Macroeconomia Keynesiana
Macroeconomia Keynesiana
Macroeconomia Keynesiana
Ricardo Dathein*
Resumo:
A macroeconomia keynesiana continua sendo fundamental 70 anos depois da publicação
da “Teoria Geral” de Keynes. Os ciclos derivados de oscilações da Demanda Efetiva fazem
parte do dia-a-dia de todas as economias, e as políticas keynesianas continuam presentes,
eficientes e necessárias, assim como as instituições de regulação criadas como reações à
instabilidade do mercado. O objetivo deste texto é apresentar uma interpretação da teoria
keynesiana, de forma didática, dos modelos fixprice e flexprice, com suas críticas aos
modelos neoclássicos. Esta abordagem é feita acrescentando-se as contribuições de autores
keynesianos atuais e levando-se em conta a realidade presente, fazendo-se referência
também aos problemas específicos de países não desenvolvidos e sobre a necessidade da
adoção de políticas de desenvolvimento.
Abstract:
The Keynesian macroeconomics continues being fundamental 70 years after the
publication of the “General Theory” of Keynes. The cycles derived from oscillations of the
Effective Demand are part of the day-by-day of all economies, and the Keynesians policies
continues presents, efficient and necessaries, as well as the institutions of regulation
created as reactions against the instability of the market. The objective of this text is to
present an interpretation of the Keynesian theory, in didactic form, of the fix price and flex
price models, with its critics to the neoclassics models. This approach is made adding the
contributions of current Keynesians authors and taking account the present reality, making
reference also to the specifics problems of not developed countries and about the necessity
of the adoption of development policies.
Introdução
Para Keynes, “... a evidência prova que o pleno emprego, ou mesmo o
aproximadamente pleno, é uma situação tão rara quanto efêmera” (Keynes, 1936, p. 173).
Esta afirmação demonstra a diferença, em relação aos autores neoclássicos, da percepção
de Keynes sobre a realidade, sendo a base da discordância teórica entre suas visões. Na
“Teoria Geral” de Keynes, uma das formas de entender o termo “geral”, do título, é de que
com esta teoria se conseguiria explicar tanto o pleno emprego quanto o desemprego
*
Professor Adjunto do Departamento de Economia e do PPGE/UFRGS. E-mail: [email protected]
2
1
Na realidade, nem sequer existiria um Mercado de Trabalho, pois não há uma função de oferta de mão-de-
obra que permita encontrar-se um equilíbrio de salários reais e de emprego na interação com a função de
demanda por mão-de-obra.
2
Segundo a abordagem de Vercelli (1991).
3
Keynes usa a designação de “clássica” para as teorias hoje correntemente chamadas de “neoclássicas”. A lei
de Say, elemento essencial que Keynes critica, é parte tanto da teoria convencionalmente chamada de
“clássica” quanto da “neoclássica”.
3
no “Mercado de Trabalho”, mas, para isto, necessita-se conhecer antes o nível de emprego,
não determinado neste mercado. Dessa forma, é necessário recuar ao Mercado de Bens e
Serviços, onde se encontra o nível de emprego a partir da Oferta e Demanda Agregadas.
No entanto, também aqui, é necessário partir das funções consumo e investimento e, para a
determinação do nível de investimentos, torna-se necessário recuar ao Mercado de
Capitais. Este, por sua vez, depende da taxa de juros determinada no Mercado Monetário.
Desse modo, Keynes constrói a “Teoria Geral” desconstruindo o caminho lógico
neoclássico.
O modelo básico de Keynes, nesta lógica inversa, pode ser apresentado da
seguinte forma. Parte-se da análise do Mercado Monetário para encontrar a taxa real de
juros (i) (Gráfico 2). Esta taxa é determinada em função da demanda especulativa por
moeda, ou preferência pela liquidez (L2)4, e pela oferta residual de moeda (M2). A partir da
renda, determinada simultaneamente (ver Gráfico 4), e com a função da demanda
transacional e precaucional por moeda (L1)5 (Gráfico 1), pode-se encontrar a oferta
residual de moeda (M2)6. Esta oferta residual de moeda (M2) é a relevante para determinar
a taxa de juros quando contraposta à demanda especulativa por moeda (L2) no Mercado
Monetário. A oferta total de moeda (M) é determinada exogenamente, ou seja, é controlada
pelas autoridades monetárias7. Pode-se dizer que, neste ponto, Keynes faz um nexo entre a
teoria econômica e a política econômica para fechar o modelo, ou que, para resolver o
sistema de equações, é necessário o uso de um determinante exógeno (Vercelli, 1991, p.
189). Percebe-se que um aumento de M pode levar a uma redução da taxa de juros e,
portanto, a uma elevação dos investimentos8 e, desta forma, da renda real, contrariando a
visão neoclássica de que aumentos de M levariam somente à inflação. Esta situação
4
A demanda especulativa por moeda é uma função inversa da taxa de juros, ou L2 = f(i) = hi.
5
A demanda transacional e precaucional por moeda é uma função direta da renda, ou L1 = f(Y) = kY. Desta
forma, a demanda total por moeda é L = L1 + L2 = kY + hi. No entanto, no artigo “A “Teoria Geral” do
emprego”, de 1937, Keynes reformula esse ponto, diferenciando claramente a demanda transacional da
precaucional, esclarecendo que a última é função da incerteza ou do grau de confiança dos agentes
econômicos (Keynes, 1937, p. 173; Dequech, 2000, p. 164).
6
Se M1 = L1 e M2 = L2, temos que M = M1 + M2 = L1 + M2 e, portanto, M2 = M – L1* (ver gráficos 1 e 2).
O símbolo * representa valores de equilíbrio.
7
Sobre este ponto existe um debate teórico em relação à endogeneidade da moeda (ou seja, a capacidade do
sistema bancário criar moeda a partir da demanda de crédito) e quanto à endogeneidade da própria autoridade
monetária na política econômica. No entanto, as políticas monetárias continuam tendo eficácia razoável (vide
exemplos recentes dos EUA e do Brasil, cada qual com seus objetivos), mesmo em contexto de globalização
financeira e de moeda endógena. Isto ocorre porque existem outros instrumentos de política monetária (além
do controle direto de M) e porque a moeda continua sendo parcialmente exógena.
8
Pode ocorrer aqui o caso extremo no qual a taxa de juros torna-se insensível a variações na oferta
monetária, nos pontos onde a taxa de juros já é muito baixa (lado direito inferior do Gráfico 2). Essa é a
chamada “armadilha da liquidez”. Ou seja, toda a moeda adicional ficaria ociosa (ou seria aplicada no
exterior, em um contexto de livres fluxos financeiros). A compra de títulos, como ações, não seria
4
neoclássica somente seria válida no caso específico do pleno emprego. Nesta análise,
portanto, Keynes rompe com a visão neoclássica da teoria quantitativa da moeda9, e a taxa
de juros aparece não dependendo do Mercado de Capitais, como no modelo neoclássico, de
modo que a dicotomia rígida entre variáveis monetárias e reais é eliminada.
Y i
L1
i*
Y*
L2
k
L1* M L1, M M2 M2, L2
compensadora, pois se espera que a taxa de juros somente suba a partir do seu baixo patamar, o que deve
desvalorizar os títulos.
5
9
Na visão neoclássica MV = PQ ou M = (1/V)PQ. Fazendo 1/V = k e como PQ = Y, tem-se M = kY. Ou
seja, a moeda tem função transacional e precaucional, apenas. Para Keynes M = kY + hi, como se viu.
Portanto, acrescenta-se a demanda especulativa (ou função de reserva de valor da moeda).
10
Por outro lado, a demanda de moeda para transações não é completamente inelástica à taxa de juros, pois
para taxas compensadoras pode valer a pena economizar em transações para receber esta remuneração.
6
aplicador. No entanto, mesmo estando aplicados, os saldos podem ficar inativos (em
termos produtivos), dependendo das expectativas sobre as condições de rentabilidade na
economia. Isto poderia ocorrer, por exemplo, quando saldos monetários são emprestados
para o governo, caso este os gaste simplesmente para pagar juros, que são novamente
usados para comprar mais títulos públicos, e assim sucessivamente.
A taxa de juros, definida no Mercado Monetário, permite a determinação do
nível de investimentos no Mercado de Capitais (Gráfico 3). O investimento é função da
Eficiência Marginal do Capital (EMgK) e da taxa de juros. A EMgK, por sua vez, é função
da expectativa de rendimentos derivada dos investimentos produtivos e do preço dos bens
de capital, incorporando, portanto, os aspectos incerteza e expectativas, cruciais para
Keynes. Esta EMgK forma uma hierarquia de planos de investimentos com expectativas de
lucratividade decrescentes11.
i, EMgK Gasto
Gasto =
Renda
C+I
C
i*
EMgK
45º
I* I Y* Renda
11
Também aqui poderia ocorrer um caso extremo, com Investimentos insensíveis ou inelásticos a variações
da taxa de juros quando esta é muito elevada (lado esquerdo superior do Gráfico 3).
7
determinantes ou criadores dos fluxos de poupança (Possas, 2001, p. 107-13). Existe uma
desigualdade potencial entre S e I, uma vez que as decisões sobre poupar e investir são
tomadas por agentes econômicos diferentes, de modo que não se pode considerar a
poupança fluindo automaticamente para o investimento. Dessa forma, S ex-ante e I ex-ante
(planejados ou esperados12) podem ser diferentes entre si e os valores ex-ante podem ser
diferentes dos ex-post, apesar de que S ex-post e I ex-post, contabilmente, serem sempre
idênticos (Chick, 1983, p. 79 e 197). No entanto, deve-se levar em conta que mesmo S e I
ex-post só são iguais porque nos investimentos estão incorporadas contabilmente as
variações de estoques, que funcionam como elemento de ajuste e exprimem as alterações
cíclicas de curto prazo da economia.
Com a função consumo13 mais os investimentos determinados no Mercado de
Capitais (Gráfico 3), pode-se encontrar, através do multiplicador14, o nível de renda de
equilíbrio (Y*) da economia15 (Gráfico 4). Existe uma relação complexa entre renda e
gasto, pois o consumo é uma função da renda e, ao mesmo tempo, é um dos determinantes
da renda, juntamente com o investimento16.
Os agentes econômicos precisam tomar decisões em contextos de incerteza
sobre os resultados de suas ações e sobre os resultados das ações dos outros agentes. Para
Keynes, o conceito de incerteza é diferente do conceito de risco probabilístico. Ou seja, o
futuro não é simplesmente arriscado e, portanto, passível de cálculo probabilístico. O
mundo keynesiano é não ergódico, ou seja, as observações passadas não são suficientes
para permitir que o risco futuro seja calculado probabilisticamente de forma confiável. As
bases para o cálculo probabilístico não existem, pois as possibilidades futuras não são
conhecidas a priori (Davidson, 1994, p. 17; Carvalho, 1988a, p. 77).
Na economia capitalista real, existe uma diferença de objetivos e de poder de
decisão entre empresários e trabalhadores (assim como os consumidores). Enquanto os
empresários buscam a acumulação de dinheiro, os trabalhadores têm como objetivo a
obtenção de bens de consumo. Os empresários comandam os recursos e tomam decisões
que regem a operação da economia (Carvalho, 1988b, p. 8). Neste contexto, os empresários
decidem sobre produção, emprego e investimentos com base em suas expectativas sobre a
rentabilidade futura de seus negócios, tomando decisões segundo premissas observadas
12
Ou seja, no momento mais relevante para a teoria, que é o da decisão dos agentes econômicos.
13
A função consumo possui um componente autônomo e é dependente da renda corrente via a propensão
marginal a consumir (c): C = C + cY.
14
O multiplicador da renda é uma função da propensão marginal a consumir, sendo igual a 1/(1 – c),
podendo ser encontrado da seguinte forma: Y = C + I = C + cY + I, o que resulta em Y = [1/(1 – c)]( C + I ).
15
Este nível de renda é que permite encontrar simultaneamente a demanda L1* no Gráfico 1.
8
que são insuficientes, o que lhes impõem a incerteza. Isto não é fruto somente de
desconhecimento, mas também do fato de que é impossível conhecer estas premissas
plenamente. Dessa forma, para permitir a tomada de decisões, os empresários criam
premissas adicionais (fazem conjeturas) com base em sua imaginação, com a maior
racionalidade possível, levando em conta o “peso dos argumentos”, por exemplo
(Carvalho, 1988a, p. 73). Para Keynes, existem expectativas de curto e de longo prazo. As
primeiras estão baseadas em resultados anteriores, na experiência, e determinam as
decisões de produção, permitindo checagens em pequenos intervalos e sendo reversíveis.
Nesse caso, valeria a lógica formal da probabilidade. No entanto, as decisões de
investimentos (as decisões cruciais de Shackle, entendidas como experimentos únicos, não
repetidos e irreversíveis, a não ser com alto custo) são tomadas em função de expectativas
de longo prazo (com a incerteza sobre o rendimento futuro do capital refletida na
Eficiência Marginal do Capital). Nesse caso, a lógica humana, exógena, domina a lógica
formal, e o comportamento empresarial inclui elementos de animal spirits ou de
expectativas não-ergódicas (Davidson, 1999, p. 53). Para Keynes, os empresários não
fazem somente cálculos sobre lucros, mas possuem um “instinto espontâneo de agir”. Isto
não leva ao irracionalismo, uma vez que as expectativas de longo prazo são muitas vezes
estáveis, com os empresários baseando-se em determinados “estados de confiança”
(Keynes, 1936, p. 110 e 117-8). Porém, mesmo assim, explica-se porque os investimentos
são o elemento mais instável da demanda agregada (Carvalho, 1988a, p. 79-80).
A rejeição de Keynes à lei de Say aparece no Mercado de Bens e Serviços, de
modo que pode existir divergência entre a capacidade produtiva potencial e a produção real
no caso de existir uma Demanda Efetiva insuficiente. Ou seja, como a oferta não cria
automaticamente e necessariamente uma demanda exatamente igual, as curvas de Oferta
Agregada e de Demanda Agregada não coincidem, a não ser no ponto de Demanda Efetiva,
o qual representa um equilíbrio de curto prazo que depende de expectativas empresariais
concretizadas. Considerando-se que a função Oferta Agregada é razoavelmente fixa no
curto prazo, o emprego aparece como dependente fundamentalmente da Demanda
Agregada.
No Mercado de Bens e Serviços, pode-se determinar o nível de emprego de
equilíbrio da economia (N*) (Gráfico 5). O ponto de equilíbrio entre as funções de Oferta
Agregada (Z) e de Demanda Agregada (D) é chamado de nível da Demanda Efetiva (DE).
Este ponto corresponde à renda de equilíbrio (Y*) e determina o nível de emprego,
16
Simplificadamente não se consideram os gastos do governo e toma-se a economia como fechada.
9
Z, D, Y
D
Y*
DE
N* NPE N
10
17
Ou seja, Z = f(N; W) e D = f(C; I), sendo C = f(N; W) e I = f(EMgK; i).
18
Portanto, conclui-se que, segundo Keynes, pode existir desarmonia entre empresários e trabalhadores, pois
enquanto existe satisfação com a situação de maximização de lucros para os primeiros, mesmo com
capacidade ociosa, ocorre insatisfação para a maioria da sociedade, pois o desemprego de mão-de-obra e de
capital é interpretado como ineficiência, porquanto, com a ociosidade, existe desperdício de recursos
produtivos. As políticas keynesianas podem ser interpretadas como social-democratas, no sentido de que
buscam harmonizar estes interesses. Isto ocorreria com a Demanda Efetiva alcançando o pleno emprego, ou
seja, com maximização de lucros e uma massa de lucros e de salários maiores.
11
Keynes, da curva de demanda por trabalho neoclássica deve ser qualificada. Nesta análise,
os salários não são tomados simplesmente como um custo de produção, mas também como
renda e demanda. O salário real enquanto custo aparece na aceitação da curva de demanda
negativamente inclinada, que mostra uma relação inversa entre salários reais e emprego, de
modo que uma redução de salários nominais poderia fazer crescer o emprego. No entanto,
o efeito final dependeria do impacto nos preços e na demanda.
W/P
(W/P)*
ND
N* NPE N
W/P
A NS
B
(W/P)*
ND
N* NPE N
lucros e outras rendas estão dados, o salário real também estará e, em vista disso, o
Mercado de Trabalho neoclássico não pode explicá-lo (Denis, 1966, p. 323-4).
Keynes nega o que ele chama de “segundo postulado clássico”, ou seja, a curva
de oferta de trabalho controlada pelos trabalhadores. Esta curva seria determinada pelos
pontos em que os trabalhadores igualassem sua Utilidade Marginal do Trabalho (UMgL),
ou a utilidade do seu salário real, à sua Desutilidade Marginal do Trabalho (DMgL), ou o
desprazer do trabalho, em uma comparação das preferências trabalho-ócio. Keynes
apresenta seis argumentos para se contrapor a este postulado.
Segundo a teoria neoclássica, se a DMgL fosse superior à UMgL haveria
desemprego voluntário. Os trabalhadores desempregados estariam tendo um prazer com
seu lazer superior ao desprazer do trabalho ao salário real vigente. Keynes argumenta que,
se isto fosse verdade, os desempregados não estariam reclamando da situação, como de
fato acontece. Ou seja, no mundo real, os desempregados estão sofrendo, não tendo prazer.
Eles querem trabalhar, mas não têm controle sobre o salário real.
Por outro lado, para a teoria neoclássica, o salário real determina o nível de
emprego, o que envolve um raciocínio circular, segundo Keynes, pois os salários reais
dependem dos preços, e estes dependem de custos que são uma função do emprego (dados
rendimentos decrescentes).
Um terceiro argumento é de que os trabalhadores, segundo a visão neoclássica,
aceitariam reduções de salários nominais. Isto também não corresponderia à realidade, pois
ocorre resistência a estas reduções, apesar de que pequenos aumentos de preços são
assimilados, pois um objetivo normalmente buscado é o de manutenção de salários reais
relativos constantes.
Keynes também argumenta que, se ocorrer aumento de emprego por queda de
salários reais (com salários nominais constantes e preços maiores), isto estaria a indicar
que antes havia desemprego involuntário. Se este desemprego fosse voluntário, a queda
dos salários reais não poderia ter elevado o emprego, segundo a teoria neoclássica. De
outra parte, a afirmação de que uma queda de salários reais levaria ao abandono de
empregos não é razoável em situações de desemprego.
Um quinto argumento é de que não são os trabalhadores que controlam seus
salários reais e, portanto, eles não conseguem fazer a sua DMgL se igualar à UMgL. Os
salários reais dependem do nível do custo de vida, o qual é determinado por fatores
exógenos ao Mercado de Trabalho. Os salários nominais, por outro lado, são fixados ou
pelas empresas, ou são determinados em negociações coletivas. De outra parte, os
14
trabalhadores empregados não têm interesse em baixar seus salários reais para aumentar o
emprego, enquanto os desempregados não possuem poder para isto.
Por fim, Keynes argumenta que reduções de salários nominais levam a
conflitos que não interessam às empresas, além de implicarem custos de demissão,
contratação e treinamento para o caso de troca de empregados.
Uma queda de salários reais não leva tipicamente os trabalhadores a
abandonarem seus empregos para gozarem de lazer, reduzindo a oferta de mão-de-obra.
Este seria o comportamento de “pessoas excêntricas”. Os trabalhadores têm posições a
manter, têm família para sustentar, filhos para educar, débitos a saldar, etc., não abdicando
voluntariamente de seu status social e econômico, além de que tentam manter o respeito
próprio. Por isto, a reação mais provável a uma redução de salários reais seria um aumento
da oferta de trabalho, com o crescimento das horas-extras, a busca de um emprego
adicional ou a introdução de outros membros da família no Mercado de Trabalho, além de
que uma alternativa aos trabalhadores seria recorrerem à greve (Wells, 1987, p. 81). O
trabalho não é uma mercadoria como outra qualquer, que pode ter sua quantidade ofertada
diminuída quando seus preços caem. Nesse caso, o objetivo é o lucro, enquanto para a
maioria dos trabalhadores o objetivo é a sobrevivência. Ou seja, não existe igualdade de
poder entre trabalhadores e empresários no Mercado de Trabalho, o que é aceito por todas
as teorias (e também pelas leis trabalhistas), menos pela teoria neoclássica.
Keynes aceita o “primeiro postulado clássico”, ou seja, de que o salário real é
igual à Produtividade Marginal do Trabalho (PMgL)19. No entanto, com a rejeição do
segundo postulado, o equilíbrio fica indeterminado, precisando de uma equação adicional
exógena ao Mercado de Trabalho.
A aceitação deste primeiro postulado implica que o emprego só pode aumentar
com queda de salários reais, dada a existência de rendimentos decrescentes do trabalho. É
interessante que, justamente neste ponto de acordo entre Keynes e a teoria neoclássica, a
evidência empírica mostra que os salários reais têm um comportamento pró-cíclico, ou
seja, que os salários reais e o emprego possuem uma correlação positiva, o oposto do
previsto pela idéia de rendimentos decrescentes (Amadeo, 1986, p. 138). Keynes admite
este fato em um artigo de 1939, onde cita Kalecki, o qual afirma que, se a economia estiver
abaixo do pleno emprego, os rendimentos marginais são constantes. Keynes admite até a
existência de rendimentos crescentes, apesar de que, a partir de certo ponto de Demanda
19
Keynes também aceitou outros pressupostos microeconômicos neoclássicos, como o da empresa
atomística. Segundo Victoria Chick, fez isto para enfrentar esta teoria em seus próprios termos (Chick, 1983,
15
p. 146), ou para demonstrar que não é a inexistência destes pressupostos que explica o desemprego
16
investimentos, o que só ocorrerá com variações na EMgK e/ou na taxa de juros (as quais
são tomadas como constantes nesta etapa da análise). Se isto não ocorrer, as expectativas
serão frustradas e o nível de emprego voltará ao patamar anterior. Dessa forma, Keynes
conclui que não existe uma relação direta entre as variações de salários nominais e as
variações no emprego.
Na segunda parte do questionamento, Keynes verifica os efeitos indiretos de
variações salariais nominais sobre o emprego. Neste caso, uma queda de salários levará ao
aumento da renda e do emprego somente se ocorrer concomitantemente uma elevação
compensatória da Demanda Agregada20, o que poderá acontecer com a elevação de
investimentos e/ou com a elevação da Propensão Marginal a Consumir. Os investimentos
somente aumentarão se houver uma elevação da EMgK e/ou uma diminuição da taxa de
juros.
Menores salários nominais provocariam uma redução de custos e de demanda,
concomitantemente. Em termos do Gráfico 5 (Mercado de Bens e Serviços), levando em
conta somente o efeito dos custos menores, ocorre o deslocamento da curva Z (Oferta
Agregada) para baixo e para a direita. O novo ponto de equilíbrio (Demanda Efetiva)
estaria localizado sobre a curva D (Demanda Agregada), à direita do anterior, com
aumento do emprego. Considerando-se apenas o efeito da demanda reduzida, existe o
deslocamento da curva D para baixo. O novo ponto da Demanda Efetiva estaria sobre a
curva Z, à esquerda do equilíbrio anterior, com redução do emprego. Tomando-se em conta
os dois efeitos, o resultado final líquido deve ficar entre estes dois pontos (poderia,
inclusive, ficar no mesmo ponto anterior), sem garantia de que fique acima do equilíbrio
prévio, e muito menos que fique no nível de pleno emprego.
Keynes aborda seis efeitos possíveis da redução dos salários nominais. Se a
redução salarial levar a uma queda de preços inferior, ocorrerá redistribuição de renda real
dos assalariados para outros agentes econômicos. Como os assalariados possuem uma
Propensão Marginal a Consumir superior aos demais agentes, o efeito líquido provável
será desestimulante para a produção e o emprego.
Um segundo efeito será a queda de preços das exportações e, portanto, o seu
estímulo, o que, em uma economia aberta, tenderá a aumentar os investimentos. Por outro
lado, tenderá a aumentar os preços relativos das importações. Deve ser levado em conta
involuntário.
20
Levando-se em conta que a redução salarial produziu queda de demanda, tendo em vista que a massa
salarial é parte substancial da renda nacional, além de que os lucros, os impostos e outras rendas também
caem com salários menores.
17
que esta solução seria uma forma de “exportação de desemprego”, não havendo criação
líquida de emprego para o mundo como um todo (Dequech, 1999, p. 204).
No terceiro efeito da queda salarial e conseqüente queda de preços, Keynes
analisa os impactos sobre as expectativas. Se os agentes esperarem que não ocorram novos
cortes nos salários e de que, ao contrário, estes tenderão a subir no futuro, uma maior
EMgK estimulará antecipações de investimentos e de consumo. No entanto, se a
expectativa for de que ocorram novos cortes salariais, o efeito pode ser o oposto, com
adiamentos de investimentos e de consumo.
O quarto efeito discute o impacto da queda de preços causada pela redução
salarial sobre a demanda transacional de moeda, a qual diminui pela menor necessidade de
moeda para este fim tendo em vista as mercadorias mais baratas. Com isto, aumenta a
oferta residual de moeda para atender à demanda especulativa no Mercado Monetário, o
que provoca redução da taxa de juros e, portanto, elevação de investimentos. Este é o
chamado “efeito Keynes”. No entanto, Keynes ressalta que este resultado depende de os
preços menores serem percebidos como permanentes. Este efeito e o anterior foram
considerados por Keynes os principais no seu questionamento sobre a validade da análise
neoclássica.
As reduções salariais provocam otimismo entre os empresários, mas existe um
efeito oposto ao gerarem disputas trabalhistas que provocam expectativas desfavoráveis.
Por outro lado, reduções salariais gerais são difíceis de serem obtidas quando existe um
sistema de contratação coletiva descentralizado, considerando-se que os trabalhadores
buscam manter sua renda relativa (em relação aos outros trabalhadores).
Por fim, Keynes levanta a questão de que reduções de preços são boas para os
credores, mas negativas para os devedores, pois estes vão obter menores receitas com suas
vendas. Se os empresários estão fortemente endividados, podem ocorrer falências, queda
da EMgK e de investimentos. Por outro lado, se a dívida pública for alta, para atender a seu
serviço o Estado precisará aumentar a base tributária e/ou as alíquotas dos impostos para
recuperar a arrecadação, desestimulando, desta forma, investimentos privados.
Um caso que pode ser acrescentado nesta análise é o chamado “efeito riqueza
real”, ou “efeito Pigou”, desenvolvido por Patinkin como crítica a Keynes, no sentido de
que o consumo depende também da riqueza, ou saldo real dos indivíduos, e não somente
da sua renda corrente (ou da taxa de juros)21. Se os salários nominais forem reduzidos, os
preços cairão, levando a um aumento da riqueza real dos detentores de moeda ou títulos, o
21
A função consumo seria: C = f (Y , i , M/P). Keynes considerou a riqueza real como dada no curto prazo.
18
que estimularia o consumo. Desta forma, a Oferta Agregada seria estimulada com a
redução de custos, enquanto a Demanda Agregada seria desestimulada pela redução
salarial, mas, em compensação, estimulada pelo aumento da riqueza real. Davidson (1994,
p. 187) afirma que, para movimentos de preços dentro de parâmetros realistas, a evidência
empírica deste efeito é muito pequena, o que seria admitido mesmo por Patinkin, além de
que expectativas de novos declínios de preços reduziriam o impacto sobre o consumo.
Nestes casos, está prevista a exogeneidade da oferta de moeda, mas este não é
um pressuposto considerado crucial para a teoria keynesiana (Dequech, 1999, p. 216, nota
2). A moeda pode ser tomada como exógena, endógena ou parcialmente exógena e
endógena. A moeda endógena invalidaria os efeitos Keynes e Pigou. Uma queda de
salários nominais e de preços, reduzindo a demanda por moeda, pode induzir a uma queda
da oferta monetária, não produzindo, assim, nenhum efeito sobre a liquidez e a taxa de
juros (Amadeo, 1982, p. 19). Deve ser levado em conta também, neste ponto, a preferência
por liquidez dos bancos, ou sua demanda precaucional por moeda, visto que, se sua
confiança se deteriorar, estes podem reduzir a oferta de fundos para investimentos
(Dequech, 1999, p. 209), levando a uma queda da oferta monetária e a um aumento da taxa
de juros, ou seja, o oposto do efeito previsto. De outra parte, a riqueza real dos agentes
econômicos também não aumentaria (Dequech, 1999, p. 206)22. Por outro lado, supondo-
se, de forma mais realista, a moeda como parcialmente endógena e exógena, os efeitos
Keynes e Pigou têm sua eficácia, que já era questionada (nas análises originais, com moeda
exógena), ainda mais reduzida.
Concluindo esta análise, Keynes afirma que os efeitos das reduções salariais
sobre o emprego são incertos e, portanto, nada garante que salários flexíveis levem ao
pleno emprego. Dessa maneira, refuta a certeza da teoria neoclássica (certeza baseada na
lei de Say) e abre espaço para a política econômica.
Davidson (1994, p. 179 e seguintes), buscando afastar Keynes ainda mais da
teoria neoclássica, demonstra que a própria curva de demanda por trabalho (ND)
keynesiana pode ser derivada independentemente da Produtividade Marginal do Trabalho
(PMgL), através dos diferentes pontos da Demanda Efetiva quando os salários nominais
variam. Dessa forma, não seria a mesma derivação da demanda neoclássica por trabalho.
Um aumento de salários provoca a elevação da curva de Demanda Agregada D e um recuo
da curva de Oferta Agregada Z (aumento de custos) (ver Gráfico 5). O novo ponto de
Demanda Efetiva estará localizado à esquerda, à direita ou na mesma linha vertical do
22
No caso de M e P reduzirem-se na mesma proporção, a relação M/P fica constante.
19
ND
23
Ou seja, no espaço relevante, pequenas reduções de W pouco alteram o emprego. Para modificações
substanciais de N, a variação em W teria que ser muito intensa (ver Gráfico 8).
20
24
O livre mercado poderia produzir estes efeitos. Isto não acontece porque existe interferência do Estado, a
economia é oligopolizada, ocorre resistência dos trabalhadores e da sociedade como um todo e existem
âncoras institucionais, como salários mínimos e outras inflexibilidades salariais para baixo. Minsky (1994, p.
160) ressalta a existência de três mecanismos: bancos centrais com menos constrangimentos para agir, um
grande setor econômico governamental (Big Government) e uma política econômica muito mais
intervencionista, relativamente ao período anterior aos anos 1930, condições estas que não foram eliminadas
pelo advento do neoliberalismo a partir dos anos 1980. Ou seja, os mecanismos keynesianos são
fundamentais para explicar a não ocorrência de grandes crises deflacionistas.
25
Para Keynes, portanto, a rigidez salarial não é um pressuposto (ao contrário das interpretações da Síntese
Neoclássica ou das visões Novo Keynesianas), mas, ao contrário, uma política proposta, considerando-se os
potenciais problemas gerados pela total flexibilidade salarial. No entanto, isto não significa uma proposta de
rigidez total, pois a economia necessita de certa flexibilidade salarial, a qual pode variar no tempo e de país
para país. Aqui também aparece uma visão teórica flexível, ao contrário da posição neoclássica.
26
Caso ocorra uma piora no estado de expectativas dos empresários, com uma mudança para baixo da curva
de EMgK.
27
Maiores gastos públicos (que são autônomos) em consumo e investimentos aumentam a renda de equilíbrio
(ver Gráfico 4) e elevam a curva D no Gráfico 5, ampliando a Demanda Efetiva de forma a aproximar a
economia do pleno emprego.
21
28
Para as teorias neoclássicas as propostas keynesianas aparecem como absurdas porque, em suas análises, o
início dos exercícios de estática comparativa é sempre o pleno emprego como condição normal e natural,
garantida pela lei de Say. Sendo natural, isto não precisa de comprovação teórica e empírica e está
mentalmente introjetado, não aparecendo de forma explícita em manuais de macroeconomia, por exemplo, o
que é causa de confusão para estudantes.
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Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment, ou taxa de desemprego que não acelera a inflação.
30
Victoria Chick afirma que uma maior demanda é necessária para aumentar o emprego, mas que isto não é
suficiente, pois, para que ocorra um aumento de produção, é necessário que este também seja lucrativo. Se,
por exemplo, os custos aumentarem mais que a demanda ou se aumentos de salários absorverem o aumento
potencial de lucros, a maior produção não ocorrerá por não valer a pena para os empresários. Segundo esta
autora, é isto que teria ocorrido nos anos 1960, quando os salários nominais estariam aumentando mais que a
inflação. A inflação amenizava a luta entre lucros e salários, mas “... este mecanismo mostrou-se instável ...”,
segundo ela. Dessa maneira, Chick afirma que, “... apesar de ser difícil dizer isso, uma política que quebre a
resistência salarial torna-se necessária [para que] a demanda capitalista por lucros [seja] harmonizada com a
necessidade de emprego dos trabalhadores ...”, além de que este seria o “... real sentido da política do [...]
governo britânico ...” nos anos 1980 (Chick, 1989, p. 39).
22
OA
DA3
DA2
DA1
3. Conclusões
A teoria keynesiana parte, em sua análise, da constatação de que o pleno
emprego, em uma economia capitalista, não é uma situação permanente ou única de
equilíbrio. Ao contrário, o desemprego involuntário não só pode existir como pode ser uma
condição persistente, que se estenda ao longo do tempo, o que o caracterizaria como sendo
de equilíbrio. Este fato implica que o livre mercado pode não levar automaticamente ao
pleno emprego, pelo menos no curto prazo, e, portanto, justifica políticas econômicas
contra o desemprego.
As situações de pleno emprego ou de desemprego involuntário de trabalho e de
capital físico (capacidade ociosa) são geradas, na visão keynesiana, pelo comportamento
da Demanda Efetiva. Esta é afetada, na tomada de decisões (baseadas em expectativas),
pela existência de incerteza intrínseca a uma economia monetária da produção, na qual a
moeda tem papel determinante, o que pode gerar instabilidade, principalmente dos
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Estas políticas microeconômicas seriam mais importantes em situações próximas ao pleno emprego, e não
tanto para combater o desemprego em casos de recessões.
32
Ver Davidson (1994), Davidson e Kregel (1994), Minsky (1982), Chick (1983), Dow (1986-87), Wray
(2003) e Carvalho (1988b), por exemplo.
33
Por exemplo, Brunhoff (1999), Eatwell (1996), Aglietta (1995), Chesnais (1999), Plihon (1995) e
Guttmann (1999).
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Estes mercados não corresponderiam ao livre mercado pressuposto como ideal pela teoria neoclássica, mas
sim a um mercado oligopolizado e financeirizado.
26
institucionais. Por outro lado, autores keynesianos observam que nas circunstâncias
específicas das décadas recentes, seriam necessárias também a coordenação internacional
de políticas econômicas e a reconstrução do Sistema Monetário Internacional, no sentido
de criar novas âncoras (regras, convenções) monetárias e institucionais, propostas estas que
podem ser entendidas como de criação de um keynesianismo global.
A teoria de Keynes é uma abordagem de curto prazo, sobre os ciclos
econômicos. Portanto, a questão do crescimento ou do desenvolvimento precisa de outro
tratamento. Ainda mais para o caso de países não desenvolvidos, os problemas econômicos
ficam mais complexos, somando-se a instabilidade da Demanda Efetiva ao problema da
superação do subdesenvolvimento e da pobreza (ver Kalecki, 1983). Ou seja, nesses países,
mesmo que toda a capacidade produtiva esteja ocupada, ainda resta importante parcela da
população desocupada ou ocupada em atividades de baixa produtividade. Neste caso, são
necessárias políticas de desenvolvimento (atuando na órbita da Oferta Agregada) definidas
e implementadas com o uso de instrumentos de planejamento econômico e do investimento
público, o que exige um Estado Desenvolvimentista adaptado às circunstâncias atuais. A
intervenção do Estado não garante o desenvolvimento, necessariamente, mas é o caminho
que a maioria dos países que realizaram um processo de catch-up bem sucedido tem
trilhado (como no caso do leste asiático). As experiências históricas, os dados empíricos e
nenhuma teoria conseguem demonstrar que o mercado, sem a interferência do Estado, gera
desenvolvimento. Existe um mito (baseado, de fato, em dados reais de Estados
ineficientes) de que o liberalismo é mais favorável aos consumidores, aos empresários e à
livre iniciativa e, portanto, para o desenvolvimento. Não se pode negar que isto está
parcialmente correto. No entanto, um Estado eficiente, com autonomia e inserido
socialmente, que promova o desenvolvimento, permitirá e propiciará o surgimento de mais
consumidores e de maior capacidade de consumo, abrirá novas oportunidades para os
empresários e possibilitará que mais pessoas possam efetivamente ter livre iniciativa. Não
se pode exigir ou esperar do mercado e dos empresários o que não é sua função e
capacidade. Empresas podem gerar lucros, produção, empregos, impostos etc., mas agindo
microeconomicamente. Cabe ao Estado pensar, decidir e agir também
macroeconomicamente, atuando nas esferas da Demanda e da Oferta Agregadas, tendo em
vista o curto e o longo prazos, dessa forma enfrentando equilíbrios ou desequilíbrios
socialmente ineficientes.
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