INVENTARIO DE ESTILOS PARENTAIS IEP Gomide 2006 PE
INVENTARIO DE ESTILOS PARENTAIS IEP Gomide 2006 PE
INVENTARIO DE ESTILOS PARENTAIS IEP Gomide 2006 PE
net/publication/37686613
CITATIONS READS
17 16,166
2 authors:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Paula Gomide on 10 November 2015.
Resumo
Após oito anos de estudos acerca do tema, o Inventário de Estilos Parentais (IEP - Gomide, 2006) foi validado
e encontra-se disponível para utilização. Esse instrumento avalia o estilo parental, ou seja, as estratégias e
técnicas utilizadas pelos pais para educar os filhos, por meio de sete práticas educativas, sendo cinco
vinculadas ao desenvolvimento do comportamento anti-social: negligência, punição inconsistente, disciplina
relaxada, monitoria negativa e abuso físico; e duas relacionadas ao desenvolvimento de comportamentos pró-
sociais: comportamento moral e monitoria positiva. Este artigo contempla os estudos-piloto, estudos sobre
fidedignidade, validade interna, externa, perfil das mães de adolescentes infratores, estudos sobre
comportamento moral, relação entre práticas educativas e abuso de drogas e a normatização dos dados
obtidos. Da aplicação do IEP obtêm-se escores de cada uma das práticas e também o índice de estilo parental
geral (IEP). O escore permite que o aplicador apreenda informações sobre as práticas educativas familiares
utilizadas, facilitando a escolha dos procedimentos de intervenção (orientação, treinamento ou terapia) a
serem utilizados com a família. O IEP é o primeiro instrumento psicológico brasileiro capaz de avaliar as
práticas educativas parentais de crianças e adolescentes que apresentam risco.
Palavras-chave: Família; Práticas Educativas; Inventário de Estilos Parentais.
1
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFSC.
2
Doutora em Psicologia Experimental pela USP. Professora de Psicologia da Faculdade Evangélica do Paraná
Endereço para correspondência: Rua do Viamão, 379, Guabirotuba, Curitiba- PR, CEP: 81520-380.
E-mail: [email protected]
Abstract
After eight years of studies on area, the Parenting Style Inventory (PSI - Gomide, 2006) has been validated
and is now available for use. This instrument assesses the parental style, that is, strategies and techniques used
by parents to raise their children, through seven educative practices, five of them related to antisocial behavior
development: negligence, inconsistent punishment, lax discipline, negative monitoring and physical abuse;
and two of them related to pro-social behaviors: moral modeling and positive monitoring. This work includes
the pilot-studies, the studies about reliability, internal and external validity, law-breakers mothers’
characteristics, moral modeling, the relation between educative practices and drug abuse, and data
standardization. From the PSI application, scores of each educative practice are obtained and also the parental
style index (psi). The score allows the applicator have information about the family educative practices, which
facilitates intervention procedures (orientation, training or therapy) with the family. The PSI is the first
Brazilian psychological instrument able to evaluate parental educative practices of children and adolescents
at risk.
Keywords: Family; Educative Practices; Parenting Style Inventory.
rentais entre as duas classes sociais: estudantes mente significativos, demonstrando haver diferen-
da escola pública e da escola particular. O teste t ças no estilo parental do grupo de risco para o de
identificou diferenças estatisticamente significati- não-risco.
vas entre as duas amostras em cinco situações. As Nessa pesquisa também foi feita a análise
participantes das escolas particulares perceberam da consistência interna das questões por meio do
suas mães e seus pais com maiores índices de Alpha de Cronbach. Os valores alpha obtidos va-
punição inconsistente do que as jovens das esco- riaram de 0,4305, para monitoria positiva materna,
las públicas; também perceberam seus pais com a 0,8726, para abuso físico paterno.
maior índice de monitoria positiva e comportamen- Para verificar se havia diferença de gêne-
to moral do que as segundas. As meninas das es- ro entre as amostras de Gomide e Guimarães
colas públicas perceberam suas mães com maio- (2003), Gomide e Sabbag (2003), testou-se a hipó-
res índices de monitoria negativa. tese nula de que as práticas educativas parentais
Testou-se a hipótese nula de que havia tanto do grupo de risco como de não-risco eram
diferenças entre o grupo de risco com o grupo semelhantes. De modo geral, os resultados foram
de não-risco quanto às práticas educativas. Esta semelhantes, o que indicou que se poderia traba-
análise mostrou que diferenças estatisticamente lhar com uma amostra única independentemente
significativas foram encontradas para a maioria das do sexo.
práticas educativas e para o índice final, como es-
perado. No entanto, diferenças estatisticamente
significativas foram obtidas em relação à monito- Fidedignidade
ria positiva materna (t=-3,218, p=0,002) e paterna
(t=-3,959, p=0,000), e ao comportamento moral Cozby (2003) define fidedignidade como
paterno, em que o grupo de risco apresentou mé- a consistência ou estabilidade de uma medida do
dia bem inferior ao grupo de não-risco (t=-2,881, comportamento, fornecendo uma medida estável
p=0,005). Nesse momento, o comportamento mo- da variável estudada. Assim, entende-se por fide-
ral materno não apresentou diferença estatistica- dignidade a confiança que se tem numa medida,
mente significativa possivelmente pelo baixo nú- por ser ela capaz de repetir-se diversas vezes para
mero de participantes da amostra de risco. Tam- a mesma variável apresentando baixo erro de men-
bém foram encontradas diferenças estatisticamen- suração.
te significativas em práticas educativas negativas – No caso do IEP, um dos estudos sobre fide-
abuso físico paterno (t= 3,0807, p= 0,000) e mater- dignidade foi realizado por Carvalho (2003; Carva-
no (t= 3,313, p= 0,001) e negligência materna (t= lho & Gomide, 2005). A autora realizou uma pesqui-
4,336, p= 0,000), em que se observou uma média sa para investigar se a percepção dos pais é similar à
sensivelmente maior no grupo de risco em relação dos filhos sobre as práticas educativas adotadas pela
ao de não-risco. Além disso, o IEP, que representa família, tendo como amostra 41 adolescentes autores
o conjunto destas práticas parentais, obteve um de atos infracionais e seus respectivos pais. O valor
valor igual a t= -3,125; p≤ 0,005 para as mães e de do IEP médio de cada membro da família foi negati-
t= -3,029; p≤ 0,005 para os pais, ambos estatistica- vo, como pode ser visto na tabela 1.
risco foram estatisticamente diferentes do que das tre o IEP e o Inventário de Depressão de Beck
famílias de não-risco (mãe U= 291, p= 0,02, e pai (U=6,5 e p=0,007). Analisando os escores obtidos,
U= 216,5, p= 0,001). Além disso, mediante aplica- observou-se nos pais das famílias com IEP positi-
ção do teste de correlação de Spearman, os esco- vo ausência de depressão, ao passo que entre os
res do ICM dos adolescentes correlacionaram-se membros das famílias com IEP negativo, 62,5%
positivamente com os dos seus pais (mãe r= 0,3, (n=5) apresentaram escores indicativos dessa (Go-
p= 0,002, e pai r= 0,45, p≤ 0,001). mide et al., 2005).
A análise do discurso obtida por meio do Salvo, Silvares e Toni (2005) fizeram cor-
debate da história “Cachinhos de Ouro” indicou relações do IEP com o CBCL (Child Behavior Che-
diferenças qualitativas entre os grupos, sendo que ck List – Achenbach, 1991). Os pesquisadores,
o grupo de não-risco apresentou comportamentos mediante regressão múltipla (método stepwise),
socialmente mais flexíveis e adaptados. verificaram quais variáveis do IEP poderiam pre-
dizer cada uma das analisadas pelo CBCL. Consti-
tuíram a amostra 30 adolescentes alunos de uma
Validade Externa ONG de Curitiba (PR) de ambos os sexos, com
idade entre 11 e 13 anos. Além deles, um de seus
A validade externa de um estudo é o grau pais respondeu aos questionários. De forma geral,
em que os resultados podem ser generalizados para os resultados indicaram coeficientes de determi-
outras populações ou situações (Cozby, 2003). nação (R2) variando de 0,16 a 0,72 (1.° quartil: 0,20;
Gomide, Pinheiro, Sabbag e Salvo (2005) correla- mediana: 0,31; 3.° quartil: 0,46), o que significa
cionaram o IEP com o Inventário de Habilidades que as variáveis preditoras (práticas educativas do
Sociais – IHS, Inventário de Sintomas de Stress e IEP) explicaram de 16% a 72% da variância total
Inventário Beck de Depressão, obtendo uma cor- das variáveis dependentes (CBCL). Em suma, os
relação positiva entre o IEP e o IHS – fator 2 (r= resultados sugerem que determinadas práticas edu-
0,530, p=0,035), e negativa entre o IEP e o Inven- cativas podem predizer, significativamente, o com-
tário de Stress (r= -0,523, p=0,038) e de Depressão portamento do adolescente.
(r= -0,707, p= 0,002). Esses resultados indicam que
em famílias de estilo parental positivo encontra-se Perfil das Mães de Adolescentes de
um maior nível de Habilidades Sociais e menor Risco
índice de Estresse e Depressão, e vice-versa.
Com relação ao IHS (2001), dos oito mem- Berri (2004) visou avaliar um programa
bros das famílias com IEP negativo, apenas três de intervenção baseado nas práticas educativas do
apresentaram indicativo de repertório elaborado; modelo de Gomide (2003) junto a mães de ado-
já dentre as famílias de IEP positivo, sete membros lescentes em conflito com a lei. O programa foi
apresentaram escores acima da média. Pela avalia- desenvolvido com cinco mães, em oito sessões de
ção do Inventário de Depressão Beck (1997), não uma hora e meia cada. Foram abordadas as práti-
foram observados índices que acusassem depres- cas educativas do abuso físico e monitoria positi-
são nas famílias com IEP positivo, enquanto, nas va, fundamentalmente porque, a princípio, estas
negativas, o valor chegou a 62,5% (n=5). Todos os eram as principais dificuldades das mães, ou seja,
membros das famílias de IEP negativo apresenta- elas utilizavam excessivamente punição física e não
ram índices relativos ao estresse, em oposição a sabiam demonstrar afeto aos filhos.
apenas 25% (n=2) dos membros das famílias de Na análise das práticas educativas avalia-
IEP positivo, segundo o Inventário de Stress de das, destacou-se que todas as práticas negativas
Lipp (Gomide et al., 2005). do IEP foram identificadas nos discursos das mães.
Por meio do teste não paramétrico de Vários relatos descreveram práticas referentes à
Mann-Whitney, obteve-se correlação positiva en- monitoria negativa, sendo que o ambiente hostil,
tre o IEP e o fator 2 (auto-afirmação na expressão por vezes gerado, levava ao abuso físico. Este últi-
de sentimentos positivos) do Inventário de Habili- mo mostrou-se intrinsecamente ligado à punição
dades Sociais (U=8 e p=0,01). O teste mostrou, inconsistente, visto que o agente punidor, segun-
ainda, uma correlação negativa entre o IEP e o do essa prática, bate em função do humor e não
Inventário de Stress de Lipp (U=7; p=0,005), e en- das contingências vigentes. As práticas de abuso
sexual e psicológico também se fizeram presentes vo. A única exceção foi uma díade que apresen-
nos discursos das mães; numa família um pai mo- tou IEP 0 (zero) para o pai e +3 para a mãe.
lestava as filhas e humilhava todos os outros mem- Quanto à negligência, verificou-se que
bros. todos os pais e 66% das mães apresentaram índi-
Não foram encontradas expressões ade- ces de risco nessa prática. Os discursos registrados
quadas das práticas positivas. O comportamento pela pesquisadora na entrevista semi-estruturada
moral não esteve presente nos relatos; ao contrá- indicaram que, provavelmente, a maioria dos ado-
rio, uma família apresentava valores totalmente lescentes da amostra não recebeu de ambos os
opostos a esses, o pai era alcoólatra, usuário de pais o carinho, a atenção e a satisfação de suas
drogas, abusador sexual, psicológico e físico. Das necessidades psicológicas (Assis, 2004). Em rela-
cinco mães participantes, apenas duas demonstra- ção à prática abuso físico, verificou-se que todas
ram utilizar a monitoria positiva. No final do pro- as mães e 75% dos pais apresentaram taxas de
grama, foram comparadas as cartas escritas pelas risco de abuso físico.
mães aos seus filhos no início e no término do No que diz respeito ao comportamento
programa, podendo-se perceber que duas mães moral, obteve-se que 44% das mães apresentaram
haviam diminuído os conteúdos agressivos de uma escores de risco e 37% dos pais índices de com-
carta para outra; outras duas haviam aumentado portamento moral abaixo da média, entre os per-
um pouco tais conteúdos; e a outra não pôde ser centis de 30 a 50. Porém, o que se observou medi-
comparada por não ter escrito a primeira carta. ante a análise dos discursos e dos valores da prá-
Sobre as duas mães que aumentaram seus conteú- tica de monitoria negativa é que as mães e pais
dos agressivos, Berri (2004) hipotetiza que uma que obtiveram bons escores nessa prática também
mãe passou a ser mais assertiva com a interven- marcaram alta pontuação em monitoria negativa.
ção, apresentando comportamentos agressivos pri- Setenta e cinco por cento (75%) dos pais
meiramente; e que a outra passou de uma posição e 55,5% das mães apresentaram índices de risco
fantasiosa sobre o filho a uma visão mais realista, de monitoria positiva. Isso quer dizer que a de-
demonstrando seus sentimentos de decepção em monstração de afeto, carinho e a preocupação com
relação a ele. Nesse sentido, o programa também o filho são deficitárias.
apresentou resultados importantes.
Validação do IEP
Práticas Educativas e Consumo de
Drogas Com o objetivo de validar o IEP, Gomide
e Sampaio (2004) e Gomide e Maggi (2004) apli-
Assis (2004) investigou a correlação en- caram o referido instrumento em amostras de ris-
tre abuso/dependência de substâncias e a pre- co e não-risco para serem comparadas, e para que
sença das seguintes práticas educativas paren- os dados coletados possibilitassem a construção
tais: monitoria positiva, comportamento moral, de tabelas normativas. Assim, Gomide e Sampaio
negligência e abuso físico, as quais, segundo a (2004) utilizaram uma amostra de não-risco com-
literatura, indicam forte relação com o uso de posta por 633 alunos oriundos de dois colégios de
drogas. Para tal, foram realizadas entrevistas Curitiba: 452 de um colégio particular e 181 de um
com nove indivíduos (sendo oito do sexo mas- colégio estadual, sendo ao todo 309 do sexo mas-
culino e um do sexo feminino) dependentes e culino e 324 do sexo feminino. Suas idades varia-
(ou) abusadores de substâncias, com idade en- vam de 13 a 16 anos. Gomide e Maggi (2004) de-
tre 11 a 21 anos. Os instrumentos utilizados senvolveram o mesmo estudo com base na aplica-
foram o IEP e uma entrevista semi-estruturada ção do IEP numa população de risco. A amostra
abordando as características das práticas edu- constitui-se de 136 sujeitos, sendo 107 do sexo
cativas citadas dos pais dos adolescentes abu- masculino e 29 do feminino, oriundos de uma ins-
sadores de substâncias. tituição para jovens infratores e abrigos para ado-
Os IEPs das díades estudadas variaram lescentes vítimas de abuso. As médias de cada prá-
de -26 a +7; no entanto, em todas elas ao menos tica de ambos os grupos podem ser observadas na
um dos membros do casal apresentou IEP negati- tabela 2, a seguir.
Todas as médias das práticas positivas da de risco. Mesmo o comportamento moral, como práti-
população de risco foram menores do que as de não- ca educativa do pai, não deixou de ser estatisticamente
risco, tanto para pais quanto para mães, apontando diferente nos dois grupos amostrais, porém ao nível de
diferenças estatisticamente significativas em todas elas. significância de 2,5% (p< 0,025).
Os dados obtidos foram submetidos ao teste Tendo-se em mão tais dados, pôde-se ela-
t de Student para amostras independentes para avaliar borar duas tabelas normativas que permitem identifi-
a existência de diferenças entre o grupo de não-risco car se o respondente está ou não num nível de risco e,
de Gomide e Sampaio (2004) e o de risco de Gomide e se o estiver, qual a gravidade dele. As duas tabelas
Maggi (2004). Com exceção do comportamento moral (tabelas 3 e 4), uma referente às práticas maternas e
(p= 0,014) do pai, as demais práticas educativas foram outra às paternas, devem ser consultadas separada-
estatisticamente diferentes nos dois grupos amostrais mente. Assim, após a obtenção dos valores de cada
ao nível de 0,01% (p< 0,0001), o que representa uma prática e do índice geral, encontra-se na tabela o per-
forte indicação de que o IEP consegue detectar as prá- centil equivalente, que deverá ser interpretado de acor-
ticas educativas de risco em adolescentes considerados do com os números obtidos.
Tabela 3. Dados normativos das práticas educativas maternas.
monitoria comportamento abuso negli- monitoria punição disciplina
Percentis IEP
positiva moral físico gência negativa inconsistente relaxada
99 19 12 12 0 0 1 0 0
95 15 12 12 0 0 2 0 0
90 13 12 12 0 0 3 1 0
85 12 12 11 0 0 3 1 1
80 11 12 11 0 1 4 2 1
75 9 11 11 0 1 4 2 2
70 8 11 11 0 1 4 2 2
65 7 11 10 0 1 5 2 2
60 6 11 10 0 1 5 3 2
55 5 10 10 0 2 5 3 3
50 4 10 9 0 2 5 3 3
45 3 10 9 1 2 6 4 3
40 2 10 9 1 2 6 4 3
35 1 9 8 1 3 6 4 4
30 0 9 8 1 3 7 5 4
25 -2 8 7 1 3 7 5 4
20 -3 8 7 2 4 7 5 5
15 -6 7 6 2 4 8 6 5
10 -9 7 5 3 5 8 7 6
5 -14 6 4 5 7 9 8 7
1 -22 3 2 8 10 11 9 10
Média 2,97 9,83 8,87 1,05 2,37 5,54 3,58 3,19
Desvio 8,79 2,41 2,49 1,68 2,17 2,27 2,26 2,21
padrão
Fonte: Gomide (2006).
A interpretação dos resultados do IEP se- vidual em que possam ser enfocadas as conseqü-
gue o valor do percentil obtido. Assim, pode-se ências do uso de práticas negativas em detrimento
considerar que os percentis: das positivas.
De 75 a 99 – referem-se a um estilo pa- As tabelas normativas construídas identi-
rental ótimo, com presença marcante das práticas ficam o nível de risco apresentado pelo respon-
parentais positivas e ausência das práticas negati- dente de modo a considerar as práticas parentais
vas. utilizadas por meio dos índices obtidos para cada
De 55 a 70 – referem-se a um estilo pa- uma delas, sendo posteriormente calculado o ín-
rental bom, acima da média, porém aconselha- dice geral.
se a leitura de livros de orientação para pais visan-
do ao aprimoramento das práticas parentais.
De 30 a 50 – referem-se a um estilo pa- Conclusão
rental bom, porém abaixo da média. Aconse-
lha-se a participação em grupos de treinamento Passados oito anos de pesquisas na área,
para pais. foi realizada a validação do Inventário de Estilos
Abaixo de 25 – referem-se a um estilo Parentais – IEP – dentro dos parâmetros psicomé-
parental de risco. Aconselha-se a participação em tricos necessários. O Conselho Federal de Psicolo-
Programas de Intervenção especialmente desen- gia, em julho de 2005, deu parecer favorável à
volvidos para pais com dificuldades em Práticas utilização do IEP como teste psicológico. Em mar-
Educativas ou Terapia de Grupo, de casal ou indi-
ço de 2006, a Editora Vozes publicou o Inventário Cozby, P. (2003). Métodos de pesquisa em ciên-
de Estilos Parentais – Modelo Teórico, Manual de cias do comportamento. São Paulo: Atlas.
Aplicação, Apuração e Interpretação. Esse instru-
Dishion, T. J., & Mcmahon, R. J. (1998). Parental
mento vem auxiliar os profissionais que trabalham
monitoring and the prevention of child and
com populações de risco a identificar os déficits
adolescent problem behavior. A conceptual and
educacionais presentes nas famílias, favorecendo
empirical formulation. Clinical child and fa-
o encaminhamento para programas de orientação,
mily psychology review, 1(1), 61-75.
treinamento ou de intervenção clínica. O Inventá-
rio pode ser utilizado como medida de pré e pós- Dodge, K. A., Pettit, G. S., & Battes, J. E. (1994).
testes, coleta de dados, para correlações com ou- Socialization mediators of the relation between
tros instrumentos, avaliação de nível de risco etc. socioeconomic status and child conduct pro-
O IEP também apresenta a vantagem de rápida blems. Child Development, 65, 649-665.
aplicação e uma linguagem de fácil acesso, além
de uma forma descomplicada de analisar dados. Gomide, P. I. C. (2001). Efeito das práticas educa-
Ressalta-se que ele é o primeiro instrumento brasi- tivas no desenvolvimento do comportamento
leiro validado que possibilita a avaliação de sujei- anti-social. In: M. L. Marinho & V. E. Caballo
tos de risco, sendo, portanto, de grande demanda (orgs). Psicologia clínica e da saúde. Londri-
por parte de pesquisadores e profissionais da área. na (Brasil), Granada (Espanha): UEL.
Gomide, P. I. C. (2003). Estilos parentais e compor-
tamento anti-social. In: A. Del Prette e Z. Del
Referências Prette (orgs). Habilidades sociais, desenvolvi-
mento e aprendizagem: Questões conceitu-
Araújo, U. F. (1999). Conto de escola: A vergo- ais, avaliação e intervenção. Campinas: Alínea.
nha como um regulador moral. São Paulo:
Gomide, P. I. C., & Guimarães, A. M. (2003). [Efei-
Moderna.
tos das práticas educativas sobre o compor-
Assis, C. L. (2004). Drogadição e práticas paren- tamento anti-social em crianças e adoles-
tais associadas. Dissertação de Mestrado. Pro- centes - Validação do Inventário de Estilos
grama de pós-graduação em psicologia da in- Parentais (IEP): aplicação em sujeitos do
fância e da adolescência, Universidade Federal sexo masculino]. (Relatório de pesquisa PI-
do Paraná, Curitiba. BIC/CNPq). Curitiba: UFPR. Unpublished.
Berri, G. (2004). Programa de intervenção em Gomide, P. I. C., & Sabbag, G. M. (2003) [Efeitos
práticas parentais para mães de adolescen- das práticas educativas sobre o comporta-
tes em conflito com a lei. Dissertação de Mes- mento anti-social em crianças e adolescen-
trado. Programa de Pós-graduação em psicolo- tes - Validação do Inventário de Estilos Pa-
gia da infância e da adolescência, Universidade rentais (IEP): aplicação em sujeitos do sexo
Federal do Paraná, Curitiba. feminino]. (Relatório de pesquisa PIBIC/CNPq).
Curitiba: UFPR. Unpublished.
Carvalho, M. C. N. (2003). Efeitos das práticas
educativas parentais sobre o comportamen- Gomide, P. I. C., & Maggi, C. (2004). [Estilos pa-
to infrator de adolescentes. Dissertação de rentais e comportamento anti-social Valida-
Mestrado. Programa de pós-graduação em psi- ção do Inventário de Estilos Parentais (IEP)
cologia da infância e da adolescência, Universi- - aplicação em população de risco]. (Relató-
dade Federal do Paraná, Curitiba. rio de pesquisa PIBIC/CNPq). Curitiba: UFPR.
Unpublished.
Carvalho, M. C. N., & Gomide, P. I. C. (2005). Prá-
ticas educativas parentais em famílias de ado- Gomide, P. I. C., & Sampaio, I. T. A. (2004) [Esti-
lescentes em conflito com a lei. Estudos em los parentais e comportamento anti-social
psicologia, 22(3), 263-276. - Validação do Inventário de Estilos Paren-
tais (IEP) - aplicação em população de não-
Comte-Sponville, A. (2000). Pequeno tratado das
risco]. (Relatório de pesquisa PIBIC/CNPq).
grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes.
Curitiba: UFPR. Unpublished.
Gomide, P. I. C., Pinheiro, D. P. N., Sabbag, G. M., Pinheiro, D. P. N. (2003). Estilo parental: Uma
& Salvo, C. G. (2005). Correlação entre práticas análise qualitativa. Dissertação de Mestrado.
educativas, estresse, depressão e habilidades Programa de Pós-graduação em psicologia da
sociais. Psico-USF, 10(2), 169-178. infância e da adolescência, Universidade Fede-
ral do Paraná, Curitiba.
Gomide, P. I. C. (2006). Inventário de estilos
parentais: Modelo teórico, manual de apli- Reppold, C. T., Pacheco, J., Bardagi, M., & Hutz,
cação, apuração e interpretação. Petrópolis: C. S. (2002). Prevenção de problemas de com-
Vozes. portamento e desenvolvimento de competên-
cias psicossociais em crianças e adolescentes:
Hoffman, M. L. (1975). Moral internalization, pa-
uma análise das práticas educativas e dos esti-
rental power and the nature of parent-child in-
los parentais. In: S. C. Hutz. Situações de ris-
teraction. Developmental Psychology, 11(2),
co e vulnerabilidade na infância e na ado-
228-239.
lescência: Aspectos teóricos e estratégia de
Loos, H. & Ferreira, S. P. A., & Vasconcelos, F. C. intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo.
(1999). Julgamento moral: estudo comparativo
Salvo, C. G., Silvares, E. M., & Toni, P. M. (2005).
entre crianças institucionalizadas e crianças de
Práticas educativas como preditoras de proble-
comunidade de baixa renda com relação à emer-
mas de comportamento e competência social.
gência do sentimento de culpa. Psicologia:
Psicologia em Estudo, 22(2), 187-196.
Reflexão e crítica, 12(1), 47-70.
Stattin, H., & Kerr, M. (2000). Parental Monitoring:
Malhotra, N. K. (2001). Pesquisa de marketing:
A reinterpretation. Child Development, 71,
Uma orientação aplicada. Porto Alegre: Book-
1072-1085.
man.
Weber, L. (2004). Efeitos do comportamento
Mussen, P. H., Conger, J. J., & Kagan, J. (1974).
moral dos pais sobre o comportamento
Desenvolvimento e personalidade da crian-
moral dos filhos adolescentes. Dissertação
ça. São Paulo: Harbra.
de mestrado, programa de pós-graduação em
Pasquali, L. (2003). Psicometria teoria dos tes- psicologia da infância e adolescência, Universi-
tes na psicologia e na educação. Petrópolis: dade Federal do Paraná, Curitiba.
Vozes.
Patterson, G. R., Reid, J. B., & Dishion, T. J. (1992).
Antisocial boys. USA: Castalia.
Recebido em/received in: 07/06/2006
Pettit, G., Laird, R. D., Dodge, K. A., Bates, J., & Aprovado em/approved in: 11/09/2006
Criss, M. (2001). Antecedents and behavior-pro-
blem outcomes of parental monitoring and
psychological control in early adolescence.
Child Development, 72, 583-598.