Resumo Dos Seminarios em Antropologia Cultural
Resumo Dos Seminarios em Antropologia Cultural
Resumo Dos Seminarios em Antropologia Cultural
Objectivos
Geral
Conhecer a cultura no seu todo.
Especifico
Definir a cultura;
Descrever a origem e desenvolvimento da cultura;
Identificar os factores da cultura;
Caracterizar os diferentes símbolos culturais.
Descrever as características da noção antropológica de cultura;
Definir cultura material e não material;
Citar os universais da cultura;
Explicar a mudança cultural,
Definir o parentesco;
Descrever as funções do parentesco;
Identificar a nomenclatura e simbologia do parentesco;
Caracterizar o parentesco.
Organização
O trabalho está organizado da seguinte forma:
Introdução;
Desenvolvimento;
Conclusão e
Bibliografia.
Metodologia
Na elaboração do trabalho baseou-se na investigação bibliografia dos livros existente
nas diversas bibliotecas, e alguns sites que falam do tema já actualizados incluindo
algumas entrevistas.
A Noção Antropológica da Cultura
O homem age de acordo com os seus padrões culturais, ele é o resultado do meio em
que foi socializado. Na antropologia moderna, não existe um consenso sobre o conceito
de cultura embora, as abordagens sobre a cultura tenham algo em comum, que é o
conjunto de valores, conhecimentos, crenças, a arte, a moral, os costumes e hábitos que
são adquiridos pelo homem como membro duma sociedade.
Numa obra dos antropólogos Alfred Kroeber e C. Kluckhohn (1963), foram reunidas
164 definições do conceito de cultura, destas, algumas têm em comum as características
da noção antropológica de cultura e representam a diversidade e a complexidade deste
conceito:
A Cultura é Aprendida.
A definição de Tylor incide nesta fundamental, a cultura não é adquirida através da
herança biológica, porém é adquirida pela aprendizagem numa sociedade concreta com
uma tradição cultural específica.
A Cultura é Simbólica
O pensamento simbólico é exclusivamente humano. O símbolo serve para veicular
uma ideia que tem um significado social (sentido atribuído e intencionado compartido
socialmente). Um símbolo é aquilo que representa uma coisa, está em lugar de algo, e
esta conexão pode ser simbolizado de maneira diferente segundo as culturas:
Português Francês Inglês Swahili Espanhol
Para [ CITATION GON23 \l 1033 ], o conceito de natureza não é natural, haja vista ser
esta uma construção social, ou seja, foi criado pelo homem. Segundo ele toda sociedade,
toda cultura cria, institui uma determinada ideia de natureza. "A natureza se define, em
nossa sociedade, por aquilo que se opõe a cultura. A cultura é tomada como algo
superior e que conseguiu controlar e dominar a natureza.
Andar de bicicleta;
Respiração;
Fazer somas, ler, cultivar tomates, fritar ovos;
Circulação de sangue;
Informação transmitida por aprendizagem
Informação transmitida
social.
geneticamente.
A Cultura é Partilhada
A cultura é partilhada pelas pessoas enquanto membros de grupos e, é aprendida
socialmente, une às pessoas, está expressada em normas e valores e também é
intermediária no sistema da personalidade pelos actores sociais. No interior de uma
cultura, a distribuição dos bens imateriais pode ser tão assimétrica e desigual como as
dos bens de material.
Hoje, corre-se risco de que o conceito de cultura seja utilizado como uma forma de
racismo (BENN MICHAELS, 1998), já que substitui muitas vezes a biologia como
argumento base da distinção entre os grupos humano, mas não é menos essencialista por
isso pode-se afirmar o seguinte:
“O indivíduo é um prisioneiro da sua cultura, mas não precisa de ser a sua
vítima” (FERGUSON, 1987:12).
Os dois aspectos (materiais e não materiais) devem ser considerados como partes
integrantes da cultura, porque estão estreitamente ligados.
MAURICE GODELIER (1982) chegou a afirmar que todo o material da cultura se
simboliza e que todo o simbólico da cultura se pode materializar.
Os Universais da Cultura
Entre as diversidades de cultura é possível achar alguns traços comuns. Quando estes
traços culturais existem em todas ou em quase todas as sociedades, denominam-se
“Universais Culturais”, que são aqueles que distinguem os humanos das outras
espécies:
A unidade psíquica dos humanos, no sentido de que todos os humanos têm a
mesma capacidade para a cultura;
A linguagem;
Viver em grupos sociais como a família e compartilhar alimentos;
A exogamia e o tabu do incesto, regra que proíbe as relações sexuais e o
casamento entres parentes próximo;
O matrimónio, entendido como relação social é duradouro entre pessoas;
A divisão sexual do trabalho;
A família, isto não implica que seja igual em todas partes;
O etnocentrismo é uma visão das coisas de acordo com a qual o próprio grupo é o
centro de todos, e todos os outros se medem por referência a ele. Cada grupo alimenta o
seu próprio orgulho e a sua vaidade, proclama a sua superioridade, exalta as suas
próprias divindades e mira com desprezo aos outros. O oposto ao etnocentrismo é “o
relativismo cultural”, uma das ideias chaves da antropologia.
O relativismo cultural afirma que uma cultura deve ser estudada e compreendida em
termo dos seus próprios significados e valores, e que nenhuma crença ou prática cultural
pode ser entendida separada do seu sistema ou contexto cultural. O comportamento
numa cultura particular não deve ser julgado com os padrões de outra.
A Mudança Cultural
É aspecto dinâmico da cultura, do grego o “panta rei” (todo se move, todo muda). As
culturas podem intercambiar traços mediante o empréstimo ou a difusão.
Dominação
A cultura mais forte impõe o seu estilo e obriga as demais a abandonar seus usos,
costumes e tradições e chega mesmo a eliminar por completo as culturas diferentes. A
dominação pode acontecer de forma violenta, sangrenta e através da propaganda
ideológica, levando as pessoas, mesmo que de forma inconsciente, a abandonar os seus
hábitos culturais e a adoptar outros costumes. Este tipo de dominação cultural está
muito presente na actualidade, induzindo as pessoas a considerarem a própria cultura
como inferior e forçando-as a assimilarem formas de viver completamente estranhas à
sua.
A Inculturação
É um método de introduzir a cultura dominante, aspectos culturais de um determinado
povo dominado à sua cultura, ou então, é um processo de interiorização dos costumes
do grupo, até o ponto de fazer estes como próprios.
Exemplo: Uma pessoa chega em um lugar diferente em que as pessoas têm seus
costumes, e essa pessoa acaba adquirindo aspectos culturais do povo dominado que não
tinha em sua cultura dominante.
Desculturação
É o processo de perca ou destruição do património cultural, o que pode incluir apenas
alguns elementos culturais ou toda a cultura. Este processo pode acontecer de um modo
imperceptível, como acontece com a constante evolução e renovação da língua; ou pode
acontecer de modo traumático, como em situações de extermínio e genocídio, que visam
acabar com todo um povo e sua cultura, ou "moldá-los" para escravatura.
A Globalização
É outro motivo de mudança cultural, pois vincula a pessoas de todas as partes do
mundo através dos meios de comunicação.
Para entender melhor estes processos de contacto e mudança cultural é preciso ter em
conta vários níveis de cultura:
Cultura internacional: as tradições culturais estendem-se mais além dos limites
nacionais.
Culturas nacionais: os seus traços são partilhados pelos nacionais.
Subculturas: os padrões culturais estão associados a subgrupos específicos
dentro de uma sociedade.
A Mudança Social
Mudança sociocultural acentua-se nas ciências sociais a partir do século XIX, depois
de ter vivido uma época de revoluções, os cientistas tentaram explicar as mudanças e as
suas leis racionais dentro da nova organização de sociedade.
Uma parte dos teóricos sublinharam os aspectos estáticos e outros os seus aspectos
dinâmicos, os conflitos e as transformações.
Conceito Antropológico
Cultura na pluralidade
Cultura - Significa cultivar, e vem do latim ‘’colere’’. Genericamente a cultura é todo
aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os
costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em família,
como também por fazer parte de uma sociedade como membro da mesma.
LARAIA (2003, P.58). Considera que o homem não é somente produtor de cultura, mas
também produto da cultura que "desenvolveu-se simultaneamente com o próprio
equipamento biológico e é, por isso mesmo, compreendida como uma das
características da espécie, ao lado do bipedismo e de um adequado volume cerebral.
F. BOAS (1930)
“A cultura de uma sociedade é tudo o que você sabe ou acredita, a fim de operar de
forma aceitável para seus membros. A cultura não é um fenómeno material não é sobre
coisas, pessoas, comportamento ou emoções. É, em vez disso uma organização. É a
maneira de coisas que as pessoas têm em sua mente, seus modelos para perceber,
relacionar ou interpretar” (Goodenough, 1957:167; citada por Keesing, 1995:56).
C. GEERTZ (1966)
"A cultura é melhor entendida não como complexos de padrões de comportamento das
alfândegas, usos, tradições, hábitos conjuntos concretos, como tem acontecido em geral
até agora, mas como uma série de mecanismos de planos de monitorização, receitas,
fórmulas, regras, instruções (o que os engenheiros chamam de "programas de
computador") - que regem a conduta" (Geertz, 1987:51).
“Cultura é todo modelo, com formas que não estão sob o controlo genético directo... que
serve para ajustar aos indivíduos e os grupos nas suas comunidades ecológicas”,
(Binford, 1968:323; citada por Keesing, 1995:54).
R. CRESSWELL, R. (1975)
"A cultura é a configuração particular que adopta cada sociedade humana não só para
regular as relações entre os factos tecno – económicos, a organização social e as
ideologias, porém também para transmitir os seus conhecimentos de geração em
geração (Cresswell, 1975:32).
HARRIS, M. (1981)
"A cultura refere-se ao corpo de tradições socialmente adquiridos que aparece em forma
rudimentar em mamíferos, especialmente primatas. Quando antropólogos falam da
cultura humana geralmente se referem ao estilo de vida totais, adquiridas socialmente
um grupo de pessoas, incluindo as formas padronizadas e recorrentes de pensar, sentir e
agir "(Harris, 1982: 123).
A. GIDDENS (1989)
Origem da Cultura
A origem da cultura é uma das primeiras preocupações dos estudiosos afins, que
buscam entender como se deu este processo, ou seja, como surgiu.
Também o antropólogo é LESLEI WHITE, ‘’ele por sua vez, considera que a origem
da cultura ocorreu quando o homem foi capaz de gerar e compreender os símbolos’’.
Desenvolvimento da Cultura
É bastante evidente que a cultura humana se modifica com o decorrer dos séculos. No
entanto alguns cientistas acreditam que algumas dessas mudanças se deram por um
processo semelhante à selecção natural, ou seja, traços culturais que de alguma maneira
beneficiam determinada população sobrevivem e são passadas para a próxima geração.
RICHARD DAWKINS é um dos que defendem essa visão.
Para JAY GOULD, ‘’os traços culturais sofrem influências do meio, sofrendo
mudanças que depois são passadas para a próxima geração’’.
Factores da Cultura
‘’As interpretações e relações que derivam desse confronto Guam o comportamento do
homem e formam a cultura’’. (BERNARDO BERNARDI (2007; P. 53). Segundo este
autor, existem quatro (4) factores essenciais da cultura:
Nenhum deste factor produz, só por si, a cultura, mas nenhum pode ser considerado
estranho ao seu processo dinâmico.
A sua acção é constante e, através de uma analise profunda, encontram se em todas as
manifestações culturais com evidencia mais ao menos patente.
O ambiente inclui toda natureza externa, a configuração topográfica dos lugares (das
montanhas às estepes, os rios aos mares). O homem não se encontra sozinho sobre a
terra. No desenvolvimento da sua vida, ele está inserido numa amplíssima gama de
relações, entre as quais predomina, de maneira determinante, a tecnologia.
Crenças
Define-se por crença a firme convicção e a conformidade com algo. A crença é a ideia
que se considera verdadeira e à qual se dá todo o crédito, ou seja, As crenças não podem
ser submetidas á proba de verificação com os factos, pois é uma verdade indiscutível e
sem dúvidas para quem a defende. No momento em que uma crença se considera
susceptível de confrontar com os factos passa a converter-se em uma ideia.
Ideias
Valores
Normas
Segundo o texto de apoio sobre antropologia cultural, (2008: p. 90). As normas são
regras para comportar-se de um modo determinado, e indicam o que especificamente
devem ou não devem fazer as pessoas em situações sociais. Estas normas sociais são
diferentes das leis jurídicas, ainda que as leis são parte também destas normas sociais.
As normas sociais estão inspiradas em valores. Não estão formalizadas juridicamente
mas ainda assim mantêm um poder coercitivo. Na sua base estão um conjunto de
valores articulados socialmente.
Símbolos
Caracteristicas principais
A principal preucupação central, era demostrar como a cultura obedece como a uma
evolução universal e unilinear. A justificação desta preferencia está na própria teroria
evolucionista da unilinearidade do fenómeno cultural.
Num clima posetivista, o evolucionismo brotou e criou raizes no estudo dos fenómenos
culturais.Na segunda metáde do séc. XIX, a antropologia nasce como um campo
profissional. Predominava nesta época um clima intelectual evocionista e uma
influência das ciencias naturais sobre as ciencias sociais.
Uma das teorias foi o evolucionismo uni-linhar que defendia uma evoluçao paralela, ou
seja, as culturas foram criadas, independemente, seguindo um percurso por estadios
fixos nomeadamente; Barbárie, Primitivismo, Selvagismo e Sivilizaçao.
James J. Frazer (1854-1941), na sua obra “o ramo dourado” mostra interesse pela
religião e elabora a eteoria da “magia simpática” (o simbolismo atraves do qual os ritos
mágicos imitam o efeito que tentam produzir e da magia por contacto (por relação de
contacto).
No livro da Golden Bough 1890, elabora uma teoria evolucionista segundo a qual os
humanos percorem as seguintes etapas: Magia→religião→ciência.
O difusionismo, também conhecido por histocismo, pode ser visto como um movimento
de reacção à orientação evolucionista dominante na antropologia desde o seu
nascimento. Ele busca uma explicação histórica para as semelhanças existentes entre as
culturas particulares.
a) Difusionismo Inglês
Surgiu na segunda década do séc. XX, e defendeu a difusão como o principal motor da
dinâmica cultural, por verificar como dificil é a inovação ou a criação de novos valotres
culturais. Para esta escola, a cultura de todo o mundo moderno, era basicamente a
mesma por conta da difusão.
b) Difusionismo alemão
c) O difusionismonorte – americano
Foi uma reação contra o evolucionismo, mas consistiu com ele. Estudou a natureza da
cultura, em termos de origem e da sua extenção de uma sociedade para a outra.
Defendia que a diversidade cultural, é resultado das relações de emprestimo (tendência
humana para imitar e absorver traços culturais e não pela invenção independente).
Estruturalismo
Através das trocas contínuas, criam-se, entre os individuos e os grupos laços sociais que
estabelecem e organizam um sistema de relações complementares. A reciprocidade é a
regra máxima dos intercâmbios.
Culturalismo
Uma das influências de Boas para a sociedade que hoje vivemos é a a influência dos
estudos antropológicos. A Concepção de cultura para Franz Boas é uma rejeição ao
evolucionimo unilateral (já estudada) e difusionista, ou seja, pensamento que a cultura é
um mosaico de traços advindos de outras culturas precursoras com várias origens e
histórias.
Em sua vez, não dotava explicaçoes de estágios ou fases culturais (evolucionista), assim
como o conceito de raça. Ele procurava explicações através de leis de evolução das
culturas e leis de funcionamento das sociedades através de método indutivo (ver, ouvir,
falar e escrever) que nos nossos dias nomeamos como sendo trabalho de campo.
Boas acreditava na autonomia das culturas (relativismo cultural) e que cada cultura
possui algo único culturalmente. Segundo ele, a cultura se manifesta pelos costúmes.
Depois de ter participado uma expedição como geógrafo, na Baia de Baffin em Canadá,
percebeu que a organização social era determinada mais pela cultura do que pelo meio
ambiente, tomando assim como seu objecto de estudo a “particularidade de cada
cultura”.
Esta corrente corresponde a uma fase crítica radical, que muitos pensavam que se
tratava de uma moda passageira, como muitas vezes aconteceu na história das ideias.
Actualmente convém ser levada a sério, porque essas novas perguntas perduram ou
persistem e cobrem para o melhor e em algum momento o pior, em boa parte da
litetratura universitária.
Caracteristica do pós-modernismo
Este racionalismo construiu grandes narrativas explicativas, tendo como pano de fundo
a promessa da emancipação graças ao homem. O momento pós-moderno é aquele em
que essas grandes narrativas, cuja mais recente talves seja o marxismo, acabam por
perder a legetimidade. Mas esta genealogia é obscurecida pela modernismo na medida
em que se confunde com a arte moderna, e que tambem não deixa de ter insidencia
sobre a historia da antropologia.
O interpretativismo
Uma das metáforas preferidas, para Geertz, para definir o que faz a Antropologia,
Geertz parte do pressuposto que as culturas devem ser observadas como “textos”, afinal,
Geertz foi deveras influenciado pela semiótica.
Teias de significados
A Cultura é formada por teias de significados tecidas pelo homem. Significados estes
que os homens dão às suas ações e a si mesmos.
Assim a etnografia, para conhecer a cultura, mais que registrar os fatos, deve analisar,
interpretar e buscar os significados contidos nos actos, ritos, performances humanas e
não apenas descrevê-los.
O registo antropológico não deve tratar de buscar leis intrínsecas que transpassam a
cultura. Tão pouco se trata do analista se tornar um "nativo" para o entendimento do
objecto em foco, pois ele nunca o conseguirá. Identificar certas dinâmicas sociais e seus
significados não é o suficiente para que se possa compreender uma comunidade, pois
estas dinâmicas sociais e seus significados estão dentro de um determinado "universo
imaginativo" simbólico. Essas acções são determinadas e fazem sentido para os que dela
participam, mas no qual não estamos inseridos, cabe assim ao analista interpretar.
Outras Correntes
Facto sociológico é todo feito que envolve o convívio humano, como nascimento, a
morte, o casamento, a separação etc.
Corrente Marxista
A escoal estruturalista Marxista não entende a estrutura social a penas como princípio
basilar da existência de uma sociedade, mas como relações reais e concretas de
produção e apartir delas a derivação para todas as relações sociais de produção e
relações gerais.
Segundo TORNAY, apud MELLO (2013:314), tem uma opinião oposta à de BEATTIE.
Acha ele que as relações de parentesco entre nós são importantes. O caso é que elas
estão por demais arraigadas em nós que nem percebemos que elas actuam de forma
decisiva. Diz ele:
“ Entre nós, como em toda parte, os costumes e as
práticas relativas ao parentesco pertencem, ao menos
parcialmente ao domínio do inconsciente”.3
2
BEATTIE, John. Introdução a antropologia social, p.113.
3
COPANS, S. Tornay, J. e tal. Antropologia, ciências das sociedades primitivas?, p. 62.
Segundo MITCHELL, “ diz que uma pessoa é cognatica de, ou em relação de
cognação com todas as pessoas com as quais compartilha um antepassado comum”4.
Neste caso a descendência é bilateral.
Conceito de parentesco
A antropología sociocultural tem considerado durante muito tempo o estudo da família e
do parentesco como o seu património indiscutível (Salazar, 1995: 46).
O parentesco é uma relação humana universal com base biológica e com variações nos
significados socioculturais particulares.
Este pode ser visto como uma referência para o posicionamento social, isto é, em todas
as sociedades humanas, os indivíduos adquirem os primeiros elementos do seu estatuto
e da sua identidade social através do parentesco (Ghasarian, 1999).
Para a antropologia social britânica tanto a tribo, como o clã, a linhagem ou a família
são grupos de filiação corporativos que organizam a vida política à margem do Estado,
um conjunto de direitos e de obrigações morais aos quais não é possível subtrairmo-nos
(Fortes, 1969: 242).
O termo parentesco não é de fácil definição. Uma definição simples considera que o
parentesco seja “ um vínculo que liga os indivíduos entre si em vista da geração e das
descendências” (Bernardi, 1978, p.259). Pode se defini-lo como um sistema simbólico
de denominação das posições relativas aos laços de descendência e de afinidade.
Parentesco é a relação que une duas ou mais pessoas por vínculos de sangue
(descendência/ascendência) ou sociais (sobre tudo pelo casamento).
4
MITCHELL, G. Duncan. Dizionario di sociologia, p.193
Tios, sobrinhos, bisavós e bisnetos (em terceiro grau);
Primos, trisavós, trinetos, tios-avós e sobrinhos-netos (em quarto grau).
Sogro, sogra, genro e nora (1º grau);
Padrasto, madrasta e enteados (1º grau);
Cunhados (2º grau).
Função do parentesco
A função do parentesco é a de regular as formas de intercâmbio entre os grupos
humanos, dai que o casamento seja uma instituição de aliança fundamental entre grupos
humanos, (ex: o casamento como intercâmbio de mulheres). Assim com base na teoria
da aliança o parentesco satisfará mais necessidades económicas que sociais.
Nomenclatura do parentesco
Pode se dizer que nomenclatura ou terminologia do parentesco, é o sistema simbólico de
denominação das posições relativas aos laços de descendências e de afinidades. Ex: pai,
mãe, irmão, primo, esposo, esposa, sogro, sogra, avô, neto, etc.
Uma nomenclatura de parentesco consiste no conjunto dos termos de parentesco que
uma determinada cultura utiliza para tratar ou referir as pessoas entre as quais existe
uma relação de carácter parental.
Em suma, um termo de endereço faz parte integrante da conduta codificada que cada
indivíduo deve ter para com os seus parentes. Esta conduta, dado ser uma dado
requerido pela sociedade a todos os indivíduos, resulta da determinação do lugar que
cada parente ocupa no sistema de parentesco.
Constata-se assim que os termos de referencia têm um campo de aplicação mais preciso
que os utilizados no tratamento na referencia é mais preciso que o do tratamento directo.
……………………………………………………………. Homem
……………………………………………………………. Mulher
- Casamento poligâmico
………………………………. Irmã/irmã
Características do parentesco
Filiação
A filiação “ (…) entende-se como o conjunto das regras que definem a identidade
social da criança em relação ao seus ascendentes e que determinam a hierarquia ds
membros da família, a forma de herança dos bens, a transmissão dos cargos e funções,
ate a distribuição da autoridade nas sociedades (…)” (Rivière, 1995, p.64-65).
Na filiação patrilinear (designada por agnática), a pertença ao grupo obtém-se pelo pai e
a relação com os outros membros deste grupo passa-se exclusivamente pelos indivíduos
do sexo masculino (os agnatos). Por exemplo, os filhos da irmã do pai não são membros
do grupo de filiação, contrariamente aos do irmão do pai. A filiação transmite-se do pai
para o filho. Geralmente nestas sociedades, a circulação dos membros é feita através de
um sistema de compensação, normalmente, depois de casamento não se espera que a
filha volte para aldeia.
Via de descendência
Espírito Sangue
Ego
O Ego recebe a filiação de quatro avôs, oito bisavôs, dezasseis trisavôs, etc.
Aliança
Este constitui uma união estabelecida entre dois grupos exógamos, pelo cruzamento de
um dos seus membros com alguém pertencente a outro grupo. O casamento é uma
instituição social que visa o estabelecimento de vínculos de união estáveis entre o
homem e a mulher, baseados no reconhecimento do direito de prestações recíprocas de
comunicação de vida e de `interesse, segundo as normas das respectivas sociedades.
Povo Macua
A origem do Macua prove do monte Nammule, localizado na Zambézia. O povo macua
vive numa grande área do Norte de Moçambique, com cerca de 300.000 km², que
abrange parte das províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula e Zambézia. Com uma
população de 3.500.000 habitantes, segundo cálculos baseados no recenseamento de
1980, os Macuas constituem 35,6% da população total de Moçambique, sendo o grupo
étnico mais numeroso do país. Os macuas têm fronteira, a norte, com os Macondes, os
Ayao e os Anyanja; a sul, com os Senas e os Chuabos; e com grupos islamizados, no
litoral Índico.
Grupos
Entre os vários grupos e subgrupos o povo Macua, pode afirmar-se que existem:
Subgrupos
Grupo chaca ou Esaaka- Chiure, Mecuti em Cabo Delgado, Nacaroa, Erati,
Memba em Nampula
Grupo chirima ou Echirima- Cuamba, Metaruca, uma parte de Maua em
Niassa e zonas limítrofes em Nampula.
Grupo Macua do litoral: Emarevone, Mongincual, Moma em Nampula,
Esankau- Angoche em Nampula
Enahara- Mossuril, ilha de Moçambique, Nacala Porto, Nacala a Velha e Memba
em Nampula
Parentesco Caso Macua
Para a compreensão do parentesco de forma mais específica a cultura dos Macuas é
importante elucidar alguns vocábulos que de certa forma norteia todos estudos do
parentesco ou seja "álgebra do parentesco" como preferem chamar alguns antropólogos.
Porem, não porque tais termos estejam directamente associado ao parentesco caso
macua, mas sim termos técnicos utilizados no estudo do parentesco.
Parentesco este termo é, por vezes, utilizado num sentido amplo significando tanto
«parentesco como casamento» isto é, referindo se indiferentemente aos laços de sangue
(consanguinidade) e aos laços de afinidade (casamento). Parentesco no sentido restrito,
refere se aos laços de sangue, de consanguinidade.
Nomenclatura do parentesco
Falar a nomenclatura do parentesco macua é a inserção de terminologias que distinguem
varias posições dos indivíduos dentro do clã.
O irmão mais velho chama a irmã mais nova de murrokora’aka, tal como a irmã mais
velha chama o irmão novo pelo mesmo nome.
O irmão ou irmã, mais novo chama ao irmão ou irmã mais velha de arrokora’aka.
Entre todos estes, esta proibido o matrimónio e as relações sexuais (lei to incesto).
c) Os filhos chamam ao tio materno por atata. Também por ahalu os restantes. E
este é quem exerce a autoridade familiar no seu grupo de parentesco
especialmente sobre os netos; representa a família na vida social, defende a nos
tribunais e acompanha nos ritos.
Ele chama aos filhos da irmã por axissulu’aka e nos ritos por an’aka.
Normais
Matrimónio é exogamico, regulado pela norma geral do incesto no duplo sentido da
proibição do matrimónio entre os membros do mesmo grupo familiar (nihimo) e de
proibição de relações sexuais.
Funções
Dentre as funções que caracterizam o património macua podem se realçar as seguintes:
Sociais: estabelecer uma relação de afinidade com a família da esposa por parte do
marido;
Sexuais: dar ao marido monopólio sobre a vida sexual da esposa e vice versa, a não ser
nos casos previstos pelas leis tradicionais.
Filiação
A forma de descendência no povo macua é matrilinear; a pertença ao grupo de
descendência é transmitida pelas mulheres por via uterina. E apesar da, descendência ser
transmitida pelas mulheres as funções políticas, sociais e económicas são exercidas
pelos homens de filiação e não pelas mulheres.
O casamento
Quando o rapaz macua atinge uma certa idade e comprovada a sua maturidade e
pretenda se relacionar com uma rapariga para formar um lar, após ter visto a futura
esposa dirige-se para a casa dos pais dela na companhia do seu com o tio, pois ele é
quem faz todos acertos e acordos do casamento, em coordenação e consenso com o tio
dela.
Chegados à casa da noiva, o tio do rapaz reúne-se com os pais da miúda explicando o
motivo da sua estadia naquele local. No entanto os pais não podem decidir nada,
pedindo que estes voltem num outro dia. A marcação do dia, ira permitir que a mãe da
menina vá ao encontro do seu irmão mais velho, para apresentar a novidade do
pretendente da filha.
Porem, o tio da menina, só aceita ou não, no dia marcado para o encontro com a família
do rapaz (nesse caso o tio). Deste modo era difícil aceitarem o pedido no mesmo dia,
sendo necessário se passar por vários processos burocráticos ate que se oficializasse. A
aceitação do noivo por parte da família da noiva dependia da avaliação que a família
fazia sobre a sua conduta do rapaz na sociedade. Depois de ver o rapaz e pré avaliado o
rapaz, o tio da menina delibera o noivado.
A Residência
A residência é um elemento importante na organização social do povo macua pois
determina o tipo e a intensidade das relações quotidianas dos indivíduos na sociedade.
O noivo na sociedade macua depois de ser entregue a sua noiva, deve construir uma
casa vai viver com a família da esposa, pelo que quanto a residência o matrimónio é
uxorilocal.
Quando morre o esposo, o seu sobrinho encarregava-se para sepultar o tio num processo
denominado (Ovitha) e consequentemente realizava-se uma cerimónia de cortar o
cabelo da viúva (omettha) para herdar o lar (depois de tomar um medicamento
tradicional preparado e dado aos dois para evitar alguns constrangimentos), no intuito
de manter os bens da casa sob tutela daquela tribo.
Filhos
Os filhos no casamento seguem sempre a linhagem materna e o tio paterno representa
maior autoridade sobre eles.
Herança
A herança no sistema macua, merece uma atenção especial por parte das famílias,
principalmente a família do marido quando este perde a vida. Sendo assim, mesmo
tendo filhos com a esposa, a sua herança da casa passa para os seus sobrinhos, neste
caso particular os filhos da sua irmã. Segundo [ CITATION War15 \l 1033 ] isto começou
no monte Namuli:
Lobolo
O lobolo é um costume cultivado até hoje no Sul de Moçambique. Segundo esta
tradição, a família da noiva recebe algo pela perda que representa o seu casamento e a
ida para outra casa.
O rapaz interessado na moça manda seus amigos à casa da pretendida. Ele não vai
pessoalmente. Os portadores do recado declaram aos pais da pretendida as vontades do
noivo e como sinal de boas intenções deixam lembranças para a família.
Para a moça, normalmente um vestido ou até mesmo brincos. Para o pai, uma bebida e
para mãe uma capulana ou artesanato (cesto). ……………………………………………
Os emissários, como são conhecidos, saem de lá com a promessa de receberem em
breve uma visita por parte da noiva. Essa visita é que determina a futura a união.
Depois de cerca de um mês, os emissários, agora por parte da noiva, chegam a casa do
noivo e deixam uma lista de pedidos. São pedidos que devem ser cumpridos para que
eles possam se casar. Normalmente a lista é longa, e inclui uma farda ou um fato
completa para o pai, roupas e vestidos para a mãe e avós e caso alguém tenha
colaborado na educação da filha, tem direito de fazer parte desta lista e ser reconhecida
neste momento. A lista, principalmente na zona rural inclui também cabeças de gado e
alguns mil meticais. Em Maputo e perto de zonas mais urbanas, essa tradição já
permanece de forma mais simbólica. Mas, em zonas como Macia (Gaza), tudo ainda é
seguido conforme os ancestrais esperam. Quando o noivo estiver pronto, ou seja, tudo
da lista já comprado e organizado é a hora de uma nova visita à casa da noiva. Não vai
pessoalmente de novo, manda emissários ao encontro chamado Lobolo.
-“ O que você pretende que eu faça com este dinheiro? Que eu guarde?
- Não, vista a roupa, beba o vinho e coma o dinheiro, eu vou ficar no lar
papa
- Hás de ficar por lá a trabalhar por este dinheiro que eu vou comer?
Depois, o casal continua a entregar as outras coisas aos outros destinados (mãe, tias,
avos, etc.), os quais não fazem nada senão agradecer e desejar boa sorte e felicidades, já
que o pai já entregou a sua filha.
Entregues todas as coisas, a tia ou irmã do noivo vai vestir a noiva enquanto o pai vai
vestir o seu novo fato e a mãe o seu mucume. As outras pessoas também vestem suas
roupas e voltam cantando ao local esperar pela menina que saíra bonita da palhota.
Quando chegar, o noivo levanta-se e pega pela mão a sua noiva, promete-lhe casamento
civil colocando-lhe uma aliança no dedo (por causa da globalização). É tradicional dar
lhe um presente que pode ser um lenço de cabeça, um colar, chávena bonita ou outro
bem.
“Da licença, sou eu o vosso filho que ficou atrás de vós para vos representar aqui na
família. Peço que me ouçam neste momento.”
“Você (fulano) com você (fulano) e ai por diante vai enumerando todos os seus
defuntos, começando por aqueles que em vida foram muito notáveis na família. Sim,
porque acredita se que estes continuam a interceder pela família mesmo do outro lado
da vida.
Vos chamo para vos dizer que fulano, a vossa neta fulano wa fulano (Fulano, filho de
fulano) – aqui ele fala os nomes locais, porque as pessoas têm dois nomes, o nome civil
(que é do baptismo religioso) e o nome tradicional (que é do baptismo tradicional e
conhecido pelos defuntos, normalmente é nome de um defunto que pediu para ser
chamado num filho de alguém e é este defunto que dá sortes para o seu chará).
Eu (fulano), já recebi os (apelido do genro) que pediram a vossa neta para lhes dar água.
Eles dão-vos estas bebidas (deita mais um pouco de bebidas), recebi este dinheiro
(coloca o dinheiro no chão que só será tirado no dia seguinte pela mesma pessoa que o
colocou num ritual que ele conhece e que foi transmitido pelos seus pais).
Que eu tenha recebido para o bem e tranquilidade, que este lobolo transcenda o mundo e
seja reconhecido. Vocês (nomes dos antepassados), eu vos peço que se juntem aos
defuntos do (nome do genro) e lutem juntos pelo bem da vossa neta. Se não a virem a
partir de hoje, não fugiu nem foi roubada, ela vai para o lar que vocês arranjaram para
ela. Protejam os seus caminhos e cuidem de mim vosso filho, não me deixem errar no
que faço em vosso nome.
Depois podem ser acompanhados com recomendações como “venham nos visitar, não
se s esqueçam de nós e muito mais. Aqui muitas vezes a mãe chora por pensar o que
espera da sua filha (Submissão, traição, encarar o homem, problemas, solidão do marido
que pode trabalhar em contratos fora, desentendimentos com os sogros, etc.) A filha
também chora, ficam para atrás os mimos e amor de mãe, a liberdade e acima de tudo,
ela vai começar nova vida.
Lobolar a filha é entregá-la para sua nova vida. Com todos os pedidos atendidos, não
tem mais nada que impeça isso. O noivo de seu jeito, provou suas intenções. A família
ficou satisfeita com sua devoção e pequenos agrados. A filha seguiu seu caminho. Não
tem papéis assinados, não tem igreja, apenas a bênção dos ancestrais.
Desvantagens
Bibliografia
MARTINEZ, F. L. O Povo Macua e a Sua Cultura. Maputo: Paulinas, (1989).
http://www.webartigos.com/artigos/qual-e-a-origem-da-cultura/29965/#ixzz3lnvpzYSx
15/09/2015. 13:10
MELLO, Luiz Conzaga. Antropologia cultural, iniciação, teoria e temas. 19º Edição,
Editora Vezes, Petrópolis, 2013
MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia cultural. 7ª Edição, Paulinas editora
Maputo.2014
https://pt.wikipedia.org/wiki/Parentesco
http://apsicoapoio.blogspot.com/2013/05/a-importancia-social-do-parentesco.html