Potência de Ponto, Eixo Radical e Centro Radical - FB
Potência de Ponto, Eixo Radical e Centro Radical - FB
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1. Introdução:
Continuando nossa jornada pela Geometria Plana, voltaremos a falar sobre quadriláteros
inscritíveis, só que dessa vez olharemos tais quadriláteros sob uma nova perspectiva: antes, olhávamos
ângulos para decidir se um dado quadrilátero é inscritível. Agora, vamos aprender a olhar apenas pras
medidas dos lados para ver se ele é inscritível. Vamos nessa?
Vamos, a partir das semelhanças dos triângulos que aparecem em quadriláteros inscritíveis,
deduzir relações entre os lados que nos permitem dizer se um quadrilátero é inscritível.
Uma variação do teorema 1 é o caso quando P está do lado de dentro de ABCD. A prova é
análoga ao teorema 1.
Até aí, nada faz sentido com quadriláteros inscritíveis, né? A partir de agora, as coisas vão
fazer sentido. Sabe como?
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TC DE MATEMÁTICA
Assim, o produto PA. PB é sempre constante, e ele é igual à potência do ponto P relativo a .
Essa relação é muito irada! Ela permite obter igualdades com uma facilidade incrível! Veja só:
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TC DE MATEMÁTICA
Agora, vejamos um exemplo de potência de ponto que caiu na prova da 2ª fase da OBM, em
1998:
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TC DE MATEMÁTICA
Agora, olhando as relações métricas nos triângulos retângulos PAB e AQC, temos:
e
Outra aplicação, essa mais incisiva, é a demonstração de um dos mais famosos teoremas de
Geometria Plana.
Então, temos que os triângulos AIE e PDB são semelhantes. Assim, temos que:
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TC DE MATEMÁTICA
Que tal vermos um exemplo de como usamos a Relação de Euler em problemas de olimpíada?
Exemplo (Balcânica/1986): Uma reta passando pelo encentro I do triângulo ABC intersecta a
circunferência circunscrita de ABC nos pontos F e G, e a circunferência inscrita de
ABC nos pontos D e E, com D entre I e F. Prove que e determine quando ocorre a
igualdade.
Temos que:
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TC DE MATEMÁTICA
Onde na última passagem utilizamos a relação de Euler. Agora, perceba que, como
( é corda de e a maior corda de uma circunferência é seu diâmetro), temos ,
donde , como queríamos provar. A igualdade só ocorre quando
, ou seja, quando FG for diâmetro de
Exercícios
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TC DE MATEMÁTICA
6. Eixo Radical
Muitas vezes na Geometria Plana nos deparamos com problemas em que não temos muitas
informações a respeito de ângulos e comprimentos, de modo que soluções analíticas se tornam
praticamente inviáveis. Em alguns desses casos, a utilização de ferramentas como potência de ponto,
eixo radical e centro radical, quando não resolvem o problema, facilitam em muito sua resolução e a
tornam pequena e extremamente simples. A partir de agora, o leitor pode se familiarizar com tais
ferramentas, em especial com a segunda, pois o eixo radical possui muitas (repetimos: muitas!)
utilidades.
Definição de Eixo Radical: Sejam e duas circunferências não concêntricas (Ou seja, os
centros delas são diferentes). Definimos o eixo radical de e como o lugar geométrico dos pontos
P tais que .
Agora você vai ver porque esse lugar geométrico se chama eixo radical.
Demonstração: Primeiro, vamos provar que todos os pontos P do eixo radical estão alinhados.
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TC DE MATEMÁTICA
⏟ (⏟ )
Analogamente,
Infelizmente, a demonstração ainda não acabou, pois falta mostrar que todo ponto de r satisfaz
as propriedades do eixo radical (Provamos que, se um ponto está no eixo radical, então ele está em r,
mas ainda falta provar a recíproca – se um ponto está em r, então ele está no eixo radical). Mas isso
deve ser natural, se pensarmos em fazer as contas acima, mas “ao contrário”.
Assim, todo ponto P de r está no eixo radical e vice-versa. Com isso, concluímos que o eixo
radical é a própria reta r, como queríamos demonstrar
Vimos aqui como achar o eixo radical de duas circunferências de modo analítico (ou seja, em
função dos raios das circunferências e das distâncias entre os centros), mas muitos problemas de
olimpíada simplesmente não disponibilizam tais dados. Então, como vamos encontrar o eixo radical
nesses casos? O corolário a seguir ajuda:
Se e são tangentes entre si, então o eixo radical de e é a tangente comum a essas
duas circunferências.
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TC DE MATEMÁTICA
Demonstração: Para o primeiro caso, note que a tangente é perpendicular à reta que liga os
centros das circunferências, e se P é o ponto de tangência, temos que , uma
vez que P está em e .
Exemplo (Banco Cone Sul/2002): Seja ABCD um quadrilátero inscritível e E a interseção das
diagonais AC e BD. Se F é um ponto qualquer e as circunferências e circunscritas a FAC e a
FBD se intersectam novamente em G, mostre que E, F, G são colineares.
Solução:
Primeiro, note que FG é o eixo radical de e .
Dessa forma, temos que E, F, G são colineares se, e só se,
E estivar no eixo radical. Isso só ocorre quando
, então vamos provar isso.
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TC DE MATEMÁTICA
Outra definição útil para o eixo radical é baseada no seguinte fato: se tomarmos uma
circunferência e um ponto A do lado de fora de , seja P um ponto de tal que AP é tangente
a . Daí, , pelo teorema de Pitágoras. Com isso, se
tivermos duas circunferências e , e sendo A um ponto do eixo radical de e , ao traçarmos as
tangentes por A até e , elas possuem o mesmo comprimento, uma vez que .
Assim, temos a:
Definição Equivalente de Eixo Radical: Dadas duas circunferências não concêntricas, o eixo
radical é a reta tal que as tangentes de um ponto dessa reta às circunferências, caso existam, possuem
o mesmo comprimento.
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TC DE MATEMÁTICA
7. Centro Radical
O teorema que veremos a seguir é uma excelente ferramenta para provarmos que três retas são
concorrentes, e quando aparecem muitas circunferências.
Tomemos três circunferências , cujos centros não são colineares. Se é o eixo radical
de e , e é o eixo radical de e , seja P o ponto de interseção de e . Daí,
( )e ( ). Com isso, , o que implica
, onde é o eixo radical de e . Com isso, os três eixos radicais , e são concorrentes
em P e com isso obtemos a:
Definição de Centro Radical: Dadas três circunferências , cujos centros não são
colineares, definimos o centro radical como sendo a interseção dos três eixos radicais definidos por
.
Exemplo (USAMO/1997): Seja ABC um triângulo. Construa triângulos isósceles BCD, CAE e
ABF externamente a ABC de bases BC, CA e AB, respectivamente. Prove que as retas que passam por
A, B, C e são perpendiculares a EF, FD e DE, respectivamente, são concorrentes.
Solução: Quando nos deparamos com problemas cuja solução venha a usar eixo radical, pode
ser que seja preciso construirmos nossas circunferências, a fim de conseguirmos nosso objetivo.
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Às vezes, quando queremos mostrar que três retas são concorrentes e já sabemos que uma
delas é o eixo radical de duas circunferências Γ1 e Γ2, basta acharmos outra circunferência Γ3 tal que
as outras duas retas são eixos radicais Γ1 e Γ3 e de Γ2 e Γ3. Para acharmos Γ3, geralmente devemos
mostrar que algum quadrilátero é inscritível. Vamos ver como isso funciona no
Exemplo (IMO 1995): Sejam A, B, C, D pontos distintos em uma reta, nesta ordem. As
circunferências Γ1 e Γ2 de diâmetros AC e BD se intersectam em X e Y. O é um ponto arbitrário da reta
XY, não situado em AD. CO intersecta Γ1 novamente em M, e BO intersecta Γ2 novamente em N.
Prove que AM, DN e XY são concorrentes.
Solução:
Como queremos provar que AM, DN e XY são concorrentes, devemos achar outra
circunferência tal que AM e DN se tornem eixos radicais. Você já deve estar suspeitando que essa
circunferência passa pelo quadrilátero ANMD. Portanto, basta provarmos que ANMD é inscritível.
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TC DE MATEMÁTICA
, e com isso ANMD é inscritível como queríamos provar. Com isso, seja
Γ3 a circunferência que passa por ANMD.
Para acabar, temos que AM é o eixo radical de Γ3 e Γ1, DN é o eixo radical de Γ3 e Γ2, e XY é o
eixo radical de Γ1 e Γ2. Portanto, AM, DN e XY concorrem em Z, centro radical de Γ1, Γ2 e Γ3
Finalmente, mais uma lista de exercícios para você treinar essa técnica irada.
Exercícios
11. (USAMO/1990) Um triângulo acutângulo ABC é dado no plano. O círculo com diâmetro
AB intersecta a altura CC´ e seu prolongamento nos pontos M e N, e o círculo com
diâmetro AC intersecta a altura BB´ e seu prolongamento em P e Q. Mostre que os pontos
M, N, P, Q são concíclicos.
12. (Ibero/1999) Um triângulo acutângulo ABC está inscrito numa circunferência de centro O.
As alturas do triângulo são AD, BE e CF. A reta EF intersecta a circunferência em P e Q.
(a) Prove que AO é perpendicular a PQ;
(b) Se M é o ponto médio de BC, prove que ;
13. (Índia) Seja ABCD um paralelogramo. Um círculo contido em ABCD tangencia as retas AB
e AD e intersecta BD em E e F. Mostre que existe um círculo passando por E, F e tangente
a BC e CD.
14. (Ibero/1999) Dadas duas circunferências M e N, dizemos que M bissecta N se a corda
comum a M e N é um diâmetro de N. Considere duas circunferências fixas C1 e C2 não
concêntricas.
(a) Prove que existem infinitas circunferências B tais que B bissecta C1 e C2.
(b) Determine o lugar geométrico dos centros de B.
15. Sejam e duas circunferências não concêntricas. Mostre que o lugar
geométrico dos pontos P tais que é uma reta simétrica ao eixo
radical de e em relação ao ponto médio de .
16. (Rio-platense/2002) Dado um quadrilátero ABCD, constroem-se triângulos isósceles ABK,
BCL, CDM e DAN, com bases sobre os lados AB, BC, CD e DA, tais que K, L, M e N sejam
pontos distintos, três a três não colineares. A perpendicular à reta KL traçada por B
intersecta a perpendicular à reta LM traçada por C no ponto P; a perpendicular à reta MN
traçada por D intersecta a perpendicular à reta NK traçada por A no ponto Q. Demonstre
que, se P e Q são distintos, então PQ é perpendicular a KM.
17. (USAMO/2009) Dados dois círculos e que se intersectam em X e Y, seja uma reta
que passa pelo centro de , intersectando nos pontos P e Q, e seja uma reta que
passa pelo centro de intersectando nos pontos R e S. Prove que se os pontos P, Q, R,
S estão numa circunferência, então o centro dessa circunferência está na reta XY.
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