Trabalho Pensar É Agir EMC II - Sónia Reguengo Gonçalves, Nº1375

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PROVA DE AVALIAÇÃO

Ano Lectivo 2013/2014 1º Ano 2º Semestre Data 19/02/2014


6º Curso de Pós-Licenciatura em Enfermagem Médico-Cirúrgica
Unidade Curricular: Enfermagem Médico-Cirúrgica II
Estudante: Sónia Reguengo Gonçalves_______________________________ N.º 1375__
Classificação final ____________________ (valores) O docente __________________________________

TRABALHO INDIVIDUAL
Pensar é agir: promover a qualidade de vida em Cuidados Paliativos.
Da avaliação do doente à melhoria das práticas: Planificar o trabalho da equipa multidisciplinar para
responder às necessidades do doente em matéria de assistência de enfermagem; Desenvolver as
competências previstas para os enfermeiros especialistas em enfermagem médico-cirúrgica que
acompanham a pessoa em situação crónica e paliativa.

Este trabalho consiste em duas partes.


A primeira reside numa reflexão sobre a prática de cuidados paliativos exposta e trabalhada em sala
de aula tendo por base uma das palavras apresentadas no quadro de “TAGS”. Deve ser escrita com o
máximo de 2000 palavras (3 a 4 páginas A4).
A segunda consiste num traçar de um plano terapêutico e teste cognitivo sobre cuidados paliativos
tendo presente o caso clínico exposto.

Parte I

“ Perto do fim da vida, uma pretensa cura significa simplesmente a troca de uma
maneira de morrer por outra [...]. Cada vez mais, nossas tarefas serão de acrescentar vida
aos anos a serem vividos e não acrescentar anos à nossa vida [...]. Mais atenção ao doente
e menos à cura em si mesma [...]. “
Hellegers

Quanto mais a Medicina evolui, maior é o aperfeiçoamento tecnológico e isso


permite que os doentes gravemente enfermos sejam mantidos vivos, mesmo que seja
reconhecida a irreversibilidade das suas doenças. Esta situação coloca-nos a todos nós
profissionais de saúde na condição de decidir sobre a limitação e a suspensão de
tratamentos considerados fúteis ou inúteis. (Moritz et al, 2008) Os cuidados paliativos
aceitam a morte e não prolongam a vida, repudiando a eutanásia e a futilidade diagnóstica
e terapêutica. Segundo Hottois et al (2001), a suspensão de um tratamento considerado
inútil não impede, evidentemente, a continuação de um tratamento de conforto e
cuidados gerais.
A futilidade diagnóstica pode ligar-se à utilização racional de meios a utilizar nestes
cuidados e à gestão de recursos disponíveis, que começam a ser cada vez mais escassos e

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dispendiosos. Não podemos considerar um tratamento como fútil, apenas pensando nos
recursos, mas devemos sempre lembrar-nos que estes recursos são limitados e devem ser
empregados sempre da melhor maneira possível. A futilidade diagnóstica é difícil de ser
aceite em muitos casos, pois nós profissionais de saúde somos treinados para fazer sempre
tudo o que estiver ao seu alcance para salvar a vida, descurando um pouco o sofrimento
que isso pode acarretar. Outro conceito que se pode associar ao da futilidade terapêutica é
a obstinação terapêutica, mais vulgarmente conhecida como distanásia, do grego “morte
difícil ou penosa”. No vocabulário ético utiliza-se este último termo para designar o
prolongamento do processo morrer por intervenções que apenas têm como objectivo a
manutenção da vida sem se considerar a dor e o sofrimento, porém, quando trabalhamos
com doentes com doença avançada e em progressão, percebemos que a obstinação
terapêutica não tem lugar em cuidados paliativos.
Alicerçada á futilidade diagnóstica e á obstinação terapêutica vem a dor e
sofrimento que são termos muito usados pelos profissionais de saúde, mas nem sempre
atribuindo o verdadeiro significado a cada um deles, nem os diferenciando. Um dos
principais perigos em negligenciar esta distinção no contexto clínico, é a tendência dos
tratamentos se centrarem unicamente nos sintomas físicos, como se apenas estes fossem
a única fonte de mal-estar. Por outras palavras, a distinção obriga a perceber que a
disponibilidade de tratamento da dor em si não justifica a continuação de tratamentos
desproporcionados. A continuação de tais tratamentos pode, simplesmente impor mais
sofrimento ao doente terminal (Oliveira, 2005). Surge então a questão de quando parar
com o tratar. A resposta não é fácil, tendo que ser bem ponderada e pensando sempre no
bem melhor do doente como critério principal. Uma outra questão é a diferença entre
tratar e cuidar, enquanto o tratar apresenta uma base mais instrumental, relacionada com
a técnica visando a cura, o cuidar apresenta uma orientação mais holística, atendendo o
doente na sua globalidade, visando o bem-estar. Quando se esgota a eficácia dos
meios terapêuticos, surge então o cuidar como medida a implementar com maior ênfase,
ou seja, antes da preservação da vida, surge o alívio dos sintomas.
Há ainda um longo caminho a percorrer, infelizmente ainda é esta a realidade que
presencio todos os dias no hospital onde trabalho, doentes em situação terminal, alguns
até mesmo em agonia e os médicos sem saberem parar, sem prescreverem medicação
para alívio de sintomatologia, continua a ser para eles mais importante manter a pessoa
viva, esquecendo-se de que o mais importante é cuidar do doente e não da doença. Na
minha realidade hospitalar, existe uma equipe de cuidados paliativos, que vai sempre que
solicitada aos serviços de internamento e faz ajustes de medicação, mas mesmo assim
continua a ser muito limitadora, pois esta equipa tem de ser sempre activada pelos
especialistas que estão a tratar destes doentes, grande parte das vezes os médicos são
despertos para esta vertente pelos enfermeiros. A minha opinião é de que a classe médica,
essencialmente, necessita de formação no âmbito de cuidados paliativos. Todos os doentes
têm o direito de participar nas decisões que lhes dizem respeito, bem como receber
cuidados personalizados, em tempo útil e morrer com dignidade, o acompanhamento deve
ser integral.
A Organização Mundial de Saúde sugere, na sua definição de cuidados paliativos,
que estes se referem ao «cuidado total activo de pacientes cuja doença não tem benefício
com tratamento curativo. O controlo da dor, dos outros sintomas e de problemas
psicológicos, sociais e espirituais é de suprema importância. O objectivo do cuidado
paliativo é a obtenção da melhor qualidade de vida para o paciente e sua família. Muitos
aspectos do cuidado paliativo podem ser também aplicáveis numa fase precoce da doença
em conjugação com o tratamento de finalidade curativa.».
Segundo Pacheco (2004) todo o profissional de saúde tem a preocupação de
prestar bons cuidados de saúde e essa preocupação não é eliminada de todo quando se
trata de um doente incurável. Apesar de essa preocupação ser visível, o profissional de
saúde apresenta muitas vezes um sentimento de impotência face aos doentes terminais. A

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impotência do profissional de saúde aliada à preocupação de prestar cuidados de
qualidade ao doente incurável promoveu o surgimento dos cuidados paliativos. Os
Cuidados Paliativos são cuidados científicos dirigidos às necessidades e alívio de sintomas
do doente/família. Promovem uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos
doentes/famílias que enfrentam problemas, decorrentes de uma doença grave e/ou
incurável e com prognóstico limitado, não só em termos físicos mas também psicossociais
e espirituais, este tipo de cuidados só são prestados quando o doente e a família o
aceitam.
Em suma, a actuação do enfermeiro perante a pessoa em fase terminal deverá ser
orientada no sentido de promover a máxima qualidade de vida no tempo que ainda lhe
resta, de garantir cuidados básicos e paliativos, sempre com respeito pela sua dignidade,
como ser bio-psico-social e cultural. O enfoque da acção de enfermagem não deve estar
voltado apenas para o doente, mas também para a sua família, pois este não pode ser visto
como ser único, mas como ser social, integrado numa família.
Conclui-se citando RODEIA (1998), «ajudar uma pessoa a morrer bem, é apoiar o
sentido de amor-próprio, dignidade e escolha dessa pessoa até ao último momento de
vida. Para o conseguir, devemos prestar cuidados calmos, sensíveis e individualizados a
cada pessoa de forma a que a sua experiência humana final, seja tão livre de dor, sentindo-
se reconfortada, por ser vista como uma pessoa digna de cuidados mais atentos.»

Bibliografia:

 “Dicionário de Bioética”; São Paulo; Editora Santuário; 2001;


 DUNCAN, Helen A. et al, “Dicionário para Enfermeiros e outros Profissionais de
Saúde”; 2ª edição; São Paulo; Andrei; 1995;
 ESTEVES, Raquel M., “Cuidar em Oncologia”; Divulgação – Revista de Enfermagem
Oncológica”; ano IX; nº34; Porto; Abril/95;
 HOTTOIS G, MISSA J , “Nova Enciclopédia da Bioética”. Lisboa: Instituto Piaget, 2001;
 MORITZ RD, LAGO PM, SOUZAS RP, SILVA NB, MENESES FA, OTHERO CB, et.al.,
“Terminalidade e cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva”. Revista
Brasileira de Terapia Intensiva 20(4), 2008;
 MOTA, Roberta Araújo; MARTINS, Cileide Guedes de Melo; VERAS, Renata Meira,
“Papel dos profissionais de saúde na política de humanização hospitalar”. Psicologia
em Estudo. Vol. 11 Nº 2, 2006;
 OLIVEIRA, Manuel, “O doente em fase final de vida: implicações no enfermeiro, na
relação enfermeiro/doente e na relação enfermeio/família”. Porto: editor, 2005.
Dissertação de Mestrado em Filosofia – área de especialização em Bioética,
orientada pelo professor doutor Daniel Serrão e apresentada na Universidade
Católica Portuguesa;
 OTTO, Shirley E., “Enfermagem em Oncologia”; 3ª edição; Loures; Lusociência; 2000;
 PACHECO, Francisco, “A morte a que chegamos” Divulgação – Revista de
Enfermagem Oncológica”; ano XI; nº23; Porto; Julho/92;
 PHIPPS et al; “Enfermagem Médico-Cirúrgica – conceitos e prática”; 2ª edição;
Lisboa; Lusididacta; 1999;
 RODEIA, João, “O enfermeiro perante o doente terminal”. Servir. Lisboa, 1998;
 SERRÃO, Daniel; NUNES, Rui, “Ética das atitudes médicas em relação com o processo
de morrer. “ In Ética em Cuidados de Saúde. Porto: Porto Editora, 1998.
 SOUSA, Paulino Artur Ferreira de, “A morte e o processo de morrer”; Enfermagem

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Oncológica; ano 1; Porto; Abril/97;
 SOTTO – MAYOR, Renato, “O papel do médico de família no tratamento do doente
oncológico terminal”; Revista de Pneumologia Portuguesa; Vol.III; nº 6; 1997;
 TABER, “Dicionário Médico Enciclopédico”; 1ª edição; São Paulo; Lusodidacta; 2000.

Parte II

ENUNCIADO
O Sr. Basílio é um doente de 66 anos de idade, que deu entrada hoje na Unidade de Cuidados
Paliativos do Hospital da Luz.
É um doente que tem história de Neoplasia do reto, diagnosticado em julho de 2013 e com
metástases hepáticas e pulmonares. Cognitivamente sem alterações e comunicativo apesar de triste
porque foi informado de toda a situação há 3 dias atrás quando terminou o último ciclo de
quimioterapia paliativa.
Vive com a esposa Marta e um filho de 40 anos, Álvaro, divorciado e com o neto Jorge de 18 anos de
idade. Este, apesar de ser jovem tem um amor muito grande pelo avô e anda muito triste. O filho já
tentou o suicídio mas desistiu a pensar nos seus pais que iriam ficar sós sem apoio.
O doente disse ao enfermeiro Amândio: “Estou angustiado! Isto não devia acontecer comigo! Deixei o
meu companheiro “King” que é um lindo cãozito, as minhas flores! Quando vou vê-lo? Sabe Sr.º
Enfermeiro, o que eu não dava para voltar a ver o meu neto JoJo que está na Suíça com a mãe.
Zanguei-me com ele por uma estupidez de arrumações na minha garagem! Paciência…! ”.
Diz ser católico não praticante mas ultimamente refere que tem rezado muito. Acha que a vida ainda
tem sentido mas se o ajudarem.
À entrada no internamento apresentava os seguintes dados:
 Ta: 101/43 mmhg;
 P: 112 p/min;
 Temp (aur): 37,8º C;
 Resp: 18 c/min;
 SatO2: 94%;
 Dor 1 (0-5, na região abdominal tipo cólica);
 BMT: 176 mg/dl;
 Peso: 49 Kg;
 Escala de Braden:16
 Escala de Karnofsky: 40
 Índice de Kazt: 10
Apresenta-se desnutrido e desidratado, pele pálida, mucosas descoradas, ascite, úlcera de pressão
de grau II na região trocantérica direita com ligeira fibrina (já trazia de sua casa), astenia que lhe limita
a marcha, ligeira anorexia e vómitos esporádicos de cor escura.
Tem história de hipercolestorémia e já foi operado, em 2006 a um hidrocelo.
Foi medicado com:
 Morfina 10 mg SC em SOS até 4/4 horas;
 Fentanilo 75 TD de 72 em 72 horas;
 Butilescopolamina 10 mg SC 2 id;
 Metilpredinisolona 125 mg PO;
 Paracetamol 1gr PO 8/8h;
 Metoclopramida 10 mg SC ½ hora antes das principais refeições;
 Amitriptilina 25 mg PO à noite;
 Haloperidol 5 mg SC em SOS.
 Furosemida 20 mg SC em SOS
 Diazepam 10 mg SL em SOS

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A. Perante o caso apresentado, construa, tendo em consideração os princípios básicos para a
estrutura de um plano terapêutico de Cuidados Paliativos ao Sr. Basílio mas apenas em 1
das 4 áreas à sua escolha

Área Problema Causa Objetivo Acções Responsáveis Avaliação Obs.:


Desidratação; Neoplasia do Aumentar o Medidas Enfermeiro; Avaliação
Física Desnutrição; reto com conforto do gerais físicas Médico; Escala de

Palidez; metastização Sr. Basílio; (cuidados á Assistente Edmonton (2/2

Ascite; pulmonar e Alívio de mucosa oral, Operacional; dias)

Úlcera de hepática; sintomas gerir ambiente, Nutricionista Avaliação da

pressão; Progressão refractários e negociar com escala de

Vómitos; da doença. evitar o Sr. Basílio o Braden (Turno


Anorexia; aparecimento timing para as fixo: 8-16H)

Astenia. de novos AVD’s); Que o Sr.

sintomas. Basílio veja a


Psicológicas refeição como

(escutar o algo natural e

doente, que se
explicar os alimente de

sintomas que acordo com o

já sente e seu gosto e

aqueles que vontade;

pode vir a Apresente

sentir) sinais de

hidratação

Sociais (mucosa

(Acurar oral:corada e

relações de hidratada);

apoio com o Diminuição da

neto) intensidade da

sintomatologia;

Controlo de

sintomas com

medidas

farmacologicas

e não
farmacologicas

Adequar
nutrição

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B. Os Cuidados Paliativos visam assegurar o processo de fim de vida com dignidade e sem sofrimento. Estes
cuidados assumem diferentes ênfases, que passam por um processo negociado e com envolvimento de todos:
profissionais, doente/família.
No sentido de dar consistência a este percurso formativo torna-se necessário que se desenvolvam competências
nestas áreas. Uma das formas de validar é perceber como foi feita a transformação dos achados cognitivos. Por
tal solicita-se que, das seguintes 50 afirmações, identifique as que são verdadeiras (V) ou falsas (F).

1. Em Cuidados Paliativos, a evidência científica tem demonstrado e sugerido que a alimentação e F


hidratação artificial vão melhorar a qualidade de vida do Sr. Basílio. Daí a necessidade de se colocar
alimentação parentérica por via SC
2. Os corticosteroides foram prescritos ao Sr. Basílio, apenas como uma classe de antiemético para F
quadros de vómitos provocados por tumor do sistema nervoso central ou outros por possibilidade
de efeito de massa e compressão
3. A dinâmica familiar anterior ao diagnóstico da situação de fim de vida, apesar da sua importância F
para o doente, é um dos fatores que menos influencia a comunicação entre os elementos desta
família ao longo de todo este processo
4. O linfedema é um edema rico é um edema rico em proteínas e está associado ao processo V
inflamatório crónico e fibrótico. Como só os grandes vasos linfáticos têm actividade de bomba, em
estádios avançados a drenagem linfática não tem resultados.
5. Retirar a dentadura, ao Sr. Basílio, para não se engasgar, é uma das recomendações que lhe deve F
ser feita devido à disfagia que apresenta e também porque agora já não é totalmente necessária
para a sua atividade alimentar
6. Para o Sr. Basílio, no sentido de aumentar o seu apetite pela anorexia que apresenta, deve-se, F
entre outras, administrar corticosteroides em doses elevadas e anti eméticos apenas se ele assim
desejar para evitar as náuseas
7. Nas medidas gerais da terapêutica do prurido, deve-se manter a pele quente e se possível utilizar F
um secador de cabelo aquecendo durante algum tempo. O recurso aos cremes hidratantes deve
ser apenas ser feito se prescritos pelo médico
8. O sofrimento do Sr. Basílio resulta de perdas que ameaçam o sentimento de si como pessoa total e F
está presente, em especial se houver dor física, por exemplo o sentimento sobre o seu neto pode
não ser significante
9. Se o Sr. Basílio tivesse história de consumo crónico de benzodiazepinas, álcool ou outras drogas F
não se exigiria doses mais elevadas de fármacos para o controlo de ansiedade porque já estava
habituado a eles
10. É falso que não se deve abordar farmacologicamente as perturbações do sono sob o efeito de V
estarmos a sedar demasiado o Sr. Basílio e não valorizarmos o seu processo de luto que deve ser
vivenciado com o apoio da sua família
11. É verdadeiro que o delirium é uma situação que poderá vir a acontecer com o Sr. Basílio V
provocando impacto na família e que leva frequentemente a abordagens intensivas por parte da
equipa multidisciplinar
12. A hipodermoclise constitui uma abordagem para administração terapêutica, segura, com poucos V
riscos, que pode ser realizada em vários contextos e inclusive pela família ou pelo próprio doente
se ambos forem ensinados e treinados com supervisão de um enfermeiro
13. Nunca é possível intervir eficazmente no sofrimento global se a equipa não abordar a dor total e V
não criar condições, com o apoio da família, para potenciar o “poder ser” e “orgulho existencial”
que são estruturantes do bem-estar do Sr. Basílio
14. No processo de agonia do Sr. Basílio vai requerer-se cuidados técnicos ativos, controlo sintomático V
rigoroso, medidas gerais de conforto, eliminação de algumas terapêuticas farmacológicas e apoio

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da família com a sua permanência com ele
15. É falso que as medidas não farmacológicas não tenham um papel fundamental no controlo dos V
vómitos do Sr. Basílio porque não se ajustam ao tratamento farmacológico com antieméticos ou
outro tipo de medicação que interaja com a alimentação
16. Nas situações de disfagia, se o doente vier a apresentar, as refeições devem ser fracionadas e V
frequentes, com pouca quantidade de alimentos ao seu gosto e sempre que possível serem feitas
na companhia de um elemento da família
17. Quando se toma um medicamento opióide, só se deve iniciar a prescrição de laxantes, associado a F
medidas dietéticas como a ingestão hídrica e recurso a alimentos com fibras, se o Sr. Basílio assim o
entender e referir obstipação
18. Faz parte de uma comunicação com sucesso o ter em consideração o que o doente não deseja F
saber, o que eu tenho obrigatoriamente de informar, o não esclarecer logo o doente mas sim a
família, o não responder às emoções do doente e não aumentar a informação que o doente já tem
19. Existem sempre situações de emergência em Cuidados Paliativos desde que este doente tenha, por V
exemplo, dor não controlada, hemorragia maciça ou dispneia e que devem ser abordadas de uma
forma interdisciplinar
20. Os antidepressivos mais utilizados na terapêutica da depressão em Cuidados Paliativos são os V
tricíclicos, os inibidores da recaptação da serotonina e psicostimulantes. Os restantes são apenas
de uso recursivo se o doente estiver já a tomar no seu dia-a-dia
21. A negação do doente ou da família é um estadio do processo de luto. Esta situação só deve ser F
desmontada e confrontada por um psicólogo já que torna os doentes e seus familiares agressivos.
Este profissional é o único a trabalhar esta área do sofrimento
22. A via subcutânea é a via de eleição para a administração de medicação em Cuidados Paliativos. F
Deve ser sempre colocada esta hipótese inicial para as situações de febre, oclusão intestinal,
estridor respiratório, astenia, dor e depressão.
23. A via subcutânea não tem contra-indicações a não ser alguns alertas. Ela é bem tolerada, não há F
exigência de técnica elaborada ou de material específico. Pode ser administrada mesmo com o
doente em anasarca já que pode haver locais (região escapular) disponíveis
24. Quando o Sr. Basílio entrar em sofrimento global, que vai acontecer no momento de pré-agonia, é F
importante iniciar-se de imediato a atuação junto dos sintomas físicos que se encontram em
primeiro lugar na escala deste estadio
25. É fundamental terminar sempre com a terapêutica e vigilâncias excessivas num doente em fim de F
vida. Como no caso do Sr. Basílio que está em Cuidados Paliativos, não há necessidade de
monitorizar a glicémia capilar ou vigiar sinais de hipo ou hiperglicémia
26. É falso que quando um doente está em sofrimento, o alívio dos sintomas físicos desagradáveis deve F
ser o primeiro passo; o sofrimento não está relacionado com acontecimentos futuros mas sim
centrado no presente
27. Todas as intervenções são conducentes a ajudar o Sr. Basílio na procura de significado, dando V
consciência da dificuldade em manter um sentimento de propósito, concentrando-o na
identificação de vários propósitos que deram significado ao longo do curso de vida
28. Raramente os doentes em fim de vida experimentam esperança durante a doença terminal. Para F
os doentes terminais o centrar-se na esperança é sempre no encontrar a cura. As estratégias para
manter a esperança são diferentes daquelas que aliviam o sofrimento
29. Numa urgência em Cuidados Paliativos, para além da natureza da situação temos que avaliar de V
forma rápida e rigorosa: as condições do doente antes do episódio clínico em causa; a eficácia e
toxicidade dos tratamentos disponíveis e a vontade expressa do doente e seus cuidadores
31. Uma unidade de Cuidados Paliativos do tipo 3 necessita sempre de ter pelo menos um profissional F
que tenha formação básica em Cuidados Paliativos cujo curso tenha descrito um total de pelo

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menos 30 horas. Se o médico tiver o curso não é necessário mais ninguém com o mesmo
32. É falso que o processo de agonia é, para a maioria dos autores, um processo que se inicia sempre V
com dificuldade respiratória, estando dividido em quatro partes e em que na última se dá a falência
de pelo menos um órgão vital
33. A perda de apetite do Sr. Basílio resulta, principalmente, das alterações metabólicas. Além da V
própria doença, outros fatores como a falta ou redução das atividades físicas, a manifestação de
dor ou ainda alterações emocionais podem contribuir para piorar este estado.
34. É verdade que os Cuidados Paliativos têm como componentes essenciais o alívio dos sintomas, o V
apoio psicológico, espiritual e emocional do doente, o apoio à família e o apoio durante o luto, o
que implica o envolvimento de uma equipa multidisciplinar de estruturas diferenciadas
35. Uma terapia curativa para o Sr. Basílio significa o final de um tratamento ativo, com mudanças nos V
focos de tratamento. No entanto o tratamento ativo e o tratamento paliativo não são mutuamente
excludentes e pode-se avançar para tratamentos de outras patologias que podem aparecer
36. Na maioria dos casos de linfoedema a furosemida, como diurético de ansa, não atua de forma V
radical. A associação de corticosteroides (metilprednisolona) é sempre uma solução se no caso já
existir uma compressão e/ou garrote
37. As unidades de Cuidados Paliativos podem prestar cuidados em regime de internamento ou V
domiciliário e abrangem um leque variado de situações, idades e doenças, proporcionando a
cuidados num ambiente apropriado e que promovam a proteção da dignidade do doente
38. No conhecimento atual, pode ser administrado antibióticos por via subcutânea para infeções F
extrapatologia de base. O que se encontra mais estudado é o cefotriaxone 1 grama. A sua
administração requer a diluição em lidocaína 1% e administrado em 4 locais distintos
39. O recurso a placas de hidrogel, na administração subcutânea de quantidades de soro ou F
medicação, prende-se unicamente pela forma de assegurar que o local da punção seja visível e
possa ser identificado qualquer sinal inflamatório
40. As ações paliativas fazem parte integrante da prática, qualquer que seja a doença ou fase de F
evolução. Estas ações não podem ser prestadas nos hospitais, centros de saúde ou na rede de
cuidados continuados, em situações de condição irreversível ou de doença crónica progressiva
41. Quando falamos em situação de náuseas e vómitos, neste doente, Sr. Basílio, com necessidade de V
Cuidados Paliativos, estamos a prever que as suas causas advêm de: obstipação, aumento da
pressão intracraniana, hipercalcémia, fármacos antidepressivos e/ou ansiedade
42. Se o Sr. Basílio fosse um doente com patologia de base neurológica tem sempre obstipação F
provocada pelos opioides. Estes operam pela estimulação anal, oclusão do lúmen com falta de
peristaltismo, lesão do plexo braquial, agitação e estado confusional
43. Se o Sr. Basílio tivesse fibrose pulmonar idiopática e tosse seca, irritativa, emetizante e V
dispneizante, seria útil o recurso ao sulfato de codeína, que atua nas vias aferentes nervosas, e à
dexametasona que opera a nível dos receptores químicos da laringe e dos brônquios
44. Não é verdade que o Delirium não seja um sintoma refratário e que possa acontecer ao Sr. F
Basílio. Qualquer alteração significativa da memória, concentração, perceção, orientação, não
pode alterar a comunicação do doente com os seus familiares e equipa de saúde
45. Quando o Sr. Basílio entrar em agonia ele fará parte de um sub-grupo dos doentes em situação F
de fim de vida e com necessidades de Cuidados Paliativos mas que nesta situação deixamos de
ter toda e qualquer intervenção técnica e instrumental
46. Perante um quadro de estertor respiratório no Sr. Basílio, recorre-se com frequência aos V
anticolinérgicos do tipo da escopolamina que tem também alguma acção sedativa. A prevenção
deve ocorrer antes e a aspiração de secreções só deve efectuar-se em casos extremos
47. Apesar dos enfermeiros terem elevados cuidados com a boca eles não evitam o aparecimento de V
situações de xerostomia, mesmo que o Sr. Basílio não seja submetida a quimioterapia e/ou

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radioterapia paliativa
48. Apesar dos enfermeiros desta unidade não terem formação específica em Cuidados Paliativos eles F
podem prestar estes mesmos cuidados sem qualquer problema já que aquilo que devem realizar é
muito semelhante ao trabalho numa enfermaria de medicina
49. Se o Sr. Basílio iniciar um processo de obnibulação, hipotensão, bradicardia, anúria, com F
hemorragia digestiva apresentada por hematémese e melenas, deve-se colocar de imediato CVP e
SNG de dupla via para lavagem com SF à temperatura ambiente
50. O tratamento da insónia que o Sr. Basílio pode desenvolver deverá ser resolvida através das F
benzodiazepinas. Elas não alteram a ansiedade, não provocam síndromes de abstinência, e o risco
de acumulação sérica nunca se coloca

ENTREGA

Esta ficha de trabalho deverá ser enviada até às 24 horas do dia 19 de fevereiro de 2014
O presente ficheiro deve ser enviado em formato PDF e ter como nome Trabalho Pensar é Agir
EMC II_nome:………………..…pdf. para [email protected]

Parte I – 8 valores (não cumpre 0; cumpre pouco 0,5; cumpre parcialmente 1; cumpre bem 1,5; excede as
expetativas 2 valores).
Pertinência: 2
Discurso: 2
Profundidade: 2
Criatividade: 2

REGRAS DA
Parte II – 12 valores
CLASSIFICAÇÃO
A. Problema identificado, assim como a sua causa, objetivo, intervenção adequada,
responsabilidade e avaliação – 2 valores (não cumpre 0; cumpre pouco 0,5; cumpre
parcialmente 1; cumpre bem 1,5; excede as expetativas 2 valores)

B. Cada resposta correta 0,20 valores para um total de 10 valores

Parte I : ______________ valores – Obs.:____________________________________

Parte II:
A. _____________valores – Obs.:____________________________________
CLASSIFICAÇÃO

B. _____________valores – Obs.:_____________________________________

O docente: __________________________________________________ ; __/__/____

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