Palestra-Igreja, Missão Evangelizadora

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ARQUIDIOCESE DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO

VICARIATO NORTE
CURSO DE FORMAÇÃO PARA NOVOS MESC

IGREJA: MISSÃO EVANGELIZADORA E O MESC


Diácono Almir Marcelo Santos1

1. IGREJA

Igreja: mistério e sacramento.

A Igreja. é uma realidade complexa, ao mesmo tempo humana e divina, temporal e eterna, terrena e
celeste, pelo que, dela, só à luz da fé se pode ter um conhecimento verdadeiro.
Dizemos, assim, que a Igreja é mistério, no sentido teológico do termo, de realidade transcendente; e
é sacramento, no sentido amplo desta palavra, de sinal eficaz que torna presente esse mistério.
Neste sentido amplo, se o primeiro sacramento foi Jesus Cristo, Verbo divino feito homem, para nos
revelar e tornar acessível o próprio Deus, o segundo sacramento é a Igreja, pela qual Jesus Cristo
cumpre a promessa, feita antes de subir ao Pai, de continuar presente no meio de nós até ao fim dos
tempos.

A Igreja é Mistério enquanto na sua realidade visível está presente e operante uma realidade
espiritual, divina, que se descobre unicamente com os olhos da fé.

A Igreja é Sacramento universal de salvação porque é sinal e instrumento da reconciliação e da


comunhão de toda a humanidade com Deus e da unidade de todo o gênero humano.

A Igreja é presença real de Jesus Cristo ao longo dos tempos e pela terra inteira, no exercício do seu
tríplice ministério profético, sacerdotal e pastoral.

No exercício deste tríplice ministério, a Igreja recorre à linguagem sacramental, mediante o


testemunho dos seus filhos, o anúncio das verdades evangélicas, a sua liturgia e particularmente os
sacramentos e sacramentais.

Na verdade, Cristo, elevado sobre a terra, atraiu todos a Si (cfr. Jo. 12,32 gr.); ressuscitado de entre os
mortos (cfr. Rom. 6,9), infundiu nos discípulos o Seu Espírito vivificador e por Ele constituiu a Igreja,
Seu corpo, como universal sacramento da salvação (LG,48)2

A Igreja, mistério e sacramento, tem um para quê, uma missão.

2. MISSÃO DA IGREJA

A missão da Igreja é a de anunciar e instaurar no meio de todos os povos o Reino de Deus inaugurado
por Jesus Cristo. Ela é, na terra, o germe e o início deste Reino salvífico.
(Compêndio CIC, 150).

“A Igreja nasceu para tornar todos os homens participantes da redenção salvadora e, por eles, ordenar
efetivamente a Cristo o universo inteiro, dilatando pelo mundo o seu reino para glória de Deus Pai”
(AA, 2)3. Tudo o que é feito no Corpo místico orientado para esse fim chama-se apostolado. Existe na
Igreja diversidade de funções, mas unidade de missão.

1 Diácono Permanente da Arquidiocese Militar do Brasil. Médico psiquiatra. Bacharel em Teologia pela
Universidade Católica Dom Bosco. Pós-graduação em Cristologia pelo Centro Universitário Claretiano.
2 LG Constituição dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja
3 AA Decreto Apostolicam Actuositatem sobre o apostolado dos leigos

1
“Cristo conferiu aos Apóstolos e aos seus sucessores o encargo de
ensinar, de santificar e de reger em Seu próprio nome e autoridade. Os
leigos, por seu lado, por terem recebido a participação no ministério
sacerdotal, profético e real de Cristo, cumprem na Igreja e no mundo a
parte que lhe compete na missão total do povo de Deus. Com o seu
trabalho exercem realmente o apostolado, evangelizando e santificando
os homens e aperfeiçoando e enchendo de espírito evangélico a ordem
temporal, de tal forma que a sua atividade nesta ordem constitui um claro
testemunho de Cristo e contribui para a salvação dos homens. E como é
próprio dos leigos viver no meio do mundo e dos negócios temporais,
Deus chama os leigos a que, no fervor do espírito cristão, exerçam o seu
apostolado no mundo à maneira de fermento” Apostolicam Actuositatem,
n.2)

A Igreja não é de per si o Reino de Deus, mas sim a sua moldura histórico-geográfica e existencial

2.1 REINO DE DEUS (Reino dos Céus)

No Antigo Testamento Javé aparece como Rei de Israel, (Is 6,1ss; Sl 47,9; 99,1), sobretudo a partir da
monarquia, quando são ungidos reis para governarem o povo em nome de Javé, o verdadeiro Rei.
Depois do exílio, graças ao trabalho dos profetas, espiritualiza-se o conceito de Reino de Deus,
passando o culto de Javé a ser predominantemente religioso e universal.

No Novo Testamento João Baptista anuncia como próximo o Reino de Deus. O anúncio do Reino de
Deus é o núcleo da pregação de Jesus Cristo, o que se reflete sobretudo nos sinópticos.

O Reino de Deus é uma realidade misteriosa, revelada aos “pequenos” e não aos “sábios e
entendidos”, realidade já presente, mas que se consumará no fim dos tempos, segundo a tradicional
imagem do banquete celeste. Porque as expectativas dos Judeus eram as de um Messias a
restabelecer o reinado temporal, Jesus Cristo acabou por ser incompreendido e perseguido até à
morte, aliás morte redentora da humanidade inteira.

Aliás, essa morte redentora de Jesus está diretamente vinculada ao sacrifício redentor de Jesus na
cruz. Esse sacrifício redentor, a redenção, o ato redentor, se dá como acontecimento com duas
dimensões: acontecimento histórico, uma única vez, na cruz com validade para sempre, e também se
dá de modo incruento no Santo Sacrifício da Missa, para mim, aqui e agora.

Esclarecidos pelos ensinamentos do Mestre e iluminados interiormente pelo Espírito Santo, os seus
discípulos descobriram a verdadeira dimensão do Reino de Deus, que passou a ser objeto da sua
pregação missionária.

Até atingir a plenitude no fim dos tempos, o Reino de Deus, até certo ponto identificado com o próprio
Jesus Cristo ressuscitado, manifesta-se na Igreja, de forma sacramental.
A Igreja tem por missão anunciar Jesus Cristo a todo o mundo e batizar quem nele acreditar, tornan-
do-se seu discípulo e membro vivo da Igreja.

O Reino de Deus tem uma dimensão pessoal, de caráter espiritual e moral, em cada homem e mulher;
e uma dimensão universal que se manifestará no fim dos tempos.
A Igreja é parte integrante da obra de inauguração do Reino de Deus por Jesus Cristo.
Mas, como nos é explicado na parábola do joio e do trigo, (Mt 13, 36-43), em um primeiro momento,
esse Reino contém não apenas os bons, os maus não são logo excluídos dele. Sendo sua moldura
histórica, a Igreja caminha na terra integrada por bons e maus, justos e pecadores, misturados uns
com os outros até o tempo da colheita, o fim do mundo, quando o Filho do Homem, Jesus Cristo,
constituído Juiz de vivos e mortos, separará os bons dos maus no Juízo Final. A paciência de Deus
2
permite que durante algum tempo, que é o que vivemos, convivam bons e maus, estes para que se
convertam e aqueles para que provem e fortaleçam a sua fé. De um modo geral, o anúncio do Reino
de deus trazido por nós por Cristo é o cerne da evangelização.

3. EVANGELIZAÇÃO

É a proclamação da Boa Nova da salvação de Jesus Cristo, levada por seu expresso mandamento (Mt
28,19-20; Rm 10,12-18) a todos os povos e culturas. Tanto se pode dirigir aos não cristãos (missões
ad gentes), como aos cristãos que perderam o sentido da fé cristã (“nova evangelização”, recristiani-
zação), como aos cristãos necessitados de aprofundarem a sua fé e vida cristã (pregação, liturgia,
pastoral em geral). É a primeira missão da Igreja (cf. CDC4 747ss; CIC5. 848-856 etc.; Exortação
Apostólica Evangelii nuntiandi).

A principal missão da Igreja é Evangelizar. E ela faz isso colocando-se a serviço. É o amor de Deus
comunicado enquanto vivido na prática da doação serviço.
Evangelizar é anunciar, testemunhar e viver o Reino de Deus com palavras e atos, inseridos na
própria missão da Igreja, moldura temporal desse Reino. Evangelizar é tornar o reino de Deus
presente no mundo.

Os diferentes ministérios ou serviços na Igreja constituem uma forma de evangelizar.

Todo ministério (serviço) é uma atividade voluntária a serviço da comunidade. É a consequência do


desejo de seguir Cristo, como seu discípulo, e viver o compromisso de batizado.

O serviço, o diálogo, o anúncio e o testemunho de comunhão constituem a pedagogia da


evangelização.

Todos os ministérios existentes na Igreja são uma participação no mesmo ministério de Jesus Cristo
(1Cor 12,28; Ef 4,7. 11-13).

Embora sejam diversos, os ministérios (os serviços) eclesiais são obras do mesmo Espírito Santo
(1Cor 12,11), em vista da unidade do Corpo de Cristo, a Igreja (Ef 4,4-6). Dentre esses diferentes
serviços se insere o Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão.

4. MESC

O Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão é o Ministro Extraordinário do Amor de Jesus.

O Ministro da Eucaristia é o bispo e o padre. O Diácono é Ministro Ordinário da Comunhão


Eucarística, mas não é Ministro da Eucaristia. O Ministro por excelência da Eucaristia é aquele que
preside a Eucaristia.

O MESC tem por missão continuar a missão da Igreja, a qual, por sua vez, tem a missão de continuar
a missão de Jesus, sendo que a missão de Jesus é cumprir a vontade do Pai, que é a salvação de
todos os homens e mulheres, a fim de poderem usufruir da glória de Deus.

O Pai, portanto, tem uma vontade salvífica para com a humanidade, que o Filho anuncia como Reino
de Deus e o Espírito Santo opera, isto é, coloca em prática nos cristãos, através da Igreja.

Diz a Lumen Gentiun (item 2) que “O Eterno Pai, pelo libérrimo e insondável
desígnio da Sua sabedoria e bondade, criou o universo, decidiu elevar os
homens à participação da vida divina e não os abandonou, uma vez caídos em

4
CDC Código de Direito Canônico
5
CIC Catecismo da Igreja Católica
3
Adão, antes, em atenção a Cristo Redentor «que é a imagem de Deus invisível,
primogênito de toda a criação» (Col. 1,15) sempre lhes concedeu os auxílios
para se salvarem”.

Torna-se importante, portanto, inserir (posicionar) o MESC na história da salvação e na vida da Igreja.

HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
É a realização do plano divino ao longo da história.

H I S T Ó R I A D A S A L V A Ç Ã O

Tempo da Promessa Tempo da Tempo da Igreja


Plenitude
________________________O _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ |
|__________________________| hic et nunc
ΑΩ
CRIAÇÃO ENCARNAÇÃO PARUSIA

Cristo Prometido Cristo Histórico Cristo Sacramentado


_._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._.__._._._._._._

E U C A R I S T I A

Como Figura Como Acontecimento Como Sacramento

Ceia Cruz

EUCARISTIA COMO SACRAMENTO E SACRIFÍCIO

Missa ANTECIPADO REALIZADO ATUALIZADO

Ceia Cruz Sacramento

Sacramento

5. MESC – O fazer na missão evangelizadora

O MESC participa da missão evangelizadora da Igreja através de uma prática de serviço cumprindo o
mandato de Jesus

“Vocês é que tem que dar de comer”: Mt 14,15-19; Mc 6,35-44; Lc 9,13-16

O MESC é testemunha da Ressurreição e do Deus vivo Ministro.

O MESC é uma pessoa amada por Deus, escolhida dentre muitas pessoas para servir à igreja; é
alguém chamado por Deus para ajudá-lo na construção do Reino. Por isso, ser ministro é bem mais
que distribuir comunhão ou presidir alguma celebração: é uma vocação, um chamado que gera muita
alegria no coração.
Falar de Jesus é muito bom, porém, no seu exercício ministerial, o MESC deve ser um cristóforo, isto
é, um portador de Jesus Eucarístico. Aqui cabem as palavras de João Batista ao ver Jesus se
aproximando na Palestina: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). As ações do MESC
podem evangelizar tanto ou mais que as suas palavras. O MESC participa da evangelização enquanto
é portador da presença de Cristo, da palavra de Cristo, da oração de Cristo, do Corpo de Cristo e do
amor de Cristo. O MESC não anuncia a si mesmo, mas sim a Igreja que traz Cristo Nosso Senhor.

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O que fazer:
a) Cooperar diretamente com o pároco na distribuição da Sagrada Comunhão;
b) Levar a Sagrada Comunhão aos enfermos e idosos e aos impossibilitados de irem à Igreja,
(hospitais e casas de idosos);
c) Auxiliar o pároco na Celebração Eucarística e na Liturgia da Palavra;
d) Agir sempre em comunhão com o pároco e sob a orientação da hierarquia da Arquidiocese de São
Sebastião do Rio de Janeiro;
e) Ministrar a Sagrada Comunhão aos fiéis, quando necessário, durante a Santa Missa;
f) Presidir o culto eucarístico na ausência do sacerdote;
g) Animar a realização semanal de Adoração do Santíssimo Sacramento.

6. MESC – Como se preparar para a missão evangelizadora


Como fazer:
a) Amadurecer a fé;
b) Conhecer os documentos da Igreja;
c) Viver a doutrina cristã;
d) Buscar vida cristã autêntica. Ter os mesmos sentimentos eucarísticos de Jesus Cristo;
e) Ser exemplo vivo de participação ativa e piedosa da Santa Missa;
f) Ser testemunha viva da partilha da Santa Eucaristia com os que vivem em situações de doença ou
de impedimento de participar da vida paroquial;
g) Viver o ministério em atitude de serviço, diálogo, anúncio e testemunho de comunhão;
h) Aprimorar-se na oração;
i) Antepor motivos sobrenaturais aos seus motivos naturais.
j) Ser sacrário vivo e testemunha da centralidade da Eucaristia que faz a Igreja e que nos santifica
com o pão da Vida. Ser Ministro Extraordinário da Sagrada Adoração.

Missão evangelizadora do MESC

Fé orada Fé acreditada

Fé praticada Fé celebrada

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DICAS PARA A MISSÃO ENVANGELIZADORA DO MESC6

7. MESC – Virtudes a exercitar


a) Acolhida.
A acolhida do ME se manifesta da forma como ele se aproxima das pessoas, como ele as trata,
com carinho e ternura. Onde Deus nos coloca para trabalhar, viver e conviver é nosso campo de
acolhida;
b) Humildade.
Ter a mesma atitude de João Batista: “É preciso que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). Superar a
tentação de ser o primeiro, de estar no pódio é grande no ser humano. Jesus não proibiu que
alguém esteja na frente coordenando, incentivando, sendo protagonista. Ele condenou a atitude de
quem domina, oprime e faz sentir o seu poder. Você não precisa se esconder, nem fingir ser o que
não é. Não buscar estar sempre no centro das atenções. Não desanimar, mesmo diante de críticas;
c) Discrição.
Agir sem espalhafato. Na Missa fazer a “statio”, aguardando com serenidade o momento de
começar a celebração. Durante esta, manter silêncio e só falar o essencial. Saber conversar com
serenidade com os outros. Evitar gestos chamativos.;
d) Equilíbrio.
O ministério de MESC não deve ser motivo para prejudicar ou deixar de lado compromissos já
assumidos: a responsabilidade com a família, ou mesmo outras pastorais que precisam muito, por
exemplo;
e) Bondade.
Agir com bondade e compreensão, evitando fazer juízo precipitado dos outros. Se não puder falar
bem, evite de falar mal. Melhor silenciar;
f) Mansidão.
Evitar a arrogância, a impaciência, a irritação desnecessária. Buscar ser firme, verdadeiro, mas
tranqüilo e amigo;
g) Empatia
Busque compreender o outro, entendê-lo, sem se deixar levar pelos sentimentos do outros. Dê ao
outro a compreensão que ele necessita;
g) Perseverança.
Os primeiros passos, com muita emoção e entusiasmo, tornam-se fáceis. Passado algum tempo,
sente-se o que muitos sentiram: o ministério virou rotina, uma obrigação. É motivo de cansaço e
então se desiste. O MESC não está livre desses riscos. Mas, se houver o devido cuidado com a
oração, a comunhão constante, a leitura frequente da Palavra de Deus, aquelas dificuldades não o
atingirão, pois o contato íntimo com Deus o renova;
h) Trabalho em conjunto.
Diz um antigo provérbio africano: “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá
acompanhado”. É preciso saber distribuir as tarefas a auxiliares esforçados e capazes,
descobrindo, assim novos líderes e grandes talentos na comunidade. Uma regra importantíssima:
jamais tomar decisões importantes sozinho! Se não fosse tão decisiva a participação de todos, por
que Jesus teria partilhado a sua missão com os discípulos? Pense nisso!
i) Coerência.
Sintonia entre aquilo que se diz e aquilo que se faz. Esse é um grande desafio! Em alguns
aspectos, certamente, não vamos conseguir viver tudo aquilo que dizemos, mas mesmo assim
Deus age por meio de nós. As pessoas se sentem tocadas por nossa coerência de atitudes e
muitas vidas se transformam. É a bondade de Deus que age por meio de nós;
j) Renúncia.
A renúncia para o ministro pode estar no tempo que ele dedica à comunidade e que,
consequentemente retira da sua família, dos amigos, do trabalho e também de si mesmo. Que
ninguém veja ou sinta a contrariedade no rosto do ministro! E depois de ter prestado o serviço na

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Adaptado de “Subsídio formativo para ministérios extraordinários da Diocese de Santo André”

6
comunidade custará bastante dizer, como sugere o Evangelho: “Quando tiverdes feito tudo o que
vos mandaram, dizei: somos simples servos fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17,10);
k) Eterna aprendizagem.
Não existe conhecimento maior ou menor, há conhecimentos diferentes. Exemplo: alguém pode
não estar apto para fazer uma palestra, mas pode ser um ótimo carpinteiro que coloca seus
talentos a serviço da comunidade. Diante disso, faz-se necessário valorizar a todos e ter abertura
de coração para aprender até mesmo das crianças.

8. MESC – Cuidados a ter quando visitar o doente em sua casa de “a” a “z”
a) Realizar a visita não em nome próprio, mas em nome da Igreja. Mostrar que a comunidade está
interessada em sua saúde;
b) Fazer a visita, se possível, em dupla no começo do seu serviço ministerial;
c) Pode-se levar a Bíblia, mas usá-la com critério;
d) Não se deixar impressionar pela doença ou enfermidade;
e) Não recordar com o doente os momentos difíceis de sofrimento, a fim de não provocar piora no seu
estado de saúde. Evitar relatos de caos ou doenças semelhantes;
f) Conversar com o doente somente sobre temas amenos. Evitar falar sobre doenças;
g) Ter muita caridade, demonstrar o amor que tem por ele, evitar mentiras, dialogar sobre a fé e a
esperança sem imposição;
h) Quando o doente, espontaneamente, contar a própria história, não interferir com perguntas
indiscretas, mas escutá-lo; estender-lhe a mão e sorrir para ele;
i) Quando o enfermo confiar algum problema, interessar-se. Guardar sigilo do que lhe confiar;
j) Para entender um doente precisa ter empatia, procurando compreender a situação dele;
k) Pode acontecer que o sofrimento leve o doente a sentir a união com Deus e isso dá serenidade. Se
for necessário, ajudá-lo a unir a sua dor à de Jesus; fazer isso mais com o próprio testemunho que
com palavras;
l) Ser compreensível e disponível para com a família do doente;
m) Não interferir no tratamento, indicando medicamentos ou suspendendo os receitados pelo médico;
n) Não visitar doentes quando se está angustiado, triste, descontrolado emocionalmente, ou com
gripe, etc.;
o) Em certos casos compartilhar até as lágrimas: é o melhor presente que podemos dar ao enfermo;
As lágrimas não são sinal de fraqueza, mas expressão de sensibilidade humana. Jesus também
chorou pelo amigo Lázaro: “Jesus chorou” (Jo 11,35);
p) Não levantar demasiado a voz, nem fazer festa ou barulho junto ao doente, manter um ambiente de
paz, harmonia e silêncio. Usar tom de voz moderado;
q) Respeitar a dor do paciente. Não negá-la;
r) Deve abster-se de beijar o doente, bem como utilizar copos ou xícaras de uso dele, (você poderá
estar levando germes perigosos ao/do doente);
s) Se não souber o que dizer, simplesmente não diga nada (leve uma flor, um cartão). Seja, antes de
mais nada, uma presença;
t) Em tudo ter discrição e bom senso. Transmitir alegria e confiança. Ser breve sem ser afobado ou
apressado;
u) Procure fazer com que a sua visita não seja um estorvo à família. Procure os horários mais
convenientes. Respeite os momentos de descanso e alimentação;
v) Ter sensibilidade de perceber quando o doente está cansado e necessitado de repouso;
w) Não reparar no ambiente;
x) Quando a doença é grave, a angústia, a ansiedade, o medo são normais. Não tente negá-los ou
escondê-los. É preciso simplicidade e delicadeza; não esquecer que a dor aumenta a sensibilidade;
y) Evitar ir acompanhado de crianças que podem impressionar-se com o doente ou que por falta de
modos atrapalhe a oração;
z) Terminada a visita, dizer um até logo, prometer nova visita e convidar a todos da família para fazer
uma oração. Saiba, porém, que nem sempre se tem clima para falar de Deus e fazer orações. A
oração não pode ser uma coisa imposta. Rezar a partir daquilo que foi partilhado.

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9. MESC – Cuidados a ter quando visitar o doente no hospital
a) Ser breve;
b) Ao visitar o doente, permanecer no apartamento, quarto ou enfermaria, e não nos corredores;
c) Conversar em voz baixa, assuntos amenos e de interesse do doente;
d) Procurar não agir como visitador repórter, que só faz perguntas (para matar a sua curiosidade
pessoal);
e) Levar notícias alegres e agradáveis ao doente;
f) Ser um bom ouvinte, e portador de vida e esperança ao doente. Ouvir atentamente o que ele tem a
dizer, e não ficar somente falando;
g) Respeitar o silêncio que deve haver dentro do hospital, porque o hospital e a Igreja têm muita
semelhança. No hospital, Cristo se faz presente na pessoa do doente;
h) Não levar crianças para visitar doentes. Preservar a saúde e a tranquilidade do doente;
i) Não servir alimentos ao doente sem permissão da enfermagem. Para crianças da pediatria não se
deve levar guloseimas;
j) Respeitar os profissionais que trabalham no hospital. Ser cortês e compreensivo para com eles.
Evitar enfrentamentos ou discussões;
k) Retirar-se do quarto se coincidir a visita do médico ou da enfermagem com a sua;
l) Lavar as mãos antes e após tocar no doente (prevenir infecções).

10. MESC – O que não se deve dizer ao doente


a) Não falar do aspecto exterior do doente. O enfermo é susceptível a tudo;
b) Evitar fazer afirmações sobre a doença;
c) Não fazer perguntas incômodas, principalmente sobre os sintomas;
d) Não dar conselhos médicos nem se fazer de psicólogo. Exemplo: “Tenha paciência” é o mesmo
que dizer “seja masoquista”;
e) Não manifestar sentimentos de piedade, tal como, “coitado de você”;
f) Evitar frases como estas: “É vontade de Deus.” “Deus quer assim”. “Aceite”. “Comparado ao de
Jesus seu sofrimento é nada”;
g) Não colocar em dúvida a fé do doente com frases como “você precisa ter mais fé”; “isso é para
você fortalecer a fé”;
h) Não fazer comparações com outros doentes ou com outros hospitais, tais como “fulano tinha essa
doença e morreu feliz”; “o outro hospital é excelente”;
i) Evitar o juízo de valor quanto aos familiares ou profissionais de saúde na frente do doente (ou por
trás dele), com frases do tipo “seus pais não ajudam mesmo, né””, “sua irmã podia te fazer mais
companhia”; filho é assim mesmo, tudo ingrato”; “médico carrancudo esse, né?”; “nossa, que
enfermeira grossa essa a sua”;
j) Não associar a doença a um castigo dizendo, por exemplo, “a pessoa quando fica assim é porque
Deus tá mostrando que não era pra ter feito aquilo”; “isso é pra aprender a dar valor (a Deus, à
vida, aos outros”; “é, aqui se faz, aqui se paga”;
k) Não dizer ao doente que não se importa com sua ausência no trabalho ou na comunidade.
Exemplo: “Não se preocupe em voltar logo. Temos procurado fazer todos os seus trabalhos. Você
não está fazendo falta”;
l) Não falar muito. O melhor mesmo é deixar o doente se expressar conforme a sua disposição e
possibilidade.

11. MESC – Os “jamais”


a) Jamais ser centralizador.
Quando isso acontece, prejudica a vida da comunidade. Faz tudo sozinho: é ministro, leitor,
animador dos cantos; não valoriza os outros, nem o que eles sabem ou fazem; não sabe trabalhar
em equipe, e não envolve as pessoas na organização da comunidade. MESC, não assuma tudo
como se só você soubesse fazer as coisas. Ao seu redor há muita gente capaz e disposta a se
colocar a serviço da comunidade, mesmo que de um jeito diferente do seu. Abra a possibilidade
para novas pessoas permitindo que a comunidade cresça e seja toda ela ministerial;
b) Jamais ser pessimista.

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“Não murmureis” (1Cor 10,10). O pessimista reclama de tudo, não vê saída nem solução para os
problemas; além de desanimado, desanima os outros;
c) Jamais ser mandão.
O mandão sente-se como dono da comunidade; nas reuniões fala o tempo todo; só ele sabe e só
ele tem razão; improvisa as coisas e só vê defeito no que os outros preparam, É um
contratestemunho cristão;
d) Jamais ser grosseiro.
Perdemos muitas pessoas devido à falta de sensibilidade e educação na Igreja. O grosseiro agride
as pessoas, julga-as negativamente e as ignora. A cada encontro devemos deixar no outro um
gostinho de quero mais, não um gostinho de não agüento mais;
e) Jamais ser demasiadamente teimoso;
Ser teimoso é não dar o braço a torcer, é ser de coração duro. Quando implica com alguma coisa
não abre mão, mesmo estando errado. Espera-se do MESC flexibilidade no que é acessório e, ao
mesmo tempo, firmeza quando se trata de fidelidade ao Evangelho;
f) Jamais ser indiferente;
O contrário do amor não é o ódio e sim a indiferença. O indiferente não participa das atividades da
comunidade, da paróquia, da região pastoral e da diocese. Não tem interesse em crescer e
aprender coisas novas; não se preocupa em preparar outras lideranças para assumir funções na
Igreja.

12. MESC – Conselhos da Igreja


a) Não só desenvolva um ministério vinculado à Eucaristia, mas seja apóstolo de Jesus Eucarístico;
b) Seja discreto ao comungar, e discreto ao distribuir a Eucaristia; é Jesus que deve aparecer;
c) Esteja sempre unido aos clérigos de sua comunidade. O seu serviço está intimamente ligado ao
deles;
d) Procure participar dos cursos e encontros;
e) Visite os enfermos e idosos como quem, ao servi-los, serve a Cristo. Veja no rosto de cada um
deles, pela fé, o rosto do próprio Jesus, cada caso é um caso;
f) Participe da missa, não só quando serve. Ela é fonte de toda espiritualidade. O encontro com Cristo
na Eucaristia, na Palavra e na Comunidade nos faz fortes, apesar de nossas fraquezas;
g) Não deixe sua família de lado; antes de tudo, tenha tempo para ela. Priorize a convivência familiar;
h) Ajude a comunidade a entender o valor da oração, da comunhão e da adoração a Jesus na
Eucaristia;
i) Quando for administrar a comunhão a um enfermo grave seja solidário com a família, partilhando
dos sofrimentos pelos quais ela passa, sem, contudo, deixar de ser um sinal de vida;
j) Faça a experiência de amar na gratuidade, isto é, de não querer e nem aceitar nenhuma forma de
retribuição. Ame por doação, por entrega, por querer o bem do outro;
k) Saiba guardar sigilo;
l) Descubra o que há de bom e de positivo nos outros!

13. MESC – Decálogo


a) Serás uma pessoa apaixonada pela Eucaristia;
b) Serás uma pessoa humilde e servidora;
c) Serás uma pessoa alegre, porque vives em Deus;
d) Serás uma pessoa que ama a sua comunidade;
e) Serás uma pessoa que irradia ao seu redor a fé, a esperança e o amor;
f) Serás uma pessoa que sabe escutar;
g) Serás uma pessoa que trata todos como irmãos;
h) Serás uma pessoa assídua leitora da Sagrada Escritura;
i) Serás uma pessoa que se compadece dos que sofrem;
j) Serás uma pessoa que ama Jesus Cristo, a Igreja e o próximo.

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Agradeço a Deus pelos antigos e novos ministros que, além da missão que
exercem, também dão testemunho da vida em Cristo e são nossos
missionários no anúncio do Evangelho de Cristo a todos. Obrigado pelo seu
generoso trabalho pastoral e pelo seu testemunho de autêntica vida Eucarística
para santificar o mundo e a sociedade. O seu trabalho é valioso e precioso
diante de Deus, da Igreja e dos que sofrem. Deus os recompense
generosamente. Graças e louvores sejam dadas a cada momento, ao
Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!”

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.


Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Diác. Almir Marcelo Santos


[email protected]

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