Artigo MAKARENKO A RAZÃO MATERIALISTA NA CONSTRUÇÃO DA ESCOLA SOCIALISTA DO TRABALHO
Artigo MAKARENKO A RAZÃO MATERIALISTA NA CONSTRUÇÃO DA ESCOLA SOCIALISTA DO TRABALHO
Artigo MAKARENKO A RAZÃO MATERIALISTA NA CONSTRUÇÃO DA ESCOLA SOCIALISTA DO TRABALHO
Vanderlei Amboni1
Prof. Dr. Luiz Bezerra Neto2
Profª. Drª Maria Cristina dos Santos Bezerra3
RESUMO: O presente trabalho elege como objeto de estudo o pedagogo soviético Anton
Semiônovich Makarenko e o processo de educação por ele desenvolvido na Colônia de
trabalho Gorki, posto que a sociedade em construção na URSS tinha como fundamento o
modo de produção comunista enquanto processo de organização da vida social. A escola,
nesse sentido, tinha como objetivo forjar o homem do trabalho, criando as bases sociais do
homem socialista. Nosso objetivo é analisar a escola criada por Makarenko no processo de
organização do Estado após 1917, focalizando a obra Poema Pedagógico, onde faz um relato
do trabalho desenvolvido na Colônia de Trabalho Gorki. Nesta obra, aponta a auto-
organização e o coletivo como centralidades de um processo de educação e ensino, pois as
atividades tinham por finalidade a educação de jovens delinquentes, prostitutas, crianças órfãs
e abandonadas. Neste aspecto, a escola de Makarenko tinha uma singularidade, era um
internato e, tinha uma urgência, a formação de um novo homem, de uma nova moral: a
socialista.
Abstract
1 Professor da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí, doutorando em Educação pela UFSCar, linha de
pesquisa em Educação do Campo.
2 Prof. Doutor do Departamento de Educação da Universidade Federal de São Carlos.
3 Profa. Doutora do Departamento de Educação da Universidade Federal de São Carlos.
2
INTRODUÇÃO
Não obstante, Gmurman; Korolev (1967, p. 77) acentuam que “os fundadores do
3
Esse foi o chamado que Lenin fez à Juventude Comunista soviética no III Congresso
da União das Juventudes Comunistas, realizado em 02 de outubro de1920, quando dizia aos
jovens que era imperativo “aprender”,
É claro que isto não é mais que «uma palavra». E esta palavra não responde às
perguntas principais e mais essenciais: que aprender e como aprender? E o essencial
neste problema é que, com a transformação da velha sociedade capitalista, o ensino,
a educação e a instrução das novas gerações, chamadas a criar a sociedade
comunista, não podem continuar a ser o que eram dantes. O ensino, a educação e a
instrução da juventude devem partir dos materiais que a antiga sociedade nos legou.
Só poderemos edificar o comunismo com a súmula dos conhecimentos,
organizações e instituições, com o acervo de meios e forças humanas que herdámos
da velha sociedade. Só transformando radicalmente o ensino, a organização e a
educação da juventude conseguiremos que os esforços da jovem geração dêem como
resultado a criação de uma sociedade que não se pareça com a antiga, quer dizer, da
sociedade comunista. Por isso, devemos examinar em detalhe o que temos de
ensinar à juventude e como há-de esta aprender se quer merecer realmente o nome
de Juventude Comunista e como é necessário prepará-la para que seja capaz de
preparar e coroar a obra por nós iniciada (LENIN, 2005, p. 8).
Por isso, Gmurman; Korolev (1967, p. 85) pontuaram que, “después de Octubre
comienza a construirse a elevados ritmos la nueva cultura, socialista por su orientación
ideológica, se crea la nueva escuela y, en la más estrecha vinculación con estas importantes
tareas vitales, surge y se desarrolla la pedagogia soviética”. Nesse Sentido, cada época
histórica apresenta seus pedagogos e as formas de educar os homens para a vida social. Cada
organização social organiza os homens para determinados fins sociais e a educação
desenvolvida no interior das sociedades corresponde à determinada formação social, pois os
valores morais e o modo de produzir a existência da vida material são determinados pela
práxis humana. A educação, na Rússia revolucionária, para a formação do novo homem, do
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homem do trabalho, necessariamente passa pelo processo pedagógico. Este é o sentido que
Vygotsky emprega, que aqui cito:
De acordo com Oliveira (2012, p. 33), Makarenko, aos cinco anos de idade já sabia ler
e preferia livros aos jogos infantis. Sendo um aluno brilhante e com grande conhecimento dos
clássicos russos e estrangeiros, além de filosofia, astronomia e ciências naturais. Assim, o
desenvolvimento intelectual de Makarenko teve uma boa dose de literatura, tendo como aliada
as histórias contadas por sua mãe. A educação para a felicidade, nesse sentido, tinha por base
a experiência de seu próprio lar, o que marcou a vida de Anton.
Esse foi o sentido que Makarenko procurou imprimir em suas atividades educacionais.
A formação do novo homem precisava da formação da nova família, isto é, da família com a
espiritualidade focada nos interesses coletivos e uma nova relação família-escola, pois a
centralidade de uma parte da natureza da educação é o coletivo familiar.
Durante sua direção, esta escola realizou muitas atividades, que contava com a
cooperação de toda a comunidade. Organizaram-se festas escolares e uma colônia de
férias para os alunos. Estas tarefas aproximavam os professores das famílias
proletárias. Também foi organizada, pelo Pedagogo, uma comissão de pais
constituída pelos operários mais progressistas, na qual eram discutidos assuntos
escolares e planejadas as atividades revolucionárias (RODRIGUES, 2004, p.
314).
No ano de 1917, com o diploma nas mãos, retorna a Kriukov, onde 12 anos antes
iniciou suas atividades pedagógicas para viver com sua mãe, que havia enviuvado. Depois da
Revolução, Makarenko foi posto à prova pelo Governo Revolucionário, pois:
Antón Semiónivich elaboró un plan detallado, pensado hasta sus pormenores más
nímios, para la ‘toma de Kuriazh’. El 9 de mayo de 1926, junto con cuatro
educadores y once educandos llega a Kuriazh. En nel plazo de una semana, con las
fuerzas de esto pequeno destacamento fueron reparados algunos locales y realizado
un trabajo preparatorio serio, en primer lugar, de carácter sicológico. El 15 de mayo
la colonia de Poltava en pleno entró en Kuriazh. Ciento veinte gorkiano,
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Marcharam da estação até a colônia em coluna de seis, com quatro corneteiros e oito
tambores e atrás Makarenko e a brigada do estandarte. Os garotos marchavam com
camisas brancas e bermudas e as meninas com saias azuis, com jovialidade e alegria.
Mas, ao se aproximar da colônia, todos pareciam tensos, os corações batiam mais
rápido seguindo o rufar dos tambores. Ao entrar em Podvorki, o coletivo chamou
atenção dos moradores curiosos atrás das cercas e porteiras com seus cães raivosos.
Ali a vida custa a se desfazer do passado do monastério. A população é composta de
ex-popes, irmãos leigos, cavalariços e agregados, cozinheiros do convento,
jardineiros e prostitutas (LAUDEMANN, 2002, p. 200).
350 mil entre 1921-1922. Nessa tarefa, participaram, efetivamente, o Exército Vermelho, os
sindicatos e as organizações camponesas. Em 1923, já havia sido alojado um milhão de
desabrigados, a maioria formada por crianças”, o que demonstra o envolvimento da
sociedade, de forma coletiva, para a superação do quadro agravado pela guerra civil. Esta
situação de calamidades também e apontada por Boleiz Júnior, que aqui citamos:
[…] três anos haviam se passado desde a revolução bolchevique e a União Soviética,
ainda em formação, continuava em guerra civil. Pelas ruas das cidades e pelos
campos, multiplicavam-se os menores delinqüentes que, órfãos ou separados de seus
pais pelas conseqüências nefastas da guerra, das epidemias e da fome, lutavam pela
sobrevivência, entregues à própria sorte (BOLEIZ JÚNIOR, 2008, p. 89).
[...] chamo a sua atenção para a necessidade de tomar medidas decisivas acerca da
luta contra a delinqüência infantil. Agora que estou informado do estado deste
problema, sei com que apavorante rapidez o contágio da delinqüência progride. Em
Petrogrado contam-se mais de 6.000 crianças criminosas, dos 9 aos 15 anos, todas
reincidentes e, entre elas, um bom número de assassinos. Há garotos de 12 anos,
cada um deles com três mortes nos seus antecedentes. Isolá-los não seria uma
solução. Impõem-se outras medidas; proponho, portanto, criar uma liga para a luta
contra a delinqüência infantil, na qual incluirei as personalidades mais competentes
em matéria de educação da infância deficiente e da luta contra a delinqüência
infantil (CAPRILES, 2007, p. 79).
Antes da revolução, ali se encontrava uma colônia penal para menores. Dispersou-se
em 1917, deixando apenas fracos vestígios da sua ação educadora. A julgar pelo que
se conservaram nos seus registros deteriorados, os vigilantes, decerto escolhidos
entre os oficiais subalternos na reserva, desempenhavam as principais funções
pedagógicas. Consistiam elas em não tirar os olhos dos pupilos, quer durante as
horas de trabalho, quer durante as de descanso, e em passar as noites num quarto
vizinho dos dormitórios. Também se ficava a saber do que os camponeses da
vizinhança contavam, que os métodos a que aqueles vigilante recorriam para formar
os seus alunos não se distinguiam por uma excessiva compilação. O seu símbolo
exterior era um simples cassetete. Os vestígios materiais desta colônia eram ainda
mais insignificantes. A gente da região tinha levado às costas ou em carros, para os
seus próprios celeiros, tudo o que se podia contabilizar em unidades materiais: o
conteúdo das oficinas e dos armazéns, o mobiliário. Além disso, tudo o que havia
sido despejado, até o pomar. Nada nesta historia tinha, alias que ver com as proezas
de vândalos. As arvores de fruto não tinham sido cortadas, mas desenterradas e
transplantadas para outro sitio. Não havia cacos de vidros, porque os tinham
deslocado segundo as regras. Ninguém tinha com furiosas machadadas feito saltar as
portas, cuidadosamente retiradas dos gonzos. Os fogões haviam sido desmontados
tijolo por tijolo. Só restava um aparador na antiga residência do diretor
(MAKARENKO, 1987, pp. 15-16).
Inspirado no Poeta Máximo Gorki, autor de obras que mostravam o universo real de
vida dos jovens delinquentes e de crianças abandonadas em virtude da guerra civil
desencadeada na Rússia revolucionária, Makarenko prestou uma homenagem ao poeta e deu o
nome de Colônia Gorki ao estabelecimento sob sua responsabilidade, pois, segundo Radice
(2007, p. 88) “os rapazes tinham um prazer especial em ouvir os relatos autobiográficos de
Máximo Gorki: Minha Infância (1913) e Pelo Mundo (1918)”, pois Gorki seria um
“bezprizorni”. Neste sentido, “os educandos se manifestavam com alegria: ─ Então Gorki é
um dos nossos camaradas, é uma pessoa que sofreu como todos nós? Isto é formidável!! Por
se reconhecerem em Gorki, os educandos passaram a autodenominar-se de “Gorkianos”.
trabalho coletivo dos homens. Isto é, na sociedade do trabalho. A coletividade foi, portanto, a
revolução pedagógica de Makarenko. Podemos dizer que foi a centralidade do processo de
ensino e de aprendizagem, pois contemplariam todas as personalidades, dentro da
individualidade do jovem em formação. Por isso, Bauer; Buffa (2010, p. 31) afirmam que
Mas o que é um coletivo? Cambi (1999, p. 560) nos responde com a seguinte
definição, “O ‘coletivo’ é um ‘organismo social vivo’ colocado, ao mesmo tempo, como meio
e fim da educação. É um conjunto finalizado de indivíduos ‘ligados entre si’ mediante a
comum responsabilidade sobre o trabalho e a comum participação no trabalho coletivo”.
[...] O fato de na colônia dirigida por Makarenko terem sido utilizados termos
militares (destacamento", "chefes”, "conselhos de chefes") para indicar a forma
organizativa do coletivo, ou usar-se o toque de corneta como sinal para as diversas
tarefas, não significa de modo algum que existisse "espírito de caserna", "disciplina
militar", mas simplesmente regularidade e vivacidade no ritmo de uma coletividade
laboriosa. [...] (RADICE, 1956, p. 9-19).
disciplina democrática, que também se torna enérgica, e não exclui nem a crítica
nem os castigos (RADICE, 1956, p. 10).
Dessa forma, segundo Makarenko (1987), o aluno deve ser capaz de subordinar-se ao
companheiro, mas também deve ser capaz de dar-lhe ordens, deve saber dominar-se e
influenciar os demais politicamente. Mas, o ato da democracia do coletivo não é uma
brincadeira e nem são meros exercicios “puros e artificiais”. Quando são convocados, é para
deliberar sobre determinados assuntos e os resultados são aplicados na prática. Isto é, o
exercício, uma vez deliberado pelo coletivo, é cumprido pelos colonistas. Esse coletivo tem
sempre um líder, um “diretor”, onde todas as regras devem ser discutidas e resolvidas em
assembléias e uma vez deliberadas, deveriam ser cumpridas pelos membro da comunidade.
Nesse sentido, para Makarenko, educar é socializar o homem pelo trabalho coletivo
em função da vida comunitária. Para ele, uma verdadeira coletividade não despersonaliza o
homem frente ao trabalho, antes cria novas condições para o desenvolvimento da
personalidade, posto que a educação do coletivo está em constante movimento e alternância,
pois a vida não é estatica e, neste sentido, o trabalho é a marca da mudaça social e cutural dos
homens. É nele que as manifestações deixam sua marca indelével da cultura material. O
coletivo também é a mola que impulsiona o homem ao trabalho. Ele traz a emulação e cria os
vinculos de afetividade e de responsabilidade para com os seus e com a comunidade que os
cerca. Neste sentido, viver o coletivo é viver para os outros. É um processo de formação
humana, cuja centralidade é a disciplina. Disso Makarenko tinha certeza.
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La educación soviética está orientada a desarrollar las aptitudes de todos los niños, a
elevar su actividad, su conciencia y a robustecer su personalidad, su individualidad.
Por eso, nuestros métodos de educación son distintos que los de la escuela nacional
burguesa, y se diferencian radicalmente de los métodos de educación de los hijos de
la burguesía. La burguesia procura hacer de sus hijos individualistas que ponen su
“yo” por encima de todo y se contraponen a la masa. Nosotros procuramos hacer de
nuestros hijos personas multifacéticamente desarrolladas, conscientes y sanas de
cuerpo, que no sean individualistas, sino colectivistas, que no se contrapongan a la
colectividad, sino que constituyen su fuerza y acrecienten su importancia. La
educación comunista emplea otros métodos. Estimamos que la personalidad del niño
sólo puede desarrollarse plena y multifacéticamente em la colectividad. La
colectividad no absorbe La personalidad del niño, pero influye en la calidad y el
contenido de La educación (KRUPSKAIA, 1978, p. 31).
No estudo do Poema Pedagogico, Radice nos traz a seguinte observação sobre o que
é viver de forma coletiva:
Quando o coletivo da Colônia Górki se firmou e tornou-se consciente, disciplinado e
laborioso, Makarenko não se deteve nos resultados obtidos. Expõe a seus colonos a
exigência de dar o máximo esforço para o desenvolvimento e a difusão da cultura
entre os habitantes da cidade vizinha, e indica o meio: o teatro. Renunciando ao
descanso dominical, renunciando todas as noites a algumas horas de sono, os jovens
gorkianos se transformaram em atores, cenógrafos, eletricistas, carpinteiros e
costureiros do teatro da Colônia Górki. Todos os domingos, durante meses e meses,
diante de um atento público de aldeões muitos dos quais vinham de longe, ávidos de
horizontes mais amplos, de uma vida civilizada e culta, — Makarenko e seus
colonos ofereciam os espetáculos teatrais, renovando as representações cada semana,
porque o público queria sempre coisas novas. Apresentavam ora obras dos clássicos
do teatro russo democrático do século XIX, ora dramas e comédias escritos pelo
próprio Makarenko, nos seus pequenos intervalos livres. É uma nova tarefa, um
pesado compromisso que o coletivo assume. Mas também é um novo passo para a
frente, uma nova e importantíssima etapa do ‘caminho para a vida’ que transformará
os meninos recolhidos na rua — pequenos ladrões, desordeiros, salteadores — em
laboriosos cidadãos de vanguarda (RADICE, 1956, pp. 12-13).
através de uma rígida disciplina e o comprometimento com o trabalho como produção da vida
material. O colonista não é um mero termo. “O título de colonista só era dado àquelas que
realmente prezavam a colônia e se dispunham a melhorá-la. Mas aquele que se arrasta na
ribeira, resmunga, se lamenta e ‘tira o corpo’ como quem não quer nada, era apenas
educando” (MAKARENKO, 1986, p. 65).
Criar o sentido do trabalho socialista se faz necessário para criar o homem socialista.
Esse homem não nasce pronto e acabado para a vida social. O processo de formação do
homem é dado pelo modo de produção material. Makarenko conhece o processo de formação
do homem sobre a individualidade burguesa, pois estudou “Emílio” de Rousseau, dentre
outros pedagogos burgueses. Este processo de formação ele rejeita para os educandos postos
sob seu “cuidado”. Educar jovens delinquentes era como tirar leite das pedras nas
circunstâncias do método pedagógico tradicional. Por isso, Makarenko procurou desenvolver
e aplicar a pedagogia da construção coletiva, orientando para a responsabilidade do coletivo
os atos do indivíduo. O homem é um indivíduo, mas a vida social é coletiva, portanto, o
indivíduo deve se submeter ao coletivo e este passa a ser o método de organização da vida
social na colônia de trabalho e de ensino de Makarenko. Cuidar do indivíduo passou a ser
responsabilidade do coletivo enquanto organização social da vida na colônia. Os colonistas
passam a assumir responsabilidades de organização da vida produtiva vinculadas ao processo
de formação do caráter e da moral do homem socialista, partes constitutivas do processo de
formação. Nesse sentido, Makarenko criou, através do movimento pedagógico, a emulação
para o trabalho socialista.
artesanales (ebanesteria, zapateria, herreria, etc.), se ligaba con una sistemática labor
instructiva y de educación política, con una educación física y estética multiples. El
trabajo, introducido en un principio con un fin utilitário, se hizo pronto, para
Makarenko, el fundamento de todo el proceso educativo y se transformo en la razón
de existencia de todos los colonos (ARANSKI; PISKUNOV, (s/d, p. 6).
Neste caso, Makarenko sabia que havia diferença entre ensino e educação. Nestas,
“Enseñanza es la transmisión de conocimientos ya definidos por el maestro al alumno. La
educación es un proceso creador. Durante toda la vida la personalidad del hombre se "educa",
se extiende, se enriquece, se afirma y se perfecciona” (LUNATCHARSKI, 1917). Makarenko
sabia e tinha consciência dos problemas a serem enfrentados na edificação da escola para
crianças e jovens que a sociedade os negava, por cometerem atos de vandalismos, roubos,
prostituição e até assassinatos. Portanto era uma juventude que negava o trabalho e só
conheciam atos de sociabilidades ligados, de certa maneira, à dilinquência. Esse foi o quadro
de educandos que Makarenko encontrou para dirigir e transformá-los em homens do trabalho
na sociedade soviética. Formar, portanto o novo homem, nestas circunstâncias, exigiria muito
mais do que simples atos pedagógicos. Exigiria fundir ensino, instrução e educação em um
mesmo processo de formação do homem soviético, pois a essência desse processo se
concentrava no trabalho.
[...] todos nós sabemos perfeitamente que tipo de ser humano devemos educar, isto
qualquer trabalhador informado e consciente e, também sabe muito bem qualquer
membro do Partido. Portanto, a dificuldade não reside no problema do que fazer,
mas de como fazê-lo. E isto é um problema de técnica pedagógica. Uma técnica só
pode ser extraída da experiência. As leis da metalurgia jamais poderiam ser
descobertas, se na experiência do homem nunca ninguém tivesse trabalhado com
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Por isso, Makarenko estabeleceu cuidados com a formação do coletivo, que aqui
citamos:
Ao organizar a coletividade básica segundo o critério da produção, convém
necessariamente levar em consideração as diferenças etárias. Nas instituições onde
não exista uma coletividade sólida e bem organizada e onde ainda não tenha sido
criada uma disciplina correta, é absolutamente necessário que as coletividades
básicas — destacamentos para as crianças mais novas, entre 10 e 14 anos — se
organizem à parte; só como exceção se pode admitir que crianças pequenas sejam
incluídas nos destacamentos dos mais velhos, mas, neste caso, é necessário verificar
do modo mais escrupuloso possível as particularidades individuais; levar em conta
que tipo de influência afetará o aluno, a maneira de ele ser aceito no destacamento,
responsável pessoal pela sua vida no destacamento e no trabalho e a pessoa
encarregada de ocupar-se dele de um modo especial (MAKARENKO, 2010, p.
19
51).
A sociedade do trabalho tem, portanto, como premissa básica, uma determinada forma
de produzir as riquezas sociais e culturais. Dentre elas, podemos destacar a educação
enquanto formação intelectual e o trabalho como moral social. Para produzir uma nova escola
e organizar o espaço de sociabilidade escolar se faz necessário um novo método pedagógico,
que atenda as exigências do novo modo de produzir a vida material da sociedade. A
organização do processo pedagógico na URSS se fez com experiências centradas no coletivo,
tendo o trabalho como princípio educativo, pois “nada ensina mais o homem do que a
experiência” (MAKARENKO, s/d, p. 32).
Por isso, Makarenko (1956, p. 77), em uma de suas conferências, abriu o discurso com
as seguintes palavras, “Não se pode conceber uma educação soviética correta que não seja
uma educação dos hábitos de trabalho. O trabalho sempre foi fundamental na vida do homem
para assegurar seu bem-estar e sua cultura” e, neste processo, a formação da personalidade do
individuo, pois o homem se fortalece e adquire as potencialidades para produzir a vida
material da sociedade e satisfazer suas necessidades individuais.
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CONCLUSÃO
Mas foi, de fato no trabalho prático que Makarenko criou seus métodos de organização
e de educação, garantindo, com isso, a formação do homem socialista. Portanto, a Colônia
Gorki foi um grande laboratório para Makarenko, que soube explorar suas potencialidades
criadoras e transformou em ações as esperanças que Gorki, Lenin e outros educadores tinham
no futuro da sociedade. Mostrou com ações que nada é perdido ao homem, que era possível
transformar jovens delinquentes em homens do trabalho. Através de sua experiência,
demonstrou sua firme convicção no trabalho produtivo como a força mais poderosa da
educação, quando tem um caráter social e é realizado pelas crianças no processo de formação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS