Economia Portuguesa No Contexto Da União Europeia

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ECONOMIA PORTUGUESA NO CONTEXTO DA UNIÃO EUROPEIAll

Noção e formas de integração económica

Formas de integração

Podemos definir Integração Económica como sendo um processo que implica medidas
destinadas à abolição de discriminações entre unidades económicas de diferentes Estados,
procurando-se unir vários espaços económicos nacionais num único espaço económico mais
vasto.

Podemos distinguir integração formal (definida formalmente através de acordos escritos


vastos e complexos) ou integração informal (que se limita a grande cooperação comercial
entre os estados).

A Integração Económica tem como objetivo principal o aumento da eficiência na afectação de


recursos pela eliminação de discriminações e de restrições ao livre movimento de mercadoria
e fatores produtivos.

Vantagens:

- Aumento de produção resultante de fenómenos de especialização, de acordo com a dotação


de cada país;

- Aumentos de produção derivados da exploração de economias de escala;

- Melhoria dos termos de troca do grupo, relativamente ao resto do mundo;

- Melhoria de eficiência, resultante do acréscimo de concorrência dentro do grupo;

- Mudanças na qualidade e quantidade de “inputs”, tais como fluxos de capital e avanço da


tecnologia.

- Crescimento económico – há aproveitamento de um enorme mercado por parte dos países


membros

Desvantagens:

- Perda de receitas fiscais (devido à perda de taxas aduaneiras)

- Perda de alguma autonomia

A Integração económica informal assume a forma de Sistema de preferências aduaneiras onde


os países que a compõem limitam-se a conceder mutuamente algumas vantagens aduaneiras,
como por exemplo, baixar a taxas aduaneiras de determinados produtos que circulam nesses
espaços económicos.

A Integração Económica formal divide-se em diferentes formas:


• Zona de Comércio Livre;

Þ Consiste num acordo em que os países membros aceitam abolir entre si todos os direitos
aduaneiros e restrições quantitativas no comércio de mercadorias. Contudo, cada país é livre
para definir as suas pautas e restrições quantitativas em relação aos países membros não
membros (ex.: EFTA).

▪ União Aduaneira;

Þ Além da supressão de barreiras alfandegárias, isto é, da liberdade de circulação das


mercadorias, há uma pauta exterior comum. Ex CEE até 1992

▪ Mercado Comum

Þ Livre Circulação de mercadorias, serviços, pessoas e capitais. Existência de pauta exterior


comum. Ex CEE depois de 1992.

▪ União Económica

Þ Consiste na integração económica cresça devido à criação de políticas monetárias, agrícolas


e sociais, comuns aos países membros. Acrescenta ao modelo anterior a harmonização das
políticas económicas e sociais. Exemplo a EU.

▪ União Económica e monetária

Þ Acrescenta à modalidade anterior uma moeda comum. Exemplo os países da zona euro.

▪ Integração Económica (União Politica).

Þ Esta forma de integração acontece quando a Integração ultrapassa as fases anteriores e


pressupõe a união das políticas monetárias, fiscais e sociais, exigindo o estabelecimento de
uma autoridade supranacional, cujas decisões sejam obrigatórias para os Estados membros.

O Processo de Integração na Europa

CECA - Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (1951)

Foi criada com o Tratado de Paris, após a 2a Guerra Mundial, em 1951, com o objetivo de
promover a cooperação económica e política, garantindo uma paz mais duradoura na Europa
Ocidental – Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo. Deu-se a constituição de
um mercado comum em dois importantes ramos de produção industrial (carvão e aço). Além
do desenvolvimento económico, a CECA visava consolidar a paz recentemente conquistada
(depois da 2a Guerra Mundial).

A CECA alcançou objetivos como:

• reconciliação franco-alemã, em termos políticos

• recuperação da Europa através da produção e livre circulação do carvão/aço (matérias


primas essenciais à indústria
CEE - Comunidade Económica Europeia (1957)

O sucesso da organização anterior motivou estes países a criarem mais duas comuni dades, a
CEE e a EURATOM (Comunidade Europeia de Energia Atómica), com a assinatura do Tratado de
Roma, em 1957. Deu- se o início da constituição de um mercado comum – Alemanha, Bélgica,
França, Holanda, Itália e Luxemburgo

Grandes objetivos da CEE:

• criação de uma união aduaneira • realização de um mercado único

Assim, no interior desta comunidade, as mercadorias circulavam livremente (as barreiras


foram eliminadas entre os Estados-membros) e nas suas fronteiras externas foram aplicadas
taxas alfandegárias comuns.

A união aduaneira

Em finais de 1960, foi concretizado o objetivo da união aduaneira, com a eliminação das
barreiras alfandegárias entre os países da comunidade e a introdução de uma pauta aduaneira
comum a países terceiros.

Efeitos da união aduaneira nas economias dos países membros:

• Aumento das trocas comerciais entre os Estados-membros

• Os investimentos multiplicaram-se

• O Produto cresceu

• Os consumidores beneficiaram de uma maior variedade de produtos e de preços mais baixos

A melhoria das condições de vida e o progresso económico e social criou as condições


necessárias para avançar no processo de integração. Assim deu-se o primeiro alargamento.

Da Europa dos 6 à Europa dos 12 (1973-1986)

O primeiro alargamento deu-se a 1 de janeiro de 1973, com a adesão do Reino Unido, da


Irlanda e da Dinamarca. Na década de 1980, a CEE alargou-se para 12 países, com a entrada da
Grécia, em 1981, e de Portugal e Espanha, em 1986.

O Mercado Único Europeu

Como ainda subsistiam alguns entraves à livre circulação de bens, capitais, pessoas e serviços
no espaço europeu, nomeadamente as formalidades aduaneiras (obrigavam os
transportadores de mercadorias a pararem em longas filas). Assim era necessário a construção
de um mercado interno sem fronteiras, que foi dado com a assinatura do Ato Único Europeu,
em 1986, que fixou como grande objetivo a construção do Mercado Único Europeu, até final
de 1992.

Mercado Único em 1993


Significava a concretização de 4 liberdades fundamentais, previstas no Tratado de Roma (livre
circulação de mercadorias, bens, serviços e pessoas). Uma das primeiras medidas para
concretizar esse objetivo foi a supressão dos controlos aduaneiros efetuados na fronteiras
internas. Em 1993 essas barreiras desapareceram, o que fez aumentar significativamente o
volume de trocas entre os estados -membros.

UE - União Europeia (1992)

Em 1992, a assinatura do Tratado de Maastricht, cria a União Europeia, e transforma uma


comunidade, essencialmente económica, numa união em que a componente política fosse
mais acentuada.

A União Europeia assenta em 3 pilares:

• O pilar comunitário - intervém as instituições comunitárias, gere o mercado único e as


políticas comuns;

• O pilar da política externa e de segurança comuns- envolve os Estados- membros em áreas


sensíveis, do ponto de vista das soberanias nacionais; exemplo: PESC;

• O pilar dos assuntos internos - envolve os Estados-membros em áreas sensíveis, do ponto de


vista das soberanias nacionais; exemplo: política de imigração e controlo de passagem nas
fronteiras externas dos Estados-membros;

Os três pilares da União Europeia

Domínio da Política Externa e de Segurança Comuns

• Política externa comum

• Política de defesa comum

Domínio Comunitário

• Mercado único

• Cidadania europeia

• políticas comuns

• União económica e monetária

Domínio da Cooperação em Matéria de Justiça e Assuntos Internos

• Imigração

• Asilo

• Fraudes

• Alfândegas
• Polícia

Cidadania Europeia - Direitos enquanto cidadão da UE

O Tratado fez nascer o direito de cidadania a todos os indivíduos que pertencem à União
Europeia, estando subjacentes os direitos de circulação e permanência, voto e elegibilidade, a
proteção diplomática e de petição ao Parlamento Europeu, entre outros, em qualquer estado-
membro da UE.

O novo alargamento da UE (1995) - a Europa dos 15

Em 1995, 3 novos países aderiram à UE: Áustria, Finlândia e Suécia. A comunidade europeia
tornou-se, com a entrada destes países, o maior bloco comercial do mundo.

A União Económica e Monetária (UEM)

Na sequência da adoção do Ato Único, os estados-membros consideraram que o mercado


único só estaria completo e só seria verdadeiramente eficaz com uma moeda comum que
garantisse:

• Estabilidade financeira

• Menores encargos para as empresas, em virtude da eliminação dos custos com os câmbios

• A comparação dos preços pelos consumidores (transparência do mercado)

• Preços estáveis

A definição e execução de uma política monetária comum ficou a cargo de uma nova
instituição: o Banco Central Europeu.

O processo de integração na UEM

Cada estado-membro da UEM deve obedecer aos critérios de convergência (estabelecidos no


Tratado da UE), pois a criação de uma união monetária tem de assentar em economias
relativamente homogéneas, o que exige um processo de aproximação dos desempenhos das
economias.

Critérios de convergência:

• Estabilidade de preços-a taxa de inflação não pode ultrapassar em mais de 1,5% a média dos
três Estados com a inflação mais baixa

• Sustentabilidade e credibilidade - a taxa de juro a longo prazo não poderá exceder em mais
de 2% as verificadas no três Estados com a inflação mais baixa

• Solidez das finanças públicas - o défice orçamental não poderá ultrapassar 3% do PIB; a
dívida pública não poderá exceder 60% do PIB
• • Estabilidade monetária - as taxas de câmbio deverão ter- semantido na margem de
flutuação autorizada durante os dois anos anteriores à entrada na UEM, não se tendo
desvalorizado ou valorizado relativamente à de outro estado-membro

A moeda única - o euro

De acordo com os critérios de convergência, todos os 15 estados - membros estariam aptos a


aderir à moeda, excepto a Grécia e a Suécia (que nunca chegou a aderir). No entanto, a
Dinamarca e o Reino Unido optaram por não aderir. Em 2002, o euro entrou em circulação e
passou então a ser utilizado como moeda escritural em todas as transacções dentro e entre os
estados-membros.

• Países que aderiram ao Euro (17): Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia,
Estónia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos
(Holanda) e Portugal

• Países que não aderiram ao Euro: Croácia, República Checa, Letónia, Lituânia, Hungria,
Polónia, Bulgária, Roménia, Suécia, Dinamarca e Reino Unido.

Os benefícios da moeda única:

• Facilita a vida aos viajantes, pois desapareceram os incómodos e os custos com câmbio de
dinheiro

• Facilita a comparação dos preços, o que é saudável para a concorrência e bom para os
consumidores

• Assegura um ambiente de baixas taxas de inflação

• Os custos das transferências de dinheiro diminuíram e os riscos de flutuações cambiais foram


eliminados, o que facilita a livre circulação de capitais

As políticas da UEM

De forma a garantir a estabilidade dos preços e a solidez das finanças públicas da Zona Euro, a
União Europeia adotou várias políticas económicas.

A Política Monetária

A variação dos preços deverá estar compreendida entre 0 e 2%. Esta política está a cargo do
Banco Central Europeu (BCE) e tem como objetivo principal a estabilidade de preços.

Política Orçamental

Está a cargo dos vários Estados-membros, e está condicionada pelo Pacto de Estabilidade e
Crescimento (PEC).

PEC - tem por finalidade obter orçamentos nacionais equilibrados, de forma a contribuir para a
manutenção da taxa de juro num nível baixo e para um menor endividamento dos Estado,
condições indispensáveis à estabilidade dos preços e à solidez das finanças públicas.
O rigor orçamental, aliado ao controlo da dívida pública, conduzirá à libertação de fundos
públicos para as políticas económicas e sociais que favorecem o crescimento e o emprego,
objetivos principais da União.

O PEC impôs o limite de 3% do PIB para o défice orçamental dos Estados.

As instituições comunitárias

• Comissão Europeia - propõe a legislação comunitária e executa- a; é a guardiã dos Tratados


da União

• Conselho Europeu - define a orientação da política da União

• Conselho de Ministros - adota, em conjunto com o Parlamento Europeu, a legislação


comunitária

• Parlamento Europeu - modifica e adota a legislação comunitária; exerce o controlo


democrático: aprova o orçamento da UE .

• Tribunal de Justiça - salvaguarda o Direito Comunitário

• Tribunal de Contas - controla a gestão das finanças comunitárias • Comité Económico e


Social - órgão consultivo

• Comité das Regiões - órgão consultivo

• Banco Central Europeu - define a política monetária

Desafios da UE na Atualidade Os alargamentos da UE


Benefícios:

• Novas oportunidades para as empresas

• Alargamento do mercado único

• Possibilidades de os cidadãos europeus circularem e trabalharem num território mais vasto

• Consolidação da estabilidade política na Europa, na medida em que a integração reduz a


possibilidade de conflito

• Reforço dos valores em que assenta a UE - a democracia, o Estado de Direito e o respeito


pelos direitos humanos

No entanto, o alargamento coloca uma questão essencial: garantir, num espaço mais vasto, a
salvaguarda dos valores e das normas que estão na base da União.

O acervo comunitário
A adesão à UE implica, por parte dos países candidatos, a aceitação dos valores e a adoção das
normas e práticas da União.

Valores da UE:

• Democracia

• Estado de Direito

• Respeito pelos Direitos Humanos

Alargamentos

• Alargamentos:

1973 –– Dinamarca, Irlanda, Reino Unido;

1981 – Grécia;

1986 – Espanha e Portugal;

1990 – Antiga RDA;

1995 – Áustria, Finlândia, Suécia;

2004 – Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e
República

2013 – Croácia.

• Países não candidatos à adesão: Noruega, Liechtenstein e Suíça - Estes países mantêm
acordos de livre comércio com a U.E

• Países candidatos: Turquia e Macedónia; A Islândia fez o pedido em Julho de 2009

Datas importantes:

• 1945 - Fim da 2a Guerra Mundial

• 1952 - Criação da CECA - Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Holanda, Itália

• 1957 - Criação da CEE com o Tratado de Roma

• 1968 - Criação da união aduaneira

• 1973 - Adesão do Reino Unido, Dinamarca e Irlanda

• 1981 - Adesão da Grécia

• 1986 - Assinatura do Ato Único Europeu; Adesão de Portugal e Espanha

• 1992 - Assinatura do Tratado da União Europeia no Tratado de Maastricht

• 1993 - Realização do mercado único europeu


• 1995 - Adesão da Áustria, Suécia e Finlândia

• 1999 - Criação do Euro

• 2002 - Circulação do Euro

• 2004 - Adesão da Malta, Chipre, Estónia, Letónia, Lituânia, Hungria, Polónia, República
Checa, Eslovénia e Eslováquia

• 2007 - Adesão da Roménia e Bulgária; Assinatura do Tratado de Lisboa

O Orçamento da UE

Para cumprir os objectivos definidos nos tratados, a UE, tem de pôr em prática, diversas
políticas económicas e sociais. Para desenvolvê-las, a UE precisa de meios financeiros
(recursos), que obtém maioritariamente das contribuições dos Estados. A capacidade
contributiva destes é avaliada em função do seu nível de desenvolvimento económico, do
número de habitantes e do PBN per capita.

Orçamento Comunitário - as receitas e as despesas, previstas para um ano, são inscritas no


Orçamento da UE que constitui o seu principal instrumento financeiro

As receitas orçamentais

• Recursos: Direitos cobrados nas importações de produtos provenientes de países terceiros;


contribuição do IVA dos Estados; contribuição de cada estado-membro baseado no seu RNB
(Rendimento Nacional Bruto)

• Outras receitas: coimas aplicadas pela Comissão; impostos pagos pelo pessoal das
instituições europeias

As despesas orçamentais

O orçamento da UE permite financiar o conjunto das actividades, das intervenções e políticas


comunitárias; repartindo-se por 5 categorias:

• Recursos Naturais (Agricultura, Desenvolvimento Rural, Ambiente, Pescas)

• Competitividade e Coesão (mais crescimento económico, mais emprego, apoio às regiões


mais desfavorecidas)

• Despesas Administrativas (salários e pensões dos funcionários, despesas com imóveis)

• Cidadania, liberdade e segurança (luta contra o terrorismo, crime organizado e imigração


clandestina; reforço da cooperação nos domínios judicial e penal)

• Acção da UE a nível mundial (ajuda de emergência, ajuda ao desenvolvimento dos países


vizinhos/em vias de adesão) Equilíbrio Orçamental - quando as despesas são iguais às receitas

Fundos Estruturais e Fundos de Coesão


Instrumentos financeiros da UE que têm por finalidade reduzirem as diferenças de
desenvolvimento entre as regiões e os Estados-membros, com vista à realização plena da
coesão.

São essenciais ao desenvolvimento das regiões em atraso, auxílio do desemprego, reconversão


das zonas industriais em declínio, inserção profissional dos jovens, modernização das
estruturas agrícolas entre outros.

Ex: FSE, FEOGA, FEAGA, FEDER, FEP

As Políticas da União Europeia

As políticas da união europeia De onde vem o dinheiro?

O orçamento da UE é principalmente financiado através de três “recursos próprios”. Deste


dinheiro provém das contribuições pagas pelos estados- membros em função da sua riqueza
nacional, expressa pelo PIB. O princípio de base subjacente ao cálculo da contribuição de cada
estado- membro assenta na solidariedade e na capacidade de pagar. No entanto é possível
proceder a ajustamentos, caso se revele que este princípio impõe encargos excessivos a alguns
estados-membro

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