Resumo - Análise Do Líquido Ascítico
Resumo - Análise Do Líquido Ascítico
Resumo - Análise Do Líquido Ascítico
Referência: aula do professor Douglas e livros que vou citar mais adiante.
Líquido ascítico
Introdução
- Obs: normalmente temos umas 50 ml de liquido ascítico, que tem como objetivo
fazer o deslizamento entre o omento e intestino. E isso não quer dizer que é um
liquido ascítico patológico.
Tuberculose
CAPÍTULO 9
Flatos
Líquidos (fluid)
Feto
3 A gravidez produz aumento da circunferência abdominal. Normalmente, nota-se Shesllen Mikaelly Cruz Corrêa
aumento do tamanho do abdome inicialmente com 12 a 14 semanas de gestação,
quando o útero se move da pelve para o abdome. O aumento do volume do
abdome pode ser observado precocemente em razão de retenção de líquidos e
relaxamento dos músculos do abdome.
Fezes
Crescimento fatal A radiografia do abdome pode ser usada para detectar alças intestinais dilatadas
sugestivas de obstrução intestinal ou íleo. A ultrassonografia abdominal pode
Uma massa abdominal pode causar aumento do abdome. O aumento de órgãos detectar até 100 mL de líquido ascítico, hepatosplenomegalia, nódulos hepáticos,
intra-abdominais, especificamente do fígado (hepatomegalia) ou do baço ou uma massa. A ultras- sonografia geralmente não é o exame adequado para
(esplenomegalia), ou a presença de aneurisma da aorta abdominal, podem detecção de linfadenopatia retroperitoneal ou de lesão pancreática em razão do
resultar em aumento do volume do abdome. A distensão da bexiga também pode gás intestinal sobrejacente. Se houve suspeita de câncer ou de doença
produzir tumefação do abdome. Além disso, tumores malignos, abscessos ou pancreática, a TC deve ser o exame indicado. A TC também pode detectar
cistos podem atingir volumes que levam a aumento da circunferência do abdome. alterações associadas à cirrose em estágio avançado e hipertensão portal (Fig.
9.1).
Anamnese e exame físico
Os exames laboratoriais devem incluir bioquímica hepática, albumina sérica,
A investigação etiológica do aumento do volume abdominal inicia-se com a
tempo de protrombina (razão internacional normalizada) para avaliação da
anamnese e o exame físico. Os pacientes devem ser inquiridos acerca de sintomas
função hepática, e hemograma completo para investigar a presença de citopenias
sugestivos de doenças malignas, incluindo perda ponderal, suores noturnos e
eventualmente causadas por hipertensão portal, ou de leucocitose, anemia e
anorexia. A incapacidade de evacuar fezes ou eliminar flatos associada a náusea
trombocitose resultantes de infecção sistêmica. Os níveis séricos da amilase e da
ou vômitos sugere obstrução intestinal, constipação intensa ou íleo (ausência de
lipase devem ser dosados para investigar a possibilidade de pancreatite aguda. A
peristalse). O aumento da eructação e da eliminação de flatos aponta para
dosagem da proteinúria está indicada quando houver suspeita de síndrome
aerofagia ou aumento da produção de gases intestinais. Os pacientes devem ser
nefrótica, uma possível causa de ascite.
questionados sobre possíveis fatores de risco para ou sintomas de hepatopatia
crônica, incluindo consumo excessivo de bebidas alcoólicas e icterícia, que Em alguns casos, pode-se medir o gradiente de pressão venosa hepática (pressão
sugerem ascite. Os pacientes também devem ser questionados sobre sintomas no fígado entre as veias porta e hepática) por meio de punção da veia hepática
caracteristicamente associados a outros quadros clínicos, como insuficiência para confirmar se a ascite é causada por cirrose (Cap. 42). Em alguns casos, pode
cardíaca e tuberculose, possíveis causadores de ascite. haver necessidade de biópsia hepática para confirmar o diagnóstico de cirrose
ASCITE
Patogênese na cirrose
Nos pacientes com cirrose a ascite é causada por hipertensão portal e retenção de
água e sal pelos rins. A hipertensão portal implica na elevação da pressão dentro
do sistema porta. De acordo com a lei de Ohm, a pressão é produto da resistência
pelo fluxo. Ocorre aumento da resistência hepática por diversos mecanismos.
Primeiro, o desenvolvimento de fibrose hepática, fator que define a existência de
cirrose, rompe a arquitetura normal dos sinusoides hepáticos e impede o fluxo
normal de sangue pelo fígado. Segundo, a ativação das células estelares
hepáticas, mediadores da fibrogênese, leva à contração da musculatura lisa e à
fibrose. Finalmente, a cirrose está associada a redução na produção da óxido
nítrico sintetase endotelial (eNOS), o que resulta em menor produção de óxido
nítrico e aumento da vaso constrição intra-hepática.
A cirrose é responsável por 84% dos casos de ascite. A ascite cardíaca, a O líquido ascítico deve ser enviado para dosagem de albumina e das proteínas
carcinomatose peritoneal e os casos “mistos” resultantes de cirrose e uma totais, contagem global e diferencial de células e, se houver suspeita de infecção,
segunda patologia respondem por 10 a 15% dos casos. Dentre as causas menos bacterioscopia pelo Gram e cultura, com inoculação do líquido em meio de
comuns de ascite estão metástase hepática maciça, infecção (tuberculose, hemocultura a beira do leito para aumentar o índice de positividade. Além disso, o
Chlamydia), pancreatite e doença renal (síndrome nefrótica). Dentre as causas nível sérico de albumina deve ser enviado simultaneamente para permitir o
raras de ascite estão hipotireoidismo e febre mediterrânea familiar. cálculo do gradiente de albumina soro-ascite (GASA).
O GASA é útil para distinguir a ascite causada por hipertensão portal daquela sem
hipertensão portal (Fig. 9.3). O GASA reflete a pressão dentro dos sinusoides e
está correlacionado com o gradiente pressórico venoso hepático. O GASA é
calculado subtraindo-se o valor da albumina no líquido ascítico daquele
encontrado no soro, e não se altera com a diurese. O GASA ≥ 1,1 g/dL reflete a
presença de hipertensão portal e indica que a ascite é causada por aumento da
pressão nos sinusoides hepáticos. De acordo com a lei de Starling, a elevação do
GASA reflete a pressão oncótica que contrabalança a pressão porta. Dentre as
possíveis causas estão cirrose, ascite cardíaca, síndrome da obstrução sinusoidal
(doença veno-oclusiva), metástase hepática maciça, ou trombose de veia
hepática (síndrome de Budd-Chiari). O GASA ≤ 1,1 g/dL indica que a ascite não
está relacionada com hipertensão portal, como ocorre na peritonite tuberculosa,
carcinomatose peritoneal ou ascite pancreática.
Define-se que há PBE quando a contagem de neutrófilos poli- 3 morfonucleares A ascite se desenvolve devido às alterações circulatórias e renais associadas à
(PMN) no líquido ascítico é ≥ 250/mm. A cultura do líquido ascítico cirrose, sendo um marcador de gravidade (pacientes cirróticos com ascite
caracteristicamente revela um único patógeno bacteriano. A presença de apresentam sobrevida em dois anos de apenas 50%) A principal alteração é a
múltiplos patógenos em um quadro de líquido ascítico com aumento na vasodilatação esplâncnica devido a hipertensão portal e produção local de
contagem de PMN sugere peritonite secundária a ruptura de víscera ou abscesso. vasodilatadores (especialmente óxido nítrico) Nas fases iniciais da cirrose, a
A presença de múltiplos patógenos sem elevação na contagem de PMN sugere vasodilatação esplâncnica é moderada, levando a pouca alteração nos volumes
sanguíneo total e arterial efetivo À medida que a doença progride, a
vasodilatação se agrava, há redução do volume arterial efetivo e da pressão
arterial com ativação de fatores vasoconstritores e antinatriuréticos, retenção de
sódio e líquidos A combinação da hipertensão portal e vasodilatação arterial
esplâncnica leva a acúmulo de fluidos na cavidade peritoneal (ascite) A PBE
resulta da colonização do líquido ascítico (com baixas concentrações proteicas)
como resultado de bacteremias espontâneas Tais bacteremias são comuns nos
pacientes com doença hepática aguda severa ou crônica (no momento da
infecção do líquido, 54% dos pacientes apresentam hemocultura positiva) Apesar
de migração transmural de bactérias do intestino ser uma possível rota,
aparentemente só é importante na presença de lesão da mucosa ou após irritação
química do peritôneo Bactérias aeróbicas Gram-negativas (Escherichia coli e
Klebsiella pneumoniae) e Streptococcus pneumoniae são os micro-organismos
mais frequentemente isolados Acredita-se que tais bactérias entéricas
atravessam a mucosa intestinal até linfonodos mesentéricos e caem na circulação
diretamente ou via ducto torácico, promovendo bacteremias transitórias que
levam à infecção da ascite (Tabela 1) Recentemente tem aumentado o número
de infecções por enterococos e a resistência às cefalosporinas de terceira geração,
que já chega a 25% em algumas séries.
Achados clínicos
A paracentese deve ser indicada nas seguintes situações (Tabela 4):
O quadro clínico costuma ser frusto e inespecífico. Cerca de 10 a 30% dos casos
são assintomáticos no momento do diagnóstico. Frequentemente, a PBE Cirróticos com ascite admitidos no hospital por qualquer razão.
apresenta-se não pelos sintomas abdominais, mas através de piora da função Chegada ao departamento de emergência com encefalopatia hepática
renal ou do início de encefalopatia hepática. Sendo assim, devido à ou piora da função renal.
inespecificidade do quadro clínico, a paracentese diagnóstica é recomendada
Pacientes com ascite que desenvolvem durante a hospitalização um
sempre que houver deterioração clínica de um cirrótico com ascite. Quando
dos seguintes sintomas:
presentes, os sintomas mais comuns são: febre (69%) e dor abdominal (59%).
Sinais clássicos de peritonite como rigidez abdominal são incomuns pela própria - Sintomas e sinais locais sugestivos de peritonite
presença da ascite. Outros sintomas e sinais comuns são: encefalopatia hepática
(54%), diarreia (32%), íleo paralítico (30%), choque (21%) e hipotermia (17%) A - Sepse
Tabela 2 resume os principais achados clínicos da PBE.
- Encefalopatia hepática ou piora progressiva da função renal sem um fator
predisponente claro
Diagnóstico diferencial
Em algumas vezes, ainda persistindo a dúvida (se PBE ou PBS), deve-se coletar o
líquido ascítico após 48 horas Na PBS, a contagem de PMN aumenta, enquanto
na PBE, diminui Importante: todos os pacientes com a hipótese diagnóstica de
PBS devem ser submetidos imediatamente à tomografia de abdome com
contraste oral hidrossolúvel (algumas vezes com contraste hidrossolúvel por via
retal também) Adicionalmente, deve-se acrescentar metronidazol ao esquema
antibiótico Caso haja forte suspeita de PBS, deve-se indicar uma laparotomia A
mortalidade da PBS tratada com antibióticos e cirurgia é semelhante à da PBE
tratada com antibiótico.
Tratamento
Resposta ao tratamento
PROFILAXIA DE PBE
Os pacientes cirróticos com uma PBE prévia devem receber profilaxia por tempo
indeterminado As opções de escolha são: norfloxacina (400 mg 1 vez/dia) ou
ciprofloxacina (750 mg 1 vez/semana) Por outro lado, pacientes com cirrose
avançada, com ascite e que dão entrada no DE com hemorragia digestiva devem