17312816022012literatura Infanto Juvenil Aula 3

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 19

Aula

OS GÊNEROS NARRATIVOS
3
INFANTO-JUVENIS

META
Conhecer e produzir textos infanto-juvenis de variados gêneros.

OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
realizar leitura crítica de textos infanto-juvenis do gênero narrativo;
produzir (criar) textos infanto-juvenis de variados gêneros;
infanto-juvenis de variados gêneros literários.

PRÉ-REQUISITOS
Para esta aula você precisa ter noções básicas de teoria literária, além disso, você precisa conhecer os
variados gêneros da literatura infantil e juvenil abordados na aula anterior.
Literatura Infanto-Juvenil

INTRODUÇÃO

Costuma-se classificar como literatura infantil o que se escreve para as


crianças. Seria mais acertado, talvez, assim classificar o que elas lêem com
utilidade e prazer. Não haveria, pois, uma literatura infantil a priori, mas a
posteriori. Apesar de serem obras que transmitem um conteúdo escol-
hido pelo adulto com seus pontos de vista de adulto e que ele considera
interessantes para a criança, e numa linguagem que considera adequada
à compreensão dela. Ele inventa uma forma e um estilo para estimular a
criança a aceitar e cumprir de modo não questionador, o que ele deseja. De
qualquer forma, o ideal será classificar a obra infantil pela escolha da criança,
observando o que ela prefere ler. “Poderia ser um livro rico de ilustrações,
capas coloridas com assunto de aniversários e festas ou simplesmente es-
crito sem figuras extravagantes ou promessas irresistíveis. Basta que seja
capaz de seduzir seu pequeno ou jovem leitor, que o guardará na alma e na
mente para toda a vida.” Assim opina Cecília Meireles, também defensora
do respeito à liberdade e ao direito de escolha desse pequeno leitor, em sua
obra Problemas de literatura infantil, 1984.
O estudo sobre os gêneros em literatura inicia-se na Poética de Aris-
tóteles. Aliás, toda a obra parece resumir-se na observação e análise da
produção literária grega antiga e na sua contemporânea, descrevendo-a,
discutindo sua constituição poética e até “prescrevendo” fórmulas ou
modelos de criação mimética, a partir daquelas obras que examinava.
Lendo a Poética e observando a realidade daquela época, pode-se ver
que Aristóteles escolheu para ministrar seus cursos-aulas (ele era profes-
sor) a produção escrita e consagrada, autoral e representativa dos valores
da classe dominante.
Durante o Classicismo moderno, Classicismo (Renascimento), Barroco
e Arcadismo os estudos sobre os gêneros intensificaram-se, e cada época
procurou compreendê-los e explicá-los conforme sua visão de mundo e
seus interesses. Modernamente reconhecem-se três gêneros literários, cada
um dividido em formas e espécies.
As formas narrativas da oralidade – populares, simplórias, infantis,
expressão de excluídos, não foram contempladas pelos estudos do grande
filosofo, fundador da Teoria Literária no ocidente. Seguindo a tradição, as
obras de hoje, preocupadas com estudos literários, também não têm essa
produção “popular” como centro de preocupações teóricas e culturais.
Recentemente observa-se um movimento em direção à inclusão do estudo
desse material nas escolas, numa tentativa de que façam parte do currículo,
do programa de ensino ou proposta pedagógica, ao lado da produção
chamada culta, ou erudita, ocupando o mesmo espaço de importância, e
com mais merecimento, afinal, esta é a real “voz” da comunidade (socie-
dade), nesses tempos de inclusão...

44
Os gêneros narrativos infanto-juvenis
Aula

Mas, vamos ao presente, enfrentando suas contradições e possibilidades,


com a disposição de quem, por vontade, vocação, sonho ou por força das
circunstâncias, optou por licenciatura em Letras! Um caminho sem volta,
3
Poesia
em que quando ela (a volta) ocorre, a pessoa consome-se na nostalgia da
perda de um pedaço de si. Naquele tempo
dava-se o nome
de poesia a toda
Como diz Aristóteles no início da Poética, seu propósito é falar de produção literária.
poesia (literatura). Dela e de suas espécies. Diz, então, que há uma poesia
citarística (lírica) que nasce associada à música e cuja realização subordina-
se ao acompanhamento de um instrumento musical – a cítara, e pode ser
executada por uma pessoa (mélica monódica) ou por um grupo (mélica
coral). Desse último tipo originou-se o teatro na Grécia.
Para o mesmo autor o gênero (modo) é conjunto de obras que se rela-
cionam pelo modo comum de existir: sua estruturação, sua tematização,
sua elocução (linguagem) e suas intenções pedagógicas e éticas. O modo
lírico (citarista)
Aristóteles segue estabelecendo os modos de realização dessas formas
poéticas, classificando-as em:
- Modo trágico: a forma da tragédia: ação de pessoas “melhores” do que
são na realidade
- Modo épico: a forma da epopéia: homens melhores, heróis, semideuses
- Modo citarístico: a forma da poesia cantada e acompanhada por instru-
mento musical, como foi dito acima.
Cada modo (gênero) apresenta características específicas na estrutu-
ração, na temática e na linguagem, e nos compromissos éticos que tem
com a comunidade. Assim, nascem os estudos de literatura interessados
na forma que a poesia assumia para dizer a vida e o homem, histórica e
universalmente situados.
A Teoria Literária reconhece hoje três gêneros literários: o lírico, o
épico, e o dramático. Cada um tem suas próprias formas – características
estruturais, linguísticas/estilísticas e temáticas, articuladas a partir do modo
como o escritor “vê” o mundo, do que pretende dizer ao leitor e do modo
como deseja fazer isso. Assim, o gênero lírico exprime um estado de alma.
É expressão de emoções, disposições psíquicas, concepções e reflexões. Seu
ponto de partida é a manifestação verbal de uma emoção, por isso o lírico
é a expressão da subjetividade. Na experiência lírica anula-se a distancia
entre o sujeito e o objeto (o eu e o mundo). Dá-se a evocação do mundo
(natureza, objeto, situações) para exprimir a emoção (tristeza, alegria, solidão,
amor, ódio) da alma. Por exemplo, a chuva no poema pode funcionar como
metáfora da alma que chora, manifestando de modo direto e imediato uma
emoção, com o maximo de intensidade expressiva, por meio da concentração
verbal, do ritmo e da musicalidade das palavras e dos versos.

45
Literatura Infanto-Juvenil

O estado lírico associa o presente ao passado, por meio do tempo verbal,


que é um tempo capaz de atualizar um momento “eterno”, por isso intem-
poral. No lírico, todos eles elementos e situações se unem para expressar
um estado interior. Um modo altamente subjetivo de ver e dizer o existente.
O gênero épico (narrativo) na forma de poema narrativo ou em prosa
tem grande extensão em que um narrador apresenta (narra) personagens
envolvidas em situações e eventos. Origina-se nas narrativas orais e popu-
lares, e traz a presença do “maravilhoso” por meio da atuação de deuses e
fatos sobrenaturais. Exalta o passado genealógico quando faz a narrativa de
origem (mítica). A narração desdobra-se em sujeito (o narrador) e objeto
(o mundo narrado); sob a onisciência do narrador, cuja visão de mundo é
maior do que a das personagens. Há a presença do herói (narrativa antiga,
na moderna é o anti-herói) que representa arquétipos (modelos) de força
e virtudes excepcionais, por isso são idealizados.
A linguagem épica ou narrativa caracteriza-se pelo gosto do detalhe,
com divagações, narrações detalhadas e prolixas. Não apresenta tensão
porque o interesse narrativo está nas partes, e não no todo. O herói (antigo)
se sobressai por sua nobreza, ou excelência nos combates; por sua astúcia,
religiosidade ou beleza. Nas epopéias clássicas (greco-latinas): os heróis da
obra de Homero – Ilíada e Odisséia ; da obra de Virgílio – Eneida. No séc.
XVII Os Lusíadas, e modernamente a narrativa romanesca.
As narrativas distinguem-se pela temática, pelas personagens, pelos efeitos.
Pela temática: cotidiano, aventura, sentimentos, relações familiares,
ficção cientifica, policial, religiosidade, ecologia e questões sociais.
Pelas personagens: fadas, animais, crianças, jovens, adultos, extraterrestres.
Pelos efeitos: suspense, humor, terror e lirismo. Esses efeitos são sen-
tidos pelo leitor no momento da leitura, quando se estabelece uma relação
de troca de conhecimentos e construção de novos sentidos. Por exemplo:
terror: Contos de Enganar a Morte (Ricardo Azevedo); humor: O Bichinho da
Maçã (Ziraldo); lirismo: Uma Idéia Toda Azul (Marina Colasanti), Os Colegas
(Lygia Bojunga).
A professora Nelly Novaes Coelho explica que o gênero narrativo (o que
nos interessa agora) “[... diversifica-se em 3 formas básicas: conto, novela
ou romance. Sua escolha pelo autor nunca é gratuita ou casual. Obedece à
visão de um mundo que ele pretende transmitir ao leitor; e corresponde a
estruturas distintas” (COELHO: 1997, p. 67-68.)

O GÊNERO DRAMÁTICO
Essa classificação é moderna, e reúne a concentração da lírica com a
maior extensão da épica. A ação dramática acontece no presente, mesmo
quando referencia o passado. É como se o fato tornasse a acontecer diante
do espectador. E uma forma marcada pela presença do dialogo (conversa)
que cria uma tensão ou conflito estrutural. A ação transcorre num tempo

46
Os gêneros narrativos infanto-juvenis
Aula

linear e sucessivo, e quando precisa retornar ao passado, utiliza-se do flash


back. É um gênero que se completa verdadeiramente no palco, diante de
um publico que ouve e vê seus valores em cena, de modo contestador ou
3
Flash back
que confirma a realidade. Modernamente se diz: distanciando-se ou re-
conhecendo (aceitando) aquela expressão poética da realidade. Exemplo: Em literatura o
flash back é uma
Teatro de Maria Clara Machado, Pluft, O fantasminha camarada, A bruxinha
técnica narrativa.
que era boa, O rapto da cebolinha.
Algumas obras tiveram a força de encantar seus pequenos e jovens leitores
de uma época determinada, e que ainda hoje conseguem emocionar e arrastar
seu leitor para um cantinho isolado na escola ou em sua casa, para realizar sua
fantasia naquele encontro mágico entre ele e a palavra poética. E se a obra
foi escolhida pela criança ou pelo jovem por alguma coisa que lhe despertou
o interesse, deve fazer parte do acervo de bibliotecas e salas de leitura.

[...] “só nesses termos interessa falar de Literatura Infantil. O que a


constitui é o acervo de livros que, de século em século e de terra em
terra, as crianças têm descoberto, têm preferido, têm incorporado
no seu mundo, familiarizados com seus heróis, suas aventuras, até
seus hábitos e sua linguagem, sua maneira de sonhar e suas glórias
e derrotas.”
(MEIRELES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. Rio de
Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1984.)

Cecília Meireles já propunha o gosto do leitor como critério natural


da seleção da leitura.
Vamos ver algumas informações sobre os gêneros narrativos na literatura
infanto-juvenil, inicialmente.

OS GÊNEROS NARRATIVOS NA LITERATURA


INFANTO-JUVENIL

Há um conjunto de textos (obras) que têm em comum uma temática


voltada para o mundo da criança (apesar de veicular interesses do mundo adulto),
uma matéria literária ligada ao sonho, à fantasia, ao maravilhoso, ao mágico, ao
fantástico, à fabulação, ao desempenho de animais na trama das histórias, jogo
entre a realidade e a fantasia etc. Costumamos chamar de gêneros da literatura
infantil e juvenil. São formas variadas da expressão infantil, produzidas por
adultos, e que não pretendiam dirigir-se à criança, mas às pessoas em geral.
Entre essas formas apresentamos o conto (de fada ou não), a fábula,
mito, lenda, apólogo, novela, crônica (moderno) e as narrativas mistas que
englobam elementos de outros gêneros. Hoje esses gêneros textuais são
lidos e trabalhados nas escolas de Ensino Fundamental. Espaço onde a
criança e o jovem não só conhece essa produção como tem oportunidade
de produzir seus próprios textos, a partir dos gêneros textuais estudados.

47
Literatura Infanto-Juvenil

A fábula: forma literária antiga da cultura Greco-latina (Esopo e Fedro).


No século XVII o escritor La Fontaine retomou a produção de gênero na
França, sem a intenção de destiná-lo às crianças. Mas elas se identificaram
com as historias narradas e com os elementos da matéria social: presença
de animais e cunho moralizante. As Fábulas ,de La Fontaine são escritas em
verso e constituem excelente poesia. Vieram da produção cultural popular
e assumiram o status de alta literatura com teor filosófico.
O Conto: narrativa curta, sintética com uma única ação. A forma foi
sempre aproveitada pela literatura infantil e juvenil. Nesse gênero há várias
modalidades, conforme os assuntos tratados ou conforme o modo de
abordar a realidade.
Relato de um acontecimento; narração oral ou escrita de um acontec-
imento fictício; fábula que se conta às crianças. As três acepções têm em
comum o modo de contar alguma coisa. Pode-se distinguir: conto literário:
criado a partir da intenção de torná-lo literário, através de procedimentos
e artifícios criativos que se articulam na linguagem; e conto maravilhoso:
popular, folclórico ou fantástico, marcado pela oralidade e de criação es-
pontânea. Tipo que o pesquisador André Jolles inclui no que chama de
“formas simples”; relato de um acontecimento comum feito com simples
intenção informativa.
Contos maravilhosos: narrativa com ou sem fadas. Apresentam uma
visão mágica da realidade, rompe com a ordem natural e adota outras
normas: caráter mágico, elementos pertencentes ao plano do maravilhoso,
não há surpresa nem hesitação do leitor em face da nova ordem, é aceito
naturalmente. Traz a marca do “Era uma vez...” tem caráter simbólico:
realização de sonhos e fantasias e questionamentos da realidade. O ponto
de partida do relato pode ser o mundo material o mágico.
Lenda: a lenda é uma narrativa oral e faz parte do folclore de uma so-
ciedade. É criada para explicar fenômenos que a comunidade não consegue
nacionalmente entender. É marcada pelo domínio do maravilhoso e sua
matéria se alimenta do imaginário popular.

A LENDA DA VITÓRIA RÉGIA

Os pajés tupis-guaranis, contavam que, no começo do mundo, toda


vez que a Lua se escondia no horizonte, parecendo descer por trás
das serras, ia viver com suas virgens prediletas. Diziam ainda que
se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela do Céu.
Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo, ficou impressionada com a
história. Então, à noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo
céu, Ela querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e
perseguia a Lua na esperança que esta a visse.
E assim fazia todas as noites, durante muito tempo. Mas a Lua parecia
não notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza ao longe. Em
uma noite, a índia viu, nas águas límpidas de um lago, a figura da lua.

48
Os gêneros narrativos infanto-juvenis
Aula

A pobre moça, imaginando que a lua havia chegado para buscá-la, se


atirou nas águas profundas do lago e nunca mais foi vista.
A lua quis recompensar o sacrifício da bela jovem, e resolveu
3
transformá-la em uma estrela diferente, daquelas que brilham no
céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", que é a planta
Vitória Régia. Assim, nasceu uma planta cujas flores perfumadas e
brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.

(Fonte: http://sitededicas.uol.com.br/folk11.htm).

A lenda da vitória-régia, "demonstra um cuidado especial com a qualidade


literária de seu texto, o que nem sempre se pode observar em grande parte
dos textos recolhidos nas pesquisas folclóricas". A poeticidade com que narra
a triste história da índia Naiá combina perfeitamente com as ilustrações.
Graça Monteiro de Castro, até mesmo comenta: "O projeto gráfico
do livro foi concebido considerando a atmosfera e o tema abordado pelo
conto, todo em negro, lembrando a escuridão das noites, e o ilustrador
nos remete à magia noturna comimagens densas e fortes". (MEC/SEF.
HISTÓRIAS E HISTÓRIAS: Guia do Usuário do Programa Nacional
Biblioteca na Escola – PNBE/99. Brasilia: 2001).
A narrativa enfoca problemas de grupos sociais, e tem como persona-
gens seres humanos. Ela pode explicar a origem de alguma coisa ou fenô-
meno da natureza. Por exemplo: lenda da mandioca, da Vitória Régia, Negrinho
do Pastoreio, Boto, Mula-sem-cabeça, e muitos outros.

Mito: um relato, um totem, um elemento ou um ser, ou um modelo


de experiência de vida a quem se presta um culto. Como narrativa, o mito
se relaciona com a literatura, pois apresenta a mesma estrutura narrativa:
um narrador conta uma história a alguém. A historia de suas personagens
em uma determinada circunstancia, em um lugar, em um certo momento
(tempo) e em tal ambiente. Por exemplo o mito da origem de alguma coisa.
O mito da origem da terra e de alguns deuses, pode ser um bom exemplo.

O mito se exprime, então, através da narração, através dela


conta-se como, graças as façanhas dos Seres Sobrenaturais,
uma realidade veio a existência, seja esta a realidade total,
o cosmos, ou somente um fragmento. (Eliade: 1968, p. 18).
É um evento fabuloso, fictício, mas é também uma verdade
humana. O poeta Fernando Pessoa diz que “O mito é o
nada que é tudo” em seu poema Ulisses. Na verdade o mito
é uma forma de explicar (e justificar) a própria existência. É
uma verdade e uma necessidade humanas.

49
Literatura Infanto-Juvenil

HISTÓRIA DO CÉU E DE CRONO

Quantos da Terra e do Céu nasceram,


filhos os mais temíveis, detestava-os o pai
dês o começo: tão logo cada um deles nascia
a todos ocultava, à luz não os permitindo,
na cova da Terra. Alegrava-se na maligna obra
o Céu. Por dentro gemia a Terra prodigiosa
atulhada, e urdiu dolosa e maligna arte.
Rápida criou o gênero do grisalho aço,
forjou grande podão e indicou aos filhos.
Disse com ousadia, ofendida no coração:
“Filhos meus e do pai estólido, se quiserdes
ter-me fé, puniremos o maligno ultraje de vosso
pai, pois ele tramou antes obras indignas”.
Assim falou e a todos reteve o terror, ninguém
vozeou. Ousado o grande Crono de curvo pensar
devolveu logo as palavras à mãe cuidadosa:
“Mãe, isto eu prometo e cumprirei
a obra, porque nefando não me importa o nosso
pai, pois ele tramou antes obras indignas”.
Assim falou. Exultou nas entranhas Terra prodigiosa,
colocou-o oculto em tocaia, pôs-lhe nas mãos
a foice dentada e inculcou-lhe todo o ardil.
Veio com a noite o grande Céu, ao redor da Terra
desejando amor sobrepairou e estendeu-se
a tudo. Da tocaia o filho alcançou com a mão
esquerda, com a destra pegou a prodigiosa foice
longa e dentada. E do pai o pênis
ceifou com ímpeto e lançou-o a esmo
para trás. Mas nada inerte escapou da mão:
quantos salpicos respingaram sanguíneos
a todos recebeu-os a Terra; com o girar do ano
gerou as Erínias duras, os grandes Gigantes
rútilos nas armas, com longas lanças nas mãos,
e Ninfas chamadas Freixos sobre a terra infinita.
O pênis, tão logo cortando-o com o aço
atirou do continente no undoso mar,
aí muito boiou na planície, ao redor branca
espuma da imortal carne ejaculava-se, dela
uma virgem criou-se. Primeiro Citera divina
atingiu, depois foi à circunfluída Chipre
e saiu veneranda bela Deusa, ao redor relva
crescia sob esbeltos pés. A ela. Afrodite
Deusa nascida de espuma e bem-coroada Citeréia
apelidam homens e Deuses, porque da espuma

50
Os gêneros narrativos infanto-juvenis
Aula

criou-se e Citeréia porque tocou Citera,


Cípria porque nasceu na undosa Chipre,
e Amor-do-pênis porque saiu do pênis à luz.
3
Eros acompanhou-a, Desejo seguiu-a belo,
tão logo nasceu e foi para a grei dos Deuses.
Esta honra tem dês o começo e na partilha
coube-lhe entre homens e Deuses imortais
as conversas de moças, os sorrisos, os enganos,
o doce gozo, o amor e a meiguice.
O pai com o apelido de Titãs apelidou-os:
o grande Céu vituperando filhos que gerou
dizia terem feito, na altiva estultícia,
grã obra de que castigo teriam no porvir.

(HESÍODO. TEOGONIA: A ORIGEM DOS DEUSES. Tradução


Jaa Torrano. São Paulo: Editora ILUMINURAS, 1995.)

A novela: forma narrativa bem menor que o romance e maior que o


conto, mas seus componentes estruturais são os mesmos do romance. A
narrativa se concentra nas ações, muito mais que nas personagens, o enredo
é unilinear. Apresenta situações humanas excepcionais. Atualmente, a novela
não está preocupada especialmente com episódios; está próxima dos pro-
cedimentos do romance – praticando a introspecção da personagem, por
exemplo. (colocar exemplo).
A crônica: diz que a crônica é um “testemunho do nosso tempo”.
Na Idade Média a crônica era uma relação de acontecimentos organizada
cronologicamente. No séc. XIV, Fernão Lopes, cronista português, já lhe
conferiu um aspecto interpretativo. No séc. XVI, o termo é substituído por
história. A partir do séc. XIX, ela adquire caráter literário, e caracteriza-se
por captar um flagrante da vida, uma espécie de flash da realidade. É assim,
bem relacionada ao tempo. Suas personagens tanto podem sair da vida real,
como da própria ficção. Estruturalmente, não contém conflito – solução
do conto literário moderno. “E enquanto literatura, ela capta poeticamente
o instante, perenizando-o”. (A. Soares: 2000, p. 64)

51
Literatura Infanto-Juvenil

Irmãos Grimm 1.Conto de fada


Os irmãos Grimm
(em alemão Brüder
Grimm), Jacob e
Wilhelm Grimm,
nascidos em 4 de
Janeiro de 1785
e 24 de Fevereiro
de 1786, respec-
tivamente, foram
dois alemães que se
dedicaram ao regis-
tro de várias fábu-
las infantis, gan-
hando assim grande
notoriedade. Tam-
bém deram grandes
contribuições à Cinderela (Fonte: http://www.2.bp.blogspot. Irmãos Grimm
língua alemã com c o m _ P B G _ o s b w B L 4 S - G 7 2 6 LT U m I -
AAAAAAAAAPQ0qT_IXhumSgs320cind-
um dicionário (O erela008.jpg).
Grande Dicionário
Alemão - Deutsches
Wörterbuch)
CINDERELA
Conto dos Irmãos Grimm

Era uma vez um homem cuja primeira esposa tinha morrido, e que
se casaranovamente com uma mulher muito arrogante. Ela possuía
duas filhas que separeciam em tudo com ela.
O homem tinha uma filha de seu primeiro casamento. Era uma
moça meiga ebondosa, bem semelhante a sua mãe. A nova esposa
mandava a jovem fazer os serviços mais sujos da casa e dormir no
sótão, enquanto as “irmãs” dormiam em quartos com chão encerado.
Quando o serviço da casa estava terminado, a pobre moça sentava-
se junto à lareira, e sua roupa ficava suja de cinzas. Por esse motivo,
as malvadas irmãs zombavam dela. Embora Cinderela tivesse que
vestir roupas velhas, era ainda em vezes mais bonita que as irmãs,
com seus vestidos esplêndidos.

O rei daquele país organizou um baile para que seu filho escolhesse
uma esposa, e enviou convites para todas as pessoas importantes do
reino e para as moças em idade de casamento. As duas irmãs ficaram
muito contentes quando receberam o convite e só pensavam na festa.
Cinderela ajudava. Ela até lhes deu os melhores conselhos que podia
e se ofereceu para arrumá-las. As irmãs zombavam de Cinderela,
dizendo que ela nunca poderia ir ao baile. Finalmente o grande dia
chegou. A pobre Cinderela viu a madrasta e as irmãs saírem numa
carruagem em direção ao palácio; em seguida, sentou-se perto da
lareira e começou a chorar.

52
Os gêneros narrativos infanto-juvenis
Aula

Apareceu diante dela uma fada, que disse ser sua fada madrinha, que
ao ver Cinderela chorando, perguntou:
“Você gostaria de ir ao baile, não é?”
3
“Sim”, suspirou Cinderela.
“Bem, eu posso fazer com que você vá ao baile”, disse a fada
madrinha - e deu umas instruções esquisitas à moça: “Vá ao jardim
e traga-me uma abóbora.”

A fada madrinha esvaziou a abóbora até ficar só a casca. Tocou-a


com a varinha mágica e a abóbora se transformou numa linda
carruagem dourada!
Em seguida, a fada madrinha transformou seis camundongos em
cavalos lindos. Escolheu também o rato de bigode mais fino para
ser o cocheiro mais bonito do mundo. Então, ela disse a Cinderela:
“Olhe atrás do regador. Você encontrará seis lagartos ali. Traga-os
aqui.”
Cinderela nem bem acabou de trazê-los e a fada madrinha
transformou-os em lacaios. Eles subiram atrás da carruagem, com
seus uniformes de gala, e ficaram ali como se nunca tivessem feito
outra coisa na vida.

Quanto a Cinderela, bastou um toque da varinha mágica para


transformar os farrapos que usava num vestido de ouro e prata,
bordado com pedras preciosas. Finalmente, a fada madrinha lhe deu
um par de sapatinhos de cristal.

Toda arrumada, Cinderela entrou na carruagem.


A fada madrinha avisou que deveria estar de volta à meia-noite, pois
o encanto terminaria ao bater do último toque das doze badaladas.
O filho do rei pensou que Cinderela fosse uma princesa desconhecida
e apressou-se a ir dar-lhe as boas vindas. Ajudou-a a descer da
carruagem e levou-a ao salão de baile. Todos pararam e ficaram
admirando aquela moça que acabara de chegar. O príncipe estava
encantado, e dançou todas as músicas com Cinderela.

Ela estava tão absorvida com ele, que se esqueceu completamente


do aviso da fada madrinha. Então, o relógio do palácio começou a
bater doze horas. A moça se lembrou do aviso da fada e, num salto,
pôs-se de pé e correu para o jardim. O príncipe foi atrás mas não
conseguiu alcançá-la. No entanto, na pressa, ela deixou cair um dos
seus elegantes sapatinhos de cristal.

Cinderela chegou em casa exausta, sem carruagem e sem os lacaios,


vestindo sua roupa velha e rasgada. Nada tinha restado do seu
esplendor, a não ser o outro sapatinho de cristal. Mais tarde, quando
as irmãs chegaram em casa, Cinderela perguntou-lhes se tinham

53
Literatura Infanto-Juvenil

se divertido. As irmãs, que não tinham percebido que a princesa


desconhecida era Cinderela, contaram tudo sobre a festa, e como
o príncipe pegou o sapatinho que tinha caído e passou o resto da
noite olhando fixamente para ele, definitivamente apaixonado pela
linda desconhecida. As irmãs tinham contado a verdade. Alguns dias
depois, o filho do rei anunciou publicamente que se casaria com a
moça em cujo pé o sapatinho servisse perfeitamente.

Embora todas as princesas, duquesas e todo resto das damas da corte


tivessem experimentado o sapatinho, ele não serviu em nenhuma
delas. Um mensageiro chegou à casa de Cinderela trazendo o
sapatinho. Ele deveria calçá-lo em todas as moças da casa. As duas
irmãs tentaram de todas as formas calçá-lo, em vão.
Então, Cinderela sorriu e disse:
“Eu gostaria de experimentar o sapatinho para ver se me serve!”
As irmãs riram e caçoaram dela, mas o mensageiro tinha recebido
ordens para deixar todas as moças do reino experimentarem o
sapatinho. Cinderela sentouse e, para surpresa de todos, o sapatinho
serviu-lhe perfeitamente! As duas irmãs ficaram ainda mais
espantadas quando Cinderela tirou o outro sapatinho de cristal do
bolso e calçou no outro pé.

Nesse momento, surgiu a fada madrinha, que tocou a roupa de


Cinderela com a varinha mágica. Imediatamente os farrapos se
transformaram num vestido ainda mais bonito do que aquele que
havia usado antes.
A madrasta e suas filhas reconheceram a linda “princesa” do baile, e
caíram de joelhos implorando seu perdão, por todo sofrimento que
lhe tinham causado.

Cinderela abraçou-as e disse-lhes que as perdoava de todo o coração.


Em seguida, no seu vestido esplêndido, ela foi levada à presença do
príncipe, que aguardava ansioso sua amada. Alguns dias mais tarde,
casaram-se e viveram felizes para sempre.

(Fonte: ESTÉS, Clarissa Pinkola. Contos dos Irmãos Grimm. Rio


de Janeiro: Rocco, 2005.)

54
Os gêneros narrativos infanto-juvenis
Aula

2. Conto sem a presença da fada 3

Músicos de Bremen (Fonte: http://www.mar-


celoevelin.files.wordpress.com201006musicos-
de-bremem1.jpg).

OS MÚSICOS DE BREMEN
Adaptação do Livro Contos de Fadas

“Um homem tinha um burro que, há muito tempo, carregava sacos de


milho para o moinho. O burro, porém, já estava ficando velho e
não podia mais trabalhar. Por isso, o dono tencionava vendê-lo. O
pobre animal, sabendo disso, ficou muito preocupado, pois não podia
imaginar como seria seu novo dono... e então, para evitar qualquer
surpresa desagradável, pôs-se a caminho da cidade de Bremen.
“Certamente, poderei ser músico na cidade”, pensava ele.
Depois de andar um pouco, encontrou um cão deitado na estrada,
arfando de cansaço.
- Por que estás assim tão fatigado? perguntou o burro.
- Amigo, já estou ficando velho e, a cada dia, vou ficando mais fraco.
Não posso mais caçar; por isso meu dono queria me entregar à
carrocinha. Então, fugi, mas não sei como ganhar a vida.
- Pois bem, lhe disse o burro. Minha história é bem semelhante à
sua. Vou tentar a vida como músico em Bremen. Venha comigo. Eu
tocarei flauta e você poderá tocar tambor.
O cão aceitou o convite e seguiu com o burro. Não tinham andado
muito, quando encontraram um gato, muito triste, sentado no meio
do caminho.

55
Literatura Infanto-Juvenil

- Que tristeza é essa, companheiro? lhe perguntaram os dois.


- Como posso estar alegre, se minha vida está em perigo? respondeu o
gato. Estou ficando velho e prefiro estar sentado junto ao fogo, em
vez de caçar ratos. Por esse motivo, minha dona quer me afogar.
- Ora, venha conosco a Bremen, propuseram os outros. Seremos
músicos e ganharemos muito dinheiro.
O gato, depois de pensar um pouco, aderiu e acompanhou-os. Foram
andando até que encontraram um galo, cantando tristemente, trepado
numa cerca.
- Que foi que lhe aconteceu, amigo? perguntaram os três.
- Imaginem, respondeu o galo, que amanhã a dona da casa vai
ter visitas para o jantar. Então, sem dó nem piedade, ordenou ao
cozinheiro que me matasse para fazer uma canja.
Os outros, então, lhe propuseram:
- Nós vamos a Bremen, onde nos tornaremos músicos. Você tem
boa voz.
Que tal se nos reunissemos para formar um conjunto?
O galo gostou da idéia e juntando-se aos outros seguiram caminho.
A cidade de Bremen ficava muito distante e eles tiveram que parar
numa floresta para passar a noite. O burro e o cão deitaram-se em
baixo de uma árvore grande. O gato e o galo alojaram-se nos galhos
da árvore.
O galo, que se tinha colocado bem no alto, olhando ao redor, avistou
uma luzinha ao longe, sinal de que deveria haver alguma casa por ali.
Disse isso aos companheiros e todos acharam melhor andar até lá,
pois o abrigo ali não estava muito confortável.
Começaram a andar e, cada vez mais, a luz se aproximava. Afinal,
chegaram à casa. O burro, como era o maior, foi até a janela e espiou por
uma fresta. À volta de uma mesa, viu quatro ladrões que comiam e bebiam.
Transmitiu aos amigos o que tinha visto e ficaram todos imaginando
um plano para afastar dali os homens. Por fim, resolveram aproximar-
se da janela. O burro colocou-se de maneira a alcançar a borda da
janela com uma das patas. O cão subiu nas costas do burro. O gato
trepou nas costas do cão e o galo voou até ficar em cima do gato.
Depois, a um sinal combinado, começaram a fazer sua música juntos:
o burro zurrava, o cão latia, o gato miava e o galo cacarejava. A seguir,
quebrando os vidros da janela, entraram pela casa a dentro, fazendo
uma barulhada medonha.
Os ladrões, pensando que algum fantasma havia surgido ali, saíram
correndo para a floresta. Os quatro animais sentaram-se à mesa,
serviram-se de tudo e procuraram um lugar para dormir. O burro
deitou-se num monte de palha, no quintal; o cão, junto da porta,
como a vigiar a casa; o gato, junto ao fogão, e o galo encarrapitou-
se numa viga do telhado. Como estavam muito cansados, logo
adormeceram.

56
Os gêneros narrativos infanto-juvenis
Aula

Um pouco além da meia noite, os ladrões, verificando que a luz não


brilhava mais dentro da casa, resolveram voltar. O chefe do bando
disse aos demais:
3
- Não devemos ter medo!
E mandou que um entrasse primeiro para examinar a casa. Chegando
à casa, o homem dirigiu-se à cozinha para acender um vela. Tomando
os olhos do gato, que brilhavam no escuro, por brasas, tentou neles
acender um fósforo. O gato, entretanto, não gostou da brincadeira e
avançou para ele, cuspindo-o e arranhando-o. Ele tomou um grande
susto e correu para a porta dos fundos, mas o cão, que lá estava
deitado, mordeu-lhe a perna. O ladrão saiu correndo para o quintal,
mas, ao passar pelo burro, levou um coice. O galo, que acordara
com o barulho, cantou bem alto: - Có, có, ró, có!!!!
Sempre a correr, o ladrão foi se reunir aos outros, a quem contou:
- Lá dentro há uma horrível bruxa que me arranhou com suas unhas
afiadas e me cuspiu no rosto. Perto da porta, há um homem mau
que me passou um canivete na perna. No quintal, há um monstro
escuro, que me bateu com um pedaço de pau. Além disso tudo, no
telhado está sentado um juiz, que gritou bem alto:
“- Traga aqui o patife!!!”... Acho que não devemos voltar lá... é muito
perigoso!!
Depois disso, nunca mais os ladrões voltaram à casa, e os quatro
músicos de Bremen sentiam-se muito bem lá, onde faziam suas
músicas e viviam despreocupados. De vez em quando alguém das
redondezas os chamavam e lá iam eles, felizes e contentes, tocar a
sua música....”

(ESTÉS: Op. cit., 2005.)

O Romance: narrativa literária que enfoca o ser humano como indivíduo


e representa já o mundo burguês. No Renascimento aparece com aspectos
pastoril e sentimental, mas é já no séc. XVII que surge como narrativa que
dá inicio ao caráter moderno do gênero.

“A visão-de-mundo, presente na forma romance, apresenta um


universo organizado, uno, perfeitamente compreendido em sua
globalidade e explicado pela lógica (lei de causa-efeito). Nesse
universo, apesar de sua grande complexidade, tudo se estrutura
em função de um sistema de valores coesos, e unificados por um
pensamento ordenador. A época de ouro do romance começa com
o Romantismo, quando o pensamento burguês, cristão, liberal, etc.
consolida a interpretação cartesiana do universo (todo fenômeno
obedece a uma causa que produz certo efeito que, por sua vez, será
causa de novo efeito, e assim por diante). Segundo Nelly Novaes,

57
Literatura Infanto-Juvenil

“Não é forma privilegiada para a literatura infantil, pois sua


natural extensão narrativa em um problema-eixo, exige uma
capacidade de concentração e atenção que os intelectualmente
imaturos não possuem.

(COELHO: 1997, p.69).

No entanto, a narrativa romanesca que aborda temas atuais palpitantes


para os jovens (sexualidade, amor preconceito, protagonismo juvenil, eco-
logia, droga, relacionamentos, lazer, etc.) tem grande procura, atualmente.

ATIVIDADES

1. Leia os contos Cinderela e Os músicos de Bremen e estabeleça as diferenças


e semelhanças existentes entre eles, observando:
a) Características da linguagem
b) Características da temática
c) O que fez desses contos material atraente para as escolas do século XIX.
2. Descreva as características das personagens dos dois contos e expli-
que qual deles mantém sua proposta de transformações e, superação das
condições reais de existência.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES


Identifique-os pelo que há de comum, por exemplo: de contos. Observe
as diferenças e semelhanças através da linguagem e da temática.

3. Elabore um projeto de leitura literária par ser desenvolvido do 6° ao 9° ano


do Ensino Fundamental, em que os gêneros narrativos sejam amplamente
trabalhados, tanto como material de leitura com sugestão de “modelo” de
produção textual.

58
Os gêneros narrativos infanto-juvenis
Aula

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES


3
O planejamento de leitura e produção textual na forma de projeto
garante ao professor o controle dos resultados de seu trabalho, porque
dá visibilidade à proposta. Permite acompanhar os passos/etapas,
relatando-os para obter resultados que serão usados como diagnostico
para interferir na qualidade do ensino e do desempenho do aluno.

4. 1° passo: escolha e leia uma obra juvenil da escritora Ana Maria Machado,
ou de Marina Colasanti, ou de Bartolomeu Campos de Queirós, ou de Ruth
Rocha, ou de João Carlos Marinho, ou de José Louzeiro, ou de Stella Carr,
ou de Ricardo Azevedo, Elias José, Jorel Rufino dos Santos (indicar a fonte)
2° passo: a partir de sugestões fornecidas por essa literatura, escreva
uma história ou poema, ou uma pecinha de teatro, conforme seu interesse.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES


Sua obra deve ter começo, meio e fim; deve compor alguma ilustração
adequada ao gênero e à fase adolescente do leitor. O texto “A literatura
e os estágios psicológicos da criança” do livro Literatura infantil: teoria,
analise, didática da professora Nelly Novaes Coelho, editora Ática,
traz boas informações para ajudar na escolha da obra juvenil. Bom
desempenho artístico pra você.

CONCLUSÃO
A abordagem dos gêneros em literatura, fixemo-nos nas formas nar-
rativas e no modo como a escola e os professores podem utilizá-las para
fazer um excelente trabalho de formação de crianças e jovens no Ensino
Fundamental, contribui para a aquisição e consolidação da linguagem, por
meio de praticas de leitura e de produção textual. Para isso, o aproveitamento
desse material (literários ou não, pois aí está embutida a idéia de inclusão) é
uma opção didática que, bem conduzida, favorece o desempenho acadêmico
do aluno e até do professor, pois essa experiência pode ser um caminho
didático (planejado e testado) proveitoso, em um momento de múltiplas
soluções pedagógicas e de poucos resultados satisfatórios.

59
Literatura Infanto-Juvenil

Todos os resultados apontam para o caminho da leitura. Mas leitura


de quê? Leitura de mundo, por meio da literatura, de textos não-literários,
de todas as “medidas” e da nossa própria prática como professores. Do
pré-escolar à universidade, o professor “precisa” ser a síntese de todos os
objetos de leitura. Assim ele se “mostra” e se confirma, a si próprio a à sua
categoria. E o salário, e as condições de trabalho? Entram na luta pela quali-
dade do ensino, mas não como condição para a efetivação dessa qualidade.

RESUMO
A aula aborda o estudo dos gêneros narrativos na literatura infanto-
juvenil. O seu estudo inicia-se no século IV a. C., com o filosofo Aristóteles,
na Grécia antiga. A sua obra Poética é a própria teoria dos gêneros literários,
aqueles consagrados pela academia, até hoje: o lúdico, o épico (narrativo)
e o dramático. Mas a Literatura Infanto-Juvenil, originada no século XVII
e XVIII da Era Cristã européia, não se limita a cultivar essas formas con-
sagradas pela elite cultural; pelo contrario, além de exprimir-se por meio
dessas formas, ela acolhe as expressões anônimas da cultura popular e do
folclore. O mito, a lenda, o conto popular e o conto de fadas, a novela são
formas cultivadas pela Literatura Infanto-Juvenil desde a sua origem es-
cola, que atrelou-as a seu conteúdo curricular, quase sempre como material
secundário, no Ensino Fundamental, o nível de ensino em que se adquire
e se consolida a leitura na criança e no jovem. Nesse momento, o material
literário precisa ser conteúdo fundamental e carro-chefe dos demais.

PRÓXIMA AULA
Na aula 4 será tratada a questão da poesia infantil e juvenil, suas car-
acterísticas e funções.

AUTOAVALIAÇÃO

Sou capaz de fazer uma leitura crítica de textos infanto-juvenis do


gênero narrativo?
Consigo identificar e criar textos infanto-juvenis de variados gêneros,
após a realização desta aula?

60
Os gêneros narrativos infanto-juvenis
Aula

REFERÊNCIAS

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Petrópolis:


3
Editora Vozes, 1980.
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática.
São Paulo: Ática, 1999.
COELHO, Nelly Novaes. LITERATURA INFANTIL: Teoria, Análise,
Didática. 6ª edição. São Paulo: Editora Ática, 1997.
_________. O Conto de Fadas. São Paulo: Ática, 1991.
__________. PANORAMA HISTÓRICO DA LITERATURA INFAN-
TIL/JUVENIL: Das Origens Indo-Européias ao Brasil Contemporâneo.
4ªed. Revisada. São Paulo: Editora Ática, 1991.
GOTLIB, Nádia Battela. TEORIA DO CONTO. 2ª Ed. São Paulo: Ática, 1985.
ESTÉS, Clarissa Pinkola. Contos dos Irmãos Grimm. Rio de Janeiro:
Rocco, 2005.
JOLLES, André. FORMAS SIMPLES. São Paulo: Cultrix, 1976.
MEC/SEF. HISTÓRIAS E HISTÓRIAS: Guia do Usuário do Programa
Nacional Biblioteca na Escola – PNBE/99. Brasilia: 2001.
MEIRELES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 1984.)
MELLO, Ana Maria Lisboa Et alii. LITERATURA INFANTO-JUVENIL:
Prosa & Poesia. Goiânia: Editora UFG, 1995.
PAULINO, Graça. Diversidades de narrativas. In: No fim do século: a
diversidade – o jogo do livro infantil e juvenil. Belo Horizonte: Editora
Autêntica, 2000.
SOARES, Angélica. Gêneros Literários. 6ª Ed. São Paulo: Ática, 2000.
ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil na escola. 2ª Ed. São Paulo:
Global, 1982.
http://sitededicas.uol.com.br/folk11.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Irm%C3%A3os_Grimm

61

Você também pode gostar