A Doutrina Da Eleição - Pink

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A Doutrina da Eleição

por

Arthur W. Pink

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

Eleição é uma doutrina fundamental. No passado, muitos dos


talentosos professores estavam acostumados a começarem sua
teologia sistemática com a apresentação dos atributos de Deus,
e então uma contemplação de Seus decretos eternos; e é nossa
convicção cuidadosamente analisada, depois de ler atentamente
os escritos de muitos de nossos teólogos modernos, que o
método seguido pelos seus antecessores não pode ser
aprimorado. Deus existe antes do homem, e Seu propósito
eterno antedata Suas obras no tempo. “ Conhecidas de Deus
são todas as Suas obras desde o princípio do mundo” (Atos
15:18). Os divinos conselhos existiram antes da criação. Como
um construtor desenha seus planos antes de começar a
construir, assim o grande Arquiteto predestinou tudo antes de
uma simples criatura ser chamada à existência. Nem Deus
guardou este mistério oculto em Seu próprio seio; foi do Seu
agrado fazer conhecido em Sua Palavra os eternos conselhos de
Sua graça, Seu desígnio nos mesmos e o grande fim que Ele
teve em vista.

Quando um construtor está no percurso da construção, os


expectadores freqüentemente demoram perceber a razão de
tantos detalhes. Por enquanto, eles não discernem nenhuma
ordem ou propósito; tudo parece estar em confusão. Mas se eles
pudessem cuidadosamente examinar o “plano” do construtor e
visualizar a produção acabada, muito do que estivesse confuso
se tornaria claro para eles. É da mesma forma com a aparência
externa do propósito eterno de Deus. A menos que estejamos
inteirados com Seus decretos eternos, a história permanecerá
um enigma insolúvel. Deus não está trabalhando
aleatoriamente; o evangelho não foi enviado para uma missão
incerta: a conseqüência final do conflito entre o bem e o mal
não foi deixada indeterminada; quantos são salvos ou perdidos
não depende da vontade da criatura. Tudo foi infalivelmente
determinado e imutavelmente fixado por Deus desde o
princípio, e tudo que acontece no tempo é apenas a
consumação do que foi ordenado na eternidade.

A grande verdade da eleição, então, leva-nos de volta ao


princípio de todas as coisas. Ela antedata a entrada do pecado
no universo, a queda do homem, o advento de Cristo e a
proclamação do evangelho. Um entendimento correto dela,
especialmente em sua relação com o concerto eterno, é
absolutamente essencial se quisermos ser preservados de um
erro fundamental. Se a própria fundação é defeituosa, então a
construção erigida sobre ela não será sã; e se errarmos em
nossos conceitos desta verdade básica então, exatamente na
proporção em que fizermos isso, seremos inexatos no
entendimento de todas as outras verdades. O relacionamento de
Deus com os judeus e os gentios, Seu objetivo ao enviar Seu
Filho a este mundo, Seu desígnio pelo evangelho, sim, o
conjunto total de Seus relacionamentos providenciais, não
poderão ser vistos em sua perspectiva adequada até que eles
sejam visto na luz de Sua eleição eterna. Isto se tornará mais
evidente a medida que prosseguirmos.

Ela á uma doutrina difícil, e isto em três aspectos. Primeiro: no


entendimento dela. A menos que sejamos privilegiados de
sentar sob o ministério de um servo de Deus ensinado pelo
Espírito, que nos apresente a verdade sistematicamente, grande
esforços e diligência serão exigidos na examinação das
Escrituras, de forma que possamos coletar e juntar suas
declarações espalhadas sobre este assunto. Não foi do agrado
do Espírito Santo dar-nos uma completa e ordenada exposição
da doutrina da eleição, porém “um pouco aqui, um pouco ali” -
na história típica, nos salmos e profecias, na grande oração de
Cristo (João 17), nas epístolas dos apóstolos. Segundo: na
aceitação dela. Esta apresenta uma dificuldade ainda maior,
porque quando a mente percebe o que a Escritura revela sobre
isto, o coração é avesso à receber uma verdade como esta, tão
humilhante e enfraquecedora da carne. Quão ardentemente
necessitamos orar para que Deus subjugue nossa inimizade
contra Ele e nosso preconceito contra Sua verdade. Terceiro:
na proclamação dela. Nenhum iniciante é competente para
apresentar este assunto em suas perspectivas e proporções
escriturísticas.
Mas apesar disto, estas dificuldades não nos desencoraja, e
muito menos nos detém, de um honesto e sério esforço para
entender e de todo coração receber tudo que Deus se agradou
de revelar sobre isto. As dificuldades são designadas para nos
humilhar, para nos exercitar, para nos fazer sentir nossa
necessidade da sabedoria do alto. Não é fácil chegar a um claro
e adequado entendimento de qualquer uma das grandes
doutrinas das Santas Escrituras; e Deus nunca intentou que
assim fosse. A verdade deve ser “comprada” (Provérbios 23:23):
ah! tão poucos estão dispostos a pagar o preço - dedicar-se a
um devoto estudo da Palavra o tempo gasto com jornais ou
recreações fúteis. Essas dificuldades não são insuperáveis,
porque o Espírito, dado ao povo de Deus, guia-os em toda
verdade. Igualmente assim para o ministro da Palavra: em
humilde espera por Deus, unida a um diligente esforço para ser
um obreiro que não tenha de que se envergonhar, irá no devido
tempo expor esta verdade para a glória de Deus e a benção de
seus ouvintes.

Esta é uma doutrina importante, como é evidente a partir de


várias considerações. Talvez possamos expressar mais
impressionamente a monumentabilidade desta verdade
mostrando que aparte da eleição eterna não teria existido
nenhum Jesus Cristo e, portanto, nenhum divino evangelho;
porque se Deus nunca tivesse escolhido um povo para salvação,
Ele nunca teria enviado Seu Filho; e Se Ele não tivesse enviado
nenhum Salvador, ninguém teria sido salvo. Portanto, o próprio
evangelho se originou nesta questão vital da eleição. “Mas
devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do
Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a
salvação” (2 Tessalonicenses 2:13). E por que “devemos sempre
dar graças”? Porque eleição é a origem de todas as bênçãos, a
fonte de cada misericórdia que a alma recebe. Se a eleição for
tirada, tudo será tirado, porque aqueles que têm qualquer
benção espiritual são aqueles que têm todas as bênçãos
espirituais: “ O qual nos abençoou com todas as bênçãos
espirituais nas regiões celestiais em Cristo; como também nos
elegeu nele antes da fundação do mundo” (Efésios 1:3,4).

Como Calvino corretamente disse: “Nós nunca estaremos tão


claramente convencidos como deveríamos, de que a nossa
salvação provém da fonte da gratuita misericórdia de Deus, até
que estejamos familiarizados com esta eleição eterna, que
ilustra a graça de Deus por esta comparação, que Ele não adota
todos indiscriminadamente para a esperança de salvação, mas
a alguns dá o que recusa a outros. Ignorância deste princípio
evidentemente desvia da glória divina, e diminui a real
humildade. Se então, necessitamos ser recordados da origem da
eleição para provar que obtemos a salvação de nenhuma outra
origem do que a mera boa vontade de Deus então, aqueles que
desejam extinguir este princípio, fazem tudo que eles podem
para obscurecer o que eles deveriam magnificar e em alta voz
celebrar”.

Esta é uma bendita doutrina, porque a eleição é a fonte de


todas as bênçãos. Isto é feito inequivocadamente claro através
de Efésios 1:3,4. Primeiro, o Espírito Santo declara que os
santos tem sido abençoados com todas as bençãos espirituais
nos lugares celestiais em Cristo. Então, Ele prossegue a nos
mostrar o porquê e como eles foram tão abençoados: é porque
Deus nos elegeu em Cristo antes da fundação do mundo. A
eleição em Cristo, portanto, precede ser abençoado com todas
as bençãos espirituais, porque nós somos abençoados com elas
somente estando nEle, e somente estamos nEle sendo
escolhidos nEle. Vemos então quão grande e gloriosa esta
doutrina é, porque todas nossas esperanças e prospectos
pertencem a ela. Eleição, apesar de distinta e pessoal, não é,
como algumas vezes descuidadamente declarado, uma mera
escolha abstrata de pessoas para a salvação eterna,
independente da união com o seu Representante do Concerto;
mas uma escolha deles em Cristo. Ela, portanto, implica todas
as outras bençãos, e todas as outras bençãos são dadas
somente através dela e de acordo com ela.

Corretamente entendida não há nada semelhante para


transmitir conforto e coragem, força e segurança, como uma
apreensão do coração desta verdade. Ser assegurado de que sou
um dos altamente favorecidos do Céu transmite a confidência
de que Deus mui certamente irá suprir cada uma das minhas
necessidades e fazer todas as coisas cooperarem juntamente
para o meu bem. O conhecimento de que Deus me predestinou
para a glória eterna fornece uma absoluta garantia de que
nenhum esforço de Satanás poderá trazer sobre mim
destruição, porque se o grande Deus é por mim, quem será
contra mim? Isto traz paz para o pregador, porque ele agora
descobre que Deus não o enviou para puxar o arco
arriscadamente, mas que Sua Palavra realizará o que Lhe
apraz, e prosperará naquilo para que Ele a enviou (Isaías
55:11). E que encorajamento isto dá ao pecador despertado. A
medida que ele aprende que a eleição é somente uma questão
da divina graça, a esperança é incendiada em seu coração; a
medida que ele descobre que a eleição escolhe alguns dos
maiores dos pecadores para serem monumentos da divina
misericórdia, porque deveria ele se desesperar?

Esta é uma doutrina detestada. Alguém naturalmente pensaria


que uma verdade que honra tanto a Deus, que exalta tanto a
Cristo, e tão abençoada, tenha sido cordialmente sustentada
por todos cristãos professantes que tenham tido ela claramente
apresentada diante deles. Devido aos termos “predestinados”,
“eleitos”, e “escolhidos”, ocorrem tão freqüentemente na Palavra,
alguém certamente concluirá que todos que reivindicam aceitar
as Escrituras como divinamente inspiradas receberiam com
implícita fé esta grande verdade, referindo ao ato por si mesmo -
como tornando pecadores e ignorantes as criaturas que assim
façam - diante da soberana boa vontade de Deus. Mas tal está
longe, muito longe de ser a situação real. Nenhuma doutrina é
tão detestada pelo orgulhoso homem natural como esta, que faz
da criatura nada e do Criador tudo; sim, em nenhum outro
ponto a inimizade da mente carnal é tão patente e
vigorosamente evidente.

Nós começamos nossas palestras na Austrália dizendo: “Eu vou


falar esta noite sobre uma das doutrinas mais odiadas da
Bíblia, a saber, a da soberana eleição de Deus”. Desde então
temos rodeado este globo, e chegado à um contato próximo com
milhares de pessoas pertencentes a muitas denominações, e
milhares destes cristãos professos não aceitaram esta
declaração; e hoje a única mudança que fazemos naquela
declaração é que enquanto a verdade do castigo eterno é uma
das mais desagradáveis aos não professos, a da soberana
eleição de Deus é a verdade mais odiada e insultada pela
maioria daqueles que reivindicam ser crentes. Anuncie
claramente que a salvação não é originada na vontade do
homem, mas na vontade de Deus (veja João 1:13; Romanos
9:16), que não há ninguém que queira ou possa ser salvo -
porque como resultado da queda do homem, todo desejo e
vontade para o que é bom foi perdido (João 5:40; Romanos
3:11) - e que até mesmo os eleitos precisam serem feitos
dispostos (Salmos 110:3), e estrondosos gritos de indignação se
levantarão contra tal ensino.
Neste ponto a questão é tensa. Comerciantes de méritos não
permitirão a supremacia da divina vontade e a impotência para
o bem da vontade humana, conseqüentemente eles são aqueles
mais amargos em denunciar a eleição pelo soberano prazer de
Deus, são os mais entusiasmados em gritar pelo livre-arbítrio
do homem caído. Nos decretos do concílio de Trento - no qual o
Papado definitivamente determinou sua posição sobre os pontos
levantados pelos Reformados, e que Roma nunca rescindiu -
aparece o seguinte: “Se qualquer um afirmar que desde a queda
de Adão, a vontade do homem foi eliminada, que seja
amaldiçoado”. Foi devido a sua fiel aderência à verdade da
eleição, com tudo o que ela envolve, que Bradford e centenas de
outros foram queimados pelos agentes do Papa. Indizivelmente
triste é ver tantos Protestantes professos concordarem com a
mãe das meretrizes neste erro fundamental.

Mas seja qual for a aversão que os homens possam agora ter à
esta bendita doutrina, eles serão compelidos a ouvi-la no último
dia, ouvi-la como a voz da final, inalterável e eterna decisão.
Quando a morte e o inferno, o mar e a terra, derem os mortos,
então o Livro da Vida - o registro no qual foram gravados antes
da fundação do mundo toda a eleição da graça - será aberto na
presença de anjos e demônios, na presença de salvos e
perdidos, e esta voz soará às alturas do Céu, às profundezas do
inferno e aos extremos finais do universo - “E todo aquele que
não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de
fogo” (Apocalipse 20:15). Assim, esta verdade que é odiada pelos
não eleitos acima de todos os outros, é uma que soará nos
ouvidos dos perdidos a medida que eles entrarem na sua eterna
perdição! Ah, meu leitor, a razão pela qual o povo não recebe e
devidamente prezam pela verdade da eleição, é porque eles não
sentem a devida necessidade dela.

Esta é uma doutrina que separa. A pregação da soberania de


Deus, como exercitada por Ele na pré-ordenação do destino
eterno de cada uma de Suas criaturas, serve como um
instrumento eficaz para dividir o joio do trigo. “Quem é de Deus
ouve a palavra de Deus” (João 8:47): sim, não importa quão
contrárias elas possam ser às suas idéias. É uma das marcas
do regenerado que eles declaram que Deus é verdadeiro. Nem
são exigentes na sua escolha, como são os religiosos hipócritas:
uma vez que percebem que a verdade é claramente ensinada na
Palavra, mesmo que esta seja absolutamente oposta à sua
própria razão e inclinações, eles humildemente saúdam-na e
implicitamente a recebem, e assim faria apesar de nenhuma
outra pessoa no mundo crer nela. Mas isto é totalmente
diferente com os não regenerados. Como o apóstolo declara: “Do
mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve. Nós
somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele
que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o
espírito da verdade e o espírito do erro” (1 João 4:5,6).

Não conhecemos nada tão divisor entre a ovelha e os bodes do


que uma exposição fiel desta doutrina. Se um servo de Deus
aceita alguma nova carga, e ele deseja que seu povo deseje o
puro leite da Palavra, e que prefira os substitutos do Diabo,
deixe-o entregar uma série de sermões sobre este assunto, e
será rapidamente os meios de “apartares o precioso do vil”
(Jeremias 15:19).

Foi assim na experiência do Divino Pregador: quando Cristo


anunciou que “ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe
for concedido”, somos informados que, “desde então muitos dos
seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele”
(João 6:65,66)! Verdade é que de forma alguma todos que
intelectualmente recebem o “Calvinismo” como uma filosofia ou
teologia, dão evidência (em suas vidas diárias) de regeneração;
todavia, é igualmente verdade que aqueles que continuam a
criticar contra e firmemente refutar alguma parte da verdade,
não merecem serem chamados de cristãos. 

Esta é uma doutrina negligenciada. Apesar de ocupar um lugar


tão proeminente na Palavra de Deus, ela é pregada mui pouco
hoje, e ainda menos entendida. Certamente, não é esperado que
os “altos críticos” e seus incautos cegos preguem o que faz do
homem nada; mas até entre aqueles que desejam serem vistos
como “ortodoxos” e “evangélicos”, quase não há alguém que dê à
esta grande verdade um real lugar, seja nas ministrações do
seu púlpito ou nos seus escritos. Em alguns casos isto é devido
à ignorância: não tendo sido ensinado no seminário, e
certamente nem nos “Institutos Bíblicos”, eles nunca
perceberão sua grande importância e valor. Mas, em muitos
casos é o desejo de ser popular para com seus ouvintes que
amordaça suas bocas. Todavia, nem ignorância, preconceito,
nem inimizade podem abolir a doutrina em si mesma ou
diminuir suas importâncias vitais.
Ao terminar estas considerações introdutórias, permita-me
assinalar que esta bendita doutrina deve ser
manuseada reverentemente. Este não é um assunto para ser
justificado ou especulado, mas aproximado em um espírito de
santo temor e devoção. Ele deve ser manuseado sobriamente:
“Quando estiver em discussão, engajado em uma justa disputa
para vindicar a verdade de Deus das heresias e distorções,
investigue o teu coração, coloque um vigia nos seus lábios,
acautele-se do fogo selvagem em teu zelo” (E. Reynolds, 1648).
Todavia, esta verdade é para ser tratada com firmeza, e clareza,
independente do temor ou favor de homem, confiantemente
deixando todos “resultados” na mão de Deus. Possa nos ser
graciosamente concedido escrever de uma maneira que agrade
a Deus, e a você o receber o que quer que seja dEle.

CAPÍTULO 2: SUA FONTE

Acuradamente falando, eleição é um ramo da predestinação, o


último sendo um termo mais abrangente do que o primeiro.
Predestinação se relaciona com todas as criaturas, coisas e
eventos; mas eleição é restrita aos seres racionais - anjos e
humanos. Como a palavra predestinar significa, Deus desde
toda a eternidade soberanamente ordenou e imutavelmente
determinou a história e destino de cada uma e todas Suas
criaturas. Porém, neste estudo nos confinaremos à
predestinação como esta se relaciona ou concerne às criaturas
racionais. E aqui também mais uma distinção deve ser
observada. Não pode haver uma eleição sem uma rejeição, um
tomar sem um passar por, uma escolha sem uma recusa. Como
o Salmos 78 expressa-o: “Ele recusou o tabernáculo de José, e
não elegeu a tribo de Efraim. Antes elegeu a tribo de Judá”
(versos 67,68). Dessa forma, a predestinação inclui tanto a
reprovação (a preterição ou o passar pelos não-eleitos, e então a
pré-ordenação deles para a condenação - Judas 4 - por causa
dos seus pecados) como a eleição para a vida eterna; sobre o
primeiro não discutiremos agora.
A doutrina da eleição significa, então, que Deus selecionou
alguns em Sua mente tanto dentre os anjos (1 Timóteo 6:21)
como dentre os homens, e ordenou-lhes para a bem-
aventurança e para a vida eterna; que antes dEle lhes criar, Ele
decidiu o destino delas, como um construtor desenha seus
planos e determina cada parte da construção antes de qualquer
um dos materiais serem reunidos para levarem a cabo a
execução de seu desígnio. Eleição pode ser definida dessa
forma: ela é aquela parte do conselho de Deus através do qual
Ele desde toda a eternidade Se propôs a revelar Sua graça sobre
algumas de Suas criaturas. Esta foi feita eficaz por um decreto
definido concernente a ela. Ora, em cada decreto de Deus três
coisas devem ser consideradas: o princípio, o assunto ou
conteúdo, o fim ou desígnio. Ofereçamos pois unas poucas
considerações sobre cada uma delas.

O princípio do decreto é a vontade de Deus. Ele origina-se


somente em Sua própria soberana determinação. Determinando
o estado de Suas criaturas, a própria vontade de Deus é a única
e absoluta causa do Seu decreto. Assim como não há nada
acima de Deus para governá-LO, assim não há nada fora dEle
próprio que possa ser em qualquer sentido uma causa
impulsiva para Ele; dizer de outra forma é fazer da vontade de
Deus uma vontade inexistente. Nisto Ele é infinitamente
exaltado acima de nós, porque não somente somos sujeitos
Àquele que é sobre nós, mas nossas vontades estão sendo
constantemente movidas e dispostas por causas externas. A
vontade de Deus não tem nenhuma causa fora de Si mesmo, ou
de outra forma deveria haver algo anterior a Si mesmo (porque
a causa sempre precede o efeito) e algo mais excelente (porque a
causa é sempre superior ao efeito), e portanto Deus não seria o
Ser independente que Ele é.

O assunto ou conteúdo de um divino decreto é o propósito de


Deus para manifestar um ou mais de Seus atributos e
perfeições. Isto é verdade de todos os divinos decretos, mas
assim como há variedade nos atributos de Deus assim também
há nas coisas que Ele decretou trazer à existência. Os dois
principais atributos que Ele exerce sobre as criaturas racionais
são Sua graça e Sua justiça. No caso do eleito, Deus determinou
demonstrar as riquezas de Sua maravilhosa graça, mas no caso
do não-eleito Ele achou certo demonstrar Sua justiça e
severidade - retendo Sua graça deles porque foi do beneplácito
de Sua vontade assim fazer. Todavia, não deve ser permitido por
um momento que este último seja um sinal de crueldade em
Deus, porque Sua natureza não é somente graça, nem somente
justiça, mas ambas juntas, e portanto ao determinar exibir
ambas delas não pode ser um sinal de injustiça.

O fim ou desígnio de cada divino atributo é a própria glória de


Deus, porque nada menos do que isso pode ser digno dEle.
Assim como Deus jura por Si mesmo porque Ele não pode jurar
por nada maior, assim porque um grande e majestoso fim não
pôde ser proposto do que Sua própria glória, Deus determinou o
supremo fim de todos Seus decretos e obras - “O Senhor fez
tudo para Si mesmo” (Provérbios 16:4 - versão do autor) - para
Sua própria glória. Assim, como todas coisas são dEle como
causa primária portanto, todas coisas são para Ele (Romanos
11:36) como fim supremo. O bem de Suas criaturas é apenas o
fim secundário; Sua própria glória é o fim supremo, e tudo além
é subordinado a isto. No caso do eleito é a graça de Deus que
será magnificada; no caso do réprobo Sua pura justiça será
glorificada. O que se seguirá neste capítulo será largamente
uma ampliação destes três pontos.

A origem da eleição, então, é a vontade de Deus. Quase não é


necessário assinalar que por “Deus” queremos dizer, Pai, Filho,
e Espírito Santo. Embora haja três pessoas na Divindade, há
apenas uma natureza indivisível e comum à todos Eles, e
portanto apenas uma vontade. Eles são um, e Eles estão em um
acordo: “Mas se Ele resolveu alguma coisa, quem então o
desviará?” (Jó 23:13). Permita-nos assinalar que a vontade de
Deus não é uma coisa aparte de Deus, nem é para ser
considerada como sendo uma parte de Deus: a vontade de Deus
é o próprio Deus querendo: ela é, se podemos assim falar, Sua
própria natureza em atividade, porque Sua vontade é Sua
própria essência. Nem é a vontade de Deus sujeita a qualquer
vacilação ou mudança: quando afirmamos que a vontade de
Deus é imutável, estamos somente dizendo que o próprio Deus
é “sem mudança ou sombra de variação” (Tiago 1:17). Portanto,
a vontade de Deus é eterna, visto que o próprio Deus não tem
princípio, e visto que Sua vontade é Sua própria natureza,
então Sua natureza deve ser desde a eternidade.

Para prosseguir um passo mais adiante. A vontade de Deus é


absolutamente livre, não influenciada e não controlada por
nada fora dela mesma. Isto se demonstra desde a criação do
mundo - bem como de tudo nele. O mundo não é eterno, mas
foi feito por Deus, todavia se deveria ou não ser criado, foi
determinado por Ele somente. O tempo quando ele foi feito - se
mais cedo ou mais tarde; o tamanho dele - se pequeno ou
grande; a duração dele - se para uma estação ou para sempre; a
condição dele - se deveria permanecer “muito bom” ou ser
poluído pelo pecado; foi tudo resolvido pelo soberano decreto do
Altíssimo. Tivesse Ele se agradado, Deus poderia ter trazido este
mundo a existência há milhões de anos antes. Tivesse Ele se
agradado, Ele poderia ter feito isto e todas as coisas num
momento de tempo, em vez de seis dias e seis noites. Tivesse
Ele se agradado, Ele poderia ter limitado a família humana a
unas poucas centenas ou milhares, ou tê-la feita milhares de
vezes maior do que ela é. Nenhuma razão pode ser designada
porque Deus criou o mundo, quando e como do que Sua
própria vontade imperativa.

A vontade de Deus foi absolutamente livre em relação à eleição.


Ao escolher um povo para a vida eterna, não havia nada fora
dEle mesmo que moveu Deus para formar tal propósito. Como
Ele expressamente declara: “Compadecer-me-ei de quem me
compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”
(Romanos 9:15) - linguagem que não pode declarar mais
definitivamente a absoluta soberania divina neste assunto.
“Tendo nos predestinado para a adoção de filhos por Jesus
Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”
(Efésios 1:5): aqui tudo novamente é resolvido no mero prazer
de Deus. Ele concede Seus favores ou retém-os como Lhe
agradar. Nem Ele precisa de qualquer vindicação nossa de Seu
procedimento. O Altíssimo não é para ser trazido para o
tribunal da razão humana: em vez de procurar justificar a alta
soberania de Deus, nos é requerido somente crer nela, na
autoridade de Sua própria Palavra. “Naquele tempo falou Jesus,
dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste
aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado”
(Mateus 11:25,26) - o Senhor Jesus estava contente em
descansar na soberania de Deus, e assim devemos estar.

Alguns dos mais hábeis expositores desta profunda verdade têm


afirmado que o amor de Deus é a causa movedora de nossa
eleição, citando: “Em amor nos predestinou” (Efésios 1:5);
todavia ao fazer assim, pensamos que seremos acusados de
uma leve imperfeição ou desvio da nossa regra de fé. Embora
completamente concordando que as duas últimas palavras de
Efésios 1:4 (como estão na Versão Autorizada) pertence
propriamente ao início do versículo 5, todavia deve ser
cuidadosamente notado que o verso 5 não está falando de nossa
eleição original, mas de nosso ser predestinados para a adoção
de filhos: as duas coisas são totalmente distintas, atos
separados da parte de Deus, o segundo seguindo o primeiro. Há
uma ordem nos divinos conselhos, como há nas obras da
criação de Deus, e é tão importante prestar atenção no que é
dito sobre o primeiro como se preocupar com o divino
procedimento nos seis dias de trabalho de Gênesis 1.

Um objeto deve existir ou subsistir antes dele poder ser amado.


A eleição foi o primeiro ato na mente de Deus, segundo o qual
Ele escolheu as pessoas dos eleitos para serem santos e
irrepreensíveis (v. 4). A predestinação foi o segundo ato de
Deus, segundo o qual Ele ratificou pelo decreto o estado
daqueles a quem Sua eleição foi dada uma real permanência
diante dEle. Tendo escolhido-os em Seu amado Filho para a
perfeição da santidade e justiça, o amor de Deus foi adiante
deles, e concedeu-lhes a mais alta e preciosa benção que Seu
amor jamais poderia oferecer: fazer deles Seus filhos pela
adoção. Deus é amor, e todo Seu amor é exercido sobre Cristo e
sobre aqueles que estão nEle. Tendo feito dos eleitos Sua
propriedade pela soberana escolha de Sua vontade, o coração
de Deus foi então colocado sobre eles como sendo Seu tesouro
especial.

Outros têm atribuído nossa eleição à graça de Deus, citando


“Há um remanescente segundo a eleição da graça” (Romanos
11:5). Mas aqui novamente devemos distinguir entre coisas que
diferem, a saber, entre o início de um divino decreto e seu
assunto ou conteúdo. É verdade, uma bendita verdade, que os
eleitos são os objetos sobre os quais a graça de Deus é
especialmente exercida, mas é outra coisa totalmente diferente
dizer que sua eleição se originou na graça de Deus. A ordem
sobre a qual estamos insistindo é claramente expressa em
Efésios 1. Primeiro, “ Ele [Deus] nos elegeu nele [Cristo] antes
da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
[justos] diante dele” (v. 4): que foi o ato inicial na divina mente.
Segundo, “em amor, tendo nos predestinado para sermos filhos
de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo” e isto “segundo o
beneplácito de sua vontade” (v. 5) : que foi o enriquecimento
daqueles sobre quem Ele havia colocado Seu coração. Terceiro,
“para o louvor da glória da sua graça, pela qual nos fez aceitos
no Amado” (v. 6): que tanto o assunto como o propósito do
decreto de Deus - a manifestação e magnificação de Sua graça.

“A eleição da graça” (Romanos 11:5), então, não é para ser


entendida como o genitivo de origem, mas de objeto ou caráter,
como em “a Rosa de Sarom”, “a árvore da vida”, “os filhos da
obediência”. A eleição da igreja, bem como de todos Seus atos e
obras, devem ser seguidas retroativamente até a incontrolada e
incontrolável vontade de Deus. Em nenhuma outra parte nas
Escrituras é a ordem dos divinos conselhos tão definitivamente
revelada como em Efésios 1, e em nenhuma outra parte a
ênfase é colocada tão fortemente sobre a vontade de Deus. Ele
nos predestinou para a adoção de filhos “segundo o beneplácito
de sua vontade ” (v. 5). Ele nos fez conhecido “o mistério de sua
vontade” (não “graça”) e que “segundo o beneplácito de sua
vontade , que propusera em si mesmo” (v. 9). E então, como se
não estivesse suficientemente explícito, o parágrafo termina
com “havendo sido predestinados conforme o propósito daquele
que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade,
com o fim de sermos para o louvor da sua glória” (vv. 11,12).

Permaneçamos por mais um momento em cima dessa


extraordinária expressão: “que faz todas as coisas segundo
o conselho da sua vontade, com o fim de sermos para o louvor
da sua glória ” (v. 11). Note bem, não é “o conselho de seu
coração”, nem mesmo “o conselho de sua mente”, mas
VONTADE: não “a vontade de seu conselho”, mas “ o conselho
de sua vontade”. Nisto Deus difere radicalmente de nós. Nossas
vontades são influenciadas pelos pensamentos de nossas
mentes e movidas pelas afeições de nossos corações; mas não é
assim com Deus. “Segundo a sua vontade Ele opera no exército
do céu e entre os moradores da terra” (Daniel 4:35). A vontade
de Deus é suprema, determinando o exercício de Suas
perfeições. Ele é infinito em sabedoria, todavia Sua vontade
regula as operações dela. Ele é cheio de misericórdia, mas Sua
vontade determina quando e a quem Ele a mostrará. Ele é
inflexivelmente justo, todavia Sua vontade decide se ou não a
justiça será exercida: observe cuidadosamente, não é “Que não
pode de maneira alguma ter por inocente o culpado” mas “Que
não quer de maneira alguma ter por inocente o culpado” (Êxodo
34:7). Deus primeiramente quer ou determina que uma coisa
aconteça, e então Sua sabedoria planeja a execução dela.
Assinalemos agora tudo o que tem sido refutado. De tudo que
tem sido dito acima é claro, em primeiro lugar, que nossas boas
obras não foram o que induziu Deus a nos eleger, porque este
ato aconteceu na divina mente na eternidade - muito antes de
qualquer criatura existir realmente. Veja como este mesmo
ponto [a salvação pelas obras] é posto de lado em, “pois não
tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou
mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição
permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele
que chama” (Romanos 9:11). Novamente lemos: “Porque somos
feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais
Deus antes preparou para que andássemos nelas”. Então, visto
que fomos eleitos antes de nossa criação, nossas boas obras
não podem ser a causa movedora dela: não, elas são os frutos e
efeitos dela.

Segundo, a santidade dos homens, seja em princípio ou prática,


ou ambos, não é a causa movedora da eleição, porque como
Efésios 1:4 tão claramente declara “Como também nos elegeu
nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor” - não porque éramos
santos, mas para que pudéssemos ser. O “para sermos santos”
era algo futuro, que seguiria a salvação, e é o meio para um fim
mais adiante, a saber, nossa salvação, para a qual alguns
homens são escolhidos. “Deus vos escolheu desde o princípio
para a santificação do Espírito” (2 Tessalonicenses 2:13). Então,
visto que a santificação do povo de Deus era o desígnio de Sua
eleição, ela não poderia ser a causa da eleição. “Esta é a
vontade de Deus, a saber, a vossa santificação” (1
Tessalonicenses 4:3): não meramente a vontade aprovadora de
Deus, como sendo agradável à Sua natureza; não meramente a
vontade preceptiva de Deus, como requerida pela Lei; mas Sua
vontade decretiva, Seu conselho determinado. 

Terceiro, nem é a fé a causa de nossa eleição. Como poderia


ser? Durante o seu estado de não-regeneração todos os homens
estão em um estado de incredulidade, vivendo neste mundo
sem Deus e sem esperança. E quando tivemos fé, ela não de nós
mesmos - seja pela nossa bondade, poder ou vontade. Não; ela é
um dom de Deus (Efésios 2:9), e uma operação do Espírito
(Colossenses 2:12), vinda de Sua graça. “E creram todos
quantos haviam sido ordenados para a vida eterna” (Atos
13:48), e não “todos quantos creram, foram ordenados para a
vida eterna”. Portanto, visto que a fé flui da divina graça, ela
não pode ser a causa de nossa eleição. A razão pela qual outros
homens não crêem, é porque eles não são das ovelhas de Cristo
(João 10:26); a razão pela qual alguns crêem é porque Deus
lhes deu fé, e conseqüentemente ela é chamada “a fé dos eleitos
de Deus” (Tito 1:1).

Quarto, não foi a pré-visão de Deus destas coisas no homem


que O moveu para escolhe-los. A presciência de Deus do futuro
é fundado na determinação de Sua vontade concernente a este
mesmo futuro. O divino decreto, a divina presciência e a divina
predestinação é a ordem apresentada nas Escrituras. Primeiro,
“que são chamados segundo o seu propósito”; segundo, “porque
os que dantes conheceu”; terceiro, “também os predestinou”
(Romanos 8:28,29). O decreto de Deus como precedente a Sua
presciência é também declarado em, “a este, que foi entregue
pelo determinado conselho e presciência de Deus” (Atos 2:23).
Deus pré-conheceu tudo que seria, porque Ele ordenou tudo
que deveria ser; portanto, é colocar o carro antes do cavalo
quando fazemos da presciência a causa da eleição de Deus.

Para concluir, permita-nos dizer que o fim de Deus em Seu


decreto de eleição é a manifestação de Sua própria glória, mas
antes de entrar em detalhe sobre este ponto, queremos citar
várias passagens que declaram o próprio fato amplamente.
“Sabei que o Senhor separou para si aquele que é piedoso”
(Salmos 4:3). “Separou ” aqui significa escolher ou arrancar do
resto; “aquele que é piedoso” refere-se ao próprio Davi (Salmos
89:19,20); “para si”, e não meramente para o trono ou reino de
Israel. “Porque o Senhor escolheu para si a Jacó, e a Israel para
seu tesouro peculiar” (Salmos 135:4). “Para dar de beber ao
meu povo, ao meu escolhido, esse povo que formei para mim,
para que publicasse o meu louvor” (Isaías 43:20,21), que é
paralelo à Efésios 1:5,6. Da mesma forma no Novo Testamento:
quando agradou a Cristo dar à Ananias uma explicação da
conversão de Seu amado Paulo, Ele disse, “este é para mim um
vaso escolhido” (Atos 9:15). Novamente, “reservei para mim sete
mil varões que não dobraram os joelhos diante de Baal”
(Romanos 11:4 ASV), que é explicado no próximo versículo
como “um remanescente segundo a eleição da graça”.

 
 

Leia o restante desse excelente livro aqui.

Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto

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