Apostila Spda2021
Apostila Spda2021
Apostila Spda2021
Edição 5 | 2021
INTRODUTÓRIA
Proteção Contra Descargas
Atmosféricas
(PDA)
Para-raios
Guia básico e orientativo
sobre proteção contra raios
Todas as informações deste guia são fundamentadas nas
recomendações da ABNT NBR 5419/2015.
Para-raios
Edição e Coordenação
Nikolas Lemos Bahia de Oliveira
Revisão Técnica
Carlos Alberto Lemos de Morais
Normando Virgílio Borges Alves
2. HISTÓRICO
O raio é um fenômeno da natureza que desde
os primórdios vem intrigando o homem, tanto
pelo medo provocado pelos trovões, como
pelos danos causados pelo seu impacto em
florestas, seres vivos e edificações.
O primeiro cientista a perceber que se tratava Na época, Franklin também afirmou que ao
de um fenômeno elétrico foi Benjamin Franklin colocar uma ponta metálica em cima de uma
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casa, os raios seriam atraídos para ela e a
casa
edificação estaria protegida. Essa prática então
passou a ser considerada como o primeiro tipo
de SPDA existente. Após alguns anos, mesmo
em edificações com as pontas metálicas, foi
percebido que às vezes os raios atingiam outros
pontos, refutando a ideia inicial de Franklin.
3. PARÂMETROS DE UM RAIO
Para compreender melhor o que caracteriza Quando ocorrem nuvens de tempestade, o
uma descarga atmosférica, primeiramente, atrito entre as moléculas de água e/ou gelo
precisamos saber como elas são formadas. fazem com que ocorra uma separação entre
essas cargas elétricas dentro da nuvem. O
As nuvens e o solo possuem cargas acúmulo negativo (ou positivo) na parte de
elétricas positivas e negativas. Estas cargas, baixo da nuvem faz com que ocorra no solo uma
normalmente, estão dispersas de forma indução eletrostática com cargas opostas.
aleatória na superfície e na atmosfera.
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À medida que a nuvem se expande e o De um modo geral, além desse tipo de formação
mecanismo de auto produção de cargas do raio, que pode ser categorizado como
elétricas aumenta, dá-se origem a uma primeira nuvem-solo, também podem ocorrer descargas
onda elétrica, que parte da base da nuvem em nuvem-nuvem e solo-nuvem, sendo esta última
direção ao solo. a mais rara (ocorre, normalmente no topo de
montanhas, edifícios muito altos ou geradores
Esta descarga de energia busca locais com eólicos).
menor potencial elétrico, ficando sujeita a
variáveis atmosféricas, tais como pressão, Após anos de estudos e estatísticas, os
temperatura, etc. e, por isso, sua trajetória é comitês normativos, em especial o comitê da
ramificada e aleatória. IEC, chegaram em uma conclusão sobre os
parâmetros que caracterizam uma descarga
atmosférica. O máximo valor de corrente
esperado por um raio é 200 kA. Esse valor não
representa uma impossibilidade para raios de
maiores intensidades (que inclusive já foram
registrados), mas a probabilidade de que esses
eventos ocorram é praticamente nula (menor
que 1%).
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Tabela 1 - Limitações das correntes do raio em acordo com os
níveis de proteção. Fonte: NBR 5419-1:2015
4. GERENCIAMENTO DE RISCO
O primeiro passo para projetar um sistema R4 - Perda de valores econômicos: risco de um
de Proteção Contra Descargas Atmosféricas raio causar um incêndio em infraestrutura ou a
é realizar os cálculos do Gerenciamento queima de equipamentos eletroeletrônicos.
de Risco, conforme NBR 5419-2:2015. São
utilizados parâmetros como área da edificação, É importante ressaltar que R1 deve ser,
localização, número de raios da região, obrigatoriamente calculado, sempre que
finalidade, número de ocupantes e etc. Com existir a presença de pessoas. R2 e R3
estes dados é possível calcular os riscos aos dependem das particularidades da edificação
quais a edificação está exposta. Pela norma, e R4 é uma decisão financeira que deve partir
existem 4 tipos possíveis: do cliente, pois está diretamente relacionada a
investir na proteção ou arcar com os prejuízos.
R1 - Perda da vida humana: risco de um
dano permanente ou morte de ocupantes da Os valores calculados para cada um desses
edificação. riscos devem estar dentro das faixas toleráveis,
caso contrário, deverão ser adotadas mais
R2 - Perda de serviços essenciais: risco dos medidas de proteção. Essa ação pode levar a
danos interromperem o fornecimento de edificação a ter seu nível de proteção inicial
serviços essencias para a sociedade, como aumentado ou diminuído. Alguns softwares,
energia elétrica, telefonia, saneamento e etc. como por exemplo o DEHNsupport, auxiliam
imensamente os profissionais na hora de fazer
R3 - Perda de valores culturais: risco de um os cálculos do Gerenciamento de Risco.
raio causar dano a um patrimônio histórico.
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5. SUBSISTEMAS DO SPDA
Se o gerenciamento de risco indicar a
necessidade de um SPDA, também indicará seu
nível de proteção.
5.1 CAPTAÇÃO
O acoplamento galvânico ocorre quando o raio elas o método das malhas, o método da esfera
se conecta e passa a ser conduzido por algum rolante e o ângulo de proteção. Todos podem
elemento metálico. No trajeto para o solo, se ser aplicados separadamente ou em conjunto.
elementos isolantes estiverem no caminho,
estes poderão ser destruídos. Por isso, é comum A escolha do método de captação fica a critério
ver blocos de concreto serem projetados com do projetista, porém deverão ser consideradas
o impacto da descarga atmosférica sobre condições como: Arquitetura e impacto visual
edificações de concreto armado, já que a do SPDA sobre a edificação; existência de
ferragem estrutural é o elemento metálico que volumes sobre a cobertura; necessidade de
irá conduzir a corrente. manutenção; existência de elementos metálicos
naturais como telhas metálicas.
A captação do SPDA existe, justamente, para
evitar que o raio cause danos na estrutura. Ela Elementos metálicos existentes sobre a
é composta de elementos que ficam expostos cobertura podem ser aproveitados para compor
à atmosfera esperando a conexão com a um sistema de captação natural, desde que
descarga direta. Uma consequência dessa atendam às recomendações normativas.
exposição será sua corrosão natural, exigindo
que sejam construídos a partir de materiais,
adequadamente, resistentes contra a ação do
tempo.
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5.1.1 Método das malhas
área da cobertura. Essa malha será responsável
por receber, conduzir e dividir as correntes
das descargas atmosféricas pela cobertura,
minimizando os riscos à estrutura.
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a altura ideal, mas de modo geral, aqueles que Podem ser utilizados quantos captores
possuem até 3 m apresentam melhor custo x forem necessários e é recomendado que eles
benefício. A distância entre eles será definida possuam ao menos dois caminhos possíveis de
durante as simulações (rolagem da esfera). interligação, direta ou indiretamente (através
de outro captor).
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que o definido pela figura 1 da NBR 5419 parte captação em malha, podemos utilizar o método
3. Por exemplo, para edificações nível I, a altura dos ângulos para a proteção de elementos que
máxima em relação ao plano de referência para sobressaem a cobertura, considerando a altura
aplicação desse método em toda a edificação do captor em relação ao plano da malha, ao
é de 20 m. Entretanto, quando já existe uma invés do solo.
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5.1.5 Captação natural
O termo natural, em referência a algum É importante destacar que somente podem
subsistema do SPDA, representa aqueles ser considerados componentes naturais de
elementos fixos da estrutura ou edificação, que um SPDA os elementos permanentes, ou seja,
não foram projetados/instalados com a função aqueles que não serão removidos após algum
de pertencer ao SPDA, mas que podem ser tempo.
utilizados para tal aplicação.
Para se utilizar estruturas metálicas como
Um exemplo clássico disso é o uso de telhados captores naturais do SPDA, independente do
metálicos como captores naturais. A sua função nível de proteção, é preciso que telhas, chapas
não é receber as descargas atmosféricas, ou tubulações metálicas possuam espessura
entretanto, caso as dimensões de seus perfis conforme a tabela a seguir:
e telhas sejam compatíveis com o exigido pela
norma, é possível aproveitá-lo reduzindo os
custos de implantação.
t’ t
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5.2 DESCIDAS
O subsistema de descidas será o responsável por Tabela 4), inclusive, é recomendável que sejam
conduzir a corrente da descarga atmosférica da utilizados os mesmos tipos de condutores nestes
captação para o aterramento. subsistemas, a fim de evitar incompatibilidades
galvânicas. Caso a escolha do projetista seja por
Seu correto dimensionamento é crucial um sistema de descidas externas, com cabos
para evitar acidentes e danos na instalação, ou cordoalhas, estas deverão ser contínuas do
especialmente, quando este estiver próximo a início ao fim (sem emendas), exceto as conexões
locais com aglomeração de pessoas e elementos obrigatórias para medição de continuidade,
metálicos. normalmente, instaladas em caixas de inspeção
a 1,5 m do solo.
Diferente da captação, as descidas podem ser
projetadas no interior da estrutura (descidas Preferencialmente, as descidas deverão ser
estruturais) ou embutidas na alvenaria. Em posicionadas nas extremidades da edificação
alguns casos, isso representa uma significativa (cantos salientes) e serem o mais curtas e
redução nos custos de projeto (o alumínio não retilíneas possível.
pode ser aplicado nesta situação).
Seu espaçamento é feito ao longo do perímetro,
Os mesmos materiais utilizados no sistema de com valores máximos definidos conforme
captação podem ser aplicados nas descidas (ver tabela a seguir:
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5.2.1 Descida natural
Alguns elementos preexistentes na estrutura estrutura (que não serão removidos no futuro,
podem ser utilizados como condutores naturais salvo para manutenções ou substituições);
de descida, como pilares ou paredes metálicas. terem continuidade elétrica garantida em todo
Para isso, eles deverão atender às seguintes seu percurso; suas dimensões deverão atender
exigências: Serem itens permanentes da ao especificado na Tabela 4.
5.3 ATERRAMENTO
O subsistema de aterramento será responsável (em até 20 m de distância), é recomendável
por dissipar a energia da descarga atmosférica que todos sejam interligados ao aterramento
no solo de forma segura aos ocupantes da do SPDA diretamente ou por meio do BEP,
edificação. de modo a evitar que surjam diferenças de
potenciais entre as malhas, causando danos a
Por essa razão, o aterramento do SPDA sempre equipamentos e ocupantes.
deverá, no mínimo, ser construído na forma
de um anel contínuo, que poderá ser do tipo Os materiais permitidos no aterramento são
externo (com condutores como cabos de cobre listados na tabela 7 da NBR 5419-3:2015.
nu) ou estrutural (utilizando as ferragens A seguir, apresentamos um resumo com os
das vigas baldrame, quando existentes). Para itens mais comuns de encontrarmos nesse
otimizar os sistemas de aterramento próximos subsistema.
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5.3.1 Aterramento estrutural
A norma recomenda, sempre que possível, que um condutor adicional, seguindo as mesmas
sejam utilizadas as ferragens estruturais da premissas do aterramento externo.
fundação como eletrodo de aterramento. Para
O aterramento estrutural é mais econômico
isso, é preciso que exista a continuidade elétrica
em todo o conjunto. quando aplicado na fase inicial de projeto ou
construção. Seu uso é permitido em edificações
Normalmente, quando a edificação possui já construídas, entretanto, será preciso realizar
vigas baldrames, elas devem ser aproveitadas ensaios de continuidade elétrica para validar
como elemento condutor em anel. O uso de sua utilização (anexo F da NBR5419-3).
condutores adicionais com função exclusiva de
servir ao SPDA, dentro de vigas e pilares , como
rebars e clips, é recomendado para garantir a
continuidade elétrica do sistema ainda na fase
de construção.
Quando não existirem vigas baldrames ou Figura 13 - Utilização de barras chatas de aço e
estas não forem eletricamente contínuas, as rebar no aterramento estrutural.
estacas deverão ser interligadas por meio de Fonte: DEHN/2021
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5.3.2.1 Cálculo do comprimento de malha externa
Para a malha de aterramento externo será É importante notar que neste cálculo deve ser
preciso definir qual a quantidade, em metros, considerado, obrigatoriamente, a projeção da
de eletrodo a ser enterrado no solo. malha no entorno da estrutura e não somente
a sua área da base. Este valor de área calculado
Para isto, antes é preciso entender o conceito será utilizado para dimensionar um círculo cujo
de raio equivalente (Re) de uma edificação, que raio será o raio equivalente (Re).
será o parâmetro utilizado para comparação
nesta definição. Este termo equivale ao raio
de um círculo com a mesma área da malha de
aterramento externo.
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Sempre que o valor do raio equivalente (Re) for
maior ou igual a l1, a malha de aterramento em
anel, afastada a 1 metro das paredes externas,
será suficiente para garantir o comprimento
mínimo de eletrodo exigido e a segurança das
pessoas no interior da edificação.
• Instalados na horizontal, com comprimento A área da malha de aterramento será dada por:
igual ou maior que a diferença entre Re e l1.
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5.3.3 Conexões do aterramento
Ao executar uma conexão no subsistema de Já as conexões de pressão, como conectores
aterramento é necessário atentar-se ao tipo de com parafusos e/ou porcas, podem se oxidar ou
conector utilizado. afrouxar com o passar dos anos.
Conexões de compressão ou soldas exotérmicas Por essa razão, toda vez que forem aplicadas no
são consideradas permanentes e, por essa aterramento precisam ser instaladas dentro de
razão, podem ser instaladas, diretamente, no caixas de inspeção.
solo.
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Figura 20 - Interligação do BEL.
Fonte: Autor/2021
O BEP será a referência das instalações internas sistema de aterramento independem do nível
e, por essa razão, normalmente, cada edificação do SPDA e são dadas na Tabela 8.
possuirá apenas uma unidade (quando houver
mais de uma entrada de energia e/ou sinal A seção transversal mínima que esses
podem ser instalados mais BEP’s). barramentos poderão ter é dada na tabela 1 da
parte 4 da NBR 5419/2015.
Este barramento deverá ser, obrigatoriamente,
interligado à malha de aterramento por meio Independente de serem construídos a partir
de um condutor com seção conforme Tabela 8. de cobre, aço cobreado ou aço galvanizado à
fogo, a área de seção mínima dos barramentos
A cada 20 m de distância é obrigatório deverá ser igual ou superior a 50 mm².
a instalação de um Barramento de
Equipotencialização Local (BEL), na horizontal
ou vertical, pois as ondas eletromagnéticas do
raio são capazes de induzir correntes elétricas
nas massas metálicas do interior da edificação.
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corrente do raio pelas estruturas. Nesse caso, Ademais, no caso de condutores externos
é preciso considerar o uso de sinalizações de que adentrem a edificação, as ligações
alerta e a proteção dos circuitos elétricos com equipotenciais devem ser realizadas nos pontos
DPS Tipo I (quando aplicável) interligado ao mais próximos das entradas na estrutura.
BEP/BEL mais próximo.
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5.4.4 Ligações equipotenciais indiretas
As ligações equipotenciais entre elementos É importante ressaltar que dispositivos com
metálicos energizados, como cabos de energia custo muito abaixo do mercado tendem a
ou tubulações com proteção catódica, não pode ter características inferiores e podem acabar
ser feita de forma direta, pois esta causaria prejudicando o sistema elétrico.
um curto circuito no sistema. Entretanto, é
preciso garantir que essas linhas também De um modo geral, todas as linhas de energia
sejam protegidas dos efeitos provocados pelas e sinal que adentram uma estrutura sempre
descargas atmosféricas e, para isso, é preciso deverão ser protegidas por DPS do Tipo I (ou
equipotencializá-las por meio da utilização de I+II), preferencialmente construídos a partir da
dispositivos de proteção contra surtos (DPS). tecnologia de centelhadores. As linhas internas,
normalmente, requerem DPS do Tipo II e/ou III,
Estes devem ser dimensionados de acordo com dependendo dos requisitos dos equipamentos
as recomendações da parte 4 da NBR 5419. É e outros parâmetros do dispositivo. Os DPS
preciso que os DPS sejam escolhidos tendo devem ser interligados no BEP ou BEL (aquele
em vista parâmetros como: nível de proteção, que estiver mais próximo).
durabilidade, classe ou tipo, suportabilidade
a sobretensões, necessidade de fusíveis de Um curso de MPS (medidas de proteção contra
backup, perda por inserção (para linhas de sinal), surtos) é essencial para projetistas que desejam
tamanho e possibilidade de monitoramento. aprofundar nesse assunto.
Onde:
ki = coeficiente em função do nível de proteção
do SPDA, conforme Tabela 10.
Para-raios
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l, será 28 m. Este representa a situação mais
abrangente de proteção, já que é o valor entre
o ponto mais distante em que poderá ocorrer o
impacto do raio, que é o topo do captor franklin,
e a ligação equipotencial mais próxima, que
neste caso ocorrerá no aterramento.
l= comprimento em metros desde o ponto onde Em nosso exemplo da Figura 22, a real zona
a distância de segurança deverá ser considerada segura contra centelhamentos, com base
até a ligação equipotencial mais próxima. em todas as distâncias de segurança para
cada ponto do sistema, seria algo próximo ao
Na imagem a seguir é demonstrado um exemplo representado pela linha tracejada da imagem
de como definir o valor do comprimento l. abaixo.
Na edificação referência, que possui SPDA Podemos notar que, à medida em que se
externo não isolado, o comprimento máximo aproxima da ligação equipotencial, esse limite
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tende a ser menor, ou seja, os elementos passam maior que o ‘s’ calculado para o ponto,
a poder ficar mais próximos dos condutores do equipotencializando-o ao BEP/BEL.
SPDA sem a necessidade de interligação. Os
objetos acima do telhado, considerando que Cada projeto exigirá uma alternativa diferente
estão dentro do volume de proteção, podem e algumas podem não ser aplicáveis. É bom
ser analisados da seguinte maneira: lembrar que, toda vez que realizamos uma
ligação equipotencial de um objeto metálico
• Os objetos na cor marrom, que estão a uma ao SPDA, este passará a conduzir uma
distância de afastamento superior ao mínimo parcela da corrente do raio e isto implicará na
calculado para ‘s’, apenas precisarão da ligação obrigatoriedade de instalar DPS tipo I em suas
equipotencial ao BEP/BEL. linhas de alimentação de energia e dados, caso
existam.
• O objeto amarelo, que invade a zona segura
pré-determinada pelos cálculos de ‘s’, terá 3 Sistemas naturais ou estruturais são
alternativas para evitar centelhamentos: extremamente vantajosos neste ponto, pois
é comum que a ligação equipotencial mais
- Mover o objeto para que ele fique afastado e próxima esteja no nível da captação. Isso faz
fazer sua ligação equipotencial ao BEP/BEL com que as distâncias de segurança obtenham
valores muito baixos. Por fim, quando um SPDA
- Equipotencializar diretamente o objeto com o externo é instalado, as ferragens estruturais
condutor do SPDA da edificação também devem ser consideradas
para as distâncias de segurança, cabendo
- Mover o condutor do SPDA de modo que ao projetista interligá-las ou isolá-las dos
o objeto fique afastado a uma distância condutores.
Para todos os locais onde exista probabilidade • Aumentar a resistividade da camada superficial
de permanência de pessoas e animais próximos do solo, por meio da aplicação de uma camada
aos condutores de descidas do SPDA, os de 20 cm de brita ou 5 cm de asfalto em até 3
riscos somente serão considerados toleráveis m de distância dos condutores de descidas ou;
se o subsistema de descida for constituído
por pelo menos dez caminhos naturais • Aplicar restrições físicas, como barreiras
(não são consideradas descidas externas) respeitando a distância de segurança calculada
interconectados ou; a resistividade da camada no projeto e sinalizações de alerta.
superficial do solo, em até 3 m de distância
dos condutores de descidas, for maior que 100 É importante ressaltar que apesar de ser
kΩ.m. permitida a utilização apenas da sinalização
de alerta, esta ação somente é indicada para
Caso nenhum destes requisitos sejam possíveis locais onde os ocupantes tenham um certo
de ser alcançados, é necessário adotar uma das grau de instrução e/ou sejam, constantemente,
três medidas disponíveis abaixo para garantir a monitorados, como por exemplo áreas
segurança dos ocupantes da edificação: industriais. Seu uso em locais públicos ou
escolas, por exemplo, pode não ser efetivo,
• Instalar um condutor isolado contra tensão de uma vez que a sinalização pode acabar não
toque nas descidas, que suporte uma tensão sendo respeitada.
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5.7 PROTEÇÃO CONTRA TENSÕES DE PASSO
Sempre que a corrente da descarga atmosférica animais próximos aos condutores de descida do
é injetada no solo, ocorre um aumento SPDA, em que as condições descritas no tópico
significativo da tensão superficial nas áreas 5.6 não forem atendidas.
próximas ao seu ponto de penetração.
Para evitar acidentes nestas condições é preciso
Esse aumento na tensão superficial do solo adotar uma das duas medidas a seguir:
pode alcançar vários metros, dependendo
das condições de condutividade do local e, • Aplicar restrições físicas, como barreiras e
quanto maior a distância do ponto de impacto, sinalizações de alerta para que as pessoas se
teoricamente, menores serão seus valores. afastem a, no mínimo, 3 m destes locais ou;
6. PROJETO DE SPDA
É importante ressaltar que, caso o SPDA seja de Caso apenas um dos dois apresente
nível I ou II, é preciso realizar a estratificação continuidade, será preciso instalar,
do solo para conhecer sua resistividade. externamente, os componentes do SPDA, seja
Esse serviço pode ser incluído no escopo ou de aterramento ou descidas, junto a captação e
contratado a parte pelo cliente. equipotencialização.
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Caso a fundação e os pilares não apresentem Como o projeto será repassado ao cliente
continuidade elétrica ou o cliente opte por e instalador é recomendável que todas
não realizar este ensaio, todos os subsistemas as conexões e fixações sejam muito bem
deverão ser executados de forma externa. detalhadas e, para isso, a Termotécnica Para-
raios disponibiliza, gratuitamente, uma ampla
Tratando-se de uma edificação a ser construída, biblioteca de detalhes em CAD e PDF, para
o trabalho do projetista é muito mais simples, facilitar essa etapa.
já que ele poderá incluir no próprio projeto
estrutural os elementos de aterramento Após a instalação é preciso realizar uma
e descidas. Com isso, os custos podem ser inspeção para verificar se a mesma atendeu
reduzidos em até 40%. Ao final da obra será as especificações do projeto e, se sim, deverá
preciso realizar o ensaio de continuidade ser emitido um documento confirmando esta
elétrica para validar essa aplicação. etapa, chamado “as built”.
• A cada 3 anos para as demais edificações. Caso sejam detectadas não conformidades,
elas deverão ser anotadas em relatório de
Durante as inspeções, os seguintes itens devem inspeção, bem como suas sugestões de reparos
ser verificados: e prazo para execução por parte do cliente
(pode ser imediato, para itens críticos, ou a
• Conformidade do SPDA com a versão mais médio prazo, para itens comuns).
atual da NBR 5419;
Caberá ao cliente providenciar as manutenções,
•Se houveram reformas ou instalações novas na através da análise do relatório emitido pelo
edificação (antenas de TV, caixas de água, etc); inspetor. Após esta etapa, deverá ser emitido
um documento relatando todas as alterações e
• Integridade física de todos os captores, correções que ocorreram no sistema.
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6.3 DOCUMENTOS DO SPDA
O proprietário ou responsável pela manutenção elétrica das armaduras de aço da edificação,
da edificação ou SPDA deverá manter em sua fornecidos pela empresa contratada pelo
posse os seguintes documentos: cliente (pode ser o próprio projetista).
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do conjunto interligado, desde o topo até o cruzadas entre pilares e em trechos
barramento de equipotencialização principal. intermediários, onde conseguimos verificar
Além destas etapas, é necessário ensaiar os se estão interligados. Após ensaiar todos os
elementos estruturais do aterramento, como pilares necessários e obtermos resultados
por exemplo as vigas baldrames. satisfatórios, é necessário realizar a medição
final entre a parte mais alta da captação e o
É importante ressaltar que, para edificações subsistema de aterramento. Caso ele também
que possuem perímetro menor que 200 m, seja do tipo estrutural, deve ser utilizado o BEP
obrigatoriamente, deve-se ensaiar todos para a conexão do equipamento.
os pilares que fazem parte do SPDA. Caso
seja uma edificação maior, apenas 50% dos Nesta segunda etapa, se o valor da resistência
pilares precisarão ser ensaiados, desde que medida for inferior a 0,2 ohms, podemos
apresentem valores de resistência na mesma considerar que toda a estrutura está apta para
ordem de grandeza e estejam dentro dos ser utilizada como componente natural do
limites toleráveis. SPDA. Caso contrário, será preciso adotar o
sistema externo de proteção.
Via de regra, se a resistência individual de cada
pilar for inferior a 1 ohm, podemos considerá- Nos ensaios de continuidade, é comum que
lo contínuo elétricamente. Caso seja maior a oxidação existente nos componentes,
que esse valor, devemos descartá-lo como especialmente naqueles expostos, interfira nos
componente natural do sistema e buscar outro resultados. Por esse motivo, é recomendável
pilar contínuo nas proximidades ou partir para a que antes de conectar as garras do equipamento
execução do SPDA externo no local. medidor, esta camada de oxidação seja,
levemente, desbastada com o auxílio de uma
Também é necessário realizar medições lixa por exemplo.
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