Eucaristia - Festa Do Amor - Pe. Estêvão M. Manelli

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Pe.

Estevão Maria Menelli

EUCARISTIA
FESTA DO AMOR

Nossa vida eucarística


segundo o exemplo dos santos

1995

1
PREFÁCIO

"A devoção à Eucaristia - disse S. Pio X, o Papa da Eucaristia - é a mais nobre de todas as
devoções, porque tem o próprio Deus por seu objeto; é a mais salutar, porque no-la dá o próprio autor
da graça; e é a mais suave, pois suave é o Senhor".
A devoção à Eucaristia, unida à devoção a Nossa Senhora, é uma devoção do paraíso, porque
é a devoção que têm os anjos e os santos. "Imaginemos uma academia no paraíso dizia a extática
Santa Gema Galgani - onde é preciso que não se aprenda nada mais senão amar. O cenáculo é uma
escola, Jesus é o mestre, e as doutrinas que ele ensina são sua carne e seu sangue".
A Eucaristia é Jesus Amor. Por isso ela é Sacramento do Amor, e de um amor total: ela
contém Jesus vivo e verdadeiro, e ele é o "Deus Amor" (Jo 4,8), o Deus que nos amou até o fim (cf.
Jo 13,1).
Todas as expressões do amor, as mais altas e profundas, estão contidas na Eucaristia: o amor
crucificado, o amor de união, o amor de adoração, o amor contemplativo, o amor orante e o amor que
inebria.
Jesus Eucarístico é amor crucificado no Santo Sacrificio da Missa, no qual se faz imolação
por nós; é amor de unido na comunhão sacramental e espiritual, pela qual se torna um só com quem o
recebe; é amor de adoração no santo tabernáculo no qual está presente como um holocausto de
adoração ao Pai; é amor contemplativo, no encontro com as almas que se com prazem em "ficar a
seus pés", como Maria de Betânia (Lc 10,39). é Amor de oração, em sua "incessante intercessão por
nós" diante dos olhos do Pai (Hb 7,25); é amor inebriante, nos celestes êxtases da união nupcial com
os seus prediletos, os virgens e as virgens, que ele faz que se unam a si com um amor exclusivo, como
fez com S. João Evangelista, o Apóstolo virgem, o único que no Cenáculo "esteve reclinado sobre o
peito de Jesus" (Jo 21,20).
"Ser possuídos por Jesus, e possuí-lo: eis o reino perfeita do amor"-assim escreveu S. Pedro
Julião Eymard. Pois bem, é a Eucaristia que realiza este "reino perfeito do amor" em todos os puros de
coração, que se aproximam dos santos tabernáculos e se unem a Jesus sacramentado, com humildade
e amor. Jesus na Eucaristia se imola por nós, e se dá a nós, c fica entre nós com uma humildade e um
amor infinitos.
"O maravilhosa altura e dignação que nos espanta!" - exclama o seráfico S. Francisco. "O
humildade sublime e humilde sublimidade, que o Senhor do Universo, Deus e Filho de Deus, tenha
querido humilhar-se a ponto de esconder-se sob a pequena figura do pão, por nossa salvação!
Contemplai, irmãos, até que ponto Deus desceu!... E, a partir daí, não reserveis mais nada para vós
mesmos, a fim de que sejais inteiramente acolhidos por aquele que se dá todo a vós".
E S. Afonso de Liguori acrescenta, com aquela sua afetuosa ternura: "Meu Jesus! Que
invenção amorosa foi esta do Santíssimo Sacramento, de virdes esconder-vos debaixo das aparências
do pão para fazer-vos assim amar e encontrar por quem vos deseja!"
Que o pensamento do sacerdote, que nos dá Jesus cada dia e o da Bem-aventurada Virgem
Maria, que é a mãe divina de Jesus e de todos os sacerdotes, esteja sempre presente em nosso afeto
para com o Santíssimo Sacramento, porque a Eucaristia, Nossa Senhora e o sacerdote são
inseparáveis, do mesmo modo que, no Calvário, foram inseparáveis Jesus, Maria e João Evangelista.
Aprendamos tudo isso na escola dos santos, Eles viveram de maneira ardente e sublime, como
verdadeiras serafins de amor à Eucaristia. E só eles, como diz a Lumen Gentium (n 50), são o
"caminho mais seguro" para irmos a Jesus, nosso amor eucarístico.

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I - Ó DIVINA EUCARISTIA

JESUS EUCARÍSTICO É DEUS NO MEIO DE NÓS

Quando S. João Maria Vianney chegou à pequena e pouco conhecida aldeia de Ars, alguém
lhe disse, já sem nenhuma esperança: "Aqui não há mais nada que fazer!"
- "Então, é sinal de que está tudo por fazer", respondeu o Santo. E, em seguida, começou a fazer. E
que é que foi fazendo?... Levantava-se às duas da madrugada, punha-se em oração junto ao altar,
dentro da igreja escura. Recitava o Ofício Divino, fazia a meditação e se preparava para a santa missa.
Depois da santa missa, dava ações de graças e continuava em oração até o meio-dia: sempre de
joelhos no piso nu da igreja, se apoiar em nada, com o terço nas mãos e o olhar fixo no sacrário.
E assim continuou por algum tempo.
Mas, depois... ele teve que começar a mudar os horários, chegando ao ponto de precisar
modificar completamente o seu programa diário. Jesus Eucarístico e a Santíssima Virgem iam
atraindo pouco a pouco as almas daquela pobre paróquia, até que a igreja foi considerada pequena
para conter as multidões, e o confessionário do Santo foi pressionado por filas intermináveis de
penitentes.
O santo Cura viu-se, dentro em breve, obrigado a ouvir durante dez, depois quinze, até
dezoito horas por. Como se teria dado aquela transformação? Uma igreja pobre, um altar sem
atrativos, um sacrário abandonado, um velho confessionário, um sacerdote desprovido de meios e
pouco dotado: como é que se poderia operar naquela desconhecida aldeia a transformação tão
admirável?

Em S. Giovanni Rotondo

As mesmas perguntas podemos fazer hoje a respeito de uma aldeia do Gargano, S. Giovanni
Rotondo, que até poucos anos atrás estava como que perdida e desconhecida por entre as escarpas
rochosas do promontório. Hoje S. Giovanni Rotondo é um centro de vida espiritual e cultural cuja
fama ultrapassa os limites da nação.
Pois aí também foi um pobre frade enfermo, num pequeno convento ameaçando ruir, com
uma pequena igreja deserta, com um altar e um sacrário que sempre tiveram por companheiro apenas
o pobre frade, que ia usando seu terço e suas mãos na reza incansável de rosários e mais rosários...
Mas, como? A que é que se deve a admirável transformação acontecida, tanto em Ars como
em S. Giovanni Rotondo, para onde centenas de milhares, talvez milhões de pessoas acorriam, de
todas as partes do mundo? Só mesmo Deus é que podia operar aquelas transformações, servindo-se,
segundo os seus caminhos, das "coisas inconsistentes para humilhar as consistentes" (1Cor 1,28).
Tudo a ele se deve, ao poder divino e infinito da Eucaristia, à força todo-poderosa de atração,
que se irradia do sacrário, e que se irradiou dos sacrários de Ars e de S. Giovanni Rotondo, atingindo
as almas através do ministério daqueles dois sacerdotes, verdadeiros "ministros do tabernáculo" (Hb
13,10) "dispensadores dos mistérios divinos" (1Cor 4,1).

O Emanuel

Mas, afinal, que é a Eucaristia? É Deus no meio de nos. É o Senhor Jesus presente nos
sacrários das nossas igrejas, com seu corpo, sangue, alma e divindade. É Jesus, coberto com o véu das
aparências do pão, mas realmente fisicamente presente nas hóstias consagradas para ficar no meio de
nós, agir em nós, à nossa disposição. Jesus Eucarístico é o verdadeiro "Emanuel", isto é, "Deus-
conosco" (Mt 1, 23).

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"A fé da Igreja - ensina-nos Pio XII - é esta: que um só e o mesmo é o Verbo de Deus e o
Filho de Maria, que sofreu na cruz, que está presente na Eucaristia, e que reina no Céu". Jesus
eucarístico está entre nós como um irmão, como um amigo, como esposo de nossas almas. Ele quer
vir a nós para ser o nosso alimento de vida eterna, o nosso amor, o nosso sustento; ele quer fazer de
nós um só corpo com ele para ser o nosso redentor e salvador, que nos leva ao Reino dos Céus para
mergulhar-nos na eternidade do amor.
Com a Eucaristia, Deus, na verdade, nos deu tudo. S. Agostinho exclama: "Sendo Deus
onipotente, não pôde dar mais, sendo sapientíssimo, não soube dar mais; e, sendo riquíssimo, não teve
mais o que dar..."
S. Pedro Julião Eymard, quando chegou a Paris, foi morar numa casa muito pobre na qual
faltavam muitas coisas necessárias. Mas, se alguém lamentava isso e se condoía por ele, o Santo lhe
respondia: "Temos o Santíssimo Sacramento, e aí está tudo o de que preciso". E, quando as pessoas o
procuravam para conseguirem graças, auxílios ou conforto, o Santo lhes dizia: "Achareis tudo isso na
Eucaristia: a palavra de conforto, a ciência, os milagres... Sim, até os milagres!...” Que quereis ainda
mais?
Vamos, pois, à Eucaristia. Aproximemo-nos de Jesus, que quer fazer-se nosso, para fazer-nos
seus, divinizando-nos: "Jesus, alimento das almas fortes - exclamava Santa Gema Galgani - fortalecei-
me, purificai-me, divinizai-me”. Aproximemo-nos da Eucaristia com um coração puro e ardente.
Como os santos. Nunca será demais o nosso cuidado em procurar conhecer e tornar conhecido este
Mistério inefável. A meditação, o estudo, a reflexão sobre a Eucaristia hão de encontrar um espaço de
tempo no decorrer de nossas horas. E esse será o tempo mais abençoado do nosso dia. Ele nos fará
bem à alma e ao corpo.
Na vida de S. Pio X se lê que um dia, quando ele pároco de Salzano, foi visitar um clérigo que
estava doente. Ora, naquela mesma hora em que foi visitá-lo, lá estava chegando também o médico,
que perguntou ao enfermo como estava. O jovem clérigo respondeu-lhe que naquele dia estava
sentindo-se melhor, porque tinha ensinado um pouco de catecismo aos irmãozinhos, falando-lhes
sobre a Eucaristia.
A esta resposta, o médico exclamou em tom de zombaria. "Ora, esta é boa! Nas clínicas em
que estudei nunca ouvi dizer que a doutrinazinha cristã pudesse produzir tais efeitos!" Contra esta
investida tão amarga interveio imediatamente o pároco em defesa do clérigo, e disse ao médico: "Ah!
Sim. Os efeitos da doutrina que vos aprendestes, nós os estamos vendo muito bem, doutor, e até um
míope os poderia ver, pois deles o cemitério está cheio... Ao passo que a doutrina cristã preenche um
lugar que só alguém privado do cérebro não poderá ver: o Paraíso!"
A Eucaristia é o celeste "fermento" (Mt 13,33) capaz de levedar, na natureza humana de cada
homem, todos os bens espirituais e temporais... É um bem de tal modo grande, que outro maior não se
pode desejar... De fato, que se poderia desejar ainda, quando temos conosco Jesus vivo e verdadeiro,
Deus feito homem, o Verbo que se fez carne e sangue para a nossa salvação e felicidade?
Bem respondeu, já no leito de morte, S. Pedro Julião Eymard a um religioso que lhe pedia um
último pensamento como lembrança: "Nada mais tenho a dizer-vos. Vos tendes a Eucaristia. Que
quereis ainda mais?"
E é mesmo assim.

CONHECER, AMAR E VIVER A EUCARISTIA

S. Pedro Julião Eymard dizia precisamente que "quando penetrou numa alma uma centelha
eucarística, lançou-se no coração um germe divino de vida e de todas as virtudes, e que vale, por
assim dizer, por si mesmo".

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Para se descobrir pelo menos alguma coisa das muitas riquezas contidas no mistério eucarístico,
empenhemo-nos em um tríplice exercício constante e unitário: exercício da mente, do coração e da
vontade.

Exercício da mente

É necessário, antes de mais nada, uma meditação atenta e ordenada sobre a Eucaristia, feita
com livros que nos levem à descoberta e ao aprofundamento pessoal deste mistério de amor (simples,
mas rico, é o pequeno volume de S. Afonso M. de Liguori, Visitas ao SS. Sacramento e a Maria
Santíssima; preciosa é a coleção de S. Pedro Julião Eymard sobre a Santíssima.
Vamos, porém, especialmente à escola de S. Pedro Julião Eymard, que foi um incomparável
Apóstolo da Eucaristia.
Levar todos à Eucaristia foi a sua vocação e missão, e de tal modo, que o povo lhe chamava o "Padre
do SS. Sacramento".
Quando ele fundou a Congregação dos Sacerdotes do SS, Sacramento, ofereceu sua vida pelo
Reino Eucarístico de Jesus, e escreveu estas ardentes palavras: "Aqui está, o caro Jesus, a minha vida;
estou pronto a comer até pedras e a morrer abandonado, contanto que consiga erguer para vos um
trono, dar-vos uma família de amigos e um povo de adoradores".
Se conhecêssemos o dom de Deus, que é amor dando-se a nós, nos dá todo o amor! "A
Eucaristia - diz S. Bernardo - é o amor que supera todos os outros amores céu e na terra". E Santo
Tomás escreveu: "A Eucaristia é o Sacramento do Amor, significa amor, produz amor".
Um fato concreto que nos fala com uma clareza impressionantemente a respeito deste amor é
o milagre eucarístico Lanciano (nos Abruzos), onde se venera uma hóstia consagrada, transformada
em carne viva, e assim conservada há mais de mil anos! Pois bem; segundo as análises químicas mais
recentes de uma pequena parte daquela hóstia, verificou-se que se trata de uma carne que ainda está
viva, e que pertence ao coração de um homem. E, de fato, a Eucaristia toda é mesmo só coração!
Certo dia, um árabe, o emir Abd-el-Kader, ia andando pelas ruas de Marselha em companhia
de um oficial francês quando se encontrou com um sacerdote, que ia levando o Santo Viático a um
moribundo. O oficial francês parou, descobriu a cabeça e dobrou os joelhos. Então, o amigo
perguntou-lhe a razão daquela saudação. "Estou adorando meu Deus, que o sacerdote vai levando para
um doente", respondeu o bravo oficial. “Mas, como "reagiu o emir, como acreditar que Deus, sendo
tão grande, se faça tão pequeno, a ponto de ir até aos tugúrios dos pobres? “Nós, maometanos
fazemos uma idéia bem mais alta de Deus”.
"E porque vós - replicou o oficial - tendes só uma idéia da imensa grandeza de Deus, mas não
conheceis o seu amor. E é assim mesmo. "A Eucaristia - exclama S. Pedro Julião Eymard - é a
suprema manifestação do amor de Jesus: depois dela nada há mais senão o céu”. Contudo, quantos de
nós, cristãos, ainda ignoramos a imensa grandeza do amor que to encerrado na Eucaristia!

Exercício do coração

Se todo cristão deve amor a Jesus Cristo ("Quer amar a Jesus Cristo seja amaldiçoado" - 1Cor
16,22), para com a Eucaristia deveria ser espontâneo e sempre vivo em todos.
Entre todos os Santos, um dos melhores modelos talvez seja S. Pedro Julião Eymard, em que o amor à
Eucaristia atinge tal intensidade que até se transfigura em loucura de amor. Por isso ele era chamado
"o louco de amor ao Santíssimo Sacramento!"
Mas o amor também exige exercício. E preciso exercitar o coração no desejo do verdadeiro
bem, no sentimento de uma verdadeira avidez pelo "Autor da Vida" (At 3,15).
A Santa Comunhão representa o vértice deste exercício de amor, que se consuma na união
entre o coração da criatura e Jesus. Santa Gema Galgani bem podia exclamar: "Quase nem posso
pensar que Jesus, na prodigiosa expansão do seu amor, se faça sentir e se manifeste até à sua última

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criatura com todos os esplendores do seu coração". E que dizer dos *exercícios" do coração de Santa
Gema, que desejava ser uma "tenda de amor para nela abrigar sempre a Jesus consigo? Ela, que
desejava ardentemente ter "um lugarzinho na âmbula" para poder estar sempre com Jesus? Ela, que
pedia para poder transformar na esfera das chamas de amor" de Jesus?
Quando Santa Teresa do Menino Jesus já estava gravemente enferma, ia quase se arrastando,
com grande esforço, até à igreja, para receber Jesus. Certa manhã, depois da Comunhão, ela foi
encontrada exausta em sua cela.
Uma das irmãs lhe disse que ela não devia fazer tão grande esforço. Mas ela respondeu-lhe:
"Oh! que são estes sofrimentos, diante de uma comunhão?" E sua doce queixa, por não poder fazer a
comunhão cada dia (que não era permitida naquele tempo), terminou com esta ardente invocação a:
"Ficai em mim como no sacrário, não vos afasteis desta vossa pequena hóstia".
Quando Santa Margarida Maria Alacoque deixou o mundo para consagrar-se a Deus num
convento, ela fez um voto particular e o escreveu com o seu sangue: "Tudo pela Eucaristia: nada para
mim!" É inútil tentar descrever o amor que impelia a Santa para a Eucaristia.
Quando ela não podia comunicar-se com alguém, saía-se com acentos de um abrasado afeto, como
este: um tal desejo da Santa Comunhão, que, se fosse necessário caminhar com os pés nus por uma
estrada de fogo a fim de consegui-lo, eu o faria com uma indizível alegria.
Santa Catarina de Sena dizia muitas vezes ao seu confessor: "Padre, estou com fome: pelo
amor de Deus daí a está alma o seu alimento, Jesus na Eucaristia"; ou, então segredava: "Quando não
posso receber o Senhor. vou à igreja e lá fico olhando para ele... continuo a olhar... e isto me sacia.
Durante sua longa e penosa enfermidade, Santa Bernadete certa vez falou da felicidade que
sentia em suas horas insônia, porque podia unir-se a Jesus no sacramento, e, mostrando um pequeno
ostensório dourado, que estava em sua frente, sobre a cortina que rodeava o seu leito, dizia: “Vendo-o
sinto o desejo e até a força de me imolar, quando percebo que o isolamento e o sofrimento vão
aumentando". Isto é o que se chama "exercício do coração".

Exercício da vontade

Nossa vontade precisa exercitar-se em traduzir na vida as divinas lições da Eucaristia. Que
adiantaria descobrir o valor infinito da Eucaristia (pela meditação) para procurar amá-la (pela Santa
Comunhão), se, depois de tudo isso, não se fizesse nenhum esforço para vivê-la?
A Eucaristia é uma lição indizível de amor, de imolação total, de humildade e de uma vida
escondida, de paciência e dedicação sem limites.
E nós, que fazemos? É preciso que façamos alguma coisa! “Será possível que, tendo Jesus nos
amado, e ainda nos ama até o extremo” (To 13.1) fiquemos ainda indiferentes e inertes? Não, Jesus,
que não seja mais assim!
Se nos sentimos fracos, recorramos a ele, digamos isso a ele, vamos a ele sem demora, pois
ele disse que é nosso sustento e nossa ajuda e ainda acrescentou: "Sem mim, podeis fazer" (Jo 15.5)
Com a Eucaristia, sim, não só podemos, mas até obtemos o que deveria encher-nos de espanto e
comover-nos, a saber a nossa identificação com Jesus, como nos diz Santo Agostinho: "Não somos
nós que transformamos Jesus Cristo em nós, como fazemos com os outros alimentos que usamos, mas
é Jesus Cristo que nos transforma nele".
Antes de tudo, porém, vamos a ele! "Vinde a mim... que eu vos restaurarei" (Mt 11,28).
Vamos visitá-lo muitas vezes, entrando na igreja todas as vezes que pudermos, e lá permanecendo um
pouco de tempo junto ao sacrário, perto dele corporalmente, e de coração. A "visita" a Jesus
eucarístico era a ânsia constante dos santos, bem como a hora de adoração eucarística, a comunhão
espiritual, as jaculatórias, os atos de amor nascidos espontaneamente e cheios de afeto. Por tudo isso
quanto bem recebiam os santos, e quanto bem não podiam eles transmitir!
Um dia, em Turim, um amigo perguntou a Pedro Jorge Frassati, seu colega de universidade:
"Vamos tomar um aperitivo?!" Pedro Jorge aproveitou a ocasião, e respondeu, mostrando ao amigo a

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igreja de S. Domingos, que estava perto: "E se nós fossemos tomá-lo naquele... bar?" Entraram os
dois na igreja e, por um pouco de tempo, rezaram junto ao Sacrário. Depois, aproximando-se do cofre
das ofertas, disse Pedro: "Aqui está o aperitivo..." E dos bolsos dos dois jovens saiu uma esmola para
os pobres.
Foi pensando na Eucaristia que S. João Crisóstomo certa vez perguntou, durante a pregação:
"Como poderemos fazer de nossos corpos uma hóstia?" E ele mesmo respondeu: "Que os vossos
olhos não olhem nada de mau, e tereis oferecido um sacrifício; que vossa língua não profira palavras
inconvenientes, e tereis feito uma oferta; que vossa mão não cometa pecado, e tereis consumado um”.
Pensemos nos olhos de Santa Coleta, sempre baixos e recolhidos numa suave modéstia. E por
quê? "Os meus olhos eu os enchi de Jesus, pois fiquei olhando para ele na hora da elevação da na
Santa Missa, e não quero que eles sede tenham sobre nenhuma outra figura".
Pensemos na modéstia edificante dos santos, enquanto falavam, usando assim de um modo
correto a sua língua, consagrada pelo contato com o Corpo de Jesus. Pensemos nas boas obras que as
almas enamoradas da Eucaristia realizaram, pois Jesus lhes comunicava os seus próprios sentimentos
de amor a todos os irmãos, especialmente aos mais necessitados.
Bem tinha razão S. Francisco de Sales quando exortava a todas as almas a se aproximarem
mais frequentemente possível da Eucaristia, porque “à força de adorar e comer a beleza, a bondade e a
pureza em pessoa, neste divino Sacramentado, também tu te tornarás bela, boa e pura”. Não
poderemos, nós também, exercitar assim a nossa vontade? Aprendam, pois, com os santos e mãos à
obra!

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II - JESUS POR MIM

A SANTA MISSA É O SACRIFÍCIO DA CRUZ


Somente no céu iremos compreender que divina maravilha da Santa Missa. Por mais que nos
esforcemos. E por mais santos e inspirados que sejamos, nada mais podemos fazer a não ser balbuciar
pobres palavras como as crianças, se quisermos falar sobre esta obra divina que está acima da
compreensão dos homens e dos anjos.
Um dia alguém fez este pedido ao Pe. Pio de Pietralcina “Padre, explique-nos a santa missa!"
"Meus filhos, -respondeu o padre -como eu vos poderei explicá-la? A missa é infinita como Jesus...
Perguntas a um anjo o que é a missa, e ele vos responderá com toda a verdade: eu sei o que ela é e por
que se celebra: contudo, eu não sei o tamanho do valor que ela tem. Um anjo, mil anjos do céu sabem
disso e assim pensar".

O altar é o Calvário

S. Afonso de Liguori chega a afirmar: "O próprio Deus não pode fazer que haja uma ação
mais santa nem maior do que a celebração de uma santa missa". E por que não? Porque a santa missa
é - pode-se dizer - a síntese da encarnação e da redenção; ela contém em si o nascimento, a paixão e a
morte de Jesus por nós. Ensina-nos o Concílio Vaticano II: "Nosso Salvador, na Última Ceia, na noite
em que foi entregue, instituiu o Sacrifício Eucarístico do seu corpo e do seu Sangue, no qual
perpetuou, através dos séculos, até à sua volta, o Sacrifício da Cruz" (Sacrosanctum Concilium n. 47).
O Papa Pio XII já havia proferido esta admirável sentença:"O altar de nossas igrejas não é
diferente do altar do Gólgota;pois ele também é um monte encimado por uma cruz e por um
Crucificado, e é nele que se realiza a reconciliação entre Deus e o homem".
Também Santo Tomás de Aquino escreveu estas palavras e cheias de luz: "Tanto vale a
celebração da santa missa, quanto vale a morte de Jesus na Cruz". Por isso dizia S. Francisco de
Assis: "O homem de tremer, o mundo deve fremir, o céu inteiro deve comover quando, sobre o altar,
nas mãos do sacerdote, aparece o Filho de Deus". Na realidade, ao renovar o sacrifício da paixão e
morte de Jesus, a Santa Missa é uma coisa tão grande, que só ela basta para satisfazer a Justiça
Divina. "Toda a cólera e indignação de Deus - afirma Santo Alberto Magno - se desfaz diante desta
oferta".
Santa Teresa de Jesus dizia às suas filhas: "Sem a Santa Missa, que seria de nós? Tudo
pereceria neste mundo, pois somente ela pode deter o braço de Deus" Sem a Santa Missa, certamente
a Igreja não teria durado o que já durou, e o mundo já se teria perdido sem remédio.
"Sem a Missa, a terra já teria sido aniquilada, há muito tempo,por causa dos pecados dos
homens", ensinava S. Afonso de Liguori. "Seria mais fácil que a terra se mantivesse sem o sol, do que
sem a missa", afirmava o Pe. Pio de Pietralcina, fazendo eco ao que dizia S. Leonardo de Porto
Mauricio "Creio que, se não fosse a missa a esta hora o mundo já estaria afundado debaixo do peso
dos seus pecados. E a missa o poderoso sustentáculo que o conserva".

Graças sublimes

Os efeitos salutares, pois, que cada Sacrifício da Missa produz na alma de quem dela participa
são admiráveis: obtém o arrependimento e o perdão das culpas, diminui a pena temporal devido aos
pecados, desarma o império de Satanás e abranda os furores da concupiscência, reforma os vínculos
de nossa incorporação com Cristo, preserva de perigos e desgraças, abrevia a duração do purgatório e
aumenta o grau de glória no céu: "Nenhuma língua humana - diz S. Lourenço Justiniani - pode contar
os favores que nascem, como de uma fonte, do Sacrifício da Missa: o pecador que se reconcilia com

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Deus, o justo que se torna mais justo, as culpas que são canceladas, os vícios que são erradicados, as
virtudes e os méritos que crescem, as insidias do diabo que são confundidas".
Por isto, S. Leonardo de Porto Maurício não se cansava de exortar as multidões que o
escutavam: "O povos enganados, que é que estais fazendo? Por que é que não ides correndo para as
igrejas para lá ouvirdes todas as missas que puderdes? Por que é que não quereis imitar os anjos que,
quando se celebra a Santa Missa, descem do paraíso em grande número e vêm ficar ao redor do altar
em adoração,intercedendo por nós?” Se é verdade que todos nós temos necessidade das graças de
Deus para esta vida e para a outra, nada no-las pode melhor obter de Deus como a Santa Missa. S.
Felipe Neri dizia: "Com a oração pedimos mais graças a Deus;mas na Santa Missa obrigamos a Deus
a no-las conceder"
A oração feita durante a Santa Missa empenha todo o nosso sacerdócio, tanto o sacerdócio
ministerial (exclusivo do celebrante), como o sacerdócio comum a todos os fiéis. Na Santa Missa
nossa oração fica unida à oração de Jesus que se imola por nós. Os dois momentos do Canon Romano
nos quais podemos lembrar-nos dos vivos e dos defuntos são os momentos mais preciosos da nossa
súplica: pois neles podemos pedir por nossas necessidades, podemos recomendar a Deus as pessoas
que nos são caras, vivas ou defuntas, e o podemos fazer justamente nos momentos supremos da
paixão e morte de Jesus, que está nas mãos do sacerdote...
Aproveitemos bem da Santa Missa; os santos assim faziam e quando se recomendavam às
orações dos sacerdotes, pediam-lhes que se lembrassem deles, especialmente durante o Cânon.
De modo particular na hora da morte, as missas que tivermos ouvido com devoção serão para
nós a maior consolação e esperança, e uma missa assistida durante a vida será nós mais salutar do que
muitas missas assistidas por outros em nosso favor depois nossa morte. S. José Cottolengo garante
que terá uma santa morte aquele que participa muitas vezes da Santa Missa. Também São Bosco
considera um sinal de predestinação a participação de muitas missas.
Fica certa -disse Jesus a Santa Gertrudes - de que a quem ouve devotamente a santa Missa , eu
lhe mandarei nos últimos instantes de sua vida tantos dos meus santos para confortá-lo e protegê-lo,
quantas tiverem sido as missas por ele bem ouvidas". Como isto é consolador! Tinha razão o Santo
Cura d Ars de dizer: "Se conhecêssemos o valor do Santo Sacrifício da Missa com quanto maior
fervor nos poríamos a ouvi-la. E S. Pedro Julião Eymard assim exortava a cada um dos cristãos "Fica
sabendo, ó cristão, que a missa é o ato mais santo a. religião: tu não poderias fazer nada de mais
glorioso em honra de Deus, e nada de mais vantajoso para a tua alma do que ouvir piedosamente a
Santa Missa, e quanto mais vezes te for possível”.

Um anjo vai contando os passos

Por tudo isso, devemos julgar-nos felizes toda vez que se nos oferece a possibilidade de ouvir
uma Santa Missa, e não procuremos afastar a idéia de fazer até algum sacrifício a fim
de não perde-la especialmente nos dias de preceito (domingos e festas) nos quais a obrigação da
participação à Santa Missa é grave e, portanto, quem deixa de ir comete pecado mortal.
Pensemos em Santa Maria Goretti que, para ir a missa aos domingos, tinha que andar a pé 24
quilômetros para ir e voltar! Pensemos em Santina Campana, que ia à missa estando com febre bem
alta! Pensemos em S. Maximiliano M. Kolbe, que celebrava a Santa Missa, mesmo quando se achava
em condições tão precárias de saúde que um seu coirmão tinha que sustentá-lo no altar para que não
caísse.
E, quantas vezes Pe. Pio de Pietralcina, estando febril e sangrando, celebrou a missa? Mas,
se as enfermidades chegavam a impedir os anos de participar na Santa Missa, eles se uniam, pelo
menos espiritualmente, aos sacerdotes que estavam celebrando em todas as igrejas da terra. Assim é
que fazia, por exemplo. Sonia Bernadette quando teve que ficar presa ao leito por muito tempo.
Nesses casos ela dizia as suas irmãs: "As missas são perenemente celebradas em um ponto ou outro

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do globo terrestre; céu me uno a todas essas missas, especialmente o longo das noites que às vezes
passo sem poder conciliar o sono".
Em nossa vida de cada dia devemos preferir a Santa Missa a qualquer outra coisa ou ação boa,
porque, como dizia S. Bernardo: "Temos mais merecimento em ouvir devotamente! uma Santa Missa
do que distribuindo aos pobres todos os nossos bens, ou saindo em peregrinação por toda a terra". E
não pode ser de outro modo, porque nada no mundo pode ter o valor infinito de uma Santa Missa. "O
martírio nada é -dizia o Santo Cura d'Ars - em comparação com a missa,porque o martírio é o
sacrifício do homem a Deus, mas a missa é o sacrifício de Deus pelo homem!"
Com maior razão devemos preferir a Santa Missa aos divertimentos nos quais se gasta o
tempo sem nenhuma vantagem para a alma. S. Luís IX, rei da França, ouvia várias missas cada dia.
Um de seus ministros queixou-se disso, dizendo que o rei podia ocupar aquele tempo nos trabalhos do
reino. Mas o rei santo lhe disse: "Se eu empregasse o dobro do tempo que levo para assistir às santas
missas nos diverti- mentos, ou na caça, ninguém iria dizer nada!" Sejamos generosos, e façamos de
boa vontade algum sacrifício para não perdermos um bem tão grande. Santo Agostinho dizia aos
cristãos do seu tempo: "Todos os passos que alguém dá para ir ouvir a Santa Missa são contados por
um anjo e por eles Deus lhe concederá um prêmio muito grande nesta vida e na eternidade". E o Santo
Cura d'Ars acrescenta: "Como fica feliz o Anjo da Guarda, quando acompanha uma alma que vai à
Santa Missa!"

A SANTA MISSA DE CADA DIA


Quando tivermos chegado a compreender que a Missa tem um valor infinito, já não nos
causarão admiração o amor e o cuidado dos santos procurando ouvi-la cada dia o mais que pudessem.
Pe. Pio de Pietralcina disse um dia a um penitente: “se homens compreendessem o valor da Santa
Missa, para cada missa seria necessário chamar os carabineiros, a fim de manterem em ordem as
multidões de gente nas igrejas". Quem sabe se nós também não pertenceremos ao grande número dos
cristãos que ainda não compreenderam o valor da Santa Missa, e por isso é que não temos aquele zelo
e aquele ardor que impelia os santos a ir à missa cada dia e até muitas vezes por dia.

Escondia a campainha

Deixou-nos Santo Agostinho este belo elogio de sua mãe. Santa Mônica: "Não deixava passar
nenhum dia sem estar presente ao Divino Sacrifício, diante do teu altar, Senhor!" S. Francisco de
Assis tinha por costume assistir a duas Missas cada dia; e, quando estava doente, pedia a algum dos
irmãos sacerdotes que lhe celebrasse a missa na cela, contanto que não ficasse sem missa! Santo
Tomás de Aquino, cada manhã, depois de ter celebrado sua missa, ajudava a uma outra missa, em
ação de graças pela que celebrara antes.
S. Pascoal Baylon, jovem pastor, não podia ir à igreja ouvir todas as missas como gostaria de
fazer, porque precisava levar as ovelhas à pastagem. Então, cada vez que ouvia o sino dando o sinal
para a Santa Missa, ajoelhava-se sobre a relva, no meio das ovelhas, diante de uma cruz de madeira
feita por ele mesmo, e assim acompanhava de longe o sacerdote que estava oferecendo o Divino
Sacrificio. Como nos é querido este santo, verdadeiro Serafim de amor eucarístico! Mesmo quando
ele já estava no leito de morte, ao ouvir o sino que chamava para a missa, teve ainda forca para dizer
aos seus irmãos “Estou contente por poder unir ao Sacrificio de Jesus o sacrifício da minha pobre
vida!" E morreu justamente no momento da Consagração.
S. João Berchmans, quando ainda jovem, sala de casa cada dia bem cedo para ir a igreja. Um
dia sua avó lhe perguntou por que saía tão cedo. O santo jovem respondeu-lhe: "Para atrair as bênçãos
de Deus, eu consegui poder ajudar três missas, antes de ir para a escola." S. Pedro Julião Eymard, já
desde pequeno, achava suas delícias em ajudar as santas missas. Era costume naquele tempo, em seu

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povoado, que o menino que ia ajudar à missa devia antes, de manhã cedo, bater a campainha, durante
um quarto de hora, através do povoado avisando os fiéis. Pois bem: quantas vezes o pequeno Pedro
Julião não escondia a campainha, na tarde da véspera,de tal modo que, na manhã seguinte, pudesse ter
a certeza de que ele é que ia ajudar à missa! Certa mãe, Santa Margarida, rainha da Escócia, tinha oito
filhos, e ia à missa levando-os consigo todos os dias, e, com seu cuidado materno, lhes ensinava a
considerar como um tesouro o livrinho da missa, que ela mandou adornar com pedras preciosas.

"Que má economia de tempo!"

Procuremos pôr bem em ordem as nossas coisas, de modo que não nos falte nunca o tempo
para a Santa Missa. Não digamos que estamos muito ocupados em negócio porque Jesus nos poderia
dizer: "Marta, Marta... tu te preocupas com muitas coisas, em vez de pensar na única necessária" (Lc
10,41).
Quando, de fato, se quer, acha-se tempo para ir a missa, sem que ele falte para o cumprimento
dos próprios deveres S. José Cottolengo recomendava a todos a missa quotidiana : aos professores, às
enfermeiras, a médicos, aos pais... E a quem lhe dizia que não tinha tempo para ir a missa ele
respondia com firmeza: "Que má economia de tempo!” E assim é.
Se de verdade pensássemos no valor Santa Missa, desejaríamos participar dela e procurar
todos os modos achar o tempo para isso. S. Carlos de Sezze, indo a Roma como esmoleiro das perto
de alguma igreja para poder ouvir outras missas, e foi justamente numa dessas missas a mais que ele
recebeu no coração o dardo de amor ,no momento , no momento em que se fazia a elevação da Hóstia
Consagrada.
S. Francisco de Paula ia cada manhã para a igreja esse ocupava lá dentro em ouvir todas as
missas que eram celebradas. S. Luís Gonzaga, S. Afonso Rodrigues, S. Geraldo M. cada manhã
ajudavam tantas missas quartas podiam, faziam de um modo tão cheio de devoção, que atraíam
muitos fiéis à igreja. Venerável Francisco do Menino Jesus, carmelita, ajudava cada dia a dez missas.
E, se acontecia alguma vez que tivesse que ajudar uma a menos, dizia: "Hoje não tomei o meu almoço
inteiro". E, por fim, que dizer do Pe. Pio de Pietralcina? A quantas missas não ouvia ele cada dia,
participando delas, enquanto ia recitando grande número de rosários? Também não estava enganado,
o Santo Cura d'Ars, quando dizia que "A missa é a devoção dos santos".

"Vou fazer dez milhas a pé"

O mesmo se diga do amor dos santos sacerdotes pela celebração da missa. Não poder celebrar
era para eles um sofrimento horrível. "Quando eu vir que já não posso mais celebrar, tratai-me como
um morto", foi o que disse a um coirmão S. Francisco Xavier Bianchi. S. João da Cruz deu a entender
que o tormento maior que teve que sofrer no tempo das perseguições foi o de não poder celebrar a
missa nem receber a santa comunhão, durante nove meses seguidos. Obstáculos e dificuldades não
tinham importância para os santos, quando se tratava de não perder um bem tão excelente.
Da vida de S. Afonso M. de Liguori sabemos que, certo dia, em uma das ruas se sentiu
tomado por violentas dores nas vísceras. O coirmão que o acompanhava o exortou a parar para tomar
um remédio. Mas o Santo, que ainda não tinha celebrado, respondeu prontamente ao irmão: "Meu
caro, vou fazer dez milhas a pé, para não perder a Santa Missa. E não houve modo de fazê-lo quebrar
o jejum (que naquele tempo era obrigatório desde a meia-noite). Esperou que as dores se acalmassem
um pouco, e retomou o caminho até à igreja. S. Lourenço de Brindisi, capuchinho, achando-se numa
povoação de hereges, onde não havia igreja católica, fez 40 milhas a pé para chegar a uma capela
católica, onde pudesse celebrar a Santa Missa. Não era sem motivo que ele costumava dizer: "A missa
é o meu céu na terra".
De modo semelhante, S. Francisco de Sales encontrou-se certa vez em um povoado
protestante e, para celebrar a Santa Missa, precisava ir todas as manhãs, bem cedo, a uma paróquia

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católica, que ficava do outro lado de um rio bem largo. Naquele outono, muito chuvoso, o rio se
encheu mais que de costume e arrastou a ponte pela qual o Santo costumava passar. Mas S. Francisco
não desanimou: jogou uma viga de madeira lá onde tinha estado a ponte e continuou a passar todas as
manhãs. No inverno, porém, com o gelo e a neve, havia um sério perigo de escorregar e cair n'água.
Então o Santo teve uma idéia: montando a cavalo sobre a viga, ia se deslizando sobre ela, tanto na ida
como na volta, contanto que não ficasse sem a celebração da Santa Miss! Nunca refletiremos bastante
sobre o mistério inefável da Santa Missa que renova sobre os nossos altares o Sacrificio do Calvário.
Nunca amaremos demais esta suprema maravilha do amor divino. "A Santa Missa - escreve
S. Boaventura é uma obra na qual Deus coloca sob nossos olhos todo amor que ele nos fez. ES. João
Bosco recomendava por isso, Vivamente : tende grande cuidado em ir à Santa Missa, ainda que para
isso tenhais que modo. Pois com isso obtereis do Senhor toda ir à Santa Missa, mesmo nos dias das
semana ,ainda que para isso tenhais que sofrer algum incômodo. Pois com isso obtereis do senhor
toda sorte de bênçãos".

A PARTICIPAÇÃO ATIVA E FRUTUOSA


A grandeza infinita da Santa Missa deve fazer-nos compreender a exigência de uma
participação atenta e devota ao sacrifício de Jesus. Adoração, amor e dor deveriam ser os sentimentos
dominantes.
O Sumo Pontífice Pio XII esculpiu em pensamentos maravilhosos (repetidos mais tarde pelo
Concílio Vaticano II) o estado de alma com que precisamos participar da Santa Missa, a saber, com "o
estado de alma em que se achava o nosso divino Redentor, quando fez o sacrifício de si mesmo: uma
humilde submissão do espírito, isto é, a adoração, o amor, o louvor e o agradecimento à Suma
Majestade de Deus... reproduzir em nós mesmos as condições da vítima, a abnegação de nós mesmos
conforme os preceitos do Evangelho o voluntário e espontâneo sacrifício da penitência, a dor e a
expiação dos nossos próprios pecados".
Verdadeira participação ativa na Santa Missa é aquela que nos torna vítimas imoladas como
Jesus, que consegue o escopo de "reproduzir em nós os delineamentos dolorosos de Jesus" (Pio XII),
dando-nos "uma união comum com Cristo em seus sofrimentos e a conformidade com ele em sua
morte" (Fl 3,10). Tudo o mais é somente rito litúrgico, uma veste exterior. Ensinava S. Gregório
Magno: "O sacrifício do altar será para nós uma hóstia (vítima) verdadeiramente aceita a Deus,
quando nós mesmos nos fizermos vítimas''. Por isto, nas antigas comunidades cristãs os fiéis, para a
celebração da Santa Missa, tendo à frente o papa, iam em procissão até o altar, vestidos com vestes de
penitência e cantando a ladainha dos santos. Na verdade, quando vamos à missa, deveríamos ir,
repetindo com S. Tomé: ''Vamos, nós também, para morrermos com ele!" (Jo 11,16).
Quando Santa Margarida Alacoque ouvia a Santa Missa, e ficava olhando o altar, não deixava
nunca de lançar um olhar para o crucifixo e para as velas acesas. Para quê? Para que se imprimissem
bem duas coisas na mente e no coração: o crucifixo fazia-lhe lembrar do que Jesus tinha feito por ela;
e as velas acesas lhe recordavam o que ela devia fazer por Jesus, isto é, sacrificar-se e imolar-se por
ele e pelas almas.
Todos os dias o rei da França, S. Luís IX, ouvia a Santa Missa de joelhos, ajoelhado no
pavimento nu. Certa vez um valete ofereceu-lhe um genuflexório, mas o rei lhe disse: “Deus se imola
na missa, e, quando é Deus que se imola, até os reis se ajoelham no pavimento".S. João Bosco
recomendava aos jovens que participassem da Santa Missa segundo o método de S. Leonardo de
Porto Maurício, que dividia a parte sacrifical da missa em três partes, isto é, em três "p", sobre as
quais devemos meditar: a Paixão de Jesus (do ofertório até à elevação); os nossos Pecados, causa da
paixão e morte de Jesus (até à comunhão); e o Propósito de uma vida pura e fervorosa (da comunhão
até o fim da missa).
Para fazer isso de um modo mais simples e frutuoso, basta procurar seguir atentamente o
sacerdote no altar. Assim venceremos mais facilmente as distrações e o tédio (e aos domingos não se

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irá ficar perguntando -como fazem alguns –onde é que a missa é mais breve, pois eles não vêem a
hora que ela acaba!). Um dia o papai de Guido de Fontgalland perguntou ao filho de que modo se há
de ocupar todo o tempo da missa. "Durante o tempo da Santa Missa - respondeu o santo Menino - a
única ocupação é acompanhá-la. Basta ir lendo com o sacerdote as orações que ele recita no altar...”.É
esta a mesma resposta que deu S. Pio X a alguém que queria saber quais as orações que hão de ser
recitadas durante a Santa Missa: "Segui a Santa Missa, dizei as orações da missa!”.

No Calvário, como Nossa Senhora

O modelo mais perfeito de participação no Santo Sacrifício nos é oferecido por Maria
Santíssima, por João Evangelista e por Madalena junto com as piedosas mulheres que estavam ao pé
da cruz (Jo 19,25). Assistir à missa de fato, é como estar presente ao Calvário. O Papa João Paulo II,
em um discurso aos jovens, disse numa frase simples e admirável: "Ir à missa quer dizer ir ao
Calvário para encontrar-nos com ele, o nosso Redentor".Um encontro de amor e de dor com Jesus
crucificado: isto é que é participar da missa. "Não se pode separar a Santíssima Eucaristia da Paixão
de Jesus", assim gemia entre lágrima, S. André Avelino.
Um dia um de seus filhos espirituais perguntou ao Pe. Pio de Pietralcina: "Padre; como é que
devemos participar na Santa Missa?" E o Padre respondeu: "Como Nossa Senhora, S. João e as
piedosas Mulheres no Calvário, unidos a ele no amor e no sofrimento". E no missalzinho de um outro
de seus filhos espirituais o Pe. Pio escreveu: "Quando assistires à Santa Missa concentra-te todo no
tremendo mistério que está acontecendo diante dos teus olhos: a redenção de tua alma e a
reconciliação com Deus". Outra vez lhe perguntaram: "Padre, por que é que o Senhor chora tanto
durante a missa?" "Minha filha -respondeu ele -que são aquelas poucas lágrimas, diante do que
acontece sobre o altar? Seriam necessárias torrentes de lágrimas!" E ainda outra vez lhe disseram:
"Padre, o Senhor deve sofrer muito por ficar em pé durante toda a missa, apoiado sobre as chagas
sangrentas dos pés!" E ele respondeu: "Durante a missa, não estou em pé. Estou suspenso". Que
resposta! As duas palavras "estou suspenso" exprimem viva e fortemente aquelas outras palavras
"crucificado com Cristo" ditas por S. Paulo (Gl 2, 19) e que distinguem a verdadeira e plena
participação na missa de uma participação vazia, acadêmica e talvez até ruidosa.
Muito belo é também o pequeno episódio, que se lê na vida de S. Bento. Um dia, durante a
Santa Missa, logo que pronunciou as palavras: "Este é o meu corpo", S. Bento ouviu uma resposta que
vinha da hóstia, que acabava de ser consagrada: "E o teu também, Bento!" A verdadeira participação
na Santa Missa deve fazer de nós vítimas com a Vítima.Bem dizia Santa Bernadette Soubirous a um
jovem sacerdote: "Lembra-te de que o Sacerdote no altar é sempre Cristo na cruz." E S. Pedro de
Alcântara se vestia para a missa como para ir ao Calvário, pois todas as vestes sacerdotais têm alguma
referência à Paixão e Morte de Jesus: a alva recorda a túnica branca com que Herodes fez vestir a
Jesus, como se ele fosse um louco; o cíngulo nos lembra a flagelação, a estola nos lembra as cordas
com que o ataram; a tonsura recordava a coroa de espinhos; a casula, trazendo a figura de uma cruz,
recorda a cruz posta sobre os ombros de Jesus.

"Senhor, perdoai-lhes!"

Quem tiver assistido à missa do Pe. Pio há de lembrar-se de suas lágrimas ardentes e daquele
seu imperioso pedido aos que estavam presentes para que acompanhassem a Santa Missa de joelhos,
recordar-se-á do impressionante silêncio em que o rito sagrado se desenrolava e o sofrimento cruel
que se fazia notar no rosto do Pe. Pio, enquanto ele ia pronunciando com esforço as palavras da
consagração, e também do fervor da oração silenciosa dos fiéis que enchiam a igreja, enquanto seus
dedos iam debulhando rosários por mais de uma hora. Mas a sofrida participação do Pe. Pio na Santa
Missa é a mesma de todos os santos. As lágrimas do Pe. Pio eram como as de S. Francisco de Assis
(que muitas vezes se tornavam sangüíneas), como as de S. Vicente Ferrer, de S. Inácio, de S. Felipe

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Neri, de S. Lourenço de Bríndisi (que chegava a ensopar de lágrimas sete lenços), de Santa Verônica
Giuliani, de S. José Cupertino, de S. Afonso, de Santa Gema...
Mas, afinal, como ficaríamos indiferentes, diante da crucifixão e da morte de Jesus? Por certo,
não haveremos de ser, de modo algum, como os apóstolos adormecidos no Getsêmani, nem, muito
menos, como os soldados, que pouco se importavam com os atrozes espasmos de Jesus agonizante.
(Contudo, essa é a impressão angustiosa que se sente hoje, quando se assiste às chamadas missas
beats, celebradas ao toque de guitarras e acompanhamentos estridentes, assistidas por mulheres
vestidas de modo inconveniente e por jovens que ostentam as mais extravagantes maneiras... "Senhor,
perdoai-lhes...").Também S. João Bosco lamentava amargamente o procedimento de cristãos que, na
igreja, ficavam "voluntariamente distraídos, sem nenhuma modéstia, sem atenção, sem respeito, de pé,
olhando para cá e para lá... Esses tais não assistem ao Divino Sacrifício como Maria e João, mas como
os judeus, pregando de novo a Jesus na cruz!”.
Olhemos para Nossa Senhora e os santos. Imitemo-los. Só mesmo acompanhando-os é que
seguiremos pelo caminho certo que é "agradável a Deus" (1Cor 1,21).

A SANTA MISSA E AS ALMAS DO PURGATÓRIO

Quando tivermos deixado este mundo, nada mais iremos desejar tanto, como a celebração de
santas missas por nossa alma. O santo sacrifício do altar é, de fato, o maior de todos os sufrágios,
maior mesmo do que toda oração, toda penitência, toda boa obra. E não nos deve ser difícil
compreender isso, se pensarmos que a Santa Missa é o próprio sacrifício de Jesus oferecido sobre o
altar com seu infinito valor expiatório. Jesus imolado é a verdadeira vítima de "expiação pelos nossos
pecados" (1Jo 2,2), e seu Divino Sangue é derramado “em remissão dos pecados". (MT 26,28)
Nada, absolutamente nada, pode ter o mesmo valor que a Santa Missa, e os frutos salutares do
santo sacrifício podem estender-se a um número ilimitado de almas.

"Tudo se paga!"

Certa vez, durante a celebração da Santa Missa na igreja de S. Paulo de Ter Fontane, em
Roma, S. Bernardo viu uma escada sem fim, que subia até o céu. Muitos anjos subiam e desciam por
ela, levando do purgatório para o Paraíso as almas libertadas pelo sacrifício de Jesus, renovado pelos
sacerdotes sobre os altares de toda a terra.
Quando morre um parente nosso, ficamos muito preocupados com a celebração e assistência
das santas missas em sufrágio da alma dele, sabendo que para ele isso vale mais do que todas as
coroas de flores, as vestes de luto e todo o cortejo fúnebre.
"O Santo Sacrifício da Missa - dizia S. João Bosco - faz bem as almas do purgatório e, mais
que isso, é o meio mais eficaz para aliviar aquelas almas de suas penas, para diminuir o tempo do seu
auxilio e introduzi-las mais depressa no Reino bem–aventurado."
Do Pe. Pio de Pietralcina se contam muitas aparições de almas do purgatório que lhe iam
pedir o sufrágio de uma santa missa, para poderem sair do purgatório. Um dia ele celebrou a Santa
Missa em sufrágio do pai de um dos seus irmãos. No fim do santo sacrifício, o Pe. Pio disse ao irmão:
"Nesta manhã a alma do teu pai entrou no Paraíso". O coirmão ficou muito alegre, mas disse ao Pe.
Pio: “Como é isso, padre, se meu pai morreu há trinta e dois anos?!" "Meu filho - respondeu-lhe o
padre - diante de Deus tudo se paga!" E é a Santa Missa que nos oferece esse preço de valor infinito: o
corpo e o sangue de Jesus, o "Cordeiro imolado" (Ap 5,12).
Enquanto, um dia, o Santo Cura d'Ars estava pregando,contou o exemplo de um sacerdote
que, enquanto estava celebrando a missa por um seu amigo falecido, depois da consagração fez este
pedido: "Pai Santo e Eterno, vamos fazer uma troca. Vós tendes a alma do meu amigo no

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purgatório;mas eu tenho o corpo do vosso Filho em minhas mãos.Libertai o meu amigo, e eu vos
ofereço o vosso Filho com todos os méritos de sua paixão e morte".

"Nada mais do que missas!”

Recordemo-nos de que todos os sufrágios são coisa boa e recomendável, mas, na medida do
possível, antes de mais nada façamos celebrar santas missas (por exemplo, as 30 Missas Gregorianas)
pelas almas de nossos queridos defuntos.
Na vida do Beato Henrique Susone lemos que ele, desde jovem, havia feito um pacto com um
dos seus coirmãos: "Quem de nós dois morrer depois do outro vai apressar a glória de quem já foi
para a eternidade, mandando celebrar por ele uma missa cada semana". Aconteceu que o companheiro
do Beato Henrique morreu primeiro, longe, em terra de missões. Então o Beato se lembrou do pacto
por algum tempo, mas depois, sobrecarregado com suas intenções de missas, substituiu a missa que
devia celebrar cada semana pelo seu coirmão falecido por orações e penitência. Mas o amigo lhe
apareceu e o censurou, todo aflito, dizendo: "Para mim não bastam as tuas orações e as tuas
penitencias: eu preciso do sangue de Jesus”; porque é com o sangue de Jesus que pagamos as dívidas
de nossas culpas (cf. CI 1,14).
Quando S. João de Ávila se achava no leito de morte, seus irmãos lhe perguntaram que é que
ele mais desejaria depois de sua morte. E o Santo prontamente respondeu: "Missas. Missas. Nada
mais do que missas!"
Igualmente o grande S. Jerônimo deixou-nos escrito que "por toda missa devotamente
celebrada muitas almas saem do purgatório, e voam para o céu". O mesmo se há de dizer das santas
missas devotamente ouvidas. Santa Maria Madalena de Pazzi, a célebre mística carmelita, costumava
oferecer o sangue de Jesus em sufrágio das almas do purgatório, e, em um êxtase, Jesus a fez ver
como realmente muitas almas do purgatório eram libertadas por aquela oferta do divino sangue.
Do mesmo modo Santa Bernadette era toda cheia de compaixão pelas almas do purgatório, e muita
vez dizia às suas irmãs de hábito: "Eu ouvi a missa pelas almas do purgatório; nada existe igual ao
precioso sangue de Jesus que, caindo sobre elas, as pode libertar". E não pode ser de outro modo,
porque, como ensina Santo Tomás de Aquino, uma só gota do sangue de Jesus, por seu valor infinito,
pode salvar o universo inteiro de todos os seus delitos.
Rezemos pelas almas do purgatório, pois, e libertemo-las de suas penas, fazendo que sejam
celebradas e ouvidas muitas santas missas. "Todas as boas obras tomadas juntas - dizia o Santo Cura
d'Ars - não tem o valor de uma única missa, porque as obras são dos homens, enquanto que a Santa
Missa é obra de Deus".
“Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue, permanece em Mim e eu nele”
(Jo 6,57).

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III - JESUS EM MIM

A SANTA COMUNHÃO: JESUS É MEU

Na santa comunhão Jesus se dá a mim e se faz meu, todo meu em corpo, sangue, alma e
divindade. "Eu sou dona de ti” - dizia em sua candura a Jesus Santa Gema Galgani. E o Beato
Contardo Ferrini afirmava que na comunhão "Jesus se encarna em nosso coração...”
Com a comunhão, Jesus penetra em meu peito e permanece corporalmente presente em mim,
enquanto durarem as espécies do pão, ou seja, por cerca de um quarto de hora.
Durante esse tempo, como ensinam os Santos Padres, os anjos me circundam, para continuarem a
adorar a Jesus e amá-lo sem cessar. "Quando Jesus está presente corporalmente em nós, ao redor de
nós montam guarda de amor os anjos”, escreve S. Bernardo.

Ele em mim e eu nele

Talvez pensemos muito pouco na sublimidade de cada uma santa comunhão. Pois bem; S. Pio
X dizia que "se os anjos pudessem ter inveja, eles nos invejariam porque podemos comungar". E
Santa Madalena Sofia Barat definia a santa comunhão como "O Paraíso sobre a terra." Todos os
santos compreenderam a divina maravilha do encontro e da união com Jesus Eucarístico por serem
possuídos por ele, e por possuí-lo: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em
mim, e eu nele" (Jo 6,56).
"Está de noite - escreveu certa vez Santa Gema -e eu vou me aproximando de amanhã cedo:
Jesus me possuirá, e eu possuirei Jesus". Não é possível uma união de amor mais profunda e total: Ele
em mim, um no outro: que mais se pode desejar?
"Vós invejais - dizia S. João Crisóstomo - sorte da mulher que tocou nas vestes de Jesus, ou
da pecadora banhou os pés dele com suas lágrimas, ou das mulheres da Galileia que tiveram a
felicidade de acompanhá-lo em suas peregrinações, ou dos apóstolos com os quais ele conversa
familiarmente da população daquele tempo que podia ouvir as palavras de graças e salvação, que
saiam dos seus lábios. Vós chamais de felizes aqueles que o viram...
Mas, vinde ao altar e o vereis, e tocareis nele, e lhe dareis beijos santos, e o banhareis com as
vossas lágrimas, e o levareis dentro de vós, como Maria Santíssima!"
Por isso os santos desejavam ardentemente a santa comunhão com um amor que os inflamava.
S. Francisco de Assis e Santa Catarina de Sena, S. Pascoal Baylon ou Santa Verônica, S. Geraldo ou
Santa Margarida Alacoque, S. Domingos Sávio ou Santa Gema Galgani..., não é possível continuar,
porque seria preciso pôr aqui os nomes de todos eles!
A Santa Catarina de Sena, por exemplo, aconteceu ter sonhado uma noite que no dia seguinte
não teria podido receber a santa comunhão. E a dor que por isso sentiu foi tão forte, que chorou
inconsolavelmente; e, quando despertou pela manhã, percebeu que estava com o rosto todo banhado
pelas lágrimas vertidas durante o sonho!
Santa Teresa do Menino Jesus escreveu um pequeno poema eucarístico, "Desejos junto ao
Sacrário", no qual, entre outras belas coisas, diz: "Eu queria ser o cálice no qual adoro o sangue
divino. Mas eu também posso, no santo sacrifício,acolhê-lo em mim cada manhã. Mais querida é para
Jesus aminha alma do que o mais precioso dos vasos de ouro". E,qual não foi a felicidade da Santa,
quando, durante uma epidemia, lhe foi concedido comungar todos os dias.
Santa Gema Galgani, certa vez, foi submetida a uma prova pelo confessor, que a proibiu de
comungar. "O Padre, Padre- escreveu ela ao seu Diretor Espiritual - hoje fui me confessar e o
confessor me proibiu de receber a Jesus. O meu Padre, minha pena se recusa a escrever, minha mão
está tremendo muito, e eu estou chorando!"

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Querida Santa! Verdadeiro serafim, todo em fogos de amor por Jesus eucarístico. Para o
angélico jovem Aldo Marcozzi um dia sem comunhão era um dia sem sol. Nas manhãs de inverno,
sua mãe queria que o filho tomasse alguma coisa quente antes de ir para a escola. Se, porém, ele
fizesse isso, não poderia comungar (pois naqueles tempos exigia-se um jejum desde meia-noite, e não
somente de uma hora, como hoje). Então,o santo jovem dizia com pesar à sua mãe: "Mamãe, deverás
dar contas a Deus pela comunhão que a senhora não me deixa fazer". Outra vez um companheiro lhe
perguntou se ele estava se sentindo mal, porque ele parecia um pouco triste. "Hoje para mim o dia está
feio - respondeu-lhe Aldo - porque não pude receber Jesus".S. Geraldo Majela, por uma calúnia da
qual não quis defender-se, foi punido com a privação da santa comunhão.E tal foi o sofrimento do
Santo, que um dia se recusou a ir ajudar à missa de um sacerdote que estava de passagem,"porque -
dizia - ao ver Jesus na hóstia consagrada, colocado entre as mãos do sacerdote, eu não seria capaz de
resistir, e o arrebataria de suas mãos!" Quão veemente era o desejo que consumia este Santo
admirável! E que reprovação para nós que talvez possamos comungar com toda a comodidade, e não
o fazemos. Isto é sinal de que nos falta o principal: o amor.
Talvez estejamos tão seduzidos pelos prazeres terrenos que não podemos mais nem sentir o
gosto das delícias celestes da união com Jesus na hóstia consagrada. "Meu filho, como podes sentir as
fragrâncias do Paraíso, que emanam do Sacrário?", dizia S. Felipe a um jovem amante dos prazeres da
carne,dos bailes, dos divertimentos... As alegrias da Eucaristia e a satisfação dos sentidos "são coisas
opostas" (Gl 5,17) e "o homem carnal não pode sentir gosto nas coisas do espírito (1Cor 2,14). Esta é
a sabedoria que vem de Deus.
S. Felipe Neri era tão amante da Eucaristia, que, mesmo gravemente enfermo, comungava
diariamente, e, se não lhe levavam Jesus pela manhã bem cedo, ficava em grande inquietação, e não
podia ficar sossegado de modo algum: "Estou com tanto desejo de receber Jesus – exclamava que não
sou capaz de ter paciência para esperar".
A mesma coisa acontecia, em nossos tempos, ao Pe. Pio de Pietralcina, que só mesmo o dever
da obediência fazia que ficasse calmo, enquanto esperava a celebração da santa missa às quatro ou
cinco da manhã. É bem verdade que o amor Deus é um "fogo devorador" (Dt 4,24).

Jesus a todos nos une

Quando Jesus é meu, exulta a Igreja toda, a dos céus, a da purgatório e a da terra. Quem
poderá exprimir a alegria dos anjos e dos santos a cada comunhão bem feita? Uma nova corrente de
amor chega ao paraíso e faz vibrar os espíritos bem-aventurados, cada vez que uma criatura se une a
Jesus para possuí-lo e ser por ele possuída. Vale muito mais uma comunhão do que um êxtase, um
arrebatamento, uma visão.A santa comunhão transporta o paraíso inteiro para o meu pobre coração.
Para as almas do purgatório, a santa comunhão é o dom pessoal que elas podem receber de nós. Quem
pode dizer quanto ajudam para a sua libertação as santas comunhões? A Santa Maria Madalena de
Pazzi apareceu um dia seu pai já falecido e lhe disse que eram necessárias cento e sete comunhões
para poder deixar o purgatório. E, de fato, na última das cento e sete comunhões, a Santa tornou a ver
seu pai subindo ao céu.
S. Boaventura se fez apóstolo desta verdade, e dela falava em termos vibrantes: “Ó almas
cristãs, quereis dar provas de verdadeiro amor aos vossos defuntos? Quereis enviar-lhes os mais
preciosos socorros e as chaves de ouro do céu? Fazei frequentemente a santa comunhão pelo descanso
de suas almas."
Enfim, reflitamos que, na santa comunhão, não nos unimos somente a Jesus Cristo, mas
também a todos os membros do Corpo Místico de Jesus, especialmente às almas mais caras a Jesus e
mais caras ao seu coração. “Visto que não temos mais do que um só pão - escreve S. Paulo - nós,
mesmo sendo muitos, formamos um só corpo; todos, com efeito, participamos do mesmo pão” (1Cor
10,17).

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É cada vez que comungamos que se realiza plenamente aquela palavra de Jesus: "Eu neles... a
fim de que sejam perfeitos na unidade" (Jo 17,23). A Eucaristia nos torna "um só", mesmo unindo-nos
a nós,seus membros, uns aos outros: "um só em Jesus", como diz S. Paulo (GI 3,28). A Comunhão é,
de fato, todo o amor de Deus e do próximo.
É a verdadeira "festa do Amor", como dizia Santa Gema Galgani. E nesta "festa do Amor" a
alma cheia de amor pode exultar, cantando com S. João da Cruz: "Meus são os céus, e minha é a terra,
meus são os homens, e os justos são meus; e meus são os pecadores. Os anjos são meus e a mãe de
Deus, todas as coisas são minhas. O próprio Deus é meu e para mim, pois Cristo é meu e todo para
mim".

A PUREZA DA ALMA PARA SE PODER COMUNGAR


Que dizer da grande pureza de alma com que os santos iam receber o pão dos anjos? Sabemos
que eles eram nisso deu ma delicadeza verdadeiramente angelical. Sabedores de sua própria miséria,
eles procuravam apresentar-se a Jesus "santos e imaculados" (Ef 1,4), repetindo como o publicano: "Ó
Deus, tende piedade de mim, que sou um pecador” (Lc 18,13), e recorrendo, sem perda de tempo,ao
sacramento da santa confissão.
"Aproximai-vos da Sagrada Mesa - dizia S. João Batista de La Salle - com as mesmas
disposições que quereríeis ter para entrar no céu. Pois não se há de ter um respeito menor para receber
a Jesus Cristo, do que para ser recebidos por ele."
Quando a S. Jerônimo foi levado o Santo Viático, no fim de sua vida, o Santo foi visto
prostrar-se por terra em adoração,e ouviu-se como ele repetia, com profunda humildade, as palavras
de Santa Isabel e as de S. Pedro: "De onde me virá está graça de estar vindo a mim o meu Senhor?
Afasta-te de mim, que sou um homem pecador" (Lc 1,43,5,8). E quantas vezes a angélica e seráfica
Santa Gema foi tentada a não ir comungar, julgando-se nada menos do que um vil "esterqueiro"?

Confessavam-se diariamente

O Pe. Pio de Pietralcina repetia, entre tremores, aos seus coirmãos: "Deus que vê manchas até
nos anjos, o que não verá em mim!” Por isso ele fazia assiduamente sua confissão sacramental. Santa
Teresa de Jesus, quando estava consciente da mínima culpa venial, nunca ia comungar, sem se
confessar antes.
"Oh! se pudéssemos compreender quem é o Deus que recebemos na comunhão, que pureza de
coração nós guardaríamos!", exclamava Santa Maria Madalena de Pazzi. Por isso, S. Hugo, S. Tomás
de Aquino, S. Francisco de Sales, S. Inácio, S. Carlos Borromeu, S. Francisco de Borja,S. Luis
Bertrando, S. José de Copertino, S. Leonardo de Porto Maurício e muitos outros santos confessavam-
se cada dia,antes de ir celebrar a santa missa.
S. Camilo de Lellis não celebrava nunca a santa missa sem confessar-se antes, porque queria
pelo menos "tirar o pó de sua alma. Certa vez em uma praça de Livorno, antes de se separar de um seu
coirmão, o Santo, prevendo que na manhã seguinte não ia ter um sacerdote para se confessar antes de
ir celebrar, parou, tirou o chapéu, fez o sinal da cruz, e pediu ao coirmão que o ouvisse em confissão
lá mesmo na praça onde estavam.
S. Afonso, S. José Cafasso, S. João Bosco, S. Pio X, o Pe. Pio de Pietralcina, confessavam-se
frequentemente. E por que é que S. Pio X quis antecipar por sete anos a idade da Primeira Comunhão
dos pequeninos, se não para que Jesus pudesse entrar nos corações dos pequenos inocentes, que são
tão semelhantes aos anjos? E o Pe. Pio de Pietralcina, por que é que ficava radiante de alegria quando
lhe apresentavam os meninos de cinco anos, já preparados para a Primeira Comunhão? S. João Bosco
afirmava que "quando o menino já sabe distinguir o pão ordinário do pão eucarístico e já tem uma

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instrução suficiente, não é preciso que nos preocupemos com sua idade, mas é preciso que o Rei dos
céus venha reinar em sua alma."

Examinemo-nos, arrependamo-nos,purifiquemo-nos
Os santos, no caminho da perfeição, usavam esta diretiva do Espírito Santo: "Antes de tudo,
examine-se cada um a si mesmo, e depois coma daquele pão, e beba daquele cálice, porque quem
come ou bebe indignamente, come e bebe a sua própria condenação" (1Cor 11,28)
Examinar-se, arrepender-se, acusar-se, pedir perdão, aproximando-se até cada dia do sacramento da
confissão era a coisa mais natural para os santos. Felizes deles, que disso eram capazes! E os frutos de
santificação eram constantes e abundantes, porque a alma pura que acolhe em si a Jesus, “o trigo dos
eleitos" (Zc 9,17), é como a "terra fértil... que produz fruto com perseverança" (Lc 8,15).
S. Antônio Maria Claret ilustra muito bem esse assunto: “Quando comungamos, todos nós recebemos
o mesmo Senhor Jesus, mas nem todos recebemos as mesmas graças, e também não são produzidos
em todos os mesmos efeitos. Isto se deve à nossa maior ou menor disposição. Para explicar este fato,
posso servir-me de uma comparação natural: o enxerto.
Quanto mais as plantas forem semelhantes, tanto melhor pegará o enxerto. “De igual modo,
quanto mais semelhança houver, entre quem comunga e Jesus, tanto melhores serão os frutos da santa
comunhão”. O sacramento da Confissão é exatamente o meio mais excelente para restaurar a
semelhança entre a alma e Jesus. Por isto S. Francisco de Sales ensinava aos seus filhos espirituais:
"Confessai-vos com humildade e devoção... se for possível, todas as vezes que fordes comungar,
mesmo que na consciência não estejais sentindo nenhum remorso de pecado mortal".

Sacrilégio, um pecado horroroso

A este propósito é bom recordar o ensinamento da Igreja. A santa comunhão deve ser feita por
nós em estado de graça. Por isso, se tivermos cometido um pecado mortal, ainda que já estivermos
arrependidos e sintamos um grande desejo de comungar, é necessário e indispensável que nos
confessemos antes de irmos comungar, pois, do contrário, cometeríamos um gravíssimo pecado de
sacrilégio, para o qual, como disse Jesus a Santa Brígida, "não existe na terra um suplício que seja
suficiente para puni-lo".
Santo Ambrósio dizia que os sacrílegos "vão para a igreja com poucos pecados, e saem de lá
com muitos". E S. Cirilo escrevia estas palavras ainda mais fortes:Quem faz uma comunhão sacrílega
recebe em coração a Satanás e a Jesus Cristo; Satanás, para fazê-lo reinar, e a Jesus Cristo para
oferecê-lo em sacrifício a satanás".
Mas, ao contrário, a confissão feita antes da comunhão, se for feita somente para tornar mais
pura e mais bela alma que já está em graça, não é necessária, mas é de grande valor, porque reveste a
alma da mais bela "veste nupcial" (MT 22,14), com a qual ela irá sentar-se à mesa dos anjos. Por isto
as almas mais delicadas tem sempre procurado com frequência (pelo menos cada semana) obter a
absolvição sacramental até mesmo para suas faltas veniais.
Se, pois, a pureza da alma deve ser cuidadosamente procurada para que possamos receber a
Jesus, nenhuma pureza é mais brilhante do que a que conseguimos ter ao confessar-nos, porque o
banho no sangue de Jesus torna a alma que se arrepende divinamente bela e fulgente.
“A alma que recebe o sangue divino se torna bela, como que revestida de uma veste preciosa, e tão
resplendente, que,se pudéssemos vê-la, ficaríamos tentados a adorá-la" (Santa Maria Madalena de
Pazzi).

Comungar com Nossa Senhora

Que consolação para Jesus ser recebido por uma alma purificada e revestida por seu divino sangue!

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E que alegria de amor para ele, quando se trata de uma alma virgem, porque "a Eucaristia veio do céu
pela virgindade" (S. Alberto Magno) e não encontra o seu céu senão na virgindade. Ninguém como a
virgem pode repetir com a esposa dos Cânticos, a cada comunhão: "O meu Amado é meu, e eu sou
toda do meu Amado, que se apascenta entre os lírios e a mim dirige todo o seu amor" (Ct2,16).
Um modo delicado de preparar-nos para a Comunhão é invocando a Virgem Imaculada e entregando-
nos a ela para que nos faça receber a Jesus com a sua humildade, com a sua pureza, com o seu amor, e
até que venha ela mesma recebê-lo em nós. Esta piedosa prática foi recomendada por muitos santos,
especialmente por S. Luis Grignon de Montfort, por S. Pedro Julião Eymard, por S. Afonso de Ligorio
e por S. Maximiliano M. Kolbe. “A melhor preparação para a santa comunhão é a que se faz com
Maria", escreveu S. Pedro Julião Eymard.
Uma descrição muito graciosa é-nos oferecida por Santa Teresinha: ela imagina ver sua alma
como uma menina de três para quatro anos, com os cabelos e as vestes em desordem e com vergonha
de aproximar-se do altar para receber Jesus. Mas ela recorre a Nossa Senhora e "de repente- escreve a
Santa - a Virgem se acerca de mim, e me tira um instante meu aventalzinho sujo, amarra de novo
meus cabelo com uma bela fita, ou põe neles simplesmente uma flor... E isto basta para fazer-me
aparecer mais graciosa e poder sentar-me, sem ficar envergonhada, à mesa do banquete dos anjos".
Experimentemos isso também nós. Não ficaremos decepcionados. Pelo contrário, poderemos, então,
também nós exclamar com a extática Santa Gema: "Como é bela a comunhão feita com nossa Mãe do
Céu!"

A AÇÃO DE GRAÇA DEPOIS DA COMUNHÃO

O tempo para a ação de graças depois da comunhão é o tempo mais real do amor mais íntimo
com Jesus.
Amor de direitos perfeitamente recíprocos: não dois, mas um só, na alma e no corpo. Amor de
compenetração e de fusão: Ele em mim, e eu nele, pra nos consumirmos na unidade e na unicidade do
amor. "És a minha presa de amor, como eu sou a presa de tua imensa caridade" - dizia Santa Gema a
Jesus, com ternura. "Felizes os convidados para a ceia nupcial do Cordeiro", se lê no Apocalipse
(19,9). Pois bem; na comunhão eucarística a alma realiza verdadeiramente, em uma celeste e virginal
união, o amor nupcial ao Esposo Jesus, ao qual pode dizer com terníssimo transporte da Esposa dos
Cantares, arrebatada em êxtase: "Beija-me com o ósculo da tua boca" (Ct 1,1).
A ação de graças depois da comunhão é uma pequena experiência do amor do céu nesta terra:
no céu, de fato, como é que vamos amar a Jesus? Não há de ser sendo eternamente unidos a ele?
Querido Jesus, doce Jesus, como devemos agradecer-te por toda comunhão que nos concedes! Não é
que tinha mesmo razão Santa Gema, quando dizia que no céu te iria agradecer pela Eucaristia, mais
do que por qualquer outra coisa? Que milagre de amor, este de estar inteira e intimamente unido a ti,
Jesus.

Água, fermento, cera

S. Cirilo de Alexandria, um dos Padres da Igreja, serve-se de três imagens para ilustrar a
nossa fusão de amor com Jesus na santa comunhão: "Quem comunga é santificado, diviniza-do em
seu corpo e sua alma de modo semelhante àquele pelo qual a água, ao ser colocada sobre o fogo, se
põe a ferver...A comunhão opera como o fermento colocado na farinha: ele fermenta toda a massa ...
Do mesmo modo que derretendo juntas duas velas de cera, a cera delas se torna uma só, assim, penso
eu, quem se alimenta da carne e do sangue de Jesus, funde-se com ele por meio dessa participação, de
modo tal, que a pessoa passa a estar em Cristo, e Cristo nela".

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Por isso, Santa Gema Galgani falava com assombro da união eucarística entre "Jesus tudo e
Gema nada", e, extática, exclamava: "Quanta doçura, Jesus, na comunhão! Abraçada contigo, quero
viver; contigo abraçada, quero morrer!" E o Beato Contardo Ferrini escrevia: "A comunhão! Oh!
Doces amplexos do Criador com a sua criatura! Oh! elevação inefável do espírito humano! Que
haverá no mundo que se possa comparar com estas puríssimas alegrias do céu, com estas amostras da
glória eterna?" Pensemos também no valor trinitário da santa comunhão. Um dia, Santa Maria
Madalena de Pazzi, depois da comunhão, ajoelhada no meio das noviças, com os braços em cruz,
levantou os olhos para o céu e disse: "Irmãs, se compreendêssemos que, no tempo em que
permanecem em nós as espécies eucarísticas, Jesus está presente e opera em nós, sem separar-se do
Pai e do Espírito Santo, e que em nós está toda a Santíssima Trindade ...", e não pôde acabar de falar,
porque foi arrebatada em sublime êxtase.

Pelo menos um quarto de hora

Por isso os santos, quando podiam, não punham limites ao tempo da ação de graças, que
durava até mais de uma hora. Santa Teresa de Jesus recomendava às suas filhas: "Entretenhamo-nos
amorosamente com Jesus, e não deixemos passar a hora que vem depois da comunhão: é um tempo
excelente para entreter-nos com Deus e para falar-lhe dos interesses de nossa alma... Pois sabemos
que o bom Jesus fica em nós, enquanto o calor natural não consumir os acidentes do pão.Devemos
tomar muito cuidado para não perdermos tão bela ocasião para entreter-nos com ele e apresentar-lhe
as nossas necessidades".
S. Francisco de Assis, Santa Juliana Falconieri, Santa Catarina, S. Pascoal, Santa Verônica, S.
José de Copertino, Santa Gema, e muitos outros, logo depois da comunhão entravam quase sempre
em êxtase de amor: e o tempo, então, só mesmo os anjos é que podiam medi-lo! Santa Teresa de Jesus
quase sempre entrava em êxtase logo depois da comunhão, e, às vezes, era preciso que a fossem tirar
do pequeno genuflexório em que as freiras iam comungar!
S. João de Ávila, S. Inácio de Loiola, S. Luís Gonzaga davam ações de graças de joelhos,
durante duas horas. Santa Maria Madalena de Pazzi nunca queria interromper suas ações de graças, e
era preciso obrigá-la a isso, para que pudesse alimentar-se um pouco. "Os minutos que vêm depois da
comunhão - dizia a Santa - são os mais preciosos que temos em nossa vida; os mais apropriados de
nossa parte para entreter-nos com Deus e, da parte de Deus, para comunicar-nos o seu amor".
S. Luís Grignon de Montfort, depois da missa, ficava pelo menos meia hora em ação de
graças, e não havia ocupação ou trabalho que a pudesse fazê-lo omitir, pois, como ele dizia: "Eu não
trocaria esta hora de ação de graças nem mesmo por uma hora de céu!"
Tomemos também nós um propósito: logo depois da comunhão, devemos fazer o possível para que a
ação de graças dure pelo menos um quarto de hora, e nada venha tomar o tempo dela. Estes minutos
nos quais Jesus está fisicamente presente em nossa alma e em nosso corpo são minutos do céu, que
não devemos desperdiçar de modo algum.

S. Felipe e as velas

O Apóstolo escreveu: "Glorificai e trazei a Deus em vosso corpo" (1Cor 6,20). Ora, não há
outro tempo em que estas palavras se realizem mais exatamente do que no tempo logo depois da santa
comunhão. Que coisa mais feia, pois, o comportamento daquele que recebe a comunhão e em seguida,
sai da igreja, não logo que acaba a missa, mas imediata- mente, logo depois de ter recebido a
comunhão!
Lembremo-nos do exemplo de S. Felipe Neri, que mandou a dois coroinhas que saíssem com
duas velas acesas acompanhando a alguém que estava saindo da igreja logo depois de ter comungado.
Que bela lição! Quando nada, pelo menos por educação, como quando se recebe um hóspede, e a
gente se entretém com ele, e se interessa por ele! Mas, se esse hóspede é Jesus, então o que deveremos

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é somente lamentar-nos diante dele de que a sua presença em nós não dure mais do que um quarto de
hora, ou pouco mais. A este propósito, S. José Cotolengo vigiava pessoalmente a confecção das
hóstias para a missa e para as comunhões, e à irmã encarregada disso ele tinha dado esta ordem
expressa: "Para mim a senhora faça hóstias mais grossas, porque eu preciso entreter-me mais tempo
com Jesus, e não quero que as sagradas espécies se consumam depressa!"
Por que S. Afonso de Liguori enchia de vinho o cálice até quase à borda? Somente para ter
por mais tempo a Jesus em seu corpo.
Não seremos nós talvez o oposto dos santos, nós quando achamos que a ação de graças está
muito longa, e não vemos a hora em que ela acabe? Mas, cuidado e atenção! Porque, se é verdade que
em cada comunhão Jesus "dá em troca o cêntuplo pela acolhida que lhe damos", como diz Santa
Teresa de Jesus, é também verdade que seremos responsáveis ao cêntuplo pelas nossas faltas de
acolhimento. Um coirmão do Pe. Pio de Pietralcina contou que um dia foi confessar-se com o santo
frade, acusando-se, entre outras coisas, de algumas omissões de ação de graças, depois da Santa
Missa, por motivos pastorais. Ainda que benigno em julgar as outras faltas, o Pe. Pio, quando ouviu
falar naquelas omissões, ficou sério, fechou o rosto, e disse com voz firme: "Tomemos cuidado para
que o não poder não se torne um não querer. A ação de graças terás que fazê-la sempre, se não a
pagarás caro!"
Pensemos e reflitamos seriamente. Para uma coisa tão preciosa, como é a ação de graças,
consideremos como feita a nós a advertência do Espírito Santo: “Não percas nem a mais pequena
parte de um tão grande bem" (Eclo 14,14). O Beato Contardo Ferrini se entregava de tal modo à
preparação e à ação de graças depois da comunhão, que marcava cada dia seus pontos para a reflexão,
sobre os quais ia se deter todo absorto e feliz.

Ação de graças com Nossa Senhora

Particularmente bela é a ação de graças feita em íntima união com Maria, em sua Anunciação.
Logo depois da comunhão, nós também estamos trazendo Jesus em nossas almas e em nosso corpo,
de modo semelhante ao de Maria em sua Anunciação; e não poderemos adorar a Jesus nem amá-lo
melhor do que unindo-nos à divina mãe, fazendo nossos os sentimentos de adoração e de amor que ela
nutriu para com Jesus, Deus encerrado em seu seio imaculado.
Nossa Senhora é o celeste vínculo que une Jesus a nós; ela é até mesmo o laço de amor entre
Jesus e a criatura. Nossa Senhora, dizia o Santo Cura d'Ars, está sempre "entre o seu filho e nós":
Quando oramos a Jesus em companhia dela, quando o adoramos e o amamos com o Coração de
Maria, tornamos qualquer de nossas orações pura e preciosa, e puro todo ato nosso de adoração e de
amor. S. Maximiliano M. Kolbe dizia que, quando confiamos uma coisa à Imaculada, ela, antes de
entregá-la a Jesus, a purifica de todos os defeitos, a torna imaculada. O Santo Cura d'Ars afirmava:
"Quando as nossas mãos tocaram em perfumes, vão depois perfumando tudo aquilo em que tocam;
façamos passar as nossas orações pelas mãos de Nossa Senhora, e ela as perfumará".
Façamos passar a nossa ação de graças depois da comunhão pelo Coração da Imaculada: e ela
a transformará em um cântico puríssimo de adoração e de amor.
Para tal fim pode ser útil a recitação meditada do Rosário, especialmente dos mistérios gozosos, como
nos ensinam vá- rios santos.
Pois quem, de fato, poderá reconhecer perfeitamente a Divindade de Jesus, para adorá-la,
amá-la e deixar-se divinizar, como Nossa Senhora, quando lhe foi feita a Anunciação do Anjo?
Quem poderá trazer Jesus vivo dentro de si, e ficar profundamente unido a ele em adoração e
em amor, como Nossa Senhora no mistério da Visitação? Quem poderá estar cheio de Jesus, e gerá-lo
e dá-lo aos outros, como Maria na gruta de Belém?
Experimentemos também nós. Só teremos a ganhar em estarmos unidos a Nossa Senhora para
amar a Jesus com o seu coração no céu.

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O PÃO DOS FORTES E O VIÁTICO PARA O CÉU

Na vida de S. Vicente de Paulo se lê que um dia, tendo ele reunido os seus sacerdotes,
perguntou-lhes: "Já celebrastes a missa?” “Sim”- “responderam-lhe todos.” Então - continuou o Santo
- de que se trata: é preciso deixar a pátria, a família, os amigos, e ir exilados para uma terra inóspita,
para falar de Deus aos selvagens, e depois morrer, com toda a certeza, longe dos seus". Todos aqueles
sacerdotes, cheios de Jesus Cristo, ofereceram se logo, e de modo generoso, para aquela perigosa
missão e salvar as almas. Seria supérfluo dizer que Jesus Eucarístico é, para todos, o verdadeiro Pão
dos Fortes, o alimento dos heróis, o sustento dos mártires, o conforto dos agonizantes.
Para incitar os fieis à santa comunhão, contra os erros dos protestantes, S. Roberto Belarmino
pregava assim: "O pão de trigo que alimenta os nossos corpos não é feito com tanto trabalhos ó para
ficar sendo olhado; mas é feito para ser comido. Assim é também o Pão da Vida, o Pão dos Anjos: ele
não nos é apresentado somente para que o fiquemos adorando e prestando-lhe as nossas homenagens,
mas nos foi dado como alimento. Vamos, pois, a este alimento, para alimentar com ele as nossas
almas e fortificá-las".

Eu vos restaurarei

Na Eucaristia Jesus repete os seus amorosos chamados feitos a nós que estamos cansados
pelos trabalhos e sofrimentos neste vale de lágrimas: "Vinde a mim, vós que estais cansados e
oprimidos, e eu vos restaurarei” (Mt21, 28).
É verdade que "a vida do homem é uma luta sobre esta terra" (Jo 7,1); é verdade que os
seguidores de Jesus Cristo "serão perseguidos", como foi o seu Senhor (Mt 5,10; 2Tm 3,12); é
verdade que "aqueles que são de Cristo crucificaram sua carne com seus vícios e concupiscências" (Gl
6,34). Mas também é verdade que com Jesus "eu posso tudo" (Fl 4,13) porque Jesus é "tudo" (Jo 1,3)
e na santa comunhão chega a fazer-se "todo meu". E, então, "que tenho a temer? - posso dizer com a
Serva de Deus, Luíza M. Claret de La Touche - aquele que mantém o mundo em seus pólos está em
mim. O sangue de um Deus circula em minhas veias. Não temas, minha alma! O Senhor do mundo te
tomou em seus braços e quer que repouses nele!".
Por isso S. Vicente de Paulo podia perguntar aos seus missionários: "Quando recebestes Jesus
em vossos corações, poderá ainda haver algum sacrifício impossível para vós?"
E S. Vicente Ferrer, nos dois anos que teve que passar no cárcere, quando perseguido,
"superabundou de alegria entre os seus sofrimentos" (2Cor 7,4), porque conseguiu a licença de poder
celebrar cada dia a santa missa entre os grilhões, as correntes e a obscuridade da prisão. Essa mesma
força e alegria invadiram a alma de Santa Joana d'Arc, quando lhe foi permitido receber Jesus
Eucarístico antes de subir na fogueira. Quando Jesus entrou no escuro cárcere, a Santa se pôs de
joelhos entre as correntes, recebeu a Jesus, e se pôs em profunda oração. E, mal tinha sido chamada
para caminhar para a morte, levantou-se e foi andando, sem parar sua oração, e subiu à fogueira,
morrendo entre as chamas, sempre unida a Jesus que estava em sua alma e em seu corpo já imolado.

O Sustento dos mártires

Toda a história dos mártires, desde Santo Estevão, o protomártir, até o angélico mártir S.
Tarcísio, e até os mártires mais recentes, é testemunha da força sobre-humana que nos é dada pela
Eucaristia na luta contra o demônio e contra todas as forças demoníacas que procuram nesta terra a
ruína das almas (1Pd 5,9).
Para referir apenas um só exemplo bem recente, há alguns anos, na China comunista, algumas
irmãs foram detidas e colocadas junto com outros prisioneiros, com a proibição de rezar. Os guardas
vigiavam os gestos delas, as expressões de seus rostos e movimentos dos lábios, para punir duramente
qualquer infração. As pobrezinhas desejavam, sobretudo uma coisa: a Eucaristia.
E foi aí que uma velha cristã se ofereceu ao bispo para levar secretamente às irmãs as hóstias
consagradas envolvidas em um lenço, usando assim de um estratagema que deu certo. Apresentou-se
ela às prisioneiras, diante dos guardas, como se estivesse desatinada pela cólera, vomitando uma

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avalanche de injúrias contra as irmãs; mas, no momento próprio, passou logo o pequeno embrulho
para uma das irmãs, e saiu logo da prisão, dizendo aos guardas que haveria de voltar outras vezes para
insultar as irmãs!
Enfim, recordemos o conforto celeste que a santa comunhão traz aos enfermos, e não só às
almas deles, mas também a seus corpos, que às vezes recuperam prodigiosamente a saúde. A Santa
Liduína, a Santa Teresa e a Alexandrina da Costa, por exemplo, muitas vezes desapareciam, como por
encanto, os mais terríveis sofrimentos físicos, durante todo o tempo em que as sagradas espécies
permaneciam em seus corpos. Diga-se o mesmo de S. Lourenço de Bríndisi e de S. Pedro Claver,
quando celebravam a Santa Missa, pois, então, cessavam todas as dores das graves doenças que os
atormentavam.

Primeiro, a alma; depois, o corpo

Mais consoladora, porém, do que todas as outras, é a última santa comunhão, a chamada
Viático, isto é, o alimento para a viagem desta para a outra vida. Como os santos fazem questão de
recebê-lo a tempo e com as melhores disposições!
Quando S. Domingos Sávio foi mandado para casa por estar gravemente doente, o médico de
sua aldeia deu-lhe boas esperanças de cura; mas o santo jovenzinho chamou seu pai, e lhe disse:
"Papai, será bom fazer uma consulta com o médico celeste. Desejo confessar-me e receber a
comunhão".
Quando a saúde de Santo Antônio Maria Claret começou a causar apreensão, foram chamados
dois médicos para examiná-lo. Avisado disso, o Santo percebeu a gravidade do mal, e disse aos seus:
"Compreendo, mas primeiro, pensemos na alma; depois, no corpo", e quis receber logo os
sacramentos. Depois disso, mandou que entrassem os dois médicos, e lhes disse: “agora, façam os
senhores o que quiserem".
Primeiro, a alma; depois, o corpo. Será possível que não compreendamos isso? É isso
mesmo.Muitas vezes parecemos ser tão sem compreensão, que nos enchemos de preocupação por
chamar logo o médico para o doente, e deixamos para chamar o sacerdote no último momento,
quando talvez o enfermo não seja mais capaz de receber os sacramentos com plena consciência, ou
talvez nem possa mais recebê-los. Que estúpidos e néscios que nós somos! Como é que não
entendemos que, se não chamarmos a tempo o sacerdote, podemos pôr em risco a salvação eterna do
moribundo, e privá-lo do maior dos confortos que ele pode receber naqueles momentos derradeiros?
S. José Cafasso foi um sacerdote especialista em assistir aos moribundos (especialmente os
condenados à morte); E era tão benquisto por isso que os doentes costumavam dizer: "Eu morreria
contente até mesmo agora, contanto que fosse assistido por Dom Cafasso".
Mas ele não tinha dúvidas em dizer aos doentes, com todo o tato e delicadeza, a verdade sobre
a condição deles e o perigo de morte iminente em que se achavam. Pelo contrário, a todos os doentes
ele recomendava logo que se abandonassem à vontade de Deus, até mesmo ao sacrifício da vida. E
dizia: "Desse modo, se a doença for mortal, o sacrifício já terá sido oferecido; e, se ele ficar são, ficará
com o merecimento pelo que fez".
Além disso, não se poupava, não medindo esforços, quando se tratava de levar o Viático aos
moribundos. Nunca, nem mesmo depois de já estar em idade bem avançada. E se alguém, aos pés de
alguma longa escadaria, lhe dizia que evitasse ter que subir por tantos degraus, e mandasse que um
sacerdote mais jovem fosse levar o Viático, o Santo, olhando para o alto da escadaria, dizia: "Eu
quero subir ainda mais alto!"

O Viático, que graça!

A Eucaristia é o supremo penhor de vida do cristão exilado sobre esta terra. "Nosso corpo -
escreve S. Gregório de Nissa - unido ao Corpo de Cristo, adquire um princípio de imortalidade,
porque se une ao Imortal". Quando nos falta a vida efêmera do corpo, eis aí aquele que é a Vida
eterna. Ele se dá a nós na comunhão para ser a vida verdadeira e perene de nossa alma imortal e para
ser a ressurreição do nosso corpo mortal: "Quem come a minha carne, e bebe o meu sangue,tem a vida

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eterna" (Jo 6,55), "Quem come deste pão, viverá para sempre" (Jo 6,59), porque "Eu sou a
ressurreição e a vida" (Jo11,25).
De S. João Crisóstomo são estas palavras luminosas: "Por respeito à divina Eucaristia, os
anjos fazem guarda de honra ao redor dos corpos dos escolhidos, que repousam no seio da terra".
O santo Viático, que graça! Quando Santa Teresa de Ávila, já em perigo de morte, viu que ia
se aproximando o sacerdote com o Viático, para surpresa de todos, pôs-se de rosto ardente e muito
formoso, prosternando-se diante da santa hóstia, e exclamava extática: "Senhor, já era tempo de nos
vermos!"
S. Geraldo Majela pediu e recebeu o santo Viático com uma piedade verdadeiramente
angelical. E, quando a campainha anunciou a chegada da pequena procissão, S. Geraldo se comoveu e
se transfigurou, exclamando: "Eis que está vindo ao meu encontro o meu Senhor... Quanta bondade e
delicadeza ele tem para comigo!"
O Santo Cura d'Ars,já moribundo, quando ouviu o som da campainha que anunciava a
chegada do santo Viático, comoveu-se até às lágrimas, e disse: "Como conter as lágrimas quando
Jesus vem a nós pela última vez com tanto amor?".
Sim, Jesus Eucarístico é o amor que se tornou o meu alimento, a minha força, a minha vida, o
meu coração. Cada vez que o recebo em vida como na morte, ele se torna meu, para fazer-me seu. Ele
é todo meu, e eu sou todo dele. Um no outro, um do outro (Jo 6,58). Esta é a plenitude do amor para a
alma e para o corpo, nesta terra e nos céus.

CADA DIA COM ELE

Jesus está no sacrário para mim. Ele é o pão da minha vida sobrenatural. Ele é o alimento da
minha alma. ''Aminha carne é verdadeiramente uma comida, e o meu sangue é verdadeiramente uma
bebida" (Jo 6,56).
Se eu quiser nutrir-me espiritualmente, e estar cheio de vida, preciso recebê-lo: "Se não
comerdes a minha carne, e não beberdes o meu sangue, não tereis a vida em vós" (Jo 6,54). S.
Agostinho nos faz saber que os seus fiéis da Igreja da África chamavam a Eucaristia como a palavra
"Vida", por isso, quando iam à mesa eucarística, costumavam dizer: "Vamos à Vida". E era esta uma
expressão admirável.

Pão para a alma e para o corpo

Para sustentar o meu organismo sobrenatural, a Eucaristia é justamente o "Pão da Vida" (Jo
6,35), o "Pão descido do céu" (Jo 6,59), que dá e renova, conserva e aumenta as energias espirituais
da alma. S. Pedro Julião Eymard chega a dizer: ''A Comunhão é tão necessária a nós para sustentar a
nossa vida cristã, como é necessária aos anjos a visão de Deus para manter gloriosa a vida deles".
Todos os dias preciso alimentar a minha alma, assim como cada dia preciso alimentar o meu
corpo para dar-lhe vigor. Ensina S. Agostinho: ''A Eucaristia é o pão de cada dia, que se toma como
remédio para a nossa fraqueza de cada dia". S. Carlos Borromeu faz eco às palavras dele: "É preciso
tomar este pão, assim como se toma o pão para o corpo". S. Pedro Julião Eymard acrescenta: "Jesus
não preparou somente uma hóstia, mas uma para cada dia da nossa vida. As nossas hóstias estão
preparadas: não percamos nenhuma delas".
Jesus é a hóstia de amor, tão suave e salutar,que fazia Santa Gema Galgani exclamar: "Sinto
uma grande necessidade de ser revigorada por aquele alimento tão doce que Jesus me dá. Este gesto
de amor, que Jesus me faz cada manhã, me enternece, e atrai para ele todos os afetos do meu
coração".
Para os santos, a comunhão diária é uma imperiosa exigência de vida e de amor, que
corresponde ao desejo divino de Jesus de dar-se para ser a vida e o amor de cada alma. Não nos
esqueçamos de que a quinta-feira santa foi o dia por Jesus "tão desejado" (Lc 22,15). Por isto o Santo
Cura d'Ars dizia com paixão: "Cada hóstia consagrada é feita para se consumir de amor em um

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coração humano".E Santa Teresinha escrevia à sua irmã: "Não é para ficar numa âmbula de ouro que
Jesus desce cada dia do céu, mas para encontrar um outro céu, o da nossa alma, onde ele encontra as
suas delícias"; e, quando uma alma se fecha, e não quer receber a Jesus em seu coração, "Jesus chora";
por isto, continua Santa Teresinha, "quando o demônio não pode entrar com o pecado no santuário de
uma alma, quer pelo menos que ela fique vazia, sem dono, e afastada da comunhão". É evidente, de
fato, que se trata de uma insídia diabólica, porque só o demônio pode ter interesses em nos conservar
afastados de Jesus. Estejamos, pois, atentos. Procuremos não nos deixar levar pelos enganos do
demônio: "Fazei de tal modo, que não percais comunhão - recomenda Santa Margarida M. Alacoque ;
nós não sabería-mos dar maior alegria ao nosso inimigo, o demônio, do que afastando-nos de Jesus, o
qual lhe tira o poder que ele tem sobre nós".

O Orvalho do Céu

A comunhão diária é uma fonte diária de amor, de força, de luz, de alegria, de coragem, de
toda virtude e de todo bem. "Quem tem sede, venha a mim, e beba" (Jo 7,37), disse Jesus; só ele é "a
fonte de água que jorra para a vida eterna" (Jo 4,14). Como é possível que haja quem não queira ou
ache dificuldade para aproximar-se cada dia desta divina "mesa do Senhor” (1Cor 10,21)?
Santo Tomás Moro, Grão Chanceler da Inglaterra, que morreu mártir por ter-se oposto ao
cisma, ouvia cada manhã a Santa Missa, e recebia a santa comunhão. Alguns amigos procuravam
fazê-lo notar que aquela assiduidade não era conveniente para um leigo ocupado em tantos negócios
do Estado. "Vós me apresentais - respondeu o Santo - todas aquelas razões que, ao contrário, me
convencem ainda mais a receber a santa comunhão cada dia. Pois a minha dissipação é grande e é
com Jesus que eu aprendo a recolher-me. As ocasiões de ofender a Deus são freqüentes, e eu busco
cada dia nele a força para evitá-las. Tenho necessidade de luzes e de prudência para realizar negócios
muito difíceis, e cada dia posso consultar a Jesus na santa comunhão. Ele é o meu grande Mestre".
Ao célebre biólogo Banting perguntaram uma vez por que ele se apegava tanto à comunhão
diária. "Vocês já pensaram - respondeu Banting- que aconteceria se não caísse cada noite o orvalho do
céu? Nenhuma planta poderia crescer; as ervas e as flores não suportariam o efeito da transpiração
que o calor do dia, de um modo ou de outro, nelas provoca. A recuperação das forças, a baixa da
temperatura, o equilíbrio dos humores linfáticos e a própria vida das plantas dependem do orvalho..."
E, depois de fazer uma pausa, continuou: "Minha alma também é como uma plantinha, uma coisa
delicada sobre a qual o vento e o calor se arremetem cada dia. Então é necessário que cada manhã eu
vá fazer o meu reabastecimento de orvalho espiritual, aproximando-me da santa comunhão".
"Aqueles que têm poucas ocupações - dizia com justeza S. Francisco de Sales - devem
comungar freqüentemente, porque têm comodidade para isso; e aqueles que têm muitas ocupações,
também, porque disso têm necessidade".
S. José Cottolengo recomendava aos médicos da "Casa da Divina Providência" que ouvissem
a missa e fizessem a comunhão, antes de começarem difíceis operações cirúrgicas, porque, dizia ele,
"a medicina é uma grande ciência, mas o grande médico é Deus".
E o Beato José Moscati, célebre médico de Nápoles, tinha este regulamento de vida:
esforçava-se, de um modo incrível (à custa até de enormes sacrifícios, especialmente por causa das
freqüentes viagens que tinha que fazer), para não perder a comunhão diária; mas, se algum dia lhe era
de todo impossível comungar, naquele dia ficava sem coragem de fazer suas visitas aos doentes,
porque, como dizia ele: "Sem Jesus não tenho luzes suficientes para tratar dos pobres doentes". E,
quantas vezes, ele receitava ao doente, como começo da cura, a confissão e a comunhão?

À custa de grandes sacrifícios

Oh! A paixão dos santos pela comunhão diária! Quem poderia descrevê-la? S. José de
Copertino, que não deixou de unir-se cada dia ao seu Amado, chegou a dizer certa vez aos seus
coirmãos: "Ficai sabendo que no dia em que eu não puder receber o Cordeirinho (assim ele chamava
piedosamente o Cordeiro Divino), vou passar desta para a outra vida".
E, de fato, foi somente um dia em que a violência da doença o impediu de receber a Jesus
Eucarístico: no dia de sua morte!

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Quando o pai de Santa Gema Galgani, preocupado com a saúde da filha, a censurou porque
ela saía muito cedo para ir à missa, recebeu esta resposta de sua santa filha: "Mas, papai, o que me faz
mal é ficar longe de Jesus sacramentado!"
Quando Santa Catarina de Gênova soube do interdito que pesava sobre sua cidade, com a
proibição de celebrar-se aí a missa e de dar-se a comunhão, cada manhã ia a pé para fora de Gênova,
até chegar a um longínquo santuário, para poder comungar. Alguém lhe disse que aquilo era um
exagero; mas a Santa lhe respondeu:” Se eu tivesse que andar muitas milhas sobre carvãos acesos para
conseguir receber a Jesus ,eu acharia aquele caminho tão fácil como se estivesse andando sobre um
tapete de rosas”
Aprendemos a lição nós que talvez tenhamos a nossa igreja a poucos passos de nossa casa,
podendo ir a ele com toda a comodidade para receber a Jesus em nosso coração. E, mesmo que isso
nos custasse algum sacrifício, não valeria a pena fazê-lo?
Mas há mais ainda: pensemos como os santos teriam desejado comungar, não uma vez só,
mas muitas vezes cada dia. A uma filha espiritual, que se gabava, como de um ato de heroísmo, por
comungar todos os dias, o Pe. Pio de Pietralcina lhe disse uma vez: "Minha filha, se fosse possível, eu
faria dez comunhões cada dia, de todo o coração!" E, naquela vez que um dos seus filhos espirituais
se acusou em confissão de ter feito, por puro esquecimento, duas comunhões na mesma manhã, o Pe.
Pio,iluminado, lhe disse: "Oh! Que feliz esquecimento!"

“Âmbula cheia, saco vazios!”

Vamos, não nos façamos de rogados para fazer uma coisa tão santa como é a comunhão
diária, com a qual podemos alcançar todos os bens para a alma e para o corpo.
Para a alma. S. Cirilo de Jerusalém, Padre e Doutor da Igreja, escreve: "Se o veneno do
orgulho te está inchando, recorre à Eucaristia, e o pão, sob cujas aparências se aniquilou o teu próprio
Deus, te ensinará a humildade. Se em ti arde a febre da avareza, alimenta-te deste pão, e aprenderás a
ser generoso. Se o vento gelado da avareza é o que te entristece, recorre ao Pão dos Anjos, e em teu
coração despontará viçosa a caridade. Se te sentes impelido pela intemperança, alimenta-te com a
carne e o sangue de Cristo, que nesta vida terrena praticou
Tanto a sobriedade, e te tornarás temperante e sóbrio. Se és preguiçoso e indolente nas coisas
espirituais, procura adquirir forças com este alimento celeste, e te tornarás fervoroso. Se, enfim, sentes
o ardor da febre da impureza, aproxima-te do banquete dos anjos, e a carne imaculada de Cristo te
tornará puro e casto".
Quando se quer saber como teria feito S. Carlos Borromeu para conservar-se puro e delicado
entre os jovens dissipados e frívolos do seu tempo, descobriu-se o seu segredo: a comunhão freqüente.
E foi o mesmo S. Carlos que recomendou a comunhão freqüente ao jovem Luís Gonzaga que se
tornou o Santo todo angélico e puro. Verdadeiramente a Eucaristia se revela como o "trigo dos eleitos
e o vinho que faz germinar as virgens" (Zc 9,17). E S. Felipe Neri, conhecedor profundo dos jovens,
dizia: "A devoção ao Santíssimo Sacramento e a devoção à Santíssima Virgem são, não o melhor, mas
o único meio para se conservar a pureza. Somente a comunhão é capaz de conservar puro um coração
aos 20 anos. Não pode haver castidade sem a Eucaristia". E é bem verdade.
Para o corpo. Quanta vez, em Lourdes já se tem repetido, por meio da Eucaristia, aquilo que o
Evangelho diz de Jesus: "saía dele uma virtude que curava a todos" (Lc 8,46)?
Quantos corpos já não foram curados pelo doce Senhor que está envolvido em cândidos véus?
Quantos pobres e sofredores não receberam, com o pão eucarístico, também o pão da saúde, do
sustento, o pão da Providência? ... S. José Cottolengo um dia percebeu que muitos dos abrigados na
“casa da Providência" não tinham ido receber a santa comunhão. A âmbula tinha ficado cheia.
Justamente naquele dia estava faltando pão. Então o Santo pôs a âmbula sobre o altar, virou-se para
eles, e disse estas palavras bem significativas: “âmbula cheia, sacos vazios!"
E é verdade. Jesus é a plenitude da vida e de amor por minha alma. Sem ele fico vazio e árido.
Com ele, ao contrário, possuo cada dia as reservas infinitas de todo bem, pureza e alegria.

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A COMUNHÃO ESPIRITUAL

A comunhão espiritual é a reserva devida e de amor eucarístico sempre ao alcance da mão


para os enamorados de Jesus - hóstia.
Por meio da comunhão espiritual, de fato, ficam satisfeitos os desejos de amor da alma que
quer unir-se a Jesus seu amado Esposo. A comunhão espiritual é união de amor entre a alma e Jesus
hóstia. União toda espiritual, mas real, até mais real do que a própria união em nós da alma como
corpo,"porque a alma vive mais onde ama do que onde vive",diz S. João da Cruz.

Fé, amor, desejo

A comunhão espiritual supõe, é evidente, a fé na presença real de Jesus nos sacrários; ela
compreende o desejo da comunhão sacramental; e exige a ação de graças pelo dom recebido de Jesus.
Tudo isso está expresso com simplicidade na fórmula de S. Afonso de Liguori: "Meu Jesus, eu creio
que vós estais no Santíssimo Sacramento. Eu vos amo sobre todas as coisas. Eu vos desejo em minha
alma. E, já que agora não posso receber-vos sacramentalmente, vinde pelo menos espiritual- mente ao
meu coração...(pausa). Como já tendo vindo, eu vos abraço em eu no todo a vós. Não permitais que eu
me separe mais de vós".
A comunhão espiritual produz os mesmos efeitos que a comunhão sacramental, conforme as
disposições de quem a faz, conforme maior ou menor carga de afeto com que se deseja recebera Jesus
e o amor mais ou menos intenso com que se recebe Jesus e com que nos entretemos com ele.
Privilégio exclusivo da comunhão espiritual é o de poder ser feita quantas vezes quisermos (e
até mesmo centenas de vezes por dia), quando quisermos (mesmo em plena noite), onde quisermos
(até num deserto...ou num avião em pleno vôo).
É conveniente fazer a comunhão espiritual especialmente quando se assiste a Santa Missa e
não se pode fazer a comunhão sacramental.
No momento em que o sacerdote comunga, a alma comunga também, chamando a Jesus em
seu coração. Desse modo, toda missa que se tiver ouvido estará completa: oferta, imolação e
comunhão.
Seria deveras uma graça suprema, a ser invocada com todas as forças, se na Igreja se chegasse
a realizar logo aquele voto do Concílio de Trento,"que todos os cristãos comunguem em todas as
missas que ouvem": desse modo, quem puder participar de mais missas cada dia, poderá também
fazer mais comunhões sacramentais cada dia.

Os dois Cálices

Quão preciosas e já a comunhão espiritual, Jesus o disse a Santa Catarina de Sena em uma
visão. A Santa temia que a comunhão espiritual não tivesse nenhum valor, se comparada com a
comunhão sacramental. Jesus lhe apareceu em visão, com dois cálices na mão,e lhe disse: "Neste
cálice de ouro ponho as tuas comunhões sacramentais; e neste cálice de prata ponho as tuas
comunhões espirituais. Estes dois cálices me são muito agradáveis”.
E a Santa Margarida Maria Alacoque,que com muita diligência costumava enviar os seus
inflamados desejos, clamando por Jesus no sacrário, uma vez Jesus disse: "Para mim é de tal modo
querido o desejo que uma alma tem de me receber, que eu me precipito nela, cada vez que ela me
chama com os seus desejos".
Quanto tenha sido amada pelos santos a comunhão espiritual, não nos é difícil entrever. A
comunhão espiritual satisfaz, pelo menos em parte, àquela ânsia ardente de ser sempre "um" com
quem ama.
O próprio Jesus o disse: "Permanecei em mim,e eu permanecerei em vós" (Jo 15,4). E a
comunhão espiritual ajuda-nos a ficarmos unidos a Jesus, ainda que estejamos longe de sua morada.
Outro meio não há para aplacar os anelos de amor que consomem os corações dos santos. "Como uma
serva anela pelos cursos das águas, assim minha alma anela por ti, ó Deus” (SI41,2); e assim é o
gemido dos santos: "Ó meu esposo querido – exclama Santa Catarina de Gênova eu desejo de tal

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modo a alegria de estar contigo quem e parece que se eu estivesse morta, ressuscitaria para receber-te
na comunhão". E a Beata Ágata da Cruz sentia tão agudo o desejo de viver sempre unida a Jesus
Eucarístico, que chegou a dizer: "Se o confessor não me tivesse ensinado a fazer a comunhão
espiritual, eu não teria podido viver".
Para Santa Maria Francisca das Cinco Chagas era, igualmente, a comunhão espiritual o único
alívio para a dor aguda que sentia, quando ficava fechada em casa, longe do seu Amor, especialmente
quando não lhe era permitido fazer a comunhão sacramental. Então, ela subia ao terraço da casa e,
olhando para a Igreja, suspirava entre lágrimas: "Felizes aqueles que hoje te puderam receber no
Sacramento, ó Jesus! Felizes os sacerdotes que estão sempre perto do amabilíssimo Jesus.! "E assim
só a comunhão espiritual podia tranqüilizá-la um pouco.

Durante o dia

Eis aqui um dos conselhos que o Pe. Pio de Pietralcina dava a uma sua filha espiritual:
"Durante o dia, quando não podes fazer alguma outra coisa, chama por Jesus, mesmo até no meio de
todas as outras tuas ocupações, com um gemido resignado da alma, e ele virá e ficará sempre unido
com tua alma por meio de sua graça e do seu santo amor. Voa como teu espírito para diante do
sacrário, quando lá não podes ir como teu corpo, e lá desafoga os teus ardentes desejos e abraça o
Amado das Almas, melhor ainda do que se tivesses podido recebê-lo sacramentalmente!"
Aproveitemos, nós também, deste grande dom. Especialmente nos momentos de provação ou
de abandono, que pode haver demais precioso do que a união com Jesus - hóstia, por meio da
comunhão espiritual? Este santo exercício pode encher os nossos dias de amor e de encanto, pode
fazer-nos viver com Jesus em um amplexo de amor, e só depende de nós que o renovemos
freqüentemente e que não o interrompamos quase nunca.
Santa Ângela de Merici tinha uma especial predileção pela comunhão espiritual. Não somente
a fazia muitas vezes e exortava os outros a fazê-la, mas chegou a deixá-la como "herança" às suas
filhas, a fim de que a praticassem sempre.
A vida de S. Francisco de Sales não deve ter sido talvez toda ela uma corrente de comunhões
espirituais? Era o propósito de o Santo fazer uma comunhão espiritual pelo menos a cada quarto de
hora.
Este mesmo propósito foi o que tinha tomado S. Maximiliano M. Kolbe desde jovem. E o
Servo de Deus André Beltrami deixou-nos uma breve página de seu diário íntimo que é um pequeno
programa de uma vida vivida em uma comunhão espiritual contínua com Jesus eucarístico. Estas são
as suas palavras: "Onde quer que eu me achar, pensar e i amiúde em Jesus no Sacramento. Fixarei
meu pensamento no santo sacrário, até mesmo quando eu acordar de noite, adorando-o de onde eu
estiver, chamando por Jesus no Sacramento, oferecendo-lhe o trabalho que eu estiver fazendo. Vou
instalar um fio telegráfico da sala de estudo até à Igreja, um outro a partir do meu quarto e um terceiro
do refeitório; depois,vou enviar mensagens, no maior número possível,a Jesus no Sacramento".
Que contínua corrente de amor divino não deve ter passado por aqueles queridos...fios
telegráficos!

Até durante a noite

Destas e de outras semelhantes santas indústrias os santos têm sido muito prontos a servir-se
para desabafarem seus corações que nunca se saciavam de amor. "Quanto mais eu te amo, parece-me
que menos te amo – exclamava Santa Francisca Savério Cabrini- porque eu quereria mais. Mas não
posso mais...dilata, dilata o meu coração...” Nos períodos em que não acordava de noite, Santa
Bernadette 'chegou a pedir a uma sua coirmã que a despertasse. E para quê?”Porque eu gostaria de
fazer a comunhão espiritual!"
Quando S. Roque de Montpellier passou cinco anos encarcerado, por ter sido considerado
um vagabundo perigoso, no cárcere ficava sempre com os olhos fitos na janelinha, rezando. O
carcereiro lhe perguntou: Que é que ficas daí olhando? "Fico olhando para a torre dos sinos da
Paróquia". Era a necessidade que o Santo sentia de uma igreja, de um sacrário, de Jesus eucarístico,
seu grande amor.

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Também o Santo Cura d'Ars dizia aos fiéis: "À vista de um campanário, podeis dizer: lá está
Jesus, porque lá um sacerdote celebrou a Missa". E o Beato Luís Guanella, quando ia de trem
acompanhar os peregrinos até os santuários, recomendava sempre a eles que volvessem seus
pensamentos e corações para Jesus cada vez que, das janelas do trem, vissem algum campanário.
"Cada campanário – dizia ele nos faz pensar numa igreja, na qual existe um sacrário, na qual se
celebra a missa, e onde está Jesus".

Aprendamos com os santos, nós também. Que eles queiram comunicar-nos um pouco do
incêndio de amor que consumia os seus corações.
E, então, também em nós bem cedo se levantará um incêndio de amor, pois é muito
consolador o que nos assegura S. Leonardo de Porto Maurício: "Se praticardes muitas vezes por dia o
santo exercício da comunhão espiritual, eu vos dou um mês de tempo para terdes o vosso coração
completamente mudado". Só um mês:vocês entenderam?

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IV – JESUS COMIGO
A PRESENÇA REAL
A presença real de Jesus em nossos sacrários é um mistério divino. Durante a Santa Missa,
nos momentos da consagração, quando o sacerdote pronuncia as divinas palavras de Jesus, "Isto é o
meu corpo... este é o cálice do meu sangue” (Mt 26,26-28), o pão e ovinho se tornam o corpo e o
sangue de Jesus. A substância do pão e do vinho não existe mais, porque foi transformada
(transubstanciada) no divino corpo e sangue de Jesus. O pão e o vinho conservam apenas as suas
aparências (ou acidentes) para nos lembrarem a realidade do "alimento" e da "bebida'', segundo as
palavras de Jesus: ''A minha carne é verdadeiramente comida, e o meu sangue é verdadeiramente
bebida" (Jo 6,56).
Debaixo dos véus da hóstia, portanto, e dentro do cálice está a divina pessoa de Jesus com o
seu corpo, sangue, alma e divindade, que se dá a cada um que o recebe na santa comunhão, e fica
permanentemente nas hóstias consagradas que estão encerradas no sacrário.

Que palavras espantosas!

Ensina Santo Ambrósio: "Como faz o pão para tornar-se o corpo de Cristo? Por meio da
consagração. E a consagração com que palavras é feita? Com as palavras de Jesus. Quando chega o
momento de realizar o sagrado mistério, o sacerdote pára de falar por si mesmo, e começa a falar na
pessoa de Jesus".
As palavras da consagração são as palavras mais espantosas de que Deus fez uma doação à
Igreja. Essas palavras têm o poder de transformar um pouco de pão e vinho em Jesus, Deus
Crucificado! Elas realizam um mistério oculto de sumo poder, que supera o poder dos serafins e que
pertence só a Deus e aos sacerdotes. Não deveríamos ficar maravilhados, pois, sabendo que houve
santos sacerdotes que sofriam angustiosamente, quando pronunciavam aquelas palavras divinas. S.
José de Copertino e, em nossos dias, o Pe. Pio de Pietralcina, pareciam ficar visivelmente oprimidos
por uma angústia mortal, e só penosamente, e aos arrancos, é que conseguiam terminar as duas
fórmulas da consagração. O Padre Guardião quis fazer uma pergunta a S. José de Copertino: "Como é
que pronuncias de modo claro as palavras da missa toda, e nas palavras da consagração ficas
tropeçando em cada sílaba?" E o Santo lhe respondeu: “As palavras santíssimas da consagração ficam
sobre os meus lábios como umas brasas acesas; ao pronunciá-las preciso fazer como quem tem que
engolir alimentos fervendo..."
É por aquelas divinas palavras da consagração que Jesus está sobre os altares, está em nossos
sacrários, está nas cândidas hóstias. Mas como?!
"Como é possível -perguntou um estudioso maometano a um bispo missionário -como é
possível que o pão e o vinho se tornem carne e sangue de Cristo?" O bispo respondeu: "Quando
nascestes, tu eras pequeno; e cresceste depois, porque teu corpo foi transformando em carne e sangue
os alimentos que ias tomando. Pois bem; se o corpo do homem é capaz de transformar em carne e
sangue o pão e ovinho, com quanto maior facilidade Deus o poderá fazer!"
O maometano tornou a perguntar-lhe: "Como é possível que em uma hóstia tão
pequena esteja presente Jesus Cristo todo inteiro?" O bispo respondeu: "Olha a paisagem que está na
tua frente, e considera um pouco quanto o teu olho é pequeno em comparação com ela. Pois bem; se
em teu olho tão pequeno cabe a figura de um campo tão vasto, por que Deus não haveria de poder
fazer em realidade em sua pessoa o que em nós existe em figura?" O maometano, então, lhe
perguntou ainda: "Como é possível que o mesmo corpo se ache, ao mesmo tempo, presente em todas
as vossas igrejas, e em todas as hóstias consagradas?" E o bispo lhe disse: "Para Deus nada é
impossível. Esta resposta já poderia bastar. Mas a =própria natureza se encarrega de dar uma resposta
a esta tua pergunta. Aqui está um espelho.Joga-o no chão e quebra-o em muitos pedaços. Cada
pedacinho pequeno vai te mostrar a mesma imagem que te estava sendo mostrada pelo espelho
quando estava ainda inteiro. Desse modo, é o mesmo e idêntico Jesus que se apresenta, não só em
figura, mas na realidade, em todas as hóstias consagradas. Ele está verdadeiramente em todas elas."

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Percebiam a presença real
Lembremo-nos de Santa Rosa de Lima, da Beata Ângela de Foligno, de Santa Catarina de
Sena, de S. Felipe Neri, deS. Francisco de Borja, S. José de Copertino, e de muitos outros santos, que
percebiam sensivelmente a presença real de Jesus no sacrário e nas hóstias consagradas, e o viam com
seus olhos, ou sentiam dele o inefável perfume.Lembremo-nos do episódio de Santo Antônio de
Pádua, que, diante de um incrédulo, o fez ver como um burro esfaimado se ajoelhou diante de um
ostensório com o Santíssimo, em vez de ir se lançar sobre um comedouro cheio de ração, que foi
posto junto ao ostensório.
Lembremo-nos do que aconteceu a Santa Catarina de Sena. Um dia, um sacerdote que não
acreditava nos dons especiais da Santa apresentou-se para levar a comunhão a Santa Catarina, que
estava enferma, e ia lhe levando uma hóstia não consagrada. À entrada do sacerdote, a Santa nem se
moveu para adorar a Jesus Eucarístico, mas fitou o sacerdote, e o censurou abertamente por querer
enganá-la e pelo pecado de idolatria que queria fazer que ela cometesse.
A mesma coisa aconteceu à Beata Ana Maria Taigi, que recebeu a comunhão com uma hóstia
não consagrada. A Beata o percebeu imediatamente, e sentiu uma tristeza sem medida, como
confidenciou em seguida ao seu confessor. Lembremo-nos ainda de S. Afonso M. de Liguori que,
estando enfermo, recebia a santa comunhão em sua cela. Certa manhã, logo que recebeu a comunhão,
o Santo começou a gemer em alta voz e entre lágrimas: ''Ah! Que foi que fizestes? Trouxestes-me
uma hóstia sem Jesus, uma hóstia não consagrada!”
Procuraram indagar sobre o caso, e descobriram que naquela manhã o sacerdote celebrante,
por pura distração, tinha passado do Memento dos vivos para o Memento dos mortos (Cânon
Romano), omitindo inteiramente a consagração do pão e do vinho. O Santo percebeu a ausência de
Jesus naquela hóstia não consagrada!
Poder-se-iam lembrar muitos outros episódios tirados da vida dos santos, assim como também
se poderiam lembrar os atos de exorcismo sobre os possessos que foram libertados do demônio por
meio da Eucaristia. Poder-se-ia fazer a lista,daquelas grandes manifestações de fé e de amor que são
os congressos eucarísticos, e dos célebres santuários eucarísticos (como Turim, Lanciano, Sena,
Orvieto, S. Pedro em Patierno...), que ainda hoje conservam os testemunhos vivos de episódios que
deram o que pensar e o que falar, acontecidos para confirmar a verdade da presença real. De modo
especial o Santuário de Lanciano (nos Abruzos) que é um santuário eucarístico único no mundo,e que
o mundo todo deveria conhecer, para nele descobrir a presença prodigiosa de uma hóstia que se
transformou em carne viva, e que assim está conservada há muitos séculos. É um milagre visível, que
nos deixa atordoados e comovidos.

"Mistério de fé"

Mais importante, porém, do que qualquer episódio ou testemunho é a fé sobre a qual se baseia
a verdade da presença real e sobre a qual deve basear-se a nossa inabalável certeza deque é assim.
Jesus é a Verdade (Jo 14,6), e ele deixou-nos Eucaristia como um mistério de fé, no qual precisamos
crer com toda a mente e com todo o coração.Quando a Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico,
foi levado o santo Viático, ele se levantou da cinza sobre a qual se tinha feito estender, ajoelhou-se e
disse: ''Ainda que existisse uma luz mil vezes mais esplendente do que a da fé, eu não acreditaria com
maior certeza que este que estou para receber é o Filho do Deus Eterno".
"Mistério de fé”: com estas palavras o Papa Paulo VI quis intitular sua encíclica eucarística,
justamente porque as realidades divinas não têm fonte de verdade e de certeza mais profunda do que a
fé, virtude teologal. Foi com esta fé que os santos viam Jesus na hóstia e não tinham necessidade de
outras provas. O Papa Gregório XV chegou a dizer que Santa Teresa de Jesus (por ele canonizada)
"via tão distintamente, com os olhos do espírito, a Nosso Senhor Jesus Cristo presente na hóstia, que
até afirmava não ter de modo algum inveja dos Bem-aventurados, que já contemplam no céu o Senhor
face a face". E S. Domingos Sávio escreveu um dia no caderno do seu diário: "Para sermos felizes,
nada nos falta neste mundo; só me falta ir ver no céu a Jesus, a quem agora com os olhos da fé eu
contemplo e adoro sobre o altar".
É com esta fé que devemos aproximar-nos da Eucaristia, devemos estar em sua presença,
devemos amar e fazer que seja amado Jesus eucarístico.

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A "VISITA" A JESUS
Com a presença real Jesus está em nossos sacrários. O mesmo Jesus, que foi transportado pela
Mãe Imaculada em seu seio virginal, está encerrado no pequeno seio de cândida hóstia. O mesmo
Jesus que foi flagelado, coroado espinhos e crucificado como vítima pelos pecados do mundo está na
âmbula, como vítima imolada para a nossa salvação mesmo Jesus que ressuscitou da morte e subiu ao
céu, onde agora reina gloriosa à direita do Pai, está sobre os nos altares, circundado por uma multidão
quase infinita de ânions adoradores, como a Beata Ângela de Foligno pode contempla em uma visão.

Estar com quem nós amamos

Portanto, Jesus está mesmo conosco. Sim, Jesus lá está! O Santo Cura d'Ars não podia cessar
de repetir estas três palavras sem desfazer-se em lágrimas. Igualmente S. Pedro Julião Eymard
exclamava arrebatado: "Jesus está lá! Então, todos a ele!" E Santa Teresa de Jesus, quando ouvia
alguém dizer: "Se eu tivesse vivido no tempo de Jesus... Se eu tivesse visto Jesus... Se eu tivesse
podido falar com Jesus..." respondia com vivacidade: "Mas Jesus não está presente e vivo, verdadeiro
e real na Eucaristia? Quereis procurar outro?" S. Afonso M. de Liguori acrescenta, em seu modo
gracioso: "Os soberanos desta terra nem sempre, nem com facilidade concedem audiência; mas o Rei
do céu, ao contrário, escondido debaixo dos véus eucarísticos, está pronto a receber a qualquer um.
Os santos, na verdade, não iam a outro. Eles sabiam onde Jesus estava e nada mais desejavam
do que poder estar com ele inseparavelmente de coração e de corpo.
Estar sempre com quem amamos, não é esta a primeira exigência do verdadeiro amor?
É por isto que sabemos quanto as visitas ao Santíssimo Sacramento e a Bênção Eucarística
eram o anseio secreto e manifesto dos santos. O tempo da visita a Jesus é todo ele um tempo de amor,
que iremos encontrar de novo no paraíso, porque somente o amor "dura para sempre" (1Cor 13,8).
Não estava errada Santa Catarina de Gênova, quando dizia: "O tempo passado diante do sacrário é o
tempo mais bem empregado da minha vida!"
Mas vejamos alguns exemplos dos santos.

Dez visitas por dia

S. Maximiliano M. Kolbe, Apóstolo da Imaculada, desde jovem estudante fazia, em média,


dez visitas ao Santíssimo cada dia. Durante o ano escolar, nos momentos de intervalo entre uma aula e
outra, corria até a capela e assim, só pela manhã, já conseguiu fazer cinco visitas a Jesus. No resto do
dia fazia outras cinco visitas, entre as quais ficava aquela, durante o passeio da tarde, que tinha
sempre como meta obrigatória, em Roma, uma igreja na qual o Santíssimo Sacramento estivesse
exposto.
Também S. Roberto Belarmino, desde jovem, ao ir e ao voltar da escola, passa quatro vezes
diante de uma igreja e, assim, quatro vezes por dia lá parava, para fazer uma visita a Jesus.
Quantas vezes também já não nos aconteceram termos que passar diante de uma igreja?
Continuaremos a ser tão insensíveis e duros? Os santos esperavam poder encontrar alguma igreja, ao
longo das estradas por onde iam; nós, ao contrário, ficamos completamente indiferentes, mesmo
quando elas surgem à nossa frente! "Quando há duas estradas para se negar a um lugar - escrevia o
Venerável Olier - eu vou por aquela onde se encontram mais igrejas, para ficar mais perto do
Santíssimo Sacramento. Ao ver um lugar onde está o meu Jesus, fico todo contente e digo: Estas aqui,
meu Deus e meu tudo!"
S. Estanislau Kostka, jovem angelical, aproveitava todos os momentos livres, e ia correndo
para perto de Jesus eucarístico; e, quando não podia ir, dirigia-se ao seu Anjo da Guarda, e lhe dizia:
"Meu caro anjo, vai tu lá por mim!" Esta é uma saída realmente angélica! E por que não fazemos
mesmo?
O Anjo da Guarda ficaria muito contente em obedecer nos. E, sem dúvida, não poderíamos
entregá-lo de nada mais nobre e feliz.

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Angélica Santa Bernadette aconselhava a uma jovem sua coirmã: "Quando passares diante da
capela, e não tiveres tempo de parar, encarrega o teu Anjo da Guarda de levar os teus recados a Nosso
Senhor no sacrário. Ele os levará, e ainda terá tempo de te alcançar".
Santo Afonso Rodrigues era porteiro. Tinha que passar muitas vezes diante da porta da
capela. Pois bem, em nenhuma das vezes deixava de virar-se e dirigir um olhar de amor a Jesus!
Quando saía de casa, e quando voltava, dirigia-se sem prece a Jesus para pedir-lhe a bênção.
De sua mãe Santa Mônica, Santo Agostinho deixou escrito que cada dia, além da santa missa,
ela ia duas vezes a Jesus, pela manhã e pela tarde.
A mesma coisa fazia uma outra santa mãe de sete filhos, a Beata Ana Maria Taigi. E S.
Venceslau, rei da Boêmia, saia muitas vezes, de dia e de noite, mesmo no rigor do inverno, para ir
visitar o Santíssimo Sacramento nas igrejas.

Perto de "Jesus escondido"

Um exemplo muito interessante em palácio de quando Santa Isabel da Hungria, ainda menina,
estava buscando com as companheiras no palácio, escolhia sempre lugar perto da capela para, sempre
que podia, ir colocar-se sem se fazer notar, diante da porta e beijava a fechadura, dizendo a Jesus:
"Meu Jesus, eu estou brincando, mas não me esqueço de ti: abençoa-me a mim e as minhas
companheiras. Até logo!"
Dos três queridos pastorinhos de Fátima, Francisco era um pequeno contemplativo, e tinha
particular estima pelas visitas eucarísticas; ele queria ir fazê-las muitas vezes e entreter-se por mais
tempo na igreja para lá poder ficar perto do sacrário, ao lado de Jesus escondido", como ele chamava
a Eucaristia, com uma expressão ao mesmo tempo infantil e profunda. E, quando a doença o
imobilizou em sua pequena e pobre cama, ele contou à sua priminha Lúcia que a sua maior pena era
por não poder mais andar para ir visitar a "Jesus escondido" e ir levar-lhe todos os seus beijos e afetos.
Aí está um jovenzinho a ensinar-nos como se há de amar!
S. Francisco de Borja fazia pelo menos sete visitas ao Santíssimo cada dia. Santa Maria
Madalena de Pazzi, em certo período de sua vida, fazia trinta e três por dia. O mesmo fazia a Beata
Maria FortunataViti, humilde monja beneditina dos nossos tempos. A Bem-aventurada Ágata da Cruz,
terciária dominicana, chegou a fazer cem por dia (na igreja e em casa). Que diremos, enfim, de
Alexandrina da Costa que, imobilizada em seu leito por anos e anos, não fazia outra coisa senão voar
com o coração até junto de todos os santos sacrários" da terra?
Talvez a nós causem espanto esses exemplos, e podem até parecer-nos exceções, mesmo entre
os santos. Mas não é assim. As visitas a Jesus são um fato, que nasce da fé e do amor. Quem tem
mais fé e amor sente mais a necessidade de estar com Jesus. E os santos, de que é que viviam, senão
de fé e amor?

Jesus nos espera sempre

Um Bispo missionário na Índia contou ter encontrado uma aldeia cristã na qual todos os
moradores tinham construído suas casas com as portas viradas para a igreja. Assim, quando eles não
podiam ir à igreja, iam até à porta, e olhavam com amor para a Casa do Senhor. Por quê? Porque esta
é a lei do amor: procurar a união com quem nós amamos.
Um excelente catequista estava explicando um dia às suas crianças: "Se viesse a vocês um
anjo do céu e dissesse: "O próprio Jesus está lá naquela casa esperando vocês", vocês não deixariam
logo tudo para ir ao encontro dele? Sim. Você parar com todos os brinquedos, iam deixar o que
estives fazendo, e se sentiriam muito felizes por poderem fazer pequeno sacrifício para ir a Jesus. Pois
bem; fiquem sabendo e lembrem-se disto: Jesus está no sacrário, e lá os espera sempre porque quer
que vocês estejam perto dele, e deseja dar a vocês muitas graças.
A que grau de amor chegaram os santos, que até percebiam a presença física de "Jesus em
pessoa" no sacrário? E qual o amor de Jesus por nós, desejando ele ter-nos perto de si?
Era um grau de amor tão alto, que fazia SÃO. Francisco de Sales dizer: "Cem mil vezes ao dia
deveríamos ir visitar a Jesus no SS. Sacramento!"

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Aprendamos também nos com os santos a amar as visitas a Jesus eucarístico. Vamos a ele.
Entretenhamo-nos com ele, falando-lhe com afeto do que sentimos no coração. "Quando falamos a
Jesus com simplicidade e com todo o coração - dizia o Santo Cura d'Ars - ele faz como a mãe que tem
a cabeça do filho entre as mãos para cobri-lo de beijos e caricias".
Se não sabemos fazer as visitas com nossas próprias palavras, procuremos ter o belíssimo e
inigualável livrinho de Santo Afonso Visitas ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima. Como
não haveremos de recordar-nos destas Visitas ao SS. Sacramento e a Maria Santíssima que o Pe. Pio
de Pietralcina lia todos os dias de tarde com voz chorosa, aos pés de Jesus, colocado em exposição,
antes da Bênção Eucarística?

Pelo menos uma vez por dia

Comecemos e sejamos fiéis em fazer a Jesus pelo menos uma visita cada dia, pois ele nos está
esperando com ânsia de amor. S. João Bosco recomenda: "Não omitais nunca a visita de cada dia ao
Santíssimo Sacramento, ainda que seja muito breve, mas contanto que seja constante".
Procuremos aumentá-las o tanto que pudermos.
E, se não tivermos tempo para fazer longas visitas, façamos as pequenas visitas", isto é,
entremos na igreja todas as vezes que pudermos, ajoelhemo-nos e paremos assim uns poucos instantes
diante do Santíssimo Sacramento, dizendo com amor: "Jesus, estás aqui; eu te adoro, eu te amo, vem
ao meu coração". Isto é uma coisa simples e breve, mas é muito salutar.
É ainda S. João Bosco que nos garante com o seu grande coração de Santo: "Quereis que o
Senhor vos dê muitas graças? Visitai-o muitas vezes. Quereis que ele vos dê poucas graças? Visitai-o
poucas vezes. Quereis que o demônio vos assalte? Visitai raramente a Jesus sacramentado. Quereis
que o demônio fuja de vós? Visitai a Jesus muitas vezes. Quereis vencer o demônio? Refugiai-vos
sempre aos pés de Jesus. Quereis ser vencidos? Deixai de visitar a Jesus. Meus caros, a visita ao
Sacramento é um meio muito necessário para vencer o demônio. Portanto, ide frequentemente visitar
a Jesus, e o demônio não terá vitória contra vós".
Enfim, lembremo-nos sempre das consoladoras palavras de S. Afonso M. de Liguori: "Ficai
certos de que, de todos os instantes da vossa vida, o tempo que passardes diante do divino Sacramento
será o que vos dará mais força durante a vida, mais consolação na hora da morte e durante a
eternidade".

JESUS, EU TE ADORO!
Quando amamos de verdade, quando se ama tanto, então também se adora. Pois um grande
amor e a adoração, ainda que sejam coisas distintas, formam um todo: tornam-se um amor adorante e
uma adoração amorosa.
Jesus no sacrário é adorado somente por quem o ama de verdade, e é amado de um modo
eminente por quem o adora.
Os santos, artistas do amor, foram adoradores fiéis e ardentes de Jesus eucarístico. Até mesmo a
adoração eucarística sempre foi considerada a imagem mais real da adoração eterna, que constituirá
todo o nosso céu. A diferença está somente no véu que ainda nos esconde a visão da realidade divina,
da qual, porém, a fé nos dá uma certeza inabalável.

“Aos pés de Jesus”

A adoração eucarística foi a grande paixão dos santos. Adoração por horas e horas, às vezes
até por dias e noitadas inteiras. Lá, "aos pés de Jesus'', como Maria de Betânia (Lc 10,39), em união
amorosa com ele, absortos em sua contemplação,eles consumiam os seus corações em uma oblação
pura como a fragrância de um amor em adoração.
Ouçamos S. Pedro Julião Eymard, que exclamava cheio de ardor: "Possa eu servir de
escabelo, ó Senhor, ao vosso trono eucarístico". Ouçamos Carlos de Foucauld, que escrevia aos pés

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do Sacrário: "Oh! que doçura das doçuras, meu Deus!... Mais de quinze horas sem ter outra coisa para
fazer senão isto: olhar para vós e dizer-vos: Senhor, eu vos amo, eu vos amo! Oh! Que doçura!..."
Dos grandes Doutores da Igreja como S. Tomás e S. Boaventura, até os sumos pontífices
como S. Pio V e S. Pio X, e até os sacerdotes, como o Santo Cura d'Ars e S. Pedro Julião Eymard, e
até as humildes criaturas como Santa Rita, S. Pascoal Baylon, Santa Bernadette Soubirous, S.
Geraldo, S. Domingos Sávio, Santa Gema Galgani ... afinal, todos os santos foram apaixonados
adoradores da Eucaristia.
Eles, que amavam de verdade, não contavam as horas de adoração e de amor que passavam de
dia e de noite aos pés de Jesus no sacrário.
Pensemos em S. Francisco de Assis, que passava tanto tempo, muitas vezes até noites inteiras,
aos pés do altar, e lá ficava com tal devoção e humildade, que comovia a quem parasse para observá-
lo.
Pensemos em S. Bento Labre, chamado "o pobre das quarenta horas", que passava os seus
dias nas igrejas em que o Santíssimo ficava solenemente exposto. Durante anos e anos este Santo foi
visto em Roma, peregrinando de uma igreja para outra, sempre que nelas se celebrassem as "quarenta
horas", e lá ficava, diante de Jesus, sempre de joelhos, absorto em oração e adoração, imóvel por oito
horas seguidas, apesar de os seus amigos, os insetos, lhe torturarem o corpo todo!
Quando quiseram fazer um quadro de S. Luís Gonzaga e se discutia em que atitude seria bom
representá-lo, chegou- se à conclusão que se devia representar o Santo em adoração diante do altar,
porque a adoração eucarística foi a característica mais expressiva de sua santidade.
Santa Margarida Maria Alacoque, a predileta do Sagrado Coração, numa quinta-feira santa
chegou a ficar catorze horas seguidas prostrada em adoração. E Santa Francisca Savério Cabrini,
numa festa do Sagrado Coração, ficou em adoração durante doze horas contínuas, absorta e como que
magnetizada por Jesus Eucarístico, a tal ponto que, quando uma irmã lhe perguntou se tinha gostado
da decoração especial feita com flores e brocados que ornavam o altar, respondeu: "Não fiz caso de
nada; eu só vi uma flor: Jesus! E nenhum a outra!”
S. Francisco de Sales também, depois de uma visita à catedral de Milão, teve que ouvir o que
lhe diziam: "Viu Vossa Excelência que profusão de mármores, que grandiosidade de linhas?" E o
Santo respondeu: “Que quereis que eu vos diga? A presença de Jesus no sacrário absorveu de tal
modo o meu espírito que desapareceu de diante de meus olhos toda a beleza da arte”.
Que lição é esta resposta para nós que, com grande leviandade, saímos para visitar igrejas
célebres, como se elas fossem salões de um museu!

O maior recolhimento

A propósito da intensidade do recolhimento durante a adoração, ao Beato Contardo Ferrini,


professor da universidade de Módena, sucedeu o seguinte fato. Tendo entrado em uma igreja para
fazer uma visita a Jesus, ficou tão absorto em adoração, com o olhar fixo no sacrário, que não
percebeu que alguém lhe estava roubando a capa, tirando-a de sobre os seus ombros.
“Nem um raio poderia distraí-la”, assim diziam de Santa Maria Madalena Postei, quando a
viam tão recolhida e amorosa durante a adoração eucarística. A Santa Catarina de Sena, ao contrário,
aconteceu certa vez, durante a adoração, que levantou o olhar para uma pessoa que estava passando a
seu lado. E, por aquela distração de um instante, a Santa ficou depois tão aflita, que chorou por muito
tempo, queixando-se assim de si mesma: “eu sou uma pecadora, eu sou uma pecadora”.
Diante disso, como não haveremos de envergonhar-nos de nosso comportamento? Mesmo
diante de Jesus solenemente exposto, nós somos tão fáceis em ficarmos virando-nos para a direita e a
esquerda, e nos movemos, e deixamo-nos distrair por coisinhas de nenhum valor, e sem sentirmos - o
que é horrível - nenhum desgosto pelas nossas faltas de atenção para com o Senhor. Ah! Que grande
foi a delicadeza de amor dos santos!

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Santa Teresa ensinava: “Devemos estar, na presença de Jesus sacramentado, como os santos
no céu, diante da Essência Divina”.E era assim que faziam os santos! O Cura d'Ars adorava a Jesus
eucarístico com tal fervor e recolhimento, que induziu o povo a convencer-se de que o Santo estivesse
vendo com seus próprios olhos a Jesus em pessoa.O mesmo se dizia de S. Vicente de Paulo: “Ele vê
Jesus lá dentro”. Isso acontecia também a S. Pedro Julião Eymard, o Apóstolo incomparável da
adoração eucarística, do qual foi devoto imitador o Pe. Pio de Pietralcina, que quis se inscrever entre
os sacerdotes adoradores, e conservou durante quarenta anos a pequena imagem do Beato Eymard na
sua secretaria.

AMAR A CASA DE JESUS

A divina presença real de Jesus nos nossos sacrários sempre foi objeto de imensa reverência e
respeito por parte dos santos. Sua amorosa delicadeza, virginal, pelas "coisas de Jesus" (1Cor 7,32)
era uma das expressões mais evidentes de seu grande amor, que não admitia reservas, que considerava
tudo como de grande importância, ainda que fosse uma simples coisa do rito externo, pela qual Santa
Teresa e Santo Afonso se diziam prontos a sacrificar suas vidas.

Decoro e santidade

É, pois, dos santos que precisamos aprender a amar a Jesus, rodeando de afetuosos cuidados
os santos sacrários, os altares e as igrejas, suas "moradas" (Me 11,17). Em tudo deve haver decoro.
Tudo deve inspirar devoção e adoração. Até nas coisas pequenas, nos menores detalhes. Nada será
nunca demais, quando se trata de amar e honrar o "Rei da glória" (Sl 23,10).
Alguns rituais antigos, por exemplo, exigiam até que se usasse água perfumada quando o
sacerdote lavava os dedos durante a santa missa.
Afinal, foi o próprio Jesus quem quis instituir o sacramento do amor num lugar nobre e belo:
o Cenáculo, uma sala grande com decorações e tapetes (Lc 22,12). E os santos sempre procuraram
com todo o esforço o decoro da casa de Deus, porque, como ensina S. Tomás de Aquino, precisamos
cuidar primeiro do corpo real de Jesus, e, depois, do seu Corpo Místico.
S. Francisco de Assis, por exemplo, em suas peregrinações apostólicas, levava consigo, ou
tratava de arranjar uma vassoura, para varrer as igrejas que ele não encontrava limpas; depois da
pregação ao povo, seu costume era reunir o clero da aldeia, recomendando-lhe com ardor o zelo pelo
decoro da casa do Senhor. Ele fazia que Santa Clara e as Clarissas preparassem os linhos sagrados
para os altares, e, apesar de sua pobreza, procurava e enviava âmbulas, cálices e toalhas às igrejas
pobres e abandonadas. Quando S. Pedro Julião Eymard teve que começar a adoração eucarística em
uma pobre casa abandonada, sentiu por isso tanta pena, que exclamou, ao fim: "Oh! Como foi difícil
para mim ter que alojar o Senhor de um modo tão pobre!"
Da vida de S. João Batista de La Salle sabemos que o Santo queria ver a capela sempre linda e
adornada, o altar em perfeita ordem e a lâmpada eucarística sempre acesa. Toalhas sujas, paramentos
rasgados ou puídos, os vasos mal lavados, tudo isso feria os seus olhos e, mais ainda, o seu coração.
Nenhuma despesa ele achava demais, quando era feita para o culto a Jesus.
S. Paulo da Cruz queria tão limpos e bonitos os objetos sagrados que um dia devolveu, um
atrás do outro, dois corporais que não lhe pareciam suficientemente decorosos.
Entre os reis amantes da Eucaristia, S. Venceslau, rei da Boêmia, preparava pessoalmente o
terreno, semeava os grãos, colhia, moía, passava pela peneira e, com a flor da farinha, preparava as
hóstias para o Santo Sacrifício. Santa Radegunda, rainha da França, tendo-se tornado uma humilde
religiosa, sentia-se feliz por poder moer com suas mãos os grãos escolhidos para as santas missas, e
enviara farinha para as igrejas pobres. Lembremo-nos de Santa Vicência Gerosa, que cuidava das
videiras, pensando no vinho para as santas missas! Com suas mãos as cultivava, e as podava, e se
sentia feliz com o pensamento de que aqueles cachos "de uva por ela cuidados se tornariam sangue de
Jesus".

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Com as mãos de Nossa Senhora

Quem poderia dizer qual a delicadeza dos santos para com as espécies eucarísticas? Firme era
a sua fé na presença real de Jesus até nos menores fragmentos da hóstia. Bastava ver com que delicada
fineza o Pe. Pio purificava a patena e os vasos sagrados no altar; podia-se ver a adoração em seu
rosto!
Naquela vez que Santa Teresinha viu um pequeno fragmento da hóstia sobre a patena, depois
da missa, ela chamou as noviças e, em procissão, levou para a sacristia a patena, com uma graça e
uma adoração verdadeiramente angelicais. E Santa Teresa Margarida, tendo encontrado um fragmento
de hóstia no chão perto do altar, desfez-se em pranto por pensar que alguma irreverência tivesse sido
cometida contra Jesus, e se pôs em adoração ao lado do fragmento, até que chegasse um sacerdote
para recolhê-lo e colocá-lo no sacrário.
Certa vez aconteceu a S. Carlos Borromeu, enquanto estava distribuindo a comunhão, ter
caído de sua mão uma partícula, sem que ele o percebesse. O Santo se considerou culpável de grave
irreverência contra Jesus, e por isso sofreu tanto, que durante quatro dias não teve coragem de ir
celebrar a santa missa, e impôs a si mesmo a penitência de oito dias de jejum.
Que dizer de S. Francisco Xavier que, às vezes, ao distribuir a santa comunhão, se sentia
tomado de surpresa por um tal sentimento de adoração para com Jesus, que estava em suas mãos, que
se punha de joelhos quando dava a comunhão aos fiéis? Não era aquilo um espetáculo de fé e de amor
digno do céu?
Mais fino era ainda o tato dos santos sacerdotes, ao tocarem na Santíssima Eucaristia. Como
não teriam eles desejado ter aquelas mesmas mãos virginais da Imaculada? A S. Conrado de
Constança acontecia que os dedos indicadores e polegares lhe ficavam luminosos de noite, por causa
da fé e do amor com que ele fazia uso daqueles dedos, ao tocar no corpo santíssimo de Jesus. S. José
de Copertino, o Santo extático, que voava como um anjo, revelava a sua fina delicadeza de amor a
Jesus quando dizia ser seu desejo ter mais um par de indicadores e polegares para poder usar só para
tocar na carne santíssima de Jesus. E o Pe. Pio de Pietralcina às vezes sentia dificuldade para tomar
entre os seus dedos a hóstia santa, julgando-se indigno de tocar nela com suas mãos "estigmatizadas"
(Que diríamos hoje da lamentável leviandade com a qual se procura introduzir por toda parte a
comunhão colocada na mão, em vez de na língua? Aos olhos dos santos, tão humildes e angelicais,
não ficaríamos fazendo a figura de uns tipos grosseiros e presunçosos?).

Modéstia das mulheres

Outra grande preocupação dos santos, para o decoro da Igreja e das almas, foi sempre a de
exigir a modéstia e o pudor por parte das mulheres. A severidade quanto a este ponto em particular
encontra-se frequentemente reafirmada por todos os santos, desde o Apóstolo S. Paulo (um véu sobre
a cabeça das mulheres a fim de que não tenham a cabeça "como se estivesse rapada!" (1Cor 11,Ss),
até S. João Crisóstomo, a S. Ambrósio e outros mais e até o Pe. Pio de Pietralcina, que não admitia
meias medidas, mas exigia sempre vestes modestas e longas, bem abaixo dos joelhos. E como haveria
de poder ser de outra maneira? O Beato Leopoldo de Castelnuovo punha para fora da igreja as
mulheres de roupas pouco modestas, chamando-as "carne do mercado". Que diria ele hoje, quando
quase todas as mulheres, até dentro das igrejas, arrasam com todo pudor e toda decência? Elas
continuam, até nos lugares sagrados, a arte diabólica e sedutora de Eva, tentando a concupiscência do
homem, como diz o Espírito Santo (Eclo 9,9); mas a justiça de Deus não deixará impune tanta
estultice e imundície; ao contrário, como diz o Apóstolo, "é sobretudo por estes pecados (da carne)
que se desencadeia a cólera de Deus" (Cl 3,Ss).
Igualmente, os santos sempre têm recomendado, com seu exemplo e sua palavra, a angélica
compostura com que se deve entrar na igreja, fazendo devotamente o sinal da cruz com água benta,
indo ajoelhar-se piedosamente e, antes de qualquer outra coisa, indo adorar a Jesus no Sacramento,
unindo-nos aos anjos e aos santos que estão ao redor dele.
Se nos pomos em oração, precisamos recolher-nos com cuidado para conservar-nos com
atenção e devoção: também é bom aproximar-nos o mais que pudermos do altar do Santíssimo
Sacramento, pois o Beato João Duns Scot demonstrou que a influência física da humanidade

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santíssima de Jesus é tanto mais intensa, quanto mais perto estivermos do seu corpo e do seu sangue
(Santa Gema Galgani, de fato, dizia que às vezes não lhe era possível aproximar-se mais do altar do
Santíssimo, porque sentia acender-se em seu coração um tal fogo de amor que chegava a chamuscar
as vestes sobre seu peito).

Um prego no chapéu

Quem visse S. Francisco de Sales entrar na igreja, fazer o sinal-da-cruz, ajoelhar-se, rezar
diante do sacrário, devia dar razão ao povo, que dizia: “Assim é que fazem os anjos e os santos do
céu".
Certa vez um príncipe da corte da Escócia disse a um amigo: "Se queres ver como é que
rezam os anjos do céu, vai à igreja e olha como a Rainha Margarida reza com seus filhos diante do
altar".
A todos os apressados e distraídos seria necessário fazê-los recordar com firmeza as palavras
do Beato Luís Guanella: "A igreja nunca há de poder virar um corredor, nem um pátio, nem uma
estrada ou praça". E S. Vicente de Paulo recomendava com tristeza que não se fizessem diante do
Santíssimo Sacramento certas genuflexões "como se fôssemos uns bonecos".
Que não sejam vazios para nós estes exemplos e ensinamentos dos santos.
E lembremo-nos de modo particular deste saboroso episódio de S. Felipe Neri. Um dia o
Santo fez parar de repente um senhor que ia passando apressado diante de uma igreja. S. Felipe lhe
perguntou:
"Meu Senhor, que prego é esse?" - "Que prego?", respondeu o outro, meio atordoado. "Sim,
esse prego que está espetado em seu chapéu..." Aquele senhor tirou, então, o chapéu, olhou-o bem... e
não viu prego nenhum. "Desculpe- me", disse então S. Felipe, "estava me parecendo ver um prego
fincando o chapéu em sua cabeça, porque o Senhor não tirou o chapéu quando passou diante da
igreja".

Felizes vós, ó flores!

Leiamos no Evangelho um pequeno episódio que contém um grande gesto de um amor cheio
de graça e de perfume. E o gesto feito por Santa Maria Madalena, naquela casa em Betânia, quando se
aproximou de Jesus "com um vaso de alabastro cheio de perfume de grande valor, e o derramou sobre
a cabeça dele" (Mt 26,7). Rodear de graça e de perfume os santos sacrários tem sido o trabalho
confiado sempre àquelas criaturas gentis e perfumadas, que são as flores.
S. Afonso M .de Liguori assim cantava, em uma pequena estrofe, sua alegria e sua... inveja
das flores que circundam de perfume os sacrários, e se consomem inteiramente por Jesus: “Ó flores,
felizes sois vós que de noite e de dia, ao lado do meu Jesus aí sempre estais.Nunca saiais daí. Para que
ao redor o sacrário possais deixar a vossa vida inteira". E, neste cuidado de ornar com flores os
sacrários, os santos não perderam para ninguém. Quando o arcebispo de Turim quis um dia entrar, de
passagem, na igreja da Pequena Casa da Providência, encontrou-a tão limpa, com o altar adornado e
perfumado com flores, que perguntou a S. José Cotolengo: "Que festa estão celebrando hoje?" E o
Santo lhe respondeu: "Hoje não estamos fazendo nenhuma festa: mas aqui, na igreja, é sempre festa".
S. Francisco de Jerônimo tinha o cuidado de tratar e cultivar pessoalmente as flores para o
altar do Santíssimo, e às vezes as fazia até crescer milagrosamente, para que Jesus não ficasse sem
flores.
"Uma flor para Jesus": não deixemos de oferecer a Jesus este delicado gesto de amor. Será
uma pequena despesa por semana, mas que será recompensada por Jesus "cem vezes mais", e as
nossas flores sobre o altar exprimirão, com sua graça e fragrância, a nossa presença de amor ao lado
de Jesus.
Há ainda mais. S. Agostinho nos recorda um piedoso costume do seu tempo:depois da missa,
os fiéis disputavam as flores que estavam sobre o altar; e as levavam para as suas casas, conservando-
as como relíquias, porque tinham ficado perto de Jesus sobre o altar e presentes ao seu divino
Sacrifício.

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Santa Joana Francisca de Chantal, que com tanta diligência levava sempre flores frescas a
Jesus, logo que elas começavam a murchar ao lado do sacrário, levava-as para a sua cela, para tê-las
consigo aos pés do seu crucifixo. Quando se ama...
Aprendamos e imitemos.

V - É ELE QUEM NOS DÁ JESUS

Quem prepara para nós a Eucaristia e nos dá Jesus? É o sacerdote. Se não tivéssemos o
sacerdote, não existiriam nem o sacrifício da missa, nem a santa comunhão, nem a presença real de
Jesus nos sacrários.
E quem é o sacerdote? É o "Homem de Deus" (2Tm 3,17). De fato, é somente Deus que o
escolhe e o chama do meio dos homens, com uma vocação especialíssima: "Ninguém assume por si
mesmo esta honra, mas só quem é chamado por Deus" (Hb 5,4), o separa de todos os outros:
"segregado para o Evangelho" (Rm 1,1), o marca com um caráter sagrado que durará para sempre:
"sacerdote para a eternidade" (Hb 5,6), e o investe dos divinos poderes do sacerdócio ministerial para
que seja consagrado exclusiva- mente às coisas de Deus: o sacerdote "escolhido dentre os homens é
constituído em favor dos homens em todas as coisas de Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos
pecados" (Hb 5,1s).

Virgem, pobre, crucificado

Com a sagrada ordenação o sacerdote é consagrado em sua alma e em seu corpo. Torna-se ele
um ser todo sagrado, configurado a Jesus Sacerdote. Por isso o sacerdote é o verdadeiro
prolongamento de Jesus; ele participa da mesma vocação e missão que Jesus Cristo; personifica a
Jesus nos atos mais importantes da redenção universal (culto divino e evangelização); é chamado a
reproduzir em sua vida a vida inteira de Jesus; a vida virginal, a vida pobre e a vida crucificada. É por
esta conformidade com Jesus que ele é "ministro de Cristo entre as gentes" (Rm 15,16), guia e mestre
das almas (Mt 28,20).
S. Gregório de Nissa escreve: ''Aquele que ontem, estava confundido com o povo, torna-se
mestre do povo, torna-se superior ao povo, doutor nas coisas santas e chefe nos sagrados mistérios".
Isto acontece por obra do Espírito Santo, pois "não é um homem, não é um anjo, nem um arcanjo, não
é um poder criado, mas é o Espírito Santo que o investe do sacerdócio" (S. João Crisóstomo). O
Espírito Santo configura a alma do sacerdote com Jesus, personifica Jesus nele, de tal modo, que "o
sacerdote no altar opera na própria pessoa de Jesus" (S. Cipriano) e "é senhor do próprio Deus" (S.
João Crisóstomo). Não precisamos maravilhar-nos, pois, se a dignidade do sacerdote é considerada
"celestial" (S. Cassiano), "divina" (S. Dionísio), "infinita" (S. Efrém), "o ápice de toda grandeza" (S.
Inácio Mártir), "venerada com amor pelos próprios anjos", a ponto de, "quando o sacerdote celebra o
Sacrifício divino, os anjos ficarem perto dele, e em coro entoarem um cântico de louvor em honra
daquele que se imola" (S. João Crisóstomo). E isso é o que acontece em todas as santas missas.

Respeito e veneração

Sabemos que S. Francisco de Assis não quis fazer-se sacerdote porque se julgava muito
indigno de tão excelsa vocação. Ele venerava os sacerdotes com tal devoção que os considerava os
seus "Senhores", pois neles via somente "o Filho de Deus"; e o seu amor à Eucaristia se fundia com o
amor ao sacerdote, o qual consagra e administra o corpo e o sangue de Jesus. De modo particular ele
venerava as mãos do sacerdote, e as beijava sempre de joelhos com grande devoção; e lhes beijava
também os pés, e até os próprios rastos deixados por um sacerdote, que tivesse por ali passado.

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S. João Basco exorta a todos com estas palavras: "Eu vos recomendo um grande respeito para
com os sacerdotes; descobri vossa cabeça em sinal de reverência, quando falardes com eles, ou
quando passais por eles no caminho, e beijai-lhes obsequiosamente a mão.
Tomai cuidado para não desprezá-los, com fatos ou por palavras. Quem não respeita os
ministros sagrados, deve temer um grande castigo do Senhor".
A veneração pelas mãos consagradas do sacerdote, beija- das com reverência pelos fiéis,
sempre existiu na Igreja. Baste-nos pensar que, durante as perseguições dos primeiros séculos, um dos
maiores ultrajes contra os bispos e sacerdotes consistia em amputar-lhes as mãos, para que assim não
pudessem mais nem consagrar, nem abençoar. Por isso os cristãos recolhiam aquelas mãos amputadas
e, mergulhadas em aromas, as conservavam como relíquias.
Além disso, o beijo das mãos do sacerdote é uma expressão delicada de fé e de amor a Jesus,
que o sacerdote personifica. Quanto mais fé e amor se tem, tanto mais nos sentimos impelidos a
prostrar- nos diante do sacerdote e a beijar aquelas mãos "santas e veneráveis" (Cânon Romano) entre
as quais Jesus se torna amorosamente presente entre nós cada dia. "Ó veneranda dignidade do
sacerdote -exclama Santo Agostinho -em cujas mãos o Filho de Deus se encarna como no seio da
Virgem!" E o Cura d'Ars dizia: "Dá-se um grande valor aos objetos que foram colocados, em Loreto,
na tigela da Virgem Santa e do Menino Jesus. Mas os dedos do sacerdote, que tocaram na carne
adorável de Jesus Cristo e penetraram no cálice, onde esteve o seu sangue, e na âmbula, onde esteve o
seu corpo, acaso não são muito mais preciosos?" Talvez nem tenhamos ainda pensado nisso. Mas
assim é. E os exemplos dos santos o confirmam.

Beijava as duas mãos

A Venerável Catarina Vannini via, em êxtase, os anjos que, durante a missa, circundavam as
mãos do sacerdote e as sustentavam no momento da elevação da hóstia e do cálice. Poderemos
imaginar com que respeito e afeto a Venerável beijava aquelas mãos?
Santa Edviges, rainha, cada manhã assistia a todas as Santas Missas que eram celebradas na capela da
Corte, mos-trando-se muito agradecida e reverente para com os sacerdotes que tinham celebrado:
convidava-os a entrar, beijava suas mãos com suma devoção, fazia que se alimentassem, tratando-os
com as mais distintas honras.
Ouvia-se como a rainha exclamava comovida: "Bendito seja quem fez Jesus descer do céu e o
deu a mim".
S. Pascoal Baylon era o porteiro do convento. Todas as vezes que chegava um sacerdote, o
santo fradezinho se ajoelhava e lhe beijava respeitosamente as duas mãos. Dele foi dito, como de S.
Francisco, que "era devoto das mãos consagradas dos sacerdotes". Ele as julgava capazes de deter
longe os males e cumular de bens a quem nelas tocasse com veneração, porque são as mãos das quais
Jesus se serve.
E como era edificante ver o Pe. Pio de Pietralcina procurando beijar com amor as mãos de
qualquer sacerdote, às vezes até agarrando-as de surpresa! E que dizer de outro Servo de Deus, D.
Dolindo Ruotolo, que não admitia que um sacerdote pudesse negar-lhe "a caridade" de deixá-lo
beijar- lhe as mãos?
Enfim, sabemos que este ato de veneração muitas vezes foi premiado por Deus com
verdadeiros milagres.Na vida de Santo Ambrósio se lê que um dia, logo após a celebração da Santa
Missa, o Santo viu aproximar-se dele uma mulher paralítica, que queria beijar suas mãos.A pobre
mulher tinha grande fé naquelas mãos que tinham acabado de consagrar a Eucaristia: e ficou curada
no mesmo instante. A mesma coisa aconteceu em Benevento: uma mulher paralítica, havia quinze
anos, pediu ao Papa Leão IX licença para beber a água por ele usada durante a Santa Missa, quando
lavou os dedos. O Santo Papa atendeu aos desejos da enferma em seu pedido humilde, como o pedido
da Cananéia, rogando a Jesus que lhe desse "as migalhas que caem da mesa do dono da casa" (Mt
15,27), e ficou imediatamente curada.

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Primeiro o sacerdote, depois o anjo

A fé dos santos era deveras uma fé gigante e operante! Viviam eles da fé (Rm 1,17), e
operavam por fé, com um amor que não admitia limites, quando se tratava de Jesus. "Nos sacerdotes
vejo o Filho de Deus", dizia S. Francisco de Assis.
"Cada vez que virdes um sacerdote - ensinava o Santo Cura d'Ars -pensai em Jesus".
Santa Maria Madalena de Pazzi, de fato, falando de qual- quer sacerdote, costumava dizer:
"este Jesus".E é por isso que Santa Catarina de Sena e Santa Teresa de Jesus beijavam a terra onde
tivesse passado um sacerdote. E, ainda mais, Santa Verônica Giuliani, certo dia, tendo visto o
sacerdote subir pela escadaria do mosteiro para ir levar a santa comunhão às enfermas, ajoelhou-se ao
pé da escadaria, e foi subindo de joelhos pelos degraus, beijando-os um por um, e banhando- os com
lágrimas de amor. Quando se tem amor!...
"Se eu me encontrasse -dizia o Santo Cura d'Ars -com um sacerdote e com um anjo, saudaria
primeiro o sacerdote, e depois o anjo... Senão tivéssemos o sacerdote, de nada nos valeria a Paixão e a
Morte de Jesus... Para que serviria um escrínio cheio de jóias de ouro, se não houvesse alguém para
abri-lo? O sacerdote é que tem a chave dos tesouros celestes... "Quem é que faz Jesus descer nas
cândidas hóstias? Quem é que coloca Jesus em nossos sacrários? Quem é que dá Jesus às nossas
almas? Quem é que purifica os nossos corações, para que possamos receber a Jesus?...'0 sacerdote, só
o sacerdote. Ele é o "Ministro do Tabernáculo" (Hb 13,10), é o "Ministro da Reconciliação" (2Cor
5,18), é o "Ministro de Jesus para os irmãos" (Cl 1,7), é o "Dispensador dos mistérios divinos" (1Cor
4,1). E quantos episódios não poderiam ser narrados de sacerdotes heróicos em sacrificar-se a si
mesmos para dar Jesus aos irmãos!Façamos referência a um deles entre muitos outros.

“Até à vista, no Paraíso"

Faz alguns anos, numa paróquia bretã, o velho pároco estava à morte.Junto com ele estava
também já no fim da vida um dos seus velhos paroquianos , um daqueles que se encontravam mais
longe de Deus e da Igreja. O pobre pároco sentia-se desolado, porque estava impossibilitado de andar,
e por isso mandou seu cooperador ao paroquiano enfermo, dizendo-lhe que lembrasse ao moribundo a
promessa que uma vez lhe havia feito de não morrer sem os sacramentos. "Mas eu fiz essa promessa
ao pároco, e não ao senhor", desculpou-se o enfermo. O coadjutor teve que ir-se embora, e contou ao
pároco a resposta que teve de ouvir do enfermo. Mas o pároco, mesmo sabendo que só tinha poucas
horas de vida, não se deu por vencido. Pediu e conseguiu que o transportassem até a casa do pecador.
E, tendo lá chegado, o conseguiu ainda ouvir em confissão e dar Jesus ao moribundo. Depois lhe
disse: ' até à vista, no Paraíso!"Em uma liteira, o corajoso pároco foi levado de volta à casa paroquial.
Quando chegaram, levantaram a coberta, mas o pároco não se moveu: tinha expirado no caminho.
Os sacerdotes são os portadores da "Vida", os mediadores da salvação entre Jesus e as almas.
Onde faltam os sacerdotes, a condição moral e espiritual dos homens fica verdadeiramente penosa.
Onde não há correspondência à vocação sacerdotal, ou à vocação missionária, ficam faltando os
"multiplicadores" de Jesus, como dizia S. Pedro Julião Eymard, a fé se enfraquece, ou é uma fé sem
vida.
Uma vez um dos chefes de tribo no Japão perguntou, de repente, a S. Francisco Xavier,
depois de uma pregação sobre o amor de Deus pelos homens: "Como é, então, que, sendo Deus tão
bom, como dizes, ficou esperando tanto tempo para nos fazer conhecer o cristianismo?"
"O Senhor quer mesmo saber o por quê? - respondeu o Santo com tristeza- eis a razão: Deus
tinha inspirado a muitos cristãos que viessem anunciar-vos a Boa-nova; mas muitos deles não
quiseram ouvir o convite que lhes tinha sido feito".

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São os verdadeiros sacerdotes que formam as Igrejas, dando-lhes estabilidade e fecundidade.
O Venerável Antônio Chevrier dizia que toda verdadeira Igreja tem "por funda- mento santos
sacerdotes ; por colunas, santos sacerdotes; por lâmpada...um santo sacerdote; no púlpito, um santo
sacerdote; no altar... um santo sacerdote, alterChristus!"

Santo ou demônio

Veneremos o sacerdote, e sejamos-lhe gratos porque ele nos dá Jesus: mas sobretudo oremos
por sua altíssima missão, que é a mesma missão de Jesus: "Como o Pai me enviou, assim eu vos
envio" (Jo 20,21). Missão divina que nos faz ficar atordoados e loucos de um amor que fica a
repercutir dentro de nós. O sacerdote "foi feito semelhante ao Filho de Deus" (Hb 7,3), e o Santo Cura
d'Ars dizia que "só no céu iria medir toda a sua grandeza. Se conseguisse entendê-la aqui na
terra,morreria, não de espanto, mas de amor... Depois de Deus, o sacerdote é tudo".
Mas a sublimidade desta grandeza traz consigo responsabilidades enormes, que pesam sobre a
pobre humanidade do sacerdote; sua humanidade é em tudo idêntica à de qualquer outro homem. "O
sacerdote - dizia S. Bernardo - por natureza é como todos os outros homens; por dignidade é superior
a qualquer outro homem desta terra; e, por sua conduta, deve se um êmulo dos anjos".
Vocação divina, missão sublime, vida angelical, dignidade excelsa, pesos enormes postos
sobre pobres ombros humanos. Dizia o Servo de Deus D. E'duardo Poppe, admirável sacerdote: "O
sacerdócio é uma cruz e um martírio..."
Pensemos no peso das responsabilidades pela salvação das almas confiadas ao sacerdote. Ele
precisa preocupar-se em levar os incrédulos à fé, em converter os pecadores, em afervorar os tíbios,
em estimular sempre mais para o alto os bons, e em fazer caminhar para os cumes os santos. Mas,
como poderá fazer tudo isso, se não for verdade "um" com Jesus?
Por isso é que o Pe. Pio de Pietralcina dizia: "O sacerdote, ou é um santo, ou é um
demônio".Ou santifica, ou arruína. E que desastre incalculável não provoca o sacerdote que profana a
sua vocação com um comportamento indigno, ou que a calca aos pés de uma vez, ao negar o seu
estado de consagrado e eleito do Senhor (Jo 15,16)?
S. João Bosco dizia que "um padre, ao paraíso ou ao inferno nunca vai sozinho: vão sempre
com ele almas em grande número, ou salvas pelo seu santo ministério e com o seu bom exemplo, ou
perdidas pela sua negligência no cumprimento dos próprios deveres e pelos maus exemplos".
O Santo Cura d'Ars, como se lê nos processos canônicos, derramava muitas lágrimas
"pensando na desgraça dos sacerdotes que não correspondem à santidade de sua vocação". E o Pe. Pio
de Pietralcina descreveu visões angustiantes sobre os espantosos sofrimentos de Jesus, por culpa de
sacerdotes indignos e infiéis.

Rezemos por eles

Sabe-se que Santa Teresinha, a angélica carmelita, fez sua última comunhão, antes de morrer,
por esta sublime intenção: obter a volta de um sacerdote transviado, que havia renegado a sua
vocação. E sabe-se que aquele sacerdote morreu arrependido, invocando o nome de Jesus.
Sabemos que não são raras as almas, especialmente as virginais, que se ofereceram vítimas
pelos sacerdotes. São almas prediletas de Jesus, e de um modo absolutamente singular. Mas rezemos
nós também, e ofereçamos também os nossos sacrifícios pelos sacerdotes, pelos que estão em perigo,
pelos mais fortes, pelos transviados e pelos já adiantados na perfeição. Somos tão fáceis, infelizmente,
para criticar os defeitos dos sacerdotes, enquanto que é, antes, muito raro rezarmos por eles.
S. Nicolau de Flüe, célebre Santo suíço, pai de família, dizia com energia: "E tu, quantas
vezes já rezastes pela santidade dos sacerdotes? Dize-nos: que foi que fizeste para obter para a Igreja
boas vocações?"

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Certa vez, uma filha espiritual do Pe. Pio de Pietralcina se acusou em confissão de ter
criticado alguns sacerdotes por certos comportamentos deles que não eram bons, e ouviu o Pe. Pio
responder-lhe com voz forte e sem deixar dúvidas: "Em vez de criticá-los, pensa em rezar por eles!"
De modo particular, todas as vezes que virmos um sacerdote ao altar, rezemos nós também a
Nossa Senhora com as palavras do venerável Carlos Jacinto: "Ó querida Nossa Senhora, emprestai o
vosso coração àquele sacerdote, a fim de que ele possa celebrar dignamente".
Rezemos nós também, como Santa Teresinha, para que os sacerdotes ao altar toquem no
corpo santíssimo de Jesus com a mesma pureza e delicadeza com que nele tocou Nossa Senhora.
Melhor ainda, rezemos para que cada sacerdote possa fazer como S. Caetano, que se preparava para a
celebração da Santa Missa, unindo-se tão intimamente a Maria Santíssima, que dele diziam: "ele
celebra a missa como se fosse ela".E, na verdade, como Nossa Senhora tomou Jesus em suas mãos em
Belém, assim o sacerdote recebe Jesus em suas mãos na santa missa. Como Nossa Senhora ofereceu
Jesus vítima sobre o Calvário assim o sacerdote oferece o Cordeiro imolado no altar. Como Nossa
Senhora deu Jesus à humanidade, assim o sacerdote nos dá Jesus na santa comunhão.
Bem diz, pois, S. Boaventura: "Cada sacerdote no altar deveria ser inteiramente identificado
com Nossa Senhora, porque como por meio dela é que nos foi dado este Santíssimo C9rpo, assim é
pelas mãos dele que ele deve ser oferecido a nós".E S. Francisco de Assis dizia que Nossa Senhora
representa para todos os sacerdotes um ,espelho para sua santidade, por causa da estreita proximidade,
que há entre a Encarnação do Verbo no seio de Maria e a consagração eucarística entre as mãos dos
sacerdotes.
Aprendamos também nós na escola dos santos a respeitar e a venerar os sacerdotes, a rezar
pela sua santificação, a ajudá-los em sua altíssima missão.

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VI - O PÃO DA MAMÃE

“Maria da qual nasceu Jesus” (Mt 1,16)

A Eucaristia é o pão de nossa divina Mãe. É o pão feito por Maria, com a farinha de sua carne
imaculada, amassada com seu leite virginal. Escreveu Santo Agostinho: "Jesus tomou carne da carne
de Maria".

“Tu és o meu filho”

Também na Eucaristia, como sabemos, junto com a divindade está todo o corpo e sangue de
Jesus, tirados do corpo e do sangue de Maria Virgem.Por isto é tão verdadeiro, como belo, que, em
toda comunhão que fizermos, consideremos que na Eucaristia está a doce e misteriosa presença de
Maria Santíssima, inseparável e unida a Jesus - hóstia. Jesus é sempre, o seu Filho adorado, carne de
sua carne e sangue do seu sangue. Se Adão podia chamar Eva, tirada de sua costela, "ossos dos meus
ossos, carne da minha carne" (Gn2,23), quanto mais não poderá Maria Santíssima chamar a Jesus
"carne da minha carne e sangue do meu sangue"?Tirada da "Virgem intacta", como diz Santo Tomás
de Aquino, a carne de Jesus é a carne materna de Maria, o sangue de Jesus é o sangue materno de
Maria. Portanto, nunca será possível separar Jesus de Maria. Por isso, a cada santa missa que é
celebrada, a Bem-aventurada Virgem pode dizer com verdade a Jesus presente na hóstia e no cálice:
"Tu és o meu Filho. Hoje eu te gerei" (SI 2,7). A mesma coisa é-nos ensinada por Santo Agostinho, a
saber, que na Eucaristia "Maria estende e perpetua sua divina maternidade"; enquanto Santo Alberto
Magno propõe-nos esta amorosa exortação: "Minha alma, se queres gozar da intimidade de Maria,
deixa-te levar entre seus braços, e nutre-te de seu sangue... Com este pensamento inefavelmente casto,
vai à mesa de Deus, e encontrarás no sangue do Filho o alimento da Mãe".Dizem muitos santos e
teólogos (S. Pedro Damião,S. Bernardo, S. Boaventura, S. Bernardino...) que Jesus instituiu a
Eucaristia principalmente para Maria e, depois, por meio de Maria, Mediadora de todas as graças,
também para todos nós.É por Maria, pois, que nos é dado Jesus cada dia. E em Jesus está sempre a
carne imaculada e o sangue virginal de sua divina Mãe, que penetra em nosso coração e nos inebria a
alma. Em um êxtase, durante a celebração da santa missa, Santo Inácio de Loiola contemplou um dia
a realidade sem véus desta dulcíssima verdade, e se sentiu tomado por uma comoção celestial.

Maria está toda em Jesus

Se, além disso, pensarmos que Jesus, fruto do seio imaculado de Maria,é todo amor, todo
doçura, todo intimidade, todo riqueza e todo vida de Maria, ao recebê-lo não podemos deixar de estar
recebendo aquela que, pelos vínculos do Sumo Amor, além dos vínculos da carne e do sangue, forma
uma só coisa, um único todo com Jesus, sempre e indissoluvelmente "unida ao seu Amado" (Ct 8,5).
Porventura, não é verdade que o amor, e sobretudo o amor divino, une e unifica? E poderemos fazer
uma ideia de uma outra união mais íntima e total do que a de Jesus e a Virgem Maria, a não ser a que
existe no seio da Santíssima Trindade?A pureza de Maria, sua virgindade, ternura, doçura e amor, e
até os próprios traços do rosto celestial de Maria, tudo isso encontramos em Jesus, visto que a
humanidade santíssima assumida pelo Verbo é toda ela nada mais do que a humanidade de Maria, por
meio do mistério inefável da concepção virginal, operada pelo Espírito Santo, que tornou Maria mãe
de Jesus, consagrando-a como a Virgem intacta para sempre e santa na alma e no corpo.
Por isso "a Eucaristia -como escreve Santo Alberto Magno cria impulsos de amor angélico e
tem a singular eficácia de inocular nas almas um sagrado instinto de ternura para com a Rainha dos
Anjos. Ela nos deu a carne de sua carne, os ossos de seus ossos, e continua a dar-nos na Eucaristia
este doce e virginal manjar celeste".Enfim, como na geração eterna do Verbo, no seio da Trindade, o

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Pai se dá todo ao Filho "Espelho do Pai", assim, na geração temporal do mesmo Verbo, no seio da
humanidade, a mãe divina se dá toda ao Filho, ao seu Jesus, "a flor virginal da Virgem Mãe", como
diz Pio XII; e o Filho por sua vez se dá todo à Mãe, assemelhando-se a ela, e tornando-a "toda
divinizada", como esplendidamente afirma S. Pedro Damião.

Ao lado do Sacrário

S. Pedro Julião Eymard, o Santo inflamado de amor pela Eucaristia, afirmava que já nesta
terra, depois da Ascensão de Jesus ao céu, a Bem-aventurada Virgem "vivia no Santíssimo
Sacramento, vivia dele" e por isso o Santo gostava de dar a ela o nome de "Nossa Senhora do
Santíssimo Sacramento". E o Pe. Pio de Pietralcina dizia algumas vezes aos seus filhos espirituais:
"Não estais vendo Nossa Senhora sempre ao lado do sacrário?" E como poderia ela deixar de estar aí,
ela que no Calvário "estava junto da cruz de Jesus" (Jo 19,25)?
Por isso S. Afonso de Liguori a cada visita a Jesus Eucarístico unia sempre uma visita a Maria
Santíssima. S. João Bosco dizia: "Eu vos suplico que recomendeis a todos primeiro a adoração a Jesus
Sacramentado e, depois, uma homenagem a Maria Santíssima". Igualmente S. Maximiliano M. Kolbe
recomendava que, indo-se a Jesus eucarístico, não se deixasse de lembrar da presença de Maria,
chamando por ela e unindo-se a ela e, pelo menos, fazendo que passasse por nossa mente o seu suave
nome.Na vida de S. Jacinto, dominicano, se lê que uma vez o Santo, para evitar uma profanação do
Santíssimo Sacramento, foi correndo ao sacrário para apanhar a âmbula com as santas partículas e
colocá-las em lugar seguro. E, quando S.Jacinto ia saindo com Jesus Eucarístico apertado contra o seu
peito, ouviu uma voz que vinha da imagem de Nossa Senhora, colocada ao lado do altar: "Mas, como?
Vais levando a Jesus, deixando de levar-me também a mim?" O Santo parou, então, diante daquela
censura, compreendeu a queixa, mas ficou sem saber como fazer para levar consigo também a
imagem da Mãe do céu; e, nesta incerteza, aproximou-se da imagem para apanhá-la, com a mão que
ainda estava livre, mas não precisou fazer nenhuma força, pois a imagem tornou-se tão leve como
uma pena.
O sentido do prodígio é muito significativo: levar Maria junto com Jesus não pode ser pesado,
e não é nada difícil, porque eles "estão um no outro" (Jo 6,57) de uma maneira divinamente sublime.
Também muito bela é a resposta que Santa Bernadette Soubirous deu a alguém que queria pô-la em
dificuldades com uma pergunta um pouco embaraçosa:"Você gosta mais de receber a santa comunhão
ou de ver Nossa Senhora na gruta?" A pequena Santa pensou por um momento e depois respondeu:
"Que pergunta esquisita! São duas coisas que não se podem separar.Jesus e Maria estão sempre
juntos!”

O Eterno ostensório

A união entre Nossa Senhora e a Eucaristia ficará indissolúvel, por sua natureza, "até a
consumação dos séculos" (Mt 28,20). Sim, Maria Santíssima, com o seu corpo e com sua alma, é o
celeste "Tabernáculo do Senhor" (Ap 21,3); é a hóstia incorruptível "santa e imaculada" (Ef 5,27)
que reveste de si mesma o Verbo de Deus feito homem. S. Germano chega a chamá-la "o Paraíso
suavíssimo de Deus". E até, segundo uma piedosa sentença, valorizada pelos êxtases e visões de Santa
Verônica Giuliani, e mais ainda da Beata Madalena Martinengo, lá no Paraíso a Santíssima Virgem
conserva e conservará para sempre Jesus como vítima visível em seu peito, e isto será a sua "eterna
consolação, para o júbilo de todos os bem-aventurados, e especialmente para a perene alegria dos
devotos do Santíssimo Sacramento". Aí se entrevê a imagem de Nossa Senhora Mediadora Universal,
que a Madre Esperança mandou pintar, há poucos anos, e colocou no Santuário de Collevalenza. É
esta mesma reproduzida frequentemente nos ostensórios eucarísticos dos séculos passados e que
representa Nossa Senhora com uma pequena cavidade no peito, para que aí se pudesse pôr a hóstia
consagrada. "Feliz o seio que te trouxe”, gritou aquela mulher no meio da multidão (Lc 11,27). Por

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isso é que em algumas igrejas da França o sacrário era colocado na imagem, que representava Maria
subindo ao céu. O significado disso é bem claro: é sempre Maria Santíssima quem nos dá Jesus, o
Fruto Bendito de seu seio virginal, e Coração do seu Coração Imaculado. Ela continuará, por toda a
eternidade,a levar em seu peito a Jesus Eucarístico, para oferecê-lo à jubilosa contemplação dos bem-
aventurados, aos quais já é dado poderem ver a pessoa divina de Jesus nas Espécies Eucarísticas,
conforme os ensinamentos do Doutor Angélico, Santo Tomás de Aquino.

Em Jesus com Maria

Também nossa união com Nossa Senhora acha seu ponto de uma fusão plena e mais amorosa
na Eucaristia, especial- mente na Santa Comunhão. Com Jesus - hóstia também Maria entra em nós e
se faz una com cada um de nós seus filhos, derramando o seu amor materno sobre nossa alma e sobre
o nosso corpo. Bem que escreveu o grande Santo Hilário, Padre e Doutor da Igreja: ''A maior alegria
que podemos dar a Maria é a de levar Jesus Eucarístico em nosso peito". Sua materna união com
Jesus se torna uma união também com quem se une a Jesus, especialmente na santa comunhão. E o
que pode alegrar tanto a quem ama, como uma união com a pessoa amada? E nós não somos, acaso,
os filhos diletos da Mãe do Céu?Quando vamos a Jesus no altar, encontramos sempre, como os Reis
Magos em Belém, a "Jesus com Maria sua Mãe" (Mt 2,2); e Jesus - hóstia, sobre o altar de nosso
coração, pode repetir a cada um de nós, como a S. João Evangelista sobre o altar do Calvário: "Eis a
tua Mãe" (Jo 19,27).Com sublime elevação, S. Agostinho esclarece ainda melhor como Maria
Santíssima se faz nossa e se une a cada um de nós pela comunhão eucarística: "O Verbo é o alimento
dos anjos. Os homens não têm a força para se alimentarem, e, no entanto, têm necessidade disso. Por
isso, existe uma mãe que come desse pão super substancial, e o transforma em leite para alimentar
seus pobres filhos. E essa Mãe é Maria: ela se alimenta do Verbo e o transforma em sua santíssima
humanidade, o transforma em corpo e sangue, neste leite suavíssimo que é a Eucaristia". Por isso é
muito natural que, nos pequenos como nos grandes santuários marianos, se desenvolva sempre a
piedade eucarística, a tal ponto, que eles possam ser considerados também santuários eucarísticos.
Pensemos em Lourdes, Fátima, Loreto, Pompéia...onde as multidões se aproximam do altar em filas
quase intermináveis para se alimentarem do Fruto de Maria. E não podia ser de outro modo, porque
não existe união tão íntima e tão doce com Nossa Senhora como a que se realiza pela recepção da
Santíssima Eucaristia. É bem verdade que Jesus e Maria "andam sempre juntos", como dizia Santa
Bernadette!

Comunhão reparadora

Reflitamos ainda que a própria Nossa Senhora, em Fátima, junto com o Santo Rosário, pediu,
de modo especial, a comunhão reparadora por todas as ofensas e ultrajes que recebe o seu Coração
Imaculado. Com que paixão a Irmã Lúcia de Fátima tem recomendado a toda a Igreja que escute o
lamento doloroso do próprio Jesus, que lhe mostrou o coração da Imaculada, dizendo-lhe: "Tem
compaixão do coração de tua Mãe Santíssima envolto nos espinhos que os homens ingratos nele
cravam continuamente: não há ninguém para fazer atos de reparação a fim de os arrancar". Portanto é
o próprio Jesus que procura corações cheios de amor que queiram consolar a Nossa Senhora,
"acolhendo-a em sua própria casa".
Como fez S. João Evangelista (Jo 19,27). E nós realmente a acolhemos na casa do nosso
coração, de modo mais íntimo e por ela mais querido, cada vez que a fazemos penetrar junto com
Jesus - hóstia em nós, e lhe oferecemos Jesus vivo e verdadeiro, para ela supremo conforto e delícia.
Mas que graça tão grande é esta de estarmos nós também unidos a Nossa Senhora com Jesus e em
Jesus? Não era o desejo de Santo Ambrósio que todos os cristãos tivessem "a alma de Maria para
cantar as grandezas do Senhor, e o espírito de Maria para exultar em Deus"?Mas é justamente isso que
nos é concedido, de uma maneira extraordinária, cada vez que comungamos. Pensemos nisso com

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afeto e gratidão, e esforcemo-nos por imitar S. Pedro Julião Eymard, o qual vivia tão intensamente a
união com Nossa Senhora que os seus companheiros, ao verem como ele se aproximava deles sempre
recolhido e doce, diziam entre si: ' Ai vem a Virgem!". Podemos recordar-nos também do Venerável
D. Plácido Baccher,sacerdote de Nápoles, do qual o povo dizia que era "todo Nossa Senhora".A união
e a semelhança com Nossa Senhora são também frutos sublimes da Eucaristia, que nos transforma em
Jesus, o qual é, inefavelmente, "todo Maria".

Comei do meu pão

No pé de um daqueles antigos ostensórios que representavam Maria Santíssima levando a


Eucaristia sobre o peito estão gravadas estas palavras: "Ó Cristão, que, cheio de fé, vens receber o Pão
da Vida, come-o com dignidade, e lembra-te de que ele foi amassado com o sangue puríssimo de
Maria". Na realidade, Maria falou com verdade de si mesma, repetindo o que disse o profeta
inspirado: "Vinde e comei do meu pão, bebei do vinho que para vós eu preparei" (Pr 9,5). S.
Maximiliano M. Kolbe queria explicar o conteúdo desta passagem inspirada quando planejava que
todos os altares do SS. Sacramento fossem encimados por uma imagem da Imaculada com os braços
estendidos para frente, convidando a todos a se aproximarem para comerem o pão feito por ela
mesma. Para fazerdes bem a santa comunhão "imaginai - dizia S. João Basco – que já não é o
sacerdote, mas sim a própria Nossa Senhora que vem dar-vos a hóstia santa". E S. Pedro Julião
Eymard, num pensamento profundo e luminoso, nos ensina que assim como a Imaculada Conceição
foi a preparação para a primeira comunhão de Nossa Senhora, isto é, para a encarnação do Verbo,
assim também continua a ser a preparação para todas as santas comunhões, contanto que nos
volvamos para ela e lhe peçamos que "nos cubra com o manto de sua pureza, e nos revista da brancura
e do esplendor de sua Imaculada Conceição".
A Santa Bernadette um dia uma coirmã lhe perguntou: "Como é que você faz para ficar tanto
tempo em ação de graças depois da comunhão?" A Santa lhe respondeu: "fico considerando que é a
Virgem Santa que me está dando o Menino Jesus. Depois o recebo. E eu falo a ele, e ele me fala".
Com uma bela imagem S. Gregório de Tours dizia que o seio imaculado de Maria Santíssima é a
celeste "masseira" cheia do pão de vida, feito para alimentar os filhos. "Feliz o seio que te trouxe e o
peito que te amamentou", disse em voz alta a Jesus aquela mulher (Lc 11,27). A Imaculada trouxe
Jesus em seu puríssimo seio, formando o corpo dele com a sua própria carne e com o seu próprio
sangue.
Por isso, cada vez que nos aproximamos da mesa do altar, que nos seja agradável recordar-nos
de que Jesus Eucarístico é o Pão da Vida feito por Maria com a farinha de sua carne imaculada,
amassada com seu leite virginal. Ela o fez para nós, seus filhos. E nos sentiremos de fato mais irmãos,
quando todos comermos deste cheiroso e delicioso Pão da Mamãe.

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VII - ORAÇÕES PARA A SANTA COMUNHÃO
“...Prostraram-se e o adoraram” (Mt 2,11)

A SANTA COMUNHÃO
Preparação

Fé- Senhor meu Jesus Cristo, eu creio com toda a minha alma que estais realmente presente
no Sacramento do altar. Creio, porque vós, Suprema Verdade que eu adoro, o dissestes. Voltado para
aquela Hóstia Santa, também eu vos digo com S. Pedro: "Vós sois o Cristo, o Filho do Deus vivo".
Adoração - Eu vos adoro e vos reconheço como meu Criador, Senhor, Redentor, e como o
meu sumo e único bem.
Esperança- Senhor, espero que dando-vos todo a mim neste divino Sacramento usareis de
misericórdia comigo e me concedereis as graças necessárias para eu poder mais facilmente chegar ao
Paraíso.
Amor- Senhor, eu vos amo com todo o meu coração e sobre todas as coisas, porque sois o
meu Deus infinitamente amável. Perdoai-me por vos ter amado tão pouco até hoje. Eu quereria amar-
vos com o ardor dos serafins: e até com o próprio coração da vossa e minha Mãe Imaculada, Maria.
Por vosso amor, ó Jesus, quero amar a meus irmãos como a mim mesmo.
Humildade- Senhor, eu não sou digno de entreis em que meu coração, mas dizei uma só
palavra, e minha alma será salva.
Dor-Antes de aproximar-me de vós, ó Jesus, eu vos peço uma vez mais que me perdoeis os
meus pecados. Vós me amastes até morrer por mim, e eu tenho sido tão mau, e vos tenho ofendido
vezes sem conta. Tende piedade de mim, perdoai-me, limpai-me com a vossa graça até da menor
mancha de pecado. Eu gostaria de aproximar-me de vós com uma pureza angélica para poder receber-
vos dignamente.
Desejo-Meu Deus, vinde à minha alma para santificá-la; meu Deus, vinde ao meu coração
para purificá-lo; meu Deus, entrai no meu corpo para guardá-lo, e não me separeis nunca do vosso
amor. Consumi tudo o que virdes de indigno da vossa presença, e que possa criar obstáculo à vossa
graça, ao vosso amor.
Dentro de poucos instantes,Jesus estará em ti. É este o momento mais belo e maior do teu dia.
Prepara-te bem. Apresenta a Jesus um coração ardente de amor e de desejo. Procura sentir-te indigno
de tanta predileção, e não te aproximes dele com a alma manchada pelo pecado, ainda que estejas
arrependido, porque cometerias um horrível sacrilégio.Procura fazer a santa comunhão durante a
missa.
Mas, se não podes fazer assim, vai receber a santa comunhão, mesmo fora da santa missa,
contanto que não fiques sem receber Jesus cada dia.Lembra-te bem de que a comunhão fervorosa:
1)Conserva e aumenta em ti a graça; 2)perdoa-te os pecados veniais; 3)preserva-te dos mortais; 4) dá-
te consolação e conforto, aumentando-te a caridade e a esperança da vida eterna.

Ação de Graças

Agora que Jesus está em ti, eis-te transformado num sacrário vivo. Procura recolher-te, e
adora ao teu Senhor. Dize a ele toda a alegria que sentes ao recebê-lo. Abre a ele o teu coração, e fala-
lhe com grande confiança, conversa com ele pelo menos por um quarto de hora.
Oração- Diante do vosso infinito amor, ó Jesus, eu me sinto profundamente comovido, e,
cheio de reconhecimento, não sei fazer outra coisa senão repetir: Obrigado, ó Jesus! Que é que eu vos
poderei dar, ó Senhor, em troca do vosso dom?

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Eu ouço a vossa dulcíssima voz, que me repete: "Meu filho, dá-me o teu coração". Sim, ó
Senhor, eu vos ofereço o meu coração e minha alma; eu vos consagro toda a minha vida, e quero ser
vosso por toda a eternidade.
A Jesus Crucificado- Eis-me aqui, ó meu amado e bom Jesus, eis-me prostrado em vossa
santíssima presença e vos peço com o mais vivo fervor que imprimais em meu coração sentimentos de
fé, esperança e caridade, de dor dos meus pecados e do propósito de não mais vos ofender; enquanto
com grande amor e profunda compaixão vou considerando as vossas cinco chagas, começando por
isto que o santo profeta Davi dizia de vós: "Transpassaram as minhas mãos e os meus pés; contaram
todos os meus ossos".
Invocações -Alma de Cristo, santificai-me. Corpo de Cristo, salvai-me. Sangue de Cristo,
inebriai-me. Água do lado de Cristo, lavai-me. Paixão de Cristo, confortai-me. Ó bom Jesus, escutai-
me. Não permitais que eu me separe de vós. Do inimigo maligno defendei-me. Na hora de minha
morte, chamai-me, e mandai-me ir para vós, para que eu vos louve com os vossos santos pelos séculos
dos séculos. Amém.
Oração de S. Boaventura- Transpassai, ó dulcíssimo Jesus, a parte mais íntima de minha
alma com a suavíssima e salutar chaga do vosso amor e com a verdadeira, sincera, apostólica e
santíssima caridade, a fim de que minha alma se consuma e se desfaça por vosso amor e pelo desejo
de vós; que ela só a vós deseje e se consuma pelo desejo de vossa casa, aspire a desligar-se dos liames
do corpo e a ficar sempre convosco.
Concedei-me que minha alma tenha fome de vós, ó pão dos anjos, o alimento das almas
santas, ó vós que sois o pão nosso de cada dia, o pão que nos dá força e contém em si toda doçura,
toda delícia, e o mais suave sabor. Que o meu coração deseje somente alimentar-se de vós, em quem
os anjos desejam fixar seu olhar, e que minha alma fique repleta da doçura do vosso sabor. Que eu
tenha sempre sede de vós, ó fonte da vida, fonte de sabedoria e de ciência, fonte de luz eterna, torrente
de todas as delícias, abundância da casa de Deus. Que eu anseie sempre por vós, e vos procure, e vos
reencontre, por vós suspire, vá até vós, em vós medite, fale de vós, e tudo faça para a glória do vosso
nome, com humildade e discrição, com amor e deleite, com facilidade e afeto, com perseverança até o
fim.
Que só vós sejais sempre a minha esperança, toda a minha confiança, a minha riqueza, a
minha delícia, a minha alegria, o meu prazer, o meu repouso e a minha tranqüilidade. Que vós sejais a
minha paz, a minha doçura, o meu perfume, o meu alimento, a minha comida, o meu refúgio, a minha
posse. Que, finalmente, vós sejais o meu tesouro, no qual se fixem a minha mente e o meu coração, aí
ficando tranqüilo e imovelmente enraizado para sempre. Amém.

A COMUNHÃO COM MARIA (Meditando a Ave-Maria)

Preparação
Virgem Santa,estou para receber o vosso Jesus. Quereria que o meu coração fosse semelhante ao
vosso, quando vos tornastes a Mãe do Salvador, no momento da Anunciação do Anjo.
Ave, Maria-Eu vos saúdo, ó boa Mãe. Permiti que eu me una a vós para adorar a Jesus.
Emprestai-me os vossos afetos, e até adorai-o vós por mim, como o adorastes no momento da
Encarnação em vosso seio virginal. Ave, ó verdadeiro corpo de Jesus, nascido da Virgem Maria: eu
creio e adoro.
Cheia de graça- Vós, ó Maria, sois digna de receber a Deus, que é todo santo, porque fostes
cumulada de graça desde o primeiro instante de vossa vida. Mas eu...sou pobre e pecador. Minha
maldade me torna indigno de aproximar-me da comunhão. Ó minha Mãe, cobri-me com os vossos
méritos e levai-me a Jesus.
O Senhor é convosco- O Senhor está convosco, ó Virgem Santíssima. Vós o trouxestes do
céu ao vosso coração com os vossos ardentíssimos desejos. Infundi também em meu coração um

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desejo ardente e uma fome insaciável de Jesus, para que eu possa dizer-lhe com verdade: Vinde, ó
meu Jesus: eu vos desejo com o coração da vossa e minha Mãe.
Bendita sois vós entre as mulheres-Bendita sois vós, ó Maria, porque nunca conhecestes o
remorso de culpas cometidas, pois fostes isenta de toda sorte de pecado e imperfeição. Mas eu sei que
pequei e não tenho certeza de me ter arrependido bem. Fazei-me compreender a malícia do meu
pecado e a bondade de Deus que eu ofendi. Choro os meus pecados. Apresentai-me assim arrependido
ao vosso Jesus.
E bendito é o fruto do vosso ventre- Boa Mãe, que presente nos fizestes dando-nos Jesus, o
nosso Salvador! Eis que ele quer vir a mim para tornar-me um filho querido ao vosso coração. Vou
recebê-lo com confiança e dizer-lhe: Meu Jesus, eu me abandono a vós. Vinde dar-me a força para
servir-vos fielmente, e a esperança de gozar para sempre com vossa Mãe no Céu.
Jesus -Fazei que eu sinta, ó Mãe, aqueles sentimentos que experimentáveis, ao viver junto a
Jesus, e ao chamá-lo por seu nome. Agora eu estou para recebê-lo. Permiti-me que eu possa dizer-lhe:
"Vinde, ó meu Jesus. Encontrareis em mim o mesmo acolhimento de amor e adoração que tivestes de
vossa Mãe na terra. Pela intercessão dela, espero que me dareis uma boa acolhida no céu".

Ação de Graças

Santa Maria, Mãe de Deus- Ó minha Mãe, como estou contente por achar-me unido ao
vosso Jesus! Mas, que mérito tenho eu para que tenha vindo a mim o meu Senhor? Ó Maria, vós que
sois Santa e Imaculada, apresentai a ele por mim uma digna ação de graças.
Vós, que fostes a primeira a sentir as palpitações daquele Jesus que agora em mim acolho, vós
que o amastes mais do que todos os santos juntos, e que sobre a terra vivestes somente para ele, fazei
que eu participe neste momento dos vossos sentimentos de adoração e do vosso amor.
E vós, ó Jesus, aceitai o amor de vossa Mãe, como se fosse eu, e não me negueis um olhar de
ternura, enquanto eu também vos digo de todo o coração: Eu vos amo.
Rogai por nós pecadores- Sim, ó Maria, rogai por mim; uni neste instante a vossa oração à
minha. Depois que Jesus veio ao meu coração, e estava disposto a conceder-me todas as graças, quero
pedir-lhe, antes de tudo, que eu nunca tenha de separar-me dele pelo pecado. E vós, preservai-me do
mal e sede o meu refúgio na tentação.
Agora- Peço-vos também, ó minha Mãe querida, todas as graças que são úteis à minha alma.
Obtende-me que eu possa revestir-me de bondade e de mansidão, e viver na mais ilibada pureza.
E na hora de nossa morte-Eu vos peço, desde agora, ó Jesus, que eu vos possa receber
dignamente, quando eu estiver para morrer, e que a minha morte seja santa. Eu a aceito quando e
como a determinares, em união com o teu sacrifício, que se consumou sobre a cruz. Eu a aceito para
submeter-me à vontade divina, para a glória de Deus, para a minha salvação e a das almas. Ó Virgem
Dolorosa, assisti-me como assististes a Jesus em sua agonia.
Amém - Eis, ó Jesus, a palavra que eu quero repetir em todos os instantes da minha juventude
e de minha vida... Seja sempre feita vossa vontade. Tudo aquilo que vós dispondes é o melhor para
mim e eu, desde agora, o aceito e vos agradeço. Amém.

VISITA EUCARÍSTICA
Visita ao SS. Sacramento
Senhor meu Jesus Cristo, que, pelo amor que tendes aos homens, ficais noite e dia neste
Sacramento, sempre cheio de piedade e de amor, esperando, chamando e acolhendo a todos os que
vêm visitar-vos, eu creio que estais presente no Sacramento do Altar.
Eu vos adoro do abismo do meu nada, e vos agradeço por todas as graças que me tendes feito,
especialmente pela de a mim vos terdes dado a vós mesmo neste Sacramento, de me terdes dado como
advogada Maria vossa Mãe Santíssima, e de me terdes chamado para visitar-vos nesta igreja.

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Eu saúdo hoje o vosso amantíssimo Coração, e desejo saudá-lo por três fins: primeiro, em
ação de graças por este grande dom; segundo, para reparar todas as injúrias que tendes recebido de
todos os vossos inimigos neste Sacramento; terceiro, desejo com esta visita adorar-vos em todos os
lugares da terra em que vós sacramentado sois menos reverenciado e mais abandonado.
Meu Jesus, eu vos amo de todo o meu coração. Arrependo-me de ter no passado tantas vezes
desgostado a vossa bondade infinita. Proponho com a vossa graça não mais vos ofender para o futuro;
e, no presente, ainda que miserável como eu sou, eu me consagro todo a vós: eu vos dou toda a minha
vontade e a ela renuncio, e aos meus afetos e desejos, a todas as minhas coisas. De hoje em diante,
fazei de mim e das minhas coisas tudo o que vos agradar. Só vos peço e quero o vosso santo amor, a
perseverança final e o cumprimento perfeito da vossa vontade.
Recomendo-vos as almas do purgatório, especialmente as mais devotas do Santíssimo
Sacramento e de Maria Santíssima. Recomendo-vos também todos os pobres pecadores.Uno, enfim,
meu querido Salvador, todos os meus afetos aos afetos do vosso amorosíssimo Coração, e, assim
unidos, eu os ofereço ao vosso Eterno Pai, pedindo-lhe em vosso nome que, por amor a vós, os aceite
com benevolência. Amém.
Comunhão espiritual
Meu Jesus, eu creio que estais no Santíssimo Sacramento. Eu vos amo sobre todas as coisas e
vos desejo em minha alma. E, posto que agora não vos posso receber sacramentalmente, vinde, pelo
menos espiritualmente, ao meu coração.(Faça-se uma breve pausa para unir-se a Jesus.) E vós, como
já tendo vindo, eu vos abraço e me uno todo a vós; não permitais que nunca mais eu me separe de vós.
Visita a Maria Santíssima
Santíssima Virgem Imaculada e minha mãe, Maria, a vós que sois a Mãe do meu Senhor, a
Rainha do Mundo, a Advogada, a Esperança, o Refúgio dos Pecadores, a vós recorro hoje eu, que sou
o mais miserável de todos.
Eu vos venero, ó grande rainha, e vos agradeço por todas as graças que me fizestes até agora,
especialmente por me terdes livrado do inferno por mim tantas vezes merecido.
Eu vos amo, ó Senhora amabilíssima, e pelo amor que vos tenho eu vos prometo querer
servir-vos sempre e fazer tudo o que eu puder para que sejais amada também pelos outros.
Eu torno a pôr em vós todas as minhas esperanças, toda a minha salvação; aceitai-me por
vosso servo e acolhei-me debaixo do vosso manto, Vós que sois a Mãe de Misericórdia.
E, já que sois tão poderosa junto de Deus, livrai-me de todas as tentações, ou, então, obtende-
me a graça de vencê-las, até à morte.
A vós eu peço o verdadeiro amor a Jesus Cristo. De vós espero ter uma boa e santa morte.
Maria, minha Mãe, pelo amor que tendes a Deus, eu vos peço que me ajudeis sempre, e, mais
ainda, no último instante de minha vida. Não me deixeis enquanto não me virdes já salvo no Céu a
bendizer-vos e a cantar as vossas misericórdias por toda a eternidade. Assim espero. Assim seja (S.
Afonso M. de Liguori).

Que tudo que vimos até aqui sobre a Eucaristia festa do amor, faça-nos crescer na
capacidade de amar a Jesus e eternizar em nossos corações o desejo de termos uma vida de Amor e
Adoração a Santíssima Eucaristia a exemplo dos santos que tanto nos inspira.

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Sumário

PREFÁCIO............................................................................................................................................ 2
I - Ó DIVINA EUCARISTIA ............................................................................................................... 3
JESUS EUCARÍSTICO É DEUS NO MEIO DE NÓS ...................................................................... 3
CONHECER, AMAR E VIVER A EUCARISTIA ............................................................................ 4
II - JESUS POR MIM........................................................................................................................... 8
A SANTA MISSA É O SACRIFÍCIO DA CRUZ ............................................................................. 8
A SANTA MISSA DE CADA DIA ................................................................................................. 10
A PARTICIPAÇÃO ATIVA E FRUTUOSA ................................................................................... 12
A SANTA MISSA E AS ALMAS DO PURGATÓRIO .................................................................. 14
III - JESUS EM MIM ......................................................................................................................... 16
A SANTA COMUNHÃO: JESUS É MEU ...................................................................................... 16
A PUREZA DA ALMA PARA SE PODER COMUNGAR ............................................................ 18
A AÇÃO DE GRAÇA DEPOIS DA COMUNHÃO ........................................................................ 20
O PÃO DOS FORTES E O VIÁTICO PARA O CÉU..................................................................... 23
CADA DIA COM ELE ..................................................................................................................... 25
A COMUNHÃO ESPIRITUAL ....................................................................................................... 28
IV – JESUS COMIGO........................................................................................................................ 31
A PRESENÇA REAL ....................................................................................................................... 31
A "VISITA" A JESUS ...................................................................................................................... 33
JESUS, EU TE ADORO! ................................................................................................................. 35
AMAR A CASA DE JESUS ............................................................................................................ 37
V - É ELE QUEM NOS DÁ JESUS .................................................................................................. 40
VI - O PÃO DA MAMÃE .................................................................................................................. 45
VII - ORAÇÕES PARA A SANTA COMUNHÃO ......................................................................... 49
A SANTA COMUNHÃO ................................................................................................................. 49
A COMUNHÃO COM MARIA(Meditando a Ave-Maria).............................................................. 50
VISITA EUCARÍSTICA .................................................................................................................. 51

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