A MUSICA DO SECULO XIX, Caracteristicas Gerais

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL – UERGS

UNIDADE DE MONTENEGRO
COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA DA MÚSICA II
PROFESSORA: DRA. CRISTINA ROLIM WOLFFENBÜTTEL

A MÚSICA DO SÉCULO XIX


Características gerais

Muitos pesquisadores da História da Música delimitam o Romantismo musical entre os anos de 1800 e
1890, mas há outros que apontam como seu início o ano de 1830 e o encerram em 1914.
Podemos traçar as características da música do século XIX, independente de sua denominação, de
suas datas e de suas lendas.
A melodia desta música toma um aspecto mais fluente, parecendo ficar infinita. Isto foi uma
consequência da introdução de elementos da música folclórica e da música popular, devido às diversas
ondas nacionalistas que ocorreram na Europa naquele tempo. Assim, o repouso da melodia é ampliado por
"notas estranhas" e pelas ousadas modulações, que se distanciam cada vez mais da tonalidade de início.
Também, esta expansão nas modulações é alcançada através da alteração ou substituição ou introdução
de novos acordes. Assim, chega-se ao cromatismo harmônico, que produz uma indefinição tonal
momentânea. Apesar destas inovações extraordinárias, qualquer obra deste período é fortemente baseada
na harmonia tonal.
São herdadas as formas do classicismo, mas expandidas com estes novos recursos melódico-
harmônicos. Criam formas cíclicas, ou seja, formas em que um tema é rememorado em várias partes de
uma mesma composição. Cada compositor batizou este processo com um nome: "idéia fixa" (Berlioz),
"transformação temática" (Lizst) ou "motivo condutor" (Wagner). Outros compositores procuram criar
esquemas livres. Muitas destas formas livres são baseadas em roteiros fornecidos pelas outras artes,
principalmente vindos da Literatura.
A dinâmica é explorada em todas as suas nuances e contrastes. Surge o conceito de "tempo rubato"
(andamento "roubado" em italiano), que é uma alteração livre no andamento normal.
Para marcar com mais exatidão o andamento, foi inventado, por Johann Nepomuk Maelzel
(1772/1838), em 1816, um aparelho chamado "metrônomo". Novas expressões de execução aparecem:
"sforzando", "martellato", "dolce" etc. Há, também, uma tendência em trocar o italiano pelos idiomas
nacionais. Assim, temos partituras com a nomenclatura toda em russo, castelhano ou em norueguês – mas
isto só se aprofundou no século XX.
A orquestra sinfônica torna-se gigantesca. Os instrumentos são duplicados, triplicados e, até,
quadruplicados em número. Adota-se o flautim, o corne-inglês, o pequeno clarinete (no Brasil: requinta), o
clarinete baixo, o trombone e a harpa, entre outros.
Ocorre uma melhoria em quase todos os instrumentos, devido às pesquisas científicas e à
industrialização, principalmente dos sopros de metal: são adicionadas válvulas (ou os pistões), por exemplo,
nas trompas e nos trompetes, o que melhora a afinação e aumenta a escala destes instrumentos.
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Inventa-se a tuba, padronizada em 1835 pelos alemães Johann Gottfried Moritz (1777/1840) e Wilhelm
Wieprecht (1802/1872), a partir de vários instrumentos de metal antigos, e o saxofone, criado em 1840, pelo
francês Adolphe Sax (1814/1894).
A percussão é enriquecida somente no final do século, com o xilofone, o glockenspiel e a celesta,
inventada em 1886 pelo francês Auguste Mustel (1842/1919), entre outros. Os tímpanos, a partir de
Beethoven e Berlioz, são utilizados de maneira criativa e até como solistas.
A música para órgão é numerosa, tanto em composições religiosas, quanto no repertório de concerto
ou integrado à orquestra sinfônica. O cravo é esquecido, e o piano torna-se o instrumento de teclado
preferido.  
Surgem as sociedades musicais (ditas "filarmônicas" - do grego, amigos da música), a partir de meados
do século XVIII, que promovem espetáculos (óperas e balés), concertos, recitais e audições, e contratam
compositores, regentes, cantores, virtuoses, coro etc., e, depois, cobram ingresso.
Aparece, talvez pela primeira vez na história da música, a especialização. Há músico que é especialista
em compor, outro em reger uma orquestra, outro em executar determinado tipo de instrumento e assim por
diante.
Aumenta, em quantidade e qualidade, a edição de partituras e a publicação de livros sobre música.
Schumann, Berlioz e Wagner, só citando alguns compositores importantes, possuem numerosos textos
sobre diversos aspectos musicais como também suas opiniões sócio-políticas.
A crítica de jornal ajuda a divulgar as apresentações, põe em circulação - para efeito educacional
também - as novas estéticas e concorre para aumentar as brigas entre compositores, executantes,
cantores, libretistas, coreógrafos, editores, empresários, políticos, religiosos e o público em geral. Os
motivos são sempre os mesmos: dinheiro, cargos e manias pessoais, entre outras coisas.
Surge a noção de história da música e do repertório histórico nos concertos, recitais, óperas e balés, o
que ajuda a definir a rotina - desenvolvida por Mendelssohn e Schumann - na apresentação de uma récita
sinfônica.

a) a sequência básica de gêneros deve ser a seguinte:

1 - uma "abertura" (de concerto ou de ópera);


2 - uma pequena peça sinfônica qualquer (entreato de ópera, suíte de balé, marcha etc.) ou uma pequena
"sinfonia";
(intervalo);
3 - um "concerto" para solista e orquestra;
4 - uma grande "sinfonia" ou um "poema sinfônico".

b) o repertório deveria ser "histórico" (normalmente de Bach a Wagner), sempre fazendo uma homenagem
a um ou dois compositores do passado, e a estréia de uma nova obra.

c) os aplausos só podem ser feitos após o término da música, não entre os andamentos (Mahler foi quem
instituiu este costume).
Aparece a Musicologia, ciência musical que estuda todos os aspectos que envolvem esta produção
artística, menos a parte da execução e da composição.

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