Modelo de Agravo em Recurso Especial Novo CPC

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MODELO DE AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL NOVO CPC

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE


DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO

Ref.: Recurso Especial nº. 22222-33.2222.8.06.000/0

MARIA DAS QUANTAS (“Agravante”), já devidamente


qualificada nos autos do Recurso Especial em destaque, na qual figura como
Recorrido BANCO ZETA S/A (“Agravado”), vem, com o devido respeito a Vossa
Excelência, por intermédio de seu patrono, para, com suporte no artigo 1.042 da
Legislação Adjetiva Civil, interpor o presente

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL CÍVEL


em decorrência da decisão monocrática que demora às fls. 163/165, decisão essa
que negou seguimento ao Recurso Especial, interposto pela Agravante, o qual
dormita às fls. 104/115.

Outrossim, ex vi legis, solicita que Vossa Excelência


determine que o Recorrido, querendo, apresente resposta, no prazo de 15
(quinze) dias (novo CPC, art. 1.042, § 3º).

Empós disso, requer sejam apreciadas as Razões do Agravo e, do


exposto, haja retratação do decisório de inadmissibilidade do Recurso Especial,
sendo esse, então, encaminhado ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça. (NCPC,
art. 1.042, § 4º)

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de julho de 0000.

Beltrano de tal
Advogado – OAB/PP nº 22222
RAZÕES DO AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL CÍVEL

AGRAVANTE: MARIA DAS QUANTAS


AGRAVADO: BANCO ZETA S/A
Ref.: Agravo no Recurso Especial Cível (AREsp) nº 0000/PP

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


PRECLARO MINISTRO RELATOR

1 - SÍNTESE DO PROCESSADO
Ajuizou-se, em desfavor da Recorrida, ação de reparação de
danos morais, em virtude negativação, indevida, nos cadastros de restrições,
sendo acolhidos os pedidos então formulados.

Em conta disso, com respeito ao ônus da sucumbência,


impusera-se o pagamento custas processuais, além de honorários advocatícios.
Esses foram arbitrados em 10% (dez por cento) sobre a quantia condenatória.
(NCPC, art. 85, § 2º)

O Recorrente, em virtude disso, opusera embargos de


declaração. Visava-se aclarar quais parâmetros foram tomados para os definir no
patamar mínimo (10%).

Os embargos foram julgados improcedentes, haja vista,


segundo o magistrado de piso, inexistir qualquer espaço a aclarar.

Fora interposto, então, recurso apelatório, máxime por


ausência de fundamentação no julgado (novo CPC, art. 489, § 1º, inc. III), pois,
na espécie, como almejado, não foram declinados os critérios adotados ao
desiderato. (NCPC, art. 85, § 2º, incs. I, II, III e IV) É dizer, seja motivada com
supedâneo no grau de zelo do profissional, o lugar da prestação do serviço, além
da natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
exigido para o seu serviço.

De mais a mais, sequer se demonstrou esses motivos nos


fundamentos do decisum; tão-só, no capítulo inserto na parte dispositiva.

O Tribunal Local, doutro giro, não divergiu da sentença.


Assim, afirmou-se, mais uma vez, que era desnecessário, na situação,
demonstrar, ponto a ponto, os motivos para se alcançar o percentual de
honorários.
Foram opostos novos embargos declaratórios, com suporte
no inc. I, do art. 1.022, do CPC, os quais foram rechaçados.

Desse modo, a matéria, sem dúvida, fora devidamente


prequestionada.

Destarte, certamente houve error in judicando. Há notória


inadequação ao se definir a remuneração da verba honorária advocatícia.

Tal-qualmente, tem-se a negativa de prestação jurisdicional,


máxime porquanto, nada obstante a oposição dos embargos de declaração, não
se julgaram todos os temas nesses ventilados.

Assim, a Agravante interpôs Recurso Especial, sob a égide


do artigo 105, inc. III, “a”, da Carta Política.

Porém, o Recurso Especial tivera seu seguimento negado,


sob o enfoque a pretensão implicava em colisão à Súmula 07 desta Egrégia Corte.
Para Tribunal a quo, o cerne girava em torno da análise de arbitramento de
honorários, resultando, por isso, em reexame de fatos.

Decidiu o senhor Presidente do Tribunal de Justiça, ao


apreciar os requisitos formais de admissibilidade do Recurso Especial, que:
[...]
Inviável a revisão do valor arbitrado a título de honorários advocatícios, por meio
da via recursal almejada, por demandar reexame de matéria fática, defeso em
Recurso Especial, nos termos da Súmula nº 7/STJ
Diante do exposto, NEGO SEGUIMENTO ao vertente recurso
excepcional.

Entrementes, a decisão monocrática guerreada se dissocia


de entendimentos distintos para casos análogos, esses já consolidados nesta
Egrégia Corte Especial.
(2) – O RECURSO ESPECIAL NÃO SE LIMITOU AO
EXAME DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – NÃO
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07

Prima facie, impende asseverar que o objetivo do


Recurso Especial não se limitou ao exame, único, da verba honorária advocatícia.

Em verdade, no REsp preponderou o debate à negativa de


vigência de norma federal, no caso o inc. II, do art. 1.022, do NCPC. Não só isso,
identicamente se sustentou a ausência de prestação jurisdicional, sob o enfoque
do art. 489, § 1º, incs. III e IV, da Legislação Adjetiva Civil.

Dessarte, inadequada a decisão que negou seguimento ao


Recurso Especial.
(3) – VIOLAÇÃO INQUESTIONÁVEL DO INC. II, DO ART.
1022 DO CPC

3.1. Violação de norma federal (CPC, art. 1.022, inc. I)

3.1.1. Enunciado Administrativo STJ nº 02

O decisum hostilizado, como afirmado alhures, fora


proferido em 11/00/2017. Por conseguinte, quanto as matérias de fundo, aqui
tratadas, haverão de examinadas sob o enfoque jurisprudencial até então
dispensado por esta Corte.

3.1.2. Os temas estão controvertidos na decisão enfrentada (Dialeticidade


recursal)

Na espécie, não há que se falar em deficiência de


fundamentação deste recurso, muito menos sua incompreensão, haja vista que:

( i ) nos aclaratórios foram almejados esclarecimentos dos motivos em que se


apoiaram para se estabelecer a verba honorária de sucumbência no patamar
mínimo de 10%, bem assim ausência dos parâmetros adotados, como exigem o §
2º, e seus incisos, do art. 85, do CPC;

( ii ) no julgamento desses, afirmou-se, em síntese, que o julgador não está


obrigado a rebater, um a um, os argumentos suscitados pela parte em embargos
de declaração.

( iii ) no Recurso Especial, portanto, busca-se a anulação do julgado (pretensão


de fundo), eis que, ao não se esclarecer (causa de pedir), contrariou-se
(fundamento) o que reza o inc. II, do art. 1.022, do CPC, uma vez que não fora
suprida a omissão de ponto crucial ao desiderato do pleito questionado.
Reverbera, até, na nulidade do julgado, em face da ausência desse
pronunciamento judicial e, mais, por inegável que a fundamentação recursal foi
genérica. (CPC, art. 489, § 1º, inc. II e III)

4.2. Sem os aclaratórios, certamente o REsp não seria conhecido, por se intentar debate
sobre aspectos fáticos (STJ, Súmula 07)

Neste Egrégio Superior Tribunal de Justiça já há


entendimento consolidado de que, quanto à pretensão de exame do quantum
remuneratório de honorários advocatícios, definidos pelo Tribunal Local, restaria
impedido esse propósito, por força, sobremodo, do disposto na Súmula 07.
Assim, para se evitar essa direção, foram opostos os
embargos de declaração.

Observemos, de modo exemplificativo, o que já se decidira:


( ... )

4.3. Nulidade do acórdão, ante à inobservância do traçado de parâmetros para se


arbitrarem os honorários

O ponto nodal da vexata quaestio, como se percebe, é que os


critérios, de valoração dos honorários advocatícios, não foram informados,
máxime quando estabelecidos no patamar mínimo de 10%.

Certamente isso se faz necessário.

Especificamente acerca do tema enfocado, é de todo


oportuno gizar as lições de Luiz Henrique Volpe Camargo:

A definição do percentual deve ser motivada. No sistema anterior, os honorários


eram comumente tratados apenas na parte dispositiva da sentença. Não poderá
ser assim no CPC/2015. A fixação dos honorários é tema que precisa ser
enfrentado em capítulo próprio da fundamentação da sentença. Nele, deve o juiz
expor as razões pelas quais decidiu fixar os honorários, por exemplo, em 10, 11,
12, 15, 17 ou 20%. A simples menção ao percentual na parte dispositiva da
sentença não atende ao padrão de fundamentação das decisões judiciais exigido
pelo art. 11 e, sobretudo, pelo § 1º do art. 489 do CPC/2015. Não atende, pois, ao
modelo de processo democrático que o CPC/2015 impõe. As partes têm direito
de saber o motivo pelo qual os honorários foram fixados no percentual de piso,
intermediário ou no teto. Para tanto, o juiz deve levar em consideração os
fatores descritos nos incisos do § 2º do art. 85 [ ... ]

E disso não discorda Rodrigo Mazzei, quando revela que:

Nada obstante as exemplificações anteriores, a omissão relacional ocorre com


mais frequência em situação invertida da exemplificação, ou seja, em hipóteses
em que há dispositivo decisório, mas falta a motivação correspondente à
conclusão decisória. Uma das situações de maior vulgaridade, senão a mais
comum de todas, está justamente nas decisões que contém omissão de
fundamentação na fixação de honorários de advogado judiciais.
Com efeito, o julgador deixa de fixar verba honorária, atribuindo na parte
dispositiva o valor respectivo à parcela (seja com ou sem exame de limite
quantitativo), mas deixam de enfrentar os critérios objetivos (elementos
qualitativos), que enchem (isto é, escoram, motivam) a conclusão decisória. O
julgador simplesmente lança no capítulo sucumbencial: ‘Condeno a parte
sucumbente ao pagamento de honorários, que arbitro em R$ xxxxx (xxx reais)’,
nos termos do art 85, § 3º, do CPC/15’. Como o dispositivo sentencial (atrelado
ao artigo 85, § 2º) tem fundamentação vinculada aos elementos objetivos do §
2º do mesmo artigo, a sentença estará relacionalmente omissa (ao menos no
que tange ao capítulo da sucumbência) se nada tiver motivado acerca do
gabarito legal (rol de elementos objetivos) que vincula o arbitramento da verba
honorária.
No exemplo supra, a parte dispositiva da sentença (que fixou os honorários)
está desamparada de fundamentação exigida por lei para o arbitramento de
tais honorários, ou seja, restará omissa. A solução, nessa situação, estará em
busca a explicitação da motivação que ensejou o comando final, ou seja, o
preenchimento do espaço que escora o comando decisório, tendo em vista que o
julgador deve se ater aos critérios delimitados no art. 85, § 2º, do CPC/15. Em
suma, trata-se de decisão omissa, pois esta carece de preenchimento qualitativo
que escore o dispositivo (valor dos honorários).
Não se pode pensar, com todo respeito, que o jargão ‘fixo os honorários em R$
xxxx, nos termos do art. 85, § 3º, do CPC/15’ seja admitido como fundamentação
decisória, pois o sistema atual (artigos 11, 85, § 2º e 489 do CPC/15 iluminados
pelo artigo 93, IX, da Carta Magna) exigem que as razões que levaram a fixação
sejam explicitadas, sendo, pois, a pedra de estrutura da motivação [ ... ]

O Superior Tribunal de Justiça, em louváveis posicionamentos,


fixou orientação no sentido de que:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO


FISCAL. DISCUSSÃO LIMITADA À IMPENHORABILIDADE DO BEM
DE FAMÍLIA. ARBITRAMENTO DA VERBA HONORÁRIA.
QUESTÕES RELEVANTES. AUSÊNCIA DE VALORAÇÃO. OMISSÃO
CONFIGURADA.
1. A controvérsia tem por objeto acórdão que deu provimento à apelação para
majorar os honorários advocatícios, substituindo os critérios do art. 20, § 4º, do
CPC/1973 pelos do art. 85, § 3º, do CPC/2015, ao fundamento de que a sentença
foi proferida na vigência deste último. 2. Ficou perfeitamente demonstrada a
violação dos arts. 489 e 1.022 do CPC/2015. 3. Com efeito, o tribunal a quo deu
provimento à apelação para majorar a verba honorária, fixada na sentença do
juízo de primeiro grau no montante de R$800,00 (oitocentos reais),
exclusivamente porque constatou que o valor da causa correspondia a
R$380.000,00 (trezentos e oitenta mil reais), e que a demanda foi sentenciada
na vigência do CPC/2015, razão pela qual deveriam incidir os critérios
estabelecidos no seu art. 85, § 3º, II, o que acarretou seu arbitramento em 8% do
valor da causa, atualizado pelo ipca-e. 4. A Fazenda Nacional opôs embargos de
declaração, pontuando a necessidade de valoração pelo órgão fracionário a
respeito da inexistência de proveito econômico, pois os embargos à execução
fiscal teriam por finalidade exclusiva discutir questão eminentemente processual,
isto é, a nulidade da penhora decorrente da circunstância de que o imóvel
constitui bem de família. Em outras palavras, o ente fazendário afirmou que a
controvérsia não era relacionada ao an ou ao quantum debeatur. Tanto que a
execução fiscal prosseguiria integralmente contra o embargante, ora recorrido.,
mas a simples incidente de natureza processual secundária (penhorabilidade ou
não de um bem específico do patrimônio do devedor), motivo pelo qual a verba
honorária deveria ser arbitrada com base em juízo meramente equitativo (art. 85,
§ 8º, do CPC/2015). 5. A argumentação possui relevância manifesta, pois a
adoção dos critérios previstos no art. 85, § 3º, do CPC/2015 pressupõe a
existência de condenação da Fazenda Pública, ou ao menos de proveito
econômico obtido pela parte que contra ela litiga (art. 85, § 2º), o que, segundo
questionado pelo ente fazendário, inexistiu nos presentes autos. 6. A omissão
está, portanto, configurada, uma vez que o órgão julgador, conforme acima
demonstrado, não emitiu juízo de valor a respeito desse argumento (art. 489, §
1º, III e IV, combinado com art. 1.022, parágrafo único, II, do CPC/2015), decisivo
para o confronto com a tese fazendária, segundo a qual os honorários advocatícios
deveriam ter sido arbitrados com base no art. 85, § 8º, do CPC/2015. 7. Recurso
Especial parcialmente provido [ ... ]

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO INDIVIDUAL. AÇÃO
COLETIVA. DISCUSSÃO QUE SE RESTRINGE AO QUANTUM
FIXADO A TÍTULO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO EM
PERCENTUAL DO DÉBITO EXEQUENDO. HIPÓTESE EM QUE A
FAZENDA PÚBLICA FOI CONDENADA EM HONORÁRIOS DE
ADVOGADO, FIXADOS, PELO TRIBUNAL DE ORIGEM, SEM DEIXAR
DELINEADAS CONCRETAMENTE, NO ACÓRDÃO RECORRIDO,
TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS A QUE SE REFEREM AS ALÍNEAS DO
§ 3º DO ART. 20 DO CPC/73. INADMISSIBILIDADE DO RECURSO
ESPECIAL, INTERPOSTO CONTRA ACÓRDÃO PUBLICADO NA
VIGÊNCIA DO CPC/73, EM FACE DA INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS
NºS 7/STJ E 389/STF. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
I. Agravo interno aviado contra decisão monocrática publicada em 25/09/2017,
que julgou recurso interposto contra decisão que inadmitira Recurso Especial,
manejado em face de acórdão publicado na vigência do CPC/73. II. A Corte
Especial do STJ, ao julgar os EREsp 637.905/RS (Rel. Ministra ELIANA
CALMON, DJU de 21/08/2006), proclamou que, nas hipóteses do § 4º do art. 20
do CPC/73. Dentre as quais estão compreendidas as causas em que for vencida a
Fazenda Pública, como no caso. , a verba honorária deve ser fixada mediante
apreciação equitativa do magistrado, sendo que, nessas hipóteses, a fixação de
honorários de advogado não está adstrita aos percentuais constantes do § 3º do
art. 20 do CPC/73. Ou seja, no juízo de equidade, o magistrado deve levar em
consideração o caso concreto, em face das circunstâncias previstas nas alíneas a,
b e c do § 3º do art. 20 do CPC/73, podendo adotar, como base de cálculo, o valor
da causa, o valor da condenação ou arbitrar valor fixo. III. Em relação aos
honorários de advogado fixados, nas instâncias ordinárias, sob a égide do
CPC/73. Como no presente caso. , não pode o STJ reexaminar o quantum
arbitrado a esse título, à luz das regras supervenientes, referentes à fixação de
honorários, previstas no CPC/2015. Nesse sentido: STJ, AgRg no REsp
1.568.055/RS, Rel. Ministra DIVA MALERBI (Desembargadora Federal
Convocada do TRF/3ª Região), SEGUNDA TURMA, DJe de 31/03/2016.
( ... )
Da análise do acórdão recorrido verifica-se que houve apenas uma menção
genérica aos critérios delineados nas alíneas a, b e c do art. 20, § 3º, do CPC, não
sendo possível extrair do julgado uma manifestação valorativa expressa e
específica, em relação ao caso concreto, dos referidos critérios para fins de
revisão, em sede de Recurso Especial, do valor fixado a título de honorários
advocatícios. (...) Dessa forma, seja porque o acórdão recorrido não se manifestou
sobre o valor da causa na hipótese, seja porque este, por si só, não é elemento
hábil a propiciar a qualificação do quantum como ínfimo ou abusivo, não há como
adentrar ao mérito da irresignação fazendária na hipótese, haja vista ser
inafastável o óbice na Súmula nº 7 do STJ diante da moldura fática apresentada
nos autos" (STJ, AgRg no REsp 1.512.353/AL, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 17/09/2015). V. Para as situações
anteriores ao início de vigência do CPC/2015, a Segunda Turma do STJ
proclamou que "não há, à luz do art. 20, § 4º, do CPC e da legislação processual
em vigor, norma que: a) estabeleça piso para o arbitramento da verba honorária
devida pela Fazenda Pública, e b) autorize a exegese segundo a qual a estipulação
abaixo de determinado parâmetro (percentual ou expressão monetária fixa)
automaticamente qualifique os honorários advocatícios como irrisórios, em
comparação exclusivamente com o valor da causa" (STJ, REsp 1.417.906/SP, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Rel. P/ acórdão Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 01/07/2015).
VI. Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem não deixou delineadas, no
acórdão recorrido, especificamente em relação ao caso concreto, todas as
circunstâncias previstas nas alíneas a, b e c do § 3º do art. 20 do CPC/73, ou seja,
a) o grau de zelo do profissional; b) o lugar de prestação do serviço; c) a natureza
e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido
para o seu serviço. Por outro lado, não foram opostos Embargos de Declaração,
em 2º Grau, para provocar o Tribunal a quo sobre o assunto. Nesse contexto,
incidem, na espécie, as Súmulas nºs 7/STJ e 389/STF. VII. Agravo interno
improvido [ ... ]

Enfim, seguramente essa deliberação merece ser aclarada.


Existe, até mesmo, nulidade do decisum vergastado,
porquanto firmemente caracterizada a negativa de prestação jurisdicional.
O Tribunal a quo, afinal de contas, rejeitou o recurso de
embargos de declaração, deixando de se manifestar sobre essa questão crucial.
Com esse enfoque, dispõe o Código de Processo Civil, verbo
ad verbum:
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
(...)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em
tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

Sem dúvida, a regra, supra-aludida, encaixa-se à decisão


hostilizada. Essa passa longe de invocar argumentos capazes de motivar a
remuneração advocatícia fixada.
A ratificar o exposto acima, é de todo oportuno trazer à
colação o magistério de José Miguel Garcia Medina, ad litteram:
O conceito de omissão judicial que justifica a oposição de embargos de
declaração, à luz do CPC/2015, é amplíssimo. Há omissão sobre o ponto ou
questão, isso é, ainda que não tenha controvertido as partes (questão), mas
apenas uma delas tenha suscitado o fundamento (ponto; sobre a distinção entre
ponto e questão, cf. comentário ao art. 203 do CPC/2015). Pode, também,
tratar-se de tema a respeito do qual deva o órgão jurisdicional pronunciar-se
de ofício (p. ex., art. 485, § 3º do CPC/2015), ou em razão de requerimento da
parte. Deve ser decretada a nulidade da decisão, caso a omissão não seja
sanada [ ... ]
(itálicos do texto original)

Nesse mesmo passo são as lições de Teresa Arruda


Alvim Wambier:

Em boa hora, consagra o dispositivo do NCPC projetado ora comentado, outra


regra salutar no sentido de que a adequação da fundamentação da decisão
judicial não se afere única e exclusivamente pelo exame interno da decisão. Não
basta, assim, que se tenha como material para se verificar se a decisão é
adequadamente fundamentada (= é fundamentada) exclusivamente a própria
decisão. Esta nova regra prevê a necessidade de que conste, da fundamentação
da decisão, o enfrentamento dos argumentos capazes, em tese, de afastar a
conclusão adotada pelo julgador. A expressão não é a mais feliz: argumentos.
Todavia, é larga e abrangente para acolher tese jurídica diversa da adotada,
qualificação e valoração jurídica de um texto etc.
Vê-se, portanto, que, segundo este dispositivo, o juiz deve proferir decisão
afastando, repelindo, enfrentando elementos que poderiam fundamentar a
conclusão diversa. Portanto, só se pode aferir se a decisão é fundamentada
adequadamente no contexto do processo em que foi proferida. A coerência
interna corporis é necessária, mas não basta [ ... ]
(itálicos e negritos do texto original)

Não fosse isso o bastante, urge transcrever igualmente as


lições de Luiz Guilherme Marinoni:

Assim, o parâmetro a partir do qual se deve aferir a completude da motivação


das decisões judiciais passa longe da simples constância na decisão do esquema
lógico-jurídico mediante o qual o juiz chegou à sua conclusão. Partindo-se da
compreensão do direito ao contraditório como direito de influência e o dever de
fundamentação como dever de debate, a completude da motivação só pode ser
aferida em função dos fundamentos arguidos pelas partes. Assim, é omissa a
decisão que deixa de se pronunciar sobre argumento formulado pela parte
capaz de alterar o conteúdo da decisão judicial. Incorre em omissão relevante
toda e qualquer decisão que esteja fundamentada de forma insuficiente (art.
1.022, parágrafo único, II), o que obviamente inclui ausência de enfrentamento
de precedentes das Cortes Supremas arguidos pelas partes e de jurisprudência
formada a partir do incidente de resolução de demandas repetitivas e de
assunção de competência perante as Cortes de Justiça (art. 1.022, parágrafo
único, I) [ ... ]
A propósito, impende registrar ser essa a orientação da
nossa melhor jurisprudência, posto que:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. DISCUSSÃO


LIMITADA À IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA.
ARBITRAMENTO DA VERBA HONORÁRIA. QUESTÕES RELEVANTES.
AUSÊNCIA DE VALORAÇÃO. OMISSÃO CONFIGURADA.
1. A controvérsia tem por objeto acórdão que deu provimento à apelação para
majorar os honorários advocatícios, substituindo os critérios do art. 20, § 4º, do
CPC/1973 pelos do art. 85, § 3º, do CPC/2015, ao fundamento de que a sentença
foi proferida na vigência deste último. 2. Ficou perfeitamente demonstrada a
violação dos arts. 489 e 1.022 do CPC/2015. 3. Com efeito, o tribunal a quo deu
provimento à apelação para majorar a verba honorária, fixada na sentença do
juízo de primeiro grau no montante de R$ 800,00 (oitocentos reais),
exclusivamente porque constatou que o valor da causa correspondia a R$
380.000,00 (trezentos e oitenta mil reais), e que a demanda foi sentenciada na
vigência do CPC/2015, razão pela qual deveriam incidir os critérios estabelecidos
no seu art. 85, § 3º, II, o que acarretou seu arbitramento em 8% do valor da causa,
atualizado pelo ipca-e. 4. A Fazenda Nacional opôs embargos de declaração,
pontuando a necessidade de valoração pelo órgão fracionário a respeito da
inexistência de proveito econômico, pois os embargos à execução fiscal teriam por
finalidade exclusiva discutir questão eminentemente processual, isto é, a
nulidade da penhora decorrente da circunstância de que o imóvel constitui bem
de família. Em outras palavras, o ente fazendário afirmou que a controvérsia não
era relacionada ao an ou ao quantum debeatur. Tanto que a execução fiscal
prosseguiria integralmente contra o embargante, ora recorrido., mas a simples
incidente de natureza processual secundária (penhorabilidade ou não de um bem
específico do patrimônio do devedor), motivo pelo qual a verba honorária deveria
ser arbitrada com base em juízo meramente equitativo (art. 85, § 8º, do
CPC/2015). 5. A argumentação possui relevância manifesta, pois a adoção dos
critérios previstos no art. 85, § 3º, do CPC/2015 pressupõe a existência de
condenação da Fazenda Pública, ou ao menos de proveito econômico obtido pela
parte que contra ela litiga (art. 85, § 2º), o que, segundo questionado pelo ente
fazendário, inexistiu nos presentes autos. 6. A omissão está, portanto,
configurada, uma vez que o órgão julgador, conforme acima demonstrado, não
emitiu juízo de valor a respeito desse argumento (art. 489, § 1º, III e IV,
combinado com art. 1.022, parágrafo único, II, do CPC/2015), decisivo para o
confronto com a tese fazendária, segundo a qual os honorários advocatícios
deveriam ter sido arbitrados com base no art. 85, § 8º, do CPC/2015.
7. Recurso Especial parcialmente provido [ ... ]
( ... )

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