2013 Livro Analise de Risco e Credito
2013 Livro Analise de Risco e Credito
2013 Livro Analise de Risco e Credito
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
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L994a
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3693-6
Garantias ..................................................................................................................49
Introdução ..................................................................................................................................................49
Formalização ..............................................................................................................................................52
Garantias pessoais ...................................................................................................................................53
Garantias reais ...........................................................................................................................................57
Conclusão....................................................................................................................................................61
Introdução
No cotidiano de nossas vidas, necessitamos de instituições que nos ajudem a manipu-
lar e a intermediar o papel-moeda, a moeda metálica e os títulos financeiros e de crédito.
Para Silva (2000, p. 26), a satisfação das necessidades fundamentais como alimen-
tação, saúde, habitação e segurança é facilitada pelos serviços financeiros, e eles são
proporcionados pelos intermediários que são os bancos e outras entidades que fazem
parte do Sistema Financeiro Nacional.
Fortuna (1999, p. 12) faz uma conceituação abrangente para o sistema financeiro:“con-
junto de instituições que se dedica, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições
satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores”.
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Moeda
A moeda é um bem de aceitação geral que tem várias funções, sendo as principais
de servir de intermediário de trocas, medida de valor e reserva de valor.
Como medida de valor, a moeda serve como padrão de medida. Assim, todos os
bens e serviços que são avaliados por ela serve de denominador comum de preços.
Intermediários financeiros
O mercado financeiro pode ser classificado como elemento dinâmico no processo
de crescimento econômico. Ele também é o responsável pelo controle das taxas de
poupança e investimento.
recebem ao aplicá-los - seja emprestando ao governo ou ao setor privado (pessoas físicas e jurídicas).
No entanto, o Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração) considera nos cálculos do
“spread” total também as taxas de serviços cobradas pelas instituições financeiras. (BALBI, 2006)
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Os tomadores de recursos são os agentes econômicos que necessitam de volume
determinado de moeda para realizar objetivo de interesse próprio, quer seja saldando
dívidas, ou realizando investimentos lucrativos.
A taxa de juros (ou preço do capital emprestado) está baseada na escassez dos
bens e destina-se, também, a remunerar o emprestador pelo risco assumido no caso
de não receber as parcelas do empréstimo concedido na data acordada.
de fundos.
Outra conceituação atribuída ao juro é dada por Assaf Neto (2008, p. 98) “para
quem o juro é a remuneração que o tomador (captador) de um empréstimo paga a um
doador (aplicador) de recursos”.
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A taxa de juros está ligada às operações de intermediação financeira por repre-
sentar o preço de troca dos ativos disponíveis em diferentes momentos ou períodos de
tempo. Ela também reflete o preço pago pelo sacrifício de poupar, ou seja, é a remune-
ração de um agente econômico ao decidir postergar o próprio consumo, transferindo
seus recursos a outro agente.
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de normatizar abrange todas as matérias referentes ao mercado de valores
mobiliários.
Figura 1 – Organograma dos principais órgãos vinculados ao Sistema Monetário Nacional (SMN).
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garantidas), realizar operações especiais, inclusive crédito rural, de câmbio e
comércio internacional, captar depósitos à vista e a prazo fixo, obter recursos
junto às instituições oficiais para repasse aos clientes, obter recursos externos
para repasse, efetuar prestação de serviços, inclusive mediante convênio com
outras instituições e outros.
Fortuna (2008, p. 33) sintetiza as operações ativas que podem ser praticadas pelos
bancos de investimento:
empréstimos a prazo mínimo de um ano para financiamento de capital fixo;
aquisição de ações, obrigações ou quaisquer outros títulos e valores mobiliários para investimento
ou revenda no mercado de capitais (operações de underwriting);
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sob consignação. Atua como centralizadora do recolhimento e aplicação dos
recursos depositados no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
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Conceito e relevância do crédito
Schrickel (2000, p. 24) escreve que “crédito é todo ato de vontade ou disposição de
alguém de destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro,
com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente após decorrido
o tempo estipulado”.
O patrimônio referido deve ser próprio e pode estar na forma de dinheiro (em-
préstimo monetário) ou bens (empréstimo para uso, ou venda com pagamento
parcelado).
Silva (2000, p. 63) conceitua “crédito, em sentido restrito e específico, como con-
sistindo na entrega de um valor presente mediante uma promessa de pagamento”.
Assim, em uma loja de produtos de informática, uma venda a crédito é caracterizada
pela entrega da mercadoria (computador, por exemplo) ao cliente, mediante promes-
sa de pagamento do comprador à loja, em uma ou mais parcelas, em um prazo futuro
estabelecido de comum acordo entre as partes.
O crédito deve ser visto como um “produto” para as instituições financeiras. Assim,
negociar “crédito” pressupõe um adequado sistema de cadastro com informações de-
talhadas sobre seus clientes, e um sistema de avaliação do risco que, além de avaliá-los
pelo risco de não devolverem os recursos emprestados no prazo acordado, calcule o
limite de crédito máximo e mínimo para cada um. Enquanto que, em empresas comer-
ciais e industriais, é possível vender à vista ou a prazo, em bancos não há como fazer
empréstimo ou financiamento à vista (SILVA, 2000, p. 65).
Deve-se atentar para o fato de que, quando o banco está captando recursos (aco-
lhendo depósitos ou aplicações), quem assume o risco de crédito é o cliente. O banco
Intermediação financeira
nessa condição, não costuma exigir cadastro de seus clientes, mas eles poderiam (se
quisessem) exigir o “cadastro” do banco na forma de demonstrações contábeis e outras
informações que o gerente pudesse fornecer para provar que a instituição é idônea.
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O crédito cumpre relevante papel econômico e social, pois viabiliza a circulação
da riqueza e o atendimento às necessidades dos agentes econômicos. Silva (2000, p.
68) escreve que o crédito a) possibilita que as empresas aumentem o seu nível de ati-
vidade; b) estimula o consumo, influenciando na demanda; c) ajuda as pessoas a ob-
terem moradia, bens e alimentos; d) facilitam a execução de projetos para os quais as
empresas não dispõem de recursos próprios suficientes.
A importância da análise de risco nas decisões de crédito pode ser avaliada pela
seguinte citação de Schrickel (2000, p. 36) “a imprevisibilidade quanto ao futuro e ao
risco, deve ser adequada e suficientemente ponderada, a fim de minimizar os riscos
expostos do banco”.
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As instituições financeiras tiveram de se adequar às novas normas que lhes foram
dirigidas pelo Banco Central, em um cenário de baixa inflação e aumento das disponi-
bilidades para empréstimos.
Silva (2000, p. 75) escreve que os riscos de crédito de um banco podem ser classi-
ficados em quatro grupos: a) risco do cliente ou risco intrínseco; b) risco da operação;
c) risco de concentração; e d) risco da administração do crédito.
b) Risco da operação
Silva (2000, p. 80) escreve que os principais elementos integrantes de uma ope-
ração são: (I) produto; (II) montante; (III) prazo; (IV) forma de pagamento; (V) garan-
tias; e (VI) preço. Segundo Silva, acima, cada um desses elementos apresenta um po-
tencial de risco. Assim, a inadequação da especificação do produto, ou em seu valor,
pode levar o cliente-tomador a descumprir a promessa de pagamento, ocasionando a
inadimplência.
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A garantia exigida do banco ao cliente-tomador tem influência significativa no
risco da operação. Assim, quanto maior for a garantia exigida, menor é o risco, pois
pressupõe-se que a garantia é executável (seu valor recuperável por venda ou utiliza-
ção) em valor suficiente para ressarcir o banco pelos recursos não devolvidos.
c) Risco de concentração
Silva (2000, p. 80) acrescenta que o risco de uma carteira de crédito é diferente
dos riscos de suas operações individuais, em razão das correlações que possa haver
entre os diversos segmentos. Correlação é uma medida estatística padronizada da rela-
ção entre duas variáveis. Seu valor varia de –1 a +1. A correlação nunca pode ser maior
do que 1 ou menor do que –1.
Uma correlação próxima a zero indica que as duas variáveis não estão relaciona-
das. Sendo cada variável um segmento de negócio do banco (industrial, comercial,
Intermediação financeira
leasing etc.), uma correlação positiva indica que as duas variáveis (segmentos) movem
juntas, e a relação fica forte quanto mais a correlação se aproxima de um. Uma corre-
lação negativa indica que as duas variáveis movem-se em direções opostas, e que a
relação também fica mais forte quanto mais próxima de menos 1. Duas variáveis que
estão perfeitamente correlacionadas positivamente (r=1) movem-se essencialmente
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em perfeita proporção na mesma direção, enquanto dois conjuntos que estão per-
feitamente correlacionados negativamente movem-se em perfeita proporção em di-
reções opostas. Exemplificando: suponha que o Banco Y conceda empréstimos para
clientes do segmento industrial e de leasing em determinado período. Alguns desses
clientes são os mesmos para as duas modalidades de operação e, por isso, as variáveis
(empréstimos) deverão apresentar correlação positiva, próximo de 1 (um), estando po-
sitivamente correlacionadas. O valor do índice de correlação é apurado através de uma
planilha estatística (Excel, SPSS, SAS e outras).
Silva (2000, p. 80) acrescenta: “[...] se um banco distribuir suas aplicações em seg-
mentos econômicos que tenham alta correlação positiva, isto, do ponto de vista de
risco, não representará diversificação”, portanto apresentará maior risco.
Texto complementar
do lucros recordes, aumentando seu spread nos últimos cinco anos, segundo estudo
realizado pelo Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração) com exclu-
sividade para a Folha.
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tempo cresceu a parcela do lucro na composição do spread nesse período. Em 2001,
15,6% do spread total eram destinados aos resultados (lucros); no ano passado, essa
mesma parcela chegou a 21,9%.
Em 2005, o Itaú foi o banco com o maior spread total, segundo o Inepad, segui-
do pelo Banespa, o Unibanco e o Bradesco. O menor spread verificado foi o do Banco
do Brasil, que opera com crédito agrícola a taxas de juro mais baixas.
“No caso do Brasil, como há mais demanda por crédito do que oferta, os bancos
condicionam a concessão de empréstimos à aquisição de outros produtos como
seguros, títulos de capitalização ou planos de previdência. Assim, na taxa de juro
paga pelo cliente está embutida também a prestação desses produtos. Portanto
o spread deve incluir também as receitas de serviços dos bancos, afirma Alberto
Borges Matias, presidente do Inepad e professor da Faculdade de Economia da USP
de Ribeirão Preto.
Em 2001, a taxa média do spread financeiro dos cinco maiores bancos era de
7,5% e, no ano passado, foi de 8,4%. Todos os cálculos foram feitos com base nos
balanços das instituições financeiras.
Formação do spread
Entram na formação do spread bancário, a taxa de inadimplência, as despesas
estruturais – pessoal e administrativas –, os gastos com impostos e os resultados do
banco, segundo informa o Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração.
Intermediação financeira
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“Os bancos conseguiram aumentar o spread reduzindo os custos de captação,
pois estão conseguindo levantar recursos a taxas mais baixas no mercado externo e
aplicando aqui a taxas altas”, afirma o analista.
“Os resultados dos bancos é um dos formadores do spread que mais cresceu. Só
perde para o crescimento dos impostos”, observa Carminatti.
Em 2001, eles representavam 15,6% dos spread total e pularam para 21,9% no
ano passado.
Já a parcela do spread total que ia para impostos subiu de 8,1% para 16,5%
no mesmo período. “Isso é preocupante, pois o peso dos impostos cresceu muito”,
afirma Carminatti.
Despesas
A maior parte da formação do spread bancário, entretanto, ainda é decorrente
das despesas estruturais – como a de pessoal e as administrativas. As despesas res-
ponderam por 45,8% do spread total em 2005 – um forte recuo ante os 61,8% que
representavam em 2001.
“Os bancos aumentaram suas carteiras de crédito e sua base de clientes, enxu-
garam a estrutura e hoje conseguem ter lucros maiores e despesas menores”, afirma
o presidente do Inepad.
pelos juros e spreads elevados – cresceu pouco no período analisado. Em 2001, ela
representava 14,5% do spread e, no ano passado, chegou a 15,8%.
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Atividades
2. Para o autor Silva (2000) qual é a definição de crédito em sentido estrito e es-
pecífico?
a) Bancos comerciais.
b) Bancos de investimento.
c) Caixas econômicas.
d) Bancos de desenvolvimento.
a) Sociedades corretoras.
c) Bancos múltiplos.
Ampliando conhecimentos
SILVA, José P. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2000.
Intermediação financeira
O autor aborda todas as fases da gestão e análise de crédito, sendo leitura útil no
acompanhamento dos capítulos. Sugere-se sua consulta quando tiver dúvidas sobre
pontos abordados no capítulo.
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Obra clássica em Análise de Crédito. Sugere-se que sua leitura complementar-
mente à obra de Silva, acima.
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Referências
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
BALBI, Sandra. Banco Fica com Parcela Maior do “Spread”. Publicado em: 27 fev.
2006. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u105585.shtml>.
Acesso em: ago. 2008.
BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO. A Bovespa: quem somos. Disponível em: <www.
bovespa.com.br>. Acesso em: set. 2008.
BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO. Dicionário de Finanças. São Paulo: Bovespa, 2008.
Disponível em: <www.bovespa.com.br/Investidor/DicionarioFinan/dicionario.htm>.
Acesso em: 15 fev. 2009.
Intermediação financeira
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FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. Rio de Janeiro: Quali-
tymark, 1999.
______. Mercado Financeiro: produtos e serviços. 17. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark,
2008.
______. Princípios de Administração Financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Education
do Brasil, 2004.
LOPES, João do Carmo; ROSSETTI, José Paschoal. Economia Monetária. 7. ed. São
Paulo: Atlas, 1997.
SILVA, José P. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
______. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Gabarito
3. D
4. C
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