Revista 01
Revista 01
Revista 01
A criação dos Tribunais Regionais Federais teve como um de seus objetivos acelerar
a aplicação da Justiça pela repartição, por Regiões, do 2 grau de jurisdição, antes concentrado
no extinto Tribunal Federal de Recursos.
Esses Tribunais vêm se constituindo em valioso instrumento de solução de conflitos
e de garantia dos direitos do indivíduo e da sociedade, mantendo corajosamente a igualdade
das partes no processo e aplicando as leis de acordo com os fins sociais a que se destinam,
contribuindo assim, eficazmente, para a paz social, o avanço do Direito, o fortalecimento das
instituições democráticas brasileiras e a objetivação dos elevados ideais de Justiça.
A Revista, lançada na data do terceiro aniversário do Tribunal Regional Federal da 2
Região, pretende mostrar um pouco da vida e do pensamento jurídico dos seus juízes.
Espero que a divulgação da nossa jurisprudência, fruto da atuação do magistrado no exercício
da sua solitária e nobre missão, sirva de fonte de estudo e de reflexão e contribua, de alguma
maneira, para a elevação da dignidade humana.
ATOS SOLENES
Encerrou-se a Sessão às 18:45 horas, ficando adiado para as próximas Sessões o julgamento
dos processos constantes de pautas anteriores e dos pedidos de vista não julgados nesta
assentada.
Paulo Freitas Barata, filho de Aladir de Bragança Rodrigues Barata e Corina Freitas
Barata, nasceu a 21 de abril de 1940, em Belém do Pará. É casado com Lilian Lúcia Pinheiro
Barata, tendo deste matrimônio um filho, Bruno Pinheiro Barata. Bacharelou-se em Direito
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, licenciando-se, mais tarde, em
Pedagogia pela Universidade Federal Fluminense.
Possui os cursos de doutorado em Direito Privado Especializado (PUC/RJ) e de
mestrado em Filosofia da Educação (Universidade Católica de Petrópolis - RJ), embora não
possua, ainda, os graus correspondentes.
Concluiu também, cusrsos de extensão universitária sobre Política e sobre Economia
(Universidade de Brasília), recebendo prêmio pela dissertação de conclusão deste último.
Cursou a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra-ADESG, onde
foi dirigente de Grupo e apresentou trabalho sobre: o enfraquecimento da família: causas
educacionais e econômicas.
Iniciou no serviço público como Auxiliar de Portaria do Ministério do Trabalho,
cargo para o qual fora aprovado em 1 lugar em 1960. Dentro da carreira, ascendeu a diversas
categorias, chegando a Diretor de Secretaria da 8 Vara Federal do Rio de Janeiro.
Em 1974 ingressou na Magistratura como Juiz Federal Substituto na mesma Vara em que
havia trabalhado como Diretor, onde, em seguida, assumiu a titularidade e permaneceu até ser
nomeado para o Tribunal Regional Federal da 2 Região. Em 1984 ocupou a Direção do Foro,
ficando sob sua supervisão a construção do edifício anexo à sede da Seção Judiciária do Rio
de Janeiro.
Judicou, também, por curtos períodos, em Goiás, no Amazonas e no Pará, sendo
naqueles dois primeiros Estados Diretor do Foro e membro dos Tribunais Regionais
Eleitorais.
Nomeado para o TRF-2 Região, em março de 1989, Paulo Barata foi eleito
Vice-Presidente-Corregedor e Presidente, respectivamente para os biênios de 89/91 e 91/93.
Dentre suas realizações, presidiu a Comissão de elaboração de projeto da estrutura
administrativa deste Tribunal e a Comissão Organizadora e Examinadora dos 1 e 2
Concursos para Juiz Federal Substituto da Justiça Federal da 2 Região.
Como docente, lecionou Metodologia Científica e Instituições de Direito Público e
Privado na Federação das Faculdades Celso Lisboa.
Dentre as inúmeras conferências proferidas, ressaltam-se os temas ligados ao
Processo Expropriatório, Avaliação e Perícia. Em seu currículo constam ainda participações
destacadas em Congressos, Grupos de Trabalho, Fóruns de Debate e Comissões; promovendo,
entre estas, estudos visando à padronização e uniformização de impressos concernentes ao
expediente das Secretarias das Varas, à segurança e manutenção dos prédios da Seção
Judiciária do Rio de Janeiro e a padronização dos cálculos na Justiça Federal.
________SUSPENSÃO DE EXECUÇÃO DE MEDIDA LIMINAR EM
MANDADO DE
SEGURANÇA________________________________________
________DESPACHO_____________________________________________
___
________SUSPENSÃO DE
LIMINAR_________________________________
PROCESSO N 91.02.12248-0
Vistos, etc...,
O BANCO CENTRAL DO BRASIL requer, com base no artigo 12, parágrafo 1, da
lei n 7347, de 24.07.85, suspensão de liminar concedida pelo Juiz Federal da 4 Vara da Seção
Judiciária do Estado do Espírito Santo nos autos da Ação Civil Pública n 383/91, proposta
pelo Ministério Público Federal diante da União Federal e do Banco Central do Brasil.
Afirma que a liminar foi deferida nos termos da inicial, ou seja, com a ordem a
serem convertidos em cruzeiros todos os saldos em cruzados novos de que são titulares
pessoas físicas e jurídicas no Estado do Espírito Santo, com remunerações e correções que
houver, sem quaisquer limites, restrições ou obstáculos à livre movimentação dos valores
pelos beneficiários, restabelecendo-se, a critério destes, os contratos de natureza bancária ou
financeira vigentes quando da edição da mencionada lei n 8.024/90.
Sustenta que a execução da medida causará "inevitável escalada inflacionária" e
poderá "tornar inócuas todas as providências e medidas econômicas que até aqui foram
suportadas com indizível sacrifício pelo povo brasileiro, inutilizando os resultados obtidos
pelo Plano Brasil Novo".
Argumenta, ainda, que existe o perigo de grave lesão à ordem jurídica, por se tratar
de execução de liminar eminentemente satisfativa, não deixando resíduo a ser concedido em
sentença final.
O Juiz Federal entendeu presentes o fumus boni juris - por lhe parecer que a lei n
8.024/90 afrontou direitos garantidos constitucionalmente - e o periculum in mora - porque a
devolução do dinheiro bloqueado, se for feita, o será em parcelas, não recompondo o direito
violado.
Assim resumidos os fatos, diga-se, desde logo, que a decisão das questões jurídicas
em debate escapam dos limites deste procedimento.
Aqui, como na lei n 4.348/64, compete ao Presidente do Tribunal decidir se, da
execução da liminar resultará grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia
públicas.
No caso em exame, entendo que os efeitos da medida causarão grave ameaça à
economia pública pois, em um só momento e de uma só vez, colocará em circulação todos os
cruzados novos que foram bloqueados no Estado do Espírito Santo.
Não é necessário ser economista para perceber que a expansão monetária dessa
ordem de grandeza terminará por causar a aceleração da inflação, em prejuízo de todo o povo
brasileiro, inclusive dos que não tiveram cruzados novos bloqueados por não possuírem
reservas monetárias.
Por outro lado, a questão da inconstitucionalidade da lei n 8.024/90, na parte que
agora nos interessa, ainda não foi enfrentada pelo Supremo Tribunal Federal e vem sendo
decidida pelos outros Tribunais de maneira conflitante.
Assim, até mesmo por simples cautela, é de ser evitado o cumprimento de medida
liminar tão ampla e de natureza satisfativa. A execução da liminar, medida provisória por
natureza, terá efeitos de execução definitiva, porque será impossível retornar ao estado
anterior e recompor os danos.
Saliente-se, também, que o cumprimento do ato judicial representa, na hipótese,
retirar a eficácia da citada Lei n 8.024/90 no território do Estado do Espírito Santo, o que, de
certa forma, ameaça gravemente a ordem jurídica.
Diante do exposto, DEFIRO a suspensão da execução da liminar concedida pelo Juiz Federal
da 4 Vara da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo na Ação Civil Pública n 383/91.
P., I. e Oficie-se ao Juiz Federal e ao impetrante.
DESEMBARGADORA FEDERAL
JULIETA LÍDIA MACHADO CUNHA LUNZ
REGISTRO N 90.02.24239-5-RJ
________ACÓRDÃO______________________________________________
___
________RELATÓRIO____________________________________________
___
Não pode, portanto, o Poder Judiciário, por força de uma Liminar, por si só
satisfativa - que pode ser, afinal, cassada, quando do julgamento da
Segurança - subverter a ordem pública, quebrando a autonomia dos
Poderes e administrando a economia discricionária e subjetivamente.
Diante dos argumentos e fatos aduzidos, e por considerar que a liminar, por
suas conseqüências, causa, na situação atual, grave lesão à economia
pública, defiro o pedido e suspendo a sua execução, com base no art. 4,
da Lei n 4.348/64".
Em 05/12/90, TREVO - INSTITUTO BANDEIRANTE DE SEGURIDADE
SOCIAL interpôs Agravo Regimental (fls. 90/98), alegando, em síntese, que:
- "de forma compulsória", adquiriu títulos públicos configurados em Bônus
do Tesouro Nacional - BTN, instituídos pela Lei n 7.777/89, regulados por
Portaria do Ministério da Fazenda (n 170/89), sendo estes denominados
BTN's cambiais, devido à indexação, legalmente prevista, estar vinculada
ao Índice de Preços ao Consumidor - IPC, havendo cláusula alternativa de
opção, quando à época do resgate, que ocorreu em 1 de novembro
próximo passado, pela atualização cambial.
Salienta que, o Poder Público, através das Medidas Provisórias n 189/90,
195/90, 200/90, 212/90 e 237/90, introduziram novo indexador o Índice de
Reajustes de Valores Fiscais (IRVF), com eficácia retroativa, o qual
reduziu substancialmente a correção monetária que seria "legitimamente
aplicável, violando o direito adquirido e o ato jurídico perfeito", que já
havia sido fixado no documento de aquisição dos BTN's cambiais em
questão.
Continuando, diz o requerente que, o "eminente magistrado" ao conceder a
liminar, mediante o depósito judicial dos valores pertinentes à diferença
apurada entre os critérios de indexação dos títulos, garantiu o direito de
ambas as partes litigantes.
Aduz ser "cristalina" a competência do Poder Judiciário para apreciar
qualquer matéria "mormente quanto aos atos editados pelo Executivo".
Finalmente acentua que, em caso semelhante, o Egrégio Tribunal de Justiça
de São Paulo negou a aplicação retroativa da legislação que fora editada
em decorrência do Plano Bresser.
Mantive meu despacho por entender que a desobediência frontal à Lei n 8.088/90,
no contexto atual, causa, não só grave lesão à ordem pública, como também grave lesão à
economia nacional, atendendo assim o disposto no art. 4 da Lei n 4.348/64.
É o relatório.
________VOTO__________________________________________________
___
Vou iniciar meu breve e sucinto voto com a indagação, de tudo que aqui restou da
larga explanação de V.Ex, do lúcido e erudito Relatório de V.Ex, com conteúdo de política
econômica, com conteúdo jurídico e finalmente com o senão político, me cabe a indagação:
no caso presente, quando o Tesouro Nacional, o Governo Federal, colocou à venda títulos do
Bônus do Tesouro Nacional com a cláusula prevista na Lei 7.777, que faculta seja ao
tomador, seja ao investidor a opção quando da época do resgate, quem será o vilão? Se o
investidor que acorre àquele chamado e aplica o seu pouco, ou o seu muito e opulento recurso
nas mãos do Governo Federal, ou será o vilão aquele que acena com vantagens e estabelece
parâmetros diversos, visando a estimular o recurso, retirar de circulação a base monetária?
Mas quem é que gere, quem é o responsável, quem é o único responsável pela área
econômica? Decerto que não é o Poder Judiciário. Então, fico no início com essa indagação,
porque não me parece tenha ficado muito clara a posição do ora agravante, que a minha frente
se apresenta como um requerente baseado num direito que em princípio se me apresenta bom.
Pretendeu e obteve uma liminar para que o resgate de 20% daquilo que aplicou nas mãos do
Tesouro Nacional lhe fosse garantido, com base na opção que lhe acenou o art. 5 da Lei
7.777/89 já citada.
Ora, o resgate não é contestado pelo Banco Central. O Banco Central não contesta o
resgate dos 20% - e tive a ousadia de fazer um aparte ao Desembargador Federal Paulo Barata
e lhe agradeço e me penitencio - mas o Banco Central não contesta esssa circunstância. A
grave lesão, Sr. Presidente, a grave lesão, Egrégia Corte, adviria unicamente do fato desses
20% serem corrigidos, serem reajustáveis, o valor nominal desses títulos ser calculado com
base no IPC e não pela variação cambial.
Então, temos duas indagações: afinal, onde se mente? É quando se coloca o IPC
acima de um patamar que não corresponde à realidade, dando causa e uma inflação, a um
desgaste individual, social, coletivo exagerado, ou quando se falseia com uma variação
cambial que não é correta, que não reflete o valor exato, o padrão do dólar e com isso se acena
uma política paternalista ou protecionista com os importadores e exportadores. Mais ainda,
num momento em que as importações mais se alargaram no País.
É sabido que muitos bens que até então eram proibidos tiveram a importação
liberada. Então o que faz aquele que é o único responsável pela gestão da economia nacional?
Simplesmente abaixa a taxa de câmbio e data venia do Sr. Presidente, tivemos a
oportunidade de ouvir aqui que o dólar caiu. Ora, data venia, o dólar só pode cair na visão do
Tribunal, porque quem quiser hoje comprar um dólar vai pagar, seja no paralelo, seja no dólar
turismo, um absurdo, um absurdo em termos de padrão monetário para com o nosso cruzeiro
ou cruzado, ou que nome seja. Uns já até disseram que a moeda já traz em si a Cruz de Cristo,
que por isso é pesada para o povo brasileiro. Moeda, Sr. Presidente, data venia, sei muito
bem o que é. E sei mais ainda quando a tenho em mãos, quando a procuro cambiar pelos
valores que dizem que ela representa. Nesse sentido, vou pedir venia, e como não tenha o
Banco Central contestado o resgate dos 20% e sim a variação, a atualização desses títulos
pode e deve se fazer através da variação medida pelo IPC, que então se faça consoante a
legislação estabelece, esclarecendo ainda um pequeno tópico: que a defesa da ordem, da
saúde, da segurança e da economia pública é certamente obrigação, não somente dos poderes
públicos lato sensu, mas deve ser dever de todo e qualquer cidadão.
E vem refletida no art. 4 da Lei 4.348/64 ao deferir a V.Ex, enquanto Presidente
deste Egrégio Tribunal, a obrigação, dada a sua condição especial, de velar para que as
decisões judiciais não venham a atingir tais valores - os valores a que me referi: a ordem, a
saúde, a segurança e a economia pública. Ainda que em resguardo dos interesses individuais,
tais valores não podem ser postergados.
________AGRAVO REGIMENTAL EM
PRECATÓRIO_________________
REGISTRO N 90.02.16717-2/RJ
________ACÓRDÃO______________________________________________
___
________VOTO__________________________________________________
___
________APELAÇÃO
CÍVEL_________________________________________
(Argüição de Inconstitucionalidade)
REGISTRO N 89.02.08379-9 / RJ
________EMENTA________________________________________________
__
________ACÓRDÃO______________________________________________
___
________RELATÓRIO____________________________________________
___
arquivo original - set/996 - geração: notlih do valle filho - editoraçào: ramanal pimenta
A EXM SR DESEMBARGADORA FEDERAL JULIETA LÍDIA LUNZ: - Tratam
os autos de argüição de inconstitucionalidade suscitada no âmbito da 2 Turma deste Egrégio
Tribunal, nos autos da Apelação Cível n 89.02.08379-9/RJ, em que são partes a UNIÃO
FEDERAL e VICENTE SILVEIRA, com vistas à reforma da decisão prolatada pelo MM. Dr.
Juiz da 17 Vara Federal neste Estado do Rio de Janeiro, que manifestou-se pela procedência
da ação de repetição de indébito, ante a inconstitucionalidade do artigo 2 da Lei n 6.093/74
em cotejo com a Lei n 6.127/74 e a Lei n 4.117/62, que instituíram o Fundo Nacional de
Telecomunicações e seus meios de fomento.
Decidindo a questão a 2 Turma, por unanimidade, determinou a remessa dos autos a
este Plenário, para que, ouvido o Ministério Público, se pronunciasse quanto à
constitucionalidade ou não dos diplomas legais referidos.
É o relatório.
________VOTO__________________________________________________
___
A EXM SR DESEMBARGADORA FEDERAL JULIETA LÍDIA LUNZ
(RELATORA): - Cumpre analisar de per si as sustentações da apelante União Federal e neste
sentido há de se fazer uma breve digressão quanto às origens legais da sobretaxa ou
sobretarifa incidente nas quantias pagas pelo serviço de telecomunicação.
Com a Lei n 4.117/62 foi instituído o Código Brasileiro de Telecomunicações, bem
assim o Fundo Nacional respectivo, destinado à incrementação e aperfeiçoamento dos
serviços ali referidos, destinando-se a este a tarifa até trinta por cento, sobre qualquer serviço
de telecomunicação prestado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pelas
concessionárias ou permissionárias de telecomunicação etc.
A regulamentação da Lei n 4.117/62 se fez através do Decreto n 52. 026/63, que
criou o Sistema Nacional de Telecomunicações, bem assim atribuiu à EMBRATEL a
aplicação dos recursos destinados ao Fundo Nacional de Telecomunicações, cujo regulamento
se deu com o Decreto n 53.352/63, no qual foi fixado o prazo de 10 (dez) anos de
arrecadação da questionada sobretaxa. Com a edição do Código Brasileiro de
Telecomunicações, foram criadas várias modalidades de comunicação, regulamentadas
especificamente, a saber: telefonia, telegrafia, rodiofusão, radioamadorismo, serviços
especiais e serviços limitados.
De sorte que ocorreu um desenvolvimento intenso e oportuno no que diz respeito às
comunicações. Já em 1966 a Resolução n 4 do Conselho Nacional de Telecomunicações
fixou as alíquotas incidentes quanto aos serviços de telecomunicações internacionais e seu
prazo de duração 10 anos.
A Lei n 5.792/72 autorizou a criação da TELEBRÁS, em razão do que os recursos
do Fundo Nacional de Telecomunicações a ela foram destinados.
De certo que o Decreto n 70.913/72 autorizou a transformação da EMBRATEL em
sociedade de economia mista, subsidiária da TELEBRÁS, para a qual foram transferidos os
recursos do FNT - Decreto n 71.306/72.
Com a edição da Lei n 6.093/74 foi criado o Fundo Nacional de Desenvolvimento -
destinado a financiar projetos prioritários - e mais uma vez foram deslocados os recursos do
FNT, na forma do art. 2, inciso III da indigitada lei. Entretanto a mesma Lei n 6.093/74
previu a extinção do Fundo Nacional de Desenvolvimento a partir de 1982, preceituando que
os recursos a ele destinados comporiam a lei orçamentária com recursos ordinários do
Tesouro Nacional, sem qualquer vinculação.
________AGRAVOS
REGIMENTAIS_________________________________
________SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N
0015/89_____________________
PROCESSO N 89.02.14899-8
________EMENTA________________________________________
________ACÓRDÃO______________________________________________
__
Vistos e relatados estes autos em que são partes a Carteira de Comércio Exterior do
Banco do Brasil S/A e o Juízo Federal da 17 Vara/RJ.
Acordam os membros do Tribunal Regional Federal da 2 Região, por maioria,
conhecer dos Agravos, dando-lhes provimento, para cassar a decisão Agravada,
restabelecendo assim a liminar concedida do Mandado de Segurança n 89.02.0026913-5, na
forma das notas taquigráficas constantes destes autos e que ficam fazendo parte integrante do
presente julgado.
Custas como de lei.
ROMARIO RANGEL
Presidente e Relator
________RELATÓRIO____________________________________________
___
ROMARIO RANGEL
Desembargador Federal
________APELAÇÃO CÍVEL N
13981-RJ______________________________
(2 Turma)
REGISTRO N 90.02.00647-0
________EMENTA________________________________________________
__
________ACÓRDÃO______________________________________________
___
ROMARIO RANGEL
Presidente e Relator
________RELATÓRIO____________________________________________
___
Assim, por entender que de nada aproveitam os direitos se não existir quem os
ampare contra os abusos, dou provimento a apelação para que se prossiga na liquidação e
execução.
ROMARIO RANGEL
Desembargador Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
NEY MAGNO VALADARES
Ney Magno Valadares, filho de Randolfo Valadares e Garibaldina Valadares Versiani, nasceu
no antigo Distrito São Romão, hoje Município de Arinos, no Vale do Rio Urucuia, na região
do grande sertão de Minas Gerais.
Aprendeu as primeiras letras com professor particular, na fazenda de seus pais,
matriculando-se, no ano de 1947, no Curso de Admissão ao Ginásio do Colégio
Arquidiocesano do Planalto, em Formosa, Estado de Goiás.
As opções para fazer um curso regular eram limitadas, pois, na década de 1940, ainda não
havia rodovias na região, de modo que tinha de fazer a cavalo o percurso de 180 quilômetros
entre a fazenda, onde nasceu, e a cidade de Formosa.
Distingüi-se, desde logo, como um dos primeiros alunos de sua turma, tendo concluído o
curso ginasial em 1952.
Estimulado por seus professores e graças ao apoio de seus pais, transferiu-se para Belo
Horizonte, onde fez o Curso Clássico no Colégio Marconi, então dirigido pelo professor
Arthur Velloso Versiani.
Classificado em segundo lugar no Concurso Vestibular em 1956, bacharelou-se em Ciências
Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, no
ano de 1960.
Iniciou sua vida profissional em banca de advocacia própria, na Cidade de Unaí, Estado de
Minas Gerais, em março de 1961.
Nessa cidade, casou-se, em 1963, com Abgail Sady Valadares, natural de Paracatu - MG,
tendo dessa união três filhos: Carlos Magno (Engenheiro Químico e Professor), Marco
Aurélio (universitário) e Ana Carolina (9 anos).
Em 1965, foi aprovado no concurso para Advogado do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico, transferindo-se, então, para a cidade do Rio de Janeiro, onde tomou posse no
referido cargo.
Especializou-se em contratos, tendo sido chefe do Setor de Financiamentos Internos.
Classificado em segundo lugar, no concurso público para Procurador da Fazenda Nacional,
exerceu esse cargo no período de 1972 a 1976, tendo exercido a função de Procurador Geral
Substituto.
Aprovado no segundo concurso público de provas e títulos para Juiz Federal Substituto,
posteriormente transformado em cargo de Juiz Federal, exerceu a judicatura na Segunda Vara
da Seção da Justiça Federal do Rio de Janeiro, no período de fevereiro de 1976 a março de
1989, tendo sido Diretor do Foro.
Nomeado para integrar o Tribunal Regional Federal da 2 Região, em vaga destinada a
magistrado federal, tomou posse em 30 de março de 1989, exercendo, atualmente, além das
funções de Juiz, as de Presidente da Terceira Turma, membro do Conselho de Administração
e Juiz Eleitoral Substituto.
________REVISÃO
CRIMINAL_______________________________________
REGISTRO N 89.02.09872-9/RJ
________EMENTA__________________________________________
________ACÓRDÃO______________________________________________
___
NEY VALADARES
Desembargador Federal
Relator e Presidente do Julgamento
________RELATÓRIO____________________________________________
___
________VOTO
PRELIMINAR_______________________________________
________REMESSA EX
OFFICIO_____________________________________
REGISTRO N 89.02.03901-3/RJ
________EMENTA________________________________________________
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________ACÓRDÃO______________________________________________
___
________RELATÓRIO____________________________________________
___
Indeferida a medida liminar, foi notificada a autoridade apontada como coatora, que
prestou as informações de fls. 54/55, confirmando os fatos e esclarecendo que o ato
impugnado encontra amparo na Lei n 2.625, de 19 de novembro de 1975, e no Decreto n
77.919, de 25 de junho de 1976.
Dirimindo a controvérsia, o eminente Juiz Federal LUIZ NERY CABRAL, então em
exercício na 8 Vara da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, concedeu a segurança
(fls. 108/111), submetendo a sentença ao duplo grau de jurisdição.
A suspensão da execução da referida sentença foi deferida, a requerimento da União
Federal, pelo então Presidente do Egrégio Tribunal Federal de Recursos, Ministro
EVANDRO GUEIROS (fls. 114).
Inconformados com o despacho proferido no incidente de suspensão de segurança,
formularam os Impetrantes pedido de reconsideração, que foi recebido como agravo
regimental, este provido, por maioria, pelo Plenário do antigo Tribunal Federal de Recursos
(fls. 128).
Remetidos os autos com vista à ilustrada Subprocuradoria Geral da República,
opinou esta (fls. 133) pela manutenção da sentença recorrida, presumindo, na ausência de
recurso voluntário, o conformismo das partes com a mesma.
Com a extinção do Tribunal Federal de Recursos, foram os autos encaminhados a
esta Corte, sendo a mim redistribuídos em virtude do impedimento do eminente Juiz
SILVÉRIO CABRAL.
Assinale-se que, oficiando junto à Colenda Primeira Turma, o ilustre Procurador da
República, MAGNUS ALBUQUERQUE, contrariando o entendimento de seu colega do
Ministério Público Federal, opinou pela denegação da segurança (fls. 137/141), citando o
magistério de MANOEL FERREIRA FILHO, no sentido de que "a igualdade perante a lei
não exclui, em resumo, a desigualdade de tratamento indispensável em face da particularidade
de situações."
É o relatório.
________VOTO__________________________________________________
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REGISTRO N 89.02.13135-1/RJ
________EMENTA________________________________________________
__
________ACÓRDÃO______________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
__
Concedo, assim, a segurança para que a ilustre autoridade coatora marque nova data
para a posse da Impetrante.
É como voto.
NEY VALADARES
Desembargador Federal
DESEMBARGADORA FEDERAL
TANHIA DE MELO BASTOS HEINE
Tania de Melo Bastos Heine nasceu no Rio de Janeiro aos 28 de abril de 1994. Filha de Paulo
de Mello Bastos e Edelena Albernaz de Mello Bastos, casou-se, em 1965, com o Geólogo e
Engenheiro Urbano Hermann de Rocha Nery Heine.
Começou a estudar na Escola José de Alencar, concluindo o Ensino Básico no Instituto de
Educação, onde cursou o Normal. Bacharelou-se em Direito pela Universidade do Estado do
Rio de Janeiro em 1966 e logo em seguida adentrou no mercado de traba-lho como advogada
no Sindicato dos Bancários.
Freqüentou inúmeros Cursos de Extensão - entre os quais os de Direito do Trabalho, Penal,
Comercial e de Informática Jurídica; participou de seminários sobre os mais variados temas -
destacando-se os realizados na Escola Superior de Guerra e Escola Superior de Magistratura e
tomou parte de banca examinadora de concurso público para Juiz do Trabalho Substituto.
Em 1973 estudou na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde fez o curso de
especialização em Participação em Sociedades. Ainda na capital portuguesa, estagiou no
Tribunal do Trabalho, partindo em seguida para Luanda, em Angola, para estagiar também
num tribunal traba-lhista.
Aprovada em 1 lugar no concurso de âmbito nacional para Inspetor do Trabalho, exerceu o
cargo até 1976, quando obteve aprovação para Juiz do Trabalho Substituto da 1 Região e Juiz
Federal Substituto. Tendo optado por este, tomou posse em 1976 na Seção Judiciária do Rio
de Janeiro, onde, além das atividades inerentes ao cargo, foi Diretora do Foro nos anos de
1986/87/88, Relatora da Comissão para Adequação de Processamento de Dados na Justiça do
Rio e Juíza responsável pelas obras de construção dos Anexos da Seção Judiciária fluminense,
nas férias e eventuais ausências do titular.
Em 1989 foi nomeada pelo Presidente da República para compor o quadro de Juízes do recém
criado Tribunal Regional Federal da 2 Região, no qual ocupa a Presidência da 1 Turma.
Seus conhecimentos jurídicos estão presentes em trabalhos publi-cados em revistas e jornais
especializados, tendo ministrado cursos de Direito do Trabalho e Processo Trabalhista na
Fundação Getúlio Vargas e Direito Civil para concurso de Promotor Público.
Em seu currículum constam ainda participações em Encontros de Juízes, Congressos e
Jornadas de Direito.
Merecedora de inúmeros prê-mios e distinções, possui, entre outros, o Certificado de Serviços
Relevantes da Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Guanabara pela participação nos
I, II e III Censo Escolar, Homenagem da Ordem dos Advogados do Brasil pela autonomia do
Poder Judiciário e Diploma e Medalha de Honra ao Mérito, concedidos pela Associação dos
Servidores Civis do Brasil.
________APELAÇÃO
CÍVEL_________________________________________
REGISTRO N 90.02.18377-1/RJ
________EMENTA________________________________________________
__
________ACÓRDÃO______________________________________________
___
________RELATÓRIO____________________________________________
___
Relatou que fazia parte do Corpo de Oficiais Aviadores da Força Aérea Brasileira e,
em 1969, com o Posto de Tenente-Coronel Aviador, quando foi reformado, em 24 de abril do
mesmo ano, com base no Ato Institucional n 5/68, e completando tal ato arbitrário, em 30 de
abril seguinte teve seus direitos políticos cassados e proibido de exercer qualquer atividade
aérea, como tripulante de aeronave pública ou privada, em todo o Território Nacional, por dez
anos, ainda com fundamento no Ato Institucional n 5/68.
Tais Atos vieram interromper sua carreira, prosseguiu, atingindo de forma marcante
seu patrimônio, já que impediu fosse exercida a única profissão que teria condições de exercer
na vida civil, mormente por contar, à época, mais de cincoenta anos de idade, sem condições
de exercer outra atividade senão aquela para a qual estava qualificado.
Finalizou por pleitear a reparação de danos acima referenciada, para ser ressarcido
dos danos sofridos em seu patrimônio, já que os Atos que geraram tal situação feriram
preceitos constitucionais (art. 153, parágrafo 23 da Carta Magna então vigente), bem como o
artigo 75 e seguintes do Código Civil.
A União Federal contestou o pedido reportando-se a informes recebidos do
Ministério da Aeronáutica, onde foi argüida a prescrição qüinqüenal, já que, anistiado em
1979, desde então não subsistia o impedimento de recorrer, administrativamente ou ao Poder
Judiciário.
No mérito sustentava que o artigo 181 da Emenda Constitucional n 1/69 excluia os
Atos Institucionais e Complementares da apreciação judicial e que a cassação e a reforma do
autor foram precedidas de investigações procedidas na Aeronáutica, e não Atos imotivados
como quis fazer crer o autor.
A MM. Juíza Federal a quo, em decisão proferida às fls. 73/75, acolheu a preliminar
de prescrição quanto ao período anterior a 28/05/81, e julgou improcedente, pois que, com a
Lei de Anistia (Lei n 6.693/79), foi-lhe facultado exercer sua profissão e ainda, promovido,
na inatividade, ao Posto de Coronel a partir 20/07/69, com efeitos financeiros a contar de
28/11/85, data da Emenda Constitucional n 26/85.
Inconformado, o autor apelou às fls. 77/80.
Sem contra-razões.
É o relatório.
________VOTO__________________________________________________
___
DESEMBARGADORA FEDERAL TANIA HEINE (RELATORA) - O autor era
Tenente-Coronel da FAB quando, em 24/04/69, foi reformado compulsoriamente, por
motivos políticos, com base no parágrafo 1 do art. 6 do Ato Institucional n 5.
Além de ter seus direitos políticos suspensos, pelo prazo de dez anos, foi proibido
expressamente de exercer qualquer atividade aérea, como tripulante de aeronave pública ou
privado em todo Território Nacional, conforme Ato do Sr. Presidente da República, publicado
no Diário Oficial em 30/04/69.
Mesmo que tal não constasse expressamente do Ato, estaria da mesma forma
impedido, inclusive no âmbito internacional, pois o Ministro da Aeronáutica, através de duas
Portarias Secretas datadas de 19/06/64 e 01/09/66, suspendeu as concessões de licença
previstas na Portaria n 869-A-GMS, de 29/08/63, a todos os militares atingidos por atos
institucionais ou complementares. As revalidações e certificados de habilitação, também
previsto na citada Portaria, também foram negados a aeronautas e aeroviários penalizados
pelos atos institucionais. Essas Portarias se tornaram conhecidas quando foram revogadas,
após a Lei de Anistia.
É curial que, sem essa revalidação semestral, o piloto não pode exercer sua
profissão, pois é indispensável o exame de saúde, devido aos riscos da profissão.
Conforme documentos dos autos, o autor é portador de sete medalhas, inclusive pela
Campanha do Atlântico Sul durante a Segunda Guerra Mundial, além de certificados de
inúmeros cursos e elogios em sua folha de alterações.
É incontestável que o direito ao trabalho é garantia constitucional.
Em questão semelhante, cuja cópia se encontra nos autos, o direito do Piloto Militar
cassado continuar a voar, na Aviação Civil, foi apreciado pelo Supremo Tribunal Federal,
assim se manifestando o Ministro Aliomar Baleeiro.
"Para dirigir um avião, um automóvel ou um caminhão alguém tem de
provar a sua capacidade técnica: - que sabe dirigir. Um oficial que fez o
curso completo de navegação aérea, aprendeu não apenas o manejo
dos aparelhos, que hoje é mais simplificado, mas também problemas de
rotas, etc. etc., vai ao posto de tenente-coronel, presume-se, oficialmente,
legalmente, que ele sabe dirigir aviões e sabe comandá-los nas linhas
aéreas. Esse homem, por motivos políticos, foi cassado, e provavelmente
bem cassado. Acredito que, do ponto de vista ideológico, ele não convém à
FAB. Isso depende da autoridade pública que lhe cassou os direitos. Mas
ele sabe dirigir aviões e está sujeito apenas aos exames periódicos que
qualquer aviador ou piloto civil está obrigado a prestar para demonstrar
suas condições de saúde: visão, equilíbrio nervoso de reflexos, etc."
O Ministro Eloy da Rocha votou no seguinte sentido:
"Sr. Presidente, pretende o impetrante, na verdade, que lhe seja concedida,
pelo Poder Judiciário, licença, que se condiciona a requisitos estabelecidos
na lei. Os votos até agora proferidos, com exceção do eminente Ministro
Adaucto Cardoso, não admitem o pedido, tal qual formulado, pela
impossibilidade de reconhecer-se no mandado, o preenchimento, na
totalidade, daqueles requisitos. Deferem, porém, em parte, o pedido. Penso
que só se poderá deferir, parcialmente, o mandado de segurança, com o
reconhecimento de que a perda da patente, por si, não importa em
incapacidade para a pleiteada atividade do piloto, que poderá ser exercida,
cumpridos os requisitos legais. Nesse sentido, nesses termos, estou de
acordo com o voto do eminente Relator e dos eminentes Ministros que o
acompanham."
Esse acórdão, em sessão de 03/12/68, reconheceu o direito daquele autor à licença
de Piloto, consubstanciada no Certificado de Habilitação, devendo se sujeitar ao exame anual
de saúde.
Torna-se evidente que foi causado um dano ao autor, pela União Federal, sendo que se trata
de responsabilidade objetiva.
"Segundo Hely Lopes Meirelles, a fls. 611 do "Direito Administrativo
Brasileiro" (4 Edição), para que se configure a responsabilidade da ré basta
"que se demonstre o nexo causal entre o fato lesivo (comissivo ou
omissivo) e o dano, bem como o seu montante. Comprovados esses dois
elementos, surge, naturalmente, a obrigação de indenizar. Para eximir-se
dessa obrigação, incumbirá à Fazenda Pública comprovar que a vítima
concorreu com culpa ou dolo para o evento danoso. Enquanto não
evidenciar a culpabilidade da vítima, subsiste a responsabilidade objetiva
da administração."
Essa responsabilidade foi reconhecida pelos constituintes de 1988, que inseriram no
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias o parágrafo 3 do artigo 8, do seguinte teor:
"Parágrafo 3 - Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida
civil, atividade profissional específica, em decorrência das Portarias
Reservadas do Ministério da Aeronáutica n S-50-GM5, de 19 de junho de
1964 e n S-285-GM5, será concedida reparação de natureza econômica, na
forma que dispuser lei de iniciativa do Congresso Nacional e a entrar em
vigor no prazo de doze meses a contar da promulgação da Constituição.
Não tendo vindo à luz até hoje essa lei, mas reconhecido o dirieto à indenização, esta
deverá ser calculada com base no que o autor receberia na Aviação Civil, no período de
24/04/69 até a data em que foram revogadas as referidas Portarias, em 1979, como se apurar
em liquidação, através de arbitramento.
Não há que se falar em prescrição, pois a indenização diz respeito ao dano sofrido,
assim configurado pelo que o autor deixou de perceber no período em que ficou impedido de
exercer a profissão, tanto que a matéria foi objeto do atual texto constitucional.
Dou, portanto, parcial provimento ao recurso, para condenar a União Federal a
indenizar o recorrente na forma citada, acrescentando à condenação juros, correção monetária
e honorários advocatícios, que arbitro em 10% do valor da execução.
TANIA HEINE
Desembargadora Federal
REGISTRO N 90.02.19408-0/RJ
________ACÓRDÃO______________________________________________
__
TANIA HEINE
Desembargadora Federal
Presidente e Relatora
________RELATÓRIO____________________________________________
__
Alegaram que eram titulares do domínio útil dos terrenos de marinha e acrescidos,
adquiridos através de contrato de aforamento celebrado diretamente com a União Federal ou
por transferência de aforamento havida de foreiros anteriores, de acordo com o art. 101 do
Dec.-Lei n 9760/46 e que a autoridade impetrada passou a exigir a majoração dos foros
respectivos, com fundamento na Lei 7450/85 que alterou o artigo supracitado.
Liminar concedida e revogada às fls. 26.
A autoridade impetrada, em suas informações, baseou-se no ofício SPV/DG/n
514/86, acompanhado de parecer emitido pela Procuradoria da Fazenda Nacional,
sustentando a legalidade do ato impugnado (fls. 30/73).
O MPF às fls. 75/76 opinou pela denegação da segurança.
Na sentença de fls. 78/83, o MM. Juiz Federal a quo concedeu, em parte, a
segurança, afastando a incidência da Lei 7450/85 somente sobre os contratos de aforamento
formalizados anteriormente à vigência desse diploma legal, sujeitando sua decisão ao duplo
grau jurisdicional.
Inconformada, a Construtora Becman S/A apelou (fls. 87/89), o mesmo fazendo a
União Federal (fls. 97/106).
Contra-razões às fls. 108/109.
O MPF às fls. 111/112 opinou pela reforma da r. sentença monocrática.
O MPF junto a esta Corte opinou pela manutenção da decisão monocrática.
É o relatório.
________VOTO__________________________________________________
___
TANIA HEINE
Desembargadora Federal
arquivo original - set/996 - geração: notlih do valle filho - editoraçào: ramanal pimenta
________APELAÇÃO
CÍVEL_________________________________________
REGISTRO N 91.02.09644-7/RJ
________EMENTA________________________________________________
__
PROCESSUAL CIVIL - ATUALIZAÇÃO DE CÁLCULO - ÍNDICES
SUPRIMIDOS
I - A correção monetária, nos termos do artigo 1 do Decreto n 86649/81, é feita
com base na ORTN.
II - O D.L. n 2284/86 criou o IPC, transformou a ORTN em OTN e no
parágrafo único do artigo 6 determinou a sua atualização pela variação do
IPC.
III - O D.L. n 2335/87 congelou preços e salários e a Resolução n 1338/87, do
Banco Central do Brasil determinou que, a partir de agosto de 1987, o valor
nominal da OTN seria atualizado, mensalmente, pela variação do IPC, dentro
do critério do artigo 19 do D.L. n 2335/87 (segunda quinzena de um mês até a
primeira quinzena do mês seguinte).
IV - A Lei n 7730/89 extinguiu a OTN, criando-se a BTN a partir de fevereiro
de 1989, no valor de NCz$ 1,00.
V - O artigo 6 dessa Lei, ao determinar que, nos contratos de locação, se
adotasse a variação do INPC no mês de janeiro/89, demonstra claramente que
nenhum índice de correção foi adotado naquele mês.
VI - A Lei n 7777, de 19/06/89, determinou o reajuste mensal da BTN pelo IPC.
VII - A Medida Provisória n 168/90, com a redação dada pela Medida
Provisória n 172/90, no artigo 22, aplica, também, o índice do IPC para
correção da BTN, excepcionando, no parágrafo único, o critério de cálculo para
abril e maio de 1990, afastando o período do dia 16 de um mês ao dia 15 do mês
seguinte.
VIII - A correção monetária, portanto, baseando-se no IPC, não poderia ter
suprimido aquele índice nos períodos de 16/12/88 a 15/01/89 e 16/02/90
a 15/03/90.
IX - Cabível a inclusão desses índices nos cálculos de atualização.
X - Recurso provido.
________ACÓRDÃO______________________________________________
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TANIA HEINE
Desembargadora Federal
Presidente e Relatora
________RELATÓRIO____________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
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TANIA HEINE
Desembargadora Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
ALBERTO NOGUEIRA
Alberto Nogueira, filho de Epaminondas Nogueira e Eponina Vasconcelos Nogueira, nasceu a
29 de julho de 1941 em Palmeira dos <205>ndios, Estado de Alagoas. Bacharel em Ciências
Jurídicas e Sociais pela antiga Faculdade Nacional de Direito - atual UFRJ - (1966), obteve o
grau de Mestre na Universidade Gama Filho, em 1983.
A nível de pós graduação, freqüentou os seguintes cursos: "Política e Administração
Tributária", na Escola Interamericana de Administração Pública; "Tax Administration", USA,
Departamento de Estudo; Introdução à Controladoria, no Instituto Superior de Estudos
Contábeis e "Valoración Aduanera de Mercaderias", na Escuela Nacional de Aduanas em
Buenos Aires, Argentina.
Exerceu vários cargos públicos, todos mediante concurso, dentre os quais os de Fiscal de
Tributos Federais, ocupando, sucessivamente, os cargos de Inspetor, Assessor Chefe e
Delegado Substituto da Delegacia de Receita Federal do Rio de Janeiro. Como Supervisor de
Grupos de Fiscalização, trabalhou nos setores de Importação, Produtos Industrializados e
Imposto de Renda e Proventos de Qualquer natureza. Supervisionou, ainda, o Estágio para
treinamento de Técnicos de Tributação.
Como Procurador da Fazenda Nacional, foi representante deste órgão junto aos Primeiro e
Terceiro Conselhos de Contribuíntes, tornando-se, em seguida, Assessor do Procurador-Geral,
Assessor de Ministro, Assessor da Comissão de Estudos Tributários Internacionais da
Fazenda Nacional e Coordenador de diversos Grupos de Estudo.
Membro de inúmeras Comissões e Coordenador de Atividades pertinentes à Defesa Nacional,
Dr. Alberto Nogueira atuou ainda como Delegado do Brasil junto à Organização das Nações
Unidas entre 1978 e 1979, ano em que interrompeu sua militância na advocacia.
Juiz Federal aprovado em concurso público, assumiu o cargo em outubro de 1979. Lotado na
3 Vara, permaneceu nesta até sua nomeação para o Tribunal Regional Federal da 2 Região,
onde hoje faz parte da 2 Turma do Tribunal.
Participou de Seminários, Congressos e Simpósios, proferiu palestras e conferências em
diversas instituições públicas e particulares, entre as quais, CETREMFA, ESAF, FGV,
SENAC, CEJUR/RJ, PETROBRÁS, FINEP, ECT, SOUZA CRUZ e Universidades. Publicou
Estudos, Pareceres, Sentenças e Teses em Revistas Especializadas e Imprensa Oficial.
No magistério desde 1972, é atualmente Professor de Direito Tributário I e II da Universidade
Gama Filho (graduação e pós-graduação) e de Processo Tributário (pós-graduação). Membro
de Bancas Examinadoras em Concursos, dentre os quais os de Procurador da Fazenda
Nacional e Juiz Federal Substituto.
________APELAÇÃO EM MANDADO DE
SEGURANÇA_______________
REGISTRO N 90.02.19874-4
_______EMENTA_________________________________________________
__
CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. LIBERAÇÃO DE MERCADORIAS
IMPORTADAS INDEPENDENTEMENTE DE PRÉVIO RECOLHIMENTO DO
ICMS. INSRF N 54/81. CONVÊNIO ICM 66/88. EFICÁCIA DA SÚMULA N
577-STF NO VIGENTE ORDENAMENTO CONSTITUCIONAL.
1. Através do Convênio ICM 66/88, estabeleceu-se nova hipótese de incidência para
o antigo ICM, atual ICMS, em ofensa ao disposto no artigo 146, III, "a", da
Constituição Federal, que exige Lei Complementar para a fixação de norma sobre
fato gerador, base de cálculo e contribuintes.
2. O convênio a que se refere o art. 34, parágrafo 8, do A.D.C.T./88, por seu turno,
não supre essa exigência, uma vez que nele se prevê, apenas, a possibilidade de, na
hipótese de não editada "a lei complementar necessária à instituição" do ICMS,
regular-se provisoriamente a matéria.
3. Tal não significa instituir impostos, entendendo-se nessa expressão também a
fixação de fato gerador e base de cálculo.
4. De qualquer modo, o Convênio 66/88, ainda que possa ser entendido como
sucedâneo provisório da lei complementar referida no art. 34, parágrafo 8, do
A.D.C.T., não equipara o despacho aduaneiro ao recebimento da mercadoria pelo
importador, como previsto no art. 2, V, da Lei n 1.423/89 do Estado do Rio de
Janeiro.
5. A par de todas essas considerações, a exigência repelida pela Súmula n 577 do
S.T.F. é da competência dos Estados e Distrito Federal, sendo, ainda, no particular,
ilegal a INSRF 54/81, por violar o art. 7 do CTN, no qual se diz que a competência
tributária é indelegável, com ressalva de funções de mera arrecadação ou
fiscalização, dentre as quais não se
contém, de forma alguma, o poder de subordinar a liberação de mercadorias,
regularmente despachadas, à comprovação de obrigações tributárias estaduais.
6. Recurso provido, à unanimidade.
________ACÓRDÃO______________________________________________
___
________RELATÓRIO____________________________________________
__
FARMITALIA CARLO ERBA S.A., com sede em Duque de Caxias, neste Estado,
impetrou Mandado de Segurança, com requerimento de liminar, contra ato do Sr. INSPETOR
DA RECEITA FEDERAL NO AEROPORTO INTERNACIONAL DO RIO DE JANEIRO,
com o fito de despachar mercadorias importadas, independentemente de comprovação do
recolhimento do Imposto Estadual sobre Circulação de Mercadorias-ICM, como preconizado
na Instrução Normativa/SRF n 54, de 24 de julho de 1981 e Convênio ICM 66/88.
Deferida a liminar (fls. 20) e requisitadas as informações, prestou-as o Impetrado
(fls. 23/31), em defesa do ato impugnado.
Sobreveio a sentença, proferida pela eminente Juíza Federal da 20 Vara-RJ, Dra.
TANYRA VARGAS DE ALMEIDA MAGALHÃES, denegando a segurança, uma vez que,
após a Constituição de 1988, tornara-se legítima a exigência do ICMS no desembaraço
aduaneiro (fls. 34/38).
A Impetrante apelou (fls. 42/50), tempestivamente, e, com as contra-razões da União
Federal (fls. 54/55), subiram os autos a esta Corte, vindo-me por distribuição.
O Ministério Público Federal manifestou-se pelo provimento do apelo (fls. 61/63).
É o Relatório.
________VOTO__________________________________________________
___
ALBERTO NOGUEIRA
Desembargador Federal
REGISTRO N 89.02.03869-6
________ACÓRDÃO______________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
__
________VOTO__________________________________________________
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ALBERTO NOGUEIRA
Desembargador Federal
________MANDADO DE
SEGURANÇA_______________________________
REGISTRO N 90.02.24495-9
________EMENTA________________________________________________
__
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL. MANDADO DE SEGURANÇA
OBJETIVANDO A CONFERIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO A AGRAVO DE
INSTRUMENTO. LIBERAÇÃO DE CRUZADOS NOVOS DETERMINADA
POR LIMINAR CONCEDIDA EM MEDIDA CAUTELAR INOMINADA
PREPARATÓRIA. ALEGADA OFENSA AO DISPOSTO NAS LEIS Ns 8.024/90
E 8.076/90, ESTA VEDANTE DA CONCESSÃO DE LIMINARES EM
DEMANDAS QUE VERSEM SOBRE MATÉRIAS REGULADAS POR
AQUELA. INCONSTITUCIONALIDADE.
1. A liminar faz parte da própria natureza das ações protetivas de direitos ameaçados
por lesão irreparável, as quais, dela despidas, sofrem mortal amputação, que as
tornam inócuas.
2. No sistema atual, a proteção judicial se tornou mais efetiva, porquanto impede que
a lei exclua da apreciação judicial não apenas lesão a direito, mas também ameaça a
direito (CF, art. 5, XXXV).
3. Não pode, portanto, o legislador impedir que o juiz, quando provocado por quem
se sinta lesado ou ameaçado de lesão, conceda o remédio necessário à proteção do
correspondente direito, mediante liminar.
4. Duplamente fere a Constituição o legislador ao converter em lei medida
provisória, como o fez, com as Leis ns 8.024/90 e 8.076/90, por permitir a invasão
de sua competência constitucional por parte do Poder Executivo e por acobertar
infrações à Carta Magna cometidas por esse Poder.
5. Diante da afronta daqueles Poderes, só resta ao cidadão o socorro do Judiciário,
que virá da pronta atuação dos magistrados para resguardo dos direitos e garantias
fundamentais previstos na Constituição, dentre os quais figura o de propriedade (art.
5, XXIV e XXV), que, como a vida e a liberdade, é inviolável (art. 5, caput).
6. Denegada a segurança, à unanimidade.
________ACÓRDÃO______________________________________________
__
________RELATÓRIO______________________________________
ALBERTO NOGUEIRA
Desembargador Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
CLÉLIO ERTHAL
Natural de Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro, aí realizou os cursos Primário e Ginasial, no
Colégio Euclides da Cunha. Em Niterói, cursou o Científico no Colégio Bittencourt Silva, e a
Faculdade de Direito, bacharelando-se em 1957.
Recém formado, iniciou sua vida pública como vereador, em Itaocara, RJ, cumprindo
mandato legislativo de 1959 a 1962. Em seguida, foi eleito vice-prefeito do município para o
quatriênio de 1963/1966.
Em 1966, no exercício da Chefia do Departamento Jurídico do Instituto Fluminense de
Contabilidade, prestou concurso para o cargo de advogado do Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico (BNDE), classificando-se em 3 lugar. Nessa instituição,
exerceu os cargos de Assessor do Departamento Jurídico e Chefe da Divisão de Contratos,
dela se afastando em janeiro de 1973, para ocupar o Cargo de Procurador da República, em
Niterói, após concurso de âmbito nacional, no qual classificou-se em 4 lugar.
Como Procurador da República - cargo que exerceu até outubro de 1979 - representou o órgão
na Comissão Especial de Fiscalização de Entorpecentes e no Conselho Penitenciário, tendo
sido o último Chefe da Procuradoria da República no antigo Estado do Rio de Janeiro, extinta
com a fusão deste com o Estado da Guanabara.
Em outubro de 1979, ingressou na magistratura federal, mediante concurso patrocinado pelo
então Tribunal Federal de Recursos, no qual classificou-se em 5 lugar. Como juiz federal, foi
Diretor de Foro da Seção Judiciária do Rio de Janeiro por duas vezes: a primeira durante o
biênio de 1982-1983; e a segunda em 1989, quando foi nomeado para integrar o Tribunal
Regional Federal da 2 Região, recém-criado. Durante esse período, coordenou as obras de
construção do moderno edifício da Justiça Federal de 1 Instância no Rio de Janeiro (anexos I
e II na Avenida Rio Branco 241), e realizou as obras preparatórias para a instalação do
Tribunal, na rua Acre n 80.
Atualmente, integra a Primeira Turma, juntamente com os Desembargadores TANIA HEINE,
FREDERICO GUEIROS e CHALU BARBOSA, bem como o Conselho de Administração, ao
lado do Presidente do Tribunal, da Vice-Presidente Corregedora e dos Presidentes das
Turmas, além da Comissão do concurso para a escolha dos juízes federais substitutos, na
condição de suplente.
________APELAÇÃO
CÍVEL_________________________________________
REGISTRO N 89.02.10905-4/RJ
________EMENTA________________________________________________
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________ACÓRDÃO______________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
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CLÉLIO ERTHAL
Desembargador Federal
________ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EM
AMS________
REGISTRO N 90.02.07522-7/RJ
________EMENTA________________________________________________
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MEDIDA PROVISÓRIA N 22/88, CONVERTIDA NA LEI N 7.689/88.
CONSTITUCIONALIDADE.
- A Medida Provisória, desde que convertida em lei, pelo Congresso Nacional, é
instumento hábil para criar ou extinguir tributo;
- A instituição da contribuição social de que trata o art. 195 da Constituição Federal
independe de lei complementar, porque a norma constitucional definiu o fato
gerador, o sujeito passivo e a base de cálculo da exação;
- O fato de ter a contribuição social idêntico fato gerador e base de cálculo igual ao
do imposto de renda não viola o disposto no art. 154, I da Constituição;
- Foi observado o princípio da anterioridade, porque a Medida Provisória foi editada
em 06/12/88 e convertida em Lei em 15/12/88, incidindo sobre fato gerador
pendente e tornando-se operante após o interregno de 90 dias.
- Argüição de inconstitucionalidade rejeitada.
________ACÓRDÃO______________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
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É certo que a Constituição Federal, em seu artigo 150, item III, letra a, veda a
cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei
que os houver instituído ou aumentado. Mas, como já referido, tanto a Medida Provisória n
22 como a Lei n 7.689, em que foi transformada, entraram em vigor ainda em dezembro de
1988, quando o fato gerador da Contribuição, ou seja o lucro das empresas no decorrer desse
mesmo ano, não havia se completado, estando ainda pendente. E nesse caso, podia ser
alcançado pela norma, tal como pela legislação referente ao Imposto de Renda, embora com a
sua eficácia postergada para 6 de março de 1989.
Por todas essas considerações, voto no sentido da rejeição da argüição de
inconstitucionalidade da Medida Provisória n 22, de 06/12/88 e da Lei n 7.689 de 15/12/88.
CLÉLIO ERTHAL
Desembargador Federal
REGISTRO N 91.02.07503-2/RJ
________EMENTA________________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
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À vista desse dispositivo constitucional, outra tem que ser a orientação do aplicador
da lei. Afinal, foi o próprio legislador constituinte que afastou a aplicação do Decreto-Lei n
406/68, que vinha regulando o ICM, para cometer aos Estados competência legislativa, ainda
que provisória, para disciplinar a matéria.
Dir-se-ia que a Lei Complementar n 24/75, referida no texto constitucional acima
transcrito, só autorizou os Estados a celebrarem convênios para concessão de isenção, anistia,
remissão, transação, moratória, parcelamento de débitos fiscais e ampliação do prazo de
recolhimento do ICM, sem tocar no fato gerador. E é verdade. Mas, pela forma com que o
novo texto se apresenta, parece que a delegação concedida aos Estados e ao Distrito Federal
para regularem provisoriamente o imposto em sua nova feição, tem sentido mais amplo.
Inclusive para regular o ICMS em toda a sua complexidade, compreendendo a definição do
fato gerador, sujeição passiva, forma de recolhimento e os conhecidos casos de suspensão,
extinção e exclusão do crédito tributário.
Se fosse propósito do legislador limitar a delegação aos casos já tratados na Lei
Complementar n 24/75, não precisaria dizê-lo, sobretudo no contexto das Disposições
Contitucionais Transitórias, já que o diploma em questão, por si, atenderia, como de fato já
atende, a esse objetivo. Donde se conclui que, a partir da Constituição de 1988, segundo a
dicção do dispositivo transitório, os Estados podem, mediante convênio porteriormente
adotado por suas próprias leis, reformular provisoriamente toda a sistemática do antigo ICM,
inclusive quanto à materialidade do fato gerador e ao momento da exigibilidade do tributo.
Como os Estados já celebraram o Convênio previsto no artigo 8 do ADCT
(Convênio ICM 66/88), autorizando a exigibilidade antecipada do imposto, tenho, pois, como
legítima a disposição contida no artigo 2, inciso V, parágrafo 6 da Lei Estadual n 1423, de
27 de janeiro de 1989, promulgada com base no referido Convênio, segundo a qual
Art. 2 - O fato gerador do imposto ocorre:
..............................................................................................................
V - No recebimento pelo importador de mercadoria ou bem importado do
exterior.
.............................................................................................................
Paragráfo 6 - O despacho aduaneiro caracteriza o recebimento, pelo
importador, de mercadoria ou bem importados do exterior, na hipótese do
inciso V".
Assim, entendendo que até que seja editada a Lei Complementar que há de regular
definitivamente a matéria, o fato gerador não mais se corporifica com a entrada material da
mercadoria no estabelecimento do importador, mas com o recebimento dela por este, e que o
legislador pode considerar como recebimento o despacho aduaneiro que o autoriza, tenho na
conta de legítima a exigência da autoridade fiscal, no caso vertente, já que as guias de
importação datam de fevereiro de 1990, quando já vigente as normas acima referidas.
Pelo que, dou provimento à apelação para reformar a sentença impugnada.
É como voto.
CLÉLIO ERTHAL
Desembargador Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
ARNALDO ESTEVES LIMA
Filho de Odilon Esteves Lima e Maria Salvino Otoni, nasceu aos 7 de julho de 1944, em
Novo Cruzeiro, Minas Gerais (Vale do Jequitinhonha-MG). Casado com Maria José Perpétuo
Lima, tem um filho, João Paulo.
Bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1972, ocasião em
que lhe foram conferidos os Prêmios Professores "RAFAEL MAGALHÃES" e "CÃNDIDO
NAVES", tendo se destacado como melhor da Turma em Direito Processual Civil.
Estagiando, durante um ano e oito meses, no Departamento de Assistência Jurídica, daquela
Faculdade, foi homenageado com o diploma de "Honra ao Mérito".
Em 1972, foi um dos representantes do corpo discente da Faculdade de Direito da U.F.M.G.,
em congresso sobre Direito do Trabalho e Previdência Social, realizado pela Faculdade de
Direito da U.F.R.N., em Natal/RN, oportunidade em que foi relator da tese: "O FGTS como
Direito Econômico".
Aprovado nos diversos concursos dos quais participou: 18 lugar, para o cargo de Inspetor do
Trabalho, do MTB (1975); 13 lugar, para Procurador Autárquico/Assistente Jurídico - DASP
-; 2 lugar, para Defensor Público do Ministério Público do D.F.T.; 18 lugar, para ingresso na
carreira do Ministério Público de São Paulo; 2 lugar, Juiz de Direito Substituto da Justiça do
Distrito Federal (1979); 4 lugar, para Procuradoria da República, do Ministério Público
Federal (1979); 9 lugar, no 1 concurso para Juiz Federal, realizado pelo eg. Conselho da
Justiça Federal (1979).
Optando pela Magistratura Federal, iniciou sua carreira na 2 Vara da Seção Judiciária do
Paraná, em 1979. No ano seguinte, requereu remoção para a Seção Judiciária de Minas
Gerais, sendo lotado na 1 Vara, assumindo, em 1984, a titularidade da 6 Vara.
Participou de inúmeros Congressos, Ciclos de Estudo, e Simpósios, sempre em busca do
aprimoramento profissional.
Dentre suas atividades docentes, lecionou: em Brasília, por indicação do CETREMEC/MEC,
em curso preparatório às provas visando a inclusão de servidores no novo Plano de
Classificação de Cargos (1975/76); na Faculdade de Direito da UDF, também em Brasília,
Teoria Geral do Processo (1 semestre de 1979); em Belo Horizonte, as cadeiras de Direito
Civil e Direito Processual Civil, na Faculdade de Direito Milton Campos (a partir de agosto
de 1981).
Prosseguindo na Magistratura Federal, foi nomeado, após indicação unânime dos Ministros do
então e eg. Tribunal Federal de Recursos, pelo Sr. Presidente da República, para compor o
Tribunal Regional Federal da 2 Região, empossando-se em março de 1989, vindo integrar a 3
Turma.
Eleito, em 11/04/1991, pelo Plenário, desta col. Corte, para presidir a Comissão de
Jurisprudência, e exercer a Direção da sua Revista de Jurisprudência, no biênio em curso.
REGISTRO N 89.02.14237-0/RJ
________EMENTA________________________________________________
__
________RELATÓRIO______________________________________
________VOTO__________________________________________________
___
1. Conheço do recurso, porque presentes se fazem os seus requisitos de
admissibilidade.
2. O v. acórdão (fl. 74), parcialmente embargado, da lavra da il. DES. FED. TANIA
HEINE, contém a seguinte
"EMENTA
ADMINISTRATIVO - APOSENTADORIA - ART. 180 DA LEI N
1711/52.
I - Funcionário público que exerceu por mais de vinte anos funções
comissionadas, mesmo que não se encontrasse no exercício do cargo em
comissão da função gratificada ao se aposentar, faz jus ao disposto no art.
180, letra b da Lei n 1.711/52.
II - Direito a incorporação da gratificação de maior padrão
(LT-DAS-101.3), já que percebida por mais de dois anos (parágrafo 1 do
artigo 180 da Lei n 1.711/52).
III - Correção monetária calculada a partir da data do ajuizamento da ação,
na forma da Lei n 6.899/81.
IV - Recurso provido."
3. O dissenso que ensejou a interposição, forte no art. 530, do CPC, deste Recurso,
ocorreu apenas no tocante ao termo a quo de incidência da correção monetária. Para a
Relatora, dever-se-ia aplicar a orientação cristalizada na Súmula n 71, do então e Eg. TFR;
enquanto que, para os votos vencedores, no particular, a mesma deverá ser calculada "...a
partir da data do ajuizamento da ação, na forma da Lei n 6.899/81".
4. Há precedente específico, deste Eg. Plenário, a confortar a pretensão.
4.1 - Refiro-me, com efeito, ao v. acórdão que resultou do julgamento dos Emb. Inf.
em AC n 89.02.03878-5, relatado pelo em. Des. Fed. D'ANDRÉA FERREIRA, sendo
Embargante WELLINGTON MOREIRA PIMENTEL e Embargada a UFRJ, com a seguinte
"EMENTA
Liquidação de sentença de revisão de enquadramento de funcionário
autárquico. Apelação. Início da fluência da correção monetária a contar das
datas de pagamento, com erro, do estipêndio do Embargante, a partir
daquela revisão. Utilização, como índice, da variação do salário mínimo,
até o ajuizamento da ação; incidindo, desde então, o disposto na Lei n
6.899, de 8/04/81." (DJU-II, de 24/04/90, p. 7656).
4.2 - É certo que em tal caso houve ponderáveis votos vencidos. Aderi, na
oportunidade, com toda a venia, à corrente majoritária porque, efetivamente, tendo em vista a
natureza tipicamente alimentar dos vencimentos e, levando em conta, por outro lado, que a
correção monetária objetiva, tão-só, restaurar o poder aquisitivo da moeda, subtraído pela
inflação, não seria justo e nem jurídico deixar de aplicá-la em casos tais. A rigor, por sua
finalidade, que é proporcionar a subsistência do alimentando e sua família, tal verba tem
nítida conotação de dívida de valor, à qual a jurisprudência, muito antes do advento da Lei n
6.899/81, determinava a incidência da atualização monetária.
4.3 - A propósito, eis o seguinte e v. acórdão do Eg. STF (RE n 97.264-1/RJ, Rel.
Min. MOREIRA ALVES, 2 T.,unânime, in DJU de 03/09/82, pág. 8503), com a seguinte
"EMENTA: Correção monetária
Tendo o aresto recorrido concedido correção monetária com base na teoria
da dívida de valor, em conformidade com a jurisprudência do STF, não
aplicou ele retroativamente a Lei n 6.899-81 - Essa lei não veio impedir a
fluência da correção monetária nos casos em que, anteriormente, já era
admitida, mas, sim, estendê-la a hipóteses a que essa correção não se
aplicava - Dissídio de jurisprudência não demonstrado. Recurso
extraordinário não conhecido."
5. CONCLUSÃO
Por tais razões, recebo os Embargos para, com a devida venia, reformar, na parte
recorrida, o v. acórdão embargado, para que prevaleça, também no tocante à correção
monetária, o r. voto vencido, com sua incidência, sobre as diferenças atrasadas, na forma da
Súmula n 71-TFR, até a data do ajuizamento da ação, a partir daí, segundo critério
preconizado pela Lei 6.899/81 (fl. 63).
É o meu voto.
ARNALDO LIMA
Desembargador Federal
________REMESSA "EX
OFFICIO"___________________________________
REGISTRO N 90.02.21767-6/RJ
________EMENTA________________________________________________
__
________ACÓRDÃO______________________________________________
__
________RELATÓRIO______________________________________
________VOTO__________________________________________________
___
5.1. Comparativamente com a CF/67, art. 117, a inovação -- tímida, aliás -- consistiu
na exceção dos créditos alimentares que, para determinada corrente exegética, não se
sujeitariam ao rito do precatório para o seu pagamento; enquanto que, para outra corrente,
submeter-se-iam a tal procedimento, não se sujeitando apenas à observância da ordem
cronológica de sua apresentação. Numa linguagem popular, se me permitem, teriam o direito
constitucional de "furar a fila" dos demais precatórios. Não há, ainda, consenso no exato
alcance de tal exceção. Por se tratar de preceito constitucional, a inteligência última e
definitiva tocará à Excelsa Corte, guardiã-mor da Carta Magna, ut art. 102, da mesma.
6. Em princípio -- e lamentando fazê-lo, diga-se de passagem, pois em desarmonia
com a sugestão que fizemos nos albores, ainda, da nova Lei Máxima -- em face de tal
preceito, a exegese que nos parece mais consentânea é a segunda, qual seja, que a garantia
assegurada aos créditos alimentícios consiste, apenas, no direito de inobservarem a ordem de
apresentação dos respectivos precatórios; em suma, podem "furar a fila", nada mais. É claro
que a Fazenda Pública, espontaneamente, poderá pagá-los diretamente, observada a legislação
aplicável. Não é obrigada a fazê-lo, ex vi legis.
6.1. A propósito, elucidativo se apresenta o seguinte e v. acórdão da 1 Turma do Eg.
TRF-5 Região, cujo relator designado foi o Exmo. Sr. Juiz ORLANDO REBOUÇAS, vencido
o originário, Exmo. Sr. Juiz CASTRO MEIRA, quando do julgamento do AI n 655 - PE, com
a seguinte
"EMENTA
CONSTITUCIONAL. PRECATÓRIO. CRÉDITOS DE NATUREZA
ALIMENTÍCIA. PRIORIDADE NOS PAGAMENTOS. ART. 100 DA
CF/88.
- Tratando-se de créditos alimentícios devidos pela Fazenda Pública, a
exceção que o art. 100 da Constituição de 1988 preconiza não é a da
dispensa da requisição dos respectivos pagamentos através de precatórios,
e sim que eles sejam excluídos da regra geral ali prevista, dos pagamentos
de todos os créditos pela ordem cronológica de apresentação dos
precatórios. Tanto é que os parágrafos 1 e 2 do citado artigo obrigam as
entidades de direito público a incluírem em seus orçamentos as verbas
necessárias ao pagamento de seus débitos "constantes de precatórios
judiciários", cujas dotações serão consignadas ao Poder Judiciário.
Nenhuma previsão, portanto, existe acerca de dotações para pagamentos de
créditos alimentícios diretamente aos interessados. Por isto, há de
concluir-se que a regra geral não comporta outra exceção, a não ser de
priorizar os créditos de natureza alimentícia, que deverão ser satisfeitos por
precatórios, antes de quaisquer outros.
- Agravo a que se nega provimento." (DJU - II de 28/09/90, p. 22732).
6.2. Observe-se que o il. Consultor da República, DR. ALEXANDRE CAMANHO
DE ASSIS, emitiu bem elaborado Parecer CS-10, aprovado pelo titular daquele órgão,
publicado no DOU de 22/05/90, pág. 9752/3, no qual sustenta a mesma tese, abroquelado,
inclusive, na sistemática imposta pelo princípio republicano, em que "... não se faz gasto
estranho a quanto tenha sido previsto na lei orçamentária, anualmente elaborada (artigo
165-III e parágrafos 5 a 8 da Constituição de 1988),...". Princípio que ficaria postergado se
adotada interpretação diversa.
7. Como se vê, a matéria ressente-se, ainda, de interpretação definitiva. Em
princípio, reitere-se, filio-me à segunda corrente, como já salientado, embora a contragosto,
mas fiel a meu dever de Magistrado.
8. CONCLUSÃO:
Ante o exposto, provejo, parcialmente, a REO para reformar a r. sentença, na parte
enfocada.
É o meu voto.
ARNALDO LIMA
Desembargador Federal
________AGRAVO DE
INSTRUMENTO_______________________________
REGISTRO N 90.02.24586-6/RJ
________EMENTA________________________________________________
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________ACÓRDÃO______________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
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ARNALDO LIMA
Desembargador Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
HENRY BIANOR CHALU BARBOSA
Nascido na cidade de Paris, França, em 3 de setembro de 1934, filho de Enéas Barbosa e de
Jeanne Marie Andrée Chalu Barbosa, Henry Bianor Chalu Barbosa chegou ao Brasil antes de
atingir a maioridade e optou pela nacionalidade brasileira.
Cursou o Primário no Instituto "St. Joseph de Cluny", Caiena, Guiana Francesa e o Ginasial e
Colegial no "Lycée Félix Eboué" na mesma cidade. Prestou "Baccalauréat" perante banca da
"Université de Bordeaux"; diploma revalidado no Colégio Pedro II do Rio de Janeiro.
Bacharelou-se em Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Gama Filho,
formando-se também em Gerência Financeira, através do XVIII Curso do Instituto de
Administração e Gerência da PUC-Rio.
Possui diversos cursos de Especialização nas Faculdades Integradas Estácio de Sá (Direito do
Trabalho e Processual do Trabalho, Comercial, Penal, Processual Civil e Direito
Previdenciário).
Iniciou na Administração Pública como Oficial de Chacelaria do Itamaraty, em 1968, para o
qual logrou aprovação em concurso. Em 1975 passou, em 6 lugar, na prova de Inspetor do
Trabalho, função que exerceu na Delegacia do Trabalho Marítimo do Rio de Janeiro.
Em 1979 prestou concurso para Procurador da República e Juiz Federal. Aprovado em ambos,
optou pelo último, assumindo o cargo de Juiz Federal na Seção Judiciária de Pernambuco,
com posterior remoção para o Rio de Janeiro.
Entre outras atividades, foi Diretor-Superintendente da Mineração da Amazônia Comércio e
Indústria S.A. e da Eletrometais Parecis S.A., jornalista e escritor; tendo ainda exercido a
advocacia cívil, comercial, trabalhista e criminal com militãncia no Rio de Janeiro.
No Magistério, além de ter sido Professor da Alliance Francaise é docente da Faculdade de
Direito da Universidade Federal Fluminense desde julho de 1974, onde leciona Direito
Processual Civil como Professor Adjunto do Departamento de Direito Processual e Prática
Forense. Nesta instituição foi Membro de inúmeras Bancas Examinadoras, Paraninfo, Patrono
e Homenageado de várias turmas de formandos.
Teve efetiva participação em Congressos Jurídicos, cujos temas vão desde o direito trabalhista
a outros de interesse da classe de Magistrado e, como escritor, publicou o livro: "Primeiro
Semestre de Direito Processual Civil", e o trabalho "Natureza jurídica do contrato entre
Armadores e Pescadores" bem como diversas obras de ficção pela Rio Gráfica Editora e
Artenova. Ademais, possui vários trabalhos publicados na Revista da Associação dos Juízes
Federais.
________HABEAS CORPUS N
91.02.15921-0/RJ________________________
________EMENTA________________________________________________
__
________ACÓRDÃO______________________________________________
___
Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas:
Decide a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da Segunda Região, por
unanimidade, denegar o pedido de habeas corpus, nos termos do relatório e voto constantes
dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Custas, como de lei.
________RELATÓRIO___________________________________________
________VOTO__________________________________________________
___
CHALU BARBOSA
Desembargador Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
VALMIRMARTINS PEÇANHA
O Juiz Valmir Martins Peçanha nasceu na cidade de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro, aos
22 de abril de 1935, filho de Valmir de Almeida Peçanha e Perpétua Martins Peçanha. Cursou
o primário em sua cidade natal, tendo concluído o 1 e 2 graus no Colégio São José, nesta
cidade, bacharelando-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
em 1961.
Enquanto estudante, trabalhou na Administração Pública, no Departamento de Patrimônio do
antigo Estado do Rio de Janeiro, estagiando, também durante sua vida universitária, no Centro
de Assistência Judiciária da PUC-RIO. Freqüentou cursos extra-curriculares ministrados no
Instituto dos Advogados do Brasil e no Tribunal Regional Eleitoral. Exerceu durante vinte
anos intensa atividade advocatícia, inclusive como advogado de instituições financeiras.
Foi membro da Comissão Jurídica Bancária do Sindicato de Bancos do Rio de Janeiro entre
1978 e 1982. Ingressou na Magistratura Federal em 1 de abril de 1982, indo ocupar a
titularidade da 4 Vara Federal II da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul, sendo removido, a
pedido, em 1983 para a 2 Vara II da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, de cujo
desdobramento resultou a atual 11 Vara da Seção Judiciária desta Capital. Foi designado Juiz
em Auxílio à Direção do Foro da Seção Judiciária deste Estado a partir de julho de 1988.
Designado Vice-Diretor do Foro da mesma Seção Judiciária a partir de janeiro de 1989.
Designado, ainda, como Membro da Comissão de Instalação do Tribunal Regional Federal da
2 Região, com sede nesta Capital, por ato do então Exmo. Sr. Ministro Vice-Presidente do
Conse-lho da Justiça Federal, em dezembro de 1988. Nomeado como Membro desta Colenda
Corte por ato do Exmo. Sr. Presidente da República em 22 de março de 1989, compondo a
sua Terceira Turma.
_______APELAÇÃO CRIMINAL ___________________________________
REGISTRO N 89.02.02115-7 - RJ
_______EMENTA___________________________________________
_______ACÓRDÃO_______________________________________________
___
_______VOTO___________________________________________________
___
VALMIR PEÇANHA
Desembargador Federal
_______APELAÇÃO
CÍVEL__________________________________________
REGISTRO N 89.02.00349-3
_______EMENTA_________________________________________________
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_______RELATÓRIO_____________________________________________
__
Com base nesta Emenda Constitucional, foram expedidas as Portarias, cujas cópias
estão às fls. 80/81, promovendo os autores para a graduação de suboficial e, nesta graduação,
transferindo-os para a reserva, com a remuneração correspondente, a partir de 28/11/85.
Dizem, entretanto, os apelantes, às fls. 83, que essas Portarias nada acrescentam,
nem modificam seus direitos.
Ora, tal não é exato. Com elas tiveram os apelantes atendida sua pretensão e este
atendimento viabilizou-se mercê da promulgação da Emenda Constitucional acima
mencionada.
No meu entender, agora, resta apenas examinar o pedido no que concerne à data da
transferência para a reserva remunerada, eis que as mencionadas Portarias de fls. 80/81
surtiram efeito a partir de 28/11/85, e a pretensão dos apelantes remonta à data anterior.
Acontece, porém, que o parágrafo 5 do art. 4 da aludida Emenda Constitucional n
26, antes transcrito, estabeleceu como termo inicial para produção de efeitos financeiros a
promulgação da Emenda, o que ocorreu em 28/11/85 (D.O.U. de 28/11/85).
Impossível, pois, cogitar-se de outra data para a transferência para a reserva
remunerada na graduação de suboficial.
Face ao exposto, voto no sentido de se conhecer e negar provimento à apelação.
VALMIR PEÇANHA
Desembargador Federal
_______AGRAVO DE
INSTRUMENTO________________________________
REGISTRO N 90.02.15063-6 - RJ
_______EMENTA_________________________________________________
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_______ACÓRDÃO_______________________________________________
__
_______RELATÓRIO_____________________________________________
___
A propósito, observe-se, ainda, que não existe, nos autos, alegação de que os
honorários da sucumbência tocariam, por força de acordo ao cliente. O que se diz é que tais
honorários seriam partilhados pelos agravantes com advogados que teriam funcionado na
Instância Superior. Se entendimento existiu a tal respeito, é matéria estranha a estes autos.
Por fim, noto que, pelos elementos integrantes deste recurso, os agravantes atuaram
nos autos da ação principal até a apresentação, inclusive, das razões de apelado, no derradeiro
recurso interposto pela CEF, em que se discutiu a forma de correção monetária (fls. 52 a 61).
Por último, cumpre ainda observar que não há suficiente demonstração de que os
agravantes tenham retido, indevidamente, importância pertencente ao seu antigo cliente.
Se, acaso tal fato houver ocorrido, sem dúvida poderá o espólio de Oscar Bertino de
Almeida Oliveira acionar os agravantes, bem como contra os mesmos representar perante o
órgão de classe.
Porém, sem uma comprovação de tal conduta irregular, outra alternativa não se
apresenta senão a de dar provimento ao presente agravo, para cassar a decisão agravada e
autorizar o levantamento pleiteado pelos agravantes, através do competente alvará, que deverá
ser, oportunamente, expedido pelo MM. Juízo de 1 Grau, nos autos principais.
É como voto.
VALMIR PEÇANHA
Desembargador Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
CELSO GABRIEL REZENDE PASSOS
Celso Gabriel de Resende Passos nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, a 28 de março de
1927. Filho de Gabriel de Resende Passos e Amélia Gomes de Resende Passos, casado com
Marilda Mello de Rezende Passos. Fez o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena, em
Belo Horizonte, o curso ginasial no Colégio São José (Internato), no Rio de Janeiro, e
concluiu o Clássico no Colégio Andrews no Rio de Janeiro, cidade onde graduou-se em
Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, em 1950, sendo eleito
orador da Turma. Em 1952, doutorou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Paris
como bolsista do Governo Francês.
Advogado militante desde 1950, membro do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil (1979 a 1987) e do Instituto dos Advogados Brasileiros, Celso Passos foi Vice-
Presidente da Union Internationale des Avocats e membro da Comissão da Terra do
Conselho Federal da OAB para visitas às áreas de conflito relativo à Reforma Agrária.
Como correspondente estrangeiro do jornal "Vanguarda" do Rio de Janeiro, cobriu os
trabalhos da primeira Assembléia Geral da O.N.U., realizada em Paris, e durante os dois anos
seguintes manteve coluna sobre fatos diversos, a partir da capital francesa, onde residiu até
sua volta ao Brasil, em 1953.
Em 1955 ingressou no serviço público federal como Assistente de Procurador Geral da
República e, sucessivamente, Procurador-Adjunto, Procurador da República de 3, 2 e 1
Categoria. Promovido a Subprocurador-Geral, exerceu as funções de Procurador-Chefe da
Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro.
No Poder Executivo, foi Chefe do Gabinete do Ministro das Minas e Energia, pasta em que
atuou posteriormente como Secretário de Estado e Ministro.
No Legislativo, elegeu-se Deputado Federal em Minas, em 1962, reelegendo-se em 1966. No
exercício parlamentar ocupou a Vice-Presidência da Comissão das Minas e Energia e da
Comissão de Inquérito que investigou a compra da American Foreign Power. Em outras
Comissões Parlamentares, na condição de Relator, estudou e examinou o problema da
siderurgia e energia atômica no Brasil, assim como a instalação de centrais nucleares.
Em março de 1989, foi nomeado na vaga do Ministério Público para integrar o Tribunal
Regional Federal da 2 Região, onde hoje é membro da 3 Turma e da Comissão do Regimento
Interno.
Entre seus trabalhos publicados destacam-se "Liberdade Valor Perene" (1950), "O
Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais" e "A Política do Minério de Ferro", ambos editados,
em 1964 e 1965 respectivamente, pela Câmara dos Deputados e "Comentários à Constituição
Federal, editado em 1989 pelas Edições Trabalhistas, além de vários trabalhos publicados na
Revista da Ordem dos Advogados do Brasil (Conselho Federal).
Como Procurador da República seus trabalhos de maior ressonância estão entre os Pareceres
em Mandado de Segurança (Intervenção e Liquidação de empresa do Grupo Delfin - 1984;
Área de Preservação Ecológica, duna de Cabo Frio - 1984; Incompetência da Justiça Federal
para julgar mandado de segurança de servidores do TRT contra seu Presidente - 1984 e
Sistema Financeiro da Habitação - 1985) Ressaltam-se ainda : Promoção em Ação de
Nunciação de Obra Nova (cabimento de ação, quando interposto pela União Federal - 1984;
Razões de Apelação (Pensão Militar - 1984) e Contestação à ação ordinária (Lei do Selo -
1960).
REGISTRO N 89.02.01725/7
________EMENTA__________________________________________
________ACÓRDÃO______________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
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O Exmo. Sr. Desembargador Federal CELSO GABRIEL DE REZENDE PASSOS
(Relator): Cumpre notar que já a Carta Magna de 1969, em seu artigo 153, parágrafo 8,
assegurava a livre manifestação do pensamento independentemente de censura prévia,
despontando de forma cristalina do mencionado diploma legal, que não careceria de licença
da autoridade a publicação de livros, jornais e periódicos, somente exigível relativamente a
diversões e espetáculos públicos.
Como se verifica, em relação às manifestações do pensamento em geral, não foi o
Poder Público autorizado a violar ou constranger consciências para ditar-lhes os parâmetros
de sua divulgação, antes de tornadas do conhecimento público as idéias que teriam inspirado a
edição do texto publicado pelo autor.
A admitir-se tal interferência, sobremaneira ilógica, irracional mesmo, seria o tão
anômalo procedimento que, inclusive, implicaria em cerceamento da liberdade de expressão,
com a evidente e inconcebível quebra do ineditismo de que, necessariamente, há de se revestir
toda e qualquer obra literária.
Para prevenir eventuais abusos, é que nos termos da Lei foi prevista a apuração de
responsabilidade; logo, impossível antecipar-se tal responsabilidade antecedentemente à
constatação ou não do abuso praticado. Não dependendo a edição da obra de qualquer licença
para tanto, não há como se entender e admitir "censura prévia"...
Vale referir, em abono a esse entendimento, o que ensina o insigne PONTES DE
MIRANDA, in "Comentários sobre a Constituição Federal", tomo V, 1968, págs. 141, 151 e
153, verbis:
"A cesura prévia (pré-censura) só se permite em se tratando de espetáculos
e diversões públicas, isto é, não se conhece censura de livros, revistas e
periódicos."
Também RUY BARBOSA, em ensinamento sobremodo oportuno, não deixou
dúvidas quanto à liberdade do exercício do direito, senão prevendo sua sanção tão-somente
quando efetivamente transgredido o mesmo, quando aduz que:
"Não se pode obstar ao uso do direito: - Pune-se a infração cometida." (In
"Campanhas Jornalísticas - Obras Seletas" - N VII - República - 2 Vol.
1956 - pág. 79.)
Por todo o exposto, conclui-se que o ato praticado pelo Exmo. Sr. Ministro da
Justiça, com fulcro no Decreto-Lei n 1.077, de 26/01/70, agride frontalmente a Constituição
Federal revogada, ao tempo em que não encontra respaldo sequer na vigente Carta Magna. O
Decreto-Lei baixado exorbita, de modo indelével, dos limites estabelecidos pela Constituição.
Não a executa; em verdade, a desrespeita.
Convém, por derradeiro, lembrar a lição do Mestre JOSAPHAT MARINHO,
professor catedrático de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da Universidade da
Bahia, que discorrendo sobre o assunto, assim se manifesta, através de parecer publicado na
"Revista de Direito Público", vol. XIII, págs. 109/113:
CELSO PASSOS
Desembargador Federal
________APELAÇÃO
CÍVEL________________________________________
arquivo original - set/996 - geração: notlih do valle filho - editoraçào: ramanal pimenta
REGISTRO N 90.02.23127-0/RJ
________EMENTA________________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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O MM. Dr. Juiz de primeira instância julgou extinta a execução, tendo em vista o
cancelamento dos débitos fiscais de valor originário igual ou inferior a Cz$ 500,00
(quinhentos cruzados), ou consolidado igual ou inferior a Cz$ 10.000,00 (dez mil cruzados),
em consonância com o estabelecido no art. 29, itens I e II, do Decreto-Lei n 2.303/86. E,
também, por entender que o Decreto-Lei n 1.793/80 "declarou FALTAR INTERESSE DE
AGIR ao Estado nessas ações de pequeno valor, na medida em que determinou o não
ajuizamento de ações pelos Entes Públicos que enumera." (sic - fls. 48).
Irresignado, apelou o IAPAS, às fls. 52/55.
Contra-razões às fls. 60/66, arguindo, em preliminar, prescrição qüinqüenal
intercorrente que afetaria a exigência e cobrança do crédito previdenciário.
É o relatório.
________VOTO
PRELIMINAR_______________________________________
CELSO PASSOS
Desembargador Federal
________HABEAS
CORPUS__________________________________________
REGISTRO N 89.02.13136-0/RJ
________EMENTA________________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
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CELSO PASSOS
Desembargador Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
SÉRGIO D'ANDRÉA FERREIRA
Filho de LAURO BARBOSA FERREIRA e de HAYDÉE DE ANDRÉA FERREIRA, nasceu
em Copacabana, no Rio de Janeiro, sendo casado com LÚCIA GALVÃO DE ANDRÉA
FERREIRA e tendo 3 filhos: EDUARDO, CRISTINA E FERNANDO; e uma neta, LAURA.
Sua formação escolar deu-se nos Colégios Anglo Americano e Mello e Souza, tendo-se
bacharelado pela Faculdade de Direito da então Universidade do Estado da Guanabara, na
qual obteve prêmio por ter sido o 1 colocado em todas as séries do curso, com a maior média
final já alcançada naquela academia, assim como os títulos de Doutor em Direito e de
Livre-Docente.
Tem lecionado Direito Administrativo (na UERJ, USU, FGV), sendo Professor Titular.
Advogado militante até sua posse no Tribunal Regional Federal da 2 Região, em sua
composição originária e em vaga destinada à classe; membro do Instituto dos Advogados
Brasileiros e de outras associações culturais; foi integrante do corpo jurídico da LIGTH -
Serviços de Eletricidade S.A., e parecerista, tendo, como inscrito na OAB - RJ, sido laureado
nos Concursos Jurídicos "Targino Ribeiro" e "Cândido de Oliveira Neto".
No Ministério Público Estadual, em que ingressou por concurso público de provas e títulos (1
colocado), exerceu os cargos de Defensor Público, Promotor, Curador, Subprocurador-Geral e
Procurador-Geral de Justiça.
É autor, dentre outros, dos livros Comentários à Constituição Federal de 1988, As Fundações
de Direito Privado Instituídas pelo Estado, Direito Administrativo Didático, O Direito de
Propriedade e as Limitações e Ingerências Administrativas, A Técnica da Aplicação da Pena
como Instrumento de sua Individualização, Pricípios Institucionais do Ministério Público e
Lições de Direito Administrativo; bem como de cerca de 90 artigos e pareceres publicados em
diferentes revistas jurídicas, entre as quais a Revista Forense, de Direito Administrativo e de
Direito Público.
Participante de mais de 100 cursos, congressos, seminários, encontros e bancas de concurso
(inclusive para o cargo de Juiz Federal), tem proferido palestras e conferências, no País e no
Exterior.
Foi agraciado com o "Colar do Mérito Judiciário", outorgado pelo Egrégio Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro.
No Tribunal Regional Federal da 2 Região, é membro de sua 2 Turma e da Comissão de
Regimento.
________APELAÇÃO
CRIMINAL____________________________________
REGISTRO N 89.02.02072-0
________EMENTA________________________________________________
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________ACÓRDÃO______________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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Apelação (fls. 98), tempestiva (fls. 96 e 98), devidamente recebida (fls. 98), contra
sentença (91/93) que condenou o Apelante pela prática do crime previsto no art. 334,
parágrafo 1, letra c, do Código Penal.
A denúncia, regular, de fls. 2/2-A (sic) foi recebida em 19.02.86 e narra que, em
01.02.84, policiais militares apreenderam na confluência das Ruas Ouvidor e Gonçalves Dias,
relógios e outras mercadorias de procedência estrangeira, sem documentação legal, e que se
encontravam em poder do Apelante e eram por ele expostos à venda.
Acompanha a denúncia o inquérito policial n 414/84, em cujo bojo se encontram as
peças da investigação preliminar n 26/84.
Como se verifica, não houve flagrante.
Auto de apresentação e apreensão às fls. 4 e v., onde se relacionam 37 relógios e 3
óculos.
Termo de declarações de MAURÍCIO VIEIRA BEZERRA, comandante da
PATAMO que realizou a diligência, às fls. 5/6, e que se refere a 23 relógios e 3 óculos,
ratificadas às fls. 29.
Declarações de SILVANO BITENCOURT DE FREITAS, às fls. 7 e v., também
integrante da PATAMO, no mesmo sentido, declarações essas confirmadas às fls. 47.
Declarações do Apelante, às fls. 8/9, afirmando-se ambulante devidamente
credenciado pela Secretaria Municipal de Fazenda, no ramo de artesanato e bijuterias;
confirmou ter em seu poder os 23 relógios e os 3 óculos, não sabendo qual a sua procedência,
estando efetivamente as mercadorias desacompanhadas de documentação legal; indicou, sem
precisão, os locais em que havia adquirido os bens apreendidos. Esclereceu que esses estavam
dentro de sua bolsa-tiracolo, sendo que os óculos haviam sido adquiridos por encomenda de
uma parente moradora em Maceió; e que os óculos eram destinados a seus três filhos.
Laudo de exame de avaliação direta às fls. 16/18, relacionando 22 relógios e 3
óculos, num total de Cr$ 111.500,00 (cento e onze mil e quinhentos cruzeiros). Aduz-se que
"os relógios estão em estado de novo e os óculos com as lentes arranhadas". Algumas peças
teriam a indicação de sua procedência estrangeira, outras não.
Auto de qualificação e interrogatório às fls. 41 e v., com confirmação das
anteriormente prestadas, acrescentando o Apelante que já fora indiciado, pela Polícia Federal,
por fato igual, pois foi encontrado em Copacabana, com seu tabuleiro, na esquina da Av.
Nossa Senhora de Copacabana com Figueiredo Magalhães, em novembro de 1983, com
relógios estrangeiros sem documentação legal.
Elementos de identificação às fls. 42/45, que referem ter o Recorrente nascido em
1939, ser de cor preta, camelô há cerca de 5 anos, ter residência certa e família constituída
pela companheira, 3 filhos menores, e mãe da primeira.
Cópia do Relatório às fls. 48/49 do caso anterior citado pelo próprio indiciado.
Relatório do presente caso, às fls. 53/54.
Novas folhas de antecedentes do indiciado, às fls. 57 e 58, em que se consignam, na
primeira, os dois inquéritos; e, na segunda, o anterior.
Citação às fls. 62 v. .
Interrogatório às fls. 63 e v., com declarações iguais às da fase policial, em que
destaca que, tendo banca de artesanato e bijuteria em Copacabana, foi ao Centro comprar
mercadoria para vender, e comprou para seus filhos 3 óculos e alguns relógios para
conhecidos seus, tendo a mercadoria sido apreendida dentro da bolsa do Apelante, quando ele
se encontrava nas imediações das Ruas do Ouvidor e Gonçalves Dias.
________VOTO__________________________________________________
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D'ANDRÉA FERREIRA
Desembargador Federal
________REMESSA EX OFFÍCIO EM
MS______________________________
REGISTRO N 90.02.16291-0
________EMENTA________________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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_________VOTO_________________________________________________
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D'ANDRÉA FERREIRA
Desembargador Federal
________RECURSO ORDINÁRIO
TRABALHISTA____________________
REGISTRO N 89.02.03422-4
________EMENTA________________________________________________
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_________ACÓRDÃO_____________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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Recurso ordinário trabalhista (fls. 110/123) contra sentença (fls. 106/108) que julgou
improcedente reclamatória de reintegração.
Não há, nos autos, elementos de aferição da tempestividade, ou não, do recurso (fls.
108v e 109).
Preparo oportuno, segundo os termos do disposto no art. 10, II, da Lei n 6.032, de
30/04/74 (fls. 126).
Recebimento, implícito, do recurso às fls. 124.
Omissa a Recorrida no prazo de resposta (fls. 127).
No mais, reporto-me ao relatado na sentença apelada, às fls. 106/107.
É o relatório.
Sem revisão.
Peço dia.
________VOTO__________________________________________________
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arquivo original - set/996 - geração: notlih do valle filho - editoraçào: ramanal pimenta
O DESEMBARGADOR FEDERAL D'ANDRÉA FERREIRA: - O Reclamante era
empregado da ECT, empresa pública federal, em cujos quadros ingressara, em 16/07/74,
através de concurso, sendo seu contrato de trabalho por prazo indeterminado.
Pede o Recorrente a "anulação do ato administrativo pertinente à demissão do autor,
vez que nulo, devendo ser ele reintegrado na mesma função, com todos os direitos e
vantagens inerentes à mesma, parcelas vencidas e vincendas, com juros e correção
monetária".
A nulidade decorreria de que, sendo o Recorrente concursado, não poderia ter sido,
como o foi, dispensado sem justa causa, sem o atendimento do pressuposto da realização do
inquérito administrativo prévio.
A sentença apelada, aderindo à tese da Recorrida, sustentou (fls. 107/108):
"7 - Empregados de Empresa Pública. Desnecessidade de Inquérito para a
demissão.
A Administração Federal compreende a Administração Direta e Indireta
segundo o disposto no art. 4 ítens I e II do DL 200 de 25/02/67, sendo que
esta última - a Indireta, subdivide-se em Autarquias, Empresas Públicas e
Sociedades de Economia Mista.
A Administração Federal Direta - bem como as Autarquias - são regidas
por normas Administrativas, enquanto que as Empresas Públicas e
Sociedades de Economia Mista, por preceito constitucional, regem-se
pelas normas aplicáveis às empresas privadas, inclusive quanto ao
direito do trabalho e ao das obrigações - CF/69, art. 170, parágrafo 2.
A Reclamada, que se constitui em Empresa Pública, subsume-se, portanto,
às normas do direito privado, inclusive à CLT. Neste contexto, o
Reclamante somente teria direito à reintegração, cumprindo o disposto no
art. 492 da CLT. Haveria de ser estável - com mais de 10 anos de serviço
na mesma empresa e não optante do FGTS. Mas, ao contrário, o
Reclamante não trabalhou 10 anos na Reclamada, e além do mais era
optante do FGTS.
A Reclamada é uma empresa privada. Inaplicável a seus servidores o
Estatuto dos Funcionários Públicos. Fica desobrigada, neste caso, de
proceder a Processo ou Inquérito Administrativo, para despedir seus
empregados. A legislação trabalhista atual outorga ao empregador o direito
de despedir, imotivadamente, o empregado."
Divirjo desse entendimento.
Os empregados das denominadas entidades paraestatais, inclusive das empresas
governamentais da Administração Pública Indireta, empresas públicas e mistas, pessoas
jurídicas de direito privado, são agentes públicos "lato sensu", agentes da Administração
Pública; são, portanto, servidores públicos em sentido largo.
Daí, a conseqüência de, embora titulares de empregos no regime do direito do
trabalho, serem destinatários, dentro desse, de normas especiais - não excepcionais, dada a
individualidade do conjunto a que pertencem -, bem como de regras de direito administrativo,
na medida em que são pessoas físicas, profissionais da função pública-gênero em que se
integra a espécie de emprego que ocupam e exercem -, componentes dos quadros da Pública
Administração.
Assim, a cláusula constitucional da Carta de 67/69, contida em seu art. 170,
parágrafo 2, de que essas empresas governamentais, "na exploração da atividade econômica",
se regeriam "pelas normas aplicáveis às empresas privadas, inclusive quanto ao direito do
trabalho e ao das obrigações", tem de ser entendido convenientemente.
D'ANDRÉA FERREIRA
Desembargador Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
FREDERICO JOSÉ LEITE GUEIROS
I - DADOS PESSOAIS
Nome - Frederico José Leite Gueiros
Filiação - Nehemias da Silva Gueiros e Edna Leite Gueiros
Nacionalidade - Brasileiro
Profissão - Desembargador Federal
Estado Civil: Casado
Data do nascimento: 10 de agosto de 1942
Endereço residencial: Av. Lineu de Paula Machado n 851 apt 301, Lagoa - Rio de Janeiro RJ
- CEP 22470
II - DOCUMENTAÇÃO
Carteira de Identidade do I.F.P. n 1.662.945
CPF/MF n 006.997.647-34
Título de Eleitor n 177.588.903/02 (17 Zona)
III - FORMAÇÃO
Curso primário realizado no Colégio Baptista do Rio de Janeiro até o 3 ano de onde se
transferiu para o Colégio Mello e Souza, estabelecimento de ensino no qual concluiu sua
formação colegial.
Curso de Direito efetuado na Faculdade de Direito da Universidade do extinto Estado da
Guanabara, iniciado em 1962 e concluído em 1966.
REGISTRO N 89.02.11927-0/TRF
________EMENTA________________________________________________
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________ACÓRDÃO______________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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Trata-se de Mandado de Segurança impetrado por BULHÕES PEDREIRA,
BULHÕES CARVALHO E ADVOGADOS ASSOCIADOS contra atos do SR.
SUPERINTENDENTE DA RECEITA NA 7 REGIÃO FISCAL e do COORDENADOR DE
ATIVIDADES ESPECIAIS DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL, visando evitar o
perdimento de dois microcomputadores, adquiridos em fevereiro de 1987, da empresa BIT'S
SHOP INFORMÁTICA LTDA., que foram apreendidos por dois agentes do Fisco, lotados na
Delegacia da Receita Federal do Estado do Rio de Janeiro, sob a alegação de que os
módulos-base e os respectivos teclados seriam "mercadorias importadas ilegalmente",
procedendo, em seguida, à autuação da empresa, com a consequente aplicação da pena de
perdimento.
Alega, a Impetrante, em síntese, que o fundamento da autuação foi a posse das
referidas mercadorias sem a prova de sua importação ou regular aquisição no mercado
interno, ficando, assim, sujeitas ao disposto no artigo 514, inciso X, do Regulamento
Aduaneiro aprovado pelo Dec.-lei n 91030/85. Diz, ainda, que tal dispositivo, somente se
aplica a mercadoria estrangeira exposta à venda, depositada ou em circulação comercial, o
que não foi o caso, pois os microcomputadores em questão não são mercadorias e sim bens do
ativo permanente da Impetrante e não se destinam à comercialização, tendo sido adquiridos
mediante cheque nominativo e contra nota fiscal de venda.
A liminar foi deferida às fls. 69, somente para sustar os efeitos da pena de
perdimento até julgamento do mérito, sendo requisitadas as informações, que foram prestadas
às fls. 82/90, pela Primeira Autoridade Impetrada, que justificou o ato impugnado, alegando o
seguinte:
"Esta Delegacia da Receita Federal ao informar o processo administrativo
respectivo observou que nos termos do art. 136, do C.T.N. a
responsabilidade por infrações da legislação tributária independe do agente,
nem admite a legislação de regência a defesa fiscal com apoio na boa-fé; e
é obrigação do adquirente exigir documentos comprobatórios da
procedência da mercadoria, sob pena de ficar responsável pelo pagamento
do imposto se exigível e sujeitar-se às sanções cabíveis (parágrafo 1 do art.
173 do RIPI).
Nestas condições configurada a falta de documentos hábeis, não vemos
como possa eximir-se a Impetrante de responder, nos termos do art. 501, do
Decreto n 91.030, de 05/03/85, pelo dano ao Erário Público."
O M.P. Federal em primeira instância, opinou pela denegação da segurança às fls.
91-verso.
O MM. Juiz da 17 Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro,
sumariou seu entendimento desta forma (fls. 98):
"Em suma, tendo a Impetrante comprovado a aquisição dos equipamentos
no mercado interno, comprando-os de empresa perfeitamente identificada
(que seria a responsável pela importação irregular), através de
documentação fiscal hábil, para uso próprio e não para fins de
comercialização, entendo incabível a aplicação da pena de perdimento.
Pelo que, confirmo a liminar e CONCEDO a Segurança para que os
Impetrados se abstenham de declarar perdidos os dois minicomputadores
da Impetrante, constantes da autuação de fls. 56/58."
Apelou da decisão a União Federal às fls. 102/103, sustentando: a) que as
mercadorias estavam desacompanhadas de documentação hábil comprobatória de sua regular
entrada no País; b) que sua propriedade e uso não poderia ter sido transferida a outrem sem o
prévio pagamento dos tributos devidos; c) que não é a autoridade fiscal que cabe provar a
irregularidade da importação, mas ao importador cabe demonstrar regularidade da
importação.
Contra-razões apresentadas às fls. 105/110, na qual a Impetrante argüi,
preliminarmente, a intempestividade do recurso; e, no mérito, postula a manutenção da
decisão de primeiro grau, que reconheceu a ilegitimidade dos atos praticados pelos
Impetrados.
Os autos foram distribuídos nesta Egrégia Corte, e a mim conclusos como Relator,
que os encaminhei ao M.P.F.
Às fls. 114, parecer do Ministério Público Federal, que opinou pela confirmação da
decisão recorrida, finalizando por dizer:
________VOTO__________________________________________________
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FREDERICO GUEIROS
Desembargador Federal
________EMBARGOS INFRINGENTES NA APELAÇÃO CÍVEL__
Registro n 89.02.01565-3/RJ
Relator: Exmo. Sr. Desembargador Federal Frederico Gueiros
Remetente: Juízo Federal da 9 Vara/RJ
Embargante: L S A Empreendimentos e Participações S/A e outros
Embargado: União Federal
________EMENTA__________________________________________
I - COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL - CISÃO PARCIAL DE SOCIEDADE -
NATUREZA PATRIMONIAL DA OPERAÇÃO DE CISÃO - NOTIFICAÇÃO DO
PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 233, DA LEI 6.404, DE 15/12/76 APERFEIÇOADA
JUDICIALMENTE (CPC ARTS. 219 E 220) - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
SIMETRIA.
II - O CREDOR PODE SE OPOR À NÃO SOLIDARIEDADE ENTRE AS SOCIEDADES
FRUTOS DA CISÃO.
________ACÓRDÃO________________________________________
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas:
Acordam os Membros do Tribunal Regional Federal da 2 Região, por maioria, negar
provimento aos Embargos, nos termos do relatório e voto constante dos autos, que ficam
fazendo parte integrante do presente julgado.
________RELATÓRIO____________________________________________
___
FREDERICO GUEIROS
Desembargador Federal
________VOTO__________________________________________________
___
Com base no estabelecido no Parágrafo Único do art. 233, da Lei das Sociedades
Anônimas (Lei n 6.404, de 15/12/76), a SUNAMAM notificou judicialmente, as três Autoras
da ação e ora Embargantes, objetivando o seguinte, verbis:
"I) Em resumo: a Notificação requerida é para tornar expresso
irreversivelmente que a notificante opõe-se à aplicação dos termos da cisão
em relação ao seu crédito, que continuará garantido em sua integralidade e
por todo o patrimônio do 1 notificante (sic) como se não houvera
acontecido a cisão, ou seja, por ele responderá tudo o que pertencer à 1
notificante onde existir, como se não tivesse havido a transferência parcial
consagrada na A.G.E."
Os Embargos Infringentes vieram estribados no voto vencido do Eminente Des.
Federal D'Andréa Ferreira, que, em síntese, reconheceu tratar-se a faculdade insculpida no
Parágrafo Único do art. 233, da Lei n 6.404/76, uma exceção material não contemplando um
direito potestativo do credor anterior à cisão. Observe-se que as Embargantes pediram na ação
e na Apelação a ineficácia da notificação que teria se operado fora de prazo e o voto vencido
reconheceu tratar-se o problema não de direito processual, mas sim de direito material,
reconhecendo não estar em linha de consideração nem o problema de prescrição, nem o
problema de decadência, porque a exceção não prescreve, nem decai. Assim, o voto vencido
agasalhou a pretensão das Autoras da ação por fundamento outro que não aquele por elas
expendido no seu pedido.
Discordo do fundamento do voto vencido de que a norma do Parágrafo Único do art.
233, da Lei n 6404/76 se constitui numa exceção material. A natureza patrimonial da cisão
afirmada na lei de modo direto e incisivo, afastando-se, inclusive, em parte, da linha que
adotou nas operações de fusão e incorporação, não permite reconhecer-se exceção material na
regra constante do citado Parágrafo Único do art. 233, mas sim direito de credor anterior à
cisão.
Mauro Brandão Lopes tratando da cisão no Direito brasileiro preleciona que:
"No definir tanto a incorporação como a fusão, deu às duas operações
aparente caráter societário, no sentido que as considerou como tendo por
agentes as próprias sociedades, e não societário no sentido que com elas
novas sociedades se formam. Tratou o primeiro caso como "absorção" de
uma ou mais sociedades por outra, e o segundo como "união" de
sociedades na formação de nova; e nas duas apontou a veradeira natureza
como sendo simples efeito - a atribuição patrimonial contida na sucessão
em direitos e obrigações. Em tudo isso a lei brasileira se aproxima do
modelo francês, mas teve também o provável intuito de preservar a
formulação já existente no Decreto-lei n 2.627/40. No novo instituto da
cisão, todavia, em que não tinha fórmula tradicional a preservar, a lei nova
mudou de critério, afirmando diretamente a natureza patrimonial da
operação,............................................................................................."
(in A CISÃO NO DIREITO SOCIETÁRIO)
Tenho, portanto, data venia, como equivocado para a espécie o erudito voto vencido
do Eminente Des. D'Andréa Ferreira.
Insistem porém os Embargantes na tese da intempestividade da notificação, já
repelida pelo acórdão a meu ver de forma absolutamente correta. Com efeito, não se discute
que as mesmas regras que regem a citação são válidas não só para a intimação, como também
para o protesto, a interpelação e a notificação. Reconheça-se que são eles atos que se
distinguem entre si, mas as diferenças não são de tal ordem a ponto de afastar a aplicação do
princípio da simetria.
Convém, nesse passo, referir o voto condutor do acórdão embargado que assim se
pronunciou:
Por todas estas razões, conheço dos Embargos Infringentes por tempestivo, mas lhes
nego provimento.
É como voto.
FREDERICO GUEIROS
Desembargador Federal
________HABEAS
CORPUS__________________________________________
REGISTRO N 90.02.14635-3/TRF
________EMENTA________________________________________________
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________ACÓRDÃO______________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
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FREDERICO GUEIROS
Desembargador Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
SILVÉRIO LUIZ NERY CABRAL
Silvério Luiz Nery Cabral nasceu em 25 de outubro de 1927 em Manaus, Amazonas. Filho de
Luiz Caetano de Oliveira Cabral e Lydia da Silva Néry Cabral, graduou-se em Ciências
Jurídicas na Faculdade de Direito de seu Estado natal.
Começou a trabalhar no então Banco de Crédito da Borracha S/A em 1946, como diarista
avulso, sendo posteriormente admitido como Auxiliar de Escritório e Escriturário mediante
concurso. Em 1956 foi transferido para o Quadro de Advogados daquele estabelecimento de
Crédito, permanecendo como funcionário do Banco até 1967, quando solicitou exoneração
por ter sido nomeado Juiz Federal Substituto.
Antes de chegar à Magistratura, porém, ocupou cargos no Executivo e Legislativo. Como
funcionário requisitado, foi Secretário Geral de Administração da Prefeitura de Manaus, em
1951, e Vereador à Câmara Municipal na legislatura 1952/1956, se destacando como um dos
autores da Lei Orgânica do Município.
Lecionou Direito do Trabalho na Escola de Serviço Social da capital amazonense e foi
professor concursado de Direito do Colégio Comercial Solon de Lucena.
Posto à disposição do Gabinete do Ministro Extraordinário para a Coordenação de
Organismos Regionais, General Cordeiro de Farias, passou a servir como Assistente Jurídico
do Governador do Território Federal de Roraima. No ano seguinte, em 1966, foi nomeado
pelo Presidente da República, Humberto Castelo Branco, para compor o Conselho
Penitenciário de Roraima, tendo, também, representado o Governo daquela unidade da
federação no Conselho Consultivo do Banco de Crédito da Amazônia S/A.
Em 1967 tomou posse como Juiz Federal Substituto de Roraima, onde permaneceu até ser
removido para a 3 Vara da Seção Judiciária de Brasília, em 1972. Neste período subs-tituiu os
Juízes Federais do Amapá, Amazonas e Acre, em férias e impedimentos.
Promovido, por merecimento, a Juiz Federal da 3 Vara do Rio Grande do Sul, foi removido,
por permuta, para a 4 Vara daquela Seção Judiciária. Em 1975, através de eleição, tornou-se
Juiz Substituto do Tribunal Regional Eleitoral Gaúcho.
Novamente removido, por força de permuta, chegou à Seção Judiciária do Rio de Janeiro, em
1976, sendo lotado na 9 Vara.
Designado pelo Tribunal Federal de Recursos, teve assento no Tribunal Regional Eleitoral do
Rio de Janeiro, inicialmente como Juiz Subs-tituto e após como Juiz Efetivo da Corte
Eleitoral no biênio 81/83.
Em abril de 1990 tomou posse no Tribunal Regional Federal da 2 Região, onde integra hoje a
2 Turma de Juízes.
________INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE
_____________________
________JURISPRUDÊNCIA EM REO/MAND. DE
SEG.________________
REGISTRO N 90.02.16057-7/RJ
________EMENTA________________________________________________
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________ACÓRDÃO______________________________________________
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Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas:
Acordam os Membros do Tribunal Regional Federal da 2 Região, por maioria,
uniformizar a jurisprudência nos termos do voto do Relator, constante dos autos e que fica
fazendo parte integrante do presente julgado.
________RELATÓRIO____________________________________________
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A Carta de 1988, em seu art. 146, III, letra <MIU>a, exige LEI
COMPLEMENTAR para a fixação de norma sobre fato gerador, bases de
cálculo e contribuintes, mas essa Lei Complementar não existe ainda.
Assim, de nenhuma valia é o Convênio que estabeleceu a nova hipótese de
incidência do ICM.
Por tudo isso, entendo que continua prevalecendo o enunciado da
SÚMULA n 577 do Pretório Excelso, razão pela qual mantenho o
despacho agravado".
Na oportunidade o Professor Juarez Tavares, ilustre Representante do Ministério
Público Federal suscitou o incidente de uniformização de jurisprudência em face de decisão
unânime da 1 Turma deste Tribunal, com relação à mesma matéria, em sentido
diametralmente oposto ao que vem decidindo a 2 Turma.
Submetida a proposição à Turma, esta, por unanimidade, acordou na remessa do
feito ao Plenário na forma do art. 106, do Regimento Interno.
Às fls. 102/3, oficiou o Ministério Público Federal.
É o relatório.
________VOTO__________________________________________________
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SILVÉRIO CABRAL
Desembargador Federal
________APELAÇÃO EM MANDADO DE
SEGURANÇA________________
________UNIFORMIZAÇÃO DE
JURISPRUDÊNCIA___________________
REGISTRO N 90.02.12184-9
________ACÓRDÃO______________________________________________
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________RELATÓRIO____________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
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SILVÉRIO CABRAL
Desembargador Federal
________RELATÓRIO____________________________________________
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Trata-se de apelação interposta por Minerações Brasileiras Reunidas S/A-MBR de
sentença do MM. Juiz Federal da 6 Vara/RJ, em Mandado de Segurança impetrado contra ato
do Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, com o objetivo de eximir-se do pagamento
de IOF-Imposto Sobre Operações Financeiras, por ocasião do fechamento do câmbio
decorrente de importações.
Inconformada com a decisão de Primeira Instância, recorre a Impetrante alegando
que a sentença não apreciou a questão dentro dos melhores ensinamentos do nosso direito.
Salienta, que o art. 6 do Decreto-lei n 2434/88 isenta do pagamento do IOF, as
operações de câmbio realizadas sobre o amparo de Guias de Importação emitidas a partir de
01/07/88.
Esclarece que essa medida que veio abolir o IOF, a partir de 01/07/88, constitui uma
violação flagrante aos princípios gerais do Direito Tributário, constituindo uma injustiça a
todos os importadores que tiverem guias emitidas em datas anteriores.
Observa, que a emissão de Guias de Importação é circunstância alheia ao fato
gerador do IOF, que ocorre no fechamento da operação cambial.
Alega que está configurada a violação do art. 63 do CTN, e violentado o princípio
constitucional da Isonomia.
Recebido o recurso e devidamente contra-arrazoado, subiram os autos a esta Eg.
Corte, oportunidade em que o Procurador da República oficiou às fls. 131/132,
manifestando-se pelo improvimento do recurso.
É o relatório.
________VOTO__________________________________________________
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SILVÉRIO CABRAL
Desembargador Federal
DESEMBARGADOR FEDERAL
AGUSTINHO FERNANDES DIAS DA SILVA
Agustinho Fernandes Dias da Silva, filho de Agustinho Alves da Silva e Maria Fernades do
Nascimento Silva, nasceu em 21 de setembro de 1929 na cidade de São Francisco do Sul,
Santa Catarina. É casado com Elizabeth Bastos da Silva, tendo desta união três filhos,
Cristina, Eduardo e Alfredo Bastos da Silva.
Iniciou os estudos no Colégio Stella Matutina em sua cidade natal, vindo a concluir o Curso
Clássico no Educandário Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Graduou-se em Direito pela UFRJ
em 1956, onde também cursou Doutorado e obteve a Livre Docência. Possui ainda, na mesma
instituição, cursos de Atualização (Estudos de Problemas Brasileiros), Aperfeiçoamento
(Direito Privado Romano), Extensão (Os Grandes Problemas do Direito Comercial
Contemporâneo) e Especilalização (Direito Penal). Na Universidade de Cambridge,
Inglaterra, diplomou-se Proficiente em Inglês.
Exerceu a advocacia entre 1957 e 1974, tendo neste ínterim trabalhado como Tradutor
Público e Intérprete Comercial e Juiz Civil no Tribunal Marítimo, no qual depois de nove
anos foi eleito vice-presidente.
Em 1974 ingressou, através de concurso público, na Magistratura Federal como Juiz
Substituto. Promovido a Juiz Titular em 1977, ocupou três anos mais tarde a Direção do Foro
da Seção Judiciária do Rio de Janeiro.
Indicado Membro Suplente do Tribunal Regional Eleitoral para o biênio 83/84, retornou a
esta Corte no período seguinte como Membro Efetivo. Em 1989 foi nomeado por ato do
Presidente da República para fazer parte do Tribunal Regional Federal da 2 Região, onde
assumiu a função de Presidente da 1 Turma de Juízes.
Professor Titular da UFRJ, lecionou também na Faculdade de Ciências Jurídicas da SUESC,
Universidade Gama Filho e na Fundação dos Estudos do Mar (FEMAR). Foi membro, entre
outros, dos Conselhos de Ensino, Universitário, de Coordenação de Pós-Graduação;
participou de Bancas Examinadoras de concursos de Livre Docência, Mestrado e Doutorado e
contribui periodicamente como correspondente da revista "Lawyer of the Americas" da
Universidadea de Miami, Estados Unidos.
Entre seus trabalhos publicados destacam-se artigos para jornais e revistas especializadas bem
como os seguintes livros: Direito Internacional Privado (Parte Geral e Especial), Estudo
Programado de Direito Internacional e A imunidade internacional de jurisdição perante o
direito constitucional brasileiro.
Condecorado com inúmeros diplomas e medalha, entre as quais a do "Mérito do Tamandaré",
concedida pelo Ministro da Marinha, possui o título de Comendador da Legião do Mérito
Presidente Antônio Carlos e é membro das seguintes instituições: American Society of
International Law, Instituto dos Advogados do Brasil, American Chamber of Commerce of
Brazil, Federación Inter-Americana de Abogados e da Sociedade Brasileira de Direito
Internacional.
Havendo se aposentado deste Tribunal em 23 de outubro de 1989, o Desembargador
reassumiu suas atividades como advogado, prosseguindo em suas funções de Professor Titular
da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em março de 1991, assumiu também as de
Professor Titular da Universidade Católica de Petrópolis.
________HABEAS
CORPUS__________________________________________
REGISTRO N 89.02.09180-5
________EMENTA________________________________________________
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________ACÓRDÃO______________________________________________
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AGUSTINHO FERNANDES
Desembargador Federal
Presidente/Relator
________RELATÓRIO____________________________________________
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arquivo original - set/996 - geração: notlih do valle filho - editoraçào: ramanal pimenta
________VOTO__________________________________________________
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AGUSTINHO FERNANDES
Desembargador Federal
________MANDADO DE
SEGURANÇA________________________________
REGISTRO N 12/TRF
________EMENTA________________________________________________
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________ACÓRDÃO______________________________________________
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AGUSTINHO FERNANDES
Desembargador Federal
Presidente/Relator
________RELATÓRIO____________________________________________
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________VOTO__________________________________________________
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AGUSTINHO FERNANDES
Desembargador Federal
________HABEAS
CORPUS__________________________________________
REGISTRO N 89.02.10391-9
________EMENTA________________________________________________
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________ACÓRDÃO______________________________________________
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AGUSTINHO FERNANDES.
Desembargador Federal
Presidente/Relator
________RELATÓRIO____________________________________________
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Por último, na hipótese de qualquer ação penal, com relação aos funcionários
públicos envolvidos em questão, o destino seria o arquivamento, uma vez que a pretensa
vítima confessou que não sofreu qualquer dano, conforme confissão contida no ofício datado
de 30.06.89, no qual o órgão de liquidação do Banco Central do Brasil, dirigindo-se a um
Delegado da Polícia Federal incumbido das investigações, afirmou, com o aval de decisão do
Conselho Monetário Nacional, que o BNH revendeu, com lucro, os terrenos recebidos,
inexistindo, assim, qualquer prejuízo daquele Banco em decorrência da mencionada operação
de dação em pagamento.
Juntou os documentos de fls. 13/52.
Foram solicitadas informações à autoridade impetrada, que as prestou a fls. 56,
confirmando os elementos informativos constantes dos autos.
O Ministério Público Federal, a fls. 58/60, opinou pela denegação da ordem,
mediante parecer do qual merece destaque o seguinte:
Ensina com propriedade, Damásio de Jesus que
"a prescrição somente extingue a pretensão punitiva, deixando
intangíveis a tipicidade e a anatijuricidade do fato. Da mesma
forma, ela não exclui o juízo da culpabilidade. Em face dela, o
fato subsiste típico e ilícito, de autoria de um sujeito
eventualmente culpado. A possibilidade jurídica de aplicação da
sanção (a punibilidade), entretanto, extingue-se pelo decurso do
tempo". (in Prescrição Penal, São Paulo. Ed. Saraiva, 1989, p.26).
A comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados,
encarregada de investigar os episódios do "<MIU>caso BNH-DELFIN",
que culminaram com a intervenção do Banco Central, apurou a ocorrência
de ilícitos penais, os quais, entretanto, embora envolvendo diversas
pessoas, não configuravam, com relação a todas elas, o mesmo tipo penal.
O então Sub-Procurador da República Aristides Junqueira Alvarenga, em
parecer aprovado pelo Procurador Geral à época (fls. 39/41), verificou que
a conduta dos ex-Ministros de Estado configuraria, em tese, crimes de
condescendência criminosa e de prevaricação. Estes crimes, descritos nos
arts. 320 e 319 do Código Penal, respectivamente, foram atingidos pela
prescrição, causa extintiva da punibilidade.
Outro, entretanto, foi o ilícito praticado pelo paciente da presente
<MIU>ordem de habeas corpus. Este, com pena máxima mais pesada, não
havia esgotado, ainda, o prazo prescricional, quando do oferecimento da
denúncia (fls. 13/16). Nenhum dos réus, por sua vez, tinha privilégio de
foro, que justificasse o pretendido deslocamento da competência.
Por outro lado, a denúncia, baseada nas conclusões da CPI da Câmara dos
Deputados, descreve fato típico atribuído ao ora paciente, o que impede o
seu trancamento, como, entre inúmeros outros já decidiu o antigo Tribunal
Federal de Recursos, no acórdão proferido no HC-0007307-SP:
"EMENTA. Processual Penal. Habeas Corpus. Trancamento de ação penal.
O Habeas Corpus não constitui meio idôneo para o trancamento de ação
penal, que visa apurar o fato revestido, em tese, de ilicitude penal. Ordem
denegada".
Neste sentido também, o Acórdão da mesma Corte, proferido no HC-0007229-SP:
"Ementa. Penal. Habeas Corpus. Trancamento da ação. Exame
aprofundado da prova. Não se tranca ação penal por habeas corpus quando
os fatos descritos na denúncia constituem, ainda que em tese, infração
penal, com envolvimento do paciente nos mesmos...".
É o relatório.
________VOTO__________________________________________________
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AC Apelação Cível
ACr Apelação Criminal
ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Adm Direito Administrativo
Ag Agravo de Instrumento
AgRPRC Agravo Regimental em Precatório
AgRSL Agravo Regimental em Suspensão de Liminar
AI Ato Institucional
AMS Apelação em Mandado de Segurança
BACEN Banco Central
BTN Bônus do Tesouro Nacional
CEF Caixa Econômica Federal
CF Constituição Federal
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
Cm Direito Comercial
CP Código Penal
CPC Código de Processo Civil
CPP Código de Processo Penal
Ct Direito Constitucional
CTN Código Tributário Nacional
DJU Diário da Justiça da União
DL Decreto-Lei
DOE Diário Oficial do Estado
DOU Diário Oficial da União
EC Emenda Constitucional
EIAC Embargos Infringentes na Apelação Cível
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FND Fundo Nacional de Desenvolvimento
FNT Fundo Nacional de Telecomunicação
HC Habeas Corpus
ICM Imposto sobre Circulação de Mercadorias
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
INAMS Argüição de Inconstitucionalidade em Apelação em
Mandado de Segurança
INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor
INSRF Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal
IOF Imposto sobre Operações Financeiras
IPC Índice de Preços ao Consumidor
IRVF Índice de Reajuste de Valores Fiscais
ISS Imposto sobre Serviços
ISTC Imposto sobre Serviços de Transportes e Comunicações
IUJ Incidente de Uniformização de Jurisprudência
MPF Ministério Público Federal
MS Mandado de Segurança
ORTN Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional