Funcoes de Varias Variaveis

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

Textos de apoio 1

Universidade Eduardo Mondlane


Faculdade de Ciências
Análise Matemática II
Tema-Funções de várias variáveis

1 Noção de função de várias variáveis


Denição 1 Uma função f de n variáveis é um regra que associa, a cada ponto (x1 , x2 , . . . , xn )
de um conjunto Df ⊂ Rn , um único valor real denotado por f (x1 , x2 , . . . , xn ).
Df é chamado de domínio de f . A imagem de f é denida por
Im(f ) = {f (x1 , x2 , . . . , xn ) : (x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn }
Quando f é uma função de duas variáveis usamos, geralmente, a notação z = f (x, y).
Quando f é uma função de três variáveis usamos, geralmente, a notação w = f (x, y, z).

2 Cálculo do domínio de função de duas variáveis


Denição 2 O domínio de denição de uma função de duas variáveis f é o conjunto de todos os
pontos (x, y) do plano para os quais a expressão f (x, y) assume um valor real.
ln (y 2 − x)
Exemplo 1 Determine o domínio da função f denida por f (x, y) = p .
y2 − 1
Resolução. Pela denição
p
Df = {(x, y) ∈ R2 : y 2 − x > 0, y 2 − 1 ≥ 0, y 2 − 1 6= 0}
Então,  2  2
 y − x > 0  y > x ( 2
y >x

 

y2 − 1 ≥ 0 ⇒ |y| ≥ 1 ⇒


 p 2

 y < −1 ou y > 1
y − 1 6= 0 y 6= ±1

Logo,
Df = {(x, y) ∈ R2 : y 2 > x, |y| > 1}

p
9 − x2 − y 2
Exemplo 2 Determine o domínio da função g(x, y) = p 2 .
x + y2 − 4
Resolução.
(x, y) ∈ R2 : 9 − x2 − y 2 ≥ 0 ∧ x2 + y 2 − 4 > 0

Dg =

= (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 9 ∧ x2 + y 2 > 4


A inequação x2 + y 2 ≤ 9 representa o círculo limitado pela circuferência de raio 3 e centrada na


origem. A inequação x2 + y 2 > 4 representa a região do plano exterior a circunferência de raio 2
e centrada na origem. Logo, o domínio da função g é o conjunto de pontos do círculo x2 + y 2 ≤ 9
que são exteriores a circunferência x2 + y 2 = 4.

Eisten Bomba
Textos de apoio 2

ln (y 2 − x)
Figura 1: Domínio da função f (x, y) =
y2 − 1

3 Gráco de funções de duas variáveis


Denição 3 Se f é uma função de duas variáveis com domínio D, então o seu gráco é o conjunto
de pontos (x, y, z) em R3 tal que z = f (x, y) e (x, y) ∈ D
Assim como o gráco de uma função de única variável é uma curva C com equação y = f (x), o
gráco de uma função com duas variáveis é uma superfície S com equação z = f (x, y).

Exemplo 3 Esboce o gráco da função f (x, y) = 6 − 3x − 2y.


Resolução. O gráco tem a equação
z = 6 − 3x − 2y
ou seja
3x + 2y + z = 6
que representa um plano. Para representar o plano, primeiro achamos as intersecções com os eixos
coordenados:

ˆ Fazendo z = y = 0, obtém-se 3x = 6 ⇒ x = 2 → P (2, 0, 0).


ˆ Fazendo x = z = 0, obtém-se 2y = 6 ⇒ y = 3 → Q(0, 3, 0).
ˆ Fazendo z = y = 0, obtém-se z = 6 ⇒ z = 3 → R(0, 0, 6).
A seguir representamos os pontos P , Q e R no sistema tridimensional de coordenadas e traçamos
o triângulo determinado por estes pontos obtendo-se deste modo o traço do plano no primeiro
octante (gura 2). Uma função da forma

f (x, y) = ax + by + c (1)

é chamada função linear. O seu gráco é um plano.

Exemplo 4 Esboce o gráco da função f (x, y) = 9 − x2 − y2 .


p

Resolução. O gráco tem a equação z = 9 − x2 − y2 . Elevando ambos os membros ao quadrado


p

da equação, obtém-se

z 2 = 9 − x2 − y 2

⇔ x2 + y 2 + z 2 = 9
que é uma esfera com raio 3 e centro (0, 0, 0). Mas como z ≥ 0, o gráco de f é somente a metade
superior da esfera (gura 3).

Eisten Bomba
Textos de apoio 3

Figura 2: Gráco da função f (x, y) = 6 − 3x − 2y

p
Figura 3: Gráco da função z = 9 − x2 − y 2

4 Curvas de nível
Denição 4 As curvas de nível da função z = f (x, y) são aquelas com equação f (x, y) = k, onde
k é uma contante.
As curvas de nível f (x, y) = k são apenas traços do gráco de f no plano horizontal z = k
projectado sobre o plano xy .
Exemplo 5 Descreva e esboce o gráco das curvas de nível da função z = 6 − 3x − 2y.
Resolução. As curvas de nível são
6−k 3
6 − 3x − 2y = k ou y = − x
2 2
3
ou seja, uma família de rectas com declive − .
2
Exemplo 6 Descreva e esboce as curvas de nível da função z = 9 − x2 − y 2 .
p

Resolução. As curvas de nível são


p
9 − x2 − y 2 = k ou x2 + y 2 = 9 − k 2

que corresponde a uma família de circunferências centradas na origem e de raio 9 − k 2 . Vamos
fazer o esboço para os casos k = 0, 1, 2, 3.

k =0 → x2 + y 2 =9
k =1 → x2 + y 2 =8
k =2 → x2 + y 2 =5
k =3 → x2 + y 2 =0

Eisten Bomba
Textos de apoio 4

Geometricamente, temos

p
Figura 4: Curvas de nível da função z = 9 − z2 − y2

Exemplo 7 Descreva e esboce as curvas de nível da função z = x2 − y2 .


Resolução. As curvas de nível são dadas pela equação

x2 − y 2 = k

Se k = 0, tem-se x2 − y 2 = 0 ⇒ y = ±x que representa duas rectas perpendiculares. Se k 6= 0, a


equação x2 − y 2 = k representa uma família de hipérboles equiláteras com assímptotas y = ±x.
Abaixo temos a representação das curvas de nível para k = −9, −4, −1, 1, 4, 9

Figura 5: Curvas de nível da função z = x2 − y 2

5 Limites e Continuidade
Denição 5 Seja f uma função de duas variáveis cujo domínio D contém pontos arbitrariamente
próximos de (a, b). Dizemos que o limite de f (x, y) quando (x, y) tende a (a, b) é L e escrevemos
lim f (x, y) = L
(x,y)→(a,b)

se ∀ε > o, ∃δ > 0 tal que |f (x, y) − L| < ε sempre que (x, y) ∈ D e 0 < (x − a)2 + (y − b)2 < δ .
p

Eisten Bomba
Textos de apoio 5

A denição acima mostra que o valor do limite não depende de como o ponto (x, y) se apro-
xima de (a, b). Portanto, se o limite existe, f (x, y) deve se aproximar do mesmo valor limite,
independentemente do caminho de aproximação.
As propriedades dos limites de funções de uma variável podem ser extendidas para limites de
funções de duas ou mais variáveis. Assim, temos:

1. Se lim f (x, y) = L e lim g(x, y) = M , então:


x→a x→a
y→b y→b

(a) lim[f (x, y) ± g(x, y)] = L ± M ;


x→a
y→b

(b) lim f (x, y).g(x, y) = L.M ;


x→a
y→b

f (x, y) L
(c) lim = , desde que M 6= 0;
x→a
y→b
g(x, y) M
(d) lim[f (x, y)]n = Ln para todo inteiro positivo n.
x→a
y→b

2. Se F (t) é uma função contínua no ponto t = L e lim g(x, y) = L, então lim F [g(x, y)] = F (L).
x→a x→a
y→b y→b

3. Se lim f (x, y) = 0 e g(x, y) é uma função limitada numa vizinhança do ponto (a, b), então
x→a
y→b

lim
x→a
f (x, y).g(x, y) = 0.
y→b

x2 − y 2
Exemplo 8 Mostre que lim não existe.
x→0
y→0
x2 + y 2

Resolução. Aproximando o ponto (0, 0) ao longo do eixo dos x, temos:

x2 − y 2 x2 − 02 x2
lim = lim = lim = lim 1 = 1
x→0
y=0
x2 + y 2 x→0 x2 + 02 x→0 x2 x→0

Aproximando o ponto (0, 0) ao longo do eixo dos y , temos:

x2 − y 2 02 − y 2 −y 2
lim = lim = lim = lim (−1) = −1
x=0
y→0
x2 + y 2 y→0 02 + y 2 y→0 y 2 y→0

Como o valor do limte ao longo de dois caminhos diferentes não é o mesmo, conluímos, então, que
o limite não existe.
xy
Exemplo 9 Mostre que lim não existe.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

Resolução. Vamos aproximar (0, 0) ao longo das rectas y = kx, onde k é um número real. Então,

xy kx2 k k
lim 2 2
= lim 2 2 2
= lim 2
=
(x,y)→(0,0) x + y x→0 x +k x x→0 1+k 1 + k2
Logo, para diferentes valores de k o limite da função no ponto (0, 0) não é o mesmo, isto é, o limite
xy
depende da inclinação da recta. Portanto, lim não existe.
(x,y)→(0,0) x2 + y2

Eisten Bomba
Textos de apoio 6

Denição 6 Uma função f de duas variáveis é dita contínua em (a, b) se


lim f (x, y) = f (a, b)
(x,y)→(a,b)

Dizemos que f é contínua em D se for contínua em todos os pontos (x, y) ∈ D.


A soma, diferença, composição, o produto e quociente de funções contínuas são funções contínuas
nos seus domínios. Desta forma, podemos armar que:

(a) Toda função polinomial de duas variáveis é uma função contínua em R2 .

(b) Toda função racional de duas variáveis é uma função contínua no seu domínio.

Uma funã o f de duas variáveis é uma função polinomial se f (x, y) pode ser expressa como a soma
de termos da forma cxm y n , onde c ∈ R e m e n são números inteiros não negativos.

Eisten Bomba

Você também pode gostar