Resumo Dos Seminarios em Antropologia Cultural

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 55

Introdução

A Antropologia, sendo a ciência da humanidade e da cultura, tem um campo de


investigação extremamente vasto: abrange, no espaço, toda a terra habitada; no tempo e
todas as populações socialmente organizadas. Antropologia Cultural: é a Ciência que
estuda os processos e as acções dos seres humanos; comportamento social, costumes,
cultura, rituais, parentesco, vida quotidiana, cultura material e tecnológica. Ela centra-se
no desejo do homem de conhecer a sua origem, a capacidade que ele tem de conhecer-
se, nos costumes e nos instintos. Assim sendo, tem como temas:
 Características da noção antropológica de cultura;
 Conceito Antropólogo da Cultura;

 As correntes teóricas da antropologia;


 Estudo do parentesco;
 Povo Macua e lobolo na zona sul e centro do país.

Objectivos

Geral
 Conhecer a cultura no seu todo.

Especifico
 Definir a cultura;
 Descrever a origem e desenvolvimento da cultura;
 Identificar os factores da cultura;
 Caracterizar os diferentes símbolos culturais.
 Descrever as características da noção antropológica de cultura;
 Definir cultura material e não material;
 Citar os universais da cultura;
 Explicar a mudança cultural,
 Definir o parentesco;
 Descrever as funções do parentesco;
 Identificar a nomenclatura e simbologia do parentesco;
 Caracterizar o parentesco.
Organização
O trabalho está organizado da seguinte forma:

 Introdução;
 Desenvolvimento;
 Conclusão e
 Bibliografia.

Metodologia
Na elaboração do trabalho baseou-se na investigação bibliografia dos livros existente
nas diversas bibliotecas, e alguns sites que falam do tema já actualizados incluindo
algumas entrevistas.
A Noção Antropológica da Cultura
O homem age de acordo com os seus padrões culturais, ele é o resultado do meio em
que foi socializado. Na antropologia moderna, não existe um consenso sobre o conceito
de cultura embora, as abordagens sobre a cultura tenham algo em comum, que é o
conjunto de valores, conhecimentos, crenças, a arte, a moral, os costumes e hábitos que
são adquiridos pelo homem como membro duma sociedade.

Numa obra dos antropólogos Alfred Kroeber e C. Kluckhohn (1963), foram reunidas
164 definições do conceito de cultura, destas, algumas têm em comum as características
da noção antropológica de cultura e representam a diversidade e a complexidade deste
conceito:

LEVI-STRAUSS, apud MELLO (1986, p. 397), Cultura é conjunto complexo que


inclui conhecimento, crença, arte, lei costumes e várias outras aptidões e hábitos
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.

Na verdade, a cultura, em sentido largo é todo o conjunto de obras humanas. Portanto


o homem é colocado como algo sublime não se comparando a nenhum outro animal, na
escala evolutiva ele é o foco principal, pois apesar de ser frágil se mostrou conquistador
e ao mesmo tempo devastador ocupando, por ter consciência, o que prevalece no mundo
animal, [ CITATION MEL88 \l 1033 ].

[ CITATION TYL05 \l 1033 ] A cultura ou civilização, num sentido etnográfico alargado,


é aquele tudo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral a lei, os
costumes e qualquer outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem em quanto
que membro da sociedade. Tylor, foi o 1º a formular o conceito de cultura de ponto de
vista antropológico da forma como é utilizado actualmente.

Características da Noção Antropológica de Cultura


1. A Cultura é Aprendida;
2. A Cultura é Simbólica;
3. A Cultura Submete a Natureza;
4. A Cultura é Geral e Específica (Cultura – Culturas);
5. A Cultura Inclui Tudo;
6. A Cultura é Partilhada;
7. A Cultura está Pautada;
8. Agente Utiliza Criativamente a Cultura;
9. A Cultura está em Todas as Partes;

A Cultura é Aprendida.
A definição de Tylor incide nesta fundamental, a cultura não é adquirida através da
herança biológica, porém é adquirida pela aprendizagem numa sociedade concreta com
uma tradição cultural específica.

Tylor, enfatizou a ideia do aprendizado na sua definição de cultura, “o homem é um


ser predominantemente cultural”. Graças à cultura, ele superou suas limitações
orgânicas. O homem conseguiu sobreviver através dos tempos com um equipamento
biológico relativamente simples.

Tipos de Aprendizagem das Culturas (AC)


Para Margaret Mead (2001), os tipos de AC podem classificarem-se em:
 Culturas Pós-figurativas – os filhos aprendem com os pais e o futuro dos filhos
é o passado dos pais.
 Cultura Pré-figurativas – os adultos aprendem com os filhos e os mais novos.
 Culturas Co-figurativas – todos aprendem com todos.

Em relação com esta característica da noção de cultura, o antropólogo [ CITATION


GEE78 \l 1033 ], define a cultura como ideias baseadas na aprendizagem cultural de
símbolos. A cultura transmite-se através da observação, da imitação, da escuta, etc.,
nesse processo de aprendizagem fazemos consciência do que a nossa cultura define
como bom e mau (princípios morais).

Neste contexto, para Clifford a cultura é:


 Uma fonte ou programa extra-somático de informação;
 Um mecanismo de controlo extra-genético;
 Um sistema de significados;
 Um “ethos” (sistema de valores e normas morais, estilos e modos de vida
aprovados em grupo humano, os hábitos, as atitudes, tendências e preferências.
Carmelo, 1974:11);
 Um conjunto de símbolos que veiculam a cultura;
 Um conjunto de textos que dizem algo sobre algo (interpretações de
interpretações).

A Cultura é Simbólica
O pensamento simbólico é exclusivamente humano. O símbolo serve para veicular
uma ideia que tem um significado social (sentido atribuído e intencionado compartido
socialmente). Um símbolo é aquilo que representa uma coisa, está em lugar de algo, e
esta conexão pode ser simbolizado de maneira diferente segundo as culturas:
Português Francês Inglês Swahili Espanhol

Cão Chien Dog Mbwa Perro

A Cultura Submete a Natureza


A natureza está no homem e o homem está na natureza, porque o homem é produto da
história natural e a natureza é condição concreta, então, da existencialidade humana.

Para [ CITATION GON23 \l 1033 ], o conceito de natureza não é natural, haja vista ser
esta uma construção social, ou seja, foi criado pelo homem. Segundo ele toda sociedade,
toda cultura cria, institui uma determinada ideia de natureza. "A natureza se define, em
nossa sociedade, por aquilo que se opõe a cultura. A cultura é tomada como algo
superior e que conseguiu controlar e dominar a natureza.

Segundo (LÉVI-STRAUSS, 1982) a cultura entendida como sistema de signo, é


contraposta à natureza, ao biológico e ao inato. O ser humano é um ser biológico, mais
o que o faz completamente humano é a cultura, especificamente humana e constitutiva
do humano, dai que pode-se falar de autonomia e da independência da cultura:
Cultura Natureza

Andar de bicicleta;
Respiração;
Fazer somas, ler, cultivar tomates, fritar ovos;
Circulação de sangue;
Informação transmitida por aprendizagem
Informação transmitida
social.
geneticamente.

A Cultura é Geral e Especifica (Cultura – Culturas)


Num sentido geral todos humanos têm cultura (universal humana), mas num sentido
particular a cultura descreve um conjunto de diferença de um grupo humano específico
com outros.

A Cultura Inclui Tudo


Para os antropólogos ter cultura não é a mesma coisa que ter formação académica
(cultivo intelectual), refinamento, sofisticação e apreciação das belas artes. Todo o
mundo tem cultura no sentido antropológico do termo.

A Cultura é Partilhada
A cultura é partilhada pelas pessoas enquanto membros de grupos e, é aprendida
socialmente, une às pessoas, está expressada em normas e valores e também é
intermediária no sistema da personalidade pelos actores sociais. No interior de uma
cultura, a distribuição dos bens imateriais pode ser tão assimétrica e desigual como as
dos bens de material.

A Cultura está Pautada


A cultura é aprendida normativamente, quer dizer que está formada por umas regras
ou normas integradas. Dispõe de um conjunto de valores centrais, chaves ou básicos
organizados num sistema. A cultura é uma pauta ou um conjunto de padrões coerentes
de pensamentos e acção, uma organização coerente da conduta que inclui a totalidade de
uma sociedade. É hereditária e aprendida, não genética; tende a integração e a
coerência, constitui configurações articuladas, é plástica e realiza a função de atar e unir
aos seres humanos [ CITATION BEN71 \l 1033 ].
Agente Utiliza Criativamente a Cultura
As regras culturais afirmam que fazer e como, as pessoas interiorizam essas regras ou
normas, mas não sempre seguimos o seu ditado. As pessoas podem manipular e
interpretar a mesma regra de maneiras diferentes, utilizando criativamente a sua cultura,
em vez de segui-la cegamente (Ex: transgressão dos limites de velocidade).

Neste contexto, pode-se distinguir entre:


 O nível ideal de cultura (é o objectivo de cada pessoa, isto é, o conjunto de
comportamento que as pessoas dizem e acreditam que deveriam ter, ou seja, o
que agente deveria fazer e o que diz que faz).
 O nível real da cultura (é algo que a pessoa cria de forma concreta em sua vida
quotidiana e social, ou seja, o que faz realmente no seu comportamento
observável).

A Cultura está em Todas Partes


A globalização faz questão sobre a relação entre a cultura e território, criando uma
nova cartografia cultural. Hoje em dia o entre – cruzamento de culturas é uma realidade.

O conceito de cultura deve incluir heterogeneidade, mudança rápida, empréstimos


culturais e circulações inter-culturais. O conceito de cultura acaba por fazer referência
dois tipos de culturas:
 Ao conjunto de especificidade duma comunidade territorialmente delimitada;
 Aos processos de aprendizagem translocais.

Hoje, corre-se risco de que o conceito de cultura seja utilizado como uma forma de
racismo (BENN MICHAELS, 1998), já que substitui muitas vezes a biologia como
argumento base da distinção entre os grupos humano, mas não é menos essencialista por
isso pode-se afirmar o seguinte:
 “O indivíduo é um prisioneiro da sua cultura, mas não precisa de ser a sua
vítima” (FERGUSON, 1987:12).

Em síntese pode-se afirmar o seguinte da noção antropológica da cultura:


 O conceito antropológico da cultura afirma a dignidade equivalente de todas
culturas;
 O conceito antropológico de cultura tenta diminuir o etnocentrismo e o elitismo
do ocidentalismo;
 O respeito às diferenças culturais deve ser a base para uma sociedade justa1;
 O conceito antropológico de cultura defende o carácter local de conhecimento;
 Muda maneira de olhar a realidade (uma diversidade criativa);
 O significado antropológico de cultura é como o açúcar diluído em água.

Principais Acepções do Termo Cultura


A Cultura Material e Imaterial
 Cultura material: está relacionada com a finalidade ou sentido que os objectos
têm para um povo numa cultura, ou seja, a importância e influência que exercem
na definição da identidade cultural de uma sociedade. É a soma de artefatos
(bens manufacturado e inovações de toda sorte), isto é, a habilidade de
manipular e construir; contudo define-se que toda cultura pode ser vista como
um produto e um resultado.

 Cultura não-material: é a cultura transmitida pela intenção, onde as acções


humanas são providas de conteúdo e significados, mesmo antes de ser
construído ou manipulado; portanto, são demonstrados através de hábitos,
aptidões, ideias, crenças, conhecimentos e vários outros significados. Património
cultural de um povo não é composto apenas por elementos materiais, mas
também através de manifestações da cultura imaterial, ele é constituído de
práticas, representações, técnicas, objectos e lugares do mesmo.
Exemplos de bens imateriais são as manifestações culturais e populares que
estão em processo de serem registadas: mapiko, o teatro subuhana e
mukusaokame.

Cultura objectiva e Subjectiva


Cultura objectiva (manifesta): é a cultura que cria situações particulares como
hábitos, aptidões, ideias, comportamentos, artefactos, objectos de arte, ou seja, todo
conjunto da obra humana de um modo geral, de todos os tempos e de toda face da terra.
1
Cfr [ CITATION KUP14 \l 1033 ]
Cultura subjectiva (não-manifesta): refere-se a todo conjunto de valores,
conhecimentos, crenças, aptidões e qualidades, ou seja, experiências presentes em cada
indivíduo, ou então, a manifestação de ideias religiosas, políticas e científicas.

Os dois aspectos (materiais e não materiais) devem ser considerados como partes
integrantes da cultura, porque estão estreitamente ligados.
MAURICE GODELIER (1982) chegou a afirmar que todo o material da cultura se
simboliza e que todo o simbólico da cultura se pode materializar.

Os Universais da Cultura
Entre as diversidades de cultura é possível achar alguns traços comuns. Quando estes
traços culturais existem em todas ou em quase todas as sociedades, denominam-se
“Universais Culturais”, que são aqueles que distinguem os humanos das outras
espécies:
 A unidade psíquica dos humanos, no sentido de que todos os humanos têm a
mesma capacidade para a cultura;
 A linguagem;
 Viver em grupos sociais como a família e compartilhar alimentos;
 A exogamia e o tabu do incesto, regra que proíbe as relações sexuais e o
casamento entres parentes próximo;
 O matrimónio, entendido como relação social é duradouro entre pessoas;
 A divisão sexual do trabalho;
 A família, isto não implica que seja igual em todas partes;

O etnocentrismo cultural é uma tendência a aplicar os próprios valores culturais para


julgar o comportamento e as crenças de pessoas de outras culturas. As pessoas pensam
que as suas normas representam a forma natural de comporta-se e os outros são julgados
como negativos. É uma atitude que pode derivar numa ideologia com práticas racistas.

O etnocentrismo é uma visão das coisas de acordo com a qual o próprio grupo é o
centro de todos, e todos os outros se medem por referência a ele. Cada grupo alimenta o
seu próprio orgulho e a sua vaidade, proclama a sua superioridade, exalta as suas
próprias divindades e mira com desprezo aos outros. O oposto ao etnocentrismo é “o
relativismo cultural”, uma das ideias chaves da antropologia.

O relativismo cultural afirma que uma cultura deve ser estudada e compreendida em
termo dos seus próprios significados e valores, e que nenhuma crença ou prática cultural
pode ser entendida separada do seu sistema ou contexto cultural. O comportamento
numa cultura particular não deve ser julgado com os padrões de outra.

Pode-se entender o relativismo cultural de duas maneiras:


 “Uma como algo aberto” e que defende a equivalência entre culturas seguindo
uma tolerância pela pluralidade das sociedades humanas;
 “Outra como algo fechado” e que defende a singularidade intransponível das
culturas [ CITATION CUC13 \l 1033 ].

A Mudança Cultural
É aspecto dinâmico da cultura, do grego o “panta rei” (todo se move, todo muda). As
culturas podem intercambiar traços mediante o empréstimo ou a difusão.

A difusão é um mecanismo de câmbio cultural acontecido durante toda a história da


humanidade, porque as culturas nunca estiveram isoladas.

Tipos de Mudança Cultural


 Interna: resulta da dinâmica do próprio sistema cultural. Este tipo é lenta,
porém, o ritmo pode ser alterado por eventos históricos, como catástrofe ou uma
grande inovação tecnológica.
 Externa: é o resultado do contacto de um sistema cultural com outro. Este tipo é
mais rápido e brusca.

Motivos de Mudança Cultural


A aculturação
É outro mecanismo de mudança que consiste no contacto e intercambio entre duas ou
mais culturas, ou seja, é o nome dado ao processo de troca entre culturas diferentes a
partir de sua convivência, de forma que a cultura de um sofre ou exerce influência sobre
a construção cultural do outro.

Nesse processo, a cultura “original” de um grupo é gradualmente substituída e se


perde no decorrer do tempo. De fato, o processo de aculturação é visto por muitos como
responsável pela destruição ou o desgaste de culturas vistas como “originais”.

O conceito foi criado em 1880 pelo antropólogo norte-americano J.W.Powell (in


Cuche, 1999:22) para designar a transformação dos modos de viver e pensar imigrantes
dos EUA.

A aculturação pode se dar através de quatro formas (Panoff e Perrin, 1973):


Assimilação (da Cultura dominada pela dominante):
É um processo de desculturação ou perca através do qual um grupo culturalmente
dominado incorpora-se a uma cultura dominante. Costuma ser mais tranquilo e pacífico.
Culturas que vivem num território comum, mesmo que vindas de lugares diferentes,
realizam o que os antropólogos chamam de “solidariedade cultural”. Pela interacção
entre elas poderá haver até mesmo a fusão das culturas, resultando numa nova cultura.
Muitos grupos culturais podem ser suprimidos através desse processo.

Dominação
A cultura mais forte impõe o seu estilo e obriga as demais a abandonar seus usos,
costumes e tradições e chega mesmo a eliminar por completo as culturas diferentes. A
dominação pode acontecer de forma violenta, sangrenta e através da propaganda
ideológica, levando as pessoas, mesmo que de forma inconsciente, a abandonar os seus
hábitos culturais e a adoptar outros costumes. Este tipo de dominação cultural está
muito presente na actualidade, induzindo as pessoas a considerarem a própria cultura
como inferior e forçando-as a assimilarem formas de viver completamente estranhas à
sua.

Integração ou Combinação de Culturas (Transculturação)


Tendo como resultado novas culturas num certo plano de equidade. O que acontece
neste processo é a troca de elementos culturais entre sociedades completamente
diferentes e até mesmo distantes.
Subculturas ou Sincretismo (coexistência de culturas dominantes com dominadas)
As culturas realizam a fusão de elementos religiosos, realçando numa cultura
específica, aspectos de outras. Muitas vezes o sincretismo é forçado pela imposição da
cultura religiosa mais forte que proíbe a manifestação religiosa das demais culturas.

A Inculturação
É um método de introduzir a cultura dominante, aspectos culturais de um determinado
povo dominado à sua cultura, ou então, é um processo de interiorização dos costumes
do grupo, até o ponto de fazer estes como próprios.
Exemplo: Uma pessoa chega em um lugar diferente em que as pessoas têm seus
costumes, e essa pessoa acaba adquirindo aspectos culturais do povo dominado que não
tinha em sua cultura dominante.

O processo de inculturação produz-se fisicamente (gestos, formas de estar, de comer,


etc.), afectiva e sentimental (por causa da acção de reforço) e intelectualmente
(esquemas mentais de percepção do mundo).

Os agentes de inculturação são a família, as amizades, a escola, os média, os grupos


de associação, etc., eles têm como missão introduzir o indivíduo na sua sociedade
através da aprendizagem da cultura.

Desculturação
É o processo de perca ou destruição do património cultural, o que pode incluir apenas
alguns elementos culturais ou toda a cultura. Este processo pode acontecer de um modo
imperceptível, como acontece com a constante evolução e renovação da língua; ou pode
acontecer de modo traumático, como em situações de extermínio e genocídio, que visam
acabar com todo um povo e sua cultura, ou "moldá-los" para escravatura.

A Globalização
É outro motivo de mudança cultural, pois vincula a pessoas de todas as partes do
mundo através dos meios de comunicação.
Para entender melhor estes processos de contacto e mudança cultural é preciso ter em
conta vários níveis de cultura:
 Cultura internacional: as tradições culturais estendem-se mais além dos limites
nacionais.
 Culturas nacionais: os seus traços são partilhados pelos nacionais.
 Subculturas: os padrões culturais estão associados a subgrupos específicos
dentro de uma sociedade.

A Mudança Social
Mudança sociocultural acentua-se nas ciências sociais a partir do século XIX, depois
de ter vivido uma época de revoluções, os cientistas tentaram explicar as mudanças e as
suas leis racionais dentro da nova organização de sociedade.

Uma parte dos teóricos sublinharam os aspectos estáticos e outros os seus aspectos
dinâmicos, os conflitos e as transformações.

Para Weber, a mudança social é o resultado de duas coisas:


 O progressivo desenvolvimento de uma nova estrutura social, a partir do
esgotamento das formas de dominação e da sua legitimidade carismática,
procedendo a substituição por umas novas formas de dominação e legitimidade;
 O crescente processo de racionalização de sistema de crença da cultura ocidental
(a passagem da magia para a ciência).

A mudança social também está interligada com a permanência e a sua importância


para a sobrevivência e adaptação humana. Na sua relação com a permanência, a
mudança pode ser de três tipos (Gondar, 1981):
 Substituições: quando os objectivos que se tratam de satisfazer e a forma
permanecem inalterados. Ex: substituir o carro usado.
 Crescimento: a situação não é especialmente desequilibradora, pois o
crescimento é quantitativo e amplia as estratégias a utilizar;
 Ruptura com a anterior: se nos tipos anteriores as pessoas podem
perfeitamente valer-se em tais situações e neste ultimo caso o comportamento é
totalmente diferente: incompreensão, desconcerto, agressividade, etc., estas
mudanças costumam ser problemáticas.
Exemplo: o emigrante que migra ao outro país muito diferente do seu (novo
sistema normativo, simbólico e de comportamento).

Conceito Antropológico de cultura (Pluralidade e Diversidade de definições e


Abordagens)

Conceito Antropológico

A origem etimológica - A palavra “antropologia” deriva das palavras gregas “logos”


(estudo) e “anthropos” (humanidade) e significa, literalmente, “estudo da humanidade”.
Todavia, a antropologia, na época antiga, não era exactamente o que é actualmente. Para
os gregos e romanos, a “antropologia” era uma “ciência dedutiva”, ou seja, uma
discussão baseada em deduções abstractas sobre a natureza dos seres humanos e o
significado da existência humana.

Actualmente a Antropologia é considerada como sendo: O estudo dos seres humanos


enquanto seres biológicos, sociais e culturais, ou é Uma forma de olhar a diversidade,
uma atitude de sensibilidade e empatia face os outros.

A antropologia é comummente definida como o estudo do homem


e de seus trabalhos. Assim definida, deverá incluir algumas das
ciências naturais e todas as ciências sociais; mas, por uma
espécie de acordo tácito, os antropólogos tornaram como campos
principais o estudo das origens do homem, a classificação de
suas variedades e a investigação da vida dos chamados povos
primitivos (LINTON apud MELLO, 1986 p. 18.).

1. A antropologia é uma ciência indutiva que formula conclusões e abstracções


sobre a natureza humana, tendo como base um conhecimento derivado da
observação sistemática da diversidade cultural humana. Este conhecimento
serve, assim, para a construção de teorias que interpretam os fenómenos
socioculturais. Estes conhecimentos, tal como os métodos e as teorias da
antropologia, servem para ser aplicados na melhoria das condições de vida das
populações estudadas.

2. A antropologia actual é uma forma de olhar/perspectivar o “outro” e respeitar a


diversidade sociocultural. Essa forma de olhar/perspectivar implica pensar a
convivência intercultural sem qualquer tipo de exclusão ou discriminação social.
A antropologia desmascara e desconstrói a realidade para olhar desde o outro
lado do espelho.

Cultura na pluralidade
Cultura - Significa cultivar, e vem do latim ‘’colere’’. Genericamente a cultura é todo
aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os
costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em família,
como também por fazer parte de uma sociedade como membro da mesma.

LARAIA (2003, P.58). Considera que o homem não é somente produtor de cultura, mas
também produto da cultura que "desenvolveu-se simultaneamente com o próprio
equipamento biológico e é, por isso mesmo, compreendida como uma das
características da espécie, ao lado do bipedismo e de um adequado volume cerebral.

Portanto, a cultura é o conjunto de formas e expressões que caracterizam no tempo um


sociedade determinada. Pelo conjunto de formas e expressões, entende-se e inclui os
costumes, crenças, práticas, comuns, regras, normas, códigos, vestimento, religião,
rituais e maneiras de ser que predominam na maioria das pessoas que a integram.

Diversidade de definições e Abordagens.


Cultura

E.B. TYLOR (1975, or. 1871)

“A cultura ou civilização, num sentido etnográfico alargado, é aquele tudo complexo


que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e qualquer
outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem em quanto que membro da
sociedade” (Tylor, 1975: 29).

ALFREDO BOSI, (2006, p. 22).


Cultura é o conjunto de práticas, de técnicas, de símbolos e de valores que devem ser
transmitidos às novas gerações para garantir a convivência social. Mas para haver
cultura é preciso antes que exista também uma consciência colectiva que, a partir da
vida quotidiana, elabore os planos para o futuro da comunidade. (Alfredo bosi, São
Paulo; 2006, p. 22).
CLIFFORD GEERTZ, antropólogo norte-americano, considera cultura um sistema
simbólico, isto é, um conjunto integral dos instrumentos e bens de consumo, nos
códigos constitucionais dos vários grupos da sociedade, nas ideias e artes, nas crenças e
costumes humanos.

F. BOAS  (1930)

"A cultura inclui todas as manifestações de hábitos sociais de uma comunidade, as


reacções do indivíduo, na medida em que eles são afectados pelos caminhos do grupo
em que vive, e os produtos das actividades humanas na medida em que eles estão certos
por esses costumes” (Boas, 1930:74; citada por Kahn, 1975:14).

W.H. GOODENOUGH (1957)

“A cultura de uma sociedade é tudo o que você sabe ou acredita, a fim de operar de
forma aceitável para seus membros. A cultura não é um fenómeno material não é sobre
coisas, pessoas, comportamento ou emoções. É, em vez disso uma organização. É a
maneira de coisas que as pessoas têm em sua mente, seus modelos para perceber,
relacionar ou interpretar” (Goodenough, 1957:167; citada por Keesing, 1995:56).

C. GEERTZ (1966)

"A cultura é melhor entendida não como complexos de padrões de comportamento das
alfândegas, usos, tradições, hábitos conjuntos concretos, como tem acontecido em geral
até agora, mas como uma série de mecanismos de planos de monitorização, receitas,
fórmulas, regras, instruções (o que os engenheiros chamam de "programas de
computador") - que regem a conduta" (Geertz, 1987:51).

L.R. BINFORD, L.R. (1968)

“Cultura é todo modelo, com formas que não estão sob o controlo genético directo... que
serve para ajustar aos indivíduos e os grupos nas suas comunidades ecológicas”,
(Binford, 1968:323; citada por Keesing, 1995:54).
R. CRESSWELL, R. (1975)

"A cultura é a configuração particular que adopta cada sociedade humana não só para
regular as relações entre os factos tecno – económicos, a organização social e as
ideologias, porém também para transmitir os seus conhecimentos de geração em
geração (Cresswell, 1975:32).

D. PERROT, D.; R. PREISWERK, R. (1979)

"Definimos cultura como o conjunto de valores, comportamentos e instituições de um


grupo humano que é aprendido, compartilhados e transmitidos socialmente. Abrange
todas as criações do homem: cosmologias [visão de mundo] modos de pensamento, a
imagem do homem, sistemas de valores, religião, costumem, símbolos, mitos; mas suas
obras-primas: tecnologia, modos de produção, o sistema monetário; instituições Além
disso, sociais e regras legais e morais" (Perrot e Preiswerk, 1979:39).

HARRIS, M. (1981)

"A cultura refere-se ao corpo de tradições socialmente adquiridos que aparece em forma
rudimentar em mamíferos, especialmente primatas. Quando antropólogos falam da
cultura humana geralmente se referem ao estilo de vida totais, adquiridas socialmente
um grupo de pessoas, incluindo as formas padronizadas e recorrentes de pensar, sentir e
agir "(Harris, 1982: 123).

A. GIDDENS (1989)

"Cultura refere-se aos valores compartilhados por membros de um dado, eles


concordam com as regras e grupo produtoras de bens materiais. Os valores são ideais
abstractos, enquanto os padrões são princípios ou regras que as pessoas devem cumprir
definido " (Giddens, 1991:65).

O grupo, espelhando-se na diversificação das citações a cima, percebeu que a maioria


dos autores têm pontos comum ou vala, não se distanciam de algumas referências
(pontos) porem, o grupo chega a seguinte conclusão: A cultura é o conjunto de
comportamentos, hábitos e costumes, morais adquirida numa sociedade, portanto cada
sociedade tem sua cultura, onde transmite os seus membros familiares.

Abordagem Antropológica da Cultura


O primeiro conceito formalizado de cultura, do ponto de vista antropológico, foi
elaborado pelo antropólogo inglês EDWARD TYLOR. Este estudioso reuniu no
vocábulo inglês Culture dois termos: o alemão Kultur utilizado para simbolizar os
aspectos imateriais de um povo, e o termo francês Civilization usado para quando da
menção aos aspectos materiais.

A existência humana é marcada pela cultura e é ela a própria fundamentação da


humanidade. Cultura é criação/ aprendizagem/ criação. É modificada, enriquecida, num
processo constante, consciente e inconsciente, por acaso e por necessidade. Por isso a
cultura marca, registar e pauta as condutas humanas.

Origem e Desenvolvimento da Cultura

Origem da Cultura

A origem da cultura é uma das primeiras preocupações dos estudiosos afins, que
buscam entender como se deu este processo, ou seja, como surgiu.

Segundo BANKS, A Cultura existe paralelamente à sociedade humana da Terra, não


sendo uma representação do futuro da raça humana. A Cultura cobre o período de 1300
a.C. até 2100 d.C., com a Terra sendo contactada no final desse período.

CLAUDE LÉVI-STRAUSS “identifica o surgimento da cultura com o aparecimento da


primeira regra, que seria a proibição do incesto, comportamento comum a todas as
sociedades humanas’’.

Também o antropólogo é LESLEI WHITE, ‘’ele por sua vez, considera que a origem
da cultura ocorreu quando o homem foi capaz de gerar e compreender os símbolos’’.

Espelhando se nas informações acima dos antropólogos em relação a origem da cultura


o grupo chega a concluir que a cultura surgiu logo que apareceu o homem na terra,
gerado por normas ou seja, o homem produziu cultura a partir do momento em que o
cérebro foi capaz de assim proceder, ou ainda a cultura existe desde que o homem
passou a existir.

Desenvolvimento da Cultura

É bastante evidente que a cultura humana se modifica com o decorrer dos séculos. No
entanto alguns cientistas acreditam que algumas dessas mudanças se deram por um
processo semelhante à selecção natural, ou seja, traços culturais que de alguma maneira
beneficiam determinada população sobrevivem e são passadas para a próxima geração.
RICHARD DAWKINS é um dos que defendem essa visão.

Para JAY GOULD, ‘’os traços culturais sofrem influências do meio, sofrendo
mudanças que depois são passadas para a próxima geração’’.

Portanto, a cultura desenvolve-se de maneira uniforme, quando há aderência de outros


grupos sociais, isto é, a expansão de uma cultura para outras camadas sociais faz com
que a cultura seja desenvolvida por novos aderentes. Não deixando por trás as
tecnologias é que levam a cultura para fazer chegar nos outros países , pontos de
mundo.

Factores da Cultura
‘’As interpretações e relações que derivam desse confronto Guam o comportamento do
homem e formam a cultura’’. (BERNARDO BERNARDI (2007; P. 53). Segundo este
autor, existem quatro (4) factores essenciais da cultura:

1. O ANTHROPOS - Ou seja, o homem na sua realidade individual e pessoal;


2. O ETHOS - Comunidade ou povo, entendida como associação estruturada de
indivíduos;
3. O OIKOS - O ambiente natural e cósmico dentro do qual o homem se encontra
a actuar;
4. O CHRONOS - Tempo, condição logo do qual, em continuidade de sucessão,
se desenvolve a actividade humana.

Nenhum deste factor produz, só por si, a cultura, mas nenhum pode ser considerado
estranho ao seu processo dinâmico.
A sua acção é constante e, através de uma analise profunda, encontram se em todas as
manifestações culturais com evidencia mais ao menos patente.

1. O ANTHROPOS - A sociedade envolve uma serie de indivíduos, com


pensamentos próprios, sentimentos próprios e modos de actuar próprios. O
indivíduo adquire uma posição de primeiríssima ordem e uma função
insubstituível para que a cultura seja como é, se mantenha viva e se transmita de
geração em geração.

2. O ETHOS - cada interpretação, cada acção do simples indivíduos, embora nova


origem, ou importante, estaria destinada a perder-se ou pagar-se se não fosse,
qualquer modo, apropriada pela colectividade, artilhada num conjunto orgânico
‘’Sistema Social’’ e transmitida como parte do património comum.

‘’A associação dos homens acontece com base em princípios


diversos, através dos quais, em todo o caso, se efectua a
interacção dos indivíduos. O processo dessa interacção tende a
consolidar-se e a transformar-se em sistema. Neste ponto a
associação dos indivíduos singular adquiro uma realidade
própria autónoma, tornou-se de certa forma ‘’Sistema Social’’ ou
seja, um tipo orgânico e integrado de associação, quer se trate de
parentesco, comunidade, igreja, estudo, e permanece ainda
quando se consideram os seus membros singulares’’
(BERNARDO BERNARDI (2007; P. 66).
3. O OIKOS - é ma palavra grega que literalmente significa ‘’Casa’’ dele deriva o
termo ‘’Ecologia’’, que nas ciências naturais indica o estudo do ambiente e mais
especificamente as relação entre o ambiente e os organismos biológicos que, em
conjunto, determinam o equilíbrio necessário a vida.

O ambiente inclui toda natureza externa, a configuração topográfica dos lugares (das
montanhas às estepes, os rios aos mares). O homem não se encontra sozinho sobre a
terra. No desenvolvimento da sua vida, ele está inserido numa amplíssima gama de
relações, entre as quais predomina, de maneira determinante, a tecnologia.

4. O CHRONOS - O factor tempo na formação da cultura está assim intimamente


ligada ao processo estruturador da cultura, até quase se identificar com ele. A
cultura desenvolve-se e vive no tempo. Se a intuição dos indivíduos deve ser
assimilado pela comunidade na medida em que se articula na cultura, é óbvio
que tal articulação acontecerá na sucessão do tempo.
‘’A noção de um sistema social ou de uma estrutura social
implica necessariamente uma extensão através de um período de
tempo. Um sistema social, por deificação, tem uma sertã vida. E
um sistema social, determinado sistema social, somente em
quando os seus elementos componentes se mantêm ou referido ou
são adequadamente substituído; o processo de substituição é o
ponto crucial, porque o organismo humano tem uma amplitude
de tempo limitado. A manutenção e a substituição são fenómenos
temporais. Os processos pelos quais actuam constituem um
objecto de interesse quando estudamos o factor tempo na
estrutura social’’. (Factores, 1945:IX)

Conteúdo do conceito Antropológico de cultura (crenças e ideias, valores, normas e


símbolos).

Crenças

Define-se por crença a firme convicção e a conformidade com algo. A crença é a ideia
que se considera verdadeira e à qual se dá todo o crédito, ou seja, As crenças não podem
ser submetidas á proba de verificação com os factos, pois é uma verdade indiscutível e
sem dúvidas para quem a defende. No momento em que uma crença se considera
susceptível de confrontar com os factos passa a converter-se em uma ideia.

Ideias

As ideias são formas de sabedoria susceptíveis de contrastar-se empiricamente com os


factos observáveis, podemos comprovar a sua verdade ou falsidade.

Portanto, nos processos de mudança há ideias e crenças que perdem terreno em


benefício de outras. As ideias podem converter-se em crenças por repetição ou por
convencimento da ideia, cristalizando e internando-se na mente das pessoas. (Agostinho
Fernando. 2008: p. 89).)

Valores

Os valores são juízos de desejabilidade e aceitabilidade, isto é, aquilo que as pessoas


estimam como mais importante, Isto é, São princípios ou critérios que definem o que é
bom e mau. A partir de estes princípios básicos ou valores geram-se um conjunto ideias
activo e normativo pelo qual se guia a conduta dos indivíduos. (Agostinho Fernando.
2008: p. 90).

Normas

Segundo o texto de apoio sobre antropologia cultural, (2008: p. 90). As normas são
regras para comportar-se de um modo determinado, e indicam o que especificamente
devem ou não devem fazer as pessoas em situações sociais. Estas normas sociais são
diferentes das leis jurídicas, ainda que as leis são parte também destas normas sociais.
As normas sociais estão inspiradas em valores. Não estão formalizadas juridicamente
mas ainda assim mantêm um poder coercitivo. Na sua base estão um conjunto de
valores articulados socialmente.

Símbolos

É a mais antiga forma de expressar a cultura de um povo. A simbolização permite ao


homem transmitir os seus conhecimentos adquiridos e acumulados no decorrer do
tempo. Os símbolos conservam os valores básicos para que a cultura de uma sociedade
seja contínuo.

Um símbolo requer de 3 coisas:

1. Um significante: (um objecto que simboliza uma ideia);


2. Um significado: (que tem o sentido);
3. A significação: (Relação entre o significante e o significado. Esta relação é
definida por um código, que deve ser conhecido e aprendido pelos sujeitos).

Também é preciso 3 elementos a saber:

EMISSOR (Com um código de emissão baseado em símbolos);

MENSAGEM (Com um código de descodificação)

DESTINATÁRIO (Ser humano).


Símbolo Makonde Cabo-Delgado Símbolo Nahara-Nampula

Símbolo Yhau Niassa Símbolo da Cultura de Maputo


As correntes teóricas da antropologia
Evolucionismo

Na antiguidade clássica, os pensadores preocuparam-se com o prolema da origem do


homem e do universo, do movimento, e desde então já apareciam as ideias da evolução
como as da involução. Entre os iniciadores desta corrente de pensamento se encontram
Jean Baptista Pierre de Monet Lamark 1744-1829 que é tido como fundador da teoria da
evolução.

O representante máximo do evolucionismo é Charles Darwin (1809-1882) que formulou


a teoria da evolução das espécies, e fundamentou as bases da teoria no conceito do
desenvolvimento das formas de vida atraves do processo da selecção natural.

Caracteristicas principais

Evolucionismo cultural, tinha como objecto de estudo o fenómeno da cultura no geral,


ou seja, visava explicar os aspectos comuns a todos os povos e mostrar as regularidades
existentes no processo cultural. Os estudiosos desta teoria aceitavam que a cultura
obedecia a uma dinâmica natural, derivada da própria constituição humana. As
mudanças culturais não dependeriam nem do ambiente e nem da história.

A principal preucupação central, era demostrar como a cultura obedece como a uma
evolução universal e unilinear. A justificação desta preferencia está na própria teroria
evolucionista da unilinearidade do fenómeno cultural.

Num clima posetivista, o evolucionismo brotou e criou raizes no estudo dos fenómenos
culturais.Na segunda metáde do séc. XIX, a antropologia nasce como um campo
profissional. Predominava nesta época um clima intelectual evocionista e uma
influência das ciencias naturais sobre as ciencias sociais.

Uma das teorias foi o evolucionismo uni-linhar que defendia uma evoluçao paralela, ou
seja, as culturas foram criadas, independemente, seguindo um percurso por estadios
fixos nomeadamente; Barbárie, Primitivismo, Selvagismo e Sivilizaçao.

Para o evolucionismo, as culturas encontravam-se em movimento, atraves de diferentes


etapas de desenvolvimento até alcançarem a etapa do desenvolvimento da cultura
ocidental. Portanto, todas as culturas evoluiriam da mesma maneira e passariam pelos
mesmos estadios.
Para Darwin (A origem das espécies, 1859) a evoluçao das culturas era resultados da
evolucão biologica, que tinha como fundamento o principio da sobrevivencia dos mais
aptos.

Pricipais representantes da teoria evolucionista

James J. Frazer (1854-1941), na sua obra “o ramo dourado” mostra interesse pela
religião e elabora a eteoria da “magia simpática” (o simbolismo atraves do qual os ritos
mágicos imitam o efeito que tentam produzir e da magia por contacto (por relação de
contacto).

No livro da Golden Bough 1890, elabora uma teoria evolucionista segundo a qual os
humanos percorem as seguintes etapas: Magia→religião→ciência.

Lewis Henry Morgan (1818-1881), influenciado pelo evolucionismo biologico de


Darwin, defende que no desenvolvimento historico das culturas, acontecem as seguintes
mudanças:

Selvagismo (caça e recolecção),→Barbárie (cerâmica, agricultura)→Civilização


(escrita).

Elaborou também uma teoria dicotómica sobre a “societas” e a “civitas” na primeira, o


principio de parentesco fundamenta todas as relações estratégicas ou a maioria delas. Na
segunda, as relações ideológicas e económico-políticas orientam e limitam as funções
de parentescos. Neste caso, o estado é baseado num teritório e nas realações de
propriedade e a cidade representaria a sua unidade.

Edward Burnett Tylor (1832-1937), criador da antropologia social Britânica.


Contrariamente de Morgan, não se preucupa com os mecanismos de mudança, mais sim
com a sobrevivência de costumes e ritos antigos, defendendo assim uma reforma moral.

Interessou-se, particularmente pela religião e pelo animismo. A evolução da religião


seguiria a seguinte linha: Animismo →Feiticismo →Idolatria →Politeismo →
Monoteismo.
Difusionismo

O difusionismo, também conhecido por histocismo, pode ser visto como um movimento
de reacção à orientação evolucionista dominante na antropologia desde o seu
nascimento. Ele busca uma explicação histórica para as semelhanças existentes entre as
culturas particulares.

O difusionismo emgloba várias tendencias da antropologia cultural:

a) Difusionismo Inglês

Surgiu na segunda década do séc. XX, e defendeu a difusão como o principal motor da
dinâmica cultural, por verificar como dificil é a inovação ou a criação de novos valotres
culturais. Para esta escola, a cultura de todo o mundo moderno, era basicamente a
mesma por conta da difusão.

b) Difusionismo alemão

Realçou as importancias dos empréstimos culturais no desenvolvimento e mudanças


culturais. O difusionismo alemão distingue-se do difusionismo inglês pela utilização
metodológica de informações seguras. Na análise dos traços culturais semelhantes dá-se
maior importância as formas menos importantes.

c) O difusionismonorte – americano

No método histórico, O objecto do estudo é a cultura da sua singularidade. Criticou as


teorias aprioristicas do evolucionismo e do difusionismo sublinhando que toda
hipoótrese deve se verificar com dados etnográficos certos.

Foi uma reação contra o evolucionismo, mas consistiu com ele. Estudou a natureza da
cultura, em termos de origem e da sua extenção de uma sociedade para a outra.
Defendia que a diversidade cultural, é resultado das relações de emprestimo (tendência
humana para imitar e absorver traços culturais e não pela invenção independente).

Os difusionistas, afirmaram que todos os objectos básicos e elementos culturais, tasi


como o parentesco, o culto solar, a agricultura, a construçao de pirâmides, etc., foram
criados no egipto.
Os antropologos alemães postularam a formação de diversas culturas, a partir de poucos
“circulos culturais”. Estas culturas estender-se-iam a outras culturas sob formas de
traços através da migração de populações e da melhoria dos meios de transporte.

Estruturalismo

O estruturalismo é uma modalidade de pensar, um método de análise de maneira sempre


sincrônica. O estruturalismo começa a preocupar-se com os principios longiquos das
estruturas do sentido procurando explicar a mudança e o individualismo.

A estrutura foi entendida como o conjunto de principios lógicos sobconscientes


organizados em oposições binárias: puro/impuro, limpo/sujo, etc. A mente humana tem
de a criar dicotomías e estabelecer opostos binários. Estas decotomías explicariam as
semilhitudes e as diferenças entre as culturas.

Para o estruturalismo, as culturas são sistemas de signos partilhados e estruturados


segundo principios que governam o funcionamento do intelecto humano que os géra. O
seu representante máximo foi o francês Claudio Lévi-Strauss que defendeu que as
uniformidades culturais nasciam na cabeça humana e num processo de pensamento
inconsciente. Clarificou o conteúdo de Mauss e deu uma interpertração mais
convincente: as três obrifações (dar, receber, retribuir) nso podem ser explicadas,
adjudicando aos objectos trocados uma força intrinseca própria.

Através das trocas contínuas, criam-se, entre os individuos e os grupos laços sociais que
estabelecem e organizam um sistema de relações complementares. A reciprocidade é a
regra máxima dos intercâmbios.

Culturalismo

No periodo entre as duas guerras mundiais, desenvolveu-se fundamentalmente nos


Estados Unidos, uma corrente culturalista em antropologia, cuja premissa básica era a
de que uma dada cultura impõe um determinado modo de pensamento aos homens nela
inseridos. A cultura condiciona o comportamento psicologico do individuo, sua maneira
de pensar, a forma como percebe seu entorno e como extrai, acumula e organiza a
informação dai proveniete.

Franz Boas (1858-1942), criticou com veemência(verdadeiramente) os determinismos


biológicos e geográficos, além da criança no evolucionismo cultural. Boas, apontava
que cada cultura é unidade integrada, fruto de um desenvolvimento histórico
peculiar.Enfatizou a independêcia dos fenómenos culturais com relação às condições
geográficas e aos determinantes biológicos, afirmando que a dinâmica da cultura está na
interação entre os individuos e sociedade.

Uma das influências de Boas para a sociedade que hoje vivemos é a a influência dos
estudos antropológicos. A Concepção de cultura para Franz Boas é uma rejeição ao
evolucionimo unilateral (já estudada) e difusionista, ou seja, pensamento que a cultura é
um mosaico de traços advindos de outras culturas precursoras com várias origens e
histórias.

Em sua vez, não dotava explicaçoes de estágios ou fases culturais (evolucionista), assim
como o conceito de raça. Ele procurava explicações através de leis de evolução das
culturas e leis de funcionamento das sociedades através de método indutivo (ver, ouvir,
falar e escrever) que nos nossos dias nomeamos como sendo trabalho de campo.

Boas acreditava na autonomia das culturas (relativismo cultural) e que cada cultura
possui algo único culturalmente. Segundo ele, a cultura se manifesta pelos costúmes.
Depois de ter participado uma expedição como geógrafo, na Baia de Baffin em Canadá,
percebeu que a organização social era determinada mais pela cultura do que pelo meio
ambiente, tomando assim como seu objecto de estudo a “particularidade de cada
cultura”.

Sendo ele o percursor da antropologia cultural norte americana, apresentava-se como a


contraposição ao evolucionismo do séc. XX. Mas também foi o fundador do método
monográfico em antropologia.

Paradigmas emergentes na antropologia


Pós-modernismo

No final dos anos 70, os principios fundadores da antropologia, da sociologia e da


história foram sistematicamente postos em causa por uma corrente informal que se
chamou, por comudidade pós modernismo.

Esta corrente corresponde a uma fase crítica radical, que muitos pensavam que se
tratava de uma moda passageira, como muitas vezes aconteceu na história das ideias.
Actualmente convém ser levada a sério, porque essas novas perguntas perduram ou
persistem e cobrem para o melhor e em algum momento o pior, em boa parte da
litetratura universitária.

A genealogia do pós – modernismo poder ser descrita de maneiras diferentes, mas a


versão plausível vem do filósofo François Lyotard e estende-se a autores como: J.
Clifford, G. Marcos, M. Fisher, passando por C. Geertz, S. Barth e G. Stocking.

Caracteristica do pós-modernismo

Segundo Lyotard, a modernidade caracteriza-se pela ruína dos mitos fundadores


particularistas e pela emergência do racionalismo universalista apartir dos séculos das
luzes (o iluminismo).

Este racionalismo construiu grandes narrativas explicativas, tendo como pano de fundo
a promessa da emancipação graças ao homem. O momento pós-moderno é aquele em
que essas grandes narrativas, cuja mais recente talves seja o marxismo, acabam por
perder a legetimidade. Mas esta genealogia é obscurecida pela modernismo na medida
em que se confunde com a arte moderna, e que tambem não deixa de ter insidencia
sobre a historia da antropologia.

Neste sentido, o pós-modernismo de hoje pode também definir-se literalmente como


movimento posterior ao moderrnismo. Clifford Geertz, Frederick Barth e George
Stoncking, embora estes não serem propriamente autores do pós-modernismo,
desempenharam certamente, sem concertação prévia, um papel precursor no movimento
que abalou o pensamento antropologico contemporâneo.

Paul Ricoeus, foi o primeiro que se apoiou na semeotica e na tradição hermeneutica de


Dilthey revista pelo filósofo francês afirma que para se descrever os factos culturais é
necessário intreperta-los como se fossem mensagens (textos).

Para Geertz a cultuar é um conjunto de textos (Geertz, 1973), a etinografia resulta de


um dialogo entre o envestigador e os seus informadores,que revela as diferenças
culturais como são conjuntamente constituidas,não há nenhum dado previstoe os
escritos do antropologos são apenas interpretações de intreprojecções.

Frederick Barth (1978, 1981), ao defender uma antropologia exeperimental, ataca ao


seu turno as perdições de principio de inspiração funcionalista, que sustentam as
diferentes formas de determinismo sociologico. Estes dois autores criticam
energeticamente a retificação da categorias e dos conceitos, exprimem a sua
desconfiança a respeito das abordagens globais e sensuram noções como as de
“sociedade global e cultura homogenea” .

Por vezes, os intelectuais do terceiro mundo contestam vigorosamente o retracto que os


investigadores ocidentais fazem das suas culturas, recusam cada vez mais ser os sujeitos
de estudo de ciências feitas por outros e para outros. É interessante observar que aquilo
que mais os irrita é o primitivismo das obras de etnólogos que precisamente pensavam
defender “a sua” sociedade de adoção contra a arrogância ocidental (T. Asad, 1973).

O interpretativismo

Clifford Geertz, (1926-2006) seu trabalho no “Institute for adianced” de Princeton se


destacou pela análise da prática simbólica no facto antropológico. Foi considerado,
por três décadas, o antropólogo mais influente nos Estados Unidos.

Antropologia Hermenêutica ou Simbólica ou Interpretativa.

Uma das metáforas preferidas, para Geertz, para definir o que faz a Antropologia,
Geertz parte do pressuposto que as culturas devem ser observadas como “textos”, afinal,
Geertz foi deveras influenciado pela semiótica.

A Cultura como texto

A interpretação se dá em todos os momentos do estudo, da leitura do "texto" cheio de


significados que é a sociedade à escritura do texto/ensaio do antropólogo, interpretado,
por sua vez, por aqueles que não passaram pelas experiências do autor do texto escrito.
Todos os elementos da cultura analisada devem ser entendidos, portanto, à luz desta
textualidade imanente à realidade cultural.

A Antropologia Interpretativa analisa a cultura como hierarquia de significados,


pretendendo que a etnografia seja uma "descrição densa", de interpretação escrita e cuja
análise é possível por meio de uma inspiração hermenêutica. É crucial a leitura da
leitura que os "nativos" fazem de sua própria cultura.

Teias de significados

A Cultura é formada por teias de significados tecidas pelo homem. Significados estes
que os homens dão às suas ações e a si mesmos.
Assim a etnografia, para conhecer a cultura, mais que registrar os fatos, deve analisar,
interpretar e buscar os significados contidos nos actos, ritos, performances humanas e
não apenas descrevê-los.

O conceito de cultura que eu defendo (...) é essencialmente semiótico. Acreditando,


como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teia de significados que ele
mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto,
nãocomo uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência
interpretativa à procura do significado (Geertz, 1978: 15).

O registo antropológico não deve tratar de buscar leis intrínsecas que transpassam a
cultura. Tão pouco se trata do analista se tornar um "nativo" para o entendimento do
objecto em foco, pois ele nunca o conseguirá. Identificar certas dinâmicas sociais e seus
significados não é o suficiente para que se possa compreender uma comunidade, pois
estas dinâmicas sociais e seus significados estão dentro de um determinado "universo
imaginativo" simbólico. Essas acções são determinadas e fazem sentido para os que dela
participam, mas no qual não estamos inseridos, cabe assim ao analista interpretar.

Outras Correntes

Corrente sociológica francesa

Teve inicio no séc. XIX, e definiu como objectos de investigação socio-antropologicaos


fenómenos sociais e definiu também as regras do método sociológico.

Facto sociológico é todo feito que envolve o convívio humano, como nascimento, a
morte, o casamento, a separação etc.

A escola sociológica francesa lega a antropologia uma ferramenta de trabalho


importante para o acesso às representações sociais que são os pressupostos teóricos e
metodológicos para a análise das categorias do entendimento.

Durkheim, foi considerado na época como a principal referência científica do


solidarismo. Acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo processo educativo
(socialização da jovem geração pela geração adulta). O conceito Durkhiniano,
revolucionou e produziu um novo universi intelectual, onde não mais imperaria a
biologia e a psicologia. Afirmava que também são factos sociais a lingua, a religião, o
sistema monetário e uma infinidade de outros fenómenos do mesmo tipo.
Temas e conceitos

Representaçoes colectivas; solidariedade orgânica e mecânica; busca pelo facto social


total (biológico + psicológico + sociológico); a troca e a reciprocidade como
fundamento da vida social (dar, receber, retribuir).

Corrente Marxista

A escoal estruturalista Marxista não entende a estrutura social a penas como princípio
basilar da existência de uma sociedade, mas como relações reais e concretas de
produção e apartir delas a derivação para todas as relações sociais de produção e
relações gerais.

Omarxismo antropológico procura entender o desenvolvente interior das estruturas


como forma de concluir ou não por um relacionamento de forças e factores que forçam
as super estruturas a se modificarem na permanente adequação de suas instituições às
estruturas que lhe dão base: si não houver conflito entre a estrutura e superestrutura
nenhum grupo humano está disposto a revolucionar suas instituições culturais.

Introdução ao estudo do parentesco

Tradicionalmente o estudo das relações de parentesco da antropologia assumiu a


condição preponderante no estudo dos povos. Até pelo número de termos técnicos
cunhados nesta área se pode sentir a importância que ele teve ao longo da trajectória
histórica da antropologia. É muito comum se dizer que as relações de parentesco nas
sociedades industriais passaram a assumir pouca importância no cômputo geral das
nossas relações sociais. Segundo JOHN BEATTIE, diz o seguinte:

O parentesco desempenha pequeno ou nenhum quinhão


nas suas relações com seus amigos, seus empregadores,
seus professores, seus colegas, ou na complexa rede de
associações politicas, económicas e religiosas na qual ele
esta emaranhado. Mas, em várias sociedades de pequena
escala, a importância social do parentesco é suprema.2

Segundo TORNAY, apud MELLO (2013:314), tem uma opinião oposta à de BEATTIE.
Acha ele que as relações de parentesco entre nós são importantes. O caso é que elas
estão por demais arraigadas em nós que nem percebemos que elas actuam de forma
decisiva. Diz ele:
“ Entre nós, como em toda parte, os costumes e as
práticas relativas ao parentesco pertencem, ao menos
parcialmente ao domínio do inconsciente”.3

Termos técnicos utilizados no estudo do parentesco

a) Parentesco: este termo é por vezes, utilizado no sentido amplo significando


tanto “parentesco como casamento”, isto é, referindo indiferentemente os laços
de sangue (consanguinidade), e os laços de afinidade (casamento), parentesco
em sentido restrito, refere-se aos laços de sangue (consanguinidade).
b) Laços de parentesco: tornando o parentesco em sentido amplo, fala-se de três
tipos de laços de parentesco: laço de sangue (descendência), laço de afinidade
(casamento) e laços fictícios (de adopção), como se depreende, chama-se laço de
parentesco a relação decorrente da posição ocupada pelo indivíduo no sistema de
parentesco.
c) Descendência: refere-se aos laços ou relações do indivíduo com os seus
parentes de sangue. Embora o critério dessa relação seja biológico, descendência
é cultura. Tanto é verdade que, como se sabe, todo mundo é filho de pai e mãe,
contudo, em muitas sociedades, leva-se em consideração a penas a descendência
unilateral, seja patrilinear ou matrilinear. Nas sociedades modernas, a
descendência é bilateral, consideram-se como ancestrais tanto os parentes
paternos como os maternos. A descendência matrilinear é também conhecida
como uterina. Já descendência patrilinear é conhecida também como agnática.
Falar de parentes agnáticas, uterinas e cognatos.

2
BEATTIE, John. Introdução a antropologia social, p.113.
3
COPANS, S. Tornay, J. e tal. Antropologia, ciências das sociedades primitivas?, p. 62.
Segundo MITCHELL, “ diz que uma pessoa é cognatica de, ou em relação de
cognação com todas as pessoas com as quais compartilha um antepassado comum”4.
Neste caso a descendência é bilateral.

Conceito de parentesco
A antropología sociocultural tem considerado durante muito tempo o estudo da família e
do parentesco como o seu património indiscutível (Salazar, 1995: 46).
O parentesco é uma relação humana universal com base biológica e com variações nos
significados socioculturais particulares.
Este pode ser visto como uma referência para o posicionamento social, isto é, em todas
as sociedades humanas, os indivíduos adquirem os primeiros elementos do seu estatuto
e da sua identidade social através do parentesco (Ghasarian, 1999).
Para a antropologia social britânica tanto a tribo, como o clã, a linhagem ou a família
são grupos de filiação corporativos que organizam a vida política à margem do Estado,
um conjunto de direitos e de obrigações morais aos quais não é possível subtrairmo-nos
(Fortes, 1969: 242).
O termo parentesco não é de fácil definição. Uma definição simples considera que o
parentesco seja “ um vínculo que liga os indivíduos entre si em vista da geração e das
descendências” (Bernardi, 1978, p.259). Pode se defini-lo como um sistema simbólico
de denominação das posições relativas aos laços de descendência e de afinidade.

Parentesco é a relação que une duas ou mais pessoas por vínculos de sangue
(descendência/ascendência) ou sociais (sobre tudo pelo casamento).

O parentesco estabelecido mediante um ancestral em comum é chamado parentesco


consanguíneo, enquanto o criado pelo casamento e outras relações sociais recebe o
nome de parentesco por afinidade.  Chama-se de parentesco em linha recta quando as
pessoas descendem umas das outras directamente (filho, neto, bisneto, trineto etc.), e
parentesco colateral quando as pessoas não descendem uma das outras, mas possui um
ancestral em comum (tios, primos, etc.).

São parentes por consanguinidade


 Pai, mãe e filhos (em primeiro grau);
 Irmãos, avós e netos (em segundo grau);

4
MITCHELL, G. Duncan. Dizionario di sociologia, p.193
 Tios, sobrinhos, bisavós e bisnetos (em terceiro grau);
 Primos, trisavós, trinetos, tios-avós e sobrinhos-netos (em quarto grau).

São parentes por afinidade

 Sogro, sogra, genro e nora (1º grau);
 Padrasto, madrasta e enteados (1º grau);
 Cunhados  (2º grau).

Função do parentesco
A função do parentesco é a de regular as formas de intercâmbio entre os grupos
humanos, dai que o casamento seja uma instituição de aliança fundamental entre grupos
humanos, (ex: o casamento como intercâmbio de mulheres). Assim com base na teoria
da aliança o parentesco satisfará mais necessidades económicas que sociais.

As funções que satisfazem o parentesco


 Económicas (subsistência e controlo do sistema de reprodução);
 Psicológicas (secularidade emocional);
 Sociais e económicas (regulamentar as formas de intercâmbio, organizar os
casamentos).

Importância social do parentesco


A importância do estudo do parentesco reside no facto de quase todas as relações sociais
tem como base o parentesco. Assim sendo é praticamente obrigatório para a
compreensão da organização social a compreensão do parentesco. (Ghasarian, 1996).
O parentesco é um factor de suma importância na sobrevivência do indivíduo, uma vez
que necessita de construir grupos de cooperação e suporte, e estes são constituídos com
base no parentesco. As sociedades vivem o parentesco de forma diferente, ou seja os
laços de parentesco existem em todas as sociedades, mas cada uma tem a sua definição
de consanguinidade e incesto.

Segundo Giddens (1995), laços de parentesco são relações entre indivíduos


estabelecidas através do casamento ou por meio de linhas de descendência que ligam
familiares consanguíneos (mães, pais, filhos, avós, etc.). Ghasarian, (1996) refere
também os parentes por aliança, ou seja aqueles que são ligados por casamento com um
parente consanguíneo. Héritier (cit. por Romano, 1989) afirma que o parentesco “ existe
apenas na consciência dos homens e não é senão um sistema arbitrário de
representação”. Ghasarian (1996) defende que os laços de parentesco são essenciais
principalmente nas sociedades tradicionais, uma vez que tem implicações ao nível da
transmissão do parentesco e do que lhe está associado neste tipo de sociedades, como
títulos, obrigações de casamento, para com os antepassados.

Nomenclatura do parentesco
Pode se dizer que nomenclatura ou terminologia do parentesco, é o sistema simbólico de
denominação das posições relativas aos laços de descendências e de afinidades. Ex: pai,
mãe, irmão, primo, esposo, esposa, sogro, sogra, avô, neto, etc.
Uma nomenclatura de parentesco consiste no conjunto dos termos de parentesco que
uma determinada cultura utiliza para tratar ou referir as pessoas entre as quais existe
uma relação de carácter parental.

O termo de parentesco - indica simultaneamente a categoria do parente e o tipo de


atitude que lhe está associado. Por outras palavras, determina o modelo de
comportamento social de tipo parental a ter para com ele.

No estudo das nomenclaturas, o tipo de comportamento parental é verificável segundo


três formas de classificação:
a) O modo de utilização - do ponto de vista da utilização, os termos de parentesco
tem dois modos de funcionalidade: o tratamento directo ou de endereço e o
tratamento indirecto ou de referencia.
b) O tratamento é directo ou de endereço - quando alguém se dirige
pessoalmente ao parente interpelando-o pelo termo correspondente (avô, mãe,
tio).
c) O tratamento é de referência ou indirecto - tal como sugere a palavra, quando
o locutor fala de um determinado parente a terceiros (o meu avô, a minha prima,
etc.).

Em suma, um termo de endereço faz parte integrante da conduta codificada que cada
indivíduo deve ter para com os seus parentes. Esta conduta, dado ser uma dado
requerido pela sociedade a todos os indivíduos, resulta da determinação do lugar que
cada parente ocupa no sistema de parentesco.
Constata-se assim que os termos de referencia têm um campo de aplicação mais preciso
que os utilizados no tratamento na referencia é mais preciso que o do tratamento directo.

Simbologia ou abreviações do parentesco


Para além dos símbolos utilizados para construir os diagramas genealógicos, utilizam-se
ainda, por razões de operacionalidade, um sistema de abreviações ou de notação dos
termos de parentesco. Pode dizer-se que o sistema de notação representa uma tentativa
de criação de uma linguagem científica universal dos termos de parentesco.

Símbolos ou sinais representativo de sexos

……………………………………………………………. Homem

……………………………………………………………. Mulher

…………………………………………………………. Homem ou Mulher

+………………. Indivíduo de sexo masculino mais velho


_
……………. Indivíduo de sexo feminino mais novo

1.1.1. Quando se quer representar a relação matrimonial


ou

- Divórcio - Segundo casamento

- Casamento poligâmico

Relações fraternas de irmão/ irmão e de irmã/irmã, quer as de irmão/irmã


……………………………… Irmão/irmão
……………………………… Irmão/irmã

………………………………. Irmã/irmã

1.1.2. Casal com filhos assim se nota

Características do parentesco

Filiação

A filiação “ (…) entende-se como o conjunto das regras que definem a identidade
social da criança em relação ao seus ascendentes e que determinam a hierarquia ds
membros da família, a forma de herança dos bens, a transmissão dos cargos e funções,
ate a distribuição da autoridade nas sociedades (…)” (Rivière, 1995, p.64-65).

De forma geral a filiação pode ser: unilinear (patrilinear ou matrilinear); bilinear e


indiferenciada.

 Filiação unilinear – o indivíduo não escolhe o seu grupo de pertença. Ele


recebe-o, a pertença ao grupo é determinada pelo facto de ser filho do pai ou de
ser filho de determinada mãe. Uma vez que, já que em certas sociedades aponta-
se que uma criança é gerada por um único dos seus progenitores. Umas
consideram que a mãe é a única responsável pelo nascimento da criança,
negando-se a paternidade fisiológica.

Na filiação patrilinear (designada por agnática), a pertença ao grupo obtém-se pelo pai e
a relação com os outros membros deste grupo passa-se exclusivamente pelos indivíduos
do sexo masculino (os agnatos). Por exemplo, os filhos da irmã do pai não são membros
do grupo de filiação, contrariamente aos do irmão do pai. A filiação transmite-se do pai
para o filho. Geralmente nestas sociedades, a circulação dos membros é feita através de
um sistema de compensação, normalmente, depois de casamento não se espera que a
filha volte para aldeia.
Via de descendência

Filiação matrilinear ou uterina, o laco de parentesco é transmitido pela mãe. O Ego


masculino apesar de ser membro do grupo de filiação da sua mãe, ao contrário do que
acontece com a irmã, não transmite a sua pertença aos filhos. Estas sociedades são
geralmente sedentárias e vivem através da agricultura.

Filiação bilinear, ou dupla filiação, combina as duas filiações unilineares. A filiação é


reconhecida de ambos lados (paterno e materno), mas com finalidade diferentes. Num
dos lados pode receber o apelido e no outro receber, por exemplo, poderes espirituais.

Espírito Sangue

Ego

A filiação Indiferenciada, também designada cognatica ou bilateral, ignora o sexo para a


definição dos laços de parentesco. No sistema de filiação cognatica, o Ego é o membro
de dois grupos de parentesco: o do seu pai e o da sua mãe. Geralmente este sistema cria
uma teia complexa de relações que a filiação unilinear e bilinear. É característica dos
países ocidentais.

O Ego recebe a filiação de quatro avôs, oito bisavôs, dezasseis trisavôs, etc.
Aliança

Este constitui uma união estabelecida entre dois grupos exógamos, pelo cruzamento de
um dos seus membros com alguém pertencente a outro grupo. O casamento é uma
instituição social que visa o estabelecimento de vínculos de união estáveis entre o
homem e a mulher, baseados no reconhecimento do direito de prestações recíprocas de
comunicação de vida e de `interesse, segundo as normas das respectivas sociedades.

A aliança condiciona o processo de filiação, de residências, do apelido, de herança, de


atitude e é a base da proscrição legítima no grupo conjugal. Ela condiciona também a
mudança de estatuto dos novos esposos e a criação de laços jurídicos, sociais e
económicos.

Nela participam alguns princípios como a origem, as qualidades, a identidade social,


para alem do que esperam se negociações e assentimentos nas famílias dos parceiros.
Tais princípios são tomados em consideração por que, um laço matrimonial envolve
questões como a idade; o sexo; grau de parentescos dos esposos; prazo de viuvez ao
respeito de certos interditos.

Neste caso, o casamento pode ser:

 Casamento livre – quantos os nubentes tem plena liberdade na escolha do seu


parceiro;
 Casamento preferencial – quando apenas se consideram aconselhável que o
individuo se despose uma determinada pessoa ou entre as pessoais de uma
determinada categoria social.
 Casamento prescrito ou compulsório – quanto a pessoa ao nascer fica
comprometida a um futuro marido ou esposa.
Residências
São unidades funcionais que definem a circulação de membros, quer masculinas, quer
femininos, no interior de uma comunidade. Existem vários tipos de residências, por
exemplo, a residência unilocal pode ser definida pelas residências: patrilocal, virilocal,
matrilocal e uxorilocal.
 Residência patrilocal – quando o casal vive nas terras ou na proximidade do
grupo do marido. Em Moçambique é característica nas comunidades de filiação
patrilinear.
 Residência virilocal – quando o casal se estabelece nas terras não do grupo do
marido, mas sim nas terras próprias do marido e pode ser num sistema
matrilinear ou patrilinear.
 Residência matrilocal – quando o casal se instala junto dos pais da esposa,
geralmente é a avó materna que controla o grupo doméstico.
 Residência uxorilocal – quanto o casal se estabelece em casa da esposa.
Quando a residência é do tipo de filiação, exemplo, filiação matrilinaer e
residência matrilocal, o regime é dito harmónico.

Povo Macua
A origem do Macua prove do monte Nammule, localizado na Zambézia. O povo macua
vive numa grande área do Norte de Moçambique, com cerca de 300.000 km², que
abrange parte das províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula e Zambézia. Com uma
população de 3.500.000 habitantes, segundo cálculos baseados no recenseamento de
1980, os Macuas constituem 35,6% da população total de Moçambique, sendo o grupo
étnico mais numeroso do país. Os macuas têm fronteira, a norte, com os Macondes, os
Ayao e os Anyanja; a sul, com os Senas e os Chuabos; e com grupos islamizados, no
litoral Índico.

Também se encontram Macuas, embora em números mais reduzidos que em


Moçambique, na Tanzânia e no Malawi, devido as migrações do século XIX.
Limites
Norte: rio rovuma

Leste: oceano Índico

Sul: rio licungo

Oeste: rio Lugenda

Grupos
Entre os vários grupos e subgrupos o povo Macua, pode afirmar-se que existem:

 Macua do interior ou Emakhuwa- abrange os seguintes distritos, Mecubure,


Muecate, Meconta, Morrupula, Mogovolas, Lalaua em Nampula, Mecanhelas,
Cuamba, Maua, Nipepe e Metarica em Niassa e em Pebane na Zambézia.
 Macua-meto ou Emetto- Montepuez, Balama, Namuno, Pemba, Ancuabe,
Quissanga, Meluco, Macomia e Mocimboa da Praia em Cabo Delgado, Marrupa
e Maua em Niassa.
 Macua-Limwe ou Elomwe- gurue, Gile, Alto Molocue e Ile na Zambézia,
Malema, Ribaue, Murrupula e Moma em Nampula, e Mecanhela em Niassa

Subgrupos
 Grupo chaca ou Esaaka- Chiure, Mecuti em Cabo Delgado, Nacaroa, Erati,
Memba em Nampula
 Grupo chirima ou Echirima- Cuamba, Metaruca, uma parte de Maua em
Niassa e zonas limítrofes em Nampula.
 Grupo Macua do litoral: Emarevone, Mongincual, Moma em Nampula,
 Esankau- Angoche em Nampula
 Enahara- Mossuril, ilha de Moçambique, Nacala Porto, Nacala a Velha e Memba
em Nampula
Parentesco Caso Macua
Para a compreensão do parentesco de forma mais específica a cultura dos Macuas é
importante elucidar alguns vocábulos que de certa forma norteia todos estudos do
parentesco ou seja "álgebra do parentesco" como preferem chamar alguns antropólogos.

Porem, não porque tais termos estejam directamente associado ao parentesco caso
macua, mas sim termos técnicos utilizados no estudo do parentesco.

Parentesco este termo é, por vezes, utilizado num sentido amplo significando tanto
«parentesco como casamento» isto é, referindo se indiferentemente aos laços de sangue
(consanguinidade) e aos laços de afinidade (casamento). Parentesco no sentido restrito,
refere se aos laços de sangue, de consanguinidade.

Parentesco segundo a tradição macua é a união de consanguinidade e a afinidade das


pessoas proveniente do Nikholo.

Laços de parentesco, tomando-se o parentesco em sentido amplo, fala-se de três tipos de


laços de parentesco:

 Laços de sangue (descendência)


 Laços de afinidade (casamento ou matrimónio) e
 Laços fictícios (de adopção)

Segundo MARTINEZ, 1989, pag 63 a 68, o sistema de linhagens macuas e


unilinear, matrilinear, oxorilocal e exogâmico.

Descendência refere-se aos laços da relação com os seus parentes de sangue.

Nomenclatura do parentesco
Falar a nomenclatura do parentesco macua é a inserção de terminologias que distinguem
varias posições dos indivíduos dentro do clã.

Relações de parentesco macua


Entre irmãos

a) Do mesmo sexo e mesmas idades.

O mais velho chama o mais novo por muhima’ka.

O mais novo chama o mais velho por mulupal’aka.


b) De sexos e idades diferentes

O irmão mais velho chama a irmã mais nova de murrokora’aka, tal como a irmã mais
velha chama o irmão novo pelo mesmo nome.

O irmão ou irmã, mais novo chama ao irmão ou irmã mais velha de arrokora’aka.

Entre todos estes, esta proibido o matrimónio e as relações sexuais (lei to incesto).

Entre primos, segundos, é permitido o matrimónio e as relações sexuais.

Outras relações de parentesco

c) Os filhos chamam ao tio materno por atata. Também por ahalu os restantes. E
este é quem exerce a autoridade familiar no seu grupo de parentesco
especialmente sobre os netos; representa a família na vida social, defende a nos
tribunais e acompanha nos ritos.

Ele chama aos filhos da irmã por axissulu’aka e nos ritos por an’aka.

d) As crianças chamam a irmã da mãe de amayi akhani e ela chama os filhos da


irmã por an’aka (plural) ou mwan’aka (singular).
e) Os filhos chamam aos irmãos do pai de atithi’akhani. A criança só pode chamar
a irmã do pai de amathi

Normais
Matrimónio é exogamico, regulado pela norma geral do incesto no duplo sentido da
proibição do matrimónio entre os membros do mesmo grupo familiar (nihimo) e de
proibição de relações sexuais.

Existe ao mesmo tempo a norma positiva: a preferência pelos casamentos entre


determinados tipos de parentesco. Esta norma não tem carácter obrigatório.

Funções
Dentre as funções que caracterizam o património macua podem se realçar as seguintes:

Legais: estabelecer a legalidade de descendência e da herança;

Sociais: estabelecer uma relação de afinidade com a família da esposa por parte do
marido;
Sexuais: dar ao marido monopólio sobre a vida sexual da esposa e vice versa, a não ser
nos casos previstos pelas leis tradicionais.

Económicas: criar direitos mútuos sobre o trabalho de cada um dos cônjuges,


estabelecendo-se desta forma, uma ajuda económica mutua.

Formas de matrimónio macua


O matrimónio macua admite as seguintes formas:

Monogamia (na generalidade);

Poligamia (admitida normalmente como factor e sinal de esterilidade ou doença grave


permanente da esposa); normalmente é praticada pelos chefes e por pessoas
economicamente bem situados.

Filiação
A forma de descendência no povo macua é matrilinear; a pertença ao grupo de
descendência é transmitida pelas mulheres por via uterina. E apesar da, descendência ser
transmitida pelas mulheres as funções políticas, sociais e económicas são exercidas
pelos homens de filiação e não pelas mulheres.

O clã reúne todas as pessoas que descendem unilinearmente (no caso,


matrilinearmente), de um antepassado comum não se podendo provar as relações
genealógicas e afectivas. A linhagem, pelo contrário agrupa todos os familiares
consanguíneos que podem demonstrar a sua descendência de um mesmo antepassado.
Um clã pode conter varias linhagens, e integra a sociedade a um nível mais amplo.

O casamento
Quando o rapaz macua atinge uma certa idade e comprovada a sua maturidade e
pretenda se relacionar com uma rapariga para formar um lar, após ter visto a futura
esposa dirige-se para a casa dos pais dela na companhia do seu com o tio, pois ele é
quem faz todos acertos e acordos do casamento, em coordenação e consenso com o tio
dela.

Chegados à casa da noiva, o tio do rapaz reúne-se com os pais da miúda explicando o
motivo da sua estadia naquele local. No entanto os pais não podem decidir nada,
pedindo que estes voltem num outro dia. A marcação do dia, ira permitir que a mãe da
menina vá ao encontro do seu irmão mais velho, para apresentar a novidade do
pretendente da filha.

Porem, o tio da menina, só aceita ou não, no dia marcado para o encontro com a família
do rapaz (nesse caso o tio). Deste modo era difícil aceitarem o pedido no mesmo dia,
sendo necessário se passar por vários processos burocráticos ate que se oficializasse. A
aceitação do noivo por parte da família da noiva dependia da avaliação que a família
fazia sobre a sua conduta do rapaz na sociedade. Depois de ver o rapaz e pré avaliado o
rapaz, o tio da menina delibera o noivado.

A Residência
A residência é um elemento importante na organização social do povo macua pois
determina o tipo e a intensidade das relações quotidianas dos indivíduos na sociedade.

O noivo na sociedade macua depois de ser entregue a sua noiva, deve construir uma
casa vai viver com a família da esposa, pelo que quanto a residência o matrimónio é
uxorilocal.

Desta forma, formam um lar e constituem uma nova família.

Casamento por herança (Ekuxo)


Este tipo de casamento acontece quando: verificar-se um caso de esterilidade da esposa,
doença grave ou morte da esposa. Consiste em, no caso de morte, a família da falecida
devia indicar a sua irmã mais nova para herdar o lar, ou mesmo quando, no caso de
esterilidade ou doença grave, tal irmã devia coabitar com o marido da esposa para
satisfazer certas necessidades do lar como forma de manter o homem no lar.

Quando morre o esposo, o seu sobrinho encarregava-se para sepultar o tio num processo
denominado (Ovitha) e consequentemente realizava-se uma cerimónia de cortar o
cabelo da viúva (omettha) para herdar o lar (depois de tomar um medicamento
tradicional preparado e dado aos dois para evitar alguns constrangimentos), no intuito
de manter os bens da casa sob tutela daquela tribo.
Filhos
Os filhos no casamento seguem sempre a linhagem materna e o tio paterno representa
maior autoridade sobre eles.

Herança
A herança no sistema macua, merece uma atenção especial por parte das famílias,
principalmente a família do marido quando este perde a vida. Sendo assim, mesmo
tendo filhos com a esposa, a sua herança da casa passa para os seus sobrinhos, neste
caso particular os filhos da sua irmã. Segundo [ CITATION War15 \l 1033 ] isto começou
no monte Namuli:

“um senhor em plena actividade de caça lançou a azagaia e alvejou


mortalmente um dos elementos do seu grupo, depois daí foram no rei,
daí este rei decidiu que pegasse um dos elementos da família dele e
colocasse como alvo para ser acertado com uma azagaia, e disse o rei:
se por acaso a azagaia falhar ou acertar e matar este membro da
família então a divida estará paga. De seguida o homem dirigiu-se ao
seu lar colocando a proposta feita pelo rei, mas os filhos legítimos
recusaram a tal proposta, ate que o homem foi ter com a sua irmã, onde
esta disponibilizou um dos filhos para ser o tal alvo, quando então
lançam a azagaia falhou. Desta forma quando o homem volta a casa diz
o seguinte: a partir de hoje tudo o que é meu, passa para o meu
sobrinho. Mantendo-se então a tradição ate nos dias de Hoje”.

Lobolo
O lobolo é um costume cultivado até hoje no Sul de Moçambique. Segundo esta
tradição, a família da noiva recebe algo pela perda que representa o seu casamento e a
ida para outra casa.

O lobolo tem entre outras as seguintes funções:

 Unir os antepassados das duas famílias (a da noiva com a do noivo);


 Rezar aos antepassados que dêem sorte ao novo lar e, sobretudo a fertilidade da
noiva;
 Garantir o direito a noiva de continuar na casa do marido a cuidar de seus
filhos, caso este morra, bem como continuar a ter filhos com irmão do marido.
O mesmo permite que se a esposa morrer ainda jovem (sobretudo se deixar filhos
menores), a família dela ofereça ao seu genro uma menina para cuidar de seus sobrinhos
que serão agora seus filhos e ela passará a ocupar o lugar da sua falecida irmã no lar.

A palavra designa, simultaneamente, uma instituição matrimonial, e cerimónia de


casamento que lhe corresponde aos bens que a família da noiva é entregue pela família
do noivo, kulovola (lobolar) significa dar bens a família da noiva para realizar uma
união reconhecida.

Dados históricos apontam para a modificação significativa na maneira como o lobolo


foi realizado ao longo do tempo em Moçambique. No período pré-colonial o lobolo era
realizado com esteiras e objectos de vimes. Com o passar do tempo foram introduzidos
novos objectos como vacas, cotas, enxadas, cada um segundo a sua possibilidade e
segundo as qualidades da mulher.

No inicio do séc. XIX, os bois eram importante meio de prestigio, de acumulação de


riqueza, de acesso as mulheres e filhos e de garantia de segurança alimentar, porém,
quando os primeiros moçambicanos da região sul começaram a procurar trabalho na
região sul o lobolo começou a ser realizado com libras esterlinas, em paralelo com o uso
de enxadas e bois, contudo o gado bovino até aos dias de hoje é considerado referencia
na determinação do valor a ser dado.

Passos a ter em conta para o lobolo

O rapaz interessado na moça manda seus amigos à casa da pretendida. Ele não vai
pessoalmente. Os portadores do recado declaram aos pais da pretendida as vontades do
noivo e como sinal de boas intenções deixam lembranças para a família.

Para a moça, normalmente um vestido ou até mesmo brincos. Para o pai, uma bebida e
para mãe uma capulana ou artesanato (cesto). ……………………………………………
Os emissários, como são conhecidos, saem de lá com a promessa de receberem em
breve uma visita por parte da noiva. Essa visita é que determina a futura a união.
Depois de cerca de um mês, os emissários, agora por parte da noiva, chegam a casa do
noivo e deixam uma lista de pedidos. São pedidos que devem ser cumpridos para que
eles possam se casar. Normalmente a lista é longa, e inclui uma farda ou um fato
completa para o pai, roupas e vestidos para a mãe e avós e caso alguém tenha
colaborado na educação da filha, tem direito de fazer parte desta lista e ser reconhecida
neste momento. A lista, principalmente na zona rural inclui também cabeças de gado e
alguns mil meticais. Em Maputo e perto de zonas mais urbanas, essa tradição já
permanece de forma mais simbólica. Mas, em zonas como Macia (Gaza), tudo ainda é
seguido conforme os ancestrais esperam. Quando o noivo estiver pronto, ou seja, tudo
da lista já comprado e organizado é a hora de uma nova visita à casa da noiva. Não vai
pessoalmente de novo, manda emissários ao encontro chamado Lobolo.

O momento culminante é a recepção dos hóspedes (família do noivo) que vêm


carregados de bens em tons de cantos na língua local, conhecida também pelos
defuntos. A família da noiva que está já reunida levanta-se e com seus cantos acolhe a
família que chega e acomoda o genro na palhota onde se encontra a sua noiva que esta
também esta com as acompanhantes as primeiras cabecais, onde elas também são
cobertas para que o noivo descoberte ate encontrar a noiva, enquanto se prepara o ritual
entre os "masseves" compadres (pais ou tios da noiva com os do noivo). Tudo pronto,
eles saem para as apresentações dos bens recomendados e outros que o genro tiver
considerado trazer. Neste momento, as novas tias, cunhadas e outros vão recusando-se a
concordar com os presentes e ameaçam a não saída da sua irmã da casa só com aquelas
coisas, o que obriga o noivo a aumentar o preço até que elas concordem com
kulunguana (grito de júbilo). Chegado neste momento, a noiva enrola o dinheiro numa
capulana. De joelhos desloca-se até ao local onde esta sentado o pai e entrega-lhe. O
pai, com toda a autoridade e rudeza que é muito necessária num homem africano,
ameaça-a a não aceita-lo. Eis uma parte do diálogo:

-“ O que você pretende que eu faça com este dinheiro? Que eu guarde?

- Não, vista a roupa, beba o vinho e coma o dinheiro, eu vou ficar no lar
papa

- Hás de ficar por lá a trabalhar por este dinheiro que eu vou comer?

- Vou ficar pai, até eu morrer.

- Eu vou comer este dinheiro e vestir estas roupas até se rasgarem,


nunca terei outras para substituir, tu, filha, deveras ficar por causa
destas coisas”.
Aqui a noiva, poucas vezes volta ao seu local sem sair lágrimas. Aceites, os presentes
saúdam a aceitação por um kulunguana.

Depois, o casal continua a entregar as outras coisas aos outros destinados (mãe, tias,
avos, etc.), os quais não fazem nada senão agradecer e desejar boa sorte e felicidades, já
que o pai já entregou a sua filha.

Entregues todas as coisas, a tia ou irmã do noivo vai vestir a noiva enquanto o pai vai
vestir o seu novo fato e a mãe o seu mucume. As outras pessoas também vestem suas
roupas e voltam cantando ao local esperar pela menina que saíra bonita da palhota.
Quando chegar, o noivo levanta-se e pega pela mão a sua noiva, promete-lhe casamento
civil colocando-lhe uma aliança no dedo (por causa da globalização). É tradicional dar
lhe um presente que pode ser um lenço de cabeça, um colar, chávena bonita ou outro
bem.

Faz se um outro kulunguana e abraços. O orador (normalmente é um tio ou genro mais


velho do pai da noiva) apresenta a família da noiva (pais com seus irmãos; avos; tios,
primos, sobrinhos e aí por diante). Cada grupo que é apresentado explica muito bem a
sua relação com a família da noiva e que precisa muito de ser respeitada pelo seu genro.
Depois um elemento da família da noiva, começando por si mesmo, apresenta também
os seus elementos.  

As apresentações, conversas e histórias terminam quando o momento de todos chega.


As comidas estão prontas e os prestigiados vão a mesa e outros serão servidos nos
pratos. As noras são muito hábeis hoje, é um dia de festa e querem dar uma impressão
de ser uma família de bons hábitos e que conhece serviço, assim também a cunhada
delas vai fazer o mesmo no seu lar. Come se e bebe-se. Ninguém deve passar fome.
Festa deve ter bastante bebida e bastante comida, alias o genro também leva algumas
comidas. O pai bebe pouco só para acompanhar o ambiente. Mas está certo que ainda
tem muito trabalho. No fim do dia, o mukonwani (genro) vai pedir para levar a sua
noiva à casa, neste caso, ele deve falar com os seus defuntos sem se esquecer de
nenhum nome de cada um deles que são muitos. Por isso, álcool esquece muito e tira
responsabilidade, ou então o genro só sairá no dia seguinte quando o seu pai estiver
livre das bebidas.
Chegada a hora, um indivíduo da família do noivo, depois de concertar com o pai do
noivo e tios, vai informar o irmão ou cunhado mais velho da noiva (que preside a
cerimônia) que está na hora de partirem. Este concorda e vai informar ao pai da noiva
que dá instruções para se ir no local certo com o genro, noiva tios de ambos e pais. O
pai da noiva começa as evocações que se resumem em:

“Da licença, sou eu o vosso filho que ficou atrás de vós para vos representar aqui na
família. Peço que me ouçam neste momento.”

Despeja as bebidas no chão e diz:

“Você (fulano) com você (fulano) e ai por diante vai enumerando todos os seus
defuntos, começando por aqueles que em vida foram muito notáveis na família. Sim,
porque acredita se que estes continuam a interceder pela família mesmo do outro lado
da vida.

Vos chamo para vos dizer que fulano, a vossa neta fulano wa fulano (Fulano, filho de
fulano) – aqui ele fala os nomes locais, porque as pessoas têm dois nomes, o nome civil
(que é do baptismo religioso) e o nome tradicional (que é do baptismo tradicional e
conhecido pelos defuntos, normalmente é nome de um defunto que pediu para ser
chamado num filho de alguém e é este defunto que dá sortes para o seu chará).

Eu (fulano), já recebi os (apelido do genro) que pediram a vossa neta para lhes dar água.
Eles dão-vos estas bebidas (deita mais um pouco de bebidas), recebi este dinheiro
(coloca o dinheiro no chão que só será tirado no dia seguinte pela mesma pessoa que o
colocou num ritual que ele conhece e que foi transmitido pelos seus pais).

Que eu tenha recebido para o bem e tranquilidade, que este lobolo transcenda o mundo e
seja reconhecido. Vocês (nomes dos antepassados), eu vos peço que se juntem aos
defuntos do (nome do genro) e lutem juntos pelo bem da vossa neta. Se não a virem a
partir de hoje, não fugiu nem foi roubada, ela vai para o lar que vocês arranjaram para
ela. Protejam os seus caminhos e cuidem de mim vosso filho, não me deixem errar no
que faço em vosso nome.  

Depois podem ser acompanhados com recomendações como “venham nos visitar, não
se s esqueçam de nós e muito mais. Aqui muitas vezes a mãe chora por pensar o que
espera da sua filha (Submissão, traição, encarar o homem, problemas, solidão do marido
que pode trabalhar em contratos fora, desentendimentos com os sogros, etc.) A filha
também chora, ficam para atrás os mimos e amor de mãe, a liberdade e acima de tudo,
ela vai começar nova vida.  

Lobolar a filha é entregá-la para sua nova vida. Com todos os pedidos atendidos, não
tem mais nada que impeça isso. O noivo de seu jeito, provou suas intenções. A família
ficou satisfeita com sua devoção e pequenos agrados. A filha seguiu seu caminho. Não
tem papéis assinados, não tem igreja, apenas a bênção dos ancestrais.

O lobolo nos dias de hoje


O lobolo continua a constituir uma prática importante na sociedade moçambicana em
contexto urbano, na medida em que inscreve o indivíduo numa rede de relações de
parentesco e de aliança tanto com os vivos como com os antepassados. Por este motivo,
apesar da existência de formas de casamento civil e religioso, o lobolo sobrevive e
transcende o casamento enquanto tal, cobrindo áreas que não são abrangidas por outras
formas de união — a relação espiritual com os antepassados. E é precisamente esta
característica que torna o lobolo único e que explica grande parte da sua força
ontológica e da sua persistência.

Actualmente nas zonas urbanas é comum as pessoas combinarem o lobolo com o


casamento civil e/ou religioso.

O lobolo é imprescindível, razão pela qual o governo reconhece como legítimas às


famílias constituídas neste casamento, desde que as estruturas comunitárias de base
assistem e enviem relatórios à administração local, esta por sua vez assenta no registo
civil que três meses depois os noivos podem ir assinar o registo do seu casamento, desde
que autorizados pelos seus pais.

Vantagens e desvantagens do lobolo


Vantagens
 A mulher é reparada com mais respeito, pois o lobolo é mais que casamento
civil.
 Garantir protecção da mulher na família do seu marido e finalmente passa a
pertencer a esta;
 Garantir o direito a noiva continuar na casa do marido a cuidar dos filhos no
caso dele morrer,
 Permite que com a morte da esposa ainda jovem (sobretudo se deixar filhos
menores) a família dela oferece ao genro uma menina para cuidar de seus
sobrinhos como seus filhos e ela passará a ocupar o lugar da falecida irmã no
lar.
 Quando a mulher morre depois do lobolo já não há pagamento de multas.

Desvantagens

 Caso o marido morra,o irmão do marido assume a esposa como herdeiro da


família, (kutxinga)
 No caso da mulher morrer antes de ser lobolada, o marido terá que lhe
lobolar morta e se não lobolar, não terá a guarda dos filhos.
 Mesmo sendo maltratada no lar, não pode voltar para casa, caso não deverão
devolver o lobolo. (lizha James, Mama)
 No caso da separação, a sua família obriga lhe a devolver os bens ganhos no
dia de lobolo,
 O homem pode se casar pela segunda vez se a mulher for estéril e se esta nao
concordar poderá voltar para casa e devolve os bens, mas se o homem for
estéril, nada muda.

Bibliografia
MARTINEZ, F. L. O Povo Macua e a Sua Cultura. Maputo: Paulinas, (1989).

Warrila, C. (2015). Heranca. (Grupo, Entrevistador)

http://queconceito.com.br/cultura 15/09/2015. 12:13

http://www.webartigos.com/artigos/qual-e-a-origem-da-cultura/29965/#ixzz3lnvpzYSx
15/09/2015. 13:10

http://www.ghente.org/ciencia/diversidade/index.htm 16/09/2015. 13:04

LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. Ed. SP. 1988.

BERNARDI, Bernardo. Introdução aos estudos etno-Antropológico. Ed. Lisboa


Portugal. 2007.
FERNANDO, Agostinho. Texto de apoio sobre antropologia cultural. 2008

ROSEIRO, António Henriques Rodrigues. Símbolos e praticas culturais de Makonde.


Ed. Coimbra. 2013.
MORGAN, TYLOR e FRAZER. Evolucionismo Cultural. Ed. Rio de Janeiro. 2005

LARAIA, Roque de Barros. Cultura - um conceito Antropológico. Ed. Rio de Janeiro.


2001.
BENEDICT, R. (1971). O desenvolvimento da cultura. São Paulo: Fundo de cultura.
CUCHE, D. (1999:13). A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: EDUSC.
GEERTZ, C. (1978). A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar,.
GONÇALVES, ,. C. (1998:23). Os (des) caminhos do meio ambiente. São Paulo: Porto.
KUPER, A. (2001:14). Cultura: a visao dos antropólogos. Bauru, SP: EDUSC.
MELLO, L. G. (1986). Antropologia Cultural. Petrópoles,: Edição Vozes.
TYLOR, E. B. (1975:29, or. 1871). A ciência da cultura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

MARTÍNEZ, Francisco Lerma; IMC; Antropologia cultual, guia para o estudo;


Paulinas. Maputo, Moçambique 2014, 7ª Edição.

Geertz Clifford, Interpretativismo; Profª Karina BezerraAula 11.


COLLEYIN, Jean-Paul; Elementos de Antrpologia social e cultural; coleção:
compêndio, Lisboa, Edições 70.

Gonçalves A. Custódio; Questões de Antropologia Social e Cultural; Biblioteca das


Ciências do Homem ,Edições Afrontamento; 2ª edição

IVALA, Adelino Zacarias. OFIÇO, Aida, et all. Antropologia cultural (plano de


estudos e apontamentos); Nampula, junho, 2007.

MELLO, Luiz Conzaga. Antropologia cultural, iniciação, teoria e temas. 19º Edição,
Editora Vezes, Petrópolis, 2013
MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia cultural. 7ª Edição, Paulinas editora
Maputo.2014

BERNALDI, Bernardo. Introdução aos Estudos Etno-antropológicos. Lisboa, Edições


70, 1978, p. 257-306
Internet: http://www.infopedia.pt/$parentesco

https://pt.wikipedia.org/wiki/Parentesco

http://apsicoapoio.blogspot.com/2013/05/a-importancia-social-do-parentesco.html

Você também pode gostar