Esportes de Combate (UniFatecie)

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Esportes de

Combate
Professora Ma. Kauana Borges Marchini
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade
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a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

M317e Marchini, Kauana Borges


Esportes de combate / Kauana Borges Marchini.
Paranavaí: EduFatecie, 2021.
113 p. : il. Color.

1. Esportes. 2. Luta (Esporte). 3. Combate. 4. Luta corporal.


5. Educação física – Estudo e ensino. I. Centro Universitário
UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 796.8


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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Educação à Distância livro foram obtidas a partir
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Revisão Textual
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Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
AUTORA

Professora Ma. Kauana Borges Marchini

● Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)


● Mestre em Atividade Física relacionada à Saúde (UEM)
● Doutoranda em Atividade Física relacionada à Saúde (UEM)
● Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Exercício e Nutrição para a Saúde
e no Esporte (GEPENSE)

Possui experiência na atuação como prescrição de exercício e treinamento perso-


nalizado para populações especiais. Graduada em Aikido, arte marcial de origem japonesa,
pela Aikikai Fundashion (Hombu Dojo – Japão). Pratica Aikido desde o ano de 2001, e
atua no ensino desta arte marcial para crianças e com treinamento de técnicas de defesa
pessoal, especialmente para o público feminino.

Link para o currículo: http://lattes.cnpq.br/2983402137242625


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) à disciplina de Esportes de Combate.


Esta disciplina se desenvolverá com o objetivo de ampliar o seu conhecimento no
campo da Educação Física, de modo que você possa vislumbrar diferentes campos de
conhecimento e atuação na nossa área e aprimore ainda mais a sua formação profissional.
Este material foi preparado com a preocupação de ofertar a você os conteúdos
necessários e relevantes para sua formação no contexto dos Esportes de Combate,
possibilitando não apenas o entendimento e compreensão dos referenciais teóricos, mas
também a aplicação prática do conhecimento adquirido.
As unidades estão organizadas numa sequência que objetiva facilitar a compreen-
são lógica dos assuntos abordados. Na unidade I abordaremos o conceito e as característi-
cas gerais dos Esportes de Combate, como eles são classificados bem como um apanhado
geral sobre os aspectos históricos dessa modalidade. Nesta unidade também falaremos a
respeito da relação dos esportes de combate com a agressividade e a violência, abordando
as diferenças entre Esportes de Combate e brigas.
Na sequência, na unidade II, você irá conhecer com mais detalhes alguns dos es-
portes de combate mais populares. Cada um deles terá uma breve abordagem sobre suas
origens, além da apresentação de suas principais características, nomenclaturas e regras.
Já na unidade III, você irá saber mais sobre os Esportes de Combate no ambiente
escolar. Buscaremos compreender quais os principais desafios para o ensino deste conteú-
do na escola, além dos aspectos relacionados à prática pedagógica, como o planejamento
e a utilização dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação Física.
Na unidade IV, finalizaremos este conteúdo voltando nosso olhar para os esportes
de combate em espaços não formais, como as academias e clubes. Iremos conhecer formas
de trabalhar com os esportes de combate no ensino para as crianças e como campo de
atuação profissional. Espero que possamos trilhar esse caminho juntos, com a expectativa
de que seus conhecimentos sejam ampliados e você sinta-se ainda mais motivado(a) na
sua formação profissional.

Bons estudos!
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Introdução aos Esportes de Combate

UNIDADE II.................................................................................................... 25
Explorando os Esportes de Combate

UNIDADE III................................................................................................... 64
Esportes de Combate na Escola

UNIDADE IV................................................................................................... 89
Esportes de Combate em Espaços Não-Formais
UNIDADE I
Introdução aos Esportes de Combate
Professora Ma. Nathan Marques Oliveira

Plano de Estudo:
● O que são Esportes de Combate? Definição e características gerais;
● Formas de classificação dos Esportes de Combate;
● História dos Esportes de Combate;
● Esportes de Combate x Brigas.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os Esportes de Combate;
● Conhecer as formas de classificação dos Esportes de Combate;
● Compreender as origens e os principais aspectos históricos dos Esportes de Combate;
● Estabelecer a diferença entre Esportes de Combate e Brigas.

3
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a),

Que bom tê-lo(a) aqui para iniciar nossa jornada de estudos sobre os Esportes de
Combate. Esta primeira etapa tem por objetivo introduzir alguns conceitos fundamentais
para o entendimento dos Esportes de Combate como parte da Educação Física.
Nesta unidade abordaremos aspectos ontológicos acerca dos Esportes de Com-
bate. Essa compreensão dos referenciais teóricos auxiliará no entendimento de como este
conteúdo pode ser explorado na prática profissional do profissional de Educação Física.
É importante ressaltar que este material não encerra todas as fontes referentes a
esse tema. Há um vasto conteúdo disponível que pode enriquecer ainda mais a sua forma-
ção docente. Sabendo disso, é muito importante que você complemente seus estudos com
auxílios de outras fontes, algumas das quais estão apontadas ao longo deste material.
A sequência de apresentação dos conteúdos dessa unidade inicia-se com uma
importante discussão que gera bastante confusão em nossa área: as diferenças entre
Lutas, Artes Marciais e Esportes de Combate. Na sequência, apresentaremos a definição e
as classificações dos Esportes de Combate, seguido de seus aspectos históricos. Por fim,
abordaremos as questões relacionadas à agressividade e a violência, discutindo sobre a
diferença entre brigas e Esportes de Combate.

Bons estudos!

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 4


1. O QUE SÃO ESPORTES DE COMBATE? DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
GERAIS

1.1 Lutas, Artes Marciais e Esportes de Combate: sinônimos de uma


mesma coisa?
Conhecer os esportes de combate implica em ir além das regras e características de
cada esporte. Para entender os detalhes é necessário desvendar a etiologia deste fenômeno,
e o passo inicial está em definir e explicar dois termos que estão intimamente ligados à
origem dos Esportes de Combate e, por vezes, tem seus conceitos confundidos: as lutas e as
artes marciais. Apesar de parecer que se trata de um mesmo assunto, lutas, artes marciais e
Esportes de Combate apresentam importantes diferenças, as quais iremos detalhar a seguir.
O termo “luta” é bastante dinâmico e diversificado, não se tratando somente dos emba-
tes físicos e corporais, mas também da dimensão relacionada à sua intenção, como as lutas de
classes, lutas de direitos, luta pela vida (CORREIA; FRANCHINI, 2010). Para que a luta acon-
teça são necessárias ambivalência e contradição e ela pode acontecer no campo das ideias
e/ou no plano físico. Assim, temos na luta pela sobrevivência o ponto inicial, como a busca de
alimentos e proteção contra as ameaças do ambiente. Seguido, conforme a sociedade evolui,
por intenções de subjugações entre os sujeitos, como a dominação do mais fraco pelo mais
forte. Como cultura corporal de movimento, podemos entender a luta como qualquer atividade
de oposição, com objetivo de ataque, defesa e contra-ataque que envolvam duas ou mais
pessoas como adversárias, e que pode ou não fazer o uso de implementos.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 5


Quando este embate toma maiores proporções, com a criação de códigos e costu-
mes, passando a atingir povos e civilizações, temos o início das guerras (GASTALDO, 1995).
Para se vencer o inimigo, passa a ser necessário estratégia e “tecnologia”. Os guerreiros se
tornam soldados especializados, tanto nas técnicas de lutas corporais quanto na utilização
de armas. São essas técnicas de guerra que dão origem às Artes Marciais. A palavra “arte”
indica as diversas possibilidades criativas que surgem das manifestações culturais e aqui
pode ser entendida como técnica refinada. O termo “marcial” está relacionado ao universo
mitológico (Marte, deus romano da guerra) e aos conflitos inerentes às relações humanas.
De modo simplista, poderíamos traduzir arte marcial como arte da guerra (CORREIA;
FRANCHINI, 2010; GASTALDO, 1995). Contudo, a arte marcial vai além dos movimentos
corporais com finalidade militar e bélica, mas se relaciona também com as manifestações
culturais dos povos que a criaram, como a filosofia e a religião.
Nas artes marciais, além das técnicas de combate e do aprimoramento dos compo-
nentes de aptidão física, também há o desenvolvimento mental e espiritual do sujeito (AN-
TUNES, 2009). Como “arte da guerra”, o treinamento da arte marcial implica na preparação
“completa”. Aprimora-se os movimentos corporais, com treinamentos rígidos, que podem
garantir a vitória na batalha, em conjunto com o desenvolvimento de princípios filosóficos,
espirituais (religiosos) e culturais, que exigem respeito a códigos éticos e rituais de pas-
sagem (MARTA, 2009). Um exemplo para ilustrar esse conceito são os antigos samurais
japoneses. Além da destreza na luta com a espada, necessária para proteger seu território,
havia um código moral que os samurais deviam seguir, o Bushido, que pode ser traduzido
como “caminho do guerreiro”. Por seguir esses princípios em todos os aspectos de sua
vida, os samurais conquistaram respeito e prestígio perante toda a sociedade (MARTINS;
KANASHIRO, 2010).
Como é possível verificar com o exemplo acima, em geral, nós utilizamos o termo
‘arte marcial’ para as lutas que se desenvolveram nas civilizações orientais, como o Jiu-jitsu
e o Kung-fu, principalmente por essa relação com os aspectos filosóficos, religiosos e cultu-
rais dos povos orientais. Mas também pode ser utilizado para as lutas de origem ocidental,
como é o caso da Capoeira.
As mudanças sociais e culturais, especialmente após a Revolução Industrial ini-
ciada no século XIX, transformaram as lutas e artes marciais de modo significativo. Sem
a necessidade de preparação dos guerreiros e de dominar o inimigo, há o direcionamento
do treino ao desenvolvimento individual do praticante, sobretudo, com um aperfeiçoa-
mento moral e condicionamento físico. As batalhas são “substituídas” pelas competições
(MARTINS; KANASHIRO, 2010). Desse movimento de modernização é que nascem os
Esportes de Combate.
Assim, podemos resumir esse tópico enfatizando que o termo “luta” se relaciona
movimento corporal de combate. Já o termo “arte marcial” engloba, além das técnicas e
movimentos de combate, elementos filosóficos e religiosos. Desse modo, podemos dizer
que nem toda luta é arte marcial, mas toda arte marcial é um tipo de luta. Quanto aos

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 6


Esportes de Combate, neste contexto podemos entendê-los como lutas ou artes marciais
praticadas de maneira competitiva. No próximo tópico, veremos como ocorreu esse proces-
so de esportivização das lutas e artes marciais.

1.2 Esportivização das Lutas e das Artes Marciais


Quando observamos nosso cotidiano atual, é praticamente impossível perceber
um ambiente no qual as lutas e as artes marciais sobrevivessem em sua essência. Nós
não caçamos nosso alimento, nem treinamos nossos corpos e mentes para o combate,
como acontecia com os antigos guerreiros. Desse modo, para que essas práticas corporais
fossem absorvidas no contexto do nosso momento histórico, algumas “adaptações” foram
necessárias. Essa contextualização é denominada esportivização, que é um conceito pro-
posto pelo sociólogo alemão Norbert Elias (MARTINS; KANASHIRO, 2010).
A esportivização das lutas e das artes marciais iniciou-se no século XIX e teve
seu ápice em meados do século XX. Essa modernização teve por objetivo diminuir o grau
de violência, permitir uma igualdade entre os jogadores, inclusive com limites para o uso
da força, e criar uma codificação e padronização das regras (MARTINS; KANASHIRO,
2010). Agora não há mais inimigos, mas o adversário. O fim da batalha não é a morte do
oponente, mas são estabelecidas regras e limites para que o combate seja encerrado e um
dos adversários seja considerado o vencedor.
Esse processo foi responsável pelo surgimento das federações esportivas, com o
objetivo de unificar os regulamentos das modalidades; pela especialização na preparação
de atletas e a inclusão de algumas dessas modalidades nos Jogos Olímpicos modernos.
Ainda assim, muitas das artes marciais continuaram preservando sua essência, valorizando
os aspectos éticos e filosóficos que as originaram (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS, 2015;
MARTA, 2009; MARTINS; KANASHIRO, 2010).

FIGURA 1 – ESCULTURA REPRESENTANDO O PANCRÁCIO,


ANTIGA LUTA GREGA QUE PODERIA LEVAR OS COMBATENTES À MORTE.

Fonte: https://www.olimpiadatododia.com.br/curiosidades-olimpicas/
237922-quem-participava-dos-jogos-olimpicos-da-grecia-antiga/. Acesso em 20 set.2021

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 7


FIGURA 2 – COMPETIDORES DE LUTA LIVRE (VERSÃO MODERNA DO PANCRÁCIO)
DURANTE UM CAMPEONATO MUNDIAL.

Fonte: https://fotospublicas.com/x-jogos-sul-americanos-em-santiago-chile-luta
-livre-masculina/. Acesso em 20 set.2021

Neste sentido, as artes marciais de origem oriental foram amplamente beneficia-


das. Primeiro, pelo processo histórico de ocidentalização do oriente, especialmente após
a Segunda Guerra Mundial. Depois, pela valorização de elementos da cultura oriental no
ocidente, como as artes marciais retratadas nos filmes de Hollywood. A união do treinamen-
to físico, da possibilidade de aprimorar de técnicas de defesa pessoal, aliados a princípios
filosóficos, caiu como uma luva na necessidade do sujeito contemporâneo em buscar um
equilíbrio entre corpo e mente. O desenvolvimento moral e espiritual das artes marciais,
antes relacionados ao caráter religioso de suas origens, agora passa a ter um sentido ético,
de dominação do ego e de disciplina diante da sociedade (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS,
2015; MARTA, 2009).
Mais recentemente, observamos uma transformação das artes marciais e mesmo
dos Esportes de Combates em produtos fitness. Há uma total desvinculação dos princípios
filosóficos e até mesmo das regras esportivas, apenas para atender a necessidade de
um público que busca uma atividade “diferente” das ginásticas convencionais (MARTA,
2009). Essas modalidades são oferecidas em ambientes neutros das academias, e em
geral, se apropriam de elementos de várias dessas modalidades, como técnicas de com-
bate, vestimenta, postura, exercícios de treinamento e une-os em uma modalidade fitness.
Para exemplificar, podemos citar o body combat, modalidade muito popular em grandes
academias de ginástica.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 8


FIGURA 3 – FIGURA DE BAYBARD PUBLICADA EM 1867, RETRATANDO YUSHITSUNE,
POPULAR SAMURAI JAPONÊS, LUTANDO.

FIGURA 4 – FOTO DE UMA COMPETIÇÃO DE KENDÔ, ARTE MARCIAL JAPONESA QUE


UTILIZA MOVIMENTOS E GOLPES COM UMA ESPADA DE BAMBU BASEADOS NOS
COMBATES SAMURAIS.

Fonte: https://madeinjapan.com.br/2016/02/09/kendo-a-arte-marcial-dos-jedis/.Acesso em 20 set.2021

Ainda neste tópico, é importante salientar que este processo não deve ser visto
simplesmente como algo negativo. Essa massificação e o entendimento das lutas e artes
marciais como Esportes de Combate, permitem aproximar e ampliar o conhecimento do
público acerca de diferentes culturas. Além de desassociar essas práticas corporais de
atitudes violentas, especialmente sobre esse assunto falaremos com mais detalhes no
último tópico desta unidade.

1.3 Afinal, o que são Esportes de Combate?


Esportes de Combate podem ser definidos como “práticas de lutas, das artes mar-
ciais e dos sistemas de combate sistematizados em manifestações culturais modernas,
orientadas a partir das decodificações propostas pelas instituições esportivas” (CORREIA;
FRANCHINI, 2010, p. 02). O objetivo do praticante é dominar, nocautear e vencer o adver-
sário por meio de golpes.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 9


Para que uma prática corporal de Luta ou Arte Marcial seja considerada um Esporte
de Combate, ela precisa apresentar algumas características (FRANCHINI; VECCHIO, 2011;
MARTINS; KANASHIRO, 2010):
a) Diminuição do grau de violência: as regras e normas da prática esportiva de
combate devem garantir a integridade física dos competidores;
b) Codificação das regras e das práticas: organizações, como as Federações e
Confederações, são responsáveis por centralizar a administração, o controle e
a organização dos regulamentos e das competições;
c) Igualdade entre os competidores: essa equiparação é garantida com a classifi-
cação dos competidores por categorias. Essas categorias podem ser determi-
nadas pelo sexo, idade, peso corporal, etc.
d) Secularização: a prática é desvinculada dos rituais religiosos;

Assim, ainda que se permita o enfrentamento entre os adversários, é algo diferente


de um “combate real”, pois há uma garantia de igualdade de oportunidades por meio do
controle da força física e da violência.
Diante do exposto, fica evidente o quão grande é o universo das modalidades que
compõem os Esportes de Combate, dentre os mais populares podemos citar:
● Boxe
● Esgrima
● Jiu-jitsu
● Judô
● Karatê
● Kendô
● Kung Fu
● Lutas (Greco-romana e Livre)
● Muay Thai
● Sumô
● Taekwondo

SAIBA MAIS

Os samurais surgiram durante a Era Heian (794 a 1192), inicialmente como parte do exér-
cito dos proprietários de terras (daimôs). Esses guerreiros eram considerados exempla-
res por sua conduta moral. Sua vida era regida pelo Bushido, o código de conduta que
alertava para aspectos de ética, disciplina, respeito, lealdade, honra e coragem. Durante
a Era Meiji (1867 a 1912), os samurais perderam o seu prestígio, porém deixaram seu
código de conduta (Bushido) e suas disciplinas marciais (Bujutso) como legados para as
artes marciais de origem japonesa.
O Bujutso (técnica marcial), juntamente com o Bushido (caminho do guerreiro) dão ori-
gem ao Budo (caminho marcial), que nada mais é do que uma versão moderna do
Bujutso. No Budo, busca-se um desenvolvimento pessoal de corpo (prática marcial) e
de mente (filosofia e princípios do Bushido). O Budo é a filosofia condutora das artes
marciais japonesas.

Fonte: Martins e Kanashiro (2010).

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 10


2. FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES DE COMBATE

Os Esportes de Combate podem ser classificados por diferentes perspectivas.


Considerando a diversidade de modalidades que compõem o universo dos Esportes de
Combate. Lembrando que as características individuais de cada uma dessas modalidades
serão detalhadas na próxima unidade do nosso material.
Quanto à origem, eles podem ser classificados em Esportes de Combate Orientais
e Ocidentais. Essa classificação se relaciona muito mais às questões culturais, filosóficas
e religiosas das Lutas e Artes Marciais que deram origem a cada modalidade, do que às
questões geográficas.
Os Esportes de Combate também se classificam em olímpicos e não-olímpicos.
Sendo que fazem parte do primeiro grupo as modalidades que são disputadas nos Jogos
Olímpicos modernos. Atualmente, de acordo com o Comitê Olímpico Internacional (2021),
os Esportes de Combate que fazem parte dos Jogos Olímpicos são: Boxe, Esgrima, Judô,
Karatê, Lutas (Greco-Romana e Livre) e Taekwondo.
Os Esportes de Combate também podem ser classificados de acordo com caracte-
rísticas técnicas e táticas, conforme veremos nos subtópicos a seguir.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 11


2.1 Classificação dos Esportes de Combate por distância
A divisão dos Esportes de Combate por distância permite a categorização das
modalidades conforme o distanciamento entre os adversários e o uso de implementos para
a disputa (GOMES, 2008; RUFINO, 2017). Assim, os Esportes de Combate podem ser
classificados em:

● Curta distância: são modalidades em que os golpes, as técnicas e táticas


exigem maior proximidade entre os adversários. As ações estão focadas no
controle do adversário por meio do agarre, das torções, imobilizações e chaves.
As lutas corporais podem acontecer no solo, como é o Jiu-jitsu, ou com os
adversários em pé, como no Sumô e na Luta Olímpica.

FIGURA 5 - DETALHE DE UMA TÉCNICA DE JIU-JITSU EXECUTADA NO SOLO, CARAC-


TERÍSTICA DE MODALIDADES CLASSIFICADAS COMO CURTA DISTÂNCIA.

● Média distância: são modalidades em que é necessário maior distância entre


os adversários e as ações de combate se caracterizam por toques no oponente,
como socos, chutes, cotoveladas, etc. Como exemplo podemos citar o Boxe, o
Taekwondo, o Karatê, o Kung Fu, etc.

FIGURA 6 - DETALHE DE CHUTES TROCADOS DURANTE UMA COMPETIÇÃO DE


TAEKWONDO. ESSE TIPO DE GOLPE É CARACTERÍSTICO DAS MODALIDADES
CLASSIFICADAS COMO MÉDIA DISTÂNCIA.

Fonte: https://espiritomarcial.wordpress.com/como-e-o-treino-de-kendo/. Acesso em 20.set.2021

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 12


● Longa distância: são as modalidades que há uma distância entre os adver-
sários e as ações são executadas com o uso de implementos, como bastões,
espadas, etc. São classificados como longa distância as modalidades de Kendô,
Esgrima, etc.

FIGURA 7 - DETALHE DE ATAQUE E DEFESA EFETUADOS COM UM IMPLEMENTO

(SHINAI – ESPADA DE BAMBU) DURANTE UMA COMPETIÇÃO DE KENDÔ. O

USO DE IMPLEMENTOS PARA TOCAR O ADVERSÁRIO É CARACTERÍSTICO DAS

MODALIDADES CLASSIFICADAS COMO LONGA DISTÂNCIA.

Fonte: https://espiritomarcial.wordpress.com/como-e-o-treino-de-kendo/. Acesso em 20 set.2021

A seguir, temos um quadro as modalidades olímpicas e exemplos de modalidades


não olímpicas classificadas de acordo com a distância:

QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DAS MODALIDADES OLÍMPICAS E EXEMPLOS DE MODA-

LIDADES NÃO OLÍMPICAS DE ACORDO COM A DISTÂNCIA ENTRE OS ADVERSÁRIOS

Distância Olímpicas Não Olímpicas


Curta Judô, Luta Olímpica Jiu-jitsu, Sumô
Média Boxe, Taekwondo, Karatê Muay Thai, Kung Fu
Longa Esgrima Kendô, Kung Fu

Fonte: A autora.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 13


2.2 Classificação dos Esportes de Combate por tática de combate
As táticas de combate podem ser entendidas como a capacidade do lutador em
“coordenar a integração existente entre o espaço, o tempo e o adversário, buscando modos
de romper o equilíbrio entre o ritmo, a distância e a percepção do outro e, assim, atingir os
objetivos específicos de cada modalidade” (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS, 2015, p. 733).
Assim, com base na classificação de distância, existem três categorias possíveis para os
Esportes de Combate:
Agarre: encaixam-se nesta categoria as modalidades de curta distância que tem
como características essenciais para o combate o desenvolvimento de pegadas corporais,
como chaves, imobilizações, torções, projeções, etc;
Impacto / toque: enquadram-se nesta categoria as modalidades média e de longa
distância, as quais o toque intermitente no adversário, tanto com o corpo (socos, chutes,
etc) quanto com o uso de implementos, é característica principal do combate;
Mistas: essa categoria é formada pelas modalidades em que o lutador precisa
unir as habilidades de controle de distâncias de combate, além das ações de agarres e
impactos com ou sem implementos.

A seguir, temos um quadro com a classificação das modalidades olímpicas e exem-


plos de modalidades não olímpicas de acordo com as táticas de combate.

QUADRO 2 - CLASSIFICAÇÃO DAS MODALIDADES OLÍMPICAS E EXEMPLOS DE

MODALIDADES NÃO OLÍMPICAS DE ACORDO COM AS TÁTICAS DE COMBATE

DISTÂNCIA OLÍMPICAS NÃO OLÍMPICAS


Agarre Judô, Lutas Jiu-jitsu, Sumô
Impacto/Toque Boxe, Taekwondo, Karatê, Kung Fu, Muay Thai,
Esgrima Kendô
Mistas --- Ninjutso, MMA (Mixed
Martial Arts)

Fonte: A autora.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 14


3. HISTÓRIA DOS ESPORTES DE COMBATE

3.1 A origem das Lutas, das Artes Marciais e dos Esportes de Combate
As lutas e as artes marciais são as expressões de práticas corporais e de cultura
que deram origem às mais variadas modalidades de Esportes de Combate. A luta, como
prática corporal, se desenvolveu concomitantemente à história do ser humano como ser
social. Sendo uma das mais antigas manifestações corporais e culturais da humanidade
(RUFINO; DARIDO, 2011). Na pré-história, a sobrevivência estava relacionada ao combate,
tanto para caça e captura de alimentos quanto na defesa contra outros animais e humanos.
Lutas eram a única forma de se manter vivo. Conforme há uma evolução nas habilidades
físicas e intelectuais, há também mudanças na organização social humana. Deste modo,
passa a ser necessário buscar formas de garantir não apenas a integridade individual, mas
também do grupo ao qual está inserido (SVINTH, 2002).
Conforme há o domínio de diferentes instrumentos e materiais, estes também
passam a ser utilizados como armas, contribuído para que o combate possa ter sucesso,
tanto para a dominação do ambiente em que se está inserido quanto na dominação sobre
outros humanos ou grupos. A combinação das armas com habilidades corporais dá origem
a diferentes escolas e artes. Evidências históricas, como relatos, pinturas, esculturas e
histórias locais, indicam que as lutas estavam presentes em diversas civilizações antigas
como os egípcios, babilônios, chineses, japoneses, gregos e romanos.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 15


FIGURA 8 - ANTIGA PINTURA GREGA RELATANDO UMA LUTA.

Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/arte-grega/ Acesso em 20 set.2021

FIGURA 9 - ANTIGA CENA EGÍPCIA DE UMA LUTA RETRATADA


NO TEMPLO DE RAMSÉS II EM TEBAS.

Fonte:https://conhecimentocientifico.r7.com/arte-grega/ Acesso em 20 set.2021

Apesar de estar presente como manifestação cultural em diferentes civilizações,


como parte de rituais de cerimônias e festividades, caças, defesas de aldeias e tribos,
não há uma data precisa para o surgimento das lutas. As lutas já aparecem descritas em
pinturas rupestres datadas de 15 mil anos a.C. na região onde hoje é a França (SVINTH,
2002). Os primeiros registros de lutas como formas de combate aparecem no oriente, mais
especificamente, na Índia e na China cerca de 3.000 a.C. Também há antigos registros
em pinturas egípcias que datam de 2.500 anos a.C. Entretanto, cabe destacar que é bem
possível que o surgimento de formas sistematizadas de lutas tenha ocorrido até antes, visto
que os registros históricos destes períodos são escassos e grande parte do conhecimento
era passado verbalmente de geração em geração (GREEN; SVINTH, 2010).
Com o objetivo de proteger e ampliar seus territórios, passa a haver uma especia-
lização (ou profissionalização) da arte de combate, com a criação de guardas e exércitos
especializados tanto na defesa do espaço físico quanto na proteção dos líderes. Esse
fenômeno acontece em diferentes civilizações.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 16


3.2 A história no oriente e no ocidente
As lutas de origem oriental, além das técnicas de combate, unem à sua prática
elementos da filosofia e da religião e dão origem ao que conhecemos como artes marciais.
Acredita-se que as raízes das Artes Marciais orientais sejam na Índia e na China. Esca-
vações arqueológicas e relatos do 5000 a.C. indicam a origem e prática do Kalari Payattu
indiano, que se caracterizava por unir o combate corpo a corpo com técnicas de meditação.
Tempos depois, essa prática foi disseminada na China, entre monges que, unindo esses
conhecimentos à prática do budismo, mais tarde criaram o Kung Fu (GREEN; SVINTH,
2010; PIRES, 2018).
No século IV a.C., Sun Tzu escreveu o livro “A Arte da Guerra”, conhecido como o
primeiro tratado militar que se tem notícia. Nesta obra são apresentadas táticas de com-
bate e aniquilação dos inimigos (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS, 2015). Provavelmente a
expansão comercial nesta região, e os conflitos advindos desse fato, é que permitiram o
intercâmbio e disseminação das artes marciais nestas civilizações.
Já os ocidentais, especificamente os gregos, tinham uma visão de corpo e mente
como algo dissociados. Assim, para eles as artes marciais e lutas se desenvolveram com
um caráter mais esportivo e de espetáculo. Destacamos aqui o Pancrácio, que era uma luta
grega que já estava presente nos Jogos Olímpicos da antiguidade (séc. 7 a.C). O objetivo
era derrubar o adversário três vezes de modo que ele tocasse as costas, o tórax ou o ombro
no chão. Os praticantes lutavam nus e cobertos de óleo pelo corpo. Tinha por característica
ser muito violento, uma vez que quase tudo era permitido (GREEN; SVINTH, 2010).
Até o século XIX, as lutas e artes marciais eram restritas a determinados grupos
da sociedade, tanto no oriente, como é o caso dos monges na Índia e na China, como no
ocidente, com os gladiadores romanos. Alguns desses grupos eram marginalizados, como
os escravos brasileiros que desenvolveram a capoeira, outros tratados com muito respeito,
como os samurais japoneses.

3.3 Esportes de Combate no Brasil


No Brasil, até o início do século XX as lutas eram bastante marginalizadas. A
capoeira, de origem escrava, e o boxe, vindo dos ingleses, eram as modalidades mais pra-
ticadas. Esse cenário muda com a chegada de imigrantes de diferentes partes do mundo,
mas especialmente os japoneses, a partir de 1908 (MARTA, 2009).
A figura mais emblemática desse período é Mitsuyo Maeda, também conhecido
como conde Koma. Ele trouxe ao país alguns fundamentos do jiu-jitsu e foi o responsável

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 17


por ensinar essa arte marcial à família Gracie, que mais tarde criou o Brazilian Jiu-jitsu. A
cidade de São Paulo, também merece destaque neste processo de popularização das lutas
e artes marciais no Brasil. Por ser local de morada de muitos orientais, japoneses, chine-
ses, coreanos, que trouxeram com eles os conhecimentos e a prática de diferentes artes
marciais, ali também foi o principal polo de disseminação dessas modalidades para outras
regiões, como é o caso Judô, do Aikido, do Taekwondo, dentre outros (MARTA, 2009).
Os detalhes históricos específicos de alguns Esportes de Combate mais populares
no nosso país serão abordados na Unidade II deste material. Mas é importante destacar
que é nesse período que se desenvolvem grande parte das artes marciais e Esportes de
Combate que conhecemos e são praticados atualmente. Indicando que essa popularização
não foi um fenômeno exclusivamente brasileiro.

SAIBA MAIS

O Pancrácio, como vimos nesta unidade, era uma forma de luta bastante popular na
Grécia antiga e fez parte dos Jogos Olímpicos daquela época. Sua prática era carac-
terizada por uma luta “quase sem regras”. Não havia tempo máximo de combate, era
permitido acertar o adversário com todas as partes do corpo e poucos e poucos golpes
eram proibidos, como chutar a região genital e enfiar o dedo nos olhos. Não raro os
competidores morriam após o combate.
Diante disso é possível imaginar que não caiba um espetáculo com essas característi-
cas nos tempos atuais, mas não é bem assim! Devido ao grau de violência, o atual MMA
(Artes Marciais Mistas), antigamente denominado Ultimate Fighting, foi comparado ao
Pancrácio. No MMA existem bem mais regras do que na antiga luta, mas com a liberda-
de de poder utilizar diferentes técnicas de luta. Assim, é comum que os competidores
deixem o ring bastante machucados, o que, em geral, leva os espectadores ao êxtase.

Fonte: Vasques (2021).

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 18


4. ESPORTES DE COMBATE X BRIGAS

Diferenciar os Esportes de Combate das brigas pode parecer algo bastante simples.
Ora, podemos definir as brigas como situações conflituosas entre pessoas que, alimenta-
das pela agressividade, acabam por se confrontar, neste caso fisicamente e sem regras
específicas para o combate. Já os Esportes de Combate, por definição, apresentam regras
e posturas que minimizem a violência e garantam a integridade do oponente, como pode
ser conferido no quadro 1.

QUADRO 1 – DIFERENÇAS ENTRE BRIGAS E ESPORTES DE COMBATE

BRIGAS ESPORTES DE COMBATE


Há regras a serem seguidas (vestimenta,
Não há regras. golpes permitidos e proibidos, tempo de
duração)
Contam com entidades reguladoras (fede-
Não há organização oficial
rações, associações)
Resultam de sentimento de raiva, ódio,
Valorizam o respeito entre os adversários
aversão
Sem preocupação com a integridade do
Garante a integridade do oponente
adversário

Fonte: A autora.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 19


Devido às suas origens, as técnicas de combate de inimigos e preparação para
as guerras, muitas vezes, os Esportes de Combate são relacionados à violência. Não
raramente, ouvimos notícias de pessoas praticantes dessas modalidades envolvidas em
episódios de violência, como as brigas de rua (OLIVEIRA et al., 2020). Fatos como esses
podem gerar pré-conceitos acerca dessas práticas esportivas, inclusive impedindo o de-
senvolvimento deste conteúdo no ambiente escolar.
Ainda que o processo de transformação das lutas e artes marciais em Esportes de
Combate tenha minimizado essas características violentas, como vimos no primeiro tópico
desta unidade, não há como negar que o objetivo do seu treinamento é o combate e a vitória
sobre o adversário (PIMENTA, 2009). Inclusive estimulando uma certa agressividade, uma
vez que se deve atacar o adversário e não apenas se defender de um ataque.
Atualmente, talvez pela velocidade com que as notícias chegam ao nosso conhe-
cimento, nós percebemos uma realidade bastante violenta. E a união desse ambiente em
conjunto com o estímulo de atitudes corporais agressivas e competitivas podem resultar em
episódios de violência, não apenas física, como as brigas, mas também verbais e psicoló-
gicas, como é o caso do Bullying no ambiente escolar.
Contudo, diferente do que o senso comum pode imaginar, a prática de Esportes de
Combate, especialmente aqueles relacionados às artes marciais tem um papel de controlar
a violência e comportamento do indivíduo. Uma revisão sistemática realizada por Simões
e colaboradores (2021) mostrou que crianças e adolescentes envolvidos com a prática
de artes marciais e esportes de combate apresentam maiores níveis de comportamento
pró-sociais entre os pares. No caso deste estudo, foi avaliado o Bullying.
Uma investigação com torcidas organizadas de futebol (OLIVEIRA et al., 2020),
também mostrou que apenas uma pequena parcela dos torcedores procura desenvolver
sua prática nas artes marciais com o objetivo de utilizar as técnicas em confrontos (brigas)
com outros torcedores.
Considerando os aspectos filosóficos, éticos e morais que envolvem a prática de
muitas artes marciais e Esportes de Combate, especialmente no que diz cerne à disciplina,
respeito aos adversários (fair play) e respeito às hierarquias, percebemos que elas podem
influenciar positivamente na busca de um ambiente mais salubre quanto à violência. Outro
fato que poderia explicar resultados como os estudos citados anteriormente é a qualificação
dos treinadores e o ambiente em que essa prática se desenvolve (SIMÕES et al., 2021).
Ainda se especula que a agressividade presente durante a prática dos Esportes
de Combate seja suficiente para neutralizar a agressividade “natural” do ser humano. Que
satisfaz essa necessidade de conflito, com as lutas simuladas nos treinos em competições,
se tornando civilizado por meio dessas modalidades (PIMENTA, 2009).

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 20


Diante disso, percebemos a importância do conhecimento dos Esportes de Combate
tanto para desmistificar ideias como a relação desses com a violência, quanto para que, como
professores e profissionais, possamos introduzir e trabalhar com esse conteúdo proporcio-
nando a oportunidade de que mais pessoas aproveitem os benefícios que essa prática pode
proporcionar. Não só no sentido físico e fisiológico, mas também emocional e social.

REFLITA

Quem vence alguém é um vencedor, mas quem vence a si mesmo é invencível.

Fonte: Morihei Ueshiba, mestre de Budo e criador do Aikido.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 21


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final da Unidade I. Espero que este conteúdo tenha te auxiliado a


adentrar no vasto mundo de conhecimento e possibilidades dos Esportes de Combate. A
partir dos nossos estudos, pudemos compreender as diferenças existentes entre as Lutas,
as Artes Marciais e os Esportes de Combate.
Também pudemos conhecer como cada modalidade se classifica, tanto em relação
à sua origem e administração, quanto às suas características técnicas de combate.
Estudar os aspectos históricos dos Esportes de Combate nos permite entender
como eles são importantes para compreendermos as nossas origens e também a nossa
sociedade.
Por fim, vimos que a prática dessas modalidades pode nos auxiliar na construção
de uma sociedade mais pacífica e preocupada com o outro. Espero que este conteúdo
tenha aguçado ainda mais a sua curiosidade e vontade em estudar sobre esse tema.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 22


LEITURA COMPLEMENTAR

Na leitura complementar há a sugestão de dois artigos relacionados ao tema da


Unidade I. No primeiro, Parizotto e colaboradores (2017), discutem acerca do processo de
regulamentação das artes marciais no Brasil e as relações deste com a Educação Física,
inclusive sobre a estruturação deste conteúdo na escola. Já o artigo de Vasques (2021),
aborda sobre o processo de esportivização e espetacularização do MMA, e como se dá o
equilíbrio entre a violência e a massificação dessa modalidade.

PARIZOTTO, Pedro Gabriel Gil et al. O processo de institucionalização e regula-


mentação de artes marciais orientais no Brasil. Caderno de Educação Física e Esporte,
v. 15, n. 1, p. 53-62, 2017.

VASQUES, Daniel Giordani. As artes marciais mistas (MMA) como esporte moderno:
entre a busca da excitação e a tolerância à violência. Esporte e Sociedade, n. 22, 2021.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 23


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: A Arte da Guerra
Autor: Sun Tzu
Editora: Novo Século
Sinopse: A Arte da Guerra é o primeiro tratado militar que se tem
notícia. Foi escrito por Sun Tzu por volta de 500 a.C. e se trata de
uma coletânea de disposições a respeito de táticas de combate.
Em A arte da guerra, as estratégias transmitidas pelo general
chinês Sun Tzu carregam um profundo conhecimento da natureza
humana. Elas transcendem os limites dos campos de batalha e
alcançam o contexto das pequenas ou grandes lutas cotidianas,
sejam em ambientes competitivos – como os do mundo corpo-
rativo – sejam nos desafios internos, em que temos de encarar
nossas próprias dificuldades. Se você não conhece a si mesmo
nem o inimigo, sucumbirá a todas as batalhas.

FILME/VÍDEO
Título: O Último Samurai.
Ano: 2003.
Sinopse: Em 1870 é enviado ao Japão o capitão Nathan Algren
(Tom Cruise), um conceituado militar norte-americano. A missão
de Algren é treinar as tropas do imperador Meiji (Shichinosuke
Nakamura), para que elas possam eliminar os últimos samurais
que ainda vivem na região. Porém, após ser capturado pelo ini-
migo, Algren aprende com Katsumoto (Ken Watanabe) o código
de honra dos samurais e passa a ficar em dúvida sobre que lado
apoiar.

UNIDADE I Introdução aos Esportes de Combate 24


UNIDADE II
Explorando os Esportes de Combate
Professora Ma. Kauana Borges Marchini

Plano de Estudo:
● Conhecendo o Judô;
● Conhecendo o Sumô;
● Conhecendo o Karatê;
● Conhecendo o Boxe;
● Conhecendo o Muay Thai;
● Conhecendo o Kung Fu;
● Conhecendo o Taekwondo;
● Conhecendo a Esgrima.

Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender as origens e os aspectos históricos de cada
um dos Esportes de Combate,
● Conceituar e contextualizar cada um dos Esportes de Combate ,
● Conhecer as principais características técnicas de cada
um dos Esportes de Combate.

25
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a),

Chegamos à segunda unidade de nosso plano de estudos. Agora vamos conhecer


com detalhes algumas das modalidades de Esportes de Combate mais populares em nosso
país e no mundo.
Nesta unidade vamos conhecer as características de oito modalidades: o Judô,
Sumô, Karatê, Boxe, Muay Thai, Kung Fu, Taekwondo e a Esgrima. De cada um deles,
estudaremos os aspectos históricos do seu surgimento e a chegada ao Brasil. Também
conheceremos algumas de suas características técnicas, como as principais regras e os
golpes mais comuns.
Cabe destacar que o conteúdo disponibilizado aqui é apenas a ponta do iceberg
de todo o vasto conhecimento acerca das lutas, artes marciais e esportes de combate pro-
duzidos ao longo de toda a nossa história. Por isso, complementar os estudos com outras
fontes é a melhor maneira de se aprofundar no rico e encantador cenário dos Esportes de
Combate.

Bons estudos!

UNIDADE II
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Introdução aos
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1. JUDÔ

1.1 Um pouco de história


Judô significa “caminho suave” (“Ju”: suavidade; “Do”: caminho). Assim como várias
outras artes marciais japonesas, o Judô teve origem no antigo Jujutsu. Jigoro Kano (1860-
1938) foi o responsável pelo desenvolvimento desta arte marcial que se caracteriza por
utilizar técnicas de ataque e defesa com o próprio corpo, sem o uso de implementos (MES-
QUITA, 2014). Após vários anos praticando jujutsu de diferentes estilos e com diferentes
mestres, Kano percebeu a dificuldade de aprendizado desse elemento da cultura japonesa.
Como forma de preservar esse tesouro cultural, mas também realizar uma adaptação aos
tempos modernos, ele sistematizou o conhecimento e criou uma escola, o Kodokan. A pa-
lavra Kodokan significa lugar para estudar o caminho (“Ko”: método, estudo; “Do”: caminho;
“Kan”: instituto) (STEVENS, 2007).
O Judô foi inspirado por três princípios:
a) Princípio da máxima eficiência com o mínimo de esforço (seiryoku zen’yo);
b) Princípio da prosperidade e benefícios mútuos (jita kyoei);
c) Princípio da suavidade, ou seja, o melhor uso de energia (ju).

UNIDADE II
I Explorando
Introdução aos
os Esportes
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Combate 27
Os primeiros anos foram difíceis, a pouca idade de Kano e as instalações inade-
quadas (eles treinavam no salão de um templo e depois num galpão anexo a uma escola
de inglês) não atraíram muitos alunos. Dos poucos alunos, a maioria morava no Kodokan e
eram sustentados por Kano. Eles tinham uma rotina bastante rígida, com treinos de Judô,
estudos e cuidados com a limpeza e alimentação (STEVENS, 2007).

FIGURA 1 - JIGORO KANO (1860-1938), CRIADOR DO JUDÔ.

Fonte: http://www.judorio.org.br/ Acesso em 20 set.2021.

Conforme desenvolvia sua arte marcial, aprimorando não só as técnicas de defesa,


mas também a linha filosófica, com um código moral baseado no budismo, Jigoro Kano
ganhava alunos e tornava a sua arte conhecida. No final do século XIX o Judô foi consi-
derado desporto oficial no Japão e passou a ser praticado pela polícia. As lutas de Jigoro
Kano e seus alunos tornaram o Judô conhecido não só no Japão, mas em todo o mundo.
Sendo atualmente praticado por homens e mulheres de todas as idades. Kano sempre
deixou claro que seu objetivo era uma arte marcial que desenvolvesse o físico, a mente e
o espírito. Assim, ele criou um código moral, que objetiva fortalecer o guiar a prática para
além da defesa pessoal (MESQUITA, 2014; DE OLIVEIRA, 2007). Esse código tem oito
princípios básicos:
- Cortesia, para ser educado no trato com os outros;
- Coragem, para enfrentar as dificuldades com bravura;
- Honestidade, para ser verdadeiro em seus pensamentos e ações;
- Honra, para fazer o que é certo e se manter de acordo com seus princípios;
- Modéstia, para não agir e pensar de maneira egoísta;
- Respeito, para conviver harmoniosamente com os outros;
- Autocontrole, para estar no comando das suas emoções;
- Amizade, para ser um bom companheiro e amigo.

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1.2 A chegada do Judô no Brasil
Oficialmente o Judô foi difundido no Brasil em 1933, com a fundação da Federação
de Judô e Kendô do Brasil, por Katsutoshi Naito, Tatsuo Okochi, Teruo Sakata, Zensaku
Yoshida e Shigueto Yamasaki. Contudo a história dessa arte marcial iniciou cerca de 25
anos antes, com a chegada dos primeiros imigrantes japoneses nessas terras. Mitsuyo
Maeda, o Conde Koma, é o mais conhecido dos personagens da história das artes marciais
japonesas no Brasil. Além dele, Soishiro Satake também se destaca na história do Judô
no Brasil, por trazerem conhecimentos diretamente do criador do Judô, pois ambos foram
alunos de Jigoro Kano (DA COSTA, 2006; DE OLIVEIRA, 2007).
Maeda e Satake chegaram no Brasil na década de 1910, rodaram o país realizando
demonstrações e desafios, e depois se estabeleceram na região Norte e Nordeste. Outros
polos que auxiliaram na divulgação da arte marcial foram a cidade de São Paulo e a região
norte do estado do Paraná, especialmente as cidades de Londrina, Assaí e Uraí. Em 1969,
foi fundada a Confederação Brasileira de Judô, a qual foi oficialmente reconhecida em 1972,
ano em que o Brasil conquistou a primeira medalha da modalidade nos Jogos Olímpicos.

1.3 Judô nas Olimpíadas


O Judô foi introduzido nas Olimpíadas nos Jogos de Tóquio, em 1964, como
desporto de apresentação. E oficialmente integra o programa dos jogos desde 1972, nas
Olimpíadas de Munique. Entretanto, antes disso, em 1909, Jigoro Kano se tornou o primeiro
membro asiático do Comitê Olímpico Internacional, já com o objetivo de difundir a prática
do Judô para todo o mundo (CBJ, 2021).
Até os jogos de 1988, a competição olímpica era somente para categorias masculi-
nas. Sendo que em 1992, nos Jogos de Barcelona, é que se iniciaram as disputas olímpicas
das categorias femininas. O Judô é o esporte individual que mais ganhou medalhas olímpi-
cas na delegação brasileira. Até os Jogos do Rio de Janeiro, 2016, foram 22 medalhas no
total (4 ouros, 3 pratas e 15 bronzes) (CBJ, 2021).

1.4 Regras gerais do Judô


Antes de conhecermos as regras que regem as lutas de Judô é importante desta-
carmos algumas características dessa arte marcial que estão presentes desde o ambiente
de treino até as competições oficiais.
A roupa para a prática, que também é o único equipamento, além do corpo, é
um kimono denominado de judogi. Ele é composto por uma calça (shitabaki) e uma blusa
(wagi), nas cores azul ou branca. Por cima da blusa, na altura da cintura a faixa (obi), com
a cor que varia conforme a graduação, é amarrada (CBJ, 2021).

UNIDADE II
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Combate 29
FIGURA 2 - ROUPA UTILIZADA PARA PRÁTICA DE JUDÔ (JUDOGI), COMPOSTA

POR CALÇA (SHITABAKI), BLUSA (WAGI) E FAIXA PRESA À CINTURA (OBI).

Fonte: https://www.americanas.com.br./ Acesso em 20 set.2021.

O início e o final das aulas e das lutas é marcado por uma saudação, que tem por
objetivo expressar o respeito, a cortesia e a amabilidade pelo professor e pelo adversário.
Essa saudação é denominada Rei. Ela pode ser de dois tipos:

a) Tachi-rei ou Ritsu-rei: cumprimento em pé feito ao entrar e sair do dojo, ao subir


no tatame para cumprimentar o professor ou seu ajudante e ao início e término de um
treino/luta.
b) Za-rei: cumprimento ajoelhado. Conhecida por saudação de cerimônia, ela é
realizada ao início e ao término dos treinos e em casos especiais, como antes e depois dos
katas, e ao iniciar um treino no solo com o companheiro, bem como ao terminá-lo.

A prática do Judô acontece no tatame. Para treinos não há uma medida específica,
contudo nas competições, o tatame deve ser quadrado com medidas entre 14 e 16 metros
cada lado (CBJ, 2021).
A luta tem a duração de 5 minutos para a categoria masculina e 4 minutos para
a feminina. Se ao final deste tempo não houver um vencedor, são adicionados mais três
minutos ao combate. Durante esse período, o atleta que realizar o primeiro ponto ganha a
luta (Golden Score).

UNIDADE II
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Combate 30
O objetivo principal no judô é derrubar o adversário no chão ou imobilizá-lo, baseado
no princípio idealizado por Jigoro Kano de ippon-shobu (luta pelo ponto completo). Assim,
são possíveis três tipos de pontuação:
a) Yuko: Quando o adversário vai ao solo de lado, ou é imobilizado por 10 a 14
segundos. Cada yuko vale um terço de ponto;
b) Wazari: É um ippon incompleto, ou seja, o adversário cai sem ficar com os dois
ombros no tatame e vale meio ponto. A obtenção de dois wazaris, valem um ippon, encer-
rando a luta ao final do segundo wazari. A imobilização do oponente por 15 a 19 segundo
também vale um wazari.
c) Ippon: É o objetivo do judô, o ponto completo, que finaliza a luta. O ippon é
conquistado quando um judoca consegue derrubar o adversário, encostando, as costas ou
ombros no chão, quando ele é finalizado por um estrangulamento ou chave de articulação,
ou quando é imobilizado por 25 segundos.

Durante a luta também podem ser aplicadas dois tipos de penalização:

a) Shido: Infrações leves de regras são penalizadas com shido. Ele é tratado como
um aviso. O primeiro shido é um aviso, no segundo, o adversário pontua um
yuko, e o terceiro, vale um wazari para o adversário.
b) Hansoku-Make  – É uma infração grave, que resulta na desqualificação do
competidor penalizado. Hansoku-make também é dado pela acumulação de
quatro shidos.

1.5 A graduação no Judô


Como dito anteriormente, a graduação no judô é indicada pela cor da faixa utilizada
pelo praticante. A graduação é dividida em duas etapas, kyu (iniciantes) e dan (experientes,
peritos). São 8 graduações de kyu e 10 de dan, conforme especificada no quadro abaixo:

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QUADRO 1 - DENOMINAÇÃO E CORES DE FAIXA DAS GRADUAÇÕES DO JUDÔ

GRADUAÇÃO DENOMINAÇÃO COR DA FAIXA


8º Kiu Mukyu Faixa Branca
7º Kiu Nanakyu Faixa Cinza*
6º Kiu Rokukyu Faixa Azul
5º Kiu Gokyu Faixa Amarela
4º Kiu Yonkyu Faixa Laranja
3º Kiu Sankyu Faixa Verde
2º Kiu Nikyu Faixa Roxa
1º Kiu Ikyu Faixa Marrom
1º Dan Shodan Faixa Preta
2º Dan Nidan Faixa Preta
3º Dan Sandan Faixa Preta
4º Dan Yodan Faixa Preta
5º Dan Godan Faixa Preta
6º Dan Rokudan Faixa Vermelha e Branca
7º Dan Nanadan Faixa Vermelha e Branca
8º Dan Hachidan Faixa Vermelha e Branca
9º Dan Kyuudan Faixa Vermelha
10º Dan Juudan Faixa Vermelha

*Faixa usada somente por praticantes com menos de 15 anos. Fonte: CBJ, 2021

1.6 Técnicas básicas de Judô


A prática do Judô envolve uma grande diversidade de técnicas que utilizam várias
partes do corpo, como pés, pernas, braços e quadril. Basicamente, as técnicas do Judô
podem ser divididas em dois grandes grupos:
Nage-waza: são as técnicas que acontecem em pé e são subdivididas em quatro
subgrupos, de acordo com a parte do corpo utilizada.
-Te-waza: técnicas de braço
- Koshi-waza: técnicas de quadril
- Ashi-waza: técnicas de perna
- Sutemi-waza: técnicas de sacrifício

UNIDADE II
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FIGURA 3 - TÉCNICA DO TIPO NAGE-WAZA

Fonte: https://www.judo.sjc.br/tecnicas/nage-waza/ Acesso em 20 set.2021.

Katama-waza: são técnicas que acontecem no chão e são subdivididas em três


grupos, conforme o tipo de técnica utilizada.
- Osaekomi-waza: técnicas de imobilização
- Shime-waza: técnicas de estrangulamento
- Kansetsu-waza: técnicas de chave de braço

FIGURA 4 - TÉCNICA DO TIPO KATAMA-WAZA

Fonte: http://kodokanjudoinstitute.org/en/waza/list/#a2 /. Acesso em 20 set.2021.

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2. SUMÔ

2.1 Um pouco de história


A palavra Sumô é derivada da antiga palavra japonesa sumai e significa estran-
gulamento ou golpes de chave. Apesar de ser considerada uma arte marcial moderna,
as origens do Sumô são bastante antigas. Acredita-se que há cerca de 2500 anos ela já
era praticada por Xintoístas, na forma de rituais. Por suas características técnicas não
são descartadas as influências de outras culturas no desenvolvimento do Sumô, como os
chineses e os coreanos. E sua origem religiosa, deixou inúmeras marcas e rituais nesta
prática, como o uso da purificação do local de luta com sal (CARDIAS, 2008).

FIGURA 5 - PURIFICAÇÃO DA ÁREA DE COMBATE DE SUMÔ COM SAL ANTES DA LUTA.

Fonte: https://alljapantours.com/japan/culture/sports/Sumo/. Acesso em 21.set.2021

UNIDADE II
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Entre os séculos X e XII, o Sumô passou a ser utilizado como técnica de guerra,
e a partir do século XV os lutadores ganharam projeção social, com o início de torneios
profissionais com caráter de entretenimento esportivo. Ainda hoje, o Sumô é um esporte
bastante popular no Japão, e os lutadores profissionais alcançam bastante prestígio e
popularidade (CBS, 2021).
Uma das características mais marcantes do Sumô, é a forma corporal dos seus
praticantes, geralmente gordos. Na realidade não há uma obrigação quanto a forma corpo-
ral dos lutadores de Sumô, contudo como o objetivo da luta é desequilibrar o adversário,
assim quanto mais gordo e forte, mais fácil de se vencer o combate.

2.2 A chegada do Sumô no Brasil


O Sumô chegou ao Brasil juntamente com os primeiros imigrantes japoneses que
desembarcaram aqui em 1908, do navio Kasato Maru, no Porto de Santos. Em 1914,
aconteceu o primeiro campeonato, na colônia de Guatapará, interior do estado de São
Paulo. Em 1998 foi criada a Confederação Brasileira de Sumô. No ano 2000 o Brasil sediou
o Campeonato Mundial de Sumô, disputado pela primeira vez fora do Japão (DA SILVA
MOCARZEL, 2016).
Por aqui, essa modalidade é praticada também por mulheres e crianças e estar
acima do peso não é um pré-requisito. Ainda assim, as tradições são muito respeitadas
(CARDIAS, 2008).

2.3 Regras gerais


O objetivo na luta de Sumô é deslocar o adversário para fora do ringue ou fazer com
que ele toque o solo com qualquer parte do corpo que não seja os pés. O doyuo (ringue),
local onde acontecem as lutas, tem um formato circular com 4,55 metros de diâmetro e
16,26m². Ele é feito de fardos de palha de arroz sob uma plataforma de barro e areia. No
centro há duas linhas brancas (shikiri-sem) que demarcam o posicionamento dos lutadores
no início da luta (CBS, 2021).

FIGURA 6 - FOTO DE UM RINGUE PARA LUTA DE SUMÔ (DOYUO).

Fonte: https://www.thesportsdb.com/team/138826-Sumo-Wrestlers. Acesso em 21.set.2021

UNIDADE II
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Antes da luta, o ringue é purificado com sal. Os lutadores costumam bater os pés
antes da luta, numa ação que eles acreditam espantar os maus espíritos. Fora do ringue,
os lutadores costumam lavar a boca com uma água abençoada por um sacerdote xintoísta
e secá-la com um papel feito de arroz.
A vestimenta dos lutadores de Sumô também é bastante característica e é deno-
minada mawashi. É composta por uma faixa de tecido grosso enrolado ao redor da cintura
e entre as pernas, para proteger as partes íntimas. Os lutadores também são incentivados
a deixar o cabelo crescer para que possam fazer os coques característicos dos samurais
(oicho).
FIGURA 7 - FOTO DE UM LUTADOR DE DE SUMÔ USANDO MAWASHI

E OICHO (COQUE SAMURAI).

Fonte: https://pt.quizzclub.com/trivia/o-que-e-um-mawashi-no-sumo/. Acesso em 21.set.2021

As lutas costumam ser curtas, durando cerca de 15 a 30 segundos. Mas se os


competidores alcançarem o tempo de 4 minutos, o árbitro pode paralisar a luta para que os
competidores se recuperem (CBS, 2021).

2.4 A graduação no Sumô


Para as lutas amadoras de Sumô foi adotado um sistema de categorias por idade e
peso com o objetivo de equilibrar a disputa. É importante destacar que na luta profissional
de Sumô que ocorre no Japão não há divisão de categorias, todos competem no adulto
absoluto, sem limite de peso (CBS, 2021).

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QUADRO 2 - CATEGORIAS DO SUMÔ AMADOR DE ACORDO COM A CONFEDERAÇÃO

BRASILEIRA DE SUMÔ

MASCULINO FEMININO
Mirim Até 13 anos
Infantil 13 a 16 anos
Juvenil 17 a 18 anos
Júnior Leve Até 80 kg Até 60 kg
Júnior Médio 80 a 100 kg 60 a 75 kg
Júnior Pesado Acima de 100 kg Acima de 75 kg
Adulto Leve Até 85 kg Até 65 kg
Adulto Médio 85 a 115 kg 65 a 85 kg
Adulto Pesado Acima de 115 kg Acima de 85 kg
Adulto Absoluto Sem limite de peso

Fonte: (CBS, 2021)

Quanto aos lutadores profissionais, eles seguem uma rígida hierarquia, que data do
período Edo (1603-1868). No topo da hierarquia estão os yokozuna (grande campeão), se-
guidos pelos ozeki (campeão), e pelos sekiwake (campeão júnior). Esse ranking determina
suas vestes no dia a dia, e em qual lado do ringue ele estará nas competições. Um iniciante
sempre começará na divisão mais baixa, e pode subir de nível de acordo com os resultados
nas lutas. Entretanto, a divisão yokozuna é permanente, ao chegar nela o lutador não pode
ser rebaixado, assim, caso não consigam manter a performance, espera-se que eles se
aposentem.

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Combate 37
SAIBA MAIS

A rotina de um lutador profissional de Sumô pode ser bastante peculiar. Em períodos


de competição, eles treinam cerca de cinco horas por dia. Na alimentação, bastante
farta, podem consumir de 8 até 10 mil calorias diariamente, inclusive com o consumo
de cerveja. Para ter um melhor conforto respiratório, alguns dormem com máscaras de
oxigênio.

Fonte: LUTADORES de sumô e sua dieta de até 10.000 kcal. Coisas do Japão, 2020. Disponível em: ht-

tps://coisasdojapao.com/2019/08/lutadores-de-sumo-e-a-impressionante-dieta-de-ate-10000-kcal/. Aces-

so em 06 de maio de 2021.

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3. KARATÊ

3.1 Um pouco de história


A palavra Karatê significa mãos vazias. Essa arte marcial é originária do Japão,
porém com uma forte influência chinesa. O Karatê nasceu em Okinawa, principal ilha da
cadeia Ryukyu, provavelmente por volta do século XV. Okinawa fica a cerca de 480km da
extremidade sul do Japão e era utilizada como rota e intercâmbio comercial para a China
(STEVENS, 2007).
Acredita-se que o Karatê se desenvolveu neste local devido a proibição da utilização
das armas na ilha, obrigando que as pessoas buscassem formas de defesa e combate com
as “mãos vazias”. Também era comum realizar a prática das artes marciais em segredo,
para evitar a observação de rivais. Esse fato proporcionou o desenvolvimento de diferentes
estilos de Karate. Diferente do budô incentivado e praticado no Japão continental, em Oki-
nawa não havia dojos e nem lutadores profissionais. O Karatê era praticado às escondidas
(STEVENS, 2007; MARTINS; KANASHIRO, 2010).
O desenvolvimento do Karatê moderno é creditado ao mestre Gichin Funakoshi
(1868-1957). Contudo, a história aponta que outros mestres de Okinawa também tiveram
responsabilidade na expansão e reconhecimento do Karatê tanto no Japão quanto nos
outros países. Ele praticou por muitos anos, treinando com vários dos mais conceituados
mestres de Okinawa. Durante o período Meiji, o Karatê chamou a atenção dos militares e
daqueles que viviam fora da ilha e começaram a levar a prática para o Japão continental.
Em 1921, o príncipe Hirohito assistiu a uma apresentação do grupo de Funakoshi durante
uma passagem por Okinawa e ficou encantado com este budô (STEVENS, 2007).

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Combate 39
FIGURA 8 - GICHIN FUNAKOSHI (1868-1957) CONSIDERADO O PAI DO KARATÊ MODERNO

Fonte:http://karatemichi.blogspot.com/2017/12/gichin-funakoshi.html. Acesso em 21.set.2021

Em 1922, Funakoshi foi convidado a fazer uma apresentação de Karatê em Tóquio.


Sua arte chamou a atenção de Jigoro Kano, criador do Judô, que o convidou para ministrar
aulas de Karatê no Kodokan. Funakoshi não aceitou, contudo resolveu permanecer em
Tóquio para difundir a prática do Karatê. Como ele era professor, se preocupava em adap-
tar o Karatê de modo que pudesse ser praticado por qualquer pessoa. Seu esforço rendeu
frutos, com o Karatê sendo ensinado em algumas universidades (STEVENS, 2007).
Como parte da modernização e da sistematização, e inspirado pelo o que ocorreu
com o Judô, o Karatê passou a adotar o quimono branco (karategi) e um sistema de gra-
duação de faixas coloridas (MARTINS; KANASHIRO, 2010).
Na década de 1930, o Karatê foi reconhecido como uma arte marcial japonesa
e isso exigiu que as escolas passassem a indicar o nome do estilo praticado. O estilo de
Funakoshi ficou conhecido como Karatê Shotokan, sendo hoje um dos mais conhecidos,
juntamente com o Gojo-Ryu, Wado-Ryu e Shito-Ryo são os estilos reconhecidos pela Fe-
deração Mundial de Karatê.

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3.2 A chegada do Karatê no Brasil
Assim como o Judô e o Sumô, o Karatê chegou ao Brasil junto com os primeiros
imigrantes japoneses, no início do século XX. A primeira academia de Karatê, na cidade de
São Paulo, surgiu em 1955 com o sensei Mitsusuke Harada, do estilo Shotokan. Em 1960
foi fundada a Associação Brasileira de Karatê, que mais tarde originou a Confederação
Brasileira de Karatê.
Contudo, cabe destacar que não há um registro específico de quando o Karatê
começou a ser praticado no país e quem foi o seu pioneiro no país. Vários mestres, de
diferentes estilos, são apontados como pioneiros, porém sem um consenso. Independente
disso, há de se enfatizar a importância desses vários grupos para a popularização desta
modalidade no Brasil (MARTA, 2009).

3.3 O Karatê nas Olimpíadas


A Federação Mundial de Karatê foi reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional
no ano de 1999. Isso abriu as portas para a introdução da modalidade nos Jogos Olímpicos
(WKF, 2019).
Em 2016, o Karatê foi aprovado como modalidade Olímpica, sendo que sua primeira
disputa seria realizada nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Em virtude da pandemia
do Coronavírus, as Olimpíadas de Tóquio foram adiadas para 2021. Contudo, há fortes
indícios que esta será a única participação da modalidade em Jogos Olímpicos, pois esta
deverá ser cortada dos jogos de 2024 em Paris.

3.4 Regras Gerais


No Karatê tradicional não existe competição, a prática é realizada com o objetivo de
promover um desenvolvimento físico por meio da disciplina e da concentração. Contudo, o que
tornou esta arte marcial um esporte de combate foi a realização de torneios e campeonatos.
O treinamento do Karatê é dividido em:
a) Kihon: são os fundamentos básicos. É caracterizado pela repetição de um mo-
vimento ou uma pequena sequência de movimentos. Nesta etapa do treino o
objetivo é aprimorar a forma, a força, a velocidade do movimento, a contração e
o relaxamento muscular, o ritmo e a coordenação, além da respiração.
b) Kata: é uma sequência de movimentos geralmente retirados de situações reais
de luta.
c) Kumitê: é a prática com o oponente, que pode acontecer na forma de luta ou
apenas de treinamento.

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Para as competições temos a modalidade de kata, na qual as técnicas são apresen-
tadas sem um adversário, e de kumitê, que são as lutas entre adversários. As competições
são realizadas em um tatame de 8x8m. Na competição de kata, os cinco árbitros avaliam
a técnica, força, potência, equilíbrio, simetria dos golpes, velocidade e postura dos golpes.
Existem duas listas de kata para as competições, a de kata obrigatórios (shitei kata), ge-
ralmente utilizada em competições com mais de oito atletas, e de kata livres (tokui kata).
As competições podem ser realizadas individualmente ou em equipe, na qual três atletas
apresentam o mesmo kata simultaneamente (WKF, 2019).

FIGURA 9 - FOTO DE DUAS LUTADORAS DE KARATÊ UTILIZANDO O EQUIPAMENTO

DE PROTEÇÃO EXIGIDO NAS COMPETIÇÕES DE KUMITÊ

Fonte:https://sites.google.com/site/ingridwilmercoc/karate-kumite. Acesso em 21.set.2021

Na competição de kumitê os atletas são divididos em categorias de acordo com


o peso. Em algumas competições, os atletas são obrigados a utilizar protetores de mão,
canela, pé e boca. A luta tem a duração de 2 a 5 minutos e vence aquele que acumular
maior pontuação ao longo desse tempo ou abrir 8 pontos de diferença do adversário. Em
caso de empate é realizada uma prorrogação com morte súbita (senshu), a qual vence
aquele que marcar o primeiro ponto. As técnicas e os pontos permitidos para ataque variam
de acordo com cada estilo (WKF, 2019).
Em geral, a pontuação acontece sob os seguintes critérios:
a) Yuko (1 ponto): soco na área do abdome, peito, rosto ou costas;
b) Wazari (2 pontos): chute na área do abdômen, peito, costas e laterais do tronco;
c) Ippon (3 pontos): chute na cabeça ou nas laterais do pescoço, com controle de
contato; soco aplicado ao oponente após derrubá-lo com outro golpe.

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Durante a luta, algumas situações podem ser passíveis de penalidade, tais como:
a) Falta de combatividade;
b) Utilização de técnicas proibidas, como cabeçadas, cotoveladas ou joelhadas;
c) Golpes de mão aberta contra o rosto do oponente;
d) Chaves de braço ou estrangulamentos;
e) Técnicas de luta agarrada, como clinchar ou agarrar o kimono do oponente,
sem a intenção de aplicar uma queda ou pontuar;
f) Qualquer outro movimento que possa colocar em risco a integridade física do
adversário, inclusive o uso de força excessiva;
g) Golpes em zonas proibidas do corpo do oponente: braços, pernas, juntas e
peito do pé;

3.5 Graduação no Karatê


A graduação no Karatê é indicada pela cor da faixa do praticante, sendo que há
7 níveis de kyu e 10 de dan. Os níveis e cores de faixas estão especificados no quadro a
seguir:

QUADRO 3 - CORES DAS FAIXAS DE ACORDO COM A GRADUAÇÃO DAS FAIXAS NO KARATÊ

Ordem de graduação Cor da Faixa


7º Kyu Branca
6º Kyu Amarela
5º Kyu Laranja (vermelha)
4º Kyu Azul (laranja)
3º Kyu Verde
2º Kyu Roxa
1º Kyu Marrom
1º ao 10º Dan Preta

Fonte: Martins; Kanashiro, 2010.

3.6 Técnicas Básicas


Há uma densa variedade de técnicas de Karatê nos mais diferentes estilos. Contudo,
independente do estilo, há algumas divisões e classificações comuns a todas as técnicas.
Os dois grandes grupos são:
a) Go waza (técnicas rígidas): golpes de impacto (saltos, socos, chutes);
b) Ju waza (técnicas suaves): golpes de controle (projeções, quedas, imobilizações,
luxações).
As técnicas também podem se dividir em:
a) Te waza: grupo de técnicas executadas com as mãos;
b) Soku waza: grupo de técnicas realizadas com as pernas e pés;
c) Atemi waza: técnicas aplicadas em pontos vitais.

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4. BOXE

4.1 Um pouco de história


O Boxe tem como principal característica a luta com as mãos. Historicamente não
há uma data ou indício da criação do Boxe. Tudo indica que ele evoluiu de formas rudi-
mentares de luta com as mãos, praticadas por diferentes culturas em regiões da Europa,
Mediterrâneo e Ásia. Essas lutas, inicialmente não possuíam regras, e basicamente os
oponentes se atacavam com socos e golpes com as mãos (DA COSTA, 2006).
Inicialmente, sua denominação era pugilato, do latim pugillus, que significa punho
cerrado em forma de soco. A denominação “Boxe” surgiu do termo em inglês “to box”,
que significa bater. Apesar de indícios de 1500 a.C. foi no século XVII que se iniciou uma
revolução e popularização deste esporte na Europa, especificamente na Inglaterra (DA
COSTA, 2006).
A primeira regulamentação do esporte aconteceu com o Marquês de Queensbury,
que teve por objetivo tornar o boxe mais equilibrado, justo e menos violento. Ao contrário das
primeiras experiências desta modalidade que aconteciam como um vale tudo e eram bastante
sangrentas (MONTEIRO, 2017). A sua regulamentação é a base das regras atuais e incluía:
a)Ringue: as lutas deveriam ocorrer num ringue 7x7m;
b)“Rounds”: o tempo da luta é de três minutos com um de descanso;
c)Luvas: os punhos deveriam estar protegidos por luvas.

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A partir desse momento, o Boxe caiu nas graças da plateia e se tornou um espe-
táculo esportivo. Assim, apesar de seu surgimento nas classes populares, conforme foi se
tornando conhecido, o Boxe passou a ser praticado por nobres e aristocratas ingleses. Com
a proibição das lutas sem luvas na Inglaterra, o Boxe se difundiu nos Estados Unidos entre
1850 e 1920. Sendo que a primeira luta profissional da modalidade ocorreu em fevereiro de
1982, nos Estados Unidos. Depois o Boxe se espalhou pelo mundo (MONTEIRO, 2017).

4.2 A chegada do Boxe no Brasil


No Brasil, o Boxe chegou no final do século XIX com marinheiros europeus que
desembarcaram no porto de Santos e no Rio de Janeiro. Como os marinheiros vinham
de uma classe mais baixa, o Boxe foi inicialmente marginalizado no país, assim como a
capoeira (DA COSTA, 2006).
A primeira luta de Boxe oficial aconteceu em 1913, em São Paulo, entre um ex-bo-
xeador profissional e um atleta de remo. Ao longo dos próximos anos, o esporte se popula-
rizou no Brasil. Contudo, após uma luta em que um dos participantes sofreu um derrame,
o Boxe ficou proibido no Brasil entre os anos de 1923 e 1925. Após a liberação da prática
do esporte, surgiram novos métodos aos atletas, permitindo que esses alcançassem níveis
internacionais (DA COSTA, 2006).

4.3 Boxe nas Olimpíadas


A primeira competição de Boxe nos Jogos Olímpicos aconteceu em 1904, em St-
-Louis (Estados Unidos), e envolveu 7 categorias. A competição olímpica ficou restrita aos
homens até os Jogos de 2008. Em Londres, 2012, a categoria feminina também passou a
fazer parte dos jogos.
Atualmente, o boxe olímpico conta com 10 categorias de peso para os homens e
3 para as mulheres. Nos Jogos, as lutas são disputadas em três assaltos de três minutos
para os homens e 4 assaltos de 2 minutos para as mulheres. E a idade máxima dos atletas
para a disputa olímpica é de 34 anos (CBB, 2021).

4.4 Regras Gerais


No Boxe, só são permitidos golpes aplicados na parte frontal do adversário e so-
mente da cintura para cima. Em caso de golpes aplicados fora destas exigências, o lutador
é advertido e pode até ser desclassificado (CBB, 2021).
Uma luta pode ser vencida por pontos, ou por nocaute, que é quando o lutador
recebe um golpe que o derruba e o deixa no chão por mais de 10 segundos. Se o árbitro
perceber, que mesmo levantando antes do tempo, não há condições de continuidade do
combate, ele pode encerrar a luta.

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A arbitragem é composta por cinco juízes, sendo que somente um deles fica den-
tro do ringue. O boxe profissional possui uma luta de 10 a 12 rounds, enquanto no boxe
amador, cada luta possui de três a quatro rounds com tempo entre 3 e 2 minutos cada,
respectivamente. Para as lutas no Boxe amador, além das luvas é necessário utilizar capa-
cete protetor (CBB, 2021).

4.5 Técnicas Básicas


Para a execução dos golpes no Boxe é necessário que o lutador adote uma posição
básica, que é a posição de guarda. Os pés não devem perder o contato com o solo, e
a movimentação se faz arrastando os pés. Os saltos devem ser evitados pois causam
desequilíbrio. O tronco deve ficar ligeiramente inclinado para frente, assim como a cabeça,
para proteger o queixo de eventuais golpes do oponente. A mão direita é mantida ao lado do
queixo e o cotovelo abaixado ao longo do tronco protegendo as costelas. A mão esquerda
é mantida alguns centímetros à frente do rosto com o cotovelo também abaixado.
Os golpes do Boxe são:
a) Jab: golpe reto com o punho que está à frente na guarda.
b) Direto: golpe reto com o punho que está após na guarda.
c) Cruzado (Cross): golpe reto com o punho que está atrás na guarda, com ângulo
para atingir a lateral da cabeça ou do tronco do adversário.
d) Gancho (Hook): Golpe semicircular curto de baixo para cima e ângulo de ata-
que aberto, com objetivo de atingir a lateral da cabeça ou do tronco, .
e) Uppercut: Golpe desferido de baixo para cima visando atingir o queixo do
oponente.

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Combate 46
5. MUAY THAI

5.1 Um pouco de história


O Muay Thai ou também como é chamado de boxe tailandês é uma arte marcial
originária da Tailândia, onde é considerado esporte nacional. Estima-se que sua origem
data há mais de dois mil anos juntamente com o desenvolvimento do povo tailandês. O
Muay Thai foi desenvolvido como método de defesa dos guerreiros tailandeses, agregando
várias técnicas de combate das tribos que formaram o povo tailandês (IVO JUNIOR; SO-
NODA-NUNES, 2020).
No século XVI, o Muay Thai passou a fazer parte do regime militar, e no século
XVIII há relatos indicando que ele era ensinado nas escolas. Alguns nobres tailandeses
ficaram conhecidos por serem exímios lutadores de Muay Thai, como o rei Pra Chao Sua
e o príncipe Naresuan. Eles ganharam batalhas épicas, que garantiram, inclusive, a paz da
Tailândia no conflito com outras nações (IVO JUNIOR; SONODA-NUNES, 2020).
A partir de 1921 o Muay Thai passou pelo seu processo de esportivização, algumas
regras semelhantes ao do Boxe inglês foram adotadas, bem como a utilização do ringue,
um tempo cronometrado para as lutas e o uso de luvas, este último se tornou obrigatório no
ano de 1928, após a morte de um lutador durante um combate.
Na Tailândia, o Muay Thai mantém algumas das tradições durante as lutas, como
a participação de músicos que tocam tambores, címbalos e flautas ao ritmo do combate.
Bastante popular no país, as lutas movimentam apostas e há estádios específicos para a
prática dessa modalidade. Os praticantes também realizam uma série de rituais, geralmente
relacionados à religião budista, como o pequeno local de culto mantido nos locais de treino.

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Combate 47
Uma série de rituais e cerimônias acontecem durante os tradicionais combates
de Muay Thai na Tailândia. O Wai kru é uma dança realizada no ringue com o objetivo de
homenagear o mestre. Em seguida é realizada o Ram muay, um ritual também ao ritmo
de músicas para manter afastado os maus espíritos. Em seguida o lutador e o seu mestre
realizam uma saudação. Quando entram no ringue os lutadores usam uma coroa de flores
(Mongok), que varia conforme o mestre e o local de treino, e que se acredita trazer proteção
ao lutador. A coroa é retirada ao final das cerimônias e antes da luta.

5.2 A chegada do Muay Thai no Brasil


No Brasil o Muay Thai chegou como Boxe Tailandês, por meio de Nélio Naja, que
conheceu a modalidade quando estava na aeronáutica, servindo como paraquedista. Naja
treinava Taekwondo no Rio de Janeiro com o mestre Woo Jae Lee, após receber a faixa
preta ele se mudou para Curitiba, e começou a ministrar aulas. Depois de um período de
adaptações, ele cria sua versão do Boxe Tailandês, que também ficou conhecido como
Muay Thai curitibano, Naja ou brasileiro (IVO JUNIOR; CAPRARO, 2020).
As técnicas do tradicional Muay Thai foram misturadas com técnicas de Taekwondo e
FullContact, e alguns métodos da educação física militarista foram incorporados para ensinar
a modalidade. Primeiramente o Muay Thai brasileiro se popularizou no exército, também
devido a função de Naja. Ele também readequou o sistema de graduação da modalidade e
instituiu o uso de uniformes. Inicialmente os acessórios e a estrutura eram improvisados e
precários, como o uso de luvas de Boxe e a prática no chão bruto, sem o uso de tatame.
Com a formação de mais alunos, a prática se popularizou. Mas o grande impulso
se deu no início dos anos 2000 com o sucesso de alguns praticantes da modalidade em
eventos de artes marciais mistas, como o UFC. Com a popularização, as técnicas da mo-
dalidade também passaram a ser utilizadas em treinos de condicionamento físico.

5.3 Regras Gerais


As transformações que o Muay Thai sofreu ao chegar no Brasil fez com que a
modalidade aqui praticada se diferenciasse bastante da original tailandesa. Ainda assim,
alguns atletas treinados aqui conseguem se classificar para o campeonato mundial da
modalidade na Tailândia.
Em relação às categorias, as denominações variam conforme cada entidade.
Contudo todos são categorizados por sexo, faixa etária e peso. A quantidade de lutas (ex-
periência em combate) também é considerada para que o praticante possa competir em
determinados eventos.

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Combate 48
Para a luta os competidores devem usar luvas, cujo peso varia conforme a cate-
goria do atleta, e nas categorias amadoras é permitido o uso de protetores de cabeça. Os
competidores devem apenas trajar um calção, sem o uso de camisas. Para as mulheres, o
top também é exigido.
O ringue de combate pode ter entre 6 a 10 metros (pequeno) ou de 7 a 30 metros
(grande). A luta tem 5 rounds, cada um com três minutos de duração e dois minutos de
intervalo. São responsáveis pela luta, um árbitro de ringue, um responsável máximo do
confronto e três juízes.
Vence a luta aquele que consegue nocautear o adversário. O nocaute pode aconte-
cer quando um lutador é derrubado e não consegue se levantar dentro da contagem de 10
segundos, ou em caso de nocaute técnico, que é determinado quando um dos competido-
res está ferido ou debilitado. A luta também pode ser encerrada por recomendação médica.
Caso os dois competidores estejam seriamente feridos e tiverem sido realizados menos de
três rounds, é declarado empate.
Caso não haja nocaute, o vencedor pode ser definido por um sistema de pontua-
ção. Os lutadores também perdem pontos quando cometem alguma infração como morder,
cuspir, ou cabecear o adversário; realizar bloqueio de braços; segurar as cordas do ringue;
ofender ou desferir palavrões durante a luta; ferir o adversário após a paralisação do com-
bate; atingir propositalmente a região pélvica do oponente (SOUZA; FARJE, 2019).
A pontuação funciona no sistema de 10 pontos por round: O lutador que vence o
round soma 10 pontos; o outro 9 pontos. Em caso de queda, o ganhador do round leva 10
pontos e o outro 8. No caso de empate no round, cada lutador leva 10 pontos (SOUZA;
FARJE, 2019).

5.4 Graduação no Muay Thai


Não existe uma graduação no Muay Thai original tailandês. Lá os praticantes ape-
nas são divididos em profissionais e amadores. E classificados conforme a sua experiência
em combate. Aqueles que nunca competiram são considerados estreantes, e conforme vão
adquirindo experiência avançam para iniciantes, intermediários e profissionais.
No ocidente são utilizadas diferentes formas de graduação, criadas por federações
e mestres com o objetivo de avaliar e graduar os praticantes. Em geral, a graduação é
indicada pela cor do prajiad, que é uma faixa usada geralmente no braço esquerdo. As
cores podem variar de acordo com a região e a federação que o praticante faz parte. Em
geral, o iniciante é sinalizado com a cor branca, e o grão-mestre, graduação mais alta, tem
as cores preto, branca e vermelha.

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FIGURA 10 - LUTADORES AMADORES DURANTE UMA COMPETIÇÃO NA TAILÂNDIA.

Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Muay_thai. Acesso em 21.set.2021

5.5 Técnicas Básicas


O Muay Thai é conhecido como a “arte das oito armas”, devido a possibilidade de
golpes executados com as partes do corpo (punhos, cotovelos, joelhos e canelas/pés).
A posição básica, muito semelhante ao Boxe, também é uma técnica de defesa,
pois facilita o posicionamento do corpo nos bloqueios dos golpes do adversário. Em relação
aos ataques as técnicas podem ser divididas em:
a) Golpes de pernas: nesta categoria são incluídos os chutes, que podem ser
dados com qualquer parte do pé (pontapé, calcanhar) junto com movimento de
rotação de tronco e pernas. Também são incluídas as joelhadas, que são uma
das armas mais letais desta modalidade. Os joelhos podem atacar quase todas
as partes do corpo, inclusive a cabeça.
b) Golpes de braços: nesta categoria estão inclusos os socos e as cotoveladas,
bastante características desta modalidade.

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6. KUNG FU

6.1 Um pouco de história


Kung fu ou Wushu, como é conhecido na China, é a expressão comumente utilizada
para designar centenas de estilos de artes marciais chinesas. Esse termo é usado somente
no dialeto chinês falado em Hong Kong, e se popularizou devido aos filmes de Bruce Lee,
que viveu nesta região.
Acredita-se que a origem do Kung fu data de mais de 4000 anos, contudo os re-
gistros mais antigos são do período da Dinastia Chang (1766 – 1122 a.C.). O Kung fu era
popular entre os guerreiros, suas técnicas e movimentos se basearam em movimentos
da natureza, imitação do movimento da garça, urso, louva-deus, veado, macaco e tigre
(ACEVEDO; CHEUNG; GARCIA, 2010; TORRES, 2011).
Os sistemas modernos de Kung fu surgiram durante a Dinastia Ming (1368-1644) e
somente de 1958 é que o governo chinês estabeleceu um regulamento para o treinamento
dessas artes marciais, com o objetivo de introduzir a prática nas escolas e universidades.

6.2 A chegada do Kung Fu no Brasil


No Brasil, os registros apontam que o Kung fu teve seu berço na cidade de São
Paulo, na década de 1940, pelo mestre W. Lee Chang. Entretanto, é possível que antes
disso já houvesse a prática de algum estilo de Kung fu em terras brasileiras, uma vez que
os primeiros imigrantes chineses chegaram aqui no século XIX (ACEVEDO; CHEUNG;
GARCIA, 2010).

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Combate 51
6.3 Características gerais do Kung Fu
Descrever tecnicamente o Kung fu, da mesma forma que foi feito com as demais
modalidades estudadas nesta unidade seria reduzir demasiadamente a riqueza das possi-
bilidades e da história das artes marciais chinesas. Por isso, nesta sessão serão apresen-
tados alguns princípios filosóficos que baseiam essas artes, as classificações mais comuns
dos estilos e algumas características técnicas.
Além dos movimentos de luta, é característico do Kung fu o exercício da respiração.
Sua prática busca o desenvolvimento do corpo, por meio das técnicas de defesa pessoal,
mas também o aprimoramento do espírito com princípios que derivam do taoísmo e do bu-
dismo. Assim, de acordo com o foco principal da prática, os estilos podem ser classificados
em internos (wàijia), aqueles centrados nos princípios de desenvolvimento da respiração
e energia advindos do taoísmo, e os externos (neijia), com foco maior nas técnicas de
movimento e na filosofia budista (TORRES, 2011).

FIGURA 11 - MONGES SHAOLIN REALIZANDO UMA DEMONSTRAÇÃO DE KUNG FU NA CHINA

Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Muay_thai. Acesso em 21.set.2021

Os estilos desenvolvidos no norte do país, denominados Changquan, tendem a


valorizar mais a força dos membros inferiores, enquanto os do sul, chamados Nanquan,
a força dos membros superiores. Os primeiros viviam nas montanhas, enquanto os outros
costumavam remar e trabalhar nas colheitas.
Somente dois estilos são reconhecidos como modalidades esportivas de combate
pela Federação Internacional de Wushu, o Sanshou, que aqui é popularmente conhecido
como Kickboxing e o Taolu.

UNIDADE II
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Esportesde
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Combate 52
Alguns estilos envolvem técnicas de socos, chutes, imobilizações e quedas. Tam-
bém podem utilizar algumas armas como a espada, a lança, o bastão e o sabre. Assim,
outra forma de classificação pode ser adotada para as artes chinesas:
a) Kan-shu: artes que empregam golpes traumáticos
b) Tao-shu: artes que empregam a espada
c) Chi-shu: artes que empregam golpes de arremesso
d) Chiao-li: arte de lutar corpo a corpo com chaves e estrangulamentos
e) Chin-na: artes que empregam pressões e torções nos pontos vitais
f) I-shu: artes que se baseiam em sequências clássicas de movimento

SAIBA MAIS

A animação Kung Fu Panda foi produzida pela DreamWorks Animation e lançada em


2008, fazendo bastante sucesso entre o público, especialmente o infantil. A animação
conta a história de um panda desajeitado que adora Kung Fu. Uma curiosidade bastante
peculiar é que Os Cinco Furiosos (Tigresa, Macaco, Garça, Víbora e Louva-a-Deus) são
especialistas em estilos de Kung Fu baseados nos próprios animais.

Fonte: KUNG FU PANDA: As melhores curiosidades. Minha Série Favorita, 2021. Disponível em: https://

minhaseriefavorita.com/2018/09/13/kung-fu-panda-as-melhores-curiosidades/. Acesso em 06 de maio de

2021.

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Combate 53
7. TAEKWONDO

7.1 Um pouco de história


O Taekwondo é uma arte marcial de origem coreana. Numa tradução literal,
Taekwondo significa “arte de usar os pés e as mãos na luta”. O Taekwondo se originou
de uma antiga arte marcial coreana, o Soo Bahk Do. Há cerca de 2000 anos, a Coréia
era dividida em três reinos: Koguryo, Paekche, Silla. Este último, o menor dos três, sofria
constantes ataques dos outros dois reinos. Para se defender, foi formado um exército que
utilizava esta arte marcial para se defender (MARTA, 2000).
Ao longo do tempo as técnicas foram sendo aprimoradas e popularizadas, até
que em 1909 a Coreia do Sul foi invadida pelo Japão. Os japoneses proibiram a prática
de qualquer arte marcial pelos coreanos. A prática do Taekwondo só foi retomada em
1945 após o final da Segunda Guerra Mundial. Em 1955, um grupo de praticantes
conseguiu unificar diversos estilos, que foram oficialmente denominados Taekwondo
(MARTA, 2000; RIOS, 2005).
O primeiro campeonato aconteceu em 1964, na Coreia. Com o objetivo de disse-
minar esta arte marcial para o mundo, o general Choi Hong Hi treinou diversos mestres e
instruí-os para que fossem levar o Taekwondo para outros países (MARTA, 2000).

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Combate 54
7.2 A chegada do Taekwondo no Brasil
O Taekwondo chegou ao Brasil em julho de 1970, trazido pelo grão-mestre Sang
Min Cho, que foi enviado oficialmente pela International Taekwondo Federation, Ele fundou
a Academia Liberdade, na cidade de São Paulo. Em 1973, foi disputado o primeiro campeo-
nato brasileiro da modalidade.
Atualmente, esta modalidade é praticada em diversas partes do país, inclusive com
atletas de destaques tanto nos campeonatos mundiais quanto nos Jogos Olímpicos.

7.3 Taekwondo nas Olimpíadas


O Taekwondo estreou nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000. Antes disso, esta
modalidade esteve presente nos Jogos de Seul (1988) e Barcelona (1992) apenas como
esporte de demonstração.
Nas Olimpíadas, o Taekwondo é disputado por homens e mulheres em quatro cate-
gorias, conforme o peso dos lutadores: peso mosca (menos que 58 kg), peso leve (58 a 68
kg), peso médio (68 a 80 kg) e peso pesado (acima de 80 kg).
O Brasil já obteve duas medalhas de bronze, uma com Natália Falavigna nos Jogos
de Pequim em 2008; e a outra com Maicon Andrade, nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.

7.4 Regras Gerais do Taekwondo


As lutas acontecem em uma área quadrada (12x12m). Ao redor dessa, há uma
margem com 1 metro de largura, denominada área de atenção. Os competidores não po-
dem cruzar essa linha.
Durante a luta, os combatentes devem utilizar equipamentos de proteção para
o tórax, cabeça, genital, antebraço, parte anterior das pernas e seios (somente para as
mulheres). Os protetores são nas cores azul e vermelho, permitindo assim que os atletas
sejam identificados.
As lutas com competidores faixas-pretas têm a duração de três rounds de dois
minutos cada, para os demais, dois rounds de 90 segundos. A pontuação da modalidade é
a seguinte:
a) Chute no tórax: 1 ponto;
b) Chute giratório ou saltando no tórax: 2 pontos;
c) Chute na cabeça: 3 pontos (permitido apenas na categoria faixa-preta).

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Caso um dos lutadores vá à knockdown (o mesmo que derrubar com um golpe), se
abrirá uma contagem de 10 segundos para que este se levante, e acrescentará um ponto
para aquele que desferiu o golpe. Caso não haja a finalização, a luta é decidida pelos
árbitros, de acordo com a pontuação obtida.

7.5 A graduação no Taekwondo


A graduação no Taekwondo é representada pela cor da faixa, amarrada ao redor
da cintura do competidor. Os graus são representados por Gub, para os iniciantes, e Dan,
para os mais experientes.

QUADRO 4 - COR DE FAIXA DE ACORDO COM A GRADUAÇÃO NO TAEKWONDO

Graduação Cor da Faixa


10o Gub Branca
9o Gub Branca ponteira amarela
8o Gub Amarela
7o Gub Amarela ponteira verde
6o Gub Verde
5o Gub Verde ponteira azul
4o Gub Azul
3o Gub Azul ponteira vermelha
2o Gub Vermelha
1o Gub Vermelha ponteira preta
1o Dan Preta

Fonte: CBTKD, 2021

7.6 Técnicas Básicas


Considerando as competições oficiais, basicamente as técnicas do Taekwondo
podem ser de dois tipos:
a) Técnica de punho (soco): ataques usando a parte da frente do dedo indicador e
o dedo do meio, fechados e apertados junto ao punho. É permitido golpear com
a parte frontal do dedo indicador e médio com o punho fechado em qualquer
ângulo, trajetória ou colocação do punho na aplicação da técnica. –
b) Técnica de pé (chutes): golpes usando a parte do pé abaixo do osso do calca-
nhar. Não é permitido usar o joelho ou qualquer outra parte da perna acima do
tornozelo.

Os golpes apenas só serão válidos se forem desferidos na parte frontal do tórax


(entre a axila e o quadril) e do rosto (incluindo as orelhas). Golpes aplicados na região das
costas ou na parte de trás da cabeça (nuca) são penalizados.

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8. ESGRIMA

8.1 Um pouco de história


Não diferente dos outros esportes de combate, a Esgrima surgiu como uma evo-
lução de uma técnica de guerra e de combate, neste caso com o uso de um implemento.
Sua origem se relaciona com o desenvolvimento da humanidade, especialmente a partir da
descoberta e do uso das ligas metálicas, momento no qual começaram a ser desenvolvidas
as armas de combate (ALVES, 2018; RIBEIRO; CAMPOS, 2007).
Os historiadores dividem a história da Esgrima em quatro partes, de acordo com a
evolução e o uso dos implementos. A primeira parte compreende desde o período pré-his-
tórico até o século XVI, caracterizado por uma Esgrima de impacto. Diversas civilizações,
como egípcios, gregos e romanos, usavam as armas para dar pancadas. Além do combate
de guerra, o combate também era forma de entretenimento, com os gladiadores. O uso do
cavalo e desenvolvimento de armaduras valorizaram ainda mais o combate com as armas
de percussão. O desenvolvimento de técnicas de forja, as lâminas foram se tornando mais
fortes e finas, aumentando o uso da ponta e modificando as técnicas de combate (ALVES,
2018; RIBEIRO; CAMPOS, 2007).
Num segundo período, entre os séculos XVI e XVIII, além dos combates com o
uso de cavalos, armaduras e armas, também surgiram os torneios que movimentavam
senhores feudais e súditos pela Europa. Neste período também surgem as armas de fogo
portáteis e as espadas com lâminas finas e resistentes, capazes de ferir os combatentes

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Combate 57
através das articulações das armaduras. O punhal, que permitia uma luta mais próxima e
rápida também passa a ser utilizado. Assim, este período é marcado com o fim da lança e do
escudo e o início do uso da espada e da adaga (ALVES, 2018; RIBEIRO; CAMPOS, 2007).
No século XVII, surgem as primeiras escolas de esgrima na França, com o de-
senvolvimento de técnicas e escolas, e algumas regras de combate. Os duelos encantam
a nobreza, sendo praticados por homens e mulheres. No final do século XVIII, a Esgrima
inicia seu terceiro momento histórico, com a criação da máscara de proteção e a restrição
de sua prática ao âmbito esportivo. Os duelos foram extintos no final do século XIX, sendo
substituídos pelas competições com uso de árbitros. Finalmente, a Esgrima alcança sua
esportivização máxima, com a inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos de 1896, em
Atenas. E as regras internacionais, em 1913 (ALVES, 2018; RIBEIRO; CAMPOS, 2007).

8.2 A chegada da Esgrima no Brasil


No Brasil, a Esgrima chegou no período imperial, principalmente com o incentivo
de Dom Pedro II, em implementar as tropas com o sabre. Em 1858, foi fundada uma escola
de Esgrima em São Paulo e ela também passa a fazer parte dos cursos de Infantaria e
Cavalaria da Escola Militar de Realengo. Durante o final do século XIX e início do século
XX, vários cursos e escolas de Esgrima são criados, geralmente ligados a grupos militares
e de infantaria. Em 1909, é criado o curso de Esgrima na Escola de Educação Física da
Força Pública de São Paulo (RIBEIRO; CAMPOS, 2007).
Em 1927 é criada a União Brasileira de Esgrima, que mais tarde se filiaria à Fede-
ração Internacional de Esgrima, permitindo a participação da equipe brasileira nos Jogos
Olímpicos. O Curso de Mestre d’Armas, criado em 1937 pelo Exército, e mantido até os dias
atuais, é o único do país e muito contribui para a formação de atletas brasileiros (RIBEIRO;
CAMPOS, 2007).

8.3 Esgrima nas Olimpíadas


Apesar de parecer que é apenas uma luta de espadas, são três as disciplinas da
Esgrima: o florete, o sabre e a espada. As diferenças estão no formato das lâminas, no
funcionamento das armas e nas zonas do corpo onde o toque é válido.
Como já vimos, a Esgrima está presente desde os primeiros Jogos Olímpicos mo-
dernos, em Atenas, 1896. Nesta primeira edição, as disputas eram exclusivamente mascu-
linas, e somente o florete e o sabre eram utilizados. A espada começou a ser disputada em
1900. Em 1924, as mulheres também passaram a competir na modalidade, mas somente
no sabre. Para elas, a espada só foi permitida a partir dos Jogos de Atlanta, em 1996, e o
sabre, nos Jogos de Atenas em 2004.

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Desde os Jogos de Berlim, em 1936, são utilizados equipamentos elétricos nas
disputas de Esgrima, facilitando a atuação dos árbitros diante dos movimentos rápidos e
dinâmicos, que por vezes confundiam os resultados.

8.4 Regras Gerais


Primeiro, é importante diferenciarmos os três implementos que podem ser utilizados
para a prática deste Esporte de Combate, o florete, a espada e o sabre (CBE, 2021):
a) Florete: é a arma mais comum, bastante flexível, sem corte ou ponta. Por ser
leve, exige técnica elegante e complexa, sendo considerada a mais difícil das
armas. Na esgrima de florete o objetivo é acertar a ponta na região do tronco
do oponente.

FIGURA 14 - DESTAQUE PARA A ÁREA DO CORPO A QUAL É PERMITIDO O TOQUE COM O

FLORETE (ESQUERDA). MEDIDAS E DESENHO COM DETALHES DE UM FLORETE (DIREITA)

Fonte : CBE, 2021.

b) Espada: a espada era utilizada nos duelos do século XIX. Essa arma tem a
lâmina mais dura e pontiaguda, e durante a competição pode tocar em qualquer
parte do corpo do adversário. Por esta característica, favorece os lutadores
mais altos e exige uma postura mais ereta durante o combate, para não deixar
a parte inferior do corpo exposta ao adversário.

Sabre: é a arma de duelo mais ágil e violenta, tem a lâmina mais flexível dos três
implementos e pode tocar o adversário tanto com a ponta quanto com a lâmina. Por esse
motivo, a esgrima de sabre exige bastante preparo físico e agilidade do combatente. Para o
toque ser válido, ele deve ocorrer na cabeça, tronco e membros superiores, exceto a mão,
do adversário.

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Combate 59
A pista de esgrima tem 14 metros de comprimento com largura entre 1,5 e 2 metros.
Durante o combate, o esgrimista pode sair da pista pela lateral, desde que recue 1 metro no
retorno. Se ele sair pelo fundo, é penalizado, com um ponto para o adversário.
As roupas de esgrima são tradicionalmente brancas, e contém jaqueta, luvas, calça,
máscara e plastrom além dos fios elétricos e a arma. Enquanto as mulheres usam proteto-
res especiais para os seios. Antes do surgimento dos sensores eletrônicos, as armas eram
mergulhadas em tinta para facilitar o trabalho dos juízes ou então utilizava-se giz na ponta
para indicar o golpe.
O combate se inicia com um cumprimento entre os adversários antes de colocarem
as máscaras. No florete e no sabre, existe o chamado “direito de passagem” ou “frase
d’arma”, que consiste na prioridade de quem iniciou o ataque de ganhar o ponto se houver
toque simultâneo. Se errar o ataque ou se o adversário conseguir se defender antes da
resposta, a vantagem passa para o adversário. No caso de acontecer toques simultâneos
sem prioridade, ninguém pontua. Na espada, caso ocorra toque simultâneo, ambos os
adversários ganham um ponto. Se houver empate num combate de espada, é normal dar
aos jogadores alguns minutos para descansar antes que se continue o combate para o
toque de desempate. Em raras ocasiões, quando continua se dando a situação de empate,
é possível que haja um sorteio que eleja o vencedor.
Em geral, na etapa classificatória são necessários cinco toques ou três minutos
para se vencer. Na etapa eliminatória são precisos quinze toques ou nove minutos. Essas
regras podem variar de acordo com a competição, o órgão responsável e a categoria dos
competidores.
Quanto à graduação, na esgrima existe o nivelamento de habilidades que são
expressas nos brasões de cores amarela, laranja, verde, azul, vermelho e preto. Cada
esgrimista pode avançar um brasão por ano. Ao fazer o exame de brasão com o mestre e
obter pleno sucesso, o atleta ganha um certificado e um brasão para colocar na jaqueta no
braço da mão armada.
As categorias para as competições variam de acordo com o sexo e com a idade,
com adequação das regras, como peso do implemento e tempo de luta, de acordo com
essas categorias.

REFLITA

O bom combate é aquele travado em nome dos nossos sonhos. Atacar ou Fugir fazem
parte da luta. O que não faz parte da luta é ficar parado.

Fonte: Paulo Coelho.

UNIDADE II
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizamos a Unidade II e agora você conhece com mais detalhes alguns dos
Esportes de combate mais populares atualmente. Conseguimos fazer um passeio pela
história e por algumas das mais ricas culturas da humanidade.
A partir de agora, ao assistirmos algumas das modalidades estudadas numa com-
petição ou mesmo nos Jogos Olímpicos, não o faremos com olhar semelhante a antes de
conhecermos este conteúdo.
Com certeza, há muitas outras modalidades de Esportes de Combate que não
foram abordadas neste conteúdo, mas esta é apenas a porta para adentrar neste inte-
ressante mundo das lutas e artes marciais. Também nos abre diversas possibilidades de
trabalhar com este conteúdo no ambiente escolar e em espaços não formais. Mas isso é
assunto para um próximo capítulo.

Até breve!

UNIDADE II
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LEITURA COMPLEMENTAR

Para a leitura complementar, temos como sugestão dois artigos que tratam acerca
dos processos históricos de duas das modalidades exploradas nesta Unidade II: o Muay
Thai e o Boxe. No primeiro artigo, Junior e Capraro (2020) contam um pouco sobre o
processo histórico da Muay Thai no Brasil e como aconteceram algumas mudanças carac-
terísticas da modalidade após a chegada em nosso país. Já a pesquisa de Monteiro (2020),
conta a história do Boxe inglês e as adaptações técnicas que a luta sofreu ao longo dos
séculos XVIII e XIX.

JUNIOR, Ivo Lopes Muller; CAPRARO, André Mendes. Uma identidade guerreira
forjada “à base” das joelhadas e cotoveladas: as narrativas dos primeiros mestres do muay
thai brasileiro. Revista de Artes Marciales Asiáticas (RAMA), v. 15, n. 1, p. 22-33, 2020.

MONTEIRO, Fabrício. Transformações técnicas das lutas sob uma óptica da Histó-
ria Social: o boxe inglês entre os séculos XVIII e XIX. Temporalidades, ed, v. 24, p. 178-203.

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Combate 62
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Os três mestres do Budô
Autor: John Stevens
Editora: Cultrix
Sinopse: O livro faz uma apresentação e uma contextualização
dos mestres criadores e responsáveis por divulgar as artes mar-
ciais japonesas mais populares no ocidente, o Judô, o Karatê e
o Aikido. Quais as semelhanças e diferenças entre Jirogo Kano
(Judô), Gichin Funakoshi (Karatê) e Morihei Ueshiba (Aikido)? O
livro também aborda como eles se conheceram e interagiram de
diversas maneiras fascinantes.

FILME/VÍDEO
Título: Rocky: um lutador
Ano: 1976
Sinopse: Rocky Balboa, um pequeno boxeador da classe traba-
lhadora da Filadélfia, é arbitrariamente escolhido para lutar contra
o campeão dos pesos pesados, Apollo Creed, quando o adversário
do invicto lutador agendado para a luta é ferido. Durante o treina-
mento com o mal-humorado Mickey Goldmill, Rocky timidamente
começa um relacionamento com Adrian, a invisível irmã de Paulie,
seu amigo empacotador de carne.

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Introdução aos
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Combate 63
UNIDADE III
Esportes de Combate na Escola
Professora Ma. Kauana Borges Marchini

Plano de Estudo:
● Desafios para o ensino dos Esportes de Combate na Escola;
● Esportes de Combate e o planejamento da Educação Física Escolar;
● Prática Pedagógica: como trabalhar com os Esportes de Combate na Escola;
● Cuidados e Segurança.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os principais desafios para o ensino
dos Esportes de Combate em ambiente escolar;
● Conhecer e compreender os principais documentos norteadores para a inclusão e pla-
nejamento dos Esportes de Combate como conteúdo da Educação Física;
● Conhecer algumas estratégias pedagógicas para trabalhar
com os Esportes de Combate na escola;
● Compreender algumas normas para o cuidado e segurança
na prática dos Esportes de Combate.

64
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a),

Vamos continuar nossos estudos sobre os Esportes de Combate. Esta unidade foi
preparada com muito carinho para que você possa conhecer melhor os aspectos relaciona-
dos ao ensino dos Esportes de Combate na Educação Física Escolar.
Você sabia que este conteúdo é um dos conteúdos básicos da Educação Física,
juntamente com a ginástica, a dança e os esportes? Por isso esse conteúdo é tão importante.
No início da nossa unidade iremos conhecer os desafios para o Ensino dos Es-
portes de Combate na Escola. Em seguida veremos alguns aspectos que auxiliarão no
planejamento deste conteúdo para as aulas de Educação Física. No terceiro capítulo,
conheceremos algumas estratégias para enriquecer nossa prática pedagógica e por fim
veremos alguns cuidados e normas de segurança ao ensinar e praticar as modalidades de
Esportes de Combate.
Espero que este material seja um ponto de partida motivador na sua carreira profis-
sional quanto ao conhecimento dos Esportes de Combate e a real possibilidade de inserir
este conteúdo nas aulas de Educação Física.

Bons estudos!

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 65


1. DESAFIOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES DE COMBATE NA ESCOLA

Nas duas unidades anteriores, nós pudemos observar a diversidade e a riqueza


do conteúdo dos Esportes de Combate, que não se resumem apenas aos seus aspectos
técnicos. Como já dito anteriormente, as lutas, e por conseguinte, os Esportes de Combate
fazem parte da história humana e vão além das práticas corporais de movimento, envolvem
aspectos históricos e culturais de suas origens e práticas atuais.
Na educação física escolar este conteúdo está previsto, juntamente com os jogos,
esportes, danças e ginásticas nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s (BRASIL,
1997) e, mais recentemente na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2017).
O intervalo entre esses dois documentos norteadores da educação brasileira, e mais espe-
cificamente, do ensino da educação física escolar é de 20 anos. Ainda assim, percebemos
a dificuldade da inclusão de alguns conteúdos na prática pedagógica da educação física.
Desse modo, temos que abrir espaço aos questionamentos e à discussão que norteiam
quais os desafios para o ensino dos esportes de combate na escola.
O principal ponto dessa discussão é entender os motivos que levam ao distancia-
mento entre o conteúdo previsto e aquele que é realmente ensinado nas escolas. Essa
barreira está relacionada, primeiramente, ao currículo de formação profissional dos profes-
sores (COSTA et al., 2019; HARNISCH et al, 2018).

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 66


O avanço da formação de professores na licenciatura em educação física para
além de uma abordagem tecnicista é relativamente recente quando comparado aos mais
antigos cursos de graduação em educação física no nosso país. Por esse motivo, em mui-
tas universidades, apesar do avanço curricular na abordagem do conteúdo de lutas, artes
marciais e esportes de combate, o ensino efetivo acaba restrito a uma única modalidade.
Isso se dá, pois, muitos professores que ministram esse conteúdo na graduação tiveram
contato com alguma modalidade específica como praticante (HARNISH et al, 2018).
Como aponta De Matos et al (2015), este ensino tecnicista e restrito não atende às
necessidades pedagógicas da realidade escolar, por isso a necessidade de proporcionar
um conhecimento mais “prático” e próximo da realidade escolar ao profissional em forma-
ção. Uma vez que, como indica Harnisch et al (2018):
...para desenvolver este conteúdo no ambiente escolar não é necessário que
o professor tenha amplos conhecimentos sobre modalidades específicas de
lutas. Mas, que possua os conceitos básicos para sentir-se competente para
recriar sua prática e atuar de maneira transformadora. (HARNISH et al., 2018,
p. 182).

Assim, eventuais lacunas oriundas da formação inicial podem ser preenchidas com
cursos de formação e aperfeiçoamento. Se feito de maneira contínua, além da atualização
constante, é possível sempre agregar novidades na abordagem do conteúdo. Ou seja, a
formação do professor não pode parar na formação inicial, ele sempre deverá buscar meios
(cursos, palestras, oficinas), que podem ser próprios ou oferecidos pelo local em que ele
trabalha – escola, secretaria de educação, grupo de estudos – para se atualizar e continuar
aprimorar sua prática profissional, independente da área em que ele trabalhe.
Quando analisamos as dificuldades apontadas pelos professores na escola, além
da questão anteriormente abordada da falta de contato e conhecimento do conteúdo
durante a formação acadêmica, também são apontados a falta de infraestrutura (espaço,
material, vestimenta) e a associação do conteúdo dos Esportes de Combate com a vio-
lência (COSTA et al, 2019).
Sobre a questão da infraestrutura, cabe destacar a necessidade de avançar o ensi-
no desse conteúdo para além da técnica desportiva, há propostas pedagógicas que propõe
o ensino desse conteúdo de maneira geral e com abordagem lúdica, sem o foco específico
numa modalidade. Desse modo, além de não exigir do professor uma formação técnica
muito especializada, também abre possibilidades de abordagens ajustadas à infraestrutu-
ra da escola, ou seja, não é necessário tatames, roupas diferenciadas ou equipamentos
adicionais, caso estes não estejam disponíveis (HARNISCH et al, 2018). Mais adiante,
trataremos sobre as práticas pedagógicas no ensino dos Esportes de Combate e será
possível visualizar exemplos práticos.

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 67


A associação dos Esportes de Combate com a violência não é algo incomum. Esse
(pré)conceito pode ocorrer tanto entre os professores, como apontou uma pesquisa reali-
zada por De Matos et al. (2015); como entre os alunos, conforme indicou a pesquisa de De
Lima Junior e Junior (2011). Nesta última, os resultados demonstraram que 80% dos alunos
entrevistados acreditavam que esse conteúdo estimulava a violência, contudo após uma
intervenção com a abordagem desse conteúdo, esse número se reduziu a 8%.
Na Unidade I deste material, já abordamos acerca da diferença entre as brigas e os
Esportes de Combate, e aqui fica mais evidente a importância de entender aquele conteúdo
e conseguir desmistificar essa associação errônea. Lembrando que a principal diferença
entre eles é que na briga não há regras, geralmente movido por sentimentos negativos
como a raiva usa-se a força para machucar o adversário. Já nos Esportes de Combate
existem as regras que devem ser seguidas para alcançar a vitória. Na verdade, apresentar
essa diferença é uma das formas de se trabalhar este conteúdo e também trazer para o
debate entre os alunos questões acerca da violência e da agressividade, mas veremos isso
com mais detalhes posteriormente.

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 68


2. ESPORTES DE COMBATE E O PLANEJAMENTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR

Anteriormente abordamos sobre os desafios para o ensino dos Esportes de Com-


bate na escola. Mais do que simplesmente uma possibilidade de conteúdo da Educação
Física escolar, os Esportes de Combate estão contidos nos documentos norteadores para
o planejamento curricular nacional. Assim, a fim de compreendermos como este conteú-
do pode ser trabalhado no contexto escolar, temos que conhecer como ele é abordado
nestes documentos.
São dois os documentos nacionais norteadores para o ensino da Educação Física
escolar: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PNC) (BRASIL, 1997) e a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017). Não é nosso objetivo discutir neste tópico
quais os pressupostos que levaram a construção destes dois documentos e nem discutir
quaisquer implicações deles na prática pedagógica. Desse modo, o foco neste momento é
apenas conhecer como o conteúdo estudado nesta disciplina – Esportes de Combate – está
contemplado em ambos os documentos, além de apresentar exemplos de como abordar
este conteúdo na prática pedagógica.
Tanto os PCN quanto a BNCC são diretrizes que objetivam nortear a prática
pedagógica na escola. O primeiro ponto a destacar é que, em ambos os documentos,
essa temática não está denominada como Esportes de Combate, mas sim como Lutas,
ou seja, a abordagem se dá de forma generalizada. Como já vimos nas Unidades I e II

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 69


dessa disciplina, há uma evolução das lutas aos Esportes de Combate. Muitas práticas
classificadas apenas como lutas, são na verdade, Esportes de Combate. Ainda assim, para
facilitar o entendimento do conteúdo a seguir, utilizaremos a denominação apresentada
pelos documentos – Lutas.
Primeiramente, temos que entender que a Educação Física é o campo de estudo
e desenvolvimento da cultura corporal de movimento, isto é, a abordagem de qualquer
assunto exige ir além de apenas experiências técnicas ou habilidades motoras. Há história
e cultura por trás de cada prática corporal que realizamos. Juntamente com cada capaci-
dade física trabalhamos a cooperação, o socioafetivo, o trabalho em equipe, a atenção, a
concentração, a memória, as capacidades sociais (BRASIL, 1997).
Nos PCN as lutas são entendidas como:
Disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante téc-
nicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de
um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Ca-
racterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de
violência e de deslealdade (BRASIL, 1997, p. 37).

A forma de abordagem desse conteúdo vai variar de acordo com a faixa etária dos
alunos, do mais simples ao mais complexo, sempre com o objetivo de desenvolver as capa-
cidades físicas, as habilidades motoras e expressões pessoais. Contudo, essa abordagem
deve ser feita em três dimensões (BRASIL, 1997):
1) Conceitual: trabalha os conceitos, fatos e regras de cada modalidade;
2) Procedimental: são as vivências práticas, relacionadas aos gestos, movimentos
e técnicas;
3) Atitudinal: se refere às normas, atitudes e valores que estão presentes nas lutas.
Mais recentemente, foi lançada a BNCC, cujo componente curricular de Educação
Física, tem seis unidades temáticas: brincadeiras e jogos, esportes, ginásticas, danças,
práticas corporais de aventuras e lutas. Este último definido como:
disputas corporais, nas quais os participantes empregam técnicas, táticas
e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o
oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa
dirigidas ao corpo do adversário (BRASIL, 2017, p. 218) 

O documento destaca que todas as práticas corporais podem ser objetos de estudo em
qualquer etapa do ensino. Além disso, elas devem ser reconstruídas e adaptadas às condições
da escola, mas considerando sempre desenvolver os conteúdos dentro das oito dimensões do
conhecimento: experimentação, uso e apropriação, fruição, reflexão sobre a ação, construção
de valores, análise, compreensão e protagonismo comunitário (BRASIL, 2017).

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 70


É sempre importante enfatizar que esses documentos são norteadores, ou seja,
apresentam sugestões que devem sempre ser adequadas ao planejamento e à realidade
local. No caso das lutas, na BNCC, ela é apresentada como unidade temática do ensino
fundamental, como veremos a seguir.
No organizador curricular, as lutas são propostas a partir do 3º ano do ensino
fundamental. Como objeto de conhecimento, do 3º ao 5º ano do ensino fundamental são
propostos trabalhar as lutas no contexto comunitário e regional, além das de matriz indígena
e africana. No 6º e 7º anos, as lutas no Brasil e no 8º e 9º anos, as lutas no mundo.

QUADRO 1 - OBJETOS DE CONHECIMENTO E HABILIDADES PARA TRABALHAR O

CONTEÚDO DE LUTAS DO 3º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

OBJETOS DE
HABILIDADES
CONHECIMENTO
Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no contex-
to comunitário e regional e as lutas de matriz indígena e africana.
Lutas do contexto Planejar e utilizar estratégias básicas de lutas no contexto co-
comunitário e munitário e regional e lutas de matriz indígena e africana experi-
regional mentadas, respeitando o colega como oponente e as normas de
Lutas de matriz segurança.
indígena e africana Identificar as características das lutas no contexto comunitário e
regional e lutas de matriz africana e indígena, reconhecendo a
diferença entre lutas e brigas e as demais práticas corporais.

Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).

Nesta etapa o conteúdo pode ser trabalhado com lutas de desequilíbrio, puxar,
empurrar. Também é possível pesquisar as lutas praticadas na região, que mais adiante
serão recriadas e experimentadas pelos alunos. Sempre conceituando e caracterizando
cada modalidade e adaptando ao contexto escolar. O conceito e a diferenciação entre lutas
e brigas também pode ser abordado.

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 71


QUADRO 2 - OBJETOS DE CONHECIMENTO E HABILIDADES PARA TRABALHAR O

CONTEÚDO DE LUTAS DOS 6º E 7º ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

OBJETOS DE
HABILIDADES
CONHECIMENTO
Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas, valorizando a segu-
rança e integridade física sua e dos demais colegas.
Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas no Brasil, respei-
tando o colega como oponente.
Identificar as características (códigos, rituais, elementos técni-
Lutas do Brasil
cos-táticos, indumentária, materiais, instalações, instituições)
das lutas do Brasil.
Problematizar preconceitos e estereótipos relacionados ao uni-
verso das lutas e demais práticas corporais, propondo alterna-
tivas para superá-los, com base na solidariedade, na justiça, na
equidade e no respeito.

Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).

Nesta fase o conteúdo abordado será um pouco mais abrangente, com a apre-
sentação das lutas e agora também os esportes de combate mais praticados no Brasil. A
abordagem vai desde o conteúdo histórico até as eventuais problematizações que envol-
vam as modalidades estudadas. Para que o aluno possa ter uma vivência mais rica, além
dos jogos e dos aspectos gerais das modalidades abordadas, o professor também pode
convidar especialistas na(s) modalidade(s) estudada(s).

QUADRO 3 - OBJETOS DE CONHECIMENTO E HABILIDADES PARA TRABALHAR O

CONTEÚDO DE LUTAS DOS 8º E 9º ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

OBJETOS DE
HABILIDADES
CONHECIMENTO
Experimentar e fruir a execução dos movimentos pertencentes
às lutas do mundo, adotando procedimentos de segurança e res-
peitando o oponente.
Lutas do Mundo Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas experimentadas,
reconhecendo suas características técnico-táticas.
Discutir as transformações históricas, o processo de esportiviza-
ção e a midiatização de uma ou mais lutas, valorizando e respei-
tando as culturas de origem.

Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 72


Assim como foi feito em contexto nacional nos anos anteriores, agora a abran-
gência é mundial. Aspectos históricos e técnicos-táticos serão estudados e vivenciados
nesta etapa. Além disso, o professor traz à luz da discussão as questões relacionadas à
esportivização e a midiatização dessas modalidades.
O ensino médio também não é abordado diretamente nestes documentos quanto
ao ensino das lutas. Mas a expectativa é que esse conteúdo avance em conjunto com
outras temáticas, de maneira multidisciplinar, se possível.
Observando os dois documentos, mas especialmente a BNCC, vemos que há um
fio condutor que visa orientar e facilitar o planejamento do professor para trabalhar com
este conteúdo. Sempre cabe destacar, a necessidade e a importância de que a realidade
escolar seja levada em consideração para o planejamento, o professor deve observar a
maturidade dos alunos e da turma para propor e desenvolver determinadas atividades, ou
seja, não há uma receita pronta.
Em ambos os documentos, a temática de lutas e, por consequência, os Esportes
de Combate são tratados apenas no ensino fundamental. Contudo, essa temática também
pode ser desenvolvida na educação infantil, com jogos e brincadeiras lúdicas. E no ensino
médio, de um modo mais integrado, problematizado e reflexivo desse conteúdo com a
realidade do mundo e do aluno.

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 73


3. PRÁTICA PEDAGÓGICA: COMO TRABALHAR OS ESPORTES DE COMBATE
NA ESCOLA

Conforme observamos ao longo do desenvolvimento dessa disciplina, os Esportes


de Combate como conteúdo da educação física escolar vão muito além de seus aspectos
técnicos e táticos, e não se restringem a apenas duas ou três modalidades mais conhecidas
e/ou disputadas nos Jogos Olímpicos. Na verdade, vai além inclusive, das modalidades
tratadas com mais detalhamento na Unidade II do nosso material. Isso somente mostra as
vastas possibilidades de abordar esse conteúdo na escola.
Ainda assim, podem restar alguns questionamentos: como ensinar esse conteúdo
se não sou especialista em nenhuma modalidade de Esporte de Combate? Se não há
estrutura adequada, como reportam alguns professores, por que ensinar esse conteúdo na
escola? Primeiro, que a ideia não é formar um professor “mestre” em qualquer modalidade
de Esporte de Combate durante a graduação, assim como ele não deve sair atleta em ne-
nhuma modalidade. O preparo do profissional está em garantir que ele tenha ferramentas
e conhecimento adequado para ensinar o conteúdo aos alunos. Outro ponto, o ensino dos
Esportes de Combate na escola não se dá somente porque ele consta nos documentos
norteadores. De fato, esse conteúdo consta nesses documentos por um bom motivo.
Dentre os benefícios deste conteúdo estão a melhora da aptidão física e um apri-
moramento motor, além de auxiliar na formação de um cidadão melhor (ALESSI; BOEIRA,
2017). Para aptidão física, há desenvolvimento da força, capacidade cardiorrespiratória,

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 74


flexibilidade. No aspecto motor, desenvolvimento da lateralidade, equilíbrio, coordenação
motora, coordenação global (tempo, espaço), aprimoramento da consciência corporal. E na
formação social é possível desenvolver atitudes relacionadas à postura individual e social,
como perseverança, determinação, respeito, cuidado com o outro (FERREIRA, 2006).
A seguir serão apresentadas algumas sugestões de práticas pedagógicas para o
ensino dos Esportes de Combate na escola. Essa abordagem não se dará num contexto
técnico-tático. Como já destacado anteriormente, caso o professor necessite de auxílio
para apresentar alguma modalidade específica, ele pode convidar um especialista na mo-
dalidade. Assim, as sugestões a seguir possuem um caráter mais genérico, isto é, podem
ser usadas para apresentar as modalidades num contexto geral ou podem ser adaptadas
para modalidades específicas.
Uma das maneiras de se introduzir o conteúdo aos alunos é por meio dos filmes e
desenhos animados. Além de realizar um primeiro contato com o tema, fica mais fácil fazer
com que se sintam próximos dessa realidade, afinal, muitos gostam de personagens e
super-heróis que lutam contra seus inimigos. Há uma infinidade de filmes e desenhos ani-
mados que tratam do tema e alguns deles foram, inclusive, sugeridos em nossa disciplina.
Mas a principal dica é investigar se há algum personagem/filme que está se destacando
entre os alunos. Esse pode ser um interessante ponto de partida.
As rodas de conversa e pesquisas documentais também podem ser estratégias
pedagógicas para introduzir o assunto, conhecer os aspectos relacionados à história e a
realidade local das modalidades estudadas. Mas é muito importante que o ensino das mo-
dalidades dos Esportes de Combate não seja reduzido às aulas teóricas. A prática corporal
é a grande riqueza da Educação Física, e deve sempre ser valorizada.
Dentre as metodologias consideradas eficientes para a experiência prática dos
Esportes de Combate na escola de acordo com Terluk e Ruppel da Rocha (2021) estão
relacionar os aspectos históricos e filosóficos das ao contexto do aluno e o uso dos jogos
de oposição como estratégia de ensino e aprendizagem. Os jogos de oposição são ativi-
dades de oposição corporal individuais ou coletivas, que se desenvolvem numa dinâmica
lúdica e agradável, cujo foco não está necessariamente na vitória do jogo. Dentre os
jogos de oposição mais conhecidos estão o cabo de guerra, queda de braço, pique bola
ou pique bandeira etc.
Durante essa prática é possível aos alunos desenvolverem os aspectos cognitivos,
por meio da elaboração de estratégias, entendimento das regras, observação, avaliação
e decisão; aspectos motores, com controle de equilíbrio, coordenação de movimentos

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 75


(empurrar, puxar, tocar, arrastar, imobilizar, etc) e desenvolvimento de base e postura; e os
aspectos socioafetivos, dominando as emoções, canalizando a agressividade, respeitando
as regras e aceitando a derrota (DE SOUZA JUNIOR; DOS SANTOS, 2010).
Em relação aos aspectos motores, Nunes e Oliveira (2020) apresentam em sua
obra um quadro organizacional com as ações motoras típicas relacionadas às manifesta-
ções de lutas. A partir desse quadro é possível relacionar essas ações com cada uma das
modalidades que se pretende ensinar e planejar a atividade que será proposta.

QUADRO 4 - AÇÕES MOTORAS TÍPICAS RELACIONADAS ÀS MANIFESTAÇÕES DE LUTA

Ações motoras específicas Diversificações possíveis


Ataque
Agarrar Agarrar braços, pernas, cintura, tronco / agarrar as
roupas
Reter Com as mãos / por meio do corpo
Desequilibrar Puxando / empurrando / puxando e empurrando /
carregando, levantando / fazendo barreira com as
pernas / projetando / fazendo virar
Imobilizar Virando / Esmagando no chão / recobrindo o corpo /
fixando os membros / combinando as ações
Defesa
Esquivar-se Rolando / saltando / abaixando-se / desviando as
mãos / afastando-se / virando
Livrar-se Opondo-se / empurrando / desviando / atacando
Resistir Agarrando / empurrando / girando em torno de si
mesmo / virando -se

Fonte: adaptado de Olivier (1993:2000) apud Nunes e Oliveira (2020).

Ao planejar a atividade, além do tema central, os autores também sugerem a ela-


boração de um plano de ação, que inclua além do nome e descrição da atividade, a faixa
etária, o objetivo, as competências motoras e cognitivas que se pretende priorizar, além dos
materiais utilizados e eventuais regras de segurança (NUNES; OLIVEIRA, 2020). Partindo
dessas propostas, apresentaremos algumas opções de jogos de oposição de atividades.

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3.1 Jogo do Dragão Chinês

QUADRO 5 – PLANO DE AÇÃO PARA O JOGO DE OPOSIÇÃO DRAGÃO CHINÊS

Nome do jogo/atividade Dragão Chinês


Faixa etária Acima 5 anos
Objetivo Possibilitar o desenvolvimento de ações técnico-táticas
relacionadas a algumas manifestações de lutas
Conteúdo Fundamentos de algumas lutas que mantém a distância
Competências motoras Deslocar-se rapidamente; reagir ao deslocamento do
outro; coordenar deslocamentos; mudar de direção
Competências cognitivas Estar atento; aproveitar a oportunidade; organizar es-
e atitudes tratégias de deslocamento; situar-se no espaço; com-
preender e respeitar regras; aceitar a derrota.
Regras de segurança Apenas o primeiro integrante da fila pode atrapalhar
o deslocamento da pessoa que está tentando encos-
tar na última, sendo permitido usar somente os braços
para bloquear a passagem. Não é permitido segurar,
ou realizar qualquer outro movimento que machuque o
oponente ou gere um acidente.
Materiais utilizados Não são necessários
Descrição do jogo/atividade Inicialmente, contextualize o jogo apresentando o Dragão
chinês (informações, imagens e/ou vídeos). Em seguida,
reúna os alunos em grupos solicitando a cada grupo que
indique uma pessoa para ficar sozinha e os demais for-
mam uma fila indiana. Ao formar essa fila, cada integran-
te do grupo utilizará as mãos para segurar na cintura da
pessoa que está à sua frente a pessoa que ficou sozinha
se posicionará de frente para a fila do seu próprio grupo
e, quando o jogo iniciar, tentará encostar na última pes-
soa da fila. Ao mesmo tempo, o primeiro integrante da
fila abrirá os braços para atrapalhar o deslocamento da
pessoa que está tentando fazer o toque, dificultando que
ela encoste na última pessoa da fila. A fila também pode
se deslocar para ajudar a fazer a proteção, com tudo não
é permitido soltar a mão da cintura. É importante esti-
mular o trabalho em equipe, orientando o grupo a criar
estratégias (deslocamentos, posicionamentos etc.) para
proteger a última pessoa da fila.

Fonte: adaptado de Nunes e Oliveira (2020) p. 34.

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3.2 Jogo das Tartarugas Ninjas

QUADRO 6 - PLANO DE AÇÃO PARA O JOGO DE OPOSIÇÃO TARTARUGAS NINJA

Nome do jogo/atividade Tartarugas Ninja


Faixa etária Acima 10 anos
Objetivo Possibilitar o desenvolvimento de ações téc-
nico-táticas relacionadas a algumas manifes-
tações de lutas
Conteúdo Fundamentos de algumas lutas que mantém
a distância e aproximam os participantes
Competências motoras Deslocar-se rapidamente; reagir ao desloca-
mento do outro; coordenar deslocamentos;
mudar de direção; coordenar ação com os
demais membros da equipe
Competências cognitivas e atitudes Estar atento; compreender os deslocamen-
tos de cada grupo, suas formas de “atacar” e
“defender”; compreender e respeitar regras;
aceitar a derrota.
Regras de segurança As pessoas da equipe das tartarugas, ao
adotar a posição de defesa (costas no chão)
para poder realizar o ataque, podem tocar os
colegas apenas com o peito do pé e as mãos.
Atenção: o toque com a sola dos pés pode
causar acidentes.
Materiais utilizados Não são necessários
Descrição do jogo/atividade Inicialmente, contextualize o jogo apresen-
tando as tartarugas ninja (desenho, filme etc).
Em seguida, divida a turma em 2 grupos: As
Tartarugas Ninja e os Ninjas. As tartarugas
deslocam-se em 6 apoios (mãos, joelhos e
pés) e os ninjas em pé. Na primeira fase do
jogo as tartarugas podem apenas se defen-
der (nesse caso, permanecem com as costas
no chão) e deslocar-se para fugir dos ninjas,
que por sua vez tentam tocar as tartarugas
desenho ninjas (a conversão ocorre somente
quando as tartarugas estão na posição de 6
apoios). Na segunda fase, as tartarugas po-
dem defender e atacar (nesse caso, tem que
permanecer com as costas no chão e utilizar
apenas o peito dos pés e das mãos para fa-
zer o toque), de forma que, ao ser tocado o
Ninja, converte-se em tartaruga e a tartaruga
tocada pelo Ninja converte-se em Ninja.

Fonte: adaptado de Nunes e Oliveira (2020) p. 37.

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3.3 Fora do círculo
QUADRO 7 - PLANO DE AÇÃO PARA O JOGO DE OPOSIÇÃO FORA DO CÍRCULO

Nome do jogo/atividade Fora do Círculo


Faixa etária A partir de 5 anos
Objetivo Possibilitar o desenvolvimento de ações técnico-táticas
relacionadas a algumas manifestações de lutas
Conteúdo Fundamentos de algumas lutas que mantém a distância
Competências motoras Deslocar-se rapidamente; reagir ao deslocamento do
outro; coordenar deslocamentos; mudar de direção; rea-
lizar ações de ataque (pegar o rabinho); realizar ataques
surpresas; proteger objeto.
Competências cognitivas Aceitar o contato; estar atento; aproveitar a oportuni-
e atitudes dade; situar-se no espaço; organizar estratégias; com-
preender e respeitar regras; aceitar a derrota.
Regras de segurança O rabinho (faixa de papel) deve ser fixado na roupa em
local visível, preferencialmente da cintura para cima, evi-
tando o choque, por exemplo, de cabeça com joelho no
momento da atividade.
Materiais utilizados Faixa/fita de tecido (também pode ser prendedor/prega-
dor de roupa)
Descrição do jogo/atividade O jogo pode ser realizado em duplas, ou grupos, inclu-
sive no todos contra todos (modelo mais adequado às
crianças mais velhas). O objetivo é pegar e retirar o rabi-
nho do oponente e também evitar que peguem a sua fita.
Num primeiro momento pode se determinar quem vai
atacar e quem vai defender, para tornar a atividade mais
fácil. A faixa pode ser presa em qualquer parte do corpo,
inclusive nas costas (funciona muito bem na região da
cintura). Podem ser colocadas várias faixas coloridas e
estabelecer pontuações específicas para cada cor.

Fonte: adaptado de Nunes e Oliveira (2020), p. 44.

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3.4 Pega-pega Rabinho

QUADRO 8 - PLANO DE AÇÃO PARA O JOGO DE OPOSIÇÃO PEGA-PEGA RABINHO

Nome do jogo/atividade Pega-pega Rabinho


Faixa etária A partir de 5 anos
Objetivo Possibilitar o desenvolvimento de ações técnico-táticas
relacionadas a algumas manifestações de lutas
Conteúdo Fundamentos de algumas lutas que mantém a distância
Competências motoras Deslocar-se rapidamente; reagir ao deslocamento do
outro; coordenar deslocamentos; mudar de direção; rea-
lizar ações de ataque (pegar o rabinho); realizar ataques
surpresas; proteger objeto.
Competências cognitivas Aceitar o contato; estar atento; aproveitar a oportuni-
e atitudes dade; situar-se no espaço; organizar estratégias; com-
preender e respeitar regras; aceitar a derrota.
Regras de segurança O rabinho (faixa de papel) deve ser fixado na roupa em
local visível, preferencialmente da cintura para cima, evi-
tando o choque, por exemplo, de cabeça com joelho no
momento da atividade.
Materiais utilizados Faixa/fita de tecido (também pode ser prendedor/prega-
dor de roupa)
Descrição do jogo/atividade O jogo pode ser realizado em duplas, ou grupos, inclu-
sive no todos contra todos (modelo mais adequado às
crianças mais velhas). O objetivo é pegar e retirar o rabi-
nho do oponente e também evitar que peguem a sua fita.
Num primeiro momento pode se determinar quem vai
atacar e quem vai defender, para tornar a atividade mais
fácil. A faixa pode ser presa em qualquer parte do corpo,
inclusive nas costas (funciona muito bem na região da
cintura). Podem ser colocadas várias faixas coloridas e
estabelecer pontuações específicas para cada cor.

Fonte: Adaptado de Nunes e Oliveira (2020), p. 39.

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3.5 Esgrimargola

QUADRO 9 - PLANO DE AÇÃO PARA O JOGO DE OPOSIÇÃO ESGRIMARGOLA

Nome do jogo/atividade Esgrimargola


Faixa etária A partir de 8 anos
Objetivo Possibilitar o desenvolvimento de ações técnico-táticas
relacionadas à esgrima
Conteúdo Fundamentos de algumas lutas que utilizam um equipa-
mento mediador
Competências motoras Deslocar-se rapidamente; coordenar ações envolvendo
braços e pernas; proteger objeto; reagir ao desloca-
mento do outro; coordenar deslocamentos; mudar de
direção.
Competências cognitivas Estar atento; aproveitar a oportunidade; situar-se no
espaço; organizar estratégias de deslocamento; com-
e atitudes preender e respeitar regras; aceitar a derrota.
Regras de segurança É necessário usar uma proteção no rosto para evitar o
contato do implemento com os olhos. A máscara de es-
grima pode ser confeccionada de material alternativo.
Materiais utilizados Papel e fita adesiva para confeccionar um implemento
de esgrima e as argolas.
Descrição do jogo/atividade A atividade inicia com a confecção dos equipamentos
(máscara, argolas e arma). Com fita adesiva fixe uma
argola em cada ombro dos participantes. Em duplas e
com a área de deslocamento limitada, os “esgrimistas”
deverão tentar retirar a argola do ombro do oponente,
ao mesmo tempo que protegem suas argolas. As re-
gras de deslocamento da esgrima podem ser utilizadas.
Pode variar colocando as argolas em outras partes do
corpo e/ou realizando a atividade em trios ou mais pes-
soas.

Fonte: adaptado de Nunes e Oliveira (2020), p. 65.

Esses foram apenas alguns exemplos de possibilidade de jogos de oposição para


trabalhar o conteúdo dos Esportes de Combate na escola, mais opções podem ser con-
sultadas nos materiais complementares desta unidade. Estes jogos também podem ser
adaptados para o ensino dessas modalidades fora do ambiente escolar. Com criatividade é
possível criar inúmeras variações para os jogos de modo a trabalhar as habilidades neces-
sárias ao conteúdo que será desenvolvido.

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 81


4. CUIDADOS E SEGURANÇA

Neste tópico iremos abordar os principais cuidados que devemos ter em relação à
prática dos Esportes de Combate. Em primeiro lugar, é importante frisar que estes cuidados
devem ser tomados em qualquer ambiente de prática, não somente no contexto escolar.
É claro que um ambiente próprio para a prática dessas modalidades minimiza os riscos de
eventuais acidentes, mas também existem outros aspectos que merecem nossa atenção
quando o assunto é prática em segurança.

4.1 Ambiente
O cuidado com o ambiente deve ser em eliminar condições que ofereçam riscos. Na
escola é importante verificar se o piso não está molhado ou é escorregadio. Se a atividade
oferece o risco de quedas, sempre garantir que essa aconteça em segurança, não havendo
objetos, paredes, quinas ou degraus que o praticante possa atingir ao cair.
O uso de tatames também requer cuidados. Como em geral se deve ficar sem
sapatos no tatame, alguns revestimentos podem ficar lisos quando o praticante está de
meias. Tatames que são modulares (encaixados) correm o risco de se deslocar e criar
fendas e buracos, que ao enroscar o pé pode ocasionar torções ou fraturas.

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 82


4.2 Vestimentas
Quando não há a possibilidade de uso das roupas específicas para a prática, o cui-
dado deve ser em garantir vestimentas adequadas aos movimentos que serão realizados.
Tecidos mais maleáveis, facilitam o movimento e evitam acidentes constrangedores como
rasgar uma peça de roupa.
O uso de acessórios também deve ser evitado. Brincos, relógios, correntes e anéis
devem ser retirados. Quando não é possível retirar um acessório, verifique a necessidade
de proteger o local com equipamentos específicos.

4.3 Escolha das atividades


Tanto no ambiente escolar quanto fora dele, é questão de segurança escolher
atividades que estejam adequadas à idade do praticante e ao seu nível de coordenação.
Além de evitar acidentes, essa adequação estimula e motiva o praticante, uma vez que ele
consegue executar as atividades propostas.
Nas atividades que envolvam golpes, como chutes, socos, chaves e torções,
deve haver um cuidado especial. Regiões vitais devem ser evitadas, especialmente para
praticantes iniciantes e quando não é possível supervisionar atentamente o exercício. Em
turmas muito grandes, é melhor realizar atividades desse tipo destacando os praticantes:
uma dupla executa e os demais assistem, permitindo uma melhor atenção e supervisão do
professor. A definição dos papéis também auxilia no controle dos participantes: quem vai
atacar, quem vai defender, qual grupo avança, qual deve esperar etc.
Outra estratégia é a escolha de elementos mediadores, como objetos, que possam
minimizar a agitação dos alunos com a atividade. Ou mesmo a limitação do tempo da
brincadeira, propondo pequenos intervalos para acalmar ânimos mais agitados.

4.4 Praticantes/participantes
Além da escolha de atividades adequadas à idade e à coordenação motora, um outro
aspecto que merece bastante atenção, neste caso, especialmente na escola, é a participação
das meninas nas atividades de Esportes de Combate. Este ponto não está necessariamente
ligado ao risco de acidentes, ainda que deva haver um cuidado com determinadas atividades
entre participantes de tamanho, peso, ou nível de força muito discrepante, que pode ocorrer
entre meninos e meninas. Mas sim, ao respeito destinado a elas.
Um estudo de Mariano et al (2021), indicou que muitos alunos consideram negativa
a participação das meninas em atividades de Esportes de Combate, pelo risco delas se
machucarem e por não se considerarem capazes de realizar essas modalidades. Isso já
indica a importância de cuidar e inclusive abordar esse aspecto. Neste sentido, os Esportes
de Combate podem ser uma porta para adentrar nas diferenças e nas questões históricas
de gênero na prática de diversas modalidades esportivas, inclusive nos Jogos Olímpicos.

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 83


SAIBA MAIS

Você sabia que a participação das mulheres nas artes marciais e esportes de combate
é bastante recente? Nos Jogos Olímpicos a primeira mulher a participar da Esgrima foi
em 1924, no Judô em 1992, no Taekwondo em 2000, na Luta Olímpica – Estilo Livre em
2004 e no Boxe, somente em 2012.
Ainda hoje algumas modalidades restringem a participação feminina em competições
oficiais, como é o caso do Sumô.

Fonte: Mariano et al (2021).

REFLITA

“Aquilo que eu escuto eu esqueço, aquilo que vejo eu lembro, aquilo que eu faço eu
aprendo”

Confúcio.

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 84


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final de nossa terceira unidade! Esperamos que ao final dessa etapa
a prática pedagógica dos Esportes de Combate não seja mais um bicho de sete cabeças.
E que você já esteja imaginando as inúmeras possibilidades de aplicar o conhecimento
aprendido em sua prática profissional.
Com certeza, como já mencionamos ao longo do nosso conteúdo, isso é apenas
a ponta do iceberg de um conteúdo rico e diverso. Com estudo e planejamento do que foi
proposto ao longo deste capítulo, com certeza você será capaz de ensinar o conteúdo dos
Esportes de Combate na escola, para alunos de diversas idades. Afinal, você já conhece
quais desafios devem ser superados, as estratégias para a prática pedagógica, além dos
cuidados para um ensino-aprendizagem com segurança, respeito e tranquilidade.

Até breve!

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 85


LEITURA COMPLEMENTAR

Para complementar o conteúdo estudado nesta unidade, trazemos alguns artigos


com sugestões de atividades e relatos de experiências sobre o ensino das modalidades de
Esportes de Combate no ambiente escolar. Destaque para o texto de Mariano et al (2021)
que faz uma interessante discussão acerca das questões de gênero e os Esportes de
Combate no contexto escolar.

MADURO, Luiz Alcides. Considerações e sugestões para o ensino das lutas no


ambiente escolar. Cadernos de formação RBCE, v. 6, n. 2, 2016.

MARIANO, Eder Rodrigo et al. Elas podem se machucar: As Lutas no combate ao


preconceito de gênero na Educação Física Escolar. Research, Society and Development,
v. 10, n. 3, 2021.

NUNES, Ricardo João Sonoda; OLIVEIRA, Sergio Roberto de Lara. Jogos e brinca-
deiras de lutas. Curitiba: Contentus, 2020. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br

PASQUALOTO, Bruno Bohm. Et al. Trabalhando com lutas na escola: perspectivas


autobiográficas de Professores de Educação Física. São Paulo: CREF4/SP, 2018.

SANTOS, Douglas de Assis Teles et al. Esportes de combate na educação física


escolar: a perspectiva dos alunos do ensino médio de uma escola do município de Jatai,
Goiás. Itinerarius Reflectionis, v. 16, n. 2, p. 01-12, 2020.

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 86


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Educando Filhos como Samurais do Século XXI – Um guia
para pais e professores
Autor: Luciano Giannini
Editora: Moura SA
Sinopse: Qual a relação entre os guerreiros Samurais que vive-
ram no Japão entre os séculos VII e XIX e os jovens que vivem
no século XXI? A necessidade de um aprimoramento contínuo e
treinamento para que tenham condições de enfrentar os desafios
de sua época. Para os Guerreiros japoneses, seguir o código sa-
murai (BUSHIDO) era o que os mantinha ligados ao processo de
aperfeiçoamento pessoal, físico e mental que lhes permitiam estar
aptos a enfrentar as adversidades de sua época. Para as crianças
e jovens que vivem no século XXI os desafios são outros, porém
a necessidade de se conectar com algo que lhes ofereça suporte
para enfrentar problemas como novas estruturas familiares, exces-
so de tecnologia e questões relacionadas à sua fisiologia se faz
presente. Este livro oferece uma oportunidade de reflexão para
pais e educadores sobre como educar seus filhos inspirados nas
7 virtudes dos Samurais. Justiça, honra, educação, sinceridade,
coragem, benevolência e lealdade são princípios que tornaram os
Samurais figuras respeitadas em todo o mundo. Poderiam estas
mesmas virtudes contribuir para o processo educacional de crian-
ças e jovens de nossa época?

FILME/VÍDEO
Título: Kung Fu Panda
Ano: 2008
Sinopse: Po é um panda que trabalha na loja de macarrão da
sua família e sonha em transformar-se em um mestre de kung fu.
Seu sonho se torna realidade quando, inesperadamente, ele deve
cumprir uma profecia antiga e estudar a arte marcial com seus
ídolos, os Cinco Furiosos. Po precisa de toda a sabedoria, força
e habilidade que conseguir reunir para proteger seu povo de um
leopardo da neve malvado.

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 87


WEB

• Este vídeo apresenta algumas ideias simples para trabalhar uma iniciação aos
Esportes de Combate na educação física escolar sem a utilização de materiais.
• https://www.youtube.com/watch?v=dxa4Kp-kFXs

• Este vídeo apresenta algumas ideias para trabalhar a iniciação aos Esportes de
Combate de média distância na educação física escolar.
• https://www.youtube.com/watch?v=DYJKlRAVM_s

• Este vídeo apresenta algumas ideias para trabalhar a iniciação aos Esportes de
Combate na educação física escolar usando garrafas como material de apoio.
• https://www.youtube.com/watch?v=fxHuSlveUVs

UNIDADE III Esportes de Combate na Escola 88


UNIDADE IV
Esportes de Combate em
Espaços Não-Formais
Professora Me. Kauana Borges Marchini

Plano de Estudo:
● Esportes de Combate em academias;
● Esportes de Combate para crianças;
● Esportes de Combate como profissão.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer as possibilidades de atuação com Esportes de Combate em academias;
● Compreender a importância do ensino de Esportes de Combate para crianças;
● Conhecer as possibilidades de atuação com os Esportes de Combate como
foco principal de atuação profissional.

89
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a),

Chegamos à Unidade IV de nossa disciplina e vamos nos encaminhando à fina-


lização do nosso conteúdo. Depois de compreendermos alguns aspectos característicos
e históricos dos Esportes de Combate, conhecer com mais detalhes as características de
alguns deles, e entendermos a prática dessas modalidades no ambiente escolar, agora
vamos explorar essas modalidades nos espaços não formais.
Nesta unidade, vamos compreender as possibilidades profissionais que envolvem
os Esportes de Combate fora da escola. Como acontece a prática dessas modalidades nas
academias? Como ensiná-las para crianças? É possível direcionar a prática profissional
totalmente para os Esportes de Combate? Essas serão as questões respondidas a seguir.
Esperamos que este conteúdo contribua ainda mais para a sua formação de qualida-
de. Lembrando, como sempre, da importância de complementar os seus estudos com outras
fontes, como as sugeridas neste material, como forma de enriquecer sua aprendizagem.

Bons estudos!

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 90


1. ESPORTES DE COMBATE EM ACADEMIAS

1.1 Características dos Esportes de Combate nos espaços não formais


Os Esportes de Combate alcançaram grande popularidade, especialmente nas
últimas duas décadas. Diversos fatores podem explicar o aumento do interesse por essas
modalidades, como o processo de esportivização e inclusão olímpica de algumas mo-
dalidades, a exemplo do Judô; o próprio processo histórico de disseminação cultural de
algumas lutas e artes marciais ao longo do século XX, fruto dos processos migratórios
e de globalização; e também, com grande importância, a espetacularização com grande
influência da mídia, especialmente TV e internet, em alguns eventos dessas modalidades,
como o Mixed Martial Arts (MMA).
Por ter uma origem relativamente recente e englobar uma mistura de diferentes
modalidades de Esportes de Combate, o MMA não foi abordado anteriormente em nossa
disciplina. Entretanto, cabe destacar que o interesse de crianças e adultos pelos Esportes
de Combate pode vir justamente desse primeiro contato com eventos dessa natureza, como
o famoso Ultimate Fighting Championship (UFC). Assim, ainda que este tipo de modalidade
não seja o foco principal de atuação profissional, é importante entender esse contexto a
fim de adequar a prática pedagógica, também fora do ambiente escolar, às expectativas
daqueles que procuram um profissional de Educação Física com interesse no que estas
modalidades podem oferecer.

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 91


De maneira geral podemos dividir esta abordagem em espaços não formais em
dois interesses as quais apresentam objetivos distintos:
1) Fitness / Físico: quando não há interesse direto em alguma modalidade de com-
bate, mas sim no benefício físico, fisiológico e estético que ela pode oferecer.
Podemos citar como exemplo pessoas que procuram uma aula de Muay Thai
em uma academia com o objetivo de emagrecer. Elas não desejam aprender
essa modalidade para competir, apenas querem se beneficiar dos aspectos
físicos e fisiológicos (força, agilidade, gasto calórico) que a aula pode oferecer.
2) Marcial: quando há um interesse e uma identificação com uma modalidade
específica. A busca pela prática da modalidade de combate se dá pelo interesse
na sua filosofia, nas suas técnicas, tanto para competição quanto para defesa
pessoal, ou mesmo nos seus aspectos culturais, como características específi-
cas relacionadas ao seu local de origem.

Assim, para atender a demanda do grupo que apresenta o primeiro interesse, o


fitness, algumas modalidades de combate podem sofrer adaptações. Em geral, essas
adaptações ocorrem quando elas passam a ser oferecidas como modalidades de ginás-
tica, e nem sempre as aulas são conduzidas por professores com vasta experiência em
artes marciais. Um exemplo que podemos dar dessas adaptações são as modalidades de
ginástica que misturam movimentos de diversos Esportes de Combate com músicas, como
o Body Combat.
Essa forma de abordagem não é o foco da nossa disciplina, mas a título de curio-
sidade, cabe destacar que a formação para esse modelo de aula é bem mais simples
e rápida do que a que envolve um instrutor/mestre de uma modalidade de luta ou arte
marcial. Enquanto este último pode demorar de cinco a dez anos para se qualificar, nes-
tas modalidades fitness poucas horas de curso são suficientes para conduzir uma aula
(ANTUNES, 2009).
Para o segundo foco de interesse, o marcial, as aulas também podem ocorrer em
academias, clubes ou espaços específicos para a prática dessas modalidades, também
denominados de dojôs. Dojô é a denominação usada pelas artes marciais japonesas para
o local onde acontecem os treinamentos, e tem como significado “local de prática”. Porém,
essa denominação pode ser utilizada para modalidades com origens fora do Japão.

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 92


FIGURA 1 - FOTO DE UM DOJÔ. É POSSÍVEL OBSERVAR O TATAME, OS ADEREÇOS

ORIENTAIS E O ALTAR (KAMIZA), ONDE SE ENCONTRA A FOTO DO CRIADOR DA

ARTE MARCIAL.

Fonte: https://images.app.goo.gl/wN6JYmkXc2iQh7zD8 / Acesso em: 21 set.2021

Em geral, mesmo que a prática do Esporte de Combate não aconteça num dojô, o
espaço do treinamento apresenta algumas características similares. Em relação ao piso, é
comum o uso de tatames, que tem por objetivo amortecer as quedas e facilitar eventuais
práticas próximas ao solo. Dependendo da origem da modalidade, é comum encontrar um
pequeno altar (kamiza) ou ao menos a foto do fundador/criador da modalidade. Algumas
modalidades também envolvem rituais próprios durante as aulas, como os alunos perfilados
por ordem de graduação ao início e ao final dos treinos, e os cumprimentos com saudações
verbais específicas. Essas saudações verbais juntamente com gestos de inclinar o tronco
podem ocorrer ao início e ao final do treino de alguma técnica ou mesmo da luta simulada
entre dois praticantes.
Quanto à prática pedagógica, em geral os treinamentos são conduzidos por instru-
tores com alta qualificação e que reúnam alguns anos de prática antes de serem promo-
vidos a professores/mestres. Numa pesquisa acerca de como essas práticas acontecem
em academias e dojôs, Rufino (2010) destaca alguns pontos comuns, independente da
modalidade:

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 93


QUADRO 1 - PONTOS COMUNS PARA O ENSINO E PRÁTICA PEDAGÓGICA EM ESPAÇOS

NÃO FORMAIS DE DIFERENTES MODALIDADES DE ESPORTES DE COMBATE

Saudação ao professor responsável pela aula com os alunos


enfileirados conforme a graduação (representada pelas cores
Início e término das
das faixas). Muitas vezes, há a saudação à figura/foto do mes-
aulas
tre (criador/desenvolvedor da modalidade) pendurada na pare-
de.
Realização de alongamentos e exercícios para aquecimento.
Demonstração de técnicas e movimentações. Atividades indivi-
Estratégias utilizadas
duais, duplas ou pequenos grupos. Correções individuais. Di-
pelos professores
visões das aulas entre os mais e menos graduados (experien-
tes), quando necessário.
As aulas seguem uma sequência pré-estabelecida: 1) realiza-
ção de alongamentos e/ou aquecimento; 2) parte principal, com
Desenvolvimento repetição exaustiva de algumas técnicas e movimentos; 3) par-
pedagógico das aulas te final, destinada à fixação da aprendizagem e/ou relaxamen-
to, com jogos, brincadeira, lutas em duplas ou exercícios de
condicionamento físico.
Os professores são bastante rígidos durante a aula, seu papel
é respeitado, assim como a hierarquia dada pela ordem de gra-
Rigor dos professores duação e pela faixa preta. Essa exigência de respeito ocorre
mesmo em aulas para crianças, que apresentam um aspecto e
uma abordagem mais lúdicos.
Os conteúdos seguem uma sequência lógica, do mais simples
ao mais complexo, com a dificuldade aumentando conforme se
Evolução dos eleva a graduação dos alunos. Apesar do rigor ser o mesmo
Conteúdos com todos os alunos, a exigência da com a execução dos ges-
tos técnicos é menor com os alunos mais novos e/ou menos
experientes.

Fonte: adaptado de Rufino (2010).

Assim, podemos destacar em relação a esse tópico que os Esportes de Combate


em ambientes não formais seguem estruturas pedagógicas similares, mas com peculia-
ridades técnicas e táticas relativas a cada modalidade. A condução das aulas se dá por
um instrutor com vasta experiência prática na modalidade, que acaba por reproduzir um
modelo pré-estabelecido de aula. E por vezes há uma dificuldade em contextualizar algu-
mas práticas ritualísticas. Todos esses pontos podem ser entendidos como dificuldades
para o ensino dos Esportes de Combate em espaços não formais (RUFINO, 2016). Estas
dificuldades ocorrem, pois nem sempre os instrutores da modalidade têm uma formação na
área de Educação Física ou mesmo na pedagogia.

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 94


Entretanto, existem possibilidades para superar esses desafios, como a compreen-
são dos aspectos históricos e culturais e suas relações com a atualidade; contextualização
das condutas, inclusive com ações reflexivas junto aos alunos, focalização nas ações táticas
juntamente com a técnicas; e diferenciação do ensino para crianças, como veremos com
mais detalhes no próximo capítulo desta unidade (RUFINO, 2016).

1.2 Efeitos físicos e fisiológicos da prática dos Esportes de Combate


Como já mencionado no tópico anterior, são vários os motivos que podem levar
à prática dos Esportes de Combate nos espaços não formais. Ainda que o objetivo pri-
mário não seja se beneficiar dos efeitos desta prática na melhora da aptidão física, os
resultados sobre esses parâmetros podem ser percebidos por todos os praticantes. No
caso dos praticantes cujo foco seja competitivo, especialmente nos atletas profissionais, o
desenvolvimento de alguns componentes da aptidão física podem ser o diferencial entre a
vitória ou a derrota.
Cada modalidade pode desenvolver com maior ou menor grau determinados com-
ponentes da aptidão física. Por exemplo, nos treinamentos de Karatê e Kung Fu há uma
exigência maior da flexibilidade do que no Boxe ou no Sumô. A composição corporal também
se desenvolve de maneira diferente para um lutador profissional de Sumô, que geralmente é
gordo e pesado, quando comparado a um atleta de Judô, que deve se manter dentro da faixa
de peso da sua categoria para conseguir competir. Assim, cada componente será desenvolvi-
do de modo diferente, conforme as exigências técnicas e físicas de cada modalidade.
Em relação aos aspectos físicos e motores, em praticamente todas as modalida-
des de Esportes de Combate, os praticantes são estimulados a desenvolver a agilidade,
a velocidade e o tempo de reação. Estes se relacionam à velocidade que um golpe é
aplicado, ou que um movimento de defesa consegue bloquear o adversário. A capacidade
de se esquivar de ataques, também se relaciona ao equilíbrio. O aperfeiçoamento dessas
técnicas e o desenvolvimento dessas habilidades pode ocorrer de maneira direta, com
execução repetidas de uma determinada técnica ou golpe; ou de forma indireta, por exer-
cícios específicos para o desenvolvimento das habilidades e que não tem relação com a
modalidade (BÖHME, 1993; GARCIA, 2020).
Quanto aos aspectos fisiológicos, o primeiro ponto a se destacar é que demais
respostas físicas e de aptidão física, se relacionam diretamente a esses aspectos, como
mudanças na composição corporal, melhora de resistência cardiorrespiratória e da força
e resistência muscular. Novamente cabe destacar que cada modalidade de Esporte de
Combate tem suas peculiaridades, e que vamos destacar aqui somente os mais comuns
(GARCIA, 2020).

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 95


Os Esportes de Combate podem ser entendidos como atividades intermitentes, pela
alternância de períodos de esforço com pausas de recuperação. Esses períodos intensos
variam entre 6 e 14s, enquanto o período de recuperação é de 15 a 36s. Quanto às vias
metabólicas, todas contribuem durante a atividade, mas neste caso, com predomínio da via
anaeróbia devido a intensidade de curta duração (GARCIA, 2020).
Entretanto, como esses estímulos de pausa e recuperação acontecem por um
período maior, como durante os rounds, eles se assemelham a atividades como o HIIT
(treinamento intervalado de alta intensidade). Desta forma, há uma predominância da aeró-
bia na atividade. Ou seja, ambos os metabolismos são contemplados, sendo a execução
dos golpes de predominância anaeróbia e o período de recuperação, durante o combate,
de predominância aeróbia. Assim, a melhora da aptidão cardiorrespiratória, com aumento
do VO2máx, garante maior resistência durante o combate, enquanto o aumento no limiar
de lactato gera possibilidade de sucesso em ações decisivas (ataques e nocautes), uma
vez que estes estímulos de curta duração são essencialmente anaeróbios (GARCIA, 2020;
JAMES et al, 2016).
Outro aspecto que merece destaque é a força muscular, nem sempre este é valori-
zado durante um programa de treinamento, mas pode ser uma estratégia importante para
melhora do desempenho do competidor. Tanto a força dinâmica, que se refere a capacidade
de deslocar uma quantidade de carga, quanto a força isométrica, que não gera mudança
no comprimento do músculo, são trabalhadas e desenvolvidas nos Esportes de Combate.
A predominância de cada uma delas também varia conforme a modalidade, àquelas que
envolvem mais socos e chutes, como o Muay Thai, Taekwondo e o Boxe, utilizam-se da
força dinâmica; enquanto as lutas mais “agarradas” necessitam da força isométrica, como
o Judô (GARCIA, 2020; JAMES et al, 2016).
Devido às suas características técnicas, cada modalidade vai utilizar estratégias
específicas para o desenvolvimento dos atletas. Existem inclusive, testes de aptidão física
específicos por modalidade. O ponto principal deste tópico é compreender que as estra-
tégias de treino sempre serão escolhidas para atender aos objetivos de cada praticante,
desde o com o interesse fitness até o marcial, e essas estratégias devem contemplar ao
máximo as necessidades físicas e fisiológicas exigidas no momento da competição, espe-
cialmente para aqueles que visam a prática profissional e/ou o desempenho relacionado à
vitória no combate.

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 96


SAIBA MAIS

A perda de peso pré-competição é comum entre atletas da modalidade de Esportes


de Combate. Estudos indicam que alguns atletas podem perder em média 5,6 a 5,8kg
durante esse período preparatório. Contudo, esse processo não pode ser feito de qual-
quer maneira. Há a necessidade de perda de peso corporal, com o mínimo de perda
de massa muscular, assim além de exercícios o controle nutricional é fundamental. E
as pesquisas apontam que realizar mais refeições durante o dia é melhor para alcançar
esse objetivo do que fazer períodos prolongados de jejum com poucas refeições diárias.

Fonte: Garcia (2020).

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 97


2. ESPORTES DE COMBATE PARA CRIANÇAS

Na unidade anterior, nós estudamos os Esportes de Combate na escola, inclusive


com abordagem de estratégias pedagógicas para o ensino das modalidades como conteú-
do da Educação Física escolar. O foco deste capítulo é um pouco diferente, agora vamos
tratar dos benefícios e do ensino dos Esportes de Combate para as crianças nos ambientes
fora da Educação Física Escolar.
Como a prática de qualquer outro esporte, as modalidades de combate também pro-
piciam diversos benefícios aos seus praticantes, inclusive durante a infância, com indicação
de início a partir dos 4 anos de idade. Os aspectos relacionados às alterações fisiológicas
foram abordados no capítulo anterior e se aplicam também às crianças. Também conforme
mencionado anteriormente, cada modalidade tem suas especificidades, o que faz com que
determinados aspectos físicos sejam desenvolvidos em maior ou menor grau, de acordo
com essas características técnicas.
Entretanto, há pontos comuns, relatados por diferentes autores e instrutores quanto
aos benefícios da prática dos Esportes de Combate pelas crianças. Dentre os quais pode-
mos destacar:
1) Desenvolvimento da coordenação motora
2) Melhora do condicionamento físico
3) Desenvolvimento da flexibilidade e mobilidade articular
4) Aprimoramento dos reflexos

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 98


5) Desenvolvimento da capacidade de concentração
6) Disciplina
7) Auxílio na formação do caráter
8) Desenvolvimento de autoestima e autoconfiança
9) Aprimoramento da paciência
10) Desenvolvimento do autocontrole emocional
11) Respeito ao próximo

Os aspectos físicos são descritos nos quatro primeiros itens. E são alcançados por
meio do treinamento das técnicas, coordenação de movimentos de braços e pernas, e do
preparo físico exigido e aprimorado durante as aulas. Os demais itens se relacionam ao
desenvolvimento psicológico e social do praticante e é um dos grandes atrativos das aulas
de Esportes de Combate para as crianças.
Ainda nas categorias mais jovens, as crianças já podem participar de competições e
também devem cumprir alguns requisitos para alcançarem os primeiros níveis de graduação.
Isso exige dedicação, treinamento e paciência. Como explicitado no significado do nome de
algumas artes marciais de origem japonesa (Judô, Karatê-do, Aikidô, Kendô), a prática é um
“caminho” (Do), e não há atalhos, são necessários dedicação, treinamento e paciência.
O equilíbrio exigido entre a força e a agilidade, com respeito ao adversário e aos
companheiros de treino, também são valiosas lições para o desenvolvimento do autocon-
trole e do respeito. A vitória numa competição lhe mostra os pontos fortes, a derrota, as
fraquezas, e assim é possível aprimorar a autoconfiança, a autoestima e o conhecimento
de si mesmo. Pode parecer filosófico ou complexo demais para as crianças, mas quando se
pratica um Esporte de Combate, esse caminho provavelmente será trilhado.
É possível perceber que o ambiente não formal oferece um conhecimento mais
aprimorado de cada modalidade. Dessa forma, se torna necessário definir e compreender
as características desse contexto. Primeiro, é em relação ao professor, que geralmente
tem alta especialização na modalidade, mas nem sempre é formado em Educação Física;
segundo, as características pedagógicas dessas aulas; e por fim, as expectativas que en-
volvem as práticas das modalidades de Esportes de Combate nesses espaços.
Quanto à figura do professor/ instrutor, assim como já mencionado no capítulo
anterior, em geral, esta é uma pessoa com vasta experiência prática em uma modalidade.
Ou seja, ainda que seja um profissional com formação em Educação Física, neste contexto,
ele será o professor/instrutor de Judô, Karatê, Muay Thay, Taekwondo etc.

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 99


A prática pedagógica deve se assemelhar a que acontece no contexto escolar, com
atividades adequadas à idade e ao desenvolvimento físico e motor das crianças, sempre
buscando formas mais lúdicas de abordagem. Contudo, há o acréscimo do componente
técnico e característico de cada modalidade. Apesar da recomendação e do entendimento
quanto aos benefícios de uma abordagem lúdica, cabe destacar uma situação relativamente
comum: nem sempre há distinção nas atividades de crianças e adultos. Em alguns locais,
ainda que haja a separação de crianças e adultos para garantir a integridade do grupo mais
frágil, as crianças repetem exercícios similares aos utilizados aos adultos, com pouca ou
nenhuma diferenciação e, algumas vezes, nem adequada à idade (DARIDO, 2010).
Essa condição pode ser superada com preparo profissional adequado e formação
para os instrutores de turmas infantis. Como não há exigência de formação em Educação
Física para instrutores de lutas e artes marciais, muitos não possuem qualificação adequada
para lidar com crianças e acabam apenas por reproduzir aquilo que vivenciaram e aprende-
ram durante o seu período de formação na modalidade. Quando há a união da experiência
na modalidade com a capacitação adequada é muito mais fácil atender às expectativas de
pais e crianças que buscam uma modalidade de Esporte de Combate como atividade extra.
E quais são essas expectativas? Além do desenvolvimento físico e motor propor-
cionados pela prática esportiva, outros dois motivos podem se relacionar ao interesse para
a prática de Esportes de Combate para as crianças, defesa pessoal e o desenvolvimento de
alguns valores, como a disciplina. Pesquisas e experiências práticas descrevem o desen-
volvimento moral proporcionado pela prática dos Esportes de Combate, que se relacionam
aos aspectos filosóficos e disciplinares, como o respeito à hierarquia, cuidado com o espaço
de treinamento e com os colegas, exigidos durante as aulas. Por esse motivo, os Esportes
de Combate por vezes fazem parte de projetos de inclusão social (NUNES; TRUSZ, 2018).
Além de academias, clubes e como atividades extracurriculares em escolas, con-
forme dito anteriormente, projetos sociais também são ambientes não formais onde podem
ocorrer o ensino dos Esportes de Combate. Esses projetos carregam, por vezes, a respon-
sabilidade de transformar a realidade social das crianças que o frequentam e das regiões
onde estão inseridos. A condução das aulas, e/ou o apadrinhamento do projeto pode ser
feito por um atleta destaque de alguma modalidade, o qual se torna um exemplo para as
crianças pela possibilidade de ascensão social por meio do esporte (LUZ et al, 2018).
Um exemplo das possibilidades advindas desse contexto é a judoca brasileira Ra-
faela Silva, de infância pobre começou a praticar a modalidade num projeto social promovido
pelo judoca Flávio Canto que integrou a seleção brasileira de Judô. Rafaela demonstrou ter
talento e conseguiu se tornar campeã mundial e medalhista de ouro nas Olimpíadas do Rio
de Janeiro em 2016.

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 100


3. ESPORTES DE COMBATE COMO PROFISSÃO

Neste capítulo trataremos sobre os Esportes de Combate como profissão. Há duas


formas principais de se relacionar profissionalmente com essas modalidades, como profes-
sor/instrutor ou como atleta.
Conforme mencionado anteriormente não há a necessidade de formação específica
em Educação Física para o instrutor de alguma modalidade de luta e arte marcial. Entretan-
to, para exercer a profissão como treinador a habilitação profissional é exigida. É fácil de
perceber que a capacitação e os conhecimentos adquiridos ao longo da formação na área
de Educação Física só têm a acrescentar e aprimorar a prática profissional daqueles que
desejam ter nos Esportes de Combate a sua principal área de atuação profissional.
Como instrutor ou técnico de um atleta da modalidade, além dos conhecimentos
específicos de cada modalidade, também é necessário saber planejar as aulas, escolher ati-
vidades adequadas aos alunos e compreender as variáveis físicas e fisiológicas envolvidas
na prática, a fim de manipular as variáveis de treinamento para atender as necessidades e
alcançar os objetivos dos alunos.
Para aqueles que desejam o caminho profissional como atletas de alguma mo-
dalidade de Esporte de Combate o caminho é um pouco mais árduo e longo. Em geral,
os atletas das modalidades olímpicas iniciam o treinamento ainda na infância e conforme
se destacam em suas modalidades, se tornam atletas profissionais. A rotina de treinos e
preparação é intensa. E os incentivos escassos tornam esse caminho mais árduo no Brasil.

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 101


Apesar de nosso destaque em algumas modalidades, não temos um bom histórico
de um real incentivo ao esporte profissional em nosso país. A exceção do Judô, que con-
seguiu organizar um centro de referência de treinamento com estrutura para manutenção
física e financeira dos atletas, o que se reflete nos resultados olímpicos da modalidade nas
últimas três décadas, nos demais Esportes de Combate o esforço é quase “individual”. E
os resultados são conseguidos com auxílio de patrocínios e bolsas de ajuda de custo. Não
é incomum encontrar atletas profissionais que exercem atividades paralelas até conseguir
uma posição de destaque em suas modalidades, que permitam além de se dedicar integral-
mente aos treinos e competições, manter uma equipe multidisciplinar ou se ligar a um clube
que auxilie na melhora do rendimento esportivo.
Paralelo ao contexto olímpico, estão duas modalidades de Esportes de Combate
que alcançam grande popularidade e apresentam campeonatos e lutas que movimentam
verdadeiras fortunas no mundo do esporte espetáculo: o Boxe e o MMA (Artes Marciais
Mistas). Apesar do Boxe fazer parte das modalidades olímpicas, os campeonatos popula-
res quase sempre são estrelados por atletas que não fazem parte do circuito olímpico. O
Boxe foi a primeira modalidade de Esporte de Combate a ganhar notoriedade por meio dos
espetáculos midiáticos. Atualmente esse cenário é dividido pelo MMA, que tem no Ultimate
Fighter Championship (UFC) o seu campeonato mais popular.
O preparo dos atletas dessas modalidades também envolve muito treino, esforço
e perseverança. No caso dos lutadores de MMA com um adicional: a necessidade de se
destacar em mais de uma modalidade. Não há como negar o fenômeno do MMA nos últi-
mos anos e o quanto ele é importante para a valorização e o conhecimento dos Esportes de
Combate. Mas assim como em outras modalidades, somente alguns atletas se destacam a
ponto de ficarem milionários.

REFLITA

Nunca te orgulhes de haver vencido um adversário, ao que venceste hoje poderá der-
rotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria igno-
rância.

Fonte: Jigoro Kano, criador do Judô.

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 102


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizarmos essa unidade, conseguimos explorar parte das possibilidades dos


Esportes de Combate nos ambientes não formais. No primeiro capítulo, vimos como essas
modalidades acontecem nas academias, inclusive a apropriação de suas características
técnicas para o desenvolvimento de modalidades de ginástica, cujo objetivo é atender a
demanda do mercado por uma atividade diferente e intensa.
Depois vimos mais alguns aspectos relacionados aos Esportes de Combate para as
crianças, incluindo neste capítulo os benefícios dessas modalidades no desenvolvimento
psicológico e de valores morais na infância.
Por fim, conhecemos duas possibilidades de atuação profissional com essas moda-
lidades, finalizando aí a nossa rica viagem pelo mundo dos Esportes de Combate. Espero
que você tenha gostado e aprendido muito!

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 103


LEITURA COMPLEMENTAR

Para complementar o conteúdo abordado na Unidade IV, sugerimos três artigos. O


estudo de Fabiani, Scaglia e De Almeida (2016), apresenta formas de criar um ambiente
ideal para o ensino das modalidades de Esportes de Combate para as crianças. De Oliveira
e colaboradores (2019), faz uma revisão sistemática com os estudos que tratam da temá-
tica da influência da prática de artes marciais nos comportamentos agressivos de crianças
e adolescentes. Por fim, uma reportagem do site Tatame faz uma comparação entre os
ganhos dos lutadores de MMA e de Boxe e mostra o quanto esse mercado dos Esportes de
Combate movimentam o mundo esportivo.

FABIANI, Débora Jaqueline Farias; SCAGLIA, Alcides José; DE ALMEIDA, José


Júlio Gavião. O jogo de faz de conta e o ensino da luta para crianças: criando ambientes de
aprendizagem. Pensar a Prática, v. 19, n. 1, 2016.

DE OLIVEIRA, Rebeca Campos et al. Influência das artes marciais nos níveis de
raiva e agressividade em crianças e adolescentes: revisão sistemática. Arquivos Brasileiros
de Educação Física, v. 2, n. 2, p. 55-61, 2019.

SANTARÉM, Diogo. Quem são os lutadores que mais ganharam dinheiro pelo UFC
e onde estão comparados aos astros do Boxe? Confira aqui o Top 10. Tatame, 2020.
Disponível em: <https://tatame.com.br/2020/08/quem-sao-os-lutadores-que-mais-ganha-
ram-dinheiro-pelo-ufc-e-onde-estao-comparados-ao-boxe-confira/>

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 104


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: O Dojo e seus significados – um guia para os rituais e
etiquetas das artes marciais japonesas
Autor: Dave Lowry
Editora: Pensamento
Sinopse: Este livro é uma coleção de ensaios detalhados e vívidos
escritos por Dave Lowry, um dos espadachins mais conhecidos
e respeitados dos Estados Unidos. Cada capítulo esclarece a
história e o significado de rituais, costumes de treinamento, ob-
jetos e relacionamentos, que têm profunda importância nas artes
marciais japonesas. Repleto de histórias fascinantes tiradas das
experiências do autor, O Dojo e Seus Significados é um tesouro
de informações para os admiradores e praticantes descobrirem os
significados mais profundos das artes marciais japonesas.

FILME/VÍDEO
Título: Aldo – Mais forte que o mundo
Ano: 2016
Sinopse: A história do primeiro campeão peso-pena do UFC. José
Aldo, rapaz de família pobre, marcado pela violência doméstica,
deixa o Amazonas e vai para o Rio de Janeiro em busca de uma
chance como atleta.

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 105


WEB

• Reportagem contando a história da judoca brasileira Rafaela Silva, que foi campeã
mundial de Judô e, mais tarde, ganhou a medalha de ouro Olímpica nos Jogos do Rio 2016.
• Link do site: https://www.youtube.com/watch?v=tVCl5VjW_NU

UNIDADE IV Esportes de Combate em Espaços Não-Formais 106


REFERÊNCIAS

ACEVEDO, William; CHEUNG, Mei; GARCÍA, Carlos Gutiérrez. Breve historia del kung-fu.
Ediciones Nowtilus SL, 2010.

ALESSI, Alana; BOEIRA, Wendy Nayara da Silva. Os benefícios das lutas e como traba-
lhar esse conteúdo na educação física escolar. In: 8º Congresso Norte Paranaense de
Educação Física Escolar. Estadual de Londrina, Londrina. 2017.

ALVES, Tabea Epp Kuster. Entre espadas, floretes e sabres: uma história da civilização
dos costumes na esgrima. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná.
Curitiba, 2018.

ANTUNES, Marcelo Moreira. A relação entre as artes marciais e lutas das academias e
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CONCLUSÃO GERAL

Prezado(a) aluno(a),

Chegamos ao final de nossa apostila. Neste material abordamos conceitos e contex-


tualização histórica relacionados aos Esportes de Combate e as possibilidades de aplicação
desse conteúdo no campo profissional, tanto no campo de atuação da Educação Física
escolar quanto nos ambientes não formais, como academias, clubes e projetos sociais.
Agora você já compreende as diferenças entre lutas, artes marciais e Esportes de
Combate e conhece a história dessas modalidades, algumas com origens bastante antigas
e relacionadas ao nosso desenvolvimento como civilização. Na primeira unidade, também
diferenciamos as brigas dos Esportes de Combate, e foi possível entender que, em geral,
essas modalidades não estão relacionadas à violência.
Destacamos também algumas características específicas de oito modalidades
de Esportes de Combate: Judô, Karatê, Sumô, Boxe, Muay Thai, Kung Fu, Taekwondo e
Esgrima. Conhecemos seus aspectos históricos e técnicos, além de descobrir que algumas
delas são modalidades olímpicas.
Diante dos desafios para a prática pedagógica dos Esportes de Combate na es-
cola, vimos o quanto é importante a busca por uma formação profissional de qualidade,
o aprimoramento profissional e constante busca por conhecimento para que possamos
incluir esses conteúdos na escola. Ah, e não é necessário ser nenhum mestre de alguma
dessas modalidades. Basta usar a criatividade e o conhecimento que é possível trabalhar
os Esportes de Combate de maneira lúdica, com os jogos de oposição. Com algumas dicas,
também é possível garantir o cuidado e a segurança de todos nessas práticas esportivas.
Vimos algumas possibilidades de atuação profissional com o Esportes de Combate
fora da escola. Conhecemos os benefícios físicos e fisiológicos dessas modalidades e a pos-
sibilidade da utilização dessa prática em programas de condicionamento físico. Assim como
outras modalidades, os Esportes de Combate também podem ser praticados na infância, e
proporcionam diversos benefícios às crianças. Por fim, apresentamos os Esportes de Combate
como profissão, conhecendo alguns aspectos dessa modalidade para treinadores e atletas.
A partir de agora acreditamos que você está apto para aplicar esse conteúdo e
transmitir esse conhecimento na sua atuação profissional. Alcançando sucesso e destaque
na sua prática.

Até uma próxima oportunidade. Muito obrigado!

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