Modulo 9 - A Instância e Os Seus Incidentes
Modulo 9 - A Instância e Os Seus Incidentes
Modulo 9 - A Instância e Os Seus Incidentes
● Caracterizar habilitação;
● Caracterizar liquidação.
1. A Instância
3. Oposição
3.1. Oposição espontânea
3.2. Oposição provocada
3.3. Oposição mediante Embargos de Terceiros
4. Habilitação
5. Liquidação
PROCESSO
A maior parte das vezes, o processo identifica-se com o conjunto dos actos que se há-
de praticar em juízo na propositura e desenvolvimento da acção. 3
Numa acepção mais concreta, o processo significa ainda o mesmo que pleito, litígio,
demanda ou causa – a situação concreta resultante da pretensão de tutela
jurisdicional deduzida por determinada pessoa com oposição ou possibilidade dela por
parte duma outra.
A INSTÂNCIA
1. Noção
A instância é a relação que se estabelece entre as partes e o tribunal durante a
pendência da causa.
Essa relação tem uma individualidade própria, que justifica que a instância se
mantenha a mesma, ainda que, por exemplo, a parte seja substituída por outra – Cfr.
Art.º 270º, al. a) –, o objecto seja alterado – Cfr. Art.ºs 272º e 273º - ou o processo seja
remetido para outro tribunal – Cfr. Art.º 111º, nº 3.
2. Condições
A instância exige certas condições de existência e de validade. Além disso, como o
processo visa o proferimento de uma decisão ou a execução de uma prestação,
cumpre, ainda, referir as condições de admissibilidade do exercício, em processo, de
uma situação subjectiva (vulgarmente denominadas pressupostos processuais) e as
condições em que pode ser concedida a tutela requerida pelo autor.
Condições de existência
A lei tipifica e nomina vários incidentes, como é o caso daqueles que designa como
incidentes da instância, mas outros há que não são nominados e tipificados como tal. 6
Estes últimos incidentes só não foram incluídos no grupo dos incidentes da instância
porque, estando directamente relacionados com a competência, foi entendido deverem
ser inseridos na parte do Código que tratava dessa matéria.
Face às características da panóplia de incidentes suscitáveis nos processos, são
susceptíveis de ser classificados, além do mais, segundo os critérios do momento em
que se processem, dos respectivos efeitos, da denominação e da matéria.
Generalidades
Estabelece o art.º 268.º, que se reporta ao princípio da estabilidade da instância
que, citado o réu, a instância deve manter-se quanto às pessoas, ao pedido e à causa
de pedir, salvas as possibilidades de modificação consignadas na lei.
Aquele normativo é conforme com o disposto no artigo 481.º, segundo o qual a citação
torna estáveis os elementos essenciais da causa, nos termos do art.º 268.º.
DISPOSIÇÕES GERAIS
1. Regra Geral
Por força deste normativo, se regulamentação especial não houver para o efeito, as
regras gerais a que se reportam os artigos 303.º a 304.º, ou seja, as relativas ao
oferecimento das provas e à respectiva oposição, ao limite do número de testemunhas
e ao registo de depoimentos, são aplicáveis a qualquer tipo de incidente. Estas
normas são, nos termos do art.º 384.º- n.º 3, subsidiariamente aplicáveis aos
procedimentos cautelares.
2. ENUMERAÇÃO
3. PROCESSAMENTO
POR APENSO:
• O incidente de suspeição – art.º 129.º, n.º 1
• O incidente de embargos de terceiro – art.º 353.º, n.º 1
• O incidente de habilitação, quando não documental – art.º 372.º, n.º 2
4. TRAMITAÇÃO
No requerimento em que for suscitado o incidente e na oposição que lhe for deduzida,
devem as partes oferecer logo os róis de testemunhas e requerer outros meios de
prova – art.º 303.º - n.º 1.
Sem prejuízo de normativo que disponha em contrário, os factos que integram a causa
de pedir do incidente, ou seja, os inseridos no requerimento inicial e no instrumento de
oposição, devem ser articulados (artigo 151.º- n.º 2).
Assim, tendo em conta o que prescrevem os artigos 463.º - n.º 1, 464.º, 783.º a 792.º,
793.º a 796.º e 800.º, seja qual for a forma do processo seguida pela causa
principal, considerar-se-ão confessados os factos articulados pelo requerente
do incidente, em conformidade com o disposto nos artigos 484.º, n.º 1, e 485.º.
O número de testemunhas, por cada parte não poderá ser superior a oito e, sobre
cada facto, a parte não poderá produzir mais de três testemunhas – art.º 304 – n.º 1 –
considerando-se não escritos os nomes das testemunhas que ultrapassem os limites
(art.º 632.º, n.º 1).
Habilitação
Este incidente tem como finalidade apurar o valor processual de uma causa. Nos
termos do n.º 1 do art.º 305.º “A toda a causa deve ser atribuído um valor certo,
expresso em moeda legal, o qual representa a utilidade económica imediata do
pedido.”
O pedido é o efeito jurídico que se pretende obter com a demanda (artigo 498.º – n.º
3).
A obrigação de declarar o valor da causa recai sobre o autor, nos termos do disposto
no artigo 467.º, n.º 1, alínea f). A esse valor vai-se atender para determinar a 11
competência do tribunal, a forma de processo comum e a relação da causa com
a alçada do tribunal (art.º 305.º - n.º 2).
O n.º 3 do mesmo artigo prevê sobre o valor da causa para efeito de custas, ou seja,
sobre o respectivo valor tributário, e estatui que ele é determinado segundo as normas
estabelecidas na legislação respectiva, isto é, em regra, no Código das Custas
Judiciais, que contém normas sobre o valor da causa para efeito de custas nos artigos
5.º a 12.º.
A regra geral, que consta dos nºs 1 e 2 do artigo 5.º do C. Custas Judiciais, é no
sentido de que, nos casos não expressamente previstos na lei de custas, se atende ao
valor processual da causa em geral, e de que o valor declarado pelas partes é
atendido quando não seja inferior ao que resulta dos critérios legais.
• TRAMITAÇÃO
Nos casos a que se refere o n.º 3 do art.º 308.º e naqueles em que não haja lugar a
despacho saneador, o valor da causa considera-se definitivamente fixado logo que
seja proferida sentença – art.º 315.º.
Quando as partes não tenham chegado a acordo ou o juiz o não aceite, o valor poderá
ser fixado em face dos elementos do processo ou mediante arbitramento, requerido
pelas partes ou ordenado pelo juiz – art.º 317.º.
Se for necessário proceder a arbitramento, este será feito por um único perito
nomeado pelo juiz, não havendo neste caso segundo arbitramento – art.º 318.º.
Face ao disposto no art.º 319.º, decidido o incidente, o valor atribuído à causa poderá
influir imediatamente:
• Na competência do tribunal:
Se se verificar que o tribunal singular é incompetente, são os autos oficiosamente
remetidos ao tribunal competente (n.º 1).
• Na forma do processo:
Se, face ao valor resultar ser outra a forma de processo correspondente à acção,
mantendo-se a competência do tribunal, é mandada seguir a forma apropriada, sem
Este incidente é isento de custas apenas quanto à taxa de justiça - alínea i) do n.º 1 do
art.º 3.º do CCJ -, o que significa que os “encargos” (art.º 1.º CCJ) a que haja lugar são
da responsabilidade do vencido a final nos termos gerais (art.º 446.º).
Contudo, se o incidente for suscitado por informação da secretaria ou por iniciativa do
juiz, os encargos provenientes duma eventual perícia são da responsabilidade do
vencido a final nos termos gerais (cfr. art.º 446.º).
• GENERALIDADES
O princípio da estabilidade da instância que veicula a ideia de que, citado o réu, a
instância, em regra, deve manter-se quanto às pessoas, ao pedido e à causa de pedir,
INCIDENTES DA INSTÂNCIA
Intervenção de
Terceiros
Intervenção
Oposiçao Acessória Intervençã
o Principal
INTERVENÇÃO PRINCIPAL
INTERVENÇÃO ESPONTÂNEA (art.ºs. 320.º a 324.º)
Pode intervir na causa como parte principal (art.º 320.º) aquele que em relação ao
objecto da causa, tiver um interesse igual ao do autor ou do réu, nos termos dos art.ºs
27.º e 28.º (litisconsórcio voluntário ou necessário); e aquele que, nos termos do artigo
30.º, pudesse coligar-se com o autor, sem prejuízo do disposto no artigo 31.º
(coligação).
O pedido de intervenção não está sujeito ao regime estabelecido no art.º 303.º, que
prevê a obrigação das partes requererem e oferecerem os meios de prova com o
requerimento em que se deduzam quaisquer incidentes, pois o oferecimento dos
meios de prova segue o que está estabelecido para os articulados da causa principal.
Resulta do disposto no art.º 324.º que o pedido de intervenção suspende (de certa
forma) os termos da causa principal, porquanto:
• TRAMITAÇÃO:
Uma vez junto aos autos o articulado ou o simples requerimento do interveniente,
comprovado o pagamento da taxa de justiça inicial do incidente, deverá o processo ser
“concluso” ao juiz para este ordenar, se não houver motivo para rejeição liminar, a
notificação das primitivas partes para, querendo, responderem ou deduzirem oposição
ao pedido de intervenção – n.º 1 do art.º 324.º.
Se forem deduzidas oposições pelas primitivas partes ou logo que finde o respectivo
prazo, deverá o processo ser concluso ao juiz para que decida da admissibilidade ou
não, da intervenção.
Em síntese:
1. Junção do requerimento de intervenção principal espontânea, com
documento comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça;
2. Conclusão;
3. Notificação das partes primitivas para se oporem no prazo de 10 dias;
4. Apresentada oposição (juntando documento comprovativo do prévio
pagamento da taxa de justiça inicial do incidente); ou decorrido o respectivo
prazo, conclusão para decisão da admissibilidade da intervenção;
5. Admitida a intervenção, seguir-se-ão, quanto à instrução e julgamento do
requerido, os termos estabelecidos para a causa principal.
• TRAMITAÇÃO:
Uma vez junto ao processo o requerimento do chamamento e o comprovativo do
pagamento da taxa de justiça inicial do incidente, a secretaria notifica a parte
contrária, oficiosamente (art.º 229.º, n.º 2 – Cfr. n.º 2 do art.º 326.º e art.º 3.º), para
responder sob o efeito cominatório previsto para a causa principal (art.º 303.º, n.º 3).
A parte contrária é a oposta à que requereu o chamamento, isto é, se foi o autor que
requereu notifica-se o réu e vice-versa; se houver resposta é também devida taxa
de justiça inicial do incidente.
Em síntese:
1. Junção do requerimento de intervenção principal notificação oficiosa da
parte contrária para se opor no prazo de 10 dias;
2. A apresentação de oposição dá lugar ao pagamento da taxa de justiça inicial
do incidente;
3. Apresentada oposição ou decorrido o respectivo prazo, conclusão para
decisão da admissibilidade da intervenção;
4. Admitida a intervenção, citação do interessado.
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Intervenção
Principal Art.ºs
Art.ºs
320º a
325º a 324º
329º
Intervenção Intervenção
Provocada espontânea
INTERVENÇÃO ACESSÓRIA
Esta intervenção acessória também não é admissível na acção executiva, por ser
estruturalmente incompatível com o seu fim específico, certo que nela não pode haver
sentença de condenação, a qual constitui um dos pressupostos essenciais do
incidente.
O réu que tenha acção de regresso contra terceiro, para ser indemnizado do prejuízo
que lhe cause a perda da demanda, pode chamá-lo a intervir como auxiliar na defesa
sempre que o terceiro careça de legitimidade para intervir como parte principal – art.º
330.º - n.º 1.
• TRAMITAÇÃO:
Junta que seja aos autos a contestação do réu ou, se este não contestar, o
requerimento de chamamento e comprovado que seja o pagamento da taxa de justiça
Caso a parte contrária responda, terá de pagar taxa de justiça inicial do incidente,
sendo certo que a decisão do incidente deverá conter condenação em custas.
A parte contrária deverá apresentar a sua resposta no prazo de 10 dias, previsto no
art.º 303.º - n.º 2.
Decorrido aquele prazo, haja ou não resposta da parte contrária, o processo será feito
concluso ao juiz para efeitos de admissão do chamamento.
Não se procede à citação edital, devendo o juiz considerar findo o incidente quando
se convença da inviabilidade da citação pessoal do chamado – art.º 332.º n.º 2.
Passados três meses sobre a data em que foi inicialmente deduzido o incidente sem
que se mostrem realizadas todas as citações a que este haja dado lugar, pode o autor
requerer o prosseguimento da causa principal, após o termo do prazo de que os réus
já citados beneficiarem para contestar – art.º 333.º.
Assim, em síntese:
1. Junção do requerimento de intervenção, apresentado pelo R. (há lugar ao
prévio pagamento da justiça inicial do incidente, por auto liquidação – Art.º. 24º
n.º. 1 e 14º x) C.C.J.);
1. Sempre que, nos termos da respectiva Lei Orgânica, o Ministério Público deva
intervir acessoriamente na causa, ser-lhe-á oficiosamente notificada a
pendência da acção, logo que a instância se considere iniciada.
2. Compete ao Ministério Público, como interveniente acessório, zelar pelos
interesses que lhe estão confiados, exercendo os poderes que a lei processual
confere à parte acessória e promovendo o que tiver por conveniente à defesa
dos interesses da parte assistida.
3. O Ministério Público é notificado para todos os actos e diligências, bem como
de todas as decisões proferidas no processo, nos mesmos termos em que o
devam ser as partes na causa, tendo legitimidade para recorrer quando o
considere necessário à defesa do interesse público ou dos interesses da parte
assistida.
4. Até à decisão final e sem prejuízo das preclusões previstas na lei de processo,
pode o Ministério Público, oralmente ou por escrito, alegar o que se lhe
oferecer em defesa dos interesses da pessoa ou entidade assistida.
Quando intervém acessoriamente, o Ministério Público zela pelos interesses que lhe
estão confiados, promovendo o que tiver por conveniente (art.º 6.º da Lei n.º 47/86),
sendo os termos da intervenção “os previstos na lei do processo” (n.º 2 do mesmo art.º
6.º). A adjectivação deste último preceito só agora teve lugar, através do estatuído
neste art.º 334.º.
Logo que seja distribuída qualquer acção em que o Ministério Público deva
intervir acessoriamente, ser-lhe-á feita oficiosamente a notificação da pendência
da acção nos termos do n.º 1 do art.º 334.º, sob pena de nulidade (art.º 200º).
Estando pendente uma causa entre duas ou mais pessoas, pode intervir nela como
assistente, para auxiliar qualquer das partes, quem tiver interesse jurídico em que a
decisão do pleito seja favorável a essa parte – art.º 335.º - n.º1.
Para que haja interesse jurídico, capaz de legitimar a intervenção, basta que o
assistente seja titular de uma relação jurídica cuja consistência prática ou económica
dependa da pretensão do assistido. – Art.º 335.º - n.º 2.
O assistente pode intervir a todo o tempo, mas tem de aceitar o processo no estado
em que se encontrar. – Art.º 336.º - n.º 1.
O pedido de assistência pode ser deduzido em requerimento especial ou em articulado
ou alegação que o assistido estivesse em tempo de oferecer. – Art.º 336.º - n.º 2.
• TRAMITAÇÃO:
Junto ao processo o requerimento de intervenção e comprovado o pagamento da taxa
de justiça inicial do incidente, é o processo feito “concluso” ao juiz que, se o não
indeferir liminarmente, mandará notificar a parte contrária à que o assistente se propõe
auxiliar.
O assistente poderá, assim, apresentar contestação que, contudo, terá de ter lugar
antes de decorrido o prazo de defesa do assistido. 25
Se o assistido vier a ficar em posição de revelia, o assistente, mesmo que não tenha
apresentado contestação, poderá praticar todos os actos e requerer tudo quanto ao
assistido seria lícito fazer se estivesse presente, podendo, inclusive, interpor recursos,
como se fosse parte principal (art.º 338.º).
Os assistentes podem fazer uso de quaisquer meios de prova, mas quanto à prova
testemunhal somente para completar o número de testemunhas facultado à parte
principal - art.º 339.º.
A assistência não afecta o direito das partes principais, que podem livremente
confessar, desistir ou transigir, findando em qualquer destes casos a intervenção –
art.º 340.º.
O disposto neste artigo constitui corolário do facto de o assistente ser mero auxiliar
do assistido, isto porque não faz valer através da intervenção um direito próprio, o
que explica que ela não afecte os direitos processuais do segundo.
Assim, em síntese:
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 27
Intervenção
Intervenção
Provocada
Acessória
Art.ºs
330º
a
Assistência Art.º 334º
333º
OPOSIÇÃO – GENERALIDADES
O opoente deduzirá a sua pretensão por meio de petição, à qual são aplicáveis,
com as necessárias adaptações, as disposições relativas à petição inicial – art.º 343.º.
Na sua petição inicial, o opoente para além de pedir para ser admitido a intervir na
causa nessa qualidade, deverá formular um pedido incompatível com o do autor e,
simultaneamente, contestará a pretensão deste.
• TRAMITAÇÃO:
Junta aos autos a petição do opoente e comprovado o pagamento da taxa de justiça
inicial do incidente, o processo será concluso ao juiz que proferirá despacho liminar a
admitir ou rejeitar a intervenção (a petição deverá ser acompanhada dos duplicados
necessários para A. e RR.)
A notificação às primitivas partes para contestarem, deverá ser feita na pessoa dos
seus mandatários judiciais por carta registada (art.º 253.º, n.º 1).
Assim, em síntese:
1. Junção da petição do opoente aos autos (há lugar ao pagamento prévio da
justiça inicial do incidente);
2. Conclusão para admissão ou rejeição do pedido de intervenção;
3. Admitida intervenção, notificação das partes primitivas para contestarem o
pedido em prazo igual ao estabelecido para a contestação na acção principal;
4. Apresentada a contestação e paga a taxa de justiça inicial respectiva,
sucedem-se os demais articulados legalmente previstos para a acção principal;
5. Na falta de contestação, o processo é concluso para decisão final e eventual
condenação do réu no pedido.
Predomina o interesse do réu em não ser condenado mais de uma vez a satisfazer a
mesma prestação a pessoas diferentes em relação ao do terceiro em intervir no
momento em que entendesse conveniente.
Trata-se, pois, de um chamamento que só pode ser implementado pelo réu, sob a
condição necessária de estar na disposição de realizar a prestação que é objecto do
pedido do autor e em dúvida sobre se o credor é o autor ou o terceiro ou na certeza de
que o crédito em causa é da titularidade do terceiro.
• TRAMITAÇÃO
Junto o requerimento aos autos e comprovado o pagamento da taxa de justiça inicial
do incidente, o processo deverá ser feito concluso ao juiz para ser ordenada a citação
do opoente (não admite oposição do autor - art.º 348.º).
O prazo para este deduzir a sua pretensão será igual ao que for concedido ao réu para
a sua defesa na acção principal.
Se o terceiro não deduzir a sua pretensão, mas não tiver sido nem dever considerar-se
pessoalmente citado, o incidente termina e a acção prossegue os seus termos, para 31
que se decida sobre a titularidade do direito.
Neste caso, deve a acção prosseguir para que o autor possa fazer a prova dos factos
que revelem o direito que invocou, com elaboração da base instrutória, se esta for
comportada pela forma de processo em causa, e para que seja realizada a audiência
de discussão e julgamento.
Parece que, nesta hipótese, o réu pode manter-se na causa, na medida em que tem
interesse na determinação de quem é o verdadeiro credor e porque só se libertará
definitivamente do cumprimento da obrigação se articular em juízo os factos
essenciais à boa decisão da causa.
Assim, em síntese:
1. Junção do requerimento à acção principal (há lugar ao pagamento prévio da
justiça inicial do incidente);
2. Conclusão para, caso não haja indeferimento, ser ordenada a citação do
opoente;
3. O opoente é citado para “deduzir a sua pretensão” (por meio de petição à qual
se aplicam as regras da petição inicial) em prazo igual ao estabelecido para a
contestação na acção principal, sob o efeito cominatório previsto no n.º 1 do
art.º 349.º;
4. Apresentada a petição e pagas as taxas de justiça iniciais da acção e do
incidente, seguem-se os termos previstos para oposição espontânea;
32
OPOSIÇÃO MEDIANTE EMBARGOS DE TERCEIRO (ARTS.º 351º A 359.º)
Estes embargos são de cariz repressivo, ao contrário daqueles que são previstos no
art.º 359.º, que são de carácter preventivo.
A posição de terceiro neste tipo de embargos é agora exclusivamente determinada em
função da respectiva posição processual, isto é, só é terceiro quem não dever ser
considerado parte na causa em que foi ordenada a diligência judicial ofensiva do
direito.
O momento juridicamente relevante para se saber quem deve ou não deve ser
considerado parte na causa para efeito de dedução de embargos, é aquele em que
ocorreu a diligência judicial, pelo que deve ser considerado terceiro quem foi parte na
acção mas dela foi excluído, por exemplo, em razão de desistência da instância.
Os embargos são processados por apenso à causa em que haja sido ordenado o
acto ofensivo do direito do embargante – n.º 1 do art.º 353.º.
• TRAMITAÇÃO
OPOSIÇÃO
OPOSIÇÃO ESPONTÂNEA
EMBARGOS DE
TERCEIROS Art.ºs 342º a 346º
OPOSIÇÃO PROVOCADA
Assim, em síntese:
• GENERALIDADES:
A habilitação é, fundamentalmente, a prova da aquisição, por sucessão ou
transmissão, da titularidade de um direito ou de um complexo de direitos ou doutra
situação jurídica ou complexo de situações jurídicas.
• TRAMITAÇÃO
Assim, em síntese:
1. Autuação por apenso do requerimento inicial;
2. Conclusão;
3. Citação e notificação dos requeridos, para contestarem no prazo de 10 dias;
4. Apresentadas contestações ou decorrido o prazo,
5. Conclusão para decisão;
6. Notificação da decisão aos habilitados e às partes sobrevivas na causa
principal.
HABILITAÇÃO DOCUMENTAL
• TRAMITAÇÃO
Os interessados citados estão limitados na sua contestação, uma vez que não podem
defender-se directamente contra a habilitação, sendo-lhes vedado impugnar
directamente a qualidade que lhes está atribuída no título.
37
O n.º 2 do art.º 373.º prevê sobre os interessados para quem a decisão referida no n.º
1 constitua caso julgado ou que intervieram na escritura notarial, e estatui que eles
não podem impugnar a qualidade que deriva dos referidos títulos de habilitação, salvo
para invocar que eles não obedecem aos requisitos previstos neste artigo ou que
enfermam de vício que os invalide.
Os requeridos em relação aos quais a decisão não produza efeito de caso julgado e
ou que não tenham intervindo na escritura de habilitação podem oferecer contestação
nos termos gerais.
Os outros requeridos a que se reporta o artigo em análise é que não poderão deduzir
oposição directa, sendo-lhes apenas legalmente consentido invocar a sua ilegitimidade
e ou a dos requerentes, algum vício processual que haja, que a decisão judicial não
transitou em julgado, que a escritura de habilitação é nula ou que a certidão da
decisão judicial é falsa.
Não havendo contestação, será o processo concluso ao juiz para decisão. O juiz
verificará se o documento prova a qualidade de que depende a habilitação e decidirá
em conformidade.
Estes interessados serão citados para, no prazo dos éditos, deduzirem a sua
habilitação, sob pena de, findo esse prazo, a causa seguir com o Ministério Público. 38
Findo o prazo dos éditos sem que os citados compareçam, o processo é concluso ao
juiz para julgar habilitado o Ministério Público a ocupar a posição de parte principal em
representação dos incertos, nos termos aplicáveis do art.º 16.º do C.P.C. – art.º 375.º -
n.º 2.
Os sucessores que compareçam, quer durante, quer após o prazo dos éditos,
deduzirão as suas habilitações nos termos dos art.ºs 371.º a 374.º, cessando,
relativamente a eles, a representação pelo Ministério Público - n.º 3 do art.º 375.º e n.º
3 do art.º 16.º.
Assim, em síntese:
1. Junção do requerimento inicial de habilitação com documentos;
2. Conclusão;
3. Citação dos requeridos, para contestarem no prazo de 10 dias;
4. Se não houver contestação, conclusão para decisão;
5. Se houver contestação, produção da prova apresentada e decisão;
6. Notificação da decisão aos habilitados e às partes sobrevivas na causa
principal.
Visa-se com este incidente substituir uma das partes, determinada por acto entre
vivos.
O art.º 271.º do C.P.C. permite que, havendo transmissão, por acto entre vivos, da
coisa ou direito litigioso, o adquirente seja admitido, sob certas condições, a substituir 39
na demanda o transmitente, por meio de habilitação.
• TRAMITAÇÃO
Nos termos do n.º 2 do art.º 376.º a habilitação pode ser promovida pelo transmitente
ou cedente, pelo adquirente ou cessionário, ou pela parte contrária; neste caso, o 40
incidente segue os trâmites descritos nas alíneas antecedentes, com as adaptações
necessárias.
Não basta, contudo, que seja lavrado termo de cessão para desencadear o incidente;
tem que haver sempre requerimento do habilitante, que será acompanhado de
documento comprovativo da transmissão, caso não tenha sido lavrado termo de
cessão no processo.
• GENERALIDADES:
• TRAMITAÇÃO
ANTES DE COMEÇAR A DISCUSSÃO DA CAUSA:
Se o autor na acção declarativa tiver feito um pedido genérico baseado nas alíneas a)
ou b) do n.º1 do art.º 471.º do CPC e pretender concretizá-lo em prestação
determinada (líquido) poderá deduzir o incidente de liquidação antes de começar a
discussão da causa, como dispõe o art.º 378.º - n.º 1.
A audiência de julgamento é uma só, para a causa principal e para o incidente, tal
como será única a sentença, para a causa principal e para o incidente.
Assim, a audiência de discussão e julgamento é o quadro único de produção da prova
da causa principal que ainda haja que produzir e de produção da prova do incidente de
liquidação.
Assim, em síntese:
1. O requerimento inicial é junto ao processo principal, ainda que já se
encontre findo e no arquivo;
2. Conclusão para despacho liminar. Não havendo motivo para indeferimento, o
juiz ordena a notificação do requerido para deduzir oposição no prazo de 10
dias (art.º 303.º, n.º 2) e oferecer todas as provas (art.º304.º);
3. No incidente deduzido antes de começar a discussão da causa (cfr. art.º 652.º)
a matéria da liquidação é levada à base instrutória da causa principal com vista
ao julgamento conjunto (art.º 380.º);
4. No incidente deduzido após a sentença:
- Quer haja contestação, ou
- Na ausência dela à revelia deva considerar-se inoperante (Cfr art.ºs 484.º e
485.º).
Seguem-se os demais termos da acção declarativa com processo sumário.
Incidentes da Instância 45
art.ºs 302º a 380º
Intervenção Intervenção
Assistência Acessória do Provocada
M.P.
Art.ºs 335º a Art.ºs 330º a
341º 333º
Art.º 334º
Art.ºs 351º a
359º
Intervenção provocada
Cabe recurso de agravo da admissibilidade da Intervenção Principal (artigo 326.º, n.º
2) e de Apelação no caso de condenação no pedido no despacho saneador se apenas
for impugnada a solidariedade da dívida e a pretensão do autor puder de imediato ser
julgada procedente, tratando-se de obrigação solidária e sendo a prestação exigida na
totalidade a um dos co-devedores tendo por fim a condenação na satisfação do direito
de regresso que lhe possa assistir (art.º 329.º).
Assistência
Cabe recurso de agravo da decisão que não admita liminarmente o pedido de
intervenção – artigo 336.º, n.º 3.
Cabe recurso da apelação da decisão que decida se a assistência é legítima – artigo
336.º, n.º 3.
Oposição provocada
Cabe recurso de agravo da sentença que condene o réu a satisfazer a prestação do
autor se o terceiro não deduzir a sua pretensão, tendo sido ou devendo considerar-se
citado na sua própria pessoa e não se verificando nenhuma das excepções ao efeito
cominatório de revelia - Artigo 349.º.
Oposição espontânea
Cabe recurso de agravo da decisão que decida liminarmente da admissão da oposição 47
– artigo 344.º.
Embargos de terceiro
Cabe recurso de agravo da decisão liminar sobre a petição – artigos 354.º e 359.º.
Cabe recurso de apelação da sentença de mérito proferida nos embargos – artigo
358.º.
Habilitação
Cabe recurso de agravo da decisão que admita o incidente – artigo 372.º.
Cabe recurso de apelação da decisão que, subsequentemente, aprecie a habilitação –
– artigos 374.º e seguintes.
Liquidação
Da liquidação discutida e julgada com a causa principal cabe o recurso que a esta
couber – artigo 380, n.º 2.
Do incidente deduzido depois de proferida sentença, uma vez que o mesmo se tramita
nos termos do processo sumário de declaração, cabe recurso nos termos gerais –
artigos 380.º, n.º 3 e 678.º.
EFEITO
TAXA DE JUSTIÇA
Nos termos do disposto no art.º 23.º do CCJ (Código das Custas Judiciais) “para
promoção de acções e recursos, bem como nas situações previstas no art.º 14.º, é
devido o pagamento da taxa de justiça inicial autoliquidada nos termos da tabela em
anexo I”.
Verificação do valor da A fixar a final pelo juiz Não tem Art.º 16º
causa
Intervenção Principal;
1
Intervenção Acessória; /2 Art.º 23º do CCJ Art.ºs 14º e 23º do CCJ
Assistência;
Oposição
½
Art.º 23º do CCJ Art.ºs 14º e 23º do CCJ
Embargo de Terceiro
Liquidação (na acção A fixar a final pelo juiz Não tem ART.º 16º
declarativa)
CONCLUSÃO: