Apostila AAEPP

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA


Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública
Diretoria de Ensino e Pesquisa

COORDENAÇÃO GERAL DE ENSINO


Coordenação de Ensino a Distância

Reformulador
Marcos Roberto Schumacher

Revisão Pedagógica
Marcio Raphael Nascimento Maia

SETOR DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Programação e Edição
Ozandia Castilho Martins
Fagner Fernandes Douetts
Renato Antunes dos Santos

Designer
Ozandia Castilho Martins
Fagner Fernandes Douetts
Renato Antunes dos Santos

Designer Instrucional
Anne Caroline Bogarin Manzolli

2
Sumário

APRESENTAÇÃO DO CURSO ............................................................................. 8

OBJETIVOS DO CURSO....................................................................................... 8

ESTRUTURA DO CURSO ..................................................................................... 9

Módulo 1 – Conhecimento da emergência e análise preliminar de riscos .... 11

Apresentação do Módulo .................................................................................. 11

Objetivos do Módulo ......................................................................................... 11

Estrutura do Módulo ......................................................................................... 12

Aula 1 – Emergência: acidente ou incidente com produtos perigosos .............. 13

1.1 Diferença entre acidente e incidente com produtos perigosos............. 13

1.2 Definições do termo “produtos perigosos”............................................... 15

1.3 Pontos a serem observados durante o atendimento às emergências ..... 15

1.4 Procedimentos se você for o primeiro a chegar no local ......................... 16

Aula 2 – Os agentes perigosos e os procedimentos de emergência básicos em


vítimas contaminadas ....................................................................................... 19

2.1 Classificação dos agentes perigosos ...................................................... 19

2.2 Propriedades físico-químicas importantes .............................................. 23

2.3 Conceitos físico-químicos importantes: ................................................... 24

2.4 Toxicologia .............................................................................................. 27

2.5 Conceitos toxicológicos: .......................................................................... 28

2.6 Propriedades das substâncias e compostos ........................................... 30

2.7 As características dos produtos perigosos no ambiente ......................... 31

2.8 Formas de exposição .............................................................................. 33

2.9 Sinais gerais de intoxicados .................................................................... 35

2.10 Procedimentos de emergência básicos em vítimas contaminadas ....... 36

Finalizando... .................................................................................................... 38

3
Módulo 2 – Plano de ação em emergência: comunicação e notificação ....... 39

Apresentação do Módulo .................................................................................. 39

Objetivos do Módulo ......................................................................................... 40

Estrutura do Módulo ......................................................................................... 40

Aula 1 – Ação de controle inicial ....................................................................... 41

1.1 Ação inicial do operador de segurança pública ....................................... 41

1.2 Dados para o início da intervenção do primeiro a chegar ao local sinistrado


...................................................................................................................... 42

1.3 Primeiro respondedor .......................................................................... 43

Aula 2 – Acionamento e notificação .................................................................. 48

2.1 O contexto regional e os acidentes de trânsito ....................................... 48

2.2 Órgãos envolvidos nas ações .............................................................. 50

2.3 Legislação e normas de consulta ......................................................... 51

Finalizando... .................................................................................................... 56

Módulo 3 – Sistema de Comando de Incidentes (SCI) .................................... 57

Apresentação do Módulo .................................................................................. 57

Objetivos do Módulo ......................................................................................... 57

Estrutura do Módulo ......................................................................................... 57

Aula 1 - SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES (SCI) ............................. 59

Aula 2 - Princípios do SCI ................................................................................. 63

Aula 3 - Estrutura e funções do SCI ................................................................. 66

3.1 Comandante do Incidente (CI) ................................................................ 69

3.2 Staff de Comando ................................................................................... 69

3.3 Staff Geral ............................................................................................... 70

Aula 4 - Instalações .......................................................................................... 72

Aula 5 - Gerenciamento de Recursos ............................................................... 77

4
5.1 Recursos ................................................................................................. 77

5.2 Categoria dos Recursos .......................................................................... 77

5.3 Estado dos Recursos .............................................................................. 78

Aula 6 - A primeira resposta e o período inicial ................................................ 80

6.1 Chegada ao local do incidente ................................................................ 80

6.2 Assumir e estabelecer o PC .................................................................... 80

6.3 Avaliar a situação .................................................................................... 81

6.4 Estabelecer um perímetro de segurança ................................................ 81

6.5 Estabelecer os objetivos ......................................................................... 83

6.6 Determinar as estratégias ....................................................................... 83

6.7 Determinar as necessidades de recursos e possíveis instalações. ........ 83

6.8 Preparar as informações para transferir o comando ............................... 83

Aula 7 - Instrumentos de Consulta e Registro .................................................. 85

7.1 Tarjeta de Campo.................................................................................... 85

7.2 SCI 201 ................................................................................................... 85

7.3 SCI 211 e SCI 219 .................................................................................. 87

Finalizando... .................................................................................................... 88

Módulo 4 – Identificação e classificação de produtos perigosos .................. 89

Apresentação do Módulo .................................................................................. 89

Objetivos do Módulo ......................................................................................... 89

Estrutura do Módulo ......................................................................................... 89

Aula 1 – Classificação de riscos da ONU ......................................................... 90

Apresentação ................................................................................................ 90

1.1 Classificação dos produtos perigosos segundo a ONU .......................... 90

1.2 Classificação americana ......................................................................... 92

Aula 2 – Classificação nacional de riscos ......................................................... 97

5
Apresentação ................................................................................................ 97

2.1 Classes de risco ...................................................................................... 97

2.2 Painel de Segurança ............................................................................. 110

2.3 RÓTULOS DE RISCO........................................................................... 112

Finalizando... .................................................................................................. 113

Módulo 5 – Fontes de consulta e informação ................................................ 114

Apresentação.................................................................................................. 114

Objetivos do Módulo ....................................................................................... 115

Estrutura do Módulo ....................................................................................... 115

Aula 1 – Fontes de consulta e informação ...................................................... 116

1.1 ABIQUIM ............................................................................................... 116

1.2 FISPQ ................................................................................................... 117

1.3 Ficha de emergência ............................................................................. 118

1.4 Envelope de transporte: ........................................................................ 119

1.5 Informações do fabricante, fornecedor/distribuidor, expedidor,


transportador, destinatário ou importador do produto perigoso: .................. 120

Aula 2 – Guia de emergência química da ABIQUIM ....................................... 121

2.1 Manual para o atendimento às emergências com produtos perigosos . 121

2.2 Sistema de informação.......................................................................... 122

2.3 Avaliação da situação ........................................................................... 123

2.4 Conteúdo do manual para atendimento à emergência ...................... 124

Aula 3 – Guia NIOSH para riscos químicos (NIOSH – Guide to Chemical Hazards)
........................................................................................................................ 133

Finalizando... .................................................................................................. 135

Módulo 6 – Seleção de níveis de proteção e divisão de áreas de trabalho. 136

Apresentação.................................................................................................. 136

Objetivos do Módulo ....................................................................................... 136

6
Estrutura do Módulo ....................................................................................... 136

Aula 1 – Seleção dos níveis de proteção ........................................................ 137

1.1 Critérios gerais para seleção de roupas de proteção química .............. 137

1.2 Equipamentos ....................................................................................... 137

1.3 Níveis de proteção ................................................................................ 139

Aula 2 – Divisão de áreas de trabalho ............................................................ 150

2.1 Áreas de trabalho .................................................................................. 150

Finalizando... .................................................................................................. 159

Módulo 7 – Encerramento da intervenção em emergência .......................... 160

Apresentação do Módulo ................................................................................ 160

Objetivos do Módulo ....................................................................................... 160

Estrutura do Módulo ....................................................................................... 160

Aula 1 – Acompanhamento das ações de contenção, descontaminação e limpeza


da cena ........................................................................................................... 161

1.1 Supervisão da contenção feita pelo embarcador, fabricante ou


transportador ............................................................................................... 161

1.2 Generalidades sobre a descontaminação em emergência ................... 162

1.3 Métodos de descontaminação .............................................................. 163

1.4 Níveis de descontaminação .................................................................. 172

Aula 2 – Relatório para encerramento do trabalho ......................................... 174

2.1. Dados básicos para a elaboração de relatório de trabalho .................. 174

Finalizando... .................................................................................................. 176

7
APRESENTAÇÃO DO CURSO

Prezados cursistas,

O Curso de Atendimento à Emergências com Produtos Perigosos tem como


finalidade criar condições para que você saiba como agir quando estiver dentre os
primeiros a chegar em locais de ocorrências envolvendo produtos perigosos em
áreas públicas. O escopo do curso é facilitar e orientar as ações da assistência
especializada, minimizar os danos ao meio ambiente e os efeitos decorrentes de
vazamentos, explosões e incêndios nas comunidades e o devido gerenciamento do
local sinistrado.

OBJETIVOS DO CURSO

Ao final do curso você será capaz de:

• Identificar elementos no local do incidente que remetem à possibilidade de


uma ocorrência envolvendo produtos perigosos;
• Saber os primeiros passos a se tomar em uma ocorrência envolvendo
produtos perigosos;
• Reconhecer os perigos inerentes de produtos perigosos, bem como suas
propriedades físico-químicas;
• Aplicar os 8 passos se você for o primeiro a chegar à cena com capacidade
operacional;
• Conhecer as principais legislações e normas de consulta;
• Aplicar as ferramentas e identificar as instalações do SCI;
• Identificar as 9 classes de produtos perigosos;

8
• Interpretar as simbologias do painel de segurança e rótulo de risco;
• Saber manusear o manual da Abiquim;
• Selecionar o nível de proteção adequado ao risco envolvido;
• Dividir as áreas de trabalho e realizar o isolamento da área contaminada.

ESTRUTURA DO CURSO

O curso é composto por 7 módulos:

Módulo 1 – Conhecimento da emergência e análise preliminar de riscos

Aula 1 – Emergência: acidente ou incidente com produtos perigosos.

Aula 2 – Os agentes perigosos e os procedimentos básicos de emergência em


vítimas contaminadas.

Módulo 2 – Plano de ação em emergência: comunicação e notificação

Aula 1 – Ação de controle inicial.

Aula 2 – Acionamento e notificação.

Módulo 3 – Sistema de Comando de Incidentes (SCI)

Aula 1 – Sistema de Comando de Incidentes.

Aula 2 – Princípios.

Aula 3 – Estrutura e funções.

Aula 4 – Instalações.

9
Aula 5 – Gerenciamento de recursos.

Aula 6 – A primeira resposta e o período inicial.

Aula 7 – Instrumentos de consulta e registro.

Módulo 4 – Identificação e classificação de produtos perigosos

Aula 1 – Classificação de riscos da ONU.

Aula 2 – Classificação nacional de riscos.

Módulo 5 – Fontes de consulta e informação

Aula 1 – Fontes de consulta e informação.

Aula 2 – Guia de emergência química da ABIQUIM.

Aula 3 – Guia NIOSH para riscos químicos (NIOSH – Guide to Chemical Hazards).

Módulo 6 – Seleção de níveis de proteção e divisão de áreas de trabalho

Aula 1 – Seleção dos níveis de proteção.

Aula 2 – Divisão de áreas de trabalho.

Módulo 7 – Encerramento da intervenção em emergência

Aula 1 – Acompanhamento das ações de contenção, descontaminação e limpeza


da cena.

Aula 2 – Relatório para encerramento do trabalho.

10
Módulo 1 – Conhecimento da emergência e análise
preliminar de riscos

Apresentação do Módulo

Caro Aluno,

As substâncias químicas, físico-nucleares e biológicas, quando fora de suas


condições de segurança de manuseio, transporte e armazenamento, podem ser
fontes geradoras de vazamentos, incêndios e explosões. A toxicologia dos produtos
por meio de suas propriedades e formas de exposição pode ajudar você a identificar
riscos e perigos instalados no meio ambiente sinistrado.

A presença do profissional da área da segurança pública, capacitado para


responder a esse tipo de ocorrência, pode ser o início da solução do problema,
desde que você não se torne uma vítima de contaminação e exposição indevida
diante dos produtos perigosos presentes no local sinistrado.

Neste módulo, você estudará sobre os procedimentos que podem orientar o


deslocamento e a chegada segura no ambiente sinistrado com emprego da
terminologia técnica de análise preliminar de riscos.

Bons Estudos!

Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

• Conceituar acidentes e incidentes;

11
• Diferenciar carga perigosa e produtos perigosos;

• Citar princípios fundamentais para a tomada de decisão;

• Classificar agentes perigosos;

• Enumerar as ações para a previsão de socorro às vítimas contaminadas


por produtos perigosos;

• Descrever as atitudes e ações durante o atendimento às emergências;

• Defender o cumprimento de normas dos planos locais de emergência.

Estrutura do Módulo

O presente módulo está dividido em:

Aula 1 – Emergência: acidente ou incidente com produtos perigosos.

Aula 2 – Os agentes perigosos e os procedimentos básicos de emergência em


vítimas contaminadas.

12
Aula 1 – Emergência: acidente ou incidente com produtos perigosos

Nesta aula, você estudará as definições, a nomenclatura básica e as


características existentes para entender a dinâmica das emergências.

1.1 Diferença entre acidente e incidente com produtos perigosos

Figura 1: Reflita!
Fonte: SCD/EaD/Segen.

Vamos ver o conceito dos dois:

Acidente

O acidente é o evento repentino e não desejado em que a liberação de


substâncias químicas, biológicas ou radiológicas perigosas em forma de incêndio,
explosão, derramamento ou vazamento causando danos às pessoas, aos bens ou
ao meio ambiente.

13
Incidente

O incidente é o evento repentino e não desejado que foi controlado antes


de afetar elementos vulneráveis (dano ou exposição às pessoas, aos bens ou ao
meio ambiente). Também denominado de “quase acidente”.

O que é acidente ambiental?

Conceitua-se acidente ambiental como o evento não previsível,


capaz de direta ou indiretamente causar danos aos ecossistemas e à
saúde humana, como vazamento ou lançamento de substâncias (gases,
líquidos ou sólidos) para atmosfera, para o solo ou para os corpos
d’água, além dos incêndios florestais ou em instalações industriais (IAT,
2020).

Figura 2: Carga perigosa


Fonte: SCD/EaD/Segen.

14
1.2 Definições do termo “produtos perigosos”

Produtos perigosos podem ser definidos como:

• Toda substância ou mistura de substâncias que, em razão de suas


propriedades químicas, físicas ou toxicológicas, isoladas ou combinadas,
constitui um perigo (OIT, 1993);

• Uma substância (sólida, líquida ou gasosa) que, quando liberada, tem a


capacidade de gerar ameaça às pessoas, ao meio ambiente e à propriedade
(NFPA, 1997);

• Qualquer material sólido, líquido ou gasoso que seja tóxico, radioativo,


corrosivo, quimicamente reativo ou instável durante a estocagem prolongada
em quantidade que represente uma ameaça à vida, à propriedade e ao meio
ambiente (DOT, 1998);

• Produtos que tenham potencial de causar dano ou apresentem risco à


saúde, segurança e meio ambiente e tenham sido classificados como tais de
acordo com critérios definidos pela regulamentação de transporte. (BRASIL,
ABNT, 2015).

1.3 Pontos a serem observados durante o atendimento às

emergências

Diante de uma chamada para o atendimento da emergência com produtos


perigosos, você, como profissional de segurança pública, deverá observar os
seguintes pontos vitais para a intervenção em emergências com produtos
perigosos:

15
I. Existência de pessoas desorientadas, inconscientes ou em óbito;

II. Fuga de pessoas e animais;

III. Mortandade de peixes, aves e animais domésticos e rurais;

IV. Cobertura vegetal queimada, descolorida ou morta;

V. Surgimento de testemunhas e vítimas que apresentem queimaduras,


intoxicação ou irritação dos olhos, região das axilas e órgãos sexuais;

VI. Presença de tambores, contêineres, tanques, caminhões-tanque, vagões-


tanque, posto de combustível, indústria química ou farmacêutica,
laboratórios radioativos, lixões, aterros sanitários, hospitais, rodovias,
ferrovias, dutovias, depósitos, docas de porto ou hangares;

VII. Tempo estimado decorrido do derrame (líquidos), escape (gases) ou


tombamento (sólidos) de produtos perigosos;

VIII. Volume estimado do vazamento do local armazenado, processo ou veículo


de transporte;

IX. Área em metros quadrados ou hectares com efetiva presença de agentes,


substâncias, elementos ou compostos orgânicos ou inorgânicos;

X. Notas fiscais, rótulos, embalagens, placas, documentos de transporte,


licenças, manifestos de carga, fichas de emergência, planos de segurança,
documentos do transportador, embarcador e fabricante.

1.4 Procedimentos se você for o primeiro a chegar no local

Quais serão suas tarefas?

Os cuidados no deslocamento e especial observação do cenário com


suspeita da presença de produtos perigosos auxiliam você a dimensionar o
chamado de reforço de especialistas ou notificação dos órgãos de governo e
organismos não governamentais. As atividades a seguir devem ser seguidas caso

16
o operador de segurança pública não tenha capacidade operacional de assumir a
ocorrência.

Quais serão suas atividades?

• Manter-se afastado do produto derramado, vazado ou espalhado no local;

• Se possível, realizar o isolamento do local;

• Estacionar veículos de inspeção de via, supervisão de serviço e operações


devidamente sinalizados em posição de fuga ou retirada rápida;

• Evitar inalar vapores, poeiras, gases e fumaças;

• Manter distância segura mínima de 100 metros em todas as direções;

• Identificar a direção do vento ou das correntes de ar para espaços


confinados;

• Usar binóculos para reconhecer a presença de vítimas, danos ambientais,


telefones, números, cores, placas, entre outras informações;

• Acionar equipes especializadas (Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, SAMU,


órgão ambiental, equipes de trânsito, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia
Rodoviária Federal) com capacidade de emprego de níveis de proteção
individual, de acordo com a necessidade de cada caso.

17
Resultados esperados

Figura 3: Resultados esperados


Fonte: SCD/EaD/Segen.

Importante!

Em caso de anormalidade, faça a comunicação de


risco à comunidade local utilizando-se da mídia local,
regional ou especializada.

18
Aula 2 – Os agentes perigosos e os procedimentos de emergência básicos em
vítimas contaminadas

Nesta aula, você estudará os agentes que podem provocar algum tipo de
dano aos seres vivos e suas características em acidentes e incidentes com
produtos perigosos, bem como os procedimentos de emergência básicos em
vítimas contaminadas.

2.1 Classificação dos agentes perigosos

Os agentes podem se tornar perigosos e provocar algum tipo de dano à vida,


ao meio ambiente e ao patrimônio. Os agentes perigosos são constituídos em:

Agentes químicos

Elementos ou compostos que têm o potencial de gerar queimaduras,


intoxicação, envenenamentos, inconsciência ou morte do ser humano, seres vivos
e flora. Os agentes químicos possuem características tais como: toxicidade,
corrosividade, explosividade, reatividade, radioatividade, inflamabilidade,
instabilidade, entre outros.

Agentes biológicos

São seres vivos que produzem enzimas ou toxinas que podem provocar
lesões, enfermidades ou morte dos indivíduos a eles expostos. Os exemplos são:
vírus HIV, ebola, vírus de Marburg, salmonela e arbovírus.

Agentes radioativos

São corpos que emitem radiações ionizantes que provocam lesões,


enfermidades ou morte dos indivíduos a eles expostos. Os exemplos são: Urânio
235, Césio 137, tório, estrôncio e cobalto.

19
QBRNe

Os agentes perigosos também são comumente chamados de


QBRNe, o termo QBRNe, que em inglês significa: Chemical, Biological,
Radiological and Nuclear (CBRN), sigla para Químicos, Biológicos,
Radiológicos ou Nucleares, combinados ou não com Explosivos, e que
vem ganhando destaque. Basicamente, refere-se aos tipos de agentes
que podem trazer ameaças às pessoas, ao meio ambiente e/ou à
propriedade em contextos e cenários diversos.

O atendimento a eventos QBRNe não difere, em linhas gerais,


aos princípios técnicos relacionados à contenção e ao controle daqueles
rotineiros envolvendo Produtos Perigosos. Até porque, todos os agentes
QBRNe guardam similaridades ou são os mesmos relativos à
classificação ONU para Produtos Perigosos. Talvez, a maior diferença
diga respeito à amplitude, propósitos e origem dos incidentes QBRN
(CBPMPR, 2018).

Dentre as motivações que resultam em ameaças QBRNe, destacam-se os


atos terroristas. Atos terroristas, utilizando agentes QBRNe, têm como objetivo,
dentre outros:

• Produzir um elevado número de mortos e feridos;

• Atacar locais de reunião de público e meios de transporte;

• Desorganizar as equipes de resposta;

• Provocar o caos nos centros médicos (hospitais) de referência;

• Atingir diretamente as equipes de resposta (policiais, bombeiros,


socorristas, etc.);

• Disseminar (espalhar) agentes contaminantes para locais e áreas distantes


da zona de impacto propriamente dita (Zona Quente), incluindo os

20
hospitais que recebem as vítimas oriundas do mesmo ataque;

• Dificultar ao máximo a identificação dos agentes QBRNe envolvidos no


ataque;

• Dificultar processos de descontaminação devido ao elevado número de


vítimas.

Potencial de Hidrogênio (pH)

Um índice muito utilizado no âmbito dos produtos perigosos é o potencial de


hidrogênio (pH) – que mede a acidez e alcalinidade do material. O potencial de
hidrogênio (pH), potencial de concentração do íon hidrogênio (H+), é um valor
mensurável que pode indicar a acidez, neutralidade ou alcalinidade de um meio.
Os valores de pH podem variar de 0 (máxima acidez) a 14 (máxima alcalinidade).

Quanto mais forte for um ácido, maior será a concentração do íon hidrogênio.
A 25º C uma solução considerada neutra tem um pH = 7. A água pura, considerada
neutra, tem um pH igual a 7. Substâncias com pH superiores a 7 são consideradas
alcalinas (bases); substâncias com pH abaixo de 7 são consideradas ácidas. Veja
alguns exemplos na figura abaixo:

21
Figura 4: Escala pH
Fonte: mundoeducacao.uol.com.br, 2020; SCD/EaD/Segen

22
2.2 Propriedades físico-químicas importantes

Densidade relativa dos gases e vapores:

Figura 5: Densidade dos gases e vapores


Fonte: EaD/CBPMPR, 2018.

Densidade relativa dos líquidos:

Figura 6: Densidade dos líquidos


Fonte: FISPQs.

23
Comportamento de gases/vapores e líquidos em função de sua densidade
durante o atendimento:

Figura 7: Comportamento de gases/vapores e líquidos


Fonte: CBPMPR, 2018.

2.3 Conceitos físico-químicos importantes:

Figura 8: Conceitos físico-químicos


Fonte: SCD/EaD/Segen.

24
Vamos estudá-las:

Miscibilidade

Refere-se à propriedade de duas ou mais substâncias se misturarem entre


si formando misturas homogêneas, com apenas uma fase, ou heterogêneas, com
mais de uma fase. Quando as substâncias se misturam, são ditas miscíveis.
Quando não se misturam, são ditas imiscíveis;

Solubilidade

Refere-se à capacidade de dissolução de uma substância dita soluto (ex.:


sal) em outra, de característica homogênea, dita solvente (ex.: água), formando
uma solução. Quando uma substância não consegue se dissolver em outra,
dizemos que ela é insolúvel.

Polaridade das moléculas

A polaridade das moléculas de uma substância, que está relacionada à


diferença de eletronegatividade e à geometria molecular, também influencia na
questão solubilidade. Algumas substâncias possuem moléculas consideradas
polares, que se dissolvem e se misturam na água, que é composta por moléculas
polares.

Outras possuem moléculas consideradas apolares, que não se dissolvem


nem se misturam com a água. As moléculas orgânicas constituídas exclusivamente
por átomos de Carbono (C) e Hidrogênio (H) formam os hidrocarbonetos. Como
praticamente não há diferença de eletronegatividade na molécula e elas possuem
um arranjo bastante simétrico, dizemos que os hidrocarbonetos são apolares.

A regra básica é: Semelhante dissolve semelhante.


Polar dissolve polar, apolar dissolve apolar. Isso é, se tenho
as mãos sujas com graxa, que é uma substância composta
por moléculas apolares, devo limpá-las com, por exemplo,
querosene, que é outra substância com moléculas apolares; e

25
não apenas com água pura, que é composta por moléculas
polares.

Exemplos de substâncias polares e apolares:

Substâncias Polares
• Água;
• Álcool;
• Vinagre;
• Ácido Clorídrico;
• Acetona;
• Amônia.

Substâncias Apolares
• Hidrocarbonetos derivados de petróleo em geral: Graxa; Diesel; Gasolina
etc.;
• Tetracloreto de Carbono;
• Gás Carbônico.

Decomposição química

Ocorre quando uma substância composta, submetida a determinadas


condições (ex.: aquecimento pelo fogo), se divide (se decompõe) em duas ou mais
substâncias ou elementos químicos. Ou seja:

AB → A + B

O fertilizante mineral Nitrato de Amônio (NH4NO3), por exemplo, quando


envolvido em um incêndio, mesmo sendo ele incombustível, pode se decompor
liberando gás amônia (NH3) e gases nitrosos (NOx).

NH4NO3 → NO x + NH3

26
SAIBA MAIS!

Os fertilizantes minerais (NPKs), embora não combustíveis,


podem, quando envolvidos em incêndios, se decompor emanando gases
tóxicos, irritantes e/ou corrosivos. Equipamentos de proteção respiratória
adequados devem ser previstos e utilizados pelas equipes de resposta.

Polimerização
A polimerização, de certa forma, é o inverso da decomposição. Assim, ela
se constitui no processo em que determinadas moléculas, chamados de
monômeros e que se encontram dissociadas em um determinado ambiente, são
agrupadas em uma única macromolécula (grande tamanho e massa molecular) que
passa a se chamar polímero. Para que tal processo ocorra, o meio em que as
moléculas dissociadas se encontram sofre uma reação química com aplicação de
catalizadores (aceleradores), emulsificantes, calor ou agitação mecânica.

2.4 Toxicologia

A toxicologia é ciência multidisciplinar que estuda os efeitos adversos dos


agentes sobre os organismos. O profissional que atua nessa área deve ter
conhecimentos de diversas outras áreas, como química, farmacocinética,
farmacodinâmica, clínica e legislação.

Toxicologia Clínica

A toxicologia clínica trata dos pacientes intoxicados, diagnosticando-os e


instituindo uma terapêutica mais adequada;

Toxicologia Experimental

A toxicologia experimental utiliza animais para elucidar o mecanismo de


ação, espectro de efeitos tóxicos e órgãos-alvos de cada agente tóxico; por fim,

27
Toxicologia Analítica

A toxicologia analítica identifica e quantifica toxicantes em diversas


matrizes, biológicas (sangue, urina, cabelo, saliva, vísceras, entre outras) ou
ambientais (água, ar, solo).

Os agentes podem oferecer riscos de periculosidade e insalubridade em


razão das suas propriedades, que podem ser absorvidas pela respiração cutânea
(pele), inaladas pelo aparelho respiratório, ingeridas pelo aparelho digestivo e
causar uma série de lesões nos tecidos vivos.

2.5 Conceitos toxicológicos:

Vamos estudar um pouco sobre os conceitos toxicológicos, confira:

Tóxico

Característica de um produto capaz de provocar efeitos nocivos a


organismos vivos, quando ingeridos, inalados ou por contato com a pele (Ref. ABT
NBR 14.064:2015);

Intoxicação

Manifestação clínica dos efeitos nocivos decorrentes da interação entre uma


substância química e o organismo (Ref. ABT NBR 14.064:2015);

Toxicidade

Capacidade, inerente a uma substância química ou a um produto químico,


de produzir um efeito deletério sobre um sistema biológico (Ref. ABT NBR
14.064:2015);

28
Toxicidade aguda

É aquela em que os efeitos tóxicos em animais são produzidos por uma


única ou por múltiplas exposições a uma substância, por qualquer via, por um curto
período, inferior a um dia. Geralmente as manifestações ocorrem rapidamente (Ref.
FIOCRUZ);

Toxicidade subcrônica

É aquela em que os efeitos tóxicos em animais produzidos por exposições


diárias repetidas a uma substância, por qualquer via, aparecem em um período de
aproximadamente 10% do tempo de vida de exposição do animal ou alguns meses
(Ref. FIOCRUZ);

Toxicidade crônica

É aquela em que os efeitos tóxicos ocorrem após repetidas exposições, por


um período longo de tempo, geralmente durante toda a vida do animal ou
aproximadamente 80% do tempo de vida.

29
2.6 Propriedades das substâncias e compostos

Figura 9: Propriedades das substâncias e compostos


Fonte: SCD/EaD/Segen.

30
2.7 As características dos produtos perigosos no ambiente

Os produtos perigosos no meio ambiente possuem duas características comuns:

Extrapolação dos limites ESPACIAIS

Os produtos extrapolam os limites espaciais porque sua ação não se


restringe ao local onde ocorreu o acidente, uma vez que esses produtos, em função
do seu estado físico, podem espalhar-se na forma de poeiras, névoas, partículas
ou nuvens contaminantes, atingindo regiões territoriais maiores do que as
originalmente atingidas.

Extrapolação dos limites TEMPORAIS

Os produtos extrapolam os limites temporais porque seus efeitos podem


surgir horas, dias, meses ou anos após a exposição ao produto. Recomenda-se
que os atendentes e as vítimas sejam orientados a fazer exames médicos e
laboratoriais regularmente.

O Programa Internacional de Segurança sobre Substâncias Químicas –


PISSQ (1988) – lista outras características relacionadas com produtos químicos, a
saber:

Graus diferenciados de exposição

Uma exposição química sem trauma mecânico associado pode produzir um


número de efeitos previsíveis à saúde humana, animal e ao meio ambiente natural.
Nem todas as vítimas apresentarão os mesmos tipos de efeitos, pois isso
dependerá das vias de exposição, da duração do contato com a substância, da
predisposição individual e da vulnerabilidade ambiental.

31
Área de contaminação

Região territorial ou lacustre onde estão ou podem surgir os produtos


perigosos na forma de incidente ou acidente. A zona ou área contaminada é aquela
em que os contaminantes estão presentes e onde os profissionais da segurança
pública e da saúde somente poderão entrar capacitados e utilizando-se de
equipamentos de proteção individual (EPI) em nível completo de encapsulamento.

Risco de contaminação

Os indivíduos expostos aos agentes perigosos podem constituir risco para


outras pessoas e para o pessoal especializado no resgate, os quais podem se
contaminar com as substâncias impregnadas nas roupas e objetos das vítimas. Por
isso, é necessário realizar a descontaminação das vítimas e materiais antes da
remoção para o tratamento médico definitivo ou devolução de materiais para seus
usuários.

Desconhecimento das propriedades e efeitos dos agentes

No caso de vários produtos perigosos envolvidos, é difícil conhecer as


propriedades e efeitos à saúde. Assim, é importante estabelecer um sistema eficaz
de informação das principais substâncias envolvidas e divulgar ao pessoal
respondente e demais trabalhadores.

Necessidade de oferecer suporte

A realização de um inventário é necessária para a identificação dos riscos e


de recursos disponíveis para tratamento das vítimas expostas que sofreram
queimaduras corrosivas ou térmicas, intoxicações respiratórias com suporte
ventilatório ou envenenamentos.

Essas características certamente exigirão de você atenção, técnicas e


cuidados especiais. A figura a seguir apresenta a diferença entre as condutas
exigidas de um profissional da área de segurança pública em um acidente com a

32
presença de produtos perigosos e um acidente sem essa característica.

Figura 10: Características do acidente com e sem produtos perigosos


Fonte: do conteudista.

2.8 Formas de exposição

A exposição é o contato do ser vivo com o produto perigoso. As formas de


exposição podem ser por:

Inalação (vias aéreas):

A mais comum das formas de contaminação que pode


atingir as equipes de resposta, ocorre quando um gás/vapor
perigoso, em determinadas concentrações após ser inalado
por certo período de tempo, segue para os pulmões e acaba
entrando na corrente sanguínea, agindo no sistema nervoso
e podendo levar à morte. Também pode ser uma via de
entrada para partículas perigosas.
Figura 11: Vias aéreas
Fonte: SCD/EaD/Segen.

33
Ingestão (boca):

Usualmente relacionada a acidentes por ingestão


acidental ou voluntária envolvendo crianças e pessoas com
problemas psicológicos/psiquiátricos. O contaminante, após
engolido, segue pelo aparelho digestivo, eventualmente
danificando estruturas, sendo absorvido pelo organismo,
entrando na corrente sanquínea e agindo no sistema nervoso.
Figura 12: Boca
Fonte: SCD/EaD/Segen.

Absorção cutânea (pele):

Também chamada de intradérmica, ocorre quando


determinado contaminante, em um bom nível de contato com
a pele, acaba, por permeação ou penetração, atingindo as
camadas mais profundas do tecido chegando à corrente
sanguínea.
Figura 13: Pele
Fonte: SCD/EaD/Segen.

Injeção (intravenosa, subcutânea):

Entrada direta de contaminante no organismo por meio


de injeção, como a intravenosa, a subcutânea, a
intramuscular etc. Muitas vezes, o contaminante é colocado
diretamente na corrente sanguínea.

Figura 14: Injeção


Fonte: SCD/EaD/Segen.

34
Conjuntiva (mucosas):

Pode ocorrer, por exemplo, na transmissão de micro-


organismos patológicos que entram no organismo após
contato com as mucosas ocular nasal ou oral. Bastante
relevante em ambientes e procedimentos que exigem
biossegurança.
Figura 15: Mucosas
Fonte: SCD/EaD/Segen.

2.9 Sinais gerais de intoxicados

A interpretação da condição física e mental da vítima exige que o socorrista


use os sentidos da visão, do olfato, da audição e do tato. Você deve atentar para a
sua própria segurança, ou seja, há a necessidade de se avaliar a segurança da
cena e os riscos de outras contaminações oriundas da vítima.

Você deve buscar quais foram as causas dos ferimentos, determinando o


que aconteceu com a vítima. Se a vítima queixa-se de cefaleia, náuseas, vômito,
sonolência, alteração de comportamento, convulsões, cor cinza ou azul da pele,
dificuldades respiratórias ou fase de inconsciência, pode existir um indício de
intoxicação ou contaminação por produtos químicos, biológicos ou radiológicos.

35
2.10 Procedimentos de emergência básicos em vítimas

contaminadas

• Acionar atendimento qualificado (USA – Unidade de Suporte Avançado


Terrestre);

• Retirar a vítima do local contaminado utilizando os equipamentos


específicos, conforme os riscos existentes no acidente;

• Iniciar a descontaminação da vítima:

✓ Remover roupas e sapatos contaminados, tomando cuidado com

possível aderência na pele;

✓ Enxaguar a região contaminada com muita água, caso seja líquido,

lavando em seguida com água e detergente neutro;

✓ Não jogar água no produto perigoso caso esteja no estado sólido (pó)

e reduzir a contaminação utilizando pano seco;

✓ Em caso de contaminação do globo ocular, manter as pálpebras da

vítima abertas e enxaguar com muita água;

• Monitorar sinais vitais da vítima quando puder;

✓ Administração de antídoto conforme identificação do contaminante;

✓ Iniciar Avaliação Primária da vítima:

A de airway (ou vias aéreas)

Verificar de vias aéreas e controle da coluna cervical, se


necessário;

B de breathing (ou respiração)

Verificar se há ventilação e oxigenação da vítima;

36
C de circulation (ou circulação)

Verificar pulso, controlar hemorragia externa e iniciar


Reanimação Cardiorrespiratória caso necessário;

D de disability (ou incapacidade)

Verificar o nível de consciência da vítima;

E de exposure (ou exposição)

Manter a vítima aquecida tomando cuidado com a


compatibilidade química entre o contaminante e o material
utilizado para proteção da vítima.

• Permanecer em lugar ventilado;

• Não provocar vômito ou administrar qualquer tipo de paliativo;

• Jamais tentar realizar a descontaminação na vítima com qualquer tipo

substâncias incompatíveis, com exceção da água;

• Transportar a vítima para um hospital de referência, informando as

características do material perigoso;

• Atentar para os riscos de contaminação secundária e cruzada utilizando os

Equipamentos de Proteção Individual adequados.

37
Finalizando...

Neste módulo, você estudou:

• As ações procedimentais que podem orientar o deslocamento e a chegada


segura no meio ambiente sinistrado com emprego da terminologia técnica
de análise preliminar de riscos;

• Os procedimentos a serem tomados se você for o primeiro a chegar no local;

• Os procedimentos de emergência básico em vítimas contaminadas;

• Estudou ainda, sobre os agentes perigosos diversos e suas características;

• O conceito de toxicologia; e

• Formas de exposição.

38
Módulo 2 – Plano de ação em emergência: comunicação e

notificação

Apresentação do Módulo

É importante que você entenda que sua instituição pode ser um dos órgãos
de resposta e apoio à movimentação e operação envolvendo produtos perigosos
na região territorial. Na maior parte das regiões brasileiras, esses produtos, com
potencial de causar desastres, são pouco monitorados ao longo de seu processo,
estoque, transporte e destinação final.

Todavia, esses produtos são essenciais para o bem-estar do ser humano e


não deve ser sua intenção, como profissional de segurança pública, gerar pânico
em relação aos produtos envolvidos no sinistro, pois esses produtos são essenciais
para o país.

As rotinas de logística com produtos perigosos têm a implantação de


programas de controle de frota, estoque e processos, porém a negligência, a
imprudência e a imperícia podem gerar um acidente de dimensões ampliadas com
consequências catastróficas. Prevenir essa situação não desejada deve ser o
escopo dos planos de ação em emergência formulados pelo fabricante,
embarcador, transportador e equipes de socorro e atendimento às ocorrências com
produtos perigosos.

Neste módulo, você estudará sobre as principais organizações


governamentais e não governamentais que você deve acionar e notificar na
ocorrência de acidentes envolvendo produtos perigosos, segundo plano de ação
em emergência em vigor para a região sinistrada.

39
Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

Analisar a legislação ambiental;

Reconhecer a importância de trabalhar em equipe com divisão de tarefas e


manter-se atualizado.

Estrutura do Módulo

Este módulo está dividido em:

Aula 1 – Ação de controle inicial

Aula 2 – Acionamento e notificação

40
Aula 1 – Ação de controle inicial

Nesta aula, você estudará as ações executadas pelos primeiros recursos


operacionais envolvidos na operação de resposta com capacidade de agir para
minimizar os efeitos dos produtos envolvidos.

1.1 Ação inicial do operador de segurança pública

Entre as competências a serem desenvolvidas por você como profissional


de segurança pública está a capacidade de responder à situação de crise e
emergência. Isso envolve lidar com diversos fatores, tendências e atos inseguros e
de incerteza.

Devido ao enfrentamento de ocorrências complexas, você deve estar preparado e


capacitado para:

Tomar as primeiras providências com o propósito de salvar vidas, defender


o meio ambiente e proteger o patrimônio dos efeitos de vazamentos com
produtos perigosos;

Reconhecer os riscos existentes no cenário sinistrado;

Mobilizar o socorro para intervenção do nível operacional e técnico;

Controlar a área contaminada até a chegada das instituições convocadas


para intervir no sinistro.

41
1.2 Dados para o início da intervenção do primeiro a chegar ao local

sinistrado

Ao registrar a chamada, é importante anotar dados, porque você ajudará a


equipe a chegar ao local e orientar as pessoas para adoção dos primeiros cuidados
na cena. Os dados abaixo serão conteúdos para a confecção de relatórios de
trabalho, a saber:

I. Endereço do lugar, hora e condições climáticas do local do acidente;

II. Número de vítimas e suas condições de saúde;

III. Ocorrência de incêndios, vazamentos ou explosões;

IV. Liberação de produtos contaminantes para o meio ambiente;

V. Sinais, marcas, cores, nomes, números, rótulos e documentos que


permitam identificar o produto;

VI. Sensação de odor ou ruído de escape gasoso;

VII. Testemunhas que possam descrever o cenário ou que conheçam o local;

VIII. Condições do terreno ou acesso aquático;

IX. Lugar para definir ponto de encontro dos profissionais que vão se dirigir ao
local para intervenção.

Importante!

Regras-chave de segurança

É necessário você conhecer os procedimentos a serem


utilizados pelos órgãos participantes empenhados na
ocorrência. Seguem algumas regras que vão auxiliar na
instalação dos serviços de resposta no local:

❖ Não se transforme em uma vítima;

42
❖ Não se precipite;

❖ Não decida sem conhecer a área de trabalho;

❖ Não toque, deguste ou respire vapores e nuvens da


área sinistrada.

1.3 Primeiro respondedor

Se você for o primeiro respondedor a chegar ao local do acidente, com


capacidade operativa, você deverá seguir algumas orientações que estão na
Tarjeta de Campo (SCI).

Tarjeta de Campo (SCI)

A tarjeta de campo é uma espécie de cartão que contém


uma lista de procedimentos a serem realizados e que pode
ficar na viatura. Trata-se de um guia que segue orientações
do Sistema de Comando de Incidentes (SCI), e que consiste
nas ações que deverão ser realizadas pelo primeiro
respondedor que chega com capacidade operacional na cena
e assume o comando, visando organizar de forma rápida e
eficiente a resposta ao incidente, e serve como um facilitador
nos casos de transferência do comando.

43
Nota: Sistema de Comando de Incidentes (SCI) é uma ferramenta de
gerenciamento, utilizada em incidentes, composta por um conjunto pré-
estabelecido de procedimentos a serem adotados, com o objetivo de destinar os
recursos disponíveis para as atividades que são prioritárias em uma ocorrência.

Os 8 passos a seguir se você é o primeiro a chegar à cena com capacidade


operacional são:

Figura 16: 8 Passos do primeiro respondedor


Fonte: SCD/EaD/Segen.

44
Segue assim, alguns itens que devem ser levados em consideração ao realizar
cada passo da Tarjeta de Campo.

Estabelecendo o Posto de Comando:

Ao estabelecer o Posto de Comando, deve-se assegurar que este tenha:

• Segurança e visibilidade;

• Facilidades de acesso e circulação;

• Disponibilidade de comunicações;

• Lugar distante da cena, do ruído e da confusão;

• Capacidade de expansão física.

Avaliação da Situação

Aspectos a considerar ao avaliar a situação:

• Qual é a natureza do incidente?

• O que ocorreu?

• Quais ameaças estão presentes?

• Qual o tamanho da área afetada?

• Como poderia evoluir?

• Como seria possível isolar a área?

• Quais seriam os lugares mais adequados para PC (Posto de Comando), E


(Área de Espera) e ACV (Área de Concentração de Vítimas)?

• Quais são as rotas de acesso e de saída mais seguras para permitir o fluxo
de pessoal e do equipamento?

• Quais são as capacidades presentes e futuras, em termos de recursos e


organização?

45
Estabelecimento do Perímetro de Segurança

Ao estabelecer um perímetro de segurança devem ser considerados os


seguintes aspectos:

• Tipo de Incidente;

• Tamanho da área afetada;

• Topografia;

• Localização do incidente em relação à via de acesso e áreas disponíveis


ao redor;

• Áreas sujeitas a desmoronamentos, explosões potenciais, queda de


escombros, cabos elétricos;

• Condições atmosféricas;

• Possível entrada e saída de veículos;

• Coordenar a função de isolamento perimetral com o organismo de


segurança correspondente;

• Solicitar ao organismo de segurança correspondente a retirada de todas as


pessoas que se encontrem na zona de impacto, exceto o pessoal de
resposta autorizado.

Procedimentos para Transferência de Comando

Ao transferir o comando devem ser considerados os seguintes aspectos:

• Estado do incidente;

• Situação atual de segurança;

• Objetivos e prioridades;

• Organização atual;

• Designação de recursos;

• Recursos solicitados e a caminho;

• Instalações estabelecidas;

46
• Plano de comunicações;

• Provável evolução.

Nota: O Posto de Comando (PC) é o local definido e sinalizado onde são


desenvolvidas as atividades de administração e comando da operação. Deve ser
facilmente localizável e mobilizável em caso de aumento ou surgimento de outros
riscos.

Importante!

São importantes a aproximação e posicionamento dos


profissionais e da equipe de trabalho a favor do vento em
áreas mais elevadas, com águas escoando abaixo da cena, e
o emprego de binóculos com vento pelas costas a uma
distância não menor do que 100 metros do derramamento,
vazamento, escape ou tombamento de produto.

47
Aula 2 – Acionamento e notificação

Nesta aula, você estudará as técnicas de acionamento e notificação de


fabricantes, transportadores, embarcadores e usuários de produtos perigosos, a fim
de identificar os recursos locais para o atendimento da emergência.

2.1 O contexto regional e os acidentes de trânsito

As unidades federativas do Brasil pouco conhecem dos potenciais


causadores de desastres em seus territórios. A fabricação, a manipulação, o
transporte e o armazenamento de produtos biológicos, físico-nucleares e químicos
pouco são monitorados pelos órgãos responsáveis, contando apenas com a sorte
para que os incidentes rotineiros não se transformem em acidentes ampliados.

Os “Produtos Químicos” constituem um elemento importante na estrutura


econômica de qualquer país industrializado, pois se trata de uma atividade
necessária à viabilidade de produção de diversos setores, pois não há atividade ou
setor produtivo que não utilize, em seus processos ou produtos finais, algum
insumo de origem química. Portanto, o conhecimento sobre tais produtos é de
fundamental importância a todos os que estão envolvidos com a segurança de
vidas, meio ambiente e bens, pois eles estão dentro das residências através de
produtos de limpeza, inseticidas e gases de cozinha.

Nos estabelecimentos comerciais, estão presentes nas lojas de tintas e


solventes, fertilizantes e pesticidas, casa de fogos de artifícios, farmácias e
supermercados, revendas de gás de cozinha e postos de combustíveis. Encontram-
se também nas pequenas e grandes indústrias dos mais variados setores sob as
formas de matéria prima e produto acabado, nos laboratórios de produtos químicos
e indústrias farmacêuticas.

48
Estima-se que existam cerca de 20 milhões de
formulações químicas no mundo, sendo que, destas,
aproximadamente 1 milhão representam substâncias ou
produtos perigosos, dos quais somente 800 possuem
estudos sobre seus efeitos na saúde ocupacional do
homem, segundo dados da ONU de 1998. Este número
expressivo de produtos químicos vem potencializar o
risco de ocorrência de acidentes que causem danos à
saúde, ao meio ambiente e ao patrimônio, podendo até
atingir dimensões catastróficas.

Um acidente envolvendo Produtos Perigosos (PP) não pode ser encarado


como um acidente comum, como por exemplo, um simples acidente de trânsito,
pois enquanto este atinge um número restrito de pessoas, aquele pode atingir uma
quantidade maior que, com o transcorrer do tempo na emergência, poderá
aumentar ainda mais sua proporção, podendo atingir comunidades inteiras.

Deve-se levar em consideração ainda que, além das conseqüências naturais


do acidente envolvendo produtos perigosos, tais como incêndio, explosão ou
vazamento, associa-se o efeito da combinação ou reação do produto com o ar,
água e resíduos sólidos, que podem resultar em danos para a saúde humana
(mortos e feridos) e para o meio ambiente (contaminação do ar, solo e água).

O transporte rodoviário, por via pública, de produtos que sejam perigosos,


por representarem risco para a saúde de pessoas, para a segurança pública ou
para o meio ambiente, é submetido às regras e aos procedimentos estabelecidos
pelo regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, Resolução
nº 5848/2019/DG/ANTT/MI e alterações, complementado pelas Instruções
Complementares aprovadas pela Resolução ANTT nº 420/04 e suas alterações,
sem prejuízo do disposto nas normas específicas de cada produto.

Tem-se assim que, por apresentarem risco à saúde, meio ambiente e

49
patrimônio, o transporte rodoviário de produtos perigosos precisa ser feito por
pessoas capacitadas e treinadas, no mínimo, com o curso MOPP (Movimentação
Operacional de Produtos Perigosos), exigência essa para conduzir veículos que
transportem esse tipo de material.

2.2 Órgãos envolvidos nas ações

A lista de instituições e órgãos apresentados na figura a seguir faz parte de


uma estrutura ideal para o controle do processo e movimentação de produtos
perigosos, baseada na experiência regional. Você deve ficar atento se os órgãos
oferecem subsídios para a execução do plano.

Importante!

Telefones de acionamento:

Polícia Militar.................................................190;
Polícia Rodoviária Federal............................191;
Pronto-Socorro..............................................192;
Bombeiros.....................................................193;
Polícia Federal..............................................194;
Companhia de água......................................195;
Defesa Civil...................................................199.

50
Veja as funções a serem exercidas na resposta aos acidentes ambientais:

Figura 17: Respostas aos acidentes ambientais


Fonte: Hauser & Clousing, 1988 (adaptado).

2.3 Legislação e normas de consulta

A partir dos diversos acidentes de grande porte ocorridos no período pós-


guerra, a ONU, em 1957, criou uma comissão que elaborou uma relação de 2.130
produtos químicos considerados como perigosos e definiu um número de
identificação para cada um deles, sendo adotado pela comunidade internacional.

O Brasil, como um dos signatários daquele organismo internacional, trouxe


para o seu arcabouço legislativo as recomendações e classificações editadas pelo
organismo, porém, isso não ocorreu de forma imediata. Apenas em 1983, a
exemplo do que ocorreu com a ONU, após a ocorrência de dois acidentes

51
marcantes, o do Pó da China no Rio de Janeiro e do incêndio na composição
ferroviária, em Pojuca, Bahia, o Ministério dos Transportes editou o Decreto nº
88.821/83, disciplinando o transporte de produtos perigosos, individualizando a
responsabilidade de cada envolvido e definindo suas atribuições. Em 1988 a
legislação foi substituída pelo Decreto n° 96.044, que estabeleceu o Regulamento
para o Transporte Rodoviário de produtos perigosos, sendo regulamentado pela
Portaria n° 291, de 31/05/88, também daquele Ministério.

Em 05/06/2001 foi publicada a Lei Federal Nº 10.233/01, passando à


Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a atribuição de estabelecer
padrões e normas técnicas complementares relativas às operações de transporte
terrestre de produtos perigosos. Consequentemente, em 12/02/2004 o órgão
publicou a Resolução Nº 420/04, estabelecendo a nova relação dos produtos
perigosos e os seus números de identificação ONU, quantidades isentas, classes
de risco, grupos de embalagens e provisões especiais, substituindo ainda algumas
Portarias do Ministério do Transporte.

Ao lado desses dispositivos legais dos Poderes Legislativo e Executivo


nacional, são encontradas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), registradas no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(INMETRO), que são aplicadas para a fiscalização do transporte dos produtos
químicos.

Ainda no âmbito federal, em 1996, foi publicado o Decreto n°1.797, que


colocou em execução o “Acordo de Alcance Parcial para Facilitação do Transporte
de produtos perigosos entre os Países Integrantes do Mercado Comum do Sul
(MERCOSUL)”, firmados pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Segue abaixo a relação das legislações, nas suas várias esferas territoriais,
que regulamentam o transporte rodoviário de produtos perigosos são:

Mercosul

• Decreto Nº 1.797, de 25/01/96 – Dispõe sobre a execução do Acordo de


Alcance Parcial para facilitação do Transporte de produtos perigosos, entre o
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

52
• Decreto Nº 2.866, de 08/02/98 – Aprova o regime de infrações e sanções
aplicáveis ao transporte terrestre de produtos perigosos.

• Portaria MT Nº 22/01, de 19/01/01 – Aprova as instruções para a Fiscalização


do Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos no MERCOSUL.

Federal

• Decreto-Lei Nº 2.063, de 06 de outubro de 1983 – Dispõe sobre multas a


serem aplicadas por infrações à regulamentação para a execução do serviço
de transporte rodoviário de cargas ou produtos perigosos e dá outras
providências.

• Decreto Nº 96.044, de 18/05/1988 – Aprovou o Regulamento para o Transporte


Rodoviário de produtos perigosos (RTPP) e dá outras providências.

• Resolução Nº 91, de 04/05/98 – Dispõe sobre os Cursos de Treinamento


Específico e Complementar para Condutores de Veículos Rodoviários
Transportadores de Produtos Perigosos.

• Lei Nº 9.611, de 19/02/1998 – Dispõe sobre o Transporte Multimodal de Cargas


e dá outras providências.

• Lei Nº 9.605, de fevereiro de 1998 – Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de conduta e atividades lesivas ao meio ambiente e
dá outras providências.

• Decreto Nº 4.097, de 23 de janeiro de 2002 – Alterou a redação dos art. 7 e


19 dos Regulamentos para os Transportes Rodoviário e Ferroviário de
Produtos Perigosos, aprovados pelos Decretos 96.044/88 e 98.973/90.

• Portaria MT Nº 349, de 04 de junho de 2002 – Aprovou as Instruções para a


Fiscalização do Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos no Âmbito
Nacional.

• Resolução ANTT N º 420/2004 – Aprovou as instruções complementares ao


RTPP.

53
Legislações Especiais

• Resolução CNEN NE - 5.0113/88 – estabelece padrões de segurança que


proporciona nível aceitável de controle dos riscos de radiação, criticalidade e
térmico para pessoas, propriedades e meio ambiente associados ao transporte
de material radioativo que se baseiam nos Regulations for the Safe Transport
of Radioactive Material (TS-R-1 (ST-1 Revisado)), da IAEA , Viena (2000).

• Decreto nº 10.030, de 30 de setembro de 2019 – Aprova o Regulamento de


produtos controlados.

• Regulamentos Técnicos do INMETRO – normas expedidas pelo órgão que


especifica procedimentos e critérios para o Certificado de Capacitação de
Tanques conforme a sua destinação de utilização, para-choques traseiros etc.

Normas Técnicas da ABNT

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável


pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao
desenvolvimento tecnológico brasileiro. As Normas Brasileiras (NBR) são o
conjunto de especificações que normalizam procedimentos, terminologia etc. e tem
como objetivo padronizar as exigências para o transporte de produtos perigosos,
tais como identificação do produto, equipamentos de proteção individual para
avaliação e fuga (EPI), conjunto de equipamentos para situações de emergência,
envelope para o transporte, ficha de emergência, símbolos de risco e manuseio,
entre outros.

As normas não são obrigatórias, exceto quando há uma previsão legal. No


que tange a produtos perigosos, o Decreto Nº 96.044 e a Resolução N º 420/2004
adotam várias Normas Brasileiras, tornando-as dessa forma obrigatórias. Dentre
elas, pode-se citar:

• NBR - 7.500/2004 – Símbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e


Armazenamento de Materiais.

• NBR - 7.501/2003 – Transporte Terrestre de Produtos Perigosos –


Terminologia.

54
• NBR - 7.503/2003 – Ficha de Emergência para o Transporte de Produtos
Perigosos.

• NBR - 7.504/2004 – Envelope para Transporte de Produtos Perigosos –


Características e Dimensões.

• NBR - 8.285/2000 – Preenchimento da Ficha de Emergência para o Transporte


de Produtos Perigosos.

• NBR - 9.734/2003 – Conjunto de Equipamentos de Proteção Individual para


Avaliação de Emergência e Fuga no Transporte Rodoviário de Produtos
Perigosos.

• NBR - 9.735/2003 – Conjunto de Equipamentos para Emergência no


Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos.

• NBR - 10.271/2003 – Conjunto de Equipamentos para Emergência no


Transporte Rodoviário de Ácido Fluorídrico.

• NBR - 12.710/2000 – Proteção contra Incêndio por Extintores, no Transporte


Rodoviário de Produtos Perigosos.

• NBR - 12.982/2004 – Desgaseificação de Tanque Rodoviário para Transporte


de Produto Perigoso – Classe de Risco 3 – Líquidos Inflamáveis.

• NBR - 13.095/1998 – Instalação e Fixação de Extintores de Incêndio para


Carga no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos.

• NBR - 14.064/2003 – Atendimento a Emergência no Transporte Terrestre de


Produtos Perigosos.

• NBR - 14.095/2003 – Área de Estacionamento para Veículos Rodoviários de


Transporte de Produtos Perigosos.

55
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:

As unidades federativas do Brasil pouco estão adequadas para


monitorar os potenciais causadores de desastres envolvendo
produtos perigosos;

São vários os órgãos governamentais e não governamentais que


podem ser acionados e notificados quanto à ocorrência de
acidentes.

56
Módulo 3 – Sistema de Comando de Incidentes (SCI)

Apresentação do Módulo

Neste módulo, você estudará sobre o Sistema de Comando de Incidentes


(SCI), ferramenta padronizada de atendimento à diversos tipos de situações. Tal
ferramenta é amplamente utilizada em todo o território nacional e também no
âmbito internacional.

Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

• Conceituar o Sistema de Comando de Incidentes (SCI);

• Conhecer o histórico do SCI;

• Aplicar os princípios do SCI;

• Conhecer a estrutura e funções do SCI;

• Identificar as instalações do SCI; e

• Preencher os formulários mais usados no SCI.

Estrutura do Módulo

Este módulo está dividido em:

Aula 1 – Sistema de Comando de Incidentes

Aula 2 – Princípios

57
Aula 3 – Estrutura e funções

Aula 4 – Instalações

Aula 5 – Gerenciamento de recursos

Aula 6 – A primeira resposta e o período inicial

Aula 7 – Instrumentos de consulta e registro

58
Aula 1 - SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES (SCI)

1.1 Conceito

É uma ferramenta de gerenciamento de incidentes padronizada, para todos


os tipos de sinistros e eventos, que permite a seu usuário adotar uma estrutura
organizacional integrada para suprir as complexidades e demandas de incidentes
únicos ou múltiplos, independente das barreiras jurisdicionais.

1.2 Histórico

O conceito de Sistema de Comando de Incidentes foi desenvolvido há mais


de meio século, após um incêndio florestal que devastou a Califórnia, onde no ano
de 1970, durante treze dias, dezesseis vidas foram perdidas, mais de setecentas
edificações, de todas as naturezas, foram destruídas e mais de meio milhão de
acres de vegetação foram queimados. O custo total estimado com as perdas
durante os incêndios foram US$ 18 milhões por dia. E, embora todas as agências
e instituições que responderam aos incêndios tenham dado o melhor de si, a falta
de comunicações integradas e coordenação entre elas levaram à perda de
efetividade das ações desenvolvidas.

O Departamento de Proteção Florestal e de Incêndios da Califórnia,


Secretaria de Serviços de Emergência, os Corpos de Bombeiros dos Condados de
Los Angeles, Santa Bárbara e Ventura e o Corpo de Bombeiros da cidade de Los
Angeles se juntaram ao Serviço Florestal dos EUA para desenvolver o sistema.
Este sistema, inicialmente, ficou conhecido como FIRESCOPE (FIghting
RESources of California Organized for Potential Emergencies).

Em 1973, a primeira equipe técnica do FIRESCOPE foi estabelecida para


conduzir as pesquisas e o desenvolvimento do projeto. Os dois principais
componentes que resultaram deste trabalho foram o Incident Command System
(Sistema de Comando de Incidentes) e o Multi-Agency Coordination System
(Sistema de Coordenação de Múltiplas Agências).

59
Após analisar os resultados desastrosos da atuação integrada e improvisada
de diversos órgãos e jurisdições naquele episódio, o FIRESCOPE concluiu que o
problema maior não estava na quantidade nem na qualidade dos recursos
envolvidos, o problema estava na dificuldade em coordenar as ações de diferentes
órgãos e jurisdições de maneira articulada e eficiente.

O FIRESCOPE identificou inúmeros problemas comuns às respostas a


sinistros envolvendo múltiplos órgãos e jurisdições, tais como:

Figura 18: Problemas identificados


Fonte: SCD/EaD/Segen.

Os esforços para resolver essas dificuldades resultaram no desenvolvimento


do modelo original do SCI para gerenciamento de incidentes. Entretanto, o que foi
originalmente desenvolvido para combate a incêndios florestais, evoluiu para um
sistema aplicável a qualquer tipo de emergência.

A correta utilização do Sistema de Comando de Incidentes vai permitir com


que sejam atingidos três objetivos principais durante o atendimento de um
incidente:

60
Figura 19: Objetivos a serem alcançados no atendimento
Fonte: SCD/EaD/Segen.

Sendo utilizado de maneira correta e respeitando-se os princípios adotados


para a ferramenta, o SCI deve atingir as finalidades e os benefícios para os quais
o sistema foi desenvolvido, e que seriam:

• Atender as necessidades dos incidentes, independente do seu tipo ou


magnitude;

• Permitir que o pessoal empregado no evento, proveniente de uma variada


gama de agências, organizações e instituições, possam ser integrados
rapidamente e com eficiência a uma estrutura de gerenciamento
padronizada;

• Prover suporte administrativo e logístico ao pessoal da área operacional;

• Ser efetivo, do ponto de vista do custo e do emprego dos recursos, evitando-


se a sobreposição de esforços.

61
SAIBA MAIS!

O SCI vem sendo introduzido no Brasil a partir dos cursos de


formação desde meados dos anos 2000, porém só se tornou realmente
conhecido a partir do ano 2005.

No Brasil recebeu várias denominações:

• SICOE - Sistema de Comando em Operações e Emergência (São Paulo);


• SCO – Sistema de Comando em Operações (Santa Catarina);
• SCI - Sistema de Comando de Incidente (Brasília e demais estados).

62
Aula 2 - Princípios do SCI

O SCI é uma ferramenta de gerenciamento. Sendo assim, ele possui uma


série de princípios que, colocados em prática, torna-o uma ferramenta adequada
para coordenar a atuação integrada de múltiplos órgãos em situações diversas. Por
isso, é importante destacar que o SCI é muito mais do que apenas um organograma
demonstrando as funções de cada um. O SCI se baseia em nove princípios, que
devem ser seguidos para o efetivo funcionamento da ferramenta e que você vai
conhecer a partir de agora.

1 - Terminologia Comum

Para que as comunicações se processem de uma forma clara e concisa é


necessário que todas as instituições se comuniquem através de uma terminologia
comum, ou seja, os elementos organizacionais, os títulos das posições, os recursos
e as instalações devem empregar nomenclaturas que sejam do entendimento de
todos envolvidos no incidente.

2 - Alcance de Controle (princípio básico)

Um líder de grupo só consegue comandar, com eficiência, um grupo


composto de 3 a 7 elementos, sendo 5 um número ideal. Acima de 7 pessoas o
controle das atividades fica prejudicado. Logo, cada supervisor deve estar
responsável por, no máximo, 7 elementos supervisionados.

3 - Organização Modular

A organização modular está baseada no tipo, magnitude e complexidade do


incidente. Cresce de baixo para cima em função dos recursos na cena e do alcance
de controle. É estabelecida de cima para baixo de acordo com as necessidades.

63
4 - Comunicações Integradas

Na estrutura do SCI, as comunicações são estabelecidas em um único plano,


no qual é utilizada a mesma terminologia, os canais e as frequências são comuns
ou interconectados, e as redes de comunicações são estabelecidas dependendo
do tamanho e complexidade do incidente.

5 - Plano de Ação do Incidente (PAI)

É um planejamento específico para atender a um incidente. Pode ser mental


ou escrito, sendo de fundamental importância para incidentes com durações
superiores a 4 horas. O plano apresenta a seguinte estrutura: Objetivos;
organização; estratégias; e recursos. O PAI deve ser atualizado para cada período
operacional.

6 - Cadeia de Comando

O canal de comando se refere à linha hierárquica de autoridade na qual se


organiza as posições a serem ocupadas durante a organização do gerenciamento
de um incidente. Dentro da cadeia de comando cada indivíduo tem uma pessoa a
quem se reportar na cena do incidente e apenas a esta pessoa o fará.

7 - Comando Unificado

É uma estrutura de gerenciamento que agrega todos os “Comandantes de


Incidente” de todas as agências e organizações envolvidas em um único incidente,
visando a coordenação efetiva da resposta, ao mesmo tempo em que cada um
daqueles comandantes cumpre com suas responsabilidades funcionais ou
jurisdicionais.

64
8 - Instalações padronizadas

Existem algumas instalações, operacionais e de apoio, que são utilizadas


dentro da ferramenta. Essas instalações devem possuir localização precisa,
denominação comum e devem estar bem-sinalizadas e em locais seguros.

As instalações encontradas no SCI são: Posto de Comando do Incidente;


Base; Área de Espera; Área de Concentração de Vítimas; Heliponto; Helibase; e
Acampamentos. Tais instalações serão estudadas mais adiante.

9 - Gerenciamento Integral dos Recursos

Este princípio inclui processos para categorização, solicitação, despacho,


controle e otimização do emprego dos recursos. É importante ficar claro que cada
recurso utilizado no incidente, independente da instituição a que pertença passa a
fazer parte do sistema, ficando sob a responsabilidade do comandante do incidente.

65
Aula 3 - Estrutura e funções do SCI

O Sistema do Comando de Incidentes foi projetado para identificar as


funções e atividades principais e primárias a serem ativadas para efetivamente
responder a um incidente. A análise de relatórios de atendimento a incidentes e a
revisão das estruturas das organizações militares foram levadas em consideração
para o desenvolvimento do SCI. Essa análise identificou as necessidades
primárias.

Durante o atendimento a um incidente o Comandante do Incidente (CI)


inicialmente desempenha todas as funções, à medida que o incidente cresça em
magnitude ou complexidade e necessidade de pessoal, o CI poderá ativar seções
e designar responsáveis para dirigi-las.

O Sistema de Comando de Incidentes está baseado em oito funções, sendo


uma delas o Comando do Incidente e as demais estão divididas em dois Staffs:

Figura 20: Staffs


Fonte: SCD/EaD/Segen.

66
Todas essas funções devem ser cumpridas qualquer que seja o incidente.
No caso de incidentes que demandem uma carga de trabalho maior ou recursos
especializados em alguma ou em todas as funções já citadas, serão estabelecidas
cada uma das seções que sejam necessárias: Planejamento, Operações, Logística
e Administração/Finanças.

Nomenclatura das funções:

Figura 21: Nomenclatura das funções


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

67
Exemplo de estrutura do SCI

Figura 22: Exemplo de estrutura do SCI


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

Figura 23: SCI – Incêndio Florestal


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

68
3.1 Comandante do Incidente (CI)

A única função prevista no Sistema de Comando de Incidentes que estará


ativa em qualquer resposta, independentemente do tipo, tamanho, complexidade
ou duração do evento, é o Comandante do Incidente. Embora nem sempre seja do
conhecimento dos profissionais da área de emergências, o primeiro a chegar na
cena de um incidente, com capacidade de resposta ao evento, está agindo como
Comandante do Incidente, mesmo que não utilize a terminologia convencionada.
Inicialmente, o comando do incidente será assumido pela pessoa de maior
idoneidade, competência ou nível hierárquico que chegue primeiro à cena. À
medida que cheguem outros, será transferido a quem possua a competência
requerida para o controle geral do incidente.

Ao transferir o comando, o CI que sai deve entregar um relatório completo


ao que o substitui e também notificar ao pessoal sob sua direção acerca dessa
mudança.

À medida que o incidente cresce e aumenta a utilização de recursos, o CI


pode delegar autoridade a outros para o desempenho de certas atividades. Quando
a expansão é necessária, em termos de segurança, informação pública e ligação,
o CI estabelecerá as posições do Staff de Comando.

3.2 Staff de Comando

O Staff de Comando é composto por três funções de assessoria ao


Comandante do Incidente. Estas funções, dependendo da complexidade e
tamanho do evento, podem ser desempenhadas pelo próprio CI ou este poderá
delegá-las a outros. O título dado a estas funções é de Oficial.

69
Oficial de Segurança

Tem a função de vigilância e avaliação de situações perigosas e inseguras,


assim como o desenvolvimento de medidas para a segurança do pessoal.

Oficial de Informação Pública

Será o responsável pelo contato com os meios de comunicação ou outras


organizações que busquem informação direta sobre o incidente. Ainda que todos
os órgãos que estejam respondendo ao incidente possam designar membros de
seu pessoal como oficiais de Informação Pública, durante o evento haverá somente
um “Porta-Voz”. Os demais atuarão como auxiliares. Toda a informação deverá ser
aprovada pelo CI.

Oficial de Ligação

É o responsável pela integração das instituições que estejam trabalhando no


incidente ou que possam ser convocadas. Isto inclui organismos de primeira
resposta, saúde, obras públicas ou outras organizações.

3.3 Staff Geral

O Staff Geral divide-se em quatro seções que têm a responsabilidade de


uma área funcional específica no incidente (Planejamento, Operações, Logística,
Administração/Finanças). As Seções são funções subordinadas diretamente ao CI,
estão sob a responsabilidade de um Chefe e contém unidades específicas.

70
Seção de Planejamento

As funções dessa Seção incluem recolher, avaliar, difundir e usar a


informação acerca do desenvolvimento do incidente e manter um controle dos
recursos. Sob sua direção estão os Líderes das Unidades de Recursos, de
Situação, de Documentação, de Desmobilização e das Unidades Técnicas.

Seção de Operações

A Seção de Operações é a responsável pela execução das ações de


resposta. O Chefe da Seção de Operações reporta-se ao CI, determina a estrutura
organizacional interna da Seção, dirige e coordena todas as operações cuidando
da segurança do pessoal da Seção, assiste o CI no desenvolvimento dos objetivos
da resposta ao incidente e executa o Plano de Ação do Incidente (PAI).

Seção de Logística

A Seção de Logística é a responsável por prover instalações, serviços e


materiais, incluindo o pessoal que operará os equipamentos solicitados para
atender o incidente.

Seção de Administração e Finanças

É responsável por justificar, controlar e registrar todos os gastos e por manter


em dia a documentação requerida para processos indenizatórios. A Seção de
Administração e Finanças é especialmente importante quando o incidente
apresenta um porte que poderia resultar na Decretação de “Situação de
Emergência” ou “Estado de Calamidade Pública”.

71
Aula 4 - Instalações

Um aspecto fundamental durante a instalação do Sistema de Comando de


Incidentes é a organização do espaço físico onde serão desenvolvidas
determinadas atividades primordiais para a resposta ao evento. A terminologia
comum é utilizada para identificar as várias instalações normalmente
implementadas nas operações de resposta a um incidente. A padronização dos
nomes das instalações facilita o entendimento de todos os envolvidos na resposta.
Sendo assim, o SCI prevê a adoção de algumas instalações que serão utilizadas
para atingir estes propósitos. O termo instalação no SCI não significa
necessariamente uma edificação ou construção. Na maioria das vezes o próprio
posto de comando será apenas um local no terreno, identificado por uma placa ou
mesmo um ponto de referência.

Desta forma,

“Instalações são espaços específicos capazes de


fornecer uma condição ideal de acomodação, tanto da
parte operacional, quanto de apoio e comando do
incidente”

(Manual SCI CBMGO, 2017).

Ao estabelecer as instalações em um incidente, devem ser considerados os


seguintes fatores:

72
Figura 24: Fatores a serem considerados para estabelecer as instalações
Fonte: SCD/EaD/Segen.

As instalações do SCI incluem:

• Posto de Comando (PC);


• Área de Espera (E);
• Área de Concentração de Vítimas (ACV);
• Base (B);
• Acampamento (A);
• Helibase (H); e,
• Heliponto (H1).

Vamos estudar um pouco sobre eles, confira!

73
Posto de Comando (PC)

O Posto de Comando é o local a partir de


onde as funções de comando são exercidas e
onde o Comandante do Incidente deve estar
durante a maior parte do tempo. O PC deve ser
sempre instalado, ficando suas características
diretamente relacionadas ao tamanho ou
Figura 25: Sinalização de Posto de complexidade do incidente com que se está
Comando
Fonte: SENASP, 2008;
lidando. Sempre haverá apenas um PC para
SCD/EaD/Segen. cada incidente e este deverá ser sinalizado com
um retângulo alaranjado, medindo 110 cm x 90 cm, com as iniciais PC em preto,
conforme a figura 25.

Área de Espera (E)

A Área de Espera é um local, delimitado e


identificado, para onde deverão se dirigir os
recursos operacionais que se integrarem ao SCI.
Na Área de Espera ocorre a recepção e
cadastramento dos recursos (check-in). Caso os
recursos não sejam necessários imediatamente,
eles permanecem em condições de pronto
emprego, aguardando o seu acionamento. No
Figura 26: Sinalização de Área começo da operação, pode ocorrer a designação
de Espera
Fonte: SENASP, 2008; direta dos recursos, sem passar pela Área de
SCD/EaD/Segen.
Espera, sendo necessário fazer o check-in por
outros meios (rádio, telefone, pessoalmente etc.).

74
Área de Concentração de Vítimas (ACV)

É o local, no cenário do incidente, onde estarão


concentradas as vítimas aguardando o momento exato
para serem transportadas ao hospital de referência. A
equipe de atendimento começa a sua atuação
conduzindo as vítimas de maneira ordenada, de
acordo com a sua gravidade para a área de
concentração de vítimas. Dentro da ACV as vítimas
Figura 27:Sinalização de Área são constantemente monitoradas e reclassificadas
de Concentração de Vítimas
Fonte: SENASP, 2008; pela equipe de atendimento pré-hospitalar, a equipe
SCD/EaD/Segen.
atua em 4 (quatro) divisões:

Figura 28:Divisões da equipe


Fonte: SCD/EaD/Segen.

Base (B)

A Base é a instalação de onde são coordenadas e


administradas as funções logísticas do incidente. Deverá
haver apenas uma Base por incidente, que será
conhecida pelo nome do incidente.

Figura 29: Sinalização de Base


Fonte: SENASP, 2008;
SCD/EaD/Segen.

75
Acampamento (A)

Os acampamentos são instalações temporárias


que serão mantidas para dar suporte de alimentação,
hidratação, área de repouso e serviços sanitários a
determinadas operações, dentro da resposta a um
incidente. O acampamento pode localizar-se na Base e
desempenhar a partir daí as funções específicas.

Figura 30: Sinalização de Acampamento


Fonte: SENASP, 2008; SCD/EaD/Segen.

Helibase (H)

Lugar de ESTACIONAMENTO, ABASTECIMENTO


E MANUTENÇÃO de helicópteros. O sinal de identificação
do Helibase é um círculo de 90 cm de diâmetro com fundo
amarelo e a letra “H” de cor preta em seu interior.

Figura 31: Sinalização de Helibase


Fonte: SENASP, 2008; SCD/EaD/Segen.

Heliponto (H1)

Local preparado para que os helicópteros possam


aterrissar, decolar, carregar e descarregar pessoas,
equipamentos e materiais. O sinal de identificação do
heliponto é um círculo de 90 cm de diâmetro com fundo
amarelo e a identificação “H1” (H2, H3....) de cor preta em
seu interior, conforme figura 32.
Figura 32: Sinalização de Heliponto
Fonte: SENASP, 2008;
SCD/EaD/Segen.

76
Aula 5 - Gerenciamento de Recursos

A capacidade de gerenciar recursos em um incidente é um fator decisivo


para a eficiência da resposta. Desta forma, pelo princípio do Gerenciamento
Integral dos Recursos é possível a categorização, solicitação, despacho, controle
e otimização do emprego dos recursos.

5.1 Recursos

Recursos são definidos como pessoal, equipes, equipamentos, suprimentos


e instalações disponíveis ou potencialmente disponíveis para serem utilizadas no
apoio ao gerenciamento do incidente ou nas atividades operacionais de resposta.

Os recursos podem ser descritos por sua classe ou tipo, sendo que a classe
está relacionada à função do recurso (ex.: Viatura para incêndio, salvamento,
policiamento, transporte de carga), e o tipo está relacionado com o nível de
capacidade do recurso (ex.: Capacidade de trabalho, carga, número de pessoas).

5.2 Categoria dos Recursos

Categoria refere-se à combinações de equipamento e pessoal. Existem três


categorias de recursos:

➢ Recurso Único;
➢ Equipe de Intervenção;
➢ Força Tarefa.

77
Recurso Único

É um equipamento e seu complemento em pessoal que pode ser designado


para uma ação tática em um incidente. O responsável é um líder. Cada recurso
apenas passa a ter a classificação de recurso único, quando estiver registrado na
Área de Espera ou designado no incidente. Exemplo: helicóptero com a sua
tripulação, um veículo de combate a incêndio e a sua guarnição.

Equipe de Intervenção

É o conjunto de recursos únicos da mesma classe e tipo, com um só líder e


comunicações integradas. Esta equipe deve estar atuando dentro de uma mesma
área geográfica, sendo respeitado o alcance de controle.

Força Tarefa

É qualquer combinação de recursos únicos de diferentes classes e ou tipos,


sendo constituída para uma necessidade operacional particular, devendo ter um só
líder e comunicações integradas. A equipe deve ser autônoma e estar atuando
dentro de uma mesma área geográfica, sendo respeitado o alcance de controle.

5.3 Estado dos Recursos

Durante a resposta a um incidente ou durante o gerenciamento de um


evento, com a utilização do SCI, os recursos operacionais poderão se apresentar
em uma das três condições abaixo:

Disponíveis

São os que estão prontos para serem designados imediatamente a partir de um


ponto pré-determinado (Área de Espera);

78
Designados

São os que estão sendo empregados no incidente em uma função específica;

Indisponíveis

São aqueles que, por algum motivo, não podem ser utilizados e em estão
desempenhando alguma função.

79
Aula 6 - A primeira resposta e o período inicial

A gestão de um incidente é iniciada pelas pessoas que chegam primeiro à


cena, conhecidos como “primeiros respondedores”. A capacidade dos primeiros
respondedores de executar corretamente determinadas tarefas pode decidir se o
incidente será resolvido com sucesso ou não. No período inicial, as atividades do
SCI são desenvolvidas mentalmente, sem a necessidade de registros, devendo o
comandante assumir todas as funções do Sistema. Com o cenário das operações
organizado, o Comando começa a reunir informações para formar um quadro mais
completo da situação, tendo a necessidade de registrar as informações.

Algumas vezes, por necessidade funcional, técnica, gerencial ou política,


será necessária a transferência de comando do incidente. Nesses casos o
Comando será transferido durante as operações, desde que tal transferência seja
feita formalmente, no Posto de Comando, com a troca de todas as informações
necessárias. Para isso é necessário, no período inicial, seguirmos uma sequência
que nos auxiliará a organizar melhor as atividades. Os passos a seguir compõem
um guia de trabalho para o período inicial e são de responsabilidade do primeiro
respondedor, os quais devem ser incluídos em programas de treinamento de todas
as entidades.

6.1 Chegada ao local do incidente

O primeiro respondedor ao chegar ao local do incidente, deve informar de


sua chegada, identificar o comandante e seu contato, confirmar o evento e se
possível já identificar o PC.

6.2 Assumir e estabelecer o PC

Ao assumir o Comando, o comandante deve estabelecer o Posto de


Comando utilizando os seguintes passos:

80
a. Segurança e visibilidade;

b. Facilidade de acesso e circulação;

c. Disponibilidade de comunicação;

d. Lugar distante da cena, do ruído e da confusão;

e. Capacidade de expansão física.

6.3 Avaliar a situação

Depois de estabelecido o Posto de Comando, o comandante deve fazer a


avaliação (reconhecimento) da situação considerando nove aspectos essenciais:

I. Qual a natureza do incidente;


II. O que ocorreu;
III. Quais ameaças estão presentes;
IV. Qual o tamanho da área afetada;
V. Como poderia evoluir;
VI. Como seria possível isolar a área;
VII. Quais seriam os locais mais adequados para PC, E e ACV;
VIII. Quais seriam as rotas de acesso e de saída mais seguras para o fluxo de
pessoal e equipamento;
IX. Quais são as capacidades atuais e presente em termos de recursos e
organização.

6.4 Estabelecer um perímetro de segurança

O primeiro respondedor deve estabelecer inicialmente um perímetro de


segurança interno, que isolará a área onde qualquer um pode ficar vulnerável.
Ninguém deve ser autorizado a entrar no perímetro interno sem a aprovação do
comandante do incidente. O comandante do incidente deve evacuar os feridos e
outras pessoas que correm perigo, mas somente se for possível fazê-lo em

81
segurança. Outro perímetro, externo, cria uma zona de segurança onde o órgão
respondedor pode operar sem a interferência de pessoas não autorizadas a
atuarem na zona de impacto, além de impedir o tráfego de veículos não
autorizados.

Para o estabelecimento de um perímetro de segurança alguns passos


devem ser seguidos:

a. Tipo de incidente;

b. Tamanho da área afetada;

c. Topografia;

d. Localização do incidente em relação à via de acesso e áreas disponíveis


ao redor;

e. Áreas sujeitas a desmoronamentos, explosões potenciais, queda de


escombros, cabos elétricos etc.;

f. Condições atmosféricas;

g. Possível entrada e saída de veículos;

h. Coordenar a função de isolamento perimetral com o organismo de


segurança correspondente;

i. Solicitar ao organismo de segurança correspondente a retirada de todas


as pessoas que se encontrem na zona de impacto, exceto o pessoal de resposta
autorizado.

82
6.5 Estabelecer os objetivos

O comandante do incidente deve expressar claramente o que se necessita


atingir. Devem ser atingíveis, mensuráveis, flexíveis.

6.6 Determinar as estratégias

A estratégia é descrição do método de como se realizará o trabalho para


atingir os objetivos. As estratégias são estabelecidas em concordância com os
objetivos e devem ser estabelecidas de maneira que possam ser concretizadas.
Antes de escolhê-las é importante verificar a disponibilidade de recursos que
possam ser necessários.

6.7 Determinar as necessidades de recursos e possíveis

instalações.

Refere-se aos recursos que serão requeridos para poder implementar as


estratégias.

6.8 Preparar as informações para transferir o comando

Uma transferência do comando deve ser feita cara a cara. O Comandante


que sai deve apresentar ao que entra seu Staff de Comando e os Chefes de Seção,
além de considerar os seguintes aspectos:

a. Estado do incidente;

b. Situação atual de segurança;

c. Objetivos e prioridades;

d. Organização atual;

e. Designação de recursos;

83
f. Recursos solicitados e a caminho;

g. Instalações estabelecidas;

h. Plano de comunicações;

i. Provável evolução.

84
Aula 7 - Instrumentos de Consulta e Registro

Dentro da doutrina do Sistema de Comando de Incidentes existem alguns


formulários e instrumentos de consulta que auxiliam o comandante do incidente a
organizar seus recursos, sejam eles equipamentos ou recursos humanos,
orientando sua aplicação e o planejamento do primeiro período operacional. A partir
de agora veremos alguns instrumentos de consulta, registro e controle que
auxiliarão no atendimento inicial e na primeira transferência de comando, pontos
estes que fazem parte do nível básico do Sistema de Comando de Incidentes.

7.1 Tarjeta de Campo

A Tarjeta de Campo (disponível no material complementar) é um cartão que


contém um pequeno check-list com a finalidade de auxiliar o primeiro respondedor
na chegada ao local do incidente, sendo uma fonte de consulta rápida para a
tomada de decisões iniciais. O comandante do incidente deverá utilizar a tarjeta
para as primeiras ações, devendo carregá-la sempre. A Tarjeta de Campo,
preferencialmente, deve ser confeccionada em material impermeável e resistente
e ser sempre portada pelos profissionais que chefiam equipes de resposta a
emergências. Os procedimentos contidos neste cartão auxiliarão o estabelecimento
do SCI, o manejo dos recursos, a instalação das estruturas necessárias e a primeira
transferência de comando do incidente.

7.2 SCI 201

Na primeira transferência de comando as informações necessárias estão


escritas no Formulário SCI 201 (disponível no material complementar). O
formulário SCI 201 oferece ao Comandante do Incidente (ao Staff de Comando e
às Seções) as informações básicas sobre a situação do incidente e a dos recursos
já empenhados. Também serve como um registro permanente da resposta inicial
que teve o incidente.

85
As informações contidas no SCI 201 podem ser usadas como ponto de
partida para outros formulários ou documentos do SCI. O formulário está
estruturado da seguinte forma:

Página 1 (Croquis)

Pode converter-se depois no Mapa de Situação do Incidente.

Página 2 (Resumo das Ações)

Pode ser utilizada para dar seguimento contínuo às ações de resposta.

Página 3 (Organização Atual)

Útil para auxiliar na transição imediata à Lista de Organização.

Página 4 (Resumo dos Recursos)

Pode ser utilizado para mapear os recursos empregados no atendimento ao


incidente e, individualmente, para os Cartões T (SCI 219) ou outro sistema de
controle.

Instruções para preenchimento do formulário SCI 201:

1. Nome do Incidente: Informe o nome do incidente.

2. Elaborado por: Informe o nome e o cargo de quem elabora o formulário.

3. Data: Informe a data (mês, dia, ano).

4. Hora: Informe a hora.

5. Mapa/Croqui: Específique a área total de operação, a área do incidente,


resultados adversos, trajetórias, áreas afetadas, ou outros gráficos que
demonstrem o andamento da resposta.

6. Situação Atual: Descreva resumidamente as ações implementadas para a


execução da resposta inicial.

86
7. Objetivos Iniciais de Resposta, Ações Atuais e Planejadas: Escreva os
objetivos da resposta inicial, incluindo a hora, e informe situações relevantes
para as ações futuras, bem como os problemas presentes.

8. Organização Atual: Informe os nomes e os cargos dos participantes do


incidente. Modifique o gráfico se necessário, acrescentando ou retirando
equipes. As linhas em branco do Comando Unificado são para as agências
que também irão compor o atendimento ao Incidente.

9. Recurso: Descrição do recurso.

Identificação: Identificação do recurso (frequência do rádio, nome da


embarcação, nome do fornecedor etc.).

Data/Hora Solicitação: Hora e data da solicitação (formato 24h).

Hora de entrada: Data e hora da chegada do recurso na área de espera.

No local: “X” indica os recursos presentes.

10. Observações1: Localização do recurso, atividade que está sendo executada,


e status do recurso (se não estiver atuando).

7.3 SCI 211 e SCI 219

Para controle dos recursos são utilizados os formulários SCI 211 (disponível
no material complementar) e SCI 219 (disponível no material complementar). Esses
formulários permitem ao comandante do incidente, saber quais são os recursos
solicitados (que estão a caminho), os disponíveis (encontra-se no local do incidente
aguardando seu emprego), os indisponíveis (encontra-se no local do incidente,
porém não tem como ser empregado) e os designados (recursos empregados).
Além dessas informações o formulário permite saber data e hora da chegada dos
recursos ao local do incidente, qual a instituição/pessoa pertence o recurso, nome
e telefone/rádio de contato com a instituição, quantas pessoas empregadas e o
local de trabalho onde foi designado o recurso.

87
Finalizando...

Neste módulo, você estudou que:

• O SCI é uma ferramenta de gerenciamento de incidentes padronizada, para


todos os tipos de sinistros e eventos.

• Os princípios do SCI são: Terminologia comum; alcance de controle;


organização modular; comunicação integrada; Plano de Ação do Incidente
(PAI); cadeia de comando; comando unificado; instalações padronizadas;
gerenciamento integral dos recursos.

• O Sistema de Comando de Incidentes está baseado em oito funções, sendo


uma delas o Comando do Incidente e as demais estão divididas em dois
Staffs: Geral e do Comando.

• O Staff de comando é composto por três funções de assessoria ao


Comandante do Incidente: Segurança; Informações Públicas e Ligação.

• O Staff Geral divide-se em quatro seções que têm a responsabilidade de


uma área funcional específica no incidente (Planejamento, Operações,
Logística, Administração/Finanças).

• As instalações do SCI incluem: Posto de Comando (PC); Área de Espera


(E); Área de Concentração de Vítimas (ACV); Base (B); Acampamento (A);
Helibase (H); e Heliponto (H1).

88
Módulo 4 – Identificação e classificação de produtos

perigosos

Apresentação do Módulo
Neste módulo, você estudará os métodos formais utilizados para a
identificação e classificação de produtos perigosos, bem como as principais
simbologias que comunicam os riscos principais e secundários que podem tornar a
vida e o meio ambiente vulneráveis aos danos potenciais dos produtos.

Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

• Identificar nove classes de produtos perigosos;


• Compreender os cenários de acidentes e sua evolução no tempo e no
território com base na análise de mapas de riscos químicos;
• Interpretar as simbologias do painel de segurança e rótulo de riscos;
• Interpretar a simbologia americana do diamante de Hommel segundo a
NFPA 704;
• Classificar os riscos dos produtos segundo a ONU e o Brasil;
• Reconhecer a importância de estar preparado para lidar com a complexidade
das situações, o risco e a incerteza.

Estrutura do Módulo

O presente módulo está dividido em:

Aula 1 – Classificação de riscos da ONU

Aula 2 – Classificação nacional de riscos

89
Aula 1 – Classificação de riscos da ONU

Apresentação

Você aprendeu a verificar e inspecionar o cenário sinistrado para confirmar


a real presença de produtos perigosos. Nesta aula, você vai aprender as
características dos produtos com poder de poluição e contaminação por vias de
exposição das vítimas ameaçadas e vulneráveis aos riscos presentes de
inflamabilidade, explosividade, corrosividade, radioatividade, toxicidade,
irritabilidade, entre outros para definir a operação segura.

1.1 Classificação dos produtos perigosos segundo a ONU

A classificação adotada para os produtos considerados perigosos, feita com


base no tipo de risco que apresentam e conforme as recomendações das Nações
Unidas, compõe-se de nove classes e suas respectivas subclasses. São elas:

Classe 1 – EXPLOSIVOS

Classe 2 – GASES, com as seguintes subclasses:

Subclasse 2.1 – Gases inflamáveis

Subclasse 2.2 – Gases não inflamáveis, não tóxicos

Subclasse 2.3 – Gases tóxicos

Classe 3 – LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS

Classe 4 – Esta classe se subdivide em:

Subclasse 4.1 – Sólidos inflamáveis

Subclasse 4.2 – Substâncias sujeitas a combustão espontânea

90
Subclasse 4.3 – Substâncias que, em contato com a água, emitem
gases inflamáveis

Classe 5 – Esta classe se subdivide em:

Subclasse 5.1 – Substâncias oxidantes

Subclasse 5.2 – Peróxidos orgânicos

Classe 6 – Esta classe se subdivide em:

Subclasse 6.1 – Substâncias tóxicas (venenosas)

Subclasse 6.2 – Substâncias infectantes

Classe 7 – MATERIAIS RADIOATIVOS

Classe 8 – CORROSIVOS

Classe 9 – SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DIVERSAS

Os produtos das classes 3, 4, 5 e 8 e da subclasse 6.1 classificam-se, para


fins de embalagem, de acordo com os três grupos descritos a seguir, conforme o
nível de risco que apresentam:

Figura 33:Classificação para fins de embalagem


Fonte: SCD/EaD/Segen.

91
Importante!

O sistema de identificação da ONU não se aplica somente


às instalações físicas, mas também aos modos de
transporte (aquaviário, dutoviário, rodoviário e
ferroviário) de produtos perigosos.

1.2 Classificação americana

A classificação utilizada nos Estados Unidos e em países que reconhecem


a NFPA 704 (National Fire Protection Association) é aplicada somente às
instalações fixas, ou seja, armazéns, indústrias, terminais de carga, entre outros.

O diamante de Hommel é a forma de identificação dos riscos associados


ao produto.

Trata-se de um diagrama conhecido como diagrama do risco, o qual fornece


as ameaças gerais inerentes a cada produto. A indicação do grau de severidade
das ameaças pode ser expressa em situações de emergência: incêndios,
explosões e vazamentos.

SAIBA MAIS!

NFPA 704: Sistema Padrão para a Identificação de Perigos de Materiais


para Resposta a Emergências é um padrão mantido pela National Fire
Protection Association, com sede nos Estados Unidos. Primeiro adotado
provisoriamente como um guia em 1960, e revisado várias vezes desde
então, ele define o coloquial "Quadrado de Segurança" ou "Diamante de
Fogo" usado pelo pessoal de emergência para identificar rápida e
facilmente os riscos apresentados por materiais perigosos. Isso ajuda a
determinar quais equipamentos especiais devem ser usados, se houver,

92
procedimentos seguidos ou precauções tomadas durante os estágios
iniciais de uma resposta de emergência.

Figura 34: Explicação da sinalização do diagrama de Hommel


Fonte: NFPA 704; SCD/EaD/Segen.

Ele identifica as ameaças em três categorias, denominadas “saúde”,


“inflamabilidade” e “reatividade”, e indica o grau de severidade de cada uma das
categorias, mediante cinco níveis numéricos, que oscilam de quatro (mais severo)
a zero (menos severo).

93
Figura 35: Diagrama de Hommel
Fonte: NFPA 704; SCD/EaD/Segen.

O campo vermelho representa risco de incêndio; azul é


o risco à saúde; amarelo é o risco de reatividade e o
branco representa os riscos especiais: W: reage com
água; OW corrosivo; OX oxidante e a radioatividade
oferecida pelo produto.

Códigos

As quatro divisões são normalmente codificadas por cores com vermelho, no


topo, indicando inflamabilidade, azul, à esquerda, indicando nível de risco à saúde,
amarelo, à direita, para reatividade química e branco contendo códigos para riscos
especiais. Cada um de saúde, inflamabilidade e reatividade é classificado em uma
escala de 0 (nenhum perigo) a 4 (perigo grave).

94
Campo azul – saúde

0 – Não representa perigo para a saúde, não requer precauções e não oferece
perigo além dos materiais combustíveis comuns.

1 – A exposição causaria irritação apenas com pequenas lesões residuais.

2 – Exposição intensa ou continuada pode causar incapacidade temporária ou


possível lesão residual.

3 – A exposição curta pode causar lesões residuais temporárias ou moderadas


graves.

4 – Exposição muito curta pode causar morte ou lesão residual importante.

Campo vermelho – inflamabilidade

0 – Materiais que não ardem quando expostos a uma temperatura de 820°C por um
período de 5 minutos.

1 – Ponto de inflamação igual ou superior a 93,3ºC.

2 – Ponto de inflamação entre 37,8 e 93,3°C.

3 – Líquidos com um ponto de inflamação inferior a 22,8°C e com um ponto de


ebulição igual ou superior a 37,8°C ou com um ponto de inflamação entre 22,8 e
37,8°C.

4 – Ponto de inflamação inferior a 22,8ºC e/ou substâncias pirofóricas.

Campo amarelo - instabilidade

0 – Normalmente estável, mesmo sob condições de exposição ao fogo, e não é


reactivo com a água.

1 – Normalmente estável, mas pode tornar-se instável a temperaturas e pressões

95
elevadas.

2 – Sofre uma mudança química violenta a temperaturas e pressões elevadas,


reage violentamente com a água ou pode formar misturas explosivas com a água.

3 – Perigo de detonação ou explosão, requer uma forte fonte de iniciação, deve ser
sujeito a aquecimento confinado antes do início, reage explosivamente com água
ou detona em caso de impacto.

4 – Facilmente capaz de detonar ou explodir a temperaturas e pressões normais.

Campo branco – perigos “especiais”

Neste campo podem ser encontrados os perigos específicos da matéria a


identificar. Os três símbolos reconhecidos pelo código para este espaço são:

OX – Oxidante.

W – Reage violentamente com água.

SA – Gás asfixiante.

Símbolos não standard (oficiosos) que podem ser


incluídos no campo branco com a autorização.

COR/ACID/ALK – Corrosivo/Ácido/Alcalino

BIO/ – Biológico

POI – Veneno

RA/RAD/ – Radioativo

CRY/CRYO – Criogênico

96
Aula 2 – Classificação nacional de riscos

Apresentação

Aos acidentes envolvendo produtos perigosos, além das consequências


naturais do acidente em si (incêndio, explosão ou vazamento), associa-se o efeito
da combinação ou reação do produto com o ar, água e resíduos sólidos, que podem
resultar em danos para a saúde humana (mortos e feridos) e para o meio ambiente
(contaminação do ar, solo e água). Para prevenir e minimizar essa situação, o
Governo Federal regulamentou a matéria sobre fiscalização e policiamento,
segurança dos veículos, atendimento às emergências e crimes referentes às
infrações.

2.1 Classes de risco

CLASSE 1 – EXPLOSIVOS

A classe 1 compreende:

a) Substâncias explosivas, exceto as que forem demasiadamente perigosas para


serem transportadas e aquelas cujo risco dominante indique ser apropriado
considerá-las em outra classe (uma substância que, não sendo ela própria um
explosivo, possa gerar uma atmosfera explosiva de gás, vapor ou poeira, não está
incluída na classe 1);

b) Artigos explosivos, exceto os que contenham substâncias explosivas em tal


quantidade ou de tal tipo que uma ignição ou iniciação acidental ou involuntária
durante o transporte não provoque qualquer manifestação externa

ao dispositivo, seja projeção, fogo, fumaça, calor ou ruído forte;

c) Substâncias e artigos não mencionados nos itens "a" e "b" e que sejam

97
manufaturados com o fim de produzir, na prática, um efeito explosivo ou pirotécnico.

É proibido o transporte de substâncias explosivas


excessivamente sensíveis ou tão reativas que estejam
sujeitas a reação espontânea, exceto a critério das
autoridades competentes, sob licença e condições
especiais por elas estabelecidas.

Figura 36: Sinalização de EXPLOSIVO


Fonte: do conteudista.

A classe 1 está dividida em seis subclasses:

Subclasse 1.1

Substâncias e artigos com risco de explosão em massa (uma explosão em


massa é a que afeta virtualmente toda a carga de maneira praticamente
instantânea).

98
Subclasse 1.2

Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão


em massa.

Subclasse 1.3

Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão,


de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em massa.

Esta subclasse abrange substâncias e artigos que:

a) produzem grande quantidade de calor radiante, ou

b) queimam em sucessão, produzindo pequenos efeitos de explosão, de projeção,


ou ambos.

Subclasse 1.4

Substâncias e artigos que não apresentam risco significativo. Esta


subclasse abrange substâncias e artigos que apresentam pequeno risco na
eventualidade de ignição ou iniciação durante o transporte. Os efeitos estão
confinados, predominantemente, à embalagem e não se espera projeção de
fragmentos de dimensões apreciáveis ou a grande distância. Fogo externo não
deve provocar explosão instantânea de, virtualmente, todo o conteúdo da
embalagem.

Subclasse 1.5

Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão em massa.

Subclasse 1.6

Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa.

99
CLASSE 2 – GASES

Os gases são apresentados para transporte sob diferentes aspectos físicos:

a) Gás comprimido – É um gás que, exceto se em solução, quando acondicionado


para transporte à temperatura de 20ºC, é completamente gasoso.

b) Gás liquefeito – Gás parcialmente líquido quando embalado para transporte à


temperatura de 20ºC.

c) Gás liquefeito refrigerado – Gás que, quando embalado para transporte, é


parcialmente líquido devido a sua baixa temperatura.

d) Gás em solução – Gás comprimido, apresentado para transporte dissolvido


num solvente.

Esta classe abrange os gases comprimidos, liquefeitos, liquefeitos


refrigerados ou em solução, as misturas de gases ou de um ou mais gases com um
ou mais vapores de substâncias de outras classes, artigos carregados com gás,
hexafluoreto de telúrio e aerossóis.

100
A classe 2 está dividida em três subclasses, com base no risco principal que
os gases apresentam durante o transporte:

Subclasse 2.1 – Gases inflamáveis

Gases que a 20ºC e à pressão de 101,3kPa:

São inflamáveis quando em mistura de


13% ou menos, em volume, com o ar;
ou faixa de inflamabilidade com ar de,
no mínimo, doze pontos percentuais,
independentemente do limite inferior de
inflamabilidade. Quando os dados
forem insuficientes para a utilização
desses métodos, podem ser adotados

Figura 37: Gases inflamáveis métodos reconhecidos por autoridade


Fonte: do conteudista.
competente.

Subclasse 2.2 – Gases não inflamáveis, não tóxicos

São gases que, transportados a uma pressão não inferior a


280kPa, a 20ºC, ou como líquidos refrigerados:

a) São asfixiantes – Gases que diluem ou


substituem o oxigênio normalmente
existente na atmosfera; ou

b) São oxidantes – Gases que, em geral,


por fornecerem oxigênio, podem causar ou
contribuir para a combustão de outro
Figura 38: Gases não
inflamáveis, não tóxicos
material mais do que o ar contribui; ou
Fonte: do conteudista.
c) Não se enquadram em outra subclasse.

101
Subclasse 2.3 – Gases tóxicos

a) São sabidamente tão tóxicos ou


corrosivos para pessoas que impõem
risco à saúde; ou,
b) Supõe-se serem tóxicos ou corrosivos
para pessoas, por apresentarem um
valor da CL50 para toxicidade aguda por
inalação igual ou inferior a 5.000ml/m³.
Figura 39: Gases tóxicos
Fonte: do conteudista.

CLASSE 3 – LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS

Líquidos inflamáveis são líquidos, misturas


de líquidos, ou líquidos contendo sólidos em
solução ou em suspensão (como tintas, vernizes,
lacas etc., excluídas as substâncias que tenham
sido classificadas de forma diferente, em função de
suas características perigosas) que produzem
vapores inflamáveis a temperaturas de até 60,5ºC,
em teste de vaso fechado, ou até 65,6ºC, em teste
Figura 40: Líquidos inflamáveis de vaso aberto, conforme normas brasileiras ou
Fonte: do conteudista.
normas internacionalmente aceitas.

SAIBA MAIS!

O valor-limite do ponto de fulgor dos líquidos inflamáveis,


indicado no parágrafo anterior, pode ser alterado pela presença de
impurezas. Na relação de produtos perigosos só foram incluídos os
produtos em estado quimicamente puro, cujos pontos de fulgor não

102
excedem tais limites.

Por esse motivo, a relação de produtos perigosos deve ser utilizada com
cautela, pois produtos que, por motivos comerciais, contenham outras substâncias
ou impurezas podem não figurar na relação, mas apresentar ponto de fulgor inferior
ao do valor limite. Pode também ocorrer que o produto em estado puro figure na
relação como pertencente ao Grupo de Embalagem III, mas, em função do ponto
de fulgor do produto comercial, deva ser alocado ao Grupo de Embalagem II.

CLASSE 4 – SÓLIDOS INFLAMÁVEIS

Substâncias sujeitas a combustão espontânea –


substâncias que, em contato com a água, emitem
gases inflamáveis.

Figura 41: Sólido Inflamável


Fonte: do conteudista.

Esta classe compreende:

Subclasse 4.1 – Sólidos inflamáveis

Sólidos que nas condições encontradas no transporte são facilmente


combustíveis, ou que, por atrito, podem causar fogo ou contribuir para ele. Essa
subclasse inclui, ainda, explosivos insensibilizados que podem explodir se não
forem suficientemente diluídos e substâncias autorreagentes ou correlatas, que
podem sofrer reação fortemente exotérmica.

103
Subclasse 4.2 – Substâncias sujeitas a combustão espontânea

Substâncias sujeitas a aquecimento espontâneo nas condições normais de


transporte, ou que se aquecem em contato com o ar, sendo, então, capazes de se
inflamarem; são as substâncias pirofóricas e as passíveis de autoaquecimento.

Subclasse 4.3 – Substâncias que, em contato com a água, emitem gases


inflamáveis

Substâncias que, por reação com a água, podem tornar-se


espontaneamente inflamáveis ou liberar gases inflamáveis em quantidades
perigosas. Nessas instruções, emprega-se também a expressão "que reage com
água" para designar as substâncias desta subclasse.

Devido à diversidade das propriedades apresentadas pelos produtos


incluídos nessas subclasses, o estabelecimento de um critério único de
classificação para tais produtos é impraticável; portanto, consulte os procedimentos
de classificação. A reclassificação de qualquer substância constante da relação de
produtos perigosos só deve ser feita, se necessário, por motivo de segurança.

CLASSE 5 – SUBSTÂNCIAS OXIDANTES – PERÓXIDOS ORGÂNICOS

Figura 42: Substância Oxidante


Fonte: do conteudista.

104
Esta classe compreende:

Subclasse 5.1 – Substâncias oxidantes – Substâncias que, embora não sendo


necessariamente combustíveis, podem, por liberação de oxigênio, causar a
combustão de outros materiais ou contribuir para isso.

Subclasse 5.2 – Peróxidos orgânicos – Substâncias orgânicas que contêm a


estrutura bivalente -O-O- e podem ser consideradas derivadas do peróxido de
hidrogênio, onde um ou ambos os átomos de hidrogênio foram substituídos por
radicais orgânicos. Peróxidos orgânicos são substâncias termicamente instáveis e
podem sofrer uma decomposição exotérmica autoacelerável. Além disso, podem
apresentar uma ou mais das seguintes propriedades: ser sujeitos a decomposição
explosiva; queimar rapidamente; ser sensíveis a choque ou a atrito; reagir
perigosamente com outras substâncias; causar danos aos olhos.

Devido à variedade das propriedades apresentadas pelos


produtos incluídos nessas duas subclasses, é
impraticável o estabelecimento de um critério único de
classificação para esses produtos.

105
CLASSE 6 – SUBSTÂNCIAS TÓXICAS (VENENOSAS) - SUBSTÂNCIAS
INFECTANTES

Figura 43: Substâncias Tóxicas


Fonte: do conteudista.

Esta classe abrange:

Subclasse 6.1 – Substâncias tóxicas (venenosas)

São as capazes de provocar a morte, lesões graves ou danos à saúde


humana, se ingeridas, inaladas ou se entrarem em contato com a pele.

Os produtos da subclasse 6.1, inclusive pesticidas, podem ser distribuídos


em três grupos de embalagem:

Grupo I – Substâncias e preparações que apresentam um risco muito elevado de


envenenamento

Grupo II – Substâncias e preparações que apresentam sério risco de


envenenamento

Grupo III – Substâncias e preparações que apresentam um risco de


envenenamento relativamente baixo.

Na classificação de um produto, devem ser levados em conta casos


conhecidos de envenenamento acidental de pessoas, bem como quaisquer

106
propriedades especiais do produto, tais como estado líquido, alta volatilidade,
probabilidade de penetração e efeitos biológicos especiais. Na ausência de
informações quanto ao efeito sobre seres humanos, devem ser feitos experimentos
com animais, segundo três vias de administração: ingestão oral, contato com a pele
e inalação de pó, neblina ou vapor.

Subclasse 6.2 – Substâncias infectantes

São aquelas que contêm micro-organismos viáveis, incluindo uma bactéria,


vírus, rickettsia, parasita, fungo ou um recombinante híbrido ou mutante, que
provocam, ou há suspeita de que possam provocar, doenças em seres humanos
ou animais.

CLASSE 7 – MATERIAIS RADIOATIVOS

Para fins de transporte, material radioativo é qualquer


material cuja atividade específica seja superior a
70kBq/kg. Nesse contexto, atividade específica
significa a atividade por unidade de massa de um
radionuclídeo ou, para um material em que o
radionuclídeo é essencialmente distribuído de
maneira uniforme, a atividade por unidade de massa
do material.
Figura 44: Material radioativo
Fonte: do conteudista.

Para efeito de classificação dos materiais radioativos, incluindo aqueles


considerados como rejeito radioativo, consultar a Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN). As normas relativas ao transporte desses materiais (CNEN-NE-
5.01 e normas complementares a esta) estabelecem requisitos de radioproteção e

107
segurança, a fim de que seja garantido um nível adequado de controle da eventual
exposição de pessoas, bens e meio ambiente à radiação ionizante. Entretanto, é
necessário também levar em conta outras propriedades que possam significar um
risco adicional.

CLASSE 8 – CORROSIVOS

São substâncias que, por ação


química, causam severos danos quando
em contato com tecidos vivos ou, em caso
de vazamento, danificam ou mesmo
destroem outras cargas ou o veículo. Elas
podem, também, apresentar outros riscos.

A alocação das substâncias aos


grupos de embalagem da classe 8 foi feita
levando-se em conta outros fatores, tais
como risco à inalação de vapores e
Figura 45: Substâncias corrosivas reatividade com água (inclusive a
Fonte: do conteudista.
formação de produtos perigosos
decorrentes de decomposição).

A classificação de substâncias novas, inclusive misturas, pode ser avaliada


pelo intervalo de tempo necessário para provocar visível necrose em pele intacta
de animais. Segundo esse critério, os produtos dessa classe podem ser distribuídos
em três grupos de embalagem:

Grupo I – Substâncias muito perigosas – Provocam visível necrose da pele após


um período de contato de até três minutos.

Grupo II – Substâncias que apresentam risco médio – Provocam visível necrose


da pele após período de contato superior a três minutos, mas não maior do que 60

108
minutos.

Grupo III – Substâncias de menor risco, incluindo:

a) As que provocam visível necrose da pele num período de contato superior a


60 minutos, mas não maior que quatro horas.
b) Aquelas que, mesmo não provocando visível necrose em pele humana,
apresentam uma taxa de corrosão sobre superfície de aço ou de alumínio
superior a 6,25mm por ano, a uma temperatura de ensaio de 55°C.

CLASSE 9 – SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DIVERSAS

Incluem-se nesta classe as substâncias e


artigos que, durante o transporte, apresentam um
risco não abrangido por qualquer das outras
classes.

Figura 46: Substâncias perigosas


Fonte: do conteudista.

Você sabe o que é identificação positiva?

A identificação positiva de um Produto Perigoso ocorre quando


obtemos com relativa certeza o NOME ou o NÚMERO ONU de um
produto. O painel de segurança nos informa, à distância, o nº ONU.
Os documentos de transporte (Notas Fiscais, Ficha de Informação de
Segurança de Produto Químico – FISPQ, etc.) podem nos informar o
nº do produto e seu nº ONU.

109
Métodos formais de identificação:

No Brasil, os padrões de identificação e simbologia


(formato, cor, dimensões, etc.) para os painéis de
segurança e rótulos de risco, utilizados no transporte
terrestre (modais rodoviário e ferroviário), são
estipulados pela ABNT NBR 7.500.

2.2 Painel de Segurança

Painel retangular de cor alaranjada, indicativo de transporte rodoviário de


produtos perigosos, que possui escrito, na parte superior, o número de identificação
de risco do produto e, na parte inferior, o número que identifica o produto conforme
classificação da ONU.

Figura 47: Painel de Segurança


Fonte: SCD/EaD/Segen.

Número de risco

O número de risco (parte superior do painel de segurança) é constituído por


dois ou três algarismos e, se necessário, pela letra X, quando for expressamente
proibido o uso de água no produto perigoso.

O número de identificação de risco permite determinar de imediato o risco

110
principal do produto – 1º algarismo. Os riscos subsidiários são representados pelos
2º/3º algarismos. Confira a tabela com os significados dos algarismos, disponível
no material complementar.

Número de Identificação do produto

O Número ONU, de 4 dígitos, não pode ser confundido com o Número de


Risco, que tem de 2 a 3 dígitos. Enquanto o nº ONU nos diz exatamente de qual
produto se trata, o nº de Risco informa qual o potencial do produto em termos de
ameaça.

A relação dos nº ONU é dada pelo Orange Book ONU (“Livro Laranja”) e
Resolução 5.232/2016 – ANTT. A relação de Números de Risco pode ser
encontrada na Resolução 5.232/ANTT e consultada, durante os incidentes, no
Manual para Atendimento a Emergências/ABIQUIM.

Veja no exemplo abaixo:

Figura 48: Exemplo de painel de segurança


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

111
2.3 RÓTULOS DE RISCO

Os Rótulos de Risco, apesar de não informarem o nome e/ou nº ONU de um


produto (Identificação Positiva), possuem símbolos (pictogramas) que remetem à
ideia do tipo de ameaça. Veja o exemplo abaixo:

Figura 49: Exemplo de sinais dos rótulos de risco


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

Para cada classe de risco há um rótulo correspondente. Acesse a relação com a


classificação e as placas de risco, disponível no material complementar.

112
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:

• A classificação de produtos perigosos segundo a ONU, sendo composta por


nove classes e suas respectivas subclasses;

• O sistema de classificação não se aplica somente às instalações físicas, mas


aos modos de transportes de produtos perigosos;

• Aprendeu sobre o Diamante de Hommel, que se trata de um diagrama


conhecido como diagrama do risco, o qual fornece as ameaças gerais
inerentes de cada produto, sendo dividida em: Vermelho (Risco de
inflamabilidade); Azul (Risco à saúde); Amarelo (Risco de reatividade;
Branco (Riscos específicos);

• Aprendeu sobre a identificação positiva de um Produto Perigoso, que ocorre


quando obtém-se com relativa certeza o NOME ou o NÚMERO DA ONU de
um produto;

• Foi abordado sobre o Painel de Segurança, o qual se trata de um painel


retangular de cor alaranjada, sendo indicativo de transporte rodoviário de
produtos perigosos, que possui escrito, na parte superior, o número de
identificação de risco do produto e, na parte inferior o número que identifica
o produto conforme a classificação da ONU.

113
Módulo 5 – Fontes de consulta e informação

Apresentação
Neste módulo, você, na qualidade de primeiro respondedor, vai
desempenhar procedimentos – com base no manual de emergência da Associação
Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) – para verificação do nome do produto,
do número de risco e do número da ONU e aplicar as medidas iniciais de isolamento
e a divisão da cena do acidente em áreas de trabalho.

Figura 50: Manuais


Fonte: do conteudista.

114
Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

• Identificar o nome do produto, o número de risco e o número da ONU


utilizando as informações contidas no manual de emergência da Associação
Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM);

• Identificar as roupas de proteção utilizadas nas atividades de


intervenção em emergências com produtos perigosos;

• Compreender as informações contidas no guia NIOSH;

• Aplicar medidas iniciais de isolamento e a divisão da cena do acidente em


áreas de trabalho.

Estrutura do Módulo

O presente módulo está dividido em:

Aula 1 – Fontes de consulta e informação

Aula 2 – Guia de emergência química da ABIQUIM

Aula 3 – Guia NIOSH para riscos químicos (NIOSH – Guide to Chemical Hazards)

115
Aula 1 – Fontes de consulta e informação

1.1 ABIQUIM

Manual de Atendimento a Emergências


com Produtos Perigosos - MAE/ABIQUIM. O
MAE/ABIQUIM é, antes de tudo, um guia
prático operacional que pode ser utilizado
como fonte de consulta inicial durante os
primeiros momentos do atendimento. Será
explicado o seu funcionamento na aula 2.

Figura 51: Manual ABIQUIM


Fonte: do conteudista.

Você sabia?

Serviço 0800:

A ABIQUIM disponibiliza, ainda, um serviço 0800 (24h) para


obtenção de informações e comunicação de incidente.

O serviço PRÓ-QUÍMICA atende, com ligação gratuita, pelo nº:

0800 11 8270

116
Criado em 1989, destina-se a dar suporte às agencias públicas de resposta
à emergência, bem como aos produtores, expedidores, transportadores e
recebedores de PP para, segundo o próprio MAE/ABIQUIM:

❖ Receber de imediato informações sobre os produtos químicos e orientações


químicos e orientações de precauções com relação aos perigos dos produtos e
sobre as situações de emergência. As informações fornecidas têm como base o
banco de dados da ABIQUIM. Este banco de dados inclui principalmente as Fichas
de Informações de Produtos Químicos (FISPQs); inclui também outras referências
técnicas reconhecidas.

❖ Receber a assistência necessária para a comunicação da ocorrência e a


solicitação de ajuda para as autoridades e empresas envolvidas no controle da
emergência, até a normalização da situação (MAE/ABIQUIM/2015).

1.2 FISPQ

Considerada uma das mais importantes fontes de consulta/informação, se


não a mais importante delas, a Ficha de Informação de Segurança de Produto
Químico - FISPQ é regulamentada no Brasil pela ABNT NBR 14725 – 4/2009. Se,
nos momentos iniciais de um atendimento, o MAE/ABIQUIM é uma fonte poderosa
e simples de informações, nos momentos subsequentes, com o desenrolar da
resposta, a(s) FISPQ(s) específica(s) do(s) produto(s) envolvido(s) pode(em) fazer
a diferença. Um exemplo disso é a questão de danos ambientais, se no
MAE/ABIQUIM tal aspecto é tratado de forma indireta, na FISPQ tal ponto ganha
uma seção exclusiva.

As FISPQs podem ser obtidas/remetidas em formatos físico e digital. Em


determinadas situações, conforme o entendimento da equipe de atendimento e
dentro dos princípios de Comando de Incidente, uma rápida pesquisa na Internet
pode disponibilizar para download a FISPQ de uma determinada substância.
Mesmo porque, a FISPQ não é um documento confidencial. Em muitas situações,
onde não é possível a obtenção da FISPQ específica/original do produto envolvido,

117
aconselha-se a obtenção e comparação entre, ao menos, 03 (três) FISPQs de
outros fabricantes.

Veja um modelo de FISPQ, disponível no material complementar.

1.3 Ficha de emergência


Exigido pela Resolução 5232/16 - ANTT e normatizados EMERGÊNCIA:
pela ABNT NBR 7530, a Ficha de Emergência (FE) e o Envelope de Transporte
são instrumentos para uma rápida consulta nos incidentes de transporte terrestre
de Produtos Perigosos.

Atenção!

As FEs, e os EPIs nelas indicados, se destinam aos


atendentes da emergência e não ao motorista da unidade
de transporte (ex.: caminhão). Para este, as informações
mais relevantes, após um incidente (ex.: saída de pista),
irão constar no Envelope de Transporte. Como se
observa na imagem ao lado, existem FEs para produtos
classificados como PP (tarja lateral em vermelho) e
produtos não classificados (tarja verde).

Veja modelos de Ficha de Emergência, disponível no material complementar.

118
1.4 Envelope de transporte:

O envelope de transporte (envelope pardo), também tem sua forma, cor,


dimensões e dizeres definidos pela ABNT NBR 7503. Fabricado em papel Kraft, o
que lhe confere certa resistência, com informações subdivididas em quatro áreas,
tem como principal função proteger e conter a Ficha de Emergência, além de servir
como guia de instruções básicas ao condutor do veículo.

Como regra, é transportado dentro da cabine das unidades de transporte e


deve ser entregue pelo condutor às equipes de resposta assim que estas cheguem
ao local.

Figura 52: Modelo Envelope de transporte


Fonte: do conteudista.

119
Palavra de especialistas:

Os pesquisadores, os profissionais da química e da física, os


engenheiros, os agentes especializados com vasta experiência de campo
no atendimento (ex.: Bombeiros com especialização em PP), os
profissionais dos órgãos ambientais, os consultores, além de outros
entusiastas da área, constituem um colegiado de “experts” que, quando
devidamente contatados e interligados, acabam formando um verdadeiro
processador de informações com grande capacidade de memória e
resolução de problemas complexos ligados a emergências com
substâncias perigosas. Em todos os estados da federação, dentro das
agências públicas, entidades privadas e ambientes acadêmicos, há
profissionais altamente capacitados e experientes que podem contribuir, e
muito, no gerenciamento de situações diversas.

1.5 Informações do fabricante, fornecedor/distribuidor, expedidor,

transportador, destinatário ou importador do produto perigoso:

Dentro da cadeia produtiva/comercial de Produtos Perigosos todos os agentes


envolvidos são potenciais fontes de informação. Assim, no processo, cada um tem
responsabilidades próprias previstas em leis, normas e regulamentos. Porém, em
determinadas situações e perante a justiça, alguns podem responder
solidariamente. Obviamente, ao fabricante, bem como ao fornecedor, recai a
responsabilidade de disponibilizar as informações técnicas a respeito do produto
fabricado. O Artigo 27 do Decreto Federal nº 96.044, de 18 de maio de 1988
(https://legis.senado.leg.br/norma/518684/publicacao/15707431), que aprova o
Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, dando outras
providencias, é bem claro:

“Em caso de emergência, acidente ou avaria, o fabricante, o


transportador, o expedidor e o destinatário do produto
perigoso darão o apoio e prestarão esclarecimentos que lhes
forem solicitados pelas autoridades públicas.”

120
Aula 2 – Guia de emergência química da ABIQUIM

O Pró-Química foi criado em 1989 pela Associação Brasileira da Indústria


Química (ABIQUIM). É um serviço integrado de informações e comunicações que
fornece a você, pelo telefone 0800 11 8270, orientação técnica em caso de
emergência envolvendo produtos químicos, seus fabricantes, transportadores e
armazenadores de todo o Brasil.

O conteúdo do guia de emergência da ABIQUIM é originado do livro laranja


da ONU e da Resolução 420 da Agência Nacional de Transportes Terrestres.

2.1 Manual para o atendimento às emergências com produtos

perigosos
O manual tem o formato de guia de emergências para orientar os casos de
acidentes com produtos químicos e suas principais características, com o objetivo
de orientar a resposta à emergência, servindo como fonte de consulta prática e
sistemática. Ele fornece providências a serem adotadas que facilitam o atendimento
pelas equipes de resposta que primeiro chegam ao local sinistrado. O manual é
voltado para o transporte rodoviário com produtos perigosos e serve de fonte de
consulta para acidentes químicos ampliados e outros modos de transporte,
processo fabril e estoque. Porém, nesses casos, deve-se contar com o
conhecimento e a experiência dos operacionais e técnicos especializados na
intervenção de ocorrências com produtos perigosos. Lembrando que o manual de
emergências da ABIQUIM é somente uma fonte de informação inicial para os
primeiros 30 minutos do acidente. Dessa forma, devem ser consultadas outras
fontes de informações mais detalhadas do produto em questão.

121
2.2 Sistema de informação

O manual deve ser utilizado observando-se os três sistemas de informação


e identificação de produtos químicos:

Figura 53: Sistemas de informações


Fonte: SCD/EaD/Segen.

Recomenda-se:

• Antes de qualquer intervenção no acidente que a aproximação do cenário


sinistrado pelo respondente deve ser a favor do vento;

• Caso haja vítimas, elas só devem ser resgatas por pessoal capacitado e
equipado com o nível de proteção adequado aos produtos envolvidos;

• Um espaço suficiente deve ser mantido entre o acidente e a movimentação


de equipamentos de socorro e intervenção;

• Documentos de embarque dos produtos, notas fiscais, ficha(s) de


emergência e envelope(s) de transporte, entre outros devem ser retirados da
cena por especialistas para interpretação e correta identificação dos
produtos existentes.

122
Importante!

Novas informações oriundas do fabricante ou


transportador podem alterar completamente o esquema
e a divisão territorial de trabalho dos especialistas.

2.3 Avaliação da situação

Você deve responder as principais questões norteadoras para a formulação


do plano de intervenção, tais como:

• Há derramamento (líquido), escape (gás) ou tombamento (sólido) de


produtos?
• Há incêndio, vazamentos ou explosões?
• Quais as condições do tempo e clima?
• Como é o relevo e terreno?
• Quem está em risco pelos efeitos danosos dos produtos?
• Existe população local?
• Meio ambiente natural?
• Propriedades?
• Há necessidade de retirada de pessoas?
• Há necessidade de informação pela mídia local?
• Devem-se fazer diques de contenção do produto vazado?
• Que recursos humanos e materiais estão sendo aguardados?
• Quantas vítimas?
• Quais hospitais disponíveis?

123
Importante!

Lembre-se de que a primeira ação de proteção a ser


considerada é a segurança das pessoas que estão na área
ao redor, incluindo a sua própria segurança.

2.4 Conteúdo do manual para atendimento à emergência

2.4.1 Seções do manual

O manual possui cinco seções, expressas pelas páginas na cor branca,


amarela, azul, laranja e verde.

Vamos estudá-las:

PÁGINAS DE BORDAS BRANCAS

Abordam informações gerais, instruções sobre o emprego aos números de


risco e suas características e tabela do manual, dados referentes aos códigos de
riscos.

124
Figura 54: Página borda branca
Fonte: CETESB.

Figura 55: Página borda branca


Fonte: CETESB.

125
PÁGINAS DE BORDAS AMARELAS

Apresentam a relação de produtos em ordem numérica, conforme os


números ONU. Elas possibilitam a identificação do guia de emergência a partir do
número ONU do produto envolvido no acidente. Na relação, constam os quatro
algarismos do número ONU, seguidos do número do guia de emergência e, por
último, o nome do produto. Você pode observar os exemplos abaixo:

Apresentam a relação de produtos em ordem numérica, conforme os


números ONU. Elas possibilitam a identificação do guia de emergência a partir do
número ONU do produto envolvido no acidente. Na relação, constam os quatro
algarismos do número ONU, seguidos do número do guia de emergência e, por
último, o nome do produto. Você pode observar os exemplos abaixo:

ONU CR. GUIA NOME DO


PRODUTO
1090 3 127 Acetona

1005 2.3 125 Amônia

Figura 56: Página borda Amarela


Fonte: do conteudista; CETESB.

126
PÁGINAS DE BORDAS AZUIS

Apresentam a relação dos produtos em ordem alfabética. Elas possibilitam


a identificação do guia de emergência a partir do nome do produto envolvido no
acidente. Na relação, consta o nome do produto, seguido do guia de emergência e
o número ONU. Um exemplo vem a seguir:

NOME DO GUIA CR. ONU


PRODUTO

Ácido Sulfúrico 137 8 1830


Amônia 125 2.3 1005

Figura 57: Página borda Azul


Fonte: do conteudista; CETESB.

127
PÁGINAS DE BORDAS LARANJAS

Apresentam os guias nos quais são encontradas as recomendações de


segurança. Os guias estão divididos em formato de duas páginas. Cada uma das
páginas contém recomendações de segurança e informações de atendimento à
emergência para proteger a equipe de atendimento e o público.

Os guias laranjas possuem a seguinte configuração:

Figura 58: Exemplo Página borda Laranja


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

128
Figura 59: Página borda Laranja
Fonte: do conteudista; CETESB.

Estude agora o detalhamento de cada uma das seções do guia LARANJA:

PERIGOS POTENCIAIS

A primeira seção “Perigos Potenciais” descreve os riscos potenciais que


o produto oferece em relação a incêndio, explosão e à saúde durante exposição ao
produto. O risco mais nocivo à saúde é listado primeiro. A equipe de atendimento
deve consultar primeiro essa seção. Dessa forma será mais fácil tomar decisões
sobre a proteção da equipe e da população próxima.

129
SEGURANÇA PÚBLICA

A segunda seção “Segurança Pública” descreve medidas para a


segurança pública, fornecendo instruções sobre como isolar a cena do acidente. O
guia fornece a você informações quanto à roupa e equipamentos de proteção.
Também detalha as distâncias de retirada de pessoas para os pequenos e grandes
vazamentos com risco de fragmentação e incêndio. São feitas referências às
tabelas de produtos com risco de inalação tóxica e produtos reativos à água,
quando o produto estiver identificado com o sombreado verde nas páginas de
bordas amarelas e azuis.

AÇÃO DE EMERGÊNCIA

A terceira seção “Ação de Emergência” cobre as ações de atendimento à


emergência, incluindo primeiros socorros. São assinaladas as precauções
especiais em caso de incêndios, derramamentos e exposição às substâncias
químicas, incluindo recomendações sobre as ações de primeiros socorros a serem
realizadas enquanto é aguardado socorro especializado.

Importante!

Cada guia de emergência cobre um grupo e tipo de produto e seu


risco geral.

PÁGINAS DE BORDAS VERDES

Apresentam tabela em que constam a ordem do número de identificação


ONU e os produtos tóxicos por inalação ou que em contato com a água produzem
gases tóxicos. Ela recomenda dois tipos de distância de segurança: a distância de
isolamento inicial e a distância de proteção.

130
Saiba mais!

Os produtos com risco de inalação tóxica estão destacados e sombreados


para facilitar sua identificação em ambas as listas do guia de bordas
amarelas e azuis.

Importante!

As distâncias mudam durante a noite devido às condições


de temperatura, pois o ar é geralmente mais calmo,
tornando a dispersão de vapores mais lenta, o que cria uma
zona mais concentrada com os tóxicos. Durante o dia, o
produto pode se dispersar mais rapidamente em uma
atmosfera mais ativa. É a quantidade ou concentração do
vapor do produto que produz o dano, não somente sua
presença no ar.

As letras escritas ao lado dos nomes dos produtos,


tais como: “N.E. – Não Especificado” e “P – Polimerização
de produtos na forma violenta pelo calor ou por
contaminação”. Polimerização é a denominação da reação
química em que moléculas simples (monômeros) produzem
macromoléculas (polímeros) normalmente de forma
extremamente exotérmica.

131
Figura 60: Tabela de distâncias de isolamento inicial e de ação protetora
Fonte: do conteudista; CETESB.

Figura 61: produtos perigosos que reagem com água


Fonte: do conteudista; CETESB.

132
Aula 3 – Guia NIOSH para riscos químicos (NIOSH – Guide to Chemical Hazards)

O guia NIOSH (Instituto Nacional de Saúde e Higiene Ocupacional), EUA,


para os riscos químicos considera cerca de 677 produtos químicos. O guia tem
versão eletrônica on-line e seus dados podem ser impressos.

Acesse http://www.cdc.gov/niosh/npg/ e baixe o guia


NIOSH.

As formas de pesquisa disponíveis no guia são:

Figura 62: Formas de pesquisa no guia


Fonte: SCD/EaD/Segen.

Cerca de 411 produtos têm a numeração CAS ou registro CAS (CAS number
ou CAS registry number, em inglês) de um composto químico, polímero,

133
sequência biológica e liga é um número de registro único no banco de dados do
Chemical Abstracts Service, uma divisão da Chemical American Society.

O Chemical Abstracts Service atribui esses números a cada produto químico


que é descrito na literatura. Além disso, o CAS mantém e comercializa um banco
de dados dessas substâncias: o CAS Registry. Aproximadamente 23 milhões de
compostos receberam, até agora, um número CAS. Aproximadamente 4.000 novos
números são acrescentados a cada dia. O objetivo é facilitar as pesquisas no banco
de dados, visto que, muitas vezes, os produtos químicos têm mais de um nome.
Quase todos os bancos de dados atuais de moléculas permitem uma pesquisa pelo
número CAS.

134
Finalizando...

Neste módulo, você estudou que:

• O conteúdo do guia de emergência da ABIQUIM é originado do livro laranja


(orange book) da ONU e da Resolução 420 da Agência Nacional de
Transportes Terrestres;

• O manual deve ser utilizado observando-se os três sistemas de informação


e identificação de produtos químicos: Painel de segurança; Rótulo de risco;
Documentos de embarque do produto;

• Todo produto perigoso, para o transporte, deve ser acompanhado da Ficha de


Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ) e da Ficha de
Emergência;

• O manual para o atendimento às emergências com produtos perigosos tem


o formato de guia de emergências para orientar os casos de acidentes com
produtos químicos e suas principais características, com o objetivo de
orientar a resposta à emergência, servindo como fonte de consulta prática
e sistemática;

• O manual possui cinco seções, expressas pelas páginas na cor branca,


amarela, azul, laranja e verde;

• O guia NIOSH para os riscos químicos considera cerca de 677 produtos


químicos.

135
Módulo 6 – Seleção de níveis de proteção e divisão de

áreas de trabalho

Apresentação

Caro aluno,

Nesse módulo abordaremos sobre os tipos de vestimentas de proteção que


serão necessárias para cada situação envolvendo produtos perigosos, bem como
as áreas que devem ser delimitadas para a proteção do profissional, do público em
geral e do meio ambiente, buscando sempre a segurança de todos.

Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

• Identificar os equipamentos necessários ao nível de ocorrência;


• Identificar os riscos, físicos, químicos e biológicos;
• Divisão da área de trabalho;
• Gestão do local da ocorrência e a delegação das atribuições.

Estrutura do Módulo

O presente módulo está dividido em:

Aula 1 – Seleção dos níveis de proteção

Aula 2 – Divisão de áreas de trabalho

136
Aula 1 – Seleção dos níveis de proteção

Esta aula tem como objetivo criar condições para que você identifique os
níveis de proteção e possa selecionar a roupa adequada para as atividades de
intervenção em emergências com produtos perigosos.

Uma observação importante, a ser feita antes que você inicie o estudo dos
tópicos específicos: existem três classes distintas de riscos envolvidos quando se
fala em roupas de proteção. São eles:

• Riscos físicos (calor, frio, radiações ionizantes e não ionizantes);

• Riscos químicos (gases, vapores e respingos de produtos perigosos);

• Riscos biológicos (vírus, bactérias).

1.1 Critérios gerais para seleção de roupas de proteção química

As roupas que protegem o corpo do contato com produtos perigosos estão


divididas em quatro níveis de proteção: A, B, C e D, os quais você estudará mais à
frente.

As precauções apropriadas para lidar com acidentes envolvendo produtos


perigosos devem ser tomadas por pessoas altamente treinadas e envolvidas com
a atividade e seus riscos, a fim de minimizar os perigos potenciais, proteger a vida
humana e o meio ambiente e criar plantas industriais (e atividades) mais seguras.

1.2 Equipamentos

Três tipos de equipamentos devem estar sempre disponíveis em tais situações:

137
• Equipamentos de detecção que tornem possível a detecção do perigo
potencial em um curto período de tempo;

• Proteção respiratória;

• Roupas de proteção química.

Com relação à proteção pessoal, o problema envolvido em selecionar uma


roupa de proteção química (RPQ) adequada para tratar com produtos químicos
perigosos tem se tornado extremamente complexo, devido ao rápido
desenvolvimento nos últimos anos da manufatura de materiais alternativos e suas
aplicações.

Nesta aula você estudará especificamente as roupas de proteção.

Critérios universais

Com todas as colocações acima, há que se ter requisitos universais para


uma roupa de proteção química. Esses requisitos são:

• A roupa deve ser resistente contra todas as substâncias (na forma gasosa,
líquida ou sólida) que possam ser prejudiciais à saúde; a roupa não deve
sofrer danos por esforços mecânicos (não cortar, furar, etc.);

• A roupa não deve ser afetada por diferenças de temperatura (calor ou frio
intenso);

• A roupa deve apresentar características de ser retardante de chamas e


dielétrica (isolante) e oferecer proteção contra poeiras radioativas;

• A roupa não deve também acumular calor internamente ou impedir a livre


movimentação, visão e comunicação do usuário. Ela deve ser leve, fácil de
manusear, de fácil descontaminação, de manutenção simples e, sobretudo,
apresentar um preço baixo.

138
Todos os requisitos acima são justificáveis, mas, infelizmente, o que ocorre
na prática é que nem todos os pontos apresentados podem ser cumpridos por uma
única roupa. Assim, o usuário deve estudar a melhor opção viável tecnicamente e
economicamente.

Neste momento, você pode ser chamado pelos profissionais especializados


no atendimento à emergência com produtos perigosos para auxiliá-los a vestir os
níveis de proteção a seguir apresentados.

1.3 Níveis de proteção

A fim de classificar os vários níveis de proteção necessários para uma


atividade de emergência envolvendo produtos químicos perigosos, foi criada uma
classificação que indica os equipamentos necessários para cada nível. Essa
classificação foi desenvolvida pela Agência Americana de Proteção Ambiental
(EPA).

Importante!

Quanto mais se procura saber sobre determinado


cenário e quanto mais informação se obtém sobre os
produtos envolvidos, mais fácil ficará a escolha do nível
de proteção adequado. O Comando do Incidente, em
processo decisório, poderá, a seu critério, elevar ou
reduzir o nível de proteção. Obviamente, tal decisão irá
procurar, sempre, garantir a segurança dos operadores.
No entanto, ela deve levar em conta, também, o conforto
térmico e os níveis de hidratação/desidratação daqueles
na linha de frente.

139
Nível A

O nível A de proteção é necessário quando a proteção para a pele, trato


respiratório e olhos deve ser ALTÍSSIMA.

• Máxima proteção para a pele e mucosas, inclusive os olhos;

• Máxima proteção respiratória, mesmo em atmosferas com redução de


oxigênio, deficiência de oxigênio o consideradas IPVS (Imediatamente
Perigosa à Vida ou a Saúde);

• Prevê barreira contra vapores, gases, poeiras, névoas e respingos de


líquidos;

• Pouca proteção mecânica;

• Em geral, pouca proteção contra calor irradiado de incêndios/explosões.

Os equipamentos que devem ser utilizados para proteção nível A são:

• Equipamento autônomo de pressão positiva;

• Roupa de resistência química totalmente encapsulada;

• Luvas internas, com proteção química;

• Luvas externas, com proteção química;

• Botas com resistência química, palmilha e biqueira de aço (dependendo do


desenho de confecção da roupa, deve ser empregada uma bota interna à
bota da roupa);

• Macacão de algodão para uso interno tipo long-john (opcional);

• Capacete para uso interno (opcional);

• Capa para uso interno (opcional);

140
• Rádio de comunicação intrinsecamente seguro.

IPVS - “Concentração de um contaminante, considerada Imediatamente Perigosa à Vida


ou à Saúde. Refere-se à exposição respiratória aguda, que supõe uma ameaça direta de
morte ou consequências adversas irreversíveis à saúde, instantânea ou retardada, ou
exposição agudas aos olhos que impeçam a fuga da atmosfera perigosa. A concentração
IDLH (Immediately Dangerous to Life or Health) é o nível máximo de exposição, durante
30 minutos, na qual um trabalhador pode escapar na eventualidade do respirador falhar,
sem perda de vida ou ocorrência de efeito irreversível à saúde, imediato ou retardado. A
exposição a vapores de cádmio, por exemplo, pode não produzir nenhum efeito
momentâneo severo, levando o profissional desavisado a não tomar as medidas
necessárias de socorro. Porém, após algumas horas aparecem, de modo subido, efeitos
gravíssimos que levam ao colapso e até mesmo à morte” (CBPMPR, 2018, n.p.).

Veja um exemplo na figura 63:

Figura 63: EPI Nível A


Fonte: NFPA 471.

141
Clique abaixo e veja sobre os critérios de seleção para utilização de EPI nível
A.

Critério de seleção para proteção nível A

Encontrando um dos critérios a seguir, opte pelo nível de proteção A:

• Substância química foi identificada e requer o mais alto nível de proteção


respiratória para a pele e os olhos;

• Substâncias com alto grau de perigo para a pele são suspeitas de estarem
presentes e o contato com a pele é possível (contato com a pele inclui:
respingos, imersão ou contaminação por vapores, gases ou partículas);

• Em operações conduzidas em locais confinados e sem ventilação, até que


o motivo que gerou a opção pelo nível A tenha cessado;

• Leituras diretas em equipamentos de monitoramento ambiental ou


instrumentos similares indicando altos índices de vapores ou gases não
identificados no ar.

Nível B

O nível B de proteção deve ser selecionado quando são necessários o maior


nível de proteção respiratória e um nível menor para pele e olhos. O nível B é o
nível mínimo recomendado desde a entrada até que o perigo tenha sido detectado
e avaliado através de amostragem ou outro método de análise qualquer que seja
confiável, bem como para a situação específica a que tenha sido indicado.

• Máxima proteção respiratória, mesmo em atmosferas com redução de


oxigênio, deficiência de oxigênio ou consideradas IPVS;

• Menor proteção para a pele e mucosas;

• Provê barreira contra respingos líquidos;

142
• Pouca proteção mecânica;

• Pouca proteção contra calor irradiado de incêndios/explosões.

Os equipamentos que devem ser utilizados para proteção nível B são:

• Equipamento autônomo de pressão positiva;

• Roupa de proteção química (capas e jaquetas com mangas longas, capas


com capuz, macacões, roupas de proteção contra respingos em duas
peças, etc.);

• Capa de uso interno (opcional);

• Luvas externas com resistência química;

• Luvas internas com resistência química;

• Botas externas com palmilha e biqueira de aço;

• Botas internas com resistência química (opcional);

• Capacete (opcional);

• Rádio de comunicação intrinsecamente seguro.

Veja um exemplo na figura 64:

143
Figura 64: EPI Nível B
Fonte: NFPA 471.

Clique abaixo e veja sobre os critérios de seleção para utilização de EPI nível
B.

Critério de seleção para o nível B

Encontrando um dos critérios abaixo, opte pelo nível de proteção B:

• O tipo do produto perigoso e sua concentração foram identificados e


requerem um alto grau de proteção respiratória sem, contudo, exigir esse
nível de proteção para a pele;

• Não é possível o uso de proteção respiratória devido à concentração do


produto;

144
• A atmosfera contém menos de 19,5% de oxigênio;

• Em local que seja altamente improvável a geração de alta concentração de


vapores, gases, partículas ou respingos que venham a prejudicar de alguma
forma a pele.

Nível C

O nível C de proteção deve ser selecionado quando o tipo de contaminante


do ar é conhecido, sua concentração medida, os critérios de seleção para uso de
equipamentos de proteção respiratória vão ao encontro dos padrões e a exposição
da pele e dos olhos é indesejada. O monitoramento do ar deve ser realizado.

• Menor proteção para a pele e mucosas;

• Provê barreira contra respingos de líquidos;

• Pouca proteção mecânica;

• Pouquíssima proteção contra calor irradiado de incêndios/explosões.

Os equipamentos que devem ser utilizados para proteção nível C são:

• Roupa com resistência química (macacão, conjunto de duas peças com


capuz, roupa descartável);

• Máscara facial e filtro apropriado;

• Luvas externas com resistência química;

• Luvas internas com resistência química;

• Botas externas com palmilha e biqueira de aço;

• Botas internas com resistência química (opcional);

• Roupas internas (opcional);

• Capacete (opcional);

145
• Rádio de comunicação intrinsecamente seguro;

• Máscara de fuga (opcional).

Veja um exemplo na figura 65:

Figura 65: EPI Nível C


Fonte: CB/PMPR.

Clique abaixo e veja sobre os critérios de seleção para utilização de EPI nível
C.

Critério de seleção para o nível C

Encontrando um dos critérios abaixo, você deve optar pelo nível C de


proteção:

• A concentração de oxigênio no local não é inferior a 19,5%;

146
• Concentração monitorada de substâncias identificadas com o uso de
purificadores de ar e cuja concentração esteja dentro dos limites para cada
cartucho;

• O trabalho não requer o uso de aparelho de respiração autônoma.

Nível D

O nível D é primariamente um uniforme de trabalho, que não deve ser


empregado quando existir qualquer risco para o trato respiratório ou pele.

• Traje usual de trabalho;

• Utiliza-se em atividade de apoio na Zona Fria;

• Utiliza-se quando não há ameaças à respiração, à pele e mucosas;

• É o nível mínimo de proteção que se deve adotar na chegada a um


determinado cenário de Produtos Perigosos, respeitando-se as distâncias
de segurança, até que se tenham melhores informações.

Os equipamentos que devem ser utilizados para proteção nível D são:

• Uniforme completo de trabalho (mangas abaixadas);


• Botas, preferencialmente com palmilhas e biqueira de aço;
• Capacete;
• Luvas de couro de vaqueta;
• Óculos de proteção.

147
Figura 66: EPI nível D
Fonte: NFPA 471.

Clique abaixo e veja sobre os critérios de seleção para utilização de EPI nível
D.

Critério de seleção para o nível D de proteção

• Não há presença de contaminadores;

• Não há qualquer possibilidade de respingos, imersão ou risco potencial de


inalação de qualquer produto químico.

148
Figura 67: Nível de proteção – Quando usar o quê?
Fonte: ABNT/NBR 14.064:2015.

149
Aula 2 – Divisão de áreas de trabalho

Nesta aula, você estudará como isolar a área contaminada e dividir a área
de trabalho com base nas características do produto sinistrado e no respectivo
pessoal e equipamentos no cenário.

2.1 Áreas de trabalho

Na área de trabalho há, basicamente, 04 (quatro) áreas a serem


consideradas e um ponto específico: Ponto Zero; Zona Quente; Zona Morna; Zona
Fria; e Zona de Exclusão.

Figura 68: Áreas de trabalho


Fonte: SCD/EaD/Segen.

Estude, a seguir, sobre cada uma delas:

150
Ponto Zero
Trata-se do ponto exato no terreno onde ocorreu ou está ocorrendo o
vazamento/derramamento. É o ponto ou região restrita, onde determinado produto
está escapando para o meio ambiente e com ele interagindo. O Ponto Zero pode
ser considerado como a origem das distâncias, ou seja, ele servirá como referência
para um raio de isolamento. Por regra, o Ponto Zero estará no centro da Zona
Quente.

Figura 69: Localização do Ponto Zero


Fonte: CBPMPR, 2018; SCD/EaD/Segen.

Zona Quente

Área imediatamente circunvizinha ao Ponto Zero, que se estende até um


limite que previna os efeitos às pessoas e equipamentos fora dessa área.

O acesso ao interior dessa área deve ser limitado exclusivamente para


aquelas pessoas e materiais que especificamente vão atender a exigências, ou
seja, equipes de serviço e todo material necessário para fazer frente ao fato.

Ela deverá ser necessariamente demarcada (veja acima a figura 69) e ao


encarregado de segurança da emergência é a quem caberá orientar e controlar os
acessos. Deve ter seu perímetro demarcado fisicamente, de forma a deixar claro
para todos que este não deve ser transposto.

151
Figura 70: Áreas de Isolamento e Segurança
Fonte: CBMGO, 2017; SCD/EaD/Segen.

Zona Quente – produtos NÃO tarjados em verde no MAE/ABIQUIM:

Considerando-se a Zona Quente como uma circunferência, devemos adotar,


na prática, como raio de isolamento inicial, aquele proposto pelo Manual de
Atendimento à Emergências da ABIQUIM (MAE/ABIQUIM) em seus guias, no item
“Segurança Pública”.

Abaixo, um esquema de isolamento com 50m de raio na Zona Quente para


produto em estado líquido.

Figura 71: Área de isolamento Zona Quente


Fonte: CBPMPR, 2018; SCD/EaD/Segen.
152
Zona Quente – produtos tarjados em verde no MAE/ABIQUIM:

Por serem gases/vapores tóxicos por inalação, ou outros produtos que


quando em contato com a água liberam gases/vapores tóxicos, irão exigir
distanciamentos maiores de isolamento do que aqueles propostos inicialmente
pelos guias das páginas laranja.

Para se definir o raio de isolamento inicial dos produtos tarjados em verde,


a tabela de distância de isolamento e ação protetora deverá ser consultada.

A tabela estabelece alguns conceitos:

Pequeno vazamento: vazamento em um único recipiente pequeno (ex.: tambor de


200 litros) ou vazamento pequeno em um tanque.

Grande vazamento: vazamento em tanque, ou vazamento de inúmeras


embalagens pequenas.

Dia: qualquer momento depois do nascer até o pôr do sol.

Noite: qualquer momento entre o pôr e o nascer do sol.

Figura 72: Isolamento de produtos tarjados de verde no Manual


Fonte: CBPMPR, 2018; SCD/EaD/Segen.

153
Para os produtos tarjados em verde, haverá um isolamento inicial
diferenciado em relação ao previsto, no item “Segurança Pública”, do guia (página
laranja) correspondente à substância.

Como tais substâncias têm grande potencial para gerar atmosferas tóxicas
que são influenciadas pelas condições de vento, temperatura e umidade, duas
zonas (áreas) distintas, mas que se inter-relacionam entre si, deverão ser previstas
quando se planeja o esquema de isolamento. São elas:

Zona de isolamento inicial

Círculo em volta do Ponto Zero, com raio definido pela tabela de isolamento
inicial e de ação protetora considerada de extremo perigo naturalmente tida como
Zona Quente onde ações de evacuação de pessoas e contenção do
derramamento/vazamento serão tomadas.

Zona de ação protetora

Quadrado alinhado em função do vento predominante que tem suas arestas


definidas pelos valores das distâncias a favor do vento mostradas na tabela de
isolamento inicial e de ação protetora, onde medidas de proteção devem ser
previstas, com ou sem evacuação de população.

Vamos ver como ficaria o isolamento para a AMÔNIA ANIDRA, exemplo


citado acima.

Para a amônia anidra, considerando-se um grande vazamento, ocorrido do


dia, e com as distâncias informadas, teríamos um diagrama de isolamento da
seguinte forma:

154
Figura 73: Isolamento para amônia anidra
Fonte: CBPMPR, 2018.

• O círculo vermelho é a zona de isolamento inicial, sendo considerado como


Zona Quente;
• O quadrado laranja, orientado conforme o vento, é chamado zona de ação
protetora que, conforme avaliação do Comando do Incidente em função das
variáveis proporções do incidente, tipo do produto, evolução da resposta em
termos de controle, volume de pessoas a serem evacuadas etc., pode ser
considerado Zona Quente ou Zona Morna.

Zona Morna

Também chamada de Zona Amarela ou Zona de Redução de Contaminação


(ZRC), pode ser entendida como uma zona de transição entre a Zona Quente (ZQ)
e Zona Fria (ZF).

155
Nessa área deverão estar localizados os equipamentos e pessoal para o
suporte da Zona Quente. Deve ser um local imediatamente anexo à Zona Quente,
possibilitar a comunicação e, sempre que possível, a observação da Zona Quente;

Deve-se estabelecer nessa área um corredor de redução de contaminação


e de acesso à saída de pessoal e materiais.

Figura 74: Área de isolamento Zona Morna


Fonte: CBPMPR, 2018; SCD/EaD/Segen.

Enquanto a Zona Quente deve ser delimitada por uma linha quente que, na
prática, será estabelecida com fitas de isolamento, cones, cordas etc., a Zona
Morna pode ser sinalizada por uma linha morna com os mesmos recursos. Havendo
um corredor de descontaminação, a espessura da Zona Morna será, no mínimo, o
comprimento do próprio corredor.

156
Zona Fria

Também chamada de Zona Verde, Zona Limpa ou Zona de Apoio, a Zona


Fria (ZF) é o espaço em volta da Zona Morna, onde o Posto de Comando (PC) e
as estruturas de apoio, definidas pelo Sistema de Comando de Incidentes (SCI),
serão estabelecidas.

Nessa área estarão o posto de coordenação e todos os suportes necessários


para controle da ocorrência.

É o local de impedimento do acesso ao público, porém, permitido às pessoas


e autoridades que têm relação com a ocorrência, mas não atuarão na intervenção.

Nessa área estarão os equipamentos de apoio médico de triagem.

Figura 75: Área de isolamento Zona Fria


Fonte: CBPMPR, 2018; SCD/EaD/Segen.

157
Zona de Exclusão

De acordo com a ABNT/NBR 14.064:2015, a Zona de Exclusão é:

“(...) a área além da faixa periférica da zona fria. É o local onde


permanecem as pessoas e instituições que não possuem
envolvimento direto com a ocorrência, tais como órgãos de
imprensa e a comunidade, entre outros. A autorização para
entrada na zona de exclusão para a zona fria se dá mediante
aprovação do supervisor de segurança do perímetro de
isolamento ou pelo comando de operações.”

A delegação de tarefas em emergências mostra que a divisão de trabalho é


complexa. Claramente, a gestão ideal é aquela que envolve adequada delegação
de tarefas e divisão de trabalho. O termo adequado significa que as tarefas são
empreendidas de forma rápida e voltadas para a solução do problema. A divisão
do trabalho definida em legislação deve prever quem deve substituir a organização
ausente no cenário. Para ilustrar, a Guarda Municipal pode receber a delegação de
direcionar o trânsito da rodovia e manter a segurança do isolamento do sinistro,
enquanto os policiais rodoviários podem ter o trabalho de preencher os autos de
infração e as imposições de penalidade aos responsáveis pelas infrações.

158
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:

• As roupas de proteção devem ser selecionadas de acordo com o


respectivo nível de proteção;

• A Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) desenvolveu uma


classificação que indica os equipamentos necessários para cada nível
de proteção;

• Os níveis de classificação são A, B, C e D;

• A delegação de tarefas em emergências mostra que a divisão de


trabalho é complexa. Claramente, a gestão ideal é aquela que envolve
adequada delegação de tarefas e divisão de trabalho. O termo
adequado significa que as tarefas são empreendidas de forma rápida e
voltadas para a solução do problema;

• As áreas de trabalho são divididas em 4 partes (Zona Quente, Zona


Morna, Zona Fria e Zona de Exclusão), todos os pontos são delimitados
a partir do Ponto Zero (ponto exato em que ocorreu o
vazamento/derramamento).

159
Módulo 7 – Encerramento da intervenção em emergência

Apresentação do Módulo

Caro aluno,

Tão importante quanto a chegada e a instalação segura dos recursos


humanos e materiais nos cenários da intervenção em emergência com produtos
perigosos é a postura profissional em acompanhar, cooperar e facilitar os trabalhos
dos especialistas e técnicos nas ações de contenção de vazamentos, extinção de
incêndios e intervenção pós-explosões, bem como a postura profissional em
encerrar a ocorrência com a obtenção de dados entendidos como essenciais para
o registro dos fatos ocorridos.

Objetivos do Módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
• Descrever o papel da instituição a que pertence dentro do Sistema de
Segurança Pública, Defesa Civil e Meio Ambiente;
• Preencher documentos e elaborar relatórios pertinentes à ocorrência;
• Descrever ações procedimentais que possam acompanhar e obter dados
essenciais para o relatório de encerramento da intervenção na emergência;
e
• Cumprir normas dos planos locais de emergência.

Estrutura do Módulo
O presente módulo está dividido em:
Aula 1 – Acompanhamento das ações de contenção, descontaminação e limpeza
da cena

Aula 2 – Relatório para encerramento do trabalho

160
Aula 1 – Acompanhamento das ações de contenção, descontaminação e limpeza da
cena

A supervisão executada por você é essencial à qualidade do


acompanhamento das ações de contenção que tornem os produtos perigosos
seguros para serem estocados ou removidos do local sinistrado. A
descontaminação, a limpeza e a liberação da cena são papéis fundamentais do
órgão de meio ambiente, que fará a correta orientação dos trabalhadores e
autoridades que tenham circunscrição sobre o local sinistrado.

1.1 Supervisão da contenção feita pelo embarcador, fabricante ou

transportador

A equipe de intervenção deve conhecer as condições de temperatura, chuva


e vento, as quais podem ter efeito sobre os métodos de contenção. Os métodos de
contenção dos produtos vazados ou incendiados começam pelas condições em
que se encontram os produtos, ou seja, por seu estado físico: líquido, sólido ou
gasoso.

Os métodos de controle dos produtos sinistrados são:

Figura 76: Métodos de controle dos produtos sinistrados


Fonte: SCD/EaD/Segen.

161
Essa metodologia de escolha da melhor contenção do produto é do
fabricante, embarcador ou transportador. Os especialistas ou técnicos do governo
(bombeiros, polícia técnica, meio ambiente, defesa civil, entre outros) passam a
supervisionar os trabalhos de contenção.

Os métodos conhecidos são:

Métodos físicos

Os métodos físicos conhecidos são: absorção, cobertura, diluição,


retenção por dicagem (diques de contenção) ou barragem, dispersão de vapores,
reembalagem, tamponamento, transferência (transbordo), supressão de vapores e
despressurização.

Métodos químicos

Os métodos químicos conhecidos são: adsorção, queima controlada,


gelatinização, neutralização, polimerização e solidificação.

1.2 Generalidades sobre a descontaminação em emergência

A descontaminação deve enfatizar um trabalho bem feito e não sua


velocidade. Sob condições não críticas, o bom-senso deve prevalecer, como
descontaminar primeiro o bombeiro que está com sua reserva de ar no final. A
rapidez só é importante quando há o envolvimento de vítimas e mesmo assim ela
deve ser tão completa quanto aplicável. As circunstâncias podem ditar que uma
descontaminação de emergência se faz necessária, exemplos disso são situações
onde o bombeiro tem sua roupa de proteção degradada ou rasgada ou quando
apresenta problemas emergenciais de saúde. A descontaminação de emergência
também é aplicável quando há o envolvimento de público ou outras pessoas ligadas
à emergência.

O conceito de descontaminação proposto pela ABNT NBR 14.064:2015 é

162
significativo:

“Processo que consiste na remoção física de contaminantes


ou na alteração de sua natureza química para substâncias
mais inócuas. O termo é comumente empregado para se
referir à descontaminação de EPI, instrumentos, veículos,
máquinas, equipamentos ou vítimas expostas a determinadas
substâncias.”

1.3 Métodos de descontaminação

Descontaminação úmida
Aquela tradicional, muito difundida e estabelecida na maioria dos Corredores
de Redução de Contaminação (CRCs) onde a água, em estado puro ou como
solvente de soluções, é o principal agente de descontaminação. Envolve métodos
de descontaminação como tais enxágue/rinsagem, lavagem e diluição. Foi tida por
anos como a forma principal (ou a única) de descontaminação.

Enxágue

O enxágue utilizando somente volumes de água pura é um dos principais


métodos para a retirada efetiva de contaminantes. Deve ser aplicada diretamente
sobre a pele. Pode auxiliar na descontaminação dos olhos ao retirar e diluir
contaminantes. O método, em conjunto com a diluição, é a base para o processo
de descontaminação de emergência dentro de plantas industriais com riscos
específicos.

Lavagem

Método básico e amplamente utilizado para muitas situações. Facilmente


executado com a utilização de escovas de cerdas macias, panos, água, sabão

163
neutro ou outra solução indicada.

Diluição

É o método básico de descontaminação. Juntamente com a lavagem com


água, é indicada para uma gama muito grande de substâncias, pois tem a
capacidade de reduzir a concentração de contaminantes.

Desinfecção

Método muito comum quando se está lidando com sustâncias infectantes e


seus patógenos. A simples utilização de álcool 70% como desinfectante já
caracteriza o método.

ATENÇÃO: o contaminante deve ser compatível com a água.

Descontaminação seca
Quando há necessidade de praticidade e rapidez, quando as substâncias
contaminantes são incompatíveis com a água ou ela não está disponível, quando
não se quer a produção de águas residuais contaminadas oriundas de processos
de descontaminação, quando há risco de hipotermia durante a descontaminação
de vítimas ou quando, simplesmente, métodos com água não são necessários, a
descontaminação seca pode ser uma opção.

Escovação/raspagem

Método que não utiliza água. Com auxílio de escovas, vassouras, pincéis e
raspadores é possível a remoção de boa parte de granulados e contaminantes em
pó depositados sobre superfícies em geral e pele.

164
Aspiração

Método que não utiliza água. Pode ser bastante eficiente na remoção de
contaminantes em forma de pó que se aderem às superfícies com reentrâncias.

Retirada e deposição

A simples retirada das roupas contaminadas de uma vítima por substância


particulada (ex.: pó) podem reduzir sua contaminação em mais de 80%. As roupas
podem ser retiradas ou rasgadas com auxílio de uma tesoura, devendo ser
destinadas a sacos plásticos identificados.

Descarte / segregação / destruição

Devido ao nível de contaminação, à degradação natural pelo uso, ou pelo


fato de serem os equipamentos de natureza descartáveis, uma forma de nos
livrarmos dos contaminantes é realizarmos o descarte, a segregação (separação)
ou a destinação para a destruição.

Absorção / adsorção

O avanço tecnológico e a demanda por produtos relacionados à


descontaminação em cenários QBRN resultaram no desenvolvimento de kits para
pronta aplicação que dispensam o uso de água e são concebidos com base em
processos de adsorção e absorção.

Descontaminação de emergência
Processo físico para a redução imediata de contaminação potencial sem o
estabelecimento formal de uma área de descontaminação ou CRC. Basicamente
utiliza os métodos de retirada/deposição de roupas (“despir é descontaminar”) e
lavagem/rinsagem com água em abundância por um período de 30 segundos a 3
minutos, dependendo da situação. A utilização de chuveiros de emergência/lava
olhos não deixa de se configurar como forma de descontaminação de emergência,
já que é realizada segundo os princípios que caracterizam a técnica, ou seja,

165
rapidez e remoção com volumes de água.

Figura 77: Foto descontaminação de emergência


Fonte: CBPMPR, 2018.

Descontaminação em massa
É a aplicação direta dos processos de descontaminação de emergência a
um elevando número de pessoas, oriundas de uma mesma área afetada e de forma
simultânea. Isto é, a descontaminação não estará focada em um único indivíduo; e
sim, em um grupo de pessoas. A retirada de roupas e o enxague com água em
abundância fundamentam as técnicas de descontaminação em massa. Além da
salvaguarda das pessoas afetadas, a descontaminação em massa tem o objetivo
de evitar com que um elevando número de pessoas se dirija, ao mesmo tempo e
apresentando sinais/sintomas de contaminação, aos serviços de saúde,
provocando seu congestionamento ou mesmo colapso.

166
Figura 78: Imagem ilustrativa de descontaminação em massa
Fonte: CBPMPR, 2018.

Vamos ver algumas ações que devem ser tomadas para a descontaminação
em massa:

• A simples retirada de roupas pode remover a contaminação física em mais


de 80%;

• A remoção das roupas e a ducha (enxágue) não devem ser retardadas em


função da espera por montagem de estruturas mais elaboradas e complexas;

• Durante a aplicação de água, para auxiliar na remoção, pode ser necessário


esfregar a pele com as mãos, panos macios ou esponjas;

• Deve-se esfregar o corpo de cima (cabeça) para baixo (até os pés), fazendo
o fluxo escorrer para baixo;

• Caso existam vítimas feridas (traumas diversos), processos de triagem (ex.:


START) para AMUVI (Acidente com Múltiplas Vítimas) deve ser estabelecido;

• O pânico e a histeria coletiva devem ser combatidos com orientações claras


e firmes;

167
• As roupas e pertences pessoais retirados devem ser guarnecidos a todo o
momento, já que passarão posteriormente por triagem, perícia/investigação e
devolução;

• Cuidados especiais para pessoas especiais – idosos e pessoas com


necessidades especiais devem receber atenção individualizada. Outras vítimas, em
melhores condições, podem atuar como cuidadores;

• A privacidade deve ser procurada a todo o momento. Equipes bem treinadas


podem, utilizando escadas, lonas plásticas e cordas, para estabelecer divisórias e
formar um corredor masculino e um feminino;

• As águas residuais oriundas do processo, que naturalmente irão escoar para


sistema de coleta pluvial, serão tratadas posteriormente. Mas, sempre que possível,
devem ser contidas.

Descontaminação individual

É aquela que ocorre em CRC ao ar livre onde as equipes de resposta irão


focar no atendimento mais detalhado e individualizado de uma pessoa por vez. A
vítima (consciente ou inconsciente), após ser localizada, resgatada ou
encaminhada pela equipe de intervenção em Zona Quente, é repassada à equipe
de descontaminação em Zona Morna que, de pronto, iniciará os trabalhos utilizando
os métodos de descontaminação mais adequados para a retirada/inativação da
substância contaminante.

Na maioria dos casos a descontaminação úmida com retirada de roupas,


lavagem e enxague será utilizada. Após a vítima estar suficientemente
descontaminada, ela é transferida da Zona Morna para a Zona Fria, onde,
finalmente, equipes de saúde irão realizar nova avaliação e o atendimento pré-
hospitalar/psicológico.

168
Figura 79: Imagem ilustrativa de descontaminação individual
Fonte: CBPMPR, 2018.

Descontaminação em tendas

Para proporcionar maior privacidade, proteção em relação às condições


meteorológicas, estabelecer sequenciamento lógico dos processos de
descontaminação para um elevado número de vítimas, conscientes e/ou
inconscientes, bem como disponibilizar estrutura preventiva de descontaminação
do tipo “pronto emprego” durante eventos com reunião de público sujeitos a ações
terroristas, as tendas de descontaminação se constituem em um excelente
investimento.

Figura 80: Exemplo de tenda para descontaminação


Fonte: www.medicalexpo.com.

169
Descontaminação individual de membro da equipe de resposta
Os respondedores, sobretudo após sua ação dentro das Zonas Quente e
Morna, devem, eles próprios, ser submetidos a métodos de descontaminação.
Desenvolvido na Zona Morna, o processo utiliza métodos que não interagem
intimamente com a pele já que os operadores ainda estarão utilizando seus EPIs
(roupas de proteção química) e EPRs. Portanto, soluções descontaminantes
podem ser aplicadas diretamente sobre os EPIs e EPRs.

Figura 81: Imagem ilustrativa de descontaminação individual de membros da equipe


Fonte: CBPMPR, 2018.

Autodescontaminação

Utilizada quando se tem treinamento básico, materiais mínimos e não há


tempo a perder. A autodescontaminação bem feita irá poupar trabalho de equipes
específicas de descontaminação.

170
Corredor de Redução de Contaminação (CRC)

Pessoas e/ou materiais que tiveram algum tipo de interação com substâncias
contaminantes dentro de Zona Quente devem, sempre que a contaminação for
suspeita ou confirmada, passar por algum tipo de processo que garanta a redução
de contaminação por completo ou até níveis considerados seguros. O dispositivo
em que tal processo se desenvolve é chamado de Corredor de Redução e
Contaminação (CRC) e este é estruturado dentro da Zona Morna, que é a área de
transição entre a Zona Quente e Zona Fria.

Figura 82: Exemplo de Corredor de Redução de Contaminação


Fonte: CBPMPR, 2018.

O CRC tem como objetivos:

• Eliminar totalmente a contaminação ou reduzi-la até níveis considerados


aceitáveis;
• Evitar que a contaminação, presumivelmente restrita à Zona Quente, se

171
disperse para locais ainda não contaminados;
• Descontaminar emergencialmente as pessoas (vítimas) antes que estas
recebam o atendimento pré-hospitalar (APH) ou sejam liberadas no local;
• Servir como local de triagem de vítimas;
• Descontaminar, ainda em campo, materiais, equipamentos e veículos
antes que estes retornem às suas bases operacionais;
• Servir como rota única de entrada e saída da Zona Quente.

As fontes orientadoras para a utilização de água ou outros elementos para


realizar a descontaminação são as mesmas usadas para identificar positivamente
os produtos perigosos: MAE/ABIQUIM, serviço Pró-química 0800-11 8270,
FISPQs, informação de especialista, dentre outras.

1.4 Níveis de descontaminação

São seis os níveis de descontaminação executados pelos especialistas e técnicos:

Figura 83: Níveis de descontaminação


Fonte: SCD/EaD/Segen.

172
Cabe ao chefe das operações determinar qual deles será aplicado para a
substância envolvida, utilizando-se de qualquer fonte de referência para essa
classificação. Na ausência dessas fontes, deverá servir-se dos conhecimentos de
profissionais como toxicologistas e representantes da indústria química.

A liberação do local para os usuários, público ou munícipes ficará a cargo do


órgão ambiental, pois o poluidor ou o responsável pela contaminação deverá
fazer ações de limpeza, remoção de terra e produtos para aterros sanitários. Essas
ações passam por monitoramento dos funcionários do órgão ambiental até a
liberação por completo do local sinistrado. A prefeitura tem participação nessa
etapa do trabalho na disponibilidade da coleta seletiva de materiais, obras de vias
públicas e lavagem do local sinistrado, desde que autorizados pelo órgão
ambiental.

173
Aula 2 – Relatório para encerramento do trabalho

Os dados que vão formar o relatório de encerramento dos trabalhos de


intervenção em emergências com produtos perigosos é um precioso documento
para elaborar estudos de casos. Os dados devem ser claros, precisos e concisos.
Ao final, os relatórios devem ser acessíveis para consultas e compartilhados pelos
órgãos que apoiaram e participaram da intervenção na emergência.

2.1. Dados básicos para a elaboração de relatório de trabalho

Os dados básicos a serem coletados da cena emergencial são:

• Nome do solicitante, seu telefone de contato e endereço completo;

• Natureza da ocorrência (vazamento, explosão ou incêndio);

• Hora do acidente;

• Número de vítimas e suas condições de saúde (consciente, semiconsciente

ou inconsciente);

• Presença de vazamento, fogo ou explosão;

• Volume de contaminantes eliminado para o meio ambiente;

• Condições meteorológicas;

• Direção e velocidade do vento;

• Presença de odor;

• Nome do fabricante;

• Nome do transportador ou armazenador do produto;

• Quantidade de bombeiros, policiais, viaturas, membros da defesa civil e do

órgão ambiental;

174
• Equipamentos empregados para os serviços de contenção,

descontaminação e limpeza do local;

• Hospitais para onde foram transportadas as vítimas contaminadas e não

contaminadas;

• Nome dos órgãos governamentais e não governamentais que apoiaram

durante o incidente/acidente e qual plano de ação de emergência foi ativado;

• Nome dos profissionais que assumiram a gerência ou comando das

operações no SCI.

As filmagens, as fotos e as cópias das reportagens são fontes de pesquisa


e completam os relatórios e os estudos de caso a serem analisados por peritos ou
auditores de segurança pública. A apresentação de estudos de caso poderá auxiliar
na revisão da legislação, dos procedimentos operacionais padrão de intervenção e
a qualificação da postura e conduta a serem adotadas em futuras intervenções
pelos profissionais de segurança pública e seus colaboradores.

175
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:

• Os métodos de controle dos produtos sinistrados são: Radiológico, Físico,


Químico e Biológico;

• Existem nove métodos de descontaminação, são eles: Descontaminação


úmida; Descontaminação seca; Descontaminação de emergência;
Descontaminação em massa; Descontaminação individual;
Descontaminação em tendas; Descontaminação individual de membros da
equipe de resposta; Autodescontaminação; e Corredor de Redução de
Contaminação (CRC);

• Há seis níveis de descontaminação: A – para riscos leves; B – para riscos


médios; C – para riscos extremos; D – descontaminação a seco para reativos
com água e certas substâncias secas; E – para agentes etiológicos, certos
pesticidas secos e venenos; e R – para materiais radioativos;

• Estudou ainda, a importância de elaborar um relatório de encerramento dos


trabalhos de intervenção em emergências com produtos perigosos.

176
Referências

ABIQUIM. Associação Brasileira da Industria Química. Disponível:


<https://abiquim.org.br/publicacoes/publicacao/108>. Acesso 18 mar. 2021;

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14.064:2015. Versão


Corrigida. Disponível:
<https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=346402>. Acesso 18 mar.
2021;

ANTT. Agência Nacional de Transportes Terrestres. Disponível:


<https://www.gov.br/pt-br>. Acesso 18 mar. 2021;

BRASIL. Decreto-Lei nº 2.063, de 06 de outubro de 1983. Dispõe sobre multas a


serem aplicadas por infrações à regulamentação para a execução do serviço de
transporte rodoviário de cargas ou produtos perigosos e dá outras providências.
Disponível: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-
1988/Del2063.htm#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20multas%20a%20serem,p
erigosos%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.>. Acesso 18
mar. 2021;

BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1988. Dispõe sobre as sanções penais


e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e
dá outras providências. Disponível:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. Acesso 18 mar. 2021;

BRASIL. Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento para o


Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras providências. Disponível:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso 18
mar. 2021;

BRASIL. Lei nº 9.611, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre o Transporte


Multimodal de Cargas e dá outras providências. Disponível:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9611.htm>. Acesso 18 mar. 2021;

177
BRASIL. Decreto nº 1.797, de 25 de janeiro de 1996. Dispõe sobre a execução de
Acordo de Alcance Parcial para a Facilitação do Transporte de Produtos Perigosos
entre países do Mercosul. Disponível:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1996/D1797.htm>. Acesso 18 mar.
2021;

BRASIL. Decreto. nº 2.866, de 07 de dezembro de 1998. Dispõe sobre a execução


do Primeiro Protocolo Adicional de Acordo de Alcance para Facilitação do
Transporte de Produtos Perigosos entre países do Mercosul. Disponível:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2866.htm >. Acesso 18 mar. 2021;

BRASIL. Decreto nº 10.030, de 30 de setembro de 2019. Aprova o Regulamento


de Produtos Perigosos. Disponível:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Decreto/D10030.htm#art6 >. Acesso 19. Mar. 2021;

CBMDF. Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Disponível:


<https://www.cbm.df.gov.br/>. Acesso 18 mar. 2021;

BRASIL. Decreto º 4.097, de 23 de janeiro de 2002. Alterou a redação dos art. 7 e


19 dos Regulamentos para os Transportes Rodoviário e Ferroviário de Produtos
Perigosos, aprovados pelos Dec 96044/88 e 98973/90. Disponível:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4097.htm>. Acesso 18 mar.
2021;

CBMGO. Corpo de Bombeiros Militares do Estado de Goiás. Manual Operacional


de Bombeiros – Operações Envolvendo Produtos Perigosos. Goiânia, 2017.
Disponível: <https://www.bombeiros.go.gov.br/wp-content/uploads/2015/12/01-
MOB-Produtos-Perigosos-CBMGO-2017-Corrigido.pdf>. Acesso 18 mar. 2021;

CBPMPR. Corpo de Bombeiros Militar do Paraná. Disponível:


<http://www.bombeiros.pr.gov.br/>. Acesso 18 mar. 2021;

178
CETESB. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Disponível:
<https://cetesb.sp.gov.br/>. Acesso 18 mar. 2021;

IAT. Instituto Água e Terra. Disponível: <http://www.iat.pr.gov.br/Pagina/Acidentes-


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Medical Expo. Disponível: <https://www.medicalexpo.com/pt/>. Acesso 18 mar.


2021.

Mundo Educação. Disponível: <https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/acidez-


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NIOSH. Pocket Guide to Chemical Hazars.


Disponível:<https://www.cdc.gov/niosh/npg/>. Acesso 18 mar. 2021;

NFPA. National Fire Protection Assoaction. Disponível:


<https://www.nfpajla.org/pt/nfpa-em-america-latina/nfpa-em-portugues>.
Acesso 18 mar. 2021;

PMESP. Manual de Salvamento Terrestre. 2. Ed. MTB de São Paulo, 2006.


Disponível: < https://www.bombeiros.com.br/imagens/manuais/manual-03.pdf>.
Acesso 18 mar. 2021.

179

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