Relação Do Câncer Com Os Alimentos Rotineiramente Mais Consumidos
Relação Do Câncer Com Os Alimentos Rotineiramente Mais Consumidos
Relação Do Câncer Com Os Alimentos Rotineiramente Mais Consumidos
Taiana Pedrotti
Seminário Biomédico I
SUMÁRIO
1 PROBLEMÁTICA 4
2 OBJETIVOS 6
3 REFERENCIAL TEÓRICO 7
3.2 Epidemiologia 7
3.3 Etiologia 9
3.4 Carcinogênese 10
3.5.1 Tabagismo 10
3.5.2 Sedentarismo 11
3.5.3 Alimentação 11
3.5.3.6 Álcool 14
3.5.3.7 Chimarrão 15
3
3.5.3.9 Farinha 16
3.5.4 Obesidade 16
3.5.5 Envelhecimento 16
3.5.8 Hereditariedade 17
3.6 Prevenção 17
3.7 Tratamentos 18
4 CONCLUSÃO 20
REFERÊNCIAS 21
APÊNDICES 37
ANEXOS 48
4
1 PROBLEMÁTICA
O câncer é uma doença não transmissível que vem acometendo milhões de pessoas no
mundo, sendo uma das principais causas de adoecimento e óbito da população. A mudança de
hábitos alimentares nos últimos anos está sendo caracterizada pelo aumento do consumo
excessivo de fast-foods, alimentos industrializados e processados, bebidas artificialmente
adoçadas, uso excessivo de agrotóxicos e sal nos alimentos, que contrapõe- se com o baixo
consumo de alimentos orgânicos, fibras, vegetais e frutas. Desta forma, muitos estudos
correlacionam a má alimentação como um dos fatores de risco para o desenvolvimento do
câncer.
Sim. Esta má alimentação está muito presente no cotidiano da grande maioria das
pessoas, isto devido a praticidade das comidas prontas e a “correria” do dia a dia, além de
serem alimentos de fácil acesso.
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o
crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Dividindo-se
rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a
formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo.
5
De todos os casos de câncer, 80% a 90% estão associados aos fatores externos. Dentre
estes fatores, iremos discutir a relação dos hábitos alimentares atuais, com base em pesquisas
de alimentos que contêm substâncias e químicos potencialmente carcinogênicos.
O que é imprescindível, que eu, como futuro biomédico, saiba sobre o assunto?
O câncer é uma doença que não possui uma causa única e uma etiologia estabelecida,
sendo assim, considerada uma doença multifatorial. No entanto, existem algumas formas de
prevenção recomendadas, como: praticar exercícios físicos com frequência, não se expor com
frequência a radiação solar e agentes químicos, físicos e biológicos, não fumar, amamentar,
realizar exames preventivos e manter uma alimentação saudável, a base de frutas, fibras,
vegetais e cereais, de preferência sem agrotóxicos.
A maioria dos alimentos consumidos no nosso dia a dia são de alto teor calórico e
pobres em nutrientes. Os alimentos, principalmente, industrializados, processados e fast foods
acabaram se tornando comuns e rotineiros no cotidiano da maioria da população, deixando de
lado os alimentos in natura, que são alimentos obtidos direto das plantas e animais sem sofrer
nenhum tipo de processamento para o consumo. Além disso, muitas pessoas não sabem que o
excesso de sal, de agrotóxicos e de cozimento das carnes, contribui para uma má alimentação
causando danos potenciais ao organismo.
6
Estes danos acabam sendo perceptíveis somente a um longo prazo, o que torna difícil a
compreensão por parte da população, e desta forma não se importam com uma alimentação
saudável ao longo da vida. Assim, se torna imprescindível que as pessoas tenham
conhecimento dos benefícios de uma alimentação saudável para a prevenção do câncer.
7
2 OBJETIVOS
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.2 Epidemiologia
menores taxas são vistas em grande parte da África e no Sul e Oeste da Ásia - incluindo a
Índia. Nestes dois grupos é alta a ocorrência de tipos de câncer associados a infecções, como
colo do útero, estômago, esôfago e fígado.
Com isso, o INCA publicou a estimativa para o biênio 2018-2019 no Brasil, onde à
ocorrência de 600 mil casos novos de câncer, para cada ano. Sendo os mais estimados para os
homens o câncer de próstata (68 mil – 31,7%) e em mulheres o de mama (60 mil – 29,5%). A
Figura 1 representa os dez tipos de câncer mais frequentes no Brasil, distribuídos entre
homens e mulheres.
Figura 1. Estimativa nacional para o ano de 2018 para novos casos de câncer
Também foi possível analisar a distribuição por regiões brasileiras, onde as regiões Sul
e Sudeste concentram 70% dos novos casos de câncer estimados para o cada ano do biênio
2018-2019. A Figura 2 demonstra a estimativa de novos casos de câncer no Estado do Rio
Grande do Sul e na capital, Porto Alegre, separados por sexo.
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Figura 2. Estimativa para o ano de 2018 para novos casos de câncer no Rio Grande do Sul e Porto
Alegre
3.3 Etiologia
O câncer não possui uma causa única, e estas podem ser divididas em esporádicas e
hereditárias. São raros os casos de câncer desenvolvidos exclusivamente dos fatores
hereditários. Além disso, os fatores podem interagir de diversas formas. A maioria dos casos
de câncer estão associados aos fatores externos, definidos pelo meio em que vivem, hábitos e
estilo de vida (DURÃES et al., 2019).
em uma dada frequência e em dado período de tempo, além da interação entre eles (ABC do
Câncer, 2019).
3.4 Carcinogênese
Sendo assim, uma célula normal pode sofre uma mutação genética, ou seja, alterações
no DNA dos genes, e com isso receber instruções erradas para as suas atividades. Desta
forma, o câncer caracteriza-se pela perda do controle da divisão celular e pela capacidade de
invadir outras estruturas orgânicas (ABC DO CÂNCER, 2019).
Estimativas atribuem que 50% a 70% das mortes por câncer podem ser evitadas com
mudanças no estilo de vida, sendo a maioria atribuídas aos hábitos alimentares inadequados,
uso de álcool, tabagismo, sedentarismo e obesidade (DURÃES et al., 2019).
Além disso, o risco de desenvolver câncer depende também das condições sociais,
ambientais, políticas e econômicas que rodeiam um indivíduo, bem como suas características
biológicas (ABC DO CÂNCER, 2019).
3.5.1 Tabagismo
A fumaça dos produtos do tabaco são uma mistura de mais de 4.000 substâncias
tóxicas liberadas, que são prejuciais tanto ao fumante quanto aos não fumantes (SIGAUD;
CASTANHEIRA; COSTA, 2016).
3.5.2 Sedentarismo
A falta da prática de exercícios físicos, pode não só levar a obesidade, mas pode
influenciar também na depressão, dislipidemias, doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2,
câncer de mama e de cólon e osteoporose (DURÃES et al., 2019).
3.5.3 Alimentação
A mudança nos hábitos alimentares ocorrida nas últimas décadas se deu por meio da
substituição de alimentos in natura por alimentos processados, o que vem contribuindo para o
empobrecimento da dieta da população (SANTOS; LOURIVAL, 2019).
intestino. (ALMEIDA et al., 2015). Estes aditivos também são utilizados no processo de
defumação o que pode desencadear o surgimento de câncer de estomâgo e de intestino (cólon
e reto). Os compostos N-nitrosos apresentam efeitos carcinógenos, teratogênicos e
mutagênicos no organismo (LAMARINO et al., 2015).
Quando o nitrito é adicionado nos produtos cárneos, ele reage com as aminas
secundárias existentes na carne, o que acaba originando compostos orgânicos conhecidos
como N-nitrosaminas, que são capazes de gerar um cátion nitrogênio que quando reage com o
ácido desoxirribonucleico (DNA) pode provocar mutações nas células do corpo. (CARTAXO,
2015).
O corante tartrazina, quando ingerido em quantidades excessivas, pode induzir a lesão
no DNA do estomâgo, cólon e bexiga urinária, sendo um predisponente para o
desenvolvimento de um futuro câncer. A Food and Agriculture Organization/Word Health
Organization, recomenda a não ingestão de aditivos alimentares em crianças menores de 1
ano, porém sabe-se que existem no mercado muitos produtos para esta faixa etária ricos em
aditivos (FERREIRA, 2015).
Um estudo realizado pela Universidade de Sorbonne na França, indicou que houve
aumento de 10% do consumo de alimentos processados e em consequência um aumento de
12% de casos de câncer de diferentes tipos (SANTOS; LOURIVAL, 2019).
Dentre os produtos embutidos e enlatados que contém adição de nitrito e nitrato estão
a mortadela, salsicha, bacon, salame, peito de peru e presunto (IAMARINO et al., 2015).
3.5.3.6 Álcool
O álcool é muito consumido em todo o mundo e também é um agente nocivo causador
de várias patologias, como a cirrose hepática, dependência e câncer (DURÃES et al., 2019).
Não há níveis seguros de ingestão de bebidas alcoólicas. Quanto maior a dose ingerida
e o tempo de exposição, maior é o risco de desenvolvimento de diversos tipos de câncer,
incluindo o de mama. Além de produzir espécies reativas de oxigênio associados a danos no
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DNA, a bebida alcoólica pode aumentar também os níveis circulantes de estrogênio, bem
como facilitar a penetração celular de carcinogénos dietéticos ou ambientais. Por exemplo,
para o desenvolvimento do câncer de mama, a ingestão de grandes doses de bebidas
alcoólicas diminuem o folato, nutriente essencial ao tecido mamário, tornando-o suscetível
aos efeitos carcinogênicos (A SITUAÇÃO DO CÂNCER DE MAMA NO BRASIL, 2019).
3.5.3.7 Chimarrão
O consumo de chimarrão é muito comum e tradicional na região Sul do Brasil, sendo
uma bebida típica do Rio Grande do Sul. Porém o consumo da água quente em temperatura
elevada e em excesso, é considerado um fator de risco para o desenvolvimento de câncer.
Saidelles et al. (2014), destaca que a temperatura superior a 60°C pode ser um fator de
contribuição para o desenvolvimento do câncer de esôfago. Em um estudo, constatou que a
média de temperatura média da água da garrafa térmica foi de 75,78°C e da cuia, foi de
64,76°C, sendo que a maioria dos entrevistados consideraram que a água estava morna ou
apenas quente.
Umas das hipóteses para os danos causados pelo chimarrão, é que a alta temperatura
da água causa uma agressão térmica a mucosa esofágica desencadeado um processo
inflamatório crônico no esôfago. Este processo inflamatório crônico leva a formação de
nitrosaminas e de radicais livres que acredita-se que são os responsáveis pelas mutações no
DNA, ou seja, a agressão térmica potencializa a ação de outros carcinógenos. Um estudo
realizado no Rio Grande do Sul por Putz et al. (2002), verificou a presença de mutações que
incluem transição e transversão de bases nitrogenadas, onde ocorreu prevalência de transição
de adenina com guanina nas células do esôfago (FREITAS et al., 2016).
Suspeita-se que o chimarrão não contém agentes carcinogênicos específicos, mas que
a alta temperatura da água ingerida é um risco potencialmente carcinogênico, inclusive
quando associado ao álcool e ao tabaco (BARROS et al., 2000).
Os agrotóxicos podem estar presentes nas frutas, legumes, verduras e cereais, ou ainda
em ovos, leites e carnes frescas. Além disso, resíduos dos agrotóxicos podem estar presentes
no alimentos ultraprocessados, como biscoitos, salgadinhos e pães.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 1996), após
absorvidos por via digestiva, respiratório e/ou dérmica, os agrotóxicos podem desencadear
muitos efeitos na saúde humana, podendo ser de natureza aguda, quando os sintomas
aparecem rapidamente, até crônico, caracterizado pelo surgimento tardio acarretando a danos
irreversíveis (paralisias, neoplasias, lesões renais e hepáticas, efeitos nerotóxicos retardados,
alterações cromossômicas, etc.) (RIGOTTO; AGUIAR, 2015).
Rigotto e Aguiar (2015) ainda descrevem que os agrotóxicos têm potencial de
desencadear danos celulares diretos ou então de impedir que o sistema de supressão das
mutações genéticas realize sua função, sendo o ponto de partida para o desencadeamento dos
mais variados tipos de câncer.
3.5.3.9 Farinha
A relação entre o consumo de farinha e o câncer é a alta ingestão de anilina, que esta
presente em vários tipos de farinha de mandioca e é fonte de radicais aminas e dióxido de
nitrogênio. Estes compostos podem formar nitrosaminas, os quais são importantes
carcinógenos para o desenvolvimento de câncer gástrico. Sua incidência é elevada quando o
consumo de legumes e vegetais é baixo. Os compostos nitrosos e o nitrato induzem à
formação tumoral por meio da sua transformação em nitrito, levando ao aumento da produção
de radicais livres (OLIVEIRA et al., 2014).
3.5.4 Obesidade
A obesidade é caracterizada por ser uma doença crônica causada pelo armazenamento
excessivo de gordura corporal, o qual traz variados malefícios à saúde. Desta forma, o
sobrepeso é considerado um fator de risco para outras doenças crônicas não transmissíveis e
para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e câncer (DURÃES et al., 2019).
3.5.5 Envelhecimento
18
O envelhecimento natural do ser humano traz muitas mudanças nas células, tornando-
o mais suscetível aos fatores carcinogênicos além do somatório das exposições ao longo dos
anos (ABC DO CÂNCER, 2019).
Geralmente, o câncer se forma lentamente, levando vários anos para se tornar visível.
Praticamente 63% de pacientes que desenvolveram câncer tem mais de 65 anos e outros cerca
de 36% tem mais de 75 anos (CANDIDO; LUZ; MACHADO; CARGNIN, 2016).
3.5.8 Hereditariedade
A hereditariedade é considerada um fator esporádico para o desenvolvimento de
câncer. Mesmo assim, alguns indivíduos podem ser mais suscetíveis do que outros à ação dos
agentes cancerígenos, podendo resultar ou não no aparecimento de uma neoplasia.
Nos casos das síndromes de câncer hereditário, as diversas alterações no DNA de
células normais, resulta em neoplasias malignas prevalentes em indivíduos de uma mesma
família. Algumas características clínicas estão associadas ao câncer hereditário: idade precoce
do diagnóstico, vários tipos de câncer em um mesmo indivíduo, múltiplos integrantes de uma
mesma família apresentando a mesma neoplasia ou várias gerações acometidas (DURÃES et
al., 2019).
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Alguns tipos de câncer, como de mama, estomâgo e intestino, tem maior tendência a
serem de origem familiar. No entanto, não se pode desconsiderar as hipóteses de exposição a
um fator comum (ABC do CÂNCER, 2019).
3.6 Prevenção
A prevenção primária é de suma importância tanto para um diagnóstico precoce como
para a prevenção das neoplasias. Mesmo que uma pequena parte dos casos de câncer sejam
herdados, acredita-se que o seu desenvolvimento esteja associado aos fatores de risco
modificáveis: tabaco, radiação, agentes infecciosos, medicamentos, má nutrição e
sedentarismo (DURÃES et al., 2019).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 40% das mortes por
câncer poderiam ser evitadas apenas com medidas de prevenção.
Entre as principais maneiras de prevenção, o INCA destaca:
● Não fumar, pois o tabagismo é um dos principais causadores de doenças crônicas não
transmissíveis e a principal causa mundial evitável de morbidade e mortalidade.
● Alimentação saúdavel é primordial para a prevenção do câncer. É indicado uma dieta
rica em alimentos de origem vegetal, como frutas, legumes, verduras, cereais integrais
e feijão e de poucos alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas e álcool.
● Atividade física, evitando o sedentarismo e a obesidade.
● Evitar a exposição solar entre 10 horas e 16 horas e fazer uso de proteção adequada.
3.7 Tratamentos
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O câncer, por se tratar de uma doença complexa, muitas vezes em seu estágio
avançado pode não possuir cura, porém através da detecção precoce, ele pode ser controlado
ou mesmo curado. Entre os tratamentos disponíveis, o INCA destaca:
● Cirurgia ocológica: consiste na retirada do tumor e pode ter finalidade curativa
ou paliativa.
● Quimioterapia: tratamento utilizando medicamentos, com a finalidade de
destruir as células doentes que estão formando o tumor e impedindo que se
espalhem.
● Radioterapia: tratamento utilizando radiações ionizantes para destruir ou impedir
que as células do tumor aumentem. O tumor pode desaparecer e a doença ficar
controlada ou curada.
● Transplante de medula óssea: é um tratamento realizado para algumas doenças
que afetam as células sanguíneas, como as leucemias; consiste na substituição
de uma medula óssea doente por células saudáveis.
Estes tratamentos são ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de ser
indicado a associação com outras modalidades terapêuticas, para que o paciente tenha uma
sobrevida e uma qualidade de vida melhor.
Os cuidados paliativos são indicados quando a doença já está grave e progressiva, e
que ameaça a continuidade da vida do paciente. Possui como objetivo promover a qualidade
de vida do paciente e também dos familiares, amenizando os sintomas físicos, sociais,
psicológicos e espirituais. Esta abordagem é feita por uma equipe multiprofissional que se
adpata a cada paciente, podendo ser composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas,
nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos, farmacêuticos, entre outros
(INCA, 2019).
21
4 CONCLUSÃO
Por não possuir uma causa única, a etiologia do câncer é correlacionada como
esporádica ou genética. O fator genético é quando uma mutação tem caráter hereditário, ou
seja, herdado dos pais; sua frequência é relativamente baixa e tem aparecimento precoce. Já o
câncer esporádico é mais frequente e possui origem multifatorial com grande influência
ambiental. Entre estes fatores encontra-se a radiação solar e ionizante, agentes microbianos,
tabaco, obesidade, sedentarismo, exposição à agentes químicos e biológicos, álcool e má
alimentação. Geralmente, estas causas interagem e aumentam a suscetibilidade e
probabilidade de transformações nas células, tornando-as malignas.
Estudos nos últimos anos vêm investigando a dieta e os hábitos alimentares como
fatores de risco. A troca de alimentos in natura por alimentos processados e industrializados,
consumo excessivo de bebidas adoçadas artificialmente e do álcool e até mesmo o preparo
errôneo das comidas, têm se mostrado um grande fator de risco para o desenvolvimento das
mais variadas neoplasias. Muitos dos compostos utilizados para conservar os alimentos na
prateleira do supermercado e dar mais cor aos alimentos podem contribuir para a
suscetibilidade das células dos órgãos gastrointestinais, causando câncer de estomâgo e
intestino. A gordura trans, presente em muitos alimentos industrializados, não é essencial ao
organismo e não possui nenhum beneficio à saúde, sendo também um fator predisponente a
várias doenças e ao desenvolimento do câncer. A fumaça do churrasco contém compostos
químicos carcinogênicos que se aderem a superfície da carne, tornando o individuo suscetível
22
Diante disto, os mais variados tipos de câncer podem ser prevenidos através de hábitos
saudáveis no cotidiano. Evitar o consumo excessivo de alimentos com conservantes e
industrializados, de carnes processadas e de bebidas adoçadas artificialmente, podem
aumentar a chance de desenvolvimento de câncer. Em vez disso, o ideal é consumir alimentos
agroecológicos e orgânicos, como frutas, legumes, verduras, feijões, cereais integrais,
sementes e nozes, e praticar exercícios físicos frequentemente. Hábitos saudáveis, além de
protegerem contra o câncer, fortalecem as defesas do corpo e ajudam na qualidade de vida.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, L.; SANTOS, B.T.; PRATES, R.P.; LEÃO, L.L.; PEREIRA, E.J.; SILVA, V.S.;
FARIAS, P.K.S. Alimentação como fator de risco para câncer de intestino em
universitários. Revista Brasileira em promoção da saúde, Fortaleza, v.30, n. 1, p. 73, 2015.
CANDIDO, C.; LUZ, G.; MACHADO, J.; CARGNIN, A.B. A carcinogênese e o câncer de
mama. Revista Maiêutica, Indaial, v. 4, n. 1, p. 45-52, 2016.
CHAZELAS, E. et al. Sugary drink consumption and risk of cancer: results from
NutriNet-Santé prospective cohort. The BMJ. 2019.
FERREIRA, F.S. Aditivos alimentares e suas reações adversas no consumo infantil. Vale
do Rio Verde. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 13, n. 1, p. 397-
407, 2015.
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Dietas restritivas e
alimentos milagrosos durante o tratamento do cancer: fique for a dessa!. 2018.
Disponível em: < https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/dietas-restritivas-e-alimentos-
milagrosos-durante-o-tratamento-do-cancer-fique>.
24
Ministério da Saúde; INCA – Instituto Nacional do Cãncer José Alencar Gomes da Silva.
ABC do cancer – abordagens básicas para o controle do câncer. Rio de Janeiro – RJ.
2019. Disponível em: < https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/abc-do-cancer-
abordagens-basicas-para-o-controle-do-cancer >.
Ministério da Saúde; INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva.
Estimativa 2018 – Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro. 2017. Disponível em:
<https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2018-incidencia-de-cancer-no-brasil>
TEXTO 1:
Mulher, 54 anos, dona de casa, possui 2 filhos, sendo parto normal aos 22 anos e 35 anos,
respectivamente. Relata amamentação por poucos meses. Peso: 96 Kg. Altura: 1,66.
Relatou aumento progressivo de peso desde os 22 anos. Paciente com história de
hipertensão arterial sob controle medicamentoso. Relata ser tabagista, consumir álcool
moderadamente e refrigerante tipo cola diariamente, ter dieta rica em gorduras,
carboidratos e proteínas. Diz possuir boas condições de moradia, alimentação e higiene.
Mencionou que a percepção de um nódulo na mama esquerda foi relatado inicialmente à
Agente Comunitária de Saúde em visita a sua residência, a qual indicou visita ao médico
no Posto de Saúde. Ao exame nas mamas, o médico percebeu as mesmas volumosas e
assimétricas. Aparentemente, mama direita sem nódulos e mama esquerda com nódulo de
4 a 3 cm de diâmetro, duro, indolor e aderido à pele. Desta forma, o médico solicitou a
realização de mamografia para um diagnóstico definitivo.
TEXTO 2:
“A prevenção dos agravos à saúde pode ser primária ou secundária. O papel da prevenção
primária é o de modificar ou eliminar fatores de risco, enquanto, na prevenção secundária,
enquadram-se o diagnóstico e tratamento precoce do câncer. A detecção precoce é uma
forma de prevenção secundária e visa a identificar o câncer em estágios
iniciais,permitindo o uso de recursos terapêuticos menos mutiladores e maior
possibilidade de cura”.
TEXTO 3:
“Eles sugerem que as bebidas açucaradas, que são amplamente consumidas nos países
ocidentais, podem representar um fator de risco modificável para a prevenção do câncer”.
Fonte: Sugary drink consumption and risk of cancer: results from NutriNet-Santé prospective cohort. BMj,
2019.
1. Quais são os meios mais eficazes para a detecção precoce do câncer de mama?
2. Apesar de não existirem evidências 100% conclusivas sobre os meios de
prevenção do câncer, quais os principais fatores de risco comportamentais
apresentados pela paciente poderiam ter sido evitados e contribuído para a
prevenção do câncer de mama? Justifique.
3.
27
28
Maus hábitos alimentares estão diretamente relacionados com essa estatística. A vida
moderna, cada vez mais agitada, dificultou o velho (e bom) hábito de preparar os próprios
alimentos e deu lugar aos alimentos prontos para consumo ou de fácil preparo.
O nutricionista Fábio Gomes, do INCA, explica que muitos alimentos possuem fatores
mutagênicos, ou seja, lesam as células humanas e alteram o material genético que existe
dentro dela. "Esse processo leva a uma multiplicação celular muito maior do que o normal e,
em consequência, pode aparecer um tumor". Muitos desses alimentos não apresentam
qualquer benefício à saúde e podem ser facilmente riscados do cardápio. Veja quais são e
modere no consumo dos alimentos que predispõem a doença.
1. Carnes processadas
Linguiça, salsicha, bacon e até o peito de peru contêm quantidades consideráveis de
nitritos e nitratos. Essas substâncias, em contato com o estômago, viram nitrosaminas,
substâncias consideradas mutagênicas, capazes de promover mutação do material genético.
"A multiplicação celular passa a ser desordenada devido ao dano causado ao material
genético da célula. Esse processo leva à formação de tumores, principalmente do trato
gastrointestinal", explica Fábio Gomes.
A recomendação do especialista é evitar esses alimentos, que não contribuem em nada
com a saúde.
2. Alimentos gordurosos
Fábio Gomes explica que não é exatamente a gordura a principal responsável pelo
aparecimento de câncer, e sim a quantidade de calorias que ela agrega ao alimento. A comida
muito gordurosa é densamente calórica, ou seja, tem mais que 225 calorias a cada 100 gramas
do alimento. "Por esses alimentos geralmente serem pobres em nutrientes, é preciso ingeri-los
em grandes quantidades para obter saciedade, o que leva ao superconsumo", conta o
nutricionista do INCA.
Em excesso, esses alimentos provocam obesidade, que é fator de risco para câncer de
pâncreas, vesícula biliar, esôfago, mama e rins. A célula de gordura libera substâncias
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equilibrada, pois é um produto destinado a pessoas com diabetes e não deve ser consumido
em excesso pela população em geral", aponta.
7. Dieta pobre em fibras
O nutricionista Vinicius Trevisani explica que o intestino se beneficia muito pelo
consumo adequado de fibras. Elas garantem um bom trânsito intestinal, de modo a eliminar os
ácidos biliares secundários, um produto da digestão presente no intestino. Isso evita a
agressão às células do intestino e a multiplicação celular descontrolada.
8. Alimentos com agrotóxicos
Não existe uma forma eficiente de limpar frutas, verduras e legumes dos agrotóxicos.
"Muitas vezes, esses conservantes são aplicados nas sementes e passam a fazer parte da
composição do alimento", aponta Fábio Gomes. Ele explica que o agrotóxico provoca vários
problemas de saúde em quem tem contato direto com esses alimentos, mas ainda está em
estudo a sua real contribuição com o aparecimento do câncer.
Como ainda existem dúvidas sobre esses efeitos, o nutricionista orienta evitar opções
ricas em agrotóxicos. É melhor consumir alimentos cultivados sem o produto químico, que
comprovadamente têm mais vitaminas, minerais e compostos quimiopreventivos. "Estes
compostos atuam na proteção e reparação celular frente a uma lesão que pode gerar câncer",
afirma.
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