Conforto Ambiental
Conforto Ambiental
Conforto Ambiental
AMBIENTAL E
ILUMINAÇÃO
Introdução
Entende-se por eficiência energética a quantidade de energia despendida
para proporcionar o conforto ambiental da edificação, ou seja, conforto
térmico, visual e acústico. A utilização da energia na edificação de forma
racional é fundamental para que se obtenha a otimização do uso de
recursos naturais.
Para que se atinja níveis de eficiência energética satisfatórios, é im-
prescindível que se atente a esse requisito em todas as etapas de projeto.
No que se refere ao projeto de iluminação, a escolha de sistemas de
iluminação, sistemas de controle de iluminação, tanto natural quanto
artificial, e equipamentos interfere diretamente na eficiência do sistema
e, portanto, no desempenho geral da edificação.
Neste capítulo, você conhecerá os tipos de equipamentos de ilumi-
nação — lâmpadas e luminárias — e suas características técnicas. Além
disso, conhecerá os tipos de iluminação zenital que podem ser utilizados
em edificações, bem como as características de um sistema fotovoltaico
de captação de energia solar.
2 Tecnologias em iluminação de ambientes internos e eficiência energética
facho e encontram-se disponíveis para arquitetura nas versões PAR 16, PAR
20, PAR 30 e PAR 38. As lâmpadas dicroicas em base Gz10, por sua vez,
são semelhantes às dicroicas de baixa tensão, porém, na prática, não foram
boas adaptações. Possuem abertura de facho de 40° e funcionam em tensão
de rede 127 e 220 V. Por fim, a lâmpada halopin é uma espécie de bipino,
sendo a menor lâmpada halógena para instalação em tensão de rede. Substitui
bem as lâmpadas incandescentes comuns, devido ao seu tamanho reduzido,
estando disponível em 25, 40 e 60 W (SILVA, 2004).
As lâmpadas halógenas, em geral, produzem uma excelente qualidade de
luz, porém vêm tendo sua utilização reduzida, em função de sua baixa efici-
ência, se comparadas aos diodos emissores de luz (LEDs), que possuem ampla
gama de produtos, de diferentes formatos e potências, que podem substituir
lâmpadas de menor eficiência. A vida mediana das lâmpadas halógenas varia
de 2.000 a 5.000 horas, podendo ser dimerizáveis ou não, conforme o modelo
(SILVA, 2004).
As lâmpadas de descarga geram luz a partir da excitação de um gás ou
composto de gases. Funcionam associadas a equipamentos auxiliares (reator
e ignitor), que atuam para dar alta voltagem para a partida de acendimento
e sua posterior estabilização. A temperatura de cor e o índice de reprodução
de cor variam entre os diferentes modelos, de acordo com a pressão e o tipo
de gás utilizado na lâmpada. Este processo de geração de luz é adotado em
diferentes tipos de lâmpadas, como as lâmpadas de vapor de mercúrio de
baixa e alta pressão, lâmpadas de vapor de sódio de baixa e alta pressão,
lâmpadas de vapor metálico, lâmpadas de indução e lâmpadas de luz mista
(TREGENZA; LOE, 2015).
As lâmpadas fluorescentes são compostas por vapor de mercúrio a
baixa pressão em tubo, com uma camada de fósforo no seu interior. Dispõem
basicamente de três tipos de modelos (SILVA, 2004): tubulares, compac-
tas sem reator integrado e compactas com reator integrado. As lâmpadas
fluorescentes tubulares tiveram sua evolução a partir da redução de diâmetro
do tubo, aumento da eficiência, vida útil e qualidade da luz gerada (IRC e
temperatura de cor). Entre elas, temos respectivamente as T-12, T-10, T-8
e T-5. As lâmpadas fluorescentes compactas sem reator integrado, por
sua vez, possuem alta eficiência luminosa, são apropriadas para utilização
em luminárias pequenas e downlights, podendo ser dimerizadas com reator
apropriado. São disponibilizadas em temperatura de cor de 2.700 e 4.000 K. Já
as lâmpadas fluorescentes compactas com reator integrado são utilizadas
para substituição direta de incandescentes, portanto, estão disponíveis em
4 Tecnologias em iluminação de ambientes internos e eficiência energética
base E-27 (tipo rosca), não sendo apropriadas para dimerização, utilização
com sensores de presença ou minuteiras.
As lâmpadas de descarga de alta pressão funcionam com equipamento
auxiliar de partida e estabilização da lâmpada. As lâmpadas de vapor de
mercúrio de alta pressão possuem índice de reprodução de cor entre 40 a
50 e temperatura de cor variável, de acordo com o tipo de lâmpada. Dentre as
lâmpadas de descarga, é possível encontrar fontes de luz com melhor qualidade.
As lâmpadas mistas foram amplamente utilizadas em iluminação pública,
porém atualmente estão em desuso. Surgiram após as lâmpadas de mercúrio,
sendo seu funcionamento uma combinação da lâmpada incandescente e da
lâmpada de mercúrio. Não utilizam reator, e operam apenas em tensão de
220 V. As lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, por sua vez, estão
disponíveis em formato de bulbo elipsoidal e tubular, com base E-27 e E-40
(base de rosca). Utilizam reator e ignitor para seu funcionamento. São alta-
mente eficientes, porém têm baixo índice de reprodução de cor, o que restringe
diversas aplicações. Funcionam por meio da atuação da corrente elétrica com o
vapor de sódio no interior do tubo cerâmico de descarga. Ainda são utilizadas
em iluminação pública, mas vêm sendo substituídas por lâmpadas de descarga
de maior qualidade ou LEDs (SILVA, 2004).
As lâmpadas de vapor metálico caracterizam-se por ter acendimento
não imediato, tomando certo tempo para atingir a quantidade de luz total da
lâmpada. Possuem uma ampla gama de modelos, com características varia-
das, todos com reator e ignitor para seu funcionamento. Seus modelos estão
descritos a seguir (SILVA, 2004; OSRAM, 2008):
Tipos de luminárias
Para Innes (2014), as luminárias podem ser classificadas de acordo com os
seguintes tipos genéricos:
distribuição de luminância;
iluminância;
ofuscamento;
direcionalidade da luz;
aspectos da cor da luz e de superfícies;
cintilação;
luz natural;
manutenção.
8 Tecnologias em iluminação de ambientes internos e eficiência energética
Distribuição de luminâncias
A adaptação visual está diretamente relacionada à distribuição de luminâncias
do ambiente e interfere na visibilidade das tarefas a serem executadas no
espaço de trabalho, sendo fundamental para a acuidade visual. Dessa forma,
recomenda-se que sejam evitadas luminâncias excessivas que possam causar
ofuscamento, contrastes de luminâncias excessivos que causem fadiga visual,
luminâncias muito baixas ou contrastes muito baixos que tornem o ambiente
monótono e desestimulante e que seja dada atenção à adaptação entre as
diferentes zonas do interior da edificação.
Para a adequada distribuição de luminâncias, é importante considerar as
refletâncias de cada superfície do ambiente, tais como teto, paredes, pisos e
planos de trabalho, além da iluminância. O Quadro 1, a seguir, apresenta as
refletâncias de referência para cada superfície dos ambientes, conforme a
ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013.
Teto 0,6–0,9
Paredes 0,3–0,8
Piso 0,1–0,5
Iluminância
A iluminância e sua distribuição nas áreas de trabalho e entorno imediato
são definidoras da qualidade de percepção da pessoa sobre a tarefa visual.
A ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013 estabelece valores de iluminâncias para
cada tipo de ambiente ou tarefa a ser realizada, considerando-se suas necessi-
dades específicas, tais como requisitos da tarefa visual, segurança, conforto
Tecnologias em iluminação de ambientes internos e eficiência energética 9
500 300
300 200
Ofuscamento
O ofuscamento pode ser desconfortável ou inabilitador, sendo definido como
a sensação visual produzida por áreas brilhantes dentro do campo visual
(luminâncias excessivas), causada por brilho da fonte de luz ou por reflexões
em superfícies especulares. Para prevenir o ofuscamento indesejado, deve
haver proteção contra a visão direta das lâmpadas ou escurecimento nas
janelas por anteparos. Para as lâmpadas elétricas, o ângulo de corte mínimo
para proteção de visualização direta da lâmpada deve ter um valor mínimo,
estabelecido pela ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013, conforme os valores
estipulados no Quadro 3.
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1 a 20 10°
20 a 50 15°
50 a 500 20°
Direcionalidade da luz
A direcionalidade da luz é utilizada para destacar objetos e revelar textura e
interfere na aparência das pessoas em um espaço. O que chamamos de “mode-
lagem” pode ser entendido como o equilíbrio entre as luzes difusa e direcional,
que nos possibilita perceber os objetos e as pessoas dos ambientes de forma
clara e agradável, sem que a iluminação seja tão direcional que produza sombras
muito intensas, nem tão difusa que torne o ambiente luminoso monótono.
Aspectos de cor
Os aspectos de cor de uma lâmpada próxima à cor branca são dados por duas
características:
Cintilação
Os sistemas de iluminação devem ser projetados de forma a evitar cintilação e
efeitos estroboscópicos, visto que a cintilação causa distração e pode provocar
dores de cabeça, e o efeito estroboscópico pode causar situações de perigo,
devido à mudança de percepção de movimento de rotação ou de movimentos
repetitivos.
Luz natural
A iluminação natural pode ser responsável por toda ou parte da iluminação
para execução das tarefas visuais. É importante considerar que a luz natural
tem por característica a variabilidade de intensidade, de direcionalidade, bem
como de aparência de cor, que interfere na iluminação dos espaços. Assim, é
recomendável que as áreas de trabalho contem com iluminação suplementar
(iluminação de tarefa), a fim de garantir a iluminância recomendada para o
plano de trabalho.
Além disso, é preciso estar atento aos tipos de aberturas do ambiente e às
formas de controle da entrada de luz, a fim de evitar ofuscamentos indesejados.
Da mesma forma, convém lembrar que aberturas para o exterior podem per-
mitir contato visual favorável ou não, assim como podem causar desconforto
térmico pela exposição direta da luz do sol em áreas de trabalho.
Manutenção
Para a manutenção do sistema de iluminação, é fundamental considerar as ca-
racterísticas de manutenção da lâmpada, da luminária e do ambiente. A norma
brasileira recomenda a utilização de fator de manutenção não inferior a 0,70.
12 Tecnologias em iluminação de ambientes internos e eficiência energética
Escritórios
Arquivamento, 300 19 80
cópia, circulação
Recepção 300 22 80
Arquivos 200 25 80
https://qrgo.page.link/96gWX
Para ler algumas dicas simples para iluminação de home offices, acesse o link a seguir
(ALMEIDA, 2018).
https://qrgo.page.link/n2uCA
14 Tecnologias em iluminação de ambientes internos e eficiência energética
Sheds
No Brasil, o elemento zenital tipo shed tem melhor desempenho com orientação
sul para latitudes entre 24 e 32°, pois, nessas condições, oferece iluminação
difusa durante a maior parte do ano, com exceção de parte de dezembro a
início de janeiro, evitando, assim, o ofuscamento provocado pela incidência de
luz direta sobre o plano de trabalho. Para latitudes entre 0 e 24°, a orientação
sul não oferece a mesma vantagem, sendo necessária a utilização de proteção
solar. Com relação a outros tipos de zenitais, o shed caracteriza-se por menor
necessidade de manutenção, em virtude de suas superfícies iluminantes serem
verticais, acumulando menos sujeiras (VIANNA; GONÇALVES, 2001).
A Figura 2, a seguir, apresenta um exemplo de shed em uso doméstico.
Lanternim
Segundo Vianna e Gonçalves (2001), o lanternim é caracterizado por duas
faces opostas e iluminantes, com ou sem inclinação (Figura 3). Dada essa
condição, para contemplar as melhores condições térmicas e de iluminação,
recomenda-se orientar as faces iluminantes para N-S. As faces orientadas para
o sul irão se comportar de forma semelhante ao shed, ao passo que as faces
orientadas para o norte deverão receber proteção solar adequada e/ou vidros
difusores, conforme caso específico.
16 Tecnologias em iluminação de ambientes internos e eficiência energética
Figura 3. Lanternim.
Fonte: Dahlström (2019, documento on-line).
Átrios
Átrios são espaços adjacentes aos interiores das edificações que contêm sis-
temas de aberturas zenitais e laterais para a captação de luz natural. Sua
avaliação de desempenho varia conforme a orientação e a forma da abertura
zenital, a geometria interna do átrio e as características das paredes e do piso.
A proporção entre paredes opacas e superfícies transparentes determina o
potencial de luz refletida, que deve ser observado, a fim de evitar ofuscamentos
por excesso de luz (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2013). A Figura 6,
a seguir, apresenta um exemplo de edificação com átrio.
Dutos de luz
O sistema de dutos de luz coleta a luz solar e a conduz por dutos espelhados
ou lentes, que, através de reflexões sucessivas, conduzem a luz natural até
áreas de pavimentos inferiores, onde o acesso de luz através de fachadas é
dificultado. É imprescindível estar atento ao índice de reflexão do interior
do tubo e do difusor (VIANNA; GONÇALVES, 2001). Segundo Lamberts,
Dutra e Pereira (2013), a eficiência do duto de luz diminui de acordo com a
proporção entre profundidade e largura do tubo. A Figura 7, a seguir, apresenta
um exemplo de duto de luz aplicado.
Para aprofundar seus conhecimentos em iluminação natural, leia o artigo “Luz natural
no projeto arquitetônico: uma fonte sustentável para a iluminação” (SOUZA, 2018), da
revista Lume Arquitetura, disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/SfdNN
20 Tecnologias em iluminação de ambientes internos e eficiência energética
https://qrgo.page.link/hLdbN
Tecnologias em iluminação de ambientes internos e eficiência energética 23
Leituras recomendadas
ALMEIDA, P. L. 5 dicas essenciais de iluminação para home office. 2018. Disponível em:
https://www.hauseafins.com.br/blog/2018/12/07/iluminacao-para-home-office/.
Acesso em: 23 out. 2019.
OSRAM. Manual luminotécnico prático. 2018. Disponível em: https://hosting.iar.unicamp.
br/lab/luz/ld/Livros/ManualOsram.pdf. Acesso em: 23 out. 2019.
SOUZA, R. V. G. Luz natural no projeto arquitetônico. Lume Arquitetura, [s. l.], 2018. Dis-
ponível em: http://www.lumearquitetura.com.br/pdf/ed31/ed_31_Iluminacao_Natural.
pdf. Acesso em: 23 out. 2019.