Manual de Investigação em Ciências Sociais

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Manual de

Investigação em
Ciências Sociais
QUIVY. Raymond
CAMPENHOUDT. Luc Van

Érica Renata Clemente


Maria Goretti Silva
AS ETAPAS DO PROCEDIMENTO
A ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

 O objetivo do investigador é responder a pergunta


de partida.

 Objetivos dessa fase de análise:

1- Verificação empírica (da hipótese);

2- Interpretar os dados inesperados, e


rever as hipóteses;
A ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

 O texto está organizado por meio de um exemplo


concreto. Por meio desse exemplo o autor apresenta
os três momentos da análise das informações.

 Por fim o autor apresenta um panorama dos


principais métodos de análise de informações.

 Ao longo do texto são retirados conhecimentos


generalizáveis, que poderão ser aplicados no âmbito
de investigações muito diferentes.
A ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

 O texto está organizado por meio de um exemplo


concreto. Por meio desse exemplo o autor apresenta
os três momentos da análise das informações.

 Por fim o autor apresenta um panorama dos


principais métodos de análise de informações.

 Ao longo do texto são retirados conhecimentos


generalizáveis, que poderão ser aplicados no âmbito
de investigações muito diferentes.
1 – UM EXEMPLO: O
FENÔMENO RELIGIOSO
 Retoma o exemplo do fenômeno religioso;

 Formulamos a hipótese de os jovens serem


menos religiosos do que os idosos.

 Após a observação dispomos das respostas


às perguntas relativas aos indicadores e às
dimensões dos conceitos.
1 – UM EXEMPLO: O
FENÔMENO RELIGIOSO

Como devemos tratar estas respostas-


informações para poder afirmar-se, com
toda a certeza, que, a este respeito, os
jovens são diferentes dos idosos?
1 – UM EXEMPLO: O
FENÔMENO RELIGIOSO
 Não basta comparar os jovens com os velhos a
propósito de cada pergunta.

 O princípio a seguir é trabalhar por componentes


e elaborar, para cada uma delas, uma síntese das
informações, reagrupando, se possível, as
respostas.

 O autor apresenta, em relação ao estudo do


fenômeno religioso, como proceder para a
dimensão ideológica que tinha dez indicadores:
1 – UM EXEMPLO: O
FENÔMENO RELIGIOSO
1 – UM EXEMPLO: O
FENÔMENO RELIGIOSO
 Podemos construir um quadro como este comparando para
cada um dos indicadores, as respostas dos jovens e dos
velhos, e, em seguida, descrever as convergências e as
divergências que os resultados revelam.

 Nosso objetivo não é saber, por exemplo, se os jovens


acreditam mais ou menos no diabo do que os idosos, mas
sim comparar globalmente o seu grau de crença.

 Portanto, é preferível construir um índice que sintetize as


informações fornecidas pelos dez indicadores.
1 – UM EXEMPLO: O
FENÔMENO RELIGIOSO
 No caso da dimensão ideológica, construir este índice
equivale a fabricar uma variável crença global, adicionando,
por exemplo, as respostas sim a cada um dos dez
indicadores. Obtém-se, assim, um índice de crença para
cada indivíduo.

 Basta então calcular a média dos índices dos jovens, por um


lado, e a dos idosos, por outro, e compará-las depois para
verificar se, globalmente, os jovens são menos crentes do
que os idosos.

 Com esse cálculo obtém-se um índice de 3,16 para os jovens


e de 5,25 para os velhos.
1 – UM EXEMPLO: O FENÔMENO
RELIGIOSO

 Significa que de dez elementos do dogma, os


jovens aceitam, em média, três deles e os
velhos cinco.

 Nem sempre é possível calcular um índice


global para cada uma das dimensões.

 É através dessas sínteses parciais que, por fim,


compomos as conclusões.
1 – UM EXEMPLO: O FENÔMENO
RELIGIOSO
Primeiro problema:

 A diferença entre os dois índices é


suficiente para concluir que os jovens são
menos crentes do que os mais velhos?

 As obras especializadas ensinam que


existem testes estatísticos apropriados.
Estes testes são importantes para evitar
falsas conclusões.
1 – UM EXEMPLO: O FENÔMENO
RELIGIOSO

 Apesar de as percentagens serem praticamente as


mesmas nas duas amostras, não pode concluir-se
que os jovens sejam menos crentes do que os
idosos, dado que a diferença não é
estatisticamente significativa.
1 – UM EXEMPLO: O FENÔMENO
RELIGIOSO
Segundo problema:

 Será realmente ao fato de ser jovem ou idoso que


devemos atribuir esta diferença de crenças?

 Estes números não esconderão outros fatos e


outras relações mais pertinentes?

 Apresenta um exemplo em que uma diferença


estabelecida entre jovens e idosos desaparecia ao
fazer intervir uma terceira variável (variável-
teste).
1 – UM EXEMPLO: O FENÔMENO
RELIGIOSO
 Exemplo relativo a uma diferença verificada entre os
homens e as mulheres a propósito das crenças. No
quadro a seguir o teste confirma que a crença em Deus é
mais forte nas mulheres do que nos homens. Mas a
introdução de uma terceira variável (variável-teste) vai
modificar a interpretação dos dados.
1 – UM EXEMPLO: O FENÔMENO
RELIGIOSO
 A introdução da variável-teste revela que a crença não está
relacionada com o sexo, mas sim com fato de se ter ou não
atividade profissional.
2. AS TRÊS OPERAÇÕES DA
ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
A análise das informações compreende múltiplas operações,
mas três delas constituem uma espécie de passagem obrigatória:

 A descrição e a preparação dos dados necessários para testar


as hipóteses;

 A análise das relações entre as variáveis;

 A comparação dos resultados observados com os resultados


esperados a partir da hipótese.

 Para expor esses pontos o autor se coloca em um cenário de


uma análise de dados quantitativos.
2. AS TRÊS OPERAÇÕES DA ANÁLISE
DAS INFORMAÇÕES

2.1 A preparação dos dados: descrever e agregar

 Descrever os dados de uma variável equivale a apresentar sua


distribuição com a ajuda de quadro ou gráficos.

 O essencial dessa descrição consiste em por em evidência as


características da variável.

 Agregar dados ou variáveis significa agrupa-los em


subcategorias.

 Quando se trata de variáveis qualitativas, a descrição e


agregação de dados pode assumir a forma de uma tipologia.
2. AS TRÊS OPERAÇÕES DA ANÁLISE
DAS INFORMAÇÕES
2.2 A análise das relações entre as variáveis

 Na pratica procede-se primeiro ao exame das ligações entre as variáveis das


hipóteses principais, passando depois as hipóteses complementares.

 Estas terão sido elaboradas na fase de construção, mas podem também nascer no
decurso da análise, como resultado de informações inesperadas.

 Os processos de análise ou de agregação das variáveis são muito diferentes,


dependendo dos problemas colocados e das variáveis em jogo.

 Trata-te, no entanto, em todos os casos, de revelar a independência, a associação


ou a ligação lógica que pode existir entre variáveis ou combinações de variáveis.

 Adiante apresenta um panorama dos principais métodos de análise, bem como um


exemplo completo de aplicação do processo aqui apresentado.
2. AS TRÊS OPERAÇÕES DA ANÁLISE
DAS INFORMAÇÕES
2.3 A comparação dos resultados observados com os
resultados esperados e a interpretação das diferenças

 Cada hipótese elaborada durante a fase de construção


exprime as relações que julgamos corretas e que a
observação e que a observação e a análise deveriam
confirmar.

 Os resultados observados são os que resultam das


operações (etapas) anteriores. É comparando estes
últimos com os resultados esperados a partir da
hipótese que podemos tirar conclusões.
2. AS TRÊS OPERAÇÕES DA ANÁLISE
DAS INFORMAÇÕES

 O procedimento de análise das informações que acaba de ser


apresentado necessita ser adaptado em função do modelo de
análise escolhido.
3 - PANORAMA DOS PRINCIPAIS
MÉTODOS DE
ANÁLISES DAS INFORMAÇÕES
 A maior parte depende de duas categorias: – A ANÁLISE
ESTATÍSTICAS DOS DADOS E A ANÁLISE DOS CONTEÚDOS
Apresentação
Variantes
Objetivos
Vantagens
Limites e problemas
Métodos Complementares
Formação Exigida
Algumas referências
A ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS
DADOS/A ANÁLISE DOS CONTEÚDOS
APRESENTAÇÃO

3.1 - A ANÁLISE ESTATISTICA DOS 3.2 - A ANÁLISE DOS CONTEÚDOS


DADOS
O uso dos computadores transformou a Incide sobre mensagens variadas: obras
análise dos dados, favorecendo a literárias, artigos de jornais,
qualidade das interpretações; documentos oficiais, declarações
A estatística descritiva e a expressão políticas, atas de reuniões ou relatórios
gráfica são muito mais do que um de entrevistas pouco diretivas.
simples método de exposição; Os métodos de análise de conteúdo
Não pode substituir a teoria e a prática implicam a aplicação de processos
As técnicas mais recentes coexistem técnicos relativamente precisos.
com outras mais simples e mais antigas, Desse modo a análise de conteúdo na
que enriquecem mais não substituem investigação social é cada vez maior,
necessariamente porque oferece a possibilidade de tratar
de forma metódica informações e
testemunhos que apresentam um certo
grau de profundidade e complexidade.
3.1 - A ANÁLISE ESTATÍSTICAS DOS
DADOS
VARIANTES
A ANÁLISE ESTATISTICA DOS DADOS A ANÁLISE DOS CONTEÚDOS

Análise secundárias – os dados preexistem à Métodos quantitativos – extensivos (análise de um


investigação (investigador está limitado nas suas grande número de informações sumárias)
análises pelo problema da compatibilidade das Métodos qualitativos – intensivos (análise de um
investigações) pequeno número de informações complexas e
Tratamento de inquérito – os dados são recolhidos pormenorizadas)
através de um questionário; Obs. Vários métodos recorrem as duas variantes
Análise estatística – os dados são utilizados para o CATEGORIAS DE MÉTODOS
exame de documentos com forma textual AS ANÁLISES TEMÁTICAS:
Análise categorial – O procedimento é quantitativo
Análise de avaliação – São os juízos formulados pelo
locutor
AS ANÁLISES FORMAIS:
Análise da expressão – Forma de comunicação do
locutor e suas tendências ideológicas
Análise da enunciação – Incide sobre o discurso
AS ANÁLISES ESTRUTURAIS
Análise de co-ocorrência - examina as associações
de temas nas sequências da comunicação
Análise estrutural – Revelar os princípios que
organizam os elementos do discurso,
independentemente do próprio conteúdo destes
3.1 - A ANÁLISE ESTATÍSTICAS DOS
DADOS
OBJETIVOS ADEQUADOS AS INVESTIGAÇÕES
A ANÁLISE ESTATISTICA DOS DADOS A ANÁLISE DOS CONTEÚDOS

Adequado a todas as investigações Campo de aplicação muito vasto


orientadas para o estudo das (textos literários, programas televisivos
correlações entre os fenômenos – ou radiofónicos, filmes, relatórios de
numa perspectiva de análise casual entrevista, mensagens não verbais,
etc):
Análise de ideologias, exame do
funcionamento das organizações,
produções culturais e artísticas,
processos de difusão e socialização,
estratégias que está em jogo em um
conflito e a reconstituição de
estratégias passadas.
3.1 - A ANÁLISE ESTATÍSTICAS DOS
DADOS
VANTAGENS
A ANÁLISE ESTATISTICA DOS DADOS A ANÁLISE DOS CONTEÚDOS

A precisão e o rigor do dispositivo TODOS os métodos de análise de


metodológico conteúdos são adequados ao estudo
A capacidade dos meios informáticos do não dito, do implícito
A clareza dos resultados e dos Obrigam o investigador a se distanciar
relatórios de investigação das interpretações espontâneas
(organização internado discurso)
Permite um controle posterior do
trabalho de investigação
Construído de forma muito metódica e
sistemática favorece a criatividade
3.1 - A ANÁLISE ESTATÍSTICAS DOS
DADOS
LIMITES E PROBLEMAS
A ANÁLISE ESTATISTICA DOS DADOS A ANÁLISE DOS CONTEÚDOS

Nem todos os fatos são Baseiam-se em pressupostos,


quantitativamente mensuráveis simplistas (análise categorial)
O instrumento estatístico tem um Análise avaliativa são muitos pesados e
poder limitado, não dispõe em si laboriosos
mesmo de um poder explicativo Na verdade não existe um, mais vários
métodos de análise de conteúdos
3.1 - A ANÁLISE ESTATÍSTICAS DOS
DADOS
MÉTODOS COMPLEMENTARES
A ANÁLISE ESTATISTICA DOS DADOS A ANÁLISE DOS CONTEÚDOS

A montante: o inquérito por Métodos de dados qualitativos:


questionário e a recolha de dados entrevistas semidiretivas – através da
estatísticos existentes análise da anunciação e da análise
estrutural, a recolha dos documentos,
os inquéritos por questionário para o
tratamento de perguntas
abertas(raramente)
3.1 - A ANÁLISE ESTATÍSTICAS DOS
DADOS
FORMAÇÃO EXIGIDA
A ANÁLISE ESTATISTICA DOS DADOS A ANÁLISE DOS CONTEÚDOS

Noções de base em estatística Métodos quantitativos – base em


descritiva, análise fatorial e análise de estatísticas
multivariada Métodos qualitativos – indispensável
Iniciação aos programas informáticos uma boa formação teórica
de gestão e análise de dados de
inquéritos
3.1 - A ANÁLISE ESTATÍSTICAS DOS
DADOS
ALGUMAS REFERÊNCIAS
A ANÁLISE ESTATISTICA DOS DADOS A ANÁLISE DOS CONTEÚDOS
Página – 225 e 226 Pagina 232
3.3 – LIMITES E COMPLEMENTARIDADE
DOS MÉTODOS ESPECIFICOS: FIELD
RESEARCH - Estudo do Terreno
 Nenhum dispositivo metodológico pode ser aplicado de
forma mecânica
 Os métodos devem ser escolhidos e utilizados com
flexibilidade em função dos objetivos, do modelo de
análise e das hipóteses:
 Observação participante, entrevistas semidiretivas e a
análise secundária .
 Nesse caso o investigador terá de expor o seu estudo e
fazer com que seja aceite.
 Não há regras – tudo depende da experiência do
investigador
 Incansavelmente, o Field Research é obrigado a refletir
no impacto do seu papel no andamento das investigações,
sem negligenciar sua pergunta de partida e hipóteses.
3.4 – UM CENÁRIO DE
INVESTIGAÇÃO NÃO LINEAR
Plano de
investigação

Hipótese e
Observações
conceptualização

Análise das
informações
CONCLUSÃO: compreende três
partes
1 – Retrospectiva das grandes linhas do procedimento

 Apresentação da pergunta de partida e sua ultima


formulação
 Apresentação dos modelos de análises – em particular
das hipóteses
 Apresentação do campo de observação, métodos
utilizados e observações efetuadas
 Comparação entre os resultados esperados e observados –
uma retrospectiva das interpretações das diferenças
CONCLUSÃO: compreende três
partes
2 – Novos contributos para os conhecimentos

 2.1 – Novos conhecimentos relativos ao objeto de análise


 Resultado dos fenômenos estudados, trata-se de mostrar
em que é que a investigação permitiu conhecer melhor
esse objeto.
 Os novos conhecimentos relativos ao objeto são os que
podemos pôr em evidência ao responder duas perguntas:
 O que sei a mais sobre o objeto de análise?
 O que sei de novo sobre esse objeto?
CONCLUSÃO: compreende três
partes
 2.2 – Novos conhecimentos teóricos
 A possibilidade de uma investigação social conduzir a novos
conhecimentos teóricos está ligada a formação teórica do
investigador
 O AUTOR refere-se a uma perspectiva de formação do investigador
 O investigador PODE fazer progredir a sua capacidade de análise dos
fenômenos sociais, avaliando o seu próprio trabalho teórico, a partir
de duas dimensões:

- A pertinência da problemática: poderemos propor outros pontos de


vistas, outras formas complementares de questionar

- Sobre a sua operacionalização – poderemos sugerir rever a formulação


de uma hipótese, definir conceitos ou afinar alguns indicadores.
CONCLUSÃO: compreende três
partes
 2.3 – Perspectivas práticas

 O investigador deseja que o seu trabalho sirva para alguma


coisa.
 As conclusões de uma investigação raramente conduzem a
aplicações práticas e indiscutíveis
 Retirar imediatamente consequências práticas de análises
em ciências sociais constitui um erro e uma impostura.
 Quando o trabalho de um investigador contribui para
enriquecer e aprofundar as problemáticas e os de análise,
não é apenas o conhecimento de um objeto preciso que
progride: é o campo do concebível que se modifica.

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