Apostila Dois de Arte Naval

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 14

ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO

NOÇÕES DE ARTE NAVAL


ÍNDICE GERAL 2ª PARTE
1ª PARTE 8 - TRABALHOS DO MARINHEIRO
CAPÍTULO 1 - NOMENCLATURA DO NAVIO SEÇÃO A - VOLTAS
CAPÍTULO 2 - GEOMETRIA DO NAVIO 8.1 - Definições
SEÇÃO F - TRABALHOS DIVERSOS
2.2 - Linha de flutuação 8.77 - Engaiar, percintar, trincafiar, forrar, encapar ou
2.28 - Borda-livre emangueirar um cabo
2.42 - a) Linhas-d’água (LA) 8.157 - Utensílios do marinheiro
2.56 - Boca SEÇÃO G – ESTROPOS
2.60 - Calado 8.158 – ESTROPOS
2.66 - Deslocamento
2.80 - Trim e banda; compassar e aprumar CAPÍTULO 11 - APARELHO DE GOVERNO,
2.81 - Lastro; lastrar MASTREAÇÃO E APARELHOS DE CARGA
CAPÍTULO 3 - CLASSIFICAÇÃO DOS NAVIOS SEÇÃO A – APARELHO DE GOVERNO
SEÇÃO A – CLASSIFICAÇÃO GERAL - NAVIOS DE 11.1 - Generalidades
GUERRA 11.2 - Roda do leme
3.1 - Classificação geral 11.3 - Leme à mão
3.2 - Navios de guerra 11.4 - Máquina do leme ou servomotor
3.3 - Porta-Aviões ou Navio-Aeródromo (NAe) 11.8 - Vozes de manobra para o timoneiro
3.4 - Submarinos (S) SEÇÃO B – MASTREAÇÃO
3.6 - Contratorpedeiros 11.10 - Mastreação
3.7 - Fragatas SEÇÃO C – APARELHOS DE CARGA E
3.8 - Navios e embarcações de desembarque DESCARGA
3.8.3 - Navio de Desembarque de Carros de Combate 11.17 - Paus-de-carga ou lanças
(NDCC) 11.20 - Aparelho de içar
3.8.4 - Navio de Desembarque e Doca (NDD)
3.8.6 - Navio-Transporte de Tropa (NTrT) CAPÍTULO 12 - MANOBRA DO NAVIO
3.8.7 - Embarcação de Desembarque de Carga Geral SEÇÃO C – ATRACAR E DESATRACAR
(EDCG) 12.19 - Generalidades
3.8.8 - Embarcação de Desembarque de Viaturas e 12.20 - Cuidados na preparação para atracação e
Material (EDVM) desatracação
3.8.9 - Embarcações de Desembarque de Viaturas e 12.23 - Procedimentos para atracação e desatracação
Pessoal (EDVP) 12.24 - Notas sobre o emprego das espias
3.8.12 - Carro Lagarta Anfíbio (CLAnf) 12.25 - Efeitos das espias ao atracar e ao desatracar
3.8.14 - Hovercraft 12.36 - Utilização de defensas
3.9 - Navios-Varredores ou caça-minas (NV) SEÇÃO D – FUNDEAR, SUSPENDER, AMARRAR,
3.10 - Corvetas (CV) ROCEGAR
3.12 - Monitores (M) 12.39. Definições
3.13 - Navios-Patrulha 12.40. Fundeadouro
3.13.1 - Navio-Patrulha Fluvial 12.41. Filame
3.13.2 - Navio-Patrulha Costeira 12.42. Manobra de fundear
3.14 - Lancha de Combate (LC) ou Lancha de Ataque 12.42.1. Generalidades
Rápido (LAR) 12.42.2. Aproximação para o fundeio
SEÇÃO B – NAVIOS MERCANTES 12.42.3. Manobra da proa
3.16. Classificação dos navios mercantes 12.45. Fraseologia padrão nas manobras de suspender e
a) Quanto ao fim a que se destinam fundear
b) Quanto às águas em que navegam

EA-HSG - EAD 1 CURSOASCENSAO.COM.BR


ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
2ª PARTE função é servir como base ou parte de outros nós. Muitas
vezes a meia-volta aparece espontaneamente em um
8 - TRABALHOS DO MARINHEIRO cabo solteiro mal acondicionado; convém, então,
SEÇÃO A - VOLTAS desfazê-la imediatamente, porque, depois de apertada, é
difícil de ser desfeita. Um cabo com meia-volta perde
8.1 - Definições - Chamam-se trabalhos do marinheiro
mais da metade de sua força.
ou obras do marinheiro os diferentes trabalhos de bordo
pelos quais as lonas e os cabos se prendem, são Volta de fiador - Uma volta que lembra o número oito.
emendados ou se fazem fixos, ou, ainda, são preparados É dada, por exemplo, no chicote do tirador de uma talha,
para qualquer aplicação especial. a fim de não deixar desgurnir; para este fim é superior à
Eles só podem ser bem conhecidos pela prática meia-volta, pois não fica mordido, sendo desfeito mais
intensa, mas as ilustrações, as definições e as facilmente.
explicações abaixo darão uma idéia e, ainda mais, É um nó simetricamente perfeito; sua aplicação
mostrarão a utilidade de cada um. Podem ser prática é restrita, mas é muito usado como nó
enumerados, de modo geral, como falcaças, nós, voltas, ornamental, por sua beleza e simplicidade de desenho.
malhas, aboçaduras, botões, alças, mãos, estropos, Cote - É uma volta singela em que uma das partes do
costuras, pinhas, rabichos, gaxetas, coxins e redes. cabo morde a outra; é raramente usado só, servindo para
Nós e voltas são os diferentes entrelaçamentos feitos rematar outras voltas. Serve para prender
a mão e pelos quais os cabos se prendem pelo chicote ou momentaneamente o chicote de um cabo que não deverá
pelo seio. Se dados corretamente aumentam de sofrer esforço, e que deve ser de diâmetro moderado.
resistência quando se porta pelo cabo; entretanto, podem Lais de guia - É o rei dos nós; muito usado a bordo, pois
ser desfeitos com facilidade pela mão do homem. Se mal é dado com presteza e nunca recorre. Serve para formar
dados, podem recorrer no momento em que é aplicado uma alça ou um balso, que pode ser de qualquer
um esforço sobre o cabo, e são às vezes difíceis de tamanho, mas não corre como um laço; nesta forma,
desfazer, por ficarem mordidos. serve para fazer a alça temporária numa espia, ou para
Os nós e voltas considerados clássicos nos trabalhos ligar duas espias que não devem trabalhar em
do marinheiro em todas as marinhas e em todos os cabrestante.
tempos. Alguns deles já caíram em desuso e têm apenas Um emprego muito útil do lais de guia é na
interesse instrutivo ou servem como ornamento. amarração temporária de embarcações pequenas, e até
Cabo solteiro é um pedaço de cabo que não tem mesmo contratorpedeiros, ao arganéu de uma bóia.
aplicação especial e que está à mão para ser empregado Passa-se o chicote por dentro do arganéu e dá-se o lais
em qualquer mister. Tomemos um cabo solteiro. Se a de guia no seio do cabo, dentro da embarcação. Esta fica
parte que vai de 1 a 2, suposta de grande comprimento, amarrada pelo balso formado pelo lais de guia, o qual é
estiver portanto sob a tensão de um esforço determinado, fácil de desfazer pelo pessoal de bordo em qualquer
ou mesmo, se apenas deu volta em um objeto, será momento.
chamado o vivo do cabo. Qualquer parte do cabo
Nó direito - É o método mais antigo e, em terra, o mais
compreendida entre 2 e 3 (passando ou não por d e b)
empregado, para unir dois chicotes ou dois cordões
será chamada o seio do cabo. A parte entre 3 e 4 será o
quaisquer. Tem a qualidade de não recorrer, mas é muito
chicote.
difícil de ser desfeito, uma vez rondado. E por isto mais
usado na ligação, pelos chicotes, de dois cabos finos que
não demandem força, ou para terminar uma amarração
definitiva qualquer. Desfaz-se por si mesmo se os cabos
Ao cabo que se vê na figura damos um seio, ou uma são de diferentes tamanhos ou materiais. Nunca deve ser
dobra y. Este seio, tal como está dado, vai servir para empregado para unir cabos que trabalham em aparelhos
começar alguns nós, conforme veremos adiante. O de laborar ou para emenda de espias. É muito usado, por
chicote 4 do cabo está falcaçado. exemplo, para amarrar os rizes das velas.
Um cabo, passando em torno de um objeto qualquer
em uma só volta de circunferência, sem morder ou dar Falcaça - Sempre que é cortado um cabo para qualquer
qualquer nó, dá uma volta singela. Dando duas ou mais serviço, é necessário falcaçá-lo. A falcaça é o meio mais
voltas de circunferência em torno do mesmo objeto, dá correto e o mais usado para não permitir descochar o
voltas redondas. chicote de um cabo, e consiste em dar em torno dos
cordões um certo número de voltas redondas, com fio de
Voltas - São dadas, com o chicote ou com o seio de um
vela ou merlim. O número de voltas que deve ter uma
cabo, em torno de um objeto qualquer.
falcaça não é arbitrário; ele deve ser tal que a largura da
Meia-volta - É a volta usada comumente nos embrulhos, falcaça seja igual ao diâmetro do cabo no qual ela é
a qual se dá com o chicote de um cabo e pode-se dada.
desfazer facilmente. Pode ser dada em torno de um
objeto, mas nesta forma não é muito usada a bordo; pode
ser dada num cabo sobre si mesmo, e então se aplica em
um cabo fino, para não deixar o chicote desgurnir de um Como falcaçar um cabo
gorne ou para não deixá-lo descochar. Sua principal
EA-HSG 2 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
SEÇÃO F - TRABALHOS DIVERSOS Palheta de forrar - Peça de madeira plana ou em meia-
cana, e provida com um cabo de pau como o macete,
8.77 - Engaiar, percintar, trincafiar, forrar, encapar
ou emangueirar um cabo - Trabalhos feitos para destinada a forrar os cabos guiando o merlim nesta
proteger uma costura ou um cabo que deve ficar exposto operação.
ao tempo ou a um uso tal que o possa danificar. Faca - De uma só folha, sem ponta; serve para cortar
cabos, lona etc.
Engaiar – Consiste em seguir-se cada cocha de um cabo Gatos - Para aguentar as lonas enquanto são costuradas.
com linha alcatroada, merlim alcatroado ou arrebém Agulha - Instrumento fino e comprido, com ponta, três
(conforme a bitola do cabo); isto impede a umidade de faces e orifício no fundo, destinado a coser o pano. Há
penetrar no interior dele e ao mesmo tempo guarnece as agulhas para lona, brim e para palombar, esta última
cochas do cabo, tornando a superfície lisa a fim de se sendo curva.
percintar e forrar ou só para embelezar. (1) agulha para costurar lona - Tem formato especial, em
Este trabalho é especialmente usado nos ovéns das geral com três navalhas (quinas), seu número varia de 7
enxárcias, estais, brandais, etc. a 16, sendo o número maior referente à menor agulha;
Percintar - Se se quiser percintar um cabo já engaiado,
tomam-se tiras de lonas ou brim alcatroadas – que se (2) agulha para costura em brim - Agulha de formato
chamam percintas – e enrolam-se as mesmas em espiral comum, semelhante à agulha doméstica, usada para
seguindo a cocha do cabo. A fim de evitar a penetração costura em tecido fino;
da água das chuvas num aparelho fixo, percinta-se o
cabo a começar do chicote que deve ficar para baixo; se
o cabo deve ficar com o seio para cima e os dois chicotes (3) agulha de palombar - Agulha de ponta achatada e
para baixo, percinta-se a partir de cada um dos dois curva; usada para costura de lona em cabos, tralhas de
chicotes. Antes de percintar um cabo de aço, passa-se velas e toldos.
uma camada de zarcão sobre ele, depois que foi
engaiado. Ele deve ser percintado com a tinta ainda
Repuxo - Tira de couro unida pelos extremos, com furo
fresca, ou então a superfície na percinta que vai ficar
para o polegar, devendo ser calçada pelos marinheiros na
junto ao cabo será também pintada. Percinta-se e engaia-
mão direita. Tem na palma o dedal. Serve para forçar a
se no sentido da cocha do cabo.
agulha na lona ou através de um cabo, protegendo a mão
Trincafiar - Amarrar as percintas com fios de vela ou de quem trabalha.
linha de rami, dando voltas de trincafios ou tomadouros. Torquês - Para cortar fios de aço.
Barbela - É uma espécie de botão que se toma nos gatos
para não desengatarem de onde estão passados,
principalmente quando a carga deve ser suportada por
algum tempo. São dados com duas a quatro voltas
redondas, as quais são esganadas por outras voltas
perpendiculares. Remata-se com um nó direito nos dois
chicotes. SEÇÃO G – ESTROPOS
8.157 - Utensílios do marinheiro 8.158 - ESTROPOS
Espicha - Pequena haste metálica, de forma cônica, com Definição e emprego - Estropo é um pedaço de cabo
a ponta em bico, destinada a abrir as cochas dos cabos. cujos chicotes foram ligados por nó ou costura,
Pode ter o punho de madeira. Tem um furo onde se pode formando assim um anel de cabo que se utiliza para
passar um fiel para prendê-la à mão. diversos fins. É usado principalmente para estabelecer a
Passador - Semelhante à espicha, mas ligeiramente conexão entre um aparelho de içar e o peso a ser içado e,
curvo e tendo o punho dobrado em ângulo reto para por isto, chama-se estropo, de modo geral, a qualquer
bater as costuras. É sempre de ferro, e serve para o pedaço de cabo, corrente ou lona com que se envolve um
mesmo fim da espicha. peso que se tem de içar.
Vazador - Utensílio de ferro, com a ponta em Tipos:
circunferência bem afiada para abrir buracos no pano,
para os ilhoses. Estropo comum - De cabo de fibra ou cabo de aço.
Macete de bater - Utensílio de madeira com cabo, Anel de cabo, cujos chicotes são geralmente ligados por
servindo para bater as costuras, nós etc. e também para costura redonda;
bater o vazador.

Macete de forrar - Macete com goivadura que encosta


nos cabos na operação de forrar.

EA-HSG 3 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
Estropo aberto - Duas ou quatro pernadas de corrente, do navio mover-se para BE, na marcha a vante. O
ou de cabo de aço, ligadas em uma das extremidades por movimento da roda do leme para BB, da mesma
um olhal, tendo gatos nas outras extremidades; maneira, fará o navio guinar para BB.
A roda do leme é instalada modernamente no
passadiço. A maioria dos navios dispõem ainda de uma
segunda roda do leme, maior que a principal e situada
AR; é destinada ao movimento manual do leme em caso
Estropo braçalote - Pedaço de cabo com uma alça em de emergência por motivo de avaria na máquina do leme
cada chicote, feita com costura redonda ou com clips; ou em suas transmissões. Os navios de guerra de grande
porte têm ainda outra roda do leme, situada numa
estação do governo de combate.
11.3 - Leme à mão - O aparelho de governo mais
Estropo de rede - Rede quadrada ou retangular
simples é o chamado leme à mão, empregado
confeccionada especialmente para este fim (carga ou
comumente nas embarcações pequenas. Consta de roda
descarga); e
do leme, gualdropes e leme.
Gualdropes são cabos de aço, correntes ou cadeias
Galle, que transmitem o movimento da roda do leme ao
leme.
Estropo de lona - Pedaço de lona forte, de forma Nas suas instalações, há uma peça cilíndrica,
retangular, guarnecida por uma tralha de cabo de fibra. chamada tambor, que tem o mesmo eixo da roda do
Confeccionado com um estropo comum tendo em sua leme e é rigidamente fixado a ela. Os gualdropes dão
parte interna um pedaço de lona de forma retangular, algumas voltas pelo seio neste tambor, seguindo seus
ficando com aparência de maca. Esta lona é costurada no chicotes, um por cada bordo, até a cana do leme, onde
estropo com ponto de palomba pela cocha. são presos em cada um dos lados dela. Deste modo,
girando-se a roda do leme, e com ela o tambor, o
gualdrope de um bordo vai-se enrolando no tambor, e o
do outro bordo vai-se desenrolando, movendo-se assim a
cana do leme.
Há ainda outros tipos menos usados, como estropo As aberturas por onde passam os gualdropes são
trincafiado, estropo para alcear poleame etc. guarnecidas de golas de metal, chamadas macarrões.
11.4 - Máquina do leme ou servomotor
11 - APARELHO DE GOVERNO, MASTREAÇÃO
a) Generalidades - A máquina do leme é comandada a
E APARELHOS DE CARGA
distância pelos movimentos da roda do leme, e desta
dependência resultou sua denominação de servomotor. O
SEÇÃO A - APARELHO DE GOVERNO
servomotor é instalado na popa, no próprio
11.1 - Generalidades - O marinheiro que manobra o compartimento do leme (onde a madre atravessa o casco
leme para governar uma embarcação chama-se do navio) ou em compartimento contíguo, para evitar
timoneiro, ou homem do leme. Nas embarcações transmissões longas.
miúdas, o timoneiro atua diretamente na cana do leme; Nos navios mercantes, onde é necessário aproveitar o
contudo, nos navios em movimento, o esforço necessário espaço interno do casco, o compartimento do servomotor
para girar o leme é muito grande. Há, então, necessidade é situado geralmente acima do convés. Nos navios de
de se instalar um aparelho de governo, que permite a um guerra de grande porte, este compartimento fica abaixo
só homem governar o navio com facilidade. da linha-d’água e é protegido por couraça; nos navios de
O aparelho de governo constitui-se de: guerra menores, o servomotor é também localizado
I - roda do leme; abaixo do convés, e muitas vezes situado num recesso da
II - transmissão entre a roda do leme e a máquina do antepara de ré da praça de máquinas. Sempre que
leme; possível, o compartimento do servomotor não deve ser
III - máquina do leme, ou servomotor; adjacente aos costados do navio, para ficar melhor
IV - transmissão entre a máquina do leme e o leme; e protegido.
V - leme. Os requisitos da máquina do leme são
11.2 - Roda do leme - A roda do leme é uma roda de aproximadamente os mesmos que os da máquina de
madeira ou de metal, montada num eixo horizontal suspender: aplicação súbita de grande força a baixa
situado no plano diametral do navio. Em seu contorno velocidade, possibilidade de variação de velocidade por
exterior há usualmente vários punhos chamados graus insensíveis e inversão de marcha, além dos
malaguetas, por meio dos quais o timoneiro imprime o requisitos gerais de rendimento, segurança etc. Por isto,
movimento de rotação. os tipos empregados em ambos os casos são os mesmos:
O movimento da roda do leme para BE (no sentido máquina a vapor, sistema hidrelétrico e motor elétrico.
dos ponteiros de um relógio para o homem do leme
voltado para a proa) coloca o leme a BE, fazendo a proa

EA-HSG 4 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
Os tipos empregados são: servomotor a vapor (muito Usualmente o navio tem dois conjuntos completos,
empregado nos navios mercantes a apor), servomotor formados por motor elétrico e bomba hidráulica, estando
hidrelétrico (é o mais eficiente para movimentação do um em movimento e outro parado, de reserva. A simples
leme) e servomotor elétrico (este sistema permite a manobra de ligação de um pino permite passar de um
eliminação da roda do leme, que é substituída por uma conjunto para outro.
alavanca de controle). d) Mecanismo compensador – No servomotor a vapor
b) Servomotor a vapor – Muito empregado nos navios ou hidrelétrico, há necessidade de um mecanismo
mercantes a vapor. As vantagens e desvantagens são as compensador para fazer parar o movimento do leme
mesmas apresentadas pelas máquinas de suspender a quando este atinge o ângulo desejado. Na instalação a
vapor. vapor, a válvula de distribuição de vapor é também
A válvula de distribuição de vapor é comandada pela comandada pela própria máquina, cujo movimento tende
roda do leme. Quando a roda do leme está a meio, a a neutralizar o efeito da roda do leme sobre a válvula.
válvula também está a meio de seu curso, fechando os Assim, quando a roda do leme deixa de girar, a válvula é
canais de admissão de vapor, e a máquina fica parada. deslocada para a posição neutra, fazendo parar a
Movendo-se a roda do leme para BE ou para BB, a máquina e, em conseqüência, o leme. De maneira
válvula de distribuição desloca-se para um ou para outro semelhante, o movimento da cana do leme, ou dos
lado, dando entrada ao vapor que vai movimentar a junços, atua no mecanismo de controle do sistema
máquina no sentido correspondente. hidrelétrico, levando-o à posição neutra depois de cada
c) Servomotor hidrelétrico - É o equipamento mais movimento da roda do leme.
eficiente para movimentação do leme, podendo-se e) Servomotor elétrico – O sentido e a amplitude de
empregar um motor de cerca de metade da potência, em movimento do motor e, portanto, do leme, são dados por
relação ao servomotor elétrico. O custo da instalação é um mecanismo de controle elétrico instalado na casa do
maior que dos outros tipos, mas o de manutenção é leme, ou em qualquer das outras estações de governo do
menor. É usado em quase todos os navios de guerra navio. Este sistema permite a eliminação da roda do
modernos. leme, que é substituída por uma simples alavanca de
Na figura abaixo, vê-se um diagrama mostrando esse controle. Com a alavanca na posição a meio, o motor
sistema; o princípio é o mesmo da máquina de suspender elétrico está parado; o movimento da alavanca para a
hidrelétrica. Um motor elétrico M, de alta rotação, fica direita (BE) dá partida ao motor e move o leme para BE;
sempre trabalhando em viagem, sob velocidade o movimento da alavanca para a esquerda (BB) move o
constante. Este motor aciona uma bomba hidráulica B, leme para BB. Não há mecanismo compensador, pois o
na qual há um regulador de pressão para impedir a leme se movimenta o quanto se deseja somente enquanto
sobrecarga. a alavanca de controle estiver fora da posição neutra; o
leme se mantém parado na posição desejada, por meio
de um freio.
11.8 - Vozes de manobra para o timoneiro - Todas as
vozes de manobra devem ser concisas e enunciadas com
O débito e o sentido de escoamento do líquido na clareza. Usualmente, são dadas pelo Comandante do
bomba são regulados por um mecanismo de controle C, navio ou pelo Oficial de Quarto. O timoneiro acusará o
comandado pela roda do leme. O movimento do recebimento da ordem, repetindo o que escutou, ao
mecanismo de controle num sentido faz a bomba exercer iniciar a execução, e depois comunicando como ficou o
pressão num lado da tubulação e aspiração no outro; o leme.
movimento do mecanismo no outro sentido tem o efeito As vozes de manobra usuais devem ser enunciadas
contrário, invertendo o sentido do movimento do líquido como se segue:
sob pressão. Com o controle na posição neutra, não há Leme a bombordo (ou boreste) - Carregar o leme no
passagem do líquido, não havendo pressão na tubulação. ângulo padrão para o bordo que se indica.
O débito da bomba em qualquer sentido depende da Leme a bombordo (ou boreste) 5°, 10°, 15° etc. -
amplitude de movimento do mecanismo de controle. Carregar o leme no ângulo indicado. (Esta voz deve ser
Os dois tubos que saem da bomba são ligados, como preferida à anterior).
mostra a figura, aos cilindros P, Q, R, S. Nestes cilindros Todo leme a Bombordo (ou Boreste) - Carregar todo o
trabalham dois junços, (I e J) que são ligados a meio leme (exceto em caso de emergência). O máximo ângulo
comprimento, por duas barras, às extremidades opostas de leme a ser usado deve ser 2° ou 3° menos que o valor
da cana do leme. Deste modo, quando a roda do leme é limite, para evitar que o leme possa ficar preso em fim
movida para BE, o mecanismo de controle deslocase de curso.
num sentido, passando a exercer pressão nos cilindros Q Alivia! (ou Alivia o leme) - Reduzir de 1/3 o ângulo do
e R e aspiração nos cilindros P e S; o junço J desloca-se leme (esta voz é dada para reduzir a velocidade da
para vante e I para ré, e o leme gira para BE. Movendo- guinada).
se a roda do leme para BB, o sentido dos movimentos é A meio! (ou leme a meio!) - Pôr o leme a meio.
o inverso. Quebra a guinada! - Carregar rapidamente o leme para
o bordo oposto àquele que se achava carregado até que a
proa pare de guinar, trazendo-o, em seguida, a meio.
EA-HSG 5 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
Nada a boreste (ou a bombordo)! - Governar de modo junto a uma escotilha e serve para içar ou arriar a carga
que a proa não passe para BE (ou para BB) do rumo nos porões do navio. Quando no local em que está
indicado. situado o pau de carga não há um mastro, o amante fixa-
Assim! - Manter o navio no rumo que a agulha de se a uma coluna vertical chamada toco, ou pescador.
governo indica no momento desta ordem. b) Função - São instalados nos navios mercantes para a
Rumo zero zero quatro (ou zero um quatro) - Quando carga e descarga de mercadorias. Ocasionalmente,
se deseja que o timoneiro governe a determinado rumo alguns navios de guerra também empregam paus-de-
da agulha, por ex.: 004°, 014°. Uma vez indicado o rumo carga para manobra de embarcações, aviões, torpedos
o timoneiro, ao alcançá-lo, informará: A caminho!, e etc.
repetirá o rumo.
Bom governo! - Quando se deseja chamar a atenção do c) Nomenclatura - Um pau-de-carga compõe-se de pé
timoneiro que o navio está fora de rumo. (a extremidade fixa), corpo (a parte média) e lais (a
Como governa? (ou qual a tendência do leme?) - Esta extremidade livre). O pé tem um pino de aço que se
pergunta é feita quando se deseja saber o ângulo do leme chama garlindéu e emecha numa peça fixa ao mastro ou
necessário para manter o navio a caminho. O timoneiro num ponto próximo a ele. Esta peça fixa tem o nome de
responderá: A meio, ou a ... graus a boreste (ou a BB). cachimbo. O garlindéu, que é um eixo vertical, prende-
Inverter do leme - Igual quantidade de graus do leme se ao pau-de-carga por meio de um outro pino
deve ser aplicada para o bordo oposto ao que se achava o horizontal, constituindo ambos um conjunto de dois
leme carregado. eixos a 90°; isto representa uma junta universal, que
Marque a proa - Ler, imediatamente, o indicado pela permite ao pau-de-carga movimentar-se em qualquer
linha de fé e informá-lo, sem prejuízo de outras direção. No lais, há um aro de chapa, que se chama
manobras que estejam sendo executadas. chapa do lais, onde se encontram usualmente quatro
Atenção - Ficar de sobreaviso para receber uma ordem. olhais para os cabos do aparelho do pau-de-carga.
Como diz o leme? - Informar o bordo e de quantos d) Aparelho do pau-de-carga - Amante é o aparelho
graus está carregado o leme. que serve para içar ou arriar o pau-de-carga, ou para
A caminho - Comunicação feita pelo timoneiro, logo agüentá-lo ao alto, na posição que se desejar; uma de
que conseguir se firmar no rumo ordenado, com o leme suas extremidades se fixa no lais do pau-de-carga e a
praticamente a meio (ângulo do leme menor que 5°). outra vai ter ao calcês do mastro.
Dar um tope em (ou Dar um tope) - Transmitido Guardins são os aparelhos que permitem o
TOPE, TOPE, TOPE pelo timoneiro no momento em movimento lateral do pau-decarga, ou o mantém na
que a linha de fé estiver praticamente parada em cima do posição desejada durante as manobras de carga ou
rumo indicado para o TOPE ou no rumo de governo se descarga; há dois guardins, um para BE e outro para BB.
não for indicado o mesmo. Cada guardim se fixa, numa extremidade, à chapa do lais
Ciente - Dada somente por quem ordena a manobra, ao do pau-de-carga, e na outra extremidade, em pontos
tomar conhecimento de que a ordem foi corretamente convenientes do convés, usualmente junto às amuradas.
repetida pelo timoneiro; o timoneiro repete sempre a O aparelho de içar e arriar a carga consta de uma
ordem recebida. catarina para os paus-decarga usuais, ou uma talha (ou
Todas as ordens serão precedidas do apelativo estralheira), para os paus-de-carga de serviço pesado.
TIMONEIRO. e) Especificações - Os paus-de-carga podem ser de
madeira, de tubo de aço ou de treliça. Para cargas até 3
SEÇÃO B – MASTREAÇÃO toneladas, a madeira é muito empregada; para cargas de
11.10 - Definição - É o conjunto de mastros, mastaréus, 3 a 20 toneladas, ou mais, os paus-de-carga são
vergas e antenas de um navio. Nos veleiros, os mastros geralmente de seção tubular, como os mastros. A treliça,
têm a função primordial de suportar as velas (aparelho uma estrutura feita de perfis de aço, é usada somente
propulsor do navio) e, por isto, constituem partes vitais para grandes pesos, em geral de 20 toneladas para cima.
do navio. Nos navios de propulsão mecânica, os mastros Em cada escotilha, o número de paus-de-carga
têm diversas funções, servindo de suporte para: adriças e depende do tamanho da escotilha e da maneira como eles
vergas de sinais, antenas de radar, ninho de pega, paus- são aparelhados. Na instalação mais comum, que é a de
de-carga (navios mercantes), instrumentos de controle e paus-de-carga conjugados, há apenas dois paus-de-carga
postos de observação de tiro (navios de guerra). em cada lado do mastro. Quando os paus-de-carga
devem trabalhar independentemente um do outro, há
SEÇÃO C - APARELHOS DE CARGA E geralmente quatro paus-de-carga em cada extremidade
DESCARGA de escotilha.
Com o pau-de-carga inclinado de 35° a 45° sobre a
11.17. Paus-de-carga ou lanças horizontal, o gato do aparelho de carga pode alcançar até
a) Definição - Verga de madeira, ou de aço, que tem cerca de 2/3 do comprimento da escotilha. Com o pau-
uma extremidade presa a um mastro ou a uma mesa de-carga na posição de través (ângulo de 90° em relação
junto a este, ligando-se a outra extremidade ao topo do ao plano diametral do casco), o alcance para fora do
mastro por meio de um amante e servindo de ponto de costado do navio varia de 2,5 metros para os navios
aplicação a um aparelho de içar. E em geral colocada
EA-HSG 6 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
pequenos de cabotagem até 4 a 7,5 metros para os guarnecimento das estações e a preparação para a manobra
cargueiros de tamanho médio. que será executada, dando o pronto da verificação ao
O diâmetro dos paus-de-carga é ligeiramente maior Imediato; em seguida, ao receber o pronto dos demais
na parte média, onde são maiores os esforços de flexão. setores, dará o pronto do navio ao Comandante.
O poleame empregado no aparelho dos paus-decarga é Antes de cada atracação ou desatracação, o Oficial de
do tipo lubrificado e se fixa sempre por meio de manilha, Manobra toma conhecimento do vento verdadeiro,
em vez de gatos. corrente, maré, desvio da giro, curva de desvio da agulha
magnética, cais determinado para a atracação e seu
11.20 - Aparelho de içar - O aparelho de içar e arriar a alinhamento, bordo da atracação e outras informações
carga é geralmente um simples retorno (aparelho de necessárias.
laborar sem multiplicação de potência), no qual se Nas fainas de atracação e desatracação, a troca de
emprega uma catarina manilhada ao lais do pau-de- informações e disseminação de ordens entre estações
carga. Contudo, nos cargueiros usuais o porão no 2 tem deve fluir prioritariamente através dos circuitos de
um pau-de-carga para grandes pesos, cujo aparelho de comunicações interiores. Os transceptores portáteis
içar a carga é uma talha dobrada ou uma estralheira devem ser mantidos como reserva e canal de segurança.
dobrada.
O tirador do aparelho gurne por um retorno-guia (com 12.23 - Procedimentos para atracação e desatracação
ou sem rodete), colocado na face inferior do pau-de- - É importante que a aproximação do navio ao local de
carga, labora num moitão fixo ao mastro abaixo do atracação seja feita em velocidade adequada, no melhor
cachimbo e vai ser manilhado ao tambor do guincho. O ângulo em relação ao cais e distância correta,
cabo é de aço, de 5/8 da polegada, para as cargas usuais; observando-se as condições meteorológicas do local. O
seu comprimento é tal que, com a carga arriada no Oficial de Manobra deve agir a tempo para compensar os
porão, ainda deve haver algumas voltas no tambor do efeitos da maré, corrente e vento, utilizando-se do leme,
guincho. máquinas e espias de forma a facilitar a amarração,
As roldanas do poleame são de metal fundido e são mantendo as demais estações informadas de suas
lubrificadas, com graxa ou grafite; a caixa do poleame, intenções.
gatos, manilhas etc. são de ferro ou aço macio; a caixa Nas ordens do Oficial de Manobra ao timoneiro e ao
do poleame pode ser também de ferro fundido maleável. sota-timoneiro, e do Imediato à proa, à popa e a meio-
O poleame é escolhido com um fator de segurança navio emprega-se a fraseologia padrão, devendo ser
mínimo de 5, tem a carga de trabalho marcada nele, e o exigida do pessoal a devida atenção, bem como o
fabricante deve fornecer um certificado de que foi silêncio na estação da manobra.
submetido a prova. As ordens para as máquinas são dadas através do
telégrafo de manobra e pelo circuito de comunicações
12 - MANOBRA DO NAVIO interiores.
O Oficial de Segurança, no bordo oposto ao da
SEÇÃO C - ATRACAR E DESATRACAR atracação ou desatracação, informa, por um circuito de
comunicações apropriado, os perigos que não estejam
12.19 - Generalidades - Esta seção apresenta
sendo vistos no bordo da manobra. O Oficial de
procedimentos básicos para a preparação do navio para
Manobra nunca deve ser distraído da sua função
atracação e desatracação. Instruções sobre as fainas de
primordial: MANOBRAR.
atracação e desatracação devem fazer parte dos brieffings
de navegação, principalmente quando se tratar de portos Recomendações:
em que não se está acostumado a freqüentar. I - recomenda-se demandar o local da atracação com
O planejamento das viagens deve incluir a análise dos pouco seguimento, exceto se a velocidade da corrente ou
locais de atracação, de modo a permitir uma adequada a intensidade do vento exigir que o navio tenha maior
preparação antecipada das estações envolvidas, devendo os velocidade;
seguintes aspectos serem verificados: altura, profundidade II - normalmente, o melhor momento para atracar a um
e qualidade do cais; variação de maré; existência ou não de cais é no estofo de maré. Recomenda-se evitar a corrente
defensas; qualidade das defensas; tipo de amarração de popa; entretanto, na maior parte dos casos a corrente
empregada; pontos disponíveis para a amarração; de proa facilita a atracação;
espaçamento entre cabeações; disponi-bilidade de prancha; III - a corrente de proa diminui o seguimento do navio e,
necessidade de se empregar amarreta; e demais
muitas vezes, tende a encostá-lo ao cais; neste caso, a
informações normalmente disponíveis no Roteiro.
aproximação não deve ser feita com muito ângulo, pois o
12.20 - Cuidados na preparação para atracação e navio pode ser levado de encontro ao cais com muita
desatracação - Uma equipe de navegação alerta e bem violência, ao se tornar paralelo a ele;
adestrada é fundamental para uma manobra bem feita e IV - a corrente de proa permite que o navio seja
segura. Por ocasião da atracação ou desatracação, as governado pelo leme como se estivesse em movimento.
estações envolvidas na manobra devem ser prontamente Nesta situação, com o emprego de uma espia na proa, o
guarnecidas, com o mínimo de confusão e ruído. O centro de giro se transferirá do navio para o cais, onde
Oficial de manobra, ou quem delegado por ele, deve estiver amarrada a espia;
utilizar a Lista de Verificação (Check-List) para conferir o

EA-HSG 7 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
V - o uso das espias em proveito das manobras de atracar amarração do navio. Quando um navio atraca a outro
e desatracar permite economia de tempo e espaço e, diz-se que está a contrabordo deste.
quase sempre, de muitas inversões de máquinas. É As espias devem ser leves e flexíveis para serem
importante levar em consideração a utilização das espias, manejadas com facilidade e, ao mesmo tempo, bastante
principalmente em áreas limitadas. Contudo, as espias resistentes para agüentar o navio ao cais. Um navio do
não devem trabalhar sozinhas para atracar o navio; seu porte de um contratorpedeiro usa espias de manilha de 5
emprego deve ser conjugado com os efeitos da corrente, polegadas ou cabo de náilon de 3 polegadas; os navios
do vento, do leme e dos hélices. A atracação mais bonita maiores podem empregar espias de 8 ou 10 polegadas.
não é a que se efetua sem espias, mas a que se faz com Devido à sua flexibilidade e elasticidade, os cabos de
maior segurança e precisão de manobra; fibra são os mais empregados como espias, mas os cabos
VI - o vento e a corrente perpendiculares ao cais tornam de aço também são usados com freqüência para este fim.
a atracação mais difícil e perigosa, do mesmo modo que Ao se aproximar do cais, o navio já deve ter pronto o
se vierem pela popa; bordo de atracação determinado, com as espias passadas
VII - nos navios de um só hélice (de passo direito) pelas buzinas e as retinidas amarradas junto à costura das
recomenda-se a atracação por bombordo, a não ser que a alças, e nunca a meio da alça, onde ela ficará enroscada
direção da corrente ou do vento aconselhe o contrário; quando a mão for passada no cabeço do cais. As
VIII - durante um conjugado com igual potência de retinidas devem ser lançadas logo que a distância seja
máquinas para ambos os eixos, atentar que o efeito do suficiente, mesmo que a espia só seja mandada ao cais
eixo com máquina adiante prepondera sobre o efeito do depois que o navio esteja mais perto; para lançamento
eixo com máquina atrás; das retinidas deve-se ter um homem AV, um a meia-nau
IX - durante o giro com conjugado de máquinas, não e um AR. Retinidas adicionais devem estar prontas para
podemos deixar que a marola da máquina atrás chegue o caso de se perder o primeiro lançamento, o que
até a altura de meio navio, pois, nesta situação, a força normalmente pode ser evitado se houver uma boa
resultante dificultará o giro do navio; avaliação da distância do cais, considerando-se os
X - o centro de giro do navio (ponto em torno do qual o homens bem adestrados.
navio gira ao evoluir) está situado, em geral, mais à proa A perda da atracação por lançamento da retinida em
do que à popa. Dessa forma, convém lembrar que o condições adversas (vento, corrente, restrições do navio
rabeio da popa é maior que a guinada de proa, o que etc.) poderá representar perigo para o navio.
recomenda que se observe a variação de posição da popa Não hesitar em usar o fuzil lança-retinida.
para verificar se o navio está guinando, e que quando se No uso de espias empregadas num navio atracado, as
evolui em águas restritas, a popa merece maior cuidado; que se amarram nas extremidades do navio, as de vante
XI - utilizar a maré, a corrente e o vento, se possível, em orientadas para vante e as de ré dizendo para ré chamam-
proveito das manobras a serem executadas; se lançantes. As espias 1 e 3 (lançantes de proa) e 5 e 7
XII - ter sempre em mente a situação de máquinas (o (lançantes de popa) devem ser amarradas em cabeços
conjugado utilizado); bem afastados do navio, respectivamente para vante e
XIII - em águas restritas, ao passar junto a navios para ré, pois têm como finalidade principal evitar o
fundeados, procurar fazê-lo pela popa destes; movimento do navio ao longo do cais. Pode haver dois
XIV - a resposta à manobra de um navio é tanto mais lançantes na proa e dois na popa, saindo de bordo pela
lenta quanto menor for o seu seguimento; mesma buzina e amarrando-se a dois cabeços diferentes
XV - na aproximação para atracação, não olhe somente no cais, ou saindo por buzinas diferentes e amarrando-se
para a proa, pois poderá perder a noção de velocidade e ao mesmo cabeço no cais, ou ainda saindo por buzinas
ser obrigado a dar máquinas atrás em emergência; diferentes e amarrando-se a cabeços diferentes. De uma
XVI - ao se aproximar do cais ou em qualquer manobra, maneira geral, toda espia que sai de bordo de meia-nau
para observar se há abatimento ou guinada do navio, para a proa, dizendo para vante, é um lançante. Também
pode-se fazer o alinhamento de um ou dois objetos do são lançantes as espias que saem de bordo de meia-nau
navio com um ponto fixo de terra; para ré, dizendo para ré.
XVII - um navio mais pesado adquire maior seguimento. As espias 2 e 6 chamam-se espringues (do Inglês
Portanto, nas atracações e em qualquer outra manobra, spring). Os espringues são espias que, ao contrário dos
convém lembrar se o navio está leve ou carregado (isto lançantes, se saírem da proa dizem para ré e se saírem da
se refere particularmente aos navios mercantes, cujo popa dizem para vante. Os espringues concorrem com os
calado varia muito); e lançantes para evitar que o navio se mova ao longo do
XVIII - a contínua atenção e a agilidade de raciocínio cais ou para fora.
são condições fundamentais para uma boa manobra. A espia que sair de bordo perpendicularmente ao cais,
12.24 - Notas sobre o emprego das espias - Diz-se que sem dizer nem para vante nem para ré, chama-se través;
um navio está atracado quando está encostado a um cais nos navios com amarração padrão temos um través a
ou a outro navio. Os cabos que amarram o navio e que meia-nau (nº 4) e um través de popa (nº 8). Os traveses
são usados para evitar que o navio se afaste do cais por
também servem para auxiliar a manobra de atracação
efeito do vento ou da corrente. Os traveses nem sempre
chamam-se espias; a manobra de passar as espias é a
podem ter o comprimento suficiente para agüentar bem o
navio na subida e na descida da maré. Eles devem ser
EA-HSG 8 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
evitados, exceto em caso de emergência ou de mau caso de se ter que movimentar a máquina com uma espia
tempo. passada, é melhor que ela seja dobrada antes, para não
Além de seus nomes, as espias devem ser designadas sofrer esforço demasiado.
por números, que representam a posição relativa em que Os Oficiais de manobra a vante e a ré devem colher o
são amarradas a bordo. Notemos que não são os cabeços brando, rondar ou solecar as espias de acordo com as
de bordo que têm números, mas as espias é que são ordens do Comandante e sem dar saltos nelas. Além de
numeradas conforme sua posição relativa. Em cada repetir as vozes de manobra, o Oficial que manobra num
amarração o mesmo navio pode usar um número maior cabrestante deve fazer sinais com a mão, para que o
ou menor de espias e, neste caso, os algarismos variam. Comandante esteja sempre informado se a espia está
Em condições normais, os navios de porte médio usam sendo rondada no cabrestante ou não. Para isto, ele
somente quatro espias: lançante de proa (nº 1), espringue mantém a mão direita ao alto enquanto manobra no
de proa (nº 2), espringue de popa (nº 3) e lançante de cabrestante; quando este estiver rondando a espia, o
popa (nº 4). Oficial fará pequenos circuitos com o dedo indicador
A designação das espias por números é muito para cima; quando o cabrestante parar o punho será
importante, pois evita confusões, principalmente nas fechado. Isto é muito importante, porque o Comandante
manobras de atracar e desatracar. Quando o navio se do passadiço nem sempre vê o cabrestante e precisa
move para vante ou para ré com espias passadas, um saber sempre o que ele está fazendo.
lançante pode se tornar espringue e vice-versa. Os nomes As vozes usadas nas manobras de atracar e desatracar
podem ser usados quando o navio estiver atracado, pois são as seguintes: Soleca a espia! Ronda! Colhe o
então o uso e a direção de cada espia se tornam brando! Alivia! Agüenta sob volta! Agüenta o
definitivos. socairo! Dobra a espia! Dobra a amarração! Larga
As espias são amarradas sempre pela alça ao cabeço por mão!; cada voz deve ser seguida do número ou do
do cais; quando há necessidade de passar duas ou três nome da espia a que se referir.
espias no mesmo cabeço, elas devem ser amarradas de Nos navios dotados de hélice de passo controlado,
modo a permitir que qualquer uma delas seja retirada em durante a experiência de máquinas em preparação ao
primeiro lugar sem interferir com a outra. Depois de suspender (basin trial), ainda com a amarração dobrada,
atracado o navio, é necessário dobrar as espias. Quando e prancha retirada, o comportamento das espias
se passa uma espia adicional com alça, onde já existir fornecerá indicação se o passo “zero” está corretamente
outra, ficando a amarração com duas pernadas, diz-se ajustado.
que a espia está dobrada; quando, além da alça, passa-se a
12.25 - Efeitos das espias ao atracar e ao desatracar:
espia pelo seio ao mesmo cabeço, ficando com três
pernadas, diz-se então que é uma espia dobrada pelo seio. a) Navio parado e paralelo ao cais - Suponhamos que o
Deve-se ter o cuidado de tesar as pernadas das espias por navio deu para terra uma espia de proa, orientada pelo
igual, para que elas fiquem trabalhando sob a mesma través. Quando se rondar esta espia, o navio deve girar
tensão. Em situações normais de tempo e mar, não há sobre seu centro de gravidade, fazendo entrar a proa e
necessidade de usar mais de três pernadas numa espia; os afastando a popa do cais. Quanto mais a vante estiver a
cabos são calculados para agüentar bem o navio e é espia, maior será este efeito. Contudo, como o navio não
preferível colocar uma espia adicional em outro cabeço do está seguro rigidamente ao centro de giro, toda a massa
que dar voltas demasiadas num mesmo cabeço; isto não responderá ao esforço da espia, de modo que a proa se
concorre para a eficiência da amarração e dá um aspecto aproxima mais do que a popa se afasta.
pouco marinheiro ao navio. Se houver outra espia na popa, o centro de giro
Todas as espias devem ter um brando suficiente para transfere-se para ré; ao ser rondada a espia de proa, o
permitir a subida e descida do navio com a maré. As navio se aproxima do cais, sem afastar a popa, mas o
espias devem usar rateiras, que são discos de folha esforço exigido para isto é maior do que no caso
colocados perpendicularmente a elas, entre o costado e o anterior.
cabeço do cais, para evitar a entrada de ratos a bordo. Se as duas espias de proa e de popa forem rondadas
Quando um navio precisa manter seguimento junto ao ao mesmo tempo, pelo través, o navio chegará ao cais
cais para chegar à posição, as espias devem ser mudadas sem afastar a proa nem a popa, mas à custa de um
de cabeço em cabeço, de modo que fiquem sempre em esforço muito maior. Para reduzir este esforço é
condições de serem usadas. preferível que as duas espias sejam rondadas
As espias são de muita eficiência no auxílio às alternadamente.
manobras de atracar e desatracar, mas devem ser usadas b) Navio com algum seguimento, paralelo ao cais -
com habilidade. Elas não devem sofrer lupadas, nem ter Suponhamos um navio com máquinas paradas e leme a
cocas; na popa deve-se ter mais cuidado em colher o meio, com seguimento para vante e uma espia de proa
brando, para que as espias não sejam apanhadas pela passada ao cais. A espia se orienta para ré e sua tensão
corrente de sucção dos hélices, se estes se pode ser decomposta em duas; uma componente tende a
movimentarem. Nem a espia sozinha nem o cabrestante encostar a proa ao cais; a outra se opõe ao seguimento do
podem parar o seguimento de um navio, pois não foram navio no rumo original, formando com este um
feitos para isso; a máquina deve ser manobrada conjugado de rotação cujo efeito é abrir a popa do cais.
adequadamente para quebrar o movimento do navio. No

EA-HSG 9 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
Se o navio tem seguimento para vante, mas a espia Amarrar o navio no fundeadouro é tê-lo seguro com
está passada na popa, o conjugado de rotação que se duas ou mais âncoras; diz-se, então, que o navio está
forma tende a fazer entrar a proa e, portanto, concorre amarrado, ou em amarração. Também se diz que o navio
com a espia para fazer encostar o navio ao cais. está amarrado a um cais, a uma boia etc. quando está
Se o seguimento for para ré, o efeito é o inverso, isto seguro por meio de amarra, viradores ou espias fixas em
é, a espia se orienta para vante e, se estiver na proa, faz terra em qualquer objeto próprio, ou a uma boia.
encostar o navio ao cais, guinando pouco; se estiver na Também é comum haver nos portos amarrações já feitas,
popa, faz a popa guinar para o cais, levando rapidamente aguentadas por meio de poitas ou âncoras especiais;
a proa para fora. quando o navio toma uma destas amarrações, diz-se que
Resumindo: está em amarração fixa.
I - se não houver seguimento, as espias de proa e de popa Amarrar a rumo é largar os dois ferros na direção de
um rumo dado. Amarrar ao vento ou à maré é largar os
devem ser rondadas alternadamente, para auxiliar a
dois ferros na direção do vento ou da corrente de maré;
atracação do navio;
amarra-se ao vento ou à maré estendendo uma âncora a
II - se houver seguimento para vante, uma espia na proa
barlavento (ou a montante) e outra a sota-vento (ou a
tende a fazer o navio guinar rapidamente para o cais,
jusante). Amarrar entre vento e maré é colocar as duas
afastando a popa; uma espia na popa tende a fazer o
navio encostar ao cais, guinando a proa lentamente; âncoras na direção média entre a corrente de maré e o
III - se houver seguimento para ré, uma espia na proa vento dominante. Amarrar de popa e proa é fundear uma
tende a fazer encostar o navio ao cais, guinando a popa (ou duas) âncoras pela proa e uma (ou duas) âncoras pela
lentamente; uma espia a ré fará a popa guinar para o popa, de modo que o navio não possa girar sobre sua
cais, abrindo rapidamente a proa; amarração.
IV - o efeito evolutivo será maior quando as espias Desamarrar o navio é suspender as âncoras que estão
estiverem mais próximas das extremidades do navio; e no fundo menos uma. Diz-se que o navio desamarrou
V - nas considerações acima, não foram levados em quando garrar uma das âncoras que amarra o navio ou
conta os efeitos do vento e das correntes. todas.
Largar a amarra por mão é desmanilhar o quartel mais
12.36 - Utilização de defensas - As defensas deverão próximo e arriar o chicote por mão, deixando-o sair pelo
estar dispostas no bordo de atracação, defendendo o escovém. Largar a amarra ou amarração sob boia é
costado e suas projeções fixas do cais, sendo ajustadas desmanilhar a amarra de uma âncora que está no fundo,
de acordo com a maré e a altura do cais. Relembra-se ou a cabresteira de uma amarração, deixando-a correr
que as projeções móveis do costado deverão ser pelo escovém, tendo antes feito fixo no seu chicote um
rebatidas antes da atracação. Observa-se que a manobra arinque com a respectiva boia. Isto se faz quando o navio
das defensas é facilitada quando se utiliza defensas precisa sair do porto e, por qualquer motivo, não pode
pneumáticas, devido a seu menor peso suspender suas âncoras. Voltando o navio ao
comparativamente com as de sisal. fundeadouro, poderá com facilidade tomar a sua amarra
SEÇÃO D - FUNDEAR, SUSPENDER, AMARRAR, ou amarração, seja com o próprio navio, seja com auxílio
ROCEGAR de embarcações miúdas.
Picar a amarra é expressão que se emprega para cortar
12.39 - Definições - Chama-se fundear ou ancorar à a golpes de machado a amarra de cabo ou virador
manobra de lançar uma âncora ao fundo, para com ela talingado no anete de uma âncora que está fundeada,
manter o navio seguro por meio de sua amarra. quando o navio precisa deixar o ancoradouro e, por
Ancoragem é a ação de ancorar. Ancoradouro, ou qualquer motivo, não pode suspender a âncora, ou não
fundeadouro, é o lugar onde os navios podem ancorar tem tempo, ou mesmo não lhe convém deixar a amarra
com segurança. O navio seguro com uma âncora diz-se sob boia. Tal operação encontra-se em desuso, porque os
fundeado, ou ancorado; também se diz que está a um navios atuais utilizam amarra de ferro, mas pode se
ferro ou sobre um ferro. Suspender é içar a âncora, tornar necessária em embarcações pequenas.
recolhendo a amarra, para o navio se mover ou navegar. Fundear a pé de galo consiste em, depois de fundeado
Garrar ou ir à garra é o que se diz quando o navio é o navio, largar a outra âncora até encostar no fundo,
levado pelo vento, maré ou corrente, arrastando pelo ficando o molinete destravado e a amarra pronta a correr.
fundo sua âncora ou a amarra, por não ter a âncora Desse modo, o navio não ficará à garra, pois se o
unhado, ou por ter sido arrancada do fundo, ou por se ter primeiro ferro desunhar, o outro provavelmente unhará
partido a amarra. Quando segue com a correnteza, sem no fundo, correndo a amarra deste até se apertar o freio.
arrastar as âncoras ou a amarra, o navio não está à garra Espiar um ferro é fundeá-lo a distância com um
– diz-se que vai à tona, ou à matroca. virador ou amarra. É uma manobra usada para aguentar a
Diz-se que uma âncora está entocada quando a amarra popa do navio numa direção dada, ou para ajudar a safar
deu uma ou mais voltas na unha e que está encepada o navio de um encalhe. Para espiar uma âncora, em
quando a amarra deu voltas no cepo. Em qualquer dos geral, usam-se embarcações apropriadas ou as do navio
casos, entretanto, o navio provavelmente irá garrar; são adaptadas para esse fim.
atualmente, é difícil que as âncoras fiquem assim,
porque elas não têm cepo e unham com as duas patas.

EA-HSG 10 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
Fundear à galga, ou engalgar um ferro, é fazer fixo características da amarra e do ferro, e das condições
um virador a uma âncora que se vai largar, talingando o meteorológicas reinantes, como vento, corrente e estado
outro chicote a um ancorote que se espia a distância do mar. Para compreender as vantagens do emprego de
conveniente dela. Manobra em desuso, porque é um grande filame, é necessário estudar a ação da amarra.
desnecessária com o equipamento atual dos navios; Suponhamos que um navio esteja fundeado sem vento
também os ferros sem cepo não se prestam para serem ou corrente e o peso e o comprimento da amarra são tais
engalgados. que uma parte dela fica descansando sobre o fundo do
Diz-se que um fundo é de boa tença quando as mar; o peso deste pedaço de amarra contribui para
âncoras, pela natureza do mesmo fundo, ficam seguras aguentar o navio, somando-se ao peso da âncora.
no lugar em que unham, não cedendo aos esforços que o Mas um navio fundeado tende a se deslocar pela ação
navio faz sobre sua amarra. do vento, nas obras mortas, e do mar, nas obras vivas, e
este esforço se transmite à amarra que o segura, isto é,
12.40 - Fundeadouro - Um elemento muito importante
em geral o navio fica portando pela amarra.
a considerar no fundeio é a natureza do fundo. Os fundos
Normalmente, o navio se mantém filado à corrente e ao
de “pedra” são maus fundeadouros, devendo ser evitados
vento, recebendo o esforço horizontalmente pela proa, e
tanto quanto possível, não só pela dificuldade que o ferro
poucos elos, ou nenhum, ficam pousados no fundo.
tem em unhar, como também porque o ferro e a amarra
correm o risco de se prenderem nas pedras; o ferro pode Com o navio fundeado, a amarra toma a forma de
partir-se ao cair sobre as pedras, sobretudo em águas uma curva que se chama catenária. Esta curva dá à
profundas. amarração alguma elasticidade, amortecendo qualquer
Havendo necessidade de se fundear em fundo de choque brusco sobre a amarra e a âncora, o que é
pedra, convém largar o ferro lentamente, usando a importante, principalmente em caso de mau tempo.
máquina de suspender, e reduzir o filame ao mínimo. Como é fácil compreender, o esforço exercido sobre o
Também é conveniente, se possível, inspecionar o local anete da âncora pode ser decomposto em duas forças:
com mergulhadores, para se conhecer a real situação do uma vertical, que tende a arrancá-la do fundo, e outra
ferro e da amarra. Como nesta situação de fundeio o horizontal, que tende a fazê-la unhar. Para aumentar esta
ferro pode entocar, impossibilitando o seu içamento, tal componente horizontal, e ao mesmo tempo permitir uma
boa curvatura da amarra, é que o filame deve ser várias
providência evita surpresas, que podemos configurar
vezes maior que a profundidade do mar.
uma situação crítica em caso de haver necessidade de se
Para uma dada profundidade, o filame ideal é o que
suspender em emergência.
corresponde a uma catenária em que a tração da amarra
Em águas profundas, também se arria o ferro, usando
no anete da âncora é horizontal, quando o esforço do
a máquina de suspender, de modo a reduzir o impacto do
ferro no fundo. navio sobre a amarra é igual à carga de trabalho desta.
Os melhores fundos, chamados de boa tença, são os Se o esforço do navio sobre a amarra se tornar maior que
de areia dura, lodo macio e os de lama e areia. Os fundos a carga de trabalho dela, a tensão da amarra aumenta, a
de areia fina e de lodo mole também são bons, se bem curvatura diminui e se estabelece uma componente
que não inspirem a mesma confiança para segurar o vertical que tende a suspender o ferro, fazendo o navio ir
ferro. Se o fundo é de lodo muito mole, há o perigo de se à garra antes que a amarra seja submetida a esforços
enterrar muito o ferro, tornando difícil a manobra de demasiados.
suspender. Se o navio deve ficar muito tempo em fundo Este filame ideal é dado pela expressão seguinte, que
de lodo, convém suspender o ferro de vez em quando, é deduzida da fórmula da catenária:
lavá-lo e fundear novamente.
São os seguintes os requisitos de um bom
fundeadouro:
(1) ser abrigado, sem ou com pouco vento, corrente e Sendo:
vagas; F = filame, em braças;
(2) ser de pouca profundidade, evitando largar um h = altura da gola do escovém acima d’água, em braças;
grande filame; d = profundidade do mar, em braças;
(3) apresentar fundo de boa tença; T = carga de trabalho da amarra, em libras (1/4 da carga
(4) o fundo não deve possuir gradiente acentuado, de ruptura);
porque é mais difícil para o ferro unhar e o navio fica w = peso da amarra, em libras por braça.
sujeito a garrar quando estiver portando pela amarra no Conhecendo-se as cargas de ruptura, pode-se
lado de maior profundidade; e organizar uma tabela para filames mais adequados aos
(5) deve haver bastante espaço para o giro do navio diversos tipos de amarra, em diferentes profundidades. A
fundeado. A área livre de obstruções que um navio tabela 12-3 a seguir é baseada nesta fórmula e indica o
necessita para fundear é equivalente a um círculo de raio filame recomendado, em função da profundidade e tipo
igual à soma do filame mais o comprimento do navio. de amarra. Não se considera o tamanho do navio, uma
vez que este é referido às dimensões de amarra.
12.41 - Filame - É o comprimento da amarra fora do
escovém, com o navio fundeado. O filame a ser largado
para um fundeio é função da profundidade, das
EA-HSG 11 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
Se for usado um filame mais curto que o dado na 12.42 - Manobra de fundear
tabela, o navio ficará sujeito a ir à garra antes de ser
12.42.1 - Generalidades - A manobra de fundear um
usada toda a carga de trabalho da amarra, isto é, antes de navio é uma faina que requer estreita coordenação entre
ser exigido todo o esforço que esta deve suportar. as estações envolvidas. Deve ser organizada de maneira
No mar fortemente cavado (arfagens e caturro que seus integrantes constituam uma equipe homogênea,
violentos), um longo filame torna-se ainda mais adestrada e capaz de não só realizar seu trabalho
necessário, porque, quando o vagalhão suspender a proa, específico, mas também possuir o conhecimento
não tesará a amarra em virtude do grande brando que ela necessário sobre as atividades conduzidas pelas demais
estiver apresentando; consequentemente, não haverá estações, a fim de bem compreender a manobra em seu
tranco. conjunto.
É fundamental ter o ferro pronto a largar antes de
chegar ao fundeadouro, ou sempre que entrar em águas
rasas ou, ainda, em canais e portos de águas limitadas,
pois ele pode se tornar necessário. O melhor é ter
prontos os dois ferros.
Para ter o ferro pronto a largar, deixa-se sair um
pouco a amarra com o molinete (ou cabrestante) até ficar
o anete fora do escovém, para se ter a certeza de que ele
não ficou preso. Depois passa-se a boça na amarra, pela
patola, e então se desengrena a coroa de Barbotin. Em
vez de usar a boça da amarra, pode-se aguentá-la sob o
freio.
As comunicações entre as estações devem funcionar
Em águas tranquilas, num porto abrigado e onde a perfeitamente, pois são muito importantes para a
estadia seja pequena, pode-se usar filame menor, pois, coordenação da manobra com o ferro. Não há nada que
nesses casos, o navio não exercerá grande tração ao ficar prejudique mais uma manobra do que mensagens
portando pela amarra, ou esta tração é constante, sem enviadas de forma truncada ou errada. As mensagens
lupadas. Para águas abrigadas (em estadias pequenas), devem ser transmitidas de forma clara e utilizando a
com profundidades de até 30 metros, adota-se a seguinte fraseologia padrão. Podem ser utilizados diversos meios
regra prática para determinar a quantidade de filame: de comunicações em paralelo ao circuito telefônico
multiplicar por 5 a 7 vezes a profundidade local (ferro interno, tais como: megafones, sinais preestabelecidos e
sem cepo: o ferro patente, por exemplo) e 4 vezes a transceptores portáteis (apenas para emergência ou falha
profundidade local (ferro tipo almirantado). no circuito principal).
Em locais de fundeio sujeitos a ventos e correntes ou 12.42.2 - Aproximação para o fundeio - Todos os
com mau tempo, deve-se consultar a tabela para se equipamentos devem ser testados com a devida
determinar a quantidade de filame. antecedência, de modo a evitar surpresas desagradáveis,
Não se deve largar um filame maior que o indicado, a tais como: ferro dormiu no escovém, patola não abre etc.
título de aumentar a segurança, pois tal prática poderá As patolas têm que estar engraxadas e os cavirões das
ocasionar esforços adicionais na amarra, seja por seu mesmas sem excesso de tinta.
peso, seja por ficar presa em algum obstáculo do fundo, A aproximação para o ponto de fundeio é executada
ocasionando a sua ruptura. A informação de filame de modo que o navio largue o ferro exatamente no local
transmitida da proa para a manobra é baseada na desejado, levando em conta as condições meteorológicas
observação das marcas dos quartéis pintadas na amarra. (visibilidade, vento e corrente reinantes na área). Na
Mesmo que haja esforço bastante para o navio rabear, ocasião, o navio deve estar com pequeno seguimento a
só em caso de emergência se deve largar maior filame ré, e não parado, de modo que a amarra não fique
que o indicado na tabela; isso porque, devido a seu enroscada sobre o ferro, não ocorram trancos violentos e,
próprio peso e à tensão excessiva, a amarra poderá ficar ainda, que o ferro unhe.
sujeita a esforços maiores que sua carga de trabalho, Sempre que possível, deve-se demandar o
com risco de se partir. Se for necessário maior esforço fundeadouro aproado ao vento ou à corrente, porque
para agüentar o navio, é melhor largar um segundo ferro, assim já se toma a orientação que o navio vai ter quando
mesmo com filame moderado, do que confiar numa só fundeado.
âncora com filame maior. Se as condições do local não permitirem a
aproximação nesse rumo, obrigando o navio a seguir
atravessado ao vento ou à corrente, deve-se largar o ferro
de barlavento, para evitar que o navio venha sobre a
amarra ao cair para sota-vento.

EA-HSG 12 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
Para fundear numa posição determinada, escolhem-se seguimento de dois ou três nós ao largar o ferro e logo se
dois objetos em terra, que estejam bem determinados na dá atrás a um terço de velocidade, o que fará parar o
carta. A diferença entre as marcações desses objetos, navio quando estiverem fora dois ou três quartéis de
tomadas da posição desejada, deve ser de 60 a 120 graus, amarra, em águas de pouco fundo.
de preferência 90 graus. O rumo de aproximação do No momento de fundear, pode-se dar uma ligeira
navio deve coincidir com uma das marcações, ou se dá o guinada para o mesmo bordo do ferro que se vai largar, a
desconto necessário se houver vento ou corrente pelo fim de evitar que a amarra roce no costado e faça um
través. Quando chegar perto da posição, deve-se manter cotovelo muito acentuado no escovém enquanto houver
um oficial marcando, de dez em dez segundos, o ponto seguimento para vante; esse cotovelo deve ser evitado,
de terra que está pela proa, enquanto outro vai marcando porque passa a ser um ponto fraco na amarra. A manobra
o que fica próximo ao través. Desconta-se a distância do de fundear com corrente de popa deve ser evitada, ou
escovém à agulha de marcação (cerca de 1/3 do então executada com muito cuidado, porque não
comprimento do navio) e mais uns 20 metros, que é o somente o navio vai com seguimento demasiado e não
percurso do navio desde que o oficial comunica estar ele governa bem com o leme, como também, depois de
na posição até largar o ferro. fundeado, rabeia bruscamente para chegar à posição de
Quando se aproximando do ponto de fundeio, o navio filado à corrente. Pode-se fundear com vento de qualquer
deve ser mantido com seguimento suficiente para direção, exceto se for vento muito duro. Mas se houver
permitir o governo. Mas este seguimento não deve ser corrente de mais de três nós, é necessário aproar a ela.
tão grande que dificulte parar o navio sobre o ponto. Para fundear com seguimento AR, a aproximação se
Deve-se evitar esforço demasiado e tranco na máquina faz na marcha AV, como foi indicado anteriormente. Ao
de suspender, quebrando o seguimento antes de largar o chegar à posição de fundear, inverte-se a marcha e larga-
ferro. se o ferro no momento que se desejar, quando o navio já
Não se larga o ferro com o navio totalmente parado, tiver seguimento para ré. Se este seguimento for
pois a amarra vai se empilhar sobre o ferro, sendo quase demasiado, dão-se umas palhetadas adiante.
certo que se enrosque nele; adicionalmente, há maior É preferível fundear com seguimento para vante,
dificuldade para o ferro unhar. Larga-se o ferro com um quando houver vento ou corrente, ou quando se fundeia
pequeno seguimento para ré. Este seguimento deve ser o em formatura, porque assim o governo do navio é mais
menor possível, o suficiente para possibilitar que a fácil e se pode largar o ferro com mais precisão no lugar
amarra corra e fique a pique de estai. desejado.
As máquinas já devem estar paradas ao ser largado o Encerrada a manobra de fundear, passa-se a boça na
ferro e só devem ser movimentadas novamente para amarra, de modo que o esforço se exerça sobre a boça e
quebrar o seguimento, de modo que o navio esteja não sobre o freio do cabrestante ou qualquer outra peça
praticamente parado ao sair o filame desejado. Convém do aparelho de fundear. Sempre que o navio estiver com
apertar o freio da coroa de Barbotin quando o ferro tocar um ferro no fundo, o outro deve estar pronto a largar.
o fundo, aliviando-o logo que o navio comece a portar O fundeio é, à primeira vista, uma manobra simples,
pela amarra, quando, então, se deixa sair o comprimento mas se certos cuidados não forem tomados e algumas
de amarra necessário. Mas não se pode frear se o navio regras não forem cumpridas, podem ocorrer surpresas
tiver seguimento grande, porque, neste caso, a amarra desagradáveis.
terá que suportar sozinha o esforço de tração do navio. Do filame da amarra, do peso e tipo do ferro e da
Nunca se deve permitir que a amarra, por si só, pare o qualidade do fundo dependerá a maior ou menor
navio. segurança no fundeio. Um ferro nunca unha com a
A amarra deve correr livremente sem choques amarra na vertical. Esta deverá possuir sempre uma
violentos e se houver possibilidade de um esticão ao ser catenária, que amortecerá os choques do navio sobre o
freado o cabrestante, por ainda haver seguimento do ferro. Relembra-se que o navio é mantido no ponto de
navio, ou por estar ele rabeando, é preferível não frear, fundeio pelo peso da amarra e não apenas pelo ferro
deixando sair mais filame e recolher depois o excesso de unhado no fundo.
amarra. Qualquer choque é prejudicial à amarra e à
12.42.3 - Manobra da proa - À ordem do Comando de
própria máquina de suspender e, se os resultados não deixar o ferro pronto a largar, este deve ser arriado com
aparecerem imediatamente, sob a forma de uma avaria, a máquina de suspender, tendo a coroa engrazada, até
vão concorrendo para o enfraquecimento do material. que o anete fique por fora do escovém. Após isso, deve-
Em profundidade superior a 20 metros, deve-se arriar um se passar o freio mecânico de fricção e passar uma
pouco de amarra pelo cabrestante, deixando-a a poucos patola, desengrazando a coroa.
metros do fundo, antes de largar o ferro para fundear, À voz de “ATENÇÃO PARA LARGAR O FERRO”,
para evitar que ela caia com grande velocidade. Neste dada a cerca de 100 jds do ponto de fundeio, o Mestre
caso, é imprescindível que o navio largue o ferro quase determina que o freio do cabrestante seja aberto e o
sem seguimento algum. cavirão da patola retirado, e fica atento ao homem que
Para fundear em marcha a vante, o navio deve se
está junto à patola com a marreta.
aproximar do fundeadouro em velocidade reduzida e
parar as máquinas a cerca de três comprimentos (do
navio) da posição escolhida. Assim se procura ter um
EA-HSG 13 CURSOASCENSAO.COM.BR
ARTE NAVAL CURSO ASCENSÃO
À voz de “LARGAR O FERRO”, o homem bate com 12.45 - Fraseologia padrão nas manobras de
a marreta na patola, no sentido de abri-la. É necessário suspender e fundear
que, desde a voz de ‘Atenção”, todos fiquem afastados
a) Vozes padrão (passadiço/proa)
da amarra para evitar acidentes. À medida que a amarra
corre, o número de quartéis deve ser informado à (1) ao fundear
Manobra, assim como a sua direção e tensão. A situação - Preparar para largar o ferro.
da amarra em relação ao navio é a seguinte: - Atenção para largar o ferro.
● pode “dizer” para vante, para ré ou para o través – - Largar o ferro.
quando estiver paralela a uma dessas direções; - Como diz a amarra?
● a pique de estai – quando estiver paralela ao estai do - Qual o filame?
mastro principal; - O navio está portando pela amarra?
● a pique – quando a amarra está na vertical ou próxima - Volta aos postos.
da vertical; (2) ao suspender
● dizendo para BE (ou BB) – quando estiver dizendo - Preparar para suspender.
para um dos bordos, desde que ele seja contrário ao - Recolher o excesso da amarra.
bordo do escovém da amarra; e - Içar o ferro.
● navio está portando ou não pela amarra – conforme ele - Como diz a amarra?
esteja exercendo ou não esforço sobre a amarra. - Como diz o ferro?
O Mestre observa a direção e a tensão da amarra, - Qual o filame?
informando ao Encarregado da Proa, que transmite essa - O navio está portando pela amarra?
informação para a Manobra, pelo telefonista. Quando a - Volta aos postos.
amarra começar a retesar mediante leves trancos é um b) Vozes padrão (proa/passadiço)
sinal de que o ferro unhou. A informação de que o ferro - Amarra a pique – A direção da amarra é perpendicular
unhou deve ser transmitida para a “Manobra”, que soa o à superfície das águas.
apito correspondente, alertando as unidades próximas de - Amarra a pique de estai – A direção da amarra é
que o navio fundeou, e possibilita às demais estações do paralela ao estai do mastro principal.
navio executar as fainas de arriar a lancha, arriar a - Amarra dizendo para vante (ou para ré, ou para o
escada de portaló, disparar o pau de surriola e manobrar través) – Quando a amarra estiver paralela ou
com as bandeiras. aproximadamente paralela a uma destas direções.
Em geral, após o fundeio, larga-se uma pequena boia, - Amarra dizendo para BE/BB – Quando estiver dizendo
chamada “boia de arinque”, presa à cruz do ferro por para um destes bordos, desde que ele seja contrário ao
meio de um cabo. Sua finalidade é indicar a posição em bordo do escovém da amarra.
que o ferro se encontra. Isso é especialmente útil para - O ferro unhou.
localizá-lo e recuperá-lo no caso de um acidente em que - Navio portando (ou não portando) pela amarra –
a amarra venha a partir ou quando se fizer necessário Quando o navio está exercendo esforço (ou não está
destalingá-la (picar a amarra), soltando uma das exercendo) sobre a amarra.
manilhas ou elos patentes que ligam os quartéis entre si - Arrancou – Quando o ferro deixa o fundo, o que se
(ou a manilha – braga – que prende o último quartel no verifica por ficar a amarra vertical e sob tensão.
paiol da amarra); para isso, quando deixando correr o - A olho – Quando surge o anete do ferro à superfície da
filame desejado, faz-se necessário deixar os elos água.
patentes, que unem os quartéis, sobre o convés, de modo - Pelos cabelos – Quando a cruz do ferro está saindo
a facilitar a desconexão em caso de emergência. d’água.
A boia de arinque e o seu cabo são passados por fora - Em cima – Quando o anete do ferro chega ao escovém.
da borda e devem ser largados bem afastados do navio, - No escovém – Quando o ferro está alojado no escovém.
ao mesmo tempo que o ferro.
A boia de arinque de BE é pintada na cor verde, e a
de BB na cor encarnada. Nos navios que possuem Atualizada em dezembro de 2018.
apenas um ferro na proa, a boia é pintada de amarelo.
O comprimento do cabo da boia de arinque deve ser
igual, aproximadamente, a quatro terços da profundidade
local.

EA-HSG 14 CURSOASCENSAO.COM.BR

Você também pode gostar