Crônicas e Críticas Sociais

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Data:30/08/2021

Hélio Allain

Crônicas: originárias dos jornais e revistas, são caracterizadas por serem textos
curtos, humorísticos, e que retratam uma crítica social. Além dessas características, as
crônicas contam acontecimentos do dia a dia da sociedade de uma forma um tanto
quanto exagerada. A maneira exagerada de contar eventos corriqueiros torna a crônica
um texto humorístico, também por ser uma escrita exagerada, destaca a crítica à
sociedade e abre espaço para uma ampla reflexão. O escritor dos textos: “A que
Ponto”, e “Segurança”, Luis Fernando Verissimo, fez um excelente trabalho (ao meu
ver) quanto a essas suas duas obras. Ambas têm tópicos bem relevantes, como se
verá a seguir.
A crônica “A que ponto”, trata de duas mulheres “comuns” que vão fazer
compras no supermercado. Ambas são casadas, têm filhos, possuem educação
superior, praticam atos de caridade e são de classe média-alta. Porém, um
desentendimento por causa da última lata de óleo do mercado leva as mulheres a
lutarem fatalmente. Essa composição exalta um tema essencial para um indivíduo mais
consciente. O tema é como as aparências podem ludibriar alguém, e a influência da
família nisso. Apesar de a situação ser um pouco irrealista por se tratar de uma crônica,
exemplifica muito bem o que as pessoas estão dispostas a fazer e/ou abrir mão para
seu bem-estar e o da família. Ambas as mulheres são casadas e têm filhos, e
provavelmente tiveram essa briga para assegurar o bem-estar de seus semelhantes.
Além de casadas e mães, ambas aparentam ter uma boa conduta, socialmente
falando. Elas praticam atos para o bem comum e têm cursos superiores, algo que
geralmente é remetido a pessoas de bem que não lutariam por uma simples lata de
óleo. Essas senhoras com certeza poderiam resolver o conflito de uma maneira mais
pacífica e equilibrada, portanto, não justifica suas ações. Um exemplo recente, no
começo da crise do Covid-19, mostra algo parecido com o que aconteceu nessa obra.
Duas mulheres começam a brigar, de forma violenta, por um pacote de papel higiênico.
Ambas tiveram que ser separadas pela multidão ao redor, tudo isso foi noticiado no
UOL (Notícias UOL).
A segunda crônica, “Segurança”, trata de moradores de um condomínio que são
assaltados diversas vezes, por esse motivo, vão progressivamente aplicando medidas
drásticas de segurança e super reguladoras. Como resultado, os condôminos se
tornam prisioneiros de seu próprio lar, vivendo com medo nas suas fortificações super
“protegidas”. A enaltece um assunto muito recorrente na maioria do País: a segurança
pública, cuja existência é praticamente nula em boa parte da nação. O Brasil está em
16° lugar de países mais violentos do mundo (25,2 assassinatos para 100 mil
brasileiros, dados revista Exame). Porém, o povo brasileiro está entre os maiores
pagadores de impostos de todo o mundo, com cerca de 31% do PIB sendo roubado
pelo estado. Então eu pergunto: cadê a educação, saúde, qualidade de vida, e o ponto
da crônica, segurança pública?! Enquanto temos muitos passando fome nas ruas ou
em periferias, dormindo com medo de terem suas casas invadidas e suas vidas tiradas
por traficantes e bandidos, nós vemos a elite do funcionalismo público vivendo com o
maior luxo que alguém poderia desejar. Sem ter que se preocupar se vão ter algum
problema em relação a sua segurança, pois geralmente possuem todo um aparato que
os protege, utilizando dinheiro público. A falta de ensino de qualidade aliado à falta de
vontade de alguns em buscar conhecimento para a própria evolução, permite que este
cenário se perpetue entre as décadas que vão se passando. É devido à própria
ignorância, nas urnas, por exemplo, que a maioria dos nossos conterrâneos se mantém
até o resto de seus dias miseráveis em situações de vida desprezíveis. Até quando, o
povo brasileiro vai ser tratado como uma grande massa de manobra e será tratado com
a dignidade que merece? “A burrice, no Brasil, tem um passado glorioso e um futuro
promissor.” Roberto Campos.
Em desfecho, as crônicas apesar de serem textos curtos, podem promover uma
grande reflexão para aqueles que as analisam com propriedade. Na minha opinião,
essa matéria foi muito instigante aos meus conhecimentos gerais. Agora que já fui
introduzido ao tema, certamente irei continuar minha busca pelo conhecimento nas
crônicas. Vou começar por buscar as composições de um autor muito conhecido e
tradicional na literatura brasileira: Drummond de Andrade.

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