METAFÍSICA
METAFÍSICA
METAFÍSICA
METAFÍSICA
O motivo que inspira toda a Metafísica de Aristóteles é o desejo de adquirir aquela forma de
conhecimento capaz de merecer em maior grau a designação de sabedoria. O desejo de
conhecer, afirma Aristóteles, é inato ao homem. No grau mais baixo, manifesta-se no prazer
que sentimos em utilizar os nossos sentidos.
A sabedoria não deve ser apenas ciência ou conhecimento das causas, mas sim o
conhecimento das causas primeiras e mais universais. Com efeito, isto satisfaz, de forma mais
completa, o critério de sabedoria de que fazemos uso naturalmente. É o conhecimento mais
profundo, o conhecimento do que é mais difícil de conhecer, uma vez que os seus objectos,
sendo os mais universais, constituem aquilo que se encontra mais distante dos sentidos; é o
conhecimento mais preciso, pois os seus objectos são os mais abstractos, os menos
complexos; o mais intuitivo; o mais auto-suficiente ou independente; e o que possui maior
autoridade, uma vez que é, inter alia, o conhecimento da causa final de todas as coisas. A
filosofia nasce do espanto primitivo, mas procura a supressão deste espanto, a compreensão
completa e adequada do mundo, de forma a nada existir na realidade das coisas, tal como
estas se apresentam, que se situe fora do espanto
a causa material,
formal,
eficiente e,
final.
Duas questões fundamentais ocupam o espírito de Aristóteles:
Primeiro é a metafísica possível enquanto única ciência suprema - quer dizer, enquanto
ciência sinóptica estudando natureza, não desta ou daquela realidade, mas do real como
tal, e deduzindo a natureza detalhada do universo a partir de algum princípio central? A
sua resposta, com base nos elementos fornecidos sobretudo pelos livros I e E, e com a
ajuda dos Segundos Analíticos, afirma ser possível uma ciência da metafísica. Tudo o que
é, possui uma certa natureza que lhe pertence simplesmente como ser, e isto pode ser
conhecido. Existem certos princípios verdadeiros de tudo o que é, os quais estão na base
de toda a demonstração - as leis da contradição e do terceiro excluído. Mas a metafísica
não pode deduzir o detalhe da realidade a partir destes, ou de quaisquer outros, princípios
centrais. Existem espécies distintas de realidade. Cada uma possuindo a sua própria
natureza e os seus princípios primeiros não deduzidos, mas apreendidos directamente, tai
como se passa a respeito dos primeiros princípios universais. Por outro lado. A natureza
essencial da realidade não se manifesta plena e equitativamente em tudo o que é. O ser
não é um atributo pertencente, na mesma razão, a tudo o que é. Existe uma espécie de ser
que é no sentido mais estrito e pleno: a saber, a substância. Todos os outros objectos são
simplesmente em virtude duma certa relação definida com a substância - como qualidades
da substância, relações entre substâncias, e assim sucessivamente. E o que é verdadeiro do
ser é-o igualmente da unidade' Tudo o que é, é uno' e tudo o que é uno é, e o termo
unidade possui sentidos diferentes, ainda que conexos, consoante seja unidade da
substância, da qualidade, da quantidade, etc. O e a (unidade) expressam os termos situados
abaixo da distinção das categorias, sendo aplicáveis a cada uma delas e. A estes devemos
acrescentar o termo. Contudo, este não possui o mesmo peso.
Existem três ordens de entidades: as que possuem existência substancial separada, mas
estão sujeitas à mudança; as que estão livres da mudança, mas apenas existem como
aspectos possíveis de distinguir nas realidades concretas; e as que, simultaneamente,
possuem existência separada e estão livres de mudança. Estas, são estudadas por três
ciências distintas: a física, a matemática e a teologia ou metafisicar. A física e a
matemática podem subdividir-se. Por exemplo, a matemática, nos dois ramos
fundamentais constituídos pela aritmética e pela geometria, bem como pelas suas várias
aplicações. E, assim como existem princípios comuns a todas as matemáticas (por
exemplo, que iguais tomados de iguais permanecem iguais), também existem princípios
próprios à aritmética e outros à geometria. Aristóteles mostra que, no respeitante ao
objecto da metafísica, é possível estabelecerem-se dois pontos de vista:
1. podemo-nos interrogar se a filosofia primeira persegue um fim universal ou,
2. se se refere a uma espécie particular de realidade. No entanto, os dois pontos de vista
são reconciliáveis. Se existe uma
1º ser por acidente ou acessório - A metafísica não estuda o ser acidental porque este não
pode ser de todo estudado. Uma casa, por exemplo, possui um número infinito de
atributos acidentais. A ciência não pode embarcar no estudo destas séries indefinidas de
atributos; a ciência da construção, por exemplo, concentra-se na construção duma casa
destinada a ser o que uma casa essencialmente é, um ar, e ignora os seus atributos
acessórios. Do mesmo modo, a geometria estuda, não todo e qualquer atributo do
triângulo, mas apenas aqueles que lhe pertencem enquanto triângulo. E a metafísica não
estuda aquelas conexões entre sujeito e atributo nas quais o atributo não deriva da
natureza do sujeito, mas lhe é acessório. Não estuda estas conexões pois estas não
constituem objectos de todo o conhecimento.
2º ser como verdade - o outro sentido de ser não estudado pela metafísica é o de (ser como
verdade) A metafísica não o estuda por que pertence, não a objetos, mas a estados de
espírito. É estudado, devemos supor, não pela metafísica, mas pela lógica. Aristóteles
admite o facto, a noção de (coisas falsas) e presumivelmente, sem dúvida a de coisas
verdadeiras.
Substância
Na metafísica Aristóteles não fornece qualquer exposição acerca das categorias no seu
conjunto. As categorias outras que a substância são, por assim dizer, meros renovos e
concomitantes do ser.
Uma substância desprovida de qualidades é algo tão impossível quanto o é uma qualidade que
pressuponha uma substancia. A substancia é a totalidade da coisa. Incluindo as qualidades, as
relações etc, as quais formam a sua essência.