Texto Sobre o Filme A Onda

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS DE TOCANTINÓPOLIS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS LICENCIATURA
DISCIPLINA: ESTUDOS SOBRE ÁFRICA E BRASIL- ÁFRICA
DOCENTE: JOÃO BATISTA DE JESUS FELIX
DISCENTE: CLEYNARA FEITOSA DE MACEDO MORAIS

Texto sobre o filme “A Onda”


O filme “ A onda” que tem como nome original (Die Welle) foi produzido
na Alemanha e lançado em 2008, tendo como diretor Dennis Gansel;
baseando-se em uma história real que aconteceu na Califórnia, em Palo Alto,
em 1967, um professor de história chamado Ron Jones decide realizar um
experimento sociológico, transformando sua classe de trinta alunos em um
movimento fascista, tendo como nome de batismo a terceira onda.
Analisando a realidade dos fatos com a adaptação do filme, percebe-se
que o filme foi fiel aos fatos originais, contando a história de um professor
chamado Rainer Wenger, que por ser obrigado a trabalhar com um tema que
não era de sua vontade (autocracia), decide transformar sua turma em um
estado autocrático para que os mesmos entendam que é possível criar um
governo autocrático nos dias atuais e como é fácil ser manipulado pelo
discurso e força de um movimento totalitário.
Como vemos, o filme exibe uma cena em que o personagem Marco está
desabafando com seu amigo Martin e ele usa um discurso que podemos
considerar a explicação exata do movimento que surgiu dentro da sala de aula
e se expandiu há ponto de o professor perder da situação: “Martin me diz uma
coisa, não tem mais nada, contra o que é que a gente vai se revoltar hoje em
dia? Parece que nada mais vale a pena, sabe, tipo, a gente só quer se divertir,
o que falta para nossa geração é um objetivo comum para unir a gente, sabe”.
Com esse discurso, entende-se que os alunos estavam desconfortáveis com a
sua situação atual, necessitando de um objetivo comum que unisse a todos.
Inserindo esse discurso nos dias atuais, compreende-se que esse sentimento
de revolta no cenário atual do país encontra-se no meio da população, que está
insatisfeita com o gerenciamento do governo brasileiro.
É indubitável que a criação de um governo autocrático se dá por meio de
um objetivo que será posto em prática, por exemplo, a revolta, e surge alguém
que irá servir de autoridade e que terá poder em suas mãos para comandar
uma massa que irá apoiá-lo e seguir seus comandos, essa pessoa será seu
líder. De acordo com o site (SIGNICADOS, 2019) “Na autocracia, o poder do
líder é absoluto e ilimitado, e o governo acaba por ter suas políticas
confundidas com as ações pessoais do autocrata, como uma personalização
do poder”.
Até onde o ser humano é capaz de chegar possuindo um poder capaz
de transformar a sociedade e todos à sua volta? Pode-se perceber que ao
adquirir um certo poder o ser humano tem tendência a transformar-se, começa
a imaginar um mundo com uma ideologia que só se encaixa de acordo com
suas vontades, deixando de lado a opinião dos que estão ao seu redor.
Há quem diga que o poder nas mãos erradas causa muitos estragos
para uma nação, mas há aqueles que defendem que o poder nas mãos
corretas pode transformar a realidade de muitos, como por exemplo: melhoria
na economia de um país, transformação urbana e rural, melhorias na área da
saúde pública, diminuição da pobreza, melhorias na educação, entre outros.
São inúmeros os benefícios quando um poder é bem aplicado e
gerenciado; com tudo, é certo dizer que quando esse tal poder é usado
incorretamente, muitos sofrem com as consequências, como por exemplo, o
governo de Adolf Hitler na Alemanha em 1933, que abusou do poder para
aplicar na população a sua ideologia de uma Alemanha forte e independente
formada por uma população ariana, e quem era contra essa ideologia era
maltratado até a morte.
Então, percebe-se que as consequências foram drásticas para aquela
população quando o nazismo foi implantado através do governo de Hitler,
tendo como consequência o extermínio de metade da população judaica,
pessoas pobres, deficientes, prostitutas, gays, crianças, protestantes, entre
outros; sem contar as crises econômica e social que o país estava enfrentando.
O filme “A Onda” nos dá uma visão bastante clara de como uma política
totalitária pode trazer sérios danos se for mal gerenciada, por exemplo, quando
o professor Rainer tenta acabar com o experimento que ele mesmo tinha
aplicado em sua turma, formando um estado autocrático, dando aos alunos
poder para comandar esse estado, denominando ele como líder absoluto do
grupo, mas esse experimento saiu de seu controle, expandindo-se por toda a
escola à medida que os alunos se envolviam cada vez mais neste experimento.
Com isso, percebendo a gravidade do que estava acontecendo, o professor
tenta acabar com o experimento no último dia que foi determinado para findar o
projeto, mas alguns alunos se revoltam e a reunião acaba em tragédia com a
morte do aluno Bomber, que foi assassinado pelo seu colega Tim, que
percebendo seu erro, e vendo que a decisão do professor não iria mudar,
acaba se suicidando.
Pode-se observar ao longo do filme como a persuasão tem um forte
poder sobre os alunos, como por exemplo, a cena onde o professor apresenta
suas ideias para o grupo, começando a envolve-los nesse projeto com a
intenção de criar um estado autocrático, com a participação dos alunos. No
início, os alunos não dão muita importância, mas à medida que ele começa a
dar oportunidades para que os alunos decidam qual o nome do grupo, a cor do
uniforme, quem seria o líder do movimento, os alunos começam a levar o
projeto à sério, se dedicando e obedecendo as ordens do professor, quando os
mesmos decidem eleger o professor como líder absoluto do grupo.
De acordo com Steve (2017, p. 12) a persuasão é

"um processo interativo, através do qual uma determinada


mensagem altera a perspectiva de uma pessoa, mudando os
conhecimentos, crenças ou interesses que são subjacentes a esta
perspectiva".

ou seja, pode-se compreender o forte poder de persuasão que o


professor utiliza com os alunos, despertando em alguns alunos o desejo de
persuadir, com a intenção de conquistar mais seguidores para o grupo, só que
nesse caso, se tornaria manipulação, pois o desejo se tornaria para uso
pessoal e não coletivo, como é o caso de Kevin, Tim, e outros alunos que
começam a manipular outros a participarem do grupo denominado “a onda”,
tomando atitudes que não foram comunicadas ao líder do movimento, no caso,
o professor.
De acordo com Steve (2017, p. 14) “manipulação é o ato de levar uma
pessoa para fazer algo que ela não quer fazer”, um exemplo desse ato de
manipulação é quando o aluno Kevin discute com três adolescentes que
querem andar de skate numa pista, onde os três membros do grupo “a onda”
estão sentados, e quando os adolescentes pedem para andar de skate na
determinada pista, Kevin responde que para andar de skate naquela pista os
adolescentes teriam que entrar para a organização “a onda”, pois a pista a
“pertencia”; então percebe-se uma tentativa de manipulação contra os
adolescentes. Em seu livro, Steve (2017, p. 15) nos diz que

“A principal diferença entre persuasão e manipulação é a intenção.


Uma pessoa que procura ser persuasiva sinceramente acredita que
está trabalhando no que é mais interessante para ambos. Um
manipulador está preocupado apenas com o que pode lucrar e com a
possibilidade de convencer outros a fazer algo que não seja bom
para eles, ou que seja, até mesmo, prejudicial.”

Então, percebe-se que a persuasão usada pelo professor não foi


prejudicial aos alunos em sua visão, mas os mesmos interpretam de maneira
errada as intenções de Rainer em criar um estado autocrático, convertendo a
ideia do experimento do professor em um movimento de caráter nazista,
trazendo consigo duras consequências.,
,0
Outro assunto que não pode ser deixado de lado é como o grupo
começa excluir a todos que são contra a ideologia da organização, como foi o
caso da aluna Karo que foi excluída do grupo por não aceitar as regras
impostas pela onda, se negando a usar o uniforme. Percebe-se nessa cena,
traços sobre o fato social de Émile Durkheim, onde Quintaneiro (2009, p. 62)
explica que “o fato social é algo dotado de vida própria, externo aos membros
da sociedade e que exerce sobre seus corações e mentes uma autoridade que
os leva a agir, a pensar e a sentir de determinadas maneiras”. Observa-se
esses traços dentro do grupo a onda, onde todos começam a agir e pensar de
maneira igualitária, coagindo os outros alunos a seguirem suas regras e linhas
de pensamento.
A atitude de karo de não se submeter as regras do grupo, é
característico de uma pessoa que está contrariando os valores morais de um
determinado grupo. Em seu livro Quintaneiro (2009, p. 71) diz que “quando
optamos pela não-submissão, as forças morais contra as quais nos insurgimos
reagem contra nós e é difícil, em virtude de sua superioridade, que não
sejamos vencidos.” Pode-se perceber isso quando karo tenta convencer o seu
namorado de que o grupo a onda está fora de controle, mas o mesmo não lhe
dá ouvidos, pois ela não faz parte da organização.
Em vista dos argumentos apresentados, percebe-se que este filme
dialoga bem com o cenário atual do Brasil, pois a população está insatisfeita
com o governo atual, tendo em vista que o mesmo poderia originar uma
possível ditadura, onde todos seriam influenciados a unirem forças para
fortalecer a organização, colocando em prática o objetivo traçado pelo
movimento, espalhando sua ideologia por todo o país e punindo aqueles que
não se submeterem a ela.
Referências Bibliográficas

ALLEN, S. Persuasão e influência: usando métodos cientificamente


comprovados. 1 ed. CreateSpace, 2017.
AluzMcOficial. A onda. Youtube, 15 de mai. de 2015. Disponível em:
https://youtu.be/zG3TfjAhs30. Acesso em: 11 de out. de 2021.
LEITÃO, Alexandre. Resenha do filme ‘A onda’ (Die Welle). EcoDebate,
2016. Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2016/03/15/resenha-do-
filme-a-onda-die-welle/. Acesso em: 15 de out. de 2021.
QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. de Oliveira; OLIVEIRA, M. G. Monteiro
de. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2 ed. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2009.
Significado de autocracia. Significados, 2019. Disponível em:
https://www.significados.com.br/autocracia/. Acesso em: 14 de out. de 2021.

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