Aparelho Locomotor - Sistema Esquelético

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 73

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal - DMFA


Área de anatomia

APARELHO LOCOMOTOR

Dr. Alessandro C. Jacinto da Silva


APARELHO LOCOMOTOR

O aparelho locomotor é composto pelos ossos, articulações e músculos.

O aparelho representa uma união de sistemas, logo, o sistema locomotor


representa a união dos sistemas ósseo (esquelético), sistema articular e
sistema muscular.
SISTEMA ESQUELÉTICO

1. Introdução

A parte da anatomia que estuda especificamente os ossos é denominada


de osteologia.

O termo esqueleto é aplicado à armação de estruturas duras que dá


suporte e protege os tecidos moles dos animais.
1. Introdução (continuação)

Em anatomia (descritiva; dos animais mais evoluídos na escala zoológica)


ele é comumente restrito aos ossos e cartilagens, embora os ligamentos que os
unem possam ser incluídos, assim como as articulações.
1. Introdução (continuação)

Em zoologia o termo é usado num sentido muito mais amplo e incluem os


ossos e cartilagens, assim como, todas as estruturas de proteção: escamas,
cascos, penas e pêlos.
2. Ossos

2.1 Conceitos

Os ossos são peças rígidas (constituídas de dois tipos de tecidos:


compacto e esponjoso) e vivas (com vasos sanguíneos e linfáticos, e
terminações nervosas), logo, sujeitos à doença e a cura, que possuem
coloração, número e formas variáveis* e em conjunto constituem o esqueleto.

O osso após a maceração é estático e assim surge um novo conceito


para o osso: são peças rígidas que possuem coloração, número e formas
variáveis e que, em conjunto constituem o esqueleto.

*A conformação externa do osso, assim como, sua conformação


estrutural interna, são determinadas por fatores biodinâmicos.
2. Ossos (continuação)

2.2 Número de ossos

O número de ossos pode variar de acordo com a espécie, de indivíduo


para indivíduo (vértebras coccígeas e fusionamento de osso), com a faixa
etária (fusionamento de osso).

O número de ossos irá variar também de acordo com o critério adotado,


por exemplo, levar em consideração (ou não) os ossos viscerais.
2. Ossos (continuação)

2.3 Classificação dos ossos

• Ossos longos – o comprimento predomina


sobre a largura e a espessura.
Caracteristicamente os ossos longos
apresentam como descrição anatômica duas
epífises (extremidades), uma diáfise (corpo do
osso), duas metáfises (apresenta a cartilagem
metafisária ou epifisária, ou apresenta apenas
uma linha) e um canal medular. Apresentam
ainda diversos pontos de inserção para os
músculos; possuem três pontos de
ossificação; e funcionam como alavancas.
2. Ossos (continuação)

2.3 Classificação dos ossos (continuação)

• Ossos laminares ou chatos – o comprimento e a largura predominam sobre a


espessura. Protegem os órgãos.
2. Ossos (continuação)

2.3 Classificação dos ossos (continuação)

• Ossos curtos – comprimento, largura e espessura se equivalem. Amortecem


impactos, ou seja, diminuem a concussão. Apresentam único ponto de
ossificação.
2. Ossos (continuação)

2.3 Classificação dos ossos (continuação)

• Ossos irregulares – não há como determinar as medidas.


2. Ossos (continuação)

2.3 Classificação dos


ossos (continuação)

• Ossos alongados – o
comprimento predomina sobre a
largura e a espessura, contudo não
há canal medular.
2. Ossos (continuação)

2.3 Classificação dos


ossos (continuação)

• Ossos pneumáticos – ossos que


possuem cavidades (seios) cheias de
ar, que são chamadas de seios
paranasais. Esses ossos são
revestidos por mucosa respiratória.
2. Ossos (continuação)

2.3 Classificação dos ossos


(continuação)

• Ossos sesamóides – são ossos que se


desenvolvem no interior de tendões ou
em cápsulas fibrosas articulares.
Funcionam como polias de reflexão
diminuindo a força para elaboração do
movimento, assim como diminuem o atrito
do tendão no osso (neste caso formam
articulações). Os sesamóides
frequentemente são confundidos com
fragmentos de fraturas ósseas (cuidado!).
2. Ossos (continuação)

2.4 Estrutura dos ossos

Os ossos apresentam células ósseas (5 a 8%) e matriz extracelular (92


a 95%). A matriz é composta de uma parte orgânica (69%) e uma inorgânica
(22%). A orgânica é composta de colágeno (90%) e de outras proteínas, como
as sialoproteínas e fosfoproteínas que auxiliam na fixação do Ca. Também há
carboidratos (ex. ácido hialurônico) e pouquíssima quantidade de lipídeos. A
parte orgânica confere ao osso propriedades tensoras devido às fibras
colágenas. A inorgânica (mineral) corresponde a 69% do peso do osso, sendo
composta principalmente pelos cristais de hidroxiapatita (HAP), ricos íons Ca e
P. Os minerais dão dureza à estrutura, proporcionando resistência à
compressão.
2. Ossos (continuação)

2.5 Elementos descritivos da superfície óssea

Os elementos podem ser projeções (ex. tuberosidades, tubérculos, cristas,


cabeças) ou depressões (ex. fossas, fóveas, forames, cavidades), sendo estes
articulares ou não.
2. Ossos (continuação)

2.4 Estrutura dos ossos (continuação)

Do ponto de vista anatômico, em termos de configuração (arquitetura),


há dois tipos de ossos, um é o compacto e o outro é o esponjoso. Essa
classificação é baseada na quantidade de espaços interósseos. O compacto
reveste completamente o osso e é mais espesso na diáfise, enquanto o
esponjoso é predominantemente encontrado nas epífises, sendo composto de
placas ósseas (lamelas, trabéculas ou espículas) que dão o aspecto
esponjoso.
2. Ossos (continuação)

2.4 Estrutura dos ossos (continuação)

Do ponto histológico (anatomia microscópica), há também dois tipos de


ossos, um primário (osso imaturo ou não modelado – primeiro a se formar) e
um secundário (osso maduro ou lamelar – comum nos adultos). Ainda
histologicamente, podem ser observadas duas organizações ósseas, lamelar
(sistema circunferencial interno e externo) e osteônica (ósteon ou Sistema de
Havers).
3. Esqueleto

3.1 Conceito

É o conjunto de ossos,
cartilagens e as respectivas
articulações, além dos ligamentos,
que se interligam para formar o
arcabouço do corpo, conferindo-o
proteção e desempenhando várias
funções.
3. Esqueleto (continuação)

3.2 Funções

• Proteção de partes moles (coração, pulmão,


encéfalo e medula espinhal);
3. Esqueleto (continuação)

3.2 Funções (continuação)

• Sustentação, conformação, movimentação ao corpo


(funcionam como alavancas e possibilitam inserções
aos músculos) e alongamento dos músculos.
3. Esqueleto (continuação)

3.2 Funções (continuação)

• Sustentação, conformação e movimentação ao corpo (funcionam como alavancas


e possibilitam inserções aos músculos);
3. Esqueleto (continuação)

3.2 Funções (continuação)

• Sustentação, conformação e
movimentação ao corpo (funcionam como
alavancas e possibilitam inserções aos
músculos);
3. Esqueleto (continuação)

3.2 Funções (continuação)

• Hematopoiese (função indireta) – A medula óssea (tipo de tecido conjuntivo


altamente vascularizado e hipercelular – responsável pela produção células
sanguíneas) encontra-se alojada nas cavidades dos ossos (canal medular e nas
inúmeras lacunas do tecido ósseo esponjoso).

São encontrados dois tipos de medulas ósseas:

• Medula Óssea Vermelha; e a

• Medula Óssea Amarela.


Medula Óssea Vermelha

✓ Medula hematopoiética;

✓ É encontrada em todos os ossos durante os períodos de


desenvolvimento e crescimento.

Mas, iniciando a vida adulta, é encontrada nos ossos :


• Planos e curtos;
• Extremidades articulares dos ossos longos;
• Corpo das vértebras;
• Díploe do crânio;
• Esterno e costelas.
Medula Óssea Amarela

✓ É resultado da substituição
dos componentes
hematopoiéticos pelos
adipócitos;

✓ Ocupa a maior parte dos


ossos apendiculares.
3. Esqueleto (continuação)

3.2 Funções (continuação)

• Homeostase mineral (função secundária) – o osso armazena Cálcio (Ca) e


fósforo (P), principalmente, que podem ser mobilizados e utilizados pelo
organismo.
3. Esqueleto (continuação)

3.3 Tipos de esqueleto

Há dois de esqueletos, o exoesqueleto e o endoesqueleto. O exoesqueleto


é aquele esqueleto que está proporcionando sustentação e proteção
externamente. O endoesqueleto (com o qual nos ocuparemos) é aquele envolvido
por tecidos moles.
3. Esqueleto (continuação)

3.4 Divisão do esqueleto

O esqueleto é dividido e subdividido, didática, topográfica e funcionalmente,


em:
✓ Esqueleto Axial – compreende o crânio, coluna vertebral, costelas e
esterno.
Esqueleto somático
✓ Esqueleto Apendicular – compreende os ossos dos quatros membros
(dois anteriores ou torácicos, e dois posteriores ou pélvicos).

Esqueleto Esplâncnico ou visceral – compreende os ossos que se desenvolvem


no interior de órgãos moles (vísceras). Exemplos: o osso peniano (cães e gatos);
osso clitoriano (cadelas); osso córdis (no coração de ovinos e bovinos velhos –
mais frequentemente, porque potencialmente todos podem desenvolver); e
ossículos da orelha média (martelo, bigorna e estribo).
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno

✓ Neurocrânio (ossos crânicos) – aloja e protege


o encéfalo, meninges, nervos e vasos;

✓ Viscerocrânio (ossos faciais) – aloja e protege


os órgãos e estruturas dos sentidos especiais
(visão, olfato, audição e gustação); apresenta
as passagens para o ar (início do sistema
respiratório) e para os alimentos (início do
sistema digestório); e ainda os dentes alojados
no incisivo, nos maxilares (ou nas maxilas) e
na mandíbula.
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno

Vértebra lombar
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno
Esqueleto Axial – crânio, coluna vertebral, costelas e esterno

Manúbrio
Costelas

Esternébras
Cartilagens
costais

Processo
xifóide Cartilagem
xifóide
Esqueleto Apendicular – ossos dos quatros membros
(dois anteriores ou torácicos e dois posteriores ou pélvicos).
Esqueleto Esplâncnico ou visceral

Compreende os ossos que se desenvolvem no interior de órgãos moles


(vísceras). Exemplos: o osso peniano (bácula), presente em várias espécies; osso
clitoriano (cadelas); osso córdis (no coração de ovinos e bovinos velhos – mais
frequentemente, porque potencialmente todos podem desenvolver); e ossículos
da orelha média (martelo, bigorna e estribo).
Esqueleto Esplâncnico ou visceral (continuação)
Esqueleto Esplâncnico ou visceral (continuação)

Báculas, da esquerda para a direita: leão-marinho-de-steller (Eumetopias


jubatus), foca-comum (Phoca vitulina), foca-barbada (Erignathus barbatus),
leão-marinho-da-Califórnia (Zalophus californianus), foca-anelada (Pusa
hispida), castor-da-montanha (Aplodontia rufa), rato-verdadeiro (Peromyscus
maniculatus), marmota-olímpica (Marmota olympus), geomiídeos
(Thomomys sp.), arminho (Mustela erminea olympica), furão (Mustela
frenata), visom (Mustela vison), lontra-norte-americana (Lutra canadensis),
texugo (Taxidea taxus), lobo-vermelho (Canis rufus), coiote (Canis latrans),
raposa-do-Ártico (Alopex lagopus), raposa-anã (Vulpes macrotis), urso-negro
(Ursus americanus), lince-pardo (Lynx rufus), onça-parda (Puma concolor);
já o bitelo de osso na parte superior é a bácula das morsas (Odobenus
rosmarus), a qual chega a medir mais de 60 cm de comprimento, e é a maior
do mundo! Os elefantes, em geral, mesmo possuindo pênis muito maiores,
possuem uma bácula com cerca de metade desse comprimento.
Esqueleto Esplâncnico ou visceral (continuação)
Esqueleto Esplâncnico ou visceral (continuação)
4. Periósteo

É uma membrana fibrosa (externa) e celular (interna), altamente


vascularizada e inervada, que, ora apresentando-se espesso e esbranquiçado,
ora fino e quase transparente, envolve o osso externamente (exceto na
superfície), representando assim, uma cápsula para o órgão (estando fixado ao
osso pelas fibras de Sharpey).
4. Periósteo (continuação)

Tem por funções a nutrição e a proteção óssea, bem como, o


desenvolvimento em espessura e a reparação da superfície (lesões) através
das células osteogênicas localizadas na camada interna.

Durante o desenvolvimento é o periósteo que dá origem ao endósteo,


estabelecendo uma continuidade que pode ser observada através dos canais
de Volkmann. O periósteo é mais espesso no jovem; e pode ser destacado do
osso, exceto nos pontos em que há inserção muscular (aqueles pontos de
projeção ou depressão óssea onde há um tendão de fixação).
5. Endósteo

É uma membrana que possui características semelhantes as do


periósteo, só que este reveste o canal medular e todos os espaços do osso
esponjoso (espaços interósseos) e compacto (canais de Havers ou canais do
ósteon). Desta forma, o endósteo pode ser dividido didaticamente em
endósteo cortical, trabecular e osteônico. O endósteo dos ossos que alojam o
encéfalo esta aderido intimamente a dura-mater (a meninge mais externa), a
tal ponto de ser considerado uma camada desta, denominada de camada ou
lâmina endosteal (uma camada externa) da dura-mater. A camada interna é
denominada de lâmina meningeal.
6. Irrigação, drenagem, linfáticos e inervação

Cada osso possui, no mínimo, um forame


nutrício, localizado em determinado local de acordo com
o padrão morfológico do osso e da espécie. Esse
forame é visualizado na imagem radiográfica e pode ser
confundido com uma fissura, pelo olhar menos treinado.

Através deste forame nutrício a artéria tem


acesso ao tecido ósseo e seus espaços, dividindo-se e
dividindo-se para atingir a todos. Há outras artérias
(inúmeras) irrigando o osso (partem de outros vasos ou
do próprio periósteo; os vasos que saem do periósteo
penetram o osso pelos canais de Volkmann).
6. Irrigação, drenagem, linfáticos e
inervação (continuação)

Isso se faz necessário para se


garantir uma circulação colateral, que
garanta a nutrição do osso no caso da
artéria nutrícia ser comprometida; outro
fator é que os vasos oriundos da artéria
nutrícia não conseguem ultrapassar a
linha ou a cartilagem metafisária, sendo
então necessários outros vasos para
irrigar as regiões metafisárias e as
epífises.
6. Irrigação, drenagem, linfáticos e inervação (continuação)

As veias que surgem dos tecidos ósseos e seus espaços se unem para
formar vasos maiores, até que surja apenas um (geralmente), objetivando
passar pelo forame nutrício em sentido contrário ao da artéria nutrícia.

As veias localizadas no tecido ósseo e suas cavidades não possuem


válvulas (assim não riscos de varizes dentro do osso).

Não há vasos linfáticos dentro do osso, mas há no periósteo. Filamentos


nervosos podem partir dos filamentos nervosos periosteais para os canais do
osso.

Você também pode gostar