Genética CURSO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL FAVENI - FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE
Genética CURSO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL FAVENI - FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE
Genética CURSO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL FAVENI - FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE
GENÉTICA
ESPÍRITO SANTO
1
SUMÁRIO
4 MEIOSE .................................................................................................... 13
2
5.1 A ação da enzima DNA polimerase: ................................................... 36
7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 42
9 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 62
3
1 DIVISÃO CELULAR
Do mesmo modo que uma fábrica pode ser multiplicada pela construção de
várias filiais, também as células se dividem e produzem cópias de si mesmas. Há dois
tipos de divisão celular: mitose e meiose.
Na mitose, a divisão de uma “célula-mãe” duas “células-filhas” geneticamente
idênticas e com o mesmo número cromossômico que existia na célula-mãe. Uma cé-
lula n produz duas células n, uma célula 2n produz duas células 2n etc. Trata-se de
uma divisão equacional.
Já na meiose, a divisão de uma “célula-mãe” 2n gera “células-filhas” n, geneti-
camente diferentes. Neste caso, como uma célula 2n produz quatro células n, a divi-
são é chamada reducional.
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O ciclo celular todo, incluindo a interfase (G1, S, G2) e a mitose (M) – prófase,
metáfase, anáfase e telófase – pode ser representado em um gráfico no qual se coloca
a quantidade da DNA na ordenada (y) e o tempo na abscissa (x). Vamos supor que a
célula que vai se dividir tenha, no período G1, uma quantidade 2C de DNA (C é uma
unidade arbitrária).
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2 AS FASES DA MITOSE
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2.2 Metáfase – Fase do meio (meta = no meio)
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Cada dupla de centríolos já se encontra no local definitivo nas futuras células-
filhas.
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3 A MITOSE SERVE PARA...
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Outro ponto de checagem é o da mitose, promovendo a distribuição correta dos
cromossomos pelas células-filhas. Perceba que o ciclo celular é perfeitamente regu-
lado, está sob controle de diversos genes e o resultado é a produção e diferenciação
das células componentes dos diferentes tecidos do organismo. Os pontos de checa-
gem correspondem, assim, a mecanismos que impedem a formação de células anô-
malas.
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4 MEIOSE
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Podemos estudar a meiose em duas etapas, separadas por um curto intervalo,
chamado intercinese. Em cada etapa, encontramos as fases estudadas na mitose, ou
seja, prófase, metáfase, anáfase e telófase.
Vamos supor uma célula 2n = 2 e estudar os eventos principais da meiose
nessa célula.
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Começa a atração e o pareamento dos cromossomos homólogos; é um parea-
mento ponto por ponto conhecido como sinapse (o prefixo sin provém do grego
e significa união). Essa é a fase de zigóteno (zygós = par).
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Ocorrem quebras casuais nas cromátides e uma troca de pedaços entre as
cromátides homólogas, fenômeno conhecido como crossing-over (ou permuta).
Em seguida, os homólogos se afastam e evidenciam-se entre eles algumas
regiões que estão ainda em contato. Essas regiões são conhecidas como qui-
asmas (qui corresponde à letra “x” em grego). Os quiasmas representam as
regiões em que houve as trocas de pedaços. Essa fase da prófase I é o dipló-
teno (diplós = duplo).
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Prófase II – cada uma das duas células-filhas tem apenas um lote de cromos-
somos duplicados. Nesta fase os centríolos duplicam novamente e as células em que
houve formação da carioteca, esta começa a se desintegrar.
Metáfase II - como na mitose, os cromossomos prendem-se pelo centrômero
às fibras do fuso, que partem de ambos os polos.
Anáfase II – Ocorre duplicação dos centrômeros, só agora as cromátides-irmãs
separam-se (lembrando a mitose).
Telófase II e citocinese – com o término da telófase II reorganizam-se os nú-
cleos. A citocinese separa as quatro células-filhas haploides, isto é, sem cromosso-
mos homólogos e com a metade do número de cromossomos em relação à célula que
iniciou a meiose.
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O crossing é um fenômeno que envolve cromátides homólogas. Consiste na
quebra dessas cromátides em certos pontos, seguida de uma troca de pedaços cor-
respondentes entre elas.
As trocas provocam o surgimento de novas sequências de genes ao longo dos
cromossomos. Assim, se em um cromossomo existem vários genes combinados se-
gundo certa sequência, após a ocorrência do crossing a combinação pode não ser
mais a mesma. Então, quando se pensa no crossing, é comum analisar o que acon-
teceria, por exemplo, quanto à combinação entre os genes alelos A e a e B e b no par
de homólogos.
Nessa combinação o gene A e B encontram-se em um mesmo cromossomo,
enquanto a e b estão no cromossomo homólogo. Se a distância de A e B for conside-
rável, é grande a chance de ocorrer uma permuta. E, se tal acontecer, uma nova com-
binação gênica poderá surgir.
As combinações Ab e aB são novas. São recombinações gênicas que contri-
buem para a geração de maior variabilidade nas células resultantes da meiose. Se
pensarmos na existência de três genes ligados em um mesmo cromossomo (A, b e C,
por exemplo), as possibilidades de ocorrência de crossings dependerão da distância
em que os genes se encontram – caso estejam distantes, a variabilidade produzida
será bem maior.
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Outro processo que conduz ao surgimento de variabilidade na meiose é a se-
gregação independente dos cromossomos. Imaginando-se que uma célula com dois
pares de cromossomos homólogos (A e a, B e b), se divida por meiose, as quatro
células resultantes ao final da divisão poderão ter a seguinte constituição cromossô-
mica: (a e b), (a e B), (A e b) e (A e B).
A variabilidade genética existente entre os organismos das diferentes espécies
é muito importante para a ocorrência da evolução biológica. Sobre essa variabilidade
é que atua a seleção natural, favorecendo a sobrevivência de indivíduos dotados de
características genéticas adaptadas ao meio. Quanto maior a variabilidade gerada na
meiose, por meio de recombinação gênica permitida pelo crossing-over, maiores as
chances para a ação seletiva do meio.
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4.4 Gametogênese:
4.5 A Espermatogênese:
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Fase de maturação: Também é rápida, nos machos, e corresponde ao período
de ocorrência da meiose. Depois da primeira divisão meiótica, cada espermatócito de
primeira ordem origina dois espermatócitos de segunda ordem (espermatócitos se-
cundários ou espermatócitos II). Como resultam da primeira divisão da meiose, já são
haplóides, embora possuam cromossomos duplicados. Com a ocorrência da segunda
divisão meiótica, os dois espermatócitos de segunda ordem originam quatro espermá-
tides haploides.
Espermiogênese: É o processo que converte as espermátides em espermato-
zoides, perdendo quase todo o citoplasma. As vesículas do complexo de Golgi fun-
dem-se, formando o acrossomo, localizado na extremidade anterior dos espermato-
zoides. O acrossomo contém enzimas que perfuram as membranas do óvulo, na fe-
cundação.
Os centríolos migram para a região imediatamente posterior ao núcleo da es-
permátide e participam da formação do flagelo, estrutura responsável pela movimen-
tação dos espermatozoides, grande quantidade de mitocôndrias, responsáveis pela
respiração celular e pela produção de ATP, concentram-se na região entre a cabeça
e o flagelo, conhecida como peça intermediária.
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4.7 A Ovogênese:
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Fase de maturação: Dos 400 000 ovócitos primários, apenas 350 ou 400 com-
pletarão sua transformação em gametas maduros, um a cada ciclo menstrual. A fase
de maturação inicia-se quando a menina alcança a maturidade sexual, por volta de 11
a 15 anos de idade.
Quando o ovócito primário completa a primeira divisão da meiose, interrompida
na prófase I, origina duas células. Uma delas não recebe citoplasma e desintegra-se
a seguir, na maioria das vezes sem iniciar a segunda divisão da meiose. É o primeiro
corpúsculo (ou glóbulo) polar.
A outra célula, grande e rica em vitelo, é o ovócito secundário (ovócito de se-
gunda ordem ou ovócito II). Ao sofrer, a segunda divisão da meiose, origina o segundo
corpúsculo polar, que também morre em pouco tempo, e o óvulo, gameta feminino,
célula volumosa e cheia de vitelo.
Na gametogênese feminina, a divisão meiótica é desigual porque não reparte
igualmente o citoplasma entre as células-filhas. Isso permite que o óvulo formado seja
bastante rico em substâncias nutritivas.
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Na maioria das fêmeas de mamíferos, a segunda divisão da meiose só acon-
tece caso o gameta seja fecundado. Curiosamente, o verdadeiro gameta dessas fê-
meas é o ovócito II, pois é ele que se funde com o espermatozoide.
Para que surja um novo indivíduo, os gametas fundem-se aos pares, um mas-
culino e outro feminino, que possuem papéis diferentes na formação do descendente.
Essa fusão é a fecundação ou fertilização.
Ambos trazem a mesma quantidade haploide de cromossomos, mas apenas
os gametas femininos possuem nutrientes, que alimentam o embrião durante o seu
desenvolvimento. Por sua vez, apenas os gametas masculinos são móveis, respon-
sáveis pelo encontro que pode acontecer no meio externo (fecundação externa) ou
dentro do corpo da fêmea (fecundação interna). Excetuando-se muitos dos artrópo-
des, os répteis, as aves e os mamíferos, todos os outros animais possuem fecundação
externa, que só acontece em meio aquático.
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4.9 Ácidos nucléicos: o controle celular:
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Os átomos de carbono das moléculas de ribose e desoxirribose são numerados
conforme a figura abaixo. Observe que os carbonos do açúcar são numerados com
uma linha (‘) a fim de distingui-los dos outros carbonos do nucleotídeo.
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As duas cadeias de nucleotídeos do DNA são unidas uma à outra por ligações
chamadas de pontes de hidrogênio, que se formam entre as bases nitrogenadas de
cada fita.
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O pareamento de bases ocorre de maneira precisa: uma base púrica se liga a
uma pirimídica –adenina (A) de uma cadeia pareia com a timina (T) da outra e guanina
(G) pareia com citosina (C).
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O DNA controla toda a atividade celular. Ele possui a “receita” para o funciona-
mento de uma célula. Toda vez que uma célula se divide, a “receita” deve ser passada
para as células-filhas. Todo o “arquivo” contendo as informações sobre o funciona-
mento celular precisa ser duplicado para que cada célula-filha receba o mesmo tipo
de informação que existe na célula-mãe. Para que isso ocorra, é fundamental que o
DNA sofra “autoduplicação”.
A duplicação do DNA:
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O modelo estrutural do DNA proposto por Watson e Crick explica a duplicação
dos genes: as duas cadeias do DNA se separam e cada uma delas orienta a fabrica-
ção de uma metade complementar.
O experimento dos pesquisadores Meselson e Stahl confirmou que a duplica-
ção do DNA é semiconservativa, isto é, que metade da molécula original se conserva
íntegra em cada uma das duas moléculas-filhas.
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6 MUTAÇÃO GÊNICA:
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O albinismo é causada por uma mutação na enzima tirosinase que transforma
o aminoácido tirosina em pigmento da pele, a melanina. Esta doença ocorre em ani-
mais e nas plantas e é hereditária.
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7 BIBLIOGRAFIA
ALBERTS, B.; BRAY, D.; LEWIS, J.; JOHNSON, A.; RAFF, M.; ROBERTS, K.;
WALTER, P. HOPKIN, K. Fundamentos da Biologia Celular. 2. ed. Porto Alegre:
ARTMED, 2006.
ALBERTS, B.; BRAY, D.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WATSON, J. D.
Biologia molecular da célula. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. 1294 p.
42
KIERSZENBAUM, A.L. Histologia e Biologia Celular. 2. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008. 696p.
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8 ARTIGO PARA REFLEXÃO
RESUMO: Pesquisas têm demonstrado que o livro didático tem papel determinante na orga-
nização curricular e na prática pedagógica dos professores. O livro didático precisa, como sugerem os
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), contemplar conhecimentos modernos
em um contexto de historicidade, discutindo, paralelamente, temas de apelo social. Esta pesquisa ana-
lisou os livros didáticos de acordo com o padrão de atualização, utilizando a Biologia como modelo. Os
resultados sugerem que os atuais livros didáticos não estão atualizados no estudo dos temas conside-
rados essenciais para perfeito entendimento e aquisição de informações associadas ao rápido avanço
do conhecimento na área da Nova Biologia. Aponta-se para o fato de que necessitam de reformulação
e atualizações com textos modernos, que promovam mudanças conceituais.
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interferência dos governos federal, estaduais e municipais, vemos a real inserção
desta ferramenta devido a sua cessão gratuita durante um ano letivo ao aluno até a
8ª série.
A partir do ano de 2005, mediante o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD), tal prática foi adotada também no Ensino Médio (EM), sinalizando o envolvi-
mento dos órgãos superiores de educação com o ensino-aprendizagem da disciplina.
Porém, no EM os livros contemplados pelo programa são apenas os de Português e
Matemática. O livro de Biologia só entrará no programa em 2007 e, por enquanto, o
professor orienta os alunos a adquirirem por conta própria esse livro.
Em trabalho recente, verificamos que os livros disponíveis para a compra, por
parte dos alunos, são predominantemente de baixo custo e de volume único, no qual
os conteúdos das três séries do EM estão compactados. Alternativamente, para que
os alunos possam acompanhar a disciplina ao longo do ano letivo são utilizadas có-
pias dos livros em forma de apostilas (Xavier et al., 2005).
O atual Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio (PNLEM), insti-
tuído em 2003, estabelece que, de acordo com o Fundo Nacional Desenvolvimento
Escolar (FNDE, 2001) , os livros didáticos devem seguir os seguintes pressupostos:
adequação de sua proposta didático-pedagógica em relação à situação de ensino-
aprendizagem e aos objetivos visados; correção das informações, conceitos e proce-
dimentos que integram e dão forma a essa proposta; sintonia com a legislação e os
demais instrumentos oficiais que regulamentam e orientam a educação nacional,
como as diretrizes, os parâmetros e os referenciais curriculares.
Sendo assim, podemos verificar ainda no FNDE que os livros didáticos partici-
pam efetivamente do atual contexto educativo. Neste documento observam-se méri-
tos especiais dos livros didáticos em relação ao aprendizado. É fundamental, portanto,
que eles estejam inseridos no contexto escolar por inteiro, perpassando os âmbitos
científico, social, cultural e tecendo relações entre os conhecimentos e saberes e os
novos parâmetros curriculares.
46
com as orientações educacionais dos Parâmetros Curriculares Nacionais, comple-
mentados para o Ensino Médio (PCNEM), definidos pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB-96) e regulamentados pelas Diretrizes do Conselho Nacio-
nal da Educação (98) (Brasil, 2000).
A Nova Biologia – integração entre as novas tecnologias do DNA e novas apli-
cações em Genética, que inclui a Biotecnologia e a Biologia Molecular - é um dos
temas recorrentes na mídia desde o final dos anos 1960, embora não necessaria-
mente esteja representado nos livros didáticos (Loreto e Sepel, 2003). O destaque
que estes temas apresentam pode ser explicado pelo grande apelo social e pela in-
fluência direta na vida das pessoas. São, portanto, conteúdos relevantes no contexto
escolar. Debates frequentes, por exemplo, sobre transgênicos, terapias gênicas, clo-
nagem, células-tronco, teste de paternidade etc. vêm sendo travados e a sala de aula
não pode ficar alheia às novidades ou deixar de abraçar a Nova Biologia.
As aulas de Biologia, mais especificamente Genética, têm seus conteúdos ori-
entados a partir de diretrizes dos novos PCNEM. No entanto, em nossa recente pes-
quisa junto a professores de escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro pudemos
detectar que os docentes baseiam suas aulas em livros didáticos (Xavier et al., 2005)
que, de modo geral, não sofreram atualização nos aspectos essenciais (Neto e Fran-
calanza, 2003).
Os PCNEM vêm procurando sugerir reformas educacionais de acordo com a
LDB (Brasil, 2000), inserindo novas visões atualizadas da Biologia, especificamente
no tocante à Genética. Segundo esses documentos, dois dos seis novos temas que
estruturam a disciplina de Biologia relacionam-se ao estudo e à aplicabilidade de no-
vas tecnologias associadas ao DNA que, no contexto aqui apresentado, fariam parte
do que convencionamos chamar de Nova Biologia. Entre os objetivos, podemos des-
tacar a transferência do DNA de um organismo para outro (enzimas de restrição, ve-
tores e clonagem molecular), a participação da engenharia genética na produção de
alimentos, herbicidas, produtos farmacêuticos, hormônios, de vacinas e de medica-
mentos; as técnicas moleculares utilizadas para a detecção precoce de doenças ge-
néticas; a importância dos testes de DNA para determinação da paternidade, investi-
gação criminal ou identificação de indivíduos e a compreensão da natureza dos pro-
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jetos genomas, especialmente dentro do país. Os outros temas relacionam-se ao es-
tudo dos seres vivos e às suas interações, à qualidade de vida das populações huma-
nas, à diversidade da vida e à sua origem e evolução.
Esta pesquisa levanta dados que apontam para uma melhor caracterização e
avaliação dos livros didáticos analisados. Porém não atribui julgamento de valor
quanto aos procedimentos de escrita e elaboração dos textos e de outros aspectos,
como a qualidade das figuras. Considerando estes exemplares instrumentos muito
importantes e buscando a melhoria geral dos livros, esta pesquisa visa, ainda, analisar
o padrão de atualização dos livros didáticos utilizando Biologia e Genética como pa-
râmetros.
Buscou-se, em cada exemplar, a presença de temas associados à Nova Biolo-
gia: transgênicos, projeto genoma, clonagem de mamíferos, células-tronco, teste de
paternidade, variabilidade genética, melhoramento genético, DNA recombinante, hi-
bridação, sequenciamento, enzimas de restrição, plasmídeos, íntrons e éxons, eletro-
forese, PCR. Os temas foram escolhidos devido à relevância à área Nova Biologia, de
acordo com as diretrizes dos PCNEM, e segundo inquérito realizado junto a professo-
res do EM (Xavier et al., 2005) que, por meio de instrumentos de pesquisa quantitativa
destacaram serem necessários ao bom entendimento das novas tecnologias que apa-
recem nas discussões em sala de aula. Além disso têm importância social, visto sua
recorrência nos meios de comunicação de massa.
Como parâmetro também foi analisado como esses livros didáticos quantificam
os temas relacionados à Genética clássica, que aborda as leis de Mendel, os grupos
sanguíneos, as heranças ligadas ao sexo, a pleiotropia, a interação gênica, a polime-
ria, a ligação gênica, os mapas gênicos e a genética de populações (Hardy-Weinberg).
Analisaram-se 12 livros didáticos em Biologia, usuais e atuais, editados por sete
editoras diferentes e disponibilizados para comércio nas editoras, incluindo seus au-
tores e ano de edição. Os conteúdos disciplinares de todo o EM encontram-se con-
densados em um único volume. A editora Atual foi pesquisada, mas não apresentou
livros com essas características no período estudado.
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A escolha dos exemplares seguiu dois critérios: o primeiro, referente ao resul-
tado de pesquisa realizada junto aos professores. Eles responderam a um questioná-
rio com 11 questões de múltipla escolha e a entrevistas semiestruturadas, que forma-
lizaram e embasaram questões pertinentes aos saberes de investigação ao ensino de
Genética e da Nova Biologia. O tema livro didático foi abordado, sendo dado referen-
cial aos autores mais utilizados e os exemplares de maior recorrência nas salas de
aula foram pesquisados, numa definição livre, sem restrição a editora ou à forma do
livro (Tabela 1). O segundo critério foi resultado de buscas a sítios de editoras comer-
ciais representativas.
Deste modo, propôs-se identificar a presença do tema Nova Biologia de forma
geral e dos temas específicos nos textos dos livros didáticos e quantificar o número
de temas e o espaço em páginas ocupadas por esses tópicos em relação ao número
de páginas total de cada exemplar. Sobre os temas específicos, também foi analisada
a dimensão que cada um ocupava em cada exemplar. Em determinados aspectos
inseriu-se a relação observada entre qualidade de informação e quantidade de pági-
nas envolvidas na explicação dos conteúdos.
Também foi realizada a análise da forma como os 15 temas estavam inseridos
no corpo do livro, com análise individual de cada um e identificando quantos foram
abordados e quantas vezes foram citados entre os exemplares.
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Os espaços foram divididos em sete categorias: citação, até dois parágrafos,
até meia página, de meia página a uma página inteira, até uma página e meia, até
duas páginas e mais de duas páginas. Nesta análise levou-se em conta a inserção de
ilustrações e/ou esquemas adicionais ao texto, a presença ou não de ilustrações em
cada tema analisado, assim como sua relação entre ilustração e ocorrência nos livros.
Também foi alvo de análise investigar se essas obras inserem textos de outras fontes
(jornais, revistas etc.) e quais são elas. Outro ponto refere-se à quantidade de ques-
tões que cada tema insere na avaliação do material. O espaço citação refere-se à
colocação do termo e o espaço até dois parágrafos refere-se à citação de um certo
tema de forma reduzida. Para uma comparação entre os temas da Nova Biologia e a
Genética dita clássica analisou-se, também, quanto cada exemplar disponibiliza de
suas páginas para abordar cada um deles. O cálculo foi feito pela relação entre o total
de páginas com texto Nova Biologia/total de páginas, fato observado em apenas um
dos exemplares.
50
Destaca-se que a análise realizada está inserida numa realidade observada e
quantificada com extrema clareza dos fatos, o que permitiu um vislumbre muito pró-
ximo da realidade dos livros didáticos.
RESULTADOS
51
COMO SÃO ABORDADOS OS TEMAS DA NOVA BIOLOGIA NOS LIVROS
DIDÁTICOS?
O tema DNA recombinante foi o mais reincidente, dez vezes (Tabela 2). Melho-
ramento genético e enzimas de restrição aparecem nove vezes; transgênicos e clo-
nagem de mamíferos ocorrem oito vezes; projeto genoma, teste de paternidade e
plasmídeos, sete vezes. Variabilidade genética surge seis vezes, sequenciamento e
eletroforese possuem cinco ocorrências, células-tronco ocorre três vezes; hibridação,
íntrons E éxons e PCR possuem duas ocorrências.
O espaço dedicado a cada tema e o número de vezes em que ele foi mencio-
nado também foram objeto de análise (Tabela 2). Observa-se que os temas mais pre-
sentes nos livros didáticos são: transgênicos, clonagem de mamíferos e melhora-
mento genético, únicos inseridos na categoria mais de duas páginas. Projeto genoma
é um assunto que ocupa espaço razoável nos livros, de até duas páginas. Teste de
paternidade e DNA recombinante receberam por parte de alguns livros espaço um
pouco superior a uma página, inseridos na categoria até uma página e meia, mas
também aparecem em outros no espaço de até uma página. Células-tronco e variabi-
lidade genética aparecem em espaços até uma página, mas também inseridos em
52
categorias de menor amplitude de espaço. Plasmídeos e eletroforese recebem textos
até meia página e também pôde-se observar que temas como hibridação, enzimas de
restrição, íntrons e éxons e PCR possuem textos de até dois parágrafos. O tema ele-
troforese, quando ocorre, dá-se apenas como citação, não recebendo nenhuma expli-
cação mais detalhada. Uma outra abordagem a observar na Tabela 3 é a presença
ou não de ilustrações referentes aos temas comparados à sua ocorrência.
Nota-se que os itens hibridação e plasmídeos são os únicos que possuem igual
número entre ilustração e ocorrência nos livros, tendo os demais número menor de
ilustrações com relação ao de ocorrências.
53
As atividades relativas a cada item também foram observadas, destacando
transgênicos e DNA recombinante como os assuntos mais contemplados nos exercí-
cios, presentes em 18 questões, e seguidos pela clonagem, presente em 14 exercí-
cios. O tema Projeto Genoma apareceu em oito atividades; melhoramento genético
em cinco; células-tronco e enzimas de restrição em quatro. Apenas duas atividades
estavam relacionadas ao teste de paternidade, plasmídeos e eletroforese. Variabili-
dade genética e sequenciamento aparecem em apenas uma atividade; e hibridação,
íntrons e éxons e PCR não são contemplados em nenhuma atividade.
Também foi alvo da pesquisa a inserção de outras fontes de estudo nos textos
didáticos, demonstrando que elas contribuem para a redação dos textos de áreas mais
modernas. Apenas três exemplares (A, C e E) as usaram. O livro A utilizou textos do
jornal Folha de São Paulo e também de revistas científicas, como Nature, ou de divul-
gação científica, Ciência Hoje e Galileu. O exemplar C apenas relata textos do jornal
O Estado de São Paulo, enquanto que o livro E utilizou o jornal O Globo e o livro
“Genética moderna”, de Griffiths et al. (2001).
Outro dado foi que apenas dois exemplares (A e H) relatam estarem de acordo
os PCNEM, teoricamente atestando bom nível de atualização. Curiosamente, o exem-
plar H não trata de nenhum dos temas da pesquisa.
54
QUE ESPAÇO OCUPA NOS LIVROS O TEMA GENÉTICA CLÁSSICA?
Neste item em particular, o livro I destaca-se por dedicar 19,5% de suas pági-
nas à Genética Clássica. Este dado foi conseguido pela razão entre as páginas dedi-
cadas a esse conteúdo pelo número total destas na obra como um todo. O livro M
dedica 16,6% de seu espaço ao tema e o livro H, 15%. Seguem o livro G, com 10,8%,
C, com 10%, F, com 9,8%, J, 8,9%, e o livro A, 8%. Os livros E e L dedicam 7% de
seu espaço, B destina 6,8% e o livro D, 3,8%. Verificou-se que dos 15 temas escolhi-
dos apenas um exemplar aborda 12. Três exemplares abordam 11 temas, dois abor-
dam dez, um aborda oito, dois citam sete temas e um, dois.
DISCUSSÃO
55
A pergunta sobre o que ensinar ainda persiste. A questão é como conciliar o
tempo exíguo com o cada vez mais extenso programa. Paralelamente a essa discus-
são, as novidades associadas à Biologia invadiram a sociedade e necessitam de dis-
cussão e urgente compromisso da escola. Surge, então, o livro didático como ferra-
menta importante neste contexto. O ensino, especificamente da Nova Biologia, deve-
ria se apresentar nas escolas como uma ferramenta apta a inserir alfabetização cien-
tífica e tecnológica (Núñes e Franco, 2001). Como garantir qualidade em conteúdo,
abrangência, atualização e atividades de fixação, requisitos de extrema valia no pro-
cesso ensino-aprendizagem? Sendo alvo de pesquisas nas quais se apontem erros e
soluções propostas. O livro didático é uma ferramenta importante no processo de en-
sino aprendizagem embora, em alguns casos, “não seja visto como um instrumento
auxiliar na sala de aula, mas, sim, como a autoridade, modelo da excelência a ser
adotado em classe” (Freitag et al., 1997, p. 124). Além disso, mais recentemente, os
livros-textos têm sido alvo de processamento sistemático, que edita o conteúdo e uti-
liza apenas o essencial (Neto e Francalanza, 2003).
Os resultados mostram que os livros didáticos de Biologia são, de maneira ge-
ral, pouco atualizados (estão defasados/estão muito aquém) em relação aos temas
da Nova Biologia. No entanto, continuam sendo a espinha dorsal do currículo na mai-
oria das escolas, mas é bem pouco provável que a Nova Biologia esteja sendo traba-
lhada de maneira significante para os alunos. A análise realizada permite avaliar uni-
camente presença e atualização de conteúdo nos livros didáticos e uma avaliação
mais detalhada poderia contemplar a forma como os parcos conteúdos da Nova Bio-
logia estão sendo utilizados em sala de aula.
A maioria dos professores baseia sua organização de aulas em livros didáticos,
mesmo que eles não estejam inseridos no cotidiano escolar, fazendo deles um autên-
tico “diário de bordo”, no qual os conteúdos a serem trabalhados são ali estudados
mecanicamente. Seu uso foi também sinalizado como interferente de modo significa-
tivo no dia-a-dia da sala de aula, sendo o livro escolhido aquele mais adequado ao
nível social dos alunos. A escolha resultante é de um livro de volume único, de menor
custo e, consequentemente, menor conteúdo. Em algumas situações, cópias ou apos-
tilas (leia-se coletâneas de textos de outros livros) são utilizadas, fragmentando ainda
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mais o ensino. No final o resultado é previsível: menor apropriação de conteúdos (Xa-
vier et al., 2005).
Neste contexto Loreto e Sepel (2003, p. 151) afirmam:
A escola precisa estar inserida plenamente nesta nova era em que o DNA e
suas consequências surgem nos meios de comunicação. Os temas abordados na
pesquisa refletem as novas tecnologias que já se encontram inseridas no mundo ci-
entífico desde o final da década de 1970 (Moraes, 2003) e a busca nos livros de sua
presença reflete que o livro didático, mesmo sendo atual, mantém uma distância entre
o conhecimento produzido e os conhecimentos divulgados (Reznik, 1995).
De forma geral, a avaliação demonstra que os atuais livros excluem objetivos
educacionais importantes referentes à Nova Biologia, influenciando sobremaneira o
sucesso da contextualização e impedindo que o aluno sinta-se seguro para emitir jul-
gamento ou opinião a respeito de temas socialmente relevantes.
Os temas selecionados englobam os saberes mínimos para uma postura de
julgamento perante questões sociais relevantes dentro dos temas da Nova Biologia.
Alguns deles, como enzimas de restrição, mereceram apenas algumas linhas e, por
isso, foram incluídos naqueles citados no espaço de até dois parágrafos. Já outros
temas, como sequenciamento e eletroforese, são somente citados, sem constar uma
explicação sequer. É relevante concluir também que a análise quantitativa pôde ape-
nas avaliar o espaço dedicado a cada um dos temas propostos. É possível que para
alguns deles (como enzimas de restrição, por exemplo) o espaço ocupado seja sufici-
ente para a boa apropriação dos conteúdos. Porém, para outros, como Projeto Ge-
noma, apenas o espaço de até meia página distancia em muito do necessário ao bom
entendimento, para o que poderiam ser incluídos ilustrações, exemplos, explicações
mais dedicadas etc. Tal abordagem desvaloriza o livro didático, considerado por Vas-
concelos e Souto (2003) um dos fatores de formação do aluno, juntamente com os
professores, as práticas pedagógicas e condições socioeconômicas. O tema sequen-
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ciamento é o único que recebe por parte dessas obras apenas uma palavra, uma ci-
tação mas nenhuma explicação, deixando, assim, de ser parte fundamental do enten-
dimento mais profundo de outros itens correlatos.
Ao cruzar esses dois dados obtidos (espaço e o número de itens abordados em
cada exemplar) causa estranhamento verificar que o livro A destina 3,8% de suas
páginas a 11 dos 15 temas, mas os livros G e E abordam o mesmo número de temas
destinando, para isso, 2% de seu espaço. O livro C aborda 12 temas, mas destina
apenas 2% de suas páginas a eles. O livro J ocupando 0,9% com dez itens citados,
assim como L, com 1%. Outro livro aborda dez dos 15 itens destinando para isso
apenas 0,9% de suas páginas. Considerando a abordagem incipiente da Nova Biolo-
gia nos livros didáticos analisados, cabe indagar: que tipo de abordagem está sendo
feita? O aluno está realmente possuindo referenciais importantes para se posicionar
perante os novos saberes? O livro D aborda sete itens, mas para isso destina os mes-
mos 0,9% que o livro J, que aborda dez itens. Os dados em relação à porcentagem
dos temas da Nova Biologia, juntamente com o número de páginas dedicado a cada
um dos temas, mostra que o livro A aborda menos assuntos, mas o faz de forma mais
ampla, enquanto que a maioria dos livros (nove) parece inserir os temas sem preocu-
pação de aprofundamento, apontando para uma inserção feita apenas para, aparen-
temente, estar de acordo com os PCNEM. Desta forma, observa-se que alguns livros
prejudicam o entendimento e a qualidade dos temas devido à superficialidade da abor-
dagem, enquanto outros acabam introduzindo poucos dos conteúdos necessários ao
entendimento dos novos conceitos de Biologia. Estes resultados estão de acordo com
Amaral e Megid-Neto (1997), que observam nos livros de Ciências que a atualização
é introduzida apenas na apresentação das obras. Estamos no final de 2006 e as atu-
alizações são as mesmas feitas em 1997.
Observamos que esses temas foram inseridos no final do capítulo referente à
Genética. Se o conteúdo de Genética contido nos livros não é abordado na sua tota-
lidade (Xavier et al., 2005), cabe a pergunta: será que a Nova Biologia conseguirá
abrir espaço entre o estudo das leis de Mendel e a Genética Clássica? Ou ficará à
margem do currículo adotado nos colégios, sendo vista como tema de pesquisa ou
meramente abordada como fazendo parte das “curiosidades”?
O espaço de alguns desses temas, quando citados, foi muito inferior ao neces-
sário mesmo àqueles que estão sendo explorados na mídia de modo superficial.
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Pôde-se observar este dado ao analisar as citações que cada tema recebe. O Projeto
Genoma, por exemplo, só ocorre em metade dos exemplares e, mesmo assim, ocu-
pando de meia a duas páginas. O tema células-tronco, alvo de constantes debates,
ocorre em apenas três exemplares e não perfaz o total de uma página completa. Clo-
nagem é um tema que merece uma observação em destaque, mas ocorre em oito
obras e de uma forma muito generalizada, sem profundidade. O espaço ocupado não
condiz com sua importância reforçada, principalmente, nos PNLDEM. Parece que os
autores percebem a necessidade explicativa do tema sequenciamento, pois o inserem
em textos ou ilustrações em cinco exemplares, mas não se preocupam na sua expli-
cação, sendo o aluno, então, levado à leitura sem tê-la substanciado com seus con-
ceitos. Além disso, alguns temas importantes, como plasmídeos e enzimas de restri-
ção, são apenas mencionados. Tal abordagem revela-se sem substância capaz de
ajudar o aluno a mudar sua realidade, ou seja, o aluno permanece sem as ferramentas
capazes de o tornarem um cidadão crítico a respeito das novas informações que re-
cebe. Afinal, como ter discernimento suficiente para tomada de decisão em relação a
alimentos transgênicos, por exemplo, se não sabe o conteúdo mínimo relativo a este
tema?
Assim, os livros mostram-se fracos no que tange sua participação no entendi-
mento das novas tecnologias e dos demais processos de obtenção e do estudo do
DNA e de suas aplicações, necessárias à Nova Biologia e à Biologia Molecular.
Quanto às ilustrações, quando estão presentes não apresentam vinculação
com o texto de maneira adequada. Muitos assuntos, como sequenciamento ou PCR,
apresentam um número de ilustrações aquém da quantidade de vezes que é citado
no texto. Assim, muitos livros suprimem as ilustrações, deixando o aluno sem referen-
cial visual, forçando-o a encontrar somente na informação verbal o entendimento e a
apreensão do tema, exigindo maior esforço de compreensão. Vale destacar o tema
variabilidade genética, que possui seis citações nos livros mas não recebe nenhuma
ilustração alusiva. O tema variabilidade genética, por exemplo, com seis citações ao
todo, não é contemplado com qualquer ilustração, já o tema “sequenciamento” foi ilus-
trado em um dos exemplares sem, no entanto, qualquer explicação.
Assim como a informação verbal somente, sem ilustrações relacionadas, difi-
culta o processo de entendimento dos conceitos, também a ilustração por si só não
esclarece o suficiente, os alunos saindo bastante prejudicados em um e em outro
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caso. Em relação às atividades de fixação, que colaboram para a absorção do conte-
údo estudado, os temas “transgênicos”, “DNA recombinante” e “clonagem” são os úni-
cos que receberam 18 e 14 questões, ficando a grande maioria dos demais com pou-
cas ou nenhuma questão de fixação.
Observando com o olhar voltado para a Genética Clássica destaca-se o livro I,
que dedica o montante de 19,5% de seu espaço para tal disciplina. Nada aborda sobre
a Nova Biologia, apesar de ter sido editado em 2002. O mesmo acontece com o livro
H, que destina 15 % para a Genética e nada para a Nova Biologia. O exemplar M
dedica apenas 0,3% de espaço à Nova Biologia e 16,6% para a Genética Clássica.
Estes exemplares parecem refletir a preocupação em incutir no aluno apenas o refe-
rencial genético clássico, sem ampliar os temas, atualizar as informações em Genética
e contextualizá-la com as novas tecnologias.
CONCLUSÕES
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O processo de construção de livros didáticos que ampliem conteúdo é árduo.
Porém, os temas multi ou transdisciplinares que estão sendo recortados devem apro-
ximar especialistas na tentativa de compor livros multiautorais que sejam abrangentes,
com linguagem simples e direta, para que cumpram o objetivo de serem fonte de con-
sulta, organizadores de aulas, ordenadores de atividades.
Não se tem a pretensão de formar cientistas ou biólogos moleculares, mas pes-
soas capazes de entender o constante avançar do conhecimento científico (Reznik,
1995). Já que as novas perspectivas que apontam dizem respeito às várias questões
de ordens sociais, religiosas, éticas e o aluno faz parte desse contexto ele precisa
obter dados de conhecimento científico básico (Reznik, 1995) para se posicionar pe-
rante as inovações que farão parte da vida num futuro bem próximo. Na verdade, este
trabalho utiliza as novidades da Biologia como modelo. Com a aceleração do conhe-
cimento e o desafio entre o ensino clássico e o moderno todas as áreas científicas
devem sofrer mudanças conceituais.
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9 REFERÊNCIAS
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MORAES, M. O. Biologia Molecular na prática médica e biológica. Rio de
Janeiro: Fundação Bio-Rio, 2003.
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