Esquerda - Alessandro Loiola

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ESQUERDA

Sistemas, Regimes
e Valores Morais

por Alessandro Loiola

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Sobre a obra:

Quais sistemas, regimes, conceitos e valores podemos dizer que


estão à Esquerda do espectro político? E quais são as vantagens e
desvantagens de escolher este lado?

Em “ESQUERDA– Sistemas, Regimes e Valores Morais”,


o capixaba Alessandro Loiola responde a estas perguntas
traçando um diagnóstico amplo, crítico e de fácil compreensão do
entendimento atual sobre “ser de Esquerda”. Uma leitura
obrigatória para professores, formadores de opinião,
influenciadores digitais e livres pensadores com interesse e
coragem suficiente para aprofundar-se em estudos sérios sobre o
contexto político do começo do século XXI.

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Índice:

1. Introdução: o Gráfico de Nolan e o Conceito de


Esquerda

2. O Progressismo

3. A Gênese do Socialismo

4. O Socialismo Equivocado

5. O Brasil, a Escandinávia e a Ideia do Impossível

6. Os Gêmeos Fascismo e Nazismo

7. O Comunismo que Nunca Houve

8. A Maldição do Politicamente Correto

9. O Mito da Igualdade

10. O Incrível Mundo Imaginário da Ideologia de


Gênero

11. Do Feminismo à Misandria

12. Conclusão
1. INTRODUÇÃO: O GRÁFICO DE NOLAN E O
CONCEITO DE ESQUERDA

Analisar uma ideologia política é por si só ser politicamente


ideológico. Recusar-se a analisá-la, também. Por isso é
impossível manter alguma neutralidade ao lidar com sistemas
político-ideológicos: até a neutralidade é parcial.
Dito isto, por uma questão de honestidade com você leitor ou
leitora, assumo antecipadamente minha parcialidade declarando-
me um sujeito de Direita.
Por todos os motivos pensáveis, este fato influenciou a
confecção deste livro – muitas vezes por minha vontade
voluntária, outras poucas por um condicionamento, digamos,
“inconsciente”.
Apesar de ter procurado embasar os raciocínios expostos com
o máximo de cuidado e evidências possíveis, sei bem que minha
coleta de dados provavelmente sofreu um forte viés de “cherry
picking”, e aceito suas críticas quanto a isto. Elas provavelmente
procedem.
Feita esta observação, iniciemos do princípio:
Há algum tempo, vem ganhando espaço o argumento de que
separar o espectro político apenas em Direita e Esquerda é um
“anacronismo”, uma coisa de “gente antiga e tapada”. Para
sustentar seu ponto de vista, os defensores desta linha de
pensamento costumam apelar para o Gráfico de Nolan. Mas em
que consiste este gráfico?
A ideia de que os sistemas políticos poderiam ser
esquematizados não em 2, mas em 4 “tons” diferentes,
utilizando-se dois eixos distintos, foi apresentado pela primeira
vez pelo psicólogo Hans Eysenck em The Psychology of Politics
(1954).
Em 1970, o gráfico de Eysenck foi aprimorado por Stuart
Christie e Albert Meltzer no livro The Floodgates of Anarchy.
Finalmente, em 1971, juntando as figuras anteriores às ideias do
psicólogo Bob Altemeyer e do sociólogo Theodoro Adorno, o
Anarcocapitalista David Nolan apresentou sua versão do
diagrama em um artigo chamado The Case for a Libertarian
Political Party, na edição de agosto da revista The Individualist,
(um periódico mensal da International Society for Individual
Liberty). Desde então, a figura se popularizou e passou a ser
conhecida como Gráfico de Nolan.
No Gráfico de Nolan, o eixo horizontal refere-se ao grau de
Liberdade Econômica: quanto mais liberdade econômica, mais
para a Direita nos deslocamos no eixo horizontal. Quanto menos
liberdade econômica, mais para a Esquerda.
Em outros termos: quanto menor a presença do Estado na
economia (ou seja: quanto menos impostos, menos
interferências regulatórias sobre a disposição de mão de obra,
quanto menos gerência governamental dos meios de produção,
menos controle público sobre a distribuição da riqueza e do que
foi produzido, e menos restrições estatais ao livre comércio e à
transferência de heranças), mais à Direita avançamos. E este é
detalhe importante que merece ser memorizado neste momento:
quanto menos Estado, mais à Direita se desloca o vetor
horizontal.
Por outro lado, quanto maior a presença do Estado na
economia (ou seja: quanto mais impostos, mais interferências
regulatórias sobre a disposição de mão de obra, mais gerência
governamental dos meios de produção, mais controle público
sobre a distribuição da riqueza e do que foi produzido, e mais
restrições estatais ao livre comércio e à transferência de
heranças), mais à Esquerda avançamos. Em resumo: segundo
o gráfico proposto por Nolan, quanto mais Estado, mais à
Esquerda nos movemos no vetor horizontal. Novamente,
recomendo que você grave este axioma.
Assim como proposto por Eysenck, o eixo vertical de Nolan
relaciona-se à Liberdade Pessoal: quanto mais liberdade pessoal
(liberdade de expressão, de comércio e uso de drogas, ausência
de serviço militar obrigatório, nenhum controle estatal sobre a
vida privada, etc.), mais Livre é o ambiente político. Quanto
menos liberdade pessoal (censura, guerra contra o tráfico,
obrigatoriedade do serviço militar, regulamentação estatal sobre
decisões que deveriam pertencer exclusivamente ao foro íntimo),
mais Autoritário é o sistema político.
O grande, enorme, inadmissível problema com o Gráfico de
Nolan foi a desonestidade de desvincular o Autoritarismo dos
regimes de Esquerda. Contemplando superficialmente o
diagrama, somos levados a acreditar que um governo de
Esquerda poderia ser compatível com um alto grau de Liberdades
Pessoais – uma falácia sem tamanho e que nem de perto
corresponde à realidade, por dois motivos bastante simples:
Primeiro: quanto mais para a Esquerda nos deslocamos no
eixo horizontal, maior deve ser o tamanho do Estado e seu
controle sobre a economia. Como poderia ser possível isso
ocorrer em um Estado que respeitasse 100% a liberdade pessoal?
Por exemplo: como controlar a distribuição de mão-de-obra,
e, simultaneamente, respeitar as decisões individuais sobre qual
profissão seguir e onde trabalhar? Como ter controle absoluto da
distribuição de riqueza e, ao mesmo tempo, aquiescer com a
concentração individual de renda? Como respeitar a Liberdade
Econômica sendo ao mesmo tempo despótico sobre cada uma das
escolhas pessoais que fazemos?
A única maneira de o Estado ser maior – a única maneira de
o Estado deslocar-se para a Esquerda no eixo horizontal – é
tornando-se cada vez mais Autoritário.
Segundo: quanto mais para a Direita nos deslocamos no eixo
horizontal, menor deve ser o tamanho e a influência do Estado
sobre a economia. Como seria possível, à medida que
diminuímos a presença do Estado na economia, a extrema
Direita ser representada por um Estado imenso? Seria como
falar: quanto mais você comer os docinhos na mesa de
aniversário, menos docinhos haverá na mesa, e quando você
finalmente devorar todos os docinhos, então a mesa ficará...
cheia de docinhos!
“Quanto mais diminuímos o tamanho do Estado nos
deslocando à Direita do eixo econômico, chegará um momento
extremo em que esta diminuição resultará em um Estado
Absoluto e Autoritário”?
Isso é o que sugere o diagrama de Nolan... Simplesmente não
faz sentido.
Dentro das definições atualmente aceitas, Direita é menos
Estado – e o extremo de menos Estado jamais será um “Estado
Absoluto” que viola a soberania do indivíduo.
Em contrapartida, Esquerda é mais Estado. E o extremo
de mais Estado simplesmente não tem como ser compatível, em
qualquer dimensão imaginável, com um “Estado Libertário” que
garante a autodeterminação.
Infelizmente, o diagrama de Nolan é um dos principais
responsáveis pela perpetuação da convicção de que o Socialismo-
Comunismo pode ser compatível com liberdades pessoais e
econômicas. A Esquerda acredita que, partindo do Progressismo
e aumentando-se o tamanho e os poderes do Estado, chegaremos
a um ponto onde o Estado gigantesco, totalitário, absoluto,
leviatânico, desaparecerá em um encanto, deixando em seu lugar
um Comunismo formoso, belo, justo, sem patrões, sem classes,
sem preconceitos, sem propriedades, sem lucro e... sem Estado.

2. O PROGRESSISMO

Admitindo que uma linha horizontal unindo Liberdade


Econômica e Liberdade Pessoal no mesmo plano é a única
maneira de divisar os espectros político-ideológicos, e que
“centro” é uma criação abstrata (sempre é possível dividir o
centro em metades cada vez menores e mais específicas), temos
que a Esquerda se inicia na transição entre o
Neoconservadorismo (o limite mais à esquerda do espectro de
Direita) e o Progressismo (o modelo inicial da Esquerda).
Como o próprio nome sugere, o Progressismo visa ir além do
status quo1. Por estarem tão próximos da linha que divide a
Esquerda da Direita, os Progressistas se assemelham aos
Neoconservadores e Conservadores na medida em que presumem
a existência de um Estado para proteger os direitos individuais.
Todavia, a diferença entre Progressistas e Direitistas está na
quantidade deste Estado: os Progressistas desejam muito, muito
Estado. Um Estado forte para que os avanços sejam implantados
com sucesso, para que as ganâncias dos homens de negócios
sejam reguladas, e para que haja crescimento econômico com
justiça social, protegendo os trabalhadores e os “oprimidos” dos
efeitos colaterais prejudiciais do Capitalismo.
O currículo Progressista externa alguns ideais do
Iluminismo: ele questiona a demanda de religiões específicas em
uma sociedade pluralista e insiste em manter a religião fora da
política e vice-versa. Entretanto, em um paradoxo, os
movimentos religiosos foram cruciais para que o Progressismo
alcançasse êxito em muitas de suas empreitadas. Por exemplo: a
encíclica Rerum Novarum, publicada pelo Papa Leão XIII em
1891, serviu de base intelectual e teológica para toda uma nova
geração de ativistas sociais no mundo católico13,14.
O movimento Progressista surgiu oficialmente nos EUA entre
1890 e 1920 como uma resposta aos problemas trazidos pela
industrialização, tais como crises econômicas frequentes,
corrupção política, aumento da pobreza, baixos salários,
péssimas condições de trabalho e exploração de mão de obra
infantil, entre outros. Contudo, inicialmente, ele não foi batizado
de Progressismo, mas de Liberalismo. E aqui cabe um parêntese
para uma crítica ao uso persistente do termo Liberal.
O Liberalismo Clássico defendia que a única liberdade
verdadeira é a liberdade de coerção, e que a intervenção estatal
na economia restringia a liberdade dos indivíduos. Esta vertente
específica do Liberalismo pendeu para a Direita, dando origem ao
Libertarianismo e ao Anarcocapitalismo.
O Liberalismo Social, por outro lado, advogava que os
governos deveriam ter um papel ativo na promoção da educação
e da prosperidade dos cidadãos. Esta vertente do Liberalismo
pendeu para a Esquerda, dando origem ao Progressismo, ao
Socialismo e ao Comunismo.
Com o tempo, as diferenças entre Liberalismo Clássico e
Social foram relegadas ao esquecimento, e os termos Liberal e
Neoliberal passaram a ser estranhamento associados à Direita.
Não obstante, sob a alcunha de “Liberais” e “Neoliberais”
ocultam-se ideólogos de Esquerda que defendem censuras à
liberdade de expressão e louvam regimes totalitários.
Por exemplo: Fernando Henrique Cardoso (FHC), o 34o
Presidente da República do Brasil, foi rotulado de “Continuador
do Projeto Neoliberal” durante seus 8 anos de mandato (1995-
2001). Quando discursava para as plateias, FHC afirmava que sua
proposta política consistia em extinguir a Era Vargas, diminuindo
a intervenção do Estado na economia, privatizando estatais e
abrindo o mercado brasileiro. Na prática, o “neoliberal” FHC
apontava entre suas principais preocupações o racismo, o meio
ambiente e a igualdade de gênero.
Apesar de se dizer defensor das políticas de direitos
humanos, FHC foi condescendente com o terrorismo do MST e
era todo elogios para o ditador comunista Fidel Castro, chegando
a importar médicos cubanos para atuar no estado do Tocantins,
em 199910. Também foi o primeiro presidente brasileiro a visitar
Cuba, entre outros destinos que de “liberais” pouco tinham: em
1996 foi a Luanda, em uma visita oficial ao ditador-presidente
José Eduardo dos Santos, cujo mandato se estendeu de 1979 a
2017. Em 2001, visitou a Coreia do Norte com a intenção de
estabelecer relações diplomáticas com aquele país.
Seu roteiro de viagens internacionais ainda incluiu passagens
por países como China, Rússia, Ucrânia e Bolívia, sendo que
apenas na Venezuela FHC esteve por cinco vezes e, em 2002,
ajudou no retorno do marxista bolivariano Hugo Chávez à
presidência 28 horas após um golpe relâmpago11,12.
Se olharmos ao norte do continente e observarmos os EUA,
encontraremos sob a alcunha de “liberais” líderes como Bill e
Hillary Clinton, Barack Obama e Al Gore, que se opõem a cortes
em programas sociais do governo e apoiam agendas Progressistas
como legalização do aborto, ampliação do financiamento para
saúde pública, direitos específicos para população LGBT, leis
mais rígidas para proteção ambiental e impostos maiores para os
mais ricos.
Ainda que em boa parte da Europa e em toda a Oceania o
sentido de “liberal” esteja bem mais próximo daquilo que
entendemos como Libertarianismo, os “liberais” Tony Blair
(Inglaterra) e Justin Trudeau (Canadá), que um dia
autodenominaram-se “Terceira Via”, seguem a velha cartilha do
distributismo Coletivista presente em qualquer doutrina clássica
da Esquerda.
Considerando as ideias e atitudes contraditórias que se
abrigam sob o termo Liberalismo, e considerando que nas
Américas o conceito médio de liberal é algo como FHC, Trudeau,
Clinton e Obama, então o mais sensato a fazer seria descartar de
uma vez por todas o emprego do termo, substituindo-o por
Progressismo e Socialismo, pois ambos se aproximam muito mais
daquilo que andam chamando por aí de Liberal.
Historicamente, apesar de ter sido inaugurado na virada do
século XIX para o século XX, o Progressismo sempre rondou as
civilizações humanas: a Revolta de Espártaco (cerca de 70 a.C.),
as revoltas camponesas durante o feudalismo (século XIV) e a
Insurreição de Canudos (1896-1897) podem ser consideradas
exemplos de movimentos Progressista.
Em termos filosóficos, a linha que definiu o Progressismo foi
traçada por Rousseau, um típico Coletivista Socialista sempre
pronto para culpar o governo e a sociedade por aqueles
insucessos que desde sempre couberam aos indivíduos. Na
sequência, os Progressistas adicionaram à sua cartilha
fundamentos do Consequencialismo Utilitário de John Stuart
Mill, e algumas pitadas de John Maynard Keynes (1883-1946),
Milton Friedman (1912-2006) e John Rawls (1921-2002) – três
pensadores que merecem comentários à parte:
Keynes representa o grande alicerce moderno do
Progressismo. Nascido no ano da morte de Karl Marx em uma
família acadêmica abastada, Keynes recebeu o que de melhor
havia em termos de educação em seu país. Contemporâneo de
duas Guerras Mundiais, da Grande Depressão e do fim da Pax
Britannica, ele buscou harmonizar o Conservadorismo de
Thomas Hobbes, John Locke e Edmund Burke ao Socialismo
manifestado por Rousseau, Bentham e Stuart Mill. Sendo um
crítico do individualismo Capitalista e um cético quanto à “mão
invisível” de Adam Smith, ele julgava que a instabilidade
intrínseca da economia tornava a intervenção do Estado
indispensável, pois apenas por meio do Estado seria possível
acabar com a escassez material16.
Dos pensamentos de Milton Friedman, os Progressistas
fisgaram as defesas para o casamento homoafetivo e os protestos
para o fim da guerra às drogas, além de incentivos para
programas de bem-estar social. Friedman é considerado o “avô”
do conceito de Bolsa Família e, como Keynes, afirmava que cabia
ao Governo a obrigação de patrocinar o fim da miséria17.
Se Keynes ofereceu uma muleta econômica e Friedman
plantou a semente do assistencialismo, coube a John Rawls a
condecoração de Patrono do discurso de Justiça Social
Progressista. Em Uma Teoria da Justiça (1971), Rawls
proclamou que a renda e a prosperidade deveriam ser
distribuídas de maneira equalitária, e apenas as desigualdades
que fossem positivas para os menos favorecidos no longo prazo
deveriam ser admitidas pelo Estado e pela sociedade.
Para Rawls, na presença de uma economia Capitalista, um
regime político de Esquerda produziria mais justiça social que
um regime de Direita15. O que ele talvez não tenha considerado
com a mesma lucidez é o fato de que atmosferas de Esquerda são
absolutamente tóxicas para os pilares do Capitalismo:
esquerdistas relativizam a Propriedade Privada e tentam – o
tempo todo e por todos os meios possíveis – controlar,
burocratizar e taxar o Livre Mercado.
Pouco após a publicação de Uma Teoria da Justiça, Friedrich
Hayek alertou que a fixação na miragem da “justiça social” levara
os “liberais” a ignorar o quanto a Liberdade depende de um
mercado descentralizado baseado na propriedade privada25.
É digno reconhecer que o mesmo keynesianismo rawlsiano
que ocupa o centro da mentalidade Progressista transformou o
Japão e a Coreia do Sul no que são hoje. De certa maneira, foi o
Progressismo bem aplicado que permitiu que esses países dessem
seus respectivos saltos de prosperidade e desenvolvimento no
transcorrer do século XX. Também vale listar como conquistas
Progressistas o sufrágio universal, o acesso das mulheres à
educação, o combate à segregação racial, a jornada de 8 horas
diárias e 40 horas semanais, a compensação por acidentes de
trabalho, o seguro desemprego, a permissão para formação de
sindicatos, os impostos progressivos e sobre herança, a criação de
áreas de proteção ambiental, as leis antimonopólio e contra
especulação financeira, o salário mínimo e a saúde pública.
Trata-se de um imperativo de honestidade admitir que
muitas destas mudanças – positivas ou não – não teriam
ocorrido no ambiente Conservador sem a pressão dos pioneiros
do Progressismo.
O caráter humanista do Progressismo desafia o
individualismo social e político e tenta oferecer alternativas ao
Capitalismo laissez-faire, afirmando que as leis não deveriam ser
escritas para proteger o Capitalismo da sociedade, mas o inverso.
Entretanto, como veremos adiante, uma parte significativa das
inovações defendidas pelos Progressistas – e pelo restante do
espectro de Esquerda – frequentemente são aventuras na direção
de utopias, ou contradições burlescas de si mesmas, ou distorções
daqueles princípios que nos acostumamos a considerar Bons e
Corretos.
Por exemplo: os Progressistas dizem defender o bem-estar
social e uma educação de qualidade para todas as crianças, mas
apoiam leis mais flexíveis para o aborto.
Eles dizem defender oportunidades iguais para todos, mas
promovem favoritismos raciais, étnicos e sexuais.
Eles dizem defender o direito ao trabalho, mas apoiam
restrições ambientais que limitam o desenvolvimento,
regulamentações que punem o empreendedorismo, e impostos
que inviabilizam investimentos lucrativos – todas estas medidas
que obviamente diminuem vagas de emprego.
Finalmente, eles dizem defender programas de apoio à
independência financeira dos desfavorecidos, mas estes auxílios
interditam a auto-responsabilidade e amputam o
autopertencimento, retraindo a capacidade de iniciativa e
paralisando os apadrinhados em uma vil dependência do
governo18,19.
Os Progressistas estão certos em lançar luz sobre o problema
da pobreza, mas erram todas as vezes em que tentam resolvê-lo.
Uma parcela considerável da pobreza no Brasil não pode ser
explicada pela ineficiência do governo, ou por empresas
predatórias ou por discriminação de qualquer espécie, mas pela
Cultura da Miséria, onde a educação não é vista pelo seu valor
intrínseco; o mérito é desdenhado; e o lucro, demonizado.
Por exemplo: segundo o Ministério de Desenvolvimento
Social, as plataformas que se unificaram em janeiro de 2004 para
formar o Programa Bolsa Família (PBF) beneficiaram 3,6 milhões
de famílias no ano de 2003. Em 2016, o PBF abarcava 15 milhões
de famílias20,21,150.
No mesmo período, de acordo com o IBGE, a população
brasileira aumentou de 183 milhões para 206 milhões22.
Segundo o Banco Mundial, o PIB brasileiro era de 1,26
trilhões de reais em 2003, atingindo 1,75 trilhões em 201623.
Agora junte estes três dados: entre 2003 e 2016, enquanto a
população aumentou 12% e o PIB aumentou 38%, a quantidade
de pessoas necessitadas no Brasil aumentou quase 500%!
Eu pergunto: durante este período, fomos vítimas de alguma
catástrofe natural, epidemia, guerra civil ou algum outro evento
apocalítico capaz de promover um verdadeiro genocídio entre os
líderes de nossas famílias?
Como passamos de 3,6 milhões de famílias carentes para 15
milhões no intervalo de pouco mais de uma década?
Considere ainda que, de acordo com o IBGE, a família média
brasileira é formada por 3,34 pessoas26. Ter 15 milhões de
famílias sob o PBF significa que 50,1 milhões de pessoas no Brasil
– ou 1 em cada 4 brasileiros – é incapaz de produzir por meio de
seu trabalho o suficiente para o seu sustento, necessitando
socorro do governo para sobreviver.
Justificar um crescimento da inaptidão para o trabalho 40
vezes acima do crescimento de toda a população no intervalo de
13 anos simplesmente apelando para uma “demanda reprimida
de necessitados” é falacioso: entre alguns tropeços em 2003 e
outros em 2016, a linha econômica tendeu para o positivo. Se
aplicássemos o princípio da Navalha de Occam, poderíamos
assumir que, assim que o Progressismo tucano e lulopetista
começou disponibilizar programas de assistência, a Cultura da
Miséria fez festa neles – e continua fazendo.
Evidências internacionais mostram que 50% das famílias que
entram em programas de auxílio financeiro governamental estão
fora do programa após 1 ano; 70% após 2 anos, e quase 90% após
5 anos. Todavia, 45% das que saíram retornam ao programa após
1 ano, e 70% retornam ao longo dos 5 anos seguintes24. Será que a
realidade brasileira é muito diferente disto? Pela evolução dos
números do Banco Mundial, do IBGE e do Ministério de
Desenvolvimento Social do Brasil, não parece ser.
A genética que condiciona o sentimento Coletivista é tão
ancestral quanto nossas primeiras fogueiras Paleolíticas. Mais
modernamente, a saudade da significância daquelas pequenas e
homogêneas sociedades de caçadores-coletores ressurgiu nos
dogmas da Esquerda, e isto explica o paternalismo com que os
Progressistas abordam a civilização e sua enorme dificuldade
para reconhecer as interconexões entre os agentes individuais, os
processos sociais e as instituições de um mundo que se tornou
assustadoramente mais complexo que um acampamento nômade
às margens de um rio.
O corpo físico do Homo sapiens não mudou muito nos
últimos 100 mil anos, mas nossa cultura sofreu transformações
extraordinárias, e os valores Coletivistas de outrora se tornaram
insuficientes para atender às demandas de 8 bilhões de
Identidades Pessoais. Admiravelmente, Progressistas, Socialistas
e Comunistas parecem imunes à assimilação desta observação
que deveria ser trivial.
Se os Conservadores veem as pessoas como tendendo para os
piores comportamentos possíveis, necessitando ordem e
incentivos para evitar as catástrofes de seus equívocos infinitos,
os Progressistas as enxergam como essencialmente boas, porém
fundamentalmente incapazes, necessitando uma boa dose de
engenharia social e planificação econômica para que deem certo.
No final, por caminhos diferentes, ambos, Direita e
Esquerda, desejam a mesma coisa: controle. Não obstante, a
pregação Progressista favorece a propagação de uma Moralidade
perversa incitadora de discriminação, divisão, exclusão,
acomodação e terceirização das responsabilidades. Levada ao
máximo, esta agenda garante a ocorrência de revoluções e
tiranias desumanas.
Os Progressistas gostam de insistir que sua doutrina não
precisa incluir uma teoria econômica peculiar, uma Ética
congruente, uma epistemologia bem fundamentada, ou mesmo
uma metafísica redentora. “A sociedade já está cheia de doutrinas
assim – nós somos algo mais!”, eles dizem, sorrindo e sabendo
que, sem definições desta natureza, sem assumir suas
idiossincrasias com todas as letras, poderão abraçar os casos de
sucesso dizendo-os seus, e descartar as atrocidades dizendo-as
dos outros. “Isto nunca foi Progressista, ou Socialista, ou
Comunista”, protestarão ao menor sinal de água no barco.
Por isso, o grande inimigo do Progressismo não é o
Conservadorismo, mas a boa e velha ganância por poder, a falta
de habilidade de reconhecer com honestidade problemas
intrínsecos como a tendência para formação de aristocracias
intrapartidárias, autonegação, corrupção, cunhadismo e
alinhamento com regimes totalitários violadores dos Direitos
Humanos.
Como resultado da inexistência da autocrítica Progressista,
enquanto continuarmos confiando em sua encantadora
criatividade para arquitetar nossa salvação, a penúria financeira e
o desajuste Moral seguirão sendo a norma do dia, e qualquer
possibilidade de mudança será apenas mais uma miragem em um
deserto de ingenuidades áridas.

3. A GÊNESE DO SOCIALISMO

O Socialismo está para a Esquerda assim como o


Conservadorismo está para a Direita: ele equivale a uma
condensação dos valores mais preciosos e constantes do lado
Esquerdo do espectro político.
O Socialismo pode ser definido como uma organização
político-econômica que advoga a propriedade e administração de
vários bens e serviços pelo Estado. Para restabelecer nosso
“estado natural”, ele defende um governo ainda mais gigantesco
que aquele dos Progressistas, recheado de “métodos isonômicos
de compensação” e ideologicamente inimigo da propriedade
privada e da liberdade.
Assim como ocorre no Progressismo, o pano de fundo
hipotético do Socialismo seria a preocupação com as
desigualdades sociais e o modo como deveríamos responder a
elas. Esta inquietação tem sido objeto de debate desde a
antiguidade, e podemos identificar suas raízes nas ideias de
Platão, passando por aprimoramentos nas mãos de Thomas
More, Hobbes, Rousseau e, finalmente, Marx.
Em A República, Platão (428-348 a.C.) descreveu como seria
sua sociedade perfeita elaborada a partir de quatro virtudes:
sabedoria, coragem, moderação e justiça. Planificador,
determinista e elitista, o esboço platônico apresentava classes de
cidadãos bem circunscritas e virtualmente nenhuma mobilidade
social.
Como os Socialistas que nasceriam 2 mil anos após ele,
Platão acreditava que um Estado extremamente forte era
essencial para preservar a ordem e proteger a cidade; que a
unidade familiar deveria ser extinta; e que a riqueza estava na
raiz de todo o mal. Para corrigir estes desvios, haveria uma casta
de Guardiões com a missão de evitar que qualquer homem se
tornasse rico demais ou pobre demais, pois isso o impediria de
exercer as atividades que lhe foram facultadas. Além disso, todas
as mulheres seriam compartilhadas por todos os homens e
nenhum casal heteronormativo deveria morar junto. Os filhos,
também compartilhados pela comunidade, jamais saberiam
quem eram seus pais, e nenhum pai ou mãe saberia quem eram
seus filhos. Os inválidos não receberiam cuidados: eles seriam
simplesmente abandonados27,28.
O desprezo de Platão pela Democracia e seu alinhamento
com os princípios mais radicais daquilo que identificamos hoje
como Esquerda é um dos aspectos mais marcantes de A
República.
Em contraposição a Platão, seu aluno Aristóteles pendia um
pouco mais para a Direita: Aristóteles acreditava que, recebendo
a educação adequada e seguindo os ditames da lei, qualquer
cidadão seria capaz de governar. Para Aristóteles, os membros da
sociedade são diferentes por natureza, mas suas habilidades
podem ser desenvolvidas segundo suas vontades e ambições, e
nada impediria um Soldado de tornar-se um Rei Filósofo, por
exemplo34,53.
Ao raiar da Idade Moderna, caberia ao humanista Thomas
More (1478-1535) retornar aos preceitos da República platônica.
Na época de More, a questão religiosa havia atingido níveis
críticos na Inglaterra. Após uma série de infortúnios, sua carreira
política chegou a um impasse quando More se recusou a endossar
os planos de Henrique VIII, que pretendia divorciar-se de
Catarina de Aragão. Os desentendimentos com o rei resultaram
em uma condenação por alta traição e, em 6 de julho de 1535,
More foi decapitado. Em 1935, seria canonizado pelo Papa Pio XI.
Mesclando elementos autobiográficos com uma fictícia
narrativa de viagem, More narrou uma sociedade fictícia que,
conforme confessaria depois, em muito se parecia com a
sociedade em que desejaria viver. Em Utopia (1516) – em grego,
“lugar nenhum” –, More descreveu uma nação onde os cidadãos
eram tão ou mais condicionados que aqueles do Admirável
Mundo Novo de Huxley e viviam em algo parecido a um 1984
orwelliano permanente, despidos de características humanas
comuns como vaidade, ambição ou ânsia por liberdade.
Como é típico no Cristianismo – e tornou-se mais tarde típico
também no Socialismo –, More via o rico “como um asno, tão
desonesto quanto é louco”. Para ele, o Estado deveria legislar até
mesmo as causas mais íntimas: “a jovem não deve se casar antes
dos 22 anos e o jovem, antes dos 26 anos de idade” – que,
obviamente, era a mesma idade com que More se casou pela
primeira vez.
Indo além, recomendou que “dois jovens surpreendidos em
amores clandestinos devem ser severamente punidos e o
casamento lhes é totalmente interditado, a menos que o príncipe
lhes conceda o perdão da falta”. Não satisfeito, postulou o modo
como o Estado deveria cuidar da vida do casal: “no caso de
adultério, o cônjuge ofendido pode obter do senado a
autorização para casar novamente. O cônjuge culpado, coberto
de infâmia, deve passar o resto da vida sozinho ou na mais dura
escravidão. Em caso de reincidência, o adultério deve ser punido
com a morte”29.
Bem antes de Marx, More pregava um tipo de Revolução
Socialista recomendando que, quando a população da ilha de
Utopia ultrapassasse o conveniente, os cidadãos seriam tirados
de suas cidades para estabelecer uma colônia no exterior.
Chegando ao local do novo assentamento, a recomendação justa e
humanitária de More era a seguinte: “se as populações indígenas
recusam a aceitar suas leis, os utopianos os expulsam do
território que escolheram e lutam à mão armada contra aqueles
que resistem” 29.
Como não poderia deixar de ser, o igualitarismo Socialista de
Utopia restringia-se a alguns privilegiados, e o tratamento
discricionário dado às “populações indígenas” não era exclusivo
delas, estendendo-se também aos escravos “que são
encarregados dos trabalhos de cozinha mais sujos e penosos”.
Mas não pense que isso significa que os cidadãos livres
fossem exatamente livres: “se alguém deseja visitar um de seus
amigos que mora em outra cidade ou simplesmente a própria
cidade, deve obter a autorização necessária. Os viajantes
partem em grupo com uma carta do prefeito atestando que têm
permissão de viajar e fixando o dia de regresso. Aquele que por
sua própria conta se permite transpor os limites de sua
província e for apanhado sem autorização do prefeito, é
reconduzido como desertor e severamente punido. Em caso de
reincidência, será condenado aos trabalhos forçados” 29.
A semelhança da Utopia de More com o Socialismo
contemporâneo da Coreia do Norte é estarrecedora.
Um pouco menos radical, Thomas Hobbes (1588-1679)
incluiu em seu Leviatã alguns preâmbulos do Estado de Bem-
Estar Social, anotando que “sempre que muitos homens se
tornam incapazes de se sustentar com seu trabalho, não devem
ser deixados à caridade de particulares, mas ser supridos –
tanto quanto as necessidades da natureza o exigirem – pelas leis
do Estado”30. Além disso, Hobbes parecia contra o
reconhecimento da propriedade privada absoluta: para ele, o
Soberano não está sujeito à Lei Civil e, portanto, os direitos de
propriedade são válidos somente contra outros súditos, e não
contra o soberano30.
Ainda que seja um exagero considerar Hobbes um Coletivista
pré-Marxista, ele certamente possuía alguns grãos Progressistas
em seu bolso.
Rousseau (1712-1778) foi o sujeito que aplainou a pista para o
derradeiro pouso do Marxismo, afirmando categoricamente que
“todo homem tem direito a tudo que lhe é necessário”31. Em sua
visão Socialista antes do Socialismo existir de fato, Rousseau
defendeu que quanto melhor estivesse constituído o Estado,
tanto mais os negócios públicos prevaleceriam sobre os
particulares no espírito dos cidadãos.
Viajando pelas elucubrações de Platão, More, Hobbes e
Rousseau, chegamos finalmente a Karl Marx (1818-1883). A
história de vida do defensor dos trabalhadores que nunca
trabalhou de fato é bem conhecida.
Por quase 40 anos, Friedrich Engels (1820-1895) foi o grande
parceiro de Marx, seu colaborador e esteio financeiro. Engels era
filho de um rico empresário do ramo têxtil, com fábricas na
Alemanha e na Inglaterra. Porém, como Marx, era atormentado
pela “injustiça” de uma sociedade dividida em classes32. Juntos,
produziram as primeiras e mais famosas apologias ao Socialismo-
Comunismo, com destaque para O Manifesto do Partido
Comunista (1848). Em paralelo, Marx escreveu sobre os
fundamentos comunistas em A Ideologia Alemã (escrito entre
1845–46, publicado em 1932) e em O Capital (1867).
Marx acreditava que a volatilidade do Capitalismo provocaria
desemprego, queda da renda e aumento da miséria, e o caminho
para sua abolição seria uma revolução para estabelecer um
estado Socialista – a Ditadura do Proletariado –, que conduziria
o povo ao paraíso Comunista. Para ele, aqueles que apoiavam o
Capitalismo o faziam apenas para justificar a desigualdade
econômica e legitimar uma determinada distribuição do poder
político. Neste contexto, o papel da Religião seria especialmente
pernicioso, pois ela seria empregada para validar as decisões dos
líderes políticos como se fossem parte dos planos de deus.
A preocupação de Marx com a influência da educação e da
religião encontra-se expressa na máxima “As ideias que
comandam cada época são as ideias da classe dominante”33. Ou
seja: os valores e princípios ensinados nas escolas e
universidades, e comunicados pelas mídias de massa, são aqueles
que servem aos interesses da classe dominante. Neste ponto
específico, ele estava coberto de razão, antecedendo em oitenta
anos o conceito de Revolução Passiva de Gramsci.
A teoria geral de Marx baseava-se em três aspectos
principais: uma concepção materialista da história marcada pela
luta de classes; uma crítica ferrenha ao Capitalismo (que, para
ele, era apenas um estágio necessário, porém intermediário, entre
o feudalismo e outro sistema, mais justo); e a substituição do
Capitalismo pelo Comunismo (que eliminaria a alienação do
trabalhador do produto de seu trabalho).
Como boa parte dos escritores no século XIX, Marx utilizava
os termos Comunismo e Socialismo como se fossem sinônimos.
Contudo, em Crítica do Programa de Gotha (1875), Marx
identificou as duas fases do Comunismo que antecederiam a
queda do Capitalismo: a primeira, um sistema Socialista de
transição onde a classe trabalhadora controlaria o governo e a
economia. Na segunda fase, o sistema Comunista verdadeiro,
com uma sociedade sem classes, sem propriedade privada e sem
governo.
Após a morte de Marx em 1883, Engels elaborou sua própria
versão para o determinismo Marxista, batizando-a de Socialismo
Científico. Cerca de quarenta anos mais tarde, Vladimir Ilyich
Ulyanov – mais conhecido pelo pseudônimo Lenin – reafirmaria
em O Estado e a Revolução (1917) que o Socialismo correspondia
de fato à primeira fase do programa de Marx.
Coube a Lenin (1870-1924) inaugurar na prática a ideia de
Marx de um regime Socialista de transição entre o Capitalismo e
o Comunismo. As convulsões sociais de 1905 e 1917 na Rússia
prepararam o terreno para sua chegada ao poder e, seguindo a
máxima de César “divide et impera”, Lenin influenciou a
separação do Partido Operário Social-Democrata Russo entre
Bolcheviques (apoiadores de Lenin) e Mencheviques (apoiadores
de Julius Martov). Em novembro de 1917, Lenin e os
Bolcheviques tomaram o poder.
Em 1918, tentando distanciar-se dos Alemães, e para
enfatizar sua pretensa fidelidade ao estabelecimento de uma
sociedade Comunista, os revolucionários renomearem o Partido
Operário Social-Democrata Russo de Partido Comunista Russo.
Além disso, eles criaram a primeira organização terrorista
comunista, a Cheka – um comitê de responsável pela
neutralização da contrarrevolução e combate à especulação e à
sabotagem88.
Com a Cheka, execuções em massa, prisões arbitrárias e
sequestros se tornaram prática comum. No verão de 1918, Lenin
emitiu a ordem para que a Cheka executasse o Czar Nicolau II e
sua família. Qualquer socialista soviético que não fosse julgado
um verdadeiro Socialista Bolchevique passou a ser punido
severamente. Na parte rural da Rússia, teve início uma caçada
que resultou na eliminação de mais de 300 mil Cossacos112.
Tragicamente, a palavra “cossaco” deriva do russo kozac, que,
por sua vez, remete ao turco kazac, significando “indivíduo livre”
113. Nada poderia ser mais simbólico da filosofia do nascente

Marxismo Leninista que a eliminação sistemática dos “indivíduos


livres”.
Em 1919, o Partido Comunista Russo assumiu o comando
ipso facto da Rússia, tornando-a um estado unipartidário. No
mesmo ano, Lênin criou a Terceira Internacional (o Comitê
Comunista Internacional), definindo um conjunto de 21 normas
para qualquer nação que quisesse aderir ao seu movimento. Em
1922, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (ou URSS) foi
criada.
Partindo dos postulados de Engels e Marx, Lenin concebeu
uma versão customizada do Socialismo Científico que ficaria
conhecida com Marxismo-Leninismo. Propriedades privadas
foram confiscadas e entregues a camponeses. Bancos, ferrovias,
indústrias de engenharia, têxteis, metalurgia, mineração e outras
grandes empresas de cunho Capitalista foram nacionalizados. A
imprensa foi censurada. Foram adotadas normas facilitando a
emancipação feminina. O trabalho foi considerado obrigatório
para qualquer cidadão entre 16 e 50 anos de idade. E o governo
iniciou um programa em massa de educação para crianças e
adultos, proibindo a educação religiosa nas escolas.
Cada vez maior e mais forte, o Estado soviético criou seu
próprio sistema de leis e tribunais, aplicando pena de morte
sumária a dezenas de milhares de “inimigos do estado”. Aqueles
que não eram mortos eram enviados aos campos de
concentração, onde centenas de milhares de pessoas morreram
vítimas de maus tratos, trabalho escravo ou execução.
Lenin considerava Trotsky o mais apto para sucedê-lo e
chegou a recomendar que Stalin, por ser exageradamente
ambicioso e violento, fosse retirado do cargo de Secretário Geral
do Partido Comunista. Porém, três derrames cerebrais entre 1922
e 1923 enfraqueceram a influência política de Lenin. Na sua
ausência, o poder de Stalin cresceu e se consolidou. Em 1924, um
quarto derrame foi fatal.
A direção econômica iniciada por Lenin durou até 1928,
quando Stalin assumiu a liderança do partido sob o lema
“Socialismo em um país”, iniciando o processo de isolacionismo e
totalitarismo que caracterizaria a URSS nas décadas seguintes.
O final da Segunda Guerra Mundial e a morte de Stalin em
1953 não alterou o deslumbramento com o Socialismo e o sonho
de que ele conduziria os povos à terra prometida do Comunismo:
como um tsunami, os ecos da Revolução de Outubro da Rússia se
espalharam pela Europa Oriental, Ásia, África e América do Sul.
O Pacto de Varsóvia (1955-1991) testemunhou a entrada de
vários países sob a Cortina Soviética: Albânia, Bulgária,
Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Polônia, Hungria e
Romênia passaram a fazer parte de uma aliança militar e
econômica com a URSS, mas as relações entre as nações nem
sempre foram suaves e a URSS realizou intervenções militares
para controlar rebeliões na Hungria (1956) e na Tchecoslováquia
(1968).
A expansão do Socialismo levou-o a ser adotado com
intensidade por nações como Cuba, Coreia do Norte, Vietnã,
Laos, Camboja, Angola, Moçambique e China. No início da
década de 1970, cerca de 1/3 da população mundial vivia em
regimes Socialistas caracterizados pela hegemonia de um partido
político único que não tolerava oposição e punia os dissidentes,
não raramente com a morte.
Por sua relevância, o Socialismo chinês merece ser
examinado um pouco mais de perto: o Partido Comunista da
China foi formado em 1921. Em 1927 já se encontrava sob o
controle de Mao Tsé-Tung (1893-1976). Em 1947, na fase final da
Guerra Civil Chinesa – chamada pelos Socialistas de Guerra da
Libertação –, Mao assumiu o controle do país. Em 1949, instituiu
a República Popular da China.
Inicialmente, Mao seguiu o modelo de desenvolvimento
soviético. Contudo, durante a década de 1950, irritado com a
tendência de Krushev em conviver pacificamente com o
Capitalismo, Mao abandonou o Marxismo-Leninismo e
desenvolveu sua versão de Socialismo: o Maoísmo. Partindo
desta ideologia, conduziu o Grande Salto para Frente (1958-
1960) – uma versão chinesa da política Stalinista de
industrialização forçada –, e a Revolução Cultural (1966-1976),
ambos catástrofes que provocaram caos, fome e massacres.
Com a morte de Mao, Deng Xiaoping (1904-1997) introduziu
uma série de reformas para tentar evitar um colapso político-
econômico semelhante ao que estava ocorrendo na URSS.
Xiaoping alterou o Maoísmo para um Socialismo de
Mercado, modernizando a agricultura, a indústria, a ciência, a
tecnologia e as forças militares. Graças ao seu timing, a China
conseguiu postergar a decadência Socialista-Comunista e se
tornar a potência que conhecemos hoje.
Não obstante, mesmo após as aberturas iniciadas por
Xiaoping, o Socialismo chinês continuou sendo um regime
unipartidário, sem eleições, sem oposição e sem liberdade de
expressão: a Constituição em vigência foi escrita em 1982 e, em
seu artigo 35, garante a liberdade de expressão, publicação,
reunião, associação, manifestação e demonstração para todos os
cidadãos da República Popular da China. Entretanto, o governo
chinês sempre foi bastante eficaz em não permitir coisa alguma
disso: a mídia é fortemente controlada, existem restrições
pesadas contra a livre formação de associações e contra práticas
religiosas, e o bloqueio no acesso à internet é sofisticadíssimo e
quase onipresente. Mas isto não é tudo:
A economia chinesa permanece nada inclusiva e
profundamente dependente dos investimentos do Estado.
Segundo dados do Banco Mundial, o PIB chinês saltou de 4,5
trilhões de dólares em 2008 para 12,2 trilhões em 2017. Todavia,
no mesmo período, a dívida total (pública e privada) saiu de 1
trilhão de dólares para 25 trilhões. Ou seja: economicamente,
cada vez que a China dobrava de tamanho, sua dívida aumentava
cerca de 8 vezes.
Uma hora, a desconfiança internacional irá esvaziar o
financiamento do modelo chinês por receio de calote e o
keynesianismo oriental irá implodir. Esta história é conhecida e
recorrente: este mesmo keynesianismo Socialista permitiu que a
União Soviética se industrializasse rapidamente e ultrapassasse o
PIB norte-americano entre 1950 e 1965. Quando o fôlego acabou
em 1991, a economia da URSS entrou em colapso. E não foi
apenas na URSS: igualmente quebrados, os países do Pacto de
Varsóvia abandonaram o Socialismo-Comunismo na década de
1990, seguindo-se um desmantelamento progressivo do sistema
em outras nações.
Atualmente, apenas 5 países são considerados “Comunistas”:
China, Coreia do Norte, Vietnã, Laos e Cuba. Sem embargo, é
correto observar que o Socialismo, assim como o Leninismo e o
Maoísmo, está muito distante do Comunismo como exposto na
visão original de Marx, e nenhum desses países atuais ou
passados foi de fato Comunista: eles apresentavam ingredientes
Comunistas, sim, mas eram basicamente Socialistas.
Décadas após a derrocada do bloco soviético, e mesmo com
as evidências do sofrimento humano em países como Coreia do
Norte, China e Cuba, algumas nações adentraram no século XXI
insistindo no projeto Socialista, indo desde a Venezuelana de
Chávez e Maduro, passando pelo reinado de Evo Morales na
Bolívia, e chegando à eleição de lideranças nacionais abertamente
socialistas em nações como Portugal (António Costa), Espanha
(Pedro Sánchez) e México (Andrés Manuel López Obrador) nas
primeiras décadas do século XXI.
Como pode ser percebido, em termos práticos, o Socialismo
consiste na centralização progressiva da economia até a criação
de um “estado de abundância”, que permitiria então a adoção do
Comunismo genuíno.
Seria como ir aumentando o Estado e aumentando Estado, e
aumentando tanto o Estado que chegaríamos a um ponto onde o
Estado deixaria de existir.
Isso lhe parece congruente?
Ainda que o Comunismo não tenha sido implantado 100%, a
desgraça ocorre porque, ao colocarem a miragem Comunista no
horizonte, populações inteiras aceitam ser embarafustar pelo
pântano Socialista – este sim, implantado 100% e com sucesso
em várias nações.
Repetidas vezes na história, o êxodo Socialista jamais
conduziu um povo ao Comunismo, mas apenas a tiranias, ao
Nazismo e ao Fascismo. Ainda assim, multidões continuam
acreditando que a viagem será possível, o que me leva a pensar
que, de todas as maldições que assombram nossa espécie, a
estupidez e credulidade certamente estão entre mais prevalentes.
4. O SOCIALISMO EQUIVOCADO

Marx e Engels jamais se dedicaram muito para mostrar de


que maneira uma economia Socialista-Comunista funcionaria.
Como resultado, desde sua concepção oficial, a transição do
Socialismo para o Comunismo ofereceu a visão de um futuro
incognoscível, um verdadeiro Equívoco do Nada.
O Socialismo-Comunismo propõe remover à força o Livre
Mercado, a Propriedade Privada e os auto-interesses da
Identidade Pessoal, deixando um vácuo colossal em seu lugar.
Talvez Marx e Engels não tenham tido tempo suficiente para
explorar este tópico em profundidade. Ou talvez o Socialismo-
Comunismo seja apenas o apogeu do teatro da impostura
humana. Em um exagero de escrúpulos, vamos considerar a
sinceridade da primeira hipótese e examinar de que maneira a
ideologia Socialista-Comunista procurou lidar com seu Equívoco
do Nada:
Cerca de quarenta anos após a publicação do Manifesto
Comunista, pensadores de peso como Virginia Woolf, H. G. Wells
e Bertrand Russel, sob a coordenação de George Bernard Shaw,
fundaram a Sociedade Fabiana em Londres61. Seu objetivo não
era refutar o Marxismo, mas torna-lo viável livrando-o do Nada.
Os Consequencialistas Fabianos acreditavam que o bem-estar
da maioria exigia a intervenção de um Estado forte, mas não
estavam muito dispostos a derramar seu sangue em nome dessa
causa. Sua suavidade, entretanto, não parece ter surtido muito
efeito: em 1922, o Fabianismo serviria de inspiração para
Mussolini, cujo Fascismo foi responsável por mais de 400 mil
mortes60.
Um ano após a ascensão de Mussolini, o jovem marxista
ortodoxo Frank Weil pegou um dinheiro emprestado com seu
velho pai, o empresário Hermann Weil, e fundou deu próprio
grupo, o Instituto para Pesquisa Social, em um anexo da
Universidade de Frankfurt. Na época, papai Weil era nada menos
que o maior produtor de grãos do mundo – e patrono da mesma
Universidade.
Com a generosa doação de Hermann e o ativismo empolgado
de Frank, o Instituto cresceu, tornando-se conhecido
informalmente como a Escola de Frankfurt. O Socialismo cultural
e Fabiano da Escola nos presentearia com a noção do
“politicamente correto”, que se espalhou pelo mundo carregado
pela profusa produção intelectual de seus membros mais
conhecidos – uma lista que incluía Max Horkheimer, Theodor W.
Adorno, Herbert Marcuse, Erich Fromm e Jürgen Habermas,
entre outros60.
Dos nomes associados ao início das atividades da Escola de
Frankfurt, vale mencionar um dos mais influentes sociólogos do
período: o marxista húngaro Georg Lukács. Apesar de a
movimentada agenda política de Lukács não ter permitido que
ele se juntasse oficialmente à Escola, sua obra História e
Consciência de Classe (1923) foi uma das principais inspirações
para o início das atividades do Instituto de Frank Weil54.
Em seus escritos, Lukács insistia que o derradeiro objetivo do
Comunismo seria a construção de uma sociedade onde a Moral
Comunista ocuparia o lugar da compulsão na regulação de todos
os comportamentos, conduzindo a humanidade a um reino de
liberdade sem classes, com aumento da disciplina e da
produtividade35.
No começo da década de 1970, já era possível perceber a
produtividade incondicionalmente baixa do Socialismo
decorrente das interferências deletérias do Relativismo
Socialista-Comunista sobre a moldura cultural e econômica36.
Falecido em 1971, Lukács teve tempo de sobra para ratificar os
absurdos em suas ideias iniciais – o que ele fez, formalmente, a
partir da década de 1960, ainda que tenha permanecido leal ao
Partido Comunista até o fim54.
Seguindo a trilha aberta por Marx, pela Sociedade Fabiana e
pela Escola de Frankfurt, o teórico socialista Viktor Nikolaevich
Kolbanoski escreveu, em 1947: “só é moral a conduta dos
homens baseada na grande luta pela libertação da humanidade
de todos os jugos e de quaisquer formas de exploração: a luta
pela honestidade Moral, pela firmeza e o espírito de princípio
entre os revolucionários profissionais – e, entre todos os
operários que participavam no movimento revolucionário, a
história do bolchevismo na Rússia é uma das páginas mais
brilhantes” 38.
Quando Kolbanoski publicou estas palavras, os Gulags –
símbolos da repressão da ditadura Stalinista – funcionavam a
pleno vapor há 17 anos. Convenientemente, ele não contabilizou
na “grande luta pela libertação da humanidade” as centenas de
milhares de russos executados naqueles campos de terror.
A despeito da coletânea de experiências desastrosas, o
pensamento Socialista-Comunista conseguiu sobreviver com uma
robustez surpreendente: em pleno século XXI, o respeitado
crítico social Zygmunt Bauman (1925-2017), um dos responsáveis
pela criação do conceito de Pós-Modernidade e Modernidade
Líquida, teceu críticas contundentes ao Capitalismo e à sociedade
de Consumo, sendo ouvido por plateias enormes.
Em 2010, Bauman, incluiu em Vida a crédito: Conversas
com Citlali Rovirosa-Madrazo uma nota de apoio ao “acúmulo
capitalista” denunciado por Rosa de Luxemburgo, escrevendo: "o
Capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os parasitas,
pode prosperar durante certo período, desde que encontre um
organismo ainda não explorado que lhe forneça alimento. Mas
não pode fazer isso sem prejudicar o hospedeiro, destruindo
assim, cedo ou tarde, as condições de sua prosperidade ou
mesmo de sua sobrevivência”39.
Entre 1946 e 1967, Bauman foi um Comunista entusiasmado,
servindo por alguns anos no Departamento de Inteligência
Militar da Polônia enquanto o país era dominando pela doutrina
soviética40. Mas, assim como Lukács, Bauman viveu o bastante
para testemunhar o quanto da liquidez de sua retórica sofisticada
não passava de vapores tóxicos.
Todos estes socialistas sempre simularam não perceber o fato
de que coube ao Capital nos permitir utilizar as forças da
natureza para reduzir a quantidade de esforço humano
necessário para a produção.
Foi o Capital que escoltou a divisão do trabalho e a eficiência
da especialização.
Foi o Capital que diminuiu as distâncias com inovações nos
meios de transporte e comunicação.
Foi o Capital que democratizou a pesquisa científica e
fomentou a maioria dos avanços médicos.
A ideologia Socialista-Comunista fez nada além de derramar
penúria pelo mundo, e suas tragédias podem ser desmembradas
em quatro grupos principais: as falhas Morais, o massacre da
Identidade Pessoal, a supressão da Liberdade e a improficiência
Econômica. Vamos a eles:
A Moralidade Comunista é falha por encontrar-se
subordinada aos interesses da luta de classes do proletariado:
não há consciência para além do Partido; não há espaço para
Moralidade individual. Nenhum espaço independente para
fraternidade, compaixão ou simpatia.
Segundo Comnte-Sponville, para que a Moralidade
Socialista-Comunista seja “aceita por decreto”, seus dogmáticos
recorrem à propaganda doutrinária, ao controle policial, à
coerção, ao mascaramento de seus fracassos, ao totalitarismo e a
qualquer atrocidade disponível que sirva para mostrar como sua
ideologia pode ser boa e capaz de êxito42. O estabelecimento da
revolução Socialista torna-se então um fim que justifica o
emprego de todos os meios, sem qualquer limite para expressões
de ódio e violência, ao mesmo tempo em que se declara imune
para a validade de qualquer julgamento Moral externo.
Apesar de rejeitar a Moralidade burguesa, o típico ativista
revolucionário Comunista possui noções de Bom e Correto – o
problema está em que seu código de valores consiste em uma
subserviência aos dogmas do Comunismo e não à busca do
progresso do Caráter humano.
Em um Estado Socialista-Comunista, os interesses do
indivíduo não são diferenciados dos interesses do conjunto: um
“homem” vale tanto quanto o valor que ele tem como
instrumento para a coletividade. Cessada sua serventia, todo seu
valor se evapora no éter. Ao instaurar esta autocracia de
correligionários, o Socialismo massacra a dignidade humana em
um acordo cruel: uma vez que não existe espaço para aqueles que
se não adequam aos seus axiomas, os discordantes são
considerados socialmente supérfluos e perigosos, e direcionados
compulsoriamente para a conversão, o exílio ou a morte.
Para estabelecer sua limpeza Moral, o Socialismo deve
suprimir a Liberdade e revogar o autopertencimento. É neste
momento que suas condutas manifestam a totalidade da
simulação “pluralista, inclusiva e multicultural” que ele diz
representar: em uma curva crescente de intolerância com os
dissonantes, as mídias, os sindicados, as associações, os líderes e
influenciadores de Esquerda denunciam o objetivismo, a
meritocracia, o individualismo, o livre mercado e a propriedade
privada como apologias à exploração e opressão do humilde
proletariado. Escolas e universidades urgem aos seus alunos que
ofereçam resistência aos “inimigos do povo” em nome de uma
“consciência social”, insultando a liberdade de expressão, o
empreendedorismo, o lucro e a prosperidade. Palestras, filmes,
livros e filmes com viés Conservador ou Capitalista são
censurados ou têm sua circulação e execução dificultada ou
mesmo impedida através de ameaças, manifestações, tumultos e
agressões físicas42-50.
Quando uma ideologia suprime a Liberdade dessa maneira, a
chama do florescimento do caráter, da cultura, da economia e da
sociedade se apaga. Eu poderia até dizer que a obsessão Socialista
pelo cerceamento da Liberdade decorre de uma amnésia crônica
sobre natureza autônoma do espírito de nossa espécie, mas a
obrigatoriedade da coerção para a execução de qualquer
programa Socialista-Comunista desmonta no mesmo instante
este subterfúgio.
Finalmente, temos a improficiência Econômica: mais de um
século depois da Revolução Bolchevique, ainda estamos
aguardando a elevada produtividade voluntária Socialista-
Comunista.
O Estado planificador Socialista subordinou milhões de
pessoas “ao mais estrito cumprimento de normas únicas de
produção e distribuição”, um item que Lenin considerava
imprescindível ao Socialismo-Comunismo55,56. O resultado desta
filosofia foi o seguinte:
Os cinco países autodenominados Comunistas que ainda
existem no mundo (China, Coreia do Norte, Vietnã, Laos e Cuba)
apresentam um PIB per capta médio equivalente a apenas 12%
daquele dos cinco países mais Capitalistas (a saber: Hong Kong,
Singapura, Nova Zelândia, Suíça e Irlanda)36,37.
Dos vinte países mais produtivos do mundo atual, nenhum,
absolutamente nenhum!, é Socialista-Comunista. A lista destes
países inclui nações pobres em recursos naturais onde o governo
exerce poderes regulatórios, porém com restrições mínimas ao
livre comércio (Singapura e Hong Kong); nações ricas em energia
e recursos naturais (Noruega, Finlândia, Kuwait, Emirados
Árabes, Canadá, Austrália e EUA); nações do Velho Mundo
envolvidas há séculos na cadeia de produção e distribuição de
bens e valores (Alemanha, Suíça, Bélgica, Áustria, Holanda,
Dinamarca, Irlanda, Inglaterra e França); e nações cujo PIB está
profundamente relacionado à propriedade intelectual (Japão e
Suécia). Mas nenhuma economia Socialista-Comunista foi capaz
sequer de chegar perto da produtividade das nações Capitalistas.
Lenin afirmou que o propósito do Capitalismo era empurrar
mulheres e crianças para o sofrimento nas fábricas e condenar
todos à miséria56, ao que o socialista Kolbanoski completou
dizendo que “a realidade capitalista engendra o mal e o crime,
pelo próprio caráter das relações que estabelece entre os
homens... que evitam de todas as formas lutar contra o mal e a
injustiça e são inteiramente absorvidos por seu pequeno e
mesquinho mundo, por seus interesses estreitos e prosaico” 38.
“Não há nada mais progressista, mais digno dos esforços
humanos do que servir ao comunismo, que é o regime social
mais avançado e o mais justo”, sentenciou o zeloso Kolbanoski38.
Será?
Os cinco países Socialistas-Comunistas que ainda existem
apresentam um IDH médio de 0,703, ao passo em que os cinco
países Capitalistas onde o livre mercado é mais forte (Hong Kong,
Singapura, Nova Zelândia, Suíça e Irlanda) apresentam um IDH
médio de 0,923.
Em outras palavras: o regime social “mais avançado e mais
justo já elaborado no mundo” produz sociedades com uma
qualidade de vida 31% inferior àquela dos países onde reina o
maldito Capitalismo canibal e egocêntrico58.
Os Socialistas também são rápidos em acusar o Capitalismo
de ser um sistema corrupto. O próprio Lenin afirmou que a
corrupção direta era uma das principais formas pela qual a
Propriedade Privada e o Livre Comércio se conciliavam com a
Democracia56. Contudo, segundo a organização Transparência
Internacional, em um ranking de 180 nações, os cinco países
onde o livre mercado é mais forte estão entre os 20 países menos
corruptos do planeta, com Nova Zelândia em 2º lugar, Singapura
e Suíça em 3º, Hong Kong em 14º e Irlanda em 18º.
Em contrapartida, entre os cinco países “comunistas” que
ainda existem, Cuba aparece na melhor colocação, em 61º. Na
sequência, temos China em 87º, Vietnã em 117º, Laos em 132º e
finalmente Coreia do Norte em 176º.
Como resultado da falta de transparência, o Vietnã é listado
como o país Comunista com a melhor colocação em um ranking
de facilidade para fazer negócios, ocupando a 68ª posição entre
190 países. A China fica em 78º e o Laos, em 141º. Coreia do
Norte e Cuba sequer oferecem dados suficientes para determinar
o índice57.
Em termos comparativos, dos cinco países mais Capitalistas,
três (Nova Zelândia, Singapura e Hong Kong) estão entre os
lugares menos burocráticos do mundo para se fazer negócios59.
Conclusão: a corrupção e a burocracia Socialista-Comunista
produzem a miséria da qual acusam o Capitalismo.
Os Socialistas combatem a Propriedade Privada, pois
consideram que, uma vez que os recursos do mundo são finitos, a
economia é um jogo soma zero onde a riqueza de um é
diretamente proporcional à pobreza de outros. Para azar deles, a
indústria de informática complicou a noção de “jogo soma zero” e
a finitude do capital.
Subvertendo o sentido tradicional de propriedades físicas –
como terras e fábricas –, os computadores fabricaram uma nova
casta de propriedade, engendrando um tipo de capital que tende
ao infinito: programas, aplicativos, redes sociais, sites de
entretenimento, jogos online, páginas para encontros casuais e
relacionamentos duradouros, portais de anúncio e venda de bens
e serviços, etc.
O Ali Baba, um dos maiores sites de vendas online do mundo
em 2018, foi fundado por Jack Ma em 1999 em um quarto no seu
apartamento.
O Facebook, fundado por Mark Zuckerberg e alguns colegas
de faculdade em 2004, fechou o ano de 2018 com um
faturamento anual na casa dos 55 bilhões de dólares e crescendo.
A Amazon, fundada por Jeffrey Bezos em Seattle (EUA) em
1998, apresenta um faturamento anual acima de 135 bilhões de
dólares.
Microsoft, Apple, Google, Linkedin, Twitter, Whatsapp,
Quality Systems, VeriSign e milhares de outros exemplos atuais e
por vir poderiam ser citados até preencher vários livros imensos,
levando sempre à mesma conclusão: os “meios de produção de
Capital e Riqueza” no século XXI estão além da capacidade
imaginativa de Marx, Engels, Bakunin, Proudhon, Lenin, Mao e
qualquer Socialista-Comunista que você puder pensar.
A separação da humanidade em Burgueses e Proletários não
foi um trabalho Capitalista, mas Marxista. Em pleno século XXI,
com a incrível acessibilidade ao conhecimento e as fantásticas
possibilidades empreendedoras do mundo digital, insistir neste
tipo de divisão é um anacronismo. O mundo possui a cada dia um
número maior de bilionários. e uma parcela considerável deles
vem de famílias que jamais constaram sequer entre as 1000 mais
ricas do planeta anteriormente. Ou seja: a riqueza foi criada sem
que a miséria aumentasse.
Segundo o Banco Mundial, 42% da população mundial
viviam em situação de extrema pobreza em 1960; em 2015, eram
apenas 11%. Enquanto a pobreza diminuía em 400%, o número
de pessoas no planeta aumentou 200%: saltamos de 3 bilhões de
pessoas (1960) para mais de 7 bilhões (2015)52.
Somos mais numerosos e menos pobres hoje – e não
por causa do avanço do Socialismo.
Para tentar contornar estas evidências e obter absolvição, os
defensores do Socialismo-Comunismo são ávidos em afirmar que
isso ocorreu porque seus líderes falharam em aplicar
corretamente os ensinamentos de Karl Marx. Se aplicado
corretamente, o sistema produziria prosperidade e felicidade
para todos. Curiosamente, este mesmo argumento pode ser
empregado com relação ao Capitalismo, com a vantagem de este
último não ter produzido o mesmo volume de barbaridades do
Comunismo.
Economicamente, o Socialismo-Comunismo tem tantas
falhas graves embutidas que deveria ser considerado imoral
tamanho seu compromisso com o fracasso.
Por tudo que foi exposto, esta ideologia não deveria ser
motivo de risos sardônicos, gracejos, esperanças preguiçosas,
idealizações românticas ou qualquer tipo de idolatria: ela deveria
ser incriminada como uma das maiores bestialidades que a
humanidade já produziu e assistiu – e tratada agressiva e
diligentemente de acordo com todos os seus espólios de maldade.
Os Socialistas afirmam que a natureza humana deve ser
redirecionada para que o espírito do “serviço aos outros” – e não
do “lucro sobre os outros” – prevaleça. Todavia, a busca pela
sobrevivência está impregnada na Identidade Pessoal humana.
Sua subversão por um ideal comunitário impessoal só pode ser
alcançada limitando-se os auto-interesses e os direitos
individuais por meio da força bruta – algo que foi
dramaticamente exemplificado nos grandes regimes políticos
Socialistas-Comunistas de nossa história.
Como observou Thomas L. Friedman, “onde que quer o
Socialismo tenha prevalecido, ele invariavelmente resultou em
uma redução do padrão de vida da maioria das pessoas, e o
subjugo de muitos em nome do privilégio de alguns poucos”51.
O que os aliciados pelo Socialismo fingem não ter percebido
até hoje é que a escassez crônica que sofrem é produzida e
mantida pelo mesmo sistema que defendem. O Equívoco do Nada
se mostrou um adversário difícil de ser conquistado.

5. O BRASIL, A ESCANDINÁVIA E A IDEIA DO


IMPOSSÍVEL

Em Homo Deus (2015), o admirável professor de história


israelense Yuval Noah Harari faz um aviso: “a história está cheia
de projetos específicos que foram grandes equívocos. Não
devemos estudar o passado para não repetir seus erros, mas
para nos libertarmos deles”62.
A despeito do amplo currículo de erros, equívocos e
naufrágios, a ideologia Socialista-Comunista sempre foi capaz de
encontrar águas oportunas para se abrigar. O Brasil,
infelizmente, ofereceu-lhe um desses refúgios.
A Constituição Brasileira de 1824 representou o último
vestígio de um Estado Conservador e Capitalista, com amplo
respeito ao livre comércio e à propriedade privada. Nos incisos
24, 25 e 26 do Artigo 179, lê-se respectivamente que "nenhum
gênero de trabalho, de cultura, indústria ou comércio pode ser
proibido, uma vez que não se oponha aos costumes públicos, à
segurança, e saúde dos cidadãos"; "ficam abolidas as
corporações de ofícios, seus juízes, escrivães, e mestres"; e "os
inventores terão a propriedade das suas descobertas, ou das
suas produções".
Com o fim do Império e o início da República, o Brasil
começou sua longa viagem Coletivista: em 1891, a nova
Constituição já insinuava que deveria haver um Estado como
garantidor e regulamentador do “livre” exercício das profissões.
O viés Coletivista não poupou nem mesmo a concepção da
Bandeira Nacional: instituída em 19 de novembro de 1889, a
flâmula aproveitou o arcabouço da bandeira do Império
desenhada por Dom Pedro I em 1822, mantendo o verde (cor
oficial da família Bragança, de Dom Pedro I) e o amarelo (cor da
dinastia Habsburgo, da austríaca Leopoldina, primeira esposa do
imperador), porém substituindo o brasão da monarquia por um
círculo azul. Dentro do círculo, foi inserida uma representação
poética, porém astronomicamente incorreta, da constelação do
Cruzeiro do Sul no céu do Rio de Janeiro em 15 de novembro de
1889, além de uma faixa com os dizeres “Ordem e Progresso” –
um dos lemas centrais do Positivismo fundado por Auguste
Comte63,64.
Aqui vale um parêntese: Comte (1798-1857) nasceu durante
as contrações uterinas da Revolução Francesa e viveu os anos de
grande tensão entre França, Áustria e Grã-Bretanha. A França
havia declarado guerra à Inglaterra e apoiava a revolução para
independência dos EUA, enquanto a Revolução Industrial virava
as relações interpessoais e comerciais na Europa de cabeça para
baixo. Neste contexto caótico, a principal preocupação da
filosofia de Comte era em como restabelecer a ordem. Para
atingir este objetivo, ele afirmava que deveríamos vencer quatro
inimigos: a religião, a metafísica, o individualismo e a utopia
revolucionária. Segundo Comte, a melhor maneira de concluir
esta missão seria estabelecendo um Estado enorme,
regulamentador, hierarquizado, ao qual deveríamos subordinar
cada aspecto de nossa vida social e até mesmo nossa Identidade
Pessoal.
Apesar de Comte utilizar o termo “Positivismo” como um
sinônimo para “Cientificismo”, nas ideias e na prática sua
corrente filosófica se parece muito mais com um Socialismo
metafísico que com uma Democracia científica. Como proposto
por Platão em A República – e por George Orwell e Aldous
Huxley mais tarde –, Comte acreditava que a sociedade e os
indivíduos deveriam ser conduzidos mecanicamente por uma
elite de cientistas de autoridade inquestionável65,66. E este era o
sujeito cuja doutrina estava impregnada nas pessoas mais
influentes na política brasileira quando da inauguração da
Primeira República.
A partir do Socialismo disfarçado nas entrelinhas da
Constituição de 1891, fomos cada vez mais fundo no Coletivismo
nas edições seguinte:
A Carta Magna do Estado Novo de 1934 advertia que as
atividades profissionais deveriam ser analisadas segundo sua
concordância com a lei, e não exatamente aos costumes, à
segurança e saúde dos cidadãos.
Nas Constituições de 1967 e 1988, a liberdade de trabalhar foi
tolhida com a exigência de que o comércio de bens e serviços só
poderia ocorrer após emissão de uma autorização expressa do
Estado.
Com tanto sangue Socialista correndo na placenta da
República, não causa surpresa quando, ao menor sinal de
problema, os brasileiros esperam que uma solução milagrosa
instantânea venha do Estado e não da soma da responsabilidade
individual de cada um dos cidadãos. O Coletivismo oferece a
possibilidade de isentar o indivíduo da obrigação sobre si mesmo
e das consequências de suas ações, e esta é uma maneira bastante
eficiente de produzir uma sociedade cega, excessivamente
tolerante e incapaz de reagir com veemência às perversidades
cometidas em seu nome.
Talvez cientes dos efeitos danosos desse viés em seu sistema,
os Coletivistas moderados – intitulados Progressistas – agora
tentam contemporizar dizendo compreender a importância do
Individualismo, que eles confundem com Subjetivismo e
guardam em caixas de discursos identitários. Também dizem
reconhecer a eficiência dos mercados em produzir prosperidade,
criar empregos, e desenvolver novos produtos e serviços, mas
acusam esta eficiência de possuir efeitos danosos como bolhas
especulativas, monopólios, excesso de poluição, degradação
ambiental, educação de baixa qualidade, taxas elevadas de
violência, intolerância religiosa, preconceito com minorias,
trabalho escravo e opressão dos vulneráveis – como se estas
falhas tivessem sido exemplarmente consertadas em todos os
regimes Socialistas que existiram até aqui.
Um exemplo do tamanho do abismo que existe entre a
alucinação utópica dos Coletivistas brasileiros e o mundo real
pode ser visto na obstinação que nossos Socialistas e
Progressistas têm em apontar a Escandinávia como exemplo de
um Socialismo que deu certo. Esta argumentação seria ótima se
não fosse por um único problema: os países escandinavos não
são Socialistas. Uma Democracia Social não é o mesmo que um
Socialismo Democrático – do mesmo modo que uma “esposa
nova” não é o mesmo que uma “nova esposa”.
De fato, os escandinavos possuem um grande número de
pessoas empregadas no setor público: enquanto a média de
funcionários diretos do Estado nos 36 países da OCDE
corresponde a 21% da População Economicamente Ativa (PEA),
na Finlândia este percentual é de 24%; na Suécia, 26%; na
Dinamarca, 31%; e na Noruega, 37%.
Para efeito de comparação, esta mesma média é de 77% em
Cuba; 50% na China; 40% na Rússia; 29% na Venezuela; e 20%
no Vietnã e no Brasil.
Entre os cinco países mais Capitalistas do mundo, este
percentual também varia bastante: 7,5% em Hong Kong, 11% na
Nova Zelândia, 13% na Suíça, 18% na Austrália, e 32% em
Singapura67,68.
Não obstante, ao contrário do que ocorre em nações
Socialistas, nos países escandinavos os meios de produção
pertencem principalmente a indivíduos privados e não à
Coletividade ou ao Estado, e os recursos são alocados segundo a
demanda do mercado, e não por um planejamento
governamental ou comunitário.
Mesmo com um percentual alto de funcionários públicos, os
Estados escandinavos mais regulamentam que empreendem:
existem 7 estatais na Dinamarca, 20 na Finlândia, 48 na Suécia e
70 na Noruega69.
Para efeito de comparação, a China – oficialmente Socialista-
Comunista – possui 51 mil estatais69. Se observarmos alguns de
nossos primos nas Américas, veremos que, em 2018, o México
possuía 78 estatais; a Argentina, 41; a Colômbia, 39; e o Chile,
apenas 25. No Brasil, no mesmo ano, 418 empresas eram
controladas direta ou indiretamente por União, Estados e
municípios, sendo 138 destas Federais70,71.
Estamos mais próximo de ser a China que a Dinamarca da
América Latina.
Os escandinavos oferecem mecanismos generosos de
segurança social e sistemas de saúde mais ou menos públicos. A
única exceção é a Dinamarca, onde o sistema público de saúde
cobre apenas urgências e emergências, mas o governo permite a
aquisição de coberturas adicionais. Todavia, o Estado de bem-
estar escandinavo está bem distante do Socialismo e eles fazem
questão de frisar isso: em 2015, durante uma palestra na
Harvard’s Kennedy School of Government, o então Primeiro
Ministro da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, foi enfático ao
apontar que seu país não é Socialista. Nas palavras de
Rasmussen: “Eu sei que algumas pessoas nos EUA associam o
Modelo Nórdico a alguma forma de socialismo, então gostaria
de deixar uma coisa bem clara: a Dinamarca está longe de ser
uma economia socialista planejada. A Dinamarca é uma
Economia de Livre Mercado”72.
De fato, a Dinamarca ocupa a 5ª posição entre os países mais
democráticos do mundo e a 9ª posição em termos de liberdade
econômica.
Os países nórdicos estão entre as nações com maior PIB per
capita, expectativa de vida saudável, percepção de liberdade para
fazer escolhas de vida e generosidade do mundo – e entre os
menos corruptos. Seu modelo de Capitalismo coexiste com um
estado de bem-estar social conhecido como Modelo Nórdico, que
inclui várias políticas que os Socialistas abominam.
Por exemplo: os Socialistas se opõem fortemente ao
Capitalismo e ao livre comércio global, mas os escandinavos
abraçaram por completo estes conceitos. A Dinamarca, a
Noruega e a Suécia estão entre os 10 países mais globalizados do
mundo. Estas nações também não determinam, por meio do
Estado, uma renda mínima: o salário mínimo é decidido por
contratos e negociações coletivas entre sindicados e
empregadores, variando segundo a área de atuação, e os
trabalhadores têm total liberdade para mudar de atividade ou
cidades. Na Suécia, o sistema de ensino, considerado o terceiro
melhor do mundo, permite que as famílias comprem vouchers
para financiar a educação de seus filhos em escolas particulares,
incluindo escolas administradas por “malvadas” empresas que
têm o lucro como objetivo final.
Quando os Coletivistas brasileiros apontam os países
nórdicos como exemplos de Socialismo, estão sonegando todas
estas evidências em prol de sustentar suas metanarrativas
distorcidas. Segundo Thomas Friedman, “o Socialismo não luta
contra as mazelas sociais por meio do empoderamento de seus
cidadãos, mas através da intervenção direta do Estado ao custo
da autonomia do povo”51.
Basta uma conferida honesta para perceber que os países
escandinavos não são arquétipos do sucesso do Socialismo. Eles
são exemplos de sucesso do Capitalismo, do livre mercado, do
respeito à propriedade privada, da liberdade econômica, da
globalização e do Estado mínimo na economia.
Para sedimentar ainda mais este entendimento, que tal
observar como trabalha um verdadeiro Estado Socialista?
Examinemos, por exemplo, a Venezuela de 2019, cujo
sistema político-econômico foi descrito pelos seus próprios
líderes como “Socialismo do Século XXI”78.
O conglomerado estatal venezuelano gerencia mais de 500
empresas, que vão de petróleo a fábricas de bicicletas, café,
remédios, leite, remédios e redes de hotéis. Destas empresas,
70% são deficitárias74. O Estado controla com punho de ferro os
preços da maioria dos bens de consumo, as margens de lucros
das empresas, a produção de medicamentos, a repatriação de
dividendos de companhias internacionais, a liberdade de
imprensa e a liberdade de expressão de seus cidadãos. Líderes
políticos de oposição são encarcerados, manifestações estudantis
são rechaçadas com banhos de sangue, e o Poder Executivo
comanda todos os demais poderes de Estado.
Como resultado, apesar de deter as maiores reservas de
petróleo do planeta, a Venezuela ocupa a 168ª posição no índice
de percepção de corrupção em um ranking de 170 países, e a
penúltima posição em termos de liberdade econômica em uma
lista de 180 nações. Entre 2013 e 2018, o PIB venezuelano
despencou 35% e a renda per capita encolheu 40% 75-77.
Este é o produto de um Socialismo fielmente implantado.
Os defensores do Socialismo gostam de cultuar a imagem de
que “não resta dúvida de que a ideologia comunista, em sua
essência, sempre foi uma doutrina da emancipação e da
igualdade entre os homens”73. Isto é um absurdo. Seria o mesmo
que dizer que o Nazismo sempre foi uma doutrina legítima de
melhora da raça humana, ou que as guerras sempre foram uma
doutrina legítima na busca da paz.
Um sistema que procura estabelecer a emancipação e a
igualdade entre os homens deveria combater os campos de
genocídio, as epidemias de escassez, a perseguição violenta de
oponentes, a execução sumária de dissidentes e a censura à
liberdade de expressão. Sem embargo, nenhum regime Socialista
cumpriu o que prometeu: todos os países que aderiram ao
sistema tornaram-se cada vez mais totalitários, repressivos,
ineficazes e violadores dos direitos humanos.
A função política do Socialismo não é produzir partidos, mas
panelinhas. Sua função social não é produzir cidadãos
autônomos, mas idólatras submissos. Sua função educadora não
é produzir cérebros, mas doutrinados. E sua função econômica
não é produzir valor, mas disseminar o medo, a inveja, legitimar
o revanchismo e louvar o auto-vitimismo.
Toda a ideia por trás do Socialismo é a Concepção do
Impossível: um sistema intervencionista que fomentará a
liberdade; uma intricada sobrecarga de impostos que fornecerá
bens e serviços a preços justos; uma universalização da educação
doutrinária que renderá profissionais com excelente
conhecimento técnico; um Estado paternalista de bem estar
social que estimulará a meritocracia; uma política assistencialista
que resultará em prosperidade; e uma redistribuição de riquezas
que produzirá riquezas.
O resultado de comprar uma fantasia maluca dessas só
poderia ser o que é: um completo desastre, com difusão da fome,
da miséria, da ignorância, da violência, dos métodos imorais de
censura e tortura e todas as tragédias que você puder imaginar. O
Coletivismo Socialista produziu nada além de regimes de
servidão onde os cidadãos foram disfarçadamente impedidos ou
abertamente proibidos de viver sem o Estado que os escraviza.
O que está errado no Socialismo é o Socialismo – e toda sua
metafísica mitológica voluntariamente cega para as realidades da
vida humana. Apesar da histórica empatia do Brasil com esta
doutrina, o século XXI parece estar mostrando que um novo
julgamento Moral vem surgindo em nosso povo, um pouco mais
decente e sensato que os juízos que o precederam.

6. OS GÊMEOS FASCISMO E NAZISMO

O Fascismo moderno começou a ser concebido no final do


século XVIII como uma reação aos radicalismos que seguiram a
Revolução Francesa e à secularização promovida pelo
Iluminismo. Seus ideais permaneceram mais ou menos
dormentes até que, ao final da Primeira Guerra Mundial,
milhares de soldados voltaram dos campos de batalha
acostumados a testemunhar mortes violentas e não viam mais a
vida como algo tão sagrado. Uma vez em casa, encontraram
multidões de pessoas tão desencantadas quanto eles.
Antes que os traumas da guerra sedimentassem, essas
massas toparam com a Grande Depressão e a Revolução do
Socialismo Bolchevique, abrindo um descampado onde
oportunistas se sentiram à vontade para instalar suas versões de
salvação Coletivista.
Muitos países apresentaram partidos e líderes Fascistas ao
longo do Século XX. No Brasil, por exemplo, o modelo inspiraria
o Estado Novo de Getúlio Vargas. Outros regimes também podem
ser classificados de Fascistas, como aqueles instaurados por
Stalin, Mao, Pol Pot e pelo Talibã. Não obstante, os dois regimes
Fascistas de maior relevância certamente ocorreram na Itália de
Mussolini e na Alemanha de Hitler.
O Fascismo é o Socialismo elevado à potência do intolerável,
com elementos acentuados de revolução, autoritarismo, idolatria
de lideranças, demonização de grupos específicos, centralização
do planejamento econômico, abolição do processo democrático
eleitoral, censura da liberdade de expressão, disposição para
emprego da violência e hostilidade a conceitos como Livre
Comércio, individualismo, consumismo e burguesia81. Além
disso, no Fascismo, os interesses individuais devem ser
subordinados ao “bem maior da nação”, e o reconhecimento da
legitimidade da propriedade privada não ocorre em respeito ao
indivíduo, mas em nome de sua utilidade social – ambos
princípios fundamentalmente Coletivistas.
A sutil diferença entre Socialismo e Fascismo reside na troca
do termo “conflito de classes” por “unidade nacional ou de raças”.
No Socialismo, a revolução decorre da luta de classes. No
Fascismo, a revolução caminha sob a bandeira da unidade
nacional ou da pureza da raça.
Em uma abordagem concisa, o historiador americano Robert
Paxton, especializado no estudo da Europa durante a Segunda
Guerra Mundial, caracterizou o Fascismo em cinco elementos
principais: a primazia de um grupo sobre todos os demais (apoiar
o grupo está acima da manutenção de qualquer “direito natural
lockeano” e até mesmo de eventuais interesses individuais); a
crença de que um grupo é vítima da opressão de outros,
justificando qualquer comportamento contra seus inimigos (algo
que Albert Bandura abordou em sua Teoria do Desengajamento
Moral); a crença de que o individualismo é perigoso e o
capitalismo é decadente; a vinculação da autoestima à
grandiosidade do grupo; e o suporte extremo ao “líder natural”
(que é sempre do sexo masculino e assume o papel santificado de
salvador da pátria)79.
Com todas estas premissas, o surgimento do Fascismo exige
uma convicção generalizada de que as instituições do Estado não
são mais capazes de melhorar a situação nacional, adicionando-
se então um evento catalisador como uma grande crise de
identidade nacional (como aquela que precipitou a Revolução
Chinesa liderada por Sun Yat-sem); ou uma crise de escassez de
alimentos (como aquela precipitada pela gestão incompetente do
Czar Nicolau II); ou uma crise econômica (como aquela ocorreu
na Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial); ou uma crise de
insegurança (como a repressão policial excessiva que resultou na
Marcha Sobre Roma em 28 de outubro de 1922, conduzindo
Mussolini ao poder).
Benito Mussolini, considerado criador do termo Fascismo,
nasceu em Dovia di Predappio (Itália), em 29 de julho de 1883.
Filho de um ferreiro socialista e uma professora do ensino
fundamental, teve uma infância pobre. Apesar de inteligente e
carismático, desenvolveu uma personalidade arrogante e
violenta, chegando a ser expulso de duas escolas diferentes após
esfaquear desafetos com um canivete. Em 1902, para escapar do
serviço militar obrigatório, mudou para a Suíça, onde trabalhou
como jornalista político e foi preso algumas vezes por ativismo.
Em 1904, retornou para Itália e, eventualmente, para o
jornalismo e para a militância. Em 1912, tornou-se editor chefe
do jornal Avanti!, uma publicação oficial do Partido Socialista.
Sua dedicação à causa levou-o a ser eleito para o Comitê
Executivo Nacional do Partido Socialista da Itália em 1912, mas
algum tempo depois terminaria expulso do jornal e do Partido
devido aos seus posicionados favoráveis à participação da Itália
na Primeira Guerra Mundial.
Em abril de 1915, seduzida pelo Tratado de Londres, a Itália
renunciou suas obrigações com a Tríplice Aliança e aderiu ao
conflito para lutar contra austro-húngaros e alemães. Mussolini
alistou-se e recebeu promoções por dedicação e audácia. Foi
durante este período que o Duce passou a considerar que Marx
estava equivocado nas suas previsões com relação à revolução
proletária. Assim como ocorreria com Lenin e Mao, a leitura que
Mussolini teria de Marx faria com que desenvolvesse seu próprio
estilo de Socialismo mais tarde.
No começo de 1917, gravemente ferido, Benito retornou do
front. Sentindo-se um líder sem um movimento, engendrou uma
organização para chamar de sua: reuniu sindicalistas
revolucionários, anarquistas, ex-soldados e antigos marxistas e
lançou o movimento Fascista em 1919, que ganhou o apreço da
população pela repressão violenta de grupos socialistas rivais.
Sem embargo, o Fascismo de Mussolini não era exatamente
antissocialista, mas competia com os Socialistas pelo mesmo
lócus no ecossistema político. Uma vez que a Esquerda
encontrava-se ocupada pelos Socialistas “tradicionais”, Mussolini
procurou seduzir Centristas e Direitistas utilizando os Socialistas
de “bodes expiatórios”.
Como uma lembrança ampliada dos tempos em que atacava
os colegas com canivete na escola, os Camisas Negras de
Mussolini provocavam tumultos e mortes nos eventos Socialistas,
pressionavam prefeitos, invadiam sindicatos e forçavam os
trabalhadores a aderirem ao seu movimento. Sua agressividade,
aliada à flexibilidade teatral dos discursos de Mussolini, fez com
o que o Fascismo rapidamente se espalhasse pela Itália e, em
1922, Benito foi eleito deputado. No mesmo ano, coordenou a
Marcha Sobre Roma, um evento que resultou na convocação do
Rei Vítor Emanuel III para que o antigo valentão da escola
assumisse o posto de Primeiro Ministro.
Mussolini governou por um ano de forma autoritária,
conseguindo junto ao parlamento a aprovação de leis que
garantiam maioria ao Partido Fascista. Em 1925, a Lei dos
Poderes da Chefia do Governo extinguiria a faculdade do
Parlamento em controlar o Primeiro Ministro, dando início à
ditadura Fascista.
Apesar de dissociado do Socialismo Soviético, Mussolini
tornou a Itália a primeira nação a reconhecer oficialmente a
União Soviética. Além disso, forneceu à URSS ajuda técnica e
suprimentos para indústrias navais, automobilística e de
aviação85.
Antes do final da década de 1930, por meio do Instituto di
Ricostruzione Industriale, Mussolini havia nacionalizado ¾ da
economia, criado um imenso sistema de bem-estar social e
tornado a sindicalização dos trabalhadores obrigatória. O Estado
controlava 4/5 de todas as exportações italianas, ¾ da produção
de ferro e 50% da produção de aço – isso significava mais
controle sobre as empresas que qualquer outro país no mundo,
com exceção da URSS86,87. Neste intervalo, a milícia cuidava de
reprimir e prender opositores.
Sem jamais esconder sua simpatia e admiração pelo
Comunismo, Mussolini aliou-se à Alemanha Nazista em 1939 e
entrou da Segunda Guerra Mundial.
Economicamente, o Fascismo instituiu na Itália um
Capitalismo de Estado bastante semelhante ao modelo soviético:
sindicatos e corporações regulados pelo Governo negociavam
contratos e condições de trabalho, e representavam os interesses
de suas áreas de atuação em um Parlamento Corporativista – que
substituiu as câmaras legislativas tradicionais89.
Os Fascistas aceitavam algum livre mercado e alguma
propriedade privada: como exposto pelo filósofo Sergio Panunzio
(1886-1943) – marxista, sindicalista e um dos grandes expoentes
intelectuais do Fascismo –, o Capitalismo era o único sistema que
permitiria oferecer o Socialismo para a nação inteira. Na prática,
a Terceira Via criada pelo Fascismo resultou na destruição dos
movimentos trabalhistas e no assassinato de vários dissidentes
políticos90-92,101.
Apenas as evidências acima bastariam para posicionar o
Fascismo italiano à Esquerda do espectro político-ideológico,
mas é obrigatório mencionar a bagagem intelectual que também
corrobora essa categorização: os primeiros e mais importantes
influenciadores, líderes e fundadores do Fascismo eram
intelectuais anti-burgueses, antidemocráticos e anticapitalistas
como Vilfredo Pareto, Georges Sorel, Robert Michels, Filippo
Marinetti, Sergio Panunzio, Alfredo Rocco e Giovanni Gentile96.
Tomemos estes dois últimos como exemplos:
Alfredo Rocco (1875-1935), economista Marxista e membro
do Partido Fascista, foi eleito para a Câmara dos Deputados da
Itália em 1921, tornando-se presidente da Casa em 1924. Entre
1925 e 1932, atuou como Ministro da Justiça de Mussolini,
cabendo a ele o conceito político-econômico de Corporativismo
adotado pelo Duce92.
Rocco considerava o governo Constitucional ilógico e
acreditava que o Capitalismo perpetuava as condições de miséria
em toda parte. Para contornar estes reveses, defendia um Estado
interventor, diretamente responsável pela redução das
desigualdades socioeconômicas e pela promoção do bem-estar,
empregabilidade, instrução escolar e saúde dos cidadãos.
O Ministro da Justiça de Mussolini advogava a abolição da
propriedade privada e o controle estatal de todos os meios de
produção. Mais explicitamente, escreveu que “o Socialismo
supera a Democracia... sendo um desenvolvimento mais
avançado dos meus conceitos fundamentais” [de governança e
justiça social]. Mas Rocco não era ingênuo e reconhecia que o
Socialismo demandava a “supressão violenta dos detentores do
capital”, apoiando-se na ditadura do proletariado “como um
meio de organizar a sociedade de um modo economicamente
mais justo que aquele que ocorre sob a exploração capitalista”
93.

Escancarando o viés Socialista do Fascismo, Rocco afirmava


que os deveres do indivíduo para com o Estado têm prioridade
em relação aos deveres do Estado para com o indivíduo, vendo
nisto o mais elevado valor Moral do Fascismo. “As relações entre
o Estado e os cidadãos são completamente revertidas pela
doutrina Fascista. Ao invés da fórmula liberal-democrática de
uma sociedade para o indivíduo, temos um indivíduo para a
sociedade”, escreveu em 1926, completando: “para o Fascismo, a
sociedade é o fim e os indivíduos são os meios, e toda a vida da
sociedade consiste em usar os indivíduos como instrumentos
para os fins sociais. O Estado, então, guarda e protege o bem
estar dos indivíduos não em respeito aos seus interesses
particulares, mas pela utilidade desses indivíduos dentro da
sociedade como um todo”93.
O Estado defendido pelo Fascismo era tão imenso e
Moralmente aceitável para eles que o ex-ministro da Justiça da
Era Mussolini não teve qualquer constrangimento em sentenciar
que “o Fascismo não apenas rejeita o dogma da soberania
popular, substituindo-o pela soberania do Estado, mas também
proclama que a grande massa de cidadãos não tem competência
para determinar os interesses sociais, uma vez que a capacidade
de ignorar os auto-interesses em favor das demandas mais
elevadas da sociedade é um dom raro e um privilégio de apenas
alguns poucos escolhidos” 93.
Platão aplaudiria. Kant, nem tanto.
Além de Alfredo Rocco, Giovanni Gentile (1875-1944)
representa outra figura-chave no pensamento Fascista.
Considerado “o Filósofo do Fascismo” pelo Duce, Gentile
participou das comissões de reforma constitucional que
estabeleceram o Estado Fascista e, durante o governo de
Mussolini, exerceu o cargo de Ministro da Educação.
Gentile foi o principal responsável pela redação do Manifesto
dos Intelectuais Fascistas, publicado em 1925, onde informava
que o Fascismo consistia em um movimento Revolucionário,
Cultural, Político, Moral e Religioso em sua origem, e defendia a
subordinação de todas as esferas da Identidade Pessoal ao
Estado94.
Mais tarde, Gentile retornaria ao tema com mais ênfase: ele
provavelmente escreveu a íntegra do ensaio A Doutrina do
Fascismo, publicado em 1932 como sendo de autoria de
Mussolini95.
De autoria de Mussolini ou não, A Doutrina certamente
contava com sua aprovação. No texto, lê-se explicitamente que:
“O Estado Fascista não é reacionário, mas revolucionário”; “O
Fascismo rejeita as premissas e as aplicações práticas das
ideologias democráticas”; “O Fascismo se opõe a qualquer
forma de democracia que iguale a nação à maioria, rebaixando-
a ao nível dos números majoritários”; “O Fascismo é
totalitário”; “Para o Fascismo, o Estado é absoluto; os
indivíduos e os grupos são relativos”; “O Estado Fascista
governará o campo econômico tanto quanto governará os
demais assuntos da nação”; “A concepção Fascista da vida
salienta a importância do Estado e aceita o indivíduo apenas na
medida em que seus interesses coincidem com aqueles do
Estado”; “O Fascismo defende a liberdade, mas apenas a
Liberdade que merece ser possuída: a Liberdade do Estado e do
indivíduo dentro do Estado. A concepção Fascista do Estado é
abrangedora. Fora dela, nenhum valor humano ou espiritual
existe”; e “O Fascismo, portanto, opõe-se a todas as abstrações
individualistas”.
Em A Doutrina, Gentile e Mussolini afirmaram que “o
Fascismo é a negação absoluta do Socialismo Marxista”, ao
mesmo tempo em que escrevem que “o Estado Fascista é uma
criação única e original”, “uma democracia organizada,
centralizada e autoritária” e que “o Estado Fascista organiza a
nação, mas deixa espaço suficiente para as liberdades
individuais: ele extingue as Liberdades inúteis e perigosas,
preservando as Liberdades essenciais”95.
Convenientemente, A Doutrina não menciona quem
determinaria as “liberdades essenciais”.
Mas isto não é o mais relevante.
O mais relevante é de que maneira o Fascismo pode ser
único, original e uma negação absoluta do Socialismo, ao mesmo
tempo em que prega a implantação revolucionária de um Estado
Coletivista centralizador, não-democrático, anti-individualista e
totalitário.
Em que momento isto é uma “negação absoluta do
Socialismo Marxista”?
Anthony James Gregor, considerado um dos maiores
especialistas mundiais em Fascismo italiano, obteve seu PhD pela
Universidade Columbia em 1961 com uma dissertação sobre
Giovanni Gentile. Para Gregor, Comunismo e Fascismo são
gêmeos nascidos do Marxismo: o Fascismo começou como uma
revisão do Marxismo por Marxistas que, pouco a pouco, foram
parando de pensar em si mesmos como Marxistas e,
eventualmente, deixaram de se considerar sequer Socialistas84.
A despeito de Mussolini – um ex-Marxista – insistir que o
Fascismo era uma corrente anticomunista, o Fascismo jamais
deixou de agir como um sistema verdadeiramente Socialista: ele
atacava o Capitalismo, desprezava a burguesia, censurava a
manifestação de ideias, relativizava a propriedade privada,
defendia a nacionalização da indústria, interferia no livre
comércio e via no fortalecimento do Estado antidemocrático a
única saída viável para a sociedade.
O que poderia ser mais Socialista que isto?
Assim como não é possível dissociar o Fascismo italiano de
sua figura mais icônica, é inviável abordar o Nazismo sem fazer o
mesmo.
Adolf Hitler (1889-1945), o quarto filho de uma família
austríaca de 6 crianças, era seis anos mais novo que Mussolini.
Como o Duce, Hitler também teve uma infância tumultuada:
ele ansiava por uma carreira em Artes, algo que seu pai
autoritário, Alois Hitler, um funcionário público, não aprovava
nem um pouco. Os atritos em casa se estenderam até 1903,
quando Alois faleceu subitamente aos 65 anos de idade.
Apesar de não ser muito próximo do pai, Hitler era
profundamente ligado à mãe, Klara, cuja morte, um pouco antes
do natal de 1907 após um longo período de luta contra um câncer
de mama, o afetou profundamente.
Em fevereiro do ano seguinte, Hitler resgatou do banco o
dinheiro de sua herança e mudou-se para Viena, onde prestou
exames de admissão na Academia de Artes por dois anos
consecutivos, sendo recusado em ambas. Morou em albergues
por um tempo, sobrevivendo de pequenos trabalhos e da venda
de alguns quadros, mas seu temperamento difícil e a alternância
entre crises de raiva e surtos de depressão tornaram período em
Viena bastante complicado.
Em maio de 1913, tentando fugir do serviço militar
obrigatório imposto pelo governo austríaco, Hitler mudou-se
para Munique. Todavia, em agosto de 1914, entusiasmado com a
declaração de guerra da Alemanha, alistou-se no exército. No
decorrer da Primeira Guerra Mundial, recebeu condecorações
por bravura e acentuou ainda mais seu sentimento nacionalista.
Quando soube da notícia da rendição da Alemanha em 1918,
ficou em choque109.
O término do conflito foi seguindo de um intenso sentimento
de traição e humilhação pela imposição do Tratado de Versalhes.
Uma onda de desencanto, bastante semelhante àquela que
atingiria a Itália no mesmo período, varreu a Alemanha.
Em 1919, tendo a depressão econômica e a instabilidade
política do pós-guerra como pano de fundo, surgiu o Partido dos
Trabalhadores Alemães. Entre os fundadores estavam Anton
Drexler, um chaveiro, poeta e anticapitalista insatisfeito com seus
rendimentos, que acreditava no compartilhamento dos lucros das
empresas; Karl Harrer, jornalista e ocultista membro da
Sociedade Thule (cujo símbolo era um círculo contendo uma
suástica); Dietrich Eckart, jornalista, autor teatral de sucesso,
viciado em morfina e anticapitalista; e Gottfried Feder, um
economista que defendia a nacionalização de todos os bancos, a
abolição dos juros e o confisco de propriedades.
No período em que Drexler organizava suas reuniões
subversivas, Hitler retornou a Munique. Com a ajuda de Ernst
Rohm, obteve um posto de trabalho no Departamento de
Inteligência Militar. Sua missão: monitorar as atividades do PT
Alemão e de Anton Drexler.
Em 1920, após ter sua filiação no Partido Socialista recusada,
Hitler decidiu juntar-se ao Partido dos Trabalhadores. Poucos
meses depois, abandonaria suas atividades no Departamento de
Inteligência para dedicar-se exclusivamente à política82,83. No
decorrer do ano, Drexler mudaria o nome da agremiação para
Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (mais
conhecido como Partido Nazista) e Hitler, com sua oratória
arrebatadora, seria alçado ao posto de garoto propaganda do
grupo.
Em fevereiro de 1920, em um discurso em Munique, Hitler
enunciou pela primeira vez os 25 Pontos do Partido Nazista,
elaborado em conjunto com Drexler e Feder83. Entre as
demandas apresentadas constavam a defesa de um governo
central com poderes absolutos, a condenação do
parlamentarismo, a exigência de reforma agrária, a abolição de
rendimentos não-adquiridos por meio do trabalho, a quebra da
“escravatura” do aluguel, a nacionalização de todas as indústrias
com divisão de seus lucros, a ampliação das política de bem-
estar, a educação às custas do Estado, a obrigação legal para a
prática de atividades físicas e a censura à imprensa.
Ambicioso, Hitler armou a destituição de Drexler e assumiu a
presidência do partido em 1921. Em 1923, tentou tomar o poder
da Bavária, um estado no sul da Alemanha, em um evento que se
tornou conhecido como o Putsch da Cervejaria de Munique.
Hitler esperava que o Putsch se espalhasse pela Alemanha
como uma grande revolução contra o Estado. Todavia, o golpe
fracassou e ele foi preso. Durante o encarceramento – que durou
menos de 12 meses –, escreveu o primeiro volume de Mein
Kampf, sua autobiografia política. O livro e a publicidade do
julgamento pela tentativa de golpe lhe renderam fama nacional82.
Em 1929, a Grande Depressão atingiu a Alemanha como um
meteoro, derrubando o que restava da economia. Nas eleições de
1932, os Nazistas souberam capitalizar politicamente a situação,
obtendo 230 das 608 cadeiras do Parlamento. No ano seguinte,
com apoio dos militares, Hitler seria eleito Chanceler e o
Nazismo assumiria o controle da Alemanha.
O preço cobrado pelo exército Alemão para apoiar a
nomeação de Hitler foi a destruição do "Destacamento
Tempestade" (Sturmabteilung ou SA) liderado por Ernst Rohm.
Esta missão foi levada a cabo no infame banho de sangue de 30
junho de 1934, conhecido como a Noite das Facas Longas, que
resultou na execução de Rohm e outros líderes da SA, além do ex-
chanceler Kurt von Schleicher e sua esposa, mortos em casa. Ao
todo, mais de 80 pessoas foram assassinadas e milhares de
opositores políticos, presos.
A Noite das Facas Longas não foi um massacre contra
Socialistas-Comunistas: foi um ataque para eliminar possíveis
opositores políticos do Führer99. Feita a limpeza, Hitler voltaria
sua fúria para as fronteiras. Em 1938, reanexou a Renânia e
invadiu a Áustria. Em 1939, avançaria sobre a Tchecoslováquia e,
finalmente, sobre a Polônia – um evento que desencadearia a
Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.
Ciente do desenrolar do Fascismo na Itália, Hitler aprendeu
várias lições com Mussolini, incluindo a importância da
propaganda, da hegemonia cultural e da violência contra um
bode expiatório. Assim, não tentou apenas controlar todo o poder
político disponível, mas também dominar instituições e
organizações até então independentes do Estado, como igrejas,
universidades, clubes de lazer e associações esportivas. Os
membros da Juventude Nazista eram doutrinados a denunciar
parentes antinazistas como um dever patriótico.
A intenção de Hitler era estabelecer uma Alemanha
racialmente unificada e hierarquicamente organizada, onde os
interesses individuais estariam sempre subordinados aos
interesses da Nação – um projeto que, na Itália, foi batizado de
Nacionalismo Integral81,82.
Associado ao controle da cultura, Hitler elegeu judeus e
Comunistas com alvo de seus ataques. Durante boa parte do ano
de 1933, os Nazistas perseguiram Socialistas e Comunistas,
extinguindo partidos, encarcerando militantes e assassinando
líderes. É lamentável constatar que muito ditos “intelectuais” do
século XX e XXI interpretaram isto como um resumo das
intenções do Nazismo. Contudo, a pose de Hitler contra o
Comunismo era um modo de dissipar os medos causados pela
Revolução Bolchevique, intensificando o apelo popular de sua
causa. Muitos Conservadores alemães compraram a narrativa
Nazista sem compreender seu caráter igualmente totalitário e
Socialista.
Para Hitler, assim como para qualquer empreendimento
Socialista-Comunista, a verdade sempre foi menos importante
que a conquista e a manutenção do poder a qualquer preço.
Da mesma maneira que Stalin ordenou a morte de Trotsky,
Hitler não tomou medidas contra o Comunismo por ser
anticomunista, mas para consolidar-se no poder sem o risco de
concorrentes indesejáveis.
Os Comunistas Bolcheviques perseguiram e mataram
milhões de Comunistas soviéticos durante o Terror Vermelho que
se seguiu à Guerra Civil Russa. Isso torna então os Bolcheviques
antissocialistas? Assim como procedido por Mussolini e Hitler, as
ordens de Lenin para que o Terror fosse instalado visava reprimir
qualquer foco contrarrevolucionário que questionasse sua
hegemonia política. Isto é uma característica recorrente do
Socialismo: uma vez no comando, a facção vencedora não aceita
competir no cenário político de maneira democrática, e apela
para o extermínio em massa de quem quer que se coloque em seu
caminho. Foi assim no Grande Expurgo de Stalin, no Grande
Salto Adiante de Mao Tsé-Tung, no Kampuchea Democrático de
Pol Pot, e em períodos diversos onde quer que o Socialismo-
Comunismo tenha estado no comando.
Além de ideologicamente idêntico ao Socialismo, o Nazismo
possuía fundamentos teóricos e ações práticas de cunho
visceralmente Marxistas e Coletivistas: o “socialista” na
denominação do Partido Nacional-Socialista de Hitler não era
um acaso.
Em 1923, em uma histórica entrevista ao jornalista germano-
americano George Sylvester Viereck, Hitler afirmou
textualmente: “O Comunismo não é Socialismo. O Marxismo não
é Socialismo. Os Marxistas roubaram este termo e confundiram
seu significado. Eu irei tirar o Socialismo dos Socialistas. O
Socialismo é uma antiga tradição ariana, uma instituição
germânica”, e completou dizendo que “nosso Socialismo é
nacional. Nós exigimos que o Estado atenda as demandas justas
das classes produtivas com base na solidariedade racial. Para
nós, Estado e raça são um só”97.
Até mesmo o antissemitismo de Hitler, comum na Alemanha
em sua época, tem sua genealogia vinculada ao Marxismo. Em A
Questão Judaica (1843), Marx admoestou: “qual a base profana
do judaísmo? A necessidade prática, o interesse pessoal. Qual o
culto mundano do judeu? A traficância. Qual o seu deus
mundano? O dinheiro. Muito bem! Ao emancipar-se do tráfico e
do dinheiro e, portanto, do judaísmo real e prático, a nossa
época conquistará a própria emancipação”.
Durante a ditadura Nazista, Ernst Rudolf Huber, porta-voz
oficial do Partido Nazista, afirmou: “o conceito de liberdades
pessoais do indivíduo em oposição à autoridade do Estado deve
desaparecer, e não será conciliado ao princípio nacionalista do
Reich. Nenhuma liberdade pessoal que ultrapasse os interesses
do Estado será respeitada pelo Estado. Não pode mais haver
qualquer questionamento quanto à existência de uma esfera
privada livre da influência do Estado. A Constituição do Reich
não se funda em um sistema de direitos inatos e inalienáveis do
indivíduo”106.
Indo além, Huber defendeu que “a propriedade privada,
como concebida sob o capitalismo, representa o direito do
indivíduo em gerenciar e especular com sua propriedade
herdada ou adquirida conforme sua própria vontade, sem
qualquer consideração aos interesses gerais. O Socialismo
alemão deve sobrepujar este “privado”, ou seja, esta visão
irrestrita e irresponsável da propriedade. Toda propriedade é
propriedade comum. O proprietário está subordinado ao povo e
ao Reich” 106.
Do ponto de vista econômico, o Nazismo nacionalizou mais
de 500 empresas, tornando o ambiente de negócios tão Socialista
que alguns empresários começaram a estudar a fundo as teorias
de Marx na tentativa de entender melhor que estava
acontecendo99. Os funcionários públicos respondiam por cerca de
50% da população economicamente ativa e os Nazistas
expulsaram muitos presidentes de empresas, substituindo-os por
membros do Partido98,107. O próprio Albert Speer, Ministro dos
Armamentos do Führer, queixou-se dos efeitos desta política,
alertando que a produção de guerra estava sofrendo pela
presença de pessoas incapazes indicadas para posições técnicas
por simples partidarismo103,105.
Em A Ação Humana (1949), Mises descreveu o modo como o
Nazi-Socialismo preservava a propriedade privada dos meios de
produção e mantinha um livre mercado apenas nas aparências:
os empresários-fantoches podiam comprar, vender, contratar e
despedir, mas suas atividades eram fiscalizadas e dirigidas pelo
Ministério da Economia.
Nas palavras de Mises: [o Ministério determina] “o que e
como produzir, a que preços e de quem comprar, por que preços
e a quem vender. Designa o emprego de cada trabalhador e fixa
o seu salário. Decreta a quem e em quais termos os capitalistas
devem confiar os seus fundos”100.
Isto não é Livre Mercado. Isto é um espetáculo bizarro do
bom e velho Socialismo de sempre.
O Nazismo executou vários exemplos das práticas Socialistas
descritas por Mises: em 1933, o Reich aprovou a Lei da
Cartelização Forçada, restringido a abertura de novas empresas
sem a autorização do Estado.
Em 1934, a indústria têxtil foi submetida a regulações que
determinavam cotas para aquisição de insumo – um
procedimento que posteriormente seria adotado para as
indústrias metalúrgicas.
Em 1936, os patamares salariais passaram a ser definidos por
oficiais públicos e os preços gerais foram congelados. O lucro, os
níveis dos investimentos, e os relacionamentos das empresas
alemãs com empresas internacionais tornaram-se inteiramente
subordinados aos agentes do governo nomeados pelo Reich.
Havia liberdade para estabelecer contratos, mas os contratos
eram oferecidos pelo Estado em um pacote, e nenhum acordo
fora daquela listagem era admitido. Além disso, as empresas não
eram autorizadas a recusar encomendas do Estado111.
A estatização de bancos, ferrovias, portos, indústrias de aço e
outros setores foi parcialmente revertida entre 1934-1937, pois o
regime precisava de oxigênio em suas vias de financiamento, uma
vez que o tesouro nacional havia se exaurido com a corrida
armamentista na primeira metade da década de 1930. Todavia, o
Führer era fortemente contra o livre mercado, e a privatização foi
aplicada seguindo um modelo onde o Estado mantinha o controle
da economia como um todo102.
Em agosto de 1936, Hitler publicou seu Plano de Quatro
Anos, ordenando que Hermann Göring deixasse a economia
alemã pronta para a guerra dentro de quatro anos. E este era o
real objetivo por trás das privatizações direcionadas104.
Muitos historiadores insistem em posicionar Fascismo e
Nazismo na extrema Direita do espectro político-ideológico, o
que é um erro monumental: os ideólogos de Esquerda dizem que
uma das principais características do Coletivismo é a rejeição do
nacionalismo e do patriotismo em favor do internacionalismo.
Não obstante, a maioria dos regimes Socialistas-Comunistas que
existiu fora da ficção dos livros foi, a bem da verdade,
nacionalista e militarista.
Segundo os conceitos atualmente aceitos de Esquerda e
Direita, quando temos um Estado que enfatiza o poder do
indivíduo, estamos indo para a Direita. Quando temos um Estado
que enfatiza o poder do Estado, estamos indo para a Esquerda.
Em outras palavras: as ideologias de Direita se afastam
progressivamente do Estado; as ideologias de Esquerda tendem
a se aproximar do Estado, tornando-o progressivamente maior
e mais influente em todas as esferas da vida da nação e de seus
cidadãos.
O clímax da cobiça axiomática da Esquerda jamais poderia
ser a ausência de um Estado, mas a presença de um Estado
totalitário – exatamente o que observamos quando analisamos
Fascismo e Nazismo.
Uma vez que a única via de acesso para que Fascistas e
Nazistas alcançassem o poder era por meio das elites
Conservadoras, um dos elementos-chave destes regimes era a
colaboração com esta elite, e por isso eles adotavam um
Socialismo de mercado mais ou menos como a China do século
XXI: as elites seguiam fazendo seus negócios e auferindo seus
lucros, mas o cartel do Estado dominava todos os detalhes do
comércio, dos investimentos, da agricultura e da indústria,
tomando suas decisões segundo aquilo que conferisse maior
poder ao Estado.
Como qualquer outra forma de Socialismo, o Nazismo e o
Fascismo tencionavam colher os frutos do Capitalismo ao mesmo
tempo em que aboliam os pilares que sustentavam o sistema:
esperavam desenvolvimento econômico sem livre mercado e
“livre mercado” sem respeito aos direitos individuais. Entre um
delírio e outro, se meteram em um conflito mundial que
escancarou a catástrofe que os estágios mais avançados do
Socialismo-Comunismo tipicamente produzem.
Os fascistas defendiam o Führerprinzip (o “princípio da
liderança”), a crença de que o Partido e o Estado deveriam ter um
único líder absoluto com poderes absolutos. Hitler era o Führer e
Mussolini, o Duce – títulos com conotação de mandantes cujas
ordens deveriam ser obedecidas sem hesitação.
Dizer que Mussolini e Hitler não eram “Socialistas de
verdade” devido aos genocídios que patrocinaram é dar as costas
para as evidências de que, ao longo do século XX, os Socialistas
foram os campeões de genocídios da humanidade. Por mais de
um século, a limpeza étnica foi uma práxis do Socialismo
ortodoxo108.
Finalmente, Fascismo e o Nazismo eram por natureza
revolucionários. Em contrapartida, o Conservadorismo, o grande
arquétipo da Direita, é frequentemente acusado de ser
reacionário. “São todos uns reaças!”, desdenham os Coletivistas.
Então de que maneira o Conservadorismo pode ser rotulado de
Fascista ou Nazista? De que maneira a revolução Fascista e
Nazista se encaixa no portfólio operacional da Direita? Como
alguém pode ser acusado de ser um Revolucionário Reacionário?
Não reconhecer a incongruência desta metanarrativa é
oligofrenia, ignorância ou mau-caratismo?
Talvez o principal motivo pelo qual Fascismo e Nazismo
continuem sendo rotulados como ideologias políticas de Direita é
o fato de que ninguém deseja segurar estes bebês. Como a
maioria dos historiadores é formada por Coletivistas (no Brasil,
85% dos professores de História são de Esquerda)110, eles
prontamente escreveram seus livros jogando a criança para o
outro lado da cerca.
Não obstante, é uma fina ironia constatar que os movimentos
antifascismo – os chamados Antifas – reúnam em seus quadros
pessoas que estão à Esquerda no espectro político: ver pró-
Socialistas e pró-Comunistas reunindo-se para combater o
Fascismo é quase como ver um Ouroboros ao vivo e em cores.
A voluntariosa resistência antifascista Pós-Moderna ameaça
(e eventualmente cumpre) pegar em armas, destruir
propriedades privadas, destratar, tumultuar, agredir fisicamente
e sufocar a liberdade de expressão de quem quer que seus
militantes considerem “o inimigo”.
O improvável Socialismo “inclusivo e tolerante” defendido
pelos Antifas não é capaz de reinar por muito tempo, exceto por
meio do terror: quanto mais intenso o Socialismo, tão mais
intenso deverá ser o terror para que ele se mantenha, e qualquer
sinal de resistência ou objeção terá como resposta o uso extremo
e maciço da força. Invariavelmente, enquanto vão subjugando a
Democracia, os Socialistas seguem chamando sua Ditadura do
Terror de “governo do povo”.
Na obra 1984, George Orwell previu que no futuro a língua
seria torcida intencionalmente para criar confusão. O
posicionamento do Fascismo e do Nazismo à Direita do espectro
político-ideológico nos livros escolares é uma boa prova do
quanto ele estava correto. E isto é um grande problema: uma
parcela considerável do “sucesso” de Hitler e Mussolini decorreu
da incapacidade das mentes de nosso tempo em reconhecer que
ambos os regimes não eram agudizações do Conservadorismo,
mas reedições de conceitos Socialistas.
Atualmente, o termo “Fascismo” perdeu a potência trágica de
seu sentido original, virando um mero adjetivo condenatório para
rotular alguém de grosseiro, cruel, inescrupuloso ou arrogante80.
A domesticação relativista desta palavra é um dos grandes crimes
deste século: ela amansa nossos sentidos para as consequências
hediondas do Socialismo levado ao ápice. Deveríamos ser mais
veementes ao nos referirmos ao Fascismo.
Apenas quando atentarmos para os disfarces providenciais e
recorrentes que os radicalismos Esquerdistas assumem
estaremos aptos para emitir julgamentos Morais lúcidos o
suficiente para combater e evitar a repetição desses flagelos. Até
lá, a ignorância e a condescendência continuarão pairando sobre
a humanidade como abutres perenes.

7. O COMUNISMO QUE NUNCA HOUVE

O final da linha do espectro politico-ideológico da Esquerda é


o Comunismo.
Para o Comunismo, a única maneira de restabelecer o “estado
natural humano”, resolvendo a exploração e a alienação do
trabalho que caracterizam o Capitalismo, seria substituindo a
classe dominante (ou burguesia) pelo proletariado, estabelecendo
uma sociedade sem classes, sem opressão, sem Estado e baseada
na propriedade comum dos meios de produção. Uma vez criada,
esta sociedade perfeita teria a missão de espalhar-se por todas as
nações.
A origem teórica da utopia Comunista foi plantada pelos
clássicos Princípios Básicos do Comunismo (de Friedrich Engels,
1847) e O Manifesto Comunista (de Karl Marx e Engels, 1848).
Em Princípios Básicos do Comunismo, Engels afirmou
textualmente que “o comunismo é a doutrina das condições de
libertação do proletariado”, chegando a considerar que a vida de
um escravo seria melhor que a vida de um proletário, uma vez
que “o indivíduo escravo, propriedade de um senhor, tem uma
existência assegurada, por muito miserável que seja, em virtude
do interesse do senhor; o indivíduo proletário – propriedade,
por assim dizer, de toda a classe burguesa –, a quem o trabalho
só é comprado quando alguém dele precisa, não tem a existência
assegurada. ... O escravo pode, portanto, levar uma existência
melhor do que a do proletário”114.
A “libertação do proletariado” proposta por Engels incluía
restrição da propriedade privada; expropriação de latifúndios;
confisco dos bens de todos os emigrantes e rebeldes; impostos
progressivos; taxações elevadas sobre heranças; eliminação da
livre concorrência; centralização do sistema de crédito nas mãos
do Estado; repressão de todos os bancos privados; educação de
todas as crianças em escolas públicas; e concentração de todo o
sistema de transportes nas mãos da nação.
Engels considerava o livre mercado “um grilhão que tem de
quebrar e quebrará”, e propunha retirar a indústria das mãos
dos proprietários singulares, transferindo seu gerenciamento
para todos os membros da sociedade segundo um plano da
comunidade. Isso significava que “a propriedade privada terá,
portanto, de ser abolida... e por isso é com razão avançada pelos
comunistas como reivindicação principal”114.
De acordo com os devaneios de Engels, ao retirar o usufruto
das forças produtivas das mãos dos Capitalistas, transferindo-o
para o Estado, observaríamos o aumento da produção com o
desaparecimento das crises, da escassez e da miséria. “A grande
indústria, liberta da pressão da propriedade privada,
desenvolver-se-á numa tal extensão que, comparado com ela, o
seu atual desenvolvimento parecerá tão pequeno como o da
manufatura comparada com a grande indústria dos nossos
dias. Este desenvolvimento da indústria colocará à disposição
da sociedade uma massa suficiente de produtos para com eles
satisfazer as necessidades de todos”, afirmou ele114.
Como exposto em diversos números e evidências ao longo
deste livro, a previsão de Engels não estava apenas errada: ela era
de uma vigarice irracional.
Publicado no ano seguinte aos Princípios, O Manifesto
apresentava com aguda nitidez os dez componentes essenciais do
Comunismo – que eram em si bastante parecidos aos parâmetros
de “libertação do proletariado” propostos por Engels, adicionados
de imposições gerais que incluíam o domínio do Estado sobre
Comunicação, Transporte; Indústrias, Agricultura e Trabalho.
Compilado como uma plataforma para o Partido Comunista
da Alemanha, o Manifesto representou um grito de revolta contra
a pobreza extrema das classes mais baixas do século XIX. No
momento e no contexto em que ocorreu, a proposta Comunista
tinha sua validade. Contudo, isso não a exime da
responsabilidade pelo estelionato de esperanças e pelos
massacres cometidos em seu nome.
A ideia traiçoeira de que o Comunismo “pretende apenas a
realização do ideal humano, da felicidade humana, da
igualdade, da justiça e da liberdade sobre a terra” foi divulgada
por outros ativistas além de Marx e Engels, como, por exemplo,
Mikhail Bakunin (1814-1876).
Em 1868, Bakunin se juntou à Associação Socialista
Internacional dos Trabalhadores, de onde escreveu que “para
que possamos te aceitar na Associação, deves prometer-nos
subordinar doravante os teus interesses pessoais, mesmo os da
tua família, bem como as tuas convicções e manifestações
políticas e religiosas, ao interesse supremo de nossa
associação”, completando: “No seu espírito, o socialismo toma o
lugar da religião”116. Realmente, um suprassumo de igualdade,
justiça e liberdade sobre a terra.
Quatro anos mais tarde, após desentender-se com Marx,
Bakunin seria expulso da Associação.
Em O Socialismo Libertário (1869), Bakunin afirmou que
“todos os trabalhadores intelectuais, enquanto invenção, e não
enquanto aplicação, devem ser trabalhos gratuitos. Mas de que
viverão, então, os homens de talento, os homens de gênio?
Viverão, evidentemente do seu trabalho manual e coletivo como
todos os outros”.
Aqui devemos fazer um parêntese para o repetitivo modus
operandi das mentalidades de Esquerda: Bakunin nasceu em
uma família de linhagem nobre formada por grandes
proprietários de terras. Nos planos de seu pai, Alexander
Bakunin, o jovem Mikhail deveria seguir a carreira militar.
Contudo, aos 21 anos de idade, Mikhail rebelou-se contra o
autoritarismo paterno e abandonou o exército, escapando por
muito pouco de ser preso por deserção – uma decisão que abalou
profundamente os laços entre pai e filho. Decidido, o jovem
amotinado manteve-se firme em sua resolução de traçar seu
próprio destino e dedicou-se ao estudo da filosofia, frequentando
reuniões de intelectuais e pensadores. Cerca de cinco anos mais
tarde, concorreria a uma vaga de professor de Filosofia na
Universidade de Moscou, mas seu temperamento anti-
imperialista e radical sabotaria suas intenções acadêmicas.
Durante as seis décadas seguintes, Mikhail tentou promover
insurreições e revoltas em prol do Socialismo-Comunismo.
Quando finalmente se cansou deste intento, refugiou-se com a
jovem esposa Antonia e seus três filhos em Minusio, na Suíça,
habitando uma casa que lhe foi presenteada pelo anarquista
italiano Carlo Cafiero. Na época, suas finanças pessoais estavam
péssimas e ele e sua família viviam na penúria, dependendo de
favores de conhecidos.
Mikhail Bakunin faleceu em 1876 sem que se tenha notícia de
que haja algum dia se envolvido em qualquer trabalho
estritamente manual ou coletivo além de suas atividades
intelectuais117. Como praticamente todos os ideólogos de
Esquerda, ele era o típico exemplo de “faça o que eu digo, mas
não faça o que eu faço”.
Um ano após ter rompido oficialmente com Marx, o
anarquista desocupado publicaria Estatismo e Anarquia (1873),
onde ofereceu uma visão profética do que se tornaria o
Socialismo-Comunismo de Marx e Engels. Na obra, Bakunin
afirmava que qualquer governo, até mesmo o Estado pseudo-
popular contemplado por Marx, representava nada além do
comando das massas de cima para baixo por uma minoria
educada e, portanto privilegiada, que supostamente
compreenderia os verdadeiros interesses das pessoas melhor que
as pessoas por si mesmas.
“Essa minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de
operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão
logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão
de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de
cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si
mesmos e suas pretensões de governá-lo”, escreveu Bakunin,
completando: “Quem duvida disso não conhece a natureza
humana”118.
Alinhado ao descontentamento fatídico de Bakunin, temos
Eduard Bernstein (1850-1932), o primeiro grande revisionista do
Marxismo. Bernstein rejeitou a teoria do mais valia, o
determinismo econômico e a significância da luta de classes.
Além disso, aceitou que o Capitalismo não estava à beira de um
colapso, que o Capital não estava cada vez mais restrito a poucos,
que a classe média não estava desaparecendo e que o
proletariado não estava sofrendo um aumento da miséria119.
Mesmo assim, nem o Revisionismo de Bernstein, tampouco os
alertas de Bakunin, bastaram para que Socialistas e Comunistas
despertassem.
Ao discursar sobre conceitos como “alienação” e “mais-valia”,
Marx esqueceu que, apesar de a terra existir – quer alguém
trabalhe nela ou não –, ela não irá se transformar em garrafas de
suco de laranja. Será preciso um empreendedor para que este
processo ocorra. O empreendedor pode precisar de empregados
para fazer o suco, mas serão suas decisões que farão a diferença
entre lucros e prejuízos – e mais suco ou menos suco.
O “mais valia” é o preço cobrado pelo empreendedor por
tomar a inciativa de colocar sua pele em risco antes de ter
qualquer coisa que possa ser “alienada”.
Em uma sociedade de livre mercado, tudo que um
empregado “oprimido” precisa fazer a eliminar a “alienação” e
apossar-se de seu “mais valia” é plantar seus próprios pés de
laranja ou abrir sua própria fábrica de sucos, simples assim.
Todavia, eventualmente irá comprar insumos e contratar
prestadores de serviços “explorados” e “alienados” pelos seus
patrões. Conclusão: a “exploração” e a “alienação” não resultam
de erros ou falhas no tecido social Capitalista. Elas são sintomas
do funcionamento normal da sociedade.
Até mesmo Marx reconheceu que os indivíduos perseguem
unicamente seu interesse particular e que este raramente
coincide com o interesse comum – uma constatação que faz com
que a utopia marxista seja desconstruída pela sua própria
evidência antropológica.
A visão marxista do trabalho é uma variante da concepção
lockeana de que as pessoas devem ser donas dos frutos de seus
esforços e que a exploração ocorre na medida em que estes frutos
não lhes cabem totalmente. Porém, em uma contradição típica
dos sistemas de Esquerda, uma vez que uma pessoa é um produto
da sociedade, tudo que ela produz não é um produto exclusivo de
sua genialidade individual, mas também um produto da
sociedade como um todo.
Isso significa que, em um Estado Comunista, tudo que você
produzir e possuir será compartilhado com todas as pessoas da
sociedade – um conceito expresso no axioma marxista “de cada
um segundo sua capacidade, a cada qual segundo suas
necessidades”.
Esta justiça torta é bem diferente da recomendação
aristotélica de que “as distribuições devem ser feitas de acordo
com o mérito de cada um”35. Uma necessidade não confere um
mérito e vice-versa. Como observou Rothbard, o mantra marxista
da capacidade versus necessidade resulta em que “cada homem
tem o direito de ter propriedade sobre parte de todos os outros,
e, no entanto, ele não tem o direito de ter propriedade sobre si
mesmo”115.
Os Esquerdistas acusam de não haver e nunca ter havido um
Estado genuinamente Comunista em toda história mundial, pois
todo Estado constituído sempre beneficiou alguma elite de
alguma forma. Neste ponto, estão cobertos de razão: jamais
houve uma nação regida pelo Comunismo. Todavia, o que se
recusam a entender é a simples constatação de que jamais haverá
uma nação Comunista. A ampliação dos poderes do Estado
jamais se tornará um “Estado-nenhum”.
Historicamente e de modo recorrente, as revoluções que
diziam estar em busca do Comunismo jamais produziram a
igualdade prometida. Os governos Socialistas temporários
instituídos para preparar a chegada do desejado “Comunismo
Verdadeiro” foram tudo, menos temporários.
Não obstante, a marcha rumo ao Comunismo não termina
com a reforma político-econômica: por definição, ela exige a
abolição da Religião e de todo seu Realismo Moral. Ironicamente,
o Comunismo pretende formar cidadãos mais éticos e altruístas
removendo todas as tradições éticas da sociedade. No caminho de
sua construção, estas medidas produzem uma opressão sobre as
pessoas muito maior que aquela do Capitalismo.
O Comunismo se dispõe a utilizar meios violentos para
construir uma sociedade sem classes. Ele acredita na igualdade
imposta pela força. Todavia, esta igualdade é um mito: sempre
será possível traçar uma linha média em um grupo de pessoas, o
que significa que alguns estarão acima e outros abaixo desta
média, resultando em classes diferentes.
Por exemplo: em uma sociedade “Comunista”, não seria
possível envolver todos os indivíduos na atividade complexa de
calcular a linha média que serviria de parâmetro para equalização
dos cidadãos. Nem todo mundo gosta tanto assim de matemática,
ou demonstra habilidade com números ou disposição para
pesquisas. E apenas isto já serviria para dividir a sociedade em
dois estratos: as “Pessoas Que Calculam a Média” e aquelas que
não fazem. E o mesmo raciocínio poderia ser aplicado para várias
outras áreas de atuação: como temos por hábito atribuir um valor
Moral maior ou menor a uma ou outra profissão, seria inevitável
que o simples exercício de uma atividade resultasse em uma
divisão pelo menos cultural de classes.
No cômputo geral, os insucessos das várias marchas
obstinadas em direção à miragem Comunista nos mostraram,
acima de qualquer dúvida, três coisas:
Primeiro: o quanto as teorias que o fundamentam não são
práticas ou eficientes.
Segundo: a arrogância desumana dos Absolutismos Morais
Socialistas-Comunistas transformados em governos custaram
milhões de vidas.
Por último: a intensidade com que nossa Identidade Pessoal
é geneticamente condicionada pelas pressões evolucionárias. A
sociedade é composta por inúmeras identidades hiperemocionais
em busca de prazer e da satisfação de seus próprios auto-
interesses. Temos empatia e somos sociáveis, mas apenas até um
limite. Quando tomamos consciência destas características
humanas, o Comunismo rapidamente demonstra sua imensa
ignorância quanto à natureza do Homo sapiens.
A ampla aceitação Moral das ideias Comunistas guiou boa
parte do desenrolar do século XX, com ecos que persistem ainda
hoje: quase todos os países possuem pitadas de Socialismo-
Comunismo, desde escolas públicas até sistemas de saúde e
programas de seguridade social gerenciados total ou
completamente pelo Estado. Mas o Comunismo não foi uma
casualidade exclusiva do século passado.
Nos últimos 10 mil anos, empurramos a nós mesmos na
direção de ambientes que não estão pareados à nossa biologia,
gerando uma discrepância entre o ecossistema cada vez mais
tecnológico que habitamos e as limitações inerentes à natureza
do animal que somos.
Nesta longa cadeia de construções inoportunas, o
Comunismo não se encaixa como um acidente. Ele foi a
consequência infeliz de uma fé que nos acompanha desde o
Paleolítico: a esperança de “uma só humanidade, uma só tribo”.
Lamentavelmente, enquanto a fé nesta utopia persistir, o
Comunismo encontrará chances para implantar os seus horrores.

8. A MALDIÇÃO DO POLITICAMENTE CORRETO

A expressão “politicamente correto” foi cunhada em 1964,


quando Mao Tsé-Tung introduziu o conceito em O Livro
Vermelho (1964). Na obra, Mao determinava como chamar
pessoas que compartilhavam ou não compartilhavam a ideologia
do Partido Comunista Chinês.
Durante a década de 1990, a expressão foi popularizada de
forma pejorativa pelo radialista Conservador Rush Limbaugh,
sendo então adotada pelos Coletivistas de plantão121.
Os Esquerdistas viram no politicamente correto uma
ferramenta ideal para tentar ressuscitar a religião Socialista-
Comunista que jazia moribunda nos escombros do muro que
desabou em 1989. Seria como um admirável início novo: o
politicamente correto seria uma oportunidade de sublimação das
barbaridades passadas.
Em termos conceituais, ser politicamente correto consistiria
em escolher palavras e ações com a intenção de evitar insultar ou
ofender pessoas devido à raça, religião, sexualidade ou
características físicas. Isto protegeria os oprimidos contra
comportamentos discriminatórios e violentos. Porém, nas mãos
dos Progressistas, o politicamente correto se transformou na
imposição de uma perspectiva Moral única, absoluta e passível de
defesa por meios violentos.
Quando o politicamente correto ganhou a grande mídia,
alardeando cortesia como uma mera adaptação linguística,
encontrava-se grávido de um furioso desejo de justiça social.
Infelizmente, ficamos sabendo disto apenas um pouco tarde
demais.
A princípio, vamos concordar, o politicamente correto
parecia um esforço legítimo. Como previsto por David Hume, não
somos criaturas caracterizadas por ações decorrentes de
raciocínios deliberados, frios e individuais, mas criaturas de
ações instintivas, emocionais e grupais. Com o aumento da
complexidade das sociedades concentradas em centros
extremamente populosos, e da frequência e do vigor de discursos
e práticas discriminatórias, fomos confrontados com o desafio de
como gerenciar a crescente diversidade sem a opção dos
genocídios ou do autoextermínio.
Neste contexto, o politicamente correto nos forçou a pensar
abertamente e com maior profundidade sobre algumas atitudes
automáticas que denotavam preconceitos nem sempre
inconscientes. Seu dogma seria perseguir os limites do
conveniente, promovendo a coexistência e o respeito às
diferenças. Se funcionasse realmente dessa forma, teríamos
alcançado um maravilhoso ambiente de valorização mútua. Mas
o rigor da realidade mostrou que, como qualquer outro cânon
adotado pela Esquerda, a benevolência do politicamente correto
não passava da imposição de uma determinada agenda cultural
com intenções politicas nada dissimuladas.
Ainda que uma cultura moderadamente politicamente
correta seja saudável para manter nossas malignidades sociais
sob vigilância, seu extremismo doutrinário degenerou-se em uma
dessas malignidades, limitando – ao invés de expandir – o
potencial humano.
De maneira bastante genérica, os males do politicamente
correto podem ser abordados segundo os danos que causa sobre a
liberdade de pensamento, de expressão e de ação. Vejamos:
Em primeiro lugar, ser politicamente correto é ser impedido
de pensar aquilo que você está pensando. Ao gerar uma lógica
intransigente nutrida com uma suspeição neurótica pelo pior, o
raciocínio politicamente correto colide com os valores que
deseja resguardar: em nome de uma coexistência equilibrada,
ele perverte os princípios de imparcialidade, garante privilégios
a alguns grupos e incrimina tendenciosamente as diversidades
que destoam de suas listas de diversidades aceitáveis.
Um subproduto desta dinâmica pode ser percebido com
clareza na Cultura da Vitimização: a instrumentalização do
politicamente permitiu que qualquer grupo astuto se declarasse
vítima dos preconceitos da sociedade. Segundo o estabelecido
pela Díade Moral de Wegner e Grey, uma vez assumido o papel
de vítima, este grupo agora desfruta de toda liberdade para
atacar os demais a partir do tabu de “imunidade minoritária”
que criou sobre si próprio.
Ao distribuir suas medalhas de culpas inexistentes, e
tornando alguns pensamentos “impensáveis”, o politicamente
correto rejeita a diversidade de ideias, chamando as Verdades
substantivas que desaprova de “mera construção social”.
Após podar a liberdade de pensamento, o politicamente
correto avançou sobre sua presa seguinte: a liberdade de
expressão. Enquanto os ativistas insistem no exercício de seu
direito de livre expressão, eles negam aos seus oponentes o
mesmo recurso, fazendo jus ao preceito “um peso, duas medidas”
que jorra em profusão da mentalidade Esquerdista.
Na pretensão de trazer a este mundo a utopia pluralista dos
não-diferentes, o politicamente correto vai limitando a liberdade
de expressão com eufemismos como sobrepeso no lugar de
gordo; disfunção erétil no lugar de impotência sexual;
dependente químico no lugar de viciado; colaboradores no lugar
de empregados; afrodescendentes no lugar de negros ou pretos;
neutralizar o inimigo no lugar de assassinar o inimigo e suspeito
no lugar de bandido.
Este cerceamento da expressão impede perigosamente a
sociedade de repensar com todas as cartas na mesa suas condutas
atrozes do passado. Por exemplo: no Brasil, a lei nº 7.716 de 5 de
janeiro de 1989, diz em seu texto que é tipificado como crime
“fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos,
emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem
a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do
nazismo”, com pena de 2 a 5 anos e multa, sendo que o juiz
poderá determinar o recolhimento imediato ou a busca e
apreensão dos exemplares do material respectivo; a cessação das
respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou
da publicação por qualquer meio; ou a interdição das respectivas
mensagens ou páginas de informação na rede mundial de
computadores.
Com estas premissas, em fevereiro de 2016, o Ministério
Público do Rio de Janeiro ajuizou medida cautelar contra três
editoras, vetando a comercialização, exposição e divulgação da
obra Mein Kampf120. Ainda que o livro possa ser encontrado em
diversos idiomas em vários sites na Internet, este tipo de
proibição dificulta a exposição das raízes psicológicas, culturais,
sociais e econômicas do Nazismo, amparando seu ressurgimento
mascarado sob outras denominações.
Atacadas as liberdades de pensamento e expressão, o que
mais estaria ao alcance das garras do politicamente correto? Ora,
a Ação!
Quando o politicamente correto deixou de ser sabedoria e
virou uma arma, era quase certo que nossa liberdade de agir
entraria em seu radar. Vestido com as roupas do
Consequencialismo Utilitário, o politicamente saiu em busca de
cobrar de cada um de nós o preço de nosso autopertencimento.
Por exemplo: no último feriado, você gastou um dinheiro
para fazer um passeio com sua família. Aquele dinheiro não
poderia ter sido empregado para alimentar crianças famintas?
Certamente que sim! Então os custos do passeio foram um
investimento imoral dos seus recursos e, por conseguinte, uma
ação Politicamente Incorreta? Do ponto de vista dos seguidores
da seita, sim.
Assim como qualquer homem que olhe acidentalmente para
uma mulher na rua sugerindo qualquer tipo de atração sexual
está sendo politicamente incorreto.
E qualquer pessoa que coma qualquer tipo de alimento que
envolva qualquer tipo de crueldade com animais está sendo
politicamente incorreto.
E qualquer cidadão que consuma produtos cuja embalagem
possa provocar algum tipo de degradação ambiental está sendo
politicamente incorreta.
E, pelo mesmo motivo, qualquer indivíduo que utilize meios
de transporte que queimem combustíveis fósseis também está
sendo politicamente incorreto.
Por mais correto que seja o politicamente correto, é
humanamente impossível calcular todas as consequências de
cada um de nossos atos ao mesmo tempo em que nos
preocupamos com cada uma das minorias e as minorias dentro
dessas minorias. A inviabilidade matemática desta regressão
infinita desconstrói a possibilidade Utilitária da ideologia
politicamente correta. Ainda assim, em um arroubo de
otimismo, ela insiste em considerar sua lógica auto-evidente.
O fato nu e cru consiste em que o politicamente correto é
intolerância camuflada de tolerância – acrescida de indignações
seletivas.
É irracionalidade mal disfarçada de sensatez.
É uma condenação antecipatória baseada na suposição de
que palavras equivalem a atos.
É uma substituição coercitiva de preconceitos ancestrais com
outros mais novos, adicionando obstáculos à inteligibilidade do
mundo.
É, como disse André Comnte-Sponville, “a tirania dos
pseudo-bons sentimentos – e é quase sempre em nome do “bem”
que se autoriza o pior”41.
É a inauguração da Ditadura da Imbecilidade Majoritária
prevista há décadas por Nelson Rodrigues.
É, enfim, o universo das pessoas que permutaram a
transigência prudente pelo ativismo colérico.
A calculada bondade semântica do politicamente correto
oculta um silogismo binário onde não existe perdão: existem
apenas eles e os obscenos fascistas que discordam de sua conduta
irrepreensível. E graças a esta capa humanitária por sobre o
recheio autoritário, o politicamente correto pode impetrar
impunemente atos de violência e discriminação contra certos
grupos sociais aos modos da Santa Inquisição. E quem não
gostaria de desfrutar de uma regalia assim? Quem não gostaria
de combater todos os privilégios ao mesmo tempo em que litiga
por regalias especiais voltadas para a satisfação de suas
preferências particulares?
Em um mundo ainda deslumbrado com as falsas promessas
Socialistas-Comunistas, onde a melhor defesa deixou de ser o
ataque e passou a ser a vitimização, não admira que o rebanho
politicamente correto venha crescendo a olhos vistos.
Infelizmente, no encontro da Razão com o politicamente correto,
não sobram muitas saídas. Ou buscamos a Verdade substantiva,
ou buscamos o politicamente correto: a Verdade baseia-se em
objetividade e esta, frequentemente, é incompatível com vários
dogmas caros aos justiceiros sociais.
Para quem tem grande apreço ao bom-senso e à congruência,
ser politicamente correto não consiste em ser gentil com todo
mundo, mas compreender a dignidade implícita ao Paradoxo de
Popper: silenciar sobre situações danosas, injustas, desonestas ou
perigosas é imoral. Impedir que outros tenham seus próprios
pensamentos é imoral. Considerar a mera exposição dos fatos um
insulto pessoal é imoral. Atirar no mensageiro porque você não
gosta da mensagem ou é incapaz de refutá-la é imoral.
Se o politicamente correto praticasse alguma honestidade
ética, livrar-se do risco destas imoralidades deveria ser sua única
grande meta. Mas, contabilizando-se as evidências acumuladas
até aqui, isto não passa de uma vã expectativa: celebrado como
uma chance para a tolerância, a coexistência e a sabedoria, o
politicamente correto se tornou o refúgio derradeiro para toda a
canalhice da Esquerda.

9. O MITO DA IGUALDADE

Desde o Estoicismo de Zenão de Cítio e ao longo de todo o


Novo Testamento, a bandeira da Igualdade sempre foi atraente
para as sociedades humanas.
Em épocas de forças naturais imponderáveis, alimentos
escassos, batalhas sangrentas, epidemias letais e líderes
despóticos, discursar a favor da igualdade significava tentar
garantir que parte dos recursos disponíveis seria utilizada no
amparo dos mais desfavorecidos em caso de necessidade.
Parece-me óbvio que muitas das vozes que se ergueram neste
sentido o fizeram menos por influência da Empatia que por
preocupação com a eventualidade de flagrar-se constituinte
daquela parcela de desfavorecidos. Ainda assim, apesar dos
altruísmos fingidos, a causa era nobre e progrediu.
No Iluminismo, a concepção de igualdade oferecida pelos
Direitos Naturais permitiu, entre outras coisas, tornar a
escravidão ilegal em boa parte do mundo, e dar às mulheres o
acesso ao voto e ao mercado de trabalho. As contribuições
sequenciais de Hobbes, Locke e Kant foram valiosas, mas coube a
Rousseau o posto de Cavaleiro da Armadura Reluzente do
Igualitarismo.
Para Rousseau, igualdade e liberdade caminhavam tão
próximas que não poderia haver uma onde não houvesse a
outra31. No entanto, Rousseau parece ter se furtado de deduzir
que a “liberdade plena” deveria incluir também a liberdade para
sermos desiguais. Caso a escolha seja pela igualdade plena, será
preciso amputar a liberdade que conduz às dessemelhanças. E
isto demonstra a infantilidade da proposta de igualdade e
liberdade: liberdade e igualdade são aptidões formidáveis, mas
quando absolutas excluem-se de modo recíproco.
Infelizmente, a Pós-Modernidade deu grande crédito ao
romantismo de Rousseau e idolatrou a igualdade como um
bezerro de ouro: toda criança tornou-se especial; todo mundo
pode vencer; qualquer um pode ser um gênio; e todos os bens,
recursos e riquezas produzidos pela comunidade devem ser
identicamente distribuídos entre seus cidadãos análogos.
Geração após geração, grandes líderes prestigiosos subiram
ao parlatório para anunciar com grande orgulho: “Todas as
pessoas são iguais!”, quando não são, nunca foram e tampouco
serão. Nascemos com e desenvolvemos talentos, tolerâncias,
inteligências, alturas, pesos, gostos, experiências, bagagens e
histórias ímpares. Diferimos em propósitos completos e em
expectativas segmentárias.
Ademais, as pessoas não deveriam ser iguais, ainda que
pudessem, pois nenhum dogma jamais será capaz de eliminar o
fardo que pesa sobre cada espécie deste planeta no formato da
grande nuvem ameaçadora da Seleção Natural. E seus trovões
avisam: quanto menor a diversificação, maior o risco de extinção.
Uma humanidade igual seria uma humanidade tolamente frágil.
A esta constatação, ainda pergunto: e todas as pessoas
deveriam ser iguais a quê? Iguais em quê?
Em parâmetros antropométricos, status socioeconômico,
nível educacional, cultura, longevidade, partido político, credo
religioso, recursos naturais, urbanização, tecnologia, paixão por
animais, preferências alimentares, orientação sexual?
Que tipo de igualdade deveria ser oferecido a quem, por
quem, por que, como, quando e por quanto tempo?
Uma vez cientes das limitações naturais, biológicas e Morais
do igualitarismo, aceitamos limitar a defesa da igualdade à Lei:
“Que todos sejam iguais ante a Lei!” passou a ser nosso brado
mais civilizado, renovando a esperança de igualdade neste
mundo.
Todavia, em essência, podemos quando muito tentar reduzir
a desigualdade das circunstâncias, mas estaremos sempre
esbarrando nas limitações do indivíduo – que muitas vezes não
dependem das leis ou do acaso, mas da Vontade.
Foi exatamente neste ponto que o Esquerdismo pegou um
desvio na estrada e transformou o discurso igualitário em uma
porta de prostíbulo: tentando recuperar a clientela, os
Progressistas fundiram o lockeano iluminista “Que todos sejam
iguais ante a Lei!” com o paternalismo marxista “De cada um
segundo sua capacidade, a cada um segundo sua necessidade”, e
criaram uma irresistível campanha de marketing com o lema
“Que todos vocês sejam iguais ante a Lei desde que a Lei lhes
garanta a satisfação de suas necessidades segundo suas
vontades”.
Seguido à risca, o preceito igualitário proposto pela Esquerda
conduz à fadiga das capacidades – que são finitas, pois uma
pessoa não é capaz de produzir quando está profundamente
cansada, doente ou dormindo – e à insatisfação perene das
necessidades – que são infinitas, pois as pessoas nunca souberam
discernir seus desejos de seus direitos e ambos de suas
necessidades.
O mais ponderado teria sido postular: “que cada um trabalhe
conforme sua vontade e calibre suas necessidades segundo o
potencial de suas capacidades”. Mas os legatários de Marx nunca
foram fãs muito ardorosos do trabalho duro ou da circunspecção,
e o Progressismo (a New Left) saiu pelas ruas reunindo em torno
de sua plataforma igualitarista os personagens habituais:
desempregados, pobres, mulheres, LGBTs, índios e negros (ou
pretos, você decide). Para mostrar o quanto seu igualitarismo era
inovador e inclusivo, batizaram-no de Equidade. (Sim, a
novilíngua Coletivista ama apresentar conteúdos práticos
idênticos embalados em palavras apenas superficialmente
diferentes).
Os discursos veementes em prol da Igualdade (ou
“equidade”, não importa, pois na prática dá no mesmo) são
teatros de hipocrisias congênitas, e foram adotados pela
Esquerda de maneira similar aos discursos de Liberdade e
Meritocracia que jazem do lado Direito do espectro político-
ideológico.
A Igualdade Progressista ideal, como a Liberdade e a
Meritocracia Conservadora ideal, é uma fábula, uma quimera.
Porém, ao contrário dos dois últimos, a Igualdade proposta pela
Esquerda não é uma luta por mais responsabilidades ou mais
autopertencimento, mas uma contenda por mais transferência de
responsabilidades e mais legitimação do auto-vitimismo.
A lógica é simples: quanto maior o rebanho dos
desafortunados, maior será o sentimento de impotência ante as
forças da “hierarquia natural” e o desejo por uma potência
magnânima que se eleve dizendo: “vocês, pobres sofrentes, vocês
merecem ser iguais aos poderosos, à elite, aos opressores! Unam-
se a nós e lutemos pela Igualdade!”.
Exatamente por isso a agenda Esquerdista jamais considerou
a Equidade ou qualquer Igualdade como meta: sem as manadas
reunidas em suplício, que valor teria a cenoura do auto-
vitimismo para guiá-las? Assim, os eles dizem lutar pela
Igualdade quando, na verdade, defendem privilégios para as
parcelas “oprimidas” da sociedade, apelando para a emoção de
seu sofrimento ao mesmo tempo em que são diretamente
responsáveis pelas mazelas que lhes afligem.
Cientes das tragédias do Socialismo-Comunismo do século
XX, os Esquerdistas do século XXI aprenderam a deixar seu
passado oculto enquanto oferecem um ombro amigo para
consolar os penalizados pelas novas tragédias que eles mesmos
seguem espalhando.
Para melhor escrutinar de que maneira estes comícios de
dissonância cognitiva se apresentam, tomemos como “caso
clínico” os números e narrativas do Império do Socialismo
Fabiano-Lulopetista no Brasil no período de 1994 a 2018:
De acordo com dados do IBGE, em 1989, no final do governo
Sarney, a taxa de desemprego equivalia a 4,6% da População
Economicamente Ativa (PEA)122.
Em 1991, no meio do governo Collor, a taxa atingiu 7,2% e
não parou mais de subir, alcançando 12,2% da PEA no final do
governo do socialista fabiano Fernando Henrique Cardoso, em
2002.
Todavia, com o início do governo Lula em 2003, as taxas de
desemprego diminuíram como se tivéssemos sido brindados com
uma explosão de desenvolvimento econômico: em 2004, estavam
em 9,8%; passando para 7,9% em 2007, e então para apenas
6,8% em 2010.
A massa de desempregados teria diminuído como fruto das
lutas igualitárias do socialismo lulopetista?
Não exatamente...
O fato é que, entre 1983 e 2002, o IBGE utilizava uma
determinada metodologia para calcular as taxas de desemprego.
Com a ascensão de Lula, o aparelhamento ideológico dos cargos
técnicos no governo seguiu os moldes daquele ocorrido na
Alemanha nazista. Isto permitiu que fossem feitas alterações em
algumas variáveis estratégicas do cálculo das taxas de
desemprego:
Até 2002, um cidadão que desempenhasse 15 horas ou mais
de atividade não remunerada por semana era considerado
empregado segundo os padrões do IBGE.
A partir de 2002, a linha de corte foi diminuída para apenas 1
hora ou mais de atividade não remunerada.
Ou seja: segundo os novos parâmetros lulopetistas, um
indivíduo que investisse cerca de 8 minutos por dia cortando
grama ou lavando carros para receber como “remuneração” uma
cesta básica ou duas doses de aguardente seria agora considerado
empregado.
Não apenas isso: de acordo com as novas orientações, para o
IBGE, um cidadão desempregado que estivesse a procura de
emprego há 6 meses deixou de ser classificado como
"desempregado" e passou a ser categorizado com “desalentado”,
não mais participando do cálculo da população desempregada.
E mais: pessoas que não estivessem trabalhando na semana
da pesquisa, mas que tivessem trabalhado em algum momento
dos 358 dias anteriores e que estivessem dispostas a trabalhar,
também passaram a ser excluídas do cálculo.
E foi assim, por meio de alterações metodológicas maliciosas,
que o lulopetismo conseguiu apresentar a falácia igualitária do
“emprego para todos" sem gerar emprego.
A manipulação de dados, a construção de narrativas
fantasiosas e a varredura das vítimas reais para debaixo do tapete
não surpreendem: foi exatamente assim que a homogeneização
do Grande Expurgo Socialista-Comunista de Stálin, que corrigiria
as falhas sociais na Rússia, deixou uma trilha com centenas de
milhares de cadáveres; e o Grande Salto para Frente de Mao, que
tornaria a China uma potência, deixou outro rastro com mais de
50 milhões de mortos. Pois é dessa maneira que o Coletivismo
opera todas as vezes e em todas as frentes: apontando para um
lado e correndo para o outro. Dizendo uma coisa, e fazendo a
oposta.
Se você realmente desejar uma projeção sobre o desemprego
em massa causado pelo lulopetismo, considere que em 1998
éramos 170 milhões de brasileiros e 6,6 milhões de
desempregados.
Em 2018, mais de vinte anos após o início do Império do
Socialismo Fabiano-Lulopetista no Brasil, éramos 208 milhões de
brasileiros e 14,2 milhões de desempregados.
Ou seja: no mesmo período em que a população brasileira
aumentou 22%, o número de desempregados aumentou 115%!
Ainda que a população sentisse na pele a dificuldade de
arrumar um serviço e pagar suas contas sem a muleta dos
auxílios governamentais ou do aumento a taxa de endividamento
pessoal, ao longo dos anos do Império diversos meios de
comunicação de grande alcance noticiavam repetidamente
“quedas“ nas taxas de desemprego123-128.
O gramscismo midiático é mesmo uma beleza.
Com relação à pobreza, o método empregado foi similar:
segundo o Banco Mundial, para definir se uma pessoa é pobre,
considera-se uma renda familiar igual ou inferior a US$ 5,5 por
dia (ou cerca de R$ 390 por mês).
Dentro deste conceito, em 1998, 54 milhões de brasileiros
viviam na linha de pobreza – o equivalente a 33% da
população122.
Em 2017, este número baixou para 50 milhões – ou 25% da
população129.
Teria a diminuição da pobreza sido fruto das boas práticas
igualitárias do socialismo lulopetista?
Infelizmente, a redução dos brasileiros vivendo em extrema
pobreza (de 33% para 25%) não se deveu exatamente ao sucesso
da luta igualitária da Esquerda, mas ao decreto Nº 6.917, de 30
de julho de 2009, que determinou padrões inferiores que aqueles
do Banco Mundial para definir pessoas na linha de pobreza: o
governo descartou a renda de R$ 390 por mês como linha de
corte para pobreza, estabelecendo-a em RS$ 70 por mês130.
Ou seja: apenas pessoas ganhando US$1,25 por dia ou menos
passaram a ser consideradas “pobres”.
E foi assim que o Igualitarismo Esquerdista combateu parte
da pobreza no Brasil: não com trabalho, mas com malabarismos
estatísticos.
Entre 1994 e 2018, diversos programas assistenciais de
transferência de renda foram criados e ampliados pelo Governo
Federal sob o discurso de combate à fome, à pobreza e às
desigualdades sociais. O Programa Bolsa Família (PBF), criado
em 2003, tornou-se o mais emblemático deles.
Em 2011, quando tínhamos uma população de 192 milhões de
brasileiros, o PBF recebeu do governo federal a módica quantia
de R$ 17,2 bilhões149.
Em 2017, quando éramos 209 milhões de brasileiros, o PBF
fechou o ano com um repasse total de R$ 29 bilhões149.
Ou seja: entre 2011 e 2017, enquanto a população aumentou
8%, os repasses do Bolsa Família cresceram 68%, chegando ao
um ponto em que, em 2018, 46,6 milhões de brasileiros – ou 1 de
cada 5 cidadãos – recebiam todos os meses repasses em dinheiro
do Programa.
Teria esta luta pela “igualdade de rendimentos” conduzida
pela Esquerda – e bancada com o suor dos pagadores de
impostos – diminuído a desigualdade social e a concentração de
renda?
Em 1994, os 10% mais ricos do Brasil concentravam 44,9%
da renda151.
Em 2017, eles concentravam 43,4%152.
Na prática e na realidade, a despeito das linhas de crédito
pessoal facilitado, a despeito das dezenas de bilhões de reais
repassados anualmente para dezenas de milhões de pessoas por
meio de programas de transferência de renda, a despeito de todas
as políticas demagogas do Império do Socialismo Fabiano-
Lulopetista do Brasil, o padrão de distribuição de renda
permaneceu basicamente o mesmo.
Como os números mostram, após vinte e cinco anos de
bordões cativantes e palavras de efeito, o Esquerdismo brasileiro
apresentou os seguintes resultados reais: os pobres continuaram
pobres e os ricos continuaram ricos. Mas o discurso oficial
insistiu em afirmar o contrário disso, e continuou a convocar os
fracos e oprimidos para que apoiassem o Império na luta
“igualitária” contra a pobreza e a miséria mantidas pelo Império.
O discurso de Igualitarismo da Esquerda não é apenas
epidérmico ou diversivo: ele é estelionatário e criminoso.
Os Esquerdistas frequentemente apelam ao Mito da
Igualdade quando divulgam suas campanhas em defesa das
massas “oprimidas”. Afinal, boa parte destas minorias se sente
violada no acesso ao bem mais básico de todos: a própria vida.
Mas será que o Progressismo brasileiro de fato trabalhou para
preservação da vida de seus seguidores?
Durante a vigência do lulopetismo, as taxas gerais de
homicídio – expressas em número de mortes para cada grupo de
100 mil habitantes por ano – saíram de 21,2 em 1998 para 30,3
em 2018 – um aumento de 42%131.
Como mencionado anteriormente, neste mesmo período a
população do país aumentou apenas 22%, significando que as
taxas de violência cresceram duas vezes acima do crescimento
populacional.
Isso lhe parece um indicador de sucesso das políticas de
proteção igualitária da vida?
Segundo dados do Observatório da Mulher Contra a
Violência, o índice de mulheres assassinadas entre 1998 e 2018
não diminuiu, mas aumentou de 4,0 para 5,1132. Transcrito em
outros números, o lulopetismo produziu uma realidade onde uma
mulher é assassinada no Brasil a cada duas horas.
Ainda que as mulheres não sejam exatamente uma minoria –
elas representam 52% da população e do eleitorado brasileiro –, o
aumento de 27,5% na incidência de assassinatos no universo
feminino sugere que elas não se beneficiaram muito das
“políticas igualitárias” do Império do Socialismo Fabiano-
Lulopetista. Todavia, aqui vale um parêntese:
Ainda que os ativistas politicamente corretos denunciem uma
fantasiosa epidemia de feminicídio no Brasil, o fato é que mais de
92% das vítimas de homicídio em nosso país são homens141. Para
cada mulher assassinada, 12 homens são igualmente chacinados,
e este silencioso massacre masculino não ocorre apenas nas ruas,
mas também nos lares.
No estudo Mapa da Violência, o sociólogo Julio Jacobo
Waiselfisz informou que os homicídios ocorridos na residência ou
habitação correspondem a 14,3% de todos os homens vítimas de
homicídios e a 41,0% de todas as mulheres vítimas de
homicídios145.
Quando contrapomos os dados de Waiselfisz ao Atlas da
Violência elaborado pelo IPEA, temos que os homicídios
ocorridos na residência ou habitação ceifam a vida de
aproximadamente 8.260 homens e 1.904 mulheres a cada ano.
Há de se lembrar que, apesar de os homens representarem
um total de óbitos por violência doméstica 400% superior ao das
mulheres, eles correspondem a menos da metade da população
brasileira: os homens, a minoria numérica populacional,
respondem pela esmagadora maioria numérica de mortes.
Além das mulheres e dos pobres, os indígenas são outro
personagem querido pela Esquerda brasileira.
Pergunto-lhe: será que a luta pela “igualdade de direitos”
levada a cabo por mais de duas décadas de Esquerda no Brasil foi
eficaz em proteger os indígenas?
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, durante
os dois governos de FHC (1995-2002), foram mortos 167 índios –
uma média de 20,8 mortes por ano.
Durante a hegemonia lulopetista (2003-2018), foram mortos
1.116 índios – uma média de 74,4 mortes por ano133.
O aumento de mais de 350% na incidência de assassinatos de
indígenas sugere – mais uma vez – que esta população não se
beneficiou muito das “políticas igualitárias” do ativismo
Progressista brasileiro...
E quanto aos gays, lésbicas e afins? Os quase vinte e cinco
anos de Igualitarismo Progressista no Brasil teriam sido positivos
para a segurança destas minorias?
Não existem dados confiáveis sobre o tamanho da população
LGBT no Brasil, porém sabemos que nos EUA e no Canadá cerca
de 3% da população é não-heteronormativa; na Alemanha, cerca
de 6%; e na Nova Zelândia e na liberal e igualitária Suécia, cerca
de 2%134-137. Transportando estes números para o Brasil, teríamos
algo como 3,2% da população brasileira com orientação sexual
não-heteronormativa. Em outras palavras: nossa população
LGTB totalizaria aproximadamente 6 milhões de pessoas – ou
dois Uruguais.
Segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), entre 1980 e
2000, esta imensa população sofreu com uma média anual de 91
homicídios motivados por homofobia138.
Durante a hegemonia lulopetista, este número subiu até
atingir 445 homicídios em 2017153.
O aumento de quase 500% na incidência de assassinatos
sugere que a população LGBT não se beneficiou muito das
“políticas igualitárias” implantadas pela Esquerda brasileira, mas
ainda assim, mesmo tendo estado no controle quase absoluto do
país por um quarto de século e tendo permitido que a escalada da
violência chegasse ao ponto de mais de um assassinato por
homofobia a cada 24 horas, mesmo sendo diretamente
responsável pela produção desta carnificina, ainda assim o
Império do Socialismo Fabiano-Lulopetista conseguiu vender-se
como defensor da valorização da vida de milhões de LGBTs.
E quanto aos afrodescendentes, arrolados aos montes como
“minorias” apoiadoras e apoiadas pelo socialismo lulopetista?
Tal e qual as mulheres, os afrodescendentes não são
exatamente uma minoria: segundo o IBGE, pretos e pardos
totalizam 112,7 milhões de indivíduos139.
A despeito de serem 54% da população brasileira, eles
equivalem a uma parcela desproporcionalmente alta das vítimas
de homicídios: segundo o IPEA, brancos sofrem com 13
homicídios / 100 mil habitantes por ano, ao passo que negros e
pardos sofrem com 37 homicídios / 100 mil habitantes por
ano140.
Vinte e cinco anos de igualitarismos Progressistas não
ajudaram muito estes números, mas qual providência teria sido
efetivamente tomada pela Esquerda frente ao morticínio da
população preta e parda?
Ora, a providência consistiu em debitar a hecatombe na conta
do “patriarcado opressor machista branco racista”.
Sim, matamos mais pretos e pardos, especialmente aqueles
jovens, pobres e com ensino fundamental incompleto. Apesar
deste dado inicialmente parecer um extermínio cruel e
sistemático de uma parcela desfavorecida da população,
validando as bandeiras identitárias da Esquerda, ele muda de
figura quando analisado mais de perto. Vejamos:
Em primeiro lugar, nós matamos mais pessoas no geral.
De acordo com o Institute for Economics & Peace, em um
ranking de 163 países classificados de acordo com o Índice de Paz
Interna, o Brasil está na 106ª posição, atrás de nações como
Ruanda, Bolívia, Burkina Faso, Paraguai, Gâmbia, Argentina,
Tanzânia, Uruguai e Botsuana147.
Em 2017, alcançamos a marca de 63.880 assassinatos ao ano
– ou 175 mortes violentas intencionais por dia, ou mais ou menos
1 homicídio a cada 1 minuto e meio146. Para efeito de comparação,
a Guerra do Golfo vitimou cerca de 50 mil pessoas entre 1990 e
1991, e a Guerra na Síria trucidou cerca de 500 mil sírios desde
seu início em março de 2011 até o momento (uma média de 62
mil mortes por ano)142,143.
A despeito de nossa baixíssima taxa de elucidação de
assassinatos – inferior a 20%, contra 66% de elucidação nos
EUA, 70% no Reino Unido e 75% no Canadá144 –, até onde vão os
dados coletados pelo Departamento Penitenciário Nacional
(DEPEN) sabemos que, dos 726 mil presidiários existentes no
sistema prisional brasileiro, 96% daqueles detidos por algum tipo
de homicídio são homens; 74% possuem entre 18 e 34 anos de
idade; 61% não apresentam o ensino fundamental completo; e
64% são pretos ou pardos148.
A maioria da população assassinada é morta por uma maioria
de assassinos que tem exatamente o mesmo perfil de suas
vítimas: jovens, pretos, pardos, pobres e com baixa escolaridade.
Enquanto pretos e pardos correspondem a 71% das vítimas
de homicídio, de cada 10 pretos e pardos assassinados, cerca de 6
foram mortos por outros pretos e pardos, e apenas 4 foram
mortos por brancos – e, de acordo com os dados do DEPEN, a
mesma proporção pode ser aplicada aos brancos vítimas de
assassinato.
Nada obstante todas estas evidências, os ideólogos de
Esquerda alardeiam que, graças aos seus esforços, a política
pública deixou de defender as prioridades das elites acima do
restante do povo e adotou uma mentalidade de justiça social que
garantiu igualdades extraordinárias para todos os cidadãos. Este
discurso é de uma falsidade inenarrável.
Se as estatísticas apontavam aumento do desemprego e da
miséria, eles discursavam sobre como haviam conseguido
diminuir ambos.
Se as estatísticas apontavam aumento do número de mortes
de mulheres, gays, pretos e pardos, eles culpavam governos
anteriores – mesmo estando eles mesmos na hegemonia do
Estado há vinte e cinco anos.
E para dirimir qualquer dúvida quanto às suas “nobres”
intenções, os Progressistas praticaram “políticas igualitárias”
simplesmente nomeando novos grupos de privilegiados e
chamando estas concessões de “isonomia” ou “equidade”.
Por exemplo: em 1999, o Decreto Presidencial 3.298 dispôs
sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência, regulamentando um “conjunto de orientações
normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos
direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de
deficiência”2. Entre estas orientações, constava a “oferta,
obrigatória e gratuita, da educação especial em
estabelecimentos públicos de ensino”. Por especial entenda-se
flexível, individualizada e multiprofissional, com adaptação de
provas e todos os apoios necessários.
Mas isto não configuraria um conjunto de prioridades
oferecidas para alguns privilegiados acima do restante do povo?
No mesmo decreto, lê-se que “a empresa com cem ou mais
empregados está obrigada a preencher de dois a cinco por cento
de seus cargos com beneficiários da Previdência Social
reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência habilitada”.
Novamente: este tipo de reserva de mercado não representa
um conjunto de prioridades oferecidas para alguns privilegiados
acima do restante do povo?
De acordo com outro Decreto Presidencial (5.296/2004), os
órgãos da administração pública direta, indireta e fundacional, as
empresas prestadoras de serviços públicos e as instituições
financeiras devem dispensar atendimento prioritário às pessoas
portadoras de deficiência, sendo que “deficiência” pode ser
entendida como a associação entre limitações de habilidades
sociais e habilidades acadêmicas, por exemplo3.
Mais uma vez, isto representa Igualdade ou um conjunto de
prioridades oferecido para alguns privilegiados acima do restante
do povo?
A Lei 12.288/2010 instituiu o Estatuto da Igualdade Racial,
“destinado a garantir à população negra a efetivação da
igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos
individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às
demais formas de intolerância étnica”4.
Apesar de o IBGE dividir os brasileiros em brancos, pardos,
negros, indígenas e amarelos, o Estatuto da Igualdade Racial
apresenta a palavra “negro” 9 vezes ao longo do texto. As palavras
branco, pardo, indígena e amarelo não constam sequer uma
única vez4.
Aparentemente, para o Estatuto da Igualdade Racial, existe
apenas a raça negra no Brasil.
Isso seria uma demonstração de Igualdade ou espelharia um
conjunto de prioridades oferecido para alguns privilegiados
acima do restante do povo?
A Lei nº 12.711/2012, ao dispor sobre o ingresso nas
Universidades Públicas Federais, estabeleceu em seu Artigo 1º:
“as instituições federais de educação superior vinculadas ao
Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo
para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no
mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para
estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio
em escolas públicas”5.
Existem cerca de 8 milhões de alunos matriculados no
ensino médio e apenas 12% deles estão em escolas particulares
– representando, portanto, uma minoria matematicamente
comprovada6.
Ao bloquear explicitamente o acesso de 12% dos estudantes
a 50% das vagas oferecidas em seu sistema de ensino superior,
o governo Progressista está enfatizando a Igualdade entre os
alunos ou sinalizando com um conjunto de prioridades para
alguns privilegiados acima de uma minoria oprimida?
Finalmente, a Lei 12.990/2014 “reserva aos negros 20%
(vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos
para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no
âmbito da administração pública federal, das autarquias, das
fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de
economia mista controladas pela União”7. Na prática, a lei
aplica-se a todos que autodeclararem-se negros ou pardos no ato
da inscrição.
Como mencionado anteriormente, os brasileiros que se
identificam como negros ou pardos não formam necessariamente
uma minoria (eles correspondem a 54% da população)8.
A reserva de 20% de vagas para uma fatia de cidadãos é
emblemática de uma luta por Igualdade ou remete a um conjunto
de prioridades oferecido para alguns privilegiados acima do
restante do povo?
Por ironia, dentro do Relativismo Moral sagrado que impera
nas ideologias de Esquerda, basta que alguém se considere negro
ou pardo para ser contabilizado como tal. O que impediria então
de todos os cidadãos autodeclararem-se negros ou pardos para
usufruir dos benefícios da Lei 12.990?
Para tentar reverter os abusos que ameaçavam alcançar
escalas epidêmicas, o governo brasileiro respondeu a este perigo
restringindo os critérios para a autodeclaração: para que o
registro de inscrição se transformasse em direito de concorrer às
vagas reservadas, seria preciso a confirmação da raça do
candidato por heteroidentificação: ele seria examinado e sua
autodeclaração, validada por comissão criada especificamente
para este fim9.
Em outras palavras: o Estado lulopetista Socialista,
Progressista, inclusivo, anti-opressor e igualitarista decidiu que,
para todos os efeitos oficiais, a raça de seus cidadãos só pode ser
determinada através do exame de cada cidadão individual por
uma junta administrativa nomeada pelo Estado.
Em 2018, muitos projetos de leis com teores similares a estes
estão em andamento, tratando de reservas de vagas para o
ingresso de mulheres em concursos militares, da criminalização
da homofobia, do uso de banheiro de acordo com a identidade de
gênero e da alteração do nome e da identidade sexual. E tudo isto
bem debaixo do Artigo 5º de nossa Constituição Federal que diz,
textualmente: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Assim como na Revolução dos Bichos de George Orwell,
todos são iguais no igualitarismo Esquerdista – porém alguns
mais iguais que os outros.
Por tudo isto, quando vejo Progressistas marchando com
cartazes que dizem “Pelo fim das desigualdades!”, fico tentado a
lhes perguntar: se formássemos uma grande comunidade de
indivíduos equitativamente famintos e sem acesso à educação, à
segurança, ao trabalho ou à saúde, se configurássemos uma
humanidade composta tal-qualmente por indigentes, canalhas,
perversos e malignos, isso tornaria o mundo melhor?
Infelizmente, ao longo dos anos, os poucos Progressistas que
em um surto de lucidez deixaram seus cartazes de lado e
assumiram que sua batalha não era contra as “desigualdades”,
mas contra a miséria, ainda não entenderam que sua luta deveria
ser travada estimulando-se a produção de riquezas, não as
redistribuindo, pois a redistribuição de riquezas configura uma
perda de tempo enquanto não funciona, e uma catástrofe
humana caso tenha êxito:
No momento em que admitimos a redistribuição da riqueza
como uma ferramenta legítima para combater a miséria, devemos
encarar o problema de definir o que é “riqueza”.
O dinheiro guardado em reservas, os bens ajuntados ao longo
de uma vida de trabalho honesto, o investimento na própria
formação profissional, o contentamento com o relacionamento
conjugal, o júbilo pela saúde dos filhos, a satisfação sexual, a
percepção de felicidade, estes seriam levados em conta no
momento de determinar a riqueza de alguém?
E como redistribuir força de vontade, habilidade, talento,
resiliência, atitude positiva e capacidade de determinar e
perseguir objetivos?
Se definirmos riqueza como sendo única e exclusivamente
dinheiro ou capital, para que esta riqueza seja redistribuída
alguém terá que produzi-la e acumulá-la primeiro – uma tarefa
essencialmente Capitalista, como percebido e admitido por Marx.
Na sequência, a missão de distribuir a riqueza produzida e
acumulada costuma ser assumida justamente por revanchistas
frustrados que vilanizam os empreendedores que a geraram – um
dos paradoxos mais sórdidos do Socialismo-Comunismo.
Finalmente, supondo que a política redistributiva por algum
milagre venha a funcionar, produzindo uma sociedade
Igualitária, como evitaríamos o retorno da desigualdade?
Para afastar este risco, a Moralidade "igualitária" teria de
realizar uma miríade de intervenções socioeconômicas e
culturais, criando impostos abusivos, limitando o livre comércio e
o livre trânsito de pessoas, relativizando a propriedade privada,
censurando expressões, punindo o talento, calando gênios,
sabotando a escolarização e até mesmo debochando da
autodisciplina.
Estas medidas preservadoras do equilíbrio tornariam a
sociedade igualitária mais virtuosa, próspera e feliz?
Dentro de um padrão de normalidade, quando o óvulo da sua
mãe foi fecundado pelo espermatozoide de seu pai, aquela célula
inicial que era você recebeu 23 cromossomos da sua mãe e 23 do
seu pai. Este set up genômico inicial continha cerca de 3 bilhões
de letras – ou mais ou menos 1,5 terabites de informação.
Se preferir pensar de um modo mais visual, tente enxergar o
seguinte: o núcleo daquela primeira e única célula que formaria
você continha informação suficiente para escrever 2000 livros de
500 páginas. Dentro desta montanha de informações, você foi
brindado com 60 “frases” (mutações genéticas) que podem ser
consideradas inéditas em nossa espécie. Cada um de nós carrega
esta herança.
Considerando a população mundial atual de 8 bilhões de
humanos, podemos dizer que existem neste exato momento um
universo de 420 bilhões de variações genéticas que não existiam
em gerações passadas195,196.
O mito do igualitarismo acredita com todas as forças que
suas distorções da Moralidade e suas manobras de engenharia
social conseguirão um dia transformar todas estas pessoas e
todas estas variações genéticas e todos estes bilhões de trilhões
de células que compõem a humanidade em uma “uniforme massa
de equidade e harmonia”.
Seria cômico se as recorrentes tentativas em instalar esta
utopia não tivessem produzido as calamidades humanitárias que
produziram. A desigualdade humana é uma prisão da qual não
podemos fugir: se cada indivíduo é único, o igualitarismo é
impossível.
Assim, afora a defesa da igualdade ante nossas leis
imperfeitas, qualquer discurso adicional em prol da igualdade
não tem outra utilidade senão hostilizar o mérito e manter o
inculto em sua ignorância, o oprimido em sua fraqueza e o pobre
em sua mendicidade.
A falácia multifacetada da Igualdade mostra como a
insensatez e a incongruência são traços recorrentes no modus
operandi da Esquerda, e o quanto os raciocínios Coletivistas
descartam completamente as regras, as leis e as normas
estabelecidas; jogam qualquer vestígio de lógica e razão no lixo, e
enveredam por um delírio alucinante onde tudo pode fazer
sentido simplesmente porque a emoção diz que tal coisa parece
ser justa, meiga e bacana – mesmo e especialmente quando não
é.
Como o zoólogo e prêmio Nobel de Medicina (1973) Konrad
Lorenz sugeriu, "acreditar no absurdo é um privilégio dos
humanos"154 – ao que eu adicionaria dizendo que ninguém
parece entender mais de todos estes absurdos e privilégios que os
igualitários da Esquerda.

10. O INCRÍVEL MUNDO IMAGINÁRIO DA IDEOLOGIA


DE GÊNERO

Afinados à tendência em criar uma novilíngua para expressar


à sua maneira conceitos que violam a lógica, os Progressistas
inventaram há alguns anos a pauta da Ideologia de Gênero.
Esta inovação afirmava que homens e mulheres não nascem
homens e mulheres: nós nos tornamos homens ou mulheres ao
longo do tempo e podemos, democraticamente, cruzar a linha
entre um e outro “gênero” conforme nosso bel prazer.
Semanticamente, o conceito de Ideologia de Gênero nasceu
de uma distorção do emprego do termo “gênero”. Em biologia, a
taxonomia dos organismos segue a seguinte ordem: Domínio,
Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie. Assim,
Homo sapiens sapiens é o nome científico da Espécie à qual
pertencemos, sendo Eukaryota seu Domínio; Animalia seu
Reino; Chordata seu Filo; Mammalia sua Ordem; Hominidae
sua Família; e Homo seu Gênero.
Não existe um gênero biológico masculino ou feminino, mas
apenas o gênero biológico Homo, que surgiu há cerca de 2,5
milhões de anos como um ramo vindo dos Australopitecos.
Atualmente, todas as espécies deste Gênero estão extintas, com
exceção da nossa.
Eliminando-se este primeiro equívoco, logo percebemos que
os ideólogos de Esquerda parecem ter confundido sexo com
“sexualidade” como quem confunde queimadura com “calor”.
Uma queimadura é um evento binário: ou você se queimou,
ou não se queimou. O grau da queimadura pode variar, mas ou
ela há ou não há. Você não pode ter uma queimadura sem ter se
queimado. Algo não existe inexistindo.
De modo similar, o Sexo ou há ou não há. Como veremos a
seguir, grosso modo, ou nascemos homens ou nascemos
mulheres.
Como uma queimadura, o Sexo é um evento binário, mas sua
natureza pode ter expressões diversas: assim como causas
diferentes podem produzir uma queimadura, um mesmo Sexo
pode causar diferentes sexualidades.
Sexos existem dois.
Sexualidades, várias.
E esta pequena distinção entre genes, biologia e
comportamentos faz toda a diferença na prática.
Já foram descritas 16 configurações para os cromossomos
sexuais humanos. A configuração 46 XX para mulheres e 46 XY
para homens pode ser a forma mais comum, mas não é a única.
Uma de cada 500 pessoas apresentam variações neste código.
Nos homens, as mais comuns envolvem a adição de um X
(por exemplo: síndrome de Klinefelter, onde temos 47, XXY) ou
um Y (síndrome de Jacobs, 47, XYY).
Nas mulheres, as variações mais comuns consistem na adição
(trissomias ou tetrassomias do X) ou na ausência de um
cromossomo X (síndrome de Turner, 45, X).
Independente da configuração, todos os humanos se
desenvolvem de modo similar: nas primeiras semanas de
gestação, fetos masculinos e femininos apresentam gônadas
idênticas. Na ausência do cromossomo Y, o feto tende a
desenvolver útero, trompas e ovários, mas a contribuição
hormonal dos ovários fetais nesse estágio é desprezível e não
influencia na diferenciação da genitália feminina.
Caso o feto possua um cromossomo Y, este gene começará a
agir por volta da 6ª semana de gestação, produzindo mudanças
que resultarão no desenvolvimento de testículos.
Na 9ª semana de gestação, a testosterona produzida pelos
testículos do feto agirá na configuração de seu cérebro e de sua
genitália externa. Os níveis hormonais atingirão um pico por
volta da 16ª semana de gestação, alcançando valores comparáveis
àqueles encontrados em homens adultos saudáveis e
permanecendo assim por mais quatro semanas.
O cromossomo Y acelera o metabolismo celular da glicose e o
crescimento do feto, e por isso bebês masculinos em geral nascem
maiores e mais pesados que bebês femininos.
Entre a 20ª e a 24ª semana, os níveis de testosterona se
estabilizam nos patamares que encontramos em meninos antes
da puberdade, permanecendo assim durante alguns anos após o
nascimento.
A puberdade – ou aquilo que inventamos de chamar de
adolescência – não é um evento ou uma estreia, mas apenas mais
uma fase no desenvolvimento contínuo dos eixos hormonais que
tiveram início ainda na vida fetal.
As atualizações dos “aplicativos hormonais” na adolescência
resultam em aumento da agressividade e comportamentos de
dominância social nos meninos, e alterações de humor nas
meninas. Estes comportamentos não são apenas reflexos de
influências do meio, da família, dos amigos ou construtos
socioculturais: eles derivam de uma interação complexa de
programações genéticas e forças moleculares muito mais antigas
e poderosas que qualquer sociedade humana ou ideologia política
jamais se aproximou de ser.
Em mamíferos que nascem em ninhadas – como
camundongos, ratos, porcos, cães e gatos –, as influências
genéticas e hormonais variam até mesmo de acordo com a
posição que o filhote ocupa dentro do útero: a testosterona
produzida por fetos machos pode masculinizar fêmeas adjacentes
e teoriza-se, por exemplo, que um feto macho que esteja
crescendo entre outros dois fetos machos seja exposto a uma
quantidade maior de testosterona que um feto macho que esteja
crescendo entre dois fetos fêmeas ou no final da fila com apenas
um feto macho ao seu lado. Esta posição condicionaria a
exposição hormonal e explicaria parte dos diferentes
comportamentos que vemos entre os filhotes de uma mesma
ninhada155.
Estudos em camundongos fêmeas mostraram que as
estruturas anatômicas de indivíduos adultos, como a genitália e
as partes sexualmente dimórficas do cérebro, também variam
segundo a proximidade do feto fêmea com fetos machos dentro
do útero155.
Os debates acalorados sobre sexo genético e sexualidade
comportamental têm sacudido nossas convenções sobre o que
consideramos modos caracteristicamente masculinos e
femininos. Infelizmente, alguns Conservadores afirmam que
admitir este debate cria uma instabilidade psicológica perigosa,
disseminando sensualidades que não correspondem à
“normalidade da natureza humana”.
Boa parte destes Conservadores fundamenta suas opiniões
acerca da “normalidade da natureza humana” citando frases
escolhidas a dedo em um livro recheado de incestos, assassinatos,
genocídios, torturas, raivas, ódios, fúrias, invejas, egocentrismos,
preconceitos, narcisismos, misoginias e outras “imoralidades”
fartamente sancionadas pela deidade de plantão.
É uma tristeza que procedam assim, pois a fragilidade de sua
Moralidade teológica apenas fornece mais combustível para que
os Progressistas insistam no assunto como se tivessem alguma
razão em seus argumentos.
Quando você apela para um livro ditado por um vertebrado
gasoso que mora em outra dimensão para validar suas
convicções, realmente não é um grande desafio apresentar
arbítrios que pareçam mais críveis.
O que eu recomendaria para estes Conservadores é: deixem
seus livros sagrados em casa e contentem-se com a Ciência. Ela
tem todos os argumentos que vocês precisam – com a vantagem
de serem verdadeiros, comprováveis e reproduzíveis, tanto por
teístas quanto ateístas ou agnósticos.
Por exemplo: na maioria das sociedades, mais de 95% dos
humanos identificam-se como sendo essencialmente Masculinos
ou Femininos e apresentam uma sexualidade comportamental
alinhada ao sexo biológico.
Apesar de uma parcela daquilo que normatizamos como
sendo Masculino ou Feminino relacionar-se a construtos sociais,
as evidências científicas fornecem munição para atestar o óbvio:
sim, homens e mulheres são diferentes.
Em um cenário fictício, bastaria chamar um alienígena,
posicionar um espécime humano de cada sexo lado a lado – ao
natural e desprovidos de artimanhas cirúrgicas ou recursos
químicos artificiais – e solicitar ao extraterrestre uma avaliação
rápida. Ele certamente diria se tratarem de animais de uma
mesma espécie e gênero, mas com diferenças anatômicas
peculiares.
Se por acaso nosso ET dispusesse de um tomógrafo portátil –
algo que para um ET vindo de uma galáxia distante seria como
ter um par de óculos escuros no bolso... –, ele também relataria
que, além das particularidades externas, existem diferenças
internas evidentes e suficientes para separar o espécime
masculino do espécime feminino:
“Eles são bem parecidos, quase iguais, mas percebo que não
são exatamente a mesma coisa…”, diria o alienígena
politicamente correto.
Não obstante, não precisamos desse tipo de ficção para
concluir o que é evidente. Sim, existem diferenças entre homens e
mulheres e isso não deveria ser surpresa alguma a esta altura de
nossa evolução tecnológica. Não somos amebas ou estrelas do
mar. Não nos reproduzimos por brotamento ou gemiparidade.
Somos descendentes de seres eucariotas pluricelulares que, em
algum momento entre 1 e 1,5 bilhão de anos atrás, descobriram
que a reprodução sexuada era uma excelente maneira de garantir
variabilidade genética e otimizar a capacidade de adaptação às
mudanças no meio.
Sem saber, esses antepassados produziram o Dimorfismo
Sexual que se transformaria em substrato para as discussões que
temos hoje. Como veremos a seguir, este dimorfismo produziu
peculiaridades médicas, anatômicas, fisiológicas, metabólicas e
comportamentais indiscutíveis.
Em uma excelente avaliação das diferenças entre homens e
mulheres em termos de parâmetros epidemiológicos e
prognósticos em saúde, a cardiologista Vera Regitz-Zagrosek,
Diretora do Institute of Gender in Medicine (Berlim, Alemanha),
listou várias observações práticas156.
Por exemplo: as mulheres enfartam com uma idade média
cerca de 10 anos maior que a dos homens. Enquanto os fatores
psicológicos são a causa mais importante entre as elas, as
atividades físicas extenuantes são as causas mais comuns entre
eles. Os sintomas de infarto também tendem a ser diferentes nas
mulheres, algo que os médicos chamam de “síndrome
coronariana atípica”: as mulheres apresentam mais sinais de
ativação vagal que os homens. Quando é necessário tratar o
infarto cirurgicamente, as mulheres apresentam uma
mortalidade precoce maior. Todavia, nos indivíduos que
sobrevivem e desenvolvem algum grau de insuficiência cardíaca
com indicação de ressincronização por meio de marca-passo, os
resultados tendem a ser melhores entre as mulheres.
A hipertensão arterial sistêmica é mais frequente em homens
jovens que em mulheres jovens, mas as mulheres sofrem mais
derrames que os homens.
Regitz-Zagrosek também observou outras dissimilaridades
que não dependem de construtos sociais, mas de condicionantes
essencialmente genéticos e biológicos. Por exemplo: na
juventude, a asma é mais prevalente entre os meninos; na idade
adulta, as mulheres tendem a ser mais afetadas.
A doença renal policística é mais comum entre os homens,
mas as mulheres apresentam um número menor de néfrons em
seus rins e uma capacidade de concentrar urina menor que a dos
homens. Como consequência, elas apresentam uma incidência
maior de insuficiência renal crônica.
Doenças autoimunes como Lúpus Eritematoso Sistêmico e
Síndrome de Sjogren são bem mais frequentes entre as mulheres
que entre os homens.
Finalmente, a menor superfície corporal das mulheres, e as
diferenças na função renal, na absorção e no metabolismo de
medicamentos pelas enzimas hepáticas, fazem com que a eficácia
e os efeitos colaterais de antiarrítmicos, inibidores de enzima de
conversão de angiotensina, analgésicos, quimioterápicos,
antivirais e outros medicamentos sejam diferentes entre homens
e mulheres. Por exemplo: a aspirina mostrou ser eficaz para
evitar derrames mais em mulheres que em homens, e para evitar
infartos mais em homens que em mulheres156.
As diferenças metabólicas não dependem de ideologias
políticas, tampouco se relacionam a construtos sociais. Elas
começam nos próprios gametas que utilizamos para nos
reproduzir: os homens produzem gametas pequenos, 30 vezes
menores que o gameta feminino, extremamente móveis e
descartáveis, numerosos e eliminados às centenas de milhões a
cada ejaculada. Em contrapartida, as mulheres liberam um
número limitado de gametas grandes e imóveis, cerca de 1 a cada
mês, totalizando mais ou menos 500 ao longo de sua vida fértil.
Os espermatozoides não possuem metabolismo: eles são
basicamente torpedos de material genético. Os óvulos, por outro
lado, não fornecem apenas material genético, mas também
energia e nutrientes. As mitocôndrias, por exemplo, não são
fornecidas pelos espermatozoides, mas pelos óvulos, e todos nós
carregamos em nossas células mitocôndrias herdadas
exclusivamente de nossas mães.
Nos humanos, a gestação é longa e desgastante para a
mulher, e por isso Seleção Natural preparou o organismo
feminino para lidar com as reservas de calorias de maneira a
manter o bebê bem nutrido ainda que a mãe atravesse períodos
de escassez de alimentos. Em média, o corpo feminino tem duas
vezes mais gordura que o masculino, e a gordura feminina tende
a ser mais difícil de ser mobilizada: as mulheres acumulam mais
gordura subcutânea, ideal para armazenamentos de longo prazo,
ao passo que os homens acumulam mais gordura visceral, que
contém adipócitos metabolicamente mais ativos e suscetíveis à
“queima”.
Para os homens, as poupanças calóricas não desempenham
um papel estratégico na reprodução, servindo apenas para saques
rápidos nos períodos curtos e intensos de atividade muscular
relacionada à caça e à proteção do grupo157.
O dimorfismo metabólico inclui diferenças nos níveis
circulantes de leptina. Este hormônio envolvido no controle do
apetite apresenta concentrações maiores entre as mulheres que
entre os homens. Sua elevação ocorre antes da puberdade e se
mantém após a menopausa, sugerindo a participação de fatores
genéticos em sua regulação.
Apesar da vantagem da leptina, a programação genética para
manter os acúmulos de gordura termina fazendo com que uma
proporção maior de mulheres sofra de obesidade em comparação
aos homens: nos EUA, a obesidade afeta 41% das mulheres e 38%
dos homens158. Em uma lista de 105 países organizada pela Johns
Hopkins Bloomberg School of Public Health, a obesidade
feminina se mostrou mais prevalente que a obesidade
masculina159.
Os cromossomos sexuais também determinam características
no tecido muscular. A Distrofia Muscular de Duchenne, por
exemplo, decorre de mutações genéticas no cromossomo X que
resultam em graves problemas de saúde. Como as mulheres
possuem dois cromossomos X, a doença afeta aproximadamente
1 de cada 3.500 meninos, mas apenas 1 de cada 50 milhões de
meninas161. Homens adultos são em geral 18% mais pesados e 9%
mais altos que as mulheres, e a Distrofia de Duchenne oferece um
exemplo incontestável do quanto a construção de ossos,
músculos, tendões e ligamentos não é “ideológica”, mas genética
e biológica.
Quando um homem nutre a convicção de que nasceu mulher
em um corpo errado, isso não tem qualquer outra dimensão que
o universo íntimo do próprio indivíduo. Entretanto, quando um
homem, portando esta convicção, toma a atitude de colocar a
marca de seus pés no mundo exterior, a conversa é outra.
Você achar que é uma mulher é uma coisa. Frequentar o
banheiro ou o vestiário delas munido dessa premissa é
completamente diferente.
Acreditar que tem o direito de competir em esportes contra o
sexo oposto, então, beira a insanidade – algo que combina bem
com a loucura coletiva daqueles que defendem isso como um
“direito baseado na tolerância”.
Peso por peso e altura por altura, homens possuem 30% a
mais massa muscular que as mulheres, e as consequências disso
são óbvias. Vejamos, por exemplo, o caso de Richard Raskind:
Raskind nasceu em 1934 e foi um dos melhores tenistas
juvenis no fim da década de 40 e capitão do time de tênis de seu
colégio. Richard também liderou a equipe da universidade de
Yale em 1954 e mais tarde se alistou na Marinha americana. Em
1960, disputou a chave masculina do US Open, sendo derrotado
ainda na primeira rodada. Em 1975 se submeteu a uma cirurgia
de mudança de sexo e adotou o nome de Renne Richards.
Em 1977, uma ação na Suprema Corte de Nova York
garantiu-lhe o direito de disputar novamente o US Open –
porém, desta vez, na chave feminina. Com este recurso, Richards
alcançou o top 20 dos tenistas de sua geração162. Raskind foi
apenas o começo de um dilema kafkiano que se disseminaria nas
décadas seguintes.
As organizações esportivas sempre procuraram maneiras de
verificar o sexo dos atletas para certificar uma competição justa.
Estes testes começaram na década de 1940 através de “atestados
médicos de feminilidade”. Na década de 1960, passou-se a
empregar a inspeção visual da genitália associada a uma análise
dos cromossomos, assegurando que os atletas possuíam um
genótipo XX ou XY – o que resultou na exclusão de transgêneros
verdadeiros das competições.
Mais recentemente, em sintonia com o avanço do
politicamente correto, o foco do escrutínio foi deslocado para os
níveis de testosterona, e novas diretrizes foram emitidas para
permitir a inclusão de transgêneros em competições oficiais.
Em 2003, o Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou
suas instruções para participação destes atletas: eles (ou elas)
deveriam ter se submetido a procedimentos de mudança de sexo,
incluindo alterações na genitália externa e remoção de suas
gônadas sexuais; deveriam apresentar confirmação legal de seu
novo gênero; e deveriam ter passado por no mínimo 2 anos de
terapia hormonal antes da competição.
Em 2004, a participação de transgêneros foi liberada.
Contudo, em 2015, o COI modificou suas diretrizes ao reconhecer
que a confirmação legal da transição de sexo de alguns atletas
poderia ser difícil em alguns países. Além disso, requerer que
indivíduos saudáveis sejam submetidos a cirurgias foi
considerado inconsistente com as noções de direitos humanos.
Com isso, o COI passou a exigir que apenas os transgêneros para
o sexo masculino (mulheres que se diziam homens) tivessem seu
gênero declarado há mais de 4 anos e demonstrassem níveis de
testosterona abaixo de 10 nmL/L durante 1 ano antes da
competição.
Os transgêneros para o sexo feminino (homens que se dizem
mulheres) receberam do COI a permissão para competir sem
maiores restrições, e os resultados dessa tolerância engajada no
mundo esportivo vêm se aglomerando como um axioma profético
dos nossos mais autênticos desatinos.
Vejamos quatro casos emblemáticos desta insanidade: Gavin
Hubbard, Jonathan Bearden, Christina Ginther e Fallon Fox.
Gavin Hubbard, nascido em 1978, estabeleceu os recordes
neozelandeses para a categoria júnior de levantamento de pesos,
erguendo 135 kg no arranque e 170 kg no arremesso em 1988. Em
2017, sob o nome de Laurel após uma cirurgia para troca de sexo,
Hubbard ganhou a medalha de ouro no Australian International
& Australian Open em Melbourne ao erguer 123 kg no arranque e
145 kg no arremesso.
Em 2016, aos 36 anos de idade, o homem biológico Jonathan
Bearden – agora uma mulher ideológica de nome Jillian –
ganhou a divisão El Tour de ciclismo em Tucson com o tempo de
4h e 26 minutos.
Nascido homem biológico, o transgênero Christina Ginther
resolveu que seria jogador na liga feminina de futebol
semiprofissional em Minnesota (EUA). Com 18 anos de idade e
sólidos 1,80 m de altura, Ginther foi recusado e decidiu processar
judicialmente o clube Minnesota Vixen e a Independent Women’s
Football League para “dar voz e promover o empoderamento” de
todos transgêneros de todo o mundo.
Finalmente, temos Fallon Fox. Nascido em 29 de novembro
de 1975, em Toledo, Ohio, desde os 6 anos de idade Fallon teve
dúvidas quanto à sua “identificação de gênero”, mas, ainda assim,
cresceu como um homem heterossexual, casou e teve uma filha
com sua esposa. Para pagar as contas de casa, Fallon entrou para
a Marinha americana, servindo como especialista operacional no
USS Enterprise – o primeiro super porta-aviões de propulsão
nuclear a fazer parte da frota da Marinha de Guerra dos Estados
Unidos. Saindo da marinha, Fallon decidiu resolver seus conflitos
internos: arrumou um trabalho como motorista de caminhão
para pagar uma série de procedimentos cirúrgicos e estéticos –
levados a cabo em 2006, em Bangkok.
Em 2013, Fallon Fox ganhou os holofotes da mídia após
receber permissão da Comissão de Desportos do Estado da
Califórnia e da Flórida para lutar MMA na categoria feminina. Na
época, vários comentaristas do Ultimate Fighting Championship
(UFC) se opuseram à liberação, mas a controvérsia não impediu
que as lutas fossem agendadas.
E esta é a lista dos resultados de Fallon:
venceu Elisha Helsper em 17/05/2012 por nocaute técnico
após 2 minutos de luta;
venceu Ericka Newsome em 01/03/2013 por nocaute
(joelhada) após 39 segundos de luta;
venceu Allanna Jones em 24/05/2013 por submissão (mata-
leão) após 3:36 minutos de luta;
perdeu para Ashlee Evans-Smith em 12/10/2013 por nocaute
técnico (socos) após 4:15 minutos de luta;
venceu Heather Bassett em 21/03/2014 por submissão
(chave de braço) após 44 segundos de luta;
e venceu Tamikka Brents em 13/09/2014 por nocaute técnico
(socos) após 2:17 minutos de luta.
No UFC, a duração média dos enfrentamentos é de 10
minutos. Lutando contra mulheres, Fallon Fox perdeu apenas
uma vez, mantendo um aproveitamento de 80% de vitórias
conquistadas em uma média de 2 minutos e meio – 5 vezes mais
rápido que um combate entre pessoas do mesmo sexo.
Muito além dos recordes estabelecidos pelos homens em
esportes femininos, o que está em questão não é o apanágio de
identificar-se com a sexualidade que você preferir, mas o fato
disso conceder aos homens direitos amealhados pelas mulheres
após décadas de lutas sociais.
Se um homem quer namorar, beijar e ir para cama com outro
homem, ou dois homens, ou um pelotão do exército, ou uma
boneca de plástico com um pênis vibratório, isso é uma questão
privada e exclusiva dele. Mas quando, em nome de suas
preferências, ele misticamente se convence de ter modificado
toda sua programação genética e biológica, e passa a exigir
compensações legais e distinções em nome disso, então estamos
lidando com um problema social e não apenas com uma opção
individual.
O mundo dos esportes é feito por competidores que, por
definição, apresentam as mais diversas desvantagens, mas essas
desvantagens se tornam uma armadilha perversa quando
permitimos que homens concorram fisicamente com mulheres.
Como mostrado no início desta discussão, a testosterona
regula várias funções no organismo, incluindo o desenvolvimento
e a manutenção da massa óssea e muscular. O uso de
suplementos de estrogênio e bloqueadores de testosterona ou a
castração física resultam em uma redução na massa muscular, na
densidade óssea e na contagem de hemácias, levando a uma
diminuição da força, da velocidade e da resistência física.
Todavia, são necessários pelo menos 15 anos de supressão
hormonal para começar a observar alguma mudança significativa
na estrutura óssea de um homem que decidiu se assumir mulher.
E a lógica vai bem além da testosterona.
Por exemplo: uma das grandes diferenças entre homens e
mulheres está na estrutura do quadril e tudo mais que se
encontra ligado a ele. Não é apenas uma questão de ter um
quadril mais ou menos estreito, mas da razão entre largura do
quadril e comprimento do fêmur. As mulheres tendem a
apresentar uma maior razão quadril-fêmur, levando a uma maior
capacidade de abdução do quadril. Isto tem um efeito dominó no
modo como as articulações e os músculos se coordenam e são
recrutados durante a atividade física, um parâmetro anatômico-
funcional que não é abolido com modulações hormonais e menos
ainda com ativismos identitários.
Nas maratonas, a diferença de tempo entre os recordes
masculinos e femininos é de 10%. O mesmo vale para outras
provas de atletismo, como os 100 metros rasos (tempo de 9,58
segundos para Usain Bolt e 10,49 segundos para Florence
Griffith-Joyner) e os 800 metros (tempo de 1h:40:91 minutos
para David Rudisha e de 1h:53:28 minutos para Jarmila
Kratochvilova).
Em todas essas situações, o diferencial reside na formatação
do esqueleto, maior massa muscular total, maior concentração de
fibras musculares Tipo II (de contração rápida), maior
capacidade pulmonar e maior altura média, além da ossatura
reforçada para suportar a musculatura, a presença de ligamentos
e articulações mais resistentes e a menor gordura corporal média
dos homens.
Uma vez que estes fatores físicos e fisiológicos conferem ao
sexo masculino uma evidente vantagem esportiva, será que
podemos considerar justo ou mesmo seguro que homens
biológicos enfrentem mulheres biológicas em competições em
nome de uma Ideologia de Gênero politicamente correta?
Se homens biológicos podem competir nos esportes contra
mulheres biológicas, não demorará muito para que esses homens
logo comecem a ganhar todas as corridas e estabeleçam todos os
recordes, especialmente nas categorias de elite. E as mulheres
biológicas serão excluídas das competições femininas por não
alcançarem os índices necessários por serem… mulheres
biológicas. Isso para não mencionar que soa como algum tipo de
palermice ter de adicionar o termo “biológica” ou “cis-gênero”
para especificar o tipo de mulher ao qual nos referimos.
A medicina pode mudar algumas coisas no seu organismo,
mas ela não pode redefinir complemente seu corpo para que ele
se transforme em algo diferente do que é. Fisiologicamente,
existe um abismo de potência física entre homens e mulheres que
não pode ser escondido debaixo do tapete ou guardado de volta
no armário: em comparativos populacionais, até mesmo homens
sem condicionamento físico tendem a apresentar força muscular
superior àquela de mulheres que praticam esportes
regularmente163,164.
O relativismo Progressista não afeta apenas indivíduos e
atletas transexuais e transgêneros com seu viés vitimizante
(pessoas LGBT são iguais a qualquer outra pessoa e por isso
merecem direitos diferentes? Neste caso, seriam direitos ou
privilégios?), mas também contribui para uma espécie de
alucinação em massa compulsória onde somos forçados a aceitar
o disparate de que um homem, genética e biologicamente XY, ao
declarar-se mulher, deve ser agraciado com as mesmas
prerrogativas de uma mulher biologicamente XX – ou cis-gênero,
como prefere o frenesi do politicamente correto. Isso não é mais
tolerância: é apenas pura e genuína insanidade grotesca.
Se não bastassem todas as diferenças citadas, ainda temos o
dimorfismo cerebral: os cromossomos e os hormônios sexuais
não estão envolvidos apenas na formação dos órgãos
reprodutores, dos músculos e da aparência geral, mas também no
desenvolvimento, na organização e no funcionamento do cérebro.
Por exemplo: em experiências com ratos, a castração
neonatal resulta em uma alteração permanente no tamanho de
uma região cerebral chamada núcleos hipotalâmicos. Em fetos de
canários, as regiões cerebrais responsáveis pelo canto são bem
maiores em machos que em fêmeas. Como consequência, a
maioria dos machos canta e a maioria das fêmeas não. Quando as
fêmeas cantam em geral o fazem de modo mais baixo e
enrolado165.
Os humanos não estão imunes a estes efeitos. Apesar dos
cérebros de homens e mulheres serem bastante similares, eles
não são idênticos, e as diferenças resultam em padrões diversos
de transmissão, regulação e processamento de biomoléculas que
explicam, por exemplo, porque homens apresentam mais
interesse em sexo casual e em pornografia que as mulheres.
Estas peculiaridades não decorrem de construtos sociais, mas
refletem traços biológicos geneticamente determinados e
hormonalmente moldados em cada sexo166.
O dimorfismo cerebral tem sido demonstrado e comprovado
por um sem número de estudos científicos: o cérebro masculino
possui volume maior e maior densidade tecidual no hipotálamo,
nas amígdalas, no hipocampo, no córtex insular e frontomedial,
no putamen, no lobo VI direito do cerebelo, no giro para-
hipocampal anterior, no giro do cíngulo posterior e nos polos
temporais, entre outras áreas.
O cérebro feminino apresenta maior densidade no bulbo
olfatório e maior volume no córtex paralímbico medial, no polo
frontal direito, nos giros frontais médio e inferior, no opérculo
temporo-parietal, no giro do cíngulo anterior, no tálamo, no
corpo caloso e na comissura anterior, entre outras áreas.
O núcleo supraquiasmático – uma estrutura envolvida na
regulação do ritmo circadiano e dos ciclos reprodutivos – tem um
formato mais alongado nas mulheres e mais esférico nos
homens170-173.
Os homens apresentam volumes maiores em regiões do
sistema límbico e na área pré-óptica, fazendo com que o cérebro
masculino se saia melhor em tarefas viso-espaciais170-173. As
mulheres por sua vez apresentam volumes maiores em áreas
relacionadas à linguagem e, como resultado, são melhores em
tarefas verbais tais como fluência verbal, memória verbal,
velocidade de articulação das palavras e produção da fala179. Não
admira que bebês do sexo feminino desenvolvam a fala mais cedo
que bebês do sexo masculino, ganhando em velocidade na
aquisição de vocabulário, na elaboração de linguagem espontânea
e na produção de frases mais longas167-169.
De uma maneira geral, os homens apresentam uma
densidade neuronal significativamente maior que as mulheres no
córtex cerebral, e os neurônios masculinos tendem a fazer mais
sinapses que os neurônios femininos160,176. Curiosamente, as
diferenças mencionadas não foram observadas entre homens
heterossexuais e homossexuais, contradizendo a visão de que
homossexuais masculinos possuam “cérebros femininos”174,175.
A soma das características peculiares de cada sexo produz
várias consequências: por volta dos seis anos de idade, os
meninos tendem a fazer mais piadas e gracejos que as meninas e
possuem uma incidência de autismo é 3 vezes maior180,185. Ainda
não se sabe exatamente o que torna os homens mais vulneráveis
ou confere proteção às mulheres, mas as pesquisas sugerem que a
chave está em mutações genéticas que ocorrem especificamente
nos cromossomos sexuais186.
Na velhice, a doença de Parkinson afeta mais homens que
mulheres166.
Nas pessoas que sofrem com Mal de Alzheimer, as áreas
cerebrais mais comumente afetadas variam conforme o sexo177.
As mulheres apresentam uma incidência de Transtornos do
Humor duas vezes maior que os homens, e seus sintomas tendem
a ser mais numerosos e mais intensos. Estas diferenças são
encontradas de maneira consistente em várias culturas e em
diferentes países, sugerindo o envolvimento de componentes
genéticos e biológicos – e não apenas socioculturais – na gênese
desses Transtornos do Humor. Quanto ao tratamento destes
distúrbios, as mulheres respondem mais favoravelmente ao uso
de inibidores de recaptação de serotonina e os homens, aos
antidepressivos tricíclicos178,184. Talvez os mecanismos envolvidos
na instabilidade do humor respondam pelo fato de que, quando
param de fumar ou de usar drogas, as mulheres apresentam uma
incidência maior de sintomas de abstinência que os homens187.
Pesquisas populacionais multicêntricas e multinacionais
mostram de maneira consistente que as mulheres se queixam
mais de dores que os homens. Elas também apresentam limiares
menores para dor e tendem a solicitar mais analgésicos que os
homens para pós-operatórios equivalentes. Estas diferenças não
refletem apenas diferenças no perfil hormonal (é sabido que a
testosterona diminui a sensibilidade para dor) ou na construção
sociocultural dos arquétipos masculinos e femininos, mas
também profundas diferenças genéticas no modo como o sistema
nervoso como um todo foi programado para perceber a dor182.
Homens e mulheres reagem de maneira diferente ao estresse:
homens apresentam mais reações no estilo “lutar ou fugir”,
enquanto mulheres apresentam uma predominância de reações
no estilo “afeiçoar e pacificar”183.
Estudos psicológicos demonstraram repetidamente que as
mulheres desbravam o mundo de uma maneira mais nutriz e
emocional, ao passo que os homens o encaram de modo mais
industrioso e instrumental. Como resultado, a maior capacidade
feminina para empatia possui precursores evolucionários
genéticos e biológicos que se estendem para muito antes da
cultura de massas181.
Outras consequências desta dicotomia comportamental estão
representadas nas causas de morte – causas externas
representam 38,3% dos óbitos entre os homens e apenas 23,5%
entre as mulheres188 – e na maneira como escolhemos nossos
parceiros sexuais: homens selecionam suas parceiras segundo
sinais de fertilidade (juventude, estado geral de saúde e
maturidade sexual). Mulheres preferem homens que
demonstrem controle dos recursos do ambiente (posição social
elevada, patrimônio, riqueza, inteligência e força física).
As mulheres sofrem com mais doenças físicas e mentais em
todas as faixas etárias e em todas as regiões do mundo: dentre os
30 diagnósticos mais comuns na atenção básica, 90% são mais
frequentes no sexo feminino, que também manifesta 40% mais
doenças crônicas que o sexo masculino. Talvez por isso elas
apresentem mais atestados médicos, passem mais tempo nos
hospitais, tenham menor rendimento econômico e custem mais
caro para o sistema de saúde – mesmo quando excluímos da
equação doenças específicas do aparelho reprodutor156.
Apesar de tudo isto, e apesar de os homens serem mais fortes
e menos obesos, as mulheres vivem mais: no Ocidente, a
expectativa de vida é de 80,4 anos para as mulheres e 73,4 para
os homens. Os fatores que explicam esta diferença não estão
relacionados apenas a aspectos socioculturais, mas incluem
influências genéticas e biológicas conhecidas como o Paradoxo de
Sobrevida entre os Sexos189.
É uma imbecilidade pregar que um ou outro cérebro, ou um
ou outro comportamento, ou um ou outro sexo, seja
intrinsecamente melhor ou superior ao seu oposto: se nossos
antepassados eucariotas nos ensinaram algo foi que este mosaico
de particularidades é justamente nosso grande trunfo. É desse
inacreditável polimorfismo que retiramos nossa força como
espécie – e por isso nossas diferenças biológicas jamais deveriam
ser empregadas para justificar qualquer tipo de discriminação ou
sexismo.
Não há dúvida alguma de que o ambiente social é responsável
por algumas das diferenças que observamos entre homens e
mulheres. Estratificações, convenções, costumes e tradições
podem afetar o acesso a fontes de educação ou estimular certas
posturas. Contudo, os fatores socioculturais isoladamente não
são capazes de explicar todas as diferenças que existem entre
homens e mulheres.
A despeito destas obviedades, a premissa da Ideologia de
Gênero defendida pela moralidade Esquerdista consiste na
desconstrução de todas estas distinções entre homens e
mulheres, afirmando que sua Identidade Sexual corresponde ao
modo como você se sente ou se identifica, e não exatamente a
quem você é de fato.
Por exemplo: se você nasceu homem, mas se interessa por
homens, então você pode se identificar como uma mulher. Se
você nasceu mulher, mas se interessa por mulheres, então você
pode se identificar como homem, e estaria tudo bem.
Mas não está.
Os desdobramentos desta forma de pensar têm
consequências tão malucas quanto o fato de que homens que se
identificam como mulheres podem exigir o direito de mudar o
nome na carteira de identidade, ou exigir serem chamados de
“ela” e demandar o direito de frequentar banheiros femininos ou
participar de competições esportivas na categoria das mulheres.
Não se trata apenas de hormônios ou da aparência da
genitália ou “respeitar suas emoções com relação à sua
sexualidade e lhe tratar como o que você não é”: trata-se de uma
programação genética para características masculinas (ou
femininas) que está impressa nos ossos, nos músculos, na força
dos tendões, na capacidade cardiopulmonar e na tolerância a dor
em cada uma dos trinta e dois trilhões de células que você tem.
Não existe uma terapia hormonal ou uma cirurgia capaz de
mudar essa programação: ela foi feita no momento da junção do
óvulo da sua mãe com o espermatozoide do seu pai e, por
enquanto, alterar essa programação está além das capacidades da
ciência.
Se aceitarmos que a Ideologia de Gênero está certa, então
estamos aceitando que a percepção de um indivíduo sobre si
mesmo tem preferência sobre qualquer norma da Natureza,
qualquer determinação genética e qualquer evidência biológica.
Temos que aceitar que as emoções subjetivas determinarão o
modo como a Lei, o Estado e a Sociedade irão tratar os
indivíduos.
Quando fazemos esta opção, os problemas que geramos
ultrapassam a surrealidade:
Considere uma mulher de 40 anos de idade que, em uma
epifania, decidiu “assumir-se” como “homem”.
Geneticamente, biologicamente, anatomicamente e
fisiologicamente, ela continuará sendo uma mulher, mas poderá
exigir que seus documentos sejam alterados para o sexo
masculino.
Para comprovar sua nova identidade psicossocial, não serão
necessários laudos médicos e psicológicos: a única evidência
exigida é a autodeclaração. O Superior Tribunal Federal vem
autorizando a modificação do nome e do sexo no registro civil
mesmo para pessoas que não se submeteram a qualquer
procedimento. Além disso, a averbação deve constar apenas do
livro cartorário, vedando qualquer menção nas certidões do
registro público, sob pena de manter a situação constrangedora e
discriminatória191-193.
Pois bem.
Após mudar seu registro civil para o sexo masculino, como
funcionará na hora em que esta mulher tiver que tirar um
passaporte?
A Polícia Federal poderá negar a emissão do documento, pois
ela não apresentou o Certificado de Reservista exigido para todos
os homens que dão entrada para receber um passaporte? Ou ela,
apesar de possuir um registro masculino, será brindada com um
providencial privilégio e terá isenção neste sentido?
Neste caso, sendo um “homem”, ela não precisa cumprir
todos os requisitos burocráticos a que um homem está sujeito,
mas apenas aqueles que lhe apetecem? Teríamos que criar uma
nova categoria legal de “homem”?
Vamos supor que esta mulher, que se identifica como homem
e tem registro de identidade masculina, e age socialmente em
papeis masculinos, resolve engravidar. Ela terá direito à licença
maternidade?
Se uma mulher que se identifica como homem tem direito a
120 de afastamento remunerado do trabalho por ter tido um
filho, um homem que se identifica como mulher pode exigir o
mesmo, caso contrate uma barriga de aluguel para gerar um filho
seu?
Vamos além: uma mulher que mudou sua identidade para
homem deverá se aposentar com a idade prevista para mulheres
ou para homens?
E um homem que mudou sua identidade para mulher, ele
agora tem o direito de se aposentar mais cedo?
Como mencionado, quando admitimos que a Ideologia de
Gênero está correta, então admitimos que a percepção de uma
pessoa sobre a realidade tem prioridade sobre a realidade em si.
O que nos impediria de estender essa dinâmica?
Se é permitido mudar o sexo na carteira de identidade, por
que seria proibido mudar a idade? A data de nascimento é tão
factual e biológica quanto o sexo. Para haver justiça, não
podemos ser discricionários: quem pode mudar o sexo, deve ter o
direito de mudar a idade.
Se um homem de 50 anos de idade pode se identificar como
uma mulher, por que ele não pode se identificar como uma
menininha de 6 anos de idade e exigir que sua inserção no
Cadastro Nacional de Adoção?
Se você acha um absurdo, saiba que foi exatamente isso que
aconteceu em 2015, em Toronto, no Canadá194.
Em nome da congruência com a premissa da Ideologia de
Gênero, quem troca de identidade sexual também deveria ter o
direito de trocar a data de nascimento, e você poderia ir ao
cartório e dizer que se percebe como uma senhora ou um senhor
de 75 anos de idade, e exigir que o INSS comece imediatamente a
pagar sua aposentadoria. Além disso, poderia começar a exigir
também lugares exclusivos nos estacionamentos e nas filas dos
bancos.
Segundo a Ideologia de Gênero, não interessa se você não
nasceu mulher, o que interessa é que você se percebe como
mulher, e agora a sociedade tem a obrigação de lhe oferecer os
direitos que correspondem a este gênero, certo? Então não
interessa se você não tem 75 anos de idade: o que interessa é que
você se percebe como alguém com 75 anos de idade, e agora a
sociedade tem a obrigação de lhe oferecer os direitos que
correspondem a um idoso. Isso faz algum sentido?
Se podemos mudar o sexo no registro de identidade, e se isso
é um “direito” que a sociedade deve ao cidadão, se este é o modo
correto como devemos agir para não demonstrar preconceito ou
opressão, então por que não podemos mudar nossa
nacionalidade?
O país em que nascemos é um dado tão factual e biológico
quanto o sexo ou a data em que nascemos.
Se a Ideologia de Gênero está certa, com que argumentos
poderíamos impedir alguém de exigir que sua nacionalidade
fosse trocada?
Um homem brasileiro poderia ir ao cartório amanhã e dizer
que se percebe como uma mulher australiana. Isso conferiria à
embaixada australiana a obrigação de lhe dar um passaporte
australiano?
Se a Ideologia de Gênero está certa, e o que vale nos termos
da lei é aquilo que percebemos ser e não aquilo que está impresso
em nossos genes, por que deveríamos negar a alguém o direito de
identificar-se como negro, ou branco, ou cego, ou portador de
limitações físicas, ainda que essa pessoa não seja negra ou branca
ou cega ou portadora de limitações físicas?
Se uma pessoa branca se percebe como negra, ela pode exigir
que esta alteração nos seus registros legais de identidade?
Segundo a Ideologia de Gênero, negar isso seria oprimir esta
pessoa dentro de padrões que a sociedade determinou para ela,
impedindo-a de expressar livremente as emoções que tem sobre
si mesma.
Se uma mulher branca decidir não se identificar como um
homem, mas como uma mulher, porém negra, seria legítimo
alterar seu registro?
Como vivemos em uma sociedade cheia de privilégios
travestidos de direitos, que garante cotas para a população negra
como compensação de uma suposta dívida histórica dos brancos,
essa mulher branca que agora se identifica como negra poderia
acessar esses privilégios da população afrodescendente? Por
exemplo: ela poderia fazer valer para si a Lei 12.990 de 2014, que
garante uma porcentagem das vagas para concursos públicos
para negros e pardos?
Ou suponha que esta mesma mulher, nascida em uma família
rica e próspera, decide identificar-se não como um homem, mas
como uma mulher mesmo, porém pobre.
Se uma mulher vivendo em um corpo genética, biológica,
anatômica e fisiologicamente feminino tem o direito de
identificar-se como homem, com que argumento poderíamos
exigir que outra mulher, vivendo em uma casa economicamente
luxuosa e amparada por pais de classe alta, não tenha o direito de
identificar-se como pobre?
Se autorizamos que alguém tenha a premissa legal de mudar
de sexo apenas por que acredita que nasceu no sexo errado, seria
correto impedir que alguém declare pertencer a outra classe
econômica que não aquela a qual pertence?
Se a sociedade não opressora realmente for agir com justiça,
deveríamos permitir que as pessoas também declarassem sua
classe social segundo sua própria percepção, e uma pessoa muito
rica teria direito a exigir para si vagas em universidades por meio
das cotas do SISU ou de receber auxílios do Programa Bolsa
Família. Se isso não funcionasse, ela poderia se identificar como
indígena, ou quilombola, ou portadora de alguma deficiência
física. Afinal, pela Ideologia de Gênero, o que vale é como você se
percebe, certo?
E que tal se identificar como um animal fora da espécie
humana?
De repente você é uma mulher que se identifica como um
gato preso no corpo de um humano.
Não seria opressora e fascista uma sociedade que lhe nega o
direito de se identificar como um gato?
E uma vez que você pode escolher qualquer animal, que tal
escolher algum entre as mais de 1000 espécies declaradas em
risco de extinção no Brasil? Na sequência, poderia exigir do
Ministério do Meio Ambiente uma área exclusiva e protegida
onde pudesse garantir sua existência rara livre de ameaças.
Mas aqui fico como uma dúvida: se uma pessoa que se
identifica como uma capivara sofre uma agressão, ela deve ser
amparada pelo Código Penal ou pela Lei de Crimes Ambientais?
Todos os desdobramentos teóricos e práticos que
acompanham a Ideologia de Gênero flertam com o caos e a
insanidade.
Garantir que crianças e adolescentes de ambos os Sexos
desenvolvam sua sexualidade com orientações sensatas,
equilibradas, que descubram a sexualidade voluntariamente de
modo responsável e livre de preconceitos, e permitir que pessoas
adultas vivenciem sua sexualidade também voluntariamente e
livres de preconceitos, deveria ser a meta de qualquer sociedade
que pretenda considerar-se humanista ou desenvolvida. Mas
acreditar que a expressão da sexualidade condiciona a identidade
sexual do indivíduo perante a Lei e o Estado é abrir a caixa de
Pandora para um mundo muito, muito maluco.
Como David Hume bem observou, quase tão ridículo quanto
negar uma verdade evidente é realizar um grande esforço para
atacá-la. Podemos mudar os nomes das coisas, mas sua natureza
e suas operações nunca irão mudar190. Chamar uma vaca de
cachorro não faz a vaca latir, e chamar um cachorro de pardal
não capacita o cachorro voar. Homens e mulheres são anatômica
e fisiologicamente diferentes e acredito que nenhuma criatura
portadora de um vestígio mínimo de raciocínio seja capaz de
negar isso.
O fato de o Progressismo acreditar que é possível reduzir as
diferenças fundamentais entre homens e mulheres a um
“construto social”, aplainando desigualdades genéticas e
biológicas por meio de leis e variações da Moralidade vigente, é
um reducionismo adequado apenas para pessoas com
capacidades limitadas de entendimento e uma aptidão quase
ilimitada para asneiras – exatamente como aquelas que habitam
os ecossistemas desvairados à Esquerda do espectro político-
ideológico.

11. DO FEMINISMO À MISANDRIA

Dos valores e movimentos que habitam a reserva ideológica


da Esquerda, o Feminismo é um dos mais icônicos.
Mas o que é o Feminismo? Uma teoria, uma ideologia, uma
práxis ou uma soma de tudo isso?
Tecnicamente, Feminismo poderia ser definido como a
defesa dos direitos femininos em termos de equidade política,
social e econômica aos homens. Porém, a constatação mais atual
é de um movimento composto por ativistas-amazonas cavalgando
três dogmas que consideram inquestionáveis: (1) que as mulheres
sofrem discriminação por serem mulheres, (2) que as mulheres
possuem necessidades específicas que são sistematicamente
negadas pela sociedade, e (3) que a satisfação dessas
necessidades requer uma mudança radical na ordem social.
Apesar de ter se tornado um desatino prontamente adotado
pelos movimentos Progressistas, houve uma época em que o
Feminismo era legítimo e razoável.
Voltemos no tempo até fevereiro 1966. O termômetro do
Central Park marcava pouco mais de 4 graus centígrados quando
James Brown entrou com sua banda no estúdio nova-iorquino
Talent Masters para gravar um de seus maiores clássicos: "It's a
Man's Man's Man's World". Na música, Brown deixava claro que
todos os avanços da civilização (os automóveis, as locomotivas, os
navios e a energia elétrica) deviam ser atribuídos aos esforços
industriosos dos homens – não das mulheres.
Obviamente, este tipo chauvinismo não nasceu com Brown.
Seu soul provocativo apenas traduzia um sentimento misógino
que acompanha os humanos há milhares de anos. Por muito
tempo, as mulheres foram formalmente excluídas da política, da
economia, da educação, do autopertencimento e dos direitos de
herança e propriedade.
Por exemplo: apesar de desfrutarem de mais direitos e
liberdades que outras mulheres da antiguidade, as mulheres da
Roma antiga eram proibidas de exercer cargos políticos.
Na Democracia de Clístenes, as mulheres – mesmo as
atenienses de nascença – eram excluídas dos processos decisórios
da polis junto com escravos e estrangeiros.
Durante toda a Idade Média, as mulheres usufruíram menos
direitos que os homens.
No Brasil do Império, apenas em 1827 as mulheres
receberam o direito de frequentar escolas elementares, mas as
instituições de ensino universitário eram proibidas para elas –
este acesso seria liberado apenas em 1879197.
Nos EUA, a escravidão foi abolida em dezembro de 1865 com
a promulgação da XIII Emenda à Constituição em 1870 os
homens negros receberam o direito de votar. Contudo, este
mesmo direito só seria estendido às mulheres (brancas e negras)
cinquenta anos mais tarde, com a aprovação da XIX Emenda em
1920199. No Brasil, a escravidão foi abolida em 1888 e os negros
receberam o direito de votar a partir da Constituição de 1891 –
mas as mulheres não. Este direito só seria assegurado para todas
as mulheres, sem restrição de estado civil ou renda, em 1934229.
Somente em 1915 as mulheres brasileiras adquiriram o
direito de ter uma conta bancária em seu nome, mesmo assim
apenas se não houvesse oposição de seu marido. Para completar,
o Código Civil Brasileiro de 1916 estipulava textualmente em seu
Artigo 242 que uma mulher não poderia exercer sua profissão
sem uma autorização expressa de seu marido228.
Por todas estas bizarrices e muitas outras, o surgimento da
Primeira Onda do Feminismo em meados do século XIX pode ser
considerado um movimento tardio: as mulheres aguentaram em
silêncio por anos demais, e então decidiram que era hora de
erguer sua voz para estabelecer finalmente alguma razoabilidade
na Lei. Já não era sem tempo.
A Primeira Onda do Feminismo seria semeada e disseminada
principalmente pelas ideias de Condorcet e Mary Wollstonecraft.
Marie-Jean-Antoine-Nicolas de Caritat, o Marquês de
Condorcet (1743–1794), foi um dos primeiros Iluministas a
defender os direitos femininos utilizando argumentos baseados
em Razão e Justiça. Mesmo reconhecendo as diferenças entre
homens e mulheres, Condorcet recusava aceitá-las como
suficientes para impedir que as mulheres usufruíssem direitos
civis e políticos iguais aos homens.
Contemporânea de Condorcet e mãe de Mary Shelley (a
autora de Frankenstein), a escritora Mary Wollstonecraft (1759-
1797) criticou duramente as limitações legais impostas às
mulheres, que impediam sua educação, sua expressão e sua
independência econômica. Ao mesmo tempo, Mary criticava as
próprias mulheres por adotarem passivamente uma feminilidade
que as transformava em meros objetos de entretenimento para os
homens.
Ambos pensadores vinham embalados pelas convulsões da
Revolução Francesa e prepararam o Feminismo para que suas
diligências acompanhassem o calor dos movimentos
abolicionistas do século XIX. A semente surtiu efeito e, no
começo do século XX, as mulheres começaram a conquistar seu
lugar ao sol – uma batalha que, de certa maneira, seria ajudada
pelas duas Guerras Mundiais:
Com a ausência dos homens devido aos conflitos, elas
avançaram no mercado de trabalho. Contudo, com o final da
Segunda Guerra Mundial e o retorno dos veteranos soldados para
casa, um grande sentimento nostálgico para recuperação da
normalidade da vida familiar abateu-se sobre o Ocidente. As
taxas de casamento e fecundidade dispararam. Televisão, rádios,
jornais, revistas e filmes nos cinemas passaram a promover a
maternidade e a constituição do lar como as maiores (e
verdadeiras) conquistas femininas.
Esta tentativa de restauração da ordem trazia em seu ventre
uma intenção furtiva de recompor o “pátrio poder” e revogar os
espaços femininos conquistados nos duzentos anos anteriores.
Evidentemente, houve uma reação, e a Segunda Onda do
Feminismo uniu-se aos movimentos em prol dos direitos civis
contra a segregação de pretos e pardos na América do Norte, e
ganhou o mundo.
A Segunda Onda estendeu-se de 1960 a 1980 e ampliou o
debate do papel da mulher na sociedade, levando-o ao mercado
de trabalho, à sexualidade, ao lugar da mulher na família e seus
direitos de reprodução.
A inauguração da Segunda Onda ocorreu com a publicação de
A Mística Feminina, livro da psicóloga norte-americana Betty
Friedan, em 1963. Na obra, Friedan – por décadas uma marxista
dedicada – denunciava a manipulação da mulher pela sociedade
de consumo e conseguiu captar com grande maestria a frustração
e o desespero das donas de casa que se sentiam aprisionadas em
seus papeis tradicionais224.
No primeiro capítulo de A Mística, Friedan abordava o
“Problema sem Nome” que oprimia as mulheres. Mais tarde, o
“problema sem nome” receberia um nome bem conhecido:
patriarcado. Mas vale observar que o termo “patriarcado” não
aparece sequer uma vez nas mais de 300 páginas do clássico de
Betty Friedan.
Na década de 1970, a fotogênica e envolvente Gloria Steinem
pegaria o bastão de Friedan e levaria a Segunda Onda adiante,
tornando-se a “cara do Feminismo”. Steinem fundou a Ms.
Magazine, uma das mais revistas ativistas famosas no mundo.
Coube a ela tornar a figura do Feminismo menos ameaçadora e
mais palatável. Contudo, Steinem também sedimentou o
Feminismo como uma ideologia vitimista.
Dentre as colaboradoras da Ms. Magazine estava Alice
Walker, autora do famoso romance A Cor Púrpura. Alice e
Steinem eram tão próximas que Gloria se tornou madrinha da
única filha de Alice – Rebecca Walker.
Bissexual e Progressista, Alice rodou o mundo para alertar
meninas e mulheres sobre as ameaças da opressão masculina,
mas falhou em orientar adequadamente sua própria filha:
Rebecca, frequentemente deixada em casa sozinha enquanto a
mãe destruía moinhos de vento, experimentou drogas e
engravidou aos 14 anos. Por recomendação de Alice, abortou a
criança, mas sempre fez questão de deixar bem claro que jamais
se arrependeu disso: “nos meses e anos que se seguiram ao
aborto, eu nunca – nem por um momento – senti remorso, culpa
ou o menor senso de vínculo com a criança que poderia ter
gerado. Não me senti deprimida ou me considerei uma
assassina. Na verdade, senti gratidão – gratidão por minha
mãe ter pagado pelo procedimento e me acompanhado durante
ele; e gratidão por todas as mulheres que lutaram tanto para
tornar o aborto seguro, legal e um direito de todas as mulheres”,
escreveu Rebecca201.
Em 2001, o laço entre mãe e filha começou a desandar
quando Rebecca relatou no livro Black, White, and Jewish seus
sentimentos com relação ao abandono da atenção materna
durante sua infância.
Em 2004, Rebecca engravidou pela segunda vez e teve como
resposta de Alice uma mensagem onde o ídolo feminista lhe
comunicava que, a partir de então, e “abdicava do trabalho de ser
sua mãe”. Na sequência, Alice retirou Rebecca de seu
testamento205.
O fato é que Alice – como as demais representantes da
Segunda Onda – sempre viu o casamento e a maternidade como
formas de escravidão da mulher ante a sociedade patriarcal
machista opressora206. A simples existência de Rebecca era uma
cicatriz de lembrando-a de sua “servidão”.
Foi durante o reinado de Betty Friedan, Gloria Steinem e
Alice Walker que o Feminismo distanciou-se da luta por
igualdade de direitos e começou sua aproximação do discurso de
“libertação feminina do domínio da sociedade machista
opressora”.
A identificação do patriarcado como o vilão-mor a ser
sobrepujado tornou-se um definidor tão significativo do ativismo
feminista a partir da década de 1970 que, se escarvarmos um
pouco mais fundo, acredito que poderíamos encontrar um
Manifesto Feminista exortando “Feministas do mundo, uni-vos!”,
e fábulas cinematográficas onde as feministas desfilariam
vitoriosas sobre os escombros do capitalismo, do lucro, da
burguesia, dos judeus ou dos homens de um modo geral.
A luta contra o patriarcado tornou o Feminismo quase
indistinguível de tantos outros enredos Esquerdistas onde
massas de manobra são reunidas sob um discurso legitimador de
sua autovitimização para antagonizar um bode expiatório.
Em uma lógica circular, o patriarcado como uma instituição
factual existe porque o Feminismo existe e, a partir desta
afirmação auto-evidente, a existência do patriarcado valida todas
as demandas por justiça social do feminismo.
Mas existe um movimento formal chamado patriarcalismo
dominativo ou masculinismo opressor? Ou o patriarcardo foi
uma consequência indesejada – porém involuntária – dos
dimorfismos genéticos, biológicos, fisiológicos e psicológicos de
nossa espécie?
Sem responder cientificamente a esta questão, o Feminismo
se tornou uma rebelião contra qualquer ordem que pareça ter
emanado de pessoas não-feministas, disparando suas munições
contra instituições que protegeram as mulheres durante Eras: a
monogamia, o casamento, a família e o cavalheirismo.
Descaracterizado de suas origens, o Feminismo passou a
acreditar que as mulheres devem abdicar de sua feminilidade e
copiar características masculinas para alcançar um status
humano. Em An Introduction to Feminist Philosophy (2007), a
Doutora em Filosofia Alison Stone mostrou como o Feminismo
da década de 1970 deixou como legado uma Identidade Pessoal
associada à aprovação do aborto, à abolição da família tradicional
e à propagação da ideia de que todos os homens são estupradores
em potencial200.
Na década de 1980, a histeria da Segunda Onda alcançou um
clímax quando a jurista Catherine MacKinnon e a escritora
Andrea Dworkin iniciariam uma cruzada anti-pornografia: em
1983, ambas escreveram uma portaria sobre direitos civis
tentando banir a pornografia, afirmando que esta indústria
equivalia a um discurso de ódio contra as mulheres,
transformando-as em objetos e estimulando estupros200.
No ano seguinte à divulgação do trabalho de MacKinnon e
Dworkin, uma voluptuosa Madonna explodiria nas rádios com
Material Girl e Like a Virgin. A antropologia parece ter dessas
ironias.
Apesar destes desequilíbrios, a Segunda Onda do Feminismo
teve o bônus de fazer surgir a figura extraordinária de Camille
Paglia: desde a publicação de Sexual Personae (1990), Paglia tem
sido uma das raras vozes a falar com alguma lucidez sobre o
Feminismo e analisar com sagacidade seus desdobramentos. Não
raramente, penso que ela talvez seja a única voz cumprindo esta
missão – e talvez por isso não tenha sido ouvida como deveria.
O começo da década de 1990 também sinalizou a declaração
oficial de guerra do Feminismo contra a metade masculina da
humanidade: demonizar todos os homens que já existiram, que
existem e que irão existir um dia foi o leitmotiv que aposentou a
Segunda Onda e pariu a Terceira Onda199.
O movimento passou a escrutinar cada molécula de
desigualdade entre os gêneros para comprovar a imaginária
validade de suas crenças: a rejeição da ideia de que existem
diferenças psicológicas inatas entre os sexos; a afirmação de que
as diferenças entre os sexos são construtos sociais arbitrários e
não representam discrepâncias genéticas ou biológicas; e a
certeza de que as diferenças de poder que existem entre homens e
mulheres são decorrentes da imposição de uma estrutura social
classicamente patriarcal e opressora202-204.
A Terceira Onda – termo inaugurado por Rebecca Walker –
trouxe à tona pensadoras como Naomi Wolf (autora de O Mito da
Beleza, de 1991, uma das grandes referências do Feminismo Pós-
Moderno) e Susan Faludi (autora do premiado Backlash: o
contra ataque na guerra não declarada contra as mulheres,
também de 1991).
A Terceira Onda radicalizou o discurso vitimista e os
posicionamentos neuróticos de luta contra a “sociedade machista
patriarcal opressora”. Armadas de suas novas convicções, as
feministas passaram a exigir duas anomalias:
Primeiro, pararam de demandar direitos iguais e passaram a
demandar resultados iguais – o que pode ser traduzido como
uma demanda por privilégios exclusivos e especiais, uma vez que
Homens e Mulheres são genética, biológica, anatômica,
fisiológica e emocionalmente diferentes.
Segundo, passaram a normatizar como as mulheres de
verdade deveriam pensar, viver, trabalhar, se vestir e se
comportar.
Mais do que nunca, uma mulher em um casamento
heterossexual passou a ser vista como uma traidora da causa –
um postulado que Alice Walker certamente aplaudiria –, e a
promiscuidade passou a ser louvada como um troféu contra as
regras opressoras da instituição patriarcal que aprisionou as
mulheres por milhares de anos em uma monogamia
heteronormativa contra sua vontade.
As prescrições Morais da Terceira Onda apresentam um
componente explícito que pode ser resumido em uma só palavra:
Misandria. Não é preciso ser um gênio para constatar como o
sexismo masculino passou a ser execrado como uma encarnação
do mal na mesma medida em que o sexismo e o discurso de ódio
do feminismo ganharam láureas de nobreza por serem “atos em
nome da liberdade”.
Em filmes, em novelas, em revistas, nas propagandas, nos
quadrinhos e nos desenhos animados, a figura masculina foi
sendo gradativamente reduzida a uma coleção de Homer
Simpsons. O humor misógino tornou-se abominável; o humor
misândrico, “espirituoso”.
Atualmente, existem institutos, políticas, campanhas,
delegacias, leis, departamentos universitários, linhas de pesquisa,
mesas redondas e debates específicos voltados para averiguar “o
que há de Moralmente errado com os homens”.
Você tem alguma notícia de entidades ou organizações
similares interessadas em saber “o que há de Moralmente errado
com as mulheres”?
A misandria se tornou uma norma cultural tão
institucionalizada que a sociedade passou a utilizar, sem o menor
constrangimento, vários pesos para uma mesma medida: cada
assassinato de uma mulher é um Feminicídio; cada assassinato
de um homossexual é um crime Homofóbico; mas o assassinato
de um homem... bem, isto é só mais uma estatística.
Que padrão de silêncio é este que se abate sobre uma
sociedade que escolhe deixar um de seus grupos constituintes ser
vítima de um morticínio sem questionar-se sobre as razões ou
agir honestamente na solução desta tragédia?
Onde está o debate sobre as legiões de policiais, soldados,
trabalhadores civis e cidadãos comuns que são trucidados
diariamente?
Indo além: onde está o debate Feminista sobre o
Infanticídio?
Se você fizer um teste e digitar “violência infantil” no Google,
e clicar na guia “imagens”, observará que em mais de 90% das
imagens em que uma criança aparece acompanhada de um
adulto este adulto tem a figura de um indivíduo do sexo
masculino. Será que a misandria Feminista teria razão? “Os
homens são o problema e as mulheres, a solução”, e por isso os
homens devem ser combatidos, pois eles são a encarnação
exclusiva do mal neste mundo?
Não exatamente, e os dados sobre Infanticídio oferecem uma
janela para o universo de 1 peso e duas medidas empregado pela
misandria Feminista:
Na África do Sul, as mães são responsáveis por 71% dos
assassinatos de crianças com menos de 5 anos de idade234. Na
Nova Zelândia, as mães são responsáveis por metade dos óbitos
infantis decorrentes de abuso, violência ou negligência235.
Nos EUA, as mães agindo sozinhas são responsáveis por 40%
dos maus tratos às crianças – contra 17% dos pais agindo
sozinhos. Nos casos de maus tratos resultando em morte da
criança, as mães agindo sozinhas respondem por 27% dos
eventos, enquanto que os pais agindo sozinhos respondem por
apenas 13% das mortes236.
No Brasil, a cada hora são registrados 5 casos de violência
contra crianças – e a maioria destes eventos os maus-tratos são
praticados pelas mães das vítimas230-232.
Segundo o DATASUS, cerca de 290 crianças entre 0 e 9 anos
de idade são assassinadas no país a cada ano233. Considerando
que as estatísticas mundiais de infanticídio apontam que as mães
são as perpetradoras do crime em 50-70% dos casos, temos que
cerca de 100-200 crianças são assassinadas pelas mães no Brasil
anualmente. É um número quase tão relevante quanto o de
vítimas de crimes classificados como homofóbicos – mas você
tem visto alguma discussão sobre mães assassinas por aí?
Quando as mulheres modernas e independentes começam a
sonhar com outro homem ou outra vida, elas raramente
permitem que os interesses dos filhos ou da família sejam um
obstáculo: ainda que as estimativas sugiram que cerca de 25%
dos homens casados e 20% das mulheres casadas tenham casos
extraconjugais ao longo de seu relacionamento, são as mulheres
que iniciam a 69% dos divórcios225,226.
Certamente as mulheres encaram batalhas apenas pelo fato
de serem mulheres. Mas homens também – tudo depende de
qual estatística você irá consultar.
Em livros como The War against Boys (Cristina Hoff
Summers, 2000) e The War against Men (Richard Hise, 2004) é
possível observar que os homens enfrentam seus próprios
flagelos, frequentemente distintos em tipo e em escala daqueles
enfrentados pelas mulheres: existem mais meninos envolvidos
com crime, bebidas alcoólicas e drogas que meninas. As meninas
tentam o suicídio com maior frequência, mas são os meninos que
efetivam o ato com maior regularidade.
Quando o Feminismo se esquece dessas especificidades,
passa a assumir um comportamento menos relacionado à busca
Moralmente legítima por equidade e mais compatível com
simples discriminação.
A Terceira Onda tornou “patológicos” comportamentos
naturais do sexo feminino e do sexo masculino: segundo suas
profetas, tudo que diferencia mulheres de homens é um maior
acúmulo de glândulas mamárias na parte frontal do tórax,
algumas gorduras localizadas, alguns pelos e só. Isso é uma
negação tão absurda de séculos de estudos biológicos que sequer
deveria ser abordada, mas o chilique subjetivista do Feminismo
torna esta discussão mandatória.
Homens e mulheres não são iguais em força física ou em
habilidades. Foi por isso que durante décadas o Comitê Olímpico
Internacional separou os competidores por Sexo. Como vimos
anteriormente, quando o COI começou a mudar esta política, a
bagunça instalou-se. E os hormônios geneticamente
determinados – ou artificialmente administrados – não lidam
apenas com a força muscular: eles também interferem na
mentalidade e, por conseguinte, nas preferências acadêmicas e
profissionais.
Por exemplo: em 1992, a cineasta alemã Monika Treut
apresentou um documentário chamado Female Misbehavior,
onde apresentava – entre outras histórias – o caso de Max Wolf
Valerio208.
Nascida Anita Valerio na Alemanha, em 1957, Max por muito
tempo sentiu-se desconfortável tendo o corpo de uma mulher e a
“mentalidade” de um homem. Max então decidiu assumir a
imagem de um homem heterossexual e iniciou a terapia com
hormônios masculinos. No decorrer da entrevista, ela relatou
como sentiu seus níveis de energia subirem dramaticamente. A
libido foi intensificada, o humor mudou e ela percebeu que não
chorava mais com a mesma frequência de antes. Isso mostra o
quanto somos diferentes simplesmente pela modificação do perfil
hormonal correndo em nossas veias.
Homens e mulheres são inteligentes, mas o formato de suas
inteligências varia tanto quanto seus hormônios: a maioria das
meninas é muito melhor que os meninos em ouvir as aulas e
lembrar o que foi dito. De uma maneira geral, o sistema e o
ambiente escolar – ambos dominados pelas mulheres – são
desfavoráveis ao tipo de energia e ao modo de aprendizado
masculino. Como consequência, os meninos faltam mais às aulas,
recebem mais suspensões, apresentam menos anos de
escolaridade (as meninas concluem em média 7,7 anos e os
meninos 7,4) e taxas mais altas de analfabetismo (5,3% versus
2,7% na faixa etária entre 15 e 19 anos), e recebem três vezes mais
diagnósticos de transtorno de déficit de atenção que as meninas –
um conjunto de fenômenos que ficou conhecido como Hiato de
Gênero207.
A evidência de como a Primeira e a Segunda Onda tornaram
a atmosfera escolar mais adaptada ao aprendizado feminino pode
ser vista com clareza nos dados referentes ao ensino superior: em
1956, as mulheres representavam 26% do total de matrículas nas
universidades; em 1971, não passavam de 40%; em 2006, já
representavam 56%.
Em 2010, 79% dos cursos universitários avaliados pelo
Ministério da Educação tinham maioria feminina, e desde então
as mulheres são maioria também nos programas de Mestrado e
Doutorado no Brasil197,198.
As mulheres representam mais de 50% dos novos médicos
que se inscrevem anualmente no Conselho Regional de Medicina
do Estado de São Paulo (em 1980, respondiam por apenas 30%
das inscrições) 211.
Na população brasileira com 25 anos de idade ou mais, 23%
das mulheres brancas e 10% das mulheres pretas ou pardas
possuem ensino superior completo, contra respectivamente 20%
e 7% dos homens227.
A despeito do Hiato de Gênero e do domínio feminino no
ambiente acadêmico, as mulheres raramente questionam a
validade de uma teoria ou especulam logicamente acerca do foi
exposto ou se envolvem em desafios mentais que não estejam
diretamente conectados às suas vidas pessoais.
Por exemplo: desde 1948, a disputa para o título de Campeão
Mundial de Xadrez da Federação Internacional de Xadrez é
aberta para homens e mulheres, porém uma mulher jamais
disputou a final do campeonato principal da FIDE – elas
participam apenas de campeonatos exclusivos para mulheres.
Ao longo de toda a história da filosofia, de Platão e Aristóteles
a Thomas Hobbes, David Hume, John Locke, Rousseau, Voltaire,
Johnathan Haid, Friedric Hayek e Thomas Sowell, a quantidade
de representantes do sexo feminino é irrisória ou quase nula.
Nos EUA, o número de patentes registradas constando o
nome de pelo menos uma mulher no grupo de inventores cresceu
14% nos últimos 30 anos – de 7% em 1980 para 21% em 2016.
Contudo, nos últimos 10 anos, as patentes registradas
exclusivamente sob o nome de mulheres (individualmente ou em
grupo) correspondeu a apenas 4% do total de registros210.
Entre 1901 e 2018, foram entregues 908 Prêmios Nobel. As
mulheres receberam apenas 52 deles (5%), com grande
concentração nas áreas de Paz (17 prêmios), Literatura (14
prêmios) e Medicina (12 prêmios)209.
As mulheres estão sub-representadas na Filosofia e na
Ciência não devido a alguma conspiração da sociedade patriarcal
opressora machista para mantê-las fora destas áreas: como um
grupo, as mulheres simplesmente não estão tão interessadas em
filosofia, evidências e cálculos exatos como os homens estão, e as
exceções à regra apenas confirmam esta realidade estatística.
É óbvio que as diferenças de genes, hormônios e fisiologia
que resultam em diferenças de mentalidade, habilidade e
interesses também resultam em uma diferença na escolha de
profissões: as dez carreiras mais procuradas por mulheres no
Brasil são Pedagogia, Direito, Administração, Enfermagem,
Ciências Contábeis, Psicologia, Serviço Social, Gestão de
Recursos Humanos, Fisioterapia e Arquitetura.
Entre os homens, as carreiras mais procuradas são Direito,
Administração, Engenharia Civil, Ciências Contábeis, Engenharia
Mecânica, Engenharia de Produção, Educação Física, Engenharia
Elétrica, Análise de Sistemas215.
Marinheiros mercantes, trabalhadores da indústria naval e
do aço, operários da construção civil, fazendeiros, lixeiros,
petroleiros, mergulhadores profissionais e policiais são, em sua
esmagadora maioria, homens.
Mas a divisão de trabalho entre homens e mulheres não é em
si um arranjo desigual ou opressivo, e só parece inevitável devido
às diferenças biológicas: um homem é tão capaz quanto uma
mulher para dar mamadeira a um bebê, lavar a louça do almoço,
cuidar do joelho ralado de um filho ou levar o caçula ao dentista,
e um homem que se recuse a participar destas atividades porque
as considera “coisas de mulher” está, sim, assumindo um papel
de dominância opressora e machista. Mas os homens não podem
ser acusados de dominadores, opressores ou machistas quando
as mulheres faltam ao trabalho devido cólicas menstruais, ou são
incapazes de fazer alguma atividade laboral em decorrência da
gravidez ou do parto. A culpa por esta vulnerabilidade cabe à
Natureza, não aos homens.
O dimorfismo sexual também influencia no modo como
lidamos com nossas carreiras profissionais: em comparação aos
homens cientistas, as mulheres cientistas tendem a receber mais
ofertas de emprego; e seus financiamentos para pesquisas
tendem a ser aprovados e seus artigos, aceitos e publicados, com
a mesma frequência212. Não obstante serem mais responsáveis
pelos pedidos de divórcio, quando mulheres graduandas foram
perguntadas por que não davam seguimento às suas carreiras
acadêmicas após a obtenção de um PhD, a resposta mais comum
era “tenho outros interesses na vida” ou “quero dar mais atenção
aos meus filhos”213,214.
Em contrapartida, quando algumas destas mulheres decidem
perseguir o sucesso acadêmico, elas tendem a demorar mais para
ter filhos e têm menos filhos do que gostariam213. Isso não
representa opressão, mas escolha. Ainda assim, a Terceira Onda
do feminismo insiste em protestar em busca da “igualdade” de
resultados.
Por exemplo: as feministas acham um sinal de “machismo”
do setor aéreo o fato de a maioria dos envolvidos na manutenção
de aeronaves ser composta por homens216. Mas se as mulheres
voluntariamente preferem cursar Pedagogia ou Enfermagem ao
invés de Engenharia Mecânica ou Aeroespacial, isso é culpa do
patriarcado opressor ou um reflexo de preferências
condicionadas não apenas pela cultura, mas pelos genes, pelos
hormônios e pela biologia feminina como um todo?
Boa parte das mudanças legislativas conquistadas pelas
mulheres nos últimos 100 anos em nosso país não se deveu ao
Feminismo, mas ao voto de deputados e senadores do sexo
masculino – eleitos pelas mulheres. Todavia, as feministas acham
um sinal de “machismo” na política o fato de apenas 15% dos
deputados federais e apenas 13% dos senadores serem
mulheres217.
Se as mulheres, que representam mais de 52% do eleitorado
brasileiros, preferem votar em políticos do sexo masculino, isso é
culpa do patriarcado opressor ou, novamente, reflete
preferências condicionadas não apenas pela cultura, mas pelos
genes, pelos hormônios e pela biologia feminina como um todo?
217
Sem prestar atenção ao fato de que as escolhas femininas
voluntárias condicionam as desigualdades nos resultados entre
homens e mulheres, as ativistas da Terceira Onda insistem em
erguer suas bandeiras denunciando o que consideram ser uma
prova irrefutável do poder do patriarcado opressor: as
diferenças salariais entre os sexos.
Em 2017, emissora de TV pública da Grã Bretanha BBC
publicou os dados sobre salários de seus funcionários que
ganhavam igual ou acima de US$195 mil por ano, provocando
furor entre as feministas: metade do staff da BBC é composta por
homens, mas entre os 96 maiores salários da lista, apenas 1/3
eram do sexo feminino.
Em uma petição, as representantes Feministas disseram que
esta era uma evidência contundente de que a BBC pagava menos
às mulheres que aos homens pelo mesmo trabalho. Todavia, um
estudo envolvendo 8,7 milhões de trabalhadores na Grã-Bretanha
descobriu que esta diferença – quando existe – é de 1%. Na
maioria dos países europeus, a discrepância é igualmente
pequena237.
Nos EUA, em 54% dos casos onde se observava diferença de
salários entre os gêneros, esta diferença pode ser explicada pelo
fato de as mulheres trabalharem em setores industriais que
sabidamente pagam menos e aceitarem vagas que oferecem
salários menores238.
No Brasil, uma pesquisa conduzida pela Fundação de
Economia e Estatística do governo do Rio Grande do Sul analisou
as discrepâncias entre 100 mil salários. Os economistas
responsáveis pelo estudo, Guilherme Stein e Vanessa Sulzbach,
concluíram que as mulheres brasileiras ganham 20% menos que
os homens – mas só 7% dos casos não podem ser explicados pela
diferença de produtividade239.
O ambiente profissional não se encontra imune às
discriminações das mais diversas ordens, mas, quando avaliamos
homens e mulheres, o problema principal em relação aos salários
não está em pagamentos diferentes para o mesmo trabalho. Está,
sim, no fato de que as mulheres tendem a escolher posições
menos arriscadas e menos competitivas, preferindo organizações
com foco menos agressivo no lucro e na produtividade. Além
disso, elas tendem a começar a trabalhar mais tarde, perfazem
jornadas menores e interrompem a carreira com mais frequência.
As Feministas acham que, como o mundo é composto por
aproximadamente 50% de homens e 50% de mulheres, e como
homens e mulheres são idênticos exceto por alguns detalhes
desimportantes, as mulheres deveriam corresponder por pelo
menos a 50% da representação numérica em todas as áreas da
sociedade, e qualquer representação inferior a isso representa
claramente uma discriminação sexista contra as mulheres.
O que é negado é a evidência que mulheres e homens
possuem talentos, interesses e motivações diferentes desde a
tenra infância por possuírem cromossomos sexuais e perfis
hormonais diferentes.
Quando adicionamos honestidade à análise dos desempenhos
financeiros e levarmos em consideração itens como nível de
formação universitária, experiência prévia, ocupação, cargo e
localização do trabalho, as diferenças de remuneração entre
homens e mulheres praticamente desaparecem – ou se inverte.
Por exemplo: nos EUA, as mulheres ganham mais que
homens em profissões como Assistente Social, Promotora de
Vendas, Pesquisadora Assistente, Especialista em Compras,
Profissional de Mídias Sociais, Profissional de Comunicação,
Profissional de Aconselhamento e Educação para Saúde,
Coordenadora de Negócios, Terapeuta214.
Qualquer discurso sobre desníveis salariais entre os gêneros
que não releve as consequências das escolhas pessoais e da
produtividade individual é uma cruzada em busca de mais
comiseração e privilégios – e não de direitos iguais –, algo bem
longe da realidade do mercado de trabalho e ainda mais distante
de qualquer mudança prática.
O Feminismo já representou uma luta por equidade entre
homens e mulheres. Hoje, é apenas um ativismo que coleciona
apoiadores seduzidos por um discurso autovitimista. Sua
bandeira não é mais a do equalitarismo, mas uma luta por poder,
domínio e vantagens.
Se as Feministas fossem congruentes com seus princípios,
deveriam adicionar em suas agendas manifestações contra a
discriminação do sistema judiciário que dá às mulheres a guarda
dos filhos em 87% dos casos de divórcio, muitas vezes
simplesmente porque elas são mulheres e os maridos, homens218.
Também deveriam aplaudir de pé as conquistas de todas as
mulheres que alcançaram degraus significativos em suas
carreiras. Entretanto, mulheres como Star Parker, Linda Chávez,
Christina Hoff Sommers e Jeanne Kirkpatrick são rotuladas
como “inimigas do feminismo”. Outras são completamente
desconhecidas até mesmo por ativistas engajadas no movimento.
Pergunte a uma feminista o que ela sabe sobre Sophia
Elisabet Brenner (1659-1730), considerada a Primeira Feminista
da Suécia, escrevia poemas onde defendia o direito de as
mulheres educarem-se como autodidatas;
ou Elena Cornaro, que em 1678, tornou-se a primeira mulher
a receber um PhD;
ou Laura Maria Caterina Bassi (1711-1778), primeira mulher a
se tornar professora universitária,
ou Maria Gaetana Agnesi (1718-1799), primeira mulher a
escrever um tratado de matemática e a primeira mulher a se
tornar professora de matemática em uma universidade;
ou Sarah Margaret Fuller (1810-1850), autora de Woman in
the Nineteenth Century, considerado o primeiro grande tratado
feminista dos EUA;
ou Antoinette Brown Blackwell (1825-1921), primeira mulher
a ser ordenada Pastora Protestante nos EUA, e que dedicou seu
ministério como uma ferramenta para defender os direitos
femininos;
ou Laura J. Richardson, tenente-general norte-americana e
primeira mulher a liderar a FORSCOM, um comando do exército
que conta com 776 mil soldados e 96 mil civis;
ou Ann Dunwoody, primeira mulher a se tornar general
quatros estrelas no Exército dos Estados Unidos, em 2008;
ou Dalva Maria Carvalho Mendes, médica do corpo auxiliar
da Marinha, contra-almirante e primeira mulher no generalato
do país;
ou Carla Lyrio Martins, primeira coronel da Aeronáutica no
Brasil;
ou Vitória Bernal Cavalcanti, tenente da Aeronáutica e
primeira mulher do País a alçar voo no comando de um
helicóptero de ataque, em 2015.
Ignorando solenemente estas e outras mulheres
extraordinárias de nossa história, as feministas dizem que as
mulheres trabalhadoras e produtivas são massacradas pelas
cobranças do patriarcado opressor para que tenham filhos.
Quando os têm, são cobradas pela mesma sociedade patriarcal
para que se tornem trabalhadoras e produtivas.
Isto cria um limbo conceitual onde, não interessa a posição
que uma mulher esteja ocupando em um determinado momento,
ela sempre poderá puxar sobre si o manto eterno da opressão
sem que tenha que assumir por um segundo sequer a
responsabilidade por suas escolhas ou as consequências delas.
O Feminismo não está mais interessado no avanço igualitário
das mulheres. Ele está interessado no avanço rápido das
mulheres de Esquerda. E exatamente por isso as mulheres não
acreditam todas no mesmo Feminismo, apontando o tamanho do
vácuo que preenche a causa – um vácuo conhecido como o
Paradoxo do Feminismo: 75% das mulheres referem
preocupações quanto aos direitos femininos, mas menos de 33%
das mulheres consideram-se Feministas219.
Uma parte da explicação para o Paradoxo está nas diferentes
concepções que a sociedade tem sobre o que o Feminismo é ou
deveria ser, mas outra parte pode estar na genética e na biologia
hormonal das ativistas mais proeminentes:
Há alguns anos, descobriu-se que bebês expostos a níveis
maiores de testosterona dentro do útero tendem a ter o dedo
indicador menor que o dedo anelar – uma relação conhecida
como Razão 2D:4D.
Quanto maior e mais intensa a exposição intrauterina à
testosterona, maior a diferença entre estes dois dedos. Quanto
menor a exposição, menor a diferença.
Em geral, homens tendem a ter uma Razão 2D:4D entre
0,947-0,951 e mulheres, entre 0,965-0,968. Uma vez que esta
Razão é um biomarcador determinado antes do nascimento, ela
não é afetada de modo significativo por variáveis
ambientais221,222.
Com esta premissa em mente, pesquisadores suecos e belgas
decidiram avaliar a Razão 2D:4D entre ativistas que estavam
comparecendo a uma grande conferência Feminista. Os cientistas
descobriram que as mulheres declaradamente Feministas
apresentavam uma Razão 2D:4D significativamente menor (ou
seja: mais masculinizada) que o grupo controle de mulheres não-
declaradamente feministas223.
Na verdade, as mulheres declaradamente feministas
apresentaram Razões 2D:4D mais masculinas que o grupo
controle de masculino constituído por homens arrolados no
mesmo evento.
Ou seja: as mulheres mais engajadas no ativismo Feminista,
aquelas que moldam as agendas, os discursos, as crenças e as
atitudes do feminismo, são mais fisiologicamente e
psicologicamente masculinizadas que a maioria das mulheres
como um todo. Uma consequência disto pode ser observada no
fato de que 45% das mulheres declaradamente Feministas
identificam-se como não-heterossexuais, em comparação à 5%
das mulheres de um modo geral. Isso significa que as feministas
apresentam uma chance 4,5 vezes maior de não serem
heterossexuais exclusivas220.
A Razão 2D:4D é apenas um dos vários sinais e sintomas de
nosso dimorfismo sexual. Nossa forma de reprodução fez com
que selecionássemos nossos parceiros e parceiras de reprodução
a partir de um jogo com regras bastante simples: como
mencionado, os homens desejam possuir poder e recursos
porque as mulheres querem homens que possuam poder e
recursos. Uma vez realizada a cópula, as mulheres investem
recursos enormes para gerar um bebê e então alimentá-lo ao seio.
No estado natural em que existimos durante mais de 280 mil
anos, as mulheres mais maternas, mais sociais, mais empáticas e
melhores nutrizes provavelmente também foram as mais bem
sucedidas em passar seus genes para as gerações seguintes. Em
contrapartida, os homens que eram mais agressivos, resistentes,
criativos e ousados em geral obtinham maior sucesso em
conseguir parceiras sexuais e fazer o mesmo.
Não foi exatamente a sociedade patriarcal machista
opressora, mas a genética, a biologia e as pressões evolucionárias
que moldaram os comportamentos femininos e masculinos
típicos.
O que o Feminismo propõe é devorar esta dinâmica de dentro
para fora, apoiando-se em simplificações estereotipadas da
sociedade, polarizando ideias que parecem amplas e inclusivas à
primeira vista, mas que são reducionistas e discriminatórias por
natureza.
No citado A Mística Feminina (1963), Betty Friedan
perguntou: “Quem sabe o que será a mulher quando finalmente
livre para ser ela mesma?” Se depender das agendas misândricas
do Feminismo, jamais saberemos. Como ocorre no Socialismo-
Comunismo, o Feminismo colocou a ideologia antes das pessoas,
e considera o livre arbítrio problemático.
A missão do Feminismo tornou-se uniformizar as opiniões de
todas as mulheres dentro de um formato pré-estabelecido, fora
do qual qualquer convicção divergente é rechaçada como uma
infecção maligna.
Sociologicamente, falta ao Feminismo a decência de admitir
que as mulheres podem provar seu valor na sociedade sem negar
as diferenças que existem entre homens e mulheres.
Moralmente, falta-lhe a noção Deontológica do Dever antes
do Direito.
O Feminismo legitima a concepção Relativista e Subjetivista
de que as emoções são interpretações confiáveis da realidade, e
de que as intuições femininas jamais são afetadas pelos desejos
mundanos que turvam as mentes masculinas. Assim, as mulheres
Feministas não se sentem nem um pouco instigadas em
Moralizar suas opiniões com Lógica, Razão, Retidão ou Decência.
Tudo que elas precisam é sentir que estão certas e corroborar este
sentimento junto a outras que sentem o mesmo que elas. O que
interessa é o sentimento, não a logicidade do raciocínio ou a
congruência do argumento.
Em uma similaridade univitelina com o espírito que permeia
todo o espectro político-ideológico de Esquerda, a agenda do
Feminismo é a mesma agenda do Socialismo-Comunismo: a
completa reestruturação da sociedade, com abolição de
comportamentos, atitudes e papeis tradicionais.
Ao invés de encorajar o autopertencimento e a independência
intelectual, o Feminismo oferece uma lista das opiniões e
comportamentos que considera aceitáveis, retirando das
mulheres o direito ao individualismo: se uma mulher
voluntariamente deseja dedicar-se à monogamia, ao marido, aos
filhos, à família ou aos afazes do lar, esta mulher torna-se no
mesmo instante uma “traidora da causa”. A única feminilidade
aceita como genuína pela agenda do Feminismo é aquela
agressiva, contundente, misândrica, anti-armas, anti-capitalismo,
anti-filhos, anti-família, pró-aborto e pró-poliamor.
Quando o Feminismo tomou para si o papel de normatizador
da identidade feminina, disseminou o tipo de preconceito que
deveria combater: enquanto enfeitam seus discursos com adágios
“politicamente corretos” e falam sobre o “empoderamento
feminino”, as Feministas da Terceira Onda agem como se a figura
de uma mulher inteligente, academicamente bem sucedida,
financeiramente independente, elegante, refinada, sedutora e
sexualmente resolvida fosse uma afronta insuportável à inaptidão
de suas próprias incapacidades.
Pela ótica do Feminismo, tudo tem a ver com “superar os
homens” – uma disputa que apenas escancara seu imenso
complexo de inferioridade.
Os padrões masculinos de sucesso não obedecem exatamente
a uma ordem feminina de importâncias: os homens estão
adequados aos seus próprios padrões intrínsecos de valores. Boa
parte dos homens heterossexuais não compete para superar as
mulheres: eles competem entre si para conseguir o máximo de
status, poder ou admiração possível. As mulheres e as
oportunidades de sexo vêm mais tarde, como um troféu para o
seu sucesso.
Homens são melhores que mulheres em tarefas específicas,
mas o inverso também é verdadeiro. Antes de termos
inteligências que competem entre si, temos inteligências que se
completam. Esta foi a herança deixada pelos primeiros
Eucariotas que inventaram a reprodução sexuada e nos passaram
a maldição de existir como uma dessas espécies divididas em
duas bandas. Somos mutuamente necessários, não excludentes.
Esta é a mensagem simples da natureza de nossa espécie que
as feministas fingem não escutar e não compreender. Não por
ignorância. Apenas por birra e burrice mesmo.

12. CONCLUSÃO

Ao desafiar o cálculo das probabilidades e distorcer o senso


de proporções, as ideologias de Esquerda assumem caráteres tão
ambiciosos e arrogantes quanto segregacionistas e temíveis.
Sua mentalidade paternalista se aproveita da ilusão de ótica
de uma autoridade auto-imbuída para dar às plateias inseguras o
conforto de certezas irrepreensíveis. Com habilidade admirável,
usam o medo do futuro para transformar suas metanarrativas
mentirosas em um refúgio para todos aqueles com preguiça de
pensar com os próprios neurônios. E esta forma de doutrinação
produz doutrinados incapazes de perceber a enrascada em que se
meteram.
Por exemplo: em minhas andanças pelo país, encontrei várias
vezes localidades que presam como uma forma de "cultura e
tradição" a pesca artesanal, a agricultura e a caça de subsistência
e o artesanato caseiro.
Estas comunidades estavam fechadas para a valorização da
educação de qualidade como um valor intrínseco, desprezando a
meritocracia empreendedora como se ela fosse uma "ferramenta
de destruição em massa". Enquanto lutavam para preservar suas
“heranças históricas intocáveis” sob as asas do Estado, voltavam
suas costas para o objetivismo e o Capitalismo.
Nesse meio tempo, todos desejavam desfrutar de tudo aquilo
que a prosperidade poderia oferecer. Como a "cultura local"
(essencialmente Coletivista) não levava a este caminho,
zangavam-se mortalmente com quem quer que lhes apontasse a
ferida, em uma regressão infinita de "querências por direitos" e
nenhum comprometimento proativo com as mudanças. E isto
sempre me frustrou profundamente.
Tomemos outro exemplo: o modo como o pensamento
Coletivista da Esquerda se manifesta no credo religioso mais
popular em nosso país – o Cristianismo.
Tomás de Aquino (1225-1274) foi um dos mais importantes
teóricos da filosofia Cristã, e devemos a ele o sincretismo entre os
dogmas de Cristo e ideias de Aristóteles.
Em “Suma Teológica” – escrita entre 1265 e 1273 –, Aquino
descreveu a doutrina que se constitui numa das principais bases
axiomáticas do catolicismo. Na obra imensa de 2669 capítulos,
ele diz explicitamente:
“É errôneo dizer que não é lícito ao homem possuir bens
como próprios. Relativamente às coisas exteriores tem o homem
dois poderes. Um é o de administrá-las e distribuí-las. E, quanto
a esse, é lhe lícito possuir coisas como próprias. O que é mesmo
necessário à vida humana por três razões: a primeira é que
cada um é mais solícito em administrar o que a si só lhe
pertence, do que o comum a todos ou a muitos. Porque, neste
caso, cada qual, fugindo do trabalho, abandona a outrem o
pertencente ao bem comum, como se dá quando há muitos
criados. Segundo, porque as coisas humanas são melhores
tratadas, se cada um emprega os seus cuidados em administrar
uma coisa determinada; pois, se ao contrário, cada qual
administrasse indeterminadamente qualquer coisa, haveria
confusão. Terceiro, porque, assim, cada um, estando contente
com o seu, melhor se conserva a paz entre os homens. Por isso,
vemos nascerem constantemente rixas entre os possuidores de
uma coisa em comum e indivisamente”.
Na sequência, Aquino completa discorrendo sobre o poder do
homem sobre as coisas exteriores, afirmando: “o outro poder que
tem o homem sobre as coisas exteriores é o uso delas. E, quanto
a este, o homem não deve ter as coisas exteriores como próprias,
mas, como comuns, de modo que cada um as comunique
facilmente aos outros, quando delas tiverem necessidade. Por
isso diz o Apóstolo: manda aos ricos deste mundo que deem, que
repartam francamente”.
Aquino encarava a Propriedade Privada de modo bastante
similar à nossa Constituição Federal: ela é legítima desde que
cumpra uma função social. E o mesmo vale para qualquer
riqueza, seja ela derivada de herança ou acumulada por esforços
próprios.
Nenhuma doutrina religiosa tem cânones que soam mais
Coletivistas em suas raízes que Cristianismo.
Agora faça as contas: em um ranking de 65 países
classificados segundo o índice de religiosidade, o Brasil ocupa a
23ª posição242.
Entre os 20 países da América Latina, somos os 4º mais
religioso243.
Dos 208 milhões de brasileiros, 86%– ou 178 milhões de
pessoas – são cristãos244, o que sugere uma mentalidade
fortemente alinhada aos preceitos de Tomás de Aquino, incluindo
a vilanização da prosperidade e a relativização da propriedade
privada.
Esta é verdadeira herança Moral da Esquerda: o
entendimento de que a condição humana é de alguma forma
“insatisfatória”, ou decaída ou incompleta, e que a prosperidade
dependerá sempre de intervenções patrocinadas pelo Estado.
Quando apresentamos evidências que contradizem suas
crenças, os ideólogos de Esquerda – religiosos ou não,
conscientemente ou não – são obrigados a fazer uma escolha: ou
mudam suas crenças, ou aceitam as evidências. Como os
humanos funcionam muito mais por Emoção que Razão, em
geral os Coletivistas escolhem ficar com as crenças e negar as
evidências, acionando todos os mecanismos possíveis de defesa
do ego e de desengajamento Moral para salvar suas Identidades
da morte pelos indícios.
Parafraseando Bakunin240, eu poderia dizer que os dogmas
da Esquerda matam a Razão, o principal instrumento de
emancipação humana, reduzindo as pessoas à imbecilidade – a
condição essencial para a escravidão que o Coletivismo exige.
Parafraseando Hobbes30, eu também poderia dizer que
esmagadora maioria dos dogmas da Esquerda foi elaborada para
enganar os que não sabem distinguir entre a subordinação das
ações em vista de um objetivo e a sujeição das pessoas umas às
outras na administração dos meios.
Especificamente, Locke escreveu que “os erros reinam
graças a apoios estranhos e emprestados”241. Ao que
poderíamos completar anotando que “a maior parte do
conhecimento consiste em aprender com o outro lado da
fronteira”51. Para um sujeito de Direita, isso significa explorar os
valores Morais da Esquerda e as crenças que os fundamentam.
Confesso que não é um exercício prazeroso para a Razão, mas
certamente é uma tarefa obrigatória para compreender os
motivos que levam tantas pessoas, de modo recorrente, a aderir a
esta forma de metanarrativa sobre o Mundo. Uma metanarrativa
que tem raízes ancestrais em nossa saudade pelas tribos
familiares do Paleolítico, mas que, na civilização que
construímos, causou nada além de segmentação, fome, miséria,
genocídio, dor e sofrimento.

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Referências:
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Progressivism. Center for American Progress. Abril 2010. Acessado em
https://www.voltairenet.org/IMG/pdf/Progressive_social_movements.pdf
2. Presidência da República do Brasil. Decreto Presidencial Nº 3.298, de 20 de
Dezembro de 1999. Casa Civil – Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1999. – Acessado em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm
3. Presidência da República do Brasil. Decreto Presidencial Nº 5.296 de 2 de dezembro
de 2004. Casa Civil – Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2004. Acessado em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm
4. Presidência da República do Brasil. Lei Nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Casa Civil
– Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2010. Acessado em
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5. Presidência da República do Brasil. Lei Nº 12.711, de 29 de agosto de 2012 . Casa Civil
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