Unidade 7 - Elaboração Dos Diferentes Eixos Do Projeto Social

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Capítulo do Livro Didático

CAPA

Elaboração dos diferentes eixos do

Projeto Social

1
SUMÁRIO:

Elaboração dos diferentes eixos do Projeto Social

Para início de conversa.......................................................................................3

Objetivos de Aprendizagem ...............................................................................4

1. O conhecimento da realidade social e delimitação do foco de

intervenção...............................................................................................5

2. O processo de sistematização de justificativa e relevância do Projeto

Social........................................................................................................8

3. A escolha e sistematização do marco teórico do Projeto Social.....................12

Considerações finais..........................................................................................15

Referências .......................................................................................................17

2
Para Início de Conversa...

Olá caro aluno! Neste capítulo, você vai poder compreender os


processos que envolvem conhecimento da realidade social, que servirá
como base dos eixos que estruturarão o projeto social, através da
identificação da problemática a ser enfrentada e o planejamento devido para
as ações e atividades que serão as medidas de intervenção. Portanto a
construção destes conhecimentos é vital para o decorrer do planejamento.
Entender a realidade social previamente é importante justamente para traçar
uma metodologia e metas que dialoguem diretamente com as demandas
postas, se criando a estratégia eficaz para intervenção.
Dimensionaremos a forma de como procede a definição da justificativa
para realização de um projeto social, estando em consonância com a
relevância social e mudanças em potencial para comunidade/publico alvo
para qual projeto é direcionado. Uma justificativa bem fundamentada que
levará o interesse de investidores a apoiar com recursos e/ou
financeiramente sua realização como também despertará a atenção deste
público alvo.
Também iremos analisar o planejamento também em seu aspecto
teórico-metodológico para elaboração de um projeto embasado em um
referencial consistente, pois é um processo que demanda constante
tomadas decisões, decisões estas que incidem diretamente ou indiretamente
nas relações sociais entre os seres, relações estas que hierárquicas ou não,
constam a construção de uma imagem a ser passada seja do indivíduo seja
do objeto posto para ser necessário o planejamento, e para se ter uma
abordagem série que não se apoie somente nesta subjetividade um
referencial teórico indica as principais características da ação a ser
realizada.

3
Objetivos de Aprendizagem:

 Apresentar a relevância de reconhecer uma determinada


realidade social para intervenção de um projeto social

 Identificar os processos de sistematização para estudar


determinada realidade social.

 Compreender as decisões do marco teórico de um projeto


social.

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1. O conhecimento da realidade social e delimitação do
foco de intervenção

Os projetos de intervenção social são atividades realizadas em uma


realidade social a partir de um problema. A ação pode ser realizada nos
campos da educação, assistência social, saúde e diversas áreas que têm
como principal característica o envolvimento dos sujeitos nos processos de
intervenção. Esse processo é realizado por assistentes sociais e outros
profissionais que possam estar envolvidos, a depender do quadro de cada
caso.
As principais características de um Projeto de Intervenção, ou de uma
pesquisa-ação, como também é conhecida, é a presença de uma base
empírica, bem como a resolução de um problema coletivo e o envolvimento
dos sujeitos daquela realidade social na intervenção propriamente dita.
A intervenção em uma determinada realidade social sempre será o
resultado de um processo seletivo que busca alcançar a melhor combinação
entre a otimização de recursos, o aumento da eficiência e eficácia da ação,
tudo sendo alcançado com o menor custo social e econômico.
Com a realização do diagnóstico social, a realidade em análise aos
poucos vai adquirindo contornos que, nessa altura do processo, conduzem
ao momento em que se faz necessária a escolha de onde e como deverá
acontecer a intervenção. Essa escolha, de acordo com Baptista (2002), leva
em conta vários aspectos: as características sociais, econômicas, políticas,
psicológicas do grupo que estuda e planeja, as expectativas demandadas e
contratadas ao longo do processo de diagnóstico, os recursos disponíveis
para a ação e as correlações entre a situação em estudo e seu contexto
social, político, econômico e cultural. Todas essas questões exigem uma
ampla e articulada participação, demandando de todos, muita criatividade
para que não se repitam ideias já pensadas e anteriormente vivenciadas.
De acordo com a autora, o levantamento de alternativas poderá
acontecer dentro de duas perspectivas: alternativas de consolidação,
quando se propõe a manutenção de programas e ações, sugerindo melhoras
e aperfeiçoamentos; e alternativas de inovação, situação quando são
propostas a adoção de novos caminhos os quais produzirão impactos além
do tempo imediato às ações.
Conforme Baptista (2002), o estudo das alternativas deve acontecer a
partir dos seguintes critérios:
a. Análise das consequências sociais da ação: esse estudo consiste na
tentativa de prever e controlar os efeitos que a ação poderá gerar,
permitindo o preparo antecipado para o enfrentamento do que foi previsto e
a aceitação do imprevisível e das consequências improváveis de parte das
decisões. Toda alternativa tem a capacidade de gerar impactos positivos e
negativos, custos ou prejuízos, quando relacionada ao contexto mais amplo
onde está inserida.

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b. Análise da economia da ação: essa análise refere-se à viabilidade
financeira das alternativas, comparando os custos com os resultados
previstos no curto, médio e longo prazo. São necessárias informações,
indicadores e medidas que servirão de balizadores para a análise do que
pode ser considerado eficaz e eficiente na ação. Para todas as atividades
previstas deverão ser elencados todos os recursos, físicos, financeiros,
humanos e tecnológicos necessários à sua execução.
c. Análise das operações: trata-se do estudo da viabilidade técnica das
alternativas propostas, fazendo a relação direta ou indireta entre as
atividades e os instrumentos propostos e a viabilização dos objetivos. Nesta
análise, são verificados os conhecimentos acumulados, os instrumentais e
técnicas mais adequados à ação pretendida, bem como o quanto o que foi
proposto se relaciona e complementa outras ações e programas já em
andamento.
d. Análise do rendimento político: “é o estudo da viabilidade política da
alternativa; da possibilidade de sanção de quem vai tomar a decisão, da
aceitação de quem vai executá-la e de quem vai ser beneficiado”
(BAPTISTA, 2002, p. 94). Trata-se do julgamento da legalidade e
legitimidade políticas, das alternativas pensadas e da percepção do
potencial de geração de alianças e parcerias ou de conflitos e rupturas ao
longo da intervenção.
Como enfatizamos ao longo desta seção de estudo, a realização do
diagnóstico e a posterior consecução de um plano, de um programa e ou de
projeto serão mais profícuas quanto maiores e mais qualificadas forem as
informações ou dados coletados e analisados. Entre as fontes de estudo
para entendimento da realidade social, podemos contar com as informações
contidas nos indicadores sociais, assunto sobre o qual passamos a dialogar
na próxima seção de estudo.
O Estudo Situacional geralmente utilizado na tomada de conhecimento
da realidade social pode retratar uma pesquisa exploratória com a utilização
do método do estudo de caso, tendo sido selecionada uma experiência de
destaque na administração pública tributária brasileira, apropriada para o
estudo de caso único.
Os dados coletados e organizados a partir de uma análise de uma
determinada realidade social, resultam em um documento que servirá de
referência para a identificação das prioridades de intervenção, que é a
próxima fase dentro do processo de diagnóstico. Considerando que na área
social os recursos disponíveis estão aquém das necessidades ou conjunto
de prioridades, torna-se necessária a hierarquização das prioridades, para o
que Baptista (2002) sugere a utilização de dois critérios básicos: de
relevância e de viabilidade1.

1
IMPORTANTE: Os critérios de relevância cooperam para perceber o impacto, a
importância do problema e a ação necessária a sua solução; já os critérios de
viabilidade definem as prioridades e a capacidade da organização para enfrentar o
problema, considerando suas funções, responsabilidades, âmbito de atuação,
recursos humanos, financeiros e operacionais.
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O critério de relevância busca determinar o quão significativo será o
impacto da ação sobre a problemática e seu conjunto. Procura identificar a
importância estratégica de cada variável em relação ao problema, focando
as causas determinantes, a interação entre fatores, suas consequências e
processos que possam emergir. Quanto ao critério de viabilidade, constata-
se que ele acontece em duas esferas: primeiramente, a viabilidade para a
intervenção acontece no espaço de ação do profissional no cotidiano da
organização, devendo-se, para isso, ser considerados na análise fatores
como: sua função, os recursos disponíveis, sejam humanos, físicos,
financeiros tecnológicos, o âmbito da organização, a coerência da
intervenção com o planejamento da organização, entre outros. A outra
esfera diz respeito ao espaço onde a organização se situa em relação às
redes de apoio e aos grupos e segmentos da sociedade envolvidos com a
problemática. Dessa forma, a viabilidade para a ação dependerá do grau de
legitimidade da organização, bem como dos profissionais que a
representam, o que irá incidir diretamente sobre as articulações que se
façam necessárias
O Serviço Social é uma profissão investigativa e interventiva. Portanto,
as análises de seus estudos e pesquisas precisam ser realizadas a partir de
situações concretas e possuir utilidade social, não interessando o
conhecimento realizado apenas com finalidade descritiva e contemplativa.
Para que os estudos e pesquisas tenham utilidade social é fundamental,
além da clareza do projeto ético—político construído coletivamente pela
categoria, o domínio teórico-metodológico e técnico-operativo, alicerçados
pelo conjunto de conhecimentos, habilidades, atribuições, competências e
compromissos necessários à realização dos processos de trabalho, em
qualquer espaço ou âmbito de atuação onde o assistente social o realize.
Para tanto, o assistente social deverá imprimir em sua intervenção
profissional uma direção, sendo necessário, para isto, conhecer e
problematizar o objeto de sua ação profissional, construindo sua visibilidade
a partir de informações e análises consistentes - atitude investigativa.
Concomitantemente, o trabalho do Assistente Social deverá ser
norteado por um plano de intervenção profissional objetivando construir
estratégias coletivas para o enfrentamento das diferentes manifestações de
desigualdades e injustiças sociais, numa perspectiva histórica que apreenda
o movimento contraditório do real. Isto pressupõe:
a) pesquisar dados de realidade quantitativos, pois de acordo com Martinelli
(1994), as pesquisas quantitativas são imprescindíveis para trazer retratos
da realidade, dimensionar os problemas que se investiga;
b) investigar sobre as informações qualitativas da realidade. Conforme
Martinelli (1994), as metodologias qualitativas aproximam
pesquisador/sujeitos pesquisados, permitindo ao primeiro conhecer as
percepções dos segundos, os significados que atribuem a suas
experiências, seus modos de vida, ou seja, oferece subsídios para trabalhar
com o real em movimento, em toda a sua plenitude;
c) desvendar e problematizar a realidade social, apreendendo os modos e as
condições de vida dos sujeitos com seus condicionantes históricos, sociais,
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econômicos e culturais, e também seus anseios, desejos, necessidades,
demandas;
d) intervir na realidade social com base na apreensão do movimento
contraditório do real, a partir do seu desvendamento e problematização, e
também de pesquisas sobre dados da realidade dos sujeitos.
A partir das contribuições de Kosik (1995), ter clareza da dubiedade da
qual se reveste a realidade social é essencial para o assistente social, para
que, imbuído de uma visão de homem e de mundo, de apreensão crítica do
objeto de atuação profissional, consiga captar suas contradições. Nessa
perspectiva, também são fundamentais as categorias totalidade e
historicidade inseridas no movimento do real, de maneira que seja possível
conceber a ação profissional do AS como uma atividade de desvendamento
e transformação da realidade, portanto de investigação e intervenção social:
"é na vida real que começa, portanto a ciência real, positiva, a análise da
atividade prática, do processo, do desenvolvimento prático dos homens.
Cessam as frases ocas sobre a consciência, para que um saber real as
substitua" (Marx e Engels, 2002, p. 20).

Fonte: https://steemit.com/psychology/@charlie777pt/a-realidade-social-violencia-poder-e-mudanca

2. O processo de sistematização de justificativa e


relevância do Projeto Social
Uma justificativa de projeto deve descrever com clareza e sucintamente
as razões que fundamentam a solicitação do programa, projeto ou evento,
evidenciando os benefícios sociais e econômicos a serem alcançados. Deve
trazer os motivos que levaram à apresentação do pleito na forma, nas
condições, nas especificações e nos detalhamentos nele contidos,
juntamente com a descrição dos objetivos e benefícios a serem alcançados
por meio da proposição.

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A justificativa ressalta a importância do problema a ser investigado, nas
perspectivas acadêmica, tecnológica, científica, filosófica ou social. Para
tanto, deve fazer ver o impacto positivo que o estudo trará a esses setores.
É nesta parte que é feita a contextualização minuciosa do problema,
evidenciando seu desenvolvimento histórico-cronológico e teórico-conceitual.
Por isso, a relevância deve apontar em que a pesquisa a ser feita contribuirá
para o debate do tema proposto no projeto.
O projeto social deve seguir o roteiro de composição da justificativa do
instrumento de transferência com os seguintes elementos mínimos de uma
boa justificativa de projeto: Apresentação da instituição/equipe planejadora,
situação problema, demonstração de interesse recíproco, descrição do
público alvo e/ou beneficiários, área de abrangência e sua relevância para
comunidade. 
Sugere-se informar localização geográfica, histórico, missão, visão de
futuro, perspectivas das atividades, adequabilidade de
instalações/equipamentos, parcerias realizadas e vigentes, características
dos serviços prestados, aspectos operacionais, programas desenvolvidos,
situação atual, contextualização, opção pelo projeto etc, dentro do contexto
do objeto do projeto. Por exemplo, se o projeto tem por objeto programa
vinculado à saúde, deve a justificativa ser inserida dentre desse contexto. Já
se o projeto está associado à área da educação, obviamente a motivação
deve estar intrinsecamente associada a essa temática. (MIRANDA, 2013, p.
19).
As causas e efeitos dos problemas existentes devem ser descritos,
bem como dados de como se pretende resolvê-los. Devem ser registradas
informações pertinentes contendo dados estatísticos, indicadores etc.,
primando pela clareza e explicitação de elementos que permitam conferir se
o objeto que se pretende desenvolver é compatível com as diretrizes gerais
para a transferência voluntária e especificamente com as regras
estabelecidas para o programa selecionado.
As razões que levaram à proposição devem ser descritas com clareza,
de forma sucinta, fundamentando a pertinência e a oportunidade do projeto
como resposta a um problema ou demanda social específica. Eventual
apreciação do projeto em reunião do Conselho Municipal respectivo traz
credibilidade à proposição, assim como sua elaboração em acordo com as
diretrizes estabelecidas facilita a sua aprovação. (MIRANDA, 2013, p. 22).
Deve a justificativa do projeto esclarecer o que se pretende resolver ou
transformar e apresentar respostas para as seguintes perguntas: qual a
importância do problema para a comunidade local? Quais as alternativas
para solução do problema? Por que executar o projeto? Por que ele deve ser
aprovado e implementado? Qual a possível relação do projeto proposto com
atividades semelhantes ou complementares entre projetos que estão sendo
elaborados, desenvolvidos, executados? Quais os benefícios econômicos,
sociais e ambientais a serem alcançados pela comunidade? (MIRANDA,
2013, p. 32).
Na demonstração do interesse especifico vemos que o convênio
distingue-se do contrato conquanto com ele tenha um ponto em comum: o
acordo. No contrato, os interesses das partes são divergentes e opostos; no
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convênio, os interesses das partes são convergentes e de interesse
recíproco, executado em regime de mútua cooperação. Neste contexto
deve-se procurar deixar evidente, não só as razões de interesse do
proponente, mas sobre tudo como esses se conjugam com os interesses do
concedente. 
Assim sendo sugere-se conhecer minimamente o programa de governo
constante do Plano Plurianual 2 ao qual o projeto estará sendo vinculado,
uma vez que nele poderão ser encontrados os objetivos, metas e iniciativas
de interesse do concedente. Ademais sugere-se conhecer o cadastro de
ações vinculado ao respectivo programa de governo, conquanto nele
poderão ser encontradas informações, tais quais a descrição da ação, sua
base legal, os produtos esperados e suas especificações, bem como a forma
de implementação.
A justificativa também deve trazer informações quantificadas (número)
e qualificadas (descrever) das pessoas a serem beneficiadas, de fato, com o
projeto, e os critérios utilizados para a seleção de beneficiários (diretos e
indiretos). Quando se referir a um determinado setor da população ou a um
determinado tipo de organização, descrever adequadamente, informando a
quantidade de pessoas que se quer atingir, sexo, faixa etária, escolaridade,
faixa de renda familiar etc. Outro elemento fundamental a uma justificativa é
a dimensão espacial da área de cobertura do projeto, relacionando atores
envolvidos, municípios, bairros, ruas etc. Deve-se evidenciar onde o projeto
será aplicado/realizado/executado. (MIRANDA, 2013, p. 41).
Os resultados ou produtos esperados relacionam-se com os objetivos
específicos. Referem-se aos resultados que se espera obter e a resposta do
projeto aos problemas ou demandas sociais descritas nas justificativas.
Portanto também é importante apontar a relevância do projeto através da
descrição dos impactos positivos que o projeto trará para a região e para a
comunidade local: ambientais, econômicos e sociais bem como relacionar as
ações mitigadoras. O método de avaliação deve ser estudado e constar da
justificativa, assim como as informações sobre as estratégias para a
continuidade do projeto, a auto sustentação do mesmo e como manter viva a
atividade e as ações relativas a ele.
O profissional de Serviço Social está capacitado sob o ponto de vista
teórico, político e técnico, a investigar, formular, gerir, executar, avaliar e
monitorar políticas sociais, programas e projetos nas áreas de saúde,
educação, assistência, previdência social, empresas, habitação, entre
outras, estando presente no diagnóstico social para elaborar toda a
sistematização de justificativa e relevância num projeto social.

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IMPORTANTE: O Plano Plurianual (PPA), no Brasil, previsto no artigo 165 da
Constituição Federal e regulamentado pelo Decreto 2.829, de 29 de outubro de 1998 é
um plano de médio prazo, que estabelece as diretrizes, objetivos e metas a serem
seguidos pelo Governo Federal, Estadual ou Municipal ao longo de um período de
quatro anos. É aprovado por lei quadrienal, sujeita a prazos e ritos diferenciados de
tramitação. Tem vigência do segundo ano de um mandato presidencial até o final do
primeiro ano do mandato seguinte. Também prevê a atuação do Governo, durante o
período mencionado, em programas de duração continuada já instituídos ou a instituir
no médio prazo.
10
Estes realizam consultorias, assessorias, capacitações, treinamentos
gerenciamento de recursos, favorecendo o acesso da população e usuários
aos direitos sociais; e trabalhos em instituições públicas, privadas
Organizações não Governamentais e juntos aos movimentos populares.
O Assistente Social contribui no processo de discursão nas
organizações, produzindo significativos e desafiadores avanços permeados
por inúmeras incertezas principalmente ao que se refere a sua forma de
inserção na Política Social. Não há duvidas que os Centros Comunitários
tenham maior urgência e necessidades em ter no seu quadro de
funcionários o profissional do Serviço Social, pois além da possibilidade de
contribuir com a realização de diagnósticos sociais indicando possíveis
alternativas à problemática vivida por muitas comunidades, o assistente
social também poderá intervir neste processo de inclusão.
Portanto na etapa de análise da problemática o profissional de Serviço
Social também irá refletir sobre o problema que pretende intervir através do
projeto social, avaliando em equipe técnica se é realmente há um problema
que afete coletivamente uma comunidade ou se são apenas casos isolados,
se existe uma solução e/ou formas de enfrentamento viáveis para ele,
justificando a necessidade de uma atitude que supere ações paliativas e
burocráticas. A pesquisa científica depende da formulação adequada do
problema, isto porque objetiva buscar sua solução.

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3. A escolha e sistematização do marco teórico do
Projeto Social

A execução de projetos sociais como parte da concretização do que foi


planejado nos planos e programas, tanto no contexto da esfera pública
quanto no terceiro setor, isto é, na gestão social, envolve algumas questões
e elementos que precisam ser conhecidos e observados para que esses
alcancem os resultados desejados, observados seus limites e possibilidades,
o que é característico a todas as ferramentas de planejamento e gestão.
De acordo com Baptista (2002), para que haja uma ação efetiva sobre
determinada situação, é necessário conhecê-la como uma totalidade que
comporta dimensões diferenciadas e que se relaciona com um contexto mais
amplo. Uma mesma questão carrega dimensões de ordem política, filosófica,
sociológica, ecológica, demográfica e institucional, cujo conhecimento
demanda por uma abordagem transdisciplinar.
O ideal é que seja feito um rastreamento do saber acumulado por meio
do levantamento dos conhecimentos teóricos, das generalizações e das leis
científicas desenvolvidas acerca dos diferentes fenômenos sociais, culturais,
psicológicos, políticos e econômicos que influenciam ou motivam a
problemática e que poderão gerar considerações extremamente relevantes
para a realização do diagnóstico.
É necessário voltar a atenção para o fato de que essa apropriação de
conhecimentos gestados em diferentes matrizes teóricas precisa passar por
uma crítica, sendo reconstruído de acordo com a matriz teórica assumida
pelos que realizam o diagnóstico. A partir de então será formulado o
esquema de análise que trará as referências, concepções, fornecendo a
chave explicativa que irá permitir a apreensão da realidade e
instrumentalizar o processo de planejamento para o qual se realiza o
diagnóstico (BAPTISTA, 2002).
Ainda em relação à construção de referenciais teórico-práticos, a autora
(BAPTISTA, 2002) destaca a necessidade da operacionalização de alguns
conceitos, trata-se, para ela, da observação ampliada da questão em foco e
do estudo da literatura a ela referente, o que irá propiciar o estabelecimento
de um marco de referência para a ação, a coleta e registro de dados
empíricos, maior precisão nas análises e facilitará a comunicação entre os
que planejam e elaboram o diagnóstico, por criar um referencial comum no
tratamento da problemática.
Por fim, Baptista (2002) complementa chamando a atenção para a
necessidade da construção de um sistema de indicadores, o que se faz pela
decomposição dos elementos identificados como relevantes em aspectos
observáveis de forma empírica, e que poderão ser quantificados ou
escalonados. A mensuração dos dados concretos da realidade pesquisada
irá gerar os índices dos indicadores, os quais são “medidas relativas que
configuram a incidência de uma determinada ocorrência ante um universo
dado” (BAPTISTA, 2002, p. 49). A análise desses índices acontece por meio
12
de parâmetros, os quais são padrões que indicam as possibilidades de
variação, ou a proporcionalidade de cada aspecto estudado
Corroborando, Gomes, Souza e Carvalho afirmam que:

A definição de indicadores pelos envolvidos lhes garante o


estabelecimento de parâmetros a serem considerados iniciais,
os médios e os mais altos a serem conquistados. Esta
definição deve ser tangenciada nos tipos, temáticas e nos
valores qualitativos e quantitativos, dentro de um processo em
que os envolvidos explicitem o que e em que intensidade
querem ser avaliados e onde querem chegar. (2001, p. 77).

Uma pesquisa não exaustiva sobre o tema vai nos mostrar várias
propostas metodológicas, e percebe-se, em autores como Hudson (1999),
Tenório (1999), Tachizawa (2007), Silva (2001) e Baptista (2002), um
exercício teórico e metodológico para adaptarem e aproximarem o
planejamento estratégico às especificidades e à lógica de atuação do
terceiro setor, diferenciando-o da metodologia de planejamento aplicada à
iniciativa privada ou às empresas públicas.
De acordo com Baptista (2002), os dados coletados, após passarem
por uma exaustiva análise, devem ser descritos e organizados de forma que
possibilitem o estudo e crítica de todos os envolvidos no processo de
diagnóstico3. Essa organização se dá por meio da descrição, interpretação,
compreensão/explicação dos dados da realidade. E no que se refere a
interpretação, aponta-se busca de significados para as situações
encontradas. Com base na perspectiva teórica assumida e no conhecimento
de teorias intermediárias, percebem-se as evidências que deverão ser
problematizadas. A problematização consiste exatamente no diálogo com as
evidências a partir do conhecimento empírico, da análise dos documentos e
da observação da realidade, os quais permitirão o aprofundamento dos
aspectos fundamentais do problema e sua interpretação.

As políticas públicas não podem ser elaboradas sem o devido


embasamento teórico-empírico, isto é, com fundamentos
concretos na realidade social e apreensão desta, de modo que
o assistente social deve ser preparado para a utilização de
ferramentas necessárias para sua ação e consequentemente
para a população a quem é destinada essas políticas sociais.
As ações interventivas, em sua maioria, fazem parte de
serviços sociais prestados por meio de projetos e programas
sociais, que devem ser geridos de forma a construir respostas
profissionais às demandas da população. O processo de
gestão, portanto, se caracteriza como um compromisso com os
cidadãos, constituindo-se com informações e dados concretos

3
CURIOSIDADE: O primeiro livro onde se fez uma sistematização dos métodos de
intervenção social, publicado em 1917 e escrito por Mary Richmond, tinha o título de
Social Diagnosis. O diagnóstico social (em que se inclui também o tratamento) está
concebido segundo o modelo de atuação profissional da medicina; isto não é de
estranhar, uma vez que Mary Richmond realizou boa parte do seu trabalho em
parceria com um médico.
13
para não comprometer a ação esperada. (Ywata , Giroto ,
Rocha e Romera, 2006, p. 7).

Sob outro olhar, ao analisar as dificuldades para a montagem de um


processo de avaliação nas organizações e serviços sociais, a partir do ponto
de vista teórico metodológico, Baptista (2002) afirma que essa decorre dos
seguintes fatores:

 Os processos científicos e metodológicos são ainda precários quando se


trata de mensurar dados sociais, principalmente os de natureza
qualitativa;
 Faz-se necessário um referencial de estudos que permita determinar os
efeitos das medidas macrossociais em todas as dimensões do sistema;
 Considerando que os processos sociais envolvem mudanças de curto a
longo prazo, relacionadas entre si, torna-se difícil estabelecer a natureza
estatística de relação entre os indicadores;
 A preocupação com resultados imediatos torna o processo de avaliação
difícil, considerando que na área social os resultados mais significativos
são de longo prazo e menos tangíveis.

Fonte: https://voluntariadoempresarial.com.br/ferramentas-gestao-projetos-sociais/

Independente de qual seja a dificuldade percebida, seja de nível


organizacional, operacional ou teórico-metodológico, urge entendermos que
a vivência de processos avaliativos é de extrema necessidade e importância
no planejamento e gestão das organizações e serviços sociais, configurando
um dever ético e moral de seus gestores e executores e um direito de todos
os envolvidos com e na organização, seus planos, programas e projetos
sociais.
Diante da realidade do campo de atuação do serviço social, mesclado
por complexidades, demandas e escassez de recursos, cabe aos

14
profissionais a atualização constante e o rigor teórico metodológico, tendo
como intenção a realização de intervenções relevantes e competentes na
realidade. É importante que essas intervenções resultem na produção de
materiais que sirvam para estudos e análises, sendo referenciais,
colaborando na tomada de decisões que estarão direcionando a gestão de
planos, programas e projetos sociais, tanto na esfera pública quanto nas
iniciativas privadas e do terceiro setor. São esses programas e projetos que
poderão contribuir para que ocorram mudanças significativas na vida dos
cidadãos beneficiários, alvo final do exercício profissional.
Nosso ambiente de ação profissional, por excelência e compromisso,
desafia-os cotidianamente. Trabalhamos, na maioria das vezes, com
excesso de demandas e escassez de recursos, por outro lado, com a
necessidade de sermos eticamente comprometidos com a construção de
uma sociedade justa e cidadã para todos.
Esta situação paradoxal nos leva à busca de soluções inovadoras, de
saídas diante dos impasses que envolvem diretamente a dignidade e a vida
de pessoas e comunidades, e o exercício ético e profissional. Conduz-nos e
direciona no sentido de revermos nossa pratica à medida que realizamos o
movimento ação/reflexão e percebemos o quanto precisamos voltar aos
pressupostos teóricos metodológicos, investigando, propondo novas visões,
dialogando e discutindo em torno de uma ação profissional relevante e
efetiva.

Considerações Finais:

A atitude investigativa no cotidiano de trabalho do assistente social


precisa ser concebida na medida em que possibilita uma ação profissional
reflexiva nutrida pela intencionalidade e pelo planejamento, tal habilidade
permite a tomada de conhecimento da realidade social e maior precisão no
recorte do foco de intervenção. A ação planejada através deste
reconhecimento de realidade define um horizonte direcionado pelo
desbravamento de ações permeadas de intencionalidade, portanto, plenas
de sentido. Ações plenas de sentido ressoam como um tambor forte na
pseudo-naturalidade que encobre o véu das injustiças sociais refletidas nas
penumbras da acomodação, naturalização e banalização.
Sendo assim, a ação do assistente social precisa ser norteada pela
equação a seguir: postura investigativa + intervenção profissional +
interdisciplinaridade = ação profissional com alcance social, que, por sua
vez, será mediada pela intervenção nas diversas manifestações da questão
social. Tal equação só adquirirá inteligibilidade e alcance social na medida
em que for pautada pela interdisciplinaridade.
Sendo assim, a atitude interdisciplinar exige um exercício que precisa
ser construído e conquistado aos poucos, a cada dia, nas ações cotidianas
dos profissionais de diferentes áreas, pois são diversas as atitudes
propostas para se apontar a relevância de um projeto que precisam ser
desenvolvidas: atitude de busca de alternativas, de espera, de reciprocidade,
de humildade, de perplexidade, de desafio, de envolvimento e

15
comprometimento, atitude de responsabilidade e também de alegria, de
revelação, de encontro, enfim, de vida.

No âmbito do Serviço Social, encontra-se em Martinelli (1998b) um


alerta para o fato de que, individualmente, não é possível transformar a
realidade social, posto que não é como sujeito solitário que o assistente
social vai se constituir nesse momento para atender a tantas demandas
postas no cotidiano. Por isso é fundamental o sujeito coletivo e a superação
da perspectiva do fazer profissional do sujeito solitário. E para esta
superação de realidade se faz necessário um embasamento téorico
consolidado que norteie as ações e comprovem através de um método de
pesquisa as hipóteses levantadas pelo diagnóstico social.

16
Referências:

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