Período Regencial

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Período Regencial

O Período Regencial é como conhecemos o período intermediário que existiu entre


o Primeiro e o Segundo Reinado. Estendeu-se de 1831 a 1840 e foi iniciado após o
imperador D. Pedro I ter abdicado do trono em favor de seu filho no ano de 1831. Foi
encerrado em 1840 com o que ficou conhecido como Golpe da Maioridade, que garantiu
a coroação de D. Pedro II como imperador do Brasil.
Contexto histórico
O Período Regencial resultou diretamente da maneira como terminou o Primeiro
Reinado (época em que o Brasil foi governado por D. Pedro I). O Primeiro Reinado
ficou marcado pelo autoritarismo do imperador e pelos crescentes confrontos entre
brasileiros e portugueses. As tensões e as pressões existentes fizeram o
imperador abdicar do trono brasileiro em abril de 1831.
Quando D. Pedro I abdicou do trono, o sucessor naturalmente era seu filho, Pedro de
Alcântara. Todavia, o príncipe do Brasil possuía apenas cinco anos e, por lei, não
poderia ser coroado imperador do Brasil até que completasse a maioridade, que só seria
alcançada quando obtivesse 18 anos.

Assim, a saída legal existente e que constava na Constituição de 1824 era a de fazer um


período de transição em que o país seria governado por regentes. Esse período deveria
ter acontecido até 1844, quando Pedro de Alcântara completaria 18 anos, mas seu fim
foi antecipado para 1840 por meio de um golpe parlamentar.
Leia também: O que é golpe de Estado?
Fases do Período Regencial
O Período Regencial teve uma duração razoavelmente curta (apenas nove anos). De
toda forma, ao longo desse período, o Brasil possuiu quatro regências diferentes, as
quais podem ser utilizadas como marcos divisórios do Período Regencial. Os quatro
períodos foram:

 Regência Trina Provisória (1831)


 Regência Trina Permanente (1831-1834)
 Regência Una de Feijó (1835-1837)
 Regência Una de Araújo Lima (1837-1840)
Quando iniciado o Período Regencial, o Brasil foi governado por uma regência trina de
caráter provisório. Os eleitos para essa regência foram três senadores: Francisco de
Lima e Silva, Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e José Joaquim Carneiro de
Campos. As principais medidas tomadas por essa regência provisória, conforme
destacaram as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, foram restituir ministros
que haviam sido demitidos por D. Pedro I, convocar uma nova Assembleia Legislativa
para composição de novas leis, anistiamento de criminosos políticos e afastar do
Exército estrangeiros “desordeiros”.
A Regência Trina Provisória teve vida curta, uma vez que a política brasileira estava
tumultuada e uma série de distúrbios espalhava-se pelo país. Assim, em junho de 1831,
foi eleita a Regência Trina Permanente, que era composta por José da Costa
Carvalho, João Bráulio Muniz e Francisco de Lima e Silva.
Durante a Regência Trina Permanente, houve três acontecimentos de destaque. Um
deles foi a criação da Guarda Nacional, uma força pública composta por homens
eleitores com idade de 21 a 60 anos de idade. Essa força foi criada com o intuito de
controlar manifestações e impedir que revoltas acontecessem.
Outra medida de destaque foi uma reforma no Poder Moderador, retirando
atribuições desse poder e dando maiores possibilidades de os deputados e senadores
vistoriarem as ações do Executivo. Por fim, um último acontecimento marcante foi o
embate político entre José Bonifácio e o padre Feijó, que resultou na saída de José
Bonifácio da vida política brasileira.

A Regência Trina Permanente também não teve força para colocar sob controle os
rumos da política nacional. Os conflitos entre Moderados, Exaltados e Restauradores
permaneciam, e revoltas pipocavam pelo país. Uma delas foi a Cabanada, que estourou
em 1832, na província de Pernambuco.
A continuidade das tensões no Brasil deixava claro que havia um choque entre o
governo e as províncias. O choque envolvia, principalmente, a questão da centralização
do poder no governo contra o desejo das províncias brasileiras de alcançarem maior
autonomia (federalismo). Para atender as demandas das províncias e colocar a situação
política sob controle, foi aprovado o Ato Adicional de 1834, uma lei que fazia
alterações na Constituição de 1824. Com o Ato Adicional, as mudanças mais sensíveis
foram:
 fim do poder moderador durante o Período Regencial;
 fim do Conselho de Estado;
 criação de Assembleias Legislativas provinciais;
 aumento dos poderes dos presidentes de província, mas a nomeação era função
do imperador;
 substituição da regência trina por uma regência una.
Com as mudanças estipuladas pelo Ato Adicional, esboçava-se no Brasil um modelo
que concedia às províncias um grau considerável de autonomia. Além disso, a eleição
de um regente para governar todo o país aproximava o Brasil de um cenário
republicano. Por isso, muitos historiadores afirmam que o Período Regencial foi uma
experiência republicana no meio de dois reinados.

Com a determinação de que o país seria governado por um regente apenas, eleições
foram organizadas. Em eleição realizada em 1835, o padre Feijó obteve 2826 votos e,
assim, derrotou Holanda Cavalcanti, que obteve 2251. A regência de Feijó ficou
marcada pela Cabanagem, no Pará, e pela Revolta dos Farrapos, no Rio Grande do Sul.
Feijó tinha humor explosivo e deparou-se com forte oposição em todas as frentes da
política brasileira. Essa oposição fez padre Feijó solicitar afastamento da função. Com
sua saída, nova eleição foi realizada, e Pedro de Araújo Lima derrotou Holanda
Cavalcanti e foi eleito regente do Brasil.
Na regência de Araújo Lima, houve o crescimento dos políticos conservadores (mescla
dos Liberais Moderados com os Restauradores) e tentativas do regente de tentar retirar
algumas das liberdades que as províncias haviam conquistado com o Ato Adicional de
1834.

Política no Período Regencial


O Período Regencial ficou marcado pela intensa movimentação política que acontecia
no país. O debate político nesse período foi bastante acalorado e girava em torno de três
grupos políticos, que gradativamente se transformaram nos dois partidos políticos do
Segundo Reinado. No caso do Período Regencial, os principais grupos políticos eram:

 Liberais moderados: em geral, eram monarquistas que defendiam a limitação


do poder do imperador. Defendiam uma monarquia constitucional no país e
tinham no padre Feijó o seu maior representante.
 Liberais exaltados: eram defensores abertos do federalismo, isto é, de ampliar a
autonomia das províncias brasileiras. Alguns dos exaltados eram defensores da
república, e o nome mais influente desse grupo foi Cipriano Barata.
 Restauradores: eram defensores do retorno de D. Pedro I ao trono brasileiro e
tinham nos irmãos Andrada (José Bonifácio era um deles) seus maiores
expoentes.
Ao longo do Período Regencial, esses grupos foram convertendo-se nos dois partidos
que centralizaram a política durante o Segundo Reinado. O Partido Liberal surgiu da
mescla dos liberais moderados com os exaltados, e o Partido Conservador surgiu da
mescla dos liberais moderados com os restauradores.
Revoltas
A grande marca do Período Regencial foram as revoltas provinciais, que aconteceram
em diversos locais do país. Essas revoltas envolviam insatisfações políticas com os
rumos que o país tomava, além das disputas políticas locais, insatisfação popular com a
pobreza e a desigualdade etc.

Ao longo do Período Regencial, as principais revoltas que aconteceram foram:

 Cabanagem: rebelião que aconteceu no Grão-Pará entre 1835 e 1840 em razão


da insatisfação popular com a pobreza e a desigualdade e por disputas políticas
locais.
 Balaiada: rebelião que aconteceu no Maranhão entre 1838 e 1841 e foi resultado
de disputas políticas locais.
 Sabinada: foi uma rebelião de caráter separatista que desejava implantar uma
república na Bahia. Aconteceu entre 1837 e 1838.
 Revolta dos Malês: foi uma rebelião de escravos que aconteceu em Salvador em
1835.
 Revolta dos Farrapos: foi uma revolta motivada por insatisfações da elite local
com o governo por questões políticas e econômicas. Estendeu-se de 1835 a
1845.

Como terminou o Período Regencial


O fim do Período Regencial foi resultado da disputa política entre liberais e
conservadores. Os liberais insatisfeitos com a regência de Araújo Lima, um
conservador, reagiram defendendo a antecipação da maioridade do príncipe do Brasil,
Pedro de Alcântara. Os liberais conseguiram conquistar o apoio da maioria dos
deputados e senadores e realizar o Golpe da Maioridade em 1840.
Com esse golpe, Pedro de Alcântara teve a sua maioridade antecipada e tornou-se
imperador do Brasil com 14 anos de idade. Esse ato iniciou o Segundo Reinado e
deixou os liberais satisfeitos porque foi retirado o poder das mãos dos conservadores.
Os liberais também esperavam que a coroação do imperador colocasse fim à série de
revoltas provinciais que aconteciam no país.

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