Tecnol. Automobilistica I

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INJEÇÃO ELETRÔNICA MOTRONIC

CURSO TÉCNICO DE AUTOMOBILÍSTICA

TECNOLOGIA AUTOMOBILÍSTICA I

2002

ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE A ZEVEDO” 1


ELETRÔNICA EMBARCADA

Tecnologia Automobilística I

SENAI-SP, 2002

Trabalho elaborado e editorado pela Escola SENAI “Conde José Vicente de Azevedo”.

Coordenação geral Arthur Alves dos Santos

Coordenador do projeto José Antonio Messas

Organização de conteúdo Alexandre Santos Müller


Reinaldo da Silva

Editoração Regina Celia Roland Novaes


Teresa Cristina Maíno de Azevedo

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Escola SENAI “Conde José Vicente de Azevedo”
Rua Moreira de Godói, 226 - Ipiranga - São Paulo-SP - CEP. 04266-060

Telefone (0xx11) 6166-1988


Telefax (0xx11) 6160-0219

E-mail [email protected]

Home page http://www.sp.senai.br/automobilistica

2 ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE A ZEVEDO”


SUMÁRIO

Introdução 5

Elementos de fixação 7

Mancais e rolamentos 28

Lubrificação 38

Molas 47

Elementos de transmissão 54

Eixos e árvores 72

Cames 79

Acoplamentos 86

Referências bibliográficas 99

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INTRODUÇÃO

Este fascículo foi organizado e produzido com a finalidade de fornecer informações


básicas sobre os elementos de máquinas que compõem os conjuntos mecânicos, ou
seja, elementos de fixação, mancais, rolamentos, molas, elementos de transmissão,
eixos e árvores, cames, acoplamentos.

Trata-se de conhecimento de fundamental importância para quem inicia o estudo das


tecnologias que envolvem a reparação de veículos automotivos.

Essas informações teóricas servem de base para as atividades práticas que devem ser
realizadas nas oficinas e devem ser estudadas com muita atenção, pois um bom
desempenho profissional no mundo do trabalho depende muito do interesse e da
dedicação de cada um ao curso.

Os professores do SENAI que organizaram este fascículo, esperam que você tire o
máximo proveito das informações aqui contidas e que elas o ajudem a ser um excelente
profissional no futuro.

Bons estudos!

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ELEMENTOS DE FIXAÇÃO

Se você vai fazer uma caixa de papelão, possivelmente usará cola, fita adesiva ou
grampos para unir as partes da caixa. Por outro lado, se você pretende fazer uma caixa
ou engradado de madeira, usará pregos ou taxas para unir as partes.

Entretanto, em mecânica as peças a serem unidas, exigem elementos próprios de união que
são denominados elementos de fixação.

Numa classificação geral, os elementos de fixação mais usados em mecânica são:


rebites, pinos, cavilhas, parafusos, porcas, arruelas, chavetas etc.

Neste capítulo, você vai estudar cada um desses elementos de fixação para conhecer
suas características, o material de que é feito, suas aplicações, representação,
simbologia e alguns cálculos necessários para seu emprego.

ELEMENTOS DE FIXAÇÃO

A união de peças feita pelos elementos de fixação pode ser de dois tipos: móvel ou
permanente.

Na união móvel, os elementos de fixação


podem ser colocados ou retirados do
conjunto sem causar qualquer dano às
peças que foram unidas. É o caso, por
exemplo, de uniões feitas com parafusos,
porcas e arruelas.

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Na união permanente, os elementos de fixação, uma vez instalados, não podem ser
retirados sem que fiquem inutilizados. É o caso, por exemplo, de uniões feitas com
rebites e soldas.

Tanto os elementos de fixação móvel como os elementos de fixação permanente


devem ser usados com muita habilidade e cuidado porque são, geralmente, os
componentes mais frágeis. Assim, para projetar um conjunto mecânico, é preciso
escolher o elemento de fixação adequado ao tipo de peças que irão ser unidas ou
fixadas. Se, por exemplo, unirmos peças robustas com elementos de fixação fracos e mal
planejados, o conjunto apresentará falhas e poderá ficar inutilizado. Ocorrerá, portanto,
desperdício de tempo, de materiais e de recursos financeiros.

Ainda é importante planejar e escolher corretamente os elementos de fixação a serem


usados para evitar concentração de tensão nas peças fixadas. Essas tensões causam
rupturas nas peças por fadiga do material, isto é, a queda de resistência ou
enfraquecimento do material devido a tensões e constantes esforços.

Fadiga de material significa queda de resistência ou enfraquecimento do material


devido a tensões e constantes esforços.

TIPOS DE ELEMENTOS DE FIXAÇÃO


Para você conhecer melhor alguns elementos de fixação, apresentamos a seguir uma
descrição de cada um deles.

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PARAFUSOS
Parafusos são elementos de fixação, empregados na união não permanente de peças,
isto é, as peças podem ser montadas e desmontadas facilmente, bastando apertar e
desapertar os parafusos que as mantêm unidas. Os parafusos se diferenciam pela forma
da rosca, da cabeça, da haste e do tipo de acionamento.

OBSERVAÇÃO

O tipo de acionamento está relacionado com o tipo


de cabeça do parafuso. Por exemplo, um parafuso
de cabeça sextavada é acionado por chave de boca
ou de estria. Em geral, o parafuso é composto de
duas partes: cabeça e corpo.

O corpo do parafuso pode ser cilíndrico ou cônico, totalmente roscado ou parcialmente


roscado. A cabeça pode apresentar vários formatos, porém, há parafusos sem cabeça.

Cilíndrico Cônico

Prisioneiro

Há uma enorme variedade de parafusos que podem ser diferenciados pelo formato da
cabeça, do corpo e da ponta. Essas diferenças, determinadas pela função dos parafusos,
permite classificá-los em três grandes grupos: parafusos passantes, parafusos não
passantes, parafusos prisioneiros.

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• PARAFUSOS PASSANTES
Esses parafusos atravessam, de lado a lado, as peças a serem unidas, passando
livremente nos furos.

Dependendo do serviço, esses parafusos, além das porcas, utilizam arruelas e


contraporcas como acessórios.

Os parafusos passantes apresentam-se com cabeça ou sem cabeça.

• PARAFUSOS NÃO PASSANTES


São parafusos que não utilizam porcas. O papel de porca é desempenhado pelo furo
roscado, feito numa das peças a ser unida.

• PARAFUSOS PRISIONEIROS
São parafusos sem cabeça com rosca em ambas as extremidades, sendo recomendados
nas situações que exigem montagens e desmontagens freqüentes. Em tais situações, o
uso de outros tipos de parafusos acaba danificando a rosca dos furos.

As roscas dos parafusos prisioneiros podem


ter passos diferentes ou sentidos opostos, isto
é, um horário e o outro anti-horário.

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O quadro-síntese a seguir mostra características da cabeça, do corpo, das pontas e com
indicação dos dispositivos de atarraxamento.

O quadro a seguir ilustra os tipos de parafusos em sua forma completa.

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ROSCAS
Rosca é um conjunto de filetes em torno de uma superfície cilíndrica.

As roscas podem ser internas ou externas. As roscas internas encontram-se no interior


das porcas. As roscas externas se localizam no corpo dos parafusos.

As roscas permitem a união e desmontagem de peças.

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Permitem, também, movimento de peças. O parafuso que movimenta a mandíbula móvel
da morsa é um exemplo de movimento de peças.

Os filetes das roscas apresentam vários perfis. Esses perfis, sempre uniformes, dão
nome às roscas e condicionam sua aplicação.

Tipos de roscas (perfis) Perfil de filete Aplicação

Parafusos e porcas de fixação na união de


peças. Ex.: Fixação da roda do carro.

Parafusos que transmitem movimento suave e


uniforme. Ex.: Fusos de máquinas.

Parafusos de grandes diâmetros sujeitos a


grandes esforços. Ex.: Equipamentos
ferroviários.

Parafusos que sofrem grandes esforços e


choques. Ex.: Prensas e morsas.

Parafusos que exercem grande esforço num


só sentido.

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• SENTIDO DE DIREÇÃO DA ROSCA
Dependendo da inclinação dos filetes em relação ao eixo do parafuso, as roscas ainda
podem ser direita e esquerda. Portanto, as roscas podem ter dois sentidos: à direita ou à
esquerda.

Na rosca direita, o filete sobe da direita para a esquerda, conforme a figura.

Na rosca esquerda, o filete sobe da esquerda para a direita, conforme a figura.

• NOMENCLATURA DA ROSCA
Independentemente da sua aplicação, as roscas têm os mesmos elementos, variando
apenas os formatos e dimensões.

P = passo (em mm)


d = diâmetro externo

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• ROSCAS TRIANGULARES
As roscas triangulares classificam-se, segundo o seu perfil, em três tipos:
- rosca métrica;
- rosca whitworth;
- rosca americana.

PORCAS
Porca é uma peça de forma prismática ou cilíndrica geralmente metálica, com um furo
roscado no qual se encaixa um parafuso, ou uma barra roscada. Em conjunto com um
parafuso, a porca é um acessório amplamente utilizado na união de peças.

A porca está sempre ligada a um parafuso. A


parte externa tem vários formatos para atender
a diversos tipos de aplicação. Assim, existem
porcas que servem tanto como elementos de
fixação como de transmissão.

MATERIAL DE FABRICAÇÃO
As porcas são fabricadas de diversos materiais: aço, bronze, latão, alumínio, plástico.
Há casos especiais em que as porcas recebem banhos de galvanização, zincagem e
bicromatização para protegê-las contra oxidação (ferrugem).

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TIPOS DE PORCAS
Certos tipos de porcas apresentam
ranhuras próprias para uso de
cupilhas. Utilizamos cupilhas para
evitar que a porca se solte com
vibrações.

Veja como fica esse tipo de porca com o emprego da cupilha.

Veja, a seguir, os tipos mais comuns de porcas.

Observe a aplicação da porca sextavada chata.

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ARRUELAS
A maioria dos conjuntos mecânicos apresenta elementos de fixação. Onde quer que se
usem esses elementos, seja em máquinas ou em veículos automotivos, existe o perigo
de se produzir, em virtude das vibrações, um afrouxamento imprevisto no aperto do
parafuso. Para evitar esse inconveniente utiliza-se um elemento de máquina chamado
arruela.

As arruelas têm a função de distribuir igualmente a força de aperto entre a porca, o


parafuso e as partes montadas. Em algumas situações, também funcionam como
elementos de trava.

Os materiais mais utilizados na fabricação das arruelas são aço-carbono, cobre e latão.

TIPOS DE ARRUELA
Para cada tipo de trabalho, existe um tipo ideal de arruela: lisa, de pressão, dentada,
serrilhada, ondulada, de travamento com orelha e arruela para perfilados.

• ARRUELA LISA
Além de distribuir igualmente o aperto, a arruela lisa tem,
também, a função de melhorar os aspectos do conjunto.

A arruela lisa por não ter elemento de trava, é utilizada em


órgãos de máquinas que sofrem pequenas vibrações.

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• ARRUELA DE PRESSÃO
A arruela de pressão é utilizada na montagem de conjuntos mecânicos, submetidos a
grandes esforços e grandes vibrações. A arruela de pressão funciona, também, como
elemento de trava, evitando o afrouxamento do parafuso e da porca. É, ainda, muito
empregada em equipamentos que sofrem variação de temperatura (automóveis, prensas
etc.).

• ARRUELA DENTADA
Muito empregada em equipamentos sujeitos a grandes vibrações, mas com pequenos
esforços, como, eletrodomésticos, painéis automotivos, equipamentos de refrigeração
etc. O travamento se dá entre o conjunto parafuso/porca. Os dentes inclinados das
arruelas formam uma mola quando são pressionados e se encravam na cabeça do
parafuso.

• ARRUELA SERRILHADA
A arruela serrilhada tem, basicamente, as mesmas
funções da arruela dentada. Apenas suporta esforços
um pouco maiores. É usada nos mesmos tipos de
trabalho que a arruela dentada.

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• ARRUELA DE TRAVAMENTO COM ORELHA
Utiliza-se esta arruela dobrando-se a orelha sobre um canto vivo da peça. Em seguida,
dobra-se uma aba da orelha envolvendo um dos lados chanfrado do conjunto
porca/parafuso.

Os tipos de arruelas mais usados são os vistos até aqui. Porém, existem outros tipos
menos utilizados:

arruela chanfrada arruela quadrada

arruela de furo quadrado arruela dupla de pressão

arruela curva de pressão arruela com dentes internos

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arruela com dentes cônicos arruela com serrilhado interno

arruela com serrilhado cônico

PINO
O pino une peças articuladas. Nesse tipo de união,
uma das peças pode se movimentar por rotação.
Os pinos são empregados em junções resistentes
a vibrações.

Há vários tipos de pino, segundo sua função.


Tipo Função

Requer um furo de tolerâncias rigorosas e é utilizado


Pino cilíndrico
quando são aplicadas as forças cortantes.

Apresenta elevada resistência ao corte e pode ser


Pino elástico ou pino
assentado em furos, com variação de diâmetro
tubular partido
considerável.

Serve para alinhar elementos de máquinas. A distância entre


Pino de guia
os pinos deve ser bem calculada para evitar o risco de ruptura.

3 - pino cilíndrico Pino guia


4 - pino elástico

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CONTRAPINO OU CUPILHA
O contrapino ou cupilha é uma haste ou arame com forma semelhante à de um meio-
cilindro, dobrado de modo a fazer uma cabeça circular e tem duas pernas desiguais.
Introduz-se o contrapino ou cupilha num furo na extremidade de um pino ou parafuso
com porca castelo. As pernas do contrapino são viradas para trás e, assim, impedem a
saída do pino ou da porca durante vibrações das peças fixadas.

É um arame de secção semi-circular, dobrado de modo a formar um corpo cilíndrico e


uma cabeça.

Sua função principal é a de travar outros elementos de máquinas como porcas.

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PINO CUPILHADO
Nesse caso, a cupilha não entra no eixo, mas no próprio pino. O pino cupilhado é
utilizado como eixo curto para uniões articuladas ou para suportar rodas, polias, cabos,
etc.

Pino sem cabeça Pino com cabeça

ANÉIS ELÁSTICOS
O anel elástico é um elemento usado em eixos ou furos, tendo como principais funções:
• Evitar deslocamento axial de peças ou componentes.
• Posicionar ou limitar o curso de uma peça ou conjunto deslizante sobre o eixo.

OBSERVAÇÃO

Deslocamento axial é o movimento no sentido longitudinal do eixo.

Esse elemento de máquina é conhecido também como anel de retenção, de trava ou de


segurança.

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MATERIAL DE FABRICAÇÃO E FORMA
Fabricado de aço-mola, tem a forma de anel incompleto, que se aloja em um canal
circular construído no eixo.

Na utilização dos anéis, alguns pontos importantes devem ser observados:


• A igualdade de pressão em volta da canaleta assegura aderência e resistência. O
anel nunca deve estar solto, mas alojado no fundo da canaleta, com certa pressão.
• A superfície do anel deve estar livre de rebarbas, fissuras e oxidações.
• Utilizar ferramentas adequadas para evitar que o anel fique torto ou receba esforços
exagerados.
• Montar o anel com a abertura apontando para esforços menores, quando possível.
• Nunca substituir um anel normalizado por um “equivalente”, feito de chapa ou arame
sem critérios.

Para que esses anéis não sejam montados de forma incorreta, é necessário o uso de
ferramentas adequadas, no caso, alicates.

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As ilustrações a seguir mostram alguns tipos de alicate:

REBITE
O rebite é formado por um corpo cilíndrico e uma cabeça.

É fabricado em aço, alumínio, cobre ou latão. É usado para fixação permanente de duas
ou mais peças.

Um rebite compõe-se de um corpo em forma de eixo cilíndrico e de uma cabeça. A


cabeça pode ter vários formatos.

Unem rigidamente peças ou chapas, principalmente, em estruturas metálicas, de


reservatórios, caldeiras, máquinas, navios, aviões, veículos de transporte e treliças.

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A fixação das pontas da lona de fricção do disco de embreagem de automóvel é feita por
rebites.

Disco de embreagem de automóvel

Outro exemplo de aplicação, visto na mesma figura, é a fixação da lona de fricção da


sapata de freio de automóvel.

TIPOS DE REBITE
O quadro a seguir mostra a classificação dos rebites em função do formato da cabeça e
de seu emprego em geral.

Topos de rebite Formato da cabeça Emprego

Cabeça redonda larga


Largamente utilizados devido à
resistência que oferecem.
Cabeça redonda estreita

Cabeça escareada chata


larga
Empregados em uniões que não
admitem saliências
Cabeça escareada chata
estreita

Cabeça escareada com calota


Empregados em uniões que admitem
pequenas saliências.
Cabeça tipo panela

Usados nas uniões de chapas com


Cabeça cilíndrica
espessura máxima de 7mm.

A fabricação de rebites é padronizada, ou seja, segue normas técnicas que indicam


medidas da cabeça, do corpo e do comprimento útil dos rebites.

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CHAVETA
A chaveta tem corpo em forma prismática ou cilíndrica que pode ter faces paralelas ou
inclinadas, em função da grandeza do esforço e do tipo de movimento que deve
transmitir.

Alguns autores classificam a chaveta como elementos de fixação e outros autores, como
elementos de transmissão. Na verdade, a chaveta desempenha as duas funções.

É um elemento mecânico fabricado em aço. Sua forma, em geral, é retangular ou


semicircular. A chaveta se interpõe numa cavidade de um eixo e de uma peça.
A chaveta tem por finalidade ligar dois elementos mecânicos.

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MANCAIS E ROLAMENTOS

O carro de boi foi um meio de transporte típico em certas regiões brasileiras. Hoje é
pouco utilizado.

O carro de boi é uma construção simples, feita de madeira, e consta de carroceria, eixo e
rodas. O eixo é fixado à carroceria por meio de dois pedaços de madeira que servem de guia
para o eixo.

Nas extremidades do eixo são encaixadas as rodas; assim, elas movimentam o carro e
servem de apoio para o eixo.

Os dois pedaços de madeira e as rodas que apoiam o eixo constituem os mancais do


carro de boi.

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MANCAIS

O mancal pode ser definido como suporte ou guia em que se apoia o eixo.

No ponto de contato entre a superfície do eixo e a superfície do mancal, ocorre atrito.


Dependendo da solicitação de esforços, os mancais podem ser de deslizamento ou de
rolamento.

Parte inferior de um carro de boi

MANCAIS DE DESLIZAMENTO
Geralmente, os mancais de deslizamento são constituídos de uma bucha fixada num
suporte. Esses mancais são usados em máquinas pesadas ou em equipamentos de
baixa rotação, porque a baixa velocidade evita superaquecimento dos componentes
expostos ao atrito.

O uso de buchas e de lubrificantes permite reduzir esse atrito e melhorar a rotação do


eixo.

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As buchas são, em geral, corpos cilíndricos ocos que envolvem os eixos, permitindo-lhes
uma melhor rotação. São feitas de materiais macios, como o bronze e ligas de metais
leves.

MANCAIS DE ROLAMENTO
Quando necessitar de mancal com maior velocidade e menos atrito, o mancal de
rolamento é o mais adequado.

Os rolamentos são classificados em função dos seus elementos rolantes.

Veja os principais tipos, a seguir.

Rolamento de esfera Rolamento de rolo Rolamento de agulha

Os eixos das máquinas, geralmente, funcionam assentados em apoios. Quando um eixo


gira dentro de um furo produz-se, entre a superfície do eixo e a superfície do furo, um
fenômeno chamado atrito de escorregamento.

ROLAMENTOS

Quando é necessário reduzir ainda mais o atrito de escorregamento, utilizamos um outro


elemento de máquina, chamado rolamento.

Os rolamentos limitam, ao máximo, as perdas de energia em conseqüência do atrito.

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São geralmente constituídos de dois anéis concêntricos, entre os quais são colocados
elementos rolantes como esferas, roletes e agulhas.

Os rolamentos de esfera compõem-se de:

O anel externo é fixado no mancal, enquanto que o anel interno é fixado diretamente ao
eixo.

As dimensões e características dos rolamentos são indicadas nas diferentes normas


técnicas e nos catálogos de fabricantes.

Ao examinar um catálogo de rolamentos, ou uma norma específica, você encontrará


informações sobre as seguintes características:

D: diâmetro externo
d: diâmetro interno
R: raio de arredondamento
L: largura

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Em geral, a normalização dos rolamentos é feita a partir do diâmetro interno d, isto é, a
partir do diâmetro do eixo em que o rolamento é utilizado.

Para cada diâmetro são definidas três séries de rolamentos: leve, média e pesada.

As séries leves são usadas para cargas pequenas. Para cargas maiores, são usadas as
séries média ou pesada. Os valores do diâmetro D e da largura L aumentam
progressivamente em função dos aumentos das cargas.

Os rolamentos classificam-se de acordo com as forças que eles suportam. Podem ser
radiais, axiais e mistos.

• Radiais - não suportam cargas axiais e impedem o deslocamento no sentido


transversal ao eixo

• Axiais - não podem ser submetidos a cargas radiais. Impedem o deslocamento no


sentido axial, isto é, longitudinal ao eixo.

• Mistas - suportam tanto carga radial como axial. Impedem o deslocamento tanto no
sentido transversal quanto no axial.

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Conforme a solicitação, apresentam uma infinidade de tipos para aplicação específica
como: máquinas agrícolas, motores elétricos, máquinas, ferramentas, compressores,
construção naval etc.

Quanto aos elementos rolantes, os rolamentos podem ser:


• De esferas - os corpos rolantes são esferas. Apropriados para rotações mais
elevadas.

• De rolos - os corpos rolantes são formados de cilindros, rolos cônicos ou barriletes.


Esses rolamentos suportam cargas maiores e devem ser usados em velocidades
menores.

• De agulhas - os corpos rolantes são de pequeno diâmetro e grande comprimento. São


recomendados para mecanismos oscilantes, onde a carga não é constante e o espaço
radial é limitado.

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VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ROLAMENTOS

VANTAGENS
• Menor atrito e aquecimento
• Baixa exigência de lubrificação
• Intercambialidade internacional
• Não há desgaste do eixo
• Pequeno aumento da folga durante a vida útil

DESVANTAGENS
• Maior sensibilidade aos choques
• Maiores custos de fabricação
• Tolerância pequena para carcaça e alojamento do eixo
• Não suporta cargas tão elevadas como os mancais de deslizamento
• Ocupa maior espaço radial

ROLAMENTOS COM PROTEÇÃO


São assim chamados os rolamentos que, em função das características de trabalho,
precisam ser protegidos ou vedados.

A vedação é feita por blindagem (placa). Existem vários tipos. Os principais tipos de
placas são:

Execução Z1 Execução 2Z Execução RS1 Execução 2RS1


Placa de proteção 2 Placas de proteção 1 Placa de vedação 2 Placas de vedação

As designações Z e RS são colocadas à direita do número que identifica os rolamentos.


Quando acompanhados do número 2 indicam proteção de ambos os lados.

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CUIDADOS COM OS ROLAMENTOS
Na troca de rolamentos, deve-se tomar muito cuidado, verificando sua procedência e seu
código correto.

Antes da instalação é preciso verificar cuidadosamente os catálogos dos fabricantes e


das máquinas, seguindo as especificações recomendadas.

Na montagem, entre outros, devem ser tomados os seguintes cuidados:


• verificar se as dimensões do eixo e cubo estão corretas;
• usar o lubrificante recomendado pelo fabricante;
• remover rebarbas;
• no caso de reaproveitamento do rolamento, deve-se lavá-lo e lubrificá-lo
imediatamente para evitar oxidação;
• não usar estopa nas operações de limpeza;
• trabalhar em ambiente livre de pó e umidade.

DEFEITOS COMUNS DOS ROLAMENTOS


Os defeitos comuns ocorrem por:
• desgaste;
• fadiga;
• falhas mecânicas.

• DESGASTE
O desgaste pode ser causado por:
- deficiência de lubrificação;
- presença de partículas abrasivas;
- oxidação (ferrugem);
- desgaste por patinação (girar em falso);
- desgaste por brinelamento.

Fase inicial Fase avançada Fase final


(armazenamento) (antes do trabalho) (após o trabalho)

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• FADIGA
A origem da fadiga está no deslocamento da peça, ao girar em falso. A peça se
descasca, principalmente nos casos de carga excessiva.

Descascamento parcial revela fadiga por desalinhamento, ovalização ou por conificação


do alojamento.

• FALHAS MECÂNICAS
O brinelamento é caracterizado por depressões correspondentes aos roletes ou esferas
nas pistas do rolamento.

Resulta de aplicação da pré-carga, sem girar o rolamento, ou da prensagem do


rolamento com excesso de interferência.

Goivagem é defeito semelhante ao anterior, mas provocado por partículas estranhas que
ficam prensadas pelo rolete ou esfera nas pistas.

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Sulcamento é provocado pela batida de uma ferramenta qualquer sobre a pista rolante.

Queima por corrente elétrica é geralmente provocada pela passagem da corrente


elétrica durante a soldagem. As pequenas áreas queimadas evoluem rapidamente com o
uso do rolamento e provocam o deslocamento da pista rolante.

As rachaduras e fraturas resultam, geralmente, de aperto excessivo do anel ou cone


sobre o eixo. Podem, também, aparecer como resultado do girar do anel sobre o eixo,
acompanhado de sobrecarga.

O engripamento pode ocorrer devido a lubrificante muito espesso ou viscoso. Pode


acontecer, também, por eliminação de folga nos roletes ou esferas por aperto excessivo.

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LUBRIFICAÇÃO

Uma empresa de bebidas utiliza em sua linha de produção uma esteira com mancais de
rolamento. A esteira transporta garrafas que são enchidas com um delicioso refrigerante
diet.

De tempos em tempos, o funcionário encarregado da lubrificação das máquinas e


equipamentos ia até a esteira para lubrificá-la. Ele sabia que os mancais de rolamento da
esteira utilizavam um lubrificante com características especiais.

Quais eram as características especiais do lubrificante usado nos mancais de rolamento


da esteira?

Resposta para esta pergunta e outras informações a respeito de lubrificação e


lubrificantes serão dadas neste capítulo.

CONCEITO E OBJETIVOS DA LUBRIFICAÇÃO

No deslocamento de duas peças entre si ocorre atrito, mesmo que as superfícies dessas
peças estejam bem polidas, pois elas sempre apresentam pequenas saliências ou
reentrâncias.

O atrito causa vários problemas: aumento da temperatura, desgaste das superfícies,


corrosão, liberação de partículas e, consequentemente, formação de sujeiras. Para evitar
esses problemas usam-se o lubrificantes que reduzem o atrito e formam uma superfície
que conduz calor, protege a máquina da ferrugem e aumenta a vida útil das peças.

A lubrificação é, pois, uma operação que consiste em introduzir uma substância


apropriada entre superfícies sólidas que estejam em contato entre si e que executam
movimentos relativos. Essa substância apropriada normalmente é um óleo ou uma graxa
que impede o contato direto entre as superfícies sólidas.
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Quando recobertos por um lubrificante, os pontos de atrito das superfícies sólidas fazem
com que o atrito sólido seja substituído pelo atrito fluido, ou seja, em atrito entre uma
superfície sólida e um fluido. Nessas condições, o desgaste entre as superfícies será
bastante reduzido.

Além dessa redução do atrito, outros objetivos são alcançados com a lubrificação, se a
substância lubrificante for selecionada corretamente:
• menor dissipação de energia na forma de calor;
• redução da temperatura, pois o lubrificante também refrigera;
• redução da corrosão;
• redução de vibrações e ruídos;
• redução do desgaste.

A espessura ideal da película lubrificante deve ser H = h1 + h2 + h

LUBRIFICANTES

Todos os fluidos são, de certa forma, lubrificantes, porém, enquadram-se melhor nessa
classificação as substâncias que possuem as seguintes características:
• capacidade de manter separadas as superfícies durante o movimento;
• estabilidade nas mudanças de temperatura e não atacar as superfícies metálicas;
• capacidade de manter limpas as superfícies lubrificadas.

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Os lubrificantes podem ser gasosos como o ar; líquidos como os óleos em geral; semi-
sólidos como as graxas e sólidos como a grafita, o talco, a mica etc.

Contudo, os lubrificantes mais práticos e de uso diário são os líquidos e os semi-sólidos,


isto é, os óleos e as graxas.

CLASSIFICAÇÃO DOS ÓLEOS QUANTO À ORIGEM


Quanto à origem, os óleos podem ser classificados em quatro categorias: óleos minerais,
óleos vegetais, óleos animais e óleos sintéticos.

Óleos minerais - São substâncias obtidas a partir do petróleo e, de acordo com sua
estrutura molecular, são classificadas em óleos parafínicos ou óleos naftênicos. São
baratos e oxidam-se pouco.

Óleos vegetais - São extraídos de sementes: soja, girassol, milho, algodão, arroz,
mamona, oiticica, babaçu etc.

Óleos animais - São extraídos de animais como a baleia, o cachalote, o bacalhau, a


capivara etc.

Óleos sintéticos - Esses lubrificantes suportam as mais diversas condições de serviço.


São chamados sintéticos porque resultam de síntese química.

Classificam-se em cinco grupos: ésteres de ácidos dibásicos, de organofosfatos e de


silicones; silicones e compostos de ésteres de poliglicol.

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LUBRIFICANTES GRAFÍTICOS
Nesses lubrificantes utiliza-se grafita nas superfícies de deslizamento, tornando-as mais
absorventes, lisas e resistentes ao engripamento. Dessa forma, encurta-se o tempo de
amaciamento.

A grafita é também usada como aditivo de óleo ou graxa.

Existe, ainda, a lubrificação a seco com grafita, no caso de movimentos lentos ou de


temperaturas elevadas de até 300ºC.

APLICAÇÕES DOS SÓLIDOS


Os óleos animais e vegetais raramente são usados isoladamente como lubrificantes, por
causa da sua baixa resistência à oxidação, quando comparados a outros tipos de
lubrificantes. Em vista disso, eles geralmente são adicionados aos óleos minerais com a
função de atuar como agentes de oleosidade. A mistura obtida apresenta características
eficientes para lubrificação, especialmente em regiões de difícil lubrificação.

Alguns óleos vegetais são usados na alimentação humana. Você é capaz de citar
alguns?

Os óleos sintéticos são de aplicação muito rara, em razão de seu elevado custo, e são
utilizados nos casos em que outros tipos de substâncias não têm atuação eficiente.

Os óleos minerais são os mais utilizados nos mecanismos industriais, sendo obtidos em
larga escala a partir do petróleo.

O quadro a seguir apresenta os diversos tipos de óleos lubrificantes, suas características


técnicas e respectivas aplicações

41
Ponto de Viscosidade até
o
Uso fulgor C Observações
o o
E C
para máquinas de escritório,
Para a mecânica fina 125 1,8 20 instrumentos de medição,
máquinas de costura etc.
Mancais
a) eixos com velocidades elevadas 140 1,8...4 50 motores elétricos, rolamentos de
esfera, de rolos, transmissões
b) eixos sob cargas normais 160 4...7,5 50 para lubrificação por anel, por
gotejamento, e forçada para
c) eixos sob cargas leves 170 >7,5 50 máquinas com velocidades baixas
Eixos
a) para estradas de ferro federais da 160 8...10 50 óleo de verão para vagões de trem
Alemanha 140 4,5...8 50 normais e pequenos, de óleo de
b) para outras finalidades 140 >4 50 inverno, bonde e carrinhos de
140 >4 50 transporte
Compressores
a) compressores a êmbolo 175 4..12 50 para válvulas ºE = 4...12, para
200 6...10 50 registros de gaveta
b) compressores de alta pressão 200 >6 50 ºE = 6...10, não utilizável para
c) compressores de paletas 175 6...12 50 gases oxidantes
Redutores
a) transmissões por engrenagens e 175 >12 50
redutores com parafusos sem-fim, em
automóveis não para redutores de turbinas a
b) para outras transmissões por 175 >4 50 vapor
engrenagens e em redutores com parafuso
sem-fim
Motores estacionários e de veículos
Motores para automóveis 200 >8 50 verão
Motores com carburador e motores diesel
Motores diesel estacionários: n > 600 rpm 185 4..8 50 inverno
Motores a gás
a) máquinas pequenas 160 >3 50
b) máquinas grandes para cilindros somente refinados
• de quatro tempos 175 >4 50
• de dois tempos 175 >6 50
Máquinas a vapor
a) vapor saturado 240 2,5...7 100 para cilindros
b) vapor superaquecido 270 3...9 100
Turbinas a vapor 165 2,5...3.4 50 óleos resistentes ao envelhecimento,
180 3,4...7 não-emulsionáveis

para comportas hidráulicas, óleos


Turbinas hidráulicas 160 2,5...12 50 menos viscosos, para os cubos das
pás móveis, óleos mais viscosos
(semelhantes aos óleos para
cilindros)
Máquinas de refrigeração
a) NH3 e CO2 como agentes frigoríficos 160 >4,5 20
b) SO2 160 >10 20
c) Hidrocarbonetos e seus derivados, 160 >10 20
p. ex. C4H8

42
GRAXAS
As graxas são compostos lubrificantes semi-sólidos constituídos por uma mistura de óleo,
aditivos e agentes engrossadores chamados sabões metálicos, à base de alumínio, cálcio,
sódio, lítio e bário.

A graxa é o lubrificante mais adequado para lubrificação de elementos de máquina


expostos aos agentes atmosféricos, à poeira (máquinas escavadeiras) e ao aquecimento
(laminadoras). A graxa é também usada para vedação de bombas, compressores ou
máquinas que funcionam em baixa rotação.

As graxas passam por ensaios físicos padronizados e os principais encontram-se no


quadro a seguir.

Tipo de ensaio O que determina o ensaio

Consistência Dureza relativa, resistência à penetração


Estrutura Tato, aparência
Filamentação Capacidade de formar fios ou filamentos
Adesividade Capacidade de aderência
Ponto de fusão ou gotejo Temperatura na qual a graxa passa para o estado líquido

TIPOS DE GRAXA
Os tipos de graxa são classificados com base no sabão utilizado em sua fabricação.

Graxa à base de alumínio: macia; quase sempre filamentosa; resistente à água; boa
estabilidade estrutural quando em uso; pode trabalhar em temperaturas de até 71°C. É
utilizada em mancais de rolamento de baixa velocidade e em chassis.

Graxa à base de cálcio: vaselinada; resistente à água; boa estabilidade estrutural


quando em uso; deixa-se aplicar facilmente com pistola; pode trabalhar em temperaturas
de até 77°C. É aplicada em chassis e em bombas d’água.

Graxa à base de sódio: geralmente fibrosa; em geral não resiste à água; boa
estabilidade estrutural quando em uso. Pode trabalhar em ambientes com temperatura de
até 150°C. É aplicada em mancais de rolamento, mancais de rodas, juntas universais etc.

43
Graxa à base de lítio: vaselinada; boa estabilidade estrutural quando em uso; resistente à
água; pode trabalhar em temperaturas de até 150°C. É utilizada em veículos automotivos e
na aviação.

Graxa à base de bário: características gerais semelhantes às graxas à base de lítio.

Graxa mista: é constituída por uma mistura de sabões. Assim, temos graxas mistas à
base de sódio-cálcio, sódio-alumínio etc.

Além dessas graxas, há graxas de múltiplas aplicações, graxas especiais e graxas


sintéticas.

O quadro a seguir, apresenta um resumo dos tipos de graxas lubrificantes existentes e


sua aplicação.

Ponto de Teor de
Uso Gotejamento água Observações
o
acima de C abaixo de %

Graxa para rolamentos Rolamentos muito leves e pequenos


a) em baixa rotação 120 1 podem ser lubrificados com vaselina,
b) em alta rotação 60 2 ponto de gotejamento 35 oC

Graxa para mancais a quente 120 1 Adição de corantes não eleva o


poder lubrificante

Graxa para redutores 75 4 Adição de corantes não eleva o


poder lubrificante

Graxa para máquinas 75 4 Para graxas de emulsão, o teor de


(graxa "Stauffer") água é mais elevado

Graxa para veículos 60 6 Para eixos de carroças e de


carrinhos de transporte

Graxa para carrinhos de transporte 45 6

Graxa para cabos de aço 50 6

Graxa para cabos de cânhamo 60 6

Graxa para engrenagens 45 6

Graxa para laminadores a frio 50 6

Graxa para laminadores de carvão 80 6


prensado
o
Graxa para laminadores a quente >18 C acima 0,1 Ponto de amolecimento não abaixo
o
do ponto de de 60 C
amolecimento

44
CLASSIFICAÇÃO DOS LUBRIFICANTES
Há duas normas de classificação dos lubrificantes, desenvolvidas pela SAE (Sociedade
dos Engenheiros de Automóveis) e pelo NLGI (Instituto Nacional de Graxa Lubrificante -
Estados Unidos).

A SAE classifica os óleos lubrificantes para motores de combustão e caixas de


engrenagens (caixa de marcha e diferencial), utilizando como critério a viscosidade, sem
levar em conta as outras propriedades assim como a ISO, com a diferença que a ISO
classifica óleos lubrificantes industriais, enquanto a SAE, os óleos lubrificantes para
automóveis.

Segundo essa classificação, existem duas faixas de viscosidade:


• para óleos de motor - SAE - 5W, 10W, 20W, 30, 40, 50;
• para óleos de transmissão - SAE - 80, 90, 140, 250.

A NLGI classifica as graxas segundo sua consistência, nos seguintes graus:


• NLGI: 000, 00, 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

O grau 000 corresponde às graxas de menor consistência (semi-fluidas) e o grau 6, às de


maior consistência (mais pastosas).

ADITIVOS
Aditivos são substâncias que entram na formulação de óleos e graxas para conferir-lhes
certas propriedades. A presença de aditivos em lubrificantes tem os seguintes objetivos:
• melhorar as características de proteção contra o desgaste e de atuação em trabalhos
sob condições de pressões severas;
• aumentar a resistência à oxidação e corrosão;
• aumentar a atividade dispersante e detergente dos lubrificantes;
• aumentar a adesividade;
• aumentar o índice de viscosidade.

45
EXERCÍCIOS
1. Responda.
a) No que consiste a lubrificação?

b) Em termos práticos, quais são os lubrificantes mais utilizados?

c) Quanto à origem, como se classificam os lubrificantes?

d) O que é viscosidade?

e) O que são graxas?

46
MOLAS

Os motoristas de uma empresa de transportes discutiram com o gerente um problema que


vinham enfrentando. De tanto transportarem carga em excesso, as molas dos caminhões
vinham perdendo, cada vez mais, sua elasticidade. Com isso, as carrocerias ficavam muito
baixas, o que significava possíveis riscos de estragos dos caminhões e de sua apreensão por
policiais rodoviários.

O gerente, que já estava preocupado com o problema, convenceu o empresário a trocar


as molas dos caminhões e a reduzir a quantidade da carga transportada.

As molas, como você pode ver nesse problema, têm função muito importante

FUNÇÕES DAS MOLAS

São diversas as funções das molas. Observe, por exemplo, nas ilustrações, sua função
na prancha de um trampolim. São as molas que permitem ao mergulhador elevar-se, sob
impulso, para o salto do mergulho.

A movimentação do mergulhador se deve à elasticidade das molas.

47
Peças fixadas entre si com elementos elásticos podem ser deslocadas sem sofrerem
alterações. Assim, as molas são muito usadas como componentes de fixação elástica.
Elas sofrem deformação quando recebem a ação de alguma força, mas voltam ao estado
normal, ou seja, ao repouso, quando a força pára.

As molas são usadas para amortecer choques, reduzir ou absorver vibrações e para
tornar possível o retorno de um componente mecânico à sua posição primitiva. Com
certeza, você conhece muitos casos em que se empregam molas como, por exemplo,
estofamentos, fechaduras, válvulas de descarga, suspensão de automóvel, relógios,
brinquedos.

TIPOS DE MOLA

Os diversos tipos de molas podem ser classificados quanto à sua forma geométrica ou
segundo o modo como resistem aos esforços.

Quanto à forma geométrica, as molas podem ser helicoidais (forma de hélice) ou planas.

Molas helicoidais

Molas planas

48
Quanto ao esforço que suportam, as molas podem ser de tração, de compressão ou de
torção.

Mola de tração Mola de compressão Mola de torção

MOLAS HELICOIDAIS
A mola helicoidal é a mais usada em mecânica. Em geral, ela é feita de barra de aço
enrolada em forma de hélice cilíndrica ou cônica. A barra de aço pode ter seção retangular,
circular, quadrada, etc. Em geral, a mola helicoidal é enrolada à direita. Quando a mola
helicoidal for enrolada à esquerda, o sentido da hélice deve ser indicado no desenho.

Mola helicoidal à direita


Mola helicoidal à esquerda

As molas helicoidais podem funcionar por compressão, por tração ou por torção.

A mola helicoidal de compressão é formada por espirais. Quando esta mola é


comprimida por alguma força, o espaço entre as espiras diminui, tornando menor o
comprimento da mola.

Mola helicoidal de compressão em repouso Mola helicoidal de compressão comprimida

49
A aplicação de uma mola helicoidal de compressão pode ser vista, observando-se um
furador de papéis.

A mola helicoidal de tração possui ganchos nas extremidades, além das espiras. Os
ganchos são também chamados de olhais.

Para a mola helicoidal de tração desempenhar sua função, deve ser


esticada, aumentando seu comprimento. Em estado de repouso, ela
volta ao seu comprimento normal.

A mola helicoidal de tração é aplicada em várias situações. Veja um exemplo:

Molas em estado de repouso Molas esticadas

A mola helicoidal de torção tem dois braços de alavancas, além das espiras.

Veja um exemplo de mola de torção na figura à esquerda, e, à direita, a aplicação da


mola num pregador de roupas.

50
Agora veja exemplos de molas helicoidais cônicas e suas aplicações em utensílios
diversos.

Note que a mola que fixa as hastes do alicate é bicônica.

Algumas molas padronizadas são produzidas por fabricantes específicos e encontram-se


nos estoques dos almoxarifados. Outras são executadas de acordo com as
especificações do projeto, segundo medidas proporcionais padronizadas.

A seleção de uma mola depende das respectivas formas e solicitações mecânicas.

CARACTERÍSTICAS DAS MOLAS HELICOIDAIS


Analise as características da mola helicoidal de compressão cilíndrica.

De: diâmetro externo;


Di: diâmetro interno;
H: comprimento da mola;
d: diâmetro da seção do arame;
p: passo da mola;
nº: número de espiras da mola.

Passo – é a distância entre os centros de duas espiras consecutivas. A distância entre as


espiras é medida paralelamente ao eixo da mola.

As molas de compressão são enroladas com as espiras separadas de forma que possam
ser comprimidas.

51
MOLAS PLANAS
As molas planas são feitas de material plano ou em fita. Elas podem ser simples ou em
forma de feixes.

Mola plana simples Mola prato Feixe de molas Mola espiral

A mola plana simples é empregada somente para algumas cargas. Em geral, essa mola é
fixa numa extremidade e livre na outra. Quando sofre a ação de uma força, a mola é
flexionada em direção oposta.

O feixe de molas é feito de diversas peças planas de comprimento variável, moldadas de


maneira que fiquem retas sob a ação de uma força.

MATERIAL DE FABRICAÇÃO

As molas podem ser feitas com os seguintes materiais: aço, latão, cobre, bronze,
borracha, etc.

As molas de borracha e de arames de aço com pequenos diâmetros, solicitados a tração,


apresentam a vantagem de constituírem elementos com menor peso e volume em
relação à energia armazenada.

Para conservar certas propriedades das molas - elásticas, magnéticas; resistência ao


calor e à corrosão - deve-se usar aços-liga e bronze especiais ou revestimentos de
proteção. Os aços molas devem apresentar as seguintes características: alto limite de
elasticidade, grande resistência, alto limite de fadiga.
52
APLICAÇÃO

Para selecionar o tipo de mola, é preciso levar em conta certos fatores, como por exemplo,
espaço ocupado, peso e durabilidade. Há casos em que se deve considerar a observação
das propriedades elásticas, atritos internos ou externo adicional (amortecimento, relações
especiais entre força aplicada e deformação).

Na construção de máquinas empregam-se, principalmente, molas helicoidais de arame


de aço. São de baixo preço, de dimensionamento e montagem fáceis e podem ser
aplicadas em forças de tração e de compressão.

As molas de borracha são utilizadas, especialmente como amortecedores de vibrações e


ruídos em suspensão de veículos.

As molas de lâmina (feixe de molas) e de barra de torção requerem espaços de pequena


altura (veículos).

53
ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO

Para que os conjuntos mecânicos realizem os movimentos para os quais foram


projetados, eles necessitam da reunião de uma série de elementos de máquinas que têm
a função de transmitir movimento.

Neste capítulo, serão apresentadas informações sobre:


• Fundamentos de transmissão;
• Forma básica da polia dentada;
• Fundamentos da transmissão por corrente, correia simples, correia dentada, correia
trapezoidal e por roda de fricção.

Estudando esses conteúdos, você conhecerá


• Função, aplicação e solicitações mecânicas das correntes como elemento de
transmissão;
• Técnicas de montagem da transmissão por corrente;
• Sistema de transmissão de força, velocidade periférica e deslizamento na correia
plana;
• Superfície de atrito, ângulo de abraçamento e relação de transmissão na correia
plana;
• Aplicações, materiais da correia e materiais da polia na transmissão por correia plana;
• Características, dimensões e forças que atuam na transmissão por correia dentada e
por correia trapezoidal;
• Características, vantagens e desvantagens na transmissão por roda de fricção.

Esses conhecimentos serão necessários para que você seja capaz de:
• Determinar a carga útil na utilização de máquinas e equipamentos com transmissão
de movimentos giratórios por corrente ou correias;
• Preservar através de manutenção preventiva as correntes e correias de transmissão;
• Analisar a vida útil e solicitar troca das correntes e correias das máquinas e
equipamentos.

54
CONCEITO DE TRANSMISSÃO

Entende-se por transmissão, em mecânica, o conjunto de elementos de máquinas


planejados para transmitir os movimentos giratórios de um eixo-árvore a outro, com a
menor perda possível de energia, com durabilidade e eficiência garantida. Os
movimentos são transmitidos por fechamento de forma ou de forças (atrito) segundo as
necessidades de cada caso.

A transmissão pela forma é assim chamada porque a forma dos elementos


transmissores é adequada para encaixamento desses elementos entre si. Essa maneira
de transmissão é a mais usada, principalmente com os elementos chavetados, eixos-
árvore entalhados e eixos-árvore estriados.

Elementos chavetados Eixos-árvore entalhados

Eixos-árvore estriados

A transmissão por atrito possibilita uma boa centralização das peças ligadas aos eixos.
Entretanto, não possibilita transmissão de esforços tão grandes quanto os transmitidos
pela forma. Os principais elementos de transmissão por atrito são os elementos anelares
e arruelas estreladas.

Elementos anelares

55
Esses elementos constituem-se de dois anéis cônicos apertados entre si e que atuam ao
mesmo tempo sobre o eixo e o cubo.

Arruelas estreladas

As arruelas estreladas possibilitam grande rigor de movimento axial (dos eixos) e radial
(dos raios). As arruelas são apertadas por meio de parafusos que forçam a arruela contra
o eixo e o cubo ao mesmo tempo.

ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO

Para que um conjunto de transmissão realize seu trabalho, ele deve ser composto de
uma série de elementos de máquinas a saber:
• correntes;
• correias;
• polias;
• engrenagens;
• eixos;
• acoplamentos.

Alguns desses elementos serão apresentados a seguir.

TRANSMISSÃO POR CORRENTE


A transmissão por corrente ocorre por fechamento de forma a e portanto sem
deslizamento entre as árvores.

56
É aplicada para grandes distâncias entre árvores, o que não poderia ser alcançado de
forma normal por par de rodas dentadas. A corrente liga sucessivamente os dentes das
polias dentadas transmitindo o movimento giratório no mesmo sentido.

A transmissão por corrente é utilizada quando não se podem usar correias por causa da
umidade, vapores, óleos, etc.

A corrente pode acionar vários eixos-árvores simultaneamente o que justifica vários


casos de aplicação.

Acionamento de vários eixos-árvores

CORRENTE DE ROLOS
A corrente de rolos é normalizada e precisa ter um passo P e um diâmetro d constantes e
precisos. Ela é formada de placa exterior, placa interior, passador, rolo e mancal.

57
A corrente de rolo pode ser simples ou dupla e durante o funcionamento produz atrito de
rolamento entre o rolo e a polia dentada, exigindo assim lubrificação boa e constante.

Corrente de rolos duplos

CORRENTE DENTADA
A corrente dentada é empregada quando se requer uma marcha tranqüila com grandes
velocidades periféricas (até 20m/s), ou quando se transmitem grandes potências.

A placa guiadora disposta exterior e interiormente impedem o deslizamento lateral da


corrente encaixando nas estrias da polia.

A corrente dentada tem os flancos dos dentes retos e é mais pesada que o de rolo
(maiores forças centrífugas).

Corrente de dentes

POLIA DENTADA
A correia dentada é usada com a polia dentada. A forma básica da polia dentada é o
polígono regular inscrito no diâmetro primitivo d que tem o mesmo número de lados que o
número de dentes z e cujo lado é igual ao passo p da corrente.

Polígono regular

58
Para que a corrente engrene com facilidade, a lateral do dente é afiada (b2, b3) e o
encaixe tem uma folga de 10% (b1 - b2) conforme figura a seguir.

Dimensões principais

Os materiais apropriados para confecção da polia dentada são:


• aço laminado;
• aço fundido;
• ferro fundido;
• chapa de aço.

Quanto ao modo de construção as polias dentadas podem ser:


• laminada;
• torneada;
• soldada;
• fundida.

Tipos de polias dentadas

A montagem da transmissão por corrente segue as recomendações:


• As polias dentadas devem estar alinhadas com exatidão.
• A distância entre eixos-árvores mais favorável esta entre 30.p e 50.p.
• Quando a distância está acima da recomendada, as oscilações da corrente podem
ser compensadas por tensores de corrente.
• A lubrificação dever ser suficiente e constante.
• As corrente motrizes devem ser trocadas quando, devido ao estiramento e desgaste
dos articuladores, seu comprimento aumenta aproximadamente 3%.

59
TRANSMISSÃO POR CORREIA
A transmissão por correia se faz por fechamento de força entre dois eixos-árvores, com a
vantagem de permitir relações de transmissões. A força de aperto necessária se produz
mediante a tensão da correia (tensão de alongamento) durante sua montagem.

Dado que as correias em marcha batem um pouco sobre as polias, a função não se
transmite de forma íntegra.

A velocidade periférica da polia movida é sempre menor que a da polia motriz.

Ocorre nesse tipo de transmissão em deslizamento que depende da carga, da velocidade


periférica, dos materiais da correia e das polias, e do tamanho da superfície de atrito.

Devido ao deslizamento, as transmissões por correias não são apropriadas para


acionamentos que tenham de ter uma velocidade periférica invariável, e quando, por
motivo de segurança, a correia não deve sair polia durante a marcha.

OBSERVAÇÃO

O tamanho da superfície de atrito é determinado pela largura da correia e pelo


ângulo de abraçamento.

O ângulo de abraçamento depende da diferença de diâmetros entre as polias e sua


diferença entre eixos-árvores.

ACIONAMENTO POR CORREIA PLANA


O acionamento simples de correia plana necessita de um bom ângulo de abraçamento na
polia pequena, para isso:
• A relação de transmissão i não deve ultrapassar 6:1
• A distância entre eixos não deve ser menor que 1,2 (d1 + d2).

60
No acionamento simples, as polias motriz e movida giram no mesmo sentido. No
acionamento cruzado, ocorrem ângulos de abraçamento maiores, porém as correias
retorcidas se desgastam mais depressa e as polias giram em sentido contrário.

Acionamento cruzado

Quando a relação de transmissão supera i = 6:1, tem que se aumentar mediante rolo
tensor o ângulo de abraçamento da polia menor. O rolo tensor é pressionado por força de
mola ou peso e diminui sua ação quando cessa o movimento.

A tensão da correia é controlada pelo deslocamento do motor, que pode ser feito sobre
guias ou por basculante.

61
Os materiais das correias planas são:
• Couro de lombo de boi: as correias recebem emendas, suportam grandes cargas e
são bastante elásticas.
• Material fibroso e sintético: as correias não recebem emendas (peça sem-fim); são
próprias para suportar forças sem oscilações para polias de pequenos diâmetros e
têm como material base o algodão, o pêlo de camelo, a viscose, o perlon e o nylon.
• Material combinado de couro e sintético: a cinta de rolamento é de couro curtido
ao cromo e sobre a cinta existe uma cobertura de material sintético (perlon) que
suporta grandes solicitações. Estas correias são muito flexíveis e podem transmitir
grandes forças.

As polias para correias planas geralmente são


fabricadas de ferro fundido, aço, metal leve,
material sintético ou madeira. Seu formato e
dimensões são normalizados e a superfície de
contato pode ser plana (forma A) ou arredondada
(forma B).

A superfície de contato arredondada é própria para


polias movidas por guiar melhor a correia, e o
acabamento superficial deve ficar entre 4 a 10µm.

OBSERVAÇÃO

Quando as velocidades das correias superam V = 25m/s, causando trepidações no


conjunto todo, é necessário equilibrar estaticamente e dinamicamente as polias.

ACIONAMENTO POR CORREIA DENTADA


As correias dentadas em união com as rodas dentadas correspondentes garantem uma
transmissão de força sem deslizamento.

As correias de qualidade possuem em seu interior um filamento de aço em formato


helicoidal que absorve as forças de tração.

A força de transmissão nos flancos dos dentes pode chegar a 400N/cm2.

62
As rodas dentadas são feitas com módulo 6 ou 10 e a altura dos dentes entre 4 e 4,5mm.
São fundidas normalmente a pressão ou fundidas em areia especial com grande precisão
de medidas e bom acabamento superficial.

ACIONAMENTO POR CORREIA TRAPEZOIDAL (V)


As correias trapezoidais são correias inteiriças (sem-fim) de borracha, fabricadas com
perfil ou secção transversal em formato de trapézio. No seu interior há fios de tecido
vulcanizados que absorvem as forças de tração.

Uma guarnição de tecido envolve a correia trapezoidal protegendo-a contra o desgaste


superficial.

As transmissões por correias trapezoidais ocorrem com as seguintes características:


• baixíssimo deslizamento;
• permite grandes relações de transmissões, até i = 10:1;
• permite polias pequenas;
• permite distância pequena entre eixos;
• a pressão nos flancos, em conseqüência do efeito de cunha, triplicada em relação à
correia plana;
• partida com pequena tensão prévia;
• pequena carga sobre os rolamentos ou mancais;
• transmissão de grandes forças;
• emprego de até 12 correias dispostas umas junto às outras numa mesma polia.

Os perfis das correias trapezoidais são normalizados com b0 = 9,7 até 22mm com
comprimentos correspondentes.

63
As polias são normalizadas com vários canais. Os ângulos dos canais obedecem ao
diâmetro da polia (menor diâmetro, menor ângulo. Eles são α = 32o, 34o e 38o.

Correia trapezoidal

Os canais das polias são executados de forma que a correia não sobrepasse o canto
superior do canal e não encoste no seu fundo, o que anularia o efeito de cunha.

Dimensões da polia trapezoidal

64
Dimensões normais das polias de múltiplos canais

Perfil padrão Diâmetro externo Ângulo Medidas em milímetros


da correia da polia do canal T S W Y Z H K U=R X

75 a 170 34º
A 9,50 15 13 3 2 13 5 1,0 5

acima de 170 38º

de 130 a 240 34º


B 11,5 19 17 3 2 17 6,5 1,0 6,25

acima de 240 38º

de 200 a 350 34º


C 15,25 25,5 22,5 4 3 22 9,5 1,5 8,25

acima de 350 38º

de 300 a 450 34º


D 22 36,5 32 6 4,5 28 12,5 1,5 11

acima de 450 38º

de 485 a 630 34º


E 27,25 44,5 38,5 8 6 33 16 1,5 13

acima de 630 38º

Essas dimensões são obtidas a partir de consultas em tabelas. Vamos ver um exemplo
que pode explicar como consultar tabela.

Imaginemos que se vai executar um projeto de fabricação de polia, cujo diâmetro é de 250
mm, perfil padrão da correia C e ângulo do canal de 34º. Como determinar as demais
dimensões da polia?

Com os dados conhecidos, consultamos a tabela e vamos encontrar essas dimensões:

Perfil padrão da correia: C Diâmetro externo da polia: 250 mm


Ângulo do canal: 34º T: 15,25 mm
S: 25,5 mm W: 22,5 mm
Y: 4 mm Z: 3 mm
H: 22 mm K: 9,5 mm
U = R: 1,5 mm X: 8,25 mm

A montagem das polias necessita de uma centragem perfeita entre a polia e seu eixo e
um alinhamento exato entre a polia motriz e a polia movida.

65
A centragem pode ser verificada por meio de esquadro ou graminho e o alinhamento por
meio de régua para pequenas distâncias ou cordão tencionado para distâncias maiores.

TRANSMISSÃO POR RODA DE FRICÇÃO


O acionamento por roda de fricção transmite o momento de giro por fricção entre dois
eixos-árvores paralelos ou que se cruzam a uma pequena distância.

Esse tipo de acionamento é especialmente conveniente quando é necessário transmitir


grandes velocidades periféricas e é necessário trocar o número de rotações ou modificar
o sentido de rotação durante o funcionamento.

O acionamento por roda de fricção é silencioso e sem movimentos bruscos. A relação de


transmissão i entre a roda motriz e a movida não é constante porque ocorre um
deslizamento.

A transmissão de força ocorre quando se pressiona uma roda de fricção contra outra roda
de periferia lisa mediante a força de aperto Fn (Fn = força normal perpendicular à
tangente no ponto de contato).

66
Com a força Fn aplicada surge nas superfícies das rodas tangencial Fr (força de atrito).
Sua intensidade depende da Fn e do coeficiente de atrito µ entre as superfícies que
trabalham conjuntamente.

Fr = Fn . µ em N
Coeficiente de atrito µ entre:
material sintético e FoFo 0,3..0,4
couro e FoFo 0,2..0,3
borracha e FoFo 0,7..0,8

Para conseguir condições favoráveis de fricção, uma das rodas é recoberta com uma
guarnição de material sintético, borracha ou couro. Quando as cargas são pequenas as
guarnições de borracha se fixam elasticamente sobre as rodas, no caso de grandes
cargas a borracha é vulcanizada com arames de aço no interior da guarnição para
reforçar e dissipar melhor o calor.

A contra-roda se fabrica de ferro fundido ou aço, e se possível deve ser retificada. As


rodas de fricção são cilíndricas para força de aperto grande, cônicas para regulagem
contínua do número de rotações e trapezoidal para máquinas-ferramentas, guinchos,
prensas, etc.

Roda de fricção cilíndrica Roda de fricção trapezoidal

Roda de fricção cônica

67
As vantagens dos acionamentos por roda de fricção são:
• Regulagem de velocidades sem escalonamento
• Menor distância entre eixos
• Alto rendimento (0,85 a 0,9)
• Baixo custo de manutenção
• Funcionamento silencioso

As desvantagens dos acionamentos por roda de fricção são:


• Deslizamento
• Desgaste da superfície de fricção
• Potência limitada (400kw)
• Velocidade periférica limitada
• Ação das forças de aperto sobre os mancais

EXERCÍCIOS
Responda às seguintes perguntas:

1. O que se entende por transmissão de movimentos giratórios?

2. Como ocorre a transmissão por corrente?

3. Comente o deslizamento numa transmissão por corrente.

4. Quando é utilizada a transmissão por corrente?

5. Comente a normalização da corrente de rolos.

68
6. Quando se utiliza a corrente dentada?

7. Qual a forma básica da polia dentada?

8. Quais os materiais apropriados para polias dentadas?

9. Quais as recomendações na montagem da transmissão por corrente?

10. Como ocorre a transmissão por correia?

11. De quais fatores depende o deslizamento da correia?

12. Comente o ângulo de abraçamento.

13. Quando não se deve usar correia plana na transmissão?

14. Qual marca não deve ultrapassar a relação de transmissão e a distância entre eixos
na transmissão por correia plana?

69
15. Comente o sentido de giro das correias.

16. Quais os materiais das correias planas e das polias?

17. Qual o limite para balancear estática e dinamicamente as polias?

18. O que garante o acionamento por correia dentada?

19. Comente as forças de transmissão e o módulo das correias dentadas.

20. Comente as correias trapezoidais.

21. Quais as características da transmissão por correia trapezoidal?

22. Comente a normalização das correias trapezoidais.

23. Comente a montagem das polias para correias trapezoidais.

70
24. Como ocorre a transmissão por roda de fricção?

25. Quando é usada a transmissão por roda de fricção?

26. Como se consegue condições favoráveis de fricção?

27. Quando as rodas de fricção são cilíndricas, cônicas ou trapezoidais?

28. Quais as vantagens e desvantagens dos acionamentos por roda de fricção?

71
EIXOS E ÁRVORES

Assim como o homem, as máquinas contam com sua “coluna vertebral” como um dos
principais elementos de sua estrutura física: eixos e árvores.

Os eixos e árvores podem ter perfis lisos ou compostos. Nesses perfis são montadas as
engrenagens, polias, rolamentos, volantes, manípulos etc.

Os eixos e as árvores podem ser fixos ou giratórios e sustentam os elementos de


máquina. No caso dos eixos fixos, os elementos (engrenagens com buchas, polias sobre
rolamentos e volantes) é que giram.

72
Quando se trata de eixo-árvore giratório, o eixo se movimenta juntamente com seus
elementos ou independentemente deles como, por exemplo, eixos de afiadores
(esmeris), rodas de trole (trilhos), eixos de máquinas-ferramenta, eixos sobre mancais.

MATERIAL DE FABRICAÇÃO

Os eixos e árvores são fabricados em aço ou ligas de aço, pois os materiais metálicos
apresentam melhores propriedades mecânicas do que os outros materiais. Por isso, são
mais adequados para a fabricação de elementos de transmissão:
• eixos com pequena solicitação mecânica são fabricados em aço ao carbono;
• eixo-árvore de máquinas e automóveis são fabricados em aço-níquel;
• eixo-árvore para altas rotações ou para bombas e turbinas são fabricados em aço
cromo-níquel;
• eixo para vagões são fabricados em aço-manganês.

Quando os eixos e árvores têm finalidades específicas, podem ser fabricados em cobre,
alumínio, latão. Portanto, o material de fabricação varia de acordo com a função dos eixos
e árvores.

TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE ÁRVORES

Conforme sua funções, uma árvore pode ser de engrenagens (em que são montados
mancais e rolamentos) ou de manivelas, que transforma movimentos circulares em
movimentos retilíneos.

73
Para suporte de forças radiais, usam-se espigas retas, cônicas, de colar, de manivela e
esférica.

Para suporte de forças axiais, usam-se espigas de anéis ou de cabeça.

As forças axiais têm direção perpendicular (90º) à seção transversal do eixo, enquanto as
forças radiais têm direção tangente ou paralela à seção transversal do eixo.

74
TIPOS DE EIXOS

Quanto ao tipo, os eixos podem ser roscados, ranhurados, estriados, maciços, vazados,
flexíveis, cônicos, cujas características estão descritas a seguir.

EIXOS MACIÇOS
A maioria dos eixos maciços tem seção transversal circular maciça, com degraus ou
apoios para ajuste das peças montadas sobre eles. A extremidade do eixo é chanfrada para
evitar rebarbas. As arestas são arredondadas para aliviar a concentração de esforços.

EIXOS VAZADOS
Normalmente, as máquinas-ferramenta possuem o eixo-árvore vazado para facilitar a fixação
de peças mais longas para a usinagem. Os eixos vazados também são empregados nos
motores de avião, por serem mais leves.

E IXOS C ÔNICOS
Os eixos cônicos devem ser ajustados a um componente que possua um furo de encaixe
cônico. A parte que se ajusta tem um formato cônico e é firmemente presa por uma
porca. Uma chaveta é utilizada para evitar a rotação relativa.

75
EIXOS ROSCADOS
Esse tipo de eixo é composto de rebaixos e furos roscados, o que permite sua utilização
como elemento de transmissão e também como eixo prolongador utilizado na fixação de
rebolos para retificação interna e de ferramentas para usinagem de furos.

EIXOS-ÁRVORE RANHURADOS
Esse tipo de eixo apresenta uma série de ranhuras longitudinais em torno de sua
circunferência. Essas ranhuras engrenam-se com os sulcos correspondentes de peças que
serão montadas no eixo. Os eixos ranhurados são utilizados para transmitir grande força.

EIXOS-ÁRVORE ESTRIADOS
Assim como os eixos cônicos, como chavetas, caracterizam-se por garantir uma boa
concentricidade com boa fixação, os eixos-árvore estriados também são utilizados para
evitar rotação relativa em barras de direção de automóveis, alavancas de máquinas etc.

EIXOS-ÁRVORE FLEXÍVEIS
Consistem em uma série de camadas de arame de aço enroladas alternadamente em
sentidos opostos e apertadas fortemente. O conjunto é protegido por um tubo flexível e a
união com o motor é feita mediante uma braçadeira especial com uma rosca.

76
São eixos empregados para transmitir movimento a ferramentas portáteis (roda de afiar),
e adequados a forças não muito grandes e altas velocidades (cabo de velocímetro).

EXERCÍCIOS
Marque com um X a única resposta correta.

1. O eixo que transmite movimento ou energia e suporta esforços chama-se:


a) ( ) árvore ou espiga;
b) ( ) eixo vazado ou árvore;
c) ( ) eixo-árvore ou árvore;
d) ( ) eixo ou espiga.

2. Os elementos de máquina são sustentados por:


a) ( ) espigas;
b) ( ) morsa;
c) ( ) barras;
d) ( ) eixos.

3. Para usinar peças longas são usadas máquinas-ferramenta com:


a) ( ) eixo-árvore vazado;
b) ( ) eixo-árvore maciço;
c) ( ) eixo vazado;
d) ( ) eixo maciço.

77
4. Os eixos podem ser:
a) ( ) flexíveis ou giratórios;
b) ( ) imóveis ou fixos;
c) ( ) fixos ou giratórios;
d) ( ) fixos ou oscilantes.

5. Os eixos e árvores podem ser fabricados em:


a) ( ) cobre, alumínio, latão, elástico;
b) ( ) chumbo, alumínio, latão, aço;
c) ( ) chumbo, aço, plástico, ferro;
d) ( ) aço, cobre, alumínio, latão.

78
CAMES

Came é um elemento de máquina cuja superfície tem um formato especial. Normalmente,


há um excêntrico, isto é, essa superfície possui uma excentricidade que produz
movimento num segundo elemento denominado seguidor.

Veja, a seguir, o came do comando de válvula.

79
À medida que o came vai girando, o seguidor sobe e desce, ou vice-versa. Veja dois
momentos desse movimento.

TIPOS DE CAMES

Os cames geralmente se classificam nos seguintes tipos: de disco, de tambor, frontal e


de quadro.

CAME DE DISCO
É um came rotativo e excêntrico. Consta de um disco, devidamente perfilado, que gira
com velocidade constante, fixado a um eixo. O eixo comanda o movimento alternativo
axial periódico de uma haste denominada seguidor.

A extremidade da haste do came de disco pode ser: de ponta, de rolo e de prato.

Extremidade de ponta Extremidade de rolo Extremidade de prato

80
CAME DE TAMBOR
Os cames de tambor têm, geralmente, formato de cilindro ou cone sobre o qual é feita
uma ranhura ou canaleta. Durante a rotação do cilindro em movimento uniforme, ocorre
deslocamento do seguidor sobre a ranhura. O seguidor é perpendicular à linha de centro
do tambor e é fixado a uma haste guia.

CAME FRONTAL
Tem a forma de um cilindro seccionado, sendo que as geratrizes têm comprimentos
variados. Durante a rotação do cilindro em movimento uniforme, ocorre o movimento
alternativo axial periódico do seguidor, paralelo à geratriz do tambor.

QUADRO COM CAME CIRCULAR


É constituído de um quadro que encerra um disco circular. Veja o funcionamento desse
tipo de came:

81
O disco (A), ao girar pelo eixo (O), com movimento uniforme, faz com que o quadro (B) se
desloque com movimentos alternados de vaivém.

QUADRO COM CAME TRIANGULAR


É constituído de um quadro retangular que encerra um disco triangular. Os lados desse
disco são arcos de circunferência.

O disco triangular, ao girar com movimento circular uniforme, conduz o quadro num
movimento alternado variado.

CAME DE PALMINHA
Palminhas são cames que transformam o movimento circular contínuo em movimento
intermitente de queda. Existem palminhas de martelo e de pilão.

82
• PALMINHA DE MARTELO
Nesse tipo de came, a distância entre os dentes do elemento condutor deve ter
dimensões que evitem a queda da alavanca sobre o dente seguinte. Portanto, é preciso
que, durante a queda da alavanca, o elemento condutor permaneça girando.

• PALMINHA DE PILÃO
Nesse tipo de came, o elemento condutor deve ser perfilado de modo que, durante o
movimento circular, a haste do pilão faça o movimento uniforme de subida e a sua
descida seja rápida.

83
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO MOVIMENTO DO CAME DE DISCO

O disco, ao girar, apresenta seus contornos excêntricos, com raios variáveis. A haste se
desloca conforme o movimento dado pela excentricidade ou pela diferença desses raios.

Veja o desenho.

Para entender melhor, analise a figura acima. Pode-se verificar que, quando o came gira
no sentido da seta A, o seguidor toca o came nos pontos 1', 2', 3', 4'..., retornando ao
ponto 1', após uma volta completa. Para obter o diagrama do came, basta retificar a
circunferência de raio 0-1 da figura anterior.

Nesse desenho, o ciclo corresponde à circunferência de raio 0-1 retificada. A linha


formada pelos pontos 1', 2', 3', 4', ... 1', corresponde à curva descrita pelo seguidor, na
qual as alturas 1-1', 2-2', 3-3', 4-4', 5-5', ... 1-1', correspondem às distâncias da
circunferência de raio 0-1 até a superfície percorrida pelo seguidor no came. Esse gráfico
é utilizado para construir o came.

84
APLICAÇÃO DOS CAMES

Os cames são aplicadas principalmente em:


• máquinas operatrizes
• máquinas têxteis
• máquinas automáticas de embalar
• armas automáticas
• motores térmicos
• comandos de válvulas

EXERCÍCIOS
Marque com um X a resposta correta.

1. No came de disco, durante o giro, a haste seguidora apresenta um movimento:


a) ( ) radial;
b) ( ) axial periódico;
c) ( ) longitudinal;
d) ( ) transversal;
e) ( ) uniforme.

2. No came de tambor, o seguidor se movimenta porque ele está:


a) ( ) preso no tambor;
b) ( ) paralelo ao tambor;
c) ( ) perpendicular ao tambor;
d) ( ) fora da ranhura do tambor;
e) ( ) soldado na ranhura do tambor.

3. Os cames podem ser utilizadas principalmente em:


a) ( ) máquinas operatrizes, máquinas têxteis e motores elétricos;
b) ( ) motores elétricos, comandos de válvulas e armas automáticas;
c) ( ) máquinas têxteis, comandos de válvulas e motores elétricos;
d) ( ) máquinas automáticas de embalar, motores térmicos e motores elétricos;
e) ( ) máquinas operatrizes, máquinas têxteis e comandos de válvulas.

85
ACOPLAMENTOS

Acoplamento é um conjunto mecânico constituído de elementos de máquina, empregado


na transmissão de movimento de rotação entre duas árvores ou eixo-árvores. Este é o
assunto deste capítulo em que serão apresentados:

• os fundamentos teóricos dos acoplamentos;


• os princípios de funcionamento dos acoplamentos;
• as diferenças entre união firme e rígida;
• os tipos de acoplamentos.

Após estudar esses conteúdos, o aluno será capaz de aplicar conhecimentos para:
• Preservar os acoplamentos, utilizando-os sem ultrapassar seus limites técnicos;
• Realizar manutenção preventiva para acoplamentos;
• Analisar o projeto ou a copra do acoplamento mais indicado para o trabalho.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DOS ACOPLAMENTOS

Os acoplamentos são empregados para transmitir movimento de rotação de uma árvore


motriz para uma árvore movida.

São constituídos fundamentalmente de suas partes, geralmente dois discos, e peças que
realizam a união entre ambas.

Essa união efetua-se por arraste de forma (pinos, ressaltos, garras, etc.) ou por arraste
de força mediante superfícies de fricção com uma força perpendicular que é normal a
elas.

86
A figura a seguir mostra um acoplamento por arraste de forma, onde o momento de giro é
transferido de árvore a árvore por força perpendicular ao eixo de simetria.

A ilustração a seguir representa um acoplamento por arraste de força, no qual o momento


de giro é transferido da árvore à roda dentada por força perpendicular ao eixo de simetria.

FUNCIONAMENTO DOS ACOPLAMENTOS

Os acoplamentos devem transmitir momentos de giro baixos e sob condições


determinadas de assentamento e rigidez.

O momento de giro é o produto da força F pela distância da alavanca l , sendo calculado


pela fórmula Md = F . l onde:

Md = momento de giro
F = força do momento de giro
l = braço da alavanca

87
A força F atua como força tangencial nos elementos de união, como esforço de
cisalhamento nos pinos, como força de aperto em garras e como força de fricção nas
superfícies de fricção. Se os elementos da união resistem a uma grande força tangencial
F, pode-se usar um pequeno braço de alavanca l .

Se o momento de giro é transferido por fricção, a força tangencial F tem de permanecer


pequena para que o disco não patine e, para compensar o resulta final, aumenta-se o
braço de alavanca, aumentando-se o disco.

O funcionamento do acoplamento depende de forma de união entre as duas partes. A


união pode ser firme e rígida, quando feita com parafusos e porcas (união por arraste de
força) ou as duas partes podem engrenar-se entre si (união por arraste de forma) nesse
caso, a união será firme mas não rígida.

A união pode ser elástica, quando se usam elementos de borracha, plástico, arame,
cintas de aço e sintéticos entre os elementos de arraste.

88
TIPOS DE ACOPLAMENTOS
A união de um equipamento motriz (motor) a uma equipamento operador (bomba d’água)
é que determina o tipo de acoplamento desejado.

Os tipos de acoplamentos se denominam rígidos, móveis, elásticos, desacopláveis


(embreagem) e especiais. Veja a figura ao lado.

ACOPLAMENTOS RÍGIDOS
Os acoplamentos rígidos unem árvores de tal forma que elas atuam como se fosse uma
única peça. São recomendados para alta rotação, necessitam de um alinhamento perfeito
e transmitem grandes momentos de giro.

Acoplamento rígido por luvas

Acoplamento rígido por disco

89
ACOPLAMENTOS MÓVEIS
Os acoplamentos móveis transmitem o momento de giro por fechamento de forma,
facilitando a acomodação de pequenas variações de deslocamento e dilatação das
árvores.

Da mesma maneira que os acoplamentos rígidos, os acoplamentos móveis transmitem


integralmente todas as irregularidades de marcha, tais como choques e movimentos
bruscos. Veja as figuras a seguir:

Acoplamento móvel de articulação com duas rótulas Acoplamento móvel de garras

Acoplamento móvel de dentes

ACOPLAMENTO ELÁSTICO
Os acoplamentos elásticos transmitem o momento de giro por fechamento de forma
mediante elementos de união flexíveis. Sua principal características é compensar
oscilação bruscas, deslocações das árvores, dilatação térmica, alojamento impreciso e
deformações nos apoios dos rolamentos (desalinhamento).

90
A parte elástica do acoplamento compensa possíveis desvios e/ou deslocações. Quando
na árvore impulsora ocorre bruscamente um grande momento de giro, aumenta
subitamente também a força tangencial que atua sobre a união elástica.

Essa força deforma as peças elásticas da união que absorvem, por um processo de
amortização, a energia que fluir. O processo consegue transmitir com maior uniformidade
o movimento de rotação.

Efeito da união elástica

Os acoplamentos elásticos podem ser de dois tipos:


• Acoplamento elásticos com capa de borracha: amortece a força tangencial e
admite desvios e deslocações das árvores.

• Acoplamento elástico de banda de arame de aço no formato de uma serpentina:


as bandas se deformam elasticamente quando há carga ou choque, amortecendo os
esforços. No acoplamento elástico de banda de arame as árvores precisam estar
alinhadas e é apropriado para transmitir momentos de giro grandes e flutuantes

91
ACOPLAMENTOS DESACOPLÁVEIS (POR EMBREAGEM)
Os acoplamentos por embreagem que trabalham por fechamento de forma só podem
acoplar-se quando estão parados e sem carga.

Os acoplamentos por embreagem que trabalham por fechamento de força podem


acoplar-se e desacoplar-se durante a marcha de trabalho e com baixa carga. Para que se
produza fricção tem de atuar sobre as superfícies de atrito uma força perpendicular Fn
(força normal) suficientemente grande. Esta força se produz mecanicamente mediante
molas, alavancas ou assento cônico ou por eletromagnetismo, hidráulica e pneumática.

Embreagens mecânicas

As embreagens mecânicas de lâminas ou aros múltiplos funcionam por fechamento de


força entre as superfícies dos aros externos contra as superfícies dos aros internos.

Todos os aros se deslocam no sentido axial e a fricção entre suas superfícies é que
proporciona o arraste.

Embreagem mecânica de lâminas

92
A embreagem eletromagnética une a árvore a uma roda dentada. Permite acionamento a
distância por cabo. Quando se conecta a corrente contínua, cria-se um campo magnético
em torno da bobina do eletroimã. Este campo magnético flui através das lâminas e atrai
firmemente o disco de aperto.

Embreagem eletromagnética de lâminas e disco

ACOPLAMENTOS ESPECIAIS
O acoplamento centrífugo e o acoplamento de sobrepasso são considerados especiais
pelo seu uso bastante específico.

No acoplamento centrífugo, quando o conjunto interior alcança um número


suficientemente grande de rotação, os pesos centrífugos se deslocam e pressionam as
sapatas contra a panela. Quando diminui a rotação, o acoplamento abre
automaticamente.

No acoplamento de sobrepasso o momento de giro é transmitido quando a parte interior


tende a rodar mais rapidamente, ocorrendo a subida das esferas ou rolos cilíndricos
pelas rampas do disco perfilado que trava contra a panela. O desacoplamento ocorre por
situação inversa.

93
JUNTA UNIVERSAL HOMOCINÉTICA
Esse tipo de junta é usado para transmitir movimento entre árvores que precisam sofrer
variação angular, durante sua atividade. Essa junta é constituída de esferas de aço que
se alojam em calhas.

A ilustração anterior é a de junta homocinética usada em veículos. A maioria dos automóveis


é equipada com esse tipo de junta.

MONTAGEM DE ACOPLAMENTOS

Os principais cuidados a tomar durante a montagem dos acoplamentos são:


• Colocar os flanges a quente, sempre que possível.
• Evitar a colocação dos flanges por meio de golpes: usar prensas ou dispositivos
adequados.

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• O alinhamento das árvores deve ser o melhor possível mesmo que sejam usados
acoplamentos elásticos, pois durante o serviço ocorrerão os desalinhamentos a serem
compensados.
• Fazer a verificação da folga entre flanges e do alinhamento e concentricidade do
flange com a árvore.
• Certificar-se de que todos os elementos de ligação estejam bem instalados antes de
aplicar a carga.

LUBRIFICAÇÃO DE ACOPLAMENTOS

Os acoplamentos que requerem lubrificação, geralmente não necessitam cuidados


especiais.

O melhor procedimento é o recomendado pelo fabricante do acoplamento ou pelo manual


da máquina. No entanto, algumas características de lubrificantes para acoplamentos
flexíveis são importantes para uso geral:
• ponto de gota - 150ºC ou acima;
• consistência - NLGI nº 2 com valor de penetração entre 250 e 300;
• baixo valor de separação do óleo e alta resistência à separação por centrifugação;
• deve possuir qualidades lubrificantes equivalentes às dos óleos minerais bem
refinados de alta qualidade;
• não deve corroer aço ou deteriorar o neopreme (material das guarnições).

EXERCÍCIOS
Responda às seguintes perguntas
1. Descreva as partes principais dos acoplamentos.

2. Quais tipos de uniões ocorrem nos acoplamentos?

95
3. Quais momentos de giro transmitem os acoplamentos?

4. Comente a fórmula Md = F . l.

5. Como atua a força F nos elementos de união?

6. Quando o momento de giro é transferido por fricção, como deve permanecer a força
F?

7. Defina a união firme, a união firme e rígida e a união elástica.

8. O que determina o tipo de acoplamento?

9. Comente os acoplamentos denominados rígidos, móveis, elásticos, desacopláveis e


especiais.

10. Comente os acoplamentos rígido por luvas e rígido por discos.

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11. Comente os acoplamentos móvel por garras, móvel por dentes e móvel de articulação
com duas rótulas.

12. Comente a deslocação axial, o desvio radial, a deslocação angular e o desvio radial
com deslocação angular.

13. Qual a função da parte elástica dos acoplamentos?

14. Como os acoplamentos elásticos transmitem o momento de giro?

15. Qual a principal característica dos acoplamentos elásticos?

16. Comente o acoplamento elástico com capa de borracha.

17. Comente o acoplamento elástico com banda de arame de aço.

18. Comente o acoplamento por embreagem.

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19. Comente o acoplamento centrífugo.

20. Comente o acoplamento de sobrepasso.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIESP/CIESP/SESI/SENAI; Fundação Roberto Marinho. Telecurso 2000 –


Mecânica: Elementos de máquinas I. Por Joel Ferreira e Nívia Gordo. Editora
Globo : São Paulo, 1995.

___________________ . Telecurso 2000 – Mecânica: Elementos de Máquinas II.


Por Joel Ferreira e Nívia Gordo. Editora Globo : São Paulo, 1995.

SENAI. Acoplamentos. Disponível no endereço extranet.sp.senai.br (Recursos


Didáticos on line). Acesso em: 27/11/2002.

SENAI. Transmissões. Disponível no endereço extranet.sp.senai.br (Recursos


Didáticos on line). Acesso em: 27/11/2002.

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