Brendo Vale - TBMAT - A Missio Dei No Profeta Jonas
Brendo Vale - TBMAT - A Missio Dei No Profeta Jonas
Brendo Vale - TBMAT - A Missio Dei No Profeta Jonas
BENEVIDES - PA
2021
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................3
2 O LIVRO DE JONAS............................................................................................................4
2.5 ESBOÇO...............................................................................................................................7
3 OS PERSONAGENS DA MISSÃO......................................................................................8
6 CONCLUSÃO......................................................................................................................20
REFERÊNCIAS........................................................................................................................22
3
INTRODUÇÃO
O livro de Jonas é uma história sobre um Profeta desobediente que se desagradou de Deus por
amar seus inimigos. Jonas se difere em muitos sentidos aos seus colegas profetas do Antigo
Testamento, principalmente porque o livro não foca nas palavras proferidas pelo profeta, mas
em um diálogo entre Deus e o profeta desagradavelmente birrento. Jonas foi enviado à cidade
de Nínive, mas foge em resposta ao chamado de Deus. O plano do Profeta é frustrado quando
uma grande tempestade envolve o barco que ele estava (Jn 1.4). Os marinheiros,
companheiros de Jonas na viagem, são convencidos pelo próprio Jonas em jogá-lo para fora
do barco, é ai que ele é engolido por um grande peixe. Depois de três dias o peixe expulsa
Jonas (Jn 2.10). Então, novamente Deus pede que ele vá para Nínive (Jn 3.1), Jonas desta vez
obedece, prega seu sermão de apenas uma frase e milagrosamente a cidade toda se arrepende
(Jn 3.5) e por esse motivo, mais uma vez, o profeta fica zangado pela misericórdia de Deus
para como o povo de Nínive (Jn 4.1) A narrativa termina com uma analogia e uma pergunta
retórica que Deus faz a Jonas (Jn 4,11).
O livro de Jonas é importante porque trata do mandato de Deus ao seu povo para com os
gentios. Israel foi o povo escolhido por Deus para espelhar e espalhar a sua glória entre todos
os povos, mas será que conseguiu? Quando Deus chama Abraão para formar para si um povo,
em gênesis 12, Ele comissiona esse povo a ser benção a todas as nações da terra. Israel teria
que testemunhar a todos os povos a respeito do Deus verdadeiro que os havia escolhido, desta
forma o livro serve como ponto de partida para missões no novo testamento. O livro também
fornece lições profundas para que possamos entender a missio dei. Jonas exemplifica muitos
dos seus contemporâneos israelitas, que por seu nacionalismo estreito, acabaram abandonando
a missão a qual Deus havia lhes dado. A pesar da atitude do profeta, vê-se em todo o livro a
mão de Deus se movendo para que os ninivitas ouvissem a respeito de Deus. E não só isso,
mas o livro também possibilita que o leitor enxergue na atitude de Jonas, sua própria atitude
em cumprimento do comissionamento da parte de Deus. Será que no lugar de Jonas, tendo
que pregar para uma nação tão cruel, você apresentaria a mesma atitude? Portanto, podemos
dizer que Jonas é também um manual para todo que quer ser missionário, apresentando temas
necessários para todo aquele que deseja cumprir o Ide do Senhor.
4
Quando criança certamente você ouviu a respeito do homem que foi engolido por um grande
peixe. Em nossas escolas Bíblicas o livro é extremamente difundido nas lições infantis, muitas
músicas foram escritas em tom infantil sobre a história do profeta que fugiu de Deus e foi
engolido por um grande Peixe, mas será que quando o autor escreveu o livro de Jonas, tinha o
propósito de que apenas crianças fossem maravilhadas por essa rica história? Será que o
personagem principal do livro é mesmo o Profeta? Você já leu este precioso livro Bíblico na
perspectiva da “missio dei”?
LIVRO DE JONAS
Autor: Tradicionalmente a autoria do livro tem sido designada ao profeta que dá nome ao
livro e que é mencionado em 2 Reis 14.25. A estrutura pessoal do livro e o salmo no capítulo
2 sugere isto para alguns leitores. Entretanto, considerando uma possível data posterior, é
provável que tenha sido escrito por um autor desconhecido.
Data: Segundo a Bíblia de Estudo de Genebra, provavelmente o livro foi datado de 750 – 613
a.C. Ela diz que, com base em 2Rs 14.25, os acontecimentos deveriam ter ocorrido no século
8 a.C. No entanto, os eventos podem ter ocorrido em algum momento durante o reinado de
Jeroboão II 722 – 721 a.C. E antes da destruição da cidade de Nínive por volta de 612 a.C.1
Jonas profetiza durante o reinado de Jeroboão II (786 – 746 a.C) este reinado fornece o plano
de fundo perfeito para a história de Jonas. Jeroboão II foi um dos piores reis de Israel (2 Rs
14.24). Apesar disso, Jonas é usado por Deus para profetizar em seu favor. O rei recuperaria
1
Bíblia de Estudo de Genebra, 2º ed. 2009 Editora Cultura Cristã (Jonas – Data e Ocasião)
5
depois de uma batalha, todo o território da fronteira norte de Jerusalém. Este reinado
introduziu um período de memorável paz e prosperidade, o reino gozou de expansão
territorial e segundo todas as aparências externas o reino estava recebendo as bênçãos de
Deus.
Mesmo assim, os profetas Oseias e Amos declararam que o reino de Israel estava num estado
de decadência social, moral e religiosa (Os 1.2-8; Am 2.6-16). Nesse contexto histórico, é que
Jonas resiste ao chamado de Deus em pregar em Nínive. Ele obedece, depois de experimentar
o julgamento divino através da estadia no ventre do grande peixe.
Sempre foi o plano de Deus espalhar o seu amor a todas as nações, no entanto, pelo
relacionamento único entre Ele e o povo da sua aliança, Jonas e muitos de seus compatriotas
haviam se perdido no intenso nacionalismo e etnocentrismo, que os cegava para o real
propósito da eleição do povo de Israel por parte do Senhor.
Certamente, o autor do livro de Jonas tinha em mente um propósito didático para o livro
quando o escreveu. Sabendo disso, é necessário perguntar que lições o autor tinha em mente e
que ensinamentos ele queria transmitir através dos seus escritos? A quem faça isso de maneira
sucinta como Carlos Osvaldo de Pinto, para ele a síntese do propósito de Jonas é: “A
soberania de Javé em conceder salvação, apesar da atitude de seu servo, deve motivar
obediência humilde e interesse amoroso pela humanidade” 2
Mas, alguns autores classificam o livro com até mais de um propósito. Tomas Desmond
Alexander, em seu comentário sobre o livro de Jonas3, divide a mensagem do livro em quatro
amplas categorias:
1 – Arrependimento:
Arrependimento é um tema que claramente permeia o livro de Jonas, não por acaso, muitos
comentaristas destacam esse tema como um dos propósitos do livro. O autor queria introduzir
a possibilidade de pagãos se arrependendo e clamando ao Deus de Israel. Foi assim com os
2
Pinto, C. O. C. (2014). Foco & Desenvolvimento no Antigo Testamento. (J. C. Martinez, Org.) (2a Edição
Revisada e Atualizada, p. 741). São Paulo: Hagnos.
3
Baker, David Weston, – Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias / Alexandre, Thomas Desmond – Jonas /
Miqueias Sturs, Richard J. – SP: Vida Nova, 2001 (Série Cultura Bíblica).
6
marinheiros e com os ninivitas, assim deveria ser com todas as nações que estavam longe do
Deus de Israel. Até mesmo os animais entram neste processo (Jonas 3.7-8). Não há outro
relato na bíblia de animais participando de jejuns.
Foi proposto por F. Hitzig 4 que o livro de Jonas tinha por objetivo Justificar o não
cumprimento de profecias divinas. Seria mais ou menos, uma ilustração de como Deus pode
revogar ou mudar um juízo já proclamado. O caso de Nínive não é um caso isolado, foi assim
também com o rei Ezequias (2Rs 20.1-6) que depois de receber sentença de morte através do
profeta Isaias, orou ao Senhor que lhe deu mais 15 anos de vida.
Para alguns autores com W. Kaiser Jr, o propósito do livro de Jonas é um proposito
missionário, Kaiser argumenta que:
Fica claro que para Kaiser o livro foi escrito para que os leitores judeus fossem motivados a
ser luz para os gentios, de forma que os gentios viessem adorar o único e verdadeiro Deus.
4
F. Hitzig (Retirado de: Serie Cultura Bíblica – Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque e Sofonias – Vida
Nova 2001 – p. 95).
5
Kaiser, Walter C. Jr – Missão no Antigo Testamento – Peregrino, 2006. P 104
6
Kaiser, Walter C. Jr – Missão no Antigo Testamento – Peregrino, 2006. P 105
7
4 – Teodicéia:
O termo teodiceia provém do grego θεός - theós, "Deus" e δίκη - díkē, "justiça", que significa,
literalmente, "justiça de Deus". A partir dela se discute a respeito da relação entre a bondade
de Deus e o problema do mal. Alguns autores argumentam que Jonas objeta a respeito do
amor divino, que tolera uma nação tão perversa. Wrigth, Cristopher J. H argumenta em seu
livro O Deus que eu não entendo que: “A Bíblia nos permite que nos juntemos alguns
personagens bíblicos que clamam a Deus com os “por quê?” e até quando?” (WRIGTH. 2011.
P.262) Certamente essa é uma discussão interessante.
2.4 ESBOÇO
Deus enviou castigo contra Jonas por ele ter recusado o seu chamado para estender a sua
misericórdia a Nínive. Jonas se arrependeu de sua desobediência e Deus o resgatou
Deus respondeu favoravelmente à obediência de Jonas ao seu chamado para Nínive. Deus
afirmou que era apropriado buscar o arrependimento e o perdão dos ninivitas.
3. OS PERSONAGENS DA MISSÃO
A história do livro de Jonas está cheia de personagens estereotipados que ironicamente fazem
o oposto do que você acha que eles fariam. O profeta que se rebelou contra Deus, os
marinheiros pagãos que se arrependem, o rei poderoso que se humilha. Por isso, para alguns,
o livro de Jonas se trata de uma sátira, por usar tanto de humor e ironia para com os seus
personagens. Embora o livro esteja repleto destes elementos, lições profundas são encontradas
quando se observa cada personagem.
3.1.1 Capítulo 1
Deus chama: Apesar de a história girar em torno da aventura (ou desventura) de Jonas, Deus é
o personagem principal desta narrativa. Deus é o principal agente no livro de Jonas, é Ele
quem chama Jonas para pregar em Nínive (Jn 1.1). No Antigo Testamento, inúmeras vezes,
Deus chama homens pra proferirem aquilo que ele desejara falar ao seu povo, com Jonas não
foi diferente. Jonas 1.1 é mais uma das vezes que Deus, pela sua misericórdia, vem de
encontro a um pecador para usá-lo: “Veio à palavra do Senhor”. Esta afirmação não é
exclusiva a Jonas, ela aparece em relação a muitos outros profetas (Jl 1.1; Os 1.1; Jr 1.2; Etc).
Deus salva: A missio dei, diz respeito ao plano do Senhor em redimir a humanidade e resgatar
sua imagem e semelhança por completo no homem, nota-se isso muito claramente no livro de
Jonas. Deus estende a sua graça sobre a cruel cidade de Nínive (Jn 2.1), que era capital do
impiedoso império Assírio que tanto castigou o povo de Israel. Não obstante, Deus tanto se
preocupa com cidades e nações, quanto com indivíduos. O perigoso Saulo de tarso (At.8.1)
foi alvo desta misericórdia também ( At 9.15) Com Jonas, de igual modo, a graça de Deus o
salvou, aparentemente a fuga do profeta seria trágica se Deus não fosse gracioso em
providenciar um irônico salva-vidas: O peixe!
Deus sabe: Deus é soberano sobre todas as coisas, Deus é impetuoso. Isso não significa que
Deus age sem pensar, mas é ligeiro em fazer com que seus planos se cumpram. Deus se move
com rapidez, demonstrando ao profeta desobediente às consequências de sua fuga. Deus lança
sobre o barco que o profeta estava, um forte vento. (Jn 1.4) Dependendo de onde a confiança
e obediência está em uma tempestade, ou há temor ou há descanso (Mc 4.38). Os planos do
9
Senhor não podem ser frustrados, Ele tem controle sobre todas as coisas, se Deus deseja que o
profeta pregue em Nínive, Nínive certamente ouvirá.
3.1.2 Capítulo 2
Deus ouve: Não há maior misericórdia do que um pecador poder falar diretamente a seu Deus,
o Deus de Israel se difere dos outros deuses, porque ouve as orações do seu povo, os deuses
falsos das outras nações eram como o Salmo 115.5-7 retrata: “Têm boca e não falam; têm
olhos e não veem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos não
apalpam seus pés não andam. Som nenhum lhes sai da garganta”. Jonas, ainda que fugitivo da
sua presença sabia que o seu Deus o ouviria (Jonas 2.2).
Deus fala: O Senhor é Deus que se deixa ser afetado por orações. Em resposta a oração de
Jonas, Deus fala para que o peixe vomitasse Jonas em terra seca e segura. Aquilo que parecia
ser o fim de Jonas foi instrumento de libertação de Deus, para impedir que Jonas morresse no
mar, a saber, o grande peixe. O mesmo Deus que com a sua palavra criou toda a terra (Gn 1.3)
com apenas uma palavra também pode nos conceder o seu favor (Mt 8.8).
3.1.3 Capítulo 3
Deus vê: Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se
arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez (Jonas 3.10). Assim termina o
capitulo três. Com a confirmação de que Deus perdoou a cidade de Nínive, apesar dos seus
pecados, apesar da curta mensagem de Jonas. Deus vê tudo o que se passa na terra (Pv 15.3)
seus olhos estão sobre maus e bons e nem um dos seus se perderão (Jo 17.12) foi da vontade
de Deus que a terrível Nínive recebesse a graça de não ser destruída naquele momento.
3.1.4 Capítulo 4
Deus ensina: Muitas vezes na história Bíblica, Deus mostra sua clemência, em ensinar
homens obstinados e pecadores. Jesus por exemplo, se humilhou de tal maneira que veio a se
tornar homem (Fp 2.7), para também nos ensinar lições preciosas. Deus fornece ao profeta
uma ilustração do porquê Nínive foi perdoada. O Senhor não devia explicações a Jonas, o
Senhor não precisaria fazer com que seu filho viesse até essa terra suja, mas como um bom
mestre e professor, Deus quis deixar lições profundas.
10
3.2.1 Capítulo 1
Um profeta disposto? Ao receber o chamado de Deus para pregar em Nínive, o texto bíblico
não diz que Jonas se indispôs perante esse chamado (Jn 1.3) O texto diz que ele se “dispôs”,
mas para fugir. O mesmo esforço que Jonas empregaria em ir para Nínive, usou para ir para
Társis, que para ele significava “longe da presença de Deus”. Jonas que tentara fugir da
presença de Deus, agora não poderá fugir da grande tempestade que assolou o navio que
estava. O mestre do navio deu voz de comando para que Jonas levantasse e clamasse ao seu
“deus” como os restantes dos tripulantes fizeram.
A sorte caiu sobre Jonas, o motivo daquela grande tempestade era ele. O profeta que fugiu do
seu Deus, agora se apresenta em termos étnicos e religiosos. Os marinheiros ao saberem de
quem Jonas estava fugindo ficaram possuídos de grande temor, certamente pensaram: Como
este homem esta tentando fugir do Deus que criou o mar e terra? Jonas desce cada vez mais, a
desobediência nos leva ladeira a baixo. Descendo para Jope, depois a tentativa de ir para
Társis, no porão do navio, até o fundo do mar na barriga de um peixe, nota-se que o profeta
estava disposto a fugir do comissionamento de Deus. A disposição de Jonas em fugir comina
em basicamente um pedido de morte: “Tomai-me e lançai-me ao mar, e o mar se aquietará“
(Jn 1.12).
11
Um profeta arrependido? Há muitos salmos parecidos com o capitulo 2 do livro de Jonas (18,
21, 66, 116) Jonas como um bom Judeu piedoso expressa seu livramento através de um salmo
a exemplo de Davi (Sl 27.9) Mas porque o capitulo dois é importante para o enredo do livro?
Jonas mostra seu arrependimento, embora nos próximos capítulos o profeta dê muitos indícios
que ainda não entendeu o cerne da questão. Jonas, que não se mostra misericordioso no
primeiro capítulo do livro, é alvo da misericórdia de Deus através do livramento pelo ventre
do peixe, esse deveria ser o evento que levaria Jonas a entender que Iavé não era Deus
exclusivo de Israel, mas sim de toda a terra. Como nas palavras de Alexandre Coelho e Silas
Daniel: “Jonas é o exemplo do Judeu de seus dias, mas também de outras épocas. Deus
trabalharia na visão de Jonas, de forma que ele viesse a entender que o Senhor não resume sua
atuação salvífica aos filhos de Israel” (COELHO, DANIEL. 2012 – P.48) Jonas mesmo
declamando um salmo belíssimo, não gera frutos de arrependimento nos próximos capítulos
do livro.
3.2.3 Capítulo 3
Um profeta obediente? Após a oração de Jonas da barriga do peixe, veio à palavra do Senhor
a segunda vez, a Jonas dizendo: “Dispõe-te, vai para à grande cidade de Nínive e proclama
contra ela a mensagem que eu te digo” (Jn 3.2). Jonas finalmente chega a grande cidade de
Nínive, finalmente obedece o comissionamento dado a ele por Deus, mas o texto não indica
que Jonas foi mais receptivo a possibilidade de arrependimento para os ninivitas. Embora
tenha obedecido ao Senhor, Jonas no teor da sua mensagem simplista, indica que ainda não
estava familiarizado com a ideia de que Deus poderia perdoar os ninivitas. Após o
arrependimento do povo, lê-se que: “com isso, desgostou-se Jonas extremamente e ficou
irado”. (Jn 4.1)
Em seu livro “Os profetas menores” Charles L. Feinberg comenta que: “Jonas é agora um
exemplo vivo da misericórdia mediante o arrependimento”. (FEINBERG, 1988 – p. 142) Mas
o que fazemos com o capitulo 4 verso 1 à 3? Os olhos do profeta, certamente não brilharam
em ver Nínive arrependida. Walter C. Kaiser Jr, comenta que:
inclinação por não aceitar o fato de que Deus era também o Deus dos
inimigos.7
Em algum nível, Jonas foi obediente, mas dizer que Jonas é um exemplo de
comprometimento a serviço de Deus é um total exagero.
3.2.4 Capítulo 4
Um profeta bem sucedido? Em toda a história não se tem registro de cidades todas se
arrependendo, certamente Jonas foi o missionário mais bem sucedido de todos os tempos.
Com sua curta pregação, todos os ninivitas são levados ao arrependimento, um Jejum nacional
foi proclamado pelo próprio rei, ao seja, do mais alto cidadão ninivita até os animais, todos
foram alcançados pela pregação de Jonas. Milagrosamente, Jonas não teve nem um
impedimento em pregar em uma terra inimiga, Jonas não teve oposições, Jonas foi levado
pelo próprio Deus até seu campo missionário. Todos os habitantes de Nínive tiveram o
coração voltado para a misericórdia de Deus, os marinheiros louvaram ao Deus de Israel, mas
Jonas foi o único que continuou com o coração obstinado.
Jonas passou de todos os limites, a ira dele pelo perdão de Deus para com os ninivitas foi
tanta, que ele desejou morrer “peco-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é
morrer do que viver” (Jonas 4.3) sobre o desgosto de Jonas Stuart Olyott comenta que: “Jonas
é como alguns calvinistas que não gostam de ver quando pessoas se arrependem”. (OLYOTT,
2013 – p. 66) Jonas amava tanto a Israel que não podia ver a cidade de Nínive sendo
perdoada, por esse motivo ele é o profeta bem sucedido que fracassou.
3.3.1 Capitulo 1
Marinheiros: Como dito anteriormente, o livro de Jonas é cheio de personagens que fazem
exatamente o que não se espera. Os marinheiros são prova deste tipo de ironia que o livro traz.
O fatídico evento do profeta que tenta fugir de seu Deus termina com os marinheiros gentios,
temendo a Deus e o honrando com juramentos e sacrifícios. Curiosamente, os marinheiros
agiram de modo muito mais piedoso do que Jonas, que se dizia servo do Deus verdadeiro, eles
procuravam orar a seus deuses, enquanto Jonas dormia. O texto não deixa claro a que deuses
7
Kaiser, Walter C. Jr – Missão no Antigo Testamento – Peregrino, 2006. P 105
13
os marinheiros serviam, mas vê-se que às vezes os pagãos podem agir de forma mais sabia
que os filhos de Deus.
A cidade de Nínive: A soberania do Senhor sobre todas as nações está implícita na ordem para
Jonas pregar em Nínive. Mas porque o profeta se recusa a ir? Nínive era a capital do império
Assírio. Na profecia posterior de Naum (séc. 7 a.C) Nínive era o foco da ira divina e foi
representada como a personificação do mal e da crueldade ( Na 2.13; 3.4-7) O império assírio
era uma máquina de guerra e culpado das mais terríveis atrocidades (612 a.C) e, com o tempo,
foi vitima do seu próprio tipo de maldade. A pesar de tudo isso, estava nos planos do Senhor,
que Nínive, mesmo por um período, se arrependesse de seus atos de maldade, mas para Jonas,
a bondade de Deus lhe causou repulsa. O profeta sabia que o julgamento proferido para o
temível império poderia ser revogado (4.2) e sua mensagem poderia trazer benção para o
império que tanto maltratou seu povo.
3.3.2 Capitulo 2
A idolatria de Nínive: O texto Bíblico mostra que a malicia de Nínive era tão grande que o
profeta foi comissionado por Deus para pregar contra a grande corrupção da cidade. Sobre a
maldade de Nínive o pastor Hernandes Dias Lopes, comenta:
Nínive era grande em pecado. Nínive foi uma cidade marcada pela malícia
(1.2), pela corrupção moral (3.8) e pela violência (3.8). Os ninivitas eram
truculentos, sanguinários e cruéis. Eles despedaçavam suas vítimas sem
qualquer piedade. O profeta Naum assim descreveu a cidade: “Ai da cidade
sanguinária, toda cheia de mentiras e de roubo e que não solta a sua presa!”
(Na 3.1). Os assírios eram conhecidos por todos os vizinhos por sua
violência e crueldade com os inimigos. Espetavam suas vítimas com estacas
pontiagudas, deixando-as assar até a morte no calor do deserto. Decapitavam
pessoas aos milhares e empilhavam seus crânios perto das portas da cidade e
até esfolavam pessoas vivas. Não respeitavam sexo nem idade e seguiam a
política de matar bebês e crianças para não ter de cuidar deles (Na 3.10). 8
Nínive, certamente estava no alvo da ira divina, como o próprio Jonas afirma “Os que se
entregam à idolatria vã abondam aquele que lhes é misericordioso” (Jn 2.8). Nínive não
conhecia o Deus de Israel, mas embora o salmo de Jonas mostre a realidade do pecador que
não conhece a Deus, o Senhor se mostra misericordioso, apesar do tamanho do pecado de
Nínive.
3.3.3 Capitulo 3
O arrependimento de Nínive: O arrependimento dos Ninivitas foi tão rápido que chega a
assustar. A semelhança dos marinheiros pagãos que se rendem a Iavé, o rei proclama um
jejum para toda a cidade, incluindo os animais, com o intuito de que Deus aparte sua ira da
cidade (Jn. 3.9), para a tristeza de Jonas é isso que acontece, “Deus se arrepende do mal que
tinha dito lhes faria e não o fez” (Jn 3.10). O fato de Deus poupar os ninivitas certamente foi
um golpe para o exclusivismo chauvinista de Jonas, ele não esperava que Deus perdoasse uma
nação que tanto fez mal ao seu povo. Há implícito no livro de Jonas um propósito
missionário, sobre isso Kaizer. comenta que:
8
Lopes, Hernandes Dias - Jonas: Um homem que preferiu morrer a obedecer a Deus - São Paulo, SP: Hagnos 2008.
(Comentários expositivos Hagnos) p. 99
15
3.3.4 Capitulo 4
Por que Nínive? Nínive não tinha qualidades para que fosse alcançada pela misericórdia de
Deus, na verdade na visão humana, a cidade não merecia ser perdoada, mas notamos que
Deus não pensa como o homem pensa, antes de pensar na maldade da cidade, Deus pensa em
sua própria misericórdia e benevolência. Ele listou duas coisas para se entender o porquê
poupou Nínive. Primeiramente as pessoas que “não sabem discernir entre a mão direita e a
mão esquerda” provavelmente crianças que tinham a capacidade moral limitada. Segundo
“muitos animais”.
O verso 11, na verdade, é uma pergunta. A resposta a essa questão obviamente é sim, Deus
deveria ter compaixão da cidade de Nínive, assim como teve com o povo de Israel a salvá-los
do Egito e Jonas deveria ficar feliz em Deus estar estendendo sua misericórdia também aos
gentios.
Charles L. Feinberg, em sua sessão sobre Jonas de seu livro “os profetas menores”,
desenvolve essa relação de Jonas e Israel, para ele, Jonas é um tipo de Israel e para tal
afirmação ele da os seguintes argumentos:
Israel, como Jonas foi escolhido por Deus para ser seu povo e sua testemunha
(Dt 14.2). Como Jonas, Israel foi comissionado por Deus (Is 43.10-12). À
semelhança de Jonas, Israel foi desobediente à vontade do Senhor (Ex 23.1-4)
Do mesmo modo que Jonas se encontrou entre homens de diferentes
nacionalidades, Israel em estado de desobediência foi espalhado por toda a terra
(Dt 4.27). Assim como os pagãos, estando Jonas entre eles, chegaram a ter
9
Kaiser, Walter C. Jr – Missão no Antigo Testamento – Peregrino, 2006. P 104
16
Ainda que, em tipologia Bíblica essa ideia de Jonas ser um tipo de Israel não seja muito
difundida, a relação que o autor faz é interessante. Mesmo que a afirmação que “O livro de
Jonas é uma profecia sobre Israel” seja forte, não se pode negar que o livro de Jonas,
certamente fala contra aos erros por Israel cometidos em relação aos Gentios.
Ainda sobre a obra de Feinberg, o autor enfatiza mais de uma vez que Jonas é um retrato de
Israel. Para ele, assim como Jonas foi bem sucedido em seu ministério, Deus fará o mesmo a
respeito de Israel e o usará para fazer aquilo que nunca antes foi realizado: a conversão do
mundo. Desenvolvendo a Ideia de Paulo em Romanos 11.15 Feinberg, afirma que:
O autor afirma que o mundo verá uma nação espiritualmente ressurreta, que assim com Jonas
contará com o poder de Deus em sua pregação, para tirar as nações da morte espiritual e
conduzi-las a vida. A nação de Israel será como Jonas pregando a mensagem dada por Deus a
todo mundo.
10
Feinberg, Charles L. Os profetas menores – Editora Vida p. 136,137
11
Feinberg, Charles L. Os profetas menores – Editora Vida p. 146
17
Uma leitura cuidadosa da Bíblia nos conduz a conclusão de que o próprio Deus é o tema da
missão. A Bíblia é uniformemente organizada de forma que se pode ler a respeito da Missio
Dei, ou seja, a missão de Deus. Em Gênesis 3.15 o protoevangelho é anunciado, ali vemos a
primeira declaração a respeito da remissão da humanidade que agora estava separada do seu
criador. Mais claramente em Gênesis 12, Deus começa a forma um povo para si, da onde
sairia à semente prometida que esmagaria a cabeça da serpente. Deus, através da descendência
de Abrão, abençoaria toda a terra.
Não se sabe exatamente onde Israel começou a errar em seu nacionalismo extremo. Jonas era
o reflexo de muitos de seus compatriotas, o amor por sua nação era tanto que não ficou nada
contente em ver Deus perdoando a Nínive. A semelhança dos Fariseus da época de Jesus,
Jonas em muitas de suas ações, falas e atitudes se mostrou hipócrita para com os que não
eram iguais, sendo eles marinheiros ou ninivitas.
Muitas vezes o povo de Deus erra como Jonas, primeiramente fugindo de seu chamado a ser
benção a outras nações, a outros que ainda não conhecem o Deus verdadeiro. Dizemos que
temos a religião verdadeira, mas não a praticamos como deveríamos (Tg 1.27). Isso é muito
mais intensificado quando falamos daqueles que não temos afinidade nenhuma, queremos que
todos sejam salvos, mas quando se trata do vizinho barulhento, esse merece ir para o inferno.
Jonas não é somente um retrato do Israel fugindo da sua missão, mas é um retrato do nosso
coração, querendo fugir da responsabilidade que Deus colocou em nossas mãos.
O “Sermão” de Pedro (At 2.12-41) no Novo Testamento, certamente é o bem mais sucedido.
Naquele dia foram mais de 3 mil homens arrependidos que se renderam a Cristo. Pedro
pregou com intrepidez, o apóstolo escolheu seus textos (Jl 2.28-32, Sl 16.8-12; Sl 110.1),
chamou atenção de seus ouvintes e fez uma bela exposição. Mas não foi a eloquência de
Pedro que fez esse grande milagre, foi à ação do Espirito Santo. Após a descida do Espirito
Santo, os apóstolos receberam capacitação da parte de Deus para pregar de tal forma que
multidões se convertiam.
18
Que estrondoso “sermão” foi o de Pedro, mas certamente em número de arrependidos não se
comparou ao sermão do Profeta Jonas (Jn 3.4), provavelmente a cidade de Nínive tinha mais
de 100 mil habitantes. O texto Bíblico nos diz que todas as pessoas daquela cidade se
arrependeram, se não, pelo menos foram poupadas por Deus, pois a cidade não foi destruída
naquele momento. Ou seja, em comparação com o “sermão” de Jonas, o “sermão” de Pedro
corresponde a uma pequena porcentagem de “resultado”. Os que são adeptos do pragmatismo
e “númerolatria”, diriam: “sigamos então o exemplo do pregador Jonas”, mas ao analisarmos
o curto “sermão” de Jonas vemos que a ação do Espírito Santo não encaixa em nossos
padrões, a ação do Espirito Santo não está no número de palavras que o pregador usa, ou na
quantidade de tempo que ele leva para pregar, mas sim na boa, perfeita e agradável vontade
de Deus em quebrantar os corações.
Mas por que a ação do Espirito Santo é importante na pregação? Ora, é ele que convence o
homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-9), sem a ação do Espirito Santo, seremos
como címbalo que retine, expondo toda nossa teologia, sem alcançar os corações. Como disse
Richard Cecil: “Um Sermão que contém mais cérebro nele infundido que coração, não terá
eficácia nos ouvintes”.
Em 8 de julho de 1741, Jonatha Edwards pregou seu famoso sermão “Pecadores nas mãos de
um deus irado”. Edwards que não era tão bom orador, pregou, e com ação do Espirito, houve
pessoas que se agarraram nas colunas da igreja, como se estivessem sentindo serem engolidos
pelo inferno. Que lição! Deus usa quem ele quer, a sua própria maneira. Seu sermão tem uma
frase? Sem ação do Espirito ele se reduz a nada. Seu sermão tem 10 folhas? Ótimo! Mas sem
a ação do Espirito, nada elas podem fazer. Seu sermão é eloquênte, com palavras rebuscadas?
Sem o óleo do Espirito suas palavras serão secas. Seu sermão é popular e todos amam ouvir?
Procure primeiramente agradar a Deus.
Como dito anteriormente, apesar do livro de Jonas narrar a história do profeta, Deus é o
personagem principal do livro. Lemos a respeito de um Deus que ama a todas as nações e
derrama a sua misericórdia a quem quiser. Apesar do descontentamento do profeta fujão,
Deus se mostra sempre paciente e amoroso. Mesmo enviando tempestades e peixes, vemos a
boa mão do Senhor para salvar Nínive e Jonas.
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Em seu livro: “Jonas – Um homem que preferiu morrer a obedecer a Deus”, Hernandes dias
Lopes, levanta oito lições a respeito do caráter de Deus: Deus é santo e não pode tolerar o
mal; Deus intervém na História e ninguém pode impedir sua mão de Agir; Deus é
misericordioso e salva até mesmo os nossos inimigos; Deus conduz os Seus planos à
consumação e nenhum deles pode ser frustrado; Deus está no controle da História e também
dos elementos da natureza; Deus é fiel e Sua fidelidade é maior do que a infidelidade do
homem; Deus tem os ouvidos atentos para ouvir as orações; Deus é Deus de todos os povos e
não apenas dos Judeus.12
Dentre todas essas lições preciosas que o autor elenca, sem duvida a que mais o profeta Jonas
discordaria seria a oitava: Deus é Deus de todos os povos e não apenas dos Judeus. Nas
palavras do autor: “Deus não é uma divindade tribal, Ele é o Senhor do universo. O Reino de
Deus é maior do que a Igreja, Deus se importa com todas as nações. Seu plano é abençoar
todas as famílias da terra por intermédio do Seu povo.” (LOPES,2008 p.26). O Senhor deseja
que sejamos bênção a todas as nações.
A despeito da missio dei, sabemos que se trata da missão de Deus em redimir toda a
humanidade, através do seu filho Jesus. Embora hoje tenhamos uma ampla ideia sobre o que é
a missão de Deus, Israel não tinha em mente que a missão de Deus se estendia a todas as
nações, não apenas Israel. O etnocentrismo estreito impediu que a nação muitas vezes
cumprisse sua missão de ser benção a todas as famílias da terra. Kaiser argumenta que: “Não
pode ser declarado, como é frequentemente o caso, que a mensagem do evangelho no tempo
do Antigo Testamento foi exclusivamente para o povo Judeu e a nação de Israel” (KAISER,
2016 p. 65). Sempre esteve no plano de Deus alcançar também os gentios. Kaiser lista alguns
gentios no Antigo Testamento que, foram beneficiados com o alcance da graça de Deus:
Ao vermos a história de Israel, não deveríamos nos surpreender em ver Deus agindo
graciosamente com gentios ímpios. Assim também no livro de Jonas, não deveríamos nos
surpreender em ver os marinheiros e os ninivitas se arrependendo, era o desejo do Senhor que
eles se arrependessem. Deus deseja espalhar sua graça a todas as famílias da terra, cabe a nós
obedecermos ao chamado para ser luz às nações.
5. CONCLUSÃO
O livro de Jonas, certamente teve um efeito estrondoso para os leitores no tempo do Antigo
Testamento. Com toda certeza, foi indigesto para o exclusivismo religioso do povo Judeu, um
relato de um profeta indo até um povo inimigo, pregar para que eles se arrependam. Israel era
um retrato do profeta fujão, não estava cumprindo aquilo que Iavé lhe incumbira, ser luz entre
as nações (Gn 12). Mas quando a aliança é feita com o próprio Deus, mesmo que o homem
não cumpra sua parte, Deus se encarrega de tudo. Era da vontade de Deus que seu filho viesse
desta nação e assim se cumpriu. O messias veio desta nação rebelde. O Senhor sempre se
mostrou misericordioso com Israel, e mesmo o povo de Deus vivendo longe da missão que
Deus lhes dera, o Senhor cumpriu com seu propósito e o messias veio.
Esta mesma nação não conseguiu, por sua incredulidade e distanciamento de seu Deus,
enxergar o verdadeiro messias. Pediram um sinal (Mt 12.38) e um sinal foi lhes dado: o de
Jonas. Jesus ao responder aos fariseus, tinha em mente sua ressurreição. Jesus quis dizer que
assim como Jonas foi arrancado da morte (barriga do peixe) e pregou em Nínive, assim será
sua ressurreição, um sinal para que todo aquele que nele crê não morra, mas tenha vida eterna.
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Infelizmente Israel rejeitou o Messias, não deram crédito a ele, cuspiram na sua face.
Esperavam um libertador politico, que acabasse com Roma, não que viesse perdoar até os
pecados do mais vil romano.
Será que o povo Judeu é desprovido de entendimento que não conseguiu reconhecer Jesus
como o verdadeiro messias? A resposta é não. À semelhança de muitos, eles não queriam
receber Jesus. Passam os dias e milhares de pessoas caminham para longe da presença de
Deus, para o inferno, por não reconhecerem Jesus como o seu salvador. O povo de Deus tem
uma missão, essa missão não é somente dada por Deus, essa missão é a missão do próprio
Deus. Cabe a nós decidirmos como iremos nos engajar nela, se por amor, ou levados até o
campo missionário dentro da barriga de um peixe.
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REFERÊNCIAS:
LOPES, Hernandes Dias - Jonas: Um homem que preferiu morrer a obedecer a Deus - São
Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias introdução e comentário – SP: Vida Nova, 2001