Teoria Do Conto
Teoria Do Conto
Teoria Do Conto
A autora mostra uma coletânea de contos que vem tendo resistência ao longo
dos anos, além de manifestar para o leitor que se ele percorrer de forma correta a
enumeração de contos em um percurso temporal, verá que estar a conhecer a sua
própria história, através das estórias contadas que viraram histórias após a
concretização da escrita (p.6). Conforme Gotlib (1985): “Portanto, enquanto a força
do contar estórias se faz, permanecendo necessária e vigorosa, através dos
séculos, paralelamente uma outra história se monta (...)” (1990, p.6)
No capítulo dois, é tratado do conto como uma narrativa que possui três
entendimentos, relatados pela autora através da fala de Júlio Cortázar, em seu
estudo sobre Poe: “1. Relato de um acontecimento; 2. Narração oral ou escrita de
um acontecimento falso; 3. Fábula que se conta às crianças para diverti-las”
(Cortázar apud Gotlib, 1990, p.11). A autora chega à conclusão que todos têm as
mesmas semelhanças, pois todos são formas de contar, e por isso são
caracterizadas narrativas.
Com o passar dos séculos o termo que se referia a prosa narrativa de ficção,
passa a se referir a romance e então surge o novo termo: short-story, termo usado
para referir-se a pequenas estórias. Neste período, conto, novela e romance se
misturavam, até o momento em que cada uma foi ganhando sua própria definição e
tamanho. As novelas, diferentemente dos dias de hoje, eram consideradas breves,
por isso se confundia com conto.
Com o avanço natural das sociedades e das culturas foi surgindo histórias,
relatos, parábolas e fábulas, para então chegar a terminologia conto, já que este, se
concretiza com a característica de outros gêneros, como fábula e parábola, além de
ter alguns traços de novela. Em cada país, os termos escritos vão ganhando novas
formas ou significados, porém o sentido de pequeno texto continua sendo buscado,
e modificado de um país para outro.. Na Alemanha o conto passa a ser algumas
vezes mais longo, muda-se a definição de conto mais curto para kurs schichte,
marchen para referir-se ao conto popular e roman para romance. E as mudanças e
adaptações a essas terminologias continuam nos Estados Unidos, o termo short
story ganha um espaço de destaque, passando a ser um gênero independente com
suas próprias características.
No século XIX surge uma concepção de gênero misturado, uma forma híbrida
de se compor o conto, mas sempre buscando conservar o seu caráter heroico da
estória, isto com muita ou pouca intensidade, sempre dependendo de quem a
escreve. A autora traz uma diferença importante a respeito do poema em relação ao
conto, que ao perder seu caráter épico, passa a ser lírico, promovendo também uma
característica própria daquele. Mas ressalta: “No entanto, o que faz o conto - seja
ele de acontecimento ou de atmosfera, de moral ou de terror - é o modo pelo qual a
estória é contada” (1990, p.17). Trazendo assim características significativas que o
definem, reafirmando o que destaca Horacio Quiroga( pág. 17 ANO) a ordem em
que se apresentam os fatores que constitui um conto, altera verdadeiramente um
resultado;Conto.
Com o passar dos anos novela e conto ainda se confundiam, autores como
Jolles, citado por Gotlib (1990, p.18) retrata a novela como uma “forma artística" que
segundo a autora, tem uma semelhança com o atual conto literário, visto que, tanto
o conto literário como a novela levam características de seu criador.
Ao tratar sobre “as origens” o conto é dividido por Propp em duas fases de
evolução, a da pré-história,na qual ocorria confusão a respeito do conto e do relato
sagrado. O relato estava ligado a ritual religioso e não era aceita a prática de
narrar,e para as crenças religiosas da época isso estava ligado a rituais mágicos e
implicava a morte. Quanto à segunda fase de evolução, Propp aborda o desvinculo
com práticas religiosas, passando a existência própria do conto, tem-se aqui a
prática de narrar feita por qualquer pessoa. Não há uma data precisa para essa
evolução,o que se deu, foi uma investigação folclórica que foi desenvolvida pelo
autor Propp em seu livro: Las raices históricas del cuento (1946) e usada como
fonte de estudo para Gotlib (1990, p.23) entender “o fio da estória”, com a finalidade
de mostrar para o leitor como se deu a evolução dos contos, que deixou de ser visto
pela minoria da sociedade e passou a ter um caráter mais popular, passando a ser
um patrimônio da classe dominante e popular.
Já Claude Brémond, que também tem Propp como fonte de estudo, aborda
regras para o desenrolar da narrativa em sua totalidade, agrupando três funções
para a narrativa, a de abertura de possibilidade para o processo, a de realização do
processo e a de inclusão do processo, seja ele de sucesso ou fracasso. O estudo
vai se desenvolvendo e chega a uma análise dos textos de Clarice Lispector, a qual
é citada por Gotlib, para retratar a ordem, desordem e reordenamento de seu
momento interior.
“ e creio que essa mesma aparência lhe faz mal, afastando-se dele os escritores e não lhe
dando, penso eu, o público toda atenção de que ele é muitas vezes credor” (ASSIS 1873,
apud GOTLIB 1990, p.10).
Deste modo fica claro que Machado de Assis preocupa-se mais em satisfazer
o leitor de maneira adequada, em vez de ficar se preocupando com a aparência ou
característica que padronizam o conto.