Tudo Sobre Encaminhamento No SUAS

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Tudo sobre encaminhamento no SUAS

+ modelo de formulário para download


Você acredita ter conhecimento da importância do encaminhamento
no SUAS? Como eles são feitos na sua unidade, atualmente? Além de
explicar tudo o que você precisa saber, nós preparamos um modelo
de formulário de encaminhamento para download gratuito que será
capaz de ajudar qualquer município a organizar seus fluxos de
referência e contrarreferência.

Fica com a gente para entender isso e acessar nosso modelo de


encaminhamento para CRAS, CREAS ou qualquer unidade
socioassistencial!

Uma das maiores virtudes no acompanhamento e/ou atendimento


sociofamiliar é o reconhecimento de que você não consegue fazer
tudo sozinho. A complexidade das situações que as famílias muitas
vezes apresentam dentro dos CRAS e CREAS exigem do profissional
uma completude do seu trabalho em outros lugares.

Entender como funciona a rede de proteção, ou até mesmo ter clareza


sobre as reais necessidades das famílias são pontos chave para a
transformação da realidade. Este entendimento precisa ser aplicado e
coordenado com ações que vão direcionar a família no possível
caminho dessa transformação.

Para efeito disso, são levantados instrumentais técnicos e


operacionais que permitem ao profissional e à família meio que um
passo a passo ou formalização do processo de transformação da
realidade. Dentre estes instrumentos, trataremos neste texto
especificamente sobre o encaminhamento.

Leia também: O que é ofertado na Proteção Social Básica e na


Proteção Social Especial?

O que é o encaminhamento?

É importante entender que encaminhamento é um recurso


instrumental muito além do preenchimento de um formulário. Trata-se
do reconhecimento da demanda da família, da incompletude ou
incapacidade do serviço local de atende-la nas particularidades, da
manifestação do conhecimento da rede e do direcionamento da família
para o local mais apropriado para o tratamento da questão por ela
vivida.

Em outras palavras, encaminhar uma família ou um indivíduo para


outro serviço pressupõe de que a demanda que ela apresenta não
pode ser atendida na unidade em que o profissional está, e isso por
motivos diversos. É possível que tal demanda não seja de
competência da unidade, ou não há recursos disponíveis para o
atendimento, ou até mesmo pessoal.

Ter clareza da demanda e conhecer a realidade são apenas alguns


dos principais pontos essenciais para um bom encaminhamento, os
quais serão descritos a seguir

É preciso ter clareza da demanda

É muito comum a família procurar os serviços da assistência social por


causa dos benefícios sociais geridos pela política. Mesmo ainda sem
atender ao perfil básico para os receber, a família cria estratégias ou
faz tentativas de acesso. Isso pode ocorrer pois a família no mínimo
apresenta falta de algo e usa da criatividade para acessar o que
acredita que irá resolver a situação imediata que vive.

Essa realidade é vivenciada por técnicos do SUAS de todo o país, o


que faz com que uma escuta qualificada seja imprescindível. Essa
escuta parte principalmente da habilidade de se fazer as perguntas
corretas e da forma exata que promovam um sentimento de confiança
por parte da família tanto no trato da informação quanto na implicação
da equipe em buscar respostas para a demanda.

Ao desenvolver apropriadamente a escuta da demanda, o profissional


poderá então agir com maior assertividade junto à construção de
processos de superação desta. Pode-se pensar em uma família que
vai em busca de cesta-básica e o declara no atendimento, porém,
durante a investigação, a equipe descobre que questões pontuais de
atendimentos de saúde ou acesso a medicamentos gratuitos podem
contribuir para que a gestão dos recursos familiares possa ser melhor
explorada para serviços básicos.

Considerando o exemplo, sem explorar todas as possibilidades da


realidade dessa família e olhando apenas para a situação declarada,
já se pode pensar inicialmente tanto no encaminhamento desta para
serviços de saúde quanto numa investigação social mais profunda
para verificar se não há outras demandas ou como esta se manifesta.
O ponto central aqui é que não se deve ficar satisfeito com a
declaração imediata da família, usando o exemplo, não se limitar
apenas a investigar se a família atende aos critérios de acesso a uma
cesta-básica. Como um iceberg no oceano, a verdadeira grandeza e
concretude da demanda da família pode estar submersa abaixo
daquilo que é aparente, ou por detrás do que ela traz para a
superfície.

Guia completo: Serviços, programas e benefícios socioassistencias

Conheça bem a rede de atendimento

Pronto, munido de um conhecimento claro da demanda da família, o


próximo passo é identificar quais os serviços são mais indicados no
atendimento à situação. E não basta apenas saber que existe um
posto de saúde ou um curso disponível na escola tal, é preciso
entender a própria estrutura da rede para permitir um mínimo de
concretude na intenção de encaminhar.

Uma das ações básicas seria circular o território para conhecer melhor
a rede. Quais são os profissionais que atuam na unidade de saúde?
Como o usuário pode chegar até o atendimento? Quais os
documentos básicos ele precisa ter em mãos? Como é organizado o
atendimento neste lugar? Essas, e outras, seriam bons exemplos de
perguntas a serem feitas.

Outra forma de qualificar melhor o conhecimento da rede seria


também considerar os outros profissionais que trabalham já há mais
tempo na mesma unidade que você. Pergunte sobre como é a relação
com este ou aquele serviço, ou se há outras possibilidades de
encaminhamento.

É certo que em muitos atendimentos você não terá oportunidade de


passar por estes pontos apropriadamente antes de efetivar o
encaminhamento. Mas o que se propõe aqui é um exercício básico
cotidiano para se afiar melhor este instrumento.

Envolva a família no processo

A família é o ponto central do atendimento e não deve ser esquecida


ou negligenciada em qualquer momento. Jamais cometa o erro de
achar que você é quem tem o poder de resolver qualquer coisa para a
família. O máximo que se pode fazer é contribuir, apoiar, orientar,
direcionar. O real movimento de transformação deve partir da família.

O que isso quer dizer? Simplesmente que você precisa se atentar


para o quanto a família considera importante a situação identificada
por você, ou até mesmo considerar as prévias relações da família com
os demais serviços da rede. Lembre-se, a família circula no território e
procurou você para uma demanda específica.

Também é muito importante não tratar a família menosprezando seu


poder de articulação ou ainda a subestimando na habilidade de se
implicar para resolver as situações. Como em alguns casos, o técnico
impede a família de se fortalecer na resolução de seus conflitos ao
tentar resolver tudo por ela.

Permita que a família vá sozinha à outra unidade, intervenha apenas


quando sua capacidade de circulação for limitada. Incentive-a a propor
soluções conjuntas para os problemas vividos, a participar do
processo de resolução. Proponha caminhos possíveis, dentro do que
a família é capaz de andar.

Tenha o melhor instrumento

Para corresponder à excelência do trabalho desenvolvido e descrito


até este momento, é muito importante ter o instrumento ideal que
concentrará de forma sucinta todos os pontos tratados. Tal
instrumento, normalmente construído em modelo de formulário,
constitui tanto uma formalização do procedimento quanto outorga a
família uma materialidade do atendimento.

Ao sair, nem sempre as famílias se lembram dos detalhes ocorridos


durante o atendimento, chegando a esquecer nome de quem a
atendeu e as vezes até mesmo o nome da unidade. Ao ser entregue a
esta um formulário, ela poderá relembrar as orientações prestadas.

Para a construção deste instrumento, três campos são essenciais:


Identificação, conteúdo e formalização. É preciso identificar as partes
envolvidas:

 Quem está realizando o encaminhamento, descrevendo o nome


da unidade, técnico de referência e contato;
 Nome completo do usuário encaminhado
 Unidade a que se destina o encaminhamento com descrição do
setor específico ou área profissional de indicação de
atendimento da demanda.
Também é necessário uma descrição sucinta da demanda do usuário
com a indicação do técnico do que avalia ser importante para
satisfazê-la. Por fim, é preciso ter um espaço específico para
assinatura do profissional que realiza o encaminhamento, tornando o
formulário um documento formal para a unidade.

Em vez de criar um instrumental do zero, você pode utilizar o


modelo desenvolvido pelo GESUAS. Elaborado de acordo com as
normativas do SUAS, você pode preenchê-lo à mão ou pelo
computador e, se quiser, imprimi-lo. Um pedacinho do que o
GESUAS já oferece para dezenas de municípios e que você pode
baixar gratuitamente! Basta clicar na imagem abaixo. 😊

Conclusão

Por ser um instrumento cotidiano e parte da rotina de todo serviço


tipificado, sua importância acaba não sendo tão valorizada. Com as
informações neste texto, esperamos você tenha saído mais afiado no
seu trabalho e consiga ganhos significativos junto às famílias!

Se você quiser ir além e integrar completamente o trabalhos dos


diferentes equipamentos, nós mostramos como neste artigo.

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