Psicologia Analítica
Psicologia Analítica
Psicologia Analítica
Grupo: Caxito
II Ano de Filosofia
Cadeira: Psicologia
Luanda, 2021
A Psicologia Analítica de Carl Jung
Luanda, 2021
ÍNDICE
2
Introdução………………………………………………………………………………4
Definição da Teoria…………………………………………….………………………5
A psique…………………………………………………………………….……6
Tipos Psicológicos………………………………………………………………………9
Crescimento Psicológico………….………………………………………….…10
Função Transcendente……………………………………………………….…11
Obstáculos ao crescimento……………………………………………………..11
Conclusão…………………………………………………………………..…...13
BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
3
Neste trabalho de Psicologia vamos, de modo perspicaz e sistemático, abordar
sobre a Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, um dos grandes génios da sua época
qual mesmo primeiro psicólogo da famosíssima Nova Era. Iniciando por uma
introdução geral sobre a teoria da personalidade, vamos apresentar aqui a concepção do
nosso autor que a define como “um todo vivo e individual, único e autómato, que se vai
construindo a partir do nascimento, por uma integração dinâmica de factores orgânicos,
intelectuais, éticos, afectivos e sociais”. Nestas riquíssimas páginas que se vão seguir,
dispomos as diferentes nuances que toma o pensamento do nosso autor, desde a
teorização geral da Psicologia Analítica aos factores que influenciam na formação da
mesma personalidade, das estruturas e dinâmicas às diversas patologias que se lhes
juntam, num todo sistemático e bem apetrechado.
4
À guisa de introdução estamos em crer que a personalidade é a parte do campo da
Psicologia que mais considera as pessoas em sua totalidade, como indivíduos e seres
complexos. A personalidade tem que ver com aquilo que é geralmente verdadeiro das
pessoas, a natureza humana, assim como as diferenças individuais. As noções de
temperamento, de carácter e de traços da personalidade são importantíssimas, pelo que se
define “traços inatos” da personalidade, cuja origem é iminentemente genética,
sobrelevando-se o facto de os temperamentos poderem ser modificados pela experiência,
independentemente da base hereditária que apresentam.1
Entre nós humanos há diferentes formas de ser; somos quietos e introvertidos,
outros anseiam por contacto e estimulação social; alguns de nós somos calmos e
equilibrados, enquanto outros mostram-se excitados e persistentemente ansiosos, entre
fleumáticos, coléricos, sanguíneos, etc. A maioria concorda que a palavra “personalidade”
se originou do latim persona, que se referia a uma máscara teatral usada pelos atores
romanos nos dramas gregos. Esses atores romanos antigos usavam uma máscara (persona)
para projectar um papel ou uma falsa aparência. Apesar de não haver unanimidade na
definição que seja aceita por todos os teóricos da personalidade, pode-se dizer que ela é
“um padrão de traços relativamente permanentes e características únicas que dão
consistência e individualidade ao comportamento de uma pessoa.”
Definição da Teoria
A psicologia analítica é um conjunto de conhecimentos (teorias) que procura
investigar e explicar a estrutura e o funcionamento da psique e uma categoria de
psicoterapia (prática). A psicologia analítica engloba todo arcabouço teórico criado por
Carl Jung, um trabalho denso e essencial para a compreensão da mente humana.
1
BAPTISTA, Nuno j. Mesquita, Teorias da Personalidade, p. 2.
5
O conceito central da psicologia analítica é a individuação. Trata-se da busca do ser
humano pelo conhecimento de si mesmo, pelo autoconhecimento, pela integração com os
demais homens, pela vivência espiritual, pela integração com Deus. O processo de
individuação ocorre através do fluxo dialéctico (permuta e transformações) da energia
psíquica (libido2) que corre entre o consciente, inconsciente pessoal e inconsciente
colectivo.
A psique
A personalidade como um todo é denominada psique. O termo “psique” é de
origem grega, indica o “sopro” que torna vivo um corpo, que o anima. Posteriormente, foi
traduzido como “alma ou “espírito”; nos tempos modernos, venho a significar “mente”. A
psique, essencialmente simbólica, reúne todos os aspectos da personalidade, os
sentimentos, pensamentos e comportamentos, tanto consciente quanto inconsciente. 3 Sua
função consiste em harmonizar e regular internamente o indivíduo, orientando-o para o
convívio social, além do que ela tem uma função teleológica, ou seja, possui um objectivo
e direcciona o indivíduo para a realização de um propósito relacionado a essência de cada
um.
O conceito de psique sustenta a ideia primordial de Jung de que uma pessoa, em
primeiro lugar, é um todo. Não uma reunião de partes onde cada uma das quais foi sendo
acrescentada pela experiência e pelo aprendizado, do mesmo modo como poderíamos
mobilizar um carro peça por peça. Jung rejeita, de modo explícito, a concepção de muitas
teorias psicológicas de que a personalidade do homem vai sendo adquirida aos poucos e
que somente mais tarde, quando isso acontecer, aparece um tipo qualquer de unidade
coerente e organizada.
Estrutura da Psique
Consciência
A consciência é a única parte da mente conhecida directamente pelo indivíduo. A
pessoa logo ao nascer, provavelmente já nasce com ela. Observando uma criança, pode-se
notar uma percepção consciente a operar enquanto a criança reconhece e identifica os pais,
os brinquedos os demais objectos que o cercam. Esta percepção consciente cresce
diariamente pela força da aplicação das quatro funções mentais que Jung denominou
pensamento, sentimento, sensação e intuição. Além destas quatros funções mentais,
existem duas atitudes que determinam a orientação da mente consciente. Estas atitudes são:
extroversão e introversão.
2
O conceito junguiano de libido difere do conceito freudiano: para Jung a libido compreende não só a
energia sexual, mas, também, energias associadas ao instinto de sobrevivência (fome, sede,
agressividade, necessidade de protecção física, etc.), à motivação, às relações afectivas, desejos de auto-
realização, auto-conhecimento, vivências espirituais e, enfim, ao Processo de individuação.
3
Arnaldo da Motta. Psicologia Analítica no Brasil: Contribuições para a sua história. Universidade2005
6
O processo graças ao qual a consciência de uma pessoa se individualiza ou se diferencia
uma da de outras é conhecido pelo nome de individuação.
Inconsciente pessoal
Uma vez que nada que foi experimentado deixa de existir, o inconsciente pessoal é
a camada mais superficial do inconsciente onde ficam armazenadas as experiências que
não obtêm a aceitação do ego. Este nível da mente é contíguo ao ego. É o receptáculo que
contém todas as actividades e os conteúdos que não se harmonizam com a individuação ou
função consciente. Ou então foram experiências antes conscientes que passaram a ser
reprimidas ou desconsideradas por diversos motivos, como por exemplo um pensamento
entristecedor, um problema não resolvido, um conflito pessoal ou um problema moral e,
principalmente, grupos de representações carregados de forte carga emocional e
incompatíveis com atitude consciente (complexos 5, cujas bases são os arquétipos –
localizados no inconsciente colectivo).
Alguns de seus conteúdos podem adquirir energia psíquica suficiente para
imergirem na consciência na forma de lembranças, sonhos e fantasias, devaneios e
comportamentos. O inconsciente expressa-se por meio de símbolos, dos quais nosso
mundo interior está repleto, e que se manifestam sob a forma de imagens.6
O símbolo: termo de origem grega (Symbolon, colocar junto), segundo Jung, é uma
produção espontânea da psique, podendo ser de natureza pessoal ou colectiva, comum a
toda humanidade, ou característico de uma determinada cultura. Portanto, o símbolo, para
Jung, representa a situação psíquica do indivíduo e ele é essa situação num dado momento.
Esses símbolos e imagens são representados através de sonhos ou fantasia de um
indivíduo, não de forma disfarçada ou reprimida, mas sim porque é a única maneira que o
inconsciente tem de se manifestar.7
Inconsciente colectivo
É a parte da psique formada pelas camadas mais profundas do inconsciente. Pode
ser entendida como o depósito das “imagens primordiais”, que nos remetem ao mais
primitivo desenvolvimento da psique e é formado por um conjunto de aspectos colectivos.
O homem herda tais imagens do passado ancestral, passado que inclui todos os
antecessores humanos.8 Essas imagens étnicas não são herdadas no sentido de uma pessoa
de uma pessoa lembrar-se delas conscientemente. São antes predisposições ou
potencialidades no experimentar e no responder ao mundo tal como os antepassados como
4
Cfr. FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teoria da Personalidade. HARBRA: São Paulo. 1986. P. 53-54
5
Agrupamento de conteúdos psíquicos carregados de afectividade, ou grupo de sentimentos,
pensamentos e lembrança no inconsciente. Podem actuar de modo intenso no controlo de nossos
pensamentos e comportamentos
6
Ibidem P. 67
7
Ibidem P. 53-54
8
Cfr. Jung, apud, Calvin Hall; Vernon Nordby. Introdução à Psicologia Junguiana. São Paulo: Cultrix.
2005. P. 32
7
por exemplo o medo das serpentes. Herdamos o as predispões de temer as serpentes porque
os nossos ancestrais experimentaram este medo ao longo de um sem-número de gerações.
O desenvolvimento das predisposições ou imagens primordiais herdadas pelo homem dos
seus antepassados dependem inteiramente das experiências do indivíduo.
Os conteúdos do inconsciente colectivo são denominados arquétipos. Jung definia
arquétipos como formas sem conteúdos que representam apenas uma possibilidade de um
certo tipo de percepção e acção9 - a génese do inconsciente colectivo é, portanto, a priori
ao nascimento. São universais, isto é, todos herdam as mesmas imagens arquetípicas
básicas.
Animus e anima: qualificada a persona como a “face externa” da psique por esta
ser a face vista pelo, à “face interna” Jung deu o nome de anima nos homens e de animus
nas mulheres. O arquétipo de anima constitui o lado feminino da psique masculina; o
arquétipo de animus compõe o lado masculino da psique feminina. Toda pessoa possui
qualidades do sexo oposto, não somente no sentido biológico, mas também no sentido
psicológico das atitudes e sentimentos.
9
C. G. Jung. Os arquétipos e inconsciente colectivo. Rio de Janeiro: ed. Vozes. 2000. P. 48
10
Significa um modelo original que conforma outras coisas do mesmo tipo. Tem como sinónimo
protótipo
11
Cfr. Jung, apud, Calvin Hall; Vernon Nordby. Introdução à Psicologia Junguiana. São Paulo: Cultrix.
2005 p.38
8
O self: é o princípio organizador da personalidade. O self é o principal arquétipo do
inconsciente colectivo assim como o sol é o centro sistema solar. O self é o arquétipo da
ordem, da organização e da unificação; atrai a si e harmoniza os demais arquétipos e suas
actuações nos complexos e na consciência, une a personalidade, conferindo-lhe um senso
de “unidade” e firmeza. A meta final de qualquer personalidade é chegar a um estado de
auto-realização e de conhecimento do próprio self.
Tipos Psicológicos
Tipos psicológicos na psicologia de Jung referem-se à identidade e a descrição de
um certo número de processos básicos ou a um padrão estável de traços de personalidade.
Tratando sobre os tipos psicológicos, Jung mostrou de que maneira esses processos se
ligam em várias combinações para determinar o carácter de um indivíduo.13
A personalidade diz-nos Jung: «é um todo vivo e individual, único e autónomo, que
se vai construindo a partir do nascimento». A personalidade é composta por duas atitudes –
introvertida e extrovertida – e por quatro funções psíquicas de adaptação, espécie de quatro
pontos cardeais que a consciência usa para fazer reconhecimento do mundo exterior e
orientar-se: Pensamento e sentimento, consideradas funções racionais (Julgamento), e
Sensação e Intuição, as funções irracionais (Percepção).
Segundo Jung, esses quatro tipos funcionais correspondem aos recursos óbvios
através dos quais a consciência obtém sua orientação para a experiência. A sensação
(percepção sensorial) nos diz que uma coisa existe; o pensamento nos diz o que é uma
coisa; o sentimento nos informa se essa coisa é agradável ou não; a intuição nos diz de
onde ela vem e para onde vai.14
12
Ibidem p. 56
13
Cfr. Calvin Hall; Vernon Nordby. Introdução à Psicologia Junguiana. São Paulo: Cultrix.2005. p.84
14
Carl Jung, O homem e os seus símbolos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1964. P. 61
9
Estes processos de crescimento são influenciados tanto positivamente como negativamente
por um certo número de condições, nelas incluídas a hereditariedade, as experiências
das crianças com os pais, a educação, a religião, a sociedade e a idade. Opera-se uma
mudança radical no desenvolvimento durante a maturidade. Esta mudança constitui uma
transição das adaptações ao mundo exterior para as adaptações ao próprio ser interior.
Crescimento psicológico
15
LÜDTKE, Lucas; MEDEIROS, Mauricio Zeferino Krauspenha, A Estrututra psíquica segundo Carl Gustav
Jung, p. 1.
16
RAMOS, Luís Marcelo Alves, Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung: Apontamentos de aulas, p. 202
17
JUNG, Carl Gustav, O desenvolvimento da Personalidade, p. 45.
18
FADIMAN, James; FRAGER, Robert, Teorias da Personalidade, p. 57-58.
10
4. O estágio final do processo de individuação é o desenvolvimento do self. O si
mesmo é a nossa meta de vida, pois é a mais completa expressão daquela
combinação do destino a que chamamos de indivíduo”.
Função transcendente
Obstáculos ao crescimento
19
Ibidem, p. 62.
20
JUNG, Carl Gustav, A natureza da psique, p. 6
21
Ibidem, p. 82.
11
Patologia da Personalidade segundo Carl Jung
O patológico na dimensão da psique
Carl Jung reafirma a psicopatologia como sendo uma variante do desenvolvimento
normal do arquétipo. As enfermidades são distúrbios de processos normais, e nunca uma
entidade por si dotados de uma psicologia autônoma. Na Psicologia Analítica de Carl Jung,
apresenta-se-nos à primeira vista uma psicopatologia que se tornou insatisfatória, pelo fato
de o autor ter produzido o conceito de sombra ambiguamente, sendo espaço concomitante
do patológico e do normal. Antes Jung situava o “mal” como sendo arquetípico. Esta
coexistência do patológico e do normal faz surgir nos estágios de desenvolvimento
do pathos da Psicologia Analítica quatro tipos fundamentais de defesas que estarão
relacionadas com determinados transtornos psíquicos:
CONCLUSÃO
No fim deste proveitoso trabalho, podemos dizer que Jung faz-nos resgatar a
nossa essência para sermos o que realmente devemos ser, numa integração de aspectos
inconscientes à consciência, estabelecendo um equilíbrio entre o mundo interno e o
mundo externo. Em suma, o que Jung quis é compreender a mente humana em suas
complexidades e experiências pessoais, por meio de uma análise geral do indivíduo,
servindo de grande suporte para a saúde emocional das pessoas, livrando-as da
ansiedade e depressão e muitos mais males. Nisto e noutras coisas, Carl Jung é, sem
sombra de dúvidas, um grande remédio e mestre.
Bibliografia
13
________. O homem e os seus símbolos, Editora Fronteira, 5ª ed, Brasil, 1964
14