Apontamentos 10 Classe 2021

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Apontamentos de História 10ª classe Actualizados em 2020

1. O Desenvolvimento Económico dos Países Capitalistas nos finais do séc. XIX e Inicio do séc.
XX

Objectivo: Caracterizar as manifestações imperialistas.

1.1 Características Gerais da Época


Neste período os países capitalistas europeus apresentavam um desenvolvimento desigual, tendo em conta
que existiam no continente países capitalistas mais industrializados e países agrários que ainda mantinham
formas de produção feudal, embora alguns encontravam-se numa fase de transição para o capitalismo.
Os estados mais industrializados eram principalmente os da Europa setentrional (norte) e ocidental, tais
como a Inglaterra, França, Bélgica, Países Baixos (Holanda) e Alemanha que estava em pleno
desenvolvimento desde a sua unificação em 1871.
No grupo dos países agrários encontramos fundamentalmente os da Europa Meridional e do Leste, tais
como o Império Otomano, Austro-húngaro, Itália e Rússia.
Os países mais industrializados são os que mais concorriam para a conquista de colónias nos continentes
africano, América - latina e Ásia. As colónias constituíam centros de obtenção da matéria-prima tais como:
recursos agrícolas e minerais, escravos, serviam de mercados para a venda dos seus produtos industriais e
investimento de capitais.
O desenvolvimento desigual entre as potências imperialistas nos finais do séc. XIX e princípios do séc. XX
criou rivalidades entre elas, que deram origem às contradições, conflitos imperialistas e a consolidação do
colonialismo no mundo.

1.2 Características Socioeconómicas e Políticas da Inglaterra, França, Rússia, Império Austro-


húngaro e dos EUA
a) Inglaterra
Até princípios do séc. XX, a Inglaterra era a primeira potência industrial e imperialista do mundo.
A Nível Económico
Era um país meramente industrializado e virado para o mercado, o sector agrícola empregava um pouco
menos de 20% da população total.
Possuía um vasto império colonial donde importava toda a matéria-prima que precisava para fazer
funcionar a sua indústria. Os esforços internos estavam mais virados para a exploração industrial, comércio
e na banca, principais vectores da riqueza.
Deste modo, a Inglaterra tornava-se na indústria, Banco e mercado mundial, a Libra Esterlina substituía o
ouro nas transacções comerciais internacionais.
A hegemonia inglesa só começou a ser posta em causa no terceiro quartel do séc. XIX devido à crise
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económica de 1873-1896, e a concorrência industrial de outros países na 2ª fase da Revolução Industrial,


onde destacou-se a Alemanha após a sua unificação em 1871.
A Nível Social
A população das colónias britânicas era cada vez mais crescente, em 1876, ascendiam aos 250 milhões de
habitantes e nos princípios do séc. XX 400 milhões.
A Inglaterra desfrutava de uma classe operária mais organizada, que já detinha instituições de defesa do
trabalhador conquistado na primeira metade do séc. XIX, os sindicatos. Portanto, viviam em melhores
condições comparativamente com os operários de outros países, mas as condições dos trabalhadores
ingleses deterioraram-se nos fins do séc. XIX com o crescimento dos monopólios e a intensificação da
concorrência nos mercados internacionais que intensificavam a exploração laboral.
Foi neste âmbito que foram obrigados a introduzir reformas na área sindical que deram origem a formação
das trade-unions (sindicatos), agora mais inclusivas que abrangiam também operários sem qualificações
em oposição das anteriores. Sendo assim, os operários de qualquer especialidade tinham direito de
organizar os seus próprios sindicatos.
A Nível Político
Nos fins do séc. XIX e princípios do séc. XX, existiam na Inglaterra dois partidos políticos que se
alternavam no poder: os Liberais (Whings) e os Conservadores (Tories), demonstrando deste modo as
práticas democráticas que já eram tradição na Inglaterra.
Os dois partidos tinham até certo ponto, os mesmos objectivos, embora os conservadores estavam mais
descaídos no apoio dos grandes latifundiários. Ambos os partidos defendiam a política de conquista
colonial e esforçavam-se para afastar a classe operária dos revolucionários.

b) França
A Nível Económico
O desenvolvimento industrial francês começou a ganhar mais impulso a partir da década 20 do séc. XIX,
com o rápido crescimento da indústria têxtil e de carvão e em 1840 a siderúrgica e metalúrgica. Seguiram-
se anos de grande prosperidade com a expansão da rede ferroviária (1860), que contribuiu para a criação do
mercado interno e das instituições bancárias.
A França até antes de 1870 ocupava o estatuto de 2ª potência mundial depois da Inglaterra. Mas a sua
instabilidade económica começou aquando da guerra franco-prussiana (1870/71), que contribuiu para a
unificação da Alemanha e a perda por parte da França do estatuto de segunda potência mundial.
A França perdeu os territórios da Alsácia e Lorena ricas em jazigos de carvão mineral e ferro que
alimentavam as suas indústrias.

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Os alemães condenaram a França ao pagamento de 5 milhões de Francos como indemnização da guerra


para ser saldado num curto espaço de tempo.
A nível interno havia um fraco investimento de capitais por parte da sua burguesia que preferia investir nos
países atrasados onde os rendimentos eram elevados.
A Nível Político
A instabilidade política provocada pela crise económica permitiu a formação do partido socialista e
aumento da tensão entre o parlamento e o presidente.
A nível da política externa há uma viragem para o desenvolvimento da política imperialista, expandindo-se
para outros continentes a procura de mercados e matéria-prima.
Esta acção francesa era motivada pela questão do orgulho nacional iniciada em 1875, tendo como objectivo
central, recuperar os territórios perdidos e ampliar as suas fronteiras dentro e fora da Europa.
A Nível social
A guerra levou ao empobrecimento dos camponeses e a redução do poder de compra dos produtos
industriais, o que quebrou até certo ponto o seu mercado interno. A população debatia-se com o aumento
do êxodo rural devido a fraca produtividade agrícola e a falta de emprego nas cidades.

c) Alemanha
A Nível Económico
A guerra Franco-Prussiana (1870/71) foi determinante para a unificação da Alemanha em 1871.
A riqueza alemã assentava-se em abundantes reservas de carvão mineral, ferro e terra, os quais lhe
permitiram criar rapidamente uma indústria pesada de ferro, aço e de guerra que se tornou uma ameaça
para o resto da Europa e do mundo. Desenvolveram a construção naval e promoveram a expansão dos
caminhos-de-ferro e criaram empresas especializadas que operavam no exterior.
Os êxitos da Alemanha não tinham comparação com os resultados alcançados pela França e Inglaterra;
com a exploração racional dos seus recursos, assente na aliança da indústria à ciência e à técnica, os
alemães juntavam a aplicação consciente da qualidade dos seus produtos que os distinguia, o método, a
disciplina e a audácia na produção industrial.
Para o rápido crescimento económico da Alemanha contaram o alargamento dos mercados externos, a
expansão comercial e colonial, as medidas proteccionistas decretadas pelo Estado germânico com vista a
defender a produção nacional, aplicando taxas alfandegárias elevadas para os produtos estrangeiros.
Sendo assim, em 1870 a Alemanha exportava os seus produtos para todos os cantos do mundo, o que mais
tarde criou rivalidades económicas com os seus concorrentes comerciais, como a Inglaterra e a França.

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A Nível Político
A política era estável, limitava-se na concorrência e assim permitia a estabilidade dos preços cujo objectivo
era defender a produção nacional e criar facilidades de transporte e comunicação.
Este império foi constituído num espírito nacionalista e reaccionário que propagou a sua filosofia através
da educação nas escolas e universidades onde se incutia o espírito de violência e de falso patriotismo.
A literatura local enaltecia a superioridade do povo alemão eleito para governar o mundo.
A Nível Social
Havia uma diversidade de classes sociais e respeito pelo poder central.

d) Império Austro-Húngaro
Neste período o império Austro-Húngaro era composto por diversas nações em pequenos grupos étnicos
sujeitos a dominação estrangeira.
A Nível Económico
Baseava-se na exploração da agricultura e da indústria. O processo de industrialização do Império Austro-
Húngaro iniciou a partir de 1867, apoiado por capitais estrangeiros franceses e alemães, com maior
destaque para a indústria mecânica e metalúrgica, e expansão da rede bancária.
A Nível Político
O Império Austro-Húngaro foi estabelecido em 1867, com a união das coroas austríaca e húngara numa
monarquia dual.
Este império surgiu devido a perda de influência política da Áustria na Europa Central e ao surgimento de
movimentos nacionalistas dentro de cada um destes Estados. No entanto, existiam dois parlamentos, duas
constituições, duas línguas e dois governos que apenas se uniam para tomarem decisões dos negócios
estrangeiros ou diplomáticas, guerras e finanças.
A Nível Social
Havia um crescimento da burguesia urbana e uma certa abertura intelectual.
A população era composta por vários grupos étnicos de nações anexadas tais como: sérvios, croatas,
eslavos, checos, polacos, entre outras, excluídos do processo político, o que mais tarde traduziu-se em
vários conflitos étnicos e na crise balcânica a partir de 1908.

e) Rússia
Neste período a Rússia era um país onde predominavam grandes contrastes culturais entre o antigo e o
moderno.

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A Nível Económico
A maioria da população russa cerca de 85% vivia no campo e cerca de 80% da população activa praticava a
agricultura, onde a charrua era um privilégio das famílias nobres. Os primeiros passos para o
desenvolvimento industrial do império russo iniciou a partir de 1860 com a expansão da rede ferroviária,
embora dependia do material importado. Contudo, o seu rápido desenvolvimento industrial impulsionado
pelo capital estrangeiro (alemão, belga e francês) ocorreu nos finais da década de 1880 até a Primeira
Guerra Mundial em 1914, onde destacaram-se a indústria têxtil, metalúrgica, extractiva e eléctrica. Sendo
assim, a indústria russa passou a ocupar o quinto lugar na produção industrial do mundo.
A Nível Político
O poder encontrava-se nas mãos do imperador Czar Nicolau II.
O regime político era uma Monarquia absolutista feudal e ditatorial apoiado pela polícia e pelo exército, no
entanto, não havia espaço para qualquer instituição apresentar reclamações. A igreja funcionava em função
do Estado, o objectivo era de dominar e explorar o povo.
A Nível Social
Nesse período a maioria da população russa era rural, viviam em péssimas condições de vida e a cumprir as
ordens do imperador.

f) Estados Unidos da América


A Nível Político
Os EUA durante o séc. XIX eram uma potência emergente com ambições de se tornar num estado
territorial poderoso, para tal tomaram as seguintes iniciativas imperialistas:
 Decretou a doutrina Monroe (1823), que tinha como lema “América para os americanos”, ou seja, a
América não devia ser explorada por outros países, neste caso europeus, mas sim americanos;
 Patrocinavam acções militares que culminaram com a expulsão das potências europeia das suas
colónias americanas e a posterior os EUA mantinha-as sob o seu controlo;
 Destacaram-se também pela prática da política do “Big Stick1” ou grande esticada com interesses
imperialistas na América Central, do Sul e Caraíbas;
 A Guerra de Secessão (1861 – 1865) – culminou com a unificação de interesses económicos entre
as três regiões (Sul, Centro e Norte). Esta guerra contribuiu para o rápido desenvolvimento
económico dos EUA assumindo aos poucos o seu poderio militar.

A Nível Económico
 No início do séc. XIX era uma potência dependente do financiamento inglês para o seu
desenvolvimento.
 De potência secundária em 1840, os EUA ocupavam o primeiro lugar na produção industrial
mundial em 1900;
 Até aos finais do séc. XIX, tinha uma taxa de crescimento de 4% por ano;

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Big Stick – (grande porrete/grande esticada), política introduzida por Teodoro Roosevelt em relação a América Latina, que
resultou na intervenção dos militar dos EUA nesta região apoiando vários países a alcançar a sua independência colonial
europeia, mas em contrapartida estabeleciam a sua influência política e mantinham os seus investimentos económicos nesses
países.
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 Os sectores indústrias de maior destaque foram: indústria têxtil, siderúrgica, metalúrgica, química,
eléctrica e também as vias de comunicação;
 Desenvolvimento do sector financeiro e bancário;
 No fim da primeira Guerra Mundial, tornaram-se na primeira potência mundial;

A Nível Sociais
 Fim do trabalho escravo decretado depois da guerra de Secessão (1861 – 1865);
 Rápido crescimento da população que estimulava a produção agrícola e industrial, por exemplo de
5308000 em 1800, a população norte americana passou para 75995 000 em 1900.

2. A Formação das Alianças e Blocos Militares


2.1 Os Primeiros conflitos entre as Potências Imperialistas

O desenvolvimento do imperialismo despertou a concorrência económica entre as nações industrializadas


na luta pela posse de colónias e criação de monopólios de mercados e fontes de matérias-primas, criando ao
mesmo tempo condições favoráveis para a exportação de capitais.
No entanto, as potências imperialistas cientes dos conflitos que os seus objectivos iam trazer apressaram-se
a formar alianças entre si ou blocos militares rivais para prevenir qualquer tipo de agressão.
A diplomacia alemã na sua oposição à Rússia e à Inglaterra, criou o primeiro bloco militar em 1882,
reunindo a Áustria-Hungria e a Itália conhecido como Tríplice/tripla Aliança.
- A França vendo-se ameaçada pelos interesses alemães uniu-se à Rússia em 1894, formando uma
coligação, só mais tarde é que a Inglaterra veio se juntar a estes países, primeiro com a França em 1904 e a
aliança concluiu-se efectivamente em 1907 com a Rússia Formando-se desta feita a Tríplice Entente
cordialle (tripla de entendimento).
2.2 Objectivos das Alianças
Os blocos militares depois de se formarem assumiram compromissos fortemente defensivos, cujas
obrigações eram de defender ou prestar assistência a qualquer das outras potências do mesmo bloco caso
fossem atacados.

2.3 Os Primeiros Conflitos Políticos entre as Potências.


 Rivalidade Anglo-alemã em 1870- devido à concorrência dos produtos industrializados;
 A sua rota para a Índia através do canal de Suez estava ameaçada com o objectivo alemão de
construir a linha férrea Berlim-Bizâncio-Bagdad;
 Rivalidade Franco-Alemã (1870/71) - que terminou em guerra devido a disputa dos territórios da
Alsácia e Lorena ricas em minérios de ferro e Carvão mineral;
 Em 1905-11- a crise do Marrocos
 Rivalidade Franco-Italiano (1881) - pela conquista da Tunísia que ambos os países pretendiam
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ocupar.
 Rivalidade entre a Áustria-Hungria, Alemanha com a Rússia pois a Rússia pretendia controlar o
estreito da Bósfora e Dardanelos para ter acesso ao mar Mediterrâneo.
 A Crise Balcânica – no continente europeu o principal foco de atrito entre as potências era a
península balcânica onde se chocavam os interesses nacionalistas da Sérvia e o expansionismo da
Áustria-Hungria. As suas relações pioraram quando em 1908, a Áustria-Hungria anexou a Bósnia-
herzegovina.
Este é um dos focos de conflito que vai levar ao início da 1ª guerra Mundial.

2.4 Conclusão
Os finais do séc. XIX e princípios do séc. XX são considerados de paz armada. A Europa estava dividida
em dois blocos militares, assistia-se a corrida aos armamentos sobretudo por parte da Alemanha e
Inglaterra. Esta situação tornou-se alarmante a partir de 1907.

3. O Imperialismo e o Estabelecimento do sistema Colonial em África (séc. XIX - 1ª Guerra


Mundial)
Factores do Estabelecimento do Sistema colonial em África
Factores Económicos
A expansão da industrialização na Europa criou necessidade para:
 Domínio de mercados para a venda de produtos industriais;
 Procura de matéria – prima e recursos energéticos;
 Exploração da mão – de – obra barata;
 A saturação dos mercados europeus e procura de locais para investimentos de capitais.
Factores Políticos
 A intensificação das rivalidades entre as nações europeias devido ao aumento do sentimento
nacionalista;
 A existência de Estados centralizados que ambicionavam maior prestigio com a conquista de
colónias.
Factores Socioculturais e ideológicos
 A explosão demográfica resultou da melhoria das condições de vida e do progresso da medicina,
que criou condições para o aumento da população excedentária e pobre, sem condições de emprego
para garantirem a sua sobrevivência, sendo assim, as colónias eram a única esperança para a
melhoria das suas condições de vida.
 A emergência da corrente eurocentrista que defendia a expansão colonial na diferença de raças ou
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seja, a superioridade da raça branca sobre a negra;


 A necessidade de evangelizar e expandir a fé crista salvando as almas dos infiéis e transmitindo os
valores da civilização europeia.
A fácil dominação do mundo pela Europa nesta época, resultou da sua superioridade económica, científica
e tecnológica, o que permitiu às potências imperialistas ocupar e controlar vastas regiões, sobretudo no
nosso continente.
Contudo, os africanos mesmo com a superioridade do inimigo, tentaram resistir com bravura e
determinação em quase todo o continente contra a usurpação dos seus territórios, onde podemos destacar
na nossa zona Austral, as revoltas na Namíbia, a Revolta de Barué de 1917 em Moçambique, dos Xhosa e
Zulos na África do Sul entre outros.

4. A Partilha de África
A colonização e a partilha de África foram antecedidas por viagens de exploração e reconhecimento do
interior de África até então desconhecido pelos europeus que tinham as suas zonas de influência nas
proximidades do litoral.
Com efeito, foram criadas diversas sociedades missionárias e científicas ao serviço das nações capitalistas
tais como: Bélgica, França, Portugal e Inglaterra.
Os exploradores enfrentaram várias dificuldades para penetrar no interior de África devido ao
desconhecimento das vias terrestres, no entanto, procuraram explorar os principais cursos fluviais,
nomeadamente, rio Níger, Congo, Zambeze, Nilo, entre outros.
Os principais exploradores dessas viagens de reconhecimento foram: David Levingston (1849-1873), Henri
Morton Stanley (1875), Savorgnan de Brazza, Capelo e Ivens, Serpa Pinto (1877), Barth (1855), Cameron
(1873-1874), entre outros em representação das seguintes sociedades:
- Sociedade Real de Geografia da Grã-Bretanha, Sociedade Missionária de Londres, Sociedade de
Geografia de Lisboa, Associação Internacional de Congo/Comité de Estudos do Congo, Sociedade
Internacional Africana, entre outras.
A acção das expedições científicas e missionárias na realidade eram exploradoras, faziam levantamento das
vias de comunicação e das potencialidades económicas dos territórios africanos, do estágio cultural ou
antropológico, da organização social, política e da diversidade linguística.
Como consequência dessas viagens foram criadas colónias e zonas de influência em África.
África passou a ser mercado abastecedor da matéria-prima e consumidor de produtos industriais.
A ambição e a concorrência pelos mercados levaram á emergência de conflitos entre as potências europeias
que culminaram com a realização da Conferência de Berlim.
5. A Conferência de Berlim (1884-1885) – Revisão
A conferência de Berlim foi realizada entre 15 de Novembro de 18184 a 26 de Fevereiro de 1885 em
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Berlim, na Alemanha.
Nesta conferência participaram os seguintes países: França, Espanha, EUA, Inglaterra, Países Baixos,
Portugal, Alemanha, Áustria-Hungria, Bélgica, Dinamarca, Rússia, Suécia, Noruega e o Império Otomano.
a) Causas da Conferência de Berlim
 As contradições entre as potências imperialistas na luta pela posse de colónias em África;
 A necessidade de definir os termos de partilha.
b) Objectivos da Conferência de Berlim
 Resolver as contradições entre as potências imperialistas que lutavam pela partilha de colónias em
África;
 Aprovar normas de ocupação de colónias ou zonas de influência em África baseadas no seguinte: -
Liberdade do comércio na bacia e na desembocadura do Congo;
 A liberdade de navegação nos rios Níger e Congo;
 Estruturação das normas a serem observadas para que as ocupações na costa de África fossem
efectivos.
c) Decisões Tomadas na Conferência de Berlim
 Liberdade de navegação nas Bacias de Congo e Níger e Zambeze;
 Liberdade do Comércio na Bacia do Congo;
 Aprovou-se a proibição do tráfico de escravos em África;
 Reconhecimento da independência do estado de Congo-Belga sob a tutela do rei belga Leopoldo II;
 Definiu-se o novo direito colonial baseado no princípio de ocupação efectiva e não nos tradicionais
direitos históricos.
d) O Novo Princípio de Ocupação dos Territórios Africanos
 O novo princípio de ocupação dos territórios africanos defendia que qualquer potência que
reclamasse um território em África devia apresentar a sua reivindicação a outras potências
signatárias da conferência para autorizarem a sua ocupação;
 Para justificar a ocupação de um território em África a potência colonizadora devia construir infra-
estruturas económicas e administrativas que comprovassem a sua ocupação.
e) Impacto da Conferência de Berlim
 Colonização do continente africano repartido para uma e outra potência;
 No traçado das fronteiras africanas, os governos colonialistas não respeitavam a localização dos
grupos étnicos, reinos e Estados africanos existentes que ficaram divididos entre potências
imperialistas;
 A delimitação de fronteiras africanas apenas satisfazia os interesses das potências imperialistas,
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sendo assim, alguns grupos étnicos opostos acabaram sendo unidos numa única nação, o que
actualmente revela-se pela onda de guerras civis em África.

Exercícios de Aplicação:
1. Nos finais do séc. XIX a Europa continuava a exercer forte domínio sobre outras regiões do
mundo…
a) Explica com dois aspectos as razões da hegemonia europeia neste período.
b) Menciona três potências que mais se destacaram neste período.
c) Quais foram as causas que contribuíram para o desenvolvimento do Imperialismo?
d) Identifica três (3) características do Imperialismo.
e) Mencione as consequências do imperialismo no mundo.
2. Nos finais do séc. XIX e início do séc. XX verifica-se um desenvolvimento económico desigual
entre os principais países capitalistas da Europa.
a) Comente a afirmação.
3. A partir dos finais do séc. XIX, até ao início da 1ª G. Mundial passaram a existir na Europa dois
grandes blocos antagónicos. Identifica-os.
4. Qual foi o significado da Conferencia de Berlim?
5. O Estabelecimento do Sistema colonial em África não foi feito de forma pacífica.
a) Comenta a afirmação.
b) Identifica alguns focos de resistência ao estabelecimento do sistema colonial na África Austral.
c) Caracteriza as resistências na Namíbia e a Revolta de Báruè em Moçambique.
6. Para o estabelecimento da ocupação efectiva foram usados pelas potências imperialistas duas
formas de administração colonial. Mencione-as.
a) Menciona os tipos de colónias estabelecidas em África.

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