai construindo seus modos de fazer, seus modos de ver a educação, de acordo com suas
experiências, com seus conhecimentos, buscando uma rede de apoio, reflexão e troca com as
demais escolas.
Meu contato com o Instituto Pandavas se deu em 2015, no mesmo ano em que a
instituição foi considerada “inovadora” pelo Ministério da Educação (MEC, 2017). Nessa
ocasião, estava atuando como pesquisadora na cidade de São José dos Campos. Após ler
diversos artigos e ouvir muitos relatos de professores e de profissionais da Secretaria da
Educação sobre a escola, decidi conhecê-la. Ao verificar que poucas eram as publicações
científicas que tratavam de escolas democráticas, decidi iniciar meu projeto de Pós-doutorado
ali, na tentativa de conhecer um pouco mais a prática dessas escolas e dialogar sobre os
agenciamentos curriculares.
A pesquisa de Pós-doutorado descrita nesse artigo nasce do desejo de conhecer novas
possibilidades na educação. Após anos trabalhando e pesquisando escolas públicas paulistas,
além de algumas experiências em outros países, que possuíam muitas vezes, sistemas de
ensino apostilados (como é o caso do estado de São Paulo) ansiava por conhecer experiências
que não controlassem a diferença no currículo, mas que reconhecessem as multiplicidades e
pensassem nas linhas de fuga, nas distorções, nas variações como potências.
É certo que todo currículo é diferença, é rizomático, como bem escreve Paraíso
(2010), “porque é território de proliferação de sentidos e multiplicação de significados” e
embora os poderes busquem controlá-lo há sempre vazamentos, escapes. Entretanto, uma
escola que se baseia na diferença é uma escola que vê nas ramificações, nos agenciamentos,
novas potencialidades.
Procedimentos Metodológicos
Deste modo, essa pesquisa cartográfica busca observar “a longitude e a latitude”
(Deleuze e Guattari, 1997, p.42), reconhecendo os agenciamentos curriculares do Instituto
Pandavas e refletir se eles fazem pulsar a vida e a potência do agir, trabalham com a criação
ou inibem o desejo, ou seja, a latitude, o “grau de potência de um corpo” (p.42). Além disso, é
necessário nos aproximar dos aspectos fundamentais que diferenciam as práticas dessa escola
das demais escolas organizadas cronologicamente por série/idade, disciplinas, horários rígidos
das aulas, nos aproximando da longitude, que se relaciona às partes do corpo.
Para isso, segui as pistas do método cartográfico compreendendo que o conhecimento
não é uma representação da realidade, mas uma construção coletiva e o “ato de conhecer é
criador da realidade” (Kastrup e Passos, 2013, p. 264). De tal modo, a tentativa é de garantir o
caráter participativo dessa construção e a inclusão ativa dos pesquisados, comprometendo-me
ética e politicamente com o conhecimento, garantindo a diversidade, a heterogeneidade.
Kastrup e Passos (2013) indicam a construção de um plano comum, que reúna “lado a lado a
diversidade de vetores heterogêneos implicados na pesquisa: o pesquisador e seu campo de
interlocuções acadêmicas e instrumentos técnicos, agências de fomento, compromissos
políticos, alianças institucionais, bem como o objeto e suas diversas articulações” (p. 265).
A proposta é que se acesse e, ao mesmo tempo, se construa coletivamente esse plano
comum entre o pesquisador e os pesquisados, que se valorize a experimentação coletiva e a
construção do comum, prezando pelo heterogêneo, permitindo a abertura para as experiências
singulares. Para que a participação ativa ocorra é necessário que exista a experiência do
pertencimento por parte dos envolvidos na pesquisa. Assim, Pozzana e Kastrup (2009)
apresentam o percurso de sua pesquisa, que permitiu essa participação e construção coletiva,
um percurso marcado por muita sensibilidade, flexibilidade e uma escuta atenta às pessoas do
campo de pesquisa. Para as autoras, o método cartográfico privilegia processos e não a
representação de objetos, demonstrando isso por meio de uma narrativa processual de toda
investigação, detalhando a importância de cada gesto, fala, atitude. Trazem igualmente a
aproximação da cartografia com a pesquisa etnográfica, visto que inicialmente o cartógrafo irá
habitar um território que lhe é desconhecido. Assim, os instrumentos de pesquisa foram: as
observações participantes, o registro sistemático em diário de campo, as reuniões com os
sujeitos da pesquisa e as entrevistas.
Desenvolvimento
Por meio da observação participante pude conhecer uma escola que tenta não fazer do
currículo uma identidade. A perda identitária inicia-se pelos professores, que passam a ser
chamados de tutores, pois irão tutelar (no sentido de mediar, de cuidar) o conhecimento. Essa
“perda” envolve outras formas de pensar a aprendizagem e despir-se do já conhecido, bem
como pensar outras formas de relação, de organização e de se fazer e pensar um currículo.
Surgem novas composições, agenciamentos curriculares, bons encontros, outros devires.
Pensar o currículo com a diferença deleuziana é tirar o foco da identidade: tanto do
pensamento identitário (que tem como critério a reunião) como do conceito de
identidade (que procura o comum sobre a diversidade ou que identifica pessoas e
grupos para, em seguida, agrupá-los como diferentes). Se a reunião é o critério da
generalidade e da identidade, o acontecimento é o critério da diferença. Então a
diferença é comportar-se em relação a algo que não tem semelhante ou equivalente.
A diferença é o que vem primeiro; é o motor da criação; é a possibilidade de no
meio, no espaço-entre, começar a brotar hastes de rizoma. Diz respeito àquilo que
está ainda em vias de se formar: de currículos que são “realidade em potencial”, que
ainda não foram formados (Paraíso, 2010, p. 592).
Como rizoma, os tutores selecionam um tema a ser estudado no módulo. A partir daí é
criação, é reconstrução constante, é deixar que as hastes e os agenciamentos surjam. Os
alunos recebem um roteiro de pesquisa que inclui, além de todo o conhecimento convencional
que envolve esse tema, algumas reflexões sociais, políticas, pessoais relativas à atualidade.
Esse roteiro tem modificações de acordo com o ano em que o aluno está, mas isso não
impede que os alunos estudem com alunos de outros anos, o que ocorre constantemente 7. Os
alunos pesquisam em livros, sites, discutem com os colegas, discutem com o auxílio de um
tutor, trabalham individualmente, em duplas, em grupos, movimento constante que vai
alterando seus fluxos de acordo com as necessidades do momento. Nesse processo, o uso do
celular não é proibido, pois cada aluno deve ter a autonomia e a responsabilidade para usá-lo
para a pesquisa. Algumas vezes, há alunos que não querem estudar e são respeitados pelos
tutores, bem como pelos colegas. Cada aluno conhece o prazo para que as tarefas sejam
cumpridas e devem saber gerenciar seu tempo.
Em outro momento, é possível ver alunos que se reúnem em grupos para elaborar a
apresentação pública, que é avaliativa. Selecionam assuntos mais diversos, que tenham
relação com o tema principal e buscam experiências, formas artísticas, tecnologias digitais
para suas explicações. Assim, tive a oportunidade de ver algumas apresentações inesperadas
sobre o Triângulo das Bermudas, Triângulo do Dragão, Atlântida, experiências sobre
densidade, entre outras, que envolviam o mesmo tema central - a água. No momento da
apresentação, todos os alunos se reúnem com os tutores para assistirem as apresentações.
Após cada exposição, os alunos são indagados pelos tutores e pelos demais alunos
sobre alguma dúvida a respeito do assunto apresentado, bem como lançam algumas reflexões
ou acréscimos sobre o tema.
Há muitas linhas que se cruzam nesse mapa no período da aula (se assim poderia ser
chamada). Os espaços da escola são tomados por diversos agenciamentos curriculares.
7
Essa pesquisa é realizada com os alunos do 6º ao 9º ano do período da manhã, que tem entre 10 a 14 anos.
Encontros de tutores com seus ideais, agenciamentos marcados por sensibilidades
entre alunos com seus tutores, encontros de alunos de idades distintas que buscam um
conhecimento que pode ou não caminhar na mesma direção, agenciamentos com o
conhecimento, encontros com a criação, composições consigo mesmos. Há alunos com livros,
conversando nos grupos, nos computadores, realizando experiências, a discutir questões
diversas. Vê-se respeito, responsabilidade e um movimento fluído, num fluxo constante.
Segundo Mara, no início foi bastante difícil, pois não existe uma metodologia pronta,
eles estão construindo ao longo desses anos os modos de fazer e os alunos os auxiliam nessa
construção. Não apenas os modos de fazer são processos reflexivos, mas igualmente os temas
e as avaliações são constantemente discutidas, demonstrando que nada está pronto. Sabemos
que “não há nada, absolutamente nada, que (...) esteja definitivamente formado, nem mesmo
aquilo que na ontologia deleuziana, poderia dar essa impressão, isto é, as entidades do
domínio do atual” (Tadeu, 2004, p. 151). E essa compreensão potencializa essa escola, que
não se angustia com as incertezas, com as imprecisões, mas vê nelas práticas de liberdade.
Constantemente são realizadas auto-avaliações para que os alunos identifiquem o que
foi ou não cumprido. A auto-avaliação igualmente avalia seus comportamentos durante os
estudos, a organização da instituição8 (merenda, limpeza, etc.), o desempenho dos tutores, o
relacionamento com os colegas, entre outros. Os alunos atualmente respondem a uma prova
escrita de fechamento do módulo. Na experiência que eu pude acompanhar, nós (tutores,
voluntários e eu) auxiliamos os alunos em suas dúvidas com relação à compreensão das
perguntas. Era uma das primeiras experiências dos alunos com esse instrumento avaliativo.
Essa prova, no entanto, não possuía o mesmo peso que às demais avaliações
(apresentação, auto-avaliação, etc.), pois seu intuito era, além de habituar os alunos a esse tipo
de ritual, servir como material de estudo. Sendo assim, essa avaliação foi retomada pelos
tutores com pequenos grupos de alunos, que em posse de suas provas iam discutindo questão
por questão e ampliando o conhecimento sobre o que ali era solicitado. Esse processo foi tão
intenso que durou meio período do dia letivo. A aplicação dessa prova, e todo o processo
avaliativo, estão sendo discutidos e estudados pelos tutores. É um processo que vai sendo
construído, (des)construído, readaptado, refletido e quando a escola desterritorializa esse
saber, quando amplia o conhecimento a partir de um desafio, discutindo seus aspectos
fundamentais e como deve ser conduzido, algo acontece além da avaliação. Não é mais um
8
Os alunos participam diretamente da organização da escola. Semanalmente uma equipe de alunos sorteia os
responsáveis (alunos ou tutores) pela limpeza em alguns espaços (banheiros, refeitório, etc). Os problemas
relativos à organização, entre outros, normalmente são relatados em Assembleia, na busca de soluções coletivas.
simples processo quantitativo, competitivo e passa a ter sua potência de agir, marcado pelos
agenciamentos curriculares que ocorrem a todo o momento, sobretudo nas várias composições
de uma avaliação, linhas que seguem em todas as direções, que se renovam, que provocam
vários encontros, inclusive do aluno consigo mesmo na auto-avaliação, com seu aprendizado,
com seu saber.
O processo de avaliação formativa acompanha igualmente os tutores e a coordenação
da escola que constantemente organiza reuniões de estudo e reflexão sobre a metodologia de
ensino, dificuldade com alunos, avaliação, organização da escola, entre muitos outros
assuntos que podem surgir.
É possível perceber que há agenciamentos curriculares que potencializam a vida,
modificando estruturas da escola tradicional. As relações entre alunos e tutores, que é uma
relação respeitosa, sensível e não subordinada, a relação dos alunos entre eles e a sua relação
com o saber, permitem que essas composições, que esses bons encontros aconteçam. Em meio
à arte, a natureza, a espiritualidade, ao pensamento, esse é um currículo que é “visto pelo
meio, com inspiração no pensamento da diferença deleuziano, não se fecha nunca; está
permanentemente aberto a novos acréscimos. Um currículo assim é difícil de ser descrito e
apreendido” (Paraíso, 2010, p.596).
Considerações Finais
Uma escola democrática, que se baseia na diferença, nas multiplicidades para pensar o
currículo, como é o caso do Instituto Pandavas, possibilita que surjam agenciamentos
curriculares que potencializam o agir aos que vivenciam essa experiência.
São os agenciamentos curriculares, esses bons encontros que estimulam e que
impulsionam todos os integrantes da escola a mantê-la viva. Agenciamentos curriculares que
fazem a escola sobreviver em meio às dificuldades econômicas e resistir ao sempre igual.
Agenciamentos curriculares que incentivam professores a se manterem na escola,
mesmo como voluntários, buscando não somente um ideal educativo, mas o (re)aprender
junto aos seus alunos. Renovar-se sempre! Agenciamentos curriculares que por serem
importantes e interessantes fazem com que os pais confiem numa escola não tradicional para a
educação de seus filhos. Agenciamentos curriculares que contagiam alunos a buscarem a
autonomia intelectual e a vivência respeitosa em grupo, em meio à multiplicidade, a
diversidade. Agenciamentos curriculares que desterritorializam e permitem que alunos e
profissionais da escola tomem o cuidado de si e cuidado dos outros como princípios éticos da
educação e da vida. Agenciamentos curriculares que trazem sensações outras, que
infelizmente só podem ser experenciadas e que dificilmente poderão ser traduzidas num texto
acadêmico.
REFERÊNCIAS
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Objetivo do método é dar autonomia aos alunos do ensino fundamental.12/08/2013.
Disponível em <http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2013/08/escola-de-
monteiro-lobato-sp-acaba-com-series-e-ensina-ao-ar-livre.html> Acesso em 10 de março
2016.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, v.1. [Ebook].
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2015.
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DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Tradução: Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo:
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GAUTHIER, Clermont. Esquizoanálise do Currículo. Educação & Realidade.27(2), pp.143-
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ento_a_partir_de_1837_-_a_lengalenga_>. Acesso em : 10 jan. 2016.
1
Seila Alves Pugas
2
Idemar Vizolli
3
Maria José de Pinho
Sala 3.10
Resumo: Esta comunicação oral visa expor uma revisão de literatura concernente ao processo de alfabetização
matemática na perspectiva de pesquisadores da Educação Matemática. O objetivo é apresentar uma abordagem
exploratória no que tange às discussões teóricas sobre o tema. Para tanto, empregamos a abordagem qualitativa,
utilizamos de revisão de literatura na tese de Doutorado de Madeline Maia (2013) - Alfabetização Matemática:
aspectos concernentes ao processo na perspectiva de publicações brasileiras. Neste estudo constatamos uma
considerável frequência com que foram referenciados os respectivamente os seguintes pesquisadores: D’Ambrosio;
Ole Skovsmose; Fonseca e Danyluk. O estudo pontua as seguintes compreensões sobre o tema. OLE Skvosmose,
compreende que a Alfabetização Matemática vai além da aquisição de códigos e da habilidade para calcular e usar
técnicas matemáticas formais; Ubiratan D’Ambrosio, vincula a Alfabetização Matemática primordialmente à
reflexão de conhecimentos culturais de comunidades ou grupos sociais. Ocsana Danyluck traz a leitura e a escrita da
linguagem matemática aliadas ao sentido e ao significado do conhecimento como pontos centrais na alfabetização
nessa área. Fonseca, pontua a Alfabetização Matemática em aspectos amplos e restritos, propondo, assim, o
letramento matemático, que contempla formas de uso, valores, objetivos, crenças e papeis ligados a escrita numérica,
formas de quantificar, ordenar, classificar e medir.
INICIANDO A CONVERSA
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Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Tocantins, graduada em Pedagogia, professora de Educação
Básica. E-mail: [email protected].
2
Professor Adjunto da Universidade Federal do Tocantins – UFT, docente e orientador nos Programas de Mestrado
Acadêmico em Educação e Mestrado Profissional em Matemática. É doutor em Educação pela Universidade Federal
do Paraná. E-mail: [email protected]
3
Professora Associada da Universidade Federal do Tocantins – UFT, docente permanente do Programa de Pós-
Graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura e do Mestrado em Educação. É doutora em Educação pela
Universidade Federal do Paraná. Bolsista Produtividade do CNPq. E-mail: [email protected].
1
Nessa mesma direção, o processo de compreensão de conceitos e da escrita matemática,
embora apresente especificidades, também ocorre de forma similar à linguagem alfabética. Antes
mesmo de ingressarem no processo de escolarização, as crianças também fazem uso social da
matemática. Essa habilidade é desenvolvida nas relações estabelecidas no contexto social que as
circunda desde a mais tenra idade, por exemplo, nas compras, nos horários das atividades
familiares, ao somarem pontos em um jogo e ao controlarem a quantidade de figurinhas de uma
coleção. As bagagens de experiências informais que as crianças deslocam de suas vivências
servem como elementos de referência no processo de compreensão dos conceitos matemáticos e
são subsídios para o professor no processo de alfabetização, letramento em língua materna e
numeramento.
Os debates acerca do processo de ensino e de aprendizagem durante a alfabetização
acompanham a trajetória dos professores há alguns anos. Recentemente pesquisas sobre o
letramento matemático, mostra que a produção disponível em torno do tema proposto,
principalmente em se tratando de produções brasileiras, incluindo periódicos na área de Educação
Matemática ainda é parco (GONÇALVES, 2008, p. 25). Esse texto tem um caráter inicial da
revisão de literatura e o tema pode ser aprofundado por estudantes, pesquisadores e pela
comunidade de educadores matemáticos.
Pretendemos nesse artigo discutir inicialmente a fragmentação que existe entre a língua
materna e a matemática, para logo em seguida fazer um ensaio das possíveis relações entre os
termos alfabetização Matematica, Letramento e Numeramento. A escolha se deu devido a
importância do tema para a nossa pesquisa no Curso de Mestrado, a partir da qual estamos
investigando, entre outros, a aprendizagem da matemática nos anos inicias de escolarização.
2
Fonseca e Danyluk. Houve 17 nomeações a Ubiratan D’Ambrósio; 10 a Ole Skovsmose; 9 a
Fonseca; 7 a Danyluk. Os demais autores foram citados entre 1 e 4 vezes.
Buscamos, num primeiro momento do texto, discutir a visão compartimentada de ensino e
aprendizagem, construída historicamente na sociedade, contextualizando essa concepção com um
poema de Cecília Meireles, “Ou isto ou aquilo”. Posteriormente, fazemos a exposição acerca do
conceito de Alfabetização Matemática segundo as concepções dos autores utilizados na revisão
de literatura deste artigo. Por fim, fazemos um arremate temporário do assunto, por consideramos
que todo conhecimento é provisório.
A epígrafe, um fragmento do poema “Ou isso ou aquilo”, de Cecília Meireles, pode nos
servir de ferramenta para questionarmos os processos de escolhas. O poema como um todo ainda
permite extrapolarmos a discussão quanto às escolhas tão cristalizadas que se dão geralmente no
âmbito educacional. Temos observado que o fazer escolar comumente está ocupado por
processos de valoração de determinadas práticas, de conteúdos e até mesmo de “perfis” de
estudantes, como se esses fossem, inquestionável e definitivamente, melhores que outros. Essa
realidade tem favorecido historicamente a supremacia da cientificidade em detrimento dos
saberes oriundos dos conhecimentos populares, levando à visão unilateral do conhecimento, bem
como ao distanciamento entre o currículo escolar e a realidade social dos estudantes. Há, então,
conflito e disputa entre concepções pedagógicas de diferentes ordens.
Para exemplificar situações dessa natureza, podemos falar sobre as disputas de métodos
de alfabetização e controvérsias entre as formas de ensinar a ler e escrever. De acordo com
Soares (2003), há pelo menos um século, essa é uma das mais fortes polêmicas da educação, não
só no Brasil, mas em diversos países. A autora aponta que essa disputa ganhou novos contornos a
partir do ano de 1980, quando as pesquisas de Emília Ferreiro trouxeram valiosas informações
sobre como as crianças refletem sobre a escrita.
Até a metade do século XIX, todas as pessoas foram alfabetizadas do mesmo jeito.
Primeiro, ensinavam-se as letras, depois se juntavam as letras para formar sílabas e, só depois, o
estudante entendia que a junção de todos esses elementos poderia formar palavras. Na virada para
o século XX, novas propostas se repartiam em dois grandes grupos. O primeiro, dos métodos
sintéticos, desenhava um caminho de ensino da parte para o todo, começando com a compreensão
de unidades, como a letra (método alfabético), o fonema (método fônico) ou a sílaba (método
silábico). Um segundo grupo, o dos métodos analíticos, propunha a trajetória inversa: do todo
para a parte, iniciando com o estudo de palavras (palavração), frases (sentenciação) ou do texto
inteiro (método global).
3
Entre os pesquisadores dentre os quais destacamos Ferreiro, Soares, Teberosk cresce
o consenso de que é preciso trabalhar, ao mesmo tempo, tanto as unidades menores (investigar
com quantas e quais letras se escreve uma palavra e onde elas devem estar posicionadas) quanto
os processos de compreensão e produção de textos (estudar as características de cada gênero,
como marcas de estilo, intenção de escrita e destinatário, possibilitando ao estudante ler e
escrever antes de dominar convencionalmente esses processos). Hoje, essa é a visão adotada tanto
no Brasil como em outros países.
Na França, o relatório Goigoux, uma extensa pesquisa com 2.800 estudantes publicada em
2015, ficou conhecido por propor o fim da "guerra dos métodos" ao comprovar a eficácia da
combinação entre análise da língua e compreensão. Nos Estados Unidos, a iniciativa Common
Core State Standards, que detalha expectativas de aprendizagem para a Educação Básica,
estabelece que estudantes do 1º ano (antiga primeira série) devem saber reconhecer diferentes
tipos de sílabas, mas também compreender a estrutura de uma frase e estar familiarizados com a
organização de gêneros impressos para ler com fluência.
A possibilidade da dialogicidade entre métodos e concepções epistemológicas é uma
discussão que tem sido fomentada as últimas décadas, especialmente por teorias emergentes,
cujos estudiosos sinalizam para a reforma ética do pensamento, ou seja, para mudanças
4
conceptivas e práticas nas relações estabelecidas com o outro. Sobre essa compreensão, Pinho
afirma que o educador precisa ter um olhar mais ampliado para a escola, para a prática educativa,
em razão de que, quanto mais o professor dominar a prática, mais terá condições de confrontar,
comungar, refutar e até mesmo de rever o seu fazer. A pesquisadora defende que teoria e prática
são inseparáveis nos processos de ensino e aprendizagem. Nesse entendimento, apresenta dois
desafios para a práxis: potencializar o que é positivo e que a escola já vem realizando no seu
cotiando; dar sentido àquilo que é ensinado na escola, ou seja, o que determinado conteúdo ou
aprendizado pode contribuir para o desenvolvimento social, cultural e planetário do estudante.
A visão da autora se aproxima das perspectivas de Morim (2017). Haja vista que
pesquisador defende uma reforma de pensamento:
O modelo de ensino que foi instituído nos países ocidentais é aquele que separa os
conhecimentos artificialmente através das disciplinas. E não é o que vemos na natureza.
No caso de animais e vegetais, vamos notar que todos os conhecimentos são
interligados. E a escola não ensina o que é o conhecimento, ele é apenas transmitido
pelos educadores, o que é um reducionismo.
As discussões da autora se deram nas aulas do curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação da Universidade
Federal do Tocantins (2º semestre do ano de 2016).
4
No âmbito da aquisição da língua materna, da Matemática e das demais disciplinas,
acreditamos que é importante fazer um diálogo entre as áreas que integram o currículo escolar,
pois “as disciplinas fechadas impedem a compreensão dos problemas do mundo e fragmenta os
conhecimentos” (MORAN, 2017, p.3). No bojo da dialogicidade entre as disciplinas, é
primordial entender que a aquisição da aprendizagem se dá pela tessitura das distintas áreas dos
conhecimentos.
Nosso modo de ver o mundo está impregnado de uma visão que valoriza os
conhecimentos científicos como neutros, verdadeiros em si, cabendo aos sujeitos aprendê-los
com a máxima objetividade possível, sem a interferência de valores. Assim, os sentidos
atribuídos ao fazer docente estão relacionados à compreensão e ao valor que o professor confere
ao ensino e à aprendizagem. Essa compreensão é construída durante toda a trajetória escolar
desde as experiências como estudante até a fase de formação e prática profissionais.
Em se tratando do ensino, da leitura e da aprendizagem matemática nos anos iniciais do
Ensino Fundamental (1º ano ao 3º ano), pesquisas apontam o distanciamento entre o que se
propõe a estudar na escola e o que de fato é útil para os sujeitos se apropriarem nos espaços
sociais, tanto em nível local como global. Kleiman (1995), dentre os autores, se dedicam ao tema.
Ao tratar de letramento, afirma que as práticas letradas de diferentes comunidades são muitas
vezes distantes do enfoque que a escola costuma dar à escrita (o letramento tipicamente escolar).
Lidar com essa diferença (as formas diversas de conceber e valorar a escrita, os diferentes usos,
as várias linguagens, os possíveis posicionamentos do interlocutor, os graus diferenciados de
familiaridade temática, as alternativas de instrumentos, portadores de textos e de práticas de
produção e interpretação) pode significar percorrer uma longa trajetória, cuja duração não está
prevista nos padrões inflexíveis da programação curricular.
Colello (2003) pactua com Kleiman (1995 ) e acrescenta que um dos motivos pelos quais
tantos deixam de aprender a ler e a escrever tem relação com a proposta pedagógica da escola,
muitas vezes autoritária, artificial e pouco significativa. Na dificuldade de lidar com a lógica do
“aprenda primeiro para depois ver para que serve”, os estudantes parecem pouco convencidos a
mobilizar os seus esforços cognitivos em benefício do aprender a ler e a escrever.
Um aspecto resgatado pelo modelo ideológico de letramento, proposto por Colello (2003).
Os princípios do alfabetizar letrando estão fortemente vinculados a uma nova condição cognitiva
e cultural. Paradoxalmente, a assimilação desse status (justamente aquilo que os educadores
esperam de seus estudantes como evidência de “desenvolvimento” ou de emancipação do sujeito)
pode se configurar, na perspectiva do aprendiz, como motivos de resistência ao aprendizado: a
negação de um mundo que não é o seu; o temor de perder suas raízes (sua história e seu
referencial); o medo de abalar a primazia até então concedida à oralidade (sua mais típica forma
de expressão); o receio de trair seus pares com o ingresso no mundo letrado e a insegurança na
conquista da nova identidade (como “aluno bem-sucedido” ou como “sujeito alfabetizado” em
uma cultura grafocêntrica altamente competitiva).
Figura, assim, de igual modo, o processo de ensino e aprendizagem da Matemática
quando se trata das crianças nos anos iniciais do Ensino Básico. Ele ainda tem se restringido ao
uso de técnicas operatórias e à simples memorização, constituindo uma prática mecânica e sem
sentido. Nessa abordagem, o ambiente é de repetição, cópia, reprodução (FIORENTINI, 2003), o
5
que, por consequência, não garante um aprendizado para o estudante, mas contribui para o
fracasso escolar
Outra ideia dominante nos anos iniciais da escolaridade é a de que o trabalho com a
Matemática e com as demais disciplinas somente pode ser iniciado quando a criança está
“completamente alfabetizada”. Essa concepção aponta para a necessidade de se repensarem as
atividades de leitura e escrita, entendendo-se que o desenvolvimento da competência leitora e
escritora dependem de ações coordenadas nas tarefas das várias áreas de conhecimento. Por
exemplo, é necessário abandonar a ideia de que é “perda de tempo” dedicar espaço nas aulas de
Matemática para leitura e interpretação dos enunciados de problemas e exercícios matemáticos.
É na expectativa de se verificar a aproximação entre a língua materna e a Matemática nos
anos iniciais de escolarização que observamos recentemente no campo da educação, ou mais
especificamente da Educação Matemática, a disposição de se estabelecerem relações entre
alfabetização matemática, letramento e numeramento. É fundante entendermos as visões
imbricadas nesses processos, quando existe ainda muita confusão no campo conceitual e nas
práticas pedagógicas a esse respeito.
4 – DEMARCANDO O CAMPO DE DISCUSSÃO EM TORNO DO CONCEITO DE
LETRAMENTO MATEMÁTICO
No campo da Educação Matemática, há um movimento em cujo bojo de discussão está a
necessidade primária de se desfazer o pensamento de “verdade suprema” vinculado a esse campo
do saber, que, dessa forma, é excludente e seletivo. Estudos desenvolvidos por Souza (2010),
Skovsmose (2005), dentre outros pesquisadores com atuação em diferentes contextos, defendem,
em comum, quatro pontos fundamentais quanto à Educação Matemática: contextualização do
ensino, respeito à diversidade, desenvolvimento de habilidades e reconhecimento das finalidades
científicas, sociais, políticas e histórico-culturais. Apresentamos, nas próximas sessões, uma
síntese dos autores de nossa discussão a esse respeito.
4.1 – EDUCAÇÃO MATEMATICA
O conceito de alfabetização letramento matemático está diretamente relacionado a uma
determinada concepção de Educação Matemática e sua abordagem na escola. Defendemos que o
conhecimento matemático, assim como o de outras áreas como as ciências naturais, não
corresponde, de forma biunívoca, ao seu ensino. Dito de outro modo, Matemática e Educação
Matemática são dois domínios diferentes, assim como, Física e Ensino de Física são diferentes, e
assim por diante. Não se trata aqui de abordar este tema complexo, mas é relevante assinalar que,
a partir de nossa experiência acadêmica e profissional, percebemos alguns equívocos na
abordagem da matemática, como a inadequação à faixa etária, a falta de ressonância no cotidiano,
conteúdos obsoletos etc.
Para nos aproximarmos do conceito de alfabetização Matemática, faremos uma rápida
exposição sobre a concepção de Educação Matemática com a qual comungamos. Inicialmente
buscamos em D’Ambrosio (1990) justificativas para se trabalhar com a Matemática na escola.
Ele concebe a Matemática como uma disciplina que foi desenvolvida pela humanidade para
explicar, entender e manejar a realidade sensível, bem como para conviver com ela e com o seu
imaginário dentro do contexto natural e cultural. Desse entendimento, o pesquisador argumenta
6
que essa disciplina deve estimular o desenvolvimento individual e coletivo das diversas gerações,
já que as relações sociais são mutáveis, intensas, multiculturais e, portanto, passíveis de conflitos.
É dentro de uma concepção de sociedade multicultural que o pesquisador idealiza o saber
matemático para além de contar e calcular. Ele pondera que o currículo de Matemática deve
considerar a sociedade atual, a globalização, a influência da tecnologia sobre a sociedade e a
preservação de valores e tradições culturais.
Para complementar nossa concepção de educação matemática, deslocaremos o foco de
nossas colocações para uma visão que privilegie a aprendizagem. Encontramos em diversos
pesquisadores ( Danyluk, 1998; Skovmose, 1997; Maia , 2013 ), destaques para a importância
dos seguintes fenômenos: o saber que permeia toda as instâncias externas à escola; a importância
dos conhecimentos prévios dos estudantes ; a correlação conhecimento escolar e estratégias
matemáticas úteis no cotidiano.
Danyluk (2015) trouxe a leitura e a escrita da linguagem matemática como pontos
centrais, aliadas ao sentido e ao significado do conhecimento no processo de alfabetização
matemática. Nessa perspectiva, o contexto assume papel relevante, uma vez que, para a autora, a
criança consegue compreender e entrar para o mundo da escrita matemática a partir da análise de
situações de uso do conhecimento.
Além disso, a autora defende que, pelo fato de a linguagem matemática estar vinculada
aos inúmeros contextos, ela seja permeada por ideias e ideais da sociedade e da cultura. Nesse
sentido, fala e escrita vão revelar cultura, tradição e experiências de um grupo ou civilização.
Assim, Danyluck dá papel significativo ao diálogo e à escuta no processo de alfabetização
matemática, pois entende que ambos motivam e incentivam o pensamento meditativo e o
raciocínio dos estudantes.
Inspirado nas ideias freirianas, Skovsmose(1997) defende que a Matemática deve ser
trabalhada de modo que o estudante se aproprie dos conceitos e conteúdos matemáticos,
procurando a ressignificação desses conhecimentos em suas relações sociais. Para tanto, o ensino
deve buscar um espírito crítico e um projeto que dê condições aos estudantes de participação e de
transformação do meio em que se inserem. Para tanto, a aprendizagem Matemática, na visão
desse pesquisador, vai muito além do aprendizado de símbolos e da resolução de “continhas” das
quatro operações. Portanto, o pesquisador ressalta a importância dos “cenários de investigação”
para a produção de conhecimentos matemático em sala de aula. Às práticas de sala de aula
baseadas num cenário para investigação diferem fortemente das baseadas em exercícios.
Skovsmose (2000) aponta que as práticas de exercícios direcionam o estudante para o comodismo
e a alienação, gerando uma crescente apatia em relação ao próprio contexto em que está inserido.
O autor propõe sua superação na criação de espaços onde o educador possa desafiar o educando a
ir em busca de seus limites, para que investigue, elabore, (re)elabore e construa conhecimentos
matemáticos, onde seja oportunizada uma aprendizagem significativa que acompanhe a dinâmica
da própria humanidade, um Cenário para Investigação.
Sem termos a pretensão de ter esgotado as possíveis vias de discussão, concordamos que
D’Ambrosio,Danyluck e Skovsmose constituem importantes referenciais a partir dos quais
marcamos também nossa posição com relação ao nosso pensar sobre o que vem a ser Educação
7
Matemática. Discutiremos em seguida, dentro de nossa percepção, a construção do conceito de
Alfabetização Matemática e as possíveis tessituras entre numeramento e letramento.
Para nos ajudar nessa discussão mencionaremos ponderações, apontadas por Fonseca (2012). Isso
se dá vez que a pesquisadora pontua a disposição de se estabelecer relações entre matemática e
letramento. Reconhecemos que podem existir outras fontes, no entanto, reconhecemos também
que as discussões estão no início e que textos publicados ainda são parcos. Em seu recorte
conceitual Fonseca pontua que a disposição de se estabelecer relações entre matemática e Língua
Materna, Educação Matemática e Alfabetização .
[...] quando nos juntamos nesse esforço pela alfabetização, estamos pensando na
alfabetização num sentido amplo. Estamos, sim, buscando garantir que alunas e alunos
do Ensino Fundamental, aos 8 anos, tenham se apropriado do sistema de escrita
alfabético, e nosso compromisso vai além disso: nossa ação pedagógica precisa
contribuir para que as crianças compreendam a intenção dos textos que leem, no
contexto das práticas de leitura de sua vida cotidiana, dentro e fora da escola; é
importante que nossa ação pedagógica auxilie as crianças a entenderem as diversas
funções que a leitura e a escrita assumem na vida social para que também possam
usufruir dessas funções; o papel de nossa ação pedagógica é de promover condições e
oportunidades para que as crianças apreciem e produzam textos que lhes permitam
compreender e se relacionar melhor com o mundo em que vivem e consigo mesmas
nesse mundo. (BRASIL, 2007, p. 27)
Nesse fragmento, a autora apresenta a alfabetização como um processo macro, ou seja, ela
reconhece que a leitura e a escrita devem ser usadas para a compreensão dos contextos sociais
dos estudantes, definidos por formas de uso, objetivos, valores, crenças, atitudes e funções
ligadas à escrita numérica, formas de quantificar, ordenar, medir e classificar. Assim, o
letramento matemático de Fonseca, envolve a alfabetização matemática, mas com consequências
sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas e linguísticas. Isso nos leva a considerar que a
autora acredita na existência de processos (alfabetização e letramento) distintos e com
características de complementariedade.
Nessa perspectiva, a autora utiliza o termo “numeramento” para designar, além do
domínio de códigos e símbolos, práticas sociais com a Matemática, permeadas por fatores
histórico-culturais. Assim, defende que, a partir do domínio de conceitos matemáticos aprendidos
na escola, sejam contextualizados problemas cotidianos, a fim de que os estudantes sejam
numeralizados. Dessa forma, propõe como prática para os professores a estratégia de resolução
de problemas e o trabalho com gêneros textuais.
A autora apresenta ainda uma outra concepção de alfabetização em sentido mais restrito,
relacionada às primeiras noções de Matemática, mais voltada ao âmbito escolar. O conceito de
alfabetização, nesse caso, está relacionado com a iniciação a um campo de conhecimento. De
acordo com Fonseca (2005a, p. 4):
A ideia de alfabetização, nesse caso é a da iniciação a um campo, e a adjetivação é para
que se transfira esse sentido da iniciação mais elementar ao mundo da leitura e da
escrita, para, no caso da Alfabetização Matemática, o campo da Aritmética, trilhando os
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primeiros passos da construção do conceito de número, da aquisição da representação
numérica no sistema decimal de numeração, ou da resolução de problemas simples
envolvendo as operações fundamentais om Números Naturais; ou ainda para uma
primeira incursão no campo da Geometria, contemplando noções topológicas ou
reconhecimento e classificação de figuras.
9
possibilidades de adaptação, resistência e até de transgressão colocadas pela sociedade, regida
pelo domínio da palavra escrita (FONSECA, 2005a, p.07).
Nesse sentido, o letramento surge da realidade crescente da demanda cada vez mais
diversificada, sofisticada e intensa de uso da leitura e da escrita, no caso, também em
Matemática. No processo de letramento matemático, torna-se imprescindível se considerar o
desenvolvimento de habilidades matemáticas. Para esse fim, a ideia de Fonseca é de busca de
soluções para situações-problema reais, fazendo-se uso de habilidades e conhecimentos
matemáticos. Com esse propósito, a autora acredita em um trabalho com diferentes estratégias de
leituras e focado nos gêneros textuais nas aulas de matemática. Os gêneros mais característicos da
área da Matemática são: enunciados de problemas, instrução para exercícios, descrições de
procedimentos, definições, enunciados de propriedades, teoremas, demonstrações, sentenças
matemáticas, diagramas, gráficos, equações, etc.
Diante desse quadro, é exigido do professor um trabalho diferenciado e focado em ações
pedagógicas específicas, que contemplem o desenvolvimento de estratégias de leitura, análise de
estilos, discussão de conceitos e acesso aos termos envolvidos. A ideia é trabalhar com textos que
veiculem exposição, definições, demonstrações, resultados, dentre outros conteúdos e que abram
possibilidades para a contextualização da Matemática na realidade dos estudantes; ao mesmo
tempo, que os coloquem em situações novas e de desafios. Ao transcender tais desafios, os
estudantes são colocados diante de uma outra possibilidade de vida.
CONSOLIDANDO AS PERCEPÇÕES
10
desenvolvimento e mudança. Para tanto, entendemos que os autores trazem as práticas de ensino,
no contexto da Alfabetização Matemática, como permeadas pela busca investigativa, pela
discussão, de modo que o conhecimento seja interpretado, analisado e questionado. O
desenvolvimento de projetos adequados aos grupos de aprendizagem, a utilização de estratégias
de resolução de problemas, o desenvolvimento de leitura e interpretação em sala de aula e o uso
de gêneros textuais são fatores constantes nas propostas. Além disso, as práticas devem
considerar as diferentes formas de expressão do conhecimento e o professor precisa promover e
favorecer o diálogo e a escuta em sala de aula. Oralidade e escrita são importantes formas de
expressão, por exemplo, e ambas contribuem para o desenvolvimento do pensamento dos
estudantes.
Diante dos aspectos mencionados, é importante estabelecer relações entre os processos de
Alfabetização Matemática e alfabetização e letramento em língua materna.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria a prática. São Paulo: Papirus, 1996.
COLELLO, Silvia M. Gasparian. A escola que (não) ensina a escrever. São Paulo: Summus,
2012.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. 23. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
11
SOARES, Magda Becker, (1998). Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte:
Autêntica. 2003.
12
APREDENDO QUIMICA BRICANDO.
Sala 03
Resumo: O ensino atualmente preocupa-se em apenas despejar informações sem ser levado em conta o tempo e
a forma como este é ensinado. Hoje se espera na verdade a inserção de atividades alternativas que possam
promover ensino e aprendizagem de qualidade no ambiente escolar. Para isso o objetivo proposto deste trabalho
foi a aplicação de um jogo didático com o intuito de facilitar a aprendizagem dos educandos na aprendizagem de
química. Discorremos sobre um jogo lúdico, o qual foi apresentado aos alunos um conteúdo sobre funções
orgânicas nitrogenadas, em uma turma, do ensino médio onde optamos por dividi-los em equipes. Os resultados
demostraram através deste jogo que os alunos ao serem instigados começaram a explorar o assunto em aspectos
que até então eram despercebidos ou seja passaram a ser sujeitos ativos no próprio conhecimento. O jogo oferece
o estímulo e o ambiente propício que favorecem o desenvolvimento espontâneo e criativo dos alunos e permite
ao professor ampliar seu conhecimento de técnicas ativas de ensino, desenvolver capacidades pessoais e
profissionais para estimular nos alunos a capacidade de comunicação e expressão, mostrando-lhes uma nova
maneira, lúdica, prazerosa e participativa de relacionar-se com o conteúdo escolar, levando a uma maior
apropriação dos conhecimentos envolvidos.
INTRODUÇÃO
O ensino atualmente preocupa-se em apenas despejar informações sem ser levado em
conta o tempo e a forma como este é ensinado. Hoje se espera na verdade a inserção de
atividades alternativas que possam promover ensino e aprendizagem de qualidade no
ambiente escolar. Para isso a proposta deste trabalho foi a aplicação de um jogo didático com
o intuito de facilitar a aprendizagem dos alunos do ensino básicos.
Assim como afirma Krasilchick (2008),ao tentar resolver tais problemas na maioria
dos casos os professores optam por usar modelos previamente conhecidos sem levar em conta
a adequação do desenho experimental para perguntas que precisam responder. Geralmente
utiliza-se de modelos que já foram pensados, explorados e até bastante usados, algo que já
vem com “manual de instruções”, porém o ideal é que o professor crie alternativas didáticas,
adequando-se não só ao conteúdo, como também as necessidades dos alunos. Neste caso o
lúdico sendo inserido em determinados conteúdos favorece uma aprendizagem significativa.
O termo “lúdico” abrange o brincar, a atividade individual, coletiva, livre e regrada.
(CARDIA, 2011).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta atividade foi realizada no eixo de práticas pedagógicas com alunos da escola
estadual beira rio distrito de luzimangues Porto Nacional TO. Foi realizada com alunos do 3°
ano do ensino médio. O conteúdo abordado faz parte da grade curricular do ensino de química
e encontra-se de acordo com o nível da escolaridade dos alunos. Foi realizado em uma turma,
sendo essa constituída por aproximadamente 30 alunos.
Para a metodologia aplicada utilizou-se como referencia o jogo didático
“nitrogenadas”. Em um primeiro momento com o intuito de facilitar o ensino das funções
orgânicas nitrogenadas.
Estratégia de ensino aprendizagem foi a qual é um (júri simulado), este é o modelo do Júri
simulado.
Descrição : É a simulação de um júri em que, a partir de um problema, são
apresentado argumentos de defesa e de acusação. Pode levar o grupo a analise e avaliação de
um fato proposto com objetividade e realismo, a critica construtiva de uma situação e a
dinamização do grupo para estudar profundamente um tema real. Imaginação, intepretação
critica, comparação , analise , levantamento de hipótese, busca de suposições e decisão .
1)partir de um problema concreto e objetivo, estudado e conhecido pelos participantes .
2)um estudante fará o papel de juiz e outros o papel de escrivão . Os demais componente da
classe serão divididos em quatro grupos promotoria, de um a quatro estudante , defesa devem
, com igual numero conselho da sentença , com sete estudante e o plenário como demais .
3)A promotoria e a defesa devem ter alguns dias para a preparação dos trabalhadores , sob
orientação do professor cada parte terá 15 min para apresentar seus argumentos o juiz
manterá a ordem dos trabalho e formulara os quesitos ao conselho de sentença. O escrivão
tem a responsabilidade de fazer o relatório dos trabalhos.
O conselho de sentença, após ouvir os argumentos de ambas as partes, apresenta sua
decisão final.
O plenário será encarregado de observar o desempenho da promotoria e da defesa e
fazer uma apreciação final sobre sua desenvoltura.
Considerar se a apresentação das ideias foi concisa, dará e lógica, se a profundidade dos
conhecimentos foi adequada e se a argumentação foi fundamental nos diversos papeis.
Os alunos mostraram-se empolgados depois de ouvirem as explicações de todas as
regras e dispostos a participarem da atividade proposta e assim aprenderem mais sobre o tema
escolhido.
A metodologia escolhida para ser utilizada foi uma avaliação de caráter Qualitativo
quantitativo baseando-se nas apresentações de cada grupo . Abordagem qualitativa, oferece
caráter exploratório, e estimulam os sujeitos a pensar e também a falar livremente sobre um
tema, objeto ou conceito. E quantitativo, pois para Prodanov e Freitas (2013, p. 70),tudo pode
ser quantificável, o que denota traduzir em números opiniões e informações para classificá-las
e analisá-las e assim obter respostas a uma determinada questão.
Este é o júri simulado. E foi usado para trabalhar as funções orgânicas
nitrogenadas.No qual os alunos estudaram o determinado tema descobriram que o nitrogênio
é um elemento fundamental para a vida na terra, principalmente na indústria sintéticas, como
medicamentos , explosivos ,plásticos etc. E que é divididos em partes Aminas, amidas,
nitrilas, isonitrilas, nitrocompostos.
Mas nem tudo é de fato bom, pois alguns produtos mau utilizados pode trazer muitos
problemas ao meio ambiente e ao próprio homem. Foi que surgiu a ideia de fazer um júri com
os alunos. O trabalho aconteceu com a turma 33.03 da seguinte forma, a sala se dividiu em
grupos sendo esses constituído de um juiz, um promotor uma escrivã, um aluno representando
as funções orgânicas nitrogenadas, três grupo de alunos.um representando o júri sendo este
grupo constituído de sete alunos. Este grupo representando os advogados de defesa e
constituído de seis alunos, o outro grupo de acusação constituído de seis alunos, este para
serem formados esses grupos foi utilizados sorteios e os alunos que ficaram de fora eram
chamados de plateia, os mesmos participavam ajudando todos os grupos a desenvolverem os
trabalhos. O grupo de alunos representando a acusação escolheram como tema de acusação a
tragédia de bhopal, que aconteceu na índia central.
Para inicia as apresentações a juíza que era representada por uma aluna abriu o
julgamento com as acusações alegada pelo grupo de alunos representando pelos advogados de
acusação os quais trouxeram para acusar. A tragédia de Bhopal ocorreu em 3 de dezembro de
1984 quando gases tóxicos vazaram de uma fábrica e atingiram a população de Bhopal, na
Índia.Bhopal é uma cidade situada no centro da Índia com mais de 1.400.000 habitantes. Ela
foi o cenário do maior acidente industrial e químico do mundo, que ocorreu na madrugada de
02 para 03 de dezembro de 1984. Nessa cidade instalou-se uma indústria que produzia
pesticidas, visto que era necessário atender à demanda cada vez mais crescente de alimentos
pela população. Essa fábrica era, na época, da empresa norte-americana Union Carbide
Corporation, que, em 2001, foi adquirida pela multinacional Dow Química, que se tornou a
maior indústria química do mundo.
O inseticida produzido na fábrica era o Sevin (1-naftol-N-metilcarbamato), que possui
a seguinte fórmula química:
Fórmula do inseticida Sevin (1-naftol-N-metilcarbamato) O Sevin age atacando o sistema
nervoso dos insetos. Existem outros meios de produzir esse inseticida, mas a empresa em
Bhopal decidiu reagir o isocianato de metila (H3C ─ NH ─ C ═ O) com o 1-naftol da
seguinte forma: Reação de síntese do Sevin. O isocianato de metila ficava depositado em três
grandes tanques com capacidade de armazenar 42 toneladas do produto cada um. Esses
tanques ficavam em um abrigo subterrâneo feito de concreto para não serem afetados pelo
calor da Índia. O problema é que o isocianato de metila é um composto extremamente
perigoso. Por ser altamente reativo, ele reage violentamente até mesmo com a água, gerando
gases letais.
Um funcionário da fábrica iniciou a sua rotina normal de manutenção, conectando
uma mangueira de água em um dos canos que passava por dentro da fábrica. A sujeira que
veio com essa água entupiu o cano, o que fez a água voltar, atravessar os canos que cortavam
a fábrica e entrar em um dos tanques que armazenavam cerca de 35 toneladas de isocianato de
metila.
A reação entre a água e o isocianato de metila é exotérmica, ou seja, libera calor. Esse
calor, por sua vez, aquece a mistura e acelera ainda mais a reação, o que consequentemente
gera mais aquecimento e a reação passa a ocorrer de forma incontrolável. Essa reação química
imprevista resultou em gases letais que vazaram da fábrica e foram levados pelo vento
paraadormecida cidade de Bhopal. Calcula-se que três mil pessoas morreram por asfixia ainda
em suas camas dormindo.
Outras milhares de pessoas saíram pelas ruas vomitando sangue, com dificuldade de
respirar e com os olhos queimando. Isso porque o isocianato de metila é muito irritante, é
solúvel em água e ferve a uma temperatura muito próxima à do corpo. Assim, quando a
pessoa inala baixas concentrações de isocianato de metila, ele afeta primeiro as partes úmidas,
como boca, garganta, vias respiratórias e olhos. Em altas concentrações, ele atinge as partes
mais profundas do pulmão, destruindo-as. Dessa forma, o sangue inunda esse órgão, e a
pessoa acaba afogando-se em seu próprio sangue.
A nuvem de gases tóxicos demorou dias para dissipar-se, por isso muitas pessoas
morreram nos dias seguintes. Além dos muitos casos deabortos, esse desastre resultou em
cinco mil pessoas mortas, cinquenta mil com graves sequelas, inclusive crianças que
nasceram de pessoas atingidas pelos gases, e duzentas mil atingidas em menor grau. Baseado
nesta tragédia o grupo de acusação entro contra a seguinte questão de acusação, jogando toda
culpa da tragédia, das mortes dos abortos dos desabrigados da época nas funções orgânicas
nitrogenadas.
No termino das alegações de acusação, a fala novamente foi passa a senhora juíza que
passou a fala aos alunos representado osadvogados de defesa.
Já os alunos representando os advogados de defesas escolheu como sendo importantes para
as defesas a importância do nitrogênio para a agricultura e oCiclo do nitrogênio: com os
seguinte discursos.
O nitrogênio é um elemento químico essencial para a existência de vida na Terra, já
que é componente de todos os aminoácidos do nosso corpo, além das bases nitrogenadas (que
constituem as moléculas de DNA e RNA). Aproximadamente 78% do ar que respiramos é
composto pelo nitrogênio da atmosfera (N2), que é seu maior reservatório. Um dos motivos
para isso é o N2 ser a forma inerte do nitrogênio, ou seja, ele é um gás que, em situações
comuns, não é reativo. Assim, ele vem se acumulando na atmosfera desde a formação do
planeta. Apesar disso, poucos seres vivos têm capacidade de absorvê-lo em sua forma
molecular (N2). Acontece que o nitrogênio, assim como o ferro e o enxofre, participa de um
ciclo natural ao longo do qual sua estrutura química sofre transformações em cada uma das
etapas, servindo como base para outras reações e assim se tornando disponível para outros
organismos - esta a grande importância do ciclo do nitrogênio (ou "ciclo do azoto").
Para que o N2 atmosférico atinja o solo, entrando no ecossistema, ele deve passar por um
processo chamado fixação, que é realizado por pequenos grupos de bactérias nitrificantes, que
retiram o nitrogênio na forma de N2 e o incorporam em suas moléculas orgânicas. Quando a
fixação é realizada por organismos vivos, como as bactérias, ela é chamada de fixação
biológica, ou biofixação. Atualmente, também pode-se fazer uso de fertilizantes comerciais
para a fixação de nitrogênio, caracterizando a fixação industrial, método muito utilizado na
agricultura. Além destas, há também a fixação física, que é realizada por raios e faíscas
elétricas, através dos quais o nitrogênio é oxidado e carregado para o solo através das chuvas,
mas tal método possui uma capacidade reduzida de fixação de nitrogênio, que não é suficiente
para os organismos e a vida na Terra se manterem.
As bactérias, ao fixarem o N2, liberam amônia (NH3). A amônia, quando em contato
com as moléculas de água do solo, formam o hidróxido de amônio que, ao ionizar-se, produz
o amônio (NH4), em um processo denominado amonificação. Na natureza, há um
equilíbrio entre amônia e amônio, que é regulado pelo pH.
O nitrato permanece livre no solo, e não possui tendência de se acumular em
ambientes naturalmente intactos, fazendo com que ele possa percorrer três caminhos
diferentes: ser absorvido pelas plantas, ser desnitrificado, ou atingir corpos d'água. Tanto a
desnitrificação quanto o fluxo de nitrato para os corpos d'água apresentam consequências
negativas para o meio ambiente.
O grupo de defesa também usou a importância do nitrogênio para a agricultura.
O nitrogênio é fundamental para a produção de alimentos. As substancias nitrogenadas
originam os aminoácidos, essenciais na formação das proteínas, os ácidos nucléicos, o ATP
(adenosina trifosfato) e a clorofila. Os consumidores obtêm o nitrogênio através das plantas e
são incapazes de utilizar o nitrogênio atmosférico (N2). A fixação biológica do N2 é realizada
por bactérias que vivem em simbiose mutualista nas raízes, principalmente das leguminosas,
mas existem outras plantas que também são capazes de realizarem esta atividade.
Com os fertilizantes sintéticos mudou radicalmente o conceito de agricultura e de
produção de alimentos. O nitrogênio passou a ser incorporado às culturas agrícolas,
possibilitando um enorme aumento da produção e o desenvolvimento de monoculturas
extensivas. A fixação industrial através da combinação de nitrogênio e hidrogênio utilizando
grandes quantidades de calor, pressão e energia e o hidrogênio fornecido pelo petróleo, carvão
ou gás natural (processo Haber-Bosch), consolidou a dependência da agricultura aos
combustíveis fósseis e à indústria química.
O grupo de defesa mesmo depois de ter apresentado a importância do ciclo do
nitrogênio e a importância do nitrogênio na agricultura ainda tiveram a criatividades de jogar
a tragédia de bhopal toda para os funcionários da fabrica e ainda mencionaram. Esse triste
fato evidencia como é importante que o avanço tecnológico ocorra somente com base nos
princípios da cidadania, ética e respeito às pessoas e ao meio ambiente. As indústrias
precisam estar extremamente atentas aos cuidados com a segurança, não deixando que os
aparelhos apresentem falhas no funcionamento, que fiquem desligados ou que sejam
ineficientes. É também preciso que a legislação ambiental e de segurança química seja bem
rigorosa e que o governo garanta o seu cumprimento.
Depois da participação dos dois grupos o de acusação e o de defesa novamente entra a
senhora juíza a qual passa a fala para o júri, o mesmo inicia as votações que com um placar
bem apertado vence a defesa obtendo quatro votos a favor três contra.
Depois do resultado a juíza declarou as funções orgânicas nitrogenada sendo
representada pelo um aluno inocente dos tais crimes de acusação.
Desenvolvimento
Logo no início da atividade os alunos mostraram-se empolgados em estudar o
conteúdo relacionado a funções orgânicas nitrogenadas, de forma lúdica, assim começaram a
questionar se de fato iam conseguir eliminar todas as dúvidas existentes de fato no decorrer
do jogo didático. A importância de analisar o aspecto cognitivo dos alunos é de suma
importância na construção da aprendizagem. O jogo confronta o estudante com as limitações
de seu conhecimento. Por meio de desafios e do contato com o outro, favorece a
aprendizagem de forma alegre e prazerosa (SCHWARZ, 2006). Assim fica evidente a
importância de utilizar jogos no processo de ensino/aprendizagem dos educandos.
Em Brasil (1998), é relatado que é essencial considerar o desenvolvimento cognitivo
dos alunos, sempre relacionado à suas experiências, sua idade, sua identidade cultural e
social, e os diferentes significados e valores que as ciências naturais podem ter para eles, para
que a aprendizagem seja significativa, ocorrendo desta forma a aprendizagem será mais
facilitada. Ao final da apresentações foram feita perguntas verbativas as equipes uma maneira
de avaliar os mesmos.
Quanto à avaliação final da aula observou-se que a turmas onde a atividade do jogo
didático foi aplicada que 80% das perguntas foram respondidas corretamente, 15% foi errado
e 5% das equipes não conseguiram responder demostrando dúvidas. Assim é possível
perceber que o jogo constitui-se uma ferramenta importante a ser utilizado no processo de
ensino aprendizagem já que apenas uma minoria demonstrou dificuldades diante das
perguntas. Este resultado é gratificante, pois se comprovou que é necessário inovar e buscar
meios que impulsione os educandos a aprenderem os conteúdos de forma eficaz.
Considerações Finais
Com base nos resultados obtidos conclui-se que é de grande importância
Trabalhar novas perspectivas didáticas em química usando um jogo didático no conteúdo de
funções orgânicas nitrogenadas ou qualquer um outro conteúdo de química no ensino medio,
tendo em vista que tal experiência contribui de forma positiva no processo de ensino-
aprendizagem, devendo ser inseridas no cotidiano escolar.
Assim pode-se afirmar que através do jogo didático um determinado assunto pode
instigar aspectos que até então passavam despercebidos por a maioria dos alunos, pois além
de ser motivador é um elemento importante na estimulação do pensamento crítico do aluno
facilitando a construção do conhecimento. Explicita-se ser de grande relevância o uso de
métodos como estes no planejamento escolar, pois o mesmo instiga e incita a compreensão de
assuntos abordados em sala de aula.
Referências
CUNHA, M. B. Jogos de Química: Desenvolvendo habilidades e socializando o grupo.
Eneq. 2004.
Sala 3.2
Resumo: O trabalho de relato de experiência discorre objetivando a pesquisa e estudos de tabelas, gráficos,
adição e subtração em matemática, sendo trabalhada uma metodologia com atividades práticas, conceituado os
conteúdos frisado no projeto. De modo que o desenvolvimento dos alunos do 3º ano do ensino fundamental na
escola de Tempo Integral Santa Bárbara em Palmas tivesse um significado na aprendizagem escolar e na vida
pessoal. O desenvolvimento do trabalho ocorreu com base em leitura de estudos de: Zélia Maria Freire de
Oliveira e Eunice Maria Lima Soriano de Alencar (2008), além de outras referencias que trata da criatividade
dos professores e das escolas no qual requer uma trandisciplinaridade de ir além do que estar proposto nos
planejamentos e projetos escolares Neste caso, os livros didáticos, cabendo aos alunos transcrever e receber a
correção do professor sem saber o fato concreto que gerou as informações contidas nas tabelas e gráficos nas
páginas dos livros de matemática. O trabalho de forma prática motiva os alunos a gerar conhecimento por meio
da pesquisa real, a turma 32.01, mostrou desempenho satisfatório na busca de informações que gerou saber o
quantitativo de alunos nas turmas de 3º ano, além de saber o quantitativo de meninos e meninas de forma geral e
por sala. Todo o decorrer das atividades esteve sobre a orientação do professor com apoio da supervisão escolar.
Introdução
O relato de experiência discorre sobre uma construção de atividades desenvolvidas na
escola de Tempo Integral Santa Bárbara em Palmas Tocantins. Objetivando o estudo de:
tabelas, gráficos e situações de problemas com adição e subtração que são apresentados aos
alunos por meio de exercícios nos livros didáticos de forma já construído, cabendo ao
professor meramente explicar os dados ou informações já descrita nas páginas dos livros
didáticos de matemática.
O trabalho em questão tem por objetivo geral: desenvolver o processo cognitivo
matemático do aluno em adição e subtração com situações problemas, frisando a pesquisa de
informações para construção de tabelas e gráficos. Já os objetivos específicos visam;
favorecer meios de aprendizagem construindo tabelas e gráficos por meio de atividades
práticas dentro da escola envolvendo pesquisas de campo e os engajamentos que criam
tabelas e montagens de gráficos, oportunizar mecanismos de interpretação e aprendizagem de
informações pesquisadas e apresentação das atividades desenvolvidas por meio de: tabelas,
gráfico, subtração e adição.
As informações mostradas nas atividades do livro didático contêm práticas que pode
não atrair muito o pensamento criativo, cognitivo e o desejo de aprender dos discentes. Uma
1
José Francisco Rocha Simão, Graduado em Matemática (FEST- 2013), Pós- Graduado em Docência do Ensino
Superior (FAPAF-2014), professor da rede municipal de Palmas desde 2010, e-mail [email protected]
vez que as atividades ocorrem com escritas mecânicas no caderno, cabendo posteriormente o
professor explicar e corrigir os exercícios com os aprendizes. Estudos de: Zélia Maria Freire
de Oliveira e Eunice Maria Lima Soriano de Alencar exporto na Revista Contra Pontos -
volume 8 - n.2 , maio/agosto(2008) e com referencia em Torrance (1987) afirma que; é
possível se ensinar a pensar criativamente, utilizando-se vários meios, sendo que os de maior
sucesso envolvem a função cognitiva e emocional, possibilitam adequada estrutura e
motivação e dão oportunidades para envolvimento, prática e interação entre professores e
alunos. Condições motivadoras e facilitadoras fazem a diferença para efetivar a criatividade,
sobretudo quando o professor é deliberadamente envolvido.
Diante do exposto, o projeto (Aprender Matemática de forma prática: uma construção
criativa) requer dos alunos busca de informações por meio de estudos próprios sobre a
coordenação do professor de sala. As atividades desenvolvidas com a turma 32.01 do 3º ano
do ensino fundamental visam um estudo de campo dentro da escola, com base em teorias, de
modo a favorecer as competências e habilidades dos estudantes, tendo como meio procurar
saber a quantidade de alunos do 3º matriculados regulamente na escola, diferenciando o
quantitativo de meninas e meninos, além de observar a frequência de idades dos alunos.
Após análises de resultados, o trabalho foi exposto com uso de recursos disponíveis e
em forma de atividades de oralidade as outras três turmas do 3º ano fundamental.
Procedimentos Metodológicos
O processo metodológico segue passos ordenados de forma a favorecer entendimento e
aprendizagem com o trabalho desenvolvido. O projeto de relatos experiência tem por base
texto da revista Contra Pontos, (volume 8 - n.2 – 2008), pesquisa de Zélia M. F. de Oliveira e
Eunice M. L. S. de Alencar, as autoras discorre sobre a criatividade do professor com seus
alunos. O professor deve criar estímulos e ambientes motivacionais aos alunos de modo que
os estudantes se sintam prestativo a fazer descobertas no meio o qual ele é parte importante
para construção de conhecimentos
O processo de atividades divide-se em fases ou passos, que devem ser seguidos, de
modo que haja uma sequencia planejada para a realização do conteúdo trabalhado. Dentre os
passos de atividades a serem realizadas consta:
▪ Apresentação de atividades e indagações sobre conhecimentos prévios dos alunos
referentes ao conteúdo.
▪ Ênfase no assunto e breves atividades posteriores.
▪ Treinamento para a pesquisa e o meio correto de fazer os registros das anotações.
▪ Em grupos de trabalhos e sobre orientação do docente serão feitas as pesquisas e
análises das informações coletadas por meio de registros escritos e formulações de
tabelas de modo interpretativo e organizado.
▪ Descrição de resultados por meio das tabelas e construção de gráficos, logo em
seguida apresentação dos resultados aos demais alunos do 3º ano do ensino
fundamental.
Desenvolvimento
As escolas criativas visam um formato de educação com valores, solidariedade e
cooperação entre os sujeitos que compõe o ensino por meio da transdisciplinaridade que,
envolve a criatividade e prática. O Jornal online da UFG ano VII – Nº 66 – Agosto – 2014 e o
programa de Conexão da TV UFG, trás uma discursão com especialista na área de escolas
criativas com o uso do tema transdisciplinar, sendo uma dessas especialistas, a estudiosa
Marlene Zwierewicz, segundo ela: a ideia das escolas criativas não propõe a criação de um
novo modelo, mas sim a iniciativa de potencializar o que já existe de criativo e
transdisciplinar nas diferentes instituições e níveis educacionais (da educação infantil à pós-
graduação). Propomo-nos a encontrar programas que possuam ser criativo, transdisciplinar,
eco formação, com indícios de criatividade para potencializa- ló.
O processo de novas práticas metodológicas criativas tende a ser desenvolvidas em
vários níveis de organizações educacionais, abrangendo desde ensino infantil até os cursos de
pós-graduação. O processo, denominada de transdisciplinar e com que objetivo de ir além do
contexto curricular requer planejar de forma criativa.
As aulas que fornecem aproximação entre os alunos e o saber devem favorecer meios
precisos, práticos e criativos para que ocorra aprendizagem, o professor como autonomia deve
favorecer e facilitar uma aproximação entre os alunos e os conhecimentos. A criatividade do
docente remete um estudo e métodos planejados no que se referem ao ensino desejado aos
seus alunos. Certo que, o aprendizado se torna melhor quando os discentes fazem parte da
construção da própria aprendizagem. A revista Contra Pontos, (volume 8 - n.2 – 2008,p,304)
com publicação de estudos de: Zélia M. F. de Oliveira; Eunice M. L. S. de Alencar em seu
trabalho intitulado de, (A criatividade faz a diferença na escola: o professor e o ambiente
criativos 2008) no qual as pesquisadoras discorre: “o ensino tradicional necessita se alterar e
passar a ser um ensino criativo, que os professores usem seu potencial criativo em suas aulas,
levando os alunos a adquirir estratégias que lhes permitam lidar com desafios e
acontecimentos imprevistos”.
Os professores têm papel de suma relevância de favorecer estímulos e de criar
ambientes favoráveis para estimular o pensamento dos alunos na busca de conhecimentos.
Certo que o ensino tradicional necessita de alterações e uma dose de criatividade de modo a
desenvolver o gosto do aluno a pesquisar e assim, aumentar o potencial criativo do aprendiz.
O PACTO Nacional Pela a Alfabetização na Idade Certa (2014) que trata do processo
alfabetização, currículo e formação de professores, remete um pouco do processo criativo no
qual o educador deve fazer para alfabetizar seus alunos, não só em linguagem mais também
em matemática. O programa que envolve a capacitação a professores que estão na sala de aula
e abrange o país todo, tendo em vista que os docentes melhorem sua prática na escola onde
trabalham e assim faça a diferença na escola onde atuam.
Turma 32.01 (3º ano / quantidade de Alunos 3º ano ,total 136 alunos
alunos 34 no dia da pesquisa ) (quantitativo de meninos e meninas )
20 71
70
15
69
10 68
meninos meninos
5 67
meninas meninas
66
0
meninos meninas 65
Quatitativo de meninos e meninas 64
meninos meninas
Tabela 1
Turma 32.01 / 3º ano da ETI Santa Bárbara
Meninos 15
Meninas 19
Total 34
Tabela 2
Turmas de 3º ano da ETI Santa Bárbara. Turmas: 32.01/ 32.02/ 32.03 e 32.04
Meninos 66
Meninas 70
Total 136
Considerações Finais
Com base em leitura de trabalhos de pesquisadores citado no decorrer no texto, ver-se
que as escolas criativas com seus projetos e ações de aprendizagem favorecem
conhecimentos, pesquisas, relação social de amizades e parcerias entre os sujeitos que
compõe a educação. O ensino e aprendizagem para os alunos precisa ter sentido de modo que
as condições de investigação e descobertas de resultados sejam favoráveis aos estudantes.
A criatividade dos professores por meio da transdisciplinaridade em parcerias com a
administração escolar e apoio de outros setores, podem melhorar cada vez o desejo dos
discentes na busca por conhecimentos, no qual a pesquisa desenvolvida pelos estudantes
sobre a orientação dos professores tenha um valor mais significativo. E esse significado deve
remeter a consciência em forma de boa das relações interpessoais, além também de evidenciar
as relações humanas na sociedade com as questões ambientais e até mesmo questões politicas.
O relato desse trabalho mostra que a busca sobre determinados conteúdos pode ser
ofertado aos alunos de forma mais prática.
A criatividade dos professores favorece meios para que os alunos aprendam de forma
significativa certos assuntos, no qual os próprios discentes possam construir seus
conhecimentos. Assim como o trabalho em questão dos alunos do 3º ano do ensino
fundamental da turma 32.01 da escola de Tempo Integral Santa Bárbara, que por meio de
atividades práticas, desenvolveram um estudo de tabelas e gráficos envolvendo adição e
subtração com o alunado dos 3º anos da escola, de forma a quantificar meninos e meninas e
assim, construindo conhecimento na parte de construção de tabela e gráfico com problemas de
subtração e adição sobre orientação do professor.
O presente trabalho teve resultados significativos visto que, os alunos gostam de fazer
algo diferente, porém é importante frisar que o aluno só se dedica a aprender quando ele
entende o a proposta de trabalho do professor, algo que cada educador deve considerar na sua
prática escolar.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa:
jogos na alfabetização matemática. Brasília, 2014. Disponível em:
<http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/cadernosmat/PNAIC_MAT_Caderno%20jogos_pg001-
072.pdf> . Acesso em: 20 mai.2017> . Acesso em: 30,mai.2017.
JORNAL UFG: Escolas criativas estimulam a inovação educacional em prol da
cooperação. Goiânia GO, 10, ago. 2014. Disponível em: <r/n/71997-mesa-redonda-escolas-
criativas-estimulam-a-inovacao-educacional-em-prol-da-cooperacao>. Acesso em: 30, mai.
2017.
OLIVEIRA, Zélia Maria Freire de; ALENCAR, Eunice Maria Lima Soriano de. A
criatividade faz a diferença na escola: o professor e o ambiente criativos. Revista Contra
Pontos, Itajaí, SC, v. 8, n.2,p. 295-306- maio/ago. 2008. Disponível em:
<file:///C:/Users/user/Desktop/2017/PROFESSORC%20RATIVO.pdf>.Acesso em: 12
mai.2017.
ARTE NA REFLEXÃO E EXPRESSÃO DA RELEVÂNCIA DOS RECURSOS
HIDRICOS EM REDENÇÃO-PA
Josidalva de Almeida Silva1
Neusanira Alves da Silva Chaves2
Sala 03
Resumo: A educação tem grande relevância na formação do novo sujeito social, faz-se imprescindível nesse
processo a ampliação dos conhecimentos sobre cidadania e participação social. Entende-se que a aquisição de
novos saberes ocorre a partir de reflexões e interpretações de informações que os sujeitos recebem e processam.
Essa construção de novos conhecimentos tem maior significado mediante o desenvolvimento de um trabalho
contextualizado e coletivo. Nesse sentido, esse relato apresenta-se como prática pedagógica instigadora
desenvolvida em uma escola de ensino fundamental com alunos do quinto e sexto ano. Nesta ação educativa,
estudos sobre agressão dos córregos da cidade subsidiaram a produção de histórias em quadrinhos pelos
discentes. A produção artística resultante das percepções e inquietações dos alunos evidencia a consciência sobre
a necessidade de preservação dos recursos hídricos do município de Redenção-PA.
Introdução
O mundo atual vive em uma dinâmica acelerada e nesse universo de desafios e
possibilidades, é necessário o desenvolvimento de novos saberes e novas competências, onde
o foco seja o desenvolvimento do cidadão como pessoa, membro cada vez mais ativo na
sociedade.
É importante ressaltar, que a educação tem papel preponderante para a formação desse
novo sujeito, tornando-se, necessário a ampliação dos estudos sobre cidadania e participação
social, que é fundamental para que aconteçam transformações significativas na sociedade.
Mediante essa afirmação, entende-se que trabalhar com os alunos de maneira
contextualizada é uma forma de inseri-los em práticas sociais mais realistas, possibilitando-os
compreender o mundo de forma crítica e reflexiva.
Nesse sentido, esse relato apresenta a descrição do trabalho pedagógico desenvolvido
na Escola Coelhinho em Redenção-PA nas turmas de 5º e 6º ano onde foram realizadas
intervenções educativas tendo a Arte como expressão das percepções e inquietações dos
discentes a partir do estudo da conservação dos recursos hídricos no município citado.
Esse relato pretende compartilhar a trajetória metodológica realizada tendo em vista
uma aprendizagem mais sólida e significativa para os discentes. A partir deste, reforça-se a
1
Pedagoga, Professora Especialista em Ciências e Matemática para Séries Iniciais. E-mail:
[email protected]
2
Pedagoga, Professora Especialista em Metodologia de Ensino na Educação Superior. E-mail:
[email protected]
importância do desenvolvimento de práticas criativas e motivadoras capazes de estimular a
construção de saberes críticos pelos discentes.
Desenvolvimento
De acordo com Ferrari e Fusari (2001) “a educação escolar deve assumir, através do
ensino e da aprendizagem do conhecimento acumulado pela humanidade, a responsabilidade
de dar ao educando o instrumental para que exerça uma cidadania mais consciente, crítica e
participante”.
Nesta perspectiva, ao elaborar o projeto proposto, evidenciou-se à preservação dos
recursos hídricos na cidade de Redenção, sendo feito uma mobilização dos alunos do quinto e
sexto ano quanto à necessidade e a importância da preservação dos córregos que atravessam a
cidade.
Buscamos desenvolver o trabalho provocando inquietações nos alunos sobre os
impactos ambientais causados pela constante degradação e pela falta de preservação desses
recursos. Utilizou-se a fotografia como instrumento de captação de informações sobre a
realidade dos córregos no município, haja vista que essa é uma fonte visual que permite aos
alunos conhecer e, ao mesmo tempo, sentir a necessidade de intervenção.
As práticas fotográficas como propõem Oliveira e Junior (2011) devem ser entendidas
dentro de um campo de forças, em que cada indivíduo ou grupo se posiciona e, a partir deste
lugar, apropria-se da fotografia como um marcador social.
Nesse sentido, refletimos sobre as intervenções que poderiam ser feitas, levantando
questionamentos junto aos alunos, possibilitando que expressassem suas percepções e
compreensões através da Arte em Histórias em Quadrinhos.
De acordo com as autoras Ferrari e Fusari (2001) “o „processo artístico‟ e o „processo
educativo escolar em arte‟ no mundo contemporâneo se vinculam àquilo que nossas
percepções e consciência indicarem como sendo necessário transformar”.
A inserção das Histórias em Quadrinhos para registro das percepções dos discentes e
de suas inquietações diante da intervenção social se deu devido proximidade dos alunos a essa
produção artística e ainda, devido sua receptividade uma vez que, segundo Rama e Vergueiro
(2008),
a inclusão das histórias em quadrinhos na sala de aula não é objeto de qualquer tipo
de rejeição por parte dos estudantes, que, em geral, as recebem de forma
entusiasmada, sentindo-se, com sua utilização, propensos a uma participação mais
ativa nas atividades de aula. As histórias em quadrinhos aumentam a motivação dos
estudantes para o conteúdo das aulas, aguçando sua curiosidade e desafiando seu
senso crítico (RAMA e VERGUEIRO, 2008, p.21).
Procedimentos Metodológicos
Compreendendo a relevância do tema e na necessidade de desenvolver uma ação
pedagógica motivadora optamos em registrar as atividades desenvolvidas sobre a temática
proposta:
Os alunos participaram de debates sobre a importância da água, sua utilização
pelos seres vivos e relevância para manutenção da vida. Também foi explanada a
necessidade da preservação desse recurso, sendo propostas atividades para reflexão
e arquivo das mesmas em pasta portfólio.
Posteriormente, realizamos observação de fotografias com registros de poluição da
água em nosso planeta. Nessa fase, apresentamos imagens de pessoas e animais
convivendo com água poluída, bem como poluindo esse bem precioso.
Dando continuidade, visitamos no entorno da escola um córrego onde constatamos
a agressão do mesmo, sua utilização como lixo e não como fonte de vida.
Debatemos sobre doenças que podem ser ocasionadas pela falta de conservação
dos córregos e rios da cidade.
Tendo em vista, que a cidade é recortada por córregos foi proposto aos alunos que
visitassem os córregos de seu bairro e registrassem a atual situação, sua
preservação ou agressão ambiental.
Posteriormente, realizamos uma apresentação dos registros realizados e visitamos
o Laboratório de Informática onde fizemos pesquisas sobre atitudes de preservação
da água. Explanamos a importância da arte em quadrinhos e sua relevância,
orientamos e sugerimos aos alunos a produção de histórias utilizando esse recurso
com intuito de alertar a população sobre a necessidade de conservar os córregos da
cidade.
Para finalizar, reunimos as histórias produzidas e publicamos um informativo para
divulgação à comunidade da importância da preservação dos recursos hídricos do
município.
Considerações Finais
Referências
BARROS, Fernanda Gene Nunes; AMIN, Mario M. Água: um bem econômico de valor
para o Brasil e o mundo. Disponível em: http://www.rbgdr.net/012008/artigo4.pdf (Acesso
em: 15 de Jun.2017).
Sala 4.2
RESUMO: Este artigo apresenta resultados de investigação que buscou evidenciar as concepções ambientais das
acadêmicas da disciplina Ética e Responsabilidade Socioambiental oferecida no Curso de Pós-graduação em
Psicopedagogia Clínica e Institucional da Faculdade Noroeste – FAN, localizada na cidade de Goiânia.
Evidenciou ainda, o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade socioambiental das empresas. A disciplina
apresenta como ementa as “Concepções iniciais sobre ética, responsabilidade social e ambiental, meio ambiente,
educação ambiental e desenvolvimento sustentável; a responsabilidade social, corporativa e socioambiental;
ética nas organizações; reflexão sobre responsabilidade social e ambiental no Brasil e no mundo; conferências e
tratados ambientais e as principais Leis ambientais no Brasil” e tem como objetivo “Proporcionar oportunidade
de reflexão e desenvolvimento de conhecimento acerca da importância das pessoas/organizações no contexto do
desenvolvimento sustentável, caracterizando, entendendo e aprendendo a operacionalizar a Responsabilidade
Social Corporativa e compreendendo suas relações com a sociedade e o Estado”. A metodologia adotada
caracteriza-se em uma abordagem exploratória, com pesquisa bibliográfica e trabalho de campo com cinco
acadêmicas da disciplina em foco. Os resultados revelam os bons exemplos de ações ambientais desenvolvidas
pelas acadêmicas nas escolas onde trabalham, percebe-se ainda a consciência ética e socioambiental nos seus
locais/grupo onde trabalham.
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa irá ressaltar temas relacionados à concepção ambiental, sobre o
desenvolvimento sustentável e a responsabilidade socioambiental das empresas, evidenciando o
valor destas questões no contexto atual. Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental - Lei
nº 9795/1999, Art. 1º, "educação ambiental são os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade”. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Ambiental, Art. 2°, “A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional
1
Docente da Faculdade Noroeste – FAN e da Secretaria Estadual de Educação – Seduc. E-mail:
[email protected]/[email protected].
2
Discente do Curso de Pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional da Faculdade Noroeste – FAN.
E-mail:[email protected]/[email protected]/[email protected]/
[email protected], 2017.
da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação
com a natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a
finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental”.
De acordo com Wojciechowski (2006), a educação ambiental surge como uma
necessidade das sociedades contemporâneas, uma vez que as questões socioambientais têm sido
cada vez mais discutidas e abordadas na sociedade, em decorrência da gravidade da degradação
do meio natural e social. De acordo com a autora a sistematização destas discussões nas
instituições de ensino é uma maneira de oportunizar, aos professores e educandos, uma reflexão
crítica da realidade as quais pertencem, desde o nível local ao global.
Para Melazo (2005) a ideia que se tem das cidades/campo como um espaço do caos,
deve ser substituída por uma nova perspectiva buscando novas formas de administrar os
processos sociais que as produzem e as modificam, ou seja, os procedimentos e as ações
devem compreender as especificidades dos espaços, suas relações com seus espaços de
entorno e sua dinâmica social, econômica, cultural que neles ocorrem, de maneira menos
predatória possível ao meio ambiente. A empresa/instituição que não buscar adequar suas
atividades ao conceito de desenvolvimento sustentável está fadada a perder competitividade
em curto ou médio prazo.
Inicialmente se discutiu em nível global o desenvolvimento sustentável na Conferência
de Estocolmo em 1972 (UN Conference on the Human Environment), onde se compreendeu
uma necessidade de reaprender a conviver com o planeta. No entanto, o desenvolvimento
sustentável passou a ser prioridade na política ambiental, a partir da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). A Organização das Nações
Unidas, através do relatório Nosso Futuro Comum, publicado pela Comissão Mundial para o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento em 1987 definiu desenvolvimento sustentável como
sendo aquele que busca as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de atender suas próprias necessidades. (ONU, 1987). A necessidade de
proteger e melhorar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações se tornou uma meta
fundamental para a humanidade. Chegamos a um ponto na História em que necessitamos adaptar
nossos atos em todo o planeta, com atenção centrada para as consequências ambientais. Por meio de
maior informação e de atos mais sábios, podemos conseguir uma vida melhor para nós e para o
futuro, com um meio ambiente em harmonia com as necessidades e expectativas humanas.
Para Sachs (2002) desenvolvimento sustentável é definido a partir de oito dimensões
da sustentabilidade na medida em que somente se considera desenvolvimento sustentável o
atingimento de todas as dimensões, quais sejam, ambiental, econômica, social, cultural,
espacial, psicológica, política nacional e internacional. A Declaração da Conferência da ONU
sobre o Meio Ambiente (Estocolmo, 1972), no seu parágrafo 6 ressalta a necessidade do cuidado
com o meio ambiente como promoção de um desenvolvimento sustentável. A ética ambiental,
além de constituir um saber acadêmico, voltado para a formação de uma consciência crítica,
para a busca de soluções em prol de um mundo sustentável, é também uma atividade prática
que mexe com as mudanças de posturas das pessoas, transformando o modo de ser e agir da
relação do ser humano com a natureza. Nesse sentido, a ética pode ser denominada de
socioambiental.
E essa visão de Sachs (2002) pode ser ainda classificada em três pilares: - o social,
relacionado ao capital humano e está direta ou indiretamente relacionado às atividades
desenvolvidas por uma empresa, e inclui toda a sociedade. Para obter o pilar social as empresas
devem proporcionar um ambiente que estimule a criação de relações de trabalho legítimas e
saudáveis, além de favorecer o desenvolvimento pessoal e coletivo dos direta ou indiretamente
envolvidos; - o econômico, para que uma empresa seja economicamente sustentável, ela deve ser
capaz de produzir, distribuir e oferecer seus produtos ou serviços de forma que estabeleça uma
relação de competitividade justa em relação aos demais concorrentes do mercado; - o ambiental, o
desenvolvimento sustentável ambientalmente correto se refere a todas as condutas que possuam,
direta ou indiretamente, gerar algum impacto no meio ambiente, seja a curto, médio ou a longos
prazos. Para se desenvolver de forma sustentável, uma empresa deve atuar de forma que esses três
pilares coexistam e interajam entre si de forma plenamente harmoniosa.
Com isso, o impasse entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade, a percepção
dos empresários em relação ao tema é decisiva para a implementação da chamada ética e
responsabilidade socioambiental. Hoje a discussão referente à ética3 e responsabilidade
socioambiental, esta sendo posta como a grande oportunidade de crescimento e
competitividade, pois a ética não deve ser percebida como intimidação ou barreira, mas como
ponto positivo para o destaque das empresas. Percebe-se que a gestão ambiental vem
ganhando cada vez mais espaço no meio empresarial, e isto se dá pelo desenvolvimento da
consciência ecológica em todo setores e segmentos da sociedade, despertando interesse
3
O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Segundo o Dicionário Aurélio, ética
é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”. Para Vazquez
(1998) ética é “um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações
mútuas entre indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter
histórico e social, sejam acatadas livre e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira
mecânica, externa ou impessoal.” A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e
culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma
sociedade e seus grupos.
também ao setor empresarial. É evidente que nem todo setor empresarial se preocupa com a
gestão responsável dos recursos naturais.
Para Löwy (2009), faz-se necessário elevar a consciência anticapitalista, fazendo
entender que o capitalismo é um sistema que gera a destruição ambiental e social e que
existem alternativas a ele. Nessa direção, Loureiro (2006, p. 11) afirma que a “solução” não se
restringe à descoberta de tecnologias limpas, nem às mudanças comportamentais, mas é
preciso uma “[...] reorganização da base civilizacional e da estrutura política, econômica
social e cultural vigente nas sociedades instituídas no período posterior à Revolução Industrial
e no marco da modernidade capitalista”. Harmonizar o desenvolvimento à sustentabilidade é
visivelmente uma escolha da sociedade, das organizações, das comunidades e dos indivíduos.
Como abrange distintas escolhas, a mudança somente é possível se houver amplo
envolvimento da coletividade. O desenvolvimento sustentável exige que pensemos em termos
de longo prazo e a reconhecer o seu lugar dentro da biosfera.
A responsabilidade socioambiental4, das empresas, é o conjunto de programas, ações e
projetos que visem manter o equilíbrio natural, tendente a ser afetado pelo extrativismo e
pelas escalas de produção e consumo. A quantidade de lixo gerada pelo elevado consumo
humano tem deixado a natureza muito atingida pelos acúmulos de detritos e restos, que
poluem ambientes, matam recursos naturais e causam enormes prejuízos públicos e coletivos.
Responsabilidade social e ambiental, basicamente, vem a ser o conjunto de atitudes, práticas e
ações que as pessoas e organizações precisam manter e cumprir, para que as sociedades
humanas se preservem da destruição física, material e conceitual, e possam avançar
conceitualmente, construindo condições objetivas e subjetivas para a melhoria da qualidade
de vida. Esse avanço visa manter a vida e a preservação da vida. As empresas passaram a ser
avaliadas pelos consumidores por sua atuação na sociedade, ou seja, é preciso demonstrar
qual o seu papel na construção de uma sociedade mais humanitária. Pode ser definida ainda5
como um conjunto de ações que promovam o desenvolvimento sem comprometimento com o
meio-ambiente e áreas sociais. No mercado atual, os consumidores passam a escolher seus
produtos pela imagem da empresa em relação à responsabilidade social e ambiental. Seguindo
as exigências dos consumidores atuais as empresas passam a atuar externamente e
internamente aplicando políticas de responsabilidade socioambiental, essa atuação acarreta
4
Disponível em:
<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:rt4Wdp9p1pQJ:danilocunha.blogspot.com/2010/05/etica-e-
responsabilidade-social-e.html+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 29 set. 2016.
5
Dispensável em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/6415198/etica-ambiental/4>. Acesso em: 29 set.
2016.
benefícios como: redução de custos, aumento das receitas, melhoria da imagem da empresa,
desenvolvimento de novos modelos de negócios e desenvolvimento para pesquisas de
tecnologias ecologicamente corretas. Pois a opinião pública negativa nessa realidade poderá
afetar as vendas bem como a capacidade da empresa em atrair e reter pessoas talentosas.
Diante do exposto pretendeu-se com esse estudo verificar por meio das entrevistas,
aplicadas com as alunas na disciplina “Ética e responsabilidade socioambiental”, ministrada
no Curso de Psicopedagogia Clínica e Institucional da Faculdade Noroeste – FAN, localizada
na cidade de Goiânia, a consciência ecológica das acadêmicas e a sua percepção sobre a
necessidade de validação das empresas/instituição na questão ética e responsabilidade
socioambiental. Antes, porém vamos falar um pouco sobre as conferências, os tratados e
sobre a legislação brasileira, mostrando com isso a preocupação com a preservação e o resgate
do meio ambiente.
6
Estavam preocupados com os efeitos da devastação ambiental sobre a Terra, propondo um programa
internacional voltado para a Conservação dos recursos naturais e genéticos do planeta, pregando que medidas
preventivas teriam que ser encontradas imediatamente, para que se evitasse um grande desastre.
7
Argumentavam que se encontravam assolados pela miséria, com graves problemas de moradia, saneamento
básico, atacados por doenças infecciosas e que necessitavam desenvolver-se economicamente, e rapidamente.
Questionavam a legitimidade das recomendações dos países ricos que já haviam atingido o poderio industrial
com o uso predatório de recursos naturais e que queriam impor a eles complexas exigências de controle
ambiental, que poderiam encarecer e retardar a industrialização dos países em desenvolvimento.
todas as organizações internacionais a cooperarem na busca de soluções para uma série de
problemas ambientais.
Em 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada uma Conferência sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como "Cúpula da Terra" que pudesse avaliar como
os países haviam promovido a Proteção Ambiental desde a Conferência de Estocolmo. Tendo
também como objetivos: - estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não-
poluentes aos países subdesenvolvidos; - examinar estratégias nacionais e internacionais para
incorporação de critérios ambientais ao processo de desenvolvimento; - estabelecer um
sistema de cooperação internacional para prever ameaças ambientais e prestar socorro em
casos emergenciais; - reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente criando
novas instituições para implementar as decisões da conferência.
Essa conferência contou com a presença de 172 países, representados por
aproximadamente 10.000 participantes, incluindo 116 chefes de Estado, cerca de 1.400
organizações não governamentais e 9.000 jornalistas. Como produtos dessa Conferência
foram assinados 05 documentos: - Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento; - Agenda 21; - Princípios para a Administração Sustentável das Florestas; -
Convenção da Biodiversidade; - Convenção sobre Mudança do Clima.
Pode-se registrar uma série de outras conferências de cunho ambiental realizadas no
período de 1988 a 2011: - Conferência de Toronto (Canadá, 1988), Conferência de Genebra
(Suíça, 1990), Conferência de Berlim (Alemanha, 1995), Conferência de Genebra (Suíça,
1996), Conferência de Kyoto (Japão, 1997), Conferência em Buenos Aires (Argentina, 1998),
Conferência de Bonn (Alemanha, 1999), Conferência de Haia (Holanda, 2000), Conferência
em Bonn (Alemanha, 2001) e Marrakesh (Marrocos, 2001), Conferência de Nova Délhi
(Índia, 2002), Conferência de Milão (Itália, 2003), Conferência de Buenos Aires (Argentina,
2004), Conferência de Montreal (Canadá, 2005), Conferência de Nairóbi (África, 2006),
Conferência de Bali (Indonésia, 2007), Conferência de Poznan (Polônia, 2008), Conferência
de Copenhague (Dinamarca, 2009), Conferência em Cancún (México, 2010), Conferência em
Durban (África do Sul, 2011).
A legislação ambiental brasileira é uma das mais completas do mundo. Apesar de não
serem cumpridas da maneira adequada, as 17 leis ambientais mais importantes podem garantir
a preservação do grande patrimônio ambiental do país. São elas: Lei da Ação Civil Pública –
número 7.347 de 24/07/1985, Lei dos Agrotóxicos – número 7.802 de 10/07/1989, Lei da
Área de Proteção Ambiental – número 6.902 de 27/04/1981.Quadro 1 – As 17 Leis
Ambientais brasileiras , Lei das Atividades Nucleares – número 6.453 de 17/10/1977, Lei de
Crimes Ambientais – número 9.605 de 12/02/1998, Lei da Engenharia Genética – número
8.974 de 05/01/1995, Lei da Exploração Mineral – numero 7.805 de 18/07/1989, Lei da Fauna
Silvestre – número 5.197 de 03/01/1967, Lei das Florestas – número 4.771 de 15/09/1965, Lei
do Gerenciamento Costeiro – número 7.661 de 16/05/1988, Lei da criação do IBAMA –
número 7.735 de 22/02/1989, Lei do Parcelamento do Solo Urbano – número 6.766 de
19/12/1979, Lei Patrimônio Cultural – decreto-lei número 25 de 30/11/1937, Lei da Política
Agrícola – número 8.171 de 17/01/1991, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente –
número 6.938 de 17/01/1981, Lei de Recursos Hídricos – número 9.433 de 08/01/1997, Lei
do Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição – número 6.803 de 02/07/1980.
As conferências mundiais, as Leis brasileiras são exemplos de que a população
mundial e em caso particular o povo brasileiro estão preocupados com o desgaste ambiental e
tem a muito tempo discutido e propondo ações em prol de um meio ambiente
economicamente sustentável, cadê a cada individuo/empresa/instituição fazer a parte que lhe
cabe para reverter o desgaste ambiental.
Segundo Garnier (2013) no Brasil, o movimento de valorização da responsabilidade
social empresarial ganhou forte impulso na década de 90, através da ação de entidades não
governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas pelas questões sociais e
ambientais. A obtenção de certificados de padrão de qualidade e de adequação ambiental,
como as normas ISO, por centenas de empresas brasileiras, também é outro símbolo dos
avanços que têm sido obtidos em alguns aspectos importantes da responsabilidade
socioambiental. A responsabilidade empresarial frente ao meio ambiente é centrada na análise
de como as empresas interagem com o meio em que habitam e praticam suas atividades, dessa
forma, uma empresa que possua um modelo de Gestão Ambiental já está correlacionada à
responsabilidade social. Tais eventos irão, de certa forma, interagir com as tomadas de
decisões da empresa, tendo total importância na estratégia empresarial.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada nesse trabalho foi de natureza exploratória. Para Gil (2007)
este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas
pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a
compreensão. Utilizamos o levantamento bibliográfico e a entrevista para esse estudo. Ainda
segundo Gil (2007) essas pesquisas podem ser classificadas como: pesquisa bibliográfica e
estudo de caso. Optamos pela pesquisa bibliográfica e trabalho de campo com a utilização de
entrevistas e observação.
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já
analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos,
páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica,
que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto (FONSECA, 2002,
p. 32).
De acordo com Salvador (1980) apud Ribeiro (2008), a entrevista tornou-se, nos
últimos anos, um instrumento do qual se servem constantemente, e com maior profundidade,
os pesquisadores das áreas das ciências sociais e psicológicas. Recorrem estes à entrevista
sempre que têm necessidade de obter dados que não podem ser encontrados em registros e
fontes documentais, podendo estes serem fornecidos por determinadas pessoas.
Para essa pesquisa foram selecionadas cinco alunas do Curso de Pós-graduação em
Psicopedagogia Clínica e Institucional da Faculdade Noroeste – FAN. A escolha se deu por
serem pedagogas e professoras da 1ª fase do Ensino Fundamental, da rede municipal de
Goiânia. As entrevistas foram feitas tendo como foco os seguintes temas: - projetos que
retratam a sustentabilidade econômica, social e ambiental; - futuro idealizado pelas
professoras; - ações para reestabelecimento do bem estar da sociedade e do meio ambiente.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A 1ª pergunta teve como objetivo verificar se nas escolas onde trabalham existem
projetos que retratam a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Dentre as ações
ressalva-se que em todas as escolas existem a preocupação com o meio ambiente sustentável.
Destacam-se os projetos: - “Consumo sustentável no âmbito escolar”, o projeto apresenta
duas propostas de conscientização ambiental. A primeira visa diminuir o consumo de copos
descartáveis e consequentemente o volume de lixo produzido diariamente na escola. A
primeira ação foi de conscientização e depois a campanha para adquirir copos de
alumínio/plástico durável para todos os alunos, tento em vista que a escola era composta por
alunos bem carentes. A segunda proposta busca diminuir o gasto de água destinada as
descargas dos banheiros da escola, onde são colocadas dentro de cada compartimento de
descarga, garrafas pets com areia para diminuir o consumo de água em cada descarga. Relata
a professora que essas ações desenvolvidas nas escolas envolveram muitos os alunos que
passam a serem observadores e multiplicadores de ações dessa natureza em suas casas/ruas.
Outro projeto de destaque é o “meio ambiente sustentável”: com o objetivo de conscientizar
os alunos e/ou comunidade escolar sobre a importância da sustentabilidade ambiental,
incentivando mudanças de atitudes e práticas na formação de novos hábitos, demonstrando
formas de reciclagem e reutilização de materiais. O projeto apresenta como metodologias:
palestras e rodas de conversas para informar e sensibilizar sobre temas como à importância da
reutilização de matérias recicláveis, coleta seletiva do lixo, considerando “os três Rs
Ambientais: Redução, reutilização e reciclagem” e a confecção de brinquedos pedagógicos
com materiais reutilizados. O ponto positivo destacado pelas acadêmicas é o grande alcance
de sensibilização, toda a comunidade ligada à escola participa ativamente.
A 2ª questão teve como discussão: - Qual é o futuro que queremos? Segundo três
acadêmicas: “Nós estamos a cada dia buscando um futuro melhor onde tudo se transforma,
onde não haja mais a poluição e degradação do homem sob a natureza, uma busca pela
melhoria da qualidade de vida das crianças, nossa nova geração, a procura de indivíduos mais
conscientes com novos ideais e condutas positivas a respeito da natureza, onde se preserve o
que há de bom com responsabilidades, a procura de um mundo melhor e com qualidade de
vida”. “Quando falamos em futuro, pensamos em algo de melhor para nossas vidas. Uma vida
estável, equilibrada, em um ambiente agradável e coisas do tipo. Mas, infelizmente, a
realidade desses sonhos é outra. Com o passar dos tempos o nosso planeta está se acabando, o
ar está cada vez mais poluído, rios secando, o mundo está cada vez sem árvores, e isso tudo é
o resultado da ação do homem. As indústrias colaboram com a destruição do meio ambiente,
ou seja, apresentam benefícios para sociedade e também prejuízos. Os prejuízos que as
indústrias apresentam ao meio ambiente são enormes, precisamos de empresários que pensem
e façam ações que pensem no desenvolvimento mais promovam ações de sustentabilidade
socioambientais”.
As professoras destacam que “O futuro do planeta esta ameaçado por causa das ações
inconsequentes que os homens vêm exercendo sobre a terra. Não respeitam as florestas, e nem
os seres vivos que vivem nela, colocando fogo, desmatando e os rios estão secando. Não
queremos ver o planeta acabar e sem vida, mas se não dermos conta que isso está acontecendo
por nossa culpa, as futuras gerações vão ser ainda mais prejudicadas”.
E por fim a questão três teve como foco “as ações do estado/homem em prol do meio
ambiente sustentável, sempre obedecendo à ética e a responsabilidade socioambiental, o que
pode ser feito para reestabelecimento do bem estar da sociedade e do meio ambiente?”
Seguem as contribuições das acadêmicas: “Inúmeros estudos apontam para a
necessidade de mudança de ação para se tentar minimizar e evitar o aparecimento de
problemas ambientais que surgem em decorrência das relações de produção e consumo de
alimentos e materiais duráveis para humanos”.
Embora existam acordos e tratados mundiais para diminuir a poluição do mundo,
infelizmente esses não são obedecidos e quando são isso ocorre de modo não integral.
Para as professoras:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos que é de suma importância à conscientização ambiental, e por meio das
ações desenvolvidas na sociedade e em particular nas escolas é possível pensa e desenvolver
formas de evitar novos prejuízos ao ambiente, com formas simples de reformular métodos do
cotidiano percebeu-se nos projetos desenvolvidos nas escolas, ações que deixem de ser
degradantes e/ou poluentes e passem a ser realizadas de forma ecologicamente correta. Os
resultados revelam os bons exemplos de ações ambientais desenvolvidas pelas acadêmicas
nas escolas onde trabalham, percebe-se ainda a consciência ética e socioambiental nos seus
locais/grupo onde trabalham.
A educação ambiental voltada para a sustentabilidade tem que prever a diminuição da
vulnerabilidade dessas pessoas. Um fator interessante é a percepção ambiental cada vez mais
fluente na sociedade. Indivíduos mais participativos e conscientes de suas funções em prol de
um meio ambiente sustentável passam a exigir mais das pessoas e das empresas/instituições,
ações éticas e socioambientais em prol de um meio ambiente sustentável. É necessária uma
mudança de postura do homem frente às questões ambientais.
REFERÊNCIAS:
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 18. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
Sala 2
Resumo: Este relato apresenta o trabalho em desenvolvimento acerca das linguagens e expressões das crianças,
o objetivo com esse projeto foi enriquecer o cotidiano dos espaços internos e externos do CMEI Irmã Maria
Custódia, através de um trabalho voltado para a interatividade e desenvolver em uma mesma dinâmica a
aprendizagem de todos, além de valores e sentimentos como a amizade e a solidariedade, esforçando-se para que
a criança se torne autônoma, crítica e participativa, capaz de atuar na sociedade com dignidade e
responsabilidade, vencendo a timidez e adquirindo o sentimento de segurança.
Introdução
1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Tocantins – UFT, Pós- Graduação em Gestão Escolar –
UFT, Diretora do CMEI Irmã Maria Custódia município de Palmas.
2
Professora da Educação Infantil, CMEI Irmã Maria Custódia, município de Palmas, Graduanda em Pedagogia
pela Faculdade Anhanguera.
3
Graduada em Geografia pela Universidade Federal do Tocantins – UFT, Professora da Educação Infantil, CMEI
Irmã Maria Custódia, município de Palmas.
e de cemroubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho,a realidade e a fantasia,
a ciência e a imaginação,o céu e a terra
a razão e o sonho,são coisasque não estão juntas.
Dizem-lhe:
que as cem não existem
A criança diz:
ao contrário, “as cem existem.
(LorisMalguzzi)
Objetivos do projeto
Nosso principal objetivo com esse projeto foi enriquecer o cotidiano dos espaços
internos e externos do CMEI, através de um trabalho voltado para a interatividade e
desenvolver em uma mesma dinâmica a aprendizagem de todos, além de valores e
sentimentos como a amizade e a solidariedade, esforçando-se para que a criança se torne um
ser autônomo, crítico e participativo capaz de atuar na sociedade com dignidade e
responsabilidade, vencendo a timidez e adquirindo o sentimento de segurança.
Para isso alguns objetivos específicos foram traçados. Quais sejam:
Respeitar as múltiplaslinguagens das crianças para que possam compartilhar seus
conhecimentos e saberes, sua criatividade e imaginação;
Refletir sobre posturas e atitudes comportamentais, relacionadas ao outro e ao meio
ambiente.
Solucionar problemas sociais de forma humana, coerente e equilibrada.
Proporcionar a assimilação dos conteúdos respeitando as especificidades de cada
criança;
Contribuir para o aprimoramento da convivência dos membros da comunidade
escolar,
Valorizar e apreciar a pessoa humana.
Auxiliar o desenvolvimento pessoal e interpessoal.
Estimular a valorização de ações cooperativas, solidárias, de respeito ao outro e ao
meio ambiente.
Sensibilizar a comunidade escolar da importância da compreensão dasmúltiplas
linguagens da criança que se evidenciam por meio do desenho, do canto, da dança, da
pintura , dos jogos entre outras;
Conhecer as particularidades de cada criança;
Respeitar as diferenças;
Facilitar a adaptação da criança, bem como estimular o interesse da mesma pelo dia-
a-dia no CMEI, facilitando o seu desenvolvimento em todos os aspectos: físico,
emocional e intelectual;
Fazer com que a criança tenha zelo pelo patrimônio escolar;
Oferecer materiais diversos para que possam expor sua criatividade;
Permitir que a família participe do processo de iniciação da vida escolar das crianças;
Identificar e valorizar o papel de cada um dentro do grupo social em que convive;
Valorizar a prática de atitudes cotidianas que visem à manutenção da saúde;
Fazer uso da linguagem oral para conversar, brincar, comunicar e expressar desejos,
necessidades, opiniões, ideias, preferências e sentimentos;
Trabalhar semelhanças e diferenças;
Desenvolver a autoestimae o auto conceito positivo.
Metodologia
Musica;
Poesias;
Movimento;
Contação de histórias;
Dramatização;
Pesquisas e Experiências;
Desenho Livre;
Atividades ao ar livre;
CircuitoInfantis;
Linguagem escrita;
Produção de textos coletivos;
Produçõeslivre de conhecimento sobre determinado assunto;
Leituras através de imagens;
Leituras coletivas;
Cozinha Experimental. Elaboração de Receitas;
Horta Coletiva;
Feira e Supermercados;
Atividades com grupos heterogêneos;
Grupo Interativos dos copos;
Grupo Instrumental;
Grupo Vocal;
Grupo Interativo Corporal;
Jogos Interativos; jogos de mãos , copos e colheres de pau;
Brincadeiras do Grupo Palavra Cantada;
Brincadeiras trazidas pelas crianças;
Passeios;
Troca de experiência e visitas aoutras instituições;
Atividades lúdicas com apreciação musical eexpressão corporal ;
Apresentações culturais e artísticas, em momentos cívicos nas terças culturais.
Recursos
Resultados
Considerações
Referências
BEINEKE, Viviane; FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de. LengalaLenga: jogos de mãos e
copos. São Paulo: Ciranda Cultural, 2006.
BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil. 2. ed. São Paulo: Periópolis, 2003.
STORMS, Ger. 100 Jogos Musicais. Rio Tinto – Portugal: Asa, 1996.
FREIRE, J. B. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física. São Paulo:
Scipione, 1989.
FONSECA, V. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
http://www.educacao.saobernardo.sp.gov.br/index.php/secretaria/educacao-infantil/1665-
acolhimento-e-adaptacao. Acesso em 30 de janeiro de 2016.
http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/equivocos-festas-escola.Acesso em 30 de
janeiro de 2016.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23721. Acesso em 30 de
janeiro de 2016.
Sala 02
Resumo: Essa pesquisa propôs analisar as especificidades pedagógicas das atividades desenvolvidas por duas
professoras de educação infantil, uma pública e outra particular no município de Barreiras. Dois objetivos foram
fundantes para o levantamento de dados que possibilitam a elaboração desse texto monográfico: a discussão da
concepção de infância, criança e educação infantil na perspectiva das professoras e, também, a identificação das
atividades que compõem o trabalho pedagógico na educação infantil das professoras.
Introdução
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento
A infância é uma fase que a criança vive para chegar à adolescência e dizem alguns
teóricos que nesse momento ela desenvolve suas estruturas cognitivas para desencadeá-lo dos
processos de aprendizagem e, assim, por apresentar tantas características passa a ser também
um sujeito social de direitos.
A vida do ser humano em si é classificada por períodos, vai do nascimento à morte, e
essas etapas são: infância, adolescência, juventude, fase adulta até se chegar à velhice. Sendo
assim subdivididas em fases. No dicionário, Bueno (2000) está expresso que o significado de
infância, “é o período de nascimento, no ser humano que vai do nascimento a puberdade”
(p.347).
Em uma perspectiva político-pedagógica, Oliveira (2007) diz que:
A infância deixou de ser apenas objetos dos cuidados maternos familiares e hoje é
objetos dos deveres públicos do estado, da sociedade como um todo. (...) Infância
que muda que se constrói em que a criança aparece não só como sujeito de direitos,
sujeito social de direitos. A nossa preocupação com a política de educação da
infância não é por caridade, por amor, por afetividade, não é só isso. É por
consequência da obrigação publica e, consequentemente, criou obrigações publicas
por parte do Estado. (p.19).
Nesse contexto, o professor/a precisa ter uma formação em nível superior para atender
às diversas demandas, mas com o objetivo claro de construir culturas infantis a partir das
condições de vidas existentes no contexto em que vivem as crianças e suas famílias e, desse
modo, fazendo do espaço educacional um ambiente de trabalho com as várias instâncias que
perpassam o processo de construção da qualidade.
Reconhecemos que a educação infantil torna-se um processo formativo de
fundamental importância para a vida das crianças. Por isso, as questões da formação
específica são também tratadas por Kramer (2005) quando aborda em suas discussões que,
não é só trabalhar ou ter nível superior, mas ser reconhecido como profissionais da educação
infantil e conhecer as especificidades do seu trabalho.
Assim, Oliveira (2007) ressalta, ainda, que esse trabalho é “interativo, flexível,
codificado, afetivo, criativo, carregado de subjetividade e, por tanto situado em diferentes
dimensões” (p.69). Isso corresponde à atuação docente na educação infantil nas suas mais
abrangentes situações com a criança.
Nesses termos, os/as profissionais de educação infantil precisam ser pessoas que
conheçam as especificidades de seu trabalho, sem compará-lo ao contexto do ensino
fundamental, pois, se assim for, acabam por exercer o magistério na educação infantil distante
do que requer a dinâmica das atividades com as crianças. E para realizarem seu trabalho junto
às crianças é necessário que, esses profissionais saibam identificar, planejar, programar e
avaliar quais as atividades necessárias para a constituição de uma rotina em sala de aula, para
não desmotivar as crianças no espaço educacional levando-as a vivenciarem uma educação
sem intencionalidade no contexto de efetivação do trabalho pedagógico que requer
aprendizagens significativas.
Dizemos isso, porque segundo Bruner (2007), uma das melhores formas de se interagir
a criança com outras realidades são as brincadeiras, que as levam não só a socialização entre
elas, mas também com os adultos. Pois, é nesse momento de falas e contatos que ela vivencia
experiências que podem promover situações prazerosas e consistentes de real aprendizado, ao
invés de realizarem atividades soltas e individualizadas.
Assim, o/a professor/a pode proporcionar uma série de diferentes janelas para a
criança, ensinar lembrando sempre que o conhecimento é algo construído no contato com as
experiências com outros espaços e com outras pessoas, focalizando seu olhar criativo,
observando situações privilegiadas de aprendizagem infantil. Esse/a educador/a precisa
perceber, principalmente, que a sensibilidade, a curiosidade e o interesse em construir algo
são os pontos de partida para a construção dos processos de aprendizagem, levando a criança
a entender que aprender é interpretar e significar, é construir e recriar.
Ademais, o/a professor/a atua como mediador para o acesso da criança à cultura do
grupo, ao mesmo tempo em que se constitui em um/a interventor/a para interação direta entre
ela e os objetos a sua volta, e possibilita um vínculo positivo com o processo de exploração do
mundo, a constituição de sujeitos ativos, formuladores de hipótese, criativos e
transformadores.
Diante do olhar e da atitude conscientes dos/as profissionais em relação à educação
infantil, consideramos que aprender é interagir com uma multiplicidade de linguagens,
palavras, ações, gestos, expressões de afeto por meio do corpo, do desenho, do olhar, que
compõem o dia-a-dia da criança no espaço escolar e funciona como referência de constância
e continuidade, tornando o espaço educativo compreensível para ela e abrindo caminhos para
as descobertas e surpresas e para a manifestação da criação infantil.
O/a professor/a necessita, portanto, considerar também a educação do lar como um
auxílio essencial no trabalho educacional em diversas abordagens do conhecimento das suas
crianças, levando o mesmo a romper com o conceito ultrapassado a respeito da linguagem
falada de cada uma, pois é ela quem trata explicitamente de um assunto e que substitui e
completa a escrita. A intervenção fica comprometida nesse momento, quando tomados esses
conceitos unilateralmente, o importante nesse processo é o/a profissional ampliar o olhar para
além dos padrões e procurar ver as crianças pelo que elas têm não pelo que lhes falta.
O/a professor/a de educação infantil precisa, desse modo, conhecer que a
especificidade da criança envolve as práticas de cuidar-e-educar de maneira indissociável,
pois apesar de serem conceituadas diferentes, ambas se completam em relação ao seu sentido
no agir pedagógico com as crianças de 0 a 6 anos.
Tratando dessa questão, Maranhão (2006) argumenta que:
Para cuidar de alguém eu devo saber de muitas coisas, eu devo saber, por exemplo,
quem é o outro, mas não seus poderes e limitações, quais são suas necessidades e o
que conduz ao seu crescimento. Eu devo saber como responder as suas necessidades
e quais próprias capacidades e limitações como educador (p.24).
Para essa autora é necessário que o/a professor/a conheça primeiro a si e, no processo
relacional que envolve a criança e sua família, organize um trabalho que responda aos seus
anseios para que possa daí em diante responder as carências das crianças. Então, se faz
importante que isso aconteça mediante as práticas de cuidar-e-educar. Além disso, necessita
saber como acontece essa prática pedagógica na educação infantil, de forma a contemplar o
desenvolvimento e as necessidades das crianças gradativamente. E para isso, ele precisará
fazer uso dos conhecimentos adquiridos no período de formação como a biologia, psicologia e
o social.
Ao longo do texto, percebemos e enfatizamos junto à fala dos autores a necessidade de
profissionais de educação infantil para estarem e atuarem diretamente com crianças pequenas
e que conheçam as atividades específicas a serem trabalhadas diretamente com essas crianças
de 0 a 6 anos, de forma a respeitar suas especificidades pedagógicas, concepções de infância,
criança e educação infantil e que também tenham amor a essa profissão que é hoje uma fase
importantíssima na formação humana.
Sendo assim, reconhecemos a infância como uma etapa da vida, uma categoria social e
uma fase geracional da vida humana e a criança um ser que precisa de cuidados e educação
como prática, indissociáveis, de formação de um cidadão. Nesse processo, educação infantil
se constitui, legalmente, uma modalidade de ensino que tem a função de promover o
desenvolvimento integral da criança.
(...) tomar a criança como ponto de partida exigiria compreender que para ela,
conhecer o mundo envolve o afeto, o prazer e o desprazer, a fantasia, o brincar e o
movimento, a poesia, as ciências, as artes plásticas e dramáticas, a linguagem, a
música e a matemática. Que para ela, a brincadeira é uma forma de linguagem assim
como a linguagem é uma forma de brincadeira (p. 65).
Além de ter uma formação específica, precisará propor atividades a partir da história
de vida que a criança traz, fazendo uma junção com as demais propostas pelos documentos
contemplando a sua educação. Segundo Faria e Palhares (2000):
A função da educação infantil não é a alfabetização, (...) é seu dever deixar a criança
experimentar as diversas linguagens, inclusive a linguagem escrita, e suas
possibilidades, e propor, no cotidiano, variadas formas de representação, expressão e
leitura do mundo: colorir, brincar, pular, desenhar, recortar e – por que não –
escrever (p.100).
Além do aumento do repertório verbal, quando ouve histórias lidas por adultos
entusiasmados na sua função, a criança começa a descobrir as especificidades e as
funções da língua escrita. Ela percebe que o escrito do livro vocalizado pelo adulto é
diferente da fala cotidiana. Presenciamos inúmeras cenas de crianças pequenas, que
depois de pedirem repetidas vezes a leitura do mesmo livro, começaram a
memorizar trechos inteiros do texto lido e a recitá-los (p.121).
Tanto o ato de ler quanto o de contar uma história exige do/a professor/a intenção,
planejamento e conhecimento, em especial, do texto que será lido ou narrado. Pois é condição
essencial para envolver a criança na história. Qualquer estratégia escolhida vai exigir coragem
para se expor, falar e para ouvir, trata-se de um jogo interacional no qual fazem parte o/a
professor/leitor/a e a criança/leitora.
c) Jogos
O jogo é uma das atividades indispensáveis para as descobertas e aprendizagens na
infância, que está vinculada com a possibilidade de aprender de forma significativa e
intencional. Esse por sua vez, é considerado de grande importância por estimular a
criatividade, enriquecer a experiência sensorial e desenvolver várias habilidades, como
empilhar, montar, construir, juntar materiais, entre outros.
Segundo Guimarães (2006) o jogo é:
(...) o resultado de ação. Esta ação, por intermédio de movimento de caráter físico ou
intelectual, conduz à idéia de competição. O resultado imediato é o estímulo
variado, seja no sentido de superação, de oposição ao outro qualquer. Em
contrapartida, a ação, elemento primordial para realização do jogo, brinquedo ou
brincadeira provoca no oponente uma reação. Podemos dizer, por exemplo, que a
aceitação de regras é uma reação inteligente e pré-determinada, construindo-se,
assim, uma atitude social (p.79).
Então, o jogo se mostra não como uma atividade que se propõe a apenas competir,
mas no sentido de promover a superação de obstáculos, partindo esse da própria criança numa
ação inteligente e de inter-relação com o outro.
A criança desenvolve capacidade para medir, planejar, imaginar e antecipar suas
ações. Promove também a oportunidade para que ela se coordene e compreenda o sentido das
regras, gerando desafios e o prazer pelos novos conhecimentos.
d) Brincadeiras
A criança se desenvolve por meio das interações que estabelece com os adultos e com
o mundo por eles criado. Sendo assim, a brincadeira é uma atividade humana na qual as
crianças são introduzidas, constituindo-se em um modo de compreender, agir, criar e recriar a
experiência sociocultural dos adultos.
De acordo com Wajskop (1999):
Considerações Finais
BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Por amor e por força – Rotinas na Educação Infantil.
Porto Alegre: Artmed, 2006.
BARROS, Hildinea Santos de Souza. SANTOS, Raquel Novais dos. Implicações do Estudo
da abordagem Reggio Emília no contexto pedagógico de um centro de educação infantil
do município de Barreiras. 114f. Monografia (Graduação em Pedagogia – Gestão e
Docência dos Processos Educativos). Universidade do Estado da Bahia, DCH – Campus IX –
Barreiras, 2009.
CAMPOS, Deyse Crystine de. Educação Infantil Maternal e Nível I – O corpo em cena: O
movimento como Protagonista da Atividade do Pensar e do Sentir/ Programa de Curso.
Barreiras, BA: Positivo, 2006.
FARIA, Ana Lúcia Goulart de. PALHARES, Marina Silveira (orgs). Educação Infantil Pós-
LDB: Rumos e Desafios (Polêmicas do nosso Tempo). 2 ed.. Campinas, SP: Autores
Associados, 2000.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5 ed.. São Paulo: Atlas, 2006.
KRAMER, Sonia (org). Profissionais de Educação Infantil: gestão e formação. São Paulo:
Ática, 2005.
KUHLMANN JR., Moysés. Infância e Educação Infantil uma abordagem histórica. 2 ed..
Porto Alegre: Mediação, 2001.
Sala 02
Resumo: O presente artigo tem como objetivo central apontar as contribuições de Rousseau para a educação
escolar e social contemporânea, utilizando como referencial principal, mas não único, o livro “Emílio, ou da
educação”, na qual o autor discorre sobre a primeira infância e a criação de uma criança baseada em suas teses.
Apontando as características do educador na antiguidade, e do educador na atualidade, ele faz um comparativo
sobre a educação e o desenvolvimento advindo de cada um deles. Analisando as influências que decorrem desse
tipo de pedagogia na contemporaneidade.
Introdução
Rousseau produziu diversas obras acerca da educação, na qual o mesmo discorre de
forma única sobre a primeira infância, dando um novo sentido para a mesma. Revelando
através de suas teses a verdadeira importância que ela tinha no desenvolvimento da criança.
Os primeiros educadores adotavam uma metodologia que em nada ajudava no
desenvolvimento dela (o infante), pois não havia qualquer respeito, emoção ou orientação por
parte deles, acarretando uma má formação no ser social que se tornaria aquele educando, já
que os próprios educadores não estavam concentrados na formação completa e critica deles.
Com base em seus livros, produções históricas sobre o desenvolvimento infantil, o
presente artigo busca apresentar algumas características e realizar um comparativo, entre o
educador na antiguidade e o educador na contemporaneidade, discorrendo sobre as principais
diferenças, qualidades, e como as teses educacionais dele afetaram as diversas metodologias
dos professores ao longo do tempo.
Rousseau conseguiu influenciar a educação primorosamente, ademais que suas
metodologias e práticas pedagógicas são utilizadas pelos atuais educadores, formando as
crianças da forma como ele próprio indicava ser correto, dando por assim a verdadeira
oportunidade do infante desenvolver sua capacidade total.
1
Acadêmico de Pedagogia, Universidade Federal do Maranhão. [email protected]
em especial na obra “Emílio ou, da educação”, na qual narra sobre a criação de um infante,
baseado em suas teses educacionais.
A revolução no conceito de infância concebida por Rousseau foi uma verdadeira
revolução copernicana no âmbito da pedagogia infantil. Até então se achava que a
criança era um adulto em miniatura ou um adulto defeituoso. Com seu novo modo
de ver a infância, passamos a vê-la como uma etapa onde a criança precisa ser
respeitada em seu desenvolvimento físico e cognitivo. (MARTINS; DALBOSCO,
2013, p. 83)
A infância segundo Rousseau é uma etapa extremamente essencial na formação da
criança como pessoa. Através de suas teses educacionais ele deu um novo significado a esse
período, demonstrando que é nesta fase que o infante desenvolve suas funções cognitivas e
físicas, que serão prosperadas ao longo de toda sua vida, não apenas no âmbito escolar, mas
no social de forma geral.
A partir das perspectivas de Rousseau, nota-se que o educador deve observar e
estudar a criança em seu todo e em suas correlações, para que se compreenda o seu
desenvolvimento. Através dessa observação o educador entenderá como esse
desenvolvimento ocorre, e quais devem ser as metodologias pedagógicas aplicadas
necessárias para que isso aconteça de forma satisfatória. Rousseau (2004, p.9) dispõe o
seguinte, “Nascemos fracos, precisamos de força; nascemos carentes de tudo, precisamos de
assistência; nascemos estúpidos, precisamos de juízo. Tudo o que não temos ao nascer e de
que precisamos quando grandes nos é dado pela educação.”
Cabe ao educador proporcionar ao educando condições e orientações para que o
mesmo possa se tornar um cidadão crítico, autônomo e totalmente preparado para inserir-se
na sociedade e provocar a mudança necessária nela. Pois é através da educação que esse papel
é alcançado dentro de um meio social. Afirma Rousseau:
O mais perigoso intervalo da vida humana é o que vai do nascimento até a idade de
doze anos. É o tempo em que germinam os erros e os vícios, sem que tenhamos
ainda algum instrumento para destruí-los. E, quando chega o instrumento, as raízes
são tão profundas, que já não é tempo de arrancá-las. (ROUSSEAU, 2004, p.96)
Podemos compreender então que a primeira infância é a parte mais importante da
formação do ser humano, pois, é a partir dela que as crianças desenvolverão as fases mais
essenciais da vida humana, é nessa etapa que a criança passará por um processo de adaptação.
Bem, o educador tem o papel central neste processo, pois ele irá guiar o educando, e lhe dará
as ferramentas e possibilidades de desenvolver-se de forma promissora, de acordo com a
educação da natureza proposta por Rousseau.
A educação de Emílio em relação ao educador na antiguidade
Os primeiros educadores viam as crianças como “adultos em miniatura”, na qual
deveriam formá-los para praticamente copiar as ações dos mais velhos de forma
perfeccionista. Eles recebiam reclamações, e eram encharcados de lições de morais e
conteúdos que dificilmente seriam compreendidos para sua faixa etária. Essa forma de ensino
criava uma tensão nas mesmas e acabavam por atrapalhar a aprendizagem.
De forma contrária ao que acreditava, esse ensino prejudicava a formação moral e
ética da criança, pois a mesma acabava adquirindo maus hábitos advindos da educação
errônea, desenvolvendo idéias de dominação e tirania, o que futuramente acarretaria em uma
sociedade desigual, como ocorreu de fato. Sobre isso Rousseau indaga: se as opiniões
contribuem no aumento da miséria humana desde a infância, como será a vida do homem
quando crescer e suas relações com os outros homens começarem a se ampliar e a se
multiplicar? (ROUSSEAU, 2004, p.87).
Os educadores na antiguidade importavam-se, em formar com prioridade a razão do
infante, de forma excepcional, para que o mesmo inserir-se no meio social e seguissem os
padrões pré-estabelecidos, e contribuíssem com os “bons” interesses da coletividade da época.
No intuito de querer proporcionar um raciocínio ao aluno (ato que ele por conta
própria não conseguia elaborar), acabava por fazer com que esse curto e único
tempo da infância se perdesse. Tais mestres recorrem muitas vezes a adulações,
ameaças, falsas promessas e argumentações na tentativa de envolver a criança em
preocupações e raciocínios distanciados das experiências e necessidades que lhes
são próprias. (KRUL, 2012, p.15)
O raciocínio trabalhado no período era complexo, dificultando ao alunado entender
aquilo que o professor transmitia. Como eles eram vistos já como adultos, não tinham
orientações nessa parte complexa, assim, eles não desenvolviam as atividades de forma
satisfatória, pois seu tempo de aprendizagem não estava sendo respeitado, ou seja, eles
ficavam nesse ambiente escolar sem qualquer suporte por parte daqueles que deveriam
orientar e ajudar e ainda acompanhar um conteúdo que não correspondia ao seu tempo de
aprendizagem.
Vistos como adultos em miniatura, eles perdiam quase que toda sua infância, pois
não aproveitavam os acontecimentos do seu período, de modo que os seus professores e
cuidadores os tratavam desta forma, prejudicando a continuação e iniciação nessa fase
essencial para o ser humano.
Utilizando-se de metodologias severas, muitas vezes agressiva eles buscavam
colocar esses educandos em uma norma padrão, seguindo preceitos para que alcançassem
objetivos claros e definidos, perante uma sociedade que enquadrava a todos em um normativo
padrão na formação das pessoas, para que se transformassem em cópias iguais.
Rousseau analisa e cria teses modificando esse conhecimento da época, mostrando
que a criança deve ser vista com uma nova visão, por onde deixará de ser um homem em
miniatura, e será vista como ela é mesmo, uma criança, na qual sua infância será trabalhada e
respeitada em todas suas etapas periódicas de desenvolvimento, de maneira que o infante
possa desenvolver de forma saudável em sua totalidade.
Como Rousseau discorreu em seus trabalhos sobre a educação, cabe ao educador
guiar o educando durante todo esse processo de desenvolvimento vivenciado na primeira
infância, entretanto não da forma como ocorria na antiguidade, na qual o tempo do infante não
era respeitado, e sim como estava nas teses dele, que o professor tinha a função de respeitar o
tempo de crescimento, orientar de forma calma e passiva sem modificar e interferir neste
processo do alunado.
Conclusão
Compreende-se enfim que o educador não tem apenas o papel de transmitir conteúdo
para seus alunos, mas sim de ajudar os mesmos em uma transformação gradativa ao longo do
tempo de desenvolvimento, no qual os mesmos serão influenciados pelas ações desse
educador que deve estimular e instruir para a concepção de um ser no meio social.
Deixam-se de lado os paradigmas daquele educador antigo, que buscava apenas uma
alienação e uma cópia fiel do “cidadão social perfeito”, sem importar-se com seu educando e
seu prosseguimento educacional e social, na qual ele não recebia qualquer orientação,
formando um ser egoísta e despreparado para a sociedade, para assumir um novo papel, no
qual assume a função de orientador/mediador perante os diversos contextos a que as crianças
estão envoltas e são apresentadas.
Os atuais professores diferem desses, pois buscam a autonomia de seus alunos,
respeitando as fases de crescimento, e orientando e ajudando nesse processo, de forma que
eles possam crescer no âmbito escolar com conhecimentos que ajudem na vivência social, e
criem uma mentalidade crítica diante da sociedade.
O professor enfrenta muitas barreiras durante toda sua docência, as sociais, e
econômicas entre diversas outras afetam a educação libertadora dentro da escola, mas não se
podem deixar abater, pois são através dessa educação que futuramente serão solucionados
esses problemas, ademais que o professor pode não ter essa função reconhecida como tal, mas
é ele que ajuda a formar um ser, seja ele político ou social, para que o mesmo haja dentro da
sociedade como um transformador por meio de suas atitudes e opiniões.
Referências
DENT, N.J.H. Dicionário Rousseau. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1996.
KRUL, Alexandre José. Rousseau: A Educação De Emílio Nas Primeiras Etapas da Sua
Vida. 2012. 58 p. Mestrado em educação nas ciências (programa de pós-graduação)- Unijuí –
Universidade Regional Do Noroeste Do Estado Do Rio Grande Do Sul, Ijuí/RS, 2012.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou Da educação. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
- (Paidéia)
AS TECNOLOGIAS E SUAS DIVERSAS POSSIBILIDADES NO
DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE NO ENSINO SUPERIOR
Sala 4
Resumo: O substantivo criatividade significa capacidade de criar, de inventar, ou seja, dar existência a algo.
Contudo, há elementos que impedem o desenvolvimento da criatividade na educação superior. Para este pensar,
o ensino superior deve comprometer-se à formação de jovens com autonomia intelectual, extasiados pela busca
do saber, cujas atitudes tenham reflexos sociais positivos. Atualmente, há a possibilidade de buscar novos
conhecimentos sobre as possíveis formas de utilizar as tecnologias a favor do processo criativo de ensino-
aprendizagem, levando-nos a atentar para a relevância do despertar da criatividade em acadêmicos do ensino
superior através do uso de tecnologias. Portanto, este trabalho por meio de uma revisão sistematizada em forma
de livros, revistas científicas, anais de eventos e publicações eletrônicas, tem como objetivo evidenciar a
criatividade, sua contribuição no ensino superior e o uso das tecnologias por parte dos docentes e discentes
universitários, como ferramentas positivas no auxílio do desenvolvimento criativo e tão necessárias, tendo em
vista o contexto atual. Diante das diversas possibilidades e uma infinita viabilidade de utilização de recursos
tecnológicos possíveis na internet, os educadores possuem a seu dispor diversos meios que possibilitam o
desenvolvimento crítico-reflexivo dos educandos, através de ambientes tecnológicos criativos, promotores de um
novo processo de aprendizagem, focado na criatividade em sala de aula (e no ambiente externo), que propicia um
maior grau de aquisição de conhecimento.
Introdução
1
Especializando em Docência Universitária pela Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO. E-mail:
[email protected]
2
Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de Goiás – Uni-ANHANGUERA.
3
Mestrando em Educação pela Universidade Federal de Goiás – FE/UFG, Bolsista da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Para este pensar, o ensino superior deve comprometer-se na formação de jovens com
autonomia intelectual, extasiados pela busca do saber, cujas atitudes tenham reflexos sociais
positivos. Vale ressaltar uma pesquisa de Paulovich (1993) que apresentou dados de uma área
universitária específica, a biológica, mas que podem ser estendidos a outras áreas também,
onde se têm forçado a memorização e o excesso de conteúdo, além de atitudes docentes
errôneas, como gratificar e aplaudir as respostas já programadas às questões também
programadas. Há a abordagem de que o ensino repetitivo advém, em geral, do desinteresse
docente pró-ensino criativo e propõe um modelo de ensino superior criativo mediante a
reestruturação metodológica, realizando workshops de criatividade, cujo objetivo é a
produção de novas ideias.
Vive-se em um momento de desenvolvimento tecnológico e com isso, a ciência
educativa é uma nova ideia já imposta, não havendo a possibilidade de retrocesso. Somente
ocorre a busca de novos conhecimentos sobre as possíveis formas de utilizar as tecnologias a
favor do processo criativo de ensino-aprendizagem (SOUZA; CUNHA, 2009).
Atentando na relevância do despertar da criatividade em acadêmicos do ensino
superior, este trabalho, através de uma revisão sistematizada em forma de livros, revistas
científicas, anais de eventos e publicações eletrônicas, tem como objetivo evidenciar a
criatividade, sua contribuição no ensino superior e o uso das tecnologias por parte dos
docentes e discentes universitários, como ferramentas positivas no auxílio do
desenvolvimento criativo e tão necessárias, tendo em vista o contexto atual.
Documentos oficiais que regem o ensino e até mesmo o discurso das instituições
educativas atribuem à formação integral do indivíduo o caminho para o sucesso
escolar, entretanto, a dificuldade de se considerar, efetivamente, o educando em sua
integralidade leva a um entendimento linear e determinista [...]. (SILVA;
MARTINEZ, 2016, p. 329).
Nestes moldes, o aluno que não aprende é retirado da sala de aula e encaminhado a
outros profissionais que irão intervir com outros procedimentos metodológicos e totalmente
institucionalizados. O mesmo autor defende que essa forma de agir denuncia o exacerbado
valor que se dá aos saberes escolares tradicionais, enquanto os aspectos como a vivência do
mesmo, contexto social inserido, influências familiares, características cognitivas e outros
aspectos, não são considerados em sua totalidade no processo educacional.
Fica evidente que ao despertar a criatividade e lidar com toda a subjetividade contida
na sala de aula, o docente passa por um importante processo de modificação e queda de
ideologias enraizadas. Muniz e Martinez (2016) salientam uma relação professor-aluno que
desperte o interesse do educando e que essa relação não aconteça de forma passiva, pois o
jovem atual já carrega uma bagagem trazida por meios tecnológicos. Essa rapidez de
circulação da informação faz da relação um confronto de dados, concebendo a possibilidade
de problematização das mais diversas informações.
Identifica-se certa complexidade na compreensão sobre o processo criativo, devido à
subjetividade humana contida nele, onde dois critérios são necessários para que o trabalho de
determinado docente seja considerado criativo: a novidade e o valor. A novidade deve incluir
situações em que se aplique ao sujeito. Já o valor, incorporado em determinado contexto
social, deve ser atrelado a conceitos e exigências do contexto social em que o sujeito está
inserido (SILVA; MARTINEZ, 2016).
Tal subjetividade humana, oriunda do trabalho criativo, busca cada vez mais
metodologias do “pensar complexo”, compreendendo os elementos vitais a sociedade e a um
indivíduo dentro do contexto multidimensional, que busca a religação dos saberes, superando
principalmente o olhar fragmentado, que não interliga as dimensões dos fenômenos. O
“pensar complexo” contribui para a expansão da concepção do homem, de que os fatos estão
fragmentados e acontecem de forma aleatória, para a concepção de que todos os fenômenos
estão interligados, ou seja, há um movimento contínuo (SÁ, 2015). Toda essa interconexão
faz-se presente na subjetividade humana e interfere em seu processo criativo.
Percebe-se que toda essa complexidade é necessária para alcançar algo novo e
conforme salientado por Muniz e Martinez (2015, p. 480), o “pensar complexo” e todo o
processo de criatividade é a busca por gerar uma ideia que vai além do que está posto e
apresentado, é romper uma barreira arcaica de que aprender é reproduzir o mesmo, é colocar o
pensamento em um campo subjetivo, que unido com o que se está aprendendo, produza novas
ideias, mesmo que este novo, em primeira estância, não adquira um valor social, mas um
valor para o seu desenvolvimento próprio. Haverá, com isso, a manifestação em forma de
hipóteses e alternativas para as soluções de problemas da sociedade.
Dentro do contexto educacional voltado para o ensino superior, há a provocação
frequente por mudanças que viabilizem novas estratégias de ensino, aprendizagem
colaborativa, democrática e criativa por meio de tecnologias, dando maior amplitude ao
conhecimento e à informação. É uma das razões para o desenvolvimento da criatividade no
contexto educacional dar-se diante do quadro atual, através da incerteza, complexibilidade,
progresso e mudanças que decorrem em ritmo exponencial e essas, requerem soluções
criativas (ALENCAR, 2007).
Para Alencar (2004) o processo criativo não deve ser desenvolvido através da exclusão
do indivíduo de seu contexto sócio-histórico-cultural e para que ocorra uma mudança de
paradigmas, faz-se necessário a criação de uma nova universidade. Essa universidade deve ser
crítica, humana e planetária, que percorra um caminho onde a criatividade seja colocada de
forma objetiva e prática.
A autora Martinez (1997) diz não ser suficiente somente o envolvimento dos alunos
no processo ensino-aprendizagem. É de fundamental importância que o professor
disponibilize uma literatura vasta e profunda, com base metodológica e cientifica,
especificamente no ensino superior para se despertar um potencial crítico, investigativo e
criativo em seu aluno. Destaca ainda a necessidade de reflexões dentro do processo docente,
respeitando sempre a individualidade do discente e assim, individualizando o processo
ensino-aprendizagem, proporcionando liberdade e segurança psicológica.
O papel do educador é autotransformar-se, de um mero repetidor e transmissor de
informações, a um mediador e organizador do conhecimento, integrando e contextualizando
informações já aprendidas, possibilitando assim uma ecologia de saberes, tornando as
informações e conhecimentos parte das experiências e vivências deste educando, motivando-o
a um “Pensar Bem” (MORIN, 2000). Em contrapartida, há uma concepção de um sujeito com
a “cabeça bem cheia” desejando, na realidade, um sujeito com a cabeça “bem feita”, por
intermédio de um ensino crítico, investigativo e flexível, como propõe Morin (2001).
Não obstante, Torre (2005) enfatiza a importância de desenvolver a criatividade desde
a educação infantil até a universidade, viabilizando ao aluno uma melhor condição social,
indagando ainda que a riqueza de um país não se aplica só aos seus recursos materiais e sim à
capacidade criativa de seus jovens. Assim, ao se promover uma formação voltada à
criatividade, a universidade contribui tanto para a construção de jovens profissionais críticos e
envolvidos socialmente, quanto para a reflexão e atualização constante dos docentes e suas
práticas pedagógicas.
As Instituições de Ensino têm como um dos seus objetivos, formar indivíduos que se
adaptem às diversas necessidades, seja qual for o ambiente. Desse modo, a “Escola Criativa”
surge como possibilidade para que essa esfera consiga despertar todo seu potencial. Dentro
dos ambientes acadêmicos é possível encontrar diversas possibilidades de meios tecnológicos
que contribuem para o aprendizado e principalmente, para o desenvolvimento da criatividade
por parte dos alunos. Mas antes, entendamos que as escolas criativas são escolas:
[...] que são formadas por pessoas inquietas, criativas, capazes de buscar, reconectar
saber e reconstruir realidades, capazes de ser amorosas e éticas com aqueles com
quem convivem e é esta a proposta com que trabalham os professores. A experiência
por eles proporcionada para seus alunos e para si mesmos, de maneira criativa e
inovadora, torna o aprender algo com significado interno intenso, pleno de vida e
ligados intrinsecamente com o todo que o cerca (SUANNO, 2007, p. 199).
Considerações Finais
Referências
JACKSON, N. Creativity in higher education. Creating tipping points for cultural change.
Guildford: SCEPTrE Scholarly Paper, v. 3, p. 1-25, 2006.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília:
Unesco, 2000.
SÁ, R. A. Em busca de uma pedagogia para o pensar complexo. In: PINHO, M. J.; SUANNO,
M. V. R.; SUANNO, J. H.; FERRAZ, E. P. N. (Org.). Complexidade, interdisciplinaridade
e transdisciplinaridade na educação superior. Goiânia: Espaço Acadêmico, 2015.
SARTORI, A. S.; SOARES, M. S. P. Concepção dialógica e as NTIC: a educomunicação e os
ecossistemas comunicativos. Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São
Paulo – NCE/USP, 2013.
Sala 3
Resumo: O presente trabalho é parte de um trabalho monográfico que teve como principal objetivo entender as
concepções e modos de trabalhar dos sujeitos da pesquisa no concernente à avaliação da aprendizagem escolar,
que foi desenvolvida por meio de entrevista com professores, análise documental e observação em duas turmas de
5° ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública municipal de Davinópolis-MA. Entre outras
temáticas relacionadas a avaliação da aprendizagem escolar, tratou-se de entender quais as relações estabelecidas
pelos professores no que diz respeito a necessidade de avaliar o ensino em sala de aula, sendo esta a temática aqui
abordada. Os resultados indicaram que, em sua maioria, os professores apresentam apontamentos plausíveis no
sentido ter clara a concepção de avaliação voltada tanto para a aprendizagem quanto para o ensino. Porém, alguns
ainda manifestam opiniões e atitudes docentes, por vezes, desconexas do ponto de vista de um ato de avaliar pleno
em seus objetivos, carregados de ranços de uma Pedagogia que se aproxima mais do foco no exame, e que ainda
se caracteriza por podar as reais capacidades do aluno e que em seus detalhes não favorece seu desenvolvimento
amplo e nem trabalha em prol de uma avaliação do ensino.
Introdução
Partindo do pressuposto apresentado por Haydt (2004), que afirma ser a avaliação um
meio que permite ao professor verificar não apenas o nível de aprendizagem dos alunos, como
também a qualidade do ensino desenvolvido, surge a necessidade de entender se e como os
sujeitos do lócus de pesquisa estabelecem essa relação.
A pesquisa foi desenvolvida em duas turmas de 5º ano do turno matutino de uma escola
da rede pública do município de Davinópolis-MA, tendo cada uma 22 alunos regularmente
matriculados.
Neste material, em específico, serão discorridas as contribuições adquiridas a partir das
entrevistas realizadas com os professores sujeitos da pesquisa e observação da rotina das salas
de aula já citadas.3
1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão – Campus Imperatriz. E-mail:
[email protected]
2
Mestre em Educação – Universidade Federal do Maranhão– Campus Imperatriz. E-mail:
[email protected]
3
Os resultados obtidos a partir da análise documental não são apontados neste trabalho, em específico, pois, por
hora, não influenciam nas especificidades da temática discorrida.
Ao todo foram sete os professores contribuintes da pesquisa a partir das entrevistas,
sendo todos eles ministrantes de disciplinas em ambas as turmas. Os docentes ministram as
mesmas disciplinas nas duas turmas, não sendo, portanto necessário uma distinção em relação
às mesmas, que serão feitas apenas no relato de ocasiões específicas do ato de observação.
O processo de observação da rotina da sala de aula foi decisivo no sentido de entender
melhor as relações estabelecidas entre alunos e professores, tal qual possibilitou o
confrontamento das falas apresentadas durante entrevista com as situações reais de sala de aula,
objetivando analisar se os discursos dos mesmos condiziam com suas práticas ou não.
A estrutura do texto está organizada, inicialmente, apresentando considerações
relacionadas a necessidade de desmistificar a avaliação da aprendizagem escolar como um
procedimento direcionado apenas ao aluno, partindo da ideia de que as metodologias de ensino
têm grande influência sobre a condição e os resultados apresentados pelo aluno em sala de aula
sendo, portanto, necessário um movimento contínuo de avaliação das mesmas.
Após, são apresentados os procedimentos metodológicos e suas bases filosóficas para
desenvolvimento da pesquisa, seguidas dos apontamentos relacionados aos resultados
apresentados a partir da análise dos dados obtidos.
4
Luckesi (2011, p. 139) define como prática crítica aquela que compreende, propõe e desenvolve o fazer docente
no contexto de suas determinações sociais, e como construtiva aquela que trabalha com princípios científicos e
metodológicos que dão conta da construção do ensino e da aprendizagem para o desenvolvimento do educando.
porque necessita ser desenvolvido de modo operacional a partir de uma compreensão
processual, como também aponta Vasconcellos (1998, p. 50) ao apresentar a importância do
planejamento na ação pedagógica demonstrando que “quando não há clareza do que se quer,
não se terá critérios para definir os conteúdos a serem trabalhados”.
A execução, por sua vez, diz respeito à realização da ação planejada, de maneira
dinâmica, de modo a alcançar os resultados previamente definidos através do planejamento.
Neste sentido, a avaliação é responsável pelo acompanhamento e reorientação, através
de resultados parciais e finais, sendo assim crucial sua utilização de modo contínuo, e não
desligada do planejamento e da execução.
Partindo da inferência de que a ação pedagógica é cercada de intempéries que provém
do caráter peculiar dos sujeitos da educação, faz-se necessária uma verificação constante do
desenvolvimento do que foi planejado, objetivando promover alterações sempre que o
planejamento inicial não der conta da singularidade do real ou de novas demandas que vierem
a surgir. Assim, não é possível enxergar aqui perspectivas de avaliação desconexas do todo,
mas sim assumidas com formas diagnósticas frequentes visando à construção dos resultados
esperados. Tal perspectiva de avaliação da aprendizagem escolar só é possível a partir da
tomada da mesma como processual, e não de maneira isolada como tem se dado na maioria das
situações reais de sala de aula.
Tal visão resulta da ideia já destacado por Vasconcellos (1998), quando elucida que o
que define a qualidade da aprendizagem alcançada pelo aluno é a qualidade do ensino a ele
disposto, não sendo possível “cobrar” que a avaliação seja, sozinha, a responsável pelo avanço
do processo pedagógico, pois a mesma é apenas uma das dimensões do ensino.
A cisão entre ensino e avaliação é um dos fatores que mais dificultam uma ação
avaliativa em seus objetivos fidedignos, pois quando se acredita que ambos se dão de maneira
desconexa, a avaliação perde o seu sentido diagnóstico. Ao contrário, quando são tomadas como
intrínsecas, é possível desenvolver práticas mais comprometidas com o desenvolvimento do
aluno, sob um tripé ação-reflexão-ação, que tenha espaço para constantes reorientações,
segundo as necessidades do aluno e que tenham como bojo uma prática de ensino aberta a tais.
Porém, muitos professores ainda acreditam que a avaliação da aprendizagem deve ser
destinada apenas ao aluno, e dificilmente assumem a necessidade de avaliar sua prática e,
raramente, avaliam a mesma. Porém Demo (2006, p. 94) alerta que “a melhor avaliação do
professor é a boa aprendizagem do aluno”, cabendo ao mesmo assumir, em partes, a
responsabilidade pelos resultados apresentados em sala.
Não estamos aqui negando os diversos fatores que dificultam a aprendizagem, pois são
os mais variados, porém é preciso atentar para o fato de que o professor, como um dos principais
sujeitos da educação e no papel de mediador do conhecimento, deve compartilhar dessa
responsabilidade, assumindo a coautoria dos resultados alcançados, sejam eles positivos ou
negativos.
Ao caracterizar a avaliação da aprendizagem escolar, Vasconcellos (1998, p. 15) declara
que “a avaliação, enquanto reflexão crítica da realidade, deveria ajudar a descobrir as
necessidades do trabalho educativo, perceber os verdadeiros problemas para resolvê-los”.
Assim, assume que a prática do professor não está isenta de ser um dos “problemas” da
aprendizagem, sendo, portanto absolutamente necessário que a mesma seja igualmente
avaliada, pois as metodologias em sala de aula e a relação entre professor e aluno são decisivas
no desenvolvimento ou não de uma aprendizagem significativa. Assim, é equivocado o discurso
de alguns profissionais da educação que alegam não ser necessário rever suas práticas
pedagógicas por acreditar que, se o aluno não aprende o problema está nele e não em si,
passando o culpar o aluno e usando seu suposto desinteresse, dispersão ou a falta de
acompanhamento familiar como reais causas da não aprendizagem.
Nesta vertente, Haydt (2004) declara que, muitas vezes, a metodologia de ensino pode
estar se dando num nível muito complexo, de modo a alcançar apenas os alunos que já
apresentam uma boa base cognitiva, porém longe das perspectivas de compreensão dos alunos
que apresentam maior dificuldade de aprendizagem por variados motivos. Assim, faz-se
necessário trabalhar num processo de adequação das práticas de ensino, assumindo o fato de
que a sala de aula nunca é homogênea, mas carregada de singularidades por todos os cantos, e
é dever do professor dar conta destas peculiaridades, sensibilizando-se com o modo de aprender
de cada um:
Nós, educadores, sabemos que não existem verdades absolutas, nem uma receita única
em educação. O sucesso do nosso trabalho depende, em grande parte, da adequação
das estratégias de ensino às características de cada classe, isto é, às necessidades, ao
ritmo e ao nível de aprendizagem dos alunos. (Haydt, 2004, p. 22)
Deste modo, se o professor não assume a necessidade de mudança para uma maneira de
conceber a avaliação de modo que ela esteja a serviço da aprendizagem do aluno ela jamais irá
acontecer, visto que enquanto o mesmo não se despertar para tal carência emergente não estará
suficientemente aberto a evoluir.
Sobre isso Esteban (2008) afirma:
(...) um professor ou professora que pretenda compreender o compreender de seus
alunos, inevitavelmente se tornará um professor(a) pesquisador(a), por compreender
que a teoria que dispõe não dá conta da complexidade do que acontece em sala de aula
e é preciso afinar os sentidos, as intuições e os conhecimentos para melhor
compreender o que acontece e como acontece. (Esteban, 2008, p. 28)
Procedimentos Metodológicos
No que se refere ao percurso metodológico, dado à problemática em questão ter sido
percebida através de fatos do cotidiano, tornando-se assim um fenômeno e, por ter despertado
desejo de investigação aprofundada, o enfoque que mais se aproxima do objeto de estudo é o
Fenomenológico, pois objetiva interrogar os fenômenos que perpassam a avaliação da
aprendizagem escolar no lócus de pesquisa, tal qual as relações estabelecidas entre o fenômeno
pesquisado e os sujeitos da pesquisa, para que seja possível compreendê-los, pois a
fenomenologia afirma só ser possível entender o homem e o mundo através dos fenômenos,
dando um status filosófico ao contato ingênuo com os mesmos (Triviños, 1987).
Por ser a abordagem uma consequência do método, traçando seus parâmetros, a
abordagem própria do método Fenomenológico é a qualitativa, sendo a que foi utilizada no
desenvolvimento desta pesquisa, pois mediante a mesma as afirmações não se dão a partir de
número ou estatísticas, mas por meio de análises detalhadas e abrangentes, contextualizadas à
realidade e fundamentadas a partir da significação que os sujeitos da pesquisa dão a sua relação
com o objeto pesquisado, no sentido de compreender esta realidade.
Para tanto, optou-se pelo uso de instrumentos de coleta de dados mais relacionados ao
enfoque em questão: entrevista e observações, possibilitando, na medida do possível, reflexões
de caráter integrado acerca dos dados obtidos por meio das técnicas, buscando evitar
fragmentações na análise.
Para salvaguardar a identidade dos professores vamos identificá-los apenas a partir do
uso da letra inicial de seus nomes, visto não ser objetivo da pesquisa trabalhar com a identidade
dos mesmos, mas apenas tecer reflexões a partir de suas falas, mescladas às observações
realizadas por ocasião da pesquisa: Professor G, Professora R, Professora K, Professora Y,
Professora T, Professora E e Professor S.
Todas as entrevistas foram gravadas individualmente por meio de mídia de celular, com
o consentimento dos entrevistados.
Vale ressaltar que nem todas as falas são destacadas no momento da análise, pois em
alguns momentos os professores não apresentaram respostas satisfatórias que realmente
contemplassem o objetivo da questão. Destacamos também que algumas falas não são
apresentadas na íntegra, pois no intuito de facilitar a formulação das análises, optamos por
separar os trechos considerados mais claros, considerando os objetivos da pesquisa.
Professor G: Então, eu tento mudar a forma como eu falo com eles, muitas vezes a
gente tem uma postura mais dura, depois volta atrás, porque vê que aquilo não deu
resultado e a gente vai mudando a nossa prática, a forma de repassar os conteúdos, a
forma de trabalhar, tudo isso a gente faz pra poder ficar contornando esses problemas.
Professora T: Sim. Eu acho que ainda tenho muito que aprender. Às vezes eu me
culpo, mas aí vem à memória que eu não sou a culpada. Então eu fico me perguntando
aonde é que eu tô errando, que linguagem eu tô usando, como eu posso tocar o “ponto”
deles.
Assim, a professora não apresenta uma opinião sólida formada em relação aos fatores
que podem vir a dificultar a aprendizagem dos alunos, pois ora afirma não ser responsável, ora
afirma ter que buscar novos meios para “tocar no ponto” dos alunos.
A falta de uma concepção formada em relação a este ponto específico da avaliação da
aprendizagem pode acabar por confundir o diagnóstico do professor em relação aos problemas
apresentados em sala e as alternativas possíveis de resolução dos mesmos, ao passo em que
também dá ao ato de ensinar uma característica confusa, visto não existir clareza, por parte da
professora, do que pode vir a interferir na qualidade da aprendizagem, bem como seu nível de
contribuição, de responsabilidade nesse processo.
E o Professor S, que mesmo pedindo para que eu repita a pergunta, parece não
conseguir fazer uma associação do ato de avaliar o processo de ensino, transferindo sua
fala, exclusivamente, para a avaliação da aprendizagem do aluno:
Professor S: Vish! Essa aí é pesada! Olha, eu não sei... Eu acho que na questão de
avaliação eu acho que eu consigo avaliar, não de forma tão bruta, só por nota, e tal.
Eu avalio muito os aspectos qualitativos do aluno, a questão do próprio potencial,
saber que, às vezes, ele não alcançou, mas que eu sei que ele consegue alcançar, então
eu vou dar uma nova chance pra ele. Eu acho que eu avalio mais ou menos.
Percebemos, portanto, que apesar da resposta voltada para a avaliação do ensino englobar
aspectos que denotam um modo de avaliar aberto ao diálogo e as peculiaridades do aluno,
assume que o professor não enxerga o seu modo de ensino como plausível de avaliação,
igualmente é submetido o aluno, o que acaba por denotar um equívoco.
A Professora E, por sua vez, destaca a relação intrínseca entre avaliação da prática pedagógica
e o planejamento, ratificando seu comprometimento de natureza ideológica presente na
proposta de ensino, quando diz:
Luckesi (2011, p. 124) trata desta relação ao relatar que “o ato de planejar é a atividade
intencional pela qual se projetam fins e se estabelecem meios para atingi-los, por isso não é
neutro, mas ideologicamente comprometido”, afirmando que o ser humano planeja porque suas
ações são cercadas de finalidades e valores, o que acaba por dar a este ato um significado social
e político, ao passo em que é determinado a partir das concepções e ideologias do sujeito, que
define os resultados que deseja alcançar a partir de suas ações. Desta forma, o ser humano
planeja e avalia sua prática porque delimita previamente o que deseja alcançar.
Ainda objetivando sondar o papel da avaliação dentro do planejamento dos professores
questionamos os mesmos sobre os procedimentos tomados quando identificam aspectos que
precisam ser alterados em sua prática, a partir da seguinte pergunta: Ao perceber alguma falha
ou aspectos que precisam ser alterados em sua prática em sala de aula como você procede?
(grifo nosso).
Um fato que merece destaque em algumas das falas é a importância de não transferir ao
aluno a culpa de uma aprendizagem considerada insatisfatória. Quando o mesmo não apresenta
uma aprendizagem dita significativa ou esperada isto pode ser resultado de vários fatores, e um
deles pode ser a metodologia utilizada, como destaca o Professor G, de maneira mais sucinta:
“Se todos os alunos estão desinteressados, tem algo errado, então tá na hora de mudar”, e pela
Professora R de maneira mais minuciosa:
Professora K:A gente sabe que o planejamento não é único, ele sempre tem que estar
se modificando. Mas eu tenho facilidade pra aceitar essas mudanças. Se eu tô num
caminho e eu tenho dificuldades, eu tento traçar outro caminho. Você prepara uma
aula em casa, quando chega à sala você muda totalmente porque hoje não dá pra
trabalhar aquilo ali. Eu chamo de plano B. Tem que estar preparada.
Tal visão expressa pela professora articula a ligação estreita entre planejamento,
execução e avaliação da aprendizagem e do ensino. São processos interligados, onde a falha ou
equívoco cometido em um compromete os outros em seu pleno desenvolvimento. A abertura
pessoal para avaliar-se, segundo a fala da professora, deixa claro também ser esta uma atitude
nobre em busca do avanço profissional, visto que ao estacionar em posturas inadequadas
o professor acaba por frustrar e se desestimular.
Uma fala intrigante neste aspecto foi a da Professora Y, que afirmou a
necessidade de estar atenta às limitações de conteúdo e/ou competências demonstradas
pelos alunos para que o processo de ensino se dê de modo a respeitar o tempo do aluno:
A fala da professora denota uma preocupação com a aprendizagem significativa que sobrepõe
o mero repasse burocrático de conteúdo.
Tal comportamento por parte da professora exemplifica uma postura de constante diagnóstico
da aprendizagem do aluno, que enxerga a necessidade de retornar a conteúdos já trabalhados
que não foram compreendidos pela turma em sua totalidade, e que são fundamentais para que
o aluno avance, apresentando uma postura de uso da avaliação da aprendizagem como definitiva
no processo, para a realização de intervenções sempre que necessário.
Caso a professora não tivesse um olhar atento e cuidadoso às sinalizações dos alunos em sala
ou, mesmo que detectasse novas demandas por parte dos mesmos, julgasse-as como menos
importante do que o cumprimento do cronograma de conteúdos, os alunos não avançariam no
conhecimento proposto por uma negligência.
Porém, foi possível notar que a professora destoa o declarado durante entrevista com
sua postura em sala, passando a culpar e responsabilizar, unicamente, o aluno pelos erros
manifestados em sala, como o observado durante uma das aulas de recuperação ministrada pela
Professora Y, que o tempo todo transferia aos alunos a culpa de serem submetidos aquele
procedimento, se esquivando completamente da postura de mediador na construção de
conhecimento: “Quem não aprendeu é porque não prestou atenção.”; “Vocês passam o ano todo
conversando, por isso estão nessa situação.”, entrando em contradição com o que a afirmação
apresentada anteriormente.
Tais declarações expressam uma distorção do processo de ensino-aprendizagem, pois a
não-aprendizagem, quando tão expressiva numa turma (dos 22 alunos matriculados na turma,
apenas 4 foram aprovados diretamente) certamente não é responsabilidade apenas do aluno,
sendo necessário que os professores questionem suas metodologias de ensino e instrumentos
de avaliação.
Já a Professora E apresenta uma postura diferenciada no modo de enxergar a avaliação
do ensino:
Assim, a professora apresenta uma fala que vislumbra a tentativa de avaliar sua ação
pedagógica de maneira contínua, porém a mesma parece não ser desenvolvida diariamente, mas
apenas depois de decorrido um longo espaço de tempo (1 mês, em média). Além disso, a
avaliação a qual ela se refere parece ser apenas definida a partir da exposição de determinado
número de conteúdos planejados e não a partir da observação da postura do aluno frente às
atividades propostas:
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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Editora Criarp, 2006.
ESTEBAN, Maria Teresa. Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. / Maria
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TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva, 1928. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a
pesquisa qualitativa em educação / Augusto Nibaldo Silva Triviños. --São Paulo: Atlas, 1987;
VASCONCELLOS, Celso dos Santos, 1956 -Avaliação da Aprendizagem: Práticas de
Mudança -por uma práxis transformadora– / Celso dos Santos Vasconcellos. - São Paulo:
Libertad, 1998. (Coleção Cadernos Pedagógicos do Libertad ; v. 6);
AVALIAÇÃO NO PACTO NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA
PNAIC TOCANTINS
UM OLHAR PARA ALEM DA SALA DE AULA
Sala 03
Resumo: O texto apresentado neste trabalho foi resultado do trabalho de pesquisa e formação no Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa Tocantins durante o período d e 2016 e 2017 sendo a Ana Avaliação
Nacional da Alfabetização (ANA) uns dos temas de estudo com o grupo de formadores e orientadores de estudo
durante os encontros presenciais,nos propormos a investigar os fatores que estão diretamente envolvidos no
processo de Ensino e Aprendizagem no ciclo da Alfabetização.O trabalho realizado em formas de oficinas e
dialogando as interfaces do processo educativo
Introdução
CONTEXTO HISTÓRICO
No ano de 2012, por meio da Portaria MEC nº 867, de 4 de julho, foi instituído o
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - Pnaic, na mesma portaria foi instituída
uma avaliação externa para aferir a aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática dos
alunos matriculados no 3º ano do Ensino Fundamental.
Neste sentido, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) desenvolveu, em 2013, a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA),
sendo uma avaliação censitária, com objetivo de coletar, produzir e oferecer um diagnóstico
dos níveis de proficiência em Leitura, Escrita e Matemática das crianças matriculadas no 3º
ano do Ensino Fundamental das escolas públicas brasileiras, a fim de subsidiar políticas de
melhoria da qualidade da educação, reafirmando o compromisso de alfabetizar todas as
crianças até os 8 anos de idade, até final do 3º ano do ensino fundamental.
1
Bacharel e licenciado em matemática especialista em Formação de Professores,Assessor de Currículo de
matemática da Secretaria Estadual de Educação juventude e Esporte do Tocantins ,Formador dos orientadores de
estudo do PNAIC/TO
2
Licenciada em Pedagogia séries iniciais, especialista em Gestão Escolar: Metodologias de Linguagens e em
Planejamento Educacional, Técnica do Grupo de Trabalho dos Programas Pedagógicos da Secretaria de
Educação Juventude e Esporte do Tocantins, Formadora dos Coordenadores Locais do PNAIC/ UFT.
Desse modo, a ANA deve gerar informações sobre os níveis de alfabetização e
letramento em Língua Portuguesa e alfabetização matemática dos estudantes avaliados, além
das informações contextuais acerca das condições de oferta de ensino em cada unidade
escolar pudessem produzir dados sobre as condições da oferta do Ciclo de Alfabetização em
todo país.
A ANA utiliza dois instrumentos para coleta de dados nas escolas do ciclo de
Alfabetização do Brasil: instrumento 1 composto de dois testes de desempenho:
Alfabetização e letramento em Língua Portuguesa contendo 17 itens de múltipla escolha e 03
itens de produção escrita e o de Alfabetização Matemática com 20 itens de múltipla escolha.
O instrumento 2 é o questionário online para gestores e professores das instituições de ensino
públicas que atendem ao Ciclo de Alfabetização, este questionário é dividido em 4 eixos:
gestão escolar, formação docente, organização do trabalho pedagógico e infraestrutura,
contemplado ainda, o indicador socioeconômico com base nos questionários da Prova
Brasil/Anresc, e nos dados do Censo da Educação Básica, disponibilizando ainda um
comparativo entre as escolas similares.
A primeira edição da ANA foi realizada como piloto em 2013 e a segunda em 2014,
tendo uma ruptura em 2015 o que impossibilitou uma análise mais especifica dos três
primeiros anos do Pacto nos estados, a terceira edição foi realizada em 2016.
A ANA é organizada a partir das Matrizes de Referência de Língua Portuguesa e
Matemática, estas matrizes registram o conjunto de habilidades que se deseja aferir com a
aplicação dos testes de proficiência em leitura, escrita e matemática, sendo que proficiência é
a capacidade de realizar algo, dominar certo conhecimento e ter aptidão em determinada área
do conhecimento.
No eixo de leitura são avaliadas 12 habilidades, sendo 9 de leitura e 3 de escrita e em
matemática são avaliados os 4 eixos : numérico e algébrico, geometria , grandezas e medidas,
tratamento da informação, sendo avaliadas 18 habilidades nestes eixos.
Os eixos se referem aos campos amplos, que abrangem os conteúdos curriculares
passíveis de avaliação em larga escala, são os processos cognitivos mobilizados em torno das
experiências de aprendizagem, elas se referem à compreensão e às diferentes formas de se
estruturar um item, a partir das habilidades.
No que se refere às questões, deve-se avaliar uma competência, e o item deve
possuir uma operação cognitiva, um objeto de conhecimento (conteúdo) e um contexto, os
contextos devem ser significativos e não apenas servirem de ilustração da situação.
O resultado dos estudantes é classificado numa escala de proficiência que aponta o
nível em que o estudante encontra-se em leitura, escrita e matemática. O conjunto de itens
aplicados nos testes de desempenho é posicionado na escala de proficiência a partir dos
parâmetros calculados com base na TRI, os alunos são distribuídos nesta escala de
proficiência por níveis que vai do nível 1 ao 4 em leitura e matemática e em escrita vai de 1 a
5, sendo que 1 é o nível mais elementar e o nível 4 e 5 são os níveis satisfatórios.
Na edição de 2014 apenas 11% do conjunto de crianças brasileiras matriculadas no 3º
ano obtiveram o nível 4 em leitura e 25 % em escrita. No Tocantins neste mesmo ano esses
dados não foram diferentes, uma vez que foram avaliados aproximadamente 19.000 alunos e
destes apenas 35,61% alcançaram os níveis 3 e 4 em leitura, em escrita foi acrescido o nível
5, tendo alcançado 61,34% , somando os níveis 3,4 e 5 e em matemática nos níveis 3 e 4
alcançaram 32,22%. Entre a zona rural e urbana percebe-se os seguintes resultados em 2014:
leitura níveis 3 e 4 zona urbana 37,47% e zona rural 19,63%, escrita níveis 3,4 e 5 zona
urbana 62,78 e zona rural 49,02 e em matemática nos níveis 3 e 4 zona urbana 33,86% e zona
rural 17,11%, esta diferença se dá em devido a inúmeros fatores que interferem no ensino e
aprendizagem.
Por isso é que o Tocantins precisa investir mais na formação dos professores, na
aquisição de materiais didático-pedagógico e no perfil alfabetizador dos professores, para que
possa atingir níveis satisfatórios em leitura , escrita e matemático. Quando se compara os
estados da região norte e em se tratando da alfabetização das crianças até 8 anos de idade, o
Tocantins está em terceiro lugar em leitura com 26% das crianças do 3º ano do Ensino
Fundamental no nível 1 e em escrita ele aparece em quarto lugar com 46% das crianças no
nível 1, 2 e 3.
Neste sentido, a ANA deve ser entendida para além das notas dos estudantes, ela deve
ser vista para ajudar na progressão dos alunos no ciclo de alfabetização, bem como para a
progressão das aprendizagens relacionadas ao direito que a criança tem de avançar na
escolarização, observando onde o aluno está, o que ele sabe, onde precisa focar mais e o que
precisa aprender.
A partir dos resultados da ANA a escola deve propor intervenções a fim de
proporcionar mudanças significativas, primeiramente deve-se observar os aspectos
quantitativos, quantos alunos precisam de maior atenção, em seguida os qualitativos que diz
respeito ao como realizar esta intervenção.
Neste sentido, Hoffmann alerta que a avaliação precisa ser sempre ponto de partida
para se avaliar a própria escola, não deve estigmatizar e nem cristalizar “opiniões”.
Portanto, faz-se necessário a realização do diagnóstico da escola, definição de um
plano de alfabetização articulado ao PPP da escola, planejamento do professor de acordo com
os direitos de aprendizagem para cada ano do ciclo, do replanejamento da formação inicial e
continuada do professor, além da avalição constante da prática pedagógica do professor,
outro fator que deve ser observado é a gestão de sala de aula, com uma rotina bem definida, o
acompanhamento individual do aluno e da turma, observando os níveis de alfabetização que
cada aluno se encontra, a fim de propor atividades diferenciadas para cada nível que a turma
apresenta, pré-silábico, silábico, silábico alfabético e alfabético.
A avaliação é de grande importância para o processo de ensino e aprendizagem, por
isso, ao avaliar o aluno é preciso definir os objetivos a fim de alcançar um ensino de
qualidade e diferenciado, deve-se dessa forma, avaliar o êxito da aprendizagem não pela
capacidade de reprodução que o aluno tem, do que lhe foi apresentado como informação, mas
pelo fato desta avaliação ser contínua, formativa e individualizada, sendo assim, mais um
elemento do processo de ensino aprendizagem, o qual permite ao professor, conhecer o
resultado de suas ações didáticas, podendo assim, melhorá-las. Para Luckesi
A escola hoje ainda não avalia a aprendizagem do educando, mas sim o examina, ou
seja, denominamos nossa prática de avaliação, mas, de fato, o que praticamos são
exames. Historicamente, mudamos o nome, porém não modificamos a prática.
Portanto, vivenciamos alguma coisa equívoca: leva o nome, mas não realiza a
prática (LUCKESI, 2005 p.34).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
DALMÁS 2014 diz que a avaliação é essencial para a consecução do processo. ”Sem
ela não saberá para onde o grupo está dirigindo. (DALMÁS, 2014, P.106). Por meio da
avaliação, descobre-se como o grupo está entre o que se propôs (objetivos) e a vivencia
(resultados obtidos).Este confronto provoca um julgamento.(DALMÁS,2014 p.104).“Avaliar
é sempre julgar a realidade”.(apud Gandir,1991,p.53).
A rotina da avaliação feita no dia-a-dia inicia-se pela verificação das informações
sobre uma determinada situação, e, então, mediante a análise dessas informações, é tomada
uma decisão. (apud PANAVELO E NOGUEIRA, 2006 P.36)
Com a ampliação do acesso à educação para todos observa-se que nas últimas
décadas modificações significativas no Sistema Educativo, sobretudo com impactos direto em
relação à rotina das escolas. No que tange à avaliação, novas exigências foram colocadas
como exemplo, a redução da reprovação; a implementação da avaliação externa que tanto
considera o fluxo escolar, quanto os coeficientes cognitivos dos alunos por meio dos testes e,
ainda, a forte pressão sofrida pelas instituições escolares indicam a urgência da avaliação
institucional como forma de posicionamento das escolas diante das novas demandas lançadas
sobre elas.
Segundo (apud SORDI 2009), apesar de nas últimas décadas estar em voga o
discurso de “escolas para todos”, sabe-se que este espaço ainda contribui fortemente com a
reprodução das desigualdades sociais (apud SORDI, 2009). Os menos favorecidos enfrentam
dificuldades não apenas de permanecer na escola, mas sobremaneira de aprenderem,
especialmente pela dificuldade de se adequarem aos processos de „homogeneização‟ e ao
ritmo da escola, o que não raro provoca o processo de exclusão no interior da própria escola
(apud FREITAS, 2007).
Nesta perspectiva, a avaliação da aprendizagem configura como um campo de
velhas e novas contradições que demanda a problematizarão para a consolidação de uma
educação realmente comprometida com a aprendizagem de todos. Assim, o projeto de
pesquisa buscar fazer um debate sobre a concepção formativa da avaliação, suas finalidades e
seus objetivos, ou seja, uma avaliação comprometida com a emancipação, que na visão de
Fernandes é [...] uma avaliação mais humanizada, mais situada nos contextos vividos por
professores e alunos, mais centrados na regulação e na melhoria das aprendizagens, mais
participada, mais transparente e integrada nos processos de ensino e de aprendizagem, ou seja,
uma avaliação que é eminentemente formativa nas suas formas e nos seus conteúdos (apud
FERNANDES, 2005, p. 3-4.).
Como sustenta Estebán (2001) o grande desafio é transformar a avaliação em prática
de aprendizagem, assim como, ter a ciência de que a avaliação não compõe o final do
processo pedagógico, mas, ao contrário, faz parte deste movimento. E, ainda segundo a
mesma autora, a avaliação como “prática de investigação pressupõe a interrogação constante e
se revela um instrumento importante para professores e professoras comprometidos com uma
escola democrática”, uma vez que estão envolvidos com a aprendizagem de todos. (apud
ESTEBÁN, 2001, p.25).
Contudo, paralelo aos problemas históricos de uma avaliação centrada na
classificação, na seleção, na reprovação e na exclusão, atualmente novas dimensões
avaliativas tem encontrado destaque no cenário nacional, dentre as quais a avaliação externa
tem assumido centralidade. Os impactos desta experiência recente trouxeram desestabilização
aos profissionais da educação e o denso volume de dados que tem sido produzido, não
obstante, é pouco utilizado em termo da transformação efetiva da realidade educacional do
país.
Segundo Sordi (2009), uma alternativa possível para orientar e auxiliar os
profissionais da escola no processo de qualificação da educação é a avaliação institucional. A
mesma, como prática coletiva, só pode ser realizada pela mobilização de todos da escola
frente ao compromisso com a aprendizagem dos educandos, sejam eles crianças, jovens ou
adultos. É através dela que os educadores poderão refletir analisar e criticar os resultados da
avaliação externa implementados pelas políticas públicas, também suas práticas e
principalmente o processo de aprendizagem dos educandos.
De acordo com (apud Soares 2003) o objetivo da avaliação é a partir dos resultados
gerados por toda a escola, pensar em meios para se tomar decisões em prol do melhoramento
daquilo que não anda bem ou manter o que está dando certo. Seria como se essas informações
obtidas a partir dos resultados iluminassem as ações ocorridas dentro da escola, mas elas por
si mesmas não garantem o sucesso. Para Soares (2003) o objetivo final da avaliação
desenvolvida pela escola é a confecção de um projeto que busca desenvolver de fato a escola
no sentido de melhorá-la.
É necessário que essas pessoas percebam suas capacidades, possibilidades e
reconheçam a importância de estar sempre refletindo sobre suas práticas e mesmo sobre os
dados produzidos pela avaliação externa que tanto tem impactado nossas escolas. As
avaliações externa assumiam sua centralidade no cenário nacional, especialmente, a partir da
década de 1990, e dentre outros países, os Estados Unidos e a Inglaterra foram pioneiros e
grandes motivadores dos testes estandardizados como chave para a reestruturação dos
sistemas de ensino. No Brasil a constituição do Sistema Nacional de Avaliação ocorreu em
1995, no Governo do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso e, desde
então, a avaliação não saiu de cena nas políticas públicas de educação. Ao nível nacional na
Educação Básica foi instituído o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB),
posteriormente complementado com a Prova Brasil e a consequente constituição do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) em 2007.
No Estado do Tocantins iniciou-se o processo de avaliação da aprendizagem escolar
com a elaboração de avaliações externa no ano de 2011 através da criação da equipe de
avaliação do SALTO-Sistema de Avaliação do Tocantins e posteriormente no ano de 2015 o
sistema de avaliação passou a designar sisAPTO- Sistema de avaliação da Aprendizagem do
Tocantins.
A avaliação externa é um nível de avaliação que ocorre em larga escala por meio da
atuação do Estado ou entes federados. Em recente estudo, Bauer, Pimenta, Horta Neto e
Sousa (2014) indicam que avaliações em larga escala antes sob responsabilidade do governo
federal e estados apresentam fortes tendências de expansão também nos municípios com
sistemas próprios de avaliação. Em qualquer um desses níveis tem ocorrido, sobretudo, a
utilização de testes para a verificação do desenvolvimento cognitivo dos alunos nas
disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa. De modo geral, as avaliações em larga escala
vêm se consolidando como instrumento de gestão educacional em todos os entes federados.
Como justificativa oficial o Estado alega que por meio da avaliação em larga escala teria
elementos objetivos para a avaliação e reestruturação das políticas públicas de educação,
como parte do mecanismo de responsabilização do Estado quanto ao seu compromisso com a
educação de qualidade em todo o país. O discurso da transparência, prestação de contas e
responsabilização vieram, assim, na esteira da temática avaliação. Não obstante, são muitas as
críticas efetivadas aos modelos em curso, dentre elas destacam-se tanto os limites técnicos dos
instrumentos, quanto da condução da aferição, assim como a limitada utilização dos
resultados, geralmente decorrente dos interesses políticas que envolvem a avaliação
externa.Em uma perspectiva classificatória a avaliação externa tem servido a novas formas de
exclusão no interior da escola pública.
Como aponta Freitas (2007) muitos alunos passam a permanecer por mais tempo na
escola a fim de garantir melhores índices de aprovação e redução da evasão, sem que se
garanta efetivamente a aprendizagem. Além disso, a própria classificação das escolas induz a
diferenciação no sistema público; processos de responsabilização das escolas, premiações por
resultados e, como destacamos anteriormente, o grande volume de dados produzidos por meio
da avaliação em larga escala é, atualmente, pouco analisado no âmbito das escolas públicas.
Esse limite envolve muitas variáveis, como a calamitosa condição de trabalho docente em
algumas redes, o tempo escasso para a reflexão coletiva por parte da comunidade escolar; a
falta de formação dos profissionais da educação para trabalhar com esses dados; o ingresso de
muitas escolas à lógica da “preparação” para os testes devido à preocupação com o resultado
final, sem que a escola problematize os efeitos destes encaminhamentos ao processo de
aprendizagem dos alunos, dentre outros fatores. Assim, no âmbito da escola é necessário
avançar tanto na problematização dos índices; no seu uso como um dos elementos para a
avaliação institucional; na compreensão do(s) significado(s), dos interesses, das
possibilidades deste nível avaliativo.
O campo dos saberes relacionados à educação vem alargando-se ao longo dos anos.
São teorias, propostas metodológicas, conhecimentos cientificamente construídos, que
abordam a epistemologia do conhecimento e as metodologias que instrumentalizam a prática
pedagógica. A avaliação vem sendo discutida e revista a nível teórico por alguns autores. No
entanto, as práticas de avaliação existentes na maioria das escolas parecem perpétuas,
intocáveis, distantes de qualquer possibilidade de ação reflexiva que gere transformações. As
formas de avaliação que se propõem nas instituições de ensino dificilmente consideram a
origem e o modo como o conhecimento é construído. Os professores que permanecem agindo
como transmissores de conhecimentos e atuando de forma a classificar e selecionar os
resultados de seus alunos, abstraídos de momentos absolutamente episódicos, refletem uma
realidade do cotidiano de grande parte das escolas, o que nos faz concluir que as contribuições
teóricas têm trazido poucas mudanças na educação. Precisamos ocupar-nos com a qualidade
do processo educativo, motivando para que o conjunto da escola aprenda, não somente os
alunos, ou seja, valorizar os professores, pois será desta forma que poderemos melhorar a
aprendizagem das crianças.
Uma nova proposta de avaliação traz novas possibilidades de ação e relação entre
alunos e professores, assim como as práticas de ensino que estabelecem relações diferenciadas
entre o professor e o aluno contribuem e encaminham modificações das práticas avaliativas.
Existe nesta composição uma relação dialética e dialógica. Acredita-se que esta renovada
visão do processo ensino aprendizagem-avaliação possa produzir consequências benéficas no
cotidiano de crianças e jovens, que pretendem usufruir das oportunidades em desenvolver
suas potencialidades no âmbito escolar. Ao clarear-se a maneira pela qual a avaliação
interfere na aprendizagem, contribui-se para uma mudança na concepção de avaliação, pois o
educador passa a possuir condições e embasamento para repensar sua prática.
O educador engajado com uma proposta de avaliação mediadora preocupa-se em
cuidar da aprendizagem de seu aluno, conhece-o mais profundamente, acompanhando seu
processo de aquisição dos conhecimentos. Desta forma, os alunos, que serão os futuros
profissionais, gestores, ou seja, membros atuantes da sociedade, poderiam ter melhor
aproveitados seus potenciais e habilidades, preparando-se mais adequadamente para lidar com
os desafios da vida. A avaliação mediadora, que valoriza todos os atos e atividades realizados
pelo aluno, perde a conotação de instrumento de controle e exercício de poder do professor
sobre o estudante. Seu objetivo não é o de classificar nem selecionar, mas contribuir para o
crescimento da criança e do jovem. O educador tem, assim, a oportunidade de aproximar-se
mais de seus alunos, interessando-se mais efetivamente pela caminhada de cada um deles.
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de
acordo com as seguintes regras comuns:
V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período
sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período
letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas
instituições de ensino em seus regimentos (LDB, 1996).
Considerações Finais
Para que ocorra sucesso no ciclo de Alfabetização é necessário o
envolvimentos da escola e da família e ao mesmo tempo fazer as intervenções
pedagógicas necessárias durante o processo junto ao planejamento escolar do
professor e da escola.
O resultado dever começar pela definição e atribuições dos envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem, cabe ao gestor garantir o resultados com
qualidade e dar condições para que ocorra o processo de Ensino e Aprendizagem , ao
coordenador pedagógico acompanhar e subsidiar o trabalho do professor em sala de
aula e ao professor figura tão importantes desse processo é garantir os direito a
educação, ou seja, garantir os direitos de aprendizagem estabelecidos ao final de cada
ciclo através do planejamento.
Para isso, deve ter em mãos instrumentos para acompanhar o desenvolvimento
individual e de grupo dos alunos , tais como : fichas de acompanhamentos,
compreender os níveis desenvolvimento de acordo com a Teoria Vygotsky ( de Zona
de desenvolvimento proximal), os agrupamentos que deverm ser realizados de
acordo a psicogênese da Língua Escrita observando cada nível pré silábico, silábico,
silábico alfabético e alfabético, além de planejar e elaborar atividade de acordo com o
níveis que se encontra o aluno no ciclo, bem como elaborar os instrumentos de
avaliação.
Para isso, pode se perguntar: Onde está o aluno? O que ele sabe? Onde
precisamos focar? O que precisa aprender? Pensar na elaboração da rotina da sala de
aula, no ambiente alfabetizar, no lúdico, nos jogos e nas brincadeiras, lembrando que
são crianças.
Outro ponto que deve-se considerar é o perfil do professor alfabetizador esse
ponto interfere direto na relação professor aluno em sala de aula e por consequência
no processo de ensino e aprendizagem.
As rede de ensino devem se articular e promover formações continuadas para
equipe de professores voltadas a atender conteúdos escolares de língua português e
matemática e formações de metodologias para o ciclo de alfabetização e letramento e
numeramento, tendo em vista que há algumas deficiências relacionadas a formação
inicial do professor, uma vez que as academias estão com um currículo defasado em
relação a alfabetização.
Aos gestores (diretor e coordenador) a avaliação tem foco nos aspectos
qualitativos e quantitativos quem interfere no ciclo o diagnostico da unidade escolar
aponta os caminhos através da analise das 5 dimensões da escola, a partir daí
estabelecer as metas e fazer o plano de alfabetização da rede/escola.lembrando que
tudo deve começar o envolvimentos de todos os responsáveis pelo ciclo:
redes/escola/família.
REFERÊNCIAS
Sala 3
Resumo: O texto em questão trará o relato de nossa experiência à frente do Balé Popular do Tocantins, projeto
formativo de dança fomentado pela SEDUC – TO, tendo como público alvo alunos da educação básica. O
projeto, que se iniciou em 2013, conta com a participação de aproximadamente 200 alunos, 8 professores e
atende 3 regiões de Palmas. Em seus 4 anos de existência já participou de diversas mostras e festivais e
apresentou 4 espetáculos. Ainda, preza por uma formação sólida em dança, trazendo inúmeros benefícios aos
participantes, além de vivências estéticas que possibilitam formação de plateia.
Introdução
Breve Histórico:
1
Graduada em Educação Física (UEG). Mestranda do PPPG em Educação, da UFT; Especialista em Dança e
Consciência Corporal (UGF) e Docência Universitária (CEULP/ULBRA); Professora do Balé Popular do
Tocantins (SEDUC –TO) e Colégio COC Palmas. [email protected].
2
Graduado em Educação Física (CEULP/ULBRA). Professor do Balé Popular do Tocantins (SEDUC –TO) e
Colégio Olimpo Palmas. [email protected].
O Balé Popular do Tocantins surgiu em 2013 com o intuito inicial de ser uma
companhia de dança estudantil da SEDUC – TO, contando com um número reduzido de
participantes: 20 no grupo infanto-juvenil e 20 no juvenil. A priori, seriam selecionados
apenas interessados que já tivessem experiência em dança, não iniciantes. Porém, como a
procura foi muito grande, foram abertas outras turmas iniciantes, em diversas idades. Assim, a
ideia de ter apenas um grupo de dança foi convertida em um projeto de formação de
bailarinos, em que estavam participando tanto alunos com experiência em dança, quanto
alunos iniciantes.
A iniciativa tinha em seu corpo docente apenas 2 professores, que ministravam aulas
de balé clássico, jazz dance e dança de salão. Inicialmente haviam aproximadamente 80
participantes do projeto, que faziam as aulas na sala de dança do Colégio da Polícia Militar. A
partir de 2014, a iniciativa passou a contar com 3 professores, aumentando a quantidade de
alunos atendidos, e as aulas continuaram acontecendo no mesmo local, que passou a ser o
pólo do projeto.
Neste ano, de 2017, o projeto teve um salto quantitativo: passamos a atender em 3
pólos e aumentamos a quantidade de professores para 8 (sendo que 1 está em licença para
estudos). Além do Colégio da Polícia Militar, mais dois colégios passaram a contar com 2
professores exclusivos para trabalhar a dança com os seus alunos: Colégio Estadual de Tempo
Integral Vila União e Colégio Estadual Rachel de Queiroz. Assim, conseguimos atender tanto
a comunidade da região sul, quanto da norte de nossa capital. Ainda, a partir deste ano, o
processo seletivo se deu principalmente para alunos da rede pública estadual, os quais em sua
maioria, não tem acesso a aulas de dança no local em que mora.
Com o aumento da quantidade de professores, todos com formação superior (alguns
em educação física, outros em dança), houve também o aumento da quantidade de estilos de
dança ofertados. Além dos que já existiam antes, a dança contemporânea e as danças urbanas
passaram a fazer parte do rol de estilos de dança ministrados no projeto. Atualmente, então,
contamos com 3 pólos, 8 professores, e aproximadamente 200 alunos.
A arte tem um papel preponderante na formação do ser humano. Seja pintura, dança,
música, escultura, literatura, é sabida a importância de experiências estéticas ao longo da vida.
“A experiência artística se coloca (...) como reveladora, ou transformadora, possibilitando a
revisão crítica do passado, a modificação do presente e a projeção de um novo futuro”
(DESGRANGES, 2011: 26). Ainda, o ensino da arte é tanto um conteúdo imprescindível para
compreensão do mundo, quanto um meio de facilitação de aprendizado de outros conteúdos.
Por meio da arte, conseguimos expandir nossa visão de mundo.
A dança, por ser uma arte cênica (manifestação artística que traz no corpo do artista o
resultado da sua arte) utiliza diversos elementos de significação: os gestos, as sonoridades, os
figurinos, os objetos cênicos, etc. Essas experiências artísticas e estéticas são importantes,
tanto para quem dança, quanto para quem aprecia, pois aumentam o repertório de signos para
compreensão do mundo. “(...) o espectador, para efetivar uma compreensão da história que
lhe está sendo apresentada, recorre ao seu patrimônio vivencial, interpretando-a,
necessariamente, a partir de sua experiência e visão de mundo” (DEGRANGES, 2011: 24).
Ainda, uma formação em dança possibilita o desenvolvimento de diversas habilidades
motoras, como coordenação, ritmicidade, agilidade, flexibilidade e força. Há, assim, uma
ressignificação do corpo, já que este passa a ser valorizado e é parte do processo de
aprendizagem dos alunos, estimulando a inteligência cinestésica-corporal, tão subvalorizada
na escola. Percebe-se que
Metodologia de trabalho:
Desde seu início, todos os integrantes do projeto devem passar por um processo
seletivo para participar do mesmo. Isso é necessário devido à grande procura para as poucas
vagas existentes. O processo se dá por meio de uma aula prática, em que os alunos são
avaliados por uma banca composta por professores de dança e são observados os seguintes
critérios: coordenação motora, ritmo, flexibilidade, expressividade e disponibilidade para
fazer as aulas. A avaliação é classificatória, não eliminatória. Após os primeiros colocados
serem chamados, o restante fica em uma lista de suplência. A medida que surgem vagas
(desistência de aluno aprovado, aumento na oferta de turmas, remanejamento de alunos), os
alunos suplentes são convocados. O intuito é manter as turmas com a lotação máxima
(número de alunos depende do espaço da aula) para que fique o mínimo possível de fora do
projeto. A partir de 2017 o processo seletivo para novas turmas se deu exclusivamente para
alunos da rede pública estadual de educação.
As aulas acontecem de 2 a 4 vezes por semana (dependendo do nível da turma), nos
períodos matutino, vespertino e noturno. Os alunos escolhem o estilo de dança que querem
fazer e as aulas são planejadas de acordo com o nível técnico da turma, tendo em mente um
processo formativo em dança, ou seja, a cada ano os alunos mudam de nível, não havendo
“reprovação”. As aulas obedecem uma sequência didática elaborada pelo próprio professor,
baseada no diagnóstico do nível técnico de cada turma.
Mesmo se tratando do ensino de técnicas de dança, o aluno é visto como agente do
seu aprendizado e respeitado em suas limitações. O processo de ensino e aprendizagem,
principalmente para as crianças, se dá por atividades lúdicas, mescladas com o ensino da
técnica de dança. O prazer proporcionado pela vivência corporal da dança, seja em qualquer
estilo, é buscado constantemente, em todas as aulas e níveis.
Resultados alcançados:
Desde sua criação o Balé Popular do Tocantins produziu diversos espetáculos (com
apoio financeiro da SEDUC – TO) e participou de diversas mostras e festivais de dança, além
de se apresentar em diversos eventos em Palmas e região. Segue lista dos principais
espetáculos e eventos:
2013:
Espetáculo “Em Construção”.
2014:
Participação no Festival de Dança de Florianópolis.
Espetáculo “Elementos”.
2015:
Participação no Festival Internacional de Dança de Goiás.
Participação no Festival de Dança de Joinville.
Espetáculo “Fragmentos”.
2016:
Realização da Mostra “Aqui se dança!”.
Participação no Festival Internacional de Dança de Goiás.
Espetáculo “Entre nesta festa!”.
2017:
Realização da Mostra “Aqui se dança!”.
Selecionado para participar do Festival Internacional de Dança de Goiás.
Montagem do espetáculo de fim de ano em andamento.
Ainda, vemos talentos desabrochar em nosso projeto. Um dos nossos alunos ganhou
bolsas de estudos nos E.U.A (American Ballet e Joffrey Ballet), além de ter ganho bolsas
também aqui no Brasil, em escolas renomadas. Muitos de nossos alunos mais antigos estão se
preparando para a docência, fazendo licenciaturas em educação física ou teatro, pensando em
dar aulas de dança, o que nos leva a crer que nosso trabalho, de certa forma, está fomentando
a capacitação de professores de dança em nosso Estado. Inclusive uma das professoras atuais
do Balé Popular do Tocantins iniciou seus estudos em dança conosco, se formou em educação
física, e hoje é nossa colega de trabalho, o que nos enche de muito orgulho.
Além de todos esses frutos colhidos com nosso trabalho, é observável a
transformação que a dança proporciona na vida de todos nossos alunos, principalmente nos
que não teriam acesso à arte se não fosse a iniciativa. A possibilidade de se apresentar em um
teatro, a vivência proporcionada pelas viagens para as apresentações, os ensaios nos finais de
semana, a disciplina com os horários e o uniforme, o conhecimento das possibilidades de
movimento de seu corpo, a elevação da auto-estima, o trabalho em grupo, possibilidade de
assistir outros espetáculos, as conversas com os professores...tudo isso faz parte do nosso
aprendizado e dos nossos alunos, engrandecendo a dança em nosso Estado.
Referências:
Sala 2
Resumo: Este estudo objetivou-se identificar alguns indícios de brincadeiras realizadas ao ar livre atualmente na
cidade de Palmas – TO em locais como praças, ruas e escolas para pensar suas potências no desenvolvimento
dos seres humanos. Foi utilizado como método de coleta de dados observações destas brincadeiras a partir de
uma abordagem qualitativa. Tal coleta foi realizada entre agosto e outubro de 2016 por meio de observações
descritivas e exploratórias dos jogos e brincadeiras realizadas por crianças de diversas idades. A partir de um
levantamento bibliográfico sobre os jogos, brinquedos e brincadeiras foi realizada uma análise destas
observações e, a partir dela, pode-se perceber a relevância da brincadeira para o desenvolvimento cognitivo,
afetivo e social dos seres humanos, bem como a importância de propiciarmos espaços/tempos para a realização
das mesmas. Enfim, por meio do estudo realizado foi possível entender que a brincadeira é geradora de grande
potencial para a aprendizagem.
Introdução
O presente estudo apresenta uma breve discussão sobre a potência das brincadeiras ao
ar livre para além da diversão, como forma de desenvolvimento do ser humano, capaz de
possibilitar a formação de conhecimentos relevantes para a vida.
A primeira parte apresenta um levantamento teórico sobre os jogos, brinquedos e
brincadeiras a partir das considerações de estudiosos como ARIÉS (1981), KISHIMOTO
(2011), FRIEDMANN (2012) e BENJAMIN (1984) para problematizar: Como diferentes
abordagens contribuem para pensarmos as brincadeiras e o desenvolvimento do ser humano?
Realizou-se a observação descritiva de brincadeiras realizadas ao ar livre na cidade de
Palmas – Capital do Tocantins, como praças, ruas e escola tentando perceber certos indícios
para os modos de brincar com/nestes espaços.
Na segunda parte, estão descritas as observações às quais defini como especulações
onde buscou-se compreender como as crianças interagem entre elas, seus modos de
expressão, e como as brincadeiras surgiam, por meio de um exercício de descrição.
BENJAMIN (1984) e FRIEDMANN (2012) afirmam que no processo de observação o adulto
deve compreender todos os aspectos que compõem a infância: social, psicológico, cultural,
biológico e linguístico.
1
Universidade Federal do Tocantins. Licenciada em Teatro. E-mail: [email protected]
2
Universidade Federal do Tocantins. Professora Adjunta do Curso de Licenciatura em Teatro. E-mail:
[email protected]
Na terceira parte, temos as análises das especulações, na qual seus achados são
confrontados com os textos teóricos dos autores já mencionados para pensar a potência da
brincadeira. Com isso, afirma-se que o brincar potencializa o desenvolvimento social,
emocional, cultural, motor e cognitivo da criança, contribuindo para o campo da educação e a
vida social do indivíduo. Para tanto, segundo ARIÉS (1981) torna-se necessário um espaço
para a realização dos jogos e brincadeiras, os brinquedos ou objetos, os mediadores e pessoas
com quem partilhar as brincadeiras.
Ao final deixo a carta de uma futura professora aos seus alunos, que carrega uma
mensagem de admiração do universo infantil, sobre como é possível aprender observando
aqueles que de forma tão natural encantam com a simplicidade de suas fantasias e desejo de
desbravar um mundo. Assim, esse estudo busca identificar alguns indícios de brincadeiras que
são realizadas ao ar livre atualmente na cidade de Palmas – TO para pensar sua potência para
o desenvolvimento dos seres humanos e como os adultos podem estar atentos à sua
importância.
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento
ARIÉS (1981) em seu livro História Social da Criança e da Família, capítulo IV
apresenta um relato que foi escrito no início do século XVII, a partir dos registros do diário do
médico Heroard. Nestes registros, percebe-se que o príncipe Luís XIII, quando criança,
recebia os mesmos tratamentos que as outras crianças, ou seja, não havia diferença entre elas.
Descobrimos neste estudo que o príncipe deixa seus primeiros brinquedos como o
“cavalo de pau, o cata-vento ou o pião” e com apenas um ano e cinco meses toca violino e
canta ao mesmo tempo. Isto mostra a importância do canto e da música na educação das
crianças nessa época, além de evidenciar certa precocidade.
Havia a imitação pelas crianças das atitudes dos adultos com a reprodução dos
brinquedos como: o cavalo de pau, na época, usado como meio de transporte e de tração,
assim também como as pás dos moinhos de vento, representadas nas brincadeiras das crianças
e que giravam na ponta de uma vareta (ARIÈS, 1981). Hoje ainda existe este processo de
imitação representado em ações pelas crianças quando estas imitam um carro, um caminhão, e
também podemos encontrar brinquedos como o cata-vento em feiras ou lojas de brinquedos.
Isso mostra a capacidade que a criança possui de conservar registros e histórias de um povo,
de um país e de garantir por meio da brincadeira a continuidade e a preservação de uma
sociedade.
Mas será que hoje temos esta separação tão rigorosa entre as brincadeiras e os jogos
reservados às crianças e as brincadeiras e os jogos dos adultos? Qual a força da brincadeira na
nossa sociedade? É certo brincar?
O documentário “Tarja Branca – a revolução que faltava³” do cineasta Cacau Rhoden
defende a importância dos adultos resgatarem o lado lúdico da vida. O diretor do
documentário buscou entender como a falta da brincadeira ocasionou o aumento do número
de vítimas de problemas emocionais, como depressão e ansiedade. É preciso compreender que
o brincar é um tempo rico, pois é onde ativamos a nossa criatividade e somos capazes de
resolver os nossos problemas.
Continuando meus estudos faço uma leitura cuidadosa do texto “Jogo, brinquedo,
brincadeira e a educação” de KISHIMOTO. Segundo a organizadora KISHIMOTO (2011)
definir o jogo, o brinquedo e a brincadeira, é desafiante visto que estes conceitos e as palavras
que os significam não são bem definidos na linguagem mundial. Assim KISHIMOTO (2011)
define o conceito de jogo como:
1. O resultado de um sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social:
expresso por meio da linguagem, em que a sociedade lhe atribui valores e modo de vida.
2. Um sistema de regras: normas preestabelecidas que caracterizem o jogo.
3. Um objeto: há a presença de um instrumento como o pião utilizado na brincadeira
de girar o pião.
Quanto ao brinquedo, este se diferencia do jogo devido à falta de um sistema de
normas para sua utilização. Pode representar uma imagem relacionada ao aspecto da
realidade. KISHIMOTO (2011) afirma que uma das possibilidades do brinquedo é ofertar a
criança um substituto dos objetos da vida real, afim de que ela possa manuseá-lo.
A brincadeira é a ação da concretização dos jogos e do lúdico podendo assumir
diferentes formas, de acordo com os elementos culturais aprendidos em sociedade. Para
KISHIMOTO (2011)4 o cuidar, o educar andam juntos na educação. As concepções
psicológicas e pedagógicas atuais, por exemplo, reconhecem a importância do brinquedo e da
brincadeira, como fator fundamental para o desenvolvimento e para a construção do
conhecimento infantil.
No campo da educação, o brinquedo pode ser um objeto de grande valor educativo,
como o quebra-cabeça, tabuleiros, entre outros que ensinam, desenvolvem e educam de
maneira prazerosa. Para Kishimoto (2011, p. 41) o brinquedo ou o jogo educativo pode
assumir duas funções: lúdica ou educativa, a depender do modo como a criança brinca. Deste
modo, a questão principal é como criar uma situação lúdica e educativa ao mesmo tempo:
1. Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando
escolhido voluntariamente; e
2. Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo
em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão de mundo (KISHIMOTO, 2011,
p.41).
especulação 04 – Espadachin
Considerações Finais
Referências
ARIÈS, P. História social da infância e da família. 2. ed. – Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BENJAMIN, W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo:
Summus, 1984.
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller.
Campinas, SP: Papirus, 1993.
FRIEDMANN, Adriana. O brincar na educação infantil: observação, adequação e inclusão.
1. ed. – São Paulo: Moderna, 2012.
GAMA, C.F; MELLO M.A. Brinquedos tecnológicos: sentidos e significados atribuídos
pelas crianças de educação infantil. Cadernos de pedagogia. São Carlos, Ano 7 v. 7 n.14, p.
45-53, jan-jun 2014.
KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 14 ed. - São Paulo:
Cortez, 2011.
Filmografia
O brincar na educação infantil parte 1/2. . Entrevista com Tizuko M. Kishimoto. 28'08''.
USP/SP, 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=09w8a-u-AUU >.
Acesso em: 08/10/2016.
Tarja Branca – a revolução que faltava. Direção de Cacau Rhoden, Roteiro de Marcelo
Negri. Brasil: Maria Farinha Filmes, 2014. (80 min.) son., Português. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Yls6vrqwtCg> Assistido em 10 de Nov. de 2016.
RELATO DE EXPERIÊNCIA:
CINEMA NA ESCOLA - CORRUPÇÃO O QUE VOCÊ TEM A VER COM ISSO?
Sala 3
Coordenação: Prof. Dr. Idemar Vizolli
Resumo: O presente trabalho apresenta o relato de experiência que emergiu do Projeto Cinema na Escola,
realizado no primeiro semestre de 2016 em consonância com as atividades da 2ª edição do Programa Escola
Livre de Jornalismo, que objetivou aproximar a comunidade acadêmica dos estudantes de escolas públicas da
rede estadual e municipal de Palmas-TO. Essas ações foram desenvolvidas, através do Núcleo de Pesquisa e
Extensão Observatório de Pesquisas Aplicadas ao Jornalismo e ao Ensino (OPAJE) e contemplaram as
atividades de Extensão do Curso de Especialização em Ensino de Comunicação/Jornalismo: Temas
Contemporâneos. Ao realizar as ações pedagógicas na Escola Estadual - Centro de Ensino Médio Tiradentes,
percebemos a importância do desenvolvimento das atividades de extensão na comunidade escolar da educação
básica na perspectiva da contribuição com as discursões que tratam da temática Corrupção, bem como,
proporcionou o contato com um universo totalmente novo para bacharelados em Comunicação
Social/Habilitação em Jornalismo, sem experiência docente no ambiente escolar. Contudo, compreendemos que
o objetivo do projeto de extensão foi alcançado, observado pela manifestação verbal de quatro estudantes
indicando que iriam cursar Jornalismo.
Introdução
O relato de experiência emergiu do Projeto Cinema na Escola, no primeiro semestre de
2016 em consonância das atividades da 2ª edição do Programa Escola Livre de Jornalismo,
que objetiva aproximar a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Tocantins
(UFT), em especial os cursos de Comunicação Social/Jornalismo e Licenciaturas, como
Letras Pedagogia e Ciências Sociais.
1
Mestrando em Comunicação e Sociedade no Programa de Pós Graduação e Comunicação da Universidade
Federal do Tocantins – PPGCom/UFT. Bacharel em Comunicação Social/Habilitação em Jornalismo pela UFT e
Tecnólogo em Gestão Pública pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins- IFTO –
TO, [email protected].
2
Bacharel em Comunicação Social/ Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa. Possui
especializada em Comunicação Corporativa pela Universidade Gama Filho e Ensino de
Comunicação/Jornalismo: Temas Contemporâneos pela Universidade Federal do Tocantins – UFT,
[email protected].
3
Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal do Tocantins – UFT,
Bacharel em Comunicação Social/Habilitação em Jornalismo pela UFT, Especialização em Ensino de
Comunicação/Jornalismo: Temas Contemporâneos pela UFT, [email protected].
O Programa surgiu da necessidade de motivar estudantes das escolas da rede púbica
estadual e municipal do Tocantins a cursar Jornalismo, desenvolvendo atividades pedagógicas
voltadas a otimizando, publicização e popularização essa área do saber, bem como, aprimorar
por meio de ações formativas-reflexivas sobre a cultura jornalística.
O programa é coordenado pelo professor Dr. Francisco Gilson Rebouças Pôrto Júnior
e pelos professores Dr. João Nunes da Silva da UFT e Drª. Daniela Barbosa de Oliveira da
Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS) e desenvolve suas atividades por meio do
Núcleo de Pesquisa e Extensão Observatório de Pesquisas Aplicadas ao Jornalismo e ao
Ensino (OPAJE) com atividades de Extensão do Curso de Especialização em Ensino de
Comunicação/Jornalismo: Temas Contemporâneos, com a finalidade de permitir os
profissionais que atuam na área de confluência em comunicação, jornalismo e educação a
oportunidade de ampliar e aprofundar conhecimentos ligados a temáticas contemporâneas,
agregando elementos para transformação social, que se fortalece nas seguintes eixos temáticos
de pesquisas:
1: Processos formativos e de ensino em Comunicação, Jornalismo e Educação;
2: Políticas de formação e de ensino em Comunicação, Jornalismo e Educação;
3: Estudos culturais e contemporâneos em Comunicação, Jornalismo e Educação e
4: Tecnologias da Informação e da Comunicação Digitais, produtos e processos.
As atividades desenvolvidas pelo Projeto Cinema na Escola exibe vídeos seguidos de
diálogos com intenção reflexiva, com a finalidade de proporcionar aos estudantes no espaço
escolar informações que irão subsidiar uma compreensão a partir dos conteúdos dos vídeos
com ênfase as necessidades da escola e da sociedade.
Este espaço dialógico favoreceu a discussão de ideias sobre os problemas centrais da
sociedade e instigando o exercício de multiplicadores nas escolas no escopo de criar espaços
de consciência critica e reflexiva sobre os problemas centrais da sociedade por meio de
filmes.
Procedimentos Metodológicos
Ao término da disciplina Comunicação e Jornalismo(s): contemporaneidade e
formação profissional (Opaje), em 21 de novembro de 2015, formou o grupo com os
componentes: Alecsandre Alves Oliveira, Camila Pena Alencar e Lara Francielly Santos
Tavares, para desenvolver as propostas no Projeto de Extensão. O objetivo era realizar duas
ações junto a uma escola de Ensino Médio da Rede Pública Estadual. Definido as atividades a
ser realizadas e a escola onde seria a atividades de extensão.
Os movimentos necessários para a execução do Projeto Cinema na Escola foram
procedidos de etapas: o primeiro sob a minha responsabilidade que consistia em fazer os
primeiros contatos com a escola onde seriam executadas as oficinas, a unidade escolar
selecionada para tal finalidade foi escolhida a Escola Estadual- Centro de Ensino Médio
Tiradentes – CEM Tiradentes na Quadra 806 Sul, Alameda 4, Lote 16, Palmas-TO.
A primeira visita ao CEM-Tiradentes aconteceu em dois de dezembro de 2015,
contatando a coordenação pedagógica para explicar qual o nosso objetivo junto a escola. A
recepção foi empolgante, no entanto, esclareceu que teríamos de percorrer o caminho
burocrático/administrativo para executar ações dentro da unidade escolar. No mesmo
encontro apresentou as professoras de Sociologia, estas fizeram sugestão de temas que tivesse
correlação com os conteúdos trabalhados pela disciplina de forma interdisciplinarmente nas
disciplinas. As professoras queriam a nossa presença na semana seguinte. Quando a
coordenação pedagógica explicou dos tramites de formalização e não seria mais possível ano
letivo de 2015.
Para oficializar a execução do nosso projeto precisava da autorização da Diretoria
Regional de Ensino de Palmas-DRE, no dia sete de dezembro fui DRE/ Palmas, em busca de
informações de quais passos eram necessários para oficializar o projeto. No dia oito
encaminho correspondência eletrônica para o professor Dr. Gilson Pôrto, na condição de
coordenador do Programa Escola Livre de Jornalismo, informando que a DRE/Palmas
solicitava um documento oficial da UFT, assinado pelo coordenador do projeto, o que foi
atendido de pronto. Concluído o movimento burocrático/administrativo, ainda em 2015.
O segundo movimento foi realizar o planejamento das atividades que contou com a
interlocução com as professoras da disciplina de Sociologia sugeriram temas: Trabalho
escravo e/ou Infantil, Direitos Humanos, Ética, Corrupção, Meio Ambiente, Cultura, Política
e Democracia, durante o percurso dialógico o assunto escolhido foi a corrupção o que
possibilitou a construção do Projeto Cinema na Escola - Corrupção o que você tem a ver com
isso? Ficou sob a responsabilidade de todos os componentes do grupo
Os assuntos dos filmes foram escolhidos em conformidade com as necessidades e o
contexto da escola, tais como: Direito Humanos; Meio ambiente e ecologia; Violência urbana;
Violência na escola; Gravidez na adolescência; Infância; Trabalho Escravo dentre outros. O
projeto é coordenado pelo professor Dr. João Nunes da Silva e desenvolvido por discentes dos
cursos de graduação e de pós-graduação da UFT.
Desenvolvimento
O Projeto Cinema na Escola - Corrupção o que você tem a ver com isso? objetivou
suscitar o debate e propiciar reflexão sobre conceitos, níveis e consequências da Corrupção.
Além de oportunizar aos estudantes de se inserirem no universo da comunicação/jornalismo,
promover a troca de saberes e fomentar a reflexão em torno das temáticas apresentadas,
através da produção de conteúdos jornalísticos.
Para a compreensão da temática foi ministrada uma oficina com estudantes de Centro
de Ensino Médio Tiradentes, em Palmas. O tema corrupção foi escolhido em conjunto com os
professores, debatidos em uma perspectiva Interdisciplinaridade, com uma abordagem
crítico-reflexiva, de forma a suscitar o debate entre os estudantes que participaram da oficina.
Posteriormente, foi realizada a pesquisa para escolher os vídeos que abordassem o
assunto Corrupção e que contemplassem a linguagem e comportamento do público-alvo.
Dessa forma, foram selecionados os seguintes vídeos sob a responsabilidade de Camila Pena
Alencar e Lara Francielly Santos Tavares. Todos os vídeos são de curta metragem, não
ultrapassando quinze minutos. E os títulos destes são:
O que você tem a ver com a corrupção? – a animação foi produzida pelo Ministério
Público de Santa Catarina e aborda de forma simples e didática os diferentes níveis de
corrupção.
O Jogo da Vida – o curta-metragem foi vencedor do Concurso Nacional de Vídeos
Imagens Contra a Corrupção, em 2013. Em uma narrativa dinâmica, o vídeo faz uma
analogia entre a vida e o jogo; mostrando as consequências das ações de um corrupto para sua
própria existência.
A Máquina – com imagens impactantes, o videoclipe da Banda 2 Polos, trata sobre as
consequências da corrupção no Brasil.
Os três filmes foram assistidos individualmente por cada membro do grupo e em
seguida encaminhados as professoras para aprovação e/ou reprovação. Todos os
procedimentos foram executados durante os meses de janeiro e fevereiro de 2016. E as
oficinas foram realizadas no mês de março nos dias quatro e nove; a primeira foi realizada
com 40 alunos do 3º. Ano, período matutino e a do dia nove com 35 alunos das primeiras e
segundas séries do ensino médio no período noturno.
Projeto Cinema na Escola - Corrupção o que você tem a ver com isso? Faz parte das
atividades de Extensão do Curso de Especialização em Ensino de Comunicação/Jornalismo:
Temas Contemporâneos/Opaje. Ao final do módulo das disciplinas Comunicação e
Jornalismo(s): contemporaneidade e formação profissional e Comunicação, sociedade e
jornalismo: a construção da imagem.
Foi proposta a realização de oficinas dentro do Programa Escola Livre de Jornalismo,
em consonância com o Projeto Vídeo na Escola, a partir das orientações dos professores Dr.
Francisco Gilson Rebouças Pôrto Júnior e Dr. João Nunes da Silva.
Foi utilizado o Laboratório de Informática da Escola para a exibição das sessões do
projeto, que terão uma carga horária de 8 horas, sendo divida em dois encontros com públicos
de períodos diferentes. As oficinas serão ministradas pelos discentes do curso Especialização
em Ensino de Comunicação/Jornalismo: Temas Contemporâneos: Alecsandre Alves Oliveira,
Camila Pena de Alencar e Lara Francielly Santos Tavares.
O grupo produziu um roteiro de reflexões e questionamentos a serem abordados após a
exibição dos vídeos e suscitar o debate dos alunos. Apresentação e introdução ao tema, antes
da exibição. Os vídeos foram: “O que você tem a ver com a corrupção?” e “Jogo da Vida”,
em seguida debate com os alunos (O que é corrupção e formas de corrupção). Propusemos
perguntas estimuladoras: Você se considera corrupto? Quais as formas de corrupção? O
vídeo “A máquina” foi exibido, debate com os alunos (consequências da corrupção). Em sua
opinião, quais as principais consequências da corrupção no Brasil? O que nós podemos fazer
para mudar esse cenário?
Considerações Finais
Desenvolver atividades de extensão do Programa Escola Livre de Jornalismo, nos
proporcionou o contato com um universo totalmente novo para bacharelados em
Comunicação Social/Habilitação em Jornalismo, sem experiência em docência, no ambiente
escolar.
A impressão que temos das oficinas é totalmente estranha, uma vez que os resultados
obtidos foram totalmente diferentes. Na oficina realizada com os estudantes do período
matutino foi produtivo tanto na participação nos debates e no envolvimento destes. Na turma
de 40 participantes ao menos quatro estudantes afirmaram que iriam cursar Jornalismo, assim
a atividade cumpriu parcialmente parte dos objetivos que é despertar nos estudantes de
ensino médio o interesse e realizar graduação em jornalismo.
Os estudantes propuseram a escrever sobre o assunto que foi trabalhado na oficina,
deixando-nos surpresos com tamanho envolvimento e compromisso, assim a professora de
Sociologia que participou do projeto, também nos manifestou sobre sua motivação, ficando
acordado que os estudantes fariam os textos e ela ficaria na responsabilidade de nos
encaminhar para leitura e possíveis ponderações. Contudo, a produção textual, nos
impressionou, sobretudo, pela construção crítica após a realização da oficina.
A atividade realizada no dia nove de março do ano em curso, com os alunos do
período noturno, foram preocupantes, em virtude da apatia dos estudantes com a temática
apresentada: Corrupção, fazendo-nos entender a importância da promoção destas atividades
para o desenvolvimento do senso crítico dos estudantes da educação básica.
Com o Projeto Vídeo na Escola: Corrupção o que você tem a vê com isso? foi possível
observar e identificar a falta de domínio conceitual dos estudantes com a temática,
principalmente no que ser refere as inúmeras consequências a população brasileira
O caminho percorrido enriqueceu-nos intelectualmente e socialmente, na perspectiva
de entender que a universidade precisa materializar o conhecimento crítico científico no
intuito de promover a interação com a sociedade, a qual percebe a ambiente universitário
distante da sua realidade.
.
COLABORAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO ONLINE
Sala 4
Resumo: Este artigo tem a finalidade de descrever alguns resultados de uma pesquisa qualitativa realizada em
uma universidade no Rio de Janeiro que teve como objetivo analisar a funcionalidade pedagógica do fórum de
discussão nos cursos a distância e quais estratégias metodológicas são utilizadas pelos professores no ensino
online. O referencial teórico está fundamentado nos seguintes autores: Stahl e Dillenbourg, Edwards, Pallof e
Pratt, Behrens, Lévy e Vigotski. A coleta de dados foi realizada mediante o grupo focal com seis professores da
EaD. Foram selecionadas, a priori, algumas categorias de análise para compor o estudo e utilizado o método de
análise de conteúdo. Utilizou-se a técnica da análise temática para interpretar os dados coletados. Os resultados
apontaram que embora os professores reconheçam que a EaD é uma modalidade que demanda postura docente
diferenciada e instituiu novas relações com o conhecimento, ainda não conseguiram distanciar-se completamente
do exercício da pedagogia da transmissão e transpor a lógica da linearidade. A adaptação do ambiente presencial
para o cenário virtual ainda é um aspecto forte na modalidade online. Os entrevistados percebem que a
interatividade é um fator primordial para que o conhecimento seja construído no ambiente virtual mas ficou
evidente que os processos colaborativos precisam ainda ser desenvolvidos pelos professores nos fóruns de
discussão sob a perspectiva do modelo todos-todos. Os dados coletados com professores serviram de base para a
análise sobre a colaboração e do modelo comunicacional no fórum de discussão, visando analisar as categorias da
colaboração e da construção do conhecimento coletivo a partir da interação no ambiente online do fórum.
Abstract: This paper aims aims to describe some results of a qualitative research that aimed to identify the
pedagogical functionality of the discussion forum and methodological strategies which are used by teachers in
online learning. The theoretical framework Stahl, Dillenbourg, Edwards, Behrens and Vygotsky. A focus group
with six teachers of distance education was conducted. They were selected a priori, some categories of analysis to
compose the study and used the method of content analysis and thematic analysis technique to interpret the
collected data. The results showed that although teachers recognize that the distance education is an innovation
that demand differentiated teaching approach and new relationships with knowledge, not even managed to distance
himself completely from the exercise of pedagogy of transmission and implement the logic of linearity. The
adaptation of the classroom environment for virtual scenario is still a strong aspect in the online mode. Respondents
perceive that interactivity is a key factor for knowledge to be built in the virtual environment but it became clear
that the collaborative processes still need to be developed by teachers in the discussion forums from the perspective
of all-all model.
I – INTRODUÇÃO
1
Doutora em Educação pela UFRJ. Professora da Universidade Estácio de Sá. Pesquisadora do Programa Pesquisa
Produtividade da UNESA/2017. [email protected]
2
Professora Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro
[email protected]
3
Professor da UNESA – Mestrando na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. [email protected]
Este artigo tem o objetivo de descrever alguns resultados de uma pesquisa qualitativa
que teve como objetivo identificar a funcionalidade pedagógica do fórum de discussão e as
estratégias metodológicas utilizadas pelos professores no ensino a distância na modalidade
online. O problema de pesquisa versou sobre o seguinte questionamento: a aprendizagem
colaborativa, apoiada pela teoria sociointeracionista e pelos recursos da aprendizagem apoiada
por computador, pode contribuir para aprimorar os processos comunicacionais no fórum de
discussão e na prática docente online?
Na tentativa de entendermos a importância da colaboração na educação online e sua
continuidade, utilizaremos neste trabalho as definições de aprendizagem colaborativa dos
seguintes autores: Gerry Stahl (1996), Pierre Dillenbourg (1999), Palloff e Pratt (2012) e
Marilda Behrens (2002). No entanto, poderemos fazer menção a outros pesquisadores que
também tratam do tema.
Stahl (1996) define que a aprendizagem colaborativa apoiada por computador (CSCL)
é uma área das ciências da aprendizagem que estuda como as pessoas aprendem em grupo e
mediadas pelos computadores. Afirma que é um processo mediante o qual indivíduos negociam
e compartilham entendimentos relevantes à resolução do problema posto por alguém. Está
intimamente relacionada com a educação e se aplica a todos os níveis da educação formal, desde
o jardim de infância até a graduação. Aponta que a junção entre suporte computacional e
aprendizagem colaborativa ou tecnologia e educação embora enriquecedora é altamente
desafiadora e objeto de pesquisa para a CSCL (STAHL; KOSCHMANN; SUTHERS; 2006).
Dillenbourg (1999) aborda a questão ressaltando a importância da diferenciação entre
cooperação e colaboração, ou seja, aprendizagem cooperativa e aprendizagem colaborativa.
Para esse autor, na cooperação os alunos dividem a proposta solicitada em vários fragmentos,
resolvem as subtarefas, individualmente e, posteriormente, juntam os resultados parciais
formando um único trabalho. Na abordagem cooperativa, a aprendizagem é realizada por
indivíduos que colaboram com seus resultados individuais e apresentam a sua agregação como
o produto final do grupo. Para Dillenbourg (1999), aprender em grupos cooperativos é visto
como algo que se realiza individualmente e equivale às dinâmicas tradicionais do ensino, em
que cada aluno realiza uma parte do trabalho e faz a junção dessas partes no momento da
apresentação da atividade. Enquanto, na aprendizagem colaborativa há uma interação total e
simultânea dos participantes para a resolução do problema.
Edwards (1997) propõe três categorias organizadoras na construção do conhecimento:
conhecimento tópico, conhecimento como operação e conhecimento situacional. A relação
cognoscente do sujeito envolve essas três categorias na produção do conhecimento. A
aprendizagem está baseada “na exterioridade e/ou na interioridade constituindo formas de
relação com o conhecimento” (EDWARDS, 1997, p. 70). Essa forma de relação descreve a
“existência social e material do conhecimento” no meio acadêmico, na tentativa de descrever
as relações intrínsecas que o conteúdo estabelece com a didática do professor e com as relações
entre o professor e o aluno (EDWARDS, 1997, p.179).
Na relação de exterioridade o aluno relaciona-se com o conhecimento de forma
mecânica, ou seja, “simula uma apropriação, o que faz com que o conhecimento pareça ser
‘problemático ou inacessível’ a ele” (EDWARDS; MERCER, 1998, p. 175). Já na relação de
interioridade, essa assimilação ocorre por meio da significação que o estudante estabelece com
o saber, resultando no conhecimento significativo.
Behrens (1999) ressalta que para uma prática colaborativa com alunos é necessário o
aporte de um paradigma emergente que associe os pressupostos da visão holística - superação
da fragmentação do conhecimento -, de uma abordagem progressista que visa à transformação
social pelo diálogo e do ensino com pesquisa onde professores e alunos produzam seus
conhecimentos com criticidade. Esses três aspectos precisam estar associados ao uso inovador
da tecnologia digital, a fim de criar um recurso que signifique a promoção da aprendizagem
colaborativa.
Vigotski (1998) concebe uma abordagem desenvolvimentista do conhecimento tendo o
meio sócio-histórico do aprendiz importância particular, porque contém as ferramentas técnicas
e semióticas que serão utilizadas para o desenvolvimento do psiquismo e da formação do
pensamento desse estudante (LEGENDRE, 2010). A perspectiva histórico-social do
socioconstrutivismo compreende a interação como relação estabelecida entre um grupo de
indivíduos na troca de informações, experiências e objetivos. É justamente essa troca que
constitui o processo de aprendizagem.
Vigotski (1998) afirma que o aprendizado não é necessariamente precedido do
desenvolvimento de bases psicológicas, mas desenvolve-se em interação contínua. O
aprendizado de um determinado conteúdo influencia o desenvolvimento do indivíduo além dos
limites daquele conteúdo. Outro ponto importante desenvolvido por esse autor é que cada
situação de aprendizagem pressupõe a existência de uma história, dessa forma exclui a teoria
da ”tabula rasa4” (LOCKE, 1632-1704).
4
O argumento da tabula rasa foi usado pelo filósofo inglês John Locke representante do empirismo e significa literalmente
folha de papel em branco, pressupondo que a consciência é desprovida de conhecimento inato sendo este resultante das
experiências do indivíduo.
O conceito de aprendizagem colaborativa, embora pareça recente, já foi defendido por
muitos estudiosos ou educadores, ainda que com outros nomes. Definida como “uma situação
em que duas ou mais pessoas aprendem ou tentam aprender algo em conjunto”
(DILLENBOURG, 1999, p. 05), podemos vincular esta definição aos pressupostos de várias
pedagogias, ao longo da história da Educação. As pedagogias de projetos ou progressistas
disseminadas pela Escola Nova incluíam o conceito de aprendizagem colaborativa e se
contrapunham ao modelo cartesiano de ensino, pois compreendiam a aprendizagem como
processo contínuo de formação global e holística em busca da criatividade, colaboração,
exercício da cidadania e construção de sujeitos completos.
Dewey (1959), na teoria escolanovista, entende que o indivíduo é um “ser vivo de
funções ativas e especiais que se desenvolvem pela redireção e combinação em que entram
quando se põem em contato ativo com o seu ambiente” (DEWEY, 1959, p. 77). Escola e sujeito
têm natureza social sendo “forma de vida em comunidade” (DEWEY, 1959, p. 79). Concebe
o sujeito de forma ativa e em interação permanente com o meio que o cerca, a fim de, modificá-
lo e se adaptar a ele.
A aprendizagem colaborativa poderia, então, buscar os pressupostos teóricos nas
tendências pedagógicas dos movimentos da Escola Nova ou nas propostas pedagógicas de
Dewey, bem como na abordagem teórica do sociointeracionismo de Vigotski (1993) ou no
Paradigma da Complexidade que entende que a aprendizagem é um processo que acontece
mediante a união entre a abordagem progressista, a visão holística e o ensino com pesquisa
(BEHRENS, 1999, p. 89) e que esses componentes conjunturais promovem o uso de
metodologias de ensino mais coesas às exigências contemporâneas.
Stahl (1996) define a aprendizagem colaborativa com suporte computacional como uma
área das ciências da aprendizagem que estuda como as pessoas aprendem em grupo e mediadas
por computador. Ainda afirma que é um processo através do qual, indivíduos negociam e
compartilham entendimentos relevantes à resolução do problema posto.
Dillenbourg (1999) aborda a questão, ressaltando a importância da diferenciação entre
cooperação e colaboração, ou seja, aprendizagem cooperativa e aprendizagem colaborativa.
Para esse autor, na cooperação, os alunos dividem a proposta solicitada em vários fragmentos,
resolvem as subtarefas, individualmente, de forma assíncrona e, posteriormente, juntam os
resultados parciais, formando um único trabalho. Nessa abordagem, a aprendizagem é realizada
por indivíduos que colaboram com seus resultados individuais e apresentam a sua agregação
como o produto final do grupo. Aprender em grupos cooperativos é visto como algo que se
realiza individualmente e equivalente às metodologias tradicionais de ensino. Em contrapartida,
o processo colaborativo (DILLENBOURG, 1999) pressupõe a realização conjunta do trabalho.
A colaboração é uma “atividade coordenada resultado de uma tentativa contínua de construir e
manter um entendimento compartilhado sobre um problema” (STAHL; KOSCHMANN;
SUTHERS; 2006, p. 8).
A natureza das atividades solicitadas e a postura do professor são fatores fundamentais
para que a dinâmica do fórum aconteça. A proposição de trabalhos colaborativos, a facilitação
da discussão ativa, a promoção do desenvolvimento de habilidades intelectuais e de pesquisa
(PALLOFF; PRATT, 2012) são aspectos determinantes para a boa condução de um fórum.
Nesse aspecto, Moran destaca a necessidade de termos na EaD:
educadores maduros, intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas,
abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em
contato, porque vamos sair enriquecidos. O grande educador atrai não só pelas suas
ideias, mas pelo contato pessoal. Há sempre algo surpreendente, diferente no que diz,
nas relações que estabelece, na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir
(MORAN, 2002, p.04).
II - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Como instrumento de coleta de dados foi utilizada a técnica do grupo focal. Essa técnica
foi selecionada porque consideramos especialmente relevante a visão dos participantes em
relação ao problema exposto no item I. Por isso, buscamos obter a compreensão dos
entrevistados em relação ao tema. Os participantes narram, pormenorizadamente, suas
experiências, o que pensam em relação aos comportamentos, as percepções e as atitude, sob a
coordenação de um moderador que lidera as atividades e os participantes. A seguir
descreveremos as etapas da aplicação dessa técnica:
Foram convidados dez professores, no entanto, apenas 6 compareceram. A atividade foi
realizada com esse grupo de professores que ministram disciplinas no curso de graduação a
distância de uma universidade particular no estado do Rio de Janeiro. Os objetivos da pesquisa
eram: (1) investigar a avaliação desses docentes acerca da funcionalidade pedagógica do fórum
de discussão para a construção de aprendizado colaborativo; (2) saber se os professores utilizam
alguma base teórica para o planejamento e o desenvolvimento dos processos metodológicos e
atividades no fórum de discussão e (3) averiguar a importância dada pelos professores aos
processos de colaboração e se estes se constituíam para eles uma estratégia didática na
construção do conhecimento acadêmico.
A pesquisadora atuou como facilitadora e ficou responsável pelo encaminhamento das
perguntas, mediação dos comentários e condução da discussão do grupo. Uma câmera de vídeo
ficou afixada em um ponto da sala e a atividade teve duração de 01h15min sendo inteiramente
gravada por meio audiovisual, transcrita na íntegra e autorizada pelos participantes. Esse fato
foi, antecipadamente, comunicado aos entrevistados, bem como, o direito do anonimato e o uso
exclusivo das gravações para as finalidades da pesquisa. O objetivo da gravação foi o registro
completo do conteúdo da discussão, sobretudo, dos comportamentos não verbais (expressões
faciais, gestos). Os textos passaram por pequenas correções linguísticas, porém, não eliminando
o caráter espontâneo das falas (BARDIN, 2002).
Bardin (2002) aponta algumas ações importantes para comporem as fases iniciais da
pesquisa: a descrição ou preparação do material, a inferência ou dedução e a interpretação,
sendo os principais pontos da pré-análise: a leitura flutuante (primeiras leituras de contato com
os textos), a escolha dos documentos (no caso os relatos transcritos), a formulação das hipóteses
e objetivos (relacionados com a disciplina), a referenciação dos índices e a elaboração dos
indicadores (a frequência de aparecimento de determinados termos).
A discussão no grupo focal iniciou-se com temas de caráter geral para facilitar a
abordagem e a participação imediata dos integrantes. Inicialmente fizemos a seguinte pergunta:
Questão A (de caráter geral) - Como você percebe a educação no Brasil e a educação online
Em seguida, foram propostas questões mais específicas e de caráter analítico no que tange à
docência online. O quadro a seguir descreve a íntegra do roteiro utilizado na atividade:
5
De acordo com Bardin (2002), unidade de registro (UR), apesar de dimensão variável, é o menor recorte de
ordem semântica que se liberta do texto, podendo ser uma palavra-chave, um tema, objetos, personagens, etc. Já
unidade de contexto (UC), em síntese, deve fazer compreender a unidade de registro, tal qual a frase para a palavra.
a abordagem qualitativa está submetida às interpretações do pesquisador. Todavia, buscamos
obedecer ao rigor metodológico e à fidedignidade das informações coletadas para a análise dos
dados da pesquisa.
Para oferecer maior entendimento aos leitores sobre como foi realizada a pesquisa,
reiteramos que no item anterior expusemos a íntegra do processo metodológico utilizado neste
trabalho, descrevendo todas as categorias e temáticas construídas a priori e no processo
hermenêutico dos dados coletados. No entanto, faremos a exposição de somente parte dos
resultados acerca da pesquisa principal, referente a duas questões dentre as cinco indagações
propostas na pesquisa principal. São elas:
a) Como são coordenadas as práticas comunicacionais pelos professores no fórum
de discussão visando a produção de conhecimento?
b) Quais processos metodológicos são utilizados pelos professores para a prática
docente online?
A partir dessas questões de estudo, pretendemos responder ao que foi anunciado no
início deste texto no que se refere à funcionalidade pedagógica do fórum de discussão.
A categoria inicial refere-se à “mediação e a coordenação das atividades realizadas no
fórum de discussão”. Neste item, as respostas dos professores divergiram no que tange ao
modelo pedagógico e de educação. Indicaram dois polos opostos. De um lado, as respostas de
alguns professores expuseram, de maneira clara, a prática da pedagogia da transmissão e da
transposição do ambiente presencial para o cenário virtual, conforme afirma o entrevistado C:
“(...) na mediação a gente tira as dúvidas do aluno, busca auxiliar o aluno para que ele vá
para o caminho correto que é apreender” (ENTREVISTADO C). Essa declaração expõe o
comportamento passivo e receptivo do docente, à medida que ele acredita que mediação é
somente atender a uma solicitação de esclarecimento de dúvidas. Por isso seu comportamento
é o de esperar por um pedido do aluno. Caso não haja dúvida, não há interação.
A mediação pedagógica busca abrir caminhos e novas relações com o educando, a
aprendizagem, os conteúdos, as áreas do conhecimento, os contextos e, especialmente com os
outros sujeitos envolvidos no processo (PEREZ; CASTILLO, 1999). Tem como características
o diálogo permanente, as trocas de experiências, os debates a partir das dúvidas levantadas, as
problematizações, a orientação sobre conteúdo e dificuldades técnicas que o aluno tenha e,
sobretudo, o intercâmbio entre aprendizagem e sociedade (MORAN; MASETTO; BEHRENS,
2012).
O professor desnuda-se da roupagem histórica da transmissão de informações para
vestir-se de orientador do aluno, consultor de trabalho, com o objetivo de dinamizar a
aprendizagem do grupo. Essa perspectiva vê a educação como um meio propício à ação do
sujeito-educando em um ambiente problematizador, complexo e interrelacional.
De outro lado, ainda nesta categoria, outro professor manifesta que mediar o
conhecimento no fórum de discussão “é tecer uma série de novas tarefas, tanto para o aluno
quanto para o professor” (ENTREVISTADO B). Na fala de outro professor percebemos ora
nuances tradicionais ora progressistas, como se ainda não tivesse entendido bem o processo de
ensinar e aprender na modalidade online:
...em prática continuamos desenvolvendo o processo tradicional de comunicar
conhecimento (faz gesto de doar com as mãos), porém, o ensino online exige de certa
maneira que esse trabalho de coordenação do conhecimento seja cada vez mais
distribuído entre alunos e professores (ENTREVISTADO A).
Eu sempre penso que a mediação precisa ter um conteúdo de orientação para que esse
processo tenha consistência teórico-prática. Mediando o que? O professor deve se
colocar numa situação de empatia porque ele está ali para orientar, para mediar, por
isso que eu digo orientar porque tem que assumir um papel de educador...
(ENTREVISTADO F)
Então cabe ao professor-mediador fazer essa parte. Ele conversa com um aluno e nessa
resposta chama a atenção de outro, pedindo a opinião e integrando porque dificilmente
um aluno comenta as postagens de outros. Só se eles se conhecerem no presencial.
Então é o professor que provoca situações evitando certas postagens muito individuais
e provocando o olhar de mais alunos uns para os outros (ENTREVISTADO E).
(...) a interatividade é uma forma de trabalhar melhor o conteúdo para que o outro
possa, dentro das condições que ele tem, assimilar, aprender. Esse contato é o
momento que você tenta passar com mais cuidado, com mais cautela, aquele
conhecimento, tocar. Você percebe quais foram as dificuldades, aborda essas
dificuldades. A interatividade é o elemento didático na EaD.
Acho que, a todo momento, o ser humano tem que se defrontar com sua capacidade,
com seus limites e tentar rompê-los. Acho que a interatividade pode promover um
clima positivo para que individualmente cada um consiga conquistar um espaço que
lá na frente vai lhe fazer uma estrela da constelação. Mas ele tem que ter seu brilho
próprio! (ENTREVISTADO A).
(...) educar significa que algo que eu diga você precisa me devolver positiva ou
negativamente, da melhor maneira possível. Eu quero um efeito. Eu trabalho com uma
teoria em literatura que é o segredo do efeito e da recepção, onde não existe um livro
onde não exista um leitor que seja capaz de lê-lo. E ler significa não só a decifração,
mas a reconstrução, a reproposição do conteúdo dando continuidade a uma linha
imensa de história da interpretação. Porque nesse momento vai à falência o princípio
da transmissão do conhecimento (ENTREVISTADO A).
.
A sala de aula presencial cria uma zona cinzenta. No online isso não existe, pois os
alunos são obrigados a uma participação. Por isso é mais ativo. Eles são obrigados a
trazer alguma coisa, a trazer alguma contribuição. Na sala de aula ele pode entrar
calado e ir embora sem deixar qualquer marca ou qualquer comentário. Por isso a
EAD é 100% melhor (ENTREVISTADO F)
O ensino com pesquisa demanda um professor que perceba seu aluno como parceiro na
educação, ou seja, sujeito do mesmo processo. Por isso deve procurar desenvolver nele o caráter
questionador, investigador que alicerçará procedimentos para desenvolver o raciocínio lógico,
a criatividade, o posicionamento, a capacidade produtiva e a cidadania (BEHRENS, 2012),
deixando para trás a condição de objeto (DEMO, 1996, p. 29).
A abordagem progressista tem como pressuposto fundamental a busca da
“transformação social” (BEHRENS, 2012, p. 91) porque os professores são vistos como
intelectuais transformadores e através de suas práticas pedagógicas promovem processos de
mudança, posicionando-se contra as injustiças sociais, políticas e econômicas e as atitudes
antiéticas. Instigam em seus alunos a procura por uma melhor qualidade de vida, porque educar
também significa desenvolver uma linguagem crítica “que esteja atenta aos problemas
experimentados na experiência cotidiana, particularmente, aqueles relacionados com as
experiências ligadas à prática de sala de aula” (GIROUX, 1997, p. 163).
Por isso a função social da universidade e, por conseguinte, da EaD na sociedade atual:
Falta o feedback, pela prova ela alcança agora o que a prova avalia? Aí vamos
questionar todo o critério de avaliação através de prova. Eu acredito que hoje é o
instrumento que a gente tem. É valido, mas não acredito que prova avalie nada. Eu
preciso, como eu falei antes, que o aluno me dê o feedback para eu saber, (...) desse
objetivo alcançado (ENTREVISTADO A).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Sala: 3
Resumo: Neste trabalho refletimos sobre o potencial pedagógico do trabalho com gêneros retóricos públicos
(BAWARSHI E REIFF, 2013) e, especialmente, analisamos o uso do gênero pesquisa de opinião em mediações
formativas escolares (SCHNEWLY, 2010). Trata-se de um recorte e discussão de dados de uma pesquisa-ação
de caráter qualitativo, realizada em uma escola pública do Distrito Federal, na cidade Planaltina, em 2016, com
estudantes de 3º ano do ensino médio. Baseamo-nos principalmente em Bakhtin (1992), Fairclough (2001),
Bazerman (2015b) e Miller (2012). Partindo do diálogo com esses autores, apresentamos posições relativas ao
caráter ideológico desses gêneros e à agenciação que eles permitem ao(s) enunciador(es), evidenciando que esses
gêneros são manipulados por sujeitos que agem e participam de um contexto histórico em favor de fins,
objetivos e interesses os quais emergem das suas relações e do lugar social em que se situam esses sujeitos.
Especialmente discutimos a importância de as mediações formativas escolares fazerem refletir sobre os usos
sociais do gênero pesquisa de opinião e desenvolverem atividades que possibilitem o domínio desse gênero. Os
resultados da pesquisa indicam que o estudo desse gênero em escolas de ensino médio possibilita a ampliação da
competência discursiva dos estudantes (ANTUNES, 2010), naquilo que se refere à escrita de gêneros retóricos e
à consciência crítica de gêneros, bem como contribui para a agenciação dos educandos.
Introdução
O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa de mestrado realizada em 2016,
cujo objetivo era contribuir para a ampliação da competência discursiva dos estudantes, por
meio do trabalho com gêneros retóricos públicos, que possibilitem o domínio da
argumentação sistemática, a agência do educando e o desenvolvimento do pensamento crítico
(GIROUX,1997). O trabalho ancora-se em Bakhtin (1992), Bazerman (2015a) e Bawarshi e
Reiff (2013). Assumiu-se a posição de que o trabalho com esses gêneros é capaz de mobilizar
os educandos para o exercício da escrita como prática social (KLEIMAN, 2013).
Este artigo apresenta e discute dados relativos aos gêneros pesquisa de opinião e
manchete, apontando que o estudo desses gêneros contribui para o desenvolvimento da
1
Estudante do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ensino na Educação Básica, do Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicada à Educação/CEPAE, da Universidade Federal de Goiás/UFG. [email protected]
2
Doutora em Linguística pela UnB e professora do Programa de pós-graduação Mestrado em ensino na
Educação Básica, do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação/CEPAE, da Universidade Federal de
Goiás/UFG. [email protected]
3
Estudante do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ensino na Educação Básica, do Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicada à Educação/CEPAE, da Universidade Federal de Goiás/UFG.
consciência crítica dos educandos, essencial para as práticas de leitura e escrita no ensino
médio e – ainda – amplia a agência dos educandos (MILLER, 2012).
As mediações formativas escolares são responsáveis por construir práticas de
letramento que sejam capazes de – no curso de desenvolvimento das capacidades cognitivas
superiores – oferecer os meios e mediações necessários ao pleno desenvolvimento humano
(afetivo, psíquico e intelectual) dos educandos (SCHNEWLY,2010). No âmbito do
desenvolvimento da linguagem e domínio de seus mais diversos recursos comunicativos e
interacionais, o trabalho de ensino da leitura e de escrita se volta para a ampliação da
competência discursiva dos estudantes (ANTUNES, 2010). Os estudantes adentram os
ambientes escolares como agentes plenos de linguagem, crivados de experiências e vivências
nas quais a língua e seu uso em forma de gêneros realizam finalidades projetadas e conhecidas
pelos educandos por meio da sua inserção nas interações verbais cotidianas (BAKHTIN,
1992; MILLER, 2012). Revelar os condicionantes, os aspectos discursivos e genéricos das
interações verbais é um dos meios que as mediações formativas encontram para essa
ampliação da competência dos educandos.
A competência discursiva
A competência discursiva diz respeito ao domínio das tecnologias e instrumentos
semióticos disponíveis em uma cultura, capazes de dotar o sujeito dos meios necessários para
a sua ampla participação nas práticas sociais, de forma a obter – por meio do discurso e de sua
agência – os fins a que se propõe (ANTUNES, 2010). Dessa forma, a ampliação da
competência discursiva implica o domínio de ferramentas e práticas de leitura, de escrita e de
fala por meio de gêneros – instrumentos semióticos (SCHNEUWLY, 2010) – e da
consciência crítica sobre sua tipificação, sequencialidade e finalidade.
Bazerman (2011, b) afirma que as sociedades gregas clássicas e mesmo sociedades
que as precederam tiveram suas formas de vida política (intervenção, decisão, transformação)
modificadas e estendidas em função do letramento e dos gêneros letrados. Assim a ampliação
da competência discursiva dos educandos e de sua agência deve levá-los a refletir sobre o
papel do discurso na vida política da comunidade. Segundo Bazerman:
É notável que as mudanças causadas pela internet e pela criatividade social advinda
desse novo meio facilitam a resposta da retórica à política em mudança, mas as
forças de mudança que afetam cidadania são mais profundas e desnorteantes do que
sugeriria a mera observação das transformações tecnológicas. Para promover os
interesses da cidadania, precisamos ficar de olho nas formas cambiantes de vida
pelas quais a pólis continuamente fala e se inscreve na vida e pelas quais indivíduos
se tornam cidadãos através da fala e da escrita. (BAZERMAN, 2011, b, p. 140).
Esse agir criticamente exige a capacidade de reconhecer que o discurso indica – pela
forma de relacionar, dispor e sequenciar a informação e de tematizar (GIROUX, 1997;
(BAKHTIN, 1992) – a posição do/s sujeito/s (relações, interesses) e revela o caráter
ideológico dos signos (BAKHTIN, 1992), tanto no sentido positivo (de instrumento semiótico
para ação), quanto no sentido negativo, de justificação de relações injustas de dominação.
Nesse caso, trata-se de reconhecer que os signos não são neutros, no sentido de apenas
refletirem/refratarem a realidade. Seguindo-se Bakhtin (1992): “A classe dominante tende a
conferir ao signo ideológico um caráter intangível e acima das diferenças de classe, a fim de
abafar ou de ocultar a luta dos índices sociais de valor que aí se trava, a fim de tornar o signo
monovalente” (BAKHTIN, 1992, p. 47).
A tematização e os índices sociais de valor que ela mobiliza – em consonância com os
interesses dos grupos, comunidades, instituições ou corporações politicamente poderosos em
cada época – se expressa em diversos elementos genéricos, podendo-se citar os aspectos mais
tipificados como o destinatário e a linguagem; as operações discursivas de seleção,
detalhamento e relação entre tópicos, expressas na tecitura do discurso; as questões relativas à
unidade e ao sentido construído na interação (BAKHTIN, 1997). O reconhecimento desses
processos discursivos e de seus efeitos exige uma consciência crítica de gêneros capaz de vê-
los como instrumentos de ação manipulados por sujeitos (pessoas, instituições, governos) que
agem e participam de um contexto histórico em favor de fins, objetivos e interesses os quais
emergem das suas relações e do lugar social em que se situam esses sujeitos. Nesse caso, os
gêneros também são reconhecidos como enunciados concretos cuja valoração apreciativa e
tematização que realizam em cada época sobre um fato ou dado da realidade humana se
modificam em função das transformações da estrutura da sociedade. A consciência crítica de
gêneros, nesse sentido, chama a atenção para a relatividade histórica dos pontos de vista e
conteúdos dos enunciados concretos (gêneros) em cada época. Esse chamar atenção se faz
pelo procedimento de colocar em evidência os aspectos relativos à agência nos enunciados
concretos, ao intuito de mobilizar o outro, evidenciando os fatores interacionais e discursivos
que levam o agente a produzir um enunciado concreto e que contribuem para a constituição de
seu sentido (BAZERMAN, 2015b).
Bakhtin (1992), tratando do caráter ideológico do signo, esclarece que sua principal
característica é ser instrumento para a ação, cuja eficiência e funcionamento pressupõem o
outro e sua resposta. O signo, como instrumento semiótico, somente se constitui na interação,
fora dela ele perde sua função de agência, seu poder como instrumento semiótico. De acordo
com Miller (2012):
A interação é necessária para a agência porque é ela que cria a energia cinética da
performance e a disponibiliza ao uso retórico. Agência, então, é não apenas a
propriedade de um evento, mas também a propriedade de uma relação entre o retor e
a audiência. Em uma situação retórica, há pelo menos dois sujeitos, e é de sua
interação, da atribuição que eles fazem uns aos outros e do que entendem que cada
um está fazendo que podemos constituir agência. (MILLER, 2012, p. 175).
A agência é fortemente percebida na ação verbal de figuras históricas do pensamento –
tais como Shakespeare, Freud, Marx ou Freire – que modificaram o horizonte intertextual de
sua época e excederam “os limites do ordinário e esperado para encontrar novas coisas a dizer
e novos meios de expressão” (BAZERMAN, 2011, a, p 12). Além disso, a agência se efetiva
nas práticas cotidianas de uso da escrita por meio dos efeitos e usos diversos de gêneros como
uma carta, o ensaio acadêmico, o artigo de opinião etc. Bazerman (2011) nos diz que “a
escrita está imbuída de agência” (BAZERMAN, 2011, a, p 11) e oferece os meios para
alcançarmos pessoas além do tempo e do espaço, para interagir, influenciar, cooperar e
compartilhar nossos pensamentos.
Compreendida a competência discursiva e sua relação com a agência, deve-se ter claro
que o trabalho docente volta-se, nesse caso, para o estudo e produção de gêneros na escola,
por meio de atividades capazes de tornar os educandos proficientes no uso desses gêneros e
capazes de reconhecer e avaliar os propósitos e ações verbais possibilitadas por eles enquanto
instrumento de ação.
Além da reflexão sobre a fonte que tal referência implica, percebe-se o uso retórico da
intertextualidade a partir da frase “E as tolera porque muitos desses atos de violência estão
conectados às suas práticas, seus costumes e suas crenças.” Tal frase marca a bivocalidade do
discurso, aproximando o ponto de vista de retor do ponto de vista expresso na citação. Na
verdade, seria difícil definir se tal frase marcaria o ponto de vista de Waiselfisz sobre a
violência ou o ponto de vista do enunciador. Trata-se de um procedimento bem descrito por
Bakhtin (1992) no seu estudo sobre o discurso indireto livre e as formas de citação.
Por último, no caso dessa manchete produzida pelos estudantes, há também
apropriações do gênero pesquisa de opinião, com referência ao seguinte gráfico de uma
pesquisa de opinião realizada pelo IPEA/SIPS, Tolerância social à violência contra a mulher:
De forma geral, a cadeia é lugar para aqueles que não têm acesso a advogados, às
formas de recorrer, protelar e impedir a aplicação das penas. Assim, aumentar a
maioridade penal e fazer os jovens responderem à lei penal não torna o sistema mais
eficiente ou justo.
Essa valoração apreciativa coloca como tópico a contradição nas crenças dos
entrevistados, conforme se lê:
É interessante notar que, na pesquisa realizada com 100 pessoas, 68% das pessoas
são a favor da redução da maioridade, mas - contradição - nesse mesmo grupo, 96%
reconhecem que o sistema penitenciário não é uma alternativa eficaz para
recuperação e integração dos jovens.
Considerações Finais
A competência discursiva dos educandos e sua agenciação podem ser ampliadas por
meio do trabalho com os gêneros pesquisa de opinião e pesquisa estatística articulado com
outros gêneros retóricos.
Trata-se de gêneros retóricos altamente poderosos porque mobilizam opiniões por
meio da previsão de sua repercussão, propagação e repetição. Sua característica central é o
tratamento que dão às opiniões: a forma como as reúne por meio de perguntas com tópicos
previamente definidos; como as interpreta; como as topicaliza por recursos de ênfase, réplica
ou comentário; e como as enuncia. Além disso, esses gêneros apresentam forte
intergenericidade, podendo ser absorvidos como suporte, nas estruturas argumentativas, de
gêneros retóricos tais como o artigo de opinião e a manchete, conforme demonstram os dados
da pesquisa.
O trabalho com esses gêneros permite a reflexão sobre gêneros e seu uso, construindo-
se por meio de interlocuções a consciência crítica de gêneros; estimula o entendimento das
situações de uso e o domínio de gêneros retóricos públicos; e elucida para os educandos o tipo
de agenciação que esse gêneros, na relação com outros gêneros retóricos públicos, possibilita.
No caso das mediações formativas escolares, torna-se importante explorar as práticas
discursivas públicas, visando agir sobre grupos, sobre a instituição e sobre as decisões que
afetam a coletividade; além disso, deve-se monitorar, discutir e repercutir junto aos educandos
os efeitos de sua agenciação. Esse trabalho com gêneros contribui profundamente para a
ampliação da competência discursiva dos educandos e para sua agência.
Referências
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Editorial, 2010.
BAJTÍN, Mijaíl M. Problemas de la Poética de Dostoievski. México: Fondo de Cultura
Econômica, S.A. de C.V. 1988.
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______.Estética da Criação Verbal. 2ª edição, São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BAWARSHI, Anis S. e REIFF, Mary Jo. Gênero: história, teoria, pesquisa, ensino. 1ª Ed.
– São Paulo: Parábola, 2013.
BAZERMAN, Charles. Escrita, Gênero e Interação Social. In: HOFFNAGEL, Judith
Chambliss; DIONÍSIO, Paiva Ângela(Orgs.). São Paulo: Cortez, 2007.
______ a. Gênero, agência e escrita. In: HOFFNAGEL, Judith Chambliss; DIONÍSIO, Paiva
Ângela (Orgs.). 2 ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011.
______b. Gêneros textuais, tipificação e interação. In: HOFFNAGEL, Judith Chambliss;
DIONÍSIO, Paiva Ângel (Orgs.). 4 ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011.
______ a. Retórica da ação letrada . In: HOFFNAGEL, Judith Chambliss; DIONÍSIO,
Paiva Ângela; ACUNHA, Pietra(Orgs.). 1 ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
______ b. Teoria da ação letrada. 1ª Ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
CIERVA, Maria del Carmen Ruiz de la. Los géneros retóricos desde sus orígenes hasta la
actualidad. Revista Rêtorikê: 2007.
FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasília: editora Universidade de
Brasília, 2001.
GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da
aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
KLEIMAN, Angela B.; CENICEROS Rosana Cunha; TINOCO Glícia Azevedo. Projetos de
letramento no ensino médio. In BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (Orgs.). Múltiplas
linguagens para o ensino médio. São Paulo: Parábola Editoria, 2013
MILLER, Carolyn R. Gênero textual, agência e tecnologia. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva;
HOFFNAGEL, Judith (Org.). São Paulo: Parábola, 2012.
SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros e tipos de discurso: considerações psicológicas e
ontogenéticas. In: ROJO, Roxane, SALES, Gleise (Orgs.). Generos orais e escritos na
escola. Campinas, SP: Mercados das Letras, 2010.
COMPREENSÕES SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA TRANSDISCIPLINAR
Sala 01
Resumo: Este texto busca apresentar resultados parciais da pesquisa realizada junto ao programa de Pós-
graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias. Sendo esse estudo guiado pela pergunta
problematizadora: Os alunos do curso de pós-graduação em nível lato-sensu em Transdisciplinaridade e
Interdisciplinaridade na Educação, no Câmpus Inhumas da Universidade Estadual de Goiás-UEG/GO, que
exercem atividade docente, conseguem transformar sua prática pedagógica a partir dos conteúdos estudados
sobre a transdisciplinaridade? Entre os resultados que a pesquisa aproximou, identificamos um desenvolvimento
consolidado pelos pressupostos teóricos que o curso propôs vivenciar. Esse fato se dá as reflexões apresentadas
pelos cursistas ao apontaram sobre a maneira de eles atuarem como professores, ao se identificarem com a
proposta pedagógica vivenciada e a partir dessa proposta, entre outras questões repensar sobre as práticas
pedagógicas sob a necessidade de ampliação e tomada de consciência do fazer docente e a formação integral dos
alunos como sujeitos cognoscentes.
Introdução
Apresento nesse texto, resultados parciais da pesquisa apresentada para o programa de
Pós-graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em Educação, Linguagem e Tecnologia sob orientação
do professor Dr. João Henrique Suanno. Os sujeitos da pesquisa são os alunos, que exercem
atividade docente, do curso de pós-graduação em nível lato-sensu em Transdisciplinaridade e
1
Mestra em Educação, Lingugem e Tecnologia, sob orientação do professor Doutor João Henrique Suanno Phd.
Universidade Estadual de Goiás. reginayn@hotmail. Psicóloga, 2000, UCG/GO. [email protected]
Link para o Lattes: http://lattes.cnpq.br/3465070137227087
2
Pós-Doutor em Educação pela Universidade de Barcelona – UB/ES. Doutor em Educação pela Universidade
Católica de Brasília – UCB/DF. Mestre Educação pela Universidad de La Habana/Cuba revalidado pela
Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC/GO. Psicólogo – PUC/GO. Psicopedagogo –
PUC/GO. Professor titular da Universidade Estadual de Goiás. Professor do Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu Mestrado Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias – MIELT/UEG. Membro da
Rede Internacional de Escolas Criativas – RIEC/UB-ES e RIEC-Brasil. Membro do Grupo de Pesquisa
Ecologia dos Saberes e Transdisciplinaridade – ECOTRANSD/CNPq, coordenado pela Profa. Dra. Maria
Cândida Moraes. Membro e pesquisador colaborador no projeto “Docência Transdisciplinar: a complexidade
de uma prática a ser construída a partir de cenários e redes de aprendizagem integrada e ecoformadora” –
CNPq. Membro do Grupo de Pesquisa em Rede Internacional de Escolas Criativas – UFT/TO. Professor,
Pesquisador, Palestrante e Conferencista. Investigador sobre Criatividade, Inovação, Escolas Criativas,
Ecoformação, Transdisciplinaridade e outros. Autor e coautor de vários capítulos de livros e artigos publicados
nacional e internacionalmente. [email protected]
Link para o Lattes: http://lattes.cnpq.br/0083918417985786
Interdisciplinaridade na Educação, no Câmpus Inhumas da Universidade Estadual de Goiás-
UEG/GO, guiada pela pergunta problematizadora: se esses alunos docentes conseguem
transformar sua prática pedagógica a partir dos conteúdos estudados sobre a
transdisciplinaridade?
Entre as justificativas que foram enumeradas na pesquisa apresento uma muito
pertinente para esse texto: ao pesquisar a formação da docência transdisciplinar (SUANNO,
M., 2015), a partir de construções teóricas e conceitos da Complexidade e
Transdisciplinaridade, justifica-se dada a compreensão de que vivemos uma transição
paradigmática. A função do educador não está apenas em repassar conteúdos, mas provocar
seus alunos a refletirem sobre o caminhar da humanidade, da cultura, do planeta, da ciência,
dos profissionais e profissões, por meio de práticas pedagógicas que propõem aberturas para
um pensamento complexo transdisciplinar.
A fundamentação teórica da pesquisa baseou-se nos seguintes autores: Edgar Morin
(2000, 2003, 2015) Barsarab Nicolescu (1999), Maria Cândida Moraes (2007, 2008), João
Henrique Suanno (2013, 2015), Gaston Pineau (2003), Marilza Vanessa Suanno (2015), entre
outros. Esses autores asseguraram aprofundamento teórico dentro da perspectiva da
transdisciplinaridade e complexidade apresentando estudos realizados na área educacional.
Assim, viabilizam amplitudes com alto teor de rigorosidade para a investigação, direcionando
a consecução da coleta e análise dos dados.
Durante a investigação buscamos diferentes estratégias que oportunizassem a
aproximação com a realidade observada e por entender que as ações multimetodológicas
estariam embasadas na proposta transdisciplinar. Neste texto, em específico, apresentarei
resultados parciais dos grupos focais (SUANNO, J.H., 2013), (BAUER & GASKELL, 2002)
que foram realizados com os alunos da primeira e segunda turma do curso referido.
Dentre as considerações que a pesquisa levantou ao aproximar dos dados, foi possível
identificar a consolidação do curso pelos alunos. Tal fato está relacionado as reflexões que os
próprios apontaram sobre a maneira de eles atuarem como professores, ao se identificarem
com a proposta pedagógica vivenciada. Deixaram claro em suas falas, a partir dos conteúdos
vividos pela formação que o curso proporcionou, entre pontos positivos e negativos, o quanto
eles têm repensado em duas seguintes questões: as práticas pedagógicas sob a necessidade de
ampliação e tomada de consciência do fazer docente e a formação integral dos alunos como
sujeitos cognoscentes, ao passo que eles são provocados a refletirem sobre as estratégias que
conduzam o processo, ao considerarem a responsabilidade que os próprios carregam por
serem profissionais da área de educação.
A prática pedagógica transdisciplinar e a reintrodução do sujeito cognoscente
REFERÊNCIAS
BAUER, Martin W. & GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som.
Tradução de Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis: Vozes, 2002.
MORIN, Edgar. Saberes globais e saberes locais: o olhar transdisciplinar. Rio de janeiro:
Garamond, 2000.
MORIN, Edgar. Ensinar a viver: manifesto para mudar a educação. Trad. Edgard de Assis
Carvalho e Mariza Perassi Bosco. Porto Alegre: Sulina, 2015.
1
Mestrando no PPGE/UFT.
2
Professora no PPGE/UFT, docente da disciplina Concepções e Práticas da Formação de Professores.
3
Professor no PPGE/UFT.
Levado ou não a escolher a área de atuação, todo processo de profissionalização se
inicia na formação inicial perpassando à formação continuada. Considera-se que “formação
inicial e continuada são parte, portanto, de um mesmo processo de formação profissional”
(PENIN, 2008, p. 650).
Este processo de formação deve ser repensado, não havendo espaço para a simples
reprodução do conhecimento em aulas tidas como tradicionais, que carregamos impregnado
em nós. Para Pimenta (2002), a nossa formação reflete, no sentido de reprodução, abordagens
de modelos de ensinos do século XVII e XVIII, que perpassaram anos e ainda domina os
processos de formação docente, de ensino e aprendizagem.
Anteriormente ao século XX, as universidades formavam profissionais científica e
culturalmente, sem abordagem científico-tecnológica, que foi despertado somente depois das
grandes guerras mundiais.
[...] As universidades entendiam-se como centros de formação científica e cultural.
As mudanças se aprofundaram ao longo do século XX, sobretudo, depois das duas
grandes guerras mundiais, com forte incremento científico-tecnológico. Hoje há
consenso em torno da tese de que o conhecimento se tornou o eixo central da vida
social contemporânea. Conforma-se, assim, o que Bacon havia anunciado nos
primórdios modernos do Sec. XVI: conhecer é saber. (GOERGEN, 2014, p. 566)
Como ocorria nos séculos XVIII, XIX, os cursos de formação docente ainda ocorrem,
praticamente, de forma verticalizada, pensa-se em um currículo engessado em que o formador
tem o dever de seguir “a risca” sob pena de sofrer retaliações caso não o faça. A educação e os
processos de formação docente devem caminhar no sentido da formação crítica e reflexiva
dos professores.
A sociedade, os estudantes, o cenário de formação de professores, evoluiu, no entanto,
os cursos de formação ainda carregam características do século passado. Donald Schön,
segundo Pimenta (2002, p. 19) “propõe que a formação dos profissionais não se dê nos
moldes de um currículo normativo que primeiro apresenta a ciência, depois a sua aplicação e
por último um estágio que supõe a aplicação pelos alunos dos conhecimentos técnico-
profissionais...”
Para mudarmos este cenário, nós docentes formadores de educadores, devemos
caminhar em direção à investigação, nos tornando professores pesquisadores. Para André
(2001) é necessário que se articule ensino e pesquisa, vez que há o risco do
professor/pesquisador valorizar mais a pesquisa do que o ensino. Precisamos “examinar com
cuidado essa proposta tão atraente de formar professor pesquisador para não cair nas suas
armadilhas; nem atribuir-lhe um papel redentor, de resolução mágica dos graves problemas
educacionais; nem simplificá-la demasiadamente ...” (ANDRÉ, 2001, p. 61)
Nossa formação inicial enquanto cidadão e ser reflexivo, ativo e participativo nas
transformações sociais, vêm sendo construída e constituída no âmbito da escola pública e,
também em universidades e faculdades. Ao cursar a Educação Básica na rede pública fomos
estimulados a realizar atividades de matemática que despertaram o gosto para esta ciência e
nela, seu ensino.
Ao escolher ou ser levada a entrar numa profissão, uma pessoa também define um
modo de vida. Ela começa a pertencer a um grupo de pessoas que, conforme o seu
grau de identificação, pode lhe trazer benefícios ao atender a uma das necessidades
humanas básicas, a de pertencer... (PENIN, 2008, p. 649).
4. CONSIDERAÇÕES
Diante do que expomos, podemos dizer que o modo de ensinar dos professores sofre
grandes influências, ainda, dos modelos jesuítas de ensino caracterizado por um modelo
cartesiano, com conteúdos estabelecidos por um currículo engessado. A mudança deste
paradigma tradicional de ensino inicia-se exatamente durante a formação profissional nos
cursos de Licenciaturas, uma vez que não é possível cobrar dos professores aquilo que não foi
ensinado para os mesmos, como argumenta Sacristán “ninguém dá o que não tem”.
Aquilo que não se sabe, não tem possibilidade de ser ensinado a alguém. Incluir a
pesquisa no ensino passa então a ser um desafio, e ao mesmo tempo uma possibilidade,
demandando buscas incessantes de formações continuadas para entender a articulação entre
ambos, desta forma haverá uma formação de professores mais reflexivos, críticos, em meio a
um sistema educacional ainda “tradicional”, jesuítico.
REFERÊNCIAS
ANDRÉ, Marli. Pesquisa, formação e prática docente. In: ANDRÉ, Marli; (Org.). O papel da
pesquisa na formação e na prática dos professores. Campinas: Papirus, 2001.
BROILO, Cecília Luiza; PEDROSO, Maísa Beltrame; FRAGA, Evanilda Teixeira. Os alunos
como parceiros: adesões e resistências às inovações no espaço de sala de aula. In: CUNHA,
Maria Isabel da. (Org.) Pedagogia universitária: energias emancipatórias em tempos
neoliberais. Araraquara: Junqueira & Martins, 2006.
________.Matemática, ensino e educação: uma proposta global In: Sbem temas & debates.
Matemática, Ensino e educação: concepções fundamentais. Ano IV, n°3. Rio Claro: 1991
(p.1-15)
PIMENTA, Selma Garrido. ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no ensino
superior. São Paulo: Cortez, 2002 (Parte I – pp. 137-174)
PIMENTA, Selma Garrido. Professor reflexivo: construindo uma crítica. In: PIMENTA, Sema
Garrido; GHEDIN, Evandro (Org.). Professor reflexivo no Brasil – gênese e crítica de um
conceito. São Paulo: Cortez, 2002.
SCHÖN, Donald A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, António.
Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 17. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2014
CONHECER O CERRADO SOB AS PERSPECTIVAS DE PRESERVAÇÃO E
IDENTIDADE: UMA PROPOSTA DE ENSINO PARA ESTUDANTES DO ENSINO
MÉDIO DE ORIZONA-GO
Ana Isabel Ribeiro1
Maria Izabel Barnez Pignata2
Sala 3.2
Resumo: O Cerrado é um bioma muito rico no que diz respeito a sua biodiversidade e à cultura de seu povo.
Assim, conhecimentos sobre aspectos naturais e culturais desta região podem contribuir para a preservação desse
bioma que está sendo amplamente devastado pela ação humana. Com base nesse ponto de vista, este projeto
propõe trabalhar com alunos da 2ª série do ensino médio do Colégio Estadual Maria Benedita Velozo em
Orizona, Goiás. Essa é uma pequena cidade do interior goiano, localizada numa área de Cerrado. Entre os
objetivos da pesquisa estão conhecer melhor aspectos ligados à biodiversidade, questões relacionadas a cultura e
desenvolver no público-alvo desse trabalho a criticidade necessária para que possa preservar as peculiaridades da
região onde vive. O primeiro passo da metodologia propõe a participação em palestras que abordem aspectos
geográficos, ambientais e culturais da região. Posteriormente, esses alunos farão entrevistas com moradores da
região com o intuito de investigar, observar e coletar informações sobre plantas, animais, rios e outros aspectos
relacionados à biodiversidade do cerrado, bem como informações sobre os costumes, as festas, as relações
estabelecidas entre os povos do cerrado com a região onde vivem. Além disso, eles deverão produzir vídeos,
mostrando algumas das riquezas naturais e culturais encontradas por eles durante a pesquisa. Os achados desse
projeto serão apresentados à escola no primeiro momento pelos próprios estudantes e por mim, após feitas
análises dos resultados da pesquisa. Todos os materiais encontrados durante a execução do projeto serão
disponibilizados na biblioteca da escola e na biblioteca municipal, assim, poderão servir de suporte didático para
professores e estudantes sobre esse assunto.
Introdução
É amplamente sabido que o estado de Goiás está situado numa região de Cerrado.
Esse bioma é o segundo maior do Brasil, além de ser considerado um hotspot de
biodiversidade mundial (KLINK e MACHADO, 2005) (ROCHA e SILVA, 2009). Cabe
ainda ressaltar que, além dessas características relacionadas às riquezas ambientais, há uma
grande diversidade cultural do povo do Cerrado. Entende-se que é importante preservar todo
esse conjunto de aspectos que faz esse bioma tão rico.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) no seu capítulo II, seção I,
artigo 22, traz os fins da Educação Básica:
Objetivos
Conhecer melhor o bioma Cerrado;
Procedimentos Metodológicos
Benedita Velozo, em Orizona, Goiás. O trabalho teve início no segundo bimestre do ano de
2017 com alunos da 2ª série do Ensino Médio e será concluído com esse mesmo grupo de
alunos em 2018, quando estes alunos estiverem cursando 3ª série. Além disso, de forma
indireta todos os alunos da escola são beneficiados com o projeto.
2. Formar grupos de trabalho de até cinco alunos sob orientação dos professores de
Biologia, Geografia, História e Arte, que terão o nosso suporte e acompanhamento;
1. No início do ano letivo formar novos grupos com os alunos que iniciarão o projeto
e que estarão cursando a 3ª série para que possam plantar e acompanhar o
desenvolvimento de mudas numa grande área ociosa no Colégio.
4. A análise dos resultados dos alunos será feita por mim e confrontadas com outros
documentos, como monografias e livros sobre a região, e ao final do projeto deverei
apresentar as conclusões para a escola e os achados reunidos deverão servir de apoio
para trabalhos futuros.
Produto Educacional
Considerações Finais
Este trabalho faz parte da tese de dissertação do Mestrado em Ensino na Educação
Básica da Universidade Federal, com início em 2017 e conclusão em 2019. A metodologia
proposta está sendo desenvolvida no Colégio Estadual Maria Benedita Velozo, onde estão
sendo executadas as propostas de Ensino.
Referências
CHAUL, Nasr Fayad. A identidade cultural do Goiano. Cienc. Cult. [online]. 2011, vol.63,
n.3, pp. 42-43. ISSN 0009-6725. Disponível em: ------------------------------------------------------
< http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v63n3/a16v63n3.pdf> Acesso em: 24 ago. 2016.
Sala 2
Resumo: Trata-se de relato de experiencia, cujo objetivo e descrever a experiência de atividade lúdica de
contação de historias realizada em espaco não-escolar. Ao propor a atividade de reconto de historias infantis
tradicionais objetivamos demonstrar a contação de historia como estrategia para o processo de aprendizagem das
criancas. Os resultados evidenciaram que o trabalho desenvolvido a partir da contação de histórias pode
favorecer o desenvolvimento das crianças, principalmente em situações que instigam suas capacidades
cognitivas e que despertam sua imaginação para a ação do lúdico.
Introdução
Neste estudo relatamos uma experiência vivida com crianças na faixa etária de 4 a 5
anos em uma atividade lúdica de contação e reconto de historias infantis tradicionais onde
pretendemos demonstrar como a atividade de contação de histórias pode ser prazerosa para as
crianças, ampliando as experiências das mesmas e aguçando sua imaginação, tornando o
momento prazeroso e agradável.
Pudemos entender através desta experiência como a contação de historias estimula as
crianças a formular ideias criativas, a dar nova roupagem a uma narrativa. De acordo com
Abramovich (1997, p,17),
ler histórias para crianças, sempre, sempre ... É poder sorrir, rir, gargalhar com as
situações vividas pelas personagens, com a idéia do conto ou com o jeito de escrever
dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de
brincadeira, de divertimento ... É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade
respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras idéias para solucionar
questões (como as personagens fizeram ...). É uma possibilidade de descobrir o
mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e
atravessamos - dum jeito ou de outro - através dos problemas que vão sendo
defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada
história (cada uma a seu modo) ... É a cada vez ir se identificando com outra
personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido
pela criança) ... e, assim esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um
caminho para a resolução delas
Materiais
2
Procedimentos metodologicos
A atividade desenvolveu-se em três fases, sendo que a primeira foi a contação das
historias já conhecidas para as crianças, realizada pela pedagoga e pelas estagiárias. Nesse
primeiro momento, as crianças foram convidadas a sentar-se no chão da sala e foi
desenvolvida uma dinâmica denominada “Fabricando Concentração” da contadora de
histórias Lívia Alencar.
É salutar durante um trabalho com contação de historias chamar a atenção dos nossos
ouvintes, por isso o objetivo principal da dinâmica é exercitar a atenção e concentração das
crianças possibilitando às crianças um momento agradável. Além de trabalhar a concentração,
a dinâmica prepara o ambiente e a disposição dos pequenos para ouvir. Durante a contação de
história percebeu-se a eficácia da dinâmica, tendo em vista a animação, encantamento e a
participação das crianças durante toda a programação.
No segundo momento iniciou-se a contação com a historia “Chapeuzinho
Vermelho”. Momentos de pausas e intervenção das crianças, que interagiram com suas falas e
imaginação. Durante esse período percebeu-se o surgimento de um novo interesse lúdico por
parte das crianças, que introduziam as historias e personagens criados por elas mesmas.
Dando continuidade, ocorreram a contação Os três porquinhos e Pinóquio.
No terceiro momento da atividade lúdica foram disponibilizados os materiais não
estruturados para as crianças. A partir de então elas foram montando sua própria historia,
fazendo um reconto com seus personagens favoritos e criando novos personagens, nesse
momento a “colher de pau” se transformou e ganhou vida, os “baldes de plástico” se
transformaram em casinhas e cada criança utilizou de diversos objetos disponíveis para fazer
fluir a imaginação bem como produzir colagens e recontá-las no papel em branco que foi
disponibilizado.
Percebemos que cada criança possui um modo individualizado de elaborar sua
própria história, de criar seus personagens e também de reproduzi-las na folha de papel em
branco. Mesmo ouvindo uma versão contada pelas organizadoras, cada uma desenvolveu uma
história diferente, e reproduzir em desenho ou colagem o seu próprio modo de contação e
criação de história.
A próxima etapa foi a apresentação das historias criadas por cada criança. Nesse
momento foram orientadas a falar da sua experiência em 5 minutos, e mais uma vez foi
perceptível a imaginação de cada uma delas. Tendo em vista o surgimento e o encontro de
super-heróis, princesas e também o reconto da vida como ela é de fato, na medida em que elas
3
retratavam fatos ocorridos no seu cotidiano, em casa, na escola, como por exemplo uma ida
ao medico, ou a profissão da mãe cantora.
Observou-se nessa etapa da atividade lúdica que as crianças na faixa etária entre 4 e
5 anos tinham maior interesse em contar e/ou tentar reproduzir a historia tal qual foi
apresentada pelas organizadoras, sendo que por vezes esqueciam algum trecho durante suas
narrativas, mas logo inventava-se um novo personagem – momento em que os episódios da
vida real entravam em cena - e continuavam a contar e utilizar objetos para personificar as
histórias.
As crianças na faixa etária de 6 a 7 anos faziam o reconto das historias tradicionais
e/ou utilizam personagens já conhecidos de desenhos infantis para recontar suas historias,
também estabelecendo relações entre a fantasia e a realidade.
Resultados
A partir das narrativas das crianças observou-se que principalmente as de faixa etária
entre 4 a 5 anos reformulavam seus pensamentos e estabeleciam relação com a vida cotidiana.
A exemplo podemos citar o fato de uma criança de 5 anos que na historia da chapeuzinho
vermelho contou que o lobo não queria comer a vovó por que ela não cabia na barriga dele e
ele queria comer era os doces que a chapeuzinho estava levando, então ele escondeu a vovó
para a chapeuzinho não vê e comeu os doces da vovó.
As crianças da faixa etária de 6 e 7 anos faziam o reconto das historias tradicionais
ou personagens de desenhos animados e observamos que assim como as crianças de 4 a 5
anos elas também faziam uma ligação com episódios do seu cotidiano. A exemplo citamos a
apresentação de uma criança de 7 anos que ao confeccionar seus personagens inspirados no
filme infantil “Lego City” contou sua historia baseado em fatos ocorridos em casa em
brincadeiras com o irmão mais novo.
Os resultados obtidos possibilitaram a compreensão de que o trabalho desenvolvido a
partir da contação de histórias pode favorecer o desenvolvimento das crianças, principalmente
em situações que instigam suas capacidades cognitivas e que despertam sua imaginação para a
ação do lúdico.
De acordo com Vygotsky (ano, página):
“a imaginação é um processo psicológico novo para a criança; representa
uma forma especificamente humana de atividade consciente, não está
presente na consciência de crianças muito pequenas e está totalmente
4
ausente em animais. Como todas as funções da consciência, ela surge
originalmente da ação. O velho adágio de que o brincar da criança é
imaginação em ação deve ser invertido; podemos dizer que a imaginação,
nos adolescentes e nas crianças em idade pré-escolar, é o brinquedo sem
ação”.
Prado (2006) em seu texto traz considerações que reafirmam a capacidade das
crianças de produzirem seus saberes e construírem culturas próprias do grupo infantil de sua
convivência:
“O fato de nem sempre encontrarmos uma correspondência coerente entre
tamanho, idade e competências entre as crianças pequenas (não só das
crianças) coloca, pois, em questão, a própria noção de infância e de
educação infantil. Se as crianças nos surpreendem, propondo o inusitado,
o imprevisto num espaço previsto, planejado e organizado, então, não
detemos o controle sobre seus pensamentos e atitudes como ousamos
supor”. (Prado, 2006)
Referencias
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
5
PRADO, Patrícia Dias. CRIANÇAS MENORES E MAIORES: entre diferentes idades e
linguagens. 2006.
BANZEC, Jane Cristina. CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: contribuições para aprendizagem
das crianças. Diálogos Multidisciplinares (PR) v.1 n.3 p. 129–144 nov (2013)
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos
processos psicológicos superiores. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção magistério 2° grau. Série
formação do professor).
ALENCAR, Lívia. Super Dinâmica para crianças. Youtube, 09 jun, 2017. Disponível em.
https://www.youtube.com/watch?v=2OPm7dsE_e4 Acesso em: 09 jun. 17.
6
CONTOS FANTASMAGÓRICOS: ATIVANDO EXPERIÊNCIAS ESTÉTICAS NO
ENSINO DE TEATRO
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo abordar a importância da experiência estética no ensino do
Teatro ativada por meio de contos fantasmagóricos do universo do artista catarinense Franklin Cascaes,
destacando experiências individuais e coletivas de adolescentes durante estágio curricular do curso de
Licenciatura em Teatro. Tal experiência tomou os contos como indutores de jogos, e além de discutir a educação
do sensível, o texto ressalta a importância de uma educação estética para a formação do indivíduo como
pressuposto para propostas pedagógicas criativas e transformadoras nas escolas .
Introdução
Tomando como ponto de partida a reflexão sobre educação sensível, vale destacar a
relevância desta para a formação do ser humano, como contribuinte para o desenvolvimento
da sensibilidade, bem como a ampliação da sua visão de mundo. Ao pensar a educação do
sensível recria-se uma lógica de ver e interpretar a vida, dilatando os campos de percepção
para além dos hábitos e costumes cotidianos e atribuindo novos sentidos a esses mesmos
hábitos.
A experiência estética se consolida no conjunto de aprendizagens sensíveis e
cognitivas disponíveis em nossas vivências culturais, não se trata de um acúmulo, mas do
sentido que damos a elas. O termo estético “evoca a concepção grega denominada de
aisthetique e tem sua origem no verbo aisthesis que se refere ao conhecimento sensível, a
possibilidade de conhecermos através dos sentidos, das sensações” (MASSA, 2002, p.291).
Um dos papéis do Teatro na sala de aula é possibilitar um novo olhar sobre a arte,
saindo da rotina, afastando-se dos preconceitos sociais, gerando pontes entre o pensar e o
experienciar no próprio mundo.
Nesse sentido uma maior compreensão da arte pode ser estudada e aprofundada no
contexto escolar, pelo fato de estar ligada ao campo da subjetividade criadora, por dar forma a
um pensamento, por exemplo, surge um potencial de criação que produz várias formas
1
Universidade Federal do Tocantins. Licenciada em Teatro.E-mail: [email protected]
2
Universidade Federal de Tocantins. Professora Adjunta do curso de Licenciatura. E-mail:
[email protected]
imagéticas dentro de diferentes contextos, sejam eles produzidos através de imagens, sons,
táteis ou musicais.
Dentro dessa prática nasce um processo criador que gera autonomia no aluno para
adquirir novas vivências a partir de estímulos propostos pelo professor de Teatro em suas
aulas. Esse processo é orgânico pelo fato de estar naturalmente relacionado ao que o ser
humano carrega por meio de sua relação consigo mesmo, com o outro e por fim com a própria
vida.
De acordo com a filósofa Nussbaum (2015), importantes educadores destacam a
relevância das artes e das humanidades como proporcionadoras de estímulos que ensinam as
crianças o raciocínio crítico que é indispensável para agir com independência, tanto como
para resistir com inteligência a força da tradição e de autoridades irracionais. Os alunos
aprendem a se colocar na posição dos outros e por consequência desenvolvem o que seria o
seu “olhar interno” ou seja uma forma de autoconhecimento e alteridade.
Na prática das aulas de Teatro tem-se a oportunidade de aguçar o pensamento e a
imaginação, bem como de proporcionar novas relações tanto individuais como coletivas. Os
sujeitos aprendem a se colocar frente ao mundo e as adversidades de forma responsável, fato
este que pode tornar a sua comunicação mais clara potencializando seu ponto de vista ou
abrindo-o a novas possibilidades antes não percebidas.
Procedimentos metodológicos
4
O termo indutor de jogo, trata-se de um agente disparador que faz relação com o jogo principal. De acordo com
Ryngaert (2009) o trabalho criativo nasce do estímulo que um indutor oferece.
era pegar em jornais e explorar as formas de senti-lo, descobrindo novos sons ao rasgá-los e
em seguida reproduzir estes sons com a boca tendo a liberdade de ampliá-los e ao final uma
possível composição musical utilizando os sons descobertos no processo.
Já no conto “Catuto em metamorfose”, os indutores principais foram; a criação de
partituras corporais a partir de experimentação sensitiva, jogos elaborados trabalhando a
capacidade de experimentação a partir de criação de sons, além de processos corporais
relacionados a “metamorfose”, entendendo os seus significados e propondo isso em exercícios
ora individuais, ora coletivos.
Considerações Finais
Referências
RYNGAERT, Jean-Pierre. Jogar, representar. São Paulo, Cosac e Naify, 2009.
MASSA, C.D. Estética do espetáculo teatral: Tragédia e comédia na Grécia Antiga durante
o período clássico. Salvador: Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes
Cênicas/ ABRACE, 2001, pp.290-296.
NUSSBAUM, Martha. Sem fins lucrativos: por que a democracia precisa das humanidades.
São Paulo: M.Fontes, 2015.
CORPO HUMANO: MEU CORPO É...
Sala 2
Resumo: O estudo do corpo humano é de suma importância para a educação, inclusive para os pequeninos da
educação infantil, nesta fase da infância, as crianças têm a curiosidade, perguntam sobre como funciona o nosso
corpo, que aos poucos vai sendo explorado e desvendado pela curiosidade. Neste projeto, além de conhecer as
partes do corpo, enfatizamos a importância de ter uma alimentação saudável, balanceada e rica em frutas,
verduras e legumes, trabalhamos também a higiene para o nosso bem-estar e saúde, bem como os benefícios dos
exercícios físicos. O estudo foi desenvolvido no primeiro semestre de 2016, na turma do maternal II, do Centro
Municipal de Educação Infantil–CMEI Sementes do Amanhã, em Palmas - TO, por meio de atividades e
experiências teórico/práticas, que aconteceu de forma interdisciplinar, no qual busquemos aplicar atividades a
que contribui para o processo de desenvolvimento integral das crianças, o trabalho teve como objetivo conhecer
e despertar nas crianças a curiosidade e interesse em estudar o corpo humano, o conhecimento de suas partes,
funções e cuidados; para que perceba suas possibilidades e limitações, diferenças e semelhanças, bem como, a
importância de cada pessoa como ser único e a necessidade da alimentação saudável. Com estes trabalhos
compreendendo que no decorrer do ano e ao final do projeto, a partir das atividades vivenciadas pelas crianças e
da prática pedagógica desenvolvida juntamente com a participação e colaboração das crianças e família,
buscamos atingir os objetivos propostos.
Introdução
O presente trabalho foi desenvolvido em 2016, na turma do maternal II, com crianças
entre 3 e 4 anos de idade, do CMEI Sementes do Amanhã, situada no município de Palmas -
TO. Sendo orientado, acompanhado e supervisionados pelas professoras regentes da turma.
Partindo da percepção da curiosidade das crianças em explorar suas diversas partes corporais,
propusemos desenvolver esse tema no intuito de conhecer melhor tanto as partes corporais
internas e externas, Este projeto buscou despertar nas crianças a curiosidade e interesse em
estudar o corpo humano, o conhecimento de suas partes, funções e cuidados; para que perceba
suas possibilidades e limitações, diferenças e semelhanças, bem como, a importância de cada
pessoa como ser único e a necessidade da alimentação saudável. Deste modo, o estudo foi
desenvolvido por meio de atividade, brincadeiras, músicas, histórias, pesquisas e
1
Pedagoga, graduada pela Universidade Federal do Tocantins (UFT, 2012). Professora da Rede Municipal de
Ensino de Palmas – TO, Centro Municipal Educação Infantil - Cmei Sementes do Amanhã . Aluna do Curso
de Especialização Lato Senso Educação Pobreza e Desigualdade Social da UFT 2016/2017. E-mail:
keritaferreira@hotmail.
2
Pedagoga, graduada pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL, 2015). Professora da Rede Municipal de
Ensino de Palmas – TO, Centro Municipal Educação Infantil - Cmei Chapeuzinho Ve rmelho. Aluna do
Curso de Especialização Lato Senso Educação Pobreza e Desigualdade Social da UFT 2016/2017. E-mail:
[email protected]
experiências, entre outras.
Nesta fase da infância, entre 3 e 4 anos, as crianças sempre perguntam sobre como
funciona o nosso corpo, fase dos “porquê?”, elas querem saber tudo e o corpo humano vai aos
poucos sendo explorado e desvendado pela curiosidade, braços, pernas, mãos, enfim, tudo.
Para que a criança entenda seu corpo é importante que ela perceba a sua importância e
cuidados que devemos ter com ele. Desta forma, neste projeto, além de conhecer as partes do
corpo, iremos enfatizar a importância de ter uma alimentação balanceada e rica em frutas e
verduras, trabalharemos a higiene para o nosso bem-estar e saúde, bem como exercícios
físicos.
Por ser um tema tão importante e que desperta curiosidade, não é estranho que levante
tantas questões. Sendo, papel do professor de tentar ajudá-los a construir explicações mais
ajustadas sobre o tema, e despertar novos pontos. É claro que não se espera que os alunos
consigam entender toda a complexidade do organismo humano e das explicações científicas
que ajudam a entendê-lo, mas é preciso que conheçam as características e definições básicas,
as funções dos diversos órgãos e suas relações. O foco do trabalho nessa etapa é ajudar a
turma a perceber o corpo como um todo, integrado, em que diversos sistemas realizam
funções específicas, interagindo para a sua manutenção. Além disso, é necessário relacionar o
equilíbrio e a saúde do organismo com atitudes e interações com o ambiente, como
alimentação, higiene pessoal e atividades físicas.
Procedimentos Metodológicos
Conforme o documento que norteia a educação infantil do Município de Palmas,
Referencial Curricular Municipal da Educação Infantil (RCMEI) , o educador, ao trabalhar os conteúdos,
deve proporcionar as crianças experiências que possibilitem aproximação ao conhecimento
das diversas formas de representação e explicação do mundo social e natural, realizando
atividades a partir da observação, da manipulação, da experimentação com diferentes
materiais e situações, de preferência que estejam vinculadas ás temáticas da sociedade
contemporânea.
Desenvolvimento
Dia, hora e local: a atividade foi realizada dia 22 de fevereiro de 2016, no período da manhã,
na turma do maternal II do Cmei Sementes do Amanhã.
Objetivos:
Favorecer a interação e a socialização da turma.
Conhecer e familiarizar-se com projeto;
Conhecer as partes do corpo e aprender a nomeá-las;
Incitar a curiosidade sobre as partes externas que compõem o corpo humano;
Desenvolvimento da atividade:
A primeira ação do projeto foi uma conversa na rodinha, neste momento falamos sobre
o projeto, indagamos sobre as partes que compõe o corpo humano, para então sabermos os
conhecimentos prévios dos alunos. As crianças participaram ativamente, expondo seus
conhecimentos, citaram os nomes membros externos, mostrando-os (braços, pernas, pé, mão,
cabeça, olhos, boca, orelha, nariz...). No segundo momento, falamos sobre o projeto, os
objetivos e como iriamos desenvolvê-lo ao longo do ano.
Depois desses momentos, utilizamos o painel móvel para montar o boneco com
encaixe dos membros externos (tronco, cabeça, braços e pernas). Fomos nomeando as partes
do corpo e encaixando em seus devidos lugares.
Dia, hora e local: a atividade foi realizada dia 23 de fevereiro de 2016, no período da tarde, na
turma do maternal II do Cmei Sementes do Amanhã.
Objetivos:
Estimular a linguagem oral e escrita, a criatividade e a coordenação motora;
Estimular a expressão de ideias;
Estimular a percepção de mundo da criança;
Conhecer e identificar as partes do corpo que falta na imagem;
Desenvolvimento da atividade:
Dia, hora e local: a atividade foi realizada dia 25 de fevereiro de 2016, no período da tarde, na
turma do maternal II do Cmei Sementes do Amanhã.
Objetivos:
Estimular a linguagem oral e escrita, a criatividade e a coordenação motora;
Estimular a expressão de ideias;
Estimular a percepção de mundo da criança;
Conhecer e identificar as partes do corpo que falta na imagem;
Conhecer as partes do corpo e aprender a nomeá-las;
Desenvolvimento da atividade:
Quando as professoras indagavam pra que servia cada parte do corpo, as crianças iam
respondendo com entusiasmos e mostrando. Quando perguntado onde fica o membro “X”,
elas mostravam em seu próprio corpo.
Crianças: os olhos
Crianças: a boca.
Seguindo assim até completar o rosto. Logo, algumas crianças foram chamadas para
desenhar os órgãos dos sentidos, no momento ouve o questionamento que faltava o umbigo,
então resolveram desenha-lo.
Resultado: O Resultado foi muito bom, houve a participação em peso das crianças,
que demonstraram interesse e curiosidade, atingindo o objetivo proposto.
Dia, hora e local: a atividade foi realizada dia 21 de março de 2016, no período da manhã, na
turma do maternal II do Cmei Sementes do Amanhã.
Objetivos:
Estimular a linguagem oral, a criatividade e a coordenação motora;
Estimular a percepção de mundo da criança;
Explorar e utilizar os movimentos de encaixe;
Estimular o raciocínio logico
Favorecer a interação e socialização da turma;
Incitar a curiosidade sobre as partes que compõe o corpo humano;
Identificar e nomear as partes do corpo humano;
Desenvolvimento da atividade:
Resultado: Sendo assim o jogo e a brincadeira são, por si só, uma situação de
aprendizagem, as regras e a imaginação favorecem à criança e o comportamento além dos
habituais. Evidentemente, contribui de forma intensa e especial para seu desenvolvimento.
Dia, hora e local: a atividade foi realizada dia 22 de março de 2016, no período da tarde, na
turma do maternal II do Cmei Sementes do Amanhã.
Objetivos:
Proporcionar a percepção do corpo, e expressão da imagem através do desenho;
Desenvolver a coordenação motora;
Estimular o raciocínio logico;
Trabalhar as formas geométricas: circulo, retângulo, quadrado e triangulo;
Relacionar cores e formas geométricas;
Reconhecer e identificar as cores utilizadas na atividade;
Desenvolvimento da atividade:
Após o lanche da tarde, na roda de conversa, houve o debate sobre as cores e formas
que iramos trabalhar na atividade, as professoras ia mostrando um tipo de forma e
perguntando: que forma é esta? Qual a cor dela? As crianças iam respondendo as perguntas. A
maioria das crianças já possui noção de cores e formas. Assim, foi até ser apresentadas todas
as formas e suas respectivas cores. Em seguida, a professora Thatiane e demais professoras
foram juntas com as crianças montando um boneco utilizando as formas. Após esta roda de
conversa as professoram foram convidando, aos pouco, as crianças para irem ao espaço
externo da sala (refeitório), e lá realizar a parte individual da mesma.
Resultado: Foi muito gratificante ver os alunos conseguido realizar a atividade, essas
ações são determinante para o processo ensino-aprendizagem e para o desenvolvimento do
aluno.
Atividade pedagógica: banho de boneco(a)
Dia, hora e local: a atividade foi realizada dia 24 de março de 2016, no período da tarde, na
turma do maternal II do Cmei Sementes do Amanhã.
Objetivos:
Favorecer a interação e socialização da turma;
Estimular o raciocínio logico;
Valorizar atitudes relacionadas à higiene e bem estar individual e coletivo;
Estimular o respeito a si mesmo, suas capacidades e limitações;
Ampliar a percepção da criança de sua autonomia em momentos de higiene para o
bem estar do nosso corpo e saúde;
Desenvolvimento da atividade:
Solicitamos à família das crianças, por meio de bilhete, para que neste dia trouxessem
de casa bonecas(os) e recipientes/bacias para realização da atividade.
Foi uma atividade prática “banho de bonecas e bonecos” em que as crianças com
auxilio das professoras nomearam e identificaram as partes do corpo de forma lúdica,
contribuindo assim, para o entendimento e conhecimento do esquema corporal.
Anteriormente, na roda de conversa as professora fizeram uma explanação do conteúdo
“corpo humano e higiene corporal”, explicamos como iria proceder a atividade, fizermos os
combinados, as crianças estavam muito curiosas e entusiasmadas para a realização da
atividade, era uma atividade nova e diferente, sem contar na alegria das crianças em
apresentar os materiais que trouxeram de casa. Só então, levamos as crianças para o pátio da
unidade. Chegando no pátio sentamos as mesmas na calçada, cada uma com seu recipiente e
boneca(o), as crianças que esqueceram providenciamos alguns da unidade para que todos
pudessem participar. Então, as professoras distribuíram água e sabão liquido, iniciamos o
banho orientando e indagando as crianças “quais partes estavam lavando” “e agora vamos
lavar o que?”, e elas iam respondendo: braços, pernas, barriga, vagina, axila, barriga...),
algumas crianças ate citaram que devíamos ter cuidado com o oooosabão no olho.
Instigávamos para que repetissem o nome das partes do corpo. Em seguida, deixamos as
crianças um tempo livres para usarem a criatividade e se socializarem.
Após o lanche da tarde, na roda de conversa, houve o debate sobre as cores e formas
que iramos trabalhar na atividade, as professoras ia mostrando um tipo de forma e
perguntando: que forma é esta? Qual a cor dela? As crianças iam respondendo as perguntas. A
maioria das crianças já possui noção de cores e formas. Assim, foi até ser apresentadas todas
as formas e suas respectivas cores. Em seguida, a professora Thatiane e demais professoras
foram juntas com as crianças montando um boneco utilizando as formas. Após esta roda de
conversa as professoram foram convidando, aos pouco, as crianças para irem ao espaço
externo da sala (refeitório), e lá realizar a parte individual da mesma.
Resultado: Foi muito gratificante ver os alunos conseguido realizar a atividade, essas
ações são determinante para o processo ensino-aprendizagem e para o desenvolvimento do
aluno.
Dia, hora e local: a atividade foi realizada dia 22 de março de 2016, no período da tarde, na
turma do maternal II do Cmei Sementes do Amanhã.
Objetivos:
Proporcionar a percepção do corpo, e expressão da imagem através do desenho;
Desenvolver a coordenação motora; ,k,,86,,.,
Estimular o raciocínio logico;
Trabalhar as formas geométricas: círculo, retângulo, quadrado e triangulo;
Relacionar cores e formas geométricas;
Reconhecer e identificar as cores utilizadas na atividade;
Desenvolvimento da atividade:
Após o lanche da tarde, na roda de conversa, houve o debate sobre as cores e formas
que iramos trabalhar na atividade, as professoras ia mostrando um tipo de forma e
perguntando: que forma é esta? Qual a cor dela? As crianças iam respondendo às perguntas. A
maioria das crianças já possui noção de cores e formas. Assim, foi até ser apresentadas todas
as formas e suas respectivas cores. Em seguida, a professora Thatiane e demais professoras
foram juntas com as crianças montando um boneco utilizando as formas. Após esta roda de
conversa as professoram foram convidando, aos pouco, as crianças para irem ao espaço
externo da sala (refeitório), e lá realizar a parte individual da mesma.
Resultado: Foi muito gratificante vê-los conseguido realizar a atividade, essas ações
são determinante para o processo ensino-aprendizagem e para o desenvolvimento do aluno.
Considerações Finais
O trabalho obteve resultados positivos, como produto final, além do aprendizado das
crianças, dos profissionais envolvidos e envolvimento da unidade e famílias, construímos um
diário de bordo e realizamos a culminância do projeto no Berço de Talentos, é um evento que
ocorre nas unidades de educação municipal, neste são apresentadas as experiências (uma de
cada sala), no qual é avaliado por uma equipe técnica da Secretaria de Educação e por alguns
(dois) pais da comunidade que a unidade escolhe. O evento é apresentado por alunos e
professores, sendo aberto a comunidade. O trabalho/experiência que obteve maior pontuação,
é escolhido à representar a Unidade na Fecit – Feira de Ciência e Tecnologia da rede.
Referências
Sala 08
Resumo: O presente artigo aborda as relações entre o ato de brincar e experiência criativa dando destaque a
brincadeira como fonte de experiência estética no processo de criação, segundo as concepções de autores como
Isabel Marques, Paulo Freire, Tizuko M. kishimoto, John Dewey, Winnicott e Jorge Bondía Larrosa. Descrevo
aqui, o processo metodológico da pesquisa de caráter qualitativo realizada no período 2014 a 2015, com o Grupo
de Banda Percussiva Meninos do São João, da cidade de Palmas-To. Este estudo teve como objetivo investigar e
registrar quais sentidos o “corpo” assume durante a experiência artística e estética vivenciada para a criação do
Espetáculo “DuCampo”, a partir da brincadeira como tema gerador. Os resultados obtidos trazem as falas dos
alunos e professores, levantadas nas rodas de conversa, e revelam as diversas significações assumidas pelo corpo
na criação do espetáculo passando de corpo-instrumento de experiência para “corpo-expressivo”, “corpo-
sensível”, “corpo-ação”, “corpo-brinca”. Tais resultados estimulam a reflexão sobre a concepção do jogo e da
brincadeira e sua contribuição na ampliação do repertório cultural e maior sensibilização e expressividade dos
alunos junto aos processos arte-educativos. Podendo assim orientar novos projetos e ações dentro da perspectiva
lúdica no ambiente escolar.
Introdução
A brincadeira tem sido foco do interesse de pesquisadores em diferentes áreas, como a
Sociologia, Psicologia, Filosofia, Educação, Artes, dentre outras; estudos que buscam
entender a criança a partir do universo lúdico. No entanto seu conceito é bastante flexível, o
que permite liberdade de interpretação, pois ao longo da história, esse fenômeno e suas
definições vão se transformando, se adaptando, interagindo simbolicamente segundo a época
e cultura que fazem parte. Assim, o objetivo deste artigo é apresentar parte do processo
metodológico da pesquisa corpo-brinca: corpo como experiência estética no processo criativo,
e estimular a reflexão sobre a concepção do jogo e da brincadeira e sua contribuição na
ampliação do repertório cultural e maior sensibilização e expressividade dos alunos junto aos
processos arte-educativos.
A maioria dos profissionais da área da dança normalmente não incorpora o ato de
brincar nas suas atividades educativas, mesmo reconhecendo que a brincadeira é importante
para o desenvolvimento, a aprendizagem e o bem-estar dos seus alunos. Buscam referências
que não são nossas, de corpos que não são seus, estão presos em um “corpo concha”
(LANGVELD apud MARQUES, 2011b). Segundo Marques (2011b, p. 33), sair desse padrão
1
Liubliana Silva Moreira Siqueira. Mestre em artes. Programa de Mestrado Profissional em ARTES/UNB-DF.
SEMED- Palmas. E-mail: [email protected].
significa tornar a dança “[...] um convite à crítica e a transformação de corpos/pessoas”.
Significa ser “corpo crítico e social”. Nesse sentido apresento neste artigo um pouco do meu
modo de pensar e agir relacionado à dança a partir do universo lúdico, na tentativa de
compreender mais sobre o corpo em experiência, junto aos processos educativos, segundo as
concepções de autores como Isabel Marques, Paulo Freire, Tizuko Morchida kishimoto,
Winnicott, John Dewey e Jorge Bondía Larrosa.
A brincadeira é um espaço potencial para se experimentar o viver criativo, é uma
atividade que desenvolve o físico, a mente, a auto-estima, a afetividade, torna a criança ativa e
cria símbolos que representam sua cultura, sua comunidade, seu grupo. Posto isso, faço aqui o
convite para vivenciar a prática corporal de forma lúdica através do corpo que brinca, levando
em conta aspectos importantes, como a valorização da experiência do aluno para fonte de
repertório e base de criação; a aprendizagem progressiva que inicia a prática de forma mais
simples até atingir níveis mais complexos, acompanhando o desenvolvimento dos alunos;
além dos elementos heterogêneos, formadores da cultura lúdica, como os brinquedos e
brincadeiras presentes no cotidiano desses alunos.
Este artigo parte de uma pesquisa que buscou trilhar seu caminho através da
experiência criativa. Durante todo processo de criação, a interação e a criatividade foram
propostas como veículo de comunicação entre os alunos, os professores, e os objetos lúdicos.
Como co-criadores do espetáculo, os alunos, assumiram o papel de sujeitos lúdicos, críticos e
sociais (MARQUES, 2011b), participando não só da criação, mas, da interpretação do
processo.
Os resultados obtidos trazem as falas dos alunos e professores, e revelam que a
dimensão lúdica colaborou com o processo de ensino e aprendizagem, interligando a prática
corporal e a música, criando uma nova forma de aprender através de uma experiência criativa
e lhe conferiu uma relação espontânea e comunicativa, de experimentação e exploração de
movimentos para a dança. As diversas significações assumidas pelo corpo na criação do
espetáculo vão se transformando ao longo do processo, passando de corpo-instrumento de
experiência para “corpo-expressivo”, “corpo-sensível”, “corpo-ação”, “corpo-brinca”.
No entanto esta pesquisa não se caracteriza por uma receita, mas um convite à reflexão
do corpo-brinca em experiência estética e artística no processo criativo, podendo assim
contribuir para outros contextos arte-educativos.
Esse processo do trabalho corporal é divido em quatro etapas. A primeira etapa foi
caracterizada pelo estudo observação, momento em que foram observadas as aulas de música
e apresentações realizadas pelo grupo durante dois meses (período entre fevereiro e março de
2015). Essa etapa teve como foco questões relacionadas à sensibilidade e à expressividade
corporal nas aulas e na cena (apresentações), registrado por meio de vídeos e fotografias, a
reação do corpo que ora está em seu ambiente de aula (quadra da escola) ora está na cena
(eventos da Prefeitura e Secretaria de Educação de Palmas e apresentações realizadas nas
quadras de outras escolas de tempo integral do campo).
Com o término do estudo observação, foi diagnosticado que o corpo, em alguns
momentos, é preterido durante o processo de ensino e aprendizagem. Percebeu-se a falta de
orientação corporal específica, que contribuísse para ampliar as possibilidades de ação junto
ao fazer musical desse grupo, o que restringia o corpo a um corpo estático, preso a reprodução
musical. Partindo desse diagnóstico, foi delineado como caminho desta pesquisa, a
incorporação da dança como prática de interação de uma nova experiência estética, de
maneira que contribuísse para uma maior sensibilização e expressividade, a partir do universo
lúdico. É nesse sentido que as aulas de dança são inseridas como parte do processo criativo do
Espetáculo “DuCampo”. As atividades tiveram como base os Jogos Corporais desenvolvidos
por Angel Vianna (2007)2.
O próximo passo foi o estudo diagnóstico, etapa que teve como objetivo a
comunicação e expressividade. Para isso, foram realizadas oficinas de dança, usando como
base os Jogos Corporais, com o intuito de conhecer o repertório corporal dos alunos do grupo,
quais as linguagens de dança que eles conheciam e gostavam. Ao longo das atividades, foi
sugerido que os alunos explorassem as diversas possibilidades de movimento de cada um
deles, trabalhando o improviso, a criatividade, o domínio dos movimentos corporais e a
integração com o grupo, com o espaço e as dinâmicas de movimentos. Durante as aulas os
professores de música e dança, utilizaram instrumentos percussivos para criar a trilha sonora
que ditava o ritmo das aulas. Ao longo das atividades, os alunos foram se aproximando mais e
ficando mais disponíveis para o diálogo, ao perceberem que sua história, sua vivência era
importante para o grupo e peça fundamental para a criação do espetáculo.
Em rodas de conversa, foram levantadas questões sobre a percepção corporal, o corpo
no espaço e o movimento. Os alunos expuseram as dificuldades que tinham com relação à
flexibilidade, as limitações relacionadas ao corpo em movimento e o entendimento da dança a
partir de estilos como funk, hip hop, axé e sertanejo. Esses momentos foram importantes para
estabelecer um primeiro contato com o grupo, constituir por meio da “roda” um caminho para
o aprendizado da convivência, trazer à tona os sentidos que o corpo assume em sua prática
musical. Neste artigo escolhi descrever uma das atividades desenvolvidas junto dos alunos:
Vontade Própria: nessa atividade é solicitado que os alunos elejam uma parte do seu
corpo. Essa parte ganha “vontade própria”; eles fazem movimentos acompanhando o ritmo da
música percussiva, que é tocada pelos professores de música. Ao longo da atividade outras
partes do corpo são selecionadas para que os alunos explorem as diversas possibilidades de
movimento de cada um deles. Como resultado foi trabalhado o improviso, criatividade,
domínio dos movimentos corporais e a integração com o grupo de forma livre e espontânea.
Após esse conhecer coletivo, iniciou-se o estudo corporal. Foram propostas atividades
como preparação para a montagem coreográfica do espetáculo. Os alunos partiram da
movimentação presente em seu cotidiano como: andar, correr, pular, torcer, empurrar, apoiar,
pontuar, etc. Essa etapa foi divida em três momentos: o primeiro momento - teve como
2
Os jogos Corporais são definidos por Angel Vianna como uma improvisação que é ao mesmo tempo uma
criação musical e teatral. Uma das características básicas desses jogos é deixar o corpo experimentar uma
movimentação fruto de um relacionamento espontâneo com o outro ou com um objeto (RAMOS, 2007, p.44)
objetivo desenvolver a dança “em conexão ao corpo”. Ao som percussivo tocado pelos
professores de música, são dados estímulos para que, aos poucos, os alunos se movimentem
pelo espaço. Também foi possível trabalhar noções de tempo, deslocamento no espaço,
dinâmicas de aceleração e desaceleração, direção, integração com o grupo e noção de apoios.
Descrevo uma atividade dessa etapa:
Os animais: nessa atividade os alunos são orientados a ocuparem livremente o espaço
da quadra, deitarem-se no chão (como uma estrela do mar, com os braços abertos ocupando
toda extensão do espaço com seu corpo) de olhos fechados. Ao som percussivo tocado pelos
professores de música, são dados estímulos para que aos poucos os alunos se movimentem
pelo espaço, começando devagar com cada parte do corpo.
Após essa experimentação, os alunos abriram os olhos e o nome de alguns animais foi
citado para que eles reproduzissem, à sua maneira, a movimentação deste pelo espaço.
Primeiramente por animais que caracterizam o nível baixo (cobras, lagartixas, lagartos) depois
nível médio (gato, cachorro, onças, macaco, girafas) e por fim animais do nível alto (pássaros,
borboletas, águia). Nessa atividade foi trabalhada a percepção corporal, tônus corporal, a
compreensão das articulações e espaço. As noções do que eram os níveis alto, médio e baixo
foram discutidas antes do início da atividade e puderam ser compreendidas de forma prática
durante a atividade proposta. Nas rodas de conversa, foram levantadas questões sobre sentir o
próprio corpo e pensar sobre ele enquanto experiência estética e artística.
Processo em que a dança foi desenvolvida conectando-se ao universo lúdico, que teve
como objetivo a experimentação corporal, a partir do ato de brincar. O conteúdo programático
da última parte das aulas de dança destaca-se pelo compartilhamento de vivências,
primeiramente nas rodas de conversa e depois na prática das aulas de dança. As atividades
desenvolvidas nessa etapa foram: Roda de conversa e Explorando brinquedos e brincadeiras.
Ilustrações 2 e 3 - Roda de Conversa. Abril de 2015.
Quadra da E.T.I. do Campo Marcos Freire. Foto: Liu Moreira, 2015.
3
Termo utilizado pelos alunos do projeto Meninos do São João para designar a brincadeira Bola de Gude, que
também pode receber outras designações dependendo de cada região e/ou país.
4
Termo utilizado pelos alunos do projeto Meninos do São João para designar a brincadeira Peteca, que também
pode receber outras designações dependendo de cada região e/ou país.
e coletivas, excluir da seleção o futebol (por ser uma atividade que é muito praticada nas aulas
de educação física), e não escolher nenhuma brincadeira ou brinquedo que pudesse gerar atos
de violência (arminha de tampa, estilingue, queda de braço, passou levou, vaca parida, etc).
Sendo assim, em votação com os alunos, formam escolhidas as brincadeiras: amarelinha,
elástico, pião, queimada, bambolê, peteca, ioiô, peteca de índio e pular corda.
Explorando brinquedos e brincadeiras: para essa atividade foram trazidos alguns
desses brinquedos. Os alunos foram divididos em grupos e ficaram livres para escolher o seu
brinquedo e brincar. O intuito era conhecer todas as possibilidades de movimentação que
poderiam surgir do laboratório dessa vivência, partindo, primeiramente, do simples ato de
brincar, de interagir com: pião, bola de gude, elástico, peteca de índio, pular corda, bambolê,
ioiô, queimada.
Essa experimentação criou um leque de possibilidade de novos movimentos que
seriam a base para a criação coreográfica do espetáculo, além de ser um momento de conexão
uns com os outros, de integração entre o grupo, sua história, seu cotidiano, sua escola e a
comunidade onde moram. Também trouxe à tona a valorização do universo lúdico e de
brincadeiras tradicionais, que muitas vezes são esquecidas na contemporaneidade. Pude
perceber que o contexto desses alunos, que compreende em sua maioria a zona rural, ainda
preserva em sua comunidade hábitos tradicionais como: moer café para tomar na hora, plantar
e criar animais para seu consumo, brincar na rua, catar fruta no pé (pequi, jabuticaba, buriti,
etc), andar de bicicleta, jogar bola no campinho de terra, pular elástico.
Antes que possamos ter um corpo disponível para a dança, é preciso sentir que
temos um corpo.
Angel Vianna, 2007.
O Processo Criativo foi resultado das etapas anteriores. A partir da minha vivência
como bailarina, coreógrafa e arte educadora, busquei levar para esse grupo a experiência de
ser co-criador desse espetáculo. Fez parte desse processo: o estudo de roteiro e o estudo
coreográfico. No estudo de roteiro foram promovidas rodas de conversa entre os professores
de música e dança, para a criação do roteiro do espetáculo.
O tema “DuCampo” trouxe à tona os elementos da natureza (água, terra, ar e fogo), o
cotidiano dos alunos e as brincadeiras que fizeram parte das oficinas de dança. O nome foi
escolhido entre os professores e depois foi levado até os alunos para que pudéssemos
conversar sobre essa escolha e o contexto do espetáculo. Após apreciação do grupo, falamos
sobre as cenas do espetáculo e como poderia ser o caminho dessas cenas; isso foi apresentado
ao grupo e deixado aberto para diálogo e sugestões dos alunos.
Ao longo do trabalho percebi o quanto os alunos cresceram, assumindo seu papel
como co-criador desse espetáculo. Começaram a dar opinião sobre a criação das cenas, sobre
a escolha da trilha sonora e como poderíamos unir as brincadeiras com a música. Como eles
tinham um maior domínio da parte musical, o entrosamento do grupo para a composição da
trilha sonora, junto aos professores de música, foi bem rápido, unindo músicas do seu
repertório como o maculêlê, o samba reggae, à novos ritmos como o hip hop, o samba e a
súcia.
NOTAS FINAIS
A proposta desta pesquisa foi pautada em uma nova experiência estética e artística por
meio da incorporação da dança no fazer musical do Grupo Meninos do São João, utilizando a
dimensão lúdica como desencadeadora da prática corporal. Por consequência, surgiram
algumas questões: A experiência cultural pode ser fortalecida pelo potencial criativo e livre do
ato de brincar? As brincadeiras e brinquedos realmente auxiliam na ampliação do repertório
de movimentos para a criação em dança? Corpos que brincam são corpos que dançam? E
ainda minha questão maior, quais os sentidos assumidos pelo corpo durante o processo
criativo do espetáculo “DuCampo”? Essas e outras inquietações permearam o universo dessa
investigação, levando à descobertas, caminhos e reflexões sobre o processo criativo, descritas
brevemente neste artigo.
Para isso foi preciso assumir o desafio de ir além do corpo estático, fechado e
limitado, “corpo concha”, possibilitar através da incorporação da dança, “projetos
comunitários”, que imprimissem novas formas de dançar, novas formas de fazer-pensar-
sentir o corpo em experiência, tendo assim o corpo enquanto corpo-social. O dançar aqui
esteve interligado ao brincar, foi imaginar, inventar, comunicar, interagir, foi relação, foi
representação do corpo em experiência lúdica e estética no espetáculo “DuCampo”.
Para responder a essas perguntas faz-se necessário reconhecer dentro dos processos de
ensino e aprendizagem, outro caminho para se trabalhar a dança e a música, linguagens que
constantemente são revestidas por funções do brincar, permeando as descobertas dos alunos
por meio de suas experiências estéticas e artísticas no que tange a expressão corporal e
musical. Pode-se perceber isso quando essas linguagens saem da imposição de técnicas
codificadas, pré-determinadas e prontas, adquirindo um caráter mais dinâmico, livre,
inventivo, interativo e, consequentemente, relacional. Brincar, nesse ambiente cultural e
educacional foi uma ação direcionada como veículo de incorporação da dança e fez surgir um
novo caminho para o ensino da dança e música.
O tema gerador foi tratado como veículo de uma nova experiência que uniu o pensar, o
agir e o refletir nessa prática. Por isso, a escolha das brincadeiras e dos brinquedos
tradicionais. Não me refiro aqui ao resgate, que, segundo Marques (2012, p.48), “nos
transporta para o passado de forma acrítica e sem possibilidade de transformação”, e sim à
experiência que surge da vivência com o ato de brincar e produz conhecimento, resultando na
criação de um espetáculo.
Sendo assim volto às questões: a experiência cultural foi fortalecida pelo potencial
criativo e livre do ato de brincar? Acredito que sim, a experiência cultural é definida por
Winnicott (1975), como uma terceira área do viver, produto das experiências da pessoa em
seu meio. Por isso, ao experienciar a dança por meio do brincar, os Meninos do São João
fortaleceram sua experiência cultural, pois o brincar é um espaço potencial de vivência
cultural, que reúne as experiências individuais e coletivas em um mesmo lugar.
As brincadeiras e brinquedos realmente auxiliaram na ampliação do repertório de
movimentos para a criação em dança? Tendo o brincar como espaço exploratório de
experiência, foi possível registrar nas observações do diário de bordo, nas fotografias e
filmagens as múltiplas possibilidades de movimento surgidas do ato de brincar. Com o corpo
mais livre, solto, alegre e dinâmico, os sujeitos assumiram seu papel de co-criadores do
espetáculo e contribuíram, de forma enriquecedora, para o processo criativo. O corpo antes
preso à instrumentalização e reprodução de movimentos se viu livre para experimentar,
explorar e criar.
Por conseguinte, corpos que brincam são corpos que dançam? Durante toda essa
investigação tive como proposta fugir da significação de “corpos concha”, corpos fechados
para o diálogo e troca de experiências. Nosso objetivo principal com a prática corporal foi
trazer uma nova experiência que justamente valorizasse o corpo dos alunos, enquanto “corpos
sociais”, que fortalece as relações do “ser-com-ele”, “ser-com-outro” e “ser-no-mundo”.
Nesse sentido a interação do sujeito com o ato de brincar foi um caminho para transformar
esse corpo estático em corpos dançantes. Corpos que partiram do brincar-dançando para o
dançar-brincando ao longo do processo criativo do espetáculo.
O trabalho de elaboração do espetáculo ainda é uma “criação em processo”, pois
tratar-se de uma experiência criativa, dinâmica, inacabada em constante movimento, que faz
parte de uma rede em permanente produção. Busquei, neste artigo, instigar o leitor
aluno/professor a vislumbrar a brincadeira enquanto potencial campo exploratório de
experimentação e criação, descrevendo parte do processo metodológico vivido nesta pesquisa,
uma experiência interligada ao ato de brincar ampliado, aqui, para um ato de conhecimento.
Ostrower (2014, p. 132) afirma que “Nos significados que o homem encontra – criando e
sempre formando – estrutura-se sua consciência diante do viver”.
Assim, na busca de um corpo vivo, o corpo e seus sentidos foram parte da interação
corpo-música-movimento, passando de corpo-instrumento de experiência para “corpo-
expressivo”, “corpo-sensível”, “corpo-ação” e “corpo-brinca”, uma experiência em processo,
em constante movimento. Nessa perspectiva, esta pesquisa é o registro das transformações de
um corpo que, antes de tudo, se propõe a brincar. Esta pesquisa não se caracteriza por uma
receita, mas um estímulo, uma direção, um caminho, um convite à reflexão do corpo-brinca
em experiência estética e artística no processo criativo e que pode contribuir para outros
contextos arte-educativos.
REFERÊNCIAS
__________. Ensino de dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 2011a.
K. F. A.1
P. M. F.2
D. A. A. M.3
Sala 3
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de apresentar o resultado das experiências com artefatos de linguagem,
neste caso as cartas aqui ganham destaque, nas escolas Monsenhor Pedro Pereira Piagem e Crispim Pereira
Alencar de Palmas (TO) no âmbito do programa PIBID/CAPES do Curso de Pedagogia UFT Palmas.
Desenvolvido no período de 2016/2017 com a seguinte questão de investigação: Como a escrita das cartas
fortalece a produção textual crítica e reflexiva? Os objetivos desse intercâmbio foram de estimular os alunos a
exercer seu potencial criativo reflexivo através da produção textual, promover a integração entre as escolas,
desenvolver as competências do educando nas suas relações com símbolos, expressões, ideias, imagens e
representações, valorizando a curiosidade, autonomia e a atenção permanente. A metodologia de trabalho
consiste na produção de materiais didáticos e paradidáticos, atividades lúdicas e passeios ecológicos na
cidade/campo. Os diversos saberes acadêmicos no acúmulo de experiências de projetos anteriores já constituídos
no grupo do Pibid/Pedagogia/Palmas (2014/2017), são cruciais para os resultados positivos alcançados ao
observarmos o envolvimento dos alunos com as questões ambientais.
Introdução
O presente trabalho de pesquisa buscou a incorporação de temas transversais no
processo de ensino e aprendizagem na prática docente de duas escolas municipais da cidade
de Palmas (TO). A proposta surgiu a partir do projeto integrador intitulado “O Ambiente Por
Um Fio: de olho nas águas de Taquaruçu Grande” em desenvolvimento desde o ano de
2016 no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do
curso de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
A Educação Ambiental é um processo em permanente construção pelo qual se busca
compreender e ressignificar a relação dos seres humanos com a natureza. Neste sentido, as
ações do Subprojeto Pedagogia/Pibid tinham como objetivos conscientizar e problematizar
nas escolas a importância de minimizar os impactos negativos ao meio ambiente.
1
Universidade Federal do Tocantins, [email protected]
2
Universidade Federal do Tocantins, [email protected]
3
Universidade Federal do Tocantins, [email protected]
O projeto geral iniciou em julho de 2016 e contam com a participações de quatro
escolas municipais, onze professoras, dezesseis bolsistas e contempla aproximadamente
duzentos e setenta alunos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Através do alinhamento
dos projetos desenvolvidos em todas as escolas parceiras, esperamos desenvolver na
comunidade educativa uma consciência de atenção e cuidado com a natureza, que produzam
narrativas, novos olhares durante a mostra sobre os resultados das escolas.
O presente estudo apresenta fragmentos de análise sobre projeto desenvolvido em duas
escolas do Programa que são: Escolas Municipal Crispim Pereira Alencar e Escola
Monsenhor Pedro Pereira Piagem com as turmas do 3º e 5º ano, intitulado “Correio
Itinerante - trocando cartas” interligado ao projeto O Ambiente Por Um Fio desenvolvido
no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) da
Universidade Federal do Tocantins- Campus Palmas-TO.
O problema central deste estudo versa o estímulo da linguagem oral e escrita, em que
o aluno possa exercer seu potencial criativo e reflexivo englobando no processo a família e o
meio onde vive desenvolvendo caráter crítico em relação ao descaso com o meio ambiente.
Os alunos, muito antes de adquirirem a habilidade para ler e escrever convencionalmente, já
são capazes de produzir linguagem escrita e atribuir sentido aos textos lidos. A leitura
contribui para ampliar a visão de mundo, estimular o desejo de outras leituras, exercitar a
fantasia e a imaginação.
Na LDB nº 9394/96 art. 32 propõe o “O desenvolvimento da capacidade de aprender
tendo como meio básico o pleno desenvolvimento da leitura, da escrita e do cálculo”, assim a
reflexão sobre as novas possibilidades de ação pedagógica com a língua escrita, na
perspectiva de se repensarem metodologias de trabalho que favoreçam a formação de sujeitos
reflexivos e críticos está intimamente relacionada ao contexto cultural, inclusão e a
participação efetiva no meio. Tudo isso precisa ser considerado em sala de aula para que o
processo de ensino/aprendizagem possa articular às referências que possuímos e outras que
serão adquiridas. Solé (1998) ressalta que um dos múltiplos desafios a ser enfrentado pela
escola é o de fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente. Isto é lógico, pois a
aquisição da leitura é imprescindível para agir com autonomia nas sociedades letradas. Há
ligação da nossa história cultural, familiar às nossas experiências no mundo.
Procedimentos Metodológicos
A metodologia utilizada nessa pesquisa foi através de investigação bibliográfica,
associada à experiência vivida na prática da leitura e da escrita com atividades
interdisciplinares, que consiste na produção de materiais didáticos e paradidáticos, atividades
lúdicas e passeios ecológicos na cidade/campo. Como referenciais teóricos utilizamos autores
que contemplam a formação docente por meio pesquisa como NÓVOA (1999),
HERNANDEZ (1998), PCNs (1997), SOLÉ(1998).
O projeto desenvolvido com turmas de 3º ano e do 5º ano das escolas Crispim Pereira
Alencar e Monsenhor Pedro Pereira Piagem foi realizado por duas bolsistas de iniciação à
docência e pelas professoras das respectivas turmas. Envolveram momentos de rodas de
conversas, mediação de leitura, leitura compartilhada, produções textuais através da poesia e
socialização da mesma para o grupo e/ou escola, trocas de cartas, desenhos, mapas, histórias,
fotografias, mídias digitais, oficinas, confecções de materiais didáticos, músicas e exposição
das atividades feitas pelos educandos e o intercâmbio entre as escolas.
Na Escola Municipal Crispim Pereira Alencar, situada no Bairro Taquaruçu,
localizada a 30 km da cidade de Palmas, contemplou com a turma do 3º ano o subprojeto
intitulado “Correio Itinerante - trocando cartas” e na Escola Municipal Monsenhor Pedro
Pereira Piagem, na região norte da capital, com a turma do 5º ano o subprojeto “Lúdico como
Estratégia para o Ensino de Geografia” da Escola Municipal Monsenhor Pedro Pereira
Piagem.
No final de 2016 durante o evento em Curitiba (PR) -VI Encontro Nacional das
Licenciaturas (ENALIC) - apresentamos parciais do trabalho do ano letivo de 2016, neste
projeto mostramos a continuidade do processo de ação didática. A proposta que surgiu a partir
do projeto integrador intitulado “O Ambiente Por Um Fio” terá continuidade no ano de 2017
com as turmas de 3º e 5º anos, como o gênero textual carta é pouco difundido e é sabido que
cabe à escola orientar os alunos para o conhecimento e domínio de vários gêneros textuais.
A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações diversas. É um dos mais
antigos meios de comunicação. Portanto, resgatar o gênero e fazê-lo circular entre nossos
alunos pode gerar um projeto ainda mais positivo. Tais como: Conhecer novos colegas através
das cartas, comparar Linguagens, proporcionar aos alunos a ampliação do conceito
comunicação.
Desenvolvimento
Ao iniciar o ano letivo de 2017 realizamos uma investigação diagnóstica por meio de
coleta de informações com os estudantes das duas escolas, dessa forma a pesquisa caracteriza-
se como um estudo descritivo-explicativo que se dispõe a refletir a cerca de um determinado
assunto porque este partiu de uma dada situação-problema passível de ser investigada.
Na Escola Municipal Crispim Pereira Alencar, com a turma do 3º ano, a realização do
eixo Meio ambiente: relação criança natureza iniciou com a apresentação do tema seguida de
roda de conversa sobre o que cada aluno conhecia a respeito do que estava acontecendo no
entorno de Taquaruçu (queimada, poluição, escassez de água no Ribeirão Taquaruçu). Além
disso, receberam cartas da Escola Municipal Monsenhor que relatava como era a escola e
como estava a cidade (benefícios e malefícios).
Questões foram discutidas: O que esse descaso com a natureza afetou e afeta as aves que
estão em quase extinção e outras que estão extintas? Os alunos elaboraram desenhos e cartas
falando sobre o assunto nos quais constaram fotos de queimadas, das aves e da poluição de
Taquaruçu. A apresentação foi através de leitura oral para a turma.
Na escola Monsenhor tínhamos uma turma com 36 alunos e muitas dificuldades a
serem resolvidas, foi feito um diagnóstico no começo das primeiras aulas e resolvemos
trabalhar o lúdico como forma interdisciplinar para a melhoria e a facilitando o aprender de
cada aluno. Iniciamos com a semana do dia da árvore fizemos uma releitura do conto “A
Branca de Neve” e assim fomos descobrindo maneiras de tralharmos a natureza de forma
criativa motivando a curiosidade de cada um ao cuidar desse planeta que pertence a todos nós.
Conforme afirma Leal (1999) os objetivos e propósitos das atividades de leitura e escrita são
estabelecidos a partir do reconhecimento do caráter sócio- interativo da linguagem, da
consciência de que as várias configurações textuais são determinadas pelo conjunto de
convenções estabelecido socialmente. Assim, as atividades de leitura e produção devem ser
realizadas de forma que o aluno possa refletir sobre o texto.
As respostas às cartas foram impressionantes. Observamos que em cada escrita
demonstrava a essência daquela criança e que estava surgindo um olhar crítico diante da
realidade em que o mundo vem enfrentando com o uso inadequado da água e a poluição. As
intervenções com a turma do 5º ano da Escola Municipal Monsenhor Pedro Pereira Piagem
tiveram como objetivo abordar a temática Meio Ambiente enquanto tema transversal a partir
da ludicidade nas aulas da disciplina de Geografia.
Houve contação e criação de histórias, produção de gibis e imagens, maquetes em
caixa de sapatos e na troca de cartas entre os alunos do 3º ano da Escola Crispim Pereira
Alencar de Taquaruçu. A ludicidade trouxe resultados positivos, tais como: o fortalecimento
da coletividade entre os colegas, aproximação dos alunos com o meio ambiente, servindo
como motivação para outras disciplinas.
Considerações Finais
Concluímos o projeto neste semestre letivo, considerando a escrita de cartas e o
intercâmbio entre as crianças de realidades diferentes como processos facilitadores da
compreensão da realidade social. Os diversos saberes acadêmicos no acúmulo de experiências
de projetos anteriores já constituídos no grupo do Pibid/Pedagogia/Palmas (2014/2017), são
cruciais para os resultados positivos alcançados ao observarmos o envolvimento dos alunos
com as questões ambientais.
Houve uma ampla mobilização dos educandos em um intercâmbio entre as escolas do
projeto na localidade de Taquaruçu e apresentações sobre a água com paródias e dança, trocas
de cartas, produções textuais, materiais esses que serão fontes de produção literária
envolvendo todas as escolas do projeto. A concretização desta etapa de trabalho através de
numa proposta interativa, propiciando ao educando o desenvolvimento da visão crítica que
lhe permita um protagonismo ativo, potencializando um estilo de vida consciente e saudável
da natureza.
Para nós bolsistas do Pibid o fato de poder estar em contato com as escolas no período
de graduação faz com que haja possibilidades de solucionar alguns problemas que somente
surgiriam da prática. De acordo com Nóvoa (1992), “[...] a bagagem essencial de um
professor adquire-se na escola, através da experiência e da reflexão sobre a experiência”.
ANEXOS
Referências
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, meio
ambiente. Brasília: MEC/SEF, 1997.
HERNANDEZ, Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto
Alegre: Artmed, 1998.
LEAL, T. F. Prática social de leitura na escola e na sociedade. In Leitura: Teoria
&_Prática. Campinas: ALB, Mercado Aberto. Ano 18, dez/99, n° 34.
NÓVOA, A. Notas sobre formação (contínua) de professores. [S.l:s.ed.], 1992.
(Mimeografado).
VASCONCELLOS, S. Metodologia dialética em sala de aula. São Paulo: Libertad, 1995.
VASCONCELLOS, C.S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-
pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 5. ed. São Paulo: Libertad, 2004.
VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
CRIATIVIDADE COMO POTENCIAL HUMANO
Giselli Pagliarini1
Layanne Silveira de Paula 2
Edna Maria Cruz Pinho3
Sala (01)
Resumo: O presente artigo teve como objetivo conceituar criatividade refletindo sua relação com a educação e
com a escola. A metodologia utilizada foi a bibliográfica e o aprofundamento dos conhecimentos teóricos tomou
como referência autores como Torre (1999), Suanno (2013) e Assis (2015), entre outros. O estudo mostrou que
criatividade pode ser entendida como uma habilidade humana que todos possuem, porém poucos a utilizam. É
um potencial de alto valor que deve ser estimulada e valorizada nos diferentes ambientes, principalmente na
escola. Concluiu-se que a criatividade é um caminho para mudanças na educação e para o desenvolvimento de
pessoas
Introdução
A criatividade é uma característica humana que está presente em cada criança como
força transformadora que desenvolve e fortalece a liberdade e espontaneidade. É um processo
que se manifesta na interação que tem valor para o relacionamento. Quando devidamente
valorizada, acompanha e fortalece o desenvolvimento humano.
Uma mente criativa é capaz de gerar ideias e novas propostas, assim como de
surpreender quando encontra o ambiente estimulador que possui condições e clima adequados
a estimular o pensamento, a problematização e a criação.
Valorizar a criatividade é investir no potencial humano e neste aspecto, a educação
pode contribuir de forma significativa ao oportunizar o desenvolvimento pleno da
consciência, sensibilidade, a liberdade de expressão, as inciativas, a capacidade de questionar,
entre tantas outras.
A escola, local de aprendizagem e socialização, torna-se portanto, um dos lugares
mais importantes para incentivar e oportunizar a ampliação da criatividade humana. Para que
cumpram este propósito, as escolas necessitam estar conectadas com a vida, desenvolver
1
Giselli Pagliarini. Centro Universitário [email protected].
2
Layanne Silveira de Paula. Centro Universitário [email protected].
3
Professora do IFTO e do Centro Universitário UnirG. Mestre em Educação. [email protected]. Membro do
grupo de pesquisa em Rede Internacional Investigando Escolas Criativas e Inovadoras – TO/ PPGE-UFT –
RIEC/ BRASIL.
currículos abertos que se aproximam das necessidades dos interesses dos alunos, e que
acompanhe as mudanças da sociedade contemporânea.
Neste artigo a indagação inicial sobre o que é criatividade e seu papel na escola e tem
como objetivo conceituar criatividade refletindo sobre a sua relação com a educação e com a
escola.
Procedimentos Metodológicos
O estudo que se propôs foi uma revisão bibliográfica referendada em Gil (1999) e
Lakatos (2003) que utilizou como fonte sites, bibliotecas, jornais, revistas (periódicos),
material digital e outros meios de divulgação de informação. Para seleção do material de
estudo foi estabelecido a busca nos anos de 2012 até o momento atual. Os termos de busca
utilizados foram criatividade, educação e escola.
Desenvolvimento
Atualmente, estamos inseridos em uma sociedade de mudanças frequentes,
especificamente quanto as de caráter científico, tecnológico, industrial e também social. Para
acompanhar todas essas transformações e desenvolvimentos, é imprescindível que se
desenvolva a criatividade.
Discorrer a respeito da criatividade não é uma tarefa fácil. Embora este termo esteja
muito presente na literatura científica e cotidiana, não existe um conceito definitivo sobre o
tema, mas um conjunto de conceitos que abordam a criatividade sob diferentes perspectivas:
ora no processo, ora no produto, ora nas condições ambientais, ora nas pessoas. No entanto,
no sentido que se faz presente texto, trata da criatividade como fenômeno de integração entre
todos estes aspectos, identificada a partir da complexidade e da transdisciplinaridade dos
fenômenos e situações.
Cabe destacar que a criatividade vem sendo apontada, pelo senso comum, como um
fenômeno mágico e misterioso, que acontece no homem independentemente das
circunstâncias e do meio no qual ele está inserido.
Muitos autores, corroboram com a ideia de que a criatividade faz parte da natureza
humana e, com isso, irá se desenvolver em maior ou menor grau dependendo das condições
ambientais e sociais, como exemplo de alguns estudiosos que se dedicam à compreensão e
análise da criatividade nesse contexto, fazem- se importantes ser lembrados autores como
Assis (2015). De la torre (1999), Suanno (2013)
Conceituando Criatividade
É importante mencionar que o mesmo entende que a razão de ser da criatividade está
na possibilidade de transformação social e a busca do bem-estar e melhor qualidade de vida
para as pessoas como um todo, não deixando de lado o valor científico de criatividade.
(TORRE, 1999)
Para ser criativo, não basta apenas as habilidades do indivíduo, é necessário também
que a comunidade, na qual está inserido, ouça, procure compreender e valorize suas ideias e
possíveis ações.
Suanno (2013, p.75), faz apontamentos relevantes em relação a criatividade, para ele
(2013)
O autor mencionado, busca em sua tese compreender como uma escola pode ser
considerada criativa, para ele,
É preciso compreender o papel dos atores sociais que atuam na organização e
funcionamento de uma escola que pode ser considerada criativa, bem como ter
clareza a respeito dos parâmetros ou categorias capazes de avaliar o grau de
desenvolvimento das instituições assim consideradas. (p.22)
Para que o educando seja criativo em sua vida particular, em suas condutas dentro e
fora do espaço escolar, há todo um trabalho na escola, espera-se que o aluno seja capaz de
utiliza-se dos conteúdos que aprendeu para ajudar a solução de acontecimentos que ocorrem
em seu caminho. O docente deve auxilia-lo a determinar relações pessoais com o ambiente
que o cerca.
O referido autor afirma que agindo assim, procura auxiliar seu aluno a acreditar que
possui condições de ajudar a turma a desenvolver-se, cada um ao seu modo, a sua forma, com
o que lhe foi viável a contribuir, procurando a todo momento se fazer presente e auto fazer-se
como ser humano.
Dessa forma, contribuir para o progresso da criatividade nos alunos vai além de
propor que sejam criativos por empenho pessoal, com a participação do docente o avanço da
criatividade se dá naturalmente nos processos de ensino e aprendizagem, levando em
consideração fatores como: as aberturas, o trabalho, emergências, respeito ao próximo, sendo
assim todos esses fatores proporcionam o progresso da aprendizagem que vai além do
planejado pelo professor.
Nesse sentido, é possível observar, cada vez mais, que o processo de ensino e
formação desenvolvidos com o uso da criatividade propiciam aulas mais atraentes e
inovadoras, além de novas descobertas nos métodos de ensinar e aprender.
Assis (2015) ressalta a urgência para que a escola atual busque uma formação
inserida nos valores da criatividade, fato que implica atentar-se também para a fundamentação
da ecoformação e da transdisciplinaridade, proporcionando assim o conhecimento integral dos
indivíduos.
Para que isso aconteça, ou seja, para que o professor desenvolva trabalhos criativos,
necessário se faz uma formação continuada, uma instrução eficiente e meios que lhe abram os
caminhos da criatividade, pois, os educadores são primordiais para o desenvolvimento e
aplicabilidade da criatividade no âmbito escolar.
Para que se construa uma prática criativa na dimensão social, faz-se imprescindível
a construção de potencialidades humanas e a busca de soluções de problemas na
educação. Essas ações implicam primeiramente mudança na formação de
professores para que esses tenham pensamentos e atitudes ampliadas para
desenvolver atividades criativas em seus alunos, propiciando-lhes novos caminhos e
maneiras para agir na vida pessoal e profissional. (ASSIS,2015, p.50)
Considerações Finais
O presente artigo buscou conceituar criatividade a sua relação com a educação e
escola pautando-se nos conceitos de autores, como Assis (2015), Saturnino de La Torre
(2008), Suanno (2013), entre outros.
O estudo mostrou que conceituar criatividade, não é uma tarefa fácil, pois, embora
este termo esteja muito presente na literatura científica e cotidiana, existe uma variedade de
conceitos para o tema.
Muitos autores, corroboram com a ideia de que a criatividade faz parte da natureza
humana e, com isso, a mesma irá se desenvolver em maior ou menor grau dependendo das
condições ambientais e sociais. Para alguns estudiosos a criatividade está voltada para a
capacidade do ser humano em aprender, criar, idealizar, para outros autores o termo está
ligado diretamente a um fator cultural e ainda há os que trabalham com a criatividade no
sentido emocional e de expressão.
Referências
ASSIS, Maria Jose da Silva Morais. Criatividade na formação continuada de professores
do ensino fundamental: um desafio na contemporaneidade. Palmas ,2015.
Criatividade Aplicada: recursos para uma formação criativa. Tradução: WIT Languages.
São Paulo: Madras, 2008
GIL, Antonio C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999
SUANNO, Marilza Vanessa Rosa; DITTRICH, Maria Glória; MAURA, Maria Antonia Pujol.
Resiliência, Criatividade e Inovação: potencialidades transdisciplinares na educação.
Goiânia: UEG/Ed. América, 2013.
SUANNO, Marilza Vanessa Rosa; TORRE, Saturnino De La; SUANNO, João Henrique
(orgs). Formação de professores e interdisciplinaridade: diálogo investigativo em
construção. Goiânia, América, 2014.
ZWIEREWICZ, M.; TORRE, S. de la. (Coords.). Uma escola para o século XXI: escolas
criativas e resiliência na educação. Florianópolis: Insular, 2009b. p. 55-60
CRIATIVIDADE NA ESCOLA
.
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo identificar a presença da criatividade como valor na prática
pedagógica da sala de aula da pré-escola. O estudo procura saber se é possível identificar a criatividade como
valor no planejamento e execução das aulas na pré-escola. A metodologia proposta é de abordagem qualitativa,
do tipo estudo de caso. Os métodos utilizados como instrumentos de coleta de dados é um questionário Vadecrie
e ficha de observação e análise dos planos de ensino e das aulas de 04 professores de uma escola da rede
municipal de ensino em Gurupi - TO. Os dados foram sistematizados e analisados a partir da análise comparativa
entre o planejado e executado na sala de aula tomando como referência os indicadores presentes nos parâmetros
Criatividade como valor e Currículo Polivalente do Vadecrie. A revisão bibliográfica inicial é fundamentada em
autores como Torre (2005), Zwierewicz (2012), Wechsler (2001), Suanno (2013). Os resultados mostram que a
criatividade é considerada como valor na prática pedagógica docente a partir dos indicativos encontrados no
texto do PPP da escola quando trata da construção coletiva do documento e do reconhecimento da necessidade
de educar a partir dos valores humanos. No planejamento docente quando prioriza a diversidade de estratégias de
ensino, o desenvolvimento de projetos que promovem integração e na ação dos professores em sala quando:
valorizam as potencialidades da criança, estimulam o diálogo, organizam o ensino centrado no aluno e no
desenvolvimento de valores humanos.
Introdução
De origem do latim creare significa engrenar, dar à luz, a palavra criatividade é
estudada como termo e considerada como valor humano desde o início do século XX. É assim
que foi percebida como uma característica ou propriedade dos seres humanos que se converte
em algo importante na sociedade, como mostram alguns estudos que destacam a contribuição
do processo criativo para o desenvolvimento de habilidades que facilitam as resoluções de
problemas.
Assim como, quando vivenciada desenvolve atitudes que preparam para a
convivência entre as pessoas, auxiliam no discernimento com maturidade sobre o que é certo
e errado, além de iluminar os conhecimentos e perspectivas para o mundo e para vida
cotidiana. Em linhas gerais, a criatividade é compreendida como o processo de produzir algo,
que pode ser uma formula química, dança, história, um processo ou procedimento que são as
habilidades aprendidas ao longo da vida e venham a solucionar problemas enfrentados.
1
Pedagoga, Centro Universitário Unirg. Professora da Escola M. PROFº. Joel F. Soares.
[email protected]. Membro do grupo de pesquisa em Rede Internacional Investigando Escolas Criativas
e Inovadoras – TO/ PPGE-UFT – RIEC/ BRASIL.
2
Pedagoga, Centro Universitário Unirg. Professora da Escola M. PROFº. Joel F. Soares.
[email protected]. Membro do grupo de pesquisa em Rede Internacional Investigando Escolas Criativas
e Inovadoras – TO/ PPGE-UFT – RIEC/ BRASIL.
Esta pesquisa parte do pensamento de que a criatividade deve estar presente na prática
educativa da escola de educação básica, nas suas diferentes formas de atuação, em particular
no trabalho pedagógico desenvolvido pelos professores. Neste sentindo, subsidia-se em
autores como Torre (2005), Zwierewicz (2012), Wechsler (2001) e Suanno (2013), entre
outros, que entendem que o processo ensino com potencial criativo possibilita a formação de
indivíduos mais equilibrados, com capacidade de interpretar melhor a realidade à sua volta e
se envolver com o próprio aprendizado de forma mais intensa.
A pesquisa foi motivada inicialmente pelas as inquietações resultantes das observações
realizadas nas escolas da rede municipal de ensino de cidade de Gurupi, estado do Tocantins,
em atividades curriculares dos estágios supervisionados e do Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência - PIBID como aluna do curso de Pedagogia do Centro Universitário
UnirG, em que foi possível perceber que há alguns professores se esforçavam para possibilitar
diferentes vivências aos alunos, tornando o ambiente educativo mais agradável e vinculado
com a realidade, cujas turmas se diferenciavam nos resultados da aprendizagem em relação a
outras turmas observadas.
Nesse aspecto, esta pesquisa se propôs investigar a escola e a problemática proposta
procurou saber se há indicativos que apontam a criatividade de uma instituição municipal em
Gurupi, no estado do Tocantins.
Conceituar a criatividade é um desafio porque trata-se de uma definição que envolve
diferentes aspectos em áreas diversificadas como as que tratam dos processos cognitivos a
componentes ambientais (WECHLER,1999). Bem como, do que se refere a forma de
fundamentar melhor a compreensão sobre a temática e sua interação com a escola e a prática
pedagógica na escola de Educação Infantil.
Este texto tem como objetivo inicial conceituar criatividade com base no
referencial teórico que fundamenta a teoria sobre as escolas criativas, buscando situa-la como
fenômeno possível e necessário no ambiente escolar, e em particular na sala de aula da
educação infantil, para em seguida, conhecer sua interação na escola.
Procedimentos Metodológicos
Para coleta de dados foram utilizadas fontes de dados secundários como o
projeto Pedagógico (PPP) da escola e os planos de ensino dos docentes que buscou
verificar informações sobre os aspectos organizacionais da instituição, o planejamento
do ensino e a prática pedagógica dos professores da pré-escola.
O estudo foi realizado, escola de Educação Infantil da rede municipal de ensino em
Gurupi, estado do Tocantins, localizada na região central da cidade, e que atende 360 crianças
a partir dos 4 anos de idade distribuídos em turmas de Jardim e Pré Alfabetização. A escolha
se deu pelo fato de que a mesma é uma instituição pioneira no ensino de educação infantil no
município porque foi a primeira escola implantada para atender exclusivamente a esta etapa
da educação básica na rede municipal.
Fizeram parte do universo da pesquisa, o P.P.P. E quatro (04) salas de aula na qual
foram observados os planos de aulas de quatro (04) docentes da pré-escola no turno
vespertino. A escolha das docentes se deu por meio da apresentação da proposta da
pesquisa e confirmação da permissão para a observação na escola.
Para efetuar a análise comparativa proposta, primeiramente os dados foram
organizados e as informações adquiridas sobre os assuntos em torno da criatividade, assim
como, foram reunidos os conceitos e descrições relativas aos parâmetros e
indicadores do Vadecrie, escolhidos tendo como base os dados e as pesquisas
elaboradas e a teoria sobre escolas criativas que compreende a criatividade nas
instituições a partir dos referenciais de complexidade, transdiciplinaridade e
ecoformação.
Com base nestes indicativos conceituais e descrições buscou –se inicialmente proceder
análise de conteúdo (BARDIN, 2009) e verificar como a criatividade está presente no projeto
pedagógico da escola e as concepções nele contidas, assim como no planejamento do ensino.
O passo seguinte foi identificar se a criatividade é ou não um valor na realidade investigada, a
partir da verificação de proximidade entre o planejado, que o mesmo seja executado na prática
pedagógica observada referendada nas categorias e indicadores do Vadecrie.
Desenvolvimento
A CRIATIVIDADE NA ESCOLA
Como termo, a criatividade está relacionada, a palavra criar, do latim creare, que
significa “dar existência, sair do nada, estabelecer relações até então não estabelecidas pelo
universo do indivíduo, visando determinados fins (PEREIRA et al.;1999, p.4).
Em outras palavras, Torre (2005, p. 11) diz que a “criatividade que não melhora, que
não modifica algo nas pessoas ou naquilo que elas fazem, é meramente normativa, vazia de
conteúdo”. Por isso, os professores precisam se dispor com entusiasmo e determinação para
provocar a criatividade dos alunos. E assim estimula -lá desde a educação infantil, mostrando
sua real importância para sociedade, desde os pequeninos.
Considerações Finais
O foco desta pesquisa foi investigar por meio de documentações em que diagnosticou
a existência de indicativos de criatividade na escola no Instituto Municipal Silny Rodrigues
Dos Santos. Neste sentindo, o caminho percorrido possibilitou conhecer melhor a rotina da
instituição, seus servidores, assim como dos caminhos que escolhem para organização da
prática pedagógica e consequente realização das atividades de ensino.
No sentido da resolução das questões da pesquisa os dados da pesquisa
sinalizaram que há indícios de criatividade na prática pedagógica da escola
investigada, como a prática pedagógica, o PPP, Planejamentos que englobam todos
os planos, com isso facilitou a observação mediante a estes indicadores citados por
autores com Torre (2005), Suanno (2013), Zwierewicz (2012), Wechsler (2001), dentre
outros.
A verificação do PPP possibilitou identificar que há indícios de criatividade e
que eles estão presentes nas manifestações expressas sobre a educação e o público
que atende expresso na sua filosofia e na concepção de construção coletiva do
documento assim como na importância que dá a educação baseadas nos valores
humanos e na vida cidadã. Notou-se também que o PPP na escola observada é
apropriado pela comunidade e uma forte referência para os docentes e o trabalho que
desenvolvem.
PINHO, Edna Maria Cruz. Dissertação de mestrado em Educação intitulada: Escola Criativa
no Tocantins: um estímulo a religação de saberes, do Programa de PósGraduação em
Educação, pela Universidade Federal do Tocantins – UFT/TO, sob orientação da profa. Dra.
Maria José de Pinho, defendida em 18.02.2015.
Sá, Ricardo Antunes de. O projeto político da escola: dialogo com a complexidade In
SANTOS, Akiko; SUANNO, João Henrique; SUANNO, Marilza Vanessa Rosa Suanno.
Didática e Formação de Professores: complexidade e transdisciplinaridade. Porto Alegre:
Sulina, 2013.
TORRE, Saturnino de La. Dialogando com a criatividade. São Paulo. ed. Madras,
2005.Tradutora: Cristina Mendes Rodrigues. Título original: Dialogando com la creatividad.
UEG/ED. América, 2013. p. 75-98.
TORRE, Saturnino de La. Currículo para a mudança. Bordón, nº 51(4). Madrid: Sociedade
Espanhola de Pedagogia, 1999. Torre(Org.). Transdisciplinaridade e Eco-formação: um
novo olhar sobre educação. São Paulo: Triom, 2008.
ZWIEREWICZ, Marlene. Uma escola para o século XXI. Escolas criativas e resiliência na
educação. Saturnino de La Torre (coordenadores). Florianópolis, ed. Insular,2009.
CRIATIVIDADE NAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO: ARTICULAÇÕES E
DESAFIOS INTERDISCIPLINARES
Elza Rodrigues Barbosa Peixoto 1
Maria José de Pinho2
Sala 1
Resumo: Um dos grandes desafios da escola do século XXI é ressignificar suas práticas, buscando
transformações. Nesse sentido, o presente relato de experiência objetiva identificar ações que caracterizem
práticas pedagógicas criativas, registradas nos projetos que norteiam as ações dos anos iniciais do Ensino
Fundamental da Escola Paroquial Sagrado Coração de Jesus. Este relato é um recorte de uma pesquisa de
doutorado em Letras em andamento. A abordagem metodológica utilizada é a qualitativa exploratória,
direcionada pelo estudo de caso. Na coleta de dados geral da pesquisa, utilizou-se o instrumento VADECRIE
(Instrumento de valoração das práticas criativas da Rede Internacional de Escolas Criativas - RIEC) e as técnicas
de entrevistas semiestruturadas, observação direta e gravações das aulas e para este recorte, em particular, foi
utilizada a análise do Projeto Político Pedagógico, do Plano de Ação da escola e dos registros dos projetos
pedagógicos. Fundamentou-se nos principais teóricos da complexidade, interdisciplinaridade e do letramento:
Morin (2002; 2009), Torre (2008; 2009), Moraes (2008), Kleiman (2006) Rojo (2009), dentre outros. De acordo
com a análise parcial dos dados, a Escola Sagrado Coração de Jesus desenvolve uma variedade de ações
diferenciadas e integradoras. Traz no desenvolvimento de projetos seu modo de articular o saber, destacamos
para esse trabalho o projeto “À procura de respostas” pelo seu caráter de articulação aos letramentos.
Introdução
Temos vivido momentos de grandes reflexões acerca do que se quer para a educação e
o que se tem dela nas escolas. Nesse sentido, o trabalho com projetos vem, já há algum
tempo, se configurando na maneira mais recorrente das escolas buscarem, através da
interdisciplinaridade, uma possibilidade de religação dos saberes e potencialização dos
letramentos.
Desta forma, o presente artigo vem apresentar a experiência integradora desenvolvida
pelo projeto À procura de respostas, desenvolvido pela Escola Paroquial Sagrado Coração de
Jesus, como um recorte de minha pesquisa de doutorado, com objetivo de analisar à luz da
complexidade e interdisciplinaridade seus indícios de criatividade. As questões que guiam
essa análise em recorte são: Como os projetos são propostos, planejados e desenvolvidos nas
1
Doutoranda em Letras, Ensino de Língua e Literatura da Universidade Federal do Tocantins. Professora na
Faculdade Dom Orione e coordenadora pedagógica. e-mail: [email protected].
2
Professora Doutora da Universidade Federal do Tocantins e do Programa de Pós-graduação em Letras e no
Programa de Pós-Graduação em Educação. Membro da Rede Internacional de Escolas Criativas – RIEC. e-
mail:[email protected]
interações das turmas? Quais práticas de letramento são construídas nesse contexto? De que
maneira esse projeto caminha na direção da perspectiva das Escolas Criativas?
A escola, lócus da pesquisa, está localizada em Araguaína, estado do Tocantins e
atende alunos do 4º, 5º e 6º ano do Ensino Fundamental, porém o trabalho acompanhado de
forma mais pontual e descrito neste relato se limitará ao que foi desenvolvido em uma turma
de 5º ano. A metodologia utilizada apresenta uma abordagem qualitativa exploratória,
direcionada pelo estudo de caso. Na coleta de dados geral da pesquisa foi utilizado o
instrumento VADECRIE (Instrumento de valoração das práticas criativas da Rede
Internacional de Escolas Criativas - RIEC) e as técnicas de entrevistas semiestruturadas. Para
este recorte, de modo mais pontual, utilizou-se a análise do Projeto Político Pedagógico da
escola, o Plano de Ação e os relatórios dos projetos pedagógicos. Fundamentou-se nos
principais teóricos da complexidade, interdisciplinaridade e criatividade: Morin (2000; 2002,
2007), Fazenda (2006), Moraes (2003, 2008), Torre (2005; 2009), dentre outros. E no campo
do letramento Street (1984,2003) Soares (1998,2009) e Kleimam (2005), especialmente.
Da mesma maneira, figura nos PCN o vínculo do ensino da Língua Portuguesa às práticas
sociais, no entanto, ainda é predominante a condução das práticas pedagógicas filiadas ao
ensino tradicional mecanicista. Sobre essa questão nosso pensamento é corroborado com
Kleiman (2007, p.4) “a escola é uma agência de letramento por excelência, e deveria criar
espaços para experimentar novas formas de participação nas práticas sociais e letradas, assim
constituir múltiplos letramentos na vida social. ”
É importante ressaltar que tratar de conceito de letramento embora seja algo bastante
complexo, nos filiamos à abordagem dos Novos Estudos do Letramento (Street, 1984; Rojo,
2009; Soares, 2006), ou simplesmente como se fixou no Brasil „Estudos do Letramento‟,
(KLEIMAN, 2008, p.7). Esses estudos partem dos pressupostos que o aluno é um sujeito de
linguagem que já traz para a escola suas práticas de letramentos não-escolares, vistos que
esses sujeitos estão expostos, constantemente, a diversas situações de uso da leitura e da
escrita no contexto das relações sociais às quais convivem na família, na igreja, etc.
Se pensarmos nas duas abordagens: interdisciplinaridade e letramento em suas
proposições de trabalho veremos que suas estratégias para o ensino percorrem, basicamente, o
mesmo trajeto: buscar uma melhor assimilação, potencializando a eficácia das práticas
pedagógicas, por meio de uma maior interatividade na relação professor x aluno;
consequentemente, haverá um maior envolvimento com o conteúdo por parte do aluno.
Uma das maneiras de efetivação da interdisciplinaridade é o projeto pedagógico
(DEWEY, 1997; HERNANDEZ E VENTURA, 1998), podendo tanto estar relacionado ao
trabalho em grupos ou turmas, como a um grande projeto da escola. Essa pedagogia é bem
vista pelo seu caráter potencializador de interdisciplinaridade, pois permite integrar saberes,
rompendo com as fronteiras das disciplinas e ampliando o universo de aprendizagem.
Ao discutir os projetos como organizações didáticas que trazem em si um potencial para
desenvolver a capacidade de ação dos seus participantes, Santos (2012, p. 90) afirma que
Isso equivale a ressignificar a sua prática conforme o que Kleiman (2007, p.16) denomina
de projeto de letramento, que confirmamos a partir de seu próprio conceito
[...] um conjunto de atividades que se origina de um interesse real na vida dos alunos
e cuja realização envolve o uso da escrita, isto é, a leitura de textos que, de fato,
circulam na sociedade e a produção de textos que serão realmente lidos, em um
trabalho coletivo de alunos e professor, cada um segundo sua capacidade
(KLEIMAN, 2000, p. 238).
Dessa forma, adotamos a abordagem dos Projetos de Letramento (PL) como estratégia
eficiente para a aprendizagem significativa da perspectiva interdisciplinar.
Assim, o sentido dos PL é contribuir para uma dinâmica mais interativa em sala de aula
(professor- aluno), como para uma aprendizagem mais efetiva de prática de leitura e escrita,
por partirem de questões ou problemas identificados pelos alunos ou de interesse do grupo e
orientados pelo professor. Assim,
A aprendizagem funciona, então, como uma forma de construção do conhecimento
que se instaura a partir de um processo dialético (relação do passado-presente-
futuro; individual-coletivo; local-global). Algo que se constrói num espaço de
movimento (OLIVEIRA, 2014, p. 48).
Para Morin (2002; 2009), uma educação só pode ser viável se for uma educação
integral do ser humano, uma educação que se dirige à totalidade aberta do ser e não apenas a
um de seus componentes, assim como à necessidade de se criar espaços dialógicos, criativos,
reflexivos e democráticos, formais ou não-formais, capazes de viabilizar o surgimento de
práticas pedagógicas pautadas na solidariedade, na ética, na paz e na justiça social.
Assim, a escola em seu projeto político pedagógico revela
Temos a função de trabalhar os aspectos culturais, tecnológicos, físicos, morais e
religiosos, integrando elementos da vida social aos conteúdos trabalhados, buscando
a promoção da educação de qualidade para colaborar na formação de cidadãos que
sejam críticos e preparados para exercer a cidadania cumprindo com seus direitos e
deveres respeitando o espaço do outro. (EPSCJ, 2017, p.8)
Essa realidade constitui um grande desafio para a educação e à medida que se tornam
perceptíveis as emergências educacionais, surgem mais inquietações sobre o fazer
pedagógico, pois os paradigmas tradicionais não conseguem responder às demandas da
sociedade atual. Assim como afirma Moraes (2003, p. 167) “[...] este momento revela-se de
grande e extrema oportunidade para se catalisar mudanças educacionais importantes,
transformar a maneira como pensamos e concebemos a escola, a educação e a própria vida. ”
A escola assume sua preocupação com a fragmentação do trabalho pedagógico e a
dificuldade de se desenvolver uma postura interdisciplinar, motivo pelo qual “busca
cotidianamente maneiras de oferecer condições de trabalho e formação continuada para os
professores, visando possibilidades do professor poder atuar de formar segura no processo
ensino aprendizagem” (EPSCJ, 2017, p.15).
Assim, para enfrentar essas questões, a Escola Paroquial Sagrado Coração de Jesus
propõe, na dimensão pedagógica de seu PPP, o trabalho com projetos como “ferramenta de
trabalho que permite abrir leques para investigação, desenvolvimento de estudo através de
pesquisas em diferentes fontes, buscando selecionar e articular informações com
conhecimentos” além de formar “parceria com a família e a comunidade local” de forma mais
organizada, articulada, “despertando o interesse e a criatividade dos educandos e educadores”.
(EPSCJ, 2017, p.15)
O projeto À procura de respostas3 foi realizado pela primeira vez na escola no ano de
2013, devido aos excelentes resultados alcançados, transformou-se em um projeto
institucional, que vem sendo desenvolvido a cada ano com algumas adaptações, porém
mantendo-se sempre seu principal objetivo
[...] incentivar a curiosidade natural da criança para o desenvolvimento do espírito
do aluno pesquisador, que busca respostas aos questionamentos individuais,
permitindo que participem de situações de leitura para desfrutarem de
conhecimentos populares e científicos que estão presentes em diversos suportes que
circulam em diferentes esferas sociais. (EPSCJ, 2015)4
3
Embora tenhamos acompanhado o projeto executado em 2016, optamos nesse recorte por analisar as evidências
do realizado em 2015, ano em que contou com o trabalho em sua maior abrangência
4
Não há paginação no anexo do PPP 2015, denominado Relatório PPP/2015. Configura-se por um conjunto de
relatórios de coordenação pedagógica, com fotos; relatórios dos professores e relatos de alunos, registros de
evidências dos projetos executados e a avaliação dos envolvidos.
executadas, ainda assim, foi perceptível pelos relatos dos alunos, que cada professor trilhou
seu próprio caminho na condução dessa e das demais etapas. Os exemplos citados que se
seguirão neste relato tiveram base nas ações desenvolvidas na turma “06”, da professora do 5º
ano, participante/colaboradora da pesquisa.
Na primeira etapa, a professora utilizou como estratégia inicial a música “Oito anos” de
Adriana Calcanhoto (anexo1), o videoclipe da música, cantou com as crianças e, logo após,
iniciou uma roda de conversa sobre quantas curiosidade, temos sobre as coisas e como
fazemos para “matar” nossa curiosidade, como responder à tantas perguntas. Investigou sobre
o que acharam das perguntas da música, quantas daquelas perguntas também lhes causavam
curiosidades, etc. A partir daí o desafio estava lançado: todos à procura de respostas. Ao
longo da semana os alunos faziam perguntas sobre temas que lhes causavam curiosidade,
pesquisavam e traziam para socializar com a turma. Foram divididos em grupos de seis
alunos, cada grupo ficou responsável por um dia da semana no qual apresentariam suas
respostas, seguindo o critério definido pelo projeto, resolver os casos de sua curiosidade,
buscando em diversas fontes e recursos, respostas para sua “investigação”.
Os alunos deveriam registrar suas pesquisas no caderno de “Registro das descobertas”, de
acordo com os passos: primeiramente formular sua pergunta, depois registrar sua hipótese
para aquela questão e, só então, partir para a pesquisa em livros, revistas, internet; que
deveriam ser registradas no formato de respostas às perguntas feitas, seguidas da indicação da
fonte de pesquisa utilizada. Os alunos tiveram momentos durante o processo de investigação
para utilizarem a biblioteca e o laboratório de informática. Os laptops e computadores dos
professores também ficaram disponíveis nas salas para o uso dos alunos.
Só nessas etapas já foi possível observar uma variedade de eventos de letramento que
serão objetos de análise da tese em desenvolvimento, na qual esse projeto faz parte. Aqui,
nesse recorte, nos ocupamos apenas do aspecto do desenvolvimento do mesmo e seu
enquadramento na perspectiva da criatividade e dos letramentos.
A etapa seguinte: Comunicação oral; momento da socialização da pesquisa feita
semanalmente. “Quando começaram as apresentações, nossas tardes passaram a ser mais
ricas, pois todos nós aprendíamos juntos sobre vários temas” (EPSCJ, 2015). Essa
constatação, registrada pela professora, resume as percepções gerais presentes nos relatos dos
demais professores e dos alunos, sobre o projeto.
Mas é claro que, como todo projeto, várias intervenções foram sendo feitas ao longo do
processo, pois alguns alunos sentiram dificuldade em definir tema que partisse de seu próprio
questionamento, outros se esqueciam de registrar seguindo as orientações: “ler sobre o tema
em diferentes textos, assistir vídeos, realizar pesquisas sobre o assunto e registrar com suas
próprias palavras” (EPSCJ, 2015) para responder à pergunta formulada. Nessas intervenções,
a abordagem era feita individualmente, já as intervenções das apresentações orais, quando as
crianças sentiam dificuldade em socializar suas pesquisas por vergonha de falar em público,
relata a professora,“nos colocávamos ao lado dessas crianças e auxiliávamos quando sentiam
dificuldade de se expressar, a partir do momento que percebíamos que estavam se sentindo
mais seguras, nossa companhia deixava de ser necessária”(EPSCJ, 2015).
É necessário pontuar que a ação educativa requer sensibilidade do educador para com o
outro, observando suas ações, o que ele diz, como diz e como ele se sente na situação:
ansioso, relaxado, feliz. A escola é o espaço privilegiado como campo de interação e de
construção do conhecimento e a mediação adequada e sensível é o componente essencial
capaz de oportunizar que todas as crianças tenham as possibilidades reais de construção de
seu conhecimento e desenvolvimento de suas potencialidades.
Ainda segundo relato da professora, na continuidade das semanas, conforme os alunos
foram percebendo como estavam desenvolvendo suas habilidades, logo começaram a se
preocupar em diversificar a maneira de apresentar suas pesquisas em sala. Crianças que,
inicialmente, não conseguiam se desvincular do caderno de registros, passaram a preparar
slides, trazer vídeos, fazer cartazes, faziam perguntas aos colegas ao final da apresentação e
premiavam os colegas que acertavam os questionamentos, numa dinâmica interativa de
socialização do saber. A conclusão da professora não poderia ser outra: “foi muito prazeroso
acompanhar a evolução de cada criança ao longo desses dois bimestres”.
A professora registrou em seu relatório que o processo de avaliação do projeto
desenvolvido ao longo do terceiro bimestre foi coletivo sob a forma de roda de conversa.
Dessa atividade saíram os temas mais interessantes pesquisados que seriam desenvolvidos na
prática, para apresentar na Feira de Ciências da escola, que foi denominada “Feira das
Descobertas”. Para esse prolongamento do projeto, as crianças puderam se organizar em
duplas, pois alguns tinham temas afins ou complementares. No dia da feira, familiares e
comunidade estiveram na escola para prestigiar os alunos. “As crianças estavam
empolgadíssimas e muito felizes por compartilhar e socializar o fruto de suas indagações e
pesquisas, o comprometimento demostrado foi consequência da participação ativa deles em
todo o processo”.
O relato da professora da turma 41.05 registra que “ alunos que não tinham o hábito de
ler, de perguntar, de se questionarem diante dos fatos e informações, passaram a exercer
essas habilidades, cada um a seu ritmo.” Destacamos que o termo recorrente nos
depoimentos dos professores foi de superação das expectativas, tanto no envolvimento dos
alunos como na motivação e qualidade das ações.
Constatamos, entretanto, que desenvolver uma prática onde se valoriza o saber do aluno,
ou neste caso o “não saber”, aguçando-lhe a curiosidade, foi o elemento diferencial nesse
projeto, ações que buscam contextualizar o ensino não apenas fortalece o professor, mas
também o ajuda a construir uma práxis que pode fazer toda a diferença.
Segundo Torre (2008), toda inovação advém da interação entre as condições
socioculturais, contextuais e pessoais de quem decide iniciar um projeto de mudança. Nesse
sentido, quando professores e alunos rompem com os padrões tradicionalmente determinados
com o professor conduzindo o saber, para um processo de interação e interlocução entre os
sujeitos mediados pelo saber, como nesse projeto, certamente haverá contribuição mais
efetiva tanto para alunos como para professores que se envolvem naquilo que Torre (2008,
p.41) chama de atmosfera da criatividade na qual “envolve todos que estão sob seus efeitos;
por isso conseguir um clima criativo representa uma tarefa multiplicadora para todos os que
estiverem envolvidos nela”.
Essa é a relação que buscamos entre os projetos de letramento e a criatividade, de modo
particular na perspectiva defendida por Saturnino de La Torre (2008) como elemento
necessário tanto nas atitudes docentes quanto nas estratégias de ensino, possibilitando além da
interação efetiva e aulas mais criativas, sempre novas descobertas dos sujeitos professores e
alunos que se envolvem mutuamente no processo de aprender e ensinar.
Torre (2008, p. 23) compreende que:
Chegar a ser criativo implicará tornar patentes as potencialidades de cada
um, para que se realize plenamente; livrá-lo de inibições que reduzem suas
expectativas. Ensiná-lo a decidir por si mesmo e aprender por conta própria,
a comportar-se criativamente.
Referências
_____. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios, 5 ed. – São Paulo:
Cortez: 2009.
______. Letramento e suas implicações para o ensino de língua materna. Signo. Santa
Cruz do Sul, v. 32 n 53, p. 1-25, dez, 2007.
FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: qual sentido? 2.ed. São Paulo: Paulus, 2006.
ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editora,
2009.
Sala (02)
Resumo: Este trabalho fez parte de uma ação do plano de trabalho da coordenação de educação infantil da
Secretaria Municipal de Educação (SEMED), junto as instituições de educação infantil no município de
Miracema do Tocantins. O mesmo teve como objetivo desenvolver atividades curriculares para as crianças de até
cinco anos de idade, considerando os aspectos afetivo, cognitivo, motor e social. Pois de acordo com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9394/96) que faz referência explícita à Proposta Pedagógica,
especialmente no artigo 13. Ainda destaca a importância da participação dos profissionais da educação na
elaboração deste documento. É também indispensável destacar a importância dos Referenciais Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil Vol. 1, 2 e 3/1998; Indicadores da Qualidade na Educação Infantil/2009;
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil/2010; Documento Preliminar da Base Nacional
Comum Curricular - 2015/2016, bem como inúmeras publicações que discutem a educação infantil. Esses
documentos contribuíram para as discussões e construção dos textos da Proposta Pedagógica e Curricular, pois a
maioria deles tratam de documentos de referência do MEC, direcionados a todas as unidades municipais de
ensino no que diz respeito a qualidade pretendida no trabalho pedagógico; interações estabelecidas; valorização
da diversidade; organização dos espaços e da rotina pedagógica; seleção, aquisição e disponibilização de
equipamentos, mobiliários e materiais; qualificação dos profissionais; avaliação, entre outros aspectos. A
metodologia proposta para discussão e elaboração do documento se definiu pela pesquisa aplicada, visto que a
mesma parte da necessidade que motiva o pesquisador a conhecer um problema e contribuir para solução ou
amenização das dificuldades encontradas na realidade escolar. Sendo assim, utilizou-se dos métodos qualitativo
e quantitativo, fazendo uso de revisão de literatura; pesquisa bibliográfica; análise documental e realização do
processo de formação, elaboração e acompanhamento dos resultados da formação desenvolvida com os
professores que fizeram parte do grupo de trabalho e disseminação das discussões nas escolas e produção da
Proposta Pedagógica e Curricular para Educação Infantil no município de Miracema do Tocantins.
1
Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (2017). Pós-graduação Lato Sensu em
Educação Infantil pela Universidade Federal do Tocantins (2015). Graduada em Pedagogia pela Universidade
Federal do Tocantins. E-mail: [email protected]
2
Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (2017). Pós-graduação Lato Sensu em
Psicologia da Educação pela Universidade Estadual do Maranhão - UEMA (). Graduado em Ciências Biológicas
pela universidade Federal do Maranhão – UEMA. [email protected]
3
Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Tocantins – aluna especial (2017). Especialista em
Docência do Ensino Superior pela Faculdade de Ciências e Educação de Rubiataba – FACER (2005), em
Gestão, Orientação e Supervisão Escolar pela Faculdade de João Calvino (2011). [email protected]
4
Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (2017). Graduada em Pedagogia pela
Universidade Federal do Tocantins. Pós-graduada em Educação Rural pela Universidade Federal do Tocantins.
Atualmente trabalha como Técnica Escolar na SEMED Miracema do Tocantins. [email protected]
Introdução
Desenvolvimento
A Secretaria Municipal da Educação de Miracema do Tocantins, estabelece metas
para os níveis e modalidades de ensino assumidas pela esfera municipal em consonância com
a Constituição Federal de 1988, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, Plano
Nacional de Educação – Lei nº 13.005/2014, Lei nº 409 de 2015 que aprovou o Plano
Municipal de Educação e na Lei nº 111A/2004, que instituiu o Sistema Municipal de Ensino,
bem como os Projetos Políticos Pedagógicos, Regimento Interno dos CMEIs 2014 e Planos de
trabalhos das equipes diretivas das instituições de ensino.
De acordo com o Plano Municipal de Educação do Município de Miracema, na meta
1, estratégia 1.17 diz que o município vai: ―garantir o acesso à educação infantil em tempo
integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, conforme estabelecido nas
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil‖.
Dessa forma, o município de Miracema do Tocantins, oferece as seguintes
modalidades: Educação Infantil primeiro ciclo em CMEIs (0 à 3 anos e 11 meses), Educação
Infantil segundo ciclo em Pré-escolar I e II (4 e 5 anos). O CMEI Dona Isis Sardinha, está
situado no Setor Novo Horizonte, CMEI Dona Maracaipe, está situado no Setor Universitário
e CMEI Dona Regina, está situado no centro. Os CMEIs funcionam em período integral das
07h00min às 18h00min de 2ª à 6ª feira, obedecendo ao calendário escolar.
Os CMEIs oferecem a Educação Infantil de acordo com a demanda e estrutura física,
nas seguintes modalidades: Maternal e Maternal I para crianças com faixa etária de um ano e
meio a dois anos e meio, maternal II e Maternal III para crianças de dois anos e meio a três
anos e onze meses. A proporção de educador por criança é considerada a faixa etária e as
necessidades educacionais específicas a elas relacionadas e de acordo com a Portaria
SEMED/2017, Nº 001, de 13 de janeiro de 2017, que diz que será no mínimo 20 e no máximo
24 crianças para dois professores regentes.
Quanto ao pré-escolar I e II, são ofertados em duas escolas urbanas e cinco escolas
do campo, sendo: EMEI Vilmar Vasconcelos Feitosa, EMEI Professora Dalva Cerqueira
Brito, EMTI Campo Verde, EMEC Bartolomeu Fraga, EMEC Boanerges Moreira de Paula,
EMEC Vale do Tocantins, EMEC Santa Marina. De acordo com a Portaria SEMED/2017, Nº
001, de 13 de janeiro de 2017, que diz que será no mínimo 15 e no máximo 20 crianças para
um professor regente por pré-escolar I e II.
Dessa forma, em virtude do crescimento das informações relacionadas a ampliação
da educação infantil, foi elaborada a Proposta Pedagógica e Curricular para a Educação
Infantil, durante o ano de 2014/2017, em que envolveu diferentes segmentos que atuam no
processo educativo. Primeiramente, os profissionais da Secretaria Municipal de Educação, os
quais iniciaram estudos a respeito das concepções, valores, ideias, objetivos e desejos
existentes em relação a organização, desenvolvimento e avaliação do trabalho pedagógico da
Educação Infantil, bem como estabeleceu um roteiro norteador para a elaboração deste
documento junto com as instituições de ensino que atendem a educação infantil.
Em seguida, tais discussões foram ampliadas, envolvendo uma comissão designada
pela Portaria/SEMED/GAB Nº 052, de 1º de julho de 2015, onde foram compostos por
técnicos da SEMED, diretores, coordenadores pedagógicos e professores das unidades de
ensino, os quais foram responsáveis pela discussão, sistematização, elaboração e avaliação da
Proposta Pedagógica e Curricular da Educação Infantil.
O Grupo de trabalho, foi coordenado pela técnica responsável por mediar o debate
com os demais profissionais das instituições nas quais atuam em relação aos objetivos e
conteúdo da organização curricular, elencados por faixa etária, de acordo com os cinco
campos de experiências e objetivos de aprendizagem da Base Nacional Comum Curricular
Dessa forma, as escolas discutiram, elaboraram e encaminharam às sugestões de
atividades metodológicas que compõem o currículo, assim como a revisão da escrita de textos
referentes às concepções teóricas que fundamentam as ações pedagógicas do município,
debateram sobre os objetivos gerais da Educação Infantil e delinearam características da
organização do trabalho pedagógico, tais como: adaptação dos educandos, organização do
tempo e dos espaços, brincadeiras, projetos pedagógicos, literatura infantil, tecnologia e
integração entre família e unidades de ensino.
Tendo consciência dessa complexidade, a Secretaria Municipal de Educação
(SEMED) e Instituições de Ensino, especialmente as creche e pré-escolas, elaboraram a
Proposta Pedagógica e Curricular para Educação Infantil, tomando com referências os
documentos que norteiam o trabalho da educação infantil: Constituição Federal (CF, 1988),
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, nº 9394/96), Diretrizes Curriculares Nacionais
da Educação Infantil (DCNEI, 2010), Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990) e
Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2015/2016), que propõe uma organização
especifica para educação infantil, considerando cinco aspectos, que são: Princípios da
Educação Infantil; Cuidar e Educar; Interações e Brincadeiras; Seleção de Práticas, Saberes e
Conhecimentos; Centralidade das Crianças.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (2016, p. 58) ―os cinco aspectos
citados embasam as relações pedagógicas, os cuidados, as metodologias e preposições que
constituem o modo de gestão dos grupos de crianças e da instituição‖. Dessa forma, o
currículo da Proposta Pedagógica para Educação Infantil, foi organizado de acordo com os
cinco campos de experiências e objetivos de aprendizagem que constam na BNCC, a SEMED
e Instituições de Educação Infantil, estudaram, discutiram e elaboraram as atividades
pedagógicas para compor o currículo da educação infantil, considerando os objetivos de
aprendizagem, dos três subgrupos etários:
BEBÊS CRIANÇAS BEM PEQUENAS CRIANÇAS PEQUENAS
0-1 ano e 6 meses 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses 4 anos a 6 anos e 2 meses
Considerações Finais
Considerando que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica, deve-se
salientar que o planejamento das atividades curriculares precisa ser elaborado e desenvolvido
dentro das instituições educativas, de acordo com suas especificidades. Para isso, os
educadores necessitam de materiais didáticos e paradidáticos que auxiliem durante suas
pesquisas para organizar e desenvolver o trabalho pedagógico com as crianças.
Este processo requer busca e aquisição de conhecimentos específicos voltados para
educação infantil. Além disso, é importante envolver as crianças na escolha e organização do
planejamento das atividades, pois as mesmas precisam ser incluídas na construção do
conhecimento para que se interessem e sintam parte do processo de ensino e aprendizagem.
Pois as instituições de ensino são espaços públicos que recebem todas as crianças e tentam
cuidar e educar da melhor forma possível, pois no cotidiano educativo percebe-se que as
crianças são capazes de crescer e desenvolver a curiosidade, capacidade de se relacionar,
comunicar e interagir no meio social e cultural.
Em razão dessa realidade, pensar na organização curricular, planejamento, materiais,
tempo e espaço não é nada fácil, pois envolve um trabalho articulado entre a Secretaria
Municipal de Educação (SEMED), Instituições de Ensino e Famílias. Dessa forma, observou-
se que foi um grande desafio e iniciativa de criatividade construir uma proposta pedagógica e
curricular para educação infantil, com o objetivo de promover o desenvolvimento de
atividades curriculares para as crianças de até cinco anos de idade, considerando os seus
aspectos físico, afetivo, intelectual, linguístico e social, com qualidade e equidade.
Referências
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BARSOTTI, Joyce Cunha – Educação - Um desafio diário- psicóloga e pedagoga, atua como
Coordenadora Pedagógica do Colégio Integrado Monteiro Lobato desde 1997.
CAROLYN Edwards, Lella Gandini, George Forman; tradução Dayse Batista. As cem
linguagens da criança: a abordagem de Régio Emília na educação da primeira infância/. -
Porto Alegre: Artmed,1999. 320p.; Il 23 cm.
CERISARA, A. B, 1999, apud Filho 2004, Refletindo sobre as produções culturais das
crianças pequenas nas instituições de Educação Infantil.
CERISARA, Ana Beatriz. Educar e cuidar: Por onde anda a educação Infantil? Perspectiva.
Florianópolis, v 17,n especial, p 11-21, jul./dez.1999.
DORNELLES, Leni Vieira. Infâncias que nos escapam: da criança na rua à criança cyber.
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FARIA, Vitória Libia Barreto de. Currículo na Educação Infantil: diálogo com os demais
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GRANDINI, Lella Ed. Wards; Carolyn. Sambini: A abordagem italiana a Educação Infantil.
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Cortez. [s.d]
HOHMANN, M. WEIKART, D.P. Educar a criança pela ação. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1997.
LOBATO, Valéria Oliveira dos Santos. ALVES, Maria Cristina S. de Oliveira, FRATARI
Maria Helena Dias. Pedagogia de Projetos: Uma experiência na Educação infantil. [s.d]
LITUANA, Amanda Belo de Góis, Dayse Kelly Alves da Silva. A importância da gestão
democrática no processo de Educação e Formação Escolar [s.d]
PELOSO, Franciele Clara, ANGELI, Ercilia Maria Teixeira de Paula. Ensaio sobre Algumas
Concepções de infância: Aproximações com o pensamento Freiriano e o lugar da infância das
classes populares. Ver. Teoria e prática da educação, v 11, n. 2 p. 173-179, maio/agos.2008.
RAMOS, Leila Salete dos Santos. Educação Infantil: Espaço de afeto e tempo para ser
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SANTOS, Mônica Pereira dos. Escola para todos - Um olhar pelo mundo. Anais do V
Seminário Nacional do INES: Surdez e Diversidade. Rio de Janeiro, 19 a 21 de setembro de
2001. PP. 27-34
SOARES, Ana Paula Silva, Jaqueline Pasuch. Orientações Curriculares para a Educação
Infantil do Campo. 2009.
CRIATIVIDADE: UMA POSSIBILIDADE TRANSFORMADORA NO CENÁRIO
ESCOLAR
Kênia Paulino de Queiroz Souza1
Maria José de Pinho2
Sala 01
Resumo: Este artigo, fruto de uma pesquisa de mestrado, objetiva polinizar os conhecimentos referentes às
práticas pedagógicas com indícios de criatividade, desenvolvidas nos anos iniciais do Ensino Fundamental na
Escola Municipal de Tempo Integral Daniel Batista, localizada em Palmas – TO. Para a realização da pesquisa,
optou-se metodologicamente pelas abordagens qualitativa e quantitativa na modalidade exploratória, direcionada
pelo estudo de caso. Os dados revelaram que as práticas pedagógicas analisadas apresentam indícios de
criatividade, a partir do olhar complexo e transdisciplinar evidenciados pelos parâmetros da RIEC e RIEC Brasil
ao valorizar o outro, a si mesmo e o ambiente como partes interligadas de um todo, que buscam superar e
transformar as adversidades enfrentadas no cenário escolar contemporâneo.
1
Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Tocantins. Membro do Grupo de Pesquisa em Rede
Internacional Investigando Escolas Criativas. Membro da Rede Internacional de Escolas Criativas. Professora da
Educação Básica e do Ensino Superior. [email protected]
2
Pós-doutorado em Educação pela Universidade do Algarve. Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Rede
Internacional Investigando Escolas Criativas. Membro da Rede Internacional de Escolas Criativas. Professora do
Ensino Superior. [email protected]
Nesse sentido, este artigo objetiva polinizar os conhecimentos referentes às práticas
pedagógicas com indícios de criatividade, desenvolvidas nos anos iniciais do Ensino
Fundamental na Escola Municipal de Tempo Integral Daniel Batista, pautados na valorização
dos potenciais humanos, individuais, sociais, culturais e ambientais.
3
Instrumento de valoração das práticas criativas da Rede Internacional de Escolas Criativas – RIEC elaborado
pelo professor doutor Saturnino de La Torre da Universidade de Barcelona – UB/Espanha, do qual foi elaborado
pelo professor doutor João Henrique Suanno um questionário.
4
Os resultados dos questionários serão apresentados em outro trabalho, pois será dedicado um espaço maior para
relatar as suas análises.
Rosa e Tulipa (educadores); Amarílis e Hortência (pais); Esmeralda e Safira (alunas), para
preservar a identidade dos entrevistados.
Para complementar o estudo, foram analisados os documentos: Projeto Político
Pedagógico (PPP), Plano de Ação e os projetos pedagógicos desenvolvidos com os alunos da
instituição. A fundamentação bibliográfica pautou-se nos principais aportes teóricos:
Nicolescu (1999), Morin (2001), Torre (2005; 2008; 2012; 2016), Moraes (2008; 2014),
Zwierewicz (2011; 2013), Suanno (2013; 2015), dentre outros.
Os demais levantamentos de dados foram orientados por todos os indicadores dos
quatro parâmetros de análise dessa pesquisa. Esse olhar global buscou ultrapassar a
subjetividade isolada de um todo, ao conectar-se com a vida investigativa deste estudo,
valorando os diferentes aspectos e os múltiplos olhares que propiciam a validação desta
produção.
[...] uma plantinha, não planta e a deixa lá, não vai esperar ela crescer sem nada,
temos que estar cuidando, olhando, [...] adubando, molhando [...] Assim são os
projetos da escola, eles são sempre flexíveis para estarmos melhorando... aqui é o
melhor lugar do mundo [Escola Daniel Batista] para trabalhar, eu amo essa escola
[...] (Rosa)
[...] ele [Projeto “Estudar é o meu maior tesouro”] veio direcionado não só ao
aprendizado em sala de aula, mas um todo da escola. [...] hoje você vê que a escola
é um silêncio, tranquilo, para isso tivemos que buscar bastantes recursos em termo
de melhorias das metodologias [...] (Tulipa)
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
PALMAS. Escola Municipal de Tempo Integral Daniel Batista. Projeto Estudar é o meu
maior tesouro. Palmas, 2014b.
Sala 3
Resumo: A proposta deste trabalho é apresentar um currículo para o Ensino Superior, representado por designs
gráficos, com base na complexidade e na transdisciplinaridade. Um trabalho desenvolvido pelos professores das
Faculdades Magsul e Faculdades Integradas de Ponta Porã, em conjunto, iniciado pela construção de um projeto
pedagógico com base no pensamento complexo (MORIN, 2000) e na transdisciplinaridade. Surgiu da reflexão sobre
a possibilidade de integrar as disciplinas para um processo de formação com base na compreensão, evitando a
fragmentação existente na maioria dos currículos. O estudo apontou que os elementos de ligação entre as disciplinas
tinham relação com o indivíduo que aprende e, por este motivo, foi focado no autoconhecimento e na essência das
disciplinas. A metodologia utilizada ultrapassou o nível disciplinar, sem desprezá-lo, e se pauta na
interdisciplinaridade, utilizando, neste momento, a metodologia ABP (Aprendizagem Baseada em Problemas),
esperando com este caminhar metodológico atingir objetivos transdisciplinares. A matriz curricular apresenta uma
disciplina integradora em todos os semestres dos cursos, denominada PPI (Projeto de Pesquisa Interdisciplinar), que
é direcionada por uma pergunta condutora. Neste modelo, os objetivos disciplinares se voltam para a integração e
para a formação de competências e habilidades. Tudo em uma relação dialógica, recursiva/retroativa e
hologramática, associada ao processo auto-eco-organizador, para tanto se torna fundamental a capacitação
continuada docente, uma vez que os professores têm diferentes formações e modos de pensar o processo educativo.
Para que esse modelo curricular seja compreendido por docentes e discentes, foi todo construído em forma de
designs gráficos e apresentado também em três dimensões (3D), pois segundo Merleau-Ponty (2000, p. 19): “Só se
vê aquilo para que se olha.” e o currículo precisa ser visto e conhecido por toda comunidade acadêmica.
Introdução
O projeto curricular
Com a evolução do projeto de curso, palavras que sintetizam os objetivos das disciplinas
foram utilizadas para a elaboração de um problema integrador e direcionador do semestre,
utilizando-se a Aprendizagem Baseada em Problemas. O problema se tornou o centro do projeto
de trabalho semestral, que conta com o apoio das disciplinas para resolvê-lo. O problema visa,
também, pela reflexão, a ampliação do processo de autoconhecimento com base na essência das
disciplinas. A disciplina PPI (Projeto de Pesquisa Interdisciplinar) se tornou fundamental para
esse modelo curricular, pois, por meio da pesquisa, amplia o conhecimento, podendo, muitas
vezes, ir além do que o professor planeja.
Escolhemos o Curso de Administração como exemplo da utilização da metodologia ABP
(Aprendizagem Baseada em Problemas), contribuindo para a operacionalização da disciplina PPI
e para a promoção da integração das demais disciplinas. Foi construído um problema pelo grupo
de professores do semestre, direcionado pelo docente da disciplina PPI. O problema do quinto
semestre do Curso de Administração (Quadro 1) ficou assim definido:
Sr. João possui uma fecularia de pequeno porte, no município de Ponta Porã há três anos, sua capacidade de
produção é de 600 toneladas mensais de amido de mandioca, para produzir polvilho doce. O Sr.João sonha em
ampliar seu negócio, está visualizando uma oportunidade de produção própria de raiz de mandioca por meio de
parcerias de cooperação com produtores do Assentamento Itamarati que fica próximo à cidade, com o intuito de
repassar aos seus clientes uma segurança no fornecimento do amido, pois em época de falta de raiz no mercado a
empresa passará a industrializar sua produção própria, mantendo regularidade no fornecimento a seus clientes. No
entanto, ainda não possui uma capacidade produtiva maior, para ampliação dos derivados do amido e também para
atender outros municípios próximos onde está instalada a fecularia. Vamos ajudar O Sr. João a realizar seu sonho.
Este problema foi sendo resolvido por
meio de pesquisa e do apoio das disciplinas do
semestre: MERCOSUL e Mercado Financeiro
de Capitais, Administração da Produção I,
Administração Financeira I, Análise
Organizacional, Estágio Supervisionado I,
Gestão de Pessoas II e Marketing: Produtos e
Precificação. Observando-o, é possível perceber
a presença das palavras, Mercado Financeiro,
Produtividade, Investimento, Estrutura, Prática,
Equipe e Preço e Produto, que são a essência dasFig.
disciplinas formadoras
1 – Disciplinas dodoquinto
e palavras sínteses semestre,
5º sem. de Adm.
representado na figura 1. A proposta sugere que o aluno reflita sobre o problema apresentado e vá
relacionando o sentido da palavra síntese ao conteúdo da disciplina e ao seu processo de
autoconhecimento profissional. Um processo de reflexão contínuo. Por meio da reflexão, da
discussão e da resolução do problema, o aluno é capaz de relacionar os seus conhecimentos à
prática cotidiana e construir uma aprendizagem significativa.
O autoconhecimento, individual e profissional, vai se ampliando, a partir do momento em
que o aluno se percebe como membro da sociedade, frente aos seus múltiplos aspectos
(econômico, cultural, filosófico, político, social). Assim, ele tem a oportunidade de se perceber
como alguém que é, ao mesmo tempo, múltiplo e uno, individual e social. Morin (2011, p. 34,
35) nos alerta sobre a importância de se compreender a condição humana e o processo de
formação: "Sem vida a informação não existe e conhecer é produzir uma tradução das realidades
do mundo exterior". Portanto, um currículo
transdisciplinar precisa ter relação com a vida
do ser, que faz parte de uma teia de relações.
Desta forma, a construção desse modelo
de currículo foi evoluindo do estudo das
disciplinas para a vida do acadêmico. As
disciplinas, seus objetivos e seus conteúdos são
importantes no processo pedagógico, mas acima disso estão as vivências oportunizadas por este
processo e a aprendizagem construída a partir delas, transformando objetivos em competências e
habilidades.
Por esse motivo, a metodologia escolhida propõe ultrapassar o nível disciplinar, sem
desprezá-lo, mas expandir o processo educativo focando-o na solução de problemas vitais. Para
tanto, utilizou como referencial o hexagrama apresentado por Moraes (2010) com base no
pensamento complexo de Morin (figura 2). Essa
Figura 1 - Design da metodologia
metodologia se apoia nas três dimensões de formação
apontadas por Pineau (2015): autoformação, heteroformação e ecoformação; e pela metodologia
transdisciplinar proposta por Nicolescu (2005), que considera três pilares (a teoria da
complexidade, a lógica do terceiro incluído e os diferentes níveis
Fig.de
2 – realidade).
Design da Metodologia
Refletindo sobre a proposta de Pineau (2015), concluímos que a heteroformação, que é a
ação de outros no processo educativo, já acontece, principalmente, na relação professor/aluno. A
ecoformação, nesse currículo, ganha força com a proposta de dar vida às disciplinas,
relacionando-as à sociedade, por meio de aulas-passeio ou visitas técnicas e estudos de caso. A
autoformação também é considerada, pois é desenvolvida desde o início do curso por meio da
resolução dos problemas, da pesquisa e do processo de autoconhecimento.
Essa formação se completa com os pilares da transdisciplinaridade, uma vez que o
professor, não pode fechar seus olhos diante da relação currículo/complexidade; também, precisa
estar atento aos diferentes níveis de realidade, vinculados às diferenças e aos processos auto-eco-
reguladores, portanto um currículo padrão, pré-fixado, fragmentado e fechado em si mesmo não
atende mais às necessidades da sociedade atual; para aproximar estes diferentes níveis de
realidade, precisamos ainda contar com o terceiro
incluído, considerando-o como a força que permite
a aproximação dos opostos.
Unindo-se a figura 1, que apresenta as
palavras síntese das disciplinas de um semestre em
torno do acadêmico, com a figura 2, o hexagrama
que apresenta a metodologia proposta, chegamos
ao design de um semestre (figura 3). As diferentes
disciplinas são representadas por cores, seguindo os eixos propostos pelas DCNs, neste caso: a
cor azul conteúdos de formação básica, a cor rosa conteúdos de formação profissional, a cor
laranja conteúdos de estudos e métodos quantitativos, e a cor verde conteúdos de formação
complementar; conectando assim a proposta curricular à legislação. Tendo ao centro. o “Homem
Vitruviano” de Leonardo da Vinci (1492) como a representação do ser, o acadêmico.
Assim, unindo-se os semestres chegamos à espiral do conhecimento com todas as
palavras síntese do curso (figura 4). Ao finalizarmos a síntese das disciplinas de todo o curso,
percebemos que as palavras escolhidas não traduzem só conteúdos disciplinares, mas
Fig. 3 - Design semestral
competências e habilidades que deviam ser desenvolvidas nos acadêmicos, como: a compreensão
de mercado, as estratégias utilizadas, a cultura empresarial, a tecnologia, a formação de equipe,
dentre outras. Como o próprio professor, juntamente com seus pares, havia escolhido a palavra
síntese de sua disciplina, ficou perceptível, que seu olhar já não estava mais direcionado ao
conteúdo, mas sim na sua utilização para a formação de um ser humano: uma prova que as
disciplinas se transformavam em células, formadoras de um processo vital de formação do
acadêmico.
Fig. 4 - Design curricular planificado do Curso de Administração (espiral curricular)
Referências bibliográficas
Sala 4
Resumo: Este texto surgiu a partir da proposta de um trabalho final da disciplina Concepções e Práticas de
Formação de Professores, ministrada pela Professora Dra. Carmem Lúcia Artioli Rolim, no Programa de Pós-
Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus de Palmas. O objetivo
do trabalho é fazer uma análise de concepções teóricas e práticas que contribuíram para a formação docente do
autor deste texto. Pensar a formação e profissionalização docente é de suma importância, tendo em vista que
através destas discussões as concepções de formação se renovam e a nossa profissão passa a ter mais significado.
É através da reflexão e da discussão coletiva sobre a temática de formação docente que encontraremos o
caminho para a construção de uma profissão que de fato consiga superar todos os desafios encontrados no espaço
escolar, principalmente no dia a dia da sala de aula. Para contribuir com a nossa discussão, nos embasamos em
textos de autores como Zeichner (1992), Nóvoa (1992), Pimenta (2006) dentre outros.
Introdução
Este trabalho foi escrito tendo como tema norteador a “análise de concepções, teorias e
práticas constitutivas do processo de profissionalização docente”, proposto pela Professora
Doutora Carmem Lúcia Artioli Rolim como avaliação final da disciplina Concepções e
Práticas de Formação de Professores, no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE)
da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus de Palmas.
Pensar a formação e profissionalização docente enquanto sujeito que vivencia esse
processo é bastante importante e desafiador, pois neste momento de reflexão sobre nossa
formação percebemos que ainda é necessário mais investimentos em formação docente para
que os professores possam dar conta de atuar nos diferentes contextos onde se encontram as
escolas.
Procedimentos Metodológicos
Este trabalho foi escrito como proposta de avaliação da disciplina Concepções e
Práticas de Formação de Professores e caracteriza-se como sendo de abordagem qualitativa,
que segundo Prodanov (2013, p. 70) neste tipo de abordagem “o pesquisador mantém contato
direto com o ambiente e o objeto de estudo em questão, necessitando de um trabalho mais
1
Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) [email protected]
2
Doutora em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) [email protected]
intensivo de campo”. No caso específico do nosso texto, estamos tratando da formação
docente, enquanto atores que vivenciam este contexto de formação docente. Dessa forma,
consideramos a abordagem qualitativa também a partir da concepção de Rolim (2016, p. 16):
Para a tessitura deste trabalho fizemos uma pesquisa bibliográfica que conforme (GIL,
1991, p. 48) “é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos”. A bibliografia utilizada foi a mesma disponibilizada na disciplina
do PPGE, onde nos embasamos em autores como Nóvoa (1992) e Pimenta (2006).
Desenvolvimento
Ao retomar os caminhos percorridos durante toda a minha formação, pude perceber
que sempre estive envolto por questões que envolviam a formação e o trabalho do professor, a
escola e sua organização e por relatos de vivências das pessoas que atuavam neste espaço.
Falo isso, devido ter crescido numa família onde alguns membros são professores(as), como é
o caso da minha avó, dois tios e, minha mãe, que apesar de não ser professora, atuou durante
algum tempo na secretaria de uma escola.
Penso que, desde muito cedo, devido a este contato, tenha iniciado meu processo de
formação e, talvez, esta vivência tenha despertado em mim a curiosidade por fazer parte deste
espaço, destas vivências. Concordo com Zeichner (1992, p. 130) quando o autor nos diz que
“o processo de aprender a ensinar começa muito antes dos alunos frequentarem os cursos de
formação de professores”. Se aprende a ensinar, se aprende a ser professor, desde muito cedo,
antes do ingresso em cursos de licenciatura, através das vivências na família e em outros
espaços sociais. Essa bagagem adquirida pelas pessoas que frequentam cursos de formação de
professores perpassam o tempo e são impressas diariamente durante o trabalho docente na
escola.
Os caminhos percorridos para se tornar professor não difere dos das demais profissões,
é necessário que se ingresse num curso de formação inicial onde, neste primeiro momento,
serão ensinadas algumas teorias, apresentadas algumas metodologias e didáticas que
possibilitarão aos seus alunos o licenciamento para a atuação na educação. Nóvoa (1992, p.
25) pontua que “estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e
criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vista a construção de uma identidade,
que é também uma identidade profissional”. Formar-se professor, nesse sentido, requer um
investimento pessoal, na busca de construir diariamente uma identidade própria, pessoal e
também, profissional. É entender que a formação nessa área lhe trará retornos pessoais,
financeiros e profissionais.
Penso que a formação inicial seja um primeiro passo para inúmeras descobertas do que
é ser professor. Ao ingressar no curso de Pedagogia, na Universidade Federal do Piauí, me
deparei com inúmeros questionamentos que transcenderam aquele primeiro momento de
minha formação. Pensar a escola, seus contextos e relações complexas me instigaram a buscar
mais informações e entrar nos espaços escolares de fato, para compreender a realidade que
envolvia os professores, os alunos e a escola, através de programas de iniciação científica. E,
a universidade foi um importante espaço para promoção dessa mediação.
Nesse cenário, onde convivem pessoas com pensamentos diversos, quase sempre
surgem conflitos e, dessa forma espera-se que o professor possa achar meios que o ajudem a
conduzir e acabar com os problemas que venham a surgir no interior da sala de aula onde
atua.
Considerações Finais
Na verdade, não trago experiências e nem vivências minhas enquanto docente. Mas,
trago sim, anseios e a expectativa de querer mudar a realidade de onde estarei inserido com
minha prática docente.
Por ser tão complexo, falar sobre a formação docente e, porque não dizer, sobre
minha própria formação, me fez pensar, durante alguns momentos da tessitura deste trabalho,
que quanto mais leio sobre esta temática, menos sei sobre o que é ser de fato professor.
Talvez me falte vivências enquanto docente. Porém, a cada leitura e a cada lauda escrita, me
surgiram inúmeros questionamentos.
Concluo este ensaio com uma citação de Garcia (2001, p. 64) que diz que “a ousadia
do fazer é que abre o campo do possível. E é o fazer – com seus erros e acertos – que nos
possibilita a construção de algo consistente”. Ser professor é ter um pouco de ousadia para
enfrentar os desafios postos diariamente e superá-los. E, a cada desafio superado, um
aprendizado.
Referências
GARCIA, Pedro B. Paradigmas em crise e a educação. In: Brandão, Z. (Org.). A crise dos
paradigmas e a educação. 3.ed., São Paulo: Cortez, 2001.
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo. Atlas, 1991.
GÓMEZ, Angel Pérez. O pensamento prático do professor reflexivo – a formação do
professor como profissional reflexivo. In: NÓVOA, Antônio. Os professores e sua
formação. Lisboa : Dom Quixote, 1992.
NÓVOA, Antônio. Os professores e sua formação. Lisboa : Dom Quixote, 1992.
PIMENTA, Selma Garrido. Professor reflexivo: construindo uma crítica. In: Pimenta, Sema
Garrido; GHEDIN, Evandro (Orgs.) Professor Reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um
conceito. 4. ed. – São Paulo : Cortez, 2006.
PRODANOV, Cleber Cristiano. Metodologia do Trabalho Científico [recurso eletrônico] :
métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. – 2. ed. – Novo Hamburgo: Feevale,
2013.
ROLIM, Carmem Lúcia Artioli. A Educação Matemática e o Poder: uma história a
contrapelo. Revista Contraponto – Eletrônica, Itajaí, Vol. 16 – n. 1 – p. 74, jan/abr. 2016.
ZEICHNER, KEN. Novos caminhos para o practicum: uma perspectiva para os anos 90. In:
Os professores e sua formação. Lisboa : Dom Quixote, 1992.
DAS GRADES ÀS REDES E TEIAS - ARTICULAÇÃO POR ÁREAS DO
CONHECIMENTO: NOVOS PARADIGMAS CURRICULARES NO ENSINO MÉDIO
DO CENTRO EDUCACIONAL MARISTA SÃO JOSÉ
Sala 3
Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar a proposta curricular do Ensino Médio Marista
desenvolvida numa de suas Unidades Sociais, a qual dinamizava seu currículo em modelo disciplinar, ou seja,
por modelo curricular. Com base na experiência in loco, discorre de premissas esboça a pratica curricular, a
compreensão e dinamização do currículo. A intencionalidade, da perspectiva prática, é evidenciar as interfaces
de práticas pedagógicas fragmentadas e desarticuladas resultantes em processos de ensino e aprendizagem pouco
eficazes e sua interferência na qualidade educacional. Nas reflexões e inferências realizadas a partir de
referenciais teóricos e práticos, apresentar considerações sobre currículo, áreas do conhecimento, componente
curricular e articulação curricular. As correlações dos conceitos expressos no cotidiano escolar partem de
práticas, reflexões e sistematizações. Ao buscar sinergia nos processos de ensino e aprendizagem potencializar e
efetivar a metodologia de articulação entre os saberes. Com base na pesquisa e reflexão do cenário quanto à
oferta de Ensino Médio, apresentar possibilidades para melhor compreender a prática. Além de repensar os
processos de ensino e aprendizagem, responder aos anseios dos estudantes, a ponto de nos interpelar a romper o
paradigma da atual proposta curricular ofertada. A partir das reflexões apresentadas, revisamos o itinerário do
processo pedagógico o qual resultou em necessária reorganização do currículo. Por fim, tomando como
referência as matrizes curriculares nacionais e do Projeto Educativo Marista, analisar o currículo atualmente
praticado e desenvolver práticas educativas de referência que permitam responder aos desafios curriculares e
educacionais do ciclo final da educação básica no Centro Educacional Marista São José.
Introdução
Em contínuo desenvolvimento e fundamentada nas premissas de ser e ter, sentimos a
necessidade de construir e desenvolver uma proposta a qual rompa com o modelo disciplinar
e enciclopédico de ensino e aprendizagem, para buscar, pautado no Projeto Educativo
Marista, cenários e teorizações contemporâneas, reelaborar de práticas, saberes e
conhecimentos, propor novos paradigmas curriculares no Ensino Médio à partir da realidade
do Centro Educacional Marista São José.
O Ensino Médio é um dos serviços desenvolvidos pela Rede Marista de Solidariedade
(RMS). No Centro Educacional Marista de São José (SC), fundado em março de 1996, passou
a ser ofertado em 2012. Atualmente são atendidos 275 educandos, distribuídos em 10 turmas
de 1ºs (4 turmas), 2ºs (3 turmas) e 3ºs (3 turmas) anos, somente no período noturno.
1
Bacharel em Biblioteconomia/UFSC (2008), Especializações em Juventude, Religião e Cidadania/FAJE-MG
(2009), Gestão de Processos Pastorais/PUC-PR (2015) e Coordenação Pedagógica/FAEL-PR (2016). Atual
coordenador pedagógico do Ensino Médio no Centro Educacional Marista São José/SC. E-mail
[email protected]
Para refletir os objetivos propostos nesse artigo, é necessária a compreensão de Matriz
Curricular, Área do Conhecimento e Componente Curricular, bem como apropriar-se do
conceito de Articulação Curricular. Assim, os conceitos e argumentos apresentados têm como
referencial teórico o que melhor expressa nossa práxis.
2
No Projeto Educativo Marista a expressão Espaçotempo é um continuum que se refere ao espaço e ao tempo de
modo inter-relacionado. Nessa Perspectiva, é necessário pensar, fatos, processos, fenômenos e situações-
problema considerando as especificidades espaciais e temporais. (UMBRASIL, 2010, p. 28).
Em cada área “são definidos os eixos estruturantes que expressam os elementos
aglutinadores que integram os componentes curriculares, aos quais se vinculam os objetos de
estudo, desdobrados, por sua vez, nos conteúdos nucleares.” (UMBRASIL, 2016, p. 21).
“Portanto, das áreas de conhecimento e seus eixos estruturantes, emanam os componentes
curriculares, seus objetos de estudo e conteúdos nucleares.” (UMBRASIL, 2016, p. 24). Na
especificidade de cada área do conhecimento “Os objetos de estudo são desdobramentos que
detalham e, ao mesmo tempo, delimitam o campo de estudo dos componentes curriculares”.
(UMBRASIL, 2016, p. 24).
Diante desta perspectiva, no inicio do ano letivo de 2016, com o propósito de iniciar a
mudança de paradigma educacional, além dos professores de cada componente curricular,
foram instituídas a funções de docente articulador, ou seja, profissional com formação numa
das quatro áreas do conhecimento: Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e
Matemática, com o objetivo de articular cada componente curricular em suas respectivas áreas
do conhecimento.
Assim, as 4 áreas do conhecimento e seus respectivos professores, passaram a olhar
para seus planejamentos na perspectiva interdisciplinar, na qual passaram, com base nas
matrizes de seus componentes curriculares, discutir e planejar possibilidades de dinamização
integrada dos conteúdos. Da teoria à prática, ainda que incipiente,
Aparentemente, seria bem mais fácil estabelecer uma articulação entre as disciplinas
de uma mesma área do que entre as de áreas diferentes, pois há elementos de
identidade e proximidade no interior de cada uma delas (BRASIL, 2013, p. 17).
Neste contexto, a escola deixa de preparar para a vida, para corroborar com o sistema
burocrático onde, sobretudo, executa conteúdos programáticos que cairão em desuso ou
esquecidos. Ao estabelecer aos educandos, somente propósitos pós Ensino Básico, a escola
reduz seus interesses à trajetória educacional.
Na concepção Marista a escola “é entendida como um espaço de aprendizagem, de
vida e de evangelização, que deve levar os educandos a aprender a aprender, a fazer, a
conviver e a, principalmente a ser, em permanente diálogo com a cultura e com o
conhecimento”. (Rede Marista de Solidariedade, 2010, p. 34)
O período escolar é fundamental a sociabilidade, pois traz em si suficiente diversidade
para as mais abundantes reflexões. A pluralidade do espaço educativo propício a “produção e
circulação de culturas, de elaboração/reelaboração de saberes e conhecimentos de sujeitos”.
(Rede Marista de Solidariedade, 2010, p. 34)
Deste modo, o fazer educativo pode fomentar a socialização através de métodos e
posições que contemplem os diversos saberes, assim como desenvolver verticalmente os
objetos de estudos indicados na matriz curricular, sem considerar as perspectivas dos
educandos e educadores.
Reorganização do Currículo
As reflexões e questões até aqui descritas nos remetem à necessária mudança da
prática, o qual somente será integral com novas práticas conceituais e estruturais do currículo.
Portanto, ao considerar que “O Ensino Médio é o período no qual o diálogo entre os
componentes deve se intensificar ainda mais” (UMBRASIL, 2016, p. 34), está afirmação nos
impele, à necessidade de ressignificar os processos de ensino e aprendizagem, movimento
necessário em toda a Educação Básica, desde os anos iniciais, propor mudanças e romper
paradigmas quanto à dinamização do currículo.
Assim, com o processo de articulação curricular por áreas do conhecimento,
sugerimos mudanças quantitativas e qualitativas na distribuição dos componentes
curriculares.
As mudanças propostas e aprovadas em 2016, estão em andamento no ano letivo de
2017, partiram de uma dinâmica curricular com 30 aulas semanais (6 aulas por dia) com 40
minutos cada, com 10 minutos de intervalo.
Tabela 1 - Currículo e carga horária do Ensino Médio do CEM São José até dezembro de 2016.
Área do conhecimento Componente Curricular Horas/Aula
Matemática Matemática 4 4
Língua Portuguesa 4
Língua Estrangeira3 2
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 9
Educação Física 2
Arte 1
História 3
Geografia 2
Ciências Humanas 7
Sociologia 1
Filosofia 1
Química 3
Física 3
Ciências Natureza 10
Biologia 3
Iniciação Científica 1
CARGA HORÁRIA SEMANAL ATUAL ORGANIZAÇÃO 30 (1200 HORAS)
Fonte: Dados organizados pelo autor, com base no Projeto Político Pedagógico da CEM São José.
3
Eram ofertados no currículo Inglês e Espanhol, ambos com 1hora/aula semanal por turma.
O currículo até então praticado, composto por 13 componentes curriculares,
distribuídos em 30 horas/aula semanais, necessitada de uma ressignificação quantitativa e,
principalmente, qualitativa. Assim, depois de estudos e reflexões, sobretudo para qualificar o
espaçotempo do educando na escola, optamos em redimensionar para 25 aulas semanais de 45
minutos, proporcionando intervalo de 15 minutos.
Outro aspecto importante é o horário de inicio das aulas. Com o inicio às 18h25min.,
educandos e educadores, que se deslocam de transporte público, tinham dificuldades de
chegar nesse horário. No caso dos educandos trabalhadores mesmo com as justificativas,
alguns, perdiam parte da primeira aula. Neste contexto, mudamos o horário de inicio das aulas
paras às 18h25min.
Tabela 2: Organização da carga horária atual e proposta para o currículo do Ensino Médio
Horário até 2016 Horário Proposto
1ª. Aula 18h15min. 1ª. Aula 18h25min.
2ª. Aula 18h55min. 2ª. Aula 19h10min.
3ª. Aula 19h35min. Intervalo 19h55min.
Intervalo 20h15min. 3ª. Aula 20h10min.
4ª. Aula 20h25min. 4ª. Aula 20h55min.
5ª. Aula 21h05min. 5ª. Aula 21h40min.
6ª. Aula 21h45min. - -
Saída 22h25min. Saída 22h25min.
Fonte: Dados organizados pelo autor
Matemática Matemática 4 4
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Língua Portuguesa 4 8
Língua Estrangeira 2
Educação Física 1
Arte 1
História 2
Geografia 2
Ciências Humanas Sociologia 1 7
Filosofia 1
Juventudes: Projeto de Vida
e Cidadania 1
Química 2
Ciências Natureza Física 2 6
Biologia 2
CARGA HORÁRIA SEMANAL 25 (1000 horas)
Considerações
É evidente a relevância do currículo na tessitura escolar, social e cultura e,
consequentemente, passa ser objeto de estudos e reformas, devido sua relevância na
manutenção das relações sociais. O currículo não deve persistir numa interpretação
monocultural, inflexível, com a organização do conhecimento compartimentada.
Por meio do currículo, a escola é uma das instituições capazes de contribuir para que a
realidade do mundo contemporâneo seja refletida e conscientizada pelos estudantes,
aproximando-se da sociedade, sobretudo do território onde está inserida. Indispensável, assim,
de um currículo que colabore efetivamente para alcançar o ideal educativo como paidéia4,
uma formação aos jovens como sujeito e cidadão.
Para tal, é indispensável analisar as consequências sociais ao estruturar o currículo e
sintonizar com o tempo presente, mas minimizadas as desigualdades sociais. E é esta paidéia
dever transversal nos currículos, para que, assim, as escolas, desde os anos iniciais, eduquem
cidadãos solidários.
Inspirados nas experiências de escolas que na prática ousam seus currículos fora dos
modelos tradicionais, na literatura e em nosso curto, mas consistente itinerário, acreditamos,
com base no caminho até aqui trilhado e descrito, estar constituindo uma proposta de
qualidade conceitual e prática. A qual é um convite à problematização dos currículos
praticados e das “concepções sobre as quais se assentam os campos disciplinares e as
tendências metodológicas, bem como os objetos de ensino e aprendizagem, as práticas
pedagógicas [...]” (UMBRASIL, 2010, p. 89).
As problematizações e práticas aqui refletidas procuram evidenciar a inquietude ante
aos métodos tradicionais desenvolvidos e a relevância em fomentar novos paradigmas ao
modelo educativo. Entendemos que o conhecimento deve considerar contexto social e
cultural, por sua vez, o currículo dever favorecer o posicionamento crítico, mesmo na
subjetividade, ser repleto de valores autênticos.
Com intenção de transpor a realidade educativa e pedagógica cotidiana do Ensino
Médio no Centro Educacional Marista São José, com base nas matrizes curriculares nacionais
e do Grupo Marista e a partir do olhar para o currículo atualmente praticado, desenvolver
práticas educativas de referência a quais permitam ajudar a responder aos desafios
educacionais.
Referências
ARROYO, Miguel. G. Currículo, Território em Disputa. Petrópolis - RJ: Vozes, 2011.
BRASIL. 2015a. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Consulta Pública. Brasília,
MEC/CONSED/UNDIME. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/documento/BNCC-APRESENTACAO.pdf. Acesso
em: 01 de agosto de 2016.
4
Ideal educativo grego que visa à formação geral/integral do homem, como homem e como cidadão.
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho.
Tradução de: Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. da (Org). Currículo, cultura e sociedade. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 1997.
Sala 02
Resumo: A atividade foi pensada para o projeto Berço de Talentos com o intuito de responder ao
questionamento da aluna Laura, que em um momento de atividade com papel reciclado em sala, indagou sobre
De Onde Vem O Papel?. Levando a realização dos experimentos com a turma para a descoberta e comprovação
das ideias obtidas a priori.
Introdução:
O tema surgiu a partir da indagação de uma aluna e traz uma reflexão sobre o
meio ambiente e as reações causadas. Assim apresenta como objetivo central desenvolver no
aluno com extensão à nossa comunidade escolar a importância da preservação da natureza, a
partir de práticas como reuso, reciclagem e o replantio. Nossos alunos devem aprender que
estamos inseridos na natureza e compreender que não estamos separados dela, mas que somos
sim uma parte da mesma, e que, portanto, devemos desempenhar cada qual o seu papel neste
contexto de preservação.
A temática reflete também uma mudança na prática com ações de cidadania e
cuidado com o meio ambiente, causando uma mudança social nas atitudes das crianças, que
buscaram uma ação positiva em si e naqueles que os cercam, tornando o seu meio social mais
agradável e duradouro no que se refere ao meio ambiente.
Realizar essa ação de confeccionar um papel usando a reciclagem daqueles
utilizados e descartados em sala se tornou algo muito prazeroso e de grandes aprendizagens
na vida das crianças, pois além de vivenciarem algo inusitado tornou sua aprendizagem
significativa e simbólica, pois experimentou e aprendeu algo novo.
As Diretrizes Curriculares da Educação Infantil (2010) nos traz:
Currículo:
Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das
crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico,
ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento
integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. (pág. 12)
1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual da Bahia, acadêmica do curso de especialização Educação,
Pobreza e Desigualdade Social. E-mail: [email protected]
Isso demonstra que as nossas atividades em sala de aula precisam
objetivar esse desenvolvimento, tornando a criança um ser com aptidões a aprendizagens
significativas a ele e ao mundo ao qual esta inserida. Não buscando uma preparação para as
series posteriores, mas uma aprendizagem para sua vida, experiências inesquecíveis.
Segundo as Diretrizes Curriculares (2010) as propostas pedagógicas das
unidades de educação infantil devem alcançar com as crianças a renovação dos
conhecimentos e a apropriação dos mesmos nas diferentes linguagens.
A autora Ostetto (2008) ao responder aos questionamentos de qual seria o
melhor planejamento para a realização de atividades na educação infantil enfatiza que é
importante que ele não preencha apenas aos requisitos da professora no que se refere a
conteúdos selecionados, mas que ele se volte também para a realidade da criança,
favorecendo a sua aprendizagem e a tornando simbólica para o mundo e ou o meio ao qual
esta convivendo.
Dessa forma as atividades experimentais colaboram e muito com o
desenvolvimento integral da criança como supracitado nas Diretrizes.
A autora Maranhão (2006) corrobora quando reconhece que para o professor
atuar com crianças de maneira significativa é necessário se conhecer e também conhecer ao
outro, pois assim saberá quais as limitações e quais são as suas forças para ajudá-lo
Procedimentos Metodológicos:
Desenvolvimento:
Considerações Finais
Referências:
• BRASIL, Ministério da educação e do Desporto. Secretaria da Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília:
MEC/SEF, 200, v. 3.
• BRASIL, Ministério da educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes
Curriculares Nacionais Para A Educação Infantil/. Brasília: MEC/SEB, 2010.
• CERISARA, Ana Beatriz. Por uma Pedagogia da Educação Infantil: Desafios e
Perspectivas. 1999.
• CERISARA, Ana Beatriz. Professores de Educação Infantil entre o feminino e o
profissional. São Paulo: Cortez, 2002. – (Coleção Questões de Nossa Época; v.98).
DÉFICIT DE APRENDIZGEM NA EDUCAÇÃO BÁSICA:
Sala 8
Resumo: Uma educação verdadeiramente inclusiva, que consiga proporcionar aprendizagem a todas e a todos
independente das diferenças que os sujeitos do processo educativo possam apresentar, ainda representa um
grande desafio a ser superado. Ao longo da história da educação brasileira, diversas foram as lutas em busca da
universalização do acesso a educação básica, sobretudo a partir do século XX, sendo em grande parte
protagonizadas por diferentes grupos formados por intelectuais, professores e movimentos sociais. Contudo, com
quase duas décadas completas no século XXI, as desigualdades internas nos sistemas educacionais, no que se
refere sobretudo a aprendizagem de estudantes brancos e negros ainda apresentam-se de forma bastante
significativa e que são resultados de questões sociais (desigualdades raciais) e questões pedagógicas nas escolas
(dificuldades com o trato da questão racial). Desse modo, esse texto apresenta uma reflexão a partir de análises
de pesquisas que tratam dessas formas de exclusão interna nos sistema educacional, ressaltando o quanto elas (as
formas de exclusão) contribuem para manutenção de um status quo. Assim, essa discussão, apresenta-se como
um ponto de partida para que a questão possa ser problematizada e investigada, bem como, pensadas alternativas
para que seja possível a realização de uma educação que cumpra o seu papel no que se refere ao acesso ao
conhecimento, ao aprendizado e ao desenvolvimento da autonomia dos educandos.
INTRODUÇÃO
1
Graduado em Geografia (UFG), em Pedagogia (ISEED) e mestre em Ensino na Educação Básica (UFG).
Professor efetivo da Universidade Estadual de Goiás, onde é coordenador do curso de Pós-Graduação Lato
Sensu em Interdisciplinaridade e Diversidade na Educação. E-mail: [email protected]
2
Graduando em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás. E-mail: [email protected]
a desigualdade existente hoje não é mais a mesma e nem ocorre nos
mesmos termos da que ocorria no passado. Setores mais pobres
reprovam mais, evadem mais, concluem menos, o mesmo ocorre com negros
e meninos. (p. 682).
Desse modo, ao ocultar e/ou marginalizar grupos como negros, indígenas, mulheres,
populações LGBTT's, etc., os currículos escolares expressam tipologicamente os interesses
dos grupos hegemônicos historicamente dominantes e a manifestação arbitrária de suas
culturas.
Atentando ao enfoque proposto para esse trabalho, no que ser refere às condições de
vida, de oportunidades e de acesso à educação e ao aprendizado por parte dos estudantes
negros, é importante destacar os processos históricos de exclusão que as populações
negras vivenciaram e ainda vivenciam no Brasil e que as condicionam às piores
situações apresentadas nos mais variados indicadores sociais brasileiros. A presença das
desigualdades sociais e raciais, que são apontadas pelos indicadores de educação,
trabalho, rendimento e domicílios levantados e publicados na Síntese de Indicadores
Sociais pelo IBGE em abril de 2015, e no Relatório anual das desigualdades raciais no
Brasil; 2009-2010, demonstram claramente a condição de marginalização das populações
negras em relação ao acesso as ferramentas sociais.
Justificando o porquê do enfoque dado a esse trabalho, que busca refletir sobre
as relações entre o déficit de aprendizagem que atinge as crianças e adolescentes pertencentes
ao grupo étnico-racial, trago uma informação importante destacada por Arroyo (2007),
onde ele aponta que:
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
enquanto, 7% dos brancos têm mais de dois anos de atraso escolar, entre os negros
esse indicador chega a 14%. Ou seja, o processo de exclusão ocorre depois da
entrada no sistema educacional. Portanto, podemos argumentar que o processo de
escolarização de algumas crianças brasileiras é mais tortuoso que o de outras
(p.112).
Esse tipo de constatação não é recente no que se refere aos estudos sobre
desigualdades raciais no Brasil referentes às questões educacionais. Valente (1995) apresenta
em sua pesquisa alguns resultados relacionados às análises realizadas por Rosemberg (1987)
sobre os dados do Censo Escolar produzido em 1980 e da PNAD de 1982 para o Estado de
São Paulo, onde:
as crianças negras não só tendem a repetir de ano com maior frequência que as
brancas, como também são excluídas mais cedo do sistema de ensino. A passagem
da 3ª para a 4ª série do 1º grau parece determinar o destino escolar das crianças
negras: uma em cada dez crianças negras que frequentavam a 3ª serie em 1981,
deixa de frequentar a escola em 1982, entre as crianças brancas, a proporção era de
uma para vinte (ROSEMBERG, 1987, p.19)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NASCIMENTO, M. B. Negro e racismo. 1974. In. RATTS, Alex. Eu sou atlântica: sobre a
trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza, Imprensa
Oficial, 2007, p. 98- 102.
Sala 5
Introdução
1
Doutoranda em Psicologia Social na Universidad Jonh F. Kennedy – Argentina. Especialista em
MBA Gestão Empresarial pela Universidade Federal do Tocantins - (UFT). Graduada em Secretariado
Executivo Bilingue pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás - (PUC-GO). Atualmente é Secretária
Executiva de cursos e Programas da Fundação Universidade Federal do Tocantins. E-mail: [email protected]
2
Licenciado em Filosofia, mestrado e doutorado em Ciências da Educação pela Universidade do
Minho (Portugal). Professor no curso de Jornalismo e no Programa de Ensino de Ciências e Saúde da
Universidade Federal do Tocantins. E-mail: [email protected]
Assim, faz-se necessário e urgente pensarmos a educação voltada a uma
pedagogia para a autonomia. A docência consciente de seu papel na construção de um sujeito
menos dependente e mais autônomo é fundamental para a superação do tradicionalismo
centrado em “Quem apenas fala e jamais ouve; quem „imobiliza‟ o conhecimento e o transfere
aos aprendentes. Não importa se trata de escolas primárias ou universitárias” (Freire, 1989,
p.17).
Este artigo pretende fazer algumas provocações a respeito das metodologias
adotadas por professores, em especial, sobre a questão da forma tradicional com que a
educação é constituída e que acaba por limitar a criatividade e a impedir uma transformação
de fato de estudantes mais conscientes, críticos e mais preparados para o futuro. Nossa
intenção essa é a reflexão sobre tais desafios de forma que leitores possam perceber a
importância em formar estudantes mais críticos e capazes de construírem conhecimento.
Com base nos argumentos até então apresentados, chamamos a atenção para a
necessidade de investir na construção da consciência do aprendente diante da sua realidade.
Percebemos que não é adequado para vida em sociedade que exige criatividade para
reinventar as formas de viver e não se acomodar passivamente em tempos em que é cobrado
proatividade dos sujeitos fundamentalmente no mundo do trabalho.
Procedimentos Metodológicos
A partir da formação das categorias prévias foi seguido para a próxima fase a
codificação axial onde (Idem, p.124) denominam “como o ato de relacionar categorias e
subcategorias ao longo das linhas de suas propriedades e suas dimensões”. O objetivo nessa
fase é começar o processo de reagrupamento dos dados que foram divididos durante a
codificação aberta. Sendo que para esse artigo foi feito um recorte apenas de uma categoria:
DEPENDÊNCIA DO PROFESSOR.
Resultados e Discussões
3
Doutoramento em Psicologia Social pela Universidad Jonh F. Kennedy (Argentina) cujo o
objetivo foi de compreender as causas do preconceito contra a Educação Online.
Vamos proceder à apresentação dos resultados em dois momentos. Primeiro
apresentaremos uma tabela, obtida por meio do software de análise MAXQDA, onde
reforçam as teses sobre a categoria e subcategorias emergidas. Assim, por meio da
codificação foi possível dar-nos a condição de perceber a dependência dos estudantes em
relação aos professores. A seguir, na tabela 1, apresentamos os resultados da categorização
com os respectivos percentuais.
Quadro 2: Categorização
Necessidade de
contato
Dependência do professor
4
Nomenclatura usado para identificar os extratos da entrevista: “J” representa o curso de
Jornalismo e o algarismo „1‟ representa que dos dois estudantes entrevistados do curso esse foi o primeiro.
A priori, o extrato acima não diria muito se os professores ocupassem o papel de
orientador em processo de pesquisa que gerasse os conhecimentos desejados em um curso de
graduação. Observa-se que esse estudante depende do comando do professor de forma
demasiada, ou seja, a educação passa a depender do ensino, porém, o que o ensino faz é
distribuir informação. Por outro lado, quando o professor, mesmo sem intenção explícita, dar
ordens como forma de orientar os estudos ele está contribuindo para manutenção dessa
dependência na aprendizagem. De fato, como diz Paulo Freire (1987), a dependência gera
dependência, portanto quanto mais utilizamos de estratégias em que o professor se mantenha
indispensável para a aprendência não podemos esperar uma vivência autônoma do
aprendente.
Aprendizagem limitada
7
Nomenclatura usado para identificar os extratos da entrevista: “EC” representa o curso de
Engenharia Civil e o algarismo „1‟ representa que dos dois estudantes entrevistados do curso esse foi o primeiro.
Nas unidades de análise a seguir, o estudante é explícito em afirmar que
desconfia dessa aprendizagem onde o professor “não participa”. Para ele, essa acontece de
forma mais eficiente com a presença do professor apenas, o estudante acredita que só através
do educador ele terá uma aprendizagem expressiva.
Podemos observar ainda nesse extrato que o autor não confia nas suas
habilidades de gestão da aprendizagem e valida a forma tradicional de docência centrada no
professor assumindo um lugar passivo, simplesmente recebendo informação. Ele necessita ter
em mente que precisa ser „ativo‟, ou seja, o interesse em aprender é primordial. O “aprendiz”
deve ser agente em sua própria aprendizagem e não apenas um objeto que age em reação à
imposição do professor. O ser humano é sempre mediador de sua aprendizagem, mesmo
quando seu grau de autonomia é mínimo (PAIVA, 2005, p. 139).
Você não consegue tirar essas dúvidas porque você não tem uma
pessoa para perguntar. A110
Não é uma questão de aprender, mas a questão das dúvidas
principalmente.
8
Nomenclatura usado para identificar os extratos da entrevista: “D” representa o curso de Direito e
o algarismo „1‟ representa que dos dois estudantes entrevistados do curso esse foi o primeiro.
9
Nomenclatura usado para identificar os extratos da entrevista: “D” representa o curso de
Engenharia Elétrica e o algarismo „2‟ representa que dos dois estudantes entrevistados do curso esse foi o
segundo.
10
Nomenclatura usado para identificar os extratos da entrevista: “A” representa o curso de
Arquitetura e Urbanismo e o algarismo „1‟ representa que dos dois estudantes entrevistados do curso esse foi o
primeiro.
Caso surja uma dúvida ali rápido, o professor estando por perto, na
hora ele vai até você, até a sua cadeira, ele conversa com você
pessoalmente. EC111
Quando você constrói essa autonomia você abre mão, você rompe com essa
dependência e isso só será possível quando o educador “assumindo-se como sujeito, também
da produção do saber, se convença definitivamente que ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 12).
Na Educação Básica são várias as dificuldades enfrentadas pelos agentes da educação e dentre
elas podemos perceber as salas de aulas lotadas, fato esse, que pode ser visto, como limitador
para o diálogo pedagógico entre professores e estudantes. Porém, é percebido também que nas
aulas expositivas é gasto muito tempo expondo sobre conteúdos e o tempo na verdade que
poderia ser destinado para troca efetiva com cada estudante é bastante reduzido o que nos leva
a crê que esse tempo de diálogo precisamente em sala não deva ter um grande significado
para a aprendizagem.
Necessidade de contato
Eu sofreria um baque por estudar sem professor por que sem alguém
para ensinar e para auxiliar, eu sentiria um pouco de dificuldade.
EC212
11
Nomenclatura usado para identificar os extratos da entrevista: “EC” representa o curso de
Engenharia Civil e o algarismo „1‟ representa que dos dois estudantes entrevistados do curso esse foi o primeiro.
Eu me sentiria desamparada, tecnicamente, porque ele não estaria ali
para me auxiliar no momento e eu precisasse, ele fica muito longe,
muito distante de mim. EC213
(...) eu preciso de alguém para me guiar diretamente (...) eu preciso de
convívio, de alguém para estar comigo e me direcionar. EE114
Considerações Finais
Referências
CRESWELL, John W.; CLARK, Vicki L. Plano. Pesquisa Qualitativa: Série Métodos de
Pesquisa. Penso Editora, 2013.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. 5˚ ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1981.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17˚ ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1987.
GADOTTI, Moacir. Reinventando Paulo Freire na escola do século 21. TORRES, Carlos
Alberto et al. Reinventando Paulo Freire no século, v. 21, p. 91-108, 2008.
MORIN, Edgar. Sete saberes necessários para a educação do futuro. (C. E. Silva, & J.
Sawaya, Trads.) São Paulo: Cortez, 2000.
Sala 3
Resumo: O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) oferece bolsa para estudantes de
cursos de licenciatura para que eles exerçam atividades pedagógicas em escolas públicas de ensino básico,
aperfeiçoando sua formação e contribuindo no ensino das escolas parceiras. O subprojeto da psicologia atua
através de discussões de temáticas da Psicologia que proporcionam um espaço para a formação crítica dos
alunos. Um dos projetos do PIBID da Psicologia campus-Goiânia é desenvolvido no 8º ano do Ensino
Fundamental no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE) e tem como tema: Desejos, dilemas
e conflitos da adolescência. Com a definição do tema, foi estabelecido como objetivo trabalhar os conflitos
presentes nas relações do adolescente consigo mesmo, com o outro, com os grupos dos quais participa e com o
ambiente no qual está inserido. A metodologia usada para trabalhar esse projeto são aulas expositivas
dialogadas; dinâmicas de grupo; debates e discussões de vídeos, imagens, músicas, poemas e rodas de conversa.
Através desse projeto é possível oferecer um espaço diferenciado, onde os alunos podem se expressar e entrar
em contato com questões que envolvem conflitos na adolescência, tendo o apoio teórico necessário para
compreender e discutir o tema proposto.
Palavras-chave: psicologia, licenciatura, Pibid, adolescência.
Introdução
1
Professora Adjunta da Faculdade de Educação - UFG
Psicóloga e doutora em Educação
A experiência que será relatada teve como objetivo geral: Trabalhar temas
relacionados aos conflitos presentes nas relações do adolescente consigo mesmo, com o outro,
com os grupos dos quais participa e com o ambiente no qual está inserido. A partir deste,
foram traçados os objetivos específicos: trabalhar questões relacionadas à constituição da
identidade do adolescente e os conflitos presentes nesse processo; desenvolver a temática
integração como um elo entre os temas identidade e grupo e promover uma reflexão crítica a
respeito dos conflitos presentes nos grupos dos quais o adolescente participa.
O primeiro contato com os alunos teve como objetivo a apresentação das autoras, do
Pibid, do projeto a ser desenvolvido e a apresentação dos alunos. Para essa apresentação
inicial foram utilizados slides que continham diversas imagens, a fim de já introduzir o tema
da adolescência. Como uma forma de obter uma maior interação com os estudantes foi
proposto uma dinâmica de apresentação onde cada um deveria apresentar o colega ao lado
dizendo seu nome e uma qualidade que, em sua percepção, ele possuía. Nesse primeiro
contato com os alunos, foi percebido um interesse comum em trabalhar esse tema, além de
terem demonstrado abertura para uma formação de vínculo efetiva com as professoras.
Como contraponto à essa perspectiva, as professoras solicitaram aos alunos que escrevessem
uma história com tema e estrutura livre em que a única exigência era que nessa história
houvesse um personagem que tivessem as características deles. A partir dessas histórias foi
possível uma nova percepção acerca destes alunos pois eles trouxeram muitos aspectos que
antes não eram conhecidos pelas professoras. Além disso, foi marcante a presença do
bullying, suicídio, conflitos interpessoais e familiares e a influência midiática nas histórias.
A fim de aproximar a perspectiva teórica da Psicologia a respeito dos temas propostos com a
realidade psicossocial dos alunos, foi desenvolvida uma atividade em que a sala separou-se
em seis grupos cada um com cinco participantes. Depois, foi entregue aos grupos uma
reportagem que abordava os seguintes temas atuais: desafio da asfixia, jogo da baleia azul,
automutilação, série 13 reasons why, depressão na adolescência e redes sociais. A partir disto,
os alunos discutiram e elaboraram uma resposta à reportagem, relacionando os aspectos
desses fenômenos que atingem os adolescentes com as temáticas sobre Identidade.
Com o objetivo de relacionar o tema da Identidade e dos grupos sociais dos quais o
adolescente participa, estava prevista a temática da Integração. No entanto, esse assunto
adquiriu uma nova perspectiva a partir das demandas que apareceram nas histórias escritas
pelos alunos. Sendo assim, foi pensada como metodologia para iniciar esse conteúdo a
reprodução do Documentário 13 reasons why: tentando entender os porquês em sala de aula,
com uma posterior discussão através de perguntas elaboradas previamente. Por uma questão
técnica, não possível a realização do que estava previsto, exigindo das professoras que
improvisassem uma nova organização para desenvolver os objetivos propostos.
Com isso, iniciou-se uma discussão na sala a partir da indagação das professoras a respeito da
perspectiva pessoal dos alunos sobre as questões presentes na série 13 reasons why. A partir
disso, começaram a surgir diversas dúvidas a respeito dos seguintes fenômenos: liberdade,
objetivo de vida, tomada de decisões e leis que regulam as relações interpessoais. Para atender
a essas demandas, as professoras tentaram trazer, de forma breve, o que a obra O Mal-estar na
Civilização (FREUD, 1930) traz como contribuição teórica para se pensar nessas
problemáticas.
Para trabalhar isso, foi levado um trecho do filme Divertidamente, que aborda as sete
emoções básicas: alegria, tristeza, raiva, nojo, medo, susto e desprezo, a fim de levantar a
discussão sobre os conceitos. Além disso, foram levados trechos de música para a realização
de análises. Para fundamentar teoricamente a discussão, foi utilizada o Capítulo A Psicologia
da Vida Afetiva da obra Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia (BOCK,
FURTADO & TEIXEIRA, 2008). Neste, são abordados conceitos centrais como afeto,
emoções e sentimentos, desnaturalizando e problematizando algumas questões como a
dicotomia amor e ódio, os aspectos culturais presentes na expressão de emoções e as
diferenças entre emoção e sentimento.
Considerações Finais
A Psicologia não está inserida na educação básica como disciplina, mas compreende-se que
seus conteúdos transversalizam diversas disciplinas. Dessa forma, há uma dificuldade da
inserção do professor de Psicologia, visto que não há uma matéria específica, com conteúdos
pré-determinados. Por outro lado, esses impasses proporcionam diversas possibilidades
porque a Psicologia pode se inserir como matérias eletivas ou oficinas, com a maior liberdade
do aluno escolher participar; sem um conteúdo específico o professor tem liberdade de
estabelecer prioridades a partir da demanda das diferentes turmas.
Outro impasse que se impõe a essa inserção é a falta de material direcionado, sendo muitas
vezes difícil realizar uma transposição didática a fim de passar conteúdos, muitas vezes
técnicos e complicados para adolescentes. Contudo, isso impulsiona os professores a procurar
mais a fundo, revisitar os conteúdos estudados, além de produzir material acerca do tema.
Estar na posição de professor é desafiador, mas muito formativo. Lidar com adolescentes e
buscar atender às suas demandas proporciona uma formação mais humana, crítica e
emancipadora, tanto para o aluno como para o professor. Entendo que a escola é um
importante instrumento ideológico, disciplinas como essa são importantes para formação
formal, política e humana desses adolescentes.
Referências
OSÓRIO, L. C. Adolescente hoje. 2. ed. Porto Alegre: Ed. Artes médicas. 1989.
SERRÃO, M. & BALEEIRO, M. C. Aprendendo a ser e a conviver. 2. ed. São Paulo: FTD.
1999.
Resumo: Este artigo expõe parte dos resultados de uma pesquisa de doutorado que está em andamento que se
efetivou no Colégio Adventista de Araguaína estado do Tocantins. Nosso objetivo é apresentar as práticas
criativas e inovadoras do Colégio, diagnosticadas durante nossa inserção na escola para a coleta de dados no ano
de 2015. Os procedimentos metodológicos foram pesquisa quantiqualitativa e estudo de caso, efetivadas
mediante a aplicação do instrumento VADECRIE. A investigação utilizou como técnica de geração de dados
entrevistas semiestruturadas, questionários, observação, com registro em diário de campo. Aqui nossas reflexões
encontram-se aportadas, em especial, nos dados obtidos mediante aplicação do VADECRIE a gestores (vice
direção e coordenação), professores e pais. O VADECRIE sugere como critério de verificação dos atributos de
uma escola criativa, que esta seja avaliada com o conceito B, ou então quando pelo menos seis, das dez
categorias elencadas, sejam contempladas. Dessa forma, identificamos aspectos criativos e inovadores a partir da
utilizados desse instrumento, o que nos permitiu avançar nas evidências do que seja uma escola criativa na
perspectiva de Rede de Escolas Criativas RIEC, (TORRE, 2012). Percebemos, ademais, que a criatividade,
assim como a inovação na escola são processos que vão além de uma prática pedagógica tradicionalmente
arraigada no imaginário das instituições. É, pois, uma nova forma de fazer educação, valorizando e promovendo
uma formação holística, conectando saberes entrelaçados na dinâmica do social, cultural e ecossistêmico. Logo,
para que tenhamos escolas criativas precisamos avançar além da criatividade na sala de aula, promovendo ações
catalizadoras do ser, sentir e fazer, numa ação coletiva e harmônica, estabelecendo ações formativas das
subjetividades individuais e sociais, promovendo uma sociedade sustentável que possa enfrentar e vencer os
desafios de uma mundialização hegemônica que tende a valorizar o ter em detrimento do ser.
Introdução
A vida de todo ser humano é um processo, e tudo que somos é resultado de nossas
escolhas e, guardadas as devidas proporções, com a pesquisa não é diferente. Cabe afirmar
que ao delimitarmos métodos, selecionarmos procedimentos e promovermos técnicas para
realização de um trabalho no âmbito acadêmico-investigativo, estamos, na verdade, fazendo
escolhas que irão determinar o teor dos resultados pretendidos. Sendo assim, torna-se
imprescindível que tenhamos clareza acerca do “como fazer”, numa relação sistêmica, para
que possamos amenizar os percalços que inevitavelmente surgem, e foi assim que
procedemos, conforme delineamos a seguir.
1
Trabalho vinculado à Tese de Doutorado a ser defendida em 2017: ESCOLA CRIATIVA E
ECOFORMAÇÃO: CONFIGURAÇÕES TRANSDISCIPLINARES NO ÂMBITO DOS NOVOS ESTUDOS
DO LETRAMENTO.
2
Universidade Federal do Tocantins UFT. e-mail:[email protected].
3
Universidade Federal do Tocantins UFT. e-mail:[email protected].
1.1 Pressupostos Teóricos e Metodológicos da pesquisa
Essa seção refere-se à análise das evidências de criatividade e tem como finalidade
saber o que há de criativo e inovador na prática educativa do Colégio Adventista de
Araguaína, situado em Araguaína, no Estado do Tocantins. O objetivo é, a partir das
evidências detectadas, identificar criatividade e inovação na escola pesquisada.
Com efeito, o instrumento VADECRIE, que apresenta categorias com indicadores que
possibilitam caracterizar dada instituição educativa como sendo criativa ou não, foi elaborado
pelo professor Saturnino de la Torre, em colaboração com pesquisadores da América Latina e
Europa, sendo apresentado pela Rede Internacional de Escolas Criativas –RIEC no Fórum
Internacional sobre Inovação e Criatividade, Adversidade e Escolas Criativas, realizado em
Barcelona, Espanha, em junho de 2012 (SUANNO, 2013).
Internamente está organizado de forma agrupada em 03 categorias que se desdobram
em parâmetros e estes em indicadores, ou questões que possibilitam constatar em que nível se
dá avaliação mais importante da instituição, se ao nível teórico, pessoal ou estratégico
(TORRE, 2012), de modo que a categoria I refere-se ao nível de Consciência criativa, visão,
missão; a categoria II refere-se nível Potencial e Recursos Humanos e categoria III refere-se
ao nível Plano Estratégico e de Ação. No quadro abaixo estão expostos o conjunto de
parâmetros que compõem o questionário Vadecrie. A seguir, seguem as categorias de
investigação constitutivas do referido instrumento.
Tabela 1 – Parâmetros de investigação – VADECRIE
CATEGORIAS
1 Liderança Estimulante e Criativa
2 Professorado Criativo
3 Cultura Inovadora
4 Criatividade como valor
5 Espírito Empreendedor
6 Visão Transdisciplinar
7 Currículo Polivalente
8 Metodologia e Estratégias Criativas
9 Avaliação Formadora e Transformadora
10 Valores Humanos
A tabela 1 expõe o conjunto de parâmetros que estão agrupados nas três categorias do
questionário Vadecrie. Cada um dos dez parâmetros agrupa em um conjunto de dez
indicadores ou questões de modo que os cem indicadores descritos proporcionam um leque de
possibilidades na valorização da criatividade da realidade institucional (TORRE, 2012).
Cada uma das categorias compõe-se de dez indicadores, a cuja frequência na escola
investigada atribuem-se notas de zero a dez, o que possibilita a avaliação numérica
(quantitativa) dos dados. No processo de análise qualitativa dos dados, as notas expressam
conceitos A, B, C e D (TORRE, 2012, citado por SUANNO, 2013). Consideram-se escolas
com indícios de criatividade aquelas nas quais o processo de avaliação destaca os conceitos A
ou B.
Suanno (2013) explica que, para a análise de cada indicador,
Avaliação Avaliação
Aparição do Indicador Qualitativa Numérica
(Conceitos) (Notas)
Nunca ou
D 1, 2
Quase nunca
Às vezes ou
C 3, 4, 5
Ocasionalmente
Várias vezes ou Ocasiões.
B 6, 7, 8
Existem evidências. Aparição
Continuamente.
A 9, 10
Evidências claras.
Participantes da
Procedimento Instrumentos Quantidade
Pesquisa
1ª Etapa - -
Pais de alunos Questionário 53
Triangulação
Docentes Questionário 08
Gestão Questionário 03
2ª Etapa - -
Alunos Questionário/Entrevista 20
Análise dos relatos
Questionário/Entrevista/Notas
Docente 01
de campo/Observação
Considerações Finais
Referências
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. Campinas:
Papirus, 1995.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 5.ed. Rio de Janeiro: Instituto Piaget,
2001.
TORRE, Saturnino de La .Rede de escolas criativas: em direção a uma escola do século XXI.
In: ZWIEREWICZ, Marlene e TORRE, Saturnino De La. Uma escola para o século XXI:
Escolas criativas e resiliências na educação. Florianópolis: Editora Insular, 2009.
DIAGNÓSTICO E MONITORIA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NA
CONCEPÇÃO DE LETRAMENTO
Sala 3
Resumo: A alfabetização se interliga com o letramento e envolve etapas complexas e multifacetadas tais como,
a psicológica, psicolinguística, sociolinguística, e a linguística. Logo, considerada como um conjunto de
habilidades de leitura e escrita nas práticas sociais, como sendo processos simultâneos. Nesse aspecto, o
professor precisa ter uma base do nível de desenvolvimento linguístico de cada aluno para planejar e direcionar
suas atividades na sala de aula como um todo, ou em eixo específico como a monitoria, que se ocupa de
pequenos grupos. Neste sentido, se tornou relevante a realização do estudo sobre Diagnóstico e Monitoria no
processo de alfabetização na concepção do letramento, com objetivos de analisar a contribuição do diagnóstico
de leitura e escrita para o uso na monitoria e comparar o diagnóstico após as ações da monitoria com alunos em
uma escola municipal de Imperatriz, Maranhão. O estudo foi realizado no período de abril a junho de 2017, com
15 crianças, sendo 9 do 4º ano e 6 do 5º ano, dentro do processo do Programa de Iniciação à Docência – PIBID,
subprojeto da Pedagogia. Fez-se uma pesquisa ação, com 10 encontros para ações de monitoria e diagnóstico de
leitura e escrita antes e após as práticas pedagógicas, o diagnóstico foi realizado a partir da psicogênese da
linguagem escrita, desenvolvida por Emília Ferreiro e Ana Teberosky. As ações planejadas para a Monitoria
foram trabalhadas para a alfabetização partindo da concepção dos métodos globais. Os resultados do diagnóstico
antes das intervenções, foram de 7 crianças na hipótese silábico-alfabética e 8 na hipótese alfabética e após as
intervenção apenas 8 crianças compareceram e destas, somente 1 criança se manteve na hipótese silábico-
alfabética. Além da limitação do conhecimento do código linguístico, pode-se perceber o desconhecimento em
relação aos usos práticos exigidos no contexto social. Concluiu-se que o diagnóstico de leitura e escrita contribui
significativamente para direcionar as práticas pedagógicas e avaliar estas práticas a partir do desenvolvimento da
leitura e escrita das crianças, mesmo na vigência de dificuldades. Recomendam-se mais estudos para consolidar
estes achados e contribuir nas práticas pedagógicas e rendimentos dos alunos.
1 INTRODUÇÃO
A alfabetização na concepção do letramento é considerada como sendo um processo
complexo é o que se tem lido em diversos estudos quando se trata de aprendizagem de forma
geral, independente se criança, jovem ou adulto. Pode-se conceber que se aprendeu algo, quer
informal ou formal, quando houve mudanças de atitudes, seja na compreensão da escrita
gráfica ou na atribuição de valores sócio culturais do significado da palavra escrita. Portanto,
um verdadeiro desafio para o professor que se propõe alfabetizar, sobretudo, na concepção do
letramento.
2 DESENVOLVIMENTO
Diversos estudiosos são conhecidos e se destacaram no estudo do desenvolvimento da
escrita da criança antes da escrita convencional como Luria, Frith que criou fases 3 fases para
o desenvolvimento da leitura que denominou de habilidades logográficas, alfabéticas e
ortográficas e Emília ferreiro e Ana Teberosky na alfabetização e letramento, com
significativas contribuições para a compreensão e tomadas de decisões na condução do ensino
da alfabetização. Neste sentido, Freire (1983), diz que alfabetizar-se é adquirir a prática da
escrita pelo processo de construção do conhecimento, tendo uma visão crítica da realidade,
para a conquista da cidadania.
O letramento, para Soares (2003), consiste no processo de se apropriar das práticas
sociais de leitura e de escrita, junto às práticas sociais do ato de ler e de escrever. Considera
que a alfabetização se dá no contexto e por meio de práticas sociais da leitura e da escrita, ou
seja, por meio de atividades de letramento o qual só se desenvolve no contexto e por meio da
aprendizagem das relações fonema-grafema, logo, na dependência da alfabetização.
Deste modo, observa-se a ligação e interdependência entre alfabetização e letramento,
daí se fazer referência à “alfabetização na concepção do letramento”. Onde chamou a atenção
o caráter da condição social como fator importante no processo de aprendizagem e assim,
diagnosticar o nível de leitura e escrita das crianças.
Para Ferreiro e Teberosky (1985) o diagnóstico do desenvolvimento linguístico da
criança, há 4 níveis de diferenciação gráfica e 5 níveis de desenvolvimento da escrita.
No contexto do desenvolvimento da escrita, consideraram 5 níveis com as seguintes
características. Os níveis 1 e 2, chamaram de pré-silábicos, pois a criança ainda não
compreende a relação entre as letras e o aspecto sonoro da fala, a escrita é indiferenciada, os
traços escritos são semelhantes para todas as palavras, só a criança é capaz de dizer o que
escreveu. O nível 2, é de diferenciação da escrita, já há intenção em diferenciar sons do
grafismos. Ainda continua com as hipóteses de quantidade mínima de caracteres que devem
ter a escrita e a necessidade de variar estes caracteres e assim, varia ao máximo a combinação
das letras conhecidas para obter palavras diferentes.
No nível 3 da hipótese silábica, cada marca escrita representa para a criança um som.
Na leitura da escrita surgem os conflitos na leitura devido a fragmentação quase sempre
incompatível com o que escreveu, especialmente para palavras curtas.
No nível 4 da hipótese silábico-alfabética, observa-se o mesclado de som da fala por
mais de uma letra, que caracteriza a hipótese alfabética e outros sons representados apenas por
uma letra caracterizando a hipótese silábica. Já no nível 5 da hipótese alfabética, a criança já é
capaz de fazer sistematicamente uma análise sonora dos fonemas que irão escrever, embora
ainda lhe falte o domínio ortográfico.
3 METODOLOGIA
Tratou-se de uma pesquisa ação, que de acordo com Gil (2008), tem base empírica,
visa compreender e intervir na situação com vistas a modificá-la. Ação ou resolução de um
problema coletivo onde os sujeitos pesquisados e pesquisadores estão envolvidos. E como
Reflexão das práticas realizadas, embasadas na literatura pertinente.
Fizeram parte do estudo 15 crianças do turno matutino, sendo 9 do 4º ano e 6 do 5º
ano, que foram inseridos no processo do Programa de Iniciação à Docência – PIBID,
subprojeto da Pedagogia da Universidade Federal do Maranhão-UFMA, de Imperatriz, no
período de abril a junho de 2017. E, considerando o aspecto ético, visando garantir o
anonimato das crianças envolvidas adotaram-se nomes fictícios para designá-los.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
As escritas produzidas pelas crianças no diagnóstico realizado nortearam o
planejamento e as atividades desenvolvidas no período, cuja análise foi pautada na
classificação de Emília Ferreiro e Ana Teberosky.
Considerando as frequentes faltas das crianças, realizou-se outro diagnóstico após as
intervenções da Monitoria e os resultados apresentaram 7 crianças na hipótese alfabética e
apenas uma se manteve no nível da hipótese pré-silábica como apresentadas nas figuras 1,2,
3, 4, 5, 6, 7 e 8.
Figura 1-Escrita da criança A.
Estes dados estão compatíveis com Lima (2012) ao considerar ser evidentemente que
os conhecimentos dos alunos não se limitam ao que é ensinado na escola, porém, a coerência
na perspectiva de “alfabetizar, letrando”, favoreceria maior progresso na aprendizagem dos
alunos em atenção diferenciada.
5 CONCLUSÃO
Ao final das atividades pedagógicas desenvolvidas no Eixo “monitoria”, concluiu-se
que o diagnóstico de leitura e escrita contribui significativamente para direcionar as práticas
pedagógicas e avaliar estas práticas a partir do desenvolvimento da leitura e escrita das
crianças, mesmo na vigência de dificuldades. Contudo, se recomenda novos estudos
envolvendo mais escolas para consolidar estes achados e assim, contribuir para o
direcionamento dos professores para melhoria de suas práticas pedagógicas com maior
rendimento dos alunos.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. 8. reimp. São Paulo: Atlas, 2008.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. 6. ed. 7 reimp. São Paulo: Contexto, 2015.
DIDÁTICAS DIFERENCIADAS: UMA TENTATIVA DE MELHORAR O
PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NO QUINTO ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL COM CRIATIVIDADE
Ilda Neta Silva de Almeida
Sala 3
Resumo: O presente texto, é um relato de experiência educativa, vivenciada em uma turma de quinto ano do
Ensino Fundamental , realizado em 2012, em uma escola localizada no município de Palmas, mas vinculada a
rede estadual de ensino do estado do Tocantins. Este relato tem três objetivos: primeiro, apresentar uma breve
análise do contexto da sala de aula da professora e dos alunos envolvidos a partir de considerações filosóficas,
sociológicas e psicológicas. Segundo, descrever a realização de algumas das estratégias criativas de ensino
utilizadas na tentativa de qualificar a aprendizagem dos alunos do quinto ano de uma realidade carente, precária
e complexa. Terceiro, analisar as abordagens didáticas utilizadas não só numa abordagem didático-lúdica, mas
apontar para a importância de vermos nossos alunos do ensino fundamental em sua totalidade e não só como
alunos. Os resultados das práticas educativas não foram redentores de todos os problemas encontrados naquela
turma, mas possibilitaram que os alunos em algum grau de consciência se vissem como sujeitos autônomos e
capazes de (re)significar seu modo de aprender e suas capacidades cognitivas, afetivas e sociais. Não se trata de
didáticas prescritivas de ser solução para os obstáculos presentes na rotina escolar do quinto ano, mas sim em
uma tentativa de melhorar o interesse dos alunos pelas aulas, em uma possibilidade de tocar a pré-disposição
para aprendizagem e assim quem sabe conseguir obter melhor aproveitamento no seu desenvolvimento. A
metodologia do relato desta experiência foi feita a partir de uma análise da prática cotidiana com sustentações
teóricas em Fernando Savater (1998),Marchesi(2009), Arroio(2004) ,Freire (1999), Libâneo (2000), Torre(2005)
e Ruben Alves ( 1994).
Palavras-chave: Didática. Ensino. Aprendizagem.Criatividade.
1- Introdução
Ser professora do quinto ano do Ensino Fundamental exigiu não só o domínio
intelectual e conteudista das disciplinas curriculares como também exigiu ter percepção,
sensibilidade, perspicácia, amorosidade e um grau de humanidade significativo para entender
e assumir os processos de ensino- aprendizagem além de uma perspectiva apenas cognitiva,
eu precisei levar em consideração as carências afetivas, as fragilidades sociais, os contextos
sociais e familiares, eu precisei tentar ver meus alunos em sua totalidade. Assim que as
aulas começaram, fui traçando um perfil da turma e percebendo algumas características
essenciais para fazer uma diagnóstico da situação dos meus alunos. Percebi que meus alunos
tinham baixa estima, fraco nível de aprendizagem,muitos eram de origem familiar
desestruturada, economicamente precarizados , socialmente excluídos , afetivamente carentes,
pouca disposição e capacidade de concentração nas aulas, facilidade em se dispersar,
inquietação intensa, pouca vontade de participar das aulas e as vezes rotulados por muitos da
escola como indisciplinados.
Me lembrei de Paulo freire em seu livro Pedagogia da Autonomia(1999) que
afirma que “o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando
Pedagoga(2006), Especialista em Docência Universitária(2008) ,Sociologia e educação (2009),
Professora da Educação Básica da rede estadual do Tocantins. Professora do curso de pedagogia da
Faculdade ITOP. Acadêmica do Mestrado Profissional em Educação (UFT)[email protected]
criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. Eu não
podia agir espontaneamente naquela realidade, tinha que refletir para melhor organizar
elementos que pudessem modificá-la.
Não posso afirmar que foram estratégias redentoras da aprendizagem , mas de alguma
forma contribuíram para a melhoria daquela realidade de sala de aula. A turma do quinto ano
era considerada no ano anterior quando ainda estavam no quarto ano como desinteressada,
fraca, sem motivação, dispersa, com alto índice de desentendimento entre eles, alguns muito
apáticos, os pais ausentes e sem os pré-requisitos mínimos para estarem no quinto ano.
Admitir que a ausência generalizada de interesse pelo estudo esta associada a
importantes atrasos no nível de aprendizagem dos alunos , o que exige adaptações na
metodologia, na organização escolar ou na oferta educativa e também, em muitas
ocasiões, recursos complementares para conseguir um maior envolvimento do aluno
em seu progresso educacional. Nessa perspectiva, não há dúvida de que tais alunos
apresentavam necessidades especiais( MARCHESI, 2009,p 129)
Partindo desse pressuposto comecei a pensar sobre estratégias de ensino que pudessem
de algum modo chamar a atenção dos alunos, bem como queria estabelecer uma maior relação
, vínculo com os mesmos. Queria uma forma de (re)significar a aprendizagem delas e minha
como professora, pretendia conseguir tocar a pré-disposição daquelas crianças, assim como
queria conquistá-las afetivamente, Codo (1999, p.50), “a partir do envolvimento, em que o
professor se propõe a ensinar e os alunos se dispõem a aprender, uma corrente de elos de
afetividade vai se formando, propiciando uma troca entre os dois”. Precisava motivá-las.
A crença tradicional, sustentada por algumas teorias psicológicas é que a motivação é
um traço próprio de cada pessoa, que se mantém relativamente constante ao longo do
tempo e cuja modificação é bastante difícil. Dessa perspectiva, o aluno é responsável
por seu pouco interesse pela aprendizagem. As teorias mais atuais sobre a motivação e
a aprendizagem, porém, mostram os motivos de um aluno devem ser entendidos a
partir de suas experiências prévias como os diferentes contextos em que está presente
o sentido da aprendizagem escolar. O aluno está motivado ou desmotivado em função
do significado que tem para ele o trabalho escolar. Portanto, pode se afirmar que uma
escola tem condições para oferecer a motivação ou a desmotivação de seus alunos. (
MARCHESI, 2009,p 130)
Agora que a família não desempenha mais plenamente o seu papel socializador, a
escola, além de não poder realizar sua tarefa específica como no passado não está
preparada para desempenhar sua função. Cada vez com maior freqüência, os pais e
outros familiares encarregados das crianças sentem desânimo ou desconcerto diante da
tarefa de formar as pautas mínimas de consciência social e a deixam aos professores,
mostrando depois irritação tanto maior pelas falhas deles quanto não deixam de sentir
obscuramente culpados por se esquivarem à sua obrigação.(SAVATER, 2000, p 73-
74)
Procedimentos Metodológicos
Passei a ver nas didáticas diferenciadas uma tentativa de melhorar o processo de ensino e
aprendizagem. Pois sempre fui pedagogicamente muito apaixonada por criar ou aprimorar
novas formas, novos meios, novas estratégias para despertar o interesse dos alunos ou com a
esperança de conseguir melhor resultado, nem sempre deram certo, mas nunca deixei de tentar
Etimologicamente a palavra „didática‟ se origina do termo grego διδασκω (que
significa „expor claramente‟, „demonstrar‟, „ensinar‟, „instruir‟). Em primeira
instância, este sentido mais originário corresponde aproximadamente a tudo aquilo
que é „próprio para o ensino‟. Levando em consideração o seu significado etimológico
percebemos que a didática esta intimamente ligada ao processo de ensino-
aprendizagem, e a tudo que se refere ao ato de ensinar e aprender. A didática, tem
como objeto de estudo, o processo de ensino aprendizagem, pois este está inserido em
todas as práticas educacionais, em todos os níveis de ensino, e cada prática
educacional evidencia uma intenção, ideologia, objetivos e meios para serem
atingidos. Desta forma ocorre o processo de ensino aprendizagem, que em momento
algum é neutro, apolítico ou isolado de sua realidade político social.(ALMEIDA,
RODRIGUES, 2009 p1)
Então eu comecei pelo primeiro momento da aula , que era chamado de acolhida,
todos os dias quando eles chegavam eu fazia um bom dia diferente , de forma mais
dinamizada e lúdica. Através da experiência inicial do dia eu aproveitava para estabelecer
vínculo, conhecer melhor eles, estimular a participação, favorecer um ambiente seguro,
acolhedor, amoroso e estimulador da aprendizagem. Cumprimentava com bom dia ,
perguntava como eles estavam, se tinham passado bem de um dia para o outro, se tinham
novidades. Escrevia no quadro “HORA DA ACOLHIDA”, uma frase para reflexão e uma
rima : quem sabe sabe quem não sabe aprende.
Assim após nossa primeira conversa propunha um desafio no quadro, brincadeira
ou dinâmica que revisasse algum conteúdo do quarto ano ou algum que já tínhamos estudado
durante a semana. Às vezes utilizava de incentivo como aplausos para os acertos , um bala,
um pirulito, ou em coral todos dizerem : Parabéns você acertou ! Quando o aluno não sabia ou
não conseguia ele tinha direito a pedir ajuda a um colega da sala, para auxiliá-lo e assim ele
podia aprender com seus pares. Para evitar o vício de participar pelo interesse em ganhar algo
em troca, trabalhamos muito durante todo o ano que, o importante era aprender e melhorar. O
brinde era só algo que às vezes a tia1 podia ou não oferecer, pois eu dizia que nem sempre era
possível levar algo e que na vida a gente não faz as coisas boas por interesse, mas por
obrigação de sermos bons e melhores a cada dia em relação a nós mesmos. E que mesmo
fazendo tudo certo, bom e justo não temos garantias, mas é nosso papel continuar.
A idéia não era condicioná-los a recompensa, mas mostrar a eles que eu os via, me
importava, queria que eles aprendessem, sabia que ia ser difícil, e passamos por muitas
tensões durante o ano, mas fomos juntos até o final. Eu queria que percebessem que com
dialogicidade, conversas e esforços poderíamos aprender juntos.
A dialogicidade não nega a validade de momentos explicativos, narrativos em que o
professor expõe ou fala do objeto. O fundamental é que o professor e alunos saibam
que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora
e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e
alunos se assumam epistemologicamente curiosos.(FREIRE, 1999,p 52)
Porque eu sabia que nenhuma didática, estratégia , recursos poderia tocá-los se nós não
tivéssemos a dialogicidade, conversa, acordos e se as vivências não instigasse neles
1
Na escola em que ocorreu a experiência os alunos chamavam as professoras de tia.
curiosidade, interesse e vontade de estar ali. Com a acolhida eles sempre perguntavam : tia o
que a senhora vai fazer amanhã ou semana que vem ? Eles estavam ficando curiosos,
querendo aprender, querendo saber.
Antes de qualquer tentativa de discussão de técnica, de materiais, de métodos para
uma aula dinâmica assim, é preciso, indispensável mesmo, que o professor se ache
"repousado" no saber de que a pedra fundamental é a curiosidade do ser humano. É
ela que me faz perguntar, conhecer, atuar, mais perguntar, re-conhecer. .(FREIRE,
1999 ,p 52)
2
Ler DELORS,Jacques (org.). Educação um tesouro a descobrir – Relatório para a Unesco da
Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Editora Cortez, 7ª edição, 2012.
ser a de procurar a aproximação cada vez maior entre o que digo e o que faço, entre o
que pareço ser o que realmente estou sendo.(FREIRE, 1999,p 63)
Queria que aqueles alunos pudessem vivenciar situações que antes não tinham
vivenciado, experimentado, ou partilhado, eu repetia muito “ Quem sabe sabe, quem não sabe
aprende”. Desejava que meu entusiasmo e compromisso pudessem de algum modo ou forma
modificá-los. “Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra,
minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição”(FREIRE, 1999)E a minha
posição era esta, de que a nossa sala , era o nosso universo de aventuras , aprendizagem, inovação e
criatividade. “a criatividade que não melhora, que não modifica algo nas pessoas ou naquilo
que elas fazem, é meramente normativa, vazia de conteúdo”. (Torre, 2005) E quanto à
inovação “inovação é criatividade em ação compartilhada” (Torre, 2005) Nesse sentido queria
vivenciar estas possibilidades através de didáticas diferenciadas, de momentos de partilha, de
trocas, de diálogo, de enfrentamento de nossas tensões, e sobretudo em nossas relações
diárias. Não era fácil e consumia-me muitas energias físicas, cognitivas e psicológicas.
Abaixo algumas fotografias de nosso mercadinho: Eu e minha amiga e colega de trabalho
Silvana, nossos alunos vendendo seu produtos, interagindo, convivendo, aprendendo,
partilhando, somando, organizando, sendo, construindo saberes.
Durante o ano letivo de 2012, foram muitas situações que desenvolvemos juntas,
tentando desenvolver novas idéias porque queríamos ser criativas, diferenciadas e desenvolver
didáticas significativas “assim, o criativo passará pelo conhecimento, pela atitude pessoal e pela
ação” (TORRE, 2005).
Nossa sala era nosso espaço, nossa “instituição” favorecedora de situações criativas,
“o clima criativo de uma organização estimula o aparecimento de pessoas criativas.”
(TORRE, 2005). Vislumbrávamos que estas situações favorecessem a criatividade de nossos
alunos, e os modificassem para melhor em suas atitudes , condutas sociais, familiares e
escolares.
E isso muitas vezes aconteceu, quando por exemplo os pais vinham até a escola me
conhecer porque os seus filhos estavam falando das aulas, dos acontecimentos em sala de
aula, das atividades para casa que eram corrigidas, olhadas e acompanhadas, e antes eles não
tinham esse acompanhamento e nem critério ou rigor em atividades . Os meus alunos que
antes tinham a “fama” de indisciplinados, desinteressados e pais ausentes, conseguiam agora
não sei como trazer seus pais a escola, sem eu chamar. Iam até a diretora dizendo que os
filhos haviam melhorado que não queriam faltar a aula, e que gostavam da forma e o jeito da
professora conduzir. De algum modo aquele recorte me satisfez, porque mesmo que meus
alunos ainda não tinham recuperado e superado todas as suas dificuldades de aprendizagem
por completo, eles agora tinham consciência da importância da sua aprendizagem, o que para
mim satisfatório e bom .Eles gostavam de estar ali, queriam aprender, tinham recuperado a
curiosidade, a estima, a vontade de fazer, de responder suas atividades e sobretudo de se
superarem.
Desenvolvimento
Assim durante o ano letivo fui fazendo algumas situações diferenciadas pelo menos
uma vez por semana , às vezes até duas, para que sempre semanalmente tivéssemos situações
criadoras de novas possibilidades de aprendizagem. Fizemos passeios no Parque Cesamar, na
Agrotins, Piqueniques Pedagógicos, Café da manhã literário, Arte com tinta, Arte com
massinha, Concursos de Produções textuais, Construção de materiais didáticos para aula de
matemática, dramatizações de poemas e filmes, leitura novelada do livro Poliana, aulas de
ciências no jardim da escola, com sorteio de um coelhinho vivo, gincanas do conhecimento e
outras que dariam uma coletânea de experiências, mas que aqui, apenas citarei.
A característica principal do desenvolvimento destas práticas didático-pedagógicas era
o suporte teórico que eu tinha em minha subjetividade psicológica e formação profissional,
que sempre foi muito importante para melhoria e aprimoramento da minha atuação docente.
Assim em minhas aulas achava viável ter dialogicidade, liberdade, saber escutar,
apreensão da realidade, humildade e bom senso; elementos estes da Pedagogia da Autonomia
de Paulo Freire(1999). Outra característica relevante que me ajudou neste contexto foram são
as expressões afetivas, indispensáveis para atuar no ensino Fundamental, afetividade esta que
Wanderley Codo (1999) aborda muito bem em seu livro Educação Carinho e trabalho. Outra
elemento fundamental par atuar nas classes populares é o compromisso social com aporte de
Miguel Arroyo(1999) no livro outros sujeitos outras pedagogias, você adquire um novo olhar
sobre as praticas pedagógicas para aqueles que foram segregados, excluídos ou
marginalizados historicamente. Com tanta complexidade social ter criatividade é uma
necessidade profissional, as perspectivas de Saturnino de La Torre (2005) a respeito da
criatividade são viáveis e relevantes..
Considero importante que o professor não perca de vista a necessidade de se manter
estudando, de procurar respaldos teóricos que lhes possibilitem compreender fenômenos ,
fatos e situações do seu cotidiano escolar . Os profissionais da educação precisam ter um
pleno “domínio das bases teóricas científicas e tecnológicas, e sua articulação com as
exigências concretas do ensino” (LIBÂNEO, 2002, p. 28), pois é através desse domínio que
ele poderá estar revendo, analisando e aprimorando sua prática educativa.Não quer dizer que
encontrará soluções imediatas, mas terá condições de analisar causa, efeito, conseqüências e
vislumbrar se há possibilidades de intervenções.
Naquele ano de 2012 , fui convidada a proferir uma comunicação para a escola sobre
a minha experiência a turma 52.01. Na ocasião recebi uma homenagem de educadora por ter
de algum modo conseguido transformar aquela realidade e uma declaração certificando a
comunicação realizada para os outros professores.
Considerações Finais
Considero importante socializar esta experiência para que outros colegas
professores e professora , Pedagogos e pedagogas como outros profissionais da educação
atuantes de realidades às vezes aparentemente complexas ou realmente complicadas, possam
perceber que não há redenção didática ou criatividade resolutiva de problemas educativos.
Mas que a nós professores cabe continuar a tentar. Minha carreira docente foi e é uma
caminhada feita de tentativas. Tentativas consolidadas em experiências ora frustrantes ora
gratificantes, eis o oficio do professor “ Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma
forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da
nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais”( RUBEM ALVES, 1994) .
Esta experiência não foi fácil, nem eu sabia se ao final teria algum pequeno, médio ou grande
resultado. Como eu disse , eu vivo docentemente de tentativas, ora exitosas ora frustradas,
mas sou otimista. Penso que estar na educação por mais difícil, sofrido e desolador que seja
ainda assim temos de ser otimistas, para continuarmos.
Sobre a tarefa de educar, o otimismo me parece de rigor: ou seja, creio que é a única
atitude rigorosa. Podemos ser ideológica ou metafisicamente muito pessimistas.
Podemos estar convencidos da maldade onipotente ou da triste estupidez do sistema,
da diabólica microfísica do poder, da esterilidade a médio ou longo prazo de todo
esforço humano e de que nossas vidas são só rios que vão dar no mar , que é o morrer.
Enquanto educadores, porem, não nos resta outro remédio senão sermos otimistas,
infelizmente! É que o ensino pressupõe o otimismo, tal como a natação exige um meio
líquido para ser exercitada. Quem não quer se molhar que abandone a natação, quem
sente repugnância diante do otimismo, que deixe o ensino e que não pretenda pensar
em que consiste a educação. Pois educar é crer na perfectibilidade humana, na
capacidade inata de aprender e no desejo de saber. Os pessimistas podem ser bons
domadores, mas não bons professores”.(SAVATER, 1998, p 24)
Claro que ser otimista não pressupõe ter uma visão ingênua, romantizada ou
superficial da educação, propõe não perder as esperanças, não perder a alegria, nem a
capacidade de tentar ser criativo, crítico, reflexivo e humano; humano resiliente !
No cotidiano escolar, a complexidade de sala de aula, caracterizada por sua
imediaticidade e unicidade de respostas às inúmeras situações que ai surgem, se
constitui em um serio desafio: esse desafio exige certa capacidade de enfrentamento
por parte do professor, tarefa nem sempre fácil. Paciência, esperança, persistência e
disciplina, em dose dupla, são necessárias para a formação acadêmica dos dos alunos,
mas também para a formação humana dos mesmos, otimismo, disponibilidade,
sobretudo confiança deve estar efetivamente presentes na prática do professor para
integridade. A capacidade das pessoas de se manterem íntegras, apesar das
adversidades da vida, chama-se resiliência.( CASTRO, 2001, p 36)
Nesse sentido ser professor do século XXI exigirá de nós bem mais do que uma
arcaica crença de que somos transmissores de conhecimento. Exigirá de nós professores, que
tenhamos uma compreensão das complexidades de nosso tempo sem nos contaminar pelo
desencanto, pessimismo ou saudosismo que assola a contemporaneidade.
Referências
ALVES.Rubem. A alegria de ensinar. 3. ed.São Paulo:Ars Poética,1994
ARROYO, M.G.Outros sujeitos outras Pedagogias. Petropolis , RJ: Vozes, 2012.
ALMEIDA, I.N.S. RODRIGUES,E.B. As contribuições da didática para os profissionais
da educação. Artigo apresentado no III EDIPE, 2009.
CODO, Wanderley. Educação: Carinho e Trabalho. Petrópolis: Vozes, 1999.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes Necessários à Prática Educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1999.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê?São Paulo: Cortez, 2000.
SAVATER, Fernando. O valor de Educar. São Paulo; Martins, 1998.
TORRE, Saturnino De La. Dialogando com a criatividade: da Identificação à criatividade
paradoxal. Tradução: Cristina Mendes Rodrigues. São Paulo, Editora Madras, 2005.
DIFERENÇA CULTURAL E CONDIÇÕES IGUALITÁRIAS DE ACESSO À
EDUCAÇÃO SUPERIOR PARA OS POVOS INDÍGENAS.
Sala 7
Resumo: O presente trabalho e um recorte da tese de doutorando em Psicologia Social e está direcionado às
ações afirmativas na área educacional com o objetivo de entender a inclusão social dos indígenas no principal
método de desenvolvimento de uma sociedade igualitária que é a inclusão no processo educacional. O princípio
empírico deste trabalho está alicerçado na narrativa dos cotistas indígenas do Tocantins em diferentes áreas e
cursos da UFT, por meio de entrevistas gravadas e transcritas. O objeto de estudo como a educação, diferença
cultural, condições igualitárias, ações afirmativas e cotas indígenas nas universidades, são temas que estão em
discussão com frequência na nossa sociedade. Entretanto, foi importante dar voz aos sujeitos inteiramente
envolvidos nesse processo, no caso, dos acadêmicos indígenas UFT campus de Palmas, conhecer suas realidades
envolventes e as trajetórias na Instituição de Ensino Superior. A utilização da historia oral por meio da narrativa
é para registrar os fatos com quem vive a história. Os caminhos investigados apresentados e as analises das
narrativas dos acadêmicos indígenas apontam que em alguns momentos as práticas pedagogias aliadas à cultura e
o comportamento dos acadêmicos traça parâmetros epistemológicos, pautados nas crenças e nos conhecimentos
deles, que faz com que as diferenças culturais e as condições igualitárias de acesso à Universidade aconteçam.
Introdução
O momento de elaborar esta introdução foi como dar vida ao trabalho, primeiro
entender que somos construídos, e nesta construção reconhecer a necessidade de aprender
epistemologicamente, a ciência que pesquisa a crença e o conhecimento, buscando a natureza
do saber científico e suas limitações, que nos transformam. Vygotsky coloca a ideia, que as
funções psicológicas superiores4 (por ex. linguagem, memória) são construídas ao longo da
história social do homem.
Segundo, entender o real, pensar e repensar a “realidade”, ter a convicção que estamos
escrevendo a “realidade” determinada pela subjetividade, dando o valor específico a esta
pesquisa por meio das crenças e valores devidos as experiências e história de vida que
descreve o outro. “Na realidade, não há percepção que não esteja impregnada de lembranças”
1
Doutoranda em Psicologia Social pela Universidad Kennedy – UK em Buenos Aires. [email protected]
2
Doutor em Letras pela Universidade Federal Fluminense ( UFF) e Mestre em Letras e Linguística pela
Universidade Federal de Goiás (UFG). É professor Adjunto do Colegiado de Letras da Universidade Federal do
Tocantins UFT e Coorientador . [email protected]
3
Doutora em Ciência Política pela Universidade del Salvador (1988); Licenciada em Sociologia pela mesma
Universidade (1970) e professora da Universidad Kennedy – UK em Buenos Aires e Orientadora.
[email protected]
4
https://chasqueweb.ufrgs.br/~slomp/vygotsky/educacao-vygotsky1.htm acesso em 18/12/2016 às 00:31min
(BOSI, 2003, p.36). No fundo, é o subjetivismo do intelectual que não crê mais na
possibilidade de conhecer a verdade e, por isso, suspende as certezas alheias (ibid p.125).
Se opinião e conhecimento requerem um conteúdo de consciência individual, devemos
ter o cuidado para não afastar o sujeito da realidade. Acreditamos que se cedemos à opinião e
entendemos que esse realismo é um bem nosso, “é porque nos falta força para uma síntese
racional” (BOSI, 2003, p.124). O sujeito como todos nós, fala a sua realidade.
Lembrando que o silêncio e a fala emotiva são significações que nos aproxima da
verdade e, pode agregar valores para as ciências humanas como um todo. Foi o que Hegel
enfatizou quando escreveu: “A verdade é o todo”. Se não enxergamos o todo, podemos
atribuir um valor exagerado a uma verdade limitada (transformando-a em mentira),
prejudicando a nossa compreensão de uma verdade mais geral (Konder, 1981, apud
Suguihiro, 1999 p.35).
Pesquisamos não apenas autores a favor das políticas afirmativas ou de um único
entendimento. Buscamos referenciais críticos sobre a temática e seus diferentes enfoques, no
banco de teses do portal da Capes e no Alerta do Google Acadêmico, utilizando as seguintes
palavras chaves: "educação superior”, “aproveitamento em sala de aula do indígena ensino
superior” e “cotas para indígenas”. Encontramos diversos trabalhos que nos deu subsidio para
pesquisa e reflexão das ciências humanas e sociais, entre elas a psicologia social.
Houve momento de oscilação na construção, portanto, aconteceram mudanças,
transformações no percurso desta pesquisa, houve momento de acreditar que estava no
caminho certo, dias depois, retornar a ponto inicial. Entretanto, a reflexão, o pensar sobre o
assunto nos leva a meditação que nos permite elaborar as seguintes perguntas norteadoras:
Quais são as causas das reprovações e consequentemente o baixo nível de conclusões nas
graduações, dos acadêmicos indígenas? O fracasso escolar acontece devido ao impacto das
diferenças culturais entre a universidade e a cultura de origem dos povos indígenas?
Com estas respostas, acreditamos ainda, em dar subsídio aos tomadores de decisões
das IESP que abraçam ações afirmativas direcionadas para os indígenas, com informações que
possam refletir na eficácia destes procedimentos que os levam ao um processo de qualidade,
no sentido de desenvolver estratégias e metas para a permanência e conclusão do curso
superior, que futuramente os levará ao exercício de atuação profissional condizente com a
área de formação escolhida. Também, encontrar resposta à inquietação inicial dos por quês,
das poucas conclusões nos cursos de graduação, dos cotistas indígenas, e como estes
resultados refletem na formação superior destes acadêmicos, no contexto da Psicologia
Social.
Com o propósito de dar respostas aos objetivos e às questões teóricas e
epistemológicas que entremeiam todo o trabalho, relacionando e pronunciando entre si,
buscamos apresentar intervenções quando necessário às questões epistêmicas e os saberes dos
acadêmicos indígenas envolvendo a sua cultura e os desafios vividos no campus universitário,
seguindo alvos e considerações que irão construindo as análises do campo empírico.
Apresentamos uma visão dos diferentes olhares e saberes da educação indígena no
Brasil, suas normativas, ação afirmativa e cotas indígenas, sobressaindo à apreciação das
escolhas teóricas escolhidas. Salientando que no assunto estudado, há ofertas e demandas na
formação superior para os indígenas. Entretanto, delineamos, noções sobre a construção
epistêmica das diferenças culturais, o comportamento, permanência e o fracasso escolar.
A análise e apresentação das experiências, extraídas das narrativas dos sujeitos de
pesquisa, elementos do processo da Diferença cultural e condições igualitárias de acesso à
educação superior para os povos indígenas foram as nossas considerações finais. Centramos
nas narrativas sobre os aspectos comportamental e cultural dos acadêmicos indígenas do
Estado do Tocantins que acessaram a UFT por meio das cotas indígenas e permanecem até o
final do curso (ou não).
Procedimentos Metodológicos
Na maioria das inclusões culturais não são relações românticas, elas são construídas na
história e, por inserções fortemente hierarquizadas, marcadas pelo preconceito e a
discriminação. Devemos entender que politicas públicas são as responsáveis pela expansão
da educação e o desenvolvimento dos sistemas da educação superior foram seguido por uma
diversificação institucional, com regras, para estabelecer um conjunto de instituições. Que
Verhine & Freitas (2012, p.31), diferenciam tanto em seu formato organizacional como em
sua natureza administrativa, indicando que os problemas de cada país e de cada instituição
possam também ser tratados de maneira diferenciada.
Nesta complexidade, com foco nas ações afirmativas voltadas para os estudos sobre as
questões indígenas, envolvendo a diferença cultural e condições igualitárias de acesso à
educação superior, pautado no diálogo entre os seres humanos e as disciplinas, na arte da
escrita deste trabalho, tivemos de pesquisar materiais afins, estudar, ler, reler, revisar
bibliografias e os escritos, arriscando aprender transmitir ideias onde o desaprender era
necessário. Onde o desaprender “consiste mais num esvaziamento do discípulo do que num
acréscimo de conhecimentos” (PERRONE-MOISÉS,1990, p.124).“Desaprender o
apreendido, o raciocínio analítico que procura não somente observar, mas também submeter o
observado a alguma teoria” (ZOETTL, 2011, p.197).
A educação para o indígena inclui de forma aguçada o ouvir, o vivenciar e o praticar.
Juntos, os indígenas dividiam com os seus parentes, conhecimentos empíricos, havia curas
com as plantas e pajelanças. Com a chegada dos padres jesuítas no Brasil, houve a escravidão
(termo usado pelo indígena Jaime Diakara, da etnia Dessana no 4º encontro Regional N-NE
da Associação Brasileira de Psicologia Social – Abrapso em Manaus) espiritual, o
reconhecimento da falta de higiene no modo de fazerem os seus remédios. Com a alteração,
no novo método da educação eles começaram a adoecerem, os chás feitos das plantas nativas,
eram sopradas pelo o pajé e contaminados pela saliva, vírus, bactérias e germes poderiam
matar quem o tomassem.
Com estas informações abandonaram os seus costumes, alterando toda uma educação
e um costume, tiveram de ir para o hospital, não podiam ficar pelados! Desta forma vestiram
roupa no índio. Para ser atendido no sistema de saúde precisava de identificação, teria de fazer
um documento onde apresentassem com foto. A palavra do índio não valia mais, teria de ter
formalização para dizer quem ele era. Ter disciplina, ouvir os mais velhos, acompanhando a
constelação a lua para tomarem decisões na hora de plantarem, estes fatores os mantinham
juntos. Portanto, com imposição ao povo indígena, pelo homem branco, perderam grandes
momentos de aprendizagem entre os seus descendentes, deixando de transmitir, valores,
crenças, costumes e tradições.
Hoje, buscamos muito a interação social, onde as pessoas tenham uma convivência
agradável, mas, há uma tendência de transformar a diversidade em algo mecânico e, ou,
discriminatória, porque na maioria, ela pode até existir, porém, como vários estudos já
realizados, concluíram que a aceitação do outro diferente, na maioria há uma discriminação
velada.
E o que é ser diferente? Para Brandão (1986), o diferente e a diferença são partes da
descoberta de um sentimento que, armado pelos símbolos da cultura, nos diz que nem tudo é o
que eu sou e nem todos, são como eu sou. Mais que as diferenças, o que está em jogo é a
imensa diversidade que nos informa é o que nos constitui como sujeitos de uma relação de
alteridade. Como diz Stolcke, compreendemos que igualdade e diferença não são categorias
absolutas - dependem das relações em jogo para definir o igual e o diferente e assim, num
processo de poder e dominação, gerar a marginalização e a exclusão (1993, p.28).
A linguagem acadêmica não tem nenhum direito a priori de dominar as demais formas
de expressão, porque não há um saber ou um conhecimento que engloba os demais. Ao
contrário, há múltiplo saberes e há também múltiplos conflitos entre as epistemologias
tradicionais e as da modernidade científica; sem falar nos saberes do senso comum, que fazem
de conta que não são saberes (GEERTZ, 1983, apud Spink, 2003, p.38). O estudo sobre os
métodos de pesquisa na Ciência Política e, fluentemente, nas demais Ciências Sociais abrange
uma discussão enorme sobre epistemologias que orientam a pesquisa científica, sendo as mais
conhecidas: o positivismo, a fenomenologia e a dialética5. Gerando, portanto, diferenças
culturais e condições igualitárias distintas.
Dentro das normativas e suas aplicabilidade da educação, GRUPIONI, leva a reflexão
e ao questionamento:
Esse me parece ser o grande impasse do momento: de um lado, uma legislação
progressista, de outro uma realidade que se mostra impermeável a ela. O que
nos leva ao seguinte desafio: como superar o persistente hiato entre o que diz a lei e
o que ocorre na prática, ou como fazer com que os dispositivos preceituados na lei
ganhem efetividade na prática escolar das comunidades indígenas de todo o país?
[...] Que mecanismos poderiam ser criados para garantir o controle social da política
de educação escolar indígena no país? (GRUPIONI, 2004, p. 72).
5
Leia mais: http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/epistemologia-e-ci%C3%AAncias-sociais-
politica/ por Alexsandro M. Medeiros lattes.cnpq.br/6947356140810110 postado em 2015. Acesso em
30/11/2016 às 09hr:12min.
Portanto, relação social pautada em métodos imposto ou motivado pelas aparências,
não nos garante trazer a satisfação de bem estar com o outro. Todavia, ajuda compreender e
acolher, mas, sem garantir o que deve ser feito, que é: relacionar, conviver e incluir no grupo,
sem mudar o outro num igual sem expressão, mas aceitar sua igualdade de direitos, de
cidadania, ou seja, mantendo-lhe as diferenças culturais na busca de condições igualitárias.
Conhecer o sujeito seu comportamento é fator preponderante para alcançar êxito.
Apesar de garantido pela lei 9.394/96, art.32 § 3º “O ensino fundamental regular será
ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas
línguas maternas e processos próprios de aprendizagem”.
Entretanto, a lei 12.416/11 Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para dispor sobre a oferta de educação superior
para os povos indígenas. “Art.79 § 3o No que se refere à educação superior, sem prejuízo de
outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á, nas universidades públicas e
privadas, mediante a oferta de ensino e de assistência estudantil, assim como de estímulo à
pesquisa e desenvolvimento de programas especiais”, sem mencionar nada quanto à língua.
Nosso país tem uma escola política, e o modo pelo qual o Estado atua seu pensamento,
por meio de suas permissões seletivas, seus artifícios de afirmação e poderes legais, influencia
as práticas escolares no mérito da ideologia predominante tem, no caso dos povos indígenas, é
um dos exemplos mais significativos e marcantes desde o descobrimento até os dias atuais.
Um desses exemplos é a implantação do calendário escolar nas escolas das aldeias,
que é muito mais complexa do que pode parecer à primeira vista. Pessoas desavisadas pensam
que é apenas uma questão de adaptação, de fazer alguns ajustes entre o calendário escolar
tradicional (das escolas das cidades) e a situação de vida das aldeias (tempo de roça, de festas
etc), ilustrando-os com desenhos indígenas, criando na língua indígena nomes para os meses,
dias da semana etc. O objetivo do calendário é o controle social do Estado sobre o andamento
das atividades dos professores/alunos.
Na tentativa de implementar novas práticas na educação indígena, temos algumas
saídas como os princípios básicos apresentados, a mais de duas décadas, por KAHN e
FRANCHETTO, em que as universidades brasileiras, aliadas à ação de organizações não-
governamentais, têm tentado formular e viabilizar uma política nacional de Educação
Indígena que cujos princípios básicos são :
1) a vinculação e reconhecimento das escolas indígenas no Sistema Nacional de
Educação ;2) o uso das línguas maternas e incorporação dos processos próprios de
aprendizagem como base de implantação da escola formal; 3) o desenvolvimento de
programas, currículos e materiais didáticos específicos e diferenciados para as
escolas indígenas; 4) preparação de recursos humanos especializados para a
formação de professores indígenas (KAHN e FRANCHETTO, 1994, p.8).
6
Itálico pelo autor
Em outro estudo realizado por Carvalho (2008)7, Cotas Raciais Indígenas nas
Universidades do Brasil e o dever da Antropologia, a garantia dos direitos o índio é tratado
com diferença por ser minoria em relação a um grupo maior. A Lei trata o desigual de forma
desigual para garantir direito humanos. A busca pela igualdade, então, resulta também na
busca pela diferença, o direito de ser igual quando a diferença inferioriza e o direito de ser
diferente quando a igualdade descaracteriza e, assim, igualdade leva a inferiorização (de
Faria Santos, 2005, p. 26).
No trabalho de Lucíola Inês Pessoa Cavalcante, Formação de professores na
perspectiva do Movimento dos Professores Indígenas da Amazônia, dialogando com Sena
(1997); relata sua experiência na formação de professores indígenas no projeto “Uma
experiência de autoria dos índios do Acre”. Segundo a autora, a formação indígena é
constituída com base em dois campos principais8 (2003, p.16). Diante desta afirmativa a
contribuição acadêmica deste estudo tem por foco ampliar o conhecimento, no campo teórico
e empírico, voltadas para a formação superior de estudantes indígenas que aproveitam a
oportunidade das políticas públicas de ação afirmativa.
Aproveitamos as teorias e experiências de antropólogos, sociólogos, psicólogos que
ofereceram destaque e importância da educação aos acadêmicos indígenas, para entender
melhor os desafios encarados pelos acadêmicos indígenas na sua formação acadêmica
superior e as estratégias criadas por eles (ou não), levando em conta, a abrangência e
relevância dos fatores de fracasso escolar dos povos indígenas do Estado do Tocantins no
ambiente acadêmico na sua formação superior, extraída das falas dos sujeitos de pesquisa.
Conhecer e fazer conexões de saberes com os povos indígenas como legítimos, a
partir da presença dos acadêmicos indígenas no espaço universitário, implicaria segundo de
Souza em:
...criar interfaces para o diálogo, por exemplo, incorporando os cursos sobre Direito
indígena nos currículo das universidades e ter profissionais capazes de ministrá-los.
Significaria oferecer cursos de línguas indígenas, mas ministrados por indígenas que
não necessariamente precisariam ser portadores de graus universitários, ou contar
com xamãs dentro de faculdades da área de saúde, reconhecendo a autoridade
intelectual dos portadores de conhecimentos tradicionais. Temos um longo caminho
7
Publicado em 26 de julho de 2008 por Maria Marilac De Carvalho http://www.webartigos. com/artigos/cotas-
raciais-indigenas-nas-universidades-do-brasil-e-o-dever-da-antropologia/8122/#ixzz4WMYC7NFp Acesso em
20/01/2016 às 01hr: 22min.
8
O primeiro tem um suporte mais marcado nos valores, na identidade e no próprio convívio com a natureza. Os
professores indígenas, assim como seus “parentes”, são os principais responsáveis por essa parte da formação,
que envolve as relações sociais no cotidiano da aldeia. No segundo campo, a formação ocorre por meio de um
ensino que requer uma mediação mais verbal, isto é, um desenvolvimento de competências que estão ligadas ao
letramento. Essas competências, por sua vez, ampliam capacidades tanto cognitivas como linguísticas e dão
acesso e domínio a novos tipos de saberes, imprescindível na situação de contato com o não índio.
pela frente a percorrer, mas exemplos de aproximações e possibilidades existem em
outros países das Américas ( 2007, p.277).
Portanto, para que se possa dar continuidade em seus estudos, temos nova
configuração, a propiciar uma forma de facilitar o acesso ao nível superior desses indígenas,
foram criadas as chamadas ações afirmativas. Instrumento de acesso ao ensino superior no
Brasil, que dá início a sua implantação a partir dos anos 2000, ou seja, no século XXI, com
distintos recortes, social ou étnico-racial, a princípio por atos de Estados e de algumas
universidades.
Em meio às políticas compensatórias, destacam-se as políticas de cotas para acesso à
universidade de grupos socialmente desprotegidos, no caso do Brasil, de negros, indígenas e
pobres. De uma maneira geral, observa-se que as politicas educacionais, são confundidas ou
favoravelmente norteadas com politicas sociais, como procedimentos corretivos para uma
problemática gerada pela situação, não identificadas como de responsabilidade do Estado.
Considerações Finais
Na analise do discurso das narrativas da vida cotidiana dos acadêmicos, percebemos
que eles também vivem alguma forma de trauma, de frustração, de reserva, de diminuição,
nas rotinas diárias, e quaisquer delas demonstram situações limite mais do que outros. Em
contrapartida observamos que em suas microrrelações, os acadêmicos indígenas do campus
Palmas, da Universidade Federal do Tocantins – UFT experimentam também situações de
conflitos, interesses de poder internos que acabam construindo relações desiguais em seu
cotidiano, e é nessa natureza que se estabelece as relações sociais e culturais da universidade.
Encontrar-se na universidade na condição de acadêmico indígena implica debater
acerca da interdisciplinaridade e a interculturalidade nos métodos formativos que abrangem o
ensino, a pesquisa e a extensão, na graduação nos mais distintos setores que constituem as
IES. A tarefa de entender interculturalidade, onde a integração adere numa inclusão
fundamentada no respeito pela diversidade, na universidade pública, gratuita e de qualidade,
não é responsabilidade do acadêmico indígena, mas sim, desafio institucional dos gestores das
políticas de ensino superior para fazer acontecer o intercambio e/ou fusão das culturas, com
desenvolvimento mútuo.
A análise dos procedimentos que forma o processo educacional, utilizando a historia
oral, vivido neste ambiente de educação superior, os diálogos com os acadêmicos indígenas
entrevistados apontam que muitos das práticas e conhecimentos foram emudecidos. Outros,
híbridos e, práticas pedagógicas foram ressignificadas a partir do tempo e às vezes
abandonadas pelas dificuldades de permanecerem no sistema educacional. Entretanto, nas
observações obtidas, constamos que é encantadora e fascinante a resistência desses povos,
momento que estes construíram explicita e raras experiências de relação com o ambiente
educacional superior.
Com as análises das entrevistas dos acadêmicos indígenas, seja ele masculino ou
feminino, tivemos a possibilidade de verificar sobre a validade dos fatores de fracasso escolar
dos povos indígenas do Tocantins no ambiente acadêmico. Citamos à revisão epistêmica que
nos permitiu entender os estudos que apontam a “negligencia das políticas educacionais para
com o individual acabam negando esse individual à medida que não reconhecem a
singularidade nas condições de possibilidade de um sintoma culturalmente determinado”
(BOSSA, 2009, p. 66). Observamos que os acadêmicos almejam e batalham na busca por
descobrir um método de se fazer educação superior, onde eles possam dividir um mesmo
ambiente sem arranjos que emanem em rótulos.
Na inclusão ao ensino superior, é urgente políticas para se garantir uma educação de
qualidade voltada para os acadêmicos indígenas. Que se entenda a presença desses estudantes
na universidade, como aponta Guerra & Amaral (2014, p.55) está comprometida com raízes
culturais profundas que não podem ser apagadas apenas porque, nesse momento, a sociedade
está possibilitando o acesso ao ensino superior.
Assim, entendemos que a contribuição é também para os gestores das IESP que já é
uma realidade no cumprimento das normativas inerentes, e, aqueles que necessitarão cumprir
as ações afirmativas direcionadas para os acadêmicos indígenas, como fator exigido pelo
MEC, para se manterem como instituição educacional. A formação do acadêmico indígena
precisa ser entendida como um bem público, de acesso universal e direito adquirido
constitucionalmente, e não exclusivamente como um instrumento de desafio na educação,
enquanto serviço e produto.
REFERÊNCIAS
________. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível
em:<http://www.planaltoccivil _03/lei/L9394.htm>. Acesso em: 29/11/2015 16h:13min.
BANIWA, Gersem. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no
Brasil de hoje. Brasília: MEC. 2006.
BIAGI, Marta Cristina. Investigación científica: guía práctica para desarrollar proyectos y
tesis. Juruá, 2010.
BOSI, Ecléa. O tempo vivo da memória: ensaios de psicologia social. Ateliê editorial, 2003.
DE SOUZA LIMA, Antonio Carlos. Educação Superior para indígenas no Brasil sobre
cotas e algo mais. 2007.
GARLET, Marinez; GUIMARÃES, Gleny; BELLINI, Maria Isabel Barros. Cotas para
estudantes indígenas: inclusão universitária ou exclusão escolar?. Educação, v. 33, n. 1,
2010.
Sala 04
Resumo: O presente artigo aborda, à luz dos direitos humanos, uma reflexão sobre educação e as relações
étnico-raciais no ensino superior e tem como objetivo apresentar um relato de experiência que teve como
estratégias de investigação, atividades propostas por um projeto de intervenção pedagógico aplicado aos
estudantes de um curso de Pedagogia, numa universidade na cidade de Palmas-TO. A escolha desse curso
justifica-se por se tratar de um curso de nível superior formador de professores e que em sua matriz curricular
dispõe de uma disciplina intitulada: Educação e Cultura Afro-Brasileira que dentre outros temas relacionados à
cultura afro-brasileira discute as relações étnico-raciais. O objetivo desse estudo consistiu em colaborar na
formação dos estudantes na perspectiva de que reconheçam, valorizem e respeitem, em específico, no âmbito de
formação de professores as culturas afro-brasileira, indígena e das populações tradicionais. Dessa maneira, esse
trabalho está atrelado a dois eixos: o primeiro promover discussões sobre as relações étnico-raciais no ensino
superior e o segundo sensibilizar, refletir e reconhecer o direito e o respeito às diferenças, sem distinção social,
educacional e étnico-racial dos cidadãos e cidadãs. Assim, o referencial teórico está baseado nas recomendações
definidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs/1997) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Básica/2010. No amparo legal está aportado nas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que determinou a
obrigatoriedade nas escolas da temática ―História e Cultura Afro-brasileira e Indígena‖, na Lei 12.288/2010 que
instituiu o Estatuto da Igualdade Racial e no Decreto 6.040/2007 que instituiu a Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. Aos estudos de Laraia (2001) foram
essenciais para debater sobre o conceito de cultura. Objetivando enfrentar as questões relacionadas ao racismo e
ao preconceito na sociedade contemporânea aportamos em Gomes (2012) e Munanga (2004, 2005, 2010, 2015).
As conclusões finais as que se chegou, gravitam em torno de que se faz necessária a discussão no âmbito
acadêmico acerca do preconceito e racismo, e na formação de professores esse tema permite maiores resultados
para o seu enfrentamento e combate no âmbito escolar.
1 Introdução
1
Artigo extraído do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado como requisito parcial para obtenção
do título de especialização em: Educação em Direitos Humanos, na Universidade Federal do Tocantins (UFT) e
Universidade Aberta do Brasil (UAB), e aprovado pela Banca Examinadora composta pelo Prof. Dr. Paulo
Fernando de Melo Martins (orientador), Profª Drª Renata Rodrigues de Castro Rocha e Profª Drª Aline Sueli de
Salles Santos, em 02/07/2016.
2
Mestranda em Educação PPGE/UFT. Licenciada em Pedagogia (UFT). Especialização Lato Sensu em:
Educação em Direitos Humanos (UFT), Educação de Jovens e Adultos na Diversidade e Inclusão Social (UFT),
Gênero e Diversidade na Escola (UFT). Universidade Federal do Tocantins (UFT). Endereço eletrônico:
[email protected]
3
Professor Doutor em Educação/UFG. Licenciado em Pedagogia e História. Professor da Universidade Federal
do Tocantins - UFT, desde 2003, no Curso de Pedagogia e, desde 2013, no Mestrado Profissional Interdisciplinar
em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos (Campus Universitário de Palmas) e, atualmente, exerce a função
de Ouvidor Geral da instituição. Endereço eletrônico: [email protected]
Este estudo tem como objetivo refletir sobre as relações étnico-raciais no ensino
superior acerca dos direitos e o respeito às diferenças, à luz dos direitos humanos.
O presente projeto ao propor o reconhecimento da cultura afro-brasileira, indígena e
das populações tradicionais pretendeu colaborar na formação dos estudantes na perspectiva de
que as valorizem e as respeitem, em específico, no âmbito de formação de professores.
O objetivo geral situou-se em contribuir no processo de aprendizagem e formação
sociocultural da cidadã e do cidadão instrumentalizando-os de elementos que os auxiliem na
reflexão e conscientização do direito e respeito às diferenças étnico-raciais e culturais, em
busca da cidadania plena, sem discriminações e exclusão social.
E os objetivos específicos direcionara-se em reconhecer as diferenças culturais em
nossa sociedade; debater acerca do direito e o respeito às diferenças, referente às questões que
envolvem as relações étnico-raciais; sensibilizar sobre a importância da prática do exercício
da cidadania e refletir acerca de possibilidades de mudanças de atitude na sociedade.
O referencial teórico está baseado nas recomendações definidas nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs/1997) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Básica/2010. No amparo legal buscou-se o aporte nas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que
determinou a obrigatoriedade nas escolas da temática ―História e Cultura Afro-brasileira e
Indígena‖, na Lei 12.288/2010 que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial e no Decreto
6.040/2007 que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais.
Aos estudos de Laraia (2001) foram essenciais para debater sobre o conceito de
cultura e objetivando enfrentar as questões relacionadas ao racismo e ao preconceito na
sociedade contemporânea aportou-se em Gomes (2012) e Munanga (2004, 2005, 2010, 2015).
Dessa maneira, esse trabalho está atrelado a dois eixos: o primeiro promover
discussões sobre as relações étnico-raciais no ensino superior e o segundo sensibilizar, refletir
e reconhecer o direito e o respeito às diferenças, sem distinção social, educacional e étnico-
racial dos cidadãos e cidadãs.
A relevância social dessas discussões no ambiente acadêmico, em específico na
formação de professores contribuiu para a disseminação da cultura de valorização e respeito
ao outro, no enfrentamento e combate ao preconceito e o racismo existente na sociedade. E o
professor, dentre suas atribuições consiste em ser o mediador dessas discussões nos espaços
escolares, tanto na educação básica, quanto no ensino superior.
2
O presente estudo aportou na metodologia da pesquisa-ação que teve suas atividades
desenvolvidas, a partir de um projeto de intervenção proposto por um plano de ação.
[...], a pesquisa-ação envolve sempre um plano de ação, plano esse que se baseia em
objetivos, em um processo de acompanhamento e controle da ação planejada e no
relato concomitante desse processo. Muitas vezes esse tipo de pesquisa recebe o
nome de intervenção.‖ (ANDRÉ, 1995; p.33).
O plano de ação foi elaborado para ser desenvolvido em quatro encontros, de quatro
aulas cada um, totalizando dezesseis aulas. E proposto aos acadêmicos do Curso de Pedagogia
da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Palmas.
A escolha do curso se justifica pelo fato que, em sua matriz curricular, o curso dispõe
de uma disciplina intitulada: Educação e Cultura Afro-Brasileira que dentre outros temas
relacionados à cultura afro-brasileira discute as relações étnico-raciais.
E, também pela relevância de se tratar de um curso de nível superior formador de
professores que atuarão na educação básica e outras instâncias educacionais.
As atividades propostas no projeto foram planejadas com aporte interdisciplinar, de
acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs/1997), com as Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica/2010 e das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que
determinou a obrigatoriedade nas escolas da temática ―História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena‖, da Lei 12.288/2010 que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial e no Decreto
6.040/2007 que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais.
A formulação didático-pedagógica teve orientação seguida do Caderno de Atividades
do curso de especialização em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-
Raciais (UERJ, 2009), direcionado para a formação de professores.
O plano de ação teve os seguintes objetivos: Cognitivos/conceituais destinado às
discussões acerca das diversidades étnico-raciais: cultura afro-brasileira, indígena e dos povos
e comunidades tradicionais. Psicomotores/procedimentais: com vistas à capacidade e
habilidade de organizar e produzir um trabalho didático-pedagógico, em relação à temática,
na forma de oficina pedagógica e proposta a sua aplicação entre os próprios acadêmicos.
Os objetivos Afetivos/atitudinais: sensibilizam os estudantes quanto à valorização do
ser humano ultrapassando as barreiras da violência, do preconceito e do racismo. Com o apoio
pedagógico da exibição de vídeos como: ―Vista a minha pele‖, ―Preconceito no elevador‖ e
―Vamos ver as diferenças com os olhos de uma criança‖, que estimulam a reflexão acerca dos
fatores culturais que instigam o preconceito e o racismo na sociedade.
2 Desenvolvimento
3
A palavra raça para distinguir grupos de pessoas teve a sua desaprovação de uso pela
Organização das Nações Unidas/ONU, no contexto histórico do mundo da Pós-Segunda
Guerra Mundial. Neste sentido, no decorrer do trabalho o termo etnia/grupos étnicos estará
sendo abordado na visão antropológica das Ciências Sociais.
a) DIGNIDADE HUMANA
Art. 5º, I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição. (CF/1988).
b) NÃO DISCRIMINAÇÃO
II. Todo homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,
religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento ou qualquer outra condição.
Além disso, não se fará distinção alguma baseada na condição política, jurídica ou
internacional, do país ou do território cuja jurisdição dependa uma pessoa, quer se
trate de país independente, como de território de administração fiduciária, não
autônomo ou submetido a qualquer outra limitação de soberania. (ONU, 1948).
Art. 5º, XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais:
Art. 5º, XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; (CF/1988).
c) IGUALDADE
VII. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual
proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação
que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
(ONU, 1948).
4
Art. 5º, I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição. (CF/1988).
5
manifestação da insegurança, muitas vezes plantada em cada um de maneira arcaica,
que pode ser revertida apenas quando encarada e trabalhada. (BRASIL/PCNs 1997,
p.134-135).
6
sociedade elementar dentro de uma configuração cultural maior, ou seja, dentro de todo o
sistema social.
Laraia (2001) oferece sob o enfoque antropológico um quadro conceitual de cultura
muito esclarecedor.
A cultura, mais do que a herança genética, determina o comportamento do homem e
justifica as suas realizações.
O homem age de acordo com os seus padrões culturais. Os seus instintos foram
parcialmente anulados pelo longo processo evolutivo por que passou. [...]
A cultura é o meio de adaptação aos diferentes ambientes ecológicos. Em vez de
modificar para isto o seu aparato biológico, o homem modifica o seu equipamento
superorgânico.
Adquirindo cultura, o homem passou a depender muito mais do aprendizado do que
a agir através de atitudes geneticamente determinadas.
A cultura é um processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das
gerações anteriores. [...] Sem as suas primeiras invenções ou descobertas, hoje
conside-radas modestas, não teriam ocorrido as demais. E pior do que isto, talvez
nem mesmo a espécie humana teria chegado ao que é hoje. (p.26-27)
7
As relações raciais no país são marcadas por profundas desigualdades sociais e,
consequentemente, ao longo do tempo foram concebidas diferentes concepções sobre o
preconceito racial e justiça social.
A discussão sobre relações raciais no Brasil é permeada por uma diversidade de
termos e conceitos. O uso destes, muitas vezes, causa discordâncias entre autores,
intelectuais e militantes com perspectivas teóricas e ideológicas diferentes e,
dependendo da área do conhecimento e do posicionamento político dos mesmos,
pode até gerar desentendimentos. Os termos e conceitos revelam não só a teorização
sobre a temática racial, mas também as diferentes interpretações que a sociedade
brasileira e os atores sociais realizam a respeito das relações raciais. (GOMES,
2012, p. 39).
Sobre o racismo, Gomes (2012) nos apresenta uma reflexão importante para
compreender a complexidade da questão racial no Brasil.
[...] o racismo é uma crença na existência das raças naturalmente hierarquizadas pela
relação intrínseca entre o físico e o moral, o físico e o intelecto, o físico e o cultural.
O racista cria a raça no sentido sociológico, ou seja, a raça no imaginário do racista
não é exclusivamente um grupo definido pelos traços físicos. A raça na cabeça dele
é um grupo social com traços culturais, lingüísticos, religiosos, etc. que ele
considera naturalmente inferiores ao grupo a qual ele pertence. De outro modo, o
racismo é essa tendência que consiste em considerar que as características
intelectuais e morais de um dado grupo, são conseqüências diretas de suas
características físicas ou biológicas. (p.24).
8
Munanga (2010), em relação ao combate às ações racistas afirma que o racismo está
arraigado em nossa sociedade e necessita ser discutido, em especial no campo educacional:
9
podem, ainda, ganhar mais força na medida em que a criança vai convivendo em um
mundo que a coloca constantemente diante do trato negativo dos negros, dos índios,
das mulheres, dos homossexuais, dos idosos e das pessoas de baixa renda. (p.55-56).
10
preconceito e racismo, tanto nas relações sociais, quanto no ensino superior; especificamente
num curso de formação de professores.
Considerações Finais
O processo de aprendizagem e formação sociocultural exige a constituição de
ambientes que mobilizem os agentes e favoreçam a comunidade na construção de elementos
que os auxiliem no enfrentamento aos preconceitos e racismos cotidianos na sociedade.
E essas discussões se constroem, dentre outras formas, na educação superior, na qual
formam profissionais engajados na busca da valorização e reconhecimento das diferenças.
As relações étnicos-raciais são elementos que devem ter visibilidade e espaço de
discussão em todos os âmbitos da sociedade para o fortalecimento da cidadania.
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19/10/2015.
12
VÍDEOS
Preconceito no elevador. Vídeo. 2’16. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=1HnZq2KCLHU, acesso em 23/10/2015.
Vamos ver as diferenças com os olhos de uma criança. Vídeo. 1’56. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=vFsEZzo8MWk, acesso em 23/10/2015.
Vista a minha pele. Vídeo. 26’46. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=G6YnycpH53c, acesso em 23/10/2015.
13
DISCUSSÕES TEÓRICAS ACERCA DO USO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Sala 3
Resumo: Nos dias atuais, encontrar formas de unir o uso de novas tecnologias e momentos educativos, se torna
necessário, como uma forma de aproximar a escola das linguagens valorizadas pelas novas gerações. O artigo
pretende debater como o uso de histórias em quadrinhos, mediadas por gadgets, pode favorecer os processos de
desenvolvimento dos possíveis frente a um necessário, gerando novas equilibrações que favorecem a
constituição da cognição (Piaget, 1983,1985). É um trabalho teórico que parte de autores que acreditam que o
desenvolvimento cognitivo é favorecido pelo uso de atividades lúdicas geradoras de situações problema. Assim,
acredita-se que as histórias em quadrinhos, mediadas pelos eletrônicos, são geradoras destas situações e como tal
podem ser provocadoras do desenvolvimento da cognição.
Introdução
Há algum tempo as novas tecnologias vem adentrando as portas de nossas escolas.
Televisões, rádios, projetores, e mais recentemente, os microcomputadores, tablets e celulares
se presentificam no universo escolar. É inegável o quanto um computador fascina as crianças
de hoje e como elas aprendem a dominá-lo com rapidez se comparado com as pessoas que
não cresceram vendo ou ouvindo falar de tal tecnologia. Contudo, a entrada dos
computadores, celulares e tablets nas escolas e no cotidiano de nossas crianças são
considerados polêmicos, haja vista que, pouco ainda se sabe, da influência que estes exercem
na formação emocional e cognitiva das crianças. Papert (1993:169) expõe que não devemos
tratar os computadores “como agentes que atuam diretamente sobre o pensamento e a
aprendizagem (...)” e nem indicar “uma tendência a reduzir os componentes mais
importantes de situações educacionais – as pessoas e as culturas – a um papel secundário de
facilitação. O contexto para a educação é uma cultura e nunca uma tecnologia isolada.”
1
Professora de Psicologia do curso de Letras e do Programa de Mestrado em Demandas Populares e Dinâmicas
Regionais da Universidade Federal do Tocantins/Araguaína. Email: [email protected]
2
Professor de História do curso de Gestão de Cooperativas e do Programa de Mestrado em Demandas Populares
e Dinâmicas Regionais da Universidade Federal do Tocantins/Araguaína. Email:[email protected]
Considerando a colocação, acreditamos que a utilização dos gadgets, configura-se
como uma estratégia, que pode ser utilizada nas intervenções, que visam o desenvolvimento
dos processos de pensamento necessários ao ato de aprender. Assim sendo, os gadgets podem
ser utilizados, como ferramentas para auxiliar as crianças a construírem procedimentos
adequados a situações-problema em determinados contextos e, posteriormente, transpor estes
procedimentos para a realização de atividades de seu cotidiano escolar, social e familiar.
Alguns autores, como Brenelli (1993), Macedo (2000), Petty e Passos (1997),
Rosseti (1996), e outros vêm – se utilizando de intervenções com jogos, com o objetivo de
mediar a elaboração do pensamento da criança na construção de procedimentos mais eficazes
para a resolução de situações-problema criadas nos jogos. O uso de eletrônicos, tal como os
jogos por envolverem diversas situações que as permitam analisar suas condutas, suas
hipóteses, suas antecipações na resolução de problemas relacionados a construção de histórias
em quadrinhos, podem possibilitar o desenvolvimento de procedimentos que interferem na
construção da criatividade, através da expansão dos possíveis (Piaget, 1983, 1985).
A utilização de histórias em quadrinhos, oferece a perspectiva de desmistificar as
pré-concepções sobre o uso de gibis e auxilia a percebê-lo como um instrumento facilitador
do desenvolvimento, do ato educativo e da aprendizagem. Por outro lado, fornece subsídios
para se pensar o uso dos computadores, não apenas como máquina de ensinar (Skinner,1972),
mas também como veículo mediador do pensamento e da criatividade das crianças, através de
um processo lúdico. O resgate do lúdico como favorecedor do desenvolvimento e da
aprendizagem, vai ao encontro do próprio processo da criança que utiliza as brincadeiras para
conseguir se adaptar à realidade do dia-dia. O brincar auxilia na elaboração de vivências
emocionais, de regras sociais, de socialização, de desenvolvimento motor, cognitivo,
alicerçando o „eu‟ e a inteligência da criança.
(...) A imaginação da criança não assiste passiva, mas é solicitada a tomar posição,
a analisar e sintetizar, classificar e decidir. (...) o interesse principal da criança pelos
quadrinhos não é condicionado pelos seus conteúdos, mas está em relação direta
com a forma e a substância da expressão dos próprios quadrinhos. A criança quer
assenhorar-se do meio, é isso. Lê os quadrinhos para aprender a ler os quadrinhos,
para aprender suas regras e convenções. Aprecia o trabalho da própria imaginação,
mais até que as aventuras dos personagens. Brinca com a própria mente, mas não
com a estória(...) (Ferraz, 1999:47,48).
Percebe-se que a leitura e, provavelmente, a construção de histórias em quadrinhos
requer do leitor/construtor um papel ativo na re-estruturação do pensamento. Assim como
numa vertente construtivista, a criança só aprende se compreende, em toda sua extensão, a sua
ação e os seus procedimentos. O conhecimento só ocorrerá se processos como regulações e
compensações, abstração reflexiva, tomada de consciência e construções de possíveis e do
necessário estiverem unidos no processo de equilibração da inteligência. Piaget (1969:37)
considera que conhecimento é ação e transformação dos objetos “conhecer é, pois, assimilar
o real às estruturas de transformações, e são as estruturas elaboradas pela inteligência
enquanto prolongamento direto da ação”.
Juntamente com os aspectos que envolvem o conhecer, deve-se ressaltar a
importância da utilização de jogos no auxílio desse processo. Piaget (1969) considera o jogo
como exercício preparatório e desencadeador de inteligência, experimentação e socialização.
Para Brenelli (1996) o jogo é um elemento que favorece os processos de desenvolvimento e à
elaboração das estruturas mentais. E Macedo (1997, 2000) apresenta em que circunstância o
jogo pode desencadear estruturação cognitiva. Para este autor a situação-problema
apresentada pelo jogo é o elemento desequilibrador do pensamento, e é na tentativa de
solucionar tal situação que o sujeito irá elaborar novos procedimentos, ou em termos mais
específicos, novos possíveis, que possibilitarão uma regulação ativa em função dos resultados
obtidos no jogo. É analisando e controlando os procedimentos para se chegar a um resultado
satisfatório no jogo que o sujeito re-equilibra suas estruturas à partir da tomada de
consciência.
A introdução de computadores em escolas e clínicas, vem se tornando real nas
últimas décadas, aumentando o interesse por pesquisas, que auxiliem na busca de melhores
maneiras de utilização deste equipamento, como forma de desenvolver aspectos cognitivos e
de aprendizagem das crianças. Acredita-se que a utilização de programas (existem no
mercado diversos programas computacionais de fácil acesso financeiro e mesmo gratuitos)
que possibilitem a criança construir, via gadgets, suas próprias histórias, podendo definir
personagens, cenários e falas possam ser favorecedor de tal desenvolvimento.
A construção de histórias em quadrinhos traz em sua estrutura a necessidade da
criança adequar suas criações a um espaço e a uma linguagem que são específicos dos
quadrinhos. Ao elaborar uma história deve escolher uma seqüência lógica que possibilite, a
seu interlocutor, uma compreensão, assim o sujeito precisará regular novos possíveis ao longo
de seu trabalho. Portanto acredita-se que a construção de histórias em quadrinhos no
computador possa ter um papel importante na construção dos possíveis.
Fonte: http://turmadamonica.uol.com.br/personagem/magali/
Na sequência de tirinha, a interpretação da história está relacionada com a
compreensão das características de personalidade de cada personagem e a capacidade do
leitor em reconhecê-las. Só faz sentido a primeira tirinha, se souber que a Magali faz qualquer
coisa para comer e que seria capaz de ingerir uma melancia inteira. Bem como, frente a um
calor terrível, ainda assim o Cascão não cederia a um banho.
Deve-se considerar que a equilibração constitui o ponto chave da obra e da teoria de
Piaget (1976). Este parte da concepção de que a vida mental é marcada por um movimento à
caminho de um estado de equilíbrio que é sempre superior ao anterior, e que caracteriza a
vida mental do adulto; que tal conhecimento ocorre na interação entre objeto e sujeito, assim
desenvolvimento ocorre por processos contínuos que geram estados superiores de equilíbrios
modificando as estruturas mentais. É o que expõe Piaget (1976:7) a seguir
(...) o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma
programação inata pré-formada no sujeito, mas de uma interação entre ambos, que
resulta em construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas
graças a um processo de equilibração majorante, que corrige e completa as formas
precedentes.
Piaget (1978) considera uma diferença entre estruturas e procedimentos, sendo que a
ação do segundo gera a construção do primeiro. Inhelder (1996) escreve que a inovação de
procedimentos favorece o desenvolvimento das estruturas operatórias. Macedo (1994) diz que
existem orientações diferentes quanto ao desenvolvimento da criança: a primeira é o estudo
do “sujeito epistêmico”, cujo interesse se volta para a construção do conhecimento, e a
segunda é a do “sujeito psicológico”, que se caracteriza pelo estudo dos meios utilizados por
uma criança para resolver um dado problema.
Para explicar a noção de procedimentos faz-se necessário recorrer a Piaget (1985)
quando trata da evolução dos possíveis, considerando este como invenção e criação. A
abertura de novos possíveis está intimamente ligado ao processo de reequilibração cognitiva,
assim “...visar um objetivo prático, procurar a solução para um problema, etc é preencher
uma lacuna ou remediar uma incoerência e constituir um novo equilíbrio...(Piaget, 1987,
p.60).
Dessa forma tem-se que a cada possível construído, novas formas de equilibrações se
instaurarão, e temos também, que de cada possível criado muitos outros possíveis se abrirão,
fazendo com que cada vez mais, as interpretações adaptativas do sujeito se tornem mais ricas.
Sendo assim, Piaget (1985, 1987) explica, como os procedimentos ganham substância, desde
os níveis elementares até as operações formais. Piaget (1985), em pesquisa, analisou os níveis
de construção de possíveis de acordo com procedimentos verificáveis em sujeitos de
diferentes idades, encontrando assim três grandes níveis de construção da novidade: os
possíveis analógicos, os co-possíveis e os co-possíveis quaisquer.
Nos possíveis analógicos (nível IA) as variações são pequenas e com grandes
semelhanças, além do sujeito trabalhar com um número reduzido de combinações. Nos co-
possíveis (nível IIA e nível IIB) a criança também trabalha por analogia, porém ela apresenta
mudanças visíveis em seus procedimentos, passando a escolher as melhores formas. E,
finalmente nos co-possíveis quaisquer (nível III) as crianças descobrem que existem
procedimentos infinitos e todos corretos, esse estágio é o das operações hipotético-dedutivas.
A abertura dos possíveis está relacionada às construções operatórias, pois, diante de
novas situações perturbadoras impostas pelo objeto, ou por situações-problema, o sujeito se
utilizará de esquemas de ação, criando novas estratégias. Autores como Macedo (2000),
Brenelli (1996), Ortega (1993) entre outros acreditam que o jogo pode ser utilizado como
meio de intervenção psicopedagógica, pois através dele a criança inventa novas maneiras de
jogar, desenvolvendo o jogar bem. Brenelli enfatiza( 1996, p.39)
Considerações Finais
O papel dos jogos eletrônicos e sua influência no desenvolvimento cognitivo ainda é
fonte de controvérsias e de desconfiança, porém sua utilização pelas crianças vem se tornando
cada vez mais comum e muitas vezes chegam a ocupar parte de seu tempo livre. Para ilustrar
tal fato, basta verificar o quão rápido os celulares e tablets, foram incorporados no cotidiano
das pessoas e das crianças. Tem-se informações que, demonstram que os brasileiros, tem mais
acesso a celulares e internet do que rede de esgoto. Assim, torna-se cada vez mais necessário,
trabalhos que abordem a utilização destes jogos.
Dessa forma, é possível que a construção de histórias em quadrinhos, favoreça o
desenvolvimento da criança com relação à construção de novos possíveis, e de esquemas
cognitivos que auxiliam no processo de estruturas de pensamento, preparando-as para lidar
de maneira mais adequada com as situações cotidianas e de aprendizagem formal e não
formal. Tal processo, pode ser favorecido, pelo fato das histórias em quadrinhos não
oferecerem cenas completas, obrigando o leitor a construir internamente o pensamento para
conseguir preencher as lacunas e compreender as histórias.
Especificamente, os programas de construção de histórias em quadrinhos, contêm
diversas opções, que acabam se configurando como diversos possíveis para uma mesma
situação. Tais programas oferecem variadas apresentações de cenários, com possibilidade de
mudanças de cor, de quadro de fundo, de ambientação. Oferece inúmeras possibilidades de
personagens em posições, vestimentas e expressões variadas. Objetos de cenários, tais como
bichos, mobílias, alimentos e outros.
A criança ainda pode escolher entre os mais variados balões, que representam os
diversos estados de espírito, como pensamento, raiva, calma, medo, etc. E incluir os textos
que quiser nos balões. Além dos elementos que compõem os quadros da história, os
programas tem ferramentas de desenhos que possibilitam reordenar a figura, colocando em
primeiro plano um objeto que estava em segundo plano, aumentar ou diminuir um objeto,
rotacionar um objeto, apagar um objeto já incluído, mudar de página, e por fim salvar e
imprimir sua história.
Reiterando, o uso de computadores e de histórias em quadrinhos, podem juntos, ou
não, serem pensados como ferramentas mediadoras dos processos de desenvolvimento e
aprendizagem das crianças, com ênfase na ludicidade, por apresentarem características que
auxiliam a compor o pensamento humano.
Referências Bibliográficas
Danilo Rabelo1
Sala 3.5
Resumo: Diante dos números alarmantes de violência contra as mulheres no Brasil e em todo o mundo, bem
como as discriminações
sofridas pelas mulheres na sociedade patriarcal, machista e misógina, torna-se necessária a discussão e a reflexão
das relações de gênero na escola. O presente artigo apresenta a discussão teórica dessa temática, enfocando
especialmente as ideias de Joan Scott e Judith Butler, além de descrever e analisar uma sequência didática para
classes ou séries da educação básica. Trata-se de uma experiência pedagógica realizada no Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás.
Quando os setores subalternos2 tais como mulheres, negros, índios, homossexuais etc.
adquirem maior visibilidade com a luta e a conquista de direitos que lhes foram negados é
comum perceber a reação dos setores hegemônicos contra as agendas políticas dessas
minorias3 ou grupos subalternos. Nesse sentido, atualmente, a escola vive um momento de
intenso debate entre educadores que defendem o direito de ensinar o pensamento crítico e sem
amarras e os setores conservadores que defendem uma “Escola sem partido”. Há inclusive
em tramitação no Senado Projeto de Lei nº 193/2016 que implanta o Programa Escola Sem
Partido, cuja justificativa é, dentre outras, “adotar medidas eficazes para prevenir a prática da
1
Graduado em Geografia (UFG), em Pedagogia (ISEED) e mestre em Ensino na Educação Básica
(UFG). Professor efetivo da Universidade Estadual de Goiás, onde é coordenador do curso de Pós-
Graduação Lato Sensu em Interdisciplinaridade e Diversidade na Educação. E-mail:
[email protected]
2
Subalternos referem-se a grupos sociais marginalizados, minoritários, sem direitos civis, políticos,
econômicos culturais etc., cujas agendas políticas e vozes são silenciadas. Cf. Spivak (1987, 1988); Guha
(1982, 1983, 1997) e Chakarabarty (1989, 2007).
3
Minorias são grupos étnicos, religiosos, sexuais e sociais que, por suas características físicas,crenças,
valores e práticas sociais são destituídos de aceitação social e de poder de decisão no âmbito político, vem
como são marginalizados e estigmatizados pela sociedade envolvente (RABELO, 2010, p. 15). Cf.
também Goffman (1988).
doutrinação política e ideológica nas escolas, e a usurpação do direito dos pais a que seus
filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções”
(BRASIL, 2016, p. 5). No art. 2º, Inciso V, para prevenir que todos cresçam “com
personalidade em harmonia com a respectiva identidade biológica de sexo” é “vedada,
especialmente, a aplicação dos postulados da teoria ou ideologia de gênero” (ibidem, p. 5).
Essa proibição da teoria ou “ideologia de gênero” resulta do temor de que esses estudos
poderiam influenciar os alunos a questionarem as desigualdades sociais e de poder resultantes
do hegemônico modelo heteronormativo e patriarcal baseado nas diferenças biológicas entre
os sexos. Segundo Joan Scott (1994, p. 13),
De fato, pode-se depreender da definição acima que os estudos de gênero colocam em questão
os significados sociais que as diferenças corporais entre homens e mulheres produzem,
resultando em relações de poder e subordinação. Contudo, Judith Butler (2015) com base na
noção de gênero como performance critica essa concepção de gênero apoiada no binarismo
sexual homem/mulher, não levando em conta outras identidades de gênero como travestis,
transgêneros etc. Por outro lado, a noção de gênero, tal como pensada por Joan Scott e outras
feministas, pode ser útil ao se pensar nas relações entre homens e mulheres na atualidade.
No Brasil, não obstante a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) que cria mecanismo contra
a violência doméstica e familiar contra a mulher, cinco espancamentos de mulheres ocorrem a
cada dois minutos; um estupro a cada 11 minutos; um feminicídio a cada 90 minutos; 179
relatos de agressão por dia; 13 homicídios femininos por dia em 2013 (SANEMATSU;
PRADO, 2015). Isso sem mencionar as diferenças salariais entre homens e mulheres e outras
formas de discriminação contra as mulheres.
Diante das desigualdades de gênero e dos números alarmantes de violência contra a mulher e
de feminicídio no Brasil, há pelo menos vinte anos, no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada
à Educação (Cepae) da Universidade Federal de Goiás (UFG) vem ensinando seus/suas
alunos(as) da educação básica a discutirem e pensarem as relações entre homens e mulheres,
tendo como base o conceito de “gênero”. Como exemplo desse trabalho contínuo, apresenta-
se aqui uma sequência didática elaborada para as aulas de Sociologia dos nonos anos do
Ensino Fundamental sobre a temática de gênero e violência contra a mulher.
Inicialmente, o(a) professor(a) realiza uma sondagem sobre o conhecimento que os(as)
alunos(as) possuem sobre o tema. Em geral, eles(as) relatam reportagens da televisão,
internet, testemunhos de casos de violência que presenciaram etc. Tratar-se-ia de saberes
ligados diretamente à vida originados na prática e na experiência, isto é, uma “cultura
cotidiana” (FOURQUIN, 1993; SOUZA SANTOS, 2008). Ainda que esses relatos sejam
considerados saberes de senso comum, nem sempre são falsos, errôneos ou estereotipados,
mas saberes cotidianos sem qualquer conotação negativa ajudam o(a) professor(a)
dimensionar o conhecimento prévio e o direcionamento do ensino da temática. Cabe a escola
valorizar, debate, questionar e refletir sobre esse senso comum (RABELO, 2011)
Em seguida, para tratar da temática torna-se necessário compreender o conceito de gênero
para depois estudar os casos específicos das relações de gênero, em especial, os diversos tipos
de violência contra as mulheres (MENDONÇA, 1994). Além do conceito de gênero,
apresenta-se o conceito de sexualidade, entendido como
Conforme o conceito acima, a sexualidade tal como o gênero envolve relações de poder, de
interditos morais, jurídicos, médicos e psiquiátricos que estabelecem o que é normal e o que é
anormal; a aceitação social ou o estigma. Atualmente, a normalidade sexual designa os
desejos, fantasias e práticas sexuais que não prejudiquem fisicamente e psicologicamente a
própria pessoa e os indivíduos com os quais ela convive. Mas as interdições morais de certas
religiões e grupos conservadores continuam a utilizar argumentos repressivos da religião,
conceitos e teorias psiquiátricos ultrapassados e projetos de lei que visam impedir a escola de
esclarecer os(as) alunos(as) sobre sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, respeito
às minorias sexuais e de gênero etc.
Mas por que juntar sexualidade e gênero? Qual a relação entre os conceitos? Historicamente
as lutas em torno das relações e identidades de gênero vêm relacionadas às sexualidades. Para
Butler (2015, p. 67)
4
Clitoridectomia é uma intervenção cirúrgica na qual o clitóris e os lábios vaginais são retirados para
inibir o prazer sexual e garantir a fidelidade no casamento por parte da esposa. Essa prática estende-se por
diversos países africanos em que nem sempre há anestesia e condições mínimas de higiene levando a
infecções e óbitos.
África, América, Ásia e Europa. Nesse caso, sociedades que apresentam valores culturais
muito diferentes entre si, mas todas elas, com hegemonia masculina e heterossexual.
Os grupos à medida que se organizam escolhem o país sobre o qual desejam pesquisar para o
seminário. Os grupos devem realizar suas pesquisas no prazo de uma semana e apresentar
oralmente suas pesquisas com o auxílio de slides no formato Powerpoint ou outro aplicativo.
Após a apresentação dos grupos no seminário, abre-se um debate sobre os tipos de violência
mais comuns cometidos contra as mulheres em cada país pesquisados, o contexto social,
histórico e cultural em que ocorrem estes crimes. Do mesmo modo, são abordados aspectos
sociais e econômicos como salários reduzidos, baixa participação política, maiores restrições
morais para as mulheres nessas sociedades. Os(as) estudantes muitas vezes se surpreendem
com a crueldade e como alguns grupos sociais e religiosos desses países, inclusive o Brasil,
legitimam socialmente as violências cometidas contra as mulheres. Nesse sentido, o seminário
não está veiculando nenhum estereótipo conservador de que se trata de um discurso feminista
que prega o ódio aos homens e/ou quer destruir a instituição da família, mas sim conscientizar
grupos de adolescentes de que é preciso parar com a violência contra as mulheres, seja onde
for.
No caso da clitoridectomia praticada na África, alguns antropólogos defendem que se trata de
uma prática comum da cultura desses povos e que não correspondem aos valores ocidentais,
devendo assim ser respeitadas em nome do relativismo cultural5 e da diferença cultural.
Contudo, as vítimas que denunciaram essas práticas relataram a imposição e não uma decisão
livre e a inexistência de condições higiênicas e/ou anestésicos para suprimir a dor da
mutilação. Trata-se do choque entre o direito natural (direitos humanos) considerado universal
contra o direito positivo (normas, valores e leis) considerado específico de uma determinada
sociedade histórica). (LEVIN; VON GLEICHEN, 1999). Esse choque coloca em debate
seguintes questões: Deve-se respeitar o relativismo cultural quando os costumes e valores de
uma cultura coloca em risco a vida de determinados indivíduos? Os direitos humanos são
realmente universais e estão acima de qualquer direito positivo ou são uma criação
etnocêntrica das sociedades ocidentais?
5
Relativismo cultural é a atitude de respeito às diferenças culturais entre os diversos povos do globo
terrestre. Nessa atitude não se considera as culturas como inferiores ou superiores em nenhum de seus
aspectos, mas busca-se determinar o seu contexto, as motivações e significados simbólicos para os
indivíduos e os grupos sociais daquela cultura (RABELO, 2010, p. 14).
Contudo, tratar apenas da violência cometida contra as mulheres seria reduzir simploriamente
as complexas dimensões sociais e simbólicas que envolvem as relações de gênero. Para
discutir essa complexidade, é proposta a exibição do filme Endiabrado (Bedazzled, EUA,
2000, 93 minutos) do diretor Harold Ramis. Trata-se de uma refilmagem da comédia
Bedazzled (1967) dirigida por Stanley Donen. Ambas as versões são baseadas no poema
Fausto (Faust) de Johann Wolfgang Von Goethe (1974). O elenco do filme de Ramis traz
como protagonistas os atores Brendan Fraser (Elliot), Elizabeth Hurley (Diabo) e Frances O‟
Connor (Alison).
No poema de Goethe, baseado em uma lenda alemã, o médico e mago Fausto vende sua alma
ao diabo para conquistar o amor de uma jovem chamada Margarida. No filme exibido, Elliot é
um jovem solitário que trabalha em um call center desprezado por seus colegas de trabalho e
que nutre uma paixão secreta por sua colega Alison. Após ser ignorado por Alison em um bar,
Elliot diz que daria qualquer coisa para conseguir o amor de Alison. Então o Diabo aparece na
forma de uma linda mulher e oferece sete desejos para Eliott em troca de sua alma. A
princípio, Elliot recusa a proposta, mas para conseguir o amor de Alison, ele acaba assinando
o contrato com o Diabo. No decorrer da narrativa o Diabo concede os desejos para Eliott,
todos na tentativa de conquistar Alison. Todos os desejos são frustrados ora pelas
maquinações do Diabo ora pelas contradições entre as fantasias de Eliott e as expectativas de
Alison, apresentando situações cômicas. Após Elliot se encontrar com um homem negro na
prisão que lhe revela que é impossível alguém vender sua alma porque ela pertence a Deus, o
protagonista procura o Diabo para desfazer o trato. No final, Elliot entende que nenhuma
mágica pode fazer Alison gostar dele. O Diabo aparece jogando xadrez com o homem negro
da prisão, sugerindo que este último seja Deus.
À primeira vista, parece que se trata de uma tola comédia romântica hollywoodiana. Todavia,
talvez por se tratar de uma paródia de uma grande obra prima literária, o filme de forma
ambivalente questiona muitas das fantasias que homens e mulheres elaboram uns sobre os
outros.
Os desejos de Elliot representam as fantasias que, no senso comum, os homens possuem em
relação àquilo que eles acreditam que as mulheres esperam deles: riqueza, sensibilidade, força
física, inteligência e autoconfiança e altruísmo. Entre os desejos frustrados de Elliot, o Diabo
aparece vestido diversos trajes femininos que funcionam tanto como figurinos de personagens
ou profissões consideradas tipicamente femininas quanto como fantasias estereotipadas e/ou
fetiches masculinos: vamp, guarda de trânsito, enfermeira, professora, policial etc.
No debate sobre o filme, algumas questões são levantadas tendo em vista as relações de
gênero, as representações que, em geral, homens e mulheres elaboram uns sobre os outros, o
reforço de estereótipos e subversões que a comédia filme apresenta. Para Alberoni (s/d, p. 11)
“Ambos, com frequência, imaginam o outro como na realidade ele não é, e esperam dele
coisas que não pode dar. O erotismo se apresenta, então, sob o signo do equívoco e da
contradição. Apesar disso, os encontros acontecem, existe a atração recíproca, existe o
enamoramento”. Outrossim, poder-se-ia invocar a influência dos arquétipos6 masculinos e
femininos na constituição dessas representações e comportamentos. O perigo dessas visões
esquemáticas e generalizantes é fixar os indivíduos em atributos rígidos e essencialistas como
se fantasias, desejos, expectativas fossem os mesmos para todos(as). Desse modo, vale a pena
perguntar se as fantasias de Elliot são reais, isto é, correspondem àquilo que as mulheres são
de fato ou são apenas mitos do senso comum? Ora, são exatamente essas tentativas de fixar e
generalizar os atributos sociais e psíquicos de cada sexo que, atualmente, os estudos de gênero
questionam. Essas fantasias são reais como representação7, discurso, imaginário8, mas nem
sempre correspondem de fato a um essencialismo de gênero. Nesse sentido é que todos os
desejos de Elliot falham. Ele tenta se enquadrar naquilo que acredita ser as expectativas que
as mulheres, em especial Alison, esperam dos homens. Certos aspectos dessas fantasias
podem estar presentes em vários indivíduos ou não, todavia, importa saber quais os efeitos de
poder, significados e tensões essas fantasias provocam.
6
Arquétipos, segundo Jung, (apud HUMERT, 1985, p. 98) “não se trata de representações herdadas, mas
de uma disposição inata para formar representações análogas, isto é estruturas universais idênticas da
psique, que mais tarde chamei de inconsciente coletivo. Denominei arquétipo, essas estruturas. Elas
correspondem ao conceito biológico de pattern of behaviour” (padrão de comportamento). Cf. também
Jung (1997).
7
As representações sociais, segundo Cuvillier, são as ideias, crenças e recordações comuns, certos modos
de se representar o universo e especialmente o mundo humano, que se interpõem como um prisma entre o
homem e sua visão das coisas e dos seres (apud GUSMÃO, 1970, p. 210). As representações do mundo
social, assim construídas, embora aspirem à universalidade de um diagnóstico fundado na razão, são
sempre determinadas pelos interesses de grupo que as forjam (CHARTIER, 1988, p. 17; BOURDIEU,
1982, p. 135).
8
A noção de imaginário, segundo Gilbert Durand (2002, p. 18), comporta “o conjunto de imagens e
relações de imagens que constitui o capital pensado do homo sapiens – aparece-nos como o grande
denominador fundamental aonde se vêm encontrar todas as criações do pensamento humano”. O
imaginário faz parte de um campo de representação e, como expressão do pensamento se manifesta por
imagens e discursos que pretendem dar uma definição da realidade (PESAVENTO, 1995, p.15).
Outro aspecto subversivo do filme, é o homem negro que alerta Elliot que sua alma pertence a
Deus e que no final aparece jogando xadrez com o Diabo. Se o roteiro não diz claramente que
aquele personagem representa Deus em pessoa, pelo menos sugere que ele poderia ser um
anjo. Tradicionalmente, as representações ocidentais do cristianismo representam Deus e os
anjos como seres caucasoides. Tentativas de representar a corte celestial como negroides são
muitas vezes rechaçadas, como o caso de Marcus Garvey, famoso ativista negro, na década de
1920, em Nova York, gerou inúmeros protestos ao representar em desfile público a Madona e
Jesus como negros (RABELO, 2014).
Contudo, no filme a representação do Diabo como uma mulher sedutora pode reforçar certos
estereótipos em relação às mulheres. A imagem da mulher causadora de todos os males abarca
desde Eva, no livro de Gênesis, à famosa frase de Honoré de Balzac, “cherchez la femme”
(procurem a mulher). A esse respeito Perrot (1988, p. 168) observou: “A mulher origem da
maldade e da infelicidade, potência noturna, força das sombras, rainha da noite, oposta ao
homem diurno, da ordem e da razão lúcida, é um grande tema romântico e, em particular de
Mozart a Richard Wagner, da Ópera”. Por sua vez, Jean Delumeau (2009, p. 478) demonstra
a íntima associação da mulher com o diabo no século XVI: “Em primeiro lugar, ela é um
„diabo doméstico‟ [...] Em seguida, é comumente infiel, vaidosa, viciosa e coquete. É o
chamariz de que Satã se serve para atrair o outro sexo ao inferno”. Essas associações a uma
natureza maléfica feminina culminaram no filme à representação do Diabo como uma mulher.
Essas questões podem ser debatidas com a classe oralmente ou por escrito, sem que o(a)
docente imponha essa interpretação à classe como um todo. Quando se trata de interpretação,
cada sujeito interpreta segundo seu repertório de experiências culturais e sociais. É
surpreendente como os(as) estudantes leem e problematizam essas questões de gênero com
base nas imagens e representações do filme exibido. Preferencialmente, solicita-se que os(as)
alunos(as) elaborem resenhas sobre o filme abordando as questões acima.
Para debater as complexas dimensões sociais e simbólicas que envolvem as relações de
gênero, além do filme, sugere-se trabalhar com o capítulo “É possível estabelecer uma ponte
entre homens e mulheres” da obra de Dulce Whitaker (1989), Homem e Mulher: o mito da
desigualdade. Embora existam obras mais atualizadas, a referida obra possui linguagem
simples adequada a estudantes do ensino fundamental. Além disso, no debate do texto é
possível levantar com a classe as permanências e as transformações ocorridas desde o final da
década de 1980.
No referido capítulo, Whitaker trata de diversos assuntos, dentre eles, a existência de uma
subcultura masculina e outra subcultura feminina, com a cooptação desta última em favor
daquela. A socióloga também trata da desvalorização do trabalho feminino seja no lar, nas
empresas, nas instituições governamentais e no meio científico. Na discussão de uma suposta
subcultura feminina, Whitaker aborda a questão da maternidade e a dupla jornada de trabalho
feminino, enquanto os maridos leem jornais, as esposas preparam as refeições ou realizam
outras atividades domésticas, bem como, as diferenças concepções sobre a sexualidade
feminina ao longo da história, com a maior exigência de recato moral pesando sobre as
mulheres. Em suma, o texto aborda as diferenças de poder, status, reconhecimento social entre
homens e mulheres, com o predomínio masculino e a subordinação feminina. Como forma de
avaliação, são elaboradas questões para serem respondidas pelos(as) alunos(as).
No estudo do capítulo, enquanto alguns(mas) alunos(as) relatam que em suas casas, as tarefas
domésticas são divididas entre homens e mulheres, outros(as) contam que nas suas família as
tarefas domésticas são de exclusividade feminina. Dados estatísticos do IBGE e outras
instituições podem ser confrontados com os argumentos de Whitaker, demonstrando a
permanências, aquilo que melhorou e o que piorou desde o final dos anos 1980.
No entanto, os sujeitos transexuais e homossexuais ainda não foram contemplados neste
recorte da temática. No futuro, espera-se que o conceito de gênero entendido como
performance possa ser estudado com a inclusão destes sujeitos no debate. Ainda que, haja
protestos de setores conservadores, inclusive com projetos de lei proibitivos desta temática,
acreditamos que é dever da escola informar os alunos sobre a exclusão e discriminação destas
minorias. Os setores conservadores, a exemplo de Anita Bryant nos Estados Unidos, temem
que professores homossexuais ou não possam recrutar crianças e adolescentes e molestá-los.
Felizmente, as propostas de Bryant não foram aprovadas, pelo simples fato de que
professores(as) não podem definir as sexualidades de seus/suas alunos(as). Os professores(as)
como formadores(as) de opinião podem, no máximo, tentar conscientizar os(as) estudantes da
necessidade de se respeitar seu semelhante e combater a opressão e a violência contra
qualquer pessoa, independente de raça, etnia, sexo, gênero, nacionalidade, classe social, idade,
convicção religiosa, ideológica ou partidária.
REFERÊNCIAS
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Élia Edel). São Paulo: Círculo do Livro, s/d.
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Lei Maria da Penha). Cria mecanismos
para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a
Lei de Execução Penal; e dá outras providências. In: Diário Oficial da União. Brasília:
Imprensa Nacional, nº 151, 08/08/2006, Seção 1, p. 1-4.
______. Projeto de Lei do Senado nº 193/2016. Inclui entre as diretrizes e bases da educação
nacional, de que trata a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, o "Programa Escola sem
Partido". Disponível em https://legis.senado.leg.br/sdleg-
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DELUMEAU, Jean. História do Medo no Ocidente: 1300-1800: uma cidade sitiada. (Trad.
Maria Lúcia Machado; trad. de notas Heloisa Jahn). São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
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(ed.). Subaltern Studies I: Writings on South Asian History & Society. Delhi: Oxford
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______. Elementary Aspects of peasant insurgency in colonial India. Delhi: Oxford
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GUSMÃO, P. Dourado de. Manual de Sociología. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1970.
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JUNG, Carl G. (org). O Homem e seus símbolos. (trad. Maria Lúcia Pinho). 15ª ed. Rio de
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In: Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH/Contexto, vol. 15, nº 29, 1995, p. 9-27.
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WHITAKER, Dulce. Homem & mulher: o mito da desigualdade. São Paulo: Moderna, 1989.
DOMÍNIO SEMÂNTICO:
UM JOGO DIDÁTICO PARA O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA
Elisa Augusta Lopes Costa1
Sala 6
Resumo: O presente artigo trata da relevância de inserir práticas ludopedagógicas como metodologia de ensino
em cursos de Letras com vistas a possibilitar a proporcionar uma alternativa para a prática docente na educação
básica. Trata-se de um relato de experiência realizada no curso Parfor/Letras/UFPA, turma de Senador José
Porfírio (PA), no ano de 2017, durante a disciplina de Estágio Supervisionado. O projeto foi elaborado em
consonância com as características de sua clientela específica – professores atuantes sem formação na área de
Língua Portuguesa – de modo a propiciar um olhar reflexivo sobre as experiências anteriores e promover a
conscientização da necessidade de ressignificar a prática docente com vistas ao melhoramento do processo
ensino-aprendizagem. A fundamentação teórica baseou-se em Platão (2000), Comenius (2001), Almeida (1987)
e Haydt (2011), dentre outros, enfatizando a importância do lúdico para a aprendizagem. A metodologia
consistiu na realização de oficinas de vivências lúdicas e elaboração de jogos didáticos. Foram apresentados
diversos jogos com abordagens como enriquecimento de vocabulário, morfologia, acentuação e semântica.
Tendo em vista a maior dificuldade dos alunos no que se refere ao trabalho com a semântica, foi escolhido o
jogo Domínio Semântico, elaborado com base em Ilari (2001, 2014), Oliveira (2008) e Tamba (2006), para ser
detalhado neste texto. Em seguida, os alunos foram orientados na criação de um jogo didático, o que foi feito em
grupos, com apresentação ao final dos trabalhos.
Palavras-chave: Ludicidade, jogos didáticos, semântica, ensino-aprendizagem.
INTRODUÇÃO
1
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura da Universidade Federal
do Tocantins. Docente da Universidade Federal do Pará. Área de atuação: Prática de Ensino e Estágio
Supervisionado. E-mail: [email protected].
O objetivo do presente artigo é relatar o desenrolar da experiência realizada com estes
alunos-professores que, neste ponto do curso, devem realizar o estágio de regência e
necessitam de estratégias metodológicas que lhes auxiliem a desempenhar bem seu papel,
tanto no estágio como na continuidade de suas atividades docentes.
Nesta perspectiva foi desenvolvido o projeto de trabalho com jogos didáticos, inserido
na etapa presencial da disciplina de Estágio Supervisionado II2. A atividade constou de um
momento de apresentação da teoria sobre ludicidade e jogos didáticos, seguida de uma oficina
de vivência de diversos jogos didáticos cujo objetivo foi proporcionar aos estudantes a
percepção, pela experiência, dos sentimentos e aprendizagens proporcionados pelos jogos
didáticos voltados para o ensino da língua portuguesa. O jogo Domínio Semântico foi
apresentado aos estudantes mediante breve conceituação teórica sobre a Semântica e suas
implicações para a educação básica, participação dos estudantes vivenciando o jogo e, por
fim, uma explicação sobre como o jogo foi desenvolvido.
Na segunda oficina, partindo de reflexões sobre as vivências anteriores, os alunos
receberam orientação sobre os requisitos para criação de um jogo didático e, em grupos,
desenvolveram um jogo que foi posteriormente vivenciado pela turma toda, como forma de
apresentação final do trabalho.
Considerando a impossibilidade de abordar todos os jogos que foram trabalhados na
oficina, elegeu-se o jogo Domínio Semântico para apresentação neste relato, o que será feito
na continuidade do texto.
SEMÂNTICA E LUDICIDADE
2
O estágio no PARFOR/Letras/UFPA compõe-se de quatro módulos, cada um deles formado por uma parte
presencial e outra a distância. No momento presencial são realizadas as discussões teóricas, vivências e
simulações de experiência. Na parte a distância realiza-se o estágio propriamente dito, com intervenção em
sala de aula.
Semântica, de acordo com o Dicionário de termos linguísticos (XAVIER e
MATEUS,1992), é a área da linguística que estuda o significado tal como ele é estruturado
nas línguas. O termo é usado de formas variadas em diversos campos, entre os quais
destacam-se a filosofia e a lógica em virtude da sua relação com a semântica linguística. Uma
definição bastante simplificada coloca a Semântica como o estudo do significado das
palavras, mas, como lembra Marcus Maia, “a semântica é, não só, o estudo do conteúdo das
palavras isoladamente, mas também do significado das palavras nas frases, relacionando-se,
assim, com o módulo sintático” (MAIA, 2006, p. 108). Por outro lado, Luciano Oliveira, em
seu Manual de Semântica, acrescenta que a tarefa de estudar o significado é bastante
complexa do ponto de vista teórico, devido, basicamente, a dois fatores:
Por este motivo, não é possível falar em uma Semântica única, mas fala-se em
Semânticas, no plural, que recebe um adjetivo conforme o enfoque que é dado. Deste modo,
existe a Semântica Estrutural, Semântica Formal, Semântica Lexical e outras mais. De acordo
com Irène Tamba (2006), os nomes devem-se a modos diferentes de descrição, feitos a partir
de procedimentos de análise oriundos de diversos campos da linguística (fonética histórica,
fonologia, sintaxe), e também de outras ciências, como lógica, matemática, informática.
Toda esta profusão de procedimentos e técnicas, aliada ao fato de que o estudo
específico do significado é uma ciência relativamente nova e sem consenso entre os teóricos,
pode explicar a falta de atividades relativas ao tema no que concerne ao ensino de língua
portuguesa na educação básica. Segundo Rodolfo Ilari (2001) a atenção dada ao estudo da
significação é mínima se comparada ao tempo gasto com ortografia, acentuação,
concordância, regência e outros problemas gramaticais, o que se configura como um dos
fatores que empobrecem o ensino de língua materna na atualidade. Para este autor, não existe
no ensino brasileiro a tradição de tratar do sentido através de exercícios específicos, o que
causa a impressão de que, nesta área, não há nada interessante a fazer.
Por este motivo, destaca o autor, a escola deveria dar maior atenção às questões do
sentido e da interpretação, levando os estudantes ao reconhecimento das capacidades
semânticas que são mobilizadas constantemente para lidar com mensagens verbais. No
verbete Semântica, do Glossário Ceale (2014a), Ilari usa como exemplo a frase “Zezinho
voltou para casa com um galo” demonstrando que, para entendê-la adequadamente, é
necessário “saber que galo significa ora o inchaço que aparece na nossa cabeça quando a
batemos numa superfície dura, ora o galináceo cuja fêmea é a galinha”. A importância de
conhecer os diversos significados das palavras é ilustrada ainda com os exemplos “decorar o
quarto/decorar a lição; tocar o teto/tocar violão”. O autor afirma que é possível explicar as
palavras por meio de definições, como as usadas nos dicionários, lembrando que, para
palavras que possuem vários significados, são necessárias várias definições.
Ilari comenta outro fator importante na determinação do significado, demonstrando
que a posição das palavras na frase pode modificar o conteúdo da mensagem:
Frases como “O gato comeu o rato” e “O rato comeu o gato” contêm as mesmas
palavras, mas têm sentidos diferentes. Isso mostra que a organização da frase (a
sintaxe) também afeta o significado. Cabe explicar como isso acontece, examinando,
por exemplo, os efeitos de completar o verbo por meio de termos integrantes ou de
aplicar aos substantivos os artigos ou outros determinantes. É tarefa
da semântica explicar como essas operações afetam o sentido das frases. (ILARI,
2014a, p. 1).
Segundo o autor, as palavras podem ser agrupadas em séries “do tipo gato-felino-
mamífero, canela-perna-corpo, chato-desagradável-mofino, grande-volumoso-enorme-
gigantesco, encher-esvaziar e muitas outras”. O entendimento do sentido das palavras pode
ser facilitado quando se compreende como podem ser formadas estas séries.
Assim, deverão ser ensinadas aos nossos alunos desde a infância a aritmética, a
geometria e todas as ciências que hão de servir de preparação à dialética, mas este
ensino deve ser ministrado de maneira a não haver constrangimento. (...) Assim,
caríssimo, não uses de violência para educar as crianças, mas age de modo que
aprendam brincando, pois assim poderás perceber mais facilmente as tendências
naturais de cada uma. (PLATÃO, 2000, p.251).
Verifica-se, portanto, que, para este autor, a motivação para o estudo pode ser
alcançada por meio da introdução de um elemento lúdico, que dê leveza ao ensino. Comenius
afirma também que o estudo pode se tornar atrativo se for “adoçado” com a introdução de
charadas e adivinhas que levem os alunos a uma competição saudável, de modo que “todas as
coisas, mesmo as mais sérias, sejam apresentadas num tom familiar e agradável”
(COMENIUS, 2001, p. 86).
Com base nestes e outros expoentes recuados no tempo, diversos autores da atualidade
têm se debruçado sobre os conceitos da educação lúdica, destacando-se, entre eles Paulo
Nunes de Almeida, que defende o caráter educativo da ludicidade em Educação lúdica:
técnicas e jogos pedagógicos. O autor assevera que a educação lúdica proporciona o
desenvolvimento de atitudes indagadoras, reflexivas e críticas, afirmando ainda que a
educação lúdica é um trabalho sério, fruto de uma concepção teórica profunda e uma
concepção prática atuante e concreta, que exige planejamento e tem como alvo um melhor
desempenho do estudante.
Almeida acrescenta a educação lúdica leva os alunos a estudar com mais motivação,
fazendo deste ato um compromisso consciente, intencional e modificador da sociedade. Para
Regina Haydt, as mudanças de atitude que ocorrem com a inserção de práticas lúdicas devem-
se ao fato de que crianças, jovens ou adultos apresentam uma tendência lúdica, o que torna o
ato de jogar uma atividade natural para o ser humano.
Ao recorrer ao uso de jogos, o professor está criando na sala de aula uma atmosfera de
motivação que permite aos alunos participar ativamente do processo ensino-
aprendizagem, assimilando experiências e informações e, sobretudo, incorporando
atitudes e valores. (HAYDT, 2011, p. 130).
Quando se fala em campo semântico, pensa-se numa dessas linhas, aquela em que se
representam conceitos próximos e fortemente relacionados, como ensinamento,
aprendizado e educação. Entende-se que esses conceitos repartem entre si uma área de
conhecimento mais ampla (às vezes chamada de campo nocional), justapondo-se uns
aos outros como numa espécie de mosaico. Por campo lexical entende-se, ao
contrário, uma lista de palavras que, juntas, dão conta de um certo tipo de experiência
ou atividade. Por exemplo, os nomes dos instrumentos musicais, os graus da
hierarquia militar e a lista de compras da dona de casa são campos lexicais. (ILARI,
2014b, p. 01).
Convém notar, entretanto, que não há consenso entre os autores quanto a esta
definição, havendo os que usam os termos como sinônimos (campo lexical ou campo
semântico), outros que preferem usar a expressão campo nocional ou mesmo quem prefira o
termo campo léxico-semântico, como Maira Ferreira:
Luciano Oliveira lembra ainda que as palavras também se organizam por meio de
esquemas como os scripts, que são estruturas linguísticas e culturais armazenadas na memória
ao longo da vida, os quais são mobilizados a partir de um conceito-chave, exemplificando
com as palavras que são lembradas a partir do termo funeral: velas, flores, defunto, caixão,
choro tristeza. Segundo o autor, “tais associações são resultantes dos nossos esquemas
mentais, que nos permitem compreender e produzir textos com mais facilidade ou com menos
dificuldade” (OLIVEIRA, 2008, p. 154).
Convém lembrar ainda que os grupos de palavras formam-se a partir de critérios
variados, como no caso de hiperonímia, ou de esquemas mentais que variam de pessoa para
pessoa. Assim, enquanto o conceito natal pode evocar para uma criança a ideia de
brinquedos, árvore, papai noel, para um professor pode lembrar ideias como férias, relatórios
e entrega de notas. Partindo desta premissa, Ilari lembra que os estudantes são oriundos de
universos diferentes, o que significa que seu vocabulário pode ser constituído de campos
lexicais e semânticos também diferentes, os quais merecem ser compartilhados e explorados,
proporcionando as estudantes experiências variadas.
Pode-se desde discutir com eles se um skate é um veículo e droga é um palavrão, até
fazer com que troquem ideias entre si sobre as categorias em que podem ser
classificadas as músicas que eles ouvem (“lentas” e “loucas”? “caretas” e “legais”?).
Um objetivo a ser trabalhado é o reconhecimento de que diferentes comunidades de
falantes organizam as mesmas experiências de acordo com sistemas de referência
diferentes (por exemplo, para a maioria dos brasileiros, roubo é qualquer ocorrência
em que os malfeitores se apossam de um bem de outra pessoa; para os profissionais da
lei, só há roubo se envolve violência). (ILARI, 2014b, p. 02).
DESCRIÇÃO: Este jogo trabalha o léxico por campos associativos, com o objetivo de levar
os estudantes a perceberem que as palavras são utilizadas dentro de determinados contextos e
podem adquirir significados diferentes dependendo do domínio semântico em que é utilizada.
PÚBLICO ALVO:
Ensino Médio e séries finais do Ensino Fundamental
COMPONENTES DO JOGO
04 fichas numeradas de 01 a 04 (para início do jogo)
01 envelope para guardar as fichas numeradas
01 SUPORTE VISUAL (feito em papelão, com tamanho suficiente para acondicionar os
letreiros (cartões de palavras) em oito linhas e seis colunas. Pode ser quadro de pregas,
flanelógrafo ou outro similar.
06 cartões contendo palavras-chave pertencentes a campos associativos diferentes (escritas
em caixa alta).
42 cartões contendo palavras diversas – 07 relacionadas a cada palavra-chave.
COMO JOGAR:
1- A atividade deverá ser realizada com os alunos divididos em 04 grupos,
2- Distribuição dos cartões: cada grupo receberá 09 cartões. As cartas restantes (12) ficam
reservadas para “compra”. Os cartões devem ser previamente embaralhados e distribuídos
pelo professor, sem que os alunos vejam antecipadamente quais palavras estão recebendo.
3- Para começar o jogo usa-se o envelope com as fichas numeradas (de 1 a 4). Cada grupo
deve retirar do envelope uma ficha numerada, começando-se o jogo pelo grupo que tirou o
número 1 e seguindo-se a ordem crescente.
4- O primeiro grupo a jogar deve começar com uma palavra-chave, colocando-a na parte
superior do suporte escolhido (flanelógrafo, quadro de pregas ou outro) para formar a
primeira coluna. As demais palavras-chave deverão ser colocadas em sequência, no alto do
quadro, para encabeçar as respectivas colunas. Caso o grupo não tenha consigo nenhuma
palavra-chave, compra um cartão do banco de reserva. Se comprar uma palavra-chave, ela
poderá ser jogada imediatamente. Do contrário, passa-se a vez para o grupo seguinte. O
processo se repete com os demais grupos na primeira rodada, sendo que as palavra-chave
devem ser colocadas em linha, no alto do quadro, para encabeçar as respectivas colunas.
5- A partir da segunda rodada, pode-se jogar uma palavra-chave ou qualquer outra palavra
relacionada a elas. Caso o grupo não possua nenhuma palavra para jogar, deve efetuar a
compra, como no início, jogando logo em seguida, caso compre uma palavra passível de ser
colocada em uma das colunas.
6- O professor, como mediador, deve observar se as palavras estão sendo colocadas nos seus
respectivos grupos semânticos. Os demais grupos podem questionar a colocação da palavra,
perguntando ao grupo jogador o significado e o critério de inserção naquele grupo. Se a
colocação estiver correta, mesmo que o grupo não consiga explicar adequadamente, o
professor auxiliará o grupo, e a palavra permanecerá no quadro. Se a colocação estiver errada,
o grupo retira a palavra e compra um cartão, esperando até sua próxima vez para poder jogar
novamente.
7- O grupo que questionar a colocação de uma palavra, caso esta tenha sido colocada
inadequadamente, deverá explicar o motivo do questionamento, indicando qual seria a
localização correta. Caso erre a explicação, o grupo deverá comprar um cartão, mesmo que
não esteja na sua vez de jogar.
8- Quando não houver mais cartões a serem comprados, o grupo que não tiver como jogar
passa a vez ao próximo grupo. O mesmo vale para o caso de questionamento de palavras:
tanto o grupo que tiver colocado uma palavra em lugar errado ou o grupo questionador que
der uma explicação errada, não tendo como comprar um cartão, ficarão uma vez sem jogar.
9- O jogo só poderá ser encerrado quando uma das colunas (campo associativo) estiver
completa. A partir daí, vence o grupo que terminar primeiro o descarte de todos os seus
cartões.
BANCO DE PALAVRAS
EDUCAÇÃO TRANSPORTE ALIMENTO JUSTIÇA ESPORTE
Escola Carro Arroz Juiz Natação
Livro Bicicleta Feijão Promotor Vôlei
Caderno Motorista Alface Lei Esgrima
Professor Trem Ervilha Advogado Futebol
Curso Gasolina Leite Réu Atletismo
Aluno Moto Pão Defesa Hipismo
Lápis Ônibus Queijo Petição Ciclismo
CASA TEATRO GEOGRAFIA FERRAMENTAS CORES
Porta Atores Montanha Serrote Azul
Janela Cena Lago Alicate Amarelo
Telhado Ato Rio Machado Verde
Portão Peça Serra Enxada Vermelho
Piso Plateia Planície Plaina Roxo
Muro Cenário Depressão Tesoura Preto
Maçaneta Figurino Igarapé Espátula Branco
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo:
Edições Loyola, 1987.
ANTUNES, Irandé. O território das palavras. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 2011.
ILARI, Rodolfo. Introdução à semântica: brincando com a gramática. São Paulo: Contexto,
2001.
__________. Semântica. In: Glossário Ceale: termos de alfabetização, leitura e escrita para
educadores. UFMG - Faculdade de Educação, Centro de Alfabetização, Leitura e
Escrita/Ceale. Belo Horizonte, 2014a. Disponível em: <http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/
glossarioceale/verbetes/semantica> Acesso em 26/05/2017.
PLATÃO. A república. Trad. Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 2000.
Sala 8
Resumo: Este artigo tem como objetivo refletir acerca das possibilidades que a Transdisciplinaridade pode
elencar para transformações significativas na Educação do Campo, sendo considerada como via de
transformação para essa modalidade de educação. Esta reflexão é de caráter bibliográfico e documental com a
abordagem qualitativa. Sua fundamentação teórica traz a percepção da Educação do Campo, em especial no
município de Palmas, bem como das possibilidades de transformação nessa modalidade de ensino através da
Transdisciplinaridade. É perceptível que a perspectiva contemporânea da Educação do Campo tem caminhado
no sentido de promover mudanças e transformações na educação e na vida dos sujeitos nela envolvidos. Desse
modo, a transdisciplinaridade, através de uma matriz curricular diferenciada, transdisciplinar e complexa
possibilita articulação e complementação entre as disciplinas, bem como das relações entre
indivíduo/sociedade/natureza, viabilizando transformações viáveis no contexto da Educação do Campo, em
especial no município de Palmas-To conforme análise realizada acerca do Referencial Político Pedagógico da
Educação do Campo desse município.
Notas introdutórias
No contexto contemporâneo vivenciamos conflitos diários que indicam o desafio
basilar de melhorar a qualidade da educação por meio de situações que propiciem aprender a
viver, sobreviver e conviver com a diversidade, tolerância e solidariedade; aprender a atribuir
significado às informações e aplicá-las para reconhecer problemas contextuais e buscar
alternativas de soluções; aprender a identificar espaços para o desenvolvimento da autonomia
na articulação de conhecimentos oriundos de diferentes locais e tempos na (re) construção de
conhecimentos que promovam o desenvolvimento pessoal, social, cultural, profissional e
humanístico.
Assim, a educação do campo, diante da atual conjuntura da sociedade contemporânea,
na qual a agricultura familiar de subsistência vai perdendo espaço para a agricultura patronal e
globalizada, onde a violência das oligarquias rurais que controlam os latifúndios improdutivos
e parte do Estado – diante dos processos de modernização conservadora – vêm diminuindo
cada vez mais as perspectivas de pequenos agricultores bem como de milhares de famílias
inseridas no contexto do campo, urge por uma transformação pedagógica. Nessa modalidade
de educação, os sujeitos foram ao longo da história da educação brasileira, muitas vezes
marginalizados, excluídos, esquecidos e desvalorizados.
1
Pedagoga. Mestranda em Educação. Universidade Federal do Tocantins. [email protected]
2
Pedagoga. Doutora em Educação. Universidade Federal do [email protected]
A educação, desse modo, surge como elemento essencial no processo de
ressignificação de sujeitos, saberes e culturas, enquanto principal via de transformação da
sociedade em geral, e enquanto ferramenta dos educadores e educandos no processo de
construção de novas alternativas que ajudem a repensar os nossos sujeitos, nossas histórias,
nossas metodologias e os processos de ensino-aprendizagem. Nesse contexto de crises
econômicas, educacionais, sociais, culturais, ambientais, a escola, os educadores e a sociedade
como um todo são chamados a resolver dilemas e desafios cada vez mais complexos, em suas
diversas esferas.
A transdisciplinaridade, enquanto prática, metodologia, modo de ver e viver a
educação pode contribuir significativamente para mudanças no contexto da Educação do
campo (aqui apontada). Nicolescu (1999, p. 154, grifo do autor) afirma que a
“transdisciplinaridade não é o caminho, mas um caminho de testemunho de nossa presença no
mundo e de nossa experiência vivida através dos fabulosos saberes de nossa época. Uma voz
onde ressoam as potencialidades do ser”.
O objetivo principal desse trabalho é refletir acerca das possibilidades que a
Transdisciplinaridade pode elencar para transformações significativas na Educação do
Campo, sendo considerada como via de transformação para essa modalidade de educação. De
acordo com Robin apud Nicolescu (1999, p. 154, grifo do autor) “a transdisciplinaridade
vivida pode nos conduzir não apenas à mudanças de nossas mentalidades, mas também a uma
mudança de nosso comportamento social”. Nessa pesquisa com abordagem qualitativa, de
caráter bibliográfico e documental valemo-nos das contribuições teóricas desenvolvidas por
autores como Arroyo et. al (2004), D’Ambrósio (1997), Moraes (2015), Morin (2011),
Nicolescu (1999), que discutem sobre as temáticas ora abordadas nesse artigo – Educação do
Campo e Transdisciplinaridade. Além disso, revisamos alguns documentos como o
Referencial Político Pedagógico da Educação do Campo do Município de Palmas (2017) e as
Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo.
Na história da Educação do Brasil predominou por muito tempo a concepção que não
há necessidade de disseminação de conhecimentos socializados pela escola para os sujeitos do
campo. Uma concepção de educação que contempla apenas os indivíduos das elites na qual as
escolas nesse contexto, geralmente multisseriadas e isoladas, quase nunca eram questionadas
pelas forças hegemônicas da sociedade quanto a sua eficácia no ensino, tampouco
consideradas pelos movimentos que protagonizaram lutas pela educação enquanto direito de
todos os cidadãos e dever do Estado, como é o caso da exclusão em suas especificidades dos
sujeitos do campo em movimentos como o docente e o progressista no início da década de 80
do século XX (Arroyo et. al, 2004).
Os movimentos sociais – protagonistas no cenário da educação do campo – além de
lutar por melhores condições de vida, educação de qualidade, têm contribuído para que os
sujeitos do campo reconheçam e busquem por seus direitos que tem sido negado ao longo da
história. Prova disso é a pressão que esses movimentos têm feito ao Estado e aos diversos
entes administrativos no sentido de chamá-los a assumir suas responsabilidades, garantindo
“escolas, profissionais, recursos e políticas educativas capazes de configurar a especificidade
da Educação do Campo”. (Arroyo, 2004, p. 14). Nesse sentido, os movimentos buscam cada
vez mais ocupar lugares na sociedade que fortaleçam a luta e que propiciem não apenas a
consciência dos direitos desses sujeitos do Campo, como também a luta pela Educação do
Campo como política pública.
Lutam ainda por uma proposta de educação que permita o indivíduo perpassar do local
ao global, reconhecendo a multidimensionalidade dos indivíduos, considerando os diferentes
contextos, realidades, e saberes. Essas características como podemos ver coadunam com a
proposta de educação transdisciplinar que através de uma nova abordagem ajuda-nos:
Educar em tempos incertos, como estes em que estamos vivendo, requer dos
indivíduos, como afirma Moraes (2015) mudanças de pensamento, comportamento e
principalmente de métodos educacionais, já que o modelo atual está baseado na “transmissão
de valores e habilidades resultantes de saberes provenientes do passado”, o que demonstra
quão defasado encontra-se o nosso sistema de ensino. Não apenas no âmbito da Educação do
Campo, mas em todas as modalidades de ensino, é necessário com afirma Moraes (2015, p. 9)
“o reencontro de novas formas de colaboração, de criatividade, de educação [...] integrando as
representações dominantes que apoiam de maneira muitas vezes inconsciente nossos saberes,
a fim de se reconectar à vida e às suas evidências”.
Nesse sentido, a transdisciplinaridade e a teoria da complexidade são elementos
essenciais para essa almejada reforma educacional e paradigmática necessária na sociedade
contemporânea. E o Campo enquanto espaço de lutas e de particularidades, representa um
espaço de possibilidades onde os indivíduos podem fortalecer sua identidade e autonomia,
além de esclarecer de uma vez por todas que as relações entre campo e cidade são
fundamentais para o progresso da sociedade, para a evolução do indivíduo.
Para Arroyo et. al. (2004) a Educação do Campo visa fomentar reflexões sobre um
novo projeto de desenvolvimento e o papel do campo nesse projeto, e, por conseguinte
“fortalecer a identidade e a autonomia das populações do campo e ajudar o povo brasileiro a
compreender que não há uma hierarquia, mas uma complementaridade: cidade não vive sem
campo que não vive sem cidade”. (Arroyo et. al., grifo do autor, 2004, p.15)
As Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, enquanto
importante marco referencial nas políticas públicas e instrumento norteador na materialidade
educacional para a população do campo e que vive no campo, aponta em seu Art. 2º,
parágrafo único que:
Nesse sentido, percebe-se que o referido documento apresenta intenções que vão além
dos processos de ensino-aprendizagem no âmbito escolar. Não só problematizando, mas
também reconhecendo a importância de se considerar problemas sociais, como o contexto de
esquecimento, exclusão social e discriminação em que estão inseridos diversos sujeitos do
campo há tempos na história da Educação brasileira, que sofrem com as condições precárias
de ensino, ou até mesmo com a inacessibilidade à educação básica (o mínimo a que tem
direito o indivíduo), como é o caso de milhares de campesinos, quilombolas, negros,
indígenas, principais sujeitos envolvidos nessa modalidade.
De acordo com o Referencial Político Pedagógico da Educação do Campo do
município de Palmas (Palmas, 2017, p.11) as comunidades escolares “aspiram por um novo
momento desse processo educativo, pelo amadurecimento da ideia de que a educação do
campo não se resume à escola, e sim, mobiliza o conjunto da comunidade e as instituições a
3
Refere-se ao Referencial Político Pedagógico da Educação do Campo do Município de Palmas.
ela afetadas”. Esse trecho nos remete ao exposto por D’Ambrósio (1977, p.9) ao tratar da
transdisciplinaridade, afirmando que o seu essencial “reside numa postura onde não há espaço
e tempo culturais privilegiados [...]”. Para o autor:
A esse respeito, podemos relacionar o que Morin (2011) assinala sobre o inesperado,
como sendo algo que nos surpreende, e que ao se manifestar, exige de nós capacidade de
rever teorias e ideias, em vez de deixar o fato novo entrar à força na teoria incapaz de recebê-
lo. Assim percebemos o exposto no Referencial (Palmas, 2017), tendo em vista a socialização
e divulgação ampliada do documento visando à melhoria através de um trabalho
compartilhado e aberto à novas e constantes considerações de acordo com as demandas do
contexto do campo.
O referido documento contempla ainda em sua estrutura sete partes inter-relacionadas
e interdependentes: “Marco Situacional – reconhecendo o terreno; Marco Conceitual – nossa
forma de ver e de pensar; Marco Operativo – nosso jeito de fazer; A Avaliação da
Aprendizagem na Educação do Campo – por onde andamos, o que transformamos, o que
precisamos melhorar; O/a Educador/a do Campo – algumas palavras; A Formação do/a
Educado/ar do Campo – valorização e empoderamento profissional; Apêndice – onde se
apresenta o texto Detalhes Preciosos com informações complementares sobre o processo de
construção do Referencial do Campo”. (Palmas, 2017, p.12)
O documento apresenta em seu corpo uma redação contendo desde a organização,
estruturação, até o percurso realizado pelos membros da equipe da Secretaria Municipal
empenhados no trabalho de elaboração do Referencial das Escolas do Campo do Município
de Palmas. Além disso, apresenta considerações referentes às intenções, objetivos e propostas
para tal modalidade de ensino, e através da sua redação percebe-se a preocupação em
contextualizar a realidade em que a sociedade atual está inserida, caracterizada por crises
(políticas, sociais, econômicas, ambientais e outros) que afetam o indivíduo, os sistemas
educacionais e a sociedade como um todo.
Para Edgar Morin (2011, p.34) “o conhecimento das informações ou dos dados
isolados é insuficiente. É preciso situar as informações e os dados em seu contexto para que
adquiram sentido [...]”. Somente a partir da consciência e compreensão da totalidade,
podemos compreender e aprender a lidar com as partes. O autor (2011, p.35) ressalta que “o
todo tem qualidades ou propriedades que não são encontradas nas partes, se estas estiverem
isoladas umas das outras, e certas qualidades ou propriedades das partes podem ser inibidas
pelas restrições provenientes do todo”. Assim é o mundo, a sociedade, a educação, o sujeito,
que ao ser considerado na sua multidimensionalidade, é ao mesmo tempo social, psíquico,
biológico, histórico, econômico, entre outros aspectos. Por isso, a importância de
contextualizar a Educação do campo e os seus sujeitos considerando aspectos que vão desde
local ao global.
Percebe-se através da leitura e análise do Referencial (Palmas, 2017) a existência do
estabelecimento de diálogo entre a comunidade, a universidade e os demais sujeitos
envolvidos no âmbito educacional a fim de buscar alternativas e soluções para o enfretamento
dos desafios que envolvem a Educação do Campo a nível local e global, bem como para criar
novas possibilidades de ofertar uma educação de qualidade, que contemple o sujeito,
considerando a sua multidimensionalidade e o contexto em que está inserido.
Nesse sentido, fazemos uma reflexão acerca das possibilidades de uma abordagem
transdisciplinar para o referido Referencial, que de acordo com Moraes (2015, p. 83) “ajuda-
nos a promover a alteridade, a resgatar o respeito ao pensamento do outro que, embora seja
diferente do meu, é absolutamente legítimo” e, além disso:
[...] a educação do campo está diante de uma missão sem precedentes. Como tornar
a escola do campo um local de captura, potencialização e criação de conhecimentos
que realmente impulsionem, coletivamente, a transformação das comunidades para a
vida digna como legitima reivindicação e resgate da cidadania. Diante de um
panorama complexo e desafiador, coragem, conhecimento e determinação.
No ano de 2011 ocorreu a estruturação da Educação do Campo no município de
Palmas e a constituição do Grupo de Trabalho da Educação do Campo – GTEC – com as
seguintes atribuições: adaptar as Diretrizes Operacionais Nacionais da Educação Básica para
as Escolas de Campo conforme a realidade do município; dialogar com as demandas dos
sujeitos do campo; escutar as comunidades rurais por meio das associações dos
assentamentos, dos movimentos sociais, dos sindicatos e de outras representações
constituídas; discutir e delinear a pauta da formação continuada de professores que atuam na
educação do campo; fortalecer o processo educacional do campo de forma articulada com os
movimentos sociais, instituições públicas e privadas e secretarias afins, no sentido de propor
políticas públicas que garantam o respeito ao campo, suas especificidades e histórias.
Ações como essas leva-nos à crença de que a Educação do Campo tal como
apresentada no Referencial, possibilita o desenvolvimento de uma educação centrada na
condição humana, e reconhece o potencial, bem como a diversidade cultural e dos saberes dos
diferentes sujeitos envolvidos nesse processo. Para Morin (2011, p.43) “conhecer o humano, é
antes de tudo, situá-lo no universo, e não separá-lo dele”. Contudo, percebe-se que o
movimento feito pela equipe responsável pela elaboração do Referencial Político Pedagógico
da Educação do Campo no município de Palmas (Palmas, 2017), caminha no sentido de
possibilitar através do documento um norteamento das ações desenvolvidas no âmbito
educacional. De modo que gestores, educadores, comunidade e educandos estabeleçam um
diálogo capaz de ressignificar os sujeitos, as comunidades, a educação e, por conseguinte a
sociedade.
Espera-se que o trabalho em equipe realizado por gestores, professores, e comunidade
em geral do município de Palmas envolvidos nas questões acerca da Educação do Campo de
fato possa ser realizado tal qual está demonstrado no Referencial (Palmas, 2017), bem como
analisado nas reflexões aqui expostas, e que possa promover todas as benesses anunciadas no
documento ora citado. Que ao ler e se apropriar do conteúdo do Referencial, educadores e
gestores das instituições de ensino compreendam as mensagens que nele estão presentes. Que
possam e que lhe sejam dadas condições de buscar cada vez mais conhecimento e consciência
da necessidade de uma visão planetária, que através do seu trabalho dentro e/ou fora da
escola, possam desenvolver inúmeras possibilidades de promover a tessitura dos
conhecimentos fragmentados, colocando em evidência a multidimensionalidade e a
complexidade humanas, integrando todo o conhecimento oriundo de cada família e
comunidade que vive no entorno de cada escola do campo ao currículo escolar, para
transformar a educação, e o contexto em que estão inseridos.
Considerações inconclusas
Referências
ARROYO, Miguel Gonzales; CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica Castagna. Por
uma educação do campo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
Sala 8
RESUMO: A presente pesquisa busca atender uma proposta a partir do tema: “Currículo e educação das
relações étnico-raciais - Leis 10.639/03 e 11.645/08”. Leis estas que regulamenta a obrigatoriedade do
Ensino da História e cultura Afro - brasileira e indígena em todos os níveis de ensino. E assim, analisar
quais contribuições a educação escolar vem ofertar em função das relações étnicas - raciais e das leis,
para a sustentabilidade da cultura afro - brasileira da Comunidade Dianopolina. Na realização desta,
optou - se por diversos os métodos de fontes e procedimentos utilizados na obtenção dos dados
apresentados que nos leva a perceber que há sim, muito ainda a se fazer para acontecer o ensino
obrigatório por leis a partir da adesão mútua dos sujeitos. Visto, a partir da experiência com observação –
participativa em que o projeto de intervenção propõe trazer práticas pedagógicas que provoque um
debate em torno de temas cultura afro – brasileira presente no dia - a - dia dos indivíduos, que ainda
carregados de preconceitos acumulados, possibilitam que as velhas justificativas para a não adesão a uma
lei, permitindo continuar na atualidade exercendo uma educação colonial, prevista nos P.P.P. das escolas,
onde evidenciam superficialmente a cultura afro brasileira presente nos cotidiano do território municipal.
Introdução
Procedimentos Metodológicos
E para que este contexto seja devidamente analisado, a investigação científica
depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos” (GIL, 1999, p.26)
para que seus objetivos sejam atingidos:
O Método científico que é o conjunto de processos ou operações mentais que
se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no
processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à
investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e
fenomenológico. Assim para este, optou – se pelo Método Indutivo proposto
pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera que o
conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta
princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de
observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares
levam à elaboração de generalizações (GIL, 1999).
No que se refere o procedimento, a pesquisa realizará através de fontes de coleta
de informações: com o questionário onde trabalharemos com apresentação das mesmas
questões do tipo sim ou não, para um número de pessoas de distintos grupos
(profissionais, alunos e comunidade), garantindo o anonimato, atendendo as finalidades
específicas da pesquisa para análise e tabulação de dados quantitativos em tabelas e
gráficos. Com a pesquisa bibliográfica a partir de um grande número de material
bibliográfico que variará de livros e até de fontes mais distintas como jornais, revistas e
outros que trazem um debate a cerca do tema, de modo adquirir informações teórica
empírica que nortearam as falas no trabalho. E também com a pesquisa documental
onde a observação direta dos vídeos das ações realizadas com o projeto de intervenção
para captar informações através dos 5 sentidos, julga - los sem interferências e registrá -
las com finalidades do que da capacidade das pessoas responderas perguntas ou se
posicionar com afirmações para fins quantitativos e qualitativos. Que se realizarão com
os Técnicos da SEMED, Coordenadores Pedagógicos, Professores e Alunos ensino
fundamental I De duas Escolas Municipais, comunidade escolar e sociedade em geral
ministrados pela pesquisadora após esclarecimentos, quanto objetivos, a metodologia da
pesquisa e conseqüente a autorização voluntária do individuo, mediante assinatura de
um Termo de Consentimento Livre e esclarecimento (TCLE).
Mesmo que o papel do pesquisador ao preocupar-se em entender a produção
das identidades locais não se exima a ater-se à necessidade de saber com
quais representações sociais esses sujeitos históricos operam cotidianamente,
um mergulho nos processos sociais e historicidades que gestaram aquela
maneira de afirmá-la ou negá-la são indispensáveis. Por esses termos, é
possível acompanhar o movimento politicamente tênue, sinuoso e, muitas
vezes, contraditório, pelos quais atravessam determinadas identidades
culturais e entender conveniências históricas a visibilizá-las ou silenciá-las.
Portanto, entre apagamentos e evidências as culturas amazônicas vão
revelando suas múltiplas identidades, entre estas a face afroindígena não
pode ser mais negligenciada. (PACHECO, Agenor, p. 14-15).
Desenvolvimento
Compreendendo que a educação é o processo político pedagógico onde
requeremos o desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo, permiti desvelar a
realidade e propor ações transformadoras, enquanto sujeito histórico e social capaz de
propor e opinar nas decisões ao cuidar de si, de sua família e da coletividade decorrente
de uma ação sistemática da organização escolar ou não.
Na atual conjuntura acredita – se que seja essencial, rever quais valores está
sendo repassado aos brasileiros, e quais reflexões fazem sobre a educação realizada no
contexto de ensino aprendizagem multicultural das duas Escolas Municipais,
localizadas em Dianópolis/ TO, onde pontuaremos cenários da educação ali proposta a
partir de um estudo científico acerca da temática: Currículo e Educação das Relações
Étnico-Raciais - leis 10.639/03 e 11.645/08 quão tanto os suscitam a preocupação em
manter viva a cultura constituída nos entorno por meio de um diálogo contextualizado.
Inicialmente numa lógica de hierarquia, tratamos com a instituição SEMED –
Secretaria Municipal de Educação como esta parte da escola que tem a missão de
trabalhar para contribuir na solução dos problemas existentes de modo gerir propostas
com metas, autores e cronogramas muito bem definidos e focados nos processos
educativos locais. Percebe - se quanto à concepção moderna do conhecimento está
presente na organização do Currículo e do P.P.P influenciando as tendências da
modernidade, que também já vem sendo aplicada na formação especifica dos
profissionais.
Isso então, nos levou a ter acesso o P.P.P. da escola que trouxe uma realidade
dificultosa em executar ação já prevista, e assim me propus desenvolver a pesquisa a
partir da Ação: Vivendo a Cultura Negra, que discorreu conforme apresentado abaixo:
Período: 20 Dias
Planejamento:
Acolhida Todos aos dias: Apresentações com temas: (20 mint. por
apresentação).Cada professor trará uma pessoa para contextualizar com
apresentação algo da cultura afro brasileira vivida em Dianópolis.
Culminância da Ação
Desfile - Beleza da Cultura Afro – Cada turma, definirá um aluno (a) para desfilar
a beleza da manifestação sorteada entre os professores.
Exposição do Jornal – Com um dos melhores textos selecionados nas salas de aula
exposto na parede.
Com a lei a escola aparece com lócus privilegiado para agenciar alterações
nessa realidade, e é dela a empreitada de acolher, conhecer e valorizar outros
vínculos históricos e culturais, refazendo repertórios cristalizados em seus
currículos e projetos pedagógicos e nas relações estabelecidas no ambiente
escolar, promovendo uma educação de qualidade para todas as
pessoas.
Com a globalização, as tecnologias estão acessíveis a todos, nós o que não é
de total ruim. Mas, os profissionais especialmente os da educação precisam estar atentos
ao se fazer uso dos conhecimentos adquiridos e de modo saber seleciona- los para todos
os momentos. A escola precisa cada vez mais se preocupar com construção de
propostas que considere o contexto social, econômico, político e cultural no qual esta
inserida. Isso segundo Libâneo, (2003). Cuidar para na hora da definição do método e
meio não se deixar tendênciar por propostas atreladas ao modelo paradigmático
europeu, que não foi pensado para desenvolver aulas reflexivas e que contemple temas
multiculturais com abordagem de interesses locais.
Essa é uma das razões, pela qual procuramos discutir neste contexto escolar a
fim de analisar através da pesquisa, os condicionantes quais impulsionam ao não
reconhecimento dos seus costumes e aspectos culturais a partir daí, intervir com
mobilização de profissionais, alunos e sociedade em promoção de ações pontuais que
venham proporcionar reflexões sobre esse importante tema de enfrentamento a
elementos fundamentalistas da opressão étnico-racial.
Considerações Finais
Compreendendo que passados, 500 anos pós a invasão das terras brasileiras,
onde estrategicamente provocaram a miscigenação entre os povos indígenas, africanos e
europeus quais executaram ações de modo parecer, para maioria não conhecedora da
covarde tentativa de padronização eurocêntrica do europeu, ser válida. Qual se
desencadeou na quase decadência da cultura dos povos africanos, que desde ao chegar
neste país, dedicam a vida por esta democracia, mas, que até a presente data, continuam
sendo alvo de preconceitos.
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
Sala 3
Resumo: O presente estudo trata-se de um relato de experiência, cujo objetivo consiste em apresentar
possibilidades de ensino que valorizem os aspectos da linguagem corporal com base nos elementos culturais e
históricos que constituem as diversas manifestações humanas. Trata-se de um estudo transversal, qualitativo, de
caráter exploratório, com base na metodologia da pesquisa-ação. Consistem como sujeitos da pesquisa alunos do
1º ano do Ensino Médio, estudantes de uma escola pública localizada no Município de Goiânia. Pode-se
perceber com este estudo que a educação física enquanto linguagem ainda aparece como algo novo, mas que
permite a formulação de métodos de ensino que levem os alunos a pensarem de forma crítica, tendo o corpo
como principal forma de expressão e comunicação, considerando-o em sua totalidade. Para isso, entende-se
como necessário, a reformulação de determinadas práticas nas aulas de educação física, que constantemente
apresentam como objetivo principal o rendimento e a padronização de movimentos, negligenciando os aspectos
da linguagem e distanciando os educandos de uma formação crítica e emancipatória.
INTRODUÇÃO
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o Ensino Médio, apresentam a
disciplina de educação física inserida na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias,
juntamente com as disciplinas de língua portuguesa, língua estrangeira moderna, informática
e arte. A linguagem é apresentada ao longo do documento “como capacidade humana de
articular significados coletivos em sistemas arbitrários de representação, que são
compartilhados e que variam de acordo com as necessidades e experiências da vida em
sociedade” (2000, p. 19). Ainda segundo os PCNs “a principal razão de qualquer ato de
linguagem é a produção de sentido” (2000, p. 19).
Segundo Luria (1991, p. 81) “a linguagem é o veículo fundamental de transmissão de
informação, que se formou na história social da humanidade”. Logo, considerando a
linguagem como um processo histórico construído pela humanidade, pretende-se com este
estudo apresentar possibilidades de ensino que valorizem os aspectos da linguagem corporal
com base nos elementos culturais e históricos que constituem as diversas manifestações
humanas.
A representação simbólica da linguagem corporal, condição motriz ocasionada pelo
movimento do corpo, se faz um importante subsídio para a interação entre os indivíduos,
favorecendo a construção do conhecimento dos educandos, despertando a afetividade, o
1
Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Educação. Email:
[email protected]
cognitivo e a expressão corporal. No entanto percebe-se que a inserção da linguagem
enquanto elemento formativo nas aulas de educação física acaba sendo negligenciada,
privilegiando muitas vezes atividades de cunho competitivo, regidas de movimentos
padronizados, que pouco ou nada contribuem na formação de indivíduos críticos, criativos e
expressivos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um estudo transversal, qualitativo de caráter exploratório, com base
na metodologia da pesquisa-ação. Segundo Thiollent (1986), essa metodologia consiste na
articulação entre a reflexão e a ação, entre o planejar e o agir, sob uma perspectiva de unidade
de ação. Tendo como objetivo elaborar atividades direcionadas para possíveis mudanças da
realidade onde se dá o processo de conhecimento.
Na concepção da pesquisa-ação há um reconhecimento do papel ativo dos
observadores na situação investigada e dos membros representativos desta situação.
Logo, a questão da objetividade deve ser colocada em termos diferentes do padrão
observacional da pesquisa empírica clássica, frequentemente influenciado pela
filosofia positivista da ciência da natureza. Em todo caso, a questão da objetividade
não desaparece. Para que uma ação seja realizável, não basta a vontade subjetiva de
alguns indivíduos. A ação proposta tem de responder às exigências da situação. Tais
exigências são conhecidas por meio da observação, da análise da situação e por meio
de uma avaliação das possibilidades (THIOLLENT,1986, p. 97).
Consistem como sujeitos da pesquisa, alunos do 1º ano do Ensino Médio, com idades
entre 15 e 17 anos, estudantes de uma escola pública localizada no Município de Goiânia.
O presente estudo trata-se de um relato de experiência cujo objetivo consiste em
apresentar possibilidades de ensino que valorizem os aspectos da linguagem corporal, com
base nos elementos culturais e históricos que constituem as diversificadas manifestações
humanas.
Como instrumento de coleta de dados foram utilizados questionários, compostos por
uma avaliação diagnóstica e uma avaliação final, permitindo assim, verificar o impacto da
atividade na formação de conceitos e compreensão sobre o tema desenvolvido.
DESENVOLVIMENTO
Tendo como base uma perspectiva crítica de educação, que valorizem os aspectos
sociais, culturais e históricos que permeiam os conteúdos relativos à disciplina de educação
física, questiona-se qual o papel de tal disciplina ao contemplar apenas aspectos
desenvolvimentistas e competitivos, que distanciam os estudantes das possibilidades de
emancipação e desenvolvimento da autonomia que uma educação crítica poderia
proporcionar. Tal questionamento nos leva a pensar na urgente necessidade da inserção de
práticas corporais que compreendam o corpo em sua totalidade, considerando as diversas
formas de comunicação e interação, que possam advir da linguagem corporal.
Com base nas reflexões supracitadas, tem-se como objetivo desse estudo, apresentar
possibilidades de ensino que tenham a linguagem corporal como elemento crítico de formação
nas aulas de educação física.
Inicialmente os alunos foram questionados2 sobre a existência de uma linguagem não-
verbal e sobre a possibilidade de uma comunicação corporal. Pode-se perceber nas respostas
dos estudantes, que essa compreensão de linguagem, encontra-se muitas vezes associadas às
emoções, aos gestos e que estão presentes em diversos momentos do cotidiano como forma de
expressão e comunicação.
“Sim, o corpo tem uma expressão corporal, o corpo mostra quando está entediado,
triste, com raiva. A expressão corporal pra mim conta mais que a verbal, porque o
corpo não mente”(SUJEITO A).
2
Questionário: Você acredita em comunicação não-verbal? O corpo fala? Explique.
De que forma você percebe a linguagem corporal nas aulas de Educação Física?
turma deve tentar identificar qual imagem está sendo representada. Deve-se destacar que
durante as atividades não havia certo ou errado, cada um teve a liberdade de representar a
imagem da forma em que percebeu o movimento registrado. O restante da turma, ao
identificar de que imagem se trata após as representações, deve apontar quais elementos os
levaram a escolher determinada manifestação cultural como expressão corporal apresentada
pelo grupo.
Ao término das atividades os alunos foram questionados sobre a relação entre
linguagem corporal e as imagens representadas: De que forma essa linguagem foi construída?
E como podemos identificá-las tendo como referência a expressão corporal?
“O frevo por exemplo eu consegui identificar porque sei os passos que formam essa
dança e pela tradição dessa dança no nordeste, mesmo não sendo algo da nossa
região. É algo que vai passando de geração em geração e ficam guardados na
história, né?” (SUJEITO C).
Por meio dessa fala, pode-se estabelecer uma relação entre a compreensão de atividade
humana e linguagem. Segundo Leontiev (2004, p. 284), “cada geração começa, portanto, a
sua vida num mundo de objetos e de fenômenos criados pelas gerações precedentes”. Desta
forma, entende-se que a relação entre a apropriação humana das formas de trabalho e de
atividade social deixadas por cada geração, estabelecem fortes ligações com a criação de
novas formas de produção e linguagem constituídas ao longo de um processo histórico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se com esse estudo a importância da inserção de práticas corporais que
possibilitem o reconhecimento da linguagem como elemento fundamental nas aulas de
educação física, compreendendo a relação entre corpo e educação, sendo este corpo meio de
comunicação que expressa cultura, história, sentimentos e singularidades.
As aulas de educação física devem ir além do mero ensino dos esportes e suas regras,
deve-se considerar como conteúdos de ensino as diversas manifestações culturais presentes
em nossa sociedade, valorizando também, conteúdos como a dança, as lutas, as práticas
corporais de aventura, dentre outros, que contribuam no distanciamento do caráter segregador
e competitivo que muitas vezes constituem as aulas de educação física no âmbito escolar.
Por meio da oficina realizada, pode-se perceber que a educação física enquanto
linguagem ainda aparece como algo novo, mas que permite a formulação de métodos de
ensino que levem os alunos a pensarem de forma crítica, tendo o corpo como principal forma
de expressão e comunicação, considerando-o em sua totalidade. Para isso, entende-se como
necessário, a reformulação de determinadas práticas nas aulas de educação física, que
constantemente apresentam como objetivo principal o rendimento e a padronização de
movimentos, negligenciando os aspectos da linguagem e distanciando os educandos de uma
formação crítica e emancipatória.
REFERÊNCIAS
LURIA, A.R. Curso de Psicologia Geral. Editora Civilização Brasileira, 2ª edição , volume
I, tradução de Paulo Bezerra, Rio de Janeiro, 1991.
Sala 2
Resumo: O presente trabalho consiste em um relato de experiência desenvolvido por uma turma da disciplina
Estágio Supervisionado na Infância do curso de Educação Física do Centro Universitário UnirG da cidade de
Gurupi –TO. Essas experiências aconteceram durante os meses de Março à Maio de 2017 com turmas do Pré-
alfabetização I e II do turno matutino do Educandário Evangélico Ebenézer. A disciplina Estágio Supervisionado
na Infância tem como objetivos propiciar aos acadêmicos a oportunidade de vivenciar experiências didáticas
pedagógicas direcionadas à Educação Física na Educação Infantil, como também, promover o desenvolvimento
organizacional e sistematizado dos métodos do processo de ensino da Educação Física. As experiências
desenvolvidas foram da aplicabilidade da proposta de ensino dos autores Nista- Piccolo e Moreira (2012) para o
ensino dos conteúdos: Jogos e Brincadeiras Tradicionais, Brincadeiras de Faz-de-Conta e Jogos Cooperativos.
Encerramos esta etapa de estágio entendendo que as experiências adquiridas nesse processo nos auxiliaram no
esclarecimento sobre a realidade do contexto escolar. Nos fez confrontar as nossas expectativas com a realidade,
nos fazendo refletir sobre o que queremos para nossa atuação profissional. Saímos do estágio com uma visão
diferente do que é ensinar e com uma bagagem de experiência maior, mais preparado e mais seguro para o
mercado de trabalho.
Introdução
1
Professora Mestre do curso de Educação Física do Centro Universitário UnirG de Gurupi TO.
[email protected].
2
Acadêmicos do curso de Educação Física do Centro Universitário UnirG de Gurupi- TO.
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected].
Educação Física na Educação Infantil, como também, promover o desenvolvimento
organizacional e sistematizado dos métodos do processo de ensino da Educação Física.
No município de Gurupi- TO a Educação Física nas instituições que oferecem
Educação Infantil ainda se configura como o momento de Recreação e são ministradas pelas
professoras de sala. Essa é uma realidade que se faz presente também em outros municípios
circunvizinhos e outros Estados, situação ocasionada por interpretação que se faz da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, lei 9394/96 quanto à presença da Educação Física nos
currículos escolares. Especificamente no que vem disposto no 3º parágrafo do artigo 26, o
qual prevê a presença da Educação Física integrada à proposta pedagógica da escola, a qual se
pode ajustar às faixas etárias e às condições da população escolar.
Sayão (1996) nos elucida que a interpretação que se faz da lei é com vistas a
minimizar custos e não precisar contratar mais um professor especialista, uma vez que para
ministrar jogos e brincadeiras as professoras regentes de sala também são capacitadas para
essa ação educativa. Ocorre que, compreender a aprendizagem e os conteúdos da Educação
Física na Educação Infantil focado apenas nos jogos e brincadeiras pautada na abordagem de
ensino recreacionista é restringir as possibilidades de ensino- aprendizagem que esta área do
conhecimento pode oferecer a este segmento educacional.
Na atualidade a Educação Física para Educação Infantil vem sendo alvo de debates e
discussões no meio acadêmico, o que vem gerando avanço na produção de conhecimento,
sobretudo quanto à prática docente e os seus conteúdos de ensino, todos na direção de avançar
e superar os modelos historicamente estabelecidos como a Recreação; Psicomotricidade e
Desenvolvimento Motor. Nesse sentido, têm-se a proposta de ensino dos autores Nista-
Piccolo e Moreira (2012) os quais apresentam possibilidades para se aplicar o eixo
Movimento com orientações didáticas e repertório de atividades que podem contribuir para /
com os objetivos da Educação Infantil nos dias de hoje.
Sendo assim, os relatos de experiência que iremos apresentar todos se fundamentaram
na proposta dos autores Nista- Piccolo e Moreira (2012) os quais propõem ultrapassar
métodos de ensino tradicional, que priorizavam exercícios e atividades de forma mecanizadas
e propõe ações didáticas em que o professor possa levar o despertar da potencialidade criativa
das crianças.
Essa proposta sugere que o professor adote os seguintes princípios pedagógicos:
corporeidade, jogo, simbolismo, criatividade, ludicidade, a motricidade e a resolução de
problemas.
O princípio da corporeidade: é a compreensão de corpo em movimento que busca a
vida em um determinado tempo histórico e cultural. É o corpo vivo significante fundado na
facticidade e na cultura. É a unidade do ser no mundo.
O princípio do jogo: o jogo é parte integrante no desenvolvimento e aprendizado das
crianças, uma forma de ensinar brincando, momento em que podem expressar suas
habilidades, socializar com os colegas, participar e trocar ideias de forma interativa.
O princípio da criatividade: a criatividade contribui para a aprendizagem das crianças,
as quais podem expressar suas ideias, criar e recriar regras nos jogos, resolucionar problemas,
ser capaz de produzir e transformar situações segundo suas necessidades, estímulos e elogios.
O princípio da ludicidade: é a compreensão de que todas as atividades aplicadas
devem possibilitar a manifestação lúdica do ser humano, a potencialidade que abre para o
brincar, criar, imaginar, simbolizar que só se manifesta no mundo vivido, na fluidez por
exemplo dos jogos e das brincadeiras.
O princípio da motricidade: é o entendimento de que o movimento vai além da ação
física de deslocamento no espaço. Consiste em um ato exclusivamente humano resultante das
heranças biológicas e histórico- cultural, o qual possui intencionalidade e é portador e
produtor de sentidos e significados. A motricidade representa a forma concreta de interação
do ser humano com a natureza e os seus semelhantes.
O princípio da resolução de problemas: é o uso de estratégias de ensino que propõe
atividades desafiantes à capacidade do aluno, as crianças são provocadas a criarem
possibilidades de resoluções dos problemas ora apresentados, devem ser instigados a pensar e
refletir sobre o que fazer.
Princípio do simbolismo: este é um princípio que deve estar presente em todas as
atividades apresentadas às crianças. O simbolismo permite a criança entrar em um mundo
imaginário, o qual chamamos de faz-de-conta, e neste elas são capazes de operar mentalmente
com o sentido e significados das situações em que são apresentadas de uma forma
comportamental, para além das habituais e assim darem saltos e avanços significativos em
sua intelectualidade e capacidade de relacionar com o mundo e com os outros, além de ser um
momento favorável para a vivência da sua ludicidade.
Os autores Nista- Piccolo e Moreira (2012) sugerem ainda que os conteúdos sejam
abordados nas dimensões: conceituais procedimentais e atitudinais.
A dimensão conceitual é a abordagem que o professor faz quanto ao conceito que o
aluno possui, ou é capaz de ter ou, modificar sobre determinado conhecimento.
A dimensão procedimental refere-se ao saber fazer, é a abordagem que o professor
leva enquanto passos pedagógicos para o aprendizado de determinado conteúdo conceitual
que podem caracterizar a aprendizagem da técnica ou ação em si.
A dimensão atitudinal é a abordagem do conteúdo em que o professor busca levar e
identificar a influencia dos fatores sociais, normas, valores e crenças, papéis e possui três
componentes básicos: cognitivo, afetivo, conativo e de conduta.
Por fim, as aulas na proposta de Nista- Piccolo e Moreira (2012) são organizadas em
três momentos, os quais se mesclam e são partes da mesma aula, estes se estruturam da
seguinte maneira:
1º Momento: É o início da aula momento em que se proporciona o contato inicial da
criança com o tema, é feito uma sondagem pelo professor a fim de conhecer o conhecimento
da criança sobre o assunto da aula, aqui nenhuma proposta é efetivamente dirigida. É o tempo
de exploração dos possíveis movimentos que a criança é capaz de fazer; Momento em que o
professor não interfere apenas estimula a ação perguntando o que é possível fazer; É o tempo
da aula em que se faz a observação das habilidades e conhecimento dos seus alunos; É um
momento planejado- preparado não é um laissez-faire.
2º Momento: parte da aula em que dicas e pistas são colocadas como desafios para
serem enfrentados; Momento de criar possibilidades de trabalhos para serem resolucionados;
Não há nessa fase um direcionamento da atividade em si, apenas uma apresentação da
proposta, da atividade, dizendo o que “fazer” sem determinar “como fazer”. Nesta parte da
aula devem-se instigar os alunos a resolução de problemas diante dos desafios propostos. A
intenção é capacitar os alunos a pensarem e não verificar se eles sabem a resposta correta.
3º Momento: fase em que se vivenciam os movimentos que não foram contemplados
nos dois primeiros momentos. Aqui busca atingir o objetivo traçado na aula. Os alunos são
levados à novidade, que possui relação direta com aquilo que experimentaram e exploraram
no primeiro e segundo momento. Neste momento há a intervenção direta do professor.
Avaliação é a última parte da aula, momento em que o professor tem a função de
focalizar o aluno em seus avanços, necessidades, dificuldades, conquistas e tensões.
Compreender a potencialidade expressa pelos alunos e sistematizar novos caminhos para
outras aulas e aprendizagens; Situar o aluno no processo de ensino/ aprendizagem; Construir
formas claras de comunicação.
Procedimentos Metodológicos
A disciplina Estágio Supervisionado na Infância é uma disciplina do 3º período do
curso de Educação Física do Centro Universitário UnirG, possui carga horária de 105 horas,
representa o primeiro contato dos acadêmicos em situação de didática e prática de ensino.
Esta possui de dois a três professores orientadores que acompanham em regime de supervisão
in locu um grupo de até 12 acadêmicos. Cada professor orientador é responsável por
acompanhar o seu grupo durante um semestre letivo em um dos campos de estágio
conveniados com a Instituição.
A organização metodológica da disciplina acontece por etapas. A primeira etapa é o
momento de leituras, discussões e sistematizações com vistas à fundamentação teórico-
metodológica, bem como leitura, análise dos relatórios da experiência dos semestres
anteriores.
A segunda etapa é a apresentação dos acadêmicos estagiários na escola campo para
conhecer e diagnosticar a realidade escolar. Neste momento, se obtém as informações acerca
de turmas e horários que estarão disponíveis para intervenção.
A terceira etapa consiste na etapa de orientação para construção coletiva de um projeto
de intervenção para o ensino de um dos conteúdos da Educação Física. Os acadêmicos são
subdivididos em duplas ou trios, cada grupo constrói seu projeto para a turma em que atuará
em um período de 3 meses, o que compreende a 10 intervenções. O projeto apresenta uma
estrutura que contém um tema, objetivo geral, uma problemática, fundamentação teórica,
metodologia de ensino, conteúdo e um quadro sistematizado- cronograma de trabalho semanal
com objetivos específicos, competências e habilidades a serem alcançadas, estratégias de
ensino e materiais a serem utilizados.
A quarta etapa compreende as intervenções semanais, ocorridas todas as quintas-
feiras no período matutino das 7h: 15min até às 11h: 35 min. Durante esse período acontecem
as intervenções e simultaneamente as observações, ou seja, uma dupla ministra aula de 45
minutos para uma turma da escola e os trios e duplas observam fazendo suas anotações em
uma ficha específica, avaliando o desempenho do grupo observado quanto às questões:
domínio de turma, conteúdo, organização do espaço da aula, capacidade de solucionar
problemas, domínio metodológico, criatividade, uso correto do tempo pedagógico e
organização do plano de aula. Ao final do tempo de 45 minutos troca-se de dupla e série,
inicia-se uma nova aula e assim, a dupla que acabou de dar aula faz o preenchimento de um
diário de campo em que relatam suas percepções, sensações e se alcançaram os objetivos da
aula. E assim sendo, prossegue o andamento do estágio até o término do tempo determinado
para a manhã de intervenção.
A quarta etapa ainda possui as ações de orientação do trabalho pedagógico (OTP) que
acontecem também nas quintas-feiras, no turno vespertino, no ambiente das salas do Centro
Universitário UnirG, no período das 13h:15min às 14h:55min. Nesse período se faz o
feedback de como foram as intervenções, com apontamentos dos resultados alcançados, das
dificuldades, erros cometidos e os pontos que precisam ser melhorados, é o momento da
autorreflexão e debate coletivo. Como também o momento da orientação dos planos de aula a
serem desenvolvidos na próxima semana.
A quinta e última etapa do estágio acontece após o término das intervenções na escola.
São os encontros em sala de aula no Centro Universitário UnirG para a construção dos
relatórios finais. Cada dupla deve produzir um relatório, descrevendo todo o desenvolvimento
do processo de estágio fazendo uma reflexão crítica quanto ao seu desempenho enquanto
professores, quanto aos objetivos desenvolvidos, resultados alcançados e o que o estágio
representou nesta etapa inicial de formação profissional. Cada dupla também, além do
relatório, produz um pôster para apresentar no Seminário de Estágio – evento realizado para
divulgar e socializar as experiências construídas durante o semestre.
Desenvolvimento
Considerações Finais
Referências
NISTA-PICOOLO, V.L. MOREIRA, W.W. Corpo e movimento na Educação
Infantil. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 2012.
SAYÃO, D.T. A hora de ... Educação Física na pré-escola. Anais do X Combrace,
Goiânia, v. 1, p. 261-268, out. 1997.
EDUCAÇÃO HOSPITALAR: CONTEXTOS E METODOLOGIAS
Resumo: Este estudo tem por objetivo conhecer as metodologias de ensino utilizadas pelos professores no
contexto hospitalar. A pesquisa é de abordagem qualitativa, de cunho bibliográfico e documental. Ao adentrar o
cenário hospitalar com olhar para as metodologias utilizadas nos atendimentos educacionais nesse espaço,
pudemos perceber que estas se desenvolvem, principalmente, por meio de duas propostas distintas; a
pedagógico-educacional e a lúdico-terapêutica. Uma que defende a continuidade da escolarização formal de
crianças e adolescentes em tratamento de saúde e, a outra, que busca oportunizar aos alunos-pacientes
experiências lúdicas e recreativas no contexto hospitalar. No avançar do estudo observamos, ainda, que as
metodologias lúdicas e escolares podem se entrelaçar no trabalho pedagógico no hospital, propiciando outro
olhar para o atendimento educacional nesse ambiente. Finalizamos, considerando que a educação no espaço
hospitalar necessita de adequações, exigindo propostas metodológicas flexibilizadas e adaptadas, construção que
se desenvolve por meio de atividades e de recursos diversificados, de modo a atender as demandas escolares e os
direitos das crianças e dos adolescentes em tratamento de saúde, observando os aspectos intrínsecos ao contexto
hospitalar.
Introdução
Este estudo tem como objetivo conhecer as metodologias de ensino utilizadas pelos
professores no contexto hospitalar. No desenvolvimento da pesquisa pudemos perceber que a
educação hospitalar no Brasil apresenta quase 70 anos de existência. No decorrer de seu
percurso histórico são evidenciadas mudanças consideráveis, desde o surgimento quando em
1950 foi oficialmente criada à primeira classe no Hospital Municipal Jesus, no Rio de Janeiro,
até a atualidade.
Avanços que ocorreram, sobretudo, com a criação de parâmetros legais e a inserção de
classes hospitalares nas políticas públicas da educação, movimentos que reconhecem que os
sujeitos ao vivenciarem a situação da doença necessitam mais do que os cuidados à saúde,
precisam ser atendidos em sua integralidade, o que inclui os processos escolares.
Nessa direção, observamos que as diretrizes legais favoreceram a criação e a
ampliação dos atendimentos educacionais em hospitais brasileiros, principalmente, a partir da
década de 90 do século passado, possibilitando que crianças e adolescentes enfermos dessem
1
Discente do Curso de Pedagogia e bolsista do Programa de Iniciação Científica (PIBIC) da Universidade
Federal do Tocantins. [email protected]
2
Professora do Curso de Pedagogia e do mestrado em Educação da Universidade Federal do Tocantins.
[email protected]
3
Discente do Curso de Pedagogia e participante do Programa de Iniciação Científica Voluntária (PIVIC) da
Universidade Federal do Tocantins. [email protected]
continuidade às atividades escolares, mesmo estando internados. Atendimentos que passaram
a ser norteados de maneira mais específica pelo documento Classe hospitalar e atendimento
pedagógico domiciliar: estratégias e orientações (BRASIL, 2002), sendo esse desenvolvido
pelo Ministério da Educação.
Porém, a concretização dos direitos educacionais para a criança enferma é movimento
complexo, que inicia com a implantação de classes hospitalares, mas avança exigindo
profissionais especializados, espaços próprios e recursos adequados para o desenvolvimento
das atividades. Caminhar que demanda desvelar as tramas tecidas entre hospitais e escolas,
conhecendo as metodologias que permeiam as ações dos professores no ambiente hospitalar.
Assim, ao adentrar o cenário hospitalar com olhar voltado para os atendimentos
educacionais, sendo esses explicitados por meio de documentos, relatórios, projetos ou
estudos, pudemos perceber que esses se delineiam, principalmente, por meio de duas
propostas teóricas distintas: a pedagógico-educacional e a lúdico-terapêutica. Uma que
defende a continuidade da escolarização formal de crianças e adolescentes em tratamento de
saúde e, a outra, que busca oportunizar aos alunos-pacientes experiências lúdicas e recreativas
no contexto hospitalar.
Encontramos, ainda, com Paula (2004, 2007), um movimento diferente, ao reconhecer
que a escola no hospital se localiza como um “entre lugar” na educação, a autora propõe a
integração entre os aspectos lúdicos e escolares no trabalho educacional aos sujeitos em
processo de hospitalização, possibilitando ao mesmo tempo o avanço dos processos
cognitivos, social e educacional.
Procedimentos Metodológicos
Este estudo é resultado de uma pesquisa teórica, de abordagem qualitativa, cujos
procedimentos utilizados para a investigação compreenderam o levantamento bibliográfico e
a pesquisa documental, por meio de dados de acesso livre. A metodologia está apoiada,
principalmente, em Gil (2007, 2010) e Bardin (2011).
Sendo assim, na busca por respostas a problemática apresentada, foi necessário um
levantamento por materiais que revelassem as minucias da temática, de modo a possibilitar,
também, consistência e embasamento teórico para a realização do estudo.
Na descrição da coleta, iniciamos por meio da busca em livros, artigos, dissertações,
teses e documentos de domínio público. Momento que oportunizou refletir acerca dos dados,
levantar novos questionamentos e encaminhar para a análise da investigação. Segundo Gil
(2007, p.168), “a análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que
possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação”.
Dessa forma, a organização e análise dos dados tem o propósito de buscar solução ao
problema que instigou a investigação, na tentativa de alcançar o objetivo da pesquisa que
consiste em conhecer as metodologias de ensino utilizadas pelos professores no contexto
hospitalar.
Desenvolvimento
O avançar da pesquisa possibilitou perceber que no Brasil o atendimento educacional
ofertado às crianças e aos adolescentes hospitalizados se desenvolve, principalmente, por
meio de duas propostas metodológicas distintas: a pedagógico-educacional e a lúdico-
terapêutica.
A primeira visa promover a continuidade do processo escolar formal, trabalhando os
conteúdos curriculares de maneira próxima ao que se ensina na escola regular. A segunda
busca oportunizar aos alunos experiências lúdicas e recreativas, valorizando as brincadeiras e
os jogos como fatores importantes para reduzir o estresse e a ansiedade decorrentes da
hospitalização.
A metodologia pedagógico-educacional “defende a vertente de uma educação escolar
através de Classes Hospitalares. São representantes desta visão autores como Fonseca (2001,
2002) e Ceccim (1997, 1999) que têm publicações nesta área de conhecimento” (FONTES,
2008, p.74-75). Essa ideia é a mais difundida no país e encontra respaldo no documento
Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações (BRASIL,
2002). Sua principal defesa fundamenta-se na continuidade da escolarização, ou seja, por
meio das classes hospitalares os indivíduos enfermos poderão continuar os estudos, reduzindo
com isso a chance de evasão e repetência, quando ocorrer o retorno a sua escola de origem.
É possível observar que ainda existem muitas indefinições no Brasil quanto à melhor
forma de educação que venha ao encontro dos interesses e das reais necessidades
para crianças hospitalizadas, tanto no hospital, como fora dele, tanto para as
crianças, como para os professores.
Paula (2004) em sua tese analisou as práticas pedagógicas realizadas pelas professoras
no contexto hospitalar, momento no qual foi possível identificar na atuação da professora de
Educação Infantil que o modelo de ensino escolar formal predominava. A docente utilizava
metodologias tradicionais no ensino das crianças, trabalhava a escrita como cópia, possuía
uma prática de alfabetização silábica, que necessita de um tempo de trabalho maior e um
contato contínuo como os alunos. O brincar era pouco presente, assim como a interação entre
os colegas, visto que “a professora dedicava muito tempo ao trabalho escrito com as crianças
e pouca diversão” (PAULA, 2004, p. 189).
Mesmo direcionada pela aprendizagem escolar, a atividade docente desenvolvida no
hospital precisa considerar as situações vivenciadas pela criança hospitalizada e as
necessidades inerentes à infância; como a interação e a brincadeira. Paula (2004), Saldanha
(2012) e Loiola (2013) afirmam que, no atendimento escolar hospitalar, dada à especificidade
do espaço e do público atendido, faz se necessário estabelecer métodos e práticas próprias
para o contexto, pois são muitos os fatores que precisam ser considerados no momento da
aula no ambiente hospitalar.
Nesse sentido Paula (2007), expõe que as escolas nos hospitais situam-se em um
“entre lugar”, pois elas fazem parte da modalidade oficial de ensino, mas, em suas práticas,
estão expressas características significativas da Educação Não Formal, por isso a autora
propõe no atendimento educacional oferecido na classe hospitalar a integração entre os
aspectos lúdicos e escolares, e a utilização de metodologias apropriadas ao contexto.
Saldanha (2012, p. 92) ao investigar as metodologias que os professores utilizam em
suas aulas identificou que na classe hospitalar “as metodologias não são diferentes da escola
regular, entretanto são utilizadas de forma bem diversificada, pelas especificidades da
dinâmica do hospital.” No contexto hospitalar os docentes utilizam atividades dirigidas e
livres, trabalhos em grupo, pesquisas, seminários, roda de conversa, dentre outras.
Ainda segundo a autora os professores entrevistados trabalham o currículo formal de
maneira flexibilizada, e utilizam o lúdico para desenvolver os conteúdos, porque o aluno
hospitalizado se encontra com a saúde fragilizada e dessa forma a aula se torna mais
prazerosa. Alguns docentes da classe hospitalar utilizam os jogos com fins educativos outros
apostam na diversificação das atividades para dinamizar as aulas. “Neste contexto, o professor
deve sempre ter várias atividades, [...] incentivando o crescimento e desenvolvimento
psíquico, intelectual e sócio-interativo das crianças e adolescentes hospitalizados” (LOIOLA,
2013, p. 36).
Proposição constatada por Paula (2004) ao analisar as práticas pedagógicas
desenvolvidas por docentes no ambiente hospitalar, a autora destaca a atuação da professora
do Ensino Fundamental e Médio, pois a profissional priorizava atividades das escolas
regulares, mas de maneira adaptada ao contexto; trabalhava o currículo formal, tendo por
referência os Parâmetros Curriculares Nacionais e os RCNs. A docente propunha um trabalho
diversificado aos alunos em tratamento de saúde, tinha criatividade para lidar com os
imprevistos do cotidiano hospitalar, e na prática com frequência utilizava atividades lúdicas e
exercícios em grupo para promover a interação entre os colegas; valorizando que os alunos
dessem suas opiniões e expressassem suas emoções.
De acordo com Paula (2004) a professora gostava de propor sempre novas atividades,
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Classe Hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar
– estratégias e orientações. Brasília: MEC/SEESP, 2002.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. 8 reimpr. São Paulo: Atlas, 2007.
Sala 02
Resumo: O objetivo do artigo é relatar uma experiência de aprendizagem significativa vivenciada com crianças
da Escola Municipal Lúcia Sales Pereira Ramos, de Palmas – TO. O projeto desenvolvido foi norteado pelo
curso de formação continuada Pró-letramento como pressuposto teórico-metodológico da prática pedagógica,
baseado na interação da criança com o brinquedo em um ambiente alfabetizador. No projeto desenvolvido foi
realizado diversas ações pedagógicas de maneira lúdica e contextualizadas, onde foi possível concluir que o
brincar proporciona na criança além do desenvolvimento cognitivo o desenvolvimento de habilidades, valores e
conhecimento de maneira integral e significativa.
Introdução
Em uma sociedade cada vez mais exigente o cenário atual provoca o sistema
educacional com intuito de formar cidadãos autônomos, críticos e criativos, partindo do
desenvolvimento intelectual, social, cognitivo e afetivo da criança. Neste sentido, uma das
perspectivas inovadoras é a promoção de práticas pedagógicas baseadas nos princípios do
brincar, visto que a brincadeira está entre os aspectos fundamentais no processo de ensinar e
aprender na educação infantil.
O curso, Pró-letramento oportunizou trazer para prática escolar, experiências que
ajudaram o professor a refletir sobre os métodos de ensino, aplicados em seu dia-a-dia no
1
Universidade Federal do Tocantins - UFT, e-mail: [email protected], Mestranda Profissional em
Educação - Aluna Especial UFT (2017), Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade de
Ciências e Educação de Rubiataba - FACER (2005), em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar pela Faculdade
João Calvino (2011), Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) em (2004).
2
Universidade Federal do Tocantins - UFT, e-mail: [email protected], Mestranda Profissional em
Educação - Aluna Especial UFT (2017), Especialista em Educação do Campo e Movimento Social do Tocantins
pela Universidade Federal do Tocantins - UFT (2011), em Gestão Municipal pela UFT (2015), Graduada em
Normal Superior pela Universidade do Tocantins (Unitins) em (2004).
3
Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (2017). Pós-graduada Latu Senso em
Educação Infantil pela Universidade Federal do Tocantins (2015). Graduada em Pedagogia pela Universidade
Federal do Tocantins. E-mail: [email protected].
chão da sala de aula. O objetivo deste artigo é relatar uma experiência do curso supracitado
com crianças da Educação Infantil, da Escola Municipal Lúcia Sales Pereira Ramos de
Palmas – TO, realizada em 2014. Trata-se de um processo de aprendizagem, no qual as
crianças se desenvolveram a partir de atividades lúdicas.
Partindo desse processo, os professores tiveram o papel de mediar à construção do
conhecimento e trabalhar conceitos de maneira integral e significativa, objetivando alfabetizar
a partir do desenvolvimento de atividades lúdicas com brinquedo e brincadeiras, baseado no
Pró-letramento com que teve o pressuposto norteador teórico-metodológico que exclui as
velhas práticas tradicionais.
Não podemos continuar educando com os métodos de ontem os alunos que viverão
amanhã. A fragmentação do conhecimento nos levou a modelos de formação
também fragmentados e dispersos, em que às vezes são privilegiadas as formas, os
conteúdos, as burocracias, a despeito do próprio sentido da formação, que é o
crescimento pessoal, o desenvolvimento da consciência comunitária, os valores
ético-profissionais, a convivência e a cidadania. (Torre 2008, p. 56).
O pró-letramento orienta uma reflexão a partir da escola como importante espaço que
oportuniza modos diferentes de pensar o processo de ensino aprendizagem e contribui na
construção do sujeito em suas dimensões e desafios. Nesta ação de construção do
conhecimento as crianças criam significados e sentido partindo do lúdico na aprendizagem,
fator esse indispensável num processo significativo no aspecto do aprender.
Uma das possibilidades do Pró-letramento é de trabalhar no âmbito do letramento
partindo de brincadeiras envolvendo a criança em um ambiente alfabetizador, onde a
socialização e a interação faz parte de todo processo. A partir de ações pedagógicas de
interação da criança com o brinquedo percebe-se que a infância é a principal fase das
descobertas e do desenvolvimento da criança, trazendo alguns elementos essenciais para o
professor refletir, tais como o planejamento mais lúdico envolvendo atividades expressivas
partindo do brincar.
O professor deve e pode contribuir com o desenvolvimento das habilidades da leitura e
da escrita dos seus alunos a partir do processo de socialização e convivência com as diferentes
manifestações da escrita na sociedade como (placas, rótulos, embalagens, comerciais etc.).
Assim o professor poderá explorar esse enorme campo do letramento com as crianças,
abrindo caminhos para uma positiva aproximação da criança com as formas de escrita
existentes no meio o qual faz parte.
O aprendizado da criança deve ser de maneira lúdica onde o professor a partir de
materiais concretos e brincadeiras oportunizem momentos que estimulem a curiosidade e
imaginação da criança. O brincar, o construir, o socializar, e o movimentar fazem parte do
mundo da criança e são necessários para construção de um conhecimento de maneira
significativa e integral. Diante disso Craidy e Kaercher afirma;
Por isso, o cotidiano das crianças deve ser regado de brincadeiras que os estimulem e
desafiem auxiliando-as no processo da aprendizagem de maneira prazerosa. Nessa
perspectiva, Maluf vem ressaltar a importância do brincar na educação infantil;
A escola deve ter sentido para criança, para que ela possa sentir prazer em frequentá-
la tendo vontade de estar lá, de se socializar e interagir com os colegas, o brinca propicia que
a criança queira voltar à escola por que acha um local divertido, mas para que isso aconteça o
professor precisa proporcionar o prazer de aprender a partir de ambientes estimuladores e
lúdicos tendo em vista que ninguém ensina nada a quem não quer aprender.
O contexto atual traz para os espaços escolares crianças com uma bagagem de
informações e conhecimento até então nunca vista, cabe ao professor filtra tais informações
auxiliando na busca pela construção de um conhecimento com significado e valia para sua
vida.
Por esse motivo as escolas não devem reproduzir modelos de práticas pedagógicas
prontas e acabadas, muito menos colocar freios na imaginação e curiosidade da criança pelo
contrário deve instigar a busca a descoberta, o curso Pró-letramento possibilitou os cursistas a
entender melhor como pode desenvolve brincadeiras e atividades lúdicas para chamar a
atenção das crianças despertando nelas o desejo pelo aprender, por isso cada vez mais temos
ciência do quando o papel do professor tem sido desafiador diante dessas mudanças no
contexto atual.
O segredo não é somente o que se ensina, mas como se ensina, as técnicas só terão
valia se despertarem o desejo a curiosidade acionando no cérebro espaços de desenvolvimento
intelectual. De acordo com o Referencial Curricular da Educação Infantil (1998, p. 23);
A brincadeira exerce um papel e funções específicas de acordo com o local que está
sendo desenvolvida, sua função e papel são permanentes na vinculação da educação de forma
contextualizada.
Neste sentido, o projeto desenvolvido teve como procurou trazer através das práticas
pedagógicas do professor, ações norteadoras pelos pressupostos teórico-metodológico da
dando ênfase a importância do brincar na educação de crianças.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo:
Loyola, 1995.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
CRAIDY, Carmem Maria. KAERCHER, Gládis Elise P. da Silva. Educação infantil: pra que
te quero?/ organizado pó Carmem Maria Craidy e Gládis Elise P. da Silva Kaercher. Porto
Alegre: Artmed, 2001.
EDUCAÇÃO SUPERIOR: UM INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL.
Sala – 04
Resumo: O presente trabalho, objetiva trazer considerações sobre o contexto do surgimento da educação como
política social, e sua condição de se desenvolver como instrumento para promoção de transformações sociais,
através da formação de sujeitos críticos e comprometidos com uma nova forma de sociabilidade. No entanto, é
importante considerar que tal condição pode se encontrar distante do atual contexto educacional, uma vez que o
mesmo compõe a base para manutenção do capitalismo. Ademais, em tal proposta, damos ênfase a realidade
brasileira, com vistas ao contexto histórico da educação no Brasil, com foco na educação superior e suas
transformações ao longo dos tempos. Para tanto, nossas reflexões parte de pesquisa bibliográfica realizada em
torno da temática, com vistas, nas leituras de autores que tratam do assunto em questão.
Introdução
1
Pedagoga (UFT), graduanda em Serviço Social pela Universidade Federal do Tocantins (2017); Especialista em
Coordenação Pedagógica pela UFT, contato: [email protected].
2
Graduando em Serviço Social pela UFT(2017); contato: [email protected];
ratificação de um projeto de sociedade, no qual as relações sociais se encontram distantes da
promoção da igualdade, quem diria da emancipação humana.
Nesse contexto, a educação, por mais que possa também se constituir em instrumento
de formação de sujeitos críticos e comprometidos com a formação de arquétipos de sociedade
para além do capital, a mesma se encontra inteiramente subsumida a lógica do capital, cuja
suas mediações se dá pela as relações mercadológicas presente nas relações sociais.
Ademais, no Brasil, segundo a Constituição Federal de 1998, educação é direito de
todos e dever do Estado, e destaca o direito de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um, este texto trata do acesso
daqueles que conseguiram adentrar no ensino superior.
E no que diz respeito a educação superior, não podemos nos esquecer que a educação
superior passou por várias transformações nos últimos anos, que teve como principal
característica, o processo de democratização com a criação de vários programas de abertura
de vagas, aumentando os índices de matrícula da população brasileira no terceiro grau,
gerando assim o aumento também do acesso ao ensino superior. De acordo com dados
apresentados pelo INEP (2013), o Brasil conta com 2.391 instituição de ensino superior,
sendo 2.090 particulares, contando com 7.305.977 pessoas matriculadas.
De acordo com Behring e Boschetti (2010), o período de maior difusão das Políticas
Sociais foram por volta de 1945, onde a sociedade do então “pré-capitalismo” não davam
privilégios às forças de mercado e acabavam por fim a assumir algumas responsabilidades
junto à sociedade com intenção de manter a ordem social e punir a vagabundagem. Nessa
ótica, em paralelo a esse contexto surgem as primeiras instituições sociais voltadas a esse
público, apresentando-se como princípio de prática da ajuda, caridade /solidariedade,
carregadas pela lógica filosófica tomista, intrinsecamente ligada à classe dominante.
Segundo Yazbek (2000), as Políticas Sociais brasileiras surgem e se desenvolvem
para o enfrentamento da questão social, permitindo somente o acesso discriminado aos
recursos e serviços sociais. Tendo a natureza reguladora da intervenção estatal no campo das
relações sociais como formato das Políticas Sociais no país, caracterizando –as como políticas
inoperantes, fragmentadas, sem regras estáveis e nem reconhecimento de direitos,
contribuindo para a reprodução da desigualdade social na sociedade brasileira.
A partir dessa conjuntura social, tem-se a Política de Educação formada por
diferentes níveis de modalidades de ensino voltados ao público sendo que cada um deles
possui características particulares a respeito da interação entre espaços ocupacionais,
legislações, ações dos entes governamentais, profissionais públicos (CFESS, 2013). Assim, a
educação se compõe de elementos relacionados entre si, que vem a construir a vida social,
tendo uma função importante na dinâmica da reprodução social, ou seja, nas formas de
reprodução do homem como ser social, composta em uma sociedade organizada a partir dos
antagonismos entre aqueles que produzem a riqueza social e aqueles que exploram os seus
produtores e expropriam sua produção.
Nesse entendimento, verifica-se a essência da educação como sendo um processo
assegurador da reprodução da lógica do sistema capitalista, transformando todas as formas de
compreensão da realidade e modos de vida social, além da estrutura dos meios de formação
das habilidades e técnicas voltadas à produção, sua utilização e seu papel ideológico no
interior do sistema, com propósito de repor as condições fundamentais exigidas pela constante
acumulação de capital, sendo assim, ofertadas a sociedade sob forma de Políticas Sociais,
norteadas e de forte capacidade interventiva no processo de formação social, sustentada por
um extenso sistema de alienação que acaba por mudar a forma ou padrão das relações sociais,
apresentando-as como relações de troca, determinadas para e pelo mercado (CFESS, 2013).
A Política Educacional pertence ao grupo de Políticas Públicas Sociais do país, no
qual está é uma ação política que proclama diferentes entendimentos na condição de políticas
públicas.
Universidade pública no Brasil e política social: Os caminhos que a educação pode levar
Entende-se como primeira fase aquela que está vinculada ao processo funcional, ou seja, a
universidade começou a adaptar às exigências impostas pelo mercado de trabalho e tornou-se mais
funcionalista em sua essência, evidenciando-se neste momento, uma alteração nos currículos,
programas e atividades para garantir a inserção do/a discente para o mercado. (CHAUÍ, 1999)
No contexto histórico as Universidades Públicas, federais surgiram antes da década de 1970,
a educação passou por grandes transformações até os dias atuais. (VEIGA, 2010)
A questão crucial sob o domínio do capital, é assegurar que cada indivíduo adote
como suas próprias as metas de reprodução objetivamente possíveis do sistema. Em
outras palavras, no sentido verdadeiramente amplo do termo educação, trata-se de
uma questão de “internalização” pelos indivíduos da legitimidade da posição que
lhes foi atribuída na hierarquia social, juntamente com suas expectativas
“adequadas” e as formas de conduta “certas”, mais ou menos explicitamente
estipuladas nesse terreno (MESZÁROS, 2008, p.44).
Meszáros (2008) nos ajuda a refletir sobre o papel social em que os sujeitos incorporam na
sociabilidade, findada pelo sistema econômico atual: o capitalismo. A supervalorização pelo
conhecimento é remetido em poder, e dessa forma, aqueles que possuem o poder se sobrem saem aos
outros. Ao conceituar educação, o autor refere-se como instrumento de direcionamento da
emancipação humana. Ainda segundo ele, a educação se modifica adquirindo novos contrastes,
específicos de uma realidade direcionada às necessidades impostas pelas relações sociais, das quais
nos deparamos diariamente. Dessa forma, é inevitável não nos reportarmos à ideia das relações de
trabalho, das relações laborativas organizadoras da vida em sociedade, a educação que recebemos,
patriarcal, moral e empírica parte da lógica da formação social capitalista.
A partir daí, a conjuntura social a que nos reportamos nos impõe exigências para que
reproduzam as relações que ela mesma cria, de modo a nos prender a uma vida ditada pela reprodução
das relações capitalistas, mercadológicas, de troca de valores e de produção. Transformando-nos em
mercadorias comercializadas, fornecedores da força vital para confecção dos bens de consumo, sendo
a educação oferecidas pelo sistema de governo, um complexo sistema de alienação, criado para
interagir diretamente nas relações sociais, de forma a invertê-las de acordo com a lógica das relações
de trocas orientadas pelo mercado de trabalho. (MÉSZAROS, 2008)
Relações sociais estas que envolvem poder, sendo relações de luta e confronto entre
classes e segmentos sociais, que têm no Estado uma expressão condensada da trama
do poder vigente na sociedade. Mas a produção/reprodução das relações sociais
abrange, também, „formas de pensar, isto é, formas de consciência, através das quais
se apreende a vida social‟. (IAMAMOTO, 2009, p. 26)
Este processo se desenrola no interior das classes sociais e termina por configurar as
relações entre as pessoas, gera situações em que submetem os indivíduos a condições de
subalternidade e de impotência quanto a sua condição de vida, visto que essa situação os
coloca à mercê da fome, desemprego, insalubridade, exclusão social, evasão escolar, etc. Sob
essa realidade, tem-se esses reflexos como sendo um conjunto das manifestações provocadas
a partir das desigualdades inerentes ao antagonismo e dissonância entre as classes sociais,
ligadas à apropriação dos frutos da produção do setor privado, contribuindo com sua
monopolização por uma fração da sociedade. (IAMAMOTO, 2009)
Levando–se em conta a realidade vivenciada pelas pessoas submergida nessas
condições, tem-se ai o inconformismo destes a situação de vida na qual se deparam, gerando
assim uma resistência à realidade na qual estão inseridos, gerando manifestações sem sua
realidade social, especificamente no que condiz com as necessidades básicas de subsistência.
Neste contexto, observa – se o nascimento de grande parcela dos direitos sociais como sendo
resultado dessas inúmeras lutas travadas pela classe trabalhadora, no qual veio a se construir
uma forma de cidadania no interior da sociedade brasileira. (BEHRING; BOSCHETTI, 2010)
O Estado tornou-se o protagonista na condição de regulador dos inúmeros conflitos e
das lutas de classe, passando a regulamentar as Políticas Sociais, porém não se distanciando
do seu papel principal, que é o de manter e fortalecer a ordem capitalista e,
concomitantemente, transformar-se em um “entre ilusório”, colocando acima das classes
sociais, desenvolvendo assim ações cruciais no campo político – econômico para o
desenvolvimento da empresa capitalista. (IAMAMOTO, 2009)
Neste contexto, a construção dos direitos sociais, bem como as Políticas Sociais,
forjou-se em meio à luta, movimentos populares, marchas, debates entre representantes de
movimentos dos trabalhadores e líderes políticos, etc., até que se alcançasse o ponto em que
se obteve um consenso entre as exigências requeridas pelos trabalhadores e as propostas
passiveis de serem viabilizadas pelos dirigentes governamentais. (IAMAMOTO, 2009)
Partindo da análise de Iamamoto (2009), a educação em qualquer parte do mundo é
tida como o princípio de maior mérito no que condiz ao desenvolvimento pessoal e das
potencialidades intelectuais de uma nação. Esta tem como ponto de partida o
desenvolvimento físico, psicológico, intelectual, e objetiva-se também à inteiração social e
cultural de um indivíduo em diversas formas de construção do conhecimento. Busca-se
através da educação o aprimoramento profissional, sendo que sem ela nos limitamos a poucas
ações, principalmente quanto a inserção junto ao mercado de trabalho e o aumento da renda
dos que já se encontram inseridos nele.
Conclusão
Referência Bibliográfica
CHAUÍ, Marilena. A Universidade Operacional. In: Brasil 500, Folha online, 9 maio 1999.
Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/dc_1_3.htm> Acesso em 4 fev
2016.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. 2º ed. São Paulo: Boitempo, 2008 (
Coleção Mundo do Trabalho ).
SAVIANI, Dermerval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. 7. Ed.
Campinas, SP: Autores Associados. 2001. ( coleção educação contemporânea).
VEIGA. Cynthia Greive. 500 Anos de Educação no Brasil In:____. FILHO Luciano Mendes
Faria; LOPES. Eliane Marta Teixeira. Brasília, v. 14, n. 30, p. 244-258, jan./jun. 2012
Disponivel em: periodicos.unb.br/index.php/SER_Social/article/download/7453/5753
acessado em 11/03/2017.
Sala 5
Resumo: o presente estudo se refere a um relato de experiência docente na disciplina de Treinamento Físico
Militar durante o Curso de Formação de Soldados – Turma 2016, na instituição Corpo de Bombeiros Militar do
Tocantins, e traz em seu conteúdo a discussão da formação profissional antecedida de planejamento e com foco
em correlacionar saberes e competências por meio de novas estratégias de ensino e novos procedimentos
avaliativos, que possibilitaram a transdisciplinaridade. Os objetivos para o exercício da tutoria foram elencados
com antecedência em um Plano Pedagógico, durante o planejamento da disciplina, e consistiam em correlacionar
as atividades físicas com as demais disciplinas do curso de formação profissional, associar os saberes
disciplinares e as competências com ações cotidianas do soldado bombeiro militar, incentivar a busca contínua
pela qualidade de vida, possibilitar índices avaliativos crescentes e incentivar a aprovação coletiva dos discentes.
A formação profissional dos futuros soldados bombeiros militares foi substanciada por aulas teóricas
introdutórias, aulas práticas com atividades físicas e abordagem em saúde mental, e aplicações avaliativas
diversificadas e em nível progressivo. A metodologia empregada na pesquisa se utilizou das informações
levantadas por meio de uma observação informal, não-estruturada, participante e individual; estas foram
convertidas em dados, que ao serem analisados em um processo indutivo com técnica observacional
possibilitaram o caráter quali-quantitativo e a concepção filosófica do materialismo dialético. As ações docentes
planejadas para a disciplina de Treinamento Físico Militar buscaram alcançar a transdisciplinaridade e o
desenvolvimento de competências pessoais e profissionais, o que permitiu a aplicação de procedimentos
avaliativos comparativos distribuídos em quatro aplicações, na qual a primeira se tratou de um Teste de Aptidão
Física, a segunda de uma prova de aquathlon, a terceira de uma ação organizacional, com prática social e
confecção de uma dissertação, e a última com um novo Teste de Aptidão Física. Os principais autores são Altet
(2001), Borges Sobrinho (2014), Machado (2002), Moraes (2010) e Ramos (2006). Ao final os resultados
obtidos foram totais, uma vez que todos os objetivos planejados para a disciplina foram alcançados.
Introdução
A educação transdisciplinar pode alcançar diferentes áreas do conhecimento por
buscar a aglutinação de saberes plurais desenvolvidos em prol de objetivos congruentes, o que
possibilita, durante a realização de um curso, que uma disciplina específica possa contribuir
com outras disciplinas que integram o referido curso.
Para Moraes (2010), a transdisciplinaridade valoriza o pensamento crítico, a
criatividade e as relações interpessoais diante de um cenário educacional marcado pela
hipercomplexidade estrutural, que deve ser enfrentada em uma dimensão epistemológica por
meio de novos fundamentos científicos e filosóficos.
1
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Tocantins. Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins.
<[email protected]>.
2
Doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia. Universidade Federal do Tocantins.
<[email protected]>.
Nesta compreensão, a educação transdisciplinar foi empregada durante o Curso de
Formação de Soldados – Turma 2016, no decorrer da disciplina de Treinamento Físico Militar
– TFM, que possuía carga horária de 120 horas-aula e sua média final deveria ser composta
por quatro avaliações.
Os conhecimentos foram ministrados na capital tocantinense, sendo as atividades em
sala de aula na Academia de Formação de Bombeiros e as atividades práticas na Praia da
Graciosa, Praia do Prata, piscina da Federação Aquática do Estado do Tocantins e pátio do 1º
Batalhão de Bombeiros.
Os trabalhos desenvolvidos ao longo desta disciplina não possuíam como foco
preparar o corpo discente para as avaliações, mas correlacionar os novos saberes com as
atividades que seriam desenvolvidas na condição de Soldado do Corpo de Bombeiros Militar
do Tocantins, bem como possibilitar aos sessenta e cinco alunos, inicialmente divididos em
duas turmas, equidade na valoração avaliativa.
Para tanto, os objetivos para o exercício da docência foram elencados com
antecedência em um Plano Pedagógico, durante o planejamento da disciplina, e consistiam em
correlacionar as atividades físicas com as demais disciplinas do curso de formação
profissional, associar os saberes disciplinares e as competências com ações cotidianas do
soldado bombeiro militar, incentivar a busca contínua pela qualidade de vida, possibilitar
índices avaliativos crescentes e incentivar a aprovação coletiva dos discentes.
Anterior ao início das aulas foi realizado planejamento das atividades em caráter
progressivo, aferido os índices mínimos de capacitação profissional e redimensionada a malha
curricular disciplinar; por fim estas ideias foram formalizadas em um projeto e apresentado à
coordenação do curso, que emitiu parecer favorável. Esta ação se deu em conformidade à
concepção de Altet (2001, p. 28), à qual afirma que “no ensino, as competências profissionais
abrangem os saberes plurais trazidos pelo planejamento, pela organização, pela preparação
cognitiva da aula e pela experiência prática advinda das interações em sala de aula”.
Por meio desta ação de planejamento buscou-se vincular saberes plurais e produzir
competências profissionais, em um nível transdisciplinar, uma vez que a intenção docente era
trabalhar uma prática educativa que possibilitasse por meio da formação profissional novas
abordagens, que segundo Le Boterf (2003), resultariam em profissionalismo.
Portanto, a disciplina de TFM objetivou, por meio da transdisciplinaridade,
substanciar a formação profissional dos bombeiros militares tocantinenses, que se deu por
meio de aulas teóricas introdutórias, aulas práticas com abordagens em atividades físicas e
saúde mental, e aplicações avaliativas em nível progressivo; estas práticas tinham por objetivo
final desenvolver o profissionalismo dos futuros soldados.
Procedimentos Metodológicos
Este relato de experiência teve suas fontes de pesquisa em campo durante as aulas da
disciplina de Treinamento Físico Militar do Curso de Formação de Soldados – Turma 2016, e
este pesquisador foi docente da população em análise, e, se utilizou de uma análise indutiva e
das avaliações aplicadas.
O estudo possui caráter quali-quantitativo, uma vez que há descrição do fenômeno
experiencial docente diante da prática educativa, bem como análise de uma população
específica e amostragem dos índices alcançados pelos discentes; a abordagem qualitativa é
subsidiada pela pesquisa bibliográfica e pela análise documental, enquanto a abordagem
quantitativa apresenta o comparativo dos índices avaliativos mensurados ao longo do curso
(CRESWELL, 2010).
O pesquisador foi o principal instrumento de coleta dos dados por meio de uma
observação informal, não-estruturada, participante e individual, e os dados coletados foram
analisados por meio de um processo indutivo, a técnica de pesquisa empregada foi a
observacional (FGF, 2010).
A metodologia está associada a uma práxis em nível de experiência educativa para
formação profissional de bombeiros militares, portanto, há presença de matéria, consciência e
prática social; esta concepção filosófica é apresentada por Triviños (2008) como materialismo
dialético.
Desenvolvimento
Nas corporações de bombeiros militares a formação profissional é multidisciplinar e
acontece por curso específico composto de disciplinas das áreas de segurança pública, saúde,
educação, direito e administração, uma vez que o profissional recém formado deve atuar em
diferentes frentes.
As grandes áreas de atuação desempenhada pelos bombeiros militares brasileiros,
segundo Borges Sobrinho (2014b), são denominadas como: combate a incêndios, busca e
salvamentos, atendimento pré-hospitalar, serviços técnicos e Defesa Civil. Nesta compreensão
se verifica a existência das diversas possibilidades de atuação profissional por parte de um
bombeiro militar.
Logo, a formação profissional de um soldado deve ser específica e estar vinculada a
diferentes atividades que exijam saúde física e mental em suas práticas educativas cotidianas,
e como o aspecto físico é presente na maioria de suas realizações, a disciplina de TFM pode
ser de caráter transdisciplinar (MORAES, 2010).
Nesta compreensão, a disciplina de TFM correlacionou a importância do bem estar
físico para o desempenho nas diferentes frentes profissionais e promoveu o incentivo à prática
regular de atividades físicas. Em uma análise didático-pedagógica, “o Treinamento Físico
Militar está relacionado aos desenvolvimentos físico, social e comportamental dos bombeiros
militares brasileiros, em relação às diferentes atividades desenvolvidas por estes” (BORGES
SOBRINHO, 2014a, p. 18).
Logo, a referida disciplina possibilita o complemento de conteúdos de outras
disciplinas contidas na formação profissional de bombeiros militares; esta peculiaridade, na
concepção de Antunes (2010), exige do docente novas estratégias de ensino, novos
procedimentos para avaliações, gestão diferenciada em sala de aula, e se fazer do resultado
das avaliações discentes para diagnosticar limitações individuais.
Tais exigências vinculam as ações docentes a um planejamento prévio, o qual Ramos
(2006, p. 221) apresenta como um plano pedagógico, que possibilitará “organização e a
legitimação da passagem de um ensino centrado em saberes disciplinares a um ensino
definido pela produção de competências verificáveis em situações e tarefas específicas”.
Esta concepção é ratificada por Machado (2002), pois diante de uma ação docente
substanciada pelo planejamento e com a intenção de aproveitamento dos processos
avaliativos, os conhecimentos ministrados não são focados na aplicação de conteúdos e nos
saberes disciplinares, mas no desenvolvimento das competências.
A ideia de que a meta principal da escola não é o ensino dos conteúdos disciplinares,
mas sim o desenvolvimento das competências pessoais, está hoje no centro das
atenções.
[...]
Na escola, as ações docentes, desde o planejamento das aulas até os processos de
avaliação, centram as atenções, como não poderia deixar de ser, na dimensão
explícita do conhecimento. Em geral, são examinados os conteúdos disciplinares,
expressos por meios linguísticos ou lógico-matemáticos, permanecendo ao largo
todas as motivações inconscientes, todos os elementos subsidiários que
necessariamente sustentam tais conteúdos (MACHADO, 2002, p. 137-148).
Procedimentos Avaliativos
A aplicabilidade de conhecimentos educacionais em uma disciplinar abrangente como
o TFM possibilitou a transdisciplinaridade, tanto na abordagem formativa quanto na
avaliativa; uma vez que as avaliações foram multifocais e buscaram comparar o desempenho
do início e término do curso, abordar a simultaneidade das atuações terrestre e aquática,
desenvolver de forma separada a organização, a formalização escrita e a prática social.
Cada avaliação foi planejada, descrita em um Plano de Avaliação, submetida à
Coordenação do Curso, e após aprovada, elaborada, apresentada aos discentes, aplicada e
valorada. As quatro avaliações se deram de seguinte forma: a primeira e a quarta foram testes
de aptidão física, a segunda uma atividade de aquathlon – natação e corrida simultâneas, e a
terceira avaliação foi dividida em ação organização de um quartel de bombeiros da capital
tocantinense, doação de roupas, alimentos e brinquedos, e, elaboração de uma dissertação
com temática vinculada à disciplina de TFM.
A principal avaliação é o Teste de Aptidão Física – TAF, no qual são aplicados os
seguintes testes físicos: barra fixa, abdominal infra, flexão de solo, natação de cem metros e
corrida de 2.400 metros. A média do TAF se dá pela média aritmética de cada teste físico,
com aprovação quando esta média for maior ou igual a 6,00 pontos e em cada teste físico
obtiver no mínimo 5,00 pontos, conforme a tabela apresentada aos discentes. Caso a média do
TAF seja menor ou igual a 5,99, o discente realizará uma Avaliação em Segunda Época, na
qual executará somente os testes em que não atingiu índice mínimo e deverá alcançar 5,00
pontos ou mais.
Para conhecimento, os resultados da primeira avaliação são apresentados conforme a
tabela abaixo:
Considerações Finais
Este estudo apresentou um Relato de Experiência Educativa no qual o docente se
pautou no planejamento para o exercício atividades que teriam como base a valorização dos
saberes plurais e das competências, e oportunizar a educação transdisciplinar por meio da
disciplina de Treinamento Físico Militar do Curso de Formação de Soldados – Turma 2016,
do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins.
As informações adquiridas foram trabalhadas e convertidas em dados, sendo estes
transcritos por meio de uma metodologia de caráter quali-quantitativo, com os dados
coletados e analisados de forma indutiva, por meio de uma técnica de pesquisa observacional
e a concepção filosófica o materialismo dialético.
Em análise à formação profissional específica de um soldado, a disciplina de TFM
possibilitou uma abordagem transdisciplinar ao correlacionar o incentivo de práticas físicas à
qualidade de vida e o exercício das diversas funções possíveis de serem desempenhadas; esta
prática educativa exigiu do docente novas estratégias para gestão das aulas e novos
procedimentos para as avaliações.
As avaliações foram divididas em quatro aplicações, sendo a primeira a aplicação de
um Teste de Aptidão Física, a segunda uma prova de aquathlon, a terceira um misto de ação
organizacional, prática social e elaboração de uma dissertação, e, a última avaliação foi um
novo Teste de Aptidão Física.
3
TORRE; BARRIOS, 2002.
Ao final, os resultados foram totais, pois todos os discentes apresentaram índices
evolutivos e alcançaram aprovação na disciplina de TFM, correlacionaram a prática de
atividade física com as demais disciplinas do curso de formação profissional, associaram os
saberes disciplinares e as competências com as ações cotidianas do soldado bombeiro militar,
demonstraram interesse pela busca contínua da qualidade de vida e pela melhora ou
manutenção dos índices físicos alcançados.
Referências
ALTET, Marguerite. As competências do professor profissional: entre conhecimentos,
esquemas de ação e adaptação, saber analisar. 2001. In: PAQUAY, Leopold et. al. Formando
professores profissionais: Quais estratégias? Quais competências? Fátima Murad e Eunice
Gruman (Tradução). Cristina Dias Alessandrini (Consultoria, supervisão e revisão técnica). 2.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.
Sala 4
RESUMO: Este texto intitulado Educar para Libertar parte da ideia de que algumas práticas educativas podem
ter um caráter libertador. Para tanto, partimos de premissas que apontam para a seguinte argumentação: o
processo tecnológico europeu promoveu a descoberta de novos mundos; estes novos mundos fizeram parte da
periferia do capitalismo europeu por séculos; a mentalidade propagada a esta periferia, foi e ainda é a
mentalidade europeia. Posto isso, a proposta a se discutir é como romper com esta lógica epistemológica Norte-
Sul. Assim, através de Boaventura de Sousa Santos, Edgar Morin e Paulo Freire, percebemos que é possível
repensar as práticas educativas como práticas libertadoras, quando reconhecemos as relações Sul-Sul, ou seja,
constrói-se uma mudança epistemológica pela educação. Assim, este texto apresenta três exemplos que tem por
base a metodologia pesquisa-ação, onde mostramos que é possível alterar as práticas educativas para uma prática
libertadora deste.
Introdução
Este texto nasce da necessidade de se refletir sobre as práticas educativas (PE), na
educação formal, mas de cunho libertadora. Quando se coloca PE no plural, estabelecesse que
haja, não apenas uma, mas uma quantidade razoável de práticas, as quais são discutidas,
trabalhadas, ensinadas, ao longo de um processo formativo. Neste sentido, é necessário, então,
que se estabeleça quais seriam estas práticas do educar para libertar.
Ao longo do texto, serão cotejados os seguintes argumentos: existe PE libertadora?
Em que momento da educação escolar esta PE aparece? Há interesses do Estado em promover
uma PE libertadora?
Pensar este tema nos leva a alguns teóricos os quais nos subsidiarão nesta discussão.
Assim, autores como Paulo Freire (1977, 1987, 2005), Edgar Morin (2007) e Boaventura de
Sousa Santos (2007, 2010a, 2010b, 2011) proporcionarão um diálogo sobre as PE
libertadoras. Lembramos que este texto é um ensaio de e para uma pequena reflexão sobre as
PE libertadoras e de como conduzimos a mesma no nosso cotidiano educacional.
1 Professor do curso de História da Universidade Federal do Tocantins, campus de Porto Nacional. Membro do
Núcleo de Estudos Urbanos e das Cidades – NEUCIDADES. Desenvolve pesquisas com os seguintes temas:
culturalismo, identidades, globalismo, espaços de memória e práticas educativas. Email. [email protected]
2
Professora do curso de História da Universidade Federal do Tocantins, campus de Porto Nacional. Membro do
Núcleo de Estudos Urbanos e das Cidades – NEUCIDADES. Membro do Programa de Pós-Graduação do curso
de Gestão de Políticas Públicas – GESPOL. Desenvolve pesquisas com os seguintes temas: história do livro e da
leitura, história e ensino, patrimônio e arquivo. Email: [email protected]
1
Partindo do tripé da pesquisa, da extensão e do ensino, e pensando, enfim, o quanto
um professor, ontem, hoje e amanhã, é e se torna um educador pesquisador, refletimos quanto
à necessidade de se buscar exemplos práticos para vermos como ocorre esta PE libertadora.
Procedimentos Metodológicos
A metodologia a ser usada para sustentar a premissa inicial será a pesquisa-ação, onde
os problemas são apresentados e busca-se, através das PE, perceber se é possível romper com
o pensamento hegemônico existente na cultura capitalista.
Para isso, partiremos das críticas feitas por Boaventura de Sousa Santos (2010b e
2011) sobre a crise epistemológica proveniente do capitalismo colonizador para entender a
necessidade de se repensar a relação Norte-Sul; somente assim, será possível construir uma
base crítica Sul-Sul, a qual terá por base o repensar das PE não apenas no âmbito da escola,
mas também da sociedade.
Isto nos conduz a uma leitura crítica de Paulo Freire (1977), onde argumenta que
somente através de uma educação crítica é que é possível romper com as amarras invisíveis
do pensamento hegemônico que nos cercam, impondo regras de conduta no sentido de se
manter a estrutura dominante.
Por fim, dialogaremos com Edgar Morin (2007), onde estabelece alguns axiomas os
quais devem ser repensados para que uma educação do futuro seja possível.
Levando-nos novamente a Boaventura de Sousa Santos (2007, 2010a, 2010b e 2011),
onde argumenta que somente será possível pensar em uma epistemologia Sul-Sul se as
práticas sociais mudarem. Repensar as práticas, então, é o objeto metodológico deste texto:
parte-se do real, do existente, para que seja repensado, reconstruído, refeito, rompendo com o
alicerce anteriormente aceito de um conhecimento livresco.
Desenvolvimento
O século XVI foi de transformações para a Europa. Havia, já naquele período
histórico, denominado de Moderno, uma transformação em curso. A presença árabe na
Península Ibérica promoveu uma troca de conhecimentos que serviram para a conquista
ultramarina, encabeçada por Portugal e Espanha, seguida pela Inglaterra, Holanda, França. A
bússola, a vela e o astrolábio romperam conhecimentos, desbravaram mares, colonizaram.
(FAUSTO, 2009)
A colonização atinge todo o mundo conhecido, as Américas, África, Ásia. As
fronteiras se ampliam, ampliando também a visão etnocêntrica do europeu sobre o mundo,
2
bem como o domínio econômico com base nos pactos econômicos estabelecidos pelas
metrópoles colonizadoras, como exemplo o pacto colonial no Brasil. (FAUSTO, 2009)
Esta visão etnocêntrica, associado a estes acordos econômicos, promoveu, em todo o
mundo colonizado, seja América, África ou Ásia, uma subvalorização de sua identidade e
cultura. Durante cerca de trezentos anos, as identidades locais, as culturas locais, os princípios
de entendimento e construção identitárias, destas áreas de colonização, foram estigmatizadas,
massacradas, destruídas; prevalecia o pensamento hegemônico de uma cultura europeia, a
qual assegurava as formas de controle das áreas colonizadas, impossibilitando seu pensar livre
e sua livre economia.
Isto assegurou três princípios: 1) a Europa é a única que tem o direito de colonizar e
impor suas ideias e valores sobre o mundo; 2) uma crise de valores culturais em todo o mundo
colonizado; 3) todos os conceitos que circulam nas áreas colonizadas são provenientes de uma
cultura hegemônica, ou seja, do Norte, isto significa que estes conceitos não representam as
necessidades locais destas áreas colonizadas, uma vez que significam tão somente a base de
um pensamento dominante presente na construção identitária dos países colonizados.
Ora, esta assertiva não é nova. Muito menos podemos dizer que foi diferente.
Contudo, o rastro que deixou na configuração mental dos países colonizados foi devastador.
A partir do século XIX, quando uma parte das colônias começam a lutar por um processo de
independência, pode-se dizer estas lutas foram parte de uma fórmula-conceito, ainda
embrionária, que, nestas colônias, não fazia muito sentido: liberdade.
Liberdade para uma sociedade do Antigo Regime, liberdade para os filósofos
iluministas, liberdade para os comerciantes terrestres e marítimos, liberdade para os donos das
fábricas… a estes, a liberdade fazia sentido; mas para as colônias, era uma palavra sem
significado claro, uma vez que foi e talvez ainda seja, um conceito que representava os
interesses do capitalismo hegemônico existente na época. Não é à toa que as revoluções
liberais ocorreram na Europa ao longo do século XIX.
Mas a questão aqui é falar de PE. Furtamo-nos ao exemplo da liberdade para mostrar
como um conceito pode ou não significar, ou ter força para mudar, desde que seus princípios
tenham sido gestados nas classes ora interessadas.
Em recentes publicações, o pesquisador Boaventura de Sousa Santos (2007, 2010a)
vem abordando esta temática, onde salienta que este sistema capitalista, promovido por esta
lógica imperialista e colonizadora, destruiu as capacidades reflexivas das colônias, pois
impôs, sobre elas, uma outra perspectiva ou lógica de mundo, impondo e propondo outros
olhares, outras soluções, minimizando ou mesmo ignorando os saberes locais. Ou seja, este
3
sistema capitalista ora existente, destruiu as bases culturais dos países periféricos a este
sistema.
Neste sentido, propõe este pesquisador, que é necessário repensar esta lógica
epistemológica. Ora, segundo este autor, a situação de colônia ainda existe e somente através
de uma quebra de paradigmas, ou, um rompimento epistemológico completo, é que será
possível pensar em outros entendimentos dos mesmos conceitos. Assim, repensar a
Democracia (Democracia de Alto Impacto), repensar a Liberdade (em seu pleno
entendimento), são caminhos a serem seguidos para que ocorra definitivamente o rompimento
do laço que não nos deixa ser outra coisa senão colônias.
Como isto é possível? Através de uma epistemologia Sul-Sul, onde é levado em
consideração as realidades destes países periféricos, os quais foram e ainda são, colonizados
pelo pensamento europeu.
Posto isto, começamos o diálogo com Paulo Freire e as PE libertadoras. Paulo Freire,
no conjunto de sua obra (1977, 1987, 2005), aborda de forma sistemática, a necessidade de
práticas onde sejam concebidos pensamentos críticos para que o homem consiga se
desvencilhar dos grilhões que asseguram a manutenção de sua realidade, ou seja, segundo este
educador, a educação serve como a porta de entrada para uma conscientização sobre as
realidades vividas, de forma a promover ações de libertação através de práticas críticas de se
pensar o real, a realidade experienciada.
Assim, Paulo Freire (1977, 1987, 2005) concebe, para além de uma educação do
oprimido, uma educação para a liberdade. Para isso, ele estabelece como parâmetro a
necessidade de se construir mecanismos primários de se perceber a realidade vivida, para, a
partir destes mecanismos, avançar no entendimento crítico da realidade, levando o
interlocutor a perceber, por si só, a criticidade de uma realidade construída na relação
econômica capitalista.
Segundo Freire (1977), o ato de libertação acontece a partir do momento que os
homens tomam consciência da realidade vivida e iniciam um processo de criticidade. Isto não
significa que sua realidade irá se transformar imediatamente, mas as ações realizadas
ocorrerão mediante um processo de crítica antecipada à ação. Assim, aos poucos, esta crítica
imaterial, tornando-se crítica real, através de uma ação crítica, tende a abrir novas
oportunidades reflexivas.
Com esta percepção, citamos o teórico Edgar Morin (2007), onde ele apresenta os
caminhos pelos quais a educação deve evitar, no intuito de se consolidar uma visão do homem
no mundo, levando em consideração suas realidades, experiências, conhecimentos, culturas.
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Isto significa, no entendimento de Morin (2007), que a educação que se abre neste
século XXI, terá de se apoiar não em um conhecimento formal, numa educação formal,
consolidada nas práticas dentro de paredes no universo de uma escola. Pelo contrário, a
educação deve ser plena no entendimento de que as relações humanas concebidas e
construídas no espaço público são necessárias para tornarmo-nos cidadãos críticos frente à
complexidade que se apresenta na contemporaneidade.
Para tanto, é preciso romper com os preconceitos dos erros e da ilusão, pensar
criticamente e pertinentemente, saber de nosso lugar na dinâmica do mundo contemporâneo e
saber que temos uma identidade que é individual, ou seja, pensar no EU e no OUTRO como
identidades múltiplas que devem respeito mútuo, há uma necessidade de se enfrentar as
incertezas, uma vez que as certezas já não estão mais asseguradas pela própria dinâmica
conceitual, além de se pensar que a relação existente no mundo, entre o EU e o OUTRO, está
embasada na compreensão e na ética.
Esta preleção teórica foi necessária para mostrar que pensar em PE libertadoras é
possível. O que nos falta agora é comprovar se esta teoria é aplicável, onde pode ser aplicada,
ou como ser aplicada.
Neste processo é que usaremos a metodologia pesquisa-ação, uma vez que partiremos
de uma realidade existente e construiremos, em conjunto com o público envolvido, medidas
capazes de transformar a educação, ou criar PE transformadoras, criando mecanismos onde o
público consiga, aos poucos, conceber ações críticas que transformem sua realidade.
Exemplo um: na sala de aula
O PIBID tem se mostrado, como PE do curso de História da UFT-Campus Porto
Nacional, um manancial de ações que promovem o pensamento crítico no universo dos alunos
da Escola Pedro Ludovico Teixeira, escola onde ocorre esta ação.
Pedro Ludovico Teixeira é uma escola periférica, atendendo uma população que vive
em área de risco, em contato direto com drogas, prostituição e criminalidade. Contudo, os
alunos que participam do projeto PIBID, entram em contato com dinâmicas e práticas
educativas que vão muito além dos livros didáticos, levando-os a realizar ações que
transformam criticamente o universo que as cercam. Um exemplo foi o projeto de se construir
a identidade local. Este projeto envolveu não apenas os alunos do PIBID, mas todos os alunos
do colégio. Cada aluno ficou responsável em trazer e montar sua árvore genealógica, pensar
história que levou cada família a se fixar no bairro, pensar na história da escola, montar
maquetes, e repensar nas individualidades e identidade como princípios de pertencimento e
princípio de liberdade.
5
Exemplo dois: fora da sala de aula
Outro exemplo foi a ação de se preservar o patrimônio escolar das depredações que
comumente recriavam o espaço. Assim, após visitas em museus e do entorno da comunidade
local para se pensar criticamente o patrimônio, a escola passou por uma pintura onde a própria
comunidade foi chamada para a realização desta pintura. O grafite foi escolhido como a arte a
ser feita. Desde então, a escola passou a ser entendida como parte do processo histórico e
cultural da comunidade.
Exemplo três: fora da escola
As ações de criticidade recriando os espaços começam a ser pensadas e criadas
estratégias institucionais. Recentemente, a UFT-Campus de Porto Nacional tem feito ações
onde traz para a Universidade a comunidade externa através de ações extensionistas. Estas
ações visam, no geral, a construção de uma perspectiva de se continuar os estudos para os
alunos pertencentes às áreas periféricas da cidade. Assim, a universidade, e o curso de
História, tem trazido para dentro do campus, alunos de diferentes escolas, mostrado seus
laboratórios, pesquisas, salas de aula, ampliando não apenas a visibilidade da universidade na
cidade, mas acima de tudo, mostrando uma possibilidade de ensino de qualidade e gratuito
aos alunos carentes da cidade.
Considerações Finais
Começamos o texto propondo pensar em PE libertadoras. Apresentamos argumentos
teóricos que corroboram com a premissa inicial e concluímos com três práticas
transformadoras.
Para concluir, é necessário que se reflita sobre o seguinte argumento, proposto
inicialmente: o processo transformador da educação parte do Estado? Qual o interesse do
Estado na educação?
Sobre estas perguntas, é preciso que se construa a seguinte ideia: quanto maior a
transformação promovida pela educação, menos ela entra na lógica das políticas públicas do
Estado. Não é à toa o constante ataque que o Estado vem promovendo sobre a educação,
retirando do currículo disciplinas importantes que consolidam a base reflexiva dos e nos
alunos. Não é à toa o crescimento da ideia da Escola Sem Partido. Estas teses só mostram e
demonstram que a educação é importante para a prática de ações reflexivas.
Isto posto, e percebendo que ao Estado não interessa investir na ampliação dos
serviços e da qualidade educacional, compete a outros setores sociais em promoverem esta
reflexão e mudança. Retornamos a Boaventura de Sousa Santos, quando este apresenta, em
6
sua tese, a necessidade da sociedade se organizar em conselhos e associações, na busca pela
autonomia do processo reflexivo, bem como na melhora da participação política na sociedade.
Concluímos, assim ampliando a reflexão inicialmente levantada, expondo que as PE
libertadoras são possíveis, estão ao nosso alcance e depende de nós colocá-las em prática.
Contudo, há entraves conceituais neste processo, uma vez que ainda se encontram professores
que propagam a ideia de que a criticidade só é possível através do conhecimento dos
conceitos clássicos aprendidos dentro das salas de aula.
Estes professores acabam barrando, em suas próprias práticas, a impossibilidade de se
pensar uma sociedade mais crítica e consciente.
No entanto, não vamos deixar que as dificuldades apresentadas sejam nosso entrave
para melhorar as PE libertadoras. Assim como Boaventura (2007, 2010a, 2010b e 2011),
Morin (2007) e Freire (1977, 1987, 2005), vamos aprimorando nossa ação reflexiva para além
dos muros da universidade e da própria escola de ensino básico, percebamos o espaço como
possibilidade de se recriar políticas e de se ensinar política e o princípio de liberdade.
Referências
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de
Janeiro, 2005.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez;
Brasília: UNESCO, 2007.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social.
São Paulo: Boitempo, 2007.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade.
São Paulo: Cortez, 2010a.
SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (org.) Epistemologias do sul.
Coimbra: Almedina; CES, 2010b.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A Crítica da razão indolente: contra o desperdício da
experiência. São Paulo: Cortez, 2011.
7
ENTENDENDO O TURISMO SUSTENTÁVEL DE AVENTURA NO DISTRITO DE
TAQUARUÇU: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo relatar as experiências vivenciadas no decorrer do projeto
“Aventureiros do bem”, desenvolvido com as crianças do 1º ano matutino da educação infantil do Centro de
Educação Infantil do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins. O referido projeto surgiu mediante a percepção
docente do interesse dos alunos acerca da temática turismo de aventura em Taquaruçu, por sermos uma escola
vinculada à UNESCO, buscamos agregar a esse movimento o entendimento do turismo sustentável,
contemplando assim um dos eixos propostos pela citada instituição. Todo processo metodológico dessa pesquisa
está baseado no empirismo, é por meio de atividades e experiências concretas e integradas que buscamos
responder ao nosso problema central, que delimita-se por responder: “O turismo de aventura em Taquaruçu
pode acabar?”. Nessa busca de compreensão sobre os aspectos da relação do homem com o meio ambiente, e de
como isso impacta o desenvolvimento do turismo, estabelecemos contato com o CEMEI Ana Luiza afim de que
nossas crianças estabeleçam um intercâmbio cultural, e com isso acreditamos possibilitar uma relação de
afetividade e respeito entre as diferentes realidades socioambientais existentes. Este projeto encontra-se em
desenvolvimento, o que nos impede de apresentar um resultado final, entretanto, temos marcado para o dia 27 de
junho do presente ano, o primeiro contato físico com os alunos do CEMEI Ana Luiza em Taquaruçu, visto que o
contato prévio foi realizado por correspondência, acreditamos que essa vivencia nos trará grande oportunidade
de construção coletiva do conhecimento.
Introdução
1
Pós- Graduada em Educação Infantil: pela AEDUC-. Professora de Educação Infantil do Centro de Educação
Infantil do Tribunal de Justiça. Pedagoga pelo CEULP- ULBRA. E-mail: [email protected]
2
Estagiária do Centro de Educação Infantil do Tribunal de Justiça. Acadêmica do curso de Pedagogia na UFT.
E-mail: [email protected]
2
superou a moeda brasileira e determinou uma queda no fluxo de brasileiros para fora do país.
O turismo tem a capacidade de organizar o espaço geográfico, em face da necessidade de
oferecer condições do andamento da atividade, como as infraestruturas necessárias: hotéis,
rodovias, meios de comunicação, entre outros.
(FREITAS, apud, http://brasilescola.uol.com.br/brasil/o-turismo-no-brasil.htm>. Acesso em
25 de MAIO de 2017).
As atividades turísticas transformam o espaço alterando as relações dos moradores
locais que passam a fazer parte da produção de bens e serviços da própria atividade turística,
ou seja, o turismo assume o papel de agente modificador da realidade.
E segundo Pellegrini:
todo efeito ou alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou
atividade é considerada um impacto, e ainda conforme os tipos de intervenções, modificações
produzidas e eventos posteriores, podem-se avaliar qualitativamente e quantitativamente o
O turismo exerce impactos significativos na vida das pessoas que viajam e dos
habitantes locais do destino visitado. Muitas preocupações com o meio ambiente foram
surgindo nas últimas décadas, pois nem todos os recursos naturais são finitos e renováveis. E,
principalmente, quando a atividade turística é realizada em ambientes naturais, é preciso
elaborar planos e projetos com muita cautela, organização e em um âmbito multidisciplinar,
pois estes abarcam diversas esferas do conhecimento. Vale ressaltar o acompanhamento em
relação às leis ambientais para construir um planejamento viável que visa à obtenção de um
desenvolvimento sustentável.
uma relação entre dois grupos humanos categoriais - os que visitam e os que são visitados.
Nesta relação, existe uma troca de expectativas - lazer para o que visita e trabalho para o que é
visitado, verificando-se uma tentativa de rentabilização dupla - rentabilização e qualificação
do tempo, das expectativas de lazer, ócio, satisfação pessoal e conhecimento para o que visita
O Turismo Sustentável é uma maneira de manter essa infraestrutura sem atitudes ofensivas ao
meio ambiente, atendendo às necessidades dos turistas e dos locais que os recebem de
maneira simultânea, fazendo o necessário para atender a economia, a sociedade e o ambiente
sem desprezar a cultura regional, a diversidade biológica e os sistemas ecológicos que
coordenam a vida. O turismo sustentável é composto pelas pilastras que formam o tripé do
desenvolvimento sustentável: eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica,
através disso as organizações associadas, o trade, também vem buscando uma série de normas
turístico pode levar ao esgotamento dos recursos naturais, assim como, a descaracterização
cultural e desequilíbrio social.
O enfoque positivo do desenvolvimento sustentável no segmento do turismo se dá na
proposta de minimizar as tensões e os atritos criados pelas complexas interações os visitantes,
o ambiente natural e as comunidades locais que recepcionam os turistas [...] Uma perspectiva
que envolve esforço para a longa viabilidade e qualidade dos recursos naturais e humanos
(GARROD; 1998, p. 201).
É notável em muitos destinos turísticos, a inexistência de planejamento, muitos
empresários agem de acordo com seus próprios critérios e interesses, pode-se observar ainda
um grande descaso por parte das administrações locais, em relação aos problemas do
conjunto, onde favorece por consequência alguns poucos empresários. Com base em
Magalhães, para evitar esses problemas:
princípios para cada um dos demais. Isso porque, na concepção Freinetiana, a afetividade é a
maneira como o mundo e o outro me afeta, e de que modo eu afeto o outro e o mundo.
Reafirmamos mais uma vez a importância de uma visão não reducionista acerca do
tema, é preciso entender que a afetividade vai além daquilo que nos estimula, supera a
motivação, tal como enfatiza Vieira.
A motivação consiste em preparar, estimular o aluno para que ele faça descobertas e construa
seu conhecimento, enquanto a relação afetiva, por si só, é repleta de conhecimento, uma vez
que apenas interagindo com outras pessoas e trocando experiências o individuo ensina e
aprende muitas coisas. (VIEIRA 2004, p.11)
Considerações finais
Retomando a pergunta inicial que nos levou a desenvolver esse relato de experiência,
a saber, como as respostas se o turismo de aventura em Taquaruçu pode acabar? Nossa
compreensão vai ao sentido de entender que o ensino através de uma concepção tradicional
acaba afastando a criança de construir seu próprio conhecimento, pois a mesma estereotipa
esse ensino como algo que ela não consegue aprender. Referente às questões sobre as
dimensões do ensino e aprendizagem do turismo sustentável intercâmbio cultural na
Educação Infantil pode perceber claramente as dificuldades enfrentadas pela comunidade de
Taquaruçu, embora o projeto encontra-se em desenvolvimento.
Percebemos até aqui que a troca de experiências entre as crianças das duas escolas
facilitará a aprendizagem das crianças e no explorar o novo ambiente que as cercam,
descobrindo assim de uma forma divertida como podemos praticar o turismo de aventura de
forma sustentável. De tal forma que a resposta a nossa pergunta é que existe vários meios de
fugir das formas tradicionais como podemos comprovar na nossa intervenção, pois por mais
simples que seja uma atividade contendo algum elemento diferente nela já desperta o interesse
e a curiosidade das crianças como o suporte que transforma o ser em um cidadão ativo e
consciente.
No entanto esse trabalho desenvolvido por nós em sala de aula, nos possibilitou
ampliar nossa visão sobre a educação infantil, e ao mesmo tempo a perceber alguns erros
presentes em algumas práticas de certos projetos que não permitem os professores saírem da
rotina de seu planejamento, portanto, o nosso intuito não é criticar e sim identificar elementos
que contribuíram para a nossa formação. Sendo assim, vários fatores nos ajudaram a perceber
que a prática pedagógica do professor na educação infantil se constrói na convivência, na
confiança, no diálogo, ou seja, na relação entre professor e aluno e aluno/aluno, que se dá de
10
forma mais próxima entre eles, no qual juntos no decorrer do ano iremos construir uma
relação de cumplicidade e confiança.
Referências
BOTELHO, Simone e MORAES, Victor. Pedagogia Freinet: uma concepção de educação
para a vida, 2015;
CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Introdução à geografia do turismo. São Paulo: Roca, 2001.
GARROD, Brian; FYALL, Enoque. Beyond the rhetiric of sustainable tourism? 1998 p 201.
11
IESD. A Presença da Pedagogia Freinet no Brasil.*** (parte 3). Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=sPc7PaZ5kPA>
IESD. A Presença da Pedagogia Freinet no Brasil.*** (parte 4). Disponível em:<
https://www.youtube.com/watch?v=H5Q-w7noYMg>
INTRODUÇÃO
É neste contexto que se insere a Escola de Ser, cuja inspiração baseou-se na Escola
da Ponte em Portugal. A escola portuguesa ficou famosa entre os brasileiros em 2001 quando
o filósofo Rubem Alves lançou o livro: “A escola que eu sempre sonhei sem imaginar que
pudesse existir”. A Escola da Ponte inspirou instituições educacionais brasileiras tais como:
Escola Pública Amorim Lima, Escola Lumiar, ambas em São Paulo, Escola Campos Salles
em Higienópolis e o Projeto Âncora em Cotia. A Escola de Ser é uma destas instituições.
Em razão da relevância de sua proposta este trabalho teve por objetivo apreender o
desenvolvimento das práticas educativas na formação dos educandos que freqüentam a Escola
de Ser. Os dados foram obtidos no ano de 2016-2017 por meio de visitas, acompanhamento
diário da rotina institucional e análise de documento.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
DESENVOLVIMENTO
A Escola de Ser está situada no Jd. Primavera, na cidade de Rio Verde, Estado de
Goiás, tem entre seus pressupostos teóricos e práticos a perspectiva de uma educação
emancipatória, democrática, agregadas a valores éticos tais como o respeito, à diversidade, a
solidariedade, a responsabilidade e à defesa dos direitos das crianças e adolescentes.
Sua gestão é realizada pelo Instituto CORES, uma organização socioeducativa, sem
fins lucrativos, fundada em 2008, na cidade goiana de Rio Verde, Estado de Goiás, Brasil.
Entre as finalidades e objetivos principais do Instituto encontra-se a promoção da Educação
Sexual em diferentes setores sociais contribuindo para a formação de professores, educadores
e agentes educacionais. A Instituição é dirigida pela pedagoga e escritora Caroline Arcari.
Atualmente a Escola de Ser destina-se a sessenta (60) educandos, de ambos os sexos,
com idades entre seis (6) e quatorze anos (14) e educadoras (es), estagiárias (os), com
diferentes formações, entre elas, psicologia e pedagogia. Como critério de inserção no projeto
o educando precisa vincular-se à rede de ensino formal. Seu funcionamento ocorre no contra
turno escolar.
A Escola de Ser enquadra-se como projeto social voltado à promulgação da educação
democrática. A aprendizagem na Educação Democrática baseia-se no estímulo e no exercício
do desejo de conhecer, ensinar e participar. Segundo Helena Singer (1997), as Escolas
democráticas alicerçam-se tem três princípios: a auto-gestão, no qual as pessoas que
participam de uma experiência de Educação Democrática são responsáveis por ela; o prazer
do conhecimento, de forma que o conhecimento traz alegria, prazer, e por isso as pessoas se
envolvem com ele, não sendo necessárias punições ou disciplinas e por último, não há
hierarquia no conhecimento, seja ele, científico, acadêmico, comunitário, tradicional ou
religioso, todos os conhecimentos são valorizados e respeitados.
É neste sentido que a Escola de Ser propõe uma educação baseada na autonomia e na
democracia, de forma inovadora e criativa. O modelo pedagógico oferece condições para que
o educando construa o seu processo de aprendizagem. Assim, o currículo é construído pelas
4
https://www.escoladeser.org.br/
O quadro de tarefas é um outro mecanismo organizado pelos educandos, no qual
estabelecem atividades relacionadas ao cuidado e conservação do espaço físico e afetivo do
grupo. Diariamente, os educandos cumprem tarefas coletivas de organização, manutenção e
cuidado com o ambiente e materiais de todas e todos. Faz parte desta atividade: guardar
brinquedos, varrer o lixo de recortes, organizar os livros da biblioteca, consertar materiais de
esporte, preparar o lanche, lavar seus utensílios de lanche. Estas pequenas atitudes, muitas
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https://www.escoladeser.org.br/
O Livro da Vida também é um recurso didático criado pelas alunas, alunos e equipe
pedagógica da Escola de Ser. Funciona como um diário pessoal, no qual os educandos
registram suas atividades, auto-avaliações, sentimentos, textos e todas as produções durante
sua permanência no projeto. Com atividades que inscrevem reflexões acerca da própria
identidade, o Livro da Vida também é um portfólio organizado semanalmente. Assim, os
próprios educandos acompanham sua evolução, fazem a correção de textos e percebem,
diariamente, a trajetória de crescimento pessoal. Neste recurso incentiva-se a superação de
metas estabelecidas pelo próprio educando.
https://www.escoladeser.org.br/
https://www.escoladeser.org.br/blank-2
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Espaços educacionais como a Escola de Ser, assim como outras instituições sociais,
pode contribuir para a construção de sujeitos solidários, atuantes, libertos de uma educação
alienante e criativos. Para Alencar e Martínez (1998), o desenvolvimento da criatividade na
educação passa necessariamente pelo nível da criatividade dos profissionais que nela se
encontram. Pois, para favorecer o desenvolvimento da criatividade dos alunos, é importante
contar com professores motivados a utilizar práticas pedagógicas criativas; educadores assim
motivados servirão de modelo e estímulo ao desenvolvimento do potencial criador de seus
alunos.
Atualmente desenvolve o projeto: Princesas de Capa, Heróis de Avental: o livro das
possibilidades.
https://www.escoladeser.org.br/
Este projeto tem por objetivo trabalhar as relações de gênero nos espaços educativos,
estimular o pensamento crítico, combater o sexismo e funcionar como um recurso acessível
para a promoção da reflexão por meio de atividades dirigidas para crianças e adolescentes
entre 7 a 14 anos.
Sob a ótica do trabalho das princesas clássicas de contos de fadas e dos heróis das
histórias em quadrinhos, por meio de discussões e aulas dialogadas, são trabalhados conceitos
que ampliam as possibilidades de entendimento em ser menina e ou menino. Considerando a
ampla abrangência dos produtos relacionados aos contos de fada e às histórias em quadrinhos,
sabe-se que as construções de visão de mundo do indivíduo, seu senso de identidade de
gênero, estilos, modos de vida e até mesmo ações sociopolíticas e ideias são influenciados por
essas histórias.
O projeto pedagógico desenvolvido por meio das oficinas e projetos permite a
construção do saber, não apenas pelo simples registro de informações a respeito do mundo, e
sim pelo significado que vai sendo construído a partir dessas informações. Neste sentido, o
9
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O contexto educacional constitui, sem sombra de dúvidas, um dos locais mais férteis
ao desenvolvimento da criatividade. Nesse sentido, o presente estudo proporcionou
vislumbrar alguns aspectos dos pressupostos metodológicos e práticos da Escola de Ser.
Foi possível perceber a vivência democrática nas práticas cotidianas, no
comportamento dos educadores e educandos, os quais fazem da Escola de Ser um lugar do
aconchego e cuidado com o outro.
Sabe-se que ambientes institucionais de aprendizagem tanto pode promover o
desenvolvimento da criatividade quanto inibi-la. Neste estudo notou-se que a criatividade é
um elemento subjacente às atividades realizadas na Escola de Ser e seu entorno, uma vez que
a comunidade local, assim como as instâncias governamentais, entram em contato com uma
nova forma de ensinar e aprender.
As estratégias didáticas diferenciadas e inovadoras despertam o interesse dos alunos
pelos conteúdos e projetos. Além disso, inclui importantes variáveis relativas à construção de
um ambiente estimulador da criatividade, ligadas tanto aos educandos quanto ao ambiente
onde eles estão inseridos.
A importância do vínculo afetivo como caminho para a aprendizagem é outro fator
de destaque na Escola de Ser. Para que efetivamente este vínculo se construísse, nota-se que
foi necessária muita dedicação, amorosidade e respeito por parte de todos os envolvidos,
educandos e educadores. A este respeito comenta Freire (1992) que a afetividade atua no
processo pedagógico para que não haja apenas uma transmissão de conhecimento, mas uma
construção eficaz das aprendizagens:
Em cada cantinho da Escola de Ser pode se observar esse afeto presente, não apenas
nas pessoas, mas também no cuidado especial com o ambiente físico, com o jardim, com a
comunidade do entorno, com as famílias, voluntários e visitantes que por ali passam. A
Escola de Ser é de fato um lugar sonhado, e que existe. E como dizia um aluno da Escola,
11
com apenas oito anos de idade: “Aqui é democrática por todos temos voz, qualquer um pode
falar, e todos têm que ouvir, grande ou pequeno, mas quando precisar lavar o banheiro, todos
têm que lavar, grande ou pequeno”.
É por este e outros tantos exemplos que a Escola de Ser vem sendo uma referência
no debate e na disseminação da esperança às novas formas de aprendizagem e convivência
social.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, E. M. L. S., & Martínez, A. M. Barreiras à expressão da criatividade entre
profissionais brasileiros, cubanos e portugueses. Psicologia Escolar e Educacional, 1998.
DE LA TORRE, S. Dialogando com a criatividade. São Paulo: Madras, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 11º
ed. Rio de Janeiro: paz e terra, 1992.
LEADBEATER, C.; LITOSSELITI, L. 'Equity in healthcare: the issue of cultural
competence' Feature article in Royal College of Speech and Language Therapy Bulletin,
January 2012.
MARTÍNEZ, A. M. Criatividade, personalidade e educação. Campinas: Papirus, 1997.
RIBEIRO, O. C.; MORAES, M. C. CRIATIVIDADE em uma perspectiva transdisciplinar:
rompendo crenças, mitos e concepções. Brasília: Liber Livro, 2014. 312 p.
SINGER, H. República de Crianças – Sobre experiências escolares de resistência, São Paulo:
Hucitec, 1997.
Sites:
https://www.escoladeser.org.br
https://www.facebook.com › Places › Rio Verde, Goias, Brazil
http://escoladeserprojeto.blogspot.pt/
ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL E OS ASPECTOS TRANSDISCIPLINARES
1
Núbia Carla de Souza Silva
2
Yara Fonseca de Oliveira e Silva
Sala 1
Resumo: O tema deste trabalho é a educação de tempo integral e a transdisciplinaridade, apresentando como
questão problematizadora “o que se tem produzido em teses e dissertações que aproxima a perspectiva da
transdisciplinaridade à escola de tempo integral”? Nessa perspectiva, objetivo central é reconhecer os aspectos
transdisciplinares em escolas de tempo integral contemplados em teses e dissertações no período de 2010 a 2016.
O procedimento metodológico é qualitativo, descritivo, a partir de revisão bibliográfica. Para alcançar o objetivo
prescrito, foi realizada uma extensa revisão de literatura, por intermédio do levantamento de teses, dissertações
em diversas bases de dados em sítios como scielo e Capes-Sucupira. Após esta revisão bibliográfica, a seleção
para compor o arcabouço teórico tem como base Batalloso e Moraes (2015), Gadotti (2009), Suanno (2015) e
Melo e Abranches (2015). Ao finalizar esta pesquisa, pode-se concluir que, há poucos indicadores de
transdisciplinaridade nas escolas de tempo integral nos materiais estudados. É certo que, uma formação inicial e
continuada da equipe envolvida, bem como infraestrutura básica é fundamental para que se alcance um trabalho
que possibilite essa ponte entre escola de tempo integral e a formação transdisciplinar.
Introdução
O anseio pelo redimensionamento da função da escola pública, em relação à qualidade
escolar, vem emergindo como um meio para buscar a democratização do saber. Dessa forma,
torna-se necessário debater e explorar formas qualitativas de prover a expansão da
escolarização com acesso e permanência. Sendo assim, política voltada para qualidade da
escola pública vem retomando a um tema recorrente na história das práticas pedagógicas, a
escolarização integral (ESQUINSANI, 2008).
Gadotti (2009) destaca que, em uma escola de tempo integral, modelo o qual ele
defende que toda escola deveria ser, o currículo deve possibilitar a integração de todos saberes
ali empreendido, de modo interdisciplinar, transdisciplinar, intercultural, intertranscultural e
transversal, baseando a aprendizagem nas vivências dos alunos.
Nessa perspectiva, a transdisciplinaridade propõe uma construção do conhecimento
que, religue os saberes entre, através e além das disciplinas, em uma concepção
___________________________
1
Licenciada em Ciências Biológicas (Universidade Estadual de Goiás – UEG/UNUCET/2014). Aluna do
Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação – UEG/
Campus Inhumas. Mestranda no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação em Ciências e
Matemática – Universidade Federal de Goiás. Membro do grupo de pesquisa Kadjot (Grupo Interinstitucional de
estudos e pesquisas sobre as relações entre tecnologias e educação). Professora efetiva da Escola Municipal
Cesário Lopes de Oliveira de Ordália. Email: [email protected]
1
Pós-doutora na Faculdade de Letras da Universidade do Porto – Portugal, doutora em Políticas Públicas,
Estratégias e Desenvolvimento (UFRJ/PPED/UEG, 2014). Mestre em Educação pela Universidade Federal de
Goiás (FE/UFG, 2005). Especialista em Psicopedagogia (ULBRA/RS, 1998) e em Avaliação Institucional
(UEG/GO, 2005). Graduada em Pedagogia (PUC/GO, 1998). Atua como professora titular da Universidade
Estadual de Goiás no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias
(MIELT) UEG. Bolsista PROBIP/UEG. Email: [email protected]
multirreferencial e multidimensional. Almeja-se, portanto, a integração dos saberes, visando
instaurar o diálogo entre filosofia, culturas e literatura a fim de estimular a capacidade
humana de entender e transformar a sua existência (SUANNO, 2015).
A partir do exposto, o tema deste trabalho é a educação de tempo integral e a
transdisciplinaridade, tendo como questão problematizadora “o que se tem produzido em teses
e dissertações que aproxima a perspectiva da transdisciplinaridade à escola de tempo
integral”?
O objetivo geral deste estudo é reconhecer os aspectos transdisciplinares em escolas
de tempo integral contemplados em teses e dissertações no período de 2010 a 2016. Para tanto
é necessário, caracterizar o que é e quais os aspectos de uma escola transdisciplinar;
identificar como se constitui as escolas de tempo integral e destacar quais elementos
transdisciplinares são encontrados em escolas de tempo integral, mesmo que estes sejam
abordados de maneira inconsciente.
Procedimentos Metodológicos
O procedimento metodológico é de caráter qualitativo e descritivo, a partir de revisão
bibliográfica. Para alcançar o objetivo prescrito, foi realizada uma extensa revisão de
literatura, por intermédio do levantamento de teses, dissertações e artigos científicos, a partir
de pesquisa em diversas bases de dados na internet como, Plataforma Capes-Sucupira,
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), SciELO, referentes às palavras-
chave: Escola de Tempo Integral, Transdisciplinaridade e Formação Humana Integral. Após
esta revisão bibliográfica, a seleção para compor o arcabouço teórico tem como base
Battaloso e Moraes (2015), Gadotti (2009), Suanno (2015), Melo e Abranches (2015).
Desenvolvimento
É frente ao anseio por mudanças que surge, portanto, o paradigma emergente. A partir
deste ponto de vista Batalloso e Moraes (2015) sugerem o trabalho de uma educação que
transcenda os campos disciplinares, reconhecendo o que acontece nos diferentes níveis de
realidade presente nas salas de aula, mostrando a importância do contexto e de uma formação
planetária, tratando-se, portanto, de captar o complexo, tecido em conjunto. A
transdisciplinaridade, trabalhada em educação, tem como foco principal o sujeito e, nesse
sentido, o desenvolvimento humano, por meio de uma perspectiva complexa e
multirreferencial.
Para os autores supracitados, para que uma escola seja considerada transdisciplinar, é
preciso examinar a combinação de uma série de fatores e indicadores, e não apenas a presença
de um dois ou três. Nessa compreensão eles propuseram dimensões consideradas como rede
matriz geradora das finalidades educacionais e expressaram os aspectos educacionais e
características da instituição escolar que podem e devem manifestar-se como traço operativo
indicador da existência e/ou presença do caráter transdisciplinar da instituição escolar.
São destacadas as dimensões e indicadores: 1- Dimensão Ecossocial e planetária
(Indicadores: atividades Inter-multi e transdisciplinares; educação física, educação para saúde,
educação emocional e afetiva), 2- Dimensão Psicofísica, corporal, emocional e cognitiva
(Indicadores: ações ambientais e éticas, trabalhos em grupo, educação para paz,
igualdade/diversidade), 3- criativa e estética (Indicadores: atividades culturais, musicais e
artísticas) e 4- Dimensão política (Indicadores: estudo sobre direitos humanos, educação
política e a problemas sociais).
A partir do exposto, serão utilizadas as dimensões e indicadores que caracterizam uma
escola como transdisciplinar destacados pelos autores Batalloso e Moraes (2015) para
organização da análise, tendo como norte a questão problematizadora deste estudo “O que
tem de transdisciplinar em escolas de tempo integral abordado em teses e dissertações"?
Com o intuito de responder esta questão e alcançar o objetivo desse estudo, foram
levantadas 17 teses e dissertações no banco de dados da Capes/Sucupira, defendidas no
período entre 2010 e 2016, a partir das palavras chave: escola de tempo integral;
transdisciplinaridade e formação humana integral. Deste total de trabalhos levantados, foi
realizada a leitura do título, resumo e sumário de todas e selecionadas duas teses e quatro
dissertações para leitura e análise tendo como critério de seleção, trabalhos que
contemplassem características ou termos que visassem uma formação mais humana e integral
dos envolvidos, que buscassem valorizar as subjetividades e contexto, dentre outros aspectos
que, associados poderiam ajudar a responder os questionamentos deste estudo. Conforme
mostra o Quadro 1.
Quadro 1: Identificação das teses e dissertações usadas para análise neste artigo
Identif Modalidade Título Instituição Ano
DOC. 1 Tese Educação (em tempo) integral na infância: UFMG 2013
Ser aluno e ser criança em um território de
vulnerabilidade.
DOC. 2 Tese Educação integral em tempo integral na rede UFG 2016
municipal de ensino de Goiânia: múltiplos
discursos, múltiplos significados culturais.
DOC. 3 Dissertação Educação integral: uma análise do programa PUC-SP 2014
tempo de escola, de São Bernardo do Campo.
DOC. 4 Dissertação Educação integral: texto e contexto na rede UNINOVE 2012
pública de ensino do estado de São Paulo.
DOC. 5 Dissertação O programa de educação em tempo integral UFES 2013
da prefeitura municipal de Vitória:
contribuições para a avaliação de suas
implicações na gestão escolar.
DOC. 6 Dissertação Educação integral e(m) tempo integral: UNIRIO 2011
espaços no programa Bairro-Escola, Novos
Iguaçu – RJ.
Fonte: pesquisa documental realizada pela primeira autora.
Sendo assim, com base no aprofundamento teórico realizado, pode-se intuir que, é
necessária uma série de adequações para que esta escola em específico adquira um perfil de
escola transdisciplinar. No Projeto Político Pedagógico (PPP) desta primeira instituição de
tempo integral analisada, muitos elementos convergem com o pensamento de uma educação
que transcenda o ensino disciplinar e fragmentado, do paradigma dominante, que vai de
encontro com o modelo de uma educação transdisciplinar, como por exemplo, a busca por
uma “formação humana integral, com centralidade no sujeito, valorizando a cultura e a
produção coletiva, ampliando assim as dimensões de formação”. Entretanto, ao longo do
DOC. 1 é destacado que, muitos destes aspectos presentes no PPP não são observados na
prática.
Este é um ponto crítico e que deve nos levar a refletir sobre as medidas necessárias a
serem tomadas para que se haja a efetivação do que se é proposto nos documentos. Santos
(2008) ressalta que, na medida em que são realizadas mudanças conceituais em relação a
determinados aspectos educacionais é necessário também a mudança de posturas. Se a atitude
não acompanha as mudanças conceituais, certamente o resultado almejado não será atingido.
Dessa forma, essa mudança atitudinal está ligada a uma mudança epistemológica.
Ademais, a partir da leitura do DOC. 1 observa-se que há pouca articulação entre o
turno regular e as atividades organizadas em forma de oficinas no contraturno. As oficinas e
cursos oferecidos acontecem em espaços próximos à escola e são desenvolvidos por “agentes
culturais”, que são alunos de graduação, de pós-graduação, coordenadores da secretaria da
educação, dentre outros.
Há uma variedade de atividades, como: capoeira, artes plásticas, atividades físico-
desportivas, literatura, informática, língua inglesa, meio ambiente, cidadania, prevenção e
promoção da saúde. No que se refere aos momentos de relaxamento, é descrito que, devido à
falta de estrutura física os alunos devem ficar debruçados sobre as mesinhas e não podem
interagir com seus pares. O rígido controle da rotina pouco reconhece as crianças suas vozes e
desejos.
O momento em que é relatado, como tendo uma maior escuta das crianças é entre uma
atividade e outra, visto que elas ocorrem em lugares diferentes. São nestes momentos também
que o professor conversa com os alunos sobre questões de higiene, como o mau cheiro dos
pés, fala sobre comportamentos conversam sobre as histórias e experiências de cada um.
Estas informações vão de encontro com os apontamentos de Neves (2013) que ressalta
que ao realizar atividades em espaços que vão além do ambiente escolar estará se valorizando
as culturas e conhecimentos locais, e ademais, estarão reconhecendo suas dimensões
territoriais, os problemas e desafios de onde vivem o que poderá refletir positivamente em
suas atitudes e aprendizagem.
Na busca pelo diálogo com a identidade cultural das crianças e adolescentes é que são
propostas as oficinas de fotografia e arte. Nelas são realizadas atividades de intervenção
artística, em que, os alunos realizam criações representando o seu dia a dia, nos muros e nas
calçadas por onde eles realizam seus percursos, promovendo assim o desenvolvimento da sua
criatividade, da sua capacidade de criação e intervenção estética.
Algumas oficinas são realizadas por jovens moradores da comunidade, e isso propicia
maior aproximação com os alunos, maior transmissão cultural e de sociabilidade e também
maior envolvimento desses jovens em grupos, associações e movimentos sociais. O
pesquisador destaca como sendo um dos desafios neste contexto, uma educação sensível às
crianças, capaz de apostar no protagonismo, assumindo a legitimidade dos saberes culturais.
Dando continuidade as análises, o Quadro 3 apresenta os indicadores de
presença/frequência de aspectos transdisciplinares destacados a partir da leitura do DOC. 2,
Como exposto na dissertação, a escola valoriza a aprendizagem que ocorre fora dos
muros da escola, considerando o contexto social dos envolvidos. Este programa considera as
diversas dimensões do ser humano no processo educativo: afetiva, cultural, física, ética,
intelectual e lúdica. O que reforça o pensamento de Melo e Abranches (2015), de que não é
possível separar nossas emoções e subjetividades no momento da aprendizagem.
Este programa já foi implantado em 37 escolas, até o ano de 2011 e realiza parcerias
com empresas privadas, com a Secretaria de esporte, lazer, cultura e saúde, bem como com
algumas ONGs. Dessa forma, a partir destas parcerias expande-se o reconhecimento das
territorialidades, para além da sala de aula e, mais ainda, para além dos muros da escola,
possibilitando que se construam pontes com outros setores da sociedade (MELO;
ABRANCHES, 2015). Assim, a escola acaba superando também outro ponto crítico
levantado por muitas escolas de tempo integral, que se refere à estrutura para realizar
atividades diferenciadas.
Para tanto, é destacado na pesquisa que, os profissionais envolvidos passaram por um
processo de formação inicial, buscando qualificá-los e ter consciência das responsabilidades e
competências de cada ator. Posteriormente foi sendo realizada uma formação continuada com
os mesmos. Acredito que este seja um ponto de destaque para este programa, isso porque,
como já exposto, para que se tenha êxito nas atividades realizadas é imprescindível que os
profissionais envolvidos tenham consciência da importância da prática educativa que esta
sendo realizada, bem como se torna possível uma maior articulação entre o trabalho realizado
por eles.
Neste programa as atividades são realizadas com alunos de diferentes idades e busca-
se o vínculo com a família e a comunidade escolar, com o intuito de incluir os saberes
cotidianos e da comunidade nas aprendizagens. Assim podemos colocar alguns pontos
abordados por Melo e Abranches (2015), no que diz respeito a uma educação integral
transdisciplinar, como por exemplo, a sua preocupação em proporcionar espaços de
reconhecimento identitário, de afeto e de autonomia e que visem não só a formação de um
sujeito para o futuro (ou para o mercado de trabalho), mas sim na formação dos sujeitos para
o presente.
As práticas educativas preconizam, portanto, o ensino de valores e atitudes de
solidariedade, cooperação e respeito à diversidade. As oficinas e propostas pedagógicas são
organizadas a partir dos temas 1. Corpo e movimento, 2. Arte, cultura e ludicidade e 3.
Ecocomunicação.
Como referido no DOC. 3, o planejamento das oficinas ocorre no período regular entre
as coordenadoras, buscando a articulação dos conteúdos trabalhados nas oficinas e no período
regular. Foi destacado que, a falta de espaço é um dos fatores limitantes para o planejamento
coletivo.
Contudo, mesmo em meio a esta dificuldade de planejamento coletivo, foi abordado
que, “se você for a uma sala de aula regular e em uma aula de dança, grafite, balé, judô e
capoeira todas estão falando sobre um assunto em comum, que pode ser descobrimento do
Brasil, independência, Vinícius de Moraes, mas com abordagens diferentes”. São
considerados também o conhecimento prévio dos alunos sobre os temas e almeja-se sempre a
inovação, sempre fazer o melhor.
Ao realizar a leitura do DOC. 4, é possível observar a partir da escrita da autora que as
escolas de tempo integral de São Paulo, estudadas por ela não apresentam estrutura nem
características de uma escola de tempo integral e a partir de nossa análise, observa-se menos
ainda aspectos que a indicam como uma escola transdisciplinar, (Quadro 5).
A partir das informações expressas pela autora deste trabalho (DOC. 5), destaca-se que
os profissionais que atuam neste programa (no contraturno), possuem nível médio, ou são
estudantes de licenciatura, isso porque, almeja-se a diminuição de gastos. Fato este que é
revoltante, pois evidencia que os governantes não estão preocupados com a qualidade das
atividades oferecidas, mas sim com a quantidade de pessoas atendidas com este programa,
visando conquistas políticas.
Foi abordado que, é disponibilizado transporte para que os estudantes possam ir às
visitas nas instituições que estabelecem parceria. As atividades realizadas nestes locais estão
ligadas a esporte, cultura, ginástica, a conhecimentos científicos, direitos humanos, estudo
sobre gêneros, violência contra mulher, noções de primeiros socorros, dentre outras.
Os pontos positivos abordados sobre a implantação deste projeto, diz respeito à
melhoria no processo de ensino e aprendizagem, maior valorização da escola, alunos passam a
se relacionar e a conviver melhor, além de promover um conhecimento maior sobre a cidade e
diversos ambientes como teatro, cinema, museus e parques.
Dentre os desafios citados, encontram-se a falta de estrutura/espaço; uma participação
mais efetiva dos pais e maior número de profissionais qualificados. Não foi abordado aspectos
no que se refere a formação humana, afetiva e sensível dos envolvidos.
O DOC. 6, apresenta as características de uma escola de tempo integral que busca o
diálogo entre Escola e Bairro, incentivando a mobilização de espaços para um processo de
educação e construção da cidadania. Neste trabalho é proposta uma ressignificação do
currículo e espaços, a partir da articulação entre diferentes instituições para realizar atividades
diversificadas no contraturno escolar. Contudo é certo é necessário mais uma série de
indicadores para que haja uma mudança paradigmática da concepção escolar e para que se
atinjam mais indicadores de uma escola transdisciplinar (Quadro 7).
Considerações Finais
No que se refere à questão problematizadora deste estudo “o que se tem produzido em
teses e dissertações que aproxima a perspectiva da transdisciplinaridade à escola de tempo
integral”? Após o estudo realizado essa questão pode ser respondida da seguinte forma, há
alguns traços discretos no que se refere aos aspectos transdisciplinares nas instituições
analisadas a partir das teses e dissertações no período entre 2010 e 2016. Podem-se destacar
alguns indicadores compartilhados com maior frequência nos documentos estudados como:
desenvolvimento das múltiplas inteligências (verbal, musical, social, numérica), educação
para saúde e prevenção, atividades culturais (musicais, teatro, cinema, capoeira) e esportivas
(futebol, vôlei, basquete, jogos cooperativos e recreativos) e educação para cidadania.
É certo que, a partir destes resultados ainda há muito que se fazer para alcançar uma
verdadeira reestruturação do modelo educacional presente e observar com maior incidência
aspectos transdisciplinares nas escolas de tempo expandido. O caminho é longo, e exige não
só maior integração entre esses aspectos citados nos quadros do anexo um, mas também
outros indicadores levantados por Batalloso e Moraes (2015), relacionados à dimensão do
ambiente, os recursos materiais, à dimensão organizacional e estrutural, o professorado, ao
currículo e às formas de avaliação.
Referências
BATALLOSO, J. M.; MORAES, M. C. Por uma escola transdisciplinar: em busca de
indicadores. In: MORAES, M. C.; BATALLOSO, J. M. Transdisciplinaridade, criatividade
e educação: fundamentos ontológicos e epistemológicos. Campinas, SP: Papirus, 2015.
Sala 4
Resumo: O objetivo central foi inventariar e descrever as pesquisas científicas em nível stricto sensu sobre a
problemática envolvendo Educação e Saúde na infância de escolares e, a partir deste, identificar alguns aspectos
relevantes ou lacunas na produção no período compreendido entre 2006 a 2015 no país. A análise qualitativa
preliminar foi baseada na leitura dos resumos para identificação dos objetivos, quadro teórico de referência,
metodologia e principais resultados dos trabalhos; e, posteriormente, procedeu-se a leitura e o mapeamento na
íntegra das pesquisas contempladas no estudo. Utilizou-se como fonte de consulta a base de dados disponível na
internet, por meio da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) com as seguintes palavras-
chaves: ―saúde escolar‖, ―educação e saúde na escola‖ e ―educação infantil‖. Foram identificadas no catálogo 15
teses e 72 dissertações, totalizando 87 pesquisas que abordavam pelo menos um dos descritores utilizados, sendo
que, após aplicar os critérios de inclusão/exclusão, selecionamos 77 pesquisas. As análises apontaram que a
maioria das pesquisas apresentavam pouca relação com a educação e a presença de uma abordagem
assistencialista, a qual contempla nos seus objetivos compensar diferentes carências de saúde nas instituições
infantis e escolares. Os recursos de intervenção das pesquisas acabam por ser canalizados numa estrutura
temporal de modo a alcançar objetivos pontuais ou sem relação direta com o contexto educacional.
Introdução
Para iniciar os estudos acerca da pesquisa em saúde na educação consideramos
importante refletir sobre as concepções de educação e de saúde. Sabemos que existem
diferentes concepções, no entanto, neste trabalho, abordamos o conceito de educação segundo
Saviani (2008) como um instrumento de transformação da sociedade, por meio da
especificidade de práticas pedagógicas concretas e viáveis, evidenciando a determinação
recíproca entre a prática social e a prática educativa. E o conceito de saúde a partir dos
princípios e diretrizes da universalidade, integralidade, equidade, descentralização,
regionalização e participação social, postulados incorporados na Constituição Federal
(BRASIL, 1988) e que resgatam a importância dos aspectos econômicos, políticos e sociais
que interferem no processo saúde-doença.
Esta análise busca identificar a relevância de cada uma dessas dimensões da saúde,
presentes nas pesquisas acadêmicas, e suas contribuições à saúde na escola. Isso nos levou a
1
Mestrando em Educação (PPGE/UFT). Graduado em Pedagogia (UFT). E-mail: [email protected].
2
Doutor em Educação em Ciências e Matemática (UFMT/REAMEC), Mestre em Ciências do Ambiente (UFT),
Graduado em Ciências Biológicas (CEULP/ULBRA). Professor Adjunto do Curso de Pedagogia e do Programa
de Pós-Graduação Profissional em Educação (UFT). E-mail: [email protected].
discutir a relação entre os estudos acadêmicos e suas relações com os avanços na qualidade da
educação. Portanto, buscamos analisar um conjunto de procedimentos que não se resume à
utilização das técnicas e instrumentos de pesquisa, mas que as inclui, porque as reflexões
teóricas têm importância fundamental neste estudo.
Quando abordamos o conceito de qualidade, logo nos remete a algo multidimensional,
o que torna complexo definir seu significado. Sua compreensão incorpora uma dimensão ética
e estética e, principalmente, axiológica. Entretanto, não há dúvida de que o conceito de
qualidade sofre o impacto da regulação decorrente das políticas educacionais e da
representação da sociedade. Por isso, para que possamos definir qualidade, vamos explicitar o
sentido da ação e a dimensão sobre a qual estabelecemos nossa intencionalidade considerando
os parâmetros que vêm sendo referenciados no campo da pesquisa em educação conforme
Gatti (2001b, 2002 e 2004), André (2006) e Saviani (2008, 2011 e 2013).
A qualidade do processo de ensino-aprendizagem na escola depende das condições
favoráveis ao desenvolvimento da saúde. Portanto, apostar no mérito de intervenção por meio
de pesquisas, até mesmo multidisciplinares e multissetoriais, permite contemplar a ciência
acadêmica as características dos diversos contextos escolares e suas demandas de saúde. Além
disso, podemos considerar que as universidades promovem espaços de intervenção nas
escolas por meio de pesquisas que contemplam diversos atores e procuram promover avanços
na educação.
A educação como instrumento de transformação da sociedade refere-se à educação
crítica, àquela que tem como finalidade principal a instrumentalização sistematizada dos
sujeitos para que esses tenham uma prática social crítica e transformadora. A educação em
saúde na escola constitui-se em um processo de colaboração na formação de uma consciência
crítica no escolar, que resulte na aquisição de práticas visando a promoção, manutenção e
recuperação da própria saúde e da comunidade da qual faz parte.
A escola, instituição que dispõe de grande número de crianças, permite uma ação
programada e abrangente, no que se refere à promoção da saúde ou diagnóstico precoce,
constituindo um ambiente ideal para desenvolver noções de hábitos saudáveis. Para Cunha
Filho (2008, apud WILKISON, 1988) os resultados de numerosas investigações mostram
claramente que as raízes do nosso comportamento no plano da saúde situam-se na infância e
na adolescência.
Para Conceição (1994) a ―saúde do escolar‖ constitui-se como um conjunto de
diversas ações que devem envolver tanto os profissionais da área da saúde como os da
educação, com o objetivo de promover, proteger e recuperar a saúde das coletividades
integrantes do sistema educacional.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 1996), a promoção da
saúde no âmbito escolar parte de uma visão integral e multidisciplinar do ser humano, que
considera as pessoas em seu contexto familiar, comunitário, social e ambiental. Procura
desenvolver conhecimentos, habilidades e destrezas para o cuidado da saúde e a prevenção
das condutas de risco em todas as oportunidades educativas.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) respalda essas
ações e caracteriza a Educação Infantil como uma importante modalidade da educação na
formação e desenvolvimento integral da criança até cinco anos de idade, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
O tema saúde nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) recebe o
tratamento de tema transversal, ou seja, aquele que permeia todas as áreas que compõem o
currículo escolar e fundamenta-se em três eixos básicas: a educação em saúde, o
desenvolvimento e aprendizagem e a participação popular.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2002), por meio das Diretrizes Básicas em
Saúde Escolar, afirma que o desenvolvimento de ações nesta área deve ser guiado pelos
seguintes preceitos: a saúde escolar deve ser desenvolvida de forma integrada entre os setores
da educação e da saúde; é atividade que deve ser trabalhada de maneira multidisciplinar e
interdisciplinar, envolvendo o pessoal da saúde e da educação.
O Programa Saúde na Escola (PSE), resultado de uma parceria entre os Ministérios da
Saúde e da Educação, busca contribuir para a formação integral dos alunos das escolas da
rede pública de educação básica, por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à
saúde. Este programa busca estabelecer estratégias para promover a integração e articulação
permanente entre as políticas e ações de educação e saúde, e inclui a participação da
comunidade escolar, das equipes da saúde da família e a educação básica (BRASIL, 2007).
O Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2014-2024 (Lei no 13.005 de 25
de junho de 2014) possui 20 planos metas e 254 estratégias com o objetivo de cumprir o
disposto no art. 214 da Constituição Federal. O atual PNE (BRASIL, 2014) faz referência ao
termo ―saúde‖ nas metas 2, 3, 7, 8 e 9, as quais propõem articular, universalizar e estabelecer,
mediante os órgãos responsáveis, ações efetivas para prevenção, promoção e atenção à saúde,
contemplando o apoio integral às famílias, a busca ativa de crianças fora da escola e a
execução do programa nacional de atendimento oftalmológico, tudo de modo a garantir a
melhoria da qualidade do ensino.
A partir deste cenário, nos aproximamos das discussões da comunidade científica
inseridas em diversos contextos da educação e da saúde, como os objetivos inventariar e
descrever as pesquisas acadêmicas em nível de mestrado e doutorado que que tenham como
objeto de estudo a Educação em Saúde na Educação Infantil.
Procedimentos Metodológicos
Este trabalho trata-se de uma pesquisa do tipo estado da arte. O estudo teve como
objetivo inventariar as pesquisas científicas em nível stricto sensu. Para Ferreira (2002, p.
128):
Para isso, foi realizada uma revisão sistemática do tema – saúde na escola – utilizando
como referência a identificação de dissertações de mestrado e teses de doutorado no período
de dez anos (2006 a 2015). Utilizou-se como fonte de consulta a base de dados disponível na
internet, por meio da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
(http://bdtd.ibict.br/vufind/), com as seguintes palavras-chaves: ―saúde escolar‖, ―educação e
saúde na escola‖ e ―educação infantil‖. O acesso virtual para a coleta das pesquisas ocorreu
em junho de 2016.
Os critérios de inclusão foram: pesquisas de caráter teórico ou de intervenção sobre
projetos relacionados com a promoção da saúde na escola voltados para Educação Infantil e
anos iniciais Ensino Fundamental (0 a 12 anos). Os critérios de exclusão foram: pesquisas
sem referência à faixa etária da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental;
pesquisas que não contemplaram a temática deste estudo; e, pesquisas repetidas ou sem o
documento digital no banco de dados da biblioteca.
No primeiro momento, foi realizada a leitura dos resumos procurando incluir ou
excluir as pesquisas com o objetivo de revisão. Posteriormente, procedeu-se uma tabulação,
compreendendo ano, autores (as), título, nível, universidade e área de conhecimento,
obedecendo critérios de produção e relação com a temática e, das pesquisas selecionadas,
realizou-se a leitura na íntegra.
A extração dos dados nas pesquisas selecionadas seguiu quatro critérios de
classificação: 1) Área de conhecimento; 2) Tema; 3) Metodologia; 3.1) Abordagem; 3.2)
Método; 3.3) Lócus; 3.4) Instrumentos de coleta de dados; 3.5) Variabilidade da amostra; 3.6)
Referências teóricas; 4) Contexto de produção; 4.1) Instituição de origem da pesquisa; 4.2)
Local da pesquisa; 4.3) Modalidade de abrangência; 4.4) Distribuição regional; 4.5) Gênero
de produção.
Os critérios de classificação das pesquisas buscam descrever com objetividade e
clareza os fenômenos/fatos sobre os quais ocorrem a produção do conhecimento em saúde
para/na educação. E, para isso, foi preciso observá-los sistemática e criteriosamente. No
entanto, não é nossa intenção avaliar a qualidade das pesquisas, mas focalizar nos dados
extraídos dos estudos mais recentes que permitam interpretar de maneira crítica suas
contribuições para a educação.
As análises foram realizadas a partir das categorias mencionadas acima refletindo
sobre a problemática relação sujeito-objeto – central em todas as ciências – que pode ser
compreendida a partir de diferentes abordagens, segundo as concepções de mundo, de ciência
e de produção de conhecimentos do pesquisador.
Resultados e discussão
Foram identificadas no catálogo 15 teses e 72 dissertações, totalizando 87 pesquisas
que abordavam pelo menos um dos descritores utilizados, sendo que, após aplicar os critérios
de inclusão/exclusão, selecionamos 77 pesquisas. O campo de aplicação foi a Educação
Infantil e os anos iniciais Ensino Fundamental, no entanto, algumas dissertações, apesar de
atenderem estas duas etapas, também contemplaram os anos finais do Ensino Fundamental.
Contudo, a população-alvo desta pesquisa não era especificamente a criança; mas focalizou na
atuação e no interesse dos pesquisadores e seus estudos na temática da saúde enquanto saúde
na escola, os seus resultados e suas contribuições para o avanço da qualidade da educação.
Ao iniciar a discussão proposta no método, tornou-se objeto de atenção o fato de
existirem apenas quatro áreas de conhecimento localizadas nas pesquisas: ciências da saúde,
ciências humanas, ciências sociais aplicadas e ciências biológicas. A área de conhecimento
―ciências da saúde‖ foi predominante concentrando [46] pesquisas; logo em seguida, a área de
conhecimento ―ciências humanas‖ com [28] pesquisas. A área de conhecimento ―ciências
biológicas‖ apresentou [2] pesquisas e a área de conhecimento ―ciências sociais aplicadas‖
contemplou apenas [1] pesquisa.
No período de 2006 a 2010, foram encontradas 26 pesquisas sendo: [15] de ciências da
saúde; [9] de ciências humanas; [1] de ciências sociais aplicadas; e [1] de ciências biológicas.
Já no período de 2011 a 2015 ocorreu um aumento significado em duas áreas em relação ao
primeiro quinquênio de modo que foram encontradas 52 pesquisas: [31] de ciências da saúde;
[19] de ciências humanas; e [1] de ciências biológicas.
As pesquisas relacionadas as ciências da saúde apresentaram uma prevalência de [20]
produções com predominante preocupação empírica nos temas relacionados a nutrição,
obesidade e adiposidade em escolares. As demais pesquisas na área de ciências da saúde
encontradas foram: [6] relacionadas com trabalho, saúde e atividade física; [5] sobre educação
em saúde; [3] de odontologia; [2] de fonoaudiologia; e [2] de educação especial. Ao final [8]
pesquisas de ciências da saúde não concentraram mais de uma pesquisa por tema.
Os temas centrais das pesquisas relacionados a ciências humanas apresentaram a
prevalência de [7] pesquisas nas temáticas relacionadas a educação especial e inclusão e [7]
nas temáticas relacionadas a violência, comportamento antissocial ou saudável e bullying. As
demais pesquisas na área de ciências humanas encontradas foram: [3] de história da educação
brasileira com referência à saúde; [3] de pedagogia hospitalar; [2] de políticas públicas em
educação. Ao final [6] pesquisas de ciências humanas não concentraram mais de uma
pesquisa por tema.
Os temas das pesquisas relacionados a ciências biológicas foram: [1] de sobrepeso e
obesidade; [1] de prevenção parasitológica. O tema da pesquisa em ciências sociais aplicadas
foi a violência na escola. Algumas temáticas referenciadas nos PCNs (2007) não foram
identificadas nas pesquisas tais como: drogas, orientação sexual, puberdade e adolescência,
educação ambiental, cuidado e higiene corporal.
De acordo com a abordagem metodológica encontrada nos estudos foi possível
realizar a classificação que evidenciasse a preferência dos autores. Assim optamos por focar
nas produções que versem sobre o processo investigativo (relatos das pesquisas) procurando
compreender os caminhos metodológicos trilhados e os diálogos estabelecidos com o
referencial teórico escolhido e sua relação com a saúde e a educação.
A pesquisa acadêmica é baseada em paradigmas estabelecidos pela própria academia,
entre eles o método, sem o qual não há reconhecimento. Para Gatti (2002), o método não
sendo ―roteiro fixo, é uma referência‖, que se pode ser construído na prática. Portanto, um
processo em construção, dependente de um conhecimento sólido e de experiência por parte do
pesquisador.
Assim, conforme a abordagem metodológica, as pesquisas apresentaram as seguintes
prevalências: [36] apontaram abordagem qualitativa; [26] indicaram abordagem quantitativa;
e [15] apontaram abordagem quali-quanti (mista). A abordagem qualitativa mostrou-se
diversificada nos métodos contemplando [8] tipos de pesquisas. Na abordagem quantitativa
identificamos somente [2] tipos de pesquisas e na abordagem mista encontramos [4] tipos de
pesquisa.
Ao analisar quais foram os tipos de pesquisas, considerando as três abordagens acima,
identificamos que dois métodos concentraram mais da metade das pesquisas. A utilização da
pesquisa tipo ―Probabilidade e Estatística‖ concentrou um total de [26] pesquisas e a do tipo
―Multimetodológica‖ apresentou [16] pesquisas. Logo em seguida, as pesquisas do tipo
―Pesquisa-ação‖ com [14] trabalhos e as do tipo ―Bibliográfica e Documental‖ com [11]
pesquisas. Identificamos [5] pesquisas do tipo ―Etnográfica‖, [3] pesquisas do tipo
―Materialista histórico cultural‖, e, por fim, [2] pesquisas contemplaram cada uma os métodos
―Clínico-qualitativa‖ e ―Cartografia‖.
As pesquisas do tipo Probabilidade e Estatística apresentaram os estudos na área de
saúde numa perspectiva diagnóstica e preventiva, na qual interpretam a escola como um
espaço clínico. Para Gatti (2004), o uso de dados quantitativos na pesquisa educacional no
Brasil nunca teve uma tradição sólida, ou uma utilização mais ampla. Isso remete que os
estudos quantitativos, especialmente com técnicas de análise mais sofisticadas, não são
realizados por educadores, mas por pesquisadores de outras áreas que se debruçam sobre o
objeto educação (medicina, enfermagem, nutrição, psicologia, etc.).
Já nas pesquisas do tipo Pesquisa-ação, ocorreu uma perspectiva colaborativa cujo
pesquisar cientificiza um processo de transformação da prática educativa. Segundo Franco
(2005), a pesquisa-ação, estruturada dentro de seus princípios geradores, é uma pesquisa
eminentemente pedagógica, dentro da perspectiva de ser o exercício pedagógico,
contemplando de princípios éticos que visualizam a contínua formação e emancipação de
todos os sujeitos da prática.
Se na área da saúde, investiga-se a saúde escolar a partir de efeitos clínicos humanos e
rigidamente controlados, com interpretações e teorizações que nem sempre incorporam as
discussões em pauta no campo das reflexões sobre a educação. Por outro, na área de
educação, o pesquisador procura anular a possibilidade de uma postura de neutralidade e
controle pleno das circunstâncias da pesquisa.
Conforme André (2006, p. 16) ―constata-se que para compreender e interpretar grande
parte das questões e problemas da área de educação é preciso recorrer a enfoques
multi/inter/transdisciplinares e a tratamentos multidimensionais‖. Para Antoun Netto (2012,
apud WASZAK e SINES, 2003) esse esforço multimetodológico já pode ser considerado
essencial em certos programas típicos da área de educação e saúde.
A existência de variadas interfaces disciplinares na pesquisa em educação,
caracterizada pelo fato de que muitas ciências humanas e sociais, e, recentemente da saúde,
subsidiárias das ciências da educação, acabam por dificultar sua compreensão como uma
ciência que tem um campo próprio, o conhecimento pedagógico. Para Saviani (2013, p. 109)
―no campo das ciências sociais, se há um setor que não dispõe de paradigmas (no sentido
empregado por Kuhn), este é, sem dúvida, o da educação‖. O resultado destas interfaces
dificulta os consensos teórico-metodológicos nessa área de pesquisa tão complexa e dinâmica.
A pesquisa em educação a partir dos interesses de outras ciências aumenta as chances
de desconsiderar a prática educacional como ponto de partida e chegada. Segundo Saviani
(2013, p. 110) ―um curso de pós-graduação em psicologia educacional, por exemplo,
envolverá certamente pesquisa. Já não é tão certo, porém, que envolverá pesquisa
educacional. É bem provável, como ocorre mais frequentemente, que se trate aí de pesquisa
psicológica‖. Neste sentido, a pesquisa na área da educação, tornar-se-ia apenas um espaço
de testes das hipóteses que, uma vez verificados, contribuirão no acervo teórico da outra
ciência.
No que se refere as técnicas de recolhimento de dados empregados pelos estudos, a
maioria utilizou ao menos dois instrumentos, existindo maior incidência o uso de [37]
entrevistas e [29] aplicação de questionários. Além destes, identificamos a presença
significativa de outros recursos, tais como: [18] avaliação antropométrica, [16] análise
documental e fontes históricas, [12] diário de campo, [11] recursos audiovisuais e [7]
instrumentos psicométricos.
Observamos que nas ciências da saúde as pesquisas no espaço escolar referenciam
como instrumentos de coleta de dados os seguintes recursos: avaliações nutricionais,
odontológicas, biomecânicas, antropométricas, exames de aptidão física, parasitológica e
psicométricos. A utilização destes instrumentos não caracteriza nenhuma novidade na
produção de dados nas pesquisas. No entanto, algumas pesquisas apresentaram novos
caminhos referentes as técnicas para interpretar a realidade: o jogo eletrônico, os relatos e a
oralidade, o desenho, as oficinas lúdicas e as bibliotecas digitais de pesquisa.
Ao analisar os enfoques de intervenção das pesquisas, identificamos que o interesse
dos pesquisadores contemplou de modo predominante os escolares, os docentes que atuam
nas escolas, as concepções e práticas educacionais das instituições de ensino, inclusive,
abrangendo os pais e responsáveis pelos escolares. No entanto, podemos perceber que os
pesquisadores da área de saúde submetem os sujeitos da escola aos paradigmas específicos de
suas ciências e desconsideram o espaço educativo como um ambiente de prática social em
constante transformação.
Ainda assim consta pouca diversidade de enfoque nos trabalhos de pesquisa, os quais
se distribuíram em oito temas: [37] escolares; [24] docentes; [15] concepções e práticas
educacionais ou ensino; [12] família ou responsáveis de escolares; [6] profissionais de apoio
escolar; [1] profissionais da saúde; [1] alunos de graduação; [1] município. Também
constatamos que [3] pesquisas contemplaram três enfoques diferentes no mesmo trabalho, e
que [6] contemplaram dois enfoques diferentes no mesmo trabalho.
Quanto às variabilidades das amostras e populações, identificamos significativas
proporcionalidades nas pesquisas, partindo do grupo população-amostra (1-10) encontramos
pesquisas que analisaram [4] professoras, [6] profissionais da saúde ou [5] escolares-
pacientes. No grupo população-amostra (51-100) contou com [77] alunos de graduação, [95]
escolares dos anos iniciais do Ensino Fundamental e [55] mães de crianças e adolescentes. O
grupo de população-amostra (101-500) apresentou [321] responsáveis por crianças de uma
rede municipal de ensino; [204] merendeiras e [400] escolares da educação infantil. No grupo
população-amostra (+500) houve casos de [3.301] responsáveis por pré-escolares, e chegando
até o quantitativo de [7.580] pré-escolares, ambas abrangendo redes municipais de ensino.
No mapeamento dos referenciais teóricos das pesquisas, constatamos que [44, 8%] não
fazem citação que referencie autores renomados da educação, mesmo tratando-se de estudos
educacionais. Este dado indica que possivelmente a direção teórica das pesquisas não busca
conciliar suas contribuições de modo interdisciplinar entre saúde e educação. Os autores
estrangeiros mais citados foram: Vygotsky [15], Foucault [11], Perrenoud [9], Ariès [9],
Lefevre [6], Gardner [6], Wallon [6], Nóvoa [4], Bourdieu [4] e Larrosa [4]. Dos autores
brasileiros, os mais citados foram: Freire [15], Saviani [9], Gil [9], Libâneo [5], Gadotti [6],
André [5], Chauí [4], Candau [4] e Gatti [3].
Ao analisar as regiões que foram realizadas ou produzidas as pesquisas, optamos por
considerar a localidade onde foi desenvolvido o estudo. Com base nestes dados
sistematizados, a região Sudeste concentra a maioria [42,8%] das pesquisas, seguida da
[20,8%] região Centro-Oeste, [16,9%] da região Sul, [16,9%] da região Nordeste e somente
[2,6%] da região Norte.
A maioria das pesquisas estava vinculada ao [84,4%] Ensino Superior público, o que
mostra que a produção de conhecimento científico na área de educação e saúde continuam
concentradas nestas instituições. Os locais predominantes escolhidos como ambiente de
pesquisa foram com [84,4%] escola pública (municipal, estadual ou federal), [16,6%] escola
pública e privada, [9%] universidade e [3,9%] escola privada. Além disso, podemos
identificar o investimento para outros contextos específicos como [3,9%] escola do campo e
[2,6%] hospital.
Quanto a modalidade de abrangência dos estudos, a maioria dos trabalhos se voltam
para a [64,9%] educação infantil e [35,1%] ensino fundamental (anos iniciais e finais). As
pesquisas que contemplaram os estudos em ambas as etapas representaram [16,9%] do total.
Outra característica, ainda prevalente nas pesquisas em educação, refere-se ao gênero de
produção no qual [80,5%] foram realizadas por pesquisadoras.
Considerações finais
A pesquisa em educação necessita investigar os fenômenos educativos com rigor
científico e compromisso social com o processo educativo. Estes trabalhos científicos
levantados na base de dados eletrônica e relacionados à saúde escolar, na grande maioria das
pesquisas, apresentaram limitações metodológicas na relação Saúde/Educação/Escola, ao
considerarem a escola o lócus de coleta de dados.
Os estudos no ambiente escolar também mostram a presença de um caráter
assistencialista nas pesquisas, o qual contempla nos seus objetivos compensar diferentes
carências de saúde na escola. Estas pesquisas, no aspecto político, acabam ocultando os
deveres do Estado frente aos problemas na educação que não são especificamente
educacionais, eliminando esforços e recursos com resultados praticamente nulos; no caráter
acadêmico, presumem que a realidade social pode ser separada do processo de conhecer e de
resinificar.
Os projetos de intervenção desenvolvidos pelas pesquisas em saúde no ambiente
escolar caracterizaram-se por estudos com uma duração limitada ao tempo estimado para
conclusão do programa de pós-graduação de forma a criar uma intervenção singular, ou seja,
sem uma proposta de continuidade. Os recursos de intervenção acabam por ser canalizados
numa estrutura temporária de modo a alcançar objetivos pontuais ou sem relação direta com o
contexto escolar.
A neutralidade científica que demanda a separação sujeito-objeto na epistemologia das
ciências humanas, ocasiona o silenciamento do indivíduo pesquisado e limita as
possibilidades de dialogar e de construir conhecimento. Por isso, não há como dissociar a
reflexão epistemológica do projeto político de cada ciência, neste caso a educação.
Os PCNs-Saúde (2007) preconizam que a realização de exercícios de diagnóstico de
saúde da população termina por ser, conforme muitas pesquisas aqui descritas, um
instrumento para o exercício da reflexão crítica sobre a concepção de saúde e doença com a
qual se interpretam os fenômenos humanos. No entanto, somente isto não basta. A educação
em saúde, no ambiente escolar, deve também alcançar as perspectivas capacitação e reflexão
permanentes, temáticas como a qualidade de vida, os problemas de saúdes e suas possíveis
soluções, as normas e leis para proteção da saúde e sobre as medidas de prevenção de
doenças.
Consideramos relevante a necessidade de formação em educação em saúde dos
docentes e demais profissionais escolares, tanto na formação inicial quanto na continuada.
Esta formação deve ser fomentada pelas instituições governamentais e demais instituições de
ensino superior especializadas, de modo a oportunizar a melhor eficácia das ações, sejam as
pesquisas, os projetos e/ou os programas de intervenção em saúde escolar.
Por fim, a educação para saúde cumpri seu papel quando instrumentaliza para a
intervenção individual e coletiva do processo saúde/doença. Neste cenário, verificamos que a
metodologia da pesquisa-ação além de produzir conhecimentos sobre a realidade a ser
estudada, ao mesmo tempo, realizou um processo educativo para o enfrentamento deste
mesmo contexto. Estas pesquisas implementaram estratégias integradas com o sistema
educacional, considerando suas implicações e necessidades em consonância com o
pedagógico e com propósitos de continuidade, destacando mudanças eficientes e necessárias
no ambiente escolar.
Referências
ANDRÉ, M. A jovem pesquisa educacional brasileira. Diálogo Educ., Curitiba, v. 6, n.19,
p.11-24, set/dez. 2006.
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo apresentar o estudo dos modelos atômicos, através de
maquetes, confeccionadas pelos alunos dos primeiros anos do ensino médio, na unidade Centro de Ensino Médio
Cabo Aparício Araújo Paz, localizado na cidade de Ananás-TO. A importância da atividade consiste em mostrar
que o uso desses materiais nas aulas de Química, contribui para uma aprendizagem significativa, sendo
apresentado alguns relatos de alunos (a) destacando a relevância da atividade, apontando resultados positivos no
processo ensino-aprendizagem. A disciplina de Química exige que o professor busque alternativas de ensino que
tornem suas aulas mais atrativas, proporcionando de maneira significativa o processo ensino – aprendizagem ao
alunado. Diante dessa situação ao trabalhar o conteúdo que faz parte da grade curricular de Química da primeira
série do Ensino Médio, intitulado como “Modelos Atômicos”, surgiu a ideia de confeccionar maquetes que
fazem referência aos modelos dos átomos. Todavia observando que ao trabalhar esse conteúdo, nota-se uma
certa dificuldade em que os alunos encontram em assimilar os conceitos com os componentes que formam a
estrutura do átomo. Os resultados desta atividade são de relatos apresentados pelos alunos destacando a
relevância do trabalho, em que ao relacionar a teoria com a prática através da maquete, os alunos visualizaram a
representação dos átomos. A produção do trabalho aconteceu logo após a explicação teórica em sala, em que os
cientistas estudados foram, Dalton, Thomson e Rutherford.
1. INTRODUÇÃO
Dentre as várias dificuldades que precisam ser superadas no ensino de Química,
destaca-se o modelo tradicional de ensino que é bastante utilizado no meio educacional. Para
(BORDENAVE e PEREIRA, 1999 apud CUNHA, 2012, p.96).
2. ENSINO DE QUÍMICA
O ensino de Química, na maioria das vezes segue um roteiro constituído por fórmulas e
cálculos, passando para os alunos que a disciplina é simplesmente uma mera decoreba. O
processo de ensino precisa está em constante formulações.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Em todas as turmas a sala foi dividida em três (3) grupos, em que um grupo ficou
responsável pela confecção do modelo atômico de Dalton, outro grupo modelo de Thomson e
outro grupo modelo de Rutherford.
“Dalton fez uso de modelos mentais na representação física dos modelos [...]”
(FONSECA, 2013, p. 99). Observa-se que nesse modelo, o átomo não apresentava cargas. A
descoberta de cargas só foi possível algum tempo depois quando a ciência foi avançando.
Após a exposição do trabalho foi possível ver relatos do grupo, segundo um aluno do
primeiro ano A.
“Dalton teve uma contribuição muito importante para o entendimento que se tem
hoje em relação ao átomo, tendo em vista que na sua época as ferramentas de
pesquisas eram limitadas”.
Para Thomson “o átomo é uma esfera de carga elétrica positiva, não maciça,
incrustada de elétrons (negativos), de modo que sua carga elétrica total é nula [...]”
(FONSECA, 2013, p. 166).
Através deste trabalho, ressaltando os relatos dos alunos (a), fica evidente a
importância da realização dessas atividades, buscando relacionar a teoria com a prática como
via facilitadora na compreensão do conteúdo apresentado.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo apresentar o estudo de modelos atômicos, através de
materiais alternativos na construção de maquete como recurso didático no processo ensino –
aprendizagem. O professor precisa estar preparado para remodelar suas aulas, o que se
observa no ensino básico é que na maioria das vezes o educador apresenta receio em tentar
algo novo, muitas das vezes no primeiro obstáculo da elaboração da atividade o professor já
se mostra desmotivado, entretanto é preciso superar todas as adversidades e garantir a
aprendizagem do aluno.
Desta forma concluímos que, é possível implementar o novo, tendo em vista que as
pesquisas apontam que essas atividades proporcionam uma melhor aprendizagem ao aluno.
As aulas tornam-se mais prazerosas e com isso os alunos sentem-se motivados a aprender.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
FONSECA, M. R. M. Química (Ensino Médio) I. Título. 1. Ed. – São Paulo: Ática, 2013.
Obra em 3 v.
Sala 3
Resumo: Esta proposta de comunicação insere-se no campo dos estudos toponímicos, que devido a sua natureza
interdisciplinar, volta-se para a história, geografia, linguística, zoologia, botânica. Pode-se pensar que a
Toponímia, a partir de uma visão interdisciplinar, estabelece o sentido de unidade diante dos diversos saberes.
Nesse sentido, esta proposta apresenta o estudo dos nomes de lugares (acidentes humanos) e sua relação com o
ensino de História no Ensino Fundamental a partir dos livros didáticos de História do 8º e 9º ano, tendo em vista
o foco da interdisciplinaridade. Partindo de um enfoque interpretativo descritivo, buscou-se identificar de que
forma os nomes de lugares estão dispostos nos livros didáticos e a sua relação com o ensino de História com o
objetivo de discutir, de forma preliminar, uma proposta pedagógica utilizando os topônimos numa perspectiva
interdisciplinar nos livros didáticos de História. Assim, vincula-se o estudo da Toponímia ao contexto do ensino,
considerando a teoria da interdisciplinaridade, a partir da qual visualiza-se um caminho possível para a
colaboração dessa disciplina no processo de enriquecimento do conhecimento histórico.
Introdução
A Toponímia é considerada uma fonte de informação para os historiadores,
antropólogos, botânicos e outros pesquisadores. Os topônimos (nomes de lugares) nos
fornecem, portanto, informações de cunho histórico como colonização, ocupação, imigração,
história e memória oral, identidade, cultura e meio social, nomes de animais que compõe
determinado bioma, nomes de plantas.
A partir de uma visão interdisciplinar, a Toponímia estabelece o sentido de unidade
diante dos diversos saberes, pois para estudar os nomes de lugares é preciso levar em conta as
várias áreas do conhecimento. Não se pode compreender um topônimo a partir de um olhar
disciplinar, uma vez que ele agrega vários aspectos de diversas áreas.
A proposta deste trabalho vincula-se ao estudo dos nomes de lugares3 (acidentes
humanos) e sua relação com o ensino de História no Ensino Fundamental a partir dos livros
didáticos do 8º e 9º ano, tendo em vista o foco da interdisciplinaridade.
Neste trabalho, o estudo toponímico tem como objetivo identificar e descrever de que
forma os nomes de lugares estão apresentados nos livros didáticos de História. A partir disso,
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal do Tocantins, Câmpus de Porto
Nacional. Graduada em Letras pela UFT. Endereço eletrônico: [email protected].
2
Doutora e Mestre em Linguística pela Universidade de São Paulo. Graduada em Letras pela UNITINS -
Universidade do Tocantins. Professora associada do curso de Teatro e do Programa de Pós-Graduação em
Letras, Câmpus de Araguaína e de Porto Nacional, da Universidade Federal do Tocantins.
3
Neste estudo trabalharemos apenas com os acidentes humanos, os topônimos de origem humana, como por
exemplo os nomes de cidades.
pretende discutir, ainda que preliminar, uma proposta pedagógica utilizando os topônimos
numa perspectiva interdisciplinar para o ensino fundamental nos livros didáticos de História.
Na realização do estudo, foram utilizados como abordagem teórico-metodológica, no
campo da toponímia, os trabalhos de Dick (1990), Andrade e Dick (2012), Andrade (2012),
Carvalhinhos (2007), Isquerdo e Seabra (2010); Fazenda, (2001), (2009) e Morin (1990)
foram referências no campo da interdisciplinaridade.
Os dois livros didáticos de história selecionados para a pesquisa fazem parte da
coleção História e vida integrada4. A partir deles, realizou-se um levantamento dos nomes de
lugares que consubstanciaram a análise da relação entre Toponímia e o ensino de História, na
qual foi observado a relação entre os nomes de lugares e o processo de ocupação de território.
Procedimentos Metodológicos
Para a análise proposta neste estudo, utilizamos uma abordagem qualitativa, que
compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a
decodificar os componentes de um sistema complexo de significados, tendo por objetivo
traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social (NEVES, 1996, p.1). Ainda
conforme este autor, duas das características que capazes de identificar esse tipo de pesquisa
são o caráter descritivo e o enfoque indutivo.
Dentro deste tipo de pesquisa, foi utilizado como instrumento metodológico para o
desenvolvimento deste estudo a pesquisa documental e revisão bibliográfica. “A
característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a
documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”
(LAKATOS e MARCONI, 2003, p.174).
Segundo Ludwig (2009, p. 63), podemos conceituar a análise documental como “um
recurso que permite identificar informações em documentos a partir de questões
anteriormente estabelecidas.” Os documentos como elementos de pesquisa, são fontes de base
para diferentes estudos, fundamentando afirmações do pesquisador, e complementando
informações.
A revisão bibliográfica utiliza-se fundamentalmente das contribuições dos diversos
autores sobre determinado assunto, enquanto a pesquisa documental utiliza-se de materiais
4
PILETTI, Nelson; PILETTI, Claudino; TREMONTE, Thiago. História e vida integrada, 9º ano, 4 ed. São
Paulo: Ática, 2009./PILETTI, Nelson; PILETTI, Claudino; TREMONTE, Thiago. História e vida integrada,
8º ano, 4 ed. São Paulo: Ática, 2009.
que não receberam tratamento analítico. As fontes de pesquisa documental são mais
diversificadas e dispersas do que as da pesquisa bibliográfica. Os materiais que constituem as
fontes de pesquisa documental deste estudo são os livros didáticos História e vida integrada
do 8º e 9º ano.
Os materiais que constituem as fontes de análise bibliográfica são os trabalhos de
Dick (1990), Andrade e Dick (2012), Andrade (2012), Carvalhinhos (2007), Isquerdo e
Seabra (2010) no campo da Toponímia; Fazenda, (2001), (2009) e Morin (1990) serão
referências no campo da interdisciplinaridade.
Foram selecionados como fonte de pesquisa dois livros didáticos de história do 8º e
9º ano do ensino fundamental, História e vida integrada de Nelson Piletti, Cláudio Piletti e
Thiago Tremonte. São livros aprovados pelo Programa Nacional do Livro de Didático
(PNLD) e utilizados na rede pública de ensino. Eles foram cedidos pelo Colégio Estadual
João da Silva Guimarães, localizado na cidade de Silvanópolis, estado do Tocantins Foram
escolhidos esses autores porque seus livros são os atualmente utilizados por esta escola.
Para identificar a relação entre Toponímia e o ensino de História, foram analisados
os livros didáticos, buscando perceber como a toponímia está inserida neles. Dos livros, foram
levantados os nomes de lugares (acidentes humanos) presentes nesses livros para a formação
de um corpus que permitiu a análise da relação da toponímia e o ensino de história. Durante
catalogação dos topônimos, foi analisado como eles são apresentados nos livros didáticos, se
havia alguma informação toponímica inserida ou diluída no contexto. Foi verificado se havia
algum referencial histórico do nome de lugar em questão, se esse nome aparecia
acompanhado de alguma informação sobre a sua origem, ou acompanhado de mapas que
identificam a localização do lugar, ou imagens que ilustram o lugar.
Para consubstanciar o procedimento metodológico da pesquisa foi elaborada uma
ficha lexicográfico-toponímica adaptada a partir de DICK (2004) e ANDRADE (2010). Nesta
ficha foram registrados todos os aspectos verificados durante a análise. Ela é parte integrante
do processo de investigação e análise dos dados.
Desenvolvimento
No primeiro momento, foi observado que o livro do 9º ano compõe-se de dezessete
(17) capítulos. O livro do 8º compõe-se de vinte e um (21) capítulos. Cada capítulo é
composto por subseções, que são exemplificadas pelos autores nas primeiras páginas, eles
definem e ilustram com imagens cada uma delas.
Estas seções são inseridas ao longo do texto com o propósito de introduzir
informações adicionais que são importantes para a compreensão do tema estudado. Cada uma
tem sua especificidade, uma traz um texto, outra propõe atividade de reflexão, é uma
ferramenta importante, pois permite a entrada de elementos novos que contribuam para a
reflexão e aprendizagem.
Após a análise da composição dos livros seguiu-se com o levantamento dos nomes
de lugares. No levantamento dos topônimos realizado no livro do 9º ano, verificou-se a
presença de acidentes humanos em sua maioria de origem estrangeira. Quanto à presença de
mapas e imagens, apresentam-se em pequena quantidade, cerca de quinze. Nesse primeiro
momento, diante dos dados, verificou-se a não presença de etimologia e histórico
relacionados aos nomes coletados.
Dando continuidade ao estudo, foi analisado o livro de didático do 8º ano buscando
verificar a presença e a forma como apresentam-se os nomes de lugares. Para obter uma
análise mais detalhada, foram selecionados três capítulos do livro para serem trabalhados. A
partir de uma análise mais detalhada dos capítulos, verificou-se a não presença de etimologia
ou históricos, dos nomes de lugares. No entanto, observou-se que os nomes de lugares
apresentam-se relacionados ao processo de ocupação do território.
Os três capítulos selecionados, a saber: A colônia em expansão, O ouro das Gerais e
A consolidação do território colonial português, fazem parte da primeira unidade do livro, que
aborda a consolidação da presença europeia na América. Neles são apresentados conteúdos
sobre a ocupação e o povoamento do Brasil pelos portugueses.
Como aponta o livro analisado, durante o processo de expansão do território
brasileiro (século XVI), observa-se que o desbravamento da colônia levou à ocupação desse
território, que por sua vez propiciou o surgimento de núcleos de povoamento como vilas e
povoados. Entende-se que com a formação desses aglomerados aconteceu a atividade de
nomeação desses lugares.
O primeiro capítulo do livro trata de como se deu início a expansão da América
Portuguesa. Aborda os fatos que levaram à União Ibérica5 e os acontecimentos e mudanças
ocorridas no Brasil em função dessa união. Durante esse período, no território brasileiro
ocorreu a consolidação da posse da região litorânea, do Nordeste e Norte pelos portugueses e
espanhóis; a invasão e ocupação do Nordeste pelos holandeses; além de várias expedições que
adentraram o interior do território.
5
Período em que a Espanha dominou Portugal.
Na época da União Ibérica Espanha e Holanda estavam em conflito e como
consequência dele, holandeses invadiram e ocuparam o Nordeste.6 No sub tópico O Nordeste
sob ocupação holandesa, apresenta-se de que forma ocorreu a ocupação. Os holandeses
conquistaram Pernambuco e a partir de então estenderam seu domínio sobre o litoral
nordestino. Eles dominaram da região onde hoje está o estado de Sergipe ao atual estado do
Rio Grande do Norte e O Forte de Nossa Senhora de Assunção, onde hoje está situada a
cidade de Fortaleza no Ceará. Essa região permaneceu sob o domínio holandês por 24 anos,
período no qual ocorreram grandes mudanças.
Após a ocupação a região conquistada foi rebatizada de Nova Holanda. A atual
cidade de Recife, que na época era uma pequena aldeia, se tornou a capital e recebeu o nome
de Maurícia. O livro apresenta um mapa do nordeste holandês, que segue abaixo:
6
Espanha e Holanda estavam em conflito, a Espanha impede a entra da Holanda na colônia portuguesa e isso
leva os holandeses a invadir o território brasileiro.
chamado de Nova Amsterdã. Após a saída dos holandeses, os lugares voltaram a ter os nomes
anteriores.
Com a invasão do Nordeste brasileiro pela Holanda, entendemos que ocorreu uma
tomada de posse, uma ocupação do território. Como forma de consolidar essa
posse/ocupação, as terras foram rebatizadas. A ocupação daquela região deixou marcas na
história do local, que embora tenha sido rebatizada novamente quando Portugal retomou a
posse da região, provavelmente há marcas na história e na formação da identidade daquela
região.
Os holandeses permaneceram durante 24 anos no Nordeste. Nesse período,
Pernambuco passou por grandes transformações, sobretudo na gestão de Maurício
de Nassau. (...) Nassau chegou ao Recife em 1637 como governador da Nova
Holanda, nome com que os holandeses rebatizaram a região.
(...) Nassau trouxe cientistas e artistas para estudarem e retratarem a natureza
tropical do Nordeste. O Recife era, por essa época, uma pequena aldeia. Nassau fez
dela a capital da Nova Holanda. Construiu pontes, palácios e obras sanitárias. Além
disso, estimulou o desenvolvimento do Nordeste. (PILETTI, 2009, p. 14)
7
Portugal estava falido após recuperar a coroa.
Até a descoberta do ouro no interior das Gerais, a sociedade colonial era sobretudo
rural. Havia cidades e vilas, mas as atividades econômicas predominantes eram
agropecuárias. Com a mineração, verificou-se um enorme incremento da população
da colônia e uma verdadeira explosão de núcleos urbanos na região das minas. Entre
1700 e 1725, furam fundadas as vilas de São João del-Rei, Sabará, Mariana, Vila
Rica (atual Ouro Preto), Arraial do Tejuco, Ribeirão do Carmo e outras. (PILETTI,
2009, p. 23)
A vida nos aldeamentos era organizada pelos padres. “Os indígenas construíam as
casas e outras instalações, cultivavam os produtos necessários à alimentação dos moradores,
caçavam, pescavam e colhiam produtos silvestres” (PILETTI, 2009, p. 39).
Observa-se no livro os nomes das missões das quais se originaram cidades. Os
nomes de lugares são motivados pela língua indígena: Paru, Gurupatuba, Urubuquara, Paixus,
Tapajós, Jamundá, Aracari, Mariuá, Trocano, Tefé, Coari. Duas das cidades apresentadas no
mapa, Coari e Tefé, ainda tem o mesmo nome, as demais foram renomeadas.
De acordo com Gonçalves (2007) citado por Andrade e Dick (2012), na região
amazônica os lugares receberam nomes que indicam práticas, costumes e valores que em sua
maioria refletem identidades já existentes.
8
Local onde os padres reuniam os indígenas com o propósito de ensinar-lhes a cultura europeia.
Durante os três séculos em que ocorreu a atividade de ocupação do território
brasileiro à medida em a exploração de novas terras avançavam, foram surgindo regiões
muito povoadas.
De acordo com o que é apresentado no livro didático, no século XVI o povoamento
limitava-se a região litorânea, aparecem no mapa as cidades de Natal, Filipeia, Igaraçu,
Olinda, São Cristóvão, Salvador, Ilhéus, Santa Cruz, Porto Seguro, Vitória, Espírito Santo
(atual Vila Velha), Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, São Vicente, Itanhaém e Cananeia.
No século seguinte houve um crescimento no Nordeste, Sudeste e região amazônica,
já aparecem no mapa mais cidades que se desenvolveram: Belém, São Luís, Paraíba e Cabo
Frio. No século XVIII grande parte do território encontrava-se povoado. Nestes três séculos,
houve intensa atividade de ocupação e povoamento, nessa época já haviam se formados as
cidades de Cuiabá, Vila Boa, Santiago de Xerez, mais para o interior do território; Sabará,
Vila Ribeirão do Carmo e Vila Rica, na região das minas; Taubaté e Sorocaba na região de
São Paulo.
Considerações finais
ANDRADE, Karylleila dos Santos. Os nomes de lugares em rede: um estudo com foco na
interdisciplinaridade. Domínios de Linguagem, v. 6, n. 1, 1° Semestre 2012. Disponível em:
<http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem>. Acesso em: 25 mar. 2013.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
ISQUERDO, Maria Aparecida Negri; SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de. A trilha
dos “buritis” no vocabulário onomástico-toponímico: um estudo na toponímia de Minas
Gerais e de Mato Grosso do Sul. In: BARROS, Lidia Almeida; ISQUERDO, Maria Aparecida
Negri (Orgs.). O léxico em foco. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.
Sala 3
RESUMO: A Toponímia é a disciplina que estuda os topônimos, ou seja, os nomes próprios de lugares. É
considerada parte da linguística e possui relações intrínsecas com a Geografia, História, Antropologia e outras
áreas do saber. Esta pesquisa consiste em estudar os nomes de origem indígena presentes no livro didático de
Geografia do 7º ano do ensino fundamental, considerando uma perspectiva toponímica e interdisciplinar.
Como percurso metodológico, optou-se por uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva. Dentro dessa
abordagem, realizou-se uma pesquisa do tipo documental, posto que o instrumento utilizado para análise
documental e coleta de dados é o livro didático LD. Como resultado da pesquisa realizada no LD de Geografia
do 7º ano do ensino fundamental, foram identificados 85 topônimos de origem indígena, os quais compõem o
corpus da pesquisa. Na análise, buscou-se compreender, a partir da identificação, descrição e etimologia
desses nomes, as possíveis motivações acerca da nomeação dos topônimos indígenas, bem como, em que
contexto esses nomes são apresentados no LD de Geografia. Os resultados obtidos apontam que os aspectos
físico-naturais, como flora, fauna, hidrografia e características do solo foram as principais fontes
motivacionais para o denominador. O estudo dos nomes de lugares, aplicado ao contexto do ensino,
possibilitará a ampliação de informações nas diferentes áreas do conhecimento no que concerne o processo
ensino-aprendizagem do aluno.
1. Introdução
1 Considerando que “o ato de ensinar e aprender implica sempre um mínimo de dois atores” e se entendemos que tais atores são sujeitos
sociais, históricos e culturais, portanto instrumentalizados pela linguagem, então podemos afirmar que há um fluxo nas duas direções,
permutando valores, princípios e crenças. Podemos então salientar que “o ensino- aprendizagem é um processo no qual está sempre presente,
de forma direta ou indireta, o relacionamento humano”. (ZUANON, 2006, p. 15).
2A Geografia Física estuda os elementos inertes. A Geografia Humana é a parte da Geografia Geral que trata dos homens e suas obras
desde o ponto de vista de sua distribuição na superfície terrestre. (SORRE, 2003, p. 137)
3 Se tomarmos o espaço como absoluto ele se torna uma “coisa em si mesma” com uma existência independente da matéria. Ele possui
então uma estrutura que podemos utilizar para clarificar ou para individualizar fenômenos. A característica de um espaço relativo propõe
que ele deve ser entendido como uma relação entre objetos, a qual existe somente porque os objetos existem e se relacionam. Há outra
acepção segundo a qual o espaço pode ser tomado como relativo, e proponho chamá-lo espaço relacional – espaço tomado, à maneira de
Leibniz, como estando contido em objetos, no sentido de que um objeto existe somente na medida em que contém e representa dentro de si
próprio as relações com outros objetos. (HARVEY, 1973, pp. 4-5 apud MAIA e ALVES 2009, p. 12).
4 Historicamente, temos também em relação à Geografia uma naturalização do homem, seja no conceito de paisagem, como no de ambiente.
Entretanto, Gonçalves (1989), em sua crítica ao conceito de meio ambiente, propõe uma visão de ambiente por inteiro, ou seja, considerá-
lo nas suas múltiplas facetas. Não sendo mais possível conceber ambiente como equivalente a natural. O ambiente por inteiro como se refere
implica em privilegiar o homem como sujeito das transformações, sem negar as tensões sob as mais diferentes dimensões.
(SUERTEGARAY, 2001. Disponível em http://www.ub.edu/geocrit/sn-93.htm. Acesso em 05 de novembro de 2014).
O LD de geografia do 7º ano, objeto de estudo, tem como objetivos promover
o processo de ensino-aprendizagem da Geografia por meio de uma linguagem
contemporânea e de fácil compreensão, visando despertar o interesse pelo seu estudo.
Além disso, busca responder questionamentos referentes aos acontecimentos ao nosso
redor, ou em diversos outros lugares no mundo. O LD aborda, no decorrer das unidades,
aspectos relacionados aos lugares, cujos enfoques principais são paisagens, população,
regiões brasileiras, observando suas transformações ao longo do tempo, explicitando
como e por que elas ocorrem, bem como as diferenças existentes entre os aspectos
naturais e culturais do planeta.
A ideia de estudar os nomes de lugares no livro didático de Geografia surgiu
pela escassez de pesquisas toponímicas voltadas ao contexto do ensino. Utilizamos para
descrição e análise do corpus, apenas o livro didático de Geografia do 7º ano por trabalhar
com maior incidência os nomes de lugares. Adotamos a coleção da editora Scipione,
utilizada pelas escolas públicas do ensino fundamental no Tocantins no ano 2012, tendo
em vista o Plano Nacional do Livro Didático - PNLD. A coleção do material pedagógico
foi disponibilizado em grande escala pelas escolas públicas do estado, de acordo com um
levantamento prévio feito para essa pesquisa nas escolas de Palmas.
Este estudo é orientado pela premissa de que o LD de Geografia do 7º ano do
ensino fundamental aborda em seu volume os nomes de lugares de maneira significativa,
por trabalhar diretamente questões relativas ao território, paisagens, as faces do espaço
geográfico brasileiro, como as regiões. Os nomes de origem indígena, presentes no LD
de geografia, apresentam-se em contextos específicos do ensino na geografia, situando
nomes de municípios, estados, capitais, vilas, ou seja, aglomerados humanos.
Constatamos que a abordagem etimológica desses nomes, quando existe, é bastante
superficial. No entanto, enfatizamos que um estudo sob a ótica da etimologia poderá
possibilitar ao aluno conhecer a origem/procedência dos nomes, suas particularidades e
curiosidades.
A metodologia empregada baseia-se no plano onomasiológico de
investigação, tendo como parâmetros os fundamentos teórico-metodológicos propostos
por Dick (1990). Será utilizado o método indutivo para que, ao longo das descrições
onomásticas5, se construam hipóteses de trabalho. Para este estudo, optou-se por uma
pesquisa de abordagem qualitativa do tipo descritiva. Dentro dessa abordagem, será
realizada uma pesquisa de cunho documental, bem como levantamento bibliográfico. O
livro didático de Geografia do 7º ano do ensino fundamental será utilizado como
instrumento para análise documental e coleta de dados.
5 A Onomástica (do grego ὀνομαστική, ato de nomear) ciência que estuda os nomes próprios, tem duas subáreas ou subsistemas: a
Toponímia (do grego τόπος, lugar e ὄνομα, nome) e a Antroponímia (do grego άνθρωπος, homem, e ὄνομα nome). A primeira estuda os
nomes próprios de lugares, e a segunda os nomes próprios de pessoas. A Onomástica é uma disciplina científica com suas regras, taxionomia
e metalinguagem. (CIRRINCIONE, 2010, p. 200)
6 RADIX: É uma palavra latina que significa raiz. Em latim, o substantivo radix era empregado tanto em sentido próprio [raiz de uma
planta] como em sentido figurado. Dependendo do contexto, radix pode significar, como raiz em português, base, fonte fundamento, origem.
(BELLUCCI e GARCIA, 2010, p.3).
MÓDULO TEMÁTICA ABORDADA
2 O território brasileiro
3 A população brasileira
5 As regiões brasileiras
6 O Centro-Sul
7 O Nordeste
8 A Amazônia
7 Segundo o Professor Aryon Dall’igna Rodrigues, “A expressão “língua geral” foi inicialmente usada, pelos portugueses e pelos espanhóis,
para qualificar línguas indígenas de grande difusão numa área. Assim, na América espanhola, o Quêchua já no século XVI foi chamado de
“Língua Geral do Peru” e o Gruaraní, no início do século XVII, de “Língua Geral da Província do Paraguai”. No Brasil, entretanto, tardou
bastante o uso dessa expressão por parte dos portugueses. A língua dos índios Tupinambá, que no século XVI era falada sobre enorme
extensão, ao longo da costa atlântica (do litoral de São Paulo ao litoral do Nordeste), não teve consagraa a designação de “língua geral” nos
dois primeiros séculos da colonização de “língua geral” nos dois primeiros séculos da colonização. O padre Anchieta intitulou sua gramática,
a primeira que dela se fez (publicada em 1595), “Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil”. Outros autores referiam-se a
ela como a “língua do Brasil”, a “língua da terra” (isto é, desta terra, da terra do Brasil), a “língua do mar” (isto é, a língua falada na costa,
junto ao mar). Mas o nome cujo uso se firmou, sobretudo ao longo do século XVII, foi o de “Língua Brasílica”. Assim, o catecismo publicado
em 1618 chamouse “Catecismo da Língua Brasílica”; a segunda gramática, feitaa pelo padre Luiz Figueira e cuja primeira impressão é de
1621, foi a “Arte da Língua Brasílica”; o dicionário dos jesuítas, cujo manuscrito melhor conhecido é do mesmo ano de 1621, traz o nome
de “Vocabulario na Língua Brasílica”, e assim por diante”. (RODRIGUES, 1994, p. 99 e 100).
durante o processo de colonização por parte de expedicionários, os quais andavam em
busca de apresamento de indígenas ou à procura de metais preciosos.
Em relação aos topônimos de origem indígena, identificamos que os entes
motivadores dos nomes, levantados neste trabalho, foram basicamente relativos à
vegetação, fauna, características do solo. Essa recorrência é visível tanto na Toponímia
indígena quanto na não indígena em todo território brasileiro.
Os topônimos descritos são formados por, pelo menos, um elemento de origem
indígena, no qual predomina o tupi de modo geral, uma vez que foi a língua mais falada
em toda a costa do Brasil. Nesse sentido, Rodrigues (1994, p. 21) afirma que: “Esta foi a
língua predominante nos contatos entre portugueses índios nos séculos XVI e XVII e
tornou-se a língua da expansão bandeirante no sul e da ocupação amazônica no norte”.
Identificamos que a maior ocorrência de topônimos de origem indígena
encontrados no livro didático pertence à região Nordeste do Brasil, com 29 topônimos.
Para demonstrar os dados, segue uma tabela com a incidência de nomes de origem
indígena por região do Brasil.
TABELA 2: Incidência de topônimos de origem indígena por Regiões
Brasileiras identificadas no livro didático de Geografia do 7º ano no Ensino Fundamental
REGIÃO NORTE 19
REGIÃO NORDESTE 29
REGIÃO CENTRO-OESTE 2
REGIÃO SUDESTE 28
REGIÃO SUL 7
Fonte: BELLUCCI, Beluce; GARCIA, Valquíria Pires. Projeto RADIX: Raiz do
Conhecimento. Geografia 7º ano. São Paulo: Scipione, 2010.
Nº 1
TOPÔNIMO ACARAÚ - CE
ELEMENTO HUMANO
ETIMOLOGIA TIBIRIÇÁ (1984, p. 16): Rio que nasce na Serra das Matas, no
Ceará; rio do mun. de Feijó no Território do Acre; Cid. E mun.
Do Ceará; de acará-y, rio do acará, ou de acará-u, comedouro
dos acarás.
Nº 2
TOPÔNIMO ACRE
ELEMENTO HUMANO
TOPÔNIMO AGUAÍ – SP
ELEMENTO HUMANO
Nº 4
TOPÔNIMO AMAPÁ
ELEMENTO HUMANO
Nº 5
TOPÔNIMO ARACAJÚ- SE
ELEMENTO HUMANO
Fonte8
8BELLUCCI, B.; GARCIA, V. P. Projeto RADIX: Raiz do Conhecimento. Geografia 7º ano. São Paulo: Scipione, 2010.
BUENO, S. Vocabulário Tupi-Guarani Português. 8ª ed. São Paulo: Ed. vidalivros, 2013.
FERREIRA, A. B. de H. O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3ª. Ed. Ed. Positivo, 2004.
HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2009.
SAMPAIO, T. O tupi na geografia nacional. 5. ed. Corrigida e aumentada. São Paulo: Ed. Nacional, 1987.
TIBIRIÇÁ, L. C. Dicionário de Topônimos Brasileiros de Origem Tupi: Significado dos nomes geográficos de origem tupi. 1ª ed. São
Paulo: Ed. Traço, 1985.
TIBIRIÇÁ, L. C. Dicionário Tupi Português. 2ª ed. São Paulo: Ed. Traço, 1984.
naturais, como aspectos hidrográficos, climáticos, relativos à fauna, flora, características
do solo etc.
Os resultados demonstram e reiteram a importância do uso das línguas
indígenas na descrição e formação dos nomes de lugares brasileiros, bem como, marcas
na herança histórica, cultural, social e de identidade nacional.
O trabalho com os nomes de lugares abordam aspectos históricos, geográficos,
etimológicos, culturais, antropológicos etc. como explicitamos ao longo do trabalho,
geram inúmeras possibilidades de ensino-aprendizagem e o LD pode ser uma ferramenta
auxiliar e complementar nesse processo, tendo em vista que é utilizado de maneira
significativa nas escolas pelos professores e alunos e seus conteúdos podem ser
trabalhados pelo viés toponímico.
Considerações Finais
O estudo dos nomes revelam aspectos inerentes à cultura, identidade,
memória, política, religião de um povo, os quais acreditamos que, aplicados ao contexto
do ensino, poderão possibilitar a ampliação do processo ensino-aprendizagem ao
contribuir para o complemento de informações nas diferentes áreas do conhecimento.
Foram identificados 85 topônimos de origem indígena no LD de geografia do
7º ano do ensino fundamental. A descrição etimológica dos dados evidenciou uma
influência por parte do ambiente físico, sendo a principal fonte motivacional para
nomeação dos nomes indígenas. Aspectos como flora, fauna, hidrografia e características
do solo compõem as principais influências no processo de nomeação.
No tocante às reflexões apresentadas, acreditamos que particularmente a
língua tupi teve uma influência não só no processo nomeação dos topônimos, como
também, em aspectos relativos à história, cultura, língua e memória nacional. Esses
fatores revelam a herança cultural deixada por esses povos nos costumes, crenças, hábitos
dos brasileiros, mas, sobretudo, eternizaram-se na geografia nacional, como é o caso dos
nomes de lugares: Tocantins, Araguaia, Paranã, Guaraí, Curitiba, Monguaguá, Paraíba e
tantos outros.
A quantidade de topônimos indígenas identificados no LD de geografia foi
relevante e satisfatória, uma vez que os dados demonstram a influência da língua e cultura
do povo tupi. A partir da descrição etimológica, percebemos que os aspectos físico-
naturais como fauna, flora predominam entre os topônimos. Esses fatores estabelecem a
motivação por parte do denominador durante o processo de nomeação, como também,
reflete a importância da cultura e língua indígena para constituição desses nomes.
O estudo revelou-se importante no que diz respeito a propagação do
sentimento de pertinência e identidade nacional os quais estão presentes na Toponímia
brasileira em geral. O nome de lugar não está à sombra ou desvinculado ao contexto
social, político, histórico, ambiental e cultural dos grupos, eles refletem e retratam a
natureza das comunidades.
REFERÊNCIAS
Sala 3
Resumo: As problemáticas encontradas a partir do ensino escolar no Brasil são diversas, no entanto é notório o
grau acentuado de reprovações em disciplinas exatas, principalmente no ensino de matemática. Visto isso, este
trabalho teve o objetivo de realizar uma sequência didática interdisciplinar em uma escola da zona sul de
Manaus, AM, Brasil. Nesse sentido a sequência didática usou a temática da alimentação e saúde como meio de
relacionar os conteúdos de matemática e ciências além de destacar a importância da educação ambiental no
aspecto abordado. Assim, as atividades propostas, foram: mostrar e explicar a pirâmide alimentar, o que é uma
alimentação saudável, como fazer as compras do supermercado conscientemente, ensinar a criar uma horta
caseira com embalagens de plástico e como cultivar alguns alimentos em casa enfatizando quais vantagens esse
costume pode trazer. Ao final da última aula utilizou-se como instrumento avaliativo um relato dos estudantes
sobre o aprendizado obtido a partir das atividades. Mediante a análise dos relatos obteve-se a categoria
Alimentação e Qualidade de Vida . Desse modo, os estudantes puderam perceber a importância da alimentação
saudável para seu bem estar e saúde e relacionar com o ensino de matemática.
Introdução
Contexto do Ensino de Matemática
1
Hellen Cristina Rezende de Lima. Universidade Federal do Amazonas. [email protected]
ainda é uma disciplina que apresenta grande dificuldade para os alunos da rede pública de
ensino.
Interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade é conhecida como uma prática que surgiu na França e na
Itália, por volta dos anos 60 (FAZENDA, 1994 apud CARLOS, 2007) em um momento de
movimentos estudantis que buscavam um ensino contextualizado com a sociedade, política e
economia da época. A prática interdisciplinar foi tida como uma resposta para tais
requerimentos, uma vez que os problemas presentes na sociedade não podem ser abordados
por uma disciplina isolada. No fim dos anos 60, o novo método de ensino chegou ao Brasil
exercendo forte influência nas propostas curriculares e legislação de ensino (CARLOS, 2007),
fato que levou à criação da Lei de Diretrizes e Bases Nº 5.692/71, que vinculava o ensino
médio ao mundo de trabalho profissional (NASCIMENTO & COLLARES, 2005). A partir
disso vê-se na interdisciplinaridade uma oportunidade de desenvolver essas características tão
desejáveis para as aulas de ciências, matemática, etc.
Os conceitos da utilização de várias disciplinas em torno de um tema, muitas vezes
são confusos. A multidisciplinaridade caracteriza-se pela ação simultânea de várias disciplinas
com uma temática em comum, sem qualquer relação entre as mesmas. A pluridisciplinaridade
possui uma pequena interação entre as disciplinas, não demonstrando algum nível
hierárquico. Alguns estudiosos não fazem diferenciação entre as duas situações citadas. A
interdisciplinaridade por sua vez, possui uma interação de várias disciplinas em torno de uma
temática e um nível hierárquico superior de onde procedem as ações disciplinares. Isso torna
o método uma ação coordenada (JAPIASSU, 1976 apud CARLOS, 200-?).
O cenário atual mostra que a interdisciplinaridade não é uma prática muito utilizada
no cotidiano da maioria das escolas. Como principais obstáculos para a implementação do
método estão a falta de tempo para planejar as ações, falta de acesso às fontes de pesquisa,
falta de conhecimento para integrar as outras disciplinas no currículo (consequência da
formação específica na faculdade), dificuldade de recursos e materiais de apoio sobre o tema e
a crença de que nem todos os conteúdos podem ser trabalhados de maneira interdisciplinar
(AUGUSTO & CALDEIRA, 2007).
Um estudo feito com professores de Ciências Naturais mostrou que, apesar da
maioria entender os aspectos da interdisciplinaridade, ainda não havia se estabelecido um
conceito sólido sobre o tema. Alguns participantes alegaram a necessidade de um projeto para
que se pudesse trabalhar de maneira interdisciplinar ou que o tema fosse muito amplo para
poder envolver todas as disciplinas (AUGUSTO et al, 2004). Esse estudo mostrou que os
professores confundem práticas interdisciplinares com a multidisciplinaridade, e que a
interação entre as disciplinas não é de fato necessária. Isso mostra a necessidade de cursos de
formação continuada e reflexões teóricas em torno do tema para que se possa ter uma maior
compreensão sobre conceitos de práticas interdisciplinares, possibilitando assim a construção
de projetos envolvendo docentes das diferentes áreas.
Procedimentos Metodológicos
A realização deste foi feita em uma escola pública de Manaus. O público-alvo foram
alunos de uma turma, aproximadamente 40 pessoas. As atividades se desenvolveram por meio
de uma sequência didática interdisciplinar.
Assim, foram necessárias três etapas: Conhecimento da Problemática; Elaboração de
Projeto Interdisciplinar e Realização das Aulas. A escolha da problemática surgiu a partir da
sugestão da gestora da escola, a mesma apontou que há um alto índice de reprovação dos
estudantes no ensino de matemática, realidade de muitas escolas do Brasil (DIAS, 2010).
A temática interdisciplinar do projeto é baseada em um tema gerador (DELIZOICOV
et al, 2009) alimentação, pois é um assunto vivenciado no cotidiano.
A abordagem da pesquisa é qualitativa que nas palavras de Mynaio (1994) é aquela que:
“[...] se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
quantificada, ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um aspecto mais
profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos
à operacionalização de variáveis” (p.22).
Para a avaliação da sequência didática, por parte dos alunos, foi realizado um
questionário estruturado para que respondessem e subsequentemente fosse analisado pela
pesquisadora.
O questionário estruturado foi submetido à Análise do Conteúdo, que é o tratamento
aplicado a informações coletadas durante o discurso. Bardin (1977) conceitua a análise do
conteúdo como sendo um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.
Sinteticamente a análise do conteúdo é organizada em três momentos: pré- análise,
exploração do material e o tratamento dos resultados. Pode-se dizer que, a pré- análise é a
organização das respostas obtidas e que tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as
idéias iniciais. Seguidamente da pré – análise tem-se a exploração do material, que para
Bardin (1977) será os recortes das entrevistas que expressem da melhor forma a idéia central
da resposta dos sujeitos. Para a finalização da análise temos o tratamento dos resultados que é
feito de forma a ser significativo para o problema que foi pesquisado. No qual se elencam as
categorias de análise.
Desenvolvimento
Para a realização da primeira atividade teve-se uma aula expositiva dialogada, a partir
disso, levantamos a questão “Por que comemos?” e os alunos contaram o que comiam no dia-
a-dia e as compreensões sobre alimentação saudável através de sua experiência cotidiana.
Sobre isso, Motta & Teixeira (2012) defendem a tese de que:
“[...] as questões alimentares devem ser tratadas a partir de suas múltiplas dimensões
e assumimos a escola como um espaço estratégico não só para fomentar as
discussões necessárias à prevenção e ao controle de doenças geradas na infância
(diabetes, hipertensão, obesidade), como também para contribuir no entendimento
crítico das implicações das culturas de consumo alimentar para a relação homem –
ambiente.”
Assim, foi utilizado como recurso didático um cartaz para demonstrar a importância
da pirâmide alimentar. A partir disso, levantamos uma segunda questão “O que é uma
alimentação saudável?”, de acordo com as respostas apresentadas sobre o que eles entendiam
sobre alimentação saudável foi explicada a diferença e importância dos alimentos reguladores,
construtores e energéticos e suas disposições na pirâmide alimentar a partir do que precisamos
utilizar mais e menos para se ter uma alimentação saudável. Segundo Vilarta (2007) é
importante o uso da pirâmide alimentar no ensino, pois foi desenvolvida para ensinar
alimentação saudável a indivíduos e populações.
Seguidamente foi apresentada para os estudantes, uma forma de como saberem se
estavam no padrão de peso apresentado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para
isso, foi realizado o cálculo do IMC (índice de massa corporal) para apresentar noções sobre a
multiplicação de decimais. Nesse sentido foi explicada a fórmula sobre o cálculo, a partir da
relação peso e altura, como segundo o parâmetro utilizado no IMC. A partir disso cada
estudante realizou seu cálculo de IMC e de mais três colegas de sala. Os estudantes receberam
uma atenção pelos professores monitores para serem auxiliados nos cálculos.
O estudo possui grande relevância, pois a obesidade é um fator crescente no Brasil.
Desse modo, o estudo do IMC pode aproximar o estudante a conhecer parâmetros que
indiquem a saúde de seu corpo. Nesse sentido, Vilarta (2007) aponta que:
“Existem várias medidas e tabelas de peso ideal, mas a mais usada, por ser aceito
como padrão internacional, é o IMC (Índice de Massa Corpórea). Há evidências de
que valores baixos de IMC estão relacionados a doenças pulmonares obstrutivas,
câncer pulmonar e tuberculose e valores altos com doenças cardiovasculares,
hipertensão arterial, diabete tipo 2 e outras.” (p. 73)
Análise e Discussão
A questão geradora da avaliação realizada das atividades foi “O que você aprendeu
nas aulas de ciências e matemática sobre a alimentação e saúde?”. Para as aulas, foi criada
uma categoria de análise para se apresentar o aprendizado dos estudantes a partir do relato
obtido na avaliação. Com isso, obteve-se através da análise do conteúdo a seguinte categoria:
Alimentação E Qualidade De Vida.
Nos trechos abaixo, pode-se observar a fala dos estudantes mediante o instrumento de
avaliação utilizado.
1 – “ [...] legal também saber como manter uma alimentação balanceada, saber
provar um pouco de tudo [...] ” (SIC)
2 – “ Eu aprendi que nos tem que cuida da nossa saúde [...] que a nossa alimentação
tem que se bem saudave [...] por que a minha alimentação tava rui que so mas agora
ta bom [...]” SIC
6 – “ Aprendir como me alimentar bem, e o que e bom pra mim comer e em ter uma
alimentação saudavél. [...] Aprendir sobre o IMC, para saber se o pezo da pessoa ta
normal” SIC
7 – “ [...] aprendi que precisamos mesmo não querendo temos que nos alimentar de
maneira certa para não ficar abaixo ou cima do peso [...] Também preciso me
alimentar melhor [...]” SIC
10 – “ Essa aula foi muito importante para aprender sobre [...] os preços de como
devemos economizar para nós comprar alimentos saudáveis e não comer todo dia
coisas que não fazem bem a nossa saúde [...] ” SIC
13 – “ [...] aprende sobre a alimentação e sobre a saúde [...] sobre o I.M.C Índice de
massa corporal, e sobre o calculo dos peso dos meus colegas [...]”SIC
14 – “Aprendi que temos que comer alimentos saudáveis para termos energia e uma
boa saúde, entendir o I.M.C [...]”SIC
15 – “ [...] agente se alimentando direito podemos ter uma pele bem tratada [...]
aprendi que temos que manter o peso normal sob medida porque pode trazer um mal
estar a alimentação faz parte do nosso dia a dia e não foi só a aula de ciências que
me importei mas sim a matemática, por que me importo com minha saúde” SIC
Considerações Finais
Levando-se em conta o que foi apresentado neste, pode-se observar a importância de
desenvolver atividades interdisciplinares na escola. Visto que, é de grande relevância a
contextualização do ensino sob diversas óticas, sejam elas das ciências ou da matemática, mas
atuam como otimizadoras no processo de ensino aprendizagem. Em virtude dos fatos
mencionados, o ensino de matemática se encaixou naturalmente nas aulas e foi possível
observar um grande desempenho dos estudantes em relação à multiplicação com números
decimais, mostrando que a interdisciplinaridade, aliada às condições inovadoras de ensino,
pode contribuir para uma aprendizagem mais significativa.
Vale ressaltar as questões ambientais envolvidas no projeto, no qual o uso de garrafas
PET foi de fundamental importância, uma vez que produtos de plástico demoram muito para
se degradarem no ambiente e são facilmente encontrados em lixões a céu aberto causando
assim, diversos danos à natureza. Desse modo, pode-se compreender a importância das
questões ambientais para sensibilizar os estudantes quanto a conservação do ambiente a partir
da relevância da reciclagem.
Vale ressaltar, que a aprendizagem também foi alcançada por meio do estudo da
alimentação e saúde mediante as sequências didáticas. Assim, os estudantes indicaram a
importância da alimentação saudável para seu bem estar e saúde.
REFERÊNCIAS
ANVISA. Cartilha sobre Agrotóxicos. p. 4-5. 2011.
AUGUSTO, Thais Gimenez da Silva. CALDEIRA, Ana Maria de Andrade. CALUZI, João
José. NARDI, Roberto. Interdisciplinaridade Ciência & Educação e: concepções de
professores da área ciências da natureza em formação em serviço. . v. 10, n. 2, p. 277-289,
2004.
BARDIN, Laurence. Análise do Conteúdo. Tradução: Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro.
São Paulo: Edições 70 Persona, 1977.
BRANCO, Samuel Murgel. O meio ambiente em debate. 3 ed. rev e ampl. São Paulo:
Moderna, 2004;
CANTO, Eduardo Leite do. Ciências Naturais: aprendendo com o cotidiano. 4 ed. São
Paulo: Moderna, 2012;
GASPARIN, João Luiz. (2009). A construção dos conceitos científicos em sala de aula.
Disponível em:<http: www.pesquisa.uncnet.br/pdf/palestraConferencistas/a contrução dos
conceitos_cientificos_em_sala_de_aula.pdf >. Acesso em: 22 ago, 2014.
MAKIASHIMA, Nomozu. Melo, Luis Antônio Silveira. Coutinho, Vanessa Fernandes. Rosa,
Leonídia Leire. Projeto Horta Solidária - Cultivo de hortaliças Embrapa, Jaguariúna,
SP. p. 6, 2005.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: Teoria, Método e Criatividade. 21. ed.
Petrópolis, 2002.
Resumo: A criatividade faz parte do nosso cotidiano e o potencial criativo é desenvolvido ao longo da nossa
existência. No que se refere ao mundo moderno é exigido cada vez mais criatividade e inovação, e
independentemente da profissão o essencial é exercer o potencial criador das pessoas, seja com ou sem
genialidade ou habilidade artística. Este olhar reflexivo embasado em ações criativas remete a algumas questões
norteadoras e mais especificamente saber: as produções teóricas de dissertações que abordam criatividade na
prática pedagógica e quais fundamentos teóricos embasam estes trabalhos de dissertações sobre a criatividade na
educação. Nesse sentido, a produção do conhecimento científico oferece resultados profícuos para o
aprimoramento de estudos acerca da criatividade na prática escolar. Assim, o texto aborda reflexões sobre a
importância da criatividade para o processo de ensino e aprendizagem, tendo como base uma pesquisa vinculada
a Rede Internacional de Escolas Criativas (RIEC). A investigação, do tipo documental, foi desenvolvida a partir
da análise de três (3) dissertações publicadas no Brasil nas últimas duas décadas. A seleção das dissertações
ocorreu usando as palavras-chave: criatividade e educação, no campo assunto do portal da capes:
http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses. Após leitura dos títulos, foram selecionados os resumos, e
destes resumos escolhidas três dissertações que mais se aproximavam do objetivo proposto. Para a análise foram
utilizadas três categorias: a) o conceito de criatividade b) os principais referenciais teóricos c) práticas educativas
apresentadas pelas diferentes escolas que buscam ressignificar o ensino. Durante o desenvolvimento do trabalho
pude estudar fundamentações teóricas e metodológicas dos trabalhos estudados e, consequentemente obtive
contribuições para pensar a criatividade como parte integrante de uma proposta pedagógica inovadora,
principalmente direcionada ao ensino de matemática. A temática trouxe conhecimentos e interesse de continuar
os estudos, resultando outra pesquisa para o trabalho de conclusão de curso e uma postura criativa na prática
profissional.
Introdução
Na formação inicial da licenciatura o estudante tem momentos para refletir sobre a
prática pedagógica na educação básica, através das disciplinas cursadas, eventos e iniciação
científica, dentre outros. E foi pelo PIBIC que tive a oportunidade de pensar sobre o ensino
numa abordagem da criatividade. Neste sentido, apresento este texto, associando a iniciação
científica vivenciada na Universidade Federal do Tocantins-UFT sobre a prática criativa e a
grande contribuição para minha formação docente.
O trabalho de iniciação científica desenvolvido em 2013 vinculado ao projeto maior da
Rede Internacional de Escolas Criativas (RIEC). A rede apresenta antecedente histórico
anterior a 2012, porém, neste ano que, “no ato de encerramento do IV INCREA, o professor
1
Professora doutora em educação. Universidade Federal de Goiás-UFG. [email protected]
2
Graduada em Licenciatura em Matemática. Secretaria Municipal de educação de Wanderlândia-TO.
[email protected]
Saturnino de la Torre propõe a criação da Rede Internacional de Escolas Criativas-RIEC”
(SUANNO; DITTRICH; MAURA, 2013, p. 10). Neste sentido, a pesquisa foi pensada a partir
de alguns objetivos do projeto: Escolas Criativas: Reconhecer e difundir o potencial inovador
e criativo da escola do século XXI, coordenado pela professora Maria José de Pinho da UFT.
Quanto à abordagem temática a ação criativa pode ser concebida como essencial no
desenrolar do processo de ensinar e de aprender. Além disso, a criatividade faz parte da
convivência diária em sociedade e o potencial criativo é desenvolvido durante toda a nossa
vida. Neste contexto, a prática pedagógica do professor exige aplicação de atividades
envolventes e desafiadoras, contemplando maneiras diferentes de propor algo. É no exercício
de refletir sobre novas ideias e novas expectativas que o professor enfrenta desafios possíveis
de concretização de um novo fazer pedagógico.
Procedimentos Metodológicos
A criatividade na educação é um paradigma que ao explicitá-lo exige uma abordagem
qualitativa, concordando com o autor Gamboa (2002, p.81), ao se referir sobre o estudo dos
paradigmas, afirma que o paradigma “[...] tem a função de elucidar e interpretar as diferentes
opções da pesquisa; entretanto, não apresenta uma função normativa, no sentido de indicar
qual dos caminhos é ou não apropriado ou o menos eficiente, qual deles deve ser seguido ou
evitado”. Assim, estudar o paradigma da criatividade é relevante e desafiador, porém um
desafio possível e significativo para os profissionais da educação.
Foi realizado um levantamento bibliográfico dos principais referenciais teóricos,
dentre outros: Torre (1999, 2005, 2007, 2008, 2009), Mitjáns Martínez (1997, 2002),,
buscando entender perspectivas acerca da criatividade e relevantes contribuições desta para o
processo de ensino e aprendizagem com destaque para pesquisas acadêmicas de mestrado que
abordam a prática educativa na perspectiva da criatividade, enquanto um segmento do
intelecto direcionado para o desenvolvimento da aprendizagem e elemento significativo para a
formação escolar.
A investigação, do tipo documental direcionou a coleta de dados para seleção e leitura
de dissertações publicadas no Brasil nas últimas duas décadas nas quais abordam a
criatividade na prática educativa. O trabalho foi fundamentado em produções acadêmicas
especificamente as produções acadêmicas de mestrado disponíveis no portal da capes. Foi
investigado o que se produziu ou está se produzindo sobre a prática educativa relacionada à
criatividade.
Primeiramente, a seleção das dissertações foi realizada pelo assunto usando as
palavras-chave: criatividade e educação, pelo portal da capes no endereço:
http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses. Nesta busca foram encontradas setenta e
sete (77) dissertações que abordam assuntos com essas palavras. Foram lidos todos os títulos,
sendo selecionadas as dissertações nas quais abordavam a relação entre criatividade e escola
em seus respectivos títulos, perfazendo um total de sete (07) dissertações de mestrado
acadêmico. Pela leitura dos resumos das mesmas foram selecionadas três (03) dissertações
pela proximidade maior com a temática.
A análise foi realizada pelas seguintes categorias de análise: a) conceito de
criatividade, b) fundamentação teórica da temática criatividade, c) prática pedagógica
inovadora desenvolvida. Neste sentido, contemplou fundamentações teóricas e metodológicas
de trabalhos estudados; a construção de uma compreensão sobre criatividade a partir do ponto
de vista dos pesquisadores autores, ou seja, uma discussão sobre o conceito de criatividade, a
partir desses autores e as contribuições da criatividade como parte integrante de uma proposta
pedagógica.
Desenvolvimento
A investigação procurou dar visibilidade às pesquisas acadêmicas e ainda refletir sobre
uma prática pedagógica mais criativa com novas propostas para a prática pedagógica na
Educação Básica. Uma vez que o desenvolvimento de potencialidades criativas na escola
possibilita o envolvimento de todos, Segundo Suanno:
A escola como espaço de desenvolvimento do potencial criativo de seus alunos,
deve envolver cada um deles e também seus professores e funcionários, numa
perspectiva de interação em torno de um propósito de trabalho integrado com
objetivo de desenvolvimento da aprendizagem, por meio de ações criativas
(SUANNO, 2013, p. 134).
Mesmo sabendo das problemáticas que a escola enfrenta é necessário que se mude a
realidade a partir de práticas pedagógicas inovadores. Dentre as leituras realizadas e
refletidas, os trabalhos do teórico Saturnino de La Torre foram os que nortearam a pesquisa,
pelo fato deste abordar em suas publicações o potencial criativo na resiliência e por ser o
teórico que mais se aproximou da temática proposta. Assim, Torre (2005) ao propor o
desenvolvimento de outra consciência, traz em seu trabalho a visão de vários autores a
respeito da resiliência e da adversidade, contemplando o surgimento da criatividade acerca da
emergência no indivíduo em situações de adversidade.
Considerações Finais
Ao analisar três (3) dissertações publicadas no Brasil nas últimas duas décadas
evidenciamos diferentes possibilidades de se trabalhar a criatividade na prática educativa no
ensino fundamental. Em todas as dissertações foram identificados conceitos de criatividade
que convergem para uma abordagem mais ampla e aproxima o ato criativo acessível a todos,
bem como práticas educativas que favorecem o potencial criativo. Reconhecemos, através de
propostas de práticas educativas, metodologias criativas e inovadoras. Em todas as três
dissertações analisadas as autoras conceituaram Criatividade conforme a definição de outros
autores, e todos os conceitos foram distintos uns dos outros. Na primeira dissertação, por
exemplo, a autora conceituou Criatividade segundo outros autores: Alencar e Fleith (2005);
Feldman, Csikszentmihalyi e Gardner (1994). Na segunda dissertação a autora conceituou
Criatividade conforme: Mitjáns Martinez (1995) e Alencar (1995); Neves-Pereira
(2007), e Maritain (1953). E na terceira dissertação a autora conceituou segundo os autores:
Csikszentmihalyi, (1997), e Rodari, (1982), Alencar e Fleith (2005).
Quanto às práticas educativas que favorecem o potencial criativo, e as metodologias
criativas e inovadoras citadas em todas as dissertações pudemos perceber, ao longo do
trabalho, que se assemelham muito uma da outra, e todas são relevantes, pois estimulam os
alunos a se interessarem pelos estudos dentro e fora da sala de aula. Dos teóricos estudiosos
da criatividade na educação, citados nas dissertações, apenas dois são comuns nas três, que
foram: Fleith e Alencar. Atuais teóricos como Saturnino de la Torre não foi citado em
nenhuma das três dissertações. Este autor embasou nossos estudos e foi o referencial
principal dos nossos encontros presenciais, além de outras leituras bibliográficas. Esta
temática abordada enquanto pesquisa na universidade demonstra a importância de se embasar
em fontes investigativas da pós-graduação com perspectivas de trabalhar novos mecanismos
facilitadores para superação de barreiras na prática pedagógica associada à resiliência.
O interesse em continuar os estudos sobre a temática culminou na elaboração do
trabalho de conclusão de curso intitulado: Práticas criativas no ensino da matemática em
escola pública de Araguaína-TO. Realizei uma pesquisa do tipo documental, a qual
oportunizou analisar propostas educativas e as ações criativas no Colégio Pré-Universitário,
no ano de 2015, considerando a abordagem da Matemática numa perspectiva inovadora.
Teve como problema investigativo saber como o desenvolvimento da criatividade em
Matemática aparece nos projetos desta escola. Objetivou analisar ações e as práticas
educativas executadas na escola e de que forma elas auxiliavam na execução de novas
propostas para a prática educacional criativa. Ainda intencionou identificar que tipo de
obstáculos enfrentados pela Escola, os quais impulsionaram o planejamento de projetos
criativos voltados para a Matemática, e se os projetos pedagógicos tinham a estratégia
didática de elevar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem da Matemática.
Os resultados da pesquisa mostraram que o colégio demonstra preocupação com a
abordagem do ensino da matemática numa perspectiva criativa, uma vez que a criatividade
em Matemática aparece em seus projetos, ações e práticas. Além disso, a pesquisa ressaltou
que esses projetos fazem a diferença na aprendizagem dos alunos e permitiu mostrar o que há
de novo e criativo no ensino de Matemática.
Estes estudos sobre criatividade durante estes anos de formação inicial, proporcionou
somar a minha formação de professora de matemática que a criatividade no ensino de
matemática é um elemento que emerge quando somos colocados diante de situações que
exijam uma saída ou a resposta para o problema. O segredo não está nos acontecimentos, mas
sim nas atitudes que tomamos para enfrentá-los. Na perspectiva de uma prática criativa que
este trabalho apresenta o estudo dessas publicações de mestrado.
O potencial criativo, contemplando o surgimento da criatividade acerca da
emergência no indivíduo em situações de adversidade faz surgir novas propostas criativas
para Educação Básica. É nesta construção de uma prática criativa que atuo como professora
no programa: Mais Educação. Procuro desenvolver atividades criativas, até porque é uma aula
de reforço, de modo que se meu trabalho for de uma maneira criativa de explicar o conteúdo
proporciono maior participação nas aulas e maior compreensão e interesse pela Matemática.
Referências
GAMBOA, Sílvio Sánchez (org.) Pesquisa Educacional: quantidade-qualidade. São Paulo: Cortez,
2002
SORIANO, E.M. L. de Alencar. A gerência da criatividade. São Paulo: Markon Books, 1997.
SUANNO, Marilza Vanessa Rosa; DITTRICH, Maria Glória; MAURA, Maria Antonia
Pujol. Resiliência, Criatividade e Inovação: potencialidades transdisciplinares na educação.
Goiânia: UEG/Ed. América, 2013.
TORRE, Saturnino de la. Curriculum para el cambio. Bordón, nº 51 (4). Madrid: Sociedad
Española de Pedagogía, 1999.
TORRRE, S. de la . Dialogando com a Criatividade. Editorial Madras, 2005
TORRE, S. de la. Criatividade Aplicada: recursos para uma formação criativa. Tradução WIT
Languagens. São Paulo: Madras, 2008.
Resumo: A qualidade da educação infantil, nas últimas décadas, tem se tornado assunto de grande destaque nas
discussões governamentais e de setores da sociedade que debatem melhorias para o sistema educacional. O
espaço é um recurso que deve ser levado em conta pelo professor no processo ensino-aprendizagem e sua
organização deve ser caracterizada, num sentido acolhedor e estimulante, para as crianças. Portanto, é legítimo
considerar o espaço físico na educação infantil como um componente pedagógico, uma vez que a definição dos
ambientes dentro de cada espaço necessita contemplar o desenvolvimento cognitivo, físico, afetivo, social e
moral. Esta pesquisa se propõe a refletir sobre o espaço físico escolar nas creches do Proinfância do Município
de Imperatriz. Como objetivo geral, procuramos investigar como as professoras estão explorando os espaços
disponíveis nas instituições, no desenvolvimento de atividades que contemplem as necessidades das crianças. A
relevância desta pesquisa está em conhecer a realidade das creches do Proinfância de Imperatriz –MA. Esta
pesquisa tem abordagem qualitativa e se deu por meio da observação e entrevistas semiestruturas com cinco
professoras, sendo uma de cada instituição do Proinfância existente no município de Imperatriz. Para tanto,
buscamos fundamentação teórica em autores como Forneiro (1998), Moura (2009), Vieira (2009), entre outros.
Como resultado mais significativo, as instituições de Proinfância possuem espaço propício para o
desenvolvimento da criança pequena, o que em certa medida resolve um problema histórico de infraestrutura das
instituições de educação infantil no município. Porém, é necessário que as professoras o utilizem de forma
diversificada, havendo uma alteração do ambiente, para que as crianças não o encontrem todos os dias do mesmo
modo e elas possam se sentir seduzidas por aquele ambiente.
Palavras-chave: Espaço/ambiente. Proinfância. Imperatriz. (no mínimo 3 e no máximo 4, separadas por ponto)
Introdução
Sabemos que, para alcançar qualidade na educação infantil, dentre outras questões, é
necessária a existência de uma boa organização do espaço físico nas instituições, sendo esse
recurso também facilitador e promotor de aprendizagem. Percebemos que há diferentes
formas de organizar os ambientes dentro de um mesmo espaço e as possibilidades de uso que
eles estimulam também variam, de acordo com o que o educador proporciona às crianças.
Para que haja uma organização de qualidade, faz-se necessário que o educador planeje
um ambiente voltado ao aprendizado da criança. O professor precisa de espaços que o
favoreçam no planejamento de atividades que atendam às necessidades e potencialidades da
criança, em seus aspectos cognitivo, físico, afetivo, social e moral.
Este trabalho tem por objetivo geral compreender como os professores têm explorado
os espaços/ambientes nas creches Proinfância de Imperatriz, considerando o desenvolvimento
1
Graduada em Pedagogia pela UFMA/CCSST. E-mail: [email protected]
2
Mestre em Educação pela UFPB. Professora Adjunta do Curso de Pedagogia do CCSST-UFMA. E-mail:
[email protected]
e aprendizado das crianças. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem descritiva.
Para a realização dessa, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, a partir de livros e artigos
científicos, tendo como referências autores que discutem sobre o tema, tais como: Forneiro
(1998), Moura (2009), Vieira (2009). Como técnica de coleta de dados, adotou-se a
observação das creches do Proinfância, na Cidade de Imperatriz, que totalizam cinco
instituições, durante o período de vinte dias. Além da observação, aplicamos entrevistas
semiestruturadas com uma professora de cada instituição.
Assim, para a apresentação desse trabalho discorremos o espaço como elemento que
favorece o desenvolvimento da criança. Posteriormente apresentamos os dados coletados e
suas análises, identificando as formas de utilização dos ambientes realizados pelas
professoras. Para último, apresentamos as algumas finalizações sobre o estudo.
O espaço deve ser entendido como espaço de vida no qual a vida acontece. O espaço
vai além das suas metragens e, quando estruturado, potencializa as capacidades das
crianças. Ele se estabelece em tudo aquilo que o compõe como objetos, móveis,
odores, materiais de diferentes texturas, formas, temperaturas, assim como nas
relações. (FORNEIRO apud RODRIGUES, 2015, p.17)
O espaço sem nenhum atrativo não contribui para que proporcione outras experiências
e significados para a criança. Ao chegar na sala de aula, ela tem que sentir-se atraída para
estar naquele local. No momento em que algo é desenvolvido dentro desse local, atividades
lúdicas, relações, convivências, a criança está formando a sua identidade, construindo seu
conhecimento, pois os aprendizados são construídos a partir do momento em que o educador
propõe à criança explorar os espaços que estão disponíveis.
Organizar e planejar o espaço escolar não é tarefa fácil, exige dedicação e interesse
por parte da gestão e principalmente pelos educadores, que devem providenciar ambientes
ricos em possibilidades, ludicidade e estímulos diversificados, despertando a curiosidade e a
participação, desenvolvendo todos os aspectos físicos, motores e cognitivos, tão necessários
ao desenvolvimento e à aprendizagem das crianças:
As crianças necessitam de espaços para viver sua infância, visto que a forma de educá-
las está mudando em nossa sociedade: “tempos atrás as crianças brincavam nos quintais de
suas casas. Hoje cada vez mais cedo as crianças vivem suas infâncias em creches e pré-
escolas” (VIEIRA, 2009, p. 14).
Moura (2009, p.28) também reflete sobre, considerando-o como uma categoria “de
construção de uma educação infantil de qualidade, devendo ser considerada um eixo
pedagógico, que priorize a aprendizagem e o desenvolvimento, para que assim reflitam suas
culturas e histórias”.
O trabalho educativo do professor deve ser organizado de forma a contemplar as
diferentes necessidades de cada faixa etária, assim como as diferentes atividades
desenvolvidas nele. Ainda de acordo com Vieira (2009, p.37), o planejamento do espaço
sugere a “interferência intencional do adulto no planejamento competente, para garantir que o
ensino impulsione ao máximo o desenvolvimento da criança”.
Este estudo foi realizado nas instituições do Proinfância da rede pública municipal,
que ficam localizadas em bairros periféricos da cidade de Imperatriz-MA. Nesses bairros,
percebe-se a falta de saneamento básico, ruas esburacadas e difícil acesso nas mediações das
instituições. As crianças moram nas proximidades da escola e, em sua grande maioria, são
filhos de pais assalariados.
No município, funcionam cinco creches do proinfância, localizadas nos bairros P1.,
S2., V3., SI4. e C5. A creche P1 é a mais antiga, foi inaugurada em 2014. As demais foram
inauguradas em março de 2016. O modelo das creches e pré-escolas do proinfância possui
estrutura ampla, moderna e planejada e visa a atender às crianças pequenas de 1 a 5 anos. Ao
entrar nas instituições, percebemos que aquele espaço parece ser adequado para as crianças,
pois tem um ambiente propício para o desenvolvimento infantil, com salas amplas, espaços
diferenciados como sala de vídeo, sala de leitura, pátio coberto e pátio verde, banheiros
adaptáveis, fazendo disso uma instituição pública de qualidade.
Das cinco instituições visitadas, quatro delas seguem o modelo padrão B (C5, P1.,
V3., SI4.) e a S2. segue o modelo C. As salas possuem mobiliário novo, com cadeiras e mesas
adequadas à faixa etária, balcão com pia, prateleira e um anexo com colchonetes para as
crianças descansarem ou dormirem; todas contam com central de ar; as salas são iluminadas e
contam com janelas que permitem a luminosidade natural, além de possuírem portas que dão
acesso ao solário para as crianças menores.
Os brinquedos disponíveis nas instituições são poucos, sendo que alguns foram
comprados pelas próprias professoras e outros foram arrecadados com rifas feitas pela
coordenação em parceria com as famílias das crianças.
Durante as observações nas salas de aula das instituições, foi possível perceber que
geralmente há uma rotina estabelecida pelas educadoras. Dentro da sala de aula, as crianças
são normalmente recebidas pela professora ou auxiliar, que recolhe a mochila e encaminha a
criança para sentar junto com os colegas, a professora entrega brinquedos (encaixe ou
massinha de modelar), enquanto espera todos os alunos chegarem. O primeiro lanche é
servido no pátio, em seguida é feita a acolhida na sala, na sequência é aplicada uma atividade
dirigida. No horário extraclasse, as crianças são direcionadas para brincar alternadamente no
parquinho, no pátio, no solário, na sala de vídeo ou de leitura. Após o segundo lanche, é a
hora da historinha. Em seguida, novamente são distribuídos brinquedos para as crianças
brincarem, enquanto aguardam os pais para a saída.
Rodrigues (2009, p.45) afirma que essas rotinas são necessárias, porém devem ser
passíveis de mudanças: “[...] construtora de uma rotina previsível, mas não rígida, constituída
por atividades variadas e significativas”. Ou seja, por meio dessa organização as crianças já
sabem o momento das atividades, porém é preciso que as professoras diversifiquem as
propostas de atividades, para que não se torne algo mecânico, repetitivo ou sem estímulos
relevantes para o desenvolvimento da criança. Segundo o RCNEI, é preciso oferecer
atividades diferenciadas, promovendo autonomia de escolha para as crianças:
Nos dias de observação na sala de aula das instituições do S2 e V3, foi possível notar
que as educadoras entregaram massinha e brinquedo de encaixe todos os dias, na chegada das
crianças à escola, as mesmas já chegam à sala pedindo para a professora os brinquedos
mencionados, ficando com eles por um tempo de 40 minutos ou até o horário do primeiro
lanche.
A professora do V3 comentou: “as crianças já não estão querendo os blocos de
montar, já estão perdendo o ânimo por esse brinquedo”. Diante esse comentário, surgiram
questionamentos sobre a prática dessas professoras, como: Por que as educadoras não
propõem algo diferente para recepcionar essas crianças? Que tipo de atividades as educadoras
estão propondo de estímulos novos todos os dias? Sem a pretensão aqui em esgotá-las ou
respondê-las, essas questões talvez coubessem numa outra pesquisa.
A utilização dos espaços extraclasse se dá de forma diferenciada. No parquinho, as
professoras costumam deixar as crianças à vontade para correr, pular, escorregar, tendo ali
momento de descontração e divertimento para elas; no pátio coberto elas, costumam fazer
uma atividade dirigida, como: brincadeira do saco, jogar aviões de papel. Por meio dessas
brincadeiras, as crianças aprendem, princípio este que deve nortear as atividades na educação
infantil. Na sala de vídeo, elas procuram colocar um vídeo de acordo com o tema que está
sendo desenvolvido dentro da sala de aula, mas isso só foi notado nas instituições do P1 e C5.
Na sala de leitura, as educadoras deixam as crianças folhear os livros, olhar as figuras,
mas geralmente preferem contar a historinha na própria sala, devido a ter uma atenção melhor
das crianças. O espaço do pátio verde é pouco utilizado, tendo somente na instituição C5 uma
horta. O solário fica anexo à sala de aula, sendo que deveria haver playground em todos,
porém encontramos somente na instituição P1. Na sala de aula, foi perceptível que as
professoras, além de fazerem atividades do livro didático, fazem contação de historinha,
cantam músicas, brincadeira de roda; nesse momento, percebemos que elas desenvolvem
atividades que são necessárias para a aprendizagem da criança pequena e utilizam os
ambientes que foram organizados nas salas de aula.
Nesse sentido, os espaços oferecidos nas instituições procuram inserir as crianças em
diversas vivências, a fim de promover diferentes situações que as levem ao desenvolvimento e
aprendizagem. Porém, alguns espaços ainda precisam ser melhorados, seja pela falta de
materiais ou por um planejamento diferenciado no ambiente.
Os espaços decorados nas salas do maternal II expressam um ambiente educacional
agradável para as crianças, com cartazes que estimulam o aprendizado (chamadinha, quantos
somos, forma geométrica, como está o clima, abc, números, aniversariantes, profissões, pode
ou não pode); possuem também o cantinho da higiene pessoal.
Os materiais disponíveis nas escolas, como cadeiras e mesas, estão de acordo com a
faixa etária específica para as idades das crianças. Porém, os armários e a pia na sala de aula
não estimulam a autonomia das crianças. De acordo com o Parâmetro Básico de Infraestrutura
para as instituições de Educação Infantil (2008, p.28),
Na imagem 5, percebemos que os materiais não são identificados, ficam altos e não
estão disponíveis para as crianças escolherem aqueles que desejarem utilizar. Com isso, as
educadoras não propõem autonomia de escolha para as crianças, disponibilizando somente o
que lhes convém. Para que haja autonomia para as crianças, é preciso refletir os espaços e
materiais que estimulem sua imaginação e criatividade:
[...] faz se necessário pensar e oferecer um espaço educacional significativo, feito
para criança e também pela criança, um espaço bonito, cálido, familiar, alegre, com
diversos materiais e objetos acessíveis nos mobiliários em altura adequada para as
crianças para que elas possam desenvolver atividades do seu interesse, criar novos
interesses e expressar sua autonomia, sua criatividade (VIEIRA, 2009, p.18).
Com relação aos espaços extras, segundo as professoras, há um cronograma com dias
e horários disponíveis para cada turma utilizar esses espaços (parquinho, solário, refeitório,
sala de leitura, sala de vídeo e brinquedoteca). Esse cronograma é feito pela coordenação
junto com as professoras, para que as mesmas possam fazer o planejamento incluindo esses
espaços; esse planejamento é maleável, podendo haver troca de horários entre as professoras.
É preciso que as professoras sempre diversifiquem os espaços, para que as crianças
tenham autonomia na escolha do seu brinquedo, um canto com o qual ela se identifique ou até
mesmo saber reconhecer e respeitar o momento de a criança interagir com seus pares ou
preferir brincar sozinha. Essas ações pedagógicas irão proporcionar diversas aprendizagens,
possibilitando também a interação e a socialização entre as crianças.
Nos espaços da sala de leitura, sala de vídeo e nos cantinhos, as professoras das
instituições do SI4 e P1 procuram colocar historinhas que tenham relação com o conteúdo
que está sendo trabalhado em sala de aula, como já se falou anteriormente: professora do P1 –
“Nós estamos trabalho o fundo do mar do livro didático, na sala de vídeo coloquei um
desenho do peixenauta que retrata o fundo do mar.” (diário de campo dia 14, período
matutino).
O momento do extraclasse é feito no pátio coberto ou no pátio verde. É um momento
de descontração e prazer para as crianças, que se permitem ser crianças, correr, pular,
desenvolver a coordenação motora. Além de brincar, aprendem a preservar e cuidar do meio
ambiente. As professoras comentaram que sempre fazem esses momentos ao ar livre, sair um
pouco da sala, ter esse momento da brincadeira, que é importante para o crescimento. A
criança deve explorar os espaços externos disponíveis, como o pátio, espaço verde, a hora do
banho, pois são momentos para promover a autonomia, além de proporcionar mais
conhecimento.
O espaço mais utilizado e preferido das crianças é o parquinho, sendo o momento mais
esperado por elas, conforme pudemos observar. Elas se divertem bastante subindo, descendo,
correndo, pulando, interagindo e brigando. Como são poucos brinquedos e eles não querem
dividir, surgem pequenos desentendimentos, sendo preciso a professora intervir,
primeiramente conversando com a criança e, se ainda continuar, é necessário tirar a criança do
brinquedo. Geralmente as professoras as deixam à vontade, não interferindo na maneira de
elas brincarem, mas supervisionam, tomando cuidado para não se machucarem.
Imagem 11: momento da brincadeira C5 Imagem 12: momento da brincadeira V3
Referencias
BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Por amor & por força: rotinas na Educação Infantil. 2.
ed. Campinas, SP: UNICAMP, 2000.
BRASIL, Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil. V.1,2. Brasília: MEC/SEF, 1998.
R. C. F. D. S.1
I. L. D. S. ²
Sala (3)
Resumo: O presente trabalho foi realizado no âmbito do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência) no Curso de Pedagogia, campus Palmas, em uma das turmas do 4º ano da Escola Municipal Henrique
Talone. O trabalho ocorreu durante o primeiro semestre de 2017 e teve como objetivo abordar a temática Meio
Ambiente enquanto tema transversal com o seguinte conteúdo: gêneros textuais. Para isso, os conteúdos
contemplaram uma abordagem interdisciplinar a partir de textos de literatura infanto-juvenil de autores (as)
como Eva Furnari, Janet e Allan Ahlberg. O principal objetivo era ensinar para os alunos os tipos de gêneros
textuais, introduzindo temas relacionados aos cuidados com o meio ambiente. Os resultados da intervenção se
materializaram na produção pelos alunos de textos, poesias, charadas, cartas, receitas, histórias em quadrinhos e
brinquedos, ambos ligados ao meio ambiente. Foi possível observar que os alunos ficaram empolgados com
aulas conduzidas no pátio da escola e com elaboração das atividades desenvolvidas de forma interativa e com a
participação de todos os alunos.
Palavras-chave: Meio Ambiente. Interdisciplinaridade. Gêneros textuais. Literatura Infanto-Juvenil.
Introdução
1
Universidade Federal do Tocantins. [email protected]
² Escola Municipal Henrique Talone Pinheiro. [email protected]
ano, com 38 crianças, como o projeto o ambiente por um fio já vinha sendo desenvolvido pelo
Pibid há seis meses, resolvemos dar continuação inserindo no ensino de gêneros textuais no
qual fazia parte do conteúdo programático para essa turma. Trabalhando assim de forma
interdisciplinares vários tipos de gêneros textuais, sua estrutura e trazendo enfoque aos
cuidados com o meio ambiente dentro desses gêneros. O projeto surgiu a partir da
problemática investigada, pautou-se na necessidade de contribuir com a formação crítica de
estudantes do ensino fundamental com a causa ambiental, visto que o estado do Tocantins foi
o segundo lugar em queimadas no Brasil no ano de 2016, com a triste realidade de mais de
7000 focos de incêndios só na cidade de Palmas, capital do estado.
Com isso percebemos a grande necessidade de inserir cada vez mais as questões
ambientais em todos os conteúdos propostos para as crianças, para que desde cedo elas
entendam as conseqüências que vem a acontecer se não começarmos a cuidar do nosso meio
ambiente.
Procedimentos Metodológicos
A perspectiva da pesquisa qualitativa neste caso o objetivo se configura como
pertinente, tendo em vista os diversos atravessamentos de dados que poderão ser gerados a
partir das pesquisas dos subgrupos temáticos no desdobramento entre cultura e natureza nas
paisagens tocantinenses, estando agregados aos princípios da pesquisa etnográfica. Kincheloe
& Berry (2007) acreditam que “os bricoleurs exploram sentidos distintos, oferecidos por
outros em circunstâncias semelhantes” (p.19). Nesse intercâmbio de autores e modos de
pensar como os expostos é que a metodologia está fundada e, daí, também, sua flexibilidade e
sujeição aos contextos e disponibilidades dos sujeitos protagonistas da investigação. De
acordo com os princípios da concepção de formação continuada de Josso (2010, p.63) onde a
mesma considera que um dos objetivos da formação continuada „[...] deve ser o alargamento
das capacidades de autonomização e, portanto, de iniciativa e de criatividade‟.
Desenvolvimento
As atividades foram desenvolvidas durante o primeiro semestre de 2017, iniciei com
observações, para conhecer a turma em questão para desenvolver atividades de acordo com as
habilidades de cada aluno, a turma no geral não tem muitos problemas com leitura e escrita, e
ao perceber isso pude elaborar atividades no mesmo nível para todos os alunos. Juntamente
com a professora regente, o conteúdo no qual trabalhamos foi gêneros textuais. Levei para a
turma a primeira atividade sobre o gênero historia em quadrinho, apresentei a estrutura de
uma historia em quadrinho, como ela e composta e dentre outros aspectos desse tipo de texto.
A proposta da atividade foi dividir os alunos em cinco grupos, os grupos foram
formados por meio de sorteio, para que não houvesse divergências por parte dos alunos, cada
grupo ficou com uma palavra como: agua, terra, ar, rio, planta e animais, através dessas
palavras eles iriam elaborar uma historia em quadrinho em um cartaz, a única regra que foi
imposta por nós professoras foi que o cartaz deveria ser colorido e que prevalece os aspectos
relacionado a natureza. A elaboração do cartaz foi bem criativa por parte dos alunos, todos os
grupos de empenharam e fizeram o seu melhor, saiu desenhos e historias espetaculares.
Depois de fazer os cartazes cada grupo apresentou para os outros colegas, tornando a aula
interessante e dinâmica, onde os alunos tiveram gosto de participar.
O segundo gênero foi fábula, assim como o primeiro levamos para os alunos a
introdução do que e uma fábula, sua estrutura, como ela e composta, de acordo com a
proposta do tema o ambiente por um fio introduzimos a questão dos animais em extinção, já
que os personagens de uma fabula se trata de animais e seres inanimados o conteúdo casou
com a proposta.
Destacamos a questão do tamanduá bandeira que esta em extinção no cerrado, um
animal que eles já viram falar e que não foge muito da realidade, fizemos indagações para
saber se eles sabiam o porquê esses animais estariam em extinção, e eles apontaram diversos
problemas dentre eles as queimadas e poluição da natureza. De acordo com o que eles iam
apontando, íamos anotando no quadro para introduzir a atividade. Passamos o conteúdo na
lousa, e como a professora havia dito que precisávamos focar também na escrita, levamos
uma atividade de produção textual. Os alunos deveriam produzir um texto com as
características de uma fabula e que envolvesse os aspectos negativos que vem acontecendo
com os animais em consequência da ação humana.
Os alunos usaram das suas criatividades para a elaboração dos textos, e foi interessante
perceber que eles realmente tinham entendido a proposta, saíram historias fantásticas. Depois
de analisar as escritas dos alunos, deixamos livre a opção de ler na frente ou não a sua historia
para os colegas e as maiorias quiseram ler, a aula mais uma vez foi prazerosa e dinâmica.
Na sequencia levei o gênero carta, ensinar esse gênero para crianças que nasceram em
meio a tanta tecnologia e meio que um desafio, os alunos de hoje estão habituados a usar as
redes sociais para se comunicarem e expressar seus sentimentos, tornando assim o contato
com as pessoas ainda mais restrito. As pessoas mais velhas conheceram de perto esse gênero,
pois para se comunicar com pessoas que moravam longe era essencial o uso da carta já que
internet e telefone nem sempre foram de tão fácil acesso como e hoje. Procuramos saber se os
alunos conheciam esse gênero, sua estrutura, os componentes que deveriam ter em uma carta,
alguns solveram responder, outros não sabiam. Fizemos a introdução sobre toda a estrutura de
uma carta, para melhor entendimento dos alunos.
A atividade proposta nessa aula se tratava de uma carta que os alunos iriam escrever
para os adultos, alertando sobre os cuidados que deveríamos ter com o meio ambiente para
que não possamos sofrer consequências no futuro, pois a falta de cuidado não afetara só o
planeta mais a nós mesmo. A escrita da carta ainda esta em andamento, pois iremos fazer com
que realmente ela chegue às mãos de vários adultos, para que eles se conscientizem e ajudem
seus filhos a fazer o mesmo. Nos professores e ate as próprias crianças estão empolgadas com
o resultado.
O ultimo gênero foi receita, fizemos um breve levantamento sobre os conhecimentos
dos alunos desse referente gênero, a grande maioria soube dizer o que era uma receita, pois e
algo no qual eles têm vivencias em casa, mostramos para os alunos toda a estrutura de uma
receita, acordamos também:
Os cuidados que devem ser tomados na cozinha;
Os perigos existentes;
A importância dos hábitos de higiene necessários para a saúde e para a confecção de
uma receita;
A importância de deixar o ambiente limpo após a execução da atividade.
Esse gênero foi muito bom de trabalhar, juntamente com os alunos fizemos uma
receita de docinho de leite ninho, apesar da bagunça na sala de aula, foi gratificante pois com
a pratica as crianças aprendem melhor o conteúdo, eles adoraram a atividade pois realmente
colocaram a mão na massa. Depois da realização da atividade, limpamos a sala e descartamos
as embalagens dos ingredientes usados, nos respectivos latões de lixo observando onde cada
um se encaixava, fizemos o enfoque sobre a coleta seletiva, fazendo com que os alunos
prestassem atenção nesse detalhe e que orientasse os familiares a começarem coma pratica de
separar o lixo antes de descartá-lo, com isso ia amenizando mais a poluição, partindo da
conscientização de cada um.
Considerações Finais
Para que possamos ter uma boa formação como educadores, precisamos estabelecer
contato com a prática escolar. Nos estágios supervisionados da educação infantil e
fundamental. Iniciamos esse contato de uma maneira restrita, pois as escolas não nos
oferecem espaço para que possamos realmente conhecer a docência, o tempo de duração dos
estágios também não contribui para esse conhecimento afundo do que vem a ser docente, e
apenas uma previa de todo o contexto.
O PIBID é para nós a oportunidade articular a teoria aprendida na formação acadêmica
à realidade escolar. Refletir sobre a prática no fazer cotidiano, aprendendo também com os
erros, é bem mais significativo e torna nossa formação bem mais completa e consistente. As
escolas parceiras do Pibid nos dão total liberdade para colocar em prática a nossa docência,
nos orientando e ajudando de maneira significativa.
Um dos objetivos do Pibid é justamente valorização da profissão docente, além de
contribuir para formação dos discentes no próprio ambiente escolar. Como resultado de
processo de continuidade de um ano de atuação nesta escola selecionada pela coordenação do
PIBID/UFT por ter obtido bons resultados no IDEB (2013 – 6,3; 2015 – 7,0) contribuindo
com a formação dos acadêmicos na medida em que acompanham e são tutorados por
professores com boas práticas educativas. Nesta perspectiva as intervenções dos acadêmicos
no interior da escola, oxigenaram em vias duplas as perspectivas de identidade profissional,
uma vez que tanto os acadêmicos, como os professores das escolas são afetados positivamente
com práticas docentes inovadoras.
Os alunos usaram da criatividade para desenvolver todas as atividades propostas,
percebi que eles realmente entenderam o que eu queria transmitir, o que mais me chamou
atenção foi às produções das cartas, pois saíram coisas maravilhosas, as crianças por meios da
sua escrita procuravam conscientizar os adultos a cuidas do nosso planeta, pois assim como
ele precisa de nos para sobreviver, nos também precisamos dele. O trabalho como um todo
desenvolvido pelos alunos foi excepcional, superando todas as expectativas esperadas. A
experiência de fazer parte desse programa é muito rica, nos leva a conhecer caminhos que a
teoria adquirida apenas na universidade não nos mostra. Conhecer a escola ainda na
graduação e muito importante, isso ira fazer com que nos tornamos profissionais
conhecedores e esclarecidos da pratica docente com competência.
Desenvolver esse trabalho está sendo uma experiência única, no segundo semestre
iremos continuar com o projeto com a mesma turma, os resultados com certeza será o melhor
possível.
Anexos
Atividade: elaboração de historias em quadrinhos
Produçao de texto
Atividade em grupo.
Referências
SALA 1
Resumo: Neste trabalho fazemos uma reflexão acerca da importância da formação continuada voltada para um
conhecimento aberto a novas possibilidades na dimensão educativa. Nesse sentido, o trabalho tem como objetivo
relatar as vivências formativas e os desafios inerentes à prática docente. A formação continuada no século XXI
exige uma reflexão pessoal e coletiva. E isso implica múltiplos olhares, discussões, opiniões e reflexões
progressivas da escola como lócus de constante (re)pensar, (re)planejar e (re)significar tanto do aprender quanto
ensinar. Assim, as vivencias formativas possibilitam a construção da formação de professores na perspectiva da
criatividade. Isso decorre da importância que essa temática representa para as mudanças da formação humana
como princípio de produção do conhecimento na contemporaneidade.
Introdução
A lição de pintura
1
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Membro do Grupo de Pesquisa em Rede
Internacional Investigando Escolas Criativas e Inovadoras – TO. E-mail: [email protected]
2
Doutora em Educação pela PUC de São Paulo. Professora da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e dos
Programas de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Língua e Linguagem e Mestrado em Educação.
Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Rede Internacional Investigando Escolas Criativas e Inovadoras – TO.
E-mail: [email protected]
pontuais, sem considerar a alteração das realidades dos professores e, sobretudo, seu fazer
docente.
Para tanto, os desafios da formação continuada de professores na atualidade são
muitos. Mas cabe às instituições educacionais a compreensão de seu papel enquanto espaço
formador capaz de ressignificar os discursos e, sobretudo, dar novo sentido ao ensino, haja
vista que a mudança das práticas pedagógicas depende de como ocorre a formação de seus
professores.
Diante desse contexto, faz-se necessário uma formação que transcende a fragmentação
teórica e disciplinar do conhecimento, pressupõe uma formação pautada na abertura, mas
também compreende um processo de construção, desconstrução e reconstrução permanente de
saberes que façam sentido para vida. Nesse sentido, a discussão deste relato soma-se a
compreensão de Veiga e Viana (2012, p. 32) ao sinalizarem a pesquisa como fonte de
resolução dos problemas, isso implica um constante investimento na formação do professor,
pois essa “é [...] um processo, por isso, inacabado, não avança no isolamento, no
individualismo. O compartilhar é imprescindível para que haja crescimento pessoal e
coletivo”.
Em consonância ao exposto, o relato inicia explicitando as vivências formativas inicial
e continuada da primeira autora e sua relevância para o fazer docente pautado na conexão do
conhecimento, na autonomia e na ressignificação da aprendizagem para, em seguida,
compreender a formação continuada de professores e sua importância na dimensão criativa na
contemporaneidade. E por fim, serão trazidas as considerações sobre os resultados das
vivências formativas na construção do conhecimento.
3
O filme Colcha de Retalhos conta a história de vida e os dilemas de determinadas senhoras que em conjunto
estão costurando uma colcha de retalhos. Cada novo retalho colocado na colcha é uma possibilidade de perceber
as mudanças da vida (MOORHOUSE,1995).
caminhar esses retalhos começaram a ganhar forma; ou seja, a cada leitura realizada e a cada
contato com o campo de pesquisa, iniciou-se a compreensão e a composição de novas
descobertas. É nesse trajeto contínuo que esta pesquisa compreende a formação continuada de
professores.
Nesse aspecto, outra fonte de inspiração para o sentido conotativo atribuído ao termo
recortes é o filme “Colcha de Retalhos”, que conta a história de senhoras que costuram uma
colcha, permeada por lembranças de vida de cada uma, pois o relato de suas vivências é
desencadeado pela tessitura da sobrecama (MOORHOUSE, 1995). O diálogo entre as
experiências das senhoras e de uma personagem mais nova no filme pode ser aproximado à
seguinte afirmação de Cunha (2005, p. 21): o “novo não se constrói sem o velho, é a situação
de tensão e conflito que possibilita mudança”.
Partindo desse pressuposto, faz-se indispensável situar que os acontecimentos são
importantes para a ressignificação do fazer, principalmente na contemporaneidade, na qual se
vivem mudanças rápidas e necessárias para as transformações das práticas pedagógicas. Isso
implica a compreensão de
[...] que o conhecimento não está pronto e nem acabado sofre variações e demandas
novas e diferenciadas, à medida que são tecidas outras descobertas, que ampliem o
olhar do homem. Torna-se necessário, ao docente, ter clareza de que o conhecimento
é um contínuo aprender, já que envolve relativizações histórico-culturais,
bioantropológicas e incertezas do contexto econômico, psicológico e cultural.
Importa lembrarmo-nos de que esse processo não ocorre de forma linear e regular,
uma vez que não existe um único sentido; é múltiplo e aberto, contraditório e
complexo, o que possibilita um número infindo de interpretações e de
compreensões. (ROCHA; PINTO; PINHO, 2013, p. 219)
4
O memorial trata-se do relato de uma vivência singular. Neste caso, adotamos o uso da primeira pessoa do
singular (eu) ao nos referirmos às experiências pessoais e profissionais da pesquisadora.
5
O PET Pedagogia foi criado no ano de 2007 pela Prof. a D.ra Rosilene Lagares, tutora do Programa de Educação
Tutorial (PET) de Pedagogia de Palmas desde setembro de 2007. Fiz parte do primeiro grupo PET como bolsista
da Capes, permanecendo no grupo por três anos.
indissociabilidade do ensino, pesquisa, extensão, cultura e atividades coletivas”
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS, 2007). Com base no objetivo do
programa, mais uma vez buscava na pesquisa uma forma de enfatizar a importância da teoria
e da prática, pois essas sempre se relacionam. Nesse aspecto, Cunha (2005, p. 98) “define a
importância do concreto e da prática social como ponto de partida para novas aprendizagens,
reforçando a ideia de que é da prática que se constrói a teoria”.
Outra experiência foi no Programa Institucional de Monitoria (PIM), vinculado à
disciplina Metodologia da Pesquisa do Curso de Pedagogia, no ano de 2007. Essa disciplina
propiciou-me um aprendizado das normas de trabalho científico e do exercício da docência.
Em relação à experiência na pesquisa, faz-se indispensável ressaltar o Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC6). Esse foi um processo importante para a sistematização e a
produção do conhecimento, pois objetivou conhecer e compreender a representação da mulher
na literatura infanto-juvenil desde os contos primordiais até a atualidade, bem como
aprofundar o conhecimento sobre a história do feminismo no Brasil e no mundo. Esse
trabalho possibilitou a percepção referente à fragilidade dos projetos de leituras e à forma de
abordagem assumida pelos professores.
Constatei que a leitura dos textos literários na escola ainda era feita de maneira
superficial, não se atentando para as abordagens dos temas. A sujeição da mulher ao poder
masculino e a simplificação dos personagens femininos nos contos primordiais não são
analisadas de forma aprofundada e, muitas vezes, sequer percebidos. Ao trabalhar com os
textos literários introduzidos a partir do século XX, com o aparecimento de alguns
personagens mais transgressores, no que se refere ao perfil feminino, essa discussão pode ser
incentivada, todavia dependerá sempre da formação do professor (MORAIS, 2010).
Essa pesquisa também me despertou para a necessidade de a formação continuada de
professores trabalhar as temáticas de forma contextualizada, atentando ao mundo em que os
sujeitos vivem. Cabe ressaltar ainda que os resultados parciais foram apresentados em eventos
locais e nacionais no intuito de contribuir com a produção do conhecimento.
Em 2010 conclui a graduação. Os avaliadores do TCC e minha orientadora
incentivaram-me a ingressar em um programa de mestrado, incentivo que, unido às
descobertas da pesquisa, fez com que eu continuasse. No ano de 2011 iniciei a pós-graduação
lato sensu em Docência do Ensino Superior, uma formação que me proporcionou muitos
6
O trabalho denomina-se A representação da mulher na literatura infanto-juvenil: desde os contos primordiais
às obras literárias infantis da atualidade e foi orientado pela Prof.a Dra Isabel Cristina Pereira Auler da
Universidade Federal do Tocantins (UFT).
conhecimentos sobre a docência e que foi, sobretudo, importante para minha atuação em sala
de aula.
Logo, em 2012, fui professora do 3º ano do ensino fundamental na rede privada. Essa
experiência profissional foi decisiva para a busca do mestrado na área da educação. No ano
seguinte também tive a oportunidade de trabalhar na Educação Infantil da rede pública
municipal de Palmas, a qual realçou minha certeza.
Todo o percurso profissional propiciou-me, além de novos aprendizados, a constante
aspiração por um ensino pautado na formação integral do indivíduo. Esse anseio implica
necessariamente práticas pedagógicas pautadas na dimensão global do sujeito; tal ação requer
uma disposição do educador no processo de ensino e aprendizagem que ultrapasse a forma
linear e fragmentada. Assim, faz-se necessário compreender a sala de aula como espaço de
criação e transformação que contribui para a construção de teorias pedagógicas alternativas,
pois são as práticas vivenciadas que se tornam inspiração para a produção de novos
conhecimentos (CUNHA, 2006).
Essas bases teóricas são fundamentais para a realização de minha prática docente,
visto que são as dificuldades que nos possibilitam a busca por novas formas de fazer. Esses
conhecimentos compuseram minha formação inicial, que, por sua vez, propiciou experiências
fundamentais para compreender que o processo formativo não se finda, mas que necessita ser
continuado. Nessa dimensão, Nóvoa (1992, p. 28) sinaliza que a formação continuada deve
ser centrada na investigação e na reflexão das experiências do professor. Dessa forma, os
professores necessitam se assumir
[...] como produtores de sua profissão. Isto é, da mesma maneira que a formação não
se pode dissociar da produção de saber, também não se pode alhear de uma
intervenção no terreno profissional. As escolas não podem mudar sem o empenho
dos professores; e estes não podem mudar sem uma transformação das instituições
em que trabalham. O desenvolvimento profissional dos professores tem que estar
articulado com as escolas e seus projetos.
ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. [...] Enquanto ensino continuo
buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me
indago. [...] Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou
anunciar a novidade. (FREIRE, 1996, p. 29).
Mas, para que a afirmação do autor aconteça, faz-se indispensável que a formação
continuada de professores seja na perspectiva da educação formadora e transformadora.
Também é preciso que haja o desenvolvimento de uma criatividade baseada na construção de
um senso crítico contextualizado socialmente com o bem-estar pessoal, social e planetário;
7
O estágio de docência “é parte integrante da formação do pós-graduando, objetivando a preparação para a
docência, e a qualificação do ensino de graduação do Estágio docente de acordo com o regulamento de cada
programa específico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)” (Brasil, 2010,
p. 32). Esta é uma das atividades do bolsista CAPES.
visão esta que tem sido propiciada pelas discussões de nossa pesquisa a minha vida pessoal e
profissional.
Sob esse olhar, em dezembro de 2015 foi defendida a pesquisa intitulada “Criatividade
na formação continuada de professores do ensino fundamental: um desafio na
contemporaneidade”. Esta discussão possibilitou um aprofundamento sobre as bases teóricas
da criatividade e sua importância no aprender, no fazer e no ensinar.
Esta dimensão, necessita uma fundamentação nas bases da criatividade para que de
fato as descobertas sejam um construir e descontruir diário. Isto é perceptível no exercício da
prática docente, pois como professora do ensino superior vivencio as dificuldades dos alunos
na construção do conhecimento, bem como seus avanços. Essa troca diária é fundamental para
criar e idealizar algo diferente para realizar mudanças no aprender e no fazer.
No intuito de compor novas peças para dimensão do aprender e ensinar há uma busca
constante de dar voos mais altos, ou seja, compreender a construção da identidade
profissional dos professores que atuam nos cursos de Pedagogia e Letras das universidades
púbicas estaduais de São Paulo, visando identificar à pratica docente.
[...]
A mudança é mais que um tema,
vem a ser um símbolo,
como uma onda que avança
rumo ao desconhecido.
Nesse aspecto, é possível perceber que o ato formativo vai além da reflexão de novos
conteúdos. Ele necessita buscar constantes reorganizações de antigos modos de proceder na
dinâmica do dia a dia de sala de aula para o desenvolvimento de novas aprendizagens para a
vida profissional e pessoal. Nessa dimensão Carneiro (2013, p. 133) frisa a essencialidade de
os cursos de formação vivenciarem “[...] experiências que favoreçam a criatividade, utilizando
diferentes formas de comunicação e expressão, quando é possível ter liberdade para ousar”.
Essas vivências são importantes fatores para o professor ensinar a seus alunos, pois só
podemos ensinar aquilo que aprendemos. Esse processo implica experimentar coisas novas
para a construção de um conhecimento mais flexível e aberto, que seja embasado em
diferentes linguagens, possibilitando a comunicação e a expressão do aluno para que este
construa seu conhecimento com criatividade (CARNEIRO, 2013).
8
Para Torre (2005), a intervenção formativa será possível se houver a compreensão do ensinar, do aprender e do
formar. Pois o ato formativo implica a realização de algo novo em benefício dos demais, além de uma busca
constante de elementos diferentes para a construção de uma aprendizagem que se constrói e se ressignifica
diariamente.
Partindo desse pressuposto, faz-se indispensável a construção da formação de
professores na perspectiva da criatividade. Isso decorre da importância que essa temática
representa para as mudanças da formação humana como princípio de produção do
conhecimento na contemporaneidade.
Nóvoa (2009) indica que ser professor é compreender os sentidos do projeto
educacional, é buscar aprender com o grupo de professores da instituição de ensino. Porém,
esses precisam ir além, ou seja, instituir as práticas profissionais como lugar de reflexão e de
formação para transformá-las em conhecimento.
Percebemos, portanto, a importância de mudar a concepção de formação que ainda é
utilizada nos programas de formação continuada, estes carecem perceber os professores como
principais protagonistas de sua prática. Assim, é necessário que o espaço escolar seja um
espaço das mudanças pedagógicas para que ocorra a transformação do conhecimento dos
professores e, consequentemente, de seus alunos.
Em conformidade com essa discussão, Nóvoa (1999, p. 26) define que a formação de
professores precisa “ser repensada e reestruturada como um todo, abrangendo as dimensões
da formação inicial, da indução e da formação contínua”. O autor ainda acrescenta a
imprescindibilidade de docentes que não se limitam a imitar outros professores, pois estes têm
condições para de criar novas metodologias de ensino na educação, além de desenvolver
novas maneiras de aprender.
Nesse sentido, a concepção teórica analisada pressupõe a formação docente criativa
centrada no espaço escolar, visando práticas pautadas nos diferentes saberes, na busca de
novos caminhos para o fazer docente. Nessa perspectiva, Nóvoa (1992) compreende que a
mudança educacional está relacionada à formação do professor e às transformações das
práticas pedagógicas, pois esta necessita se associar aos projetos educativos da escola.
Ao pensar a formação continuada de professores na contemporaneidade, faz-se
indispensável e urgente a formação para a criatividade, para que de fato haja mudanças nesse
processo formativo.
Torre (2008) defende a criatividade na formação docente, por conta de ela modificar a
forma de pensar e fazer de todos os envolvidos no processo educativo. Mas para haver a
inclusão dela no programa formativo, precisa-se de pessoas abertas ao novo e dispostas a
resolverem os desafios diários do campo educacional.
O autor enfatiza a importância de a formação se dar na dimensão criativa, pois nessa
perspectiva o professor não fica no exame parcial nem se torna mero expectador dos fatos. Ele
passa a apresentar “inter-relações e visões de conjunto. Dessa forma, as partes são mais bem
compreendidas e poderão ser posicionadas na estrutura adequada” (TORRE, 2008, p. 89).
As discussões apresentadas acima apontam para algumas direções para a formação
continuada de professores. Em primeiro lugar, ela carece ser pensada pelos professores, fazer
com estes sejam sujeitos de sua formação e, sobretudo, contribuir para o bem individual e
coletivo, além de produzir conhecimentos criativos na dimensão pedagógica das instituições
de ensino.
Dessa forma, compreendemos o desafio da formação de professores na atualidade
requer atitude e, sobretudo, ações criativas que sejam capazes de “[...] promover valores
sociais como a tolerância, o respeito às pessoas e à natureza, a defesa da paz e da conivência,
etc.” (TORRE, 2002, p. 89). A formação continuada nesse viés carece (re)pensar, (re)planejar
e (re)significar suas necessidades formativas no âmbito escolar. Além disso, devem ser
promovidos múltiplos olhares, discussões, opiniões e reflexões nas instituições educacionais,
formando pessoas com atitudes conscientes, que busquem algo diferente para gerar novas
ideias, bem como possibilidades de aprender e ensinar.
Considerações finais
As considerações no âmbito das experiências são fundamentais, pois possibilita
ressignificar os saberes, reflexões sobre a profissão da docência e construção de sua
identidade. Isto requer um pensamento criativo, ações críticas, um aprendizado compartilhado
dos professores, a realização de um ensino conectado com os demais saberes, um olhar
criativo e a percepção do que ninguém consegue ver, além da capacidade de ter ideias para
vencer as adversidades e buscar alternativas para possibilitar uma formação crítica e criativa.
Portanto, buscar caminhos na contemporaneidade para potencializar a formação
continuada de professores implica um trabalho coletivo com base na partilha e no constante
diálogo entre os pares, de modo que haja transformação nas práticas pedagógicas e,
principalmente, um conhecimento articulado, crítico e criativo. Isso porque as
ressignificações das ações docentes dependem que a formação dessa equipe contemple
necessidades coletivas para a composição de novas aprendizagens.
Referências
MELO NETO, J. C. de. Museu de tudo. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1976.
TORRE, S. de la. Criatividade Aplicada: recursos para uma formação criativa. São Paulo:
Madras, 2008.
Sala 03
Resumo: Este artigo apresenta uma análise na formação continuada dos professores do ensino fundamental, e
suas contribuições trazidas para suas práticas pedagógicas. Buscou-se também, identificar os resultados da
formação dentro de uma perspectiva teórica prática, com objetivo de pesquisar relação da teoria e prática voltado
para o fazer pedagógico. O tema foi desenvolvido por meio de revisão bibliográfica e análise documental, com
abordagem metodológica qualitativa, inspirada no paradigma interpretativo. As conclusões indicaram que no
ponto de vista da formação de professores, o processo de formação profissional se faz necessário para construção
da identidade profissional e para ressignificação da prática e saberes docente.
Introdução
A formação dos profissionais da educação tem sido abordada sobre diferentes
perspectivas de enfoque. Assim entendida, ela constitui não só um processo de
aperfeiçoamento profissional, mas também um procedimento de transformação da cultura
escolar em que novas práticas participativas e de gestão democrática vão sendo
implementadas e consolidadas no espaço escolar. Este contexto requer do professor nova
postura, novos saberes, novas estratégias e habilidades, características essas que serão
adquiridas ao longo de sua carreira docente, perpassando por diversas formações na busca
pela qualificação profissional.
1
Universidade Federal do Tocantins - UFT, e-mail: [email protected], Mestranda Profissional em
Educação - Aluna Especial UFT (2017), Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade de
Ciências e Educação de Rubiataba - FACER (2005), em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar pela Faculdade
João Calvino (2011).
2
Universidade Federal do Tocantins - UFT, e-mail: [email protected], Mestranda Profissional em
Educação - Aluna Especial UFT (2017), Especialista em Educação do Campo e Movimento Social do Tocantins
pela Universidade Federal do Tocantins - UFT (2011), em Gestão Municipal pela UFT (2015), Graduada em
Normal Superior pela Universidade do Tocantins (Unitins) em (2004).
profissionais docentes, analisando os discursos que permeiam a construção da identidade do
profissional. Pesquisar sobre a relação teoria e práticas voltadas para o fazer pedagógico na
formação continuada de professores no ambiente escolar numa perspectiva de contribuição
em sua prática pedagógica é um dos objetivos do trabalho.
Verifica-se que durante os últimos anos, muitos profissionais docentes têm optado
pela qualificação profissional, na tentativa de acompanhar o que prevê a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, número 9394/96, sobre a formação profissional. Assegurado pela lei, os
educadores têm caminhado na busca pela própria formação, fazendo cursos de pós-graduação,
participando de palestras e entre outros, visto que a formação é o mecanismo primordial no
qual, são desencadeadas mudanças significativas na práxis educativa. O artigo se justifica pela
possibilidade que a formação continuada da de discutir temas e solucionar problemáticas, que
implicam diretamente em sua atuação/formação.
A formação continuada realizada de forma individualizada e coletiva pelos
profissionais, buscam a autoformarão, traz infinitas possibilidades, de contribuir para
aquisição de suporte teórico e prático para o desenvolvimento de habilidades e competências
da profissão docente, proporcionando a ressignificação e a reco textualização das práticas e
dos saberes destes profissionais para atuação como docentes, preparados para atender esta
nova geração de discentes que estão chegando no chão escola. O trabalho nos faz a seguinte
indagação: Falta formação continuada do professor: dentro do ambiente escolar, reflete no
resultado acadêmico da escola e aluno?
As fontes de coletas de dados utilizadas serão meramente pesquisa bibliográfica
e analise documental, com abordagem metodológica qualitativa, inspirada no paradigma
interpretativo, visto que pesquisa bibliográfica entende-se um apanhado geral sobre os
principais trabalhos realizados, capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados ao
tema. Nesta pesquisa serão consultados autores com reconhecida contribuição no que se refere
à temática da pesquisa, tais como ALVES, FREIRE, MORAIS, NÓVOA, PERRENOUD,
PIMENTA, DEMO dentre outros.
O artigo serviu para refletir a cerca da importância da formação continuada na
prática pedagógica e na construção de uma identidade e de um saber docente, possibilitando a
ressignificação de sua prática no chão da sala de aula.
Os saberes profissionais são, pois, saberes da ação. Essa hipótese reforça a ideia
de que os saberes profissionais são trabalhados e reconfigurados no contexto do próprio
trabalho. Segundo (NÓVOA, 2002; PERRENOUD, 2000
De acordo com os autores, não faz mais sentido o profissional pensar que, ao
terminar sua formação escolar, estará acabado e pronto para atuar na sua profissão.
O momento histórico e social, como são entendidos os conceitos de escola e de
ensinar e aprender, dita as concepções dos professores e devem ser considerados outros
fatores para compreendermos a Formação Continuada. Na opinião de Saviane (2009, p. 153):
[...] a questão da formação de professores não pode ser dissociada a problema das
condições de trabalho que envolvem a carreira docente, em cujo âmbito devem ser
equacionadas as questões de salário e da jornada de trabalho. Com efeito as condições
precárias de trabalho não apenas neutralizam a ação dos professores, mesmo que fossem
bem formados. Tais condições dificultam também uma boa formação pois operam como
fator de desestímulo à procura pelos cursos de formação docente e a dedicação aos estudos.
Ora tanto para garantir uma formação consistente como para assegurar condições
adequadas de trabalho, faz se necessário prover os recursos financeiros correspondentes.
Dentro da perspectiva do autor, para que haja uma proposta de formação continuada
de professores com qualidade elevada se faz necessário um maior investimento na educação
visto que no Brasil hoje é gasto apenas cerca de 4% do produto interno bruto – PIB na
educação. Há também a necessidade de resgatar o prestigio social do professor uma vez que
perpassamos por tempos onde sociedade intensifica adesvaloriza o profissional da educação.
Cericato (2016) em “A profissão docente em análise no Brasil: uma revisão bibliografia p.
283”.
[...] uma formação solida, presencial, integral, subsidiada, atenta as necessidade formativas
dos sujeitos que procuram, que seja capaz de recria uma escola de qualidade respondente
aos desafios contemporâneos emergidos da sala de aula e que propicie a ressignificação do
valor e da importância da docência dos educadores e sociedade. Enfim, ações que busquem
superar as condições perversas e históricas que degradam e desvalorizam a educação e a
profissão docente em nosso país.
A LDB garante o direito de horas para formação continuada, mas muita das vezes a
própria secretária municipal de educação não oportuniza programas de qualificação
profissional que chamem a atenção dos professorados, a escola não tem base suficiente para
essa demanda cada dia mais necessária, o que torna o professor desmotivado diante de uma
sociedade que requer deles cada vez mais conhecimento e habilidades.
Tendo como base os autores que dialogamos podemos afirmar que, profissionais de
educação têm o “dever” de participar de eventos formativos para que os mesmos
compreendam que a formação leva o docente a buscar uma emancipação e consolidação de
um coletivo profissional autônomo já que as habilidades docentes derivam da experiência e
mediação entre teoria e prática, desempenhando assim sua função social.
A formação deve envidar esforços necessários para adaptar as formações continuadas
a expectativas e necessidade dos professores em incorporar práticas pedagógicas adequadas
ao processo de ensino aprendizagem. Pérez Gómez (1992, p.110) faz apontamentos acerca da
formação continuada:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com toda essa rotina de analise bibliográfico pude-se concluir que a formação
continuada não deve ser vista como “modismo” de cursos, mas fazer parte da rotina dos
professorados de maneira permanente atingindo os anseios e necessidades possibilitando
atender as expectativas dos professores e consequentemente contribuir para um ensino de
qualidade.
Partindo da fala do autor depois dos resultados obtidos sugiro que o poder
público faça parcerias com instituições publicas e privadas de ensino, que possam assegurar
essa qualidade nas formações continuada ao longo da vida docente dos profissionais,
oportunizando a aquisição de conhecimento partindo de bases solidam chegando a praticas
pedagógicas eficaz no processo de transmissão e mediação do conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Antonio Flavio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau. Educação escolar e cultura(s):
construindo caminhos. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n23/n23a11 - >
Acesso em 12 de maio de 2017.
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96) In: Brasil
Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Médio. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Ensino Médio. Brasília: MEC/SEMI, 1999, p. 39-57.
Veiga, Ilma Passos. Profissão docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas:
Papirus, 2008.
.
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: VOZES DA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Sala 02
Resumo: O estudo apresenta parte de uma pesquisa sobre práticas pedagógicas de professoras formadoras da
educação infantil no município de Colinas do Tocantins, nos anos de 2009 a 2013. Os pressupostos adotados
foram referentes ao processo de formação continuada, utilizando como referencial teórico Nóvoa (1991),
Sacristan (1992), Gatti (2011), Freitas (2002) e Candau (1997); Zeichner profissional reflexivo; sobre
concepções do brincar, Kishimoto (2005), Infância descrito por Ariés (1981) e Zabalza (1994) sobre
conhecimento prático. O método utilizado foi a História Oral Temática. Na coleta dos dados foi utilizado uso de
análise documental e a metodologia da história oral privilegiou como fontes primárias, as entrevistas com
professoras formadoras da educação infantil, foram degravadas e analisadas o processo histórico de formação
continuada para Educação Infantil no município de Colinas do Tocantins – TO. Cujo objetivo foi de conhecer o
processo de formação continuada na organização e desenvolvimento de espaços formativos para o coletivo de
professores no ambiente institucional e sua complexidade de uma cultura política de formação continuada, com
ações sistemáticas na esfera pública municipal. Nessa circunstancia, conhecer e entender de que forma esses
profissionais aprendem a serem formadores, contribuiu de forma significativa na reflexão do papel formador de
professores da educação infantil. Conclui-se que os desafios encontrados pelos formadores professores foram
superados gradativamente com várias formações continuadas. À medida que as formações eram efetuadas,
percebeu-se um desenvolvimento profissional e uma melhora da autoestima, consequentemente refletiu na
mudança de atitude e metodologias de ensino. O docente sentiu-se sujeito histórico criativo que pratica,
compreende e ressignifica a dimensão do aprender e ensinar.
Introdução
1
Mestranda em Educação – PPGE/UFT – [email protected]
2
Mestranda em Educação – PPGE/UFT - [email protected]
3
Doutora em História-Universidade Federal de Pernambuco, Coordenadora e professora do Curso de Mestrado em Educação-Universidade
Federal do Tocantins. E-mail: [email protected]
analisadas, de fato se fundamentam as falas das professoras formadoras. Os registros desse
percurso ocorrido em diferentes momentos da história da formação continuada, pretendem
trazer para o contexto atual, o debate sobre essa experiência de formação que contempla
avanços da história da educação e a mudança de paradigmas.
A produção deste conjunto de fontes sobre formação de professores contribuirá para a
Memória da história da educação infantil, cujas informações são indubitáveis para construção
de identidade das situações de aprendizagem que (in)forma o profissional. Além disso, as
situações de construção do conhecimento nos diferentes contextos e tempos históricos que
elas se situam, considera o processo histórico, social e cultural em que esse sujeito se
encontra.
Sabe-se, que ao longo da história o sentimento de infância não era presente.
Fundamentado em Ariés (1981), relata que por volta do século XVI não existia essa
consciência de universo infantil. Ao longo dos anos o atendimento que era oferecido às
crianças, foi pautado pela precariedade, dada às condições em que se situavam, dada ao
abandono, e extrema pobreza eram oferecidos atendimentos. Mas os desafios eram muito
evidentes, sem contar que o índice de mortalidade infantil era muito grande.
Na atualidade, dado aos avanços neste universo da educação infantil, passou-se a
explorar as concepções de formação da educação infantil fundamentadas em algumas
literaturas. No contexto destas discussões, no interior dos cursos de pedagogia, as
reformulações curriculares ocorreram com base, de acordo com Freitas (2002) em concepções
mais progressistas e avançadas. Entretanto, como destaca Gatti (2011) existem descompassos
entre a formação inicial e as demandas no contexto escolar. Contribuindo assim, para o
desenvolvimento da formação continuada.
A formação continuada em serviço tem sido o grande desafio na materialização de
uma política de formação continuada para o profissional da educação, articulada às condições
de trabalho, carreira e correlata à formação inicial, que nesta última década tem sido condição
para atuação na educação infantil.
Para a ANFOPE (2006: 06):
A elaboração de uma Política de Formação Continuada deverá estar vinculada às
concepções de sociedade e de educação que se tenha e deve ir à direção do
fortalecimento da pluralidade e da socialização dos conhecimentos universalmente
produzidos, contribuindo diretamente para a profissionalização do professor e para o
conhecimento da realidade.
Nesse sentido, observa-se que a formação continuada deve ser pautada com vistas à
profissionalização do profissional da educação, considerando a sua formação inicial, que
muita das vezes apresenta falas, mas principalmente potencializando as políticas de formação
considerando as diretrizes pedagógicas voltadas para a Educação Infantil.
Procedimentos Metodológicos
O estudo foi desenvolvido com base no método da história oral temática, por se
considerar o mais adequado para responder aos objetivos propostos nesta pesquisa. Ela se
utiliza das entrevistas para coletar informações sobre o tema em estudo. Para tanto,
inicialmente, foi realizada pesquisa documental sobre a legislação e literatura que abordam a
formação continuada e educação infantil; e para a coleta de dados foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com 2 professoras formadoras da educação infantil, da Secretaria Municipal
de Educação de Colinas – Tocantins. Com o objetivo de conhecer o processo de formação
continuada na organização e desenvolvimento de espaços formativos para o coletivo de
professores no ambiente institucional e sua complexidade de uma cultura política de formação
continuada, com ações sistemáticas na esfera pública municipal.
Desenvolvimento
Nestes dados apresentados, percebe-se que o numero de alunos vem crescendo a cada
ano, as demandas de investimento também, aumentam nessa modalidade, o que se consolida
que o número de professores também cresceu. Pensando nisso, segue as narrativas de
professoras da educação infantil que participaram ativamente do programa de formação
continuada da educação infantil da rede municipal.
A gente entrou no município em 2009, [...] naquela época a Rede, ela tinha a
formação do Além das Letras, era uma formação do Instituto Avisa Lá, [...] como a
Educação Infantil não tinha nenhuma formação, todos os professores da Educação
Infantil e os professores do ensino fundamental, juntos, participavam dessa mesma
formação (SILVA, 2017).
Observa-se que a professora Silva (2017), relata o processo de início da sua atuação
como supervisora da educação infantil e acerca dos programas de formação existentes na rede
municipal de educação. O programa Além da Letras foi criado por uma equipe especializada
em formação continuada de professores alfabetizadores „participantes do Programa de
Professores Alfabetizadores - PROFA do MEC‟ (2001). O programa abriu a possibilidade
para que municípios interessados pudessem participar desta Rede Além das Letras, que
contava com a coordenação do Instituto: Avisa lá e Razão Social.
Além das Letras, voltado para leitura feita pelo professor, a Educação Infantil,
percebeu-se que não estava falando a Língua da Educação Infantil, [...] surgiu em
2009 o Programa Formar em Rede que é exclusivo para Educação Infantil. Haveria
um processo seletivo né, que outros municípios também iam entrar e ai a gente foi
selecionado, fomos pra São Paulo para uma formação gratuita que o município não
teve que pagar nada. Cada ano um tema, o primeiro ano de 2009 até o inicio de 2010
era o tema brincar. (SILVA, 2017).
A parceria estabelecida pelo município com o Instituto Avisa lá, foi peça chave para o
início desse processo de aprendizagem das supervisoras que aos poucos foram se constituindo
formadores de professores da educação infantil, conforme pode se observar a seguir:
Esse tema brincar na educação infantil foi um auê! Porque naquela época, o brincar
na educação infantil era tido assim, de uma forma que ainda não era conteúdo, era
tido como premiação, o professor tinha o álibi de dizer: „se você se comportar você
vai brincar‟. Então a brincadeira era meia que. minguada, não tinha planejamento,
então a gente entrou com a formação. Foi um ano falando do brincar, a gente
aprendeu que não é apenas jogar uns jogos pra crianças, o brincar vai, além disso
[...] passou se classificar o brincar em três modalidades, que é o brincar com os
blocos lógicos, o brincar de encaixar que usa os objetos, as pecinhas, quebra cabeças
e, brincar também das brincadeiras tradicionais, [...] exemplo: uma brincadeira dos
„três marinheiros‟ a gente não via isso, ainda mais na educação infantil. Chegou o
momento na formação que, nós tivemos que fazer um resgate dessas brincadeiras,
tivemos que brincar com os professores, então os professores sentiram novamente
aquele gosto, gostinho gostoso de brincar. [...] e ai então esse tema brincar, foi uma
reviravolta do município, porque os professores tiveram que fazer apostila com
diversas brincadeiras [...] como, por exemplo, a brincadeira da amarelinha, o quanto
que a brincadeira da amarelinha é rica. (SILVA, 2017).
[...] brincar pelo simples prazer de brincar, o professor planeja, a professora organiza
o material, que vai suscitar em vários tipos de brincadeiras, por exemplo, os panos
da mão da criança, nos demos o nome de brinquedo de longo alcance. O brinquedo
de longo alcance é quando um pano pode se transformar na capa do Batmam, no véu
de noiva, numa saia longa, numa saia de mesa. Esse pano bota pra ser a cama do
papai e da mamãe, esse pano ele se transforma em rabo, em muitas coisas na mão da
criança, então eles são chamados de brinquedos de longo alcance. [...] o faz de
conta, então esse foi um ano inteiro trabalhando sobre isso..., teve que ler muitos
textos, fizemos muitas pesquisas, ai fizemos, os professores tiveram que, resgatar
coisas da infância, falar sobre a sua infância, é os professores foram filmados, depois
fizemos devolutivas dessas filmagens, né, porque muitas vezes, nos íamos pra
escola, os coordenadores vinham com monte de coisas e nos mostrava (SILVA,
2017).
Nesse contexto, Zeichner (1993a) defende que o profissional reflexivo deve decidir
conscientemente sobre os caminhos a seguir, saber quem são e quando agem. Nesse caminhar,
SILVA (2017) diz:
[...] antes era o formador da secretaria, era ele que trabalhava diretamente com o
professor, então o coordenador, ele não era formador da equipe, ele não era aquele
professor mais experiente, ele era apenas um profissional que auxiliava o professor
[...] houve uma ruptura, papel do coordenador na escola, e ele se tornou formador,
muitos, rejeitaram teve muito dificuldade de aceitabilidade, porque exigia do
coordenador, precisava ter mais tempo pra estudar, ele precisava ler mais, porque ele
tem que formar sua equipe. Então o coordenador de fato passou a ser o parceiro mais
experiente entre os professores, ele era subsidiado pela as formadoras locais, hoje a
gente vê coordenadores, vamos dizer, que mais seguro, eles têm mais segurança de
chegar, e conversar sobre a prática do professor. [...] não foi fácil, por que eles não
aceitaram a principio, mais depois que eles viram a formação que, era bem
organizada, que o formador da SEMEC, preparava bem eles, depois agente ia na
supervisão, depois dar mais subsídios pra eles.
A grande questão é preparar os profissionais para a diversidade cultural que passa
pela prática reflexiva e não individualizada ao se ter como pressuposto que toda prática é
portadora de uma teoria (ZEICHNER, 1993).
[...] no outro ano em 2010, a gente entrou com o foco na leitura, muito importante na
educação infantil porque a leitura em voz alta pelo professor, que era o tema,
sempre existiu só que, existiu de uma forma bem equivocada, primeiro o professor,
não entendia que educação infantil, precisava se pensar também em livros de
qualidade, né, livros que também pudessem ampliar o intelecto da criança, o
imaginário. Então, assim a leitura acontecia, antes, tinha o dia D especifico pra lê,
né, então colocava se livros, fazia aquela feira de livros, muitas situações desse tipo,
e os livros eram muito condensados, eram mais usados os contos de fada. Na
verdade eles não despertavam o imaginário, não fazia a criança adentrar em outros
mundos possíveis, não fazia elas viajarem, consequentemente, não formava leitores.
O objetivo principal do foco, da leitura, do tema leitura é formar leitores, e antes a
gente, não via isso. E assim, depois da formação, os professores tiveram cuidado de
selecionar melhores livros, então hoje a gente vê livros mais rebuscados com
palavras mais difíceis. (REIS, 2017)
Ainda nessa temática, Reis (2017), relata que „clássicos infantis: Branca de Neve,
Chapeuzinho Vermelho‟ eram livros infantis condensados, aqueles livros fininhos, e aqueles
que eram lidos em sala de aula pelos professores nos momentos de leitura. Mais do que um
lugar espaço, momento de aquisição de técnicas e de conhecimentos, a formação continuada
de professores é o momento único, impares chave da socialização e da configuração
profissional. (NÓVOA, 1991)
[...] ai, com essa formação o professor passou a investir na sua própria formação de
leitura, ele passou a ser leitor, e ai ele passou ler não só livros literários, ele passou a
ler poemas, passou a conhecer os autores, começou a identificar com esse, com
aquele autor, então ele já foi ampliando mais, por meio da formação. [...] então nos
encontros de formação a gente, também lia para os formadores, que era os
coordenadores e diretores porque só formamos leitores, se nos formos leitores, [...]
umas das formas de conquistar o aluno é se mostrar como leitor, a criança é curiosa,
ela ver o professor lendo, então ela vai se posicionar também na mesma forma que o
professor (REIS, 2017)
[...] certa vez, uma criança vendo a professora com mais de um livro, enquanto ela
lia, ela sentou sobre os outros livros, com a intenção de que as outras crianças não
pegassem os livros, e, ai depois, ela deu os livros pra crianças, então o que a criança
fez, pegou um livro, e sentou sobre o outro. Então quer dizer, que o professor, ele é
exemplo, é espelho, então por isso que a gente fala, organizar um „rodada de leitura‟,
a criança tem um livro pra ler, no caso manusear, na educação infantil, elas fazem
„pseudo-leitura‟, elas folheiam, elas fazem leituras de imagem, o professor também
tem que está ali na roda, também fazendo a leitura, não pode está fazendo outra
coisa, ou organizando diário, ele precisa está ali, no momento também fazendo uma
leitura de uma obra, pra que ele possa ver no adulto, esse adulto apaixonado pelo os
livros. (SILVA, 2017).
Nesse sentido, conforme aborda Silva (2017), o caráter formativo dessas atividades
proporciona efeitos de ação e reação. É através do trabalho de reflexividade crítica sobre as
práticas em interação mútua, que a renovação da formação continuada vem procurando
caminhos novos de desenvolvimento (CANDAU, 1997).
[...] aprendemos em 2010, e ai a gente finalizou esses dois focos, com o Fórum,
eram dois anos falando sobre, esses temas. Fizemos uma exposição de um lado tinha
coisas do brincar, tinha os continhos as crianças brincando de casinha, e do outro
lados os livros, e o que é mais impressionante, e que esses livros já eram de
qualidade, que estava lá expostos, livros de grandes autores. [...] o livro da Eva
Furnari, Você Troca, eles deram gaitada, foi tão lindo!!!, É gostoso demais (SILVA,
2017).
[...] trabalhamos sobre artes, e foi muito bom, antes da rede, era muito empobrecida,
a criança apenas pintava os desenhos, prontos, estereotipados, ou colavam bolinhas
de papel crepom, algodão, sementes, “o professor controlava o tempo todo” (REIS,
2017).
[...] no começo do ano as escolas, a gente vê que as escolas, as salas ficam nuas, sem
nada, e ai o que o professor coloca um quadro numérico, o calendário que ele vai
utilizar, e ele vai sendo preenchido com os trabalhos das crianças, à medida, que
vamos trabalhando a gente vai, pensar em uma organização, que valoriza a criança,
porque a escola não é do adulto, a escola é da criança. Da entrada até o interior da
sala de aula, então é preciso pensar, na criança do berçário, então hoje a gente ver
caixa de papelão na escola, local formando um túnel, lá dentro, a gente ver, coisas,
“matérias de longo alcance, latinhas encapadas, as crianças empilham, coisas de
EVA, penduradas, TNT voa ao vento. [...] então hoje a gente vê um professor
pensando na criança, [...] a gente percebe que os que vivenciaram a formação, estão
dando continuidade, tão entrando outras pessoas, os que não vivenciaram, é os que
tem esta concepção, é uma luta constante, se lá da Secretaria, não der continuidade
(SILVA, 2017).
Considerações finais
Nas atividades temáticas voltadas para arte, organização dos espaços e Leitura e
escrita percebeu-se que as professoras entrevistadas relatam com veemência como o trabalho
realizado com as professoras e estas com as crianças na sala de aula, retratam as práticas
apreendidas na formação continuada. Tal mudança é abordada por Silva (2017) “ [...] então
hoje a gente vê um professor pensando na criança, [...] a gente percebe que os que
vivenciaram a formação, estão dando continuidade”.
Referências
BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 16 ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1999.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no. 9.394, de 20 de dezembro
de 1996. D.O. U. de 23 de dezembro de 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 15 mai de 2017.
SCHÖN, Donald. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, Antonio.
Os professores e sua formação. Lisboa: D. Quixote, 1992. UNIVERSITAS: a produção
científica sobre educação superior no Brasil, 1968-2000. Porto Alegre: GT Política de
Educação Superior/ ANPED, 2002.
SEBER, Maria da Glória. Psicologia do pré - escolar, uma visão construtivista. São Paulo:
Moderna, 1995.
ZABALZA, M.A. Diários de aula: contributo para o estudo dos dilemas, práticos dos
professores. Porto: Porto Editora, 1994.
Sala 3
Introdução
Os Municípios brasileiros, com base nas normas nacionais do campo da educação,
deverão garantir, em regime de colaboração com a União e os Estados, a formação de seus
profissionais da educação (BRASIL, 1996). Nessa perspectiva, o trabalho objetiva apresentar
resultados parciais de pesquisa cujo objetivo é discutir a formação de professores no
Município de Arraias, Estado do Tocantins, tendo como foco a formação inicial promovida
pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e a formação continuada planejada e
executada por um conjunto de instituições, sendo a Secretaria de Estado da Educação do
Tocantins (Seduc), a Diretoria Regional de Ensino (Dre), a Secretaria Municipal de Educação
de Arraias (Semed) e as Escolas Estaduais e Municipais.
Anteriormente à aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº
9.394/1996 (LDB) (BRASIL, 1996) estava em cena debate acerca da importância da temática
1
Professor da Educação Básica em Arraias – Tocantins. Mestrando do Programa de Pós-Graduação da Educação
da Universidade Federal do Tocantins (PPGE-UFT). E-mail: [email protected].
2
Mestranda PPGE-UFT. E-mail: [email protected]
3
Professora PPGE-UFT. E-mail: [email protected]
formação de professores. Diante dos resultados pouco expressivos no Brasil e da constante
interpelação pela inovação na escola, é sempre atual refletir a respeito da formação inicial e
continuada de professores da educação básica (PEREIRA; PINHO; PINHO, 2014).
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, e o consequente princípio do
regime de colaboração, a educação brasileira passa a lidar com outro desafio no campo da
gestão dos planos, das políticas públicas e dos programas educacionais (CAVALCANTE,
2015; LAGARES, 2015).
Considerando o § 1º, art. 61 da LDB (BRASIL, 1996), “a União, o Distrito Federal,
os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial,
a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério.”
A Lei nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação 2014-2024 (PNE)
(BRASIL, 2014), com vistas ao cumprimento do disposto no art. 214 da Constituição Federal
(BRASIL, 1988), estabelece vinte metas e 254 estratégias a serem implementadas nesse
período, em regime de colaboração, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação
brasileira. Dessas metas, duas tratam diretamente da temática da formação dos profissionais
da educação: as metas 15 (formação inicial) e 16 (formação continuada). E, nesse sentido, o
PNE propõe que, no prazo de um ano de sua vigência, seja instituída a política nacional de
formação dos profissionais da educação, com foco na formação inicial e continuada dos
docentes.
Para uma exposição lógica da pesquisa, o artigo está organizado em três seções. A
primeira apresenta disposições normativas com deveres da União com a formação inicial de
professores e uma discussão do Projeto de Estágio Supervisionado do Curso de Pedagogia e
do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de Matemática da UFT, apreendendo concepções,
diretrizes, objetivos e metas a fim de compreender seus reflexos na formação de professores
no Município de Arraias. Na segunda seção, a ideia central é pôr em relevo deveres
normativos e diretrizes do Estado do Tocantins e do Município de Arraias com a formação de
professores. A terceira seção objetiva discutir elementos para a produção da docência para o
Município de Arraias, em regime de colaboração com as instituições formadoras presentes
neste Território (UFT, Seduc, Dre, Semed e Escolas), considerando a implementação do PNE
2014-2024, metas 15 e 16, por meio da implementação do Plano Estadual de Educação do
Tocantins (PEE) (TOCANTINS, 2015) e do Plano Municipal de Educação de Arrais (PME)
(ARRAIAS, 2015).
Procedimentos Metodológicos
Para a construção da pesquisa, a discussão funda-se em revisão teórica4, na análise de
documentos5 e em observações da experiência na prática docente como professores da
educação básica e da educação superior em curso de formação inicial de professores.
No campo teórico, buscou-se um diálogo entre autores que estudam a temática.
Como documentos, a análise focou-se no PNE (BRASIL, 2014), no PEE
(TOCANTINS, 2015), no PME de Arraias (ARRAIAS, 2015), no Projeto de Estágio
Supervisionado do Curso de Pedagogia (UFT, 2016), no PPC de Matemática (UFT, 2010),
Plano de Trabalho da Dre (TOCANTINS, 2016), de Projeto da Semed (ARRAIAS, 2016a) e
de Projetos Político Pedagógicos (PPP) das Escolas (ARRAIAS, 2016b; 2016c; 2016d;
2016e; 2016f).
Em se tratando das observações da experiência na prática docente, foram tomados
elementos da atuação como professores da educação básica, nos Municípios de Arraias e
Miracema do Tocantins, e da educação superior em curso de formação inicial de professores,
na UFT no Curso de Pedagogia do Campus de Palmas e no Programa de Pós-Graduação da
Educação (PPGE).
Estes trabalhos de coleta de informações foram norteados por quatro questões: i) A
formação continuada dos professores que temos é a que queremos? ii) Quais ações estão
sendo desenvolvidas pelas instituições formadoras? iii) Estas ações visam a transformação
significativa da atuação docente? iv) As formações continuadas dos professores das redes
estadual e municipal estão orientadas para o atendimento das metas sobre formação de
professores do PNE, PEE e PME?
4
Iniciada na disciplina Docência do Ensino Superior do PPGE/UFT, ministrada pela professora Dra. Maria José
de Pinho.
5
Realizada no Subgrupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Municipal da UFT (EpeEM), para o
desenvolvimento da pesquisa de Mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFT (PPGE),
e no Observatório de Sistemas e Planos de Educação do Tocantins (ObsSPE).
aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras
atividades”.
O PNE 2014-2024 (BRASIL, 2014), dentre suas vinte metas e 254 estratégias,
reserva duas metas e dezenove estratégias para tratar, exclusivamente, da formação inicial e
da formação continuada de profissionais da educação. A formação inicial é tratada na Meta
15, que reitera o regime de colaboração na garantia de “política nacional de formação dos
profissionais da educação”, como previsto na LDB/96,” assegurado que todos os professores e
as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em
curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.”
A formação continuada é referida na Meta 16, “em nível de pós-graduação” e “a
todos(as) os(as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de
atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de
ensino.”
Na UFT, no Campus de Arraias, foram selecionados para a pesquisa os Cursos de
Licenciatura em Pedagogia e em Matemática. O Projeto de Estágio do Curso de Pedagogia
(UFT, 2016, p. 4) destaca na sua introdução a compreensão de estágio do colegiado do curso:
“é um dos componentes do currículo do curso de formação de professores e profissionais da
educação, que prepara para o exercício profissional.”; sua finalidade: “proporcionar um
conhecimento da realidade educativa em espaços escolares e não escolares;” e sua base: “tem
como base a docência e a gestão”.
O Estágio é entendido como um momento privilegiado de preparação para a atuação
na docência, com etapas da prática de ensino e estágio supervisionado em três períodos do
Curso de Pedagogia: no 5º período/Observação da realidade escolar; no 7º
período/Coparticipação; e no 8º período/Docência/regência da sala de aula (UFT, 2016),
levando à compreensão de que nos outros períodos do curso desenvolve-se a carga horária
teórica.
No Projeto Pedagógico do Curso de Matemática (PPC) de Arraias (UFT, 2010, p. 9),
está explicitado que o curso de Licenciatura em Matemática tem como objetivo formar
professores para atuarem na Educação Básica, com conhecimentos técnico-científicos da
Ciência Matemática, da Educação e da Educação Matemática, com base nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para os cursos de Matemática (Bacharelado e Licenciatura) e em
pareceres e resoluções legais.
As disciplinas de prática de ensino aparecem desenhadas: “Nessas disciplinas os
acadêmicos desenvolverão o Estágio Supervisionado, nos termos da lei 11.788/2008, assim
como as disciplinas de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)”. (UFT, 2010, item 4.3.7.4).
A Matriz Curricular do Curso de Matemática organiza o estágio supervisionado em
quatro períodos: no 5º período/Estágio Supervisionado I (Observação); no 6º período/Estágio
Supervisionado II (Participação); e no 7º e 8º períodos/Estágio Supervisionado III e IV
(Regência) (UFT, 2010).
No PPC (UFT, 2010), o objetivo principal desse período de estágio “consiste na
identificação da problemática em que se insere o processo de ensino e aprendizagem de
Matemática. Nessa disciplina, o estagiário delimitará seu objeto de estágio e elaborará seus
projetos de intervenção.”
Analisando o Projeto de Estágio do Curso de Pedagogia (UFT, 2016) e o Estágio
Supervisionado do Curso de Matemática/PPC (UFT, 2010), fica evidente que em uma parte
dos Cursos se aprendem as concepções teóricas e, ao final, ocorrem as aplicações, com a
prática na escola campo, na sala de aula, corroborando as ideias de Cunha (1998), que ao
examinar a lógica tradicional dos currículos universitários, se percebe que, muitas vezes, a
prática é colocada no ápice dos cursos, geralmente, em forma de estágios, dificultando a ação
de torná-la como ponto de partida da teoria. Assim posto, a visão dicotômica entre teoria e
prática tem sido em grande parte responsável pelo afastamento entre universidade e escola.
Na perspectiva tradicional positivista em que a prática é compreendida como sendo a
aplicação da teoria, à universidade se atribuiu a condição da formação teórica e a escola como
o espaço de aplicação prática.
Do exposto nos documentos, observa-se que a formação inicial promovida nos dois
Cursos de licenciatura consolida a concepção de que a formação teórica ocorre na
universidade e a formação prática na escola. No entanto, é preciso superar esse pensamento
dicotômico para daí pensar em como articular teoria e prática sem uma negar a importância da
outra.
Das observações da experiência na prática docente, sabe-se que, anualmente, os
projetos de estágio dos dois Cursos devem ser encaminhados a Dre para aprovação e
solicitação de deferimento quanto ao início do estágio pelos acadêmicos. Sabe-se, ainda, por
meio de diálogos com técnicos da Dre e da Semed, com diretores, coordenadores e
professores de escolas e da Universidade de desafios que precisam ser enfrentado, como
ausência ou pouco diálogo entre os responsáveis pelo estágio na UFT e a equipe da Dre e
escolas campo, para esclarecimentos e avaliação no ínterim da solicitação; fragilidades na
formalização e no monitoramento do Estágio por professores da Universidade; a prática da
ausência do professor regente da sala para o estagiário assumir a regência; a ausência de
estagiários durante o planejamento das aulas/atividades.
Considerações finais
Tendo como objetivo discutir a formação de professores no Município de Arraias,
com o foco na formação inicial promovida pela UFT e na formação continuada planejada e
executada por um conjunto de instituições estaduais e municipais presentes no Município,
observa-se que uma das principais dificuldades enfrentadas no Município de Arraias é
justamente a ausência de uma estreita relação entre a instituição formadora (UFT) e as redes
públicas municipal e estadual.
Nesse sentido, a pesquisa pode promover a ampliação do debate e contribuir com um
aporte teórico no campo das políticas públicas para a formação docente, bem como estimular
a discussão do espírito articulador do PNE e o regime de colaboração.
A construção de uma prática de formação inicial e continuada de professores
diferenciada, planejada coletivamente, contínua e avaliada poderá ser alicerçada no debate das
concepções teóricas e experiências observadas, com a finalidade de contribuir com a
implementação dos Planos Nacional, Estadual e Municipal de Educação e, como
consequência, com a institucionalização do SNE.
Referências
Sala 4
Resumo: O presente artigo tem por objetivo compreender e analisar em que medida os conceitos da
interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade se fazem presentes na Formação Inicial de Professores do curso
de Pedagogia da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Campus Inhumas), considerando, para essa análise, a
perspectiva do sujeito e da subjetividade no processo de formação de professores. A partir da constatação de
características da inter e da transdisciplinaridade busca-se compreender como elas podem transformar, contribuir
ou ainda ressignificar o aluno. A metodologia utilizada para realizar esta pesquisa tem o intuito de ampliar o
olhar e a percepção de pesquisador e pesquisado, conforme propõe a pesquisa com abordagem transdisciplinar,
por isso, ela é de caráter qualitativo e realizada por meio de uma entrevista semiestruturada, com perguntas
discursivas e direcionadas, deixando emergir a subjetividade do pesquisado e as percepções do pesquisador. Para
compreender a formação docente e como ocorre a formação inicial desse profissional, trouxemos as
contribuições de estudiosos como Freire (2004) e Moraes (2007), que abordam saberes e processos necessários a
essa formação docente. Para fomentar as reflexões sobre a Interdisciplinaridade, a Transdisciplinaridade e seus
elementos constitutivos, a Complexidade e o Pensamento Complexo, a Subjetividade e suas ligações e relações
com a Educação, adotou-se autores como Edgar Morin (2000), Izabel Petraglia (2013), Maria Cândida Moraes
(2008) e Marilza Suanno (2014). Ao final apresentamos sugestões de ações pontuais de melhoria nos processos
de formação e considerações sobre as ações e atitudes que fazem parte da prática do docente formador, nas quais
são identificadas elementos da interdisciplinaridade, inspirados na transdisciplinaridade, que refletirão no
aprendizado, na construção da identidade e na prática dos seus alunos/professores em formação inicial.
Introdução
Uma das centelhas para a escrita deste artigo advém das reflexões e discussões sobre
as emergências que se apresentam acerca das necessidades de transformações na educação, da
atuação e postura dos professores, das vivências e apresentações de propostas educacionais
inspiradoras e desafiadoras no decorrer do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação da UEG Campus de Inhumas. Isto
tudo permitiu uma visão que se contrapõe ao paradigma educacional vigente, o qual pode ser
caracterizado, em grande parte do sistema educacional público brasileiro, ainda como
1
Yara Fonseca de Oliveira e Silva, Doutora em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, 2014). Professora titular da Universidade Estadual de Goiás
(UEG) no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias (PPG-IELT).
Bolsista do Programa de Bolsa de Incentivo ao Pesquisador (PROBIP-UEG). E-mail:
[email protected]
2
Fernanda Paiva, Bacharel em Administração pela Faculdades Integradas Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa
(FIPEP, 2005), aluna do curso de Pós-Graduação em Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação.
E-mail: [email protected]
tradicional, pautado na disciplinaridade. As inquietações citadas acima, tornaram-se então,
ponto de partida para investigar como está acontecendo a formação inicial de professores do
curso de Pedagogia da UEG/Campus Inhumas, visando saber se as discussões e proposições
que estamos levantando e abordando, no curso de pós-graduação em Transdisciplinaridade e
Interdisciplinaridade na Educação, se fazem presente, norteiam ou embasam esses professores
em formação inicial, que atuarão na educação infantil e nos anos iniciais do ensino
fundamental.
O tema escolhido, busca compreender e identificar se a Reforma do Pensamento e a
Complexidade, conforme propõe Morin (2000), estão sendo abordadas, discutidas e/ou
vivenciadas na educação superior na formação dos alunos da Pedagogia. Nesse sentindo, a
proposta de trabalho consiste primeiramente em investigar se estão presentes, ou não,
conceitos da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade na Formação Inicial do Professor
do curso de Pedagogia da UEG/Campus Inhumas. Em seguida analisar como eles se fazem
presentes no curso em questão, considerando, para essa análise, a perspectiva do sujeito e da
subjetividade no processo de formação dos professores.
Este artigo está configurado em três seções articuladas entre si. Na primeira seção
trataremos da forma de abordagem e do recorte da pesquisa. Na segunda seção é feita a
revisão bibliográfica e a exposição dos resultados, a análise dos dados coletados com os
sujeitos desta pesquisa e apresento sugestões pontuais de melhoria da abordagem da
interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade no curso, enquanto proposta de ensino para as
formandas. Ao final são feitas considerações sobre as ações e atitudes que fazem parte da
prática desse docente formador, as quais se refletem no aprendizado, na compreensão do
papel do professor e na prática de seus alunos e professores em formação.
Procedimentos Metodológicos
Em relação à metodologia de pesquisa, adota-se a perspectiva transdisciplinar que
“valoriza a abertura e a potencial integração de metodologias de pesquisa na produção do
conhecimento que permitam ampliar o olhar e a percepção do pesquisador e do pesquisado”
(SUANNO, 2015, p. 53 apud SUANNO; SILVA, 2016, p. 24). É nesta direção, e com o
propósito de ampliar os níveis de percepção da realidade e de abrir possibilidades de buscar
respostas de forma plural e contraditória, que embasa a metodologia dessa pesquisa de
abordagem transdisciplinar (SUANNO; SILVA, 2016). Essa pesquisa é de caráter qualitativo
e descritivo e, para a coleta de dados, se fez uso de entrevista semiestruturada com perguntas
discursivas e direcionadas, para permitir a emergência da subjetividade dos sujeitos
formadores e formandos do curso em questão.
Optamos por realizar a pesquisa com as alunas do sétimo período do curso de
pedagogia, que atuam profissionalmente com o público do ensino infantil e ensino
fundamental nos anos iniciais, visando saber se esta formação, em fase de conclusão, já se
reflete na prática pedagógica destes formandos ou em seu olhar como professor, fazendo-se
um comparativo com o que a Proposta Pedagógica do Curso de Pedagogia (PPC, 2015)
propõe.
É possível afirmar, por esse perfil apresentado por Moraes que, para ser um professor
com qualidade em seu ofício, se faz necessária uma formação que contemple alguns
elementos importantes, tais como: ter um olhar complexo sobre a realidade que a ele se
apresenta; ter uma escuta sensível; ser capaz de se auto inventar; conviver com a certeza da
incerteza; promover um ambiente em que o professor seja sujeito protagonista da sua
formação e também propicie o mesmo ao seu aluno; dialogar com seus pares e compreender
que o erro é um caminho e não o fim; reconhecer a importância de cuidar do meio ambiente
em que se está inserido, local e globalmente e, enfim, ter atitudes transdisciplinares para
consigo e para com o outro, pois a teoria corporificada torna-se mais que somente palavras.
Para Freire (2004), existem saberes que são essenciais e necessários para a formação
docente e discente, e também na prática docente, que precisam ser assumidos pelo professor
enquanto aprendiz e formador, salientando, porém, que esse formador, enquanto aprendiz, não
deve se colocar na posição de objeto para ser “moldado”, mas sim na posição e condição
daquele que se forma e se re-forma nesse processo.
Segundo Freire (2004) não há docência sem discência, o ensinar exige uma série de
condições que precisam ser observadas, refletidas e praticadas para que essa dodiscência
aconteça. Ele conclui que é necessário que se tenha uma rigorosidade metódica que implica
aos educadores serem criadores, instigadores, inquietos, que exerçam a curiosidade
epistemológica, que sejam humildes e persistentes e propiciem aos educandos essa mesma
rigorosidade; que a pesquisa seja parte da atuação do professor e não qualidade acrescida a
ele, já que para ensinar necessita-se pesquisar e aprender; que a criticidade, estética e ética
façam parte desse ensinar; que haja reflexão crítica de sua própria prática por parte do
professor; que o professor saiba escutar e tenha disponibilidade e abertura para o diálogo, para
a aceitação do novo e do diferente e que o educando tenha seus saberes respeitados e
incorporados no processo de ensino, que sua autonomia seja respeitada.
É possível encontrar nas proposições freirianas, citadas anteriormente, condições para
uma formação na qual o professor é sujeito do seu próprio conhecimento e propicia o mesmo
aos educandos; em que ele deve estar disponível e ter abertura para dialogar e trabalhar com o
desconhecido e o diferente, sem emanar preconceitos; em que o professor assuma a sua
condição de aprendiz permanente; em que ele tenha uma escuta sensível para com o
educando; em que considere o ambiente local e global, a comunidade na qual seu aluno e a
escola estão inseridos e que tenha consciência da necessidade de uma formação do cidadão e
do ser humano. A promoção de uma formação docente que contempla a qualidade do
profissional de educação.
Apresentaremos a concepção de formação de professor do curso de Pedagogia da
UEG/Campus Inhumas, expressa na Proposta Pedagógica do Curso (PPC, 2015), que consiste
em: ter como objetivo primeiro formar professores para atuar na educação infantil e nos anos
iniciais do ensino fundamental, tendo como área de concentração a docência, demonstrando
com isto que a instituição prima pela qualidade desta formação docente. Em sequência
identificou-se uma proposta de atuação pautada no reconhecimento e na consideração do
ambiente no qual a comunidade escolar e seus alunos estão inseridos, na prática pedagógica
como prática social; na formação do ser humano e de cada sujeito, visto como histórico, e
ainda a proposição de que esse professor atue dialogando com a realidade, fazendo análise
crítica da sua prática educativa, seja comprometido com o processo de desenvolvimento e
aprendizagem dos educandos e atue em perspectiva interdisciplinar.
2- O que é fundamental para a formação docente do curso de pedagogia no seu entendimento, considerando ou
não, parcial ou totalmente, os fatores abaixo.
III – que o local de formação deva ser um ambiente/espaço de pluralidade social, cultural, cognitiva, em que a
corporeidade esteja presente nos processos epistemológicos e metodológicos;
IV – que a subjetividade está presente em todo o processo de construção do conhecimento.
3- Na sua prática pedagógica enquanto professor(a) da educação infantil e/ou ensino fundamental I, é possível
identificar algumas das práticas citadas abaixo? Descreva um exemplo e relacione-o a uma das práticas abaixo.
I – utilização de linguagem variada (estratégias apropriadas a cada atividade, de acordo com os objetivos e
metas gerais e específicas)
II – valorização do conflito (relação entre contrários, uma pedagogia que acolhe o conflito e não consenso e
conformismo)
IV – autoanálise constante (auto-observação, autoanálise, autocrítica por uma ação pedagógica mais consciente
e mais coerente)
V – propiciar condições para o desenvolvimento do pensamento complexo, contextual e ser capaz de fazer
religações.
Considerações
A partir das constatações observadas nas entrevistas e abordadas na seção anterior,
traremos agora algumas considerações transitórias, já que a compreensão e entendimento das
questões, postas em investigação neste artigo, podem ser alteradas depois de outras
experiências, estudos e conhecimentos adquiridos.
A presente pesquisa teve por objetivo identificar a presença, ou não, de conceitos
inter e transdisciplinares no curso de Pedagogia da UEG/Campus Inhumas, além de analisar
em que medida estes conceitos se fazem presentes, considerando para isto o sujeito e a
subjetividade que se fazem presente nesse processo de formação e, por último, constatando-se
características pertencentes aos conceitos da inter e da transdisciplinaridade, buscou-se
compreender como elas podem transformar, contribuir ou ressignificar esse professor em
formação inicial.
De acordo com a análise, pode-se afirmar que os conceitos da interdisciplinaridade
estão presentes e são abordados, e que, de maneira isolada, as formandas conhecem aspectos
da transdisciplinaridade, aqueles comuns a interdisciplinaridade, pois na prática diária elas já
conseguem propor ações que caracterizam atitudes interdisciplinares com indícios da
transdisciplinaridade, conforme práticas relatadas por elas em suas atuações profissionais.
Elas relatam que atuam vendo o discente com o qual trabalham, no ensino infantil e nos anos
iniciais do ensino fundamental, como sujeitos atores do processo de ensino-aprendizagem e
de construção do conhecimento.
As formandas entrevistadas apresentaram uma das características previstas no PPC
do curso, que está presente na inter e na transdisciplinaridade, que é a de atuar considerando a
realidade de seu discente, bem como o ambiente no qual ele está inserido. Isto quer dizer que,
neste quesito, o objetivo proposto está sendo alcançado e que não só os conceitos abordados
pelos professores formadores, como também a corporeidade da perspectiva interdisciplinar
pelos mesmos, estão se refletindo nas ações de seus futuros pares em formação. Assim, são de
pequenas ações e atos isolados que se constituem os traços de transdisciplinaridade, ainda
tímidos, nos elementos estudados do curso de formação inicial de professores. Essas ações,
em conjunto com a rigorosidade do estudo, se refletem na prática dos pesquisados que estão
em fase final de formação.
Agradecimento ao Programa de Auxilio Eventos (Pró-Eventos) da Universidade Estadual de
Goiás – UEG.
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. ed.29º,
São Paulo: Paz e Terra (Coleção Leitura), 2004.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo:
Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000.
Sala: 3
Resumo: O presente trabalho busca analisar a concepção de educação ambiental presente no Plano Nacional da
Alfabetização na Idade Certa – PNAIC. A análise dos dados coletados nos 18 “cadernos de formação do
PNAIC” permitiu determinar que o PNAIC não constrói uma verdadeira ação pedagógica crítica em relação à
educação ambiental; bem como que as experiências levadas para os cursos de formação são problematizadas de
forma a, por meio de conteúdos específicos, ir “biologizando ou matematizando” questões que encontram suas
causas em processos histórico-sociais, conforme Loureiro (2007) tem advertido. A metodologia utilizada se
baseou em pesquisa bibliográfica – analise dos cadernos de formação do PNAIC 2015. Tal estudo, ancorado em
Loureiro (2007) e Freire (1979), visa contribuir para o debate acerca da formação docente no que concerne à
concepção crítica de educação ambiental; diante disso, propõe reflexões que passam, essencialmente, pelo
questionamento do modo de produção, e que combatam concepções as quais centram somente no indivíduo a
responsabilidade pela questão ambiental.
Introdução
O tema da educação ambiental – diante das circunstâncias extremas a que se submete
o ser humano no que concerne à questão ambiental – tem alargado seu alcance, provocando o
debate e se colocando como um dos temas centrais pelos quais deve passar a ação pedagógica
e as políticas de letramento instituídas pelo Estado. Em virtude disso, esse se torna mais um
tema que reforça a constante exigência imposta aos educadores da tomada de posição em
relação aos processos colocados socialmente.
Cada vez mais se exige do professor que se posicione dentro de uma lógica da
educação ambiental e que as escolas trabalhem temas referentes à preservação ambiental
(LOUREIRO e COSSÍO, 2007); Mas a proposta de educação ambiental colocada para a
educação regular possibilita a superação do senso comum? Os professores estão preparados
para discutir e tratar temas ambientais para além das campanhas de arrecadação de garrafas
1
Este trabalho é resultado de uma pesquisa desenvolvida na disciplina Organização de Contextos da Educação
Escolar, do Programa de Pós-Graduação Ensino na Educação Básica / Mestrado – CEPAE/UFG.
2
Estudante do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ensino na Educação Básica, do Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicada à Educação/CEPAE, da Universidade Federal de Goiás/UFG. [email protected]
3
Estudante do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ensino na Educação Básica, do Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicada à Educação/CEPAE, da Universidade Federal de Goiás/UFG.
pet para reciclagem, economia de papel ou uso de copos descartáveis? Estão preparados para
perceber que esses mecanismos retóricos de proteção do meio ambiente precisam ser
revisitados com maior cuidado e profundidade?
A educação ambiental passa pela reflexão basilar sobre o modelo de sociedade e os
condicionamentos impostos por ele à vida dos seres humanos e dos animais. Ao trabalhar esse
tema, o professor tem à sua disposição uma vasta possibilidade de atuação no nível da práxis
educativa e, por conseguinte, da emancipação dos educandos (LOUREIRO, 2007).
O presente trabalho busca discutir o papel da educação ambiental crítica nas práticas
de letramento defendidas pelo Plano Nacional de Alfabetização na Idade Certa – PNAIC.
1. Fundamentação Teórica
A preocupação com as relações entre produção, meio ambiente e qualidade de vida
ganhou força a partir da 2ª metade do século XX. Segundo Lefebvre:
4
Considerado como o maior desastre ambiental envolvendo barragens nos últimos 100 anos. Estima-se que o
volume de rejeitos despejados seja de 50 a 60 milhões de metros cúbicos, segundo estudo da Bowker
Associates em parceria com o geofísico David Chambers. O rompimento da barragem de Fundão, em
produção, comuns à lógica do mercado no capitalismo, colocam constantemente a saúde e a
vida de milhões de pessoas em risco. Considerado isso, pode-se assumir que qualquer
discussão ambiental em sentido profundo, que vá às causas da destruição ambiental, deve
passar pela discussão das formas sociais de produção e trabalho na sociedade capitalista. De
acordo com Kosik:
Mariana/MG, deixou milhares de pessoas sem água potável e centenas de famílias desabrigadas. 663
quilômetros de rios e córregos foram atingidos; 1.469 hectares de vegetação, destruídos; 207 de 251
edificações foram soterradas; e 17 pessoas morreram. O rio doce e sua biodiversidade foram totalmente
comprometidos.
dos educandos – deve colocar em pauta os temas contemporâneos ligados à dominação.
Nesses temas, podem se encontrar as palavras-geradoras e as situações-limite a serem
problematizadas pela ação pedagógica, para os fins do letramento e da emancipação dos
sujeitos. Segundo Freire:
2. Metodologia
A metodologia utilizada se baseou em pesquisa bibliográfica – analise dos cadernos de
formação do PNAIC 2015.
Para mostrar soluções, a história relata as atividades de Nando e sua turma, que
optam por andar de bicicleta ou de ônibus, reciclam o lixo, dentre outras atitudes,
mostrando ao leitor que, quando unidas, as pessoas podem encontrar soluções para o
problema da poluição. (BRASIL, 2012, p. 83, APUD caderno 3 de alfabetização
2015, p 47).
(...) a proposta foi aliar o trabalho com textos informativos com um tema que
despertasse a curiosidade das crianças e possibilitasse variados encontros com a
leitura para estudo e busca de informações. Para desenvolver as práticas que
exercitassem a alfabetização nesse contexto, foi escolhido o tema “vida das
borboletas. (CADERNO 8, Alfabetização 2015, p 82).
Deve-se dizer – primeiro – sobre a criatividade, sensibilidade e inteligência dos
educadores do campo ao elaborarem esse trabalho. A temática é bela, é potente para mobilizar
preocupação científica e é poética. Ao escolhê-la, os educadores realizaram uma opção
audaciosa e admirável.
Segundo, observa-se que a maioria dos objetivos da atividade estão relacionados à
prática da leitura e da escrita, da pesquisa e do trabalho em grupo. Há apenas um objetivo
relacionado às preocupações ambientais: entender o papel das borboletas para o equilíbrio da
natureza. A apresentação da experiência se centra em aspectos como a metamorfose das
lagartas, experimentos com lagartas e gêneros textuais trabalhados.
A crítica que se faz é à forma como o relato é trazido pelo caderno do PNAIC, sem
problematizar a importância de esse tema ser tratado pela perspectiva da educação ambiental
complexa (crítica), não revelando o interesse das grandes transnacionais do setor de
agrotóxicos e produção agrícola (Monsanto, Pionner, Syngenta, Bayer etc) como principais
responsáveis pela destruição em escala global dos insetos, em especial abelhas, lagartas e
borboletas.
O uso que faz dos relatos e os exemplos que constrói demonstram que, apesar de o
PNAIC propugnar – conforme o caderno 3 de alfabetização 2015 – que visa à formação de
cidadãos capazes de “exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão global do mundo,
e serem capazes de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual”
(CADERNO 3, p 11 ), sua concepção de formação para a cidadania – no que tange às
questões relativas à educação ambiental – é bastante conservadora, pouco problematizadora e
bem pouco crítica.
O caderno 9 de alfabetização 2015 trata sobre as ciências humanas no ciclo de
alfabetização 2015 e afirma que:
(...) os conteúdos de ensino relativos ao que aqui se identifica como parte das
Ciências Humanas – História e Geografia – tomam por referência as problemáticas,
análises e escritas produzidas por essas ciências e são selecionados a partir de
negociações em diferentes âmbitos da sociedade. (CADERNO 9, Alfabetização
2015, P 41).
Considerações Finais
A concepção de educação ambiental subjacente aos cadernos do PNAIC não visa
construir uma verdadeira ação pedagógica crítica em relação à educação ambiental. As
experiências que apresenta são problematizadas de forma a, por meio de conteúdos
específicos, ir “biologizando ou matematizando”, por exemplo, “aquilo que é histórico-
social”. Esse é um dos reducionismos apontados por Loureiro (2007) sobre a educação
ambiental de vertente não-crítica.
Não problematizar as questões ambientais a partir de uma perspectiva crítica é uma
forma de infantilizar tanto os processos de letramento nas séries iniciais, quanto os docentes
em formação, que não são tratados como intelectuais autônomos. Assim, formam-se adultos
como se formam crianças e omite-se, na formação das crianças, problemáticas bem definidas
pelas pesquisas científicas das Ciências Humanas e Naturais. O problema mais evidente dos
cadernos de formação é, não estando constituídos em uma perspectiva de educativa ambiental
crítica, enunciar que trazem os relatos de experiência para a discussão, mas não discuti-las,
apenas apresentá-las em seus aspectos mais instrumentais.
Uma educação ambiental crítica pode revelar as “situações-limite” em que são
colocados os trabalhadores e todos os organismos vivos a partir de categorias como trabalho e
modo de produção, revelando – por exemplo – que uso intensivo de agrotóxicos como o
glifosato na monocultura, voltada para a satisfação das exigências do mercado internacional, é
um dos principais problemas relacionados à alimentação saudável e à saúde de grandes
populações. As situações-limite de perda de biodiversidade em escala – especialmente
pássaros, besouros, borboletas e abelhas –, aumento do índice de câncer em populações ou
contaminação das fontes de água doce só podem ser desveladas pela problematização das
relações de produção no modo de produção capitalista, não pela simples mudança de hábitos
das pessoas.
A ausência de um debate que assuma a educação ambiental complexa como uma
categoria central da política de letramento do PNAIC e a forma como as experiências são
apresentadas – no caso as experiências que têm relação com educação ambiental – conduz a
um tipo de concepção pedagógica que constrói suas ações baseada em oposições do tipo
micro e macro. Tal concepção, na tentativa de dar concretude às práticas por meio de
exemplos, foca as “ações micro do indivíduo”, esquece-se das mediações da realidade social
entre interesses de grupos, de comunidades, de classes; e dos conflitos e práticas sociais
moldadas pela hegemonia dos grupos e corporações dentro do modo de produção,
especialmente esquece-se que “o que é complexo e aparece como sendo muito complicado
não está distante da prática cotidiana da comunidade escolar” (LOUREIRO, 2007).
A importância de se construir uma educação ambiental crítica reside no fato de que se
trata de uma abordagem que procura escapar às caracterizações do tipo micro – aquilo que
estaria no campo de ação dos indivíduos comuns: desligar a torneira, reciclar pets, economizar
folhas de papel – e macro, aquilo que faria parte das estruturas, que está dado antes dos
sujeitos e que não pode ser mudado. Isso, ao invés de conduzir a uma práxis transformadora,
emancipatória, produz uma visão pseudoconcreta (KOSIK, 1976) da realidade e mergulha os
sujeitos no praticismo.
A educação ambiental crítica situa a ação pedagógica dentro de um campo de
confronto com os interesses poderosos no mundo contemporâneo (FREIRE, 1979). Tal ação
se orienta por uma concepção de totalidade (o real, os processos), superando o entendimento
do real por partes (micro e macro) a partir de uma concepção dialética da história, a qual
desvela o conjunto de mediações e relações históricas que produzem a verdadeira concretude
dos fatos ou que os fetichizam (KOSIK, 1976) como fenômenos imutáveis, grandiosos, não
passíveis de mudança a partir da ação racional de sujeitos políticos (LOUREIRO, 2006), de
sua práxis.
Referências
FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao
pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.
GUIMARÃES, S. S. M. Princípios teóricos da Educação Ambiental. In: Fundamentos da
educação ambiental. Baseado na Tese “O Saber Ambiental na Formação dos Professores de
Biologia”, da Profa. Simone Sendin Guimarães, defendida em 2010, na Faculdade de Ciências
e Letras, Câmpus de Araraquara, Universidade Estadual Paulista (UNESP).
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FORMAÇÃO INICIAL PARA PROFESSOR: EXPERIÊNCIAS COM REGÊNCIAS
NO ÂMBITO DO PIBID
Letícia Rodrigues de Moura1
Marcos Andrade Alves dos santos 2
Isabel Cristina Higino Santana ³
Sala 4
Resumo: O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) tem como principal finalidade a
qualificação na formação de professores, inicial e continuada, além da valorização do magistério. É um projeto
fomentado pelo Ministério da Educação e gerenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de
Nível Superior (CAPES), que anseia a formação e o aprimoramento de docentes que atuam na educação básica.
Trata-se de um programa realizado na parceria entre Instituições de Nível Superior (IES) e Escolas da Educação
Básica da Rede Pública de Ensino (BRASIL, 2007), nascido em 2007, a fim de inserir o aluno licenciando para o
seu futuro campo de atuação, instigando, especialmente, as seguintes competências, I) o desenvolvimento de
experiência prática no contexto escolar e de suas interfaces; II) a familiarização do futuro professor com os
aspectos físicos e funcionais da escola e III) a construção da identidade docente dos licenciandos.
Introdução
A exposição das vivências do cotidiano escolar no contexto educativo esquematizado
pelo PIBID provavelmente, admitirá a construção da identidade docente, por parte do aluno
licenciando, motivando-o ao aperfeiçoamento de competências que lhe serão necessárias
durante a sua larga e variada trajetória profissional.
O ingresso nesse contexto representa um período de descobertas e de transição, no
qual o aluno em formação adquiri competências e habilidades que lhes permitirá um ótimo
desarticulação da atividade profissional, progredindo no processo construtivo da identidade
docente (SOCZEK, 2011). Ao entrar numa instituição de ensino superior (IES), em algumas
licenciaturas, os universitários trazem engajado expectativas e credos sobre a profissão e seus
incrementos, no qual a crença influencia na forma como os professores aprendem e nos
processos de transformação que os docentes possam tentar, expedindo as experiências
pessoais, com o conhecimento formal e com a sala de aula. Como Paulo Freire (2002)
1
Licencianda em Ciências Biológica (Faculdade de Educação de Itapipoca-FACEDI/ Universidade Estadual do
Ceará-UECE. E-mail: [email protected]
2
Licenciando em Ciências Biológica (Faculdade de Educação de Itapipoca-FACEDI/ Universidade Estadual do
Ceará-UECE. E-mail: [email protected]
³ Doutora em Educação Brasileira. Professora Adjunta I na Faculdade de Educação de Itapipoca/ Universidade
Estadual do Ceará (FACEDI/UECE – Itapipoca/Ceará/Brasil) e coordenadora de área do PIBID-Bio/FACEDI.
E-mail: [email protected].
ressaltou: “o saber que a prática docente espontânea ou quase espontânea, „desarmada‟,
indiscutivelmente produz, é um saber ingênuo, um saber de experiência feito, a que falta a
rigorosidade metódica que caracteriza a curiosidade epistemológica do sujeito”.
Assim, estabelecendo parceria com o PIBID, pela terceira vez, no ano de 2014, o curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas da Faculdade de Educação de Itapipoca (FACEDI) da
Universidade Estadual do Ceará (UECE) vem desenvolvendo o subprojeto PIBID-
Bio/FACEDI, intitulado Formação de professores de Biologia para a abordagem de temas
controversos: o uso de estratégias inovadoras em contextos multiculturais.
Dessa forma o presente trabalho relata uma experiência vivenciada por um dos
bolsistas (o primeiro autor) de iniciação à docência (ID) durante uma atividade realizada no
supracitado subprojeto, especificamente, na Escola de Ensino Médio Anastácio Alves Braga
(AAB). A ação teve como objetivo inserir os bolsistas IDs no contexto de sala de aula,
experienciar momentos percorridos pelo profissional docente, atividade concretizada no
segundo bimestre escolar do corrente ano.
Procedimentos Metodológicos
O presente trabalho se delineou de acordo com o Relato de experiência, decorrente de
uma experiência de regências realizada em uma turma de 2º ano da Escola de Ensino Médio
Anastácio Alves Braga (AAB). Vale ressaltar que, essa experiência aconteceu em um anexo
da instituição localizado em uma região distrital do município, a saber, Barrentos-
Itapipoca/CE, durante o período da noite. Tal ação já estava prevista e inserida no
planejamento desde o início no ano letivo, por se tratar de uma atividade a ser executada pelo
bolsista e monitorada pela supervisora do subprojeto na escola.
Para a concretização deste relato utilizou-se dos registros dessa experiência formativa
alocados no diário de bordo/reflexivo, organizado de acordo com as vivências nas atividades
propostas pelo subprojeto. Saucedo, Weler e Wendling (2012) destacam a relevância desses
registros reflexivos, ressaltando que neles os bolsistas podem propagar as percepções sobre a
importância de discutir e desenvolver melhor suas próprias ideias, sua criticidade, concepções
para poder potencializar seus saberes e ter um amadurecimento em sua prática educativa.
Com isso, o diário de bordo/reflexivo é um instrumento que proporciona aos bolsistas ID a
oportunidade de relatar suas vivências dentro do contexto acadêmico e suas experiências em
sala de aula através dos subprojetos do PIBID-Bio/FACEDI descrevendo suas observações e
suas críticas para o seu crescimento como licenciando.
Desenvolvimento
Todo o processo teve como mote inicial uma reunião com o supervisor responsável
pelos IDs da escola (AAB), onde, nesta foi acordado que cada ID teria a oportunidade de
ministrar 4h/aulas em alguma das turmas da professora. Em seguida, após um período de
observações da(s) turma(s), ocorreriam os momentos de regência. Então, após esse processo,
e em acordo com a supervisora, seriam realizadas duas apresentações para a turma do 2º ano
de ensino.
No primeiro dia, o assunto indicado pela professora foi métodos contraceptivos. O
planejamento para a realização dessa aula envolveu o uso de equipamento audiovisual, como
projetor, som e ainda, alguns modelos de métodos contraceptivos, como por exemplo, a
camisinha masculina (por ser de fácil aquisição) e conhecida pela maioria dos estudantes. De
acordo com Gomes e Ferreira (2015) é de fundamental importância que o planejamento esteja
nas ações cotidianas dos professores, norteando o ato pedagógico para que não se arrastem do
desenvolvimento, de sua prática educativa. Abordar sobre sexualidade, mesmo que em termos
indiretos no ambiente escolar é um grande desafio, pois o medo de ser mal interpretado por
falar algo que dê outro sentindo faz com que o planejamento de aula seja mais rigoroso, uma
vez que este se classifica com um assunto delicado (ALTMANN, 2003).
Para dar início a aula e instituir ambiente de interação mais descontraída por partes dos
alunos sobre o assunto abordado foi ouvida a música “amor e sexo” da compositora e cantora
Rita Lee (Álbum Balacobaco, 2003), no qual ela fala das diferenças entre os dois termos. Foi
perceptível no primeiro momento, uma reação de nervosismo por parte dos alunos –
adolescentes, na faixa etária entre 16-17 anos – detectada pelas risadas durante o
acompanhamento da letra. Além de verem no tema sexualidade motivos de “piada”. Não
veem a conotação de seriedade no contexto do assunto, visto que normalmente não se tem
diálogo que os envolva com tal conteúdo. Logo após a exposição da música, perguntou-se
sobre as concepções e interpretações que eles tiveram da mesma. E se verificou com isso, que
embora, tenham feito as “piadas”, sinalizaram entendimento acerca do que ela queria
transmitir. Após esse processo, foi feita a exibição do tema através de um modelo de aula
expositiva, identificando os modelos de métodos, sua forma de uso e atuação no corpo. Com
isso, se percebeu a ausência de elementos constitutivos do conhecimento acerca do tema, a
falta de articulação nas respostas dos alunos, com certo tom de timidez. A camisinha parece
ser o mais comum para eles, é o método contraceptivo mais conhecido.
Após o término da referida aula foi apresentado ao grupo um jogo didático como
forma de complementação ao conteúdo já trabalhado. Embora o referido instrumento lúdico
tenha suas características positivas do ponto de vista metodológico, neste momento, se
verificou entre os alunos uma pequena parcela de interessados em participar.
No segundo momento do processo formativo do ID, a regência envolveu uma
abordagem ao assunto de genética. Apesar de ser um assunto mais amplo, se percebeu uma
assimilação satisfatória por parte dos alunos, devido, provavelmente, a articulação que se
buscou efetivar entre os assuntos trabalhados. Na ocasião entendeu-se a dificuldade dos
alunos em apreender e distinguir, conceitos e definições de alguns termos e conteúdos, como
por exemplo, herança dos caracteres, diibridíssimo, alelos, entre outros. Nesse momento, foi
necessária a intervenção com intuito de esclarecer e possibilitar uma efetiva compreensão dos
mesmos gerando, nesse sentido, a aquisição do conhecimento. Isso foi uma das dificuldades
citadas pelo professor, como rotineira e presente no seu cotidiano docente. E acaba
contribuindo para um redirecionamento do planejamento pensado e proposto. Tal constatação
se articula como a fala de Paulo Freire (2002, p.61) quando diz que: “É um erro decretá-la [a
educação] como tarefa apenas reprodutora da ideologia dominante como erro é tomá-la como
uma força de desocultação da realidade, a atuar livremente, sem obstáculos e duras
dificuldades”; na ideia do autor, são essas dificuldade e experiências que moldam um caráter
docente dentro de uma comunidade socioeducativa atribuindo sentido a uma formação
qualificativa desse profissional.
E oportuno dizer também que, neste segundo momento de formação pode-se perceber
uma maior participação dos alunos na aula, pois, quando explicitado a parte dos cruzamentos
dos genes dominantes e recessivos, observou-se sugestões por parte dos alunos em relação a
prática do professor. Destaque ao momento em que houve a apresentação do “o azão (A)
cruza com todas as outras letras (genes) do quadro (punnett)” nas palavras de alguns alunos;
tal participação, acontecendo de forma natural, pode estar relacionada, ao envolvimento
gerado entre aluno e professor, contribuindo para uma interação natural, e com isso,
instigando ao aluno participar.
No momento da aula, pode-se observar ainda, certa dificuldade em relação ao
conteúdo dos resultados dos cruzamentos genéticos. Neste, se exija do aluno domínio de
conteúdos além da biologia, como probabilidade e porcentagem, e desse modo, verificou-se
outras questões para além do já exposto, ou seja, a questão da interdisciplinaridade. Tal
aspecto gerou mais uma vez, a situação de sair do planejado, sendo necessário a intervenção
para contextualizar alguns assuntos da matemática no sentido de favorecer a compreensão do
assunto.
Considerações Finais
Em posterior discussão junto a bolsistas e supervisor, as reflexões demonstraram que
as dificuldades e as experiências adquiridas foram de grande importância tendo contribuído na
formação inicial dos graduandos como futuros professores, preparando-os de forma mais
ajustada para sua prática docente, desenvolvendo e instigando reflexões para uma educação
categórica, assim como sugere Soczek (2011), que inserindo os licenciandos no colóquio da
escolas de rede pública de educação, proporciona-os a chances de concepção e participação na
aquisição de metodologias, técnicas e práticas docentes de caráter inovador e disciplinar na
busca da superação de problemáticas e identificados dentro do processo de ensino-
aprendizagem.
Referências
ALTMANN, H. Orientação sexual em uma escola: recortes de corpos e de gênero. Cad. Pagu
[online].n. 21, 2006, p. 283. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S0104-
83332003000200012>. Acesso em: Abr. 2017.
AGRADECIMENTOS
Sala 8.1
Introdução
1
Nos documentos criados especificamente para as escolas do campo, pensados e
elaborados para atender os sujeitos sociais do campo é evidente a importância do trabalho
educacional e contextualizado e direcionado para os povos campesinos. Segundo as Diretrizes
Operacionais para a Educação básica nas Escolas do Campo, aprovadas pelo Conselho
Nacional de Educação – Resolução CNE/CEB, n. 1, de 03 de abril de 2002, a identidade da
escola do campo é definida da seguinte maneira:
Art. 2º - Parágrafo único. A identidade da escola do campo é definida pela sua
vinculação às questões inerentes à sua realidade ancorando-se na temporalidade e
saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de
ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de
projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à qualidade social da
vida coletiva do País. (BRASIL, 2002, p.37).
2
contribuíram para a implantação da proposta de alternância, visando amenizar as dificuldades
encontradas pelos educandos e suas famílias. A grande extensão territorial do município, a
falta de transporte escolar adequado e o difícil acesso a escola são fatores elencados nos
documentos como causadores da evasão e ou redução do número de alunos.
Dessa maneira, diante daquela problemática a equipe pedagógica da SEMED/Arraias
elaborou uma proposta para implantação da modalidade de alternância, com a perspectiva de
garantir o acesso e a permanência dos educandos na escola:
3
pelos membros do conselho a construção ou locação de espaço físico para funcionamento das
aulas no Tempo Comunidade, garantir acompanhamento pedagógico semanalmente e
formação específica para a equipe de profissionais que atuavam no regime de alternância.
Diante aquele contexto, os membros do conselho deliberam para enviar ofício a
SEMED/Arraias cobrando providências, com vista um ensino de qualidade dentro do regime
de alternância. De acordo com ofício nª 003/CMEA/CEB/2014 de 31/03/2014:
Tendo em vista o regime alternância pelas escolas Eveny de Paula e Souza,
Nossa Senhora da Conceição e Matas, vimos por meio deste informar que de
acordo com relatos de pais e as condições de trabalho oferecido pela rede
municipal de ensino, este não está atendendo a proposta do projeto, tendo em
vista que: a) As unidades escolares não dispõem de estrutura física adequada
para proporcionar uma aprendizagem de qualidade. b) No período TC não existe
também espaço físico para desenvolver as atividades propostas. Ressaltamos que
para o regime de alternância atender as necessidades da comunidade local e
favorecer uma aprendizagem de qualidade faz necessário: a) Acompanhamento
pedagógico ocorra semanalmente in loco na unidade escolar; b) Construção ou
locação de espaço físico para o funcionamento das aulas no período do Tempo
Comunidade; c) Disponibilização de recursos físicos e materiais necessários ao
funcionamento da unidade escolar e, d) Formação específica para a equipe que
atua no regime de alternância. [...].
Algumas considerações
Observa-se que os documentos analisados permitem elucidar aspectos importantes de
uma experiência educativa inovadora de escola do campo, no município de Arraias. A equipe
pedagógica da SEMED/Arraias pautada nas orientações das Diretrizes Operacionais para a
Educação Básica das Escolas do Campo, resoluções e decretos criados especificamente para
as escolas do campo ousaram na tentativa de resolver os dilemas da educação naquela localidade,
na perspectiva de contribuir para a melhoria da qualidade da educação do campo. Uma proposta
de alternância contextualizada com à realidade do campo que buscava experimentar e
desenvolver práticas educativas do campo, por meio da aproximação dos conhecimentos
tradicionais.
Todavia, diante dos desafios e contradições que estão postos a construção de uma
política pública de educação do campo a experiência em tela foi interrompida precocemente.
Evidencia-se, mais uma vez, um dos maiores desafios da educação do campo, qual seja, a
4
efetivação de políticas públicas que garantam o direito da população do campo à educação, tendo
como pressuposto a construção de processos pedagógicos específicos às realidades dos sujeitos do
campo.
REFERÊNCIAS
ARROYO, Miguel Gonzalez; CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica Castagna. Por
uma educação do campo. Petrópolis: Vozes, 2004.
ORTEGA, A.C., FONSECA, S.G. Política de Educação para o mundo rural brasileiro:
entre a universalização e a diferenciação dos conteúdos. Uberlândia: Editora Edufu. Ensino e
Revista v. 12, 2004. p. 89-95.
5
FUNDAMENTOS SÓCIOS HISTÓRICOS DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA
EDUCAÇÃO ESCOLAR: APROXIMAÇÕES CONCEITUAIS
Sala 4
RESUMO: O trabalho discute os fundamentos do conceito de trabalho pedagógico e suas implicações para se
pensar o projeto político pedagógico no âmbito da escola pública. Ancorado numa abordagem sócio-histórica
problematiza os conceitos de trabalho, trabalho pedagógico a partir das conexões entre trabalho e organização do
trabalho pedagógico. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica como procedimento metodólogo. Chegou-se ao
entendimento de que o trabalho pedagógico ocorre nas relações sociais e produtivas, prenhes de contradições que
tanto pode ser apreendida como fator de emancipação coo de regulação das relações sociais.
I - Introdução
1
Especialista em Coordenação Pedagógica UFT – Câmpus de Miracema do Tocantins. E-mail:
[email protected]
2
Dr. Educação – UFG e Professor de Didática e Estágio Supervisionado – Cãmus de Palmas. E-mail:
[email protected]
3
Para Wittmann (2000) vem se engendrando, nas escolas e no avanço teórico-prático da educação e de sua
administração, outra visão de conhecimento: o conhecimento não se reduz à mera informação a ser transmitida. Ele é
concebido como produção, processo e construção. Para “ele ‘o ato pedagógico consiste no processo de ampliação do
saber e de construção das aptidões cognitivas” Neste sentido “a administração é autogestionária, a educação
emancipadora e relevante para a construção de uma sociedade de inclusão universal” (Wittmann 2000, pag. 91-92).
campo das políticas e gestão escolar, o que requer a mudança das regras das relações que vêm
se produzindo na sociedade e no ato pedagógico.
Nesta perspectiva, o conhecimento, como objeto do trabalho escolar, teria como ponto
de partida e chegada a práxis social. Os avanços, teóricos e metodológicos, no campo da
educação apontam para a construção de um novo princípio educativo, uma nova organização
do trabalho pedagógico e consequentemente, a reelaboração do projeto político-pedagógico.
Esta tarefa, de cunho político e pedagógico, cabe a todos que constituem a educação escolar:
diretor, coordenador, orientador, supervisor pedagógico, bem como professores, pais e alunos.
Entretanto cabe ao Coordenador Pedagógico, pela natureza e especificidade de sua função o
papel de articulador e mediador do processo de elaboração e execução do projeto político
pedagógico. Para tanto, precisamos problematizar a configuração do processo de trabalho em
geral e, do trabalho pedagógico em particular, na sociedade capitalista.
O homem faz de sua atividade vital mesma um objeto da sua vontade e da sua
consciência. Ele tem atividade vital consciente. Esta não é uma determinidade com
a qual ele coincide imediatamente. A atividade vital consciente distingue o homem
imediatamente da atividade animal. Justamente, e só por isso, ele é um ser
genérico. Ou ele somente é um ser consciente, isto é, a sua própria vida lhe é
objeto, precisamente porque é um ser genérico. Eis porque sua atividade é uma
atividade livre. (p. 84-85).
4
Conforme elaboração de Marx (1998), a mercadoria é uma relação quantitativa, na qual valores de uso de
diferentes espécies se trocam de forma proporcional, ou seja, trata-se de um processo de abstração da
realidade material concreta da mercadoria enquanto valor de uso, onde qualidades de coisas distintas (valor
de uso) são reduzidas a uma relação quantitativa que promove uma igualdade formal dos produtos,
vinculada a uma proporcionalidade que iguala coisas diversas. A mercadoria resulta do trabalho abstrato,
forma social de organização do trabalho efetivo, concreto, que é síntese e unidade do todo o processo de
produção e reprodução da vida social, que sob o capitalismo acontece de forma estranhada. (p. 46).
pela natureza. Para produzir sua existência o homem busca transformar a natureza a partir das
relações que trava com o mundo físico-natural, com os outros indivíduos da espécie e consigo
mesmo. Com base nesse juízo, Saviani chega à conclusão de que o homem é trabalho, pois é
nessa atividade vital que o mesmo se descobre como um ser distinto da natureza. O trabalho se
apresenta, pois como uma atividade intencional e adequada a fins previamente definido pelo
homem. Neste processo de adequação entre fim e atividade material a educação comparece
como atividade teórico e prática que permite ao o homem representar ou antecipar em ideias os
objetivos de sua ação prática. O trabalho educativo de elaborar conceitualmente valores,
símbolos, hábitos e atitudes sobre uma realidade concreta propicia o aparecimento das
condições subjetivas de transformação da realidade material. Ou seja, a educação se constitui
como exigência do trabalho e, ao mesmo tempo, ela é uma condição para o processo de trabalho.
Pela mediação da prática educativa o homem faz do trabalho um objeto da sua vontade e
consciência. Daí que Saviani chega á conclusão de que a educação é trabalho. (Saviani, 1992:
p.19).
Esse é o sentido latu de trabalho pedagógico que também é corroborado por Libâneo
(1998, p. 22) ao afirmá-lo como prática social que “atua na configuração da existência humana
individual e grupal para realizar nos sujeitos humanos as características de seres humanos”.
Portanto, o trabalho pedagógico, como prática social de configuração da humanidade do homem
opera na formação de subjetividades pretendida pela coletividade social. Nesta perspectiva
trabalho e educação não se configuram pratica sociais distintas, pois a educação é tanto
condição como condicionada pelo trabalho como forma social de constituição do homem.
Na particularidade da sociedade capitalista trabalho e educação configuram realidades
independentes. Com a divisão do trabalho 5 configura-se a cisão entre trabalho material e
trabalho intelectual, fato que condiciona a divisão entre trabalho e educação. Portanto, a
aparente autonomia do trabalho pedagógico frente ao trabalho concreto tem seu fundamento
empírico na divisão do trabalho, na qual cada homem tem uma esfera de atividade exclusiva e
determinada, sendo imposta pela lógica social da qual não pode sair, sob pena de perder seus
meios de subsistência (Marx, p.28).
Nesta perspectiva o trabalho educativo ou pedagógico aparece como atividade
improdutiva ou imaterial em oposição ao trabalho como atividade produtiva. Subsumido a essa
forma de trabalho na sociedade capitalista o trabalho pedagógico aparece como atividade
instrumental de transmissão e assimilação de saberes e práticas requeridas pelo processo de
trabalho em geral. Esse é o sentido stricto de trabalho pedagógico geralmente associado aos
processos de escolarização ou instrução, verificado nas instituições formais de ensino.
Diante dessas considerações como compreender a fragmentação do trabalho pedagógico
nos processos de organização e gestão da educação? Como entender a proposta de unitariedade
do trabalho pedagógico na organização toytista de produção flexível? Quais as condições e
possibilidades de superação da fragmentação do trabalho pedagógico na sociedade capitalista?
Esses e outros questionamentos são retomados por Kuenzer (2002) quando problematiza a
natureza desse tipo trabalho como expressão do processo de trabalho capitalista. Segundo a
5 Entendemos como Marx (2008) que divisão do trabalho e propriedade privada constitui expressões equivalentes: a
primeira refere-se à atividade, a segunda a realização do produto da atividade. A divisão do trabalho “encerra, portanto
a propriedade, cuja primeira forma, o seu germe, reside na família, onde a mulher e os filhos são escravos do homem”
(p.27-28).
autora o trabalho pedagógico tem por finalidade o “disciplinamento para a vida social e
produtiva, em conformidade com as especificidades que os processos de produção, em
decorrência do desenvolvimento das forças produtivas, vão assumindo” (p.55). Ou seja, esse
atua na conformação de subjetividades requerida pelo capital. Formar para a submissão e
obediência constituem finalidades dos processos de organização e gestão do trabalho sob o
capitalismo. Para tanto, a divisão do trabalho (fordismo-taylorismo) bem como sua aparente
unificação (toytismo) constituem estratégias de recomposição e acumulação capitalistas. Como
dirá Kuenzer não é na divisão técnica operada no processo de trabalho que se resolve o
problema da divisão do trabalho pedagógico, mas na superação da contradição entre a
propriedade dos meios de produção e força de trabalho, ou melhor, entre divisão do trabalho e
propriedade privada.
Como se percebe, trata-se de uma pedagogia que produz uma subjetividade funcional
ao capital, uma vez que cabe a essa apenas responder a procedimentos padronizados, o que
requer apenas o desenvolvimento de habilidades psicofísicas e comportamentos necessários ao
exercício da profissão. Entretanto e, como já afirmamos anteriormente, as mudanças ocorridas
no mundo do trabalho a partir dos anos 90, como a globalização da economia e reestruturação
produtiva, mudaram radicalmente a base dos processos produtivos bem como, as relações
sociais no final do século XX e início do XXI. O uso crescente e intenso de conhecimentos
científicos e tecnológicos nos processos produtivos e sociais reforçou a ideia de que a ciência e
tecnologia estariam assumindo o papel de força produtiva no lugar dos trabalhadores.
A despeito de que o incremento desse conhecimento no processo de trabalho possa
crescer a produção e diminuir a força de trabalho humano isto não corresponde a realidade. É
preciso destacar que esse resulta da ação humana. Os conhecimentos científicos e tecnológicos,
por si só não são causas dessas transformações socioeconômicas. Na verdade existem interesses
sociais econômicos contraditórios que se manifestam no Estado e no mercado.
A fragmentação do trabalho em geral e, do trabalho pedagógico nas instituições
educativas não se resolve com a unificação de tarefas no processo de trabalho, como apontado
pela organização toyotista de produtivo. A natureza e função do trabalho, na sociedade
capitalista, continuam sendo a produção de mais valia ou lucro. Entretanto é necessário
considerar que a emergência de métodos flexíveis de organização e gestão de trabalho, no
âmbito da produção toytista ou acumulação flexível criaram uma aparente contradição na
relação capital e trabalho: “quanto mais se simplificam as tarefas, mais se exige conhecimento
do trabalhador, e em decorrência, ampliação de sua escolaridade, a par de processos
permanentes de educação continuada” (Kuenzer, 2002).
Na organização toytista de produção o conhecimento simples e fragmentado não atende
mais as demandas laborais, pois um conhecimento mais complexo e orgânico emerge do
trabalho unificado nas novas funções. Conforme Kuenzer (2002) o trabalho mediado pela força
física, ou seja, pelas mãos ou por habilidades específicas do trabalhador passa a ser orientado
pelo conhecimento cientifico e tecnológico, entendido enquanto domínio de conteúdos e de
habilidades cognitivas superiores para atuar na incerteza e em situações de imprevisibilidade.
Para Kuenzer (2002) novas competências laborais devem ser desenvolvidas pelo trabalhador,
tais como:
análise, síntese, estabelecimento de relações, rapidez de respostas e criatividade em
face de situações desconhecidas, comunicação clara e precisa, interpretação e uso de
diferentes formas de linguagem, capacidade para trabalhar em grupo, gerenciar
processos, eleger prioridades, criticar respostas, avaliar procedimentos, resistir a
pressões, enfrentar mudanças permanentes, aliar raciocínio lógico-formal à intuição
criadora, estudar continuamente, e assim por diante (p.59).
enquanto não for historicamente superada a divisão entre capital e trabalho, o que
produz relações sociais e produtivas que têm a finalidade precípua de valorização do
capital, não há possibilidade de existência de práticas pedagógicas autônomas; apenas
contraditórias, cuja direção depende das opções políticas da escola e dos profissionais
da educação no processo de materialização do projeto político-pedagógico (63-64).
REFERÊNCIAS
Sala 8
Resumo: A discussão de temas como gênero e diversidade têm sido frequentes na sociedade nos dias atuais.
Em razão da visibilidade alcançada pelos movimentos sociais a partir da década de 1990 e dos esforços da
academia em compreender as várias performances possíveis desses conceitos e de como estes se relacionam
com as outras categorias de diferença que se expressam na sociedade. No campo da educação esse assunto
ganhou forte repercussão, em razão da aprovação do Plano Nacional de Educação em 2014, em que a palavra
gênero foi excluída do texto final. O artigo pretende analisar as discussões relacionadas as esses temas
durante a discussão do referido documento, discutindo as possíveis consequências uma atuação limitada no
espaço escolar, compreendido aqui como lugar profícuo para o combate à misoginia, sexismo, homofobia,
transfobia e outras discriminações. Também será analisada a emergência do discurso político conservador e
da chamada ideologia de gênero, que tem interferido cada vez mais nas políticas públicas em educação no
Brasil.
Introdução
Os temas de gênero e diversidade receberam, nos últimos anos, muita repercussão
na sociedade, sendo tema de discussões e alvo de disputas na esfera política, dos
movimentos sociais e da academia. Os grupos de militantes e os movimentos sociais de
gênero e diversidade sexual vem ganhando visibilidade nos espaços públicos e na mídia, se
fortalecendo como propulsores de discussões e no avanço mesmo que lento, das políticas
públicas.
Houveram algumas conquistas para as mulheres, garantidas na legislação brasileira,
como o direito ao voto, a Lei Maria da Penha e a facilitação no divórcio. Porém, ainda há
muito o que discutir e avançar no campo de políticas para mulheres e também nas políticas
para LGBT, que tiveram a passos lentos, algumas conquistas no âmbito jurídico e da saúde
como a união homoafetiva e retirada da homossexualidade da lista internacional de
doenças.
No cenário atual os movimentos feministas e LGBT têm sido apresentados como
inimigos da família tradicional brasileira e, nesse contexto, alguns grupos ligados à igreja
evangélica e grupos conservadores ganharam destaque por trazer o discurso da garantia de
salvação da família. No caso do poder legislativo brasileiro, a chamada bancada evangélica
não é a única em busca de retrocessos nas conquistas sociais, mas recebe mais destaque,
1
Mestranda em Comunicação e Sociedade pela UFT. Especialista em Gênero e Diversidade na Escola
pela mesma instituição e graduada em Sociologia pela Unijui/RS - E-mail [email protected]
principalmente pela força com que a mídia enfatiza personalidades e seus discursos, e pelo
espaço ocupado por eles nas redes sociais e imprensa em geral.
Na educação, a discussão de gênero ganhou destaque e força a partir de 2014, por
ocasião da sanção da presidente Dilma Rousseff do Plano Nacional de Educação e
continuou no centro das discussões até hoje. Isso porque cidades e Estados tinham até 26
de junho de 2015 para implementar seus próprios planos. E o que se viu foi a reprodução
do conservadorismo que fez com que, nesses âmbitos locais, os dois temas vetados no PNE
também fossem excluídos: identidade de gênero e sexualidade nas escolas. A retirada foi
resultado da pressão das bancadas religiosas, que alegaram que trazer o tema à
tona deturparia os conceitos de homem e mulher, destruindo o modelo tradicional de
família. Além disso, argumentaram que a discussão do assunto seria dever dos pais e não
da escola.
Nesse contexto, surgiu a chamada “ideologia de gênero”, termo utilizado
justamente por essas bancadas políticas religiosas alegando que ao introduzir os conceitos
de gênero e diversidade no contexto e currículos escolares haveria m prejuízo ao
tradicional conceito e aos papéis de homem, mulher e de família. Este conflito político-
ideológico retirou o termo “gênero” do PNE e transformou a erradicação da desigualdade
racial, de gênero e de orientação sexual dentro do contexto escolar em um objetivo
genérico de erradicação de todas as formas de discriminação, dando aos Estados e
municípios a liberdade de inserir suas metas. Cedendo à pressão de diversos setores
conservadores, diversas câmaras municipais e assembleias legislativas vetaram a inclusão
do tema nos planos regionais. Ou seja, em âmbito nacional e local a discussão de ideologia
de gênero tornou-se um problema social, político e acadêmico.
O artigo pretende analisar as discussões relacionadas as esses temas durante a
discussão do referido documento, discutindo as possíveis consequências para uma atuação
limitada no espaço escolar, compreendido aqui como lugar profícuo para o combate à
misoginia, sexismo, homofobia, transfobia e outras discriminações. Também será analisada
a emergência do discurso político conservador e da chamada ideologia de gênero, que tem
interferido cada vez mais nas políticas públicas em educação no Brasil através de análise
documental e acompanhamento de algumas publicações oficiais dos órgãos públicos.
A partir da década de 1990, o foco da atenção dos estudos nessa área é em relação
às maneiras pelas quais o gênero se cruza com outros tipos de desigualdades, incluindo
raça, orientação sexual e classe. Há um entendimento que não existe, apenas uma forma de
ser mulher, mas existem mulheres. A partir dessa compreensão de que existem mulheres da
cidade e do campo, adultas e crianças, mulheres heterossexuais e lésbicas, cis e trans,
percebe que mesmo com as especificidades de cada grupo, todas são atravessadas por
desigualdades, mas articulação com outras hierarquias adiciona diferenças na forma de ser
mulher no mundo.
Então, o feminismo tenta sair de um lugar majoritariamente branco, de classe média
e intelecual, e passa a evidenciar a diferença entre as mulheres. Neste contexto ganha força
a chamada teoria queer, que busca uma forma de contestar os processos de normalização
do gênero, que são vistos como excludentes e restritivos. Para aqueles que não se
enquadram nas expectativas criadas socialmente para o masculino e o feminino, é colocada
uma situação de vulnerabilidade e até exposição à violência. A teoria queer coloca a
discussão sobre uma suposta linearidade entre sexo, gênero e desejo e identifica um padrão
heteronormativo nas relações entre gênero e sexualidade.
Todas estas questões passaram a circular nas reflexões acadêmicas e dentro de uma
reelaboração teórica do feminismo e na esteira dos estudos gays e lésbicos, surgem os
estudos queer que em boa parte de suas análises evidenciam como os estudos de gênero
não podem ser desenvolvidos com profundidade sem interseccioná-los com a dimensão da
sexualidade.
Os estudos pós-modernos nos dizem que a heterossexualidade não é natural e o seu
domínio não é desprovido de relações de poder. Apontam para uma tentativa de
desnaturalizar o gênero, criticando a diferenciação de sexo e gênero, usado na construção
da teoria feminista. Usando a diferença como categoria de estudo, Judith Butler (1990) nos
diz que tudo só existe em processo de diferenciação, assim a identidade não é algo, mas ela
é efeito que se manifesta num regime de diferenças.
O questionamento sobre a normatividade do gênero, não é um debate apenas sobre
sexualidade, mas também um debate político. Quando passamos a dizer que não apenas o
gênero, mas também o sexo é culturalmente construído colocamos em risco as noções que
temos hoje de existência (Para LOURO, 2003, p. 76) e quando se questiona a
normatividade do gênero e da sexualidade, estamos questionando também a lógica binária
que define os sujeitos como macho ou fêmea, diz os gêneros são apenas dois, e que a
sexualidade deve ser exercida com alguém do sexo/gênero oposto.
A heteronormatividade que dá suporte à essa lógica e como todas as outras normas
ela age silenciosa e sistematicamente. Se esse binarismo é colocado em questão, e dizemos
que existe uma multiplicidade de gêneros e sexualidades então deve haver outras formas de
constituição dos sujeitos.
Nessa perspectiva, falar de gênero não significa simplesmente falar "de mulher",
mas de um conceito de gênero que na perspectiva pós-estruturalista dos estudos culturais
(HALL, 1997; BUTTLER, 2003; LOURO, 1997) define relações de poder, materiais e
simbólicas, que envolvem todos os seres humanos. Significa visibilizar e problematizar os
modos de significação dos corpos, dos jeitos de ser, de andar, de falar; questionar os
discursos biologizantes que tentam encontrar a essência biológica dos comportamentos,
assim como o modo como a própria ciência produz discursos normatizadores e reguladores
da sexualidade e do gênero (FOUCAULT, 1990).
2
Constituição Da República Federativa do Brasil De 1988
3
PNE disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm
na escola constitui não apenas negligência, mas franco desrespeito aos princípios que
regem a educação brasileira, fundamentados na Constituição e leis específicas.”
A partir da aprovação do Plano Nacional de Educação, foi instituído o prazo de um
ano para que estados e municípios aprovassem documentos para sua educação nos
próximos dez anos. Mesmo podendo contribuir com o combate à exclusão escolar e com a
garantia do direito à educação para toda a população, o tema e a palavra gênero sofreu
resistências de setores conservadores e, em alguns municípios e estados, foram retirado dos
Planos de Educação. Hoje, todos os estados e o distrito federal já elaboraram seus planos
estando 25 sancionados, com exceção do estado do Rio de Janeiro que apresenta apenas a
elaboração do documento base e do estado de Minas Gerais que está com o projeto no
legislativo. Em relação aos Planos Municipais de Educação, 5528 municípios estão com a
lei sancionada, 4 municípios com lei aprovada, 6 municípios com documento-base
elaborado, 2 municípios com consulta pública realizada, 7 municípios com projeto de lei
elaborado e 23 municípios com projeto de lei enviado ao legislativo.
A discussão sobre gênero nas políticas educacionais e precisamente nas discussões
curriculares e dos Planos Municipais, Estaduais e Nacional de Educação, parte de uma
falácia perversa: a de que gênero, sexualidade e identidade de gênero são invenções
ideológicas. Em grande parte dos embates e disputas políticas que envolveram as
aprovações dos planos, o que se observou foi uma desqualificação de determinadas visões
de mundo como sendo ideológicas, ou seja, um ideário sem ancoragem na realidade ou em
teorias.
Considerações Finais
De acordo com o Manifesto pela igualdade de gênero na educação: por uma escola
democrática, inclusiva e sem censuras4 publicado pela Associação Brasileira de
Antropologia (ABA), o conceito de gênero é um operador que cria sentido para as
diferenças percebidas em nossos corpos e articula pessoas, emoções, práticas e coisas
dentro de uma estrutura de poder. E é, nesse sentido, que o conceito de gênero tem sido
historicamente útil para que muitas pesquisas consigam identificar mecanismos de
reprodução de desigualdades no contexto escola. Segundo esse manifesto, ao contrário de
ideologias sustentadas pela fundamentação de crenças ou fé, o conceito de gênero está
baseado em parâmetros científicos de produção de saberes sobre o mundo, é um conceito
4 http://www.portal.abant.org.br/images/Noticias/Manifesto_Pela_Igualdade_de_Genero_na_Educacao_Final.pdf
que identifica processos históricos e culturais que classificam e posicionam as pessoas a
partir de uma relação sobre o que é entendido como feminino e masculino.
Quando se reivindica, então, a noção de “igualdade de gênero” na educação, a
demanda é por um sistema escolar inclusivo, que crie ações específicas de combate às
discriminações e que não contribua para a reprodução das desigualdades que persistem em
nossa sociedade. Falar em uma educação que promova a igualdade de gênero, entretanto,
não significa anular as diferenças percebidas entre as pessoas mas garantir um espaço
democrático onde tais diferenças não se desdobrem em desigualdades e em violência.
Da mesma forma como a violência de gênero se manifesta em vários espaços
público ou privados como o espaço da família, ela também se manifesta no ambiente da
escola. O índice das violências e assassinatos contra mulheres é muito alto e crescente. A
escola, como espaço onde essa sociabilidade se forma e pode ser transformada, deve ficar
alijada do debate de gênero e de como sua construção cultural contribui para o crescimento
dessa violência?
Em relação à gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travesti, a violência pode ser
ainda pior. Desde cedo, qualquer comportamento que fuja do que é considerado normal é
tratado com desprezo, nojo, violência física e psicológica. Um gay é morto a cada 28 horas
no país – foram 312 assassinatos de pessoas sexualmente diversas em 2013.5 Ainda de
acordo com o mesmo relatório:
O termo “ideologia de gênero” não está presente e não é usado no contexto das
Teorias de Gênero. Essa expressão foi criada recentemente no interior de alguns discursos
religiosos E trata-se de uma interpretação equivocada e confusa que não reflete os estudos
de gênero em nenhum dos campos científicos. O termo tem sido disseminado como se os
estudos de gênero fossem uma ameaça a sociedade brasileira. A imprensa e a mídia
nacional e também aqui no estado do Tocantins reforçou o uso desse termo, muitas vezes
dando legitimidade a ele. Um termo que não tem base epistemológica e é usado para
reforçar uma ideia conservadora e enfeitar os discursos de ódio.
5
Dados de 2013-2014 do Grupo Gay da Bahia (GGB)
É necessário termos Planos Municipais de Educação que enfrentem a discriminação
e a evasão escolar, propiciando a permanência e sucesso escolar de LGBTs. A discussão
de gênero na escola é para conscientizar o outro da diversidade que nos constitui.
A forma como os alunos são avaliados e percebidos pelos adultos impactam
fortemente a percepção que têm de si. Embora diversos papéis de gênero sejam passados
de geração em geração de maneira explícita, existem preconceitos invisíveis, currículos
ocultos da educação. Um deles fomenta a ideia de que os meninos são mais talentosos para
exatas e serão melhores cientistas, engenheiros e técnicos de informática. Mas a
desigualdade de gênero também impacta os meninos. Estudos mostram que o fracasso
escolar e a evasão de jovens estão ligados a referenciais de masculinidades difundidos
socialmente. “Uma identidade masculina baseada na agressividade e na indisciplina tem
cada vez mais afastado os meninos dos bancos escolares6, negando-lhes seu direito à
educação e reproduzindo uma cultura da violência.
Ainda há uma outra realidade gritante, que se manifesta cruelmente na discussão de
gênero e diversidades: a relação com a religião. Muitas organizações religiosas tem se
colocado de forma conservadora, preconceituosa, sexista e machista nessas discussões.
Fazendo relações absurdas relacionado ao que é certo e errado, de acordo com a sua
doutrina e apenas aumentando o abismo das hierarquias e desigualdades, e incentivando a
violência.
Entender gênero enquanto categoria de análise implica compreender melhor as
relações sociais e culturais entre os sexos, uma vez que as relações entre os sexos são
construídas socialmente, mas é preciso explicar como essas relações são construídas e por
que são construídas desigualmente privilegiando o sujeito de sexo masculino. Na escola
estas manifestações de hierarquia já são muito evidentes, portanto é um locus de discussão
que está precisando ser desconstruído e novamente construído como uma tentativa instituir
a igualdade de gênero, respeito às diferenças desde muito cedo.
REFERÊNCIAS
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 2012.
6
37,9% deles, segundo dados do IBGE em 2011.
LINS, Beatriz Accioli; MACHADO, Bernardo Fonseca; ESCOURA, Michele. Diferentes,
não desiguais: A questão de gênero na escola. 1 ed. São Paulo: Reviravolta, 2016.
SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. In: Revista Educação e
Realidade. Porto Alegre: UFRGS, 1990.
SCOTT, Joan W. Os usos e abusos do gênero. Projeto História, São Paulo, n. 45, p. 327-
351, dez. 2012.
GEOGRAFIA E HISTÓRIA EM QUADRINHOS: AS POSSIBILIDADES DO USO DE
CHARGES NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA NO 9ª ANO DA
ESCOLA SESI SAMA EM MINAÇU – GO
Ykaro Feliphe Sousa Silva 1
Welberg Vinicius Gomes Bonifácio 2
Sala 3
Resumo: Este artigo é resultado da proposta de intervenção pedagógica no estágio supervisionado em geografia
realizado na Escola SESI SAMA em Minaçu-GO, e teve como objetivo geral ensinar conteúdos de Geografia por
intermédio de charges e cartuns como recurso didático-pedagógico. Tendo como objetivos específicos: trabalhar
interdisciplinarmente os conteúdos de Geografia por meio de sua mediação com charges; contribuir com essa
prática para que o aluno venha participar efetivamente das aulas melhorando seu processo na compreensão e
interpretação; mediar a relação de ensino-aprendizagem de conteúdos geográficos na aula de Geografia. As
questões que nortearam a pesquisa foram: As charges podem ser consideradas processos de ensino-
aprendizagens na escola SESI SAMA? É possível trabalhar interdisciplinarmente os conteúdos de Geografia por
meio de sua mediação com charges? Este trabalho se justifica pela escassez de conteúdo desenvolvido de modo
pratico na área que contribua principalmente no desenvolvimento dos alunos como cidadãos críticos reflexivos,
também levando em conta sua principal intenção de contribuir como base teórica para temática. Para execução
do projeto, foi realizado um minicurso com o tema proposto onde foi avaliado a participação dos alunos no
decorrer da exposição, assim como nas atividades propostas submetidas pelo estagiário/pesquisador. Foi
realizado um diagnóstico no decorrer do minicurso e após os procedimentos das atividades indicadas. Na
finalização da pesquisa foi concluído que as charges podem ser consideradas processos de ensino-aprendizagens
na escola SESI SAMA, pois a mesma utilizada como material didático-pedagógico teve um grande retorno não
apenas por parte dos alunos, mas também para o professor regente que ao participar do minicurso e perceber que
esse recurso chama atenção dos alunos resolveu de certo modo estar sempre agregando ele para mediar os
conteúdos relacionados a Geografia, tendo assim uma grande facilidade não apenas para utilizar as charges, mas
também dar aulas expositivas mais instigadoras para os alunos, que apreendem os conteúdos trazendo melhores
resultados no processo de ensino-aprendizagem.
INTRODUÇÃO
1
Graduando em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás. E-mail: [email protected]
2
Graduado em Geografia (UFG), em Pedagogia (ISEED) e mestre em Ensino na Educação Básica (UFG).
Professor efetivo da Universidade Estadual de Goiás, onde é coordenador do curso de Pós-Graduação Lato
Sensu em Interdisciplinaridade e Diversidade na Educação. E-mail: [email protected]
Sob observação no estágio supervisionado no período em que se procurava analisar e
apontar os principais pontos de intervenção pedagógica, buscando manter um diálogo aberto
com a Professora de Geografia dos 9ªs anos na escola SESI SAMA em Minaçu – GO, onde a
mesma se queixava da falta de interesse dos alunos nas aulas e preocupada com o
desenvolvimento dos mesmos, foi proposto tanto pelo estagiário/pesquisador e pela
Professora regente trabalhar na regência do estágio com recursos didáticos para facilitar o
ensino e atingir a atenção dos alunos, estimulando o interesse dos jovens que estão em
constante aprendizado.
A avaliação, além das duas atividades avaliativas, sendo uma no início do minicurso e
outra em sua finalização, foi feita através da participação dos alunos no decorrer da
exposição, assim como nas atividades propostas. Desse modo com duas atividades aplicadas,
foi feita uma comparação qualitativa das atividades, para um diagnóstico final sobre o
desenvolvimento do aluno no decorrer do minicurso e uma conscientização do professor sobre
sua progressão no decorrer das atividades indicadas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A partir de Oliveira (1989), da ideia que a o ensino de geografia deve ser trabalhado
interdisciplinarmente com outras metodologias, já que a Geografia é uma ciência e disciplina
escolar com possibilidades de diálogos com diversas áreas que podem contribuir para as
leituras que se faz do espaço geográfico. A própria literatura e os meios de linguagem como
as histórias em quadrinhos podem constituir-se enquanto recurso para o desenvolvimento de
metodologias viáveis ao ensino de Geografia.
Para contribuir com a fala, Silva (2010), afirma que as histórias em quadrinhos levam
aos alunos a uma estimulação a lentura mais apurada sobre a realidade vivida desmistificando
assim as alocuções ideológicas que permeiam as relações sociais e políticas do mundo.
DESENVOLVIMENTO
A Escola SESI SAMA, tem a oferecer uma estrutura adequada à prática de ensino e
mantém seus espaços físicos escolares bem equipados e mobiliados de modo a proporcionar
conforto aos alunos e colaboradores, A escola também atende a comunidade trabalhadora da
empresa SAMA (sediada na cidade de Minaçu – GO), já que a mesma tem a principal função
de atender os operários da empresa de mineração, qual a escola presta serviço de apoio a
indústria, como o próprio nome já diz: Serviço Social da Indústria. Os alunos que estão
inseridos são de grande parte de classe baixa e média, filhos de funcionários da própria
empresa ou de empresários e comerciantes da cidade. A escolha da escola se deu por
curiosidade de conhecer o funcionamento de uma instituição de ensino privada, já que o
pesquisador somente havia conhecido a realidade de escolas públicas, as quais concluiu o
ensino fundamental e médio.
Foi decidido que os alunos dos dois nonos participariam do minicurso pelo período da
tarde, já que o ensino fundamental na escola SESI SAMA só havia turmas no período da
manhã. Para facilitar a análise do conteúdo foi feita a união das duas turmas em uma única
sala já que o mesmo plano de aula seria trabalhado com as duas turmas consecutivamente.
- Conscientizar e refletir
sobre os impactos
ambientais causados pela
energia.
Atividade diagnostica:
A regência ocorreu numa segunda-feira (17-10-2016) e teve seu início as 14:00 horas
se estendendo até as 15:40 perfazendo o total de 100 minutos, duas aulas consecutivas.
Inicialmente após a apresentação da aula pelo pesquisador/professor regente na situação,
aplicou-se a atividade diagnostica para que os alunos respondessem individualmente, pedindo
para que analisassem com o olhar geográfico e interpretassem as tiras. Muitos dos alunos
pediram auxílio do estagirário/regente, que evitou dar opiniões no momento, já que os alunos
estavam com dificuldades na interpretação.
Após o primeiro momento da regência onde foi aplicada a atividade foi desenvolvido
em seguida a aula expositiva sobre os conteúdos propostos, explicando os tópicos:
1. O espaço Geográfico: (onde foi dada uma introdução para que o aluno compreendesse
as relações que ocorrem no espaço)
Revolução industrial
Atualidade
4. Energia Nuclear:
Chernobyl (onde foi relatado os impactos ambientais que podem ser causados a partir
da energia nuclear); Césio 137 (foi relatado o caso de acidente radioativo no Brasil)
Poluição atmosférica; Chuva ácida; A morte dos corais; Inversão térmica; Ilhas de
calor.
A aula expositiva ocorreu de modo rápido e simples já que os alunos conheciam
previamente o conteúdo, serviu de modo como uma revisão onde alguns alunos puderam
tiraram suas dúvidas sobre o referente assunto.
Atividade avaliativa
Chuva ácida
Aquecimento global
Com base nas charges, tiras de quadrinhos e no que se discutiu na sala de aula, responda as
seguintes questões:
2- Releia a tira da Mafalda sobre poluição e clima, reflita sobre a situação e escreva um
pequeno texto, explicando-a.
3- Comente algumas atitudes que podemos tomar para tentar evitar, pelo menos em partes,
a situação dos impactos ambientais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
SILVA & CAVALCANTI, 2008, nos traz uma observação para consolidação desses
resultados:
Observa-se que a maioria dos alunos gosta desse tipo de recurso didático, quando
usado de forma complementar aos conteúdos estudados. Motiva a discussão e
reflexão, tornando a aula mais receptiva e agradável e, principalmente, estimula uma
leitura mais apurada da realidade vivida e a desmistificação da ideologia que
permeia as relações sociais e políticas do mundo. (SILVA & CAVALCANTI, 2008,
p. 144)
REFERÊNCIAS
AGUIAR, V. T. O verbal e o não verbal. São Paulo: Fundação Editora da UNESP (FEU).
2004.
CAVALCANTI, L. S. Geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.
GADOTTI, M. Diversidade cultural e educação para todos. RJ. Ed. Graal, p.90. 1992.
GUIMARÃES, I. Ensino de Geografia, mídia e produção de sentidos. Terra Livre –
Geografia e ensino, Presidente Prudente, v.1, n. 28, p. 45-46, jan-jun. 2007.
KATUTA, A. M. A educação docente: (re)pensando as práticas e linguagens. Terra Livre,
Presidente Prudente, v. 1, n. 28, p. 221-238, jan./jun. 2007.
MORETTI, F. Qual a diferença entre charge, cartum e quadrinhos? In: Gêneros Textuais &
Ensino. 4ª edição. Rio de Janeiro: Lucerna. 2005.
OLIVEIRA, A. U. (org.). Para onde vai o ensino de Geografia? São Paulo: Contexto, 1989.
PONTUSCHKA, N.N. (org.). A ousadia do diálogo: interdisciplinaridade na escola. São
Paulo: Loyola, 1993.
QUINO, J. L. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
SILVA, E. I. A linguagem dos quadrinhos na mediação do ensino de Geografia: charges
e tiras de quadrinhos no estudo de cidade. Goiânia, 2010. Tese de Doutorado em Geografia
– Instituto de Estudos Socioambientais, Universidade Federal de Goiás, 2010.
SILVA, E. I. Temas Geográficos na Linguagem de Quadrinhos. In: SILVA, E. I.; PIRES, L.
M. (org.). Desafios da Didática de Geografia. Goiânia: Ed. Da PUC Goiás, 2013.
SILVA, E. I. Charge, cartum e quadrinhos: linguagem alternativa no ensino de
Geografia. Revista Solta a Voz, Goiânia, v. 18, n. 1, p. 41-49, jan./jun. 2007.
SILVA, E. I.; CAVALCANTI, L. S. A mediação do ensino-aprendizagem de Geografia,
por charges, cartuns e tiras de quadrinhos. Boletim Goiano de Geografia, Goiânia, v. 28,
n. 2, p. 141-156, jul./dez. 2008.
GESTÃO DEMOCRÁTICA: AUTOAVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE
ESTRATÉGIA PARA OTIMIZAÇÃO DA ROTINA ESCOLAR
Sala 3
RESUMO: O presente artigo procurou abordar a importância da autoavaliação institucional como instrumento
de estratégia para auxiliar a gestão na otimização da rotina escolar. A necessidade do uso desse instrumento
avaliativo é resultante da reflexão conclusiva das observações participativas e entrevistas realizados com os
funcionários em uma escola municipal de Gurupi durante o estágio supervisionado de gestão educacional do
Centro Universitário UnirG. O objetivo consistiu em demonstrar que a aplicação da autoavaliação pode vim a
promover melhoria na qualidade na gestão escolar, de modo a realizar uma reflexão das ações de rotina escolar
com base no processo vivido. Desta forma, poder auxiliar no planejamento de escolar e nas tomadas decisões e
redimensionamento das ações educativas, incentivando a participação da equipe e da comunidade escolar para
contemplar a aprendizagem escolar, a formação da cidadania e a de valores e atitudes.
Introdução
1
Acadêmica do Curso de pedagogia da UnirG. E-mail: [email protected].
2
Mestre em Educação. Professor Adjunto II do Centro Universitário UNIRG. E-mail:
[email protected].
“que os critérios de avaliação, que condicionam seus resultados, estejam sempre
subordinados às finalidades e objetivos previamente estabelecidos para qualquer
prática, seja ela educativa, social, política ou outra”. (DEMO, 1999, p. 1).
Procedimentos metodológicos
Pesquisa estruturada sendo sua base descritiva, de cunho qualitativo por meio de:
ação-reflexão, na qual, se observava e analisava as ações do cotidiano a luz dos teóricos.
Sempre, complementando por meio de dialogo com os funcionários na escola.
Pela qual, a observações da rotina na escola e seus diferentes setores: pedagógicos e
técnico-administrativa realizada durante o estágio supervisionado de gestão educacional.
Dos conceitos
O estágio supervisionado realizado na unidade escolar foi essencial para definição e
compreensão teórica da realidade vivenciada no campo, permitindo a reflexão por meio de
questionamento que se materializou no referido artigo.
Do estágio
A compreensão do termo Estágio, na qual este serve como auxilio para o aluno
compreender e enfrentar o mundo do trabalho e contribuir para a formação de sua consciência
política e social, unindo a teoria à prática (KULCSAR, 1991, p.63).
Foi neste aspecto que, durante os períodos vespertinos de vivencia na escola foram
observados, questionados e refletidos sobre a organização estrutural da mesma, a interação
entre as pessoas e as atividades em seus aspectos pedagógicos e técnico-administrativos com
mútua dependência, em busca de analisar se a escola - campo desenvolve seu papel
fundamental que é formação humana e racionalização do trabalho.
Da gestão escolar
E, por sua vez, “a gestão é ação de executar os processos (de chegar à decisão e fazer
a decisão funcionar)” com uma coordenação do esforço humano coletivo para atingir os
objetivos do sistema educacional brasileiro. (LIBANEO, 2007, p.317).
Pela qual se vivencia o cotidiano escolar através da observação participativa em suas
funções de planejamento, organização, direção e controle nos aspectos da ação: a
participação; a ética do trabalho coletivo; se conseguem conquistar, buscar e criar; se possui
liberdade, vida e experiência da prática escolar e isso permitirá as reflexões.
Chiavenato (1983) distingue dois significados de organização: unidade social e
função administrativa. A unidade social identifica um empreendimento humano destinado a
atingir determinados objetivos e a administrativa ao ato de organizar, estruturar e integrar
recursos e órgãos. (LIBANEO, 2007, p.316).
Da observação participante
Da avaliação/autoavaliação
Abordar sobre avaliação, exige certo cuidado, com o uso desta palavra, bastante
temida pela maioria dos estudantes. Mas será que são apenas eles os únicos alvos desse
processo?
Libâneo (2004, p. 235) afirma que a “avaliação diz respeito a um conjunto de ações
voltadas para o estudo sistemático de um fenômeno, uma situação, um processo, um evento,
uma pessoa visando a emitir um juízo de valor”.
Nesse aspecto, a avaliação propõe a coleta de informações, tendo diversos e
diferentes meios de verificação dos aspectos avaliados para, com base nos juízos de valor,
tomar decisões.
Segundo Luckeise (1996, p.118), “enquanto o planejamento é o ato pelo qual
decidimos o que construir, a avaliação é o ato critico que nos subsidia na verificação de como
estamos construindo o nosso projeto.” e logo deve ser necessário que seja usada da melhor
forma possível.
De modo, mais minucioso, podemos entender que as práticas avaliativas nas escolas
podem ser entendidas a partir da perspectiva indicada por Dias Sobrinho (2001, p. 15) de que
a autoavaliação se constitui processo interno promovido pela própria escola, segundo seus
conceitos, seu ritmo, suas finalidades e suas regras.
A avaliação de desempenho é um processo fundamental sobre o qual se assenta o
desenvolvimento da competência de cada profissional que atua na escola. Sem avaliação de
desempenho não há gestão do trabalho de pessoas, assim como não se promove o
aperfeiçoamento desse desempenho. (LUCK, 2009, p.89).
Resultados e Discussão
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
LIBANEO, José Carlos ET Al; Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 4 ed.
– São Paulo: Cortez, 2007.
Sala 3.3
RESUMO: Há diferentes tipos de educação que se complementam e interagem entre si, nesta diversidade
conceitual, dois nos chamam a atenção o primeiro como foco principal, a educação na qual vinculamos a duas
instituições a escolar e a familiar, pela qual se constata um processo contínuo de construção. Nesse sentido, o
presente artigo tem como objetivo compreender como se dá a relação entre a família e a escola e a importância
desta interação para o processo educacional do aluno sob a perspectiva de uma gestão escolar democrática e
participativa. Este se constitui como estudo de caso. Observando como a gestão busca integrar a participação da
família.
ABSTRACT
There are different types of education that complement each other and interact with each other. In this
conceptual diversity, two are the primary focus: education in which we link two institutions to school and family,
for which there is a continuous process of construction. In this sense, this article aims to understand how the
relationship between the family and the school occurs and the importance of this interaction for the educational
process of the student under the perspective of a democratic and participatory school management. This is a case
study. Observing how management seeks to integrate family participation.
A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda, ou seja, a escola
não consegue educar sozinha e, para a construção qualitativa do processo de aprendizagem, a
educação deve ser pautada numa participação efetiva entre família e escola. (FREIRE, 1979, p. 18).
1 INTRODUÇÃO
1
Doutoranda em Psicologia Social pela Universidad Kennedy – UK em Buenos Aires. [email protected]
2
Doutoranda em Psicologia Social pela Universidad Kennedy – UK em Buenos Aires. [email protected]
2
Neste sentido, um dos principais meios de garantir a gestão democrática da escola pública
consiste na participação de todos integrantes da comunidade escolar.
A partir de um olhar numa escola pública, o que nos obriga a entende, inicialmente, no que
consiste a participação democrática, seus fundamentos e sua efetivação no cotidiano escolar.
O que nos leva a questão – problema de como ocorre na escola o envolvimento entre a
gestão escolar e os responsáveis pelas crianças, de modo a perceber a participação efetiva dos pais dos
alunos na escola, mediada pela gestão.
Para isso, faz-se necessário responder o seguinte questionamento: Que fatores podem ser observados
da relação família/escola, que são prescindíveis no acompanhamento e no auxilio das crianças que
podem levar à uma educação significativa e de qualidade?
O que está se buscando entender consiste na ação pedagógica no interior da escola, como
uma pratica em equipe, tarefa que exige habilidades e responsabilidades de todos como: gestão escolar
e família.
Desta forma o presente artigo, para melhor organização se subdivide nas seguintes partes:
Objetivo, parte conceitual, Compreensão do Termo – estágio; gestão escolar; observação participante;
a gestão escolar democrática e participativa; participação; e a relação família/escola-; Metodologia;
Analise e Discussões. E, finalizando com as considerações finais.
2 OBJETIVO
3 DA COMPREENSÃO DO TERMO
3.1 ESTÁGIO
O entendimento de estágio adquire, segundo Kulcsar (1994) o papel importante para o ato
educativo escolar supervisionado, enquanto um mecanismo de colocar em contato e possibilitar o
acadêmico na vivencia e aplicar na prática, os conhecimentos teóricos que agregou em sala de aula,
aprimorando suas habilidades e proporcionando uma ampla base de conhecimentos.
Nesse aspecto, ainda segundo Kulcsar (1994) percebe-se que o mesmo, aprimorar a teoria
com a pratica e permite ao estagiário uma experiência no seu campo de atuação profissional.
3
A compreensão deste termo, Segundo Lück (2009, p. 24) se apresenta enquanto um ato de
gerir a dinâmica cultural da escola que deve usa como fundamento as diretrizes e políticas
educacionais públicas para a implementação de seu projeto político-pedagógico e compromissado com
os princípios da democracia, assim como, construir métodos que organizem e criem condições para
um ambiente educacional autônomo, isso entendido como procura soluções aos problemas
enfrentados, ou mesmo, trilha numa maior “participação e compartilhamento (tomada de decisões
conjunta e efetivação de resultados)”, associado a um “autocontrole (acompanhamento e avaliação)
com retorno de informações”.
A observação participante, para Fernandes (2015) tem como objetivo central coletar
informações e vivencia-las na pratica, o observador se inseri em um grupo ou uma comunidade e
começa a coletar dados que sejam pertinentes a sua análise adequando–se em todos os ambientes
pesquisados tendo contato direto com o material de pesquisa utilizando os sentidos humanos como a
visão , tato, olfato, audição é preciso aprender quando se pergunta e quando não pergunta, assim como
que pergunta se deve fazer na hora certa, deve ser aproveitada todas as experiências, até mesmo os
erros devem ser explorados.
Desta forma ainda segundo Fernandes (2015) a mesma adquire suma importância por
permitir a experiência dos erros e acertos e vivenciar o que já foi visto na teoria, se realiza em contato
direto do investigador com instrumento de pesquisa, o observador toma uma posição completamente
ativa envolvendo-se com o fenômeno analisado.
O qual vivenciamos como experiência direta este instrumento de pesquisa tomando uma
posição completamente ativa envolvendo-se com o fenômeno analisado usando todos os sentidos
humanos.
De acordo com Paro (2003) para desenvolver uma gestão democrática e participativa preciso
que a escola crie um ambiente favorável a todos, criando uma visão de conjunto associada à ação de
cooperação mútua.
4
Pois a partir daí que a escola conquista um grande elo de respeito e confiança com a sua
clientela. E, um dos fatos mais importantes deste processo; se dá pela valorização das capacidades que
os participantes (comunidade escolar), num processo de construção e desenvolvimento da prática em
assumir responsabilidade de desenvolver as ações propostas.
Para Lück (2006, p.18) está necessita de uma “gestão escolar participativa”, como meio
“para: melhorar a qualidade pedagógica do processo educacional das escolas”, assim como, “combater
isolamento físico, administrativo e profissional dos gestores e professores”, de maneira a “motivar o
apoio das comunidades escolar e local às escolas”, bem como, “desenvolver objetivos comuns na
comunidade escolar”.
Ainda segundo Lück (2004) está nas mãos do diretor escolar o dever de desenvolver ações
que estimulem a participação de todos na escola, articulando a construção de ações entre o interesse
local e o interesse do sistema educacional.
A esse respeito, devemos tomar cuidado para que o gestor de uma escola não se coloque
autoritariamente, mas aquele que sabe usar sua autonomia no desenvolvimento de seu papel.
5 A RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA
A família, segundo Prado (1981) tem natureza essencial na vida escolar do aluno.
Considerando, que por meio da interação da escola com a família que será promovida o processo
ensino e aprendizagem do educando, através da recíproca colaboração que a escola irá cumprir seu
papel com eficácia.
O que, ainda segundo Nogueira (2005) trará um olhar voltado para o que os pais pensam e
esperam da escola sobre o processo de escolarização de seus filhos. Com estas informações a escola
5
pode buscar meios para trazer os pais e a comunidade para participarem ativamente, quebrando assim
todas as resistências que possa ter que os afastam da unidade escolar.
O que esta se demonstrando, consiste no dizer de Paro (2000) que os pais precisam interagir-
se com o gestor e os professores não apenas nas reuniões pedagógicas, mas em outras ocasiões na
elaboração do projeto político pedagógico, até mesmo em uma aula dando sua opinião sobre o que foi
produzido e passado para seu filho.
6 METODOLOGIA
Este estudo foi sistematizado dentro de uma abordagem qualitativa, a partir de observação
participativa e conversa com pessoas a frente do cotidiano escolar, objetivando compreender
efetivamente o processo de gestão escolar democrática participativa na relação família/escola.
7 ANALISE E DISCURSSÕES
A escola – campo de esfera municipal localiza-se num setor periférico de Gurupi – TO, bem
distante do centro da cidade, e, conforme PPP (2016) atende uma clientela de baixo poder econômico,
no nível básico (Educação Infantil e Educação Fundamental).
Ainda cabe destacar, que o que despertou nosso foco, na fase de observação, foi a constante
presença dos responsáveis na sala destinada a supervisão,
6
Depois disso, se faz o devido registro em ata e o responsável assina ao final da conversa.
Igual, postura, também, se realiza todos os bimestres ou ao procederem a entrega dos boletins,
apresentando para os pais a vida escolar dos filhos.
Destacando ainda, que muitos pais não vão por alegar falta de tempo, deixando de lado então
completamente a vida escolar dos filhos. Ausência, que se transforma em impositiva, pois, quando este
se ver na obrigação de ir, em muitas das vezes se deve ao fato de a gestão já ter tomado uma decisões
drásticas, como, a expulsão de alunos que cometeram um falta gravíssima.
E, um caso que exemplifica essa situação, foi um acontecimento recente, ocorrido na escola,
em que, alunos foram pegos transgredindo a lei, no interior da escola, e, isso enquanto um reflexo por
falta de participação efetiva dos responsáveis na vida dos filhos. Forçando assim, a utilizar de medida
drástica que envolveu até a autoridade policial.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
. O que podemos enfatizar, desta vivencia durante o período do estagio supervisionado, dentro desta
situação especifica, a partir tanto das observações como das declarações (gestores e responsáveis) a
visibilidade de que a participação dos responsáveis não ocorre de forma efetiva nas tomadas de
decisão da escola, considerando as suas próprias falas, de que se quer participam da vida escolar dos
filhos, demonstrando que, Infelizmente nos dias de hoje muitos não têm compreendido quais são suas
responsabilidades.
E, que há uma possível falta de estratégia da gestão escolar para a participação efetiva dos
responsáveis, fazendo com que este ultimo, permaneça numa situação de passividade e não busque
participar das tomadas de decisões, impossibilitando-o de despertar para o hábitos de participação.
7
Para poder atingi-lo será preciso constituir uma política de redução dos responsáveis para
que venham a valorizar a vida escolar dos filhos, não apenas recebendo informações de como está à
vida escolar por bilhetes, ligações ou recados.
Para tanto, estes devem se torna ativos do processo, em que os mesmos deem sugestões, tomem
decisões com a equipe escolar, o que ira edificar assim o conceito de democracia participativa.
REFERÊNCIAS
KULCSAR, Rosa. O Estágio Supervisionado como Atividade Integradora. Campinas, São Paulo,
Papirus, 1994.
LÜCK, Heloísa. Ação Integrada: Administração Supervisão e Orientação Educacional: 22º Ed.
Petrópolis 2004.
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2003.
______. Qualidade do ensino: A contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2000.
PRADO, Danda. O que é família. São Paulo: Brasiliense, (Coleção Primeiros Passos). 1981.
GURUPI. Projeto político pedagógico. Escola Municipal Lenival Correia Ferreira. 2016.
GESTÃO ESCOLAR: UM ESTUDO DO COTIDIANO DA COORDENAÇÃO
PEDAGOGICA NA ESCOLA-CAMPO¹
1
Joel Moisés Silva Pinho
2
Wilson De Souza Cunha
Sala 3
Resumo: O trabalho apresenta a rotina do coordenador pedagógico no espaço da escola-campo e suas estratégias
para o gerenciamento das diversas situações enfrentadas no dia-a-dia dentro do âmbito escolar. Além, de outras
atividades que não pertencem as suas atribuições, mas, são assumidas em nome da gestão da escola. O que está
rotina de necessidades nos sinaliza de imediato, está numa atuação mais urgente, que acaba levando-a dá suporte
ao trabalho do professor e orientá-lo no quando for necessário, mas também, atua em outras frentes, como no
caso de problemas com alunos, quando necessário. Portanto pretende-se com este artigo estudar o trabalho do
Coordenado Pedagógico no cotidiano escolar.
1. Introdução
Este artigo foi produzido a partir da observação participante na escola campo e seus
diversos setores.
Neste processo, percebemos que há uma rotina intensa atuante das pessoas que são
responsáveis pela Coordenação Pedagógica.
Desta maneira, o interesse pelo tema aqui apresentada surgiu através da observação
feita na coordenação durante as aulas campo na disciplina de estágio supervisionado em
gestão, que nos levantou a curiosidade para termos maior entendimento sobre o trabalho
realizado na coordenação pedagógica/ escolar.
¹
Texto produzido com a finalidade de obtenção de nota parcial, sob orientação do Prof. Joel M. S.
Pinho, na Disciplina Estágio Supervisionado em Gestão do Curso Pedagogia do Centro Universitário
UnirG.
Desta forma o ponto central do problema consistiu em procurar saber qual o trabalho
na coordenação pedagógica?
Há uma importância no trabalho da coordenação, uma vez que esta visa à colaboração
para um bom desenvolvimento no ensino- aprendizagem no ambiente educacional. E, que por
sua vez, deve ser compreendido e analisado pelos futuros pedagogos, para que quando
estiverem à frente deste serviço possam ter um parâmetro de trabalho.
Sendo assim, o presente artigo abordou e dividiu-se nos seguintes tópicos: iniciando
pelo objetivo, seguido da fundamentação teórica, passando pelo percurso metodológico e
chegando aos resultados e discussões. E, ao finalmente nas considerações finais.
2.Procedimentos Metodológicos
Este estudo teve como base na pesquisa qualitativa do tipo campo. E, para a sua
efetivação passou-se pelos seguintes momentos: iniciou-se pela Fundamentação Teórica para
fundamentar os conceitos. A seguir fomos à coleta de dados, através de entrevista com o
sujeito. Na seqüência, de posse dos dados produzidos e analisados, que foram expostos no
decorrer do texto.
3.Desenvolvimento
3.1FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1.1 Do Estágio
O estágio segundo Piconez (1991, p.17) tem por finalidade possibilitar a relação do
professor na sua formação entre a teoria e a prática adquirir conhecimento do campo de
atuação envolvendo os conhecimentos pedagógicos, administrativos e até mesmo em um
ambiente escolar.
Desta forma, este se constitui segundo Piconez (1991, p.19) com o objetivo
aproximar o futuro profissional da área da realidade escolar, para que possa perceber os
desafios na qual a profissão irá exigir dele no futuro, para ele ir se interagindo e obtendo
assim mais informações através da troca de experiências dentro do âmbito educacional.
Dessa forma entende-se que o estágio consiste numa pratica do curso para uma
formação profissional onde a teoria e a prática deve estar ligada uma na outra. (PICONEZ,
1991, p.16).
3.1.2Da Gestão
3.1.3 Da Observação
A palavra observar provém do latim “observare”, e quer dizer olhar ou examinar com
minúcia e atenção. A ação de observar implica considerar atentamente os fatos para conhecer
bem.
Segundo Alarcão e Tavares (1987, p. 103) afirmam que no contexto escolar, a
observação constitui-se num conjunto de atividades destinadas a obter dados e informações
sobre o que se passa no processo de ensino/aprendizagem com a finalidade de, mais tarde,
proceder a uma análise do processo numa ou noutra das variáveis em foco.
Ainda, segundo Alarcão e Tavares (1987, p. 103) o objeto da observação pode recair
num ou noutro aspecto no aluno, no ambiente físico da sala de aula, no ambiente sócio –
relacional, na utilização de materiais de ensino, na utilização do espaço ou tempo, nos
conteúdos, nos métodos, nas características do sujeito.
Entende que observação é um procedimento a uma técnica de recolha de dados e os
dados recolhidos devem ser analisados. (ALARCÃO e TAVARES, 1987, p.104)
Este estudo teve como base na pesquisa qualitativa do tipo campo. E, para a sua
efetivação passou-se pelos seguintes momentos: iniciou-se pela Fundamentação Teórica para
fundamentar os conceitos. A seguir fomos à coleta de dados, através de entrevista com o
sujeito. Na seqüência, de posse dos dados produzidos e analisados, que foram expostos no
decorrer do texto.
4.Considerações Finais
Os aspectos do trabalho do coordenador pedagógico no cotidiano escolar tiveram nos
depoimentos dos informantes dados valiosos como manter os professores informados dos
procedimentos na instituição educacional para que pudesse conhecer a construção das
relações do coordenador com todos que se envolvem no cotidiano escolar.
Com analise tanto da observação como das falas na rotina, se observa que há uma
falta de estrutura no ambiente da escola campo, o que leva em muitos casos, ao não
cumprimento satisfatório de suas tarefas e ainda assim fazendo com que ele exerça funções
que não estão dentro de suas atribuições, mas que são fundamentais para um bom
funcionamento da escola em que atua, com ênfase na substituição professores em sala-de-
aula, quando este por algum motivo não comparece ou se ausenta.
O acumulo de trabalho somente se supera, por conta do ambiente prazeroso de
relação interpessoal entre os coordenadores, os professores e diretora de forma afetiva e
carinhosa, que em nossa percepção, torna-se necessária para consolidação das relações com
demais funcionários da instituição escolar.
Referências
ALARCÃO, e TAVARES, V. Supervisão da Prática Pedagógica uma Perspectiva de
Desenvolvimento e Aprendizagem Coimbra Livraria Almeida, 1987.
LIBÂNEO, José Carlos at al. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 4ª ed. São
Paulo: Cortez, 2009. (Coleção Docência em Formação).
NILBA e BRUNO, Coordenador pedagógico e o espaço da mudança 8º ed. São Paulo: Loyola
,2010.
Sala 06
Resumo: Este artigo apresenta o resultado do estágio supervisionado em “Gestão Educacional”, teve como
objetivo analisar as ações da gestão diante do processo de inclusão de alunos com necessidades especiais numa
escola pública municipal em Gurupi, estado do Tocantins. Utilizando-se da observação participante em
momentos de convivência e rotina no ambiente escolar, por meio de diálogos com a equipe da escola, assim
como, pela análise documental que utilizou como dado primário o Projeto Político Pedagógico. Os dados
referem-se a um retrato momentâneo das ações do gestor para a concretização de uma escola inclusiva. Assim
considerando a necessidade de abordar o assunto, com vista a garantir uma educação de qualidade e igualdade a
todos, permitindo o acesso ao direito, aos benefícios, bem como a escolarização para os alunos com necessidades
especiais, garantida por lei, os dados mostram que encontra-se documentado planos de ação para inclusão, mas
os mesmos não são colocados em prática. A formação docente não conta com especializações nesta área de
inclusão, exceto pela formação continuada, e sabe-se que esta faz-se necessária, pois acredita-se ser um elemento
decisivo nessa proposta de gestão democrática Portanto, há uma necessidade que a gestão se conscientize e
viabilize ações inclusivas melhor elaboradas, e ainda, que articule ações integradas de inclusão e promova
ambiente adequado para práticas inclusivas. O tratamento pedagógico deve ser de igualdade no respeito, no
acesso, no direito de exercer a autonomia e a cidadania.
Introdução
O presente texto se situa no entendimento de que a “educação especial está garantida
como dever do Estado”, devendo “ser assegurada na rede regular de ensino, e somente será
em atendimento educacional especializado, quando tal não for possível no ensino regular”
(BRASIL, Art. 58, § 2º).
Desta maneira, a vivência na Escola-Campo, nos chama a atenção a importância da
visão do gestor escolar em relação à inclusão, para a efetivação eficaz nas classes regulares e
escolas de modo em geral, como uma possibilidade de um espaço para todos, viabilizando o
acesso e a permanência democrática.
O que se coloca como um desafio será como construir esses espaços para todos
poderem conviver com suas diferenças, mas, ao mesmo tempo garantam sua acessibilidade,
por intermédio da ação do gestor escolar. Assim, a questão-problema consiste em
compreender como vem ocorrendo a prática de inclusão na escola pública municipal e quais
os quadros que se configuram num reforço, que muitas vezes leva à exclusão.
1
Professor Adjunto II do Centro Universitário UnirG. E-mail: [email protected]
Para tanto, o presente texto tem como objetivo observar e repensar as ações da gestão
diante do processo de inclusão de alunos com necessidades especiais, procurando verificar
como se faz presente a inclusão por parte da gestão e de toda comunidade escolar e está
organizado partindo de seu objetivo – ação, seguindo dos conceitos essenciais para a
compreensão da questão como: estágio supervisionado, gestão escolar a observação
participante e gestão diante do contexto de inclusão; na sequência, a metodologia e os
resultados e discussão. E, finalizando com as considerações finais.
Procedimentos Metodológicos
A sistematização do mesmo deu-se como resultado do estágio supervisionado, por meio de:
ação-reflexão-ação por meio da observação e o diálogo com os funcionários em suas rotinas e
em seus diferentes setores: pedagógicos e técnico-administrativo, para confirmar a certeza de
seus atos para a efetivação da inclusão na escola.
Para captar a realidade na escola-campo utilizou-se da técnica de observação
participante, na qual se planejou e construiu os instrumentos básicos a serem observados e
que permitiu durante a nossa permanência além de realizar as diversas tarefas de cada setor
observar a rotina de trabalho da equipe.
Esta experiência proporcionou a interação estagiário-escola, o que segundo Minayo
(2004) é um processo pelo qual se mantém a presença do observador numa situação. Nela,
encontramos este em relação face a face com os observados ao participar da rotina deles. E ao
participar desta rotina, colhe dados e se torna parte do contexto de observação.
Desta maneira, a observação participante é um rico momento que ajuda o estagiário a
ter a abrangência do todo, das áreas de atuação de cada espaço na escola, abre-se a visão de
tudo que precisa funcionar simultaneamente para que o aluno esteja em sala de aula
aprimorando seus conhecimentos técnicos para uma melhor instrução.
Foi realizada análise documental no texto do Projeto Político Pedagógico da escola
em que foi possível verificar que encontra-se documentado planos de ação para inclusão, mas
os mesmos não são colocados em prática.
Desta forma, acredita-se que a inclusão é apenas o cumprimento de lei, mas não uma
proposta pedagógica priorizada.
Desenvolvimento
Do estágio supervisionado
O estágio supervisionado adquire suma importância para o estagiário, pois o prepara
para a atuação nas diversas possibilidades de ações pedagógicas, permitindo ter contato com
todas as áreas de trabalho da escola e a vivência direta com os funcionários da mesma,
tornando possível a análise de pontos de problematização em cada uma delas.
Desta forma, este se torna uma experiência de integração da teoria com a prática,
conforme Kulcsar (1991, p.63), “é uma parte importante da relação trabalho – escola, teoria –
prática e podem representar o elo de articulação orgânica com a própria realidade”. Visando,
ser um instrumento fundamental no processo de formação profissional, especialmente do
professor que consequentemente auxiliará o aluno na instrução de sua consciência político-
social.
Além disso, este, também segundo Kulcsar (1991, p. 63), adquire suma importância
para o estagiário, pois o prepara para a atuação nas diversas possibilidades de ações
pedagógicas.
Da gestão escolar
Numa aligeirada observação, o Estágio Supervisionado oportunizou vivenciar a
rotina da gestão escolar, esta no entendimento de Libâneo (2007) esteve por muito tempo
inspirada em gestão empresarial, tendo como base teórica o Fordismo e o Taylorismo. E, que
podemos destacar ter sido um equívoco, pois exigia – se um desempenho que estimulava a
competição entre os envolvidos, considerando que havia uma prioridade no campo
quantitativo.
Entretanto, ainda conforme Libâneo (2007) nos últimos anos observa-se uma
mudança nessa ordem, considerando aspectos qualitativos na qual uma boa gestão deve visar
o objetivo da educação que conduz a aprendizagem escolar, a formação da cidadania e os
valores, independente de suas características físicas, cognitivas e sociais.
Destes elementos, podemos abstrair do pensamento de Libâneo (2007) que a Gestão
Escolar se apresenta num formato de sistema, que conduz o coletivo a trabalhar na busca de
resultados qualitativos, e, para tanto, coloca-se como meta a ação de executar processos, a
partir de decisão colegiada e desta, se estabelece a ação.
Da observação participante
Para captar a realidade na escola-campo utilizou-se da técnica de observação
participante, na qual se planejou e construiu os instrumentos básicos a serem observados e
que permitiu durante a nossa permanência além de realizar as diversas tarefas de cada setor
observar a rotina de trabalho da equipe.
Esta experiência proporcionou a interação estagiário-escola, o que segundo Minayo
(2004) é um processo pelo qual se mantém a presença do observador numa situação. Nela,
encontramos este em relação face a face com os observados ao participar da rotina deles. E ao
participar desta rotina, colhe dados e se torna parte do contexto de observação.
Desta maneira, a observação participante é um rico momento que ajuda o estagiário a
ter a abrangência do todo, das áreas de atuação de cada espaço na escola, abre-se a visão de
tudo que precisa funcionar simultaneamente para que o aluno esteja em sala de aula
aprimorando seus conhecimentos técnicos para uma melhor instrução.
Da gestão participativa
Segundo Tezani (2010) exige-se por parte da gestão escolar um trabalho
participativo, no qual podemos destacar o planejamento e estratégias de trabalhos a serem
estruturados e desenvolvidos no coletivo, com participação de todos os envolvidos no
processo, para a criação de um ambiente escolar adequado a aprendizagem.
Pela qual, segundo Tezani (2010, p.292) se apresenta em quatro passos: iniciando na
construção de “uma comunidade inclusiva que englobe o planejamento e o desenvolvimento
curricular”, na sequência se procura “a preparação da equipe para trabalhar de maneira
cooperativa e compartilhar seus saberes, a fim de desenvolver um programa de equipe em
progresso contínuo”, dando prosseguimento se busca “envolver a criação de dispositivos de
comunicação entre a comunidade e a escola”; e, no último passo será o momento de
“proporcionar a criação de tempo para reflexão sobre a prática desenvolvida”. Observa-se
que de acordo com a autora, tais ações contribuem para o desenvolvimento de práticas
pedagógicas inclusivas, pois essas, à respeito de necessidades especiais, proporciona troca de
ideias, de experiências e de conhecimento em relação ao processo de ensino – aprendizagem
destes.
Desta forma, a gestão pedagógica, que possui dentre os seus princípios a participação
de todos levando a reconhecer em suas ações as mudanças significativas, que provavelmente
conduzirá a uma educação igualitária, priorizando a educação inclusiva.
E, isso materializa o pensamento de Luck (2004, p. 2) que nos diz que “toda pessoa
tem poder de influência sobre o contexto de que faz parte”, nos levando a crer que por meio
da “gestão pedagógica, assim como professores, e os demais profissionais envolvidos devem
coletivamente discutir e analisar a problemática do contexto inclusivo”.
Resultados e Discussão
Durante a realização do estágio em gestão, ocorrido em 2016.2, um ponto que nos
levou a querer aprofundar neste assunto, consistiu na percepção do modo como os
profissionais exercem seu trabalho para possibilitar a inclusão.
De modo inicial, pela observação e mais a análise do PPP (2016), podemos constatar
que a Escola-Campo está localizada em um bairro de periferia afastado do centro da cidade,
com um índice elevado de famílias com pouco poder aquisitivo. A escola tem uma parte
interna ampla, porém um fato que foi observado é que o acesso as salas de aula apresenta
certa dificuldade para um cadeirante, o banheiro e a área externa a caminho da quadra
também encontra-se de difícil acessibilidade para estes.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) atende oito crianças atestadas com
laudo e mais quatro à espera do mesmo, elas tem direito ao atendimento nesta sala de recurso
duas vezes por semana onde deveriam ser exploradas metodologias diferenciadas para auxílio
no desenvolvimento cognitivo, porém, observa-se que são usadas metodologias pouco
dinâmicas com uso de muito papel, lápis e materiais não adaptados.
A formação docente não conta com especializações nesta área de inclusão, exceto
pela formação continuada, e sabe-se que esta faz-se necessária, pois acredita-se ser um
elemento decisivo nessa proposta de gestão democrática, ou seja, o professor assume o papel
de gestor da educação e sua formação com foco na inclusão deve reafirmar essa função, pois
esse deverá administrar a sala de ensino regular com ensino inclusivo, garantido o mesmo
direito à igualdade e ensino de qualidade. Segundo entrevista dialogada com os gestores, eles
afirmam fazer o que podem devido as dificuldades que encontram por não saberem lidar com
essa realidade inclusiva. Os professores se queixam por não terem cuidadores acompanhando
esses alunos no ensino regular, uma vez que requerem atenção individual para melhor
acompanhamento nas atividades propostas.
Ainda durante a observação os alunos inclusos faziam avaliação do MEC (provinha
Brasil e provinha ANA), e percebemos, ser o mesmo instrumento para todos, com uma única
diferença, para os portadores de necessidades especiais (PNE) do tipo visual, na qual as letras
eram aumentadas. O que jamais deveria ocorrer no contexto inclusivo, uma vez que o
desenvolvimento destes ocorre de forma mais lenta, mas não menos eficaz. Ao serem
perguntados sobre a razão de usarem o mesmo instrumento de avaliação para os inclusos, os
gestores não souberam responder. Considerando que a eficácia da aprendizagem dos alunos
inclusos está em ensinar os conteúdos de forma concreta observa-se que os gestores da escola
campo, utilizam métodos meio abstratos mesmo tendo alguns materiais lúdicos
disponibilizados.
Considerações Finais
As reflexões feitas neste artigo se apresentam com a necessidade de repensar as
ações da gestão diante da inclusão, e defendemos a hipótese de que os gestores se destacam
no contexto educacional inclusivo em consequência do papel que exercem, na medida em que
cabe a eles dentro da proposta de gestão democrática planejar e organizar a escola numa ação
conjunta, e assim desenvolvam práticas que favoreçam a educação inclusiva, bem como,
ações que motivem todos a contribuírem com a prática docente e desta forma, democratizem o
ensino.
Portanto, há uma necessidade que a gestão se conscientize e viabilize ações
inclusivas melhor elaboradas, e ainda, que desenvolvam as características citadas no decorrer
deste, tais como, instrumentos didáticos adaptados e planejados para alunos PNE, formação
de professores especialistas na área de inclusão e que desenvolvam ações reflexivas quanto
aos métodos aplicados a estes. Quanto aos instrumentos de avaliação, devem ser questionados
por esses professores especialistas, e elaborados de acordo com o desenvolvimento e a
necessidade de cada aluno PNE. Que a inclusão seja um desafio para cada gestor e não apenas
um cumprimento de lei, em que coloca-se o incluso em desigualdade em relação aos demais
alunos do ensino regular quando os tratam com igualdade cognitiva.
Observa-se que a política de inclusão não tem como objetivo remover os
mecanismos de exclusão do interior da escola, pois com o discurso da necessária aceitação
das diferenças, vem consolidando esta exclusão no sentido do tratamento pedagógico pois os
PNE devem ser tratados com igualdade no respeito, no acesso, no direito de exercerem a
cidadania.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>, acessado em
08/11/2016.
FONSECA, Vítor da. Educação especial: programa de estimulação precoce. 2. ed. rev. aum.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
GLAT, R.(Org.) Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7 Letras,
2007.
GIL, M. Educação Inclusiva: O que o professor tem a ver com isso? Marta Gil (coord), São
Paulo, 2005. Realização USP. 167p.
LIMA, L. Apertem os cintos, a direção (as) sumiu! Os desafios da gestão nas escolas
inclusivas. In: FREITAS, Soraia Napoleão, RODRIGUES, David, KREBS, Ruy. Educação
inclusiva e necessidades educacionais especiais. Santa Maria: Ed. UFSM, 2005, p.85 – 111.
______. Dimensões da Gestão Escolar e suas Competências. 2°ed Curitiba: Positivo, 2009.
Sala 3
Resumo: A escola desempenha um papel fundamental na formação dos indivíduos, que vai além de sua função
de instrução, visto que atua também na construção das relações sociais proporcionada pela interação destes
dentro do ambiente escolar. E, no seu cotidiano a Escola se depara a problemática das drogas. Este estudo se faz
necessário para analisar como uma gestão participativa vem atuando junto a comunidade escolar para resolver as
questões relacionadas às drogas e quais as conseqüências geradas em decorrência do seu uso. Sinalizando, como
um dos possíveis caminhos para a prevenção consistiria na utilização como ferramenta de combate os
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1996). Pretende-se com este estudo analisar o uso e/ou não
do PCN como instrumento de solução ao combate e a prevenção do uso das drogas.
1. Introdução
Ao chegar à escola, os alunos passam a construir no dia-a-dia o seu espaço de
afirmação, interação e socialização, na qual estabelece grupos sociais, que por sua vez,
tornam-se suscetível a influência às drogas.
Desta forma, a gestão se vê diante de uma situação que exige medidas urgentes para
a prevenção e o combate ao comercio e uso de Drogas, sem perder o principio da gestão
democrática participativa como prática inovadora, de modo a envolver todos os segmentos da
unidade escolar.
A escolha desta questão se manifestou durante o estágio de gestão, quando se
observou, um caso especifico sobre está situação e as dificuldades enfrentadas pela equipe
técnica pedagógica, na solução do transtorno causado pelo uso e tráfico de entorpecentes no
ambiente escolar.
A partir da observação surgem alguns questionamentos como: há alguma orientação
para atuar neste tipo de situação? Como procede a Gestão nesta situação? Que ações são
realizadas para resolver o problema? Se a escola segue as orientações do PCN para trabalhar o
tema transversal das drogas?
¹Texto produzido com a finalidade de obtenção de nota parcial, sob orientação do Prof. Joel M. S.
Pinho, na Disciplina Estágio Supervisionado em Gestão do Curso Pedagogia do Centro Universitário
UNIRG.
Uma abordagem dessa problemática no contexto escolar se faz necessário, pois
possibilita analisar se as práticas educativas utilizadas pela Escola-Campo têm obtido
resultados positivo para sanar a questão.
Desta forma o presente estudo foi dividido nos seguintes tópicos: Introdução,
desenvolvimento e considerações.
2. Procedimentos Metodológicos
Em função do objeto querer conhecer como se faz, essa caracteriza-se numa pesquisa
qualitativa do tipo campo. Iniciada a partir da busca de compreensão conceitual, baseadas em
livros e artigos. E, a coleta de dados ocorreu por meio de entrevista com a equipe pedagógica
e gestora da escola campo.
3.Desenvolvimento.
Segundo Galvão (apud LIBÂNEO, 1994) a formação do professor abrange duas
dimensões: a formação teórico-científica, que diz respeito aos conhecimentos acadêmicos
específicos nas disciplinas vista ao longo do curso; e a formação técnico-prático, que visa à
preparação do licenciando para a docência através dos estágios supervisionados vistos ao
longo do curso, tendo em vista que os conteúdos das disciplinas específicas devem estar
relacionados com a prática.
Segundo Piconez, (1991) com a prática da reflexão sobre a prática vivida e
concebida teoricamente, o acadêmico amplia sua postura critica que lhe permite perceber os
problemas que permeiam as atividades e a fragilidade da prática.
Assim, a realização dos estágios sob a forma de projetos pode estimular nos
estagiários o desenvolvimento de um olhar sensível e interpretativo às questões da realidade,
uma postura investigativa, uma visão de conjunto do espaço escolar, uma percepção das
dificuldades que a escola enfrenta, mas também das conquistas reveladas nas ações dos
profissionais que ali se encontram; uma compreensão da cultura escolar e das relações que ali
se estabelecem de conflitos, confrontos e cooperação e participação.
Dentro deste contexto Saviani, (1983) enfatiza que no estágio “trata-se de destacar
que questões precisão ser resolvidas no âmbito da prática social, e em conseqüência, que
conhecimento é necessário dominar”.
Logo se pode dizer que o Estágio Supervisionado tem como essência proporcionar
aos acadêmicos a oportunidade de aplicar seus conhecimentos em situações da prática
profissional, criando a possibilidade do exercício de suas habilidades. Espera-se que, com
isso, o mesmo tenha a opção de incorporar atitudes práticas e adquirir uma visão crítica de sua
área de atuação profissional (OLIVEIRA; CUNHA, 2006).
3.1 Da Gestão
A gestão escolar, no entendimento de Líbano (2012 p. 436) se constitui numa forma
de administrar o todo da escola. Em outras palavras, esta buscar atender as exigências de
todos os setores que envolvem essas práticas, desde funcionários, estrutura física da escola até
em relação aos pais e alunos e o clima destes com o ambiente educacional.
Ainda segundo Libâneo (2012, p.437) esta possui como princípios e procedimentos
direcionados à ação de planejar o trabalho da escola, relacionados a recursos (materiais,
financeiros, intelectuais) e coordenar e avaliar o trabalho das pessoas, tendo em vista
promover a aprendizagem.
O que se completa segundo Libâneo (2012 p.447), com o enunciado de que a Gestão
do tipo democrático- participativa baseia-se na relação orgânica entre a direção e os membros
da equipe que tem como foco objetivos comuns assumidos por todos, o que exige uma forma
coletiva de tomada de decisões.
Como se pode perceber nesta afirmação há uma importância essencial na
participação entre os profissionais da instituição de ensino como responsabilidade social de
uma unidade escolar, pois somente com a participação de todos, na escola pode progredir
rumo à conquista de resultados favoráveis no processo de ensino e aprendizagem do
educando.
Assim, a gestão escolar que atua numa perspectiva compartilhada, deve promover o
comprometimento e a participação das pessoas envolvidas no processo educacional da escola
(pais, alunos, profissionais da educação e segmentos da comunidade) na tomada de decisões.
(LIBÂNEO. 2012).
3.2 DA OBSERVAÇÃO
Segundo Gil (1999) a observação consiste numa das etapas do método científico em
que se deve perceber, ver e não interpretar. Desta forma, o observador precisa dizer o que foi
visualizada, sem que, a princípio, as idéias interpretativas dos observadores sejam tomadas.
Bem como, pode ser entendida como verificação ou constatação de um fato, podendo ser
tanto espontânea ou casual, quanto metódica ou planejada.
Compreende-se por observação sistemática aquela que ocorre em situações de campo
ou de laboratório, quando há um prévio planejamento e certo nível de controle do processo.
(LAKATOS, 2001).
Podemos acrescentar que a observação, como técnica de pesquisa, tem sido apontada
como um dos elementos fundamentais desse processo, pois está presente na escolha e
formulação do problema, na construção das hipóteses e na coleta, análise e interpretação dos
dados, na qual pela experiência profissional e acadêmica descreve restritamente a observação
como uma das formas de coleta de dados. (SALAMUNES apud LAVILLE e DIONNE,
1999).
3.3 DA DROGA
O termo droga segundo Costa (2004, p.13) são substancias psicoativas que agem no
sistema nervoso central SNC causando alterações nas suas funções, podendo levar a
dependência pelo seu uso/abuso.
Assim acrescenta Costa (2004, p.15) que a partir de um contexto legal o termo
refere-se às substâncias psicoativas e, em particular, existe uma distinção entre o ilícito e o
licito, quando se fala de drogas, em geral as lícitas são àquelas cujo uso é regulado por lei, e
pela ilícitas substâncias proibidas de serem fabricadas e usadas. Apenas para se ter uma ideia
no Brasil, a legislação a define como “as substâncias ou produtos capazes de causar
dependência”.
Assim, atualmente de acordo com Fonte apud (FERNADES, 1977) a sua definição
em conformidade com Organização Mundial da Saúde, compreende por qualquer substância
não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus
sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento.
4.Considerações Finais
Relacionando as respostas da gestora e equipe pedagógica às abordagens acima
descritas, podemos perceber que a prevenção educativa em relação ao uso de drogas não
contempla todos os alunos deixando uma lacuna nas demais series.
Vale ressaltar que nesta pesquisa foi possível analisar as ações da gestão e o uso do
PCN como instrumento para combater e prevenir o uso de entorpecentes entre os
adolescentes. Nota-se a importância da família estar envolvida nas ações da escola para juntos
buscarem soluções para o problema.
Desta forma, consideramos que o ensino de temas transversais como saúde e drogas
deve ser organizado de modo a incentivar e promover reflexões e discussões de modo a
favorecer o empoderamento dos temas pelos alunos, capacitados para serem protagonistas de
suas vidas, tomarem decisões assertivas, agir segundo sua vontade e no momento em que
julgarem adequados.
Assim dentro dessa perspectiva, a inserção da prevenção ao uso das drogas nos
componentes curriculares da educação infantil ao ensino médio, pode ser uma sugestão de
uma medida eficaz para se evitar o uso/abuso de drogas pelos jovens.
REFERÊNCIAS
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terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares
nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – PCN-Saúde. Brasília : MEC/SEF,1998.
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Privada de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras. São Paulo: Centro Brasileiro de
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Acesso em: 24 maio. 2017
COSTA, Cristina Chain, Tese da Pos Graduação Lato Senso: Drogas na adolescência. Como
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GIL, A.C.G. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1994. p.01-91.
LAKATOS, E.M. & MARCONI, M.A. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo:
Atlas,2001, 4ª ed.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia:
MF Livros, 2008.
LIBÂNEO, José Carlos (1994). Didática. São Paulo: Cortez. p. 15 -29. O ESTÁGIO E AS
DESCOBERTAS DOS SABERES DOCENTES: o início da formação da identidade do
futuro professor. Disponível em:<
http://midia.unit.br/enfope/2013/GT8/O_ESTAGIO_DESCOBERTAS_DOS_SABERES_DO
CENTES.pdf>. Acessado em :08 maio 2017.
PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. Modelos de prevenção do uso de drogas para
adolescentes: concepções e ações de professores. Em: SILVA, Eroy Aparecida da;
MICHELI, Denise De (Orgs.) Adolescência, uso e abuso de drogas: uma visão
integrativa. São Paulo: FAP-Unifesp, 2011. p. 657 - 678.Disponível em:<
http://www.scielo.br/pdf/ep/v41n1/1517-9702-ep-41-1-0119.pdf> Acessado em : 20 maio de
2017
1
Professora de língua inglesa do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação/UFG.
[email protected]
que vejo nesse processo é a importância que ele concede à formação escolar. Não se trata,
pura e simplesmente, de colocar a arte a serviço do lúdico, do entretenimento, da motivação,
é, sem dúvida, tudo isso, ligado à percepção e ao conceito de um ser que pulsa e que enseja o
conhecimento de si e dos outros. O que provoca a afetividade e que atinge os resultados
cognitivos. Trata-se, portanto, de um trabalho que oferece aos alunos o que Freud (1996)
chama de sublimação. Na obra – O futuro de uma ilusão, Freud faz um inventário da
civilização, mostrando o homem desde a sua origem. Ele fala da necessidade de a sociedade
“se erigir sobre a coerção e a renúncia ao instinto”. A par desta renúncia, Freud aponta um
caminho para a satisfação dos instintos que vem a ser a arte.
Um tipo diferente de satisfação é concedido aos participantes de uma unidade cultural pela
arte, embora, via de regra, ela permaneça inacessível às massas, que se acham empenhadas
num trabalho exaustivo, além de não terem desfrutado de qualquer educação pessoal. Como já
descobrimos, há muito tempo, a arte oferece satisfações substitutivas para as mais antigas e
mais profundamente sentidas renúncias culturais, e, por esse motivo, ela serve, como nenhuma
outra coisa, para conciliar o homem com os sacrifícios que tem de fazer em benefício da
civilização. (2006, p. 23).
Então, a proposta de oferecer o ensino de língua inglesa por meio da arte, aliada aos
conhecimentos de mundo, às leituras e pesquisas efetuadas pelos alunos, ao trabalho
interdisciplinar, à interação entre alunos/alunos, alunos/material e alunos/professor, culmina
sempre em um tipo de apresentação, que provoca estes alunos para a disciplina do fazer bem,
do conhecer bem, do dedicar-se bem. Há um requisito e um rigor criados por eles e pela
professora para o desempenho e apresentação dos alunos nas discussões que se efetivam a
partir de um determinado tema.
Desenvolvimento
Dos 19 alunos que responderam, todos foram unânimes em dizer que gostam da língua
inglesa. A reposta de um dos alunos “gosto de línguas estrangeiras” se explica pelo fato de no
CEPAE serem oferecidas as seguintes línguas estrangeiras: francês, espanhol e inglês, que são
obrigatórias na II fase do ensino fundamental.
As respostas ao segundo item do questionário – 2. O que você espera que a língua
inglesa possa contribuir na sua formação?
Quadro 2: Motivação para a aprendizagem
Apenas uma resposta aponta a preferência pelo livro didático. Outras duas respostas, uma
diz que sim e que não. Justifica que tem dúvida sobre o uso do livro, pensa que é interessante
usá-lo, mas que é cansativo. Já a outra resposta justifica o uso do livro pelo não desperdício,
uma vez que o livro é gratuito, no entanto, assinala que aulas sem o uso do livro são mais
divertidas. Duas das respostas não se enquadram, uma vez que o aluno responde que a ele não
interessa, pois, a forma como a aula vem sendo elaborada está legal, e o outro aluno responde
que não prefere o uso do livro didático mas justifica que para ele não interfere em nada.
Com relação à quarta questão do questionário – 4. Você gostou das aulas em que assistiu
ao filme Inside Out?
( ) Sim ( ) Não Comente.
Quadro 4: Experiência com as atividades do filme
Experiência com as atividades do filme “o filme demonstra mais ou menos como é nossa
mente e mostra o que precisamos para sermos ser
humano”; “gostei muito, adoro essas aulas de filme e
me identifiquei um pouco na parte da depressão”;
“gostei muito do filme pois gosto muito de animação
e pois comparo um pouco com minha vida que as
vezes tenho dificuldade”; “foi bem diferente o filme
de todos que eu já vi, ele tem uma história legal e
engraçada”; “Inside Out tem muito haver com nossas
vidas reais, mostrando que nossos sentimentos
principais são a alegria e a tristeza, e que sem elas
duas nós não somos nada”; “eu posso até ter assistido
o filme mais de uma vez, mas após a s discussões
sobre o filme percebi que o filme abre uma grande
expansão de conhecimento sobre nossa mente”; “o
filme foi muito legal, aprende que na vida o ser
humano precisa da tristeza para poder crescer, e
também identifiquei muito com isso”; “aulas com
filmes desperta mais meu interesse depois de ter visto
filme eu .... (texto incompreensível); “as aulas dão
uma ótima lição de vida e fala sobre nossos
sentimento”; “o filme trouxe várias lições para a
vida, temos muitas emoções que fazem nossa
personalidade e todas são importantes”; “gostei
Experiência com as atividades do filme muito, pois o filme nos mostra a realidade em que
vivemos, pois sem a tristeza, a alegria, o Nojinho,
nossas vidas não teria sentido. Cada emoção faz com
que nos fortalecemos cada vez mais”; “aprendemos
vocabulário (duas vezes citadas) e etc. de forma que
faz relação ao dia a dia”; “ajudou a compreender a
vida e a adolescência além de nos ajudar a aprender e
ter aulas mais divertidas”; “é uma aula bem diferente
com atividades legais (duas vezes citadas) ”; “essas
aulas diferentes nos ajuda demais, essa forma
diferente que aprendemos”; “as aulas do filme Inside
Out foram muito legais. Através das aulas e do filme
eu consegui compreender melhor o que é ser humano
e como nossa mente é importante para a nossa
formação como pessoa”; “é sempre bom ver filmes
como esse e algumas aulas perdidas são
emocionantes”; “gostei muito de ver como o diretor
representa a mente humana”.
2
Learner motivation makes teaching and learning immeasurably easier and more pleasant, as well as more
productive. (UR, 2009, p. 276)
de língua estrangeira, para alunos ainda não adultos, encontrar um caminho para ativar e
encorajar o desejo dos aprendizes para investir esforços na atividade de aprendizagem.
Na penúltima questão – 5. Que diferenças você observa no seu aprendizado de inglês
entre aulas dadas com o uso do livro didático e aulas que são desenvolvidas a partir de
materiais autênticos, como filmes, programas de TV, músicas, literatura? Dê exemplos, se
possível. A intenção é perceber as influências que materiais autênticos exercem sobre a
aprendizagem de nossos alunos. Das 18 respostas obtidas, um aluno não respondeu à esta
questão, nem todas as respostas foram precisas em avaliar um ou outro tipo de material,
mesmo assim, penso ser importante descrever todas elas.
Quadro 6: Experiências com o livro didático e com materiais autênticos
Experiência com livro didático “é mais relevante porque diferente de todas as outras
matérias o inglês tem um livro mais fácil de entender
por isso com o livro sinto uma maior facilidade de
entender, estudar e aprender”; “os livros nos ensinam
bem mais, porém com o livro adolescentes ficam
entediados e passam a não querer aprender mais
inglês”; “porque no livro a pessoa só escreve sem
saber o pingo que está escrevendo”; “com o livro a
aula fica mais chata”; “as aulas com livro didático
são tradicionais uma linguagem com difícil
compreensão”; “com o livro didático não dá vontade
de participar da aula porque é comum”, “observo que
os alunos acham as aulas com o livro didático
chatas”; ”eu acho o livro confuso”; “as aulas com o
livro tornam o inglês menos interessante e igual”.
Experiência com material autêntico “eu percebi que aprendi mais vocabulário e
pronúncia com os filmes e programas”; “as aulas com
materiais autênticas desperta o interesse dos jovens
para o inglês, nós aprendemos melhor, como os slides
em que tivemos que dar aulas”; “para mim não faz
muita diferença pois sempre estou aprendendo algo
com cada uma das atividades, por exemplo Inside
Out”. Com o filme surgiu várias atividades legais e
divertidas foram coisas que com o livro não
aconteceria”; eu consigo perceber que os alunos
gostam bem mais das aulas com filmes, músicas etc.
e já com o livro didático eles não gostam”; “a
diferença entre usar o livro didático e usar materiais
autênticos é que nós alunos ficamos com mais ânimo
de aprender uma língua e para mim é difícil, não fica
aquela coisa chata quando é só usar o livro didático”;
“a compreensão do inglês é mais fácil a partir da
prática de tentar entender a linguagem com materiais
que não seja o livro”; “eu aprendi muito mais e pra
mim as aulas são mais produtivas e divertidas quando
são desenvolvidas a partir de materiais”; “nas aulas
de filme, músicas e etc. eu tenho mais interesse no
que no livro porque nos filmes e música escrevemos,
lemos e dialogamos”; “músicas e filmes nos atendem
mais rápidos por sermos jovens”; “filmes e músicas
prendem nossa atenção e ficamos com mais vontade
de aprender e participar”; “observo que as aulas com
outros debates de assuntos diversos, nós achamos
mais divertidas”; “as aulas com materiais autênticos
são mais próximas as nossas vidas, pois a linguagem
mais atual e fácil”; “eu observo que as aulas são mais
divertidas e com isso nossa produtividade e
aprendizagem aumentam”; “eu prefiro as aulas dadas
com materiais autênticos, pois fica mais fácil de
entender e aprender”; “as aulas com materiais
autênticos tornam o inglês reflexivo, com bastante
aprendizado e diversão. Um exemplo disso foram as
aulas sobre o filme Inside Out”.
Considerações Finais
Os resultados evidenciam a preferência dos alunos por aulas que se utilizam de
materiais autênticos. Um aspecto relevante das experiências desenvolvidas a partir do nosso
projeto de pesquisa é a possibilidade de envolvermos todo o quadro de professores do
departamento de língua inglesa. Outro ponto positivo é a possibilidade de colaboração
existente, uma vez que a cada projeto, um professor se responsabiliza por sua idealização e
materialização. As discussões, as avaliações, as análises destes projetos têm sido instrumentos
de permanente qualificação e produção de conhecimento destes professores.
Uma outra consideração, já mencionada em texto anterior (DUARTE, 2016) é a
substituição das avaliações tradicionais por uma avaliação que prevê todo o processo de
desenvolvimento do projeto, em que se contemplam os aspectos de participação, da utilização
da língua-alvo nos textos escritos e da apresentação oral.
Projetos como o do texto apresentado produz o que Tomlinson (1998, p. 7) chama de
achieve impact3. Para o autor, o impacto é alcançado quando materiais têm um perceptível
efeito nos aprendizes, isto é, quando a curiosidade dos aprendizes, o interesse e a sua atenção
são atraídos.
Por fim, esclareço que a opção pela análise de dados de apenas um instrumento de
dados se deveu à limitação do número de páginas que um relato de experiência permite.
REFERÊNCIAS
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e a distância: respondendo aos desafios. In: BARBARA, L.; RAMOS, R. de C. G. (Orgs.)
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2003.
GARDNER, R, C. Language Learning Motivation. The student, the teacher and the research.
2001. Disponível em http://files.eric.ed.gov/fulltext/ED464495.pdf: Acesso em: 02 de agosto
de 2016.
INSIDE OUT. Direção: Pete Docter. EUA, 2015. (1h42min), son, cor.
MENEZES, V.; BRAGA, J.; FRANCO, C. Alive. São Paulo: UDP, 2013.
3
Alcançar impacto.
PESSOA, R. R.; OLIVEIRA, E. C. de. Apresentação. In: PESSOA, R. R.; OLIVEIRA, E. C.
de. (Orgs.) Tensões e desestabilizações na formação de professoras/es de inglês. Goiânia,
Go: Editora UFG, 2016. p. 7-17.
UR, Penny. Learner Motivation and Interest. In: _____________. A Course in Language
Teaching - Practice and Theory. Training Book. Ca. 1996.
HILDA HILST – A POESIA EM CARTAZ NO ENSINO MÉDIO
Sala 3.4
Resumo: Este trabalho consiste em uma reflexão teórica sobre a leitura de poesia em turmas de 3º ano do ensino
médio, a partir de um relato de experiência. Nessa experiência, os alunos tiveram que ler a poesia de Hilda Hilst,
recolhida no livro Cantares (HILST, 2004). À medida que apresento algumas atividades de leitura desenvolvidas
com os(as) alunos(as), teço comentários acerca da relevância de se enfrentar o desafio de ler poesia com jovens
estudantes, de forma a garantir o direito à literatura muito bem defendido por Candido (2011). Além disso,
discuto a importância da mediação do professor entre o texto poético e o aluno, se se quer realmente efetivar o
acesso a esse direito. Nesse processo de mediação, teço breves considerações sobre a poesia de Hilda Hilst.
Palavras-chave: ensino médio; leitura; poesia
É comum ouvirmos e dizermos que jovens estudantes não gostam/não leem poesia. É
comum também, entre professores e teóricos, o debate e a produção acadêmica sobre a prática
da leitura de poesia no ensino básico. A proliferação e a permanência desse tema não se
esgotam porque o impasse aí está, continuamente, presente: por que, para que, como ler
poesia na sala de aula?
Não me atrevo à pretensão de responder a essas questões, mas tão somente tomá-las
como percurso de uma problematização desse assunto. Assim, nesse texto, apresento uma
reflexão teórica sobre a leitura de poesia em turmas de 3º ano do ensino médio, a partir de um
relato de experiência. Nessa experiência, os alunos tiveram que ler a poesia de Hilda Hilst,
recolhida no livro Cantares (HILST, 2004).
1
Profª. Drª. em Letras e Linguística. CEPAE/UFG. [email protected]
2
Profª. Drª. em Letras e Linguística. CEPAE/UFG. [email protected]
escolher os livros que leem e apresentam, seja oralmente ou por escrito, às professoras e aos
colegas.
Tenho praticado essa leitura como forma de sensibilização para um trabalho mais
reflexivo sobre a poesia. Já não tenho dúvida de que, comumente, não se gosta de poesia
porque não se lê poesia. Como atividade escolar, os(as) alunos(as) recebem uma avaliação por
essa leitura. O critério para essa avaliação é “leu/não leu”, pois o objetivo é que se leia. É
evidente que há aqueles(as) que leem apenas pela avaliação – e, às vezes, nem por isso.
Contudo, há muitos(as) que fazem dessa possibilidade um exercício de autonomia em sua
constituição de leitor(a). O que considero importante é que são muitos poetas, muitos poemas
e vários livros de poesia a circular entre os(as) alunos(as), durante o ano letivo.
Considero ainda que essa prática os(as) disponibiliza mais para a leitura obrigatória do
livro de poesia. Para iniciar a leitura de Cantares (HILST, 2004), estabeleci com as turmas o
seguinte acordo: como professora responsável por lhes possibilitar o acesso à literatura como
manifestação artística, eu não esperava e nem queria que eles(as) gostassem de poesia ou que
gostassem desse livro, dessa poeta especificamente. Caberia a mim estabelecer a mediação
entre eles(as) e o livro, propondo atividades em que juntos pudéssemos ler, discutir, apreciar
criticamente o projeto estético da poeta, (re)conhecendo sua virtuosidade no trabalho com a
palavra, de forma a fazê-la poética.
Em meu auxílio, no enfrentamento desse desafio, veio Pinheiro (s/d, p. 73), ao narrar
os problemas que enfrentou em um de seus projetos de leitura de poesia no ensino básico:
A forma como lidamos com estes problemas foi usando a própria poesia para
envolver os alunos. Uma espécie de sedução pela poesia, fazendo com que
percebessem a forma fechada de verem a poesia e a vida. Apontando sempre para o
lado da ambiguidade, da polissemia da poesia e da própria vida.
Nessa aula, a luz se fez com mais clareza. Os(as) alunos(as) começaram a comentar
que, de forma estranha, a autora parecia falar de amor. Mas para falar de amor, ela falava de
ódio e de guerra. A partir de então, considerei que decifraram o enigma de esfinge. Eis os
Cantares de Hilda Hilst: um eu lírico que ama e odeia; que odeia porque ama; que antecipa a
dor da solidão e do abandono, por muito amar; que rejeita por muito querer; que luta, guerreia
em busca da satisfação – inalcançada/inalcançável – do próprio desejo.
Nesse ponto da aula, fiz um silêncio proposital. Olhei fixa e detidamente para os(as)
alunos(as) e provoquei: “– Digam que não é assim que se sentem quando estão
apaixonados(as), quando estão amando definitivamente?” Não foi mais possível fazer
silêncio, porque os(as) alunos(as) agora riam e conversavam animadamente entre as duplas e
entre todos(as). Foi o Fiat lux!
Na aula seguinte, mais uma vez trabalhando em duplas, os(as) alunos(as) foram
convidados(as) a produzirem uma paráfrase do Canto XII de Cantares. O poema de Hilda
Hilst foi lido por uma aluna para a turma toda. Depois da leitura, aqueles(as) que se
dispuseram falaram de suas impressões sobre o referido canto. Esclarecido o significado de
algumas palavras desconhecidas, o estranhamento já não era tão grande. Os(as) jovens leitores
de Hilda já se sentiam à vontade para falar desse eu lírico que “sofre as contradições do
amor”3.
3
Comentário de um aluno.
A atividade foi realizada com interesse e, sobretudo, muita animação. Eles(as)
discutiam, ensaiavam, desistiam, recomeçavam, trocavam ideias, se movimentavam para
mostrar sua produção ou para mim ou para outros(as) colegas. Ao final da aula, todos(as) me
entregaram seus poemas dos quais transcrevo, aqui, apenas dois – porque a extensão deste
texto não me permite a inclusão dos demais – selecionados aleatoriamente, já que considero
que todos ficaram muito bons. Os poemas dos(as) alunos(as) seguem precedidos do Canto XII
de Hilda Hilst.
Depois desse dia, levei para a sala uma lista de vinte definições de poesias feitas por
poetas de várias épocas e de diferentes origens.4 Os(as) alunos(as) leram, discutiram,
expuseram sua compreensão e, em seguida, criaram suas definições, das quais listo abaixo
algumas:
4
Essa lista pode ser encontrada em: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/07/13/950490/20-definices-poesia-
grandes-poetas.html
A poesia é uma arte que ajuda as pessoas se manifestarem, usando palavras, para
expressar os sentimentos e ideias. Dependendo da poesia, pode ajudar a libertar
muitos pensamentos que estão presos. (F. S. e L.)
A poesia é a criação de coisas inusitadas e que nunca foram criadas, é uma
harmonia! (E. e F. O.)
A poesia é uma arte que transmite o sentimento de quem a faz. A poesia é tudo
aquilo que transmite sentimentos e encanta aquele que lê. (F. A. e L.)
A poesia é a arte das letras que aborda a realidade com viés artístico e lírico. (H. e J.
V.)
Poesia é tudo aquilo que tem sentimento, é a voz do coração. (J. e I. M.)
Poesia é uma forma de expressar os sentimentos de modo indireto, que causa
emoção, impacto ao leitor. Poesia é um sentimento “anônimo”. (M. e S.)
Poesia é poder escrever sem linhas. (M. P. e M.)
Para uma maior penetração no universo poético de Hilda Hilst, convidei os(as)
alunos(as) para a leitura do texto de Alcir Pécora – “Nota do organizador” – que apresenta
Cantares. À medida que líamos o texto, íamos discutindo e relacionando o pensamento de
Pécora com os poemas de Hilda. Sempre provocando a participação dos(as) estudantes,
deixando que falassem, que expusessem sua compreensão e suas dúvidas.
Canto VI
Eu não te vejo
Quando teu ódio aflora
Como poderia
Ver teu ódio e a ti
Iludida
Por uma só labareda da
Memória?
E juntamos a treva
Ao mar do meio-dia.
Cristas aguadas, pontas
Trilhas fosforescentes
Na vastidão das sombras
Vazio o espaço
Que me contornava
Hei de estar ali.
Como se um rio corresse
Seu corpo de corredor
E só tu o visses.
Corpo do rio? Sou esse.
Fiandeira de versos
Te legarei um tecido
De poemas, um rútilo amarelo
Te aquecendo.
Amorosa de ti
VIDA é o meu nome. E poeta.
Sem morte no sobrenome.
Muito difícil foi excluir os demais trabalhos e só o faço por não poder extrapolar
a extensão permitida para este texto. E, chegado a esse ponto, o depoimento dos(as)
alunos(as), em muitos casos, continuou a ser de que não gostam muito de poesia, porque leem
pouco, entendem pouco... mas esses(as) mesmos(as) acrescentaram que gostaram das
atividades realizadas, reconheceram que não mais “estranhavam” a poesia de Hilda Hilst e
entenderam que ela fala de amor de uma maneira diferente.
Para muitas alunas, Hilda Hilst foi uma descoberta do universo feminino na poesia.
Contudo, o depoimento de um aluno foi, para mim, muito significativo: “Depois dessa leitura,
minhas definições de sentimento foram atualizadas, não dá mais para pensar do mesmo jeito
que pensava antes.” E aí o que importa não é o que ele pensava antes ou o que pensa agora. O
que importa é a transformação provocada pela poesia. É o poder da obra literária como
produto, estrutura, discurso organizado capaz de ordenar a nossa mente e de nos possibilitar
ordenar o mundo. Encerro com a contribuição de Candido (2011, p. 179) em sua – nossa –
defesa do direito à literatura:
Tanto quanto posso – e mesmo se não posso – é essa a responsabilidade que tomo:
humanizar pela literatura, pela poesia: eis o desafio que vale a pena.
REFERÊNCIAS
Resumo: O propósito deste ensaio nasceu de sugestões da Professora Drª Neila Osório, nas aulas da Disciplina
Tópicos Educação Inter geracional do Programa de Mestrado em Educação ofertado pela Universidade Federal
do Tocantins, a análise do conteúdo na pesquisa escolhida método qualitativo baseada na visão interpretativa sob
a perspectiva fenomenológica, de forma que o grupo elaborou instrumentos de coleta de dados e alinhar o objeto
que cada investigado pudesse explanar dentro de uma linearidade dados que remetesse o retorno desde a infância
a momentos importantes de sua vida, assim fazer uma coletânea de mini biografias foi o desafio do grupo,
desafio este gratificante, o qual nos permitiu mergulhar em diversos universos com a finalidade de produzir um
livro ao final do trabalho.
Introdução
Este livro nasceu da ideia lançada pela Professora Drª Neila Osório, nas aulas
da Disciplina Tópicos Educação Inter geracional do Programa de Mestrado em Educação
ofertado pela Universidade Federal do Tocantins, ela nos proporcionou diversas provocações,
logo no início de nossas atividades, com questionamento se já estávamos planejando nossa
Festa de 100 anos? Isso mesmo festa de 100 anos, haja vista que a expectativa de vida tem
aumentado nos últimos e temos participado de aniversários centenários, isso mostra que as
pessoas vivem cada vez mais, a ideia é que possam ter também uma melhor qualidade de
vida.
Procedimentos Metodológicos:
1
Aluna especial do curso de mestrado em educação, da disciplina Tópicos de Educação Intergeracional do
Programa de Pós-graduação em educação. E-mail: [email protected]
2
Aluna especial do curso de mestrado em educação, da disciplina Tópicos de Educação Intergeracional do
Programa de Pós-graduação em educação. E-mail: [email protected]
3
Aluna especial do curso de mestrado em educação, da disciplina Tópicos de Educação Intergeracional do
Programa de Pós-graduação em educação. E-mail: [email protected]
4
Aluna especial do curso de mestrado em educação, da disciplina Tópicos de Educação Intergeracional do
Programa de Pós-graduação em educação. E-mail: [email protected]
Para a pesquisa decidimos elaborar um instrumento que orientasse permitindo
uma linearidade nas escritas, assim o primeiro propósito foi criar um questionário para ser
respondido, entendemos que poderia não trazer a tona os sentimentos na escrita e reviver o
passado, então o questionário foi transformado num pequeno texto dando indicações de sua
infância, adolescência, vida adulta que os cercam, falando sobre sua prole e a convivência
com os mesmos e como se sentem hoje na condição de avós. Em seguida todos os dados
foram respeitosamente transcritos para software e estruturados os componentes que compõe o
livro, e seguida o grupo escolheu um software livre de um livro digital para nossa primeira
versão do livro. Como método apontamos História Oral, o qual nos permite divulgar
testemunho vivo dos entrevistados, atendendo o conselho de ética para o termo de
consentimento e esclarecimento e uso de imagens, isso devido a apresentação do livro eles
pediram para colocarmos uma foto e contamos com a ajuda de um acadêmico da UMA,
profissional na área de fotografia.
Desenvolvimento
Não cabe a quem os acompanha definir o que eles irão fazer, para tanto
sabemos que existem as categorias dos velhos definidas em dependentes, velhos
independentes e semi dependentes, de forma que nenhum deles deverão mudar sua essência, é
preciso saber dialogar. Então em meio à pesquisa e estudo da relação educação e
gerontologia, nós alunos tivemos a oportunidade de interagir com os alunos da 10º turma da
Universidade da Maturidade- (UMA) programa de extensão da UFT.
Neste relato iremos demonstrar como está sendo a proposta a qual fomos
instigados a escrever um livro que retratasse os 100 anos, simbolicamente falando, voltamos a
fato que a expectativa de vida tem aumentado e corremos o risco de chegar aos cem anos com
lucidez e esperamos gozando de uma boa saúde a ponto de festejar, o grupo planejou escrever
a história de vida dos velhos da UMA, isso mesmo, o grande desafio foi lançado decidimos
fazer uma coletânea de biografias, dando a oportunidade de reviver fatos importantes deste
grupo, de maneira que para iniciar o planejamento foi fundamental, as reuniões e pesquisas
foram se estendo fora do contexto universitário o tempo das aulas não eram suficientes, de
forma que também passamos a utilizar o meios tecnológicos de comunicação, assim o grupo
cada vez mais unido, as ideias iam surgindo e amadurecidas e por fim começamos
desenvolver os passos que irão conhecer mais adiante.
Com os objetivos traçados e seguindo as metas cada passo resultou nesta obra a
qual nos orgulhamos em fazer parte e façamos um convite que se deleite nas histórias desses
heróis de verdade que dia a dia trilham seu caminho vencendo as batalhas da vida e agora
podemos eterniza-las em páginas que nos ensinam a cada prosa ou verso, coisas variadas do
tipo “veperol de rabeca”, pessoas comuns descendentes de família real, nascidos no dia da
coroação da Rainha Elizabeth II, e principalmente a arte de sobreviver, ler será viajar nas
histórias maravilhosas, as quais estaremos ligando de alguma forma a nossas próprias
histórias, pois em algum momento assim viveram nossos avós. Ensinamentos correspondentes
a aprendizagens significativas acumulando conhecimentos numa reorganização crítica de seus
próprios conhecimentos, para MORIN (1999):
“...a educação [...] contribuir para auto formação da pessoa [...] e ensinar como
tornar cidadão, possibilitando dessa forma, o desenvolvimento de indivíduos
atuantes de uma sociedade.”. MORIN (1999), pág. 65.
A escola não pode anular a educação informal que é a real na vida do educando
a UMA, promove um resgate de valores e conceitos com amor e respeito que o velho merece
receber, segundo COELHO (2012):
Conclusões
Observou se que em suas histórias cada velho retrata na maioria em sua
essência seguiram os indicadores do questionário e fizeram uma volta ao passado retratando
suas vidas de maneira sincera e emocional, indicam muita sabedoria cidadãos de uma
sociedade e dar voz a eles permitiu o acreditar em si próprias ao observarem o que tinham
visto após escrever sobre suas vidas e assumirem as alterações inerente ao processo de
envelhecimento, superando suas perdas e criando novas possibilidades e sua relação com
UMA oportunidade de continuar aprendendo e experimentando situações novas, tornando a
exigência ainda maior aos profissionais que planejam e elaboram as atividades ofertando a
esses a valoração que lhe es devida. Compreendemos que velhice favorece rememorar
momentos considerados relevantes em sua vida eternizadas em um livro, isto que o grupo
pretende ofertar a esses nosso admiráveis velhos.
Referências
GASPARIN, André Wilham et all, Paraná Cooperativo/Sindicato das Cooperativas do Estado
do Paraná. v.1, n.2 (2004)-Curitiba, Ocepar, 2004- Alternativas para retenção de mão de
obra comprometida na Cooperativa Lar. Mensal. Irregular: Paraná Cooperativo Técnico e
Científico: edição especial 1, a partit de v.6, n.62, 2010. (Registro ISSN nº2237-0390).
Disponível em:
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&cad=rja&uact=
8&ved=0ahUKEwi_7qLJ87_UAhWFPRQKHbz9C7MQFggnMAE&url=http%3A%2F%2Fw
ww.isaebrasil.com.br%2Fisaecoop%2Fwp-
content%2Fuploads%2F2016%2F08%2FRevista_10_Parana_Cooperativo_Tecnico_Cientific
o.pdf&usg=AFQjCNFNkW36hQF8zs76jizTkAJ7KE4XhQ
MORIN, E A cabeça bem-feira: repensar a reforma o pensamento. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2003.
COELHO, I. A (et all). Escritos sobre o sentido da escola. São Paulo: Mercado de Letras,
2012.
IDENTIDADE RACIAL: PROJETOS INOVADORES NAS ESCOLAS
Sala 08
Resumo: O presente trabalho busca apresentar projetos executados em escolas que utilizam diferentes
metodologias para trabalhar a afro-brasilidade de estudantes. Dentre os objetivos específicos desta pesquisa
estão: perceber como projetos inovadores abordam a temática afro-brasileira nas escolas públicas e podem
influenciar o processo construção da identidade racial de estudantes. E também, pensar sobre a importância de se
trabalhar a temática afro-brasileira nas escolas brasileiras. Para isto, a pesquisa faz um levantamento documental
acerca dos documentos oficiais e legislativos sobre a temática, além de citar projetos educativos já realizados no
Brasil que enfocam estas questões. Por fim, esperamos contribuir com a formação docente e uma melhor
compreensão sobre a educação racial no cenário brasileiro.
Introdução
1
Aluna de Pós-Graduação em Gestão Pública pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Licenciada em
Pedagogia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Contato: [email protected]
2
Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora do curso de
Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Contato: [email protected]
que mostram a importância da educação afro-brasileira e o quanto é necessário a sua
compreensão além de poder estar contida no currículo das escolas e nas ações letivas.
Procedimentos Metodológicos
Ao ler a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que orienta o trabalho do educador brasileiro
em sala de aula, observamos que alguns dos objetivos para o Ensino Fundamental, contidos
no artigo 32, podem auxiliar no desenvolvimento dos estudantes, a saber: “I - o
desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da
leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o
desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos
vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
assenta a vida social”.
Nos objetivos III e IV a questão étnico-racial pode ser imbuída em diferentes
conteúdos. Ao desenvolver ações que busquem a valorização da cultura afro-brasileira, por
exemplo, passamos a tratar da aprendizagem pela aquisição de valores e tomada de decisão e,
ao fortalecer laços de solidariedade humana e recíproca da vida social. Vale ressaltar que
todos os objetivos e todas as formas de valores que visem respeitar a diversidade e o bem
individual são imprescindíveis para a vida social e coletiva.
Para que as unidades de ensino consigam avançar sobre diferentes saberes que
envolvam realidade, sociedade e diversidade étnico-racial na vida escolar, professores de
distintos ciclos e seguimentos necessitam compreender que o processo educacional é
composto de dimensões éticas, estéticas, identitárias, para não transformar estes temas “em
conteúdos escolares ou temas transversais, mas ter a sensibilidade para perceber como esses
processos constituintes da nossa formação humana se manifestam na nossa vida e no próprio
cotidiano escolar (GOMES in MUNANGA, 2005, p. 147)”.
Gomes (in MUNANGA, 2005, p. 151) aponta que para a realização de ações que
desenvolvam a abordagem étnico-racial, como um todo, podemos utilizar a estratégia de
conhecer outras experiências bem-sucedidas que tratem da questão. Para isto, apresentamos
neste terceiro movimento da pesquisa algumas ações desenvolvidas em escolas públicas que
trabalham com as relações étnico-raciais, inserindo a literatura em sua prática cotidiana.
Diante da necessidade de se concretizar o que determina a Lei nº 11.645,
especificamente voltada à temática africana e afro-brasileira, podemos citar aqui intervenções
feitas pelo Governo Federal e por outras entidades, por meio de políticas de incentivos aos
professores para que as temáticas fossem abordadas em sala de aula. Mas, sabemos também
que existem projetos e ações desenvolvidas de forma avulsa, por entidades e movimentos
sociais. Todos os programas, projetos e ações que apresentaremos a seguir exibem resultados
de sucesso ao propor trabalhos e formações sobre a temática afro-brasileira. Representam
também possibilidades de ações que podem ser replicadas se adequadas às realidades de
outras instituições de ensino.
A Cor da Cultura
3
Fonte: http://www.frm.org.br/acoes/a-cor-da-cultura/
terem enfrentado barreiras para se firmarem em suas lutas a favor do negro; “Ação – A cor da
cultura”, que busca mostrar organizações da sociedade civil que buscam levar oportunidades
para outras pessoas; “Mojubá”, que retrata a religiosidade africana e afro-brasileira; “Nota
10”, com episódios que tratam de conteúdos para utilização dos conteúdos afro-brasileiros na
sala de aula; E o programa “Livros animados”, um programa do canal Futura, com
personagens reais que leem livros que abordam a temática afro-brasileira, refletindo sobre os
conteúdos dos livros, de maneira lúdica e educativa, além de desenvolver alguma ação
intermediada pela leitura, tais como contato com instrumentos musicais ou elementos
africanos. Ao estudar esta ação percebemos possibilidades de produzir em nossas escolas
pequenas documentários com a própria comunidade escolar. Seria muito interessante gravar
vídeos com estudantes, professores, servidores técnicos da escola tendo como enfoque a
questão afro-brasileira.
Grupo6 criado por professoras da escola pública municipal Chapéu do Sol, em Porto
Alegre -RS, para reflexão das questões relacionadas às Leis nº11.645 e dar visibilidade à
ações executadas na escola. Este grupo desempenha atividades com estudantes, desde visitas
ilustres de personalidades, visitas às comunidades negras, também desenvolve ações ligadas à
literatura. Uma que podemos dar destaque é a criação de um ambiente temático voltado à
cultura africana, aproximando os leitores à África como vemos na fotografia ao lado.
Quanto às ações do grupo, encontramos uma atividade envolvendo leitura, a partir do
livro “As tranças de Bintou”. A proposta foi trabalhar a formação da identidade dos
estudantes para tratar de igualdade e diferença, desconstruindo estereótipos.
Este projeto novamente nos fez pensar sobre os espaços educativos que conhecemos.
Poderíamos trabalhar a temática afro-brasileira com crianças desde a Educação Infantil,
criando espaços temáticos que pudessem ser produzidos e habitados pelas crianças, trazendo
personalidades locais que contassem histórias de personagens negros da região que moram,
trazendo novos conhecimentos e significados a partir de narrativas de uma história que
também é nossa.
Projeto Fabulografias
6
Fonte: http://baobachapeu.blogspot.com.br/search?q=literatura
e encontros para criação das imagens dos cartões, por meio da interação entre grupos diversos
e grupos7 que tenham pessoas inseridas na cultura afro-brasileiras. O projeto se desenvolve
também em escolas levando a cultura por meio de teatro, dança, música, etc. obtendo a
geração de postais visuais e sonoros através do que irão responder sobre o que a África
representa e o que há deste continente no particular de cada envolvido.
O projeto é uma inspiração para que trabalhos como este aconteçam no estado do
Tocantins, região com predominância de comunidades negras, indígenas e quilombolas. Se
estudássemos mais as características deste estado, poderíamos também nos indagar sobre o
que estas comunidades “ventam em nós” e quantas coisas elas podem nos ensinar.
Projeto Batuque
Algumas considerações
7
Fonte: https://fabulografias.wordpress.com/postais-sonoros-e-visuais/
8
Fonte: http://secom.to.gov.br/noticia/231280/
Para nós foi uma alegria descobrir com esta pesquisa que é possível envolver
estudantes de diferentes faixas etárias em trabalhos que versem sobre a temática afro-
brasileira. Um dos meios possíveis é através de projetos ou oficinas que trabalhem com
conhecimentos sobre a herança do continente africano ou da própria história brasileira.
Também podemos dizer que estes projetos têm grandes influências na construção da
identidade racial da criança, podendo ser usados didaticamente em outras escolas, trazendo
reflexões sobre as diferenças que nos constituem enquanto pessoas.
Não foi possível localizar, em pesquisa feita pela Internet, registro de ações realizadas
em escolas municipais de Palmas/TO voltadas à literatura infantil afro-brasileira. A escassez
de tempo na realização desta pesquisa não foi possível checar pessoalmente junto às escolas a
existência de projetos que versassem sobre esta temática, porém, vale ressaltar que isto não
indica que os professores não trabalhem a questão étnico-racial, mas sim que há muito que
melhorar e divulgar sobre ações que envolvam a literatura afro-brasileira. Ressaltamos que as
ações executadas pela rede municipal de Palmas/TO poderiam ser publicizadas, levando a
população a conhecer projetos que estão em andamento e que ocorrem em salas de aula ou
mesmo aqueles que já foram executados.
Trabalhar a história africana e, por consequência, afro-brasileira resgata o respeito e
reconhecimento das diferenças, além de quebrar estereótipos construídos ao longo do tempo
sobre a origem do negro e de sua cultura por vezes diminuídas perante a origem e a cultura de
outros povos. A Pedagogia aparece então como meio de formação multicutural que perpassa a
identidade pessoal de professores/as e estudantes. Ao promover o acesso a diferentes
conteúdos podemos contribuir para o reconhecimento da diversidade como algo presente em
nossa realidade e que nos constitui.
Para os/as profissionais que estão em processo de formação, compreender estes
projetos pode proporcionar reflexões formativas e pessoais. A partir do momento que se
compreende o quanto foi necessário incluir no currículo a temática afro-brasileira e africana,
passamos a entender a importância de sua efetivação em sala de aula. Por isso acreditamos
que este conhecimento pode proporcionar momentos de reflexões e aprendizagens sobre estas
temáticas e tudo que tange a questão da diversidade. Professores/as de diferentes áreas podem
ser agentes de transformação em nas escolas, conseguindo passar aos/as estudantes muito
mais do que conteúdos curriculares, mas uma formação de vida.
Referências
BRASIL, Lei nº 9.394, de 20 e dezembro e 1996. Lei de Diretrizes e Bases para a Educação.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm > Acesso em: 05 de maio de
2017.
FREITAS, Henrique Mello Rodrigues de. JANISSEK-MUNIZ, Raquel. MOSCAROLA, Jean. Uso
da Internet no processo de pesquisa e análise de dados. São Paulo: Associação Nacional de
Empresas de Pesquisa, 2004. Disponível em: <
http://www.ufrgs.br/gianti/files/artigos/2004/2004_147_ANEP.pdf > Acesso em 24 de maio de 2017.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. – 6. ed. – São Paulo: Atlas, 2008.
GOMES, Nilma Lino. Educação e relações raciais: refletindo sobre algumas estratégias de atuação in
MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o racismo na escola. 2. ed. – Brasília: MEC, 2005.
GRUPO CULTURAL BAOBÁ. Biblioteca Mário Quintana possui canto cantos temáticos.
Disponível em: <http://baobachapeu.blogspot.com.br/search?q=literatura> Acesso em 16 de maio de
2017.
MEC/SECAD. Orientações e ações para a educação das relações étnicos raciais. – Brasília:
SECAD, 2006.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. – 23. ed. 8. reimpr. – São Paulo:
Cortez, 2007.
Introdução
1
Inserir crédito(s) do(s) autor (es). Nome completo da instituição de origem. Endereço eletrônico. (fonte Times
New Roman, tamanho 10)
2
Inserir crédito(s) do(s) autor (es). Nome completo da instituição de origem. Endereço eletrônico. (fonte Times
New Roman, tamanho 10)
mudanças sociais.
Assim, a mudança ou reflexão que se propõe na educação – na qual a disciplina de
Sociologia emerge como grande aliada – se associa a uma visão de transformação do
paradigma tradicional vigente para uma nova perspectiva no ensino e na sociedade como
um todo e que, baseando-se nas concepções de Complexidade e Interdisciplinaridade,
podem subsidiar transformações no olhar sociológico. É nesse contexto, portanto, que o
conceito de imaginação sociológica criado é mobilizado para nortear a ação docente do
cientista social, se apresentando como pressuposto teórico e metodológico básico em
diversas formulações de Currículos Base Comum de vários estados brasileiros e também na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Perceber como esses conceitos e teorias se interligam, num exercício complexo e
sociológico, viabiliza compreender o quanto a sua convivência têm a contribuir com a
defesa da reintrodução de Sociologia no Ensino Médio que, dado a sua tenra admissão nos
currículos comuns, ainda levanta questionamentos sobre sua validade por discursos que
prezam justamente por uma visão utilitarista, mercadológica e fragmentada da educação.
O ensino secundário é formativo por excelência; ele não deve visar a acumulação
enciclopédica de conhecimentos, mas a formação do espírito dos que os recebem.
Torna-se, assim, mais importante a maneira pela qual os conhecimentos são
transmitidos, que o conteúdo da transmissão (FERNANDES, 1997, p. 110).
Imaginação Sociológica
É nesse contexto que a imaginação sociológica aflora como conceito básico do
ofício do professor de sociologia no qual, formulado por C. Wrigth Mills e amplamente
institucionalizado no ensino de Sociologia, é mobilizado para aferir a necessidade de que o
aluno reflita sua biografia e sua história, bem como suas relações e contradições, tendo
consciência de que sua vida tem uma ligação íntima com o ambiente, com a sociedade, com
a política, com a economia e a cultura.
A imaginação sociológica capacita seu possuidor a compreender o cenário
histórico mais amplo, em termos de seu significado para a vida íntima e para a
carreira exterior de numerosos indivíduos. Permite-lhe levar em conta como os
indivíduos, na agitação de sua experiência diária, adquirem frequentemente uma
consciência falsa de suas posições sociais (MILLS, 1969, p. 11)
A partir desse debate, Sarandy (2001) evidencia o fato de termos uma base
constitutiva do ensino de sociologia como desenvolvimento humano pautada na visão de
negação do individualismo, embasado na concepção imperativa do coletivo. A Sociologia
teria, assim, a capacidade proporcionar ao aluno uma avaliação profunda do mundo ao qual
ele se encontra, e além disso, poder contribuir a formação humana, que a priori negue o
individual-egoísmo e elucide a vida em sociedade como uma vida coletiva, de trocas, de
parcerias. Ademais, trabalhar questões que ultrapassem as questões interpessoais e que vão
ao encontro, também, das questões epistemológicas e estruturais de nosso pensamento
científico e pedagógico.
A Sociologia como disciplina emerge, assim, como um instrumento de
fortalecimento do espírito crítico pela atividade científica. A sua permanência no ensino
secundário facilitaria um esclarecimento do mundo à luz de diversas teorias sociológicas ao
mesmo tempo em que influi na agência desses indivíduos, na sua intervenção racional no
mundo, isso porquê é ela “que estabelece uma explicação mais direta do que acontece com
cada um de nós e a organização da sociedade mais ampla – família, gênero, religião,
violência, trabalho, saúde, poder social, político e econômico” (PEREIRA, 2007, p. 148). A
grande questão seria, portanto, como trabalhar a disciplina de forma a proporcionaruma
compreensão tão ampla do mundo, abandonando visões limitadas e fragmentadas acerca
dos fenômenos sociais.
Complexidade
Refletir esse cenário diz respeito à visão complexa do mundo no qual o surgimento
de novos níveis de realidade e novas lógicas3 são mobilizadas para superar os desafios da
contemporaneidade, dado que a mentalidade moderna altamente fragmentada não aufere a
sua superação. Cabe, portanto, uma nova forma de pensamento e de compreensão da
realidade, “pensar a complexidade – esse é o maior desafio do pensamento contemporâneo,
que necessita de uma reforma no nosso modo de pensar” (MORIN, 2000, p. 199).
Por conseguinte, o pensamento complexo tem como alguns de seus alicerces
lógicos as concepções de dialógica e recursividade, na qual a primeira se rompe com a
lógica da não-contradição ao passo em que essa figura uma unidade complexa entre duas
lógicas, entidade ou substâncias complementares, concorrentes e antagônicas que se
retroalimentam, se completam, sem deixar de se opor uma a outra e de se combater. Dessa
forma, partindo da compreensão de Morin (2000), a realidade se molda e altera, se destrói e
recompõe a partir das contradições, mudando assim, até mesmo a lógica da ordem e da
desordem. Assim, uma geraria a outra, não possibilitando o pensamento dividido entre estas
partes, gerando uma infinidade de formas e configurações do real como consequência de
sua relação dialógica.
Já o pensamento causal-formal aristotélico, de que existem causas e que para cada
causa existe um efeito direto, se caracteriza como uma lógica que fomenta uma relação
linear e seriada do pensamento e da concepção de mundo dos indivíduos. Para Morin
(2000) a recursividade pode agir diretamente nesse sistema proporcionando uma quebra de
3
Segundo Edgar Morin há níveis de realidade e lógicas que partiram do pensamento clássico e moderno que
norteiam uma forma de pensar ou visão de mundo que inibe a concepção de diversas possibilidades pela
razão humana, coibindo o desenvolvimento de novas potencialidades humanas.
visão na qual há a possibilidade de que a causa aja sobre o efeito e vice-versa. Assim, o
filósofo contrapõe alguns dos pilares que regem a mentalidade moderna na busca de uma
nova lógica e uma nova visão do sistema através da interação e interlocução entre as partes e
o todo, orientando-se por uma quebra paradigmática da mesma.
Inspirando-se em Heráclito de Efésio, repensando que “o contrário é convergente e
dos divergentes, a mais bela harmonia” (HERÁCLITO apud COSTA, 2002, p. 198),
indaga-se sobre a fusão dos contrários que possibilitam o movimento da vida, que aplicados
ao pensamento contemporâneo nos permite conceber uma nova perspectiva de análise não-
dicotômica do mundo. Incentiva-se, assim, uma visão que tenha como essência a
consideração da interação entre as partes, que seja abrangente o suficiente para se contrapor
ao modelo moderno e dicotômico herdado da física clássica e da lógica a aristotélica. Deste
modo, onde se tinha certeza, a partir de princípios básicos, que certas proposições fossem
contraditórias e opostas, há a revelação de que podem ser simultaneamente verdadeiras.
Estas novas lógicas abrem espaço para o pensamento complexo contribuindo para
o desenvolvimento de uma nova forma de discernimento do mundo que passe a distinguir e
unir, se dispondo a buscar uma interpretação que não se reduz a uma simples visão de soma
das partes, uma simples interação entre os elementos. Essa é uma postura que se opõe ao
simplismo e comporta diversas dimensões e realidades nas suas interações com as unidades,
na qual estas interagem entre si em um sistema complexo, se mantendo através do tempo
pela sua própria lógica temporal e interativa, se distinguindo de lógicas antigas por sua
qualidade e coerência.
O pensamento complexo é assim, aquele que reconhece a incerteza e
incompletude de um sistema multidimensional, que está constantemente à procura de
ligações entre os aspectos que são distintos e que não deveriam ser isolados, fomentando
assim, a ideia de completude. Ele objetiva alcançar um saber que não fragmenta e não
reduz, aceitando todas as mudanças e reformulações ininterruptas da dinâmica do
conhecimento. É, portanto, “essencialmente aquele que trata com a incerteza e consegue
conceber a organização. Apto a unir, contratualizar, globalizar, mas ao mesmo tempo a
reconhecer o singular, o individual e o concreto” (MORIN, 2005, p. 21).
Entretanto, a partir do momento em que o concebe como norteador de uma prática
educacional torna-se indissociável apresentar o pensamento interdisciplinar como
pressuposto metodológico para tal. Cabe refletir, pela configuração do pensamento
complexo, a relação entre os saberes disciplinares e sua estrutura – reflexo desta
mentalidade moderna, fragmentada e separadora – que muitas vezes impede que dentro da
própria construção do conhecimento empreenda-se interligações e rompimentos de barreiras
que possibilitem uma visão global do mundo.
Não obstante, essa visão mecanizada agrava-se dentro das salas de aula onde os
alunos se deparam com diversas disciplinas que são comumente apresentadas como
distintas, distantes e muitas vezes, não se inter-relacionam, como um sistema de “caixas”
separadas que prejudicam a relação do aluno com o próprio conteúdo e, inclusive, com o
próprio mundo que o cerca. A proposta interdisciplinar, neste sentido, surge não só como
uma mudança na estrutura disciplinar, mas também como uma nova postura do ser humano,
uma nova estrutura de pensamento que auxilia nas mudanças, interagindo e compartilhando
saberes provocando uma maior autonomia e criticidade no pensar.
Complexidade e Sociedade
Considerações Finais
Referências
DAYRELL, J. A Escola faz Juventudes? Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100, p. 1105- 1128,
out. 2007
SANTOS, B. (Org.). Conhecimento Prudente para uma vida decente. Um discurso sobre as
ciências revisitado. 7º Ed. São Paulo: Cortez, 2003
SARANDY, Flávio Marcos Silva. Reflexões acerca do sentido da Sociologia no Ensino Médio:
desenvolver a perspectiva sociológica: objetivo fundamental da disciplina no Ensino Médio.
Revista Espaço Acadêmico. Ano I. Numero 5. 2001.
Sala 01
Introdução
1
Mestre em Educação (2017); Especialista em Educação Infantil (2016); Especialista em Educação Rural (2011)
e licenciada em Pedagogia (2007), pela Universidade Federal do Tocantins - UFT. Atualmente atua como
Coordenadora de Formação na Secretaria de Educação do Município de Miracema do Tocantins-TO. Email:
[email protected]
2
Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco e doutorado em Educação e Currículo pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. Atualmente é professora da Universidade Federal do
Tocantins e do Programa de Pós-Graduação em Letras e no Programa de Pós-Graduação em Educação.
Desenvolve pesquisas relacionadas à escola criativa, formação e profissionalização docente e estágio. É autora
do livro Política de Formação de Professores: Intenção e realidade. [email protected]
esferas, seja no campo político, econômico, cultural e, consequentemente na educação,
afetando o modo como nos relacionamos com o planeta.
A contemporaneidade exige uma educação que supere práticas pedagógicas
sustentadas por um ensino fragmentado e conteudista e caminhe no sentido de valorizar as
vivências do ser humano, vivenciando a escola como um espaço de aprendizagem e religação
de saberes.
Nesse entendimento, é importante destacar a importância da escola estimular práticas
de criatividade, por meio de um diálogo aberto, possibilitando aos alunos a construção de
novos conhecimentos. As práticas pedagógicas de ensino, quando trabalhadas na perspectiva
da criatividade, renovam o ambiente educativo, transformam o espaço, possibilitando a
professores e estudantes um aprendizado significativo e integral.
Assim é importante tratar das relações entre criatividade e o complexo trabalho do
professor na alfabetização, uma vez que percebemos a necessidade de conhecimentos e
práticas específicas, devido à especificidade da prática pedagógica do professor que atua no
ciclo de alfabetização, momento em que se exige um trabalho pedagógico diversificado,
considerando a realidade dos alunos.
A pesquisa vislumbra a necessidade de práticas pedagógicas de ensino na
alfabetização, para o desenvolvimento da criatividade, uma vez que renovam o espaço
educativo, permitindo uma aprendizagem integral voltada às demandas da atualidade, com
vistas à formação de um sujeito curioso e religado.
Nesse âmbito, uma pesquisa que se propõe a compreender as práticas pedagógicas
desenvolvidas no ciclo de alfabetização do ensino fundamental, com base nos indicadores de
estudo da Rede Internacional de Escolas Criativas, leva a importantes reflexões a respeito das
discussões acerca da criatividade, da transdisciplinaridade e da complexidade, bem como
sobre o modo da escola pensar a formação dos seus alunos com vistas a uma formação
integral.
Dessa feita, o estudo se mostra relevante no sentido de contribuir para futuras
pesquisas a serem realizadas sobre práticas pedagógicas no ciclo de alfabetização, bem como
pela necessidade de uma prática pedagógica mais criativa, em que a escola seja percebida
como espaço de formação, pesquisa e trabalho coletivo. Corroborando com esse
posicionamento, Franco (2012, p. 162) destaca que “[...] o professor sozinho não transforma a
sala de aula; as práticas pedagógicas funcionam como um espaço de diálogo [...] mediações
entre sociedade e sala de aula”.
2
Nesse aspecto, a importância social da referida pesquisa está dirigida para a
compreensão da criatividade como um ressignificar, um reconstruir no interior da escola em
uma abertura; a transformação da educação e, em especial, na perspectiva das práticas
pedagógicas no ciclo de alfabetização na Escola Municipal de Educação Infantil Professora
Dalva Cerqueira Brito.
Entendendo que as práticas pedagógicas de ensino, quando voltadas para o
desenvolvimento da criatividade, transformam o ambiente educativo, foram surgindo
inquietações e o desejo de conhecer de forma mais efetiva as práticas pedagógicas de
professoras alfabetizadoras no ciclo de alfabetização do Ensino Fundamental. Assim, a
problemática caminha para as seguintes questões: como as professoras do ciclo de
alfabetização realizam seu trabalho na perspectiva da criatividade? A escola pode ser
considerada uma escola criativa?
As questões explicitadas direcionam o nosso olhar para o papel da escola e a prática
pedagógica desenvolvida pelas professoras no ciclo de alfabetização. Assim, o objetivo geral
desta pesquisa é verificar se as práticas pedagógicas de alfabetização desenvolvidas por
professoras do ciclo de alfabetização (1º ao 3º ano do Ensino Fundamental) na Escola
Municipal de Educação Infantil Professora Dalva Cerqueira Brito apresentam indícios de
criatividade.
Na mesma intenção, os objetivos específicos são: relacionar os elementos de uma
prática pedagógica criativa proposta pela Riec com aquelas que acontecem no ciclo de
alfabetização; descrever as práticas pedagógicas desenvolvidas no ciclo de alfabetização na
Escola Municipal de Educação Infantil Professora Dalva Cerqueira Brito; e analisar em que
medida as referidas práticas pedagógicas no ciclo de alfabetização apresentam indícios de
criatividade.
Procedimentos metodológicos
3
Aqui são descritos os aspectos metodológicos para o desenvolvimento da pesquisa, a
abordagem, os sujeitos, bem como os procedimentos utilizados na coleta de dados.
Para a escolha do lócus da presente pesquisa, foi considerado o desenvolvimento de
práticas pedagógicas exitosas no ciclo de alfabetização. Por se enquadrar nos parâmetros
propostos, a Escola Municipal de Educação Infantil Professora Dalva Cerqueira Brito foi
selecionada, contando com 257 alunos regularmente matriculados na educação infantil e no
ensino fundamental – primeira fase (1° e 2° anos).
Devido à complexidade da pesquisa, o método escolhido para sua realização é o
estudo de caso, uma vez que este “[...] busca conhecer em profundidade o como e o porquê de
uma determinada situação procurando descobrir o que há nela de mais essencial e
característico” (GIL, 2007, p. 54 apud SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009, p. 39).
Nas palavras de André (2013), quando existe interesse em investigar fenômenos
educacionais no contexto em que eles ocorrem, o estudo de caso se mostra como um
instrumento bastante significativo, pois o contato direto do pesquisador com as situações
investigadas lhe possibilita observar e descrever ações e comportamentos sem desvinculá-los
do contexto em que ocorrem.
Uma questão considerada fundamental que deve ser levada em consideração é a de
que o mundo e seus eventos estão sempre em constantes transformações. Desta feita, os
resultados das pesquisas tendem a ser provisórios, pois atendem a um determinado tempo da
história, com a validação do grupo a que pertencem e a teoria que as validam. Assim, de
acordo com Suanno, J. (2013), o estudo de caso caminha nessa direção de provisoriedade,
onde não se esgotam as possibilidades de investigação da pesquisa, e o olhar do pesquisador é
responsável por determinar o rumo, os objetivos e os instrumentos que serão elaborados.
A presente pesquisa caminha para a abordagem de natureza qualitativa exploratória. A
esse respeito, Gil (2002) destaca que ela tem como objetivo compreender a investigação de
algum objeto de estudo que ainda possui poucas informações. Nela, procuram significados,
motivos e atitudes, evidenciando maior profundidade nas relações dos fenômenos, o que
caminha para maior aproximação com o problema em destaque.
Desta feita, a investigação se apresenta como um estudo de caso exploratório, dado
que acena para as práticas pedagógicas, com indícios de criatividade, desenvolvidas no ciclo
de alfabetização (turmas do 1º e 2º ano do ensino fundamental), onde foi desenhado um
percurso, um caminho a ser seguido. A pesquisa se ajusta na abordagem qualitativa por se
tratar de explicações de eventos no contexto em que ocorrem, necessitando de constante
observação.
4
No entanto, na perspectiva complexa, o caminho não é unidimensional, pois o
pesquisador está constantemente em interação com o meio e com os demais sujeitos. A
pesquisa se constrói nos encontros, nos desencontros e nos desafios enfrentados
cotidianamente. Isso ocorre “[...] porque o pesquisador desenvolve um nível de detalhes sobre
a pessoa ou sobre o local e está altamente envolvido nas experiências reais dos participantes”
(CRESWELL, 2007, p. 186).
Cabe destacar que a pesquisa apresenta dados quantitativos, a exemplo resultados do
Vadecrie, como instrumento de Identificação do Desenvolvimento Criativo de Instituições de
Ensino desenvolvido pela Riec. No entanto, a abordagem e o tratamento, definidos para o
referido estudo, são a abordagem de cunho qualitativo por entender que essa abordagem capta
não só a “[...] aparência do fenômeno, mas também sua essência [...]” (TRIVIÑOS, 1987, p.
129), implicando maior aproximação da realidade dos fatos pesquisados. A esse respeito,
Chizzoti (2003, p. 26) destaca que “pesquisa qualitativa implica a convivência com pessoas,
fatos, e locais que constituem objeto de pesquisa. Cabe ao pesquisador compreender as
relações dessa convivência, interpretar e registrar os significados visíveis e latentes das
análises do contexto com responsabilidade e ética”.
A opção pela pesquisa qualitativa se deu em razão desta evidenciar a interação entre o
pesquisador e o seu objeto. Ela é um estudo que volta seu olhar para a forma como as pessoas
interpretam e dão sentido às suas experiências, na busca do conhecer, transformando não só as
ideias, mas o cotidiano em que estão inseridos.
No intento de identificar as práticas pedagógicas no ciclo de alfabetização que
apresentaram os mencionados indícios, os sujeitos pesquisados foram professores, gestores e
pais/responsáveis relacionados às turmas do 1º e 2º ano do ensino fundamental da Escola
Municipal de Educação Infantil Professora Dalva Cerqueira Brito. A referida investigação se
estabeleceu da forma explicitada a seguir.
Inicialmente, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre a temática abordada,
com a intenção de reunir informações a respeito do problema em questão, com foco nos
trabalhos já desenvolvidos sobre a proposta da escola criativa e a criatividade. As fontes
pesquisadas incluem também livros, artigos, publicações, dissertações, teses, dentre outras
publicações de cunho científico.
Na segunda fase, foi realizada a observação no ciclo de alfabetização, no intuito de
procurar conhecer a prática desenvolvida nas turmas do 1º ano A e do 2º ano A do ensino
fundamental, buscando identificar práticas pedagógicas no ciclo de alfabetização que
5
apontavam indícios de criatividade, bem como as dificuldades vivenciadas por esses docentes
no exercício cotidiano de suas práticas pedagógicas.
Na terceira fase, foi aplicado o Vadecrie3 aos professores e aos gestores4 do ensino
fundamental – primeira fase (1º e 2º ano) e pais/responsáveis ligados a essas respectivas
turmas.
Como instrumento de pesquisa, o Vadecrie tem como objetivos “identificar e
reconhecer o grau de desenvolvimento criativo de uma instituição educativa” (TORRE, 2012,
p. 101) e serve como autodiagnóstico para escolas de diferentes níveis e instituições
educativas. O referido instrumento foi aplicado na pesquisa de doutorado de Suanno, J.
(2013).
No processo de aplicação do Vadecrie, não houve exigências de identificação, por
causa da necessidade de preservação e da liberdade dos sujeitos. Destaca-se que a
pesquisadora aplicou pessoalmente o instrumento aos participantes, no sentido de auxiliá-los
quanto às possíveis dúvidas sobre as expressões contidas no instrumento.
Posteriormente, foi realizada a entrevista semiestruturada com quatro professoras do
ensino fundamental primeira fase – 1º ano A e 2º ano A. Nas palavras de Gil (2008), a
entrevista pode ser definida como uma forma de interação social em que o pesquisador se
apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com a finalidade de obtenção dos
dados que interessam à investigação.
No sentido de atender as especificidades da pesquisa, trabalhou-se com os quatro
indicadores em destaque, uma vez que tais indicadores atendem as questões da pesquisa, com
o olhar voltado para a escola, na sua integralidade. Os indicadores liderança criativa;
professorado criativo; visão transdisciplinar e transformadora e metodologia inovadora são
aspectos que apontam o olhar da pesquisa para a prática pedagógica desenvolvida no ciclo de
alfabetização e o papel da escola e de seus agentes.
Ao longo do desenvolvimento da pesquisa, os referidos indicadores foram se
desenhando, não sendo escolhidos aleatoriamente, e sim por contribuírem efetivamente com
os objetivos escolhidos. Tais indicadores serviram como guia durante toda a execução da
pesquisa, caminhando sempre com o olhar voltado para o trabalho pedagógico realizado pela
escola como um todo.
3
Instrumento elaborado pelo Professor Dr. Saturnino de la Torre juntamente com 19 pesquisadores da América
Latina e da Europa integrantes da Riec. O instrumento foi apresentado no IV Fórum Internacional sobre
Inovação e Criatividade, Adversidade e Escolas Criativas, ocorrido nos dias 27 e 28 de junho de 2012 em
Barcelona-Espanha.
4
Sujeitos da escola que estão ligados à prática pedagógica da sala de aula.
6
Considerando o cotidiano das atividades realizadas pela escola, compreende-se que os
quatro indicadores escolhidos apresentam informações que tendem a colaborar com a
investigação, uma vez que seu olhar se volta para as práticas pedagógicas realizadas no ciclo
de alfabetização e por contribuírem efetivamente com os objetivos estabelecidos.
O instrumento foi aplicado aos professores, aos gestores e aos pais/responsáveis
buscando compreender aspectos das práticas pedagógicas desenvolvidas na escola como um
todo, especificamente no ciclo de alfabetização. Desta feita, mostra-se crucial no
reconhecimento do trabalho desenvolvido pela escola, bem como no reconhecimento das
potencialidades da instituição.
A entrevista semiestruturada foi realizada com quatro professoras do ciclo de
alfabetização das turmas do 1° ano A e 2° ano A do ensino fundamental, sendo duas de cada
turma. Pode-se definir a entrevista como uma técnica em que o pesquisador se apresenta ao
pesquisado e faz perguntas com o claro objetivo de adquirir dados que contribuirão com a sua
investigação. Entretanto, para Gil (2008), mais especificamente é vista como uma interação
social em que uma das partes procura coletar informações e a outra se oferece como fonte de
informação.
Nesta pesquisa, o referido instrumento, além de contribuir com os demais dados,
possibilita novas interpretações, no sentido de colaborar para a compreensão e a identificação
dos indícios de criatividade existentes nas práticas pedagógicas dos professores entrevistados,
posto que vai ao encontro do objetivo da pesquisa.
Desenvolvimento
7
Destacam-se as práticas pedagógicas por meio da sequência didática, em que foi
percebido que a organização do trabalho pedagógico, nas turmas das professoras
alfabetizadoras, revelou uma atividade menos passiva e com mais iniciativa e participação por
parte dos alunos. Assim, tomou um novo significado, no sentido de potencializar não somente
o trabalho do professor, mas também dos alunos, dando outro sentido para aprendizagem,
revelando também que a prática docente nessas turmas vem sendo transformada e as
atividades mais dinâmicas e significativas para os alunos consideradas.
Na turma do 2º ano A, um trabalho bastante interessante se deu por meio de um
projeto5 didático apresentado na Semana de Ciências, Tecnologia e Desenvolvimento
Sustentável, com o tema Reciclagem.
A esse respeito, Cruz, Manzoni e Silva (2012) falam dos projetos didáticos como
situações didáticas em que professores e alunos se comprometem com um propósito e com
um produto final. No projeto, as ações propostas têm relação entre si e fazem sentido em
função do produto que se deseja alcançar.
Tanto no desenvolvimento da sequência didática como no projeto sobre reciclagem,
observa-se que houve constante envolvimento dos alunos durante a realização das atividades,
com vistas a propiciar a participação e a autonomia dos mesmos.
Assim, conforme as observações realizadas nessas turmas, pôde-se perceber que as
atividades apresentam indícios de criatividade, o que se deve ao envolvimento das crianças
nas atividades, à contextualização e à progressiva busca pela autonomia. O papel do
professor, nesse processo, é de fundamental importância, pois cabe a ele “[...] perceber e
ajudá-los a se convencerem de que podem construir algo maior se reconhecidos em suas
potencialidades e valorizados pelo professor e por seus pares” (SUANNO, J., 2013, p. 81).
Quanto às análises das turmas observadas, é importante destacar que o trabalho
realizado demonstra que as atividades facilitaram a aprendizagem dos alunos, sendo eles os
protagonistas, e não simplesmente meros expectadores. Evidencia-se também a preocupação
em se trabalhar o potencial criativo e a constante preocupação de relacionar as atividades com
o contexto e as vivências dos alunos.
Percebe-se, nessas turmas, o esforço e o compromisso por parte das professoras, não
somente na realização das atividades descritas, mas durante todo o processo de observação e
nas demais atividades escolares.
8
A observação para identificar as práticas pedagógicas com indícios de criatividade –
nas atividades em sala de aula, com os professores do ciclo de alfabetização foi descrita
conforme o andamento das discussões. Contudo, para o reconhecimento dos indícios de
criatividade presente nessas práticas, direciona-se o olhar para as percepções dos sujeitos
envoltos na pesquisa.
A partir dos resultados6 dos indicadores7 liderança estimulante e criativa, professorado
criativo, visão transdisciplinar e transformadora e metodologia inovadora considerando que a
avaliação dos conceitos dos respectivos indicadores ficaram entre os conceitos A e B, é
possivel afirmar que existem claras evidências desses indicadores e que as práticas
pedagógicas podem ser consideradas criativas e merecedoras de reconhecimento por seu
impulso criativo e transformador.
Os relatos das professoras demonstraram uma atitude aberta e flexível. No entanto,
elas reconhecem que ainda há muito a ser realizado, pois é essencial, por parte do professor, a
abertura para novos conhecimentos na realização do seu trabalho. Essa abertura terá como
consequência uma atitude assumida e consciente da necessidade de atravessar os próprios
limites.
As falas demonstraram também que a busca por uma prática pedagógica criativa é
possível, mesmo quando são evidenciados distintos entendimentos de suas práticas e
percepções teóricas na definição de determinados conceitos. Isso demonstra que, mesmo
existindo entraves e dificuldades, existe um esforço coletivo para o desenvolvimento de
práticas pedagógicas criativas, não somente no ciclo de alfabetização, mas na escola como um
todo.
Considerações finais
6
Na análise qualitativa, o conceito A (varia de 90% a 100%) apresenta evidências claras de criatividade. O
conceito B (varia de a 60% a 80%) indica que há evidências de criatividade. Já no conceito C (corresponde a
40% e 50%), em que existem poucas evidências de criatividade; e no conceito D (corresponde a 10% e 30%), as
evidências de criatividade são insatisfatórias.
7
No total, foram 40 questões relacionadas aos quatro indicadores selecionados, sendo dez questões de cada
indicador: 1) liderança estimulante e criativa (1-10); 2) professorado criativo (11-20); 6) visão transdisciplinar e
transformadora (51-60); 8) metodologia inovadora (71-80). Convém ressaltar que os indicadores não
mencionados foram desconsiderados nessa pesquisa.
9
apresentadas neste trabalho retratam essa caminhada e os obstáculos enfrentados sempre com
a certeza de que algo ainda estar por vir, dadas as constantes transformações do mundo.
Nota-se que a forma como o conhecimento é concebido busca uma prática pedagógica
criativa que não mais atende a um ensino fragmentado e conteudista, sendo fundada e
cristalizada em normas conservadoras e individualistas. É preciso um repensar, um olhar
diferenciado para o papel do professor nesse processo, e sobre como ele irá trabalhar com o
estudante que já não mais aceita um ensino de simples transmissão de conhecimentos. Não
cabe mais um ensino mecânico, em que o aluno é visto como mero receptor de informações,
com um currículo distanciado das suas necessidades e das questões sociais.
Assim sendo, verifica-se que a Escola Municipal de Educação Infantil Professora
Dalva Cerqueira Brito apresenta um trabalho cujo objetivo é contribuir para uma educação
que tenha significado para a vida dos seus alunos e para o mundo ao seu redor. As práticas
pedagógicas, no ciclo de alfabetização, concretizadas por meio das diferentes atividades,
ações e projetos, como a sequência didática A história do palhaço e o Projeto Reciclagem,
evidenciaram a existência de indícios de criatividade conforme os indicadores de estudo da
Riec, com base nas observações e nos olhares dos sujeitos participantes do estudo.
Desta feita, mais do que nunca, é imprescindível a construção de uma proposta
educacional que incorpore metodologias didáticas criativas e inovadoras, no sentido de
enriquecimento do conhecimento advindo das vivências dos alunos no processo de ensino e
aprendizagem (MORAES, 2015).
Assim sendo, entende-se que esta pesquisa oportunizou a abertura de novas
descobertas ao refletir sobre a importância de potencializar e valorizar o trabalho que a escola
já realiza. O olhar não é de crítica, mas de reflexão e transformação, contribuindo com
discussões para a transformação das práticas pedagógicas no ciclo de alfabetização e do papel
da escola como instituição social.
A partir das vivências desta pesquisa, acredita-se que uma das formas de dar sentido
ao dia a dia da escola é ouvir o aluno e valorizar o seu conhecimento, escutando e percebendo
suas dúvidas, sem jamais rejeitá-lo, em nome de uma única verdade. Diante do exposto, vê-se
que um olhar atento e uma escuta sensível tendem a contribuir para as práticas pedagógicas na
perspectiva da criatividade.
Referências
10
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 2003.
CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
CRUZ, Magna do Carmo Silva; MANZONI, Rosa Maria; SILVA Adriana M. P. Rotinas de
alfabetização na perspectiva do letramento: a organização do processo de ensino e de
aprendizagem. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.
Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade
Certa: organização do planejamento e da rotina no ciclo de alfabetização na perspectiva do
letramento: ano 2: unidade 2. Brasília: MEC; SEB, 2012.
FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia e prática docente. São Paulo: Cortez, 2012.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
______. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MORAES, Maria Cândida. Transdisciplinaridade, criatividade e educação: fundamentos
ontológicos e epistemológicos. Campinas, SP: Papirus, 2015.
SUANNO, João Henrique. Escola Criativa e Práticas Pedagógicas Transdisciplinares e
Ecoformadoras. 2013. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Católica de Brasília,
Brasília, 2013.
SILVEIRA, Denise Tolfo; CÓRDOVA, Fernanda Peixoto. A pesquisa científica. In:
GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (Orgs.). Métodos de pesquisa. Porto
Alegre: UFRGS, 2009
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em
educação. São Paulo: Atlas, 1987.
TORRE, S. de La. Instrumento para valorar el desarrollo creativo de las Instituciones
Educativas (VADECRIE). Barcelona: Círcolo Rojo - Investigación, 2012.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução Ernani F. da F. Rosa. 2. ed.
Porto Alegre: Artmed, 1998.
11
INFLUÊNCIAS CULTURAIS QUE ENRIQUECEM OS REPERTÓRIOS LÚDICOS
INFANTIS.
Sala 2.1
RESUMO: Esse relato de experiência vem propor uma reflexão acerca do trabalho pedagógico desenvolvido
com material não estruturado e que vem ressignificando nossos espaços, tempos e materiais na Educação Infantil
ao promover aprendizagens significativas para as crianças e professores considerando as influências culturais
advindas do cotidiano infantil. Nessa organização passamos a potencializar o interesse e interações das crianças,
os ―novos espaços, tempos e materiais‖ infantis no intuito de enriquecer ainda mais o repertório lúdico da
criança. Desse modo, nossos parâmetros avaliativos voltam-se à observação, escuta sensível e registro acerca do
que as crianças já sabem, na intencionalidade de problematizar as ações que se seguem. Para fundamentar nossa
discussão nos apoiamos na legislação que orienta a área e autores contemporâneos, pois, consideramos que, os
brinquedos não estruturados, se definem pela espontaneidade infantil, com regras implícitas e, que merecem ser
reconhecidas, enquanto saberes culturais formativos.
Introdução
1
Professora efetiva da Secretaria Municipal de Educação de Maceió – SEMED compondo o quadro de professores do Centro Municipal de
Educação Infantil Hermé Miranda com crianças de 4anos – 1º período D. Formação Acadêmica: Pedagoga, Especialista em Gestão e
Educação Ambiental e Educação Especial Inclusiva, Mestra em Educação Brasileira e Doutora em Educação.
2
Professora efetiva da Secretaria Municipal de Educação de Maceió – SEMED compondo o quadro de professores do Centro Municipal de
Educação Infantil Hermé Miranda com crianças de 3 anos – Maternal. Formação Acadêmica: Licenciada em Letras/Espanhol.
3
Professora efetiva da Secretaria Municipal de Educação de Maceió – SEMED compondo o quadro de professores do Centro Municipal de
Educação Infantil Hermé Miranda. Atualmente é coordenadora pedagógica na instituição citada. Formação Acadêmica: Pedagoga,
Especialista em Psicopedagogia.
Em nosso caminhar pedagógico, nossas experiências na Educação Infantil (EI), na
coordenação pedagógica, em processos de formação inicial e continuada de professores nas
redes públicas de ensino, ou no exercício de nossa docência, continuamente, dialogamos com
os diversos saberes culturais e formativos4 presentes no chão da escola. Nesse diálogo
localizamos as dificuldades apresentadas por nós, professoras e professores, em tornar
significativo o trabalho pedagógico para as crianças e para nós docentes. Esses saberes são
oriundos das culturas infantis, que já chegam ao chão da escola com as crianças e suas
singularidades plurais. Esses constroem-se e organizam-se no seio de suas famílias e
comunidades, problematizando as práticas pedagógicas e de outro modo, potencializando as
experiências dos atores envolvidos, o ato pedagógico e a rica interlocução existente nesse
universo. Problematizar as experiências lúdicas das crianças no espaço público infantil do
CMEI Hermé Miranda5 e assim, refletir sobre o currículo da Educação Infantil, a organização
de nosso trabalho pedagógico e a interlocução entre os interesses e interações das crianças,
potencializou nosso olhar pedagógico para o planejamento a partir das possibilidades com
materiais não estruturados6·, logo, fomentando a organização desse texto.
Em 2015, a Secretaria Municipal de Educação de Maceió – SEMED elegeu através
das Orientações Curriculares para a Educação Infantil – OCEI/2015, campos de experiências
para organizar o currículo da Educação Infantil – EI conforme sugestão das DCNEI BRASIL
Resolução CNE/CB 05/2009.
Nesse formato a criança é sujeito de seu processo de formação e assim passaríamos a
considerar os interesses e interações das crianças, e o equívoco de que a EI seria um
preparatório das crianças ao Ensino Fundamental seria superado. Portanto, novos parâmetros
avaliativos voltar-se-iam a relação dialógica e dialética entre: as crianças, os espaços, os
tempos, os materiais, as brincadeiras e os profissionais que mediariam tais experiências de
aprendizagens e desenvolvimento infantil. Logo, nossas observações e registros se deteriam a
compreender quais os elementos presentes nos saberes trazidos pelas crianças e passariam a
compor nossa avaliação. Mas, de que forma entender essa relação no processo das crianças e
dos profissionais da educação que fazem parte dessa interlocução? Nesse contexto os
4
Por saberes culturais formativos reconhecemos: as brincadeiras, os dialetos, as músicas, as histórias, e tudo que vier a compor o repertório
lúdico da criança, oriundo de suas famílias ou comunidades, ou das próprias interações com seus pares.
5
O Centro Municipal de Educação Infantil - CMEI HERMÉ MIRANDA é localizado no Tabuleiro do Martins (periferia da cidade) em
Maceió - Alagoas e atende em média 120 crianças na faixa etária entre 3 - 5 anos.
6
Materiais não estruturados são um contraponto aos brinquedos prontos, que muitas vezes possibilitam um número limitado de brincadeiras.
Os materiais não estruturados (madeiras, caixas, pneus, tampinhas de garrafas, potinhos de iogurte, elementos da natureza, entre outros), são
inseridos na rotina escolar na intencionalidade de potencializar as experiências culturais das crianças.
brinquedos não estruturados se definem pela espontaneidade infantil, com regras implícitas,
mas carecem de ser reconhecidos enquanto produtos culturais das infâncias?
Passamos a observar melhor as brincadeiras infantis (produto cultural da infância)
através da mediação marcada pela escuta e olhar sensíveis durante as interações das mesmas.
Elegemos as experiências com material não estruturado na perspectiva de obtermos novas
compreensões docentes. Desse modo aprender, apreender e ampliar aprendizagens para as
crianças e professores considerando-os produtores e produzidos em suas culturas advindas de
seus cotidianos lúdicos.
A partir das novas orientações percebemos as lacunas existentes na formação dos
docentes, permitindo reflexões mais sólidas sobre o que foi organizado pedagogicamente,
sobretudo quando as práticas pedagógicas desenvolvidas no espaço escolar infantil e o real
processo didático-metodológico, ainda não consideram que, os campos de experiência no
currículo infantil vêm considerar os interesses, as interações e as brincadeiras propostas pelas
crianças em seu universo lúdico, vetor real de possibilidades pedagógicas significativas.
Procedimentos Metodológicos
7
As crianças são identificadas por números nesse texto, mas, existem imagens que representam toda a brincadeira no CMEI junto a suas
devidas autorizações assinadas pelos responsáveis pelas crianças.
8
Foi possível observar que as crianças durante a interação na brincadeira apresentavam diversos nomes para o mesmo brinquedo. A prancha
de madeira de foi chamada de escorrega-rega, escorrega-rela, escorregador. Todos os nomes referenciais foram aceitos e mais uma vez foi
possível entender a mobilização de significados culturais produzidos pelas crianças e pelos adultos nessa interlocução.
Os mais ansiosos compreenderam após muitas tentativas de convencer o outro, ―de
que ainda não haviam escorregado‖, que a criança 1 e 2 (protagonista e coordenadoras)
estavam atentas a organização da brincadeira. Sem demora, posicionaram-se e fizeram com
que as crianças que não respeitassem as regras, que ali estavam implícitas ou acordadas
anteriormente, voltassem ao final da fila.
Concluímos que as crianças reconheciam que ali existiam regras implícitas na
brincadeira, principalmente porque em alguns momentos, quando estas eram desrespeitadas, a
nossa intervenção era solicitada. Em alguns momentos foi possível perceber que as
experiências culturais das crianças também dialogavam com as regras implícitas. As crianças
vivenciaram essas experiências a partir das diferentes formas de brincar e se organizar, como
por exemplo:
A criança 6 e 7 por várias vezes tentaram burlar a organização da brincadeira e assim
as crianças chamavam-nos. Em um desses chamados fomos solicitadas pela criança 8:
— Eles não sabem brincar. Estão empurrando e não querem esperar a vez!
— Fale com eles?!
Nós respondemos:
—Todos nós conversamos e decidimos como a brincadeira iria ocorrer. Se não está
acontecendo como nós combinamos há algo errado. O que você acha que podemos fazer?
A criança 8 respondeu:
—Vou chamar a coordenação para falar com eles.
Diante desse episódio podemos pensar sobre o que Kishimoto (2017) nos apresenta
como reflexão quando diz:
Considerações Finais
Referências
Sala 3.7
Abstract: The article discusses interdisciplinarity and digital technologies of information and communication in
basic education, with a view to integrating knowledge. It briefly discusses the historical context of
interdisciplinarity as a broad reflexive movement that arises around the challenges posed for the production of
knowledge, which for a long time has valued disciplinary knowledge and simplifying thinking and digital
technologies as motivating tools in the mediation of knowledge. From the bibliographic and documentary
referential, in a qualitative approach, presents concrete possibilities of the integration of technologies into
pedagogical actions of an interdisciplinary nature. Although there is still a lack of epistemological knowledge
about interdisciplinarity and integration of digital technologies, we find that the didactic projects cited have signs
of interdisciplinarity because they are carried out without the concern of disciplinary rigidity, from the
integrative perspective of teachers who are committed to promoting teaching Less fragmented.
1. Introdução
Em meio às adversidades que a educação sempre enfrentou, dentre elas, uma formação
integradora de conhecimentos, o tempo presente encara o avanço de tecnologias digitais.
A interdisciplinaridade como modelo a ser transposto pelo professor no espaço da
sala de aula, carece de conhecimento de sua gênese e isso diz respeito a uma abordagem,
a um só tempo, epistemológica e metodológica como um modo de compreender o
1
Mestranda em Educação do Programa de Pós Graduação da UFT, Pedagoga com especialização em
tecnologias na educação, Professora da Educação Básica, professora do Núcleo de Tecnologia educacional de
Paraíso.
2
Doutora em Currículo e Educação pela PUC- SP. Professora do Mestrado em Educação e do Mestrado e
Doutorado em Ensino de Língua e Literatura da Universidade Federal do Tocantins - UFT. E-mail: mjpgon@
u5.edu.br
processo do conhecimento, bem como de trabalhar de modo integrado os
conhecimentos disciplinares (D’ÁVILA, 2011). Nesse sentido, o foco da interdisciplinar
com uso de tecnologias digitais da informação e comunicação como aliadas, deveriam
contribuir para o desenvolvimento de estratégias criativas e inovadoras na construção de
conhecimentos necessários à educação do indivíduo da era contemporânea.
Para contextualizar a interdisciplinaridade buscamos em Philippi e Neto (2011) Pinho,
(2014) Luck (2010) Suanno (2013), D’Ávila (2011), Morin (2002), fundamentos que a
embasam, pois esses teóricos discutem a superação da fragmentação de disciplinas e
conhecimentos, na perspectiva da emergência de uma proposta que supere a gênese do
paradigma dominante e hegemônico, configurado pela ciência moderna.
Em relação à integração das TDIC com foco interdisciplinar sabemos que é um campo
que precisa ser investigado. Essa integração, só tem sentido se contribuir para avançar num
processo formativo que exclua práticas tradicionais marcadas pela racionalidade técnica.
Nesta perspectiva conversamos com Castells (1999), Levy (1999), Almeida (2012), Valente
(2011), dentre outros.
Numa abordagem qualitativa exploramos relatórios de tecnologias de algumas
escolas públicas de Paraíso do Tocantins, afim, de buscar exemplos de atividades realizadas
pelos professores com tecnologias digitais e com foco na interdisciplinaridade.
Citamos três projetos desenvolvidos, por entendermos que os mesmos apresentam
indícios de interdisciplinaridade, pois o tema gerador dessas ações didáticas, indicam para o
desenvolvimento da aprendizagem em diferentes disciplinas. Mesmo que não tenham sido
planejados com foco interdisciplinar, ressalta-se a tentativa das escolas e dos professores em
desenvolver um trabalho integrador.
Para Morin (2000, p.36) a fragmentação do conhecimento é algo grave, pois, “os
saberes desunidos, divididos, compartimentados e, de outro, as realidades ou problemas cada
vez mais multidisciplinares, transversais, multidimensionais, globais e planetários”. Nesse
sentido entendemos que a mudança inicia-se no conhecimento das concepções que embasam
esse pensar.
As TDIC são uma realidade na sociedade atual, na vida cotidiana e nos vários campos
da produção científica e tecnológica. Na escola, fazem parte da conjuntura administrativa
através do uso de sistemas para tramitação de dados, diários eletrônicos e comunicação entre
redes e suas secretarias. Na ação didática do professor influem no planejamento, registro
dados e processos avaliativos. Na sala de aula, como podem influenciar uma proposta didática
integradora de conhecimentos?
Muitas são as razões para acreditarmos na integração das TDIC na escola para
desenvolver um trabalho interdisciplinar. Primeiro por que elas permitem o intercâmbio e a
troca de conhecimentos através dos inúmeros dispositivos e aplicativos que permitem trocas e
compartilhamento. O trabalho interdisciplinar emerge de parcerias e trocas entre os
professores e suas disciplinas. Contudo, as TDICs sozinhas não mudam a realidade escolar,
nem da sala de aula, mal utilizadas podem ser meros suportes de repetição de práticas
tradicionalmente instituídas.
Entendemos que como espaço de construção, o uso de interfaces tecnológicas vai
depender da visão integradora do professor, se ele assimilou a concepção pedagógica
interdisciplinar ou não, se esta aberto à novas conexões e a aprender sempre, pois o
desenvolvimento tecnológico em relação a muitas interfaces tem vida efêmera.
Interfaces hipermidiáticas, sons, imagens, vídeos, animações, simulações redes sociais
podem ser motivadoras da aprendizagem, mas devem ser utilizadas com intencionalidade
pedagógica na perspectiva de um ensino menos fragmentado. Para Castells (1999) quando a
tecnologia digital permitiu a compactação de todos os tipos de mensagens, inclusive sons e
imagens, formou-se uma rede capaz de comunicar todos os símbolos, sem o uso de centros de
controle. Hoje existem milhares e milhares de microrredes no mundo, abrangendo todo o
espectro da comunicação humana, de política e religião e pesquisa. Essas tecnologias estão
fazendo parte do contexto das pessoas, o ensino não pode negar a contribuição dessas redes na
produção do saber.
Com TDIC o professor precisa ser criativo na abordagem metodologia do conteúdo e
na orientação dos alunos quanto aos desafios de aprendizagem propostos. Nesse sentido,
concordamos com Suanno e Torre (2014, p.17) quando dizem que todo ser humano é capaz
de surpreender, criar, inovar, se tiver oportunidade de pensar, problematizar brincar com as
ideias, agir, sentir, sorrir. Esse movimento pode ser realizado com TDIC, desde que a
intencionalidade seja elevar o potencial da ação metodológica rumo a melhores resultados na
aprendizagem.
O movimento interativo entre meios tecnológicos e metodologia interdisciplinar deve
favorecer um ensino que tenha como foco a articulação de diferentes áreas do conhecimento
e saberes, desde que a finalidade seja a formação humana, que dê sustentação para um projeto
de homem e de mulher para uma sociedade melhor.
Urna educação regenerada não poderia por si só mudar a sociedade. Mas poderia
formar adultos mais capazes de enfrentar seus destinos, mais aptos a expandir seu
viver, mais aptos para o conhecimento pertinente, mais aptos a compreender as
complexidades humanas, históricas, sociais, planetárias, mais aptos a reconhecer os
erros e ilusões no conhecimento, na decisão e na ação, mais aptos a se compreenderem
uns aos outros, mais aptos a enfrentar as incertezas, mais aptos para a aventura da
vida. (MORIN, 2015, p.68)
O uso de TDIC na educação só terá sentido se para formar pessoas capazes de utilizar
todos os meios para a superação da visão massificadora do pensamento, avançando na
construção de uma sociedade melhor, onde todo o conhecimento produzido, seja parte de
saberes necessários a educação do futuro.
Mas nem tudo são flores no campo da integração de tecnologias digitais no currículo
escolar, no qual existe uma base comum nacional que prescreve conteúdos, habilidades e
competências a serem adquiridos pelos alunos, além dos desafios de saber utilizar as
ferramentas tecnológicas. Sabemos que existe resistência por parte de muitos professores.
Nesse sentido, a incorporação desses recursos pressupõe lançar mão de parcerias entre alunos
e professores, assim como afirmam Almeida e Valente, (2011)
2 Projeto Vamos ler: Povos Língua portuguesa, Artes, Educação Internet, computador,
indígenas do Tocantins Física, História, Geografia, Filosofia, caixa de som, DVD.
Sociologia, Ensino religioso, Ciência.
3
O Projeto Vamos Ler é desenvolvido pelas escolas estaduais do Estado do Tocantins como sugestão da
Secretaria Estadual de Educação – SEDUC, e fazem parte do Projeto Vamos Ler que é desenvolvido há alguns
anos no estado. Em 2016 teve como tema gerador, Literatura Tocantinense, Povos indígenas do Tocantins e
Cultura Afro-Brasileira.
Brasileira Artes, Educação física, Ciências. caixa de som, DVD,
livros.
Fonte: Arquivos do Núcleo de Tecnologia Educacional de Paraíso, Relatório Trimestral de Tecnologias
Educacional Regional de Paraíso do Tocantins, dezembro 2016.
O trabalho interdisciplinar deve ter como ponto de partida a ideia de que inúmeras
ciências podem construir para o estudo de temas específicos que colaborariam para o
desenvolvimento de atividades significativas no ambiente escolar. A busca por
conhecimento totalizador pressupõe um trabalho integrado no qual cada especialista
impulsiona o saber relacional e a construção de novos modos de apreensão da
realidade.
Referências
BEHRENS, Marilda Aparecida. O paradigma emergente e a prática pedagógica. 6. Ed.
Petrópolis: Vozes, 2013.
CANDAU, Vera Maria Ferrã e RUSSO, Kelly. Interculturalidade e Educação na América
Latina: uma construção plural, original e complexa. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 10,
n. 29, p. 151-169, jan./abr. 2010
CASTELLS, Manuel. Sociedade em rede. São Paulo; Paz e Terra, 1999.
D’AVILA, Cristina. Interdisciplinaridade e mediação: desafios no planejamento e na
prática pedagógica da educação superior. Revista Conhecimento e Diversidade. Niterói:
jul./dez. 2011.
FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 6ª ed. Capinas:
Papirus, 1994.
PHILLIP, Arlindo E NETO, Antônio J. Silva (org.). Interdisciplinaridade em ciência,
tecnologia e inovação. Editora Manole. Capitulo 1 – Histórico, fundamentos filosóficos e
teórico-metodológicos da interdisciplinaridade – Augusta Alvarenga, Arlindo Philippi Jr,
Américo Sommerman, Aparecida Magali de Souza Alvares e Valdir Fernandes.
LUCK, Heloisa. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teóricos e metodológicos. 17ª
ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.
JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de janeiro: Imago, 1976.
MORAES, Maria Cândida. Da ontologia e epistemologia complexa à metodologia
transdisciplinar. Revista Terceiro Incluído. ISSN 2237-079X NUPEAT–IESA–UFG, v.5,
n.1, Jan./Jun., 2015, p. 1-19, Artigo 79 Dossiê ECOTRANSD: Ecologia dos saberes e
Transdisciplinaridade. Disponível em:
https://www.revistas.ufg.br/teri/article/view/36344/18700
MORIN, Edgar. Ensinar a viver: manifesto para mudar a educação. Tradução de Edgard
de Assis Carvalho e Mariza Perassi Bosco.-- Porto Alegre: Sulina, 2015.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina
Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. 2. Ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO,
2000.
MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 3ª ed. 2001.
PINHO, M. J.; SUANNO, Marilza Vanessa Rosa (Org.); SUANNO, J. H. (Org.);
NASCIMENTO, Elzimar Pereira (Org.). Complexidade, interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade na educação superior. 1. Ed. Goiânia: Editora Espaço Acadêmico,
2015
PINHO, Maria José de. In: In: Maria José de Pinho; Marilza Vanessa Rosa Suanno; João
Henrique Suanno. (Org.). Formação de professores e Inter/transdisciplinaridade: Diálogo
investigativo em construção. 1ed.Goiânia: América Ltda., 2014
PINHO, Maria José, SUANNO Marilza VR e SUANNO, João Henrique. Formação de
professores e interdisciplinaridade: diálogo investigativo em construção. Goiânia,
América, 2014.
INTERCÂMBIO DE ESCOLAS PIBIDIANAS: O CERRADO COMO FOCO.
Sala 3
Resumo: Os projetos desenvolvidos têm o objetivo de aprimorar nas crianças o interesse pelo meio ambiente
incentivando a preservar o meio em que vivem, sendo “O CERRADO COMO FOCO” tendo como tema os
projetos “ADOTE UMA PLANTINHA” e “A HISTÓRIA DO CERADO” para contribuir na ampliação do
conhecimento de cada aluno, proporcionar o contato com a Natureza de forma mais sistematizada e palpável,
despertando em cada criança o gosto pela preservação do meio em que vivem. O ambiente é essencialmente um
conjunto de práticas socialmente construídas que envolvem e levam as crianças a participarem das atividades em
grupo, e é mediante o conhecimento e aprofundamento do bioma cerrado e, manuseio do cultivo de plantas que
irão favorecer no relacionamento entre elas, e estimular as possibilidades de expressão e comunicação entre as
mesmas. Pois é possível conhecer e observar as diferentes vegetações do cerrado, as diversas plantas, qual
estação do ano florescem e em qual região predominam, quais os cuidados necessários á preservação da vida e
do ambiente.
Introdução
O cerrado é um dos seis biomas existentes no Brasil, sendo o segundo maior bioma
com 22% do território brasileiro. No Tocantins tem a cobertura de 91% de cerrado e os outros
9% é o bioma Amazônia, no entanto Palmas é totalmente cerrado, e devido a isso surgiu a
necessidade de estudar o bioma cerrado. Observamos a importância que há dos alunos
conhecerem o bioma predominante na cidade em que vivem as suas riquezas e as devastações
que vem ocorrendo no cerrado.
Estudar o bioma predominante na cidade de Palmas se faz importante a população ter
conhecimento daquilo que possui e que está sendo devastada e trocada por plantações de
agricultura e pastos para criação de gado, mesmo que a comece pela população de crianças.
1
Universidade Federal do Tocantins. [email protected]
2²
Universidade Federal do Tocantins. [email protected]
3
Universidade Federal do Tocantins. [email protected]
4
Universidade Federal do Tocantins. [email protected]
5
Escola Municipal João Beltrão. [email protected]
6
Escola Municipal Monsenhor Piagem. [email protected]
A identificação das características é importante para o conhecimento do ambiente, a
compreensão da importância que o cerrado tem para todos os habitantes existentes, relacionar
a escrita, a leitura, a pesquisa das informações pertinentes para o conhecimento dos alunos,
condições precisas para que o meio em que vivem possa ser cuidado antes que a natureza
fique extinta.
Este projeto será desenvolvido numa relação de intercâmbio entre duas escolas,
aplicado na escola Municipal de Tempo Integral João Beltrão localizada na To 020 Km 16
Fazenda Varjão em Taquaruçu Grande, na turma do 3° ano do ensino fundamental. Uma
escola de zona rural onde boa parte de seus alunos é filhos de chacareiros, suas etapas de
ensino está dividida do Ensino Infantil Fase Final, Ensino Fundamental Anos Iniciais e
Ensino Fundamental Anos Finais ou seja do Pré- Escola até ao 9ºano.
O acompanhamento das bolsistas foi feito através da própria Coordenadora Geral do
Programa PIBID Denise Aquino Alves Martins e pela Professora Belissa Carvalho de Paula
responsável pela Supervisão do Programa do PIBID na Escola de Tempo Integral João
Beltrão. Já no auxílio à Professora Regente Lilian Freitas de Araújo responsável pela turma
do 3ª ano onde as práticas, experiências e vivências pedagógicas ocorreram.
Desenvolvido também na escola Municipal de Tempo Integral Monsenhor Pedro
Pereira Piagem localizado na região norte de Palmas – TO. Aplicado em duas turmas do 3°
ano do ensino fundamental. Uma escola da zona urbana com o público de classe baixa e
média. A escola oferece ensino a partir do1º ao 9º ano do ensino fundamental. Os
acompanhamentos das bolsistas foram feitos pela Coordenadora Geral do Programa PIBID
Denise Aquino Alves Martins e pela coordenadora Beatriz Luz Lima Oliveira responsável
pela Supervisão do PIBID.
Esse tema foi escolhido devido as condições e realidade dos alunos na escola como
também em seu cotidiano fora dela. Tratar sobre o cerrado por meio desse projeto é uma
oportunidade que os alunos terão de conhecer o meio ambiente em que eles vivem o que vem
acontecendo entre outras oportunidades. A educação Ambiental não deve ser tratada como
algo distante do cotidiano dos alunos, mas como parte de suas vidas. É de suma importância a
conscientização da preservação do Meio Ambiente para todos os seres vivos, afinal
dependemos e precisamos que todos os seus recursos naturais sejam sempre puros.
Esses temas foram escolhidos devido as condições e realidade dos alunos nas escolas
como também em seus cotidianos fora dela. Tratar sobre o cerrado por meio desse projeto é
uma oportunidade que os alunos terão de conhecer o meio ambiente em que eles vivem, o que
vem acontecendo entre outras conjunturas. A educação ambiental não deve ser tratada como
algo distante do cotidiano dos alunos, mas como parte de suas vidas. É de suma importância a
conscientização da preservação do Meio Ambiente para todos os seres vivos, afinal
dependemos e precisamos que todos os seus recursos naturais sejam sempre puros.
Este projeto tem vínculo com os próprios espaços das escolas em questão. As
aprendizagens que os alunos irão adquirir são baseadas no projeto político pedagógico, o qual
se refere que o aprendizado dos alunos deve envolver também situações do meio em que estão
inseridos, bairro, comunidade e outros. Sendo que uma das comunidades que esses alunos
estão inseridos, são de pessoas de classe baixa a média, bairros próximos ao centro, porém
com situações precárias e a outra escola em local fora da cidade que também com população
de classe baixa. As escolas envolvidas são de tempo integral, as quais tem poucas estruturas
para oferecerem atividades necessárias para os tipos de escolas que são. As escolas oferecem
poucos recursos para o desenvolvimento de melhores aprendizados, tais como salas de
recursos e amplas bibliotecas, materiais didáticos suficientes para os alunos, mas
disponibilizam em seus espaços e aos redores elementos que poderão contribuir para o
aprendizado que o projeto almeja.
Procedimentos Metodológicos
As atividades realizadas na escola João Beltrão foram todas voltadas para os eixos
identidade e autonomia, artes, sociedade, natureza, leitura e escrita. No primeiro momento
levamos os alunos para o espaço atrás da Escola (ao ar livre), para que os mesmos
conhecessem e identificassem as diversas plantas/ arvores existentes no local da escola, tendo
em vista o contato direto com a natureza.
No decorrer das atividades foram desenvolvidas leituras e escritas produzidas por eles
mesmos, vídeos e imagens relacionadas com nosso tema do projeto. Logo após cada estudo
dirigido por nós professoras pidianas, os alunos produziam textos para que pudessem expor
suas descobertas, criando assim sua própria identidade e autonomia. Com todas as escritas
produzidas por eles fizemos um lindo mural móvel para que fosse apresentado para todos da
escola.
Desenvolvimento
No primeiro dia de regência na escola levamos os alunos para a área verde que fica
atrás da escola como citado anteriormente na introdução trata-se de uma escola de zona rural
onde o ambiente é em voltas de chácaras e muitas serras. Pedimos para eles observarem em
sua volta todo o ambiente em que estavam no final sentaríamos em roda para apresentarmos o
nosso projeto e como irá proceder cada etapa do mesmo.
Acontecendo isto tivemos todos os momentos de descontração e ao retornarmos para a
sala entregamos para cada aluno uma folha A4 em branco, caneta colorida e lápis e
solicitamos à eles que relatasse em forma de escrita ou desenho o que entenderam da nossa
discussão. O objetivo dessa aula foi desenvolver a criatividade e a escrita dos alunos em cima
da discussão proposta. Porém muitos dos alunos tiveram uma grande dificuldade de escrever
o que preferiram optar pelo desenho. Na escrita muitos deles ainda têm dificuldade de separar
as palavras, de juntar as palavras, de colocar acento entre outras.
Na segunda regência pedimos para que os alunos levassem uma folha de alguma
árvore que eles conheciam, em seguida cada aluno fez apresentação da sua parte explicando
para os colegas a origem da folha que se tratava. Falamos da importância da folha como parte
que compõe uma planta, no final juntos com os alunos fabricamos um mural para ser exposto
entre os colegas o que proporcionou a troca de conhecimentos entre eles.
Na quarta regência foi dado um vídeo que tratava da conservação e como fazer mudas
de Pequi, o vídeo trata de uma matéria do globo rural onde o biólogo do EMBRAPA Felipe
Ribeiro mostra todo o procedimento com relação ao plantio. Após os alunos assistirem o
vídeo, lermos uma lenda sobre o fruto do cerrado e pedimos para que os alunos criassem sua
própria lenda de acordo com a lenda lida por nós professoras pibidianas, trabalhamos sobre o
fruto do cerrado de forma que os alunos compreendessem um pouco da história e lendas do
Pequi, e construíssem suas próprias lendas/histórias.
Para que pudessem assimilar melhor sobre o projeto, solicitávamos com frequência
que as crianças fizessem pesquisas sobre o que eles iriam tendo curiosidade para saberem,
situação que as fizeram conhecerem mais o cerrado, sem que ficássemos respondendo todas
as dúvidas que tinham. Elaboramos um livro para que cada criança pudesse escrever sobre as
descobertas que fizessem, e sobre assuntos que achassem interessantes e importantes para
cada uma delas.
Considerações Finais
Cada atividade proposta para os alunos foi um desafio tanto para eles, quanto para nós
pibidianas, mas também aprendemos muito durante cada vivência em sala de aula, os
trabalhos elaborados foram bem intencionados com o objetivo de acrescentar nos conteúdos
de uma maneira que os alunos pudessem desenvolver e colocar em pratica seu aprendizado e
foi justamente isso que sucedeu, aos poucos percebemos que eles despertaram suas
curiosidades.
Essa experiência de trabalhar na escola, com um projeto a seguir é muito mais
prazeroso, pois vemos a necessidade de cada criança e procuramos fazer nosso planejamento
seguindo os eixos das temáticas voltadas para o projeto de modo que possa atender os alunos,
onde podemos fazer um subprojeto para seguir com as aulas, essa experiência em sala para
nós acadêmicos da licenciatura em Pedagogia é muito rica, aprendemos que a escola é uma
teia, ou seja, um conhecimento depende de outro conhecimento, um sujeito depende do outro
sujeito e assim fazermos uma sociedade, com a ajuda de todos e participação.
Realizar essa atividade na Escola Monsenhor foi uma oportunidade importante para
nós pibidianas conhecermos mais sobre o nosso local de convivência bem como observar o
quanto as crianças puderam aprender sobre um assunto importante que faz parte do convívio
delas. As crianças demonstram animação em falar sobre o assunto, o que antes elas não
tinham ideia, hoje elas sabem falar sem se questionarem do que se trata. O interesse da
maioria para pesquisar e trazer curiosidades novas é motivador para nós.
As crianças do terceiro ano chegaram na segunda fase do ensino fundamental
dominando com mais facilidade sobre o cerrado e já sabendo alguns biomas existentes no
Brasil, bem como com a oportunidade de conservar melhor o local em que vivem, já sabendo
das consequências que estão atualmente. Saber preservar, saber cuidar é uma educação que é
necessária a todo o tempo nas redes de ensino, educar a criança e o adulto é preciso sempre.
Se não cuidarmos de meio em que vivemos, quem fará isso por nós? É com esse sentido que
devemos passar o conhecimento para os nossos alunos, precisamos conhecer e cuidar do local
em que vivemos.
Referências
CHAVES, Juliane Cristine da Silva; Figueiredo, BRITO, Tais Ferreira de. Diário de Bordo de
acadêmicas do Pibid. Palmas –TO. 2017.
ROCHA, Ruth Machado Louzada. Quando a Escola é de Vidro; com Ilustrações de Walter
Ono. São Paulo: Ed. Salamandra. 2013.
Sala 1
Resumo: O objetivo deste texto é relatar sobre um projeto „Interpretação de uma reserva ambiental‟ realizado no
1º semestre de 2017 no Instituto Tecnológico de Goiás Senador Onofre Quinan no município de Anápolis- GO, o
qual está respaldado à luz da Teoria da Complexidade e os conceitos em torno de Educação Ambiental e
Interpretação Ambiental. Trata-se de um projeto em andamento, que visa a conscientização do corpo discente de
um curso técnico em Meio Ambiente, levando em consideração a extensão desse propósito aos outros alunos do
instituto como à comunidade local. Considera-se a importância de projetos que visem incluir no currículo a
educação e a conscientização ambiental com o intuito não só de aproximação e sustentabilidade do meio, como a
ideia de pertencimento à Terra como cidadãos planetários.
1
Mestra em Educação, Linguagem e Tecnologia- UEG, sob orientação do Dr. João Henrique Suanno, Phd.
Especialista em Ensino e Aprendizagem da Língua Inglesa-UEG e especialista em Gestão de Pessoas, Psicologia
Organizacional e Coaching- Faculdade Católica de Anápolis. Graduada e licenciada em Psicologia- UCG.
2
Mestra em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais- UFA. Licenciada em Ciências Biológicas- UFA.
3
Especialista em Tratamento e disposição de resíduos sólidos e líquidos-UFG. Licenciada em Química- UEG.
4
Licenciado em Ciências Biológicas.
5
Especialista em Tecnologias Aplicadas ao Ensino de Biologia-UFG. Licenciada em Química-UVA.
6
Especialista em Docência Superior- Faculdade Católica de Anápolis. Licenciada em Ciências Biológicas-UFG.
7
Especialista em Pericia Ambiental- Faculdade Católica de Anápolis. Licenciado em Ciências Biológicas-UEG.
8
Pós-Doutor em Educação pela Universidade de Barcelona – UB/ES. Doutor em Educação pela Universidade
Católica de Brasília – UCB/DF. Mestre Educação pela Universidad de La Habana/Cuba revalidado pela
Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC/GO. Psicólogo – PUC/GO. Psicopedagogo –
PUC/GO. Professor titular da Universidade Estadual de Goiás. Professor do Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu Mestrado Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias – MIELT/UEG. Membro da Rede
Internacional de Escolas Criativas – RIEC/UB-ES e RIEC-Brasil. Membro do Grupo de Pesquisa Ecologia dos
Saberes e Transdisciplinaridade – ECOTRANSD/CNPq, coordenado pela Profa. Dra. Maria Cândida Moraes.
Membro e pesquisador colaborador no projeto “Docência Transdisciplinar: a complexidade de uma prática a ser
construída a partir de cenários e redes de aprendizagem integrada e ecoformadora” – CNPq. Membro do Grupo
de Pesquisa em Rede Internacional de Escolas Criativas – UFT/TO. Professor, Pesquisador, Palestrante e
Conferencista. Investigador sobre Criatividade, Inovação, Escolas Criativas, Ecoformação, Transdisciplinaridade
e outros. Autor e coautor de vários capítulos de livros e artigos publicados nacional e internacionalmente.
[email protected]
Introdução
O presente trabalho refere-se a descrição do plano de ação, intitulado, „Interpretação
de uma reserva ambiental‟ composto por um conjunto de práticas pedagógicas direcionadas
aos alunos dos cursos técnicos em um Instituto localizado no município de Anápolis- Go, no
Distrito Agroindustrial de Anápolis- DAIA.
A vivência de algumas atividades comumente propostas no cotidiano curricular dos
cursos técnicos, como visitas à indústrias, as quais visam oferecer a vivência desse
profissional no seu campo de atuação e projetos interdisciplinares direcionados pelo
colegiado, despertou a busca em oferecer uma ampliação pessoal e profissional desses
cursistas no que tange à pesquisa, à educação e à interpretação ambiental, utilizando a reserva
florestal localizada em torno do Instituto.
Diante de tal situação, envolveram-se no projeto professores da área de biologia,
química e psicologia seguindo com o objetivo proposto pelo projeto que visa conhecer,
pesquisar e interpretar a biodiversidade e os recursos naturais da reserva, de tal modo que essa
ação se desdobre em uma promoção de vivências ambientais, como aulas de campo,
treinamentos, e a exploração da área com o intuito de promover uma iniciação científica, uma
educação ambiental interdisciplinar para todos os cursistas da instituição e a comunidade de
modo geral, como também o despertar da visão do cidadão planetário. Diante do objetivo
proposto, os professores intencionaram em ações que fujam de uma educação conservadora,
para uma transformadora, emancipatória e crítica, além de contribuir com uma interação entre
alunos e professores com vistas à ampliação do conhecimento e universo cultural entre os
participantes do projeto e que essa se estenda à comunidade. Vemos nessa intencionalidade
um favorecimento da autonomia do sujeito participante em pesquisar, refletir, provocar
questionamentos e agir, que por conseguinte reflete como condição importante para se viver
nos dias atuais.
Em tempos contemporâneos, grandes são desafios que a sociedade enfrenta
direcionado à preservação da natureza. Em conformidade com Batalloso Navas (2013), a
formação tende a priorizar conhecimentos já desenvolvidos e assim repeti-los, apresentando
lacunas, sem preocupar com novas maneiras de integrar diferentes ações frente aos desafios
planetários encontrados. A urgência da questão socioambiental não apenas refere à natureza,
mas aos homens em relação entre si e com a sociedade e a natureza se mostra como
oportunidade de repensar a educação. E ainda com Suanno J.H (2016) os novos contextos
educacionais devem se voltar a formar cidadãos que entenda a necessidade de convivência
ética e responsável com as outras pessoas e com todos os tipos de ambientes em que vivemos,
favorecendo dentro de um meio acadêmico a auto-formação, a partir de uma conscientização
acerca de valores adquiridos por meio da hetero-ecoformação.
Desse modo apoiamos na Teoria da Complexidade, juntamente com o conceito da
Interpretação Ambiental para fundamentar as ações do projeto com a tentativa de ampliar
visões sobre a cidadania planetária, o pensamento complexo e a sustentabilidade da vida.
Considerações iniciais
Entendemos que essas ações são pequenos passos para o alcance de um conhecimento
maior, fugindo de um modismo, ou configurações de uma posição capitalista, mas com o
intuito de provocar, instigar no outro uma abertura para questões socioambientais em que o
homem é o agente transformador de suas relações com a natureza e sociedade. Diante disso,
concordamos com Gadotti (2000) que:
"... a ecopedagogia não é uma pedagogia a mais, ao lado de outras pedagogias. Ela
só tem sentido como projeto alternativo global onde a preocupação não está apenas
na preservação da natureza (Ecologia Natural) ou no impacto das sociedades
humanas sobre os ambientes naturais (Ecologia Social), mas num novo modelo de
civilização sustentável do ponto de vista ecológico (Ecologia Integral) que implica
uma mudança nas estruturas econômicas, sociais e culturais. Ela está ligada,
portanto, a um projeto utópico: mudar as relações humanas, sociais e ambientais que
temos hoje. Aqui está o sentido profundo da Ecopedagogia, ou de uma Pedagogia
da Terra, como a chamamos." (GADOTTI, 2000).
Referências
BATALLOSO NAVAS, Juan Miguel. Didáctica desconstructiva y complejidad: Algunos
princípios. In: MORAES, Maria Candida e BATALLOSO NAVAS, Juan Miguel (orgs.).
Complexidade e transdisciplinaridade em educação: Teoria e prática docente. Rio de
Janeiro: WAK, 2013.
GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. São Paulo Perspec. 2000, vol.14, n.2,
pp.03-11. ISSN 0102-8839.
JOSSO, Marie Christine. Experiências de vida e formação. Trad. José Cláudio e Júlia
Ferreira. São Paulo: Cortez, 2004.
MORIN, Edgar. La Vía. Para el futuro de la humanidade. Tradução Núria Petit Fontseré.
Barcelona: Paidós, 2011.
MORIN, Edgar. Ensinar a viver: manifesto para mudar a educação. Trad. Edgard de Assis
Carvalho e Mariza Perassi Bosco. Porto Alegre: Sulina, 2015.
SATO, M. Educação Ambiental. São Carlos: Rima 2003.
RESUMO: O presente artigo explora o espaço escolar numa tentativa de relacioná-lo aos conceitos de jogo e
brincadeira de Huizinga (2012). Como jogar com os espaços ociosos? A escrita inspirou-se numa pesquisa
exploratória, descrevendo e capturando imagens fotográficas de espaços escolares. Minha tentativa foi pensar o
espaço escolar, sua relação com o jogo, e pensar também hipóteses sobre como o teatro pode jogar com o
espaço. Através desta exploração percebi o espaço com outros olhares. Eles podem ser vistos e ocupados com
novas experiências, novas histórias. Trago como proposta tornar o jogo a base propriamente social, em que o
indivíduo vivencie a escola e seus espaços.
Este artigo surge como um estudo a partir destas inquietações, que se revelaram
durante as observações nos Estágios Supervisionados do curso de Teatro - Licenciatura3 e no
Pibid4 - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Tais observações tornaram-
se explorações sobre o espaço escolar realizadas de forma descritiva a partir de impressões e
capturas fotográficas.
1
UFT - Universidade Federal do Tocantis. Licenciada em Teatro.E-mail: [email protected]
2
UFT. Universidade Federal do Tocantins. Professora Adjunta do curso de Licenciatura em Teatro. E-
mail:[email protected]
3
O Estágio Obrigatório I3 realizado no primeiro semestre de 2014 o qual chamamos de estágio de observação, o
mesmo foi realizado no Ensino Fundamental, nas turmas de 1ª, 5ª, 6ª e 8ª série, com oito encontros na escola. O
Estágio Obrigatório II3 minha primeira regência, aconteceu no segundo semestre de 2014, no Ensino Fundamental, nas
turmas de 2ª e 7ª série, com seis encontros na escola. Ambos os estágios foi realizado na ETI - Escola de Tempo
Integral Caroline Campelo Cruz Da Silva, situada na cidade de Palmas -TO, região sul. A experiência do estágio III
aconteceu no primeiro semestre de 2015, Ensino Médio, turma do 1º ano, com quatro encontros, no Colégio Girassol
de Tempo Integral Rachel de Queiroz situada na cidade de Palmas - TO, região sul.
4
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência de Licenciatura em Teatro, na Universidade Federal do
Tocantins - UFT campus de Palmas - TO, tem como objetivo trabalhar teatralidades contemporâneas na escola. E
possibilita a nós estudantes, uma vivência imediata com a sala de aula ligando nosso aprendizado com a academia e a
prática escolar. Acontece desde 2014, e tem parceria com três escolas. Aqui relato somente uma dessas escolas, que
desenvolvo o projeto. Na escola subdividimos o grupo de pibidianos em duplas, eu e minha dupla trabalhamos na
turma do 6º ano, contendo 35 alunos, com idade entre 11 e 12 anos. Encontramos uma vez na semana com os alunos,
no turno de aula.
A partir de então, relacionei este espaço com o conceito de jogo iniciando meu
estudo com alguns interlocutores, especialmente Huizinga (2012) com o texto “Homo
Ludens”, o qual diz que a criança brinca porque gosta de brincar, “e é dessa maneira que
reside sua liberdade”. Para o autor o jogo e a brincadeira têm significados parecidos, pois
ambos têm caráter de não seriedade, capaz de envolver e gerar prazer. O autor ainda comenta
que o jogo acontece na criação do pensamento, na descoberta de si mesmo, na chance de
experimentar, de criar e mudar o mundo onde se apresenta o lúdico.
O brincar é diferente da língua falada, não precisa de um tradutor, basta imaginar.
Quando se imagina não precisa explicar que sua caneta é um avião, quando se dá significado
ao objeto com ação, ela se transmite diretamente. E essa capacidade de imaginar do ser é algo
extraordinário. Será que os espaços das escolas podem ser imaginados?
Brincar o espaço escolar reinventá-lo tornou-se um desejo. Para tanto, necessitava
expandir meu olhar e explorá-lo. Mas de que forma?
Exploração I
Impressionante como os alunos são agitados. Eles gritam, falam alto. Os meninos
gostam de brincar de dar murro, acredito que isso deve ser característica masculina. Outros
alunos são delicadezas puras.
Eles são livres, brincam, mas em muitos momentos quando usam o espaço que
eles têm para esse brincar “livre”, é visto como problema, desorganização. Se estiverem
correndo, são impedidos, se brincam e se falam alto ou gritam, é falta de educação, não é
comportamento permitido. Percebo que há uma busca incessante por “disciplinamento”.
Imagem 6: Vazio
Jogo
5
Professores: Daniela Rosante Gomes e Karina Ribeiro Yamamoto. Disciplina: Jogos Teatrais. 5º período. UFT-
Universidade Federal do Tocantins. Segundo semestre de 2013.
mais direta e intensa, pois elas ainda vivem no mundo em que a realidade se mistura com o
fazer de conta.
Segundo Huizinga (2012) a função de jogo para o individuo adulto e responsável,
é algo que facilmente poderia ser dispensado, é algo supérfluo. “Só se torna uma necessidade
urgente na medida em que o prazer por ele provocado o transforma numa necessidade”.
(Huizinga, 2012. p. 10-11).
O espaço existente na escola não é somente dentro da sala de aula, mas todos os
ambientes que a escola oferece, seja um jardim, corredor, escada, muro, calçadas, e etc.
Percebo que por parte dos gestores há uma preocupação enorme com esse espaço.
Preocupação essa que considero mais uma questão estética para manter aspectos de
organização e com uma estrutura externa bonita (como se fosse uma vitrine). Mas falta o
essencial, falta os alunos ocupando esses diversos espaços. Espaços esses que foram criados
para acolhê-los. Como quebrar com tantos disciplinamentos?
Veiga-neto afirma que (2000) “se para vivermos civilizadamente no mundo
moderno é mesmo necessário um mínimo de disciplinamento, então as crianças ainda devem
ir à escola”. Para ele “disciplinar” quer dizer: “procurar impedir que a animalidade prejudique
o caráter humano, tanto no indivíduo como na sociedade”. Ou seja, a disciplina existe para
controlar a “selvageria”.
Querendo ou não, a escola passa a ser um lugar de confinamento para o indivíduo.
O hábito das repetições das regras é visto como atitudes que podem ser mudadas de forma
definitiva no comportamento do aluno. Um exemplo são os regulamentos da escola que
incentiva os educadores à necessidade de segui-lo com maior constância, e sem alterações.
Acredito que a escola deve sim manter seus regulamentos, mas com menos repetições, e que
essas regras sejem mais justas e benéficas para que não se tornam cansativas, e o aluno deixe
de segui-las por desprazer.
Então, ver a escola como lugar de construção social, compreender o seu cotidiano,
e olhar com diferença o indivíduo presente dentro dos espaços, possibilitará a reconstrução do
velho e a construção do novo, mesmo que haja pontos negativos. Mas, se a escola no seu dia a
dia oportunizar a construção de afetos para a ligação com esses espaços, terá papel ativo na
vida social e escolar do aluno.
Ryngaert no texto “O espaço enquadrado”, fala que o espaço deve ser levado em
conta como um elemento do jogo teatral. Quando olhamos para esse espaço como indutor do
jogo, estimulamos elementos da realidade. Então levar o jogo e trabalhar esse espaço, é uma
forma de educar o olhar desse jogador/espectador. Às vezes quando mudamos o ângulo do
espaço, tiramos ou acrescentamos um objeto nesse espaço, podemos perceber que algo se
modifica. Sendo assim podemos alterar esse espaço, espaço esse que nos traz diversas formas,
seja para preencher, solucionar, modificar esses meios que são comuns e grosseiros.
Veiga-neto diz que o espaço não está restrito a um simples cenário em que um
corpo registra sua atuação. “Muito mais do que isso, é o próprio corpo que institui e organiza
o espaço, enquanto o espaço dá um "sentido" ao corpo” (Veiga-Neto, 2000, s/p). Ou seja, a
uam relaçõ entre corpo e espaço que muito ainda pode ser explorada por mim.
O corpo preenche os espaços, sem ao mesmo perceber o sentido. Um exemplo,
quando os alunos passam pelo corredor da escola, eles caminham por esse espaço, mas para
eles o único sentido que esse espaço tem é o caminho. Mas se criarmos obstáculos nesse
caminho, ele terá outro sentido, e seus corpos não só estarão preenchendo esse caminho,
como dando um sentido de solução para passar pelos obstáculos.
Vejo o jogo como algo muito importante. É algo que me preocupa, por que percebo
nos adultos uma rejeição pela corporeidade e a capacidade imaginativa dessas crianças. Há
falta de paciência ao lidar com essa rica possibilidade imaginativa.
Considero o jogo como algo motivador, algo que pode levar o brincar para dentro
desse espaço que está cada vez mais cheio de regras, e preenchido com atividades impostas.
Tenho percebido que falta nos educadores/gestores um olhar mais sensível, (não que não
tenha), mas parece que a necessidade de se cumprir metas fala mais alto do que a
sensibilização para se construir um espaço livre, em que se aprende brincando.
Sendo assim não somente ativar o jogo nos espaços com finalidade de diversão, mas
ativar os espaços para que os alunos aprendam a respeitar o espaço um do outro, aprendam as
regras de uma forma natural, sem precisar impô-las. Sendo assim, a finalidade do jogo será
transmitir conhecimento no seu processo de construção, de forma prazerosa e agradável.
Quando ativamos o jogo no espaço da escola, estamos propondo aos alunos uma
atividade com finalidade pedagógica? Então, partir destes vividos e estudos, como pensar o
papel do jogo no espaço escolar? Que tipos de agenciamentos podemos propor? Como então
trabalhar o interesse dos alunos em estar na escola se eles passam a maior parte do tempo
sentados ouvindo, e em seguida são convidados a repetir o que lhes perguntam?
Preocupo-me com a „motivação‟ em que os alunos sentem ao irem à escola. O que
os move? É por prazer mesmo ou uma demanda social? Obrigados ou não os alunos estão lá.
A partir dessa observação vi que os espaços são diversos, dá para criar várias
situações, não só dentro da sala de aula, mas fora dela. Primeiramente pensar esse espaço e
sua realidade, pensar num ambiente não somente como cenário, mas como parte da
construção de conhecimento, percepção, para que eles percebam a necessidade de conviver
com outros no mesmo espaço. Huizinga (2012) cita que “o jogo contribui para o crescimento
em grupo social”. E será na escola que a criança experimentará uma vida em sociedade,
desfrutará de inúmeros sentimentos, além de conviver e se relacionar com os outros alunos,
aprenderá a lidar com seus sentimentos (conflitos).
Considerações Finais
As crianças não brincam de brincar. Brincam de verdade.”
Mário Quintana
Quando experimentamos uma comida pela primeira vez, ficamos receosos com a
sensação que iremos sentir. De fato não sabemos como saborear, se deve colocar tudo de uma
vez, ou saboreia aos poucos para no final lamber os dedos e apreciar o último pedaço. Prefiro
ir devagarinho, sentir estrutura, o cheiro, e por último tocar na boca, e aos poucos morder. No
inicio sempre será diferente, às vezes não muito saboroso, ou até mesmo delicioso.
Sabe! Assim também acontece no primeiro contato com o teatro. O início, às
vezes, parece desconfortante, lidamos com nossos limites, e há momentos que sentimos medo
de nos jogar, mas a cada tentativa podemos melhorar, e, isso tornar a pratica mais fácil, e
quando menos percebemos nos jogamos e apreciamos seu sabor.
Vejo o teatro com um olhar diferente no dia a dia da escola. Com o teatro
podemos modificar alguns aspectos, levando não só o jogo, mas atividades, que possam
favorecer a participação dos alunos.
Preocupo-me como o aluno tem ocupado esses espaços. Será que estes espaços
são vazios de possibilidades? Será que poderiam ser ativados com propostas de jogo? Vejo o
jogo como uma atividade que traz descobertas de si mesmo, com possibilidades de
experimentar, de acertar, de errar, de criar, de transformar. Como então, a partir deste estudo
sobre a potência do jogo e o disciplinamento dos corpos no espaço escolar, posso produzir um
pensamento sobre espaço e jogo?
Vejo a escola como o lugar do encontro e nela há espaços convidativos. Porque
então não pensar esse espaço de modo em que os alunos, funcionários, e até mesmo a
comunidade possam sentir-se parte dele?
Sendo assim, trago então hipóteses para a proposta do jogo no espaço escolar,
para que aos alunos percebam que há outros espaços fora das quatro paredes da sala de aula,
que é possível transformar o cotidiano, dar asas a imaginação, mesmo quando falam que não
são mais crianças.
Desenvolver intervenções de curta duração, com experiências colaborativas.
Propiciar aos alunos, o trabalho em grupo, soluções imediatas (vivas), estimular criação de
ações na busca de soluções. Um exemplo: já que não pode correr ou falar auto no corredor,
que tal se na hora do intervalo, todos ao invés de caminharem pelos espaços, engatinhassem
ou rolassem pelo caminho, e todos com a boca amarrada, para simbolizar o silêncio?
Outro caminho, o espaço como disparador para cena. Explorar o espaço, pensar o
que ele nos ativa, a questão estética, as estruturas físicas como algo que juntamente com a
memória pode ativar a cena. Como cada ser, pode investigar os espaços abertos, como local
de cena, local de jogo. São hipóteses de como a realização de cenas em lugares alternativos,
não modifica a representação da linguagem teatral.
Talvez esse processo, seja um pouco amplo e aberto. Mas percebo que é uma
possibilidade de discussões para a sala de aula. Discutir os lugares ociosos, e como cada um
se dá pra cada lugar.
Penso em criar outras possibilidades para suprir tais necessidades. Acredito que o
professor mesmo com a falta de recursos e materiais, pode ser criativo. O que cabe é propor,
dentro da “situação-problema”, estratégias de criação e soluções que estimulem aprendizado e
a criatividade nesses espaços através do jogo. Ao invés de ver o espaço no seu cotidiano,
porque não pensar melhor nesse espaço para quem precisa da escola?
O trabalhado não tem um resultado final, mas sim um olhar de crescimento
individual através das minhas experiências. O objeto é pensar o jogo, o teatro, como meio de
desenvolvimento social. Sendo assim não pretendo analisar os estímulos e costumes que
influenciam o jogo em geral, sem deixar de perceber sua importância primária. Mas quero
levar o jogo e torna-lo uma base propriamente social, em que o indivíduo vivencie a disciplina
de teatro e despertar um olhar contemplativo, uma vivência estética, ou seja, relação com a
sensibilidade, com memórias, e com o espaço.
O que aprendi com as experiências, foi de grande valor, tanto para minha vida
pessoal como profissional. Através das imagens, pude ver os espaços com outros olhares.
Espaços esses, que carregam histórias, imagens diversas, que podem ser visto e ocupados com
novas experiências, novas histórias. Quem aceitará esse desafio!?
Referências
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo. 4. Ed. Editora Atlas S.A. 2002.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo. Perspectiva
S. A. 2012. 7. Ed. (Estudos/dirigida por J. Guinsburg).
SLADE, Peter. O jogo Dramático Infantil. Tradução de Tatiana Belinky. São Paulo:
Summus, 1978.
Orcilene Torres1
Maria Wellitania de Oliveira2
Sala 03
Resumo: Este é um relato de atividades desenvolvidas por acadêmicas do Curso de Artes Cênicas do IFTO,
participantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid. As atividades relacionam-se à
interpretação de texto poético transformado para teatro; à expressão vocal; a jogos e exercícios corporais
realizados com os alunos do 2º ano do Curso Técnico em Enfermagem do Centro de Ensino Médio de Gurupi. A
intenção é mostrar como os alunos absorveram a proposta de encenar o texto e o processo de desenvolvimento
das atividades para obtenção do sucesso da peça.
1. Introdução
1
Orcilene Torres. Acadêmica do Curso de Artes Cênicas do IFTO. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência – Pibid. [email protected]
2
Maria Wellitania de Oliveira. Mestra em Teoria e Crítica Literária (PUC-GO); Graduada em Letras (ULBRA;
Especialista em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Literaturas (IBEPEX). Professora da Rede
Estadual de Ensino – SEDUC. [email protected]
ou seja, um crescimento em direção à comunicação. Diríamos que quanto mais o
indivíduo se distancia das evoluções em torno do seu umbigo, mas aumenta o seu
raio de ação e de sua interferência. Será a metamorfose o sinal deflagrador de cada
fase que percebemos no jogo dramático espontâneo, pois é a partir da capacidade de
imitar e da capacidade de fazê-lo que o nosso atuante transmitirá a sua relação com
o mundo mais próximo e mais longínquo (1989, p. 62)
3. Procedimentos Metodológicos
4. Resultados
5. Discussão
[...], pois a voz, de fato, é mais que a palavra. Sua função vai além de transmitir a
língua. Ela não transmite a língua; antes se diria que a língua transita por ela, voz
cuja existência física se impõe a nós com a força de choque de um objeto material.
A voz é uma coisa; suas qualidades podem ser descritas e medidas [...]
(ZUMTHOR, 1993, p. 7).
Assim sendo, quando a respiração é bem trabalhada, torna-se natural e a voz expressa
as palavras com emoção.
Para trabalhar a expressão vocal com os alunos, propôs-se um exercício utilizando um
palito de picolé. Foi dado para cada estudante um palito para que colocassem entre os dentes e
recitassem os textos, cada um, sequencialmente, apresentou a sua fala. A princípio, alguns
estranharam os exercícios, depois foram se adequando, achando uma posição melhor de
colocar o palito entre os dentes e fechar levemente a boca. Estes exercícios teve um resultado
muito positivo e de grande aceitação por parte dos estudantes que brincaram com suas vozes
no momento dos ensaios. Dessa maneira, os alunos, com o passar do tempo, começaram a
escolher qual exercício queriam fazer antes das leituras dos textos.
6. Considerações Finais
Referências
ALEIXO, Fernando. A voz (do) corpo: memória e sensibilidade. 2004. Disponível no site:
http://www.ceart.udesc.br/ppgt/urdimento/2004/urdimento_6-148-163.pdf. Acesso em
17/03/2016
ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção e leitura. São Paulo: Cosac Naif, 1993.
JOGOS: UMA CONTRIBUIÇÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ALUNOS
DE MATEMÁTICA DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Sala 03
Resumo: Sabe-se que os jogos ensinam e acima de tudo encantam crianças e adultos, sendo fator essencial para
o desenvolvimento social e intelectual tanto de alunos como de professores, haja vista que gera a integração e
socialização de conhecimentos entre os envolvidos nesse processo. Cabe salientar que a utilização dos jogos em
sala de aula não é algo novo, porém tem se destacado por ser de grande relevância no desenvolvimento do ensino
e aprendizagem por trabalhar de uma forma diferenciada os conceitos matemáticos presentes em cada um. A
aplicação correta dos jogos em sala de aula faz com que estes se tornem um recurso didático e metodológico de
forma eficaz e prazerosa, porém este deve ser exposto em uma linguagem simples, clara e objetiva para despertar
no educando a curiosidade e estimular o seu raciocínio. Assim o jogo deve ser útil na aprendizagem
representando um desafio, que seja capaz de levar o aluno a compreender os conceitos matemáticos, a
desenvolver o espírito crítico, o raciocínio lógico e a criatividade. Dessa forma, este trabalho objetivo principal
refletir sobre o resultado da utilização de jogos na formação de professores e sua posterior utilização para o
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem dos alunos dos anos inicias do Ensino Fundamental de
uma escola no município de Aparecida do Rio Negro –TO. Verificamos que estas atividades motivaram os
alunos a gostarem da Matemática e os resultados foram evidenciados nas avaliações tanto externas quanto
externas relativas a esta disciplina como também relativas a reprovação e abandono.
INTRODUÇÃO
1
Secretário de Educação do Município de Aparecida do Rio Negro. Bacharel em Ciência Econômicas pela
URCA - CE e Licenciado em Matemática pela UFT- PARFOR. Pós graduado em Ensino da Matemática e
Gestão, orientação e Supervisão Escolar. [email protected].
2
Professora do curso de Pedagogia do Campus de Miracema - UFT - Doutora em Educação pela UFPB.
[email protected]
E, dentro dessas alternativas estão os jogos em sala de aula, objetivando melhorias no
processo de ensino e aprendizagem, pois nesse aspecto são consideradas tanto as dimensões
lúdicas quanto educativas do jogo.
Atividade com jogo é considerada lúdica que desperta no educando o entusiasmo e o
gosto pelo conteúdo, o prazer na descoberta, a busca por coisas novas, além do bom
desempenho do ensino-aprendizagem. Para que os alunos possam aprender e desenvolver-se
enquanto jogam é necessário que a sala de aula seja um ambiente propício a essa atividade
ligando o lúdico ao educativo, sabendo escolher o jogo e interligando-o aos conteúdos
propostos. Nesse contexto entra a formação de professores, onde os mesmos passam a
planejar e interligar os conteúdos aos jogos, proporcionando atividades e situações-problemas
significativos fazendo com que os alunos possam aprender a somar, subtrair, dividir,
multiplicar, etc.
Durante a formação dos professores, estes ficam conscientes que ao utilizar jogos
como atividades frequentes na aprendizagem da Matemática significa possibilitar um
importante canal que permite explorar conceitos referentes a números, de forma diferenciada
daquilo que se convencionou ao longo da história didática. Ao mesmo tempo em que joga, a
criança deve ser estimulada a aprender contagens, comparações de quantidades, identificarem
algarismos, identificar pares, adicionar pontos que fez durante a brincadeira, perceber
intervalos numéricos, isto é, insere-se no conhecimento de conteúdos relacionados ao
desenvolvimento do pensar aritmético.
Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo refletir sobre a utilização dos jogos
na formação de professores e sua utilização para o desenvolvimento no processo de ensino e
aprendizagem da Matemática dos alunos dos anos inicias do Ensino Fundamental no
município de Aparecida do Rio Negro–TO.
Os jogos na educação não é novidade, da mesma forma que o seu potencial para o
processo de ensino e aprendizagem também não é. Mesmo não sendo novidade, Kishimoto
(2011, p.15 e 17) comenta que tentar definir jogo não é tarefa fácil, pois enquanto fato social,
o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui.
Muitas pessoas, como alguns educadores e até pais ainda veem os jogos como
bagunça, distração, perda de tempo e até ―coisa sem futuro‖, não sabendo eles do potencial
deste material no desenvolvimento lógico, cognitivo e social dos alunos.
Nesse sentido, Pinto (2008, apud Ferreira, 1988) ressalta que jogo é considerado
como: ―atividade física ou mental organizada por um sistema de regras que definem a perda
ou ganho. Brinquedo, passatempo, divertimento‖.
Os PCNs também defendendo o uso de jogos na formação escolar das crianças,
relatam que:
Por meio dos jogos as crianças não apenas vivenciam situações que se repetem, mas
aprendem a lidar com símbolos e a pensar por analogia (jogos simbólicos): os
significados das coisas passam a ser imaginados por elas. Ao criarem essas
analogias, tornam-se produtoras de linguagens, criadoras de convenções,
capacitando-se para se submeterem a regras e dar explicações (BRASIL, p.35).
Em sua história a utilização de jogos em sala de aula foi na maioria das vezes
discriminado por ser considerada como um passatempo ou em outras palavras uma enrolação
dos professores para não trabalhar os conteúdos propostos pela estrutura curricular.
Porém no decorrer dos anos essa visão sobre os jogos vem mudando, haja vista que é
provado que através dos jogos os alunos começam a desenvolver o raciocínio lógico, além
dos conhecimentos básicos e necessários para o desenvolvimento da matemática. Além dos
autores mais antigos que já defendiam o uso do jogo como Huizinga (2012), Vigotski (1991),
Chateau (1987), outros autores mais contemporâneos tem prestado sua contribuição ao
endossarem esta atividade como presente em diversas áreas da vida e importante na formação
social e intelectual das crianças como Kishimoto (2011), Smole, Diniz, Cãndido (2007),
Antunes (2003) e Macedo, Petty, Passos (2005).
Para estes autores, o jogo desafia, cria possibilidades, possui implicações importantes
na vida nas etapas da vida psicológica das crianças, proporciona interação, constrói novas
descobertas, é elemento da cultura, dá prazer, tem o caráter não sério, tem sempre uma
intenção lúdica, maximiza a construção do conhecimento, dentre outras inúmeras
características positivas.
Um fator importante dos jogos é que ele favorece a interação e socialização entre os
alunos além de transformar a sala em um ambiente acolhedor o que favorece o
desenvolvimento do ensino e aprendizagem.
Sobre o assunto, Smole, Diniz e Cândido (2007) comentam:
Todo jogo por natureza desafia, encanta, traz movimento, barulho e uma certa
alegria para o espaço no qual normalmente entram apenas o livro, o caderno e o
lápis. Essa dimensão não pode ser perdida apenas porque os jogos envolvem
conceitos de matemática. Ao contrário, ela é determinante para que os alunos
sintam-se chamados a participar das atividades com interesse.
É com esse ar desafiador que os jogos vem conquistando espaço nas aulas de
matemática sendo fator primordial para iniciar um conteúdo e sanar as dificuldades
matemáticas que vão sendo criadas no decorrer dos anos, além de fazer com que os alunos
aprendam de uma forma mais dinâmica e divertida.
Os jogos em sua definição possuem características fundamentais que segundo Smole,
Diniz e Cândido (2007) são:
O jogo deve ser para dois ou mais jogadores, sendo, portanto, uma atividade que
os alunos realizam juntos;
O jogo deverá ter um objetivo a ser alcançado pelos participantes, ou seja, ao
final, haverá um vencedor;
O jogo deverá permitir que os alunos assumam papeis interdependentes, opostos
e cooperativos, isto é, os jogadores devem perceber a importância de cada um na
realização dos objetivos do jogo, na execução das jogadas, e observar que um
jogo não se realiza a menos que cada um jogador concorde com as regras
estabelecidas e coopere, seguindo-as e aceitando suas consequências;
O jogo precisa ter regras preestabelecidas que não podem ser modificadas no
decorrer de uma jogada, isto é, cada jogador deve perceber que as regras são um
contrato aceito pelo grupo e que sua violação representa uma falta; havendo o
desejo de fazer alterações, isso deve ser discutido com todo o grupo e, no caso de
concordância geral, podem ser impostas ao jogo daí por diante;
No jogo, deve haver a possibilidade de usar estratégias, estabelecer planos,
executar jogadas e avaliar a eficácia desses elementos nos resultados obtidos,
isto é, o jogo não deve ser mecânico e desprovido de significado para os
jogadores.
Desse modo para ter-se um bom desempenho nas aulas utilizando os jogos, os
professores devem acima de tudo planejar as atividades a serem trabalhadas para os alunos e
sempre conscientizar os alunos sobre a importância dos jogos mostrando para os participantes
as duas faces que é ganhar ou perder. Um dos principais objetivos do jogo, segundo a autora,
é o desenvolvimento da socialização entre os participantes, além da cooperação e o controle,
quando o participante aceita o resultado final sem reclamar. Cabe salientar que os jogos
servem para os participantes resolverem situações problemas propostas e desenvolver o
raciocínio lógico.
O jogo contribui para que os alunos percebam o espaço ao seu redor além de adquirir
conhecimento sobre, duração, concentração, tempo e desenvolvam seu raciocínio lógico.
Nesse sentido, de incentivo a um trabalho com jogos de forma planejada, orientada,
realizando situações-problemas, promovendo questionamentos, explorando o jogo durante e
após o seu uso, fazemos jus ao que cita Antunes (2003, p.11) na defesa deste instrumento
auxiliador do processo de ensino e aprendizagem da Matemática, ao expor que ―Jogar é
plenamente viver‖.
A METODOLOGIA
1°) A maior Vence - Esse jogo auxilia os alunos a justificar as respostas e o processo de
resolução de um problema, a comparar quantidades, a ler e interpretar escritas numéricas. A
organização da sala foi em duplas e os recursos necessários para a realização desse jogo são
40 cartas numeradas de 11 a 50, sendo que a meta é obter o maior número de cartas no final
do jogo. Todas as cartas são distribuídas aos jogadores.
Procedimento:
Sem olhar, cada jogador forma uma pilha na sua frente com as suas cartas viradas para
baixo.
A um sinal combinado, os dois jogadores simultaneamente viram as primeiras cartas
de suas respectivas pilhas. O jogador que virar a carta maior leva as duas.
O jogo acaba quando as cartas acabarem.
O jogador que tiver o maior número de cartas no final do jogo será o vencedor.
2°) Salute - A função principal desse jogo é desenvolver as quatro operações e o raciocínio
lógico, por meio do cálculo mental. O material utilizado é o baralho sendo que tem que retirar
as figuras e os coringas e o ―ÁS‖, vale 01. A organização da sala é em trios, aonde o jogador
central fala ―SALUTE‖ e os outros dois, que deverão estar de frente um para o outro,
levantam as cartas viradas para o seu parceiro, sem olhar. O jogador central tem que somar,
subtrair ou multiplicar, de acordo com uma combinação prévia de qual operação se vai
trabalhar e os outros dois jogadores tem que adivinhar a sua carta, tentando responder antes
que o colega. Ganha o jogo aquele que terminar com mais cartas.
3°) Memória de 10 - Com esse jogo os alunos aprendem a contar, somar e utilizam o cálculo
mental e é utilizado no 2° e 3° ano. A classe é organizada em grupos de dois a quatro
jogadores e o material utilizado será o baralho, aonde serão retirados os 10, as figuras, os
coringas, e o ―ÁS‖ vale 01. A meta desse jogo é conseguir a maior quantidade de cartas.
Procedimento:
Os jogadores decidem quem começa o jogo;
As cartas são distribuídas entre os jogadores que as organizam em pilhas;
As pilhas de cartas de cada jogador ficam viradas para baixo, de modo que ele não
veja suas próprias cartas nem as do companheiro;
Os jogadores decidem quem será o primeiro a jogar;
Quando chegar sua vez, o jogador vira a carta superior de sua pilha sobre a mesa e
tenta completar um total de 10 com uma ou mais cartas que estiverem sobre a mesa.
As cartas que somarem 10 são retiradas da mesa e ficam com o jogador;
Se o jogador não puder formar 10 ele apenas deixa sua carta virada sobre a mesa;
O jogador com o maior número de cartas ao final do jogo será o vencedor e o jogo
acaba quando nenhum 10 puder mais ser formado.
Além desses jogos demonstrados nesse artigo, foram trabalhados vários outros: Um a
mais, um a menos, dez amais, dez a menos; Um exato; Cubra e descubra; Corrida das frações;
Ganhos e perdas; Dezena, centena, unidade e milhar; Cubra os dobros; Velha da adição;
Dominó da adição, subtração e divisão.
RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA
Em relação às atividades internas, observou-se que houve uma queda nas taxas de
reprovação, além dos alunos expressarem um maior gosto pela Matemática. Esses resultados
devem-se em parte as atividades propostas neste projeto, pois com os jogos, o professor passa
a trabalhar os conteúdos matemáticos de forma mais dinâmica, atrativa e interativa, gerando
socialização de saberes como observado pela Tabela 2 abaixo:
Verifica-se então uma queda nas taxas de reprovação e abandono de 2012 para 2013, e
os alunos passaram a ver a Matemática com outros olhos, uma vez que ela não se resume
apenas as intermináveis listas de exercícios, ao livro didático, nem ao quadro negro. Já os
professores perceberam que através da utilização de jogos, tem-se a criação de um ambiente
agradável para o ensino da Matemática, o que com certeza contribuiu para que a unidade
escolar conquistasse essa meta.
OS FINALMENTES...
Falar em formação é lembrar que ela é um investimento pessoal, uma viagem pra
dentro de si mesmo, um trabalho livre e criativo e isto desenvolve nos professores o
entusiasmo, o interesse e a disposição para propiciar condições e situações para o a melhoria e
desenvolvimento do ensino e aprendizagem.
Outro fato visivelmente percebido é a socialização e a cooperação entre alunos que no
momento que estão jogando entram em sintonia e começam a, mesmo sem perceber, ajudar os
alunos com mais dificuldades estimulando-os a não desistir e encontrar o resultado.
Em relação aos professores no momento da formação se comportaram como crianças,
com o mesmo sentimento de liberdade e autonomia, envolvendo-se nos jogos e construindo a
mesma bagunça, barulho e algazarra comum em atividades lúdicas e atrativas e ao repassar
para os alunos deixaram transparecer o entusiasmo e satisfação em estarem criando um
ambiente alegre, acolhedor, motivador e participativo deixando os alunos motivados para
aprender Matemática de forma mais prazerosa.
Percebemos também que, por meio dos jogos, os professores tiveram a sensação de
um melhor rendimento e aproveitamento, haja vista que conseguiram a atenção das crianças e
acima de tudo, conseguiram motivá-los e despertá-los, fato esse primordial para se obter um
bom resultado na compreensão dos conteúdos matemáticos. Segundo os próprios professores,
foi visível a compreensão dos conteúdos pelos alunos e até mesmo nos intervalos os via
aplicando o que aprenderam em sala de aula.
Dessa forma, fica evidenciado que a utilização de práticas diferenciadas e
significativas em sala de aula, desenvolvem nos alunos o gosto por o que estão fazendo, uma
vez que interagem, se socializam e participam de forma mais efetiva, gerando assim bons
resultados no processo de ensino e aprendizagem. Os jogos são exemplos de práticas que
podem fazer a diferença neste processo e apesar de não ser algo novo na educação só foi
inserido na Escola em estudo nesse ano de 2013, contribuindo para os bons índices
observados nas avalições tanto externas quanto internas.
REFERÊNCIAS
KISHIMOTO, Tizuko M. (Org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 14. ed. São
Paulo: Cortez, 2011.
PINTO, Andréia Cardoso. Aplicações de Jogos nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental
Envolvendo as Quatro Operações. (2008). Trabalho de Conclusão de Curso ( Graduação em
Licenciatura em Matemática) Universidade Estadual de Goiás, Jussara, Góias, 2008.
Sala 4
Resumo: As juventudes por si só já são um grupo social singular, quando se refere ao acesso dos jovens pobres
à universidade o assunto se torna ainda mais singular, por tratar-se de uma população que durante muito tempo
não teve acesso à educação superior, pois nos seus primórdios era privilégio da elite. Entretanto, essa modalidade
de ensino passou por diversas modificações nos últimos 13 anos, sobretudo nas Instituições Federais de Ensino
Superior (IFES), onde ocorreram processos de expansão de vagas e Reestruturação do Ensino Superior (ES)
(REUNI) com a criação de universidades, além de ampliação das políticas de acesso. Aliado a esses
instrumentos, a adoção da Lei 12.711/12, que garante vagas nas IFES aos estudantes oriundos de escolas
públicas e os de baixa renda per capta, permitiu o acesso com mais justiça social e equidade. Esse processo
favoreceu sobremaneira o acesso dos jovens oriundos da classe trabalhadora à universidade. Desta forma, as
políticas públicas voltadas à permanência dos estudantes no Ensino Superior (ES) tem sido o grande gargalo de
fortalecimento da assistência estudantil, no Brasil. Assim, este paper tem o objetivo de identificar a evolução do
ingresso de estudantes de origem popular nas IFES, a partir e uma análise documental da pesquisa realizada pelo
FONAPRACE 2016, bem como dados da síntese de indicadores sociais 2016 para discutir a permanência.
1-Introdução:
O Ensino Superior (ES) é reconhecido internacionalmente como elemento
fundamental para o desenvolvimento humano, o qual é definido como um bem público
(UNESCO, 2009)3. O ES tem papel relevante na transformação da sociedade e ampliação das
liberdades fundamentais (SEN, 2010), inclusive na posição do país perante o cenário
internacional, cujos índices educacionais contribuem para caracterizarem-no quanto ao nível
de desenvolvimento.
No Brasil esta modalidade de ensino é assegurada pela Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 (CF, 1988), que a compreende como um direito de todos,
devendo o Estado promovê-la e incentivá-la com a colaboração da sociedade, com vistas a
alcançar o pleno desenvolvimento da pessoa, bem como seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A formação educacional, enquanto formação para a vida tem o poder de mudar a
realidade das pessoas e de suavizar as disparidades sociais. Entretanto, boa parte da população
1
Mestranda em Desenvolvimento Regional pela Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT),
Especialista em Docência do Ensino Superior e graduada em Letras pela UFT. Secretária Executiva na UFT. E-
mail: [email protected].
2
Orientadora, Doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília, Professora adjunta da UFT no curso
de Comunicação Social, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade e professora
colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional. E-mail: [email protected].
3
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Educação e aprendizagem
para todos: olhares dos cinco continentes. – Brasília: UNESCO, Ministério da Educação, 2009. 112 p.
brasileira ainda não tem acesso ao ES, o que torna uma questão de justiça social e democracia
a ampliação do acesso do ensino a toda a população, sobretudo aos jovens filhos da classe
trabalhadora que tradicionalmente apresentam escassas possibilidades de escolher os cursos
de mais alto valor social e econômico por razões econômicas, bem como permanecer na
universidade até a conclusão de um curso superior.
Embora a história da educação superior no Brasil tenha sido marcada por uma forte
divisão social, em que apenas a elite alcançava esta forma de ensino nos seus primórdios,
paulatinamente, os jovens pobres, filhos da classe trabalhadora, foram adquirindo acesso e
este foi sendo consolidado, mediante reivindicações da sociedade civil e dos movimentos
sociais, sobretudo dos estudantis. Esse tema tem sido amplamente debatido nas últimas
décadas no meio científico (GAZOTTO, 2014; LOPES, 2015; PINTO, 2015; QUEIROZ,
2016), que discutem a assistência estudantil nas IFES.
De forma semelhante, as políticas voltadas à permanência no ES também são alvo de
discussões como mostram os autores (ALVES, 2010; SILVA, 2012; NUNES, 2013; LOPES,
2015; MORBECK, 2016; QUEIROZ, 2016). Nessas pesquisas, fica evidente quão relevante é
o papel das políticas públicas educacionais na superação das desigualdades sociais e regionais
que permeiam o país.
No cenário de reestruturação do ES, embora a ampliação de vagas no ES tenha
favorecido o ingresso de muitos estudantes à universidade pública, o percentual juvenil que
acessa esse nível de ensino ainda é muito baixo, dado o contingente de jovens no país de mais
de 51 milhões (IBGE, 2016).
Assim, com base nos referenciais apresentados, e no âmbito da temática juvenil,
busca-se uma discussão sobre as causas da evasão e de permanência nas IFES, com olhar para
a importância dos jovens filhos da classe trabalhadora acessarem a universidade, o que se
configura como uma questão de justiça social e democracia.
2-Procedimentos Metodológicos
Quanto aos procedimentos metodológicos, o estudo é de natureza exploratória
descritiva, com abordagem qualitativa, que ocorrerá a partir da análise documental da IV
pesquisa do FONAPRACE (2016), além de outras legislações e pesquisas do MEC a respeito,
documentos e revisão de literatura de livros, dissertações e artigos relacionados ao tema.
3-Desenvolvimento
3.1- Juventudes e ensino superior
2
No que se refere à temática juvenil, observa-se uma dicotomia presente no imaginário
social: por um lado os jovens são vistos como marginalizados e delinquentes, um perigo para
a sociedade, necessitando de um tratamento coercitivo e repressor; por outro, defende-se uma
perspectiva emancipadora, na qual os jovens são vistos como protagonistas de suas trajetórias,
detentores de direitos e atenção especial, (CASTRO & ABRAMOVAY, 2004). As autoras
apontam que esse segmento tende a sofrer com “inseguranças e incertezas” sobre o futuro, o
que constitui uma descrença na legitimidade das instituições como política, assim como a
adultocracia.
Desta forma, as discussões pautadas nesses pressupostos trazem uma contradição: por
um lado apresentam todo esse contexto de vulnerabilidades negativas, por outro mostram um
mercado de consumo (potencialidade positiva), do qual os jovens são alvos como grandes
consumidores, o que também potencializa as vulnerabilidades negativas, pois muitos não
dispõem de recursos econômicos para o consumo. Assim,
mais que uma população vulnerável, os jovens são uma geração vulnerabilizada,
principalmente os pobres e muitas dessas vulnerabilidades se reproduzem e se
combinam, limitando também o estatuto de sujeitos de direitos e suas
potencialidades para serem atores/atrizes do desenvolvimento. (CASTRO &
ABRAMOVAY, 2004, p.3)
4
Disponível em https://nacoesunidas.org/onu-investir-em-juventude-e-crucial-para-o-avanco-da-america-latina-
caribe/ Acesso em 10 de set. 2016.
3
educação, saúde, entre outros, são fundamentais para efetivar uma adolescência e juventude
livres de coerções e mais participativas, além de uma vida adulta plena, na qual os sujeitos
sejam habilitados a exercer e defender seus direitos e cidadania.
Para Freitas & Papa (2003), as juventudes são compreendidas como uma fase
específica da vida que vai além da adolescência e, portanto, uma etapa tão importante
necessita de uma atenção especial voltada para o atendimento político das demandas
específicas destes jovens, que se concentram basicamente em acesso a cultura, lazer, saúde,
esporte, trabalho e educação. As políticas de educação, com foco nos direitos sociais, como as
ações afirmativas de acesso e de permanência podem desempenhar um importante papel no
desenvolvimento desse grupo, por fomentarem suas demandas.
Para Lobato (2013), o direcionamento para se desenvolver políticas públicas aos
jovens é de que esse grupo social é mais do que uma fase da vida, é um processo no qual se
disputam um conjunto de elementos com vistas a assegurar a autonomia material e afetiva
desses sujeitos. A autora reforça ainda que para realizar a transição à vida adulta, é necessário
que os sujeitos combinem este conjunto de elementos aos recursos materiais e sociais
disponíveis (Idem, 2013).
As juventudes têm cada vez mais lutado por seu reconhecimento e protagonismo. As
políticas educacionais, em especial as de assistência estudantil são frutos de reivindicações
dessa categoria por meio de movimentos juvenis, que por diversas manifestações, buscaram
alcançar seus direitos que já estavam previstos na Constituição Federal de desde o ano de
1988.
Entre os movimentos mais recentes que influenciaram na conquista de direitos
educacionais estão as manifestações de junho de 20135, que embora impulsionadas pelas
reivindicações contra o aumento das tarifas de transporte público, abrangeram outras questões
que também foram reclamadas como o aumento dos recursos para educação, entre outros. O
movimento ganhou destaque e mobilizou grande parte da população brasileira, sendo as
juventudes o maior público. Produziram como efeitos positivos, na matéria de direitos
educacionais, a destinação de 75% dos royalties do petróleo e 50% do fundo social do Pré-sal
para a educação6.
5
As manifestações referentes a esse período foram originadas contra o aumento das tarifas de transporte público,
entretanto diversas reivindicações foram inseridas no movimento, entre as quais o aumento de recursos para
educação. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/12/1390207-manifestacoes-nao-foram-
pelos-20-centavos.shtml Acesso em 15 de jun.2017.
6
Embora aprovada em 2013 a Lei 12.858/13, que previa uma distribuição mais igualitária dos royalties do pré-
sal (para a saúde e a educação) entre os estados não produtores, teve suspensa a entrada em vigor de alguns de
seus artigos, em razão de uma liminar expedida pela ministra Carmen Lúcia do Supremo Tribunal Federal (STF),
4
Esses benefícios foram formalizados com a aprovação da Lei nº 12.858 de 09 de
setembro de 2013, que dispõe sobre a “destinação para as áreas de educação e saúde de
parcela da participação no resultado ou da compensação financeira pela exploração de
petróleo e gás natural”. A mobilização também refletiu na aprovação do Plano Nacional de
Educação 2014/2024 (PNE), que prevê a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB)
para a educação7 até o término de sua vigência: contexto, a UNE esteve à frente, na defesa de
educação pública e de qualidade. Enfim, o plano foi aprovado em 25 de junho de 2014 com a
destinação dos 10% do PIB pra educação pública.
Entre as conquistas mais recentes está a aprovação da Emenda Constitucional (EC) da
Juventude no Congresso Nacional, em 2010, incluindo na constituição o termo juventude e
dessa forma, reconhecendo os direitos dessa parcela da sociedade. A aprovação da emenda
garantiu a destinação de 50% dos recursos do Pré-sal, camada do novo petróleo brasileiro,
exclusivamente para a educação, o que significou um avanço para o ensino público brasileiro.
Em 2013, o Estatuto da Juventude (Lei 12.852/2013) também culminou como ponto
importante na consolidação nos direitos sociais, pois consistiu na consolidação das políticas
públicas de juventude na agenda nacional, assegurando a melhoria da qualidade de vida de 50
milhões de brasileiros com idade entre 15 e 29 anos. A emenda constitucional permitiu o
avanço das políticas juvenis, além de indicar a necessidade de um Plano Nacional de
em resposta a uma ação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Desta forma, alguns estados como Rio
de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo ficaram prejudicados com tal medida até julgamento final da ação.
Passados quase dois anos da aprovação da lei, com a crise que se instalou na Petrobrás, estando esta no centro
das investigações da Operação Lava-Jato, houve queda nos preços do barril de petróleo no mercado
internacional. Assim a estimativa de aumento na produção de petróleo até 2020 caiu de 4,2 milhões de barris,
para 2,7 milhões. Com isso, a Petrobras perdeu metade de seu valor de mercado, tendo que abrir mão de diversos
de seus ativos para pagar uma dívida líquida que chegou a R$ 400 bilhões. Em razão disso, o Fundo Social,
recebeu até 2015 menos da metade do valor estimado inicialmente com a aprovação da lei 12.858/13. Conforme
Paulo César Ribeiro, “Devem ter ido uns R$ 7 bilhões para o Fundo Social. É muito pouco. Metade disso foi
para a educação e metade acabou servindo para o governo fazer superávit primário, já que na prática o fundo não
existe”, pois ainda não foi regulamentado, o que permite que seus recursos sejam utilizados em outras áreas. Não
bastasse isso, o governo Michel Temer aprovou a Lei 13.365/2016, que traz novas regras para exploração dos
blocos do pré-sal. A nova lei tira a obrigatoriedade da participação da Petrobras nos consórcios de produção de
petróleo, que vigora na exploração da camada do pré-sal. Isto significa que a Petrobras poderá escolher entre
operar ou não operar em blocos de exploração do petróleo da camada pré-sal. Antes, a estatal era obrigada a
participar em pelo menos 30% de qualquer bloco contratado sobre o regime de partilha, independentemente de
ter recursos ou não. Conforme Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a lei
sinaliza uma perda da soberania nacional sobre a política energética do pré-sal, que deverá trazer prejuízo para a
educação e a saúde. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2016-nov-30/publicada-lei-retira-obrigatoriedade-
petrobras-explorar-pre-sal Acesso em 01/04/2017.
6 Disponível em: http://www.une.org.br/opiniao/defender-a-educacao-e-a-petrobras-por-thiago-para/ Acesso em
16 de mar.2017.
7
Essa conquista foi motivo de muita discussão, pois havia uma parte dos relatores que defendiam que a
destinação desse percentual não fosse exclusivamente para educação pública, podendo ser utilizada inclusive
para financiar o sistema particular de ensino como os programas Fies, ProUni e Pronatec.
5
Juventude (PNJ), estabelecendo metas a serem cumpridas pela União, em parceria com
estados, organizações juvenis nos próximos dez anos.
Desta forma, passando a vigorar em fevereiro de 2014, o Estatuto significou uma
importante ferramenta de diretos para emancipação das juventudes, uma vez que enfatizou a
importância da educação para o segmento juvenil. Assim, à medida que as juventudes ganham
reconhecimento, como sujeitos de direitos, aumentam os debates em torno de políticas
públicas destinadas a suas demandas.
É neste cenário complexo e multifacetado que se inserem as políticas educacionais
brasileiras, especialmente as de permanência nas IFES, as quais têm se relacionado com esse
segmento social de demandas singulares, que são as juventudes.
8
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho
dos alunos ao término do ensino básico. Após a criação do ProUni, em 2004, a nota obtida com a prova do
ENEM passou a ser utilizada como critério de seleção para a concessão de bolsas aos estudantes do ensino
superior privado. Disponível em: www.mec.gov.br Acesso em 16/06/2017.
9
Implantado em 2009 pelo Ministério da Educação (MEC) como forma de ingresso às instituições públicas que
utilizam a nota do Enem como critério único para seleção. Assim, as instituições que aderiram ao sistema
disponibilizam as vagas e cursos no site do MEC, por meio do qual os candidatos se inscrevem e aguardam a
seleção automática que é realizada com base na pontuação da prova do ENEM. Algumas instituições privadas
também aderiram ao sistema parcial ou integralmente. Disponível em: www.mec.gov.br Acesso em 16/06/2017.
10
Criado pela Lei nº 11.096/2005, tem como principal objetivo ampliar o acesso à educação superior. Para tanto,
o governo concede isenção de tributos às instituições privadas de ensino superior que ofertam bolsas de estudos
integrais e/ou parciais aos estudantes de cursos de graduação; Disponível em: www.mec.gov.br Acesso em
16/06/2017.
11
É um programa de financiamento destinado a estudantes regularmente matriculados em cursos de graduação
de instituições privadas. O FIES permite ao estudante financiar, via Caixa Econômica Federal (CEF), o valor
referente aos custos do curso na universidade. Disponível em: www.mec.gov.br Acesso em 16/06/2017.
12
O plano foi apresentado através do Decreto Presidencial n. 6.096/2007, com os seguintes objetivos: aumentar o
número de estudantes de graduação nas universidades federais; diversificar as modalidades dos cursos de
graduação, através da flexibilização dos currículos, do ensino a distância, da criação dos cursos de curta duração,
6
Desta forma, o foco principal do REUNI é ampliar o acesso e a permanência no ensino
superior, bem como a ocupação das vagas ociosas, resultantes da evasão. Conforme Dias
Sobrinho (2010), o plano consiste basicamente na elaboração de um projeto de
desenvolvimento institucional, por parte da universidade, que recebe os recursos do MEC e
amplia as vagas, segundo os critérios aprovados.
Esse é o grande desafio, visto que o índice de evasão nessa modalidade de ensino é
elevado. Em 2013 a taxa de evasão dos cursos presenciais no Brasil atingiu o índice de 27,4%
na rede privada e 17,8% na pública. Nos cursos de Educação a Distância (EaD), no mesmo
ano, o índice chegou a 29,2% na rede privada e 25,6% na pública” (BRASIL, 2015).
Conforme a Síntese dos Indicadores Sociais (IBGE, 2016), a evolução dos indicadores
de atraso escolar na educação básica afeta diretamente a frequência escolar líquida no ensino
superior, isto é, a proporção de pessoas de 18 a 24 anos que frequentam o ensino superior de
graduação, em relação ao total de pessoas da mesma faixa etária, excluindo as que já
completaram esse nível. O documento mostra que um dos fatores responsáveis por agravar a
desigualdade de cor ou raça no acesso ao ensino superior é o atraso escolar, o que afeta mais
os estudantes pretos ou pardos em comparação com os estudantes brancos. Em 2015, 53,2%
dos estudantes pretos ou pardos de 18 a 24 anos de idade cursavam níveis de ensino anteriores
ao ensino superior, como o fundamental e o médio, enquanto apenas 29,1% dos estudantes
brancos estavam nessa mesma situação (IBGE, 2016).
dos ciclos (básico e profissional) e/ou bacharelados interdisciplinares; incentivar a criação de um novo sistema
de certificações; elevar a taxa de conclusão dos cursos de graduação para 90% e estimular a mobilidade
estudantil entre as instituições de ensino (BRASIL, 2007). Disponível em: www.mec.gov.br. Acesso em 13 de
jan. 2017.
7
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005/2015. In: Síntese dos Indicadores Sociais
2016.
8
como partes de um movimento muito mais amplo têm um compromisso com o fortalecimento
da democracia e com a justiça social.
Contudo, mesmo com os avanços nas políticas para as juventudes que aconteceram
entre os anos 2003 e 2016 quando o governo progressista do Partido dos Trabalhadores
(PT)13, presidente Luís Inácio Lula da Silva (LULA)14 e presidenta Dilma Rousseff 15, esteve
à frente da gestão do país, a institucionalização das questões da juventude não atingiu a
transversalização desejada na máquina estatal para garantir uma abrangência mais ampla de
atuação.
Conforme o Mapa da Educação Superior (2015), as matrículas em cursos presenciais
das IES públicas e privadas no Brasil cresceram 129%. No ano de 2013, tiveram aumento de
3,8%. Os cursos tecnológicos de nível superior, de 2009 a 2013, tiveram um aumento de
26,4%, tendo em 2013, um crescimento de 2,2% (1,2% na rede privada e 6,2% na pública). O
mapa mostra também que 18,5% dos 49 milhões de trabalhadores empregados com carteira
assinada têm nível superior completo e que o maior contingente desses trabalhadores, 45,2%,
tem formação apenas no ensino médio (Brasil, 2015). No ano anterior, esse total era de 5,9
milhões de matrículas, das quais 1,7 milhão na rede pública e 4,2 milhões em IES privadas, o
13
O PT foi surgiu como agente promotor de mudanças na vida de trabalhadores da cidade e do campo, militantes
de esquerda, intelectuais e artistas. No período de 2003 a 2016, o partido comandou o país com os governos de
Lula e Dilma, cuja atuação avançou em muitos pontos nos direitos sociais e na democratização de diversas
políticas públicas. Disponível em: http://www.pt.org.br/nossa-historia/ Acesso em: 15 de jun. de 2017.
14
Lula presidiu o país em dois mandados, o primeiro no período de 01/01/2003 a 01/01/2007 e o segundo de
01/01/2007 a 01/01/2011. Foi o primeiro operário a presidir o país. Foi também o primeiro presidente eleito pelo
PT. Defendeu a combinação entre crescimento econômico, desenvolvimento sustentável e inclusão social.
Durante seu governo, priorizou a implantação de programas sociais, como o Bolsa Família. Além disso, deu
acesso à população de baixa renda a linhas de crédito, trabalhou para a geração de emprego, aumentou a
qualidade de vida em diversas áreas como moradia, educação, saneamento, dentre outros; e, aumentou o salário
mínimo. Lula manteve as estatísticas de famílias abaixo da linha da pobreza, tendo uma administração aprovada
em 87% pela população. Desta forma, ocorreram diversos avanços sociais, por causa da política que valorizou o
salário mínimo e programas sociais. Criou em 2003, o Programa Fome Zero como medida para amenizar a
pobreza. Na área educacional, entre outros programas, criou o Programa Universidade Para Todos (PROUNI),
com o intuito de ofertar bolsas de estudo em faculdades e universidades do país. Disponível em:
http://www.pt.org.br/nossa-historia/ e http://presidentes-do-brasil.info/presidentes-da-republica/luiz-inacio-lula-
da-silva.html Acesso em: 15 de jun. de 2017.
15
Dilma Rousseff foi a primeira mulher a ser presidenta do Brasil. Ela tomou posse pela primeira vez no dia 1°
de janeiro de 2011, dando continuidade ao governo de seu antecessor, Lula. Durante seu governo, o país
conseguiu atingir marcas históricas, como ser um dos 5 países com maior volume de obras em andamento e um
dos com menor índice de desemprego. Promoveu o Brasil sem Miséria, o maior programa social do mundo, do
qual o Bolsa Família e o Mais Médicos fazem parte. Com isso, conseguiu que mais de 36 milhões de Brasileiros
superassem a pobreza, fazendo a economia do país crescer com melhor distribuição de renda e a inflação
controlada. Graças ao sucesso do primeiro mandato, Dilma foi reeleita, em 2014, pelos votos de mais de 54
milhões de brasileiros e brasileiras. Assim, em 1º de janeiro de 2015, ela reassumiu o cargo de presidenta do
Brasil. Desta forma, o país caminhou rumo à ampliação do acesso da população à educação para tornar-se,
definitivamente, a "Pátria Educadora". Contudo, foi afastada do cargo em 2016, por impedimento. Disponível
em: http://www.pt.org.br/nossa-historia/ Acesso em: 15 de jun. de 2017.
9
que mostra um crescimento de 3,8%, sendo 3,6% na rede de ensino pública e 3,9%, na rede
privada. (Brasil, 2015, p. 9)
Conforme a Síntese de Indicadores Sociais (IBGE, 2016), a taxa de adequação da
faixa etária de 18 a 24 anos no ensino superior ainda é bastante desigual, principalmente no
que se refere às características de cor ou raça. Em 2015, o total de pessoas de cor preta ou
parda nesse perfil etário que cursavam o ensino superior era de 12,8%. Embora esse dado
represente um crescimento significativo se comparado a 2005 (7,3% pontos percentuais),
ainda está bem abaixo do percentual alcançado pelos jovens estudantes brancos 10 anos antes
(17,8%).
Para Lobo et al (2007), a evasão compreende um dos principais obstáculos nas
instituições de ensino, sendo mais grave no ES. Os autores apontam que os índices de evasão
são maiores no primeiro ano da graduação, excedendo de duas a três vezes os dos anos
seguintes, o que resulta em perdas sociais, acadêmicas e econômicas, pois os estudantes
iniciam e não terminam os cursos, gerando gastos para o setor público que investe nessa
modalidade de ensino e não obtém o retorno correspondente. Assim, as instituições carecem
de “um programa institucional profissionalizado de combate à evasão, com planejamento de
ações, acompanhamento de resultados e coleta de experiências bem sucedidas.” (Lobo et al,
2007, p.2).
4-Considerações Finais
Os dados apresentados revelam que houve avanços em diversos aspectos das
características educacionais da população brasileira, mas também apontam para importantes
desafios a serem enfrentados. Mesmo reconhecendo que o Brasil ainda não alcançou
patamares internacionalmente aceitáveis de reprovação/evasão, os avanços na correção do
fluxo escolar e os investimentos na permanência já mostram que estão alcançando mais os
jovens filhos da classe trabalhadora que antes não dispunham de acesso ao ES.
Com o processo de ampliação de vagas por meio das cotas (Lei 12.711/12) e do Plano
ReUni entre os outros diversos meios, estão conseguindo aos poucos amenizar as
desigualdades de acessos à educação entre as pessoas, o que tem sido significativo no
processo de democratização do perfil dos estudantes no ensino superior, com vistas a uma
justiça social.
Nota-se que com os diversos programas de expansão das IFES e ampliação das vagas,
as políticas de permanência podem oportunizar o êxito dos estudantes de origem populares na
universidade, além de favorecer a autonomia e o protagonismo juvenil, uma vez que,
10
garantindo meios para seu desenvolvimento intelectual, consequentemente atuam na
ampliação inclusão social e, portanto, desmitificam o imaginário da sociedade sobre esse
grupo social.
Contudo, notou-se que a dívida educacional brasileira é histórica e para superar esse
quadro será necessário um lento processo, considerando o tempo requerido para a formação
de cada nova geração. Diante disso, nota-se que as políticas de permanência ainda precisam
ser melhores analisadas, uma vez que continuam altos os índices de evasão nas IFES.
5-Referências
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11
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Profissional) - Universidade Federal do Tocantins - Câmpus Universitário de Palmas- Curso
de Pós-Graduação (Mestrado) Profissional em Gestão de Políticas Públicas. Palmas, TO, 2016
138 f.
FÓRUM NACIONAL DOS PRÓ-REITORES DE ASSUNTOS ESTUDANTIS E
COMUNITÁRIOS – FONAPRACE. Perfil Socioeconômico e Cultural dos estudantes de
graduação das IFES. 2016.
LOBO, Roberto Leal; MOTEJUNAS, Paulo Roberto; HIPÓLITO, Oscar; LOBO, Maria
Beatriz de Carvalho Melo. A evasão no ensino superior. Cadernos de Pesquisa, Fundação
Carlos Chagas, v. 37, n. 132, set./dez. 2007.p.641-659. Disponível em
http://www.institutolobo.org.br/imagens/pdf/artigos/art_045.pdf. Acesso em 08 marc. 2017.
12
LAS TIC COMO EMERGENTE RELIGANTE EN EL PROCESO DE ENSEÑANZA-
APRENDIZAJE DE LA DISCIPLINA MATEMÁTICA
Resumen: Esta investigación aborda la didáctica como ciencia a partir de su objeto de estudio, el Proceso de
Enseñanza Aprendizaje (PEA), teniendo en cuenta el funcionamiento actual de las estructuras educativas. Se
pretende caminar hacia el futuro de la simplicidad con base en lo existente, de lo lineal, de la simplicidad hacia la
no-linealidad, a la circularidad, a la emergencia, a aceptar al otro, es decir deconstruir para construir pensamiento
nouveau, desmontar los equívocos, a enfocarse en el ser, el hacer, el conocer y el convivir, a no ahuyentar la
incertidumbre. Así mismo, lograr establecer una Didáctica emergente, que religue el Proceso de Enseñanza-
Aprendizaje (PEA) con las Tecnologías de la Información y la Comunicación (TIC) en el contexto local-global para
la transformación del aprendizaje de las matemáticas y su trascendencia para la vida en la formación básica
secundaria. Se contemplan las TIC como herramientas que coadyuvan con la formación y, potencian el aprendizaje
de los y las estudiantes del nivel de básica secundaria, a partir de una Didáctica emergente, innovadora y
transformadora de la realidad existente, teniendo en cuenta la metodología de la Investigación Acción Educativa
(IAE), como fundamento para el desarrollo metodológico investigativo. La educación como uno de los pilares de
desarrollo apuntala lograr la transformación de la sociedad para potenciar las habilidades de los actores educativos
hacia la construcción de una humanidad libre y pensante, el docente y el estudiante tienen que dejar huella en el
universo.
La realidad del siglo XXI y su crecimiento vertiginoso obliga a que se replanteen las
estructuras educativas, no se puede seguir viendo a la educación como se hacía tiempo atrás
(aunque aún sucede), de manera lineal, rígida, desarticulada, encasillada en conceptos y
contenidos y no en propuestas, con la creencia de que el conocimiento es un proceso
acumulativo, que todo tiene un orden y que los métodos de aprendizaje deben ser lineales y
secuenciales, sin salirse de parámetros establecidos previamente, es decir que como ya todo está
dicho y hecho (concepción tradicional) se debe dejar así, intacto e inalterable.
1
Ph.D. en Ciencias de la Educación, Universidad Simón Bolívar-Colombia; Magister en Tecnología Educativa y Medios
Innovadores para la Educación – UNAB (Colombia); Maestro en Tecnología Educativa – TEC de Monterrey (México), Docente
Consultor Universidad de Santander – UDES (Colombia), Docente investigador Universidad Manuela Beltrán, Docente de
matemáticas, Institución Educativa Comuneros, Bucaramanga, Santander, Colombia. E-mail: [email protected]
pensamiento resignado, incapaz de producir soluciones a las problemáticas actuales, una sociedad
obediente y apacible con los programas de gobierno que logran calmar el hambre y los servicios
esenciales con “regalos” inmersos dentro de los planes de desarrollo de cada gobierno de turno.
Por tanto, es inevitable que estas políticas trasciendan a la esfera escolar donde se
evidencia una clara falta de compromiso con la sociedad por parte de todos los actores educativos
(llámense comunidad educativa) donde uno de los responsables (irresponsable en muchas
ocasiones) es el docente, en quien recae la tarea de enseñar, pero no enseñar a aprender, sino
enseñar a aprender a aprender, que es algo totalmente distinto. Álvarez y González (2002)
afirman que:
Así, enseñar a vivir no es solamente enseñar a leer, escribir, contar ni solo enseñar los
conocimientos básicos útiles de la historia, de la geografía, de las ciencias sociales, de
las ciencias naturales. No es concentrarse en los saberes cuantitativos ni privilegiar las
formaciones profesionales especializadas, es introducir una cultura de base que
comporte el conocimiento del conocimiento. (p.16)
Es en esta plataforma con licenciamiento gratuito, donde los estudiantes suben las
actividades desarrolladas para dejar constancia de su elaboración y para que el docente les pueda
evaluar el proceso. Esta plataforma permite llevar un seguimiento en tiempo real, sin límite
espacial o temporal, pues se puede realizar desde cualquier lugar del mundo donde exista acceso
a internet. La siguiente secuencia permite evidenciar algunas de las actividades creadas por los
estudiantes, a la vez que le otorga la posibilidad a dos docentes del área de matemáticas de
interactuar con el grupo de estudiantes, al permitirse la oportunidad de incorporar DIDACTIC en
la práctica pedagógica que desarrollan. Igualmente, los docentes participantes de la investigación
tienen la posibilidad de interactuar con otros docentes interconectados a nivel mundial
potenciando el desarrollo de conocimiento en un entorno global.
El seguimiento puede efectuarse 24/7, veinticuatro horas al día los siete días de la semana.
Una de las ventajas de esta plataforma es la posibilidad de tener un banco de datos y actividades
entregadas que pueden ser consultadas de manera asíncrona y síncrona. El aula de clase traspasa
los muros físicos y adopta un perfil de aula virtual potenciada por la participación activa de los
participantes e integrantes del grupo, convirtiendo al grupo de docentes y estudiantes en una red
de conocimiento, entretejida por los aportes de cada persona de manera individual, pero
robustecida con la conformación de una red sólida e interactiva. De esta manera se realiza el
proceso de devolución sistemática a la comunidad educativa, no sin antes invitarles a que hagan
parte de esta gran red de aprendizaje donde pueden interactuar padres de familia, docentes y
estudiantes.
Las transformaciones en los estudiantes son evidentes. Despertar el lado creativo, generar
autonomía, compartirles el poder de decisión, hacerlos partícipes de su propio proceso de
aprendizaje, son factores que religados a componentes como la motivación, la libertad, la
creatividad, cambian totalmente el perfil y la perspectiva de cada estudiante de manera
individual, pero con consecuencias grupales. Interactuar con pares les ha significado potenciar el
trabajo en equipo y fortalecer las relaciones entre compañeros, factor que no deja de llamar la
atención teniendo en cuenta que en la actualidad se sufre el flagelo del acoso escolar, llamado
también bullying. Rescatar los positivo de cada estudiante potenciando sus habilidades
cognitivas, tecnológicas, y despertando en ellos su lado creativo, ayudan a formar estudiantes que
toman decisiones a partir de situaciones en contexto. Sin duda alguna, la implementación de
DIDACTIC favorece superlativamente el desarrollo de los niños, niñas y jóvenes que ahora ven
la escuela como fuente de generación de conocimiento y potenciadora de un aprendizaje para la
vida y no para el presente.
Esta didáctica construida de manera colectiva en consenso con los actores investigativos
participantes de la investigación, se implementó logrando claros avances en cuanto al desarrollo
de competencias lógico-matemáticas, potenciando el trabajo en equipo y la motivación de los
estudiantes que son conscientes de que las TIC juegan actualmente un papel preponderante e
imprescindible de abordar desde la realidad y la escuela. Existe un antes y un después a partir de
la implementación de DIDACTIC en la institución educativa. Las transformaciones logradas en
el proceso de enseñanza y aprendizaje de las matemáticas por parte de docentes y estudiantes han
sido positivas. El componente motivacional juega un papel imprescindible en este proceso, pues
se genera una relación tríadica positiva entre docente-estudiante-Contenido (Saber), relación
importante para el desarrollo de habilidades cognitivas, propendiendo entre otros aspectos a
generar pensamiento matemático necesario para desenvolverse de manera óptima en las prueba
Saber en el orden nacional y las pruebas PISA a nivel internacional. Así lo corrobora Schunk
(2012) quien afirma: “los individuos tienden a establecer un equilibrio cognoscitivo en las
relaciones entre personas, situaciones y eventos. La situación básica involucra tres elementos y
las relaciones pueden ser positivas o negativas” (p.349).
Estas relaciones vistas desde DIDACTIC como relaciones nodales, donde los usuarios de
Edmodo hacen parte de una red conformada por los integrantes del grupo y a su vez, trasciende
esta relación a nivel global pues se interactúa con pares de otras latitudes en tiempo real,
compartiendo información que potencia la generación de conocimiento; estas relaciones son
complejas, al igual que el ser humano. Este entorno virtual también se puede denominar ecología
de conocimiento, pues este concepto permite religar las percepciones de los individuos para
construir de manera libre, desde la incertidumbre, dinámica y colectiva, conocimiento nuevo.
Cada persona es libre de utilizar las herramientas que crea necesarias para desarrollar constructos,
luego se potencia este constructo con la puesta en escena en la red ecológica. En esta red pueden
participar docentes, padres de familia y por supuesto el estudiante.
Para los docentes, la asimilación de la incorporación de las TIC como mediadoras del
PEAM fue difícil, pero después de reflexionar a través de los mecanismos de grupos de
discusión, entrevistas y otros diálogos desarrollados, toman la decisión (2 docentes de 3) de
implementar DIDACTIC en las prácticas pedagógicas y en tener en cuenta que las TIC
desempeñan un rol imprescindible, que no se puede dejar de lado teniendo en cuenta que en la
actualidad, en todos los ámbitos de la sociedad hay componentes y procesos mediados por las
TIC y los jóvenes denominados nativos digitales no son ajenos a esta realidad.
Se propicia „Caminar hacia el futuro…presente‟. Basta de decir que los estudiantes son el
futuro del país y no se hace nada para que sean personas integrales con proyectos de vida reales,
se debe actuar ahora. Enseña, corrige y quiere al niño de hoy, para no tener que hacerlo-ya tarde-
en el adulto del mañana. La sociedad está rota, pero se debe propiciar reagrupar cada pedacito y
reconstruirla. Este trabajo no termina acá, todo lo contrario, se deja abierta la posibilidad de
continuar desarrollando situaciones didácticas contextualizadas que permitan avanzar y reconocer
en la escuela un sitio de privilegio que trasciende los muros físicos, temporales y espaciales, a
través de la incorporación de las TIC en el proceso de formación humana. Las etapas abordadas
desde la espiral investigativa no tienen fin, siguen en constante movimiento y bajo el principio
religante de las TIC con la disciplina matemática. DIDACTIC es aplicable a cualquier área del
conocimiento, la matemática ha sido el pretexto que alimentó constantemente el proceso.
Se hace indispensable que las instituciones públicas adopten mecanismos que propendan
por una conectividad óptima que garantice un servicio excelente en cuanto al acceso a internet se
refiere. En la actualidad el servicio de conectividad en las instituciones oficiales es obsoleto y se
queda corto teniendo en cuenta que la proyección del gobierno es dotar de dispositivos
tecnológicos al 100% de las instituciones de carácter oficial al año 2018 (Plan vive digital 2014-
2018). De nada sirve tener dotación de equipos tecnológicos si no se puede acceder a la
información global de manera exitosa y rápida.
Referencias bibliográficas
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Álvarez de, C. y González, E. (2002). Lecciones de Didáctica general. Bogotá: Cooperativa
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http://www.ecologiaintegral.org.br/Carta%20de%20Fortaleza.pdf
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González, J.M. (2009). Didáctica Crítica desde la transdisciplinariedad, la complejidad y la
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tiempos. Integra Educativa, II (1), 63-74.
Morín, E. (2015). Enseñar a vivir. Manifiesto para cambiar la educación. Buenos Aires:
Argentina. Ediciones Nueva Visión
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Creative Commons. Recuperado de: http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm
LETRAMENTO CIENTÍFICO EM LITERATURA NO ENSINO MÉDIO: A
PRODUÇÃO DE GÊNEROS DISCURSIVOS NA PERSPECTIVA ECOFORMATIVA
Sala 3
Resumo: O letramento científico procura compreender os fenômenos que afetam os atores sociais, de modo a
leva-los à tomada de atitude frente aos desafios que se colocam para a produção do conhecimento e da inovação
tecnológica. O letramento dos cidadãos vai desde o letramento no sentido do entendimento de princípios básicos
de fenômenos do cotidiano até a capacidade de tomada de decisão em questões relativas à ciência e tecnologia. O
letramento científico em literatura pensa uma educação planetária, ética, responsável, solidária, inteligível e
sensível, bem como a promoção da ecologia de saberes e a formação para a vida dos atores sociais. O objetivo
desta pesquisa é investigar como o letramento científico em literatura pode contribuir para o ensino de língua e
literatura no Centro de Ensino Médio Castro Alves, em Palmas/TO, visando ao fortalecimento sociocientífico do
docente e dos alunos envolvidos na pesquisa, a partir da produção de gêneros discursivos de iniciação científica.
Os aportes teóricos que subsidiarão a investigação tratam do Letramento Científico e das Escolas Criativas
(ecoformação). Como procedimento metodológico, desenvolveremos uma pesquisa-ação, de abordagem
qualitativa, realizada a partir do cruzamento de diferentes fontes de pesquisas produzidas no contexto escolar.
Como resultados, esperamos desenvolver várias competências linguísticas e sociocientíficas com os
colaboradores, além da fruição do texto literário.
Introdução
O presente século tem sido marcado por policrise (MORIN, 2015). Vivemos uma crise
de civilização, de economia global e local, de democracia, de sociedade, da educação, e da
humanidade. Grupos de refugiados, terroristas, imigrantes indocumentados reclamam por
espaços e direitos até então perdidos para as grandes potências mundiais. Diante das
catástrofes planetárias naturais e sobretudo humanas, das demandas impetradas pelas
minorias, pelas „vozes do sul‟ (SANTOS; MENESES, 2010), que lutam pela valorização e
emancipação de suas práticas identitárias e/ou locais, não podemos nos eximir do debate
dessas questões na esfera educacional, na sala de aula.
Como âncora para as discussões e encaminhamentos dessas questões que afetam tanto
o local como o global, o letramento científico em literatura (LCL) pensa uma educação
planetária, ética, responsável e solidária. É fundamental, portanto, a instituição, o
fortalecimento e a ampliação da educação científica literária na educação básica. O trabalho
com o LCL visa, sobretudo, ao cumprimento do dispositivo estabelecido para o ensino médio
1
Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura da Universidade
Federal do Tocantins – UFT. E-mail: [email protected]
2
Professor Dr. adjunto da Universidade Federal do Tocantins (PPGL, PROFLETRAS). E-mail:
[email protected]
pela Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional/1996, que defende o aprimoramento do
educando, numa perspectiva humanística, com formação ética e com o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico.
Com efeito, a participação dos atores sociais no âmbito da escola básica, na construção
do conhecimento científico no ensino de língua e literatura, leva-nos ao interesse pela ciência,
facilitando o aprendizado, cuja aptidão conduz-nos a participação nos debates sociais,
explicando e dando encaminhamentos às problemáticas globais e locais. Nesse sentido, o
professor prepara alunos para a investigação científica, na qual o educando é levado a ter uma
postura crítica na sociedade, construindo saberes plurais, solidários e responsivos pela
leitura/análise/produção de textos literários e de gêneros discursivos científicos. O aluno é
levado, ainda, no LCL, à investigação de fenômenos heterogêneos no texto literário, em
detrimento de fenômenos homogêneos dogmatizados pela crítica, pela escola, pela elite
dominante que fomenta o ensino.
Nesta pesquisa, como objetivo geral, investigaremos como o LCL pode contribuir para
o ensino de língua e literatura no Centro de Ensino Médio Castro Alves, em Palmas/TO,
visando ao fortalecimento do docente e dos alunos envolvidos na pesquisa, na perspectiva da
formação sociocientífica e ecoformativa, por meio da produção de gêneros discursivos de
iniciação científica, como resumo, fichamento, relatório, resumo expandido.
Como objetivos específicos: a) analisaremos como o letramento científico (LC) pode
contribuir para o ensino de língua e literatura e a formação de leitores no ensino médio; b)
Buscaremos promover o desenvolvimento de competências sociocientíficas e ecoformativas
(humanísticas) nos colaboradores da pesquisa durante o processo de LCL; c) investigaremos
quais evidências da produção discursiva científica presentes nos textos produzidos durante o
processo de LCL (resumo, fichamento, relatório, resumo expandido, apresentação oral etc.)
que nos permitam depreender o desenvolvimento sociocientífico e ecoformativo dos
colaboradores; d) analisaremos as funções da escrita de gêneros discursivos constitutivos das
práticas de LCL que nos permitam observar o desenvolvimento dos colaboradores; e e)
trabalharemos um projeto de leitura de contos junto aos colaboradores na perspectiva do LCL,
buscando trazer à baila o desenvolvimento de competências em três níveis: o Nível Inteligível
Reflexivo (NIR), o Nível Sensível Reflexivo (NSR) e, o Nível Ecoformativo da Ação (NEA).
3
No original: Scientific literacy defines what the public should know about science in order to live more
effectively with respect to the natural world.
Letramento científico é a compreensão que os indivíduos têm da ciência. Indivíduos
cientificamente letrados compreendem a natureza da ciência, entendem e aplicam
alguns conceitos científicos importantes na vida diária, compreendem os processos
de uso da ciência para resolver problemas, entendem o impacto da ciência e da
tecnologia na sociedade e meio ambiente, têm habilidades científicas e técnicas, e
apreciam os valores que estão subjacentes à ciência ou atitudes relacionadas com a
ciência. Letramento científico inclui mais do que apenas a compreensão dos
conceitos da ciência. Letramento científico também envolve o conhecimento dos
processos que criam os conceitos (ou inquérito rigoroso) e organização (natureza da
ciência)4.
O LC, como prática social que usa a escrita e leitura científicas, encaixadas em
questões de poder, de ideologia e de cultura, implica uma participação ativa dos atores na
sociedade, numa perspectiva de igualdade social, solidária e responsiva. Na pauta do LC, os
saberes e os atores sociais são (re)construídos socialmente. Portanto, é necessária a inclusão
dos atores em questões sociais. Isso implica o fortalecimento dos indivíduos quanto à
compreensão e discussão do conhecimento científico e de sua aplicabilidade na sociedade, na
resolução de problemas, na promoção das formas de vida mais humana, solidária, ética e
ecossustentável.
Com efeito, com base nas postulações do LC, como domínio de um conjunto de
práticas políticas, culturais, sociais e científicas, baseadas na escrita, enquanto sistema
simbólico e tecnológico, envolvendo atitudes, ideologias, relações de poder e ações diversas
realizadas na interação social, o ensino de língua e literatura pode subsidiar a formação
sociocientífica ao levar os atores sociais a entender princípios-base de fenômenos do
cotidiano até a capacidade de tomada de decisão em pontos relativos à ciência e tecnologia, a
partir da produção de gêneros discursivos científicos. Nesse sentido, o LCL propõe uma
(re)construção de atores e de saberes, pela mediação do domínio da técnica da escrita e da
leitura da linguagem científica e literária e dos gêneros discursivos científicos e
(eco)narrativos no ensino, pela promoção da cidadania global solidária e participativa, pela
ecoformação, pela emancipação e pelo empoderamento das minorias periferizadas, pela
despolitização das formas de vida dominantes e pela ecossustentabilidade.
Para fins didáticos, caracterizamos o LCL como um modelo triádico. O modelo é
constituído de três níveis, nos quais residem várias competências que os identificam. O
4
No original: scientific litaracy is individuals' understanding of science. Scientifically literate individuals
understand nature of science, understand and apply some key science concepts in daily life, understand use
processes of science for solving problems, understand the impact of science and technology on society and
environment, have scientific and technical skills, and appreciate values that underlie science or science related
attitudes. Scientific literacy includes more than just understanding the concepts of science. Scientific literacy
also involves knowledge of the processes that create the concepts (or strict inquiry) and organizing (nature of
science).
primeiro nível é o Inteligível Reflexivo (NIR), constituído pelas competências: (a)
epistemológica (apropriação de conhecimento(s) veiculados (s) pela obra); (b) ecoformativa
(econarrativa, ecopoética, ecologia de saberes); e (c) interpretativa (mundividência do leitor).
O segundo nível é o Sensível Reflexivo (NSR), constituído de duas competências: a
(a) subjetiva (devaneio, imaginação, emoção); e a (b) sensorial do leitor empírico (os sentidos,
ecos íntimos do sujeito leitor). O terceiro nível, o ecoformativo da ação (NEA), é uma
confluência dos outros dois níveis, ou seja, ele é alimentado pelos níveis inteligível e sensível.
Este nível mobiliza as seguintes competências: (a) ética (solidariedade, responsabilidade,
pensamento-ação pós-abissal); (b) proativa; (c) dialógica (alteridade); e (d) utilitária (usos
planetários e para si da obra; no qual o leitor é impelido para a ação (formação
humanizadora). Na figura 1, evidenciamos a distribuição desses níveis e de suas
competências:
Figura 1
Competência epistemológica:
Apropriação de
conhecimento(s) veiculado(s)
na obra Nível Sensível Reflexivo
Competência ecoformativa: (NSR)
Econarrativa/ecopoética, Competência subjetiva:
ecologia de saberes Imaginário, Emoção
Competência interpretativa: Devaneio
Mundividência do leitor Competência sensorial
do leitor empírico
LCL
Procedimentos metodológicos
Esta pesquisa é de abordagem qualitativa, de natureza aplicada (GERHARDT,
SILVEIRA, 2009), sendo baseada no paradigma interpretativista. No paradigma
interpretativista, surgido como uma alternativa ao positivismo, não há como observar o
mundo independentemente das práticas sociais e significados vigentes. “A capacidade de
compreensão do observador está enraizada em seus próprios significados, pois ele (ou ela)
não é um relator passivo, mas um agente ativo” (BORTONI-RICARDO, 2008, p. 32).
Quanto ao procedimento, pautar-nos-emos pela pesquisa-ação, pois ela se configura
como uma ferramenta para o “desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que
eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o
aprendizado de seus alunos [...]” (TRIPP, 2005, p. 445).
Thiollent (2002) expõe que a pesquisa-ação se caracteriza por ser uma linha de
investigação associada às formas de ação coletiva, orientada em função da resolução de
problemas ou de objetivos de transformação. Portanto, essa modalidade supõe, além da
participação do pesquisador, uma forma de ação planejada. Nesse tipo de pesquisa, “os
pesquisadores desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados,
no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em função dos problemas”
(THIOLLENT, 2002, p. 15).
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica e subjetiva, visto que
é concebida e realizada em estreita associação com uma resolução de problema coletivo. A
realidade humana e não-humana observada não é fixa. O observador, os
colaboradores/participantes e seus instrumentos desempenham um papel ativo na geração,
análise e interpretação dos dados. Opera, nesta modalidade, uma dialética entre os atores e o
meio, cujos fenômenos históricos, sociais, culturais, subjetivos são captados e caracterizados
pelo constante devir.
Quanto ao método de análise, esta investigação se fundamenta no fenomenológico,
que, com base em Triviños (1992), não é dedutivo nem indutivo, uma vez que preocupa-se
com a descrição direta da experiência tal como ela é. A realidade é construída socialmente e
entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado. Dessa maneira, a realidade
não é única: existem tantas quantas forem as suas interpretações e comunicações. Os
colaboradores são reconhecidamente importantes no processo de construção do
conhecimento.
Para investigar o LCL no âmbito da educação básica, procurando atender aos
pressupostos teóricos e práticos desta pesquisa, a priori, trabalharemos o projeto de leitura de
conto “Literatura e iniciação científica: (re)construindo saberes ecoformativas” em uma turma
do 2° ano do Centro de Ensino Médio Castro Alves, de Palmas/TO, para a posteriori,
apresentarmos os resultados e discussões na tese de doutoramento.
Para tal, a pesquisa compreende as seguintes etapas, sendo indicadas no quadro 1 do
cronograma:
1. Frequência às aulas das disciplinas para obter os créditos necessários conforme a
oferta da Instituição.
2. Coleta e documentação dos dados - de posse do tema, que aborda LCL,
aprofundaremos as buscas sobre as referências essenciais, que tratam do tema em questão e
que fornecerão os dados essenciais para a elaboração do trabalho. Selecionadas as obras, que
poderão ser úteis para o desenvolvimento do assunto, procederemos, em seguida, à
localização das informações necessárias a fim de que o criticismo sobre o assunto, ora
pesquisado, contribua para os estudos do LC no ensino médio. Com o trabalho de
levantamento dos referidos dados, pontuaremos as lacunas existentes no ensino de literatura,
propondo, dessa forma, as possíveis soluções para os problemas a partir do trabalho com
gêneros discursivos científicos.
3. Anotações e fichamentos - as leituras que realizaremos serão registradas, através de
anotações para mapearem o universo da pesquisa, em sua totalidade, a fim de formatarem um
roteiro de estudo e análise dos dados como parte integrante do objeto final da pesquisa.
4. Implantação do Projeto de Leitura – o trabalho será desenvolvido junto aos
colaboradores obedecendo os seguintes passos: ambientação/socialização do pesquisador
junto à turma e professor regente; observação in locu das aulas de literatura (diário de campo);
aplicação de questionário semiestruturado; apresentação e desenvolvimento do projeto de
leitura junto aos colaboradores; apresentação e execução do trabalho na turma (aplicação de
questionários explorando os três níveis do LCL, metodologia científica, os gêneros
discursivos científicos previamente selecionados); geração e coleta de dados (anotações de
campo, filmagens, textos produzidos pelos colaboradores, diários das leituras das obras
literárias, resumo expandido, fichamento, relatório).
5. Produção crítica e teórica (Redação inicial da tese, escrita dos capítulos teóricos e
analíticos, revisão e ajustes da tese, elaboração da redação final da tese, defesa pública da
pesquisa) – através do trabalho desenvolvido em LCL na turma, nosso intento é apresentar e
discutir os resultados da pesquisa no produto final desta pesquisa, a tese, visando o
fortalecimento dos colaboradores e melhorar as práticas dos professores envolvidos na
pesquisa, buscando ainda dá à Literatura o lugar e a importância devida na escola, como
estudo fundamental para a formação de leitores sóciocientíficos e ecoformativos.
O cronograma de execução da pesquisa está disposto no quadro 1 e está dividido de
acordo com suas etapas, sendo a duração da atividade de cada etapa especificada em ano:
Quadro 1 – Cronograma físico das atividades do projeto
Etapa Ano 2016 Ano 2017 Ano 2018 Ano 2019
1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
Sem. Sem. Sem. Sem. Sem. Sem. Sem. Sem.
1 X X
2 X X X
3 X X X X X
4 X X
5 X X X X
Considerações finais
Referências
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THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
SALA 2
Resumo: O presente estudo tem como finalidade discorrer sobre a formação do jovem leitor e o papel da
biblioteca escolar, bem como do bibliotecário, neste processo de formação do gosto literário pelo estudante.
Pretende-se demonstrar neste estudo que a biblioteca escolar é ferramenta importante na formação de leitores
literários, uma vez que fornece suporte material e informacional a professores e bibliotecários, estes atuando
como mediadores na formação de leitores, disponibilizando textos literários dos mais diversos gêneros e em
diferentes formatos; objetivando por meio de atividades e projetos bem articulados incentivar o hábito de leitura.
Introdução
A leitura
**Doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (2007). Mestre em Estudos Literários pela
Universidade Federal de Goiás (2000). Professora Adjunta III de Língua Portuguesa do Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicado à Educação – UFG desde 2010. E-mail: [email protected].
florescer nos leitores sentimentos de inquietação, questionamentos, desejos de poder entrar no
livro e fazer mudanças, como também sentimentos de empatia com os personagens.
Destarte, o ato de ler precisa ser concebido como um ato crítico e reflexivo, em que o
leitor cria um posicionamento ativo sobre o que está lendo, não sendo somente um reprodutor
do discurso de determinado autor. Segundo Compagnon (2009), “a literatura é de oposição,
ela tem o poder de contestar a submissão ao poder” (p. 34). Ela desobstrui as mentes e forma
o ser social, questionador, reconhecedor da realidade do mundo, rompendo e questionando os
paradigmas impostos pela sociedade.
Assim, a leitura é uma atividade que proporciona a reflexão e crítica de mundo e de
ideias, revelando-se como um elemento de conscientização, desenvolvendo no indivíduo o
raciocínio crítico, liberdade de expressão e autonomia de pensamento. Para Compagnon
(2009), “a literatura teria o poder de nos fazer escapar das forças da alienação ou de
opressões.” (p.34).
Conforme afirma Calvino (2007, p.13), em geral cabe à escola mediar este primeiro
contato dos jovens alunos com o mundo literário, oferecendo certo número de livros para que
os alunos os conheçam e, posteriormente, possam eleger os seus preferidos. É importante
ressaltar o papel da leitura para o jovem no ambiente escolar (pois muitos alunos, seja por
questões financeiras ou familiares, têm acesso a livros somente na escola), e o quanto a leitura
é importante para o aprendizado e formação intelectual, cultural e de sociabilidade com os
colegas. Martins (1997) pontua que “a leitura seria a ponte para o processo educacional
eficiente, proporcionando a formação integral do indivíduo” (p. 25).
Deste modo, é necessário que seja incentivada na escola, através da colaboração entre
profissionais, professores e bibliotecários, pois ao abordarem a leitura literária de forma
dinâmica e diferenciada, poderão contribuir e ampliar a compreensão dos alunos acerca das
obras, como também incentivar o gosto pela leitura, ajudar em sua formação e postura diante
da sociedade. Zilberman (1985) também afirma esta importância da literatura para a formação
dos alunos, pois para teria também o valor de:
Literatura na escolar
o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como
o exercício da reflexão, aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o
afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso
da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor.
A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna
mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante. (p.180)
A análise das obras feita na escola não deveria mais ter por objetivo ilustrar os
conceitos recém-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele teórico da
literatura, quando então, os textos são apresentados como uma aplicação da língua e
do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras –
pois postulamos que este sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do
humano, o qual importa a todos. Como já o disse, essa ideia não é estranha a uma
boa parte do próprio mundo do ensino; mas é necessário passar das idéias à ação.
(TODOROV, 2009, p.89)
Metodologia
Mediação Literária
O mediador de leitura é alguém que tem familiaridade com os livros, tem a leitura
como hábito e experiência de vida, é ele quem apresenta este mundo ao leitor. De fato, em
geral leitores adentram no universo dos textos literários através de um mediador, comumente
um familiar, um professor, um bibliotecário. No ambiente escolar, o professor e o
bibliotecário exercem esta função, pois são como um elo que liga os alunos às palavras,
estimulando e apresentando diferentes formas de textos literários, com o objetivo de que estes
jovens apreciem e tornem a leitura um hábito ao longo de suas vidas, assim como dito por
Barbosa (2013):
São muitas as histórias daqueles que, embora tenham vivido parte da vida longe dos
livros, atestem que tudo começa com a mediação, com o encontro com o livro
mediado por uma voz, uma entonação, uma indicação e, sobretudo, como uma clara
orientação acerca de como ir ao texto, de como olhá-lo como espaço de
interlocução, de diálogos com outros textos. A mediação começa com uma
disponibilidade para a hospitalidade – esta entendida como o ato de acolher aquele
que chega e dar-lhe lugar e condições para que, após essa chegada, possa prosseguir
com força e vigor a sua própria caminhada. (p.11)
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
Sala 2
Resumo: A modelagem, de forma geral, favorece o jogo simbólico, uma vez que possibilita que as crianças
criem formas, deem significados às mesmas e, ainda, as modifiquem à medida que desenvolvem o trabalho.
Dessa forma, o projeto objetiva, através do manuseio da argila, desenvolver a criatividade, a imaginação e a
concentração, além do desempenho cognitivo e motor. Portanto, este sublinha a relevância que a educação
infantil tem para instrumentalizar o processo educativo. O presente trabalho foi desenvolvido no primeiro
semestre de 2016, na turma do II Período, do Centro Municipal de Educação Infantil–CMEI Sementes do
Amanhã, em Palmas - TO, por meio de atividades e experiências teórico/práticas, que aconteceram de forma
interdisciplinar, no qual buscamos aplicar atividades a que contribui para o processo de desenvolvimento integral
das crianças.
Introdução
O presente trabalho foi desenvolvido em 2016, na turma do II Período,
com crianças entre 5 e 6 anos de idade, do CMEI Sementes do Amanhã, situada no município
de Palmas - TO. Sendo orientado, acompanhado e supervisionados pelas professoras regentes
da turma.
A arte está presente na vida do homem desde o período da pré-história, quando ele já
se pintava nas paredes das cavernas e assim ele fazia sua arte. Lavelberg (2003) confirma que:
1
Graduada em Pedagogia e Gestão Escolar pela Universidade Estadual de Goiás-UEG; Pós-graduada em
Orientação, Supervisão, Gestão Escolar e Educação Infantil. Supervisora no Centro Municipal de Educação
infantil – Cmei Sementes do Amanhã. E-mail: [email protected]
2
Graduanda em Pedagoga com Habilitação em Orientação Educacional, Pós-graduada em Educação Infantil.
Orientadora Educacional no Centro Municipal Educação Infantil - Cmei Sementes do Amanhã . E-mail:
[email protected]
3
Graduanda em Licenciatura em Pedagoga, pela Universidade Anhanguera. Professora da Rede Municipal de
Ensino de Palmas – TO, Centro Municipal Educação Infantil - Cmei Sementes do Amanhã . E-mail:
[email protected]
4
Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas. Professora da Rede Municipal de Ensino de Palmas –
TO, Centro Municipal Educação Infantil - CMEI Sementes do Amanhã. E-mail: [email protected]
5
Pedagoga. Professora da Rede Municipal de Ensino de Palmas – TO, Centro Municipal Educação Infantil -
CMEI Sementes do Amanhã. Pós-Graduada em Orientação Educacional. E-mail: [email protected]
6
Pedagoga e Licenciada em Letras Espanhol. Professora da Rede Municipal de Ensino de Palmas – TO,
Escola Municipal Pastor Paulo Leivas Macalão. Pós graduada em Gestão e Supervisão Escolar e em Língua
Espanhola. E-mail: [email protected]
A Arte promove o desenvolvimento de competências, habilidades e conhecimentos
necessários a diversas áreas de estudo, entretanto, não é isso que justifica a sua
inserção no currículo escolar, mas seu valor intrínseco como construção humana,
como patrimônio comum a ser apropriado por todos. (IAVELBERG, 2003, p.43)
Uma das principais atribuições da arte na educação infantil, é que ela possibilita que
a criança amplie seu conhecimento, suas habilidades e a descoberta de suas potencialidades.
Através da arte a criança expressa seus sentimentos, medos e frustrações. Ao pintar uma tela,
uma folha ou até mesmo uma parede de azulejo, ou modelar uma argila/barro ela está
ampliando sua relação com o mundo de forma espontânea.
Dessa maneira a criança apropria de diversas linguagens adquirindo uma
sensibilidade e capacidade de lidar com formas, cores, imagens, gestos, fala e sons e outras
expressões. A modelagem, de forma geral, favorece o jogo simbólico, uma vez que possibilita
que as crianças criem formas, deem significados às mesmas e, ainda, as modifiquem à medida
que desenvolvem o trabalho. Dessa forma, permite-se que as crianças aprofundem o contato
com os sentidos, principalmente o tato e a visão, além de liberarem seus movimentos e
desenvolverem a percepção e a psicomotricidade, fatores relevantes à sua formação.
O trabalho de modelagem com argila é realizado a partir do bater,
enrolar, furar, torcer, beliscar, amassar, puxar e alisar. Enfim, o mundo de dar forma à argila,
por ser um material maleável, permite a exploração de formas, sendo um excelente meio de
estimular a imaginação e a criatividade. Desta forma a criança na educação infantil precisa ser
estimulada para que ela conquiste novos saberes e aproprie de seu conhecimento. Este projeto
tem a finalidade de aproximar a arte ao universo infantil através do manuseio da argila, pois
as crianças passam a conhecer arte ao mesmo tempo em que fazem Arte.
Justificativa e Motivação
Dada à importância de propiciar à criança a visualização, exploração, contato e
manuseio de diversos objetos que compõem o universo, surgiu a necessidade de trabalhar com
este tema. As crianças nessa faixa etária demonstram uma curiosidade infinita por conhecer
tudo o que está à sua volta. Desse modo trabalhamos mediando o descobrimento do seu
mundo.
Na educação infantil é fundamental o estímulo da sensibilização e criatividade, visto
que estes são os responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo da criança. Dessa forma o
trabalho com argila favoreceu e favorece o desenvolvimento de tais habilidades, pois o ato de
amassar e confeccionar esculturas estimula a criatividade, auxilia no controle da ansiedade,
desenvolve a coordenação motora fina, reforça a sensibilidade tátil, dentre outros.
Objetivos
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento
As atividades foram realizadas no decorrer do primeiro semestre letivo de 2016.
Para a execução do projeto, decidimos executar uma atividade prática do projeto por semana
no qual foram desenvolvidos diversos eixos, experiências, musicas, brincadeiras, entre outras
atividades associando teoria e prática.
Conforme o Referencial Pedagógico para a Educação Infantil (Palmas 2009)
“... O processo criador é o próprio fazer, momento em que se tenta expressar ou dar
forma a uma ideia, é a própria representação do pensamento. Criar é construir, dar
forma, inventar, transformar o conhecido em algo significativo. ” (Palmas. 2009, p.
86)
Considerações Finais
Com este projeto, fundamentado nas nossas práticas junto com as crianças do II
período, entendemos que o brincar e o lúdico são de extrema importância para as crianças,
pois elas desenvolvem a criatividade e interagem com outras crianças, vivenciando um
processo de construção do conhecimento.
Compreendemos também, que pensar na Educação Infantil é reconhecer sua
especificidade e ver as crianças como seres que são produtoras de saberes cujo brincar é
atividade essencial da infância. Além disso, as crianças trazem a marca da geração a que
pertencem, nos apontando que lugar da instituição da Educação Infantil deve ser um lugar de
respeito à infância, as suas expressões e dimensões.
Observamos juntamente com as crianças que o processo de modelagem possibilita a
sensibilidade visual, do tato e o desenvolvimento da coordenação motora fina, a criatividade,
oralidade, concentração, estimula a matemática e favorece a socialização dos pequenos. A
argila é um material derivado da decomposição das rochas e durante milhões de anos muito
abundantemente encontrados na crosta terrestre, algumas são encontradas a céu aberto outras
embaixo da terra; requer que sejam bem amassadas com as mãos para modelagem, por isso, a
identificação do projeto, mãos na massa.
Os resultados obtidos com este projeto foram extremamente positivos, pois além do
aprendizado das crianças e dos profissionais e familiares envolvidos, organizamos uma
exposição com os trabalhos desenvolvidos em sala. Durante o Berço de Talentos, evento que
ocorre todos os anos nos Centros Municipais de Educação Infantil de palmas TO, foi
apresentando como produto final os resultados deste projeto, o qual foi avaliado por uma
equipe composta por representante da Secretaria de Educação e por alguns pais da
Comunidade Escolar. O evento foi apresentado à Comunidade pelos alunos a partir de relatos
e exposições de suas obras artísticas. Este projeto ao final do evento obteve maior pontuação,
sendo escolhido para representar este CMEI na Fecit – Feira de Ciência e Tecnologia da rede.
Os alunos ficaram felizes com a pontuação adquirida e com o resultado alcançado.
No mês de outubro, na ULBRA, apresentaram novamente o projeto para toda a comunidade
palmense, onde foram muito elogiados e aplaudidos. Comprova-se então que o trabalho com
projeto na educação infantil é árduo, mas o resultado é muito satisfatório, principalmente
quando se vê as crianças falando com tanta propriedade do tema em questão e de sua
vivência.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação e do desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial curricular nacional para educação infantil-Brasilia: MEC/SEF, 1998.3V.
Acesso em 28 de março de 2016.
PALMAS. Secretária de Educação. Referencial Pedagógico para Educação Infantil do
Município de Palmas-TO. 2009. Acesso em 28 de março de 2016.
http://culturainfantilearte.blogspot.com.br acesso em 28 de março de 2016.
http://ler-umaviagemquesofazbem.blogspot.com.br Acesso em 28 de março de 2016.
A MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO
COMPARANDO DOIS LIVROS DIDÁTICOS DE MATEMÁTICA
Sala 4.3
RESUMO: Vencer o ensino mecanicista de matemática é o anseio de muitos autores de livros didáticos os quais
buscam repensar abordagens tradicionais (caráter mecânico e fragmentado de aulas) e abarcar uma didática na
perspectiva do paradigma emergente, o qual visa o enfoque de práticas sociais para dinamizar e situar o ensino
de matemática. Isso tem sido o grande desafio de autores das ciências exatas, ou seja, a busca por um ensino
atualizado, que promova mais eficiência no modo de ensinar, por isso, as escolas precisam de abordagens mais
contextualizadas nos livros didáticos. Nesse direção, o objetivo desse artigo é apontar a relevância do letramento
em exercícios matemáticos que abordam práticas sociais em detrimento de exercícios que não enfatizam tais
práticas. Mais precisamente, trata-se de comparar capítulos de dois livros didáticos da sétima série: “Praticando
Matemática”, editada em 1989 e “A Conquista da Matemática”, editada em 1998. Para isso, a priori, abordamos
a relevância da teoria do letramento em detrimento do ensino tradicional. Por último, analisamos o corpus, no
caso, a página introdutória do capítulo “Equações Literais do 1º Grau” (1989) e o capítulo “Equações do 1º
grau com uma incógnita (1998)) situadas nas duas obras supracitadas, a fim de compreender em que aspecto as
diferenças no trato com o conteúdo se evidenciam entre ambos. Concluímos que o livro didático de 1989 aborda
o conteúdo de forma fragmentada e tradicional. Já o livro didático de 1998, traz inovações em razão da LDB/96
e dos PCN’s do ensino fundamental/98. Esse livro didático, envolve a ideia de letramento porque mescla
conteúdo matemáticos com práticas sociais. Apesar do relativo avanço, em favor da obra de 1998, entendemos,
que muita coisa já se inovou pois a segunda obra já conta com 16 anos de publicação. Não obstante, ela mostra
os reflexos iniciais do letramento em matemática.
INTRODUÇÃO
1
Graduado em letras pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Especializado em Docência do Ensino
Superior pelo Instituto Tocantinense de Pós-Graduação – ITOP. Mestre em Ensino de Língua e Literatura – UFT.
Pós-Graduando em Alfabetização e Letramento pela UNINTER. Doutorando em Letras: Ensino de Língua e
Literatura/UFT.
relevância do letramento em exercícios matemáticos que abordam práticas sociais em
detrimento de exercícios que não enfatizam tais práticas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A GÊNESE DO LETRAMENTO
Estudos apontam que uma das pesquisas mais antigas da Lingüística Aplicada (LA)2
no Brasil, a pesquisa da leitura, realizada na década de 1970, constatou que a crise da leitura 3,
foi condicionada por questões sociais da época. Em função desta problemática, buscou-se
analisar objeto, fontes e método na pesquisa da leitura. Em razão disso, constatou-se que o
problema estava no modelo de aula, que não previa caminhos para o aluno se tornar um leitor;
um outro era a formação do docente, que não garantia que fosse um usuário competente da
escrita. Assim, a organização social da aula, a construção social da aprendizagem e as práticas
sociais de leitura passaram a ser o foco de interesse de um maior número de linguistas
aplicados, reconfigurando o interesse anterior. (KLEIMAN, 1998 p. 57). Com a crise da
leitura na década de 1970 e com a constatação dos fatores que provocaram tal acontecimento
surge a necessidade de aplicação de ensino baseada em práticas sociais a fim de envolver o
aluno diante de um processo de ensino-aprendizagem que o insira dentro da sociedade que ele
participa, aumentando sua capacidade de percepção de aprendizagem da comunicação social.
Noutras palavras, essa crise contribuiu para o alvorecer do letramento.
2
Os profissionais da LA se preocupam em como conduzir o ensino em sala de aula e no livro didático.
3
A crise da leitura dos anos 70 trouxe ganhos para outras áreas de conhecimento, como a matemática, pois o
enfoque de práticas sociais no ensino se fez determinante para as ciências exatas. A partir dessa crise,
identificada pela Linguistica Aplicada surgiram novos olhares para o ensino no processo de escolarização.
O LETRAMENTO E A MATEMÁTICA
4
Vale ressaltar que o método positivista de Comte emergiu das ciências naturais, mas se impôs para outras áreas
do conhecimento. Foi uma grande contribuição no século XIX. Mas atualmente, na perspectiva emergente, a
ideia não é mais de fragmentação e sim, holística, ou seja, a perspectiva é de totalidade, por isso a necessidade da
interdisciplinaridade e da contextualização.
(GIOVANNI; CASTRUCCI; GIOVANNI JR, 1998, p. 114)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É inquestionável que as teorias do letramento trouxeram inúmeros ganhos na área do
ensino, principalmente se consideradas as relações estabelecidas entre língua e sociedade por
elas delineadas. No entanto, em relação ao ensino de matemática, embora avanços sejam
verificados, ainda se verificam lacunas entre o que cientificamente se discute sobre conteúdos
do livro didático e a prática no ensino da matemática.
Uma das razões para essa prerrogativa é que no cotidiano de sala de aula, os processos
pedagógicos, estando o livro didático entre os principais, continuam ligados às tradições
difundidas pelo ensino tradicional, tão distantes do ensino contextualizado que se queria ter.
A edição de 1989 reflete a linha de abordagem tradicional de ensino de matemática,
centrada na fragmentação do conteúdo, uma vez que não se insere, no processo de ensino-
aprendizagem, situações de vivências do aluno, seu cotidiano, desconsiderando, assim, sua
visão de mundo, perspectiva que não enfoca o aparato teórico de Freire (1987, p. 11) ao
assinalar que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”.
A apresentação da temática “Equações literais do 1º grau” na versão de 1989 é
inconsistente, por apresentar uma didática que privilegia categorias matemáticas
descontextualizadas de situações vivenciadas pelos estudantes. A exemplificação para
compreensão do conteúdo é feita por meio de exemplos, soltos, desconexos. Não existe uma
preocupação com a contextualização, interação ou discussão. O contexto sócio-histórico é
inexistente. E nem poderia ser diferente porque essa obra foi editada antes da LDB/96 e dos
PCN’s publicados dois anos após.
O fato de haver um período relativamente longo entre as edições analisadas neste
estudo (1989 e 1998) demonstra as diferenças de abordagem dos livros didáticos, “Praticando
Matemática” e “A Conquista da Matemática” isso porque a segunda obra já possui como
norteamento a LDB/96 e os Parâmetros Curriculares Nacionais, de 1998.
Sem dúvidas, os PCN’s se opõem à tradição e o mecanicismo que devem ser superados.
O letramento no processo do ensino-aprendizagem da matemática é um tema de extrema
relevância, uma vez que, entendemos que há uma necessidade de associarmos a prática
pedagógica do ensino de matemática relacionado-a às práticas sociais vivenciadas pelos
alunos. Nesse sentido, o livro didático não pode ignorar a vida social do aprendiz, o
letramento matemático deve estar presente nas práticas cotidianas do professor no ensino
fundamental, buscando otimizar a formação de um cidadão cada vez mais reflexivo, ao invés
de reprodutor de conteúdos, ministrados, em sala de aula. Mas, para isso, é imprescindível
uma reflexão, por parte dos professores, acerca do ensino de matemática para que essas
habilidades, saberes e competências pedagógicas sejam bem articuladas por estes docentes.
Sem o domínio da teoria, não há como articular o método de forma consistente.
Por fim, acreditamos que essa reflexão do letramento no livro didático pode superar a
quebra do paradigma do ensino tradicional, assim como, pode induzir a escola em repensar
uma política educacional voltada para uma didática que vise o social dos alunos, passando a
buscar um ensino que seja mais eficiente e, ao mesmo tempo, prazeroso para o aluno, por ver
na matemática conteúdos que envolvam uma prática social que os encanta, como por exemplo
um cálculo que envolva a corrida de carros ou uma partida de baseball. Assim, acreditamos,
que a teoria do letramento, refletida no livro didático, pode superar o tradicionalismo para que
as novas gerações venham superar as práticas tradicionais de ensino que parecem vigorar nas
escolas estaduais e municipais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Resumo: Este projeto tem como proposta, investigar componentes subjetivos e afetivos de leituras literárias,
como forma de contribuir para os estudos teóricos e metodológicos na formação de professores leitores, por meio
das subjetividades e afetividades que envolvem suas memórias e lembranças de leituras. Pretendemos trabalhar
com estudos míticos, simbólicos e à luz das metodologias qualitativas do Grupo Focal, da História Cultural e da
História Oral, acerca da memória, da rememoração e sua relevância na formação de professores leitores.
Trabalharemos ainda, com algumas das funções que a memória pode desempenhar, dentre elas, a memória como
trabalho, a memória como possibilidade de alteração do momento presente e do futuro, a memória como versão e
a memória como esquecimento. Nosso interesse é desenvolver um produto que seja aplicado em sala de aula em
forma de oficinas interativas culminando em uma exposição nas escolas em que esses profissionais de educação
atuam. A importância dessa pesquisa se dá por percebermos dificuldades enfrentadas pelos professores ao se
depararem com educandos não leitores ou leitores que não se sentem mais estimulados pela palavra escrita e
pelas imagens mentais trazidas por meio desta. Como estimular essas leituras por meio das próprias lembranças
de leituras é um caminho difícil e estimulante que os professores leitores precisam percorrer para tentar ampliar
tanto as potencialidades intelectuais, quanto estimular as vivências pessoais de seu público leitor, seus
educandos.
Introdução
Bloom (2000, Prólogo) nos afirma que ―uma das funções da leitura é
nos preparar para uma transformação, e a transformação final tem caráter universal‖,
ressalta ainda que, seja por divertimento ou por algum objetivo específico, a leitura é um
hábito pessoal e não uma prática educativa, e assim diz porque, para ele, a leitura, quando
a fazemos sozinhos, manifesta uma ―relação contínua com o passado‖, a despeito das
leituras atualmente praticadas nas academias. Para Bloom (2000), a leitura é um
crescimento que nos proporciona prazer. E afirma ainda que,
Sem dúvida, o prazer da leitura é pessoal, não social. Não se consegue
melhorar — diretamente — as condições de vida de alguém apenas tornando-o
um leitor mais competente. Sou cético com relação à expectativa tradicional de
que o bem-estar social possa ser promovido a partir do aumento da capacidade
de imaginação das pessoas, e desconfio de qualquer argumentação que associe
o prazer da leitura solitária ao bem público.
Procedimentos Metodológicos
É sabido que, ainda hoje, há uma falha na formação literária de educandos
da rede pública de ensino. Isso ainda acontece porque essa formação literária não é voltada
para os ensinos fundamental e médio de forma relevante, uma vez que os professores também
ainda não são orientados de forma a utilizar seu saberes universitários (sendo eles da
Literatura ou não), de forma a adequar e transmitir esses saberes universitários e os saberes de
formação de leitores a um público amplamente heterogêneo que, tem hoje, acesso à escola
fundamental da rede pública de ensino.
As dificuldades enfrentadas se dão ainda pelo fato de que os educandos
leitores não se sentem mais estimulados pela palavra escrita e pelas imagens mentais trazidas
por meio desta. Como estimular essas leituras por meio das próprias lembranças de leituras é
um caminho difícil e estimulante pelo qual os professores leitores precisam percorrer para
tentar ampliar tanto as potencialidades intelectuais, quanto estimular as vivências pessoais de
seu público leitor, seus educandos. Permitir que a leitura literária oral ou escrita faça parte do
saber literário dos educandos, a partir das leituras literárias orais ou escritas de seus
professores, é de nosso interesse maior. Bem como, despertar o reconhecimento e a
identificação, a afetividade e o imaginário desses ―leitores aprendizes‖. Como diz Bosi (1994,
p.39) ―a memória é um cabedal infinito do qual só registramos um fragmento (...)‖ e
―Lembrança puxa lembrança e seria preciso um escutador infinito‖. E ainda em Bosi (1994, p.
85) ―A arte da narração não está confinada nos livros, seu veio épico é oral. O narrador tira o
que narra da própria experiência e a transforma em experiência dos que o escutam‖.
O foco não se encontra na análise dos conteúdos manifestos nos grupos, mas sim no
discurso que permite inferir o sentido oculto, as representações ideológicas, os
valores e os afetos vinculados ao tema investigado. A premissa é a de que os
pequenos grupos tendem a reproduzir nos jogos de conversação, o discurso
ideológico das relações macrossociais. Eles seriam, pois, uma forma de desvelar
este processo de alienação e torná-lo consciente para os participantes.
(...) tomemos um 'livro', este objeto cultural reconhecido por todos os que até hoje se
debruçaram sobre os problemas culturais. Ao escrever um livro, o seu autor está
incorporando o papel de um produtor cultural. Isto todos reconhecem. O que foi
acrescentado pelas mais modernas teorias da comunicação é que, ao ler este livro,
um leitor comum também está produzindo cultura. A leitura, enfim, é prática
criadora — tão importante quanto o gesto da escritura do livro. Pode-se dizer, ainda,
que cada leitor recria o texto original de uma nova maneira - isto de acordo com os
seus âmbitos de 'competência textual' e com as suas especificidades (inclusive a sua
capacidade de comparar o texto com outros que leu, e que podem não ter sido
previstos ou sequer conhecidos pelo autor do texto original que está se prestando à
leitura). Desta forma, uma prática cultural não é constituída apenas no momento da
produção de um texto ou de qualquer outro objeto cultural, ela também se constitui
no momento da recepção.
BLOOM, Harold. Como e por que ler. Tradução José Roberto O’Shea. Rio de Janeiro:
Editora Objetiva LTDA, 2000.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 3ª ed. – São Paulo: Companhia
das Letras, 1994.
CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas.. Tradução
Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
CANDIDO, Antonio. Vários Escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2011.
GONDIM, Sônia Maria Guedes. Grupos Focais como técnica de investigação qualitativa:
desafios metodológicos. Universidade Federal da Bahia. Paidéia, 2003,12(24), 149-161.
LAROCHE, Serge. Marcas da identidade. In: VIVER Mente &Cérebro. Especial Memória.
Edição nº 2. São Paulo: Ediouro Segmento-Duetto Editorial LTDA, 2005.
www.vivermentecerebro.com.br.
VERNANT, Jean-Pierre. Mito e pensamento entre os gregos: estudos de psicologia
histórica. Tradução: Haiganuch Sarian. São Paulo. Difusão Européia do Livro. Ed.da
Universidade de São Paulo, 1973.
Sala 08
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo descrever uma experiência educativa intitulada “Memórias de
Escolarização”, desenvolvida na disciplina de “História da Educação” com os acadêmicos do primeiro período
do Curso de Licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Artes Visuais e Música da Universidade
Federal do Tocantins, campus de Arraias. A atividade solicitada foi entrevistar professores e ex-professores da
educação básica da região que vivenciaram a educação em outras décadas, com no intuito de analisar seus
processos de escolarização e relacioná-los com os fatos políticos, sociais e econômicos de cada época.
Ensejamos também com a atividade proposta, discutir em linhas gerais a importância da disciplina em tela para a
formação de educadores para a Educação do Campo. As informações coletadas nas entrevistas pelos acadêmicos
foram apresentados pela turma para suas respectivas comunidades integradoras. A experiência possibilitou aos
acadêmicos, além de uma experiência de pesquisa, uma reflexão acerca da história da educação, pois as falas dos
entrevistados foram fundamentais para contextualização dos conteúdos trabalhados no Tempo Universidade,
bem como, a realidade da educação atualmente. Além disso, foi possível perceber que houve também uma
compreensão dos acadêmicos sobre a história da educação há quarenta décadas e, que alguns desses fatos
históricos permanecem latentes na maioria das escolas brasileiras, quando estes mencionaram no decorrer de
suas apresentações.
1. INTRODUÇÃO
[...] pode-se ponderar que a docência se caracteriza como uma das ocupações
profissionais mais implexas e significativas que existem, de modo especial, pelo
caráter abrangente que cada vez mais lhe é atribuído em diversos aspectos da
formação humana. Para desempenhá-la à luz de uma concepção histórico-crítica,
ou mediante a historicidade crítica, que busca a transformação social
proporcionada em parte, pelo conjunto de conhecimentos sistematizados e
veiculados nas instituições escolares, necessário se faz que a formação docente
seja posta em debate. ( RABELO, JÚNIOR E RODRIGUES, 2011. P.05)
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3. DESENVOLVIMENTO
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTI, Verena. Manual de história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
RABELO, Islei Gonçalves; JÚNIOR, Farley Rodrigues dos Santos; RODRIGUES, Rosângela
Silveira História da Educação e a Formação de Professores nos cursos de Licenciatura
da Unimontes: décadas de 80 e 901. Texto apresentado à X Jornada do HISTEDBR,
"História da Educação: intelectuais, memória e política”; Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia, Vitória da Conquista (BA), de 26 a 29 de julho de 2011.
MENINAS DA VILA: uma perspectiva transdisciplinar de formação de jovens
Sala 4
RESUMO:Meninas da Vila é um projeto de extensão universitária que oferece oficinas à jovens meninas de 12
a 15 anos. Este artigo analisa o aspecto transdisciplinar do projeto e buscar analisar a importância das oficinas
para as meninas participantes do projeto. A metodologia está de acordo com os pressupostos da pesquisa
transdisciplinar, a partir dos diálogos e das interações do pesquisador (sujeito transdisciplinar) com seu objeto de
pesquisa (objeto transdisciplinar). Ao propor as ações de extensão, a universidade abre espaço para o
questionamento de algumas questões sociais e da realidade prática vivenciada pela comunidade ali representada,
como a condição de vida das meninas e mulheres que integram as atividades, para que através desse projeto elas
possam ter novas oportunidades. Foram feitas observações e entrevistas com as professoras, voluntárias e alunas
das oficinas a fim de verificar as experiências e as consequências das ações desenvolvidas.
INTRODUÇÃO
1
Marianne Ramos de Oliveira, Universidade Estadual de Goiás, UEG.
2
Profa Dra. Carla Conti de Freitas, Universidade Estadual de Goiás, UEG.
3
Este artigo originou-se do trabalho de conclusão de curso de especialização, denominado
Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação, concluído na UEG Câmpus Inhumas (2017).
metodologia transdisciplinar a partir dos diálogos e das interações do pesquisador (sujeito
transdisciplinar) com seu objeto de pesquisa (objeto transdisciplinar). Uma dinâmica com via
de mão dupla, pois tanto o pesquisador intervém no objeto, quanto o objeto intervém no
pesquisador, jamais sendo neutra (MORAES; VALENTE, 2008).Como referencial teórico,
foram escolhidos Basarab (1999), Petraglia (2008), Camilo e Freitas (2015), Suanno
(2013),Moraes e Valente (2008).
Neste artigo, apresentamos uma leitura do projeto à luz dos pressupostos teóricos da
tansdisciplinaridade e descrevemos o projeto, destacando as suas características e campo de
atuação. No final, a partir da fala das participantes buscamos compreender o caráter
transdisciplinar deste projeto de extensão.
Suanno (2013) afirma que a teoria da transdisciplinaridade, além de estar situada entre,
através e além das diferentes disciplinas, é pautada nos conhecimentos científicos, sociais e
culturais, sendo necessário à educação que se assuma uma perspectiva multidimensional e de
múltiplas referências, sem deixar de lado o conhecimento prévio e particular de cada um dos
envolvidos no processo.
Em relação às oficinas desenvolvidas no Projeto Meninas da Vila, ao propor as ações
de extensão, a universidade abre espaço para o questionamento de algumas questões sociais e
da realidade prática vivenciada pela comunidade ali representada, como a condição de vida
das meninas e mulheres que integram as atividades, para que através desse projeto elas
possam ter novas oportunidades. Assim como defendido por Camilo e Freitas (2015), um dos
objetivos norteadores é a formação cultural e sustentável das meninas que vivem nas regiões
circunvizinhas da Universidade, por meio da arte, línguas e esporte e com isso, promover o
aumento da autoestima ao mesmo tempo em que proporciona ampliação da visão e
compreensão de suas reais condições de vida. Com tal ampliação, espera-se que as meninas
possam perceber novas possibilidades de ação e atuação e assim desenvolver novas
perspectivas.
Quando o ser humano adquire consciência de seu processo transformador, pode
fazê-lo, a partir de suas crenças e de suas concepções. Torna-se mais autônomo, e
toda autonomia pressupõe também dependências de um tempo, uma cultura, uma
linguagem, um lugar e de diversas histórias e relações. O ambiente altera o meio,
que, ao mesmo tempo é alterado por ele (PETRAGLIA, 2008, p.37).
3 METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho está de acordo com os pressupostos da pesquisa
transdisciplinar, que considera as principais perspectivas teóricos epistemológicas e
ecossistêmica, ela avança em relação aos conceitos da perspectiva positivista, interpretativa e
sociocrítica, atentando para a possibilidade do uso de vários procedimentos e técnicas na
construção da metodologia transdisciplinar a partir dos diálogos e das interações do
pesquisador (sujeito transdisciplinar) com seu objeto de pesquisa (objeto transdisciplinar).
Neste sentido, consideramos neste artigo, três instrumentos de pesquisas: a)
documentos relacionados ao projeto Meninas da Vila e os documentos de registro das
participantes, cujas informações foram utilizadas na descrição do projeto e do contexto; b)
entrevista com as coordenadoras, professores/voluntários e participantes do projeto; c) relato
da pesquisadora sobre a participação na oficina de design.
Para a realização desta pesquisa, as ações foram organizadas em três momentos. No
primeiro momento, foi realizada a entrevista com as coordenadoras do projeto; no segundo
momento, houve a minha intervenção na oficina de design, acompanhada pela professora
voluntária responsável; e no terceiro momento, foi feita a entrevista com voluntários que
atuam no projeto. Cada um desses momentos está descrito a seguir.
O projeto “Meninas da Vila”, desenvolvido pela UEG campus Inhumas, vem sendo
realizado a três anos com atividades educativas oferecidas a meninas da comunidade, de 12 a
15 anos, pertencentes a diferentes regiões da cidade. As atividades são realizadas por
colaboradores voluntários que são professores ou pessoas da comunidade.
No ano de 2015, foram inscritas vinte meninas e em 2016, trinta e oito. O gráfico a
seguir, ilustra o número de participantes em cada oficina, considerando que as inscritas podem
participar de até três oficinas.
30
25
20
2015
15 Colunas1
10
0
Inglês Design Jiu Jitsu Violão
FONTE: Pesquisadora
20
15
Escola Pública
10 Colunas1
0
Ingles Design Jiu Jitsu Violão
FONTE: Pesquisadora
Quanto aos colaboradores, em 2015 foram sete, duas professoras do quadro docente da
UEG/Câmpus Inhumas, uma aluna egressa do curso de Letras da UEG/ Câmpus Inhumas,
uma aluna bolsista e três membros da comunidade. Até julho de 2016, o Projeto contou com
duas professoras do quadro docente da UEG/Câmpus Inhumas, dois alunos bolsistas, uma
aluna do curso de Letras e três membros da comunidade.
3,5
2,5
2
2015
1,5
2016
1
0,5
0
Professor da UEG Egressos da UEG Alunos regulares Comunidade
da UEG
FONTE: Pesquisadora
Coordenadora1:
“O projeto meninas da Vila nasce na ideia da universidade oferecer para as meninas
aqui da região do setor oportunidades de vivências diferentes daquelas que elas tem
no cotidiano. Quando agente pensa que aqui e uma vila, um bairro da cidade que
apresenta problemas sociais por falta de oportunidades dos jovens nas artes, na
música em geral até no esporte, assim pensamos como que a universidade pode
oferecer uma situação diferente da realidade deles nasceu também da ideologia que
faz parte da minha vivência com minha filha que está ancorada na ideologia de
Chiara Lubich que foi uma mulher muito importante no século passado ela já faleceu
há alguns anos, o ideal que ela defendia era cuidar do universo do mundo
defendendo a ideia de unidade porque se agente se percebe se como um, agente
consegue transformar o lugar que agente vive, baseados nos princípios dela que não
e relacionada a uma única religião e um princípio ecumênico e várias religião tem o
princípio dela como base nos pensamos em trazer para cá esse projeto”.
Coordenadora 2:
“O projeto foi pensado para contribuir na vida das meninas, então ela tem em
comum a base teórica a questão do emponderamento mesmo, e pensamos
nisso em todos planejamentos que agente faz, isso não e falado para elas, mas
isso e falado nas nossas ações, nas nossas ações com elas e nas escolhas que
agente faz, pois agente acredita se elas tem a oportunidades de se conhecer
melhor nas artes nas atividades físicas em uma aula de música, no contato
com as pessoas aqui, no laboratório, então elas também vai desenvolvendo
mais confiança mais auto estima”.
A coordenadora 2 atua como voluntária, ofertando uma das oficinas e relatou seu
prazer em se deslocar de Goiânia para participar do projeto e, como ela percebe a importância
dele para as meninas, uma vez que muitas não tem oportunidades de escolher o que querem
para seus futuros.
“Sobre as meninas vejo assim que muda muito a relação que elas tem com
outras pessoas a visão que elas tem da universidade como lugar inalcançável
e elas passam a perceber que a universidade e um lugar possível, quando elas
são excluídas do sistemas elas não se vê como atuantes elas acham que o
mundo e assim foi assim com a mãe dela com avó dela e vai ser assim com
ela, especialmente as meninas pois os meninos tem um pouco de liberdade
sai buscar emprego buscar outras coisas mas as meninas fica muito em casa
com a mãe e são muito voltadas para o trabalho de casa muitos pensa minha
mãe e faxineira vou ser também não que isso seja ruim e que elas não se vê
com opção a primeira coisa que vejo que muda na visão delas e isso porque
elas pensam a então posso estudar aqui que pertinho da minha casa e vê que
pode fazer uma faculdade então acho que desperta para elas que e possível
ter outra profissão além daquela está mais presente no ambiente familiar dela
outra coisa também e o projeto de vida que muitas se vêm com o futuro
determinado, então quando agente fala para elas que elas não precisam
cassar ter filhos tão nova, porque elas casam com 12, 16 muito novas então
agente fala para elas que elas podem esperar estudar ter seu tempo”.
(Coordenadora 2)
Coordenadora 1
“Na dureza do mundo, na dureza do nosso cotidiano, no cotidiano da
universidade, no cotidiano das nossas casas, na dureza disso tudo agente
acha uma hora naquele dia ou naquela semana e você pensa nossa nós não
sabemos o que e dureza, o projeto e encantador, nas risadas, no olhar delas,
no sorriso delas quando elas mostram o produto que elas fizeram, e as
meninas que fazem o violão eu gosto muito de dar o exemplo delas porque
elas vão para debaixo daquela árvore ali e eu penso só aquilo já falou só de
tocar aquele violão debaixo daquela árvore e uma experiência indiscutível
para aquelas meninas, pela paz, pela oportunidade, pela vibração do lugar,
pela experiência, eu penso que não conseguimos mensurar os pontos
positivos e negativos que o projeto pode trazer para nós, pois nos dão a
chance de nos relacionar, de participar de crescer e isso que importa”.
Voluntária 2:
“Estou no quarto ano, estou concluindo, e o meu envolvimento com o projeto
foi aprender mesmo, como lidar em ser professora junto com as meninas,
junto com a equipe do projeto, e lidar com as meninas da vila foi muito bom
porque a gente aprende muito, a gente aprende a dar aulas, assim a conversar
com as meninas, como se deve conversar, como você vai ministrar as aulas,
como você vai fazer as ministrações das aulas”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CAMILO, K.F. e FREITAS, C.C., Espaços de leitura do projeto meninas da vila: uma
reflexão sobre sustentabilidade. Anais do XI ENFOPLE. Inhumas: UEG, 2015, p.105-113.
FLICK, U. Introdução a pesquisa qualitativa. 3a. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
FRANCO, B. Análise de conteúdo. 2ª edição. Brasília: Líber Livro, 2005.
MORAES, M. C.; VALENTE, J.A..Como pesquisar em educação a partir da Complexidade
e da Transdisciplinaridade? São Paulo: Paulus, 2008.
NICOLESCU, B. O Manifesto da Transdisciplinaridade. Tradução de Lucia Pereira de
Souza. São Paulo: Triom, 1999.
PETRAGLIA, I.Educação complexa para uma nova política de civilização. Educar, Curitiba,
n. 32, p. 29-41, 2008. Editora UFPR.
SUANNO, Marilza Vanessa Rosa. Outra finalidade para a educação: emerge uma didática
complexa e transdisciplinar. In: ZWIEREWICZ, Marlene. Criatividades e inovação no ensino
superior: experiências latino-americanas e européias em foco. Blumenau: Nova Letra, 2013.
METODOLOGIAS DE ENSINO QUE AUXILIAM A APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO SUPERIOR
Isabella Galvão Cardoso1
Karollyne Santos Gontijo2
Sala 4.1
Resumo: O objetivo deste estudo foi diagnosticar quais são as metodologias de ensino que possuem uma melhor
eficiência na educação superior, a partir da percepção dos acadêmicos que cursam o oitavo período de
Administração no segundo semestre do ano de 2016. Para alcançar esse objetivo, foi realizada uma pesquisa de
campo, com abordagem quantitativa, onde para identificar a opinião dos alunos sobre a eficiência das
metodologias de ensino, foi aplicado um questionário com perguntas de múltipla escolha. Utilizou-se de teóricos
para fundamentar os dados levantados na pesquisa de campo, o que propiciou uma breve descrição das
metodologias de ensino destacadas neste artigo, sendo elas: metodologia tradicional, construtivista,
sociointeracionista e a metodologia ativa. Os resultados da pesquisa evidenciaram que as metodologias que
concedem ao aluno uma maior autonomia em sala de aula, como a metodologia ativa, é considerada por eles a
metodologia de ensino com maior eficiência quando se fala de aprendizagem no ensino superior.
Introdução
Ao analisar a vida acadêmica das instituições de ensino superior, é possível perceber
que as metodologias de ensino aplicadas pelos professores, parecem estar defasadas, pois com
o avanço da tecnologia, o acesso instantâneo a informação, a velocidade como tudo acontece
na atualidade, colocam essas metodologias em questionamento: serão elas ainda eficientes,
mesmo com tantas mudanças de hábitos das pessoas e do mundo? Este artigo tem o intuito de
contribuir com respostas para este questionamento.
Teve-se como preocupação de pesquisa responder a inquietação: quais as
metodologias de ensino os alunos concluintes do curso de administração consideram como
eficientes em seu processo de aprendizagem? E como objetivo geral: diagnosticar quais as
metodologias de ensino os concluintes do curso de administração na cidade de Anápolis
consideram como sendo mais eficientes no seu processo de aprendizagem, e de forma
específica: apresentar quais são os principais métodos de ensino utilizados pelos docentes em
cursos superiores; diagnosticar a percepção dos estudantes quanto aos métodos e
metodologias de ensino; divulgar quais métodos e metodologias são consideradas como mais
eficientes no processo de aprendizagem dos alunos no ensino superior; e constatar a
percepção destes alunos referente às metodologias ativas.
1
Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Goiás. Email: [email protected];
2
Graduada em Administração pela Faculdade Católica de Anápolis. Email: [email protected].
Essa pesquisa expôs, de maneira sintetizada, as definições de algumas das inúmeras
metodologias de ensino existentes, como: a metodologia tradicional, construtivista,
sociointeracionista e ativa; e através da pesquisa de campo identificou quais dessas
metodologias podem ser mais eficientes no processo de ensino-aprendizagem dos alunos
pesquisados. Com base na problemática levantada para esta pesquisa, pretende-se auxiliar
acadêmicos, e profissionais da educação já atuantes, sobre os métodos de ensino existentes,
identificando qual deles está sendo mais apropriado no curso de administração. Neste sentido
este artigo pode ser visto como um instrumento para que possa melhorar o processo de
ensino-aprendizagem gerado dentro da sala de aula de forma significativa para o aluno.
Procedimentos Metodológicos
A presente pesquisa, por motivos de ordem teórica é bibliográfica e de campo,
aborda o universo de estudantes de ambos os sexos que cursavam o oitavo período do curso
de Administração, no segundo semestre do ano de 2016. A abordagem foi quantitativa,
privilegiando-se de perguntas com respostas fechadas quanto às opiniões pessoais dos alunos
envolvidos. Utilizou-se de uma pesquisa de campo com uma amostra de 107 estudantes. O
levantamento de dados, norteado pela pergunta problema, originou o conjunto de informações
disponíveis neste artigo, que se deu através da aplicação de um questionário com seis
perguntas objetivas ao público-alvo na instituição de ensino que os mesmos estudam. As
coletas de dados foram realizadas nas segundas até sextas-feiras, entre 19 e 22 horas em
quatro instituições de ensino superior localizadas na cidade e Anápolis/GO, as quais não terão
seus nomes divulgados por motivos éticos e de neutralidade de dados.
Alguns conceitos
Adiante o artigo traz de forma sintetizada, as definições das metodologias de ensino
aqui abordadas.
Tradicional: Kruger e Ensslin (2013) diz que esta metodologia é aquela em que o
professor é a peça central, é ele quem é responsável pela transmissão do conhecimento para o
aluno, normalmente por meio de aulas teóricas. O aluno nesta metodologia assume um papel
extremamente passivo, onde o professor é o responsável por seu aprendizado.
Construtivista: para Piaget (2007 apud NIEMANN; BRANDOLI, 2012, p. 2) o
conhecimento não é algo que já vem predeterminado desde o nascimento do ser humano, e
sim algo que é construído através da interação com o meio em que se vive. Nesta metodologia
o aprendizado do aluno é construído dia após dia, através de sua interação com o meio em que
se encontra.
Sociointeracionista: criada pelo psicólogo Lev Semenovich Vygotsky, ela trata o
conhecimento como uma troca entre o meio e o indivíduo. Para Vygotsky, (2000 apud
FREITAS 2016, p.4) a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a
seu redor – ou seja, o homem modifica o meio e o meio modifica o homem.
Ativas: são aquelas onde o aluno é o responsável por seu aprendizado. Utiliza-se de
experiências reais ou simuladas que visa solucionar desafios da prática social, como disse
Berbel (2011 apud BORGES; ALENCAR, 2014, p. 129). Nesta metodologia os alunos são
instigados a obterem não só o conhecimento teórico, mas a se aproximarem ao máximo da
vivência real.
22% 8% Tradicional
Sociointeracionista
28% 42% Ativo baseado em Projetos
Construtivista
A avaliação utilizada nas metodologias ativas (45%) foi considerada pela amostra
pesquisada, a maneira mais eficiente utilizada dentro das instituições, sendo que o estudo de
caso com 15% busca uma explicação de uma situação problema que gere aquisição de um
aprendizado, em que o próprio aluno dirige a situação (BARBOSA; MOURA, 2013) e a
realização de projetos, com 30%, na qual o aluno procura uma melhor resolução para o seu
problema tomando rumos inimagináveis, o instruindo para os contratempos profissionais
conforme expôs Rocha e Lemos (2014).
Outro método avaliativo bem pontuado pelos alunos do ensino superior foram os
trabalhos de pesquisa (23%), que é um tipo de avaliação da metodologia construtivista.
Cardoso (2009, apud KRUGER; ENSSLIN, 2013 p. 232) diz que a pesquisa proporciona ao
aluno um confronte entre teoria e a prática, faz com que o aluno perceba que existem outros
meios de se obter conhecimento.
O debate foi o método considerado mais ineficiente por parte dos alunos
pesquisados, com apenas 13% de aprovação. Rozeno e Siqueira (2011) dizem que este tipo de
método avaliativo é importante, pois para que aconteça aprendizado é necessário que haja
diálogo, troca de experiências, conversação, onde “os menos capacitados serão colaborados
pelos mais experientes” (ROZENO; SIQUEIRA, 2011, p. 84).
No método tradicionalista o tipo de avaliação que mede o grau de aprendizagem do
aluno, somente através de um exame escrito, não foi considerado algo positivo, conforme
demonstra o resultado desta pesquisa, onde a prova escrita não teve uma aprovação
considerável, obtendo 19% dos votos. Garcia (2009) diz que esta é uma prática antiga e
persistente, onde se prioriza a memória, gerando uma aprendizagem superficial. O autor ainda
argumenta que o fracasso nesse tipo de avaliação muitas vezes acontece pelo fato de os alunos
responderem as questões da maneira como compreendem, não respondendo de acordo com a
“verdade” escolhida pelo professor.
É perceptível que os métodos avaliativos que instigam os alunos a buscarem
conhecimento, são considerados por eles mesmos como eficientes em seu processo de
aprendizagem. Cruz (2013) relata que o fato de estar sendo avaliado pode provocar pavor nos
alunos, e cabe ao professor promover avaliações que gere reflexões e visões críticas. O aluno
por sua vez também precisa colaborar com seu aprendizado, se portando de maneira
conveniente com as metodologias aplicadas pelos professores.
Dando sequência, o Gráfico 5 mostra a visão dos alunos concluintes do curso de
administração, sobre qual comportamento o aluno deve ter em uma aula.
36%
Sim Não Ás vezes
57%
7%
Considerações Finais
Com esta pesquisa foi possível constatar quais as metodologias que concedem ao
aluno uma maior autonomia na busca do seu conhecimento e aprendizado, foram
consideradas pela maioria do público pesquisado, como as mais eficientes. Ao se solicitar que
avaliassem as metodologias em uma escala de 1 a 5, as melhores avaliadas foram a
construtivista com 91% das notas entre 4 (eficiente) e 5 (muito eficiente) e ativa com 89%
das notas entre 4 e 5, metodologias que tem como um de seus objetivos educar o aluno para a
autonomia, incentivando a pesquisa e a busca por conhecimento, levando-o a refletir e criar
opiniões críticas. Outra confirmação da eficiência destas metodologias veio quando o público
foi questionado sobre o perfil ideal de professor que conseguisse maior atenção do aluno, e o
perfil tradicionalista não foi mencionada como sendo eficiente, em contrapartida com 57%
das indicações, o professor que assume o papel de tutor, consegue reter a atenção desses
alunos em sala de aula, um posicionamento da metodologia ativa.
Outro ponto relevante da pesquisa é com relação ao perfil de professor encontrado
em sala de aula hoje, o que foi constatado é que o mesmo já está em processo de transição,
onde o perfil tradicionalista ficou com apenas 8% dos votos, mostrando que os perfis que
tornam o aluno mais ativo está predominando. Quando o assunto é avaliação, os métodos
avaliativos que instigam os alunos a buscarem seu conhecimento, como projetos, estudos de
caso, trabalhos de pesquisa, são considerados por eles mesmos como mais eficientes.
Ao serem questionados quanto ao comportamento que deveriam ter em sala de aula,
porém, não se obteve do público uma resposta conclusiva acerca do tema abordado. Foi
possível perceber que a disparidade entre uma metodologia e outra, foi mínima, diferença que
pode estar relacionada com o fato da educação estar em processo de transição.
Conclui-se que na percepção dos alunos sobre metodologias ativas, existe uma
aceitação bastante expressiva. Observa-se que em todos os quesitos, quando ela não era a
melhor, estava logo em seguida, como sendo considerada a mais apropriada, seja no modo
avaliativo, no perfil ideal do professor, ou no método mais eficiente, mesmo os alunos
considerando que somente as vezes a metodologia ativa é produtiva. Essa resposta pode ser
pelo fato de ser uma metodologia nova para eles, e que essa transição não pode ser forçada e
sim conquistada.
Os tipos de metodologias consideradas pelos alunos como eficientes, a percepção
deles sobre as metodologias ativas e os tipos de metodologias aplicadas em sala de aula hoje,
foram identificados após o levantamento e discussão dos dados, sem que nenhum dos
objetivos fosse inalcançados. Sendo assim, a resposta para a problemática se define bem. As
metodologias que são consideradas mais eficientes pelos alunos concluintes do curso de
administração, são as metodologias que os promovem uma maior autonomia em seu processo
de ensino-aprendizagem, não se detendo em somente uma, mas na harmonização de
metodologias ativas, construtivista e sociointeracionista.
Com estes resultados, espera-se que os profissionais da educação sejam estimulados
a se autoanalisar e se for o caso, se reinventar, utilizando essas metodologias que estimule o
aluno a buscar o seu próprio conhecimento, e essa mudança na maneira de transmitir
conhecimento, poderá ter como consequência, o lançamento no mercado de trabalho
profissionais melhores, que aprenderam a construir algo novo e não somente replicar.
Referências
CRUZ, José Anderson Santos. Ensino superior: as avaliações como forma de reflexão no
aprendizado. Cadernos de educação, tecnologia e sociedade, v. 4, n. 1, p. 129, 2013.
GARCIA, Joe. Avaliação e Aprendizagem no Ensino superior. Est. Aval. Educ., São Paulo,
v. 20, n. 43, p. 205 – 210, maio/ago., 2009.
NIEMANN, Flávia de Andrade; BRANDOLI, Fernanda. Jean Piaget: um aporte teórico para
o construtivismo e suas contribuições para o processo de ensino e aprendizagem da Língua
Portuguesa e da Matemática. XI ANPED Sul, p. 2-7, 2012.
Resumo: Tem - se na presente pesquisa um fator enérgico para que fosse consolidada sua realização, ou seja, o desejo
constante de ver uma terra se transformar na mais autêntica harmonia educacional. Com um nível elevado de
questionamentos foram recolhidos dados no pequeno assentamento Santa Rosa, com alunos do quinto ano do ensino
fundamental da escola municipal Santa Rosa na cidade de Paraíso – TO, Estado do Tocantins, onde foi revelado que, os
eventos modernos de letramentos contextualizados às informações constantemente atualizadas levam desenvolvimento
urbanístico junto aos avanços tecnológicos ao cidadão de comunidades rurais isoladas. Com pareceres didáticos foi
feita a constatação de caminhos precisos e fáceis, que aliados à consciência política, trarão à sociedade fórmulas de
integrações socioeducativas com a finalidade de evoluir a qualidade de vida da população. Pequenas comunidades estão
esquecidas e carecem de sensibilidade para transformação cultural.
Resumen:En la presente pesquisa se encuentra un factor enérgico para que fuera consolidada su realización, es
decir, el deseo de ver una tierra cambiar - se en la más verdadera armonía en el medio educativo. Con un nivel
alto de preguntas se recogió datos en la menuda comunidad de Santa Rosa, con alumnos del quinto año de la
enseñanza primaria de la la escuela Santa Rosa, en la ciudad de Paraíso – TO, comunidad de Tocantins, donde es
revelado que, los eventos modernizados de enseñanza contextualizados a las informaciones actualizadas llevan
desarrollo urbanístico junto a los avances tecnológicos a los ciudadanos de comunidades aisladas. Con pareceres
didácticos fue hecha la constatación de rutas precisas y fáciles, que juntas a lo pensamiento político, trarán a la
sociedad fórmulas de integraciones socio – educativas con la finalidad de evolución y calidad de vida de la
población. Menudas comunidades están olvidadas y necesitan de sensibilidad para cambiarse para el mundo
culto.
Introdução
Atualmente, percebemos convictamente que se norteiam equívocos quanto ao
processo de inclusão social no que se refere à educação para grupos minoritários e/ou grupos
isolados dos centros urbanos. Conclui-se também, que a prática ideal de letramento provém
de estruturas que competem às diversas situações contextuais, o que se comprova
cientificamente que o ensino da leitura e da escrita, onde se requer necessariamente a inclusão
1
Inserir crédito(s) do(s) autor (es). Nome completo da instituição de origem. Endereço eletrônico. (fonte Times
New Roman, tamanho 10)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, campus Conceição do Araguaia
[email protected]
Danilo Marcus Barros Cabral – Especialista em Língua Portuguesa e Língua Espanhola
do aspecto oral em primeiro lugar, torna-se enfático quando se trata de um convívio
extremamente urbanístico, ao mesmo tempo em que devem ser respeitadas as diferenças
culturais de cada indivíduo.
A massa metropolitana, no que se refere ao cotidiano maiúsculo de opções de
entretenimento e entendimento cultural, torna-se essencial pelo exercício mental de leitura em
que o indivíduo está submetido sem que o próprio perceba as vantagens do aprendizado na
prática situacional. É importante que se deixe claro, que o processo educativo com referencia
ao letramento sofisticado e urbanístico, não quer que se encerrem os pequenos grupos já
existentes, considerando suas respectivas culturas e modos de vidas essenciais para o
desenvolvimento intelectual de seus habitantes , o que se propõe, são formas e
direcionamentos de ensino levando em consideração o avanço tecnológico dos grandes
centros para que se considerem os vários contextos de leitura escrita e oralidade, sem que
sejam extintos os referentes grupos minoritários.
A inclusão no processo intercultural e tecnológico, quando se trata de situações
práticas da sociedade, eleva o educando a um patamar em que ele se dignifica pela constante
atualização dos sistemas que proporcionam a comprovação do aprendizado.
Há de ressalvar que o letramento não se resume às regras normativas da escola,
configura-se como práticas sociais e eventos que vão além da escrita, leitura e oralidade, ou
seja, ensinar os processos didaticamente inovadores em relação ao contexto real da situação
faz com que se assimilem tecnologias urbanísticas modernas, de maneira que haja uma rápida
inclusão do indivíduo ao processo de avanço educacional.
Uma mudança significativa nos procedimentos metodológicos de compreensão
leitora e de habilidade com a escrita, transferindo os eixos científicos e tecnológicos do
progresso social e levando em consideração os diversos contextos orais para o ensino-
aprendizado, configura-se essencial ao acompanhamento da sofisticação de uma sociedade
moderna que sofre períodos constantes de mutação.
Procedimentos Metodológicos
Esta pesquisa teve caráter qualitativo, no que se refere à inferência de
comportamentos, pois visou à exploração com o intuito de se obter resultados para a tomada
de decisão quanto aos direcionamentos corretos das práticas sofisticadas de letramento, como
também caráter quantitativo porque apontou a intensidade das atitudes das pessoas destes
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, campus Conceição do Araguaia
[email protected]
Danilo Marcus Barros Cabral – Especialista em Língua Portuguesa e Língua Espanhola
grupos em relação aos vários eixos educacionais. Focalizando os campos da pesquisa, foi
escolhido o assentamento “Santa Rosa” interligado à cidade de “Paraíso”, localizada no
Estado do Tocantins.
No processo de investigação, foram entrevistados todos os estudantes que estão no
processo educacional especificamente no quinto ano do ensino fundamental, fazendo uma
comparação entre os suportes necessários ao contexto de letramento educacional com as
respectivas culturas e objetos disponíveis na realidade atual, todo esse trabalho foi feito
destacando e buscando o convencimento participativo à essência da mudança. O trabalho
consistiu em descobrir inicialmente o hábito e o contato que esses habitantes têm com a
leitura e a escrita, portanto, foram distribuídos em primeira instancia questionários, cujos
ícones das questões foram distribuídos em gêneros como: revistas diversas atualizadas, bíblia,
jornais impressos e virtuais (reportagens), receitas de culinária, bulas de remédio, manuais de
instruções, gibis, embalagens, letras de músicas, literatura, e-mails, ofícios, panfletos e
propagandas em geral, assim como também, processos formais e correspondências do
cotidiano relevando a frequência, intensidade e necessidade do uso da comunicação por
escrito e quais são os assuntos mais discutidos diariamente. Explicitando, foi investigada, a
vivência cultural de cada individuo e como foram as formas de contato de cada um em relação
à escrita e à leitura, associados aos seus próprios contextos e situações práticas orais dentro e
fora da escola. Ademais, a sindicância visou explorar a expectativa de cada morador dessas
zonas isoladas em relação à vivência urbanizada de seus setores e o que eles pretendem que
venham a auxiliá-los para o aprendizado contextualizado ao avanço científico e tecnológico.
Essas propostas foram ao encontro dos propósitos específicos de transações metropolitanas
que foram expostos acima, a fim de que se exorte a todos à busca de um ensino especializado.
Quanto ao processo administrativo escolar foram investigados a frequência dos alunos nas
aulas, descobrindo automaticamente os motivos de quem não frequenta, os suportes
pedagógicos, suportes tecnológicos, biblioteca, incentivo a leitura e esforço para melhorias
por parte da equipe escolar.
Aprofundando a pesquisa, o questionário teve perguntas aos estudantes em relação
ao incentivo ao estudo, infraestrutura escolar (ambiente de trabalho e estudo, acervo literário e
internet), alimentação, ajuda de custo, importância do futuro profissional, autoestima,
perspectiva de vida, convívio familiar, interação família-escola e principalmente se foi feito
uma relação dos conteúdos de leitura, literatura e produção textuais aliados às situações
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, campus Conceição do Araguaia
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Danilo Marcus Barros Cabral – Especialista em Língua Portuguesa e Língua Espanhola
práticas de seus cotidianos. A partir disso, durante o processo de pesquisa foram feitas
simulações de vários modos de urbanização dessas zonas, como por exemplo: mostra de
teatros (cines), mostra de notícias e marketings atualizados através de softwares sofisticados,
revistas e periódicos modernos, simulações de processos tecnológicos nas mais diversas
situações do cotidiano, tudo isso, a fim de que se acompanhe a reação das respectivas
comunidades em uma possível modificação do processo de ensino/aprendizagem. Assim
também, foi direcionado um questionário aos professores com as mesmas perguntas
acrescentando tópicos como: reformulação bibliotecária com diversos gêneros literários,
proveitosa formação continuada, suporte psicológico, assistência social, planejamento
financeiro e principalmente a instigação às opiniões em restaurar modelos de didáticas de
ensino alienados aos contextos socioculturais modernos.
Justificativa
As motivações que devem levar ao auxílio e a transferência dos isolados a serem
letrados sofisticamente são baseadas no princípio da autoestima e principalmente na
oportunidade que tem que ser dada a todos sem exceção, com isso, é necessário lembrar em
termos técnicos, das hipocrisias dos governos quando se trata, por exemplo, do alcance da
média em exames nacionais referindo-se à verificação da educação, atribuindo-a a um valor
de extrema importância, enquanto os índices de qualidade com referência à prática contextual
do aprendizado continuam baixos, porém camuflados por um sistema político preocupado
apenas com números e não com qualidade de ensino no que se tende ao letramento moderno e
inclusivo.
Nos últimos tempos, tornou-se exorbitante a falta de ligação de pessoas carentes com
a cultura urbanística social, fator primordial que facilitaria o modo delas agirem, debaterem,
discordarem e até tomarem decisões. Tais pessoas, sem os devidos contatos e instruções,
ficam retraídas no sentido de correrem atrás dos seus direitos em relação a todos os assuntos e
até mesmo para uma educação contextualizada no que se refere ao letramento moderno de
qualidade, onde a partir daí, contribuíam-se simultaneamente para o não discernimento dos
grupos minoritários da sociedade como um todo e mudariam a concepção do letramento
“dominante”, onde o ensino está interligado somente à adaptação das necessidades sociais do
uso da escrita e leitura, para o letramento inovador e crítico, onde se resgata a autoestima e
constrói fortes identidades. .
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Acrescentando mais, as sociedades em processo de avanço científico e tecnológico,
esperam e exigem pessoas astutas e corajosas, isso só é possível com pessoas que tenham
capacidade de se expressarem melhor, de se mostrarem aptas aos discernimentos da escrita,
leitura e oralidade, ampliadas aos diversos eventos do cotidiano, portanto, o ponto de partida
para formação de uma sociedade sofisticada é o letramento contemporâneo trabalhado com
rigorosidade, fazendo com que o ser humano se sinta encorajado e preparado para qualquer
tipo de desafio, ou seja, concretizando os fatos específicos, certamente ele sentirá orgulho ao
saber que pode caminhar com suas próprias pernas e colocar o que é chamado de zonas rurais,
assentamentos e outros pequenos grupos no meio da elite cultural, evidentemente não
necessitando acabar fisicamente com esses locais.
Para uma nação globalizada e suportada em todos os aspectos sociais é preciso que
as pessoas vivam em comunhão, e para que isso aconteça, todos terão de ter acesso às
múltiplas formas de letramento com níveis de conhecimento elevado, obviamente respeitando
as diferenças culturais. A conclusão, é que as pessoas dos pequenos grupos isolados, sendo
elevadas a um patamar elitizado, não só, de escrita, leitura e oralidade contextualizadas, mas
também, de eventos que vão mais adiante, conseguem somar para o avanço tecnológico e
também para a salvação da humanidade.
Detalhando esta apologia, o contato desses indivíduos com um processo de
letramento, que leva em consideração as práticas sociais de uma comunidade ativa, os levam à
percepção da extrema importância da escrita e da leitura trabalhadas de formas
contextualizadas, assim, alguns eventos de letramento como: leituras de sinais de trânsito,
contato com nomes fixos de ruas e avenidas, contato com ofícios e processos formais e
informais e o contínuo convívio com propagandas, instigam o aprendizado de forma mútua e
participativa, causando o encaixe dos sistemas funcionais e progressivos associados aos
ensinamentos escolares. Os eventos de letramentos modernos tanto fundamentam a
progressividade educacional, quanto potencializam as comunidades com relação à cultura e à
economia quando se coloca o indivíduo de zonas afastadas no convívio urbanístico
contemporâneo.
Há de se enfatizar a importância das assinaturas de revistas e jornais, escritas e
leituras de correspondências, recebimentos de contas, preenchimentos de cheques e cupons
como usos funcionais, contextuais e/ou situacionais da escrita, assim como também,
participações em igrejas e associações, participações efetivas nos processos das descobertas
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tecnológicas com uma série de atividades de eventos de letramento e as interações verbais
referindo-se à oralidade que tem de ser exercitadas em casa com a família antes da entrada à
escola. Todas essas opções devem ser incluídas nos processos didáticos de ensino, a partir de
consciências políticas, e fará com que sejam desenvolvidos os grupos, que ainda são
patenteados como isolados, no que se refere ao ensino e aprendizado acompanhados das
exigências socioculturais modernas.
Todos esses modelos de “urbanização” dos grupos isolados fazem com que surjam
lacunas ou dilemas de como se concretizar este fato na prática paralelizando as realizações
desses processos inovadores de ensino, mas que propositalmente podem se resolver com
atitude política, comunitária, participativa e restauradora para o bem comum. O fator essencial
de organização dos níveis práticos sociais, no que se refere ao ensino contextualizado às
metrópoles, é exatamente o incentivo, com a isenção de impostos, que a administração
pública pode dar a todo esse processo que pode ser levado aos pequenos grupos, destacando a
industrialização, comercialização, ruptura de barreiras tecnológicas, acesso à internet e aos
serviços públicos em geral. Isso pode fazer com que se fortaleça a interação com sociedades
contemporâneas urbanas, escolarizadas, burocratizadas e padronizadas pelo conhecimento
científico e pelos efetivos meios de comunicação de massa. As práticas de um letramento
inovador são ligadas às formas diversas de conhecimento e não podem ser compreendidas
somente no âmbito escolar de uma comunidade distante da cidadania e da urbanização.
Essa inversão, que dita o fato de se urbanizar as pequenas comunidades, se justifica
pelo fato de que: levar o cidadão de uma comunidade isolada aos centros educacionais das
grandes cidades acabaria com a essência cultural dos pequenos grupos. A escola falha ao
considerar que os cidadãos destes grupos já estão conectados a escrita e a leitura aliadas às
práticas urbanas, ao mesmo tempo em que desconsideram suas características individuais
principalmente em relação à oralidade.
Fundamentação Teórica
Analistas, professores e pesquisadores atuantes em todas as áreas já comprovaram e é
possivelmente de fato, que uma nação se torne desenvolvida tendo como base princípios
educativos, ou seja, a propagação da instrução primária junto à oportunidade de o indivíduo
apropriar-se da escrita e da leitura (levando em consideração os processos orais
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personificados) em um ambiente em que lhe demonstre todo um suporte didático, cultural e
atualizado são essenciais para expor minuciosamente um resultado positivo ao longo da vida.
O ser humano de qualquer classe ou espécie e a qualquer momento de sua história,
em contato com a oportunidade de formas revolucionárias de letramentos e apoiado ao
sistema político e pedagógico, se torna um cidadão letrado, impulsionado a dar um salto
progressivo com vistas a uma vida ativa em todos os níveis sociais.
Gerando níveis éticos, o cidadão pode influenciar seus descendentes na prática do
estudo baseando-se conscientemente no poder de compreensão de leitura e escrita em
contextos tecnológicos, também pode fazer com que se transformem gradativamente as
pequenas comunidades existentes e confirmar um futuro promissor a todos. Por isso, à
globalização e avanço sociocultural, antes de tudo com soberania cristã, as formas de
letramentos críticos, no que diz respeito à informação e aos diversos conhecimentos práticos,
são formas de estar buscando mudanças significativas para que o ser humano viva em extrema
qualidade de vida, pois segundo Freire
”(...) o ato de estudar enquanto ato curioso do sujeito diante do mundo é a expressão da forma de estar sendo
seres humanos transformadores, que não apenas sabem, mas sabem que sabem. (Freire, 1989, p. 58-9),
Sobretudo, para se formatar esse indivíduo ou cidadão nos moldes destacados acima,
é possível acrescentar, tendo como escopo os grandes artigos sobre formas de letramentos
modernos, que há urgência na urbanização desses pequenos grupos no que se refere ao ensino
contextualizado. Zonas de difícil acesso não têm utilitariamente em grande parte, uma
movimentação comercial e industrial, onde é bastante facilitado o ato de comunicação (leitura
e escrita), isso faz com que dificulte o trabalho de exercício mental do subconsciente humano,
ou seja, nos grandes centros, em todo e qualquer tipo de comercio, existe em prioridade a
realidade da comunicação com as pessoas através de: fachadas, stands, banners, outdoors,
rótulos de mercadorias, maneiras de vender um produto oralmente etc. Portanto, uma pessoa
que nasce e vive em zonas carentes sofre por não ter contato com um mundo letrado em todo
o sentido literal, devendo-se haver necessariamente o entendimento e a contextualização do
que é escrito, lido e falado.
Considerações finais
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Queremos chegar enfaticamente a um patamar dignificante no que se refere ao
desenvolvimento de conversações nos mais diversos eixos culturais e tecnológicos, interpretações e
produções textuais e já percebemos convictamente que ao mostrarmos os signos linguísticos fora do
ambiente escolar ou forma obsoleta dos livros didáticos, implementamos uma gama de sinônimos
na cabeça dos estudantes que a partir do quinto ano do ensino fundamental já começam a
compreender os diversos gêneros textuais relacionando assuntos diversos, ademais, científicos e
técnicos a uma questão de interdisciplinaridade. A leitura, escrita e oralidade são processos
essenciais necessários para qualquer progressão profissional.
Um exemplo prático interessante que evidencia este trabalho foi a fala da aluna Mariana dos
Santos ao relatar que leu em uma revista de música e teatro na sala de aula a palavra “produção”,
com a qual associou precisamente ao conhecê-la pela primeira vez em uma visita a um estúdio
musical, ligado a um salão de beleza de grande porte (em uma metrópole) dos quais os proprietários
eram casados, assim, ela pôde entender os infinitos significados contextuais que contém tal palavra.
A palavra “produção” estava grafada tanto no estúdio quanto no salão de beleza do qual pode
também se qualificar em estúdio, daí já entraria outro trabalho de significações. Entendemos
também, que é preciso renovar, em uma leitura na sala de aula, as formas de conhecimento prévio
das palavras em um texto, assim, os estudantes podem fazer inferências facilitando as compreensões
em várias situações do cotidiano.
Estamos em uma realidade cultural onde se vê muito pouco, porém, com protestos
implícitos como este artigo, temos a possibilidade de escoar com facilidade a obrigação que tem as
autoridades com o nivelamento intelectual. A reclamação surge diante da necessidade de uma nação
manter-se imune aos problemas críticos sociais, pois a educação é o ponto de partida para a
organização em todos os setores. Essa elaboração de pensamento nos alegra infinitamente, pois a
plebe, depois de cada protesto feito irá saber que parte da sociedade está em constante alerta.
Ainda existe e esperamos que nunca deixasse de existir mesmo que sejam poucas, pessoas
comprometidas de fato com a educação e que não sejam essas as pessoas, as quais o poder gostaria
de calar, através de qualquer uma das possíveis leis elaboradas de maneira quase absurda,
subestimando em um ato, que às vezes parece brincadeira, a inteligência de todos os que lutam pela
causa. Dessa forma, fica registrado uma das milhares de consciências do mundo que não se leva por
qualquer atitude governamental.
A esperança de dignidade é regida pela única saída que o carente pode encontrar: O estudo,
porém, o medo de que alguém, que só tenha bagagem cultural chegue ao ápice, pode atrasar a ação
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das autoridades, pois seria uma grande ameaça aos “princípios políticos” que conhecemos no Brasil
de hoje.
Referências
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam .23ªEd. São Paulo:
Cortez, 1989.
FREIRE, Paulo; MACEDO, Donaldo. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
TFOUNI, L.V. Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes, 1988.
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MEU AMIGO PEIXE: Relato de experiência de atividade realizada no Centro
Municipal de Educação Infantil Chapeuzinho Vermelho
RESUMO: Este relato visa apresentar experiência realizada com alunos da turma do maternal II, do Centro
Municipal de Educação Infantil–CMEI Chapeuzinho Vermelho, situado no município de Palmas-TO. As
atividades desenvolvidas tiveram a finalidade de envolver a família no processo de aprendizagem de seus filhos,
através de atividades diferenciadas. Além de despertar nas crianças o interesse e o respeito pelos animais, em
especial os peixes; Promover e estimular a prática de leitura para além do espaço escolar; Aprender a ser
responsáveis cuidando do mascote (troca de água, alimentação). A partir dos resultados observados, foi possível
perceber o desenvolvimento do vocabulário das crianças através de músicas, poemas, atividades diversas e
histórias, que foram realizadas, além da expressão corporal desenvolvida mediante a imitação dos peixes e
desenhos.
Introdução
1
Pedagoga, graduada pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL). Professora da Rede Municipal de Ensino de
Palmas – TO, no Centro Municipal de Educação Infantil–CMEI Chapeuzinho Vermelho. Aluna do Curso de
Especialização Lato Senso Educação Pobreza e Desigualdade Social da UFT 2016/2017. E-mail:
[email protected]
2
Professora da Rede Municipal de Ensino de Palmas – TO, no Centro Municipal de Educação Infantil-CMEI
Chapeuzinho Vermelho. E-mail: [email protected]
1
O projeto surgiu a partir da necessidade da turma, para ajudar as professoras com
relação à indisciplina da sala. Um projeto que instigasse a curiosidade e envolvesse criança,
escola e família, o que remeteu à ideia de obter um “peixe de aquário” para ser “mascote” e ao
mesmo tempo “animal de estimação” da turma, para iniciar o trabalho de maneira lúdica
através do projeto “Meu amigo peixe”, com o intuito de ensinar valores que ajudassem na
formação e educação das crianças.
Através do referido projeto buscamos facilitar a construção do aprendizado e trabalhar
questões de cidadania por meio das mensagens que o mascote passou para a turma. O projeto
teve como objetivo despertar nas crianças o interesse e o respeito pelos animais, em especial
os peixes; Promover e estimular a prática de leitura para além do espaço escolar; Aprender a
ser responsáveis cuidando do mascote (troca de água, alimentação). Assim desenvolvemos o
vocabulário das crianças por meio de atividades com músicas, poemas, atividades diversas e
histórias, trabalhando a expressão corporal através da imitação dos peixes e desenhos.
Trabalhando também a conscientização ambiental.
Como mais uma criança da sala, o novo amigo, ganhou nome, objetos, alimentação,
carteira de identidade e características da sua personalidade. A turma ficou responsável por
cuidar do companheiro, assumindo responsabilidades. O mascote/animal de estimação, como
líder do bem foi mais um recurso para desenvolver boas maneiras, questões de gênero,
questões da vida sócio-familiar e virtudes como: coragem, honestidade, respeito,
companheirismo, ou seja, assuntos sérios, mas que ainda são abstratos para a criança.
O peixe escolhido para a realização e culminância do projeto foi um Mini Betta, um
dos peixes mais populares do mundo considerado como o mais belo peixe de água doce. Esse
peixe magnífico é resultado de uma mutação genética proporcionada pelo homem.
Culminância do projeto
O projeto funcionou em sistema de rodízio. Cada final de semana uma criança levava
para casa o amiguinho “Pepi”, o livro “O Peixe Pixote” de Sonia Junqueira com ilustração de
“Martín” uma sacolinha com os seus pertences e um diário para escrever/desenhar todos os
momentos vivenciados no final de semana e colagem de fotos. Os pais precisaram se envolver
com a proposta pedagógica estimulando o filho/a nos cuidados com o mascote e também fazer
a leitura do livro para seu filho (a). Como eles o levaram para casa, foi possível começar a
trabalhar valores como a responsabilidade de não sujar o diário, não rasgá-lo, não deixar que
ninguém maltratasse o amigo mascote, já que tinham que devolvê-lo aos seus colegas. Isso
2
permitiu aos alunos criar um vinculo afetivo entre ambos, aumentando o laço de união e
amizade, já que dispunham de um objeto e um animal em comum para cuidar. Ao retornarem
com o mascote no dia combinado cada criança teve que relatar do seu modo como foi o fim
de semana com o peixinho, compartilhando assim a aprendizagem adquirida relativa aos
cuidados com o mascote.
Desse modo, podemos ressaltar que a pesquisa parte, também, da compreensão de que o
processo de desenvolvimento da criança precisa fundamentar-se em propostas pedagógicas
consistentes, que possibilite atingir as características básicas do conhecimento cognitivo.
Neste sentido, o projeto se fez como um instrumento de ligação, pois precisamos lançar
olhares prospectivos para esta fase, no sentido de contribuir para que as crianças sejam
capazes de desenvolver ações eficazes e eficientes na construção do pilar que sustenta o
processo educacional.
Procedimentos Metodológicos
3
Alimentação do mascote: Alimentá-lo (explicar a necessidade e a quantidade de
comida);
Observar o corpo do peixe, suas cores, conversar sobre onde ele vive, do que necessita
para viver, o que ele come;
Explicar os diferentes tipos de peixe ( tamanhos, água salgada, água doce).
Trabalhar o corpo do peixe (escamas- utilizar diferentes materiais em colagem
representando as escamas);
Conhecer o nome do peixe, identificando sua primeira letra.
Rodinhas com músicas “Ah, se eu fosse um peixinho”, “peixe vivo”, “o peixinho da
maré”, “a peixinha Fefulé”;
Confeccionar peixinhos de diferentes formas;
Explicar a importância da água limpa para nós e para os peixes (poluição dos rios,
mares);
Montar o painel: água suja/ água limpa;
Conversar sobre outros animais que vivem na água. Assistindo desenhos e filmes
peixes e animais aquáticos;
Observação, manuseio de livros e histórias infantis;
Produção de trabalhos individuais e coletivos (pintura, desenho, colagem e dobradura);
Registro do projeto de diferentes maneiras;
Indagando sobre como é o seu corpo (escamas, rabo, nadadeiras) e destacar para quê
serve cada parte;
Associar o número à quantidade, (contagem numérica);
Identificação, semelhança e diferenças entre diferentes peixes;
Aperfeiçoar as coordenações motoras, fina e ampla;
Desenvolvimento
4
A teoria é importante para ajudar o profissional a descobrir por si mesmo o que se
pretende. Uma fundamentação teórica não significa “dar aos profissionais um
pacote”, mas, sim, significa demonstrar confiança e encorajando-os a crescer e a
aprender como profissionais e como pessoas. Não compreendendo a teoria, todas as
boas atividades provenientes das melhores práticas pedagógicas vêm a ser uma
sofisticada caixa de mágicas. Toda boa prática deve ser amparada pelo
conhecimento sobre o motivo para sua execução, caso contrário, terá limitações.
(Palmas. 2011, p. 8)
Compra do peixe;
Apresentação do aquário e alimentação do peixinho;
Cuidados com a higienização do aquário;
Dia, hora e local: a atividade foi realizada na semana do dia 01 a 05 de maio de 2017, na
turma do maternal II do Cmei Chapeuzinho Vermelho.
Objetivos:
Favorecer a interação e a socialização da turma.
Conhecer e familiarizar-se com projeto;
Despertar nas crianças a curiosidade e interesse em conhecer o mascote da turma.
Desenvolvimento da atividade:
A primeira ação do projeto foi uma conversa na rodinha, neste momento falamos sobre
o projeto, indagamos sobre os cuidados com o peixe, para então sabermos os conhecimentos
prévios dos alunos. As crianças participaram ativamente, expondo seus conhecimentos e
fazendo varias perguntas com muito entusiasmo. No segundo momento, falamos sobre o
projeto, os objetivos e como iriamos desenvolvê-lo ao longo do ano.
Ao longo da semana fomos conversando sobre o peixe levando os alunos a
descobrirem as características do amigo que irá ser o nosso amigo mascote da turma (se ele
gosta de água, de nadar, é pequeno, não tem braços nem pernas, o que come, cor, nome, lugar
de origem, se tem escamas).
Durante a semana foi trabalhado em sala a alimentação do peixe, todos as manhãs e
final de tarde as crianças alimentam o mascote com 4 floquinho pela manhã e 4 floquinho no
final da tarde.
Exatamente na sexta feira encaminhamos um bilhete às famílias informando e
explicando do projeto da turma e como iria acontecer, em sistema de rodizio.
5
Resultado: O trabalho foi satisfatório, houve a participação das crianças, que demonstraram
interesse e curiosidade, em fim, atingimos o objetivo proposto.
6
Apreciar as produções próprias e dos colegas;
Estimular a expressão de ideias;
Conhecer a Carteira de identidade do PEPI.
Desenvolvimento da atividade:
Atividade foi desenvolvida em grupo, na roda de conversa foi explicada a mesma,
falamos os objetivos e como deveriam fazer.
Antes de iniciarmos a contação da historia foi apresentado às crianças o quite de
viajem do peixe/mascote da turma que a criança escolhida irá levar para casa, que são: a
sacola do projeto; o caderno de registro; o alimento e o livro “O peixe pixote de Sonia
Junqueira”.
Em seguida a turma foi dividida em dois grupos, na parte externa da sala eles foram
convidados a ouvi a historia o Peixe Pixote (historia que acompanha o peixe Pepi nas visitas
do lar) e logo depois fizeram a interpretação oral da mesma. Nesse momento as crianças
recontaram a história com entusiasmo e alegria.
Em seguida a professora apresentou a Carteira de Identidade do peixe Pepi
(documento do peixe) com suas características como: nome; cor; data de nascimento; sexo;
naturalidade; espécie; proprietários.
Para finalizar, retornamos para a sala e cada criança recebeu uma atividade para então
desenhar o mascote da turma “PEPI”.
Resultado: O Resultado foi muito bom, houve a participação em peso das crianças, que
demonstraram interesse e curiosidade, atingindo o objetivo proposto.
Objetivos:
Trabalhar com as crianças a construção coletiva, respeito, afetividade e cuidado com
algo que se caracteriza como patrimônio de todos;
Estimular a expressão de ideias;
Conhecer quais os cuidados que devemos ter com o peixinho;
Estimular o raciocínio logico;
Conhecer a alimentação e o habitat do peixinho;
Desenvolvimento da atividade:
7
Na roda de conversa que acontece de segunda a sexta o mascote da turma é
alimentado no período da manhã e no período da tarde pelos alunos. Explicamos e
mostramos a quantidade de floquinhos que o Pepi pode comer e escolhemos 4 crianças para
alimenta-lo, as crianças ficam entusiasmadas e já sabem que o nosso amigo come 4 flocos
pela manhã e 4 flocos a tarde. Ressaltamos também que o alimento do peixe é rico em
proteínas e vitaminas.
Objetivos:
Trabalhar com as crianças a construção coletiva, respeito, afetividade e cuidado com
algo que se caracteriza como patrimônio de todos;
Conhecer quais os cuidados que devemos ter com o peixinho;
Higienizar o aquário.
Desenvolvimento da atividade:
Toda sexta-feira o aquário do PEPI é higienizado, algumas crianças são convidadas a
ajudar a professora na limpeza do mesmo, sendo que metade da água joga fora e outra metade
é reutilizada. Após a limpeza coloca-se 2 gotas de cloro na água e põe o peixe Pepi de volta
ao seu habitat.
Objetivos:
Estimular a linguagem oral;
8
Conhecer a Carteira de identidade do PEPI;
Perceber as características do peixe. Como é o seu corpo (escamas, rabo, nadadeiras);
Estimular a expressão de ideias;
Trabalhar as diferentes características (semelhanças e diferenças) do peixe.
Desenvolvimento da atividade:
Atividade é desenvolvida diariamente na roda de conversa, onde sempre é mostrado o
quite de viajem do peixe/mascote da turma que a criança escolhida irá levar para casa, que
são: a sacola do projeto; o caderno de registro; o alimento e o livro “O peixe pixote de Sonia
Junqueira”.
Dentro do caderno de registro tem a Carteira de identidade do peixe PEPI (documento
do peixe) com suas características como: nome; cor; data de nascimento; sexo; naturalidade;
espécie; proprietários. Esse documento é de fundamental importância para nosso projeto.
Resultado: O Resultado é muito bom, as crianças participam respondendo com propriedade as
características do amigo peixe, atingindo assim o objetivo proposto.
Dia, hora e local: a atividade foi realizada dia 11 de maio de 2017, no período da manhã, na
turma do maternal II do Cmei Chapeuzinho Vermelho.
Objetivos:
Estimular a linguagem oral, a escrita, a criatividade e a coordenação motora fina;
Proporcionar a percepção e expressão da imagem através do desenho;
Apreciar as produções próprias e dos colegas;
Estimular a expressão de ideias;
Estimular a percepção de mundo da criança.
Desenvolvimento da atividade:
Iniciamos a aula com uma roda de conversa, retomando e questionando sobre os
cuidados com o amigo PEPI como: Limpeza do aquário, alimentação, cuidado e zelo com o
quite do mascote da turma. Após esta explanação mostramos e escrevemos no quadro a letra
inicial do nome “PEPI” para em seguida, dividimos a turma em pequenos grupos e
distribuímos a atividade com a letra ”P” para então as crianças pintarem a letra com lápis de
cor.
Resultado: O Resultado foi bom, houve a participação das crianças, que demonstraram
interesse ao pintar a letra, porem algumas crianças ainda apresenta dificuldades de pegar
corretamente no lápis. Assim fomos orientando e mostrando a forma correta de apoiar o lápis.
9
Atividade pedagógica: Escolha da criança que levará o peixe para casa. Montagem de
um peixe com papel colorido no formato de coração.
Dia, hora e local: a atividade foi realizada dia 12 de maio de 2017, no período da manhã e
tarde, na turma do maternal II do Cmei Chapeuzinho Vermelho.
Objetivos:
Trabalhar com as crianças a construção coletiva, respeito, afetividade e cuidado
com algo que se caracteriza como patrimônio de todos;
Estimular a linguagem oral e escrita, a criatividade e a coordenação motora fina;
Estimular a expressão de ideias;
Conhecer quais os cuidados que devemos ter com o peixinho
Estimular o raciocínio logico;
Reconhecer e identificar as cores utilizadas na atividade;
Desenvolvimento da atividade:
Após o lanche da manhã, na roda de conversa, explicamos e mostramos como seria a
montagem do peixe, mostrando os corações de tamanhos diferentes e perguntando: Qual a
cor? É grande ou pequeno? As crianças iam respondendo as perguntas. A maioria das crianças
já possui noção de cores. Em seguida, dividimos a turma em 3 grupos para a montagem do
peixe e para finalizar as crianças desenharam os olhos, nariz e boca.
Durante a semana fomos conversando em sala que a criança escolhida naquela semana
para levar o peixe PEPI pra casa foi a AGNES SOPHIA. Ressaltamos que junto com o peixe a
Agnes Sophia levaria o “caderno de registro”; o livro “O Peixe Pixote”. E por fim reforçamos
os cuidados com os materiais e alimentação do peixe.
Ao final do dia a mãe da Agnes Sophia chegou para busca-la e junto levar o peixe para
sua residência. A mãe foi convidada a entrar na sala e repassamos algumas orientações sobre
o projeto, o momento foi registrado com fotos e muita alegria da menina Agnes Sophia.
Resultado: Foi muito bom ver as crianças conseguido montar o peixe, e gratificante ver a
alegria da Agnes em levar o mascote para casa. Essas ações são determinantes para o processo
ensino-aprendizagem e para o desenvolvimento do aluno.
10
Favorecer a interação e socialização da turma;
Estimular o raciocínio logico;
Desenvolver atividades lúdicas e matemáticas;
Estimular a linguagem oral, a criatividade e a coordenação motora fina e ampla;
Reconhecer e identificar as cores utilizadas na atividade.
Desenvolvimento da atividade:
Visando a importância de propiciar às crianças um ambiente em que possam explorar
diferentes ideias matemáticas. Organizamos as crianças em roda. Apresentamos e explicamos
como se joga o jogo. Ouvimos os apontamentos de cada criança, que iam se expressando e
seus conhecimentos sobre o assunto. As crianças foram convidadas a pescar o peixe usando a
vara de pesca e estimuladas a falar o número correspondente aquele peixe.
Resultado: Sendo assim o jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de
aprendizagem, as regras e a imaginação favorecem a criança e o comportamento além dos
habituais. Evidentemente, contribui de forma intensa e especial para seu desenvolvimento.
Objetivos:
Favorecer a interação e socialização da turma;
Estimular o raciocínio logico;
montar caranguejos e baleias.
Trabalhar com as crianças a construção coletiva, respeito, afetividade e cuidado
com algo que se caracteriza como patrimônio de todos;
Estimular a linguagem oral, a criatividade e a coordenação motora fina e ampla;
Despertar nas crianças o respeito pelos animais e o interesse por animais aquáticos,
perceber a diferença entre os peixes (forma, cores, espécies);
Reconhecer e identificar as cores utilizadas na atividade;
Observamos e classificamos diferentes espécies de peixes por suas características
(diferenças e semelhanças, tamanhos).
Desenvolvimento da atividade:
11
Após o lanche da manhã as crianças foram convidadas a assistir o filme “Procurando
Nemo”, logo que começou o filme as crianças começaram a apontar o dedo e mostrar os
peixes do fundo do mar todos entusiasmados. Logo que passou um pouco do filme a
professora deu pause e questionou-os sobre os peixes que tinham vistos e foi logo mostrando
algumas imagens de peixes que vivem do fundo do mar, como: Polvo, baleia, arraia, cavalo
marinho, estrela do mar, tubarão e o peixe Nemo.
Após finalizar o filme a turma foi dividida em grupos para montar um caranguejo rosa
e uma baleia azul, por fim desenhar o que falta no rosto dos animais.
Atividade pedagógica: Jogo dos peixes e pintura de um peixe usando carimbo e tinta
guache.
Dia, hora e local: a atividade foi realizada dia 17 de maio de 2017, no período da manhã, na
turma do maternal II do Cmei Chapeuzinho Vermelho.
Objetivos:
Favorecer a interação e socialização da turma;
Estimular o raciocínio logico;
Desenvolver atividades lúdicas e matemáticas;
Trabalhar com as crianças a construção coletiva, respeito, afetividade e cuidado
com algo que se caracteriza como patrimônio de todos;
Estimular a linguagem oral, a criatividade e a coordenação motora fina e ampla;
Desenvolvimento da atividade:
Visando a importância de propiciar às crianças um ambiente em que possam explorar
diferentes ideias matemáticas. Organizamos as crianças em roda. Apresentamos e explicamos
como se joga o jogo. Ouvimos os apontamentos de cada criança, que iam se expressando e
seus conhecimentos sobre o assunto. Jogando o jogo dos peixes que “jogando o dado com os
números e suas respectivas quantidades para depois encontrar o peixe que corresponde aquele
numero”. A criança foi convidada a jogar o dado e depois procurar o peixe com a mesma
quantidade, assim íamos chamando uma criança de cada vez para participar.
No período da tarde as crianças fizeram artes utilizando rolo de papel higiênico e tinta
guache, deixando o amigo peixe bem colorido e bonito.
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Resultado: Sendo assim o jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de
aprendizagem, as regras e a imaginação favorecem a criança e o comportamento além dos
habituais. Evidentemente, contribui de forma intensa e especial para seu desenvolvimento.
Resultado: O trabalho foi satisfatório, houve a participação das crianças, que demonstraram
interesse e curiosidade, em fim, atingimos o objetivo proposto.
Objetivos:
Trabalhar com as crianças a construção coletiva, respeito, afetividade e cuidado com
algo que se caracteriza como patrimônio de todos;
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Estimular a linguagem oral e escrita, a criatividade e a coordenação motora fina;
Apreciar a musicalidade;
Estimular a expressão de ideias;
Reconhecer e identificar as cores utilizadas na atividade;
Desenvolvimento da atividade:
Após o lanche da manhã, na roda de conversa, assistimos o desenho com a música e
mostramos o cartaz com a mesma “peixinho da maré”, logo após liguei um mini som para
ouvirmos primeiro e depois cantarmos.
No segundo momento com o cartaz aberto no chão as crianças foram convidadas a
desenhar o que mais gostaram da música.
Resultado: Foi muito bom ver as crianças cantando e desenhando a música. Essas ações
são determinantes para o processo ensino-aprendizagem e para o desenvolvimento do aluno.
Objetivos:
Trabalhar com as crianças a construção coletiva, respeito, afetividade e cuidado com
algo que se caracteriza como patrimônio de todos;
Estimular a linguagem oral e escrita, a criatividade e a coordenação motora fina;
Apreciar as produções próprias e dos colegas;
Apreciar a musicalidade;
Estimular a expressão de ideias;
Despertar nas crianças as diversas formas de desenvolver a imaginação e construir a
realidade por meio de histórias;
Reconhecer e identificar as cores utilizadas na atividade;
Desenvolvimento da atividade:
Após o lanche da manhã, na roda de conversa, ouviram a história o Peixe pipoca e
logo depois assistiram o desenho com a música e mostramos o cartaz com a mesma “peixe
vivo”, e depois cantarmos a música.
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No segundo momento com o cartaz aberto no quadro algumas crianças foram
convidadas a fazer um desenho com a mão pintada de tinta guache. Em seguida elas
receberam uma imagem de um peixe e papel colorido picado para colar e deixar o desenho
bem bonito.
Resultado: Foi muito bom ver as crianças cantando e colorindo o peixe. Essas ações
são determinantes para o processo ensino-aprendizagem e para o desenvolvimento do aluno.
Desenvolvimento da atividade:
Visando a importância de propiciar às crianças o conhecimento de como acontece à
reprodução do peixe Betta. Organizamos as crianças em roda, apresentamos uma maquete e
explicamos como acontece a reprodução passo a passo.
Explicamos passo a passo de forma lúdica e simples que a reprodução acontece da seguinte
forma: Passo 1 - Como escolher o casal certo para Reproduzir
Você vai precisar de um tanque espaçoso. Não coloque pedras ou cascalho no fundo do aquário, pois
os ovos podem ficar presos embaixo deles.
Você vai precisar ainda colocar pedaço de isopor cortado para que o macho produza o ninho de bolhas
embaixo.
Por isso, é necessário condicionar os Bettas na hora da reprodução para se acostumarem um com o
outro. Alimente-os bem por uma semana, e mantenha a água muito limpa. Permita que macho e fêmea
possam se ver durante 2 dias (em aquários separados), em seguida, remova a fêmea da vista do macho
antes de colocá-lo no tanque de criação.
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Colocar o macho primeiro no aquário de reprodução. Deixe que ele se acostume com seu entorno
durante cerca de uma hora ou mais. Em seguida, introduza a fêmea, colocando-a em uma garrafa de
plástico transparente de modo que o macho não possa alcançá-la. Eles devem mostrar algum interesse
um pelo outro, e o macho deve começar a fazer o ninho de bolhas.
Após o macho construir o ninho de bolhas, solta-se a fêmea observando o comportamento deles. O
macho vai tentar persuadi-la para baixo do ninho e acontecerá o “abraço nupcial”.
Depois de aceitar o convite, a fêmea irá para baixo do ninho em direção ao macho. Nessa hora, o
macho dará o "abraço nupcial", que consiste no acasalamento dos peixes bettas, quando o macho
pressiona a fêmea, expulsando seus óvulos e, ao mesmo tempo, fertilizando-os com seus
espermatozóides.
O Betta é uma espécie ovípara, ou seja, os óvulos expelidos pela fêmea são fecundados na água e se
desenvolvem fora da barriga da mãe.
Os ovos cairão até o fundo onde o macho os pegará com a boca, colocando com cuidado um a um
dentro das bolhas do ninho. Esse ritual deverá se repetir por várias horas.
Resultado: Sendo assim a maquete são por si só, uma situação de aprendizagem, o
passo a passo da reprodução e a imaginação favorecem a criança e o comportamento além dos
habituais. Evidentemente, contribui de forma intensa e especial para seu desenvolvimento.
Desenvolvimento da atividade:
Na roda de conversa as crianças foram convidadas a ouvi a historia o “O menino e o
peixe”. Autora: Sonia Junqueira. Ilustração: Mariângela Haddad. Utilizamos fantoche e painel
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de história, e logo depois fizermos a interpretação oral da mesma. Nesse momento as crianças
recontaram a história com entusiasmo e alegria.
Resultado: O Resultado foi muito bom, houve a participação das crianças, que
demonstraram interesse e curiosidade, atingindo o objetivo proposto.
Dia, hora e local: a atividade foi realizada na semana do dia 12 a 14 de junho de 2017, na
turma do maternal II do Cmei Chapeuzinho Vermelho.
Objetivos:
Favorecer a interação e a socialização da turma.
Conhecer e familiarizar-se com projeto;
Construir um aquário de garrafa pet;
Estimular a linguagem oral;
Reconhecer e identificar as cores utilizadas na atividade;
Desenvolvimento da atividade:
A primeira ação dessa atividade foi pedir aos familiares uma garrafa pet transparente,
na rodinha explicamos as crianças que a garrafa era para fazermos um aquário, neste
momento falamos sobre o nosso projeto, indagamos sobre os cuidados com o peixe e que com
peixe do aquário não seria diferente. As crianças participaram ativamente, expondo seus
conhecimentos e fazendo varias perguntas com muito entusiasmo.
No dia 14 realizamos a atividade, com as crianças entusiasmadas e animadas para
fazer o seu próprio aquário, fizemos uma roda todas as crianças com uma garrafa pet já com
água fomos colocando a anilina azul às crianças mexiam a garrafa para dar cor à água, em
seguida eles receberam um peixe, pedaços de EVA picada e clister colorido e foram pondo
tudo dentro da garrafa e deixando-a bem colorida.
Ao final da montagem do aquário as crianças brincaram bastante com o mesmo e
sempre mostrando para as professoras e colegas.
Considerações Finais
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O projeto foi proposto com o intuito de embarcarmos na aventura e imaginação de
tornar esse mascote um membro da turma e viver com ele grandes emoções, em busca do
conhecimento, vivencias e experiências do aluno no meio social, em que somamos o
conhecimento prévio ao conteúdo formal. Com a execução desse projeto gera grandes
expectativas tanto para os professores, como para os alunos e pais, pois, envolve vários
fatores como sentimentos, parcerias, dedicação, respeito, construção coletiva, afetividade e
cuidado com algo que se caracteriza como patrimônio de todos. Com isso, buscamos
contribuir na formação da criança, permitindo vivencias de experiências, construção e
interação de ações que possibilitam entender que o mascote é um líder do bem e amigo de
todos. Neste sentido estudamos desde o respeito pelos animais e o interesse por animais
aquáticos, a construção coletiva, respeito, afetividade e cuidado com algo que se caracteriza
como patrimônio de todos, a alimentação e o habitat do peixinho, os cuidados que devemos
ter com o peixe, Observação do corpo do peixe e suas cores, conversas sobre onde ele vive,
do que necessita para viver, entre outros.
Percebemos o quanto está sendo de fundamental importância levar em consideração a
leitura de mundo das crianças, alguns mais outros menos, um processo de construção
individual e coletiva. O trabalho sobre o peixe amigo da turma no processo de ensino-
aprendizagem é muito valido, rico e gratificante de desenvolver. Conhecemos a realidade de
nossas famílias e sabemos que a maioria não possui o hábito de ler ou escrever e não costuma
acompanhar seus filhos em algumas tarefas escolares, por isso esse trabalho se torna um
desafio e acreditamos que o desenvolvimento desse projeto está contribuindo para que essa
cultura seja resgatada. Mesmo que não atingimos nossos objetivos inteiramente, acreditamos
que conseguiremos ao menos fazê-los pensar no assunto e compreender que a leitura e a
escrita são essenciais na vida do ser humano e queiram criar esse hábito para si próprio ou
pelo menos em seus filhos.
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projeto, organizamos uma exposição, com atividades confeccionadas pelas crianças,
valorizando e manifestando diferentes linguagens.
O projeto vem obtendo resultados positivos, além do aprendizado das crianças, dos
profissionais envolvidos e envolvimento da unidade e famílias, construímos um diário de
bordo e realizamos a culminância do projeto no Berço de Talentos no dia 21 de junho de
2017, é um evento que ocorre nas unidades de educação municipal, neste são apresentadas as
experiências (uma de cada sala), no qual é avaliado por uma equipe técnica da Secretaria de
Educação e por alguns (três) pais da comunidade que a unidade escolhe. O evento é
apresentado por alunos e professores, sendo aberta a comunidade. O trabalho/experiência que
obteve maior pontuação é escolhido a representar a Unidade na Fecit – Feira de Ciência e
Tecnologia da rede.
Referências
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MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: UM DESAFIO EM SALA DE
AULA
RESUMO: Este artigo foi escrito a partir das ideias expostas nos textos publicados por ROJO (2013), Dionísio
(2006), Ângela Kleiman (1995), Gunther Kress e Van Leuween (2006), Moran (2005) e Sorares (2006). Ao
longo da revisão bibliográfica, buscou-se compreender o quanto é necessário estudar e desenvolver a leitura sob
a ótica dos multiletramentos. Neste processo, compreende-se que a escola não pode ser um universo fechado em
si própria, distante do que estar fora de seus muros, e sim alinhar-se a forma de expressão dos dias atuais, a
linguagem dos meios de comunicação e informação. Sobre os aspectos relacionados ao texto, entende-se que é
urgente o estudo acerca das multimodalidades presentes nas produções pós- inserção das novas tecnologias de
comunicação e informação – NTICS. Em fim, o leitor dos dias atuais precisa saber mais que decodificar textos
escritos. Deve compreender as informações, sejam visuais ou auditivas, presentes no texto multimodal.
INTRODUÇÃO
O texto multimodal está em quase toda parte, porém a sua utilização efetiva no
ambiente de sala de aula ainda é tímido, uma vez que, os programas de ensino tende a
valorizar o texto escrito padrão como ferramenta de escolarização, deixando as
multimodalidades presentes na produção, como informações secundárias.
Ao longo deste artigo faremos uma discursão acerca dos termos: multimodal e
multiletramentos, tão necessários de serem estudados dentro do ambiente escolar. A pesquisa
realizada na produção deste artigo se baseou em revisão bibliográfica de autores que
trabalham com os dois termos e suas funcionalidades.
DESENVOLVIMENTO
A escola precisa trabalhar com os mais diversos tipos de gêneros, uma vez que os
alunos convivem diariamente com as múltiplas linguagens: visual, auditiva, sensorial, escrita,
a não escrita, ou seja, estão interagindo com inúmeras possiblidades de comunicação e
interação. Segundo a Teoria da Multimodalidade, o texto multimodal é aquele cujo
significado se realiza por mais de um código semiótico, Kress & Leeuwen (1996). Os autores
chamam atenção a essa nova realidade. O texto dentro do conceito das multimodalidades
perde a sua unilateralidade e abre espaço para mais de um recurso, o escrito não deixa de
existir, mas coexiste com outros, como o visual e sonoro em diferentes formatos. Logo, é a
partir da capacidade de interpretação de textos, imagens e outros meios que o leitor
desenvolve a competência comunicativa multimodal, ROYCE (2005). A informação na
contemporaneidade perpassa os múltiplos sistemas semióticos – linguagem verbal e não
verbal, e, é a partir da inserção desses gêneros no ambiente escolar que o estudante se valerá
das informações para construir sua criticidade e desenvolver habilidades que são necessárias
para o contexto contemporâneo.
Conforme destacam Moran (2005), Baladeli e Ferreira (2012), a questão que emana
destas mudanças socioculturais desencadeadas pelos avanços tecnológicos e o papel das
mídias como difusoras de informação e sociabilidade é que a geração internet - público que
encontramos nas salas de aula atualmente, já está imersa nesses usos da linguagem, então, por
Moran referencia uma provocação aos professores, por que não trazer para o
ambiente escolar o que os alunos já estão vivenciando fora dele. A educação deve se
encarregar de formar cidadão crítico, capaz de enxergar a informação nos mais diversos
gêneros e deles tirar subsídios para construir o conhecimento. Com esse desafio em mãos, o
professor precisa pensar e repensar a prática em sala de aula. É constante a necessidade em
desenvolver os multiletramentos, uma vez que no cenário contemporâneo, o leitor necessita
lançar mão de múltiplos saberes para formar ou compreender a informação.
A utilização dos gêneros multimodais em sala de aula é um recurso que a cada dia
ganha espaço entre professores que buscam ampliar, inovar o trabalho de produção textual.
Fortalecido a partir do surgimento das Novas Tecnologias Digitais de Comunicação e
Informação – NTDCIs. Este gênero se tornou um excelente meio para alcançar os alunos no
que tange a produção e escrita. Neste sentido, o professor pesquisador, Ademir Bandeira
Silva, currículo lattes (http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4492189H2) buscou
diversificar o conteúdo programático das aulas de produção de texto, desenvolvendo projetos
no qual os alunos puderam pensar e produzir seus próprios materiais audiovisuais. Professor
de Língua Portuguesa e Língua Espanhola na secretaria municipal de educação na cidade de
Palmas, capital do Tocantins, apoiou-se na produção de vídeos para desenvolver a leitura, a
escrita e o pensamento crítico junto aos seus alunos.
O projeto foi desenvolvido em uma sala de aula do 7º ano do Ensino Fundamental da
Escola de Tempo Integral Luiz Nunes de Oliveira, situada no distrito de Buritirana, na cidade
de Palmas, capital do Estado do Tocantins. Ao longo de uma série de aulas voltadas ao estudo
e pesquisa sobre o tema, alunos e professor chegaram a um consenso sobre o que produzir.
Decidiram então filmar um programa de entrevista voltado ao público escolar. Neste trabalho,
os próprios alunos puderam pensar em todas as etapas percorridas: a ideia, o roteiro, a pré-
Nesta etapa, o professor lança o desafio aos alunos. São montados pequenos grupos
de três a cinco alunos, onde os mesmos começam a produzir o roteiro. Cada grupo ficou
responsável em pensar uma etapa dentro do roteiro: as falas do aluno que iria conduzir todas
as entrevistas, as perguntas que iriam ser feitas aos entrevistados, o conteúdo cultural, as
entrevista externas. Passado essa etapa, o roteiro precisava ser orientado pelo professor
orientador. Os alunos indicaram uma aluna representante para sentar com o orientador e
repassar o que eles tinham pensado. Veja a fotografia 02.
Após ser orientado pelo professor, o roteiro volta aos alunos e são feitas as
observações dispostas. Depois de algumas aulas, o roteiro fica pronto, e, segue para a terceira
Ademir Bandeira Silva¹
Professora Drª. Adriana Carvalho Capuchinho2
¹www2.uft.edu.br
2
www2.uft.edu.br
etapa do processo de produção, a pré-produção. É na etapa de pré-produção que o roteiro será
colocado á prova. Naturalmente é compreensível que mudanças serão necessárias para
alcançar os objetivos, a produção. Para facilitar a fala da pessoa que conduziria o programa,
todo o texto foi escrito em papel pardo. Veja a fotografia 03.
Finalizado mais uma etapa, os alunos precisavam selecionar os repórteres que iriam
conduzir as matérias do programa. Esse processo foi organizado por meio de votação. Cada
concorrente elaborou junto a sua equipe (grupo) o tema a ser trabalhado. Foi instituído um júri
para selecionar aquele ou aquela que melhor produzisse a matéria. Como finalistas, ficaram
três alunas, sendo que uma já foi direcionada a função de apresentadora, e as demais,
concorriam à função de repórter externo. Veja fotografias 03 e 04.
METODOLOGIA
Este artigo surgiu a partir da revisão bibliográfica acerca do tema multimodalidade e
multiletramentos. Ao longo da produção, procurou-se mostrar os caminhos que se deve
percorrer para desenvolver a leitura sob o olhar dos letramentos múltiplos. A leitura realizada
nos textos teóricos fez-se compreender que nos dias atuais, há necessidade urgente em
trabalhar a concepção de letramentos no ambiente de sala de aula, ao passo que a produção
CONCLUSÃO
Ao longo deste artigo, foram apresentadas considerações de autores que discutem o
tema multimodalidade e multiletramentos. A partir do exposto, entendeu-se que a
multimodalidade está presente em grande parte dos textos produzidos pós-tecnologias de
comunicação e informação, sendo então tema recorrente para leitura de professores e todos os
envolvidos no âmbito da produção textual.
O texto multimodal é composto por múltiplos gêneros, e com isso a leitura precisa ser
de entendimento múltiplo.
Compreende-se que há muito a ler sobre o assunto, e, que somente a partir dessas
leituras, novos saberes são construídos, com olhar diferente aos gêneros multimodais.
Conclui-se que o leitor atual não pode ser um mero decodificador de verbetes, mas
precisa desenvolver a capacidade de ler as informações condensadas a partir de vários gêneros
presentes em um mesmo local, o texto.
Por fim, a pesquisa intuitivamente traz ao leitor, pistas e caminhos a serem percorridos
para alcançar os multiletramentos presentes nos textos multimodais.
REFÊNCIAS
BALADELI, A. P. D. Hipertexto e multiletramento: revisitando conceitos. Revista Escrita
do curso de Letras da UNIABEU, RJ, v.2, v. 4, p.01-11, 2011. Disponível em:
http://www.uniabeu.edu.br/publica/index.php/RE/article/view/52/pdf_44 acesso em 27
set. 2016.
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio –
Linguagens, Códigos e Tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, 2006.
BRASIL. PC_+ Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos PC_na área de
Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da
Educação Média e Tecnológica, 2002.
GOMES, Luiz Fernando. Hipertexto no cotidiano escolar. São Paulo: Cortez, 2011.
JEWITT, Carey. (ed.) The Routledge Handbook of Multimodal Analysis. New York,
Routledge Press, 2009.
MORAN, J. M. O vídeo na sala de aula. Comunicação & Educação. São Paulo, ECA
Ed. Moderna, v. 2, 27 a 35, jan./abr. de 1995. Disponível em:
http://www.eca.usp.br/moran/vidsal.htm acesso em 27 set. 2016.
RESUMO: Este artigo tem por objetivo apresentar uma pesquisa que visou compreender a trajetória do processo
de formação e o desenvolvimento da prática pedagógica dos professores no contexto da educação do campo. A
abordagem metodológica do estudo foi qualitativa por meio da pesquisa bibliográfica e o instrumental memorial
como fonte e coleta de dados. Os sujeitos da pesquisa foram seis professores da Escola Municipal Madre
Gabriela, localizada na fazenda Poções no Município de Arraias – TO. O marco teórico do estudo teve como
base as ideias de Almeida (2001), Catani (2000), Garcia (1995), Nóvoa (1995), (2002), Tardif (2000), Molina
(2006), Caldart (2002), os quais destacam em seus escritos a formação docente. Os dados do trabalho apontaram
que, apesar de todos os desafios que os professores enfrentam na atividade pedagógica no contexto do campo,
acreditam na educação como meio de transformação e construção de identidade e saberes.
ABSTRACT: This article aims to present a survey that aimed to understand the trajectory of the process of
formation and development of pedagogical practice of teachers in the context of rural education. The
methodological approach of the study was qualitative through literature and instrumental memorial as a source
and data collection. The subjects were six teachers of the school Escola Municipal Madre Gabriela, located at
Fazenda Poções in the municipality of Arraias – Tocantins, Brazil. The theoretical framework was based on
Almeida (2001), Catani (2000), Garcia (1995), Nóvoa (1995), (2002), Tardif (2000), Molina (2006), Caldart
(2002), which the writings on teacher training stand out. The research data showed that despite all the challenges
that teachers face in teaching activity, in the context of rural education, believe in education as a means of
transformation and construction of identity and knowledge.
Introdução
No âmbito dos estudos mais atuais sobre formação docente, é notável a ênfase dada à
pessoa e a vida do professor. Assim, histórias de vida e as abordagens (auto) biográficas na
área da educação têm criando novas alternativas para produzir conhecimentos sobre a
formação dos professores que, ao longo da profissão, manifestam-se em diversos saberes.
Essas interpelações abordam um movimento que integra um processo de formação e
investigação, no qual analisa, valoriza sentimentos e representações dos atores sociais na sua
trajetória de vida pessoal e profissional.
Diante disso, apresentamos a presente pesquisa que tem por objetivo geral
compreender a trajetória do processo de formação e o desenvolvimento da prática pedagógica
dos professores no contexto da educação do campo. Já os objetivos específicos são estes, a
saber: conhecer a trajetória de vida dos professores antes e, após a graduação já no contexto
da docência, analisar como vêm se constituído a formação e os saberes dos professores ao
longo da sua trajetória formativa.
Nessa direção, a abordagem metodológica do estudo foi de natureza qualitativa,
pautada numa revisão bibliográfica e pesquisa de campo com seis professores da Escola
Municipal Madre Gabriela, localizada na fazenda Poções no Município de Arraias – TO. O
marco teórico focou as temáticas sobre formação inicial e continuada no campo, história de
vida e trajetórias de formação como alternativa de formação-investigação do trabalho docente.
O presente artigo foi dividido em quatro seções: na primeira, abordamos sobre
formação inicial, continuada e os saberes docentes; na segunda, enfocamos uma reflexão
sobre a educação do campo e a formação de professores; na terceira, apresentamos uma
dimensão bibliográfica sobre a história de vida no campo da formação docente e, por fim,
apresentamos o caminho metodológico da pesquisa, análise e discussão dos dados.
A luta pela educação do sujeito que vive no e do campo inicia-se na década de 1980,
com o surgimento e organização do Movimento Social dos Sem Terra (MST), mas o início de
uma tentativa de “articulação” por um projeto de educação do campo, que derivaria em um
“Movimento por uma Educação do Campo”, deu-se no âmbito da I CNEC – Primeira
Conferência Nacional de Educação do Campo, organizada pelo MST, em conjunto com a
UNB, CNBB e UNICEF, em Brasília, no mês de julho de 1997. (BRASIL/MDA/SDT, 2007,
p. 9).
Nos últimos anos, o movimento Nacional da Educação do Campo tem conquistado
espaços na agenda governamental, viabilizando coletivamente políticas públicas não
subordinadas às determinações do mercado, mas aos interesses da classe trabalhadora, na
perspectiva de sua emancipação e considerando a diversidade e especificidades dos povos do
campo. Uma educação vinculada aos interesses da classe trabalhadora e na perspectiva da
emancipação humana.
Ao longo de duas décadas de existência, o movimento Nacional da Educação do
Campo conquistou marcos legais que legitimam a universalidade do direito à educação desde
as suas especificidades, a saber, Art nº. 28 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) 9394/96; a Resolução nº 02/2008 que estabelece Diretrizes Complementares, Normas
e Princípios para o desenvolvimento de Políticas Públicas de atendimento da Educação Básica
do Campo.
Assim, Fernandes (2006) aponta que a Educação do Campo originou-se com as
demandas dos movimentos camponeses na construção da política de educação para as áreas
da reforma agrária. O teórico entende a educação na reforma agrária, como parte da Educação
do Campo,“compreendida como um processo em construção que contempla em sua lógica a
política que pensa a educação como parte essencial para o desenvolvimento do campo” (p. 28)
Dessa forma, partindo dessa afirmação, podemos considerar que esse é um
reconhecimento fundamental para os trabalhadores do campo e, sobretudo, evidencia que a
concepção de educação discutida e reivindicada pelos movimentos sociais do campo para as
comunidades campesinas diferencia-se do modelo proposto pela Educação Rural. 1
A luta desse movimento busca conceber a educação básica do campo voltada ao
interesse do campo e ao desenvolvimento sociocultural e econômico dos povos que habitam e
trabalham no campo. Essa proposta atende as diferenças históricas e culturais para que os
povos do campo “vivam com dignidade e para que, organizados, resistam contra a exploração
e a expropriação” (KOLLING; NERY; MOLINA 1999, p. 28-29).
Na compreensão de Caldart (2002) os povos do campo devem ser atendidos por
políticas de educação que garantam seu direito a uma educação que seja No e Do campo.
Conforme esclarece a autora: “No: o povo tem direito a ser educado no lugar onde vive; Do: o
povo tem direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com a sua participação,
vinculada à sua cultura e às suas necessidades humanas e sociais” (p. 18). Nesse caso, cabe
destacar que o trabalho como expressão das necessidades humanas é concebido como um
princípio educativo pela Educação do Campo, assim por meio do trabalho que o homem
transforma a natureza e se transforma na condição de sujeito de uma história.
11
A Educação Rural é concebida aqui como uma educação desarticulada dos saberes e identidade dos povos do
campo.
Desse modo, as políticas de educação rural/campo não são referências relevantes
constitucionalmente na historicidade da educação brasileira e até 1988 a expressão
evidenciada nos textos constitucionais caracteriza o termo rural e adquire outro significado a
partir 2002 com aprovação da Resolução CNE/CEB Nº. 01 de 03 de abril; as Diretrizes
Operacionais da Educação do Campo, na qual vale lembrar que a mesma define também sobre
a formação de professores para atuar no campo.
Para Molina (2006) uma das formas de dar conta de uma educação específica para o
campo é privilegiando o protagonismo dos movimentos sociais ligados a ele, pois um dos
objetivos da educação popular “é contribuir para criar condições de o povo ser sujeito do
processo de produção do conhecimento e de sua própria vida” (p. 12). Nesses termos, a base
da escolarização dos sujeitos do campo deve sustentar – se, sobretudo, na preservação dos
valores culturais e da práxis rural.
Para Arroyo (2006) a educação do campo tem que levar para a academia a teoria da
formação dos profissionais do conhecimento, de professores e professoras todas as discussões
sobre modos diversos de produção do conhecimento, “não só sobre os produtos do
conhecimento, mas sobre os próprios modos de produção do conhecimento, sobre os diversos
paradigmas” (p. 116).
Nesse contexto, uma das bases legais que garante a demanda de formação dos
educadores é o Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010 que dispõe sobre a política de
educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA.
No Art. 5º, inciso 2, do Decreto temos a formação do professor do campo como uma questão
garantida em suas demandas locais. Além disso, o decreto discorre:
§ 3o As instituições públicas de ensino superior deverão incorporar nos projetos
político-pedagógico de seus cursos de licenciatura os processos de interação entre o
campo e a cidade e a organização dos espaços e tempos da formação, em
consonância com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação
(BRASIL, 2010, p. ss).
2
Em respeito aos princípios éticos da pesquisa os professores receberam nomes fictícios conforme
demonstramos a seguir: Professora A, Professor B, Professora C, Professor D, Professora E e Professor F.
o retorno das crianças; além disso, existe a preocupação de buscar novos conhecimentos para
ensinar cada vez melhor.
Em relação à questão sobre o que emocionava o professor atuar nas séries iniciais ou
finais do ensino fundamental da escola do campo, foi possível perceber que a maioria dos
professores respondeu o que mais emociona na sala de aula é o desenvolvimento da
aprendizagem dos alunos, bem como a satisfação de ministrar aula nas turmas da 1ª e 2ª fase
do Ensino Fundamental.
Em outra parte do memorial, pedimos aos professores para narrarem sobre qual o
significado de ser professor na educação básica na escola do campo. O professor A ressaltou
que desenvolve seu trabalho com dedicação e responsabilidade; o professor B mostra que o
aluno do campo traz consigo muitas experiências do seu convívio; o professor C enfatiza que
procura dar o melhor ensino para os alunos os demais.
Em outro ponto, salientamos como e em que circunstância o professor aprendeu ou
foi aprendendo a ser professor nessa etapa de ensino e como aprendeu atuar no contexto do
campo diante dos trechos narrativos, a questão da escolha de ser professor pode ser
identificada na medida em que a vocação surge como uma das principais justificativas pela
escolha, bem como a influência de ex - professor, estágios de curso de formação inicial,
ficando expresso um discurso de contexto, realidade em que vive.
Quando solicitamos aos professores para refletir sobre seus sonhos, desejos, medos e
projetos de vida relacionados à docência, que fatores foram importantes para a sua opção (ou
contingência, circunstância, falta de opção) em ser professor da educação básica na escola do
campo, foi possível perceber que alguns estão desempenhando a função docente na escola do
campo por falta de opção de emprego, já outros pelo interesse da docência.
Em outra reflexão, indagamos aos professores por que se tornou professor, em especial
da escola do campo, por que permanecia na atividade docente nesse contexto. Foi notório, nas
narrativas da maioria dos professores, que muitos encaram a profissão como um desafio, pois
gostam do que faz, pelas experiências que vivenciam no campo e, além disso, pelo prazer de
ensinar e aprender ao mesmo tempo, uma vez que atuar hoje na educação tem que primeiro
gostar do que faz.
Em relação ao sentido da escola, interrogamos aos professores qual o lugar e o
significado da escola e outros espaços de formação, na vida pessoal, acadêmica e profissional.
De acordo com as respostas obtidas foi possível observar que a escola é o espaço onde se
constroem conhecimentos tanto para a vida pessoal quanto para a profissional. Além disso,
ela tem a função de tornar todos os cidadãos cônscios de seus direitos e deveres, como
afirmam os professores em suas próprias palavras:
Questionamos aos professores também sobre o que movia todos os dias até a escola e
percebemos que a maioria deles refere se ao compromisso com a aprendizagem dos alunos, a
fim de formar pessoas conscientes de seu papel social principalmente na transformação da
comunidade onde estão inseridos. Em outra parte do memorial, perguntamos aos professores
sobre o que os levaria desistir da profissão.
Os discursos dos professores direcionam para alguns aspectos relacionados ao
contexto social que se mostraram relevantes para a insatisfação com o trabalho docente.
Primeiramente, por gerarem uma sobrecarga de trabalho; depois, a falta de apoio dos pais dos
alunos, um sentimento de inutilidade em relação ao trabalho que realizam, é óbvia, os baixos
salários. Outro aspecto enfatizado pelos professores como fonte de insatisfação com o
magistério é o modo pelo qual está organizado o sistema educacional e, mais especificamente,
a escola como instituição pública de prestação de serviços e como local de trabalho.
A última questão do memorial ficou em aberto para os professores comentar outra
informação que não foi mencionada no memorial. No entanto, eles não mencionaram nenhum
outro elemento para a pesquisa. É valido destacar que todos os professores possuem nível
superior, parte de suas narrações foram claras que os maiores desafios de educar os alunos
diante de tantos percalços mencionados, esbarram – se na ausência de políticas públicas
específicas para o atendimento das demandas da população do campo.
Considerações finais
Este trabalho teve por objetivo apresentar os dados de uma pesquisa que teve como
objetivo compreender a trajetória do processo de formação e o desenvolvimento da prática
pedagógica dos professores no contexto da educação do campo. Nessa perspectiva, a pesquisa
apresentou alguns resultados nos quais demonstraram que os docentes apesar das dificuldades
narradas como falta de incentivo salarial, de recursos pedagógicos, de subsídios financeiros,
precariedade do espaço físico, ausência de políticas públicas para a educação do campo dentre
outras, boa parte dos professores buscam novos conhecimentos como forma de proporcionar
uma aprendizagem significativa aos alunos no campo.
Os dados apontaram ainda que educar no campo é um desafio que os docentes
enfrentam todos os dias, embora eles, na sua maioria, tenham ressaltado que gosta da
profissão de professor da educação básica, considerando as experiências, os costumes, a
vivência dos povos do campo. Por conseguinte, por meio da pesquisa bibliográfica e do
estudo de campo, notamos a importância dessa discussão para que possamos traçar novas
diretrizes para as pesquisas sobre formação de professores e consequentemente foco na
história de vida e formação docente como ponto de partida para compreender o desvendar da
prática pedagógica em sala de aula.
Referências
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ARROYO, M.G.; CALDART, R.; MOLINA, M. Por uma educação do campo. Petrópolis:
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relações com a escola. Cadernos de Pesquisa. Nº 111, p. 151 - 171, 2000.
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de professores. Porto: Porto, 1992.
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2002.
NEOLIBERALISMO RESSIGNIFICADO: A BASE SOCIAL EM QUE SE INSERE A
EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL
Sala 3
Resumo: O objetivo intrínseco ao presente texto versa pela discussão sobre o estágio contemporâneo da
hegemonia neoliberal no Brasil, base para a efetivação da Educação Básica. Deste modo, de forma articulada,
serão abordadas as seguintes questões: a hegemonia na perspectiva gramsciana; o neoliberalismo como
orientação teórica, política, econômica e cultural; a reforma gerencial do Estado brasileiro, ocorrida na década de
1990, e a “terceira via”, entendida como estratégia reconfigurada de implementação do neoliberalismo.
Considerando a pesquisa como um processo sócio-histórico, iremos nos deter, no que tange ao nível técnico, a
uma abordagem qualitativa, que se volta para o entendimento do contexto no qual se insere o objeto em estudo.
Como resultado, frente a explicitação dos elementos caracterizadores da realidade brasileira, destacamos a
necessidade de uma maior compreensão das condições sociais existentes e das práticas políticas voltadas para a
superação da regulação gerencial e, consequentemente, da abissal desigualdade socioeconômica.
1 Introdução
2 Procedimentos Metodológicos
[...] uma estrutura de pensamento e de prática política que visa a adaptar a social-
democracia a um mundo que se transformou fundamentalmente ao longo das duas
ou três últimas décadas. É uma terceira via no sentido de que é uma tentativa de
transcender tanto a social-democracia do velho estilo quanto o neoliberalismo
(GIDDENS, 2005, p. 36).
A partir do referido argumento, Giddens (1996; 2005) aventa que frente a falta de
possibilidades políticas da “direita” e da “esquerda”, seria inevitável que todas as forças
políticas optassem pelo “centro radical”, cuja pauta consiste na defesa da “humanização do
capitalismo”, na garantia da igualdade de oportunidade para todos e na “democratização da
democracia”.
Nessa perspectiva, a “terceira via” “efetua” a crítica ao fundamentalismo de mercado,
igualmente denominado de “neoliberalismo radical”, ao se opor às teses do Estado mínimo e
de desregulamentação irrestrita e ao acusá-lo de desconsiderar a estrutura social que lhe dá
sustentação. Assim, “O neoliberalismo é uma abordagem profundamente falha à política,
porque supõe que não é preciso se responsabilizar pelas consequências sociais das decisões
baseadas no mercado” (GIDDENS, 2001, p. 40).
Critica-se também a esquerda, “Os neoliberais querem encolher o Estado; os social-
democratas, historicamente, têm sido ávidos para expandi-lo. A terceira via afirma que é
necessário reconstruí-lo” (GIDDENS, 2005, p. 80). Nessa direção, naturaliza-se o processo
histórico-social, ao negar a existência das lutas de classes e a centralidade da categoria
trabalho, e ao tomá-lo como um aglomerado de fragmentos, descontinuidades e etapas,
marcado por incertezas e imprecisões.
Esse projeto-político, econômico e cultural, apesar de realizar a crítica às teses
neoliberais, tidas como ortodoxas, traz, em sua estrutura, a autopreservação do projeto
neoliberal, o que pode ser evidenciado na seguinte afirmação: “A maioria dos governos ainda
tem um bocado a aprender com a melhor prática empresarial – por exemplo, controle de
metas, auditorias eficazes, estruturas de decisão flexíveis e maior participação dos
funcionários – o último destes sendo um fator de democratização” (GIDDENS, 2005, p. 84).
Com relação às críticas recebidas por assumir tal posicionamento Giddens (2001, p.
42) assevera que, “A esquerda deve se acostumar com os mercados, com o papel das
3
Sociólogo britânico, ex-reitor da London School of Economics, assessor direto de Tony Blair. Ficou
mundialmente conhecido ao sistematizar a teoria da “terceira via”.
empresas na criação de riqueza e com o fato de que o capital privado é essencial para o
investimento social”.
Conforme os elementos expressos, é possível aludir que a opção da perspectiva de
“terceira via” pelo capitalismo é evidente, pois: “Uma sociedade que não estimula a cultura
empresarial não pode gerar a energia econômica que provém das ideias mais criativas”
(GIDDENS, 2001, p. 80). Destarte, a “terceira via” objetiva, de forma geral, estabelecer o
consenso em torno do determinismo mercantil. “Não há mais alternativas conhecidas à
economia de mercado; a competição de mercado gera ganhos a que nenhum outro sistema
pode se equiparar” (GIDDENS, 2001, p. 166).
Carcanholo (2008) ao discutir a continuidade da economia política neoliberal no Brasil
evidencia que a estratégia neoliberal, começa a ser implementada de forma mais sustentada
após a eleição de Fernando Collor, que assume em 1990, mas já tem perpassado duas décadas,
envolvendo os governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da
Silva. Cabe acrescentar a manutenção dessa lógica, em curso, pelo governo Dilma Rousseff.
Nesse sentido, é possível constatar um processo de continuidade estabelecida pelo
governo Lula e posteriormente pelo governo Dilma, no que concerne à adoção da perspectiva
neoliberal de “terceira via”. Quanto ao primeiro, Martins adverte,
[...] embora as políticas sociais do governo Lula da Silva tenham se tornado uma
grande vitrine das realizações governamentais, na essência nada ou pouca coisa
mudou. A focalização e descentralização, referências tipicamente neoliberais, foram
mantidas em detrimento a uma agenda comprometida com mudanças substantivas
nas políticas de saúde, educação, previdência e seguridade, salário, moradia
(MARTINS, 2009, p. 226).
4 À guisa de conclusão
REFERÊNCIAS
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projeto e planejamento. São Paulo: T. A. Queiroz, 1979.
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GIDDENS, Anthony. A terceira via e seus críticos. Tradução de Rita Vinagre. Rio de
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controle. Brasília: MARE, 1997.
SANTOS FILHO, José Camilo dos. SÁNCHEZ GAMBOA, Silvio (Org.). Pesquisa
Educacional: quantidade-qualidade. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2013.
Sala 3.4
RESUMO: O presente artigo foi resultado de uma pesquisa com abordagem qualitativa, realizada através de um
estudo bibliográfico e de campo, que teve como objetivo principal identificar concepções e práticas capazes de
tornar o ambiente escolar mais inclusivo para os professores, alunos e pais dos chamados novos rearranjos
familiares. Inicialmente fora realizado um levantamento histórico que evidenciou a origem e os tipos de famílias,
as mudanças ocorridas na composição familiar desde a era primitiva até os dias atuais e as causas que levaram a
tais mudanças, indicando o panorama em que surgem as famílias plurais. Na sequência evidenciou-se de que
forma os rearranjos familiares têm sido recepcionados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em nosso
ordenamento jurídico: Constituição Federal, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Maria da Penha e
decisões do Supremo Tribunal Federal acerca de questões pertinentes à família. A questão do binômio família-
escola no processo de aprendizagem das crianças e da conexão direta entre estes e o aprendizado escolar também
foi mitigado neste trabalho. As considerações finais frisam que escola e família são parceiras em busca de um
objetivo comum, que é a educação da criança, mas uma não pode fazer o serviço da outra, ou seja, cada uma
dessas instituições tem atribuições específicas no processo de educação das crianças e adolescentes.
Independente da composição familiar, o que importa é o afeto e respeito existentes entre seus membros. Estes
elementos terão influência no processo de aprendizagem e desenvolvimento pleno das crianças. Ao final são
sugeridas ações que podem tornar o ambiente escolar menos excludente e mais inclusivo para os novos formatos
de família.
INTRODUÇÃO
A família, considerada elemento fundamental para a existência da sociedade, atravessou e
ainda atravessa mudanças no que diz respeito a sua composição. Tais mudanças processadas
ao longo dos séculos têm motivos diversos, mas, em síntese, à medida que a sociedade evolui
iremos notar alterações também nas formas de composição das famílias. Na
contemporaneidade vimos emergir famílias de formatos plurais, as quais chamamos aqui de
rearranjos familiares.
1
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás, Pós-Graduado em Educação em Direitos
Humanos e em Coordenação Pedagógica (UFT), tutor do Pós-Graduação em Educação, Pobreza e
Desigualdade Social (UFT).E-mail:[email protected]
Em busca de averiguar como a escola tem lidado os novos rearranjos familiares realizamos
uma pesquisa de cunho exploratório em cinco instituições de ensino na cidade de Colinas do
Tocantins através de um questionário estruturado e aplicado a coordenadores e professores da
educação infantil. A partir dos resultados obtidos em nossa pesquisa fizemos alguns
apontamentos a fim de aprofundar o debate sobre esta temática e propusemos sugestões que a
escola pode adotar como forma de tornar seu ambiente um espaço verdadeiramente inclusivo,
para todos.
Ao lançarmos um detido olhar sobre a estrutura familiar através dos séculos veremos que
ocorreram e ainda vem ocorrendo diversas transformações nessa instituição social. Esse
processo de mudança relaciona-se com a própria evolução da sociedade, como bem afirma
Engels (1984, p. 99):
Até 1860 ainda não se pensa em uma história da família, sua origem data de
aproximadamente 4.600 anos. O termo família não tem ligação com questões de afeto ou
sentimento, usava-se o termo, entre os romanos, para designar os escravos. Famulus significa
escravo doméstico e família trata-se do conjunto de escravos que pertenciam a um mesmo
homem.
Segundo Engels (1984), em sua obra: A origem da família, da propriedade privada e do
Estado, a primeira família é a do tipo consanguínea, que depois evolui para a “punaluana”,
seguida da “sindiásmica” e finalmente a “monogâmica”.
A família consanguínea é a primeira etapa da família. A mesma é caracterizada pela
promiscuidade, já que havia relações sexuais entre jovens e entre adultos, irmãos e irmãs, sem
nenhuma limitação do número de parceiros. Aqui irmãos e irmãs, primos e primas, qualquer
que fosse o grau, são maridos e mulheres uns dos outros. Só não se permitia a relação sexual
entre pais e filhos.
Passando para a família punaluana veremos, com este formato de família passa-se a excluir a
relação sexual entre os irmãos e progressivamente também o matrimônio entre os primos.
Seguindo na nossa linha histórica da família, teremos a sindiásmica. Neste tipo de família o
homem passa a viver com uma mulher. A poligamia e a infidelidade ainda existem, mas são
direitos dos homens. Aqui o vínculo conjugal pode ser desfeito por qualquer uma das partes,
só que os filhos pertencem exclusivamente à mãe.
Até este momento da história da família a figura mais importante do grupo é a mulher, sendo
ela a grande força dentro dos clãs, é o que se chama de matriarcado. Só tempos depois
veremos uma significativa mudança neste panorama, como bem explica Engels (1984, p. 59):
Ainda podem ser apontados como fatores de enfraquecimento do modelo familiar baseado na
autoridade do homem: mudanças tecnológicas no processo de reprodução da espécie e o
movimento homossexual.
A questão da Revolução Industrial merece destaque neste quadro de mudança da estrutura
familiar patriarcal, como bem assinala Dias (2015, p. 30):
Esse quadro não resistiu à revolução industrial, que fez aumentar a necessidade de mão de obra, principalmente
para desempenhar atividades terciárias. Foi assim que a mulher ingressou no mercado de trabalho, deixando o
homem de ser a única fonte de subsistência da família. A estrutura da família se alterou, tornou-se nuclear,
restrita ao casal e a sua prole. Acabou a prevalência do seu caráter produtivo e reprodutivo. A família migrou do
campo para as cidades e passou a conviver em espaços menores. Isso levou à aproximação dos seus membros,
sendo mais prestigiado o vínculo afetivo que envolve seus integrantes. Surge a concepção da família formada por
laços afetivos de carinho, de amor.
Diante do exposto acima, fica claro a mudança da questão do poder familiar paternal, que
acaba enfraquecendo e o emergir de um novo conceito de família baseado na proteção,
carinho, amor e respeito. Ainda para a autora citada acima o novo modelo da família funda-se
sobre os pilares da repersonalização, da afetividade, da pluralidade e do eudemonismo2.
O solapamento na família patriarcal acabou por contribuir ainda para o surgimento de
diversos arranjos familiares, inclusive no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística- IBGE- em suas mais recentes pesquisas, em especial no Censo Demográfico de
2010, houve uma mudança na constituição familiar no Brasil. A pesquisa de 2010 conseguiu
identificar 19 arranjos familiares3, além de apontar o declínio da familiar patriarcal para as
famílias de casais sem filhos ou homoafetivos, famílias monoparentais (pais ou mãe solteiros)
ou reconstituídas- quando um dos integrantes tem filhos de relacionamentos anteriores.
2
O eudemonismo é a doutrina que enfatiza o sentido da busca pelo sujeito de sua felicidade. A absorção
do princípio eudemonista pelo ordenamento altera o sentido da proteção jurídica da família, deslocando-o
da instituição para o sujeito.
3
Casal com filhos, casal sem filhos, monoparentais femininas, monoparentais masculinas, outros (inclui
famílias reconstituídas e casais heterossexuais e homoafetivos).
O que se percebe hoje é que as famílias estão sendo construídas cada vez mais com laços de
afetividade e não apenas de consanguinidade. Petzold (1996 apud DESSEN e POLONIA, p.
03), afirma que:”a família não pode ser mais definida apenas pelos laços de consangüinidade,
mas sim por um conjunto de variáveis incluindo o significados das interações e relações entre
as pessoas”.
O questionamento a ser feito agora é de como esses rearranjos familiares tem sido tratados na
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), no ordenamento jurídico brasileiro e nas
escolas, e é isso que veremos a partir de agora.
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), já em seu preâmbulo, versa que a
todos os membros da família é reconhecida a dignidade, vejamos: “considerando que o
reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus
direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”.
No artigo XVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos a família e apontada como
“elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado”.
Além disso, no mesmo artigo, somos informados que “os homens e mulheres de maior idade,
sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair
matrimônio e fundar uma família”.
Diante do exposto acima, podemos concluir que a Declaração Universal dos Direitos
Humanos tem uma notória preocupação em assegurar e proteger todos os membros da família,
além de vê-la como um importante elemento para e na sociedade.
A já apontada Declaração não explica o conceito do que seja família, mas tendo por
entendimento que a dignidade é a base dos Direitos Humanos, seria excludente limitar o
conceito de família àquele formato tradicional. Sobre essa questão Dias (2015, p. 42) nos diz
que:
é indigno dar tratamento diferenciado às várias formas de filiação ou aos vários tipos de constituição de família ,
com o que se consegue visualizar a dimensão do espectro desse princípio , que tem contornos cada vez mais
amplos.
Se o Supremo Tribunal Federal reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo, não há
sentido em não reconhecê-los como família, senão por puro preconceito como afirmou a
autora. Se esses cidadãos brasileiros trabalham, pagam impostos, contribuem para o progresso
do país, é inconcebível interditar-lhes direitos assegurados a todos, em razão de suas
orientações sexuais. Baseado nesta concepção tentou-se através do Projeto de Lei nº
2.285/2007, conhecido como Estatuto da Família reconhecer as uniões homoafetivas como
entidade família, porém, não logrou êxito. Apesar de não entender as relações homoafetivas
como famílias a CF mostrou um grande avanço ao assegurar direitos iguais às famílias
biparentais e monoparentais, tendo extinguindo o entendimento de matrimonio como
elemento essencial para a formação do instituto familiar.
No Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 , encontraremos dois conceitos de família: a
natural e a extensa ou ampliada. A primeira é aquela comunidade formada pelos pais ou
qualquer deles e seus descendentes; a segunda concepção diz que família extensa ou ampliada
é aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada
por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de
afinidade e afetividade. No ECA já vemos uma mudança na ideia de família, ao passo em que
nele a família extensa/ampliada tem como base a relação de afetividade.
Seguindo uma tendência de entendimento de que a família tem diversos formatos, a Lei Maria
da Penha de 2006, nos informa que família diz respeito a comunidade formada por indivíduos
que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais,por afinidade ou por vontade
expressa. Este entendimento de família é amplo, conseguindo abarcar todos os rearranjos
familiares, não tem importância aqui se os indivíduos são casados, se vivem em união estável,
se são heterossexuais ou homossexuais, o que importa é a vontade de estarem juntos e
constituírem uma família.
Apesar de não haver um compasso entre as mudanças na sociedade (e consequentemente nos
moldes de padrão familiar) e a legislação, vemos que de forma lenta e gradual há indícios de
que todos os moldes de família serão recepcionados pelo ordenamento jurídico.
2 RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA
4
É aquela que busca descobrir ideias e intuições, na tentativa de adquirir maior familiaridade com o
fenômeno pesquisado. Eles possibilitam aumentar o conhecimento do pesquisador sobre os fatos,
permitindo a formulação mais precisa de problemas, criar novas hipóteses e realizar novas pesquisas mais
estruturadas.
Com relação ao entendimento ou conceito de família para os entrevistados constatamos que
existe um processo de mudança, pois, 80% dos entrevistados partem do principio que família
tem relação com laços de afeto ou carinho e não só de consanguinidade. Este processo de
mudança também se evidencia no que diz respeito a forma como está se conduzindo as
comemorações alusivas aos dias dos pais ou das mães. Em quatros das cinco escolas
investigadas não existe eventos específicos para o dia dos pais ou das mães, e sim o dia da
família. Frise-se que essa forma de comemoração, o dia da família, é oriunda de um projeto da
Secretaria de Educação e não de iniciativa das escolas. Tanto é que, das cinco escolas onde foi
realizada a pesquisa é inexistente qualquer tipo de projeto ou ação pedagógica dentro do
Projeto Político Pedagógico que vise trabalhar questões relacionadas aos diferentes formatos
das famílias contemporâneas.
A Secretaria de Educação apesar de feito essa interferência pedagógica inserindo o dia da
família na escola não oferece, segundo todos os entrevistados, formação continuada acerca de
como deve ser o trato com os novos rearranjos familiares, assim como as escolas, onde
ocorreu a pesquisa, também não o fazem.
Outro ponto que foi levantado na pesquisa trata-se de como o livro didático usado na escola
aborda a questão da composição familiar. O resultado mostrou uma divisão simétrica entre os
livros adotados nas escolas que abordam a família de forma tradicional e os que trazem a
família moderna. Isso, ao nosso vê, é um indicativo de mudança que já está em curso.
Acerca da validade da parceria família- escola houve um apontamento único de todos os
entrevistados em relação a sua imensa importância. Para os entrevistados essa boa relação
entre escola e família afeta de forma positiva a formação de identidade do aluno, seu grau de
segurança, a disciplina, a autoestima, motivação, aprendizado e socialização. Todos os
entrevistados também concordam, de forma uníssona, que não há nenhum tipo de desconforto,
nas reuniões realizadas na escola por parte dos pais ou responsáveis das famílias modernas.
Segundo informações dos coordenadores e professores entrevistados isso ocorre porque este
tipo de configuração familiar é tido como “normal” na comunidade.
Ainda falando dos pais ou responsáveis, 70% dos entrevistados afirmam que eles participam
da vida escolar e 30% dizem que não. Sobre a existência de um possível afastamento entre a
escola e a famílias, os entrevistados se posicionaram da seguinte forma: 80% acreditam não
existir esse distanciamento entre os grupos e 20% pensam que ele existe e é decorrente da
ausência de ações inclusivas voltadas para este segmento. Apesar de não existir essas ações
nas escolas ou formações continuadas voltadas para o trato com esse grupo familiar não
houve queixas por parte dos professores e coordenadores na forma de lidar com eles, porém, a
maioria dos entrevistados (80%) apontam problemas com alunos que vem desses formatos
familiares, tais como: indisciplina/rebeldia, dificuldade em socializar, baixa auto estima,
depressão e deficiência da aprendizagem.
Essa culpabilidade ligada aos formatos das famílias não tem sustentação, pois, como já
dissemos a questão principal não é a composição familiar e sim as relações que eles mantêm.
Se não há harmonia entre os membros familiares, a criança poderá desencadear certos
problemas ou traumas. Não estamos dizendo que a criança que vive em um contexto de
família plural não terá problemas com relação a isso, pode ter, tendo em vista que vivemos em
uma sociedade carregada de preconceitos, com uma visão machista e heterocentrista, mas,
alegar que todo o problema que a criança venha a ter é em razão da composição familiar é
ignorância.
CONCLUSÃO
O presente trabalho nos permitiu perceber que dentro do âmbito jurídico já existem
indicativos de mudanças no que diz respeito às novas composições familiares. Prova disso é a
CF de 1988 que passou a entender e proteger como famílias os formatos monoparentais.
Consideramos um indicativo de mudança porque até então só as famílias formadas a partir do
casamento eram protegidas pelo Estado. A carta maior ainda não avançou no entendimento de
que os casais homoafetivos são família, apesar do Supremo Tribunal Federal já ter autorizado
e reconhecido a união estável e também o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A Lei
Maria da Penha seria outro exemplo que evidencia ventos de mudança. Na referida lei
entende-se família a comunidade formada por indivíduos aparentados, unidos por laços
naturais, por afinidade ou por vontade expressa, ou seja, para esta lei família não se restringe
somente aos laços de consanguinidade.
O que nos intriga e também nos preocupa é que, apesar de haver a presença desses rearranjos
familiares nas escolas pesquisadas em nenhuma delas existe ações no PPP que visem tratar de
questões relacionadas a estas famílias, e tão pouco, formação continuada sendo ofertadas no
intuito de esclarecer ou desmitificar ideias acerca desse grupo familiar. Será que a escola não
está conseguindo acompanhar as mudanças na sociedade? Ou estão esperando que os
esclarecimentos partam de uma instância superior? Se todos os entrevistados entendem a
importância do binômio família-escola o que explica toda essa inércia? A maior parte dos
entrevistados relatou existir problemas com as crianças que vem dessas famílias plurais, então
qual o motivo de ainda não ter sido implementado projetos ou ações para reverter esse
quadro?
A instituição de ensino deve ter um caráter inclusivo, não discriminatório, buscando articular
projetos que favoreçam a proximidade entre família e escola, como também ser firmar
enquanto espaço de respeito às diferenças.
.
REFERÊNCIAS
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Sala 03
Introdução
O âmbito escolar do ensino básico torna-se um centro de aquisição de saberes na
formação para professores, no qual torna-se relevante a relação dialética entre a universidade,
1
Graduando em Ciências Biológicas (Faculdade de Educação de Itapipoca-FACEDI/Universidade Estadual do
Ceará-UECE /Itapipoca/Ceará/Brasil). E-mail: [email protected]
2
Graduanda em Ciências Biológicas (Universidade Estadual Vale do Acaraú/Sobral/Ceará/Brasil). E-mail:
[email protected]
3
Graduanda em Ciências Biológicas (Faculdade de Educação de Itapipoca-FACEDI/Universidade Estadual do
Ceará-UECE /Itapipoca/Ceará/Brasil). E-mail: [email protected]
4
Graduando em Ciências Biológicas (Faculdade de Educação de Itapipoca-FACEDI/Universidade Estadual do
Ceará-UECE /Itapipoca/Ceará/Brasil). E-mail: [email protected]
5
Mestre em Educação, professor da rede estadual de ensino (SEDUC-CE) - (Universidade Estadual do Ceará-
UECE /Fortaleza/Ceará/Brasil). E-mail: [email protected]
enquanto espaço de formação inicial docente e um local de atuação profissional, em que estas
duas instituições possuem um elo de ligação e diálogo, promovendo o desenvolvimento de
ações que beneficiem ambas as partes, proporcionado aos futuros professores o conhecimento
da vertente prática da profissão, marcada por múltiplas e inconstantes situações. Desta forma,
a articulação entre teoria-prática é posta como marco central para a concepção da prática
reflexiva do professor, no qual Zabala (1998) menciona que emerge a necessidade de que os
professores disponham-se de referenciais que ajudem na compreensão e explicação de
circunstâncias que ocorrem na aula.
O ingresso no contexto escolar, enquanto licenciando, representa um período oportuno
de conhecimento da complexidade que norteia o exercício docente, no qual possibilita ao
futuro professor um contato mais refinado com as múltiplas e inconstantes situações que
perpassam o âmbito escolar, na perspectiva de construção e constituição da identidade
profissional (SOCZEK, 2011). Ao ingressar numa instituição de ensino superior (IES), em
determinadas licenciaturas, os estudantes trazem consigo expectativas e crenças sobre a
profissão e seus desdobramentos, no qual a crença influencia na forma como os docentes
aprendem e nos processos de modificação que os mesmos possam tentar, expedindo as
experiências pessoais, com o conhecimento teórico e com a sala de aula.
FREIRE (2002, p.22) ressalta: “o saber que a prática docente espontânea ou quase
espontânea, „desarmada‟, indiscutivelmente produz, é um saber ingênuo, um saber de
experiência feito, a que falta a rigorosidade metódica que caracteriza a curiosidade
epistemológica do sujeito”. Partindo deste pressuposto, a efetivação da aprendizagem
curricular qualificada, no campo da educação básica, deriva da necessidade de superação de
padrões antiquados que remetem apenas ao uso da exposição oral como estratégia de ensino,
sendo importante a busca por caminhos didático/pedagógicas que remetem aos anseios e
necessidades dos educandos, de forma que o professor busque alternativas viáveis para
desenvolver os conhecimentos curriculares com o foco na prática no contexto pessoal e social
de seus alunos, utilizando métodos que estimulem estes a despertar o interesse e instigar a
curiosidade (LIBÂNEO, 1994).
No Brasil, existem programas educacionais que almejam o aprimoramento dos
profissionais docentes, que integrem a qualificação do ensino básico para uma práxis
educadora que vise a qualidade de seu ensino; colocando alunos em formação inicial em
contato com o cotidiano escolar, afim de torna-los intrínsecos as situações vigentes da
profissão. O PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) é um grande
exemplo dos projetos de inserção de alunos (graduandos) no âmbito escolar, visando o
desenvolvimento de experiências práticas neste contexto e de suas interconexões, afim da
familiarização do futuro educador com os aspectos físicos e funcionais da instituição e com
isso construir uma identidade docente (ou não) dos licenciandos (BRASIL, 2007; SOCZEK
2011). Nesse aspecto, o PIBID emerge como um campo profícuo de formação inicial e
continuada dos professores, permitindo um diálogo mais efetivo entre a universidade e a
escola, ambas como elaboradoras de informações, de práticas educativas e de ferramentas
para facilitar a construção do conhecimento através do processo de ensino-aprendizagem
(LIBÂNEO, 1994).
Assim, se faz necessário a busca por investimentos que propiciem o atrelamento entre
o campo teórico e prático, no que concerne ao processo de formação de professores, uma vez
que o PIBID beneficia uma quantidade mínima de licenciandos e existem pesquisas, como por
exemplo, Nascimento (2016) que demonstra os resultados positivos do programa na inserção
profissional docente, uma vez que a formação deve fornecer subsídios ao futuro professor, de
forma que esse possa desenvolver um trabalho pautado pelo aspecto qualitativo, contribuindo
na formação ideológica e social dos estudantes com os quais irá interagir.
A função educativa perpassa a formação para o exercício da cidadania, no qual busca-
se preparar os educandos para o futuro, de forma a capacitá-los com os conhecimentos,
habilidades e disposições que os ajudarão a se tornarem membros reflexivos e responsáveis
pelas transformações sociais do contexto com o qual interagem.
Não é suficiente para os educadores simplesmente transmitir informações ou
habilidades para seus alunos. Deve-se ajudá-los a entender como aplicar seus conhecimentos e
habilidades em situações que permeiem o seu cotidiano, em uma perspectiva de que o
conhecimento seja delineado com um sentido, um valor e uma finalidade prática. Assim, os
participantes (alunos) aprenderão a usar a estrutura de Ensino (conhecimento) para
compreensão e interpretação social.
Nesse aspecto, o presente trabalho relata uma experiência vivenciada por um dos
autores durante uma atividade realizada em um projeto idealizado por uma Escola de Ensino
Médio pertencente a rede estadual de ensino do Ceará, que se constituiu no acompanhamento
voluntário como monitor do laboratório de ciências da instituição escolar.
Procedimentos Metodológicos
O presente trabalho se esquematizou de acordo com o Relato de Experiência,
decorrente de uma ação de duas (02) regências realizadas em duas turmas participante de um
curso de Iniciação Científica, realizada na Escola de Ensino Médio Luiza Bezerra de Farias,
instituição pública localizada na cidade de Tururu e pertencente a rede de ensino do estado do
Ceará. O referido curso foi realizado como atividade de monitoria voluntária, sendo destinado
aos estudantes do ensino médio da referida escola, com regência de um docente da instituição
escolar e auxiliado por um ex-aluno da escola que atualmente cursa o nível superior. As ações
propostas foram executadas entre os meses de março e junho do ano de 2016, com encontros
semanais, nos quais participaram das ações, 49 estudantes regularmente matriculados na
instituição escolar e que foram convidados de forma voluntária a participarem do curso, no
qual foram divididos em cinco turmas, conforme a disponibilidade de cada discente.
Para a concretização deste relato utilizou-se dos registros dessa experiência formativa
alocados no diário de bordo, constituído de acordo com as experiências de atividades
propostas pelo projeto. Saucedo, Weler e Wendling (2012) destacam a relevância desses
registros reflexivos, ressaltando que estes podem propagar as percepções sobre a seriedade de
discutir e ampliar melhor suas próprias ideias, sua criticidade e concepções para poder
potencializar seus saberes, buscando um redirecionamento de sua prática educativa.
Desenvolvimento
Após o acompanhamento de algumas aulas dentro do curso intitulado de Iniciação
Científica, o professor responsável pelo laboratório de ciências da referida escola, propôs que
o monitor buscasse aderir os conhecimentos curriculares trabalhados no curso com atividades
práticas, de forma que os alunos pudessem compreender de uma maneira mais acessível,
vivenciado algumas problemáticas que permeiam seu cotidiano.
Para tanto, buscou-se a fundamentação teórica, afim de adquirir e/ou conhecer
estratégias que pudessem evidenciar o desenvolvimento dos conteúdos através de
experiências praticas, uma vez que o curso se articulava dentro de um ambiente (laboratório)
em que se configura em um espaço propicio para o desenvolvimento de atividades práticas
voltadas para ciências (ZIMMERMANN, 2005). Com isso, optou-se por desenvolver-se com
os alunos, duas práticas simples, mas que fosse suficientemente capaz de gerar discussões
favoráveis acerca dos assuntos trabalhados no decorrer do curso em andamento. Feito isso,
selecionou-se tópicos que pudessem ser utilizado no momento da apresentação, assim,
preparou-se uma apresentação em forma de slides, sendo estes ilustrativos e textuais, usados
como ponte para a abordagem de determinados assuntos durante a ação em sala de aula. De
acordo com Gomes e Ferreira (2015) é de fundamental importância que o planejamento esteja
nas ações cotidianas dos professores, norteando o ato pedagógico, promovendo ações
direcionadas as necessidades dos educandos. Pautado em tal aspecto, buscou-se um
planejamento que permitisse aos educandos a participação ativa na construção do seu
conhecimento, em uma via de mão dupla, no qual coube ao professor o papel de mediador
entre o aluno e o saber.
Com o(s) plano(s) de aula(s) delimitados (vale ressaltar que estes, foram feitos pelo
voluntário, em parceria com o professor regente do curso), e designado a forma de abordagem
dos conteúdos na aula, partiu-se para execução da ação. A primeira regência tinha como foco
a observação de células vegetais em microscópios (material disponível na escola) afim de
fazer com que os alunos experimentassem o uso de instrumentos laboratoriais de uma forma
empírica. Antes da realização das observações com os discentes, abordou-se conteúdos
básicos dos aspectos característicos dos materiais em amostra, a saber: lâminas prontas da
“célula da cortiça”, em que se fez menção aos primeiros autores que idealizaram a teoria
celular: “Schleiden e Schwann”; e também lâmina da cebola, esta última feita exclusivamente
pelos alunos.
No primeiro momento da apresentação, foram feitos apontamentos teóricos a partir de
sugestões de questionamento feito aos alunos, tais como: vocês sabem o que é uma célula?
vocês têm conhecimento de quem seja/m o/s cientista/s que construiu/ram esses
conhecimentos (teoria celular)? porque é importante saber sobre a células? Neste momento,
com a sugestão destes questionamentos, pode-se partilhar informações através de discussões
entre os alunos e o professor-monitor, uma vez que houve um feedback (resposta) por parte
dos alunos, gerando discursões próprias do desenvolvimento dos conteúdos em estudo no
curso.
No segundo momento ocorreu a realização da prática, primeiramente houve a
apresentação dos instrumentos que seriam utilizados: uma lâmina pronta (cortiça), e outra
feita pelos alunos (células do tecido da cebola), além do microscópio óptico. Foi pedido aos
alunos que desenhassem no papel as duas lâminas observadas e fizessem uma comparação de
suas observações com as das primeiras observações feitas por Robert Hooke (1635-1703) nos
pelos microscópios simples (mostrado na parte teórica da exposição). Neste momento, foi
levantada a questão sobre a relevância da construção do conhecimento mediante o
atrelamento da prática da pesquisa e aquisição dos conhecimentos teóricos-hipotéticos e a
importância do desenvolvimento das tecnologias para o campo científico. Alguns alunos
relataram que antes da realização do curso não tinham tido contato com algum material do
laboratório de ciências da instituição escolar e/ou aula neste espaço. Isso ocorre, muitas vezes,
é que, o fato do professor de disciplinas mais propícias ao uso do laboratório, como Biologia,
Química ou Física não disponibilizar de um tempo articulado para o delineamento de alguma
atividade relacionada ao ambiente do laboratório, uma vez que o docente tem uma grade
curricular a seguir e geralmente sua carga horária não lhe permite o desenvolvimento dessas
práticas.
Soczek, 2011, p. 59, argumenta que:
Para o aluno, muitas vezes, a Escola – compreendida como espaço de
construção do conhecimento – sofre uma redução fenomenológica a um
método expresso num livro didático; à resolução (exaustiva) de “exercícios”
cujo objetivo não lhe é claro ou significativo; uma fragmentação disciplinar
num mundo onde as “conexões” são importantes, enfim, um distanciamento
e mesmo desconexão entre teoria e prática dentre muitas outras questões
problemáticas que é possível apontar.
Considerações Finais
Professores apontam que os anos iniciais da carreira como educador são os mais
difíceis. “Isso se deve, em parte, ao „choque‟ de realidade ao qual esses alunos são expostos
no início de sua carreira docente: as lacunas de formação causam insegurança na apresentação
de conteúdos; (...) idealizações a respeito do ambiente escolar, colegas de profissão e alunos
caem por terra” (SOCZEK, 2011. p.62). E ter a oportunidade de vivenciar e desenvolver
algumas dessas competências ainda na formação inicial, foi um grande momento de
aprendizado e reflexão, que certamente pode contribuir no desenvolvimento de habilidades
que a profissão docente exige.
Referências
BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Ciências Naturais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. Rio de
janeiro: Paz e Terra, 2002.
LIBÂNEO, J. E. Didática – São Paulo : Cortez, 1994.
Sala 4.2
Resumo: Em razão das contribuições do uso da literatura para inovar as atividades avaliativas propostas por
professores de ensino superior, objetiva-se com este estudo relatar a experiência realizada com alunos dos cursos
de graduação em Direito, Administração e Gestão Financeira de uma instituição privada, na elaboração de cordel
como meio para compreensão e contextualização transversal de temáticas tratadas no âmbito das disciplinas de
Hermenêutica Jurídica e Responsabilidade Social. Para tanto, realizou-se a análise do formato cordel e da
produção textual realizada pelos alunos, como também o registro de comentários dos alunos durante o processo
de criação. Observou-se a resistência inicial de alguns alunos, a mudança de percepção durante o processo de
criação e que a atividade alcançou o objetivo de ensino-aprendizagem proposto pelos professores ao explorar a
criatividade dos alunos na produção textual e manipulação de conceitos e referenciais teóricos para a produção
dos cordéis. Conclui-se que o produto final materializou a criatividade e a inovação no processo de ensino-
aprendizagem dos alunos, de modo a religar saberes, na maioria das vezes, desconsiderados no processo
tradicional de avalição e na repetição de conteúdos, bem como que propostas de atuação inovadora do professor
no ensino superior requerem motivação e persistência deste com aos alunos e, ainda, valorização da produção
textual do aluno a partir de modalidades não científicas contextualizadas no percurso de formação na graduação
e fundamentadas no trabalho interdisciplinar.
Introdução
1
Doutora em Ciência da Informação – Unesp Marília/SP. Professora Faculdade Católica Dom Orione.
[email protected]
2
Mestre em Letras: Ensino de Língua e Literatura. Doutoranda pela Universidade Federal do Tocantins.
[email protected]
3
Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Tocantins - UFTO. Professora Faculdade Católica Dom
Orione. [email protected]
2006, p. 44). Percebe-se que se trata de um diálogo entre as disciplinas. Transdisciplinaridade
“[...] sugere a articulação de saberes e conteúdos através de pontos de interseção entre as
ciências da ciência, entre as ciências e as artes, entre a filosofia e as ciências, entre as
tradições espirituais, entre o saber do senso comum e o erudito” (MAGALHÃES, 2011,
p.176).
De acordo com Moraes (2011, p. 23), o conhecimento está em rede, e não é mais
possível trabalhar de forma disciplinar, dado que:
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento
4
O caso citado localiza-se no site do Tribunal de Justiça do Tocantins. Disponível em:
<http://www.tjto.jus.br/index.php/listagem-noticias/3544-curiosidade-advogado-peticiona-em-versos-e-juiz-
decide-em-prosa-e-poesia>. Acesso em: 09 maio 2017.
A denominação literatura de cordel deve-se ao cordel ou barbante em que os folhetos
ficavam pendurados, em exposição. A literatura de cordel brasileira construiu sua própria
identidade, dessa forma, permanecendo a similaridade com a literatura lusitana, apenas, no
formato e a composição do papel; e tem como característica a oralidade, em que “os poetas
populares [...] escrevem como se estivessem contando uma história em voz alta”, (ABREU,
1999, p. 118).
Por ser de fácil acesso, também, influenciam no prazer da leitura. A literatura de
cordel é divulgadora da arte do cotidiano e das tradições populares. Logo, a atividade
desenvolvida com os alunos de graduação buscou resgatar, de igual modo, a cultura popular
brasileira.
A prática da leitura literária para o desenvolvimento da pessoa é como a imaginação
que soluciona problemas. As teorias que foram examinadas para este relato (e há muitas
outras) inferem que a leitura literária é indissociável do ser humano e desenvolve o
conhecimento cognitivo (ZILBERMAN, 2012, p. 148).
A produção dos alunos obteve aproveitamento quantitativo e qualitativo total. Todos
produziram o cordel, conforme a temática proposta, como as ilustrações 1, 2 e 3, a seguir,
apontam.
Ilustração 1 – Folhetos de cordéis: Hermenêutica Jurídica.
Foi possível observar que a abordagem dos alunos mobilizou a utilização de saberes
e fazeres específicos em passagens distintas do texto e que foram remetidos aos conteúdos
ministrados, dado que a prática há de buscar a teoria correlata sem a qual o fazer – qualquer
fazer – não será compreendido e melhorado.
A disciplinaridade de Japiassu (1976, p. 73-75), a saber, “[...] domínio homogêneo de
estudo, isto é, o conjunto sistemático e organizado de conhecimentos que apresentam
características próprias nos planos de ensino, da formação, dos métodos e das matérias”, cede
lugar à interdisciplinaridade, que se reconhece pela incorporação de resultados de várias
disciplinas, e não pelo empréstimo a outras disciplinas de técnicas e instrumentos
metodológicos.
A proposta desenvolvida por meio da produção textual de cordéis e ilustrações no
formato folheto (ilustração 2) inovou e instigou no aluno um fazer criativo com uso de
elementos, até então, improváveis às práticas de sala de aula.
Ressalta-se, (2017)
outrossim, que a produção textual reflete o referencial teórico da
disciplina e guarda relação com as compreensões em que os enunciados tiveram validade. O
processo de leitura, compreensão e elaboração textual tornou-se um modelo dinâmico e
criativo, transformando-se à medida que se construíram novos conhecimentos por meio de
rimas e versos.
Considerações Finais
Referências
ABREU, Márcia. Histórias de cordéis e folhetos. Campinas (SP): Mercado de Letras, 1999.
(Coleção Histórias de Leituras).
COSSON, Rildo. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Contexto, 2014.
JAPIASSU, Hilton. O sonho transdisciplinar: e as razões da filosofia. Rio de Janeiro:
Imago, 2006.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Porto Alegre: Sulina, 2008.
VIEIRA, José Amilson Rodrigues; PINHO, Maria José de. Inovando a Aula: considerações
sobre a relação professor-aluno. In: PINHO, Maria José de; SUANNO, Marilza Vanessa Rosa;
SUANNO, João Henrique. (Orgs.). Formação de professores e inter/transdisciplinaridade: diálogo
investigativo em construção. Goiânia: América Ltda, 2014.
Sala 5.1
RESUMO: Este trabalho surgiu através de pesquisas e discussões acerca das atividades corporais desenvolvidas
no cotidiano do povo Akwẽ-Xerente, com o intuito de conhecer as contribuições que as práticas realizadas por
eles nos trazem ao longo da vida, e que podem nos proporcionar vida mais saudável, pois essa diz relacionar
respeito também às expressões e movimentos culturais. Esta pesquisa, intitulada “O cotidiano do povo Xerente:
práticas corporais e vida saudável” traz uma discussão sobre quais práticas corporais do povo Xerente
contribuem para uma vida saudável, fazendo um paralelo entre conhecimento da cultura às interpretações
encontradas em textos bibliográficos, a fim de buscar relações com o conceito de vida saudável. O estudo
pretende ainda abordar os elementos da cultura, tais como: corridas, símbolos, pintura corporal e organização
social. Com base em Daolio (1995) quando diz que a linguagem corporal resulta das interações sociais e da
relação dos homens com o ambiente construindo seu significado em função de diferentes necessidades,
interesses e possibilidades corporais presente nas diferentes culturas é perceptível uma proximidade com aquilo
que os Akwẽ-Xerente apresentam no seu cotidiano na aldeia.
INTRODUÇÃO
1
– Mestranda Profissional em Educação – Aluna Especial UFT (2017), Pedagoga, Pós-graduada em Orientação
Educacional e Libras / Professora da Educação Básica- Rede Estadual [email protected]
2
– Graduada em Pedagogia/Matemática, Pós-graduada em Coordenação Pedagógica e Professora da Educação
Básica- Rede Estadual [email protected]
3
– Pedagogo, Pós-Graduação em Coordenação Pedagógica, PROEJA e Orientação Educacional / Professor da
Educação Básica- Rede Estadual – [email protected]
4
– Mestrando acadêmico – Aluno Especial UFT (2017), Graduado em Pedagogia/Educação Física, Pós-graduado
em Gestão, Supervisão e Orientação Educacional / Professor da Educação Básica- Rede Estadual
[email protected]
5
– Mestranda Profissional em Educação – Aluna Especial UFT (2017), Especialista em Ludopedagogia e
Educação Infantil pela Universidade Candido Mendes, UCAM. (2016) Especialista em Educação Infantil, pela
UFT (2015) Especialista em Orientação Educacional pela UNIRG (2007), Graduada em Normal Superior pela
UNITINS (2004), Professora da Educação Básica/ Rede Municipal - [email protected]
O presente artigo pretende analisar o contexto do cotidiano dos povos indígenas no
Estado do Tocantins, que possuí uma população indígena com sete povos: Akwẽ-Xerente,
Karajá, Javaé, Iny-Xambioá, Panhῖ-Apinayé, Merῖ-Krahô e Krahô-Kanela; cada povo com sua
cultura, sua história de luta pela sobrevivência, mantendo seus rituais e cerimonias, e por estar
tão próximo desse “caldeirão cultural”, convivendo em Tocantínia, onde vivem os Xerente
que se autodenominam Akwẽ, que significa “indivíduo”, “gente importante”, surge o interesse
de escrever e discutir: Quais práticas corporais dos povos Indígenas contribuem para uma vida
saudável? A partir do tema: “O cotidiano do povo Xerente: práticas corporais e vida
saudável”. O corpo, no processo histórico de constituição da ciência, vem adquirindo lugar de
destaque como objeto de investigação de distintos campos disciplinares. Na
contemporaneidade, o corpo vem sendo estudado de modo interdisciplinar, porém vale
ressaltar que esses campos ao compartilharem o corpo e as práticas a ele relacionadas, como
objeto de estudo, apresentam distintas perspectivas de análise. Observa-se a fundamentação
em diferentes métodos e técnicas de pesquisa, além de categorias e modelos explicativos, com
base em conceitos que emanam de tradições teóricas distintas e, em algum aspecto,
complementares.
As práticas corporais – jogos e brincadeiras – são entendidas como elementos da
cultura corporal de cada etnia indígena, portanto assumem sentidos e significados de acordo
com o contexto social no qual são vivenciadas. As ações destes indivíduos devem ser
analisadas em relação a essas representações que, por sua vez, são em parte determinadas por
um contexto macrossocial. Essas práticas, por serem expressões ou derivações de valores
coletivos, possuem uma lógica que orienta seu funcionamento e produz comportamentos, aos
quais cabe à ciência desvelar. A vida na humanidade não se desenvolveu de forma unívoca,
mas sim por meios bastante diversificados de sociedades e civilizações, gerando uma
diversidade intelectual, estética, social e de práticas e técnicas corporais que não têm relação
direta com o plano biológico.
A originalidade de cada uma delas reside antes na maneira particular como resolvem
os seus problemas e perspectivas valores que são aproximadamente os mesmos para os
homens, porque todos os homens sem exceção possuem linguagem, técnicas, arte,
conhecimentos de tipo científico, crenças religiosas, organização social, econômica e política.
Ora, esta dosagem não é nunca exatamente a mesma em cada cultura (LÉVI-STRAUSS,
1976, p. 75). Com efeito, cada povo, cada etnia indígena tem uma cultura própria, com
organização social e econômica e práticas corporais particulares.
As práticas corporais das sociedades tradicionais colaboram para que valores,
costumes, normas sociais e comportamentos desejados sejam assimilados por meio dos corpos
dos indivíduos, tendo como base suas tradições. No plano simbólico, constituem-se em
vivências lúdicas, expressões e linguagens com sentidos e significados que emergem dos
contextos nos quais são realizadas.
Fica evidente, portanto, que o conjunto de posturas e movimentos corporais
representa valores e princípios culturais. Consequentemente, atuar no corpo implica atuar
sobre a sociedade na qual esse corpo está inserido. Todas as práticas institucionais que
envolvem o corpo humano [...], sejam elas educativas, recreativas, reabilitadoras ou
expressivas, devem ser pensadas nesse contexto, a fim de que não se conceba sua realização
de forma reducionista, mas se considere o homem como sujeito da vida social (DAÓLIO,
1995, p. 42).
Nas sociedades indígenas, a transmissão de técnicas corporais é necessária para
assumir da melhor maneira os papéis sociais conquistados; portanto, “reconhece-se a
capacidade de a criança aprender a partir dos jogos e brincadeiras” (GRANDO, 2006, p. 231).
Nesse momento, a criança está se apropriando de sua cultura, construindo sua identificação
com seus pares e tornando-se únicas nesse contexto. Por outro lado, não se pode esquecer que
as práticas corporais tradicionais, bem como os rituais ocorridos nas aldeias, têm um valor
simbólico importante e se inscrevem como parte da construção sociocultural. As práticas
corporais estão relacionadas à cosmologia que orienta o modus vivendi e a visão de mundo
das sociedades indígenas.
Tendo como objetivo desenvolver esse estudo com os sete povos, aqui procuro;
identificar as práticas corporais do povo Xerente, buscando uma relação com o conceito de
vida saudável. Para compreender a vida em sociedade, nota-se, diante de tal fato uma análise
mais próxima dos sujeitos, Silva (2012, p. 1) “As práticas corporais são componentes da
cultura corporal dos povos, dizem respeito ao homem em movimento aos seus gestos e ao seu
modo de se expressar corporalmente”.
Ainda nessa perspectiva, segundo Nahas (2008), o estilo de vida representa o
conjunto de ações habituais que refletem os valores, as atitudes e oportunidades em nossas
vidas. Para os Akwẽ-Xerente as práticas corporais são indispensável para a vida e cultura,
bem como, o corpo livre de doenças para locomover-se em harmonia com a natureza.
Ao propor apresentar a forma como o povo Xerente veem as práticas corporais, se
faz necessário, conceituar o termo, o que nos permite perceber sua estreita relação com
atividade física, vida saudável. Dentre inúmeros conceitos, Lazarotti Filho et al (2010) elucida
o termo de modo bem abrangente, para o autor as práticas corporais são entendidas por gestos
mais simples e elementares como modos de vestir, de comer, de exercitar-se, de maquiar-se,
de divertir-se, de cozinhar, de jogar, de cultivar o solo, de pescar, de caçar ou práticas de
higiene.
Outro conceito relevante para o entendimento pretendido aqui, é encontrado em Silva
e Damiani (2005), os quais entendem na pratica corporal, condições de fenômenos culturais
constituídos da experiência, com exercícios vivenciados no cotidiano para obter aptidão física,
que tem por objetivo conservar a saúde. A experiência, nesse sentido, corresponde a um
conjunto de atribuições de uma terceira pessoa, no caso, o corpo, deve a partir dos
movimentos serem controlado e ao mesmo tempo, ficar alerta por seus impulsos naturais que
tem por recompensa, o prazer.
Segundo o autor essa concepção está invadindo os espaços de lazer, de educação e de
saúde, que indica que se deve tratar o corpo como se fosse um objeto ou algo fora. O termo
“práticas corporais” são elementos da cultura corporal dos diversos povos, entendida como
movimentos, gestos o modo de se expressar corporalmente, ou seja, manifestações e práticas
culturais. Nesse sentido, agregam-se as mais diversas formas do ser humano se manifestar por
meio do corpo, por exemplo, os jogos, as danças, os esportes, as artes entre outras práticas
sociais.
As práticas corporais são desempenhadas dentro de um universo de significados
específicos para cada praticante. Alguns deles associam o exercício das atividades à questão
de saúde, outros a uma forma escape para aliviar as pressões da vida contemporânea, por
outro lado, alguns indivíduos apontam à questão do prazer fruto da prática corporal como o
motivo dele desenvolver a atividade e integrar o grupo. (SOUZA, 2012, p. 02).
Nesta perspectiva, os jogos, as danças, as lutas, distribuídos em modalidades, são
práticas corporais que constituem diferentes formas e expressões do corpo. Pensando o campo
da Educação Física, Silva e Damiani (2005) apontam para uma reflexão crítica sobre “prática
corporal” e saúde.
O estudo procura discutir ainda o conceito de vida saudável, onde vida é o período de
tempo que vai desde o nascimento e saudável refere-se à saúde, definida como o estado de
completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença (OMS, 1948).
Desta forma, compreendemos como vida saudável os bons hábitos alimentares e
comportamentais associados a boas relações afetivas e sociais, trabalho, moradia,
comportamentos preventivos e prática de exercícios físicos ao longo da vida.
METODOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto a análise em questão tende a apresentar como resultado se é possível
perceber a proximidade ou interferência de outras culturas nas práticas corporais Akwẽ-
Xerente, tendo em vista a proximidade entre aldeias e comunidade não indígena, com
também, observar se existe alguma semelhança entre as atividades e indígenas e a Educação
Física tradicional, trançando possíveis interações entre ambas.
Com base em Daolio (1995) quando diz que a linguagem corporal resulta das
interações sociais e da relação dos homens com o ambiente construindo seu significado em
função de diferentes necessidades, interesses e possibilidades corporais presente nas
diferentes culturas é perceptível uma proximidade com aquilo que os Akwẽ-Xerente
apresentam como resposta quando questionados sobre o que o corpo em sua concepção, onde
expressa que a palavra corpo não existe na língua, podendo ser entendida como “pessoa, então
a pessoa é responsável pelo fortalecimento da cultura, o corpo para o Akwẽ é uma pessoa”.
Outro aspecto observado, que demonstra interação com o que o autor diz sobre a
interação social é que a pintura corporal identifica o ser o humano com diferentes culturas,
para eles - Akwẽ-Xerente -, “o corpo é a identidade da pessoa por isso deve ser cuidado e
preservado”.
Certamente, ao mencionar a pintura corporal como identificações clãnica, demonstram a
fundamental importância do corpo no processo de interação social e na relação com o
ambiente, uma que foi observado em rituais de cura realizados pelo pajé, a realização da
pintura corporal.
Deste modo, pessoa e corpo está intimamente ligada, construída socialmente, e
adequada à cosmologia do grupo como bem identificou Fassheber (2001).
Nessa perspectiva, é nítida a preocupação do povo Akwẽ-Xerente observado, com o
cuidado corporal, que passa pelos ensinamentos culturais trabalhados desde a infância com os
afazeres da aldeia como caça, pesca e outros, como também, as atividades de lazer e recreação
que também exigem o fortalecimento corporal, preparando-o para enfrentar doenças e outros
males.
Dentre as práticas corporais e atividades esportivas e de lazer realizadas na aldeia
observada, é possível perceber a interferência cultural exercida pela cultura não indígena, que
adentra o espaço da aldeia se tornando prática comum e que modifica até mesmo aspectos de
divisão clãnicas, como o próprio futebol.
Considerando a fundamentação teórica, em consonância com as respostas do
questionário e o período de observação, foram constatadas e apresentadas semelhanças entre
as práticas corporais, vida saudável do povo Xerente e os não Xeretem como também, é
evidente a relação entre a Educação Física e as práticas corporais do povo Xerente.
No entanto, também existem diferenças. Uma característica do povo Xerente não tão
comum em outra comunidade é a relação que estabelecem entre práticas corporais e cultura
enfatizando a importância de tais práticas tanto para a manutenção da cultura como aquisição
de novas, por meio da interculturalidade.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Arthur José Medeiros de, ALMEIDA, Dulce Maria Filgueira de, GRANDO,
Beleni Salete. As práticas corporais e a educação do corpo indígena: a
contribuição do esporte nos jogos dos povos indígenas. Bras. Ciênc. Esporte,
Florianópolis, v. 32, n. 2-4, p. 59-74, dez. 2010.
BARROSO, Lídia Soraya Liberato. ÂZÊ SIKUTÕRI Para não esquecer: a oralidade e
o conhecimento da escrita . Fortaleza, CE, 2009.
LÉVI-STRAUSS, C. Seleção de textos. São Paulo: abr. 1976. (Os Pensadores: História das
grandes idéias do mundo ocidental).
SILVA, Ana Márcia, DAMIANI, Iara Regina. Práticas corporais. Florianópolis-SC, vol.
3: Nauemblu Ciência & Arte. 2005.
SALA 4
Introdução
1
Graduando em Licenciatura em Ciências Biológicas, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ –
FACEDI/UECE, CE, BRASIL; Bolsista de Iniciação à Docência no subprojeto PIBID-BIO-FACEDI;
email: [email protected]
2
Graduando em Licenciatura em Ciências Biológicas, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ –
FACEDI/UECE, CE, BRASIL; Bolsista de Iniciação à Docência no subprojeto PIBID-BIO-FACEDI;
email: Letí[email protected]
3
Graduando em Licenciatura em Ciências Biológicas, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ –
FACEDI/UECE, CE, BRASIL; Bolsista de Iniciação à Docência no subprojeto PIBID-BIO-FACEDI;
email: [email protected].
4
Licenciado em Ciências Biológicas, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – FACEDI/UECE,
CE, BRASIL; Professor na Rede Pública Estadual do CE; Professor Bolsista Supervisor no subprojeto
PIBID-BIO-FACEDI; email: [email protected]
5
Doutora em Educação, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, UFC; Professora adjunta na
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, Campus FACEDI/UECE; Professora Bolsista
Coordenarora de Área no subprojeto PIBID-BIO-FACEDI; email: [email protected]
A capacidade de refletir sobre os desafios, possibilidades e limitações da
realidade profissional do professor vem sendo estimulado pelo desenvolvimento de
políticas públicas para formação de professores, como o Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID. O programa traz entre seus objetivos,de acordo
com o art. 3º do Decreto n. 7219, de 24 de junho de 2010, uma ampla preocupação com
o investimento na formação docente, buscando integrar a realidade da escola do ensino
básico à realidade do ensino superior. Este investimento supõe necessariamente a
articulação da dicotomia teoria/prática, definidora da elevação da qualidade acadêmica
nos cursos de licenciatura.
O PIBID é uma política pública ímpar, uma vez que se volta para os diversos
momentos da formação de professor simultaneamente: na formação inicial
doslicenciandos, na formação continuada dos professores supervisores da educação
básica e na formação continuada dos professores da educação superior. Permite o fluxo
de conhecimentos entre a universidade e a escola, ambas institucionalizadas como
produtoras incansáveis de informação, de práticas educativas e de mecanismos para
facilitar a construção do conhecimento através do processo de ensino-aprendizagem
(LIBÂNEO, 1994). Por apresentar características que permitem essa comunicação e
integração entre escola e universidade, o PIBID fomenta subsídios para sanar a
preocupação de Nóvoa (2001) com a necessidade de formar professores reflexivos, isto
é, com amplo discernimento para compreender as questões da realidade em que atuam.
Dentre os instrumentos que têm sido criados para o intuito da reflexão sobre a
realidade profissional docente, o diário reflexivo merece destaque. Este mecanismo
constitui-se numa criação eminente ao trabalho de campo realizado pelos bolsistas, nele
são registradas a partir de reflexões profundas e sistemáticas as atividades realizadas no
âmbito do subprojeto Natureza da Ciência no PIBID-BIO-FACEDI.
Metodologia
Como estratégia para análise dos dados foi realizada uma análise qualitativa
das respostas e estabelecidas categorias para verificação das respostas que apresentavam
maior incidência, buscando encontrar similaridades ou discrepâncias entre as repostas
coletadas para construir um estudo de caso, pois entendemos que se trata de um grupo
definido e que pode conter especificidades. A partir da categorização das respostas
procuramos transcrever com fidelidade os resultados da maioria dos participantes
investigados (YIN, 2001).
Resultados e Discussões
Ora, se o fenômeno educativo pode ser descrito como uma tarefa inconclusa e
interrogativa, o autor nos fornece uma perspectiva para que a reflexão seja uma tarefa
paralela à prática docente, que a acompanha e fornece possibilidades de diagnosticar os
problemas inerentes ao processo de ensino aprendizagem, e ao mesmo tempo, pensar
em soluções para tais.
6
Pergunta nº1: Você considera importante a reflexão e escrita das atividades que desenvolve no PIBID-
BIO-FACEDI? Se sim, esclareça por quê.
professor, investimento na construção de um profissional, crítico, reflexivo,
investigativo e certamente capacitado para construir sua prática de forma autônoma.
7
Questão nº 2: A escrita do diário reflexivo compreende o desenvolvimento de quais habilidades para a
docência? Justifique.
8
Questão nº 3: Quais são os pontos positivos e negativos da escrita do diário reflexivo?
reflexivo estar mais capacitado para propor ações pedagógicas que entenda o aluno
como centro das metodologias para construção do conhecimento.
Freire (2002) reitera que a postura do professor reflexivo exige de sua atuação
não apenas o saber fazer, mas também que ele saiba transmitir e construir pontes em que
o conhecimento seja conscientemente acessível ao aluno, favorecendo que o currículo
seja debatido e aplicado na prática cotidiana do professor. A isso podemos acrescentar a
preocupação de Maria Felisbela Martins:
“é necessário que os professores não sejam mais meros transmissores e
executores das decisões centrais do Estado, mas sim que sejam encarados
como um dos agentes de um saber coletivo que lhes compete organizar e
ajudar a construir. Ou seja, emerge a importância de os professores se
tornarem cada vez mais autônomos, tomarem decisões, refletirem sobre as
suas próprias práticas” (Martins, 2011, p.127).
Considerações Finais
A escrita reflexiva é uma atividade que contribui para a formação do professor
reflexivo. A análise das respostas dos professores em formação inicial, bolsistas do
9
Você acredita que a escrita do diário reflexivo irá produzir efeitos na sua capacidade de refletir,quando
estiver exercendo a docência, sobre as situações que ocorrem na realidade do professor em sala de aula?
Por quê?
PIBID-Bio/FACEDI, aos questionários revelou que os diários cumprem funções que
podem ser organizados de acordo com a sistematização de Zabalza (2004): Acessos ao
mundo pessoal dos professores; Explicitar os próprios dilemas; Avaliação e reajuste de
processos e Desenvolvimento profissional.
Referências Bibliográficas
Sala 3
Resumo: O presente trabalho faz uma abordagem das problemáticas existentes acerca do ensino da Língua
Portuguesa. O estudo do objeto realça questões que são inerentes ao ensino-aprendizagem da língua, apontando
fatores que são considerados negativos e positivos para que o professor consiga desempenhar o seu papel de
educador. Diante disso, o presente estudo busca mostrar que o bom ensino deve estar alicerçado numa visão
progressista, libertando-se das amarras tradicionalistas impregnadas no planejamento didático de ensino da
Língua Portuguesa, uma vez que os professores dessa disciplina ainda teimam em ensinar a normativa como base
para a linguagem, a pesquisa visa analisar os apontamentos de novas perspectivas do ensino da Língua
Portuguesa. Todo o trabalho tem como base um referencial teórico que lança mão aos porquês das dificuldades
do ensino da disciplina ora estudada, com a soma de uma pesquisa de campo para confrontar e/ou chancelar
alguns apontamentos mencionados. A metodologia aqui utilizada é a bibliográfica e a de pesquisa campo, com
análise de conteúdo em cima das respostas dos professores entrevistados com instrumento de entrevista com
perguntas semi-abertas. Acredita-se que os desafios do cotidiano escolar exigem uma nova postura docente, um
olhar holístico e criativo, o que não é fácil, mas aos poucos podemos romper algumas amarraduras presentes na
rotina da escola.
Introdução
Em todos os níveis da educação é fatídico depararmo-nos com as dificuldades na
aprendizagem da Língua Portuguesa. Entre os alunos e docentes de Letras de qualquer
instituição esse assunto tornou-se uma rotina, pois são diversas as problemáticas apontadas
acerca do ensino-aprendizagem, uma vez que a língua falada não está em consonância à
norma culta.
O presente trabalho não pretende mostrar soluções ou mesmo inferir maneiras eficazes
para o professor atuar em sala de aula, mas, sim, refletir e apontar alguns paradigmas usados
no ensino da Língua Portuguesa. Embora toda disciplina tenha dificuldades inerentes ao
ensino, a tarefa é árdua para os docentes desta área, pois algumas peculiaridades obrigam o
professor conduzir a aula galgando sempre um “norte” para que o aluno não seja prejudicado.
Devido a isso, utilizam métodos que corroboram para que o processo de ensino seja
1
Professor na Rede Pública Municipal de Ensino. Graduado em Comunicação Social com bacharel em
Jornalismo pela Universidade Luterana do Brasil – CEULP/ULBRA. Graduado em Letras com Licenciatura
Plena em Português e Respectivas Literaturas pelo Instituto Tocantinense de Ensino Superior – ITOP. Pós-
Graduado em Língua Portuguesa e Literatura pela Faculdade Suldamérica. [email protected]
2
Professora da Rede Pública Estadual de Ensino. Graduada em Pedagogia Faculdade Aphonsiano(2006).
Especialista em Docêcia do Ensino Superior(2008) e Sociologia e Educação(2009) Professora do Curso de
Pedagogia na faculdade Itop, mestranda em Educação UFT
progressivo, apesar de o ensino da língua, não obstante, ainda esteja alicerçado numa visão
didática tradicionalista, como afirma Antunes (2003, p.15):
(...)o ensino da língua não vai bem, já é cada vez mais, um domínio da constatação
comum. Embora não se possa generalizá-la, já está na boca de muitos a crítica de
que a escola não estimula a formação de leitores, não deixa os alunos capazes de ler
e entender manuais, relatórios, resumos, gráficos, tabelas artigos, editoriais e muitos
outros materiais escritos. Também não deixam os alunos capazes de produzir por
escrito esses materiais. Ou seja, “tem uma pedra no meio do caminho” das aulas de
português.
Nota-se que o ensino da Língua Portuguesa vai além das paredes de sala de aula.
Trata-se de uma aprendizagem holística, onde todos os fatores se entrelaçam. A oralidade, a
exemplo disso, tem uma importância fundamental, sendo peculiar para a aprendizagem da
escrita padrão. É com a oralidade em sala de aula que o professor saberá discernir quais
aplicações metodológicas são necessárias ao ensino da Língua Portuguesa.
Percebe-se que o desmembramento da Língua Portuguesa do propósito tradicionalista
é mais promissor e menos tedioso ao aluno e ao professor. Ademais, a aprendizagem ocorre
por um processo dialético, como afirma Moretto (2007, p. 50), “o ponto de partida será
sempre o que o aluno já sabe, ou seja, seus conhecimentos prévios relativos ao objeto de
conhecimento do qual espera a aprendizagem”, somente assim as práticas de ensino para a
disciplina em questão podem ser prazerosas reciprocamente.
A relação do professor com o aluno resulta numa imersão, a qual poderá colaborar
para auxiliar o docente nas implicações que dificultam o ensino-aprendizagem. A condução
desse processo se efetiva com atividades que se mostrem úteis ao universo cotidiano de cada
aprendiz, pois a aprendizagem tem uma ligação direta com o meio social onde o aluno está
inserido. Para tanto, é preciso ressignificar o processo de ensino, é preciso compreender a
gramática implícita, aquela que carrega em seu bojo um conjunto fonológico, morfológico,
sintático, semântico, pragmático e discursivo. Ensinar emana interesse tanto de quem media a
informação quanto de quem recebe.
A primeira condição na aprendizagem do aluno está na sua origem de classe que vai
determinar como esse indivíduo prosseguirá. De certa forma, é no seio familiar que a criança
terá boa parte dos seus processos cognitivos preparados para enfrentar uma sala de aula. Em
sentido geral é em casa que a criança construirá a primeira etapa da língua materna. Uma
condição determinante no processo de ensino, segundo Rego (1995, p.51), é que “para
realizar sua atividade, o homem se relaciona com seus semelhantes”, ou seja, a situação é
difícil para o professor, porque a família é a base do processo de ensino-aprendizagem, e no
que tange ao ensino da Língua Portuguesa, a situação se agrava, pois muitos desses
aprendizes chegam à escola “fracos” na aquisição da construção da linguagem.
Assim, cabe ao professor tentar identificar esse problema no aluno, tentar dirimir de
forma que auto-estima do educando seja estimulada. A linguagem, com isso, é formada com o
cotidiano de cada aluno. Para Paulo Freire (1996, p.35):
A aprendizagem escolar é assim um processo de conhecimentos e modos de ação
física e mental, organizada e orientada num processo de ensino onde os resultados se
manifestam em modificações na atividade interna e externa, onde o sujeito nas suas
relações com o ambiente físico e social se encontram.
Cabe o professor, diante disso, também ter consciência de que “aprender é construir
significado. Evidentemente que essa afirmação precisa ser contextualizada para ser bem
compreendida”, como afirma Moretto (2008, p. 48). Para Perini (2002, p.67) “seria um
exercício interessante ao professor pegar cada texto que dá aos seus alunos e fazer uma lista
das informações necessárias à sua compreensão. Daí ele poderia ter uma noção mais realista
do grau de dificuldade dos textos do ponto de vista de seus alunos”.
Além disso, vale salutar que uma bifurcação de realidades atrapalha a comunicação
entre professor e aluno, por isso, no que tange as diretrizes, a gramática normativa não está
dando conta das variedades linguísticas em sala de aula, é preciso pensar em outras formas
que facilitem o cotidiano do ensino de Língua Portuguesa. Segundo Travaglia (apud Madeira,
2005, p.6) pode-se trabalhar a gramática nas suas diversas formas para que o aluno tenha uma
melhor compreensão. Algumas delas são a:
Normativa, que se relaciona com os fatos da língua padrão;
Descritiva, que considera as variações da língua descrevendo seus contextos sociais;
Funcional, que não trata a sentença imperativa somente como ordem, mas como
instrução, convite, pedido, etc; e
Internalizada, que é propriamente do indivíduo, considera erros somente em formas
que não fazem parte de qualquer variedade lingüística.
Essas acepções gramaticais podem ajudar o professor a romper com a distância das
realidades linguísticas ora vivenciadas na sala de aula. Bechara (apud Lopes, 2006, p.87)
entende que tanto o professor, quanto o aluno devem ser “poliglotas em sua própria língua”,
ou melhor, o uso da língua deve estar em consonância com o espaço e tempo. Acredita
Possenti (1996), que quanto maior for grau de conhecimento sobre a linguagem, maior é a
possibilidade de compreensão, interpretação e entendimento dos textos. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) deixam claro que o uso da variedade linguística em sala de
aula é um caminho para que o professor saiba descrever as diferentes instâncias discursivas
presentes. Até porque, a recepção informativa do aprendiz no ato de ler está nas várias vozes
que permeiam as crenças, as experiências, a cultura e outros fatores que vão nortear o
entendimento dele a respeito do que está lendo.
O problema é que a interpretação de texto ainda é a dificuldade que mais repercuti no
âmbito escolar. Os alunos pouco entendem o que leem e, em consequência disso, não
conseguem transcrever para o papel o que pensam. Em alguns resultados apontados por
pesquisas dos Parâmetros Curriculares Nacionais, verificou-se que:
(...)a alfabetização não é um processo baseado em perceber e memorizar, e, para
aprender a ler e a escrever, o aluno precisa construir um conhecimento de natureza
conceitual: ele precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também
de que forma ela representa graficamente a linguagem. (PCNs, 2001, p. 21)
De certa forma atuar com o aluno é procurar aquilo que ele tenha interesse em
aprender, pois
não se formam bons leitores solicitando aos alunos que leiam apenas durante as
atividades na sala de aula, apenas o livro didático, apenas o que professor pede. Eis a
primeira e talvez a mais importante estratégia didática para a prática de leitura: o
trabalho com a diversidade textual. (PCNs, 2001, p. 55)
Destarte que falar de sintaxe, morfologia e demais atividades normativas, sem antes
preparar o aluno para isso, pode ser um pesadelo para ele, daí a relevância de criar um
ambiente e condições criativas para a abordagem de conteúdo da Língua. Segundo Travaglia
(1996, p. 21) “a competência comunicativa é a capacidade do usuário de empregar
adequadamente a língua nas diversas situações de comunicação”. Ou seja, para que o aluno
aprenda aplicar a língua nos diversos contextos, o professor deve ser o primeiro exemplo em
sala de aula; deve romper com a homogeneidade do ensino da Língua Portuguesa, que é uma
tentativa constante de manipular a forma linguística sem se preocupar com a expressão
simbólica.
ANÁLISE DOS DADOS
A entrevista foi concedida por três professores Língua Portuguesa, todos atuando no
turno matutino e vespertino da unidade de ensino. São eles: o professor Jair Nascimento que é
graduado em Letras e está em prosseguimento latu sensu; a professora Valdete Reis que
possuí graduação em Letras e Pedagogia e a professora Weigma Michelle, graduada em
Letras com prosseguimento strictu senso. As entrevistas foram individuais, por opção dos
professores, uma vez que estariam mais a vontade para as respostas diante do gravador
utilizado para registrar a coletas das informações.
Aqui na escola trabalhamos com a leitura, produção de texto, pois se aluno domina a
leitura e também a escrita ele vai se sair bem em qualquer situação. Muitos
acreditam que o aluno só vai sair falando e escrevendo bem seguindo as regras da
gramática, e isso acaba sendo enfadonho para o aluno, o ensino da Língua
Portuguesa tem que ser mais atrativo,criativo e um ensino sistemático acaba sendo
repetitivo e pouco interessante para ele. (Professora Valdete Reis)
Veja que a afirmação da docente tem relação com o que Perini (2002, p. 55) ressaltou
sobre a familiarização do aluno com o ambiente de ensino. A professora deixa claro que não
basta apenas seguir regras, para que o aluno tenha um bom desempenho no processo escolar.
Em contrapartida a resposta a professora ainda afirmou que “quando o aluno vem de um
ambiente de leitores ele é diferente”.A professora assegura que o fator problemático não está
na escola, mas, sim por se tratar de alunos oriundos de contextos desprovidos de
oportunidades, ela afirma o que também lembra Freire (1996), que “as coisas não pode ser
assim: o aluno chega na escola com medo de Língua Portuguesa e Matemática. A forma como
a gente leciona a disciplina é que acaba conquistando o aluno que chama a atenção”.
Seguindo a mesma abordagem feita com a professora, Valdete Reis, outra professora,
Weigma Michelle, disse que:
Na verdade, muitos estudiosos tem mostrado que não é tirando a gramática para
ensinar, mas mudar o foco de ensino voltado, por exemplo, a comunicação, que o
objetivo maior da Língua Portuguesa é que o aluno seja comunicativo nas relações
interpessoais. E o foco não é ficar somente na gramática repetitiva. Como falam os
PCNs é preciso trabalhar com gêneros textuais, e esses gêneros textuais eles vão
estar numa sequência didática. Começaria pelo foco da leitura, um texto de um
determinado gênero, depois a análise linguística desse determinado gênero e a partir
daí a compreensão do texto e por fim a gramática. (Professora Weigma Michelle)
A afirmação da professora nos levou a constatar, através de uma pesquisa feita com
dados coletados do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) realizados pelo Instituto
Paulo Montenegro de São Paulo (IPM) que a baixa qualidade do ensino vem crescendo no
país, no que tange a Língua Portuguesa, isso acontece em todos os níveis da educação. Os
dados mostram que 34,35% dos alunos de nível superior no Brasil são analfabetos funcionais,
o que é preocupante. Enquanto que no nível fundamental e médio, a situação é mais agravante
ficando cerca de 50% dos alunos com essa deficiência.
Para o professor, Jair Nascimento, “o grande problema da nossa escola muitas vezes é
o baixo nível das famílias e da comunidade que causa essas discrepâncias utilizadas na
língua”. Segundo ele, os alunos chegam à escola com uma linguagem “corriqueira” e não
conseguem aprender o formalismo.
Partindo desse ponto de vista, o professor afirma que diante de tal problema, é
importante trabalhar com o aluno o exercício da crítica, o que para o docente é um trabalho
reflexivo e comumente fácil de ser abordado em sala de aula. É preciso, como disse o
professor : “Exercitar os alunos através da leitura e escrita dos mais variados textos que
predominam em nosso país, de forma disciplinar e exemplar para que o aluno enxergue o
objetivo principal que é o desenvolvimento de seu senso crítico e assim possa se desenvolver
nas diferentes áreas.”
Outro posicionamento abordado por ele, acerca das variedades lingüísticas, está na
questão das mídias. Ele disse que “as mídias funcionam como propagadores dos eventuais
erros ou falhas de comunicação”. Conforme o professor, os alunos chegam à sala de aula com
um vocabulário que dificulta a comunicação. O docente demonstra imposição ao que afirma
Baktin apud (Freitas, 2006), pois o emprego da linguagem das mídias serve, segundo ele,
como propagadores de uma variedade de jargões que não colaboram para a boa aprendizagem
do português gramatical. Para finalizar essa etapa, o docente de Língua Portuguesa
complementou sobre a importância da contextualização das aulas e fez uma crítica: “O ensino
é sim um pouco repetitivo, mas deve-se buscar meios de contextualização diferenciados para
dinamizar as aulas e torná-las mais criativas, é importante possibilitar que os próprios alunos
possam criar formas de aprender o que propomos, as vezes eles propõe criar paródias,
dramatizações, monólogos, repentes e eu deixo eles criarem e apresentarem para a turma”.
Considerações Finais
Nessa abordagem feita à luz das teorias, foi possível compreender melhor o objeto
com a pesquisa de campo que nos proporcionou analisar e atestar as críticas apontadas pelos
teóricos estudados. Viu-se dessa forma que há fatores que dificultam o ensino da gramática
em sala de aula, porém o que não impede do professor alcançar as metas estipuladas no
planejamento de ensino lançando mão de formas menos engessadas e mais abertas para o ato
criativo de aprendizagem.“assim, o criativo passará pelo conhecimento, pela atitude pessoal e
pela ação” (TORRE, 2005). “o clima criativo de uma organização estimula o aparecimento de
pessoas criativas.” Foi notável nas falas dos professores a importância de sair de um recorte
conceitual, positivista para uma perspectiva humanista criativa e favorecedora da
aprendizagem dos alunos.
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gramática no 1° e 2° graus. 6. ed. - São Paulo: Cortez, 2001.
O ENSINO DE HISTÓRIA E A CONSCIÊNCIA HISTÓRICA
Sala 3
Resumo: Esse texto tem o intuito de expor a formação da disciplina de história, pontuando o ensino concebido
pelos jesuítas no Brasil colônia ate a formação da disciplina de história. Buscando entender o papel da história
enquanto disciplina educacional e seus desafios para fazer as devidas ligações entre passado-presente-futuro que
circundam os sujeitos e suas diversas interpretações de mundo. A metodologia utilizada foi revisão bibliográfica
de alguns artigos de autores que abordam o tema ensino de história no Brasil. É de fundamental importância
entender a constituição da disciplina de história no Brasil, para que se faça a devida compreensão do espaço que
tal disciplina ocupa no contexto nacional educacional e o papel do professor de história. O campo do ensino de
história é algo fértil para pesquisas para que melhor se entenda a dinâmica em sala de aula, os objetivos da
história enquanto disciplina e a aplicabilidade no ensino das diversas historiografias. Eixo temático deste
trabalho é a educação básica.
Introdução
A história surge da vida prática onde todo ser humano é um sujeito histórico repleto de
historicidade, logo, constrói a sua história e tem o seu lugar como sujeito histórico no tempo,
“história é tempo narrado, tempo de narração é tempo que narra a si mesmo como unidade
interna no processo vital humano”, (RÜSEN,2014,p. 286) a história e inerente da vida prática
de todo ser humano.
Ao observarmos os sujeitos repletos de historicidade tendo como ponto de partida a
participação desses sujeitos na história o presente trabalho busca entender três pontos: a
consciência histórica, o sujeito comum e o sujeito reflexivo. O termo consciência histórica e
sua possível formação ou não nos seres humanos é um campo fértil de debates, autores como
Dilthey, Gadamer na segunda metade do século XX estendendo para Heller e Rüsen que
trabalham com tal conceito, no entanto a definição de consciência histórica e sujeito comum e
reflexivo que iremos observar em tal trabalho é do historiador alemão Jörn Rüsen, que trás
observações interessantes sobre tais temas.
No que se refere à consciência histórica pontuaremos de forma breve. Ao pensarmos
sobre consciência histórica imaginamos uma relação intima e imbricada entre, memória
coletiva e individual, identidade e criação de sentidos. Ao nascermos já encontramos um
mundo repleto de pré-conceitos, memórias coletivas formadas, apesar de tais memórias terem
sentidos criados pelos diversos sujeitos, as interpretações dadas pelos mesmos são mutáveis,
Luis Fernando Cerri em seu livro; Ensino de história e consciência histórica, (2011, p. 15) diz
que, “a consciência histórica não se resume ao passado e á memória, mas as projeções que
fazemos para o nosso futuro.”
A memória a identidade compõe a consciência histórica como algo que se relacionam
intimamente, temos memórias coletivas e individuais que se relaciona, o homem faz sua
história, constrói sua memória e sua identidade de forma individual dando sentido a uma
coletividade em partes formadas, “tanto é verdade, que os quadros coletivos das memórias
não conduzem a datas, e nomes e a formulas, eles representam correntes de pensamentos e de
experiência em que encontramos nosso passado apenas porque ele foi atravessado por tudo
isso. A história não é todo o passado e também não é tudo o que resta do passado.”
(HALBWACHS, 2009. P 86)
A história é dinâmica, uma construção constante feita pelos sujeitos históricos e é
como obra humana, um fenômeno do mesmo, que para Rüsen, 2001 a:78, abud Cerri 2011,
p.29; “a consciência histórica não é algo que os homens podem ter ou não ela é algo
universalmente humano... A consciência histórica enraíza-se, pois, na historicidade intrínseca
á própria vida humana prática.” A histórica é dinâmica, o mundo histórico é dinâmico porque
nós o formamos e queremos sempre ir além do que já existe, afinal a historicidade compõe o
homem.
Os sujeitos já possuidores de consciência histórica terão a ação ou não de interpretá-la
e o fato de certos sujeitos não fazerem o processo de interpretação não significa que eles não
possuem a consciência histórica, visto que a mesma parte de uma coletividade formadora e
repleta de historicidade, a criação de sentido que rompe e remonta sentidos diversos para a
história é algo que pode ou não acontecer Cerri,( 2011, p.41), esclarece isso ao dizer que:
Nas relações humanas, a consciência histórica ocupa um lugar especifico, e este
pode ser percebido indiretamente pelos resultados da identidade coletiva. Tudo o
que permite que digamos nós e eles compõe a identidade coletiva ou social, e
essa identidade é composta por diversos elementos: familiares, idéias, objetos e
valores que um grupo acredita fazer parte de seus atributos exclusivos e
excludentes.
A história entra em tal contexto como legitimadora de grandes feitos dentro de uma
construção cristã. A partir do século XIX a história enquanto disciplina autônoma surge
ancorada em intimas relações com a ação do Estado que cria teias para constituir tal disciplina
no seio do Estado, Maria Aparecida Toledo pontua tais teias como: “a formação de
instituições de ensino secundário, a produção e prática educativa dos professores/intelectuais
através de suas aulas e organizações de compêndios” (TOLEDO, 2005, p. 2).
As lutas pelo processo de independência se constituiu dentro do seio de uma elite que
buscou a institucionalização de seus interesses, dentro dessa áurea de construção de uma nova
sociedade de um Estado imperial forjou-se uma nação constituída por bons homens nos
moldes europeus, Toledo esclarece ainda mais essa questão ao dizer que, “portanto, a imagem
de nação considerada legitima pelas elites imperiais se firmou tendo por base as diretrizes
conceituais européias de nação, pátria, liberdade, mas aqui surgiu uma trajetória onde as
noções de liberdade, sociedade civil e política ficaram circunscritas aos interesses da “boa
sociedade”. (TOLEDO, 2005, p. 3).
No entanto na contramão de tal sociedade surgiu no Brasil outras classes que a própria
colonização criará, Maria Aparecida Toledo continua dizendo que:
Portanto, como em escala crescente, a colonização criara uma massa de homens
livres e pobres, que se distribuíam de maneira irregular pela imensidão do
território, esses preocupavam as autoridades governamentais e demais
componentes da “boa sociedade”. Posto que esses homens não encontravam
lugar nem no “mundo do trabalho” e muito menos cabiam no “mundo do
governo” (TOLEDO, 2005, p. 3).
Para as elites imperiais o estado brasileiro deveria ser um corpo uno, onde essa
identificação de unidade nacional deveria ser reconhecida por todos os brasileiros. A história
enquanto disciplina autônoma surge nessa áurea de unidade nacional e tendo o compromisso
de consolidação de tal unidade, nesse processo de disciplinarização o colégio D. Pedro II
surge como instituição formadora de uma elite intelectual tornando-se um centro irradiador
das propostas educativas do império, dentro desse contexto a história enquanto disciplina
dentro do colégio Dom. Pedro II foi projetada da seguinte forma: “para ser um ensino de
caráter humanístico, legitimou-se, a exemplo do caso francês, na sua identificação com as
humanidades clássicas. Compondo uma cadeira juntamente com a geografia, seus conteúdos
de historia universal tinham como referencia a moral e a religião para orientar os espíritos.”
(TOLEDO, 2005, p. 4).
O IHGB surge em 1838 oferecendo um saber histórico legitimo dentro de uma nação
soberana, que buscou a homogeneização da sociedade. A partir da primeira república algumas
mudanças ocorreram no campo educacional, pois o ensino assumiu o papel de denunciar os
atrasos do período imperial e reconstruir o país o colocando no caminho do desenvolvimento
Rebeca Gontijo diz que como: “primeiro passo para o estudo da historiografia e do ensino da
historia no período republicano é preciso compreender os problemas da educação daquela
época, bem como, os esforços no sentido de equacionar a tríade estado-povo-nação, a autora
nos chama atenção da efetivação do ensino em uma pedagogia do cidadão” (GONTIJIO,
2006, p. 2).
O ideário de nação homogenia era ressaltado num contexto de modernização dentro da
república, onde o ensino de historia servira para reforçar os grandes heróis da nação e seus
feitos, datas comemorativas seriam lembradas e celebradas de forma sistemática, dessa forma
“o escrito e o ensino da história-pátria deveriam contribuir para a integração do povo
brasileiro de modo a fundamentar a nova nacionalidade projetada pela república”.
(GONTIJIO, 2006, pág. 3), os conteúdos ensinados deveriam consolidar a hegemonia da
nação buscando o passado para velar tal nação una.
Nos anos seguintes a primeira república o sentimento de nacionalismo e pensamento
autoritário caminhavam juntos no Brasil, para Katia Maria Abud,
A concepção de realidade e de sociedade, que se organizava do nacionalismo e
do anti-liberalismo, levava à responsabilização do Estado pela formação da
nacionalidade e pela direção do povo. Este era considerado simplesmente como
massa que deveria ser orientada a seguir as elites, verdadeiro motor das
transformações pelas quais o Brasil deveria passar para chegar ao
desenvolvimento. (ABUD, 1998, p.2).
Partindo dentre esses novos caminho apontados por Schmidt, Monteiro coloca a
importância da transposição didática. A disciplina de história deixa de certa forma de ser uma
mera reprodutora do passado que reforça os interesses do Estado para algo que reflete o meio
social e os diversos sujeitos que o compõe, “a vida humana esta estendida entre passado,
presente e futuro e essas três dimensões estão sempre sistematicamente imbricadas” (RÜSEN,
2014, p.261) a práxis humana, as relações sociais, a cultura se torna campo fértil das
pesquisas históricas e o desafio da transposição didática dessa nova historiografia no ensino
de história se faz presente.
Monteiro 2007, coloca que: “num mundo onde os meios de comunicação acentuam a
presentificação do tempo, no qual o aqui e o agora parecem ocupar todas as atenções e
esforços, onde o antigo é qualificado como velho”.(p. 11) o desafio do ensino de história e do
professor é transpor o conteúdo que é visto como ultrapassado em algo presente em nosso
meio social, a de se descortinar o passado criando sentidos que façam esse conteúdo
necessário para refletir o presente.
Conclusão
O presente trabalho procurou pontuar de forma breve a construção e o papel do ensino
de história no Brasil, o conceito de consciência histórica e sujeito comum e reflexivo
abordado por Jörn Rüsen, que nos expõe a cultura como interpretação do tempo,
diferenciando sujeito comum e reflexivo, onde o sujeito comum também repleto de
historicidade reproduz sentidos pré-estabelecidos através de tradições e costumes,
contrapondo esse sujeito comum esta o reflexivo que cria sentido para sua práxis.
A arte para Rüsen compõe a estética da historiografia como uma transposição didática
da mesma, através dela podemos pensar e imaginar e olhar o mundo por outra ótica, uma ótica
ate então não imaginada ou exposta, ela vai em lugares aparentemente não atingíveis, a arte é
subversiva, ela recria.
Para tal autor a cultura é a interpretação do tempo dado pelo ser humano e ao tornar-
se reflexivo ele rompe com tradições e costumes já encontrados por ele ao nascer, tendo a arte
como algo estético que possibilita uma transposição didática da historiografia. A consciência
histórica no cunho interpretativo dos sujeitos no tempo, pode surge nos mesmos através da
arte como e expositora de novos sentidos. A teoria de Rüsen pode ser pontuada como um
exemplo de transposição didática dos conteúdos da historiografia através da arte para o
cotidiano do aluno.
REFERÊNCIAS
CERRI, Luis Fernando. Ensino de história e consciência histórica/ Luis Fernando Cerri.
Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2011.
RÜSEN, Jörn. Cultura faz sentido: orientações entre o ontem e o amanhã/ Jörn Rüsen;
tradução de Nélio Schneider. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos, Tânia Maria F. Braga Garcia. A
formação da consciência histórica de alunos e professores e o cotidiano em aulas de
história. Campinas,. Cad. Cedes. vol. 25, nº 67, p. 297 – 308, set/dez, 2005.
CERRI, Luis Fernando. A didática da historia para Jörn Rüsen: uma ampliação do campo
de pesquisa. ANPUH – XXIII simpósio nacional de historia – Londrina, 2006.
ABUD, Kátia Maria. Formação da alma e do caráter nacional: ensino de história na era
Vargas. USWP, 1998.
BAROM, William Carlos Cipriani, Luis Fernando Cerri. A teoria da Historia de Jörn
Rüsen entre a modernidade e a pós-modernidade: uma contribuição a didática da historia.
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GONTIJIO, Rebeca. Historiografia e ensino da história na primeira república: algumas
observações. Anpuh, RJ, 2006.
MONTEIRO, Ana Maria F. C ( Ana Maria Ferreira da Costa). Professores de história: entre
saberes e práticas. Rio de Janeiro, Mauad X, 2007.
RUCKSTADTER, Flávio Massami Martins; RUCKSTADTER, Vanessa Campos Mariano.
As origens do ensino de história no Brasil colonial: Apresentação do Epítome cronológico,
genealógico e histórico do padre Jesuíta Antonio Maria Bonucci. Revista Histedbr on-line.
UNICAMP, 2010.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora, Isabel Barca e Estevão de Rezende Martins. Jörn Rüsen e o
ensino de historia. Curitiba, editora da UFPR, 2010.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora. História do ensino de história no Brasil: uma proposta de
periodização. Universidade Federal do Paraná, 2012.
TOLEDO, Maria Aparecida Leopoldino Tursi. A disciplina de história no império
brasileiro. Revista histeder on-line, UNICAMP, 2005.
CAIXETA, Elenice. Ensino de História: perspectiva de Jörn Rüsen sobre a didática da
historia e a consciência histórica. WWW.historiaimagem.com.br nº21, 2015.
O ENSINO DA MATEMÁTICA ATRAVÉS DA CULTURA DA MANDIOCA:
ANÁLISE DE ESTUDO NA TURMA DO 9° ANO DA ESCOLA ESTADUAL
GIRASSOL DE TEMPO INTEGRAL MEIRA MATOS
Sala 03
Resumo:Este trabalho evidencia os valores matemáticos que estão interligados ao nosso dia-a-dia e que muitas
vezes não são percebidos, pois muitos acreditam que a Matemática é algo abstrato e sem utilidade. Vários alunos
taxam a matemática como sendo uma disciplina critica, devido o grau de dificuldade encontrado pelos mesmos
na assimilação dos conteúdos abordados. Uma forma de sanar essas dificuldades encontradas é trazer a vivência
desses alunos para dentro da sala de aula, ficando assim mais fácil desenvolver os conhecimentos matemáticos
de uma maneira mais eficiente. Embasado nesses pressupostos, foi realizado um estudo na turma do 9° ano da
Escola Estadual Girassol de Tempo Integral Meira Matos em Aparecida do Rio Negro, município do Estado do
Tocantins tendo como objetivo mostrar e desenvolver os conhecimentos matemáticos encontrados na cultura da
mandioca, fazendo uma ligação com diversos outros conteúdos como: estatística, matemática financeira,
medidas, área e perímetro e etc. Para chegar no objetivo esperado utilizou-se a cultura da mandioca que é uma
atividade que começou a ser praticada no Brasil pelos seus primeiros habitantes, os índios, e hoje serve como
base de subsistência das famílias dos alunos participantes desse trabalho, bem como dos pequenos produtores da
região. Os procedimentos metodológicos empregados no estudo foram organizados a partir de uma prática
pedagógica real partindo de uma visão da Etnomatemática.
1. INTRODUÇÃO
1
Secretário de Educação do Município de Aparecida do Rio Negro. Bacharel em Ciência Econômicas pela
URCA - CE e Licenciado em Matemática pela UFT- PARFOR. Pós graduado em Ensino da Matemática e
Gestão, orientação e Supervisão Escolar. [email protected].
2
Professora do curso de Pedagogia do Campus de Miracema - UFT - Doutora em Educação pela UFPB.
[email protected]
Em nossa pesquisa utilizaremos a Etnomatemática como metodologia de ensino, por
ela usufruir dos conhecimentos culturais que o aluno adquire ao longo de suas vivências na
sociedade. Sobre o conhecimento cultural D’AMBROSIO (2005, p. 35) argumenta que:
A cultura, que é o conjunto de comportamentos compatibilizados e de
conhecimentos compartilhados, inclui valores. Numa mesma cultura, os indivíduos
dão as mesmas explicações e utilizam os mesmos instrumentos materiais e
intelectuais no seu dia-a-dia. O conjunto desses instrumentos se manifesta nas
maneiras, nos modos, nas habilidades, nas artes, nas técnicas, nas ticas, de lidar com
o ambiente, de entender e explicar fatos e fenômenos, de ensinar e compartilhar tudo
isso que é o matema próprio ao grupo, à comunidade, ao etno. Isto é na sua
etnomátematica.
O primeiro passo foi analisar e explicar a cultura da mandioca, haja vista, que na
cidade de Aparecida do Rio Negro, essa cultura é muito forte, sendo que a família da maioria
dos alunos utiliza-se dela para sua própria subsistência e comercialização. Ainda cabe
salientar que os referidos alunos são oriundos de fazendas, assentamentos e chácaras aos
redores do município e desenvolvem essa cultura ao longo do ano. Desse modo, com esse
trabalho pode-se fazer uma associação entre os problemas do cotidiano e os conteúdos
matemáticos presentes no dia-a-dia dessa cultura e por fim aplicar os saberes matemáticos
adquiridos em sala de aula.
2. ABORDAGEM INICIAL
Ainda é necessário salientar que a escolha de abordar esse tema em uma perspectiva
da Etnomatemática é por que os alunos envolvidos nesse trabalho fazem parte de grupos de
assentados, pequenos produtores, produtores para subsistência. Desse modo o conhecimento
popular e cultural desses alunos é essencial para que se possa abordar outros conteúdos
utilizando como mediação esses conhecimentos já adquiridos no meio familiar.
3. A CULTURA DA MANDIOCA
A importância da mandioca vem desde os primórdios, sendo que com a chegada dos
europeus, esses aprenderam as técnicas dos indígenas levando essa cultura para varias partes
do mundo.
Hoje em dia a maior parte da produção de mandioca tem origem nas pequenas
propriedades agrícolas cultivadas por meios de práticas rudimentares. Tal fato é um exemplo
concreto no município de Aparecida do Rio Negro e um dos pontos principais desse estudo,
haja vista, que os alunos que fazem parte dessa pesquisa são oriundos dessas famílias que
utilizam suas pequenas propriedades na cultura da mandioca. Segundo Gomes(2010, pag. 10):
Segundo Gomes:
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A atividade que relato neste artigo constitui uma prática pedagógica real, como forma de
desenvolver nos alunos conhecimentos matemáticos ligados ao seu dia-a-dia. Para seu
desenvolvimento, dentre as turmas da Unidade Escolar, foi escolhido a turma do 9° ano “B”
da Escola Estadual Girassol de Tempo Integral Meira Matos, por ser uma turma com faixa
etária entre 12 e 14 anos e por serem oriundos de famílias que moram em assentamentos e que
utilizam a agricultura para sua própria subsistência e também para a comercialização. Dentre
os produtos a mandioca é o que é desenvolvido em maior escala por essas famílias, haja vista
que é um item pertencente a cultura alimentar da região do município de Aparecida do Rio
Negro.. O ano de aplicação dessa pesquisa foi 2016, de abril á dezembro, e o total de alunos
envolvidos foi de 25 alunos, alguns dos quais estão indicados na figura 01:
Na primeira parte do projeto foi feita uma introdução sobre a história da cultura da
mandioca no Brasil, na região Norte e na cidade de Aparecida do Rio Negro, além de um
estudo sobre os conteúdos matemáticos presentes nesta cultura desde a organização da terra
até a comercialização dos produtos derivados da mandioca, sendo explanados diversos
conteúdos como as medidas de comprimento, fração, situações problemas que envolvem
multiplicação, divisão, estatística e matemática financeira. Porém é necessário salientar que
foi trabalhado também os dizeres populares na organização desses conteúdos tais como: para
a terra (tarefa, taião) e para a quantidade de farinha (prato, quarta). Depois de feito essa
explanação de conteúdos, foi trabalhada uma lista de exercícios com problemas que
envolviam situações cotidianas do dia-a-dia.
A matemática deve ser interpretada com uma construção social que vincula seu
surgimento e desenvolvimento nas atividades necessárias à sobrevivência. Trata-se
de considerar as idéias matemáticas como pressupostos mais amplos do que o
simples fato de contar, ordenar, medir e classificar que se fazem presente na
realidade em que os sujeitos estão inseridos.
Após essa abordagem conceitual, foi explicado o objetivo do projeto e sua ligação com
a realidade dos mesmos, além de mostrar que os conteúdos abordados estão presente em todos
os momentos de sua vida, isso via exemplos cotidianos com situações que os mesmos vivem
diariamente.
Para os alunos entenderem melhor o objetivo dessa ligação da matemática com a
cultura da mandioca, a turma foi dividida em cinco grupos de cinco alunos. Foi feita visitas as
plantações dos seus familiares e também da comunidade local, onde eles iam percebendo os
dizeres e saberes populares dos produtores de mandioca. Além dessa visita na área de
plantação de mandioca, os mesmos foram levados a uma pequena casa de farinha para que
eles entendessem o processo de fabricação e posteriormente a comercialização da mesma.
Porém a maioria dos alunos já entendiam o processo de fabricação da farinha, pois já
ajudavam seus pais na “lida da roça”.
Feito isso, foi trabalhado a transformação dos dizeres populares em saberes que
utilizamos dentro de sala de aula nos conteúdos matemáticos, tais como: questões envolvendo
área da plantação; nível do terreno; produção da mandioca; produção de farinha e por fim a
própria comercialização dos produtos derivados dessa cultura. Além de ser realizada uma
feira da mandioca na Unidade Escolar, sendo comercializados produtos derivados da
mandioca.
Logo é necessário salientar que o objetivo da feira da mandioca é para mostrar aos
demais alunos da Unidade Escolar de que forma a matemática está presente nas culturas
populares além de ensinarem aos alunos envolvidos nesse projeto como utilizarem o dinheiro
e para criar situações problemas reais com os resultados da feira da mandioca.
Outro ponto importante relacionado a feira da mandioca, foi desenvolver nos alunos o
respeito pela cultura popular e também demonstrar de que forma os alunos poderiam trabalhar
com a comercialização dos produtos que seus pais produzem com ajuda dos mesmos.
A referida pesquisa foi realizada em todos os meses do segundo semestre letivo, desde
a visita inicial a casa de farinha, os trabalhos e debates dentro da sala de aula envolvendo os
saberes populares e os conteúdos matemáticos e por fim a culminância com a venda de
produtos reais pelos grupos na feira da mandioca. Os grupos venderam tapioca, farinha,
sorvete de tapioca, mandioca frita, bolo de mandioca, paçoca de carne seca, mandioca cozida
e etc. O dinheiro arrecadado com as vendas ficou a critério da equipe sobre a sua utilização. A
partir daí foram elaboradas então várias formulações de situações problemas prováveis,
destacadas a seguir, envolvendo maneiras distintas de se resolverem.
Um ponto marcante dessa atividade foi o empenho dos alunos para realização desse
trabalho, haja vista que envolvem conteúdos que estão presentes no dia-a-dia dos mesmos.
Além de que na cultura da mandioca esses conteúdos estão presentes desde a organização da
terra para o plantio até a comercialização da farinha de mandioca.
5. APLICAÇÃO
Feito todo o processo de coleta de dados, foi utilizado todos os conhecimentos
populares adquiridos na pesquisa dentro da sala de aula nos diversos conteúdos matemáticos.
Dessa forma os alunos iam entendendo os conteúdos de uma forma mais simples e criando
gosto por o ensino da matemática. Abaixo vem escrito alguns exemplos utilizados dentro da
sala de aula com os alunos, porém cabe salientar que partimos dos dados dos produtores do
município de Aparecida do Rio Negro, uma vez que possa ter dados diferentes em outras
regiões ou cidades.
70 ton----------x
X = 70000 kg
d) Qual a quantidade de farinha de mandioca produzida com 70 toneladas sabendo-se
que 01 tonelada corresponde a 300 kg de farinha?
1 ton -----------300 kg
70 ton ----------x
X = 21000 kg de farinha
c) Se João Pedro vendesse esse total em pratos, quantos pratos seriam formados?
21000 : 2 = 10.500 pratos
Logo um prato de farinha na linguagem popular corresponde a
aproximadamente 2 kg.
52.500 --------------100%
x---------------------9%
x = 4.725,00
logo: 52.500 – 4.725,00 = 47.775,00
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que a cultura da mandioca é muito forte no dia-a-dia desses alunos. Assim fica
fácil trabalhar os conteúdos matemáticos utilizando essa cultura como base central de coleta
de dados que favoreça a aprendizagem.
No decorrer da aplicação desse projeto em sala, os alunos aprenderam sobre medidas
de comprimento, peso, regra de três, porcentagem e taxa de juros, sendo que conseguiram
mostrar na prática o que aprenderam na teoria quando realizada a feira com produtos
derivados da mandioca. Com essa pesquisa ficou evidenciado que quando utiliza-se exemplos
do dia-a-dia dos alunos, esses tem mais facilidade na compreensão dos mesmos.
REFERÊNCIAS
Sala 03
Resumo: O presente artigo visa analisar como o estágio afeta diretamente na formação do professor de Teatro
atuante na rede municipal de Palmas-TO. Foi realizado um estágio de observação em uma escola de tempo
integral da rede pública de ensino, bem como uma revisão bibliográfica. Foi realizada uma reflexão acerca das
impressões do Estágio Supervisionado I, onde se verificou que o estágio faz parte de uma série de fatores que
envolvem o processo de formação do professor, e ajudou a despertar o senso crítico, visando novos horizontes
dentro da área educacional.
Introdução
1
Denis Sousa Cruz. Acadêmica do curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Tocantins.
Endereço eletrônico: [email protected]
[...] atividade de aproximação com o campo profissional, por tratar-se de uma forma
de inserção do mundo do trabalho e na área específica de atuação, de possibilidades de
conexão entre teoria estudada e a prática observada nas instituições que acolhem as
estagiárias, configurando-se, assim, como um passo importante na construção das
identidades profissionais. (GOMES, 2009, p.67)
Desenvolvimento
A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 exige que haja o
Estágio Supervisionado nos cursos de licenciatura. De acordo com Oliveira e Cunha (2006), o
Estágio proporciona a experiência que é importante para a futura vivência na profissão
docente. Todo Estágio Supervisionado necessita cumprir uma carga horária pré-estabelecida
pela Instituição de Ensino Superior.
O Estágio de Observação, bem como o de Regência ajuda ao estagiário a constituir
suas primeiras impressões no campo pedagógico (PASSERINI, 2007 apud LINHARES et al
2014). Durante o estágio, o estagiário passa a ter um novo olhar, entendendo como funciona a
escola e seus processos educacionais, bem como o comportamento dos professores e dos
alunos. (JANUARIO, 2008 apud LINHARES et al 2014).
A escola alvo da observação da disciplina de Estágio I, baseia-se na proposta
pedagógica sócio interacionista, onde o professor é mediador da aprendizagem, tendo a
preocupação de formar cidadãos críticos e reflexivos, criando situações didático-pedagógicas,
que favoreçam o aprendizado de forma dinâmica e contínua, proporcionando ambiente de
trabalho que estimule a criança a criar, comparar, discutir, rever, perguntar e ampliar ideias,
fazendo parte do próprio processo de ensino aprendizagem.
O ensino de Teatro na Escola é realizado por uma professora com formação superior
em Teatro. A professora procura trabalhar os conteúdos, buscando aproximá-los dos conceitos
aprendidos na Universidade. Nas aulas assistidas, pude perceber que a professora realiza
adaptações dos conteúdos de acordo com a faixa etária dos alunos. Algumas turmas
demonstraram uma boa resposta às atividades propostas, e outras nem tanto. Ainda é difícil
perceber o interesse dos alunos em sua totalidade, principalmente nas turmas dos anos finais
do ensino fundamental.
Foram trabalhados temas como o Teatro de Objetos, montagens de textos dramáticos
de grande reconhecimento como o Auto da Barca do Inferno, o Auto da Compadecida, e
Morte e Vida Severina, onde alguns alunos revelaram seus talentos para o Teatro. Os próprios
alunos fizeram suas propostas de montagem, e foram orientados pela professora.
Ainda assim, em uma escola de tempo integral, nem sempre a rotina foi normal, e
comumente foi alterada, fazendo com que não acontecessem as aulas, e algumas palestras ou
intervenções da Direção da escola aconteceram.
Pude perceber que o estágio por si só não é capaz de demonstrar as dificuldades e
problemas reais da escola, pois a participação enquanto estagiária foi em um local apenas de
observação. Para compreender a vivência real, se faz necessária uma verdadeira imersão na
rotina escolar, fato que pude comprovar, pois trabalho no mesmo local em que realizei o
estágio. No estágio de observação, particularmente, as questões mais profundas da escola
podem passar despercebidas, inclusive se esta vivência for a primeira.
Por trabalhar na escola alvo, tive dificuldades em perceber os obstáculos em um
primeiro momento, visto que meu trabalho envolve resolvê-los até mesmo antes que surjam
conflitos. Vivenciar o estágio enquanto uma observadora também não foi fácil, e por muitos
momentos pensei em intervir, mas foi necessário separar o lado estudante do lado
profissional. Também em muitos momentos, a própria equipe escolar não soube diferenciar o
meu papel de estagiária, do papel de secretária escolar, fator que me atrapalhou em diversos
momentos.
Mesmo assim, o estágio tem sua importância na construção da profissão docente, pois
além proporcionar a primeira impressão que o estagiário terá sobre a escola, desperta o senso
crítico e expõe a rotina escolar, oportunizando presenciar situações em que o estagiário possa
nunca ter vivenciado antes. Assim, é um grande desafio que está inserido nos cursos de
licenciatura, pois existem muitas limitações que estão no percurso da formação, e há muito o
que se fazer no âmbito escolar. Não é impossível uma escola de qualidade, mas a equipe
escolar deverá fazer o seu máximo para que isto aconteça.
Considerações Finais
A práxis educativa foi trabalhada, onde pude relacionar a teoria e a prática, e percebi
que é necessário compreender o aluno em sua individualidade. Como toda escola pública,
existe a sobrecarga de alunos nas salas de aula, mas a professora tentou compreender a
realidade dos alunos, até mesmo em seu planejamento, onde a unidade escolar tem como foco
ensinar o Teatro e fazer apresentações artísticas. Ainda existem dificuldades quanto ao
reconhecimento da importância da disciplina Teatro na escola, e a necessidade de que o
mesmo não seja realizado apenas com o cunho de apresentação de cenas relativas às datas
comemorativas.
O professor deve atuar como um mediador, levando os alunos à refletirem, através das
vivências proporcionadas pelo professor, acerca das experiências estéticas. Debates,
experiências dos alunos, reflexões sobre estas vivências permitem novas possibilidades para a
compreensão por parte do alunado.
Mesmo com todas as dificuldades, compreender o estágio como um novo olhar sobre
a educação, foi extremamente importante, pois me fez compreender outras visões, ajudando a
aguçar o sentido crítico, e enxergar novos horizontes dentro da área educacional.
Referências
Resumo: Este relato apresenta o processo e as atividades desenvolvidas no Estágio Curricular Obrigatório, da
docência no Ensino Fundamental, realizado no Curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do
Tocantins correspondente à disciplina de Estágio nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. o estágio curricular
possui caráter teórico-prático, o que auxilia o estudante de graduação a visualizar a empiria como componente
indissociável da teoria Durante as aulas na UFT, as discursões e reflexões acerca da prática pedagógica, serviram
de base para exercício da docência, pensando na ressignificação dos conteúdos e metodologias a serem aplicadas
no período das regências.
Introdução
1
Professor da Educação Básica, anos iniciais, na Escola Municipal Henrique Talone Pinheiro. Graduação em
Pedagogia, Universidade Federal do Tocantins – UFT. E-mail: [email protected].
3º Ano, Matutino, Vergiane Fornari Crepalpi e a professora auxiliar, Iunete Silva, em seguida
fomos apresentados a Diretora da Escola Municipal Henrique Talone Pinheiro, Lívia Júnia M.
Acácio. A mesma nos explicou o motivo da escola ter recebido este nome. O falecimento de
um aluno que havia cursado a 4 série. Assim como podemos perceber no seguinte fragmento
extraído da parede, onde tem a imagem de Henrique Talone Pinheiro.
[...] Era um menino que gostava de estudar, brincar, comer macarronada e fazer
amigos. Cursava a 4º série quando foi chamado por Deus para estar com os anjos do
céu. Seus pais Alonso e Valéria, seu irmão Guilherme e nossa escola guardam sua
lembrança no coração.
A prática de ensino e o estágio supervisionado como objeto de estudo e campo de atuação docente
Considerações
As atividades realizadas em sala foram pensadas visando colaborar com o projeto que
já existia na escola: “Projeto de Leitura, o prazer de pelo mundo afora”. As mesmas foram
vistas pela coordenação de forma positiva, sendo uma destas atividade o teatro do livro a
Rebelião da pontuação, atuada pelos alunos levada para a culminância do projeto da escola,
que por sua vez se saíram muito bem, alguns alunos superaram a timidez e representaram de
forma brilhante seu personagem.
A turma da manhã também realizaram uma excelente apresentação com os cartazes
criados com a Tinta Ecológica, e no final da apresentação dançamos todos juntos, mostrando
os cartazes das pontuações, fechando nosso trabalho de forma significativa e prazerosa.
Neste sentido, ressalta-se ainda, que após a apresentação planejamos uma visitação ao
Sesc- Escola, para que os alunos tivessem contato com o cinema, e também com uma outra
turma do 3º Ano, de uma outra escola, com a concepção de ensino baseada no o
construtivismo, conseguimos o ônibus, as professoras distribuíram os bilhetes aos pais, e no
dia 02/12/2016, estávamos todos na escola a espera do ônibus, percebemos a alegria das
crianças e a felicidade em ter um dia diferente.
Trouxeram lanche, para então, fazermos um lanche coletivo com a turma do 3º Ano do
Sesc. Enfim! Ônibus chegou! e todos sentaram-se nos lugares felizes. Porém, tivemos um
contra tempo, não permitindo a efetividade da nosso planejamento, ao chegarmos no destino o
Sesc-Escola, recebi então a triste que o responsável pelo cinema não apareceu no dia
marcado. Entretanto, conversamos com a professora em promover o lanche coletivo entre os
alunos para afim de trocarem experiências, já que o cinema não aconteceria. Mais, uma vez
não tivemos sucesso, desta vez, o motorista do ônibus nos disse que não esperariam os 15
min. Que deveríamos ligar na Secretaria para solicitar outro ônibus.
Infelizmente, decidimos voltar para a escola, e fazer o lanche no pátio. Deste modo,
virmos que não depende somente do professor em promover uma aula campo. Contamos com
a falta de recurso, interesse das demais partes que compõe a educação pública.
Entretanto, não é algo impossível de realizar tivemos o apoio de outros funcionários da
unidade escolar que abraçaram a nossa causa em nome dos alunos. Ficamos felizes pois,
demos o ponta pé inicial, e deixamos a ideia plantada na escola para o ano que vem. Neste
sentido, no dia 12 de Dezembro de 2012, estaremos na escola para um dia de cinema com a
turma do 3º ano para revelação do amigo doce, entre as duas turmas (matutino e vespertino),
promovendo assim a interação entre os alunos nosso objetivo do início do estágio.
Durante as aulas na UFT, as discursões e reflexões acerca da prática pedagógica,
serviram de base para exercício da docência, pensando na ressignificação dos conteúdos e
metodologias a serem aplicadas no período das regências.
Referências
Introdução
1
Mestranda do Programa de pós-graduação stricto sensu - Ensino na Educação Básica. Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicada à Educação/CEPAE-UFG.- [email protected]
2
Profª. Drª. do CEPAE/UFG – [email protected].
discursivos na dimensão em que esse tema deve ser trabalhado. Consequentemente, forma um
sujeito passivo, que apenas extrai informações prontas dos textos. Logo, este projeto visa
chegar à leitura do compreensível, ou seja, à leitura polissêmica e de múltiplos sentidos.
Afinal, o eu leitor traz consigo toda a sua história, sua subjetividade, as quais
contribuirão para a construção dos sentidos. Como afirma Freire “A leitura do mundo precede
a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da
leitura daquele” (1989 p. 9) O/A discente do ensino médio não é somente aquele/a que recebe
informações; ele/ela é capaz de se tornar agente do saber.
Diante do exposto, as questões que nortearão essa pesquisa são: como os professores
nas aulas de língua portuguesa usam o gênero discursivo charge para construir o sujeito leitor
crítico-reflexivo? E quais estratégias de leitura desse gênero discursivo poderão sobrepor o
nível interpretável para compreender os discursos presentes nas charges?
O sentido não existe em si, mas é determinado pelas posições ideológicas colocadas
em jogo no processo sócio-histórico em que as palavras são produzidas. As palavras
mudam de sentido segundo as posições daqueles que as empregam. Elas “tiram” seu
sentido dessas posições, isto é, em relação às formações ideológicas nas quais essas
posições se inscrevem (ORLANDI, 2009, p.42-43).
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento
A unidade empírica em que o projeto será desenvolvido será uma turma do Ensino
Médio do colégio Militar, CPMG Manoel Vilaverde. Este colégio se encontra em uma região
próxima ao centro da cidade de Inhumas e oferece turmas de 1º ao 3º ano do ensino médio nos
turnos matutino e noturno. Desde o ano de 2014, tornou-se militar apesar de resistência da
comunidade escolar. Essa resistência se deu devido ao modelo de escola militar que funciona
da seguinte forma: tem um comandante geral (diretor) que é determinado pelo comando de
ensino, ou seja, a comunidade escolar não tem nenhum poder de opinar ou alterar tal
determinação. Daí parte toda uma hierarquia que envolve o subcomandante, coordenador de
disciplina, e a coordenação pedagógica. Na coordenação pedagógica há também presença de
professores os quais se dedicam às questões do ensino-aprendizagem. A comunidade escolar
sempre se apresenta devidamente uniformizada. Temos câmaras por toda a escola –
corredores, sala de aula e pátios. Esse modelo assemelha-se ao do “Panóptico”, citado por
Foucault. Paniago baseia-se em Foucault para afirmar que:
Atualmente, o panoptismo ganhou ares muito mais sofisticados, mas a lógica da
visibilidade permanece: são os dominados que se mostram e não os que naquele
momento exercem o poder (FOUCAULT, 2001g, p. 210).
3
Essas intervenções ocorrerão com base nas charges de Jorge Braga do jornal O Popular e de Eduardo dos Reis
Evangelista, Duke, cujas produções podem ser encontradas no site http://dukechargista.com.br/ e no jornal O
Tempo e Super Notícia de Belo Horizonte, Minas Gerais. A escola onde o projeto será desenvolvido tem a
assinatura do jornal O Popular e um laboratório de informática bem equipado.
situação social e pensar nas possíveis ações nessa situação. Aqui serão planejadas ações que
irão interver na realidade observada com o intuito de transformá-la. É exigido do pesquisador
uma imersão na realidade observada a fim de adotar uma atitude autônoma e comprometida
com o social. Barber esclarece que
Considerações Finais
O presente projeto faz parte de uma pesquisa de mestrado em fase de orientação. A
leitura do gênero discursivo charge na perspectiva do discurso beneficiará o aluno, visto que
o empoderará a fim de realizar uma leitura critica e reflexiva. Além disso, a pesquisa trará
importante contribuição na formação continuada dos professores da rede básica de ensino,
4
Assumirei as aulas de uma professora que participará da fase inicial, ou diagnóstica, dessa pesquisa.
pois suscita uma reflexão mais aprofundada sobre as práticas de leitura do gênero charge no
ensino médio, contribuindo desse modo para a construção de uma educação pública
compromissada com a formação crítica de leitores que atuarão em sociedade visando o bem
coletivo. Será elaborada uma sequência didática que poderá ser apresentada para os
professores de língua portuguesa do colégio e/ou da subsecretaria de ensino, no formato de
um minicurso ou cursos de multiplicadores. Quanto às produções dos alunos, será
confeccionado um portfólio com as reflexões feitas nos diários e esse fará parte do acervo da
biblioteca do colégio.
Referências
BAKHTIN, M. (Volochinov). Marxismo e Filosofia da Linguagem. 9º ed. São Paulo:
Hucitec,1992.
____________. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. 4. Ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.
PÊCHEUX, M. Papel da Memória. In: ACHARD, Pierre [et al.]. Papel da Memória.
Campinas, São Paulo: Pontes, 1999, p. 49-57.
TELLES, J. Linguagem & Ensino. Universidade Estadual Paulista Assis.Vol. 5, No. 2, 2002
(91-116).
Sala 03
Resumo: Pretende-se, com este trabalho, uma investigação no pensamento de Hannah Arendt de modo a
esclarecer sua concepção de educação para que, a partir de tal definição, seja possível o desdobramento de um
conceito altamente relevante para a sua teoria política: narração. A ideia é que assumir uma postura docente em
que a narração seja o viés de ensino possa vir a contribuir para uma reconciliação das pessoas com o mundo.
Reconciliação necessária em virtude da alienação do mundo decorrente de uma crise moderna que, nos termos de
Arendt, rompeu o fio do sentido da tradição.
Introdução
Não obstante a pouca produção textual de Hannah Arendt diretamente no que tange à
educação, há, em seu universo conceitual, uma profícua discussão já realizada e a se fazer
entre o seu pensamento e a questão da educação. Portanto, este projeto tem o intuito de
analisar precisamente alguns conceitos arendtianos que podem colaborar no âmbito
educacional, precisamente falando, na questão do ensino.
Particularmente, o interesse deste projeto se dá numa investigação acerca do lugar que
ocupa a ideia de narração de uma estória no pensamento de Arendt e a transposição desta
atividade humana para o campo do ensino.
Como exemplo didático, temos o próprio relato de Jerome Kohn acerca de um
seminário de Arendt no qual participou. Suas impressões sobre o curso “Experiências
Políticas no Século XX” nos ajudam a vislumbrar uma possibilidade de ensino no qual a ideia
de narração se faz presente de modo radical. Narrar um acontecimento – nesse caso o
totalitarismo – abrindo mão das teorias prévias estabelece um tipo de memória sem a qual o
mundo perde completamente o significado. Usando aqui o termo mundo no sentido
arendtiano e, obviamente, o relacionando ao agir educacional que para ela, em essência, é
apresentar aos novos o mundo que aí está.
1
Evandson Paiva Ferreira (orientador) PPGEEB ( Programa de Pós Graduação Ensino na Educação Básica –
Mestrado) CEPAE (Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação) / UFG (Universidade Federal de Goiás).
2
Regis Lopes Silva (mestrando) PPGEEB ( Programa de Pós Graduação Ensino na Educação Básica –
Mestrado) CEPAE (Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação) / UFG (Universidade Federal de Goiás)
O crucial para Arendt é que o significado específico de um acontecimento do
passado permanece potencialmente vivo na imaginação reprodutiva. Quando
reproduzido numa história e experimentado de maneira vicária, esse significado […]
reivindica a profundidade do mundo (KOHN, 2008, p.24).
Numa situação em que um dos motivos pelos quais existe uma crise na educação é
justamente o fato de se abdicar de um mundo a ser apresentado, uma perspectiva de ensino
em que o “narrar” é um pressuposto didático contribui não somente em criar um espaço
imaginativo no qual o alunado possa experimentar aquilo que é narrado, uma experiência
vicária, mas também salienta a característica inalienável a todo aquele que se envolve na
educação de outros, a saber, a responsabilidade pelo mundo.
A escola e a crise
Quando se fala em crise não se trata de mera retórica com o intuito de justificar
medidas impopulares ou arbitrárias, ao menos no que diz respeito à crise na educação. O
sentido dado coletivamente a alguns ideais e instituições que constituem o projeto moderno de
sociedade já não é mais suficiente para nos orientar, ou nas palavras de José Sergio Carvalho,
“perdemos as respostas sobre as quais nos apoiávamos no que concerne aos procedimentos, às
escolhas e, sobretudo, ao significado público que atribuímos ao processo educacional” (2013,
p.4).
Na medida em que já não podemos responder às mesmas (ou novas) perguntas com as
velhas respostas, resta-nos pensar a “própria experiência da realidade”, conforme diz Arendt,
e a “investigar a essência da questão em tudo aquilo que já foi posto a nu” (1988, p. 223). Ou
seja, a própria crise permitiu a Arendt vislumbrar a essência da educação, isto é, a natalidade.
Se a natalidade corresponde ao nascimento de uma criança em um mundo já existente,
isto é, um novo adentrando o espaço comum que é o mundo, é razoável que seja uma tarefa da
educação, e dos responsáveis por ela, a apresentação deste mundo que existe a este novo ser
que chegou. Neste sentido é que se localiza o conservadorismo de Arendt, postura que
somente se compreende através do conceito de natalidade. O conservadorismo visa à
proteção. Proteger o mundo contra a novidade desmesurada, proteger a criança contra a
impotência de se viver sem um mundo, nisto consiste o ser conservador.
O desamparo na crise não coincide com o desespero. Tomar a essência da educação
como natalidade nos conduz a novas respostas que, por sua vez, serão outras perguntas não
respondidas. A perda do sentido de algumas instituições ou algumas ideias não significam a
impossibilidade da existência de novos sentidos.
Olhar a educação através da natalidade nos permite concordar que “A educação é o
ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade
por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda
dos novos e dos jovens” (ARENDT, 1988, p. 247). Com isto fica evidente a necessidade de
considerarmos a tradição no processo educativo, pois é a tradição que diz o que o mundo é.
Responsabilizar-se pelo mundo é responsabilizar-se pela apresentação do que o mundo ao
longo de sua história foi capaz de construir. Tal tarefa, compartilhada por outros que não
sejam os professores, é a própria essência do educador.
Insisto na ideia de que a atribuição de sentido é fundamental para o aprendizado em
filosofia. Paula Sibilia revela que “o „desinteresse‟ é o principal motivo de abandono da
escola por parte dos jovens” (2012, p.26). Desinteresse também demarcado por Vanessa
Sievers quando define a questão de sua tese de doutorado:
a questão central deste trabalho é: como despertar nos alunos o apreço pelo mundo
que nos une com os diferentes, encorajá-los a encontrar seu lugar nele num
momento em que a ausência de sentido e a preocupação com a sobrevivência se
impõem, de modo que qualquer compromisso com o comum parece ser uma
exigência deslocada e anacrônica? (2009, p.7).
o amor ao mundo a que se refere Arendt não implica sua aceitação acrítica, mas,
antes, a constituição de uma relação de pertencimento e identidade, capaz de
emprestar à futilidade e à brevidade da existência humana individual um lastro tanto
em relação ao passado como ao futuro (CARVALHO, 2013, p. 84).
Nos deparamos com aquilo que já foi exposto como uma das características da crise na
educação, o esvaecimento de seu sentido. Se conduzo a aula conforme o socialmente esperado
da escola, esta educação reduzida à mera “funcionalidade em termo de conformação social”
(CARVALHO, 2013, p.103) esvazia-se a potência que haveria na ideia de uma experiência
escolar. Pois, se supormos a potência de um ato formativo, “a formação escolar ganha um
sentido que ultrapassa qualquer eventual finalidade pragmática que seus conteúdos possam
conter” (2013, p.108) e é neste ultrapassar a mera suposta finalidade que a educação poderia
ter o que identificamos com uma possibilidade para a inclusão da narração como um dos
componentes do ensino de filosofia. Tal instrumentalização da experiência escolar
compromete, inclusive, a própria definição de educação que orienta esta pesquisa quando a
percebemos como o modo pelo qual as experiências simbólicas possibilitam uma
inteligibilidade do mundo e a constituição de um lugar comum àqueles a quem a educação se
destina: aos novos.
Se a aula pode ser um acontecimento ela o é para os que nela estão envolvidos, isto é,
o professor e seus alunos. E neste acontecer o que ocorre de fato é uma experiência. Todavia,
há de se ressaltar uma distinção quanto ao termo acontecimento, pois para Larrossa o
acontecimento deve ser seguido de uma “conexão significativa” e é isto mesmo o que subjaz a
própria possibilidade de chamar algo de acontecimento que se experimenta. Fabbrini, citando
Derrida, nos fala de um duplo acontecimento, ou para sermos mais precisos, de dois sentidos
distintos na sua relação com a aula. O primeiro diz respeito a um acontecimento como “um
ato performativo garantido, por convenções; nesse caso, não se pode dizer que nada aconteça,
mas sim que o que chega a acontecer permanece controlável e programável” (2005, p.24). O
segundo sentido de acontecimento é o que consideramos relevante a uma aula pela
perspectiva da narração.
Uma aula em que o professor apresenta o mundo numa sociedade que dele prescinda
pode promover estes tipos de relações. A partir do ato pelo qual o professor de filosofia
apresenta o mundo da filosofia, isto é, a sua história, o seu legado, é possível ser atravessado
pelo acontecimento neste segundo sentido. Que as experiências narradas em sala de aula, e é
isto uma aula de filosofia, a narração das experiências de outros filósofos, estas experiências,
à medida em que são ouvidas pelos alunos podem ser, elas também, experiências para este
aluno.
Considerações Finais
A transformação do professor, durante uma determinada aula, em um contador de estórias
pode contribuir para um resgate do fazer educativo em sua essência, da constituição de um
espaço no qual ao aluno seja dada a possibilidade da reflexão, de uma possibilidade de
experiência.
A invocação das experiências como base de análise, e a habilidade de reter as
experiências do tempo histórico em que viveu, fez com que Hannah Arendt se
tornasse uma storyteller (uma contadora de estórias) e desenvolvesse um
pensamento narrativo. O storyteller convida o ouvinte/leitor/aluno a penetrar nas
várias facetas de um acontecimento, cabendo a eles próprios a tomada de posição
quanto ao julgamento que farão (FELÍCIO, 2015).
Tal postura não somente resgata a exigência que a própria atividade docente impõe, a
da responsabilidade pelo mundo, como valoriza a essência mesma da educação de modo a
apresentar o mundo tal como ele é. Conceber a aula como uma contação de estórias permite
uma abertura do próprio aluno quanto ao que fazer com esta estória que lhe foi contada.
Inevitavelmente é este o mundo que lhe deve ser legado, portanto deve-lhes ser apresentado
tal como foi construído para que, a partir desta narração, o aluno faça ele mesmo as suas
relações. Tal como Arendt realizou em sua obra sobre as origens do totalitarismo - uma obra
de filosofia com fundamento na fenomenologia - a autora voltou “à coisa mesma”, isto é, aos
próprios fenômenos ocorridos na primeira metade do século XX para tentar compreender o
advento deste sistema político inédito na história.
A atividade docente é um estar entre. Entre o a estória do mundo e aqueles que nele
chegam. Entre o âmbito privado, do qual eles saem, e o âmbito público no qual eles podem
“ser”. Entre o passado, que não deve ser ignorado, portanto a tradição tem um lugar de
destaque na educação, e o futuro que é inevitável. A atividade docente não é essencialmente
política, mas pode ser vista como pré-política e, por assumir a parte da responsabilidade pelo
mundo, sempre a terá (a política) no seu horizonte.
Referências
ALMEIDA, Vanessa Sievers de. Educação em Hannah Arendt: entre o mundo deserto e o
amor ao mundo. São Paulo: Cortez, 2011.
ARENDT. Hannah. Entre o passado e o futuro. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1988.
___. A condição humana. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.
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___. A vida do espírito. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
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curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: MEC, 1999.
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abecedário. Porto Alegre: Editora Sulinas, 2012.
CARVALHO, José Sérgio. Reflexões sobre educação, formação e esfera pública. Porto
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___.Educação: uma herança sem testamento. Tese. (Livre docência) – Faculdade de
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FABBRINI, Ricardo Nascimento. O ensino de filosofia: a leitura e o acontecimento.
Trans/Form/Ação, São Paulo, 28(1): 7-27, 2005.
FELÍCIO, Carmelita Brito. A educação: uma questão para a filosofia e um problema para a
política à luz do pensamento de Hannah Arendt. XI Simpósio de Educação – Pesquisa e
Ensino: fundamentos filosóficos e psicológicos na formação de professores. (Não publicado)
KECHIKIAN, Anita. Os Filósofos e a Educação. Trad. e Apresentação de Leonel Ribeiro
dos Santos e Carlos João Nunes Correia, Lisboa, ed. Colibri, 1993
KOHN, Jerome. Introdução. In: ARENDT, Hannah. A promessa da política. Rio de Janeiro:
Difel, 2008.
ROCHA, Ronai Pires da. Ensino de filosofia e currículo. Petrópolis: Vozes, 2008.
RODRIGO, Lidia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o ensino médio.
Campinas: Autores Associados, 2009.
SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão. Trad. Vera Ribeiro.
Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
O LUGAR E O ENSINO DE GEOGRAFIA NA ESCOLA
Sala 3
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a influência da categoria lugar no processo de ensino
aprendizagem em Geografia baseado nas concepções humanistas e críticas. Nesse sentido, esse artigo visa a um
entendimento do ensino de geografia a partir do espaço vivido por alunos e professores no ensino básico,
especialmente no Ensino Fundamental. Busca-se compreender como se estabelecem as relações entre o ensino de
geografia e o lugar nesse ensino. Entende-se que o lugar é contraditório e pode ser compreendido de modo
humanista, crítico e autônomo, dentre outros. O ensino é um processo de construção de conhecimentos e o aluno
é sujeito ativo nesse processo, o professor e a Geografia são mediações importantes para promover mudanças e
transformações na relação do sujeito com o mundo. A partir da construção do saber e da mediação docente,
conclui-se que o lugar no ensino de Geografia, na escola básica, possibilita práticas capazes de trazer reflexões
sobre a realidade imediata. O ensino, muito mais que uma prática pedagógica no contexto escolar, insere-se no
campo da sociedade, do bairro, da cidade, do país, do mundo, sendo reconstruído e ressignificado por educadores
e educandos em uma relação dialética.
Introdução
A contemporaneidade do mundo diante da globalização, da efemeridade das relações
sociais, da ebulição das contradições políticas, econômicas e culturais exige um novo repensar
a escola, a sala de aula e o espaço vivido. Esses elementos são cruciais para que se busque
compreender como o processo ensino-aprendizagem em Geografia pode trabalhar com essa
interface intercomplementar: lugar e ensino, ensino e lugar. O ensino de geografia corrobora
com o ambiente micro vicenciado por alunos e professores ao procurar entender as relações
de produção, desigualdades e consumo presente nos espaços.
O ensino de geografia deve valorizar a realidade e pautar-se por pressupostos críticos
dessa mesma realidade a fim de possibilitar a compreensão que alunos e professores fazem do
ensino-aprendizagem. Nessa abordagem, o lugar como categoria e prática de análise
conceitual se inter-relacionam. Tornam-se centrais no entendimento da realidade vivida.
A escola, lugar de heterogeneidades culturais, econômicas e sociais, assume
centralidade diante do como trabalhar as contradições externas no ambiente da sala de aula.
1
Professor de Geografia na Rede Municipal de Formosa -GO, mestrando em Ensino na Educação Básica pelo
Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás – CEPAE/UFG. E-mail:
<[email protected]>.
2
Professor de Geografia no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás
– CEPAE/UFG, doutor em Geografia. E-mail: < [email protected] > .
Na escola, em sala de aula, professores e alunos são dialógicos, vivenciam realidades às vezes
distintas, assumem papéis didático-pedagógicos no sentido de terem funções contrárias na
forma de ensinar e aprender, mas se complementam quando discutem, dialogam,
estabelecendo projetos de ensino que valorizem o que possuem em comum – o lugar com suas
contradições.
A sala de aula deve refletir as contradições do espaço geográfico, pautar-se pela
análise do vivido em que se inserem, buscar abordar os conteúdos trazendo-os para uma
realidade concreta, ressignificando-os. Mediante a compreensão de que o ensino de geografia
e a realidade não se dissociam, ou seja, estão interconectados e podem criar possibilidades de
ensino-aprendizagem. O lugar permite a aproximação da noção espacial sistematizada, além
disso, nos faz compreender que nos vinculamos a outras escalas geográficas e que na
articulação delas, assim, conforme Straforini (2008) vivenciamos a totalidade-mundo.
A proposta desse artigo é refletir a relação ensino/aprendizagem ao traçar o caminho
da formação de conceitos, da descoberta, a partir da realidade vivida pelo aluno,
compreendendo que a abordagem humanista e crítica, da categoria lugar no ensino de
Geografia, permite-nos buscar fundamentos da sua importância, com o objetivo que discentes
e docentes tornem-se agentes da mediação no processo de ensino - aprendizagem.
O artigo está organizado em três partes, além desta introdução. Na primeira, tem-se
uma reflexão sobre o lugar e o ensino de Geografia. Compreende-se aqui que o ensino da
Geografia escolar deve partir de uma perspectiva relacional, da não neutralidade dos espaços,
dos aspectos formativos/cognitivos, mas também das ação dos sujeitos sobre os espaços.
Análises conceituais do lugar na geografia humanista e na geografia crítica constituem
a segunda parte, seguida das considerações finais. Na geografia humanista há uma visão
complexa e dinâmica das relações que o sujeito estabelece com o seu lugar a partir das
vivências do cotidiano. Por outro lado , quando a especificidade do lugar advém do papel que
este representa na dinâmica capitalista, têm-se a geografia crítica.
A corrente humanista desenvolve uma visão complexa e dinâmica das relações que o
sujeito estabelece com o seu lugar a partir das vivências do cotidiano. O lugar é visto como o
lócus do sujeito que o constrói, ao mesmo tempo em que constitui a si mesmo, relacionando-
se com o mundo e com a coletividade social. O lugar é então, na corrente humanista, uma
categoria central geradora de significados geográficos em constante relação com o espaço
abstrato. A partir das ideias humanistas, surgem também críticas e novas interpretações sobre
o conceito.
Para a geografia crítica, a especificidade do lugar advém do papel que este representa
na dinâmica capitalista. À medida que o lugar apresenta uma estrutura funcional adequada,
tem-se a impressão de que o mundo necessariamente passa pelo lugar, de que os fluxos
globais não só atravessam-no, como estabelecem com ele uma relação dialética. Neste
sentido, é essa relação dos fluxos globais com as condições locais que produz o lugar na
geografia crítica. Assim, o lugar é definido a partir das relações que mantém com a totalidade,
a qual seria manobrada pelo movimento histórico do capitalismo.
Esta criticidade se preocupa com a inserção do lugar e do sujeito no mundo
globalizado, sem perder de vista a especificidade que o lugar adquire diante da
heterogeneidade do mundo. Essa corrente traz uma abordagem dialética da
homogeneidade/singularidade, acrescentando um novo aspecto à leitura e interpretação do
lugar.
Numa visão dialética, Milton Santos faz uma interpretação do lugar como “condição e
suporte das relações globais” (SANTOS, 2005, p.156), às vezes concebido como mercadoria
e, também como expressão de uma individualidade. De acordo com ele, com o surgimento do
meio técnico-científico-informacional, o lugar emerge como uma combinação particular dos
modos de produção, reflexo da divisão do trabalho. Na ordem local/global se constitui
também uma razão global e uma razão local, que em “cada lugar se superpõem e, num
processo dialético, tanto se associam quanto se contrariam” (SANTOS, 2005, p. 166). Assim
cada lugar constitui uma existência corpórea e uma existência que se relaciona com o mundo
globalizado.
Santos considera que o lugar é “globalmente ativo” e que “mais importante que a
consciência do lugar é a consciência do mundo obtida através do lugar” (SANTOS, 2012,
p.161-162). Essa consciência pode ser, no lugar, possibilidade de autonomia, de construção de
um projeto de futuro que seja diferente e, consequente, contraponto ao hegemônico.
Em síntese, há um entrelaçamento das perspectivas críticas – muito atentas às relações
mantidas entre a circulação do capital, a influência das técnicas e das estruturas socioespaciais
e o lugar – e a perspectiva dos “humanistas” – com seus significados e valores atribuídos ao
espaço, que então se torna lugar. Resta, então, ao pesquisador definir qual a melhor lente que
lhe cabe e promover, ou não, o diálogo entre as diferentes concepções conforme os sujeitos e
a abordagem da pesquisa.
É fundamental que se defina o lugar sempre como um centro de significados e, por
extensão, um elemento de comunicação, de linguagem, mas que nunca seja reduzido a um
símbolo despido de sua essência espacial, sem a qual torna-se outra coisa, para a qual a
palavra "lugar" é, no mínimo, inadequada. Concluindo: é necessário um retorno à ontologia
da geograficidade, ou seja, a ideia do espaço geográfico tomado como ser e uma análise da
importância do lugar para a constituição da própria geografia.
O lugar na ciência geográfica e o lugar na geografia escolar se complementam pelas
concepções apresentadas a partir da visão humanista e crítica e reflete na realidade vivenciada
por alunos e professores dentro do ambiente escolar (AZEVEDO, 2016).
No desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem, a Geografia contribui para
a formação da cidadania por meio da prática de construção e reconstrução de conhecimentos,
habilidades, valores que ampliam a capacidade de crianças e jovens compreenderem o mundo
em que vivem e atuam, numa escola organizada como um espaço aberto e vivo de culturas
(CAVALCANTI, 2012). Para Callai (2000, p. 55, 71), “a geografia é uma ciência social. Ao
ser abordada, deve considerar o aluno e a sociedade em que vive” na “perspectiva de
compreender o lugar para compreender o mundo” tornando o processo de escolarização mais
adequado à realidade em que os educandos estão inseridos. Dessa forma,
A percepção do lugar vai além do espaço vivido, das relações cotidianas, reflete
também uma realidade global. De acordo com as contribuições de Tuan (2013) o lugar é um
centro de significados construídos pela experiência. Desta forma, “as experiências concretas
deverão ter interligamento e coerência dentro do que é ensinado, pois o vivido pelo aluno é
expresso no espaço cotidiano, e a interligação deste com as demais instâncias são
fundamentais para a aprendizagem” (OLIVEIRA, 2006, p. 16).
Para Leite (2012), conhecer o lugar é uma construção das referências pessoais e
coletivas, da apreensão da realidade, da percepção das diferenças e da dialética do viver.
Nessa perspectiva, a cidade é compreendida como o lugar de vivência e de referências
pessoais e coletivas que pode ser aproveitada pelos professores em seus diversos espaços e
tempos para a construção do conhecimento. Nesses pressupostos, a Geografia não se restringe
aos conhecimentos de localização espacial, mas se volta para a exploração do espaço da vida
e dos homens como meio social.
Entende-se que o espaço vivido é um lugar profícuo para práticas escolares cheias de
vida, pois ele é um lugar onde ocorrem múltiplos eventos que são importantes para a prática
da cidadania. O espaço vivido deve ser explorado para fins pedagógicos e sociais para que o
aluno, ao conhecer o seu Lugar, possibilite por ele ser educado (CARVALHO SOBRINHO et
al., 2014). Nos escritos de Callai (1999) nota-se a preocupação com um ensino que esteja
entrelaçado na realidade dos alunos, ou seja, um ensino que parta do lugar para a
compreensão do mundo.
Castellar (2010, p. 45) expõe que "a aprendizagem será significativa quando a
referência do conteúdo estiver presente no cotidiano da sala de aula, quando se considerar o
conhecimento que a criança traz consigo, a partir de sua vivência". Depreende-se que a
Geografia, cidade e lugar unem-se para se convergir em um aprendizado que não seja
estanque, mas que faça parte do cotidiano vivido do aluno, sendo trabalhado o lugar na
perspectiva de compreensão do espaço geográfico.
Freire (1996) vai além e demonstra perceber a escola como um ambiente favorável à
aprendizagem significativa, onde a relação professor-aluno acontece sempre com diálogo,
valorizando o respeito mútuo. Esta aprendizagem significativa refere-se ao processo de
aquisição de saberes que façam sentido e ou relação com o vivido por discentes. O espaço
escolar, desta forma, deve sempre contribuir para a curiosidade, a criatividade, o raciocínio
lógico, o estímulo à descoberta.
Paulo Freire considera que o docente não deve se limitar ao ensinamento dos
conteúdos, mas, sobretudo, ensinar a pensar, pois “pensar é não estarmos demasiado certos de
nossas certezas” (FREIRE, 1996, p. 28). O pensar de maneira adequada permite aos discentes
se colocarem como sujeitos históricos, de modo a se conhecerem e ao mundo em que se
inserem, intervindo sobre o mesmo, isto é, aprende-se a partir dos conhecimentos existentes e
daqueles que serão ressignificados mais adiante.
A verdadeira aprendizagem é aquela que transforma o sujeito, ou seja, os saberes são
reconstruídos pelos educadores e educandos e, a partir dessa reconstrução, tornam-se
autônomos, emancipados, questionadores, inacabados. “Nas condições de verdadeira
aprendizagem, os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da
reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador igualmente sujeito do processo”
(FREIRE, 1996, p. 26). Sob esse ponto de vista, percebe-se a posição do educando como
sujeito desse processo de reformulação do conhecimento, ao lado do educador. Ele passa a ser
visto como agente e não mais como objeto, isto é, ambos fazem parte do processo ensino-
aprendizagem.
Considerações Finais
O ensino de geografia, ao permitir fazer recortes espaciais através da categoria lugar,
pode contribuir para que estudantes e professores possam observar e analisar o seu espaço
geográfico imediato e compreendê-lo de maneira articulada a outras escalas. Faz com que a
sala de aula represente de fato a heterogeneidade existente no ambiente fora dos muros da
escola. Permite que a escola seja mais dialógica com a sociedade adjacente e assim possa
construir um projeto político pedagógico que não seja engessado e distinto, com o ideal de
uma educação pautada pela autonomia dos agentes educativos e por uma constante
criticidade.
O lugar, no ensino de geografia, é uma categoria que consideramos importante para
que estudantes e professores possam construir a partir da realidade imediata vivida por eles,
um ensino que considere as contradições presentes no seu bairro, na sua escola, na sua cidade,
no seu país, no mundo. Ao professor, diante das incansáveis obrigações a cumprir, cabe
fundamentar teórica e empiricamente os conteúdos a serem abordados e criar uma prática
contextualizada em concordância com a cultura do lugar, que possibilite criar valores e
atitudes para um profissional que seja aberto, criativo e consciente dos desafios pedagógicos
que terá que enfrentar.
Um lugar no ensino que seja humanístico, crítico e autônomo. Humanístico por
permitir que o lugar seja o lócus do sujeito que o constrói, ao mesmo tempo em que constitui
a si mesmo, se relacionando com o mundo e com a coletividade social. Crítico por se
preocupar com a inserção do lugar e do sujeito no mundo globalizado, sem perder de vista a
especificidade que o lugar adquire diante da heterogeneidade e das contradições do mundo.
Autônomo em que a verdadeira aprendizagem é aquela que transforma o sujeito, ou seja, os
saberes ensinados são reconstruídos e ressignificados pelos educadores e educandos em uma
relação dialética.
A partir do exposto, será preciso que os professores estejam atentos e compreendam
que por meio dos espaços vivenciados e experimentados pelos alunos no dia-a-dia é possível
uma construção de novos conceitos, uma ressignificação dos saberes. Ao optar e valorizar o
mundo vivido do aluno, os professores estarão contribuindo para inclusão dos estudantes no
seu processo de aprendizagem, contribuindo para que o lugar adquira significados práticos,
compreendendo que o lugar do aluno, bem como seus saberes cotidianos, pode subsidiar sua
aprendizagem, incorporando os saberes dos diversos lugares.
Referências
AZEVEDO, Mariângela Oliveira de. O ensino do lugar e o lugar do ensino : o conceito de
lugar geográfico como dimensão de uma educação emancipadora no ciclo II do ensino
fundamental Mestrado em Geografia - Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação –
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016.
CALLAI, Helena Copetti. O ensino de Geografia: recortes espaciais para análise. In:
CASTROGIOVANNI, A. C. (Org.). Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Porto
Alegre: Ed. da Universidade, p. 56-60, 1999.
__________. Estudar o lugar para compreender o mundo. In: CASTROGIOVANNI, A. C.
(Org.). Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação,
p. 72-112, 2000.
___________. (Org.). Educação geográfica: reflexão e prática. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011
GERBRAN, R. Como o rio não cabia no meu mapa, eu resolvi tirá-lo... O ensino de
geografia nas séries iniciais do primeiro grau. Campinas: Dissertação de mestrado.
Faculdade de Educação/Unicamp, 1990.
RESUMO: O presente artigo é uma síntese de um estudo realizado no Programa de Pós Graduação em Ensino
na Educação Básica do Centro de Ensino Aplicado à Educação-CEPAE da UFG que teve como principal
objetivo discutir as concepções teórico-metodológicas do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
(PNAIC) para o ensino da leitura e da escrita na alfabetização e suas implicações na formação do professor
alfabetizador. A hipótese inicial sugeria que nos Cadernos de Linguagem, objeto do estudo, os conceitos de
sujeito, linguagem e língua, por exemplo, eram abordados numa perspectiva psicologizante, sem dar realce às
questões linguísticas e sem considerar a subjetividade da criança e do professor em relação ao saber, hipótese
esta confirmada ao longo do estudo. O trabalho foi de natureza qualitativa, de caráter bibliográfico documental e
se fundamentou nos referenciais da Linguística e da Psicanálise, discutindo as concepções de linguagem, língua
e sujeito.
Palavras-chave: Alfabetização. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Formação de professores.
INTRODUÇÃO
1
Aluna do curso de pós graduação do Mestrado - CEPAE/UFG –e-mail: [email protected]
2
Professora do curso de pós graduação -Mestrado- CEPAE/UFG–e-mail: [email protected]
3
De acordo com o descrito no site do Inaf, seu principal objetivo é oferecer informações qualificadas sobre as
habilidades e práticas mensuradas, de modo a fomentar o debate público, estimular iniciativas da sociedade civil,
subsidiar a formulação de políticas públicas nas áreas de educação e cultura, além de colaborar para o
monitoramento do desempenho das mesmas. O PNAIC, programa que será discutido nesse projeto, utiliza-se
desses dados.
está diminuindo o número de analfabetismo entre os brasileiros, apresentando um indicador
de 6%. Entretanto, se observarmos com atenção a tabela publicada, veremos que o índice de
alfabetização está distribuído entre os níveis rudimentar, básico e pleno. Os primeiros
perfazem um total de 68% e vem aumentando gradativamente com o passar dos anos e que
apenas 26% estão categorizados como alfabetizados plenamente4.
4
Para a sistematização dos dados o Inaf considera os seguintes níveis de alfabetismo funcional:
Analfabeto: aqueles que não realizam leitura de palavras e frases simples.
Rudimentar: aqueles que localizam informações simples em textos curtos e familiares.
Básico: aqueles que leem e compreendem textos de média extensão.
Pleno: aqueles que compreendem e interpretam textos em situações usuais.
em:
http://www.ipm.org.br/download/informe_resultados_inaf2011_versao%20final_ 12072012b.pdf.
Gráfico 3: Porcentagem de crianças do 3ºano do Ensino Fundamental com aprendizagem
adequada em leitura e escrita
Ainda que esses dados não consigam revelar o que se passa na educação brasileira em
relação à sua qualidade, pois são análises parciais e efetivamente não conseguem dar
visibilidade ao que acontece cotidianamente na escola, muitos programas são implementados
em função dessas informações. O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC)
é um deles e, de acordo com o seu Caderno de Apresentação (2012), surgiu como uma
proposta para garantir o direito de alfabetização plena aos meninos e meninas até o terceiro
ano do ciclo de alfabetização, estabelecendo para a criança a idade de oito anos para
completar esse processo.
Professores e orientadores participantes do Programa em Goiás relataram, em
situações informais, a percepção de certa fragilidade em relação às orientações teórico-
metodológicas, o que chamou bastante atenção, pois questionavam a perspectiva de
interpretação da escrita das crianças. As categorias usadas nem sempre revelavam e/ou
interpretavam o que era apresentado nas produções delas. Esses relatos apontaram a
necessidade de uma análise dos Cadernos do Programa, tendo em vista que o mesmo tem
como objetivo contribuir para a melhoria da alfabetização no Brasil. Como partícipe do
projeto “Arte, psicanálise e educação: os procedimentos estéticos do cinema e as vicissitudes
da infância" 5 , estudamos alguns conceitos do campo da linguística e da psicanálise que
questiona a predominância de um discurso sobre a criança em que esta é vista como um
sujeito epistêmico, sem que se considere que ele é afetado pela linguagem e esta, assim como
outras dimensões, constitui o aparelho psíquico que, na perspectiva psicanalítica é
determinado pelo Inconsciente.
5
Projeto integrado à coordenação do Departamento de Pedagogia do CEPAE-UFG
Nos estudos sobre a aquisição de linguagem realizados pela linguísta brasileira
Cláudia Thereza Guimarães de Lemos (1998), essa compreensão se faz presente e ela diz:
[...] não se parte da interação sujeito-e-objeto, mas da linguagem. Isso significa que
não se chega a um sujeito que se apropria do objeto a um certo ponto de seu
percurso, que faz dele um conhecimento, um saber estável que se esgota. A cada
ato/acontecimento de leitura/escrita pode-se refazer essa relação nesse
funcionamento (LEMOS,1998 p.21).
Essa compreensão tem como efeito admitir que um sujeito não tem domínio de si
mesmo e a criança que se encontra em um estado de estruturação muito menos, o que permite
questionar a centralidade de uma cognição possível de controlar porque está submetido aos
efeitos do Inconsciente. Tanto a criança quanto o professor estão submetidos a seu
funcionamento, o que significa reconhecer na relação sujeito e objeto uma indeterminação.
Ao levar isso em consideração, um programa de alfabetização, tal como este, o
PNAIC, deve problematizar as questões teórico-metodológicas envolvidas sobre sujeito,
linguagem e língua, pois são elas que apoiariam todo o trabalho a ser desenvolvido junto aos
professores e também às crianças.
6
Site "Último Segundo", disponível em: ultimosegundo.ig.com.br. Acessado em 30/11/2016, às 9h.
Ademais, formar professores vai muito além do treino de métodos, técnicas,
estratégias midiáticas que são produzidos pelos interesses econômicos e políticos. É preciso
fomentar discussões sobre os aspectos fundamentais dos processos formativos, pois não se
pode trabalhar em educação sem se perguntar sobre o sujeito, os valores sociais a transmitir
(autonomia, igualdade, justiça, ética, etc), a cultura e tantos outros aspectos essenciais para o
aprendizado e o cultivo do pensamento, tão necessários para a transcendência do imediatismo
e para a significação da sociedade e da humanidade.
Borges (2006) ressalta que a aquisição da língua escrita deve ser concebida como uma
tríade: oralidade/escrita/língua, pois as escritas das crianças trazem fragmentos da escrita ou
leitura do Outro7,entendido pela autora como o representante de todos os discursos orais e
escritos, presentes nos vários contextos por onde a criança circula. Essa autora, ao se apropriar
desse termo Outro, usado pelo psicanalista francês Jacques-Marie Émile Lacan (2008) em
vários de seus seminários como o tesouro dos significantes, quis realçar que a criança vai
reformulando sua escrita a partir dos significados dados pelos seus pares, por seus
professores, seus familiares, por aqueles que a cercam e, nessa busca de significar suas
elaborações, vai recalcando aqueles signos que não foram significados e, ao mesmo tempo,
revelando aqueles submersos, deixando aparecer as marcas de sua subjetividade, tal como
Lacan entende o Inconsciente.
A aquisição da escrita deve ser analisada entendendo que o Outro deixa marcas
efetivas no discurso do sujeito, pois é ele, o Outro, quem o insere no simbólico e reconhece,
além de nomear aquilo que até então era irreconhecível ou disperso para ele. Nesse sentido, o
Outro é considerado como lugar de funcionamento linguístico-discursivo, que interpreta a
escrita da criança, permitindo que esta se transforme. Conforme Borges
Semelhante ao que ocorre quando uma criança nasce, em que a mesma é falada pelas
pessoas e seus primeiros balbucios são interpretados pelo seu cuidador ou sua mãe que dá
significado a cada choro e a cada som emitido, ocorre o processo de escrita. Cada traço
elaborado quer dizer algo que precisa ser interpretado e de algum modo inserido no mundo da
linguagem.
Pensar a escrita na perspectiva de Ferreiro e Teberosky, em níveis lineares de
evolução, significa negar os efeitos metafóricos e metonímicos da língua8 e desconsiderar que
o processo de alfabetização consiste no transitar pelas representações do Outro. Conforme
Borges, as produções escritas das crianças:
7
Termo utilizado por Lacan, em Seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais em psicanálise, para
designar o efeito da Linguagem.
8
Processos descritos pelo linguísta russo Roman Jakobson e pesquisados por Lemos(1997): processo metafórico
- substituição de elementos da língua, seja em cadeias manifestantes e/ou latentes e processo metonímico -
combinação destes elementos.
escrita, não épossível separar esses níveis. Os processos que determinam esse jogo -
metafórico e metonímico - são sempre os mesmos; não passam por transformações
que alterariam o seu funcionamento. O que muda, ou que se transforma, são os seus
efeitos, não sendo possível, portanto, falar de estágios nos processos de aquisição da
linguagem, ao longo da alfabetização.(BORGES. 2006, p. 209)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Currículo na alfabetização: concepções e
princípios: ano 01: unidade: 01 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Básica, Diretoria de apoio à Gestão Educacional. Brasília. MEC/SEB, 2012.
COÊLHO, Ildeu Moreira. (organizador) Escritos sobre o sentido da escola. Campinas, SP.
Mercado das Letras, 2012.
MORAIS, Artur Gomes de. Sistema de Escrita Alfabética. Como eu ensino. São Paulo,
Melhoramentos, 2012.
SAUSSURE, F. de. Curso de Linguística Geral. 6.ed. São Paulo, Cultrix, 1974.
O PAPEL DA EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA A EMANCIPAÇÃO
HUMANA: A PARTIR DE MARX E ENGELS.
Sala 8
Resumo: O presente estudo aborda a ideia de emancipação humana e sua relação com a educação. Objetiva-se
com tal temática esclarecer o sentido da educação emancipatória a partir da abordagem do conceito de
emancipação humana em Marx e Engels. Em Marx e Engels, a categoria emancipação passa a ter um sentido
político-social, na perspectiva de transformação das estruturas da sociedade através de organização social do
proletariado. E a educação pode ser entendida como um dos caminhos capazes de despertar nos indivíduos uma
consciência crítica, que determina ao ser a possibilidade de superação da sociedade capitalista, obviamente, se
tratando da educação em sua forma livre dos ditames do capital. Para tanto, nossas reflexões parte de pesquisa
bibliográfica realizada em torno da temática, com vistas, nas leituras de autores marxistas que tratam do assunto
em questão.
Introdução
Para que haja uma transformação radical na sociedade, é preciso que esta perpasse
pela educação, uma vez que a transformação social é inviável sem uma formação humana.
Logo, imaginar a educação como instância propulsora de transformações individuais sem
levar em conta a totalidade histórica que concebe os métodos educacionais é entendê-la como
tendo função emblemática, capaz de alterar – se pela ação independente da sociedade toda.
A essencial da emancipação está na defesa de que, através da educação, as
expressões da questão social seriam ultrapassadas: com a educação, o sujeito poderia ser dono
do próprio sucesso. O desenvolvimento técnico e o trabalho do homem constituiriam o
percurso pelo qual a educação cooperaria para a emancipação humana.
À educação competiria a função de construir as mentes e braços capazes de erguer a
sociedade a um patamar conforme os ideais de semelhança do mundo do consumo. Enfocando
na técnica de aprender, e não no produto da aprendizagem, concretizando uma educação
vazia, desvinculada, sem garantir ao aluno a possibilidade de se tornar sujeito dono de sua
1
Estudante graduando em Serviço Social na UFT (2017), contato: [email protected].
2
Pedagoga (UFT), graduanda em Serviço Social pela Universidade Federal do Tocantins (2017); Especialista em
Coordenação Pedagógica pela UFT, contato: [email protected].
história. Assim a emancipação, seria derivada de vontades, independente da história real, esta
vontade basearia uma ação em direção a emancipação dos homens.
3
O idealismo Histórico entende as ideias ou consciência como os agentes fundamentais ou únicos da
transformação histórica.
4
O mundo das ideias é produto do mundo real e não seu produtor.
através da sua luta pela sobrevivência e que consequentemente desenvolve as relações de
produção5.
A modificação dessas relações de produção e o incremento das mesmas é que
originaram a religião, as leis, as ideias, a filosofia, os valores morais, em resumo, a
mentalidade social. Deste modo é a realidade material que decide as ideias e não o inverso,
como se pode conferir na reflexão de Marx e Engels:
5
Relações sociais de produção refere-se ás formas estabelecidas de distribuição dos meios de produção e do
produto, e o tipo de divisão social do trabalho numa dada sociedade e em um período histórico determinado.
6
Para Marx a base material ou econômica constitui a infra-estrutura da sociedade, que exerce influência direta
na super-estrutura, ou seja, nas instituições jurídicas, políticas(as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a
religião, a moral) da época.
7
O conceito de forças produtivas refere-se aos instrumentos e habilidades que possibilitam o controle das
condições naturais para a produção, e seu desenvolvimento.
8
Augusto Comte (1798-1857) fundador do positivismo, extensão dos métodos científicos das ciências naturais
ao estudo da sociedade: a criação de uma “sociologia” cientifica.
Esse retorno, então, será a problemática da conexão da filosofia com a realidade
material, determinado de tal modo, o enfoque da pedagogia Marxista.
A educação para Marx não pode ser vista de maneira desvinculada a realidade
material do homem, mas as relações materiais devem ser analisadas como componente do
processo de educação.
Denotamos assim, o materialismo histórico como parte fundamental do processo
educacional e a crítica à concepção de educação burguesa que não entende os estudantes
como homens reais, resultado das relações sociais, mas como homens abstratos.
Os dilemas educacionais admitem logo, inquietações de ideais da sociedade
específica. O professor não pode pensar que irá formar ideias educativos de forma impositiva,
sem conhecer as fases do processo de desenvolvimento histórico, mas necessita trabalhar a
educação dentro do progresso das relações materiais vividas pelo aluno concreto-real
O aluno concreto herda esse conhecimento sistematizado historicamente, e ocupa sua
função na divisão social do trabalho divisão esta, que se faz cada vez mais intensificada,
dificultando o acesso à educação, e propiciando conteúdos fragmentados e alienantes, isto
devido o processo educativo ser cada vez mais submetido a imposições do mercado de
trabalho, resultado assim uma formação fragmentada, deformada e empobrecida.
Logo, educação para Marx e Engels, não está inteiramente vinculada ao
desenvolvimento material e interesses de classe, mas, essa também, tem função política e
transformadora do ser social, uma práxis libertadoras capazes de modificar a mentalidade e
construir uma nova ordem social, resultando desta educação.
A emancipação do homem tem sido um trabalho histórico da educação, sua libertação das
utopias ou “ideologias”, revelando-lhes as origens sociais das mesmas e originando uma
práxis revolucionária para transformar o mundo.
Conclusão
Concluímos que é preciso que haja uma população mais esclarecida, para que essa
venha se emancipar, é preciso ainda que a massa trabalhadora se desperte, saia do estado
inanimado, principalmente no que tange aos mais absurdos atos contra seus direitos. Todos
que tem e sobrevivem de sua força de trabalho possuem importância vital no processo
produtivo, mas as ideias já trabalhadas desde os primeiros anos da educação básica, camufla a
lógica perversa e não desperta, a revolta dos injustiçados.
Por meios de uma educação de qualidade, mesmo que corrompida pelo mercado de
trabalho, pode fornecer condições adequadas a um crescimento profissional que possibilite ao
trabalhador uma mudança na sua qualidade de vida.
Não se pode negar, que o sujeito mesmo de procedência humilde pode elevar na
busca da sua “emancipação” e ter poder de alternativas frente a toda essa conjuntura pré-
estabelecida para sua vida. Se apropriar de uma posição distinta no mercado de trabalho da
qual se possa analogicamente entender como sua autonomia, sua independência.
De tal modo, analisando as subjetividades referente a questão emancipatória, pode se
verificar que uma pessoa por meio da educação possa se tornar emancipada, não
integralmente, mas de uma forma singular, individualizada, possibilitando ao cidadão
mudança da sua própria realidade social.
Referências Bibliográficas
MARX, K.; ENGELS, F. Cultura, arte e literatura: textos escolhidos. São Paulo:
Expressão Popular, 2010.
Sala 04
Resumo: A presente pesquisa tem como tema a construção do perfil e a profissionalização de docentes da
Educação Infantil no Brasil. A história revelou que o atendimento a crianças pequenas data do final do século
XIX mas foi no início do século XX que houve uma certa expansão das instituições como creches (0 a 2 anos) e
jardins de infância (três a seis anos) (KUHLMANN, 2003). O trabalho era desenvolvido por mulheres sem
qualificação e a conotação era assistencialista para crianças pobres. Tal identificação do trabalho sem
características profissionais, teve peso das questões de gênero pois, a mulher só poderia realizar atividades de
cuidado, como as do lar. Assim tal perfil foi mantendo-se durante as décadas que se seguiram e, somente em
1970 houve preocupação com a formação, sendo indicado o magistério de nível médio (MICARELLO, 2011).
Neste período também se consagrou um atendimento compensatório para as crianças da pré-escola (4 a 6 anos)
para preparar as crianças para o ensino de primeiro grau (KRAMER, 1995). Foi com a LDB (9.394/96)
(BRASIL, 1996) que a Educação Infantil passou a ser vista como a primeira etapa da Educação Básica e então
indicado o nível superior para a formação (art.62), mas ainda aceitando o nível médio. Novas políticas de
formação foram criadas, contudo tem-se, ainda hoje, um grande número de profissionais atuando sem
qualificação e a identidade permanece desvalorizada por seus fazeres de cuidado. O Curso de Pedagogia, lócus
de formação (CNE, 2006), tem tradição na preparação de docentes para atuar com crianças maiores, assim o
currículo pouco atende as necessidades da Educação Infantil. Embora muitas pesquisas indiquem que na
primeira etapa se educa e cuida de forma indissociável, perpetuam-se os modelos antigos (KUHLMANN, 1999,
KRAMER, 2011). A investigação, de base qualitativa, usou como instrumento metodológico um questionário
com os alunos de Estágio da Educação Infantil do Curso de Pedagogia, para perceber sinais de resistência (ou
não) para se tornarem professores(as) de crianças pequeninas. Encontrou-se grande desinteresse dos alunos pela
Educação Infantil além de preconceitos com os fazeres docentes na Educação Infantil. É urgente novas políticas
de formação e de valorização deste profissional.
Introdução
Desde a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB 9.394/96
(BRASIL, 1996) a formação inicial de professores(as) para atuarem na Educação Infantil
ganhou evidencia. Tal fato explica-se pela introdução da Educação Infantil como a etapa
inicial da Educação Básica no Brasil exigindo, nesta lógica, uma capacitação profissional
adequada. Essa capacitação tem-se constituído um desafio para os cursos de Pedagogia que
têm, normalmente, maior experiência na formação de profissionais para o Ensino
Fundamental.
Apesar de se compreender a necessidade da preparação teórico/técnica do(a) docente
da Educação Infantil muitas pessoas atuam sem qualificação; a demais a construção da
identidade desse(a) profissional lhe impôs um status inferior em relação a outros licenciados.
1
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Faced/UFU (Faculdade de Educação da
Universidade Federal de Uberlândia) onde também se graduou em Pedagogia. Professora adjunto da UFT
(Universidade Federal do Tocantins) curso de Pedagogia/Palmas. [email protected]
Denominações inadequadas como “tia”, “cuidadora” e “recreacionista” são comuns no dia a
dia das instituições. Esse cenário carece de rupturas pois, nas palavras de Angotti (2006, p.
19), mudanças na Educação Infantil requerem professores(as) com “[...]formação específica
para fundamentar e definir um novo fazer educacional [...]”.
Diante disso optou-se por desenvolver esta pesquisa sobre a identidade do(a) docente
da Educação Infantil, o que foi possível por meio do trabalho do Grupo de Pesquisa Formação
de Professores: fundamentos e métodos do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do
Tocantins-UFT. Assim o texto tem como objetivo discutir a construção social sobre ser
professor(a) em creches e pré-escolas, relacionando tal processo a sua profissionalização e a
sua formação nas universidades, com evidencia à disciplina de Estágio da Educação Infantil.
É notório então que a (in)definição do que seja a função da instituição que recebe
bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas interfere diretamente na formação e no
perfil de seu(sua) profissional. A própria LDB (BRASIL, 1996) ajuda a descortinar essa
questão visto que conceitualiza a etapa dizendo que na creche e na pré-escola o trabalho deve
buscar o crescimento da criança em toda a sua plenitude, ou seja, física, intelectual, social,
cultural e emocional. Mas os cursos de Pedagogia tem tradição na formação de
professores(as) para atuarem com crianças maiores, por isso, o currículo não tem privilegiado
componentes curriculares voltados para o entendimento da criança pequena e as metodologias
de um trabalho para a Educação Infantil (OSTETO, 2000).
O problema curricular nos cursos de formação foi matéria das Diretrizes Nacionais
para o curso de graduação em Pedagogia- DCNP-, aprovadas pelo Conselho Nacional de
Educação-CNE em 2006. O artigo 2° assim orienta: “As Diretrizes Curriculares para o curso
de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil
e nos anos iniciais do Ensino Fundamental” (CNE, 2006). Essas diretrizes criaram um marco
conceitual importante sobre a preparação de docentes para a primeira etapa ao demarcar seu
lugar no curso de pedagogia, sendo tal curso instigado na busca de uma formação profissional
teórico-prática pertinente para o atendimento educacional da criança de pouca idade,
incluindo o estágio supervisionado como componente curricular também para a educação
infantil.
Diante do exposto é certo que o Brasil carece de cursos que possam formar
profissionais com melhor entendimento das demandas específicas das crianças da creche e da
pré-escola o que, por sua vez, dificulta a formulação de propostas pedagógicas para atender as
necessidades da primeira infância, ou seja, a criação de planejamentos centrados no binômio
educar/cuidar, no sentido de atender as duas dimensões sem que se hierarquize estas funções.
Portanto, cabe ao curso de formação compreender que a identidade do professor de educação
infantil é diferente da dos profissionais habilitados para serem regentes nas turmas de crianças
maiores.
3 – O Estágio da Educação Infantil enfrentando o desafio de formar professores(as)
para a primeira etapa
O Curso de Pedagogia da UFT/Palmas e a disciplina de Estágio da Educação Infantil
tem assumido a proposta de capacitar docentes para a esse etapa. A orientação teórica do
estágio, presente no Plano de Curso, está pautada nos estudos de Pimenta e Lima (2004, p.
57), que trazem os apontamentos para a realização de um estágio com o viés da pesquisa.
Ostetto (2000, p.19) ao analisar as questões referentes à formação de professores para
a primeira etapa diz que os cursos de pedagogia, em sua maioria, são criticados na proposta
currícular “mais particularmente, aos aspectos escolarizados da educação infantil,
secundarizando questões referentes aos „cuidados‟ devido às crianças pequenas”.
Logo é preciso apreender as questões particulares da formação do(a) educador(a)
infantil, visto que, segundo Pimenta e Lima (2004, p. 63-64), há de se “considerar os aspectos
subjetivos da profissão, que dizem da identificação”, além disso, há de se pensar também
naquilo que permeia o imaginário social e coletivo que está presente no momento de decisão
por ser ou não professor(a) de pequeninos.
Diante do Estágio da Educação Infantil o estudante é convidado a compreender a
instituição infantil, assim como, seus profissionais e os diversos aspectos relacionados à
educação do bebê, da criança bem pequena e da criança pequena. Pimenta e Lima (2004, p.
109) enfatizam que, diante do estágio, o(a) futuro(a) professor(a) pode se confrontar com as
diversas contradições da escola desenhadas nas relações social, cultural, política e econômica,
e, “ao mesmo tempo em que reproduz a lógica dominante do capital e do capital cultural,
revela as possibilidades e formas de conhecimento necessárias para a transformação social”.
A disciplina foi sendo organizada mediante orientações do projeto de Curso ao longo
dos semestres da pesquisa, a saber, 2011/II, 2012/II, 2013/ I e 2014/I e II, em uma busca de
contribuir com a formação do docente da primeira infância, visto que ela tem intensão
primordial no campo da Educação Infantil. A sua oferta, normalmente, é garantida semestre a
semestre, com carga horária de 120 horas e localiza-se no sexto período do Curso tendo como
principal eixo a pesquisa.
“Cheguei bastante ansiosa, com medo, insegura, pois seria o momento que eu ia
viver a realidade de uma escola. Nunca tinha tido nenhuma experiência com escolas,
mas apesar de todos estes medos, eu sabia que lá seria a oportunidade que eu teria
para obter mais conhecimento sobre a educação. Foi na expectativa de entender
como se dá o processo de aprendizagem das crianças. Tinha dúvidas sobre a questão
do cuidar e ensinar, achava que fazer os dois não dava certo, principalmente com as
crianças do berçário, mas ao ter esta experiência, percebi que dá para ajudar e muito
a criança se desenvolver na Educação Infantil” (Sujeito, 33).
“Ao iniciar o estágio, tive de início uma visão equivocada do que consistia em
estagiar no CMEI. Como nunca havia estado numa sala, achei que era apenas uma
professora para 45 alunos e que não havia dinâmica nem momento de ensino em
sala. Depois de um período de observação, minha visão mudou com relação ao
desenvolvimento das aulas, as crianças participaram e colaboraram para que o
mesmo ocorresse da melhor forma possível” (Sujeito, 4).
A fala do(a) participante quatro afirma que o CMEI é muito diferente da visão que
tinha: depósito de crianças. Ela(e) imaginava que só dava para acomodar essas crianças
enquanto pais e mães não podiam estar com elas. Mas, ao contrário, o(a) estagiário(a) viu que
as crianças conseguem aprender e mais, que o(a) professor(a) consegue organizar as crianças
para o desenvolvimento de atividades educativa. Existe um discurso de que a escola pública
não é boa e que a primeira etapa é um espaço superlotado para guarda de crianças pequenas
para os pais poderem trabalhar. Mas tais ideias puderem ser ressignificadas e um novo olhar
pode ser construído.
Apesar deste depoimento tão positivo pode-se encontrar também quem percebe-se que
as atividades de educação e cuidado continuam sendo feitas de forma dissociadas e a
organização do trabalho do professor encontrado no estágio é muito inadequada:
Esses depoimentos revelam o perfil do(a) docente que tem atuado em muitas escolas
infantis no Brasil. Quando Barros, Scramingnon, Chamarelli e Castro (2013, p. 50)
pesquisaram sobre os professores(as) da Educação Infantil, reforçaram que “a qualificação
específica no desempenho profissional da educação de crianças pequenas influenciam
decisivamente a qualidade do serviço”. Desta maneira é inegável uma política de formação
mais eficiente e, sobretudo, que tenha um olhar diferenciado para o(a) docente infantil no
sentido de capacitá-lo, mas também de valorizá-lo. A categoria cinco mostra exatamente a
importância de se buscar uma formação adequada:
“A ideia de estagiar me passava muito medo, devido não ser conhecedora de atuar
numa turma de alunos e ao mesmo tempo, no decorrer da empolgação das
disciplinas, sentia vontade de ver se tal teoria funcionava na prática. As
expectativas eram de quebrar essa barreira e aprender e de fato estou satisfeita com
a experiência, tanto é que já me escrevi no próximo estágio” (Sujeito, 32).
Vê-se que os(as) estudantes tiveram condições de ampliar os seus nortes e mudar
ideias do censo comum. Assim, respostas como experiência
importante/gratificante/aprendizado estiveram presentes em 21% dos questionários, dando a
entender que a disciplina de Estágio foi importante no processo de formação possibilitando,
assim, um confronto teórico/prático com a realidade. Tal enfrentamento pode alterar algumas
concepções sobre a Educação Infantil e a capacidade de repensar ideias postas.
Considerações Finais
Os estudos sobre a formação de professores da Educação Infantil (BARBOSA, 2011,
KRAMER, 2011, KUHLMANN, 2003, SILVEIRA, 2015), assim como dessa etapa em si e
da infância dizem que, ainda hoje, os(as) professores(as) da Educação Infantil são
desqualificados(as) e desvalorizados(as), assim como, seus fazeres nas instituições de crianças
pequenas.
Além disso, percebe-se que o fundamento que se seguiu no trabalho com as crianças
da educação infantil permanece, em grande parte, com os moldes antigos: cuidado e
assistencialismo para os bebês e crianças muito pequenas na creche e, por outro lado, o
modelo compensatório para as crianças pequenas de quatro a cinco2 anos na pré-escola.
A pesquisa revelou a necessidade de ampliar a formação deste profissional até
mesmo para que se mude a compreensão da primeira etapa e o trabalho pedagógico que se
realiza nela. Tal investigação teve como ponto central a luta pela mudança do perfil atual do
professor da Educação Infantil, para um professor conhecedor, capaz de analisar seu contexto,
dotado de embasamento teórico para construir uma prática articulada. Sabe-se que a boa
preparação do professor em nível superior para atuar nas instituições de Educação Infantil
garantirá que as crianças, pequenos sujeitos de direitos, também tenham uma educação de
qualidade.
Referências
2
Com a Lei n. 11.274, de seis de fevereiro de 2006 (BRASIL, 2006) o Ensino Fundamental passa a ter
duração de nove anos e inclui a criança de seis anos. Dessa forma, a pré-escola se limitou às crianças
de quatro e cinco anos.
ANGOTTI, M. Educação Infantil: para que, para quem e por quê? In: ______. (Org).
Educação Infantil: para que, para quem e por quê? São Paulo: Alínea, 2006.p.15-32.
ALMEIDA, J.S. Mulheres e educação: a paixão pelo possível. São Paulo: Edunesp, 1998.
BRASIL, Presidência da República. Casa Civil. Lei 13.005 de junho de 2014. Plano Nacional
de Educação. Brasília, 2014.
______. Lei n.º 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87
da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com
matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Brasília, 2006.
______. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. 5. ed. São Paulo: Cortez,
1995.
OSTETO, L.E. Andando por creches e pré-escolas públicas: construindo uma proposta de
estágio. In: ______. (Org). Encontros e encantamentos na Educação Infantil. Campinas:
Papirus, 2000. p.15-30.
PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria do Socorro Lucena. (Org). Estágio e docência.
São Paulo: Cortez, 2004.
i
Cabe comentar que os sujeitos da pesquisa foram numerados de forma aleatória, mantendo o sigilo dos
participantes, dessa forma, adotou-se a numeração de um a 87.
ii
CMEI – Centro Municipal de Educação Infantil.
O PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM DE CONCEITOS
GEOGRÁFICOS: CONSTRUINDO MAQUETES DE CURVAS DE NÍVEIS.
Palavras-chave:
Introdução
1
Licenciado em Geografia, Mestre em Geografia e Professor de Geografia nas series finais do Ensino
Fundamental. Secretaria Municipal de Educação do Município de Palmas - TO.
[email protected]
didático pode facilitar a compreensão das informações cartográficas, em seus conteúdos
agregados a pratica deste recurso didático, podemos ressaltar as escalas, localização no
espaço, distancias, curvas de níveis, altimetria, convenções cartográficas, entre outros.
Procedimentos Metodológicos
Toda a descoberta de um conceito traz aos alunos novas possibilidades, novos cenários
e instiga a imagina a vislumbrar paisagens muitas das vezes abstratas. Neste relato de
experiência, primaremos por descrever os passos, da teoria a pratica e ao produto final, a fala
dos alunos referente ao que conseguiram visualizar após a conclusão da confecção da maquete
de curvas de níveis.
Em forma de exposição para os alunos, foram utilizados os livros didáticos referentes
ao sexto ano do ensino fundamental, para dar aporte à compreensão dos conceitos iniciais.
Neste primeiro momento, os alunos puderam conhecer os tipos de mapas, as convenções
cartográficas, os tipos de relevo, as escalas tanto de projeções cartográficas, quanto de
altimetria.
Após esses momentos de explanação dos conteúdos e debate com os alunos, todos se
voltaram para atividades dirigidas, com a utilização de Atlas geográficos, tarefas de múltiplas
escolhas, e cartas e mapas para colorir, no intuito de aumentar a aplicação dos conhecimentos
obtidos para resolução das atividades.
Fonte: Autor.
Ao observar cartas de curvas de níveis que o professor trouxe para sala de aula, os
alunos escolheram alguns perfis topográficos para ampliarem a escala em papel pardo, desta
forma esse perfil topográfico pode ser reproduzido e ampliado no formato tridimensional.
Observando a Figura 1, podemos observar os alunos fazendo uma ampliação de uma
das cartas, para posteriormente ter base para montar a maquete de curvas de níveis.
Terminada a primeira, os alunos seguiram para a confecção das placas de isopos,
separadas por cada nível da escala altimétrica de suas cartas topográficas, como podemos
observar na figura 2.
Fonte: Autor.
Com auxilio da carta ampliada pelos alunos, os mesmo a utilizam como base para
recortar as partes de acordo com a escala altimetrica no isopor, confeccionando a maquete,
como se fosse um quebra-cabeça, que posteriormente será montado parte a parte (Figura 2).
Figura 3 – Recorte das peças em isopor para a maquete.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Seguindo com a ultima etapa da maquete, os alunos agora separam os níveis
altimétricos a partir de convenções cartográficas, neste processo, eles usam cores pré-
definidas a partir da altitude de cada carta topográfica, sendo as áreas de menores altitudes
cores mais claras como o verde e o amarelo e as maiores altitudes com cores mais escuras
como o laranja e o marrom, estas cores são definidas a partir de padrões, escolhemos utilizar
os padrões do livro didático no intuito de aproximar os alunos das projeções que eles estudam
no seu dia a dia escolar Figura 6.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Considerações Finais
São muitas as ferramentas e linguagens que podemos utilizar para a busca de novas
práticas no ensino de geografia, trazendo para o contexto da aula, linguagens mais próximas
do cotidiano do aluno. Porém devemos salientar a adoção de novas linguagens no ensino de
geografia demanda formação docente, formação esta que visa desconstruir práticas
tradicionais e por meio de novas metodologias.
Neste contexto, evidenciamos neste relato de experiência que é possível melhorar o
processo de aprendizagem dos alunos no que diz respeito a conceitos da geografia física
como: tipos de mapas e cartas, escalas geográficas, tipos de relevo e os processos de
intemperismo do relevo terrestre.
Referências
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2007.
SANTOS, C. A maquete no ensino de geografia. 1.ed. Santo André: Record, 2009.
O TRABALHO DE CAMPO NO PROEJA: A GEOGRAFIA ESCOLAR
NO COLÉGIO PEDRO II / MEC.
Sala 3
Resumo: O Colégio Pedro II, fundado em dois de dezembro de 1837, constitui-se hoje é um órgão vinculado ao
MEC. À incorporação da modalidade de ensino PROEJA abre possibilidades para discutir o currículo da
instituição. Os saberes e fazeres de uma pratica educativa interdisciplinar e contextualizada está relacionada
com uma ação política na defesa do direito da escolarização de jovens e adultos, resgatando a articulação dos
conteúdos com a realidade social e construindo uma educação transformadora.
Abstract: The Pedro II School, founded on December 2, 1837, it is now a body linked to the MEC. In the
incorporation of teaching mode PROEJA opens possibilities to discuss the curriculum of the institution. The
knowledge and practices of an interdisciplinary and contextualized educational practice is related to political
action in defense of the right of youth and adult education, rescuing the articulation of contents with social
reality and building a transformative education.
Introdução
O Colégio Pedro II, fundado em 2 de dezembro de 1837, localizado no Rio de Janeiro,
constitui-se hoje é um órgão vinculado ao Ministério da Educação, cuja missão é ministrar
ensino público e gratuito na educação infantil, no ensino fundamental anos iniciais, no ensino
fundamental anos finais, no ensino médio regular, no ensino médio integrado regular, no
ensino médio integrado na modalidade jovens e adulto (Proeja) e recentemente com a pós-
graduação orientando programas de mestrado profissional em educação.
Ao longo das últimas duas décadas estão sendo realizadas as adaptações curriculares no
ensino e na aprendizagem através dos colegiados realizados pelos diferentes departamentos
que são os responsáveis pela sistematização da discussão política e pedagógica com ampla
participação dos docentes. Essas mudanças são percebidas, em nível de organização de
conteúdos relacionados com as transformações do mundo da técnica, da ciência da
informação e de orientações teóricas e metodológicas, que permitem identificar essas
adaptações e de outros indicadores acadêmicos que continuam influenciando na construção da
Geografia Escolar da instituição.
2
A análise histórica de construção de um currículo revela os caminhos seguidos por um
grupo social ou uma instituição na formação ou intenção formadora de seus sujeitos/atores no
campo social. Conhecendo os caminhos percorridos pelas instituições podemos traçar o perfil
esperado por elas e suas pretensões de intervenção na sociedade. Nessa linha, delineia-se a
importância de conhecermos as tensões geradas nessa passagem de tempo, dentro dos Campi
do Colégio Pedro II, precisamente no ensino da Geografia Escolar numa instituição da Rede
de Ensino Federal, objetivando que essa análise possa contribuir para uma generalização no
trato com as situações de conflito que estão presentes no cotidiano. A ação docente na sala de
aula é um elemento de análise para se pensar o currículo. E utilizando as palavras de Arroio
para ampliar e aprofundar o debate, “é dever dos docentes abrir os currículos para enriquecê-
los com novos conhecimentos e garantir o seu próprio direito e dos alunos à rica, atualizada e
diversa produção de conhecimentos e de leituras e significados.” (Arroyo, 2011, p.37).
Com a implantação do Ensino Médio Integrado na modalidade Jovens e adultos a
instituição está vivendo um momento de inquietação, já que o currículo tradicional não atende
ao novo grupo de discentes formado por jovens e adultos trabalhadores oriundos das casses
populares e com um histórico de abandono do espaço escolar ao longo da sua trajetória de
vida. Penso que é necessário garantir o direito à escolarização de jovens e adultos e de tomar
como função social da instituição a garantia desse direito. Portanto é necessário construir um
currículo vivo e vivido com uma organização dialógica, com base na práxis-teoria-práxis,
num processo indutivo que torna nossos educandos sujeitos do processo ensino aprendizagem.
Para Arroyo (2011) estamos vivendo uma retomada conservadora que reafirma a missão
docente de transmitir conteúdos sem significados, tornando a Geografia escolar distante da
realidade social, além de desvalorizar ou ignorar o saber do aluno trabalhador. Considerando
que a prática docente no chão da sala deve ser alvo do debate na política do currículo, uma
vez que revela todo o processo de construção de uma educação baseada na problematização,
além de deixar evidentes os conflitos que se materializam na estrutura de poder formada pelos
diferentes sistemas de ensino. No caso do Sistema de Ensino Federal percebemos
contradições e ambiguidades que se materializam na implantação de um novo projeto de EJA,
que na sua essência mostra a necessidade de um amplo debate sobre um currículo que atenda
os reais anseios e desejos do aluno trabalhador.
No caso do Colégio Pedro II o Proeja foi implantado no ano de 2006 atendendo a
novas diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Educação que equiparou a instituição aos
Institutos Federais. Vale ressaltar que a incorporação dessa modalidade não foi discutida
amplamente com os departamentos pedagógicos e principalmente com os docentes que seriam
3
os responsáveis diretos pela implantação do projeto nos seus diferentes campi espalhados
pelos bairros da cidade do Rio de Janeiro.
A gestão colegiada propicia a construção de um ambiente organizacional que incentiva
os docentes a agirem pedagogicamente criando alternativas inovadoras, visando à qualidade
da educação básica melhorando o atendimento na modalidade jovens e adultos, além de criar
um espaço de discussão e pactuação para elaborar uma agenda de trabalho que articule o
Projeto Político Pedagógico da instituição e as diretrizes que norteiam uma educação
problematizadora, uma aprendizagem contextualizada e significativa. Essa compreensão
permite que a autonomia docente se materialize na prática curricular, a seleção de conteúdos a
partir de eixos temáticos e de elementos do cotidiano dos discentes que possam trazer uma
Geografia escolar articulada com uma educação emancipatória.
O presente trabalho é fruto dessa inquietação, a necessidade de não reproduzir no
Proeja o currículo do Ensino Médio Regular. Fazer da prática pedagógica uma ação política
na defesa do direito da escolarização de jovens e adultos com qualidade social, garantindo a
permanência e a articulação dos conteúdos com a realidade social.
Desenvolvimento
A Geografia, como sabemos, é a ciência que estuda o espaço geográfico no que
concerne à relação entre sociedade e natureza. Assim sendo, tanto o espaço produzido pelas
sociedades rurais e urbanas quanto o espaço natural superficial são objetos de estudo dessa
importante ciência, que articulam os seus métodos e suas abordagens em categorias de
análise, tais como a paisagem, o lugar, a região e o território. Nesse sentido, a execução do
trabalho de campo é de fundamental importância para a observação dos objetos analisados por
essa ciência, sendo também muito útil no ensino do conhecimento geográfico na Educação
dos Jovens e Adultos. Trata-se de uma ferramenta que permite verificar, confirmar ou falsear
dados e informações, além de também poder fornecer novas perspectivas para aquilo que se
pesquisa. É claro que, para uma melhor execução dessa metodologia, tanto para fins didáticos
de uma aula de campo quanto para fins de estudos acadêmicos ou científicos, é preciso que se
realize um planejamento articulando o conhecimento geográfico com a construção dos
conceitos.
O trabalho de campo acompanhou as transformações do sistema capitalista, atingindo a
Geografia até a contemporaneidade e, no entanto, apresenta-se como o principal ponto
comum entre os geógrafos. De acordo com Venturi (2011):
4
[...] o campo é onde a complexidade da realidade é revelada e
conduzida à compreensão do geógrafo, munido de seus principais
conceitos, como paisagem, espaço, região e lugar, por exemplo, os quais
materializam na realidade, dão sentido a ela e dela obtém sentido. É onde
as fronteiras acadêmicas das disciplinas deixam de fazer sentido e são
substituídas por inúmeras conexões entre os fatos observados, num
processo de reconstrução conceitual (2011, p.21).
O Espaço geográfico possui diversos elementos que contribuem para sua melhor
compreensão, e foi assim definido por Milton Santos, por possuir forma, função, estrutura e
processo. O espaço de certa forma é investigado por diversas ciências, porém é na geografia
que encontramos um maior acervo de livros e de informações mais convincentes sobre o
assunto.
As quatro definições: forma, função, estrutura e processo, não agem isoladamente,
todas elas possuem uma dinâmica e estabelecem articulações e arranjos espaciais. A pesquisa
foi direcionada para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, localizado na zona sul da cidade e
que apresenta uma intensa valorização do seu território devido às novas funções que foram
acrescentadas na organização espacial da região.
Sabemos que forma e função estão articuladas, de modo geral para alterar a função
altera-se a forma. Suas funções estão associadas ao elevado valor do solo urbano, já que a
estrutura desse espaço foi organizada para atender ao processo de ocupação humana e
econômica da cidade do Rio de Janeiro.
A proposta era estabelecer uma conexão entre o conhecimento construído no chão da
sala de aula com a organização e os problemas do espaço urbano na cidade Rio de Janeiro,
através da pesquisa científica e da análise das informações coletadas no campo. Os alunos do
Proeja/Ensino Médio do Colégio Pedro II Campus Engenho Novo II elaboraram durante as
aulas de Geografia no segundo semestre, um roteiro para ser utilizado no Projeto
Interdisciplinar Jardim Botânico no dia 17 de setembro de 2016. No planejamento e na
organização do trabalho foram realizadas várias atividades pedagógicas na sala de aula com
os alunos do terceiro ano reafirmando o compromisso com:
1- Uma educação geográfica problematizadora.
“Nas cidades é comum observarmos contrastes sociais e econômicos”. Na paisagem
do Jardim Botânico existem construções antigas e novas? As antigas estão conservadas? E as
formas? Quais as novas funções?
“Não encontraremos uma paisagem igual à outra”. Os elementos de uma paisagem
possibilitam identificar construções em diferentes momentos Históricos? Vamos identificar e
analisar o processo e a estrutura?
5
“A Real Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas deixou marcas no espaço
geográfico do Jardim Botânico”? Vamos pesquisar as transformações no espaço geográfico?
Figura 1 Figura 2
6
proporcionaram o interesse dos alunos do Proeja pela construção dos conceitos geográficos. A
realização do trabalho de campo é uma boa oportunidade para envolver os alunos num
trabalho que abrange várias áreas e disciplinas do currículo, garantindo a interdisciplinaridade
e a contextualização com um enfoque diferenciado e atual.
O trabalho no campo realizado com uma das etapas da pesquisa escolar possibilitou
aos alunos articular os conceitos científicos de forma, função, processo e estrutura com a
construção e reconstrução do espaço geográfico do Jardim Botânico. O levantamento e coleta
de dados, documentos, imagens e mapas permitiu investigar as transformações espaciais e os
novos arranjos do lugar. Os alunos descobriram que um marco do início do Jardim Botânico,
o Portal da antiga Fábrica de Pólvora, criada em 1808, ainda possui o brasão da Coroa
Portuguesa do Brasil-Colônia. Em 1831 sofreu uma grande explosão da qual somente
sobraram às ruínas de seus muros construídos com óleo de baleia. Hoje, o espaço abriga a
coleção de plantas medicinais, parque infantil, comércio e serviços.
Considerações Finais:
O trabalho foi apresentado pelos alunos da turma PA 301 como uma das atividades
de pesquisa do Projeto Interdisciplinar Jardim Botânico realizado nos dias 09 e 10 de
novembro de 2016 no Campus Engenho Novo II para toda a comunidade escolar.
7
conhecimento. Tornar o aluno (a) protagonista do processo ensino-aprendizagem,
relacionando o cotidiano da sala de aula com outras linguagens: filme, música e poesia.
Delimitar o espaço geográfico do Jardim Botânico na cidade do Rio de Janeiro como
campo de pesquisa, o trabalho de campo como uma ferramenta de trabalho que permite
estabelecer novas conexões entre o conteúdo teórico e a prática são indicadores de um
currículo comprometido com a autonomia docente e pela luta para se construir uma educação
geográfica comprometida com prática da liberdade e da emancipação política.
Referências
SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, 1981.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Para onde vai o ensino da Geografia? São Paulo:
Contexto, 1995.
RESENDE, Márcia M. Spyer. A Geografia do Aluno Trabalhador. São Paulo: Loyola, 1986.
BRASIL, Ministério da Educação. Projeto Político Pedagógico do Colégio Pedro II:
MEC/SEB/Colégio Pedro II, 2000.
ARROYO, Miguel. Currículo, territórios em disputa. 2. Ed. Petrópolis:Vozes, 2011.
SERRA, Enio. Educação Geográfica de jovens e adultos trabalhadores: Concepções, políticas
e propostas curriculares. Tese (Doutorado em Educação). Niterói: Universidade Federal
Fluminense, 2008.
VENTURI, Luis Antonio Bittar (Org.) Praticando a geografia: técnicas de campo e
laboratório e geografia e análise ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2009. VENTURI,
Luis Antonio Bittar (Org.) Praticando a geografia: técnicas de campo e laboratório e geografia
e análise ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2009.
8
O TRABALHO DE CAMPO NO PROEJA: A GEOGRAFIA ESCOLAR
NO COLÉGIO PEDRO II / MEC.
Sala 3
Resumo: O Colégio Pedro II, fundado em dois de dezembro de 1837, constitui-se hoje é um órgão vinculado ao
MEC. À incorporação da modalidade de ensino PROEJA abre possibilidades para discutir o currículo da
instituição. Os saberes e fazeres de uma pratica educativa interdisciplinar e contextualizada está relacionada
com uma ação política na defesa do direito da escolarização de jovens e adultos, resgatando a articulação dos
conteúdos com a realidade social e construindo uma educação transformadora.
Abstract: The Pedro II School, founded on December 2, 1837, it is now a body linked to the MEC. In the
incorporation of teaching mode PROEJA opens possibilities to discuss the curriculum of the institution. The
knowledge and practices of an interdisciplinary and contextualized educational practice is related to political
action in defense of the right of youth and adult education, rescuing the articulation of contents with social
reality and building a transformative education.
1
Professor do Ensino Médio Integrado na Modalidade Jovens e Adultos do Colégio Pedro II / Campus Engenho
Novo II - Rio de Janeiro (RJ). E-mail: [email protected]
Seminário de São Joaquim que recebeu o nome de COLÉGIO PEDRO II, em homenagem ao
Imperador-menino, no dia de seu aniversário – 2 de dezembro”.
Inaugurado com a presença do Imperador, das Princesas, suas irmãs, de todo o
Ministério, do Regente e de outros dignitários do Império, o Colégio foi organizado segundo
os padrões educacionais europeus, espelhando-se do Collège Henri IV, de Paris. O Imperial
Colégio Pedro II foi criado para servir de modelo às “aulas avulsas” e a outros
estabelecimentos de ensino do Município da Corte e das Províncias.
O Colégio foi dividido, em 1857, em duas seções: Externato e Internato. A criação do
Internato teve como objetivo ampliar o número de vagas do Colégio, contribuindo para a
necessária formação cultural dos representantes das elites regionais. E acrescenta o Professor
Aluísio Jorge do Rio Barbosa: “Em 1858, o Internato começou a funcionar na Chácara do
Engenho Velho, na Rua São Francisco Xavier, próximo ao Largo da Segunda-Feira, na
Tijuca”. De lá, em 1888, transferiu-se para o Campo de São Cristóvão, onde se encontram,
hoje, as Modernas instalações da Reitoria e os Campi de São Cristóvão I, II e III. As antigas
instalações de Internato foram destruídas por um incêndio em 1961.
Com a Proclamação da República, em 1889, o Colégio teve seu nome mudado. Passou
a denominar-se Instituto Nacional de Instrução Secundária, e, posteriormente, Ginásio
Nacional. “Em 1911, voltou a ter seu glorioso nome de origem - COLÉGIO PEDRO II.”
Introdução
O Colégio Pedro II, fundado em 2 de dezembro de 1837, localizado no Rio de Janeiro,
constitui-se hoje é um órgão vinculado ao Ministério da Educação, cuja missão é ministrar
ensino público e gratuito na educação infantil, no ensino fundamental anos iniciais, no ensino
fundamental anos finais, no ensino médio regular, no ensino médio integrado regular, no
ensino médio integrado na modalidade jovens e adulto (Proeja) e recentemente com a pós-
graduação orientando programas de mestrado profissional em educação.
Ao longo das últimas duas décadas estão sendo realizadas as adaptações curriculares no
ensino e na aprendizagem através dos colegiados realizados pelos diferentes departamentos
que são os responsáveis pela sistematização da discussão política e pedagógica com ampla
participação dos docentes. Essas mudanças são percebidas, em nível de organização de
conteúdos relacionados com as transformações do mundo da técnica, da ciência da
informação e de orientações teóricas e metodológicas, que permitem identificar essas
adaptações e de outros indicadores acadêmicos que continuam influenciando na construção da
Geografia Escolar da instituição.
2
A análise histórica de construção de um currículo revela os caminhos seguidos por um
grupo social ou uma instituição na formação ou intenção formadora de seus sujeitos/atores no
campo social. Conhecendo os caminhos percorridos pelas instituições podemos traçar o perfil
esperado por elas e suas pretensões de intervenção na sociedade. Nessa linha, delineia-se a
importância de conhecermos as tensões geradas nessa passagem de tempo, dentro dos Campi
do Colégio Pedro II, precisamente no ensino da Geografia Escolar numa instituição da Rede
de Ensino Federal, objetivando que essa análise possa contribuir para uma generalização no
trato com as situações de conflito que estão presentes no cotidiano. A ação docente na sala de
aula é um elemento de análise para se pensar o currículo. E utilizando as palavras de Arroio
para ampliar e aprofundar o debate, “é dever dos docentes abrir os currículos para enriquecê-
los com novos conhecimentos e garantir o seu próprio direito e dos alunos à rica, atualizada e
diversa produção de conhecimentos e de leituras e significados.” (Arroyo, 2011, p.37).
Com a implantação do Ensino Médio Integrado na modalidade Jovens e adultos a
instituição está vivendo um momento de inquietação, já que o currículo tradicional não atende
ao novo grupo de discentes formado por jovens e adultos trabalhadores oriundos das casses
populares e com um histórico de abandono do espaço escolar ao longo da sua trajetória de
vida. Penso que é necessário garantir o direito à escolarização de jovens e adultos e de tomar
como função social da instituição a garantia desse direito. Portanto é necessário construir um
currículo vivo e vivido com uma organização dialógica, com base na práxis-teoria-práxis,
num processo indutivo que torna nossos educandos sujeitos do processo ensino aprendizagem.
Para Arroyo (2011) estamos vivendo uma retomada conservadora que reafirma a
missão docente de transmitir conteúdos sem significados, tornando a Geografia escolar
distante da realidade social, além de desvalorizar ou ignorar o saber do aluno trabalhador.
Considerando que a prática docente no chão da sala deve ser alvo do debate na política do
currículo, uma vez que revela todo o processo de construção de uma educação baseada na
problematização, além de deixar evidentes os conflitos que se materializam na estrutura de
poder formada pelos diferentes sistemas de ensino. No caso do Sistema de Ensino Federal
percebemos contradições e ambiguidades que se materializam na implantação de um novo
projeto de EJA, que na sua essência mostra a necessidade de um amplo debate sobre um
currículo que atenda os reais anseios e desejos do aluno trabalhador.
No caso do Colégio Pedro II o Proeja foi implantado no ano de 2006 atendendo a
novas diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Educação que equiparou a instituição aos
Institutos Federais. Vale ressaltar que a incorporação dessa modalidade não foi discutida
amplamente com os departamentos pedagógicos e principalmente com os docentes que seriam
3
os responsáveis diretos pela implantação do projeto nos seus diferentes campi espalhados
pelos bairros da cidade do Rio de Janeiro.
A gestão colegiada propicia a construção de um ambiente organizacional que incentiva
os docentes a agirem pedagogicamente criando alternativas inovadoras, visando à qualidade
da educação básica melhorando o atendimento na modalidade jovens e adultos, além de criar
um espaço de discussão e pactuação para elaborar uma agenda de trabalho que articule o
Projeto Político Pedagógico da instituição e as diretrizes que norteiam uma educação
problematizadora, uma aprendizagem contextualizada e significativa. Essa compreensão
permite que a autonomia docente se materialize na prática curricular, a seleção de conteúdos a
partir de eixos temáticos e de elementos do cotidiano dos discentes que possam trazer uma
Geografia escolar articulada com uma educação emancipatória.
O presente trabalho é fruto dessa inquietação, a necessidade de não reproduzir no
Proeja o currículo do Ensino Médio Regular. Fazer da prática pedagógica uma ação política
na defesa do direito da escolarização de jovens e adultos com qualidade social, garantindo a
permanência e a articulação dos conteúdos com a realidade social.
Desenvolvimento
A Geografia, como sabemos, é a ciência que estuda o espaço geográfico no que
concerne à relação entre sociedade e natureza. Assim sendo, tanto o espaço produzido pelas
sociedades rurais e urbanas quanto o espaço natural superficial são objetos de estudo dessa
importante ciência, que articulam os seus métodos e suas abordagens em categorias de
análise, tais como a paisagem, o lugar, a região e o território. Nesse sentido, a execução do
trabalho de campo é de fundamental importância para a observação dos objetos analisados por
essa ciência, sendo também muito útil no ensino do conhecimento geográfico na Educação
dos Jovens e Adultos. Trata-se de uma ferramenta que permite verificar, confirmar ou falsear
dados e informações, além de também poder fornecer novas perspectivas para aquilo que se
pesquisa. É claro que, para uma melhor execução dessa metodologia, tanto para fins didáticos
de uma aula de campo quanto para fins de estudos acadêmicos ou científicos, é preciso que se
realize um planejamento articulando o conhecimento geográfico com a construção dos
conceitos.
O trabalho de campo acompanhou as transformações do sistema capitalista, atingindo a
Geografia até a contemporaneidade e, no entanto, apresenta-se como o principal ponto
comum entre os geógrafos. De acordo com Venturi (2011):
4
[...] o campo é onde a complexidade da realidade é revelada e
conduzida à compreensão do geógrafo, munido de seus principais
conceitos, como paisagem, espaço, região e lugar, por exemplo, os quais
materializam na realidade, dão sentido a ela e dela obtém sentido. É onde
as fronteiras acadêmicas das disciplinas deixam de fazer sentido e são
substituídas por inúmeras conexões entre os fatos observados, num
processo de reconstrução conceitual (2011, p.21).
O Espaço geográfico possui diversos elementos que contribuem para sua melhor
compreensão, e foi assim definido por Milton Santos, por possuir forma, função, estrutura e
processo. O espaço de certa forma é investigado por diversas ciências, porém é na geografia
que encontramos um maior acervo de livros e de informações mais convincentes sobre o
assunto.
As quatro definições: forma, função, estrutura e processo, não agem isoladamente,
todas elas possuem uma dinâmica e estabelecem articulações e arranjos espaciais. A pesquisa
foi direcionada para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, localizado na zona sul da cidade e
que apresenta uma intensa valorização do seu território devido às novas funções que foram
acrescentadas na organização espacial da região.
Sabemos que forma e função estão articuladas, de modo geral para alterar a função
altera-se a forma. Suas funções estão associadas ao elevado valor do solo urbano, já que a
estrutura desse espaço foi organizada para atender ao processo de ocupação humana e
econômica da cidade do Rio de Janeiro.
A proposta era estabelecer uma conexão entre o conhecimento construído no chão da
sala de aula com a organização e os problemas do espaço urbano na cidade Rio de Janeiro,
através da pesquisa científica e da análise das informações coletadas no campo. Os alunos do
Proeja/Ensino Médio do Colégio Pedro II Campus Engenho Novo II elaboraram durante as
aulas de Geografia no segundo semestre, um roteiro para ser utilizado no Projeto
Interdisciplinar Jardim Botânico no dia 17 de setembro de 2016. No planejamento e na
organização do trabalho foram realizadas várias atividades pedagógicas na sala de aula com
os alunos do terceiro ano reafirmando o compromisso com:
5
“Não encontraremos uma paisagem igual à outra”. Os elementos de uma paisagem
possibilitam identificar construções em diferentes momentos Históricos? Vamos identificar e
analisar o processo e a estrutura?
“A Real Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas deixou marcas no espaço
geográfico do Jardim Botânico”? Vamos pesquisar as transformações no espaço geográfico?
Figura 1 Figura 2
Novas funções e outras formas na
paisagem.
6
da cultura. Vale ressaltar que no seu cotidiano movimenta recursos materiais, humanos e
científicos que estão presentes na organização espacial da cidade do Rio de Janeiro.
Por ser um lugar de grande visibilidade na zona sul carioca, é fácil conseguir dados e
informações que podem ser aproveitados por professores e alunos como fontes de pesquisa e
projetos que ajudam a ampliar o repertório dos estudantes por meio de atividades que
proporcionaram o interesse dos alunos do Proeja pela construção dos conceitos geográficos. A
realização do trabalho de campo é uma boa oportunidade para envolver os alunos num
trabalho que abrange várias áreas e disciplinas do currículo, garantindo a interdisciplinaridade
e a contextualização com um enfoque diferenciado e atual.
O trabalho no campo realizado com uma das etapas da pesquisa escolar possibilitou
aos alunos articular os conceitos científicos de forma, função, processo e estrutura com a
construção e reconstrução do espaço geográfico do Jardim Botânico. O levantamento e coleta
de dados, documentos, imagens e mapas permitiu investigar as transformações espaciais e os
novos arranjos do lugar. Os alunos descobriram que um marco do início do Jardim Botânico,
o Portal da antiga Fábrica de Pólvora, criada em 1808, ainda possui o brasão da Coroa
Portuguesa do Brasil-Colônia. Em 1831 sofreu uma grande explosão da qual somente
sobraram às ruínas de seus muros construídos com óleo de baleia. Hoje, o espaço abriga a
coleção de plantas medicinais, parque infantil, comércio e serviços.
Considerações Finais
O trabalho foi apresentado pelos alunos da turma PA 301 como uma das atividades
de pesquisa do Projeto Interdisciplinar Jardim Botânico realizado nos dias 09 e 10 de
novembro de 2016 no Campus Engenho Novo II para toda a comunidade escolar.
7
A partir dos relatos percebeu-se que ensinar e aprender Geografia através de
trabalhos de campo é uma prática que proporciona o contato com a realidade de forma mais
atrativa, no sentido de possibilitar a observação direta dos fenômenos ambientais e culturais,
por meio da investigação científica, contemplação e também de lazer.
O estudo dos conceitos geográficos e a pesquisa escolar na educação básica na
modalidade jovens e adultos criaram novos caminhos para sistematizar os conteúdos da
Geografia Escolar com a valorização do trabalho de campo no processo de construção do
conhecimento. Tornar o aluno (a) protagonista do processo ensino-aprendizagem,
relacionando o cotidiano da sala de aula com outras linguagens: filme, música e poesia.
Delimitar o espaço geográfico do Jardim Botânico na cidade do Rio de Janeiro como
campo de pesquisa, o trabalho de campo como uma ferramenta de trabalho que permite
estabelecer novas conexões entre o conteúdo teórico e a prática são indicadores de um
currículo comprometido com a autonomia docente e pela luta para se construir uma educação
geográfica comprometida com prática da liberdade e da emancipação política.
REFERÊNCIAS
SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, 1981.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Para onde vai o ensino da Geografia? São Paulo:
Contexto, 1995.
RESENDE, Márcia M. Spyer. A Geografia do Aluno Trabalhador. São Paulo: Loyola,
1986.
BRASIL, Ministério da Educação. Projeto Político Pedagógico do Colégio Pedro II:
MEC/SEB/Colégio Pedro II, 2000.
ARROYO, Miguel. Currículo, territórios em disputa. 2. Ed. Petrópolis:Vozes, 2011.
SERRA, Enio. Educação Geográfica de jovens e adultos trabalhadores: Concepções,
políticas e propostas curriculares. Tese (Doutorado em Educação). Niterói: Universidade
Federal Fluminense, 2008.
VENTURI, Luis Antonio Bittar (Org.) Praticando a geografia: técnicas de campo e
laboratório e geografia e análise ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2009. VENTURI,
Luis Antonio Bittar (Org.) Praticando a geografia: técnicas de campo e laboratório e geografia
e análise ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2009.
8
O USO DAS REDES SOCIAIS PARA A VEICULAÇÃO DA CULTURA LGBT
Marcos Irondes Coelho de Oliveira1
José Damião Trindade Rocha2
Sala 8
Resumo: O presente trabalho tem como propósito apresentar resultados parciais da pesquisa desenvolvida no
âmbito do projeto (Des)Fazendo Gênero: educando para a diversidade cultural, sexual e de gênero na
universidade, da Universidade Federal do Tocantins (UFT). As redes sociais são inerentes aos seres humanos.
Desde os primórdios os homens e mulheres estabelecem relações ente si, com a internet essas relações
transcenderam do mundo físico, para o um mundo virtual, surgindo assim as redes sociais digitais, com
capacidade de registrar e salvar em nuvem tudo que é veiculado por seus usuários, em forma de textos, imagens,
vídeos, áudios, etc., sem perigo de serem pedidas de suas memórias. Vivemos hoje em uma sociedade em rede,
em que as novas tecnologias da informação integram o mundo numa grande teia, neste contexto a internet e em
especial as redes sociais torna-se um instrumento de visibilidade do movimento de Lésbicas, Gays, Travestis e
Transexuais (LGBT). Tem por objetivo contribuir para o aprofundamento do debate acerca do uso das redes
sociais digitais como mecanismo de visibilidade do movimento LGBT brasileiro. Trata-se de uma análise com
base no método dedutivo, com a utilização da pesquisa bibliográfico e documental. Com este estudo ficou
evidenciado que o uso das redes sociais digitais como mecanismos de veiculação da cultura LGBT contribuem,
sobremaneira, para a conquista de direitos sociais e civis, bem como para as discussões acerca das identidades
sexuais.
Introdução
Vivemos hoje no que Castells (1999) denomina de Sociedade em Rede, onde as
novas tecnologias da informação integram o mundo numa grande teia. Neste contexto as redes
sociais digitais tornam-se um significativo espaço para a veiculação da cultura de Lésbicas,
Gays, Travestis e Transexuais (LGBT).
A discussão deste tema surge da seguinte questão: como as redes sociais digitais
podem contribuir para a visibilidade do movimento e da cultura LGBT no Brasil?
Na busca de respostas para esta questão, propomos esta investigação que é
desenvolvida no interior do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), da
Universidade Federal do Tocantins (UFT) e tem objetivo contribuir para o aprofundamento do
debate acerca do uso das redes sociais digitais como mecanismo de visibilidade do
movimento LGBT brasileiro.
Importa destacar que este trabalho é uma análise com base no método dedutivo,
com a utilização da pesquisa bibliográfico e documental. A pesquisa se dá a partir de escritos
1
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Tocantins. E-mail:
[email protected].
2
Doutor em Educação pela UFBA e docente do Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade
Federal do Tocantins. E-mail: damiã[email protected].
de pesquisadores do assunto e dos sites, a saber: o Orkut, já desativado e o Facebook, que se
tornou a maior rede social digital do mundo.
Com este estudo ficou evidenciado que o uso das redes sociais digitais como
mecanismos de veiculação da cultura LGBT contribuem, sobremaneira, para a conquista de
direitos sociais e civis, bem como para as discussões acerca das identidades sexuais.
Procedimentos Metodológicos
Tendo em vista o interesse de buscar respostas ao problema apresentado neste
trabalho, optou-se por realizar uma pesquisa documental e bibliográfica, construída numa
abordagem qualitativa.
Segundo Marconi e Lakatos (2005) a pesquisa documental caracteriza-se por
uma coleta de dados restrita a documentos, sejam eles escritos ou não, os quais são
denominados de fontes primárias.
Ainda de acordo com Marconi e Lakatos (2005, p. 185)
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a bibliografia já
tornada pública em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas, boletins,
jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc.,
até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais:
filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com
tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive
conferências seguidas de debates que tenham sido transcritas por alguma forma,
quer publicadas, quer gravadas.
Na definição de Franco (2012, p. 117) redes sociais são como “um processo de
socialização, algum tipo de interação coletiva e social, presencial ou virtual, que pressupõe a
partilha de informações, conhecimentos, desejos e interesses”.
Lorenzo (2013, p. 20) escreve que a “rede social é uma das formas de
representação dos relacionamentos afetivos ou profissionais dos seres entre si, em forma de
rede ou comunidade. Ela pode ser responsável pelo compartilhamento de ideias, informações
e interesses”. Este mesmo autor ressalta, ainda, que as redes sociais no uso da internet,
constituem relações interpessoais mediadas por computadores, isso ocorre por meio da
interação social na busca da comunicação.
Ainda de acordo com Lorenzo (2013) as redes sociais possibilitam a ampliação
das conexões que já dispomos, para além dos nossos relacionamentos presenciais, uma vez
que por meio delas é possível saber quem são os amigos de nossos amigos e quais amigos
temos em comum, tudo isso torna nossas redes sociais digitais mais amplas e diversas,
especialmente se compararmos com nossas redes presenciais.
Na definição de Christakis e Fowler (2010, p. 9) “rede social é um conjunto
organizado de pessoas que consiste em dois tipos de elementos: seres humanos e as conexões
entre eles". Tais conexões surgem pelos mais variados motivos, por uma necessidade do
trabalho, pela busca por relacionamentos afetivos, ou por pura diversão, etc.
A partir das contribuições dos autores é possível inferir que rede social é uma
estrutura social composta de relações afetivas ou profissionais de pessoas ou organizações que
se conectam entre si. Neste processo as relações sociais são potencializadas contribuindo para
a visibilidade nas redes, das diversas culturas e dos diversos sujeitos.
3
Ciberespaço é um termo inventado por William Gibson, no seu romance de ficção científica Neuromante, de
1984. O termo utilizado para designar o universo das redes digitais, descrito como campo de batalha entre as
multinacionais (LEVY, 1999).
Fonte: <https://orkut.google.com/c65754-f.html> Acesso em: 6 fev. 2017.
O mesmo autor reforça o quanto é simples fazer parte dessas redes online, basta
preencher alguns campos e pronto, o usuário já pode lançar-se em busca de outro.
Outra importante rede social, inclusive já mencionada neste texto é o Facebook,
fundado por Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin, Dustin Moskovitz e Chris Hughes e lançado,
também, em 2004, tornou em 2012 a maior rede social digital do mundo ao atingir 1 bilhão de
usuários. O Facebook expressa que sua missão “é dar às pessoas o poder de compartilhar
informações e fazer do mundo um lugar mais aberto e conectado”, disponível em: <pt-
br.facebook.com> acesso em 6 fev. 2017.
Para Santinello e Versuti (2014, p. 185) o Facebook é uma “[...] rede social
caracterizado como um dos meios mais utilizados para a disseminação de informações, que
vão desde o entretenimento à comunicação [...]” tendo tornado-se, também, extremamente
eficaz para a articulação social e política, devido a maneira em que determinadas questões
repercutem nessa rede.
Os grupos LGBT se multiplicam no Facebook, o número de membros em alguns
desses grupos não chegam de duzentos, mais em outros passam de oitenta mil participantes,
como é o caso do grupo LGBT Brasil, que em 2016 sofreu ataque de hackers que alteram o
nome da comunidade e atacaram de maneira ofensiva e preconceituosa os seus membros. Este
caso demonstra o quanto o movimento LGBT ainda sofre com o ódio, mas também o quanto
tem se tornado visível aos olhos da sociedade.
Outro caso de repercussão foi a decisão polêmica do Facebook de alterar, em
2014, sua política de privacidade, determinando que todos os seus membros passassem a usar
sues nomes reais na rede, aquele descrito nas carteiras de identidade, isso causou profundo
descontentamento entre as drag e travestis que não poderiam mais usar seus nomes sociais,
tendo inclusive seus perfis apagados, por estarem usando um nome falso. Situações assim
aconteceram nos Estados Unidos e no Brasil, como é o caso da atriz trans Nany People, que
deixou a rede após a exigência de ter que usar o nome de Jorge Demétrio Cunha Santos, como
consta em sua identidade. Houve a partir daí uma movimentação para que o Facebook revisse
sua política de privacidade.
Casos como estes demonstram que mesmo sendo o Facebook um importante
mecanismo de veiculação do movimento LGBT, também ele produz situações pesam contra
esse movimento, situações estas que precisam ser prontamente combatidas.
Considerações finais
A internet tem se tornado cada vez mais utilizada pelos grupos do movimento
LGBT para dar voz a luta por visibilidade e conquista de direitos.
Costa e Silva Júnior (2015) apontam que a mídia tem trazido uma linguagem que
adota termos que são próprios do público LGBT, criando neologismos e subvertendo
palavras, construindo com isso um dicionário irreverente e específico que contribuem para a
promoção de uma cultura gay disseminada por meio da internet, especialmente por meio das
redes sociais.
Têm sido cada vez mais comum que os grupos do movimento LGBT
incorporarem em suas ações o uso das tecnologias digitais e neste caso específico, as redes
sociais, a fim de mobilizarem a sociedade em geral para que respeitem e reconheçam esses
grupos vistos como minoritários, como sujeitos de direito.
Referências
CASTELLS, Manoel. A sociedade em rede. 11 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
COSTA , Milane do Nascimento; SILVA JÚNIOR, Claudio Gomes. “Que Bicha É Essa?”
Uma Análise da Cultura Gay na Internet: Comportamentos, Subjetividades e Linguagens. In:
Anais do V Reunião Equatorial de Antropologia, XIV Reunião de Antropólogos do Norte e
Nordeste, Maceió: UFAL, p. 1-13, 2015.
LEVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed.34, 1999.
LORENZO, Eder Maria. A utilização das redes sociais na educação. 3 ed. Rio de Janeiro:
Clube de Autores, 2013.
ROCHA, Damião. No corpo whey protein de falsos heteros as gays “barbies” rechaçam o
corpo feminil das gays “pintosas” passivas. In: Artefactum, ano VIII, n. 02, p. 1-13, 2016.
VERMELHO, Sônia Cristina. et al. Refletindo sobre as redes sociais digitais. In: Educação e
Sociedade, Campinas, v. 35, n. 126, jan. a mar., p. 179-196, 2014. Disponível em
<http://www.cedes.unicamp.br> Acesso em: 7 fev. 2017.
O XADREZ COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA COMPLEMENTAR NO
PROCESSO DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Resumo: O relato de experiência educativa, "O Xadrez como Ferramenta Pedagógica Complementar no
Processo de Ensino na Educação Básica", em tese, diversos aspectos essenciais à formação plena do educando,
visando propiciar um desenvolvimento mental e social do estudante. Desenvolvida na Escola de Ensino
Fundamental e Médio Colégio Sagrado Coração de Jesus-CSCJ, nas turmas do 5º ao 9º ano do ensino
fundamental e 1º ao 3º ano do ensino médio, de janeiro à junho de 2016, buscou-se investigar de que maneira o
xadrez pode auxiliar no desenvolvimento do raciocínio lógico, na capacidade de análise, síntese e resolução de
problemas, da abstração e objetividade do autocontrole e da autocrítica nos discentes. O que mais deve ser
salientado é o quanto o projeto, a interdisciplinaridade visa à integração de alunos, professores e funcionários do
Colégio Sagrado Coração de Jesus e serão desenvolvidas com base nas disciplinas mais complexas: Matemática,
Física e Química, abordando temas transversais de muita importância para o convívio e o desenvolvimento de
alunos, professores e funcionários da escola, como: o social, o respeito, o preconceito, entre outros. Em sua
execução se revelou uma ferramenta de interação, formação e efetivo aprendizado dos mesmos. Assim, deve-se
propagar que o ensino do xadrez é importante para que se possa estabelecer um aprendizado que tenha sua
origem no simples, ao mesmo tempo em que no raciocínio logicamente estabelecido.
Introdução
O xadrez é um facilitador no processo de aprendizagem do aluno, instrumento bastante
eficaz no desenvolvimento da capacidade de pensar, cooperar, na tomada de decisões,
colaborando para trabalhar os bloqueios que apresentam em relação às diversas disciplinas,
especialmente a matemática. Há mais de dois séculos, o alemão Johann Wolfgang Goethe
(1749-1832) definiu o xadrez como sendo um “excelente exercício mental” e desde então,
vários estudos têm se ocupado em investigar a relação existente entre este jogo e o
1
Mestrando Profissional em Educação - Aluno Especial UFT (2016), Aperfeiçoamento em Ensino de Física
UCAM (2015), Graduado em Licenciatura em Química UFT (2016). Universidade Federal Tocantins-UFT. E-
mail: [email protected].
2
Mestranda Profissional em Educação - Aluna Especial UFT (2016), Especialista em Educação do Campo e
Movimento Social do Tocantins UFT (2011), em Gestão Municipal pela UFT (2015), Graduada em Normal
Superior pela Unitins (2004). Universidade Federal Tocantins-UFT. E-mail: [email protected].
3
Mestranda Profissional em Educação, na linha de pesquisa: Gestão, Organização e Avaliação da Sala de Aula,
Especialista em Educação Infantil UFT (2016), Graduada em Pedagogia UFT (2007), orientada da Professora
Drª. Vânia Maria de Araújo Passos. Universidade Federal Tocantins-UFT. E-mail: [email protected].
desenvolvimento da inteligência humana. Pelo fato da existência da natureza lúdica do
homem, criou-se e desenvolveram-se diversos jogos que se assemelham aos aspectos da
realidade social.
Dentre todos os jogos, o xadrez tem certo prestígio por ser um jogo voltado para o
desenvolvimento do raciocínio lógico, concentração e atenção (REZENDE, 2005). Segundo
Dauverget (2000) “[...] o xadrez é uma das ferramentas educacionais mais poderosas para
fortalecer a mente das crianças”, assim como, acredita-se dos adolescentes. Santos (2007, p.
3.), defensor do ensino de xadrez nas escolas, cita um trecho de Wilson da Silva4 que diz ser o
jogo de xadrez merecedor de crédito porque “ensina as crianças o mais importante na solução
de um problema, que é saber olhar e entender a realidade que se apresenta [...]". Estudos
citados por Ferguson (1995) sobre o jogo de xadrez no âmbito escolar relatam o jogo de
xadrez no desenvolvimento de aptidões, conceitos, raciocínio, desenvolvimento cognitivo e
outros.
Dentro deste contexto, tem-se a implantação do jogo de xadrez como uma atividade de
suma importância para o treinamento do raciocínio lógico. O mesmo, Dauverget (2000),
defende que as crianças podem aumentar a concentração, a paciência e a perseverança, bem
como, desenvolver a criatividade, intuição, memória e a habilidade de analisar e deduzir, dado
um conjunto de princípios gerais aprendendo a tomar decisões e resolver problemas de forma
mais flexível. Com os jogos de Xadrez, os discentes adquirem uma visão mais aprofundada
do meio em que vivem, tem noção de socialização, lealdade, espírito crítico, competitividade
e descobrem-se com um ser diferente do outro.
O Xadrez pode também contribuir no desenvolvimento da inteligência lógico
matemático, que é a habilidade de explorar relações, padrões e categorias, através de
manipulação de objetos e símbolos, e para experimentar de forma controlada, a habilidade
para lidar com séries de raciocínios para resolver problemas. (GARDNER, 1994, p. 117). O
projeto que procurou a simplicidade, associada ao antigo princípio conhecido como “Navalha
de Occam5”, que juntas proporcionam um valor importante no xadrez, pois são duas
tendências com os mesmos objetivos, pois, quanto maiores forem os condicionantes
4
Mestre em Educação pela UFPR e doutorando também em Educação pela UNICAMP.
5
O filósofo inglês William de Occam (1285-1347) não foi o primeiro a pregar isso: Aristóteles já fazia o mesmo
no século 4 a.C. Mas foi o nome de Occam que “colou”, por causa do frequente uso que ele fazia do argumento
em debates filosóficos. Já o termo “navalha” ou “lâmina” é uma metáfora que surgiu muito depois dele: sugere
que, com o uso da parcimônia, a hipótese mais complicada é “cortada”.
existentes, mais improvável será o desenrolar imaginado para os próximos lances de uma
partida.
A Navalha de Ockham da maneira como foi popularizada pela ciência (um tanto
diversa da sua formulação original) diz que entre duas teorias que explicam
igualmente os mesmos fatos, a mais simples é a correta. Em outras palavras, se uma
explicação simples basta, não há necessidade de buscar outra mais complicada. A
Navalha também é conhecida por "Princípio da Economia". (LEITE JUNIOR, 2007,
p. 32)
O xadrez vem a enriquecer não só nível cultural do indivíduo, mas também várias
outras capacidades como a memória, a agilidade no pensamento, a segurança na
tomada de decisões, o aprendizado na vitória e na derrota, a capacidade de
concentração, entre outros.
Segundo Vygotsky (1933), embora no jogo de xadrez não haja uma substituição direta
das relações da vida real, ele é, sem dúvida, um tipo de situação imaginária. Pode-se dizer
que, conforme propõe este grande psicólogo, através da aprendizagem do xadrez, a criança
elaboraria habilidades e conhecimentos socialmente disponíveis, passando a internalizá-los,
propiciando a ela um comportamento além do habitual de sua idade.
Como enfatiza Goulart (2005), é na idade escolar que a criança necessita agrupar-se
para praticar várias atividades, sendo o jogo uma delas. Sabe-se que o jogo é um instrumento
altamente didático e muitos estudos discutem sua utilização na educação. Porém, o xadrez, em
especial, poderia ser trabalhado não só como um suporte pedagógico, mas como uma
disciplina regular e posta no currículo escolar de base comum. Isto porque, normalmente ele é
vinculado a atividades opcionais e extracurriculares, mas, se eles proporcionam tantas
competências, por que não adequar esse jogo e torná-lo parte integrante do currículo? Como
dissemos anteriormente, desde a educação infantil, sua prática deve ser estimulada.
Julião (2009), salienta que nesta busca por melhorias, o ensino de xadrez, incorporado
como disciplina regular, de modo sistemático surge como uma ótima opção, unindo o espírito
inovador das instituições educacionais e a forte imagem de intelectualidade que esse esporte
arte oferece. Para ele, a escola que adotar esta ideia estará, com certeza, acrescentando em sua
instituição um diferencial, exercendo amplamente seu papel na sociedade e fazendo jus à sua
função básica: formar cidadãos, numa clara demonstração de responsabilidade educacional
com qualidade.
Pimenta (2008), aborda esse assunto e ressalta ser do conhecimento de todos, que o
xadrez vem a enriquecer não só o nível cultural dos indivíduos, mas também várias outras
capacidades apontadas, e uma outra, não menos essencial para o convívio social, o
aprendizado na vitória e na derrota, salientando que,
6
MEC - Ministério da Educação - Secretaria de Educação Fundamental - PCN’s: Parâmetros Curriculares
Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1996.
competição, só o fato de imaginar as possíveis posições das peças, isto já traz para o cérebro
humano, o desenvolvimento das capacidades visuais e espaciais.
Procedimentos Metodológicos
A metodologia utilizada em sala de aula será baseada em aulas teóricas, que serão de
caráter expositivo-participativo, e aulas práticas, utilizando materiais concretos. O projeto "o
xadrez como ferramenta pedagógica complementar no processo de ensino na educação
básica", aconteceu na escola, obedecendo basicamente duas etapas diretamente ligadas aos
alunos, sendo que, a realização das duas foi fundamental para alcançar os objetivos propostos,
assim como, para que se tornasse possível desenvolver nos alunos, o aprendizado total e gosto
pelo xadrez.
A utilização do computador favoreceu a motivação dos alunos com a projeção de
slides, tanto nas explicações como em exercícios e jogos. Foram utilizados recursos materiais
que possibilitaram a realização deste projeto, sendo estes: 30 Tabuleiros, 30 Jogos de peças,
01 Mural didático Xadrez, 10 Relógios, 01 Notebook, 01 Datashow, 30 Mesas (servirão como
apoio e futuramente como tabuleiros); 60 Cadeiras (servirão para o acento de cada
enxadrista). Contou-se com a participação de 60 alunos do Ensino Fundamental e Médio, no
Colégio Sagrado Coração de Jesus-CSCJ.
A ação deve obedecer a uma sequência, para que os resultados sejam eficientes. A
sequência utilizada será a seguinte:
a) aquisição do material para aplicação do projeto, tabuleiros e peças, assim como, um
mural didático de xadrez pela escola ou por parceiros que doem ou emprestem o material para
implantação do projeto;
b) selecionar os educandos ou turmas a serem atendidos pelo projeto, dando
preferência para os das séries inicias e deixando opcional a participação dos educandos;
c) ensinar através de projeção de imagens um pouco sobre a história e evolução do
xadrez, assim como, os primeiros passos e movimentos das peças;
d) inserir o tabuleiro e as peças gradualmente, para que os educandos vão
reconhecendo os movimentos de cada peça, com jogos específicos utilizando, para que desta
forma possam ser gravados os movimentos específicos de cada uma;
e) ensinar as regras do xadrez e estratégias;
f) fazer competições internas, dentro da escola, e inseri-los em competições externas,
promovendo torneios abertos na escola, e levando os educandos a participar de competições
locais como: Jogos Internos Colégio Sagrado Coração de Jesus-JIC's e competições de níveis
municipal, regional e estadual como: Jogos Estudantis do Tocantins- JET's, entre outras.
Após a realização do projeto, alunos iniciaram sua participação em torneios de Xadrez
em âmbito municipal, regional e estadual, destacando-se, e inclusive recebendo premiações
pelo mérito de colocação nos campeonatos. Na escola foi possível perceber que houve
melhora no desempenho dos alunos, bem como uma maior integração entre eles. Também foi
possível identificar que a experiência do diálogo entre as disciplinas de Educação Física,
Matemática, Química e Física contribui para o aumento da responsabilidade e do interesse dos
alunos pelas aulas, assim como sua atuação como cidadãos, para além do espaço escolar.
Desenvolvimentos
As atividades foram desenvolvidas com estudantes das turmas do 5º ao 9º ano do
ensino fundamental e 1º ao 3º ano do ensino médio, situada na cidade de Porto Nacional-TO.
A direção da Escola manifestou de imediato o interesse pelo projeto de Xadrez.
As atividades tiveram início em janeiro e término em junho de 2016, com duração de 6
meses e até hoje continua sendo realizado no Colégio Sagrado Coração de Jeus-CSCJ. A
atividade foi desenvolvida como prática apesar de ocorrer em horário oposto de aulas,
adequando-se a proposta pedagógica da escola, dentro de uma perspectiva de
desenvolvimento de outras atividades escolares.
O critério de seleção para as vagas disponíveis foi opção pessoal do aluno em
participar ou não das aulas, isto é, aqueles que demonstraram interesse próprio para a prática
da atividade, sem influência de terceiros, tiveram prioridade. A participação dos alunos foi
imprescindível, pois estes contribuíram diretamente para o desenvolvimento e condução do
projeto até seu término. As atividades desenvolvidas em sala, teóricas e práticas, facilitaram o
aprendizado, a disciplina e a comunicação com o grupo.
Nas aulas teóricas foram trabalhados temas como definição e objetivo do jogo, o
esporte do intelecto, lendas e origens, peças do jogo e demais tópicos que facilitaram o bom
desempenho dos alunos. Já nas aulas práticas foi observado o desempenho dos alunos quanto
ao manuseio de peças, linguagem enxadrística e postura. Os alunos foram avaliados através
da observação semanal e de testes com análise das jogadas. Foram avaliadas também a
dinamicidade e o comportamento do aluno, jogando com os monitores, com o computador e
com os colegas.
Vale mencionar que poucos alunos conheciam algo sobre jogo, movimentos das peças,
a representação do mesmo nas artes como sendo habilidade, imaginação criativa, beleza das
peça se tabuleiro, desenvolvimento do raciocínio lógico, um jogo de estratégia e tática que
poderia ser de grande utilidade para organização e planejamento do seu dia a dia. Durante o
desenvolvimento do projeto alguns alunos tiveram dificuldade para frequentar as aulas, por
serem residentes de áreas de zona rural e não poderem se deslocar facilmente até a escola em
horário oposto às aulas das demais disciplinas, por falta de transporte.
Alguns professores passaram a acompanhar as aulas de Xadrez incentivando e
aprendendo com os alunos, facilitando assim a interação aluno-professor. Alunos que não se
matricularam no projeto por motivos desconhecidos, passaram acompanhar de forma curiosa
seus colegas de turma já matriculados no projeto, formulando jogadas e participando de
oficinas despertando neles a curiosidade de conhecer o jogo e sua importância.
Um ponto importante no desenvolvimento do xadrez na Escola e na troca com o outro,
e a inversão da relação entre pessoas com capacidade física mais desenvolvida e daqueles que
não conseguem desenvolver suas habilidades motoras, pois como no jogo o aluno utiliza sua
capacidade de concentração, memória e raciocínio este aluno pode adquirir habilidades
cognitivas e obriga a focalizar a atenção em apenas um único ponto até achar o melhor
caminho para vencer o adversário, tendo também, como consequência, em algumas
oportunidades a lidar com a derrota ou a adversidade, experiência inevitável para nós
Bernwallner (2005).
Considerações Finais
Ao núcleo gestor da Escola de Ensino Fundamental e Médio Colégio Sagrado Coração
de Jesus, para o sucesso deste projeto, torna-se necessário a adesão de todos os profissionais
da educação, pois o próprio conceito de xadrez nos reflete a união para o alcance de um
objetivo comum, de desenvolver uma atitude favorável em relação ao xadrez, bem como
propiciar formas de aumentar a capacidade de atenção, memória, raciocínio lógico,
inteligência, imaginação, além de garantir a aquisição de conhecimento, habilidades e
destrezas básicas necessárias para incorporação à vida social dos alunos. Todas essas
habilidades foram atingidas tornando os estudantes capazes de atuar na sociedade como
cidadãos preparados para enfrentar melhor as situações do cotidiano.
REFERÊNCIAS
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DAUVERGNE, P. The Case for Chess as a Tool to Develop Our Childreris Minds. In:
Disponível em: <www.litoral.ufpr.br/xadrez/projeto> Acesso em 23/05/2017.
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<http://www.unesp.br/prograd/PDFNE200>. Acesso em 15 de junho 2017.
JULIÃO, Taís. Xadrez Escolar: Uma lição gostosa de aprender. In: Disponível em:
<http://xadrezescolarecompeticao.blogspot.com/2017/05>. Acesso em 05 de junho 2017.
Mundo Estranho. Bruno Lazaretti, acesso time 8 maio 2017, 13h54 - Publicado em 18 julho
2014, 18h31. O que é a Navalha de Occam? In: Disponível em:
http://mundoestranho.abril.com.br/cultura/o-que-e-a-navalha-de-occam/>. Acesso em
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Acesso em 30/05/2017. SÁ, et al. Xadrez: cartilha. Brasília: Ministério da Educação e do
Desporto, 1993. 26p.
Sala 3
Resumo: O presente trabalho tem como principal objetivo apresentar Uma proposta de letramento literário para
o ensino médio, ora desenvolvida com alunos do 2º ano do ensino médio de uma escola estadual da cidade de
Grajaú/Ma. A referida proposta se justifica por acreditarmos na iniciação e principalmente na ampliação da
educação por meio de textos literários. Com o intuito de tecermos algumas considerações necessárias sobre o
ensino de literatura e defendermos a sua relevância, trazemos em nosso referencial teórico nomes importantes
como Todorov (2009), Compagnon (2009), Candido (2011), Cosson (2001), entre outros. Buscando atingir os
objetivos desse trabalho optamos pela metodologia da pesquisa-ação. Para tanto, os princípios metodológicos
que nortearam a realização desta pesquisa baseiam-se nas teorias apresentadas por Thiollent (2011), Barbier
(2007), Ludke e André (1996). Descrevemos e refletimos sobre os resultados obtidos a partir das oficinas
literárias desenvolvidas junto aos alunos, tomando como base a teoria estudada. Por fim, apresentamos nossas
conclusões, procurando fazer emergir os pontos fundamentais da pesquisa realizada na escola-campo.
Elencamos, assim, reflexões e sugestões tendo em vista contribuir para a construção, no âmbito escolar, de um
trabalho que promova de fato o letramento literário. Com base nos resultados, entendemos que o trabalho com
contos da maneira como foi trabalhado nessa proposta pode se constituir como uma prática de letramento
literário na escola.
Introdução
A literatura pode muito. Ela pode nos estender a mão quando estamos
profundamente deprimidos, nos tornar ainda mais próximos dos outros seres
humanos que nos cercam, nos fazer compreender melhor o mundo e nos ajudar a
viver. Não que ela seja, antes de tudo, uma técnica de cuidados para com a alma;
porém, revelação do mundo, ela pode também, em seu percurso, nos transformar a
cada um de nós a partir de dentro. A literatura tem um papel vital a cumprir; mas por
isso é preciso tomá-la no sentido amplo e intenso que prevaleceu na Europa até fins
do século XIX e que hoje é marginalizado, quando triunfa uma concepção
absurdamente reduzida do literário.
1
Doutoranda em Ensino de Língua e Literatura pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Possui Mestrado
pelo mesmo programa (2015). Especialista em Língua Portuguesa (1996) e Psicopedagogia (1997), é também
graduada em Letras, Português/Literatura, ambos pela Universidade Estadual do Maranhão (2003). Tem
experiência na área de Letras. [email protected]
A indignação do autor e sua fascinação pela arte literária estão explícitas em suas
palavras. É de suma importância que o professor tenha em mente colocações como estas para
que o processo de letramento literário tenha sucesso. Como afirma Compagnon (2009), a
literatura precisa ser lida porque pode ser o único meio de preservar e transmitir a experiência
dos outros, aqueles que estão distantes de nós no espaço e no tempo, ou que diferem de nós
por suas condições de vida.
Assim, constatamos o poder da literatura. Nesse sentido, Cosson (2011a, p. 17)
defende: “a literatura tem um papel humanizador, pois é mais que um conhecimento a ser
reelaborado, a incorporação do outro em mim sem renúncia de minha própria identidade”.
Nessa perspectiva, compreendemos que a natureza do ensino de literatura pode ter seu caráter
humanizador potencializado em atividades de leitura expandidas na associação com a fruição
das artes visuais.
Essa oportunidade manifestada pela literatura traz ao sujeito uma face de si mesmo,
em que se pode viver a compreensão acerca de si e do mundo, da própria realidade mediante a
ficção contida nas palavras, rompendo limites e alargando pensamento. Candido (2011), em
texto que discorre sobre o tema “direitos humanos e literatura”, tratou do assunto como um
elemento indispensável ao afirmar que a literatura corresponde a uma necessidade universal, e
quando não satisfeita, mutila a personalidade, porque, pelo fato de dar forma aos sentimentos
e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta do caos e, exatamente, por isso, nos
humaniza.
Candido (2011) aborda o “direito” que todo o sujeito tem em relação à literatura.
Para o autor, na leitura literária, ocorre o mesmo que se passa na esfera social. A classe mais
desfavorecida é, muitas vezes pela própria escola, privada da leitura dos clássicos da
literatura, “bens incompressíveis, isto é, que não podem ser negados a ninguém” (CANDIDO,
2011, p. 173). Em artigo que pondera sobre o papel humanizador da literatura, Natali (2006)
considera o gesto de Candido “inclusivo e democratizante.”
Para Natali (2006, p. 36), a definição de humanização defendida por Candido
“esclarece que se trata de um processo que inclui o „exercício da reflexão‟, a „aquisição do
saber‟ e o desenvolvimento da „percepção da complexidade do mundo‟.” De nossa parte,
concordamos com Barbosa (2011) acerca da necessidade por parte daqueles que se dedicam à
formação de leitores, reconhecerem que o direito à literatura implica, reconhecer antes, a sua
importância.
Dessa forma, compreendemos que a fim de possibilitar que os jovens se apropriem
efetivamente da condição de leitores, o objetivo do trabalho com a literatura na escola,
sobretudo no Ensino Médio, deva ser a promoção do letramento literário. Nesse sentido,
ressaltamos que uma proposta de letramento literário nessa etapa de escolaridade tem como
objetivo maior a formação de uma comunidade de leitores. Estas se iniciam, segundo
Nascimento e Saito (2011, p. 129), nas práticas de leitura na escola, mas que irão além dela,
porque oportunizarão aos alunos uma maneira própria de ver e viver o mundo.
É a partir desse prenúncio que desenvolvemos nossa proposta, por acreditarmos na
iniciação e principalmente nessa ampliação da educação por meio de textos literários
Procedimentos Metodológicos
Por esse viés, não pesquisamos sobre o ensino de literatura, mas para que esse ensino
conduzisse de fato ao letramento literário. Portanto, não investigamos sobre o professor, mas
com o professor, assim como propõe a Teoria da Complexidade de Morin (1998). Optamos
também pela metodologia da pesquisa-ação em virtude de nossa fundamentação teórica, ou
seja, a noção de letramento literário pelo viés da relação entre literatura e artes visuais.
Entendemos que seria contraditório abordarmos a relação entre duas áreas do conhecimento
através de uma pesquisa nos moldes tradicionais.
Preocupados com o fato de sermos compreendidos, e querendo agir de forma eficaz
com os participantes, inicialmente nos propusemos a conhecer as possibilidades do campo
investigado em função de propor métodos investigativos adequados. Para tanto, adotamos
duas técnicas próprias da pesquisa-ação: a observação participante e o diário.
A primeira técnica, observação participante, é comentada desde a década de 1960,
principalmente no âmbito de pesquisa-ação e de método qualitativo (BARBIER, 2007). Esse
modelo de observação exige a presença do pesquisador no campo investigado para
compreender na prática o objeto de estudo. Nesse sentido, Ludke e André (1996, p. 26)
afirmam que:
Oficinas literárias
Resultados
Aluno D R: Gostei muito, foi muito bom, são histórias bem interessantes, me ajudaram até a
gostar mais de ler histórias e ler mais os livros.
Aluno V S: Gostei porque são histórias muito interessantes, muitas pessoas passarão a ler
mais esses contos, passa a desenvolver coisas muito boas para as pessoas, gostei muito
espero ver muito mais.
Aluno F S: Eu achei a literatura legal faz com que a gente sinta algo diferente. Inspira nossos
sentimentos.
Aluno R M: Achei diferente das aulas, as formas de entendimento eram bem elaboradas e
fáceis.
Aluno N S: Foi ótimo, porque aprofundou mais nosso conhecimento com a leitura.
Aluno L S: Adorei esse trabalho porque me ajudou a desenvolver textos literários, a ler mais
contos e expandir o nosso conhecimento um pouco mais.
Aluno B F: Foi importante porque desperta em nós a vontade de ler e de ir mais além nas
leituras, esse trabalho nos incentivou bastante.
Aluno J R: Foi bom, gostei muito, foi muito diferente, fez com que detraísse-nos e que
gostássemos de ler.
Aluno J P: Dá incentivo à leitura que era um empurrão que nós alunos precisávamos, porque
saiu da rotina chata que nós temos todos os dias.
Aluno A L: Provocou curiosidade de ler outros contos de outros escritores, achei bem legal
ler, comentar, fazer exercícios e querer buscar outros contos para ler.
Aluno I T: Ajudou a desenvolver mais o meu conhecimento sobre a leitura. Bom demais,
porque além de adquirir conhecimento, nos estávamos nos divertindo.
Aluno C R: Foi bom, pois me fez ver que a leitura não é difícil e que algo que pode nos fazer
ver situações que muitas vezes passam despercebidas e que é algo que podemos fazer no dia-
dia.
Aluno M O: Esse projeto me motivou a ler livros e buscar conhecer sobre os romances de
grandes autores literários.
Aluno O S: Gostei porque as demonstrações foram muito importantes e tornam as aulas mais
animadas e muitas conversações divertidas.
Aluno R M: Gostei porque aprendi muita coisa que eu não sabia e são muito interessantes,
muito bom.
Aluno R C: Gostei porque nos ajudou a interpretar os contos, e nos ensinou muito nesse
período. Nos mostrou como é bom ler e entender a leitura citada.
Aluno R B: Desenvolveu a curiosidade para as leituras, para que possamos aprender ainda
mais, afinal, é muito interessante os acontecimentos que ocorrem nos contos. Trouxe
criatividade para criar imagens sobre o texto, pois existem várias formas de viver os contos.
Aluno M D: Muito bom porque me ajudou entender melhor sobre a arte dos contos, me
ensinou também que ler não é ruim.
Aluno W S: Agora vou me interessar mais para ler. A literatura nos faz ir mais adiante na
leitura.
Aluno R S : Foi bom porque incentiva a leitura para quem nunca leu um livro, a noite ao
chegar na escola a pesquisadora sabia explicar muito bem e com muita paciência. O bom das
pinturas é porque a gente pode fazer e pintar algumas, pode descrever cada uma delas.
Conclusão
Entendemos, com base nos estudos teóricos feitos ao longo deste trabalho, e nas
ponderações anteriormente apresentados, é possível entender que o trabalho com contos
relacionados ás artes visuais pode se constituir em uma prática de letramento literário usual na
escola, inclusive com turmas de ensino médio do turno noturno, nas quais o nível de
aprendizagem é mais problemático.
Destacamos, no entanto, que, apesar do resultado positivo, não pretendemos dar como
resolvido o problema da falta de gosto pela leitura do texto literário. Sabemos que ainda há
um longo caminho a percorrer no que diz respeito a um trabalho de ensino-aprendizagem de
leitura, na escola como um todo, sobretudo com alunos do ensino médio noturno, devido ao
contexto em que estão inseridos.
Apesar disso, evidenciamos uma possibilidade concreta de dar uma feição mais
determinada para as aulas de leitura. Afinal, seria contraditório encerrar uma pesquisa que tem
como fundamento teórico o letramento literário com um ponto final. Gostaríamos, ao
contrário, que fosse um ponto de partida a fim de provocar uma reação-resposta ativa nos
leitores desta pesquisa.
Referências
BARBIER, René. A pesquisa-ação. Tradução de Lucie Didio. Brasília: Liber Livro Editora,
2007.
BARBOSA, Begma Tavares. Letramento literário: escolha de jovens leitores. Educ. foco,
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http://www.ufjf.br/revistaedufoco/files/2012/08/Texto-06.pdf, acessado em 26/03/2014.
CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2011.
COMPAGNON, Antoine. Literatura para quê? Tradução de Laura Taddei Brandini. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2009.
COSSON, Letramento Literário: teoria e prática. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2011a.
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MENDES, Soélis Teixeira do Prado, ROMANO, Patrícia Aparecida Beraldo (orgs.). Práticas
de língua e literatura no ensino médio: olhares diversos, múltiplas propostas. Campinas
Grande, PB: Bagagem, 2012.
ENGEL, Guido Irineu. Pesquisa-ação. Educar, Curitiba, n. 16, p. 181-191. Editora da UFPR,
2000.
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Alexandre, M.D.; Dória, M.A.S. (trad.). 2. ed. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
NASCIMENTO, Elvira Lopes e SAITO, Claúdia L.N. Uma contribuição para o letramento
literário: didatização do gênero texto poema. In GONÇALVES, Adair Vieira e PINHEIRO,
Alexandre Santos (Org.). Nas trilhas do letramento: entre teoria, prática e formação docente.
Campinas: Mercado de letras, 2011.
NATALI, Marcos Piason. Além da literatura. In.: Literatura e Sociedade (USP), v. 9, p. 30-
43, 2006.
Sala: 03
RESUMO: Este artigo tem como objetivo mostrar o papel do Orientador Educacional dentro da escola que por
muito tempo vem sendo mais pai e mãe de alunos do que o de Orientador propriamente dito. A fundamentação
sinaliza que o papel do Orientador, esta envolvida numa história permeada de ética profissional. Neste sentido,
seu trabalho deve procurar orientar de como o aluno deve comporta-se no interior da escola, assim como, manter
contato direto com a família. Um dos resultados encontrados foi a delineamento objetivo daquele que busca
desenvolver, promover e facilitar as relações de cooperação entre a instituição, a família e a comunidade.
INTRODUÇÃO
¹
Texto produzido com a finalidade de obtenção de nota parcial, sob orientação do Prof. Joel M. S.
Pinho, na Disciplina de Estágio Supervisionado em Gestão Educacional do Curso de Pedagogia do
Centro Universitário UNIRG.
2
PERCURSO METODOLÓGICO
Este artigo caracteriza-se por ser uma pesquisa qualitativa do tipo campo. A partir da
Fundamentação Teórica e da coleta de dado por meio de entrevista com o sujeito. Os dados
produzidos foram analisados através do método de análise de conteúdo e expostos no decorrer
do texto.
OBJETIVO
FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS
Do Estágio
A definição de Estágio, segundo Piconez, (1991, p.16) está "vinculado como prática
de ensino". Ou seja, um preparo do licenciando para o exercício pedagógico. Consistindo
numa via fundamental na formação do professor, pois ele possibilita uma relação entre teoria
e prática, tendo em vista um objetivo central, em aproximar o acadêmico da realidade escolar,
vivenciando o cotidiano e os desafios que a carreira tem para lhe oferecer.
Com sua prática descobrimos, ainda conforme Piconez (1991, p. 16) que no processo
pedagógico “não há um sujeito central, (professor ou aluno)”, mas, “uma totalidade de
relacionamento interpessoal entre elas”. Através dessas relações tomamos conhecimento das
dificuldades vividas na escola.
Desta maneira, podemos dizer que o estágio, é uma ferramenta que reúne diversas
situações do cotidiano no qual ajuda organizar inúmeros pensamentos e ideias ao mesmo
tempo, com isso o estágio acaba se tornando o salvador do curso.
Da Gestão
Da Observação
larga escala, ou seja, em vez de trazer regularidades de uma característica para generalização,
deve ser passível de, se necessário, comparar com diversos outros casos (BECHKER, 1972).
Orientação Educacional
O Orientador Educacional, de modo geral, pode ser visto como um dos membros da
equipe gestora ao lado do diretor e do coordenador pedagógico. E a sua importância de
atuação nas escolas, baseia-se nas seguintes atividades “atender educandos que precisam e
querem orientação pessoal”, indo para além da “vida escolar, mas na vida particular
auxiliando em situações problemas, dúvidas, inseguranças e incertezas”. Assim como,
“educandos com dificuldades de estudo ou de comportamento”, que “precisam de uma
assistência mais assídua e especializada”. (BUGONE, DALABETHA E BAGNARA, 2016, p.
03)
Portanto, este profissional atua diretamente “com o aluno no desenvolvimento do seu
processo de cidadania”, na qual ira trabalhar “a subjetividade e a intersubjetividade, obtido
através do diálogo nas relações estabelecidas”. (GRINSPUN, 1994, p. 13).
Neste sentido, Carvalho (2010) ressalta que o trabalho de um orientador reveste-se de
grande importância e responsabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Orientador Educacional pode ser visto como um dos principais responsável pelo
desenvolvimento pessoal do aluno, dando suporte a sua formação como cidadão, reflexão
sobre valores morais e éticos e de resolução de conflitos.
Neste sentido, a entrevistada enfatiza que em muitos casos, “não conseguir mudar a
realidade dos alunos na totalidade, há muitos casos com resultados satisfatórios”. Este precisa
“ter uma visão ampla e uma boa articulação” tanto com “realidade escolar” como “seus
envolvidos”, de modo a permitir a construção de um “diálogo, parceria, informação,
valorização, mudança de atitudes e interação entre todos os envolvidos”, como facilitado do
“processo escolar”, na qual deve “predomina o respeito mútuo e harmonia gerando uma
educação de qualidade”. (MATIAS, 2017).
Ainda, de acordo Matias (2017), enfatiza que a maior dificuldade em relação ao seu
trabalho esta nos lares desestruturados conjugalmente, filhos criados por outros membros da
5
família (vós, tios, irmãos), crianças que não são acompanhados dos pais e os responsáveis
trabalham e na maioria ficam só apenas em casa, mudam muito de endereço e seus
respectivos telefones de contato nunca são os mesmos, dificuldade de trazer família até a
escola, alunos desinteressados sem limites, indisciplinados sem acompanhamento escolar.
Sem contar com muitos casos de drogas e alunos faltosos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na fala da orientadora há uma ênfase para que a escola e a família trabalhem juntas:
no caso da família os estudantes aprendem os valores morais e sociais, que propiciam o
respeito e uma relação interpessoal. Enquanto, a escola transmite conhecimentos de
leiturização para conviver e integra-se a sociedade.
Por isso, para que se possam alcançar resultados satisfatórios e formar sujeitos
conscientes de seu papel na sociedade precisa-se de uma parceria entre as duas, uma
colaboração mútua.
Por isso, este deve se articular com todos os seguimentos da escola e também, com a
família, para que os problemas tanto de aprendizagem como de relacionamento tenham uma
solução adequada a medida que vão aparecendo.
REFERÊNCIAS
Sala 7
Resumo: Este estudo situa-se no campo da educação escolar indígena e objetiva compreender o processo
histórico da educação escolar ofertada a esta população, buscando evidenciar os principais acontecimentos e
mudança de concepção da escola no escopo de entender quais foram às perspectivas da educação escolar e como
ela se apresenta na contemporaneidade, a luz de um estudo bibliográfico. Os resultados apontam que em 517
anos do “descobrimento” do Brasil, evidenciam-se três concepções educacionais: assimilação, integração e
reafirmação identitária. Nessas perspectivas, a escola serviu para vários propósitos da cultura dominante:
fortalecimento cultural europeia, doutrinação cristã e aglomeração para capitação da mão de obra indígena;
também como estratégia política de melhorar a imagem internacional do Brasil ao tratamento dessa população,
bem como, para delimitar e controlar a expansão territorial dos indígenas; e na contemporaneidade é concebida
para a valorização da cultura e reafirmação identitária.
Introdução
A intenção desse estudo, não é aprofundar na história da educação escolar indígena no
Brasil, mas, apresentar os principais acontecimentos históricos para a compreensão da escola
ofertada as populações indígenas, sobretudo, evidenciando a mudança de concepção escolar
no escopo de entender quais foram às perspectivas da educação escolar e como ela se
apresenta na contemporaneidade.
A educação escolar indígena é apresentada em múltiplos contextos e em diferentes
tempos históricos. Algumas etnias tiveram o primeiro contato com a escola formal a partir do
XVI, no período da colonização europeia, outras somente a partir da criação do Serviço de
Proteção ao Índio (SPI) em 1910, Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em 1967 e
recentemente com a Promulgação da Constituição Federal de 1988. Outrossim, é importante
ressaltar que algumas comunidades indígenas, consideradas isoladas3, ainda não tiveram o
contato com a educação escolar.
1
Mestranda em Educação no Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Tocantins.
Graduada em Ciências Naturais/UEPA. [email protected]
2
Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná – Professor do Mestrado em Educação do Programa
de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Tocantins. [email protected]
3
Grupos indígenas com ausência de relações permanentes com as sociedades nacionais ou com pouca frequência
de interação, seja com não-índios, seja com outros povos indígenas (site da FUNAI).
Nessa perspectiva, o estudo é inspirado na sistematização histórica da educação
escolar indígena organizada por Ferreira (2001) compreendida em quatro fases: a catequese e
educação a serviço do aniquilamento cultural no Brasil colônia; a integração dos índios à
comunhão nacional, do SPI a FUNAI, SIL e outras missões religiosas; a participação de
organizações não governamentais e a organização do movimento indígena.
Desta forma, a apresentação textual, faz a interlocução da sistematização apresentada
por Ferreira (2001) com os autores que tratam da temática em questão, como: Cunha (1987),
Filho (1996), Silva e Azevedo (2004), Gorete Neto (2005), Sirqueira e Souza (2005), Luciano
(2006), Markus (2006), Mota (2009), Borsatto (2010), Oliveira (2011), Pinheiro (2012) e
Funari e Piñón (2016).
Para iniciarmos a compreensão histórica da educação escolar indígena no Brasil,
evidenciamos o entendimento de Gorete Neto (2009), ao deslindar que as populações
indígenas, vivenciaram e ainda vivenciam uma história de resistência e luta contra as
concepções não indígenas, sobretudo a escolar, corroborada por processos lentos, complexos
e contraditórios.
Procedimentos metodológicos:
Trata-se de um estudo bibliográfico, que de acordo como Ruiz (2008, p.58) “consiste
no exame dos mananciais, para levantamento e análise do que já se produziu sobre
determinado assunto que assumidos com o tema da pesquisa científica”. O levantamento
bibliográfico foi substanciado pela busca de teses e dissertações que tratam da temática
pesquisada em três bancos de dados, a saber: Associação Nacional de Pós Graduação e
Pesquisa em Educação (ANPED), Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
utilizando os descritores: “educação escolar indígena” e/ou “escola indígena” e livros que
discutem a escola indígena.
Desenvolvimento
A educação escolar indígena no Brasil tem sua gênese no período de colonização
europeia portuguesa, emergida e instrumentalizada por dois eventos aparentemente distintos,
mas com ideologias aderentes, a deculturação, ou seja, a retirada da cultura: o primeiro
episódio, é como aponta Silva e Azevedo (2004, p. 162) pela “função do contato” e, o
segundo marcado pela “Reforma Católica” como estabelece Funari e Piñón (2016, p.72).
Portanto, a oferta da educação escolar foi uma estratégia que possibilitou a
aproximação entre os colonizadores e os indígenas, a escola, não serviu apenas como subsídio
para função de contato, mas principalmente, como um mecanismo para a imposição da cultura
europeia aos índios. Ao considerarmos uma imposição cultural, estamos ponderando que o
processo educacional contrapunha ao processo propriamente indígena, ou seja,
desconsiderava a cultura, língua, costumes e tradição das populações indígenas.
Neste contexto, o escopo do ensino era exclusivamente de assimilação, como define
Funari e Piñón (2016, p.22), processo de “apagamento das características próprias e sua
substituição pelas do grupo dominante, que devem ser consideradas superiores”, ficando
evidente a intencionalidade dos colonizadores na oferta do ensino aos indígenas: a dominação
deste povo, para serviço da coroa portuguesa.
Com a ideia da expansão comercial europeia, marcados pela ação colonizadora, a
Igreja Católica, observa este púbere movimento para também realizar sua expansão religiosa,
por meio da catequização em massa dos indígenas “com esse espírito, padres da Igreja
chegaram ao continente americano e estabeleceram as primeiras missões catequéticas com
seus colégios destinados aos nativos”(FUNARI; PIÑÓN, 2016, p.72).
Borsatto (2010, p.53) expressa que “a “educação” dos jesuítas centrava-se na
catequese para a conversão à religião cristã, significando a imposição de uma nova cultura e
supressão da indígena”. Neste contexto, Markus (2006) enfatiza que os modos introdutórios
da educação escolar indígena, reforçaram a violência cultural promovida pelo exercício da
negação do modo de viver do índio e pela injunção de valores da sociedade cristã europeia,
acrescentando:
A educação escolar foi introduzida nas comunidades indígenas pelos missionários
Jesuítas que acompanhavam o projeto colonizador europeu. Os jesuítas, junto com o
objetivo de educar os filhos de portugueses que aqui chegavam, tinham a missão de
catequizar os habitantes destas terras, considerados selvagens. A educação escolar,
portanto, foi utilizada para promover a assimilação dos indígenas à civilização
cristã, com a imposição da língua, da história, dos valores e da identidade da
sociedade cristã europeia (MARKUS, 2006, p.59).
O autor, ainda agrega que a política dos grupos dominantes era contraditória ao artigo
47 do Estatudo do Índio em que “o bilinguismo é o meio para assegurar e respeitar o
patrimônio cultural das comunidades indígenas, seus valores artísticos e meios de expressão”
(OLIVEIRA, 2012, p.39),
Com as diversas contradições, Markus (2006) aponta que em 1977, devido às
polêmicas em torno da presença do SIL no Brasil e em países da América do Sul e Central, o
convênio entre a FUNAI e o SIL foi rompido, sendo reativado em 1983. A reativação do
convênio foi criticada por diversas universidades brasileiras, devido à finalidade
evangelizadora deste órgão, que no direcionamento da educação indígena, estaria interferindo
nos padrões culturais dos diversos grupos.
Contudo, a materialização do direito a uma educação diferenciada e bilíngue aos
povos indígenas no Brasil foi gerida a partir da promulgação da atual Constituição Federal do
Brasil (CF) em 05 de outubro de 1988 ao reconhecer a organização social indígena e
estabelecer em seu teor o Capítulo VIII, intitulado “Dos índios” os artigos 231 e 232 em que
preceitua:
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
4
Organismo ligado à fundação norte-americana, presente no Brasil desde 1959, cujo principal objetivo é a
tradução da Bíblia em diferentes línguas indígenas (MARKUS, 2006, p. 64).
bens. Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para
ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério
Público em todos os atos do processo (BRASIL, 2001).
Até aqui, foi percorrido um longo caminho com ênfase nos principais acontecimentos
da história da educação escolar indígena para compreender a concepção escolar ofertada às
estas populações no Brasil e como ela se apresenta na contemporaneidade. Em 517 anos do
“descobrimento” do Brasil, evidenciam-se três concepções educacionais: assimilação,
integração e reafirmação identitária.
A assimilação, no intuito de impor aos segmentos considerados marginalizados pela
cultura dominante a adotarem de forma coletiva os valores europeus, principalmente a
doutrinação cristã. Dessa maneira, a escola serviu para vários propósitos: fortalecimento da
cultura europeia, catequese cristã e aglomeração para capitação da mão de obra indígena.
A integração, no designo de unificar gradualmente os índios à cultura nacional,
incorporando sua língua e, sobretudo, os deveres de um cidadão. A perspectiva da escola era
de melhorar a imagem internacional do Brasil no tratamento aos povos indígenas,
apresentando-se dessa maneira como uma estratégica política, bem como, para delimitar e
controlar a expansão territorial dos índios.
A reafirmação identitária, emergiu com o propósito intercultural de valorizar a
diversidade, sem sobreposição de culturas. Concebeu a escola como um ambiente de fomento
a valorização cultural e reafirmação identitária, rompendo com o paradigma assimilacionista
e integracionista, com o uso da língua materna e de processos próprios de aprendizagem no
seio escolar, assim como o estabelecimento das diretrizes educacionais com a finalidade de
promover a escola bilíngue, diferenciada, específica e intercultural.
Contudo, as perspectivas educacionais evidenciadas direcionam a corroborar o avanço
da legislação brasileira após a promulgação da Constituição Federal de 1988, no escopo de
garantir e promover uma educação escolar indígena substanciada pela sua cultura, todavia é
importante refletir que por mais que tente normatizar uma educação diferenciada e específica,
ela apresentará fragilidades, uma vez que é pensada e operacionalizada por não indígenas e
também pelas expectativas que cada comunidade indígena tem sobre a escola: umas na ótica
da escola ocidental, como estratégia de atender as necessidades do grupo na defesa de seus
direitos, outras para revitalização e valorização da cultura e identidade do seu povo.
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professores. São Paulo: Contexto, 2016.Fundação Nacional do índio. Disponível em:
<http://www.funai.org.br>. Acesso em: 03 jan. 2017.
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LUCIANO, Gersem dos Santos. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos
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Dissertação. Pontífica Universidade Católica de São Paulo. Programa de Pós Graduação em
Ciências Sociais, 2009.
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Proteção ao Índio e a História Guarani/Kaiowá. In: XXIII Simpósio Nacional de História –
História Guerra e Paz, Londrina/PR: Mídia, 2005. Disponível em:
<http:www.anpuh.uepg.br>. Acesso em: 14 nov. 2016.
OS CONTOS DE BERNARDO ÉLIS E A FORMAÇÃO DE LEITORES CRÍTICOS
NA EJA
Ana Lúcia S. S. Santana1
Vivianne Fleury de Faria2
Sala 3
RESUMO: Este estudo tem como tema central o ensino de Leitura Literária na escola e como ela pode levar o
aluno a uma reflexão sobre a condição humana e sobre as relações do indivíduo com a sociedade. Para esta
abordagem, será utilizado o conto "A Enxada", de 1966, do escritor Bernardo Élis,considerado pela crítica como
regionalista. A pesquisa é de cunho qualitativo e de natureza bibliográfica elaborada a partir de material já
publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos, além do material disponibilizado na
Internet. O presente estudo é norteado pelos pressupostos dos seguintes teóricos: Antonio Candido, Vincent
Jouve, Júlio Cortazar e Paulo Freire.
Palavras-Chave: Leitura literária. Ensino de literatura. Educação de jovens e adultos. Formação de leitores.
Introdução
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001, p. 57) afirmam que: “A leitura,
como prática social, é sempre um meio, nunca um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma
necessidade pessoal”. De fato, atestado por vários autores, é notória a importância da leitura
para o desenvolvimento cognitivo e social dos sujeitos. Através da leitura, o ser humano se
desenvolve e compreende melhor o mundo. Para Vincent Jouve, a leitura é um processo que
envolve cinco dimensões:
1
Graduada em Letras e Pedagogia. Aluna do Mestrado profissional em Ensino na Educação Básica da
Universidade Federal de Goiás. Professora da Secretaria Estadual de Educação de Goiás-SEE/GO.
[email protected]
2
Doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (2007). Mestre em Estudos Literários pela
Universidade Federal de Goiás (2000). Professora Adjunta III de Língua Portuguesa do Centro de Ensino e
Pesquisa Aplicado à Educação – UFG desde 2010. E-mail: [email protected]
1
Nenhuma dessas dimensões pode constituir-se sem um suporte material para a
leitura-escritura. Com efeito, observa-se que a literatura admite múltiplas funções e vários
valores. Portanto, torna-se eficaz a concepção de situações para que a atividade da leitura e da
escrita cause reações, intercâmbios, construção da subjetividade e conhecimento. Sobretudo
na escola, espaço privilegiado – e muitas vezes o único – de abordagem da obra literária, a
prática leitora deve ser, mais que incentivada, o objetivo de professores mediadores.
Outra função da literatura, esta levantada por Antonio Candido, diz respeito à
identificação do leitor e de seu universo representados na obra literária, função que propicia
ao indivíduo o reconhecimento da realidade que o cerca, quando transposta para o mundo
ficcional. Para o autor, a literatura é uma necessidade universal, uma vez que “Não há povo e
não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com
alguma espécie de fabulação” (CANDIDO, 1995, p.174).
Levando em consideração estas premissas sobre o imperativo do “ensino” da
literatura em sala de aula, bem como a formação de leitores literários, neste artigo descreve-se
uma proposta de ensino de leitura literária utilizando o conto "A enxada", de Bernardo Élis,
com o objetivo de formar leitores no contexto da EJA (Educação de Jovens e Adultos). Esta
escolha se deve a um provável fator de aproximação destes alunos com o contexto social
representado na obra deste autor goiano.
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento
2
uma vez que nem sempre as estratégias de aproximação do texto literário são eficazes e levam
o aluno a adquirir ou incrementar o gosto pela leitura literária.
Na maioria dos casos, esta função é delegada ao professor de Língua
Portuguesa que, ao abordar as obras literárias sem as devidas instruções, respaldo teórico e
tempo necessário, desenvolve o que lhe é mais propício e conveniente, em geral, leitura de
fragmentos de textos seguida de questões gramaticais, fazendo com que os alunos, ao invés de
tornarem-se leitores, passem muitas vezes a terem aversão em relação ao texto literário.
De fato, o caráter humanizador da literatura, segundo Candido (1995), muitas
vezes não é reconhecido pelo professor que direciona sua aula, única e exclusivamente, para
uma perspectiva leitura da literatura como pretexto para abordar aspectos linguísticos ou
gramaticais.
Esta situação deve ser transformada pela escola e pelo professor, já que a
literatura é uma das artes responsáveis pela formação não apenas de leitores, mas de seres
conscientes de suas potencialidades humanísticas, capazes de pensar e refletir criticamente
sobre o que leram, retendo o que lhes será útil para seu crescimento político, ético e estético
na sociedade, sensibilizados dos seus direitos e deveres.
O processo de humanização se realiza pela capacidade da literatura levar o
aluno a situações de fantasia, ocasionando circunstâncias não reais que estimulam o educando
a um posicionamento intelectual, induzindo o sujeito a refletir sobre seu dia a dia e acionar
novos experimentos, levando à emancipação do leitor de seus entraves pessoais e sociais.
Essa função está inteiramente ligada à experiência da leitura. Para falar do poder humanizador
da literatura é necessário partilhar da compreensão de Antonio Candido (2004)
Entendo aqui por humanização (...). O processo que confirma no homem aqueles
traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber,
a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de
penetrar nos problemas da vida o senso da beleza, a percepção da complexidade do
mundo e dos seres, o cultivo do humor. (p.180).
A literatura pode formar; mas não segundo a pedagogia oficial”. [...]. Longe de ser
um apêndice da instrução moral e cívica, [...], ela age com o impacto indiscriminado
da própria vida e educa como ela. [...]. Dado que a literatura ensina na medida em
4
que atua com toda a sua gama, é artificial querer que ela funcione como os manuais
de virtude e boa conduta. E a sociedade não pode senão escolher o que em cada
momento lhe parece adaptado aos seus fins, pois mesmo as obras consideradas
indispensáveis para a formação do moço trazem frequentemente àquilo que as
convenções desejariam banir. (pg. 84)
A arte, e, portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio
de uma estilização formal da linguagem, que propõe um tipo arbitrário de ordem
para as coisas, os seres, os sentimentos. Nela se combinam um elemento de
vinculação à realidade natural ou social, e um elemento de manipulação técnica,
indispensável à sua configuração, e implicando em uma atitude de gratuidade.
(CANDIDO, 1972, p. 53).
5
sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura” (2004, pg. 176),
sendo esta apontada pelo mesmo autor como mecanismo indispensável de humanização e que,
nesse sentido, configura-se um direito intransferível.
Uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a
personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo
ela nos organiza, nos liberta do caos e, portanto nos humaniza. Negar a fruição da
literatura é mutilar nossa humanidade (CANDIDO, 2004, p.186).
Deste modo, a literatura nos permite ver o mundo, através de uma visão mais
ampla e diversificada, e a prática da leitura literária é vista como um meio de existência
pessoal e humana ímpar e essencial ao desenvolvimento do jovem.
Sabe-se que o gênero conto é uma narrativa curta, condensada, por vezes,
retrata-se a vida através da arte, isto é, a exibição de um fragmento da vida do homem, mestre
em inventar e desenvolver histórias que são capazes de expressar de forma breve e concisa as
dificuldades da vida. Segundo Júlio Cortazar (1993),
o conto é uma narrativa mais curta que tem como característica central a
esfericidade - condensar conflito, tempo, espaço e reduzir o número de
personagens”. Condensação essa que não evita que o conto apresente
complexidade, pois a forma breve do conto advém de um motivo interno à
sua construção, o contista deve concentrar efeitos para ocasionar um
determinado impacto no leitor. E para que isso seja possível, o autor deve ser
bastante objetivo, omitindo o que não for essencial para esse impacto. (p. 08)
O autor também assegura que o conto deve “estalar, pulsar no leitor a cada
nova linha, sendo capaz de instigar, emocionar e proporcionar uma „ruptura do cotidiano‟
(2006, p.153), quebrando sua moldura, transgredindo seus limites e iluminando para além da
escrita”. A respeito deste possível “efeito”, o autor afirma que: “De um conto assim se sai
como de um ato de amor, esgotado e fora do mundo circundante, ao qual se volta pouco a
pouco com um olhar de surpresa, de lento reconhecimento, muitas vezes de alívio e tantas
outras de resignação” (CORTAZAR, 2006, p. 231).
A “unidade de efeito” para o autor pode ser definida como a capacidade que o
conto tem de ser “capaz de atuar no leitor como uma espécie de abertura (...) em direção a
algo que vai muito além do argumento literário contido no conto” (CORTAZAR, 2006,
p.152). Ainda enfatiza que bons contos devem, ao fim de sua leitura, provocar “uma espécie
de abertura (explosão da bolha), proporcionando ao leitor uma nova visão sobre o que lhe
cerca” (2006, p. 235). Estas características condensação, complexidade, sobretudo o impacto
e apelo humanizador encontra-se em toda a obra do autor BernadoÉlis, e em alto grau no
conto "A Enxada".
8
A proposta de se trabalhar o conto “A enxada” com o alunado em questão é a
de apresentar a eles, através do texto literário na escola, o lado obscuro de uma sociedade
ainda permeada pela dominação dos mais fortes – proprietários e patrões –sobre os mais
fracos. O intuito é de sensibilizá-los para o estado de marginalização do homem do campo,
situação que alguns alunos viveram, vivem ou conheceram de perto. De fato, não é difícil
encontrar entre estes alunos pessoas em situações de exploração de força laboral, no campo ou
em fábricas na cidade, ou seja, espera-se causar empatia por meio da auto-identificação ou da
identificação com o próximo, deixando a leitura ainda mais atraente para estes alunos. Através
de uma releitura crítica e reflexiva do conto, os alunos poderão perceber a aniquilação dos
valores éticos e morais, cujo ápice é a transformação do ser humano em coisa –a reificação.
Considerações Finais
9
lutarem por seus espaços na sociedade e no mercado de trabalho, sendo autônomos e
realizando seus ofícios conscientemente.
Referências
BARTHES, Roland. Aula. Trad. de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1978.
CORTÁZAR, Julio. Alguns aspectos do conto e Do conto breve e seus arredores. In Valise
de Cronópio. Trad. Davi Arriguci Jr., &João Alexandre Barbosa, Trad.) (2a ed.). São Paulo:
Perspectiva, 2006.
_________, Julio. Valise de Cronópio (Davi Arriguci Jr., & João Alexandre Barbosa, Trad.)
(2a ed.). São Paulo: Perspectiva, 1993.
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. 4ª ed. São Paulo/Rio de
Janeiro: Duas Cidades/Ouro sobre Azul, 2004, p. 169-191.
ECO, Umberto. A estrutura ausente. Trad. de Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva,
1971.
LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense, 1981 (Col. Primeiros Passos).
PAIVA, Vanilda. Educação popular e educação de adultos. São Paulo: Loyola, 1987b.
Introdução
Considerando-se os vários problemas acerca da qualidade do ensino nas escolas
públicas do Brasil ao longo de várias décadas, urge procurar sanar essas dificuldades
didáticas, pedagógicas, metodológicas etc, pois assolam principalmente aqueles que são
menos favorecidos economicamente e que usufruem dos serviços oferecidos pelo Estado.
1
Artigo produzido ao longo do ano letivo de 2016, tendo como pano de fundo a atuação enquanto docente de
Geografia na Unidade Escolar.
2
Professor de Geografia da rede pública estadual de ensino de Mato Grosso do Sul. Email:
[email protected]
Nesse sentido, a implantação de novas propostas de ensino e aprendizagem nas
escolas brasileiras é uma tentativa de se mudar esse ambiente que não mais satisfaz os anseios
da atual sociedade capitalista, principalmente a população mais pobre. Assim, a Escola
Estadual Waldemir Barros da Silva, localizada na periferia de Campo Grande – MS
apresenta-se como um palco instigante para se analisar uma dessas novas metodologias de
aprendizagem aliada à implantação da escola em Tempo Integral: o “Educar pela Pesquisa”.
3
Apenas duas Unidades Escolares foram contempladas com essa nova metodologia de aprendizagem em Campo
Grande, e somente a escola citada funcionava apenas com o Ensino Médio (a outra tinha em sua maioria o
Ensino Fundamental). Ressalta-se ainda que o texto foi escrito antes da divulgação das novas medidas do
Governo Federal para o Novo Ensino Médio, e que, visando manter sua originalidade, elas não serão
apresentadas aqui, ficando para outra oportunidade.
A qualificação profissional para pesquisar aprendendo e ensinando
4
A RESOLUÇÃO/SED N. 3.017, de 4 de fevereiro de 2016 normatiza a implantação e o funcionamento das
Escolas de Educação Integral em Tempo Integral na cidade de Campo Grande-MS. Publicada nas páginas 7 a 15,
do Diário Oficial 9100.
casos, de forma errada seja com relação às normas da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) – que desconhece – seja com relação ao plágio, pois não cita as fontes das
informações extraídas. O referido autor coloca como produto final dessa nova forma de
aprendizagem a autoria do estudante, que, ao ler, pesquisar e escrever tem que colocar no
plano físico seu conhecimento e externalizá-lo de alguma forma.
Como o próprio Professor Pedro Demo (2015, p. 104) ressalta, o professor só pode ser
um pesquisador se ler, se escrever e produzir os resultados de seus estudos, o que não é tarefa
fácil para muitos docentes na atualidade devido à sobrecarga de trabalho, ausência de leitura,
falta de formação plena na Universidade - visto que muitos são apenas licenciados e portanto
não fizeram Bacharelado, que encaminha para a pesquisa (SANTOS, 2005. p 81; COUTO &
ANTUNES, 1999. p 31). Nesse contexto, como ensinar o estudante a pesquisar se eu não sei
pesquisar?
Muitos textos foram inseridos exatamente para mostrar a importância do professor
pesquisador em atuar em conjunto com os estudantes, ambos realizando pesquisa em que, ao
se ensinar a pesquisar, se aprende com o estudante (FREIRE, 2000. p 22; MOSÉ, 2013. pp
82-83). O docente orienta, direciona, ajuda o estudante a escrever, e ao mesmo tempo,
pesquisando, vai estudando, lendo e aprendendo a acessar as novas ferramentas tecnológicas
que os jovens tanto dominam e outras informações advindas de disciplinas diferentes que
estão em sintonia acerca do planejamento da sua área.
Em vez de focar o planejamento no conteúdo, optou-se pelo desenvolvimento das
habilidades e competências a serem desenvolvidas pelo estudante ao pesquisar; trocou-se a
palavra aula5 por tempo de estudo, saiu o termo aluno e entrou o conceito de estudante6.
O debate ultrapassa o que aqui foi colocado, indo mesmo em direções opostas, as
vezes contraditórias, e que pode não apresentar os resultados esperados a curto e médio prazo,
o que entendemos ser normal em razão da grande complexidade que o tema apresenta.
Todavia, buscar soluções para melhorar a educação é uma necessidade que caminha junto aos
problemas atuais da sociedade; desenvolver essas ações-opções na escola é um viés, pois é de
5
Para Pedro Demo (2015) aula tem um conotativo tradicional acerca da metodologia de ensino e aprendizagem e
arraigado da questão passiva, em que o aluno apenas absorve os conteúdos repassados pelo professor,
caracterizando-se um procedimento que não propiciou êxito à educação como um todo. Ao se utilizar o termo
Tempo de Estudo, propõe-se que seja considerada a nova metodologia e toda a carga positiva de resultados que
ela pode possibilitar.
6
O mesmo se emprega nesse caso: aluno se refere ao copiador de textos e reprodutor de falas e textos; o
estudante é aquele que lê, escreve, relê e reescreve e vai buscar o conhecimento através da pesquisa, tendo o
professor como orientador.
pequeno que se instrui a andar nos bons caminhos e a exercer a plena cidadania (SANTOS,
2016).
Partindo desse pressuposto, passaremos agora para outro tema angustiante, que é
buscar se trabalhar de forma conjunta tendo por base a relação das disciplinas e as vezes, as
áreas de conhecimento.
Outro ponto fundamental estudado e analisado foi a Avaliação. Várias são as formas
de se avaliar e, consequentemente, dependendo dela, os resultados a serem
obtidos/considerados. Na visão arcaica, tradicional de ensino (FREIRE, 2000; DEMO, 2015)
e aprendizagem, a avaliação dá-se de forma clara e objetiva (como há mais de 100 anos
atrás!): soma-se as notas obtidas pelas avaliações e as divide pelo seu número, resultando
desse método uma média aritmética simples. Ao realizar esse procedimento, perde-se o
avanço alcançado pelo estudante, pois se nivela por baixo7.
Também não se deve olvidar que muitas atividades avaliativas apresentam equívocos
os mais diversos (WERNECK, 2007) como conteúdos que não foram trabalhados e estão
presentes na avaliação; questões com níveis de dificuldade acima da faixa etária dos
estudantes, ou mesmo na elaboração da avaliação, contendo só questões fáceis ou difíceis,
abertas ou fechadas etc.
Pensando em todas essas transformações educacionais, principalmente no que tange à
avaliação, os professores intensificaram o debate e a procura por um instrumento que se
enquadrasse nessa nova metodologia, que expressasse a evolução do estudante na pesquisa e
fosse relevante para a sua vida, seu bairro, sua cidade e suas aflições.
Chegamos a conclusão de que, cada pessoa (RUSSELL, 2014. p 179) tem o seu ritmo
de aprendizagem, cada um tem afinidade com um determinado tipo de área de conhecimento,
que a defasagem educacional advinda de décadas de aprendizagem mal sucedida tem reflexos
diretos na hora de se caminhar no processo investigativo e que, portanto, a melhor maneira de
avaliar é considerando-se a individualidade e o saber cotidiano, trazido “de casa” de cada
estudante e a sua evolução gradativa e contínua (MOSÉ, 2013. p 49) com o devido
acompanhamento pelo professor.
7
Exemplo: um estudante tirou 4 em uma determinada avaliação, e 8 na segunda. Somando-se temos 12, que
dividido pelo número de atividades avaliativas (2), tem-se a média 6. Desconsiderou-se o avanço obtido, primou-
se mais pelo insucesso na primeira avaliação do que o êxito alcançado na segunda. Ver Hoffmann (2012; 2013).
Como não existe “prova”8 nessa nova proposta, tudo que é produzido (formal,
informal, escrito ou fruto da oralidade) como debate, orientações de estudo, correções de seus
textos etc, é instrumento de avaliação que é, ao término do período, considerado como avanço
e, portanto, atribuído uma nota. Não é que não seja apresentado um documento pelo qual
possa caracterizar objetivamente a aprendizagem, ele apenas se diferencia do tradicional
(prova escrita), pelo teor e pela diversidade das produções, como também pela carga subjetiva
que lhe é assegurada.
Para assegurar a clareza desse instrumento, a equipe em conjunto elaborou fichas de
avaliação individualizada de cada estudante, apresentando níveis de colocação segundo o seu
conhecimento de cada disciplina/área. Esse aporte subsidia o acompanhamento e a evolução
gradativa do estudante acerca dos pontos específicos de cada disciplina, propiciando ao
professor planejar conforme o nivelamento, adotar procedimentos de intervenção mediante as
dificuldades etc.
Por fim, as produções não mais serão devolvidas para ficarem definitivamente com os
estudantes; eles a recebem e olham, analisam as intervenções anotadas pelo professor, fazem
as modificações necessárias em outro documento e as devolvem. Dessa forma, as produções
farão parte do seu Portfólio – as pastas dos estudantes ficam na sala da coordenação
pedagógica, como também estarão dispostas no ambiente virtual moodlle - para posterior
análise dos país/responsáveis e a disposição da coordenação e equipe da Secretaria de Estado
de Educação em caso de necessidade.
Inserir esses novos procedimentos metodológicos na unidade escolar perpassa pela
dedicação e afinco de todos os envolvidos, e o sucesso depende de cada um, a sua maneira,
orientar, pesquisar, ler, produzir e possibilitar que o novo se torne uma via fácil e propícia à
plena formação do estudante. Desta forma, cabe a Geografia e aos seus profissionais se
adequarem às novas tecnologias da educação, aos métodos diversos e aplicáveis em cada
circunstância, como também as formas inovadoras de se avaliar.
Considerações Finais
Não é mais passível pedir para um estudante desenhar e pintar o mapa do livro se em
segundos ele consegue infinitos exemplos na internet; é impensável pedir para fazer uma
8
O termo prova não é o mais adequado na atualidade (FREIRE, 2000; DEMO, 2015), visto denotar que o aluno
tem que provar que aprendeu um conteúdo repassado de forma idêntica ao repassado pelo professor. Se ele
entender de maneira diferente, está errado. Também é fundamental ressaltar que não existe um instrumento nesse
sentido nessa nova proposta, levando-se em consideração tudo que é produzido.
cópia de determinadas páginas de um texto do livro didático se ao acessar a rede mundial de
computadores ele consegue diversas resenhas, vídeos, documentários sobre o assunto.
Cabe ao professor orientá-lo na contextualização do local vivido com essas temáticas,
elaborando suas críticas de maneiras diversas: texto, desenho, art/imagem, vídeos, jungles e
apresentar para o docente e para a sala (caso queira) deixando evidente o quanto o
desenvolvimento desse trabalho ajudou (pesquisando e sendo orientado) na busca pelo
conhecimento que ele almeja.
Não é que a subjetividade deva pairar sempre sobre a avaliação, todavia, avaliar o
estudante considerando as suas competências e habilidades em relação com um processo
inclusivo e norteador, permitirá priorizar as potencialidades do jovem acerca das suas
escolhas na vida pessoal e profissional, exaltando as suas chances de vencer enquanto um
cidadão crítico e livre.
Cabe à escola e aos docentes se reestruturam para não perder o bonde das mudanças,
pois na atualidade o professor repassador de conteúdos tem os dias contados, e a escola que
não oferece o que a comunidade anseia, seguirá o caminho da solidão educacional.
Referências
Resumo: A formação e preparação de professores que atuam na educação de pessoas com deficiência é um
desafio a ser superado para que o ensino oferecido possa ser de qualidade e assim propiciar a esses educandos
melhores condições de vida, autonomia e inclusão que perpassa a do ambiente escolar. Este relato de experiência
visa compartilhar uma pesquisa desenvolvida com alunos com síndrome de Down, e professores ambos da rede
regular de ensino de Goiânia. O estudo tem como objetivo verificar se 30 professores da rede estadual e
municipal de educação de Goiás utilizam recursos tecnológicos na educação de pessoas com deficiência
intelectual (síndrome de Down), e verificar a influência e modificações causadas por um curso de formação
docente sobre alfabetização de alunos com deficiência intelectual por meio de software especifico. A pesquisa
tem embasamento teórico em autores que abordam as temáticas da pesquisa: educação especial, inclusão,
formação de professores e tecnologias na educação, os quais são: Mantoan, Giroto, Poker, Omote, Belloni e
Moran. A metodologia adotada na pesquisa foi a pesquisa-ação, que pretende articular a teoria e a prática com
uma abordagem qualitativa. Para se superar esses desafios e subsidiar o trabalho docente desses profissionais a
pesquisa propõe analisar uma formação continuada voltada a integração dos recursos tecnológicos como
estratégia educativa para processo de ensino e aprendizagem dos educandos com deficiência intelectual, e
oportunizar assim a esses um acesso a alfabetização e o letramento.
Introdução
1
Graduada em Pedagogia.Mestranda do Mestrado Profissional em Ensino na Educação Básica, do Centro de
Ensino e Pesquisa Aplicada a Educação Básica-CEPAE UFG.E-mail: [email protected]
2
Graduada em Pedagogia. Mestranda do Mestrado Profissional em Ensino na Educação Básica, do Centro de
Ensino e Pesquisa Aplicada a Educação Básica-CEPAE ,UFG.E-mail: [email protected]
Foi observando a realidade desses educandos com deficiência que nos foi despertado o desejo
de pesquisar como ocorre ou não, sua inclusão processo de ensino aprendizagem, e contribuir
de alguma forma para que esses profissionais tivessem uma qualificação que lhes permita
propiciar a esses alunos um ensino que lhes dê acesso ao aprendizado como os demais alunos.
Segundo a nossa LDB (Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional), no seu artigo 59
em relação á esse aluno estabelece às redes de ensino a responsabilidade de lhes assegurar:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para
atender às suas necessidades; II-professores com especialização adequada em nível
médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino
regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
(BRASIL, 1996)
No contato direto do dia a dia dos alunos com NEE, de muitas escolas na rede
regular de ensino perceber-se que essa realidade possa ser outra. Pois o trabalho com esses
educandos muitas das vezes não contam com profissionais preparados, recursos e métodos
que favorecem esse acesso ao aprendizado.
Atualmente muitos desses profissionais, que realizam o trabalho com alunos os
quais possuem as mais variadas necessidades educacionais especiais, não possuem uma
formação que lhes dê suporte em ensinar esses alunos, em alguns casos a escola não
disponibiliza de materiais didáticos diversificados, inovadores e atrativos aos alunos como,
por exemplo, novas tecnologias. Na maioria dos casos a escola até possui, mas os professores
não aprenderam a usar-los como meios de aprendizagem.
È notório que muitos dos profissionais educativos se empenham para desenvolver um bom
trabalho, porém isso não é suficiente para proporcionar um aprendizado de qualidade o qual a
própria LDB estabelece, é preciso preparo e qualificação profissional através de uma
formação que atenda a essas demandas da educação especial. GIROTO, POKER e OMOTE
(2012 p.99) enfatizam essa realidade “ a legislação impõe uma educação inclusiva por decreto
exige que seja ela cumprida sem a devida preparação dos gestores escolares e dos docentes
para a execução da lei”.
Essas dificuldades oriundas da falta de preparo inviabilizam ainda mais o
processo de aprendizagem desse aluno que por si só já apresenta limitações. O professor então
se encontra nesse descompasso, nesse desafio. E o aluno com deficiência na maioria das vezes
se encontra dentro da sala de aula, porém excluído do processo de ensino aprendizado, fica
ali, esperando o tempo passar fazendo outras atividades que não são propriamente educativas
como pintar, rabiscar, brincar..., pois infelizmente ainda se existe no ambiente escolar
estereótipos de que o aluno com deficiência intelectual não aprende, o que segundo Dalla Déa
2009, não é verdade, esses alunos tem capacidade de aprender como qualquer outro sem
deficiência, porém necessitam de um tempo maior para que isso ocorra.
O que se percebe hoje em dia é uma visão muito empobrecida do que venha a
ser a democratização de ensino e a inclusão, muitas vezes essa educação não passa de um
“simulacro de democracia” (CARVALHO 2013 p.63), a qual inclui esse aluno no ambiente
escolar, através de políticas públicas que privilegiam o acesso a escola, mas não privilegia a
inclusão do mesmo no processo de aprendizagem oferecendo-lhes condições para aprender
como os demais alunos.
A partir da década de 90 com declaração de Salamanca a educação voltada às necessidades
especiais ganhou um enfoque na educação brasileira e em suas políticas públicas, as quais
prevêem o acesso e o sucesso do aluno, e apontam para uma nova estrutura escolar, na qual as
escolas se tornem capazes de:
“[...] reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se
aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de forma a promover o sucesso
educativo, através de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma
cooperação com as respectivas comunidades (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA,
1994, p. 21)”
Objetivos
Geral: Contribuir para a inclusão de alunos com deficiência intelectual, no processo de
ensino aprendizagem através de uma formação continuada com aporte de recursos
tecnológicos.
Específico:
Desenvolvimento
Considerações Finais
A educação voltada a alunos com NEE, tem sido um desafio se de fato o que se
pretende é a inclusão, esse desafio perpassa pela formação docente que reflete na
aprendizagem desses alunos. Através desse projeto pretende contribuir significativamente
para que esse desafio possa ser em parte alcançado, e esses professores possam ter uma
formação que a graduação não oferece, e assim se sentirem mais capazes de planejar sua
práxis pedagógica em relação á alunos com síndrome de Down.
O mundo das tecnologias oferece grandes avanços que podem ser incorporados a
essa práxis e assim se tornar uma significativa estratégia no aprendizado desses alunos que
possuem como qualquer outra pessoa capacidade de aprender, mas é certo que devido a suas
limitações requerem um esforço, um planejamento e algumas estratégias que inovem esse
processo o tornando mais prazeroso e interessante.
Visando esses dois fatores: a formação docente e o uso de tecnologias como softwares
de alfabetização, o curso cultura Digidown traz essa “nova” perspectiva de ensino, que alia a
teoria e pratica em um único ambiente cujo propósito maior é o aprendizado do aluno com
síndrome de Down.
Referencias
BELLONI, Maria Luiza. O Que É Mídia-Educação. 2ª ed. Campinas, São Paulo: Autores
Associados, 2001·.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htmAcesso em 10 de Junho de 2017.
GIROTO, Claudia R. Mosca; POKER, Rosimar B. & OMOTE, Sadao (Org.) As tecnologias
nas práticas pedagógicas inclusivas, Marília 2012, 235 p.
DALLA DÉA, Vanessa Helena Santana; Síndrome de Down, caminhos e histórias de
amor. Editora Phorte, 2009.335 p.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? 2. ed. São Paulo:
Moderna, 2006. v. 1. 64p
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. PRIETO, Rosângela Gavioli. Inclusão Escolar: pontos e
contrapontos. São Paulo: Summus, 2006. 103 p.
Marlene Zwierewicz1
Vanessa Pereira2
Mariane Furtado Nascimento 3
Joelma de Bona4
Marcia Bianco5
Sala 3
Resumo: entre os desafios da gestão educacional situa-se a necessidade de compatibilizar as políticas públicas
em vigência no âmbito nacional e as especificidades das instituições de ensino das diferentes regiões brasileiras.
Nesse contexto, a crescente regulação do ensino, efetivada pelo sistema federal desde a última década do século
XX, e o fato de a responsabilidade de solucionar grande parte de suas próprias demandas ser delegada às escolas,
têm exigido de gestores dos sistemas municipais o empenho tanto para promover uma educação que atinja os
índices de qualidade projetados em âmbito nacional, quanto para viabilizar um ensino contextualizado, capaz de
articular currículo e realidade. É nessa conjuntura que a Secretaria de Educação de Paulo Lopes, em Santa
Catarina – Brasil, tem dinamizado a gestão da educação do município, utilizando estratégias que priorizam uma
concepção pedagógica ecossistêmica e uma metodologia transdisciplinar e ecoformadora. Partindo da realidade
atual da referida gestão, o objetivo deste artigo é apresentar o trabalho que vem sendo desenvolvido pela
Secretaria Municipal de Educação de Paulo Lopes, priorizando ações voltadas para a formação dos gestores e
docentes e para o planejamento das escolas. Com a finalidade de realizar este estudo, optou-se pela pesquisa
documental e pela abordagem qualitativa, e utilizou-se, como fonte para a coleta de dados, o planejamento
realizado colaborativamente pelas instituições, bem como os projetos didáticos específicos. Os resultados
indicam que a proposta de gestão tem ampliado o sentido de pertencimento de gestores e docentes, tendo em
vista que todas as instituições vinculadas à rede municipal de ensino compartilham o mesmo propósito de
promover o desenvolvimento de escolas criativas e que colaborem para a consolidação de uma cidade
sustentável.
Palavras-chave: Gestão educacional. Pedagogia Ecossistêmica. Transdisciplinaridade. Ecoformação.
Introdução
A gestão da Educação Básica efetiva-se a partir de diferentes concepções que norteiam
as políticas públicas e dinamiza-se em cenários complexos, articulados aos sistemas de ensino
1
Marlene Zwierewicz: Professora Pesquisadora do Programa de Mestrado Profissional em Educação Básica da
Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP. Coordenadora do Programa de Formação-Ação em Escolas
Criativas, desenvolvido pelo Centro Universitário Barriga Verde – Unibave, com apoio das Redes Internacionais
de Escolas Criativas – RIEC e RIEC Brasil. Doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina
- UFSC e Doutora em Educação pela Universidade de Jaén - UJA (Espanha). Contato:
[email protected]
2
Vanessa Pereira: Secretária de Educação de Paulo Lopes – Santa Catarina. Graduada em Pedagogia, Graduanda
em Direito e Especialização em Ciências dos Saberes da Educação.
3 Mariane Furtado Nascimento: Professora efetiva da Rede Municipal de Paulo Lopes – Santa Catarina.
Graduada em Pedagogia e Especialização em Educação Infantil, Séries Iniciais, com ênfase em Educação
Especial.
4
Joelma de Bona: Coordenadora Geral de Ensino de Paulo Lopes – Santa Catarina. Graduada em Pedagogia e
Especialização em Educação Infantil, Séries Iniciais, com ênfase em Educação Especial.
5
Marcia Bianco: Coordenadora do Núcleo de Inovação Pedagógica – NIP, professora do Ensino Superior do
Centro Universitário Barriga Verde – Unibave, professora da Escola Barriga Verde. Graduada em Letras:
Português e Espanhol. Especialização em Interdisciplinaridade.
e às escolas que têm sua própria lógica organizativa e suas finalidades delimitadas pelos fins
políticos-pedagógicos. Na interação dos sistemas e destes com as escolas, acontece o “[...]
envolvimento e o comprometimento de diferentes atores, incluindo gestores e professores
vinculados aos diferentes sistemas de ensino.” (DOURADO, 2007, p. 924), que buscam
formas de gerir o processo educacional no contexto local.
Na Secretaria de Educação de Paulo Lopes, cidade situada em Santa Catarina, não tem
sido diferente. Entre as incertezas em relação à realidade atual e as necessidades do cotidiano
das escolas, optou-se pela configuração de uma gestão que estimula o diálogo e busca
priorizar o sentido de pertencimento dos profissionais que atuam na Rede Municipal de
Ensino.
Para tanto, está em desenvolvimento um programa formativo que favorece a interação
da Secretaria de Educação com as escolas e entre as próprias escolas, oferecendo
possibilidades para a participação efetiva de todos os gestores e docentes nas decisões
referentes aos encaminhamentos pedagógicos. Tendo como título „Programa de Formação-
Ação em Escolas Criativas‟, a proposta facilita a gestão das demandas pedagógicas por causa
da forma como foi estruturada. Além disso, os referenciais teóricos que norteiam o programa
ampliam a visão sistêmica e o trabalho colaborativo, condições que favorecem o diálogo e o
comprometimento, pois as decisões em relação ao planejamento do ensino são tomadas a
partir das necessidades da rede de ensino e das especificidades das escolas vinculadas.
Para contextualizar o referido trabalho, serão brevemente delimitados, a seguir, os
referenciais teóricos que norteiam o programa formativo, elucidando, dessa forma, as etapas
que o compõem, descritas na seção dos resultados. Busca-se, com isso, caracterizar a
articulação entre a concepção pedagógica e a metodologia adotadas na gestão como „condição
mobilizadora‟ dos processos de ensino e de aprendizagem desenvolvidos pelas escolas
vinculadas à Secretaria de Educação de Paulo Lopes.
Procedimentos Metodológicos
Para contextualizar o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Secretaria de
Educação de Paulo Lopes, priorizando ações decorrentes da formação dos gestores e docentes
e do planejamento das escolas, optou-se pela pesquisa documental, apoiada pela abordagem
qualitativa. Essa escolha justifica-se pelas possibilidades que a pesquisa documental e a
abordagem qualitativa oferecem para analisar documentos elaborados colaborativamente
durante o Programa de Formação-Ação em Escolas Criativas, bem como os que atendem as
especificidades de cada instituição de ensino.
Como fontes de pesquisa, foram utilizados: o documento „Linhas Compartilhadas para
um Planejamento Transdisciplinar e Ecoformador‟ (PAULO LOPES, 2017), que situa a
condição mobilizadora, definida por todas as instituições de ensino e pela Secretaria de
Educação, e os oito Projetos Criativos Ecoformadores – PCE, elaborados pelas instituições de
ensino. Os referidos documentos possibilitam explorar o processo de interação entre a
Secretaria de Educação e as instituições de ensino e também compreender melhor como cada
escola tem se organizado para colaborar no objetivo comum a todas, ou seja, a condição
mobilizadora, que é priorizar escolas criativas que colaborem na consolidação de uma cidade
sustentável.
Destaca-se que a Rede Municipal de Ensino é formada por oito escolas, quatro delas
atendem exclusivamente a Educação Infantil e as outras quatro atendem a Educação Infantil e
o Ensino Fundamental. Destas, somente uma atende os anos finais do Ensino Fundamental.
Desenvolvimento e resultados
Além de contextualizar o Programa de Formação-Ação em Escolas Criativas, são
também apresentados, nesta seção, os resultados obtidos em seu desenvolvimento. Como o
programa vem sendo desenvolvido desde o início de 2017, esses resultados ainda são
preliminares, mas suficientes para situar a matriz pedagógica que tem norteado a gestão
pedagógica na Rede Municipal de Ensino de Paulo Lopes.
6
Antes desta experiência, foi realizada uma formação envolvendo a proposta das Escolas Criativas na Escola
Barriga Verde, em Orleans – Santa Catarina. Na iniciativa foi utilizada uma sequência diferente da utilizada no
Programa de Formação-Ação em Escolas Criativas.
Ludgero, Paulo Lopes e Santa Rosa de Lima) e um que envolveu, prioritariamente, uma das
suas instituições de ensino (Urussanga). Além disso, o programa vem sendo desenvolvido em
três escolas da Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina, sendo uma localizada em Braço do
Norte (complementando os oito municípios), outra em Santa Rosa de Lima e outra em
Urussanga (UNIBAVE, 2017). Destaca-se que sete dos oito municípios citados estão situados
no sul catarinense, formando uma rede regional de cidades e instituições que influenciam o
programa e são influenciadas por ele.
Considerando as bases epistemológicas que o subsidiam e o propósito da RIEC e da
RIEC Brasil, o programa tem sua organização definida a partir de cinco etapas que se
articulam e são apresentadas a seguir.
Etapa da conexão: constituindo-se como a parte inicial do programa, objetiva impactar
os participantes, utilizando estratégias para que gestores e docentes possam situar suas
práticas, identificando e valorizando as inovações realizadas antes do início da formação, bem
como os desafios a serem enfrentados. Também são trabalhadas as bases teóricas que
norteiam o programa e as possibilidades metodológicas e avaliativas.
Etapa da projeção: refere-se aos momentos de planejamento, que visam reduzir a
distância entre o realizado e o desejado. Nesta etapa, são definidos os Projetos Criativos
Ecoformadores – PCE, cuja prática colabora para ampliar a criatividade e estimular a
superação do ensino linear, fragmentado e descontextualizado.
Etapa do fortalecimento: estimula-se a participação de gestores e docentes em
encontros de estudo e oficinas para aprofundar conhecimentos teóricos e práticos,
impulsionando as mudanças necessárias. Colaboram, ainda, profissionais de diferentes áreas e
instituições, com o propósito de auxiliar em questões sugeridas por gestores e docentes que
participam do programa.
Etapa da interação: nesta etapa, busca-se socializar as ações desenvolvidas a partir da
formação. Ela é fundamental para potencializar a criatividade da equipe a partir da troca de
ideias compartilhadas por profissionais de todas as instituições da rede municipal de ensino
que participam da proposta.
Etapa da polinização: divulgam-se os resultados dos Projetos Criativos
Ecoformadores – PCE, apresentando-os em seminários municipais, publicações em livros,
periódicos científicos e eventos. É uma etapa para valorizar as escolas, os profissionais, os
estudantes, as comunidades e suas iniciativas, contribuindo também para que outros contextos
possam ressignificar suas práticas a partir daquilo que foi compartilhado.
As etapas mantêm uma proximidade com os organizadores conceituais dos Projetos
Criativos Ecoformadores – PCE, metodologia criada por Torre e Zwierewicz (2009). Dessa
forma, o programa cumpre a missão das RIEC e da RIEC Brasil quando adota como
metodologia uma proposta que contribui para identificar, potencializar e difundir instituições
e práticas transdisciplinares e ecoformadoras, priorizando as que propiciam tanto a religação
dos saberes quanto a formação integral e a consciência planetária.
Considerações Finais
Ao valorizar as emergências da realidade atual e as necessidades surgidas na
articulação entre as políticas públicas e as especificidades de cada instituição de ensino,
buscaram-se estratégias compatíveis com as demandas da Rede Municipal de Ensino de Paulo
Lopes e das escolas que lhe são vinculadas. Nesse contexto, o Programa de Formação-Ação
em Escolas Criativas tenta potencializar as práticas inovadoras que já vêm sendo
desenvolvidas e estimular outras ações no atendimento dos desafios constatados em sua
primeira etapa formativa.
Dessa forma, a interação, a busca e a socialização formam o tripé que tem mobilizado
o encontro entre a gestão pedagógica e as prioridades de cada contexto. Aos resultados
preliminares acrescentar-se-ão as sínteses apresentadas no primeiro Seminário de Gestores da
Educação Básica de Paulo Lopes, previsto para o dia 13 de maio de 2017, bem como as
demais socializações previstas para o decorrer do ano letivo, estrategicamente pensadas para
fortalecer também a equipe de docentes.
Esse movimento tem relação com a expressão formação-ação, cuja intenção é evitar
que a formação continuada limite-se à oferta de palestras que, ao serem trabalhadas
isoladamente, pouco acrescentam aos profissionais da educação, conforme destaca Nóvoa
(2001). Nesse sentido, a opção da Secretaria Municipal de Paulo Lopes para gerenciar a
dimensão pedagógica proporciona aos gestores e docentes das escolas múltiplas formas de
interagir e transformar a realidade educacional e colaborar para a transformação do seu
entorno.
Referências
Sala 03
RESUMO: Trabalho elaborado a partir de uma experiência de campo vinculado a um estágio acadêmico do
curso de Psicologia, sendo o mesmo pautado na temática promoção à saúde. Na oportunidade, objetivando-se
averiguar os processos perceptivos e dinâmica comportamental do trabalhador professor no exercício da
docência e sua relação com saúde mental, construiu-se previamente um conjunto de instrumentos, como roda de
conversa e observação participante que juntas proporcionaram um conjunto de informações a contento aos
objetivos da pesquisa. Assim sendo, constatou-se, que os professores se percebem como de extrema importância
social, mas sentem-se desvalorizados pelas famílias e sociedade em geral. Ademais, enfrentam diariamente um
conjunto de experiências, como revelia dos alunos frente às exigências comportamentais e cumprimento das
atividades educacionais e infraestrutura precária, que a médio e longo prazo exigem dos mesmos a construção de
estratégias de enfrentamento que demandam uso exacerbado de energia psíquica, podendo no transcorrer do
tempo apresentarem problemas relacionados à sua saúde mental.
INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
―Ser professor é ajudar a proporcionar um futuro melhor para seus alunos, passar
educação, valores morais para ele ser um bom cidadão, ter autonomia, ser crítico e
ser alguém na vida. Mais às vezes a gente não consegue fazer isso por falta de
atenção da turma que parece não entender ou não querer ouvir o que está sendo dito‖
(ENTREVISTADO 10)
3 CONCLUSÃO
4 REFERÊNCIAS
————. (2001). Versão de sentido. In Por uma psicologia humana (pp. 73-86). Campinas:
Alínea
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
MARTINS, Gisele Maria Viana; RUDGE, Ana Maria. Relação transferencial entre professor
e aluno na educação de jovens e adultos. Trivum, Rio de Janeiro , v. 6, n. 2, p.
125, dez. 2014 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-
48912014000200015&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 18 out. 2016.
POLONIA, Ana da Costa and DESSEN, Maria Auxiliadora. Em busca de uma compreensão
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312. ISSN 2175-3539. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-85572005000200012
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
SOUZA, Vanessa Alexandre de. Análise psicodinâmica do trabalho docente na rede pública
estadual [manuscrito] / Vanessa Alexandre de Souza. - 2014. 103 f. : tabs.
SMEHA, Najar Luciane; VLIEGER, Ferreira, Lolete. Prazer e sofrimento docente nos
processos de inclusão escolar. Revista Educação Especial, vol. 21, núm. 31, p. 37-48, 2008.
VALLE, Luiza Elena Ribeiro do; REIMAO, Rubens; MALVEZZI, Sigmar. Reflexões sobre
Psicopedagogia, estresse e distúrbios do sono do professor. Rev. psicopedag., São Paulo , v.
28, n. 87, p. 237-245, 2011 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862011000300004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 05 set. 2016.
Sala 03
RESUMO: Diversas condições estão relacionadas ao processo de aprendizagem da escrita e leitura, como
alunos, família, professores, escola, o contexto sociocultural e a sócio afetividade dos atores deste processo.
Abordar a Percepção dos professores sobre o atraso na leitura e escrita dos alunos em anos iniciais de uma escola
municipal de Imperatriz – Maranhão surgiu a partir da vivência no Programa de Iniciação à docência-Subprojeto
de Pedagogia, em uma escola da periferia da cidade, onde dentre as adversidades de suas condições, destaca-se o
baixo rendimento, o que instigou este estudo, com objetivos de investigar a percepção dos professores sobre o
atraso na escrita e leitura dos alunos e destacar a concepção dos professores para melhorar este atraso. Pesquisa
de campo, qualitativa realizada em novembro de 2016, envolvendo 4 professores, com regência do 1º ao 5º ano,
exceto do 4º ano por recusa. Nos resultados, o total de alunos nas turmas foi de110, sendo 1 turma com 27, outra
com 33 e 2 com 25 alunos. Considerar que um mesmo aluno pode constar em mais de um dos itens, portanto,
deste total, 9 alunos possuíam reprovações, 15 não sabiam ler, 80 não sabiam escrever e 68 não sabiam ler e
escrever e 9 diagnosticados com déficit de atenção. Na percepção dos professores a principal causa do atraso da
leitura e da escrita foi a ausência dos pais no acompanhamento das crianças e a concepção para melhorar a
aprendizagem da leitura, escrita e das reprovações, os professores destacaram que a escola deveria levar mais a
sério estas dificuldades, desenvolver projetos e capacitar os professores; que os professores devem trabalhar mais
a leitura e a escrita usando recursos diversificados, que a dificuldade é pela falta de interesse do aluno e que a
reprovação deveria ser para os pais porque os professores fazem sua parte e os pais não fazem. Concluiu-se que
na percepção dos professores a dificuldade de aprendizagem dos alunos, está relacionada principalmente aos
pais, à indisciplina e a superlotação das turmas; consequentemente a melhor forma de resolver estas dificuldades
seria a ajuda dos pais, do aluno e da escola. Recomendam-se outros estudos para consolidar estes resultados e
fomentar ações educacionais nas escolas sensibilizando os professores como atores responsáveis pelo processo e
subsidiar o poder público na melhoria educacional no município.
1 INTRODUÇÃO
1
Acadêmica do Curso de Pedagogia da UFMA-CCSST- e-mail: [email protected]
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia da UFMA-CCSST- e-mail: [email protected]
3
Supervisora do PIBID na Escola do estudo - e-mail: [email protected]
Lamentavelmente, o que vivenciamos hoje é um mister de delegação de
responsabilidade do ensino de princípios e valores o que leva a criança cada vez mais à
indisciplina e como consequência à falta de atenção em sala de aula o que pode contribuir
para a não aprendizagem da leitura e da escrita.
Nesta perspectiva, Brasil (2001) considera que o objetivo da educação é formar
cidadãos, independente da sua concepção.
Há de se considerar, portanto, que a construção do sujeito se dá a partir de uma
determinada realidade social, do seu contexto de vida. Portanto, a educação não é um ato
isolado, onde uma dificuldade de aprender possa ser vista apenas e unicamente como
resultado de processos cognitivos individuais. Aprender ler e escrever vai muito além, pois
envolve a socioafetividade na relação professor/aluno, a escolha dos conteúdos, a
metodologia e a forma de avaliação. (FÁVERO; CALSA, 2013).
A partir desta visão e das observações feitas durante as atividades no Programa de
Iniciação à docência - PIBID, Subprojeto de Pedagogia, na escola em questão, haja vista, a
constatação de crianças do 4º e 5º ano, já reprovadas que não sabem ler e nem escrever,
surgiram inquietações que levaram aos questionamentos: Qual a percepção dos professores
em relação ao atraso da leitura e escrita das crianças? Que concepção considera para resolver
este atraso? O que justificou esta abordagem, cujos objetivos foram investigar a percepção
dos professores sobre o atraso na escrita e leitura dos alunos e destacar a concepção dos
professores para melhorar este atraso.
2 DESENVOLVIMENTO
3 METODOLOGIA
Pesquisa de campo, com abordagem qualitativa, que conforme Minayo (2010) se trata
de abordagem que responde a questões muito particulares e se ocupa, nas Ciências Sociais,
com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificada e assim, trabalha
com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das
atitudes.
Para análise, fundamentou-se na proposta da análise de conteúdo de Bardin, descrita
como uma técnica de análise das comunicações, do que foi dito nas entrevistas ou observado
pelo pesquisador como citado por Mozzato e Grzybovski (2011).
Foram envolvidas 4 professoras dos anos iniciais do ensino fundamental de uma
escola pública municipal, localizada na periferia do município, onde se realiza atividades do
Programa de Iniciação à Docência (PIBID), no Eixo “Monitoria”. A exclusão foi do 4º ano
devido à recusa da professora em participar. Para tanto, buscou-se dados de informações sobre
a turma como número de alunos na turma, reprovados, quantos não sabem ler e escrever
isolados e agrupados de não saber ler e escrever e se há crianças diagnosticadas com
dificuldade de aprendizagem. Além disso, foram feitas as seguintes questões norteadoras: Na
sua percepção, a que atribui o atraso na leitura e escrita das crianças e qual a concepção para
melhorar este atraso?
As questões foram entregues às professoras que responderam e devolveram, após
assinatura do Termo de Consentimento Livre e esclarecido (TCLE) e das explicações dos
objetivos da pesquisa, e visando garantir o anonimato dos atores envolvidos designou-se
usando nomes de pedras preciosas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Diante da análise dos dados, os resultados apresentaram o total de alunos nas 4 turmas
de110, sendo 1 turma com 27 alunos, outra com 33 e 2 outras com 25 alunos cada uma. Na
fase de questões específicas sobre as turmas, considerou-se que um mesmo aluno pode
constar em mais de um dos itens, o que pode ser observado nos números apresentados em
relação a não saber ler, escrever ou ambos, Do total de alunos, 9 possuíam reprovações, 15
não sabiam ler, 80 não sabiam escrever e 68 não sabiam ler e escrever tendo 9 alunos com
diagnóstico de déficit de atenção.
Em termos percentuais, observa-se que 68 (61,8 %) dos alunos não sabem ler e
escrever, o que denota preocupação, principalmente que dos 68 alunos, 30 (44,1%) se
encontram no 3º e 5º ano, onde o esperado é que uma criança que frequenta a escola desde o
1º ano já tenha certo grau de aprendizagem da leitura e da escrita.
Conhecer estes aspectos foi relevante, pelo muito que se tem escutado em diversos
cenários, que as turmas são superlotadas e que esta seria uma das razões pela qual os
professores não conseguem ter domínio da turma, tanto no sentido da disciplina, como
também na condução de práticas mais estimuladoras para prender a atenção da criança, ou
despertar o interesse das mesmas. Assim como a presença de crianças com dificuldade de
aprendizagem (DA).
Considerando a DA, Fávero e Calsa (2013) diz que requer se pensar considerando a
Teoria das Representações Sociais para vislumbrar a possibilidade de transformação e
modificação de práticas sociais, por meio da análise de práticas cotidianas escolares.
Na percepção dos professores as principais causas do atraso na leitura e na escrita das
crianças foram devido a:
Falta de ajuda da família, precisamos trabalhar também os pais que são muito
desinteressados. (Ametista)
É o não acompanhamento dos pais e a falta de atenção dos mesmos. (Diamante)
A família por não acompanhar a criança em suas atividades que vai para casa, sem
falar nas reuniões que eles não participam. (Esmeralda)
Ausência da família na escola e no acompanhamento das atividades, a indisciplina e
superlotação de alunos na sala de aula. (Rubi)
Em se tratando da concepção dos professores para melhorar o atraso na aprendizagem
da leitura e escrita foi destacada que:
Na verdade, não são as crianças que devem ser reprovadas não,...quem tem que ser
reprovado são os pais...os professores fazem a parte deles e os pais não fazem. (Ametista)
Trabalhar os aspectos da leitura e da escrita com ações planejadas com uso de fichas
de leitura, alfabeto móvel, jogos e com a ajuda dos pais. (Diamante)
Para mim, a maior dificuldade é a falta de interesse do próprio aluno, deviam se
interessar. (Esmeralda)
A escola deve levar mais a sério as dificuldades dos alunos e propor e propor mais
ações voltadas para a leitura e desenvolver projetos para amenizar a indisciplina e até
capacitação para os professores. (Rubi)
Observa-se que a maioria dos professores centrou as responsabilidades nos pais, na
família e pouco se considerou fundamental nas tomadas de decisões. Embora de fato este seja
um fator contributivo importante.
Considerando este aspecto, conhecer alguns aspectos da formação do contexto familiar
da criança seria significativo, pois conforme Vieira et al. (2015), não há mais um padrão de
família, e sim uma variedade de padrão familiar, com identidade própria em constante
desenvolvimento, o que requer que do professor conhecer a realidade familiar onde o aluno
está inserido, conhecer quais são os anseios, angustias e necessidades vivenciadas pelos
alunos, pois assim poderá compreender o por que das dificuldades demonstradas no
processo da aprendizagem de modo geral.
Para Freire (1983) alfabetizar é adquirir a prática da escrita pelo processo de
construção do conhecimento, tendo uma visão crítica da realidade, para a conquista da
cidadania. Portanto, não representa apenas conhecer os grafemas e fonemas, mais dá
significado às coisas do seu cotidiano, independente do método ou recursos, contudo o lúdico
deve fazer parte deste contexto.
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
MINAYO, M.C.S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29. ed.
Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2010. (Coleção temas sociais).
Abstract: This text is part of a monographic project, in which it plans to new approaches in the classroom, alwa
ys leaving the premise of helping students understand certain subjects and areas of science. With appropriate app
roach to work in high school, And starting from something so exposed in the educational environment the interdi
sciplinary. The project aims, at first, demonstrate how biology is part of cultural formation, of social groups and
propose new ways of presenting themes, areas of science, within these, the text presents the religious conception
s of societies, and their relation with the protection of the environment; to create a meaningful learning bringing t
he importance of the connection and preservation of the subject with the environment and the personal theologic
al construction of the subject. Authors used as basis for basic document: Marconi (1998), Bassi (2012), Pavicichi
(2008).
Introdução
1
Pós-graduado em Ensino de Ciências, pela Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns (jeff_ri92@hot
mail.com);
2
Dr Prof. Adjunto da Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns ([email protected]);
3
Me Prof. NEAD/Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns ([email protected]);
a reflexão social por parte do sujeito que a estuda. Por tanto o debate que se levanta são as for
mas de aproximar a visão, percepção de ecologia, estudada, dos processos atitudinais do sujeit
o no seu cotidiano.
Os processos inatos estão presentes na invenção da crença, pois o ser humano tem a ne
cessidade de achar resposta para tudo. Quando não consegue uma explicação, algo cabível (de
significância), ele coloca em cargo da religião a responsabilidade de esclarecer determinado f
ato ou coisa. A partir disso, determinados eventos, mesmo que seja de cunho natural, se torna
uma representação religiosa. Um princípio importante para a religião se deu através de uma gr
ande característica biológica humana, a capacidade de se adaptar as mais diferentes regiões do
globo, gerando assim diferentes tribos e sociedades, cada uma com a sua crença específica. C
om isso, a religião deixa de ser inata e assim passa por outros fatores, alguns deles de caráter
biológico, pois a adaptação ao meio propicia criação de ideias distintas de uma região para out
ra (NASCIMENTO, 2012).
O texto foi totalmente desenvolvido através de bases bibliográficas, não sendo aplicad
o, o projeto, e deste modo não foram coletados e observados dados pertinentes a resultados ef
etivos. Na abordagem de assuntos tão delicados em nossa sociedade o professor deixa obscure
cer as informações que de certo modo são concepções do aluno, e deste modo deixa passar a o
portunidade de discussões com os alunos. As propostas sendo colocadas em pratica ou aprimo
radas auxiliam para um melhor envolvimento dos estudantes nas aulas. O projeto, por motivo
de não ter sido aplicado, da margem maior para que possa ser explanado de forma mais ampla
, e sejam desenvolvidas novas formas de abordagens. O intuito do projeto é simplesmente pro
mover a melhor compreensão do estudante sobre os assuntos abordados no ensino de ciências
e auxiliar na sua ligação com o meio natural, influenciando sua compreensão e seus processos
atitudinais para com o meio ambiente.
Desenvolvimento
As ideias científicas por muito tempo desenvolvidas dentro da filosofia partiam de pre
ssuposições religiosas tais como a presença de deuses, que explicavam suficientemente bem c
omo o universo e tudo mais surgiu, tal como o homem, e o motivo para cada (GAARDER, 20
12) (MARCONDES, 2016). Porem dentro dos próprios filósofos começou a discussão para sa
ber se determinadas posturas eram realmente certas dentro da ciência, tendo em vista que a ciê
ncia é um campo para se trabalhar com coisas palpáveis ou que no mínimo não necessitem de
intervenções divinas para acontecer seja uma ou mais vezes.
Numa breve definição e diferenciação de religião e fé: religião representa como muitos
teóricos e antropólogos definem basicamente os fenômenos tidos como paranormais ou com
“explicação espiritual”, no caso as concepções e ideias, incluindo a esta ideia seres sobrenatur
ais, que teriam uma influência nos indivíduos de cada grupo social (MARCONNI, apud BEA
LS e HOIJER, 1969;589. pág.163). Além disso, aponta outros significados como a crença e a
forma como esses caracteres afetam o comportamento. Por sua vez, a fé já apresenta outra def
inição, pois essa tem relação direta com o ser submisso a alguém ou algum ser, teria analogia
com a obediência quase cega ou o medo de um ser sobrenatural (MARCONI, apud HOEBEL
e FROST, 1981;452. pág.163). Por este modo o debate não entra nas premissas presentes na f
é, somente na religião enquanto construção do homem para entender o meio que o cerca, em q
ue vive.
Outro exemplo que concretiza a relação ecológica e a religião, é a dos ameríndios anti
gos, na qual os povos possuíam uma forma de ligação com meio natural mais aprofundada qu
e as civilizações atuais. Isso fazia com que suas vidas fossem, em várias formas, uma vivência
altamente consciente com o meio que o cerca, como retrata o texto de um chefe indígena (pel
e-vermelha), Seattle, a carta se destinava a Frank Pierce, em 1855 (PAVICICH, Mónica et al.)
amplamente abordada e conhecida:
“Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fiz
ermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe
de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza
com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do a
no... Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal ideia nos é e
stranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como
então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, ca
da folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na flor
esta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na co
nsciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as re
cordações do homem vermelho. (...) O homem branco esquece a sua terra nat
al, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mort
os nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho.
Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas ir
mãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosa
s, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o hom
em - todos pertencem à mesma família.” (Trechos de um diário: O Cacique S
eattle: Um cavalheiro por instinto". 10º artigo da série “Primeiras Reminiscên
cias” - Seattle Sunday Star, 29 de outubro de 1887 do articulista Henry Smith
. Tradução livre pela equipe de Floresta Brasil).
É sabido que durante as fases da vida o indivíduo passa por diferentes formações fisiol
ógicas do seu organismo e determinados grupos sociais utilizam de cerimônias que possuem r
elação direta com as “conformações” e “aptidões” que o organismo terá a partir daquele mom
ento. Algumas delas, os ritos de passagem pelo nascimento, infância, adolescência, vida adult
a e morte que são características biológicas do indivíduo. Um ritual de passagem comum entr
e os povos Nuer, Dinka e Masai, apesar da grande distância geográfica entre eles, é o roubo d
o gado, no qual eles se duelam para “roubar” os animais do “inimigo”, esses povos têm grand
e dependência do pastoreio e o rito por si só já denota a grande importância para aquele grupo
social e sua sobrevivência no meio (PAVICICH, Mónica et al., pág. 32). Outras situações ta
mbém ocorrem, como quando a religião influencia os aspectos biológicos dos sujeitos. Pode s
er citado o grande leque de plantas medicinais utilizadas por povos antigos em seus rituais de
cura, que posteriormente foram aplicados na medicina, ou até mesmo em áreas da química e b
ioquímica atualmente. Outras situações têm desfecho menos interessante, motivador para a ci
ência, como as que envolvem certas populações ou comunidades que se negam a ingerir medi
camentos alopáticos e vacinas, alegando que tais produtos contêm espíritos dentro deles e que
lhe causarão mal, gerando um problema de saúde pública. Como citado na página da Revista
da Vacina do Ministério da Saúde, no qual trazia a notícia que o ato de se vacinar contra a var
íola, entre os hindus, é considerado de extremo decoro e profano, pois eles apresentam como
deidade a deusa da varíola, Shitala Mata. Para eles quando infectados pela doença era creditad
o à vida deles uma forma de sorte, benção.
Uma das ligações entre a Religião e a Biologia, tem relação com o cuidado com o mei
o ambiente de diferentes formas e por diferentes povos (cada um com sua peculiaridade). Isso
pode ser abordado no Ensino de Biologia quando se fala em respeito do meio ambiente e as fo
rmas de relacionamento de seres vivos com o meio. Como exposto, o Chefe Seattle demonstra
as relações entre todos os seres, conhecidos por ele, e que a falta de um deles pode causar tra
nsformações drásticas. O mesmo texto traz uma reflexão sobre a forma pela qual a natureza é
tratada pelo homem “branco” e como ele, a sua maneira, interage de forma negativa com o me
io. Em ecologia um dos pontos trabalhados são as “habilidades”, ou seja, como aquele indiví
duo lida com o mundo depois de adquirido determinado conhecimento específico. De que ma
neira vai utilizar as habilidades que aprendeu em sala de aula, de forma a exercer uma postura
correta para com o meio no meio ambiente e seres que também compartilham deste meio. A
o ser abordado no ensino médio, as relações abióticas, nota-se a influência antropomórfica cau
sada no ambiente, seja por forma direta, poluição sonora e do ar, ou de forma indireta, poluiçã
o por eutrofização e inversão térmica (LOPES, ROSSO 2005). Dessa forma, os estudantes per
cebem o que ocorre no meio que o cerca e quem causa, e por terem uma conscientização mais
profunda de como os povos antigos lidavam com o meio ambiente, percebem como são grave
s alguns impactos e, de certa forma, fúteis e irresponsáveis as ações e motivos que as causam.
O principal mote a ser construído com essa abordagem interdisciplinar é uma sensibili
zação maior por parte do indivíduo com o meio ambiente, gerando no sujeito uma aproximaçã
o como lugar que o cerca, e desta forma uma conscientização de proteção à natureza e o que e
la tem a nos oferecer. Gerando ainda um grande desenvolvimento filosófico em cada um.
Considerações finais
Referencial
BAINES, Jhon; MÁLEK, Jaromír. Tradução: Francisco Manhães; Maria Júlia Braga; Michel
Teixeira, Carlos Nougué. Grandes Civilizações do Passado: A Civilização Egípcia. 2ed. -2008
- Folio.
BASSI, Gabriel. Religião inata: Nascidos para crer. 25/05/2012. Disponível em <www.racion
alistasuspwordpress.com/2012/05/25/todos-somos-crentes-inatos/>. Acesso em 13/12/13 às 1
8:15
NASCIMENTO, Paulo Miranda. Criacionismo [1] - Etiologia. Primeiro vídeo da série sobre
Criacionismo, explicando o que é uma Etiologia e sua relação com mitos de criação. Vídeo, 1
0:39min; Publicado em 29/02/2012. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=Gn0
R-gb9SMc>, Acesso em 19/04/2014 16:0
. Paulo Miranda; RUAS, Carlos. Criacionismo Maia e Asteca - Curiosit
y 18 | BláBlálogia. Video, 28:54 min; Publicado em 01/03/2017. Disponível em <https://www
.youtube.com/watch?v=yOw_otKMSUA>, Acesso em 20/03/17
Sala 3
Resumo: O presente artigo discorrerá sobre a relação dos fatores familiares condicionando o sucesso ou o
fracasso escolar dos alunos, que, através do acompanhamento desempenhado com parceria do projeto
Família/Escola vem sendo desenvolvido do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio no
colégio estadual Guilherme Dourado e na Escola Semente do Saber da rede privada de ensino, ambas em
Araguaína-To, considerando vários fatores, dentre eles, a disputa dos grupos sociais sobrepondo uma cultura
sobre as demais, assim como, o desfavorecimento das classes menos favorecidas sempre em desvantagem sobre
a privilegiada. Estas foram algumas das questões motivadoras para a realização desse projeto. Acredita-se que o
resultado foi além do esperado permitindo revelar que é urgente e necessária uma pedagogia racional, que
consiste em oferecer a todos, chances iguais diante do ensino, desde o maternal até a universidade.
Abstract: This article will discuss the relationship between family factors and school success or failure, which,
through the accompaniment of the Family / School project, has been developed from the 6th year of elementary
school to the 3rd year of high school in the college Guilherme Dourado, and in the Seed School of Knowledge of
the private school system, both in Araguaína-To, considering several factors such as: the dispute between social
groups overlapping one culture over the others, as well as the disadvantage of the disadvantaged classes always
disadvantaged The privileged were some of the motivating issues for the realization of this project. It was
believed and continues to believe in the project whose result was beyond expectations, allowing to reveal that it
is urgently necessary a rational pedagogy, which is to offer everyone equal chances before the teaching, from the
maternal to the university.
Introdução
O presente texto tem por finalidade colaborar com a discussão e reflexão sobre a
necessidade urgente de averiguar com mais precisão se, de fato, as políticas públicas atendem
a quem realmente precisa. Durante a pesquisa observou-se que cada classe social produz um
tipo de indivíduo que desde a sua infância, com raras exceções, terá em seu caminho desafios
e obstáculos que levarão ao fracasso e desestímulo. O projeto foi pautado para o cotidiano da
escola com o objetivo de articular com a família e a escola.
Percebe-se por um lado, dificuldades sócias econômicas gritantes no perfil familiar
dos alunos da escola pública. Em contrapartida, nota-se vidas equilibradas e vantajosas no
perfil sócio econômico dos alunos da escola privada de ensino, todavia, o objetivo é apontar
alguns caminhos que nos parecem relevantes para a erradicação das dificuldades encontradas
nesse processo, ou seja, problemáticas como a fome, a miséria, os maus tratos, pedofilia,
abuso sexual, alcoolismo e tantos outros agravos que nos deparamos ao longo do nosso
trabalho realizado com os alunos e suas famílias.
O trabalho foi desenvolvido no Colégio Estadual Guilherme Dourado onde atuamos
como orientadora e pedagoga. Pesquisou-se também o perfil socioeconômico dos alunos da
Escola Semente do Saber da rede privada de ensino, ambas no município de Araguaína – To,
na qual atuei como professora. A finalidade da pesquisa foi detectar a distinção da classe mais
favorecida e da classe menos favorecida sendo facilmente perceptível constatar que o capital
cultural das classes superiores é: educação de alto nível, relações sociais privilegiadas
favorecendo uma posterior ascessão profissional, além de amizade com pessoas influentes e
casamentos vantajosos.
Percebe-se, dessa forma, que a educação é imprescindível para todos, mas é necessário
que essa educação seja facilitada e aberta para todos e não, restrita apenas a uma determinada
classe. Como suporte teórico para sustentar a pesquisa sobre a importância do sucesso da
educação, fez-se necessário versar sobre alguns aspectos diretamente ligados a essas questões.
Recorreu-se ao art. 205 da Constituição Federal,
[...] A educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade visando o pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
Metodologia
Desenvolvimento
Diante das realidades vividas nas duas escolas (rede pública e rede privada de ensino)
enxergou-se distinções bem diferentes de classes sociais. Em se tratando das classes mais
privilegiadas, os valores materiais são transmitidos pela família em forma de capital cultural.
No caso da elite percebeu-se que seus filhos possuem um assegurado conforto material, bons
relacionamentos sociais e algum prestígio na sociedade, assim, são regidos por disciplina
embassadas de amor, ética e boa educação; Em contrapartida, os filhos das classes menos
favorecidas financeiramente, não recebem nenhum tipo de orientação ou instrução pautada no
carinho e amor. E a escola é um mero prolongamento da formação familiar. Isso explica a
importância que a escola e os educadores exercem na vida e na educação dessas crianças e
adolescentes.
No entanto, o que se percebe é uma desarmonização entre família e escola. Na maioria
dos casos, a escola beneficia apenas a uma determianda classe social, exlcuindo outras,
quando na verdade, sua função é de promover uma boa educação e amor àqueles que se
sentem de alguma forma rejeitados. Nota-se que jovens de famílias ricas irão adquirir
privilégios e incontáveis vantagens sobre os jovens e adolescentes desfavorecidos
economicamente que se reflete tanto no campo educacional, quanto no futuro mercado de
trabalho.
A realidade é que candidatos provenientes de classe alta têm 40 vezes mais chances
objetivas de entrar no Ensino Superior para os cursos elitizados, como medicina e direito, do
que os filhos de um operário. Esta é uma das conclusões da pesquisa de Bourdieu e Passeron
(1985, p.42) que afirmam e comprovam que os alunos privilegiados economicamente são
herdeiros de uma sociedade de classes que perpetua as desigualdades sociais de geração em
geração, legitimado e comprovado também pelo sistema escolar:
A cultura da elite está tão próxima da cultura da escola que a criança originária de
um meio pequeno-burguês, não pode adquirir senão laboriosamente o que é dado ao
filho da classe cultivada: o estilo, o gosto, o espírito, em suma, o saber fazer e o
saber viver que são naturais a uma classe, porque são a cultura dessa classe (1985,
pp. 39-40).
De acordo com Patto (2010), a escola pública é uma instituição típica da sociedade
capitalista, e que não está isolada das demais instituições sociais. Ela surgiu durante dois
acontecimentos: a Revolução Francesa (1789) que criou uma nova classe dominante – a
burguesia – destituindo a nobreza e o clero do poder econômico e político, tornando inviável a
relação entre servo e senhor feudal, levando grandes contingentes das populações rurais para
os centros urbanos; a Revolução Industrial (1780), configurando, assim, o modo de produção
capitalista e favorecendo os processos de industrialização, urbanização e migração, dando
origem ao trabalho assalariado.
O declínio escolar surgiu, quando a maioria da população, formada por membros das
classes trabalhadoras urbanas e rurais, teve acesso à escola pública e gratuita. Diante desse
cenário, percebe-se que a história do fracasso escolar é antiga. Desde o Império, período em
que a educação era privilégio da burguesia, o fracasso escolar esteve associado às classes
menos favorecida, o que confirma a afirmação de Patto (2010, p.81), que revela que no
período do surgimento da República “menos de 3% da população frequentava a escola, em
todos os níveis, e 90% da população adulta era analfabeta”.
Durante a Primeira República, mesmo com a abolição da escravidão, não havia
igualdade de oportunidades educacionais entre os indivíduos. Buscaram-se nesse período,
explicações para as diferenças entre as raças e atribuição do fracasso escolar às classes
populares, justificando as divisões de classes sociais, na ideologia das aptidões naturais,
resultando no final da Primeira República num contingente de analfabetos que atingia 75% da
população.
Para explicar esse fato, a escola buscou apoio na Psicologia, cujos laboratórios
funcionavam anexos a escolas normais. Com o trabalho conjunto de Psicólogos e Pedagogos,
muitos alunos, sem o menor escrúpulo desses profissionais, foram considerados alunos
problemas e com isso, foram encaminhados às clinicas de Psicologia, que submetidos a um
teste de QI, determinou o destino escolar de grandes contingentes de crianças pobres. Embora
o foco continuasse nas crianças, houve uma preocupação e trabalho também com professores
e pais. Na realidade, segundo Patto, 2010 essas clínicas se transformaram numa “fábricas de
rótulos” atingindo as crianças das classes trabalhadoras da periferia dos grandes centros
urbanos. Ainda que a Psicologia tenha marcado o destinado de muitas crianças no Brasil e no
mundo, a discriminação mais acentuada estava em relação aos “não brancos”.
Samuel Bowles e Herbert Gintis apud Brooke (2008) afirmam que a maioria dos
homens assalariados negros trabalhava no sul dos Estados Unidos na região mais pobre do
país onde a escolarização dos negros correspondia a 38% inferior aos dos brancos. Em 1972,
havia reduzido para 18%. Se os negros tivessem recebido os mesmos benefícios que os
brancos, a diferença de renda não diminuía. Mesmo que os negros alcançassem uma paridade
educacional e regional em relação aos brancos, outros mecanismos causaria a diferença como
a segregação, que mantinha a desigualdade de renda associada à raça.
Os negros, ao longo da história, são vítimas da desigualdade e a raiz desta
desigualdade não está relacionada somente à educação, mas a um sistema de privilégios e
poder econômico nos quais as distinções sociais e raciais possuem um papel relevante.
O fracasso escolar tratado nas publicações da RBEP (Revistas Brasileiras de Estudos
Pedagógicos) é apresentado sobre três afirmativas: a primeira se refere à influência da teoria
da carência cultural, que atribui o fracasso escolar aos alunos oriundos das camadas
populares; a segunda, à associação da escola pública como sendo uma instituição adequada às
crianças das camadas médias e os professores como profissionais que buscam um aluno ideal,
sem habilidades para lidar com a realidade que encontram; e a terceira, identifica os
professores como possuidores de padrões culturais diferentes dos alunos e por isso, seriam
profissionais pouco sensíveis e muito preconceituosos com relação aos alunos das classes
menos favorecidas.
Segundo Patto, 2010, os preconceitos e o fracasso escolar não se referem somente aos
alunos. Estudos revelam que famílias das classes populares expressam menos afetividade no
tratamento com filhos do que as mães das classes superiores. São acusados de pais
problemáticos, alcoólatras, cujos desajustes familiares pertencentes às classes populares são
os principais motivos pelo baixo rendimento escolar.
Kimball apud Patto, 2010 um educador norte-americano apresentou ao INEP em 1969,
o fato de mais da metade das crianças brasileiras abandonarem a escola durante o primeiro
ano primário relacionando as seguintes causas: grande número de professores leigos,
desinteresse do homem da zona rural pela escola, falta de orientação da família em relação
aos estudos, falta de adaptação das técnicas pedagógicas às classes inferiores, o despreparo
dos professores da classe média para educarem crianças das classes inferiores e participação
das mulheres no corpo docente. Enfim, tem-se discutido o fracasso escolar que atinge as
camadas populares. Mesmo com projetos de pesquisa na área, reformas educacionais e várias
medidas tomadas pelos órgãos oficiais, o problema ainda não foi resolvido de forma eficaz.
Considerações Finais
Referências
ALMEIDA, A.M. F. A noção de capital cultural é útil para se pensar o Brasil? In: PAIXÃO,
L.P; ZAGO, Nadir (Orgs.). Sociologia da educação: pesquisa e realidade. Petrópolis:
Vozes, 2007.
AMMANN, S.B. Os incansáveis. Movimento popular de Brasília. Caderno Praxis, n. 4, São
Paulo: Cortez, 1987.
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INSTITUTO DE ESTUDOS DA CULTURA E EDUCAÇÃO CONTINUADA.
Contemporaneidade e Educação. Ciências Sociais e Educação, revista semestral, Rio de
Janeiro, ano II, n. 2, 1997.
SERVIÇO SOCIAL & SOCIEDADE. São Paulo: Cortez, ano XVIII, n. 55, 1997.
PATTO, M. H. de S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São
Paulo, 2010.
PERMANÊNCIA E ÊXITO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA AO
ENSINO MÉDIO: A EXPERIÊNCIA DO APOIO PEDAGÓGICO AO DISCENTE DO
IFG CÂMPUS URUAÇU
Marcilene Dias Bruno de Almeida1
Sala 5
Resumo: Os altos índices de evasão e repetência na Educação Profissional integrada ao ensino médio têm
contribuído para o distanciamento da tão almejada democratização da educação. Dessa forma, tanto a gestão
pública quanto os pesquisadores em Educação vem buscando discutir e propor alternativas para essa
problemática por meio do incentivo e do desenvolvimento de pesquisas e criação de estratégias no que se refere
à questão da evasão no País e incentivar a permanência e êxito do estudante. Desde 2010, o Instituto Federal de
Goiás instituiu, em seu organograma, a Coordenação de Apoio Pedagógico ao Discente, com o objetivo de
prestar suporte aos alunos de todos os níveis e modalidades de ensino ofertados nos seus Câmpus. O presente
relato traz a experiência do Câmpus Uruaçu do IFG, quanto às medidas de acompanhamento psicopedagógico ao
discente como ferramenta para contribuir com permanência e êxito dos estudantes da Educação Profissional
Integrada ao Ensino Médio e, consequentemente, reduzir os números de evasão e repetência, comuns neste nível
e modalidade de ensino.
Técnica em Assuntos Educacionais no Instituto Federal de Goiás – Câmpus Uruaçu. Professora da Educação
1
Básica na Rede Estadual de Educação de Goiás. Mestranda em Ensino na Educação Básica do CEPAE/UFG.
[email protected]
Licenciaturas. Na educação técnica de nível médio, o total de matrículas saltou de 77.074, em
2008, para 534.853, em 2013 e em 2015 o número de matrículas nessa etapa do ensino era de
aproximadamente 1,79 milhão. De 2010 a 2014, houve um aumento de pouco mais de 500 mil
matrículas. (BRASIL, 2015)
Apesar dos investimentos da política pública quanto ao crescimento de matrículas e de
escolas e do expressivo avanço nas formas de acesso, incluindo as ações afirmativas, dados
estatísticos comprovam altos índices de abandono e fracasso do aluno na Educação
Profissional integrada ao Ensino Médio. De acordo com o Censo Escolar de 2011, 5,8% dos
alunos que ingressaram neste nível e modalidade de ensino abandonaram o curso e 14,9% dos
que permaneceram, reprovaram. (Fonte: Inep/Mec. Censo Escolar 2011).
Numa observação primária sobre o caso do Instituto Federal de Goiás- Câmpus
Uruaçu, em seu sistema de visualização de relatórios acadêmicos (VISÃO), verifica-se que,
das 600 vagas ofertadas na Educação Técnica Integrada ao Ensino Médio, desde a
implantação dos cursos no Câmpus em 2009 até o ano de 2015, cerca de 15,5% dos alunos
evadiram, deste total ainda excluem-se os que solicitaram transferência externa, abandonando
o curso integrado para concluir somente o ensino médio na rede regular de ensino.
Esta Unidade de Ensino iniciou suas atividades no segundo semestre de 2008,
oferecendo o Curso Superior de Licenciatura em Química, o Curso Técnico em Manutenção e
Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio – PROEJA, o Curso Técnico Subsequente
em Edificações e, em 2009, os Cursos Técnicos Integrados em Informática e Edificações.
Atualmente, possui 04 eixos tecnológicos, representado por 07 cursos presenciais, em
dois níveis de educação: nível médio e nível Superior, conforme tabela abaixo:
Curso
Eixo Tecnológico
Nível Médio Nível Superior
Tecnologia em Análise e
Informação e Comunicação Técnico em Informática
Desenvolvimento de Sistemas
Bacharelado em Engenharia
Infraestrutura Técnico em Edificações
Civil
Produção Industrial Técnico em Química Licenciatura em Química
Gestão e Negócios Técnico em Comércio (EJA) -
Procedimentos Metodológicos
Para Lüdke e André (1986), o estudo de caso deve ser simples e específico ou
complexo e abstrato e deve ser sempre bem delimitado. Pode ser semelhante a outros, mas é
também distinto, pois tem um interesse próprio, único, particular e representa um potencial na
educação. Este relato de experiência educativa, baseado no caso do IFG Câmpus Uruaçu,
utilizou-se da pesquisa documental para apresentação e análise de dados e da revisão
bibliográfica para fundamentação teórica dos temas apresentados.
A pesquisa documental efetivou-se através do acesso aos dados dos Sistemas
acadêmicos do IFG Câmpus Uruaçu, do acesso aos registros e instrumentos de
acompanhamento acadêmico, pedagógico e psicológico, construídos e aplicados pela equipe
multiprofissional da Coordenação de Apoio Pedagógico ao Discente, pela experiência da
autora como servidora deste setor desde sua implantação até a presente data e através dos
Relatórios de Gestão do referido setor, elaborados a cada fechamento de ano letivo.
Quanto à revisão bibliográfica, em consonância com a concepção de que “o estudo da
literatura pertinente pode ajudar a planificação do trabalho, evitar duplicações e certos erros, e
representa uma fonte indispensável de informações, podendo até orientar as indagações”
(MARCONI; LAKATOS, 2002, p. 25), buscou-se o estudo dos textos e materiais
sistematizados de pesquisadores sobre os temas abordados.
aos estudantes com baixo rendimento acadêmico, faltas excessivas e/ou problemas
Segundo ALVES e ANTUNES (2011), o ensino médio deve ser a fase em que os
sistemas de ensino começam a permitir o estudante a aprender a organizar seu próprio
aprendizado, fazer suas escolhas e desenvolver sua autonomia. Apesar disso, as instituições
de ensino não devem deixar de cumprir sua função de propiciar mecanismos para que este
aluno não interrompa ou fracasse neste processo de formação acadêmica e/ou profissional.
Assim, a Coordenação de Apoio Pedagógico ao Discente, criada institucionalmente
para atender as demandas dos discentes que ingressam na Educação Profissional Integrada no
IFG e nos demais níveis e modalidades de ensino, constitui-se como um importante
mecanismo de inserção do aluno na vida acadêmica institucional, na realização de ações de
intervenção, apoio e mediação, entre docentes, discentes e família, no sentido de contribuir
para o desenvolvimento do sentimento de pertencimento institucional, gosto pelo estudo e
decisão de permanência e conclusão exitosa no curso.
Ainda que a redução dos elevados índices de evasão seja um desafio, os dados
apresentados demonstram uma redução considerável nos números de repetência ao longo dos
anos, contrariando uma cultura enraizada de justificativa de qualidade através da retenção.
Vários fatores são determinantes para a obtenção deste avanço, dentre os quais, as
intervenções realizadas pelos profissionais da equipe multiprofissional, tanto de cunho
pedagógico e/ou psicológico, constituem-se fortes contribuintes, o que pode-se comprovar
através dos relatos dos discentes, responsáveis e servidores.
Oliveira e Oliveira (2015), afirmam que embora as ênfases dos estudos sobre evasão
sejam diferentes, há aspectos convergentes, destacando-se o tratamento da permanência
escolar como direito do estudante. Nesse sentido, merece estudo mais detalhado os programas
e ações que promovem a permanência qualitativa dos estudantes, particularmente daqueles
que contam com condições desfavoráveis à escolarização. Sendo assim, os dados
apresentados neste relato, referentes ao Câmpus Uruaçu do IFG, corroboram com a
necessidade de estudos que subsidiem a criação de estratégias para minimizar as causas e
prejuízos da evasão e repetência neste nível e modalidade de ensino.
Ressalta-se que o presente relato não pretende abordar as causas, consequências e
mecanismos para o combate à evasão, outrossim, apresentar as ações de acompanhamento
psicopedagógico institucional, como parte do envidamento de esforços para a garantia dos
direitos dos estudantes de serem assistidos em suas dificuldades, no intuito de amenizar os
fatores que possam determinar seu fracasso ou abandono no curso.
REFERÊNCIAS
ALVES, Rubens; ANTUNES, Celso. O aluno, o professor, a escola: Uma conversa sobre
educação. Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2011.
Resumo: O presente texto tem por objetivo refletir acerca da formação docente referenciada nos fundamentos da
interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade, trazendo à tona a problematização destas como abordagens
necessárias no contexto da formação de professores na contemporaneidade. O procedimento adotado para o
alcance do objetivo caminha pela abordagem qualitativa, materializada por meio de levantamento bibliográfico e
de entrevistas realizadas com professores-formadores de um curso de Pedagogia. O foco do estudo encaminha-se
para a discussão em torno da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade como alternativas na formação de
professores na atualidade, valendo-se da prerrogativa de que vivenciamos um contexto marcado por intensas
transformações. No bojo dos levantamentos e discussões iniciais no contexto investigado, é possível identificar
ações pedagógicas que apresentam uma abertura para o desenvolvimento da perspectiva inter-transdisciplinar,
contudo, emergem como práticas embrionárias que necessitam ser potencializadas para que frutifiquem no
contexto desse espaço de formação.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Transdisciplinaridade. Formação docente.
1 Introdução
Os arranjos no âmbito educacional têm sido fortemente constituídos sob o prisma do
paradigma da modernidade, o que tem caracterizado a assunção de modelos pedagógicos cuja
centralidade se pauta na compartimentalização, fragmentação do conhecimento e em uma
racionalidade excludente, a qual apregoa a marginalização do sujeito em sua
multidimensionalidade, assim como a diversidade de saberes existentes no contexto vivencial.
Diante desse cenário, a emergência de epistemologias que referenciam o mundo
fenomênico a partir de uma lógica complexa, provocou o questionamento da visão sectária
predominante nos diferentes arranjos e dimensões da sociedade, acarretando na constatação
do seu esgotamento para as explicações frente ás mutações contemporâneas.
É nesse escopo que urge a necessidade de pensar a formação docente pautada em
outras estruturas perceptivas, situando-a em “[...] uma visão sistêmica e transdisciplinar, o que
significa substituir compartimentalização por integração, desarticulação por articulação”
(TRONCA, 2006, p. 81). Sendo a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade abordagens
epistemológicas que coadunam com essa busca pelo olhar que conecta, integra e estabelece o
diálogo permanente.
1
Graduada em Pedagogia (UFT). Estudante do Programa de Pós-graduação em Educação (Mestrado) UFT/2015.
E-mail: [email protected].
2
Pós-doutorado em Educação. Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal
do Tocantins PPGE/ UFT. E-mail: [email protected].
A partir disso, o presente texto objetiva refletir acerca da formação docente sob o
enfoque dessas duas bases epistêmicas, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade,
pretendendo desencadear uma reflexão que perpasse pela a proposição da formação de
professores fundamentada em outros referenciais, os quais se desvelam mais coerentes para o
atendimento das novas pautas e demandas, oriundas das transformações ocorridas no contexto
social e, porquanto, no âmbito educacional.
Para tanto, o caminho metodológico se sustenta na abordagem qualitativa
materializada por meio de levantamento bibliográfico, a partir do qual se buscou recorrer aos
pressupostos teóricos de diferentes autores como forma de sustentar e subsidiar a reflexão
pretendida; e dados empíricos (entrevistas), apresentados como resultados parciais de uma
pesquisa em andamento intitulada: “Formação de professores: um olhar inter-
transdisciplinar no curso de Pedagogia”.
2 Formação de professores na perspectiva inter/transdisciplinar
Historicamente a formação de professores tem sido influenciada por modelos
ideológicos que se alternam e se intercruzam. Sendo que no cenário brasileiro são acentuadas
as seguintes influências: o modelo da racionalidade técnica, em que neste o professor é tido
como operacionalizador, um especialista que necessita mecanicamente adquirir técnicas de
transmissão de conhecimento; o modelo da racionalidade prática, no qual “[...] o professor é
considerado um profissional autônomo, que reflete, toma decisões e cria durante sua ação
pedagógica, a qual é entendida como um fenômeno complexo, singular, instável e carregado
de incertezas e conflitos de valores” (PEREIRA, J., 1999, p.113).
O terceiro modelo, de acordo com os referencias consultados, é designado como
professor investigador (PEREIRA J., 1999), também denominado como enfoque reflexivo ou
hermenêutico (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002). Este, por sua vez, se consolida na
valorização da reflexão como caminho que se estrutura, ressignifica e se constrói
cotidianamente a ação do professor. Nesse enfoque, é ratificada a necessária apreensão de
conhecimentos do campo de atuação, da área pedagógica, bem como, é ressaltada a
importância das experiências para constituição do ser professor, acenando para uma
perspectiva de formação como processo contínuo (ZABALZA, 2004) que se dá na e por toda
a vida.
Diante disso, de acordo com Pimenta; Anastasiou (2002, p. 184), no âmbito da
universidade um dos modelos que tem se sobressaído é o de caráter técnico, cuja base se
sustenta na lógica de que o professor,
[...] deve ser formado para adquirir competências comportamentais com o objetivo
de executar [...] conhecimento. Não necessita ter o domínio dos conhecimentos
científicos, mas apenas dominar rotinas de intervenção deles derivadas,
desenvolvendo habilidades técnicas. O investimento, portanto, deve ser na sua
formação técnico-instrumental.
Tendo por alicerce essas características, esse modo de pensar a formação docente tem
culminado em um modelo cujas configurações se encaminha para um enfoque formativo o
qual,
[...] centra-se no ensino enciclopédico, nele o professor é um transmissor de
conhecimentos e da cultura acumulada pela humanidade [...] faz-se necessário o
domínio das técnicas didáticas de base expositiva dos conteúdos organizados para
um aluno modelo (ideal) e a avaliação exige mera repetição do conteúdo que
geralmente é cobrado do aluno apenas a memorização. (SILVA; RAMOS, 2006,
p.02)
Assim, como base predominante no âmbito formativo, constitui-se como reflexo das
influências do paradigma tradicional que se sustenta em uma ótica de operacionalização,
tecnicismo, fragmentação e mensuração objetiva. Lógica que tem transformado a
universidade em produtora de mão de obra, com vistas à racionalização e otimização do
mercado.
Ciente desse modelo, que têm permeado a formação de professores, cujo constructo se
arraiga no paradigma da ciência moderna, é notório e assinalado por vários autores: Pimenta;
Anastasiou (2002); Behrens (2011,2015); Moraes (1997, 2015), Pereira F.; Pinho (2015), que
este já apresenta sinais de enfraquecimento quanto ás respostas necessárias às demandas e
arranjos atuais no contexto educacional.
Assim, frente às mudanças no cenário da universidade, dentre elas: a incorporação de
sujeitos oriundos de grupos cada vez mais heterogêneos; a inserção da universidade na
dinâmica central da sociedade; a alteração na ideia de formação (ZABALZA, 2004), entre
outras, requerem a proposição de novas estratégias e fundamentos ontológicos,
epistemológicos e metodológicos. Pois, segundo Pereira F.; Pinho (2015, p. 49),
[...] não há mais sentido em tratar a formação docente na universidade como aquela
que propicia o domínio do conteúdo e a aquisição de habilidades básicas a serem
conferidas aos futuros profissionais, como tem sido marcado o trabalho docente na
universidade.
Com essa proposição, promove uma formação ampliada cujo objetivo não se restringe
à aquisição de técnicas advindas de fórmulas prontas e prescritas, mas, antes, na constituição
de sujeitos aptos a convivência coletiva, amparados por uma atitude de abertura e
flexibilidade.
Ancorada nessa mesma direção, a transdisciplinaridade na educação, como abordagem
que amplia o grau de interação ao reintroduzir o sujeito no ato de conhecer, projeta a
formação do sujeito a partir da compreensão e da valorização da multidimensionalidade
humana, reconhecendo e contribuindo para o desenvolvimento das diferentes capacidades
cognitivas, emocionais, habilidades e competências de sujeitos específicos nos modos de
viver e agir.
Ao partir desse reconhecimento se constitui como princípio cuja centralidade é a
integração, a abertura, que predispõe diálogo, e a tolerância, situando-se como possibilidade
de ampliação e enriquecimento nos processos educacionais. É uma construção que valoriza a
diversidade de sujeitos, saberes, modos de aprender e de ensinar, partindo da aceitação do
diferente, haja vista que seu olhar perpassa pela validação de que a realidade é constituída,
apreendida e transformada em conhecimento a partir dos diferentes níveis de percepção. Deste
modo, não há uma forma unívoca e nem um conhecimento soberano que se consolida em
detrimento dos demais.
De tal modo, a formação docente pautada nos fundamentos da transdisciplinaridade
situa-se como uma perspectiva que poderá referenciar a assunção de novas caraterísticas no
âmbito formativo. Uma vez que esta vislumbra o rompimento com práticas que engessam o
corpo e aprisionam a mente por meio da reprodução, da passividade, da unilateralidade no
processo. É proposta a ruptura das dicotomias, mente/corpo, professor/estudante,
ensinar/aprender, ensino/pesquisa, e de toda e qualquer polaridade que se manifesta como
excludente.
Nessa perspectiva, o diálogo é um componente ativo e significativo nas relações entre
os sujeitos que compartilham do desejo de formação, permitindo a abertura ao desconhecido,
às trocas, ao despertar da tolerância aos posicionamentos contrários, pois, “a dialogicidade
exige um envolvimento; uma reciprocidade; um respeito pelo outro; um ver no outro o eu
próprio, uma aceitação das limitações alheias e das próprias” (FAZENDA, 2003, p. 45)
Corroborando para o desencadear de um processo que é construído conjuntamente, as aulas,
as práticas, as ações, os currículos, enfim, os aspectos que perfazem e envolvem o ato
formativo. Assim, o diálogo potencializa a construção de uma nova consciência, que valoriza
o tecido compartilhado das vivências, experiências e aprendizagens.
Sob essa ótica, a inserção da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade na
formação de professores provoca o repensar e o redimensionamento dos ambientes
educacionais, das práticas, das ações pedagógicas, do currículo, do trabalho docente, das
relações intersubjetivas nos espaços de aprendizagem, e de todos os aspectos constitutivos,
estruturais e conjunturais que estão imbricados nesse contexto.
Á luz desses fundamentos, a formação de professores preocupa-se com uma visão que
integra e transcende os campos disciplinares, alicerçando-se em uma ótica inclusiva que visa à
integração da diversidade de conhecimentos, de saberes plurais, percepções e níveis de
realidade que coabitam os cenários formativos, na universidade, na escola, nas salas de aula.
Sendo assim, alicerçadas na visão de articulação, integração e abertura promovem a
superação de dicotomias, do caráter sectário, fragmentado e reducionista que tem prevalecido
nos arranjos organizacionais e nas instituições de formação de professores, encaminhando
para a ruptura de,
Uma formação pautada pela separação, pela dissociação, pela eliminação de tudo o
que causa desordem, pela decomposição que não sinaliza o momento de
recomposição, de síntese, e não situa as informações em seu contexto e no conjunto
a que pertencem [...]. (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 220).
Por conseguinte, percebe-se uma proposta conceitual que vai ao encontro das
características constitutivas da transdisciplinaridade, a qual se fundamenta na abertura
transcendente, entre, através e para além de qualquer disciplina (NICOLESCU, 1999),
valorizando a diversidade de saberes existentes no mundo, validando outras formas de
conhecer tidas como não acadêmicas (SOMMERMAN, 2006), “não cientificas”, trazendo-as
para um diálogo horizontal cuja base se firma na complementaridade e na racionalidade aberta
para a vida e para o sujeito no seu cotidiano vivencial.
E nesse sentido, pensá-la no âmbito da formação de professores converge para o que
pontua Moraes (2015, p. 93).
A transdisciplinaridade pedagógica e educacional supõe um salto maior em relação
ao processo de construção do conhecimento [...] abrindo o campo do conhecimento
não apenas aos saberes disciplinares, mas também às histórias de vida e aos saberes
não acadêmicos e às tradições.
REFERÊNCIAS
ANJOS, Maylta Brandão dos. Interdisciplinaridade na condução docente: impressões a partir
da vivência. In: PINHO, Maria José de; SUANNO, Marilza Vanessa Rosa; SUANNO, João
Henrique; FERRAZ, Elzimar Pereira Nascimento (orgs.). Complexidade,
Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade na educação superior. Goiânia: Espaço
acadêmico, 2015.
PEREIRA, Fabíola Andrade; PINHO, Maria José de Pinho. Política de formação docente do
curso de Pedagogia- PARFOR: construindo novas possibilidades. In: NETO; Armindo
Quillici Neto; SILVA, Fernanda Duarte Araújo; SOUZA, Vilma Aparecida (orgs.).
Formação de professores: perspectivas e contradições. Uberlândia: Composer, 2015.
PEREIRA, Júlio Emílio Diniz. As licenciaturas e as novas políticas para a formação docente.
Educação e Sociedade, ano XX, nº 68, p. 109-125, dez./1999.
PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no ensino
superior. São Paulo: Cortez, 2002.
SILVA, Jovina da; RAMOS, Maria Monteiro da Silva. Prática pedagógica numa
perspectiva interdisciplinar. 2006. Disponível em:
<http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ivencontro/GT3/pratca_pedagogica.pdf>. Acesso
em: 15 out. 2016.
Sala 3.5
Resumo: Por que é importante conhecer os patrimônios histórico-culturais de Araguaína? Essa foi a questão
problematizadora que gerou a necessidade de realizar práticas e metodologias participativas no ensino de
História, nas turmas de 9º ano do ensino fundamental e três séries do ensino médio de um colégio público de
Araguaína, coordenadas pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) da UFT de
Araguaína. O objetivo foi construir um processo ativo de reconhecimento crítico, no qual os estudantes se
apropriassem e valorizassem de sua herança cultural local. A metodologia envolveu a realização de oficinas
pedagógicas sobre educação patrimonial, a fim de apresentar os principais conceitos: memória, identidade,
espacialidade, temporalidade e patrimônio. O projeto intitulado “Conhecer para pertencer! Patrimônio
histórico-cultural de Araguaína-TO” incluiu estudos de meio em alguns patrimônios da cidade: Universidade
Federal do Tocantins (UFT); Parque CIMBA; Praça São Luiz Dom Orione; Paróquia São José Operário; Parque
das Águas (Jacuba) e Cristo. A partir do projeto, os estudantes se sentiram responsáveis pela preservação da
História, do patrimônio e da memória de sua cidade, construindo a sua identidade e pertencimento em relação
aos aspectos socioculturais que a constituem. Considerou-se que a metodologia foi participativa, tendo em vista a
integração dos estudantes, tanto na dimensão teórica do tema como prática, ao vivenciar, através do estudo de
meio a necessidade de reconhecer, valorizar e construir um novo olhar sobre lugares que são bens patrimoniais.
O resultado dessa ação visou a formação de sujeitos com conhecimentos históricos, capazes de interpretar as
razões dos valores culturais dos patrimônios locais, reconhecendo-se como um protagonista na preservação e no
exercício da cidadania democrática.
Introdução
Desafios complexos envolvem a prática docente, exigindo a busca de múltiplas
metodologias para o ensino, a observação da aprendizagem, a conquista diária pelo interesse e
atenção do estudante, em que cada dia é um novo encontro com as mesmas pessoas, com seus
contextos culturais e sociais, com suas histórias de vida diversas. Nosso desafio como
professor, mediador do conhecimento é tornar dinâmico o ensino de História, a partir de
constantes questionamentos: Como aproximar o estudante dos conceitos históricos que estão
nos livros didáticos? Como dar sentido a proposta curricular no cotidiano e nas expectativas
de adolescentes e jovens ora “sonhadores” ora “desinteressados”? Como a realidade dos
estudantes podem se tornar matéria-prima para a aprendizagem em História?
Questionamentos dessa natureza acaloram as discussões e as leituras propostas pelo
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) da UFT de Araguaína. Os
encontros semanais com os bolsistas, a supervisora e coordenadora do Pibid da UFT são
1
Professora da Rede Pública Estadual de Ensino (Seduc-TO). Supervisora voluntária do Subprojeto Pibid em
História. Especialista em Ensino História-UFT. E-mail: [email protected]
2
Professora do Curso de História da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Coordenadora local do Pibid de
História. Pedagoga, Mestre e Doutora em Educação. E-mail: [email protected].
2
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento
A equipe de nove bolsistas do Pibid de História (UFT-Araguaína) foi dividida em três
grupos para organizar a oficina pedagógica, desenvolvida para três turmas diferentes, sobre os
conceitos de memória, identidade, espacialidade, temporalidade e patrimônio histórico-
cultural. A supervisora do Pibid da escola e bolsistas trouxeram questionamentos para que os
estudantes participassem ativamente da construção dos conhecimentos sobre o tema,
inspirados na visão de Ferreira e Franco (2013, p. 9):
Para Bittencourt (2011, p. 273-274), o estudo de meio deve ser “um momento
específico de aprendizagem mais dinâmica e significativa”, ou seja, não deve ser visto como
uma excursão ou passeio sem finalidades pedagógicas. Para disciplinas como História e
Geografia “o “meio social e físico”, corresponde a um laboratório de ensino” interdisciplinar.
Assim, com o roteiro em mãos, partimos para as observações guiadas, registros e explorações
dos lugares de memória.
Antes da exploração e da observação detalhada desses espaços, havia um momento de
explicações sobre a localização histórico-geográfica do local de memória realizada pelos
professores e pibidianos. Os conhecimentos do professor de geografia do colégio enriqueceu
o trabalho, pois além de dominar saberes geográficos, a experiência de vida, como morador da
cidade há muitos anos, fez com que construísse conhecimentos sobre a memória da história
local. Segundo Bittencourt (2011), a temática da educação patrimonial vem sensibilizando
professores de História para refletir sobre como as sociedades preservam seus locais de
memória; o que é preservado e por quem é preservado.
Essas preocupações originam-se da necessidade de refletir sobre o que tem sido
construído como memória social, como patrimônio da sociedade, e indagar se o
resgate da memória de todos os setores e classes sociais se tem efetivado. Entre nós,
tem-se sedimentado a ideia de que somos “um país sem memória”, mas cabe
questionar qual memória tem sido esquecida e como resgatar um passado que possa
contribuir para atender às reinvindicações de parcelas consideráveis da população às
quais tem sido negado o “direito à memória”. (BITTENCOURT, 2011, p. 277-278).
Esse “direito à memória” foi um dos objetivos deste ação pedagógica, pois muitos
estudantes conheciam esses locais, mas não haviam feito uma reflexão sobre sua preservação
ou seu significado na História da cidade. Alguns deles desconheciam esses espaços de
memória, sendo a primeira vez que estavam visitando alguns deles pessoalmente, com olhares
de surpresa e também de atenção para as questões histórico-culturais. Para ser considerado um
local de memória, os estudantes tiveram que conhecê-los e construir laços de afeto, de
pertencimento e consciência de preservação. Para Martins (2015, p. 49),
Apenas o que o espaço físico proporciona por si não é o suficiente para a condição
de lugar especial. Tal qualificativo é atribuído por quem percebe, se apropriou e dota
de um significado afetivo o lugar. Nesse momento, a partir do afeto investido, o
espaço comum se transforma em lugar especial. Portanto, o que dota o lugar desse
sentido especial é o conjunto de significados, os símbolos que os sujeitos que o
vivenciam e dele se apropriam em sua elaboração subjetiva imprimem no espaço a
condição de “lugar especial e único”. Esse conjunto de valores representado pelos
significados e símbolos imateriais que estão projetados no espaço geográfico,
tornando este lugar especial é advindo de uma relação afetiva e por isso resguarda
marcas de cada sujeito que está, de certa forma, ligado, implicado, comprometido
com esse lugar. Assim, ao observarem o lugar ou se referirem a este lugar que é
5
tomado como seu, em seu íntimo expressam: “isto sou eu” e em comunhão com o
grupo, “isto somos nós”.
Alguns detalhes chamaram a atenção dos estudantes, a porta da igreja toda desenhada
com imagens sacras, no chão da rua há uma cruz pintada onde está escrito “Cristo para
6
Considerações Finais
do valor social e cultural dos espaços visitados, da necessidade de cuidados tanto pelos
cidadãos como pelo poder público. A partir de murais de fotografias, vídeos e apresentações
orais, os estudantes e bolsistas do Pibid socializarão, em agosto, estas experiências
formadoras durante a “Feira das Regiões”, com a participação da comunidade escolar interna
e externa.
Referências
BITTENCOURT, Circe M. Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. 4. ed.
São Paulo: Cortez, 2011.
MARTINS, José Clerton de Oliveira. Patrimônio cultural: sujeito, memória e sentido para
o lugar. In.PINHEIRO, Adson Rodrigo S. Cadernos do patrimônio cultural: educação
patrimonial. Fortaleza: Secultfor: Iphan, 2015.
Sala 3
Resumo: Este trabalho objetiva abordar a importância do planejamento pedagógico desenvolvido no contexto
entre Universidade e Escola Básica, proporcionado pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(Pibid). Busca ainda refletir acerca das possibilidades do programa em oportunizar uma formação inicial docente
mais qualificada, permeada de ricas experiências, que extrapolam os bancos universitários. Para fundamentação
teórica consideramos os estudos de Pimenta (2012), Valente (1999), Almeida (2002) e Vasconcellos (1995,
2009); dentre outros textos de referência. O trabalho está organizado em duas partes principais: primeiro o
contexto vivenciado com Pibid no curso de Pedagogia; em seguida abordamos as etapas de sistematização do
planejamento pedagógico do programa no referido curso da Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus
Palmas. Finalizamos com a percepção de que as vivências proporcionadas pelo Pibid têm provocado em nós um
olhar sensível acerca do conhecimento da escola e do exercício da docência; possibilitando reconhecer a
importância do planejamento enquanto um ato reflexivo e significativo na prática docente que visa à qualidade
do processo de ensino-aprendizagem.
Introdução
O presente relato de experiência aborda a importância que tem o planejamento
pedagógico desenvolvido entre universidade e educação básica, proporcionado pelo Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid); refletindo ainda acerca das
possibilidades do programa em promover uma formação inicial docente mais qualificada aos
seus alunos integrantes.
Na fundamentação teórica consideramos os estudos de Pimenta (2012), Valente
(1999), Almeida (2002) e Vasconcellos (2009), (1995); dentre outros textos de referência. O
trabalho está organizado em duas partes principais: o contexto situacional do Pibid no curso
de Pedagogia; posteriormente abordamos as etapas de sistematização do planejamento
pedagógico no Pibid do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins (UFT),
campus Palmas.
Acrescentamos que o planejamento do subprojeto do Pibid desenvolvido na escola-
campo ocorreu numa perspectiva interdisciplinar, a partir de um projeto de literatura
1
Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Tocantins. E-mail: [email protected]
2
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Tocantins. E-mail: [email protected].
3
Acadêmica do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins. E-mail: [email protected].
infantojuvenil com uma turma do 4º ano do ensino fundamental, abrangendo entre o
planejamento e a execução a duração de dezesseis meses.
Procedimentos Metodológicos
Este estudo é resultado de uma pesquisa teórica e prática, de abordagem qualitativa,
cujos procedimentos utilizados para a investigação compreenderam o levantamento
bibliográfico e os relatos das práticas pedagógicas desenvolvidas por bolsistas do Pibid na
escola parceira do programa e discutidas na universidade.
Foi necessário um levantamento de materiais que abordassem as temáticas do estudo,
principalmente, como foco no planejamento pedagógico, na formação docente, e no programa
de iniciação à docência. Dessa forma, buscamos livros, artigos e documentos oficiais de
domínio público. Ao referencial teórico trouxemos nossas experiências enquanto acadêmicos
participantes do programa.
Desenvolvimento
1 Etapa diagnóstica
Segundo Padilha (2001), para poder planejar adequadamente a tarefa de ensino e
atender às necessidades do aluno é preciso, antes de qualquer coisa, saber para quem se vai
planejar. Por isso, conhecer o aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo de
planejamento. É preciso saber quais as aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades
dos alunos, o que, segundo o autor, é feito através de uma sondagem, isto é, coleta de dados,
que, analisados, constituem o diagnóstico.
Dessa maneira, as discussões sobre os objetivos do projeto iniciaram-se pelo Pibid e
seus documentos legais que norteiam as atividades em todos os seus níveis de execução. Com
isso, pôde-se analisar e situar o programa na estrutura da educação sobre os seguintes
aspectos: planejamento, plano, programa e projeto.
Essa análise sobre o Pibid permitiu reconhecê-lo como um programa articulador da
práxis entre a teoria aprendida na formação acadêmica e a prática da realidade escolar. Diante
dessas considerações, foi possível identificar no programa uma possibilidade de amadurecer o
conhecimento ancorado na realidade e na oportunidade de refletir sobre o ato de ensinar e
planejar no cotidiano escolar.
A discussão sobre o segundo objetivo ocorreu a partir da concepção de que o
conhecimento da realidade em que se quer intervir, situado na dimensão investigativa, é o
ponto de partida para o planejamento das ação. Por meio desta concepção realizamos, nas
reuniões pedagógicas, inúmeras discussões sobre os documentos legais das escolas parceiras
do projeto: Plano Municipal de Educação, Projeto Político Pedagógico, Diretrizes
Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, Matrizes Curriculares do Ensino
Fundamental das Escolas de Tempo Integral do Campo, Regimento Escolar, Estatuto Escolar
e demais características peculiares de cada escola.
Este diagnóstico inicial proporcionou um alicerce conceitual sobre diversos assuntos
ligados as escolas, garantindo subsídios ao planejamento das futuras ações pautadas nas
necessidades dos alunos e da escola, levantadas em equipe junto as coordenadoras,
supervisoras e bolsistas. Diversas perguntas foram formuladas e registradas nos diários de
bordo (portfólio) dos pibidianos, algumas já respondidas, outras ainda continuam pertinentes.
3 Etapa colaborativa
O Pibid na etapa Colaborativa procurou considerar os princípios da pesquisa
colaborativa, visto que, por meio dela, o pesquisador colaborativo, ao conceber a realidade
estudada como seu objeto de investigação, além de aproximar a universidade da escola e a
teoria da prática, constrói conhecimentos com base em contextos reais; descrevendo,
explicando e intervindo nesta realidade, de forma coerente, significativa e reflexiva,
contribuindo para mudar qualitativamente sua atividade docente. Neste sentido, as ações
foram pautadas com o máximo de participação dos sujeitos da escola na sua elaboração-
execução e foram definidas a partir das demandas apresentadas pelas escolas.
Esta etapa possuiu objetivos a serem alcançados: elaborar um projeto de ensino no
contexto escolar e desenvolver um subprojeto ligado a temática específica da literatura
infantil. Segundo Pimenta (2012), a ideia de projeto está ligada a dois componentes
essenciais: a questão educativa e o trabalho conjunto.
No âmbito destes dois componentes essenciais de projeto, adotamos um conceito que
abrangesse a melhor qualidade do processo de ensino-aprendizagem e o diálogo entre os
integrantes do programa, o qual proporcionasse a participação coletiva no processo. Logo,
entendemos por projeto:
Considerações Finais
O Pibid estabelece uma parceria interinstitucional entre a universidade e a escola
básica, a partir de critérios, trocas e necessidades acadêmicas e pedagógicas estabelecidas
com ampla discussão e espaço democrático de participação nos processos de decisões. Isso
permitiu apontar alguns indicadores indispensáveis ao planejamento pedagógico: documentos
legais das instituições envolvidas no processo; relação professor supervisor-acadêmico
bolsista; carga horária do acadêmico bolsista na escola- campo; coordenação das atividades
entre universidade e escola-campo; e infraestrutura disponível para realização das ações do
programa.
A organização do Pibid a partir de etapas de sistematização cronológicas proporcionou
um espaço-tempo favorável para que toda comunidade envolvida com o programa
aprofundasse suas bases teóricas de formação inicial e continuada, provocando a sensibilidade
da importância sobre o conhecimento da escola e o exercício da docência.
Neste cenário de reflexão proporcionado pelo programa foi possível entender que a
complexidade do conhecimento fragmentado na formação docente necessita ser repensada e
planejada na universidade sobre a ótica da perspectiva de um planejamento interdisciplinar e
interinstitucional.
Referências
ALMEIDA, M. Como se trabalha com projetos (Entrevista). Revista TV ESCOLA.
Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, nº 22,
março/abril, 2002.
Sala 3
Resumo: Este trabalho tem como proposta a utilização de um Ambiente Virtual de Aprendizagem como uma
ferramenta de apoio ao ensino presencial, tornando dessa forma a informática uma ferramenta usada para fins
educacionais. Apoiado nas ideias de Lèvy (1999) de que o aprendizado seria em todo lugar, propomos
oportunizar aos alunos o uso de uma ferramenta que ajude no seu aprendizado de Matemática e Física, dessa
forma, o local de aprendizado seria em todo lugar, havendo uma multiplicação dos espaços de aprendizagem,
dessa forma optamos pelo uso da plataforma de aprendizagem adaptativa chamada Khan Academy.
Abstract: This work proposes the use of an AVA (Virtual Learning Environment) as a tool to support face-to-
face teaching, thus making computing a tool constantly used for educational purposes. Based on the ideas of
(LÉVY, 1999) that learning would be everywhere, we propose to give students the use of a tool that helps in
their learning of Mathematics and Physics, in this way, the learning place would be everywhere, having a
multiplication of learning spaces, so we chose the use of the adaptive learning platform Khan Academy.
1. Introdução:
Nos dias atuais a tecnologia tem estado presente em quase todas as atividades que realizamos.
Dessa forma entendemos que tem sido necessária por parte dos educadores uma reflexão a
respeito de novas práticas educativas, inserindo as tecnologias no contexto educacional,
mesmo dentro de um curso que seja presencial.
Uma opção de uso do computador como uma ferramenta de apoio são as “plataformas de
aprendizagem adaptativas”, que também são consideradas AVAs. Adaptativas porque
possuem elementos de inteligência artificial capazes de identificar qual a necessidade do
1
IFSP Istituto Federal de São Paulo [email protected]
2
IFSP Istituto Federal de São Paulo [email protected]
3
IFSP Istituto Federal de São Paulo [email protected]
usuário e se adequar de forma personalizada para atingir o objetivo, neste caso, a
aprendizagem significativa, indicando caminhos como refazer exercícios e retomar alguns
tópicos com defasagem. Essas plataformas além de trazerem conteúdos e exercícios, ajudam
no ensino como também podem avaliar todo o processo (MENEGAIS, 2015).
Existem diversos sites e plataformas de aprendizagem na internet, bem como aplicativos
para tablets e smartphones, a plataforma Khan Academy é a que optamos em analisar para
essa pesquisa, ela tem chamado a atenção de muitas pessoas por ser de acesso gratuito, com
versão em português e permitir o controle das atividades realizadas pelos alunos pelo seu
professor tutor.
Uma possível utilização das tecnologias digitais auxiliando o ensino é a utilização de
videoaulas, foco principal da plataforma Khan Academy, com a vantagem de não depender de
que a escola tenha uma sala de informática e softwares específicos. Entendemos que o uso de
vídeoaulas como uma tecnologia aliada ao computador pode ser rico e motivador, nesse
contexto conforme afirmou Moran (1995, p. 27) “ O vídeo é sensorial, visual, linguagem
falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas,
somadas, não separadas. Daí a sua força”.
Dessa forma, a proposta da utilização de videoaulas como auxiliar ao processo de ensino é
uma opção que chega ao aluno sem custo de aquisição e que pode ajudar no ensino de
matemática e por conseguinte no ensino de Física, que é o foco deste trabalho.
Objetivos:
O objetivo é estudar uma possibilidade de uso da informática na educação que possa ser
largamente utilizado. Estudar se o uso de uma tecnologia digital (vídeoaula), previamente
sugerida pelo professor que virtualmente será o professor tutor, possa trazer maior
aprendizado de conceitos básicos de matemática, e, consequentemente, melhoria no
aprendizado da Física.
A plataforma Khan Academy foi criada por Salman Khan, um engenheiro e mestre em
engenharia formado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), que tem como
objetivo melhorar o desempenho dos alunos na disciplina de matemática. Segundo Khan, a
plataforma Khan Academy proporciona ao aluno “educação de qualidade gratuita de nível
internacional para qualquer um em qualquer lugar”. (KHAN, 2013, p. 9)
A plataforma Khan Academy possui e sua biblioteca milhares de vídeos, com os mais
diferentes conteúdos de matemática, bem como também aulas de ciências da natureza.
O professor pode montar sua turma, com o endereço de email dos seus alunos, ou pode
solicitar aos seus alunos que após o cadastro o adicionem como tutor. Dessa forma o professor
terá um controle total das atividades que foram realizadas por seus alunos, podendo também
determinar o percurso a ser seguido pelos alunos dentro da plataforma.
Para utilizar a plataforma Khan Academy o aluno deverá criar um login e uma senha, que
serão utilizados todas as vezes que o aluno acessar a plataforma, gerando assim uma página
pessoal. A plataforma pode ser acessada pelo computador diretamente no site4 da plataforma
ou por meio do aplicativo, que está disponível para Android ou para IOS. A possibilidade de
baixar o aplicativo facilita a utilização da plataforma em qualquer hora e lugar pelos alunos,
via tablets ou smartphones. Para baixar o aplicativo, o aluno deve visitar o site5 da fundação
Lemman.
4
Disponível em: https://pt.khanacademy.org. Acesso em 06de abril de 2017.
5
Disponível em: http://www.fundacaolemann.org.br/khan-academy/. Acesso em 07 de maio de
2017.
Figura 1 - Tela Inicial da Khan Academy
Na figura 1 podemos ver a tela inicial do site da Khan Academy, o aluno deverá se cadastrar
na plataforma criando sua senha e navegando pelos conteúdos que são oferecidos. Uma
utilização possível é o próprio professor da sala de aula presencial ser o tutor virtual desse
aluno, indicando os caminhos que ele deve percorrer dentro da plataforma, para que isso
ocorra o aluno deve cadastrar o e-mail do seu professor como tutor, dessa forma o professor
pode monitorar e acompanhar o progresso do aluno dentro da plataforma, tendo um controle
total da sua turma.
Para montar uma turma o professor entra aba “seus alunos”, em seguida clica no botão
criar turma, em seguida é só digitar a lista de e-mails dos seus alunos, conforme podemos
observar na figura 2:
Figura 2 - Como montar uma turma
Metodologia:
Nessa pesquisa optamos por uma metodologia mista, ou seja, possui uma parte qualitativa
e uma parte quantitativa. “A análise qualitativa, pode ter apoio quantitativo, mas geralmente
se omite a análise estatística ou o seu emprego não é sofisticado.” (TRIVIÑOS, 1987, p. 111)
Análise de Dados
Para a análise dos dados utilizamos o resultado das provas pré-teste e pós-teste tanto de
Matemática quanto de Física, além do questionário aplicado ao aluno.
Para a análise das questões fechadas utilizamos uma escala de Likert de 5 pontos, sendo a
resposta de cada questão representada da seguinte maneira: péssimo = 1; ruim = 2; regular =
3; bom = 4 e excelente = 5. A partir das respostas dos alunos foi calculada a média que
expressa o grau de satisfação do respondente a pergunta feita.
A escala Likert, que foi desenvolvida por Rensis Likert (1932) é o modelo mais utilizado e
discutido entre os pesquisadores (SILVA JÚNIOR; COSTA, 2014).
Para a análise das respostas desse questionário utilizaremos cálculo da média, que é um
método consistente e mais simples de análise de questionários pela escala Likert. Para um
grupo único esta média pode ser comparada ao número que seria obtido se todas as respostas
tivessem sido indiferente. (MCCLELLAND, 1976).
Para chegar ao valor dessa média, vamos utilizar o cálculo do ranking médio (RM),
baseado na frequência das respostas dos estudantes sujeitos da pesquisa (OLIVEIRA, 2005).
∑
∑
Onde NRi é o número alunos que responderam o questionário, que atribui o grau de
concordância i da escala Likert, no caso dessa pesquisa, de 1 a 5. Os valores menores do que
três são considerados como discordantes, os maiores do que três como concordantes e iguais a
três como indiferentes
Resultados:
Os resultados foram bastante satisfatórios em termos de motivação e houve sutil
melhora no teste de matemática após o uso da plataforma. A avaliação de Física também
demonstrou sutil melhora entre aqueles que utilizaram a tecnologia.
Os alunos avaliaram positivamente o uso da tecnologia Khan Academy em todos os
aspectos perguntados, de forma que entender melhor a teoria de Física foi o aspecto melhor
avaliado.
O uso da plataforma Khan Academy trouxe contribuições para o ensino e aprendizagem
nas aulas de Física. Percebemos que os alunos ficaram motivados com o uso de uma
tecnologia como apoio as aulas tradicionais bem como avaliaram positivamente o seu
aprendizado mediante a utilização da plataforma.
Este trabalho de coleta de dados foi realizado em maio de 2017, a tabulação completa dos
resultados e suas conclusões ainda estão em andamento e farão parte do trabalho de mestrado,
ainda não concluído.
REFERÊNCIAS
Resumo: O trabalho tem como objetivo conhecer a relação entre Educação Infantil e infância pobre no
município de Palmas-TO. De forma mais específica objetiva-se apontar a relação histórica entre infância e
pobreza e caracterizar o número de crianças palmenses matriculadas na educação infantil que são atendidas pelo
Programa Bolsa Família. A metodologia utilizada para coleta de dados foi pesquisa bibliográfica e a pesquisa
quantitativa em bases de dados oficiais, sobre os índices socioeconômicos e educacionais do município de
Palmas-TO, utilizando-se dados do IBGE (2010-2015); Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013, e
do Censo de 2010.
Introdução
Procedimentos Metodológicos
A opção metodológica da pesquisa foi pelas abordagens qualitativa e quantitativa. Do
ponto de vista qualitativo foram realizadas pesquisas bibliográfica e documental com o
objetivo de compreender as concepções de desigualdade social e pobreza, bem como as
1
Aluna do Curso de Pedagogia da UFT/Campus de Palmas. [email protected]
2
Professora da UFT/Campus de Palmas. [email protected]
concepções de infância e de educação infantil em contextos de pobreza e desigualdade social.
Na abordagem quantitativa, buscou-se nas bases de dados oficiais sobre os índices
socioeconômicos e educacionais especificamente da educação infantil do município de
Palmas. Consultou-se as seguintes bases: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2010-2015), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Ministério de
Desenvolvimento Humano Social e Agrário (MDS), Atlas do Desenvolvimento Humano no
Brasil de 2013, e no Censo de 2010.
Os índices encontrados com relação à cidade de Palmas foram: a incidência da
pobreza, a quantidade de família cadastrada no Programa Bolsa Família, o número de pessoas
pobres e extremamente pobres, a renda per capita mensal familiar, o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), a quantidade de crianças que frequentam o ensino pré-
escolar, entre outros.
Para o entendimento dos objetivos é necessário esclarecer que aqui a concepção de
pobreza será tratada como produto de determinações sociais e econômicas e não como uma
“questão cultural”, fruto de diferença ou incapacidade individual, mas como resultado de
desigualdade na distribuição da riqueza social e negação de direitos sociais (CAMPOS;
CAMPOS, 2011, p.5).
Desenvolvimento
A pobreza faz parte da experiência vivenciada por uma parte das pessoas como um dos
resultados da construção social, política e econômica do Brasil, em destaque, a realidade de
Palmas, que em seu âmbito social a pobreza faz parte do cotidiano de parte considerável de
famílias que residem nesta cidade. Assim, neste trabalho pretende-se conhecer qual a
dimensão desta realidade, onde se concentra e como vivem estes sujeitos, especialmente as
crianças atendidas pelo sistema público de ensino e que são beneficiários do Programa Bolsa
Família.
As estatísticas de pobreza divulgadas nos últimos anos enquadram o conceito de
pobreza em duas vertentes principais: as que buscam medir a pobreza absoluta e as que
medem a pobreza relativa. Define-se pobreza relativa como a dificuldade de viver conforme
os padrões de vida dominante de um país ou de determinada região (PEREIRINHA et al,
2008 apud PEREIRA, 2013). Mais precisamente, dentro da perspectiva de privação relativa,
os pobres são indivíduos que não dispõem de recursos e de condições de vida (alimentação
adequada, conforto e serviços) que lhes permitam exercer papéis, participar de
relacionamentos e ainda, de seguir comportamento que lhes são esperados enquanto sujeitos
de uma sociedade (CODES, 2008 apud MARTINI, 2010).
Já a pobreza absoluta leva em consideração as condições da sobrevivência física, a
satisfação das necessidades básicas necessárias à reprodução da vida com um mínimo de
dignidade humana possível (JAGUARIBE, 1989 apud PEREIRA, 2006). Nessa perspectiva,
“pode-se dizer que a pobreza corresponde à condição de não satisfação de necessidades
humanas elementares como comida, abrigo, vestuário, educação, assistência à saúde, entre
várias outras” (MONTEIRO, 2003, p. 7).
De forma geral as abordagens que consideram a pobreza como resultado das
desigualdades sociais aproximam o discurso da temática à pobreza relativa. Já as explicações
que definem a pobreza como as condições de não atendimento às necessidades básicas para
sobrevivência na vida em sociedade relacionam-se a pobreza absoluta.
Embora a pobreza e a desigualdade social sejam conceitos relacionados, esses
conceitos não se confundem. Enquanto a pobreza está diretamente relacionada com as
privações, a desigualdade social refere-se, a princípio, a uma posição de desvantagem em
relação à riqueza média de determinado país, podendo ou não implicar em privações, como é
associada à noção de pobreza (SILVA, 2002).
Estudos apontam a desigualdade social como um dos maiores problemas do mundo.
Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) citam que 1% (um
por cento) das pessoas mais ricas detêm 40% (quarenta por cento) dos bens globais.
No Brasil, a desigualdade social não é diferente. O Relatório de Desenvolvimento
Humano (RDH) de 2015 elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU) expõem o
Brasil como o 10° (décimo) país mais desigual do mundo (CORREIA, 2017).
A desigualdade social é, assim, um traço marcante do Brasil e ela se estende à
educação e em especial a educação infantil. Nas últimas décadas do século XX algumas
mudanças no cenário político-econômico mundial forçaram o Brasil a tentar alcançar índices
melhores de educação, o que levou o país a ver a educação infantil como um dos caminhos
para diminuir as desigualdades e melhorar os índices educacionais. Nesse contexto, a
educação ganha sua centralidade com ênfase na educação de primeira infância, considerada a
chave para expansão das capacidades humanas das pessoas pobres e como forma de estreitar
as desigualdades sociais (CAMPOS; CAMPOS, 2011). É, também, neste contexto que os
organismos internacionais indicam que quanto mais cedo a criança for educada maiores serão
suas oportunidades de desenvolvimento psicofísico (CAMPOS; CAMPOS, 2011).
Inicialmente, a educação infantil no Brasil não foi pensada como direito da criança
pequena, mas como assistência às famílias pobres. Essa e outras políticas públicas sociais
direcionadas à infância surgiram diante do alto índice de mortalidade infantil, da desnutrição
generalizada e do aumento do número de acidentes domésticos. Assim, a criança começou a
ser vista pela sociedade com um sentimento filantrópico, caritativo e assistencial, passando a
ser atendida fora do âmbito familiar (DIDONET, 2001 apud PASCHOAL; MACHADO,
2009).
A partir da década de 1990 a educação infantil começa a ser pensada com um caráter
pedagógico e como um direito da criança. Segundo Rehem e Faleiros (2013), defender a
educação infantil como direito significa compreendê-la como fenômeno social, resultado de
muitas lutas históricas e de pressões das classes trabalhadoras.
Entre as novas visões de infância da década de 1990 destaca-se: a criança deixa de ser
considerada incapaz e esta fase passa a ser entendida como uma fase importante de
desenvolvimento da vida do ser humano. A criança, que era vista como objeto de controle e
manipulação pelo adulto, passa a ser considerada um sujeito de direito (SOUZA, 2007). Estas
concepções foram elaboradas pela ONU no ano de 1998 na Convenção sobre Direitos da
Criança, que mais tarde no Brasil deu origem ao Estatuto da Criança e Adolescente.
Estas visões repolitizam a criança e sua atuação social. Segundo Rosemberg (1996, p.
04):
A criança pequena é demarcada de outras etapas da infância: delimita novos espaços
no mercado de trabalho e de consumo. Novas profissões (como a de ADI – Auxiliar
de Desenvolvimento Infantil) e novos produtos (brinquedos, livros, cosméticos, TV,
roupas) entraram no mercado. Pais reconhecem mudanças na criança e no padrão de
criação do filho: a criança pequena é considerada inteligente, esperta,
reivindicadora, mas dependente do adulto.
Palmas, é uma das mais novas capitais do Brasil, foi criada em 1989 e instalada em 1°
de abril de 1990, situada na região central do Brasil, mas pertencente geopoliticamente à
região Norte. De acordo com o IBGE (2010), a população de Palmas era de 228.332
habitantes, sendo 221.742 residentes na área urbana e 6.590 em áreas rurais. Dessa população,
20.278 são crianças com idade entre 0 a 4 anos, 19.423 com idade entre 5 a 9 anos e 21.100
são crianças e adolescentes com idades entre 10 a 14 anos. Somando-se, portanto, 60.801
pessoas na condição de crianças no município de Palmas, ou aproximadamente 26,6% da
população.
Conforme o Atlas do Desenvolvimento Humano (2013), em 2010, o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) do Tocantins era de 0,699, índice considerado médio. A
dimensão que mais contribuiu foi à longevidade com 0,793, seguida pela renda com 0,690 e
pela educação com 0,624. Segundo Toledo (2017), em 1991, a capital do Tocantins possuía o
pior IDH entre as capitais brasileiras, apresentado um índice de 0,439. Porém, com uma
elevada taxa de crescimento de 79,5%, Palmas alcançou em 2010 o indicador de 0,788.
Com o índice de 0,788, Palmas ocupou a 76ª posição no ranking do IDH em 2010. A
dimensão que mais contribuiu foi à longevidade com 0,827, seguida pela renda com 0,789 e
pela educação com 0,749. O IDH e seus componentes seguem na Tabela 1 (ATLAS DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2013).
Infere-se, portanto, que a extrema pobreza em Palmas, tem localização, sexo e cor, ou
seja, em sua maioria é urbana, feminina e negra.
A proporção de pobres também diminuiu no município, passando de 38,23% em 1991
para 6,91% em 2010. Assim, a desigualdade de renda medida pelo Índice de Gini passou de
0,64 em 1991 para 0,58 no ano de 2010. Essas medições são exibidas na Tabela 2 (ATLAS
DO DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2013).
Com essa redução nos níveis de pobreza, Palmas “passou da 20ª posição no ranking
que determina a fatia da população abaixo da linha de pobreza em 2003, quando 29,78% dos
residentes estavam nesta situação, para o 5º lugar no ano passado [2008], quando apenas
5,68% dos habitantes de Palmas estavam abaixo da linha de pobreza”, uma redução de 80,9%
na população com renda domiciliar per capita abaixo de R$ 137, segundo notícia veiculada
pelo Portal G1, em 2009 (G1, 2009).
Na visão de Oliveira (2017 apud CONEXÃO TOCANTINS, 2017), a pobreza vai
além da questão da renda, fatores como o acesso à água, à energia elétrica, a coleta de lixo e à
educação, também contribuem. Em 2010, dos domicílios palmenses, 99,16% tinham água
encanada, 99,81% possuíam energia elétrica e 99,17 possuíam a coleta do lixo. Esses dados
seguem na Tabela 4.
Considerações Finais
Os dados socioeconômicos do município de Palmas revelam que no período de duas
décadas (1990 a 2010), houve uma significativa redução nos índices de pobreza e extrema
pobreza. Contudo, quando se considera os dados educacionais, sobretudo referente a educação
infantil não há ainda um significativo atendimento (acesso) às crianças de 0 a 5 anos de idade.
Das mais de 10.000 (dez mil) famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família (PBF)
em Palmas, 4.292 são crianças com idades entre 0 a 5 anos matriculadas em creches e escolas
do município, o que representa um quantitativo de 21% do total de crianças dessa faixa etária
no município. Esses dados demonstram a necessidade de o poder público desenvolver
políticas públicas que atendam efetivamente ao direito à educação das crianças pequenas,
ampliando o atendimento e criando condições de acesso e permanência, sobretudo daqueles
que mais necessitam dos serviços públicos, as crianças pertencentes aos estratos mais pobres
da população.
Referências
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Jun. 2017.
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Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2017/01/bolsa-familia-criancas-devem-
estar-matriculadas-para-garantir-beneficio>. Acesso em: 15 Maio 2017.
______, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal: Centro Gráfico, 1988.
CAMPOS E CAMPOS, Educação infantil na América Latina: novos discursos, antigos dilemas.
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2016. Disponível em: <http://catedraldepalmas.com.br/perto-de-385-milhoes-de-criancas-vivem-na-
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______. Região Norte supera média nacional com 54% das crianças vivendo na pobreza. 2017.
Disponível em: <http://conexaoto.com.br/2017/04/01/regiao-norte-supera-media-nacional-com-54-
das-criancas-vivendo-na-pobreza>. Acesso em: 04 Jun. 2017.
______. Seduc publica chamada pública para compra de alimentos para merenda escolar. 2015.
Disponível em: <http://conexaoto.com.br/2015/02/20/seduc-publica-chamada-publica-para-compra-
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G1, Portal de Notícias da Globo. Palmas é capital com maior redução da pobreza entre 2003 e 2008.
Disponível em http://g1.globo.com/noticias/economia_negocios/0,,mul1319083-9356,00-
palmas+e+capital+com+maior+reducao+da+pobreza+entre +e.html, acessado em 26/05/2017.
OLIVEIRA, Dalila Andrade; SARAIVA, Ana Maria Alves. A relação entre educação e
pobreza: a ascensão dos territórios educativos vulneráveis. ETD – Educ. Temat. Digit.
Campinas, SP v.17 n.3 p. 614-632 set./dez.2015.
PEREIRA, Camila Potyara. A pobreza, suas causas e interpretações: destaque ao caso brasileiro.
2006. Disponível em:
<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/22561/3/ARTIGO_PobrezaCausasInterpretacoes.pdf>.
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REHEM, Faní Q. N.; FALEIROS, Vicente de Paula. A educação infantil como direito: uma
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ROSEMBERG, Fúlvia. Panorama da educação infantil brasileira nos anos 1990. São Paulo:
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SILVA, Maria Ozanira da Silva. O debate sobre a pobreza: questões teórico-conceituais. São Luíz.
Revista de Políticas Públicas, v. 6, n. 2, p. 65-102, 2002.
TOLEDO, Cléber. Tocantins avança no IDH, Palmas tem maior crescimento do País, mas Estado
ainda amarga índices vergonhosos. 2013. Disponível em: http://www.clebertoledo.com.br/n55804.
Acesso em: 04 Jun. 2017.
PARA QUE SE ESCREVE NA ESCOLA?
Sala 03
Resumo: Este trabalho vincula-se à pesquisa Arte, psicanálise e educação: os procedimentos estéticos do cinema
e as vicissitudes da infância (UFG/PUC Goiás e UEG), que tem como proposta principal problematizar questões
sobre linguagem e sujeito. Assim, este relato tem como objetivo discutir o ensino de língua portuguesa nos anos
iniciais da Educação Básica. Inicialmente, procura-se problematizar a relação ensino e língua, a partir da
observação de práticas docentes no encaminhamento das atividades de leitura e escrita, desenvolvidas em sala de
aula. Na sequência, apresenta-se uma diferenciação entre informação e experiência. Para terminar, o texto traz
produções escritas, realizadas por alunos em sala de aula, com o foco voltado para o uso da palavra.
Introdução
Aula de Língua Portuguesa. As crianças entram na sala de aula e se sentam. A
professora solicita o livro didático da disciplina, indica a página e orienta a atividade a ser
desenvolvida. As crianças cumprem a tarefa. A professora, no quadro-giz, corrige e depois
passa de carteira em carteira dando visto no caderno. As crianças guardam os materiais na
mochila e aguardam o momento de ir para casa. O sino bate e, alegres, elas saem.
Essa rotina descreve o que se passa em muitas aulas de Língua Portuguesa. Foi
esse o cotidiano que encontramos ao acompanhar e observar as aulas dessa disciplina em
algumas das escolas públicas por onde passamos. Embora saibamos que existem muitas
outras práticas escolares diferenciadas, notamos o quanto esta, que foi relatada anteriormente,
se repete. Esse tipo de prática merece ser problematizada, afinal, para que se escreve na
escola? Que concepções de sujeito, de linguagem e de língua sustentam esse tipo de vivência?
Ela promoveria uma experiência de escrita? Seria capaz de favorecer a criatividade e a
produção de sentidos? São essas questões que procuraremos discutir neste texto, utilizando
como ilustração algumas atividades realizadas pelos alunos do Ensino Fundamental da
Educação Básica, publicados no Jornal Folhinha Aplicada3.
1
Mestrando em Ensino na Educação Básica do PPGEEB/Cepae/UFG. Professor da Rede Municipal de Goiânia.
E-mail: [email protected].
2
Professora Adjunta da Universidade Federal de Goiás. E-mail: [email protected].
3
Projeto de Extensão realizado no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de
Goiás sob a coordenação da Profa. Maria Alice de Sousa Carvalho Rocha e do qual sou membro efetivo.
Informação não é experiência
Vivemos em um mundo que valoriza as informações e não as experiências, como
bem observa Larrosa (2002) no artigo Notas sobre a experiência e o saber de experiência.
Nesse texto, o autor relembra Walter Benjamim que, já no início do século XX, denunciava
um movimento de declínio da experiência. Segundo Larrosa (2002), esse movimento, do qual
fala Benjamim, tem ganhado mais espaço em nossa sociedade moderna, principalmente por
ter o capital como força motivadora. Fazer o mundo girar em torno desse bem incentiva
práticas educativas que priorizam seus imperativos, como, por exemplo, a produção de
mercadorias, o consumismo, a informação, o excesso de trabalho e o pouco tempo. Isso
porque o que interessa é um sujeito que atenda às demandas, sempre atualizadas, do capital.
Segundo ele, nessa sociedade, o sujeito:
Assim, não nos causa surpresa a rotina das aulas de Língua Portuguesa que
observamos. Tanto que as políticas educacionais em formas de leis e/ou documentos
incentivam esse tipo de prática, pois, como observa Neves (2005), desde a década de 1990, o
Brasil serve-se do modelo econômico hegemônico neoliberal para implementar os processos
pedagógicos ocorridos na escola.
Exemplo disso é o documento intitulado Parâmetros Curriculares Nacionais de
Língua Portuguesa (PCNLP), que serve como referência para os projetos de ensino dessa área
nas escolas brasileiras. Muitos estudos, entre eles o de Rocha e Rodrigues (2016), apontam a
ênfase no estudo da Língua Portuguesa pelo viés pragmatista, que apenas explora conteúdos
informacionais e habilidades de competência “no sentido de conhecer e aplicar os distintos
usos da língua por meio de exercícios de metacognição e/ou metalinguagem” (ROCHA;
RODRIGUES, 2016, p.4).
Além disso, Alcântara e Stieg (2016), ao discutirem a última versão da proposta
de estabelecimento de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), observam esse mesmo
direcionamento. A BNCC foi encaminhada recentemente para o Conselho Nacional de
Educação tomar as devidas providências. Entretanto, segundo a análise dos autores, em
relação ao componente curricular de Língua Portuguesa, há ainda uma ênfase no caráter
instrumental da língua. Segundo eles, o modelo curricular, apresentado até agora, tem como
objetivo principal facilitar as avaliações oficiais do governo a fim de atingir a meta prevista
para 2021 (média 6,0 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb).
De certa forma, tanto nos documentos oficiais quanto nas práticas, o trabalho com
a Língua Portuguesa enfatiza conteúdos isolados, privilegia normas linguísticas em
detrimento de uma experiência de linguagem. São muitos textos apresentados, uma grande
variedade de exercícios, mas aplicados em função de informar e em explorar aspectos
menores da língua. Esse procedimento sugerido, e muitas vezes alimentado, produz um tipo
de sujeito, o da informação e, como diz Larrosa:
O sujeito da informação sabe muitas coisas, passa seu tempo buscando informação,
o que mais o preocupa é não ter bastante informação; cada vez sabe mais, cada vez
está melhor informado, porém, com essa obsessão pela informação e pelo saber (mas
saber não no sentido de “sabedoria”, mas no sentido de “estar informado”), o que
consegue é que nada lhe aconteça. (LARROSA, 2002, p. 21-22)
Como observa o autor, a criança precisa explorar sua imaginação e, para que isso
ocorra, o ambiente em que vive deve possibilitar essa condição, a do brincar (RODARI,
1982). A inserção no mundo da escrita não deve ser diferente, pois muitos leitores e escritores
testemunham e validam essa mesma condição ao lerem e escreverem. A escola não poderia
favorecer essa experiência? O ensino da língua escrita com enfoque na alteridade não
promoveria a subjetividade? Por que não usar a palavra para constituir experiências,
incentivar a imaginação e a criação?
A palavra é nossa
A seguir, iremos apresentar propostas realizadas pelos alunos que ilustram essa
possibilidade de ensino de Língua Portuguesa numa perspectiva de constituir experiência. Isto
é, contribuir para que o aluno use a palavra de modo transformador. São atividades para
“considerar as palavras, criticar as palavras, eleger as palavras, cuidar das palavras, inventar
palavras, jogar com as palavras, impor palavras, proibir palavras, transformar palavras etc.”
(LARROSA, 2002, p. 21).
Estas atividades, além de serem feitas na sala de aula, foram publicadas no Jornal
Folhinha Aplicada, um periódico mensal da Primeira Fase do Ensino Fundamental, do Centro
de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás (Cepae/UFG).
Esse jornal também objetiva promover experiências ao publicar as produções variadas dos
alunos, que são organizadas como as editorias de um jornal como outro qualquer que circula
na sociedade. Além desse objetivo, ele
Por que é que tem que ser assim? Neném sem chupeta
Se o meu desejo não tem fim Romeu sem Julieta
Eu te quero a todo instante Sou eu assim, sem você
Nem mil autofalantes Carro sem estrada
Vão poder falar por mim Queijo sem goiabada
Sou eu assim, sem você
Amor sem beijinho
Buchecha sem Claudinho Por que é que tem que ser assim?
Sou eu assim sem você Se o meu desejo não tem fim
Circo sem palhaço Eu te quero a todo instante
Namoro sem abraço Nem mil autofalantes
Sou eu assim sem você Vão poder falar por mim
FOLHINHA APLICADA, Cepae/UFG. Goiânia, ano 03, n. 01, p. 02, 2012. Disponível em:
<https://www.cepae.ufg.br/up/80/o/Jornalzinho_Folhinha_Aplicada_da_1%C2%AA_fase_-
_1%C2%AA_edi%C3%A7%C3%A3o_-_2.pdf?1330200509>
Esses exemplos, embora simples, oferecem possibilidades para que o aluno tome
a palavra, não como uma ferramenta qualquer, mas como promotora de experiência e criação.
Mesmo que ele ainda não apresente um repertório grande de informações sobre a língua
constituída em sua escrita, podemos ver que o aluno a tece e esperamos que não a abandone.
Será convocando os alunos para trabalhar com a língua de modo a explorar sua potência
criativa que o professor estará contribuindo para favorecer a experiência e a transformação.
Referências
ALCÂNTARA, Regina Godinho; STIEG, Vanildo. “O que quer” a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) no Brasil: o componente curricular língua portuguesa em questão. Revista
Brasileira de Alfabetização – ABAlf. Vitória, ES, v. 1, n. 3, p. 119-141, jan./jul. 2016.
SOUZA, Andrea Alves da Silva Souza; CARVALHO, Maria Alice de Sousa; MOTA, Telma
Maria Santos Faria Mota; BARBOSA, Leonarlley Rodrigo Silva; COSTA, Sônia Santana da.
Jornal na escola: um exercício para pensar o mundo. In: Veredas Escolares: partilhando
experiências criativas de ensino e aprendizagem do Cepae/UFG – 1ª ed. Goiânia: Gráfica e
Editora América, 2014.
PRÁTICAS DE APRENDIZAGEM INTEGRADORA: UMA PROPOSTA DE
EMPODERAMENTO, CRIATIVIDADE E RESILIÊNCIA
RESUMO: O presente artigo constitui-se como um relato de uma experiência de ensino-aprendizagem realizada
no âmbito de um curso de formação oferecido para professores e técnicos da Universidade Federal de Alagoas.
Com este relato, além de descrever e compartilhar uma vivência exitosa, buscamos tecer a fina delicada teia que
une a teoria à prática. Teia esta necessária, posto que possibilita uma ação consciente e fundamentada, bem como
uma teorização contextualizada e eticamente situada. Deste modo, este texto é uma tessitura entre teoria e práxis
em que através das ações desenvolvidas em um curso de formação continuada para professores do ensino
superior PROFORD- UFAL, construímos um relato reflexivo no qual objetivamos demonstrar como as vivências
das “Práticas de Aprendizagem Integradora“ (ALVES, 2016), se materializam como uma proposta de
metodológica possibilitadora de criatividade, resiliência, inovação, inclusão e superação.
1
Professora da Universidade Federal de Alagoas-UFAL-CEDU-PPGE; Doutora e Mestre em Educação – PUC/SP-
CNPq e UB (Barcelona); Mestre em Psicopedagogia e Pedagoga - UNISA; Pós-Graduada em Distúrbios da
Aprendizagem pela UBA (Buenos Aires); Especialista em Educação em Valores Humanos; líder do Grupo de
Pesquisa PAII (Praticas e Aprendizagens Integradoras e Inovadoras), Pesquisadora RIES (Rede Internacional
Ecologia dos Saberes), ECOTRANSD (Ecologia dos Saberes e Transdisciplinaridade - CNPq), RIEC (Rede
Internacional de Escolas Criativas), GIAD (Grupo de Investigação e Assessoramento Didático. UB) e ADESTE (A
Adversidade Esconde um Tesouro - Universidade de Barcelona); autora de diversos artigos e livros, e-mail:
[email protected].
2
Professora da Universidade Federal de Alagoas-UFAL-CEDU-PPGE; Doutora e Mestre em Educação – PUC/SP-
CNPq e UB (Barcelona); Mestre em Psicopedagogia e Pedagoga - UNISA; Pós-Graduada em Distúrbios da
Aprendizagem pela UBA (Buenos Aires); Especialista em Educação em Valores Humanos; líder do Grupo de
Pesquisa PAII (Praticas e Aprendizagens Integradoras e Inovadoras), Pesquisadora RIES (Rede Internacional
Ecologia dos Saberes), ECOTRANSD (Ecologia dos Saberes e Transdisciplinaridade - CNPq), RIEC (Rede
Internacional de Escolas Criativas), GIAD (Grupo de Investigação e Assessoramento Didático. UB) e ADESTE (A
Adversidade Esconde um Tesouro - Universidade de Barcelona); autora de diversos artigos e livros, e-mail:
[email protected].
3
Professora da rede Estadual e Municipal de Ensin; graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de
Alagoas; Especialista em Inspeção Educacional pela Universidade Federal de Alagoas; Doutoranda em Ciências
da Educação pela Universidade Nacional de CUYO em Mendoza/Argentina; Sócia fundadora da Associação
dos Inspetores Educacionais dos Sistemas de Ensino de Alagoas (ASISEAL); Membro da Diretoria Nacional da
União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação-UNCME (Coordenadora em Alagoas); Conselheira
Presidente da Câmara de Educação Profissional do Conselho Estadual de Educação de Alagoas; Conselheira do
Conselho Estadual do FUNDEB em Alagoas; Conselheira Presidente do Conselho Municipal de Educação de
Messias/AL; membro do Fórum Estadual Permanente de Educação do Estado de Alagoas-FEPEAL; membro do
grupo PAII (Praticas e Aprendizagens Integradoras e Inovadoras); autora de artigos; Servidora pública com
atuação, dentre outras, na área de política educacional, com experiência em formação continuada com foco em
legislação educacional e orientação a organização de Conselhos de Educação e Sistemas de Ensino.
Palavras-chave: Praticas integradoras, aprendizagem, inclusão
INTRODUÇAO
Na dança da vida, no ser, estar e fazer de cada dia ensinamos e aprendemos novas
lições. Com nossas diferenças e nossa história única, podemos viver aprendendo e ensinando
uns aos outros, uns com os outros. Foi com esta perspectiva que o curso intitulado “Inclusão e
Acessibilidade no Ensino Superior” foi pensado e ministrado pela professora Maria Dolores
Fortes Alves. Este, se constituiu como projeto de extensão, compondo a grade curricular da
Formação Continuada Para Professores do ensino superior (PROFORD- UFAL) ofertado
pela Pró-reitoria de Graduação da Universidade Federal de Alagoas.
O curso Inclusão e Acessibilidade no Ensino Superior faz parte das ações do Grupo de
Pesquisa Práticas de Aprendizagem Integradoras e Inovadoras-PAII e foi solicitado pela
PROFORD como um meio para fomentar a capacitação dos profissionais da Universidade no
que se tange ao atendimento e ensino voltados às pessoas com deficiência. Apesar de
considerarmos que a proposta do curso vai muito além desta finalidade, cabe contextualizar a
demanda posta.
Nos últimos anos, temos nos deparado com uma grande ampliação da discussão sobre
a inclusão em todos os âmbitos sociais. Isto tem impulsionado a divulgação da legislação
pertinente e, a partir da conscientização sobre os próprios direitos, as pessoas consideradas
com deficiência, tem se articulado e conquistado cada vez mais espaço na sociedade. Na
educação não tem sido diferente, de modo que se observa um crescente número de matrículas
de crianças com necessidades educacionais especiais, tenham elas alguma deficiência ou não,
na educação básica. O fato é que, apesar das dificuldades que ainda se apresentam a estas
pessoas no que se refere às adaptações necessárias à sua plena participação no ambiente
escolar, um número crescente destes estudantes tem chegado ao nível superior. A questão é: o
que estas pessoas que conseguem escapar das tristes estatísticas de evasão podem esperar da
universidade?
Infelizmente a resposta a esta pergunta não é das mais animadoras. A universidade se
apresenta como um lugar hostil e repleto de barreiras que impedem a plena participação de
pessoas com necessidades especiais em seus espaços. As barreiras físicas e arquitetônicas são
evidentes, mas além destas os alunos se deparam com barreiras atitudinais e pedagógicas.
Estas impõem mais limites à aprendizagem dos universitários do que suas características
particulares. Diante deste contexto, a gestão da UFAL tem se preocupado em desenvolver
estratégias que possam amenizar estas barreiras. Uma destas formas é investir na formação
dos profissionais e convidar a comunidade acadêmica a discutir esta temática. O curso aqui
trabalhado, então, foi proposto com o objetivo de conscientizar os profissionais sobre a
perspectiva inclusiva, estimulá-los a se informar sobre questões como a legalidade que a
orienta, as tecnologias assistivas, a acessibilidade, bem como divulgar os serviços de que a
instituição já dispõe, entre outras questões.
Esta demanda foi acolhida, mas precisamos ir além de escutar a queixa explícita, ou o
sintoma. É preciso ler as entrelinhas e compreender o que sustenta as práticas excludentes. É
preciso pensar a Universidade não apenas como organização, uma instituição composta por
profissionais cada qual com sua função e cargo. É preciso entendê-la como um meio social,
com pessoas inteiras que se relacionam entre si com seus corpos, afetos e ideias. Nas
entrelinhas da demanda explícita estava escrito que, para além de capacitar ou informar
profissionais, era preciso tocar, sensibilizar, afetar as pessoas. Para além da falta de
acessibilidade e da exclusão com as quais se deparam os alunos com deficiência, a
universidade tem se mostrado um ambiente inacessível e excludente para qualquer estudante
ou profissional. Como, então, acolher sem ser acolhido? Como olhar para os outros quando
não somos vistos? Como perceber as demandas dos que nos rodeiam se nossas demandas não
são percebidas?
Diante de um ambiente demasiadamente competitivo e formal, pessoas são
transformadas em números, são valorizadas por quanto obtém de média na graduação,
quantos artigos publicam na pós-graduação e quanto conseguem captar recursos na docência.
Este ambiente exalta a competição e isola a cognição, quando deveria estimular a cooperação
e a contribuição de pessoas inteiras com saberes construídos pela cognição, pela intuição, pela
emoção, pelo corpo de forma integrada. Este ambiente nega o ser humano, o adoece e
invisibiliza suas dores e amores.
Foi pensando neste contexto que o curso foi criado. Partimos da noção que incluir
significa olhar para o outro, acolhê-lo e possibilitar sua plena participação, considerando sua
unicidade e ao mesmo tempo sua universalidade, seja este outro quem for. Incluir implica
lidar com pessoas inteiras e únicas, tenham elas alguma deficiência ou não. Assim, o curso foi
pensado: como um convite para a humanização do espaço de convívio, um convite para
desenvolver um olhar mais atencioso sobre o outro e sobre si mesmo, um convite para que
possamos afetar os outros e nos deixar afetar por eles.
O curso foi ofertado no mês de outubro com carga horária de 20 horas presenciais,
distribuídas em cinco encontros semanais de quatro horas cada.
A inscrição era aberta para qualquer funcionário da Universidade e realizada por livre
demanda. A turma contou com 20 pessoas inscritas, sendo 15 professores sendo em sua
maioria das áreas de Educação, Psicologia e Biologia e 5 técnicos, além de 4 graduandos
ouvintes. Os interesses que levaram os participantes a se inscrever foram múltiplos: alguns
por estarem ministrado disciplinas sobre inclusão queriam aprender mais sobre a temática;
outros por coordenarem cursos de graduação queriam aprender como lidar com os alunos
matriculados, outros por fazerem parte do grupo de pesquisa ou conhecerem a professora.
O curso tinha o objetivo de promover a reflexão, a construção e a vivência de práticas
de aprendizagem integradoras e inclusivas. Para além de discutir a teoria e a legislação sobre
a inclusão, o curso visava: estimular o autoconhecimento e a reflexão, a consciência da
consciência; instrumentalizar o discente com os principais conhecimentos sobre estratégias
para lidar com a diversidade; possibilitar que cada um contribua com seus talentos para o bem
comum; favorecer inclusão em diversos aspectos e a consciência dos valores humanos
universais.
O conteúdo programático para o curso era dividido em quatro módulos distribuídos da
seguinte maneira:
I. Estratégias de autoconhecimento e concentração.
II. Dinâmicas de acolhimento as diversidades.
III. Novos paradigmas: Compreendendo o valor da diversidade.
IV. Recursos de Tecnologias Assistivas e outros
V. Direito do diferente, direito a diferença
VI. Criação e superação a partir das emergências.
VII. Da legalidade à inclusão: ABNT de acessibilidade etc,
VIII. Construindo recursos internos e externos
O certificado do curso era oferecido tendo como critério a presença mínina em 75% da
carga horária, não tendo sido realizada nenhuma atividade de caráter avaliativo classificatório.
Apenas, ao final do curso foi solicitado que os participantes avaliassem o curso e refletissem
sobre sua experiência pessoal no grupo.
“Confesso que eu imaginava uma coisa e durante os encontros eu me surpreendia, dia após dia.
Pude ouvir e falar, ver e sentir, pude aprender com experiências, pude me aceitar como eu sou.
Sem tirar nem pôr. Pude enxergar um mundo que está tão próximo das pessoas, mas, é preciso
atenção para poder enxergá-lo. Somos diferentes, porém, iguais, somos seres humanos. Eu não
sou melhor que o outro, o outro não é melhor que eu. Cada um tem seu jeito, seus limites,
pensamentos, dores e amores.”
Guardarei, sem dúvidas, a experiência de alguns minutos como deficiente visual e como
cadeirante, no qual vivenciamos no curso. Olha, não imaginava que fosse tão difícil ser guiada
por sons, texturas ou qualquer outra forma de ajuda enquanto estava vendada e precisaria
descer escadas, subir ladeiras, entre outros.
Assim, começamos a perceber por todos esses caminhos dos novos pensamentos, que
as Estratégias de Aprendizagem Integradora podem favorecer o aprender para a renovação,
para a criatividade e a integração. Para tal, o docente ou qualquer agente social, necessitam de
constantes reflexões sobre suas ações, e assim, alcançarem a transformação e, por sua vez, a
inovação. Contudo, é preciso que se mantenha sempre atento às emergências e sinergias para
que, juntos, na e com a diversidade, o aprender seja tecido com os fios da alegria. Ou, como
diz Moraes (2003), a partir dos Pensamentos Complexo, Ecossistêmico e Transdisciplinar,
tornar-se-á mais fácil e acessível, a compreensão da multidimensionalidade humana - um ser
biológico, psicológico, afetivo, espiritual, cultural e intuitivo em que, com todas as suas
dimensões, influencia a construção do conhecimento.
Com esta abertura para a expressão da multidimensionalidade humana, emergiram no
grupo depoimentos que evidenciam um processo de autoconhecimento, de reconhecer suas
dores, suas mágoas, bem como seus pontos fortes. Neste processo, vem à tona possibilidade
de reconstrução de si mesmo, com a construção de estratégias de resistência, aceitação e
resiliência.
Passei por um momento de rejeição, de insatisfação com o meu físico, por exemplo. Não foi
fácil, não é fácil. O curso era tudo que eu mais precisava, acredito que não foi por acaso a
minha presença todos os dias, vivenciando cada nova experiência.
Hoje eu sou uma pessoa muito mais diferenciada e uma profissional diferenciada pelos poucos
dias que eu estive do lado de vocês... pessoas com uma energia tão positiva. Nós não nos
encontramos em vão, não foi por acaso.
Gostaria de agradecer vocês por esses encontros porque eu acho que a via do afeto e do
cuidado é muito potente e transformadora, aquecedora e fortalecedora nas interações da gente
tanto com a gente mesma, como da gente nesse mundo com as outras pessoas... eu fico muito
encantada quando eu encontro e me sinto tocada pela energia das pessoas.
Gostaria de agradecer pela oportunidade de estar com cada um nesse curso, pois aqui pela
primeira vez me sinto acolhida nesta universidade e até nesta cidade. Eu cheguei há um ano e
ninguém até hoje questionou como eu me sinto, ninguém ofereceu ajuda, mostrou os
caminhos, propôs uma cooperação. Aqui as pessoas escondem informação, negam contato.
Então pela primeira vez me sinto parte de um grupo e me deparo com a possibilidade de poder
fazer trocas sinceras, de construir algo junto, de aprender com afeto.
4
Esse conceito é desenvolvido por Humberto Maturana (1999) para explicar que através da linguagem que os
seres humanos se comunicam. Mas não somente a linguagem como organização semântica. Para que exista
comunicação é necessário a congruência de comportamentos entre vários sistemas ou unidades. E, essa
congruência tem que ser recorrente, ou seja, se repetir de modo contínuo, sistemático e recursivo. Os resultados
desse processo congruente e recorrente são reaplicados sobre o próprio processo, de modo circularmente
produtivo.
sejam sentidas, percebidas. E, é no acolhimento das palavras que acolhemos a palavra. Com
uma nova colheita, temos novas aprendizagens, novos processos de ensino e aprendizagem.
Esse curso me permitiu olhar a vida com outros olhos porque apesar de não ter a potencia
visual de 100%, mas eu continuarei vendo 100% dos olhos do coração... È olhar a vida e
incluir o outro aceitando ele assim como ele é sem julgar.
Cada dia no curso eu tirava um fardo das minhas costas, eu carregava uma culpa que eu não
entendia de onde vinha e eu não sou culpada por de repente ter sido acometida por uma
patologia que de alguma maneira me limitou... eu estava de mãos e pés atados e eu não
conseguia me libertar e hoje eu me sinto confiante, mais segura. A minha cabeça que só olhava
para baixo, os meus olhos que não conseguiam mais olhar de frente, olhar a vida, olhar para os
outros. Hoje eu não tenho mais vergonha de erguer a cabeça e seguir minha vida com
dignidade.
Considerações finais
Partindo de tudo que foi dito, sentido e vivido é possível dizermos que as práticas de
aprendizagem integradora se apresentam como uma proposta de empoderamento, criatividade
e resiliência pois, incluir é permitir-se e permitir que da ser sinta-se habitando-se em inteireza.
A experiência vivenciada nos leva a reforçar e defender que o direito a educação não
se materializa somente com a inserção no espaço educacional, uma educação a luz dos
direitos humanos fundamentais, transcende a integração física e social, perpassa pela visão de
se perceber e entender o outro como sujeito que tem uma história e que está construindo
novas histórias.
Com isso e diante dos depoimentos, entendemos que a proposta do curso superou os
objetivos previstos, pois as reflexões possibilitaram impulsionar as emoções permitindo que
as vivências compartilhadas despertassem para o sentido do ser, do compreender
verdadeiramente o que é aprendizagem integradora e inclusiva.
No curso ficou patente que o arcabouço legal e as teorias educacionais sobre inclusão,
são basilares para a construção do processo ensino-aprendizagem, mas a escuta sensível, o
toque, a percepção do outro, a incursão sobre si mesmo, o autoconhecimento, a consciência da
consciência, sem dúvidas favorecem os discentes a pensar a inclusão com a consciência dos
direitos e valores humanos universais.
Nesse sentido o trabalho significou um real convite a pensar a educação inclusiva e
integradora como espaço de convívio, de desenvolvimento de um olhar mais atencioso sobre
o outro e sobre si mesmo ou seja, permitir e permitir-se em conexão em co-existência
consigo, com o outro, com o todo na cooperação, na interdependência, na convivência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPRA, F. A teia da vida: Uma compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo:
Editora primeira edição, 1999.
VANDRÉ, Geraldo. Pra não dizer que não falei das flores. Disponível em:
http://www.paixaoeromance.com/60decada/caminhando/caminhando.htm. Acesso em mar. de
2011.
PRÁTICAS E CONTEÚDO: ABORDAGENS METODOLÓGICAS PARA O ENSINO
DE CIÊNCIAS
Sala 3
Resumo: Este artigo resulta da pesquisa realizada em uma escola Estadual, cidade de Porto Nacional, Tocantins,
nas aulas de Biologia. Tendo como objetivo exemplificar as diferentes metodologias que podem ser aplicadas
durante as aulas. Foi proposta como metodologia, a construção de três modelos alternativos que posteriormente
foram avaliados através dos resultados obtidos por questionários I e II (I aplicado antes da utilização da
metodologia e II posteriormente à aula). A partir do resultado ficou evidente que a metodologia usada pelo
professor interfere na aprendizagem dos alunos, desta forma, o modelo metodológico prático e/ou teórico/prático
é uma das alternativas válidas entre muitos modelos possíveis.
Abstract: This article results from the research carried out in a State school, city of Porto National, Tocantins, in
Biology classes. In order to exemplify the different methodologies that can be applied during class. It was
proposed as methodology, the construction of three alternative models that were later evaluated through the
results obtained by questionnaires I and II (I applied before the use of themethodology and II after the lesson).
From the result it became evident that the methodology used by the teacher interferes with the students' learning,
in this way, the practical and / or theoretical / practical methodological model is one of the valid alternatives
many possible models.
Introdução
O ensino de ciências, nos últimos anos, tem recebido uma maior importância no que
tange as licenciaturas dos cursos de Ciências Biológicas, e este tem sido a bandeira de
investigação de inúmeros educadores da área, sobre qual a melhor abordagem a ser
considerada mais eficaz para que se tenha êxito dentro do ensino desta modalidade. Devido à
rapidez no surgimento das novas descobertas científicas, a formação que muitos professores
1
Graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Tocantins. Campus Porto
Nacional. [email protected]
2
Professora Substituta na Universidade Federal do Tocantins. Campus Porto Nacional.
[email protected]
adquirem durante a graduação é considera obsoleta, poucos anos após sua graduação (LIMA e
VASCONCELOS, 2006).
Para Moran (2013), existem diferenças entre os conceitos ensino e educação. Ensino
são as atividades didáticas utilizadas como facilitadoras do processo de aprendizagem; e
educação engloba tanto o procedimento de ensino quanto todas as dimensões emocional,
psicológica da vida do indivíduo. Brito (2015, p. 1) salienta que: “é importante destacar que
quando falamos de aprendizagem nos referimos ao processo de aprendizagem e quando nos
referimos ao conhecimento é o produto ou resultado do processo de aprendizagem”.
É fundamental evidenciar que o ensino e a aprendizagem são dois processos distintos,
onde o educando constrói o seu próprio conhecimento, e o faz de modo idiossincrático, pois o
processo depende fundamentalmente do que o aluno já sabe, ou seja, de seu conhecimento
anterior, sobre qual ele desenvolverá o novo conhecimento. Desta forma o processamento
final da aprendizagem é também diferente para cada estudante (FREIRE, 1987).
Isso evidencia que a didática utilizada pelo professor, pode interferir nesta
problemática, pois as metodologias das aulas podem instigar a atenção dos alunos ou causar a
repulsão da mesma. Certamente, não há um método ideal para ensinar os alunos a enfrentar a
complexidade dos assuntos trabalhados, mas sim haverá alguns métodos potencialmente mais
favoráveis do que outros Bazzo (2000) citado por (LIMA e VASCONCELOS, 2006).
Nesta perspectiva as atividades objetivam exemplificar as diferentes metodologias que
podem ser aplicadas durante as aulas; e através de questionários teste aplicado aos alunos,
verificar a eficiência de cada prática de ensino. Desse modo, chegamos às seguintes
inquietações, a metodologia utilizada pelo professor influencia na assimilação significativa do
conteúdo abordado? Qual a influência que cada aula (prática, teórica ou teórico/prática)
exerce sobre o aprendizado dos alunos? E qual metodologia melhor contribui para
aprendizagem dos alunos?
Metodologia
O presente trabalho foi realizado em uma escola Estadual, cidade de Porto Nacional,
Estado do Tocantins. Escolheram-se três turmas de 1º ano do Ensino Médio (sendo A, B e C).
Em cada turma foi abordando os conteúdos proteínas e vitaminas, pois já estavam previstos
no planejamento da professora regente. A metodologia previu a pesquisa dos conhecimentos
prévios dos alunos, seguida da instalação do conflito cognitivo, visando à alteração do
conhecimento empírico para o conhecimento científico. Foi proposta como metodologia para
esta análise, a construção de três modelos alternativos que posteriormente foram avaliados
através dos resultados obtidos por questionários, sendo um questionário aplicado antes da
utilização da metodologia e outro aplicado posteriormente à aula.
Na turma A foi abordado apenas aulas práticas, inicialmente a turma recebeu o
Questionário I e logo em seguida foi ministrada a prática – Jogo das Caixas e Jogo das
Perguntas - com abordagem dos conteúdos; após a conclusão da prática, os alunos
responderam o Questionário II, sendo as mesmas perguntas para os dois questionários. A
turma B recebeu o ensino teórico tradicional, também recebeu o Questionário I e após a
explicação do conteúdo, respondeu ao Questionário II. A turma C passou pelo mesmo
processo, porém com um diferencial de aulas teórico/práticas.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), aprender Biologia na escola
básica permite ampliar o entendimento sobre o mundo vivo, e especialmente contribui para
que seja percebida a singularidade da vida humana relativamente aos demais seres vivos e em
função da sua incomparável capacidade de intervenção do meio (BRASIL, 2000).
Resultados e discussão
Durante as aulas práticas foi utilizado o Jogo das Caixas e Jogo das Perguntas; e a
turma foi dividida em vários grupos contendo cinco alunos em cada um. Para confecção do
Jogo das Caixas foram necessárias caixas de fósforos pequenas e vazias, com nomes
relacionados aos conteúdos e com exemplos de alimentos nos quais são encontrados os
nutrientes. Para o Jogo das Perguntas foi utilizado apenas papéis A4 que foram entregues aos
grupos de alunos, onde continham várias frases aleatórias. Estas deviam ser associadas e
respondidas de acordo às perguntas interrogadas pela professora durante o jogo. Estes jogos
tinham como objetivo levar os alunos a associar os alimentos com suas propriedades
funcionais (proteínas e vitaminas) e verificar a capacidade desta associação. Durante as aulas
teóricas e dialogadas foi realizada atividade educacional tradicional, elaborada de acordo com
o conteúdo do livro didático da escola; para a exposição do conteúdo, foi utilizado recursos de
multimídia (notebook, data-show), com imagens e ilustrações do conteúdo. Durante as aulas
teórico/práticas foi abordado o mesmo conteúdo da aula teórica, porém, além de exposição
oral do conteúdo, foram realizadas as mesmas atividades práticas citadas acima.
No decorrer da pesquisa, foi realizada a coleta de dados a partir dos questionários I e
II, relacionados ao tema vitaminas. Posteriormente, foram mostradas as diferenças entre estes
questionários e somado, separadamente, a quantidade de acertos, erros e sem resposta de cada
turma (A, B, C) (ver Gráfico 1). Durante a comparação dos resultados evidenciamos que a
turma que obteve maior porcentagem de acertos nos questionários referentes ao tema
vitaminas, foi a turma A com 38% de acertos, seguida da turma C com 33% acertos e por
último a turma B que obteve 26% de acertos. A turma B atingiu a maior quantidade de erros
com 71%, seguida desta, a turma C com 66%, e posteriormente a turma A que atingiu 60% de
erros. Na análise das perguntas que foram deixadas sem respostas, observa-se que a turma B
atingiu a maior porcentagem com 3%, enquanto que a turma A atingiu 2% e C atingiu apenas
1% (ver Gráfico 1).
Gráfico 1 - Porcentagem média (acertos, erros e sem resposta) das perguntas na avaliação do conteúdo
Vitaminas, nas turmas A (aulas práticas), turma B (aulas teóricas) e turma C (aulas teóricas-
práticas).
Fonte: Elaboração própria (2016)
Gráfico 2 - Porcentagem média (acertos, erros e sem resposta) das perguntas na avaliação do conteúdo
Proteínas, nas turmas A (aulas práticas), turma B (aulas teóricas) e turma C (aulas teóricas-práticas).
Fonte: Elaboração própria (2016)
Com base nos resultados obtidos, é interessante observar que a turma que se destacou
quanto à maior porcentagem de acertos e menor percentual de erros, foi a turma que recebeu o
ensino teórico/prático. Nessa perspectiva, partimos de um pressuposto de que ensinar vai além
da simples informação do conteúdo, de acordo com Zuanon & Diniz (2004):
As propostas metodológicas têm como eixo central oportunizar aos alunos a
organização e a direção de situações de aprendizagem, ou seja, que promovam maior
interação entre os alunos, podem efetiva e eficazmente contribuir para uma formação
integral do indivíduo (ZUANON & DINIZ, 2004, p 130).
Considerando a relevância do uso adequado dos modelos nas aulas para fins
educacionais, de forma que estes sejam usados para facilitar e promover assimilação dos
conteúdos, como é mencionado por Setuval e Bejarano (2009, p. 4) “os modelos didáticos são
instrumentos sugestivos e que podem ser eficazes na prática docente diante da abordagem de
conteúdos que, muitas vezes, são de difícil compreensão pelos estudantes”.
Mesmo sabendo a importância da aplicabilidade da interação entre conteúdo e prática,
vale ressaltar que a mesma deve ser realizada de forma coerente para que atinja os devidos
objetivos, Setuval e Bejarano (2009) enfatizam:
Outra evidência é o dinamismo que os modelos didáticos poderão propiciar na fixação
dos conteúdos, assim como na resolução dos problemas evidenciados no modo como
os professores desenvolverão na execução da sua prática. Sob esta ótica, é imperativo
que os docentes possam promover a articulação entre a teoria e a prática de maneira
dialógica e afetiva, partindo do princípio da autonomia do estudante em questionar
sobre o que ele realiza e observa diante de um fenômeno ou processo estudado
(SETUVAL e BEJARANO, 2009, p. 8).
Por isso, é importante salientar que para alcançar resultados satisfatórios com os
modelos didáticos, estes devem ser aplicados em conjunto com a parte teórica dos conteúdos
e sempre com a abordagem do professor, pois é dele a função de fazer a ligação do modelo e
conteúdo e concomitantemente, fazer os direcionamentos adequados para cada prática.
Ainda sobre os dados coletados na pesquisa, a maior porcentagem de erros foi
observada na turma B, onde se trabalhou com a metodologia exclusivamente tradicional, sem
se preocupar com a utilização do método científico, ou seja, fazer com que o aluno fosse o
agente do processo e não meramente um expectador. Esse resultado enfatiza ainda mais a
necessidade que o professor da área de ciências naturais trabalhe com atividade prática e que
esta faça parte da sua rotina de trabalho em suas aulas. Nesse sentido, Santos (2005) afirma
que o sentido da aplicação de práticas, é que a Ciência encaminha o pesquisador para rupturas
de fronteiras, métodos, experimentos e experiências de verdades transitórias. Assim, entende-
se que as práticas atuam como forma de melhorar o desempenho dos estudantes em conteúdos
de difícil compreensão.
Outro motivo que pode ter influenciado na quantidade de erros, é a questão dos termos
científicos usados no processo de ensino durante as aulas, esses termos podem ter deixado os
alunos mais confusos após as aulas teóricas, e os estudantes que tiveram a aula teórico/prática,
por terem passado mais tempo trabalhando esses termos, atingiram um melhor desempenho
nas respostas do questionário II.
Conclusão
A partir desta pesquisa observamos que os alunos que obtiveram um ensino por meio
de metodologias práticas e teórico/práticas foram os que mais se destacaram quanto às
porcentagens de acertos.
A partir do estudo realizado, evidenciamos que a ação metodológica utilizada pelo
professor interfere no processo de ensino-aprendizagem dos alunos; portanto, o educador atua
diretamente como promotor neste processo, e este deve trabalhar na criação de situações que
ativem a participação dos alunos nas atividades abordadas durante as aulas, de forma que o
aluno também assuma responsabilidade pelo seu processo de aprendizagem.
Analisando o conteúdo Vitaminas, a turma que obteve maior quantidade de acertos foi
a A na qual se trabalhou apenas com aulas práticas. A aplicação desta categoria caracterizou-
se, portanto, como contribuinte efetivo na construção do conhecimento pelo aluno.
Analisando os resultados obtidos do conteúdo Proteínas, a turma que obteve maior
entendimento do assunto foi a turma C, onde a partir das aulas teórico/práticas, os alunos
foram capazes de desenvolver uma aprendizagem mais significativa.
Através dos dados adquiridos nesta pesquisa, percebemos que a prática não pode ser
desvinculada da teoria, pois a mesma corrobora para o melhor aprendizado dos alunos. O
aumento do percentual de acertos nas turmas em que foram trabalhadas aulas práticas e
teórico/práticas, talvez se explique pelo interesse dos alunos durante as aulas, pois ficou nítida
a participação dos mesmos. Esse comportamento influenciou significativamente na sua
aprendizagem. Evidenciamos também que as práticas não precisam necessariamente
contemplar experimentos no laboratório. Estas podem ser realizadas dentro da sala de aula,
proporcionando o contato com os alunos.
Quanto à análise das porcentagens de erros relacionados ao conteúdo vitaminas, a
turma que obteve a maior quantidade, foi a B, onde trabalhamos apenas com aulas teóricas.
Quanto às observações nos valores de erros relacionados ao conteúdo proteínas, a turma B
novamente se destacou dentre as demais, isto evidencia que o ensino teórico não foi favorável
à ampliação do conhecimento dos alunos. Assim, o estudo de ciências numa abordagem
metodológica tradicional, não ajuda o aluno a construir o conjunto de competências e
habilidades para elaborar novos conhecimentos. Porém, é cabível destacar que as aulas
práticas dialogadas não precisam ser abolidas das práticas pedagógicas, mas devem ceder
espaços para que outras ações metodológicas sejam contempladas. Portanto, cabe ao professor
saber mediar o uso desta metodologia tradicional.
Evidenciamos também que os alunos manifestaram maior interesse em participar de
praticamente todas as propostas didáticas, como jogos, entre outras práticas durante as aulas.
Pois, mesmo sabendo que as aulas expositivas tenham sua importância para o processo de
aprendizado dos alunos, aulas estas com explicações orais e a utilização do quadro, às vezes
torna desanimadoras para os mesmos, portanto foi possível perceber que as aulas práticas
geraram curiosidades e satisfação.
A partir desta pesquisa, observamos que a metodologia usada pelo professor interfere
na aprendizagem dos alunos, desta forma, o modelo metodológico prático e/ou teórico/prático
é uma das alternativas válidas entre muitos modelos possíveis. E, percebe-se o quanto as aulas
práticas são importantes, pois a partir delas, os alunos podem visualizar o que viram em livros
ou ouviram através da fala do professor, contribuindo com a qualidade no ensino-
aprendizagem.
Referências
BRITO, Márcia Regina F., O ensino e a formação de conceitos na sala de aula. 2015.
Disponível em: <http://www.infocien.org/Interface/Colets/v1n05a08.pdf>. Acesso dia 14 de
março de 2016.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Editora: Paz e Terra,
1987.Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/paulofreire/paulo_freire_pedagogia_do_oprimid
o.pdf>. Acesso dia 27 de maio de 2016.
LEITE, Adriana Cristina Souza; SILVA, Pollana Alves Borges; VAZ, Ana Cristina Ribeiro.
A importância das aulas práticas para alunos jovens e adultos: uma abordagem
investigativa sobre a percepção dos alunos do PROEF II. 2008. Disponível em: <
http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/ensaio/article/viewfile/98/147>. Acesso dia 29
de março de 2016.
MORAN, José Manuel. Novas Tecnologias e Mediações Pedagógicas. – 21º ed. rev. e atual.
– Campinas, SP: Papirus, 2013. – (Coleção Papirus Educação).
ZUANON, Átima Clemente Alves; DINIZ, Renato Eugênio da Silva. O ensino de Biologia e
a participação dos alunos em “atividades de docência”: uma proposta metodológica.
Pesquisas em ensino de ciência: contribuições para a formação de professores/ Roberto
Nardi, Fernando Bastos, Renato Eugênio da Silva Diniz. Organizadores. - 5. ed. São Paulo:
Escrituras Editora, 2004.
PRATICAS EM CIÊNCIAS: UTILIZAÇÃO DE CONCEPÇÕES ARTISTICAS COM
O FACILITADOR DE APRENDIZAGEM
Jefferson Lucas Ribeiro Andrade1
Vladimir Da Mota Silveira Filho2
Marcelo Siqueira De Araújo3
Sala 3
Resumo: O texto parte de um projeto monográfico, no qual se pensou novas formas de abordar, em sala de aula,
na área de ciências e artes, as principais premissas para auxiliar na compreensão dos estudantes em determinados
temas pertinentes à área, com abordagem voltada para trabalhar no ensino médio, partindo da tão explorada e de
senvolvida interdisciplinaridade. As artes envolvem uma área ampla da cultura humana e, por esse motivo, sendo
dividido em dois momentos de apreciação. Primeiramente, a música enquanto necessidade orgânica, bem como
representação “acústica” do mundo para cada indivíduo. Em seguida é discutido o corpo e sua forma de expressã
o. Em ambos enfoques, serão denotadas suas relações com os caracteres biológicos: “inatismo” da aprendizagem
, apreciação do ambiente, padrões de perfeição, entre outros pontos. Trazendo como objetivos a proposição de no
vas formas de abordar assuntos em sala; demonstrar aos estudantes a percepção dos objetos da ciência na vida e
dia a dia dos indivíduos. Como fundamento para o texto foram utilizados os autores Piazzeta (2006), Andrade (2
004), Pinto (2001), Almeida (2009)
Palavras-chave: Ensino de ciências. Artes. Música.
Abstract: The text starts from a monographic project, in which new ways of approaching, in the classroom, in th
e area of science, the main assumptions to help students to understand certain subjects relevant to the area. With
an approach focused on work in high school. Starting from the much explored and developed interdisciplinarity.
The arts involve a wide area of human, for this reason, divided in two moments of appreciation. First, music as a
n organic need, as well as "acoustic" representation of the world for each individual. Then is discussed the body
and its form of expression. In both approaches, will be denoted their relationships with biological characters: “in
nate ability” of learning, appreciation of the environment, patterns of perfection, among other things. Bringing as
objectives the proposition of new ways of addressing issues in the classroom; demonstrate to students the percep
tion of the objects of science in life and individuals' day to day. As a basis for the text, the authors were used Pia
zzeta (2006), Andrade (2003), Pinto (2001), Almeida (2009).
Keywords: Science teaching. Arts. Music.
Introdução
1
Pós-graduado em Ensino de Ciências, pela Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns (jeff_ri92@hot
mail.com);
2
Dr Prof. Adjunto da Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns ([email protected]);
3
Me Prof. NEAD/Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns ([email protected]);
iedade, como também no cotidiano dos estudantes. A apresentação de temas por intermédio d
e músicas não configura a já desenvolvida pratica de criação de parodias, que por vezes só ref
orça o estereótipo de que para a ciência quanto mais você decora nomes mais você sabe
Fundamentação
O ser humano é por essência um ser musical, pois, desde a mais tenra infância a music
alidade mostra-se presente no indivíduo. Isso faz com que este elemento seja um precursor na
introdução do homem nas artes, sua conformação representada pela “imitação” dos sons natur
ais percebido pelo ser que os recria. Como relatado por PIAZZETA (2006), a utilização da so
noridade como elementos biológicos, sendo eles a capacidade cerebral, neurológica de reação
a estímulos musicais se faz presente nas relações humanas, na performance do instrumento to
cado ou do corpo em movimento, por meio do canto, das folias infantis. Dessa forma, o sujeit
o se envolve com os aspectos mais variados dos sons, nos classificando como seres musicais (
NORDOFF, Paul. & ROBBINS, Clive. Creative Music Therapy. New York, NY: John Day, 1
977, apud PIAZZETTA, Clara Márcia 2006).
A música foi deixada de lado por se tratar de algo mais alegórico e, por muitas vezes,
esquecido como área do conhecimento humano, também deve ser lembrado que sua localizaçã
o enquanto produção humana assume diferentes significados se retirada de seu contexto, mes
mo dentro da mesma sociedade, ou adquirir um novo (PINTO, 2001).As populações contém c
arga especial de sons e isso se deve, na maioria dos casos, ao contraste ambiental, ou seja, o lo
cal no qual determinado povo habita tem importância na construção de seus instrumentos seja
de guerra, de diversão e nos instrumentos musicais, e nas representações sonoras que eles pro
duzem. Como exemplo prático temos o meio percussivo que nos remete ao continente e povo
africano, citado por PINTO (2001), em matéria para a revista antropológica.
No texto de LUMI (2007), que nos apresenta um instrumento etnomusical japonês den
ominado “Taiko” (太 tai, supremo, e 鼓 ko tambor) neste texto aborda a construção, do objeto
, que por vezes utiliza couro de animais como vacas, boi, cavalos e potros, principalmente dos
últimos, por serem animais presentes na região. Os tambores têm registros que remontam seu
emprego por volta de dois mil anos atrás, nas caçadas a elefantes, que existiam em grande qu
antidade naquelas localidades. Sua utilidade: enquanto os tambores eram tocados, os caçadore
s gritavam assustando e acuando sua presa. Outro exemplo é o citado por MOISES (2012): qu
e traz à tona que os aborígenes das américas e de outras localidades utilizam materiais sempre
à mão, tais como sementes, madeiras, pedras, ossos, chifres, cascos de animais, além de peça
s produzidas como cerâmicas.
Com isso a abordagem de temas como preservação do ambiente, a relação com o meio
, as necessidades do homem e as formas que ele o altera, os processos fisiológicos de percepç
ão do meio como o ambiente interage com o ser e provoca alterações no indivíduo. Podem ser
trabalhados de modo mais assertivo e fácil, e verdadeiramente utilizando da interdisciplinarid
ade.
Em sala de aula, pode-se utilizar tais informações para uma melhor fixação do conheci
mento por parte do educando, do modo que já foi explicitado ou de outras maneiras. PIAGET
(ALMEIDA; FALCÃO, 2008, apud PALANGANA, 1994), em suas teorias, denotam a ideia
de que o sujeito toma conhecimento quando absorve determinada informação. Compreendend
o de modo significativo se ele (o sujeito) adquirir a percepção de forma mais aprofundada, co
mo quando a informação se atrela a outra pré-existente no indivíduo. Portanto, aplicando essa
ideia na prática temos o seguinte processo: quando o sujeito aprende sobre os sistemas present
es no organismo, é apresentado a ele o funcionamento, compreende os sistemas entendendo c
omo eles se relacionam e como eles são influenciados pelo ambiente. Assim como quando ing
erem um alimento, quando sentem algum toque na pele. Tais informações são fixadas pelo si
mples fato de o sujeito ter a curiosidade de saber como funciona seu organismo, mas, quando
além disso, ele assimila as transformações fisiológicas presentes no organismo, como a prátic
a rotineira e social que é o ouvir música, eles têm a construção de conhecimentos encima de o
utras informações. Tornando a aprendizagem mais eficaz.
Os sons no cérebro também o auxiliam a compreender outros sinais sendo eles visuais
, de tato, devendo-se ao fato do cérebro especializar cada parte para um sentido, mas o mesmo
quando estimulado pela música cruza informações tornado a experiência bem mais ampla, iss
o segundo estudos de PERETZ (2001). Dessa forma a música pode ser utilizada para explicar
a “funcionalidade” dos sentidos, como eles agem e ao mesmo tempo gerar no aluno uma mem
ória sensorial sobre o assunto.
O corpo por si também pode ser ferramenta de estudo. Como quanto à percepção corp
oral que vai além de simples noção de lateralidade, de compreensão de dentro e fora. Está inti
mamente ligada ao que realmente somos a forma que tomamos. Tendo princípio assim que ad
quirimos o domínio de nossas funções, esta percepção é uma de nossas formas de obter conhe
cimento, isso quando nos referimos aprendizagem sensório-motora PIAGET (ALMEIDA; FA
LCÃO, 2008, apud PALANGANA, 1994). O corpo não faz referência ao biológico só nas for
mas de lidar com o “mundo”, mas também quando se fala da construção de ideias a respeito d
o corpo, tendo como ponto de apoio a cronologia histórica. Com pequenas dimensões de temp
o e sociedades diferentes, temos compreensões díspares do que é belo, primeiro caso que pode
ser citado o da Vênus de Willendorf pré-histórica, que apresenta grandes saliências denotand
o que o estereótipo de beleza estava condizente com pessoas que, da mesma forma, apresenta
vam mais “carne” em seus corpos. Como contexto histórico, há ~24 mil anos A.E.C. a escasse
z de alimentos era comum, portanto quem possuísse mais “reservas” chamaria mais atenção e
ganharia mais cortejos por seu “status” (MARQUES, 2006). Com o tempo, surgiu à bela Vên
us de Milo (~200 A.E.C.) como representação grega, feminina, mulher de corpo belo e esguio
, tendo assim como símbolo de beleza a demonstração de saúde. E também a escultura do deu
s grego Apolo de Belvedere (~350 A.E.C), que também apresentava belo porte e aparência, co
rpo truculento semi-esguio e musculoso.
Tem-se em vista que as conformações do que é belo está ligado a saúde e, em determi
nado ponto, a forma de sobrevivência. Em 2005, matéria publicada pela revista Scientific Am
erican aborda o que é belo e nos aponta as necessidades programadas no nosso ser (o genético
), isso referindo-se, por exemplo, como achamos mais belo uma mata com verde exuberante o
u regiões com concentração de água em demasia, vindo à tona nossa capacidade de sobrevivê
ncia. Os jovens atualmente apresentam grandes problemas de saúde relacionados a ordem “bi
o-psicológica”, desde visões distorcidas do próprio corpo até do alimento (APOLINARIO, 20
00). O indivíduo quando descobre como seu corpo, utiliza dos nutrientes presentes no aliment
o e passa a ter um controle maior sobre o que ingere. O que acontece no seu corpo em conseq
uência dessa ação. Na passagem de conhecimento, da mesma forma que durante a assimilação
de conhecimento com a música, o sujeito terá um entrosamento mais profundo em sua vida c
om o assunto, pois esse terá um aspecto mais próximo dele, se tornando um conhecimento prá
tico e não só teórico. Através de toda essa construção o professor estará formando um sujeito
capaz de entender as consequências e alterações que é capaz de fazer em seu corpo e também
compreender as consequências causadas por tais transformações, sabendo “pensar” por si mes
mo, não agindo só por ação da sociedade. O professor é ferramenta importante para a formaçã
o do estudante enquanto sujeito inserido socialmente, e através de abordagens que façam o est
udante compreender o corpo enquanto maquina fisiológica e como objeto dentro grupo social
isso é amplamente facilitado e mais efetivo, além de contribuir para a aprendizagem significat
iva do conhecimento, ou seja, a necessidade de estudar aquele conhecimento cientifico.
Considerações Finais
Referencial
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PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Resumo: Este artigo trata-se de um relato de experiência sobre o projeto “Práticas Integrativas e
Complementares” desenvolvido em duas escolas dos municípios de Goiânia e Inhumas. O objetivo do projeto foi
possibilitar a articulação dos conhecimentos acadêmicos e curriculares do bloco temático “Ser humano e saúde”
dos PCNs de Ciências em estudos realizados na disciplina Conteúdos e Processos do Ensino de Ciências – Curso
de Pedagogia, UEG Câmpus Inhumas com vivências de autoconhecimento e promoção de saúde integral para
melhorar as condições de gerenciamento de conflitos no ambiente escolar e auxiliar no processo escriturístico
como intervenção pedagógica. Participaram alunos de ambos os sexos, com idades entre 05 e 14 anos. Foram
realizadas sessões semanais no período entre fevereiro a junho de 2017. No decorrer das sessões foram
desenvolvidas práticas de relaxamento, estimulação das mãos e pés com técnicas de reflexologia, meditação
aplicação de Reiki no ambiente. Ao final de cada sessão, os alunos produziram textos com registros das
sensações e percepções, com os seguintes resultados: sensação de bem-estar, bom sono, aumento da
concentração e criatividade, relaxamento, melhores condições para gerenciar conflitos pessoais, coletivos e
autodisciplina.
Introdução
1
Especialista em Educação Inclusiva (FABEC) e em Gestão e Produção de Projetos Culturais (IESA/UFG).
Docente da UEG/ Câmpus Inhumas. Profissional de Educação na Prefeitura de Goiânia-GO. Terapeuta Reiki.
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia/UEG Câmpus Inhumas.
da Educação para a Paz (EPAZ) é responsável pela tessitura de ações para a prevenção de
adoecimentos, mediação de conflitos e convivência pacífica, por meio de Práticas Integrativas
e Complementares (PICs). Dentre tais práticas citam-se Auriculoterapia, Reiki, Meditação,
Relaxamento, Estimulação Neural e práticas terapêuticas naturais. O DOU de 28/03/2017 (nº
60, Seção 1, pág. 68) assim dispõe:
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento
Após cada sessão, e um breve diálogo indagativo sobre “o que sentiram”, “como estão
agora” cada participante auxiliava na reorganização do espaço, devolvendo seu colchonete
para o empilhamento, revelando a compreensão sobre conteúdos atitudinais e procedimentais.
Em seguida, retornavam aos seus assentos para então registrar por escrito as sensações,
percepções, imaginações e pensamentos; os participantes recebiam uma tirinha de papel para
esboçar suas sensações e percepções em texto espontâneo, considerando o frescor das idéias
para facilitar o exercício escriturístico. Tais registros foram catalogados em portfólio. Em
algumas sessões, projeções de imagens com mandalas e movimentos de caleidoscópios
serviram de foco para evitar a dispersão.
Considerações Finais
Referências
BRASIL, Brasília. Lei N.º 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança
e Adolescente. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>
Acessado em 16/06/2017.
BRASIL, Brasília. Portaria N.º 849, de 27 de março de 2017. DOU de 28/03/2017 (nº 60,
Seção 1, pág. 68). Disponível em: <
http://www.lex.com.br/legis_27357131_PORTARIA_N_849_DE_27_DE_MARCO_DE_201
7.aspx> Acessado em 16/06/2017.
ROIZMAN, Laura Gorresio. A Educação para a Paz é um tesouro. São Paulo: USP, 2017
Disponível em: < http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001467/146767por.pdf> Acessado
em 16/06/2017.
Sala 01
Resumo: Pensar a educação na atualidade pressupõe estar disposto a refletir sobre as demandas emergentes da
sociedade, no intuito de promover uma educação que seja contextualizada, estabelecendo relações com a vida
das pessoas de forma significativa. As teorias da transdisciplinaridade e da complexidade surgem como possíveis
propostas de mudanças nas práticas educacionais que se baseiam na religação dos saberes científicos aos saberes
culturais, rompendo com as dualidades existentes e apresentando uma visão holística em relação ao aprendizado
e a vida. A auto-hetero-ecoformação, exercício formativo que parte das relações do indivíduo com ele mesmo,
com a sociedade e com o meio-ambiente, também se torna fundamental para discutir as novas demandas da
educação, no tange a formação para o exercício de cidadania crítica perante a sociedade e a preservação do meio-
ambiente, criando uma cultura de cidadão planetário com compromisso para com as gerações futuras. Desse
modo, o presente trabalho faz uma breve apresentação sobre os pressupostos teóricos acerca da
transdisciplinaridade, complexidade e sobre a criatividade das escolas ao desenvolverem suas práticas
pedagógicas pautadas nessas teorias. A criatividade percebida nas práticas docentes são questões a serem
pontuadas devido a necessidade de apresentar um processo educativo que seja mais agradável, significativo,
reflexivo e contextualizado, por meio de novas atitudes que rompam com o formato tradicional de ensino,
centrado na figura do professor, mas agora desenvolvido a partir das relações estabelecidas entre sujeito e objeto,
de forma intrassistêmica e interssistêmica. Assim, apresentamos a Escola Casa Verde, que possuí indícios de
criatividade em suas práticas pedagógicas, além de trazer algumas de suas atitudes educativas desenvolvidas na
escola.
Introdução
O desenvolvimento de práticas pedagógicas que se diferenciam da prática tradicional,
tem estado presente em diversas pesquisas como objeto de estudo, apresentando novas formas
1
Pedagogo pela Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Inhumas (UEG - 2014). Especialista em Gestão
Escolar pela Faculdade Brasileira de Educação e Cultura (FABEC – 2015). Especialista em
Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação, pela Universidade Estadual de Goiás, Câmpus
Inhumas (UEG-2017). Aluno do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Interdisciplinar em Educação,
Linguagem e Tecnologias, pela Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Anápolis de Ciências
Socioeconômicas e Humanas. Membro do Grupo de Pesquisa em Rede Internacional Investigando Escolas
Criativas e Inovadoras (CNPq - Diretório dos Grupos de Pesquisas no Brasil Lattes).
E-mail: [email protected]
2
Mestre em Educação pela Faculdade de Educação/Universidade Federal de Goiás (2011). Especialista em
Planejamento Educacional pela UNIVERSO (1993). Especialista em Matemática e Linguagem para as séries
iniciais do Ensino Fundamental pela UFG (1997). Especialista em Formação sócio- econômica do Brasil pela
UNIVERSO (2002). Professora de Estágio Curricular Supervisionado na Educação Infantil pela Universidade
Estadual de Goiás – UEG Câmpus Inhumas. Professora da Rede Pública Estadual de Educação de Goiás.
Professora do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na
Educação, pela Universidade Estadual de Goiás – UEG Câmpus Inhumas. Membro do Grupo de Pesquisa em
Rede Internacional Investigando Escolas Criativas e Inovadoras (CNPq - Diretório dos Grupos de Pesquisas no
Brasil Lattes).
E-mail: [email protected]
de produção/estímulo do conhecimento relacionado as necessidades e contextos atuais.
A teoria transdisciplinar (NICOLESCO, 1999; M.V.R.SUANNO, 2013), que
apresenta uma religação entre os diversos saberes, juntamente com o exercício da criatividade
(J.H.SUANNO, 2014, 2016; RIBEIRO e MORAES, 2014) e do pensamento complexo
(SANTOS, 2009; MORAES, 2014; J.H.SUANNO, 2009), fomentam uma nova concepção de
prática pedagógica, no intuito de proporcionar uma prática pedagógica significativa.
Práticas criativas que permitam às crianças a estabelecerem relações entre os saberes
científicos, os saberes culturais, o meio ambiente, o meio em que estão inseridos e a vida
possibilitam a reflexão e contextualização do conhecimento de forma crítica e responsável
para com a sociedade e com as gerações futuras.
O presente trabalho, pautado nessa perspectiva, pretende apresentar algumas práticas
da Escola Casa Verde, situada em Aparecida de Goiânia/GO, que possuem indícios de
criatividade. Tais práticas são desenvolvidas de forma transdisciplinar e complexa.
Para tal, em um primeiro momento, o texto apresentará algumas concepções sobre a
teoria transdisciplinar e do pensamento complexo, assim como da prática pedagógica criativa.
Posteriormente, será apresentada a instituição educacional em estudo e algumas de suas
práticas que serão discutidas e analisadas. Por fim, algumas considerações provisórias sobre a
temática da discussão, considerando que tal estudo está em andamento e provisoriedade dos
fatos.
Transdisciplinaridade, Complexidade e Criatividade na educação: surgem novas
reflexões
Por séculos, as práticas pedagógicas foram desenvolvidas por meio do modelo
cartesiano, positivista, fragmentado e desconexo. A fragmentação provocou um
distanciamento entre os saberes, a necessidade de seu uso na sociedade e relação entre eles a
vida. Dessa forma, no intuito de atender as demandas atuais, surge a teoria transdisciplinar e
complexa, no intuito de religar os saberes às diversas dimensões do humano, possibilitando
assim, uma formação integral.
A Carta da Transdisciplinaridade, documento internacional elaborado durante o I
Congresso Mundial de Transdisciplinaridade apresenta
A Transdisciplinaridade é complementar à abordagem disciplinar; ela faz
emergir novos dados a partir da confrontação das disciplinas que os articulam
entre si; ela nos oferece uma nova visão da Natureza e da Realidade. A
transdisciplinaridade não procura o domínio de várias disciplinas, mas a
abertura de todas as disciplinas ao que as une e as ultrapassa (Art. 3º); A
pedra angular da transdisciplinaridade reside na unificação semântica e
operativa das acepções através e além das disciplinas. Ela pressupõe uma
racionalidade aberta, mediante um novo olhar sobre a relatividade das noções
de “definição” e de “objetividade”. O formalismo excessivo, a rigidez das
definições e o exagero da objetividade, incluindo-se a exclusão do sujeito,
conduzem ao empobrecimento (Art. 4º); A visão transdisciplinar é
resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o campo das ciências
exatas devido ao seu diálogo e sua reconciliação, não somente com as
ciências humanas, mas também com a arte, a literatura, a poesia e a
experiência (Art. 5º).
Desse modo, a escola não nega os saberes científicos e disciplinares, mas comunga
com uma pedagogia baseada nas interações com o outro e com o mundo, possibilitando
expe