Caio Guimarães - Matemática em Nivel ITA-IME - Vol. 1 93954

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Caio dos Santos Guimarães


Caio dos Santos Guimarães

Matemática
Em Nível IME/ITA

Volume 1:
Números Complexos e Polinômios

1a Edição

São José dos Campos - SP


2008
Sumário
01 - Números Complexos : Introdução
1.1 - A história dos números complexos.................. 13
1.2 - Algumas Definições e Propriedades............... 15
1.3 - Representação Trigonométrica do Complexo. 25
1.4 - Representação Exponencial do Complexo..... 28
1.5 - Propriedades Importantes.................................. 33
1.6 - Raizes n-ésimas da unidade............................. 41
1.7- Exercícios de Fixação........................................ 43

02 - Números Complexos: Geometria e os Complexos


2.1-0 complexo como vetor.......................................... 50
2.2 - A Geometria Plana.................................................. 56
2.3 - Representação de Lugares Geométricos........... 64
2.4 - Exercícios de Fixação............................................... 70

03 - Números Complexos: Aplicação em Somatórios


3.1 - Somatórios Binomiais.......................................... 74
3.2 - Outras Somas....................................................... 79
3.3 - Interpretação Geométrica..................................... 84
3.4 - Produtórios............................................................. 86
3.5 - Exercícios de Fixação......................................... 87

04 - Polinômios
4.1 - A história dos polinômios................................................... 90
4.2 - Introdução: Raizes de um polinômio............................... 92
4.3 - Operações com Polinômios e Fatorações Importantes 99
4.4 - Relações de Girard............................................................. 111
4.5 - Teorema de Newton............................................................ 117
4.6 - Teorema de Girard ............................................................. 120
4.7 - MDC de Polinômios e Raizes Comuns.......................... 125
4.8 - Raizes Múltiplas.................................................................. 131
4.9 - Exercícios de Fixação........................................................ 136

05 - Polinômios: Equações Algébricas


5.1 - Inspeção Algébrica de Raízes.......... 142
5.2 - Equações Reciprocas........................ 145
5.3 - Transformadas Polinomiais.............. 152
5.4 - Polinômio Interpolador de Lagrange 163
5.5 - Exercícios de Fixação ....................... 168
06 - Polinõmios: Análise Gráfica de Funções Polinomiais
6.1 - Traçando Gráficos Polinomiais.................................... 170
6.2 - Comportamentos Especiais.......................................... 178
6.3 - Teorema de Bolzano...................................................... 188
6.4 - Exercícios de Fixação.................................................... 194

07 - Resoluções Comentadas
Resoluções Comentadas.......... 197

Apêndice
Apêndice.. .318

Bibliografia
Bibliografia... 329

Projeto Rumo ao ITA


Projeto Rumo ao ITA . 330
Prefácio
Os estudantes e professores do segmento IME ITA sempre estudaram
Complexos e Polinômios por bons livros didáticos, mas ainda não dispunham
do livro que contasse todos os segredos, teoremas e artimanhas poderosas
para a resolução de problemas mais avançados de nível IME ITA. O livro só
agora foi publicado.

Esse manual de Complexos e Polinômios do Caio Guimarães pode ser


chamado de “O Livro vermelho dos Complexos e Polinômios". O autor não
poupou esforços para revelar em sua obra todas as ferramentas poderosas
importantes relacionadas aos Complexos e Polinômios. fornecendo ao leitor
tanto interpretações algébricas quanto geométricas sempre que possível,
versatilidade essa que proporcionará ao leitor desse livro "uma visão além do
alcance”. Mesmo os problemas mais inquietantes agora terão soluções
elegantes e concisas, quando se dispõe das melhores ferramentas para
resolvê-los. Essas ferramentas foram todas concentradas nessa obra prima.

Assim, é com muita honra que a VestSeller brinda os estudantes e


professores de todo o Brasil com a publicação dessa obra de valor
inestimável. Estamos certos de que o empenho e a dedicação investidos pelo
autor em mais de ano de trabalho árduo certamente foram compensados.

Ganhamos todos, os estudantes, os professores e a sofrida educação


brasileira

Parabéns ao Caio Guimarães.

Prof. Renato Brito Bastos neto


(autor do livro Mecânica Para Vestibulandos IME ITA)
Apresentação

O livro ‘Matemática em Nível IME/ITA’ tem como objetivo não somente dar a
base aos alunos que desejam encarar as difíceis provas de vestibular do IME
e do ITA, mas também ajudar a aumentar a barra de dificuldade das matérias
de matemática lecionadas no ensino médio, a fim de atingir o nível exigido
nessas provas. A leitura desse material também é indicada a professores de
cursos preparatórios para pré-vestibular, princípalmente aqueles com ênfase
nos vestibulares militares.

Compilamos neste livro um material que contém tanto a carga teórica que o
aluno pode precisar para consulta, quanto séries de exercícios (e muitos!),
com resoluções, que darão a ele a confiança necessária para encarar o
vestibular militar.

Neste primeiro volume, abordamos dois assuntos de extrema importância, e


principalmente, reincidência nas provas tanto do IME quanto do ITA:
Números Complexos e Polinômios. O nosso objetivo, neste volume, é de,
junto à teoria básica desses assuntos, também mostrar diferentes aplicações
dos mesmos, bem como diversas 'situações problemas’ que podem ser
pedidas no "grande dia” da prova e os ‘grandes truques' de como se
comportar frente a ela.

Caio dos Santos Guimarães

São José dos Campos, SP - 2008


Dedicatória
Esse livro é dedicado à minha família (as pessoas mais importantes na minha
vida): Ciro, Lúcia, Marcos. Amo vocês!

Agradecimentos
Jostaria de agradecer a todos colaboradores desse projeto. Em especial, os
que tiveram contato direto com o trabalho. Entre elas cito meus verdadeiros
amigos aqui no ITA (meus colegas de quarto), que colaboraram, não só com
o apoio moral (e uma amizade fundamental), mas também muitas vezes com
seu intelecto, ajudando na confecção de diversas partes do livro: Hélder
Suzuki, Henry Wei, Rodolpho Castro, Luiz Adolfo Schiller, Rafael Daigo
Hirama, Felipe Moraes. Agradeço a Alessandra Porto pela ajuda com o
material para o contexto histórico do livro e pelo pessoal da AER-09 pela
ajuda na revisão do material.

Agradeço também aos colaboradores Edmilson Motta (Etapa), a SBM


(Sociedade Brasileira de Matemática) e Sérgio Lima Netto, que permitiram o
uso de seus artigos e trabalhos para referência. Não poderia esquecer
também os grandes mentores que tive durante a minha preparação para o
vestibular, os professores e restante da equipe GPI (RJ) - Turma IME/ITA
2003-2005 (verdadeiros mestres que nunca esquecerei!). Junto a eles
gostaria de agradecer aos meus companheiros de cursinho (turma IME/ITA
GPI 2004): Marcello Nunes, Jorge Veloso, Vinícius Assis: sem eles, eu não
teria alcançado os objetivos dos meus sonhos de passar no tão sonhado
vestibular.

E, finalmente, gostaria de agradecer à minha família e aos meus amigos, que


sempre estiveram presente em todas as minhas dificuldades e sucessos. Na
hora de apoiar a escrita desse livro não foi diferente. A eles devo tudo que
tenho e conquistei até hoje (e ainda sonho em conquistar!)
Como Estudar o Livro?
O livro é muito voltado a resoluções de questões do nível IME/ITA.
Portanto, a teoria apresentada é direcionada a resultados que serão bastante
úteis na resolução das questões do gênero. O livro não é destinado àqueles
que nunca estudaram o assunto antes. Embora abranja todo conteúdo, para
a melhor compreensão do material, é aconselhável que o aluno/professor já
tenha tido contato com o assunto previamente.
As questões do IME e do ITA, em geral, abrangem mais de um
assunto em um mesmo enunciado, portanto comumente nas questões que
aqui são propostas, será requerido que o aluno/professor saiba o básico de
outros ramos da matemática (progressões aritméticas e geométricas,
geometria analítica, etc.). Quando isso for requisitado em algum segmento da
parte teórica, mencionaremos o assunto que deve ser pesquisado (por fora)
para a total compreensão do segmento.
Recomendamos que o aluno/professor leia toda a parte teórica (mais
de uma vez, se necessário) para a fixação das idéias destacadas (lembre-se
que todo o conteúdo aqui apresentado será importante, não sendo
aconselhável que parte alguma seja descartada). Dê uma atenção especial
aos exemplos resolvidos, que servirão de base para a resolução dos
'Exercícios de Fixação’.
Feito isso, o aluno/professor deve passar então para a parte dos
“Exercícios de Fixação”. Nessa seção você não encontrará exercícios fáceis
(todos têm o estilo de questões IME/ITA), porém encontrará alguns exercícios
mais difíceis que os outros. Para melhor orientação criamos o seguinte
código:
X - Nível Difícil
S - Nível Insano
Muitas das questões acompanham o nome de onde foram tiradas
(algum vestibular, ou livro citado na bibliografia). Em alguns casos é comum
ver a palavra 'adaptada' junto à referência. Isso acontece nos casos em que
a questão é a mesma que caiu no vestibular citado, porém com alguma
alteração, tornando-a mais interessante para o nosso assunto (em alguns
casos, a adaptação é tornar uma questão múltipla-escolha em discursiva).
Recomendamos que, tendo resolvido as questões propostas em cada
capitulo, o leitor olhe as resoluções comentadas no Capitulo 7 para conferir
suas respostas e confirmar se não houve algum descuido na hora de formular
sua solução. Lembramos aos leitores que organização é fundamental na hora
de resolver uma questão numa prova (a banca precisa entender seu
raciocínio), então recomendamos que o leitor se baseie no estilo de
formulação das soluções propostas no capitulo 7 para treinar sua 'escrita'.

Bons estudos!
1 Números Complexos - Introdução 13

Capítulo 1 - Números Complexos


Introdução

| 1.1 A História dos Complexos

A entidade conhecida na Matemática por número complexo é um número da


forma a + bi, onde a e b são números reais e i é a unidade imaginária,
possuindo a propriedade de que i2 = -1, ou ainda, i = >/-1 .

Mas qual o sentido e. mais importante, a utilidade, de se definir a raiz de


números negativos? De onde surgiu o conceito de número complexo?

Os matemáticos da Grécia antiga julgavam óbvia a constatação de que um


número negativo não possuía raiz. As equações matemáticas eram
representações de problemas concretos - ou seja, chegando-se à raiz de um
negativo, concluía-se que o problema não tinha solução.

A necessidade de se atribuir um sentido à raiz de -1 não surgiu, como muitos


creem, a partir do estudo das equações de segundo grau, mas sim da análise
da solução de Cardano-Tartaglia para as equações de terceiro grau da forma:

x3 =ax + b

A solução dessa equação (veremos a demonstração adiante) é dada por:

3
x= I’.
\I2

De acordo com o raciocinio anterior sobre raízes de negativos, uma equação


dessa forma só terá solução se

Mas tomemos como exemplo a equação x3 = 15x + 4 . É evidente que x = 4 é


solução dessa equação, pois 43 = 64 = 15.4 + 4.

No entanto,
14 Matemática em Nível IME/ITA

3 2 3
22-53 = -121 < 0

De acordo com os matemáticos da Grécia antiga a equação não tem solução!


Porém acabamos de ver que a equação admite x = 4 como solução.
E agora?

Isso significaria que:


3/2 + 7-121 + ^2-7-121 = 4 ??!!!

oi o matemático Bombelli, em 1572, quem encontrou


uma forma de lidar com esse aparente absurdo.

Ele decidiu considerar as raizes quadradas de números


negativos como verdadeiros números. Sua proposta
levaria à seguinte representação:

e ^2-7-121 = A - 7b
Onde A e B são números reais. Rafael Bombelli

Tal representação faria com que o resultado não parecesse tão "absurdo"
assim.
A - 7b = 2A

Será que a proposta de Bombelli é viável? Ao longo do nosso estudo dos


números complexos veremos que sim. Hoje em dia, já sabemos que, de fato:

(2 + 7=í)3 = 2 + 7-121

A aceitação dos complexos como números demorou a se tornar realidade.


Grande parte dos matemáticos, entre eles o próprio Cardano, buscou formas
de se resolver problemas semelhantes sem ter que recorrer ao uso dos
números sofisticos, como eram chamados na época.

Não obtiveram bons resultados. Foi somente em 1890 que o matemático


Capelli provou que essa era uma tarefa impossível. Somente após isso foi
que começou o desenvolvimento desse novo conceito na álgebra: os
Números Complexos.
1 Números Complexos - Introdução 15

Nessa nova fase do desenvolvimento da matemática tiveram papéis


importantes grandes matemáticos, como Euler (antes do trabalho de Capelli),
Gauss, Argand e Cauchy. Nós veremos na teoria a seguir os nomes deles
mencionados em resultados importantes envolvendo números complexos.

| 1.2 Algumas Definições e Propriedades

Devido à grande necessidade para o progresso da matemática, surgiu o ramo


dos números complexos ao se criar a unidade imaginária i. definida como:

Um número z é dito complexo quando puder ser escrito da forma:

z = x + y.i x.ye R

Notação: A partir de agora, chamaremos de parte real de z o termo x, e o


denotaremos por: x = Re(z). Da mesma forma, y é chamado de parte
imaginária dez e é denotado por: y = lm(z).

Devemos nos atentar ao fato de que o conjunto dos números reais é um


subconjunto do conjunto dos Complexos, uma vez que todo número real
nada mais é que um número complexo com parte imaginária nula.

Complexos (C

Reais (R)
16 Matemática em Nível IME/ITA

Propriedade Cíclica das Potências de i


Da definição da unidade imaginária:
p = (^)2 = -i

p = p.i = -i.i = -i
i4 = í=.í = -lí = -i2 = 1

Usando o mesmo raciocínio indefinidamente, temos que:


i°=i4 =i8 =i12 = .... = 1
11 =i5 = i9 = i13 = .... = i
12 = 16 =i’° = i14 = .... = -1
13 =i7 =i11 =i15 = .... =-i

Podemos generalizar esse resultado da seguinte forma:

r.. in k
n,k e Z, n>4

k é o resto da divisão de n por 4


J
Repare que interessante! Sabendo as 4 primeiras potências da unidade
imaginária podemos determinar um valor para qualquer outra potência inteira.

A seguir, citamos alguns outros resultados notáveis que podem ajudar na


hora de fazer contas. Agilidade é tudo em uma prova corrida!

Resultados Notáveis:
(1 + i)2 = 1 + 2i + i2 = 1 + 2i — 1 = 2i

(1-i)2 = 1-2i + i2 = 1 — 2i — 1 = - 2i

■ (1 + O _ (1 + i)2(M2_ 2i _ 2i _ .
(1-i) “ (1-i)(1 + i) " 12-i2 " 2 “ '
(i-i)(i + i)
1 i
i.i
1 Números Complexos - Introdução 17

Identidade de Números Complexos

Dizemos que dois números complexos são iguais quando as partes real e
imaginária são respectivamente iguais nos dois números.
------- 1
I h- =c
C + d.i
=d

Definição 1.2.1

Por mais simples que essa definição de igualdade possa parecer, vamos ver
mais a frente que ela vai ajudar muito em algumas resoluções de exercícios.

Representação Gráfica dos Números Complexos

Uma comum representação dos números reais é distribui-los uniformemente


ao longo de uma reta. Como a parte imaginária de todo complexo nada mais
é do que um número real (acompanhado multiplicado por i) podemos
representar também a parte imaginária dos complexos ao longo de uma reta1

Uma boa idéia seria representar as


duas retas simultaneamente - talvez
uma perpendicular à outra!

Cart F. Gauss

Seguindo a sugestão de Gauss, trabalharemos com a representação dos


complexos num plano. O plano complexo, também conhecido como plano de
Argand-Gauss, tem como eixos: a reta real (na horizontal) e a reta imaginária
(na vertical). Sendo assim, podemos então representar um complexo
z = x + y.i no plano de Argand-Gauss, como é feito na figura a seguir.
18 Matemática em Nível IME/ITA

lm

z (x,y)
y

Re
x
Fig 1.2.1

Note que o um complexo é representado no plano por seu afixo, isto é, o


ponto que possui como coordenadas: a parte real do complexo (abcissa) e
parte imaginária (ordenada).

Módulo do Número Complexo


Definimos módulo do complexo (ou norma do complexo) como sendo a
distância do afixo do mesmo à origem do plano complexo e representamos
por: módulo de z = |z| .

Com um simples teorema de Pitágoras na figura 1.2.1, temos que:

|z| = >e(z)))2+(lm(z))2

Definição 1.2.2

A representação de números complexos por pares ordenados se assemelha


muito a representação de vetores no R2. Isso nos sugere que o complexo
também possa ser visto como sendo um vetor com origem coincidente à
origem do plano de Argand-Gauss e com extremidade em seu afixo. Dessa
forma, podemos definir o conceito de distância entre dois complexos.

Distância entre Dois Números Complexos


A diferença dos vetores representantes dos complexos z e w,
respectivamente nos dá o vetor representante do complexo z-w . O módulo
desse complexo nos dará a distância entre os afixos de z e de w (vide a
representação geométrica da Figura 1.2.2).
1 Números Complexos - Introdução 19

lm
d(z,w) = |z-w| i z
J z-w
Definição 1.2.3

OBS: Atentando-se à
W
desigualdade triangular no
triângulo ao lado, temos: Re
|z| + |z-w|>|w|

Ou ainda, fazendo u = -w . Fig. 1.2.2


sendo z e u dois complexos
quaisquer, vale que:
' lzl+lulâíz+ul Fórmula 1.2.1
j, ¥z,u = € J
Argumento do Número Complexo
O ângulo que o vetor representante do número complexo faz com o eixo real
é chamado de argumento de um número complexo e é denotado por arg(z).
Sendo arg(z) o menor ângulo positivo que nos dá a abertura entre o vetor
representante de z e a reta real, podemos definir o conjunto de argumentos
de z como sendo: A(z) = arg(z) + 2.k.n k eZ

lm Com uma ajuda da trigonometria:

Z
tge=y=^
x Re(z)
/ ' y O que nos leva a:
|0 = arg(z) , |Re 1j
0 = arg(z)= Arctgf
X
<Re(z).J |
Fig. 1.2.3
Definição 1.2.4

O menor desses ângulos, isto é, arg(z), é dito argumento principal do


complexo.
20 Matemática em Nível IME/ITA

O Conjugado de um Complexo
Vamos ver, no decorrer do livro, que ao estudar um complexo z da forma
z = x + y.i, é muito interessante definir também o complexo:

z ?x-y.T] Definição 1.2.5

Tal número é chamado de complexo conjugado de z.

Nossa! Quanta definição’


Pra quê tantas?
Eu vou usá-las em alguma
situação problema?

■ Autor: Dè imediato, percebemos algumas coisas importantes sobre o que


I definimos. Leia todas a seguir atentamente

1. Soma do complexo com seu conjugado

z + z = (x - yQ + (x + yí) = 2.x

[z+z = £-Re<z2 ]
Fórmula 1.2.2

2. Produto do complexo por seu conjugado

z.z = (x + y.i).(x-y.i) = x2- + ^/i-y2.i2

Fórmula 1.2.3
1 Números Complexos - Introdução 21

3. Conjugado da soma de dois complexos

z = a + b.i
w = c + d.i a,b,c,de R

(z + w) = (a + b.i + c + d.ij = (a+c)-(b + d).i =


= (a - b.i) + (c - d.i) = z + w

(z +w) = z + w

Fórmula 1.2.4

A soma dos conjugados é o conjugado da soma.

4. Conjugado do produto de dois complexos

z = a + b.i
W = C + d.i a.b.c.de R

(z.w) = ((a + b.i).(c + d.i)) = ((a.c - b.d) + (b.c + a.d).i)


= (a.c-bd)-(b.c + a.d).i = a.c - b.c.i - b.d - a.d.i
= (a-b.i).(c-d.i) = z.w

r (z.w) z.w

Fórmula 1.2.5

O produto dos conjugados é o conjugado do produto.


22 Matemática em Nível IME/ITA

5. Conjugado da divisão de dois complexos

| z = a + b.i
|w = c + d.i a.b.c.de R

(a + bi) (a + b.i) (c-d.i)


(c + di) (c + d.i) (c-d.i)

(a.c + b.d) + (b.c -a.dj.i (a.c + b.d)-(b.c-a.d).i


c2 + d2 c2 + d2

(a-b.i).(c + di) í a - b.i 'i c> í a — b.i> £


(c + d.i). (c — d.i) lc-d.ij fiV “ lc-d.ij ’
c. W

_z_ 1i
w

Fórmula 1.2.6

A divisão dos conjugados é o conjugado da divisão.

Exemplo 1.2a Mostre que são complexos:

1 1
z =------ e w =-----
2+i 1+i

Em seguida, determine o complexo u = z - w e calcule a distância entre os


afixos de z e w.

Solução:
Sabemos da Fórmula 1.2.3 que multiplicar um complexo por seu conjugado
nos dá um resultado real.
1 Números Complexos - Introdução 23

1 1 2-i 2-i 2-l.i


z =------ =
2+i 2 + i 2-i 22 + 12 5 5

1 1 1-i 1-i
W = - ----- 7 = 1-l.i
1+i1-i 12 + 12 2 2

Como z e w podem ser escritos na forma x + y.i sabemos então que os


mesmos são números complexos. Além disso:

u = z-w 2-l.i
5 5
1-l.í
2 2
=(2_n +fi_n
í 5 2 J V2 5 J

A distância entre os afixos de z e w é dada pelo módulo de u:

d(z,w) = |u|

í d(z'w) = lT

Exemplo 1.2b (Lidski) Determine o número de soluções da equação:

z2+|z| = 0
Solução:

Sendo z = x + y.i x.yeR:


24 Matemática em Nível IME/ITA

(x + y.i)2 + |x + y.i| = 0

(x2 + 2.x.y.i+y2./ 1) + Vx2 + y2 =0

cs x2 - y2 + 2.x.y.i + Jx2 + y2 = 0

cs (x2 - y2 + Jx2 + y2)+ (2xy)i = 0 + O.i


RÍ '

Da identidade de complexos (Definição 1.2.1), devemos igualar as partes real


• imaginária em ambos os lados da equação.
x.y = 0
cs e
x2 - y2 + y/x2 + y2 = 0

Sabemos quex.y =0ox = 0 ouy = 0, então, continuando na equação:


íy = 0 íx = 0
cs ( ,---------- ou ou l .----------
[x2 - O2 + Vx2 + O2 = 0 [O2 - y2 + 7o2 + y2 =0

íy = 0 x = 0
ou
[x2 + |x| = 0 y2 = |y|

y = 0 íx = 0
ou
x =0 [y = ±1

Segue então que a equação tem 3 soluções. São elas:


1 Números Complexos - Introdução 25

| 1.3 Representação Trigonométrica do Complexo

Uma das formas mais comuns de se ver representado um número complexo


é na sua forma trigonométrica. Todo complexo pode ser representado como
um vetor no plano complexo de Argand-Gauss, tendo sua parte imaginária
marcada no eixo vertical e parte real marcada no eixo horizontal.

Da representação geométrica
da figura 1.2.3: Im

Re(z) = |z|.cos6 z
lm(z) = |z|.sen0
: lm(z)
Podemos então escrever um
complexo z qualquer, de
e
Re
argumento 0 como sendo:
Re(z)
Fig. 1.2.3
z = |z|.(cos0 + i.senO)
Definição 1.3.1

Notação: É comum denotar cosO + i.senO pela abreviação cisO . Faremos o


mesmo deste ponto em diante no livro.

Exemplo 1.3.a Determine a forma trigonométrica do complexo z = 1 + i

Solução:

Podemos representar o afixo z no plano complexo de Argand-Gauss. Da


geometria do problema na Fig. I, o módulo de z. que corresponde à
hipotenusa do triângulo, é determinado pelo Teorema de Pitágoras.

|z|2=12 + 12 |z| = J2
88 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 3.4 S (IME-05) Sejam as somas So e S, definidas por:


S0 = C° + C3 + C„ + C3 +... + C Jn/3-^

S, = c’ + cn4 + cn7 + c1
n° +... + c3L<n~1,'3J+’

Calcule o valor de So e St em função de n, sabendo que |_rj representa o


maior inteiro menor ou igual a r. Sugestão: utilize o desenvolvimento do
binômio de Newton para
. 2n'ln
l 3J
Exercício 3.5 (ITA 95 - adaptada) Para cada n pertencente aos naturais,
quanto vale a seguinte soma ?
1-C24n + ^4n-2
+1

Exercício 3.6 X Determine uma expressão matemática simples, em função


de x para a seguinte soma:

Cj,.sen(x) + C2.sen (2x) + C3.sen (3x) + ... + C".sen (n.x)

Exercício 3.7 Mostre (sem necessariamente utilizar números complexos):

Èk2-Cn =n.2' + n.(n - 1).2n


k=0
Exercício 3.8 S Faça o mesmo para a soma, com k sendo tomado em
grupos de 4:

E k2-c*
k=0,4,8,...

Exercício 3.9 Mostre (sem necessariamente utilizar números complexos):

£(k + 1).C* = n.2n-1 + 2n


k=0
Exercício 3.10 S Faça o mesmo para a soma, com k sendo tomado em
grupos de 4:

Z (k + l).c!í
k=1,5,9,. .
Exercício 3.11 Mostre (sem necessariamente utilizar números complexos):
y C„ 2n*1 -1
és k +1 ~ n +1
3 Complexos - Aplicações em Somatórios 89

Exercício 3.12 S Faça o mesmo para a soma, com k sendo tomado em


grupos de 4:
Cn
È
k=0.4,8....
k+1

Exercício 3.13 (Spiegel) X Mostre que:


( 2n ( 4n 2(n-1)n
cos
------ -----
n )
+ COS ------
\ n J +cos(v)+ ... + COS
n

Exercício 3.14 Determine uma expressão simples para as somas:

a) cos(x) + cos(2x) + cos(3x) +•... + cos(nx)


b) sen(x) + sen(2x) + sen(3x) +... + sen(nx)

Exercício 3.15 - (ITA 04) Sendo z = -y=.(1+ D ■ calcule:

60

Ezk = ||z: + z2+z3+...+ z60|


k=1
Exercício 3.16 Interprete geometricamente o resultado da soma da questão
anterior.

Exercício 3.17 Calcule: lm (1 + 2i + 3.i2 + 4.i3 +... + 2004. i2003)

Exercício 3.18 (Spiegel) £ Calcule:

Exercício 3.19 (ITA - adaptada) Sejam x e y números reais tais que:


íx3-3xy3 = 1
|3x2y - y3 = 1
Então o número complexo x+ i.y é tal que z3 e |z| valem?

Exercício 3.20 X A partir dos resultados do Exercício 2.8. usando um


argumento geométrico, determine novamente o valor do produto:

sen (n-1)n
n
90 Matemática em Nível IME/ITA

Capítulo 4 - Polinômios
| 4.1 A História dos Polinõmios

Ao longo da história da humanidade, um dos problemas mais fascinantes


entre os matemáticos antigos era o de resolver equações polinomiais. Para
que valores de x, por exemplo, seria satisfeita a equação:
x2-5x+6 = 0?
A solução de equações do 2o grau creditadas ao hindu Báskara é na
verdade, de autoria de Sridahara, do século XI, também hindu. Os hindus
participaram com um grande papel na matemática, junto aos árabes, uma vez
que uma das grandes potências da matemática, a Grécia antiga, estagnou-se
em suas pesquisas durante á invasão de seu território pelo Império Romano.
Uma das grandes discussões matemáticas registradas na história é a
ocorrida entre os matemáticos italianos Girolamo Cardano e Nicoló Fontana,
mais conhecido como Tartaglia (Tartaglia traduzido a português significa
"gago", apelido dado ao matemático devido aos seus distúrbios de fala) em
meados do século XVI. Naquela época eram comuns publicações anuais de
matemática, nos quais as mentes brilhantes da Europa propunham desafios a
outros matemáticos. Publicações essas que faziam crescer o nome de muitos
matemáticos que conhecemos historicamente hoje, como Newton, irmãos
Bernouilli, Leibniz, entre outros.

A história diz que no início do século XVI o matemático Scipione dei Ferro
descobriu uma solução para a equações do tipo x3 + px + q = 0 , porém
faleceu antes de publicá-la. Seu discípulo, Antonio Fior, conhecia o método e
resolveu publicar em uma dessas edições anuais o desafio, afim de
engrandecer seu nome perante os matemáticos contemporâneos. O desafio
constava em dar as soluções numéricas de equações do tipo que dei Ferro
havia estudado.

O matemático Tartaglia, um humilde matemático de origem pobre, aceitou o


desafio e respondia todos com respostas diretas e precisas a respeito das
raizes, porém não revelava seu método de obtenção das mesmas. Por mais
que Fior ousava desafiar Tartaglia, a resposta vinha sempre com precisão
por parte do matemático com distúrbio de fala.

Para finalizar a humilhação para cima de Fior, Tartaglia propôs um desafio ao


mesmo que era de resolver equações do tipo: x3 + n.x2 + px + q = 0 . Ao
matemático Fior, que não tinha méritos o suficiente para responder ao
4 PoIin ôm ios 91

desafio, restou aceitar a humilhação perante todos os matemáticos


contemporâneos.
Nesta mesma época, Girolamo Cardano,
também italiano, estava escrevendo um
trabalho de Álgebra, e solicitou a Tartaglia
que revelasse o método de resolução das
equações do 3° grau para que fosse
publicado, com os devidos créditos, no seu
livro. Tartaglia recusou, alegando que iria
publicar ele mesmo o método. Cardano era
conhecido por sua “falsidade”, mas mesmo
assim conseguiu convencer (sob juras de
que seria devidamente creditado) o
matemático Tartaglia a revelar a solução.
Quebrando sua promessa, em meados do
século, surgiu a publicação Ars Magna
contendo a solução das equações do 3°
Nicolo Fontana Tartaglia grau sem menção alguma ao seu
conterrâneo.

Com a solução de equações cúbicas conhecida, um grande problema na


matemática surgiu (refira-se à introdução histórica dada aos Números
Complexos no capitulo 1 deste livro) quando os matemáticos pararam para
analisar melhor a solução de Cardano-Tartaglia para equações do 3° grau:
x3 = a.x + b.

A solução vinda do matemático italiano dizia que:

,2 3
b Ib
x=?
V2 2

Até o momento não era tido como algo matematicamente verdadeiro a raiz
quadrada de números negativos, de modo que equações como x3 = 15.x+ 4 ,
não apresentassem soluções de interpretação matemática concreta, uma vez
que de acordo com a solução de Tartaglia:

x = ^2 + 7-121+^2-7=121
Desta forma criou-se em paralelo ao estudo das equações algébricas
polinomiais, o estudo dos Números Complexos.
92 Matemática em Nível IME/ITA

Com a teoria sólida a respeito dos números complexos vista nos capítulos 1 a
3 deste livro, poderemos iniciar uma caminhada agora em direção aos
Polinômios Começaremos devagar e com o passar das Seções
introduziremos conceitos que são exclusivos de provas do estilo IME/ITA

| 4.2 Introdução - Raízes de um Polinômio ]


Uma função é dita polinomial quando ela é expressa da seguinte forma:
P(x) = a0 + a,.x + a2.x2 +... + an.xn

Onde a0, a,, a2 an são constantes complexas (reais ou não) e onde os


expoentes de x são todos números naturais.

Se P(x) é uma função que tenha como domínio e imagem um subconjunto


dos reais, diremos que o polinômio é Real. Isto é, se x puder assumir apenas
valores reais e a0, a,, a2 an forem reais, P(x) será dito um Polinômio Real.
Essa notação será utilizada muitas vezes no decorrer dos próximos capítulos.

Definição: Dizemos que o grau do polinômio é dado pela ordem do maior


expoente com coeficiente não nulo.

Definição 4.2.1

Exemplos:
grau 5 P(x) = 1 + x + 2x2 - 4x5
grau 2: P(x)=1 + 2x + x2
grau 3 : P(x)= x3
grau 1: P(x) = i+ x
grau 0 : P(x) = n

I Curiosidade:
Se o grau é dado pela ordem do maior expoente com coeficiente não-nulo,I
[qual é o grau do polinômio P(x)=0, que não possui coeficientes não nulos?

Para manter a coerência da nossa definição é conveniente dizer que o


polinômio nulo, P(x) = 0, não possui grau. Isso não impede, no entanto,
outros autores de tomarem outra convenção (desde que uma ressalva seja
feita na definição do grau do polinômio).
4 PoIi nômios 93

Identidade de Polinômios

O termo 'identidade’ já apareceu quando estudamos os Números Complexos.


Em termos gerais, uma identidade é um tipo de igualdade (denotado pelo
símbolo e). Dizemos que duas expressões dependentes de uma variável
independente x, por exemplo, são idênticas quando elas devem ser
satisfeitas para qualquer valor que x possa assumir.

Exemplo 4.2.a:
Determine as constantes a, b, c na identidade:

a.(x + 5y - 3z) + b.(2x - 2y + 5z) + c. (7x +11y + 3z) + x - 2y s 0

Solução:
Temos uma expressão do lado esquerdo da identidade, dependente das
variáveis independentes x,y,z e deve ser “identicamente nulo" (i.e. para
qualquer sejam os valores assumidos por x, y, z , a expressão deverá se
anular).
a.(x + 5y - 3z) + b.(2x - 2y + 5z) + c.(7x +11y + 3z) + x - 2y =
= a x + 2b,x + 7c.x + x + 5a.y - 2b. y +11c.y - 2 - 3a z + 5b.z + 3c.z
= x (a + 2b + 7c +1) + y.(5a - 2b +11c - 2) + z. (-3a + 5b + 3c)

Note que, se zerarmos as expressões dentro dos parênteses, independente


do valor assumido por x, y e z, teremos que a expressão se anulará.
É justamente isso que deveremos fazer!

x.(a + 2b + 7c +1) + y.(5a - 2b +11c - 2) + z. (-3a + 5b + 3c) = 0


-o" To =o

De onde segue:
a + 2b + 7c +1 = 0
5a - 2b +11c - 3 = 0
-3a + 5b + 3c = 0

Resolvendo, temos:
37 e 13
La=-rb = -5; c = —
6

Vamos ver como essa definição se aplica no caso dos nossos polinômios I
94 Matemática em Nível IME/ITA

Definição:
Dois polinômios são ditos idênticos quando todos os seus coeficientes
correspondentes são iguais.

Definição 4.2.2

Ilustrando a definição acima:


ao - bo
a, = b,
a0 +a1.x + ... + an.xn = b0 + bvx + ... + bn.xn
P(x) 0(x)
an ~

Como conseqüência da definição 2.4.2 podemos ainda definir:

Definição:
Um polinõmio é dito Identicamente Nulo quando e só quando todos seus
coeficientes forem nulos.

Definição 4.2.3

Exemplo 4.2.b: Determine o valor de a, entre [0,2tt] que torna identicamente


nulo o polinõmio P(x):
P(x) = sena.x2 + 4 cosa.x - x2

Solução:
Basta utilizarmos a definição 4.2.3:

P(x) = sena.x2 + 4.cosa.x - x2 =0

sena -1 = 0 sena = 1
a=—
4.cosa = 0 cosa = 0 2

Lembrando que utilizamos o valor de a que atendia à condição de identidade


e á condição de pertencer ao intervalo dado no enunciado.
4 PoIinõm ios 95

Raiz de um Polinômio

Definição:
Dizemos que um número a é raiz do polinômio P(x) quando P(a) = 0.

Definição 4.2.4

Em muitos casos, nos interessa determinar exatamente qual é a raiz


(ou quais são as raízes) de um dado polinômio. É importante lembrar que
nem sempre achar uma raiz para um dado polinômio será uma tarefa fácil.
Vamos mostrar agora os métodos para achar as raizes de alguns tipos
simples de polinômios.

I) Polinômios do 1°Grau
Nesse caso, uma simples manipulação algébrica resolve.

Ex: P(x) = a.x + b


b
P(oc) = 0 a.a + b = 0 a.a - -b a=— , a * 0
a
II) Polinômios do 2o Grau (Regra de Báskara)
A "álgebra" envolvida é um pouco mais rebuscada nesse caso, porém de fácil
compreensão como é mostrado abaixo.
Ex: P(x) = a.x2 + b.x + c = 0 , a,b,c*0

P(a) - 0 a a2 + b.a + c = 0» a2 + -.a + - = 0


a a
2 b ,'b2 ) c
a + — a + —- +
a
b
\ 4a2 ) a
b2 ) b2
=o+(jy
c
a2 — .a +----- =
a 4a2) 4a2 a
2
b b2 - 4.a.c
<=>
2a 4a2
b ±Jb2 - 4.a.c -b ± \lb2 - 4.a.c
a =-----------------------
2a 2a 2a

OBS: O resultado acima, ensinado em geral no “Ensino Fundamental'', Já


deve ser algo bastante conhecido do aluno. Caso você não seja familiar, é
importante que leia e releia a dedução, bem como decore o resultado que
dever “estar no sangue" de qualquer aluno que fará a prova de vestibular
(ainda mais se tratando das provas do IME e do ITA).
96 Matemática em Nivel IME/ITA

II) Polinômios do 3o Grau sem o termo do 2° grau (Regra de Cardano)


A partir do grau 3. fica mais dificil determinar algebricamente (sem o auxilio
de outras condições do problema) as raizes para o polinômio, em geral
Veremos mais a frente (pedimos que por enquanto o leitor apenas acredite)
que todo polinômio do 3° grau com coeficientes reais, admite pelo menos
uma raiz real. A Regra de Cardano mostra que é possível determinar um
algoritmo para achar essa raiz para um polinômio de 3o grau do tipo:
“----------------------------------,--------------- -—■— . , m
-
P(x) = x3 +b.x +c , b.c e R
Ex: P(x) = x3 + b.x + c , b.CêR

Vamos supor uma raiz real do tipo: a = u + v com u e v a serem determinados.

P(a) = 0 •o (u + v)3 + b.(u + v)+c= 0


<=> (u3 + 3,u.v.(u + v) + v3) + b.(u + v) + c = 0

» (u3 + v3)+ (u + v).(3.u.v + b) + c = 0

Queremos achar u e v para que a igualdade acima seja satisfeita. Vamos


■ tomar, por exemplo, u e v tais que:

u3+ v3 = -
3.u.v = -b

Para u e v acima, teremos a = u + v sendo raiz do polinômio. Podemos,


I ainda, escrever:
u3 + v3 = -c

U3.V3 = —
27
Vamos denotar: u3 = p , v3 = q
p + q = -c

[
-b3
p.q =------
27
P+ Í--U=
l 27 J p
2 b3
P +c.p-- 0

Usando a “Regra de Báskara” para resolver a equação do 2o grau acima:

c b3 c c^ b3
P = -2 ; q = -—+
4 27 4 27

• Voltando às variáveis u e v:
j
J
4 PoIinôm ios 97

3_£ •Pc ic2 b3


u= v = 3-----+ .—- —
V 2 4 27 V 2 V4 27

' E, com isso:

P(a) = 0 a 3_£ Içf 3_£


V 2 4 27 V 2 4 27

Resultado 4.2.1
J
Volte à Seção 1.1 do Capitulo 1, para uma
discussão histórica interessante envolvendo
o resultado de Cardano-Tartaglia como
contribuição para o inicio da discussão a
respeito de números complexos.

■1 $
Girolamo Cardano (1501-1576)

OBS Importante: Por enquanto mostramos o método de resolução analítica


de equações gerais do 1° e 2° grau e de equações do 3° grau, desde que não
possuam termo de 2° grau. Mostraremos que se isso não acontecer (para o
caso do polinômio do 3° grau), ainda há uma maneira de aplicar a fórmula de
Cardano para encontrar as soluções. Limitar-nos-emos a resoluções
analíticas para apenas esses tipos de polinômios. Existe ainda um método de
solução analítica para polinômios do 4o grau (Método de Ferrari), que se
utiliza de transformações algébricas e cai novamente na Solução de Cardano
para Equações do 3° grau. Polinômios de graus maiores também terão
98 Matemática em Nível IME/ITA

soluções analiticas em alguns casos, porém desde que satisfaçam algumas


outras condições específicas que estudaremos mais a frente!

Exemplo 4.2.c Ache as raizes do polinômio: x4 + 2x2 +4 = 0

Solução:
Não conhecemos as ferramentas para calcular um polinômio do quarto grau
de forma analítica. Na verdade, esse polinômio é um polinômio do 2° grau
mascarado (esse tipo de equação é chamada Equação Biquadrada).

Note que a transformação y = x2 transforma-o em um polinômio do segundo


grau:
(x2)2 + 2,(x2) + 4 = 0 y2 + 2y + 4 = 0

Conhecemos a solução do polinômio do segundo grau:


-2±^4-4.4 -2 ± xM2
y2 + 2y + 4 = 0 o y - -------------------- - ----------------
2 2
-2 ± 2.V3.xPÍ -/ ± /.i.V3.
2 ’ X

= — 1 ± i.>/3 = 2.cisí±-^J

Note que a questão ainda não foi concluída! O enunciado pede as soluções
do polinômio em x, não em y. Portanto, devemos voltar à variável x:
Formula 1.5.7
x2 = 2.cisf± — = 72.cis(±| + k.>t| k = 0,1
x
l 3

x e J'72.cisí — I, V2.cisf — |
, V2.cis
l U) V3 )

Exemplo 4.2.d Escreva cos20°na forma + Vb com A e B complexos.

(Sugestão: Demonstre primeiro que: cos(3x) = 4.cos3x - 3 cosx )

Solução: Vamos primeiro demonstrar a expressão sugerida no enunciado.


Usaremos ferramentas da trigonometria (ver apêndice).
4 PoIin ôm ios 99

cos(3x) = cos(2x + x) = cos(2x).cosx - sen(2x).senx


= (2cos2x -íj.cosx - (2.senx.cosx).senx = 2.cos3x -cosx - 2.sen2x.cosx

= 2.cos3x-cosx-(l-cos2x).2.cosx = 2cos3x - cosx - 2cosx + 2.cos3x

= 4.cos3x-3.cosx

Agora podemos utilizar a expressão demonstrada. Fazendo x = 20°, temos:

cos(3x20°) = 4. cos3 (20°) - 3.cos(20°)


y2 = 4.cos3(20°)-3.cos(20°)

.-. 8.cos3(20°)-6.cos(20c)-1 = 0

Note que temos uma equação do 3o grau em cos(20°). Fazendo y = cos(20°),


teremos:

8y3-6y-1 = 0 y3-|y-^=° <*>


4 o

Essa equação já está no molde para a resolução de Cardano-Tartaglia


(Resultado 4.1.1):

1 1 27 ' 1 27
y = 3/—- 3Í—
4.64 27.64
V16 64.4 64.27 V16

3 3lL 3
= ? —“
V16 64.4 \'16 ' 64.4

.-. cos(20°)= ?/------- -J3 + 3Í—+ —x/3


\'16 16 V16 16

| 4.3 Operações Com Polinômios e Fatorações Importantes

Teorema Fundamental da Álgebra


Enunciaremos agora um teorema de extrema importância no estudo de
polinômios, porém de difícil demonstração. A demonstração, que inclusive
levou anos a ter uma aceitação concreta após inúmeras tentativas de
100 Matemática em Nível IME/ITA

demonstração vindas de vários matemáticos brilhantes, será omitida aqui,


pois foge ao foco do livro.

Teorema Fundamental da Álgebra:

Todo polinômio de coeficientes complexos e de grau n possui exatamente n


raizes complexas (podendo ou não serem reais puras).

Isso quer dizer que o número de raízes de um problema de equação


polinomial é dado apenas pelo grau do polinômio em questão!

Soma e Multiplicação de Polinômios


A soma e multiplicação de polinômios são feitas algebricamente como com
qualquer outra expressão numérica. Basta apenas lembrar que polinômios
são agrupados em coeficientes de potências da variável independente,
portanto devemos sempre agrupar termos que acompanham a mesma
potência dessa variável.

Ex: P(x) = x3 + x +1 ; Q(x) = x2-2x + 7

• P(x) + Q(x) = (x3 + x + 1)+ (x2 - 2x + 7)


= x3 + x2 + x.(1 - 2) +1 + 7
= x3 + x2 - x + 8

• P(x).Q(x) = (x3 + x + 1).(x2-2x +7)

= x3.x2 + x3.(-2x) + x3.7 + x.x2 + x.(-2x)+ x.7 + x2-2x + 7


= x5 -2.x4 +7.x3 + x3- 2,x2 + 7x + x2 -2x + 7
= x5 - 2.x4 + 8.x3 - x2 + 5x + 7

OBS: Note que o grau da soma de dois polinômios é o mesmo grau do'
; polinômio de maior grau entre os dois. Na multiplicação o grau é a soma dos.\
graus dos dois polinômios.

Divisão de Polinômios
Assim como a soma e produto, a divisão também é feita de forma algébrica
semelhante à divisão numérica. A única diferença é que os algoritmos de
divisão devem ser adaptados de tal forma que seja possível serem
agrupados os termos de mesma potência da variável independente (x, nos
nossos exemplos). Vejamos o raciocínio no exemplo a seguir:
4 PoIinómios 101

Ex:
Na divisão numérica
29 4-3 29 3.9 2
Dividendo Ouociente 9 Resto
Divisor 3

Usando um raciocínio semelhante para polinômios, podemos definir, para a


divisão de polinômios:

P(x)-=-D(x) P« D(x).Q(x) RW
Dividendo Quociente Q Resto
Divisor D
Para P e D tais que o grau de P(x) maior o igual ao grau de D(x)

Definição 4.3.1 (Divisão Euclidiana para Polinômios)

Ou seja, a cada divisão, temos associado um polinômio Resto e um


polinômio Quociente de tal forma que a expressão da Definição 4.3.1 seja
satisfeita.

Algo importante a se atentar é que, da mesma forma que o resto na divisão


algébrica não deve ser maior que o divisor, o polinômio Resto tem (por
definição) grau inferior ao do polinômio divisor. Essa definição dá origem a
questões simples, porém que se o aluno não estiver atento, tornam-se
complicadas.

Teorema do Resto de D'Alembert

O teorema do resto de D'Alembert é de simples demonstração e de rápido


compreensão Veja a seguir:

O resto da divisão de P(x) por (x - k) é dado por P(k).

Resultado 4.3.1
Demonstração:
Se o divisor é de primeiro grau, então o resto deverá ser uma constante real.
Sendo R essa constante real, da definição 4.3.1 temos:

P(x)= (x-k).Q(x) + R
Logo, fazendo x = k:
P(k) = (k-k).Q(k) + R = R
= (T
102 Matemática em Nível IME/ITA

Exemplo 4.3.a (ITA) Um polinômio P(x) dá resto -1 quando dividido por


(x + 1), resto 1 quando dividido por ( x - 1) e resto 1 quando dividido por
(x - 2). Qual o resto da divisão de P(x) por (x + 1). (x - 1). (x - 2)?

Solução:
Sabemos que a divisão de um polinômio por outro do 3o grau nos dá um
resto de no máximo 2o grau.

Ou seja, podemos escrever:


P(x) = Q(x).(x -1).(x + 1).(x - 2) + (a.x2 + b.x + c)

Onde a.b.c são constantes a serem determinadas.

Para x=1, x =-1, x = 2 , respectivamente, usando o resultado 4.3.1:

P(1)= Qüh ■^2y + (a.1 + b.1 + c) = 1

P(-1) = + (a. 1 + b. (-1) + c) =


P(2) = Q[1Hl=4M4-rdn2^2)' + (a.4 + b.2 + c) = 1

Seguimos, então, com o seguinte sistema:


a+b+c =1
1
■ a - b + c = -1 b=1 , c=—
a = -y 3
4a + 2b + c = 1

O resto da divisão é dado por: R(x) = -


x2 2
3 3

Algoritmo de Divisão Algébrica


Mostraremos a seguir como utilizar o algoritmo de divisão algébrica de
polinômios. O método é geral, e divide um polinômio por qualquer outro
polinômio de grau menor ou igual ao primeiro, porém exige cuidado com o
uso dos sinais de cada termo do processo de execução do algoritmo. Vamos
ilustrar a divisão com um exemplo:

P(x) = x4 + 3.x3-5.x2 + 8x+1 + Q(x) = x2 + 2x-3


Algoritmo:
1o Passo: Escrevemos da maneira como está escrito a seguir, os polinômios
dividendo e divisor. Analisamos os primeiros termos de cada um deles. O
resultado da divisão do primeiro termo do dividendo pelo primeiro termo do
divisor é colocado logo abaixo a reta horizontal sob o polinômio divisor.
4 PoI inóm ios 103

I
I
x4 +3.x3 -5.x2 + 8x + 1

x2 + 2x - 3
x2

2° Passo: O resultado dessa primeira divisão é então multiplicado por cada


termo do divisor e os seus respectivos resultados são colocados (com sinal
trocado) abaixo do polinômio dividendo.

x4 + 3.x3_- 5.x2 + 8x +1_____ ]_x2 + 2x


-x2-’2’x'3 + 3.x2 x2’-'Í"
& & S

3° Passo: O resultado obtido abaixo do dividendo é somado ao dividendo,


resultando em uma nova parcela a ser dividida. O processo é então repetido
até que não haja mais possibilidade de divisão.

x4 + 3.x3 -5.x2 + 8x + 1 |x2 +2x-3

- x4 - 2.x3 + 3.x2 x2 + x-4


x3 - 2x2 + 8x + 1
-x3 - 2x2 + 3x
-4x2 + 11X + 1
+ 4x2 + 8x-12
19x-11

O polinômio restante à esquerda após o término do algoritmo é o polinômio


Resto da divisão. O polinômio restante logo abaixo do divisor é o polinômio
Quociente da divisão, de tal forma que podemos escrever:

x4 + 3.x3 - 5.x2 + 8x + 1 = (x2 + 2x - 3).(x2 + x -4) + (19x-11)


104 Matemática em Nível IME/ITA

Exemplo 4.3.b Ao dividir A(x) por B(x) foram obtidos o quociente Q(x) e resto
R(x), onde: Q(x) = x2 + 2x -1 e R(x) = x3 + 3x2 + 3x + 4 . Se dividirmos o
polinômio A(x) por x2 + 2x-1 o resto será T(x). Calcule T(10).

Solução: Do enunciado segue: A(x) = B(x).(x2 + 2x-1) + (x3+3x2 +3x + 4)

Com isso:
A(x) (x3 + 3x2 + 3x + 4)
= B(x) +
(x2 + 2x-1) (x2 + 2x-1)

Portanto o resto será dado pela segunda divisão no membro direito da


igualdade acima. Temos da divisão algébrica:

x3 + 3x2 + 3x + 4 | x2 + 2x-1
—x3 -2x2 +x x+1
x2 + 4x+ 4
-x2 - 2x+ 1
2x + 5 = T(x)

T(10) = 25^|
E, com isso, obtemos a resposta: T(10) = 2.10 + 5 = 25

Fatoração de D Alembert
Durante a época em que a demonstração do Teorema Fundamental da
Álgebra estava em discussão, o matemático D'Alembert sugeriu uma solução
para o impasse ao tentar mostrar que dado um polinômio de raiz k, ele pode
ser escrito de tal forma que possui o termo (x - k) em sua fatoração.

Ou seja, o polinômio: P(x) = x2-5x + 6, que tem raizes x = 3 e x = 2, deve


possuir os termos (x-3) e (x-2) em sua fatoração. Note que. de fato:
x2 - 5x + 6 = (x - 3).(x - 2)

O mesmo vale para o caso de raizes complexas. Veja o caso do polinômio


P(x) = x3 - 3x2 - 2 que possui como raizes: 1,1 + i, 1 - i. Note que, de fato:
x3 - 3.x2 -2 = (x — 1).(x - (1 + i)).(x - (1 - i))

A demonstração da Fatoração de D'Alembert que mostraremos é rápida e


interessante. Seja k uma raiz qualquer do polinômio genérico P(x).
4 PoIin òm ios 105

P(x) = an.xn + an_,.xn1 +... + a2.x2 + a,.x + a0 d)

Como x = k é raiz, podemos escrever:


0 = an.kn + an_l.k""1 + ... + a2.k2 +a,.k + a0 (II)

Fazendo a subtração (I) - (II) membro a membro, temos:


P(x)-0 = an.(xn-kn) + an.1.(xn-1-kn-1) + ... + a2.(x2 -k2) + a,.(x-k) (III)

Da fatoração conhecida:
an -bn = (a-b).(a' a"-2.b + ... + a .bn-2-rbn-')

Podemos colocar o fator (x - k) em evidência em cada termo do lado direito


de (III):
P(x) = (x-k).(Q(x))

Conclusão Importante:
De forma geral, podemos fatorar o polinõmio de raízes a,, a2, a3, ...,a■nn e
coeficiente do termo de maior grau igual a ‘a’ da seguinte forma:
P(x) = a.(x - a1).(x-a2).(x-a3)....(x - an)

Resultado 4.3.2

DBS: Se o polinõmio possuir um fator que se repete mais de uma vez na


fatoração do Resultado 4.3.2, dizemos que esse possui a raiz do fator como
sendo raiz múltipla. Estudaremos bastante as propriedades das raizes
múltiplas mais adiante.

Do resultado 4.3.2 segue outro resultado importantíssimo! Se todas as raizes


de um polinõmio Q(x) forem raizes de P(x) também, P terá todos os fatores
de Q em sua fatoração. Com isso a divisão de P(x) por Q(x) será exata (não
deixará resto) e podemos dizer:

Divisibilidade de Polinômios
P(X) é divisível por Q(x) quando todas as raizes de Q(x) forem também raizes
de P(x).

Resultado 4.3.3
106 Matemática em Nivel IME/ITA

Exemplo 4.3.b (IME - 1994) Mostre que P(x) é divisível por Q(x) onde P e Q
são os dados:
P(x) = x999 + x888 + x.777 555 + x444 + x,333
777 + x666 + x555 333 + x222 + x1" +1
Q(x) = x9 + x8 + x7 + x6 + x5 +x4 + x3 +x2 + x +1
Solução:
Vamos determinar todas as raizes de Q(x):
Q(x) = x9 + x8 + x7 + x6 + x5 + x4 + x3 + x2 + x +1
x10-1
O desenvolvimento de Q(x) é uma soma de P.G. de razão x: Q(x) = ———

Portanto, as raizes de Q(x) serão do tipo a, tais que:


g10-1 a10-1 = 0
Q(<x) = 0 =0
a-1 a*1

Utilizando a fórmula 1.6.1 da seção de Números Complexos, temos que as


raizes de Q(x) são:
f 2ktt 1 _
a = cis■ — . k =1,2,3..... 9
< 10 )
Verifiquemos se todas essas raizes são raizes de P(x):

P(a) = (a11’)9 +(a111)8 +(a111)7 +(a’”)6 + (a111)5 +... + (a111) + 1


10 V11
cis f2kit] I f . f2kn
•Xí I'"-.
(a111)1°-1
bo“J ] -1
a1”-1 ct111 —1 a111-1 a’11-1
(cis(2ka))11 -1
1-1
=0
a1" -1 a’”-1

Portanto, todas as raizes de Q(x) são raizes de P(x). Do Resultado 4.3.3,


temos que P(x) é divisível por Q(x).

Exemplo 4.3.c (ITA - adaptada) Suponhamos que os polinômios P(x), Q(x),


p(x) e q(x) satisfaçam as seguintes condições:

P(x).p(x) + Q(x).q(x) = 1 Vx eC
P( p(1)) = 0 , Q(0) = 0

Mostre que p(x) não é divisível por (x - 1).


4 PoIinòmios 107

Solução:
Vamos supor por absurdo que p(x) seja divisível por (x -1). Isto é, o resto da
divisão de p(x) por (x - 1) é nulo, ou ainda, que:
p(1) = 0
Fazendo x = p(1), temos:
P( P(1) )■ P( P(1) ) + Q( P(1) )-q( P(1) ) = 1
=0 = Q(0)=0
Ou ainda:
0=1
ABSURDO!

Ou seja, nossa hipótese de que p(x) é divisível por (x - 1) é falsa, concluindo


nossa prova.

Exemplo 4.3.d Determine as raízes do polinômio: P(x) = x3 -10x2 + 29x - 20


Solução:
Uma inspeção rápida nos fornece que 1 é raiz desse polinômio, uma vez que
a soma dos coeficientes é nula. Ou seja:

P(1) = 13 -10.12 + 29.1 - 20 = 0

Portanto P(x) possui um fator (x - 1) em sua fatoração. Ou ainda

P(x) = x3 - 10x2 + 29x - 20 = (x - 1).Q(x)

Onde Q(x) é o polinômio que representa os demais fatores de P(x). Por P(x)
ser de grau 3. do Teorema Fundamental da Álgebra, sabemos que possui 3
raizes e Q(x) deve possuir os outros dois fatores restantes na fatoração de
P(x) (i.e. Q(x) é de grau 2).
P(x) = x3 -10.x2 + 29.x - 20 = (x - 1).(x2 + ax + b)

Falta apenas determinar os coeficientes a e b de Q(x). Para isso, façamos


uma simples identidade de polinõmios:
x3 -10.x2 + 29.x- 20 s (x - 1).(x2 + ax + b)

Queremos que a identidade acima valha para todo valor de x.


Usando a Definição 4.2.2, temos que:

x3 -10.x2 + 29.x - 20 = x3 + (a -1).x2 + (b -a).x -b


108 Matemática em Nivel IME/ITA

-10 = a-1
29=b-a
-20 = -b
a =-9
b = 20

Ou seja: x3 - 10.x2 + 29.x-20 s (x-1).(x2 - 9x + 20)

Concluímos então que as demais raízes de P(x) são raizes do polinômio:

Q(x) = (x2 - 9x + 20)

Utilizando o método de Báskara para a resolução:


9 ±781-80 9±1
x2-9x + 20 = 0 2
- ---------------
<=> x = 2
O que nos dá as raizes: 5 e 4. Ou seja, as raízes do polinômio P(x) são:

1. 4,5

ÍSerá que existe um jeito mais fácil de obter o


polinômio Q(x)? Ou seja, dado que conhecemos uma
jaiz de um polinômio, e fatoramos o polinômio pelo
método de D'Alembert, existe alguma maneira mais
■prática de achar os demais fatores?

Dado que conhecemos uma das raizes do polinômio P(x), o problema de


determinar as demais raízes se reduz a encontrar o polinômio que possui os
demais fatores de P(x). Ou seja, dado P(x) e k como sendo uma de suas
raizes conhecidas, desejamos encontrar Q(x) tal que:

P(x) = (x-k).Q(x)
4 P oI i n ôm i os 109

A pergunta do nosso amigo acima é interessante. Ora, Q(x) nada mais é do


que o quociente da divisão de P(x) por (x - k). Ou seja, podemos utilizar o
algoritmo da divisão algébrica.

Algoritmo de Briot-Ruffini (Redução de Grau de um Polinômio)

O problema de determinar Q(x) é resolvido por uma simples Divisão


Algébrica. Porém, existe um algoritmo simplificado para se fazer essa
“continha" de divisão algébrica por um termo do tipo (x - k). Esse algoritmo
simplificado é conhecido como Algoritmo de Briot-Ruffini. Tal algoritmo, que
será detalhado a seguir, é também conhecido como Algoritmo de Redução de
Ordem do polinômio, uma vez que conhecendo uma de suas raizes, o
polinômio que possui os demais fatores (Q(x) no nosso exemplo) é um
polinômio com grau uma unidade menor que o de P(x). Vamos ilustrar a
divisão com um exemplo: (P(x) = x3 + 2x2 - x + 3 ) + ( x - 2)

Algoritmo de Briot-Ruffini:

1° Passo; Escrevemos, da maneira como está escrito a seguir, os


coeficientes do polinômio dividendo. Abaixo da linha horizontal, à esquerda,
escrevemos o número k, do fator (x - k) da divisão a ser feita (no nosso
exemplo, k = 2). O primeiro termo do polinômio dividendo é repetido logo ao
lado direito de k.
1 2 -1 3

2 1
r
2° Passo: Multiplicamos o número k (no nosso caso k = 2) pelo primeiro
número abaixo da linha horizontal (no nosso exemplo, devemos fazer 2.1 =
2). A esse resultado somamos o próximo termo acima da linha horizontal (no
nosso exemplo, esse termo também é 2 (chegando, no nosso exemplo, ao
resultado: 2 + 2 = 4).

-1 3
/ \ ,... -
2 Í ' =. 4 )
V'
X
110 Matemática em Nível IME/ITA

3° Passo: Procedemos da mesma maneira para o próximo termo. No nosso


exemplo fica: (2 x 4) + (-1) = 7 , e para o termo seguinte: (2x7) + (3) = 17.

Os números resultantes abaixo da linha horizontal, compreendidos entre as


linhas verticais são os coeficientes do polinômio Q(x), que agora é do
segundo grau.

O número ao lado direito da segunda barra vertical é o resto da divisão.

1 2 -1 3

2 1 4 7
P
Ou seja, podemos escrever:P(x) = x3 + 2x2-x + 3 = (x-2).(x2 + 4x +7)+ 17

Note que o resultado está coerente com o Teorema do Resto de D'Alembert


(Resultado 4.3.1) pois:
P(2) = 23 + 2.22 - 2 + 3 = 17

Exemplo 4.3.d Utilize o Algoritmo de Briot-Ruffini para resolver novamente o


exemplo 4.3.C.

Solução:
Novamente, por inspeção, conhecemos uma raiz do polinômio. 1 é raiz do
polinômio, uma vez que a soma dos coeficientes é nula. Ou seja:

P(1) = 13-10.12+29.1-20 = 0

Vamos reduzir o grau, por Briot-Ruffini:

1 -10 29 -20

1 1 -9 20

Com isso: P(x) = (x-1).(x2 - 9x + 20)

Seguindo o raciocínio do exemplo 4.3.C, achando as demais raízes:


P(x) = (x-1).(x-4).(x-5)
As raízes do polinômio P(x) são:

1. 4,5
4 PoIinômios 111

| 4.4 Relações de Girard |

Vimos na seção 4.2 que existem métodos analíticos para achar as raizes de
Equações do primeiro grau, do segundo grau, do terceiro grau e do quarto
grau. Não há métodos gerais analíticos para determinar as raízes de
polmõmios quaisquer diferentes deles (veremos mais a frente alguns outros
casos particulares, em que poderemos criar métodos específicos para achar
as raízes, quando estudarmos equações reciprocas).
Estudaremos agora algumas relações inerentes a cada polinômio que
auxiliam na busca de novas raizes. Cabe ressaltar que essas relações por si
só nunca permitirão que encontremos as raízes do polinômio. Elas apenas
auxiliarão a nossa busca, junto a outras informações conhecidas a respeito
da equação analisada.
Antes de enunciarmos as famosas Relações de Girard, vamos primeiro
definir um termo que será mencionado no próprio teorema, para que a
compreensão posterior seja facilitada.

Sejam a, b, c, d,... raízes de um polinômio. Definimos como somas de Girard:

Sq = a + b + c + d + ...
S| = a.b + a.c + ... + b.c + b.d +... + c.d + ...

Sg = a.b.c + a.b.d + b.c.d + ...

O índice numérico associado a cada soma nos diz o número de termos


agrupados em cada parcela da soma. Ou seja, a soma de índice 1 de Girard
(leia-se "S um de Girard”) é a soma das raizes tomadas uma a uma. A soma
de índice 2 é a soma das raizes tomadas duas a duas, e assim por diante.

Relações de Girard
Dado um polinômio: P(x) = an.xn+an_1.xn-1+... + avx + aoé valido que:

c2 - an-2 e3 _ an-3 Sg =(-1)* —“


OG - ÔG “ ~ã
an an an an

Resultado 4.4.1

Não demonstraremos ainda as relações de Girard. Daremos uma noção


intuitiva da demonstração desse resultado, para os casos de polinômios de
grau 2 e 3, e a demonstração será pedida no Exercício de Fixação 4.7 na
forma de Indução Finita (veja a resolução no capitulo 7).
112 Matemática em Nível IME/ITA

Para o polinômio do segundo grau P(x) = a.x2 + b.x +cde raízes m, n,


podemos fatorar:
a.x2 +b.x +c = a.(x-m).(x-n)
= a.(x2 - m.x -n.x + m.n)
s a.(x2 - (m + n)x +m.n)
sa.x2-a(s23).x + a.(S^l)

b
I S^=-
a
,■ SsG -a
2 - -

Note que as Relações de Girard são verificadas para polinômios do 2” grau.

Para o polinômio do terceiro grau P(x) = a.x3 + b.x2 +c.x + dde raizes m. n, p
podemos fatorar

a.x +b.x +c.x+ds a.(x -m).(x - n).(x - p)


í- s a.(x2-m.x-n.x + m.n').(x-p)
= a. (x3 - x2.p - m.x2 + m.p.x - n.x2 + n.p.x + m.n.x - m.n.p)
= a.(x3- (m + n + p).x2 + (m.p + n.p + m.n).x-m.n.p)
a a. x3 - a (Sg j.x2 + a. (Sq j.x - a. (Sq )

S’
: SH; sã=-^
____________________________________________ ____________________ ,_______________________________________________ ________________________ _________ _______________________ ___________ __________________________ -■

Verifica-se então, também, para o polinômio do 3° grau o resultado 4.4.1. O


modo como foram encaminhadas tais verificações já deixa a noção de como
proceder para demonstrar o caso geral com o processo de indução finita.
Vejamos como as Relações de Girard podem ser úteis, nos seguintes
exemplos:

Exemplo 4.4.a Determine as raizes do polinômio P(x) = x3 -15x2 + 66x - 80


sabendo que as mesmas se encontram em Progressão Aritmética.

Solução:
4 P oI in ôm ios 113

Como as raízes estão em progressão aritmética, podemos dizer que são do


tipo:
a-r, a , a + r
Das relações de Girard para o polinômio, obtemos:
[Sg = (a-r)+ (cc) + (a + r) = 15=> 3a = 15 a=5
|Sg = (a-r).(a).(a + r) =80 => a.(a2-r2) = 80 r = ±3
De onde segue que as 3 raízes são:

2, 5,8

Exemplo 4.4.b Para o polinômio P(x) = x4 - 5.x3 + 9x2 - 8 determine a


soma dos quadrados das suas raizes.

I Solução: <

I Não sabemos o método prático de determinar as raizes do polinômio do 4o:


grau dado. Porém, para calcular a soma dos quadrados delas não é preciso i
que as conheçamos individualmente. Sejam a, b, c, d essas raízes:

Das relações de Girard para o polinômio, obtemos:


ÍSg = (a + b + c + d) = 5
[ Sg = (a.b + b.c + a.c + a.d + b.d + c.d) = 9

Levando em consideração que:


(a + b + c + d V = a2 + b2 + c2 + d2 + 2,(a.b + a.c + a.d + b.c + b.d + c.d)
Teremos:
a2 + b2 + c2 + d2 = (a + b + c + d)2 - 2. (a.b + a.c + a.d + b.c + b.d + c.d)
Sq=5 S^=9

i a2 + b2 + c2 + d2 = 7

OBS: Note que, no exercício anterior, calculamos a soma dos quadrados das
raizes do polinômio, sem conhecermos as mesmas, ou sequer sabermos se
as raizes eram reais puras ou não. De fato, o resultado de Girard é geral, e
não faz essa distinção, nos permitindo aplicá-lo para qualquer polinômio de
coeficientes complexos.
114 Matemática em Nível IME/ITA

Vimos a prova no Exercício de fixação do primeiro capítulo (Exercido 1.23).


de que, se um polinómio de coeficientes reais admite uma raiz complexa com
parte imaginária não nula, então seu conjugado também será raiz.

Tal afirmativa é confirmada intuitivamente pela aplicação das Relações de


Girard. Sendo uma raiz de um polinómio de coeficientes reais do tipo a + b.i,
como a soma de todas as raizes deve ser real, deverá existir também uma
raiz complexa com o termo ( - b.i ) presente para que haja o cancelamento
dos termos imaginários.
Como o mesmo deve acontecer para o produto, e sabemos, da teoria dos
complexos de que o produto de dois conjugados é um real puro, o Teorema
provado no Exercício 1.23 torna-se bastante intuitivo.

Teorema
Dado um polinómio de coeficientes reais. Se o mesmo polinómio admite uma
raiz complexa com parte imaginária não nula, então seu conjugado também
será raiz.

Teorema 4.4.1
Um raciocínio análogo pode ser feito para um polinómio de coeficientes
racionais, admitindo uma raiz irracional. Toda raiz irracional pode ser escrita
da forma a + 7b, e pelo mesmo raciocínio de cancelamento da parte
irracional, segue o seguinte resultado:

| Teorema -]
I Dado um polinómio de coeficientes racionais. Se o mesmo polinómio admite
uma raiz irracional do tipo a + 7b , então a - 7b também será raiz.

Teorema 4.4.2

Exemplo 4.4.C O polinómio x5 - 9.x4 + 22x3 - 14.x2 + 21 ,x - 5 possui como


duas de suas raizes os números i e 2 + ^3. Determine as demais raizes
desse polinómio.

Solução:
Note que o polinómio dado tem coeficientes reais e racionais. Dos teoremas
4.4.1 e 4.4.2, sabemos que também são raizes do polinómio: -i e 2-73

Já conhecemos, então, quatro das cinco raizes do polinómio. Sendo k a raiz


desconhecida, e com o auxilio da relação de Girard, temos que a soma de
todas as raizes será:
4 Polinômios 115

+ [ 2-X)+( 2 + X) + k = S’G =9

F k=5

Exemplo 4.4.d (ITA 2006) Considere o polinômio: P(x) = x3+ a.x2 + x +1


com raizes reais. O coeficiente a é racional e a diferença entre duas de suas
raizes também é racional. Nestas condições, mostre que é verdadeira a
afirmação: "Se uma das raizes de P(x) é racional, então todas as suas raizes
são racionais.'

Solução: Sejam a, p e y as raizes do polinômio, e a a raiz racional da


hipótese da afirmativa. Do enunciado, temos dois casos possíveis:
I) a-P =q e Q
Nesse caso, temos: p = a - q que será a diferença entre dois racionais, e,
portanto racional também.
A terceira raiz será racional também, uma vez que se fosse irracional,
sua raiz conjugada (irracional) deveria ser também raiz (teorema 4.4.1), o
que não é possivel. Logo todas as raizes são racionais!

II) y-p = q, = 0

Das relações de Girard, temos que a soma das raizes é racional, e, como
a é racional, temos que y + 0 = q2 e Q . Segue que:

Y = ^ eQ ;

Ou seja, é verdadeiro afirmar que se uma raiz é racional, todas também são.

Exemplo 4.4.e (IME 2004) Considere o polinômio x3 + ax + b de coeficientes


reais e constante b não nula. Sabendo que suas raizes são reais, demonstre
que a < 0.

Solução: Sejam m, n e p as raizes do polinômio.


116 Matemática em Nível IME/ITA

m +n +p = 0
m.n + n.p + m.p = a
m.n.p = —b

Da ultima equação acima, como b é não-nulo, temos que nenhuma das


raízes poderá ser 0 uma vez que o produto delas é não - nulo.

Note o que acontece se elevarmos a primeira equação ao quadrado:

(m + n + p)2 = m2 + n2 + p2 + 2.(m.n + m.p + n.p) = 0


a
m2 + n2 + p2
a=-
2
Como m, n, p são reais, temos que a soma m2 + n2 + p2 é positiva, e, com
isso, a deverá ser necessariamente menor que zero.
4 PoIinômios 117

| 4.5 Teorema de Newton

Antes de enunciarmos o teorema de Newton, vamos primeiro definir um


termo que será mencionado no próprio teorema, para que a compreensão
posterior seja facilitada.

Sejam a, b, c, d,... raizes de um polinômio. Definimos como Soma de Newton


(“S" de Newton), a seguinte soma:

S‘k = ak + bk + ck + dk +...

Teorema de Newton
Dado um polinômio: P(x) = an.xn 4-an_1.xn'1+...+avx + a0 é valido que:

an-Sk+an-iSk-, ...+ a1.Sk_n_1 + a0-sk-n = 0 keí

Resultado 4.5.1

Demonstração:

Demonstraremos o teorema 4.5.1 para um polinômio de grau 3.


A demonstração para graus maiores é exatamente análoga.

Seja: P(x) = a.x3+b.x2 +cx + d com raizes a, p, Y. Como são raizes,


segue'

P(a) = a.a3 + b.a2 + Ca + d = 0


P(P) = a.p3 + b.p2 + c.p + d = 0
P(Y) = a.y3 + b.y2 + c.y + d = 0

Multiplicando as equações, respectivamente por a k-2, Pk-2 . Yk-2 temos:

a.a3+k-3 + b.a2*k-3 + c.auk-3 + d.ak-3 = O.a k’3 = 0

a.p3*k'3 + b.p2*k-3 + c.puk-3 + d.pk’3 = o.p k-3 = 0


a.y3,k~3 +b.Y2tk-3 + c.yuk"3 + d.Yk-3 = o.Yk-3 = 0
118 Matemática em Nível IME/ITA

a.ak + b.ak 1’+c.ak-2 + d.ak-3 = 0


■ c.pk’2 + d.pk"3 = 0
a.pk + b.pk’1 +
- C.yk*2 + d.yk-3 = 0
a.yk+b.yk-1+

Se somarmos membro a membro as 3 equações teremos:

a.(ak+pk+y'’k) + b( ak-1 + Pk'1 + yk-1)

k-2 + pk-2 + Yk-2 ) + d.(ak-3 + pk’3 + Yk-3


)=°
Í7
F---------------------------------------.... .------------- _---- ----- --- -------------- 1
Exemplo 4.5.a Sendo a, b, c, d as raízes do polinómiox4 - 5.x2 + 2x +1 = 0 ,
. determine a soma a4 + b4 + c4 + d4 .

: Solução: A soma pedida é justamente S^ (leia-se "S quatro de Newton"). ■


Pelo teorema de Newton (4.6.1), temos:

(SJ + O.(Sj) - 5.(S') + 2.(Sj + 1.(Sj = 0.

I Calculando as demais somas de Newton necessárias: ■

Sj = a2+b2 + c2 + d2
= (a + b + c + d)2- 2.(ab + ac + ad + bc + bd + cd)

- =(S1G)2-2.(S2) =(0)2-2.(-5) =10

(Sj = a + b + c + d = (SG) = 0
(S‘) = a0+b°+c0 + d° = 4

Substituindo na expressão de Newton:

(SJ + O.(Sj) - 5x10 + 2x0 + 1x4 = 0

l .-. S4 = a4 + b4 + c4 + d4 = 46
4 PoI in ôm ios 119

OBS Importante: Note que o teorema de Newton não estipula que valor de k
deverá ser usado para iniciar como acompanhante do primeiro termo do
polinõmio A escolha é arbitrária (verifique a demonstração). Ou seja, na
questão resolvida acima, poderiamos ter calculado a soma pedida, partindo
da seguinte (também verdadeira) expressão do Teorema de Newton:

S6 + O.S5 — 5,S4 + 2.S3 +1 ,S2 = 0

Obviamente, havería grande desvantagem em fazer isto, uma vez que


calcular Sj não é tão prático, a priori. Essa arbitrariedade de podermos
começar a expressão de Newton com qualquer valor de k permite que, com
certa facilidade, calculemos outras somas.

Neste caso, por exemplo, como já conhecemos o valor de , poderemos


obter facilmente o valor de Sj usando a expressão da forma que colocamos
acima.

Exemplo 4.5.b (1ME 2003) Resolva novamente o exemplo 4.4.e. Considere o


polinõmio x3 + ax + b de coeficientes reais e de constante b não nula.
Sabendo que suas raizes são reais, demonstre que a < 0.

Solução: Para o polinõmio, pelo Teorema de Newton, podemos escrever: 1


(S2) + a.(S0) + b.(S_,) - 0

Sendo m, n, p as raízes do polinõmio. temos:


(m2 + n2 + p2) + a.(m',o + no+po) + bfl + l+l'l = 0
7 n p;

=> (m,2 n2 + p2) + a.3 + b.j n.p + m.p 4- m.n =0


m.n.p

=> (m2 + n2 + p2) + a.3 + b.| ~f"J =


0

=> (m2 + n2 + p2) + a.3 + =0

:2 + n2 + p2
2
Como m, n, p são reais, então m2 + n2 + p2 > 0 e com isso, a < 0.
J
120 Matemática em Nível IME/ITA

| 4.6 Teorema de Girard |

Existe uma segunda forma distinta de determinar o valor dos somatórios de


Newton de maneira prática. O resultado que mostraremos a seguir é
conhecido como Teorema de Girard e tanto sua aplicação quanto "conhecer”
sua demonstração podem ser úteis em provas de IME/ITA (principalmente do
IME). É comum o IME pedir a demonstração de teoremas famosos em suas
provas (como aconteceu na prova de 2005 em que o IME cobrou a
demonstração do Teorema de Newton, da seção 4.5). De fato, a
demonstração do resultado a seguir não exige conhecimentos extraordinános
do aluno e poderia muito bem ser cobrada em uma eventual prova de
concurso. Portanto, sugerimos atenção tanto ao resultado quanto à sua
demonstração!

Teorema de Girard
Dividindo-se (utilizando o método algébrico) a derivada de um polinômio P(x) I
pelo polinômio original, obtém-se um quociente resultado, do tipo:

Sp , S, S; S3
x x2 x3 x4

Onde Sg, Sp Sj, .... são as somas de Newton, definidas na seção 4.5.

Resultado 4.6.1

smonstração
eja P(x) um polinômio de grau n com raízes: x,, x2 xn. De acordo com o
resultado 4.3.2 podemos fatorar P(x) como:
P(x) = a.(x - x,).(x-x2).(x-x3) (X-X„) (Eq. I)
Esta divisão não está inteiramente de acordo com a definição 4.3.1 de
Divisão de Polinômios uma vez que o grau do divisor P(x) é maior que o grau
do dividendo P'(x). Não nos interessa avaliar o o polinômio quociente em
alguns valores de x, mas sim, determinar os coeficientes dessa "divisão". Ou
seja, a principio, o resultado independe dos valores de x a serem assumidos
pelos polinômios.

Para efeito de rigor matemático, consideremos que essa divisão é feita para
valores de x que garantirão uma condição necessária para a convergência
mais a diante na prova:
|x|>|xk| => |^|<1
4 PoIinòmios 121

Apliquemos a operação “log neperiano (In)" em ambos os lados da igualdade:

InP(x) = ln[a.(x - x,).(x - x2 ).(x - x3) (x - xn)]

=>lnP(x) = ln|a| + ln(|x - x,|) + In (|x - x2|) +... + ln(|x - x„|)

Ao fazermos isso devemos ter cautela. Como a Equação I deve valer para
todo x real pode ser que o polinõmio assuma valores negativos, o que não
permitiría a aplicação do logaritmo. Isso acontecerá sempre que x for menor
que um número impar de raizes de P(x), resultando em um número impar de
parcelas negativas (x - xk).
Nesse caso, será sempre possível multiplicar ambos os lados por -1, e
rearranjar os sinais das parcelas do lado direito, de modo que ambos os
membros da equação sejam positivos, e o lado direito da equação seja
composto apenas de parcelas positivas. Visto isso, seguiremos a
demonstração para o caso em que as parcelas (x - xk) são positivas (a
demonstração, caso contrário, é exatamente análoga tendo feita a alteração
mencionada acima).
InP(x) = ln|a| + ln|x - x,| + ln|x — x2| +... + In |x - xn|

Derivando a equação acima com relação a x:

£['nP(X)]= +£lnlX-Xl| + £lnlX-X2| + - + £lnlX-Xn|


P'(X) 1 1 1
(Eq. II)
P(X) x-x, x-x2 x-xn

Vamos dar uma arrumada nos termos à direita na equação II. Para cada
parcela da direita, podemos escrevê-la da seguinte forma:
1
x-xk

Voltando na equação II:

(Eq. III)
P(x)

Note agora, que cada parcela do lado direito da igualdade acima se parece
muito com uma soma de PG infinita. Vale relembrar que:
122 Matemática em Nível IME/ITA

a
a + a.q + a.q2 +... = |q|<1
1-q
(Soma de P.G.)

Ora. mas cada parcela da igualdade da Equação III se assemelha bastante


com o valor da soma de uma P.G. infinita.

a
1-q

A condição de convergência da P.G. infinita (|q|<1) é satisfeita, pois foram


tomados os valores de x tais que:

lxl>W
Ou seja, podemos reescrever a equação III como:

p'(x> fi , x, | x,21 l + 25.V +


P(x)
P(x) Lx X x22 X3 " J ( XX X2 X3

Arrumando:

P'(x) 2 + Xln x2n , xnn


P(x) x xn+' + xn*1 xn-’
n

s-,
S'q S\ S'2
1' ' x + X2 X3

Para melhor compreensão das propriedades de logaritmos usadas, consulte


um livro de álgebra de ensino médio.

Curiosidade Histórica
As relações de Girard vistas na seção 4.4 deveríam ser creditadas a Newton,
que foi o primeiro a estudá-las no seu trabalho de pesquisa sobre polinõmios.
O verdadeiro teorema de Girard é o que acabamos de mostrar (Resultado
4.6.1).
4 PoIinômios 123

Exemplo 4.6.a Resolva novamente o exemplo 4.5.a, verificando a validade


do Teorema de Girard.

Solução: Sendo a, b, c, d as raízes do polinômio P(x) dado, queremos


determinar a soma: a4 + b4 + c4 + d4 .

P(x) = x4 - 5.x2 + 2x +1 P'(x) = 4.x3 -10.x + 2

Realizando a divisão algébrica:


4x3 -10 x +2 |x4 -5.x2 + 2.x + 1
4 10__6_^46.
-4x3 20.x -8- —
X x + x 3 x4 x5
10.X-6--
x
50 20 10
-10.X +
X x2 xl
46 20 10
-6 +
X x3X2
30 12 6
+ 6------ t—5-
x2 x x4
46_50 _2_ + JL
X X2 X3 x"
46 230 92 46
X X3 X4 X5

Do resultado da divisão temos que o quociente, pela comparação do


resultado 4.6.1, é tal que:

4 10 6 46 Sç+s; A
x4+ xs+- X X2 x3
x x3 x4
Da comparação acima, segue que:

S4 = a4 +b4 +c4 + d4 =46


124 Matemática em Nível IME/ITA

Que está coerente com o resultado obtido no Exemplo 4.5.a.

Exemplo 4.6.b Resolva novamente o exemplo 4.5.b, verificando a validade


do Teorema de Girard.

Solução:
Sendo m, n, p as raízes do polinômio dado, temos:

P(x) = x3 + a.x +b => P’(x) = 3.x2 + a

Fazendo a divisão algébrica:


3x2+a |x3 + a.x + b
3 2a
-3.x2-3,a- — ------------- i-...
X x x3

-2.a- —
X
2.a2 2.a.b
2.a + —z-+-------
x2 x3

Com o resultado 4.6.1 segue que:

m2 + n2 + p2
m2 + n2 + p2 = -2.a a=-
2

Como m. n, p são números reais não-nulos, temos que a < 0, o que está
coerente com o resultado do exemplo 4.5.b.

É bom saber que existem várias'"'


ferramentas diferentes para atacar uma
. mesma questão! .—'
4 Polinômios 125

| 4.7 MDC de Polinômios e Raízes Comuns

Um problema que tem se mostrado com certa reincidência nos concursos do


IME e do ITA consiste em determinar as raizes comuns entre dois dados
polinômios. Estudaremos a solução desse tipo de problema a seguir.

O Resultado 4.3.2 nos mostrou que um polinômio de raízes a,, a2, a3 an


pode ser fatorado como:

P(x) = a.(x-a,).(x-a2).(x-a3) (x-“n)

Podemos fazer uma analogia entre polinômios e números inteiros, que


podem também ser fatorados de maneira semelhante quanto aos seus
fatores primos.

Ex:
140 = 22.5.7
108 = 22.33

Determinar o MDC entre dois números equivale a determinar o maior número


que divide ambos exatamente (ou ainda, determinar o número que possui o
maior numero de fatores primos comuns com os dois números dados).
Seguindo nossa analogia, determinar o MDC entre dois polinômios equivale a
determinar o polinômio de maior grau que divide ambos os polinômios
exatamente (ou ainda, determinar o polinômio que possui o maior número de
fatores comuns com os dois polinômios dados).

MDC
Dado dois polinômios P(x) e Q(x). O MDC entre P e Q será o polinômio M(x)
de maior grau tais que P(x) e Q(x) são divisíveis por M(x).

Definição 4.7.1

Um resultado importante e imediato dessa definição é citado a seguir.

Raizes Comuns: As raizes comuns entre dois polinômios P(x) e Q(x) serão
as raizes do polinômio MDC entre P e Q.

Resultado 4.7.1
126 Matemática em Nivel IME/ITA

Será que existe algum algoritmo para


a determinação do MDC entre dois
polinômios de forma simplificada’

Voltando à nossa analogia com os números, lembremos um famoso algoritmo


de determinação do MDC entre dois números, tomando como exemplo os
números 3060 e 2856.

Algoritmo numérico (Método de Euclides):

1° Passo: Dividimos o maior dos dois números pelo menor deles, obtendo um
resto da divisão.
3060 |2856
Resto: 204 1

f° Passo: Dividimos o divisor da primeira divisão pelo resto da mesma,


obtendo um novo resto. Este passo é repetido até que o resto obtido seja 0.
Isso acontece justamente na primeira execução desse passo no exemplo
usado.
2856 |204
Resto: 0 14

3o Passo: Quando a divisão realizada der resto zero, o MDC aparece na


posição do divisor da última divisão. De acordo com o nosso exemplo:

MDC (2856, 3060) = 204

Usando um algoritmo exatamente análogo podemos determinar o MDC entre


dois polinômios. Como exemplo, vamos determinar o MDC entre os
polinômios
P(x) = x5 + x4 + x3 + x2 + 1
Q(x) = x4 -1
4 PoIin ómios 127

Algoritmo Polinomial (Método de Euclides para polinômios):

1° Passo: Dividimos o polinômio de maior grau pelo de menor, obtendo um


resto da divisão.
xs + x4 + x3 + x2 + x + 1 x4-1

-x5 +X X + 1
x4 +x3 +x2 + 2x + 1
-x4+ 1
x3 + x2 + 2x + 2

2° Passo: Dividimos o divisor da primeira divisão pelo resto da mesma,


obtendo um novo resto. Este passo é repetido até que o resto obtido seja 0
Isso acontece justamente na primeira execução desse passo no exemplo
usado.
x4 -1 | x3 + x2 +2x + 2

-x4 -x3 -2.x2 -2.x x-1


-x3 -2x2 -2x-1
x3 + x2 + 2x - 2
-x2 +1

x3 + x2 +2x + 2 | -X2 4-1

-x3 -X -1

x2 + 3x + 2
-x2 +1
3x +3
OBS: Antes da próxima divisão, que seria entre -x2 + 1 e 3x + 3 podemos
evidenciar o 3 no divisor para facilitar as contas, sem alterar nosso resultado.

-x2 +1 I x+ 1
X2 X -X -1

x+1
-x-1
0
128 Matemática em Nível IME/ITA

Chegando ao resto nulo, temos que o divisor da última divisão é o MDC entre
os dois polinômios originais. Sendo assim:

MDC(x5 + x4 +x3 + x2 + 1 ; x4 -1 j = x +1

Podemos ainda aproveitar o MDC obtido e dizer que as raízes comuns entre
os polinômios P(x) e Q(x) serão as raízes do polinômio MDC. No nosso caso,
a raiz comum será, então, -1.

Polinômios primos entre si:


Se alguma divisão chegar a um resto igual a uma constante não nula, os
polinômios não possuirão fatores comuns, sendo assim ditos polinômios
primos entre si.

Definição 4.7.2

Muitas vezes o algoritmo do MDC não será necessário para determinar as


raizes comuns entre dois polinômios. Se soubermos que eles possuem
raizes comuns, dependendo da questão, em alguns casos, é possível
determinar as raizes com uma manipulação algébrica. Veja o exemplo
abaixo.

Pxemplo 4.7.a Determine a(s) raizes comuns entre os dois polinômios:

|P(x) = x3-3x2 + x-3


|Q(x) = x3-x2 + x-1

solução: Vamos supor que haja, de fato, pelo menos uma raiz comum entre
P(x) e Q(x). Sendo 'k' esta raiz, podemos escrever:

ík3 - 3.k2 + k - 3 = 0
[k3-k2 + k-1 = 0

Temos um sistema simples na variável ‘k’. Subtraindo a 1a equação da 2a,


teremos:
2k2 + 2 = 0 k=± i
4 PoIinõmios 129

Ou seja, i e - i atendem simultaneamente às equações de P(x) e Q(x). Note


que, de fato:

P(±i) = (+i)3 - 3.(± i)2 + (± i) - 3 = 0


Q(± i) = (± i)3-(± i)2 + (± i)-1 = 0

Como o polinômio é do 3° grau, e seus coeficientes não são idênticos, a 3a


raiz de cada um deles, não será comum (se quiséssemos, poderiamos
determiná-las utilizando o Algoritmo de Briot-Ruffinü).

Ou seja, as raizes comuns entre P(x) e Q(x) são:

i e -i

Exemplo 4.7.b Sabendo que P(x) e Q(x) possuem 2 raizes comuns,


determine todas as raizes de cada um deles.

P(x) = x4 - 3x3 - x + 3
Q(x) = x4 -15.x3 + 65.x2 -105.x+ 54

Solução: Recorrendo ao método anterior vamos chamar de ‘k’ uma das


raizes comuns, de tal forma que possamos escrever

k4 - 3.k3 - k + 3 = 0
k4 -15,k3 +65.k2 -1O5.k + 54 = 0

Subtraindo a segunda equação da primeira, teremos:

12.k3-65.k2 104.k-51 = 0

A priori, não sabemos um método geral para resolver tal equação do 3° grau.
Porém, devemos estar atentos e notar que a soma dos coeficientes do
polinômio acima é nula. Ou ainda, que

12.(1)3-65.(1)2 + 104.(1)-51 = 0
Ou seja, k = 1 é uma raiz. Descobrimos uma das raizes comuns a P(x) e
Q(x). A outra será uma das outras duas restantes no polinômio em k.
130 Matemática em Nível IME/ITA

Podemos reduzir o polinõmio do 3° grau em 'k', pelo Algoritmo de Briot -


Ruffini.

12 -65 104 -51


1 12 -53 51
I 0

12.k2 - 65.k2 + 1O4.k - 51 = (k - 1).(12.k2 - 53.k + 51)

Determinando as demais raizes do polinõmio em 'k', pelo método de


Báskara.
53 ±V532 -4.12.51 17
12.k2 - 53.k + 51 = 0 <=> k — = 3 ou —
24 12

Interessa a nós qual dessas duas é raiz comum a P(x) e a Q(x). Substituindo
nas expressões de P e Q. verifica-se que:

P(3) = (3)4 -3.(3)’ -(3) + 3 = 0

Q(3) = (3)4 -15.(3)’ +65.(3)2 -105.(3)+ 54 = 0

Conhecemos duas raizes de P(x) e duas raizes de Q(x). Para determinar as


demais raizes de cada um deles, devemos reduzi-los pelo algoritmo de Briot-
Ruffini, individualmente.
Para P(x):

1 -3 0 -1 3
1 1 -2 -2 -3 0

3 1 1
-T 0

Ou seja, podemos fatorar P(x) como: P(x) = (x — 1).(x - 3).(x2 + x +1)

As outras duas raizes de P(x) serão as soluções de:


x2 + x +1 = 0

Ou ainda, temos que todas as raizes de P(x) serão:

-1 + i.V3 -1-1.73
1, 3,
2 ' 2
4 P0I inòmi os 131

Para Q(x):
1 -15 65 -105 54
1 1 -14 51 -54 (T
3 1 18 0

Ou seja, podemos fatorar Q(x) como:

Q(x) = (x-1).(x - 3).(x2 - 11 .x + 18)

As outras duas raízes de P(x) serão as soluções de:


x2-11.x+ 18

Ou ainda, temos que todas as raízes de P(x) serão:

■ 1, 3. 2, 9

| 4.8 Raízes Múltiplas

Definição:
Dizemos que uma raiz k é uma raiz múltipla de um polinômio P(x) quando ela
é raiz de P(x) e também raiz do seu quociente da divisão de P(x) por (x-k).
Ou ainda, quando P(x) possui o fator (x-k) mais de uma vez em sua
fatoração. O número de vezes n em que aparece o fator dirá a ordem de
multiplicidade da raiz (se n = 2, trata-se de raiz dupla, se n = 3, raiz tripla, e
assim em diante).

Definição 4.8.1
Exemplos:

0 é raiz dupla de P(x) = x2 = (x -0).(x -0)


1 é raiz tripla de P(x) = x3 -3x2 + 3x-1 = (x-1).(x-1).(x-1)

Vamos supor um polinômio, sem perda de generalidade, com uma raiz


múltipla de ordem n e demais raizes quaisquer.
P(x) = (x - k)n.Q(x)
A expressão acima representa tal polinômio onde Q(x) contém os demais
fatores devido às outras raizes de P(x).
132 Matemática em Nível IME/ITA

Derivando a expressão de P(x) com relação a x (devemos nos atentar que o


membro direito trata de um produto de funções dependentes de x):

P'(x) = n.(x - k)' ,Q(x) + (x-k)n.Q'(x)

Evidenciando alguns termos comuns:


P '(x) = (x - k)n-’.[n.Q(x) + (x - k).CT(x)]

Chamando n.Q(x) + (x-k).Q'(x) = Q2(x), temos:

P'(x) = (x-k)' .Q2(x)

Resultado:
Se P(x) possui uma raiz k com multiplicidade de ordem n, então k será raiz de =
P’(x) com multiplicidade de ordem n - 1.

Resultado 4.8.1

Ou seja, se soubermos que um polinômio possui raiz dupla, a tarefa de


descobrirmos tal raiz é facilitada ao pesquisarmos seu polinômio derivado. A
tarefa é facilitada pelo fato de que o polinômio derivado será sempre de grau
uma unidade inferior ao grau do polinômio original.

Exemplo 4.8.a Sabendo que P(x) possui uma raiz dupla determine todas as
"aizes de cada um deles.
P(x)= x3-7x2 + 16x-12

.olução: Sabemos que P(x) possui raiz dupla. Pelo resultado 4.8.1,
sabemos que esta raiz está entre as raizes do polinômio derivado.
Pesquisemos então as raizes de P'(x).

P'(x)= 3x2-14x + 16

Resolvendo a equação do segundo grau:

14±Vl42 -4.3.16 „ 8
P’(x) = 0 x = —----------------------- = 2 ou —
6 3
4 PoI i nómios 133

Ou seja, de acordo com o resultado 4.7.1, a raiz dupla de P(x) deverá ser ou
2 ou 8/3.

Por inspeção vemos que x = 2 é raiz de P(x) e, portanto será a raiz dupla
procurada. Para achar a 3a raiz do polinômio, basta reduzirmos o grau do
mesmo pelo algoritmo de Briot-Ruffini.
1 16 -12
2 1 6 0

2 1 -3 0

P(x) = (x-2)2.(x-3)

Raizes de P(x):
2 (raiz dupla), 3

Exemplo 4.8.b Mostre que o polinômio abaixo não possui raizes múltiplas

2SÍ x2007
P(x) = 1 + y +
2! 3! 2007!

Solução: Vamos derivar P(x) em relação a x:


1 2x 3x* . 2 0 0 7 x 2006 1 h x + x2 x2006
P'(x) = 1+ 2! + 3! + "+ 2007! + 7+2? 2006!

Suponhamos, por absurdo, que exista uma raiz 'k' múltipla deste polinômio.
Se k é raiz múltipla, pelo resultado 4.8.1, ela será raiz de P(x) e do polinômio
P'(x). Ou ainda:
k2006 u2007
„ k k2
1+-+ — --------= 0 k2°°7
1 2! 2006! 2007! --------- = 0 => k = 0
1,2006 2007!
, k k2
1+ - + — -- ------- = 0
1 2! 2006!

Ora, então para que isto ocorra, a raiz deverá ser 0, o que é um absurdo
pois P(0) = 1 . Por absurdo, fica provado que P(x) não possui raizes
múltiplas.
134 Matemática em Nível IME/ITA

Exemplo 4.8.C (IME 2007) Encontre o polinômio P(x) tal que Q(x) é um
polinômio do 6o grau, e que:
Q(x) + 1 = (x-1)3 ,P(x) e Q(x) + 2 = x4.T(x)

Solução: Do enunciado, sabemos que Q(x) é um polinômio do 6o grau,


divisível por x4. Podemos escrever:

Q(x) + 2 = x4.(a.x2 + b.x + c)

Além disso, sabemos que o polinômio Q(x) + 1 tem 1 como raiz tripla. Desta
forma, pelo resultado 4.7.1, sendo M(x) = Q(x) + 1, teremos que 1 é raiz de
M(x), M'(x) e M"(x).

ÍM'(x) = 6.a.x5 + 5.b.x4 + 4.C.X3


M(x) = x4.(a.x2 + b.x + c) - 2 + 1
[m"(x) = 3O.a.x4 +20.b.x3 +12.C.X2

Como M(1) = M’(1) = segue o sistema:

a+b+c-1=0
6a + 5b + 4c = 0 a = 10; b = -24; c = 15
30a + 20b + 12c = 0

Com isso, conhecemos Q(x) = 10.x6 - 24.x5 + 15.x4 - 2

Para encontrar P(x), nos resta uma simples divisão:


Q(x) + 1 10.x6 -24.x5 +15.x4 -1
P(x) =
(x-1)3“ (x-1)3

Essa divisão pode ser efetuada, por exemplo, pelo algoritmo de Briot-Ruffini:

10 -24 15 0 0 0 -1
1 10 -14 1 1 1 1 0

1 10 -4 -3 -2 0
1 10 6 3 1 0

P(x) = 1 0.x3 + 6.x2 + 3x +1


L
4 P o 11 n õ m i o s 135

2’ Solução: Há ainda uma segunda solução, um tanto quanto elegante,


utilizando os conceitos desta seção.
Q(x) + 1 = (x-1)3 ,P(x) e Q(x) + 2 = x“.T(x)

Derivando as equações do enunciado com respeito á variável x. chegamos a:


Q’(x) = 3.(x-1)2. P(x) + (x-1) ,P’(x)
= (x-1)2.[3.P(x) + (x-1).P'(x)]

= (x-1)2. M,(x)

Q'(x) = 4.x3.T(x) + x4.T’(x)


= x3.[4.T(x)-T'(x)]
= x3.M2(x)

Ou seja, concluímos que x3 e (x - 1)2 são fatores de Q'(x). Como Q(x) é do 6o


grau, Q'(x) é do 5o grau. Temos, então, ainda, todas as raizes de Q'(x).

Q'(x) = a.x3.(x-1)2 = a (x5-2.x4 +x3)

Para voltarmos a Q(x), basta integrarmos Q’(x) com respeito a x:


Q(x) = jQ'(x).dx = a.^ x6 2.x5 x4 )
6 5 + 4

Das equações (i) e (ii), segue que: Q(1) = -1 e Q(0) = -2 .

A partir daí, tiramos as constantes da expressão de Q(x).

Q(0) = a.C =-2


a = 60 ; c = —-
Q(1) = a.íl-|.+ - + c1 = -1 30
\O 4 J
Com isso: Q(x) = 10.x6 - 24.x5 +15.x4 - 2 , e com isso, novamente:

Q(x) + 1 10.x6 -24.x5 + 15.x4 -2


P(x) = = 10.x3+6.x2+3.X + 1
(x-1)3 (x-1)3
136 Matemática em Nível IME/ITA

I 4.9 Exercícios de Fixação


---------,
]
Exercício 4.1 (ITA - 2005 adaptada) O número complexo 2 + i é raiz do .
polinômio x4 + x3 + p.x2 + x + q com p. q sendo reais. Determine todas as *
raízes do polinômio.

Exercício 4.2 (IME/ITA) Mostre que é racional:


^2+\/5 + II2-J5

Exercício 4.3 (ITA - 2003) Sejam a, b, c, d constantes reais. Sabendo que a


divisão de x4+a.x2+b por x2 + 2x + 4 é exata, e que a divisão de
x3 + c.x2 + dx-3 por xz-x + 2 tem resto igual a - 5. Determine o valor de
a + b + c + d.

Exercício 4.4 (IME) O polinômio P(x) de grau 2n + 1 tem todos os seus


i coeficientes iguais a 1. Ao dividirmos P(x) por D(x) do 3o grau encontramos 0
resto R(x). Sabendo que as raizes de D(x) são distintas e são raízes de
x4 -1 e D(1) é não nulo, determine R(x).

Exercício 4.5 (1ME-1979) Resolva as equações abaixo sabendo-se que a


primeira tem uma raiz cujo valor é o triplo do valor de uma raiz da segunda.
[x3 - 7.x2-204x +1260 = 0
|x3 -15.x2 - 394x + 840 = 0

Exercício 4.6 (IME-1983) Determine os valores de m para os quais as raizes


da equação biquadrada abaixo sejam reais e estejam em progressão
aritmética.
x4 - (3m + 5).x2 (m + 1)2 = 0
; i
Exercício 4.7 X Demonstre as relações de Girard (Resultado 4.4.1) pelo
processo de Indução Finita.

Exercício 4.8 (IME - 2006) X Considere o polinômio:


x5 - 3.x4 - 3.x3 + 27.x2 - 44.x + 30

í Sabendo que o produto de duas de suas raízes complexas é igual a 3 - i e


que as partes reais e imaginárias de todas as suas raízes são inteiras e não-
nulas, calcule todas as raízes do polinômio.
L . . __ ___ . . .. -
4 PoIi nóm ios 137

Exercício 4.9 (IME) Sem resolver a equação, calcule o valor do somatório


dos inversos dos cubos das raizes (para m inteiro maior que zero).
m x4 + 8.x3 - 139.x2 - 18.x + 9 = 0
Exercício 4.10 Determine as soluções da equação abaixo dados que uma
das raizes é igual à soma das outras duas. 36.x3 - 12.x3 - 5x + 1 = 0

Exercício 4.11 (IME - 1995) X Determine o valor de b para que o polinômio.


de coeficientes reais, x4 + a.x3 + b.x2 + c.x + d tenha quatro raizes não-reais,
duas somando 3 + 4.i e as outras duas com produto 13 + i.

Exercício 4.12 (IME - 2006 adaptada) Seja p(x) um polinômio do 5o grau


com coeficientes inteiros (sendo o coeficiente do termo de maior grau
unitário). Sabe-se que as cinco raízes de p(x) são números inteiros positivos,
sendo quatro deles pares e um ímpar. O número de coeficientes pares de
p(x) é?

Exercício 4.13 Mostre que a fatoração a seguir é válida.


(1 + X + X3 + X3)2 = 1 + 2x + 3x2 + 4x3 + 3x4 + 2x5 + x6

Exercício 4.14 (IME - 2003) £ As raizes distintas do polinômio a seguir são


z, zn . P(x) = X + 2.X2 +3.x3 + ... +23.x23 + 24.x24 + 23.x25 +... +x47
Seja bk a parte real de zk3 Determine o valor da soma: |b,| + |b2| + ...-í-|bn|

Exercício 4.15 (IME - 2000) Determine todos os números inteiros m e n para


os quais o polinômio 2.xm +a3n.xm"3n -am é divisível por x + a, onde a é
não-nulo.

Exercício 4.16 O valor da soma das raízes comuns às equações é


íx4 - 7.x3 + 16.x2-15.x+ 3 = 0
| x4 - 3.x3 - x2-7.x + 2 = 0

Exercício 4.17 (IME - 2004 adaptada) X Determine o valor das raizes


comuns das equações:
íx4 - 2x3-11.x2 + 18 x-18 = 0
|x4 -12x3 +44.x3- 32.x-52 = 0

Exercício 4.18 Determine o polinômio do 3° grau que satisfaça


P(x -1) = P(x) + (2x)2 e utilize o resultado para determinar a soma:
138 Matemática em Nivel IME/ITA

22 + 4= + 6’ +... + (2n)2

Exercício 4.19 (ITA - 1994) A identidade abaixo é valida para todo x real,
diferente de -1. Determine o valor de a + b + c.
x3 + 4 A a b.x + c
1 + -S-
x+1 x + 1 x -x + 1

Exercício 4.20 (ITA) Se x3 + px + q é divisível por x2 + ax + b e x2 + rx + s ,


demonstrar que b = -r.(a + r).

Exercício 4.21 (ITA - 1999) Seja P(x) um polinômio de grau m. A(x) e B(x)
polinômios de grau maior que um e admita que existam polinômios C(x) e
D(x) tais que a igualdade A(x).C(x) + B(x).D(x) = 1 se verifique para todo x
real. Prove que A(x) não é divisível por B(x).

Exercício 4.22 XDetermine o maior valor de k inteiro para o qual (x-1)
divide x2n+1 - (2n + 1).xn+1 + (2n + 1).xn -1.

Exercício 4.23 (ITA) Verifique a veracidade da afirmação: "Seja P(x) um


polinômio de grau m. Mostre que. se P(x) admite raiz inteira, então
P(-1).P(0).P(1) é divisível por 3".

Exercício 4.24 (IME - 2001) Determine a condição que os coeficientes de


P(x) do quarto grau devem satisfazer para que P(x) = P(1-x) para todo x real.
Resolva este exercício utilizando a condição de identidade entre dois
polinômios.

Exercício 4.25 (ITA - adaptada) X Seja um polinômio P(x) do 6o grau, com


P(0) = 1 e tal que: P(1) = P(-1) = P(2) = P(-2) = P(-3) = P(3) = 2 . Determine
o valor de P(4).

Exercício 4.26 (IME) £ Seja um polinômio P(x) do 5o grau tal que a divisão
•> o
de P(x) por (x + 1) nos dá resto 1 e a divisão por (x-1)3 nos dá resto -1.
Determine P(x). Sugestão: Monte as equações de divisão euclidiana do
enunciado e deríve-as com relação à variável x.

Exercício 4.27 (ITA - 1994) As raizes da equação de coeficientes reais


x3+a.x2 + b.x+ c = 0 são inteiros positivos consecutivos. A soma dos
quadrados dessas raizes é igual a 14. Então, quanto vale a2 + b2 + c2 ?
_ ___ ___ __________ .__ .___ ..___ _ ____ • ___ .
4 PoIinómios 139

Exercício 4.28 (ITA - 2005) Dada a equação abaixo, em que m é uma


constante real, considere as seguintes informações e determine as
verdadeiras e as falsas.
x3 + (m + 1).x2 + (m + 9).x + 9 = 0
I. Se m pertence a (-6.6) . então existe apenas uma raiz real.
II. Se m = -6 ou m = 6. então existe uma raiz de multiplicidade 2.
III. Qualquer que seja m real, todas as raízes são reais.

Exercício 4.29 (Lidski) X Determine todos os valores reais de a e b para os


quais as equações abaixo têm duas raízes comuns e determine essas raízes.
jx3 + ax2 + 18 = 0
|x3 + bx + 12 = 0

Exercício 4.30 Um polinõmio P(x) de grau ímpar ordenado com as potências


decrescentes de x, tem seus coeficientes em P.A. Calcule P(1) sabendo que
o produto das raizes de P(x) vale 1.

Exercício 4.31 X Determine as soluções da equação abaixo sabendo que o


produto de duas de suas raizes é o simétrico do produto de outras duas.
144.x4 -36 x3 -28.x2 + 11.x-1 = 0

Exercício 4.32 (Lidski) X O sistema de equações abaixo possui raizes


reais para qualquer valor real de k. Mostre que a = 0.
ía.(x2 + y2) + x + y- k = 0
)x - y + k = 0

Exercício 4.33 X Resolva as equações abaixo, sabendo-se que a segunda


tem uma raiz cujo valor é o triplo de uma raiz da primeira.
íx3-10x2+31.x-30 = 0
[x3-21x2 + 98x-120 = 0

Exercício 4.34 X P(x) é u um polinõmio de coeficientes inteiros e assume


valores impares para x = 0 e x = 1. Mostre que P(x) não possui raizes
inteiras.

Exercício 4.35 Determine os números reais m, n, p tais que a expressão


abaixo independa de x.
(2 - m).x3 + (m - 1).x2 + (n + 1).x + (p - 3)
x2-6x + 1
140 Matemática em Nivel IME/ITA

Exercício 4.36 (IME) X Sabendo-se que a equação x3 + mx2 +n = 0 (m, n


reais não nulos) admite raizes complexas de módulo k, exprima m em função
de n e k.

Exercício 4.37 (Lidski) Encontre todos os valores reais de p para os quais


as raizes da equação (p -3).x2 -2.p.x + 6p = 0 são reais distintas e positivas.

Exercício 4.38 Determine o valor de k para que a equação a seguir tenha 4


raizes distintas. P(x) = x4 -14.x2 +24.X -k

Exercício 4.39 Mostre que se P(x) de grau n admite n+1 raizes distintas,
então P(x) é o polinômio identicamente nulo. O8S. Utilizaremos este
resultado mais a frente no capitulo 5.

Exercício 4.40 X Determine P(0) onde P(x) é um polinômio de grau n - 1 tal


que:
P(k) = r^ ■
k = 1,2,3 n
k +1

Exercício 4.41 (Lidski)X Mostre que a equação x3 + a.x2 - b = 0 onde a e b


(b>0) são reais tem uma e somente uma raiz positiva.

Exercício 4.42 X Mostre que, dado um real a, qualquer polinômio P(x) pode
ser desenvolvido em potências de (x - a). Isto é, o seguinte desenvolvimento
pode ser feito:
P(x) = Ao + A,.(x - a) + A2.(x - a)2 + ... +An.(x -a)n

Exercício 4.43 (IME-1984) Determine o polinômio do 4° grau de coeficiente


de 4° grau unitário P(x) tal que P(x) = P(1-x), P(0) = 0 e P(-1) = 6.

Exercício 4.44 X Mostre que x3 + y3 + z3 - 3.x.y.z é sempre divisível por


x+y+z

Exercício 4.45 Utilize o resultado do exercício 4.42 para mostrar a fórmula de


Taylor para polinômios:
P(x) = P(a) + P'(a).(x -a) + f^M(x - a)2 +... + .(x-a)n
2! n!

Exercício 4.46 Demonstre o raciocínio do algoritmo de Briot-Ruffini


4 PoIi nômios 141

Exercício 4.47XDemonstre que se M(x) e N(X) são polinômios não nulos,


onde M tem grau maior que N, e R(X) é o resto da divisão de M por N, então
o MDC entre M e N é igual ao MDC entre N e R. Explique como esse
resultado demonstra o Algoritmo de Euclides para a determinação do MDC
entre dois polinômios

Exercício 4.48 * Determine todos os polinômios P(x) tais que P(1) = 1 e, pra
todo x real:
P(x2 + 1) = (P(x))2 +1

Exercício 4.49 ’ Determine todos os polinômios P(x) tais que, pra todo x
real:
P(x2) + P(x).P(x +1) = 0
142 Matemática em Nível IME/ITA

Capítulo 5 - Polinômios
Equações Algébricas

| 5.1 Inspeção Algébrica de Raízes

Vimos em várias situações que o problema de descobrir as raizes de uma


equação polinomial não necessariamente é uma tarefa fácil. Muitas vezes a
alternativa que nos resta para descobrir as raizes é a da "tentativa e erro",
aproximando-nos cada vez mais da solução perfeita É justamente nesse
principio que se baseiam os métodos computacionais de resolução de
equações polinomiais.
Falaremos um pouco de métodos numéricos para resolução de equações no
capitulo 6. Por enquanto sabemos que dada uma equação polinomial.
algumas informações a respeito de suas raizes podem facilitar achar as
mesmas. Vejamos algumas novas informações que podem ser também úteis
e restringirão um pouco mais nossa busca. Recapitulando os teoremas 4.4.1
e 4.4.2 vistos no capitulo 4:

Teorema
Dado um polinômio de coeficientes reais. Se o mesmo polinômio admite uma
raiz complexa com parte imaginária não nula, então seu conjugado também
será raiz.

Teorema 4.4.1

Teorema
Dado um polinômio de coeficientes racionais. Se o mesmo polinômio admite
uma raiz irracional do tipo a+ Vb , então a - 7b também será raiz.

Teorema 4.4.2

Esses dois teoremas junto ao teorema que apresentaremos a seguir formam


um conjunto de 3 teoremas que nos permitem estudar mais amplamente uma
equação polinomial quanto suas raizes apenas ao olharmos a "aparência" da
equação.

Teorema das Raízes Racionais Seja P(x) = a0 +a1.x + a2.x2 + ... + an.xn. Se a
fração irredutível p/q (p e q inteiros e primos entre si, q * 0 ) é raiz de P(x)
então: p divide a0 e q divide an._______________________________
Teorema 5.1.1
5 Equações Algébricas 143

Demonstração:

Como p/q é raiz de P(x), temos:

2 ,n
-...-ran.| P =o
q.

Multiplicando a equação por qn :

a0.qn +a,.p.q'l"-’ + a2.p2.q"~2 +... + an.,.q.pn-1 + an.pn = 0

A partir dai, é verdade que:

aoqn =-(a1.p.qn'1 + a2P2qn"2 +- + an.pn)

a„ Pn = -(a0.qn + a,.p.qn-1 + a2.p2.qn'2 +... + an_,.pn-'

Evidenciando, no lado direito, p na primeira equação, e q na segunda temos:

aoqn =-p.(a,.qn-1 + a2.p .q”'2+... + an.p"'’)

an Pn = -q.(ao.qn'’ + a,.p.qn~2 + a2.p2.q"‘3 + ... + an_l.pn_1)

Como p, q e os coeficientes de P(x) são inteiros, o conteúdo dos parênteses


no lado direito das equações é inteiro, e com isso, segue que:

p q

Lembrando que p e q são irredutíveis (i.e. não é possivel simplificar a fração


entre p e q), devemos ter que p divide aoe q divide an, o que conclui a
demonstração.

Exemplo 5.1.a Referindo-se ao Exemplo 4.2.d, mostre que cos(20°) não é


racional.

Solução: No Exemplo 4.2.d foi mostrado que y = cos20° atende ao seguinte


polinômio do 3° grau: 8y3-6y-1 = 0 (Eq. I)
144 Matemática em Nível IME/ITA

Se esse polinómio admitisse raiz racional do tipo p/q irredutível, de acordo


com o teorema 5.1.1, a mesma deveria ser tal que p dividisse -1 e q dividisse
8.
As possibilidades de raizes para que isto ocorra são: ±1,±1/2,±1/4,±1/8.
Substituindo na equação temos que nenhuma dessas possibilidades são de
fato raizes da equação I, e com isso concluímos que cos20° não é racional.

Exemplo 5.1.b (ITA) Qual das opções abaixo é raiz a equação:


24.x5 - 4.x4 + 49.x3 - 2.x2 + x - 29 = 0

(a)x = 2/3 (b)x = 11/12 (c)x = 3/4 (d)x=4/3 (e)N.D.A

Solução:
'Esse exercício segue um formato muito adotado pelo ITA, tradicionalmente.
. Note que em uma prova com muitas questões, como é a prova do ITA, perder .
tempo com contas é algo que pode atrapalhar e muito o candidato. Em
muitos casos a banca propõe questões em que o candidato ou perde muito
tempo com as contas ou encontra uma saída rápida para a solução, sem
sequer colocar o lápis no papel.

É o caso desta questão. Note que a banca disponibiliza 4 opções de raizes


para uma equação do 5o grau, todas fracionárias. Para testar se cada uma
delas é raiz, o aluno demoraria um bom tempo, com o risco de errar contas.
Deve haver alguma outra saida!

De acordo com o Teorema 5.1.1, se o polinómio admitir uma raiz racional


irredutível do tipo p/q, deveremos ter que p divide -29 e q divide 24. Como 29
é primo, para que haja raiz desse tipo, 29 ou -29 deverão aparecer no
numerador. Isto não ocorre em nenhuma das opções, portanto a resposta
correta da questão é:

(Opção E) Nenhuma das Anteriores


5 Equações Algébricas 145

| 5.2 Equações Reciprocas

Definição
Dizemos que uma equação polinomial é recíproca se, quando o número k
atende à equação, tivermos que 1/k também atende.

Definição 5.2.1

OBS: Como o inverso de '1’ é o próprio '1', assim como acontece para '-1',
não é necessário que essas raízes apareçam em dobro (como raízes duplas)
para que formem uma equação recíproca. Se acontecer de '1' ou '-1' serem
raizes duplas a equação continua sendo reciproca.

São equações reciprocas as formadas pelos polinômios a seguir:

i) (X- 2).[x-|j.(x + 1) = 0
ii) (x— 4) .[x-£].(x-1)2.(x + 1) = 0
iii)(x-
5) {x"i}(x+3){x+i] = 0

iv)(x-1).(x-

O que essas equações


reciprocas têm de tão
especial ? V)

n
\\rj

Autor: Veremos que existe método de resolução de equações reciprocas,


equações polinomiais de graus altos. \
_____ ___________________________________________________________________I
146 Matemática em Nível IME/ITA

É sempre fácil reconhecer uma equação como sendo reciproca apenas por
sua ‘aparência’.

Vamos desenvolver as equações reciprocas do exemplo 5.1 que


apresentamos anteriormente, seguindo a mesma ordem do exemplo.

i) 2x3-3x2 - 3x + 2 = 0
ii) 4.x5 - 21 ,x4 +17.x3 + 17.x2 - 21 .x + 4 = 0
iii) 15.x4 - 28.x3-230.x2 -28.x+ 15 = 0
iv) 2x3 - 7x2 + 7x - 2= 0

Z
Sim, muito
bem
observado •
As equações recíprocas são
caracterizadas por possuírem
coeficientes eqüídistantes do centro
da equação simétricos ou anti-
simétricos, tomando assim possível
A classifica-las quanto a dois tipos de
(77 espécies:

Equação Reciproca de 1a Espécie


Quando os termos eqüídistantes do centro da equação são iguais, dizemos
que a equação recíproca é de primeira espécie.

a0.x" + a,.xn~1 a2.xn-2+,... + a2.x2+a,.x + a0 0

Definição 5.2.2

Equação Reciproca de 2a Espécie


Quando os termos eqüídistantes do centro da equação são iguais em
módulo, porém com sinais contrários, dizemos que a equação recíproca é de
segunda espécie.
a0.xn +a1.xn’1 a2.xn 2+....-a2.x2 - a,.x -ao=O
Definição 5.2.3
5 Equações Algébricas 147

Nos exemplos anteriores podemos classificar as equações:

i) 2x3-3x2-3x + 2 = 0 (Primeira Espécie)


ii) 4.x5-21 .x4+17.x3+ 17.x2-21 ,x+ 4 = 0 (Primeira Espécie)
iii) 15.x4 -28.x3-230.x2 -28.x+ 15 = 0 (Primeira Espécie)
iv) 2x3 - 7x2 + 7x - 2= 0 (Segunda Espécie)

Note que as equações (i) e (iv) possuem ambas as raízes 2 e 7a , porém se


diferenciam por possuir a 3a raiz como sendo -1 (no caso de (i) ) e 1 (no
caso de (iv) ). No entanto a primeira é uma equação de 1a Espécie, e a
segunda é uma equação de 2a Espécie. Será que a diferença entre a 3a raiz
foi fator determinante para as equações se diferenciarem quanto á espécie
também?
Vejamos o que acontece quando, a uma equação recíproca de primeira
espécie, multiplicamos o fator (x-1).

(x-1).(a0.xn a,.xn'1 + a2.xn 2 + .... + a2.x2 +a,.x + a0) = 0

=> (ao xM + a,.xn +.... + a.|.x2 + a0.x)-(a0.xn +a,.xn“1 +.... + a1.x +a0) = 0

=> ao.xnt1 + (a, -a0).xn + .... + (a0 -a,).x + (-a0) = 0


»o b, -b, -b0

b0.xnk’ b,.xn + b2.xn“1 + ....-b2.x2 -b,.x -b0 = 0

Ou seja, ao multiplicarmos uma equação Reciproca de 1a Espécie por (x-1),


a equação resultante torna-se Reciproca de 2a Espécie.

Fica como exercício ao leitor mostrar que, se multiplicarmos a equação


resultante mais uma vez por (x-1), a equação volta a ser de 1a Espécie.
Verifique a veracidade disto com a equação (ii) do Exemplo 5.1. Como
resultado desse fato, vem:

Uma equação recíproca de 2a Espécie sempre terá 1 como raiz com


multiplicidade ímpar.
Resultado 5.2.1
148 Matemática em Nível IME/ITA

OBS: O leitor atento notou um possível 'furo' no Resultado 5.2.1. A afirmação


feita não seria verdade se a equação original (antes da primeira multiplicação
por (x — 1) Já possuísse 1 como raiz com multiplicidade ímpar. Leitor, você
consegue provar que isto nunca acontecerá ?
Ora, se a divisão de uma equação recíproca de 1a espécie por (x-1) resulta
em uma equação de 2a espécie (na qual x = 1 é sempre raiz pela própria
simetria dos coeficientes), então se x = 1 for raiz da original, deverá ser
' também raiz dupla! Esta análise impede o ‘possível furo'.

As raizes reciprocas diferentes de 1 e -1 sempre se encontram em pares em


uma equação reciproca. De acordo com Resultado 5.2.1, x = 1 é sempre raiz,
figurando com multiplicidade ímpar em uma equação reciproca de 2a espécie.
Isso nos diz que, a menos que -1 também seja incluso como raiz, o grau da
Equação Reciproca de 2a Espécie sob estas condições será ímpar. Ou seja:

Uma equação reciproca de 2a Espécie terá grau par somente quando 1 e -1


forem raízes.
Resultado 5.2.2

Toda equação de 2a Espécie tem como coeficientes eqüidistantes do centro,


números com mesmo módulo, porém com sinais contrários. Como toda
equação polinomial de grau par possui sempre um termo central (que é o
próprio centro de simetria dos coeficientes), para que a equação seja
reciproca de segunda espécie (ou seja, coeficientes eqüidistantes do centro
são simétricos de sinais contrários), e, para que o coeficiente central seja
igual ao seu simétrico de sinal contrário, ele deverá ser 0.

Uma equação recíproca de 2a Espécie de grau par terá sempre coeficiente


Lcentral .nulo, .... ... w',.,.—.-1
Resultado 5.2.3
5 Equações Algébricas 149

Legal! Mas como eu faço para


resolver uma equação do tipo
recíproca?

Existe um método geral para resolver Equações Reciprocas (tanto de 1’


quanto de 2a espécie). Vamos mostrar o método, resolvendo, como exemplo,
a equação recíproca: 2.x6 -7.x5 + 7.x4 -7.x2 +7.x - 2 = 0

Método para Resolução de Equações Recíprocas

1° Passo: O primeiro passo será sempre reduzir a equação retirando todas as


raizes 1 e -1 possíveis. Recomenda-se o algoritmo de Briot-Ruffini. No nosso
exemplo, só há uma raiz 1 e uma raiz -1:
2-770 7 -2
1 2 -5 2 2 -5 2 0
2 9 2

•. (x-1).(x + 1).[2.x4 -7.x3 + 9.x2 -7,x + 2)= 0

2° Passo: Sabendo o polinômio que contem as demais raizes, dividiremos


sempre a equação por xn onde n é o grau do expoente central da equação.
No nosso exemplo, dividiremos a equação resultante por x2:

I 2.x4 - 7.x3 + 9.x2-7.x + 2 = 0 (-X2)

2.x2-7.x +9-7.

2. x2
vHx4) +9=0

Devido á simetria da equação reciproca, este agrupamento feito acima


sempre será possível.
150 Matemática em Nível IME/ITA

3° Passo: Fazemos uma simples transformação, chamando:


1
x+-=y
x
- 1 1 x2 + -L = y2-2
Elevando ao quadrado: x + 2.x. —+ — = y2
X2

4° Passo: Substituímos a transformação na equação e resolvemos a equação


do 2° grau em y:
2.(x2
!v
y>-2

=> 2.y2-4-7.y + 9 = 0
=>2.y2-7.y + 5 = 0
7 ±V72-4.2.5 5
=> y =-----------------------= ou 1
2.2 2

5o Passo: Voltamos á variável x e resolvemos duas simples equações do 2o


grau:
25
(i) ou x + —= 1 (ii)
x 2 X
Resolvendo (i):
5
X+ x “ 2 2x2+2 = 5.x
2x2-5x+2 = 0
5± >/25-4.2.2
X = --------------------------- = 2 ou -
2.2 2
Resolvendo (ii):
x+l = 1 x2 + 1 = x
X
=> x2 - x + 1 = 0
1 ± >/T^4 1 ± i.Vã
=> X = ------------------- = ---------------
2 2
Temos, então, todas as raizes da equação reciproca:

1 + i.Vã 1-Í.V3
1 ,-1. 2 ’ 2
5 Equações Algébricas 151

Exemplo 5.2.a (ITA) - Sabendo-se que a equação abaixo de coeficientes


reais, é uma equação reciproca de segunda espécie, então o número de
raizes reais desta equação é?

x6 - (a + b + c).x5 + 6.x4 - 3.c.x2 +6.x -1 = 0


Solução:
Se a equação é uma reciproca de 2a espécie, então termos simétricos em
relação ao termo central nulo devem ser iguais em módulos, porém de sinais
contrários. Sendo assim, a equação é:

x6 - 6.x5 + 6.x4 - 6.x2 + 6.x -1 = 0

Sabemos que 1 e -1 são raizes (Resultado 5.2.2, uma vez que se trata de
uma reciproca de 2a espécie de grau par). Eliminando tais raizes pelo
algoritmo de Briot- Ruffini:

1 -6 6 0 -6 6
1 1 -5 1 1 -5 1 0
1 -6 7 -6 1
F
Com isso, a equação se torna: (x-1).(x + 1).(x4-6.x3 + 7.x2-6.x + l} = 0

Achando as demais raizes:

x4-6.x3+7.x2-6.x+ 1 = 0 x2-6.X + 7- —+ 0
x x2

y'-2
oy2-6y + 5 = 0
1 c
e>y = x + — = 5 ou y = x + — = 1
x x

Resolvendo ambas as equações do segundo grau, teremos todas as raizes


(das quais quatro são reais):

! 1±i.V3 5±V2Í
, ±1
í__ 2 ' 2
152 Matemática em Nível IME/ITA

| 5.3 Transformadas Polinomiais

Muitas vezes é possível alterar a "aparência" de uma equação polinomial


para que ela seja mais facilmente resolvida. Utilizamos este conceito quando
resolvemos o Exemplo 4.2.C (volte ao exemplo para relembrar), ao nos
depararmos com uma equação do segundo grau biquadrada fazendo uma
transformação do tipo:
y = x2

Conhecemos métodos analíticos de resolução de equações polinomiais bem


especificas (Como é o caso da Solução de Cardano-Tartaglia (Resultado
4.2.1) para a equação do 3° grau, que para ser resolvida deve vir desprovida
do termo de 2° grau do polinômio). Seria interessante encontrar maneiras de,
dado um polinômio qualquer, por meio de transformações simples, mudar sua
aparência de tal forma a satisfazer as condições especificas (como por
exemplo a condição para a solução de Cardano-Tartaglia). Essas
transformações simples que estudaremos são chamadas transformadas
polinomiais.

Chamamos de equação transformatriz a equação de mudança de variável do


polinômio e de equação transformada a equação polinomial após aplicada a
transformação.

Exemplos:
i) Equação original: x3 + 3.x2 -2.x +1 = 0
Equação transformatriz: y = x + 2 <=> x = y-2

(y - 2)3 + 3.(y - 2)2 - 2.(y - 2) +1 = 0


y3-3.y2-2y + 9 = 0
(Eq. Transformada)

li) Equação original: x2 + x + 1 = 0


Equação transformatriz: y = 1 /x <=> x = 1/y

(1/y)2 + (1/y) +1 = 0
.-. y2 + y + 1 = O
(Eq. Transformada)

Vamos classificar alguns tipos especiais de Transformadas Polinomiais.


5 Equações Algébricas 153

1 - Transformadas Aditivas
São transformadas do tipo:

y =x+C
C = constante

Definição 5.3.1

Sendo x uma raiz de uma equação polinomial, a equação transformada terá


raízes somadas a uma constante C.

2-Transformadas Multiplicativas
São transformadas do tipo:

y = k.x
k = constante

Definição 5.3.2

Sendo x uma raiz de uma equação polinomial, a equação transformada terá


raizes iguais ás originais multiplicadas pela constante k.

3-Transformadas Inversas
São transformadas do tipo:

1
y =-
x

Definição 5.3.3

Sendo x uma raiz de uma equação polinomial, a equação transformada terá


raizes iguais aos inversos das raízes originais.

Exemplo 5.3.a Obter a transformada da equação x3 + 2x3 - 7x +1 = 0 cujas


raízes são acrescidas de uma unidade.

Solução: Para obter a equação cujas raizes são iguais às raizes da equação
dada acrescidas de uma unidade, basta fazermos à transformação:
154 Matemática em Nível IME/ITA

y = x+1 x = y -1
Substituindo na equação original:
(y — 1)3 + 2. (y — í)2 — 7.(y — 1) +1 = 0

=> y3-3.y2 + 3y-1 + 2.y2-4.y + 2-7.y+ 7 + 1 = 0

y3-y2-8y + 9 = 0

ú.
(Eq. transformada)
.I
Exemplo 5.3.b As raizes da equação x3-3.x2 + x + 2 = 0 são a.b e c. Forme
a equação cujas raizes são a+b, b+c , c+a .
Solução:
[Note que:
a + b = (a + b + c) - c
i b + c = (a + b + c)-a
1
a + c = (a + b + c)-b

Pelas relações de Girard, temos que a + b+c= (Sg) = 3. Ou seja, dado que
as raízes da equação original são a,b e c, desejamos determinar uma
equação cujas raizes são 3-a, 3-b, 3-c,

Utilizamos, então, a transformatriz: y = 3 - x .


(3-y)3-3.(3-y)z + (3-y) + 2 = 0
t 27 - 27y + 9y2 - y3 - 27 + 18y - 3y2 + 3 - y + 2 = 0

y3-6.y2 + 10y-5 = 0
L.
Exemplo 5.3.c Mostre que numa equação recíproca, a transformada inversa
não altera a equação e teça um comentário sobre o "porquê" deste resultado.

Solução: Considere a equação reciproca de primeira espécie:

a0.x" + a1.xn“' + a2.xn 2 + .. +a2.x2 +a,.x + a0 =0

A transformada inversa tem a transformatriz y = 1/x. Substituindo na equação


original:
5 Equações Algébricas 155

2
+ ao =0

Multiplicando a equação por y" :


a0 + a,.y + a2.y2+... + a2.yn’2 + a,.y -aoyn=0

Que é uma equação de aparência idêntica à equação original. Isto acontece


uma vez que as raizes de uma equação reciprocas vêm em pares (para cada
raiz, o seu inverso também será raiz), e com isso a transformada inversa não
altera as raízes da equação. A demonstração para equações de 2a espécie é
análoga.

Exemplo 5.3.d Determine uma transformada aditiva que elimine o termo do


segundo grau da equação: x3 - 3.x2 + x + 2 = 0

Solução: Queremos determinar o valor da constante C tal que a


transformação aditiva y = x + C gere uma equação transformada desprovida
do termo de 2° grau.
(y-C)3-3.(y-C)z + (y-C) + 2 = 0

=> y3-3.y2.C + 3.y.C2-C3-3y2 + 6.y.C-3.C2 + y-C + 2 = 0


=• y3 + y2.(-3.C - 3) + y.(3.C2 + 6.C +1) + (-C3 - 3.C2 - C + 2) = 0

Para que a nova equação seja desprovida do termo do 2° grau, devemos


igualá-lo a zero de terminar o valor de C que satisfaça a esta condição.

-3C - 3 = 0

i A transformada pedida é: y = x -1
L..._ __ .....__ ___ _
Vejamos agora um resultado muito interessante que pode nos ajudar
bastante em exercidos como o Exemplo 5.3.d

' Resultado de Transformadas aditivas:


Seja P(x) o polinômio original. Considere a constante a da transformação
aditiva y = x - a que elimina o termo de k-ésimo grau de P(x).
Neste caso, vale que a constante a é raiz da k-ésima derivada de P(x) com
| relação a x.

Resultado 5.3.1
156 Matemática em Nível IME/ITA

Demonstração:
Considere a equação P(x) = 0 dada por:
an.xn + an_,.xn'1 +... + a2.x2 + a,.x + a0 = 0

Considere, também, a transformação aditiva y = x - a . Vamos representar a


equação transformada por:
a„'yn + an_,'.yn“1 +...+ a2'.y2 + a,'.y+ a0'= 0

A partir da transformatriz, podemos dizer que:


xn =(y + a)n =yn + Cj.yn’1.a + C2.yn-2.a2+... + CS-1.y ,an-1 + an
xn_1 = (y + a)n~1 = yn-1+c’_,.yn' .a + C2_,.yn’2.a2+... + Cjl11.y a"' + an-1

x2 = (y + a)2 = y2 + C2.y.a + a 2
x = (y + a) = y + a
(Sistema de Equações l)

Aplicando a transformação à equação original:

an(y + «)n + an-i-(y + «)n’1 +- + a2.(y + a)2+a1.(y + a) + a0 =0


(Eq. II)

v partir do sistema de equações I e da equação II é possível relacionar os


coeficientes da equação transformada com os coeficientes originais:

an’ = an
an-1 ~ arv(Cn-CC j + an_i

an-2 — an'(^n,ct ) + an-1 + an-2

an-3 = an-(Cn-a ) + an-T (^n-ra )+ an-2-(Cn_2.aj + an_3

ak' = an(Cj-k ,an-k) + an_1.(c"Z?-1.an-k-1) + ...+ ak+1.(c’t1.a) + ak

ao' = an.(an) + an.i.(an-1) + .., + a1.(a) + ao

Para que o k-esimo termo da equação II seja nulo:


5 Equações Algébricas 157

n.(n-1).(n-2) ,.(n-k +1) , n.(n -1).(n -2)...(n -k) n-k-1


ak' = an-
k! “ k! '
+ ak*1^ (k+1)'
+ ak = 0
k!
(Eq. III)

Devemos provar que neste caso aé raiz da k-esima derivada de P(x).

P(x) = a„.xn +an_1.xn"1 + ...+ a2.x2 + avx + a0

P'(x) = an.(n)xn"’ an_i.(n-1)xn-2 + ... + a2(2).x + a,


P"(x) = an.(n.(n-1))xn an.i((n-1).(n-2))xn-3 + ... + a3(3.2).x + a2

P(k)(x) = an.(n.(n-1)...(n-k+1))xn-k + an_,.((n-1).(n-2)...(n-k))xn“k-1

+... +aki1 ((k + 1).(k)....3.2).x + ak

.-. P(k)(x) = a„.(n.(n - 1)...(n - k + 1))xn'k + an-i((n - 1)(n - 2)...(n - k))xn'

+ ... + akti((k +1)k 3.2).x + ak


(Eq- IV)

Pela aparência das equações III e IV dá para perceber que estamos próximo
à conclusão da demonstração.

Multiplicando a Equação III por k! :


a„.(n(n-1).(n-2)...(n-k + 1).an'k ) + a»-i (n.(n -1). (n-2) . (n - k).c<.n-k-1)

+ ... + akt1.((k + 1).(k)..,3.2.a)+ak=0

Comparando com a equação IV, teremos que:

Plk)(a) = 0

Ou seja, a constante a da transformada aditiva y = x - a que elimina o termo


do k-ésimo grau da equação transformada será raiz da k-ésima derivada do
polinômio P(x) da equação original P(x) = 0.
158 Matemática em Nível IME/ITA

Exemplo 5.3.e (IME - adaptada) Seja P(x) um polinômio do 4° grau, em x,


cujo coeficiente do termo de maior grau é 1 e cujas raizes são racionais.
Adicionando-se 3/4 e 3 a essas raízes obtém-se transformadas de P(x) = 0
desprovidas do termo de 3° grau de do 1° grau, respectivamente. Determine
P(x), sabendo-se que ele possui duas raizes iguais e que P'(0) =-15.

Solução: Seja P(x) = x4 + a.x3 + b.x2 + c.x + d

Derivando o polinômio P(x) com relação a x:


P'(x) = 4.x3 + 3.a.x2 +2.b.x +c

Do enunciado, P'(0) = -15:


P’(0) = c = -15

Calculemos as derivadas de 2a, e em seguida de 3a ordem de P(x).


P"(x) = 12.x2 + 6.a.x + 2.b
P"'(x) = 24,x + 6.a

Do Resultado 5.3.1, sabemos que as constantes -3/4 e -3 anularão P'”(x)


e P’(x), respectivamente. Portanto:

.<!)- -24.-3 + 6.a = 0


4
.3
P'(-3) = 4.(-3): 3.a.(-3)2 2.b.(-3)-15 = 0

Resolvendo, temos: a = 3 e b = -7. Sabemos então que:


P'(x) = 4.x3 + 9.x2 -14.x -15

Já conhecemos uma das raízes de P'(x), pois P'(-3) = 0. Utilizando o


algoritmo de Briot-Ruffini, para achar as demais raízes de P'(x):

4 9 -14 -15

-3 4 -3 -5
r°~
Portanto, as outras duas raízes de P'(x) serão as raizes de 4.x3 - 3x - 5 = 0 ,
que são irracionais.

Ora, mas se P(x) possui raiz dupla, esta raiz deverá ser raiz também de P'(x).
Como todas as raizes de P(x) são racionais, a raiz dupla também deverá ser.
5 Equações Algébricas 159

Como -3 é a única raiz racional de P’(x), sabemos que esta deve ser a
própria raiz dupla de P(x).

Ou ainda:
P(—3)= 0 (-3)4+3.(-3)3-7.(-3)2-15.x+ d =0 d = 18

Com isso, podemos escrever o polinômio P(x):

P(x) = x4 +3.x3-7.x2-15.X + 18
i - _______
Esse "bizu" parece ser importante de L
ser decorado! Reparou o quanto ele
nos poupou em contas? Eu vou é
guardar esse resultado!

Solução Geral da Equação do 3o Grau (Método de Cardano-


Tartaglia Generalizado)

Acabamos de ver uma grande utilidade para a Transformada Aditiva.


Sabemos como, utilizando este tipo de transformada, eliminar certos termos
de uma equação polinomial. Este fato nos permitirá agora resolver
analiticamente qualquer equação do 3o grau. Achemos as raizes da
equação: x3 + p.x2 + q.x + r = 0 .

Conhecemos a solução analítica para equações do 3o grau desprovidas do


termo do 2o grau (ver solução de Cardano-Tartaglia, Resultado 4.2.1). Então
façamos com que este termo de 2o grau desapareça, utilizando uma
transformada aditiva, para uma equação cúbica genérica.
160 Matemática em Nível IME/ITA

Do Resultado 5.3.1 a constante utilizada na transformada aditiva que fará 0


que desejamos deverá ser raiz da 2“ derivada da equação original.
P(x) = x3 + p.x2 + q.x + r => P'(x) = 3.x2 + 2.px => P"(x) = 6x + 2p

P"(x) = 6x + 2p = 0 x = --
3

Façamos, agora, a transformação: y = x + j

x3 + p.x2 + q.x + r - 0
=> (y-P/3)3 + p.(y-p/3)2 + q.(y-p/3) + r =0
=>iy3_>/+piy_pi q-P
V ' 3 27 3

y3 + y. p23+ 3qJhíl 2p3


27 3
q'P l=°
Relembrando a solução de Cardano-Tartaglia (Resultado 4.2.1) para uma
equação do tipo: y3 + b.y + c = 0;

y
3l£
3/_£ + í? +
+ 3I
V 2 4 27 Ví 2 V 4 27

A equação transformada, desprovida do termo do segundo grau é:


-p2 + 3qW2p3 q.p
y3 + y.|
3 —
- —+ r =o (Eq. I)
27 3
b c

Tendo os valores de p. q obteremos os valores de b e c pelas relações


mostradas acima na Equação I. Tendo os valores de b e c, a partir do
Resultado 4.2.1 temos os valores das raizes em y.

Calma1 Não comemoremos ainda! Não se esqueça que a equação original


era em ‘x’. Tendo os valores de y (raizes da equação transformada)
acharemos os valores de x para a equação original uma vez que:

x = y- —
3

OBS Importante 1: A primeira vista, pode parecer que a solução de Cardano


nos dará apenas uma única raiz para equação do 3o grau. A solução de
Cardano envolve uma raiz cúbica de números complexos, gerando, portanto
5 Equações Algébricas 161

(de acordo com a nossa teoria vista nas Seções de Números Complexos,
veja a Fórmula 1.5.7) três raizes.

OBS Importante 2: Ao aplicarmos a expressão de Cardano, muitas vezes


cairemos em somas radicais contendo raizes quadradas de números
negativos (veja o Contexto Histórico abordados nas seções 1.1 e 4.1).
Porém, no exercido de fixação 4.2 nós mostramos que números racionais
podem ser "disfarçados" na forma de soma de radicais deste tipo.
Procedendo-se da forma como foi feito na solução do Exercido 4.2 (veja
capitulo 7 para resolução comentada) podemos descobrir qual é o número
racional “disfarçado".

Dica do Autor: Cabe ressaltar que o processo de resolução de uma equação


geral do 3o grau é trabalhoso demais para ser exigido em uma prova de
vestibular como do IME e do ITA.Nós mostramos o método aqui visando mais
mostrar ao aluno uma importante aplicação das transformadas aditivas do
que um método para a resolução de questões envolvendo equações do 3°
grau em provas IME/ITA. Portanto: atenção! Ao se deparar com uma
questão que pede para resolver uma equação do 3° grau sem o uso de
calculadoras ou utensílios computacionais (como em uma prova de
concurso), é muito provável que a salda seja utilizando os diversos outros
assuntos já estudados (raízes múltiplas, inspeção de raizes óbvias, etc.) e
não utilizando o método de Cardano-Tartaglia generalizado.

O que pode pegar na hora da prova são essas contas. Achar uma equação
resultante de uma transformação aditiva pode ser muito trabalhoso, ainda
mais se o grau do polinõmio for elevado!

Autor: Mais uma vez, existe um método conhecido que facilita as contas em
uma transformada aditiva. Trata-se de um algoritmo simples. Sua
demonstração será feita na forma de exercido ao final deste capítulo.

Vamos mostrar os passos do algoritmo utilizando um exemplo. Faremos um


exemplo com uma equação original de 4a ordem, porém o método é geral
para transformações em polinômios de qualquer ordem.

Ex: Vamos transformar a equação abaixo segundo a equação transformatriz'


y=x+3.
equação original: x4 + 3.x3 - 2.x2 + 5.x + 7 = 0
162 Matemática em Nível IME/ITA

Algoritmo Para Transformada Aditiva

1° Passo: Montamos um esquema parecido como o utilizado no Algoritmo de


Briot-Ruffini. Em cima da linha horizontal vão os coeficientes da equação
polinomial original. À esquerda da linha vertical (e abaixo da horizontal) vai a
constante k da transformação aditiva: y = x - k. Para o nosso exemplo:
1 3-257
-3
r~
2° Passo: O procedimento de preenchimento dos espaços abaixo da reta
horizontal é o mesmo do utilizado no Algoritmo de Briot-Ruffini.
1 3-257

-3
| -26
1 0 -2 11

3° Passo: Repete-se o processo n vezes onde n é o grau do polinômio


original (o número á esquerda é sempre a constante k da transformação
aditiva y = x - k. Para o nosso exemplo:
1 3 -2 5 7
-3 1 0 -2 11 -26.
1 -3 7 -10
-3 1 -6 25
-3 1 I -9

4° Passo: Os coeficientes da equação transformada são os indicados lidos na


ordem indicada pela seta.

equação transformada : y4 - 9.x3 + 25.x2 -10.x - 26 = 0

Fica como exercício pro leitor, verificar algebricamente que este resultado
está correto!
5 Equações Algébricas 163

| 5.4 Polinômio Interpolador de Lagrange

Vamos agora discutir um problema de polinômios muito interessante.

Exemplo 5.4.a Determine o polinômio que assume os valores 1, 3, -1 para


os seguintes valores de x: 0, 1, 4, respectivamente.

Solução:
Com os três pontos dados podemos, na pior das hipóteses, formar um
polinômio do 2° grau, uma vez que temos 3 equações para 3 incógnitas:

P(x) = a.x2-*-b.x + c

Incógnitas a serem determinadas: a, b, c.

Equações:
P(0) = a.O2 + b.O+ c = 1
P(1) = a.12 + b.1 + c = 3
P(4) = a.42 + b.4 + c = -1

Devemos, portanto, determinar a solução do sistema:


c=1
5 . 17
• a+b+c = 3 a=— ; b=— ; c=1
6 6
16a + 4b + c = -1

Logo
5.x2 17.x „ I
P(x) = - +------ + 1
6 6 J
I OBS 1: Nós dissemos que na pior das hipóteses, poderiamos formar um
polinômio do 2° grau. O sistema poderia nos resultar, por exemplo, a = 0,
tornando o Polinômio de grau 1. A priori, poderiamos apenas garantir que
exista pelo menos um polinômio de grau 2 que satisfaria os pontos dados no
enunciado.

OBS 2: Como o sistema gerado pelos pontos dados era um sistema possivel
I e determinado, vimos que a solução existe e é única, i.e., só existe um
polinômio que passa por estes 3 pontos. Será que isso sempre acontece?
164 Matemática em Nivel IME/ITA

Dados n+1 pontos (x.y) no


plano carteslano, como achar
o polinõmio que passa por
todos eles? Este polinõmio
serâ único?

Joseph-Louis Lagrange (1736 - 1810)

A resposta à pergunta acima veio do próprio Lagrange, que enunciou o


seguinte teorema.

Polinõmio Interpolador de Lagrange


Dados n+1 pontos distintos (x,y) no plano cartesiano existe um único
polinõmio de grau menor ou igual a n que passa por todos estes pontos.

Teorema 5.4.1

Demonstração:
Note que para provar o teorema devemos provar duas coisas distintas: que o
polinõmio existe e, além disso, é único!

Vamos primeiro provar a unicidade do polinõmio de Lagrange. Vamos supor


que existem dois polinômios distintos P(x) e Q(x) de graus menores ou iguais
a n, que passam pelos pontos dados:
(xi.y,); (x2.y2); - ; (x‘n+1
I > Yn+1)

P(X,) = Q(X,)
P(Xz) = Q(X2)
Ou seja, vamos supor que existem P(x) e Q(x) tais que:

P(xn+l) = Q(xntl)
5 Equações Algébricas 165

Ora, mas se definirmos um terceiro polinômio: h(x) = P(x)- Q(x) será


verdade que:
h(xi) = P(xl)-Q(x1) = 0
h(x2) = P(x2)-Q(x2) = 0

h(xnt,) = P(xn.i)-Q(xn^1) = O

Ou seja, x, , x2 , x3 xn_, são raizes de h(x), que, portanto, possui n+1


raízes.

Opa! Mas se h(x) = P(x) - Q(x), então o grau de h(x) é também menor ou
igual a n. Sendo assim, a partir do resultado provado no exercício de fixação
4.39, como h(x) tem grau menor igual a n e possui n+1 raízes distintas, temos
que h<x) é o polinômio identicamente nulo.

h(x) = P(x)-Q(x) s 0 P(x) s Q(x)

Concluímos então que nunca existirão dois polinômios P e Q distintos, de


grau menor ou igual a n, que passam por n+1 pontos distintos dados no
plano.

Está provada a unicidade do polinômio interpolador de Lagrange, caso ele


exista. Resta-nos mostrar que, de fato, ele existe!

Queremos achar um polinômio P(x) tal que:

P(x,) = y, ; P(x2) = y2 ; P(x3) = y3; ... ; P(xn -1) Yn+1

É razoável propormos que P(x) seja algo do tipo:

P(x) = y,a,(x) + y2.a2(x) + ... + yni1.ani1(x)

Ondea^xjse anule sempre que j*i e valha 1 sempre que j = i. Note que
esta proposta faz com que P(x) passe sempre pelos pontos dados.

Da segunda dessas duas condições, devemos ter:

a,(x,) = 1. a2(x2) = 1 an.,(xnil) = 1


166 Matemática em Nível IME/ITA

Lagrange propôs que tomássemos os a( (x) como sendo da seguinte forma:

(x-x2).(x-x3 n+1) ÍO , se j * 1
a,(x) = => a,(Xj)
(X, -X2).(Xi -X;3)...(x,-x n+1) [1 , se j =1

a2(x)=
(X-X,).(X-X 3)-.(x-xn>1 L_ ®2ÍXj)~
(0 , se j * 2
[1 , se j = 2
(x2 - x,).(x2 -X3)....(x2 -X n+1)

Note que no numerador de a, (x) devemos ter um produto de fatores (x - x k)


exceto (x-x ). No denominador devemos ter um produto de fatores (xj —xk)

exceto (x, -xj.

Dessa forma, acabamos de construir um polinômio que atende às condições:


P(x,) = y, ; P(x2) = y2 : P(x3) = y3; ... ; P(xnt1) = yn,1

Acabamos de mostrar que o Polinômio Interpolador de Lagrange existe e é


único.

Polinômio Interpolador de Lagrange


n+1
P(x) = 2Lyi.ai(x)
i=1
(x-x1)...[x-x(.1).(x-xlti ).,.(x-xnti)
Onde: a^x) =
(xi-xl)...(xl-xi_1).(xi-x l+l)'"(x1 - Xn4.|)

são os coeficientes de Lagrange.

Resultado 5.4.2

Exemplo 5.4.b Resolva o Exemplo 5.4.a utilizando agora o Polinômio


Interpolador de Lagrange.

Solução: No exemplo 5.4.a é pedido o polinômio P(x) que passa por:


Xi = 0 , yj = 1 , x2 = 1. y2 - 3 . x3 = 4 , y3 = —1

Sabemos do Teorema 5 4.1, que o polinômio que passa por esses pontos
existe e é único. Os coeficientes de Lagrange são facilmente encontrados:
5 Equações Algébricas 167

(x-1)(x~4) x2 - 5x + 4
a,(x) =
(0-1).(0-4)' 4
(x-0).(x-4) x2 -4x
a2(x)
(1-0).(1-4) 3
(x-0).(x-1) X2 - X
a3(x) =
(4-0).(4-1) 12

O polinômio interpolador de Lagrange para os pontos dados é:

P(x)
4
x2 - 4x )
3 )+('1)í
,
X2 - X

12

Desenvolvendo
5.x2 17.x ,
:P(x) = - +------ + 1
6 6
168 Matemática em Nível IME/ITA

r5.5 Exercícios de Fixação


Exercício 5.1 Com base nos Resultados 5.2.1 e 5.2.2, demonstre
matematicamente o Resultado 5.2.3.

Exercício 5.2 (ITA - 1998) Seja a um número real tal que o polinõmio abaixo
admita apenas raizes reais. Determine o intervalo de validade para a.
P(x) = x5 + 2.x5 + a.x4 - a.x2 - 2.x -1

Exercício 5.3 Nas condições do Teorema das Raizes Racionais (Teorema


5.1.1) mostre que para um inteiro m qualquer p-m.q será divisor de P(m)
Como resultado disso, temos que p-q é divisor de P(1) e p+q, de P(-1).

Exercício 5.4 X Dada a equação x4+a.x3 + b.x2 + c.x + d = 0 com a.b.c.d


reais, mostre que, se a soma de duas raizes da equação original for igual à
soma das outras duas, então a equação transformada y = x + (a/4)é
biquadrada.

Exercício 5.5 X Considere a equação x3 + 2.x2 +15.x + 47 = 0 de raizes m,


n, p. Calcule o valor de:
____ 1 1 1
m2-4m + 4 n2 - 4n + 4 p2 -4p + 4

Exercício 5.6 Determine a transformatriz da transformada multiplicativa que


'evou a primeira à segunda equação:

íx3-5.x + 10 = 0
[y3 - 80x + 640 = 0
Lxercicio 5.7 Resolver:
2 2
í x + —if +
\ xJ ■4' = 2n

Exercício 5.8 Resolva novamente o Exercício 4.40 utilizando, agora, o


Polinõmio de Lagrange.

Exercício 5.9 X Com o auxilio do resultado mostrado no Exercício de


Fixação 4.42, demonstre a lógica do algoritmo para as transformadas aditivas
apresentados na seção 5.3.
5 Equações Algébricas 169

iExercício 5.10 (ITA-1999) A equação polinomial P(x) = 0 de coeficientes


I reais e grau 6 é recíproca de 2a espécie e admite i como raiz. 1I
‘Se P(2) = -105/8 e P(-2) = 255/8, determine a soma de todas as raízes de
| P(x).
Exercício 5.11 (ITA-2007) Na equação polinomial do 3° grau dada, sejam
ja.b.c reais. Sabendo-se que esta equação é recíproca de 1a espécie e que 1
é raiz da equação, determine o produto a.b.c
(a + c + 2).x3 + (b + 3c + 1).x2 +(c-a).x + (a + b + 4) = 0

Exercício 5.12 Resolva novamente o exercício 1.20 dos exercícios de :


ifixação do capítulo 1 (referente a Números Complexos) sabendo agora que a
equação analisada trata-se de uma equação reciproca.

Exercício 5.13 (ITA-2007) Determine o máximo entre a, b, c sabendo que os


coeficientes a, b,c da equação abaixo representada são reais; que duas
raizes da equação são inteiras e distintas e que ( 1 - i )/2 também é raiz.

2.x4 + a.x3 + bo<2 + c.x -1 = 0

Exercício 5.14 Utilize o resultado 5.3.1 para eliminar o termo do 3o grau da


equação do 4o grau abaixo e determine a equação transformada resultante.

x4 + ax3 + b.x2 + c.x + d = 0


Exercício 5.15 Seja a equação transformada resultante do exercício anterior
do tipo da equação: t4 + p.t2 + q.t + r = 0 Mostre que:
(t2 + p)2 =p.t2-q.t-r+p2

Exercício 5.16 Continuando a questão 5.13, mostre que, sendo y uma


variável arbitrária:
2
(t2 + p + y) = (p+2y).t2-q.t + (p2-r + 2py + y2)

Em seguida, note que o lado direito da equação acima pode-se tornar um


quadrado perfeito. Mostre que isso acontecerá quando e só quando:

(q2 - 4.p3 + 4.p.r) - 8.(2.p2 - r).y - 2O.p.y2 - 8,y3 = 0

Exercício 5.17 Baseando-se nas questões 5.13, 5.14 e 5.15 indique os


passos de como resolver analiticamente uma equação do 4o grau genérica.
Este método é conhecido como método de Ferrari para a resolução analítica
I das equações do 4° grau.
i j
170 Matemática em Nível IME/ITA

Capítulo 6
Análise Gráfica de Funções Polinomiais

|6.1 Traçando gráficos polinomiais

Até o momento vimos bastante conteúdo a respeito dos polinômios, porém


não analisamos a fundo ainda o formato gráfico dessas funções se
representadas no plano real R3. Vamos explorar mais o assunto no percorrer
deste capitulo.

O BS: É sugerido que o leitor, a menos que já possua um conhecimento


prévio das propriedades básicas de cálculo diferencial, dê uma breve olhada
no Apêndice deste livro e a explicação contida nele na seção 'Cálculo'

Equações do 1° Grau (retas)

Fig. 6.1.1
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 171

Equações do 2o Grau (parábolas)


y

\
\ .
\
\

\ /
X

Fig. 6.1.2

Equações do 3o Grau (cúbicas)


y

I
T
X

i
Fig. 6.1.3
172 Matemática em Nível IME/ITA

Os polinômios são funções contínuas e deriváveis em todo o seu domínio, o


que torna o seus gráficos fáceis de serem analisados. As funções polinomiais
possuem um comportamento gráfico característico, o que permitirá que
façamos análises importantes a respeito da função sem ter que recorrer a
métodos muito sofisticados para traçar o seu gráfico.

Diretamente da definição 4.2.4, sabemos que os pontos em que o gráfico do


polinômio cruza o eixo Ox representarão raizes deste polinômio. Como o
gráfico nos mostra a representação da imagem dos pontos reais pela função,
raizes complexas não estarão presentes na representação gráfica. Com esta
simples discussão, concluímos que:

Um gráfico que não cruza o eixo Ox representa uma função que não possui
raízes reais.

Resultado 6.1.1

Exemplo 6.1.a Determine os valores reais de a que tornam a função do 2°


grau sempre positiva:
f(x) = x2- a.x + 4

Solução:
Note que o ponto (0,4) pertence ao gráfico do polinômio do 2o grau f(x). Para
que a função seja sempre positiva, o seu gráfico não pode atravessar para os
quadrantes de y negativo do plano real. Ou seja, de acordo com o resultado
6.1.1, a função f(x) não pode ter raizes reais.

Da solução de Báskara, temos que:

a±Va2-16
f(ct) = 0 <=> a=
2

Para que as raízes sejam todas complexas, o conteúdo do radical deve ser
negativo. Ou seja:
a2-16 < 0 Ia! <4 [
Ou seja, todos os valores de a com módulo menor que 4 tornarão f(x) sempre
positiva.
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 173

Uma característica bem notável dos gráficos polinomiais é a presença de


"vales" e "picos". Esses pontos são chamados de pontos de mínimo e
máximo locais. Em outras palavras, dentro de uma vizinhança do ponto de
máximo este é o ponto com maior ordenada y (dentro de uma vizinhança do
ponto de mínimo este é o ponto com menor ordenada y).

A partir de um teorema bem conhecido do Cálculo (para ver a demonstração


sugerimos que procure algum material que aborde o assunto de Derivadas),
conhecido como Teorema de Rolle para funções continuas e deriváveis,
como é o caso dos nossos polinômios, segue o seguinte resultado
importante, bastante intuitivo:

Entre duas raizes de um polinômio haverá sempre um máximo ou um mínimo


local.
Resultado 6.1.2

Por incrível que pareça, só essa informação já permite que resolvamos


alguns exercícios bastante interessantes.

Exemplo 6.1.b Determine o domínio da função:


f(x) = In (x3 - x) ,
onde In representa a função logaritmo natural.

Solução: Sabemos que a condição de existência do logaritmo natural é que


o logaritmando seja sempre positivo. A questão consiste, portanto, em
determinar os intervalos de x em que a seguinte função é positiva:

p(x) = x3 - x
= x.(x2 —1)
= x.(x-1).(x + 1)
Uma simples fatoração nos deu as raizes do polinômio do terceiro grau. Para
valores de x próximos a +<», o polinômio assume valor negativo (o limite
quando x tende ao infinito negativo é negativo), e para valores próximos a
+», o polinômio assume valor positivo (o limite quando x tende ao infinito
positivo é positivo).

Ora, sabemos que o polinômio vem do infinito negativo quando x é próximo


de em seguida deve cruzar o eixo Ox em x = -1, depois em x = 0
e finalmente em x = 1, e seguir para o infinito positivo com o aumento
indefinido de x. Além disso, do resultado 6.1.2, sabemos que entre cada um
174 Matemática em Nível IME/ITA

dos cruzamentos com o eixo x, o polinômio tem máximos e mínimos locais.


Tais informações já nos dão uma idéia boa a respeito do formato do gráfico
de p(x):

//
O-
f -1 Á—
£ ■4-

/
/

Fig. I

O gráfico da figura I já nos responde a pergunta de quais são os valores de x


que tornam o polinômio positivo:

ou x >1 I
_________ I
Já dá pra começar a sentir a importância da análise gráfica ?

Os pontos de máximo e de mínimos locais são pontos do gráfico que


possuem inclinação nula. Ou ainda, da definição de derivada (ver Apêndice),
são pontos da função que anulam a sua derivada (atenção para o fato de que
nem todo ponto para o qual a derivada do polinômio se anula será um ponto
de máximo ou mínimo - ver Apêndice).

Se x = k é um ponto de máximo ou de mínimo local de P(x), então P’(k) = 0.


Resultado 6.1.3
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 175

Ainda do Apêndice, temos:

Se P'(k) > 0 , então o polinômio é estritamente crescente em x = k


Se P’(k) < 0 , então o polinômio é estritamente decrescente em x = k.

Resultado 6.1.4
E, também:

Se P"(k) > 0 , então a concavidade do polinômio é para cima em x = k.


Se P”(k) < 0 , então a concaviadade do polinômio é para baixo em x = k.

Resultado 6.1.5

Os últimos três resultados nos dizem que, conhecendo as derivadas da


função (que no caso do polinômio é facilmente encontrada) e seu
comportamento, podemos extrair ainda mais informações a respeito do
gráfico do polinômio.

Exemplo 6.1.c Mostre que o polinômio a seguir possui somente uma raiz
real.
P(x) = 3x2 - 2x2 + 9x - 6
Solução:

Como o termo de maior grau é de ordem ímpar, para valores de x próximos a


-oo, o polinômio assume valor negativo (o limite quando x tende ao infinito
negativo é negativo), e para valores próximos a +co, o polinômio assume
valor positivo (o limite quando x tende ao infinito positivo é positivo).

Essa simples análise nos permite dizer que o polinômio deverá ter pelo
menos uma raiz real (como ele assume valores negativos e valores positivos,
existira pelo menos um ponto de cruzamento com o eixo Ox).

Além disso, note que:


P'(x) = 9x2-4x + 9

0 polinômio derivado P'(x) é uma função do segundo grau cujo determinante


é dado por:
A = 36-4.9.9 < 0

Analogamente ao Exemplo 6.1.a, como o determinante é negativo, e existem


valores positivos de P(x) (como por exemplo P(1) = 14 > 0) , a função do
segundo grau será sempre positiva. Com isso:
176 Matemática em Nível IME/ITA

P'(x) > 0 Vx e K

Do Resultado 6.1.4, temos que P(x) é estritamente crescente em toda reta


real.

Ora. como a função é estritamente crescente, se ela cruza uma vez o eixo
Ox, ela não cruzará novamente. Como já foi garantido de que existia um
cruzamento, acabamos de garantir que este cruzamento é único!

Como ficam os gráficos no caso dos


polinòmios possuir raizes múltiplas?

Boa pergunta! A resposta se resume basicamente à discussão final do


Apêndice A.2. Como consequência direta do Teorema Apêndice.8. segue

Seja P um polinômio no qual x = k é uma raiz múltipla de multiplicidade n.


Ou seja:
P(k) = P'(k) = P "(k) = P'"(k) =... = P(n-1)(k) = 0 e P(n)(k) # 0

Se n é par, então x = k é um ponto de máximo ou mínimo local.


Se n é impar, então x = k é ponto de inflexão horizontal (n > 1)

Resultado 6.1.6

Veja o resultado 6.1.6 ao analisar a representação gráfica do polinômio:


P(x) = A(x-1)<(x + 3)3.(x + 1)
Análise Gráfica de Funções Polinomiais 177

Fig. 6.1.4

Exemplo 6.1.d Sabe-se que o polinômio a seguir possui uma raiz natural.
Determine-a. É possivel dizer se existe mais alguma raiz real positiva ?
P(x) = (x - 1)3.(x +1) - 32
Solução:

Desenvolvendo P(x): P(x) - x4 - 2x3 + 2x - 33

0 enunciado nos disse que há uma raiz natural. Do Resultado 5.1.1,


sabemos que se existe uma raiz natural, ela deverá dividir o termo
independente do polinômio. Ou seja, a raiz natural é divisor natural de -33, o
que nos dá as seguintes possibilidades: 1, 3,11,33

Por inspeção, vemos que: P(3) = (3 - 1)3.(3 + 1) - 32 = 8.4 - 32 = 0 .

Ou seja, 3 é a raiz natural do polinômio. Devemos agora descobrir se o


polinômio possui outras raizes reais positivas. Basta analisar os demais
fatores do polinômio. Aplicando o algoritmo de Briot-Ruffini chegamos a (fica
como exercício ao leitor):
178 Matemática em Nível IME/ITA

P(x) = (x-3).(x3 + x2 + 3x +11)

Vimos no exemplo 6.1.C que uma saída interessante pode ser estudar o seu
comportamento gráfico. Analisando o polinômio com os demais fatores de
P(x):
Q(x)= x3 + x2 + 3x + 11

Note que: Q'(x) = 3x2 + x + 3 é sempre positivo (por motivos análogos á


analise feita no exemplo 6.1.c), e com isso, do resultado 6.1.4 temos que
Q(x) é estritamente crescente.

Como Q(0) = 11 > 0, e sabemos que Q(x) continuará crescendo a partir de x


= 0 . Q(x) não poderá voltar a cruzar o eixo x, em x > 0.

Como exercício, leitor, tente mostrar que P(x) possui sim outra raiz real,
porém negativa.

6.2 Comportamentos Especiais

Polinômios de funções pares

Um polinômio é dito de função par quando, para todo x real, vale que
P(x) = P(-x) . Um polinômio será de função par quando possuir apenas os
coeficientes acompanhados de potências pares de x.

Exemplos:
São polinômios de funções pares:
P(x) = x4 -5.x2 + 7
P(x) = -x6 + x8 + 1
P(x) = X2008

Como P(x) = P(-x) sempre, existirá uma simetria em relação ao eixo das
ordenadas no gráfico dos polinômios P(x) de funções pares.
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 179

Fig. 6.2.1 - Exemplo de Gráfico de um polinômio de função par

Polinômios de funções ímpares

Um polinômio é dito de função impar quando, para todo x, real vale que:
P(x) = -P(-x)

Um polinômio será de função ímpar quando possuir apenas os coeficientes


acompanhados de potências impares de x.

Exemplos:
São polinômios de funções impares:

P(x) = x5-9.x3
P(x) = -x3 + x7 + x9
P(x) = x2007

Como P(x) = - P(-x) sempre, existirá uma simetria em relação à origem do


plano cartesiano.
180 Matemática em Nível IME/ITA

Fig. 6.2.2 - Exemplo de Gráfico de um polinõmio de função ímpar

OBS: Cuidado: se um polinõmio não é de função par, não necessariamente


será de função impar.

Exemplo 6.2.a (IME 2001) Resolva novamente o exercício de fixação 4.24,


propondo uma solução por meio de análise gráfica.

Solução:

Note que, como P(x) = P(1 - x) para todo x real, podemos fazer a seguinte
substituição:
, 1
X = X +—
2

O que nos levará a:


pf-1 + x,'| = pÍ--x'1 Vx’ e R
2 J <2 J
Repare que para qualquer valor de x’ real, a quantia 14 - x’ e % + x’ darão
a mesma imagem no eixo das ordenadas. Ou seja, existe uma simetria do
gráfico de P(x) em relação à reta vertical x = 14 .
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 181

Ou ainda, o polinõmio na variável x’ é de função par!

P(x') = a.(x')4 +b.(x')3 + c.(x')2 +d.(x') + e

Isso nos leva, diretamente, à conclusão que os coeficientes dos termos de


expoente ímpar em x’ são nulos, (b = d = 0). Voltando â variável x devemos
ter que os polinômios que atendem à condição do enunciado são do tipo:

I-------------—----------- ■ a e £*, c,e e R |


; P(x) = a.(x-1/2)4 + c.(x -1/2)2 + e

Não é dificil mostrar que é o mesmo resultado (escrito diferentemente) obtido


na resolução do Exercício 4.24 (deixamos a verificação como exercício).

Deslocando o gráfico

No exemplo 6.2.a que acabamos de ver foi feita uma mudança de variáveis
do tipo: x' = x - k onde k é uma constante.

Graficamente, essa mudança nos dá o polinõmio em um novo referencial (um


novo sistema de coordenadas) deslocado k unidades para a direita. Veja a
figura abaixo. O mesmo ponto A no sistema xoy tem abcissa a e no sistema
x'oy' tem abcissa a' = a - k.

y y'
I
A — (a + k ,b )Xoy
= (a’, b)x'oy'
a :

k a'
x = x’

Fig. 6.2.3
182 Matemática em Nível IME/ITA

Como ficará, portanto, o gráfico de P(x - k) em comparação com o gráfico de


P(x)?

Muito bem, o gráfico P(x - k) corresponderá a um gráfico semelhante ao


gráfico de P(x), porém representado com referência ao novo sistema de eixos
x'oy'. Como a mudança x' = x - k indica um par de eixos à direita do original,
é como se o gráfico da função tivesse transladado para a direita em relação
ao original.

Veja a comparação entre os gráficos y = x2 e y = (x - 3)2.

/
y^x2 y = (x )2

Fig. 6.2.3

Subtrair k do argumento do polinômio translada o eixo k unidades para a


direita.
Resultado 6.2.1

O que acontece porém adicionarmos uma constante ao polinômio. Ou ainda,


qual é o resultado gráfico de P(x) + k?

Ora, para um mesmo valor de x, estamos tomando a imagem dele sobre P e


adicionando uma constante. Ou seja, cada ponto do gráfico terá sua imagem
acrescida de k unidades. Ou ainda:

Somar k ao polinômio translada o seu gráfico de k unidades para cima.

Resultado 6.2.2
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 183

f(x)+2 / f(x)+1.5
f(x)

f(x)-1 / f(x)-2
O
•4

Fig. 6.2.4

As Equações do Segundo Grau

Os gráficos das equações do segundo grau (conhecidos como Parábolas)


possuem algumas propriedades interessantes. Uma boa primeira observação
é que os gráficos de funções do tipo a.x2 + b.x + c possuem uma simetria com
relação à reta vertical que passa pelo seu vértice.

O vértice da parábola é definido como o único ponto critico da função, e pode


ser facilmente localizado utilizando-se do resultado 6.1.3
f(x) = a.x2 + b.x +c

b
f(Xv) = 0 O 2.a.xv + b = 0

Tendo o valor da abcissa, uma substituição simples nos dará o valor da


ordenada do vértice da parábola.
184 Matemática em Nível IME/ITA

2
f(Xj = a(’è) + b.í-A] b2-4.a.c A
y*=’4Í
l 2a J 4a

O teste da segunda derivada (Resultado Apêndice.6) nos permite determinar


se o ponto critico é um ponto de máximo ou de mínimo.
F se a 0 f tem concavidade para cima
(ponto de mínimo)
f”(xv)= 2.a
se a 0 f tem concavidade para baixo
(ponto de máximo)
L J
Ou seja, apenas do sinal do coeficiente do termo de maior grau da equação
quadrática conhecemos a concavidade do seu gráfico.

/
a> °...
Fig. 6.2.5

Podemos, com o resultado que acabamos de obter generalizar o resultado


que obtivemos no Exemplo 6.1.a.

Seja f(x) = a.x2 + b.x + c

Se a > 0 (parábola de concavidade para cima) e a = b2 - 4.a.c < 0 , então f é


sempre positiva.
Se a < 0 (parábola de concavidade para baixo) e a = b2 - 4.a.c < 0 , então f é
sempre negativa
Resultado 6.2.3
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 185

Um outro resultado surge a partir da seguinte análise gráfica "Dado um


número real w. como saber se ele está entre ou fora do intervalo das raizes?”
Repare a figura a seguir.

f(w) > 0 a< 0

Fig. 6.2.6 - O produto a.f(w) é negativo em ambos os casos acima

a< 0
\ f(w) > 0 /

•—\ ■/

0 f(w) < 0
I a>
°.J

Fig. 6.2.7 - O produto a.f(w) é positivo em ambos os casos acima

De modo geral, podemos dizer que:

Seja f(x) = a.x2 + b.x 4- c de raízes Xi < x2, e w um número real.

a.f(w) < 0 « o número real w se encontra entre as raizes (x, < w < x2).
a.f(w) > 0 <s o número real w se encontra fora do intervalo das raízes
(w <x, ou w > x2)
186 Matemática em Nível IME/ITA

Resultado 6.2.4

Entendi o raciocínio e gostei da idéia!


Mas acho que vai ser difícil decorar
essa regrinha do Resultado 6.2.4. Eu
realmente vou precisar algum dia
disso?

Autor: Esses resultados são importante saber sim! Veremos um exemplo a .


seguir (e alguns outros nos Exercidos de Fixação) que são incrivelmente
facilitados com a análise dos resultados como o 6.2.4.

Lembre-se: Todo mundo tem dificuldade em decorar. Não é só você! É mais


importante que se tenha o raciocínio compreendido do que o resultado
decorado. Lembrando do raciocínio, deduzir o resultado na hora da prova é
moleza!

ixemplo 6.2.b Considere a função do segundo grau abaixo com parâmetro


1 real. Determine os valores possíveis de m para que a função possua duas
raízes reais distintas, ambas menores que 2 ou ambas maiores que 2.

f(x) = m2.x2 + x + 16.m

Solução:

A primeira restrição é que a função deve possuir 2 raízes reais distintas. Para
isso, seu determinante deverá ser positivo.
A = 1 - 64.m3 > 0

Traçando (trace como exercício) o gráfico da função de m, 1- 64.m3, vemos


que a mesma é positiva para m < (condição I).
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 187

1.4

0,6)

0.2

-1 -0,6 -0.2
02i 0.6 1 1.4

Fig. I

Além disso, o enunciado pede que as raizes sejam ambas maiores que 2 ou
ambas menores que 2. Em outras palavras, ele pede que 2 esteja fora do
intervalo das raizes de f.

Do resultado 6.2.4, segue a condição para que isso ocorra:


m2.f(2) > 0 => m5(4m2 + 16m + 2) > 0 ==> 4m2 + 16m + 2 > 0
>0

Traçando o gráfico (trace como exercício) da função de m, 4m2 + 16m + 2,


vemos que a mesma é positiva para:

n/14 „ ,/TÃ
m >--------- 2 ou m<-2----- — (condição II)
2
188 Matemática em Nível IME/ITA

-10 -6 6" 10
-2 ? 2

-6

-10

-14

Fig. II

Da interseção entre as condições I e II, segue a resposta:

Resposta: m e o V14 2,Vü


-co , - 2-----------’2
2
+~ 7

| 6.3 Teorema de Bolzano

Estudaremos agora um resultado do matemático italiano Bernard Bolzano.

Sejam a e b (a < b) números reais e, f uma função continua no intervalo


[a.b] tal que f(a) e f(b) têm sinais opostos. Então, existe um real c e [a,b] tal
que f(c) = 0 (ou ainda, existe uma raiz real de f entre a e b).

Resultado 6.3.1 Teorema de Bolzano

A demonstração do teorema de Bolzano pode ser feita a partir do Teorema


do Valor Intermediário (ver Apêndice), bem como ser feita também, de
maneira inteiramente independente. Como nos interessa a interpretação
gráfica do teorema, faremos apenas uma verificação intuitiva da validade do
resultado.
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 189

A Análise gráfica de um problema


pode permite tirar conclusões bastante
poderosas, muito embora possam
parecer simples a primeira vista.

Bernard Bolzano 1781-1848

As condições do teorema de Bolzano supõem que a função é continua no


intervalo estudado e que f(a) e f(b) têm sinais contrários. Ora, se a função
tem sinais contrários em a e em b, e deve ser continua em [a.b], para
atravessar de um lado para o outro da reta Ox, ela teve que cruzá-la em
algum ponto!

Beleza, mas isso não é óbvio?


Que proveito posso tirar disso??

0 teorema de Bolzano pode não parecer, mas é uma ferramenta


poderosíssima de busca de raizes de funções contínuas (como é o caso dos
polinõmios). Muitos métodos computacionais (os chamados métodos
numéricos) de determinação de raizes utilizam esse teorema aparentemente
'óbvio1.
190 Matemática em Nível IME/ITA

Tome o seguinte procedimento:

i) Dê um chute iniciai para o intervalo [a,b] de uma função f contínua


ii) Calcule f(a) e f(b), e calcule também o produto f(a).f(b)
iii) Se f(a).f(b) = 0, temos de imediato que a ou b (ou ambos) é raiz de f.
ív) Se f(a).f(b) < 0, temos que f(a) e f(b) têm sinais contrários. Caímos
então no Teorema de Bolzano, e sabemos que existe uma raiz entre a
e b. Podemos tomar agora um novo intervalo [c,d] contido em [a,b] e
repetir o processo de busca até encontrarmos uma vizinhança bem
restrita contendo a raiz.
v) Se f(a).f(b) > 0, não estamos na condição do teorema de Bolzano.
Chutamos, então, um outro intervalo [a,b] para a busca.

O procedimento acima parece ser um processo bastante cansativo para


chegar até uma raiz de um polinõmio. Porém, computadores potentes fazem
a rotina descrita em muito pouco tempo. Acabamos de mostrar como criar um
algoritmo numérico de determinação de raizes de funções continuas!

Na verdade nós também já usamos o Teorema de Bolzano. Refira-se


lovamente aos exercícios 6.1.C e 6.1.d e identifique em que momento foi
isado o raciocínio do Teorema de Bolzano.

Extensão do Teorema de Bolzano

Mais interessante do que o teorema de Bolzano em si, é a extensão do


mesmo que veremos agora. Considere as mesmas condições de hipótese
que as do teorema.

Se f(a).f(b) > 0, sabemos que f(a) e f(b) têm o mesmo sinal, e portanto estão
situadas no mesmo semiplano com referência ao eixo das abcissas y = 0
(pode ser que ambas estão abaixo de y = 0 ou ambas acima de y = 0). Como
a função é continua, podemos ter algumas possibilidades como as ilustradas
a seguir:
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 191

V b
Fig. 6.3.1

Podemos generalizar todas as possibilidades dizendo que. se f(a).f(b) > 0, a


função cruza um número par de vezes (ou nenhuma vez) o eixo Ox.
Interessante, não?

No caso em que f(a) f(b) < 0, teremos algumas possibilidades, entre as quais:
192 Matemática em Nível IME/ITA

Fig. 6.3.2

Ou seja, se f(a).f(b) < 0, a função cruza um número ímpar de vezes o eixo


Ox.

Sejam a e b (a b) números reais, e f uma função continua no intervalo [a,b].

- Se f(a).f(b) = 0, a ou b (ou ambos) é raiz de f.

- Se f(a).f(b) 5 0, f possui um número par de raizes reais (ou zero raízes


reais) em [a,b]

- Sef(a).f(b)< 0, f possui um número ímpar de raízes reais em [a,b].

Resultado 6.3.2 Extensão do Teorema de Bolzano

Exemplo 6.3.a Considere P(x) = x3 - 3.x +1. Quantas raízes reais existem no
intervalo aberto (0,1)?

Solução:
Primeiramente, devemos notar que: P(0) = 1 e P(1) = - 1

De acordo com o Resultado 6.3.2, a Extensão do Teorema de Bolzano, como


P(0) e P(—1) possuem sinais opostos, temos um número ímpar de raízes
reais em (0,1).
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 193

Ora. sabemos que o grau do polinômio é 3, e portanto pelo Teorema


Fundamental da Álgebra, esse número impar só pode ser 1 ou 3.
Repare agora que, P(3) = 1. Ou seja, P(1) e P(3) têm sinais opostos.
Agora do teorema de Bolzano (Resultado 6.3.1) segue que existe pelo menos
uma raiz real em (1, 3).

Como (0.1) não está contido em (1,3), a única possibilidade é que exista uma
única raiz real em (0.1).

í Resposta: há somente uma raiz real em (0,1)

=
194 Matemática em Nível IME/ITA

| 6.4 Exercícios de Fixação ]


Exercício 6.1 (IME -1983) Dada a equação, com m real:

2.mx2 -2x-3m-2 = 0

Determine m para que uma raiz seja inferior a 1 e a outra seja superior a 1. ■

Exercício 6.2 Dados f(x) = a.x2 + b.x + c . Sabendo que x = 1 está entre as
raizes e que a > 0. podemos afirmar que:

(a) a + b + c > 0 (b) a + b + c < 0 (c) b2 - 4.a.c < 0 (d)a + b-2.c>0

Exercício 6.3 XDetermine os valores possíveis para m de modo que a


equação abaixo tenha duas raízes reais x, e x2 tais que: -1 < x, < 4 < x2
(m -2).x2 -2.m.x + 2.m -3 = 0

Exercício 6.4 (IME - 2000) X Considere a, b, c números reais tais que


a < b < c. Prove que a equação abaixo possui exatamente duas raízes Xi e x2
que satisfazem a condição: a < x, < b < x2 < c.
1 1 1
------- +-------- +--------= 0
x-a x-b x-c
Exercício 6.5 Considere o polinômio P(x) abaixo.

P(x) = xn+ an_1.xn-1 + ...+ a,.x + 1

Sabe-se que P(x) tem coeficientes inteiros e que P(1) > 0. Sabe-se também
que P admite uma raiz real k, bem como uma raiz complexa nâo real.
Portanto, dentre as afirmações abaixo, a falsa é?
i) Se k é racional, então k = -1
ii) Se k pertence a (0,1), pode ser que n = 3
iii) Não existe polinômio q com coeficientes inteiros tal que p = q.(x—1)
iv) O número de raízes no intervalo [0,1] é par
v) Uma das afirmações é falsa

Exercício 6.6 Para que valores de b a equação abaixo admite 3 raizes reais,
distintas duas a duas?
x3 -3.x2 -9x + b = 0

Exercício 6.7 £ Determine o número de raizes reais do polinômio:

P(x) = X + X2 + x3 + x4 - 500
6 Análise Gráfica de Funções Polinomiais 195

Exercício 6.8 (ITA - 2001) Com base no gráfico da função polinomial f(x)
abaixo, determine qual é o resto da divisão de f(x) por g(x):

g(x) = [x-^j.(x-1)

/
2

1.5
1 /
/
0.5

-1,5 0,5 1 1.5


- -0,5
--- 1
-1.5
-2

Fig. Ex-6.8

Exercício 6.9 Trace o gráfico da seguinte função polinomial


P(x) = x3 -4.X + 1

Exercício 6.10 Referindo-se à solução gráfica da questão anterior, esboce os


gráficos das seguintes funções:
M(x) = P(x) + 1 ; N(x) = 3.P(x) Q(x) = P(x + 3); R(x)=P'(x)

Exercício 6.11 (ITA - 1991) Seja S o conjunto de todas as raizes da


equação P(x) = 12.x3 -16.x2 -3.x + 4 = 0 . Podemos afirmar que:
196 Matemática em Nível IME/ITA

a) S c (-1, 0) (0.1) (1.2) b) Sc (-2,-1) u (0.1) (3,4)


c) S c [0, 4] d) Sc (-2,-1) u (1,2) u (3.4)
e) N.R.A
Exercício 6.12 Considere uma função do segundo grau genérica . O que
acontecerá com o gráfico da função se mantivermos os parâmetros a e b
constantes e variarmos c nos reais? O que acontecerá se mantivermos os
parâmetros a e c constantes e variarmos b? E finalmente, mantendo os
outros dois constantes, e variando a? Dè embasamento ao seu comentário
com o uso de gráficos ilustrativos.

Exercício 6.13 Demonstre que toda equação do segundo graua.x2 + b.x + c


possui um eixo de simetria em x = -b/2a .

Exercício 6.14 (ITA - 2002) Dada a função quadrática:


2 13
f(x) = x2.ln — + x.ln6 —.In —
3 4 2
a) A equação f(x) = 0 não possui raízes reais.
b) A equação f(x) = 0 possui 2 raízes reais distintas e o gráfico de f possui
concavidade para cima.
c) A equação f(x) = 0 possui 2 raizes reais iguais e o gráfico de f possui
concavidade para baixo.
d) O valor máximo de f é (In2.ln3)/(ln3 - In2)

e) O valor máximo de f é 2.(In 2.In 3)/(ln 3 - In2)

Exercício 6.15 (ITA - 2005) X Determine todos os valores reais de a que


façam com que a equação abaixo tenha exatamente três soluções distintas:

(x-1)2=|x-a|
7 Resoluções Comentadas 197

Capítulo 7
Resoluções Comentadas
| Soluções - Capitulo 1 ]
Exercício 1.1
Lembrando dos resultados notáveis da seção 1.2

z = i. =i(i)n=in+1

Sabendo que as potências reais de i são as de expoente par, n deve ser


impar.

Exercício 1.2 Vamos simplificar a expressão dada:

i-1 i-1 ftge-iA = (í-i)(tge-i)


z = --------
tg0 + i tg0 + i \tg0-ij tg20 + 1

Lembrando, da trigonometria, que: sec 20 = tg20 + 1 V0 e R


Temos:
i-1 (i - 1)(tg9 - i) (i.tg0 + 1-tg0 + i)
z = ------
tg0 + i tg20 + 1 " sec20
(l-tge)-f j.(tge + 1)
sec20

Para que o complexo esteja sobre a bissetriz do primeiro quadrante, sua


parte real deve ser igual a sua parte imaginária e ambos devem ser positivos!

(1-tge) (1 + tge)
sec20 sec20 o tgO = 0 0=0
(1-tge) Q
i sec20
!
14- x + y.i
Exercício 1.3 Basta mostrar que: x + y.i =------------- sempre que: |z| = 1.
1 + x - y.i
Isso é equivalente a mostrar que: (x + y.i)(1 + x - y.i) = 1 + x + y.i
198 Matemática em Nível IME/ITA

Partindo do lado esquerdo da igualdade a ser mostrada:


(x + y.i)(1 + x - y.i) = x + y.i+ x2 - jpyí + y.i + jpyí- y2.i2

= x + y.i + x2 +y2

= x + y.i +1
.-. (x + y.i)(1 + x - y.i) = x + y.i+1

Como z é diferente de -1, segue:


x + y.i +1
x + y.i =
1 + x - y.i

Exercício 1.4 Seja ‘k' essa raiz real.

P(k) = k2 + (a + b.i) k + (c + d.i) = 0 = 0 + O.i


= (k2 + a.k + c) + (b.k + d).i = 0 + Oi
Da identidade, igualamos parte real de um lado á parte real do outro lado e
parte imaginária de um lado à parte imaginária do outro lado da igualdade'

k2 + ak + c = 0 (i)
k2 + ak + c = 0
bk + d = 0 k = -‘
(ü)
b
De (ii) em (i):
2
d2-abd + c.b2 = 0

Exercício 1.5
k+i ■ * = (k + D2 k2 -1 + 2k.i
k-i k-i lk + ij k2 + 1 k2 + 1

Queremos saber em que condições a expressão acima pode representar um


complexo do tipo x+y.i
Yk2-1)
lk2 + lJ”X
7 Resoluções Comentadas 199

k2 = M
(1-x) k = + l(x + 1)
(1-x)
2.k = y.(k2 + 1)
\k2-rlj *

(x+1) x +1
±2-,7^~uv = y-k1-x
—U+1 , x*1
(1-x)

í 2 )
±2. = y- — , x * 1
(1-x) \1-X J

Ifx + 1) _ y2
|ll-xj“ (1-x)2' x*1

(x +1)(1 — x) = y2 , x*1

x2 + y2 = 1 , x * 1

Que é justamente a condição inicial do problema! Como todas as passagens


foram de "se e somente se”, a ida e a volta valem sempre!

' - Pudemos fazer isso pois 1-x2 = y2>0 e com isso a fração torna-se
sempre positiva.

Exercício 1.6 Vimos que as raízes n-ésimas da unidade são:

. . Í2n) . f 4rt 2(n-1)n


1, eis! — I, cisl , CIS CIS
n J ln ) n

Pegando 2 quaisquer números consecutivos dessa sequência, temos que a


razão entre eles é sempre um mesmo número (Fórmula 1.5.2)

■ í 2ít'l
q = cis —
l n )
Portanto as raizes n-ésimas da unidade formam uma P.G. de razão q dada
acima.
200 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 1.7 Seja z = r.cisO:


i z5 = -z

(r.cisO)5 =-(r.cisO) o r5.cis(59) =-r.cis(-9)


I.
r5.cis(59) = (cisrt).r.cis(-O)
i
r5 .cis (50) = r.cis (rt - 0)

[r5 =r, r>0 r=1 ou r-0


I. [5O = (tt-0) + 2.k.rt 9=
rt + 2.k.n
k = 0,1,2,3,4,5
6
I ■

• f n ) . fSrr) . í 5n ) . í7n) . í9rt'i . f 11tt']l


(0, cis — Leis — Leis —■ ,CIS — ,CIS — I.CIS — r
l 16) l6J t6 J l6/ I, 6 L 6 Jj

-
Exercício 1.8 Sendo z de módulo unitário, z = cise:
zn cis(n0)
I ■ 1 + z2n 1 + cis(2n0)

‘.Usando a Fórmula 1.3.1:


zn cisÇne) = = 1 £R
1 + z2n 1 + cis(2n0) 2.cos(nO).cXntíf 2.cos(n0)=

- - — ; - --------------------- - ;
i Exercício 1.9 Lembremos as duas propriedades (Formulas 1.2.2 e 1.5.5):
íz +z =2.Re(z)eK

[z.z = |z|2 e R

Da Lei de De Moivre:
\ (z5+z5) = [|z|5.cis(5.argz) + |z|5.cis(-arg5z)^ 1.2.2
== 2|z|5 ,cos(5.argz)eR

1 Segue então que o produtório analisado é um produto de números reais, que


i é real.
í- ________ ■■■■■■'. . ___________ .
...
7 Resoluções Comentadas 201

Exercício 1.10

a, = Ç.(j3+i) = 27.cis[|]
(>.73-1)
a4 =
2

É fácil notar que se os módulos estão em PG e os argumentos estão em PA,


então os termos da seqüência são complexos em P.G pois:
an = Ian I eis (a rg a„) = |a, |. |q|n"1 .cis (arg a, + (n - 1).r)

= |a,|.cis(arga1)(|q|.cis(r))n"1

= a1.qn"1
Da lei de formação da PG: a4 = a,q3
. / 2tt
cis — cis -
=> q3 =
l3J k2j
27
27cis(i]
. ( 71 2k7t'|
cis - +-----
Da radiciação (Formula 1.5.7): q=—
16 3 J
3
De onde segue que, como |q| = 1/3 < 1:

27cisf—1
= 21_ <6..l
Sx k = 0,1,2
1-q . . (7t 2k” 't'
1-CIS +
1,6 3 )

OBS: A soma pode ter 3 diferentes resultados satisfazendo as condições do


problema.

Exercício 1.11 Seja z um elemento qualquer de A. Isto é:

z = x + y.i, x, y e R, x2 + y2 = 1.

Vamos determinar a imagem desse complexo pela função g.

-
202 Matemática em Nível IME/ITA

g(x + yi) = (4 + 3i)(x + yi)+ 5 -i = x'+ y'.i


o (4x + 4y.i+ 3x.i - 3y) + 5 - i = x'+ y'i <=>
<=> (4x- 3y + 5) + i.(4y+ 3x -1) = x'+y'i<=5
[4x -3y + 5 = x'
(4y + 3x -1 = y'
Resolvendo pra x e y:
3y'+ 4x'-17
x=
25
4y'-3x'+19
y=
25
Como x2 + y2 = 1
.2 .2
3y’+4x'-17 4y'-3x'+19
=1
25 25

» ((3y'+4x')2-34.(3y'+4x') + 172)+((4y,-3xf+38.(4y'-3x')+192) = 252

<=> 25x’2 + 25y'2 + 50y'-250x'+650 = 252


25.1
x'2 + y'2 + 2y'-10x'+ 26 =25
(x'2-10x'+25) + (y'2+2y'+1) = 25
(x'-5)2 +(y'+1)2 = 25

A equação acima representa uma circunferência de raio 5 e centrada no


ponto (5,-1). Para maior referência, consulte um livro de Geometria Analítica.

Exercício 1.12

(z + 1)5+z5=0 => (z + 1)5=-zs


M
Da Formulai .5.7:
6
2kn + 7t
5
7 Resoluções Comentadas 203

1 1 2krr -i- ti
—1
=>1 + - = CIS0 =>— = cis0-1 onde 9 =
z z 5

1 _ 1 1 (cos0-1)-i.sen6
cise — 1 (cos0-1) + i.sen8 (cosO -1) + i.sen0 (cos0 -1) - i.senO

(cosO-lj-i.senO (cos9-1)-i.sen0
(cos9-1)z +(sen0)2 cos 28 -i- sen20 - 2. cos 0 +1

z _(cos0-1)-i.sen0 (cos9-1) Í.sen6


2-2.cos0 2(1-cos0) 2(1-cos0)
1 i.senO
=> z
2 2(1-cos0)

=>Re(z)--l

Logo z pertence a uma reta paralela ao eixo imaginário no eixo complexo


í
(uma vez que sua parte real é constante). s

Exercício 1.13 Devemos nos atentar ao fato de que o enunciado pediu "uma”
solução, deixando em aberto a possibilidade de haver mais de uma.

Verifiquemos isso agora:


PA: b-r, b. b + r Z - CÍS0 i

1 1 J__ J_
za + zb + zc “ z9

1 1 1 _ 1
cis(a0) cis(b0} cis(c0) cis(90)
o (cis(aO)) 1+(cis(b0)) 1 -t-(cis(cO)) 1 =(cis(90)) 1 <ts>

o cis(-a9) + cis(-b0) +cis(-cQ) = cis(-99) o


o cis(-(b-r)0) + cis(-b0) + cis(-(b + r)9) = cis(-90) <=>
•=> cis(-b0 + r0) + cis(-b0) +cis(-b9-r9) = cis(-99) cs>
204 Matemática em Nível IME/ITA
' .. ..
\ Formulai ,5.1:
cis(-b0 .
cis(-b9).cis(r0) + cis(-be) + ——— = cis(-90)
cis(r0) '

1
cís(-be) cis(rt5) + 1 + = cis (—90)
cis(re)

1
cis(r0) + 1 + = cis((b-9)0)
cis(r9)
(ois(rt))]2 +cís(rô) + 1
cis((b-9)9)
i cis(r9)

(cis(2r0) + l) + cis(r0)
cis((b- 9)9)
cis(rO)
f
• 2.cos(r0)cist-rtf)” + ^isfrtíy
= cis((b — 9)0) <=>
cjj

o2.cos(r9) + 1 = cos((b-9)9) + i.sen((b-9)9)

í 2. cos (re) +1 = cos ((b — 9)0)

0 = sen ((b-9) 6)
Note que, de fato, existem mais de uma solução para essa condição. Para
' facilitar, vamos tomar r = 1, 0 = .
I
+ 1 = cosí(b - 9)-íJ
2.cos —
1 1
za + zb + zc “ z9
0 = sen^(b-9)

cos^(b-9)^
=1
(b-9)| = 2k.it keZ
sen^(b-9)ÍJ = 0

o (b-9) =4k keZ


i
7 Resoluções Comentadas 205

Uma solução válida, por exemplo é: b = 9,a=8,c = 10, z = cis= i

Exercício 1.14
-1 1 + X2
x" +x = 2.cos0 =>------- = 2.cos0
x
2 cos 0 ± J4(cos20-1)
=> x2-(2cos0)x+1 = 0 =>x =------------ ------------------ L

2cosO±2.V-sen20 „ . „ . ,
=> x =------------ - ------------ = cos0±i.sen9 = cis(+9)
Com isso:
X-2008 + x2008 = (cis(±O))~2008 + (cis(±O))2008

= (cis(+ 2008.9)) + (cis(± 2008.0))


= 2.cos(2008.9)

x-2ooa + x2008
= 2.cos(2OO8.0)

Exercício 1.15 Determinemos primeiro as raizes do polinômio divisor.


2 d n —1 ± i.VÕ . ( 2rt)
x +x*1 = Q o x = -------- — = cis ± —
2 l 3)
P(x) = (x + 1)m + xm +1

=> p(cis
(±2%))=(ͱ!t] +(cis (±2<+1

= (cis(±^))m+(cis(±2%))'r+i
= 1 + (cis(±m^)) + (cis(±2m^

Soma de P.G.

(cis(±"^))-1 (cis(±m%))-1
206 Matemática em Nível IME/ITA

Para m par, excetuando os múltiplos de 6, teremos que P(w) = 0 onde w é


uma raiz qualquer de x2 + x +1 = 0 . Portanto o conjunto solução é:

| m par, exceto múltiplos de 6 |

Exercício 1.16 Seja z = a + bi


z =0
Formulai .5 5
z3 + z2-|z|2 +2z = 0 <=> z3 + z2 - z.z + 2.z = 0 ou
z2 + z- z + 2 = 0

Se z * 0,
(a2 - b2 + 2.a.b.i) + (a + b.i) - (a - .bi) + 2 = 0
2ab + 2b = 0 [b = 0 ou a =-1
a2-b2 + 2 = 0 |a2-b2 + 2 = 0
b = 0, a2 + 2 = 0 (nãoconvém pois'a'é real)
■ ou
a = — 1, b = ±73
z, = —1 + iV3 ; z2 = — 1 — i.^3 ; z3 = 0 z, + z2 + z3 = 2

Exercício 1.17 O número complexo z possui argumento igual a 45° quando


sua parte imaginária for igual sua parte real. Vejamos a condição para que
isso ocorra:

1 - cosa 1- 2cosa + 2.sena 1-cosa 1-2cosa + 2.sena


sena.cosa sen2a sena.cosa 2 sena.cosa
2-2cosa = 1 -2cosa + 2sena <=> sena =— a =-
2 6

Exercício 1.18 z = |z|.cis0

4 • TC • r» 1-cis^0+ j
|z| - i.z = |z| - i.|z|cisO 1 - icise 1 - CIS - .CIS0
2
|z| + i.z |z| + i.)z|cis0 1 + i.cise 1 + cisp+^
1 + cis -.cise
2
Usando as Fórmulas 1.3.1 e 1.3.2:
7 Resoluções Comentadas 207

-2.i.sen(| + ^.cis^j

= — i.tg| —+ —
12 4)
2c0S(l + i)^F?J
Logo a expressão calculada é um imaginário puro!

Exercido 1.19
Nas passagens a seguir usaremos as fórmulas deduzidas nas seções 1.2 e
1.5. Tente identificar qual propriedade foi usada em cada passagem!

2iz2 + 5z - i (2iz2 + 5z-i)


I. w=
1 + 3.z2 + 2iz + 3 |z|2 + 2 |z| j (1 + 3,z2 + 2iz + 3 |z |2 *2|z|)

2Tz2+5z-T = -2iz2 + 5z + i
(l + 3.z2 + 2Tz + 3|z|2 + 2|z|) 1' + 3.z2-2iz + 3|z|2 + 2|z|

(VERDADEIRA)

2iz + 3i + 3 |2iz + 3i + 3|
II. |w| =
(1 + 2i)z |(1 + 2i)z|
|2iz + 3i + 3| |2iz + 3i + 3| |2iz| + 3 |i + 1| _2|z|+ 3^2
' |1 + 2i||z| |z|V5 ‘ jíp5 " |z|V5
(VERDADEIRA)

III- argw = arg(1 + i) + argz2 - arg^4 + 4i)

n _ nrr
= —+ 2.argz~ — = 2argz + —

(VERDADEIRA)

Resposta: Opção (A)

OBS: Esse exercício, a principio, parece ser difícil, mas não é nada mais que
aplicar as simples propriedades de números complexos vistas durante o
capitulo.
208 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 1.20
Soma de P.G. _5 _ t
1 z + z2 + z3 + z4 = 0 ------- = 0 => z5 = 1, z * 1
z-1
. í 2krt 'l
=> z = cis ------ , k = 1,2.3,4
V 5 )

zeR
|z| = 1, k = 1,2,3.4

Portanto, a única afirmativa verdadeira é a III.

Resposta: Opção (D)

Exercício 1.21 Seja z = x + y.i x.yeR


(z + i)2 +|z + i|2 = 6 oz2 + 2.z.i-1 +(z + í).(z + i) = 6

<=> z2 + 2.z.i-1 + (z + i).(z-i) = 6


o z2 + 2.z.i-1 + (z.z-i.z + i.z + 1) = 6

<=> z2 + 3.z.i- i.z + |z|2 = 6


o x2- y2 + 2.x.y.i + 3.x.i- 3.y - x.i - y + x2 +y2 = 6
c=> 2x2 + 2.x.y.i + 2.x.i - 4y =6
íx2-2y = 3 x>0 x2 + 2 = 3
<=> x = 1
[xy + x = 0 y = -1

Logo: z"=(1-i)n => z2 = (1-i)2 =-2.i

O menor n natural tal que já zn é imaginário puro é 2, uma vez que:

n=2
7 Resoluções Comentadas 209

Exercício 1.22 Sendo w uma raiz n-ésima da unidade diferente de 1, temos


que: w" = 1

S = 1 + 2w + 3w2 + 4w3 +... + n.wn 1


S.w = w + 2w2 + 3w3 + ... + (n-1).wn'1 +n.wn

S.(1-w) = 1 + w + w2 + w3 +... + wn-1 + n.wn


wn -1
=------ --n.wn
w -1
-.«o
n.wn n.1
-(w-1)2 1-w w —1

Exercício 1.23. Seja z uma raiz de um polinômio real de grau n.

P(z) = anzn + an_,zn“1 + a„_2zn'2 +... + a,z’ + a0 = 0


=> anzn + a^z"-1 + an_2zn-2 +... + a,z1 + a0 = Õ
Form. 1.2.4 --------- --------------- ----------------- -------- ----
=> anzn + an-i2”’1 + an-2zn'2 + - + aiZ1 + a0 = 0
Form 125
=> anzn + an_,zn‘1 + an_2zn"2+... + a1z1 + a0 = 0
=> anz" + an_,zn"1 + an_2zn~2 +... + a,z1 + a0 = 0
=> P(z) = 0

Exercício 1.24 Usando a representação trigonométrica:


2 + 4.cost = x
z(t) = 2 + 4.e" = 2 + 4.cos t + i.4sent = x + y.i <=>
4sent = y
Eliminando o parâmetro t:
, x-2
cost =------ 2
4
sen2t + cos2t = 1 =>
sent = -
4

Ou seja, a imagem de z(t) é uma circunferência de centro no complexo 2 (de


afixo (2,0) ) e raio 4. Note que como t varia em[0,2rt], a função representa
uma volta completa sobre esse L.G.
210 Matemática em Nível IME/ITA

|z(t)| =|2 + 4.cost + i.sent| = ^(2 + 4.cost)2 + (4.sent)2

= ^4 +16. cost + 16.(cos2t + sen2t)

= x/20 + 16.cost

Ou seja, o máximo do módulo de t ocorre quando cost = 1

k<t)Lax = l2(°)|= lZ<2”)l= 6

Exercício 1.25 Generalizando a exponenciação para números complexos


poderiamos ter:
in
1
í= e2 e 2 e 2 e = -7= s 0,21
Ve’

Exercício 1.26 Z = CÍS0


=> i.z =-sen6 + i.cos6
-senO
gi z _ e-sen9bi.cos0 _ g-sen0 gi cosO M”"
arg(el2) = COS0
|z|e‘af°ízl

.5
Exercício 1.27 w = 12.cis — | =32.cis- = 16>/2+i.16x/2
< 20
w-16i72 2±7^4
z4-2.z2 + = 0 => z4-2.z2+2 = 0 => z2 = = 1±i
8^2 2
7 Resoluções Comentadas 211

>/2.cisf—]
k4j
x/2.cis^-í j

2'14l..cis| - + k.Tt
k = 0,1
2'14'.cisí--
.
+ k.rr I
l 8 )

z = 2!1M.cis - I. 2,/4.cis|
(?}2
.1/4
!1/4.cis| .CIS -----
8 l 8 J

Exercício 1.28
Form. 1.3.1 /1 3.2 2.cos(0/2)cis(0/2)
1+z 1 + cisS
1 —z 1 - cisO -2.i.sen(O/2).cis(0/2)

-S(-/2). = i.ctgfgfg^l
i.sen(0/2) V 2 )

Exercício 1.29
Usamos as propriedades 1.5.5 e 1.2.2 a seguir:
z _ Z _ 1 = ——1
|z|2 + z2 Z z + Z.Z Re(z)
z+z

Exercício 1.30
|f(z)| = |z| e|f(z)-f(1)| = |z-1|

Form. 1.5.5
(f(z)-f(1)).(f(z) -f(1)) = |f(z)-f(1)|2 =|z-1|2

=■ f(z).f(z)-f(z).f(1)-f (1).f(z) + f(1).f(1) = (z - 1).(z -1)


=> |f(z)|2 - (f(z).f(ij + f(1).fü)) 4- |f(1)|2 = (z -1).(z -1)
212 Matemática em Nivel IME/ITA

=> |z|2 -(f(z).f(1) + f(1).f(z)) +11|2 = z.z - (z + z) +1


=> ]42 - (f(Z).ÍCÕ + f(1).f(Zj) + \ = >j/-(Z+z) + \
__ ___ Form. 1.2 2
=>f(z).f(1) + f(1).f(z) = z + z = 2Re(z)

Exercício 1.31
n

[jz|l = (c'Sa)n = c's(n“) ■'(È = i.sen(na) cos(na)= 0

o na = k.ít -i— , keZ


2
<=> 2na - n = k.(2n) , keZ

Exercício 1.32
w2k + wk + 1 =
(wk)3-1 (w3)k-1
Se k=£ o (mod3): X-1 = 0
wk -1wk -1 wk -1
Se ks O (mod3): w 2k + wk +1= w.61
” +w',3t
= (w3)2' + (w3)' +1= 1 + 1 + 1 = 3

Ou seja:

Para k múltiplo de 3: w2k+wk+1 =3


Para k não múltiplo de 3: w2k+wk+1 =0

Exercício 1.33

w2-z2 = 4 + 12.i -(z-w)(z + w) = 4 + 12.Í


z-w = 2 + 4i z - w = 2 + 4i
f-(z-w)(z + w) = 4 + 12.i
|z- w = 2 — 4i
7 Resoluções Comentadas 213

4 + 12.Í 2 + 6 i -1 -2i 10-101


<=> z + w =---------- = 2 - 2.i
4i - 2 2Í-1-1-2Í 5

Z + w -2-2.Í

Exercício 1.34 É importante notar (2 + i)n = (2 - i)n pra todo n natural.

Portanto os números complexos só seriam iguais se ambos fossem


coincidentes sobre o eixo real (ou seja, se ambos forem reais puros). Basta
então provar que isso nunca acontece. Atacaremos o problema, tentando
mostrar Im[j2 -i)n] * 0 pra todo n.

(2-i)" = An+i.Bn . An,Bn eS


(2-i)"’1 = (An + i.Bn ).(2- i) = (2An + Bn) + i.(2Bn - An )

Anti - 2An + Bn
- 2Bn+1 An+1
Bntl = 2Bn-An
» Bn+2 = 2(2Bn - An) - (2An + Bn )
Bnt2 = 3Bn -4.An = 3Bn -4.(-Bn„ + 2Bn)
<=> Bnt2-4Bnt, + 5Bn = 0

Note que chegamos a uma recorrência com equação característica com


raizes complexas. Não perca fé! Será que a partir dessa recorrência
podemos provar que Bn nunca será 0? Vamos listar alguns valores de Bn
usando a recorrência achada:
B, = -1 ; B2 = -4; B3 = -11; B„ = -24; B5 = -41...

Esses valores têm algo em comum! Todos têm sempre resto -1 ou -4 na


divisão por 10. Devido ao caráter ciclico que a recorrência dá a esses
números na congruência módulo 10, Bn nunca poderá ser 0, uma vez que 0
não possui resto -1 ou -4 na divisão por 10.
214 Matemática em Nível IME/ITA

[ Soluções - Capítulo 2

Exercício 2.1 Atendendo ao enunciado teremos 2 soluções possíveis. Dado


um segmento no plano, podemos formar 2 triângulos eqüiláteros com lado
nesse segmento (o 3o vértice poderá estar em qualquer um dos lados do
segmento).
C = (a.to
Z.B=(4,3)

*<so* /

A=(0,0)
D = (c. d)

Fig, Ex-2.1
Vértice C:

AC = AB.cisí-| => C-A = (4 + 3.i) - + i—'l


2 +l 2 )

4-3>/3 3 + 4>/3.
C = A + ------------+-------------.I
(Òõ) 2 2

4-3^3 3 + 4^3
c=
2 2

Vértice D:
AD = AB.cisí--'! D-A = (4 + 3.i)^-i^j
l 3/
4 + 3^3 3 -4^3.
=> D = A + -2—+ ^—’
(íõ>

4 + 3^3 3-4^3
D=
2 2
7 Resoluções Comentadas 215

Exercício 2.2 Novamente teremos duas opções de rotação, e portanto duas


soluções para o mesmo problema.

C = (a,b) B=(4.3) C = (a',b')

90' 90*

D = (c, d) A=(0,0) D'=(c',d')

Fig Ex-2.2

Quadrado da esquerda: Quadrado da direita:

AD = AB.i => D-A = i.(4 + 3i) AD' = AB.(-i) => D'-A =-i.(4 + 3i)
=> D= A + (4i-3) =>D' = A + (-4i + 3)
(0.0) (0.0)
■■ |D = (-3.4)| ■■■ |D' = (3.-4)|

AD = BC => D-A = C-B AD' = BC' => D'-A = C'-B


=>(-3,4)-(0,0) = C-(4,3) => (3,-4) - (0,0) = C-(4.3)

lC' = <7--1)|
■■|C = (1'7) |

Exercício 2.3 Para que os vetores sejam paralelos, eles devem formar um
ângulo múltiplo de 180 graus (Veja resultado 2.2.3). Um complexo de
argumento igual a k.n é sempre um número real, logo:

( z-w ) ,
arg ------- = k.rc , k ei?.
t, u- v )

Usando Formulai.2.2
z-w z-w
u-v u-v
216 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 2.4 Para que os vetores sejam ortogonais, eles devem formar um
ângulo de 90 graus. O raciocínio é análogo à questão anterior.

íz-w) 71 _ ( z —w')
arg -------- = <x> Re -------- = 0
Vu-v ) 2 l u-v J
( z-w) í z-w']
U—V) Vu-vJ

z-w
u-v ü-v

Exercício 2.5 Conforme foi visto na seção 2.1 (consulte a figura 2.1.5),
escrever as coordenadas do ponto no sistema rotacionado no sentido
trigonométrico equivale a escrever as coordenadas do vetor rotacionado no
sentido anti-trigonométrico no sistema original.
Assim:
ÕPi = ÕP.cisM] P^P.B-l.i]
l2 2J
=> P' = (1 + 3.i).í^-lj ÍV3 + 3 373-1.)

V3+3 3^3-1
P’ =
2 ' 2

OBS: O mesmo resultado seria obtido caso utilizássemos a expressão geral


para rotação de eixos demonstrada na seção 2.7

Exercício 2.6 Vamos testar a condição de colinearidade de w, u e v


(Resultado 2.2.3):
w-u 1+5.Í-3-11.Í -2-6.Í
v -u ' -2 - 4i - 3 -11 .i -5-15.Í
2 + 6.Í 2(1 + 3H 2
= —. -------- = — e K
5 + 15Í 5 U + 3i ) 5

Logo: (A) u, v, w são colineares.


7 Resoluções Comentadas 217

Exercício 2.7
Vamos considerar a circunferência unitária representada no plano complexo
e os vértices A,,A2,...An como sendo, portanto, as raizes n-ésimas da
unidade. Ou seja:

A, =1 ;A2 = w; A3 = w2 ;...,An =w" e 1 + w+w2+...+wn =0

Seja P representado por um ponto z qualquer da circunferência (i.e.


zz = |z|2=1),

PA, =|1-z| ;PA2 =|w-z|; PA3 =|w2-z| ;...;PAn =|w"-z|

Temos:
PA? = (1-z )(1-z )= 1-(z+z) +1 = 2-(z +z)
PA? = (w - z)(w - z)= W.W - W.Z- Z.W + Z.Z =
= 1- (w.z + z.w) + 1 = 2-(w.z + z.w)

PA? = (wn - z)(wn - z) = wn.wn - wn.z - z.w" + z.z =


= 1 -(wn.z + z.wn) +1 = 2 -(wn.z + z.w")

Calculando a soma PA? + PA? +... + PA?


PA? + PA? + ... + PA? = (2-(z+z)) + (2-(w.z + wz)) + ... + (2-(wn.z + wnz))
= 2.n-|jz + z)+ (w.z + wz)+ ... + (wn.z + w"z^j
= 2.n-^z.( 1 + w + w2 + ...+ wnj + z.(l + w + w2 + ... + wn)j

= 2.n-Tz.(l +w +w2+... +w” j + z.(l +w+w2 + ... + wnjl

=2.n-[z.(Õ) + z.(0)]
= 2.n

Então, concluímos que a soma analisada é constante e vale 2n.


218 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 2.8 Novamente, vamos imaginar A1,A2,...An como vértices do


polígono regular formado pelas n-ésimas raízes da unidade. Dessa forma:
A, =1 ;A2 = w; = w2 ;...; An =w"
Sendo w uma raiz n-ésima da unidade e z um complexo qualquer, vimos na
teoria que (Fórmula 1.6.2):
(z-w).(z-w2)....(z-wn] = 1+z + z2+... + zn"’

Ou seja, para z = 1:
(1-w).(1-w2).(1-w3)..... (1- wn) = 1 + 1 + ... + 1 = n

=> |(1-wJ.(1-w2).(1-w3).....(1-wn)| = n

=>|(1 - w)|.|(1- w2)|.|(1- w3)|..... |(1 - wn)| = n

=>(Ã^).(Ã^).(Ã^7)... (ÃÃ) = n

Exercício 2.9 Seja z o complexo representante de P no plano complexo, e


A,,A2,...An as raízes n-esimas de r, representando a situação geométrica do
problema.
Com isso: A, = r e R , OP = z e R
Calculando o produtório: (PA, ).(PA2).(PA3) (PAn)

(PA,).(PA2).(PA3).... (PA„) =
= |r-z|.|r.cis(^j. 2(n-1)q -z
-Z|'|r-CÍSííl’Z|- r.cisl

= |r -z|.|w -z|.|w2 -z|.....|wn -z|

= |(z-r).(z-r.w).(z-r.w2)...(:z - r.wn )|

Considere o polinômio: P(z) = zn - rn que tem raízes:


P(z) = zn -rn = 0 o z" = r" <=■ z = r.cis^^j
, k = 0,1,...,n-1

Fatorando: zn-rn = (z-r).(z-r.w).(z-r.w2)...(z-r.wn')

E, com isso, lembrando que zn, rn e R uma vez que z, r e K :


(PA1).(PA2).(PA3) (PAn) = |zn - rn| = OPn-rn
7 Resoluções Comentadas 219

Exercício 2.10 Supondo por absurdo que o ângulo oposto ao lado de


comprimento 4 é racional, isto é, ê do tipo p/q com p e q inteiros primos entre
si. Pra todo n natural diferente de 1, temos:
n
(2 + í)"a(2-í)" =M
(2-i)n
#i \2-iJ
414
*1 I *1

<3 + 41?
# 1 =>(cosa + i.sena)n * 1
4 5 )
=>(cos(na) + i.sen(na)) * 1 + O.í

=> na * 360°.k => n— * 360°.k


q
O que é um absurdo, pois como n é um natural qualquer, e k um inteiro
qualquer, tomando n = 360.qek = p . temos que na = 360°.k. Ou seja, o
ângulo a é irracional. Mostrar que o outro ângulo agudo do triângulo é
irracional é análogo.

Exercício 2.11 Seja w uma raiz cúbica da unidade diferente de 1. Como ABF,
ACF e BCD são triângulos eqüiláteros (pela condição que estudamos na
teoria no Resultado 2.2.1):

D + wC + w2.B = 0; C- w.E + w2.A = 0 ; B - w.A + w2.F = 0

.. E

A G2 ,

B ' c

G3

D
Fig. Ex-2.11

a geometria analítica, sabemos como expressar os baricentros em função


dos vértices dos triângulos:
220 Matemática em Nível IME/ITA

B+C+D A+E+C A + F+B


G, = ; G2 — ; G3 =
3 3 3

Testando a condição dos baricentros formarem um triângulo eqüilátero


(Resultado 2.2.1):

WG2+W*G3 JB + C-D) + ^t.E5C) w w2(A + F + B)


G,
2 3 3 3 3
= i(D + w.C + w2.B) + 1(C + w.E + w2.A) -i- ^(B + w.A + w2.F)

1 1 1
= -.0 + -.0 + -.0 = 0
3 3 3

Portanto o triângulo formado pelos baricentros é eqüilátero.

Exercício 2.12 Do exercício 2.8:

(AB).(AC).(AD) (AP).(AQ) = n

n
=> (Ãc).(ÃD)... (ÃP) =
(ÃB).(ÃQ) |w-1|

n __ n
|wn — w — wn-1 + l| |(1-w) + (l-w'

n
(Lembre: wn = 1)
2-cisf—'l-cisí 2(n-1)n
ln) ( n

Lembrando das identidades de ângulos suplementares:

cos(a)= cos(P)
a + p = 2ti =>
sen(a)=-sen(p)
7 Resoluções Comentadas 221

(AC)(AD)... (AP)=
n
2(n-1)
n
n n
|2-2.cos^^j 2 2.sen2^^|
2l1'cos(vj
n
(AC).(AD)
(AP) = íCSC2fe)
4

Exercício 2.13 Note que o numerador de w é real sempre (Fórmula 1.2.2):


z + z + 2 = 2.Re(z) + 2

Basta então que o radicando no denominador seja maior que zero para que w
seja real. Ou seja, a condição para que w seja real é:
|z-1| + |z + 1 | > 3

Seguindo a teoria vista na Seção 2.3 (figuras 2.3.4 e 2.3.5). o conjunto


representa a parte exterior á elipse de focos nos complexos 1 e -1 e
comprimento do eixo maior igual a 3 (no plano complexo). Representação
geométrica:

-3/2 -1 1 ,3/2

Fig. Ex-2.13
222 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 2.14

Note que: ----- — +


2z
z + 2i --MA)-
z
z-2i
3

Sendo: w = —-— = a + b.i, temos:


z-2i
z
Re =1
ía = 1 z-2i
a + b.i +2a-2.bi = 3
[b = 0 .Im f -------
z 'l = 0
lz-2ij

Sendo z = x + y.icom x,y reais:

^- = 1 Vx e R
=> z=z-2i x-y.i = x+ y.i-2i
z-2i ,y = 1

Representando graficamente esta condição junto à condição 0 <|z-2i| < 1


temos:

Im

Re

Solução: i

Fig. Ex-2.14

Devemos ver a interseção entre os dois conjuntos-condição.


A única solução é -----------
Z=i
7 Resoluções Comentadas 223

Exercício 2.15
Da condição de existência do triângulo hachurado (a soma de dois lados é
maior que o terceiro lado).

lm

1/z + z

■Re

Fig Ex-2.15

|z|>0
'•H!W |z|’-|z|-1>0
=> 0<|z|
< 1 + x/5
~ 2
M>»
1 + V5
■ ■ lZl max
2

Exercício 2.16 Geometricamente é fácil ver quais serão os complexos de


módulo e argumento mínimo.

|z-2 + 3i| = d(z,(2-3i)J = 1

Esse conjunto representa uma circunferência de centro (2,-3) e raio 1. (Seção


2.3)
224 Matemática em Nível IME/ITA

lm

O B Re

f^~^-rr\od min

'A
c Raio = 1
Zarg min
Fig Ex-2.16b
Fig Ex-2.16.a

Aplicando o teorema de Pitágoras nos 2 triângulos da figura Fig. Ex-2.16b:


[aOAC: x2 + 12 = OA2 = 2^3
=>x2 + 12 = 32 + 22 X = Izl
I largmm
AOAB: 22 + 32 = OA2

Além disso: |zmodmjn| = V22 + 32 -1 ■ • |zm odmin | = VÍ3-1

Exercício 2.17 A representação geométrica no plano complexo de A é:

lm Multiplicar por (1+i) rotaciona cada


complexo de A de arg(1 + i) = 45° e
multiplica o modulo de cada complexo de
A por |i + i| = >/2. Somar 3 translada o
conjunto de 3 unidades pra direita no
plano complexo.
Re
A representação geométrica da imagem
pedida é a hachurada escura na figura
abaixo (a hachurada clara é a parte
intermediária da solução antes da
Fig. Ex-2.17.a
translação).
7 Resoluções Comentadas 225

lm
3
k

V2
T

2
t
_ |_
t / Re
/

Fig. Ex-2.17.b

Exercício 2.18

Seguindo o exemplo do exercício anterior, analisaremos geometricamente o


conjunto A e a rotação e translação feita pela função g sobre A.

De acordo com a teoria aprendida na Seção 2.1, multiplicar z por 4+3i


rotacionará o conjunto A de arg(4+3i), que por ser uma circunferência não
será alterado. Porém, ao mesmo tempo, cada complexo de A terá seu
módulo ampliado em |4 + 3i| = 5 vezes.

Somar (5 - i) translada o complexo resultante de 5 unidades pra direita e uma


unidade pra baixo no plano complexo.

O resultado é uma circunferência de raio 5 e centro (5,-1), o que está


coerente com o resultado encontrado analiticamente no exercício 1.11 do
primeiro capítulo.
226 Matemática em Nível IME/ITA

Representação geométrica:

lm

I
I
Re
\ , (5,-1)

Fig Ex-2.18

OBS: Comparar esta solução com a do exercício 1.11 mostra que a


interpretação geométrica pode ser muito útil na resolução de exercícios.

Exercício 2.19
. Im
|z -1| = 1 representa uma
circunferência de centro (1,0)
e raio unitário. Do enunciado,
temos que z está sobre essa
circunferência como mostra a
figura Fig. Ex-2.19 ao lado.

Analise primeiro o raciocínio


a = 20 geométrico desenvolvido na
ângulo extemo figura.

Fig. Ex-2.19

Do esboço geométrico da Figura 2.19, segue:

arg(z-1) = a = 20 = 2arg(z)
Além disso:
7 Resoluções Comentadas 227

arg(w) = arg(z2-z) = arg(z.(z-1)) = arg(z) + arg(z-1) = 3.arg(z)


2.arg(z)
2
arg(v) = - arg(w) = 2.arg(z)

2
Y|z|.cis(arg(z)).|v|.cis(arg(v))
|w|.cis(arg(w))
2
,(cis(arg(z) + arg(v) - arg(w)))
(H .
2
,(cis(arg(z) + 2arg(z) - 3arg(z)))2
lH.
2
klM eR
|w|

Exercício 2.20
z = x + y.i, x, y e R
||5^| = k =>|z-a|=|z-b|.k =>(x-a)2 y2 = k2(x -b)2 + k2.y2

=>(k2 - 1).x2 + 2ax - 2k2b.x + k2b2 - a2 + (k2 - 1).y2 = 0


k*±1 a2-k2b2
2a-2k2b
=> x2 + .x + y2 =
(k2-1) k2-1
K«1 2 (a-k2b)2 a2-k2b2 (a-k2b)2
2a-2k2b
=>X2 + X + y + (k2-1)2 ” k2-1 + (k2 —1)2
(k2-1)

k*1 (a2-k2b2).(k2-1) + (a-k2b)2


a -k2b
X+ k2-1 f + y2 =
(k2-1)2

0 L.G. é uma circunferência, conhecida como Círculo de Apolônio.


228 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 2.21

u.(z-a)4 (z -b)4 = 0
Se u-0 (z-a)4
v
u
(z~a)_4p
(z-b) V u
(z-b)4
’0 se v = 0
1 se |v| = |u|
k e R , caso contrario

se u ou v = 0 => |z -b| = 0 ou |z-a| = 0=> z é um ponto


se |v| = |u| => |z — a| =|z — b| => retas mediatriz de ab
caso contrario => Circulo de Apolônio

Exercício 2.22 Solução analítica:


z = x + y.i, x, y e R
.1 . x - y.i
z + z' = x + y.i +-------- = x + y.i +------ — =
x + y.i x 2 + y2
(x2 4-y2),(x + y.i) + (x - y.i)
x2 + y2
(x3 + y2x + x) + (x2.y + y3 - y).i
x2 + y2
z + z"1eK <=>lm(z+ z"1) = 0

x2.y + y3 -y
=0
x2 + y2
y.(x2 + y2-1) = 0
y=0
■ ou
x2 + y2 = 1

Ou seja, a condição pedida é que z pertença à circunferência centrada na


origem de raio unitário em união com a reta das abcissas do plano complexo
(com exceção da origem pois z deve ser não nulo para que exista z~1 I)
7 Resoluções Comentadas 229

Solução Geométrica: Em geral z e 1/z têm módulos diferentes porém


argumentos simétncos.

Pois:
z = |z|.cisB Im

z'’=i^cisH>) z
' ' z + 1/z
Isso faz com que o vetor soma não
coincida com o eixo real. O vetor soma
coincidirá com o eixo das abcissas Re
quando o módulo de z e o módulo de 1/z
forem iguais (Vide Fig. Ex-2.22) 1/z
Fig. Ex-2.22

«|z| = o |z| =1
lz l
Se z for real, 1/z também será e, portanto a soma também será real. Ou seja,
para lm(z) = 0 temos z + z-1 e R . Portanto z deve descrever a circunferência
de raio 1 centrada na origem ou pertencer à reta das abcissas no plano
complexo (com exceção da origem!)

Exercício 2.23
lz-3 + il |z-(3-i)| d,
Q |z-3-i| |z-(3 + i)| d2

Estamos analisando um quociente Q entre distâncias, o que nos sugere


usar geometria para a solução.

A imagem de A (|z -3| = 2) é uma circunferência de centro no complexo 3 e


raio igual a 2, no plano complexo (Veja Seção 2.3 da parte de teoria).

0 valor mínimo do quociente Qmin pedido acontecerá quando a distância


d2 de z a (3+i) for máxima e a distância d, de z a (3-i) for minima - ou seja,
quando o numerador for mínimo e o denominador for máximo para algum z
pertencente à circunferência A.

Logicamente o valor máximo do quociente Qmax acontecerá quando o


numerador d, for máximo e o denominador d2 for mínimo.
230 Matemática em Nível IME/ITA

Geometricamente fica fácil avaliar esses casos:


Im Im
Caso Qmáx Caso Qmi>
Z2 = 3+2i

• 3+i

Caso Qmin
Zí = 3—2i Caso Qmin Zi

Fig. Ex-2.23.a Fig. Ex-2.23.b

Com isso, das Figuras Ex-2.23a e Ex-2.23b, temos:


dl max Z2-(3-i) 3
Qmax y = 3 , que ocorre para z2 = 3+2Í
^2 min |z2-(3 + i)|
dj mm |z1-(3-i)l 1 , ~
|z,-(3 + i)| = -, que ocorre para z, = 3 — 2i
Qmin =
d2 max

Exercício 2.24

'|Z| = 2
= |z-3| =>
|z| = |Z-3|
Jz| = |z-3|

Ou seja, z pertence a uma Im


circunferência de raio 2
(centrada na origem) e
também à reta mediatriz do Zi
Soluções
segmento que liga os 2/
complexos 0 e 3. Z3/2

Re

zz2—

Fig. Ex-2.24
7 Resoluções Comentadas 231

Do Pitágoras no triângulo hachurado da figura 2.24:

x2 + í3? or
2

Portanto, os complexos-solução do problema são:

3 + Í.-J7
2

Exercício 2.25
Seja Zi = 1 . cisO e Z2 = 1 - Zi = 1 - cis0 representados abaixo no plano
complexo:

Fig. Ex-2.25.a

Ampliando a imagem de interesse, analise o raciocínio envolvendo os


ângulos da figura abaixo:

W
7T

1 \\ |1-cis9|
sen9
\\
n - e\\
\e Õ] ~2~7\\.
" ‘ cos9
1
Fig. Ex-2.25.b
232 Matemática em Nível IME/ITA

Da figura 2.25b, aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo MBA:


|1 -cis0|2 = sen20 + (1 -cos0)2 = 2 -2. cose = 2.^2.sen2^^j

|1-cís0| = 2.sen^J

Da geometria angular do problema:


9 = -arg(1 -cise) => arg(1-cis0) = 0
2

Com isso:
í 9} . ( n 0j
1-cis0 = |1-cise|.cis(arg(1-cis0)j = 2.sen^-- .Cis - —+ -
l 2 2)
0 n -2J.senf-l.cisf-']
= 2.sen
2 2 N I2J
Exercício 2.26
Seja z = a + b.i ; w = c + d.i

i|lm(z.w)| = ||lm((a-bJ).(c + dJ))| = ||ac + 1 1 lia b|


bd = — = Area(z,w)
2 c d

Consulte um livro de Geometria Analítica caso tenha dificuldade em entender


a dedução acima.

OBS: Esse resultado tem como corolário o seguinte resultado:

Im(z.w) = |zx w|

Onde z x w é o produto vetorial entre o vetor representante de z e w.

Usando o resultado acima, tomando:

fz = (-4-i)-(1 +2i) =-5-3i


[w = (-4-Í)-(4 — 3i) =-8 + 2i
Area^.w) „ H<3í^><-8 + 2i»l = M . ,7

2 2
7 Resoluções Comentadas 233

Exercício 2.27 Esse problema é tão interessante que motivou a produção da


capa do presente livro. Segundo o problema afirma, sua solução existe
mesmo sem conhecermos a posição do canteiro K. Ou seja, a posição do
tesouro deve independer da posição do canteiro. O esquema do problema é
ilustrado na figura a seguir:

Fig. Ex-2.27

Consideremos o sistema de coordenadas como o plano complexo. Da


perpendicularidade dos vetores, podemos escrever:
ÍKÃ.i = ÃC
[KB.(-í) = BD

(A-K).i = C-A C = A.(1 + i)-K.i


De onde segue:
(K-B).i = D-B D = B.(1-i) + K.i

0 manuscrito diz que T é o ponto médio de C e D. Das expressões acima,


podemos escrever:
t_C + D A.(1 + i)-XÍ + B.(1-i) + KÍ A.(1 + i) + B.(1-i)
2 2 2

Veja que interessante! De fato, a posição de T não depende da posição de K.

T (5 + 3.i).(1 + i) + (8 + 2i).(1-i) _ 6 +.
2

O tesouro tem posição com coordenadas (6,1) no mesmo referencial de A e


B.

T = (6,1)
234 Matemática em Nível IME/ITA

| Soluçoes - Capitulo 3 ]
' Exercício 3.1
(1 + X + x2)n = Ao +A,.x + A2.x2 +...+ A2n.x2n

Fazendo x = 1 no trinômio dado:


(1 + 1 + 12/1 = Ao + A,.1 + A2.12 + ... + A2n.12n

Aq At + A2 +... + A2n - 3 (Eq. I)

Fazendo x = -1 no trinômio dado:

,2
(1 + (-1) + (-1)2) = Ao +A,.(-1)+A2.(-1)' + ... + A2n.(-1)

Ao -A1 + A2 -+... +A2n - 1 (Eq. II)

Fazendo
! 2

3n +1
!. Aq + A2 + A4... + A 2n _ 2 (Eq. III)

Fazendo (■)-(").
2
3n -1
A1 + a3 + A5... +A2n_1 = 2 (Eq. IV)

Fazendo x = i no trinômio dado:


(l + i + i2)n = Ao +A1;i + A2.i2+... + A2n.i2n

=> (Aq-A2+A4-Ag+-...) +i.(A1-A3 + A5 “ A7+-...) = in (*)


Lembrando que podemos escrever: i = cisí -

I Portanto, da Lei de Moivre, podemos também escrever:


in=cisM
L
7 Resoluções Comentadas 235

Da identidade dos números complexos, igualando parte real a parte real em


ambos os lados temos:
A0-A2+A4-A6+-... = Re(in)

nn
Ao - A2 + A4 - A6 + = cos (Eq. V)
T
e) Novamente, da mesma identidade acima, igualando parte imaginária a
parte imaginária em ambos os lados da expressão (*):
Ai - A3 -r A5 - A7 + -...= Im (in j

A, - A3 + As - A7 + -... - sen^—'j
(Eq. VI)

(III) f(V).
e) Fazendo
2

(3n + l) + cosí

Ao + A4 + A8 + A12 +.... =------------- -------------- (Eq. VII)


4

Exercício 3.2 Usaremos os resultados já calculados na seção 3.1, na parte


de teoria:
(i) C° - C2 + C4 - C4+-... = (2)^2 .COS ----- (Resultado3.1.5)
l4)
(ii) C° + C4 + C* + C'n2 +... = 2n-2 + (2)(n’2^".
.cos — (Resultado3.1.6)
l4J
Fazendo (ii)-(i):

c2+cn6 + c’° Cn4... = 2n' •C0S(t)-(2)^-C0S(t)


= 2n' + [(2)% -1)
236 Matemática em Nível IME/ITA

Cj . c; . C” . C“... - 2"‘! -(2)'"'^ ,oo.(^]

(Resultado 7.3.2)

Exercício 3.3 Novamente, usaremos os resultados já calculados na seção


3.1, na parte de teoria:
C’-C3+Cn5-C2+-...= (2)^ (Resultado 3.1.5)

C'n + C3 + C9
n + C’n3 + ...= 2n~2 + (2)(n-2^.
(Resultado 3.1.6)

Procedendo de forma análoga á questão anterior chegamos a:

C3 + C„ + C” + Cj5 +... = 2"-2 - (2)(n'2^ (


.sen —
l4J
(Resultado 7.3.3)

Exercício 3.4 Antes de começarmos, vamos definir duas outras somas para
auxiliar o raciocínio (o porquê disso será compreendido mais a frente na
resolução):

52 = C’ + C2 + C„ + C„+... = 2n-So
53 = Cn2 + C= + Cn8 + C” +... = 2" - So - S,

/amos desenvolver o binômio de Newton sugerido:

o
.C.(o^)" -
(1*dsT)'-c""{d"TpcKdsTp
= Cn +Cn^CÍS^] + Cn^CÍS-y^ + C^/cis^^'| =
2.n.n^ _
3 )

= Cn° + C’.f-l + i^j + c2f-l i^


^-| + Cn'3.1 + ... + CSÍcis — ) =
2 ) " n{ 3 )

2^ C’.C2+—
43 .C„■ -+... >I.i =
=(i4'C"4c"+c"~ 2 >> 2 n 2 I
7 Resoluções Comentadas 237

=(s0 ~ + - S3)

=(s0 - - - S0)j + i^(s, - (2" - So - S,))

=(3|o-2"-’) + ^(2S,-2"+S0)

Segue então que:


,n
Reíl + cisí — l = _ 2n-11
l l3J l 2 J
(*)
n
. (< ■ í2’IYf’ ^(2S1-2n + S0)
Im 1 + cis — =
. I l 3 JJ
Ora. mas:
n
1-1 + ix/sY fi iVãY ( . nY . HTt

(1+cís(tJ) 2 2 ) |^2 2 ) V 3j
CIS-----
3

Então, voltando em (*):

n
f . f 2n 'lY = cos
3S,
—— — 2n-1
l V 3 )) 2
f /A \xn
^(2S,-2n+S0)
lm(1 + cis(T)J =senÍT)=
De onde segue que:

2.cos — + 2n

s° =-----T
r - cosnu 2"-V3.senn-’t
3 3
S,
3
238 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 3.5 Desenvolvendo:

(i + iy|4n = 1 + C’n.i + C2n.i2 + C*n.i’ +... + C4^ ,i4n

A soma pedida é a parte real do desenvolvimento:


4n
1-Cjn+C4n-...-C^-2+1=Re(1 + i)'
Melhorando:

(1 + i)4n=^>/2.cis^ =2%cis^j
4n/
2 /2.cis =
22n.cis(nn)

.-. Re(1 + i)4n =22n.cos(níi) = 22n.(-1)"

Portanto:
i-c2n + cln-...-C~2 + 1=(-1)n.22n

Exercício 3.6
C„.sen(x) + C2.sen(2x) + ...+ Cn.sen(n.x)

A soma pedida nos sugere que façamos o desenvolvimento do seguinte


binômio de Newton:

(1 + cisx)n = 1 + C„.(cisx)1 + C2.(cisx)2 + Cp.(cisx)3 + ... + Cn.(cisx)0

= 1+Cl.(cisx) + C2.(cis(2x)) + ... + CS.(cis(nx))

A soma pedida é a parte imaginária do desenvolvimento acima.


C„.sen(x) + C2.sen(2x) + ... + C".sen(n.x) = Im (1+ cisx)"

Vamos tentar simplificar a expressão matemática para a parte imaginária do


binômio. Usaremos um resultado já mostrado no capítulo 1 do livro (Fórmula
1.3.1)
(1 + cisx)= 2.cos^\cisí^1
7 Resoluções Comentadas 239

r .-. Im(1 + cisx)n = lm^2.cos^J ■

.cis —
(

12 J J
= lmj 2n.cosn|
“KtJ
= 2".cosn x>l .sen (' nx^
2J l~2
; A soma pedida vale, então:
I
C’.sen(x) + C„.sen(2x) +... + C„.sen(n.x) = 2n.cosn | j.sení j

Exercício 3.7
È k2CÍ = cj, + 4.Cp + 9.Cp + ...+ n2.C"
k=0

Vamos utilizar o desenvolvimento do binômio de Newton.

(1 + x)" = £(x)k.Ck
k=0

Derivando em ambos os lados da expressão em relação a x:

r1 = tk.(x)k-1.^'n
n.(1 + x)
k-o

Note que conseguimos o fator k no somatório à direita. Queremos, na


verdade, que apareça o fator k2. Multiplicando a expressão, em ambos os
lados, porx:

n.x.(1 + x) tk-Wk-Cn
r1 = k=0
(Resultado 7.3.7.a)

Derivando novamente, em relação a x (devemos ter cuidado, pois agora


estamos derivando um produto de funções de x), aparecerá o desejado fator
k2 no somatório:
240 Matemática em Nível IME/ITA

n.(1 + x)n 1 + n.(n - 1).x.(1 + x)n'2 = ^k2.(x)k ’.C„


k=0
Multiplicando por x, finalmente, chegamos a um resultado que será útil
também no próximo exercício.

n.x.(1 + x)""1 + n.(n - 1).x2.(1 + x)r r2 = tk2(x)k.cí


k=0

(Resultado 7.3.7.b)

Ora, o somatório a direita é justamente a soma pedida, adicionada de um


fator xk. Fazendo x = 1 chegamos ao resultado pedido:

Zk2-Cí = n.2n-’ + n.(n-1).2n’2


k=0

Exercício 3.8

Z k2-Cj
k =0.4.8,...

Vamos partir de um resultado obtido no item anterior (Resultado 7.3.7b):


n.x.(1 + x)n'1 + n.(n - 1).x2.(1 + x)n~2 = ^k2.(x)k .Ck
k=0
Fazendo x = -1 temos:

+ n.(n-1).(-1)2.(1-1)n~2 = Zk2(-1)k-C5
‘ õ ' o k=0

.om isso temos:


IcJ + 4.C2 +9.C3 +... + n2.Cn = n.2n"1 + n.(n-1).2n"2 (I)
l-CÀ + 4.C2 - 9.C3 + -... + (-1)n .n2.C" = 0
(")
Somando as duas equações e dividindo o resultado por 2:

2Z.C2+42.C4 + 62.C®+... = n.(n-1).2n~3 + n.2"~2 (Eq. I)

Fazendo x = i no Resultado 7.3.7b, temos:


7 Resoluções Comentadas 241

n.(i).(1+i)' + n.(n-1).(i)’.(1 + i) = Êk2.(i)k.Ck


k-0
Com isso temos:
n-2
Èk=.(i)k.Ck = n.í cis—If V2.cis- + n. (1 - n).( x/2.cis— |
k-o V 2) l 4 4J
\ n-2
=n.2v.cisfz+(2il2 + n.(1 - n).2 2 .cis
(n-2)71
l2 4 4
z
Segue então que:
fk2.(i)k.CÍ= C„.(1)2.i - C2.(2)2- C3.(3)2.i+ z
k=0
I

E, com isso, temos:

Re(z) = -22,C2 + 42.C4 - 62.C3 +


n-2
_ n
= n.2 2 .cos —
í 7Í , (n~1K] + n.(1-n).2 2 .cos
(n-2)7*

l2 4 J 4
n-2
= n.(1-n).2 2 .cos (n~2h -n.2 2 .sen
(n-1)n
(*)
4 4

Temos em mãos as seguintes relações:


Í22.C2+42.C4 +62.C® +... = n.(n-1).2n n.2n"2 (Eq.l)
|-22.C2 + 42.C„ - 62.C®+ -...= Re(z) (Eq.ll)

Somando as duas equações e dividindo o resultado por 2, segue:

£ k2.Ck =n.(n-1).2n-4+n.2n-3
k-o.4.a. 2

Por fim, utilizando (*)

£ k2.Ck = n.(n-1),2" n.2n'


k = 0,4.B.
n-4
+ n.(1-n).2~2~ .cosl (n~2)n j-n.2 2 .sen
4 4
242 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 3.9

È(k+1)'Cn=ÊkCn+ÈCn
k=0 k=0 k=0
2n
Do exercício 3.7 (Resultado 7.3.7.a), sabemos que:

n.x.(1 )' = Èk(X)kCn


k=0
Fazendo x = 1:
£k.Ck =n.2"-1
k=0
Finalmente, temos:

£ (k + 1).C„ = n.2‘ + 2"


k=0

(Resultado 7.3.3)

Exercício 3.10

E (k+i)c* = E kCí + E cn
k=1.5.9... k=1.5.9.... k=1,5.9...

O exercício pede agora um somatório de termos com k variando em ciclos de


4. Devemos, então, proceder como fizemos no exercício 3.8. Dessa vez
temos que achar dois somatórios! Um deles já foi determinado na parte
teórica do capítulo 3 (seção 1), no Resultado 3.1.6:
E Cí = C„ + C„ + C„ +... = 2n-2 + (2)(n2^
k =1.5,9,. .

• Jara achar o outro somatório, usaremos o resultado da questão 3.7:

n.x.(1 )'r^ixx/.cj
k=0
Fazendo x - -1 temos:
£k.(-1)k.Ck=n.(-1).(1-1)"-1 = 0
k=0

Essa relação é válida para n > 1, uma vez que pra n = 1 feriamos uma
indeterminação do tipo 0° na expressão anteríor.
Então para n > 1 temos:
7 Resoluções Comentadas 243

C’+2.C2+3.C3+... = n.2"
.-. C'„ + 3.C3 + 5.C3 + .. = n.2n-2 (I)
-C„ + 2.C2-3.C3+-...= 0

Fazendo x = i no Resultado 7.3.7.a, temos:


J1 .
£k.(i)k.Ck = n.(i).(1 + i)r
k=0
r \ i
= n. cis— .
I 2^
2nrcis[(^jj
= n.2 2 .cis (n~1)* n
4 2
E, além disso:

Xk.(i)k.CÍ = i.C„-2.C2-3.LC3+4.C„-....
k=0
Segue, então:
C’ -3.C3 + 5.C„ -7.C2 + ...= lm í£k.(i)k .0*

\k=0

ir (n-1)n'| _ (n - 1)n
= n.2 2 .sen n.2 2 .cos (II)
2+ 4 4
Temos em mãos, agora, as seguintes relações:

C’+3.C3+5.C3+.. = n.2n~2 (Del)

C’-3.Cn3 + 5.C=-7.CÍ+.. = n.2 2 .COS (De II)

De onde, segue:
n-3
(n - 1)tc
C’ + 5.C3 + 9.C„ + ... = n.2n-3 +n.2 2 .cos
4
L kc;

Finalmente, a resposta do problema:

((n-l)11 + 2' (nn A


X (k + 1)Ckn=n.2n-3 + n.2 2 .cos +2 .sen —
I 4 l 4 J
k=1.5.9.

(Resultado 7.3.10)
244 Matemática em Nível IME/ITA

n
Exercício 3.11 y—
iSk+i

Vamos utilizar o desenvolvimento do binômio de Newton.


(1 + x)" = f (x)k.Ck
k=0
Integrando (ver apêndice) em ambos os lados com respeito a x, num intervalo
finito de 0 a x:

J(1 + x)n.dx =j(c°+c; .x+C^.x2 + ... + CS.xn).dx


o 0
/x \ n+1 X

0+x) = C°.x + ^^ + ^^ + ...+ Cn-X11*1


n+1 n 2 3 n+1
Jo

. (1+x) (1 + O)""1 = c°.x + ^^ + ^íl + ...+ C".xn*1


n+1 íT+i n 2 3 n+1

(Resultado 7.3.11.a)

Fazendo x = 1 na expressão acima, temos:

C° A Ck 2n*1-1
Cn 2È+ , C" Y—+s-1 =
= ^k
1 2 3 n+1 n +1

(Resultado 7.3.11.b)

-xercício 3.12
£
k-0.4.8... k +1

Vamos partir da expressão encontrada no exercício anterior (Resultado


7.3.11.a):
(1 + xp1 -1 + c^+c^e+ ,
= C°.x
n+1 2 3 n+1

Fazendo x = -1 na expressão acima, temos:


(1-ir-1-C0f 1' CU-1)2 , Cn-(-1)3 . . Cn-t-lf1
n+1 = C“.(-1)
7 2 3 ■■ n+1
7 Resoluções Comentadas 245

Juntando esse resultado ao resultado do exercício anterior (Resultado


7.3.11), temos as duas expressões em mãos:

-C°+2À. Cn c^(-i)nU 1
n 2 (I)
3 n+1 n +1
ro . £1 . c^_ Cn 2n -1
(II)
. n " 2 " 3 n+1 n+1

Fazendo
(II) ~(l) .
2
C° £1+£1+ 2n
(III)
1 3 5 n +1
Voltando ao Resultado 7.3.11. e fazendo x = i:

(1+i)nM c;.in-1
i2 = c°.i+^+^
n+1 n 2 3 n+1
£1+£1 £1 +
2 4 6
fsl1 £1
3
+£1
5
j

C° Cn £1 +... = Im
(1 + i)n+' -1
(IV)
1 3 5 n+1

Temos em mãos, agora, duas importantes expressões:

(De III): £1+£È + £1 2n


1 3 5 n+1
(1 + i)n*1 -1
(De IV): £Ê._£È £1 . = Im
1 3 5 n 1

Cn 1_ 2n , (i^r1 -1
È
k «0.4.8... k+1
------ + lm
2 n+1 n+1

Lembrando que:
246 Matemática em Nível IME/ITA

n+1
2 2 .cisl
(1 + i)0*1 -1
n+1 n+ 1
n+1
((n + 1)71')
.sen ------- —
Im
(1+ip1 -1 l 4 J
n+1 n+1
Podemos escrever a resposta final do problema:

f (n + 1 rt)
2*1-1 + 2 2 .sen i------ A-

È _çl
V 4 J
k+1
k=0.4,8,...
n+1

Exercício 3.13
No exemplo 3.2.a, mostramos que:

. ■ f ) . f 27t^ ... + cis^(n-1).^


A = cis — + cis 2.— +cis 3.— +
l n ) V n J < n )

A soma pedida é justamente a parte real de A, que vale -1.

Exercício 3.14
Vamos analisar a soma:
S = cis(x) + cis (2x) + cis (3x) +... + cis(nx)

Para z = cis(x) a soma torna-se, pela Lei de De Moivre:


zn -1^1
S = z + z2 + z3 +... + zn
z-1

(cisx)n - 1 cis (nx) — 1


= (cisx). = (cisx).
(cisx) - 1 (cisx)-1

Utilizaremos as seguintes transformações trigonométricas:

cose -1 = -2.sen2

/gX /gX
sen9 =2.sen — .cos —
(2y
7 Resoluções Comentadas 247

Temos então:
(cos(nx)-l) + i.sen(nx) 1
S = (cisx).
(cosx-1) + i.senx I

-2.senJ(nx/) + i.2.sen(nx/2) .COSpX,^)


= (cisx).
-2.sen2(x^) + i.2 sen (n%)-cos(x/2).=

sen(nX/2)( -sen - i.cos(nx-2jj


= (cisx).
sen(%)( -sen (x/) + lcos(x/,))
Multiplicando no denominador e numerador por -i, não alteramos a
expressão de S:

sen ("^(i.senpx,') 4- COS


S = (cisx).
sen^z^j^i.sen^^j + cos
fé)) J
sen (nx/2)(cis(nx,/))X|
i S = (cisx).
sen(/2)(cis(/2)) ,

sen(n%)
= Hx-^+n%)) Sen(/2) ,

sen(n^)' !
Sen(/'2) ,
... ._.. J

A soma original pedida é justamente a parte real de S, ou seja:


r___---- ..----........----- ...-------------
í(n+1)x ) fsen(nxz/)'
cos (x) + cos( 2x) + cos (3x) +... + cos (nx) = cos |
sem

=
248 Matemática em Nível IME/ITA

A soma pedida é justamente a parte imaginária de S. Ou seja:

f(n + 1)x) sen^/^j


sen(x) + sen(2x) i sen(3x) + ...-<-sen(nx) = sen ---------- .
I 2 J sen(/2.)

Exercício 3.15

Do enunciado:

z = <1422= 1 k/2.cis
a/2 72 l
Calculando o pedido, observando a sequência em PG:
60
z60-1
iz
k—1
= |z + z2+z3+... ,60
z-1 =I4
|cis^60."
-1 |cis (15rr) -1|
4,'__ |_
= 1.
—+i.—]-1 2ã_iVi.^
, 2 2 I 2 2
2
2 r- 2
72
I +LV 2

2 2 2 V2 + V2
1-72+1+1 ■2-72 72-72 72 + 72
V2 2
60 .------------ —
£zk = 74 + 272
72 k=1

Exercício 3.16

Os vetores da soma da questão anterior estão indicados na seguinte figura


3.16, com ângulos de 45° entre cada um e seu consecutivo. Seja S a soma
pedida:
Resoluções Comentadas 249

z2=z10=...
Z3=z11 . 7t
z1=z9=... CIS —
4

Re
z4=z12=... z8=z16=...
z5=z13Z z7=z15=...

Fig Ex-3.16.a
z6=z,4=...

Note que cada volta de vetores é completada com 8 vetores. Portanto a


última volta da soma é completada no vetor z56 .

A cada volta, a soma dos vetores é nula, pois vetores de sentido contrário e
mesmo módulo e direção se anulam. Portanto os primeiros 56 termos da
soma se anulam. Restam-nos os seguintes vetores após esse cancelamento:

■ Jm

•z58
z59 z57

z60 Re

Fig. Ex-3.16.b

Usando a regra do paralelogramo, vamos somar os vetores por partes, afim


de achar o vetor soma S:
250 Matemática em Nível IME/ITA

45*'

2 45'
I
I

[zS7| = 1
|z6°i = 1

Fig Ex-316.c

Analisando a soma final:


»

w
K \ |S|=?
I: Sl\ 135°^+
lisi
135°

Fig. Ex-3.16.d
16.d

Da lei dos cossenos:


|S|=|z z2 + ... + z':60|2 = V22 s/22 -2.V2.72.COS (135°)

72
= 4-4
2
= 4 + 2.72

60 ----------------
£zk =74 + 272
k=1
7 Resoluções Comentadas 251

Conforme o que foi encontrado na questão anterior, há consistência na


interpretação geométrica do problema.

Exercício 3.17
Vamos nos referir à soma abaixo pela letra S:
S = 1 + 2i + 3.i2 + 4.P +... + 2004. i2003
Desta forma:
S = 1 + 2i + 3.iJ + 4.i3 +... +2OO4.Í2003
i.S = i + 2.i2 + 3.i3 +... + 2OO3.Í2003 + 2OO4.Í2004

Subtraindo a segunda equação da primeira:


S-i.S = 1 + i + i2 + i3 + ... + i2003 -2OO4.Í2004
|2004 _ i
-2OO4.Í2004 = —-2004.1
i-1 i-1
=■ S(1 — i) = -2004
2004 (-i-1)
= -1002 (1 + i)
i-1 ~2

lm(l + 2i + 3.i2 + 4.i3 +... + 2004 ,ii2003


: ) = -10 02

Exercício 3.18 Do exemplo resolvido 3.2.C, temos:


1-cos^—jVl-cos^ 2(n-1)njj n2
2n-i

Da trigonometria, sabemos que:


(1 - cose) = 2.sen2í-j |

Usando esse resultado, segue:


| 2sen2^-W2sen2 1 pn-l)x^ n2
... 2sen2
2*1-1
k n JA x n )j

n2
=> [ sen2 sen2
'(v])ísen2ívB-[sen2 22(n-1)

' Extraindo a raiz quadrada em ambos os membros da equação:


252 Matemática em Nível IME/ITA

(n-1)ir n
sen
n " 2<n-1>

Exercício 3.19
(x + y.i)3 = x3 + 3,x2.y.i + 3.x.y2.i2 + y3.i3

= (x3-3xy2) + (3x2y-y3).i = 1 + i

z3 = 1 + i |z| = ^2

Exercício 3.20
A3_— Argumentos Geométricos:
n lados
I) Da geometria temos que os
'\a,
•4 ângulos centrais ZAkOA0 serão

' A sempre o dobro dos ângulos


PH iT/n .X ?n/n
O
. ... L ZAkPA0
> / ii) Como A0P é diâmetro, temos que
os ângulos: ZPAkA0 serão sempre
An.! retos.

An-3 An-2 Logo:


Fig. Ex-3.20
AqA-, = 2R.sen(n/n)
(Polígono regular de n lados inscrito numa
circunferência de raio unitário) A0A2 = 2R.sen(27t/n)
■ A0A3 = 2R.sen(37r/n)

AflAq-T = 2R.sen((n -1)n/n)

Multiplicando asf" ’
equações "
(lembrando que ..R = 1, e que, do Ex. 2.8, o
produto (A0A,).(A0A2) (A0An_.,) vale n), teremos:

(A0A,).(A0A2) (A0A„_t) = 2'>n—1 p^n-1 I nH


sen (-
7 Resoluções Comentadas 253

=>n = 2>nr —1 ^n-1


sen! (n-1h
n

n
sen
2n-1

| Soluções - Capítulo 4

Exercício 4.1
Sabemos que, se 2 + i é raiz, então seu conjugado 2 - i também será
(Resultado 4.4.1). Desta forma, P(x) será divisível por:

(x - (2 + i))(x-(2 - i)) = x2 - 4x + 5

Façamos então a divisão algébrica:

x4 + x3 + p.x2 + x + q |x2 -4x + 5

— x4 + 4.x3 — 5.x2______ x2 + 5x + (p + 15)


5x3 + (p - 5).x2 + x + q
-5x3 +20.X2 + -25.x
(p + 15)x2-24x + q
-(p + 15)x2 + (4p + 60)x-(5p + 75)
(4p + 36).x + (q-5p-75)

Como P(x) é divisível por x2-4x + 5, o resto da divisão acima deve ser
identicamente nulo.
Í4p + 36 = O
p = -9 ; q = 30
[q-5p -75 = 0

As outras raizes de P(x) serão raizes do quociente da divisão. Ou seja, serão


raizes de: x2 + 5x + 6 . De onde segue que as raízes de P(x) serão:

-2, -3, 2 + i, 2-i


254 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 4.2 Chamemos de x a expressão a ser analisada:

x = 72 + 75+^2-75
A B
Elevando a expressão ao cubo:
x3 = (A + B)3 = A3 + B3 + 3.A2B + 3A.B2 = A3 + B3 + 3.AB.(A + B)
X

= A3 + B3 + 3.A.B.X = (2 + V5) + (2-Võ) + 3,x.^(2 + >^).(2-75)


= 4 + 3.X.V-Í = 4 - 3x
Ou seja, x é tal que:
x3 + 3x - 4 = 0

Por inspeção, 1 é raiz do polinômio acima, que reduzido por Briot-Ruffini fica:

(x — 1).(x2 +x + 4) = 0

As demais raizes serão as raízes de x2 + x + 4 , que são complexas! Como os


radicais são números reais, segue que:

x = 7*2 +Võ + ^2-75 = 1 e Q


Exercício 4.3
A primeira divisão é exata, portanto o resto da divisão algébrica deverá ser
identicamente nulo.

x4 + a.x2 + b |x2 +2x + 4


-x4 -2.x3-4.x2 x2-2.x + a
-2.x3 + (a-4).x2 + b
2.x3 + 4.x2 + 8x
a.x2 + 8x + b
- a.x2 - 2.a.x - 4,a
(8 - 2.a),x + (b - 4a) = O.x + O

a = 4 ; b = 16

Da mesma forma, devemos igualar o resto da segunda divisão a -5.


7 Resoluções Comentadas 255

x3 + c X2 + dx - 3 |x2-x + 2
- x3 + x2 - 2x x + (c + 1)
(c + 1) x2 + (d-2) x - 3
-(c + 1).x2+(c + 1).x-2.(c+1)
(c + d-1).x + (-5 - 2.c) = O.x-5

c=0 ; d=1
Com isso:
a+b+c+d=21

Exercício 4.4 As raizes de D(x) são tais que:


lx4 =1
=> X = -1, - i, + i
|x#1

Do enunciado: P(x) = 1+ x + x2 + ... + x2n”

Note que P(x) é uma soma de uma P.G. de razão x:


x2n’2 -1
P(x) =
x-1

Como o divisor é do 3o grau, o resto R(x) será no máximo do 2o grau. Sendo


assim, a divisão pode ser expressa da seguinte maneira:

(x2)"*' -1
P(x) = = (x + 1),(x-i).(x + i).Q(x)-t-a.x2-rb.x-t-ç
X-1 R(x)
(Eq. I)
Fazendo x = -1 na equação I:

((-nT1-1 = OXH^IÍ + a^-^^b.í-lj + c a - b + c = 0 (i)


-1-1

Fazendo x = i na equação I:
256 Matemática em Nível IME/ITA

(i2)n+1-1
= 0>©ltf + a.(i)2 + b.(i)+c
i-1
(-1)n+1 -1
.(-1 - i) = -a + b.i + c
(i-1)-(-1-i)

((-1)n+2+1)--(1 + i) -a + b.i + c
2

'(-ir2 —
+1
= -a + c
2
' (-1P2
—= b
2
(ii)
Fazendo x = - i na equação I:

((-i)2)"1
— = OJàfâ + a. (-i)2 + b. (-i) + c
-i-1
(-lf1-1
.(-1 + i) = -a-b.i + c
(-i-1). (-1 + i)
(-1)n+2+1
= -a + c
2
-(-1)"'2 -1
— = -b
2
(iii)

O resultado de (ii) e (iii) são iguais! Juntando os resultados das equações (i),
(ii) e (iii) nos dão o sistema:

a-b + c = 0

(-lf2 — = -a + c
2
-(-1P2 ^ = -b
2

Separemos em dois casos (n par ou n ímpar).


Para n impar:
7 Resoluções Comentadas 257

a-b + c = 0

--- = -a + c a =c =b =0 R(x) = 0
2
1-1
-- = —b
2

Para n par:

a-b + c = 0
1+1
-- = -a + c a = 0 ; b =c=1 R(x) = x + 1
2
Z^l = -b
2
Portanto, o valor de R(x) será:

0 , se n é ímpar
R(x) =
x + 1 , se n é par

Exercício 4.5 Sendo k a raiz da segunda equação podemos escrever:

(3k)3 - 7.(3k)2 - 204(3k) + 1260 = 0


k3 -15.k2 - 394k + 840 = 0

Multiplicando a segunda equação por 3, dividindo a primeira por 9 e


arrumando o sistema chegamos a:

3.k3 - 7.k2 - 68k + 140 = 0


3.k3 - 45.k2 -1182k + 2520 = 0

Subtraindo a segunda equação da primeira:


595
38.k2 +1114.k - 2380 = 0 k =2 ou
19
Testando as raizes, temos que a raiz é k = 2. Com isso, utilizando o algoritmo
de Briot-Ruffini, podemos fatorar os dois polinômios originais:
258 Matemática em Nivel IME/ITA

x3 - 7.x2-204x +1260 = (x-6).(x + 14).(x-15) = 0


x3 - 15.x2 - 394x + 840 = (x - 2).(x-28).(x +15) = 0

Temos então as soluções das duas equações, respectivamente:

x = {6,-14,15} ; x = {2, 28 , -15}

Exercício 4.6
-
Sejam as raízes em PA dadas por: a - 3r , a-r, a + r,a + 3r

Pelas relações de Girard, podemos escrever:


Sg = (a - 3r) + (a - r) + (a + r) + (a + 3r) = 0
S| = (a - 3r).(a-r) + (a - 3r).(a + r) + (a - 3r).(a + 3r) +
+ (a - r).(a + r). + (a - r). (a + 3r) + (a + r).(a + 3r) = -(3m + 5)
Sg = (a - 3r).(a - r). (a + r) + (a - 3r).(a -r).(a + 3r) +
+ (a-3r).(a + r).(a + 3r) + (a -r).(a + r).(a + 3r) = 0
Sg = (a - 3r).(a -r).(a + r).(a + 3r) = (m + 1)2

i De onde seguem os resultados:


fa = 0
(-3r).(-r) + (-3r).(r) + (-3r).(3r) + (-r).(r) + (-r).(3r) + (r).(3r) = -(3m +5) í

(-3r).(-r).(r) + (-3r).(-r).(3r) + (-3r).(r).(3r) + (-r).(r).(3r) = 0


(-3r).(-r).(r).(3r) = (m+1)2
a=0
lr2 = (3m + 5)/10
Arrumando: 10.r2 = 3m + 5
[r2 = ±((m + 1)/3)
r4 =((m + 1)/3)2

3m + 5 , m +1
■j m=5
Logo: = ±-----
10 3 m = -25,/ '
19
L
7 Resoluções Comentadas 259

Exercício 4.7 As verificações feitas após o resultado 4.4.1 mostram que as


relações de Girard são válidas para os casos iniciais n = 2 e n = 3. Utilizando
o processo de indução finita, devemos mostrar que pra todo n natural maior
que os casos iniciais, também vale que:
a„.(xn-S^ .x11’1 +S^.xn’2 + ... + (-1)' .x + (-1)n.S^s
in-1<
= an.(x-a,).(x-a2)....(x-an)

Suponhamos que as Relações de Girard valham para n = k.


ak.(xk-S^ .xk’’ + S|.xk~2 + ... + (-1)k'1 .Sq"1.x+ (-1)k .Sq) =

= ak.(x-a1).(x-a2)....(x-ak)
Verifiquemos a validade para n = k + 1.
ak.(x-a,).(x-a2)....(x-ak).(x-ak^) =
s ak.(xk - Sg.xk"’ +■ Sg.X d'k"1 .Sq1.X + (-1) .Sg j.(x - ak+1) e
°2 -kk'2 +■ ... +■ '(-1)

,ak.(xk-1 -(«k+r + S1G) xk + («k.,.S1G + S2 ).xk-1 + ... + (-lf1 .(ak_1.Sk ))

Note que os novos coeficientes tornam-se exatamente os novos coeficientes


de Girard:
ak.(x-a1).(x-a2)....(x-ak).(x-akt1) =
sak.(x'■k>1 - S(5,kt1-Xk + Sq k.,.xk 1 + ... + (-1) •SG.k+l (-i)k-skG:i.i)

Ou seja, é válido para n = k + 1. Por indução, as relações de Girard valem


para polinômios de grau n natural qualquer.

Exercício 4.8
x5-3.x4 -3.x3 + 27.x2 -44.x+ 30

Como P(x) admite 2 raizes complexas distintas (pelo menos), temos que
seus conjugados também serão raizes (Teorema 4.4.1). Logo, as raizes
serão do tipo:
z , z , w , w , u
Calculando o produto das raizes (Relação de Girard):
(z.w).(z.w).u = (z.w).(z.w).u = (3 — i). (3 + i).u = -30
.-. u= -3
Então, sabendo que -3 é raiz, podemos reduzir o grau do polinômio original a
fim de determinar as demais raízes.
260 Matemática em Nível IME/ITA

1 -3 -3 27 -44 30
-3 1 -6 10 | 0
15 -18

As demais raizes serão raízes, então, de:

x4-6.x3 + 15.x2-18.x +10 = 0


Sabemos que as raizes z , z , w , w têm parte real inteira e parte imaginária
inteira. É correto dizer que, existem a, b, c, d inteiros tais que:

x4 - 6.x3 + 15.x2 -18.x +10 a (x - a — bi). (x - a + bi).(x - c — di). (x -c + di)


= (x2-2ax + a2 + b2).(x2- 2cx + c2 + d2)

Como -2a, a2 + b2, -2c,c2 + d2 são inteiros, podemos nos referir a eles pelos,
também inteiros, m, n, p, q, respectivamente. De tal forma que devemos
achar os valores de m, n, p, q que satisfazem à identidade:
x4 - 6.x3 + 15.x2 -18.x + 10 s (x2 + mx + n).(x2 + p.x + q)

= x4 +(p + m).x3 + (q + m.p + n).x2 + (m.q + n.p).x +n.q


Da identidade, segue o seguinte sistema (do qual só nos interessam as
soluções inteiras):
p + m = -6
q + mp + n = 15
mq + np = -18
nq = 10

Da última equação do sistema acima, como n e q são inteiros, ambos devem


dividir 10, de tal forma que temos 4 opções a analisar:

(i) n = 5 , q = 2 ; (ii) n = —5 , q = -2
(iii) n = 10 , q = 1 ; (iv) n = -10 , q = -1

Em (i): Em (ii):
p + m = —6 p + m = -6
• m.p = 8 m = -4 , p = -2 ■ m.p = 22
2m + 5p = -18 -2m -5p = -18
=> não há soluções inteiras

Em (iii): Em (iv):
7 Resoluções Comentadas 261

rp + m = -6 p + m = -6
• m.p = 4 ■ m.p - 26
10p + m = -18 -10p-m = -18
=> não há soluções inteiras => não há soluções inteiras

Portanto, a única possibilidade veio do caso (i), no qual temos que as outras
quatro raizes vêm de:

(x2 + mx + n).(x2 + p.x + q) = (x2-4x + 5).(x2-2.x + 2)

Resolvendo as duas equações do segundo grau, determinamos as outras


quatro raizes do polinômio original, de tal forma que temos agora todas suas ;
raízes:
2±i , 1±i , -3
|--------- ——---- - -------------- —------
Exercício 4.9
Calculemos algumas somas que nos serão úteis:
j
Sj = a2 + b2 + c2 + d2
= (a + b + c + d)2 -2.(ab + ac + ad + bc + bd + cd) J
= (Sg)2 -2.(SS) = 6± + ^
V ' m2 m
Sj =a+b+c+d= Sq
£
m
Sq = a° + b° + c° + d° = 4

1111 bcd + abd+acd + abc


O < =---- f----- 1------- F — =----------------------------------------------
sà 18/m _ 2
a b c d abcd sâ 9/m

Utilizemos o Resultado da Soma de Newton (Resultado 4.5.1), começando


com Sj:

m.(Sj) + 8.(SÍ) - 139.(Sq) - 18.(31,) + 9.(S12) = O


64 64
=> — + 278- — -139.4-18.2+9. (S_2) = 0
m m
=> (Sl2) = 314/9
i
L J
262 Matemática em Nível IME/ITA
F~...................... . ..... .......................... ............ “.......... .
Utilizemos, agora, o Resultado da Soma de Newton, começando com S,:
m.(Sj) + 8.(S;)-139.(S:i)-18.(S:2) + 9.(S’_3) = 0
- 8 + 8.4 -139.2 - 2.314 + 9.(S13) = 0
|
(Sl3) = 98

Sem resolver a equação, calculamos que:

b3 + A
a3 A
A+ d3 = s-3 =98
c3 + 4-

Exercício 4.10 Sejam m, n, m+n, as raizes da equação. Das relações de


Girard, temos:
, \ r.1 12 1
m + n + (m + n) = Sg = — m+n =—
JO 3 6
o 1 1
m.n.(m + n) = Sg =------ m.n = —
36 6

Sabendo a soma e o produto de m e n, temos que m e n serão as raízes da


equação:
•1 = 0 <=> 6.X2-X-1 = 0
6 6

X=
1± V25 1
— ou
2
12 3 2

Daí segue que as raízes serão:


1 1 1
~3’2’6

Exercício 4.11 Como os coeficientes do polinômio são todos reais, pelo


Teorema 4.4.1 teremos que as raizes serão do tipo: z , z , w. w .

As duas raizes que somam 3 + 4.i não podem ser conjugadas entre si, pois 0
resultado não é real. Portanto, sem perda de generalidade sejam elas z e w.
Do enunciado:
z + w = 3 + 4i z + w = 3-4i
z.w =13 + i z.w =13 - i
7 Resoluções Comentadas 263

Da relação de Girard:
b = Sq = z.z + w.w + z.w + z.w + z.w + z.w
= (z + w).(z + w) + z.w + zw
= (z + w).(z + w) + (:zw + zw)

= (3 + 4i).(3-4i) + ((13-i) + (13 + i))


= 25 + 26 =51 .-.| b = 51 |

Exercício 4.12 Considere p(x) dado por:

p(x) = x5 + a.x4 + b.x3 + c.x2 + d.x + e


Sendo m,n,p,q as raizes pares e k a raiz impar, das relações de Girard,
temos:
m + n + p + q + k = -a
m.n + m.p + m.q + m.k + n.p + n.q + n.k + p.q + p.k + q.k = b
m.n.p + m.n.q + m.n.k + m.p.q + m.p.k + m.q.k + n.p.q + n.p.k + n.q.k + p.q.k = -c
m.n.p.q + m.n.p.k + m.p.q.k + n.p.q.k + m.n.q.k = d
m.n.p.q.k = -e

lembremos que o fator par em um produto torna-o par; a soma de um par


com um impar resulta em um impar; e que a soma de um par com par resulta
em um par. Como a partir da segunda equação todos os termos nas somas
possuem sempre um fator par, teremos que b, c, d, e serão números pares!
Como, na primeira equação, temos uma soma de 4 pares e um impar, o
resultado ê impar; ou seja, a é impar.

O polinômio p(x) possui 4 coeficientes pares

Exercício 4.13 Desenvolvendo o lado esquerdo da identidade:


(1 + x + x2 + x3)2 = (1 + x + x2+x2).(1 + x + x2+xJ)
= 1 + X + X2 + x3 + X + X2 + X3 + x4 + x2
+ x3 + X4 + x5 + X3 + X4 + X5 + X6
= 1 + 2x + 3x2 + 4x3 + 3x4 + 2.x5 + x6
264 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 4.14 Utilizando uma fatoração semelhante á mostrada no Exercício


4.13, temos:
24 x2
: )I2 = x.i X*’ -1]
P(x) = X.(l + x + x2 +... + x:23
X-1 )

Fica claro, agora, que as raízes de P(x) serão: 0, cis^-^^1, t=


1, 2..... 23

Dessa forma:
|b1| + |b2| + ... + |bn| =
= |Re(0^| + |Re^cis2(A)]| + |Re^g)j| + |Re(CÍs2(^))|

|Re(02)| + |Re[cis[zA]

I (2371'll
-+|cos(íHcos®I+Icos®I+Ht)| I l 6 J|
= o + ^ + l + o + l+
1,^ + 1 + ^ + l + 0 + l+^ 73
.. + —
2 2 2 2 2 2 2 2
1 volta no circulo trigonométrico 2a volla
= 7 + 4.73

|b1| + |b2| + ... + |bn|= 7 + 4.73

Exercício 4.15 Chamemos o polinômio de P(x).

Para que seja divisível por x + a, devemos ter que (Resultado 4.3.1):
P(-a) = 0
Com isso:
7 Resoluções Comentadas 265

,m-3n
P(-a) = 2.(-a).m
m+a,3n
3n.(-a)’
jm-3n
= 2.(-1)m.am + (-1)'

= am.(2.(-1)m+(-1)n’’3n -1)= 0

0 sinal de cada parcela depende da paridade dos expoentes. Portanto, para


esta análise, vamos abrir os quatro casos possíveis.

i) m par, n par
am. (2.(-1)m (_1),m-3n
m-jn -l)=am.(2 + 1-1) *0

(Não é possível!)

ii)m par, n impar


m'3n _
am.Í2.(-1)m + (-1),m-3n 1 = am.(2.1-1-1) = 0
-l)

(Possível!)

iii) m impar, n par


am.(2.(-1)m+(-1),m-3n
m’3n-l) = am.(-2-1-1) *0

(Não é possível!)

iv) m ímpar, n impar


am[2.(-1)m+(-!)')m-3n-ij = am.(-2-1 - 1) *0
(Não é possível!)

Devemos, então, ter:

m par , n impar
266 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 4.16

O valor da soma das raízes comuns às equações:

x4 - 7.x3 + 16.x2-15.x+ 3 I x4-3.x3-x2-7.x + 2

-x4 + 3.x3 + x2 + 7,x-2 1


-4x3 +17.X2 -8 x + 1

x4 -3.x3- x2 -7.x + 2 | 4x3 -17.x2 +8.X-1


X x 5
-x4+—,x3-2.x2
4 4 4 +Í6

— x3 -3.x2 -—x + 2
4 4
5 3 85 3 5 5
---- X +---- X —x +----
4 16 2 16
37 37
2Lx
16
2- —
4
x + — = g(x2-4.x + 1)
16

4x3 -17.x2 + 8.x-1 | x2 -4.X + 1

-4x3 +16.x2 -4.x 4x -1


- x2 + 4x -1
Resto: 0

Do algoritmo do MDC segue que as raízes comuns às equações serão raizes


do polinõmio: x2-4.x + 1 .-. x = 2±V3

O valor da soma das raizes é, portanto: Soma = 4

Exercício 4.17
O mesmo procedimento do Exercício anterior podería ser seguido. Porém,
proporemos uma outra solução.

A primeira equação, pode ser alterada da seguinte forma:


7 Resoluções Comentadas 267

x4 - 2x3 - 2.x2 - 9.x2 + 18.x +18 = 0


<=> x2.(x2-2.x-2)-9.(x2-2.x-2) = 0
o (x2-9).(x2 - 2.x - 2) = 0

Note que, sabemos portanto as raizes da primeira equação. O primeiro fator


multiplicante, nos indica que 3 e - 3 são raizes. Substituindo ambos os
valores é fácil perceber que não são raizes da segunda equação.

Para verificar se os polinõmios têm raizes comuns, a nossa única esperança


seria no segundo fator multiplicante da primeira equação: x2 - 2 x - 2
Verifiquemos se a segunda equação é divisível por esse fator:

x4 -12 x3 + 44 x2 -32.X-52 | x2 -2.x-2


-x4 +2x3 +2x2 X2 -10.x+ 26
-10x3+46 x2 -32.x-52
10 x3 -20.x2 -20.x
26.x2-52.x-52
-26 X2 + 52.x+52
0

De fato, é divisível! As raízes comuns às duas equações são as raízes de:

x2-2.x-2 x = 1± V3

Exercício 4.18
Vamos montar o polinõmio pedido:
P(x) = a.x3 + bx2 + cx + d
P(x-1) = P(x) + (2x)2

Forçando a identidade:
a.(x -1)3+ b.(x -1) 2+ c.(x -1) + d s a.x3 + b.x2 + c.x + d + 4.x2
=> - 3.a.x2 + 3.a.x - a + bx2 - 2.b.x + b + pdf - c + H
3 ^Xí + 'Bb< + pd<' + H + 4.X2
268 Matemática em Nível IME/ITA

=>-3.a.x2 + (3a - 2b).x + (b-c-a) a 4.x2


-3a = 4
=> • 3a - 2b = 0
b-c- a = 0
4 2
a = — b = -2 c = — Vd
3 3
Logo os polinômios que atendem às condições são:

4 2
P(x) = -—.x3- 2.x2 - —.x + d

Da lei de formação deste polinômio, temos:


P(0) = P (1) + (2)2

P(1) = P(2) + (4)2

P(n -1) = P(n) + (2n)2


.mando todas as equações acima, a primeira parcela do membro à direita
Je uma equação irá sempre se cancelar com o membro à esquerda da
equação seguinte, de modo que a soma de todas as equações acima seja
dada por:
P(0) = P(n) + [22 + 42 + ... + (2n)2]

=> .O3 - 2.02 - —.0 + d = --.n3-2.n2--.n + d + £ (2k)2


3 3 3 3 k=1 n
Com isso, calculamos a soma pedida:

y (2k)2 = -.n3 + 2.n2 + -.n


k-1. ,,n 3

Exercício 4.19
x3 + 4 = 1 „+-------
-------- b.x + c
a +-------------
x3 + 1 x + 1 x2-x + 1
(x3 + 1) (b.x + c)(x3 + 1)
=> (x3 + 4)s(x3 + 1) + a.
X+1 X2 -X + 1

Sabendo que -1 é raiz dex3 + 1, podemos fatorar: x3 + 1 = (x + 1).(x2 -x + 1).


Voltando na expressão da identidade:
7 Resoluções Comentadas 269

(x3 + 4) h (x3 + 1) + a.(x• 22 - x + 1) + (b.x + c).(x + 1)


= x3 +1 + a.x2 - ax + a + bx2 + bx + cx + c
a x3 + x2.(a +b) + x.(b + c-a) + (1 + a-i-c)
a+b =0
b + c-a = 0 ■. a = 1,b = -1,c = 2 a -r-b + c = 2
1+a +c = 4

Exercício 4.20 x3+px + q é divisível por x2 + ax + b e x2 + rx + s. Sendo


aep raízes de x2+ax + b e y, 8 raizes de x2 + rx + s , com certeza uma
das raizes do primeiro será igual a uma das raizes do segundo (uma vez que
o polinômio x3 + px + q pode ter no máximo 3 raízes). Sem perda de
generalidade, tomemos a = 8.

Da relação de Girard da soma das raízes para os 3 polinômios, teremos:


-a = a + p oc = -(a + r)
■ -r = a + y p=r
a+p+y=0 y=a

Da relação de Girard para o produto das raízes de um dos polinômios:


b = <x(í = - r.(a + r)

Exercício 4.21
Suponhamos por absurdo, que A(x) seja divisível por B(x). Ou seja, toda raiz
k de A(x) será raiz de B(x). Logo, para x = k:

A(k) . C(k) + B(k).D(k) = 1 0 = 1 (Absurdo!)


=o =o
Logo, nossa hipótese de que A(x) é divisível por B(x) é falsa. Ou ainda, A(x)
não é divisível por B(x).

Exercício 4.22
Para a solução deste exercício usaremos, fundamentalmente, o Resultado
4.8.1 e as suas consequências diretas.
Se (x-1)ké fator do polinômio (isto é, x = 1 é raiz de multiplicidade k do
■ polinômio), então, x = 1 deverá ser raiz de P(x), P’(x),.... P(k_1)(x).

■ Verifiquemos isso agora:


270 Matemática em Nível IME/ITA

P(x) = x2n+1 -(2n + 1).x"*1 + (2n + 1).xn -1 P(1) = 0 ok!


P'(x) = (2n + 1)x2n - (2n + 1)(n + 1).xn + (2n + 1).n.x"-'
= (2n + 1).(x2" -(n+1).xn +n.xn-’) -> P‘(1)=0 ok!

P"(x) = (2n + 1).((2n)x2"-1 - (n + 1).n.xn-1 + n.(n-1).xn"2j


= (2n + 1).n.(2.x2n’1-(n + 1).xn'1+(n-1).xn‘2) -> P"(1) = 0 ok!

P"'(x) = (2n + 1).n.(2(2n-1).x2n-2 -(n + 1).(n-1).x"-2 +(n-1).(n-2).xn'3)

-> P"'(1)#0

Note que 1 não é raiz de P'"(x) mas é raiz de P(x), P’(x) e P”(x). Ou seja, 1
será raiz de multiplicidade 3 de P(x), ou ainda: ----------------
^max ~

Exercício 4.23 Seja k a raiz inteira de P(x). Podemos escrever que:


P(x) = (x-k).Q(x)
Dessa forma:

P(-1).P(0).P(1) = (1 - k).(-k).(-1 -k).Q(0).Q(-1).Q(1)


= A.(k - 1).(k).(k +1)

Como A não necessariamente será inteiro, a afirmativa é falsa.

Exercício 4.24
P(x) é do quarto grau, portanto é do tipo:

P(x) = a.x4 + b.x3 + c.x2 + d.x + e


Com isso: P(1 -x) = a.(1- x)4 + b.(1-x)3 (1-x)2 +d.(1-x) + e

Desenvolvendo:
P(x)=a.(l-4.x + 6.x2 -4.x3 + x4) + b.(l-3.x + 3.x2 -x3) +

+ c.[l-2.x + x2j + d.(1-x) + e


7 Resoluções Comentadas 271

= a x4 + x3.(-4.a - b) + x2.(6.a + 3.b + c) +


+ x.(-4.a - 3.b - 2,c - d) + (a + b + c + d + e)

Da identidade P(x) = P(1-x) para todo x real, segue que os coeficientes


correspondentes a cada expoente de x devem ser iguais:
-4 a - b = b
6.a + 3.b + c = c b = -2a
-4.a -3.b - 2.c - d = d a -c = d
a+b+c+d+e=e

Existem infinitos polinómios que atendem à condição, e devem ser do tipo:

a.x4-2ax3 +c.x2 +(a-c).x + e a e R * , c.e e R

OBS: a deve ser não nulo, para que o polinômio seja do J3 grau.

Exercício 4.25 Seja Q(x) = P(x) - 2. Sabemos que:


Q(1) = Q(-1) = Q(2) = Q(-2) = Q(-3) = Q(3) = 0

Da definição de Q(x), temos que este também é 6o grau Além disso,


conhecemos todas as raizes de Q(x), de tal forma que podemos escrever:

Q(x) = a.(x-1).(x+ 1).(x-2).(x + 2).(x + 3).(x - 3)


= a.(x2 - 1).(x2-4).(x2-9)

Conhecemos a menos do valor da constante ‘a’, o polinômio P(x):


P(x) = a.(x2 - 1).(x2 - 4).(x2 - 9) + 2

Para determinar o valor de 'a', façamos x = 0:


1
P(0) = a.(0-1).(0-4),(0-9) +2 = 1 a =—
36

Com isso, podemos determinar P(4):


272 Matemática em Nível IME/ITA

P(4) = —,(42-1).(42-4).(42-9) +2 = 37
36

P(4)= 37

Exercício 4.26
P(x) = Q,(x).(x +1)3 +1

P(x) = Q2(x).(x-1)3-1

Derivando as equações com relação á variável x.


___________ M(x)___________ ,

P’(x) = Q, '(x).(x +1)3 + 3.Q,(x).(x + 1)2 = (x +1)2 .[Q^xj.fx + 1) + 3.Q,(x)J

P’(x) = Q2'(x).(x-1)3 +3.Q2(x).(x-1)2 = (x -1)2.[Q'2(x).(x-1) + 3.Q2(x)]


N(Ç)

P'(x) = (x + 1)2 ,M(x)

P'(x) = (x-1)2 ,N(x)

u seja, sabemos então que -1 e 1 são ambos raizes duplas de P'(x).


Sabemos então 4 de suas raízes. Como P(x) é do 5o grau, P'(x) é
necessariamente do 4° grau. Sabemos, portanto, todas as raízes de P’(x).

Podemos escrever:
P'(x) = a.(x +1)2 (x -1)2 = a.[(x - 1).(x +1)]2

= a.(x2-1)2 = a.x4-2.a.x2+a

Para acharmos P(x), basta integrarmos P'(x):


r X5 X3
P(x) = JP'(x).dx = a.—-2.a—+ a.x + C

Para determinarmos as constantes arbitrárias a e C, utilizemos as seguintes


substituições:
a 2a „
P(1) = -1 --------- +a + C=-1
5 3
a = -—; C = 0
a 2a . 8
P(-1) = 1 - +------ a + C= 1
5 3
7 Resoluções Comentadas 273

Portanto:
3x5 5x3 15x
P(x) = -
8 4 8

Exercício 4.27 Sejam as raízes consecutivas: m-1, m, m+1. A soma dos


quadrados delas é igual a 14, logo:
(m-1)2 + m2 + (m + 1)2 = 14
m>0
=■ m2-2m + 1 + m2 + m2 + 2m + 1 = 14 => 3m2 = 12 =■ m=2

As raizes são, portanto: 1, 2, 3. Das relações de Girard:


S1G = 1 + 2 + 3 = -a a=6
S| = 1.2 + 1.3 + 2.3 = b b = 11
SG = 1.2.3 = -c c = -6
Logo:
a2 + b2 + c2 = 193

Exercício 4.28 Por inspeção, não é difícil notar que x = -1 é raiz do polinõmio
para qualquer valor de m. Fatorar o polinõmio também não é tão difícil:

x3+x2 + m.(x2 + x) + 9.(x + 1) = 0

=■ x2.(x + 1)+ m.x.(x+ 1) + 9.(x +1) = 0


=> (x + 1).(x2 + m.x + 9) = 0

Vamos analisar o polinõmio que contém as demais raízes da equação:


-m ± -Jm2 -36
x2 +m.x + 9 = 0 <=> x =
2

As soluções serão reais e distintas se o conteúdo do radical no numerador for


positivo. Não devemos esquecer do caso m = -10 no qual -1 é raiz dupla.
m2-36>0 <=• (m +6).(m-6) > 0 o m<-6 ou m>6
Se o conteúdo do radical for 0, as duas raizes são iguais ( m = 6 ou m = -6),
ou ainda, a equação possui uma raiz de multiplicidade 2.

Da discussão acima, segue que: I e II são verdadeiras e III é falsa.


274 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 4.29

Para que haja duas raízes comuns, o MDC entre os dois polinômios deve ser
do segundo grau:
x3 a.x2 + 0.x + 18 | x3 + 0.x2 + b.x +12

-x3 -b.x-12 1
ax2 -b.x + 6

x3 + O.x2+b.x + 12 | ax2 +0.x2 - b.x + 6

-x3 + ^.x2--6 x
— x
_____ a_____ <a a
12.a
^x2 + a.b - 6 .X +------ ~ b.x2 + (ab-6).x + 12.a
a a a

Para que o MDC seja do segundo grau, o divisor e o resto da ultima divisão
devem ser múltiplos um do outro.

(ab-6) 12.a = X2-ÈX + Ê


x2 + .x +------
b b a a
(ab-6) b
a.b reais
. b a a=1 ; b=2
|l2.a 6
. b a
As raízes comuns serão as raízes de: x2 - 2x + 6 , ou ainda: x = 1 + iVõ

Exercício 4.30
Seja P(x) = an.xn + an_1.xn-1 + ... + a1.x + a0

Da relação de Girard, como o produto das raízes vale 1:


„ o n impar
(-i)nA=-1 an = -ao
ao
Com isso, segue que
7 Resoluções Comentadas 275

P(1) = an.1"+an_1.1' ,.. + a1.1 + a0


= an + an-1 + ••• + al + a0
_ (an + ao)-n
(Soma de P.A.)
2
=0
(an ~ an)-n | P(1) = 0 |
=0
2

Exercício 4.31 Sejam as raizes do tipo m, n, p, q. Do enunciado, temos que:


m.n = - p.q. Das relações de Girard, podemos escrever:
36 1
m + n + p + q =------= — (£q- D
144 4
28
m.n + m.p + m.q + n.p + n.q + p.q =-------- = -^ (Eq.H)
144 oo
11
m.n.p + m.n.q + m.p.q + n.p.q =-------- (Eq. UI)
144
1
m.n.p.q = (Eq. IV)
144

Da Equação II, percebamos que:


prf\ + m.p + m.q + n.p + n.q + pú = m.(p + q) + n.(p + q) = -^

(m + n).(p + q) = -^ (Eq.V)
oo

I Aproveitando a simetria, chamemos: A m+n ; B p -t-q . Das eqs I e V,


| segue que:

A+B =—
4
A.B =
36
A e B serão, portanto, as raízes da equação do segundo grau:

36.Z2-9.à- 7 = 0
Logo:

A,B =
9 ± v'81-r 144.7 2 7
ou —
72 3 12
276 Matemática em Nível IME/ITA
—.—
Sem perda de generalidade, podemos escrever:

1
m+n = —
3 p+q = Ã (Eq. VI)

Voltando agora na equação IV:

(m.n).(p.q) = (m.n).(-m.n) = -(m.n)2 = mn = ±A


i

1 1
mn = — mn =-----
12 ou
12
Ou seja, temos duas possibilidades:
1 1
p.q — —
12 p.q = Y2

Devemos ter cuidado, pois essa escolha não é mais arbitrária, uma vez que
já foi escolhido (sem perda de generalidade) os valores de (m + n) e de
(p + q). A equação III nos deverá indicar qual dos casos escolher, uma vez
que m, n, p, q devem atender à:
,
m.n.p-m.n.q + m.p.q-n.p.q = m.n.(p + q) + p.q.(m + n) =
. 11

=>m.n.^-P.q.± = 11
144
11
=> 7m.n-4p.q =-—

1
mn =------
O que nos dá que a possibilidade correta é: 12 (Eq. VII)
1
p.q = —
12

Das eqs VI e VII, tiramos os valores de m, n, p, q. As raizes da equação são,


portanto:

-111
2'6'4' 3
7 Resoluções Comentadas 277

Exercício 4.32
Substituindo y da segunda equação na primeira:

a.(x2 + (x + k)2) + 2x = 0 => a.(2.x2 + 2.x.k + k2) + 2x = 0

=> 2.ax2 + 2.xa.k ak2 + 2.x = 0


! + x(ak+1) + ^ = 0
=> ax2

-(ak +1) ± Va2.k2 + 2.a.k + 1- 2a2k2


=> x =
2
- (ak +1) ± V-a2.k2 + 2.a.k + 1
2
Para qualquer que seja k, devemos ter: f(k) = -a2.k2 2 a.k +1 > 0
Se a for não nulo, f(k) é uma equação do segundo grau em k, com
determinante sempre positivo, e portanto, f(k) terá sempre raizes distintas.
Graficamente, não é dificil notar que fora das duas raizes, teremos valores de
f(k) negativos (o que é contradição, pois as soluções em x e y deveríam ser
reais para quaisquer valores de k).

Ou seja, a não pode ser não-nulo, ou em outras palavras, a = 0. Veja que


nesse caso, o determinante da equação do 2o grau em x vale 1 e terermos
soluções reais para todos os valores reais de k.

Exercício 4.33 Seja k o valor da raiz mencionada da primeira:


|k3-10k2+ 31 .k-30 = 0
j(3k)3-21(3k)2 + 98(3k)-120 = 0

Multipliquemos a 1a equação por 27 e em seguida, subtrairemos uma


equação da outra:
í27k3 - 270k2 + 837.k - 810 = 0
[27 k3 -189.k2 + 294.k -120 = 0

=> 81 .k2 - 543.k + 690 = 0 27.k2 -181 ,k-r 230 = 0


_>k J81 ±732761-4.27,230 181 ± 89 c 46
= 5 ou —
54 54 27
278 Matemática em Nível IME/ITA

Devemos verificar a raiz k na primeira equação. Por inspeção, vemos que 5 é


raiz da primeira equação. O algoritmo de Briot-Ruffini, permite que achemos
as outras raizes de cada uma das equações.
íx3 - 10x2 + 31 .x - 30 = (x-2).(x-3).(x - 5) =0
[x3-21x2 + 98.x -120 = (x-2).(x-4).(x-15) = 0

1a equação : S = {2 , 3 , 5}
2a equação : S = {2 , 4 , 15}

Exercício 4.34
P(x) = a0 + a,.x + a2.x2 +... + an.xn
Do enunciado:

P(1) = a0 + a, + a2+...-I-an é ímpar


=> a, +a2 +... + an é par
P(0) = a0 é impar

Como a soma a,+a2+... + an é par, devemos ter um número par de


coeficientes ímpares entre a1p a2 an.

1 - Vejamos se é possível que P(x) tenha raízes ímpares:

Seja k um inteiro impar. P(x) é uma soma de parcelas do tipo a,.x'. Se a, for
par, é imediato que a parcela aj.x' será par.
Mas a,.x' se for impar, a parcela será ímpar. Lembrando que os coeficientes
impares se encontram em número par. a soma de um número par de
parcelas impares é par! Portanto:

a,.k + a2.k2+...+ an.kn é sempre par!

Como a0 + é ímpar, segue que:


P(k) = a0 + avk + a2.k2 + ... + an.kn é sempre impar!

Ou seja, para qualquer k ímpar, P(k) é impar (não podendo ser zero). Em
outras palavras, não existe raizes impares de P(x).

2 - Vejamos se é possível que P(x) tenha raízes pares:

Seja k um inteiro par. P(x) é uma soma de parcelas do tipo aj.x’. Como x = k
é par. todas as parcelas serão pares. Então:
7 Resoluções Comentadas 279

apk + aj k2 - , + an.kn é sempre par!


Como a0 + é ímpar, segue que:
P(k) = a0 + a,.k + a2.k2 + ... + an.kn é sempre impar!

Analogamente, P(x) não pode ter raízes pares.

Como as raízes não podem ser pares nem impares, concluímos que P(x) não
tem raizes inteiras.

Exercício 4.35 O resultado da divisão, para não depender de x, deverá ser


igual a uma constante numérica.

(2 - m).x3 + (m -1) x2 + (n +1 ).x + (p - 3)


k
x2-6x +1

=> (2 - m).x3 + (m — 1).x2 + (n + 1).x + (p - 3) = k.(x2 -6x + 1)

2- m = 0 m=2
m=2
m-1 = k k=1
n = —7
n + 1 = -6.k n = —7
p=4
p-3 = k p=4

Exercício 4.36 x3 + mx2 + n = 0

Usando o Teorema 4.4.1, como os coeficientes da equação são todos reais,


se uma raiz é complexa, seu conjugado também será raiz. Dessa forma,
temos que as raizes da equação são do tipo: z, z , a (z.z eC.aeS)
Da relação de Girard, temos que:
Sq = a.z.z = -n
Formula 1 2 3 n
=> a.|z| 2 = -n => a.k = -n => a——
k

Como a é raiz do polinômio:


280 Matemática em Nível IME/ITA

2
a3 + ma2 + n = 0 | +n = 0

n3-n.k3
-n3 + m.n2.k + n.k3 = 0 m =----------
n2.k

Exercício 4.37 Considere solução de Báskara para a equação :

(p-3).x2- 2.p.x + 6p = 0

2p ± ^4p2-4.(p-3).6p pl^P2 ~ (P~3)-6p


2p - 6 ~ p-3

Primeiro, para que as raízes sejam reais, o determinante no radical deve ser
positivo.
p2-(p-3).6p>0

<=>-5p2 + 18p > 0


<=> p.(18-5p)>0
Se p > 0, para que o produto seja positivo, devemos ter; 18 - 5p > 0 ou
ainda, p < 18/5.
Não é possível o caso p < 0, pois para que o produto seja positivo,
deveriamos ter 18 - 5p < 0 , o que levaria à condição: p > 18/5 (contraditória)

Ou seja, os valores de p que fazem a equação ter soluções distintas e reais


é:
- 18
<P< 5 (Condição I)

Além delas serem reais, as raizes devem ser positivas

_ P± 7p2 - (P~3)-6P
0
p-3
A maior das raizes será positiva sempre que o denominador for positivo (ou
seja, sempre que p > 3). A nossa Condição I passa a estar um pouco mais
restrita e representada pela condição II:
18
3 <p <— (Condição II)
Para que a menor das raízes seja positiva, devemos ter o numerador I
positivo:

J
7 Resoluções Comentadas 281

P - \/p2 -(p-3).6p > 0 => P2 > p2 -(p-3).6p

=> P ÍP-3) > 0

Essa condição já é satisfeita pela Condição II. Ou seja, os valores de p que


tornam as raizes positivas e reais, são:

„ 18
3<P< 5

OBS: Uma outra saída (talvez mais rápida) seria impor a condição das raizes
serem positivas ao restringir que ambos o produto e soma das raizes da
equação do segundo grau devem ser positivos.

Exercício 4.38 P(x) = x4 -14.x2 + 24.x-k

Para que as 4 raizes sejam distintas, não deverá haver raizes duplas de P(x).
De acordo com o Resultado. 4.8.1, as possibilidades de raizes duplas são
raizes de P’(x).
P'(x) = 4.x3-28.x +24

Olhando para P'(x), logo salta aos olhos o fato de que os coeficientes do
polinòmio têm soma nula. Ou seja, x = 1 é raiz de P'(x). Uma simples redução
de grau pelo algoritmo de Briot-Ruffini nos dá as demais raizes do polinòmio.

P'(x) = 4.(x-1).(x-2).(x + 3)

As únicas possibilidades de raizes duplas seriam x = 1, x = 2, x = -3. Para


que não haja raizes duplas basta que P(x) não se anule para nenhum desses
três valores.

P(1) = 11-k*0 k*11


P(2) = 8-k#0 k*8
P(-3) =-117-k* 0 k* -117
Ou seja:
I k + -117, 8 . 11
282 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 4.39
Suponha P(x) de grau n com n+1 raízes distintas: ki, k2, ...kn*i da seguinte
forma: P(x) = an.xn+an_1.xn“1+... + a1.x +a0

Como k1t k2, ...kn-n são raízes:


,n-1
an.k" + an_,.k"-1 + ... + a,.ki +a0 = 0

ank2 + an^.kj 1 +... + a,.k2 + a0 = 0


. an.kj+an_1.k£ 1+... + a,.k3 + a0 = 0

an-kn+an-,.kj '+... +a,.kn+a0 =0


ank".i +a„_1-knn;; +... + a, .kn+1 + a0 = 0

Note que as equações acima constituem um sistema linear nas vanáveis:


an ■ an-v ■•.a1. a0
O sistema linear é um sistema homogêneo, o que nos leva a uma entre as
duas possibilidades: sistema possível e determinado (soluções todas nulas,
ou triviais), ou sistema possível e indeterminado. Para sabermos qual dentre
as duas possibilidades é verdade, verifiquemos o determinante principal da
matriz do sistema linear.

k? k^1 ... k, 1
kn
2
kj-1 k2 1
Det =

k„n kn kn 1
kn+1 k";l - kn+l 1 n-1 x n+1

Trata-se do Determinante de Vandermonde cujo resultado é conhecido:

Det = (k, -k2).(k, -k3)....(k1 -kn+1).(k2 ~k3).... = ^(kj -kj


li
Ora, mas as raízes sâo distintas, ou seja, o produtório do determinante é não
nulo. Ou seja, como o determinante principal é não nulo, o sistema linear
homogêneo é Possível e Determinado, e admite, portanto, somente a solução
trivial: an =an_, = ... = a, = a0 = 0 . P(x) é, portanto, necessariamente o
polinômio identicamente nulo.
Conclusão direta do resultado: Um polinômio com infinitas raizes reais só
pode ser o polinômio identicamente nulo.
7 Resoluções Comentadas 283

Exercício 4.40 Considere o polinômio: Q(x) = (x+ 1).P(x)-1 .

Como P(x) é de grau n - 1 , Q(x) é de grau n.

Note que: Q(k) = (k +1).^-1^-1 = 0 para k= 1,2, 3 n.

Ora, conhecemos todas as raízes de Q(x)! Podemos escrever Q(x) na forma


fatorada:
Q(x) = A.(x-1).(x-2)....(x-n)

onde A é uma constante a ser determinada.

Para determinar A, façamos x = -1 em Q(x) = (x + 1).P(x) -1 :

A.(-1 -1).(-1 - 2)....(-1 - n) = (-1 + 1).P(-1) -1


=> A.(-1)n. (n +1)1 =-1

=> A =
(-lf1
(n + 1)í
E com isso, podemos escrever:

nr
(n + 1)! '
(x-1).(x -2)....(x -n) = (x + 1).P(x)-1

Fazendo x = 0 na expressão acima:

(--r
(n + 1)! '
(0-1).(0-2)....(0-n) = (0+ 1).P(O)-1

(-1f1 (-1)n ,(n!) = P(0)-1


(n + 1)! '

L2n+1
= P(0)-1
n+1

P(°) = n +1
284 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 4.41 Sejam m, n, k as raizes da equação. Das relações de Girard,


segue:
m.n + n.k + m.k = 0
m.n.k = b > 0

Vamos abrir a análise em dois casos (a existência ou não de raizes


complexas). No primeiro caso, seja m uma raiz complexa. Como os
coeficientes são reais, de acordo com o Teorema 4.4.1, o seu conjugado
também é raiz (seja n esse conjugado). Logo:

b m, *
m.n.k = b m.m.k = b => |m|2.k = b => k = —5- e R.
|m|
Ou seja, nesse caso está provado que só existe um única raiz real positiva.
Vejamos agora o caso de raizes somente reais. Da condição m.n.k > 0,
sabemos que devemos ter ou as 3 positivas ou 2 negativas e uma positiva.
Se as 3 forem positivas, a condição m.n + n.k + m.k = 0 não é satisfeita,
portanto a única possibilidade é que sejam 2 raízes negativas e 1 positiva.

Em ambos os casos possíveis, ficou provado, portanto, que só existe uma


única raiz real positiva.

Exercício 4.42 Considere o polinômio genérico:

P(x) = a0 + a,.x + a2.x2 + ... + an.x"

Para um dado real a, tomemos x = x - a + a.


,2
P(x - a + a) = a0 + a,.(x - a + a) + a2.((x - a) + a an((x-a) + a)"

Note que no desenvolvimento aparecem vários binômios com parcelas (x - a)


e a. elevados a diferentes potências. O binômio de Newton nos garante que:
((x-a) + a)k = £al.(x-a)k‘'
j=0
Ou seja, cada parcela está desenvolvida em termos de potências de (x-a).
Consequentemente, temos que P(x) pode ser desenvolvido em potências de
(x - a). Ou ainda, podemos dizer que existem A0,A, An tais que, para um
dado a real:
P(x) = Ao + A1.(x-a) + A2.(x - a)2 + ... +An.(x -a)n
7 Resoluções Comentadas 285

Exercício 4.43 Aproveitando o resultado da solução do Exercício 4.24 no


qual determinamos todos os polinômios do 4o grau possíveis com a condição
P(x) = P (1 -x), temos:

P(x) = a.x4-2.a.x3 + c.x2 +(a-c).x + e aeR* , c.eeR

Como o coeficiente do quarto grau é unitário, temos a = 1.

De P(0) = 0 e P( -1 ) = 6 , segue:
I P(0) = O4 - 2.03 + c.O2 + (1 - c).O + e = 0 => e = 0
[P(-1) = (-1)4 - 2.(-1)3 + c. (-1)2 + (1 - c).(-1) = 6 => c = 2
Logo:
P(x) = x4-2.x3 +2.x2 -x

Exercício 4.44 Considere a expressão dada como sendo um polinômio do 3°


grau em x:
P(x) = x3 - (3.y.z) .x + (y3 + z3)

Note que x = - y - z é raiz do polinômio, pois:

P(-y - z) = (-y - z)3 - (3,y.z).(-y - z) + (y3 + z3)


= -(y3 + 3yz.(y + z) + z3)+ 3.y.z(y + z) + (y 3 + z3)
=0
Sabendo uma das raizes do polinômio, podemos reduzir o seu grau pelo
algoritmo de Briot-Ruffini:
1 0 -3.y.z y3 + z3

-y-z 1 -y-z y2 + z2 -y.z 0

P(X) = (x - (-y - z)).(x2 - (y + z).x + (y2 + z2 - yz))


= (x + y + z).(x2 - xy - xz + y2 + z2 - yz)

0 que nos leva ao resultado de fatoração bastante conhecido (e bastante


importante):

x3 + y3 + z3-3.x.y.z = (x + y + z).(x2 + y2 + z2 - xy - xz - yz)


286 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 4.45 Do resultado de 4.42 sabemos que qualquer polinômio pode


ser desenvolvido em série de potências de (x - a) para um dado a real.

P(x) = A0 + A1.(x-a) + A2.(x-a)2+... + An.(x-a)n (Eq. I)

Vamos determinar os coeficientes. Façamos x = a na Eq. I:

P(a) = Ao + A,.(a -a) + A2.(a-a)2 +... + An.(a -a)n => Ao = P(a)


' To '

Sabemos que um polinômio é uma função derivável em qualquer ponto real,


e em qualquer ordem. Derivando a Eq. I com relação a x:

P'(x) = A, +2.A2.(x-a) + 3.A3.(x-a)2... + n.An.(x-a)n-1(Eq. II)

razendo x = a agora na Eq. II:

P'(a) = A, + 2.A2.(a-a) + 3.A3.(a - a)2... + n.An.(a - a)' => A, = P'(a)

Derivando a Eq. II com relação a x:

P"(x) = 2.A2 + 3.2A3.(x - a) +... + n.(n - 1).An.(x - a)"~2 (Eq. III)

Fazendo x = a na Eq. III:

P"(a) = 2.A2 + 3.2A3.(a - a) +... + n.(n - 1).An.(a - a)n-2 => a2=^1


íó
Repetindo o processo, n vezes teremos os valores de todos os coeficientes.
p(k)
Ak = ------
k k!

Voltando na expressão inicial da equação I, temos que:

P(x) = P(a) + P'(a).(x-a) + ^^.(x-a)2+... + ^^.(x-a)n


7 Resoluções Comentadas 287

Exercício 4.46
Seja P(x) um polinômio genérico dado por:

P(x) = an.xn + an_,.xn-1 ... + a,.x + a0

Considere a divisão de P(x) por (x - a), dando o quociente Q(x) de grau n -1


e um resto r real:
Q(x) = qn.1.xn‘1+... + q1.x +q0
=> P(x) = (qn-vX”-1 +... + q,.x + q0 ).(x - a) + r

=> P(x)» qn.,.xn + (qn_2 - a.qn_,),xn‘1 +... + (q0 - a.q,).x + (-aq0 + r)

Da identidade acima, tiramos:


an = An-1 An-1 an
an-1 = An-2 - aAn-1 An-2 = an-1 + a-An-1
an-2 = dn-s - a qn.2 An-3 = an-2 + aAn-2

a2 = q,-a.q2 q1 — a2 + a.q2
a, = q0-a.q, => q0 = a, + a.q,
a0 =r-aclo r = a0 +a.q0

Note que o resultado destacado justifica exatamente a forma de como é


disposta o Algoritmo de Briot-Ruffíni.

Exercício 4.47 Utilizaremos o seguinte artificio:


“Se dois polinômios são tais que um divide o outro, então estes dois
polinômios são iguais!".

Da definição de divisão, temos que:


M(x) = N(x).Q(x) + R(x) => R(x) = M(x)-N(x).Q(x) (Eq. I)
Chamemos de A(x), o MDC entre M e N, e B(x) o MDC entre N e R.

Da definição de MDC, sabemos que A(x) divide M(x). Portanto, podemos


dizer que existe um polinômio D1(x) tal que:
M(x) = A(x).D,(x) (Eq. II)
Analogamente, como A(x) divide N(x), existe D2(x) tal que:
N(x) = A(x).D2(x) (Eq. III)
288 Matemática em Nível IME/ITA

Substituindo as equações II e III na equação I, segue:


R(x) = A(x).D,(x)-A(x).D2(x).Q(x) = A(x).[D,(x)-D2(x).Q(x)] (Eq IV)

Da equação IV, segue que A(x) divide também R(x). Mas como A(x) divide
N(x) e R(x), teremos que A(x) dividirá o MDC entre N e R (isto é, A(x) divide
B(x)).
Além disso, analogamente ao que fizemos para A(x), faremos para B(x):

N(x) = B(x).D4(x) (Eq. V)


R(x) = B(x).D5(x) (Eq. VI)

Substituindo as Eqs. V e VI em I, segue:


B(x).D5(x) = M(x)-B(x).D4(x).Q(x) => M(x) = B(x).(D5(x) + D4(x).Q(x))

(Eq VII)
Segue, da equação VII que B(x) divide M(x). Mas como B(x) divide N(x),
segue que B(x) divide o MDC de M e N, isto é, A(x).

Se A(x) divide B(x) e B(x) divide A(x), segue que: A(x) = B(x), ou seja:

MDC [M , N] = MDC [N, R]


OBS: O Algoritmo de determinação do MDC se vale desta propriedade.
Dados dois polinômios M e N, começa a busca pelo seu MDC dividindo M por
N; em seguida, divide-se N pelo resto R da primeira divisão (o MDC entre
esses dois polinômios é o mesmo MDC procurado), e assim sucessivamente.
Se em alguma dessas divisões sucessivas encontrarmos um resto nulo,
encontramos o maior divisor comum do ultimo par da divisão, que, de acordo
com o que acabamos de provar é justamente MDC[M,N],

Exercício 4.48 Seja P(x) um polinômio genérico de grau finito n. Vejamos


como P(x) se comporta para alguns pequenos valores inteiros.
Fazendo x = 1:
P(12 + 1) = (P(1))2+1 P(2) = 2
Conhecendo, P (2), façamos x = 2:
P(22 +1) = (P(2))2 +1 = 22 + 1 => P(5) = 5

Conhecendo P(5), façamos x = 5:


P(52 +1) = (P(5))2 +1 = 52 + 1 => P(26) = 26
7 Resoluções Comentadas 289

Epa! Você também notou que, se continuarmos nessa lógica, encontraremos


infinitos valores inteiros do tipo k, para os quais P(k) = k?
Ou ainda, se definirmos Q(x) = P(x) - x, existem infinitos valores raizes
inteiras k de Q(x). Ora, mas se P(x) é de grau n finito, Q(x) também será.
É possivel achar mais de n raizes inteiras para Q(x) qualquer que seja n
inteiro, repetindo o processo abaixo n + 1 vezes. Do resultado da questão
4.39, segue que Q(x) é o polinômio identicamente nulo!
Q(x) = P(x) - x a 0 => | P(x) = x

Exercício 4.49 Começaremos atacando este difícil problema, notando o que


acontece ao substituirmos alguns valores de x.
P(x2) + P(x).P(x + 1) = 0
(Eq. I)
Por exemplo, para x = 0:
P(0) = 0
P(0) + P(0)P(1) = 0 ou
P(1) = -1
De cara, parece que descobrimos algo de importante. Ou x = 0 é
necessariamente raiz do polinômio, ou P(1) será -1 (ou até mesmo ambos
podem ser verdade!). Suponhamos x = 0 como raiz, por enquanto.
Fazendo x = -1 na Eq. I.
P(1) + P(-1).P(0) = 0 = P(1) = 0
=0
Ou seja, o fato de x = 0 ser raiz, implica que x = 1 é raiz também! Será que o
fato de x = 1 ser raiz implica em conhecermos alguma outra raiz?

Fazendo x = 1 na Eq. I.
P(1) + P(1).P(2) = 0 => 0 + 0 = 0

Nenhuma informação interessante saiu dai. Vamos ter que nos contentar
com a única conclusão de que "0 ser raiz implica 1 ser raiz” .

Repare quantas consequências teremos se x = 0 for raiz. Ja concluímos que,


se x = 0 é raiz, então 1 é raiz. Vamos buscar outras raizes do polinômio. Seja
k complexo (podendo ou não ser real), diferente de 0 e diferente de 1 uma
raiz de P(x). Ou seja, tome k complexo tal que P(k) = 0:
P(k2) =-P(k).P(k +1) = 0 => P(k2) = 0
=o
290 Matemática em Nível IME/ITA

Concluímos que o fato de k ser raiz, implica k2 ser raiz também! Ora. mas se
k2 é raiz, então, pela mesma razão mostrada, (k2)2 será raiz, e assim em
diante. De modo que, se as potências k2, k4, k8 forem diferentes uma das
outras, implicará que P(x) tem infinitas raízes!
Vimos no exercício anterior que um polinômio com infinitas raizes é o
polinômio identicamente nulo. Como procuramos polinômios diferentes do
polinômio nulo, a menos que as potências k2, k4, k8 sejam iguais, não
poderemos ter k como raiz de P(x). Ou seja, para que k complexo seja raiz
de P(x), não identicamente nulo, devemos ter:
k2 =k4 =k8 = ....
Note que isso acontece nos casos da raiz que supomos como verdadeira
(x = 0), e também para x = 1 (que deverá ser raiz se 0 é raiz) O único outro
número complexo que poderia atender à condição é o complexo k = -1, uma
vez que, para este complexo,
k2 = k4 =k8 = ....

Mas é facil ver que x = -1 não pode ser raiz de P(x). Façamos x = -2 na
expressão da Eq. I:
P(4) + P(-2).P(-1) = 0

Isso mostra que, se -1 é raiz, então 4 é raiz. Se 4 é raiz, então 16 é raiz, e


por aí segue novamente o problema das infinitas raizes.
Com uma simples análise, descobrimos que P(x) pode ter somente 1 e 0
como raízes. P(x) pode, portanto, ser da forma:
P(x) = a.xm.(x-1)n
onde a, m, n são constantes. Lembre-se de que não provamos ainda que
x = 0 é raiz (apenas nós supomos como verdade e concluímos algumas
consequências interessantes). O polinômio acima é apenas uma proposta de
solução. Para verificarmos se o polinômio proposto serve à equação I,
substituiremos o mesmo na equação:

P(x2) + P(x).P(x + 1) = 0
=> a.x2m .(x2 -1)n + a.xm.(x -l)n.a.(x + 1)m.(x)n = 0

= a.xm.xm (x-1)n.(x + 1)n + a2.xm.(x-1)n .(x + 1)m.(x)n = 0


=> a.xm.(x-1)n.^xm.(x + 1)n +a.(x + 1)m.xnl = 0

=> [xm.(x + 1)n +a.(x + 1)m.xn j = 0

Ia-1
[m = n
7 Resoluções Comentadas 291

0 polinõmio P(x) proposto satisfaz Eq. I. Ou seja, x = 0 é raiz desde que x = 1


é raiz com a mesma multiplicidade, e o coeficiente de maior grau seja -1.

P(x) = -xn.(x-1)n

| Soluções - Capítulo 5

Exercício 5.1
De acordo com o Resultado 5.2.2, uma equação recíproca de 2a Espécie terá
grau par somente quando 1 e -1 forem raizes. O resultado 5.2.1 garante que
uma equação reciproca de 2a espécie tem sempre a raiz 1.

Ou seja, a partir da equação recíproca de 2a espécie de grau impar genérica


abaixo, para se obter uma equação de segunda espécie de grau par,
devemos acrescentar a raiz -1 (multiplicar pelo fator (x + 1) ).
aoxn +a1xn’1 + ... + akxJ -akxi-1 + ...-a,x-a0

Multiplicando por (x + 1):


(aoxn +a,xn'1 + ... + akx' -akxi-1 - a,x - a0).(x +1) = 0

: n+1 ta^" +... + akxi+1 -akxj -.... -a,x2 -aox) +


=> (ao,x

+ (aoxn + a,x':n-1+... + akxi-akxJ’1 -....-a,x-a0) = 0

=> aoxn*1 +(a1 + a0).xn +... + (ak -ak).xJ-....-(a, + a0). x-a0 = 0


A tÇ ío —b,| bo

Note que o termo central sempre se anulará.

Exercício 5.2 Recorrendo ao método de resolução de equações recíprocas,


pelo Algoritmo de Briot-Ruffini, primeiro retiraremos as raizes 1 e -1,
resultando na seguinte equação:
P(x) = (x + 1).(x - 1).(x4 + 2.x3 + (1 + a).x2 + 2.x +1)

As demais raizes virão de:


x4 +2.X3 + (1 + a).x2 + 2.x + 1 = 0
292 Matemática em Nível IME/ITA

F Dividindo a equação pelo expoente de x do termo central e agrupando:

X2 1
- I + (1 + a}=0
x2 x)
1
Fazendo a mudança de variáveis: x + - = y

=> y2-2 + 2.y + (1.+ a) = 0


=> y2 + 2.y + (a-1) = 0

= 2
As soluções em y e x devem ser reais:
Ay = 2 - a > 0 => a < 2 (Condição I)
Voltando na variável x:
1
x+- = y => x2-y.x + 1=0 => Ax =y2-4 > 0 (Condição II)
x

Da solução em y e da condição II vem:


(-1 + 72-a)2 -4 > 0 => 1 ± 2.72-a + 2-a-4 > 0

=> ± 2.72-a > a +1


=> -2.72-a > a + 1 (Condição III)

I A igualdade na inequação da condição III ocorre quando:


I -2.72-a = a + 1 => 8-4a = a2 + 2a + 1
=>a2 + 6a-7 = 0
=> a = 1 ou a = -7

f. Na verdade, a = 1 é uma solução falsa criada quando elevamos a equação


; ao quadrado. Veja:-2.72-a| ^=-2 * (a + 1)|a i = 2

Ou seja, a igualdade da condição III ocorre somente para a = - 7. Para os


demais valores de a temos:

[-2.72 — 8 > a +1 se a <-7


[-2.72-a <a+1 , se a >-7

i Resumindo, o valor de a que atende às condições vistas é:


7 Resoluções Comentadas 293

Exercício 5.3 Da hipótese, sabemos que p/q é raiz de P(x). Podemos


escrever P(x) na seguinte forma.

P(x) = a„..^x-HJq(x)

(Eq. I)

Ou ainda: P(x) = -^ ,(p-q.x).Q(x)

Sabemos que, do Teorema 5.1.1, q deve dividir o termo an. Em outras


palavras, o termo an/q é inteiro.

Fazendo x = m na Equação I: P(m) = - — .(p-m.q).Q(m)


q

0 que nos leva a conclusão de que:


P(m) = [-—|.Q(m) e Z
(p-m.q)
e7
Ou seja, (p - m.q) divide P(m).

Exercício 5.4 Sejam m, n, p, q as raízes da equação, com: m + n = p + q.

Das relações de Girard, temos que:


ÍSg = (m + n) + (p + q) = -a
J Sq = mn + mp + mq + np + nq + pq = b

Sg = mnp + mnq + mpq + npq = -c

Mexendo um pouquinho nas equações chegamos a:


a
m+n=p+q=

(m + n).(p + q) = mp + mq + np + nq
= b-(mn + pq)
mnp + mnq + mpq + npq = mn.(p + q) + pq.(m + n)
a ,
= -—.(mn + pq)
294 Matemática em Nível IME/ITA

Juntando as informações acima, chega-se a:

b = (“iX” + -(a/2)
=> 4.a.b = a3 + 8c

+e a3 ab
------- + c = 0
~8~ 2
(Eq. I)

Para determinarmos a equação transformada, recorremos ao algoritmo.

1 a b c d

- a/4 1 3a/4 -3a2/16 + b 3a3/64 - ab/4+c -3a“/256 + a2b/16 - ac/4 +d


I a3/8 - ab/2+c
-a/4 1 2a/4 -5a2/16 + b

-a/4 1 a/4 -3a2/8 + b


-a/4
1 I 0
Equação transformada:

y
4 2 (
:y2'
3.a2
8 £ ab 3a4 b.a2
- — + d =0
8 T 256 4

Note que, da Eq. I mostrada, o coeficiente d y é nulo, e com isso, a equação


é biquadrada!

Exercício 5.5 Note que:

1 1 1 1 1 1
(m-2)2 + + (P-2)2
m2 -4m + 4 n2 - 4n + 4 p2 - 4p + 4 (n-2)2

Fazendo a transformada y = x - 2, teremos como resultado uma equação


com raizes m' , n’, p', tais que: m' = m-2; n' = n-2; p' = p- 2 .No fundo,
portanto, o problema pede a soma dos inversos dos quadrados das raizes da
nova equação transformada.

Façamos a transformação utilizando o Algoritmo para Transformadas


Aditivas:
7 Resoluções Comentadas 295

1 2 15 47
2 1 4 23 93
2 1 6 35
2
1

Equação Transformada: y3 + 8.y2 + 35.y + 93 = 0

Escrevamos agora as Somas de Newton para a equação acima, sendo m', n’,
p' as suas raízes.

S,’ = m'+ n'+ p' = Sq = -8


Sõ = m,0+n'°+p'° =1 + 1 + 1 = 3

_1_ _1_ n'.p'+ m'.p'+ m'.n' S| _ 35


n' P' m'.n'.p' sà " -93
Do Teorema de Newton (Resultado 4.5.1):
Sj + 8.S0 + 35.S1, +93.S12 = 0
35
=>-8 + 8.3-35.— + 93.S', =0
93 "2
=>s- 2 - 8649
263
d
_1_ 1 1 1 1 263
Com isso: S’’2, =-----
m'2
n'2 P'2 (m-2)2 (n-2)2 (P-2)2 8649

1 1 1 263
m2 - 4m + 4 n2 - 4n + 4 p2-4p + 4 8649

OBS: Não estranhe uma soma de quadrados perfeitos dar negativos.


Lembre-se que m, n, p podem ser complexos!

Exercício 5.6 Seja y = x/k a transformada multiplicativa, onde k é a constante


a ser determinada.
(k.y)’-5.(ky) + 1O = O => y2 - y. A + 1£ = o
296 Matemática em Nível IME/ITA

Da comparação com a 2a equação, segue:

— = 80
y3 - ys y3 - 8°.y + 640 k2 = k=l
4
— = 640
k3

Transformada usada: y = 4.x

Exercício 5.7
2 , 2 2 2
1
l. n+4
Jx
x+— I +|x2 + X2
x3 + — I =2n
X x3. xn.
J_
x2 +2 + X2 x4+2 + ± x6 + 2 + 4- j + ... + ^x2n
X x6

(x2 + x4 + X6 +...+ x,2n


: (x2 + x4+’"+x:

—-1^
x2n -1
x2. + =0
x2 - 1 X2' 1
-1
X2

x2n — 1 1 x2n — 1
=0
x2 -1 x2n x2 -1

í x2n“1'l ( x2--^-'l = °
( X2-1 x2n J
(x2n-l).(x2n*2 -l) = 0 , x *0, ±1
Com isso, temos:
x2n = 1
ou , x *0, ±1
x,2n+2 _
Extraindo as raizes da unidade:

x e jcis[ 2,k.7t . ( k.n


ou cis ------ , keZ - {0.-1.1}
n \n +1;
7 Resoluções Comentadas 297

Exercício 5.8 O enunciado nos dá n pontos pelo qual o polinõmio P(x), de


grau n-1, deve passar, uma vez que:
P(k) = r^ ■
k = 1,2,3 n
k +1

O Teorema 5.4.1 nos garante que esse polinõmio existe. Utilizaremos a


expressão de Lagrange para montar o polinõmio.

O Polinõmio P(x) montado pelo raciocínio de Lagrange, fica:


p(x) = Èrri7aK(x)
k-11 +K

Onde os coeficientes de Lagrange são dados por:


(x-1).(x-2)....(x-(k-1)).(x-(k + 1))....(x-n)
ak(x) =
(k-1).(k-2) (k-(k-1)).(k-(k + 1)),...(k-n)

Como o problema nos pede P(0), convém determinar cada coeficiente de


Lagrange avaliado em x = 0:
' . (0 -1)-(0 - 2)....(0 - (k-1)).(0-(k +1)).,.,(0-n)

k (k-1).(k-2) (k-(k-1)).(k-(k + 1))....(k-n)

A principio a fração acima parece “assustadora''. Vamos arrumar ela um


pouquinho.
(-1).(-2).-(-(k-1)).(-(k+1))-.(-n)
ak(0) =
[(k-1).(k-2)....(1)].[(-1)... (-(n~k))]

("-MO
t ^\n—1—n->-k *
(-1) n!
k.(k-1)!.(n-k)l
.k-r n!
= (-1)
’ k!.(n -k)l

= (~1) k-’.cí
298 Matemática em Nível IME/ITA

Olha só! O que parecia "assustador” começa a parecer “familiar”. Com os


coeficientes avaliados em x = 0 calculados, temos que P(0) vale:

n rk u 1
£1 Cn Cn A-1 Cn
' 1+n
k.i1 + K 2 3 2

Ora. mas quem estudou direitinho a parte de Complexos do livro está


lembrado que já nos deparamos com somatórios deste tipo.

Se você voltar aos exercícios já resolvidos do Capitulo 3, verá que, inclusive,


já calculamos essa mesma soma no Exercício 3.12 (expressão (I)):

çl 2l+_ , Cn-Hr1 = 1-—


2 3 T "■ n+1 n +1
Logo:

n+1

yiuito interessante, não?

Exercício 5.9
Do Exercício 4.42, sabemos que um polinômio qualquer pode ser escrito em
termos de potências de (x - a).
P(x) = Ao + A1.(x-a) + A2.(x-a)2 +... + An.(x-a)n

Os coeficientes AO, A1 An nada mais são do que os restos nas


sucessivas divisões de P(x) por (x - a). Aproveitando o algoritmo de Briot-
Ruffini, justifica-se a origem do algoritmo para as transformadas aditivas
mencionado na seção 5.3

Exercício 5.10
De acordo com o Resultado 5.2.2 toda equação reciproca de grau par e 2a
espécie possui 1 e -1 como raízes. Como todos os coeficientes da equação
são reais, pelo Teorema 4.4.1, se i é raiz, - i também será. Ou seja, já
conhecemos 4 das 6 raízes da equação.

P(x) = (x-1).(x + 1).(x- i).(x + i).(a.x2+ b.x + c)


= (x4 -l).(a.x2 + b.x + c)

= a.x6 + b.x5 + c.x4 - a.x2 - b.x - c


7 Resoluções Comentadas 299

Para que a equação seja reciproca de 2a espécie, os coeficientes simétricos


devem ser iguais em módulo e com sinais contrários, de tal modo que:

P(x) = a.x6 + b.x5 + a.x4 - a.x2 - b.x - a

Do enunciado, P(2) = -105/8 e P(-2) = 255/8:

105
P(2) = 64a + 32b + 16a - 4a - 2b - a = 75.a + 30 b = - .-. 5.a + 2.b = --
8 8
255
P(—2) = 64a - 32b + 16a - 4a + 2b - a = 75.a - 3O.b = — .-. 5,a-2.b = —
8

Resolvendo, chegamos a: a = 1/8 e b = -3/4. A soma das raízes é dada


(Relação de Girard) -b/a = 6.

Soma das raizes = 6

Exercício 5.11
Como a equação é recíproca de 1a Espécie, os coeficientes simétricos devem
ser iguais. Além disso, como 1 é raiz, a soma dos coeficientes é nula.
Portanto:
a+c+2=a+b+4
b + 3c + 1 = c- a
(a + c + 2) + (b + 3c + 1) + (c - a) + (a + b + 4) = 0

Resolvendo o sistema, chegamos a: a = 4 , b = -3 e c = -1. Logo, o produto


a b.c vale 12.

| abc = 12 ]

Exercício 5.12 1 + z + z2 + z3 + z4 = 0

A equação já é uma equação recíproca reduzida, pois não possui 1 e -1


como raizes. Aplicando o método de resolução de equações reciprocas:

a-Z2 1
0
z2
300 Matemática em Nível IME/ITA

1 +Z=y
U
=> (y2 - 2) + (y) +1 = 0

y2 + y-1 = 0
±75-1 = —1 + z
y = -^- z
±75-1
Sendo w = , teremos:
2
z2 - w.z +1 = 0 (Eq. I)

w ± 7w2-4
z =--------------
2
Verifiquemos o sinal de w2 - 4 :
2
±75-1 -5 + 75
w2 - 4 = -4 = <0
2 2

u seja, todas as raizes serão complexas! Portanto a afirmativa I é falsa.

Analisando a equação I, vemos que, pela Relação de Girard, que o produto


das raízes é 1 para cada um dos dois valores de w. Como cada valor de w
representa um par de raizes complexas conjugadas, temos que os produtos
dos dois pares vale 1 cada. Lembrando que o produto de dois números
complexos conjugados é o quadrado do seu módulo, conclui-se que o módulo
de todas as raizes é 1.

Z1Z2 _ z1z1 - |zt| “


Izt| - lZ21 - |Z31 — |Z4 | 1
Z3Z4 = Z3Z3 = lz3|2 = 1

Ou seja, a afirmativa II também é falsa. Utilizando o mesmo argumento da


resolução do Exercício 1.20 para a afirmativa III vemos que a mesma é
verdadeira.

Exercício 5.13
Como os coeficientes da equação são reais, se temos uma raiz complexa,
seu conjugado também é raiz (Teorema 4.4.1). Ou seja, já conhecemos duas
das raizes do polinômio:
1 i
—±—
2 2
7 Resoluções Comentadas 301

O Teorema 5.1.1 garante, que se soluções racionais existem, então elas


devem ser: ±1/2 ou ±1 . O enunciado diz que a equação possui duas raizes
inteiras distintas. Ou seja, 1 e -1 devem obrigatoriamente ser raizes também.

Conhecemos todas as raizes do polinômio:

2.x4 + a.x3 + b.x2 + c.x -1 = 2.Í x -


k 2 x-V](x-1)(x+1)
=2.(x2-x + 1).(x2-1)

= 2.x4-2.x3 - x2 + 2.x-1

Ou seja: a = -2 , b = -1, c = 2 max(a,b,c) = c = 2

Exercício 5.14
De acordo com o Resultado 5.3.1, o valor da constante da transformada
aditiva que eliminará o termo do 3° grau de P(x) será raiz da 3a derivada de
P(x).
P(x) = x4 + a.x3 + b.x2 + c.x + d => P'(x) = 4.x3+ 3.a.x2 + 2.b.x+ c
P"(x) = 12.x2+6.a.x + 2.b
x±> P'"(x) = 24.x + 6.a
6a a
A constante da transformada aditiva será a raiz de P"'(x): a =
24 4
Utilizando o Algoritmo para Transformadas Aditivas:

1 a b c d
-a/4 1 3a/4

-a/4 1 a/2
-a/4 1 a/4
-a/4
1 I 0

Chegamos à seguinte equação, após a transformação: t = x - a:

t4 + p.t2 + q.t + r = 0
302 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 5.15 t4 +p.t2 +q.t + r = 0

Começando do lado esquerdo da equação a ser demonstrada:


(t2 + p)2 = t4 + 2.p. t2 + p2 = (t4 + p.t2 ) + (p.t2 + p2)

Mas da equação original, temos que: t4 +p.t2 = —q.t — r


Logo: (t2 + pj2 = (-qt-r) + (p.t2 + p2) = p.t2 -q.t-r + p2

Exercício 5.16
Queremos mostrar que, para um y qualquer:
(t2 + p + y)2 = (p + 2y) .t2 - q.t + (p2 - r + 2py + y2)

Começando pelo lado esquerdo da equação:


(t2 + p+ y)2 = (t2 + p)2 + 2.y.(t2+ p) + y2

= p.t2 - q.t - r + p2 + 2y.(t2 + p) + y2


= (p + 2y).t2 - q.t+(p2 - r + 2.p.y + y2)

Como y é um valor arbitrário, vamos escolher y tal que o lado direito da


equação seja um quadrado perfeito. Note que a parte direita da equação é
um polinômio do 2o grau em t. Para que seja um quadrado perfeito, a
equação do segundo grau em t deve ter raiz dupla (ou ainda, o determinante
da solução de Báskara deve ser nulo).
q2 - 4. (p + 2y}. (p2 - r + 2py + y2) = 0
=> q2 - 4p3 + 4pr - 8.p2y - 4.p.y2 - 8.p2y + 8.y.r -16p.y2 - 8.y3 = 0
=> (q2-4.p3 + 4.p.r) + y.(-16,p2 + 8.r) + y2.(-20.p) + y3.(-8) = 0

Exercício 5.17
Olhando a solução do Exercício 5.15, podemos escolher y tal que a
expressão abaixo seja uma igualdade de quadrados perfeitos:

(t2 + p + y)2 = (p + 2y).t2 - q.t + (p2 - r + 2py + y2) (Eq. I)

Para isso, basta resolvermos a equação do 3o grau em y:


(q2 - 4.p3 + 4.p.r) + y,(-16,p2+ 8.r) + y2.(-20.p) + y3. (-8) = 0

__ J
7 Resoluções Comentadas 303

Para isso, pode-se aplicar, por exemplo, o Método de Cardano (conhecido


para a resolução de equações cúbicas).
A igualdade de quadrados perfeitos da eq.l, ao se extrair a raiz quadrada em
ambos os membros, torna-se duas equações do 2° grau (facilmente
resolviveis em t). Conhecendo a solução em t, a solução em x é dada por:
X=t+a

| Soluções - Capítulo 6

Exercício 6.1 A primeira condição a ser imposta é que a equação do 2o grau


dada tenha 2 rizes reais distintas:

A>0 4 - 4.(2m).(-3m-2) > 0 1 + 6m2 + 4m > 0

Porém, é fácil ver de acordo com o Resultado 6.2.3 que a desigualdade é


sempre satisfeita, pois a equação do 2o grau em m é sempre positiva (possui
determinante sempre negativo)!
0 problema pede que x = 1 esteja entre as raizes. Recorrendo ao Resultado
6.2.4, a condição para que isto ocorra é:
(2m).(2m - 2 - 3m - 2) < 0
o m.(m + 4)>0
<=> m < -4 ou m > 0
Ou seja, os valores de m que atendem às condições do problema são:
m < -4 ou m > 0

Exercício 6.2
Aplicando diretamente o Resultado 6.2.4, para que x = 1 esteja entre as
raizes, devemos ter:
a.f(1) <0
a .(a+b + c)<0
>o
a -i- b + c < 0

Resposta: Opção (b)


OBS: Se você estiver se questionando a respeito da questão acima ser “fácil
demais", peço que se pergunte se acharia o mesmo antes de ter estudado o
Resultado 6.2.4. © É ai que está o poder do resultado © !
304 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 6.3
A primeira restrição é que a equação do 2° grau tenha duas raízes reais
distintas:
A>0 <=> 4m2-4(m - 2).(2m - 3) > 0 <=>m2-7m + 6<0
<=> (m-1).(m-6) <0
<•_> 1<m<6 (Condição I)

Além disso, para que -1 < x, < 4 < x?, devemos ter 4 entre as raízes e -1
fora das raizes. Do Resultado 6.2.4, segue a condição:
a.f(-1) > 0
a.f(4) < 0

(m-2).((m-2) + 2m + 2m-3) > 0


e
(m-2).(16.(m-2)-8m + 2m-3) <0

5.(m-2).(m-1) > 0 m < 1 ou m > 2


e e
5(m - 2).(2m - 7) < 0 „ 7
2<m<—
2
7
2<m (Condição II)
2

Fazendo a interseção entre as condições I e II, chegamos aos valores de m


que atendem às condições do problema:
2<m< —
2

Exercício 6.4

f(x) = —— + —— + —-— = 0 o
x-a x-b x-c
P(x) = (x-b).(x-c) + (x-a).(x-c) + (x-a).(x-b) = O
x #a, b, c

Como a, b, c não são raizes de P(x), é fácil perceber que todas as raízes de
f(x) são raizes de P(x), e vice-versa. O problema passa a ser o mesmo, só
que com a função P(x) a ser analisada no lugar de f(x). Como P(x) é um
polinômio, o problema tornou-se um pouco mais fácil I
7 Resoluções Comentadas 305

Queremos provar que: a < Xi < b < x2 < c. Aplicaremos a Extensão do


Teorema de Bolzano (Resultado 6.3.2) a seguir. Note que, como a < b < c:
P(a) = (a -b).(a -c) > 0
<o <o
P(b) = (b-a).(b-c) <0
'-------- v--------' * V z
>0 <0
P(c) = (c-a).(c- b) > 0
>0 >0

Logo. P(a) e P(b) têm sinais contrários, bem como acontece no par P(b) e
P(c). Pela Extensão do Teorema de Bolzano, existe um número impar de
raizes reais em (a.b) e um número impar de raizes reais em (b,c). Como os
intervalos (a.b) e (b.c) são disjuntos, e P(x) só possui no máximo 2 raizes
reais distintas, uma delas está em (a.b) e a outra em (b.c).
Note que P(a) e P(c) têm sinais iguais, o que garante que um número par de
raizes reais existe em (a.c), reafirmando a existência de duas raizes distintas.

Exercício 6.5
Como os coeficientes são inteiros, do Resultado 4.4.1, se z é a raiz
complexa, o conjugado de z também será raiz. O enunciado diz que há uma
raiz real k. Ou seja, a priori, conhecemos a existência de 3 raizes de P(x).

P(0) = 1
Note que: P(0).P(1) > 0
P(1)>0
Com isso, segue, da Extensão do Teorema de Bolzano (Resultado 6.3.2) que
existe um número par de raizes reais em [0. 1] ou zero raizes (ou ainda em
(0,1) uma vez que x = 0 e x = 1 não são raizes)

Analisemos as afirmações:
i) (VERDADEIRA) Se k é racional, do Teorema 5.1.1, k deve ser do tipo p/q
onde p divide o termo independente 1, e q divide o termo de maior grau, 1. As
possibilidades para k são ±1. Como P(1) > 0. segue que k deve ser -1.
ii) (FALSA) Se k real pertence a (0.1), como devemos ter um número par de
raizes reais em (0,1), há no minimo uma segunda raiz real nesse intervalo.
Sob essa hipótese, há no mínimo 4 raizes de P(x), e com isso n > 4
306 Matemática em Nível IME/ITA

iii) (VERDADEIRA). Para que exista q(x) tal que P(x) = Q(x).(x-1),
P(x) deveria ser divisível por x-1, o que acarretaria em P(1) = 0. Porém,
sabemos que P(1) > 0. Logo não é possível existir q(x) sob as condições
especificadas.
iv) (VERDADEIRA). Conforme já foi dito, o número de raizes reais em [0,1] é
par.
v) (VERDADEIRA). Apenas a afirmação (ii) é falsa.

Exercício 6.6 Seja P(x) = x3-3.x2-9x +b


Resolveremos a questão graficamente. Vamos analisar o gráfico de P(x) para
diferentes valores de b.
P'(x) = 3x2-6.x-9 = 3.(x2-2x-3) = 3.(x + 1).(x-3)
Os valores de x que anulam P'(x) são x = -1 e x = 3 (pontos críticos de P(x)).
P"(x) = 6.x-6
Note que P”(x) < 0 para x < 1 e, P”(x) > 0 para x > 1. Ou seja, P(x) tem
concavidade para baixo para x < 1 e concavidade para cima para x > 1.

Pelo teste da 2a derivada (Resultado Apêndice.6) como P"(-1) < 0 e


P"(3) > 0, temos que x = -1 é um ponto de máximo e x = 3 é um ponto de
mínimo. O ponto x = 1 é onde a concavidade da função muda ( é um ponto
de inflexão de P(x) ).
Além disso, a medida que x diminui indefinidamente até o infinito negativo, a
função vai ficando cada vez mais negativa, e à medida que x aumenta
indefinidamente até o infinito positivo, a função vai ficando cada vez mais
positiva.
A única coisa que falta para determinarmos o gráfico é o valor de b. Com as
informações que temos até agora, temos as seguintes possibilidades de
esboços:

7
/

Fig. Ex-6. 6
7 Resoluções Comentadas 307

Dentre as possibilidades, a única na qual teremos 3 raizes distintas é o caso


em que o máximo em x = -1 é positivo e o minimo em x = 3 é negativo.
P(-1) > 0
Ou seja, devemos restringir que:
P(3) < 0
Da condição mencionada, segue:
(P(-1)>0 =■ -1-3+9+b>0 => b >-5
(P(3) < 0 => 27-27-27+ b<0 => b < 27
Ou seja:
-5 < b < 27

Exercício 6.7 Note que as potências de x formam uma soma de PG.


Podemos simplificar a equação para buscar saber mais sobre as raízes de
P(x).
x5 - X
x + x2 + x3 + x4 -500 = 0 => = 500
X —1
=> x5 -x = 500.(x-1) , x í1
=. x5 =501x-500 , x*1
Como queremos saber o número de raízes reais, basta sabermos er,
quantos pontos as funções f(x) = x5 e g(x) = 501.x - 500 se cruzam
(desconsiderando o cruzamento em x = 1). Veja a figura (a escala não foi
mantida para a melhor visualização)

Fig. Ex-6. 7
308 Matemática em Nível IME/ITA

Após o cruzamento em x = 1, como a função polinomial f(x) de 5° grau cresce


mais rápido que a equação do 1o grau g(x), é fácil ver que haverá mais um
cruzamento para x positivo e outro cruzamento pra x negativo. Como
estamos descartando a raiz x = 1 (que não é raiz da equação original),
sabemos que há exatamente duas raízes reais para a equação .

Exercício 6.8 Sabemos que o resto da divisão de um polinõmio por um outro


de grau 2 é no máximo de grau 1.

P(x) = [x~£|(x -1).Q(x) + (a.x + b)


Do gráfico temos que: P(1/2) = 1/8 e P(1) = 0.

p(11 = —
a + lb. = 1
- 1
12 ) 2 8 a =— b=—
4 4
P(1) = a + b = 0

Com isso: R(x) = -^ 2


4

Exercício 6.9
P(x) = x3 - 4.x +1 => P'(x) = 3.x2-4 =>P"(x) = 6.x
Achando os pontos críticos:
2x/3
P'(x) = 0 <=> 3.x2-4 = 0 «=> x = ±——
3
Concavidade:
|P"(x)>0 <=> x>0 (concavidade para cima)
lP"(x)<0 <=> x < 0 (concavidade para baixo)

Logo o ponto crítico em x = -2-13/3 é ponto de máximo e em x = 2^3/3 é


de mínimo. O ponto x = 0 é o ponto de mudança de concavidade (ponto de
inflexão).
16^3 + 9
P >0
9

P f 2 ^3 -16V3 +9
<0
3 9
7 Resoluções Comentadas 309

Os limites no infinito são: lim P(x) = +00 e lim P(x) = -co

Como reforço para o nosso gráfico, note que: P(-2) = P(2) = P (0) = 1

Já dá pra fazer um esboço do gráfico:

2V3
x - --------
3
4

0 ■4
-4 -2 2 6

</ 2J3
x =----
3

Fig. Ex-6. 9

O Teorema de Bolzano garante que as raizes estão cada uma nos seguintes
intervalos:
2V3 2
(-3,-2) ; (0 , 1) ; 3 ’

OBS: Se quiséssemos determinar exatamente as raizes, poderiamos


recorrer ao Método de Cardano.

Exercício 6.10
M(x) é construido somando 1 ao polinômio P(x). Isso translada o polnômio
uma unidade para cima
310 Matemática em Nível IME/ITA

p2 0 7

Fig. Ex-6. 10. a

N(x) é construído multiplicando P(x) por 3. Todos os pontos de P(x) têm sua
ordenada triplicada (é como se “esticássemos" verticalmente o gráfico). O
gráfico é representado a seguir:

12
10

8
6

4
2

c 2 4 6

Fig. Ex-6. 10.b


7 Resoluções Comentadas 311

Q(x) é constrúido somando 3 ao argumento de P(x). Com isso, estamos


transladando o gráfico 3 unidades para a esquerda.

-6 -2 0 7 4

Fig. Ex-6. 1O.c

Finalmente, o gráfico de P'(x) pode ser construído diretamente a partir do


gráfico de P(x). Os pontos onde P(x) é crescente, serão os pontos onde P’(x)
ê positivo. Os pontos criticos de P(x) serão as raízes de P'(x).

4
\

4 V7I
\
\ 2

-6 -4 "õr 4 6

I
Fig. Ex-6. 1O.d

!
312 Matemática em Nível IME/ITA

Exercício 6.11 Seja: P(x) = 12.x3-16.x2-3.x + 4


P(0) = 4 > 0 P(1) = -3<0 P(-1) =-21 < 0
P(-2) = -150 < 0 P(2) = 30>0

Usando o Resultado 6.3.1 (Teorema de Bolzano):


P(0).P(-1)<0 => Existe ao menos uma raiz real em (-1,0)
P(0).P(1 )>0 => Existe ao menos uma raiz real em (0 , 1)
P( 1 ).P(2) <0 Existe ao menos uma raiz real em (1, 2)

O Teorema Fundamental da Álgebra garante que existem no máximo 3


raizes para P(x). Como (-1 , 0) , ( 0 , 1) e (1, 2) são intervalos disjuntos,
pode-se dizer que:
S c (-1, 0) (0,1) u (1,2)

Resposta: Opção (a)

Exercício 6.12 f (x) = a.x2 + b.x + c

Variando c: Variar o termo independente é equivalente a somar uma


constante à função. Ou seja, alterando o valor de c, a função transladará na
direção vertical.

llIf
Fig. Ex-6. 12.a
7 Resoluções Comentadas 313

Variando b: Como c é mantido constante, a função deve cortar o eixo das


ordenadas sempre no mesmo ponto ao variarmos b. A concavidade da
função se mantém, uma vez que a é constante. Alterando b, nós alteraremos
a posição do vértice da parábola.

VI W///
\1
í
\
\
\ t

M
\
\
___ \

Fig. Ex-6. 12.b

Variando a: A derivada em x = 0 se mantém constante, portanto a inclinação


da reta tangente à curva em x = 0 deve ser constante para todas as curvas.
Como todas as curvas passam por (0,c), uma característica interessante
dessa familia de parábolas é que todas se tangenciam no ponto x = 0.

/ 7|U—

Fig. Ex-6. 12.c


314 Matemática em Nível IME/ITA

I Exercício 6.13 Para demonstrarmos a simetria da função em torno do eixo


: vertical x = -b/2a , basta mostrarmos que, qualquer que seja y real, teremos:

Vejamos:
,2
b i ( b b
r ní ------- j
f y +c
ã-’ 2a )

= ^' + -^ + ay2ӏ'_^
b2
=----- + a.y2 + c
4a
E, também:
,2
b ) í bb f kÍ b 1
f------ + y = a.------- + y
( 2a ) ( 2a2a J +b{-2i+yJ+c
= -— b</+ a.y2- — + Ky^ + c
4a r y 2a
b2
=------ + a.y2 + c
. 4a

b b
Ou seja, f - —- y = f - —+ y , Vy e R
t• \ 2a ) \ 2a
fc .
■ i

. Exercício 6.14 Uma das discussões da questão é em torno da existência dei


raízes reais. Analisemos o determinante da função f:
ò 2 1
A = (In 6) — 4.ln—.1 ——.m
In— i

= (ln6)2 + (ln2-ln3).(ln3-ln2 )

= (lri2 + lri3)2 -(In3-ln2)z


= (ln2 + ln3 + ln3-ln2).(ln2 + ln3-ln3 + ln2)
= 4.ln2.ln3

i Note que A = 4.ln2.ln3 > 0, o que nos diz que f(x) = 0 possui 2 raizes reais
I distintas.

i A concavidade do gráfico é dada pelo sinal de a. a = In (2/3) = In2 — In3 < 0


I Como o sinal de a é negativo, a concavidade do gráfico de f é para baixo. O
i valor máximo de f se dá, portanto, no seu vértice.
J
7 Resoluções Comentadas 315

4.ln2.ln3 In2.ln3
*max — Yv “
4a 4.(ln2-ln3) In3 - In2
O que nos dá a opção correta:

Resposta: Opção (d)

Exercício 6.15
A função f(x) = (x — 1 )2 é uma parábola com vértice em x = 1.

A função g(x) = x - a é uma reta com raiz em x = a. Aplicando o módulo de y,


estaremos 'espelhando' todos os valores negativos de y para cima do eixo
das abcissas.

Queremos que o gráfico das duas funções se encontrem em exatamente três


pontos distintos. A figura abaixo mostra o gráfico de f(x) e g(x) (a última está
representada para a = 0, a = 1 e a = 2).

V
T T 0
o, 2 4 6

Fig. Ex-6. 15.a

Olhando para a figura acima vemos que para a = 1, temos 3 soluções


distintas, enquanto que para os outros dois valores de a, temos apenas 2
soluções.

Não é difícil notar que existem também casos em que há 4 soluções distintas:
316 Matemática em Nível IME/ITA

0 2 4

Fig. Ex-6. 15.b

E existem apenas 3 casos em que há 3 soluções distintas.

o 2 4

Fig. Ex-6. 15.C

Um dos casos é trivial, e o ocorre para a = 1.


Para determinar os outros dois valores, devemos achar a tal que g(x)
tangencie f(x). No primeiro caso, o ramo esquerdo de f(x) tangencia g(x).
(x-1)2 =-(x - a) <=> x2-x + (1-a) = 0

Para que haja uma única solução, devemos ter o determinante da equação
do 2° grau igual a zero.
3
â = 1-4.(1-a) = 0 a=-
4

No segundo caso, o ramo direito de f(x) tangencia g(x).


7 Resoluções Comentadas 317

(x-1)2 =(x-a) x2- 3x + (1 + a) = 0

Novamente, para que a solução seja única:


5
A = 9-4.(1 + a) = 0 a=—
4

Logo, os valores de a que dão à equação exatamente três soluções distintas


são: -----------------------------

a e ^,1
4 4
318 Matemática em Nível IME/ITA

Apêndice
Apresentaremos aqui alguns resultados importantes mencionados no
decorrer do livro (no quesito Trigonometria e Cálculo Diferencial e Integral).
Por fugir do objetivo do livro, a maior parte das expressões aqui
apresentadas não serão demonstradas. Em geral, as demonstrações dessas
expressões podem ser facilmente encontradas em qualquer livro que aborde
os assuntos destacados.

| A.1 Trigonometria

Relações básicas no triângulo retângulo:

cateto oposto cateto adjacente senx


senx = cos x =------------- ----------- tgx =-------
hipotenusa hipotenusa cosx

Definições básicas:

1 1 senx
secx =------- , cscx =------- , tgx =------- ctgx
cosx senx cosx tgx

Relações Fundamentais:
| sen2x + cos2x = 1 [

sen2x + cos2x 1 sen2x .. 1


-------------- 1-1 =------------
cos2x COS2X cos2x cos2x tg2x +1 = sec2x
=>
sen2x + coszx 1 , cos2x 1 1 + ctg2x = esc 2x
1 +--------
sen2x sen2x sen2x sen2x

Redução ao Primeiro Quadrante:

sen^j + x f rr 'j
COS -+X = -senx
V2 )
— x = -ctgx
,2
Apêndice 319

sen(x + x) = -sen(n-x) = -senx cos(n + x) = cos(k -x) = -cosx


tg(n +x) =-tg(rr -x) = tgx

Funções trigonométricos da soma de arcos.

sen(a + b) = sena.cosb +■ senb.cosa


sen (a - b) = sena.cosb - senb.cosa
cos (a + b) = cosa.cosb- sena.senb
cos(a - b) = cosa.cosb + sena.senb
tga +tgb
tg(a + b) =
1-tga.tgb
tga-tgb
tg(a-b) =
1 + tga.tgb

Arcos-Dobro e Arcos-Metade

sen(2x) = 2.senx.cosx
cos(2x) = cos2x- sen2x = 2.cos2x-1 = 1- 2.sen2x
2.tgx
tg(2x) =
1 - tg2x

+ 11 - cos(x)
“V 2

+ Í1 + cos(x)
\ 2
I1-cos(x)
t9ilj=± 1 + cos(x)
320 Matemática em Nível IME/ITA

Funções Trigonométricas em função da tangente do arco-metade

tgx = Mil COSX =----------- T—T senx =------


l-tg2|
x']
2j 1 + tQ lãj 1+tg3®
Transformação de Soma em Produto

„ ía + b Y fa-bi
sena + senb = 2 .sen ------- .cos -------
[ 2 ) l 2 J
fa—b> fa + b)
sena - senb = 2.sen —— .cos ------
l 2 J 1 2 )
fa+bi fa-b'!
cosa + cosb = 2.cos ----- .cos -------
!. 2 J [ 2 J
(a + b'i ía - bA
cosa - cosb = -2.sen ----- .sen -------
[ 2 ) 1 2 )

Transformação de Produto em Soma:

sena.cosb = M[sen(a + b) +sen(a-b)]

cos a. cosb = — .[cos (a + b) + cos(a -b)]

1
sena.senb = — .[cos (a - b) - cos (a + b)J
Apêndice 321

[ A.2 Cálculo - Gráficos

Definição e interpretação da Derivada


Considere uma função real contínua genérica, e um trecho seu representado
pela figura abaixo:

Fig, Apêndice 1
Na figura Ap1 acima, está representado um ponto a de seu domínio, e um
outro ponto x genérico também pertencente ao gráfico de f. À medida que x
se aproxima de a, veja o que acontece com a reta que liga os pontos x e a na
sequência de figuras Ap2 a seguir:

Fig. Apêndice 2
322 Matemática em Nivel IME/ITA

A reta (que cortava o gráfico) se aproxima, cada vez mais da reta tangente ao
gráfico de f no ponto a.

Nota-se então, que o coeficiente angular da reta que cortava o gráfico em 2


pontos distintos em uma vizinhança do ponto a, está cada vez mais próximo
do coeficiente angular da reta tangente ao gráfico no ponto x = a.

f(x)-f(a)
m(x) = coeficiente angular =
x-a

A derivada de uma função real f(x) no ponto a é definida como:


lim
x-a x-a

Em outras palavras, a derivada de f(x) no ponto a nada mais é do que o


coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f(x) no ponto x = a.

Dizemos que função f é derivável em x = a quando o limite acima existe


(tanto abordado pela direita de a quanto pela esquerda de a, sendo ambos
iguais). Esse limite pode ser denotado das seguintes formas:
£(a) , f'(a) , f’(x)|x=a

Teorema

Se uma função é derivável em x = a, então a função é continua em x = a.

Resultado Apêndice.1

Teste da Primeira Derivada

Uma função é dita estritamente crescente em um intervalo quando, nesse


intervalo, para valores crescentes de x, temos valores cada vez maiores de f.
Intuitivamente falando, fica fácil notar que, para que uma função esteja
sempre crescendo, o coeficiente angular dela deve ser positivo.

De fato, se a derivada de f no ponto x = a é positiva, então a função é


estritamente crescente em x = a.
íx > a f(x)-f(a)
lim > 0 => f(x) > f(a)
(f'(a)>0 x-»a‘ x -a
>o
Apêndice 323

Teorema

Seja f(x) uma função derivável no ponto x = a. Se f ’(a) > 0 , então f é


estritamente crescente em x = a . Se f '(a) < 0 , então f é estritamente
decrescente em x = a.

Resultado Apêndice.2

Ora, se uma função derivável em a não for nem estritamente crescente nem
estritamente decrescente em x = a (é o caso em que sua derivada é nula),
seu gráfico terá inclinação nula.

Tais pontos (nos quais a derivada de f se anulam) são chamados de pontos


críticos de f. Os pontos críticos podem representar máximos e mínimos
locais ou até mesmo pontos de inflexão.

//

r
-
Fig. Apêndice 3

0 fato de f possuir derivada nula em um ponto x = a, não nos permite ainda


determinar qual dentre as 3 possibilidades está ocorrendo.

Teorema

Seja f possui um ponto de máximo ou mínimo (local ou absoluto) em x - a,


então f '(a) = 0.

Resultado Apêndice.3
324 Matemática em Nível IME/ITA

Um bom critério de distinção entre máximos e mínimos de uma função pode


ser feito com base no teste da 1a derivada.

Teorema

Seja f uma função derivável em x = a e k um ponto tomado próximo de a.

Se f ‘ (a) = 0, f' (k) < 0 para k < a , e f’(k) 0 para k > a , então x = a é um
ponto de mínimo local.

Se f ' (a) = 0, f’ (k) > 0 para k < a , e f’(k) 0 para k > a , então x = a é um
ponto de máximo local.

Resultado Apêndice.4

Teste da Segunda Derivada

Dizemos que uma curva tem concavidade para cima, quando, a medida que
percorremos os valores crescentes de x na função, as retas tangentes em
cada ponto possuem uma inclinação cada vez maior. Se a inclinação for cada
vez menor, dizemos que a concavidade é para baixo.
!
\

Fig. Apêndice 4

Um critério para determinar se a concavidade em certo ponto da função é


para cima ou para baixo pode ser facilmente determinado. A função que nos
dá a inclinação da reta tangente em cada ponto de f é justamente sua
derivada f '(x). Se quisermos que essa função seja estritamente crescente,
basta aplicarmos o Resultado Apêndice.2 sobre a função f'(x). Ou seja, o
sinal da derivada de f ’(x), (a segunda derivada de f, f” ) nos dará o tipo de
concavidade da curva em cada ponto.
Apêndice 325

Teorema

Seja f(x) uma função derivável no ponto x = a. Se f "(a) > 0 , então f é tem
concavidade para cima em x = a . Se f “(a) < 0 , então f tem concavidade
para baixo em x = a.

Resultado Apêndice.5

Ora, se a função muda de concavidade, haverá um ponto no qual a


concavidade não é nem para cima, e nem para baixo. É justamente o ponto
de mudança de sinal da 2a derivada (é o ponto em que f "(x) = 0). A esse
ponto damos o nome de ponto de inflexão.

Se além da segunda derivada nula em x = a, a primeira derivada da função


também se anular no mesmo ponto, além da mudança de concavidade
acontecer no ponto a, temos que a reta tangente à curva em a é horizontal
(não possui inclinação). Chamamos esse tipo de ponto de ponto de inflexão
horizontal.

/
/
I

I
I
I

Fig. Apêndice 5

Um outro bom critério de distinção entre máximos e minimos de uma função


pode ser feito, agora com base no teste da 2a derivada.

Teorema

Seja f uma função derivável 2 vezes em x = a.


Se f' (a) = 0 e f "(a) > 0 . então x = a é um pontode minimolocal.
Se f' (a) = 0 e f “(a) < 0 , então x = a é um pontode máximo local.
Se f ‘ (a) = 0 e f “(a) = 0 . então x = a é um pontode inflexão horizontal.

Resultado Apêndice.6
326 Matemática em Nível IME/ITA

Resultados Notáveis

Se x = a é um ponto de mínimo ou máximo (local ou absoluto), então f'(a)-O.


Se x = a é um ponto de inflexão, então f "(a) = 0.

Resultado Apêndice.7

OBS Importante:
O Resultado Apêndice. 7 é claramente uma afirmação do tipo “se... então '.
Isto indica a validade em uma direção da afirmação. A volta nem sempre é
verdadeira, e é ai que mora o perigo!

Ou seja, o fato de f’(a) = 0 pode não significar que x = a é um ponto de


mínimo ou máximo (como Já vimos, pode se tratar de um ponto de inflexão
horizontal.) O mesmo acontece com a segunda derivada. 0 fato de f "(a) = 0
não significa, necessariamente, que x - a é um ponto de inflexão. De modo
mais geral, o teorema a seguir (que não demonstraremos) nos ajuda a
entender a situação um pouco mais amplamente.

Teorema Poderoso

Seja f derivável n+1 vezes em x = a tal que:


f(a) = f ’(a) = f "(a) = f '"(a) =... = f(n-1)(a) = 0 e f(n’(a) = k * 0

Se n é par, e k < 0, então x = a é ponto de máximo.


Se n é par, e k > 0, então x = a é ponto de mínimo,
Se n é ímpar, então x = a é ponto de inflexão horizontal.

Resultado Apêndice.8

>omo o conteúdo que precisaremos para a determinação de gráficos


polinomiais já foi discutido, limitaremos aesse ponto a nossa discussão. Para
mais informações sobre análise gráfica usando cálculo diferencial, procure
um livro sobre o assunto (há bastante coisa interessante ainda a ser vista se
você se interessou!)
Apêndice 327

| A.3 Cálculo - Complemento

Teorema do Valor Intermediário (TVI)


Seja f uma função contínua no intervalo fechado [a.b], tal que. sem perda de
generalidade, f(b) > f(a). Para qualquer que seja d tal que f(a) < d < f(b),
existirá um real c no intervalo (a.b) tal que f(c) = d.

Teorema de Taylor
Se f é uma função derivável em uma vizinhança do ponto a, é possível
aproximá-la de um polinõmio infinito dependente das derivadas da funções
nesse ponto.

Teorema de Rolle
Se f é continua em um intervalo fechado [a.b] e derivável em (a.b), com
f(a) = f(b) = 0, então existe um valor real c no intervalo (a,b) tal que f '(c) = 0.

Tabelas de Derivadas e Integrais Básicas

£(f(x)"] = n.f(x)n-1 df(x)


dx

A(f(x)+g(x))=^M+«
dx' l 11 dx dx

£(f(x).g(x)) = g(x).^l + f(x).^^

dg(x)
d í fíxH dx
dx|<g(x)J (g(x))2

f(x) = ^-l ff(t)-dt , onde a é uma constante real.


dx I a

d dgíx')
—f(g(x)) = f(g(x)).-2A-2
dx dx
328 Matemática em Nível IME/ITA

Derivadas de funções básicas:

d d
— senx = cosx —cosx = -senx
dx dx
d .tgx = sec2x d . ,
— —ctgx = -csc2x
dx dx
d d ,
—secx secx.tgx ; —esc x = -esc x.ctgx
dx dx
d . 1__ d A 1

— Are cosx = — —Arcsenx = ■; ■■—


dx 7'l-x2 dx V1-X2
d . , 1 d „ , 1
— Arctgx =------- —Arcctgx = ------- -
dx 1 +—
i xs2 dx 1 + x2
d , 1
—Inx = — : —ex=ex ; —ax=ax.lna
dx x dx dx

Integrais imediatas:

. x"+1
Kdx=^+C
J^ = 'n|x| + c
Jex.dx = ex +c

f x a*
a .dx =--- + c
2 Ina
J senx.dx = -cosx + c

Jcosx.dx = senx + c

; sec2x.dx = tgx + c
J secx.dx = ln|secx + tgx| + c

Jf (x).g'(x).dx = f(x).g(x)-jf'(x).g(x).dx
b
Jf(x).dx = g(x) =>Jf(x).dx = g(b)-g(a)
a
Apêndice 329

Bibliografia
A seguir está uma lista de livros/materiais que foram utilizados como
referência para a compilação adequada deste livro, e são altamente
sugeridos para os vestibulandos IME/ITA.

[1] Morgado, A ; Pitombeira de Carvalho, J.B.; Pinto Carvalho, P.C.;


Fernandez.P Análise Combinatória e Probabilidade. Sociedade Brasileira
de Matemática, 2004.

[2] Lidski, V.B.; Ovskianikov, L.V; Tulaikov, A.N; Shabunin, M.I.. Problemas
de Matemática Elementares. Moscou MIR.

[3] Spiegel, M.R. Variáveis Complexas. Coleção Shaum.

[4] Netto, Sérgio Lima. Provas do Vestibular do IME. Site:


www.lps.ufrj.br/profs/sergioln/ (acessado em Setembro 2008).
330 Matemática em Nível IME/ITA

Projeto Rumo ao ITA


O Projeto Rumoaoita é um site gratuito disponível na internet que dispõe de
tudo que um aluno com “fome de exercícios" poderia querer. No site (que
pode ser acessado pelo endereço http://www.rumoaoita.com), o pré-
vestibulando encontrará Apostilas, Video-Aulas, Simulados, Dicas de Estudo,
e até mesmo depoimentos de pessoas que já passaram pela mesma situação
de prestar IME-ITA e obtiveram sucesso. Tudo isso, gratuitamente!

O projeto tem como objetivo melhorar o acesso à informações específicas


(como materiais de alto nível e conteúdo para os vestibulares mais difíceis do
pais). Nós fundadores do projeto acreditamos que o acesso à informação é
uma das dificuldades do ensino brasileiro de hoje, e é por aí que resolvemos
dar nossa contribuição.

Juntando um grupo de alunos (já aprovados no vestibular) do ITA e do IME,


montamos esse portal, e o mantemos constantemente atualizado. Nos
últimos anos, de maneira extremamente gratificante para a Equipe
Rumoaoita, vemos alunos que deram o gás, estudando também pelo site,
conseguindo suas tão merecidas vagas tanto no ITA quanto no IME. Como
uma espécie de bola de neve, o Projeto ganha força própria, uma vez que,
anualmente, vemos a equipe ganhando novos membros entusiasmados em
contribuir para melhorar o projeto.

Esperamos que você possa usufruir do nosso trabalho, e, quando atingir seu
tão sonhado objetivo, juntar-se a nós!

Desejamos a você um bom ano de estudo!

Caio Guimarães e Júlio Sousa


(Fundadores do Projeto Rumo Ao ITA)
‘ Ví-P7 . i

/ EDITORA

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