Apostila - CHO 2016 - Direito Penal Militar
Apostila - CHO 2016 - Direito Penal Militar
Apostila - CHO 2016 - Direito Penal Militar
DISCIPLINA
Direito Penal Militar
CONTEUDISTA
Arlindo Medina - Cel PM
FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva – 3º Sgt PM
• 2016 •
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE
Curso de Habilitação de Oficiais Policiais Militares – CHO/PM
DIREITO PENAL MILITAR
SUMÁRIO
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DIREITO PENAL MILITAR
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condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de 2º lugar: Caso haja previsão, é preciso se verificar se
natureza civil. o fato criminoso enquadra-se em uma das hipóteses
dos arts. 9º e 10º, do CPM.
Assim, igualmente ao CPB, o art. 2°3 do CPM contempla
Ao sistematizar tais crimes, o CPM classifica os delitos
os princípios da anterioridade e da retroatividade da lei
em razão do bem jurídico protegido, e o faz em 08
mais benigna, não podendo a Lei Penal Militar, como
(oito) Títulos:
regra, ser aplicada aos fatos ocorridos antes de sua
vigência ou após sua revogação. Título I: Trata dos Crimes contra a Segurança Externa
do País (art. 136 a 148);
No entanto, a lei posterior que, de qualquer modo,
favorecer o agente aplica-se retroativamente, ainda Título II: Trata dos crimes contra a Autoridade ou
que já tenha sobrevindo sentença condenatória Disciplina Militar (art. 149 a 182);
irrecorrível (Retroatividade benigna - Art. 2º, § 1º, do Título III: Trata dos crimes contra o Serviço Militar e
CPM4). o Dever Militar (art. 183 a 204);
3. CRIME MILITAR Título IV: Trata dos Crimes contra a Pessoa (art. 205
a 239);
O crime é definido como toda a ação ou omissão,
típica, antijurídica e culpável, e o crime militar é aquele Título V: Trata dos Crimes contra o Patrimônio (art.
que está previsto na legislação penal militar. 240 a 267);
Em sendo assim, um fato é considerado crime militar Título VI: Trata dos Crimes contra a Incolumidade
Pública (art. 268 a 297);
quando corresponder a alguma conduta taxativamente
prevista no Código Penal Militar (CPM). Título VII: Trata dos Crimes contra a Administração
Militar (art. 298 a 339); e
Nos crimes militares haverá sempre uma lesão de um
bem ou interesse jurídico tutelado pelo ordenamento Título VIII: Trata dos Crimes contra a Administração
da Justiça Militar (art. 340 a 354).
penal militar. Os crimes militares visam à defesa de
tudo aquilo que consubstancia a razão de ser das Alguns tipos penais do Título I, do Capítulo
instituições militares, dessa forma, qualquer conduta concernentes à Violência contra Superior ou Militar de
que atente contra a ordem militar será uma infração Serviço, ao Desrespeito a Superior, à Insubordinação e
penal militar, seja o agente militar ou civil (Este último ao Abuso de Autoridade; e do Título III, quase todos
na esfera Federal). propriamente militares: da Insubmissão; da Deserção;
do Abandono de Posto e de outros Crimes em Serviço;
Para se verificar a existência de um crime militar é
do Exercício de Comércio, envolvem crimes de
necessária uma análise da sistematização dos crimes
ocorrência mais freqüente.
militares em tempo de paz:
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II, alínea f, do Código Penal Militar. 3. Embora a vítima do crime de 6.880/1980) para os Militares da União, e de modo
latrocínio tenha sido policial militar em serviço, não houve agressão às
semelhante, decorre do disposto no art. 7º9 do
funções ou interesses da instituição militar, pois ele estava no local,
para garantir a ordem pública, realizando patrulhamento ostensivo, Estatuto dos Militares Estaduais do Ceará (Lei nº
função tipicamente de policial civil. Nesse contexto, incide sobre a 13.729/2006) para os integrantes da PMCE e do
espécie o enunciado da Súmula n.º 297, do Supremo Tribunal Federal.
4. Ordem denegada. (STJ - HABEAS CORPUS: HC 59489 MG
CBMCE.
2006/0109528-2).
De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal
Militar (STM), por militar em situação de atividade
3.1 Sujeitos Ativos do Crime Militar compreende-se o militar da ativa, ainda que de licença,
O Crime Militar pode ter como sujeito ativo o militar de folga, à paisana ou em local não sujeito à
(estadual ou federal) e o civil. A figura do assemelhado administração militar.
expressa no CPM não mais existe. Vejamos a seguir
Considera-se, ainda, militar em situação de atividade,
seus conceitos:
para efeitos penais militares, por equiparação, o militar
Militar: O conceito de militar está previsto no art. 22 da reserva ou reformado que esteja trabalhando na
do CPM5, que, em síntese, diz ser qualquer pessoa que, Administração Militar (Art. 1210 do CPM).
em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às
Assemelhado: Seria aquele servidor, efetivo ou não,
Forças Armadas.
dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da
Os integrantes das Forças Auxiliares (policiais militares Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar,
e bombeiros militares) são incluídos nesse conceito, em virtude de lei ou regulamento (que inclusive, para
após uma interpretação sistêmica do art. 22 do CPM os efeitos da lei penal militar, recebia o mesmo
c/o art. 426 e 125, § 4º7, da CF/1988, que ampliou o tratamento de um militar da ativa), conforme a
conceito de militar. previsão do art. 2111 do CPM, reproduzido pelo art. 84
do CPPM.
O conceito de militar em situação de atividade decorre
do disposto no art. 6°8 do Estatuto dos Militares (Lei nº A questão do assemelhado veio da Constituição de
1934, que determinou foro especial para o servidor
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Art. 22. É considerado militar, para efeito da aplicação deste
considerado assemelhado nos delitos militares,
Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja prolongando-se até a Constituição de 1969. Contudo,
incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto, apesar de existirem servidores civis ligados a
graduação, ou sujeição à disciplina militar.
corporações militares, a figura do assemelhado não
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Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Defesa e nos demais órgãos quando previsto em lei, ou quando
Territórios. (Redação dada pela EC nº 18, de 1998). incorporados às Forças Armadas.
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Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os Art. 7º São equivalentes as expressões “na ativa”, “da ativa”, “em
princípios estabelecidos nesta Constituição. serviço ativo”, “em serviço na ativa”, “em serviço”, “em atividade” ou
“em atividade militar”, conferida aos militares estaduais no
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares desempenho de cargo, comissão, encargo, incumbência ou missão
dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações militar, serviço ou atividade militar ou considerada de natureza ou
judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência interesse militar, nas respectivas Corporações Militares estaduais,
do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente bem como em outros órgãos do Estado, da União ou dos Municípios,
decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da quando previsto em lei ou regulamento.
graduação das praças. (Redação dada pela EC nº 45, de 2004)
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Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na
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Art. 6° São equivalentes as expressões "na ativa", "da ativa", "em administração militar, equipara-se ao militar em situação de atividade,
serviço ativo", "em serviço na ativa", "em serviço", "em atividade" ou para o efeito da aplicação da lei penal militar.
"em atividade militar", conferidas aos militares no desempenho de
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cargo, comissão, encargo, incumbência ou missão, serviço ou Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos
atividade militar ou considerada de natureza militar nas organizações Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a
militares das Forças Armadas, bem como na Presidência da preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento.
República, na Vice-Presidência da República, no Ministério da
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existe mais, pois o Decreto nº 23.203, de 18/06/4712, 3.2 Elementos Constitutivos do Crime Militar
excluiu o conceito de assemelhado da legislação Segundo a doutrina prevalente, os Elementos
militar, não estando mais os servidores sujeitos à Constitutivos do Crime Militar são: Ação; Tipicidade;
disciplina militar, mas recebendo o mesmo tratamento Antijuricidade; e Culpabilidade.
dispensado aos demais servidores civis da União e dos
Estados.
3.2.1 Ação:
Para que se configure o crime militar é necessário que
haja uma ação, que pode ser uma conduta positiva
(comissiva), ou uma conduta negativa (omissiva), que é
o não fazer, a inércia. É crime tanto o fato do sujeito
esfaquear uma pessoa até a morte (ação), como o fato
de uma mãe deixar um veneno de rato em cima da
mesa, por preguiça ou comodidade, que
posteriormente é ingerido por um filho menor,
provocando-lhe a morte, enquanto assistia televisão.
- Relevância da Omissão:
FIGURA 01 - Militares Estaduais.
A omissão é relevante desde que o sujeito que deixa de
O civil não responde na JME (Art. 125, § 4º13, da
CF/1988), que tem competência apenas julgar o agir, tinha obrigação e condição de agir para evitar o
militar estadual, entretanto ele pode responder
resultado. Então, se tivesse o dever de agir e de fato
na JMF, que tem competência ampla, podendo
processar e julgar os crimes militares definidos pudesse agir, estando presentes e inafastáveis a
em lei praticados por militar federal e civil (Art.
12414 da CF/1988).
obrigação de agir e a possibilidade real de fazê-lo, ao
ter se omitido poderá ser responsabilizado pelo
Civil: É a pessoa física civil (e não a jurídica), que não se resultado criminoso.
enquadra nas situações descritas como militar ou
assemelhado.
3.2.2 Tipicidade:
“O legislador ordinário só pode sujeitar civis à A tipicidade consiste na previsão legal da
Justiça Militar, em tempo de paz, nos crimes conduta criminosa (art. 9º, I, do CPM15), isto é, só pode
contra a segurança externa do país ou as
instituições militares”. (Súmula nº 298 do STF).
haver crime militar quando está previsto na legislação
penal militar.
Ex: Militares reunidos agindo contra ordem
recebida de superior constitui um crime militar, pois
está previsto no art. 149 do CPM (Crime de Motim).
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Revogado pelo Decreto nº 79.985, de 19/06/77 - Regulamento
Disciplinar do Exército (R-4), que atualmente é regulado pelo Decreto
Já o fato de não prestar continência a superior
nº 4.346, de 26/08/02. não constitui crime militar, pois não há previsão legal
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no CPM, sendo uma transgressão disciplinar.
Art. 125. (...). § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e
julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei
e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e
da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
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Art. 9º: Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: I - os
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Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo diverso
militares definidos em lei. Parágrafo único. A lei disporá sobre a na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o
organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar. agente, salvo disposição especial.
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A qualidade de superior ou de subordinado, RATIONE LEGIS (Em razão da lei): São crimes
quando não conhecida do agente; militares aqueles que a lei assim define.
RATIONE MATERIAE (Em razão da matéria):
Exige que se verifique a dupla qualidade, no ato e no
agente.
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Art. 33, inciso I: Doloso, quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo. RATIONE TEMPORIS (Em razão do tempo):
São crimes militares aqueles praticados em
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Art. 33, II: Culposo, quando o agente, deixando de empregar a determinado tempo (tempo de paz ou tempo de
cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a que estava guerra).
obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que
podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se Assim, a CF/1988, ao definir que compete a Justiça
realizaria ou que poderia evitá-lo. Militar processar e julgar os crimes militares definidos
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Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do crime: I - a
qualidade de superior ou a de inferior, quando não conhecida do
agente; II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de
dia, de serviço ou de quarto, ou a de sentinela, vigia, ou plantão,
quando a ação é praticada em repulsa a agressão.
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em lei (Art. 125, § 4º19, da CF/1988), adotou o critério Ex: Um militar estadual da ativa que agride um
do ratione legis (Em razão da lei). colega de farda com um soco no olho dentro de um
quartel, deixando-lhe uma roncha no local agredido.
Não obstante, os demais critérios não foram Não obstante o entendimento tradicional e
abandonados pela visto que, além da ação ou omissão, predominante da doutrina de que no crime praticado
tipicidade, antijuricidade e culpabilidade, para a por militar da ativa contra militar da ativa, havendo
existência do crime militar, é necessário, ainda, a previsão no CPM, será sempre considerado crime
conjugação de uma das hipóteses previstas no art. 9º20 militar, independente de estar de serviço, do local e
do CPM: motivação do crime, existem decisões recentes do STF
em sentido contrário.
Militar da ativa em serviço ou atuando em razão da
função, ainda que fora da administração militar, contra PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
militar da reserva, reformado, ou civil; 1. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 2. HOMICÍDIO
QUALIFICADO PRATICADO POR MILITAR DA ATIVA CONTRA MILITAR DO
Militar da ativa contra patrimônio sob CORPO DE BOMBEIROS DA ATIVA. DELITO PRATICADO FORA DO LUGAR
administração militar, ou a ordem administrativa; SUJEITO À ADMINISTRAÇÃO MILITAR E POR MOTIVOS PESSOAIS. 3.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. TRIBUNAL DO JÚRI. 4. RECURSO A
Militar da reserva ou reformado, ou civil tenha
QUE SE NEGA PROVIMENTO. Negado provimento ao recurso ordinário,
praticado o crime contra as instituições militares,
nos termos do voto do Relator. Decisão unânime. Ausente,
patrimônio sob administração militar, ordem
justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello. 2ª Turma,
administrativa.
10.04.2012. Neste recurso ordinário em habeas corpus, reitera os
fundamentos submetidos a exame da Corte estadual e do Superior
Tribunal de Justiça, sustentando, em síntese, a incompetência da
Vide ANEXO A - STJ decide que crimes da Justiça comum, por meio do tribunal do júri, para julgamento do delito
greve da PM serão processados nas Justiças de homicídio praticado por policial militar contra bombeiro militar,
Militar Estadual e Federal. ainda que cometido por razões estranhas ao serviço. Na espécie, não
obstante a condição de militar da ativa tanto do recorrente quanto da
vítima, verifico que o delito foi praticado em uma universidade,
portanto fora de lugar sujeito à administração militar. Além disso,
3.4.1 Militar da ativa contra militar da ativa: segundo consta da denúncia, a motivação do crime (cobrança de dívida
particular) não estaria relacionada com as atividades militares, não
Art. 9º (...) vislumbrando qualquer agressão aos bens jurídicos tipicamente
associados à função castrense. Desse modo, não há como acolher o
II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam pleito da defesa para que seja determinada a incompetência da Justiça
com igual definição na lei penal comum, quando praticados: comum, porquanto a competência do Tribunal do Júri para o
julgamento dos crimes contra a vida prevalece sobre a da Justiça Militar
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em se tratando de fato circunscrito ao âmbito privado, sem nexo
contra militar na mesma situação ou assemelhado; relevante com as atividades castrenses. (HC 103812, Min. Cármen
Lúcia, redator p/acórdão: Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em
29/11/2011, DJ 17.2.2012)
II - (...)
que não seja militar da ativa, e é necessário que o fato Segundo a jurisprudência, não é exigido o
esteja previsto na Lei Penal Militar, que não tenha exercício de função militar por parte dos militares
ocorrido nenhuma excludente de ilicitude e que o fato estaduais, mas tão somente que estejam em serviço,
tenha ocorrido em lugar sujeito a administração inclusive o de policiamento ostensivo e de trânsito,
militar. para a configuração do Crime Militar.
LOBÃO (1999) conceitua o lugar sujeito à No caso do militar estadual que está de serviço e
administração militar como aquele “que pertence ao deixa o seu posto sem ordem ou autorização incide na
patrimônio das Forças Armadas, da Polícia Militar ou infração penal militar de abandono de posto.
do Corpo de Bombeiros Militares ou encontra-se sob a Entretanto, caso ele venha a cometer um crime após o
administração dessas instituições militares, por abandono do posto, não será considerado como
disposição legal ou ordem igualmente legal de “estando de serviço”, razão pela qual o crime será
autoridade competente”. Acrescenta que o local pode comum, ressalvada a hipótese de configurar outro
ser imóvel ou móvel, como veículo, embarcação, crime militar que não exija como circunstância
aeronave, etc. configuradora o “estar de serviço”.
Vale salientar que a residência do militar não é
Ex: Um militar estadual da ativa, que em serviço
considerada local sob a administração militar, mesmo
cause lesão corporal contra um militar da reserva.
que se encontre em áreas militares, como é o caso das
vilas residenciais, muito comum nas Forças Armadas. “Compete à Justiça Comum Estadual processar e
julgar o delito decorrente de acidente de trânsito
Ex: Um militar estadual no seu quartel de envolvendo viatura da Polícia Militar, salvo se
origem resolve agredir um civil que foi pedir autor e vítima forem policiais militares em
informações sobre o policiamento na sua comunidade, situação de atividade”. (Súmula nº 06 do STJ).
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PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
Crimes dolosos contra a vida. Inquérito. Julgada medida cautelar em 3.5.3 Crimes de Abuso de Autoridade e de Aborto:
ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pela Associação dos
Delegados de Polícia do Brasil - ADEPOL, contra a Lei 9.299/96 que, ao O Crime de Abuso de Autoridade e o Crime de Aborto
dar nova redação ao art. 82 do Código de Processo Penal Militar
determina que “nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra são crimes previstos apenas na lei penal comum, sem
civil, a Justiça Militar encaminhará os autos do inquérito à Justiça previsão legal no CPM e, assim, de competência da
comum.” Afastando a tese da autora de que a apuração dos referidos
crimes deveria ser feita em inquérito policial civil e não em inquérito Justiça Comum.
policial militar, o Tribunal, por maioria, indeferiu a liminar por ausência
de relevância na argüição de ofensa ao inciso IV, do §1º ao §4º do art.
144, da CF, que atribuem às polícias federal e civil o exercício das “Compete a Justiça Comum processar e julgar
funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais, exceto militar por crime de abuso de autoridade, ainda
as militares. Considerou-se que o dispositivo impugnado não impede a que praticado em serviço”. (Súmula nº 172 do
instauração paralela de inquérito pela polícia civil. Vencidos os STJ).
Ministros Celso de Mello, Relator, Maurício Corrêa, Ilmar Galvão e
Sepúlveda Pertence. (STF - Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.494-
DF-Rel. p/o acórdão Min. Marco Aurélio, DJU, 20.04.97).
3.6 Casos Especiais
3.5.2 Crime de Fuga de Preso em Estabelecimento A caracterização do Crime Militar não é tarefa fácil,
Penal da Justiça Comum: pois a subsunção do fato concreto ao delito castrense,
por se tratar de norma penal de tipicidade indireta,
Compete ainda, à Justiça Comum processar e julgar
exige a presença de vários requisitos ligados à
crimes de facilitação de fuga de preso praticado por
adequação típica na Parte Especial e Parte Geral do
policiais militares em estabelecimento penal da Justiça
CPM.
Comum, conforme a jurisprudência predominante e a
Súmula nº 75 do STJ. Neste tópico trataremos de alguns assuntos especiais,
que cada vez mais vêm se verificando no âmbito militar
estadual.
3.6.1 O Advogado Militar:
Apesar da CF/1988 prescrever, em seu art. 13322, que o
advogado é indispensável à administração da justiça, o
STF editou a Súmula Vinculante nº 05, que diz que “a
falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.
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§§ 2º e 3º23, que não constitui injúria ou difamação emprego de linguagem correta e educada (art. 4425 e
punível qualquer manifestação de sua parte, no 4526).
exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem
prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB pelos O militar do serviço ativo é incompatível com o
excessos que cometer, permitindo a sua prisão em exercício da advocacia (Art. 28, inciso VI27, do Estatuto
flagrante, por motivo do exercício da profissão, apenas da OAB). Assim, se o desejar, só poderá exercê-lo na
nos casos de crimes inafiançáveis. inatividade (reserva ou reforma).
O Código de Ética e Disciplina da OAB, por sua vez, em Analisando-se as disposições legais, doutrinárias e
seu art. 2º, parágrafo único24, elenca como deveres do jurisprudenciais, chega-se a conclusão que o advogado
advogado, entre outros, a atuação com destemor, militar e o advogado civil estão sujeitos ao
independência, honestidade, decoro e veracidade, de cometimento de crime militar, mesmo no exercício da
forma a contribuir com o aprimoramento das profissão, logicamente desde que se excedam nas
Instituições, do Direito e das leis. Aponta, igualmente, prerrogativas advocatícias, e sujeitam-se a serem
que em suas relações profissionais deve preponderar o processados e julgados pela JMF. Já no âmbito
respeito, a discrição e a independência, impondo-lhe estadual, apenas o advogado militar pode responder
atuar com simplicidade, sem ser pretensioso, e perante à JME, devendo o advogado civil ser
processado e julgado na Justiça Estadual Comum.
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Art. 27. (...). § 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados
Estaduais, aplicando-sê-lhes as regras desta Constituição sobre
sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
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inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos no irreparáveis à regularidade da família. Além dos crimes
exercício do mandato e na circunscrição do Município. militares, estaria também sujeito às transgressões
(Art. 29, inciso VIII30, da CF/1988). disciplinares, que são bem rígidas, pois também visam
à regularidade militar. Como exemplo, um homem,
Os autores NEVES e STREIFINGER (2005) concluem ser Soldado PM/BM, casado com uma mulher, Capitã
perfeitamente possível o cometimento de crime militar PM/BM, teria que tratá-la sempre como sua superior,
por militares detentores de cargos eletivos, desde que
mesmo na intimidade do casal, pois caso contrário
observada a incidência ou não das imunidades
poderia responder disciplinarmente ou criminalmente.
parlamentares.
Segundo FREUA (2014), o CPM não pode invadir a
3.6.3 Casal de Militares: intimidade do casal de militares a pretexto de garantir
A edição da Lei nº 11.340/06, denominada de Maria da a regularidade das Corporações Militares, pois estaria
Penha, trouxe ao ordenamento jurídico, ultrapassando os limites impostos pela CF/1988,
acertadamente, uma série de mecanismos destinados violando direitos fundamentais à intimidade e à vida
a coibir a violência doméstica e familiar contra a privada (Artigo 5º, inciso X31, da CF/1988), bem como o
mulher. Todavia, a questão do cometimento de lesão direito de formar uma família com a especial proteção
corporal, em decorrência de desavença entre um casal do Estado (Art. 22632 da CF/1988).
de militares, ainda é um tema delicado e não está
pacificado no Direito. Nesse mesmo sentido, LOBÃO (1999) esclarece a
hipótese definindo que se a ocorrência diz respeito à
Com o acesso das mulheres aos quadros das vida em comum, permanecendo nos limites da relação
Instituições Militares, tornou-se comum o casamento conjugal ou de companheiros, sem reflexos na
entre militares e, daí decorrente, a questão de disciplina e na hierarquia militar; permanecerá no
agressões entre os conviventes e subsunção dos âmbito da jurisdição comum.
eventuais delitos ao CPM.
Por outro lado, alguns juristas entendem que o crime
Apesar de, em principio, o cerne da questão estar em nessas circunstâncias deve ser de competência da
responder a seguinte questão: Caso uma mulher, Justiça Militar, pois assim determina a legislação penal
militar e superior hierárquico, sofra agressão do seu militar (Art. 9º, inciso II, alínea “a”, do CPM).
marido, também militar hierarquicamente inferior,
essa conduta seria um crime militar ou um crime O CPM, ainda que proteja outros bens, sempre
comum? O desdobramento da questão vai além, protegerá direta ou indiretamente a disciplina e a
havendo mesmo um embate na doutrina e hierarquia, ou seja, visa proteger a regularidade das
jurisprudência entre a regularidade da instituição forças militares. Nesse sentido, interessante lembrar as
militar e a regularidade da instituição familiar. palavras do ilustre mestre ASSIS (2002): “Vale trazer a
lume, que a vida militar é repleta de situações
Alguns doutrinadores questionam a intromissão do peculiares. À Justiça Militar cabe não só o processar e
Estado na relação familiar como sendo indevida, pois julgar os crimes militares, mas também velar pela
aquele fato havido no asilo inviolável do lar tratar-se-ia integridade das instituições militares, cujas vigas
de crime comum. Assim, caso o CPM passe a ser mestras são a disciplina e a hierarquia”.
aplicado na resolução dos problemas da intimidade e
da vida privada do militar, sem nenhuma relação com a
regularidade militar, pode-se acarretar prejuízos 31
Art. 5º (...). X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
30
Art. 29. (...). VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas dano material ou moral decorrente de sua violação;
opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
32
circunscrição do Município; (Renumerado do inciso VI, pela Emenda Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Constitucional nº 1, de 1992). Estado.
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PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
Crime praticado por militar em residência localizada em prédio sob 4.1 Crime Militar Próprio
administração Militar. I- Incompetência da Justiça Militar. Local sujeito a Os crimes propriamente militares, também conhecidos
administração militar não inclui o interior do apartamento onde reside
o militar com sua família, em face do preceito constitucional que como essencialmente militares, são aqueles definidos
assegura a inviolabilidade do lar - art. quinto, XV da Constituição. II-
Desavenças conjugais terminando em agressões físicas do marido
de modo diverso na Lei Penal comum (Art. 9º, inciso
(Oficial) a esposa não descaracterizam o lar como bem particularmente I34, do CPM).
tutelado pela Constituição Federal. III- Conflito negativo de
competência entre Tribunal Superior e Juiz Federal. Remessa dos autos Ex: A Covardia, o Motim, a Revolta, a Violência contra
ao Excelso Pretório em razão do art. 27 parágrafo primeiro das
Disposições Transitórias da Constituição Federal em vigor, combinado Superior e o Desrespeito a Superior.
com o art. 119, inciso I letra 'e', da Carta de 1967. IV- Decisão unânime.
(RC 1989.01.005859-7-STM.). Não existe previsão de tais fatos no CPB ou em
qualquer outra lei de caráter penal, pois só podem, em
4. CRIME MILITAR PRÓPRIO E IMPRÓPRIO principio, ser praticados por militares. Todavia na
esfera federal o civil pode ser o sujeito ativo de crime
A CF/1988, em seu art. 5°, inc. LXI33 referiu-se apenas a
militar.
uma espécie de crime militar, o crime propriamente
militar, dando-lhe efeitos relevantes (como a dispensa CPM CPB
de ordem escrita e fundamentada para a prisão de Motim
seus autores).
Art. 149. Reunirem-se militares ou
Segundo os ensinamentos de LOBÃO (1999), em seu assemelhados: I - agindo contra a ordem
recebida de superior, ou negando-se a cumpri-
festejado livro Direito Penal Militar:
la; II - recusando obediência a superior, quando
“Crime Militar é a infração penal prevista na estejam agindo sem ordem ou praticando
lei penal militar que lesiona bens ou violência; III - assentindo em recusa conjunta de
interesses vinculados à destinação obediência, ou em resistência ou violência, em Não há tipo
constitucional das instituições militares, às
comum, contra superior; IV - ocupando quartel, penal igual.
suas atribuições legais, ao seu
funcionamento, à sua própria existência, no
fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento
aspecto particular da disciplina, da militar, ou dependência de qualquer dêles,
hierarquia, da proteção à autoridade militar hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou
e ao serviço militar”. viatura militar, ou utilizando-se de qualquer
daqueles locais ou meios de transporte, para
Então como não existe uma definição legal do que
ação militar, ou prática de violência, em
venha a ser crime propriamente militar, a doutrina se desobediência a ordem superior ou em
incumbiu de defini-la, dividindo o Crime Militar em detrimento da ordem ou da disciplina militar:
Próprio e Impróprio.
Violência contra superior
Não há tipo
penal igual.
Art. 157. Praticar violência contra superior:
33 34
Art. 5º (...); LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: I - os
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o
propriamente militar, definidos em lei; agente, salvo disposição especial;
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Desrespeito a superior Art. 305. Exigir, para si ou Art. 316. Exigir, para si ou para
Não há tipo para outrem, direta ou outrem, direta ou
Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro penal igual. indiretamente, ainda que fora indiretamente, ainda que fora
militar: da função ou antes de assumi- da função ou antes de assumi-
la, mas em razão dela, la, mas em razão dela,
vantagem indevida vantagem indevida
4.2 Crime Militar Impróprio
A doutrina conceitua o crime impropriamente militar, Para se identificar o Crime Impropriamente Militar
também chamado de acidentalmente militar, como deve-se analisar o preceito secundário do tipo penal,
sendo um crime comum em sua natureza, cuja prática ou seja, o enquadramento da conduta em uma das
é possível a qualquer cidadão (civil ou militar), mas hipóteses do art. 9º, inciso II36 ou III, do CPM.
que, pela condição militar do culpado, ou pela espécie
militar do fato, ou pela natureza militar do lugar, ou, O crime impropriamente militar pode ser cometido por
finalmente, pela anormalidade do tempo em que é militar da reserva ou reformado, desde que sua
praticado, acarreta dano à segurança ou à economia, conduta se enquadre em uma das hipóteses previstas
ao serviço ou à disciplina das instituições militares, e no art. 9º, inciso III37, do CPM.
estão previstos no art. 9º, inciso II35, do CPM.
Segundo ASSIS (2002), os crimes militares em razão do
Pode-se dizer que o crime impropriamente militar é a
dever jurídico de agir, embora não elencados
conduta delituosa que está definida tanto no CPM
expressamente nas alíneas do art. 9° do CPM,
como no CPB e leis esparsas, necessitando que lhe seja
representam uma espécie de crime militar. Trata-se de
agregada uma nova circunstância, para que passe a
situações em que o militar estadual, à paisana ou de
constituir-lhe o elemento como do tipo penal militar.
folga, e mesmo com armamento particular, vem a
Ex: Homicídio simples (Art. 205 do CPM e 121 do CPB),
36
Lesão Corporal (Art. 209 do CPM e 129 do CPB), Furto Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: II - os
(Art. 240 do CPM e 155 do CPB) e concussão (Art. 305 crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual
definição na lei penal comum, quando praticados: a) por militar em
do CPM e 316 do CPB).
situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma
CPM CPB situação ou assemelhado; b) por militar em situação de atividade ou
Art. 205. Matar alguém Art. 121. Matar alguém assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar
da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; c) por militar em
serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza
Art. 209. Ofender a
Art. 129. Ofender a integridade militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à
integridade corporal ou a administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
corporal ou a saúde de outrem
saúde de outrem (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 08/08/96) d) por militar durante
o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou
Art. 240. Subtrair, para si ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar em situação de
Art. 155. Subtrair, para si ou atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração
para outrem, coisa alheia
para outrem, coisa alheia móvel militar, ou a ordem administrativa militar; f) revogada. (Vide Lei nº
móvel
9.299, de 08/08/96)
37
Art. 9º (...): III - os crimes praticados por militar da reserva, ou
reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-
35
Art. 9º (...): II - os crimes previstos neste Código, embora também se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso
o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: II, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugar
na mesma situação ou assemelhado; b) por militar em situação de sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade
atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério Militar ou da
contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; c) Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; c)
por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão,
de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito a vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento,
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; acantonamento ou manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito à
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou
militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da
militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente
patrimônio sob a administração, ou a ordem administrativa militar; f) requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal
(Revogado pela Lei 9.299/96); superior.
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cometer fato delituoso diante de ocorrência policial ou Art. 12. Transgressão disciplinar é a infração
bombeirística em que se colocou em serviço. administrativa caracterizada pela violação dos deveres
militares, cominando ao infrator as sanções previstas neste
A expressão “atuando em razão da função”, Código, sem prejuízo das responsabilidades penal e civil.
acrescentada pela Lei nº 9.299/1996, na alínea “c” do
§ 1º As transgressões disciplinares compreendem:
art. 9º do CPM, serviu para dar mais relevância jurídica
a ação do militar estadual, mesmo de folga, diante de I - todas as ações ou omissões contrárias à disciplina
uma situação de risco da Segurança Pública, em militar, especificadas no artigo seguinte, inclusive os crimes
previstos nos Códigos Penal ou Penal Militar;
consonância com o dever de agir.
II - todas as ações ou omissões não especificadas no
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL artigo seguinte, mas que também violem os valores e deveres
Se o Policial Militar que interfere em ocorrência policial cumprindo
militares.
normas e deveres profissionais, se envolver em circunstância delituosa,
esta é considerada de natureza militar, ainda que o miliciano esteja de
folga, em trajes civis e faça uso de arma própria (STF-HC 6.558-3-MG-RT
578/418)
Pela leitura do artigo percebe-se que no regramento
A novidade no dispositivo é que se o militar estadual disciplinar do Ceará o conceito de transgressão
ativo estiver de folga, mas passe a atuar em razão da disciplinar foi ampliado de tal forma que também
função, pode responder perante o foro castrense, caso passou a compreender os crimes capitulados no CPM e
venha a praticar algum ilícito. CPB. Assim, uma mesma conduta violadora poderá
configurar simultaneamente um crime e uma
O policial militar, mesmo de folga, é obrigado a atuar,
transgressão disciplinar. Como também, obviamente,
sob o ponto de vista legal, em qualquer lugar que
em alguns casos, conduta poderá configurar apenas
estiver, a fim de prevenir ou reprimir a prática de
um crime ou apenas uma infração administrativa.
delito e, desde que já não haja aparato estatal
suficiente em ação. A intervenção policial é dever, Conforme ensina o mestre ASSIS (2005), o crime militar
constituindo ato de serviço, e a omissão é crime. é toda violação acentuada ao dever militar e aos
Portanto, uma conduta ilícita praticada em tais valores das instituições militares, e se distingue da
circunstâncias deve ser considerada crime militar. transgressão disciplinar, porque apesar de serem a
Por óbvio, esse mesmo entendimento também é mesma violação, esta última é sua manifestação
aplicável ao bombeiro militar nas circunstâncias de elementar e simples. Portanto, concluiu o referido
incêndio, busca e salvamento. autor que a diferença entre crime militar e
transgressão disciplinar reside apenas da intensidade
4.3 O Crime Militar e a Transgressão Disciplinar da referida violação das obrigações e deveres.
A compreensão da diferença entre o crime militar e a
transgressão disciplinar é extremamente importante Neste diapasão, NEVES e STREIFINGER (2005)
ao militar, no exercício do poder de polícia judiciária discorrem sobre a intervenção administrativa e penal,
militar ou no exercício do poder disciplinar, no afirmando que o Direito Administrativo Disciplinar
enquadramento de determinado fato, pois a sanção da Militar é suficiente para resolver boa parte das
Administração Pública difere do poder punitivo Justiça condutas indisciplinadas. Entretanto, nos casos em que
Penal Militar. seja necessária uma intervenção mais rígida, tendo
havido a turbação de um bem jurídico-penal, deve
A transgressão disciplinar é definida nos mais diversos desencadear-se a persecução criminal militar.
regulamentos disciplinares das Forças Armadas e
Auxiliares, sendo que a Lei nº 13.407/2003 Ex: O Abandono de Posto de Serviço. Na hipótese do
(CDPM/BM), em seu art. 12, define a transgressão militar ter se ausentado, contudo ter mantido o tempo
disciplinar para os militares estaduais do Ceará. todo vigilância visual sobre o local que deveria
permanecer, não houve lesão ao bem jurídico imediato
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tutelado, a segurança da OPM/OBM, devendo direito contra lesão iminente ou que recomponha o
prevalecer nesse caso apenas o enquadramento comno direito efetivamente lesado. Sua limitação é apenas
transgressão disciplinar. quanto ao objeto do controle, que há de ser
unicamente a legalidade, sendo-lhe vedado
Daí, a importância da apreciação do caso concreto pelo
pronunciar-se sobre conveniência, oportunidade ou
Oficial PM/BM para avaliar o grau de violação do bem
eficiência do ato em exame, ou seja, sobre o mérito
jurídico tutelado, a intensidade da lesão provocada, e a
administrativo, segundo parte da doutrina nacional.
partir daí definir se o fato constitui um crime ou uma
transgressão disciplinar, visto que ambos resultam em Entretanto, caso falte à punição disciplinar
violação de um dever. razoabilidade ou haja desproporcionalidade, o Poder
Judiciário poderá anulá-la, sem que necessariamente
O regramento penal militar não enquadra as
isso signifique uma invasão do mérito administrativo.
transgressões disciplinares (Art. 1938 do CPM). Todavia,
Isso só poderá ocorrer em situações em que a decisão
o CDPM/BM do Ceará consubstancia as condutas
tomada pela autoridade militar se mostre de plano
delitivas também como transgressões disciplinares.
incabível ao caso concreto, por ser evidente a sua
Ainda, vale frisar que em razão da independência da inadequação àquela situação de fato.
esfera administrativa da penal, conforme a previsão do
A competência para as ações judiciais contra atos
art. 2º39 da CF/1988, se um fato criminoso está em
disciplinares militares foi atribuída à JME, pela EC nº
apuração ou foi apurado, estando em fase de
45/2004, sendo que a JMF, aguarda a PEC nº 358/2005,
persecução criminal ou julgamento judicial, ou seja,
que está tramitando no Congresso Nacional, e
sem haver trânsito em julgado, a Administração poderá
pretende ampliar atribuir competência similar à JMF,
apreciar o aspecto disciplinar do referido fato
para conhecimento das ações para impugnação de
independente da decisão judicial, no caso de entender
punições disciplinares dos militares federais.
pela existência de elementos suficientes que permitam
a avaliação administrativa.
5. PRINCIPAIS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ
4.4 O Controle Jurisdicional da Sanção
Os crimes militares em razão do tempo (ratione
Disciplinar
temporis) dividem-se em crimes militares em tempo de
Parte da doutrina entende que quando o Poder paz e crimes militares em tempo de Guerra.
Judiciário examinar uma punição administrativa, que
nada mais é do que um ato administrativo punitivo, Por questões óbvias, neste curso só estudaremos os
sua atuação deverá estar adstrita à legalidade do ato crimes militares em tempo de paz de maior relevância
disciplinar, excluindo-se da apreciação o denominado para a atividade constitucional das Forças Militares
mérito administrativo. Estaduais.
De acordo o Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição, O CPM classifica os delitos em razão do bem jurídico
com fundamento na própria CF/1988, em seu art. 5º, protegido, sendo que nesse curso os crimes militares:
XXXV40, garante à pessoa o direito de acesso ao Poder Contra a Autoridade ou a Disciplina; Contra o Serviço e
Judiciário para obter decisão judicial que assegure o o Dever Militar; Contra a Pessoa; Contra o Patrimônio;
Contra a Saúde; Contra a Administração Militar; Contra
38
Art. 19. Êste Código não compreende as infrações dos
o Dever Funcional; e Contra a Administração da Justiça
regulamentos disciplinares. Militar.
39
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre Nem todo crime cometido pelo militar é um
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. delito militar, porque ele também atua como
cidadão, e assim, dependendo da conduta e da
40
Art. 5º (...); XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder situação, ele pode cometer um delito penal
Judiciário lesão ou ameaça a direito; comum.
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Sujeito ativo: Crime plurissubjetivo, sendo delito utilização das armas, basta que as tenham ao seu
de concurso necessário, devendo existir pelo menos 02 dispor.
(dois) militares (estadual ou federal).
Sujeito passivo: O próprio Estado, através da Ambos, portanto, o Motim e a Revolta, são
Administração Militar (Estadual ou Federal). manifestações da insurreição de militares contra
Elemento objetivo: A reunião de militares, com autoridade hierarquicamente superior, caracterizando-
ou sem acerto prévio, para que, unidos pelos mesmos
se por demonstrações inequívocas de desobediência e
propósitos, pratiquem atos típicos, seja pelo
descumprimento de ordens dadas, seja pela prática de ocupação indevida de instalações e equipamentos
atos sem ordem, seja com a ocupação de instalações militares.
ou o uso de viaturas para essa finalidade.
Elemento subjetivo: É o dolo genérico. Segundo NEVES e STREIFINGER (2005), como o verbo
nuclear do tipo está utilizado no plural (“estavam”),
Ex: Um grupo de militares estaduais que se reúne nos
pressupõe-se que, se apenas um dos agentes estiver
portões de acesso de determinada OPM/OBM e fica
armado, o delito de motim não se qualificará como
impedindo a saída das viaturas e dos militares de
revolta, portanto, sendo necessários pelo menos dois
serviço.
militares armados.
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
APELAÇÃO. DEFESA. CRIME DE MOTIM. PARALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES
Sujeito ativo: Crime plurissubjetivo, sendo delito
DO ACC-CW - CURITIBA/PR. CONTROLADORES DO TRAFEGO AÉREO DO de concurso necessário, devendo existir pelo menos 02
CINDACTA II. CAOS AÉREO. PENA ACESSÓRIA DE EXCLUSÃO DAS FORÇAS (dois) militares (Estadual ou Federal).
ARMADAS. 1. O Juiz deve vincular a sua decisão às provas produzidas na
instrução processual penal; as provas produzidas na fase inquisitorial Sujeito passivo: O próprio Estado, através da
servem para convicção do Ministério Público Militar oferecer denúncia. Administração Militar (Estadual ou Federal).
2. Inexiste nulidade da sentença quando as condutas imputadas aos Elemento objetivo: Idem ao do motim, só que
acusados, pelo Ministério Público Militar, são aptas e suficientes para
proporcionar a apresentação plena de suas defesas. 3. Ocorre preclusão com pelo menos 02 (dois) militares (estadual ou
quando a parte deixa de opor recurso do indeferimento da oitiva de federal) armados.
testemunhas por ela indicada. Nulidade não verificada, em especial,
quando não demonstrado o prejuízo à Defesa. 4. A leitura e publicação
Elemento subjetivo: Idem ao do motim.
da sentença, logo após a Sessão de Julgamento, é medida que atende a
todos os requisitos processuais e princípios, em especial de celeridade, Ex: Mesmo exemplo anterior, desde que os militares
inexistindo nulidade da sentença por esse motivo. 5. Configura o crime
de motim o fato de graduados impedirem o Comandante de exercer sua estaduais agrupados estejam portando armas.
autoridade, em recusa conjunta à obediência, após acordo prévio entre
eles estabelecido, com o objetivo de fazer cessar as atividades de PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
controle do tráfego aéreo, em visível afronta aos pilares da hierarquia e
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. GREVE DOS POLICIAIS
da disciplina. 6. Ausente qualquer inconstitucionalidade na aplicação da
MILITARES DABAHIA. CARACTERIZAÇÃO DE CRIMES DE MOTIM,
pena acessória de exclusão das Forças Armadas por expressa imposição
REVOLTA E CONSPIRAÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR.
legal, ex vi do art. 102 do CPM, quando devidamente fundamentada em
POSSÍVEL OCORRÊNCIA DE DELITOSPREVISTOS NA LEI DE SEGURANÇA
Sentença e que se afigura em consonância com o grave delito praticado.
NACIONAL (LEI N. 7.170/1983).INQUÉRITO POLICIAL JÁ INSTAURADO.
Preliminares rejeitadas. Decisão unânime. Recurso conhecido e não
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL (ART. 109, INCISO IV, DA CF/88).
provido. Decisão unânime. (STM - Apelação. 0000013-
UNIDADE DOS PROCESSOS. IMPOSSIBILIDADE. ART. 79, I, DO CPP E ART.
12.2007.7.05.0005 (1) UF: PR Decisão: 19/03/2014 Rel. Min. Artur
102, A, DO CPPM. 1. Constatada a prática, em tese, de crimes de motim,
Vidigal de Oliveira. Decisão: 03/04/2004. Publicação DJE 18/10/2004).
revolta econspiração, previstos no art. 149, parágrafo único, e art. 152,
ambos do CPM, capitulados na denúncia oferecida contra 84 policiais
militares que participaram da greve ocorrida na Bahia, nos meses de
5.1.2 Revolta: janeiro e fevereiro de 2012, a competência para processar e julgar tais
delitos é da Justiça Militar. 2. Na eventualidade de se comprovar a
Art. 149. (...). Parágrafo único. Se os agentes estavam ocorrência de crimes previstos na Lei de Segurança Nacional (Lei
7.170/1983) valendo ressaltarque já existe inquérito policial instaurado
armados: Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento para esse fim, nos termos do que dispõe o art. 109, inciso IV, da CF/88, a
de um têrço para os cabeças. competência será da Justiça Federal. Precedentes do STJ e do STF. 3.
Não se mostra possível o julgamento de todas as condutasdelitivas no
Juízo Federal, em razão do que dispõem os arts. 79, I, do CPP, e 102,
alínea a, do CPPM. A conexão e a continência importamna unidade de
processo e julgamento, salvo no concurso entre a jurisdição comum e a
A revolta nada mais é do que uma forma qualificada de militar. 4. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Auditor
motim. Distingue-se do crime de motim unicamente da Auditoria Militar da Bahia, o suscitado, para processar e julgar os
crimes militares capitulados na denúncia, consistentes em motim,
pelo fato dos militares amotinados utilizarem revolta e conspiração, reservando-se a competência da Justiça Federal
para o processamento de possíveis crimes tipificados na Lei de
armamento. Aliás, não é preciso sequer a efetiva Segurança Nacional, eventualmente praticados pelos denunciados ou
por terceiros. (STJ - CC 124133 BA 2012/0179810-4. Min. Rel. Marco
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Aurélio Bellizze. Julgamento: 10/04/2013, S3 - Terceira Seção. empurrar à prática que caracterize desobediência,
Publicação: DJE 17/04/2013).
indisciplina ou crime militar.
Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
5.1.3 Incitamento: Ex: Um militar estadual que provoca, que grita,
com os seus companheiro, a fim de que eles
Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à desobedeçam uma ordem de superior, ou para
prática de crime militar: provocar desordens, indisciplinas, ou prática de
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
qualquer crime militar.
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
Rejeição de denúncia. Incitamento. Atipicidade. A publicação de
O Incitamento é crime impropriamente militar, queixas, denúncias e críticas a oficial superior em site da internet do
denunciado, não importando a veracidade dessas, fere os pilares das
pois também está previsto de modo semelhante no Forças Armadas: hierarquia e disciplina. Porém, não tipifica o delito de
art. 28641 do CPB. Por este tipo penal militar é crime incitamento, previsto no art. 155, do caput, do CPM, pelo qual foi
incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de denunciado. Despacho do Juízo a quo, rejeitando a denúncia, por
ausência de tipicidade, encontra-se correto. Recurso do MPM
crime militar, sujeitando o autor do delito à pena de improvido. Decisão Unânime. (STM - Rec. Crim. 2004.01.007177-1-CE -
reclusão, de dois a quatro anos. Rel. Min. José Luiz Lopes da Silva - J. Em 02.09.2004 - DJU 18.10.2004)
Assim, também incorrendo aquele que introduz, afixa
ou distribui, em lugar sujeito à administração militar, 5.1.4 Apologia de fato criminoso ou de seu autor:
impressos, manuscritos ou material mimeografado,
fotocopiado ou gravado, em que se contenha Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera
incitamento à prática dos atos previstos no (Art. 155, crime, ou do autor do mesmo, em lugar sujeito à
administração militar:
Parágrafo único42, do CPM).
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
O STF já firmou o entendimento, conforme precedente
jurisprudencial a seguir, de que o site da internet não é
lugar sujeito à administração militar e, assim, Fazer apologia significa elogiar, louvar defender.
publicação de queixas, denúncias ou críticas a superior Para que se consume tal crime esta apologia tem que
hierárquico na internet, não importando a veracidade ocorrer em local sujeito a administração militar (Na
dessas, é fato atípico, pois não tipifica o delito de esfera estadual, a OPM ou OBM).
incitamento, mesmo que tenha havido o ferimento da Sujeito ativo: Qualquer pessoa - militar (Estadual ou
Federal) e Civil (Este só no âmbito Federal).
hierarquia e disciplina.
Sujeito passivo: O próprio Estado, através da
Por fim, importante ressaltar que o crime de Administração Militar (Estadual ou Federal).
incitamento não é material, e sim formal, não exigindo Elemento objetivo: Fazer apologia é exaltar, elogiar,
enaltecer, engrandecer a conduta tipificada como
para a sua concretização do resultado.
crime militar ou o seu autor pelo delito cometido
Sujeito ativo: Somente o militar (Estadual ou Federal). Elemento subjetivo: Só admite o dolo genérico.
Sujeito passivo: O próprio Estado, através da Ex: Um PM/BM, que estando em lugar sujeito à
Administração Militar (Estadual ou Federal). administração militar elogia o fato de um militar
Elemento objetivo: É a conduta de incitar, que significa estadual ter se insubordinado com um superior
impelir, estimular, mover alguém a realizar algo, hierárquico, seja através de palavras, gestos, escritos
ou qualquer outro meio de comunicação.
41
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena -
detenção, de três a seis meses, ou multa.
42
Art. 155. (...). Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem
introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar,
impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou
gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos
previstos no artigo.
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43
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade
sôbre outro de igual pôsto ou graduação, considera-se superior, para
efeito da aplicação da lei penal militar.
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5.1.6 Violência contra Militar de Serviço: dotadas de certa autoridade, uma vez que tem o
escopo justamente de proteger a autoridade militar.
Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de
Sentinela: É o militar que guarda determinado
serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão:
local com ou sem arma, em posto fixo ou móvel, tendo
Pena - reclusão, de três a oito anos.
suas atribuições normatizadas em regulamentos e
§ 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é instruções, principalmente no art. 221 do RISG. Diz-se
aumentada de um têrço. que: “A sentinela é, por todos os títulos, respeitável e
inviolável, sendo, por lei, punido com severidade quem
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, atentar contra a sua autoridade” (Art. 220 do RISG).
além da pena da violência, a do crime contra a pessoa. Vigia: De modo similar, o militar na função de
vigia exerce uma função de proteção, porém não de
§ 3º Se da violência resulta morte:
um local específico, podendo ser fixo ou móvel e de
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. uma situação que pode desdobrar-se em mais de um
ambiente, como por exemplo, a vigilância de um
militar recolhido disciplinarmente no interior de um
quartel.
Plantão: Compõem a guarda da OPM/OBM, que
tem por principal função manter a ordem, a disciplina e
o asseio no alojamento e demais dependências do
quartel.
Este crime não exige a qualidade de militar do
sujeito ativo (agente), podendo até mesmo ser
cometido um militar superior hierárquico do ofendido,
quando investido das funções referidas.
FIGURA 06 - Militar de Serviço. Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) ou
A conduta violenta é direcionada contra o militar o civil (este somente na esfera federal).
de serviço, nas funções grafadas no tipo penal, ou seja, Sujeito passivo:
contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou a) Imediato: O próprio Estado, através da
contra sentinela, vigia ou plantão. Administração Militar (Estadual ou Federal).
Para melhor compreensão deste tipo penal b) Mediato: O Oficial ou a sentinela em
militar é interessante o conhecimento dos seguintes serviço ou de plantão.
conceitos: Elemento objetivo: A violência contra militar de
Oficial de Dia: Suas funções estão previstas no serviço, que atenta contra a autoridade e a disciplina
RISG44 e compreende o Oficial que está militar.
desempenhando a função de gerenciamento de uma Ex: Um militar estadual de folga que em uma
Unidade militar, mormente fora de horários de ocorrência empurra o patrulheiro de uma guarnição
expediente, em que dito Oficial personifica o próprio que estava detendo um infrator amigo seu.
Comandante da Unidade. É ele, em suma, responsável
pela manutenção das atividades cotidianas de um PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
quartel no que concerne à segurança, arranchamento, APELAÇÃO. ART. 158 DO CPM. VIOLÊNCIA CONTRA MILITAR EM
SERVIÇO. 'SOCO' DESFERIDO CONTRA SENTINELA DA GUARDA. RÉU
recebimento de gêneros, controle de acesso de REVEL. CONDENAÇÃO MANTIDA. Comete o crime capitulado no art. 158
pessoas à Unidade etc. do CPM. Soldado que, cumprindo punição disciplinar, tenta evadir-se do
aquartelamento mediante força física e desfere soco na face de colega
Oficial de Serviço: Compreende-se toda e de farda em serviço. O Acusado agrediu o Ofendido conscientemente
qualquer função de serviço conferida a um Oficial, mesmo sabendo que existiam outras formas de resolver a situação.
como por exemplo, Comandante de Área no serviço de Tinha conhecimento de que poderia sair do quartel com a autorização
de um superior, caso fosse, de fato, necessário. No caso, o bem jurídico
policiamento ostensivo, na PMCE, ou Comandante de tutelado é a disciplina militar, a fim de resguardar a relação de
Área na atividade de extinção de incêndios, no CBM. subordinação e de hierarquia necessárias e preceitos básicos da vida
O CPM buscou também tutelar algumas funções militar. As provas carreadas aos autos, depoimentos testemunhais e
laudo pericial são suficientes para manter a condenação. Apelo
desempenhadas por praças, especificamente aquelas defensivo desprovido à unanimidade. (STM - Apelação
00000202720137030303 UF: RS. Rel. Min. Marcus Vinicius Oliveira dos
44 Santos. Julgamento: 31/03/2015. Publicação DJE 20/04/2015).
Regulamento Interno e dos Serviços Gerais - RISG (R1), aprovado
pela Portaria nº 816, de 19/12/03, do Comandante do EB.
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PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
DESRESPEITO SUPERIOR. Oficial subalterno que discute com Oficial
superior no interior do cassino de oficiais, na presença de outros
militares, de forma exaltada, em tom de voz elevado e de forma
descortês. Delito configurado. Recurso improvido. Decisão majoritária.
(STM - Apelação Apelfo 49844 RJ 2005.01.049844-3 UF: RJ. Rel. Min.
Henrique Marini e Souza. Julgamento: 16/08/2005. Publicação DJ
11/10/2005).
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hierárquica se escalona pelo grau hierárquico, pela OBSERVAÇÃO: O Crime de Recusa de Obediência
antigüidade e pela precedência funcional. (Art. 163 do CPM), crime militar próprio,
distingue-se do Crime de Desobediência (Art. 301
do CPM), crime militar impróprio, pois o primeiro
A recusa, verbo que constitui o núcleo do tipo penal é um crime mais gravoso, já que é comissivo e
militar, implica negativa direta e inequívoca à desafia a autoridade ou disciplina militar e está
previsto no capítulo que trata da insubordinação,
determinação, que precisa ser individualizada e com pena de detenção de um a dois anos, se o
transmitida diretamente ao militar desobediente, fato não constituir crime mais grave, enquanto
que o segundo é um crime omissivo e é contra a
podendo ser consubstanciada das mais variadas Administração Militar, com pena de detenção de
até seis meses.
formas (ordens verbais, por escrito, gestos, etc.).
crime, como também, o soldado que se recusar a Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não
realizar serviços particulares de seu comandante. constitui crime mais grave.
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superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a insígnia de posto ou graduação superior, comete o
qualquer resolução do Governo. crime de Uso Indevido por Militar de Uniforme,
Elemento subjetivo: É o dolo genérico. Distintivo ou Insígnia.
Ex: Um militar estadual que distribui panfletos Sujeito ativo: Somente o militar que tiver usado
em frente a uma OPM/OBM que faz críticas ao indevidamente uniforme, distintivo ou insígnia.
militarismo das Corporações Militares Estaduais. Sujeito passivo: O Estado, através da própria
Administração Militar (Estadual ou Federal).
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL Elemento objetivo: É a conduta de usar indevidamente
APELAÇÃO. COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME. DESACATO A SUPERIOR. uniforme, distintivo ou insígnia.
PUBLICAÇÃO DE CRÍTICA INDEVIDA. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE.
ALEGAÇÃO DE VÍCIOS EM IPM. INDEFERIMENTO. Não encontra amparo Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
legal arguição de nulidade do feito aventada pelo agente, uma vez que
eventuais vícios ocorridos no IPM não refletem na ação penal que Ex: Um Cabo PM/BM que estiver usando a camisa do
possui instrução probatória independente da colheita de elementos uniforme de instrução ou de serviço (gandola) com as
realizada no inquérito e, que serve apenas como subsídio para a
propositura da ação penal. 2. COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME. luvas do posto de Capitão PM/BM (insígnias) apostas
REPRESENTAÇÃO INDEVIDA CONTRA SUPERIOR. DOLO. DELITO
CONFIGURADO. Inadmissível alegação do Apelante, Bacharel e Mestre
nos ombros.
em Direito que, declarando-se achar vítima de atos ilegais, representou
indevidamente contra superior imputando-lhe a ocorrência de crime
que sabia não ter se verificado. Presença da vontade livre e consciente “Militar inativo não tem direito ao uso do
em incriminar indevidamente. Dolo caracterizado. 3. DESACATO. uniforme fora dos casos previstos em lei ou
ATITUDE REFLETIDA. MENOSPREZO CONTRA SUPERIOR. CONDENAÇÃO. regulamento”. (Súmula nº 57 do STF).
Diante das provas colhidas nos autos, não há que se falar em mera
descompostura ou arrogância do agente que em atitude refletida
menosprezou superior proferindo palavras injuriosas. Induvidosa a
prática do delito do art. 298, parágrafo único do CPM. 4. PUBLICAÇÃO
DE CRÍTICA INDEVIDA. CONFISSÃO DO ACUSADO. Comprovada a
incidência do agente no tipo previsto no artigo 166 do CPM, que PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
confessou ter veiculado em blog pessoal e sites da internet matérias EMENTA: APELAÇÃO. USO INDEVIDO DE UNIFORME MILITAR.
com conteúdo crítico a superior hierárquico e à disciplina da CONCURSO DE PESSOAS. PROVA TESTEMUNHAL INDUVIDOSA. Crime
organização militar. (STM - Apelação 1258120117030203 UF: RS. Rel. consumado com o simples uso, independentemente da motivação que
Min. Artur Vidigal de Oliveira. Julgamento: 02/06/2013. Publicação DJE levou o agente a envergar uniforme que não tinha direito.A peça
06/08/2013). flagrancial é dispensável para a propositura da ação penal no crime de
uso indevido de uniforme, distintivos ou insígnia militar. É suficiente,
para comprovar a autoria e materialidade, fartas provas testemunhais
harmônicas e sem contradições.Apelos defensivos não providos.
5.1.11 Uso Indevido por Militar de Uniforme, Decisão unânime. (STM - AP 391520117100010 CE 0000039-
15.2011.7.10.0010. Rel. Min. Francisco José da Silva Fernandes.
Distintivo ou Insígnia: Julgamento: 25/09/2012. Publicação DJE 11/10/2012).
Sujeito passivo:
Art. 175. Praticar violência contra inferior:
a) Imediato: O próprio Estado, através da
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Administração Militar (Estadual ou Federal).
Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou
b) Mediato: O militar punido com excesso. morte é também aplicada a pena do crime contra a pessoa,
Elemento objetivo: É a conduta de exceder a atendendo-se, quando fôr o caso, ao disposto no art. 159.
faculdade de punir o subordinado, fazendo-o com rigor
não permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato ou
escrito.
Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
Ex: Um superior que pune um subordinado com
35 (trinta e cinco) dias de permanência disciplinar. Tal
punição não é possível, pois o máximo de dias previstos
no Código Disciplinar dos Militares Estaduais do Ceará
(Lei nº 13.407, de 21/11/03), em seu art. 42, inciso III47,
é de até 20 (dias) dias, somente no caso de reincidência
e desde que não caiba demissão ou expulsão, podendo
FIGURA 09 - Violência contra Inferior.
ser aplicadas apenas por Oficiais do posto de Coronel e
Tenente-Coronel PM, conforme o art. 32, inciso III e A Violência contra Inferior é um crime
IV48, do mesmo códex. propriamente militar, que se caracteriza pelo abuso de
poder do superior. O que se protege é a disciplina
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL militar, uma vez que, é um dos alicerces fundamentais
APELAÇÃO. DEFESA E MPM. RIGOR EXCESSIVO. LEGITIMIDADE LEGAL da instituição militar.
PARA PUNIR SUBORDINADOS. EXERCÍCIO E LIMITES DAS FUNÇÕES
MILITARES. 1. O crime de rigor excessivo - art. 174 do CPM - é exclusivo A exemplo do crime de Violência contra
da autoridade que exerce a faculdade de punir subordinado. 2. O Militar Superior, previsto no art. 157 do CPM, a violência tem
que, exercendo a função de Oficial-de-Dia no quartel, venha cometer que ser física, não sendo necessário que resulte em
qualquer tipo de agressão a um subordinado, a despeito da atitude
altamente reprovável, não comete esse delito específico de rigor lesão corporal, muito menos o motivo de tal atitude
excessivo, haja vista que a funçãodesempenhada não está elencada nos para que seja considerado crime.
regulamentos disciplinares como competente para sancionar
disciplinarmente qualquer subordinado. 3. O delito de rigor excessivo
Neste delito o subordinado recebe proteção
impõe a conexão entre a competência para punir e o ato contra qualquer tipo e forma de violência física que o
praticado.Recurso conhecido e não provido, decisão unânime. (STM - superior possa praticar. Contudo, é importante
Apelação 353520097030303 UF: RS. Rel. Min. Artur Vidigal de Oliveira.
Julgamento: 18/11/2011. Publicação DJE 13/01/2012). ressaltar que o superior deve ter vontade livre e
consciente de praticar o delito, além de saber que o
ofendido é seu inferior hierárquico.
5.1.13 Violência contra Inferior: Sujeito ativo: Militar (estadual ou federal) superior
hierárquico (podendo ser oficial ou praça).
Sujeito passivo:
48
Art. 32. O Governador do Estado é competente para aplicar todas Elemento objetivo: É a conduta de praticar violência
as sanções disciplinares previstas neste Código, cabendo às demais contra outro militar de patente (posto ou graduação)
autoridades as seguintes competências: III - aos oficiais do posto de inferior hierarquicamente.
coronel: as sanções disciplinares de advertência, repreensão,
permanência disciplinar de até 20 (vinte) dias e custódia disciplinar
Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
de até 15 (quinze) dias; IV - aos oficiais do posto de tenente-coronel: Ex: Um Sargento PM/BM que desfere uma
as sanções disciplinares de advertência, repreensão e permanência
disciplinar de até 20 (vinte) dias;
bofetada em um Cabo PM/BM, em razão deste haver
chegado atrasado para assumir o serviço.
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(prisão provisória ou pena de prisão). Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é
agravada.
Portanto, caso a fuga tenha ocorrida de carceragem de
delegacia da Polícia Civil, Cadeia Pública ou
penitenciária a conduta do militar estadual indiciado
poderá se enquadrar, em tese, no art. 35149 do CPB
“Fuga de pessoa presa ou submetida à medida de
segurança”.
delito militar, embora dessa conduta possa resultar Os militares estaduais no exercício de suas atividades e
elementos transgressivos disciplinares. de suas atribuições, devem cumprir as ordens e
também as missões que lhe foram confiadas pelas
Sujeito ativo: Somente o militar (estadual ou federal) autoridades superiores ou mesmo pelas autoridades
do serviço ativo.
civis as quais estiverem subordinados. O cumprimento
Sujeito passivo: O próprio Estado, através da
Administração Militar (Estadual ou Federal). de ordens e também das missões não é uma faculdade,
Elemento objetivo: É a conduta de se desincumbir do mas uma obrigação decorrente do dever militar e dos
posto ou lugar de serviço o qual estava designado, ou regulamentos disciplinares. Somente quando as ordens
do serviço para o qual estava regularmente escalado, forem manifestamente ilegais, e o mesmo se aplica à
antes de terminado seu turno de serviço, sem a devida missão, é que o militar não estará obrigado a cumpri-
autorização. las. Contudo, mesmo se existir alguma dúvida quanto à
Elemento subjetivo: É o dolo genérico. legalidade da ordem, o militar está obrigado a cumpri-
Ex: Um militar estadual que escalado de la, e, neste caso, se houverem responsabilidades
sentinela na Guarda do Quartel, no seu quarto de hora, subseqüentes, penal, civil e administrativa, elas
vai para o alojamento assistir na televisão o jogo da recairão sobre aquele que deu a ordem, ou seja, o
seleção do Brasil contra o México.
superior hierárquico.
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL Este crime está previsto no art. 196 do CPM e trata-se
APELAÇÃO. ABANDONO DE POSTO (CPM, ART 195). PRELIMINARES de delito omissivo próprio.
ARGUIDAS PELA DPU DE FORMA EXTEMPORÂNEA. NÃO
CONHECIMENTO. TIPICIDADE DA CONDUTA COPROVADA. AUSÊNCIA DE
CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE E DE CULPABILIDADE. Por missão entende-se uma atividade específica, certa,
DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME PARA INFRAÇÃO DISCIPLINAR. NÃO definida e inequívoca, evidentemente legal, atribuída
CABÍVEL. REFORMA DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. A DPU, por ocasião
em que foi intimada de que o Feito foi posto em mesa para julgamento, por um superior a um subordinado.
por meio de manifestação judicial, apresentou teses não trazidas
inicialmente no recurso examinado, revestindo-se de indevida inovação
recursal, não sendo viável a sua análise, porquanto imprescindível à
Não é possível a tentativa, tendo em vista que a
prévia irresignação no momento oportuno e o efetivo debate sobre os conduta deste tipo penal militar é omissiva.
temas. Tem-se, dessa forma, por ocorrido o fenômeno processual da
preclusão consumativa, considerando que o direito de a Defesa
argumentar se exauriu quando apresentou suas Razões de Apelação, Sujeito ativo: Somente o militar (estadual ou federal)
sendo-lhe vedado exercê-lo outra vez. In casu, trata-se de militar que, do serviço ativo.
escalado regularmente para o Serviço de Ronda em sua Organização
Militar, de forma livre e consciente, se afastou, sem autorização, do
Sujeito passivo: O próprio Estado, através da
lugar em que deveria permanecer, sendo encontrado em sua residência Administração Militar (Estadual ou Federal).
dormindo, incidindo, dessa forma, no delito tipificado no art. 195 do
CPM. O crime de Abandono de Posto ou Lugar de Serviço consuma-se
Elemento objetivo: É a conduta do militar em não
no momento em que o Militar se afasta, sem autorização superior, do cumprir, injustificadamente, a missão recebida.
local de serviço para o qual estava escalado, independentemente do
tempo de duração da ausência, concorrendo toda a Guarnição de
Serviço para a segurança da Organização Militar. Por se tratar de crime Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
de perigo abstrato, não exige, no resultado, o efetivo prejuízo à
segurança da Unidade Militar para a sua consumação. Na hipótese de Ex: O militar estadual que viaja ao interior do Estado,
concorrência entre o preceito disciplinar militar e o preceito penal
militar, este último deve prevalecer. Preliminares não conhecidas, por inclusive recebendo diárias, para reforçar o
unanimidade. (STM - Apelação 0000072-40.2014.7.01.0401 UF: RJ. Rel.
Min. Lúcio Mário de Barros Góes. Julgamento: 13/10/2015. Publicação
policiamente de determinada cidade que sofreu
DJE 27/10/2015). recente ação delituosa intensa e, injustificadamente,
5.2.3 Descumprimento de Missão: deixa de fazê-lo.
como incumbência, tarefa designada ao militar. 3. No caso concreto, Não é possível a tentativa, tendo em vista que a
está configurado o crime do art. 196 do CPM, pois o recorrente,
deliberadamente, descumpriu missão previamente estabelecida para os conduta deste tipo penal militar é omissiva.
dias de serviço que faltou, consistente no comando de patrulhas. 4.
Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, não provido. Sujeito ativo: Somente o oficial.
(STJ - REsp 1301155 SP 2011/0310093-5. Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz -
T6 - Sexta Turma. Julgamento: 22/04/2014. Publicação DJE 02/05/2014). Sujeito passivo: O próprio Estado, através da
Administração Militar (Estadual ou Federal).
Elemento objetivo: É a conduta realizada pelo oficial
5.2.4 Retenção Indevida: ao deixar de proceder à devolução, por ocasião da
Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por ocasião da passagem de função, ou quando lhe for exigido, de
passagem de função ou quando lhe é exigido, objeto, plano, qualquer material inerente à função, que até então
carta, cifra, código ou documento que lhe haja sido confiado: ocupava e que de fato não pertença a ele, mas à
Administração Militar.
Pena - suspensão do exercício do posto, de três a seis
Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
meses, se o fato não constitui crime mais grave.
Ex: O Oficial que retém sem autorização viatura de sua
unidade anterior ao assumir o comando de nova
O oficial ao deixar uma função ou quando lhe for OPM/OBM que não dispõe de viatura.
requisitado determinado material ou documento do PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
patrimônio da Administração Militar deve entregá-lo RECURSO CRIMINAL. Tipo penal ínsito no artigo 197 do CPM exige que a
retenção de objeto, plano, carta, cifra, código ou documento, seja
prontamente, pois a conduta do oficial que não quando da passagem de função, no momento em que esses bens são
exigidos do Oficial e ainda que, pela retenção indevida cause prejuízo
cumpre uma ordem recebida para restituir um objeto, real à Administração Militar, como também é necessário que no crime
um plano, uma carta, uma cifra, um código ou mesmo previsto pelo artigo 324 do CPM, o agente, inobservando lei,
regulamento ou instrução, dê causa direta a ato prejudicial à
um documento que lhe tenha sido confiado é Administração Militar, visto que a inobservância, por si só, extingue-se
sancionada pelo Direito Penal Militar (Art. 197 do na esfera da transgressão militar. É mansa e pacífica a jurisprudência, no
sentido de exigir, para a configuração dos crimes culposos, o fator da
CPM). previsibilidade inexistindo, dessa forma, a culpa se o resultado
antijurídico exorbita da previsão e diligência do homem médio. Decisão
Para melhor compreensão da conduta delineada neste unânime. (STM - Rcrimfo 6402 PE 1997.01.006402-3. Rel. Min. Olympio
Pereira da Silva Junior. Julgamento: 09/09/1997. Publicação DJ
tipo penal militar, interessante o conhecimento dos 22/10/1997).
seguintes conceitos:
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Existe uma diferença entre a transgressão e o crime de livre e consciente de os militares praticarem a conduta típica de dormir,
quando em serviço, consoante o ilícito descrito no art. 203 do
dormir em serviço, que decorre da intensidade da CPM.Materialidade, autoria e culpabilidade comprovadas, pelas
prática do ato. Por exemplo, se o militar estadual está confissões, em juízo, dos Apelantes, bem como pelas provas
testemunhais e pelo documento que atesta estarem os militares
de pé, na condição de sentinela, mas vem a fechar os designados para o serviço de sentinela, no dia dos fatos.A conduta dos
olhos, mas permanece ainda de pé, não há que se falar Apelantes importou em prejuízo significativo para o dever militar e
colocou em risco a segurança do Quartel, devido ao fato de vários
em crime militar, mas em uma transgressão de postos terem ficado desguarnecidos.O elemento subjetivo do tipo foi
evidenciado pelo animus livre e consciente dos Apelantes ao assumirem
natureza disciplinar. Mas, se a mesma sentinela, deixa o risco de dormir em serviço ao invés de buscarem proporcionar meios
o seu posto, e se dirige a um local reservado, onde de evitar a sonolênciaApelo desprovido.Decisão unânime. (STM - AP
925720097070007 PE 0000092-57.2009.7.07.0007. Rel. Min. Raymundo
retira o cinto de guarnição, a cobertura, para que Nonato de Cerqueira Filho. Julgamento: 23/06/2011. Publicação DJE
possa dormir teremos neste caso o crime militar e não 23/08/2011).
a transgressão.
5.3 Contra a Pessoa
Alguns infratores que incidem neste tipo penal alegam
que o fato teria ocorrido em razão do uso de 5.3.1 Homicídio Simples:
medicamento controlado, ou ainda, por stress, ou
Art. 205. Matar alguém:
qualquer outra situação que no entender do militar
possa afastar a prática do delito, para tentarem se Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
justificar quando flagrados.
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qualquer pessoa (militar ou civil), sendo que caso a A tipificação desta conduta no CPM (Art. 209 do
vítima seja civil o militar será processado e julgado no CPM) procura proteger a integridade corporal (física e
Tribunal do Júri. psíquica) contra toda e qualquer forma de lesão. As
lesões podem ser as resultantes, por exemplo, de
Elemento objetivo: É a conduta de matar. arranhões, esfoladuras, ferimentos dilacerantes e
Elemento subjetivo: É o dolo genérico. contusões variadas. A ofensa à saúde compreende
também a convulsão, choque nervoso e alteração
Ex: Um militar estadual que mata outro militar psíquica resultantes de coação e ou ameaça de
estadual. qualquer tipo.
A lesão pode ser leve ou grave. Na primeira hipótese se
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
APELAÇÃO. HOMICÍDIO SIMPLES. Apelo defensivo baseado na resultou consequências mais sérias para a vítima,
inexistência de provas suficientes para a condenação. "In casu",
podendo ser considerada como infração disciplinar
confirmou-se no cotejo probatório que os restos mortais encontrados
nos fundos da casa do Réu pertenciam ao Soldado desaparecido. O pelo juiz. (Art. 209, § 6º51, do CPM), e na segunda
Apelante baleou seu colega de farda e enterrou-o no quintal da
residência. Autoria e materialidade comprovadas. Condenação que se hipótese se foi provocada dolosamente e produziu
mantém. Apelação improvida. Unânime. (STM - Apelfo 48654 MS perigo de vida, debilidade permanente de membro,
2000.01.048654-2. Rel. Min. José Julio Pedrosa. Julgamento: 08/03/2001.
Publicação DJE 09/04/2001). sentido ou função, ou incapacidade para as ocupações
habituais, por mais de 30 (trinta) dias (Art. 209, §1º52,
do CPM).
EXCEÇÃO: O militar que, no exercício de suas
funções, matar um civil não será processado e A 1ª Turma do STF entendeu que não cabe à Justiça
julgado na JM, mas sim no Tribunal do Júri. (Art. Militar julgar o crime de lesão corporal cometido por
9º, Parágrafo único, do CPM).
um militar em face de outro militar, fora do serviço, e
sem que eles soubessem da condição de militar de
5.3.2 Lesão Corporal:
cada um, conforme precedente jurisprudencial
Art. 209. Ofender a integridade corporal ou a saúde de transcrito adiante.
outrem:
Por fim, cabe destacar que no caso de civil que sofre
Pena - detenção, de três meses a um ano.
lesão corporal praticada por policial-militar em co-
autoria com um policial-civil, o primeiro responderá na
justiça especializada e o segundo na justiça comum,
50
conforme a Súmula nº 90 do STJ, transcrita no
Art. 205, § 2°: Se o homicídio é cometido: I - por motivo fútil; II -
mediante paga ou promessa de recompensa, por cupidez, para precedente jurisprudencial adiante.
excitar ou saciar desejos sexuais, ou por outro motivo torpe; III - com
51
emprêgo de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer Art. 209. (...) § 6º No caso de lesões levíssimas, o juiz pode
outro meio dissimulado ou cruel, ou de que possa resultar perigo considerar a infração como disciplinar.
comum; IV - à traição, de emboscada, com surprêsa ou mediante
52
outro recurso insidioso, que dificultou ou tornou impossível a defesa Art. 209. (...) § 1°: Se se produz, dolosamente, perigo de vida,
da vítima; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou
ou vantagem de outro crime; VI - prevalecendo-se o agente da incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias:
situação de serviço: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Pena - reclusão, até cinco anos.
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relaxada, não cumprindo com zelo suas atribuições Diferentemente dos crimes de calúnia e de
específicas. difamação, a injúria não admite a exceção da verdade.
Essa impossibilidade é evidente porque a injúria
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL repousa sobre a emissão de um conceito depreciativo
APELAÇÃO. DIFAMAÇÃO (CPM, art. 215). Hipótese em que civil, durante da pessoa, e não, como na calúnia ou na difamação, na
o Inquérito em que patrocinava a defesa de um militar, embora
imputação de um fato que pode ser demonstrado.
advertido, passa a se comportar de modo pouco adequado e a
tumultuar o andamento da audiência de inquirição, culminando com a Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) e o civil
entrega de requerimento cujo conteúdo registrava afirmações maldosas (Este somente na esfera federal).
sobre o desempeno funcional do Encarregado do IPM, ofensivas a sua
reputação. Conduta que se revela moralmente censurável e Sujeito passivo:
incompatível coma categoria profissional que o Acusado representa,
repercutindo negativamenteperante os militares que acompanhavam a
a) Imediato: O próprio Estado, através da
audiência. Entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de
que a imunidade profissional garantida pelo Estatuto da Advocacia não Administração Militar (Estadual ou Federal).
protege o advogado que se excede nos autos e ataca a honra de
qualquer dos envolvidos no processo. Provas documentais e
testemunhais esclarecedoras a confirmar a conduta delitiva. Por b) Mediato: A vítima da injúria pode ser
maioria, provido parcialmenteo apelo defensivo, reduzindo-se a pena qualquer pessoa (militar ou civil).
imposta ao Acusado, com a concessão do sursis. (STM - AP
214020077030103 RS 0000021-40.2007.7.03.0103. Min. Rel. Francisco
José da Silva Fernandes. Julgamento: 28/04/2010. Publicação: 13/08/2010 Elemento objetivo: É a conduta de injuriar, ou seja,
DJE). ofender alguém, atingindo a sua dignidade ou o seu
decoro.
5.3.6 Injúria: Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
Ex: Um militar estadual que acusa indevidamente
Art. 216. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o
colega de farda de praticar prostituição nos momentos
decôro:
de folga do serviço.
Pena - detenção, até seis meses.
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
APELAÇÃO DA DEFESA. DESACATO A SUPERIOR (ART. 298 DO CPM).
INJÚRIA A SUPERIOR (ART. 216 C/C O ART. 218, II, AMBOS DO CPM).
Crime impropriamente militar, pois também está AUSÊNCIA DE DOLO ESPECÍFICO. DISCUSSÃO. ANIMOSIDADE PRÉ-
previsto no CPB no art. 140, a Injúria (Art. 216 do CPM) EXISTENTE. I - O crime de desacato a superior, art. 298 do CPM, está
entre os crimes onde o sujeito passivo primário é a própria
consiste em atribuir a alguém qualidade negativa, que administração militar, e, apenas secundariamente, o militar ofendido.
ofenda sua dignidade ou decoro. Fere-se o decoro Assim, há que se observar na conduta ofensiva a finalidade de
quando se critica o conjunto de atributos físicos desprestigiar a função pública do ofendido. II - A desclassificação para o
crime de injúria a superior, art. 216 c/c o art. 218, inciso II, ambos do
(“cabeção”, “pescoção”, “monstro”, etc.), intelectuais CPM, não deve ser feita na medida em que exsurge dos autos que as
(“animal”, “jumento”, “retardado”, etc.) e sociais palavras ofensivas foram precedidas de assomo emocional proveniente
(“vagabundo”, “almofadinha”, “arruaceiro”, etc.). de discussão e exaltação de ânimos decorrentes de injusta recusa do
superior e comprovada animosidade preexistente entre ambos. III - Não
Portanto, o sujeito pretende atingir o conceito basta, portanto, para tais crimes, a mera enunciação de palavras
que a pessoa possui de si própria, a sua auto-valoração, ofensivas, decorrentes de desabafo ou revolta momentânea, por faltar-
lhes os desígnios dolosos indispensáveis. IV - Apelo improvido. Decisão
querendo afetar a sua honra subjetiva, que inclusive é unânime. (STM - Apelação 2007.01.050747-7 UF: DF. Min. Rel. José
tutelada pelo art. 5º, inciso X54, da CF/1988. Coêlho Ferreira. Decisão: 27/05/2008. Publicação: 21/08/2008 DJE).
Se a injúria vier a consistir em violência ou outro
ato que atinja a pessoa, e, por sua natureza ou pelo
meio empregado, for considerada aviltante, será 5.3.7 Constrangimento Ilegal:
considerada Injúria Real (Art. 217 do CPM55).
Art. 222. Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer
outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei
54 permite, ou a fazer ou a tolerar que se faça, o que ela não
Art. 5º. (...). X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo manda:
dano material ou moral decorrente de sua violação;
Pena - detenção, até um ano, se o fato não constitui
55
Art. 217. Se a injúria consiste em violência, ou outro ato que atinja crime mais grave.
a pessoa, e, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considera
aviltante: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena
correspondente à violência.
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b) Mediato: A vítima da ameaça pode ser Elemento objetivo: É a conduta de praticar ou permitir
qualquer pessoa (militar ou civil). que se pratique ato libidinoso, homossexual ou não,
em lugar sujeito a Administração Militar.
Elemento objetivo: É a conduta de ameaçar.
Elemento subjetivo: É o dolo genérico. Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
Ex: Um militar estadual que ameaça outro de
Exemplo (1): Um militar estadual que durante o
morte, mostrando-lhe sua arma apontada para ele,
porque o mesmo comunicou a superior hierárquico expediente na OPM/OBM chama outro militar estadual
irregularidade que aquele praticou em serviço. para lhe fazer um “boquete” no banheiro.
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Ex (2): Um militar estadual que urina no pátio interno Crime impropriamente militar, pois possui igual
do quartel diante da vista de outros militares que tipificação que o art. 155 do CPB, o Crime de Furto
chegavam para o serviço. (Art. 240 do CPM) se caracteriza pela subtração de
qualquer tipo ou forma de objeto para si ou outra
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
pessoa, diferenciando-se do roubo pelo uso de
ATO OBSCENO. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. Ficou comprovado, tanto pela
confissão no Inquérito e em Juízo, como pela prova testemunhal, que o intimação, violência ou grave ameaça contra a vítima.
Réu estava despido nas dependências do Hospital Naval Marcílio Dias e,
ainda nu, desceu as escadas do 14º andar, onde foi encontrado, até o 1º
subsolo, onde fica o alojamento dos marinheiros, local em que se
Classifica-se como Furto Simples (Art. 240 do CPM) e
vestiu. O crime do art. 238 do CPM pressupõe que o lugar sujeito à Furto Qualificado (Art. 240, §§ 4º, 5º e 6º, do CPM56),
administração militar seja público, aberto ao público ou exposto ao
público. Trata-se de crime de perigo, não há necessidade de que seja se for praticado à noite, se o bem for da Fazenda
visto por alguém, bastando tal possibilidade. Doutrina e jurisprudência Nacional ou se o furto tiver sido praticado com
pátrias são pacíficas no entendimento de que ato obsceno é a
manifestação corpórea, de cunho sexual, que ofende o pudor; que destruição ou rompimento de obstáculo, com abuso da
causa vergonha a quem venha a presenciá-lo. Um nosocômio militar é
lugar potencialmente exposto ao público. Ainda que num dia fora do
confiança ou mediante fraude, escalada ou destreza,
expediente normal por tratar-se de feriado é, sem dúvida, um lugar com emprego de chave falsa, por duas ou mais
onde transitam várias pessoas, sejam médicos, funcionários, pacientes
e familiares. Não há dúvida, portanto, de que a conduta do Réu teve pessoas.
capacidade de ofender o pudor público, caracterizando o referido tipo
penal. Autoria e materialidade do delito encontram-se devidamente Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) e o civil
comprovadas nos autos, não havendo qualquer excludente de culpa ou
de crime. Apelo ministerial provido. Unânime. (STM - AP(FO) (Este somente na esfera federal).
2009010514147 RJ 2009.01.051414-7. Min. Rel. Rayder Alencar da Sujeito passivo:
Silveira. Julgamento: 26/11/2009. Publicação: 16/12/2009 DJE).
56
Art. 240, 4º: Se o furto é praticado durante a noite: Pena reclusão,
de dois a oito anos. 5º Se a coisa furtada pertence à Fazenda
Nacional: Pena - reclusão, de dois a seis anos. 6º Se o furto é
praticado: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa; II - com abuso de confiança ou mediante fraude,
escalada ou destreza; III - com emprêgo de chave falsa; IV -
mediante concurso de duas ou mais pessoas: Pena - reclusão, de
três a dez anos.
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Elemento objetivo: É a conduta de subtrair, tirar, químico ou biológico, dissimulado, como alucinógenos,
tomar, sacar sem o conhecimento e consentimento da soníferos, etc., para que a vítima não resista à
vítima, a posse da coisa. subtração.
Elemento subjetivo: É o dolo genérico. Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) e o civil
(este somente na esfera federal).
Ex (1): Um PM que subtrai para si munição da Sujeito passivo:
Reserva de Armamento.
Ex (2): Um BM que subtrai para um amigo a) Imediato: O próprio Estado, através da
machado da viatura de Resgate e Salvamento. Administração Militar (Estadual ou Federal).
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Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer
alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
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EMBARGOS INFRINGENTES DO JULGADO. ART. 248 DO CPM.
Crime impropriamente militar, pois possui igual APROPRIAÇÃO INDÉBITA SIMPLES. O ora Embargante, após passagem
de serviço, dirigiu-se à Armaria para devolver os itens bélicos que
tipificação que o art. 168 do CPB, a Apropriação
encontravam-se em sua posse, juntamente a um colete balístico. Ao
Indébita Simples (Art. 248 do CPM), ocorre quando o entregar os materiais ao Armeiro-de-dia, não restituiu o referido colete.
A Defesa sustenta que inexistem provas suficientes para confirmar a
autor dispõe da coisa móvel que lhe estava confiada autoria e justificar a condenação. Os elementos de provas coligidos aos
(dá, vende, destrói, etc.) em dissenso com o dono ou autos demonstram que o ex-militar foi o autor do desaparecimento do
colete, em especial o depoimento das testemunhas e a imagem de
lhe nega a devolução da mesma. vídeo que não registra a devolução. Embargos rejeitados. Maioria. (STM
- EMB 1237820107020202 SP 0000123-78.2010.7.02.0202. Min. Rel.
A coisa móvel alheia apropriada já deve estar Carlos Alberto Marques Soares. Julgamento: 04/06/2013).
Caso a posse ou detenção tenha sido obtida de forma Pena - reclusão, de dois a sete anos.
fraudulenta ou por subtração, com ou sem emprego de
violência, não se caracterizará o crime de apropriação
Crime impropriamente militar, pois possui igual
indébita, mas outro delito penal militar, como, por tipificação que o art. 171 do CPB, o delito militar de
exemplo, o furto (Art. 240 do CPM), o roubo (Art. 242 Estelionato (Art. 251 do CPM), caracteriza-se pelo
do CPM) ou o estelionato (Art. 251 do CPM). agente obter uma vantagem em prejuízo a outra
pessoa, mediante um esquema fraudulento que instiga
Sujeito ativo: O militar (Estadual ou Federal) e o civil a vítima ao erro.
(Este somente na esfera federal). Para efeitos deste tipo penal militar, induzir alguém em
Sujeito passivo: erro significa gerar no sujeito passivo o
comportamento desejado, pela crença em uma
a) Imediato: O próprio Estado, através da
realidade inexistente, apenas ocorrida na mente da
Administração Militar (Estadual ou Federal).
pessoa induzida. Além do que, a vantagem ilícita não
b) Mediato: A vítima da apropriação indébita precisa ser de natureza econômica, mas o prejuízo
simples pode ser qualquer pessoa (militar ou civil). alheio sim.
Elemento objetivo: É a conduta de apropriar-se, ou O meio fraudulento que gera a conduta eivada pelo
seja, assenhorar-se, colocar-se como dono, tomar para erro ou sua manutenção deve ser um ardil ou artifício
si, tomar como dono, que pode configurar-se com o apto a ludibriar alguém, isto é, não pode ser grosseiro,
ato intencional de ir além das possibilidades inerentes sob pena da hipótese de crime impossível.
à posse ou detenção.
Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) e o civil
Elemento subjetivo: É o dolo genérico. (Este somente na esfera federal).
Sujeito passivo:
Ex (1): Um PM que se apodera indevidamente de
aparelho celular funcional o qual lhe havia sido a) Imediato: O próprio Estado, através da
confiado para a realização de determinada missão. Administração Militar (Estadual ou Federal).
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b) Mediato: A vítima do furto pode ser Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) e o civil
qualquer pessoa (militar ou civil), e ainda, pessoa (Este somente na esfera federal).
natural ou jurídica. Sujeito passivo:
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PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
APELAÇÃO. DANO. PRINCÍPIO DA LESIVIDADE. AUSENCIA DE
SUBSTANCIAL AVARIA. FRAGILIDADE PROBATÓRIA. ABSOLVIÇÃO. O
princípio da lesividade ou ofensividade ganha prevalência, visto que o
FIGURA 18 - Viaturas com os pneus esvaziados. jus puniendi estatal somente será acionado se a conduta lesionar ou
expuser à lesão um bem jurídico penalmente tutelado, hipótese não
Diferentemente do Crime de Dano previsto no ocorrida in casu, já que o suposto dano não teve a aptidão de alterar a
substância do objeto material tutelado. O esvaziamento do pneu não
Direito Penal comum (Art. 16358 do CPB), a tipificação consubstancia crime de dano, pois não configura avaria no veículo ou
do Dano Militar visa proteger os bens que pertencem fato que diminuía o valor econômico do bem. Quanto ao dano causado
ao patrimônio militar (armamentos, equipamentos em na lataria do automóvel, há que se aplicar o in dubio pro reo, tendo em
vista a fragilidade probatória e ausência de elementos capazes de
geral, viaturas, utensílios, instalações, etc.), excluindo- imputar, cabalmente, ao agente a conduta apontada na Denúncia.
se os bens particulares que são protegidos pela Justiça Recurso provido. Decisão unânime. (STM - AP 309320117010401 RJ
Comum. Este tipo penal (Art. 262 do CPM) protege os 0000030-93.2011.7.01.0401. Minª. Relª. Maria Elizabeth Guimarães
Teixeira Rocha. Julgamento: 23/04/2013. Publicação: 22/05/2013 DJE).
bens da Fazenda Pública (Estadual ou Nacional) para
que não sejam depredados ou destruídos.
Para efeitos deste crime militar: destruir significa 5.5 Contra a Saúde
quebrar totalmente, fazer em pedaços, desfazer ou
subverter a coisa; inutilizar significa alterar as 5.5.1 Tráfico, posse ou uso de entorpecente ou
substância de efeito similar:
características da coisa de forma que ela não se preste
mais a consecução do fim para o qual foi produzida; Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer,
deteriorar significa fazer com que a coisa se desgaste ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, ainda que para uso próprio, guardar, ministrar ou
mais do que seria normal pela ação do tempo ou fazer
entregar de qualquer forma a consumo substância
com que a coisa perca parte de sua utilidade; e fazer entorpecente, ou que determine dependência física ou
desaparecer significa sumir com a coisa, tornar-la psíquica, em lugar sujeito à administração militar, sem
inalcançável. autorização ou em desacôrdo com determinação legal ou
regulamentar:
Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) e o civil
(Este somente na esfera federal), salvo o proprietário Pena - reclusão, até cinco anos.
do bem danificado.
Sujeito passivo:
58
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena -
detenção, de um a seis meses, ou multa.
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Joseli Parente Camelo. Decisão: 08/06/2016. Publicação: 20/06/2016 DJE) A distinção entre a dignidade e o decoro é
tênue. A dignidade é empregada como indicativa das
qualidades morais (honestidade, bravura, correção
5.6 Contra a Administração Militar
etc.), enquanto que o decoro refere-se ao valor social
de um indivíduo (vigor físico, capacidade laborativa,
5.6.1 Desacato a Superior:
etc.). Já a autoridade vem do Poder Hierárquico do
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade Estado e é conferida ao militar pela lei, portanto é
ou o decôro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade: irrenunciável e indisponível, e deve ser respeitada.
Ainda, para melhor enquadramento deste delito
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui se faz necessário o nexo funcional, pois apesar de não
crime mais grave. estar expresso no tipo penal militar, se não houver
esse nexo a conduta deverá ser compreendida como
crime de desrespeito a superior (Art. 161 do CPM), que
consiste numa falta de consideração mais branda.
Assim, pode-se dizer, que o desacato a superior é um
desrespeito a superior praticado no desempenho da
função ou em razão dela.
Sujeito ativo: Necessariamente é um militar de
condição hierárquica inferior à do ofendido.
Sujeito passivo:
a) Imediato: O próprio Estado, através da
Administração Militar (Estadual ou Federal).
b) Mediato: O superior hierárquico ofendido.
FIGURA 20 - Desacato a Superior. Elemento objetivo: É a conduta de desacatar, que
significa ofender, desprestigiar, menoscabar, causar
O Desacato a Superior (Art. 298 do CPM) é um vexame ou humilhação à dignidade, ao decoro ou à
crime propriamente militar, em que se protege a autoridade do superior hierárquico.
autoridade, disciplina e a hierarquia militar. Consiste Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
na ofensa lançada contra a dignidade, o decoro ou a
Ex (1): Um PM de dedo em riste no rosto de
autoridade do superior hierárquico.
superior hierárquico, com acinte e desrespeito,
Entende-se por superior o militar que ocupa posto ou
buscando satisfações sobre uma ordem dada.
graduação em nível mais elevado ou aquele que, em
virtude da função, exerce autoridade sobre outro de Ex (2): Um Sd BM que chama um Cb BM de
“burro”.
igual posto ou graduação.
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
Trata-se de delito subsidiário, isto é, o autor só APELAÇÃO DA DEFESA. DESACATO A SUPERIOR (ART. 298 DO CPM).
responderá por ele quando sua conduta não se INJÚRIA A SUPERIOR (ART. 216 C/C O ART. 218, II, AMBOS DO CPM).
AUSÊNCIA DE DOLO ESPECÍFICO. DISCUSSÃO. ANIMOSIDADE PRÉ-
subsumir em tipo penal de maior gravidade. EXISTENTE. I - O crime de desacato a superior, art. 298 do CPM, está
entre os crimes onde o sujeito passivo primário é a própria
A consumação ocorre no momento em que o administração militar, e, apenas secundariamente, o militar ofendido.
Assim, há que se observar na conduta ofensiva a finalidade de
desacato é cometido na presença do superior, mesmo desprestigiar a função pública do ofendido. II - A desclassificação para o
que o ofendido não perceba a ofensa, bastando a crime de injúria a superior, art. 216 c/c o art. 218, inciso II, ambos do
CPM, não deve ser feita na medida em que exsurge dos autos que as
possibilidade de tomar conhecimento. O CPM não palavras ofensivas foram precedidas de assomo emocional proveniente
admite a forma tentada do crime se ele for cometido de discussão e exaltação de ânimos decorrentes de injusta recusa do
contra Comandante da OPM ou OBM a que pertence o superior e comprovada animosidade preexistente entre ambos. III - Não
basta, portanto, para tais crimes, a mera enunciação de palavras
autor, sendo assim considerado praticado o crime na ofensivas, decorrentes de desabafo ou revolta momentânea, por faltar-
sua forma qualificada. lhes os desígnios dolosos indispensáveis. IV - Apelo improvido. Decisão
Por outro lado, é necessário que o sujeito ativo unânime. (STM - Apelação. 2007.01.050747-7 UF: DF. Rel. Min. José
Coêlho Ferreira. Decisão: 27/05/2008. Publicação em 21/08/2008 DJE).
saiba que está se dirigindo a um superior hierárquico,
condição elementar do tipo, pois a ignorância ou o erro
sobre essa circunstância exclui a culpabilidade.
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Autoridade e a Disciplina Militar, o bem jurídico atipicidade da conduta, não pode prosperar. Não restam dúvidas da
cogência da ordem, ao utilizar o comando "deverá" comparecer para
tutelado por esse tipo penal. submissão de inspeção de saúde, por determinação do Comandante da
Região Militar, numa clara hipótese de delegação de competência para
Para configuração desse delito é necessário que a o ato. Como a peça acusatória narra, em tese, possível ocorrência de
ilícito penal, bem como sua autoria, e estando presentes os requisitos
ordem desobedecida seja legal e seja emanada de dos artigos 77 e 78 do CPPM, deve-se prestigiar a instrução criminal
para o deslinde dos fatos. Desconstituída a decisão de primeiro grau,
autoridade militar, podendo ter sido dada de forma
para receber a peça exordial, com baixa dos autos para o regular
direta ou indireta. Devendo, ainda, a desobediência prosseguimento do feito. Decisão unânime. (STM - RSE
00000782220157110211 DF. Min. Rel. Francisco Joseli Parente Camelo.
resultar de uma conduta comissiva, por se fazer algo Decisão: 28/10/2015. Publicação: 13/11/2015 DJE).
diverso do que foi determinado, ou de uma conduta
omissiva, por ter simplesmente se negado a fazer o
5.6.4 Peculato:
que foi determinado, sem adotar outra ação.
Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer
Enquanto o sujeito ativo do delito de Recusa de outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
Obediência somente poderá ser o subordinado ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-lo em
hierárquico diante de um superior, no de proveito próprio ou alheio:
Desobediência poderá ser o superior hierárquico, e até
Pena - reclusão, de três a quinze anos.
mesmo o civil, perante a Justiça Militar da União.
Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) e o civil
(Este somente na esfera federal).
Sujeito passivo:
a) Imediato: O próprio Estado, através da
Administração Militar (Estadual ou Federal).
b) Mediato: A autoridade militar que emanou
a ordem.
Elemento objetivo: É a conduta de desobedecer, ou
seja, não obedecer, não acatar, não atender à ordem de
autoridade militar.
Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
Ex (1): Um PM que não obedece à ordem para
parar seu veículo numa blitz policial militar de
desarmamento. FIGURA 21 - Peculato.
Ex (2): Um Sgt BM que mesmo escalado de Crime impropriamente militar, pois também é previsto
Serviço de Busca e Salvamento na 1ª Seção de com definição semelhante no art. 31259 do CPB, o
Salvamento Marítimo (1ª SSMAR), no Quartel do Crime de Peculato (Art. 303 do CPM) ocorre quando o
Mucuripe, comparece à solenidade no Quartel Central
sujeito arbitrariamente faz seu ou desvia bem que
do CBMCE.
detém a posse em razão do cargo, seja ele pertencente
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL à Fazenda Pública ou a particular, ou esteja sob guarda
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DENÚNCIA. CRIMES DE
ou vigilância, para proveito próprio ou de terceiro.
DESOBEDIÊNCIA E RECUSA DE OBEDIÊNCIA. ARTIGOS 301 E 163 DO
CPM. REJEIÇÃO. AUSÊNCIA DE ORDEM EXPRESSA DE AUTORIDADE
MILITAR AO SEU COMANDADO PARA SUBMETER-SE A INSPEÇÃO DE Neste tipo penal militar o objeto material deve ser
SAÚDE EM GRAU DE REVISÃO. IMPROCEDÊNCIA. DETERMINAÇÃO
EMANADA DO COMANDO E DELEGAÇÃO AOS ÓRGÃOS COMPENTENTES dinheiro, valor ou qualquer outro bem material e deve
PARA CUMPRIMENTO. CASSADA A DECISÃO. RECEBIMENTO DA ser coisa corpórea.
DENÚNCIA. UNANIMIDADE. Sabe-se que para uma ordem ser cumprida
impende que ela se dê de forma direta pelo superior ou mediante
outros militares. Contudo, exige-se que seja imperativa, importando
numa exigência para o inferior e, também, pessoal, dirigida a um ou
mais inferiores determinados. Na espécie, houve determinação do 59
Comando para que militar se submetesse a inspeção de saúde. Na Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
mesma ordem, delegou-se a setores da Administração que qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
providenciassem seu cumprimento. A alegação de que a ordem em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena
emanada não ocorreu de forma expressa, pois fora apenas informada - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
ao comandado através órgãos administrativos, o que configuraria a
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DIREITO PENAL MILITAR
Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) ou o Pena - reclusão, de dois a oito anos.
servidor público civil trabalhando na Corporação
Militar (este na esfera federal).
Crime impropriamente militar, pois igualmente
Sujeito passivo: previsto no art. 316 do CPB, a Concussão (Art. 305 do
CPM) caracteriza-se pelo abuso da função exercida, por
a) Imediato: O próprio Estado, através da isso só pode ser praticado por servidor público ou
Administração Militar (Estadual ou Federal). militar da ativa, ainda que não tenha assumido, mas aja
em razão da função, exigindo vantagem indevida.
b) Mediato: A pessoa natural ou jurídica Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) do serviço
diretamente prejudicada. ativo ou o servidor público civil trabalhando na
Corporação Militar (este na esfera federal).
Elemento objetivo: É a conduta de se apropriar ou
desviar bem móvel ou qualquer outro valor, público ou Sujeito passivo:
particular, de que o agente detenha a posse, em razão
a) Imediato: O próprio Estado, através da
do cargo ou comissão.
Administração Militar (Estadual ou Federal).
Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
b) Mediato: A pessoa diretamente prejudicada.
Ex (1): Um Ten PM que se apropria de uma arma de
Elemento objetivo: É a conduta de exigir a vantagem
fogo apreendida por ocasião do atendimento de uma
indevida.
ocorrência policial.
Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
Ex (2): Um Ten BM que na Chefia do Setor de
Motomecanização de uma OBM que autoriza a Ex (1): Um PM que, no serviço de patrulhamento
retirada do motor de viatura em benefício de outro ostensivo, exige vantagem indevida de um criminoso
militar estadual. que acaba de prender em flagrante delito, sob a
ameaça de levá-lo para a delegacia para a lavratura do
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL devido procedimento policial.
EMBARGOS INFRINGENTES. DEFESA. PECULATO. DESCLASSIFICAÇÃO. 1.
Impõe-se a manutenção da decisão que entendeu pela pratica de crime
Ex (2): Um BM que, no serviço de vistoria de
de peculato, previsto no art. 303 do CPM, o militar que, no exercício de funcionamento, exige vantagem indevida do
sua função, deixa de recolher à União os valores referentes ao proprietário de um estabelecimento comercial por
ressarcimento de despesas com os serviços de água, luz e gás, recebidos
de usuários de imóveis pertencentes à União. 2. A gravidade e o terem sido constatadas irregularidade nas medidas de
desvalor da conduta praticada, frente aos princípios basilares segurança contra incêndio, sob ameaça de lavrar multa
preservados pela caserna e pela probidade administrativa, impedem a
e cassar o auto de vistoria em vigência.
desclassificação do delito sob a justificativa de política criminal.
Preliminar rejeitada. Decisão unânime. Embargos Infringentes
conhecidos e rejeitados. Decisão por maioria. (STM - EMB PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
173220097030103 RS 0000017-32.2009.7.03.0103. Min. Rel. Artur EMBARGOS INFRINGENTES OPOSTOS PELA DEFESA. PREVALÊNCIA DOS
Vidigal de Oliveira. Julgamento: 04/09/2013. Publicação: 19/09/2013 VOTOS DIVERGENTES QUE DESCLASSIFICAVAM O DELITO DE
DJE). CORRUPÇÃO PASSIVA (ART. 308 DO CPM) PRATICADO PELO OFICIAL
PARA O DELITO DE CONCUSSÃO (ART. 305 DO CPM), RESULTADO DO
QUE SUBSISTIRIA A ABSOLVIÇÃO DO EMBARGANTE. REJEITADOS OS
EMBARGOS. 1. A Defesa buscou a prevalência dos votos vencidos que
consideraram o delito praticado por um dos acusados como sendo
Vide ANEXO D - STM nega Habeas Corpus a aquele descrito no art. 305 do CPM, ao argumento de que o Oficial teria
tenente flagrado com fardamentos e exigido para si vantagem indevida. Como consequência, os votos
equipamentos furtados do Exército. vencidos davam provimento ao recurso do embargante para absolvê-lo
do tipo descrito no art. 308 do CPM. 2. As provas carreadas nos autos
não deixam margem a dúvidas quanto à verificação de que a conduta
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praticada pelo Oficial amolda-se ao tipo descrito no art. 308 do CPM, Elemento objetivo: É a conduta de receber a vantagem
tendo em vista o efetivo recebimento da vantagem indevida, não se
afigurando comprovado o núcleo do crime de concussão, qual seja, indevida ou aceitar a promessa de tal vantagem, em
exigir a vantagem indevida. Rejeitados os Embargos. Decisão razão da função.
majoritária. (EMB 222220067110011 DF 0000022-22.2006.7.11.0011.
Min. Rel. Cleonilson Nicácio Silva. Julgamento: 29/08/2011. Publicação:
11/10/2011 DJE). Elemento subjetivo: É o dolo genérico.
Sujeito passivo:
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311 do CPM, devendo o termo documento ser talonário de atestados e os subscreve, apondo dados e assinaturas
falsas, com propósito de obter licença médica indevida. O dolo reside
compreendido como qualquer superfície apta a na fraude alcançada por meio da violação do teor e da autencidade de
condensar, por escrito ou qualquer outra forma documento público, em flagrante atentado contra a credibilidade da
Administração Militar e a continuidade do Serviço Militar. Não prospera
(imagem, sinais, códigos, disco fonográfico, fita de a tese defensiva de "crime impossível", nos moldes do art. 32 do Código
aparelho eletromagnético, etc.), o pensamento Repressivo Castrense, uma vez que o meio empregado para a
consecução da fraude revelou-se idôneo e eficaz ao fim almejado.
humano, que tenha relevância no meio jurídico. Tipicidade material configurada ante a reunião de todos os elementos
integrantes da figura típica prevista no art. 311 do CPM. Apelo
defensivo desprovido para manter íntegra a sentença condenatória
Ainda, deve-se compreender o documento público atacada. Decisão unânime. (STM - AP 154320127070007 PE 0000015-
como aquele elaborado na forma prescrita em lei, por 43.2012.7.07.000. Min. Rel. José Américo dos Santos. Julgamento:
24/06/2013. Publicação: 03/07/2013 DJE).
servidor público, no exercício de suas atribuições, e o
documento particular como aquele que não se
enquadrado como documento público, ou seja, 5.6.9 Falsidade Ideológica:
elaborado sem a intervenção de servidor público ou de Art. 312. Omitir, em documento público ou particular,
pessoa que tenha fé pública. declaração que dêle devia constar, ou nêle inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) ou o civil com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
(este na esfera federal). verdade sôbre fato jurìdicamente relevante, desde que o fato
atente contra a administração ou o serviço militar:
Sujeito passivo: O próprio Estado, através da
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é
Administração Militar (Estadual ou Federal). público; reclusão, até três anos, se o documento é particular.
Ex (2): Um BM falsifica atestado médico com intuito de Para os efeitos deste tipo penal militar: omitir significa
se favorecer e justificar sua falta ao serviço. não mencionar, não registrar, não acrescentar
declaração em um documento, público ou particular;
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL inserir significa o ato do próprio agente registrar, fazer
APELAÇÃO. FALSIDADE DOCUMENTAL. CONFECÇÃO DE ATESTADOS
MÉDICOS FALSOS. OBTENÇÃO DE LICENÇA MÉDICA IRREGULAR. constar, consignar a informação (declaração) diversa
PRELIMINAR. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. da que deveria, no documento, público ou particular; e
DESCLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DA CONDUTA CRIMINOSA. ARTIGOS
311 E 315 DO CPM. COMINAÇÃO DE PENAS IDÊNTICAS. AUSÊNCIA DE fazer inserir significa que o agente insere de forma
PREJUÍZO. PRELIMINAR REJEITADA. MÉRITO. TESE DE ATIPICIDADE.
FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA. CRIME IMPOSSÍVEL. INEFICÁCIA ABSOLUTA
DO MEIO EMPREGADO. NÃO CONFIGURAÇÃO. CONDENAÇÃO
MANTIDA. Não caracteriza ofensa à ampla defesa a emendatio libelli 64
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração
operada pelo juízo a quo, ao transmudar o enquadramento típico da
conduta apurada, de "uso de documento falso" (art. 315 do CPM) para que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração
"falsidade documental" (art. 311 do CPM), uma vez que as penas falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
cominadas para ambos os casos são idênticas e, portanto, não importa direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
agravamento da resposta penal dada ao acusado. Rejeição da relevante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
preliminar de nulidade ante a não ocorrência de cerceamento ao documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o
exercício da defesa. Decisão unânime. Configura "falsidade documental" documento é particular.
a conduta de ex-Soldado que, durante consulta médica, subtrai
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indireta, ou seja, utiliza-se de alguém que para inserir a 5.7 Contra o Dever Funcional
falsa informação.
5.7.1 Prevaricação:
Diferentemente da Falsificação de Documento (Art.
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
311 do CPM), neste tipo penal militar o documento, ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei,
público ou particular, não é em todo falso, mas apenas para satisfazer interêsse ou sentimento pessoal:
o que ele indica, isto é, a sua indicação não condiz com
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
a verdade, em decorrência da alteração implementada
pela omissão de inserir declaração real ou inserção de
declaração inverídica. Crime impropriamente militar, pois possui igual
tipificação ao art. 319 do CPB, o Crime de Prevaricação
Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) ou o civil (Art. 319 do CPM) caracteriza-se pelo não
(este na esfera federal). cumprimento ou protelamento no cumprimento de ato
inerente as funções do militar ou servidor público civil
Sujeito passivo: O próprio Estado, através da trabalhando na Corporação Militar (Este somente na
Administração Militar (Estadual ou Federal). esfera civil) para satisfação própria.
Se consuma de três maneiras:
Elemento objetivo: É a conduta de omitir declaração
que deveria constar ou inserir ou fazer inserir uma 1ªManeira: O agente retarda, posterga, delonga;
falsa declaração em documento público ou particular.
2ªManeira: O agente deixa de praticar (omissão) e;
Elemento subjetivo: É o dolo genérico. 3ªManeira: O agente pratica (ação) contra disposição
legal o ato de ofício, compreendido dentro das suas
Ex (1): Sd PM que, na função de motorista de viatura,
atribuições funcionais.
informa falsamente à CIOPS que estava em
perseguição a veículo suspeito a fim de se eximir de Para efeitos deste tipo penal militar: retardar significa
multa decorrente de infração de trânsito por transitar postergar, prolongar, estender a prática de ato que
na via em velocidade acima do permitido. compete ao agente além do necessário; deixar de
praticar significa abster-se de praticar o ato de ofício,
Ex (2): Cb BM que trabalha na parte administrativa consubstanciando-se em conduta omissiva própria;
financeira e altera intencionalmente dados financeiros praticar significa atuar, fazer, executar, colocar em
no sistema de informação com a finalidade de permitir marcha o ato de ofício, porém com lesão à previsão
o aumento da margem consignável do contracheque e legal; interesse pessoal significa a vantagem
lesar o erário público com o recolhimento a menos do pretendida pelo agente, seja moral ou material; e o
imposto de renda. sentimento pessoal significa um estado afetivo ou
emocional, decorrente de uma paixão ou emoção
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
APELAÇÃO. MPM E DEFESA. FALSIDADE IDEOLÓGICA. ESCALA DE (amor, ódio, piedade, avareza, cupidez, despeito,
RONDA. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO. APLICAÇÃO DA desejo de vingança, subserviência, animosidade,
EXCLUDENTE DE OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA. ORDEM NÃO
MANIFESTAMENTE ILEGAL. 1. Comete o crime de falsidade ideológica simpatia, benevolência, caridade etc.), sendo
(Art. 312 do CPM) o superior hierárquico que determina ao indiferente a natureza do sentimento, que pode ser
subordinado que confeccione nova escala de ronda, inserindo
caracterizado como social ou anti-social, imoral ou
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com a finalidade de
alterar a verdadesobre fato juridicamente relevante. 2. O moral, nobre ou torpe, etc.
reconhecimento da excludente de culpabilidade de obediência
hierárquica deve ser utilizado para absolver o subordinado corréu Embora a prevaricação seja de conduta essencialmente
quando a ordem superior não é manifestamente ilegal. Recurso
dolosa, além do fim que se pretende alcançar requer
conhecido e não provido. Decisão unânime. (STM – AP
301820107020202 SP 0000030-18.2010.7.02.0202. Min. Rel. Artur também um elemento subjetivo que é a satisfação de
Vidigal de Oliveira. Julgamento: 07/03/2013. Publicação: 22/03/2013 interesse ou sentimento pessoal.
DJE).
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Por óbvio que se o agente não pratica ato de sua interferir. Dever funcional violado. Sentimento de corporativismo ilegal.
Proteção que não seria estendida ao criminoso comum. Conduta que
função ou o atrasa por impossibilidade de praticá-lo, fere o dever legal de proteção da incolumidade pública. Conduta que
não ocorre o crime. viola o que dispõe a norma do art. 144, § 5º da Constituição Federal, ao
dispor que “às polícias militares cabem à polícia ostensiva e a
preservação da ordem pública;”. Violação do Estatuto dos Policiais
Não pratica Prevaricação o superior hierárquico que Militares do Distrito Federal. (TJDF - APR 3225920078070016 DF
0000322-59.2007.807.0016. Rel. Alfeu Machado. Julgamento:
deixa de responsabilizar subordinado sem que almeje
17/02/2011, 2ªTC. Publicação: 23/02/2011 DJ-e Pág. 303).
satisfação de interesse ou sentimento pessoal, mas
pode ter praticado o crime de Condescendência
Criminosa (Art. 322 do CPM). 5.7.2 Condescendência Criminosa:
Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) do serviço Art. 322. Deixar de responsabilizar subordinado que
comete infração no exercício do cargo, ou, quando lhe falte
ativo ou o servidor público civil trabalhando na
competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
Corporação Militar (este somente na esfera federal). competente:
Sujeito passivo: O próprio Estado, através da Pena - se o fato foi praticado por indulgência, detenção
Administração Militar (Estadual ou Federal). até seis meses; se por negligência, detenção até três meses.
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A tentativa não é possível porque o delito é omissivo contrário, quando no exercício de função e que haja
próprio, isto é, a sua consumação se verifica com a prejuízo à Administração Militar, incidirá neste delito
omissão. militar.
Ex (1): Um Ten PM que nada faz ao flagrar uma É imprescindível que o preceito legal desconsiderado
guarnição que deixou de prender um criminoso que esteja contido em lei, regulamento ou instrução e a
estava na flagrância de um crime. conduta omissiva, obrigatoriamente, deve prejudicar a
Ex (2): Um Maj BM, Comandante da 1ªSSM (1ª Administração Militar.
Seção se Salvamento Marítimo), sediada no Quartel do
Mucuripe, que deixa de determinar a abertura de Importante destacar que NEVES e STREIFINGER (2012),
sindicância ao tomar conhecimento de fatos cometidos em seu livro, Manual de Direito Penal Militar,
por subordinados sob seu comando, que poderiam vir a defendem que “o tipo penal em questão é
ser classificados como crime ou infração disciplinar. Inconstitucional”, por tratar-se de norma penal muito
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
aberta, quase configurando um crime vago, em que
RECURSO CRIMINAL. FURTO PRATICADO POR MILITAR E CONFESSADO qualquer conduta pode amoldar-se, circunstância que
A UM COLEGA DE CASERNA. DENÚNCIA ADITADA PARA INCLUIR O
fere o princípio da legalidade, por não haver um
COLEGA COMO INCURSO NO DELITO DE CONDESCENDÊNCIA
CRIMINOSA, SENDO REJEITADA PELO JUIZ "A QUO". MANUTENÇÃO DA mínimo de exatidão na descrição típica. Assim, por
DECISÃO RECORRIDA. Não incorre na conduta típica de exemplo, na transgressão disciplinar de chegar
condescendência criminosa o militar que, sem guardar relação de
autoridade com o outro militar, ouve por parte deste a confissão de um
atrasado, ocorre a inobservância do Código Disciplinar,
crime, e deixa de comunicar o fato às instâncias competentes. Para a que no Estado do Ceará está corporificado através da
caracterização do delito do art. 322 do CPM é necessária a existência de Lei nº 13.407/2003, portanto, a aplicação desmedida
subordinação entre aquele que pratica a infração e aquele que tem a
obrigação de responsabilizar o infrator. Se o superior hierárquico não do tipo deste penal militar poderia ganhar contornos
tem competência para responsabilizá-lo, deve levar o fato ao penais militar, o que os citados autores asseveram ser
conhecimento da autoridade competente, sob pena de responder pela
um absurdo.
indulgência ou negligência, conforme o caso. Improvido o recurso
ministerial. Unânime. (STM - Rcrimfo 7327 RJ 2006.01.007327-8. Min.
Rel. Rayder Alencar da Silveira. Julgamento: 02/03/2006. Publicação: Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) ou o
24/03/2006 DJE). servidor público civil trabalhando na Corporação
Militar (este somente na esfera federal).
5.7.3 Inobservância de Lei, Regulamento ou Instrução: Sujeito passivo: O próprio Estado, através da
Administração Militar (Estadual ou Federal).
Art. 324. Deixar, no exercício de função, de observar lei,
regulamento ou instrução, dando causa direta à prática de ato
Elemento objetivo: É a conduta de deixar de observar,
prejudicial à administração militar:
de cumprir, quando investido de função decorrente de
Pena - se o fato foi praticado por tolerância, detenção cargo público, preceito legal.
até seis meses; se por negligência, suspensão do exercício do
pôsto, graduação, cargo ou função, de três meses a um ano. Elemento subjetivo: Pode ser o dolo, pela referência à
tolerância (condescendência, aceitação, mesmo que
não querida), ou a culpa, pela referência à negligência
Crime propriamente militar, pois não há previsão (desleixo, descuido, incúria, desatenção, menosprezo,
semelhante no CPB, o Crime de Inobservância de Lei, preguiça).
Regulamento ou Instrução (Art. 324 do CPM) se
caracteriza pelo não atendimento do preceito legal em Ex (1): Um Oficial PM Comandante de OPM que ao
prejuízo à Administração Militar. efetuar prisão de acusados de arrombamento no
comércio local, ao invés de encaminhá-los à Delegacia
Evidentemente o militar estadual deve observar a lei, competente, leva-os ao Quartel, a pretexto de mostrá-
as instruções e os regulamentos afetos ao los à imprensa, deixando de observar os ditames do
cumprimento do seu mister constitucional, caso
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CPP de apresentação imediata do preso a autoridade A ofensa constitutiva do desacato é a grosseira falta de
policial competente. acatamento, podendo consistir em palavras injuriosas,
difamatórias ou caluniosas, agressão física, ameaças,
Ex (2): Um BM que em inspeção feita em boate não gestos obscenos e gritos, enfim, qualquer palavra ou
registra a necessidade de instalação de uma central de ato que redunde em vexame, humilhação, desprestígio
gás, deixando de observar as normas da Associação ou irreverência ao desacatado.
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Sujeito ativo: O militar (estadual ou federal) ou o civil
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL trabalhando (este na esfera federal), desde que agindo
INOBSERVÂNCIA DE LEI, REGULAMENTO OU INSTRUÇÃO. Requerente
exercia a função de Almoxarife da Coudelaria de Rincão e Campo de
como particular.
Instrucao de Rincão, sendo detentor direto do armamento em carga na Sujeito passivo:
Sala das Armas naquela Coudelaria, na forma do art. 136, do a) Imediato: O próprio Estado, através da
Regulamento de Administração do Exército, conforme afirmação Administração Militar (Estadual ou Federal).
expressa do Diretor daquela Organização Militar. II - O Peticionário foi
negligente no exercício de suas funções, por não fiscalizar o b) Mediato: A autoridade judiciária no
cumprimento das Normas Gerais de Ação (NGA), relativas à segurança exercício da função ou em razão dela.
do Armamento e Munição, dos Comandados da 1ª Brigada de Cavalaria Elemento objetivo: É a vantagem indevida.
Mecanizada e da 3ª Divisão de Exército e não fornecer os meios para
Elemento subjetivo: É o dolo, ou seja, a vontade
sua exata observação, subsumindo-se, assim, ao tipo penal inscrito no
art. 324, do CPM. III - Preliminar de não admissibilidade do Pedido específica de ofender.
Revisional, rejeitada na forma do art. 67, parágrafo único, I, do RISTM.
IV - No mérito, por decisão majoritária, foi indeferido o pedido de Esse crime não admite a forma culposa.
Revisão Criminal. (STM - Rvcrfo 1306 RS 2005.01.001306-3. Min. Rel.
Sergio Ernesto Alves Conforto. Julgamento: 26/09/2006. Publicação: Ex: Um militar estadual que em audiência na Vara
31/10/2006 DJE).
Única da Justiça Militar Estadual (Auditoria Miulitar)
manda o juiz de direito calar a boca.
5.8 Contra a Administração da Justiça Militar
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL
5.8.1 Desacato: CRIME DE DESACATO PRATICADO POR POLICIAL MILITAR CONTRA
PROMOTOR DE JUSTIÇA DO ESTADO JUNTO À JUSTIÇA MILITAR - AÇÃO
Art. 341. Desacatar autoridade judiciária militar no PENAL - TRANCAMENTO - Constitui crime, previsto no artigo 341 do
exercício da função ou em razão dela: Código Penal Militar, desacatar autoridade judiciária militar no
exercício da função ou em razão dela. Promotor de Justiça do Estado
Pena - reclusão, até quatro anos. junto à Justiça Militar, por não ser autoridade judiciária militar, não
pode ser tido como vítima daquele crime militar. Sendo atípica a
conduta do policial militar acusado, cabível, no caso, o trancamento da
ação penal.Recurso conhecido e provido. (STM - Rcrimfo 7327 RJ
Crime impropriamente militar, pois também é previsto 2006.01.007327-8. Min. Rel. Rayder Alencar da Silveira. Julgamento:
com definição semelhante no art. 331 do CPB, mas 02/03/2006. Publicação: 24/03/2006 DJE).
Para a configuração deste tipo penal militar a Em suma, conforme afirma NEVES e STREIFINGER
autoridade judiciária desacatada deve estar no (2005), com fulcro nas idéias das teorias absolutas da
exercício da função ou em razão dela. pena, pode-se conceituar pena como “um mal que
aflige o sujeito que causa um mal”.
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As teorias relativas da pena, que também consideram a b) Justa: A pena deve ser aplicável a todos que incidem
pena um mal necessário, contudo tem que o objetivo na sanção penal;
maior da sanção não é retribuir, mas prevenir a prática
c) Necessária: A pena é necessária quando for o meio
de outro delito semelhante.
indispensável para a prevenção e a repressão da
A prevenção preconizada pelas teorias relativas criminalidade;
expressava-se em prevenção geral e prevenção
especial. d) Proporcional: A pena deve ser aplicada de acordo
com o delito e nunca excessivamente;
A prevenção geral, pretensamente, atua sobre a
coletividade, de modo a prevenir que as demais e) Divisível: A pena deve guardar a relação necessária
pessoas não cometam a mesma ação delituosa que o entre a gravidade do crime e a repressão;
apenado, enquanto que a prevenção especial atua f) Individual: Na aplicação da pena, o juiz deve ter
sobre o próprio apenado, transformando a pena em amplo arbítrio, entre o mínimo e o máximo, em vista
meio de se evitar a reincidência pelo mesmo. das circunstâncias do agente e do fato criminoso;
Já as teorias unificadoras ou mistas, conciliam, em g) Pessoal: A pena é personalíssima, só atingindo o
estágio inicial, os postulados das teorias precedentes. autor do crime (Art. 5º, XLV65, da CF/1988);
Afirmam, pois, o caráter de retribuição da pena, mas
exaltam sua função utilitária na correção do apenado. h) Reparável: Como a justiça humana não é infalível e
está sujeita a erros, a pena, sempre que injustamente
Na verdade, a pena deve perseguir um fim condizente aplicada, deve ser reparada.
com a democracia e os ditames constitucionais. O mais
importante é perceber que o Estado só deverá recorrer 6.2 Espécies de Pena
à pena quando a conservação da ordem jurídica não O CPM divide as penas em: Penas Principais e Penas
possa ser obtida com outros meios de reação, isto é, Acessórias.
com os meios próprios do direito civil (ou de outros
ramos do direito que não o penal). 6.2.1 Penas Principais:
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As penas principais estão previstas no art. 55 do CPM e execução, salvo se não desejar essa vendagem (Art.
são: morte; reclusão; detenção; prisão; impedimento; 707 do CPPM69).
suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou
b) Pena de Reclusão:
função; e reforma.
A Reclusão é o cumprimento da pena em regime
Importante destacar que existe ainda a menagem que
pode ser considerada uma espécie de prisão cautelar, fechado, semiaberto ou aberto.
concedida pelo Juiz ao militar ou civil que tenha O mínimo e máximo genérico da pena de reclusão é de
praticado um crime militar cuja pena privativa de um ano e trinta anos, respectivamente (Art. 5870 do
liberdade, em abstrato, não exceda a 04 (quatro) anos. CPM).
O benefício da menagem tem como objetivo evitar que c) Pena de Detenção:
o acusado permaneça em um estabelecimento
prisional até o julgamento em 1ª instância, sendo que A Detenção é o cumprimento da pena em regime
segundo o art. 26466 do CPPM poderá se efetuar, em semiaberto ou aberto, exceto quando houver
princípio, no lugar em que residia o militar quando necessidade de transferência a regime fechado.
ocorreu o crime.
O mínimo e máximo genérico da pena de detenção é
a) Pena de Morte: de trinta dias e de dez anos respectivamente (Art. 58
do CPM).
A Pena de Morte é uma exceção no Direito Brasileiro e
ela só ocorre em caso de guerra declarada (Art. 5º d) Pena de Prisão:
XLVII, alínea “a”67, da CF/1988).
A pena de reclusão ou de detenção até 02 (dois) anos
A sentença definitiva de condenação à morte é aplicada a um militar é convertida em pena de prisão e,
comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente quando não cabível a suspensão condicional, cumprida
da República, e não pode ser executada senão depois pelo oficial em um recinto de estabelecimento militar e
de sete dias após a comunicação. Se a pena é imposta cumprida pela praça, em estabelecimento militar, onde
em zona de operação de guerra, poderá ser executada ficará separada de presos que estejam cumprindo pena
imediatamente, quando o interesse da ordem e da privativa de liberdade superior a dois anos (Art. 59 do
disciplina exigir. CPM71).
O condenado a pena de morte será executada por A pena privativa de liberdade em tempo superior a 2
fuzilamento (Art. 5668 do CPM) e caso o condenado (dois) anos aplicada a militar será cumprida em
seja militar, ele deverá usar uniforme comum e sem
insígnias e ter os olhos vendados no momento da 69
Art. 707. O militar que tiver de ser fuzilado sairá da prisão com
uniforme comum e sem insígnias, e terá os olhos vendados, salvo se
o recusar, no momento em que tiver de receber as descargas. As
vozes de fogo serão substituídas por sinais.
66 70
Art. 264. A menagem a militar poderá efetuar-se no lugar em que Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo
residia quando ocorreu o crime ou seja sede do juízo que o estiver de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o
apurando, ou, atendido o seu pôsto ou graduação, em quartel, navio, máximo de dez anos.
acampamento, ou em estabelecimento ou sede de órgão militar. A
menagem a civil será no lugar da sede do juízo, ou em lugar sujeito à 71
Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos,
administração militar, se assim o entender necessário a autoridade
aplicada a militar, é convertida em pena de prisão e cumprida,
que a conceder.
quando não cabível a suspensão condicional: (Redação dada pela
67 Lei nº 6.544, de 30/06/78) I - pelo oficial, em recinto de
Art. 5º (...) - XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso estabelecimento militar; II - pela praça, em estabelecimento penal
de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; militar, onde ficará separada de presos que estejam cumprindo pena
disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo superior a dois
68
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. anos.
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74 77
Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na
dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar- administração ou gerência de sociedade comercial, ou dela ser sócio
se antes do ato oficial de incorporação: Pena - impedimento, de três ou participar, exceto como acionista ou cotista em sociedade
meses a um ano. anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada:
75 78
Art. 266. O insubmisso terá o quartel por menagem, Art. 324. Deixar, no exercício de função, de observar lei,
independentemente de decisão judicial, podendo, entretanto, ser regulamento ou instrução, dando causa direta à prática de ato
cassada pela autoridade militar, por conveniência de disciplina. prejudicial à administração militar:
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As penas principais estão previstas no art. 55 do CPM e Indigno, no sentido léxico, é aquele que praticou a
são: a perda de posto e patente; a indignidade para o indignidade: baixo, ordinário, inconveniente. Portanto,
oficialato; a incompatibilidade com o oficialato; a independentemente da pena aplicada ao oficial, este
exclusão das forças armadas; a perda da função
pública, ainda que eletiva; a inabilitação para o 80
Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº II, e 106, a imposição
exercício de função pública; a suspensão do pátrio da pena acessória deve constar expressamente da sentença.
poder, tutela ou curatela; e a suspensão dos direitos 81
Art. 99. A perda de pôsto e patente resulta da condenação a pena
políticos. privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a
perda das condecorações.
79 82
Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situação de Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato
inatividade, não podendo perceber mais de um vinte e cinco avos do o militar condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição,
sôldo, por ano de serviço, nem receber importância superior à do espionagem ou cobardia, ou em qualquer dos definidos nos arts. 161,
sôldo. 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.
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não será digno da farda se cometer quaisquer dos pelo art. 125, § 4º87, da CF/1988, que é de eficácia
crimes enumerados pelo legislador, reveladores da sua plena e imediata.
indignidade, e perderá o posto e a patente, após ser
submetido ao Conselho de Justificação e julgado pelo f) Pena de Perda da Função Pública, ainda que eletiva:
tribunal competente. Em suma, nos termos do art. 10388 do CPM, perde a
função pública o civil condenado a pena privativa de
c) Pena de Incompatibilidade com o Oficialato:
liberdade por crime militar em que se houve com
Esta pena trata agora da incompatibilidade do oficial abuso de poder ou violação de dever inerente à
com sua profissão. Equivale a dizer que o legislador referida função pública.
entendeu que os crimes de Entendimento para gerar
conflito ou divergência com o Brasil (Art. 14183 do Esse princípio estende-se ao militar da reserva, ou
CPM) ou Tentativa contra a soberania do Brasil (Art. reformado, se estiver no exercício da função pública de
qualquer natureza, nos termos do parágrafo único do
14284 do CPM), cometidos pelo oficial evidenciam sua
incompatibilidade com a profissão que abraçou. Não se mesmo dispositivo legal e sua conduta se enquadrar
trata aqui de aferir de sua indignidade e sim da em uma das hipóteses contidas no inciso III89, do art. 9º
inconciliação entre o crime praticado com o oficialato, do CPM.
conforme preconiza o art. 10185 do CPM. Para sua Se o civil for condenado por qualquer crime militar a
aplicação também necessita da instauração do uma pena, seja de reclusão ou de detenção, superior a
Conselho de Justificação para apuração de sua 02 anos, perderá a função pública que exercer. O
incompatibilidade, que será julgado pelo tribunal inciso II dispõe a respeito do civil perder a função
competente. pública em virtude de condenação por outro
d) Pena de Exclusão das Forças Armadas: 87
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os
princípios estabelecidos nesta Constituição. § 4º Compete à Justiça
Essa pena acessória diz que a praça que tiver Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos
condenação penal irrecorrível, superior a dois anos, crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a
será excluída das Forças Armadas (Art. 102 do CPM86), vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda
ou da PM ou CBM, no caso do militar estadual. do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
(Redação dada pela EC nº 45/2004)
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g) Pena de Inabilitação para o Exercício de Função outros filhos, tutelados ou curatelados, não se
Pública: estendendo àquele contra o qual o crime foi cometido.
Aqui não se trata mais de perda da função pública, mas i) Pena de Suspensão dos Direitos Políticos:
sim de sua inabilitação, ou falta de habilitação, para
A CF/1988, ao proibir a cassação de direitos políticos,
que o condenado possa exercer a função pública, por
um período determinado pelo Conselho de Justiça que trata dos casos de perda e suspensão desses direitos,
varia de 02 até 20 anos, desde que a pena aplicada seja em seu art. 15, inciso III92, que dispõe a respeito da
de reclusão por mais de 04 (quatro) anos, em virtude suspensão por “condenação criminal transitada em
de crime praticado com abuso de poder ou violação do julgado, enquanto durarem seus efeitos”. Trata-se de
dever militar ou inerente à função pública (Art. 10490 uma verdadeira interdição de direito e uma das mais
graves, pois importa na suspensão dos direitos
do CPM).
políticos que compreende, sobretudo, o direito de
h) Pena de Suspensão do Pátrio Poder, Tutela ou votar e ser votado (Art. 10693 do CPM).
Curatela:
7. ELEMENTOS ACIDENTAIS DO CRIME
A Pena de Suspensão do Pátrio Poder, Tutela ou Os Elementos do crime são os elementos essenciais e
Curatela (Art. 10591 do CPM) constitui verdadeira os elementos acidentais.
interdição de direitos. É uma interdição temporária,
pois subsiste enquanto durar a execução da pena, pois Já estudamos anteriormente no nosso curso os
nesse período o preso não poderá desempenhar elementos essenciais do crime no item 3.2, que são: a
funções pertinentes. ação, tipicidade, antijuricidade, e a culpabilidade.
O pátrio poder pode ser conceituado como o conjunto Portanto, agora estudaremos apenas os elementos
de obrigações, a cargo dos pais, no tocante à pessoa e acidentais do crime, que são aqueles que podem
bens dos filhos menores. Contudo, se não existe quem deixar de existir, porém, quando não se verificam na
o exerça, ou porque faleceram ambos os genitores, ou conduta delitiva, modificam os elementos essenciais,
porque foram estes suspensos ou destituídos do pátrio alterando a responsabilidade do agente (agravando ou
poder, ou ainda porque julgados ausentes, os filhos atenuando a pena).
menores são postos em tutela. Por sua vez, a curatela
Essas circunstâncias apesar de serem verificadas no
constitui encargo deferido por lei a alguém para reger
fato, não contribuem para sua existência. Assim, as
a pessoa e administrar os bens de outrem, que não
circunstâncias juntam-se ao fato, acrescentando-lhe
pode fazê-lo por si mesmo
uma maior ou menor reprovabilidade e, por
Verifica-se nos casos de crimes dolosos, apenados com conseguinte, um aumento ou diminuição da pena.
reclusão, praticados contra filho, tutelado ou
7.1 Circunstâncias Atenuantes
curatelado. Essa incapacidade poderá ser eliminada
pela reabilitação, contudo esta somente atinge os São circunstâncias que sempre atenuam a pena,
ficando a dosimetria dela a critério do juiz. Quando a
pena-base for fixada no mínimo legal as circunstâncias
90
Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de função pública,
92
pelo prazo de dois até vinte anos, o condenado a reclusão por mais Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
de quatro anos, em virtude de crime praticado com abuso de poder suspensão só se dará nos casos de: III - condenação criminal
ou violação do dever militar ou inerente à função pública. transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
91 93
Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por mais de Art. 106. Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da
dois anos, seja qual fôr o crime praticado, fica suspenso do exercício medida de segurança ìmposta em substituição, ou enquanto perdura
do pátrio poder, tutela ou curatela, enquanto dura a execução da a inabilitação para função pública, o condenado não pode votar, nem
pena, ou da medida de segurança imposta em substituição (art. 113). ser votado.
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atenuantes não terão incidência, pois elas não podem Faz-se interessante a diferenciação do relevante valor
atenuar a pena aquém do mínimo abstrato. social do relevante valor moral. O primeiro é aquele
que se verifica quando a causa do delito diz respeito a
As Circunstâncias Atenuantes estão previstas no art.
um interesse coletivo.
7294 do CPM e são:
Ex: O agente pratica violação de domicílio contra o
Ser o agente menor de vinte e um ou maior de
setenta anos; traidor da pátria.
Ser meritório o comportamento anterior do agente; Enquanto que o motivo de relevante valor moral é
Ter o agente: cometido o crime por motivo de aquele que diz respeito a um interesse particular.
relevante valor social ou moral; procurado, por sua
espontânea vontade e com eficiência, logo após o Ex: O sujeito pratica seqüestro contra o estuprador de
crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou sua filha.
ter, antes do julgamento, reparado o dano; cometido o
crime sob a influência de violenta emoção, provocada
por ato injusto da vítima; confessado
“A incidência da circunstância atenuante não
espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do pode conduzir à redução da pena abaixo do
crime, ignorada ou imputada a outrem; e sofrido mínimo legal”. (Súmula nº 231 do STJ).
tratamento com rigor não permitido em lei.
Das circunstâncias atenuantes destacamos:
7.2 Circunstâncias Agravantes
a) Ser o agente menor de 21 (vinte e um) anos ou
Na pretensão de se ajustar a medida da pena à real
maior de 70 (setenta) anos:
gravidade do fato e a culpabilidade acrescida do
A incidência desta atenuante (Art. 72, I95) é de critério agente no seu crime, leva-se em consideração algumas
biológico, isto é da idade, independendo se o agente circunstâncias que acompanham a conduta punível e
tenha sido emancipado ou esteja casado. Se o crime determinam o aumento da sua reprovabilidade na
for praticado no tempo compreendido entre a data de consciência comum, com conseqüente exasperação da
aniversário de 18 (dezoito) anos do agente e até o dia sanção penal.
anterior àquele em que fizer 21 (vinte e um) anos, ele
As circunstâncias agravantes estão previstas no art. 70
será beneficiado, mesmo se, ao tempo da sentença, já
do CPM e são: a reincidência; e ter o agente cometido
tiver completado idade acima a esta.
o crime: por motivo fútil ou torpe; para facilitar ou
O sujeito ativo com idade superior há 70 (setenta) anos assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
de idade será beneficiado pela atenuante se, ao tempo vantagem de outro crime; depois de embriagar-se,
da sentença, já possuir referida idade. salvo se a embriaguez decorre de caso fortuito, engano
ou força maior; à traição, de emboscada, com
b) Ter o agente cometido o crime por motivo de surpresa, ou mediante outro recurso insidioso que
relevante valor social ou moral: dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima; com
94 o emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo,
Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o
agente menor de vinte e um ou maior de setenta anos; II - ser ou qualquer outro meio dissimulado ou cruel, ou de
meritório seu comportamento anterior; III - ter o agente: a) cometido o que podia resultar perigo comum; contra ascendente,
crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por
sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar- descendente, irmão ou cônjuge; com abuso de poder
lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, ou violação de dever inerente a cargo, ofício,
reparado o dano; c) cometido o crime sob a influência de violenta
emoção, provocada por ato injusto da vítima; d) confessado
ministério ou profissão; contra criança, velho ou
espontâneamente, perante a autoridade, a autoria do crime, ignorada enfermo; quando o ofendido estava sob a imediata
ou imputada a outrem; e) sofrido tratamento com rigor não permitido
em lei. Não atendimento de atenuantes.
proteção da autoridade; em ocasião de incêndio,
naufrágio, encalhe, alagamento, inundação, ou
95
Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular
agente menor de vinte e um ou maior de setenta anos;
do ofendido; estando de serviço; com emprego de
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arma, material ou instrumento de serviço, para esse penal militar e, assim, não podem se prestarem a
fim procurado; em auditório da Justiça Militar ou local qualificar a conduta delitiva, pois correspondem aos
onde tenha sede a sua administração; e em país elementos específicos do crime.
estrangeiro.
Assim, quando uma das circunstâncias agravantes
a) Reincidência: funciona como elementar ou como circunstância
qualificadora, não se aplica como agravante, porque
Dentre todas as circunstâncias agravantes, a mais senão haveria o “bis in idem”, isto é, o sujeito teria a
grave é a reincidência, porque o agente revela pena aumentada em duas vezes diante das mesmas
periculosidade, uma confirmação da tendência circunstâncias.
criminosa.
Para um melhor entendimento dessa diferença,
A reincidência somente se verifica quando o agente vejamos alguns exemplos:
pratica novo crime, depois de transitado em julgado
sentença que o tenha condenado por crime anterior, Ex (1): Na prática do Crime de Homicídio Qualificado,
no Brasil ou estrangeiro. previsto no art. 205, § 2º, inciso I, do CPM, que diz:
“Art. 205. Matar alguém: (...) § 2° Se o homicídio é
Diferentemente do art. 64, II96, do CPB, que cometido: (...) I - por motivo fútil;”, não poderá incidir a
estabeleceu que os crimes militares próprios não são agravante do art. 70, II, “a” (“ter o agente cometido o
considerados para efeitos de reincidência, no Direito crime por motivo fútil”), pois a circunstância genérica
Penal Militar a prática de 02 (dois) crimes militares, está qualificando a conduta delitiva do homicídio.
próprios ou impróprios, podem gerar reincidência,
assim, como também a prática de um crime comum e Ex (2): No Crime de Incêndio, previsto no art. 268 do
outro posterior militar, visto que o CPM, em seu art. CPM, que diz: “Art. 268. Causar incêndio em lugar
71, § 2º97, só ressalvou os crimes anistiados, estando sujeito à administração militar, expondo a perigo a
estipulado também no § 1º98 desse mesmo artigo uma vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:”,
espécie de temporariedade da reincidência, em que a a palavra “incêndio” é integrante ou qualificativa deste
sentença condenatória deixa de gerar efeitos de crime, isto é, se referida palavra for retirada, deixa de
reincidência após o decurso do prazo de 05 (cinco existir tal crime “causar incêndio”. Se o sujeito
anos) da data do cumprimento ou extinção da pena. enquadrar-se na conduta tipificada neste artigo, não
poderá ter a pena agravada na forma do art. 70, II “e”
Ainda, é importante se diferenciar as circunstâncias (“ter o agente cometido o crime com o emprego de
agravantes das integrantes ou qualificativas do crime.
fogo”).
As primeiras, quando verificadas, sempre agravam a
pena, são circunstâncias legais especiais do crime, b) Ter o agente cometido o crime em outras
previstas na parte especial do CPM, enquanto que as circunstâncias agravantes:
segundas estão enraizadas no próprio conceito do tipo
Das outras circunstâncias agravantes destacamos:
96
Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984) (...) II - não se consideram os crimes militares I - Ter o agente cometido o crime por motivo fútil ou
próprios e políticos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) torpe (Art. 70, II, “a”99):
97
Art. 71. Verifica-se a reincidência quando o agente comete nôvo
Motivo fútil ou frívolo é o de nenhum valor, revelando
crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no país ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. § 2º Para efeito perversidade do agente e apresentando desproporção
da reincidência, não se consideram os crimes anistiados. entre o crime e sua causa moral.
98
Art. 71. (...) § 1º Não se toma em conta, para efeito da
99
reincidência, a condenação anterior, se, entre a data do cumprimento Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
ou extinção da pena e o crime posterior, decorreu período de tempo não integrantes ou qualificativas do crime: (...) II - ter o agente
superior a cinco anos. cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe;
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a) Se a embriaguez, apesar de ser completa, for O Superior Tribunal Militar (STM), com sede no Distrito
proveniente de caso fortuito ou força maior o agente é Federal, tem competência sobre todo o território
inimputável (Art. 49 do CPM101); nacional; compõe-se de quinze ministros vitalícios,
todos brasileiros (natos ou naturalizados), nomeados
b) Se a embriaguez é voluntária ou culposa, não exclui pelo Presidente da República, depois de aprovada a
a responsabilidade; é irrelevante; indicação pelo Senado Federal, sendo dez militares
(das três armas) e cinco civis (dois dos quais escolhidos
c) Se a embriaguez é pré-ordenada, constitui agravante
entre Juízes-Auditores e membros do Ministério
(como já visto anteriormente);
Público da JM e três dentre advogados de notório
d) Se a embriaguez ocorre em serviço ou para este se saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos
apresenta o militar embriagado, trata-se de crime (Art. de efetiva atividade profissional). Está localizado no
202 do CPM102); Setor de Autarquias Sul. Praça dos Tribunais
Superiores. Cep: 70.098-900. Telefone Geral: (061)
e) Finalmente, se a embriaguez se dá fora do serviço, 3313-9292. Brasília/DF, Brasil.
pode ser transgressão disciplinar.
A jurisdição inferior (1º grau) é exercida pelos
100
Art. 70. (...). II - (...). c) depois de embriagar-se, salvo se a Conselhos de Justiça Militar (órgãos colegiados), que
embriaguez decorre de caso fortuito, engano ou fôrça maior;
são de duas categorias: Conselho Especial de Justiça
101
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por (para julgar oficiais) e o Conselho Permanente de
embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou fôrça maior, Justiça (para julgar as praças). São compostos por um
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acôrdo Juiz Togado e quatro Juízes Militares (sorteados).
com êsse entendimento.
102
Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou
103
apresentar-se embriagado para prestá-lo: Pena - detenção, de Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes
seis meses a dois anos. militares definidos em lei.
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8.2 Justiça Militar Estadual No Ceará, a JME funciona com apenas uma vara única,
A JME tem competência para processar e julgar os que está localizada no Fórum Clóvis Beviláqua, situada
militares estaduais (PMCE e CBMCE), e as ações na Av. Desembargador Floriano Benevides, nº 220, no
judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada bairro Edson Queiroz, em Fortaleza/CE.
a competência do júri quando a vítima for civil (Art.
A JME é composta pelo Juiz de Direito do Juízo Militar e
125, § 4º104, da CF/1988 e art. 82105 do CPPM).
pelos Conselhos de Justiça (Especial e Permanente),
que podem ser sorteados ou convocados (Art. 399107
do CPPM), com a competência:
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Básica:
BRASIL, Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília, 1988.
ASSIS, Jorge César. Código Penal Militar, 5ª ed.
Curitiba: Juruá, 2005. ______. Decreto-Lei nº 2.848, de 0712/40 (Código
Penal).
______. Direito Militar: Aspectos Penais, Processuais
Penais e Administrativos. Curitiba: Juruá, 2002. ______. Decreto-Lei nº 1.001, de 21/10/69 (Código
Penal Militar).
______. Comentários ao Código Penal Militar. 6ª ed.
(2007), 1 reimp. Curitiba: Juruá, 2008. ______. Decreto-Lei nº 1.002, de 21/10/69 (Código de
Processo Penal Militar).
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das Penas. São Paulo:
Martin Claret, 2001. ______. Lei nº 7.210, de 11/07/84. (Lei de Execução
Penal).
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, vol. 1: parte
geral. 11 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. ______. Lei nº 8.072, de 25/07/90 (Lei dos Crimes
Hediondos).
FREUA, Murillo Salles. O Casal de Militares perante a
Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06). In Internet. ______. Lei nº 8.906, de 04/07/94 (Estatuto da OAB).
Disponível < www.jusmilitaris.com.br/novo/uploads
______. Lei nº 9.299, de 07/08/96 (Alterou
/docs/casalmilitares.pdf>. Acessado em 12/06/14.
dispositivos do CPM e CPPM, respectivamente).
LOBÃO, Célio. Direito Penal Militar. Brasília: Brasília
______. Lei nº 9.455, de 07/04/97 (Lei da Tortura).
Jurídica, 1999.
______. Lei nº 9.714, de 25/11/98 (Alterou
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado.
dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848/40 - CPB).
São Paulo: Atlas, 2005.
______. Lei nº 11.343, de 23/08/06 (Lei de Drogas).
NEVES, Cícero Robson Coimbra; e STREIFINGER,
Marcello. Apontamentos de Direito Penal Militar - ______. Superior Tribunal Militar. Cartilha institucional
Vol. 1 - Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 2005. da Justiça Militar da União. Brasília: STM, 2013.
______. Manual de Direito Penal Militar. 2ª ed. São CEARÁ, Constituição do Estado do Ceará. Fortaleza,
Paulo: Saraiva, 2012. 1989.
ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues. Ação Penal Militar. In ______. Lei nº 13.407, de 21/11/03, com as alterações
Internet, no sítio: < http://www.advogado. das Leis nº 14.933, de 08/06/11, 13.407, de 21/11/03,
adv.br/direitomilitar/ano2002/pthadeu/acaopenalmilit 13.768, de 04/05/06, e 15.051, de 06/12/11 (Código
ar.htm>. Acessado em 30/05/14. Disciplinar PM/BM).
SARAIVA, Alexandre José de Barros Leal. Comentário à ______. Lei nº 13.729, de 11/01/06, com as alterações
Parte Geral do Código Penal Militar. Fortaleza: ABC das Leis nº 14.113, de 12/05/08, e 14.930, de 02/06/11
Editora, 2007. (Estatuto dos Militares do Estado do Ceará).
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ANEXOS:
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ANEXO A - STJ decide que crimes da greve da PM Especializada, de onde se originou, devendo a Federal
serão processados nas JME e Federal. adotar as providências cabíveis quanto a possíveis
O Superior Tribunal de Justiça decidiu que crimes contra a
delitos previstos na Lei de Segurança Nacional (Lei nº.
segurança nacional serão processados pela Justiça Federal e
delitos propriamente militares pela Justiça Militar Estadual. 7.170/83).
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ANEXO B - Status de Militar do Desertor para se ver Serviço Militar, no sentido mais amplo, com reflexos na
processar e seus reflexos para o Serviço Militar. Mobilização.
(Artigo extraído da Revista de Doutrina e Jurisprudência do Superior
Tribunal Militar. - Vol. 24, n. 2 (jan./jun. 2015). - Brasília : Superior Tribunal
Contudo, em razão das especificidades que envolvem o
Militar, 2015).
111
delito de deserção, as quais permeiam a legislação do
Fernando Sérgio Galvão .
Serviço Militar, o Estatuto dos Militares e outras
normas, o CPPM não prevê o processo de deserção
como ordinário e sim como especial, sendo abordado
em três Capítulos distintos.
O delito da deserção é da mais alta gravidade por E nem o oficial, uma vez capturado ou apresentado
envolver afronta ao Serviço Militar e ao Dever Militar, voluntariamente, reverte imediatamente aos quadros
comprometendo os cânones de defesa da Pátria, as da respectiva Força. Somente após o trânsito em
quais dependem, estruturalmente, de cada cidadão. julgado, a Administração Militar poderá conhecer o
grau de ofensa perpetrado ao Dever Militar. E, nessa
O infrator acaba por ser infiel aos demais integrantes ocasião, analisará a possibilidade de esse oficial
da OM à qual pertence e, se considerarmos que as reassumir seus encargos de comando e de chefia.
Forças Armadas, na forma da Constituição
Portanto, como visto no desenvolvimento deste Artigo,
Federal, são o braço armado da nação, a deserção é, a condição de militar é questão sine qua non para o
por extensão, também traição à sociedade e ao Estado. acusado de deserção se ver processar, seja oficial ou
praça, conforme previsto em dispositivos legais112.
Nessa dimensão de ruptura provocada pelo desertor,
há descompromisso do agente delituoso com a ultima Com foco apenas na praça sem estabilidade e no
ratio do Estado, cujas obrigações envolvem a intuito de punir aquele que cometeu o delito da mais
Segurança e a Defesa Nacionais. alta gravidade para uma Força Militar, com base no
devido processo legal, repise-se de caráter especial,
O crime de deserção alinha-se entre os delitos
devem-se evitar soluções em desacordo com a lei,
propriamente militares, que somente podem ser
desconstruindo dispositivos perfeitamente harmônicos
cometidos pelos integrantes das Forças. É o mais
e com reflexos em Sistemas das Forças Armadas.
castrense dos crimes, pois é cometido quando o
agente rompe o seu dever e, no caso da praça sem Deve-se evitar a desproporção no trato entre oficiais e
estabilidade, fere o mandamento constitucional do praças desertores, pois aqueles nunca são julgados à
112
STF. HC nº 103.254. Relator Min. Celso de Mello. Segunda Turma, julgado
111
General de Exército. Ministro do Superior Tribunal Militar. em 29/6/2010, DJe-070 de 13/4/2011.
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revelia. Não se pode ser mais benevolente logo com tanto para o agente em potencial do delito, como para
quem tem maior responsabilidade. aqueles responsáveis pela Administração Militar.
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ANEXO C - Soldados do Ronda do Quarteirão são O defensor público titular da Auditoria Militar, Luiz
condenados por desacato. Eduardo Lima Martins, e os advogados Messias Bezerra
e Eduardo Aires fizeram a defesa dos policiais do
Ronda do Quarteirão. Eles alegaram o estrito
cumprimento do dever legal por parte dos soldados. A
defesa do major, patrocinada pelo advogado Delano
Cruz, declarou a negativa de autoria do acusado.
Notícias 30/09/2010
O CASO
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ATIVIDADE PROPOSTA:
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Art. 216. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decôro:
Pena - detenção, até seis meses.
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Art. 324. Deixar, no exercício de função, de observar lei,
regulamento ou instrução, dando causa direta à prática de ato
prejudicial à administração militar: Pena - se o fato foi praticado por
tolerância, detenção até seis meses; se por negligência, suspensão
do exercício do pôsto, graduação, cargo ou função, de três meses a
um ano.
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ANEXO D - STM nega Habeas Corpus a tenente O militar foi conduzido para a 17ª Delegacia de Polícia
flagrado com fardamentos e equipamentos furtados e depois para o 1º Batalhão de Polícia do Exército, que
do Exército. abriu uma investigação. Em perícia, identificou-se que
o tenente levava consigo 35 itens, como camisetas e
camisas camufladas, conjuntos de uniformes
Agência de Notícias camuflados, pares de coturnos, cantis, canecos,
lanterna, porta-carregadores de fuzil, suspensórios
operacionais, coldres, coletes balísticos e cassetete
elétrico.
Os materiais foram identificados como adquiridos pelo
Exército, através de contrato firmado pelo COLOG
(Comando Logístico), no período de 2009 a 2011, e
continham as inscrições “Exército Brasileiro, Uso
Exclusivo do Exército Brasileiro e Venda Proibida”, além
do Brasão do Exército Brasileiro.
Tanto na delegacia, como na sindicância e no inquérito
policial, o denunciado afirmou que os materiais e
equipamentos lhe pertenciam, pois foram adquiridos
Fardamento furtado pertencia ao 1º Depósito de Suprimento em lojas de artigos militares e outros recebidos quando
Imagem: Internet
foi cadete na AMAN (Academia Militar das Agulhas
01/07/2016 Negras), sendo que aproveitou que iria na
confraternização do 1º Depósito de Suprimento,
STM nega Habeas Corpus a tenente flagrado com
unidade militar que servira até alguns dias antes do
fardamentos e equipamentos furtados do Exército
fato, para buscar tais materiais.
O Superior Tribunal Militar (STM) negou pedido de As investigações descobriram que o tenente serviu no
Habeas Corpus a um tenente do Exército flagrado com 1º Depósito de Suprimento (1º D Sup), no período de
farta quantidade de equipamentos operacionais e março de 2009 a setembro de 2012, onde exerceu
fardamentos de uso exclusivo do Exército, durante atividades de aquisição, controle e distribuição de
uma patrulha da Polícia Militar, na cidade do Rio de peças de fardamento e equipamentos: Chefe e Gestor
Janeiro. da Seção e Depósito de Suprimento Classe II,
O militar responde a uma ação penal militar pelos Encarregado do Setor de Material e Auxiliar da Seção
crimes de peculato-furto e de receptação culposa na 2ª de Suprimento Classe II. E também que, no período em
Auditoria do Rio de Janeiro. Os equipamentos tinham que o denunciado exerceu as funções chaves, o 1º D
sido furtados de um quartel do Exército. Sup recebeu grande quantidade de materiais e
Segundo os autos, no dia 12 de abril de 2013, por volta equipamentos oriundos do Escalão Superior (COLOG),
das 19h, o 1º tenente do Exército foi abordado por para o fim de distribuição às unidades militares
policiais militares do estado do Rio de Janeiro, após ser vinculadas à 1ª Região Militar.
perseguido por estar dirigindo em zigue-zague, não
obedecendo os sinais sonoros e luminosos da viatura Acusação
da PM.
Na peça acusatória, os promotores denunciam que o
Durante a abordagem, os policiais militares
militar aproveitou-se dessa condição determinante
constataram que, no interior do veículo conduzido pelo
aliada ao fato de ser oriundo do Serviço de Intendência
oficial, havia grande quantidade peças de fardamento
(ou seja, tinha conhecimento técnico sobre o assunto),
e equipamentos operacionais de uso exclusivo do
teve acesso a tais materiais e subtraiu para si as peças
Exército, assim como um montante em dinheiro, que
de fardamento e equipamentos operacionais.
somou quase R$ 180 mil.
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ANOTAÇÕES
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