03 - Artigo - Utilizacao Do Concreto Borracha Na Construcao Civil
03 - Artigo - Utilizacao Do Concreto Borracha Na Construcao Civil
03 - Artigo - Utilizacao Do Concreto Borracha Na Construcao Civil
RESUMO
¹ Graduando do curso de Engenharia Civil da Universidade de Araraquara – UNIARA. Araraquara – SP. E-mail:
[email protected]
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
Ressalta-se que a Lei Federal nº. 12.305/2010 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos – PNRS, determina dentre outras diretrizes a implantação do sistema de
Logística Reversa para inúmeros resíduos, dentre eles o pneu inservível. Antes da aprovação
dessa lei apenas 10% dos pneus eram reciclados.
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Partindo destas informações, este artigo tem como objetivo avaliar estudos realizados
sobre a aplicação de resíduos de borracha de pneu na confecção de concretos para utilização
em edificações. Como objetivos específicos este artigo pretende, analisar pesquisas
desenvolvidas do uso da borracha reciclada como agregado no concreto; avaliar a
possibilidade de utilização de resíduos de borracha; investigar benefícios obtidos da utilização
de resíduos de borracha de pneu na confecção de concretos.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Concreto
Souza (2001), indica alguns passos fundamentais para a produção de blocos com
qualidade como:
Ajustar os agregados: sendo que o principal parâmetro desse passo é a granulometria
dos agregados. Estes materiais devem ser combinados de modo a se conseguir o máximo grau
de compactação dos blocos durante a moldagem;
Estabelecer a resistência média a ser obtida;
Estimar os teores de agregado/cimento: quando os valores de traço são escolhidos
objetivando a resistência média visada, na idade de interesse;
Determinar a proporção de argamassa e da umidade ótima do traço médio que no
estado fresco deve apresentar bom aspecto superficial dos blocos, massa unitária elevada e
boa trabalhabilidade.
2.3. Agregados
transporte, lançamento e adensamento, condições estas que variam caso a caso (HELENE ET
AL, 2010).
Segundo Bauer (2008), os agregados compreendem 3/4 dos concretos e são os
materiais particulados de atividade química praticamente nula, constituídos de misturas de
partículas cobrindo extensa gama de tamanhos. Estes agregados são de origem natural e
artificial e suas características diferem muito de acordo com sua origem e sua formação
geológica.
A terminologia dos agregados é definida de acordo com a norma da ABNT NBR 9935
(2011), que classificam os agregados quanto à natureza. Esta norma define os termos relativos
a agregados mais comumente empregados em concreto e argamassa de cimento:
Agregado: material granular, geralmente inerte com dimensões e propriedades
adequadas para a preparação de argamassa e concreto.
Agregado natural: material pétreo, constituído ou recoberto por rochas ou pedras, que
pode ser utilizado como é encontrado na natureza, podendo ser submetido à lavagem,
classificação ou britagem.
Agregado artificial: material resultante de processo industrial, para uso como agregado
em concreto e argamassa.
Existe uma grande variedade de fibras que são utilizadas no concreto. Estas fibras são
comercializadas em formas, tamanhos e materiais diferentes. O principal objetivo de se
adicionar fibras ao concreto é provocar uma costura entre as infinitas seções que compõe o
sólido; combatendo, principalmente, as fissuras provocadas pela retração. Sob tensões
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4. PROPRIEDADES MECÂNICAS
4.4. Durabilidade
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Uma das preocupações importantes para o concreto com adições de borracha se refere
ao seu comportamento quando submetido a altas temperaturas, para avaliar a possibilidade de
um processo de combustão ser desencadeado. Para isso, foi feito um ensaio em relação a
temperatura de fulgor.
A temperatura de fulgor foi obtida mantendo-se três amostras (am1, am2 e am3), com
massa de aproximadamente 45 g cada uma, a uma temperatura de 100ºC por uma hora, em
estufas diferentes. Em seguida, fez-se variar a temperatura de cada uma de 10ºC em 10ºC até
a temperatura de 140ºC. A cada variação, as amostras passavam uma hora na temperatura
atingida, e ao fim do período analisava-se a textura e o cheiro exalado. Após 4 horas, a
amostra am1 foi mantida a temperatura de 140ºC. Fez-se variar ainda a temperatura das outras
duas amostras para 150ºC e 160ºC onde se manteve a temperatura da amostra am2 constante.
A amostra am3 teve ainda a sua temperatura variada para 170ºC e 180ºC onde foi mantida
constante. Sempre, em cada temperatura atingida a amostra passava 1 hora e, ao final do
período era verificada a sua textura.
A amostra am1, submetida a 140ºC durante 18 horas, não apresentou alteração em sua
textura e nem apresentou cheiro de alteração química. A amostra am2, submetida à
temperatura de 160ºC durante 16 horas, apresentou amolecimento, mas não apresentou cheiro
que representasse alteração química. Ao esfriar sua textura voltou ao normal. Assim definiu-
se a temperatura de amolecimento como sendo de 160ºC. A amostra am3, submetida à
temperatura de 180ºC durante 14 horas, apresentou textura de material carbonizado,
demonstrando queima total. Definiu-se, então, que a temperatura fulgor se encontra entre
160ºC e 180ºC.
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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os autores ressaltam ainda que, quanto maior o uso de farelo de borracha no concreto,
maior será o custo do concreto em relação agregado convencional nas percentagens
analisadas.
Um estudo foi realizado por Silveira et al. (2016) afim de analisar propriedades
mecânicas do concreto, elaborado a partir da substituição de parte do agregado miúdo por
borracha de pneu triturado a partir da substituição de 10% do volume de areia (agregado
miúdo) por borracha de pneu triturado. Segundo o estudo, os resultados mostraram que para
uma menor relação de tensão, o concreto sem borracha apresentou um número maior de ciclos
antes da ruptura do que o concreto com borracha. Com o aumento dos níveis da relação de
tensões, o concreto com borracha, com o mesmo consumo de cimento que o concreto
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convencional, apresentou melhor desempenho médio. Por outro lado, nos testes realizados
houve redução do módulo de elasticidade, o que é bastante desejável em situações que
envolvem ações de impacto e vibrações.
De acordo com estudo de Pinaffi et. al. (2013), o concreto produzido a partir da
substituição da areia por resíduos de pneus pode ser utilizado em obras que não necessitem de
uma resistência característica maior que 15 MPa. Foram moldados no estudo, 10 corpos de
prova para cada traço sem e com participação da borracha. Os traços consistiram de um piloto
para parâmetro e outros com teores de borracha de pneu substituindo o agregado miúdo nas
proporções de 15%, 20% e 30% em relação ao traço piloto. A substituição mais satisfatória
foi a de 15% apresentando resistência de 15 MPa aos 28 dias de idade. Como exemplos desta
aplicação, cita-se a regularização das lajes, produção de blocos vazados de concreto simples
para alvenaria sem função estrutural (NBR 7173/82), bancos de praças, pontos de ônibus,
postes pequenos de iluminação pública, entre outros.
Em estudo realizado por Dos Santos (2018), também corrobora com estudo de Pinaffi,
pois, ao analisar as propriedades mecânicas em substituição de agregados miúdos por
borracha de pneu triturada, constatou que, a trabalhabilidade é reduzida ao induzir a
incirporação de água para o slump convencional. Quanto ao ponto de vista tecnológico, os
teores com substituição acima de 10% levam a uma redução considerável de resistência a
compressão, porém, ao analizar a resistência a compressão diametral, as perdas chegaram a
valores menores, destacando os teores de resíduo de 5% e 10%. Desta forma, com a adição de
5% e 10%, são consideradas a utilização em pisos de ciclovias, calçadas para pedestres,
blocos para meios fios.
Shendel et. al. (2012) analisaram a melhoria do solo com a adição de cimento,
borracha e cinza de casca de arroz (CCA). O solo com 5% e 10% de CCA aumentaram
respectivamente a resistência a compressão simples em 86% e 118% aos 28 dias, mas as
misturas que tiveram o aumento mais acentuado foram as que adicionaram 8% de cimento e
variando o resíduo de borracha em 1% e 3% elevando em 156% e 245% respectivamente a
resistência do solo aos 7 dias.
Silva, et. al (2019), afim de produzir um concreto com inserção de resíduo de borracha
de recauchutagem de pneu em teores de 6% e 9% em massa, para fabricação de placas de
pavimentação intertravada de baixo tráfego, verificou que o concreto com borracha
apresentou vantagens, tais como, redução da massa específica e diminuição dos custos de
produção em 4%. As análises apontam para a viabilidade técnica, econômica e ambiental
desta tecnologia, que contribui para gestão dos pneumáticos inservíveis e confecção de peças
de pavimentação de qualidade satisfatória de acordo com os padrões técnicos estabelecidos. O
procedimento experimental da pesquisa consistiu na avaliação do comportamento mecânico,
bem como, absorção de água, índice de vazios e massa específica do concreto. Também foram
feitas análises macroscópicas e microscópicas com a utilização de estereoscópio e
Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), respectivamente.
ao longo dos anos o desempenho desse pavimento, que apresenta ainda excelentes resultados
(GRECA, 2020).
O fato de o ligante possuir borracha, o faz mais elástico, assim sendo o pavimento
apresenta uma flexibilidade maior, pronto para suportar amplas variações de temperatura e
tráfego pesado sem as conhecidas fissuras (LEÃO, 2013).
Em estudo de Rosa et al. (2012) o asfalto modificado com borracha reciclada e asfalto
modificado com polímeros atenderam as especificações conseguindo melhorias em relação ao
CAP 50/70, destacando o asfalto modificado com 18% de borracha, pois garantiu uma maior
resistência, devido ao aumento no ponto de amolecimento e redução na penetração, já o
asfalto polimérico obteve um maior desempenho quando comparado ao asfalto com borracha.
Segundo pesquisas, fazendo uma análise da vida útil desse trecho, ao longo do tempo
seu investimento inicial será recompensado pela sua menor manutenção. Ainda segundo a
Greca Asfaltos (2009) a cada km por quilômetro de rodovia com 7,2 m de largura e 4 cm
compactado são retirados 1000 pneus da natureza. Assim, com o objetivo de complementar os
benefícios do uso de misturas com asfalto borracha em relação às misturas convencionais,
essa análise simplificada, nos garante uma economia, em questão dessa escolha.
6. RESULTADOS ESPERADOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatou-se que o uso de concreto com adições de borracha de pneu pode ser uma
alternativa para minimizar o risco de surgimento de fissuras, quando comparadas a um
concreto convencional.
Desta forma, o objetivo deste foi alcançado, pois, foram encontrados diversos estudos
sobre a aplicação de resíduos de borracha de pneu na confecção de concretos para utilização
na construção civil.
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http://ufrr.br/engcivil/index.php?option=com_phocadownload&view=category&download=1
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