Metrite e Endometrite em Vacas de Alta Lactação
Metrite e Endometrite em Vacas de Alta Lactação
Metrite e Endometrite em Vacas de Alta Lactação
Meu trabalho de conclusão de curso está sendo dedicado para todos aqueles que
acreditaram no meu potencial, e confiaram que conseguiria me tornar um Médico Veterinário,
em especial a meus pais; Ademecil Candido Duarte e Silvana R. de Macedo Duarte, aos meus
irmãos, Eduardo Macedo Duarte, Athilio Macedo Duarte e Arthur Thadeu Macedo Duarte, a
meus avós Alcides Candido da Fonseca Filho, Marta Duarte da Fonseca, Palmério Francisco
de Macedo, Idelma Rodrigues de Macedo, e a toda minha família que tiveram papel
fundamental na minha criação e na minha vida.
Também dedico meu trabalho a uma pessoa mais que especial na minha vida e que fez
uma enorme diferença nessa reta final, pois passei por desafios grandiosos e difíceis, por me
proporcionar conversas onde me erguia e me animava a não desistir da realização dos meus
sonhos me trazendo orgulho. Obrigado Eline Vieira Oliveira.
AGRADECIMENTOS
Filho, A.C.D. Metrite e endometrite em vacas de alta lactação-Fazenda Jatobá. 2019. 36f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina Veterinária) – UniRV –
Universidade de Rio Verde, Rio Verde, 20191.
PALAVRAS-CHAVE
1
Banca Examinadora: Prof. Esp. Edinaldo Dourando Rocha Nogueira (Orientador); Prof. Dr. Tales Dias do
Prado; Profa. Ms. Mariana Paz Rodrigues Dias - UniRV
LISTA DE FIGURAS
1-INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 10
2-DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTAGIO.................................................................... 11
3-ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.............................................................................. 13
4-REVISÃO DE LITERATURA....................................................................................... 15
4.1 Introdução..................................................................................................................... 15
4.1.1 Anatomia do sistema reprodutor das fêmeas............................................................. 16
4.2 Definições..................................................................................................................... 18
4.3 Epidemiologia............................................................................................................... 18
4.4 Etiologia e fisiopatogenia............................................................................................. 19
4.5 Avaliação do catarro genital......................................................................................... 20
4.6 Tipos de Metrite........................................................................................................... 20
4.6.1 Metrite puerperal aguda............................................................................................. 22
4.6.2 Metrite clínica........................................................................................................... 23
4.6.3 Metrite crônica.......................................................................................................... 23
4.7 Tipos de Endometrite................................................................................................... 23
4.7.1 Endometrite clínica.................................................................................................... 23
4.7.1.1 Diagnóstico............................................................................................................. 24
4.7.1.2 Sintomatologia........................................................................................................ 24
4.7.2 Endometrite subclínica.............................................................................................. 24
4.7.2.1Sintomatologia........................................................................................................ 24
4.7.2.3 Prognóstico............................................................................................................. 25
4.8 Diagnóstico................................................................................................................... 25
4.9 Tratamento.................................................................................................................... 26
4.10 Controle e profilaxia................................................................................................... 27
5-RELATO DE CASO....................................................................................................... 28
6-CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 32
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 33
1 INTRODUÇÃO
A fazenda (Figura 1), localiza-se no município de Rio Verde, estado de Goiás e conta
com seis colaboradores, que são responsáveis pelos cuidados dos animais e pela ordenha. A
fazenda produz cerca de 3.000 litros de leite por dia, com 123 animais em plena lactação,
onde os animais são ordenhados 2 vezes ao dia, contando com um sistema automatizado de
ordenha. A propriedade conta com uma Médica Veterinária que fica responsável pelo
tratamento dos animais durante todo o ano, com acompanhamentos de reprodução, nutricional
e sanitário, praticando o bem-estar de todo o plantel, para que possa expressar seu maior
potencial de produção de leite
3.1 Introdução
Esse órgão tem peso aproximado de nove quilos (kg) no momento do parto e regride
para cerca de 1 quilo ao completar 30 dias de puerpério. Em condições normais, o útero é
estéril, porém, no momento do parto, com a vulva e a vagina relaxadas, bactérias podem
ascender e contaminar o lúmen uterino (SHELDON e DOBSON, 2004).
De acordo com Feitosa (2014), as tubas uterinas ou ovidutos podem ser divididos
segundo a funcionalidade dos segmentos em (1) fímbrias; (2) infundíbulo; (3) ampola; e (4)
istmo, cm funções singulares de condução do óvulo e espermatozoides em direções opostas,
possibilitando, em conjunto, a fertilização e as primeiras clivagens, além de conduzir o
embrião ao útero. Já os ovários, que possuem o formato de amêndoas, têm duas funções bem
definidas: a exócrina responsável pela liberação dos oócitos e endócrina encarregada pela
estereoidogênese (Figura 4).
18
3.2 Definições
3.3 Epidemiologia
Tais condições levam a repercussões econômicas, pois, por exemplo, há diminuição da taxa
de concepção e da produção de leite.
De acordo com Sheldon et al., (2009) nas duas primeiras semanas pós-parto a
prevalência da metrite varia entre 25-40%. Se houver sinais sistêmicos, principalmente a febre,
a prevalência pode variar entre 18,5% e 21%.
Dentre os problemas reprodutivos mais frequentes relacionados à esterilidade e que, se
relacionam com as infecções uterinas pode-se citar: as retenções de placenta (49%), os
abortos (38%), as metrites (29%) e as endometrites (30%) (ANDRADE et al., 2005;
KASIMANCKAM et al.2005)
Nas infecções uterinas, os sinais apresentados pelas vacas e búfalas variam de acordo
com a severidade do processo inflamatório. Dessa forma, podem-se diferenciar quatro formas
clínicas distintas. Tais apresentações não necessariamente representam patologias diferentes,
somente representam uma variação dos sintomas (Tabela 5) (GRUNERT et al., 2005).
De acordo com Sheldon et al. 2006) o caráter do catarro genital pode ser pontuado,
com o odor (0 para nenhum odor e 3 para odor fétido). Tal pontuação representa a
colonização uterina por certas bactérias, como por exemplo, a apresentação mucopurulenta
pode ser associada com F. necrophorum e a secreção purulenta foram associadas a espécies
de A. pyogenes e Proteus, enquanto o odor fétido foi associado a uma maior carga de A.
pyogenes, E. coli, Streptococci e Mannheimia haemolytica. O escore 0 é caracterizado por
muco limpo ou translúcido; escore 1 apresenta características de muco contendo manchas
brancas ou claras de pus; escore 2 representa a descarga vaginal contendo ≤ 50% de material
mucopurulento branco ou claro e o escore 3 ilustra a descarga vaginal contendo ≥ 50% de
material purulento, branco ou sanguinolento (Figura 7).
Apresenta-se clinicamente por meio de sinais de septicemia tais como febre alta
(temperatura retal geralmente maior que 39,5°C), diminuição importante da produção de leite,
depressão, anorexia e secreção cervicovaginal fétida, sanguinopurulenta e com coloração
achocolatada (BORALLI e ZAPPA, 2012). O prognóstico da metrite puerperal aguda é
reservado, pois frequentemente apresenta complicações como perimetrite, parametrite e o
quadro toxêmico pode levar a morte do animal. Além disso, o quadro clínico muda sua
apresentação, modificando o catarro genital de 2º ou 3º grau (GRUNERT et al., 2005).
3.6.1.1 Diagnóstico
3.6.1.2 Sintomatologia
por algum trauma mecânico favorecendo o ingresso bacteriano no lúmen uterino, favorecido
pelo nível de progesterona da fase diestral.
3.6.2.1 Sintomatologia
3.6.2.3 Prognóstico
3.8 Diagnóstico
3.9 Tratamento
produtoras de alimentos, são necessários mais testes antes que se possa endossar o uso da
cefapirina em todos os casos. Embora sejam fracos os indícios a favor do uso da PGF2α, esse
produto é barato e não prejudicial. Ele é útil nos programas de manejo reprodutivo, podendo
ser benéfico, independente da presença de endometrite (GAMBARINI et al., 2005).
A escolha do tipo de terapia implementada depende, do quadro clínico do animal,
sendo reservados tratamentos mais agressivos para casos de maior severidade (GAMBARINI
et al., 2005).
No entanto, com a grande gama de resultados apresentados e falta de dados sobre o
efeito do tratamento na prevenção de novos quadros infecciosos ou sobre a melhoria do
desempenho reprodutivo, uma análise mais crítica fica dificultada (LEBLANC, 2008).
Infelizmente ainda não há um método de prevenção eficaz, tão pouco um tratamento
seguro e eficaz. O uso da PGF2α (ou análogos) em alguns tipos de manejo pode ser benéfico
para o melhor desempenho reprodutivo, porém sem efeito prático para a cura da endometrite
(KNUTTI et al., 2000).
Uma medida importante de controle que pode ser adotada é a realização de exame
ginecológico das fêmeas 30 dias após o parto, o que permite a identificação precoce das
infeções e melhor resposta terapêutica (EMBRAPA, 1991).
4 RELATO DE CASO
No dia 10 de agosto de 2019, foi iniciado todo o manejo reprodutivo na fazenda Jatobá
no município de Rio Verde- GO, de propriedade dos irmãos Brignoni (Lirio Brignoni e
Anildo Brignoni), onde os Médicos Veterinários fazem o acompanhamento do plantel.
No mesmo dia, o manejo reprodutivo foi realizado em vacas de alta lactação, na
quantidade de 180 matrizes, onde permaneciam no sistema semi confinado.
Ao fazer a avaliação de rotina nos animais, os colaboradores informaram que havia
uma novilha que apresentava corrimento com odor fétido, em seguida foi separada dos demais
do lote, onde visualizou o corrimento inespecífico vaginal. O exame realizado através de
ultrassonografia por imagem hiperecóica (Figura 8) nos mostrou um abalotamento uterino que
constatou possivelmente pus uterino.
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