Herança Digital: Sucessão de Bens Digitais Na Ausência de Testamento

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REVISTA CIENTÍFICA
DA ESCOLA DE DIREITO

HERANÇA DIGITAL: SUCESSÃO DE BENS


DIGITAIS NA AUSÊNCIA DE TESTAMENTO
JANAÍNA GONÇALVES CORREIA
Graduanda em Direito pela Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

Envio em: Agosto de 2016


Aceite em: Outubro de 2016

Resumo
Com a popularização do computador e da internet os usuários passaram a produzir e adquirir bens digitais.
O ordenamento jurídico brasileiro deve ajustar-se à nova realidade vinda com essa evolução tecnológica – a
acumulação de bens no espaço cibernético –, compreendendo que o conceito de patrimônio se estendeu,
englobando esses novos bens. O presente trabalho visa, diante do crescimento de usuários da internet, mostrar
que a obscuridade da lei quanto ao tema tem causado transtorno aos possíveis herdeiros. Foi realizada uma
pesquisa bibliográfica – com enfoque qualitativo – fazendo um resgate histórico do conceito de patrimônio,
conceituando bens e bens digitais, sucessão pós-morte, explanando sobre o Marco Civil de 2014 e culminando
na necessidade de aprovação do Projeto de Lei 4099-A – utilizando o método hipotético dedutivo. Na pesquisa
foi utilizado livros, artigos em meios eletrônicos, leis, reportagens, e páginas de web sites. Como não mudou e
não pode ser mudado o direito de transmitir a herdeiros bens acumulados em vida, bem como direitos e deveres,
verificou-se que a sucessão de bens digitais – com ou sem valor pecuniário – tem causado contratempos para
os parentes devido à ausência de legislação sobre o tema. O Código Civil não ampara a transmissão dos bens
46 digitais. A fim de evitar transtornos no Judiciário e aos possíveis herdeiros, diante da necessidade em definir a
destinação desses bens após a morte do proprietário, é latente a aprovação do PL 4099-A/2012.

Palavras-Chaves: Patrimônio. Bens digitais. Herança digital.

DIGITAL INHERITANCE: SUCCESSION OF DIGITAL GOODS IN THE ABSENCE OF WILL

Abstract
With the popularization of computer and internet, users started to produce and acquire digital goods.
The Brazilian legal system must adjust to the new reality that came with this technological development
- the accumulation of goods in cyberspace - understanding that the concept of patrimony has spread,
covering these new goods. This work aims, in the face of the growth of internet users, show that the
obscurity of the law on the subject has caused inconvenience to possible heirs. A bibliographic research
was carried out - with qualitative approach - doing a historical review of the concept of patrimony,
conceptualizing goods and digital goods, and postmortem succession, explaining about Marco Civil
of 2014 and culminating in the need for approval of the Law Project 4099-A - using the hypothetic
-deductive method. On the research, books, articles in electronic media, laws, articles, and pages of web
sites, were used. As the right of transmit property accumulated in life to heirs haven't changed and
can't be changed, as well as rights and duties, it was found that the succession of digital goods - with
or without monetary value - has caused setbacks for relatives due to the absence of legislation on the
theme. The Civil Code does not support the transmission of digital goods. In order to avoid disorders on
Judiciary and to the possible heirs, in face of the need for defining the destination of those goods after
the death of the owner, is latent the approval of the Law Project 4099-A/2012.

Keywords: Patrimony. Digital goods. Digital inheritance.

Revista Juris Rationis, Ano 9, n.2, p. 46-55, abr./set.2016 ISSN 2237-4469


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1 INTRODUÇÃO aconteceu na Revolução Francesa, que o significado de


patrimônio saiu do âmbito privado para o coletivo, para
Na contemporaneidade, o uso de e-mails, redes so- conceito de bem comum, social e histórico-cultural.
ciais, músicas (em formato digital), entre outros bens Nas palavras do autor:
digitais, faz parte do cotidiano da população mundial.
Caso você – leitor – venha a óbito, quem herdará os [...] Foi apenas a partir do ideário desenca-
deado pela Revolução francesa que o signifi-
documentos em seu e-mail? Qual será o valor das suas cado de patrimônio estendeu-se do privado,
fotos e outros bens digitalizados para seus familiares? dos bens de uma pessoa ou de um grupo de
Como o ordenamento jurídico trata a sucessão de bens pessoas – a nobreza –, para o conjunto dos ci-
digitais? Essas são questões pertinentes, se conside- dadãos. Desenvolveu-se a concepção de bem
comum [...] (ABREU; CHARGAS, 2003, p. 35).
rado o aumento significativo de usuários da internet a
cada ano. A fim de responder essas e outras questões
sobre o tema, foi feito – no presente artigo – um resgate Com o tempo o sentido de patrimônio se estendeu,
histórico do conceito de patrimônio e a definição de su- englobando o imaterial e o intangível. Nessa qualifica-
cessão e bens para o Direito. Este último ganhou novas ção entraria segundo o antropólogo Gonçalves “[...]
categorias (bens digitais e virtuais) com a popularização lugares, festas, religiões, formas de medicina popular,
da rede mundial de computadores: internet. Com intuito música, dança, culinária, técnicas etc.” (GONÇALVES,
de melhor ilustrar a problemática, será apresentado al- 2003, p.24).
guns casos onde possíveis herdeiros tentaram ter aces- A sociedade aproveitou da evolução da tecnologia,
so a bens digitais do de cujos.Por fim, fora abordado o dos computadores, internet, celulares, Smartphones,
projeto de lei 4099-A, que visa alterar o ordenamento já tablets,e passou a aventurar-se no mundo do imaterial
existente e inserir estes bens à sucessão. Constatou-se e intangível,inseriu-se em um novo estilo de vida, pas-
que, com o número crescente de usuários da internet e sou a se relacionar pela internet, surgiram outras formas
consequente crescimento de bens digitalizados – com de negócio jurídico, compra e venda, novos produtos,
novos bens, que passaram a compor o patrimônio das 47
e sem valor pecuniário – houve um aumento da neces-
sidade da aprovação do projeto de lei que ambiciona pessoas e das famílias.
extinguir possíveis transtornos no acesso de familiares
a bens digitalizados – na ausência de testamento – de 2.1 EVOLUÇÕES DOS COMPUTADORES DA
valor intangível e imensurável INTERNET

2 PATRIMÔNIO A evolução tecnológica possibilitou a digitalização


de documentos históricos, a preservação de bens ma-
José Reginaldo Santos Gonçalves (2003) relata que teriais, imateriais, móveis e imóveis. Facilitou a perpe-
a palavra “‘patrimônio’ está entre as palavras que usa- tuação dos bens às gerações futuras e os tornou mais
mos com mais frequência no cotidiano. Falamos dos acessíveis a um número maior de pessoas, em qualquer
patrimônios econômicos e financeiros de uma empresa, tempo e lugar. Isso tudo graças à evolução dos compu-
de um país, de uma família...”, que a encontramos em tadores, que na verdade é uma evolução na matemática,
outras categorias “[...] patrimônios culturais, arquitetô- uma melhora na forma de calcular. O matemático Blai-
nicos, históricos, artísticos, etnográficos, ecológicos, se Pascal, físico e filosofo, em 1642, inventou o Ábaco,
genéticos; sem falar nos patrimônios intangíveis, recen- uma máquina de calcular. A partir de então foi aprimora-
te e oportuna formulação no Brasil”. O Antropólogo des- da até chegar ao computador como conhecemos (SIL-
vincula do conceito de patrimônio a ideia de acumulo VA, 2011, p. 2).
de bens unicamente material e com valor (GONÇALVES, Ao final dos anos 1960, em plena Guerra Fria, que o
2003, p. 21-29). Conceito comum no nosso cotidiano, primeiro computador eletromecânico foi construído por
muitos não encaram a ideia de patrimônio como sen- Konrad Zuse (1910–1995). Em 1936, esse engenheiro
do somente aquilo que há valor econômico, ou que seja alemão construiu o Z1. Zuse tentou vendê-lo ao governo
material. Passamos a vida adquirindo coisas úteis para alemão, que descartou a oferta, por não ver utilidade
o dia a dia, mas talvez só para quem a pertença tenha à guerra, fato que deu aos americanos a chance de se
realmente algum valor, relevância. desenvolverem na área, assim conta Jimports, no site
Abreu (2003) mostra que a semântica pode e poderá Forum Tecnologia, onde conta a o surgimento dos pri-
obter outros contornos com tempo e no espaço, assim meiros computadores (JIMPORTS, 2016).

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O governo alemão abrindo mão da tecnologia de- ram, o nome INTERNET é a evolução das redes acadê-
senvolvida por Zus deu margem ao desenvolvimento micas, de ARPnet passou a chamar ARPA-internet, em
americano na área em pela Segunda Guerra Mundial. O seguida INTERNET (DUMAS, 2011).
primeiro projeto foi da Marinha em conjunto com uni- Em 1971, teve a criação dos correios eletrônicos
versidade de Harvard, o computador Harvard Mark I. por Ray Tomlinson, engenheiro americano, mas o que
O Exército americano, não ficou para trás, projetou um alavancou a internet foi à possibilidade de interligar
computador capaz de calcular a trajetória balística (JIM- computadores de diversas instituições de pesquisa
PORTS, 2016). Algo avançado para época e de grande e de educação, com uma linguagem comum a todas,
utilidade. Base para o que temos hoje de mais avançado HTML (HyperTextMarkupLanguage), criação do CERN,
em computação Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear em Genebra.
Na revista História Viva, no texto de Véronique Dumas Em pouco tempo, a internet transformou-se no meio de
(2011) sobre a “A origem da internet”, mostra que os comunicação mais popular no mundo (DUMAS, 2011).
americanos foram mais longe em busca de equipamento A internet não só facilitou e ajudou na Guerra, como
para Guerra, a fim de manter a comunicação militar en- hoje ajuda e facilita a vida de muita gente, facilitou o
tre seus diferentes centros, em caso de ataques, capaz acesso a informações e documentos que antes as pes-
de resistir a uma destruição, por exemplo, provocada por soas teriam que sair de suas casas até uma biblioteca,
um ataque nuclear, ligaram seus computadores em rede, ou arquivo. Hoje, conseguimos marcar médico, hospe-
surge à ideia de internet, seu mentor foi o cientista Paul dagem, mandar currículo, trabalhar na comodidade do
Barn, quem idealizou a forma dos dados se moverem de lar, conseguimos visitar museus de outras localidades,
forma inteligente, escolhendo o melhor caminho, tornan- basta ter um computador, tablet ou celular ligado a uma
do a transmissão de dados mais rápido e seguro. rede e pronto.
Não parou por aí, em seguida, em 1969, a rede AR-
PAnet, foi desenvolvida pela AdvancedResearch Project 2.2 POPULARIZAÇÃO DA INTERNET
Agency, órgão de pesquisa ligado ao Departamento de
48
Defesa americano, criado para ligar as Universidades No Brasil, o Projeto de Rede de Pesquisa – RNP
Stanford, Los Angeles, Santa Bárbara e de Utah. Com o (Rede nacional de Ensino e Pesquisa), criado em 1989
tempo, passou a fazer parte da comunicação dos cien- pelo Ministério da Ciência e Tecnologia que inseriu a
tistas, não só para questões militares, cresceu a ponto, rede no país. Mas foi por volta de 1995, que a rede bra-
que para segurança desmembraram as redes, isolando sileira popularizou,deixou de ser somente acadêmica e
a rede militar daARPAnet, que ficou para uso dos pes- passou a ser utilizada por empresas e indivíduos (INSTI-
quisadores.Mais tarde, outras redes acadêmicassurgi- TUTO TAMIS, 1997).

Figura 1 – Number of internet users in Brazil from 2013 to 2019 (in milions)

Fonte: (THE STATISTICS PORTAL, 2016).

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A figura 1 mostra que o número de usuários no país aumento para 128.5 milhões de usuários. Num panorama
cresce diariamente. Em 2013 já havia 99.2 milhões de maior, o Brasil é o quarto com aproximadamente 139,111
usuários de rede no Brasil, para 2019 há perspectiva de milhões de usuários hoje,como mostra a figura 2.

Figura 2 – internet users by country (2106)

Internet Users by Country (2016)


See also: 2015 Estimate and 2014 Finalized

49
Fonte: InternetLiveStats.com, Jun. 2016.

A popularização do computador e da internet inseriu jogos online, o jogador cria um personagem, chamado
nos lares do Brasil, outra realidade, outra maneira de se de avatar, a quem é atribuído tarefas, que quando reali-
manter informado, de fazer compras, de entretenimento, zadas o personagem evolui, adquire novas habilidades,
de estudo e de comunicação. além de itens virtuais, no início, aos bens não eram atri-
O número de internautas só cresce com o tempo, e buídos valor econômico, mas com o tempo se tornou
passaram a agregar ao patrimônio destes outros bens, um mercado promissor. Os jogadores desenvolveram
digitalizando fotos, documentos, publicando textos, re- um mercado informal, passaram a vender itens entre
cados em redes sociais, adquirindo e-books, cursos on- si, como armaduras, terrenos virtuais, castelos, apetre-
line, músicas, filmes, revistas digitais, artigos em PDF, chos para uso exclusivo no jogo (CASAROLLI;MORAES,
softwares, entre outros do mundo digital. 2014; REBS, 2012).
Entre todos esses bens existe uma similaridade, pois Foi a oportunidade para outros jogos e redes so-
todos são intangíveis e estão disponíveis em um am- ciais, aproveitaram do atrativo e desenvolveram um
biente ficto, o ciberespaço. Neste trabalho foram utili- mercado legal de bens virtuais. Foram bem criativos,
zados como sinônimos as palavras bem digital e bem hoje, no mercado cibernético, existem inúmeros pro-
virtual, apesar de terem uma diferença entre estes. Os dutos: livros (e-books), músicas, vídeos, filmes, jogos,
bens digitais estão disponíveis também na forma tan- fotos, e-mails etc. Além de sites e páginas, que podem
gível, ou seja, são imagens digitalizadas, retocadas ou conter algum valor patrimonial agregado: arquivos em
recriadas, são representações de produtos reais por plataforma de “nuvem”, Facebook, Twitter, Instagram,
programas de edição de imagem, como o photoshop, MySpace, SoundCloud, Linkedin, Blogs, Sites de com-
scanner, fotocopia(BERTASSO, 2015). pra e venda -e-commerce, e até mesmo existe uma
Já os bens virtuais não existem no mundo real, são moeda digital, a Bitcoins, em que possibilita compras
criados diretamente no mundo virtual, são objetos não- no mundo digital e, ou real. Diversos destes bens com-
-físicos. Muito comum em comunidades online. (BER- põem o patrimônio de muitos pelo mundo, tendo ou
TASSO, 2015). Em verdade essa idéia teve início com não valor pecuniário.

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3 HERANÇA DIGITAL tos e obrigações de uma pessoa, suscetível de avaliação


econômica, integra a esfera patrimonial das pessoas,
É da essência do homem adquirir bens. Passamos a sejam elas naturais ou jurídicas”.
vida fechando contratos, adquirindo propriedades, para Esse conceito de bens como arquivos digitais, fil-
usufruir dos bens a bel prazer, mediante claro as restri- mes, e-books, blogs, páginas na internet, músicas, bi-
ções impostas por um bem maior, o interesse público. tcoins, games, serviços de armazenamento em nuvem,
Nem por isso perde sua magnitude, sendo a proprieda- licença de software, comprados por meio de provedores
de independente de sua natureza, um direito individu- de serviços online, não teriam problemas em fazer parte
al, fundamental, a base do Direito Real e expresso na do patrimônio, por possuírem valor de mercado. Mas
constituição (artigo 5º, XXII, CF/88). Assim como expõe seria um empecilho para outros como: fotos, e-mails,
Suzana J. de Oliveira Carmo: textos, mesmo que haja enorme interesse dos herdeiros
sobre eles (BARRETO; NERY NETO, 2016).
[...] o direito de propriedade não é mais abso- O Código Civil de 2002, no artigo 91, também trata
luto como antes, contudo, dentro da relativida- do valor que compõem os bens: “Constitui universalida-
de trazida pela destinação de função social do
bem sob domínio, há que se ater que todos os
de de direito o complexo de relações jurídicas, de uma
direitos de propriedade são idênticos, relativos pessoa, dotadas de valor econômico.”
sim, porém, idênticos, não importando para Mas no direito não há oposição aos herdeiros de se
o mundo jurídico qual é o objeto sobre o qual apropriarem desses bens, se este for o desejo do de
ele recai. Ou seja, não há uma propriedade de
cujus, ou seja, mediante testamento, uma das espécies
maior ou menor monta, o que há é um sujeito
de direito, detentor de uma propriedade, que de sucessão, prevista em lei: “a sucessão dá-se por lei ou
como tal, pode usufruir seu direito pleno de por disposição de última vontade” (artigo1786, CC/02).
disposição (CARMO, 2004, on-line). Sendo o testamento um negócio jurídico solene,
onde a pessoa pode dispor da totalidade dos seus bens
O direito de usar, gozar, usufruir e dispor de um de- ou de parte deles, para depois de sua morte (artigo
50 terminado bem, seja qual for a natureza do bem, é um 1857, CC/02), observando a legítima, que corresponde
direito constitucional expresso, relativizado, já que toda à metade dos bens da herança (artigo 1846, CC/02),
propriedade tem sua função social a cumprir, obrigação os quais não podem ser incluídos no testamento (§ 1º,
imposta ao proprietário. artigo 1857, CC/02). Até mesmo os bens que não têm
Cezar Fiúza (2004, p. 171) deixa claro a ideia de bem caráter patrimonial podem fazer parte da declaração
ser “tudo aquilo que é útil às pessoas”, portanto, “sendo da última vontade (§ 2º, artigo 1857, CC/02). Por uma
suscetível de apropriação”. Tudo o que adquirimos em interpretação extensiva da norma, nada impede que a
vida compõe o nosso patrimônio, e para quem vai após pessoa disponha dos seus bens digitais com ou sem
a morte? valor econômico em testamento.
O mais interessante dos direitos do indivíduo é que Uma das problemáticas na transmissão de bens
para maioria dos ramos do Direito: direito de Família, Elei- digitais é a ausência da declaração de última vontade,
toral, Penal, eles se extinguem com a morte da pessoa. dispondo de bens sem valor pecuniário. Fato que acaba
Mas a propriedade transcende o tempo, a propriedade e a gerando transtorno aos familiares que desejam o aces-
posse do patrimônio passam aos herdeiros, com a morte so a tais bens.
do proprietário – Princípio saisine (DINIZ, 2007). Mesmo o Código Civil dispondo a possibilidade da
Direito das Sucessões é o ramo do Direito que regula declaração de última vontade por testamento como já
a transferência do patrimônio do morto aos herdeiros explicado, ou por codicilo – outro meio onde se pode
em virtude de lei ou de testamento. Para o direito su- dispor de bens de pouca monta, basta que seja escrito,
cessório a herança é o patrimônio do falecido, isto é, assinado e datado – isso tudo não faz parte da cultura
o conjunto de direitos e deveres que se transmite aos do brasileiro.
herdeiros legítimos ou testamentários, exceto se forem Na ausência de testamento, transmitirá a herança
personalíssimos ou inerentes à pessoa do de cujus, aos herdeiros legítimos (artigo 1788, CC/02), sendo es-
conceito de Maria helena Diniz (2007), em que não há tes, pessoas nascidas ou já concebidas no momento da
empecilhos a transmissão dos bens digitais. abertura da sucessão (artigo 1798, CC/02),a morte do
Já para Cezar Fiúza (2004, p.184), só compõem o ente, transmitindo desde já a propriedade aos herdeiros
patrimônio do de cujus os bens com estimação pecuni- –princípio da saisine– sendo todos os herdeiros con-
ária: “patrimônio é considerado um complexo de direi- dôminos do patrimônio do falecido, assim estabelece o

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artigo 1791 do CC /02. ministrador de sistema autônomo respectivo o dever de


No cotidiano, a realidade é outra. Bens de pouco va- manter os registros de conexão, sob sigilo, em ambiente
lor, após a morte do ente, os familiares tomam para si controlado e de segurança, pelo prazo de 1 (um) ano, nos
a posse, fazem entre eles a distribuição de bens como termos do regulamento” (BRASIL, Lei n° 12.965, 2014).
roupas de cama mesa e banho, o porta-retratos, o álbum Ou seja, se a pessoa morre e não deixa expressa sua
de família, roupas, bijuterias, livros, revistas, anotações... vontade em testamento ou codicilo dando destino a tais
O que é inviável para os bens digitais, pois uma vez distri- bens, passado um ano e os familiares que queiram ter
buídos, para se ter acesso a maioria exige senha. acesso a eles, não terão como resgatar ou ter acesso,
Para o inventário só vai mesmo bens que exijam mesmo que haja determinação judicial, já que os servi-
oficialidades para sua transferência como impostos e dores têm a obrigação de mantê-los armazenados por
registro em cartório. apenas um ano.
Outras dificuldades surgem com o Marco Civil da Esse novo ordenamento tornou-se um grande en-
Internet, sancionado pela Presidenta Dilma Rousseff no trave aos familiares e entes queridos, que buscam ter
dia 23/04/2014, que regula o uso da Internet no Brasil, acesso as últimas lembranças, palavras e objetos dei-
desde a garantia de expressão, privacidade, proteção de xados em meio virtual.
dados pessoais, neutralidade da rede, a função social da
rede e responsabilidade civil de usuários e provedores. 4 CASOS QUE ENVOLVEM BENS
O artigo 7odificulta o acesso dos familiares a contas DIGITAIS
e dados do ente falecido, pois os provedores de rede
são obrigados a manter o sigilo das comunicações ar- O caso que abriu a discussão acercada destinação
mazenadas e proteger a intimidade, a vida privada de dos bens digitais foi a morte da jovem Anna Moore Mo-
seus usuários. Somente mediante ordem judicial podem rin. Após a divulgação de sua morte pela imprensa o
disponibilizar aos parentes ou a quem quiser o acesso. perfil desta no Facebook passou a receber inúmeras
mensagens de condolências, que incomodavam os fa- 51
Art. 8º A garantia do direito à privacidade e
à liberdade de expressão nas comunicações é miliares, além das fotos nas redes sociais, o que não
condição para o pleno exercício do direito de dava a eles o direito ao esquecimento da dor do ocorri-
acesso à internet. do (TRUZ, 2013) o que feriu o direito dos familiares de
Parágrafo único. São nulas de pleno direito as esquecer, sendo este um “[...] instituto polêmico que,
cláusulas contratuais que violem o disposto no
caput, tais como aquelas que:
em linhas gerais, corresponde ao direito de não ter a
I - impliquem ofensa à inviolabilidade e ao sigilo memória pessoal revirada a todo instante, por força da
das comunicações privadas, pela internet; ou vontade de terceiros, quaisquer que sejam as intenções”
II - em contrato de adesão, não ofereçam (SOUZA, 2015).
como alternativa ao contratante a adoção do
No Brasil há um caso semelhante, da jornalista Julia-
foro brasileiro para solução de controvérsias
decorrentes de serviços prestados no Brasil na Ribeiro, que faleceu em maio de 2012, aos 24 anos,
(BRASIL, Lei n° 12.965, 2014). devido a complicações por conta de uma endoscopia.
Na primeira tentativa da mãe da jovem de cancelar o
Nem mesmo que seja acordado entre o proprietário perfil no Facebook diretamente pelo site, teve o perfil da
do bem digital e seu fornecedor, por contrato expresso, filha transformado em memorial em resposta (QUEIROZ,
o livre acesso por seus entes queridos aos seus da- 2013), sendo esta uma das políticas do site quando in-
dos armazenados em rede após a morte, não é valido. formado da morte de um dos seus usuários, a empresa
O Marco Civil determina serem nulas as cláusulas que torna o perfil em um Memorial1 , o que para mãe se
violem a privacidade, o sigilo e a inviolabilidade das co- transformou em um “mural de lamentações” (QUEIROZ,
municações. 2013). Diante do incomodo, ajuizou uma ação contra o
Outra dificuldade reside com relação ao tempo que Facebook, mas mesmo após decisão da liminar, para
os servidores são obrigados a armazenar os registros, cancelar o perfil com multa diária R$500 por descum-
o artigo 13 do Marco Civil determina o prazo de apenas primento, o perfil foi mantido, em seguida a empresa foi
um ano:“na provisão de conexão à internet, cabe ao ad- notificada para no prazo de 48 horas cancelar a conta.

1 Local onde amigos e familiares podem se reunir para compartilhar lembranças, após o falecimento de uma pessoa - https://www.facebook.com/
help/103897939701143.

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Todo o transtorno poderia ter sido evitado se tais “Art. 1.788. [...] Parágrafo único. Serão trans-
bens intangíveis fossem tratados como todos os bens mitidos aos herdeiros todos os conteúdos de
contas ou arquivos digitais de titularidade do
que compõem o patrimônio do de cujus, passando a autor da herança.” (NR) Art. 3.º. Esta lei entra
responsabilidade de administração do patrimônio do em vigor na data de sua publicação (BRASIL,
falecido aos herdeiros, ou ao inventariante até a homo- PROJETO DE LEI Nº 4099-A, 2012, p. 2).
logação da partilha.
Hoje a rede social, Facebook, já disponibiliza para a Já o Projeto de Lei 4.847, de 2012, do Deputado Mar-
própria pessoa em vida deixar determinada qual a sua çal Filho, apenso ao Projeto 4099-A/2012, visa acres-
vontade após a sua morte, que sua conta se torne um centar ao Código Civil a definição da Herança Digital, e
memorial ou que seja excluído, bem como a possibilidade elencar o dever dos herdeiros quanto à destinação de
dos parentes fazê-los após a morte de entes queridos. senhas, redes sociais, conta de Internet, ou de qualquer
No Brasil não há a cultura de deixar determinada a bem e serviço virtual e digital de titularidade do falecido.
destinação dos bens antes de morrer. O fato de brasi-
leiros não deixarem testamento, ou não determinar sua Art. 1.797-A. A herança digital defere-se como
o conteúdo intangível do falecido, tudo o que é
vontade sobre que será feito depois de sua morte com
possível guardar ou acumular em espaço virtu-
seu perfil, no cadastro e abertura de conta em redes al, nas condições seguintes:
sociais, ou para quem ficarão suas músicas do itunes, I – senhas;
acessórios de seus avatars, e-books, e-mails, bitcoins, II – redes sociais;
obras virtuais. Isso não deveria ser um empecilho aos III – contas da Internet;
IV – qualquer bem e serviço virtual e digital de
familiares ao acesso aos bens digitais do parente faleci- titularidade do falecido.
do (TAVARES, 2012). Art. 1.797-B. Se o falecido, tendo capacidade
Os pais de Justin M. Ellsworth, morto no Iraque aos para testar, não o tiver feito, a herança será
20 anos de idade, passaram pelo desconforto de recu- transmitida aos herdeiros legítimos. Art. 1.797-
C. Cabe ao herdeiro:
perar a propriedade digital do filho, colocando em ques-
52 I - definir o destino das contas do falecido;
tão o direito de privacidade de contas de e-mail contra o a) - transformá-las em memorial, deixando o
direito dos pais de ler, ver e conhecer últimas palavras, acesso restrito a amigos confirmados e man-
imagens e pensamentos do ente querido. Os pais pedi- tendo apenas o conteúdo principal ou;
ram a senha de acesso à conta de e-mail, mas a em- b) - apagar todos os dados do usuário ou;
c) - remover a conta do antigo usuário (BRA-
presa Yahoo! negou inúmeras vezes, após recorrerem, SIL, PROJETO DE LEI Nº 4099-A, 2012, p. 4).
a eles foi entregue um CD contendo 10.000 páginas de
textos e fotografias, mas não havia nenhum e-mail es- Com a aprovação do Projeto o judiciário se adapta
crito pelo filho, não disponibilizaram todo o conteúdo. A as novas relações, e se antecipa, prevenindo o ajuiza-
batalha continuou até conseguirem o acesso por deter- mento de demandas desnecessárias, e facilitaria para
minação judicial (CHAMBERS, 2005). os familiares, passando a eles a administração desses
bens após a morte se nada for disposto em contrário
5 PROJETO DE LEI por testamento.

Pela ausência de legislação que ampare a nova rea- 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS


lidade gerada pela tecnologia digital, a herança digital,
que o deputado Federal Jorginho Mello elaborou o Pro- Com a expansão e popularização da internet nas
jeto de lei, cujo objetivo é alterar, incluir ao artigo 1.788 últimas décadas, a sociedade tornou-se uma gran-
do Código Civil a transmissão aos herdeiros todo o con- de produtora de bens digitais: a cada e-mail enviado;
teúdo de contas ou arquivos digitais de titularidade do foto publicada; vídeo gravado. Dentre outros inúmeros
de cujus (BRASIL, PROJETO DE LEI Nº 4099-A/2012). meios de produção destes bens, em uma sociedade que
historicamente acumula e transmite seus patrimônios
Art. 1.º. Esta lei altera o art. 1.788 da Lei n.º
10.406, de 10 de janeiro de 2002, que “institui o aos familiares.
Código Civil”, a fim de dispor sobre a sucessão Desse modo, emerge uma nova realidade jurídica: a
dos bens e contas digitais do autor da herança. Herança Digital. Atualmente, só é respaldada juridica-
Art. 2.º. O art. 1.788 da Lei n.º 10.406, de 10 de mente a sucessão de bens digitais quando possuem va-
janeiro de 2002, passa a vigorar acrescido do
seguinte parágrafo único:
lor pecuniário ou quando citado em testamento. Porém,

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na ausência de declaração de última vontade ou quando vil pelo projeto de lei em estudo, evitaria uma sobrecar-
não possuem valor de mercado a sucessão destes bens ga ao judiciário.
fica desamparada. Dando margem para resoluções con- Todavia, um aspecto merece aprofundamento em
troversas. pesquisa futura. Com o Marco Civil de 2014, que es-
A necessidade da aprovação do projeto de lei é emi- tabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o
nente. E esse ato, além de trazer amparo legal para a uso da Internet no Brasil, determina que os servidores
sucessão destes bens, mostrará que o ordenamento mantenham armazenados os registros de conexão no
jurídico atribui o devido valor (importância) aos bens prazo mínimo de 1 ano. Assim, só terá direito de acesso
digitais acumulados em vida pelo de cujos. aos arquivos, fotos, vídeos, ou seja, aos bens do últi-
Analisando o crescente número de internautas, é mo ano de acesso. Perder-se-á os demais bens digitais
possível, vislumbrar um aumento de processos sobre acumulados. Somente os bens do último ano que pos-
Herança Digital. Desse modo, a alteração do Código Ci- suem “valor”?

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